Suportando - livro de deus

Transcrição

Suportando - livro de deus
DUCA
Quinta- Feira. Evangelismo pela internet. Muito na moda nos dias de
hoje e os servos de Deus estão mais do que certos de fazer isto.
Duca estava pregando a palavra de Deus para todos os seus
contatos. Foi quando ele viu que algum deles respondeu a sua
mensagem.
- Você é de de onde? – perguntou uma moça – Eu tenho vontade de
ir para igreja, mas tenho vergonha.
Duca achou que não poderia fazer nada por aquela moça, ela
certamente era de outro estado como a maioria de seus contados.
- Sou de São Paulo – respondeu ele.
- Eu também – disse a moça – Que bairro?
- Casa Verde – disse Duca.
- Eu também. Moro perto do Carrefour – disse ela – Me leva para
igreja?
Duca se animou na hora.
- Claro que sim – respondeu ele.
Então eles combinaram pela internet mesmo que no próximo
domingo ele iria levar Kemily para o culto. Ele olhou para a imagem
da moça que aparecia no seu contato e achou que a foto fosse fake.
Era bonita demais para ser verdade. Duca já estava acostumado com
estas coisas de internet.
No outro dia Duca avisou o pessoal da igreja que no domingo iria
levar uma visitante e naquele culto havia um missionário de fora que
iria trazer a mensagem de Deus. Duca estava tão ansioso para ganhar
Kemily para Jesus que não via a hora do culto acabar para eles
poderem se falar pela internet. Ele pretendia fazer o apelo para ela
naquele dia mesmo. Assim ela já poderia ir para igreja como uma
serva de Deus.
Assim que o pregador começou a falar no microfone Duca acabou
se levantando. Não aguentava mais esperar pelo final do culto para
poder teclar com Kemily. Ela sempre ficava on line na parte da
noite. Assim que se levantou e caminhou em direção à porta, Duca
ouviu o pregador falar:
- Vocês estão preparados para vencer a tentação?
Duca travou. Não conseguiu dar mais nenhum passo.
- Saiba que ela virá! – disse o pregador e Duca tremeu todo por
dentro.
Sentindo tontura, Duca se sentou no banco da última fileira da igreja
e continuou ouvindo o pregador falando:
- Neste noite eu vou ensinar o segredo para vocês vencerem a
tentação. Até mesmo a pior de todas elas.
Quando Duca ouviu o pregador falar aquilo começou a ficar
revoltado.
- Eu duvido que ele saiba disto – falou Duca em voz baixa para si
mesmo – Deve ser mais um fanfarrão. Eu vou é embora – então ele
se levantou para ir e deu mais alguns passos.
- No momento que a tentação vier, você terá que resistir – disse o
pregador.
Duca travou novamente. Não conseguia dar mais nenhum passo.
- Balela – disse Duca para si mesmo e tentou continuar caminhando.
Deu dois passos e ouviu o pregador dizer alguma coisa e depois
falou:
- Então você terá que suportar.
Desta vez Duca se esgasgou e começou a tossir. Algumas pessoas
olharam para trás para ver o que era aquilo. Duca envergonhado se
apressou mais ainda para sair daquele lugar quando ainda ouviu o
pregador dizer:
- Por último você terá que combater.
Duca tropeço e caiu no chão. A igreja inteira olhou para trás.
Muito envergonhado ele se levantou e procurou sair rapidamente
dali. Durante todo o trajeto da igreja até sua casa, Duca ficou com
aquelas palavras na cabeça. Resistir. Suportar. Combater. Ele chegou
em casa e ligou rapidamente o computador. Tentou falar com
Kemily mas não conseguiu. Naquela noite ele não iria também
conseguir dormir, pois passaria a noite inteira pensando naquilo que
o pregador havia falado.
No sábado Duca ficou o dia inteiro na internet esperando Kemily
aparecer, mas nada. No domingo ela só foi aparecer no final da
tarde.
- Você sumiu – disse Duca para Kemily.
- Estou te esperando para ir ao culto – disse ela e logo em seguida
ficou off line.
Kemily havia passado o endereço de onde morava para Duca. Ela
nunca havia feito isto para ninguém, mas como ele parecia ser uma
pessoa de confiança, ela acabou concordando. Quando Duca chegou
na casa de Kemily ela já estava supostamente arrumada.
A tentação se desenrolou com extrema rapidez assumindo todas as
configurações possíveis em um período muito curto de tempo. A
primeira coisa que deixou Duca chocado fora o decote de Kemily
que exibia boa parte de seus enormes seios. Aquela visão já era
suficiente para derrubar qualquer cristão. Então Duca falou:
- Você vai com este vestido aí para igreja?
- O quê? Não posso? – então ela se virou para Duca e empinou o
quadril. E como que se observando no espelho ela completou –
Talvez você esteja certo. Este vestido deixa minha bunda muito
grande. Os irmãos irão prestar mais atenção nela do que no culto.
Duca caiu sentado na primeira cadeira que viu. Havia perdido
completamente as forças tamanho fora a tentação inicial a que estava
sendo submetido. Então para completar o ataque mortal Kemily se
despiu do vestido e deitou de bruços no sofá ficando de frente para
Duca, nua.
- Eu não tenho roupa para ir para igreja, amor. Só se eu for assim.
Pelada.
Duca achou que não teria condições de sair ileso da casa daquela
grande tentadora. Pensou que seus dias de desviado chegaria para ele
naquele domingo e se ele não tivesse ouvido aquele pregador ensinar
o segredo para se vencer a tentação no último culto, era isto que teria
acontecido. E após se lembrar do que o pregador havia falado, ele
resolveu fazer exatamente tudo aquilo que ele havia dito. Primeiro
ele resistiu. Ao fazer isto percebeu que teria condições de
permanecer na presença de Deus e não cair em pecado diante
daquela grande tentadora.
Duca se levantou e começou a andar de um lado para o outro
pensando no resto do segredo.
- Suportar e combater – ele repetia isto para si mesmo enquanto
andava de um lado para o outro – Suportar e combater. Ainda falta
suportar e combater.
Kemily sem acreditar que havia sido tratada com tanta indiferença
disse:
- Você precisa parar de passar o tempo inteiro na internet. O
computador está fazendo mal para sua cabeça.
- Vai se arrumar para nós irmos para igreja, Kemily – disse ele sem
olhar para ela e continuou andando de um lado para o outro
repitindo aquilo que o pregador havia dito.
- Que droga! – disse Kemily que se levantou do sofá – Eu estou
falando sério com você, Duca. Não tenho roupa para ir para igreja.
Todas as minhas roupas são depravadas. Eu só ando de blusa
decotada, calça enfiada no rabo e shortinho mostrando a metade da
bunda.
Assim que Duca a ouviu falando daquela maneira entendou
perfeitamente o próximo passo. Suportar. A dor que ele sentiu em
ver aquela grande tentadora usando uma palavreado tão vulgar de
maneira tão desproposital na frente dele fez com que a tentação
atingisse um grau altíssimo.
- Aiiiiiii – disse Duca colocando a mão na cabeça como se estivesse
sendo vítima da pior enxaqueca do mundo – Procura que você acha.
Põe uma camiseta e uma calça larga qualquer.
Kemily frustrada até que fez sua parte. Ela abriu o guarda-roupa e
olhou em volta. Ela não estava mentindo quando disse que todas as
suas roupas eram depravadas. Duca porém, concentradíssimo
continuou caminhando de um lado para o outro como se estivesse
fazendo os calculos de duzendas páginas de equação. Ele não parava
de dizer a palavra combater.
- DUCA! – Kemily já havia o chamado umas três vezes e como ele
não ouvia ela acabou gritando.
- Oi? O que foi?
- Eu só achei esta camiseta – disse Kemily – Mas acho que não vai
servir. E se eu abaixar na igreja, olha o que vai acontecer – então ela
se abaixou e a blusa levantou expondo toda sua nádega – Os irmãos
vão ver meu bundão de fora.
Duca deduziu que Kemily não teria problemas nenhum em fornicar
com ele naquele dia e isto fez a tentação aumentar mais ainda. Então
ele entendeu que aquele era o momento certo para ele começar a
combater a tentação. Mas havia uma falha nos cálculos e Duca teve
calafrios quando percebeu isto. O pregador não havia ensinado
como é que se combate a tentação. Não foi muito difícil para Duca
entender o que tinha que fazer para resistir e suportar. Mas na hora
de combater ele percebeu que não sabia exatamente como fazer isto.
Ele se concentrou tanto para tentar entender como é que o segredo
realmente funcionava como um todo que mais uma vez acabou
ouvindo o grito de Kemily:
- DUCAAA! VOCÊ TÁ SURDO?
- Combater – ele disse sem perceber.
- O quê seu maluco?
- Nada não – disse Duca.
- Sim ou não? – perguntou Kemily.
- Sim ou não o quê? – Duca havia perdido a conversa.
Kemily falou um palavrão e disse:
- Eu falei que meus pais não vão dormir em casa. Se você quiser, a
gente pode deixar a igreja para outro dia e você dorme aqui. Topa?
Mas nem em sonhos Duca poderia imaginar aquilo. Humanamente
falando, parecia ser o paraíso. Só que assim que a tentação se
apresentou como sendo a melhor coisa do mundo para Duca
desfrutar gratuitamente naquele dia, ele entendeu que aquilo iria estar
tirando-o da presença de Deus, e mais, entendeu que se o segredo
não funcionasse e ele se desviasse, como é que ele faria da próxima
vez que a tentação viesse? Se resistir, suportar e combater não desse
certo, então qual seria o segredo para se vencer a tentação? Ficou
claro para ele diante de Kemily que a tentação é forte o suficiente
para derrubar um cristão sempre que ela se manifestar naquele nível.
Se Duca não vencesse ali, ele sabia que na próxima vez que fosse
enfrentar a tentação, ele também não venceria, e que com esta
derrota, iria colocar sua alma em risco, porque se ele não ficasse
firme nos caminhos do Senhor e morresse desviado, ele iria para o
inferno.
- SAIIIIIIII TENTAÇÃOOOOOOOOOOOOO – falou Duca
combatendo a tentação e gastou cerca de trinta segundos para
completar a frase de tão desesperado que ele estava. Quando acabou,
estava completamente sem fôlego.
Kemily estava horrorizada.
- Você só pode estar ficando louco – disse ela – Ficou no
computador o dia todo e acabou ficando doido. Só pode. Pirou.
- Eu não estou doido – disse Duca se sentindo o cristão mais
preparado do mundo para enfrentar a tentação.
- Tá sim. Então é a igreja. Bem que minha mãe fala que a gente não
deve levar estas coisas muito a sério. Tinha um primo meu que
começou a ler muito a Bíblia e ficou maluco. Teve que tomar
remédio controlado e tudo.
- Não senhora – disse Duca se sentindo a pessoa mais feliz do
mundo por ter descoberto o segredo para se vencer a tentação.
- Quer saber, mudei de idéia. Não quero mais ir para igreja. Pensei
que poderia arrumar um namorado lá, mas pelo visto vocês são tudo
uns brocha.
- Negativo – disse Duca que se deitou no sofá – Pensando bem, eu
acho que vou dormir na sua casa hoje.
Kemily se animou.
- Eu na sala e você no quarto – concluiu ele.
- Brocha – disse ela e foi para cozinha.
- Santo – corrigiu-a ele.
- Faça como quiser – disse ela por fim.
Duca continuou ali na sala repetindo aquelas palavras maravilhosas.
- Resistir, suportar e combater.
Ele não cansava de falar isto para si mesmo. Depois de algum tempo
ele olhou para porta da cozinha e Kemily estava parada lá olhando
para ele.
- É louco mesmo – disse ela com uma jarra de suco na mão – Fiz
para você. Aceita?
- Oba – disse Duca que tomou todo o suco.
Eles conversaram alguma coisa sobre internet e então Kemily
bocejou.
- Me deu sono. Eu vou dormir – disse ela – Boa noite – ela então se
dirigiu até seu quarto e fechou a porta. Duca ouviu quando ela falou
do lado de dentro a palavra ―brocha‖.
- Santo – corrigiu-a ele da sala.
- Brocha! – gritou ela do quarto.
- Santo! – falou ele da sala.
Então eles dormiram. Tudo parecia ir de vento em popa para Duca.
Ele se sentiu tão confiante quando percebeu que havia descoberto o
segredo para se vencer a tentação, que imaginou que poderia dormir
na mesma cama que Kemily e que mesmo assim não aconteceria
nada. Foi quando ele acordou se sentindo a pessoa mais feliz do
mundo. Ele sabia que não precisava mais temer a tentação, porque já
que ele conhecia o segredo, ele nunca iria se desviar dos caminhos de
Deus. É, mas as coisas não são tão fáceis assim. Duca iria pagar um
preço muito caro por ter desafiado a tentação e então ele iria
entender que vencer a tentação pode ser bom por um lado, mas por
outro lado, vencer a tentação pode ser uma das coisas mais amargas
na vida de um servo de Deus. A vitória nos cobra um preço muito
caro.
Assim que olhou na janela e viu que já havia amanhecido, Duca
achou que era melhor se levantar. Ele ficou com medo dos pais de
Kemily chegarem em casa e seria muito constrangedor ter que
explicar o que é que ele estava fazendo ali. Mas não foi os pais de
Kemily que haviam chegado. Enquanto eles dormiam, a irmã de
Kemily que também morava naquela casa, chegou durante a
madrugada, e ela também estava acordando naquele momento. Ela
se levantou primeiro do que Duca e quando passou pela sala, viu
Duca que estava deitado no sofá.
- Nossa – disse a irmã de Kemily olhando para Duca – Um macho
logo pela manhã. Dia de sorte.
Duca estava ainda sentindo os efeitos do sono e não conseguiu
perceber que não era Kemily que estava ali.
- Santo – disse ele achando que Kemily ainda o estava provocando.
- Homem – disse a irmã de Kemily que era loira.
Aquilo soou diferente para Duca. Quando Kemily falava aquelas
coisas, havia um certo tom de respeito na voz dela. Desta vez a
palavra soou bastante libidinosa.
- Está na hora de ir embora – disse Duca.
- Mas não vai mesmo – disse a loira.
- Você tem certeza que não quer ir à igreja? – ele ainda perguntou.
- Só se for depois do prazer – disse a loira.
Mais uma vez as palavras pareciam muito mais maliciosas do que no
dia anterior. Não parecia a Kemily que Duca conhecia.
- Santo – disse ele sentindo um mal presságio.
- Gostosa – disse a voz mais sensual que Duca já ouvira em toda sua
vida.
Então o sono se dissipou e ele abriu os olhos. Aquela não era
Kemily pois a mesma era morena. Na frente de Duca estava uma
loira. A mulher mais sensual que ele já vira em toda sua vida.
- Gostosa, peituda e bunduda – disse a loira sem pudor nenhum e
inclinou o glúteo para o lado para que Duca pudesse reparar.
A sensação que Duca sentiu era que a loira estava falando a verdade.
Por baixo de uma blusinha branca e transparente podia-se ver os
maiores seios que Duca já havia visto em uma mulher em toda sua
vida. E o glúteo também, batia o record.
Naquele momento Duca fechou o olho e virou o rosto para o lado
sentindo a maior agonia de toda sua vida. Era como se nem mesmo
conhecendo o segredo para se vencer a tentação fosse possível não
cair em pecado com aquela loira.
Então Duca se sentou desanimado, limpou o suor da testa e falou
para si mesmo com pesar:
- Resistir – desta vez ele não sentiu aquela confiança do dia anterior.
Um pessimismo mórbido tomou conta de sua mente e ele achou que
fosse cair.
Como alguém que está se afogando e tenta dar as últimas braçadas,
ele resolveu resistir com mais força do que no dia anterior. Então
ele resistiu, olhou mais uma vez para aquela mulher de outro planeta
na sua frente e se esforçou mais ainda. Ele fez tanta força para
resistir, que pelo semblante parecia que ele havia chupado um limão
inteiro.
A loira se aproximou inflamada para tentar envolver Duca em seu
corpo, mas ele se levantou rapidamente dizendo:
- Suportar. Eu ainda preciso suportar. Calma aí.
- Eu estou calmísssima – disse a loira confiante na fornicação.
É, desta vez foi difícil. Bastou Duca olhar mais uma vez para o
corpo daquela loira que a tentação veio com toda força, que mesmo
ele resistindo, parecia não ter funcionado. Era como se a tentação
tivesse conseguido quebrar o muro da resistência e atravessado do
outro lado. Duca então se sentiu desprotegido. Não tinha mais
forças para resistir e sentiu um mal presságio. Era como se fosse cair.
Antes que sua mente conseguisse lhe levar a queda, Duca levantou
outro muro. O da suportância. Mas desta vez não foi fácil como no
dia anterior, a força que Duca teve que fazer para suportar o efeito
da tentação fora tão grande que ele acabou vomitando na sala.
- Isto que dá encher a cara – disse a loira – Ainda bem que você
avisou. Eu ia te matar se você vomitasse em mim.
Avisou? Ele não havia avisado nada. Nem ele sabia que iria sofrer
tanto para suportar a tentação.
- Eu vou ali na cozinha enquanto você arruma esta bagunça que
você fez. Vou buscar um pano para você.
Duca estava babando. Parecia um louco, maluco, lunático. Desta vez
a tentação pareceu ter conseguido enlouquecer uma pessoa. Ele fazia
barulhos estranhos com a boca. Foi quando ele começou a chorar.
Se sentiu a pessoa mais infeliz do mundo. Como estava sendo
diferente do dia anterior. No dia anterior quando ele teve que
enfrentar a tentação com Kemily e havia descoberto o segredo para
se vencer a tentação, ele se sentiu extremamente confiante e vencer a
tentação parecia ser a coisa mais fácil do mundo. Hoje tudo parecia
estar acontecendo ao contrário, a infelicidade era total e vencer a
tentação parecia ser a coisa mais difícil do mundo. Alguns minutos
se passaram enquanto Duca sofria prostrado de joelhos no chão
daquela sala com a baba pendurada pela boca e todo sujo pelo
vômito e os olhos pareciam que haviam sido jogado ácido neles por
causa do choro. Foi quando a loira jogou o pano para que ele
pudesse limpar a sujeira.
Com muito custo ele limpou o chão e ficou de pé. Tentou caminhar
mas perdeu o equilíbrio e teve que se sentar no sofá um pouco. Foi
quando ele decidiu continuar usando o segredo para vencer a
tentação, não iria jogar todo aquele sofrimento fora. Havia sido
muito difícil chegar até aquele momento sem se desviar e para Duca
não compensava se entregar à tentação no final de tudo. Foi quando
ele se levantou e caminhou na direção da cozinha. Ele queria
perguntar para a loira onde é que ele poderia jogar aquele pano sujo
e depois iria chamar Kemily no quarto, dar um beijo carinhoso no
rosto dela em despedida e ir embora dali. Infeliz é verdade, mas
vencedor. E vencer a tentação para Duca pareceu ser o mais
importante, além do mais, ele sabia que se desistisse do segredo, não
teria condições de ficar firme nos caminhos do Senhor porque sabia
que da próxima vez que a tentação viesse ele iria acabar sucumbindo
novamente. Duca também entendeu que não poderia ter nada mais
perfeito no mundo do que resistir, suportar e combater. Ele
entendeu que se ele não caiu imediatamente diante da oferta daquela
loira a alguns minutos atrás, era porque a coisa mais poderosa que
existe contra a tentação era resistir, suportar e combater, sem contar
na vitória que ele havia conseguido no dia anterior quando enfrentou
o que era até então a maior tentação de sua vida com Kemily.
Assim que ele entrou na cozinha ele viu a irmã de Kemily.
Novamente pareceu a mulher mais sensual do mundo.
- Me abraça por trás – disse a loira – Quero que você sinta o quanto
eu sou cheirosa, então ela levantou o cabelo no pescoço para ele
sentir o cheiro.
Naquele momento a tentação se tornou tão forte que conseguiu
quebrar mais uma vez o muro levantado por Duca. Suportar já não
conteria a tentação que pareceu ter atravessado o firewall mais uma
vez.
Quando a tentação atravessou o muro da suportância Duca achou
que era seu fim. Que havia perdido aquela guerra para a tentação.
Parecia impossível não sucumbir diante daquela loira. A tentação
lançou pensamentos em Duca que diante daquela loira, até mesmo
Jesus Cristo cairia em pecado.
Mas antes de cair, Duca rejeitou o pensamento blasfemo sobre Jesus
lançado pela tentação e decidiu pelo menos perder a guerra com
dignidade. Iria se esforçar para combater a tentação e depois disto a
sorte estava lançada.
Da mesma maneira que no dia anterior, mas desta vez sem verbalizar
as palavras com a boca, ele fechou os olhos com força e gritou em
sua mente:
- SSSSSSAAAAIIIII TTTTEEENNNTTAAAAÇÇÃÃÃÃOOOO.
O mundo pareceu explodir na mente de Duca. Era como se uma
bomba de hidrogênio tivesse explodido em sua alma e tudo o que
tivesse sobrado fosse pó e radiação. Então, silêncio.
Sem saber quantos segundos havia se passado desde que ele havia
combatido a tentação, ele resolveu abrir os olhos. A gigante
tentadora ainda estava na sua frente.
- Eu caí? – perguntou Duca para si mesmo.
Então ele percebeu que não. Que não havia caído em pecado. E
mais, percebeu que a tentação havia sumido. E foi quando ele
entendeu que a tentação podia ter passado pelo primeiro muro de
fogo, e também que foi forte o suficiente para passar pelo segundo
muro de fogo, mas não pelo terceiro. Duca entendeu que quando
combateu a tentação com toda a força de sua alma ele conseguir
aniquilar a tentação. Era a tentação que havia virado radiação e pó. E
foi quando Duca sentiu a felicidade voltar novamente para sua alma.
- Eu não quero nada com você- ê. Eu não quero nada com você-ê –
disse ele de maneira infantil para a loira.
- Mentira – disse ela – Eu sou irresistível.
- Pode ser – disse Duca se sentindo a pessoa mais cristã do mundo –
Você pode ser irresistível, você pode ser insuportável, mas não é
invencível. Eu ainda tinha a última bala.
- Tinha o quê? – a loira não entendeu.
Foi quando Kemily apareceu. Ao ver a irmã naquelas condições na
frente de Duca ela acabou dizendo:
- Macho. Homem.
- Brocha – disse a loira.
- SANTO! – exclamou Duca.
Então ele começou a dançar em volta da cozinha e a cantarolar:
- Eu conheço o segredo para se vencer a tentação-ão. Eu conheço o
segredo para se vencer a tentação-ão – ele parecia uma criança
brincando de ciranda cirandinha.
- Doido – disse a loira para Kemily.
- Varrido – concordou a irmã.
Ainda naquela eforia Duca simplesmente foi até a porta da sala,
abriu-a e foi embora cantando pelo corredor do apartamento que
conhecia o segredo para se vencer a tentação.
As duas irmãs correram para a porta da sala para ver Duca sumir
pelas escadas do prédio cantando.
- Brocha ou doido? – perguntou a loira para a irmã.
Kemily olhou a irmã de cima em baixo, fez cara de nojo e disse:
- Feia.
A irmã também olhou a loira de cima em baixo, também fez cara de
nojo e disse:
- Feia.
CLÔ
Depois que Clô aceitou Jesus como salvador, foi um verdadeiro
inferno. Para quem estava esperando eu dizer que a vida de Clô
virou um mar de rosas e que depois que ele se converteu, tudo ficou
as mil maravilhas e que depois que ele se arrependeu de seus pecados
e passou a andar nos caminhos de Deus, o Senhor começou a
abençoá-lo com uma benção atrás da outra pode até mesmo ficar
bastante desanimado quando a seguir firme nos caminhos do
Senhor.
Mas é asssim mesmo. A tentação é desse jeitinho. Bobo de quem
acha que a coisa vai ser diferente. Aceitar Jesus como salvador
certamente causa um efeito bastante paradoxal na vida daqueles que
esperam apenas coisas boas da parte de Deus. E que isto sirva de
consolo para você que está lendo este livro e está passando por
coisas muitos difíceis. Para piorar, muitas pessoas usam estes
momentos difíceis para se desviar dos caminhos do Senhor e as
desculpas são as mais diversas possíveis. Mas eu gosto do
personagem Clô. A vida dele é um grande exemplo de fé e de
perseverança nos caminhos do Senhor. E foi esta perseverança que
fez com que ele se tornasse um grande vencedor quando ele
procurou incansavelmente pelo segredo para vencer a tentação. E
como diz o ditado e Jesus: Quem procura acha.
Por ironia do destino o diabo tinha preparado um caminho
totalmente diferente para Clô. Segundo a vontade perfeita do
demônio era para Clô se tornar um baita de um homossexual. Antes
de aceitar Jesus como salvador ele chegou a ter algumas experiências
sórdidas com este caminho. Já estava até mesmo vestindo calcinha
por baixo da calça quando foi evangelizado por um amigo do mundo
que se converteu também. Não vou contar aqui sobre a fase de
evangelismo do Clô, apenas que ele se converteu atravéz de um
amigo. Assim que aceitou Jesus como salvador, bem, Clô teve que
virar homem novamente. Isto não foi difícil para ele, pois mesmo
sendo homossexual antes de se converter, ele tinha atração por
mulheres também. O problema é que as mulheres se tornaram o
ponto fraco de Clô quando ele se converteu. As mulheres. Ah se não
fossem as mulheres! A vida cristã seria bem mais fácil para todos.
Porque tem que existir tanta grande tentadora neste mundo para tirar
os servos de Deus dos caminhos do Senhor?
Tudo começou em uma lagoa perto da casa de Clô. Em uma certa
tarde de um domingo de verão, depois que ele já havia cumprido
com suas obrigações de novo convertido (ele já conhecia o segredo
para vencer a tentação, depois eu conto como ele aprendeu). Já tinha
ido para escola dominical, já havia orado, já havia pregado a palavra
de Deus para alguns conhecidos que encontrou pela rua, estas coisas
que um cristão faz no domingo. Mas como estava muito calor, ele
resolveu ir a uma lagoa que ficava perto de sua casa, não tão perto,
mas dava para ir de apé. Só que chegando lá, a lagoa não estava vazia
como ele havia pensado que estaria. Na verdade, pelo que Clô sabia,
apenas alguns rapazes iam até aquela lagoa para nadar. Ele nunca
havia falado de mulheres naquele local. Mas justamente naquele dia
quando ele resolveu ir até lá. A lagoa estava lotada. O pior é que era
só mulher do corpo avantajado. Essas mulheres que chamam a
atenção de longe. Uma delas até mesmo conhecia Clô da época em
que ele não era cristão, apesar dele não se lembrar dela. E foi esta
mulher que começou a conversar com ele assim que ele se tornou
visível para elas.
- Olha só quem está aqui – disse uma das grandes tentadoras – O
famoso Clô.
- Você me conhece? – perguntou ele que já sentiu o grande poder da
tentação só de olhar para aquelas mulheres. Mas no início a tentação
estava apenas no campo mental, ou seja, ele teria que vencer a
tentação evitando de olhar para aquelas mulheres de maneira impura
e cobiçosa.
- Claro que sim – disse a tentadora que olhou para as amigas e falou
para elas – Este aí é safado, vocês precisam de ver.
Quando ela falou aquilo para as amigas, todas se interessaram em
Clô e se viraram na direção dele exibindo suas nádegas.
- Vem Clô. Vem aqui com agente – disse uma delas se oferecendo.
As outras também fizeram o mesmo.
- Isto mesmo. Eu deixo você passar a mão.
A outra disse.
- Eu também deixo!
E uma outra também disse:
- Eu também. Vem Clô. Eu quero ver se o que a minha amiga aqui
falou é verdade.
Quatro grande tentadoras se oferecendo facilmente para Clô era
muita tentação. E já vou adiantar que elas ainda irão dar muito
trabalho para este servo de Deus.
Bom, agora vou contar como Clô ficou conhecendo o segredo para
vencer a tentação, porque será este segredo que irá salvar o Clô
destas tentadoras.
Depois de ter aceitado Jesus como salvador, Clô começou a
enfrentar as primeiras tentações. Nem foi preciso muito, logo no
começo ele já sucumbiu. Não vou contar como foi que ele caiu,
porque depois da primeira queda ele ainda iria cair umas dez vezes
nos três primeiro meses de fé. Mas era semrpe alguma coisa ligada
aos vícios nocivos e as tentações sexuais. E junto com todas estas
quedas veio um desespero muito grande na vida de Clô. Ele queria
porque queria ficar firme nos caminhos do Senhor mas não
conseguia e as dificuldades da vida pareciam não ajudá-lo em nada.
A recompensa de um servo de Deus não está nesta vida. Clô irá nos
ensinar um pouco sobre isto.
Tudo começa depois que Clô se reconciliou pela enésima vez. No
bairro onde Clô morava ninguém o conhecia pelo nome. Seu nome
era Clodoaldo, mas todo mundo o chamava de Clô. Ele aceitou Jesus
como salvador em um culto que fizeram na casa de sua mãe.
Quando Clô aceitou Jesus, os cristãos da igreja começaram a dizer
para ele ficar firme nos caminhos do Senhor que a sua vida iria
melhorar. Mas o tempo foi passando e a vida de Clô não melhorava,
pelo contrário, as coisas iam ficando cada vez mais difíceis. Ele
começou a passar por todo tipo de dificuldades e quanto mais ele
orava, mais as dificuldades pareciam crescer. E o pior de tudo, é que
Clô queria muito arrumar uma esposa, mas como as dificuldades
financeiras ficaram muito grande, ele não conseguia encontrar um
jeito de se casar. Então se sentindo em grande apuros, Clô resolveu
que iria fazer uma campanha de oração para que Deus pudesse lhe
dar uma esposa. Ele estava decidido a orar mais do que qualquer
cristão que ele conhecia. Foi quando ele começou a ir para um lugar
isolado para orar. Era uma mata que ficava perto de onde Clô
morava. Ele acreditou que se ele se tornasse uma pessoa
extremamente dedicada a obra de Deus e fosse fiel ao Senhor, e
principalmente se fizesse uma campanha de oração, Deus lhe daria
uma esposa.
Os dias foram se passando desde que Clô começou a sua campanha
para que Deus lhe desse uma esposa e Clô já estava começando a
ficar ansioso para que Deus lhe desse sua recompensa pela sua
fidelidade nos caminhos do Senhor e pela sua campanha de oração.
Ele também começou a jejuar. Clô fez um jejum de quarenta dias
(ele comia no final de cada dia) e depois disto acreditou com todas as
forças que a sua recompensa viria, mas no outro dia o que aconteceu
foi que ele sentiu uma terrível cólica de rins. Foi parar no hospital
depois de sentir a pior dor de sua vida.
Desempregado, sem carro, sem roupa bonita, sem status na
sociedade, sem cargo na igreja e desprezado até pelos cristãos, Clô
começou a achar que Deus não estava lhe dando a recompensa que
ele merecia. Será que Deus estava sendo injusto com Clô?
É...a situação estava realmente complicada e ele foi deixado na cama
daquele hospital após tomar várias injeções. Clô começou a chorar.
Ele estava triste com Deus. Por que Deus não estava lhe
abençoando? Logo quem, logo ele que estava se esforçando para ser
o mais fiel dos cristãos, ele que estava orando mais do que todo
mundo. Clô chorava muito, desconsoladamente, se sentia sem
esperança e seus olhos já estavam com a visão toda embaçada
quando ele percebeu uma silhueta se aproximando. Alguém parecia
estar do seu lado. Clô piscou os olhos e quando as lagrimas
escorreram pelo rosto ele pode ver um rapaz que aparentava ser mais
novo do que ele.
- Oi – disse o rapaz olhando para Clô – Deus me pediu para falar
com você.
- Onde está minha esposa? – perguntou Clô.
- Não sei – respondeu o rapaz.
- Tem muita coisa ruim acontecendo na minha vida, irmão –
desabafou Clô – Se você estivesse no meu lugar, o que você faria?
O rapaz sentiu profunda compaixão de Clô e deu um sorriso
carinhoso.
- Como você se chama? – perguntou o rapaz.
- Clô – respondeu o outro.
- Eu também estou sofrendo muito. Talvez mais do que você – disse
o rapaz.
- E você serve a Deus mesmo assim? – perguntou Clô.
- Sim. Claro – respondeu o rapaz.
- Você acha justo a gente se esforçar tanto para ser fiel a Deus e
receber o sofrimento como recompensa? – perguntou Clô.
- Nossa recompensa não está neste mundo irmão – respondeu o
rapaz – Você vai ser recompensado atravéz de seu galardão que você
vai receber no céu. Não aqui. No céu, irmão. Depois do julgamento
do crente.
Clô olhou para o rapaz e começou a chorar de emoção e então
perguntou:
- Foi isto que Deus mandou você me dizer?
- Não – respondeu o rapaz – Eu vim para te ensinar o segredo para
vencer a tentação.
- O quê? – Clô ficou admirado com aquilo – Você sabe como vencer
a tentação.
- Resistir – disse o rapaz. Mas a visão de Clô começou a ficar
embaçada, o sedativo começou a fazer efeito – Suportar – foi a
segunda palavra que Clô ouviu o rapaz dizer. Ele parecia estar
falando mais alguma coisa – Combater – Clô ainda ouviu ele dizer
isto, e então dormiu.
Clô acordou procurando pelo rapaz mas não viu ninguém.
Perguntou para algumas pessoas, mas ninguém tinha visto rapaz
nenhum por ali. Clô ainda conseguia se lembrar das últimas palavras
do estranho, resistir, suportar e combater e ao se sentir melhor Clô
resolveu ir embora para casa. No outro dia ele resolveu ir na mata
orar, desta vez não era mais para pedir uma esposa, era porque havia
se acostumado a buscar a presença de Deus. Ele sentiu saudades de
estar na presença do Senhor ali naquele lugar onde ele passava horas
orando. Mas naquele dia ele não estava sozinho naquele lugar. Após
alguns minutos em oração Clô começou a ouvir um gemido. Pelo
timbre da voz parecia um gemido de mulher. Ele achou estranho
aquilo. Olhou em volta e a princípio não viu ninguém. Caminhou
um pouco na direção do som e o gemido ficou mais intenso. Clô
começou a ficar tenso e a adrenalina aumentou quando ele ouviu
uma voz feminina.
- Ai que gostoso – disse a voz.
Clô ficou tão desesperado que se desequilibrou e fez barulho ao se
segurar em algumas galhas. O gemido cessou. Após alguns segundos
a voz feminina falou:
- Tem alguém aí?- Clô não respondeu nada – Que droga. Eu tava
quase. Nem aqui eu tenho paz para tocar uma.
Clô ouviu um barulho de galhas se movento e então viu de quem era
aquela voz. Uma grande tentadora de fio dental apareceu na sua
frente.
- Quem é você? – perguntou ela.
- Eu vim aqui para orar. Me desculpa – disse Clô que sentiu o poder
da tentação na hora.
- Orar? Você não é um tarado? Que pena. Queria encontrar um
tarado para me atacar aqui nesta mata.
Então a grande tentadora passou na frente de Clô se exibindo
voluptuosamente.
A tentação veio com tudo para tirar Clô dos caminhos do Senhor. A
facilidade que ele estava tendo para pecar era tão grande, que ele
pensou que não teria condições de vencer aquela tentação. Ele achou
que iria cair. Então, como se fosse um flashback a imagem do rapaz
no hospital passou pela mente de Clô.
- Resistir – Clô se lembrou do rapaz dizendo isto.
Então ele começou a se esforçar muito para resistir a tentação com
aquela grande tentadora bem na sua frente.
- Não gosta da fruta? – perguntou a tentadora.
Clô já estava sofrendo para resistir a tentação e ao ouvi-la se
insinuando a tentação pareceu aumentar. Uma tentadora na mata
colocaria a fé de Clô ao teste máximo de sua fidelidade a Deus. Seria
melhor os cristãos fugirem das grantes tentadoras? Esta é a postura
que um anacoreta adotaria. Poderia ser até mais cômodo adotar uma
postura assim, mas o problema é que de um jeito ou de outro, a
tentação sempre vem e por isto acho que o mais importante é estar
preparado para vencer a tentação. Mesmo que nós tentemos fugir da
tentação, isto não será possível. Podemos fugir da tentação, mas a
tentação vai continuar no mínimo dentro de nós. Mas o lado bom da
história é que esta moça, acabou prestando um grande favor para
Clô. Foi atravéz dela que ele viu que o segredo para se vencer a
tentação realmente funciona. Vamos aos fatos.
Clô acabou reconhecendo aquela tentadora, era uma moça que ele
havia conhecido na igreja e que naquela ocasião estava na mata
pegando um sol, dentre outras coisas. Clô já estava cansado de se
escandalizar com as evangélicas da cidade onde morava. Já fazia
algum tempo que ele resolveu desacreditar das mesmas. O fato de
uma moça ser evangélica, já não era mais suficiente para Clô achar
que aquela moça era uma serva de Deus e que deveria se comportar
segundo os padrões de Deus.
- Oi Clô – disse a moça que acabou reconhecendo-o – O que você
está fazendo aqui?
- Eu vim orar um pouco. Eu gosto de orar quando estou andando na
mata.
- Que legal – disse ela – Senta aqui um pouco – convidou a
tentadora apontando para um lençol mais à frente.
Sentindo uma pontada de tentação, Clô achou que era forte o
suficiente para resistir e se sentar onde a conhecida estava por alguns
minutos. Ele apenas iria conversar alguma coisa com ela e depois iria
embora orando pela salvação dela. Parecia ser uma moça bastante
bonita mas Clô evitou de reparar muito nela para não sentir o poder
da tentação aumentar.
- E a igreja? – perguntou a conhecida de Clô.
- Está do mesmo jeito – respondeu ele.
- Faz algum tempo que eu não vou naquele lugar. Na verdade eu
ando um pouco fraca na fé.
Aquilo fez sentido para Clô porque se ela estivesse firme na presença
do Senhor não estaria fazendo aquelas coisas na mata. Foi quando
uma outra mulher surgiu por entre as árvores.
- Esta aí é a Vanessa – apresentou ela a amiga para Clô – Fala um oi
para meu colega Vanessa.
- Oi – disse Vanessa.
- Olá – respondeu Clô sem olhar para a moça.
- Não repara não no jeito da minha amiga Clô. Ela é timida mesmo.
Mas ela está procurando um namorado – e do nada ela ofereceu a
amiga para Clô – Você não quer dar uns pega na Van não? Ou você
não pode? – ela olhou para Clô de uma maneira estranha. Ficou
evidente que ela teria um imenso prazer em tirar Clô da presença de
Deus.
Foi quando a tentação começou a aumentar muito na mente de Clô.
Ele não poderia prever que em um dia como aquele iria ter que
enfrentar uma tentação tão forte como aquela. Um sentimento
tentando fazer com que ele se desviasse dos caminhos do Senhor
para aproveitar a oportunidade que aquela pecadora estava
oferecendo começou a assumir proporções que Clô nunca imaginou
que pudesse assumir desde que ele aceitou Jesus como salvador.
- Você ficou calado. Ela é gata, Clô. Vira aí para ele reparar em você,
Vanessa – disse a conhecida de Clô.
Naquele momento, Vanessa se mostrou interessada. Ela se virou
para que Clô pudesse reparar em seus dotes femininos. Pelo visto era
verdade a história de que ela estava com vontade de namorar.
- Pode pegar mas só um pouquinho – disse ela para Clô.
Ele então olhou para a outra sem acreditar se havia entendido o que
Vanessa havia dito e a outra confirmou:
- É isto mesmo que você está pensando. Põe a mão. Ela deixa –
falou a conhecida de Clô tentando fazer com que ele se desviasse
dos caminhos do Senhor.
Quando Clô olhou para Vanessa esperando que ele passasse as mãos
na nádegas dela quase se desviou.
Ele resistiu. A princípio Clô iria usar o segredo para vencer a
tentação de maneira intuitiva. Somente no episódio seguinte é que
ele irá assimilar o acontecimento na mata para se lembrar do rapaz
no hospital.
De fato, resistir fez toda diferente e somente por isto ele não caiu em
pecado naquele momento. A conhecida de Clô ficou estupefata.
- Você não vai....- ela estava incrédula.
- Não – disse Clô que já teve que começar a suportar o terrível
efeito da tentação. Lembrando que ele não assimilou de imediato que
o passo seguinte era suportar, mas ao começar a fazer isto de
maneira intuitiva, conseguiu forças para continuar resistindo a
tentação e não sucumbir.
Realmente é muito triste a situação dos pecadores. O mundo seria
bem melhor se não existissem as grandes tentadoras. É, mas elas
existem, e quem não estiver preparado para vencer a tentação
certamente irá sucumbir. Um novo convertido pode até pensar que
Deus não irá permitir os ataques das grandes tentadoras, estes ainda
podem pensar que pelo fato de terem aceitado Jesus, passarão a viver
em uma atmosfera puramente santa. Mas isto é um terrível engano.
Não estamos no céu, estamos no mundo e este mundo aqui é
governado por satan e seus filhos. E foi achando que coisas assim
não acontecem na vida de um cristão que Clô acabou caindo no
maior laço de sua vida.
A princípio, ele tentou falar do evangelho para Vanessa, mas ela se
comportava de maneira sempre evasiva e assim Clô nunca conseguiu
grande resultado. De fato, a grande tentadora jamais se converteria.
Inicialmente a conversa entre os dois se manteve em níveis aceitáveis
no que diz respeito a suportar a tentação. Até que a conhecida de
Clô se irritou. Ela não tinha muitos amigos e também não tinha
muito dinheiro e por isto estava muito desejosa para aproveitar
aquela oportunidade para aprontar. E como naquele dia ela e Clô
estenderam a conversa na mata mais do que o normal, ela acabou
convidando-o para ir na casa dela por conta de seu aniversário. Clô
achou que fosse uma festa de aniversário comum, com os parentes e
amigos. Ele não sabia que era o único convidado para aquele dia, de
forma que achou que não teria problema para sua vida espiritual se
ele apenas fosse até a casa dela e cantasse parabéns aproveitando
aquela oportunidade para comer bolos, doces e refrigerante. Por fim,
Clô acabou aceitando.
- Eu estou de apé – disse ele.
- Não importa – ela geralmente andava de ônibus – Eu vou vestir
minha roupa.
E que fique claro que Clô só estava conseguindo vencer a tentação
porque estava se esforçando muito para resistir e suportar,
intuitivamente ele também acabou combatendo a tentação quando
falou do evangelho para Vanessa.
- Eu vou também – disse Vanessa.
Na ocasião do convite, a conhecida de Clô estava vestindo o
uniforme da empresa onde trabalhava. Clô ficou esperando
enquanto a conhecida colocava a roupa.
- Vem Vanessa – a conhecida chamou a amiga para um local onde
ele não a pudesse vê-las e a amiga a acompanhou.
Minutos depois, Clô avistou de longe uma silhueta que mexeu com
seus instintos masculinos. Era a conhecida de Clô. Ele procurou
resistir para manter o pensamento puro e não olhar de forma
cobiçosa para aquela mulher que em breve, certamente passaria
muito perto dele, pois ela estava vindo justamente naquela direção.
Quanto mais a mulher se aproximava, mais atraente ia ficando o
formato feminino. A tentação ia aumentando na mente de Clô e
medita que a tal mulher ia se aproximando, principalmente quando a
retina de Clô pode receber o reflexo de seios gigantes se movendo
para cima e para baixo a medida que a mulher ia se aproximando. O
movimento dos seios dela fez com que a tentação aumentasse
consideravelmente para Clô. Foi a partir deste momento que ele
começou a se lembrar do rapaz no hospital. Ele estava para cair em
tentação quando percebeu que estava se esforçando muito para
resistir e isto impediu a sua queda.. Então começou a sofrer muito
com o ataque da tentação e percebeu que só estava conseguindo
permanecer na presença de Deus e não se desviar porque estava se
esforçando para suportar. Então ele se lembrou da segunda coisa
que o rapaz havia dito para ele. Suportar. Por último ele se lembrou
do rapaz dizendo que era preciso combater, pois isto o ajudaria a
encontrar forças para resistir e suportar.
Ao se lembrar do rapaz do hospital diante da aproximação da grande
tentadora, Clô se esforçou para resistir. Foi quando ele reconheceu o
rosto daquela silhueta. Era a conhecida!
- Desculpe a demora? – disse ela – Eu estva dispensando a Vanessa
para poder ficar sozinha com você. Eu menti sobre o aniversário só
para arrumar um pretesto para ela ir embora.
Ela se sentou no chão mexendo com a língua sensualmente e Clô
estava vendo a tentadora bem do seu lado. Somente de olhar para o
decote dela a tentação aumentou atingindo uma força que Clô nunca
havia experimentado. Ele estava sendo tentado naquele dia como
nunca fora desde que aceitou Jesus como salvador.
Imediatamente ele se lembrou do rapaz novamente. Suportar
parecia ser a palavra chave neste momento. Ainda bem que existe o
segredo para vencer a tentação, porque se Clô não tivesse resistido
antes, já teria caído tão rápido que quando percebesse estaria
completamente escravizado pelo poder do pecado.
Enquanto era atormentado pela tentação Clô conheceu com precisão
o significado da palavra suportar. Ele já estava com o coração
acelerado e suando frio quando se levantou. Clô estava sofrendo
tanto com a presença daqueles seios gigantes do seu lado que acabou
se virando só para não ter que olhar para eles novamente.
Definitivamente não estava sendo fácil suportar. Assim que se virou
a tentadora se levantou e chegou bem perto de Clô. Ela estava
decidida a fazer com que ele se desviasse dos caminhos de Deus e
ela queria ser a responsável por isto.
- São grandes, né – disse ela para Clô.
Foi quando ele percebeu que estava sendo muito difícil resistir e
suportar. Então mais uma vez se lembrou daquele rapaz. Se lembrou
de que antes de apagar, ele ainda ouvira o rapaz dizendo a palavra
combater. Mas como combater a tentação naquele momento? Bom,
ele estava na mata onde já tinha o costume de passar o dia orando,
então ele achou que orar pudesse ser uma boa maneira de combater
a tentação.
- Me dá licensinha – disse Clô se afastando da presença da grande
tentadora deixando-a sozinha com suas nádegas e seios gigantes.
- Onde você vai? – perguntou ela incrédula.
- Combater a tentação – respondeu ele.
- O quê? – perguntou a tentadora incrédula. Mas Clô já havia
penetrado na mata por entre as árvores.
E foi quando começou o show de oração. Por várias vezes a
tentadora ouvia Clô gritando a palavra.
- DEUS..............- então ela ouvia mais – SAI TENTAÇÃO............- o
som se tornava inteligível por alguns segundos e novamente algo que
ela entendesse – EU REPREENDO EM NOME DE JESUS........
A grande tentadora ficou com tanto medo que acabou trocando de
roupa rapidamente e saiu correndo daquela mata e depois de passar
alguns minutos combatendo a tentação, Clô voltou ao local de antes.
Não havia ninguém por ali. Ele se sentou na toalha que a conhecida
havia deixado para trás e ficou pensando por um longo tempo no
que havia acontecido. Por fim, ele se levantou dizendo:
- Funciona. Resistir, suportar e combater funciona.
Voltando para a lagoa onde estava as quatro grande tentadoras.
Resistindo a tentação, Clô disse para elas:
- Eu não sou mais o mesmo. Eu aceitei Jesus como salvador.
- Entra na água – disse uma delas.
- Eu acho que vou embora – disse ele.
- Mas você acabou de chegar – falou a outra.
- Quer uma carona? – disse uma delas.
Clô ficou em dúvidas mas como se sentiu cansado acabou aceitando
a carona. Então elas saíram da água conversando entre si e se
aproximaram de Clô.
- Vamos. O carro está ali na frente – disse uma delas para Clô.
Quando Clô se aproximou do carro é que ele entendeu que apenas
resistir não seria o suficiente para vencer a tentação.
- O carro é para quatro pessoas – falou uma delas – As duas ali vão
atrás, eu dirijo e você vai no colo dela.
Então ela apontou para uma das morenas. Esta entrou no banco do
passageiro e se sentou. Usando um decote terrivelmente sensual ela
olhou para Clô e disse:
- Vem no colinho da mamãe – ela fez um biquinho sensual, olhou
por baixo dos óculos escuros e completou – Se o bebe tiver com
fome a mamãe vai dar de mamá.
Resistindo e suportando com toda força de sua alma ele percebeu
que deveria começar a combater a tentação. Clô estava sofrendo
muito para suportar o terror que a tentação lhe causava e achou que
se não fizesse um enorme esforço para combater a tentação,
poderia enlouquecer.
- Eu não vou mais – disse ele já planejando combater a tentação –
Vou ficar aqui na lagoa sozinho para orar.
- Eu estou brincando – disse a morena.
- Respeitem o Clô gente – disse uma delas – Ele é temente – então
elas começaram a rir em deboche.
- Desculpe – disse a morena – Esqueci que você é um monge –
novamente todas elas começaram a rir.
Clô acabou desistindo da ideia de combater a tentação e isto lhe
custaria muito caro. Já não estava sendo nada fácil suportar tudo
aquilo e se não fosse a certeza que ele tinha de conhecer o segredo
para se vencer a tentação, só Deus sabe o que poderia ter acontecido
com o Clô.
- Você vai sozinho no banco do motorista então – disse uma delas.
- Já que é assim eu vou dirigir – disse a morena.
- Está bom para você Clô? – disse outra.
- Sim – respondeu ele.
Então três delas se sentaram no banco trazeiro e ficaram esperando
por Clô.
- Passa para o banco do motorista, gata – disse uma delas para a
morena e Clô ficou na porta do passageiro esperando a morena
passar para o banco do motorista. A morena então se virou para o
lado e acabou aprontando para cima de Clô. Ela abaixou o shortinho
e se virou ficando de fio dental na direção de Clô.
- Estou engastaiada. Me empurra aí – disse ela para Clô.
As três no banco de trás se excitaram com a cena e começaram a rir
de Clô.
- Ajuda ela Clô – disse uma delas.
- Empurra Clô – disse a outra.
- Se fosse eu metia o tapa – falou a outra e as quatro começaram a
rir.
Clô teve que resistir com toda força de sua alma ao mesmo tempo
que fazia um enorme esforço para suportar. E agora vem a parte
dramática, pois o esforço que ele teve que fazer para suportar o
poder da tentação foi tão grande que Clô começou a chorar na frente
daquelas tentadoras.
- Gente, ele tá chorando – disse uma delas.
- Tudo bem com você? – perguntou a outra?
- Sim – respondeu Clô.
Naquele momento ele se lembrou do hospital, do rapaz que ensinou
o segredo para ele vencer a tentação, do dia que usou o segredo pela
primeira vez na mata com aquelas duas grandes tentadoras e
acreditou com toda força de sua alma que acontecesse o que for, ele
estava preparado para vencer a tentação. Então timidamente ele
começou a combater a tentação em pensamentos.
Por fim, a morena se ajeitou no banco do motorista e então disse:
- Pode sentar aí seu trouxa. Eu já parei.
Clô entrou no carro e morena já havia dado a partida quando uma
loira no banco de trás falou.
- Espera um pouco!
Então a morena desligou o carro e disse:
- O que foi desta vez gata?
A loira abriu a porta e desceu. Caminhou na direção de Clô e abriu a
porta do passageiro.
- Você é muito feia, tigresa – disse a loira para a morena – Deixa eu
ver se este rapaz é monge mesmo.
- Uuuuiiiiiiiiiiiiiii – todas elas gritaram em uníssomo.
A loira abriu a porta do passageiro, se virou para Clô e disse:
- Posso me sentar aí com você? Eu sento no seu colo.
Ela já ia se sentando quando Clô resistiu a tentação com toda força
de sua alma.
- NÃO – ele gritou desesperado.
As mulheres de dentro do carro começaram a dar longas risadas da
cena. E novamente o esforço que Clô teve que fazer para suportar a
tentação fora tão grande que ele começou a chorar dentro do carro.
De uma maneira estranha, as lágrimas pareciam ajudar a resistir e
suportar, era como se o choro fosse uma maneira de combater a
tentação naquele momento.
- Ele tá chorando de verdade – disse a loira que ficou preocupada.
- Vai sua trouxa – caçoou a morena da loira.
- Quer saber – falou uma delas no banco de trás – Pode deixar que
eu dirijo este carro. Sai daí, gata.
A morena desceu para a outra entrar e desta vez ela conseguiu sair
com o carro. Clô estava chorando no banco do passageiro. Parecia
estar sendo mais difícil usar o segredo naquele dia do que fora lá na
mata.
A morena que estava dirigindo olhou para Clô e falou:
- Não liga para elas não. Estas mulheres aí são tudo vagabundas.
Então elas começaram a vaiar a morena no banco de trás.
- Cala boca sua vaca – disse uma delas.
- Que piranha – falou a outra.
- PAREM COM ISTO! – falou Clô que ficou irritado com aquelas
tentadoras. Não estava sendo fácil presenciar tanta baixaria.
Estranhamente as mulheres respeitaram e todas se calaram.
- Desculpa aí – disse uma delas.
- Foi mal – falou outra.
- Vamos ficar caladas gente – disse a motorista.
- Vira aqui – disse uma delas – Vamos passar por dentro do córrego.
A morena virou e começou a dirigir paralelamente a um córrego que
passava dentro da cidade. Depois de dirigir um pouco ela parou o
carro. Clô olhou para ela e perguntou:
- O que houve?
As mulheres no banco de trás ficaram esperando pela resposta.
- É a minha vez – disse a morena.
- Oi? – falou uma delas no banco de trás.
- Sua vez de quê? – falou outra.
- Ficou doida? – disse outra.
- Aposto que sou mais gostosa que vocês três – disse a morotista.
- UUUuuuuuuuu – todas vaiaram do banco de trás.
- O que esta maluca está falando? – disse uma delas.
A morena desceu do carro e se aproximou da porta do passageiro.
Então ela tirou o vestido ficando apenas de roupa íntima. Abriu a
porta do passageiro, exibiu o glúteo gigante e disse:
- Meu bumbum é maior do que o delas, Clô. Desce aí, vamos se
pegar no capô do carro para elas verem que a mim você não rejeita.
Então ela pegou na mão dele e tentou puxá-lo para fora para levá-lo
para o pecado.
Olhando para aquele fio dental extremamente sensual, Clô quase
desmaiou tamanho a força que teve que fazer para resistir a
tentação.
- Não – disse ele se desvencilhando da tentadora.
- Uuuuuuuuuuuu – as outras vaiaram a amiga do banco de trás.
- Vai sua trouxa – disse a morena.
- Cala boca sua vaca – ela retrucou.
- Piranha – falou uma delas.
- Sua mãe – disse a outra.
- PPPPAARREEEEMMMMM – Clô estava em franco desespero.
Seu semblante era de um maluco lunático submetido a uma sessão
de tortura.
Elas fizeram silêncio em respeito a Clô. Então sofrendo muito para
suportar a tentação, Clô desabou em choro. Ele apoiou o braço no
painel do carro e a cabeça no braço e começou a chorar
copiosamente. Mais uma vez Clô sentiu uma sensação ímpar, era
como se o choro fosse uma maneira de combater a tentação. Ao
chorar ele conseguia se sentir mais aliviado. No momento que estava
chorando, Clô começou a pensar em todas as suas quedas desde o
dia que havia aceitado Jesus como salvador. Lembrou das vezes que
não estava preparado para vencer a tentação e por causa disto
acabava se desviando, algumas destas vezes ele se desviava por causa
de pouca coisa. E ainda no meio daquele choro, ele começou a
perceber que desta vez estava sendo diferente, pela segunda vez ele
estava usando o segredo e estava conseguindo vencer a tentação. Se
lembrou do dia em que venceu a tentação quando usou o segredo lá
naquela mata. Havia vencido as duas maiores tentadoras que já havia
visto em toda sua vida. Venceu duas naquele dia e agora estava
vencendo quatro delas. Aquilo parecia ser a coisa mais maravilhosa
do mundo. Clô se sentiu como se estivesse completamente
preparado para vencer qualquer tipo de tentação e aquilo foi lhe
dando alegria. A alegria de poder permanecer firme nos caminhos do
Senhor e nunca se desviar foi aumentando paulatinamente e ficou
tão intensa que Clô começou a rir no meio do choro.
- Ele está rindo? – perguntou uma das mulheres.
- Esse cara é doido.
- Ele deve ter AIDS – disse uma delas brincando, mas quando falou
aquilo as outras tentadoras levaram a sério.
- Cruz credo – disse uma delas.
- Sai de ré – falou a outra.
A motorista que estava se oferecendo mudou de idéia imediatamente
e voltou para o volante.
- Tô fora – disse ela que ligou o carro e seguiu em frente.
Depois daquele papo sobre AIDS, as tentadoras milagrosamente se
calaram e pararam de provocar Clô e por todo resto do trajeto elas
ficaram em silêncio. Não demorou muito tempo para que a
motorista parasse o carro e disesse:
- Aqui está bom para você?
- Sim – respondeu Clô que desceu do carro.
Quando o veículo andou novamente Clô pode se sentir mais
aliviado. Ele também se sentiu um grande vencedor. Pensou que
talvez fosse o maior homem de Deus do mundo, pois vencer aquelas
grandes tentadoras não era para qualquer um, somente para quem
estivesse preparado. E Clô sabia que estava pois conhecia o segredo.
Bem, talvez ele esteja certo, quem sabe se ele realmente não é o
maior de todos os homens de Deus. Um posto assim é digno
daqueles que realmente estão preparados e Clô com certeza estava.
Foi em um encontro casual que Mauro iria se encontrar com Suelen.
Ele decidiu orar e jejuar naqueles dias. Ele queria ficar muito
parecido com Jesus e para isto resolveu contar com a força do
Espírito Santo. O Espírito Santo sempre vai glorificar o nome de
Jesus e seu desejo é nos deixar igual a Ele. Mauro foi para uma
floresta que ficava próximo a sua casa. Por coincidência do destino
(coincidência????!!!!) Suelen também havia resolvido ir passear
naquele lugar. Após algum tempo isolado na floresta em oração,
Mauro resolveu ir embora e pegou o caminho de volta para casa. Foi
quando viu aquela mulher na sua frente.
- Nossa! Mas que gato! – disse Suelen ao ver Mauro.
Ele percebeu naquela hora o poder da tentação, sabia que o inimigo
havia armado um laço para o derrubar. Então depois de resistir
inicialmente a chegada da tentação ele resolveu tomar uma atitude
bem radical em um leve combate e disse:
- Gato é a vovozinha! - ele teve que se manter firme e não dar moral
para Suelen pois sabia que poderia cair em pecados sexuais com ela
ali.
- Eu não estou acreditando no que estou ouvindo. Nenhum homem
nunca me tratou assim – disse Suelen.
- Você está certa. Acho que eu fui grosso com você. Me desculpa. É
que você é tão bonita e eu fiquei com medo de pecar contra Deus –
disse Mauro.
- Como assim? – perguntou ela com voz meiga e interessada no
assunto.
- É que eu sou um servo de Deus. Eu vim aqui para este lugar para
poder buscar a presença do Espírito Santo na minha vida.
- Eu vim aqui porque estou muito angustiada. Meu marido anda me
traindo e eu não sei o que fazer – falou Suelen.
Mauro então começou a pregar a palavra de Deus para aquela
mulher. Cada vez que ele falava acerca do céu e da salvação, Suelen
ficava mais comovida. Ela chegou a chorar.
- Você é um homem ou um anjo? Estou com medo de você
desaparecer de repente.
Mauro ficou interessado em ajudar Suelen. Foi quando ele pediu o
endereço da casa dela para poder fazer uma visita evangelística.
Então aquela mulher foi embora e o servo de Deus pode buscar
mais a presença do Espírito Santo. Para sua grande surpresa. Ele
recebeu o batismo no Espírito Santo naquele dia.
Camila estudava com Paulo. Ele era o esposo de Suelen. Mas ele
nunca havia reparado que ela dava em cima dele. Até que ele
percebeu e disse para ela quando eles estavam na escola:
- Você quer ir para balada comigo? – perguntou Paulo para ela.
- Eu vou pensar no seu caso. O que eu ganho com isto?
- Muito amor e carinho. E posso comprar lindos presentes para você
– disse Paulo que marcou um encontro com aquela moça, e mais
uma vez estava a trair Suelen. E não foi que ela acabou descobrindo
sobre o tal encontro? Uma pessoa que estudava com Paulo e Camila
que ficara sabendo do romance dos dois contou tudo para Suelen.
Então ela resolveu se vingar. Estava decidida a pegar o primeiro
homem que aparecesse em sua frente. Minha nossa! Mas que azar do
Mauro, isto seria bem no dia que ele resolvera ir até a casa de Suelen
para falar um pouco mais de Deus para ela. Aquele dia ela não estava
disposta a ouvir acerca de Deus, ela estava com o diabo no corpo.
Mauro chegou inocentemente na casa de Suelen. Ele agora teria que
provar que realmente amava a Deus. Suelen foi até a porta e abriu-a.
- Olá – disse Mauro – Lembra-se de mim?
- Mas é claro – respondeu Suelen – Você é o homem da mata.
- Sou eu mesmo. Eu vim aqui para conversar com você mais um
pouco sobre Deus.
- Sabe o que é Mauro, é este o seu nome, não é? Eu não sei se você
veio numa boa hora não. Hoje eu não estou legal. Estou é mais afim
de um macho do que de Deus.
Mauro engoliu seco. Naquele dia na floresta tinha sido muito mais
fácil. E agora? O que ele faria? A tentação já começara a aflorar
naquela ambiente.
- Me espera aí que eu vou ali no quarto e já volto – disse Suelen –
Sente-se.
Mauro começou a ficar com medo. Ele resolveu pedir a ajuda para o
Espírito Santo de Deus numa tentativa inicial de combater a
tentação.
- Querido Espírito Santo, eu venho orar nesta hora pedindo o teu
poder sobre a minha vida. Não me deixes cair em tentação, me livre
de todo mal.
Poucos minutos depois, Suelen o chamou do quarto. Ele sem saber
do que se tratava acabou indo ver o que era. Jamais ele poderia
imaginar que iria ver aquela cena.
- Vai ser você mesmo – disse Suelen – Aquele canalha vai aprender o
que é bom. Mauro, hoje eu vou trair o meu marido na cama dele –
dizendo isto, ela se inclinou na direção de Mauro acreditando que
com toda certeza ele não resistiria.
Suelen tinha um chamado de Deus. Mas a conversão dela iria
acontecer de uma forma quase trágica que não será contada aqui. Se
não fosse o grande segredo para se vencer o pecado e todas as
tentações, principalmente a tentação do sensualismo, Mauro jamais
teria permanecido fiel a Deus.
A questão é que Mauro começou naquele exato momento resistir a
tentação e por várias vezes seguidas sentiu ela indo e voltando. Ele
teve que fazer um enorme esforço para suportar a tentação de não
cair em pecado com aquela mulher.
Suelen foi ficando sem graça ao olhar para os lábios de Mauro e ver
ele balbuciando feito um demente palavras com muita rapidez.
Mauro estava orando para combater a tentação. Ele tentava a todo
custo expulsar a tentação para bem longe de sua alma.
Suelen então se afastou de Mauro. Ela parecia estar com medo.
Mauro continuava balbuciando palavras ininteligíveis para Suelen.
- Me desculpe. Acho que você é a pessoa errada – comentou ela.
O poder do Espírito Santo na vida de Mauro para resistir, suportar e
combater aquela tentação foi tão grande que até mesmo Suelen
sentiu a forte influência em sua vida e um temor de Deus tomou
conta de seu coração. Ela foi correndo até o armário e colocou uma
roupa bem descente.
- Me desculpe pelo que eu fiz – disse Suelen para Mauro – É que a
esta hora meu marido está com outra. E eu estou com muita raiva
dele. Eu acho que o mais certo é me separar dele. E não fazer o
mesmo que ele.
Mauro ficou ali um bom tempo pregando a palavra de Deus para
Suelen.
- Sabe Mauro, depois de ouvir você falar tanto de Deus, eu sinto um
enorme respeito por você. Mas naquela hora que eu fiquei aqui
quase nua, eu estava decidida a ter relações com você. Se você
tivesse aceitado, a esta hora agente estaríamos juntos na cama do
meu esposo. Mas graças a Deus que você é um homem temente.
Agora eu sei que eu estava fazendo uma loucura. Eu não devo pagar
o mal com o mal.
Depois de pregar mais um pouco a palavra de Deus para Suelen,
Mauro perguntou:
- Você quer se converter?
Suelen sentia o toque do Espírito Santo em seu coração, mas naquele
exato momento, não teve forças para dizer que sim. Então depois de
se despedir, Mauro foi embora na esperança de que a semente que
foi lançada pudesse dar fruto um dia. Anos depois Mauro se
encontrou com Suelen.
- Como vai? Lembra de mim? – disse Suelen.
- Claro que lembro.
- Pois é, eu me converti. De lá para cá eu nunca mais consumei
nenhum pecado contra o Senhor. Contra o Espírito Santo, como
você diz. Aprendi direitinho o que você me ensinou a respeito de
resistir, suportar e combater a tentação. A vontade perfeita de Deus
é que seus servos nunca se desviem dos caminhos Dele – Suelen
estava irradiante - Eu estou de vestido. Você não disse que as
mulheres tem que usar vestido? – Suelen olhava nos olhos de
Mauro com pureza enquanto ele não sabia se ela estava sendo
sincera ou a mais cínica das mulheres.
- Eu tenho uma novidade para você – disse ela feliz.
Ele olhou para ela assustado.
- Eu me separei e agora estou atrás de um esposo sincero. Um
homem de Deus. Me separei porque fui traída, na Bíblia diz que
nestes casos pode.
- O que houve? Teve culto familiar na sua casa?
- Não. Foi ali na porta de casa. Estava de noite e eu falei pra Deus
que estava aceitando Jesus.
- Sério?
- Sim. A paz do Senhor, irmão.
- A paz do Senhor – respondeu ele feliz e surpreso.
Os dois conversaram por horas. Suelen contou tudo o que havia
acontecido em sua vida. Depois daquele dia eles nunca mais se
viram. É uma pena pois eles até que poderiam se casar. Mas Mauro
ainda viveria solteiro por um bom tempo.
__________________________
O primo de Ricardo tinha um monte de cerveja em sua casa, pois ele
tomava cerveja quase todos os dias. E Ricardo estava dormindo na
casa de seu primo naquele dia.
Uma pessoa que não usa o segredo descrito neste livro, não vai
conseguir vencer todas as tentações que Ricardo teria que enfrentar.
Existe um céu, existe um inferno e existe uma escolha. Ricardo teria
que escolher naquele dia entre o céu e o inferno, entre Deus e o
diabo, entre viver em santidade e obedecer a Deus ou se entregar aos
desejos prazerosos da carne.
Gabriela foi até o quarto, secou o cabelo e se vestiu. Entretanto, o
verbo vestir não se adequa ao que Ricardo chamaria de estar vestida.
Gabriela foi até a cozinha pegar uma cerveja e não demorou muito
até Ricardo aparecer por ali. Foi quando ele a viu daquela maneira.
Ela estava em frente a geladeira engatinhando para pegar uma moeda
que fora parar em baixo de um móvel. Ricardo teve que resistir a
tentação quando viu Gabriela em sua frente, e ainda teria que
suportar o poder da tentação porque começou a sentir suas pernas
tremerem. Seu coração começou a disparar. Seus pensamentos
rodopiaram a milhões. Seu corpo inteiro fervilhou de espanto,
curiosidade e mal disfarçada excitação. Ninguém gastou fôlego em
fingir que nada estava acontecendo naquela cozinha. Foi quando
Gabriela disse, ainda abaixada.
- Você não gostaria de tomar uma cerveja comigo?
Os dois trocaram olhares tenebrosos.
- Vamos tomar esta cerveja juntos e assistir a um futebolzinho.
Ricardo olhou bem para Gabriela que estava quase sem roupa. A
mulher parecia ter se transformado em uma mulher de cinema,
assumindo uma aparência que não era real tamanho era o poder da
tentação.
- Aceita? Aceita? – perguntou ela fazendo biquinho.
Ele começou a sentir calafrios. Precisava suportar o terror da
tentação e não se entregar. Os pensamentos de Ricardo não estavam
esperando por aquilo. Ele não poderia olhar com olhos impuros para
Gabriela nem desejar nada de errado que ela estava oferecendo para
ele. Estará ele preparado para tudo que lhe está reservado? Seu
desempenho será satisfatório para que nada de grave lhe aconteça?
Ricardo precisava a todo custo começar a combater a tentação. Mas
como ele iria conseguir tamanha façanha? De onde Ricardo tiraria
forças para combater o diabo, o pecado e Gabriela? A resposta está
na tremenda força que ele fez para clamar ―O sangue de Jesus tem
poder‖ - várias vezes em pensamento - ―Sai tentação, sai tentação‖.
Ela não entendeu direito o que estava acontecendo com Ricardo.
- Eu não bebo, eu não bebo! – disse ele se esquivando.
- É apenas uma cerveja. Você não precisa ficar bêbado – disse ela
que se aproximou de uma garrafa gigante que ficava de enfeite ali na
cozinha.
- Seu primo é realmente fanático por esta cerveja – disse Gabriela ao
observar tantos aparatos daquela marca de cerveja pela cozinha.
Por alguns instantes Ricardo pensou que tudo aquilo chegaria ao fim.
Até então ele estava conseguindo vencer toda aquela tentação. Eles
se olharam silenciosamente por alguns instantes. Enquanto ele saiu
da cozinha e ficou ali na sala fazendo muita força para suportar a
tentação e não se entregar ao pecado, deu tempo dela ir até o quarto
e colocar uma roupa íntima diferente. E então, sem aviso, o silêncio
foi rompido por uma voz diferente de todas que ele tinha ouvido
antes; e ela não soltou um grito, mas algo que lembrava um feitiço.
- VEMMMM MEU AMORRRRRRR!
Gabriela se deitou no chão da sala onde Ricardo estava e disse:
- Você tem namorada? Vamos aproveitar que não tem ninguém
nesta casa.
Aquele homem provou que realmente amava a Deus. Mas tudo isto,
foi porque ele resistiu mais uma vez a tentação com toda força de
sua alma. Como se já não bastasse o tanto que ele já havia
suportado.
- Eu posso saber onde você está indo? – perguntou ela ao ver
Ricardo saindo dali.
- Eu vou embora – respondeu ele em estado de pânico e
combatendo a tentação dizendo ―sai tentação‖ o tempo todo no
pensamento.
- Você vai me deixar aqui sozinha? Eu não sei que horas o seu primo
vai voltar – disse ela.
- Eu tenho que ir para a igreja – disse ele.
- Você é realmente um homem muito religioso pelo visto.
- Eu obedeço à vontade do Espírito Santo porque fui salvo por
intermédio de Jesus Cristo.
- O Espírito Santo te salvou? De quê? – perguntou ela achando
aquela declaração estranha.
- Ele me salvou do fogo do inferno.
- Se eu fosse homem como você e tivesse a oportunidade que você
está tendo, eu iria preferir ir para o inferno, mas não deixaria de
agarrar uma mulher como eu.
Naquele momento mais uma vez o diabo fez de tudo para derrubar
aquele crente. Mas Ricardo resistiu, suportou e continuou
combatendo a tentação em pensamento. E com muito custo, não
pense que foi fácil, mas com muito custo mesmo ele acabou indo
embora sem ao menos se despedir de Gabriela. E foi assim que
resistindo, suportando e combatendo Ricardo conseguiu vencer a
tentação na casa de seu primo. Assim ele não pecou e nem perdeu a
certeza de sua salvação.
_______________________
Agora vamos passar para a próxima tentação. Tem coisas que
acontecem na vida de certas pessoas que parecem até mentira. Mas
Osvaldo teve que sentir na pele o poder da tentação para mostrar
que era um crente fiel a Deus. Ele era uma pessoa pacata e muito
pobre. Ninguém ali onde morava se importava com ele. Geralmente
as pessoas que tem muito dinheiro vivem cheias de amigos e gente
em sua volta. E pessoas pobres e que não tem boa aparência acabam
no desprezo e sozinhas. Osvaldo era vendedor de picolé. E certo dia
ele estava andando desanimado pela rua. As vendas não estavam
boas. Foi quando uma moça o gritou:
- Ei do picolé! Venha aqui!
Osvaldo se aproximou para ver o que a moça queria. Ela estava na
porta da casa dela.
- Quanto custa o sorvete? – perguntou ela.
- Está barato – respondeu ele.
- Eu vou ficar com dois. Será que você pode vir até aqui e colocar na
geladeira para mim.
- Posso. Mas qual sabor você deseja? – ele não desconfiou de nada.
- Eu gosto muito de chocolate e morango – disse ela com volúpia.
Osvaldo pegou dois sorvetes no carrinho. Um de chocolate e outro
de morando.
- Espera um pouco que eu vou abrir o portão para você.
- Anda logo senão vai derreter.
A mulher foi até o portão e abriu para Osvaldo entrar.
Com calma ele foi entrando e caminhou lentamente até a porta.
- Onde fica a cozinha? – perguntou Osvaldo.
- Vai entrando que eu te mostro.
Eles caminharam pela sala até que ela falou:
- Vira no corredor que você vai ver a cozinha.
A partir daí ele seguiu o trajeto sozinho. Chegou até a cozinha e
disse:
- Posso abrir a geladeira? – a pergunta era bastante redundante.
- Se eu pedi para você colocar na geladeira, é claro que você pode
abri-la – disse ela com um leve suspiro.
E assim ele fez. Abriu a geladeira da mulher e colocou o sorvete lá.
Então ele foi até a sala para receber. Mas a mulher começou a
conversar.
- Onde você mora? Aqui no bairro mesmo?
- Não. Eu moro do outro lado da cidade.
- Você ganha muito dinheiro vendendo picolé?
- Estou ganhando muito pouco.
- Estou com pena de você. Eu quero te ajudar.
- Ajudar? Mas como?
- Com dinheiro, meu. Você não está precisando de dinheiro?
- Estou sim. Mas o que a senhora quer que eu faça?
- Senhora não! Senhora está no céu. Você me acha velha?
- Não. É que a gente realmente fala isto por respeito.
- Sei. Então, você tem esposa?
- Sou viúvo.
- Coitadinho. Não tem mulher então.
- No momento não.
- E você sente falta?
Ele começou a perceber que aquela conversa estava tomando um
rumo diferente. Espera um pouco que eu vou até o quarto pegar
metade de um salário mínimo para você.
- Mas tudo isto? – ele se assustou – Você ainda não falou o que é
que eu tenho que fazer.
- Não se preocupe. Agorinha você saberá.
A moça foi até o quarto. Mas quando ela voltou, estava
transformada. Usava fio dental. Osvaldo quando viu a moça daquele
jeito, sentiu um tremor muito grande invadir a sua alma. Ele se
lembrou de que aquilo era pecado e que se ele quisesse permanecer
fiel a Deus, não poderia olhar para ela com malícia. Para isto teve
que resistir o ataque inicial da tentação que começava em sua mente.
- Você me acha atraente? – perguntou ela se aproximando.
Osvaldo não disse nada. Mas se encolheu com medo, agora já
prevendo que teria que suportar a tentação que iria lhe atormentar.
- Eu disse que ia te ajudar. E aqui está o que prometi – a moça
mostrou o dinheiro de longe.
- Dona, eu ainda não sei o que tenho que fazer.
- Dona? Você me chamou de dona?
- Desculpe. É que eu não sei seu nome.
- Você não precisa saber meu nome. Eu estou te pagando para que
você me ajude a sentir prazer. E dizendo isto, ela virou-se de costas
para ele provocantemente.
- Você quer ou não o dinheiro?
Osvaldo ficou completamente apavorado. Ele parecia não ter forças
para suportar aquela tentação, mas foi obrigado a suportar mesmo
assim. Ele não conseguia responder a pergunta daquela mulher.
- Eu quero que você faça um programa comigo. Ou seja, eu te pago
e você me dá prazer. Topa ou não?
Dizendo não para tentação em pensamentos na tentativa de
combater a mesma ele se levantou e disse:
- Eu apenas quero receber pelo sorvete.
- Mas eu não vou te pagar pelo sorvete. Eu só vou te pagar se você
aceitar a minha proposta.
Ele não falou que era cristão. Mas com muito medo e tendo que
suportar a tentação mais difícil que ele já enfrentou em sua vida,
caminhou até a porta e foi embora sem receber.
A moça ficou lá dentro daquele jeito esperando que a qualquer
momento ele voltasse. Mas ele pegou o carrinho e foi embora. Até
que ele encontrou um irmão na rua.
- Irmão – disse Osvaldo – Você não sabe o que me aconteceu.
- O que foi? – perguntou o irmão.
- Teve uma moça que queria me pagar para eu ficar com ela.
- E você ficou?
- Não. Você sabe que eu sou um homem temente a Deus.
- Fez muito bem irmão. Se eu fosse você, não passava mais nem na
porta da casa desta mulher.
- Ela me pediu dois sorvetes e não me pagou.
- Toma aqui o dinheiro do sorvete. Você está precisando de um
emprego?
- Acho que sim. Não estou ganhando muito dinheiro vendendo
picolé.
- Passa lá em casa amanhã que eu vou te arrumar um serviço.
No outro dia, Osvaldo passou na casa daquele irmão e arrumou um
emprego para ganhar dois salários mínimos.
Esta história sobre Osvaldo que eu contei para vocês é baseada em
fatos reais. Mas na vida real ela não teve um bom desfecho. Havia
um senhor já de idade que sempre vendia picolé. Mas um dia ele
passou em frente da casa de uma mulher que no final das contas
acabou se oferecendo para ele. Infelizmente aquele senhor caiu em
pecado. Ele me contou isto pessoalmente. Mas eu resolvi escrever a
história mostrando que é possível vencer este tipo de tentação.
Quem não está preparado, geralmente é pego de surpresa e não tem
forças para resistir. O meu desejo e a vontade de Deus é que você
esteja preparado porque você pode ser a próxima vítima, talvez por
nuances diferente. O importante é sempre vencer o pecado e nunca
cair. Amém!
_______________________________
Prima, gente. A tentação anda mais ousada do que nunca. Imagine
cair em pecado com a própria prima. Foi o caso de Ricardo. Se ele
não estivesse devidamente preparado, a coisa teria ficado feia para
ele. O nome da tentadora desta vez é Pandora. Uma mulher
extremamente inteligente e sagaz. Esta mulher, sorrateiramente,
induz a suas vítimas a praticar atos que desagradam bastante ao
Senhor. Rica e formosa ela precisou viajar a trabalho para onde
Ricardo morava. Foi quando Ricardo passou na casa de sua tia, coisa
que raramente ele fazia, que os dois se encontraram.
- Veja Ricardo, é sua prima Pandora. Lembra-se dela?
- Mais ou menos. Agente brincava quando criança – disse ele – Você
lembra?
- Lembro – respondeu Pandora com um ar de poucos amigos.
- Pois é, Pandora – dizia a tia de Ricardo – O nosso querido aqui
agora é fanático religioso.
Pandora fez uma cara de quem comeu e não gostou. Ricardo tentou
puxar conversa:
- Seu nome é diferente, né. Eu tenho uma filha que se chama
Priscila. Nome Bíblico. Você lê a Bíblia? – ele tentou começar a
evangelizar Pandora. Mas ela começou a falar coisas que deixaram
Ricardo pasmo.
- Pandora é um nome que faz parte da mitologia – começou ela Prometeu era um dos titãs, uma raça gigantesca, que habitou a Terra
antes do homem. Ele e seu irmão Epimeteu foram incumbidos de
fazer o homem e assegurar-lhe, e aos outros animais, todas as
faculdades necessárias a sua preservação. Epimeteu tratou de atribuir
a cada animal seus dons variados de coragem, forca, rapidez; asas a
um, garras a outro, etc. A mulher não fora ainda criada. A versão e
que Júpiter a fez e enviou-a a Prometeu e a seu irmão para puni-los
pela ousadia de furtar o fogo do céu, e ao homem, por tê-lo aceito. A
primeira mulher chamava-se Pandora. Quando ela terminou de falar,
foi para seu quarto. Ricardo não conseguia dizer mais nada. Ele ficou
paralisado com o conhecimento de Pandora. Passados alguns
minutos ela gritou o primo:
- Priminho. Vem aqui AGORA!
Ele foi até o quarto da prima para ver o que ela queria.
Quando ele se aproximava ela falou:
- Entra e fecha a porta!
Sem ainda ver Pandora, ele fechou a porta, mas quando se virou,
teve uma surpresa.
(Pandora de costas)
Era ou não era a maior tentação que aquele cristão já passou na vida?
Claro que era. Ele nunca tinha enfrentado uma tentação como esta
não. Ele se lembrou de um irmão que havia desviado há pouco
tempo. E ele não queria se desviar também. Foi quando ele começou
a resistir a tentação. Ele fez isto várias vezes em pensamentos
- E você? Vai ficar parando aí até quando – disse a mulher
voluptuosamente.
- Eu acho melhor agente conversar depois.
- Que nada! Caminhe, senta aqui do meu lado. Vamos conversar um
pouco.
- É que eu acho melhor agente conversar depois.
Pandora deixou claro suas más intenções. Ricardo poderia ter caído
em pecado ali. Nem precisava ir muito fundo não. Bastava um olhar
malicioso. Um comentário libidinoso. Bastava ter se aproximado e
tocado em partes impróprias de sua prima. Havia muitas maneiras de
se cair na tentação do sensualismo naquele momento. Mas Ricardo
foi fiel a Deus e acabou tendo que suportar um enorme sofrimento
que a tentação lhe causava ao tentar usar o desejo da carne para fazer
com que ele se desviasse dos caminhos de Deus. Ele saiu dali sem se
entregar de nenhuma forma ao pecado e suportando aos maus
pensamentos que invadiam a sua mente aos milhões por segundo.
Antes dele sair do quarto, ela ainda disse:
- Você não quer ter relações íntimas comigo não, priminho? Isto lá
onde eu moro é normal.
- Mas para mim não é – disse ele saindo e fechando a porta. Ricardo
foi até a cozinha e começou a conversar com sua tia. Ela logo tocou
no nome de Pandora.
- Esta menina anda muito custosa, sabe Ricardo. Ela anda ganhando
muito dinheiro e acha que pode fazer o que quiser da vida.
- Eu gostaria muito que ela aceitasse Jesus – disse Ricardo para a tia.
- Esta daí? Pode esquecer. Sabe quando ela vai passar para tua
religião? Nunca meu filho. Nunca. Isto é um fato consumado.
- Talvez Deus tenha um plano na vida dela, minha tia.
- Deus não se envolve com gente como a Pandora não, meu filho.
Esta moça é mancomunada com o bicho. Só pode. Se você vê cada
coisa que ela fala, você ficaria de boca aberta.
- Vocês estão falando de mim? – disse Pandora entrando na cozinha
de supetão.
- Estamos – respondeu Ricardo.
- Não me diga que você ainda pensa em me converter? – disse
Pandora.
- Seria muito bom. Sua tia andou falando algumas coisas, mas eu
acho que Deus tem poder para te salvar. Basta você fazer uma
aliança com Ele.
Foi então que Pandora começou a filosofar:
— Certo. A aliança de ouro, pura, preciosa, um aro sem começo ou
fim. Que simboliza algo eterno. Como o casamento e o amor
―deveriam‖ ser! E já que falamos em ouro... sabia que o ouro puro
não pode ser moldado? Para ser forjada, a aliança precisa, digamos
assim, de ―impurezas‖. Precisa de outras substâncias que, associadas
à pureza do ouro, tornam a aliança perfeita. Mas se o Puro precisa
do Impuro para se tornar um... se para ser perfeita a ―pureza‖
precisa do que chamamos de ―impureza‖...será que podemos
entender como absolutos estes conceitos cristãos entre o bem e o
mau???
Ela olhava para Ricardo com seriedade.
— Mas por outro lado o ―Impuro‖ também é relativo. Seria uma
espécie de ―mal necessário‖, dá prá entender? Sem o qual o ―Puro‖
não poderia subsistir. Isto significa que Deus me aceita como eu sou.
Uma pecadora. E aceita você também como você é. Uma pessoa
boa.
É claro que tudo isto que Pandora acabou de falar não passa de uma
bobagem. Ricardo é que estava tendo dificuldades para digerir tudo
aquilo. Como servo de Deus, ele não concordava com nada do que
ela dizia apesar de admirar muito a forma tão inteligente como ela
colocava seus conceitos. O que ele queria era que ela se convertesse.
Mas ela não dava tempo para ele falar. Ele também não tinha a
inteligência de Pandora e ficava sem argumentos para combatê-la.
— Compreendo. Mas você não me convenceu, aonde quer chegar
com a sua argumentação? – disse ele - Acho que Deus resolveu me
provar como o ouro, isto sim.
— Novamente você tem aí um símbolo que depende do referencial.
Não é uma verdade em si mesmo! — Ela retomou com um tom
mais informal. — Sabia que a diferença entre o ouro e o chumbo é
de apenas um próton na sua estrutura molecular? Você deve saber,
como estudante de química no ensino médio. Veja só que
interessante...o chumbo, pesado, denso, opaco... e o ouro... puro,
brilhante, precioso, agradável à vista. Essa diferença tão pouco
expressiva, tão sutil, tão ínfima como um próton fez toda a
diferença. Assim é com os homens também. Há pessoas pesadas e
densas como o chumbo, mas quando se lhes acrescenta o átomo do
conhecimento podem tornar-se puras e preciosas como o ouro.
Antigamente os alquimistas fizeram de tudo para tentar produzir
ouro a partir de outras substâncias. Eles não conseguiram. Mas nós...
nós descobrimos... a diferença capaz de causar toda a
transformação!
- Eu não estou entendendo nada do que você está querendo dizer –
falou Ricardo confuso.
- Vamos para a sala. Deixa a minha tia com as panelas – falou
Pandora.
Ele acompanhou a moça até a sala. Ela se deitou no sofá. Olhou
maliciosamente para Ricardo e disse?
- O que estou querendo dizer meu primo, é que você pode
aproveitar tudo isto – foi então que ela mostrou os seios para ele.
(Pandora de frente)
Deus não livra os seus servos de passarem pela tentação. Até Jesus
foi tentado. Todos os homens de Deus são tentados. Deus permite
sim, um crente presenciar uma cena como esta de Pandora. Mas é
como Jesus disse: Temos que olhar sem desejar em nosso coração.
Além do mais, Ricardo não poderia ter feito nada para impedir
aquilo. Se ele tivesse pedido alguma coisa. Se ele tivesse aceitado
aquilo em sua mente. Então ele estaria errado. Mas Pandora
simplesmente chegava e se mostrava. Cabia a Ricardo vencer esta
tentação. Mas não foi fácil. Ele começou a gaguejar:
- N-n-n-n ã-ã-ooo-o-o T, e, e, n, ta, ta, çãooo....- ele usava o segredo
de uma vez só naquele momento. Ele resistia, suportava e combatia
simultaneamente a tentação e antes que tivesse que ficar ali
suportando mais aquela tentação, ele resolveu ir embora.
- Eu não quero mais te ouvir - falou ele para ela.
- Você tem certeza?
- Sim. Claro que tenho. Sua tia está certa. Você não quer nada com
Jesus.
- Eu já tenho Jesus no meu coração desde que nasci.
- Mentira.
- Se você não acredita. Eu não posso fazer nada.
- Se fosse verdade que você tem Jesus no coração, então você não
teria este tipo de comportamento, pois quem tem Jesus no coração
anda em santidade. Não pratica estas coisas que você está
praticando.
- Eu já disse que tudo é relativo priminho. Pode ser pecado para
você, mas não é para mim.
- Pecado é pecado para todo mundo, sua....sua....sua...
- Sua o quê? Vai, fala! Vai me chamar de algum nome feio?
- Não. Eu não vou falar nenhum palavrão. Eu sou crente. Eu não
falo palavrão.
- Pois eu falo quantos eu quiser.
- Mas você não tem Deus no coração – disse ele com raiva e se
afastou dela.
Ricardo estava certo. Pandora não tinha Deus no coração. Mas para
o bem de todos e a felicidade geral da nação ele se despediu de sua
tia e foi embora, deixando Pandora com seus desejos mórbidos para
trás. Graças a Deus que Ricardo conseguiu vencer aquela tentação.
Vencer a tentação não é para qualquer um. Vencer a tentação é para
quem está preparado. E você? Está preparado para vencer a
tentação? Não somente a tentação do sensualismo. Mas todas as
tentações; Embora a tentação que Ricardo passou seja a pior de
todas. Mas amém. Obrigado por ler esta história que não deixa de
ser baseada em fatos reais, pois todos os dias servos de Deus passam
pela tentação do sensualismo no mundo.
HARKLIUS
Harklius amava a Deus de todo coração. Mas ele precisava aprender
o segredo para vencer a tentação. Não queria mais se desviar dos
caminhos do Senhor, já perdeu as contas de quantas vezes tinha se
desviado desde que havia se convertido. Dentro de poucos dias iria
fazer dez anos que ele havia se arrependido de seus pecados e
aceitado Jesus como salvador. Já havia tentado de tudo para
conseguir a tão sonhada firmeza. Mas até então não havia
encontrado uma maneira de conseguir permanecer firme nos
caminhos do Senhor. Ele até conseguia ficar firme durante um ano
ou mais, mas em algum momento escolhido pelo tentador, sempre
vinha a tentação com mulheres e com os vícios nocivos. E quando
ele não caía em uma, acabava caindo em outra, principalmente na
tentação envolvendo mulheres. Harklius já tinha conhecimento de
que a pior tentação era a tentação sexual. Ele já sabia que esta era a
principal arma que o inimigo usa para derrubar um servo de Deus ou
para impedir uma pessoa de se converter. Mas o fato de conhecer
sobre a tentação e de saber qual era a pior tentação, não significava
que ele conseguia vencer estas tentações. Harklius não era o tipo de
pessoa que brincava com as coisas de Deus ou que tratasse as coisas
de Deus com leviandade. Ele sempre levou os caminhos do Senhor
muito a sério. Sempre procurou ser fiel em tudo. Ele apenas não
conseguia vencer a pior das tentações.
Harklius estava andando na rua mais uma vez de cigarro na mão.
Estava decidido a voltar para os caminhos do Senhor, mas não
poderia fazer isto enquanto não encontrasse uma maneira de poder
vencer a tentação. Ele não queria voltar para Deus e depois se
desviar novamente. Ele queria se reconciliar para nunca mais cair em
pecado na sua vida.
- Como eu posso vencer a tentação? – perguntava ele para si mesmo
– Eu acho que eu posso começar resistindo a tentação. Isto, eu vou
começar resistindo. Mas pensando bem, apenas resistir a tentação
não será o bastante. Foi então que depois de meditar alguns
segundos, chegou a conclusão de que o segundo passo seria
suportar a tentação. Por experiência própria ele já sabia que apenas
resistindo a tentação, ela não iria abandoná-lo. Então entendeu que
esta seria a hora de suportar. E por último entendeu que resistindo e
suportando, estaria sendo apenas vítima da tentação e que seria
muito bom se ele tentasse fazer alguma coisa para poder se livrar da
tentação e de seus efeitos devastadores. Nesta hora chegou à
conclusão de que para isto teria que combater a tentação.
- Resistir, suportar e combater – Harklius disse para si mesmo e
entendeu que aquele certamente seria o segredo para vencer a
tentação.
Então Harklius olhou para o céu e disse:
- Eu aceito Jesus como meu único e suficiente salvador. Eu te aceito
Jesus, eu estou voltando para os teus caminhos.
Harklius se reconciliou com Deus naquele momento. Já não seria
mais um desviado e agora sabia que teria que vencer a tentação.
Será que Harklius estava preparado para vencer a tentação? De uma
coisa pelo menos ele tinha certeza: A tentação virá!
Duas semanas haviam se passado desde o dia que Harklius havia se
reconciliado com o Senhor, e ele estava firme. Havia vencido as
tentações iniciais que tentam fazer a pessoa sucumbir já nos
primeiros dias. Ele estava navegando pela internet quando de
repente encontrou o perfil de uma moça que estava pedindo ajuda.
As fotos no perfil mostravam uma moça bastante feia e um tanto
quanto desesperada para que alguém pudesse consertar o seu
aparelho que havia quebrado. Harklius entendia muito de eletrônica
e então se prontificou a ajudar aquela moça. Depois de conversarem
por algum tempo pela internet, Harklius recebeu a seguinte
mensagem:
―Você poderia vir aqui na minha casa para consertar meu aparelho?‖
O rapaz que tinha bastante interesse em eletrônica ficou de pensar e
pediu que ela passasse o endereço de onde morava.
Lana então passou o endereço pela internet.
No outro dia.
Harklius estava precisando bastante de dinheiro. Tinha que
conseguir consertar o equipamento de Lana a qualquer custo. A
moça lhe prometeu pagar um bom dinheiro.
- Então você que é o famoso Harklius? – disse Lana quando viu o
rapaz.
- Sim – respondeu ele que nunca imaginou que Lana pudesse ser tão
bonita e tão chamativa. Ela usava um decote muito sensual e aquilo
mexeu com os sentimentos de Harklius.
- Você pensou que eu fosse feia, né? – disse Lana mostrando a
língua para o rapaz em tom de deboche – Eu menti para você
porque não queria encontrar nenhum tarado pela internet. Foi um
truque, se eu me apresentasse como uma moça feia, então poderia
encontrar quem realmente estivesse interessado em consertar meu
equipamento. Entendeu?
- Sim – disse Harklius estupefato diante da formosura da moça.
- Me acompanhe – disse ela – Eu vou te mostrar o aparelho.
Enquanto caminhava ao lado de Lana e fazendo todo esforço do
mundo para não olhar para o corpo da moça, Harklius se lembrou
das vezes em que caiu em tentação com uma mulher. Conscientizouse que o inimigo estava armando mais um laço e de que se ele não
usasse o segredo para vencer a tentação, poderia acabar se desviando
de novo.
- O primeiro passo será resistir – disse Harklius para si mesmo.
- É aquele ali – disse Lana apontando para um objeto que não
funcionava de jeito nenhum – Veja! – ela tentava ligar o aparelho
desesperadamente – Veja! Não funciona! Que droga!
- Calma, moça – interveio Harklius.
- A propósito – disse a loira – Pode me chamar de Kay.
- Você não se chama Lana? – perguntou Harklius.
- Sim...Quer dizer, não. Eu gosto que me chamem de Kay. Para
todos os efeitos, meu nome é Kay.
- Tudo bem La...Quer dizer, Kay. Você pode me deixar sozinho por
alguns minutos para eu poder examinar o aparelho?
- Eu não posso ficar aqui? – perguntou Kay.
Harklius achou que presença de Lana seria o suficiente para tirar sua
concentração e disse:
- É melhor não. Eu prefiro ficar sozinho.
- Você quem sabe – disse Kay se virando e indo até a cozinha.
Harklius resistindo a tentação fechou os olhos para não reparar no
corpo avantajado da moça e quando Kay desapareceu, ele começou a
examinar o aparelho. Naquele momento sentiu uma coisa muito
ruim. Esta coisa ruim no passado acabava fazendo Harklius se
desviar dos caminhos do Senhor. Ele procurou se lembrar dos três
passos para vencer a tentação. Fez isto mentalmente várias vezes.
- Resistir, suportar e combater – dizia ele para si em voz baixa.
Será que aquele segredo realmente iria funcionar ou Harklius voltaria
a cair em tentação?
Os minutos foram se passando e a tentação parecia ricochetear na
cabeça de Harklius. Eram pensamentos mórbidos que iam e vinham
tentando deixá-lo vulnerável. Aquele servo de Deus sabia que talvez
o inimigo pudesse lhe armar um laço fatal naquele dia. Era muito
estranho estar ali na sala de Lana arrumando aquele aparelho. Lana
parecia estar sozinha em casa e isto deixava Harklius mais alarmado
ainda. Tudo parecia um prato cheio para a tentação. Foi então que
ele começou a sentir os primeiros efeitos colaterais da tentação se
manifestando. Ele já conhecia esta faceta da tentação e procurou se
lembrar de que nesta hora deveria suportar. O tempo ia passando e
Harklius não conseguia se concentrar no aparelho que estava
quebrado. Não tinha nem ideia de por onde começar a procurar o
defeito, sua mente estava sendo bombardeada pela tentação e seus
esforços estavam sendo dirigidos para resistir e suportar a tentação.
Então Harklius se lembrou do terceiro e último passo para vencer a
tentação. Combater.
- Como será que se combate a tentação com eficácia? – ele
perguntou para si mesmo.
Foi então que entendeu com mais precisão de que não havia um
único método para se combater a tentação. Isto poderia ser feito de
várias maneiras.
- Preciso ficar atento ao momento que terei que combater a tentação
– disse Harklius para si mesmo.
Ele estava sofrendo e a tentação estava apenas começando. Mal sabia
ele o que teria que enfrentar pela frente. Tentou se esforçar para
encontrar uma maneira de consertar aquele aparelho. Ele tinha
conhecimento suficiente para isto, mas estava tão preocupado com a
tentação que sua mente parecia não funcionar direito.
Os minutos se passavam e Harklius acabou conseguindo dar início a
busca pelo defeito. A princípio tentou procurar pelo defeito
visualmente olhando para ver se havia alguma peça externamente
danificada e como não conseguiu, começou a fazer testes de bip.
- Harklius! Já conseguiu consertar? – perguntou Lana da cozinha.
- Ainda não – respondeu ele da sala – Eu estou fazendo alguns testes
com o multímetro.
- Você aceita um pouco de café? A cafeína pode te ajudar na
concentração.
Aquilo parecia uma boa ideia para Harklius e ele pensou que um
pouco de café seria realmente bom.
- Vem aqui na cozinha, tem café na garrafa.
Quando Harklius chegou à cozinha e viu Lana sentada na cadeira,
quase teve um infarto do miocárdio. Sentiu o poder da tentação
como nunca havia sentido em toda sua vida.
Lana sabia provocar quando queria. Era uma moça extremamente
sensual e não obstante isto gostava de usar shortinhos curtos,
decotes e quando gostava de alguém, até mesmo de se exibir de fio
dental.
Harklius entendeu que o dia da tentação havia chegado para ele. Foi
então que ele resistiu com toda força de sua alma. Sentiu o poder do
pecado muito forte tentando fazer com que ele sucumbisse. Nesta
hora ele sabia que teria que suportar e foi isto que ele fez.
Harklius ficou em silêncio por algum tempo. Não conseguia dizer
nada, o esforço para suportar a tentação estava consumindo toda sua
energia. Lembrou-se de que precisava encontrar uma maneira de
combater aquela tentação. Ele vai até a garrafa de café e toma um
longo gole, deixando a bebida arder deliciosamente.
- Eu vou voltar para a sala para tentar consertar o aparelho – diz ele,
depois de enxugar a boca.
Lana examina alguns cereais sem graça, como se não estivesse
escutando enquanto ele fica ali parado, remoendo seus fracassos. Os
velhos demônios o atormentam e se misturam aos novos temores,
maculando seus pensamentos, e neste momento ele faz um esforço
para suportar. O redemoinho da mente continua voltando ao
assunto mais urgente que é consertar o aparelho e o rapaz de
maneira bastante evasiva conseguiu sair da cozinha e deixar Lana
para trás. Ele estava vencendo a tentação. Da sala ele sabia que a
grande tentadora estava por perto e registra atentamente cada
rangido ou barulho. Por alguma razão que ele não sabe qual é, está
totalmente convicto de que o tentador estava armando um laço para
que ele caísse em tentação. Mas desta vez teria que ser diferente, não
seria como das outras vezes, agora ele estava preparado. Harklius
sente o coração se apertar no peito e a respiração ficar presa na
garganta.
Lana sai da cozinha e passa pela sala. Ela lança um sorrisinho frio e
enigmático para Harklius que não nota a presença dela.
O rapaz não percebe o quanto o tempo passa rápido enquanto ele
fica lutando para vencer a tentação e ao mesmo tempo tenta
encontrar o defeito no aparelho. Então ele percebe que o crepúsculo
já vai caindo do lado de fora da janela. Ele resolve ir embora, não
seria nada prudente continuar mais tempo naquele lugar com Lana
ali, sozinha.
- Lana. Eu já descobri onde é o problema, mas está ficando tarde e
eu acho melhor eu ir embora. Eu também tenho que passar na loja
de materiais eltrônicos para comprar uma peça – disse Harklius
achando que Lana ainda estava na cozinha, mas não ouviu nenhuma
resposta – Lana? Ei, cadê você? – Então ele falou mais alto –
LANA!
- O que foi? – disse a moça em voz alta – Eu estou aqui no quarto!
Você falou comigo?
- Eu disse que só vou poder terminar o serviço amanhã.
- Eu não estou te ouvindo – disse ela.
Então Harklius foi até o quarto e quando chegou na porta, se
deparou com a moça mais sensual que já tinha visto na vida.
- O que você disse? – perguntou Lana, se exibindo.
- Eu disse...Bem...é...- Harklius teve que resistir a tentação mais uma
vez. Não foi nada fácil suportar a tentação todo aquele tempo, e
agora teria que fazer um esforço maior ainda para suportar o terrível
apelo que a tentação lhe fazia para se desviar. Era inacreditável o fato
de uma moça como Lana se oferecer tão facilmente para ele. Aquilo
nunca havia acontecido na vida de Harklius antes.
- O sangue de Jesus tem poder – falou ele em pensamentos numa
tímida tentativa de combater a tentação.
- Você tem certeza de que já vai? – perguntou Lana sem se importar.
- Sim, Lana – respondeu Harklius sofrendo bastante para suportar
aquela tentação.
- Eu me chamo Kay, já falei – disse a moça que claramente ouve a
respiração difícil dele; Obstruída pela tentação e pela depressão. E
a voz baixa e chiada do rapaz murmura exalações incompreensíveis
num estupor terrível. Não era nada fácil suportar a tentação. De
repente Kay, como ela gosta de ser chamada, observa que Harklius
está deitado, enroscado em posição fetal, estremecendo.
Ele solta um gorgolejo.
Kay se ajoelha ao lado do amigo, acariciando o ombro dele e
imaginando se deveria tentar mais alguma coisa. Por um breve
instante, Kay se afasta ao ver os olhos tremeluzentes do rapaz,
que revelam a parte branca e injetada abaixo.
- Você está tendo um pesadelo – fala a moça, exaltada.
- Não. Não é isto – responde Harklius tentando se recompor. Nunca
tinha feito um esforço tão grande para suportar a tentação. Tentava
desesperadamente encontrar uma maneira para começar a combater
com mais eficácia, mas nada lhe vinha à mente.
- Eu preciso combater! Eu preciso combater – exclamou Harklius.
- Do que você está falando? – perguntou a loira desesperada.
- Isto tudo é culpa sua, Lana. Culpa sua.
- Eu já disse para você me chamar de Kay, seu idiota – disse a moça
que depois reconsiderou as palavras – Desculpe, eu não queria dizer
isto – ela estava começando a ficar assustada.
- Não tentação! Não tentação! – começou Harklius a combater.
- Mas o que é isto, gente? – Lana, Kay, não conseguia entender nada.
- Eu posso te pedir um favor? – falou Harklius.
- Diga – respondeu a loira.
- Tem como você colocar um vestido quando eu vier aqui amanhã?
- Isto é uma ordem? – perguntou ela.
- Talvez, porque se você não me prometer que vai colocar um
vestido, eu não venho. Não quero mais te ver assim.
A moça ficou pensativa. Ela não conseguia entender como Harklius
poderia se comportar com tanto pudor diante daquela situação.
- Bem...Eu acho que não terá outro jeito então – falou ela – Eu vou
colocar um vestido. Está bem para você?
- Sim – respondeu o rapaz – Agora me faz outro favor.
- Diga – respondeu a loira.
- Saia da minha frente com este fio dental agora, Lana! – falou o
rapaz bastante exasperado.
- Kay, me chame de Kay – disse ela que desapareceu.
Harklius engole o medo ao perceber que a moça não estava por ali.
Ele estava bastante exausto de ter que resistir, suportar e combater a
tentação. Os olhos dele estremecem e se abrem, apenas por um
instante, sem foco, mas acesos com angústia e dor.
Mancando bastante, Harklius se esforça para ir embora. Não
pretende se despedir de Lana. Ele avalia a situação com fogo no
olhar. Caminhou em direção à porta e foi embora. Aquele servo de
Deus chegou em casa cantando um hino de louvor. Estava feliz.
Finalmente conseguira vencer a tentação. Desta vez não havia caído.
O segredo havia funcionado. É certo que não fora nada fácil para ele
ter resistido e suportado a tentação naquele lugar. Mas quem disse
que vencer a tentação é fácil?
- Finalmente eu consegui – disse ele para si mesmo.
Ele foi para o quarto e resolveu passar a noite em oração. Mas antes
também aproveitou para ler um pouco da Bíblia.
- Eu acho que vou ser missionário – disse ele antes de pegar no
sono. Naquela noite sonhou que havia um lobo preto na porta de
um cemitério. Quando acordou, suado e com medo, percebeu que o
dia já estava claro. Harklius sabia que ainda teria que enfrentar a
tentação. Estava preocupado, mas feliz ao mesmo tempo.
Preocupado porque sabia o tamanho da tentação que teve que
enfrentar no dia anterior e feliz porque finalmente havia conseguido
vencer a tentação. O segredo estava funcionando. De qualquer
forma, se lembrou de ter combinado com a moça para que quando
ele chegasse lá, ela estivesse com um vestido. Mas isto não iria
melhorar em nada as coisas para ele. Quando Harklius chegou à casa
de Lana, ela estava com um vestido, mas isto não impediu a tentação
de voltar com força total naquele momento.
- Eu coloquei um vestido – disse Lana assim que viu o rapaz – Do
jeito que nós combinamos.
Harklius ficou completamente desesperado quando viu Lana daquele
jeito. Nunca imaginou que uma moça tão formosa e bela de corpo
pudesse se comportar daquela maneira perto dele. Teve que fazer o
maior esforço do mundo para resistir a tentação e mais uma vez não
foi fácil resistir a tentação.
- Você acha que termina de consertar meu aparelho hoje? –
perguntou Lana.
- Não sei Lana. Não sei – disse Harklius que já se preparava para
suportar coisas muito terríveis que a tentação poderia lhe causar.
- Kay! Quantas vezes eu vou ter que dizer para você que meu nome
é Kay! – disse a moça furiosa.
- Será que você poderia me dar licença um pouco para eu poder
consertar o aparelho então?
- Por que você se comporta assim? – perguntou ela estranhando
muito que ele não lhe falasse nada indecoroso.
- Assim como? – perguntou Harklius.
- Você é muito puritano – falou a moça.
- É que eu não quero ir para o inferno quando eu morrer – falou ele.
- Eu também não – respondeu Kay.
Harklius pensou em falar dos caminhos de Deus para ela, mas achou
que a presença de Kay iria apenas piorar as coisas.
- Então será que você poderia me dar licença? – disse ele.
- Esqueceu que eu estou na minha casa? – disse Kay.
- Não. Não esqueci – falou Harklius.
Lana ficou por algum tempo ali olhando para o rapaz e finalmente
disse:
- Eu acho que vou tomar um banho. Vê se não demora muito para
consertar este aparelho. Eu tenho pressa.
- Eu tenho mais do que você – falou ele com um sorriso irônico.
Lana acabou desaparecendo, mas a tentação não. Harklius estava
tendo que fazer um grande esforço para suportar a tentação. Ele
não poderia se entregar a lascívia e a fornicação. Não poderia trair
seu amigo, Deus. Não poderia trocar o amor do Senhor pelo prazer
com as mulheres. Tinha que suportar a tentação. Também sabia que
se quisesse se livrar dos sintomas incômodos que a tentação lhe
causava, teria que encontrar uma maneira de combater.
- Eu preciso combater a tentação, caso contrário, não vou conseguir
consertar este aparelho hoje – disse Harklius para si mesmo.
Foi então que ele teve a ideia de começar a cantar hinos para Deus.
O louvor ajudou a manter a tentação em níveis aceitáveis. Harklius
chegou até mesmo a esquecer de que Lana estava naquela casa. Mas
o inferno havia chegado para Harklius e o frio que sentiria naquele
dia não era o frio que costumava sentir quando a temperatura estava
baixa. Seria um frio que ele nunca havia sentido em toda sua vida.
Uma hora depois, Harklius começou a sentir a força da tentação
tentando fazer com que ele desistisse de permanecer fiel a Deus e
que aproveitasse qualquer oportunidade que tivesse com Kay. Era
possível sentir o gosto: uma tensão nervosa que se aproximava
perigosamente do medo. Havia naquela tentação algo de cortante
que lhe fazia eriçar os pelos da nuca. Ele estava tendo uma sensação
que era como se alguma coisa o estivesse observando, algo frio e
implacável que não gostava dele.
Harklius já não conseguia se concentrar mais no defeito do
equipamento. Sentiu um cheiro doce de perfume, era o cheiro de
Lana, ele sabia que era o cheiro dela. Isto significava que a moça
estava por perto e ele se sentia bastante incomodado com isto. Ele
acabou largando o equipamento em um canto da sala e se levantou
para observar em volta. Foi quando viu a sombra de uma silhueta se
formando na parede. Era Lana que se aproximava do cômodo.
Harklius sentiu seu coração bater mais forte. Começou a pensar no
segredo novamente.
- Resistir, suportar e combater – repetia ele a fórmula mentalmente
por várias vezes.
- Tem alguém aí? – ele perguntou
- Tem. Eu – respondeu Lana.
- Ah! É você – disse ele.
Foi quando Lana apareceu na frente do rapaz. Ela estava com uma
toalha na cabeça e não usava roupa.
O rapaz se assustou quando viu a moça. Mas o susto se transformou
em uma forte tentação. Um impulso fatal para a queda.
- Eu estava tomando banho. O que você queria? – disse Lana.
A moça deixou uma corrente de ouro cair no chão e se abaixou
sensualmente para pegar o objeto. Fez isto sem pudor algum, bem
na frente de Harklius.
Quando Harklius viu Lana naquelas condições achou que aquilo
fosse demais. Era muito óbvio que o diabo estava desesperado para
fazer com que Harklius caísse em tentação. Em circunstâncias
normais, aquilo jamais estaria acontecendo. Naquele momento
Harklius teve que pensar rapidamente no segredo para vencer a
tentação. Ele resistiu com toda força de sua alma e já se preparou
para suportar os terríveis efeitos que a tentação causava no seu
corpo e na sua mente. Assim que estes terríveis efeitos começassem
a se manifestar, ele também já estava pronto para começar a
combater a tentação. Naquele dia não seria pego desprevenido. A
maneira que ele planejou para combater a tentação foi orar com toda
força do pensamento pedindo que Deus afastasse aquele ataque da
tentação. E foi isto que ele fez. Orou.
Após alguns segundos, Harklius achou melhor ir até a cozinha. Fez
isto para se livrar da presença de Lana. De que adiantaria orar para
combater a tentação e ao mesmo tempo ficar perto de uma moça
naquelas condições?
- Onde você vai? – perguntou Lana.
- Na cozinha. Beber água – respondeu Harklius.
A moça não falou nada e o rapaz acabou demorando demais na
cozinha. Fez isto de propósito para ganhar tempo até que Lana
pudesse deixar o caminho livre para ele poder trabalhar. E foi isto
que aconteceu. A moça acabou indo para o quarto e quando
Harklius percebeu que a sala estava vazia voltou até o local e
começou a se esforçar bastante para tentar consertar o defeito que
supostamente estava impedindo o aparelho de funcionar. Ele perdeu
a noção de quanto tempo levou para que pudesse resolver o
problema. Mesmo estando sozinho naquele local, ele não conseguia
se livrar completamente dos ataques da tentação. O palco destes
ataques era a mente de Harklius. Pensamentos mórbidos insistiam
em tentar fazer com que o rapaz sucumbisse e acabasse cedendo.
Mas ele se mantinha firme no propósito de resistir, suportar e
combater. Se havia vencido a tentação até aquele momento era
porque o segredo realmente funcionava. Às vezes ele se sentia feliz
pelo fato de que finalmente havia descoberto o segredo para vencer
a tentação.
O tempo foi passando e Harklius estava cada vez mais perto de
conseguir consertar o aparelho. Se não fosse os incômodos da
tentação, certamente já teria feito isto a muito mais tempo. Se não
fosse as vezes que tinha que parar completamente o que estava
fazendo por causa do que Lana aprontava, já teria consertado aquele
aparelho. O esforço que fazia para suportar a tentação acabava por
lhe tirar a concentração impedindo assim maior desempenho na
busca pelo defeito e na criatividade para encontrar um jeito de
solucionar aquele problema.
Harklius percebeu que uma trilha da placa eletrônica havia se
rompido e acabou tendo a ideia de fazer uma ligação com dois fios.
O trabalho ficaria visivelmente artesanal, mas ou ele fazia isto, ou
teria que condenar o aparelho. Encontrar uma placa nova seria
praticamente impossível e após fazer a tal ligação que ele chamava de
―jumper‖, acreditou que havia finalmente terminado o trabalho.
Tudo parecia pronto para funcionar depois de soldar dois circuitos
integrados e uma bobina. Mas após fazer um teste inicial acabou
encontrando outro defeito. Ele nunca havia tido tanta dificuldade
assim para consertar um aparelho eletrônico. O que será que estava
acontecendo?
Harklius mergulhou tão profundamente nos próprios pensamentos
que acabou se esquecendo de Lana. Estava de tal maneira
concentrado naqueles circuitos que acabou se esquecendo da
tentação. Depois de um certo tempo se esforçando ele acabou
encontrando mais um suposto defeito. Agora só precisava encontrar
um jeito de reparar o estrago e então tudo estaria terminado. Pelo
menos era o que ele achava. Agora poderia receber o dinheiro que
tanto precisava e não teria mais que estar ali na casa de Lana. As
coisas pareciam sob controle para Harklius. Estava quase
terminando de consertar o aparelho. Lana estava silenciosa e
Harklius não olhou para trás um minuto sequer, era melhor nem ver
aquela moça. Isto evitaria de ficar sendo atormentado pela tentação
o tempo todo.
- Bem. Eu acho que terminei – disse ele que segurou o aparelho na
mão – Lana, agora vamos testar...Lana?
A moça estava no quarto e Harklius acabou se dirigindo até o local.
Nem se deu conta de que poderia acabar caindo em outro laço do
inimigo. Estava tão entusiasmado pelo fato de ter arrumado o
aparelho que se esqueceu de tudo que havia se passado. Ele
atravessou a porta do quarto rapidamente.
- Lana! Eu acho que consegui arrumar o aparelho.
- Jura? – disse Lana que estava no lado oeste do quarto.
Harklius olhou em volta para poder conversar com a moça. Assim
que se virou viu Lana na sua frente apenas de calcinha fio dental. A
dor, o susto, a tentação, o medo, foram tão grandessíssimos que
Harklius acabou soltando o aparelho e ele caiu no chão.
- Porque você está fazendo isto Lana! – disse ele desesperado – Por
favor, não faça isto comigo – a tentação veio com força total.
- Fazendo o quê? Eu não estou fazendo nada com você. Eu estou no
meu quarto e gosto de ficar assim quando estou aqui.
- MAS EU TAMBÉM ESTOU AQUI NO QUARTO COM VOCÊ
LANA – disse Harklius com a voz alterada. Seu cabelo estava
despenteado, sua camiseta estava amarrotada e seu rosto estava todo
molhado de suor pelo terror que a tentação estava lhe causando.
- Kay, pode me chamar de Kay. E eu tenho um corpo muito lindo
para escondê-lo das pessoas, não acha?
— É tudo o que tem? — murmurou Harklius, afastando-se bem na
hora, e, em seguida, circundando Kay pelo outro lado, ele
instintivamente recua e tropeça nos próprios pés depois de resistir a
tentação. Não foi fácil resistir a tentação, mas se ele não tivesse feito
isto, certamente teria caído em pecado. Agora Harklius teria que
lutar para suportar o terrível efeito colateral que a tentação lhe
causaria. Ele sentiu um terror profundo enquanto o corpo
permanecia de pé por um momento angustiante, contorcendo-se
com braços irracionais esticados em um movimento cego ele
procurou sair de perto de Kay. A moça movimentou o corpo e um
barulho tentador entrou pelos ouvidos de Harklius. Ele então ouve a
coisa mais estranha que pode ser ouvida, era o barulho de carne
feminina se chocando contra a matéria, abafada em seus ouvidos
traumatizados. Pelo menos é o que parece aos ouvidos ainda
zumbindo — um ruído latejante e metálico de algo se quebrando
em sua mente. Foi quando ele percebeu o quanto é difícil suportar a
tentação. Ele emite um arquejo instintivo afastando-se bem na hora
em que a moça tentou se aproximar novamente, e, em seguida,
circundando Kay pelo outro lado, ele rola para longe e fica de pé,
ainda murmurando.
- Não faça isto comigo, não faça isto comigo. Você deve ser maluca.
- Você acha? – perguntou a moça com sarcasmo.
- Você nem me conhece. Como pode se comportar desta maneira
perto de mim.
- Eu conheço quando uma pessoa quer me fazer algum mal. Você
não leva o menor jeito para me prejudicar.
- E se eu caísse em tentação? – perguntou Harklius sem querer
imaginar o que poderia acontecer se ele caísse em tentação.
- Eu não sei do que você está falando – respondeu Kay – Você acha
que eu sou alguma tentação?
Ele não respondeu e ela voltou a perguntar.
- Você acha que eu sou uma tentação, Hark? Responde.
- Saia daqui agora! Suma da minha frente.
Expulsar a tentadora pareceu ser uma maneira aceitável para
Harklius combater a tentação.
- O que você disse seu petulante? – Kay ficou aborrecida.
- Eu disse para você sair da minha frente senão eu vou embora e não
vou arrumar nada para você.
- Se você fizer isto, não vou te pagar nada.
Harklius pensou por algum instante.
- Você duvida que eu vou embora? – perguntou ele com a sensação
de quem não tinha nada a perder.
- Você não está precisando de dinheiro? Vai então. Quero ver –
desafiou ela.
- Se vista por favor – disse Harklius desesperado.
- Saia daqui então – disse Kay finalmente. Ela estava com bastante
raiva – Seu maricas.
- NÃO SOU MARICAS – berrou Harklius com ela.
- É sim! – bufou ela.
- Não sou! – exclamou ele exaltado.
- Todo homem gosta de ver mulher pelada, se você não gosta, então
você é um maricas.
- Você está se ouvindo, Kay? Você consegue se ouvir? Deixa de ser
vulgar. Deixa de ser depravada, garota. Você precisa de ter temor de
Deus na sua vida.
- E você tem? – perguntou ela.
- Tenho – respondeu o rapaz.
- Então suma da minha frente. Vá consertar o aparelho para lá.
- Pois é isto mesmo que eu vou fazer – disse Harklius que se
prontificou para sair de perto da moça. Foi quando sentiu mais uma
vez o terrível poder da tentação. Era como se um milhão de
demônios gritassem em seu ouvido que não era para ele deixar Kay
ali. Que era para ele aproveitar a oportunidade. Ele colocou as mãos
nos ouvidos e saiu de perto da moça. Mas pouco tempo depois, Kay
apareceu novamente perto de Harklius, com um shortinho muito
curto. A tentação foi tão forte que no esforço para resistir e suportar,
ele mais uma vez acabou deixando o aparelho que estava
consertando cair no chão.
- Ou você conserta o meu aparelho, ou você me paga o preço de um
novo. Quem mandou você deixar cair no chão?
- Mas ele já estava quebrado – disse Harklius.
- E quem garante que você não quebrou ele mais ainda? Você não
diz que é cristão. Então você tem que arrumar ou me pagar.
Harklius coçou a cabeça. A presença de Lana estava incomodando
bastante. Foi quando a moça sentou no chão próximo de onde ele
estava.
- Eu vou ficar aqui observando você consertar – falou ela.
O rapaz não conseguia pensar direito. Ele se abaixou e pegou o
aparelho. Seus olhos estavam úmidos e ele sentia uma forte vontade
de chorar. Foi isto que ele fez. Quando começou a chorar, percebeu
que o choro era uma maneira de combater a tentação, pois
começou a se sentir aliviado.
- Homem não chora – disse Kay imediatamente após contemplar a
cena.
- Me deixa – disse ele.
- Isto é ridículo – completou Kay.
- Você é surda? Eu acabei de dizer para você me deixar em paz –
falou o rapaz que estava se esforçando bastante para suportar a
tentação.
- E se eu não deixar? – falou Kay – Você vai fazer o quê? – terminou
ela em tom ameaçador.
Harklius procurava não olhar para Kay e novamente começou a
tarefa com o aparelho enquanto a moça insistentemente ficava por
ali. Após alguns testes, Harklius percebeu que o aparelho começou a
dar sinal de vida. Uma luz de led verde se acendeu e a felicidade de
Harklius foi tanta que ele acabou olhando para Kay na esperança de
compartilhar um pouco daquela alegria com a moça.
- Veja, Kay! Está quase funcionando! – disse ele.
Mas quando Kay olhou na direção dele sem entusiasmo nenhum, ele
achou melhor não ter falado nada. Kay se vestia de forma bastante
atraente e Harklius desejou não ter olhado na direção da moça, pois
a tentação veio com toda força.
- Jura Lana? É mesmo? Vai ficar deste jeito? Nesta posição? –
Harklius estava com os olhos cheios de lágrima pelo esforço que
teve que fazer para continuar a resistir e suportar a tentação. Não
foi fácil olhar para Lana daquela maneira e ter que resistir. A carne
gritava para que Harklius sucumbisse, mas ele precisava provar para
si mesmo que o segredo realmente funcionava. Além do mais, se o
segredo não funcionasse, então como Harklius faria para servir ao
Senhor sem nunca se desviar?
Diante da figura extremamente tentadora que paira na sua frente, ele
mantém o olhar distante.
- Eu acho que não vou conseguir consertar este aparelho hoje, deve
ter estragado algum capacitor ou diodo – falou ele.
— Não estou acompanhando seu raciocínio – disse Kay, displicente.
Harklius conseguiu resistir e suportar a tentação e quando Kay olha
para ele, vê que ele está parado com as mãos no quadril, observando
a ação no campo com um brilho satisfeito nos olhos. Ela balança a
cabeça e vira o rosto.
Ele dá de ombros, respira fundo, então abaixa mais ainda a voz:
— Para mim já chega, não aguento mais.
Ela lança um olhar ao norte, para a silhueta no vão imerso em
sombras.
— Não estou nem aí se você for embora. Não sou eu quem precisa
de dinheiro.
O rapaz pergunta-se novamente, pela milionésima vez, por que
permanece naquela casa com aquela tentadora. Não seria melhor
largar de mão de tudo aquilo e ir embora? Diante da possibilidade de
abandonar Kay ali, Harklius sente a tentação com muita força
novamente e percebe que está simplesmente se contorcendo durante
um sonho febril e ébrio, provavelmente revivendo a reprise
interminável de ter esbarrado com Kay algum dia pela internet. Tudo
isto porque ele estava se esforçando para suportar a tentação. E
naquele momento com Kay com aquele shortinho na sua frente, não
seria fácil suportar a tentação. Os olhos dele estremecem e se abrem,
apenas por um instante, sem foco, mas acesos com angústia e dor.
Ele com um desprazer silencioso procura então uma maneira para
combater a tentação. Ele chuta a maleta com as ferramentas e ela se
vira, os instrumentos e suprimentos se espalhando pelo chão. Kay
emite um murmúrio exasperado e se abaixa para catar as peças. No
silêncio crescente, ele abaixa de leve o tom, falando suavemente com
sua voz aveludada:
- Por favor, Kay. Pare de se comportar como uma tentadora.
Harklius precisava começar a combater a tentação. Ele então pediu
licença para a moça, pois precisava de um tempo para pensar em
como faria isto. Ele vai até o banheiro e joga água no rosto e então
olha por um momento para o próprio reflexo no espelho. Bem no
fundo da mente, em algum canto afastado de suas memórias, ele se
lembra das vezes em que sucumbiu por causa de uma tentadora.
Harklius continua a olhar no espelho com um olhar esquisito, uma
mistura de simpatia, afeição, e resolve que a melhor maneira de
combater a tentação naquele momento é dizendo várias vezes a
frase:
- Não tentação, não tentação, não tentação.
Ao falar aquilo ele começa a se sentir melhor. Então começa a dizer
outra frase:
- Sai tentação, sai tentação, sai tentação. Afaste-se de mim tentação –
fala aquilo como se fosse um comando sendo executado.
Depois de alguns segundos ele começa a ouvir um barulho de
passos.
- Eu vou para o meu quarto – diz Kay – Vê se arruma esta bagunça e
conserta logo este aparelho.
- É o melhor que você faz – diz Harklius – Fica no seu quarto até eu
terminar de consertar.
- Eu acho que você não vai terminar isto – diz a garota.
- Eu vou tentar – falou ele, mas ela já não estava mais ouvindo.
Depois de ter uma tremenda luta para resistir, suportar e combater a
tentação, Harklius decide sair do banheiro e voltar a se concentrar
no aparelho que estava quebrado. Olhou para os lados para se
certificar de que Kay não estava por ali e então começou novamente
a procurar o defeito.
Mas a tentação não daria trégua para aquele servo de Deus. A
tentadora ainda colocaria a fé daquele servo de Deus em risco. Isto
depois dele conseguir fazer o aparelho funcionar.
- Finalmente eu consegui. Eu consegui. Agora eu já posso receber o
meu pagamento – disse Harklius da sala – Lana, Kay, eu consegui.
Vem aqui para ver.
- Eu não – disse ela do quarto.
- Você sim. Você tem que ver o aparelho funcionando e eu quero
meu pagamento agora.
- Traz aqui – falou ela.
Quando Harklius chegou ao quarto ela disse:
- Eu posso te pagar de outra maneira – ela estava seminua e se
oferecia como pagamento.
Toda a felicidade é drenada de Harklius, quando ele afunda no chão,
sentando-se de pernas cruzadas. A mente de Harklius acelera, seus
pensamentos retomam a disposição padrão, sombria e deprimente.
A tentação volta com toda força e ele tem que suportá-la se quiser
permanecer firme nos caminhos do Senhor. Suportando a tentação
ele mastiga o ar, e seu hálito tóxico e fétido é soprado com um
grunhido úmido. Kay dá um aceno de cabeça relutante para o rapaz
e murmura um cumprimento sonolento. Ela não consegue decidir se
é um hábito genuíno ou se é apenas exibicionismo da parte dela
fazer aquilo com ele. Um arrepio gélido de pesar percorre a barriga
de Harklius à medida que se lembra dos eventos do ano anterior
quando caiu em pecado com uma tentadora. Mas naquela ocasião ele
não havia resistido, nem suportado e nem combatido a tentação.
Harklius estava resistindo e também estava suportando a tentação.
Precisava então de encontrar uma maneira de combater aquela
tentação. O que ele faria desta vez? Como a tentação estava lhe
trazendo uma opressão mental muito forte ao ponto de ele achar que
iria enlouquecer, ele achou que a melhor maneira de combater a
tentação naquele momento seria clamar mentalmente pelo poder do
sangue de Jesus, e assim ele fez.
- O sangue de Jesus tem poder, o sangue de Jesus tem poder –
começou ele a dizer para si várias vezes com a mão na cabeça como
que exorcizando os próprios pensamentos.
Ele fez isto por alguns segundos e então começou a se sentir melhor.
Foi quando ele pegou o aparelho e tacou no chão. O aparelho que
estava consertado agora apresentava o mesmo defeito novamente.
- O que você fez seu idiota! – berrou Kay exasperada.
- Eu não quero pagamento nenhum! – disse ele.
- Mas não precisava quebrar o meu equipamento.
- Eu já disse que não quero pagamento nenhum – falou ele.
- Mas você não estava precisando de dinheiro? – perguntou ela com
raiva.
- NÃO ERA COM DINHEIRO QUE VOCÊ QUERIA ME
PAGAR, ERA KAY? – disse ele bastante exaltado.
- Bem...Eu achei que...Achei que...
- ACHOU ERRADO!
- Quem é você para falar comigo assim! E ainda por cima na minha
casa! – berrou ela – Suma daqui! Já! Põe-se daqui para fora!
Imediatamente!
- Ebaaaa – disse Harklius que se virou rapidamente.
- Ei, espere, eu não...- ela estava arrependida de ter falado com ele
daquela maneira. Mas Harklius já estava do lado de fora da casa –
Volta aqui, Hark. Me desculpa – ele não ouvia o que ela falava.
Mais tarde Kay entrou na internet para ver se encontrava com
Harklius e acabou achando o rapaz on-line.
―Me desculpa. Vem aqui amanhã para a gente conversar melhor‖ –
dizia a mensagem de Kay para ele.
Quando Harklius leu a mensagem de Lana ficou bastante abatido.
Não era fácil ter que passar por aquela tentação. Ele também estava
precisando muito do dinheiro. Estava arrependido de ter quebrado o
aparelho.
―Eu estava muito nervoso naquela hora. Eu vou consertar o
aparelho para você‖ – escreveu ele de volta para Kay – ―Mas você
tem que me prometer que vai parar de se comportar como uma
depravada‖.
―Eu prometo‖ – respondeu Kay.
Será que a tentadora iria baixar a guarda? Será que ela iria parar de
provocar aquele servo de Deus? Talvez fosse até melhor para ele não
procurar mais Kay e esquecer-se daquele dinheiro. Mas a tentação às
vezes parece cegar a pessoa para que ela não consiga enxergar o que
é melhor em determinado momento.
No outro dia Harklius pegou o carro e foi novamente até a casa de
Kay para terminar de consertar o aparelho. Torcia para a moça se
comportar e quando chegou no lugar, Kay até que estava bem
vestida. Mas não demorou muito para que novamente ela aparecesse
na frente do rapaz de maneira lasciva.
- Oi, você está aqui na sala? Me desculpa, achei que você estava na
cozinha. Eu estava apenas indo para o meu quarto. Não pensei ver
você por aqui - ela se virava fazendo poses e olhando para Harklius
por cima do ombro.
Diante daquela grande manifestação da tentação. Harklius ficou sem
saída.
- Lana...Você... – ele estava lutando com todas as forças de sua alma
para resistir a tentação. Também já se preparava para suportar.
- Kay, eu já disse para você me chamar de Kay – disse a tentadora se
exibindo.
Harklius se encolheu todo fazendo força para resistir e suportar. Ele
não poderia cair em tentação. Já tinha resistido, suportado e
combatido muitas vezes e tinha confiança no segredo para vencer.
Mas porque é que a tentação insistia tanto? Porque a tentação não se
dava por vencida? Harklius já não havia provado para si mesmo,
para Deus e para o mundo que resistir, suportar e combater
realmente era o caminho para vencer a tentação? Porque é então que
ele precisava ter que enfrentar a tentação reiteradas vezes como se
fosse a primeira vez que tivesse que ser tentado? E o quadro do
terror era sempre o mesmo.
Mais uma vez aquele servo de Deus teve que fazer o maior esforço
do mundo para conseguir suportar a tentação.
- Eu preciso terminar isto hoje – disse Harklius, agora com pânico
na voz.
Antes de caminhar em direção ao quarto Lana disse:
- Hark. Se você quiser eu posso ficar aqui com você até você
terminar.
- Não! – berrou ele que estava tentando encontrar uma maneira de
combater a tentação – Saia de perto de mim – disse ele e caiu de
costas por cima da mesinha de centro – Está vendo o que você fez?
– acusou ele a moça.
- Eu não fiz nada. Você que está se comportando como um louco.
Eu não consigo entender porque você se comporta desta maneira.
- Eu sou um servo de Deus – Harklius percebeu que a tentativa de
explicar a cerca de sua fé não teria sucesso e ele ainda teve que ver
Lana caminhar em direção ao quarto.
Boquiaberto, incapaz de falar, recuou vários passos, arrastando os
pés no chão, pois estava tendo dificuldades para caminhar tamanho
o esforço que estava tendo que fazer para suportar a tentação. O
semblante do rapaz era de quem estava em franco desespero, dava a
impressão de que ele acabara de envelhecer vários anos.
Antes de entrar no quarto, Lana perguntou mais uma vez:
- Tem certeza de que não quer minha companhia?
O rosto de Harklius ficou, mais uma vez, púrpura e ele começou a
mastigar a língua. Ele parecia demasiado apavorado para conseguir
falar alguma coisa. O rapaz e a moça se entreolharam e desviaram
depressa os olhos para longe; para Kay a tentação de cair na
gargalhada era forte demais. Harklius estava em estado catatônico.
Todos aqueles dias tendo que enfrentar a tentação pareciam estar
pesando muito em sua alma. A moça começou a ficar preocupada e
disse alguma coisa que Harklius não entendeu. Ela tremia e agitava
os braços na direção dele, mas o rapaz era incapaz de falar uma
palavra sequer e Kay precisou gritar para ser ouvida.
- Quando você terminar, me avisa!
- Pode deixar - disse ele desesperado.
Soluçando histericamente Harklius olhou para o aparelho e decidiu
de aquele seria o derradeiro dia que tentaria consertar aquilo. Se não
conseguisse, iria desistir. Não conseguiu pensar em nada para
combater a tentação naquele momento. Apenas se esforçava para
suportar os terríveis efeitos que a tentação lhe causava. Assim que
começou a mexer no aparelho, Harklius começou a cantar um hino.
Depois cantou outro, e depois mais outro. Percebeu então que
louvar ao Senhor era uma maneira interessante de combater a
tentação visto que naquele momento ele começou a se sentir
aliviado.
Duas horas depois.
- Eu consegui! – exclamou Harklius da sala – Finalmente consegui!
Lana, Kay, vem aqui para você ver. Anda logo!
- O que é que está acontecendo? Posso saber porque você está
fazendo tanto escândalo? – disse a moça sem entender o motivo
para tanto alarme e desta vez Lana pelo menos estava vestida com
uma calça jeans e uma camiseta.
- Eu consegui consertar o seu aparelho! – disse ele com bastante
euforia.
- Será? – Lana estava céptica.
- Não acredita? Eu vou ligar na tomada para você ver.
E não é que ele realmente havia conseguido consertar o aparelho.
Lana ficou bastante surpresa quando viu tudo funcionando
normalmente.
- Você é um gênio. Não é possível – exclamou ela.
- Agora é a melhor parte – disse ele.
- Do que você está falando? – perguntou Lana.
- Estou falando da parte que você me paga pelo meu serviço – falou
Harklius que demonstrava bastante felicidade.
- Entendi. Você quer o seu dinheiro – disse Lana com indiferença –
Espere um pouco que eu vou lá no quarto buscar na minha carteira.
Será que você não poderia me dar um desconto?
Pela cara que Harklius fez, ficou muito claro para Lana que ele não
estava disposto a lhe dar nenhum desconto.
- Eu dei duro para consertar isto aqui – justificou Harklius.
- Eu vi o duro que você deu – falou Lana aborrecida.
Ela foi até o quarto e poucos minutos depois voltou com a mão
cheia de notas coloridas. Os olhos de Harklius brilhavam ao olhar
para aquele dinheiro. Já fazia um bom tempo que ele não via tanto
dinheiro assim indo parar nas suas mãos.
- Parabéns – disse Lana ao entregar o pagamento para ele.
- Obrigado – agradeceu o rapaz.
- Então, é isto? E agora? Você vai embora? – falou ela.
- Sim. Vou – respondeu ele.
O clima ficou tenso. Lana parecia não estar gostando da ideia de
nunca mais ver Harklius.
- É isto. Você terminou e vai embora. E nunca mais vamos nos ver –
ela falava com melancolia na voz.
- Sim. Nunca mais vamos nos ver – respondeu ele com a voz
arrastada.
- Então, Adeus – disse Lana que tinha os olhos cheio de lágrima.
- Adeus – falou Harklius.
Ele foi embora. Se sentia feliz por ter ganhado aquele dinheiro e
mais feliz ainda por ter vencido a tentação. Mas não se sentia feliz
pelo fato de nunca mais poder ver Lana em sua vida. Ele não
conseguia encontrar nenhum outro motivo para voltar até a casa da
moça. Tudo parecia ter chegado ao fim. O dilema com o aparelho, a
grande tentação que teve que enfrentar. Tudo parecia estar resolvido.
Mas as coisas não seriam tão simples assim. Ele ainda teria que
enfrentar a tentação outras vezes e naquele momento não poderia
saber de nada disto.
Tudo começou uma semana depois quando o telefone de Harklius
tocou. Era Lana. Por mais que Harklius tentasse fugir da tentação,
ele não conseguia. Já havia consertado o aparelho para a moça. O
que é que ela queria desta vez?
- Eu não sei se vou poder ir na sua casa – disse ele pelo telefone.
- Eu prometo que quando você chegar aqui eu vou estar de roupa –
falou Lana. Será que ela havia se apaixonado por Harklius?
- Piada, Lana. Eu te conheço muito bem – replicou ele.
- É sério. Eu até coloquei uma jaqueta jeans.
- Me espera que depois do almoço que eu passo aí – disse Harklius,
que no fundo havia se apegado emocionalmente a Lana.
Na hora do almoço ele foi até a casa dela como havia prometido e de
fato, quando chegou lá Lana estava vestida. Quando Harklius olhou
para ela, não pode deixar de se sentir novamente tentado. Ela parecia
ser a encarnação da própria tentação.
- Viu – disse ela – Estou de roupa.
- Você chama isto de estar vestida, Lana? Os seus seios estão de fora
– falou ele para a moça.
- Não fica olhando para minhas bolas seu tarado – ralhou Lana com
ele.
- Não. Eu não sou tarado. E falei isto apenas para te mostrar que
usar decote é pecado – falar em pecado para Lana era o mesmo que
falar em grego.
- Você olhou sim – disse Lana.
- Olhei Lana, mas se você está na minha frente com este decote, o
que você queria? Que eu fechasse os olhos?
- Você pecou – disse Lana decidida – Olhou para minhas bolas. Isto
é pecado.
- Não pequei – falou Harklius, aborrecido.
- Pecou – disse Lana batendo um dos pés no chão.
- Não pequei – falou ele irritado.
- Pecou. Olhou para minhas bolas – disse Lana, teimando.
- Olhei, mas não de maneira impura – disse Harklius.
- O que é isto? – perguntou Lana – Impura? Eu não sou nenhuma
impura.
- Ah, Lana. Deixa de ser burra. Eu acho melhor eu ir embora, foi um
erro ter vindo à sua casa hoje – Harklius já havia perdido a paciência
com Lana.
Ele já havia se virado para voltar para casa quando Lana gritou:
- NÃO VAI! EU PRECISO DE VOCÊ.
Ele ficou paralisado quando a ouviu dizendo aquilo. Com certo
receio, se virou para a moça novamente e disse:
- Precisa de mim? Para que raios você ainda precisa de mim, Lana?
Eu já não consertei o seu aparelho?
- Sim. Obrigado. E pelo que eu me lembre, eu te paguei muito bem,
alias, paguei mais do que o combinado. Mas não é isto. Eu preciso
de você é...bem...- ela ficou com vergonha de pedir um favor para
Harklius. Lana não era acostumada a pedir favores para ninguém.
Sempre fora muito independente – Eu preciso que você me dê uma
carona.
- Uma carona? Para onde? – disse Harklius sem entender qual era a
dela.
- É sério. Eu discuti com o meu pai. Ele geralmente me leva para o
clube. Eu não ando de ônibus e o clube é longe.
- Você quer que eu te dê uma carona para o clube? Pode ir tirando o
teu cavalinho da chuva.
Harklius já ia se virando novamente para ir embora quando ouviu
Lana gritar de novo:
- ENTÃO TÁ BOM SEU TRASTE.
- Me desculpa. É que é melhor eu me manter longe de você.
- Não vá embora agora! É mentira minha. É que eu estava com
saudades de você. Eu te convidei aqui para tomar um café comigo.
Eu queria apenas te ver. Ir para o clube foi uma desculpa que eu
inventei – Lana estava mentindo.
- Com saudades de mim? – aquilo havia mexido com as emoções de
Harklius. Ninguém nunca havia dito que estava com saudades dele
antes.
- Sim. Entra um pouco, vamos conversar – disse ela que naquele
momento estava elaborando um plano maligno para fazer com que o
rapaz a levasse para o clube.
O rapaz pensou por alguns instantes e acabou aceitando o convite
dela.
- Eu vou entrar Lana, mas não vou me demorar muito – falou ele.
- Tudo bem – concordou Lana - E a propósito, quantas vezes eu
vou ter que te dizer para me chamar de Kay?
- Eu não vou me demorar muito, Kay – corrigiu Harklius.
- Assim está melhor – falou a moça que entrou depois dele.
Ao entrar ela trancou a porta e ficou com a chave. O rapaz que se
sentou no sofá não percebeu que ela havia trancado a porta. Eles
começaram a conversar por alguns instantes e não demorou muito
para que Kay voltasse a pedir para Harklius a levar no clube.
- A respeito da carona, eu gostaria de dizer que eu menti – falou ela.
- Você já me disse que mentiu – disse ele.
- O que eu quero dizer é que eu menti quando eu disse que menti –
falou ela.
- O quê? – Harklius não estava entendendo nada. Lana pareceu ser a
moça mais mentirosa do mundo para ele.
- Digo, eu ainda estou precisando de uma carona – falou ela
seriamente.
- Eu já disse para você que não vou te levar em lugar nenhum – o
rosto dele parecia estar rubro. A irritação era evidente.
- Quer apostar comigo que você vai? – ela pareceu bastante
ameaçadora e o rapaz ficou mudo – Posso fazer você mudar de ideia
rapidamente – falou ela com convicção.
Aquele servo de Deus não estava gostando nada do rumo que aquela
conversa estava tomando.
- Acho melhor eu ir embora – falou ele se levantando do sofá.
- O café! Você não pode ir agora. Estou terminando de fazer o café.
Assim que você entrou eu coloquei a água no fogo.
- Vou tomar um ou dois goles de café e vou embora, Kay – disse
Harklius que já podia pressentir a tentação. Aquilo o deixava
aterrorizado.
Oh não. De novo não!
- Me espere aqui que eu vou buscar a minha carona...Quer dizer, vou
terminar de fazer o café – disse Lana confusa.
Então ela resolveu colocar seu plano maligno em prática. Foi até a
cozinha e desligou a cafeteira e passou por Harklius rapidamente. O
rapaz não entendeu nada porque ela estava com tanta pressa. Lana
abriu a porta do quarto e ficou apenas de fio dental. Poucos
segundos depois ela apareceu na sala. Aquilo era ameaçador. Para o
rapaz a sensação seria a mesma de quando levava um xeque-mate no
jogo de xadrez. Harklius não poderia sair correndo porque ela havia
trancado a porta e segurava a chave com a mão.
- Você não vai me levar para o clube? – perguntou ela novamente.
- Eu já disse que não. Você não vai começar com esta conversa de
clube novamente, vai?
Foi quando Harklius olhou para Lana.
- Então eu vou ficar do jeito que você não gosta na sua frente – disse
ela lascivamente, lubricamente, voluptuosamente, sem pudor algum.
Harklius sentiu novamente aquela tentação que antes o derrubava.
Será que ele iria cair?
Não, porque resistiu. Não foi fácil resistir a tentação tendo Lana
daquela maneira novamente em sua frente. E exatamente por não ter
sido fácil, Harklius começou a sentir falta de ar. Uma dispneia
terrível.
- Eu vou embora – disse ele com a tentação lhe atormentando os
pensamentos causando-lhe um grande sofrimento psíquico.
Foi quando ele se lembrou de que para vencer a tentação era preciso
suportar e jamais teria vencido aquela tentadora se não soubesse
disto e não tivesse preparado para suportar os terríveis sintomas que
a tentação lhe causava. A começar pela dificuldade de falar. Ele
queria dizer que precisava sair dali, mas as palavras não saiam. Então
acabou percebendo que Lana havia trancado a porta, e isto fez com
que a tentação aumentasse mais ainda. Não era fácil suportar a
tentação. Harklius começou a ter problemas de coordenação e
equilíbrio. Também sentiu vertigem e uma leve cefaleia. Parecia
também estar sendo vítima de uma artralgia que é uma dor parecida
com uma artrite nas mãos e no ombro. Isto sem contar o distúrbio
de humor bastante acentuado. Por fim, a sensação era de quem iria
desmaiar, muito conhecida por aqueles que sofrem de ataques de
pânico.
Definitivamente, não era fácil suportar a tentação. Mas ele suportou.
- Eu preciso encontrar uma maneira de combater a tentação – disse
Harklius mais para si mesmo do que para Lana.
- O que tem a tentação? – perguntou Lana.
O rapaz então teve uma iluminação e se lembrou de que sempre que
via uma grande tentadora na rua, orava a Deus pedindo a salvação
daquela alma. Ao fazer isto, ele percebia que era uma maneira de
combater as tentadoras.
- Isto! – exclamou ele – Vou fazer isto.
- Do que você está falando? – Lana não estava entendendo nada.
- Salva a alma desta grande tentadora, Deus – começou Harklius a
orar sem se importar com a presença de Lana – Salva a alma desta
grande tentadora, Deus – ele falou a frase uma dúzia de vezes e por
fim olhou para a moça – Abre a porta para que eu possa ir embora.
- Eu só abro se você me levar no clube – falou a moça que ainda
estava de fio dental.
- ESTÁ BEM – disse Harklius em voz alta. O rapaz estava
visivelmente frustrado – EU TE DOU UMA CARONA – ele então
meditou um pouco se por ventura não estaria fazendo nada de
errado ao dar uma carona para moça – Fique sabendo que não sou
aquiescente com nada do que você vai fazer naquele clube. Apenas
vou te dar uma carona pelas ruas da cidade.
- Verdade? – Lana titubeou.
- E vai colocar uma roupa descente antes que eu mude de ideia –
falou ele com raiva.
O rapaz estava exausto. Não tinha sido nada fácil ter resistido,
suportado e combatido a tentação. Sabia que o fato de ter se
encontrado com Lana naquele dia faria com que a tentação lhe
atormentasse por várias semanas. O sentimento era de que fora um
erro ter aceitado se encontrar com Lana novamente. Ele devia ter
previsto aquilo. Devia saber que aquilo iria acontecer. Mas a tentação
sempre parecia estar um passo a frente de Harklius.
Poucos minutos depois Lana apareceu. A moça era bela por
natureza.
- Vamos – disse ela que havia vestido uma calça jeans e uma blusa
bastante decotada.
Harklius não disse nada. Apenas caminhou na direção da porta e
esperou que a moça abrisse a fechadura. Quando percebeu a
proximidade de Lana ele fechou os olhos para não olhar para moça.
Um olhar imprudente e a tentação poderia lhe causar um grande mal
e assim que ela abriu a porta ele caminhou rapidamente na direção
do carro, entrou e destravou a porta. Mas percebeu que Lana estava
esperando que ele fosse abrir a porta para ela.
- Eu não acredito nisto! – exclamou o rapaz – Você é muito
petulante.
- Não diga isto seu grosso. Custa ser um pouco cavalheiro? – disse
Lana.
Harklius estava morrendo de raiva da tentação. Ele foi a passos
largos até a porta do passageiro, pegou na tranca e apoiando a mão
direita na maçaneta deu uma pirueta completa e quando seus pés
apoiaram o chão o empuxe do corpo fez com que a mão que
segurava a porta destrancasse a maçaneta e a porta se abriu. A moça
ficou encantada com aquilo. Harklius não.
Lana entrou no carro comendo um doce e enquanto se dirigiam para
o local combinado percebeu que Harklius estava aborrecido.
- O que foi? – perguntou ela.
Era o decote de Lana que estava incomodando muito Harklius. Os
seios de Lana faziam a tentação incomodar bastante.
- Tira o zói das minhas bolas – ralhou Lana – Eu já falei para você
não ficar olhando para elas, seu tarado.
Harklius ficou muito zangado com o fato de Lana falar daquela
maneira com ele.
- Você precisa me respeitar, moça! Toma vergonha na sua cara. Eu
sou um servo de Deus – ele teve que resistir, suportar e combater
rapidamente a tentação para não sucumbir para os maus
pensamentos.
- Servo de Deus não fica olhando para as bolas das moças – disse ela
provocando. Lana não se dava por vencida.
- Quer saber, sua depravada – Harklius perdeu a cabeça novamente
com Lana – Eu não vou te levar em porcaria de clube nenhum.
Desce já do meu carro. Anda.
Ela fingiu não ter ouvido aquilo e continuou com o doce.
- Você é surda? – exclamou ele.
- Oi? O quê? Falou comigo? – ela o provocou.
- Desce do carro. Agora – retrucou ele.
- E se eu não quiser? Quem vai me obrigar? – a moça estava
impossível.
Bufando e com o rosto vermelho como um tomate, Harklius deu
meia volta com o carro e dirigiu pelo mesmo trajeto até que
chegaram novamente na casa da moça.
- Desce! – falou Harklius contrariado.
- Eu não estou vendo a portaria do clube. Já chegamos? – disse Lana
despreocupada.
- Desce do meu carro, Lana – ele estava ficando desesperado.
- Só quando eu estiver na porta do clube. E eu me chamo Kay, seu
lesado – disse a voz feminina com bastante atrevimento.
Harklius desceu do carro com bastante violência e deu meia volta até
a porta do passageiro. Enquanto isto Lana pegou as chaves no
contato do carro sem que ele percebesse.
- Desce já do meu carro – disse ele que abriu a porta violentamente e
puxou a moça pela mão.
- Ai, seu estúpido. Está me machucando. Ai, ai, ai.
Assim que colocou Lana para fora, Harklius bateu a porta do
passageiro com força e correu para o outro lado do veículo. Quando
foi dar a partida, sua mão segurou o vazio.
- Eu não acredito nisto! – exclamou ele com lágrimas nos olhos.
Estava quase chorando de raiva.
Lana estava acabando de entrar em sua residência.
- Volta aqui, Kay – disse ele que desta vez acertou o nome –
Devolve a minha chave – era tarde demais. A moça já havia entrado
na casa.
O rapaz saiu do carro em profunda depressão. Lembrou-se do
tempo em que desejava a tão sonhada firmeza. Uma época em que
viver a vida sem nunca se desviar dos caminhos do Senhor era o seu
maior desejo. Mas aquele sonho estava se transformando em um
grande pesadelo. Ele nunca poderia imaginar que vencer a tentação
fosse lhe trazer tanta infelicidade assim. Não era para ser o
contrário? Vencer a tentação não deveria ser algo bom e glorioso?
Sentiu que não estava preparado para passar por aquilo.
- Preciso encontrar uma maneira de me livrar desta tentadora –
pensou ele – E se eu a pedisse em casamento? – os pensamentos
começaram a ficar perturbadores, e naquele momento aquilo não
parecia ser uma ideia ruim. Ele então desceu do carro e caminhou
lentamente até a porta, que estava trancada.
- Lana, Kay. Abre a porta. Eu quero conversar uma coisa com você
– disse ele que olhou para as mãos e percebeu que estava tremendo.
- Não vou devolver a sua chave a não ser que você me leve até o
clube – gritou ela de dentro da casa.
- Eu posso até te levar. Mas antes preciso conversar um negócio
com você – falou ele que estava com o coração disparado. A
sensação era de que estava vivendo uma mistura de tentação com
esperança de santidade.
- Você está mentindo para mim. Não pretende me levar ao clube –
disse ela.
- Eu não minto Lana! – falou ele com raiva – Eu gostaria de
perguntar se você quer se casar comigo? Pronto. Falei.
O rapaz ouviu uma longa gargalhada de dentro da residência.
- Fala sério! É a coisa mais ridícula que eu já ouvi na minha vida. Eu
tenho apenas dezoito anos e você acha que eu perderia minha
preciosa juventude casada com alguém? Isto deve ser um belo truque
que você armou para me engabelar.
- Eu estou falando sério, Kay – disse o rapaz frustrado com a reação
da moça.
Foi quando ele viu uma chave sendo entregue por debaixo da porta.
Lana pelo visto havia feito isto e Harklius pegou a chave e abriu a
maçaneta. Entrou rapidamente, pois estava bastante esperançoso
para fazer o convite para a moça novamente.
- Lana. Eu gostaria de...- ele não conseguiu completar a frase.
Mais uma vez Lana estava do jeito que o diabo gosta.
- Não é possível uma coisa destas – declarou Harklius colocando
uma das mãos no estômago e a outra na boca como se estivesse
segurando o vômito em uma tentativa desesperadora de resistir e
suportar a tentação simultaneamente. A visão daquela grande
tentadora em sua frente, com aquele fio dental, fez com que a
tentação viesse novamente com toda força.
- Se você tivesse me levado no clube, isto não estaria acontecendo.
Harklius, você não vê que eu te quero. Eu gosto de você.
Ouvir Lana dizer aquilo mexeu com as emoções de Harklius.
- Eu te amo – completou Lana.
A moça mais bonita do mundo, de fio dental e ainda por cima
dizendo que amava Harklius era um golpe fatal.
Se ele não tivesse resistido, suportado e combatido a tentação quase
que simultaneamente ele não teria saído daquele lugar incólume. A
tentação mostrou toda sua força e Harklius contra-atacou mostrando
toda força do segredo para se vencer a tentação.
- O sangue de Jesus tem poder. O sangue de Jesus tem poder –
exclamava ele com uma das mãos na cabeça. Seus olhos estavam
fechados com bastante força e o semblante era de quem fazia uma
careta bem feia. Assim ele se esforçava para combater a tentação.
A ideia de se casar com a moça começou a parecer um grande erro.
Lana não era uma pretendente. Ela não era uma mulher de Deus.
Para ela não havia esta linha divisória entre o casamento e a
fornicação.
- Você não quer se casar comigo? – perguntou Harklius que estava
agonizando em posição fetal no afã de suportar a tentação. Ele fazia
de tudo para desviar o olhar da grande tentadora que estava em sua
frente.
- Não seja idiota! – ralhou Lana com ele – Não é nada pessoal, meu
querido. Não fique triste. É que eu não me casaria com ninguém
antes de terminar a faculdade e arrumar um bom emprego. Sou uma
mulher independente. E, diga-se de passagem, você não me parece
ter condições de sustentar uma mulher como eu. Pergunta para o
meu pai o quanto ele gasta comigo por mês.
O sonho de Harklius se desmoronou de vez e ele percebeu que
acabou caindo de novo em mais um laço armado pelo tentador.
- Eu vou embora – falou ele deprimido.
- Quer saber. Este papo de casamento me deixou de TPM. Eu não
quero mais ir ao clube. Pode ir embora se quiser – Lana se levantou
e caminhou até o quarto deixando Harklius sozinho na sala com cara
de tacho.
Chorando diante do terrível sofrimento que a tentação lhe impunha
e isto somado a grande desilusão amorosa que acabara de sofrer,
Harklius caminhou com dificuldade até a porta. Ele arrastava os pés
na tentativa de dar o próximo passo. E mais uma vez percebeu que o
sonho de permanecer firme nos caminhos do Senhor sem nunca se
desviar acabou se transformando no pior de seus pesadelos. A
sensação era de que aquele dia lhe causaria um trauma pelo resto da
vida e assim que ele conseguiu chegar onde estava o carro, deu a
partida e fez uma oração para que Deus o livrasse de todo acidente.
Estava aparentemente sem condições para dirigir. Mas pior seria
para ele ficar ali na casa de Lana mais um segundo que fosse.
O tempo se passou e Harklius acabou perdendo contato com Lana.
Ficou sabendo pela internet que a moça já havia arrumado um
namorado e uma vez até viu uma foto que ela havia postado dando
um beijo na boca de um rapaz. Na ocasião, uma tristeza muito
grande se apoderou de sua alma. Foi por acaso, ou assim pelo menos
ele pensava que ele acabou se reencontrando com Lana. Tudo
começou novamente pela internet quando Harklius viu um
comentário em um de seus textos na internet. Era Lana. Ele
comentou o comentário e depois recebeu um comentário de seu
comentário e por fim recebeu mais um comentário de seu
comentário.
Até que a tentação armou mais um de seus laços para derrubar
aquele servo de Deus.
―Passa aqui em casa para configurar um negócio para mim‖ – dizia
última mensagem de Lana. Quando o rapaz tentou responder, viu
que qualquer forma de ―reply‖ estava bloqueada. Ele tentou por dois
dias seguidos se comunicar com Lana pela internet e não conseguiu.
Ficou bastante curioso para saber como a moça estava depois de
tanto tempo e sentiu um forte desejo de ajudar a moça. Quanta
solidariedade! E no outro dia resolveu passar rapidamente na casa de
Lana. Não acreditou que pudesse ser vítima da tentação novamente.
Harklius pensava que Lana, ou Kay como ela gostava de ser
chamada já havia desistido de tentar fazer com que ele caísse em
tentação. Mas acontece que Kay era uma grande tentadora nata. Se
comportar como tentadora estava na natureza dela.
- Pode entrar – disse Kay quando Harklius chegou.
Assim que ele entrou, se encontrou com a tentação novamente. A
moça estava usando um shortinho extremamente sensual e isto não
passaria despercebido para Harklius.
- Este outro aparelho está com problema – disse ela quando viu o
rapaz – Não consigo tirar mais nenhuma foto. Você arruma para
mim?
A tentação veio com tudo para fazer Harklius cair. Era
impressionante o fato de Kay conseguir chamar a tentação com tanta
força.
- Eu não vou consertar aparelho nenhum para você ficar tirando
foto sensual – ralhou ele com a moça.
- As fotos que eu tiro não lhe interessam seu grosso. Custa você
apenas configurar o aparelho? – disse ela com raiva.
A esta altura do campeonato a tentação já tinha tentado fazer com
que Harklius sucumbisse. Ele se lembrou da primeira vez que havia
se desviado dos caminhos do Senhor. Fora com uma tentadora.
Havia caído em pecado tão rapidamente que quando se deu conta, já
estava no mundo novamente, desviado. Mas ali, diante de Kay, ele
resistiu com toda força de sua alma e como alguém que já conhece
o caminho de cor e salteado ele já se preparou para suportar os
terríveis efeitos colaterais da tentação. Dito e feito. Os tais efeitos
colaterais não tardaram em vir. Uma sensação de infelicidade eterna
tomou conta do coração de Harklius, pois mais uma vez estava
diante de um grande laço da tentação.
- Eu devia ter previsto isto – disse ele mais para si mesmo do que
para Lana.
- Devia ter previsto o quê? Meu aparelho é de última geração para o
seu governo – disse Lana.
- Não estou falando do aparelho. Estou falando de você – disse
Harklius combatendo timidamente a tentação em pensamentos.
- Não me venha com sua modéstia novamente. Pelo visto você não
mudou nada – disse Lana contrariada.
- Nem você – retrucou Harklius.
- Acho melhor você ir embora, então – falou a moça sem pensar,
visivelmente irritada.
- Isto mesmo. E nunca mais vou colocar os meus pés nesta casa –
falou ele convicto.
- Ótimo. É o melhor que você faz – disse Lana implicando – Senão
daqui a pouco vai começar a me pedir em casamento novamente –
ela sabia provocar quando queria.
Uma mistura de reminiscência com nostalgia parecia querer se
apoderar de Harklius. O passado veio à tona imediatamente. Como
ele pôde ter pensado na possibilidade de se casar com Lana? Sentiuse um completo idiota pela tentativa de um dia ter pedido a mão da
moça em casamento.
- Acho que não se pode querer se casar com uma grande tentadora
pelo visto – disse Harklius em voz alta para si mesmo. Mas Lana
ouviu. E não gostou nada do que ouvira. Então resolveu brincar
com os sentimentos do rapaz.
- Você deveria ser mais perseverante – disse ela subitamente.
- Do que você está falando? – ele não havia entendido a máxima.
- Você não queria se casar comigo?
- E? – Harklius se sentia bastante confuso. Onde será que ela queria
chegar com aquela conversinha?
- Pelo que eu me lembre. Você não insistiu muito diante da minha
recusa – fazer Harklius pecar parecia ter se tornado uma questão de
honra para Lana.
- Você foi bastante convincente – disse Harklius polidamente.
- E se eu dissesse que sim? Que eu aceito me casar com você – falou
Lana com um olhar sombrio.
- Não brinca com isto! – exclamou Harklius.
Ela brinca sim!
- Se eu disser que sim, você conserta o meu aparelho? – falou Lana
com encanto.
- Agora você não foi convincente, Kay. Se oferecer em casamento
apenas para eu configurar seu aparelho não me parece uma troca
justa – disse o rapaz aborrecido.
- DEIXA DE SER IDIOTA, HARK – gritou Lana – O aparelho é
apenas um pretexto, será que você não percebe?
Não tentadora! Ele não percebe.
- Bem...Eu...- ele não sabia o que responder.
- VOCÊ QUER CASAR COMIGO OU NÃO? – berrou Lana. O
cabelo da moça se despenteou.
Era a primeira vez na vida que Harklius se deparava com um pedido
de casamento feito de forma tão pífia e grotesca.
- Você está falando sério? – Harklius por um momento se esqueceu
da tentação.
É claro que ela não está falando sério seu burro.
- Estou – disse Lana que caminhou para fora da sala.
Harklius não conhecia direito aquela casa. Nunca havia entrado
naquele cômodo antes. Esperou por alguns instantes para ver se
Lana voltava mas a moça não voltou. Sem saber o que fazer ele
chamou:
- Lana! Onde você está?
- Kay, seu imbecil. Pela milésima vez eu vou te pedir para me
chamar de Kay.
- E o casamento? – perguntou Harklius.
É impressão minha ou a ingenuidade de Harklius está acima da média?
- E o meu aparelho? – perguntou Lana com desdém.
- Olha. Com casamento ou sem casamento eu vou configurar este
aparelho para você. Só para você parar de me encher a paciência.
Traz aí que eu arrumo – disse ele sem pensar.
- Vem aqui você – falou Lana.
Ele caminhou até o cômodo onde a moça estava e não esperava ter
que enfrentar a tentação como antes. Ainda bem que ele se lembrava
do segredo para vencer a tentação, pois poderia ter caído em pecado
diante da visão do corpo avantajado da moça. De fato, seria a última
vez que ele enfrentaria aquela tentação. Mas era como se fosse a
primeira. Ninguém que ele conhecia havia sido tão tentado quanto
ele fora. Aquilo parecia fora do normal, um completo absurdo.
- Vixi! – exclamou ele.
- Toma aqui. Arruma para mim – disse Kay sem se importar – E
pensando bem, você está certo. Não é justo eu me casar com você
por causa de um aparelho.
Harklius quase chorou quando viu Kay daquela maneira. Ficou
muito contrariado por ter caído em mais uma cilada. E Kay estava
chamativa o suficiente para fazer com que a tentação viesse com
toda força novamente para tentar fazer com que aquele servo de
Deus caísse em pecado.
Harklius mais uma vez resistiu a tentação com toda força de sua
alma.
- Se você arrumar o meu aparelho, eu prometo que vou te deixar em
paz – disse ela.
- Me dá este aparelho aqui, agora! – disse Harklius com raiva – Eu
vou arrumar este aparelho para você. Mas eu te proíbo de tirar fotos
sensuais com ele, está me ouvindo?
- Sim, senhor. Eu prometo – disse ela, mas mentiu.
Harklius foi até as configurações do aparelho e mudou alguma coisa
de forma que ele passou a funcionar corretamente.
- Muito obrigado – agradeceu Kay – Você tem certeza que não
quer...
- TENHO! – disse Harklius desesperado prevendo o convite para o
pecado.
- Você não gosta de mim? – perguntou Kay.
- Gosto – respondeu Harklius – O problema é que eu gosto.
- Então...
- É exatamente por isto que eu estou me mudando de cidade. Para
não cair mais no erro de me encontrar com você.
- O quê? – Kay ficou desesperada – Mas você não pode fazer isto!
- Eu estou me mudando hoje Lana, quer dizer, Kay. Já está tudo
decidido.
- Não! Não está – Kay começou a chorar – Isto não é possível.
- É tão grande a tua vontade de me tirar dos caminhos do Senhor
assim? – perguntou Harklius para Kay, ele estava com os olhos
cheios de lágrimas.
- Eu nunca quis lhe prejudicar – disse ela.
- Imagina se quisesse – falou ele.
- Eu não queria te tirar dos caminhos de Deus. Eu não tenho culpa
de você ser religioso. Eu queria apenas, o teu amor.
- Este é um tipo de amor proibido para mim – disse Harklius tendo
que fazer o maior esforço do mundo para suportar a tentação.
- Então você vai mesmo? – perguntou Kay com tristeza.
- Vou – disse Harklius. Naquele momento ele sentiu que a tentação
tentava fazer com que ele desistisse desta idéia. Foi então que
entendeu que aquele era o momento de combater a tentação
novamente.
- Sai tentação, sai tentação, sai tentação – falava Harklius
freneticamente em pensamentos para si mesmo – Sai tentação, sai
tentação – os segundos foram se passando e Harklius se sentiu um
pouco mais forte. E ainda tendo que suportar o terror que a
tentação lhe causava, ele olhou pela última vez para Kay e disse:
- Adeus, Kay. Adeus, Lana.
PHILIPE
Seria mais uma grande tentadora a aparecer na vida de um servo de
Deus. Elas estão em todo lugar. Também seria mais um servo de
Deus a provar que o segredo realmente funciona.
Seria muito bom para Philipe não ter comprado aquela casa, aquele
carro, não ter dinheiro para comprar roupa bonita e como se não
bastasse, ele ainda havia pagado caro em um vidro de perfume. Tudo
isto na verdade era um grande atrativo para o surgimento de uma
grande tentadora na vida de Philipe. Teria sido melhor para ele se
Deus o tivesse colocado no deserto com tamanha privação que até
mesmo das coisas mais básicas da vida ele viesse a ter necessidade. O
sofrimento é uma maneira de Deus nos manter longe do pecado e
Philipe não teve o privilégio de aprender isto, pois sua vida havia
melhorado bastante depois que ele arrumou um novo emprego.
Sendo assim, seria melhor para Philipe passar anos desempregado.
Claro que este não é o ponto de vista mundano e terreno. Mas
Philipe aprenderia da pior maneira o preço de ser privilegiado. A
tentação adora gente privilegiada.
- Onde você vai? – perguntou a morena Shae – Você ficou de
comprar um vestido novo para mim. Se lembra?
- Eu me lembro – respondeu Philipe para ela – E não é um vestido.
É uma saia jeans que chega na canela. Você tem certeza que gosta
deste tipo de roupa?
- Pelo preço que você falou que custaria, sim – respondeu a morena.
- Agora eu tenho que ir trabalhar – concluiu Philipe.
- Então passa lá em casa mais tarde para me entregar o vestido –
falou Shae.
Philipe havia conhecido Shae na rua da cidade onde morava. Ele
estava caminhando pela calçada quando saía do serviço e assim que
Shae passou na frente de Philipe, ele criou coragem para se
aproximar dela e fazer um pequeno evangelismo:
- Se arrependa de todos os seus pecados e aceite Jesus como teu
salvador. Quem não fizer isto vai para o inferno – disse ele na
ocasião.
Quando é que estes homens vão aprender que evangelizar uma grande tentadora é
abrir uma porta para a tentação?
- Você falou comigo? – perguntou Shae naquele dia.
- Sim – respondeu Philipe.
- Gente! Como você é cheiroso – exclamou Shae.
Philipe ficou rubro. Parecia ter gostado daquele elogio.
- Você está indo para onde? Aceita uma carona? – disse ele.
O que ele está fazendo? A ideia não é evangelizar a mulher?
- Você está de carro? – perguntou Shae interessada.
Não tentadora. Ele está de carroça. Vai embora caminhando, vai.
- Sim – respondeu Philipe.
- E qual destes é teu carro? – perguntou Shae.
- É aquele ali – disse Philipe apontando para um modelo novo.
- Gostei – disse Shae – Eu aceito a carona sim.
Sem perceber o comportamento esdrúxulo de Shae, Philipe acabou
dando carona para a mulher.
Oh não!
- Para onde você está indo? – perguntou Philipe assim que deu a
partida.
- Para casa – respondeu Shae.
- Onde você mora? – perguntou ele.
- Na terceira rua você vira à esquerda. Minha casa fica no meio do
quarteirão.
Não demorou muito tempo até que Philipe chegasse na casa da
moça.
E o evangelismo? Ele não vai terminar o que começou?
- Eu moro aqui – disse Shae apontando para sua residência.
Philipe parou o carro e a mulher perguntou:
- Você quer descer?
- Eu estou com um pouco de pressa – falou Philipe – Mas não se
esquece do que eu falei para você, viu.
Ela já esqueceu, tonto.
- O quê? – disse Shae se fazendo de desentendida.
- Sobre Jesus – falou Philipe.
- Ah tá – disse Shae.
- Você gosta de usar roupa comprida? – perguntou Philipe para Shae
ao ver a mulher trajando um belo vestido. Bastante chamativo, mas
ainda sim um bonito vestido.
Roupa sensual não é de Deus.
- Adoro – disse Shae interessada – Por qual motivo está me
perguntando isto?
- Se você quiser posso comprar uma saia comprida para você.
- Eu amaria – disse Shae interessada no vestido, no carro, no
perfume, no dinheiro e quem sabe, por último, em Philipe.
Os dias se passaram e Philipe acabou encontrando novamente com
Shae que caminhava pelo mesmo trajeto que ele fizera no dia em que
conheceu aquela mulher.
- Olá – disse ele diminuindo a velocidade do carro.
- Oi. Como vai? – disse Shae se lembrando do carro, do perfume, da
roupa, de tudo, menos de Philipe, mas ela procurou se fazer de
desinteressada – Acho que te conheço de algum lugar.
- Eu te dei uma carona estes dias – respondeu Philipe contrariado
com a indiferença de Shae.
- Ah. Eu me lembro. Acho que você disse que era padre.
- Não. Eu não sou padre. Eu falei de Jesus para você – ele estava
cada vez mais aborrecido com Shae.
- Entendi – respondeu ela que continuou a caminhar com
indiferença.
- Você quer uma carona? – perguntou ele.
Foi quando Shae resolveu tocar no assunto do vestido.
No dia seguinte Philipe apareceu na casa de Shae.
- Quem é? – perguntou a voz feminina pelo interfone.
- Eu vim trazer tua saia – respondeu Philipe.
- Pode entrar – disse a voz feminina com frieza.
Philipe não imaginou que naquele dia, iria enfrentar a pior tentação
de sua vida. Ele caminhou pelo jardim e viu que a porta da sala
estava entreaberta. Assim que entrou percebeu o contraste entre a
saia que ele havia comprado para Shae e a maneira que ela estava
vestida.
A tentação veio imediatamente para Philipe. Até então não havia se
dado conta de que no afã de agradar a grande tentadora, estava
caindo em um laço do diabo. Intuitivamente Philipe teve que resistir
a tentação com toda a força de sua alma. Era uma circunstância
paradoxal porque, ao contrário do que poderia parecer, Philipe era
um homem de Deus e não queria sucumbir. Ele sabia que se pecasse
contra Deus conscientemente e voluntariamente perderia a sua
comunhão e a sua salvação e que perderia também até mesmo a vida
boa que estava levando. O diabo destruiria sua vida e disto ele sabia
muito bem porque é melhor nunca ter conhecido a verdade do que
conhecer e não seguir no caminho e a situação de uma pessoa que se
desvia dos caminhos do Senhor se torna pior do que antes da pessoa
ter conhecido a Deus.
- Por que você está me olhando com estes olhos esbugalhados? –
perguntou Shae sem entender aquilo.
Philipe estava entrando na linha divisória entre a santidade e o
pecado. Alguns pensamentos mórbidos vinham como flash na
mente dele. A testosterona parecia não ajudar muito e o corpo
começou a sentir alguns impulsos masculinos diante da visão do
corpo extremamente sensual de Shae.
Lutando com toda força de sua alma para suportar a tentação
Philipe tentou responder:
- Eu trouxe a saia para você.
- Que legal – disse a tentadora – Deixa eu ver.
- Não se aproxime – falou Philipe estendendo a mão em sinal de
pare. Ele estava completamente desesperado e se sentia sufocado ao
ter que suportar a tentação. Não estava sendo nada fácil para ele lhe
dar com os terríveis efeitos colaterais que a tentação lhe causava.
- O que houve? – perguntou Shae fazendo biquinho.
- A sua roupa – disse Philipe aumentando uma oitava o tom de sua
voz.
- O que tem a minha roupa? – perguntou Shae.
Philipe pressentiu o perigo como nunca e para não cair em pecado
naquele momento procurou uma maneira de combater a tentação.
A primeira coisa que lhe veio à cabeça foi falar de Deus para aquela
mulher.
- Você precisa se arrepender de seus pecados e aceitar Jesus como
teu salvador – disse ele.
- Isto não é hora para falar de religião – disse Shae contrariada.
Philipe tinha que continuar se esforçando para suportar a tentação se
quisesse permanecer firme nos caminhos do Senhor.
- Aqui está a sua saia – disse ele entregando um pacote com uma saia
jeans que Shae achou bastante longa.
- Eu não uso roupa deste tipo – disse a moça ao olhar para a saia –
O que você está pretendendo com isto? Acha que vai me tornar
religiosa com esta roupa?
Philipe não sabia exatamente o que dizer e acabou pedindo para
Shae ir colocar a saia que havia ganhado de presente.
- Será que você poderia colocar a roupa para ver se vai servir.
Shae saiu de perto de Philipe bastante contrariada. Ela não estava
gostando nada da maneira que Philipe estava se comportando.
Alguns minutos se passaram e Philipe começou a ficar impaciente
com a demora de Shae. Ela havia entrado em uma porta com a
intenção de vestir a saia mas acabou não voltando mais. Aquele
servo de Deus já estava se sentindo como uma ovelha no
matadouro. Começou a rever o seu estilo de vida. Achou que
precisava de mais comunhão com Deus se quisesse vencer a
tentação. Ele acabou percebendo que havia caído em um laço do
inimigo. Mas já era tarde demais para se lamentar. Naquela altura do
campeonato ele tinha que se preocupar em vencer a tentação. Até
aquele momento havia conseguido vencer porque havia resistido,
suportado e combatido. Ele fazia isto de forma intuitiva, uma vez
que não tinha consciência teórica do segredo para se vencer a
tentação.
- Shae? Vai demorar muito? – perguntou Philipe – Shae?
- Eu estou aqui – respondeu a voz feminina.
- Vai demorar muito? – perguntou novamente Philipe.
- Eu já terminei – disse Shae.
- Posso ir até aí para ver como é que ficou? – perguntou Philipe.
- Sim – respondeu Shae.
O rapaz caminhou na direção da porta onde Shae havia entrado. Ele
achava que a moça havia vestido a roupa que ganhara de presente.
Entretanto, isto não havia acontecido.
- Ficou bom a saia? – perguntou Philipe que se aproximou.
- Ficou – disse Shae.
Quando Philipe chegou onde a mulher estava, se deparou com uma
cena que não poderia prever nem nos piores pesadelos.
- Estou cacheando meu cabelo – disse Shae olhando para Philipe no
espelho.
Desde que havia aceitado Jesus como salvador, Philipe nunca havia
estado tão perto de uma mulher naquelas condições. Sentiu que não
estava preparado para enfrentar aquilo. E esta história nos mostra
que o preço de ser privilegiado pode ser muito caro. Shae só estava
se oferecendo tão facilmente para Philipe porque ele tinha um carro,
porque ele tinha dinheiro e porque ele dava presentes para ela. Ele
não teria que passar por aquela tentação se fosse pobre, se estivesse
desempregado, se estivesse doente e sem dinheiro para comprar
remédio, se fosse escória da sociedade. O próprio Philipe não teria
se oferecido tão facilmente para presentear aquela mulher se não
tivesse um dinheiro sobrando. Dinheiro de sobra, casa bonita, carro
do ano, roupa cara, isto tudo irá sempre chamar a atenção das
grandes tentadoras espalhadas pelo mundo.
Agora a fé de Philipe estava em jogo. Foi por muito pouco que ele
não se desviou dos caminhos do Senhor. Mas foi por muito pouco
mesmo. Aquele servo de Deus estava lutando com todas as suas
forças para resistir e suportar a tentação. Resistir a tentação já estava
sendo muito difícil. De todos os personagens deste livro, Philipe foi
o que mais sofreu para conseguir resistir a tentação. Geralmente a
parte mais difícil do processo é suportar. Mas para Philipe que
estava levando uma vida relativamente boa e confortável, cair em
pecado com aquela tentadora não parecia ser tão funesto. A tentação
estava fazendo de tudo para colocar na mente de Philipe que ele
deveria aproveitar aquela oportunidade. Depois ele poderia se
arrepender e voltar para os caminhos do Senhor. Outro engodo que
a tentação usou para quase fazer com que Philipe se desviasse dos
caminhos do Senhor foi tentar convencê-lo de que ele não voltaria
para o mundo. Que poderia cair em pecado com aquela tentadora e
ficar apenas naquele pecado. Não precisava voltar a praticar todo
tipo de pecado como fazia antes de aceitar Jesus como salvador.
Ledo engano por parte da tentação. E para dificultar ainda mais as
coisas, Philipe como a maioria dos cristãos, não tinha consciência
teórica de que o segredo era resistir, suportar e combater. Ele teria
que fazer isto inconscientemente, sem se dar conta de que de fato
estaria passando por este processo.
Mas ele conseguiu resistir. Não sem antes ser completamente
dilacerado pela tentação. Imediatamente também teve que se
esforçar para suportar a tentação que ao invés de abandonar a mente
de Philipe após ele ter resistido, acabou tentando fazer com que ele
não conseguisse enfrentar os terríveis efeitos de ser tentado. Como
um caleidoscópio, a tentação girava na mente de Philipe. Mas ele
conseguiu suportar.
Então veio a melhor parte da história.
Philipe com muito custo já havia resistido e suportado. E agora
evidentemente teria que combater a tentação se quisesse sair da casa
daquela tentadora, ileso. E como ele estava extremamente
desesperado, ele pegou sua carteira e começou a quebrar um por um
seus cartões de crédito. Depois rasgou algumas notas de dinheiro na
frente de Shae e por último foi até onde estava seu carro e tacou
algumas pedras no vidro e logo em seguida subiu em cima do capô
do carro e começou a pular deixando a lataria toda amaçada.
- Ele surtou! Ele surtou! Socorro! – falava Shae do quintal da casa
dela. Ela ficou desesperada com a cena – O que é que você está
fazendo?
- Não precisa se preocupar comigo – disse Philipe com cara de
psicopata – Eu estou bem. Nunca estive tão bem em toda minha
vida.
- Bem? – Shae não estava entendendo nada – Imagina se estivesse
mal. Será que você poderia ir embora? E por favor, nunca mais volte
na minha casa.
Ouvir aquilo foi a deixa para Philipe.
- Você disse para eu nunca mais voltar na sua casa? – falou ele de
cima do capô do carro. Ele estava suado e descabelado.
- Sim. Não quero seu presente e nada que venha de você. Seu
maluco.
O ciclone pareceu dissipar no coração de Philipe. Sentiu a tentação ir
embora de forma contundente. Então ele desceu do capô do carro e
ficou pensando em tudo o que fez. Não se arrependeu. Ele entendeu
que aquelas coisas que os humanos consideram maravilhosas foram
o pivô da pior tentação que tivera que enfrentar em toda sua vida.
Sem dizer uma só palavra para Shae, ele entrou no carro e foi
embora. Os dois nunca mais se viram, e com o passar do tempo
Philipe foi perdendo o gosto pelas coisas materiais. Começou a viver
uma vida frugal, mas esta vida permitiu que ele se tornasse amigo de
Deus e tudo isto daria uma outra história.
Carlos não via sua mãe a um bom tempo. Tempo suficiente para que
ele se arrependesse de seus pecados e aceitasse Jesus como salvador.
Quando reencontrou sua mãe, foi logo dizendo:
- Eu aceitei Jesus como meu salvador – ele estava todo feliz e
esperava que ela o apoiasse. Mas sua mãe não gostou do que acabara
de ouvir e disse que aquilo era uma bobagem.
- O que você pensa sobre as coisas de Deus? – perguntou Carlos
para ela.
- Eu não acredito que você vai virar um daqueles fanáticos. Eu creio
em Deus sim, mas esta religião que você escolheu é muito rígida e o
pastor explora as pessoas. Você precisa pensar mais em você, em
estudar, arrumar um emprego – dizia ela.
- Eu estou certo de que tenho tudo o que preciso para viver bem –
falou Carlos para sua mãe. Ele estava bastante decepcionado. Pelo
visto, ela não se converteria.
Carlos era uma pessoa pobre, a mais pobre da igreja que passou a
frequentar. Era uma igreja da capital de São Paulo cujo nome era
Assembleia Mundial. No começo, Carlos não tinha nem sequer uma
roupa descente para ir para os cultos. As pessoas olhavam de forma
estranha para ele. O julgavam pela aparência. Mas Carlos iria provar
que era um grande servo de Deus.
- Você tem cometido algum pecado ultimamente? – perguntou um
irmão para Carlos, que não gostou da forma incisiva com que foi
interrogado. Carlos respondeu:
- Eu não sei aonde você quer chegar com esta conversa. Desde o dia
que eu...
O irmão interrompeu Carlos e foi explicando que é por causa do
batismo. Ele estava perguntando aquilo porque Carlos precisava
estar ―limpo‖ para se batizar.
- Eu quero me batizar sim. Não estou em pecado – disse Carlos
agora sorrindo alegremente para o irmão.
Carlos se batizou e começou a ter oportunidades na igreja. Um certo
dia, ele se lembrou de uma amiga que gostava muito. Resolveu que
iria convidá-la para ir ao culto. Todo crente quando se converte, tem
o desejo de levar todos seus parentes, amigos e conhecidos para
igreja. E com ele não seria diferente. Então ele resolveu ir até a casa
de Gisele para lhe falar acerca das coisas de Deus.
- Vai ser bom para você Gisele, o culto é uma maravilha. Eu sei que
você vai gostar.
- Mas eu não posso ir a igreja neste final de semana porque vou para
festa.
- Mas a festa pode ficar para outro dia. Você precisa pensar na sua
salvação.
- Tudo vai ser bem melhor se você resolver parar de me pressionar
deste jeito – disse por fim Gisele que recusou o convite de Carlos.
Mas de tanto ele insistir, ficou combinado que na outra semana,
Gisele estaria passando na casa dele para que ele pudesse levá-la para
igreja.
Gisele passou bem mais cedo na casa de Carlos.
– Mas agora são quatro da tarde. O culto começa as sete e meia –
disse o irmão sem entender.
– É que eu gostaria que você fosse em um lugar comigo. Já faz
algum tempo que desejo ir até lá, mas tenho medo de ir sozinha.
– Onde? – perguntou Carlos
– Na lagoa da laje – disse ela
– Mas para quê?
– É bonito o lugar. Vamos, se você não for comigo, eu não vou para
sua igreja.
Diante da ameaça, Carlos acabou aceitando. Eles chegaram em um
lago e por alguns instantes Carlos se descuidou de Gisele, até que ela
vestida de uma maneira diferente o chamou:
– Vem! A água está fresquinha.
Eles estavam sozinhos naquele lugar e mil coisas se passaram na
mente de Carlos ao vê-la daquela forma. Ele tinha oportunidade de
fazer o que desagradava a Deus, mas começou a resistir a tentação e
depois olhou para a moça e disse:
– Não. Eu não vou entrar. E veste sua roupa que agente vai embora
agora.
– Você não vai aproveitar que estamos sozinhos para ficar comigo?
– Mas é claro que não. Eu sou um servo de Deus – ele agora estava
lutando para suportar a tentação que crescia cada vez mais.
– Ninguém da sua igreja vai ficar sabendo. Estamos sozinhos aqui,
ninguém pode nos ver.
– Deus está vendo.
– Por favor. Fica comigo. Já tem um tempo que eu não namoro
ninguém.
– Minha resposta é não – estava muito difícil suportar a tentação,
mas ele conseguiu se fortalecer mais quando começou a combater a
tentação cantando um hino que ele mesmo havia feito.
A garota colocou sua roupa e eles foram embora sem dizer nenhuma
palavra.
– Eu não vou para o culto com você – disse ela em represália.
– Não importa – falou ele.
– Então adeus – disse ela
– Adeus – disse Carlos que estava muito abatido com o que
aconteceu.
E assim ela se foi e eles nunca mais se viram. Mas foi uma tentação
muito forte para Carlos. Ele venceu.
____________
A tentação do sensualismo é sempre assim. Uma hora é uma vizinha,
outra hora a funcionária de uma empresa, uma estranha e por aí vai.
Mas talvez um dos laços mais sórdidos seja quando o inimigo infiltra
o joio no meio do trigo. Quando um cristão olha para uma
mundana, ele já procura vigiar imediatamente ficando assim mais
difícil a sua queda. Mas quando o Tentador coloca a pessoa dentro
da igreja, o cristão geralmente procura baixar a guarda. É aí que a
tentação vem com tudo e acaba pegando de surpresa aqueles que
não estão preparados.
Tudo aconteceu quando a fé de um irmão que já havia se convertido
há muito tempo não estava em seu auge. Isto porque o irmão já não
estava mais entusiasmado como antes. Ele culpava a igreja que
frequentava. Foi quando no final do culto, uma moça o procurou.
- Você é desta igreja? – perguntou ela.
- Sou – respondeu o irmão.
- É que eu sou nova por aqui. Não conheço muito bem as pessoas e
a doutrina – disse ela.
- Eu não ando concordando muito com a doutrina desta igreja não.
Acho que existem muitos exageros que por fim acabam
prejudicando aqueles que realmente querem aceitar Jesus como
salvador – disse ele.
- Eu ainda tenho muita vergonha de vir para igreja sozinha. Seria
bom que alguém fosse a minha casa para agente vir junto para o
culto.
Aquele irmão que se chamava Denys acabou se oferecendo para
trazer a moça. Ele se lembrou de que quando havia se convertido,
também teve que enfrentar a mesma timidez.
No primeiro dia foi tudo normal. Ele chegou até a porta da casa da
moça e a chamou.
- Keliane! – ele estava vestido de terno e segurando uma Bíblia
grande.
- Já vou irmão! Espera só um pouquinho.
Depois de alguns minutos ela apareceu e eles foram para igreja. No
final do culto ele também a levou de volta para casa e no meio do
caminho eles conversaram bastante sobre a doutrina da igreja.
- Você acha que usar calça é pecado? – perguntou Keliane.
- Depende muito da calça – respondeu Denys – A maioria das calças
femininas é muito justa e acabam deixando o corpo da mulher
sensual. Mas se a irmã conseguir encontrar uma calça que não seja
tão justa. Então não será pecado.
- E aquelas revelação que acontece no final do culto? Você acredita
naquilo? É muito fácil falar que existe alguém com problema de
coluna no meio de um monte de gente idosa – continuou ela.
- Eu creio em revelação e profecia. Mas acho que você tem razão.
Aquela igreja não é muito boa – desabafou Denys. Ele tinha uma
ansiedade muito profunda pelas coisas de Deus e se dedicava
exageradamente ao Senhor. Exatamente por isto não se conformava
com as igrejas que frequentava.
Keliane percebeu que o irmão estava um pouco aborrecido com a
igreja. Ela nunca havia aceitado Jesus como salvador de verdade. Era
apenas uma visitante que era tratada como cristã pelos outros
irmãos. Mais um erro que Denys não aprovava. Foi em um domingo
depois do culto matinal que o diabo resolveu atacar Denys. Naquele
dia Keliane não havia ido para igreja e Denys resolveu passar na casa
dela para ver o que aconteceu.
- Keliane! – ele a chamou do portão como de costume.
- Pode entrar! – gritou ela da sala – O portão está aberto.
Denys entrou. Quando chegou à sala foi surpreendido pela maneira
que Keliane estava vestida.
- O que foi? – perguntou ela ao ver que Denys se assustou. O rapaz
estava movendo os lábios freneticamente já resistindo a tentação.
- É que... – até aquele momento ele pensava que ela havia realmente
se convertido.
- Sabe. Eu resolvi que não vou mais seguir a doutrina daquela igreja.
Foi como agente conversou naquele dia. Eles pregam coisas que não
tem nada a ver.
- Mas eu te expliquei que a mulher não podia se vestir sensualmente.
- Você acha que eu estou sensual?
- Está – respondeu Denys.
- Você ainda não viu nada – falou ela.
Denys começou a se sentir fragilizado naquele lugar. Ele teve que
começar a suportar a tentação. Keliane resolveu conversar sobre
assuntos que não tinham nada a ver com a igreja. Coisas como
computador, carros, emprego, escola e Denys o tempo todo sendo
influenciado pelo poder da tentação e tendo que suportar.
- Você tem namorada? – perguntou Keliane.
- Não – respondeu Denys.
- Mas nenhuma irmã da igreja se interessou por você?
- É que eu sou meio tímido. Não converso com muitas irmãs.
- Eu acho você um gato – disse Keliane.
Quando ela falou aquilo, Denys percebeu que estava pisando em um
terreno escorregadio. A partir daquele momento ele teria que tomar
uma decisão de verdade. A tentação estava começando a se
manifestar em toda sua plenitude. Ele percebeu que estava sozinho
naquela casa com aquela suposta irmã. Quando Denys levava
Keliane para igreja ele nem sequer pensou na possibilidade que
pudesse haver alguma coisa entre eles. Mas agora que ela estava com
aquele tipo de comportamento, significava que se ele quisesse
poderia...
- Vamos sair um pouco? – disse ela.
Denys gostou da ideia. Sair dali ajudaria muito a vencer aquela
tentação.
- Vem aqui – ela se levantou e Denys a acompanhou sem saber para
onde ela estava indo. Foi quando eles passaram por um corredor e
chegaram até o quarto. Keliane então se virou para ele e disse:
- Vamos dar uma volta?
Denys pensou um pouco e entendeu que seria melhor aceitar o
convite visto que seria uma boa ideia sair daquele lugar.
- Para onde agente vai? – perguntou Denys
- Não sei. Para onde você quer ir? – disse ela.
- Que tal uma sorveteria?
- Que tal agente procurar um lugar para namorar? Eu tenho medo de
namorar aqui em casa porque meu pai e minha mãe podem chegar a
qualquer momento.
Antes mesmo de Denys dizer alguma coisa, Keliane disse:
- Eu vou colocar outra blusa e já foi se trocando na frente de Denys.
Foi quando ela subiu na cama para pegar uma roupa.
Ele não esperava por aquilo. Ele não procurou aquilo e muito menos
pediu para que ela fizesse nada. Ele estava sendo obrigado a
enfrentar a tentação.
- E então? – perguntou Keliane depois de ficar numa posição
sensual.
- Mas eu sou um servo de Deus e você...
- Eu não sou obrigada a viver igual aquelas irmãs. Eu sou uma nova
convertida.
- Mas você não aceitou Jesus como salvador? – Denys não estava
conseguindo entender a postura dela.
- Eu aceitei Jesus desde que nasci – respondeu ela evasivamente. Era
tudo lorota. Ela não havia aceitado Jesus coisa nenhuma. Era uma
mundana.
Denys ainda estava sobre o peso da tentação e teria que suportar
sem se entregar ao pecado. Ele precisava ser fiel a Jesus. Ele poderia
aproveitar aquela oportunidade para ceder aos desejos da carne. Mas
ele também poderia vencer aquela tentação e também combatê-la.
E foi isto que ele fez.
- Eu vou embora e não quero mais te ver nunca mais – disse Denys
para ela com raiva.
- Mas o que foi que aconteceu? – perguntou ela surpresa.
- Eu te repreendo em nome de Jesus. Você está querendo me
derrubar dos caminhos do Senhor.
- Você é louco. Você precisa procurar um médico e tomar remédio
para sua cabeça. Seu fanático – Keliane ficou vermelha de raiva.
Denys foi embora. Ele não se entregou aos prazeres da carne e nem
fez a vontade do Tentador. Ele mostrou que era realmente um servo
de Deus. Ele provou que estava preparado para vencer a tentação.
Assim como Denys, milhares de cristãos em todo mundo terão que
enfrentar este tipo de tentação e tomara que assim como Denys eles
possam vencer.
____________________
Camila tinha os cabelos compridos e morava em uma casa da
periferia. Certa manhã se mudou um novo vizinho que iria morar do
lado da casa de Camila. Este vizinho era servo do Senhor e se
chamava Ismael. Ele gostava muito de orar e de pregar a palavra de
Deus. E Camila gostava muito de dançar. Na primeira vez que
Ismael saiu de casa para ir para igreja ele encontrou com Camila. Ela
estava lavando o quintal e logo já foi puxando conversa:
- Oi, tudo bom? Então você acabou de se mudar? – disse ela.
- Pois sim – respondeu ele.
- Você é de alguma religião? – perguntou ela ao ver o rapaz vestido
de terno e com uma Bíblia bem grande na mão.
- Eu sou crente. Eu sirvo ao Senhor – respondeu ele.
- Ah tá. Eu precisava da sua ajuda. Eu não sei rezar nem o Pai nosso.
Será que você poderia me ensinar um pouco sobre Deus?
- Posso sim – respondeu Ismael – Mas que dia que você pode...
- Ah, me deixa ver... Que tal na quinta?
- Combinado – Ismael ficou satisfeito por Camila ter se interessado
em conhecer as coisas de Deus. Mas acontece que ela não tinha
vontade de servir a Deus não. O que aconteceu foi que o diabo que
é o Tentador preparou um laço muito poderoso para derrubar
Ismael e fazê-lo cair em tentação. Será que aquele servo de Deus
estava preparado para vencer a tentação? Será que você que está
lendo este livro está preparado para vencer esta tentação?
O dia marcado chegou e Ismael acordou ainda pela madrugada e
começou a orar:
―Deus amado, eu venho te pedir que o Senhor tenha misericórdia e
salve aquela vida‖.
E assim foi. Ele orou por cerca de uma hora e depois começou a
estudar a palavra de Deus. Quando chegou por volta de dez horas da
manhã, Ismael foi até a casa de Camila. Não seria nada fácil ter que
vencer aquela tentação. Ele não sabia de nada. Acontece que antes
de Ismael chegar até a casa de Camila. Algumas amiguinhas dela
também chegaram.
- Olá Camila – disse Marcela – Agente veio aqui para ensaiar aquele
novo hit que saiu.
- Que legal! – respondeu Camila – Então vamos ensaiar. E quem é
ela? – Camila apontou para a moça de blusa rosa e shortinho rosa.
- Esta aqui é uma prima minha. Eu a ensinei a dançar também.
Camila entrou para um quarto escuro e ficou de fio dental. Então
elas começaram a ensaiar.
Pouco tempo depois Ismael chegou à casa de Camila.
- Ô de casa! – gritou ele do portão.
- Quem é? – perguntou a prima de Camila.
- É o meu vizinho. Ele veio me ensinar a rezar.
- Você está falando sério?
- Estou. Mas acho que em vez dele me ensinar a rezar, eu que vou
ensinar algumas coisas para ele.
- Pode entrar – gritou Camila.
Ismael com certa timidez abriu a porta e entrou na sala. Mas não
havia ninguém por ali. Ele esperou alguns minutos e percebeu que
Camila estava nos fundos da casa.
- Camila. Cadê você – Ismael chamou.
- Estou aqui. Vem cá irmão – disse ela.
Ele foi. E quando chegou lá.
ELE DEU DE CARA COM A TENTAÇÃO.
Marcela começou a incentivar a prima a provocar Ismael.
- Você quer namorar comigo? – perguntou Camila para o servo de
Deus.
Quando ele se deu conta da tentação que estava enfrentando teve
que resistir com toda força do mundo. Mas ao olhar bem para
Camila a tentação começou a aumentar cada vez mais. Ele começou
a sentir a perna tremer. Depois sentiu tontura. Então percebeu que
teria que suportar a tentação. Ou ele iria servir a Deus ou iria fazer a
vontade do diabo. Se ele caísse em tentação com Camila, iria perder
muito galardão e sofrer terríveis maldições aqui na terra como
resultado de seu pecado.
Então depois de olhar para Camila suportando aquela tentação ele
começou a pensar um pouco e resolveu combater a tentação.
- Sai tentação – dizia ele em voz baixa.
Ismael se sentiu fortalecido e decidiu ir embora e deixou aquelas
moças lá sem cometer nenhum pecado. Ele teve a oportunidade de
fornicar, mas graças ao segredo de resistir, suportar e combater ele
não caiu. Ele provou que era realmente um servo de Deus.
Uma boa parte dos cristãos tem que enfrentar a tentação nos seus
empregos. Yuri tinha acabado de ouvir um testemunho de uma irmã
da igreja.
- Você acredita que eu tive que pedir contas do meu trabalho porque
o meu patrão estava me assediando?
- Sério?
- Pois é, irmão.
- Eu não queria estar na sua pele – falou Yuri para irmã Gezy.
Foi ela quem arrumou um emprego para ele na mesma firma uma
semana depois. Ele tinha que cuidar de muitos negócios dentro e
fora da empresa. Até que um dia o patrão de Yuri chegou e disse
para ele.
- Eu vou precisar que você faça uma viagem.
- Vai demorar? – perguntou Yuri.
- Não. A Marcela e a Amanda vão com você.
- Mas o que é que eu vou ter que fazer?
- Vocês vão fazer publicidade em um evento na capital para mim.
Pouco tempo depois, Yuri estava partindo no carro da empresa com
as duas moças.
- Você tem namorada? – perguntou uma delas.
- Ainda não! – respondeu ele.
- Mas um rapaz tão novo e bonito. Você deveria estar pegando
todas.
- Deveria, mas é que eu não sou como os outros rapazes.
- Por quê? – perguntou Amanda
- Você é gay? – disse Marcela
- Não. É que eu sou crente.
- Como assim? – falou Marcela
- A minha mãe disse que crente até o diabo é! – falou Amanda que
não gostou de saber que o rapaz era servo de Deus – Ele é fanático,
Marcela. Você não está percebendo.
- Ah! Que legal – exclamou Marcela
- Legal? – Amanda olhou para amiga com raiva.
- Sim. Eu estava mesmo esperando uma oportunidade para se
divertir - Marcela começou a falar algumas coisas maliciosamente no
ouvido da amiga.
Logo que eles chegaram na capital, foram para um hotel.
- Vamos ficar todos em um quarto só? – perguntou Amanda.
- Não sei. O Yuri quem vai pagar.
Foi quando Yuri percebeu que seu patrão havia lhe dado pouco
dinheiro para as despesas e ele não teria condições de ficar em
quartos separados.
- Acho que a gente vai ter que ficar em um quarto só – disse o rapaz
com um semblante triste. Aquela ideia não o agradou.
De noite eles foram para um jantar e falaram bastante a respeito da
empresa em que trabalhavam e quando tudo terminou eles voltaram
para o hotel.
Yuri foi tomar banho e quando saiu do banheiro teve uma grande
surpresa.
As duas estavam esperando o irmão naquela posição de propósito. E
começaram a provocá-lo.
- Agora eu quero ver se você é realmente bíblico – disse Amanda.
- Diz irmão! Diz logo o que você achou de mim e da minha amiga.
- Eu duvido que você vá passar a noite aqui com a gente sem
cometer nenhum pecado.
- Isto. Você vai ter que implorar para ficar com agente – elas não
paravam de provocar o irmão. Até que ele ficou desesperado e
resistindo aquela tentação se encolheu no canto da parede.
- Eu preciso suportar! – disse ele com as mãos no rosto – Eu não
quero pecar contra o Senhor. Eu tenho que combater a tentação –
então ele começou a orar uma oração muito forte de guerra
espiritual.
Quando ele falou aquilo, imediatamente se levantou, abriu a porta do
quarto e falou:
- Eu te repreendo tentação, em nome de Jesus.
Assim que o rapaz saiu do quarto, ele encontrou com um senhor que
disse:
- Eu tenho medo de dormir sozinho, pois já sou muito velho e
posso passar mal. Você não quer dormir comigo só para me fazer
companhia?
Yuri agradeceu a Deus e deixou as duas moças dormirem sozinhas.
No outro dia, ele bateu no quarto e foram embora sem conversar
nada um com o outro. Elas ficaram muito envergonhadas e com
raiva do irmão. Quando ele chegou na cidade, ele pediu as contas e
saiu do emprego. Mas o mais importante é que ele venceu a
tentação.
Maria era funcionária de uma empresa que por coincidência do
destino ou laço do diabo, João também era funcionário. Maria era
uma mulher sensual. As mulheres dos homens casados daquela
empresa viviam pegando no pé de seus maridos e dizendo que eles
deveriam manter toda distância que pudessem de Maria. Mas João
sempre conversava com ela. E às vezes eles passavam o dia
trabalhando juntos. João era um servo de Deus e conhecia os perigos
que envolviam estar perto daquela mulher. No fundo, ele sabia que
mais cedo ou mais tarde teria que enfrentar algum tipo de tentação.
Os irmãos da igreja que ficaram sabendo da amizade de João com
Maria na empresa, diziam que ele deveria tomar muito cuidado. Mas
ele era teimoso. Ele não queria fugir do pecado e sim vencer o
pecado. Aquilo não iria dar certo. Mas mesmo assim ele continuou
andando ao lado daquela mulher. Ele queria ver até onde iria aquela
amizade. O tempo passou e a firma iria entrar de recesso. Mas João
fora convocado para trabalhar. Para sua surpresa, quando ele chegou
no escritório, Maria estava por lá. Ela chegou à sala e foi logo se
acomodando. Então, João foi ao banheiro. Quando voltou, ela
estava com roupas íntimas.
- Estamos apenas eu e você neste escritório. Chegou a hora de você
receber sua recompensa pelo bom trabalho que você vem
desempenhando aqui – disse ela com ironia.
Pronto. Havia chegado o dia da tentação. João percebeu que a tal
recompensa, seria algo que o tiraria da presença de Deus.
- Desculpe, mas eu não preciso de recompensa – disse ele resistindo
a tentação e a proposta da mulher.
- Você tem certeza do que está me dizendo? – falou ela.
- A mais absoluta certeza – o poder da tentação aumentava cada vez
mais. Agora ele teria que começar a suportar a dor da renúncia.
- Mas isto não pode ficar assim – disse ela que começou a desfilar
com seu pijaminha rosa pelo escritório.
- É claro que pode – João estava tentando encontrar alguma maneira
de escapar daquilo tudo sem cometer nenhum pecado contra Deus.
Quando João entrou na empresa sabia que teria dificuldades para
trabalhar naquele lugar. Mas fazer o quê? Ele precisava muito
daquele emprego. Então ele arriscou. E o risco agora estava lhe
custando caro. Foi então que ele suspeitou que não seria fácil se
livrar daquela mulher naquele dia.
Foi dito e feito. Aquela mulher iria dar um trabalho muito grande
para o irmão. Não um trabalho humano, mas sim um trabalho
espiritual. Não seria nada fácil vencer aquela tentação.
Ele se lembrou do dia em que aceitou Jesus como salvador. A
princípio, estar ali com aquela mulher parecia um ledo engano. Mas
era real. Ela entrou no corredor perto da mesa de João olhando
sensualmente para ele.
- Eu não sei se você ouviu o patrão falar, mas hoje não é dia de
trabalho – disse ele resistindo e suportando para não olhar para ela
com olhos impuros.
- Então o que você está fazendo aqui? – disse ela atrevidamente.
- Eu estou fazendo hora – retrucou ele, aquilo estava ficando chato.
- Pois eu também vim fazer hora extra.
- E quem te deu permissão para isto? Você falou com o chefe?
- O chefe não liga para nada do que eu faço. Eu tenho privilégios
que mulher nenhuma tem aqui – falou ela.
A mulher que estava só de pijama se aproximava de João cada vez
mais. Então ela se virou de costas. Quando o pobre coitado do
irmão viu aquilo. Ele congelou. Seus sentidos ficaram em alerta. Ela
foi se aproximando dele.
- Olha o que eu tenho para você – dizia ela apontando as nádegas na
direção dele.
- Eu gostaria que você fosse embora – falou ele sem ar. Ele estava
sôfrego na tentativa de resistir e suportar aquela tentação.
- Eu só vou embora depois que você me dizer que está vendo bem o
que eu tenho para você. Ela se aproximou mais ainda – ela acreditou
que ele iria ceder. Ela sabia que ninguém resistiria aos seus encantos.
- Eu estou vendo sim, mas eu quero que você vá embora – uma
tímida tentativa de combate.
- Olha direito e pede para eu ficar – ela foi se aproximando, se
aproximando até que conseguiu chegar bem perto do irmão - Olha
bem de perto – disse ela finalmente.
Ela não sabia que ele era servo de Deus. Ele poderia muito bem não
falar nada e aproveitar o prazer pecaminoso. Mas não foi isto que ele
fez. Ele resistiu e suportou a tentação, e por fim, também
combateu. Ele fez uma oração e olhou para ela em seguida.
- Eu tenho uma coisa para te contar - disse ele resistindo e
suportando para não olhar para mulher com olhos impuros.
- Pois diga logo.
- Eu sou salvo – agora ele iria combater a tentação falando de Deus.
- Salvo de quê?
- Salvo do pecado. Salvo do inferno.
- Você está querendo me dizer o quê com isto?
- Que eu aceitei Jesus como salvador de minha alma e hoje vivo em
santidade.
Ela parecia não acreditar no que ele estava dizendo. Trocar uma
oportunidade daquelas por uma crença religiosas era demais para
Maria. Mas algo perfeitamente lógico para quem queria morar no céu
um dia.
- Você está falando isto de brincadeira, não é mesmo? – disse ela.
- Não dona. Eu estou dizendo a verdade.
- Você me chamou de quê? De dona?
- Do que eu deveria lhe chamar.
Ele percebeu que ela estava a ponto de falar algumas palavras
indecentes e resolveu interrompê-la.
- Eu acredito que Deus tem uma grande obra para realizar na sua
vida.
- Por que você está me dizendo estas coisas. Isto não é lugar para se
falar de Deus.
- Podemos falar de Deus em todo lugar.
Então ele foi se levantando da cadeira. Ele passou perto dela com
muito respeito, sempre procurando não ter nenhum contato físico,
pois isto seria mortal. Foi então que ele com muita calma, começou a
pregar ainda mais a palavra de Deus para aquela mulher.
- Deus destruiu Sodoma e Gomorra por causa dos pecados sexuais
daquela cidade. Jesus tem poder para te libertar. Jesus quer te fazer
feliz.
- Feliz? Você é feliz? – ela começou a ficar com vergonha de estar
vestida daquela maneira e procurou se vestir novamente.
- Eu sou feliz sim, porque Jesus me deu a verdadeira felicidade. Não
a felicidade que o mundo tem. Esta felicidade de ir para as festas e se
divertir. Mas uma felicidade que vem da alma. Uma paz interior.
Uma certeza de que estamos no caminho certo e de que sabemos de
onde viemos e para onde vamos.
- Eu nunca vi um homem como você. Em vez de se aproveitar de
mim, você me respeitou. Eu vou ser sincera com você. Eu estava
querendo um aumento de salário, e como não sabia exatamente
como conseguir, resolvi apelar para este plano que para mim era
infalível. No começo, eu não sabia que você estava por aqui, preparei
tudo isto para o patrão. Mas quando vi que era você que estava no
lugar dele, não quis perder a caminhada – disse ela quase chorando.
- Quando eu aceitei Jesus como meu salvador. Eu recebi a certeza da
minha salvação. Você também pode ter esta certeza se quiser – falou
João.
- Então quer dizer que você tem certeza da sua salvação?
- Tenho sim – disse ele com convicção.
- Uma vez um homem me disse que ninguém pode ter esta certeza.
Ele me falou que somente Deus sabe se uma pessoa é salva ou não –
falou ela confusa.
- Este homem está mentindo – disse João que aproveitou aquele
momento de emoção para fazer o apelo para ela – Você quer aceitar
Jesus como teu salvador?
- O quê? Aceitar Jesus? Mas eu sou uma pecadora. Jesus não vai me
aceitar.
- Se você realmente se arrepender de seus pecados e entregar sua
vida para Deus, Jesus vai te aceitar sim.
- O que eu preciso fazer para ser uma filha de Deus?
- Você precisa abandonar o pecado. As coisas erradas e que você
sabe que desagradam a Deus.
- Mas você acha que eu vou conseguir?
- Se você realmente quiser ser salva, vai sim.
- Pois eu quero aceitar Jesus como salvador. Se Jesus tem poder para
fazer um homem me rejeitar como você me rejeitou, então Ele vai
me ajudar a vencer qualquer tipo de pecado.
- Eu estou achando você meio convencida – brincou João com ela.
- Me desculpe. É que eu sou muito assediada.
- Eu entendo. Ajoelha aí que eu vou orar por você.
A mulher se ajoelhou e quando ele começou a orar por ela, o
demônio se manifestou.
- EU TE EXPULSO EM NOME DE JESUS! – disse João e logo o
demônio foi embora.
- O que aconteceu? – perguntou ela sentindo uma forte dor de
cabeça.
- O diabo não queria que você se convertesse, mas já está tudo bem.
Aquela mulher realmente mudou de vida. Passou a frequentar uma
igreja e logo se batizou. Os dias foram se passando. No final do mês,
a mulher resolveu pedir contas. Ela estava incomodada com os
antigos amantes que ela tinha naquele lugar e aquilo estava sendo
uma tentação para ela. Foi então que João lhe aconselhou a fugir de
tudo aquilo. Ele mostrou que realmente estava preparado para
vencer a tentação. E por causa disto, acabou ganhando uma alma
para Jesus. Se ele tivesse caído em tentação, além de perder sua
preciosa comunhão com Deus, ele não teria ganhado aquela alma
para Jesus. Ah! Ele também ensinou o segredo para se vencer a
tentação para ela e assim aquela mulher também vencia as tentações.
Principalmente a tentação de se comportar como uma tentadora.
Ricardo contou para um amigo da igreja tudo o que havia passado
com Gabriela.
- Você realmente ama muito a Deus, fico imaginando qual seria a
minha reação se tudo isto tivesse acontecido comigo – disse o amigo
de Ricardo.
- Foi graças ao Espírito Santo que me deu forças para resistir,
suportar e combater a tentação – falou Ricardo para o amigo – Sem
a ajuda de Deus não temos condições de vencer o pecado.
- Eu também quero ter o Espírito Santo assim como você. Tem
como você fazer uma oração por mim? – falou o amigo de Ricardo.
- Tem sim. Dobre seu joelho aí que eu vou orar – eles estavam na
sala onde Ricardo morava. Então ele começou a oração – Senhor
Jesus, o Senhor disse que não nos deixaria órfãos, mas que enviaria
do Espírito Santo para agente.
Naquele mesmo instante, Ricardo viu seu amigo falar em línguas
estranhas. Ele ficou por ali em transe e falando em mistérios com
Deus por um bom tempo. Ricardo também aproveitou o embalo
para orar e buscar a Deus e a presença do Espírito Santo em sua
vida. Passados alguns minutos o amigo de Ricardo se despediu e foi
embora. Alguns dias depois, este amigo de Ricardo que se chamava
Sandro resolveu ir até a praia para vender suco de limão. Depois que
se converteu Sandro perdeu o emprego na empresa onde trabalhava
e começou a passar por duras provas. Ficou doente e não tinha
dinheiro para comprar remédio. Então teve que se virar de alguma
maneira. E o jeito que ele encontrou foi vender suco de limão na
praia. Até que em determinados dias ele ganhava uma boa grana.
Enquanto Sandro vendia seu suco apareceram duas mulheres que o
conheciam da firma onde ele trabalhou.
- Sandro? É você Sandro? Eu posso saber o que você está fazendo
aqui na praia vendendo suquinho? – disse uma mulher loira – Que
cena mais estapafúrdia.
- Eu não estou acreditando no que estou vendo! – falou a outra
mulher que era morena e que estava junto com a loira – É você
mesmo Sandro?
- Sou eu sim. Vocês não sabiam que eu perdi meu emprego?
- Eu não!
- Eu também não!
- Pois é. Agora eu tenho que me virar de algum jeito.
- Então hoje é seu dia de sorte – disse a loira olhando com um olhar
malicioso para a morena – Hoje não é o dia de sorte do Sandro,
Camila?
- Que? Sorte? – então Camila percebeu as más intenções no coração
de sua colega – Ah! É mesmo. Isto que é sorte.
- Eu não entendi – falou Sandro.
Então as duas se viraram. Fizeram questão que Sandro visse o fio
dental delas.
- Agente sempre foi afim de você. Mas tínhamos receio. Mas agora
acho que você não vai desperdiçar esta chance – disse a loira.
- Que chance? – Sandro não conseguia acreditar que elas realmente
estavam se oferecendo para ele.
- A chance de nos pegar – disse Camila.
- Isto mesmo. Um pé rapado igual você com duas mulheres como
nós. Tenho certeza que você está louco para experimentar – falou a
loira.
As duas de costas para Sandro, olhando por cima do ombro,
sorrindo voluptuosamente. Adorando aquela cena. Elas estavam se
achando hiper-mega-ultra-provocantes.
- E então Sandro? Vamos dar uma volta? Com qual das duas você
quer ficar? Ou melhor. Você vai querer ficar com as duas, é claro.
Eu o divido com você, Camila. Não tenho ciúmes do Sandro – disse
a loira que estava afim de uma curtição.
- Aí é que vocês se enganam. Eu fiquei pobre, não fiquei doido –
disse Sandro olhando para elas daquele jeito e resistindo a tentação
em pensamentos.
- Oi? Traduz? Boiei – disse Camila.
- Também não entendi bulhufas – falou a loira.
- Acontece que agora eu sou um servo de Deus. Eu tenho o Espírito
Santo dentro de mim e não vai ser duas peguétes como vocês que
vão me desviar dos caminhos do Senhor. Aposto que foi o diabo
que colocou vocês aqui hoje para me fazer desviar dos caminhos de
Deus.
A loira ficou atônica. Camila, a morena ficou de boca aberta. As duas
ficaram olhando para Sandro completamente sem palavras. Até que
finalmente a loira disse:
- Ele enlouqueceu! Só pode. Deve ser por isto que perdeu o
emprego. Ficou gagá.
- Eu não estou louco coisa nenhuma.
Sandro olhava para aquelas duas mulheres na sua frente e não
acreditava no que estava acontecendo. Ele não sabia de onde havia
tirado tanta força para poder vencer o pecado. Até ele mesmo
estranhou tanta disposição para rejeitar uma oportunidade daquelas.
As duas ainda tentaram contornar a situação.
- Ah! Já sei, é pegadinha do Faustão. Ele só está querendo tirar uma
com a nossa cara, Camila. Faz assim Sandro, qual das duas você quer
beijar primeiro? Depois a gente poderia ir para sua casa Camila, o
que você acha? – a loira ainda não havia acreditado que Sandro
estava falando sério.
Sandro estava começando a ficar confuso com aquela situação.
Aquelas mulheres ali paradas em sua frente estavam se tornando
uma tentação cada vez mais forte. E agora ele estava sofrendo
bastante para ter que suportar a tentação que insistia para que ele
cedesse para o pecado e aproveitasse a oportunidade de ficar com
aquelas mulheres.
- Eu acho melhor eu ir embora – disse Sandro em confusão mental.
Suas vistas começaram a escurecer. Ele estava fazendo muita força
para conseguir suportar aquela tentação – Repreende estas
mulheres, Deus – orou ele baixinho para combater a tentação.
Foi quando aquelas mulheres olharam para ele com cara de
desprezo.
- Eu acho que ele está falando a verdade, Camila – disse a loira.
- Vamos embora daqui – falou Camila.
- ISTO, VÃO EMBORA – gritou Sandro ainda sem forças. Ele se
abaixou e começou a ofegar – Anda, vão embora daqui suas
tentadoras, DEPRESSA – não era fácil resistir, suportar e combater.
As duas olharam para Sandro, aterrorizadas e começaram a sair de
perto dele. Elas se afastaram ainda sem acreditar naquilo. De longe,
elas não tiravam os olhos de Sandro. Parecia que estavam vendo um
monstro, um bicho, a julgar pela cara de nojo, alguma coisa muito
ruim.
Enquanto isto Sandro estava lá, meio que sentado na areia, tentando
recuperar suas forças.
- Obrigado Espírito Santo. Obrigado por me dar forças para vencer
esta tentação. Eu te agradeço por ter me ensinado este segredo.
Até que aquelas duas mulheres se afastaram completamente e
sumiram.
Sandro procurou rapidamente seu amigo Ricardo para lhe contar o
que havia acontecido.
- Mal posso acreditar no que você está me dizendo – falou Ricardo
perplexo com a história de seu amigo.
- Aconteceu comigo também e foi graças ao segredo que você me
ensinou que eu consegui vencer – dizia Sandro - Houve um
momento, quando elas se viraram e mostraram o fio dental, que eu
achei que não iria conseguir vencer aquilo. Achei que iria me
entregar ao pecado. Eu quase cheguei a adulterar no meu coração
naquele momento. Mas eu me lembrei do que você disse a respeito
de resistir, suportar e combater. Então de repente me veio uma força
eu não sei de onde e eu consegui fazer tudo isto.
- Você as conhecia? – perguntara Ricardo.
- Eu não estou muito lembrado não. Mas elas disseram que me
conheciam da empresa de onde eu trabalhava.
- Você era um homem muito importante, né Sandro? Deus está te
provando amigo. Fica firme que grande será o teu galardão no céu.
Os dois se despediram e Sandro foi embora feliz da vida por ter
vencido aquela tentação. A dor se transformou em gozo e Sandro se
sentiu um verdadeiro super-herói. E tudo isto, graças ao grande
segredo ensinado neste livro, amém.
LU
Diz que era uma vez. Uma grande tentadora e um servo de Deus.
- Pela estrada afora eu vou bem sozinha, levar estes doces para a
vovozinha, o caminho é longo e também é deserto...Bem que
poderia ter um lobo mal aqui para me atacar – disse chapelzinho
vermelho para si mesma enquanto cantava sua música predileta. O
apelido de chapelzinho vermelho era por causa dos cabelos coloridos
dela. Chapelzinho vermelho morava afastada do centro da cidade em
um quarteirão isolado dos demais. O passatempo predileto dela era
tomar sol no quintal de casa e isto seria o pivô da tentação para mais
um servo de Deus que teria que mostrar que estava devidamente
preparado.
Capinando um lote coitado. Se Lu soubesse para onde aquele serviço
lhe levaria, ele jamais teria feito aquilo. Luiz era seu nome, mas todo
mundo o chamava de Lu. Ele estava de férias no trabalho e como
não gostava de uma vida sedentária resolveu pegar um lote para
capinar no bairro onde morava, apenas para poder fazer algum
exercício físico. Legal isto. Se preocupar com a saúde é uma atitude
louvável por parte de qualquer um. E enquanto Lu capinava aquele
lote ele ouviu uma voz melíflua e delicada:
- Pela estrada afora eu vou bem sozinha, levar estes doces para
vozozinha...
Enquanto a música continuava Lu resolveu olhar para ver de onde
vinha aquela cantiga. Então pode ver uma moça de cabelos
vermelhos caminhando pela rua naquela direção. A moça foi se
aproximando e não pode deixar de reparar em Lu e no que ele estava
fazendo. Como ela era muito sociável, parou e disse para Lu:
- Você conhece a chapelzinho vermelho? Sou eu – e então ela deu
uma risadinha – Hihihihihihihi.
Lu sentiu a tentação como nunca havia sentido em toda sua vida
somente de olhar para aquela moça.
Do outro lado do muro, no quintal da casa da grande tentadora
havia um laptop ligado no chão. Fora deixado ali pela dona. O
aparelho emitiu um bip. Isto sempre acontecia quando chegava um
novo email. Não havia ninguém no quintal para ver aquele email,
mas o título dizia: Vencendo a Tentação.
- Que calor – disse Chapel – Você aceita um copo com água?
- Sim – disse Lu.
- Vamo ali – disse Chapel – Eu moro aqui nesta casa – então ela
apontou para o muro alto no lote ao lado.
Lu se aproximou e acompanhou Chapel até sua casa. Era apenas
para tomar um copo com água.
- Deus. Salva a alma dessa moça – fazendo aquela oração Lu
encontrou um pouco de alívio, pois somente o fato de olhar para
Chapel fazia com que a tentação incomodasse muito.
Ela abriu o portão e então o convidou:
- Entra. Eu vou pegar sua água.
Sem imaginar que estava caindo em um laço Lu entrou e continuou
orando para que Deus salvasse a alma daquela grande tentadora. Ela
então pegou a água para ele e depois que ele tomou ela disse:
- Nóssa. Mas que boca grande é essas sua – ela achou que Lu
entraria no jogo, mas ele não entendeu a deixa – Ai seu bobo. Era
para você falar que era para me comer – a malícia era evidente no
trocadilho.
Lu olhou para as mãos e percebeu que estava tremendo. Ele não
estava acostumado a lhe dar com os efeitos colaterais da tentação.
Nunca havia enfrentado uma tentação desta natureza em toda sua
vida. Leva-se em consideração aqui o fato de que Lu fora criado por
pais cristãos e que se arrependeu de seus pecados e aceitou Jesus
como salvador muito cedo, com apenas oito anos de idade.
- Vem ver o resto da casa – disse Chapel.
Sentindo a tentação aumentar cada vez mais Lu foi ver o resto da
casa e quando eles chegaram nos fundos Chapel falou:
- Você estava capinando ali – ela sinalizou o vetor apontando para o
muro alto – E é aqui que eu me bronzeio – no chão havia uma
toalha rosa com bolinhas vermelhas.
Lu reparou que havia um notebook no chão.
- Está ligado? – perguntou ele reparando que o laptop emitia um
alerta no visor.
- É – disse ela – Eu sempre deixo ele ligado. Eu deixo ele aí porque
as vezes ligo a cam para a garotada me ver – disse ela lasciva, mas Lu
não entendeu o contexto.
- Pode mexer um pouco? – perguntou ele.
- No meu laptop? Pode uai. Mas cuidado.
Lu gostava muito deste negócio de computador e se sentou do lado
do pano rosa com bolinhas brancas colocando o notebook no colo.
Então uma coisa lhe chamou a atenção. Era o título de um email que
havia chegado. Ele clicou no email achando que não teria problema
se lesse.
―O segredo para vencer a tentação é resistir, suportar e combater,
cujo acrônimo é RSC. Grave isto, poderá salvar tua vida‖
As mãos de Lu tremeram tanto quando ele leu aquela mensagem que
ele teve que colocar o notebook de volta no chão por medo de
acabar deixando cair.
- Enquanto você olha aí eu vou me bronzear um pouco – disse
Chapel que começou a se despir. Não demorou muito tempo para
que Lu visse Chapel apenas de langerie. Os seios dela ficaram em
total proeminencia. Chapel tinha uma pele tão perfeita que parecia
ter sido criada pelo photoshop.
- Pega esta fita metrica, amor – ela apontou para o chão onde havia
um trena de alfaiate - Me ajuda a medir meu bumbum, a última vez
que eu medi deu um metro e sessenta. Acho que tenho a maior
bunda do mundo. Então ela se deixou na frente de Lu para bronzear
e exibiu o maior atributo do mundo para Lu.
A tentação veio com tanta força que Lu achou que havia caído em
pecado. Foi só quando olhou mais uma vez para o título daquele
email que percebeu que nem tudo estava perdido. Quando ele leu as
palavras vencendo a tentação, pensou um pouco e entendeu que ser
tentado não é pecado. Só é pecado quando a pessoa cede para a
tentação. E tendo o maior glúteo do mundo na sua frente Lu achou
que seria apenas uma questão de tempo para que ele pudesse ceder.
Até então ele acreditava que estas coisas não acontecia com um
cristão e se sentia completamente despreparado para enfrentar o pior
dos ataques.
Com a mente rodopiando a milhões e triste por achar que seria
vencido pelo inimigo Lu olhou para o laptop e resolveu ler
novamente aquele email.
―O segredo para vencer a tentação é resistir, suportar e combater,
cujo acrônimo é RSC. Grave isto, poderá salvar tua vida‖
Ele então resolveu ver se conseguia fazer aquilo. Olhou para o
monitor e leu em voz alta a palavra como se estivesse lendo uma
receita de bolo.
- Resistir.
- Você pode passar o filtro solar em mim? – disse Chapel pegando
no vidro que estava ali – Nóssa. Já ta acabando. Eu gasto um vidro
de filtro por semana nessa minha bunda.
Lu achou que fosse cair em tentação quando ouviu aquilo e
novamente olhou para o monitor do laptop se esforçando para ler o
resto.
- Suportar – disse ele como se estivesse lendo a segunda parte da
receita.
- Ui. Posou um pernilongo no meu bumbum – disse Chapel – Que
safado. Mata ele aí pra mim.
Novamente Lu achou que aquele seria o dia de sua queda. E
desesperado olhou para o notebook como um cego tentando
enxergar no escuro.
- Combater – leu ele a última parte.
Como um cozinheiro aplicado ele estava executando aquela receita
em sua vida a medida que enfrentava a tentação com Chapel.
- O que foi, hein? – disse Chapel com raiva – Pow. Você não faz
nada que eu peço. Não usou a fita, não passou o creme – então ela
deu um tapa no glúteo e Lu ouviu o barulho mais tentador que ele
iria ouvir em toda sua vida – Morre pernilongo maldito.
Foi quando Lu olhou para Chapel incrédulo.
- Funciona! – disse ele com cara de espanto – Funciona!
- Funciona o quê?! – prguntou ela com raiva.
- Isto aqui que está escrito aqui – ele apontou para o laptop. Lu não
conseguia acreditar que havia de fato vencido aquela tentação. O
temor e o terror causado pela tentação começou a dar lugar para
uma alegria indescritível.
- Me dá esta desgraça aí – disse Chapel furiosa pegando o laptop
para ver que raios de coisa parecia ser mais importante do que ela.
Depois de ler o que estava escrito ela olhou para Lu com a mesma
expressão de incredulidade que ele havia feito antes.
- Você tá fazendo isto? – ela releu mais uma vez.
- Sim – disse Lu – E funcionou.
- Isto é coisa de crente – disse ela interessada no email – Você tem
certeza que funciona? – ela olhou para ele com um pouco de
cepticismo.
Ele encolheu o ombro e disse:
- Bom, eu segui e não caí aqui agora com você.
- VOCÊ O QUÊ? – Chapel pareceu ficar desesperada ao ouvir
aquilo.
- O pecado – disse Lu – Eu não sucumbi.
- VOCÊ É CRENTE? – a expressão de Chapel era de um ateu
dando de cara com Deus.
- Sim – disse Lu seriamente.
Ela se enrroscou toda no pano rosa, era como se Lu fosse uma
cobra peçonheta que estivesse prestes a picá-la. Ela tentou se afastar
mas o pânico era tanto que ela mal conseguia se mover.
- Eu tenho medo de crente – disse ela – Não faz aquilo comigo não.
Por favor – ela implorava.
- Fazer o quê? – Lu ficou confuso.
- Reza de crente – disse ela que tentava se tapar mas o atributo era
tão grande que o pano parecia ser pequeno – Uma vez um crente
orou em mim e eu caí no chão. Me machuquei toda. Foi horrível.
- Tá bom – disse Lu achando graça – Eu não rezo.
- Jura – falou Chapel se acalmando.
- Eu juro – disse ele tomando fôlego para se levantar.
- Aiiiiii – ela gritou quando ele se levantou protegendo o rosto –
Não!
- O que foi? – ele se assustou com a cena.
- Tô com medo. Não reza em mim não. Por favor.
- Eu não vou rezar – disse Lu.
- Aiiii – ela tremia – Então vai embora, por favor.
- Tá – disse ele com pena dela e então saiu daquele lugar se sentindo
o homem mais feliz do mundo porque o segredo que ele havia lido
no email havia funcionado. Mas antes de sair do quintal ele sem
querer acabou dizendo a frase:
- O sangue de Jesus tem poder.
O mundo de Chapel se apagou naquele instante.
7 ANOS DEPOIS.
Chapel morava no mesmo local. A casa havia passado por algumas
reformas e ela estava saindo para comprar pão. Ela trancou o portão
e quando se virou trombou com um homem que carregava uma
sacola. O conteúdo da sacola desabou no chão com o choque entre
eles.
- Ui. Desculpe – disse a loira.
- Não foi nada – disse Lu que se abaixou para pegar as coisas – Você
mora nesta casa? – Lu se lembrou do que havia acontecido naquela
casa sete anos antes.
- Sempre morei aqui – respondeu a loira.
Lu olhou para ela tentando reconhecê-la pela fisionomia. Tudo o que
conseguiu foi ver que estava diante da mulher mais bela do mundo.
Mas aquela era ruiva, esta era loira.
- Como você se chama? – perguntou Lu.
A loira deu um sorriso e brincou:
- Chapelzinho vermelho – então ela sorriu amistosamente – Estou
brincando. Me chamo Sandra. Mas todo mundo aqui me chama de
Chapelzinho.
A ouvir aquilo Lu ficou catatônico em uma condição psicomotora
caracterizada pela perda total da iniciativa motora, postura fixa e
estática (fica como um boneco de cera), juntamente com mutismo
(não fala) e afastamento da realidade.
- Oi. Terra – disse a loira abanando a mão na frente de Lu.
- Você não me reconhece? – disse ele.
Ela bem que se esforçou, mas por fim meneou a cabeça
negativamente. Então ele falou:
- Quando eu te conheci, eu estava capinando este lote aqui do lado.
Você me convidou para tomar um copo com água na sua casa.
- Me amarrota que eu to passada – disse a loira colocando a mão na
boca em sinal de espanto – Você ficou bem?
Lu se lembrou que as marcas de arranhão demoraram um bom
tempo para sumir.
- Sim – disse ele.
- Não era eu. Me perdoe – disse a loira.
- Seu cabelo....
- É. Eu pintei. Cansei de esperar pelo lobo mau – ela então colocou
a mão na boca – Desculpe. Não queria dizer...Quer entrar um
pouco?
- Um pouco – disse Lu se lembrando do dia em que aprendeu o
segredo para se vencer a tentação. Ele nunca mais havia enfrentado
uma tentação tão grande como a daquele dia de forma que foi muito
fácil para ele vencer tentações com níveis sempre menores durante
todos anos que se seguiram.
- Só se você não rezar em mim – brincou chapel. Então ela riu.
- Sério? – perguntou Lu preocupado.
- Estou brincando. Nunca mais aconteceu. Já fui em várias igrejas
evangélicas depois daquele dia.
- Você o quê? – Lu engasgou.
- Ah! Eu gosto – disse a loira.
- Você é crente? – perguntou ele esperançoso.
- Acho que não, pois ainda tenho meus pecadinhos. Oh, me
desculpa, eu não queria...Veja, como está mudada a minha casa.
Gostou?
- É linda a decoração – disse Lu.
Ela mostrou o resto da casa para ele e novamente chegaram naquele
quintal.
- Lembra? – ela mostrou o quintal que era o mesmo – Você
trabalhava ali – ela apontou para o muro como da primeira vez –
Que estranho – disse ela.
- O quê? – perguntou Lu.
- Você. Fazia muito tempo que eu não sentia isto – disse ela.
- Sentia o quê? – ele não entendeu.
- Naquela época, sabe. Eu era muito safada. Aí depois daquele dia eu
mudei. Mas estou começando a sentir coisas que não sinto desde
aquela época.
- Coisas? – Lu pressentiu o perigo.
- Safadesa. É como se eu voltasse a ser aquela chapelzinho de antes.
- Você só pode estar brincando – disse Lu que também começou a
se sentir como no tempo que conheceu chapel, quando não estava
preparado para vencer a tentação. Aquela sensação de ser derrotado
pela tentação, de não estar preparado incomodou muito. Ele se
lembrou do tempo que ele não conhecia o segredo.
- Eu vou fazer uma coisa que eu não faço tem muito tempo. Você
promete que não fica triste comigo? – disse Chapel.
- Do que você está falando? – Lu começou a ficar com medo
daquela conversa.
- Ai. Nóssa. Eu não estou me aguentando de vontade. Não fica triste
comigo não, eu preciso fazer isto – disse a loira que puxou os botões
da camisa com força. Todos os botões estouraram de uma vez e a
camisa que ela estava vestida caiu no chão. Então ela exibiu os seios
voluptuosamente. A sensação para ela era de um fumante que
voltava a fumar depois de muito tempo sem o cigarro.
Lu viu na sua frente a mulher mais bonita do universo e a tentação
veio tão forte como no dia em que ele havia conhecido chapel. Ele
olhou para o chão onde estivera o notebook a tando tempo atrás. O
notebook não estava lá.
- Cadê o laptop? – perguntou ele ao mesmo tempo que se lembrava
do que havia lido naquele email. Então como da primeira vez ele
repetiu a palavra – Resistir.
- Não existe mais – disse a loira com a voz sensual – Ai. Me deu
vontade de me bronzear aqui como antigamente. Acho que vou
vestir um maiô.
A loira então entrou para dentro da casa e Lu completamente
tomado pelo poder da tentação se deixou cair sentado no exato local
onde estivera com o notebook no colo a muitos anos atrás. Ele se
sentia sem forças para vencer a tentação, parecia que apenas o fato
de resistir não era suficiente para que ele pudesse vencer o
sensualismo de chapel. Foi quando ele se lembrou da vez que olhou
novamente para o notebook após ter resistido lendo que o próximo
passo era suportar. Sentado ali em estado depressivo e olhando para
o chão desanimado ele se lembrou de quantas vezes tivera que
suportar a tentação nestes sete anos. Então como um pensamento
flashback ele se lembrou de quando naquele dia ainda leu a palavra
combater. Também se lembrou de como saiu daquele lugar ileso e
feliz por ter vencido aquela tentação. Quando começou a se lembrar
do que havia acontecido por último com chapel lhe arranhando, a
loira apareceu.
- Onde foi mesmo que eu guardei aquele paninho rosa com bolinha?
– disse ela – Eu já nem me lembrava mais que ele existia. Já sei, está
aqui em cima – ela então subiu em uma escada deixando em
evidência o atributo que quase derrubou Lu um dia.
- Não é gigante como antes – disse a loira – Mas ainda é grande.
Acho que deve ter um metro e trinta.
Lu sentiu saudades do notebook. Ele queria poder ter aquele laptop
ali em seu colo para poder ler aquele email novamente. Foi então
que ele se deu conta de que não precisava mais do laptop, pois ele
nunca havia se esquecido o que lera naquele dia.
- Suportar – disse ele para si mesmo como no dia em que leu esta
palavra pela primeira vez.
- Eu não estou achando aquele pano – disse ela – Sem ele não tem
graça.
- Combater – disse Lu tomado por aquela nostalgia e reminiscência.
Então ele teve uma idéia e falou para chapel – Se você se bronzear
como antes, eu vou fazer a reza dos crentes em você.
Ela quase caiu da escada. Parou rapidamente o que estava fazendo e
olhou para ele colocando as duas mãos para frente desesperada.
- Por favor. Não me faça lembrar disto. Eu vou lá dentro colocar
uma roupa agora mesmo.
Assim que a loira entrou correndo Lu disse para si mesmo:
- Funciona. Realmente funciona.
Animado com aquilo ele resolveu se levantar do chão. As pernas já
estavam dormentes. Lu se levantou e caminhou na direção da porta.
Ele queria sair o mais rápido daquele quintal. Aquele lugar lhe trazia
más lembranças.
Quando Lu entrou na casa quase trombou com chapel novamente.
- Ui – disse ela se esquivando – Eu já coloquei uma roupa. Está
vendo? – disse ela.
- Sorte sua – falou ele.
Chapel não gostou ouvir ele falando aquilo. Quem ele estava
pensando que é para ameaçar chapel dentro da casa dela? Ela
encarou Lu por alguns segundos e depois de pensar um pouco
disse:
- Você acha que eu tenho medo de você, crente?
- Olha que eu faço a reza, hein – disse ele brincando, mas a piada
não teve um pingo de graça e ele ficou todo sem jeito quando olhou
para chapel e viu que ela estava super séria.
- Pra início de conversa, não é reza. É oração. E em segundo lugar,
eu não tenho mais medo disto. Já estou acostumada a ir em muitas
igrejas evangélicas e os pastores vivem fazendo orações por mim no
final do culto.
Lu engoliu seco. Não estava gostando nada do rumo que aquela
conversa estava tomando.
- Quer saber? – começou novamente chapel – Foi até bom você ter
vindo aqui hoje, porque eu me lembrei do quanto era bom ser a
chapelzinho. Então ela começou a cantar – Pela estrada fora eu vou
bem sozinha, levar estes doces para vovozinha. O caminho é longo e
também é deserto, e o lobo mal passeia aqui por perto.
Ver chapel cantando aquela música pareceu ser a coisa mais
tenebrosa para Lu. Então ela continuou:
- Para que são estes olhos tão grandes que você tem? – ela olhou
com malícia para Lu e completou – Para ver meu bumbum melhor.
Lu também começou a se sentir como no dia em que conheceu
chapel, mas ao contrário dela, ele não tinha saudades daquele tempo.
Era um tempo que ele não conhecia o segredo para se vencer a
tentação e não estava preparado para enfrentar a pior tentação do
mundo.
- Seu lobo...- ela olhou para Lu – Você é o lobo. Fala aguma coisa.
Ele meneou a cabeça negativamente demonstrando toda aflição que
começou a sentir.
- Seu lobo, para que essa mãozonha tão grande? – chapel então deu
uma gargalhada sinistra – Ai como é bom voltar a ser a chapel – e
repetiu a frase – Seu lobo, e essa mãozona tão grande – ela então se
virou, abaixou a calça, exibiu o fio dental , e então completou a frase
– Para pegar no seu bumbunzão melhor – e na frente de Lu ela
pegou no gigante glúteo com força – Pega aqui seu lobo. Deve ter
um metro e meio – ela finalizou para Lu dando a demonstração de
como ela queria que fosse feito.
Foi quando Lu se lembrou do email.
―O segredo para vencer a tentação é resistir, suportar e combater,
cujo acrônimo é RSC. Grave isto, poderá salvar tua vida‖
- Você disse que não tem medo de minha reza, chapel? – perguntou
ele.
- Isso mesmo – falou ela – Pode rezar aí se quiser porque eu
addoorrrooo ser a chapel.
- Eu acho que tem uma outra coisa que talvez você possa ter medo,
chapel – disse Lu olhando para ela em tom de desafio.
- Se engana, meu bem. Eu sou acostumada com igrejas evangélicas.
Não tenho medo de vocês mais – então como se tivesse xingando
ele de um palavrão ela falou – CRENTE.
- Escuta esta palavra então, chapel – Lu se preparou para falar.
Chapel rio da cara dele e disse:
- Fale o que quiser, crente.
- RSC – disse ele.
Então da mesma maneira que há sete anos atrás, o mundo de chapel
apagou.
3 ANOS DEPOIS.
Chapel estava saindo de casa. Depois de trancar o portão ela se virou
e sentiu um arrepio. Se lembrou do dia em que trombou com Lu
naquele mesmo local. Então ela olhou do outro lado da rua. Um
homem estava parado observando-a. Ela teve a impressão de
conhecer aquele homem de algum lugar. A sensação foi tão forte que
ela atravessou a rua e perguntou:
- Eu te conheço? Você não me é estranho.
- Chapelzinho Vermelho? – perguntou o homem.
Então ela reconheceu Lu. Começou a dar alguns passos para trás
com o semblante completamente aterrorizado.
- Não – disse ela – Não pode ser. Você não. Socorro – então chapel
começou a correr de Lu – Socorro – gritava ela e corria a toda
velocidade.
Algumas quadras depois chapel diminuiu o ritmo. Estava ofegante.
Parecia ter corrido uma maratona inteira. Olhou para trás e percebeu
que ninguém a seguira. Então começou a caminhar normalmente.
Caminhou por cerca de uma hora e então voltou para casa. Quando
chegou lá, não havia ninguém na rua. Ela então entrou.
- Me parece que você não está tendo muita ideia do que está me
dizendo. Você me parece bastante confuso com sua tese, não acha?
– dizia Talita para João Paulo.
Ele suspirou. Nunca foi fácil vencer a tentação do sensualismo e
nunca será. Mas quem realmente estiver preparado, não será pego de
surpresa.
- Eu quero que você aceite Jesus como salvador – disse João Paulo
para Talita.
- Mas eu sou católica. Eu nasci nesta religião e vou morrer nesta
religião – falou ela.
- Eu vou te fazer uma pergunta então – disse João Paulo – Você tem
certeza de sua salvação? – ele agora sabia que ela não poderia dizer
que sim.
- Eu não me sinto perdida. Você está querendo que eu seja salva de
quê?
- Do fogo do inferno.
- Você não pode estar falando sério – ela não aceitava aquilo - Eu
nunca imaginei que pudesse existir uma pessoa como você.
- Você não acredita no inferno?
- As coisas nãos são tão bem assim. Ninguém pode ter certeza para
onde vai quando morrer. Isto só Deus sabe – disse a loira que se
aproximou sensualmente tentando o rapaz com gestos libidinosos e
voluptuosos.
— Espera aí! — ele fez um gesto para afastá-los.
— Gente, ele machucou o pé! — disse ela. João Paulo havia pisado
em algum caco de vidro.
Bem, o rapaz estava em um daqueles dias que o crente sente
muita vontade de salvar uma alma. Foi por isto que ele resolveu
acompanhá-la até sua casa.
- Eu estou indo embora – falou Talita - Você quer vir comigo?
Ele não sabia bem como agir, o que fazer para dizer para que aquela
mulher fosse embora sozinha. Por fim, ele resolveu que iria pregar
mais um pouco a palavra de Deus para ela. Eles caminharam por
cerca de trinta minutos pelo centro da cidade, até que chegaram à
casa de Talita. Ela parecia estar apenas querendo ser uma amiga.
Embora não deixasse de dar suas insinuadas promíscuas. Talita era
uma pecadora sem Jesus no coração. Quando eles chegaram à casa
dela, ela foi para o quarto e colocou uma roupa toda branca. João
Paulo ficou na sala enquanto esperava pelo cafezinho. Mas ela estava
demorando e ele caminhou um pouco até os fundos da casa e entrou
no lugar onde ela costumava ensaiar funk com as amigas. Foi
quando Talita apareceu.
- Ficou boa esta roupa em mim? Acabou de chegar umas amigas
minhas, por isto eu demorei. Bem...hum...- ela se olhou no espelho –
Acho que vou colocar a mesma roupa das meninas.
João Paulo ficou sem saber o que responder. Nunca tinha
experimentado nada parecido antes. Teve que resistir a tentação
para não cair em pecado. Mas ao olhar novamente para a loira,
sentiu a tentação voltar com mais força ainda. Ele teria que suportar
para não cair. Seu corpo ficou esquisito, com uma tremedeira por
dentro. E a perna esquerda meio bamba, mole, cansada. Aliás, todo
o lado esquerdo ficou meio adormecido e formigando. Não era fácil
suportar aquela tentação. Depois de alguns segundos. Ela tornou a
perguntar:
- Você gostou de minha roupa? – ela se olhou no espelho que tinha
ali – Eu acho que vou trocar – E olhando para ele disse - Eu estou
me sentindo muito carente – ela foi até a sala e trancou a porta com
a chave e foi trocar de roupa novamente. João começou a ficar com
medo. O short curto branco que ela usava estava muito provocante.
Ele começou a combater a tentação de uma maneira esquisita que
não dava para entender direito. Mas o diabo estava fazendo de tudo
para atrair aquele servo de Deus para uma grande emboscada. Foi
então que ele percebeu que teria que suportar muito mais do que
estava suportando. Começou a sentir falta de ar. Uma síndrome do
Pânico tomou conta dele. Até que ele decidiu que não iria cair em
pecado com aquela loira.
―Não tentação, não tentação‖ – disse ele em pensamentos
combatendo a tentação.
Então na mesma hora o ataque de Pânico começou a cessar. Foi
passando aos poucos. Quando ele se acalmou ele pode pensar
direito....... tremendo! Tremendo! Simplesmente tremendo!!!.
Começou a perceber que....pôxa vida, era verdade! Ainda não sabia
lidar bem, mas.......funcionava! Resistir, suportar e combater
realmente possibilitava a pessoa a vencer a tentação. Depois de
alguns minutos Talita voltou novamente se exibiu para o irmão.
— Sem essa, cara! Vamos lá! — Ela lhe dava chutinhos folgados, se
descabelava, fazia trejeitos idiotas.
E a história parecia que começava do começo. Mais uma vez ele teve
que resistir a tentação para não cair em pecado. Já estava mais do
que na hora dele colocar a biblinha entre os braços e dar o fora dali.
- Vamos até o quintal – disse ela – Tem algumas amigas minhas aqui.
Agente vai ensaiar algumas músicas. Eu quero que você olha e nos
dê uma nota de zero a dez.
- Isto é pecado. Eu não posso ir com você.
— Yeaaahhh! — a loira escarniou dele. E gozação pra cá, e
piadinhas pra lá.
Ela começou a rebolar na frente dele e a perguntar o que ele achava
daquilo. Então, depois que ela rebolou até o chão e subiu, ela falou:
- Tem certeza né? Você não quer ir para onde está minhas amigas?
— Como é?! Já acabou com essa palhaçada aí?! — Gritou ele. Estava
difícil continuar resistindo e suportando. E ainda faltava-lhe aquela
combatida básica.
- Eu vou embora agora! – exclamou ele.
— Não! — Respondeu ela com maus modos, fuzilando-o e
sentindo-se mais irritada ainda.
- Se você for até onde estão as minhas amigas eu deixo você ir
embora – disse ela.
Afinal de contas. Eu já nem sei mais o que é que aquele servo de
Deus está fazendo na casa daquela mulher até agora. A intenção
inicial dele não era pregar a palavra de Deus para ela? Pelo
desenrolar dos acontecimentos ele está apenas sendo vítima da
tentação e pregar a palavra de Deus que é bom, nada. Foi então que
depois de ter resistido e suportado a tentação, ele entendeu que no
mínimo precisava de pregar a palavra de Deus ali para tentar
expulsar aquela tentadora de vez da vida dele. Ou quiçá converter a
moça.
- Então tá. Onde estão suas amigas? – perguntou ele. Sua intenção
era reunir todo mundo e despejar uma chuva de Bíblia na direção
delas.
- Me acompanhe – disse Talita.
Eles caminharam praticamente pela casa toda até que chegaram onde
estavam mais três mulheres que se exibiram ao ver João Paulo.
Foi então que ele teve que resistir a tentação mais uma vez.
―Não temas...‖ — De olhos fechados ele raciocinava – ―Resistir,
suportar e...‖
Elas balançavam e empinavam seus glúteos. Mas parecia tudo muito
vazio à volta dele. Ele sentindo-se como que jogado para as traças.
— E essa agora! Você não é certo da cabeça não garoto – ele parecia
estar inconformado. Mas aí, de repente, num abrir e fechar de olhos
Talita veio que nem uma vaca louca pra cima dele! Ele foi se
defendendo, se defendendo, recuando, recuando...parede! Ela
parecia ter certeza que dali ele iria para o quarto. Mas não foi assim
que aconteceu.
Foi num instante. Sentiu que ia cair... mas não caiu! Resistiu a
tentação. Abriu os olhos... estava de pé....... e aquela sensação tão
diferente no corpo! Ele precisava suportar o poder da tentação e não
cair. Não havia tempo para pensar em como combater a tentação
naquela hora. Mas aí não teve mais consciência de nenhum outro
pensamento, raciocínio ou lógica. Foi uma coisa estranha. Não
sentiu. Quando viu, já tinha feito. Ele foi colocando a mão na cabeça
de cada uma daquelas tentadora e gritando:
- SAI DELA TENTADOR, SAI DELA TENTADOR.
As mulheres meio que ficaram endemoninhadas. Depois de algum
tempo fazendo aquilo, ele saiu daquele lugar praticamente correndo.
A loira berrava, na realidade, urrava, de dor e desespero. A confusão
e a correria começaram: a situação ficou delicadíssima. Um clima
estranho, todos os que viram a maneira que ele saiu daquela casa
olhavam meio estranho para João Paulo que se sentiu meio esquisito.
Ele foi obrigado a se justificar.
- Ela está assim porque eu não quis nada com ela.
Todos o admiravam.
Mas da parte dele, ele ficou meio sem entender o que tinha
acontecido naquele dia. Não estava esperando aquele circo todo,
imaginava que seria algo mais ou menos como da primeira vez que
evangelizou uma mulher, algo mais ou menos ―controlável‖. Mas
naquele dia quando ele viu quatro mulheres naquele estado, num
piscar de olhos... ele sabia que não tinha condições naturais de
vencer aquilo. Pelo menos, não sem resistir, suportar e combater!
E embora ele fosse tomado por aquela indescritível e estranha
sensação de prazer espiritual por ter vencido o pecado, seu lado
―humano‖ ficou meio chocado. De verdade. Suportar a tentação
naquele dia foi a coisa mais difícil que João Paulo teve que enfrentar
durante toda sua vida. Nem mesmo a cólica de rins que ele achou
que fosse a dor mais terrível que ele já enfrentou não chegava perto
da força que ele teve que fazer para resistir e suportar a tentação
naquela casa. E foi assim que mais um servo de Deus venceu a
tentação do sensualismo. É como eu sempre digo: quem está
preparado para vencer um leão não precisa ter medo de um
camundongo. Por isto eu escrevo este livro para você. Para que você
conheça o poder da tentação e se prepare para vencer a mesma, pois,
afinal, mais cedo ou mais tarde ela virá para você. SAIBA DISTO.
ELA VIRÁ!
______________________
A filha do pastor não prestava e se o homem de Deus não estivesse
preparado para vencer a tentação, ele teria se desviado dos caminhos
do Senhor.
O culto havia acabado e o pregador trouxera uma mensagem
bastante impactante.
- Irmão, você veio de outra cidade e vai pagar o hotel pra quê?
Dorme lá em casa – disse o pastor para o pregador.
- Não tem nenhum problema? – perguntou o pregador.
- De jeito nenhum. Eu moro com minha esposa e minha filha que já
é grande.
- Eu aceito sua proposta. Estou precisando mesmo economizar um
dinheiro.
O pregador chegou na casa do pastor e foi direto para o quarto
dormir. No outro dia pela manhã, o pastor saiu com sua esposa para
fazer compras. Quando o pregador acordou ele foi até o banheiro e
depois para sala. A filha do pastor estava na sala e foi nesta hora que
os dois se encontraram.
- Olá pregador – disse a filha do pastor sorrindo.
- Me desculpe – disse o pregador desviando o olhar e já tendo que
resistir a tentação que o pegou de surpresa.
- Não precisa se desculpar. Eu gosto de ficar à vontade quando estou
em casa.
- Mas seu pai....
- Meu pai não está em casa, ele saiu com minha mãe. Estamos só nós
dois.
- Eu vou para meu quarto – disse o pregador apavorado e se
esforçando para continuar resistindo a tentação.
- Não vai não. Senta aqui comigo. Vamos assistir um pouco de
televisão - A filha do pastor parecia não se incomodar de estar
tentando um homem de Deus - Posso te contar uma coisa? Teve um
missionário que um dia dormiu aqui em casa. Eu fui para o quarto
de hóspede e passei a noite com ele. Meu pai nem ficou sabendo.
- E o que aconteceu com o missionário? – perguntou o pregador
incrédulo com o que acabara de ouvir e tendo que começar a
suportar a tentação que pelo visto, não o deixaria em paz tão
facilmente.
- Não sei, eu nunca mais o vi. Mas nunca esquecei desta noite.
- Sai tentação, sai tentação, sai tentação – ele começou a dizer isto
para si mesmo repetidamente como se fosse um louco na tentativa
de combater a tentação. Assim conseguiu forças para vencer aquela
tentação. O pregador foi imediatamente para o quarto ainda tendo
que suportar em sua mente a imagem da filha do pastor de shortinho
se oferecendo. Aquela tentação ainda o incomodou por vários dias.
A moça foi para o quarto dela também quando percebeu que fora
recusada. Logo depois o pastor chegou. No café da manhã a filha do
pastor, desta vez bem vestida, se comportava como se nada tivesse
acontecido. – Pastor – começou a falar o pregador – eu tenho uma
coisa muito importante para falar com o senhor.
A filha do pastor ficou com medo de que ele contasse tudo.
- Diga – disse o pastor.
- Eu acho melhor o senhor tomar mais cuidado com a sua filha.
A moça começou a tossir e não parava mais.
- Mas porque você está me dizendo isto?
- Porque ela é uma moça bonita e podem existir alguns lobos na
igreja.
- Não se preocupe, estou orando bastante por ela – disse o pastor
enquanto a moça encarava o pregador com um semblante sinistro.
Eles terminaram de tomar o café e o pregador foi embora para sua
cidade. Ele acabou não contando nada para o pastor. Se ele não
estivesse preparado para vencer a tentação, teria caído em pecado,
com certeza. Mas ele foi fiel a Deus. Assim é que devem se
comportar todos os homens de Deus. Viver em santidade mesmo
tendo oportunidade para pecar. Isto é vencer a tentação.
____________________
Havia uma pessoa que era muito pecadora. Ela precisava aceitar
Jesus como salvador. Esta pessoa se chamava Rony. Um dia ele foi
para o culto e quando o pastor perguntou se tinha alguém que
gostaria de aceitar Jesus como salvador, ele se levantou e foi lá na
frente chorando. Quando ele saiu do culto, encontrou uma pessoa
que o convidou para tomar um cafezinho. Ele aceitou Jesus e agora
tinha a obrigação de vencer a tentação. Mas não imaginou que a
tentação estaria mais perto do que ele jamais pensou.
- Você tem certeza do que está me dizendo – perguntou o pastor
quando o jovem estava lá na frente da igreja.
- Mas é claro que tenho – respondeu Rony.
- Então se prepare para vencer a tentação, porque ela virá – disse o
pastor com convicção.
Rony estranhou tudo aquilo. Ele olhou bem para os lados para se
certificar de que estava tudo bem. Mas foi quando o culto acabou
que a tentação resolveu atacá-lo. Ele mal tinha acabado de se
converter e já teria que provar que realmente amava a Deus.
- Eu gosto muito da amizade de pessoas evangélicas – disse a moça
que apareceu do nada para Rony.
- Eu acabei de me converter – falou ele.
- Então você ainda não é batizado? – perguntou a mulher.
- Ainda não.
Depois de andar ao lado daquela estranha durante alguém tempo,
Rony chegou na frente de uma bonita casa.
- É aqui que eu moro – falou a mulher – Vamos entrar.
Inocentemente, Rony entrou. Aquilo nunca havia acontecido na vida
dele. Quando ele entrou na casa daquela mulher, começou a ficar
muito ansioso.
Não conseguia ficar parado no mesmo lugar durante muito tempo.
Foi quando a mulher falou:
- Eu estou sem namorado. O que você acha de arrumar uma
namorada?
Ele não havia pensado neste assunto durante o tempo em que
estiveram juntos.
- Eu não sei. Acho que agora eu terei que procurar alguém da igreja.
Foi quando eles ouviram um barulho na cozinha. Parecia mais um
barulho de rato. Rony foi ver o que era. A mulher então acabou
perguntando novamente.
- O que você acha de namorar comigo?
Rony ficou sem graça. Realmente ele não sabia o que fazer. A
mulher começou a se insinuar para Rony, mas ele parecia não reparar
nela. Então a mulher começou a achar aquilo estranho. Olhou
fixamente para ele, parecia não acreditar.
- Eu sou feia? – perguntou ela. Até então ela estava de vestido.
- Não – disse Rony - Claro que não.
- Eu não entendo... – a mulher nunca tinha visto alguém tão parado.
O inimigo estava fazendo de tudo para tirar aquele homem dos
caminhos do Senhor.
- Você passaria a noite comigo? – disse a mulher.
Aquilo era a única coisa que ele não precisava ouvir. E logo
respondeu:
- Não.
- Eu não estou acreditando que estou ouvindo isto de você – falou a
mulher
- Pois pode acreditar – disse Rony.
- Mas isto é o que qualquer homem gostaria, não acha?
- Não é tão fácil quanto você imagina. Eu acabo de me converter.
- Eu estava no culto. Eu vi quando você foi lá para frente – falou a
mulher.
- Eu pensei que você estaria acompanhado de outra pessoa – falou
Rony para ela, pois foi esta a primeira impressão que ele teve quando
a viu.
- Não. Eu resolvi ir até aquela igreja para ver se eu arrumava alguém.
Ando muito sozinha ultimamente.
- Ah tá – disse o homem que começou a perceber que havia algo de
errado naquilo tudo. Agora ele entendeu que o diabo queria atacá-lo.
- E então, vamos? – perguntou a mulher que apontou para o quarto,
sem que Rony percebesse.
- Talvez – falou ele sem entender a pergunta.
- Você não tem noção do que eu estou querendo te falar – disse a
mulher que se virou e ameaçou partir para cima de Rony.
Ele levou um susto. Precisava fazer algo para resistir aquilo. Foi
quando ele se lembrou de que o pastor havia dito que ele teria que
enfrentar a tentação.
Ele procurou algo para se distrair. Começou a cantar de propósito.
Isto não tinha lógica. Uma mulher bonita se entregando sem mais
nem menos.
- Qual é seu nome? – perguntou o homem para a mulher.
- Eu me chamo Jaqueline.
Ele fazia de tudo para tentar conversar algo que fosse bom, mas
parece que o diabo realmente não queria deixar aquele homem servir
a Deus. Mas servir a Deus era o que o homem queria, pois ele não
queria ir para o inferno.
Jaqueline estava atrás dele, olhando. Não era para ele estar ali. Isto
agora estava incomodando muito o rapaz.
- Eu quero aceitar Jesus como salvador também – disse a mulher
com raiva.
- Você tem certeza do que está me dizendo – falou Rony.
- Mas é claro que tenho. É o único jeito que tem de você olhar para
mim.
- Eu não acho que isto seja algo fácil.
- Você não precisa pensar tanto assim – disse a mulher enquanto
Rony se distraiu. Quando ele deu conta de si, já era tarde demais.
Primeiro ela tirou a saia e mostrou o fio dental para ele. Como ela
percebeu que ele havia resistido ela também tirou a blusa.
- Talvez isto te convença – falou ela.
Rony então teve que suportar a maior dor de toda sua vida. Mas isto
depois que ele começou a passar mal, pois resistir e suportar aquela
tentação, foi a coisa mais pesada que ele teve que enfrentar.
- Não tentação, não tentação – disse ele que tentou combater a
tentação olhando com seriedade para ela.
- Eu não acredito – disse ela esperando que ele fosse cair em
tentação.
- Pois pode acreditar. Me tira daqui, por favor. Parece que eu engoli
um veneno de cobra. Meu corpo está doendo. Suportar a tentação
de fato não é para qualquer um.
- Para de brincadeira – disse ela.
- Mas eu não estou brincando.
- Para de perder tempo. Eu quero um beijo agora.
- Eu preciso ir embora – disse Rony que percebeu a encrenca em
que havia se metido.
- Você deve ser casado – falou a mulher.
- Não sou – respondeu ele.
- Então porque você se comporta desta maneira?
- Porque eu acabei de aceitar Jesus como salvador e sei que isto é
errado. Você está cometendo um grande pecado – disse ele.
- Mas todo mundo peca – replicou ela.
- A maioria das pessoas pecam, mas esta não é a vontade perfeita de
Deus.
- Você está fazendo isto para tentar me converter? – perguntou a
mulher.
- Não. Eu é que não quero me desconverter.
- Já que você não quer nada comigo, retire-se de minha casa
imediatamente.
Rony ficou envergonhado.
- Eu vou sim – falou ele se virando muito aliviado. Finalmente a luta
iria ter fim.
- Espere. Eu estou brincando com você. Eu sei que você quer ser
meu namorado.
- Caraca! - Rony parecia que teria um infarto. Quanto tempo mais ele
suportaria? - Eu não posso – disse Rony que foi embora ainda
combatendo a tentação em pensamento.
- Você é louco – gritou a mulher quando ele saia pela porta.
- Sou louco por Jesus – falou Rony.
Ainda bem que aquele homem estava preparado para vencer a
tentação. O diabo que é o Tentador tinha preparado uma tentação
muito forte para tentar impedir a todo custo que aquele homem
seguisse os caminhos do Senhor. Ele faz isto com muita gente e
aqueles que não estão preparados para vencer a tentação, não irão
conseguir seguir a Jesus.
______________________________
Ele era um servo de Deus e precisava aprender a vencer as
tentações. Ele havia se convertido a pouco tempo. E estava
passando por uma grande crise. Não era fácil vencer o inimigo. A
tentação havia armado um laço para este homem de Deus.
Tudo começou quando sua família estava tratando mau aquele
rapaz. O diabo colocava na mente dele que ele precisava usar cada
vez mais drogas. Mas não era isto que ele queria. Ele havia sofrido
muito com uma vida pecaminosa e o Espírito Santo o havia
convencido de todos os seus pecados. Foi quando um amigo que
antes era do mundo também começou a evangelizá-lo. Então ele
resolveu que realmente precisava aceitar Jesus como salvador. Foi
para a primeira igreja que viu em sua frente e na hora do culto disse
para o pastor que gostaria de aceitar Jesus como salvador.
Nos primeiros dias, tudo parecia uma maravilha. Mas a medida que o
tempo foi passando, aquele homem de Deus foi enfrentando
grandes lutas. E a tentação ia dando um jeito de colocar na cabeça
dele que ele precisava se desviar dos caminhos do Senhor e fazer um
monte de coisa errada. Isto seria uma forma de represália contra sua
família que não parava de tratá-lo muito mau. Ele começou a passar
pela tentação de se desviar, beber e se drogar e também de fumar
cigarro. Mas para aquele servo de Deus que se chamava Anderson,
este tipo de tentação estava muito óbvia em sua mente e como ele
não queria voltar para os vícios de forma alguma, o diabo não
conseguiu nada. Até então, ao vencer a tentação do vício, ele estava
aprendendo a resistir, suportar e combater. E o diabo iria apelar para
sua arma principal. O sensualismo e a tentação sexual.
Depois do culto.
Anderson estava conversando com um antigo colega que encontrou
na rua.
- Oi, tudo bem? Como é que vai? – perguntou o amigo de Anderson.
- Eu vou bem, e você? – respondeu o cristão.
- Também vou bem. Você está sumido. Aconteceu alguma coisa? Eu
não te vejo mais nas baladas – disse o amigo mundano.
- Eu parei de ir para festas mundanas. Como você pode ver, agora eu
sou servo do Senhor – disse Anderson.
- Entendi. Mas será que teria como você dar uma passadinha lá em
casa para agente jogar um pouco de xadrez? Eu tenho saudades das
nossas velhas partidas.
- Sim, claro. Como não? A que horas eu posso passar na sua casa?
- Amanhã.
- Então, tá bom.
- Olha, mas eu já vou avisando que eu não vou mais apostar dinheiro
como antes. Vamos jogar apenas por diversão, sem competições
mórbidas – disse Anderson.
- Tudo bem. Assim eu aproveito para te contar como anda a turma –
falou o amigo dele.
- Para ser sincero. Eu nem quero saber como anda a nossa turma.
Agora a minha vida é outra. Uma vez eu tentei evangelizar a
rapaziada. Falar do amor de Deus para eles e ninguém quis me ouvir.
- Eu entendo.
- E você? Não gostaria de aceitar Jesus como salvador?
- Eu bem que gostaria, mas eu ainda não me sinto preparado. Quem
sabe se eu for aos cultos e ouvir mais a palavra, eu consiga fazer
como você fez.
- Faça isto mesmo. Venha na igreja nos cultos de sexta-feira que são
os cultos de evangelismo. Aqui tem um jovem que sempre fala do
plano de salvação para as pessoas.
Quando foi no outro dia, Anderson foi até a casa de seu colega. Foi
aí que a tentação começou a preparar um grande golpe para a vida
deste servo de Deus. Ele ainda não desconfiava de nada. E o amigo
dele também não tinha culpa pois não estava consciente dos dois
golpes que o diabo que é o Tentador havia armado para o irmão.
Vou voltar um pouquinho a história para vocês entenderem o que
vai acontecer.
Acontece que este amigo de Anderson, que pelo que vocês puderam
perceber, era um ex-companheiro de farra. Eles iam para a balada
juntos e faziam um monte de coisas erradas que não agradavam a
Deus. Mas como Anderson acabou se convertendo, ele se afastou
destas pessoas. A maioria deles se tornaram inimigos pessoais de
Anderson e sempre que via o irmão na rua, não demoravam a
debochar e xingar o irmão. Daquela turma, havia um colega que
Anderson mais gostava e eles viviam jogando xadrez juntos. Foi ele
quem convidou o irmão para ir até a sua casa. Mas este colega, tinha
uma irmã e uma prima que eram mulheres depravadas e não temiam
a Deus. Ele e a irmã moravam na mesma casa e a tal prima não saia
de lá, pois era muito amiga de sua irmã. O tentador havia preparado
um laço com estas duas mulheres para derrubar o irmão Anderson
da presença do Senhor. O diabo estava crente da vida que o cristão
não iria conseguir resistir e assim como ele desafiou a fé de Jó, de
que, se Deus permitisse que o inimigo tirasse a riqueza e a saúde de
Jó, ele blasfemaria. Assim também o inimigo também acreditou que
se colocasse estas duas mulheres no caminho de Anderson para o
tentar, ele também não permaneceria fiel a Deus. E assim o palco
estava armado. Restava saber se Anderson iria ou não permanecer
fiel a Deus diante da mais forte das tentações. Estou torcendo para
que ele não caia. Eu não quero ver o Anderson desviado. Vamos ver
então o que irá acontecer.
Anderson chegou até a casa de seu amigo e tocou a campainha.
- Olá, cara. Então você veio mesmo – disse o amigo.
- Sim. Por que não viria? – disse Anderson.
- Olha. Antes de começar a jogar eu gostaria que você tomasse um
suco ou um refrigerante e também coma alguma coisa. É que a
minha mãe acabou de ligar da academia e pediu para eu ir buscar ela
de carro. Você se importaria de esperar?
- Você vai demorar?
- Mas é claro que não. Eu vou apenas buscá-la e volto rapidinho.
Você sabe que as nossas partidas demoram bastante. E se a gente
começar agora, teremos que interromper.
- Eu te espero então.
- Fica à vontade. Vem cá, eu vou te mostrar a cozinha. Você pode
abrir a geladeira e pegar o que você quiser. Eu não demoro. A minha
irmã e nossa prima estão lá em cima, no quarto. Não se preocupe
com elas.
- Entendi.
- Mas já vou avisar que se eu fosse você, não tentaria pregar para elas
não. Elas são do diabo.
Anderson ficou um pouco assustado de ouvir seu amigo falar
daquele jeito. Foi quando seu amigo saiu e Anderson ficou ali,
sozinho.
Poucos minutos se passaram até que a irmã do colega de Anderson
começou a fazer alguns barulhos.
- Tem alguém aí em baixo? – perguntou a voz feminina do andar de
cima.
Anderson não sabia se respondia alguma coisa ou não. Por fim ele
acabou falando:
- Tem sim.
- Quem é que está aí? – perguntou a voz feminina.
- Anderson.
- Que Anderson?
- Amigo do seu irmão.
- Mas que amigo do meu irmão?
- O Anderson.
- Eu sei que é o Anderson. Mas qual Anderson?
- O da igreja.
- Ah sim. O da igreja. Mas qual igreja? Bem, será que daria para você
vir aqui para que eu pudesse ver o seu rosto. Assim eu iria saber
quem realmente está aí.
Anderson ficou sem graça.
- O que você quer que eu faça mesmo? – perguntou ele.
- Quero que você venha até aqui.
Anderson começou a caminhar lentamente para o andar de cima.
Subiu as escadas e tentou adivinhar onde era o quarto da irmã de seu
colega.
- Onde você está? – perguntou ele.
- Estou aqui – respondeu ela de um quarto que ficava no final do
corredor à direita.
Ele caminhou lentamente até a porta do quarto, foi quando viu
Roberta.
- Meu nome é Roberta. Estou tirando algumas fotos para colocar na
rede social. Você me ajuda?
Ele não sabia o que fazer ou o que responder. É claro que ele não
poderia ajudar aquela mulher em nada.
- Você é tão bonito – disse ela – Você tem namorada?
- Não TENTAÇÃO! – gritou ele em pensamentos, resistindo e já se
adiantando em combater a tentação.
- Você quer namorar comigo?
- Não posso.
- Porque não pode? Seu pai não deixa? Ou sua mãe é muito brava?
- Nenhum dos dois.
- Então você pode namorar comigo. Quantos anos você tem?
- Vou fazer trinta.
- Você está bem grandinho e acho que já pode namorar comigo
SIM- ela aumentou o tom da voz.
Foi então que Anderson viu que teria oportunidade de se desviar dos
caminhos do Senhor.
- Entra e fecha a porta – disse a mulher – Anda logo antes que a
minha prima te veja. Eu quero você só pra mim.
- Eu não posso – falou o rapaz tendo que suportar um desejo muito
forte de cair com Roberta em pecado.
- Tem certeza que não quer aproveitar esta oportunidade?
- Aproveitar?
- Sim – a mulher estava fazendo de tudo para derrubar o irmão da fé.
- Eu sou um servo de Deus e não posso aproveitar – disse ele.
- Quer dizer que por causa de uma doutrina religiosa, você vai abrir
mão dos maiores prazeres desta vida?
- Sim senhora – ele parecia que havia comido limão. Seu semblante
era horrível visto que ele continuava tendo que suportar um terrível
apelo da carne ao pecado.
- Eu não acredito no que estou ouvindo.
- Pois pode acreditar.
A mulher começou a fazer algumas poses provocantes para tentar
fazer Anderson mudar de ideia, mas percebeu que isto seria em vão
porque o irmão começou a combater a tentação feito um louco.
Digo louco porque ele começou a falar línguas estranhas na frente
daquela mulher. Vai lá saber o que ele estava falando.
- Já que você não quer nada comigo. Pode descer – disse ela
finalmente achando que ele havia ficado louco. Ela não sabia nada a
respeito da doutrina pentecostal.
O diabo não estava acreditando no que estava vendo. A coisa
realmente não seria tão fácil como o Tentador havia planejado. Mas
o inimigo ainda tinha outra carta na manga. A prima que estava no
quartinho.
Anderson com muitas dificuldades conseguiu suportar a tentação e
sair dali e voltar para o andar debaixo da casa. Não foi nada fácil
para ele vencer aquela tentação. Mas graças a Deus que ele venceu!
Ele começou a andar de um lado para o outro e foi quando ouviu
um barulho que vinha de um quartinho que ficava próximo a
varanda. Ele achou que fosse algum animal de estimação que
estivesse por perto, um cachorro, um gato, sei lá. Ele nunca
imaginou que lá estivesse a tal prima. E com toda a vontade do
mundo, ele foi até o local para tentar identificar o barulho e
possivelmente brincar com algum animalzinho, pois ele estava
fazendo de tudo para tirar a imagem daquela que havia acabado de
tentá-lo.
Foi quando ele chegou até a porta do quartinho e se deparou com a
prima que era tão depravada quanto à irmã de seu colega. No
começo ele achou que pudesse estar vendo alguma miragem. Talvez
um efeito rebordose da mente diante do que havia acabado de
acontecer. Mas quando a prima de seu amigo abriu a boca, ele viu
que era uma mulher real, de carne e osso, assim como você e eu.
Parecia uma enviada do Anticristo para destruir aquele cristão.
- Oi gatão – disse a mulher – O que você faz por aqui?
Anderson não sabia o que responder.
- Você é amigo do meu primo?
- Sou.
- Cadê ele?
- Foi buscar a mãe dele na academia.
- E o que você faz por aqui?
- Eu vim jogar xadrez com ele.
- Não. Você não veio jogar xadrez.
- Não? – ele ficou confuso.
- Não. Você veio ficar comigo. Entra e fecha a porta – disse a
mulher que levantou o vestido e colocou as pernas para o alto
ficando em uma posição mortal para aquele servo de Deus.
Mas uma vez a tentação veio com tudo para Anderson. Aquilo
começou a se tornar pior que dor de parto. Ele não estava esperando
por aquilo. Mas ele precisava vencer a tentação. Mesmo que ele não
estivesse esperando por aquilo, naquele dia e naquele lugar, ele
precisava estar preparado para vencer a tentação. Ele precisava
provar que realmente ama a Deus e que estava disposto a abandonar
tudo aquilo que não fosse da vontade de Deus. Então ele começou a
resistir a tentação por cerca de um minuto em sua mente.
- Eu vou ser claro. Eu sou um cristão servo de Deus – falou ele.
- Eu não me importo – disse a prima – Eu adoro ficar com
evangélicos. Já fiquei com um monte.
- Você pode ter ficado com evangélicos. Mas eu sou muito mais que
um evangélico. Eu sou salvo. Meu nome está escrito no livro da
vida. Eu me arrependi de todos meus pecados, me batizei nas águas,
tomo santa ceia todos os domingos na igreja e estou me preparando
para ser obreiro na casa do Senhor.
- Ah! Eu também sou religiosa. Eu fiz catequese quando eu era
mocinha. O professor me adorava. Eu até dei uns beijos nele uma
vez.
- Isto não me importa – disse ele revoltado.
- Sua religião também não me importa. O que me importa é ficar
com você. Entra e fecha a porta – disse ela com raiva.
Anderson olhou para aquela mulher em sua frente. Mais uma vez a
tentação se levantou com toda força do mundo. Só lhe restou
suportar e não cair. Suportando e combatendo a tentação com
oração silenciosa, ele resolveu que não poderia mais ficar ali naquela
casa. Em um surto, resolveu que precisava sair imediatamente
daquele lugar. Pelo menos se não quisesse ter que suportar aquela
terrível dor que a carne lhe causava quando ele recusava se entregar.
E assim ele fez. Foi embora sem pecar. Foi embora sem fazer nada
com aquelas mulheres. Foi embora suportando ficar sem aproveitar
o que o pecado tinha para lhe oferecer. Foi embora sem se entregar
aos prazeres desta vida. Ele foi embora, deixando para trás o diabo e
suas tentadoras. Ele preferiu ir embora sozinho com Deus a ficar
acompanhado do diabo naquela casa.
Glória a Deus! O Anderson conseguiu vencer a tentação. Ainda
bem! Ele provou que realmente é um grande servo de Deus. Eu
achei que o Anderson é um grande exemplo para todos nós. Um
exemplo de alguém que ama a Deus e que sabia direitinho o que é
resistir, suportar e combater. Quem nunca sangrou é porque nunca
esteve numa guerra. Só quem enfrenta ou quem já enfrentou este
tipo de pecado, sabe o quanto é difícil negar os prazeres sexuais por
amor a Deus. Mas aquele cristão resistiu, suportou e combateu a
tentação. E o diabo ficou morrendo de raiva. Deus, porém estava
muito feliz com o seu servo e preparou uma grande benção para ele.
Amém. Vitória para todos!
LEOMAR
Leomar era um humilde servo de Deus. Ele alugou um ponto
comercial de uma irmã. Antigamente esta lugar era o quarto de
Estela, mas a mãe da moça resolveu usar aquele quarto para
aumentar a renda da família. Estela então se mudou para um outro
quarto que era de ser irmão mas que havia se casado a pouco tempo
e havia se mudado de casa.
Leomar precisava conseguir fazer o seu pequeno negócio alavancar.
Ele recebeu a ajuda de um amigo para poder trabalhar com
suplementos em pó de algumas marcas conhecidas nacionalmente.
Estes suplementos eram baseados em shakes. Naquela semana ele
começaria a trabalhar no local onde alugou por um salário mínimo.
A dona do lugar era a mãe de Estela que sempre saia pela manhã
para trabalhar em uma empresa de costura, pois ela era uma
experiente costureira.
Nos primeiros dias o negócio de Leomar até que estavam dando
lucro. O horário que dava mais gente era na parte da tarde. Estela
começou a ficar admirada porque costumava passar por ali naquele
horário. Foi quando Estela resolveu também frequentar o lugar para
ver se aqueles shakes eram realmente bons.
- Olá – disse Leomar quando viu Estela entrando.
- Eu gostaria de experimentar um shake – disse Estela timidamente.
- Eu vou preparar um especialmente para você. É um lançamento e
vou fazer pela metade do preço – disse Leomar querendo agradar a
moça pelo fato dela ser filha da dona do estabelecimento. Não teve
como Leomar não notar que Estela era uma moça muito bonita,
com todo respeito, é claro.
Estela tomou o shake e acabou pedindo outro e depois
surpreendentemente ainda pediu mais um.
- É realmente muito gostoso. Se eu continuar tomando isto eu vou
acabar engordando.
Leomar ficou sem saber como se comportar. No fundo ele estava
bastante feliz por Estela estar lhe dando lucro e também porque a
moça poderia lhe trazer mais clientes.
- Amanhã eu quero tomar novamente, mas eu gostaria que você
levasse para mim. Pode bater no portão – disse a moça que se
levantou e foi embora.
No outro dia, na parte da tarde, havia muito pouco movimento no
Espaço (este era o nome que eles davam para o local) e Leomar se
lembrou de que Estela pediu para que ele fizesse um shake para ela e
levasse até sua casa. A partir de então, Leomar não saia mais da casa
de Estela. Isto porque quando ele levou naquele dia o shake para a
moça, a mãe de Estela também pediu para ela e nisto de Leomar
levar estas bebidas para as madames, eles começaram a conversar
bastante sobre diversos assuntos. Ele era um rapaz muito inteligente
e com isto foi ganhando a admiração delas.
Uma semana depois.
Leomar havia acabado de chegar no Espaço. Era uma segunda-feira
e o dia não prometia muito. Geralmente nas segundas não dava
muito movimento. Era o pior dia da semana no Espaço para
Leomar. Ele olhou para a porta e viu Estela passando e a moça de
longe fez questão de dizer que estaria esperando pelo seu shake
habitual. E mais, depois de caminhar um pouco, ela voltou até o
local e disse para Leomar:
- Eu vou comprar algumas coisas e assim que eu voltar eu vou
querer que você faça um shake para mim, hoje eu acordei com uma
fome de leão, vou tomar esse negócio o dia todo. Você bem que
poderia fazer uma promoção para mim. Se eu comprar cinco shakes
hoje você me dá quantos por cento de desconto?
Leomar como gostava de agradar muito a clientela fez um desconto
especial para a moça.
Ok. Em pouco tempo ela estava de volta e foi até o Espaço só para
lembrar Leomar de fazer o shake.
- Eu já voltei – disse ela – Você pode levar dois para mim, agora.
Leomar preparou aqueles shakes e levou para Estela. Enquanto ela
tomava aquela bebida eles ficaram conversando no quintal da casa.
Havia uma piscina ali e ela acabou convidando Leomar para tomar
banho de piscina naquele dia.
- Eu não posso – falou ele sem dar mais explicações. Oras, mas
porque ele não podia?
- Porque? – perguntou ela.
Leomar pensou que como servo de Deus não poderia ficar em traje
de banho ali na frente de Estela. Mas e se ele tomasse banho de
roupa?
- Entrar na piscina de roupa? – Estela não estava entendendo porque
Leomar estava perguntando se haveria algum problema nisto Coloca uma sunga. Meu irmão deixou as sungas dele aqui. Eu pego
para você. Ou então, uma bermuda. Acho que eu sei onde tem uma
bermuda dele – Estela entrou dentro da casa e acabou pegando
mesmo a bermuda para Leomar tomar banho de piscina.
- Você já é de casa, Leomar – disse ela entregando uma bermuda
para ele. Mas ele achou que a bermuda fosse curta demais para que
pudesse usá-la na frente de Estela. E sem contar que ele ouviu ela
falar:
- Tira a camisa, vai.
- Posso tomar banho de camiseta mesmo? – perguntou Leomar.
- Mas porque isto? – perguntou Estela.
- É porque eu não posso ficar sem camisa na sua frente – falou ele.
Estela percebeu que ele dissera aquilo por motivos religiosos e isto
acabou piorando as coisas.
Estela começo a pensar se aquele rapaz seria aquilo tudo que estava
demonstrando ser. Ela não tinha nada a perder e pra variar, a mãe
dela não estava em casa. Sem contar que ultimamente ela estava se
sentindo um pouco entediada e achava que não seria nada mal se
vivesse o que ela chamou de novas emoções.
- Vai pegar mais um shake para mim – disse ela.
Leomar rapidamente foi até o Espaço e preparou mais um shake
para a moça. Enquanto estava preparando aquela bebida, ele pode
ouvir o barulho da piscina. Era Estela que havia entrado na água.
Leomar terminou com a bebida e foi até a piscina levar aquele shake
para Estela e quando chegou lá viu a moça na beira da piscina sem
roupa.
Estela se comportou como se nada estivesse acontecendo.
Conversou normalmente com Leomar, ali, deitada naquela posição.
Ela estava esperando que Leomar fizesse algum comentário
libidinoso e ele percebeu que ela estava disposta a fazer qualquer
coisa com ele. Bastava ele querer. Bastava ele se oferecer. Bastava ele
pedir. E o que ele faria?
Para não cair em pecado Leomar resistiu a tentação e procurou
encontrar uma desculpa para deixar Estela ali daquele jeito e sair de
perto dela.
- Você vai querer mais shake? – perguntou ele para ela?
- Não, mas eu vou ligar para uma amiga minha que falou para mim
que está muito afim de tomar um shake também. Eu acho que vou
querer um brinde porque eu falei muito bem do seu shake para ela.
Leomar conseguiu sair dali sem cair em pecado com Estela. Mas
para isto teve que suportar uma tentação tão forte, mas tão forte,
que ele pensou que fosse morrer. Achou que aquele desejo ruim
nunca mais fosse lhe abandonar. Ele foi até o Espaço e ficou por lá
sofrendo calado, sozinho, onde as lembranças de Estela daquele jeito
não saiam de sua mente. O problema é que ele sabia que a tentação
não lhe deixaria em paz, afinal, depois de uma cena daquela, ele sabia
que poderia chegar em Estela a hora que quisesse e que teria chances
com ela. E para piorar mais ainda as coisas e testar se realmente
Leomar conseguiria vencer a tentação, Estela ligou para sua amiga e
a convidou para ir até sua casa tomar um shake e vejam só, tomar
banho de piscina. Era muita tentadora para pouco Leomar.
Cerca de meia hora depois a amiga de Estela passou em frente ao
Espaço e Leomar avistou-a lá de dentro. O sentido da visão acusou
uma moça bonita que havia passado na porta. E logo em seguida ele
ouviu esta moça bonita conversando com Estela e ela indo até o
Espaço e apresentando a moça para Leomar.
- Esta daqui é a Clarinha. Aquela que eu te falei que também quer
tomar um shake. Você pode fazer um para ela? Um não, dois, e faz
um para mim também. O meu você não vai cobrar não, vai?
Leomar fez que não com a cabeça, mas o seu semblante era de quem
estava bastante contrariado. E isto porque até aquele momento ele
estava tendo que se esforçar bastante para suportar a tentação. Esta
ainda não havia lhe abandonado. Ele bem que poderia ter arrumado
um jeito de combater a tentação também. Assim, talvez estivesse
sofrendo bem menos para suportar a tentação. Mas não lhe faltaria a
oportunidade para combater a mesma, pois tão atrevida quando
Estela, era sua amiga. E este atrevimento todo foi despertado
quando Estela contou para Clarinha o que havia acontecido na beira
da piscina mais cedo.
- Jura, amiga? – Clarinha ficou impressionada de ouvir aquela
história – Você ficou pelada na frente dele e ele não fez nada? Só
vendo mesmo para acreditar.
Naquele momento as duas se encararam com olhares maliciosos.
Estela sorria para sua amiga maliciosamente ao perceber as intenções
malignas dela.
- Ele é casado? Tem namorada? Deve ser por isto – falou Clarinha –
Mas mesmo assim, você é uma gata amiga. Bom, eu acho que vou
tomar um banho de piscina então – Clarinha deu uma enorme
gargalhada e Estela também. As duas sabiam o que viria pela frente.
Então Estela disse:
- Mas e se ele...- ela fez um gesto com conotações sexual – Você
sabe, né.
- Aí eu não sei. Você acha que teria algum problema? Sua mãe está
em casa? Você conhece ele direito? Você teria coragem?
- Teria – disse Estela.
- Não sei não amiga. Fazer, fazer acho que eu não teria coragem.
Mas eu deixo ele passar a mão em mim e você sabe que os homens
ficam loucos quando eu sento no colo deles usando meu biquíni fio
dental.
A desgraça estava pronta. Ou Leomar estava realmente preparado
para vencer a tentação, ou ele sucumbiria naquele dia. E o pobre
coitado lá no Espaço, achando que estava sofrendo muito por ter
que suportar a tentação com Estela, sendo que enquanto isto, as
duas armavam outro laço para ele. Pois bem, vamos aos fatos.
Leomar terminou de preparar três shakes saborosos. No afã de
agradar a nova cliente havia caprichado bastante naqueles shakes.
Era muita frescura para quem estava para enfrentar o que viria pela
frente. Leomar foi até a casa de Estela e ouviu elas gritarem da
piscina.
- TRAZ AQUI – disse Estela.
Leomar foi até onde elas estavam. Quando chegou lá é que teve que
ver as maiores tentadoras que já vira em toda sua vida. Estela estava
sentada na beirada da piscina e Clarinha não perdeu um minuto
sequer, já foi logo provocando o irmão.
- Você sabe nadar, moço do shake? Entra aqui, vamos brincar de
cavalinho. Monta aqui em cima de mim – Clarinha foi para o raso da
piscina. Ela estava usando um biquíni amarelo e para aniquilar de vez
com Leomar ela colocou parte das nádegas para fora da água e ainda
pediu para que Leomar montasse naquela região.
- Monta aqui moço do shake, vamos brincar de cavalinho.
Leomar teve que resistir com toda força do mundo aquela
tentadora. Mas ao resistir, sentiu o enorme peso da tentação em sua
vida. Ele olhou para aquela moça dentro da piscina e o pensamento
de que teria que rejeitar aquela oportunidade de praticar algo que
fosse prazeroso para a carne, fez com que ao suportar a tentação
sua visão ficasse turva em tons de verde. Mas ele suportou.
Ainda suportando e agora sim, já começando a pensar em uma
maneira para combater aquela tentação ele olhou para o lado e lá
estava Estela. Ela segurou o cabelo e olhou por cima do ombro para
Leomar com um sorriso de quem estava adorando tudo aquilo e ele
continuou resistindo a tentação.
Brincadeira! Então ele conseguiu suportar tudo aquilo? A resposta é
sim. Mas esperem, ainda tem mais. Sem acreditar realmente que
aquilo pudesse estar acontecendo, Clarinha saiu da água e foi se
aproximando de Leomar. Ele percebeu que aquela aproximação
estava perigosa demais, ela parecia querer avançar em cima dele.
Leomar foi se afastando lentamente e ouvindo Clarinha se insinuar
cada vez mais ele bateu com as costas na parede. Era o fim do
percurso. E Clarinha se aproximava. Quando ela chegou bem perto
dele, tirou a parte de cima do biquíni e segurou os seios lascivamente
na direção de Leomar. Ela estava a poucos centímetros dele. Parecia
que Leomar não estava suportando ver aquilo em sua frente. Parecia
que ele estava levantando uma das mãos para apalpar a parte íntima
de Clarinha. Ele não estava conseguindo suportar a tentação? Estaria
ele indo com a mão em direção aos seios da garota?
Ela percebeu que a mão dele estava subindo e falou:
- Aperta aqui – as mãos dela ainda segurava os seios lubricamente.
A mão de Leomar não encostou na parte íntima da moça. Sua mão
estava indo era na direção da cabeça dela.
- Sai dela tentador. Em nome de Jesus – disse ele.
Incrível! Incrível! Ele conseguiu arrumar um jeito de combater a
tentação e pelo visto, um jeito extremamente eficaz. Deus parecia ter
aprovado a atitude do seu servo porque no momento em que ele
combateu a tentação daquela maneira, Clarinha caiu no chão
possuída pelo demônio. Estela ficou completamente horrorizada de
ver sua amiga no chão com a boca toda retorcida, o semblante
desfigurado e uma voz grave, muito grave. Clarinha começou a
arranhar a si mesma e a dizer:
- Euu tee odeiiooo – sua voz saia rasgada e o ar se comprimia muito ao
passar pela garganta – Sabe quem eu sou? – quando Estela ouviu
aquilo ficou toda arrepiada. E Clarinha começou a dar gargalhadas
horripilantes – Sabe quem eu sou? – Clarinha começou a ficar com o
corpo muito duro e de repente desmaiou. Ficou desacordada por
cerca de trinta segundos e abriu os olhos novamente. Confusa e sem
entender o que estava fazendo caída no chão ela dizia:
- O que aconteceu? O que aconteceu comigo? Por um instante tudo
apagou e eu não me lembro de nada. Porque meus braços estão
arranhados? – tanto Estela como Clarinha ficaram muito assustadas
e com medo. Elas olharam para Leomar e imediatamente trataram
de se vestir. Estela começou a chorar e Clarinha tentava acalmar a
amiga. E neste momento a tentação parou de perturbar Leomar. Ele
começou a se sentir aliviado. O perigo havia passado. E o melhor de
tudo era que ele havia conseguido vencer aquela tentação. As duas
moças olharam para ele com admiração e muito medo.
- Gostaria que você nos deixasse sozinhas – disse Estela para
Leomar.
Ele também estava sem acreditar em tudo aquilo. Nunca imaginou
que ao combater a tentação daquela maneira, desencadearia todo
acontecimento que se seguiu. Leomar saiu então de perto daquelas
moças e voltou para o Espaço. Depois do que aconteceu naquele
dia, Estela acabou sumindo do Espaço e não tomava mais os seus
shakes, como era de se esperar. Leomar ainda ficou dois meses ali,
mas com o passar dos dias o movimento foi caindo e todo lucro que
ele conseguia dava apenas para pagar o aluguel, não sobrando assim,
nenhum dinheiro para si mesmo.
No dia em que ele foi entregar as chaves para a dona do local foi
Estela quem atendeu.
- A minha mãe não está – disse ela.
- Aqui estão as chaves – falou Leomar.
Estela se aproximou para pegar as chaves da mão do rapaz e quando
chegou perto, ele notou que o semblante do rosto dela havia
mudado. Era aquele mesmo semblante que ele vira no rosto de
Clarinha. Leomar arregalou os olhos sem acreditar que aquilo
pudesse realmente acontecer na vida real. Ele já ouvira falar de
histórias de gente possessa, e também já havia lido na Bíblia. Mas na
vida real parecia muito improvável de acontecer. Foi quando ele
ouviu Estela falar:
- Vou colocar outra tentadora no seu caminho – a voz de Estela parecia
rouca e grave como voz de homem e seus olhos estavam virados
dando apenas para ver a parte branca do globo ocular.
Após falar aquilo o semblante de Estela voltou ao normal e ela
parecia assustada. Sentia como se por alguns segundos tivesse
apagado, como numa síncope.
Leomar ficou impressionado e nunca mais se esqueceu do que
aconteceu naquele dia. Ele procurou ficar vigilante e caso alguma
tentadora aparecesse em seu caminho, sabia que teria que resistir,
suportar e combater, caso quisesse vencer. De fato, outra tentadora
apareceu na vida de Leomar muito tempo depois, só que esta seria
uma outra história.
PATRICK
Praias. Clubes. Lagos. Cachoeiras. Seriam todos estes lugares
amaldiçoados? Não. Acho que não. O lugar por si só não determina
nada. O problema não está no lugar, e sim no coração e na atitude
das pessoas que vão a tais locais. Pessoas que não tem temor de
Deus no coração e que não se preocupam com as regras do jogo. E
quanto ao cristão? As regras do jogo seriam diferentes quando se vai
até estes lugares? Será que na igreja ou no trabalho eu tenho que me
comportar com modéstia, mas quando estou em casa, ou na praia ou
no clube tenho liberdade para me comportar de acordo com as
regras do lugar? E quem dita as regras de comportamento para tais
lugares? A sociedade corrupta? Os filhos do diabo? Entretanto, o
que este livro vai mostrar a seguir, terá um nome para isto. Tentação.
Não apenas a tentação. Mas a pior de todas elas.
- Patrick. Anda logo – disse Rose.
- Já vai – falou Patrick.
- Eu vou indo na frente. Vou te esperar na areia – falou Rose.
Patrick não entendeu direito o que Rose estava dizendo, mas como
estava ocupado demais tentando encontrar uma bermuda comprida
e uma camiseta decente, ele acabou não se importando com o fato
de Rose ter ido na frente. O que ninguém havia explicado para o
Patrick ainda, é que o pastor da igreja a que ele pertencia, não
ensinava para os seus membros que o cristão deveria se comportar
de maneira decente na praia.
Não fazia muito tempo que Patrick havia aceitado Jesus como
salvador de sua alma. Ele havia se convertido de verdade. Seu nome
fora escrito no livro da vida. Ele era um verdadeiro templo do
Espírito Santo. Até havia conseguido o batismo com fogo e já estava
começando a falar em línguas estranhas. Mas nada disto iria resolver
se ele não usasse o segredo para se vencer a tentação. E sabem como
Patrick ficou sabendo do segredo para vencer a tentação? Foi
quando aceitou Jesus como salvador. Isto aconteceu porque um
amigo lhe falou. Um outro amigo havia falado para este amigo que
por sua vez havia aprendido com um outro amigo e este também
aprendeu com um outro amigo...E Rose, ele a conheceu em um dos
cultos de sua igreja. Começaram a conversar e acabaram iniciando
uma amizade. Rose não sabia que Patrick era diferente dos demais
irmãos da igreja. E Patrick não sabia que Rose não era a irmã que ele
esperava que ela fosse.
O celular de Rose tocou.
- Fala, Patrick – ela atendeu.
- Onde você está? – perguntou ele – Por que você não me esperou?
- Você estava demorando demais. Quero aproveitar o sol. Estou
vendo algumas nuvens apontando no céu.
- Mas eu não sei onde você está – disse ele.
- É só você seguir reto. Eu estou na areia – falou ela.
Patrick não estava esperando pela tentação naquele dia. Isto tornaria
a tentação mais poderosa ainda, pois aquele ataque seria uma espécie
de elemento surpresa. É sempre bom estarmos vigiando aos
possíveis ataques da tentação. Ela tem a tendência de aparecer na
nossa vida em uma hora que não esperamos. Mas Patrick ainda era
neófito no que diz respeito aos ataques da tentação.
O rapaz chegou na praia e começou a caminhar em linha reta. Ele
começou a reparar que as pessoas na praia não se importavam de
estar praticamente sem roupa. Patrick não se importava de entrar na
água completamente vestido. Poderia até parecer um pouco ridículo
para algumas pessoas, mas o que importava para ele era estar de
acordo com a vontade de Deus. Desde que se converteu, Patrick
sabia que ficar seminu em público é algo contrário à vontade de
Deus. Sabia que se uma pessoa queria ser salva e morar no céu, não
poderia se comportar desta maneira. Ele acreditava que todos na
igreja seguissem este padrão, pois para ele era muito óbvio que uma
irmã da igreja não poderia ficar de biquíni na praia como aquelas
mundanas que agora ele estava vendo.
Foi quando Patrick viu uma morena do seu lado direito. Seu corpo
chamava muito a atenção. A morena usava um biquíni que formava
um meio-fio dental. Ele desviou o olhar sentindo o forte efeito da
tentação lhe causando uma terrível adrenalina e uma pressão na
bexiga.
- Onde você vai? – perguntou a morena.
Era Patrick que estava confuso ou aquela era a voz de Rose? Ele
acabou olhando na direção da morena e não acreditou no que viu.
Era Rose.
- Você se desviou? – esta foi a única coisa que Patrick conseguia
perguntar e também a única resposta lógica para ele estar vendo
Rose daquela maneira.
- Não. Por quê? – falou Rose.
- Você não poderia estar desta maneira! – exclamou ele.
Então Rose inclinou o glúteo para o lado demonstrando para Patrick
que não estava nem aí com a opinião dele. Todos na igreja faziam
isto.
Não teve jeito. Patrick acabou vendo o glúteo enorme de Rose e
aquilo fez com que a tentação viesse para lhe tirar dos caminhos do
Senhor imediatamente. Até porque ele percebeu que poderia
cometer alguns pecados com Rose caso ele quisesse, pois a moça era
promíscua, apesar de ser...evangélica.
Foi quando Patrick resistiu. Se não tivesse resistido, teria caído em
pecado naquele momento. Não daria tempo de jejuar, de fazer
campanha de oração, de fazer mais nada a não ser resistir. Foi
quando ele se lembrou do segredo que haviam lhe ensinado.
- Resistir, suportar e combater – disse ele para si mesmo em voz
baixa.
Então Patrick se deu conta de que teria que usar este segredo pois
era a única coisa que haviam lhe ensinado para vencer a tentação. E
de uma coisa Patrick tinha certeza, era de que a tentação havia
chegado.
- Vamos entrar na água? – perguntou a tentadora para Patrick.
Foi quando ele se lembrou de que teria que suportar para poder
vencer a tentação. Patrick foi tomado por uma lista muito grande de
fobias quando sentiu o tamanho do poder da tentação. Era a
primeira vez que ele percebeu que poderia se desviar dos caminhos
de Deus. Quando aceitou Jesus como salvador, Patrick começou a
ter a falsa sensação de que uma pessoa que realmente se converte,
não consegue se desviar dos caminhos do Senhor. Mas isto até que a
pessoa enfrenta a tentação. E Patrick estava diante de uma que
poderia fazer com que ele ficasse endemoniado imediatamente, caso
viesse a sucumbir. E a lista de fobia que ele começou a sentir é
grande: Agorafobia que é um forte medo de lugares abertos, de estar
na multidão, lugares públicos ou deixar lugar seguro; Antropofobia
que é medo de pessoas ou da sociedade; Autofobia que é medo de si
mesmo ou de ficar sozinho; Cacorrafiobia que é mesmo de fracasso
ou falhar; Catagelofobia que é o medo mórbido do ridículo e
também uma fobofobia que é o medo de sentir fobias; e Patrick
estava perto de ter uma forte síndrome do pânico quando percebeu
que teria que suportar se quisesse realmente vencer a tentação. Foi
quando ele fez um esforço muito grande para suportar. Isto
impediu sua queda e quando percebeu que estava dando certo se
lembrou de que tinha que combater a tentação. De fato, ele estava
se sentindo uma terrível vítima da tentação. Rapidamente ele acabou
encontrando uma maneira de combater a tentação. Foi orando.
- Sai tentação. Eu te expulso em nome de Jesus – disse ele num tom
que foi suficiente para Rose ouvir.
- O que você está fazendo? – disse Rose, chateada.
- Todos naquela igreja são assim? – perguntou Patrick.
- Assim como? – perguntou Rose.
- Depravados igual a você – disse ele que percebeu que só havia
vencido aquela tentação porque resistiu, suportou e combateu.
- Ah meu fí – disse Rose com a voz embargada. Ela estava ficando
vermelha de tanta raiva – Ninguém fica de roupa na praia.
- Mas nós somos servos de Deus – disse Patrick revoltado. A
tentação pareceu ter se afastado. Ele estava tomado por uma ira
santa vida da parte de Deus.
- Não conheço nenhum evangélico que toma banho de roupa – disse
Rose contrariada. Ela encostou o glúteo na areia para esconder o fio
dental de Patrick.
- Você está falando sério? – Patrick estava quase chorando.
- Sim – disse Rose meneando a cabeça positivamente e fazendo
carinha de menina inocente.
- Bom, sendo assim – Patrick ficou pensativo por alguns segundos –
Eu nunca mais vou dizer que sou evangélico.
- E quando alguém te perguntar qual sua religião? – perguntou Rose
curiosa.
- Eu vou dizer que sou salvo – respondeu Patrick.
Ela deu um sorrisinho sem graça.
- Eu vou embora – disse Patrick que se virou e começou a caminhar
de volta.
- Você vai para igreja hoje? – perguntou Rose.
Patrick disse que não com a cabeça. Ele não pretendia nunca mais
voltar naquele lugar onde as irmãs ficam de biquíni na praia. Esta foi
a primeira vez que Patrick teve que enfrentar uma grande tentação.
E ele venceu.
RAUL
A tentação sempre tem as suas maneiras de pegar um servo de Deus.
Até mesmo ir ao banheiro pode ser funesto quanto se tem que
enfrentar a tentação. Raul era um cristão verdadeiro. Havia aceitado
Jesus como salvador já fazia algum tempo. Era batizado nas águas e
no Espírito Santo. Gostava de falar de Deus o tempo inteiro. Amava
as almas e a obra de Deus. Seu maior sonho era ir para África para
poder pregar a palavra Deus. A vida de Raul não era um mar de
rosas. As dificuldades financeiras eram grandes, algumas doenças
sempre lhe importunavam. Não tinha posição social. Não era
formado em nenhuma universidade. Não tinha carro. Não tinha
casa. E não tinha roupas caras. Algumas pessoas diriam que a vida de
Raul era um verdadeiro inferno. Mas o que importava para ele era ter
a certeza da salvação. De que um dia iria morar no céu, e ele
procurava juntar tesouros no céu porque sabia que o ladrão não
poderia roupar e nem se deterioraria com o tempo. Raul gostava de
orar muito. No começo de sua fé, ele chego a achar que se o segredo
para se vencer a tentação fosse a oração. Até que caiu em pecado e
se desviou. Foi quando estava desviado que descobriu o segredo
para vencer a tentação. Isto graças a um amigo que lhe ensinou.
- Você precisa voltar para os caminhos do Senhor – dissera seu
amigo.
- Eu já tentei. Me desviei no outro dia – disse Raul.
- Mas você precisa insistir – disse o amigo.
- Eu já insisti e no outro dia mesmo que me desviei, eu me
reconciliei. Mas me desviei no outro dia novamente.
- Eu conheço o segredo para se vencer a tentação – disse o amigo de
Raul.
- Eu já tentei de tudo – disse Raul com cepticismo. Ele estava
completamente desacreditado de si mesmo.
- O segredo para se vencer a tentação é resistir, suportar e combater
– disse o amigo de Raul.
Isto Raul nunca havia tentado.
- Você pode me explicar melhor? – perguntou Raul interessado.
Então o amigo de Raul lhe explicou com detalhes como era resistir,
suportar e combater. Naquele mesmo dia Raul se reconciliou com
Deus e estava firme nos caminhos do Senhor até então.
Só que tinha a tal da privada. Foi pela manhã quando Raul foi no
banheiro que a tentação lhe armou o pior laço de sua vida.
Sentado no vaso, Raul começou a se lembrar de uma pessoa que
havia dito que precisava de alguém para pintar a parede de sua
residência. Raul estava desempregado e precisando de dinheiro.
Havia tentado trabalhar com serviços gerais, mas acabou desistindo
porque não conseguia pegar nenhum serviço. Acontece que em um
dos dias que Raul estava procurando trabalho, uma mulher havia lhe
dito que iria precisar de um pintor. Só que Raul ficou decepcionado
porque não era para aquele momento.
- Pra agora não – a mulher foi enfática – É só daqui para dois meses.
Raul havia ficado com raiva naquele dia porque não lhe interessava
pegar o serviço dois meses depois. Até que os dois meses haviam se
passado.
Maldita privada!
- Ô de casa! – chamou Raul do portão.
Logo apareceu alguém da janela.
- Olá. O que o senhor deseja?
- Tudo bom? Eu sou pintor. Eu passei aqui faz algum tempo e me
disseram que iriam precisar...- a pessoa não deixou Raul terminar.
- Espera um momento. Eu vou abrir o portão.
Alguns segundos depois abriram o portão para Raul.
- Pode entrar. Você trabalha com pintura?
Não. Ele vende verdura na feira. É cada pergunta!
- Sim – respondeu Raul.
- E quanto é que você me cobra para pintar toda esta casa? – uma
mulher de meia idade mostrou os cômodos da residência para Raul.
Depois que Raul fez o orçamento, ficou combinado que ele voltaria
no outro dia para pintar o local. O trabalho seria feito com toda a
mobília dentro e ninguém iria sair do lugar.
No outro dia Raul acordou todo animado para trabalhar. Pegou o
pouco de ferramenta que iria precisar e foi até aquele...
Aquele maldito local.
Para início de conversa. A mulher de meia idade que atendeu Raul
no dia anterior não estava na casa. E quem estava na casa? A filha da
mulher que diga-se de passagem era uma...grande tentadora!
Assim que Raul entrou naquela casa e que viu a filha da mulher na
sua frente já teve que enfrentar a tentação.
O decote e os seios pesados da moça era mais do que suficientes
para fazer com que Raul caísse em tentação caso estivesse
despreparado. A moça era charme puro. Usava um óculos apenas
por ―Style‖ e se vestia com elegância, e com lascívia também.
O que salvou Raul foi a certeza de que conhecia o segredo para se
vencer a tentação. Ele conseguiu contar a queda porque confiava que
conhecia o segredo para se vencer a tentação, que era resistir,
suportar e combater. Interessante isto, porque apenas o fato de saber
que se conhece o segredo já foi suficiente para Raul conseguir
vencer. Legal isto.
Mas a coisa iria degringolar de vez enquanto Raul fazia o seu serviço.
E seria nesta hora que ele poderia cair caso não...fizesse o que tinha
que ser feito.
E o terrorismo por parte da tentação começou quanto Raul
terminou de pintar a sala e foi até o quarto...adivinhem de quem?
Exatamente. Da grande tentadora que se chamava Cintia.
Toc,toc,toc. Raul bateu na porta.
- Quem é? – perguntou Cintia.
- É o pintor – respondeu Raul – Eu poderia entrar para pintar o
quarto?
- Eu tenho que sair daqui? – perguntou Cintia – Eu não estou afim
de sair do quarto agora.
- Você pode ficar se não se incomodar com o cheiro da tinta – disse
Raul.
- Eu acho que vou me incomodar sim – disse Cintia.
Mal sabe ele o que lhe espera.
- É que eu já pintei a sala e o quarto da sua mãe está trancado e na
cozinha tem alguém fazendo comigo agora, então, o único lugar que
eu posso pintar no momento é o seu quarto, Cintia.
- Fica à vontade então – disse ela.
Raul entrou.
Durante os primeiro metros que ele caminhou pelo quarto, ele não
pode ver Cintia em cima da cama, pois as latas de tinta que eram
grandes estavam obstruindo sua visão. Mas assim que se aproximou
da cama acabou vendo Cintia inevitavelmente. Ele nunca poderia ter
imaginado aquilo. Coisas assim parecem só acontecer nos livros que
se escrevem, ou nos filmes, ou em novelas. O fato é que Raul ficou
tão tenso diante da visão da grande tentadora que acabou deixando
as latas de tintas caindo no chão.
- Vai limpar – foi tudo o que Cintia disse.
E agora ele pode ver com nitidez a voluptuosa moça na sua frente.
Raul nem precisava de ter certeza se poderia consumar todo tipo de
pecado com Cintia naquele local. Só o fato da moça estar se
expondo daquela maneira já era suficiente para fazer ele consentir
em toda espécie de pensamento impuro e de se desviar para poder
tentar alguma coisa com ela. Então Raul se lembrou do segredo.
Rapidamente ele procurou resistir. Mas apenas resistir não seria
suficiente, pois Cintia ainda estava bem na frente de Raul e a
tentação aumentava cada vez mais. Resistir a tentação impediu a
queda inicial de Raul mas não fez com que a tentação fosse embora.
Pelo contrário. A tentação só aumentou. Então Raul foi tomado por
um grande terror psicológico. Parecia que iria enlouquecer. Era
como se não tivesse adiantado nada ter resistido a tentação. Raul se
sentiu em um filme de terror. Mas não aqueles que tem vilões como
monstros feiosos ou psicopatas que fingem ser seus vizinhos
amigáveis que fazem limonadas em dias de verão. O vilão parecia ser
ele mesmo sofrendo de uma doença mental que o levaria a fazer
coisas bizarras e sem sentido. Foi neste momento que ele se deu
conta de que suportar a tentação fazia todo sentido do mundo e isto
o convenceu de que aquele certamente era o segredo. Partindo disto
ele conseguiu encontrar forças para suportar a tentação.
- Me desculpe – disse ele quando Cintia percebeu que ele a havia
visto daquela maneira – Eu voltou depois então – foi quando ele se
lembrou de que ainda faltava combater. Mas isto ficaria para depois,
ele queria muito sair daquele lugar.
- Não senhor! – disse Cintia – Pode limpar esta bagunça que você
fez.
- É que eu não sabia que você estava...- ele não conseguiu completar
a frase.
- Sem roupa? – disse Cintia sem pudor nenhum.
Raul fez que sim com o semblante.
- Eu estou no meu quarto se você não reparou – disse Cintia.
Raul ficou sem saber o que fazer e ficou parado ainda tendo que
lutar para resistir e suportar a tentação.
- O que foi? – disse Cintia – Está esperando o que para começar a
limpar esta bagunça?
Raul sentiu uma grande necessidade de começar a combater a
tentação, pois estava sendo difícil ter que suportar os terrores que ela
lhe causavam na mente e na alma. Foi quando se lembrou de que seu
amigo havia lhe dito que não existe uma única maneira de combater
a tentação e de que a pessoa poderia usar a criatividade nesta hora.
Então Raul começou a combater a tentação em pensamentos. Fez
isto por alguns segundos enquanto começava a limpar a sujeita do
chão.
- Isto escravo. Limpa direitinho – brincou Cintia com ele.
Os decibéis da dor que a tentação causava em Raul faziam parecer
que seus tímpanos iriam estourar. Apenas o fato de saber que Cintia
estava ali naquele quarto era suficiente para fazer a tentação se
manifestar com muito poder. Raul teve que continuar suportando.
Poucos minuto depois Raul já estava terminando com a limpeza. Ter
combatido a tentação havia lhe trazido um pouco de alívio e ele
parecia estar conseguindo manter a tentação em níveis suportáveis.
Foi uma atitude de sabedoria ter evitado de olhar para Cintia durante
o tempo que ele teve que limpar aquele sujeira. Só que, em se
tratando da tentação, um segundo de descuido pode ser fatal.
Cintia bocejou e disse:
- Ai que sono. Estou com uma preguiça – então ela se virou na cama
e Raul acabou olhando para ela. A visão foi extremamente tentadora.
Uma devastação total na mente daquele servo de Deus.
Seria melhor não ter olhado. Mas já que ele olhou, não teve jeito. A
tentação veio com tudo. E para piorar mais ainda as coisas, Raul
percebeu que ela virou o glúteo na direção dele de propósito. Ela
queria ser reparada. Ela queria ser cobiçada. E talvez queria até
mesmo outras coisas.
Resistiu, resistiu, resistiu, resistiu. Raul resistiu. Mas como reza a
cartilha. Não basta resistir. E como reza a cartilha, assim que resistiu,
Raul percebeu que a tentação não havia indo embora. Ele começou a
sentir uma sensação desagradável, que varia desde desconforto leve a
excruciante, associada a um processo destrutivo atual ou potencial
dos sentidos. A tentação se expressava através de uma reação
orgânica e emocional. Haviam variações mecânicas ou térmicas que
ativam diretamente as terminações nervosas. A dor é sempre
subjetiva. Cada indivíduo apreende a aplicação da palavra através de
experiências relacionadas com lesões nos primeiros anos de vida.
Mas naquele momento Raul teve a sensação de que estava
aprendendo um novo significado para a dor. E como foi difícil para
ele suportar. O sofrimento estava tão grande que ele demorou para
se lembrar de que precisava de combater a tentação. Talvez pela
ajuda do Espírito Santo ou por uma reação da alma diante da
tentação, ele acabou combatendo a tentação intuitivamente em
pensamentos em uma tentativa desesperadora de buscar alívio.
- Não tentação. Não tentação – repetia Raul várias vezes esta frase
em pensamento.
- Tudo bem com você? – perguntou Cintia preocupada.
Naquele momento Raul estava com os olhos petrificados pela dor.
Toda a força de sua alma estava direcionada no esforço que ele
estava fazendo para suportar a tentação. Raul estava perdendo a
sensibilidade para a dor.
- Não tentação. Não tentação – ele ainda combatia a tentação de
maneira intuitiva em pensamentos.
Sem se dar conta de que havia combatido a tentação, Raul, ainda
tendo que suportar a tentação, pegou suas ferramentas e caminhou
em passos arrastados na direção da porta do quarto.
- Seu pintor – chamou Cintia, mas Raul estava em choque diante do
poder da tentação. Resistir, suportar e combater havia sido a coisa
mais difícil que ele teve que fazer até hoje na vida. Cintia então falou
mais alto – SEU PINTOR!
Raul olhou para Cintia. Agora não importava mais. O estrago já
estava feito. Não tinha como piorar.
- Sim? – disse ele com a voz rouca.
- Você é evangélico? – ela perguntou.
- Salvo – respondeu Raul.
- Entendi – disse Cintia.
Raul não sabia se era coisa de sua cabeça conturbada ou se Cintia
estava chorando. Talvez estivesse com remorso pelo que fez. Mas
isto não importava. Caminhando em passos lentos como uma pessoa
doente, Raul pegou suas poucas ferramentas e foi embora. Não
queria mais trabalhar naquele lugar. Ficaria sem dinheiro mesmo.
Aquele dia foi bastante ruim para Raul, mas ele ainda sentiria muita
felicidade nos dias que viriam, não a felicidade da carne. Mas a
felicidade do espírito. A felicidade de ter vencido a tentação.
THIAGO
Thiago era o obreiro mais jovem de sua igreja. Ele orava mais do que
ninguém. Tinha apenas 23 anos e embora continuasse pequeno e
magricela para sua idade, crescera alguns centímetros desde o ano
anterior. Seus cabelos muito pretos, porém, continuavam como
sempre tinham sido, teimosamente despenteados, por mais que ele
fizesse grande esforço para mantê-los arrumado. Os olhos por trás
das lentes eram azul vivo, e na testa havia, claramente visível através
dos cabelos, uma cicatriz fina, que eram as marcas de Cristo em sua
vida. Isto porque ele já havia apanhado por pregar o evangelho para
uma turma de maconheiros.
- QUEM NÃO SE CONVERTER VAI PARA O INFERNO –
gritava Thiago até que os maconheiros que não queriam nada com
Deus ficaram furiosos.
De todas as coisas fora do comum em que ele já havia passado,
essa cicatriz era a mais extraordinária de todas. Ele havia apanhado
por causa da sua fé em Cristo, mas neste dia não tinha enfrentado a
tentação como iria enfrentar desta vez. Não era como muitos
pensavam, um rapaz normal. Thiago durante dez anos desde que se
converteu, só fazia a obra de Deus, o tempo todo. Ele procurava
todos os dias se esquecer da lembrança do acidente de carro que
matara seus pais. Mas voltara a defrontar com ela outra vez em que
estava se lembrando do dia em que se converteu. Foi por causa do
acidente que ele havia aceitado Jesus. Ao se recordar do último
encontro, ali parado à janela escura, teve de admitir que era uma
sorte ter chegado ao seu décimo terceiro aniversário de fé vivo, pois
muitas vezes o diabo tentou contra sua vida.
Examinou o céu estrelado à procura de um sinal de Deus. Ele ficou
observando um bichinho voando ao seu encontro talvez com um
inseto morto pendurado no bico, foi quando ele viu passando uma
mulher em sua frente, contando receber elogios. Mas ao olhar
distraidamente para ela Thiago não fez como os demais homens
sempre faziam, ele foi até a ela e começou a pregar a palavra de
Deus. A mulher demorou alguns segundos para perceber o que
estava havendo.
Recortada contra a lua dourada, e sempre crescendo, a moça se virou
e veio estranhamente em sua direção e Thiago ficou muito
inquieto esperando o que poderia acontecer. A mulher chegou bem
perto e perguntou discretamente para Thiago:
- Você é gay? – ela estava acostumada com muitos assédios. Mas
Thiago não fez isto.
- Não! – respondeu ele secamente.
- Eu não entendo...Onde você mora?
- Eu moro aqui do lado.
- Será que eu poderia entrar em sua casa para tomar um copo de
água? Estou com muita sede.
Thiago achou aquilo muito estranho. Mas ele não teve coragem de
dizer para ela que não poderia entrar para tomar um simples copo de
água. Afinal, o que ela iria pensar dos cristãos. Mas o servo de Deus
percebeu que aquilo não estava cheirando bem. A tentação agiu
muito rapidamente. Desde que se converteu, estava esperando para
se casar. Até porque ele era novo. Mas ele não conhecia nenhum
rapaz da idade dele que ainda fosse virgem. Quando a mulher passou
do lado dele, o diabo começou a soprar no ouvido do pobre irmão.
―Agora você tem a oportunidade. Se você não aproveitar, nunca
mais terá outra como esta‖
Por uma fração de segundo ele hesitou, a mão no trinco da
porta, pensando se devia fechá-la e aproveitar o sabor do pecado. Se
ele fizesse isto, já estaria demonstrando suas más intenções. Mas,
nessa hora ele soube mostrar que estava realmente preparado para
vencer a tentação pois ele já estava identificando o que era tudo
aquilo que estava acontecendo, resistiu a tentação e saltou para o
lado. Não queria encostar na mulher que se aproximou demais. Ela
percebeu que ele começou a ficar apavorado. Tudo indicava que
realmente Thiago estava tendo uma oportunidade clara para cair em
pecado com aquela mulher e se desviar dos caminhos do Senhor.
- Onde fica a cozinha? – perguntou ela.
- Fica pra lá – disse Thiago apontando para frente.
A mulher entrou na cozinha e sumiu de vista.
Thiago começou a ficar com medo. Mas o medo de se desviar, já é
uma evidência de que a pessoa não está preparada para vencer a
tentação. Então ele procurou se conter. Ele começou a procurar os
reais motivos pelo qual teria que abrir mão dos prazeres deste
mundo.
A mulher entrou no quarto de Thiago. Pousara com um ruído fofo
na cama do rapaz e uma cadeira, que era grande e cinzenta, tombou
para o lado, enquanto Thiago estava na sala, imóvel. Foi quando o
irmão ouviu o barulho e resolveu ir até lá para ver o que era. Trazia
um grande receio consigo mesmo e sentia suas pernas tremerem
muito ao já ter que suportar a tentação.
Foi quando ele resolveu colocar aquela mulher para fora.
Ela foi se levantando e caiu no chão. Parecia estar desmaiada (na
verdade ela estava fingindo)
Thiago abriu um olho lacrimejante, deu um pio fraquinho de pavor
e desatou a beber água em grandes sorvos.
O rapaz sentou-se na cama e apanhou a Bíblia. Com os dedos
trêmulos, ele abriu a página e examinou a mulher em movimento, e
um sorriso espalhou-se em seu rosto foi quando ele resolveu ir até o
banheiro. Quando voltou, estava decidido a pedir para a mulher ir
embora mas ao ver a mulher deitada em sua cama, foi que conheceu
a tentação como nunca havia conhecido em sua vida.
- Eu não acredito que Deus está permitindo uma coisa destas em
minha vida – disse ele para si mesmo.
- Uau! - exclamou baixinho, a mulher – O que achou? – perguntou
ela.
Thiago teve que começar a resistir a tentação mil vezes por
segundo. Se ele não resistisse com toda força de sua alma, não teria
condições para vencer o pecado. O garoto apanhou o abajur na
mesa-de-cabeceira, agarrou-o com firmeza com uma das mãos e
ergueu-o acima da própria cabeça, pronto para desferir uma pancada.
Se eu ver que não vou conseguir suportar, prefiro desmaiar.
- Ah, ah - gemeu a mulher.
Thiago jogou o abajur perto da cama. O abajur caiu com um barulho
metálico e arrastou-se rápido pelo quarto.
- Sai da minha casa – disse Thiago para a mulher.
- Tem certeza? – perguntou ela que foi se levantando bem devagar
até ficar em uma posição que fez a tentação aumentar mais ainda
para Thiago.
Thiago agora precisava provar que realmente amava a Deus. Uma
guerra espiritual muito grande começou a tomar conta de sua mente.
Ele não tinha muito tempo para pensar. E se ele aproveitasse aquela
oportunidade e depois pedisse perdão para Deus?
É assim que a tentação faz. Ela soprava na mente de Thiago:
―Desvia! Desvia! Depois você pede perdão, depois você se
reconcilia‖
Foi quando ele entendeu que mesmo que ele pedisse perdão e fosse
restaurado, ele pagaria um preço muito caro se caísse em tentação. O
preço mais caro que ele iria pagar não seria na terra e sim a perca de
galardão no céu.
Ele então resistiu com toda força de sua alma. Teve que suportar o
peso de milhares de toneladas porque a tentação estava mais forte do
que nunca. Ele suportou por alguns segundos enquanto procurava
um meio de combater a tentação. A maneira que ele encontrou foi
começar a tratar muito mal aquela mulher. Ele iria vencer o combate
contra a tentação se tirasse aquela tentadora se sua vida.
- Você não passa de uma despudorada – começou ele.
- Eu não sei do que você está falando. E ainda continuo achando
que você é gay.
- Eu não sou gay.
- Então porque é que você não vem e....
- CALE SUA BOCA. SUA IMUNDA. FILHA DO DIABO.
Quando Thiago a chamou de filha do diabo, parecia que ele havia
soltado um palavrão.
- Você me chamou de quê? – perguntou a mulher se virando e
pegando sua roupa.
- DE FILHA DO DIABO – disse Thiago com raiva.
A mulher ficou com muita raiva daquilo também. Colocou as roupas
chegou perto de Thiago e lhe deu um tapa na cara.
- Agora você vai embora? – perguntou Thiago.
A mulher foi embora sem dizer mais nada.
―Um tapa em troca de uma queda?‖ – pensou Thiago – ―Eu prefiro
levar um tapa na cara do que me desviar dos caminhos do Senhor‖
Thiago contou o que aconteceu para alguns irmãos da igreja que
ficaram admirado com a fé do rapaz. Um dos maconheiros que havia
batido em Thiago quando ouviu falar do que aconteceu resolveu que
queria aceitar Jesus como salvador também. Pois se Thiago havia
vencido, ele poderia vencer também. Thiago provou para o mundo
que estava preparado para vencer a tentação. A tentação não respeita
ninguém. Quando ela quer vir, ela vem! Mas ele venceu!
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Fazia pouco tempo que Rubens havia se convertido. O apelido dele
na vizinhança desde pequeno era Kiko porque ele gostava muito de
assistir Chaves. Um colega que era irmão de Vanessa havia aceitado
Jesus como salvador. Vanessa é a tentadora da história. Vocês vão
conhecer ela daqui a pouco. Rubens que a partir de agora será
chamado apenas de Kiko neste livro estava muito contente, pois
agora sabia que não iria mais para o inferno e sim para o céu. A
primeira coisa que recebeu ao aceitar Jesus como salvador foi a
certeza de sua salvação. Não era nada fácil para Kiko poder seguir os
caminhos do Senhor. O mundo continuava oferecendo um monte
de coisas para este rapaz. Acontece que quando uma pessoa aceita
Jesus como salvador, ela precisa estar preparada para vencer todo
tipo de tentação. Este livro existe para mostrar a você que você
precisa estar preparado e que a tentação virá. Esta obra tem o
objetivo de te mostrar a tentação da forma mais clara possível. Você
vai viver na pele um pouco do que os personagens deste livro vivem.
- E então, Kiko? Quando é que você vai orar lá em casa? –
perguntou o irmão de Vanessa.
- Eu não sei. Para dizer a verdade, eu ainda estou aprendendo a orar.
Eu gostaria muito de poder orar como você, assim de joelhos, sabe?
– disse Kiko.
- Sei sim. Sexta feira eu vou fazer uma vigília. Você quer vir?
- O que é isto?
- É quando a gente fica até mais tarde orando. Às vezes a gente fica
até de madrugada.
- Eu vou fazer um esforço para ir.
- Eu gostaria muito que você também pregasse um pouco a palavra
de Deus para minha irmã. Eu não sei mais o que fazer. Eu já tentei
de tudo.
- Então tá. Está combinado. Eu vou sim – falou Kiko.
Kiko estava todo animado para poder começar uma vida de oração.
Ele comprou uma Bíblia com o dinheiro que ganhou no serviço e
começou a devorar a palavra de Deus. Ele também arrumou um
monte de folheto com mensagens de Deus e começou a entregar
para as pessoas.
- Jesus te ama! – dizia Kiko para todo mundo.
A semana passou rápida e a sexta-feira da vigília chegou. O jovem
cristão estava empolgado para orar. Ele foi até a casa de seu amigo.
Mas ele não contava com a presença marcante e sensual de Vanessa
naquela noite. Tudo aconteceria furtivamente. Quando ninguém
estivesse vendo. O amigo de Kiko ficou feliz quando ele chegou.
- Então, esta aqui é a minha irmã. Aquela que te falei que estava
precisando ouvir a palavra de Deus.
- Como é? – estranhou Vanessa.
- Eu pedi para meu amigo aqui pregar um pouco para você – disse o
irmão dela.
- Você está muito enganado se você pensa que eu vou ficar aturando
ele igual eu aturo você. Eu dou um jeito nele rapidinho.
Kiko não entendeu o que ela queria dizer com ―dar um jeito‖. Foi
então que ele e seu amigo foram para a sala e começaram a
conversar sobre as coisas de Deus. Enquanto isto, o diabo estava
preparando um laço para fazer com que Kiko não permanecesse nos
caminhos do Senhor.
- Que horas a gente vai começar a orar? – perguntou Kiko para o
amigo.
- Vamos começar por volta de dez horas. É que eu convidei um
pessoal da igreja. Depois do culto eles também vão vir orar com
agente.
- Que legal! – Kiko estava muito empolgado.
Mas antes que a oração pudesse começar, a tentação viria. Será que
aquele jovem cristão iria conseguir vencer a tentação? Estaria ele
preparado para vencer o sensualismo? Quem vence um leão não
precisa ter medo de um rato. Quem está preparado para vencer as
grandes tentações como as tentações do sensualismo está preparado
para vencer qualquer tipo de tentação. É por isto que este livro se
dedica tanto a ensinar você a vencer este tipo de tentação. Aqui você
está lendo as histórias e sentindo na pele, como se estivesse vivendo
na vida real. Ao ler este livro você também pode cair em tentação
juntamente com os personagens desta obra. Cabe a você vencer,
assim como eles estão vencendo. Você precisa estar preparado ou se
preparar, pois mais cedo ou mais tarde, a tentação virá. Esta obra
tem o objetivo de te preparar para vencer este tipo de tentação tão
cruel e sendo assim, vencer todo tipo de tentação.
Kiko resolveu que gostaria de falar um pouco de Jesus para Vanessa.
- Onde está sua irmã? – perguntou Kiko para seu amigo.
- Eu não sei. Deve estar pela casa.
- Eu vou ver se acho ela para poder falar de Jesus.
- Isto. Faça isto mesmo.
- Vanessa! Vanessa! Onde você está? – gritou Kiko.
- Estou aqui – respondeu ela do quarto.
- Eu gostaria de falar com você um pouco.
- Pode entrar – falou ela.
Kiko não percebeu o laço que estava esperando-o no quarto.
Inocentemente, assim como um cordeiro que vai para o matadouro,
ele entrou no quarto. Abriu a porta bem devagar, e por azar, ainda
fechou.
- Cadê você? – perguntou ele. Ele não viu ninguém no quarto.
- Estou aqui – respondeu Vanessa de um cômodo. Ele foi até lá.
Não sabia que ela estaria daquela maneira. Parecia mentira. Kiko não
acreditava no que estava vendo em sua frente.
Vanessa não estava nem aí. Ela não tinha nada a perder.
- Você quer ficar aqui comigo? Eu deixo você passar a mão em mim
e até fazer mais coisas? – perguntou Vanessa para Kiko – Me dá uma
ajudinha com o computador.
Foi então que ele provou que realmente havia se convertido. Ele
ainda nem havia sido batizado e o Tentador de nossas almas estava
colocando o pecado na frente de Kiko. Ele sentiu um forte impacto
com a tentação. Por alguns segundos parecia que o servo de Deus
iria cair em pecado. Mas ele resistiu a tentação em pensamentos. Só
que foi a mesma coisa que não ter resistido. Porque ao olhar
novamente para aquela mulher ele começou a pensar que uma
oportunidade de pecar com uma mulher daquela ele não teria nunca
mais em sua vida e deixar de aproveitar aquela oportunidade parecia
algo impossível. Foi então que ele teve que suportar todo o poder
da tentação. E quem disse que isto foi fácil? Quando ele decidiu
suportar a tentação que continuava muito viva em seus pensamentos
mesmo após ele ter resistido, ele começou a sentir uma força tão
grande, mas tão grande, que parecia algo impossível de um ser
humano conseguir superar. Nenhum personagem deste livro teve
que fazer um esforço tão grande assim como o que ele teve que fazer
para suportar a tentação. Só que mesmo assim, parecia não ser o
suficiente para vencer o tamanho daquela tentação. Foi então que ele
começou a combater a tentação cantando assim:
- Sai, sai, sai, sai tentação, eu não nasci pra viver no mundão – e aí
ele se empolgou porque percebeu que combater a tentação com
louvor estava aliviando a sua alma, então continuou cantando –
Sinto uma grande vontade de chorar, quando olho para os lados e
vejo pessoas a pecar. O pregador tenta avisar para eles se arrepender,
mas se eles não quiserem, nada mais podemos fazer.
- Ficou doido é? – disse ela estranhando aquele comportamento.
Ele depois falou para ela:
- Eu não vou fazer nada com você. Eu não sabia que você estava
sem roupa. Eu vou sair daqui.
- Espere! Não vai. Eu não vou contar para meu irmão.
Kiko estava tendo uma clara oportunidade de pecar contra o Senhor.
Mas ele pecou? Não! Ele estava resistindo, suportando e
combatendo a tentação. Ele caiu? Não. Esta é a vontade de Deus
para as pessoas. Que seus servos vençam a tentação. Ser tentado não
é pecado. Todos nós seremos tentados mais cedo ou mais tarde. O
que é pecado é cair na tentação. É aceitar a proposta do Tentador.
Graças a Deus Kiko não caiu em tentação. Ele saiu do quarto.
- Eu vou embora – disse Kiko para seu amigo.
- Mas o que aconteceu? Você não vai orar? Você falou com a
Vanessa? Ela te xingou?
- Não. Ela não me xingou. Mas eu não estou me sentindo bem em
ficar aqui. Eu preciso ir embora.
Kiko assim fez. Foi embora e orou quase a noite inteira em sua casa
mesmo. Ele nunca mais foi na casa de seu amigo. Ele ficou com
muito medo de encontrar Vanessa novamente. Assim foi que este
jovem cristão venceu a tentação. Vença você também!
Diz que era uma vez, um cristão que se chamava Jorge. Havia
também uma mulher que se chamava Ana Cristina e em breve os
dois iriam se conhecer.
Tudo aconteceria através da prima de Ana Cristina que era da
mesma igreja de Jorge. Isto aconteceu em uma tarde ensolarada de
mais um dia de trabalho para todo mundo. Jorge estava contando
seu testemunho para uma irmã da igreja em que ele congregava. Ele
a encontrou no ônibus e aproveitou a oportunidade para pedir que
ela orasse para Deus o levar para ser missionário na África.
- Ah! Então você quer ser missionário? Você gosta de pregar para as
pessoas? Você bem que poderia pregar para a minha prima, ela está
precisando muito – disse e irmã para ele.
- Deus não quis que eu fosse um universitário, ele me levou para o
caminho da oração e da consagração – falava Jorge a respeito de seu
chamado.
Eles combinaram que ele iria pregar para a prima daquela irmã. Na
sexta-feira depois do culto ele iria até a casa dela. E assim foi,
quando ele chegou à casa de Ana Cristina, começou a falar de Jesus
para ela:
- Você é feliz? – dizia Jorge – Se você quiser realmente ser feliz, você
precisa aceitar Jesus como teu salvador.
- Quanta hipocrisia, não existe felicidade - ela apontou o celular na
direção dele e tirou uma foto - Vou colocar estas fotos na pasta que
contém meus arquivos para minhas amigas no computador. Eu achei
você bonitinho. Quer namorar comigo?
- Não! – respondeu ele.
O ódio de Ana Cristina começou a alimentar maus pensamentos
quando ela ouviu aquilo, sentia-se como se fosse perde o controle.
- Tenho certeza que me achou bonita, sabia que nunca beijei
ninguém? Quem sabe você não será o primeiro – disse ela. Com
certeza ela estava mentindo a respeito do beijo.
―Só se eu estiver morto‖ - pensou Jorge já começando a ter que
resistir o poder da tentação que se iniciava.
Ela olhou para Jorge, e pediu um beijo novamente. Talvez não seja
algo relevante dar apenas um beijo nela, ele pensou. A tentação
começava a surtir efeito. É sempre assim, a pessoa acha que é forte o
suficiente e vai dando lugar, dando lugar até que percebe que não
consegue mais ter controle da situação. Por isto é muito importante
conhecer como a tentação se manifesta e como podemos vencê-la.
Precisamos realmente estar preparado. Jorge estava preparado, mas a
verdade é que existem coisas que algumas pessoas fazem que de
forma alguma seja recomendado para as demais.
- Preciso falar com a minha prima – disse Ana Cristina e logo em
seguida a prima apareceu - Você devia ter me falado, este cara aqui
não vai dar em nada não.
- Mas eu disse para você que era um irmão da igreja é você que ficou
pedindo um namorado. Quantas vezes eu vou ter que dizer que eu
não vou arrumar namorado para você – dizia a prima de Ana
Cristina para ela.
- Veja como é lindo o sorriso da minha prima. Acho melhor vocês
dois conversarem a sós – Ana Cristina estava para sair de perto dos
dois, mas não saiu e por fim ela falou:
- Estou com sérias dúvidas e preciso que alguém me ajude.
- Fale estou te ouvindo – disse Jorge.
- Veja bem. A bíblia fala que não devemos amar o mundo –
começou Ana Cristina.
- Certo.
- Mas em João capítulo 3, versículo 16, diz que Deus amou o mundo
que até deu seu filho unigênito para nos salvar. Na verdade entendo
que o mundo tem pelo menos três significados.
Jorge prestava atenção no que ela estava dizendo.
- Como você sabe de tudo isto? – perguntou ele.
- É que eu sou desviada – respondeu ela meio sem jeito.
Então ele concluiu o que ela havia começado:
- O mundo pode significar o planeta com suas extensões geográficas,
ou em sua acepção proibitiva na bíblia, significa todo sistema ímpio
rígido por satanás e o mundo também significa uma designação para
a humanidade.
- Como você sabe de tudo isto? – disse Ana Cristina
- Olha minha amiga, antes de aceitar Jesus eu era muito perdido, e
agora que estou nos caminhos do Senhor quero fazer toda vontade
de Deus. Não aceito na minha vida nem um milímetro daquilo que
não estiver de acordo com a lei de Dele. E para ser sincero tem
algumas pessoas que o pastor deve expulsar da igreja porque estão
fazendo coisa que eu não concordo de jeito nenhum. Mas tem outras
coisas que estão me deixando em dúvida porque eu não sei se é certo
ou errado praticá-las, inclusive uma pessoal da minha escola fica me
perguntando sobre uns assuntos e eu não estou conseguindo
responder.
- Mas você pode me ajudar, né? – disse ela maliciosamente.
- Ajudar em quê?
- Primeiramente vamos parar de falar de religião. Eu nem sei por que
a minha prima vive trazendo evangélicos para conversar comigo. Eu
já disse mais de um milhão de vezes para ela que eu não vou me
converter. Olha, eu bem que poderia te colocar para fora da minha
casa. Mas já que você está aqui, vamos aproveitar um pouco e se
divertir. Ela caminhou um pouco e entrou no banheiro enquanto ele
ficou na porta achando que ela apenas fosse se olhar no espelho.
- Mas a que tipo de diversão você se refere?
- A este tipo aqui – disse ela, e já foi se virando e abaixando a roupa.
A tentação veio com muita força para derrubar Jorge. Ele teve que
fazer um tremendo sacrifício para resistir, suportar e não se desviar
dos caminhos do Senhor. Diante da provocação acintosa de Ana
Cristina ele disse:
- Sai tentação, sai tentação – agora numa tentativa de combater a
tentação.
Foi quando ela se virou com raiva e começou a falar mal da igreja:
- Eu acho que vocês julgam as pessoas pela roupa. Na igreja parece
que só sabem falar nisto, em vez de reparar nas pernas e nos decotes
das irmãs porque vocês não olham para aquelas pessoas que fazem
coisas muito mais erradas. Se eu estou na minha casa usando short,
não sou obrigada a colocar saia ou vestido lá nos pés apenas porque
chegou gente em casa. Eu vou me comportar normalmente. O
pecado está nos olhos de quem vê.
Jorge ainda estava sendo influenciado pelo poder da tentação. Ele
não esperava por nada daquilo. Não estava sendo fácil suportar o
poder do pecado tão real bem na sua frente. Ana Cristina ainda
tentou beijar o rapaz, mas ele resistiu e por fim acabou se
despedindo e indo embora. Pelo visto, o evangelismo foi um grande
fracasso. O mais importante é que Jorge não caiu em tentação.
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Do outro lado da cidade, alguns irmãos da Assembleia de Deus
conversavam na porta da igreja:
- Acho que o pastor está pegando muito no pé dos irmãos. A Natalia
não está mais vindo aos cultos por causa disto. Só por que ela estava
abraçada com o Robson depois do culto ficaram falando mal dela.
- Eu vou voltar para a igreja que eu estava antes, pra mim, a igreja
Assembleia está igual a católica, a maioria dos irmãos que eu conheci
aqui foi uma pedra de tropeço para mim. O reino dos céus não se
resume em ir para a igreja e fazer sua adoração e pronto. O reino de
Deus é algo que você tem que viver o tempo todo onde quer que
você esteja.
Foi quando um deles, que se chamava Reinaldo falou:
- Aquela moça disse que vai se converter – ele apontou na direção de
uma mulher de pele morena - Eu estava evangelizando ela ontem lá
na praia. Ela estava muito triste e disse que não era feliz mesmo
levando uma vida cheia de mordomia.
Reinaldo continuou olhando para a mulher morena que se chamava
Shelda enquanto a conversa na porta da igreja continuava:
- Aquele rapaz é muito corajoso. Eu o admiro juntamente com a
namorada dele, é uma irmã muito abençoada, eu nunca vi ela dar um
mal testemunho na igreja; foi ela quem pregou contra a Carla Peres
(ex-dançarina do Tchan que se dizia evangélica) no culto de
domingo. Depois daquele dia nunca mais deram oportunidade para
ela na igreja.
Reinaldo os deixou conversando na porta da igreja e foi embora. No
outro dia, ele estava novamente na praia pregando a palavra de Deus
em voz alta:
- Não vai adiantar vocês fugirem dela, não existe atalho e nenhuma
dor poderá ser aliviada. Todos vocês terão que aprender suportar
todo sofrimento pelo qual terão que passar, e o alívio muitas vezes
não virá imediatamente – o engraçado é que ele falava justamente da
tentação, mal sabia ele o que estava prestes a enfrentar - Mas eu falo
para vocês: se com Jesus vai ser difícil, pior vai ser sem ele. Não
aceite os pratos do inimigo, porque para vocês sem Jesus será bem
pior; todos vocês que estão me ouvindo, aceitem Jesus como
salvador. Se arrependam de seus pecados.
Foi quando a mulher morena de quem ele falava depois do culto se
aproximou.
- Você gostaria de aceitar Jesus como salvador? – perguntou
Reinaldo.
- Eu ainda não estou preparada – respondeu ela.
Eles começaram a conversar e Reinaldo acabou acompanhando a
moça até a casa dela.
- Você quer entrar? – perguntou ela – Eu moro aqui neste portão
branco – ela apontou para a casa em que residia.
Reinaldo pensou um pouco e acabou concordando.
- Tem café aí? – perguntou ele.
- Eu não sei, vou ver se tem – respondeu ela.
Mas assim que eles entraram, a moça se transformou. Ela foi logo
ficando à vontade e falando algumas coisas indecentes para o irmão.
Ela subiu até o quarto e tirou a roupa que estava vestida. Então ela
desceu novamente e quando Reinaldo olhou para ela, percebeu
imediatamente que estava entre o céu e o inferno. Entre o caminho
de Deus e o caminho do diabo. Entre o pecado e a santidade. Entre
as trevas e a luz.
Quem seria maior? O poder de Deus ou o poder da carne?
- Você não se incomoda se eu ficar assim não né? É que hoje está
muito calor – disse ela numa justificativa descarada para sua falta de
pudor.
Ele não respondeu nada. A mulher estava agindo com muita
sensualidade. Ela se mostrava para Reinaldo com bastante
suntuosidade. Foi quando ele percebeu que servir a Jesus não é nada
fácil. Ele entendeu que para servir a Jesus, a pessoa tem que estar
disposta a renunciar o pecado. Chegou a hora de Reinaldo mostrar
que realmente está firme nos caminhos do Senhor. Firme na rocha
como diziam os irmãos toda vez que o encontrava.
- Será que você poderia se vestir? É que eu.....- ele se engasgou.
Foi quando ela disse:
- Eu quero que você escreva seu nome aqui para eu tirar uma foto –
disse ela se referindo ao próprio glúteo.
- Isto só pode ser uma brincadeira de mau gosto – gritou ele
resistindo a tentação com toda força que tinha.
- Anda logo – disse ela.
A tentação parecia não dar trégua. À medida que os segundos iam
passando a situação ia ficando cada vez mais delicada. Já estava
escurecendo. A lua, as estrelas e os postes explodiram em uma luz
cintilante que deixaram Reinaldo tonto, nesta hora o que lhe restava
era suportar a tentação e não ceder. Tudo em sua volta parecia
adquirir um tom bem maior do que o natural. Uma brisa quente
varreu lugar onde ele estava. As árvores murmuravam nos jardins da
vizinhança. Tudo parecia incrivelmente sinistro. Reinaldo ficou bem
parado, todos seus sentidos vibrando, aceitando o abrupto apelo ao
pecado e o retorno à normalidade. A carne estava mostrando que era
fraca. Será que o espírito seria forte? Depois de um momento,
Reinaldo tornou-se consciente de que sua camiseta estava grudando
nele; estava encharcado de suor. Não era fácil suportar o poder da
tentação. Ele precisava dar um novo começo para aquela história.
Uma chance de fazer tudo diferente. Ele precisava começar a
combater a tentação e deixar apenas de ser uma vítima. Shelda em
determinado momento havia falado que era evangélica, mas que
apenas não estava praticando.
―Hoje em dia qualquer prostituta diz que é evangélica‖ – pensou
Reinaldo com raiva de ter que estar vivendo aquela situação.
Shelda foi se aproximando e dizendo que gostaria de ficar com ele.
Reinaldo estava prestes a ceder. Um pensamento veio com muita
força e invadiu sua mente dizendo: ―Cai em pecado com ela‖.
Quando ele estava para cair, entendeu que aquilo iria prejudicar
muito sua vida espiritual. E mais uma vez teve que suportar o poder
da tentação que mesmo ele tendo resistido, não o abandonava
facilmente. Ele olhou novamente para Shelda que cascavelava sua
frente. Ele tentou se aproximar na direção dela, foi quando parou
abruptamente. Não conseguia acreditar no que tinha acabado de
acontecer, ele quase cedera. Foi quando ele começou a colocar a
mão na própria cabeça e dizer: Eu te repreendo tentação, em nome
de Jesus – e fazia isto como um maluco por cerca de um minuto.
Shelda não entendeu o que havia acontecido. Reinaldo ficara
enrodilhado no chão, dizendo não para tentação, choramingando,
tremendo e fechando com força as mãos. Ele estava combatendo a
tentação.
- Levante-se, seu estúpido inútil, levante-se! – disse ela.
As forças pareciam estar acabando. Deus precisava intervir naquilo
imediatamente.
- Você está preocupado com alguma coisa? – falou a mulher.
Ele sentiu vontade de vomitar. Aquilo não ia embora. De fato as
vezes é muito difícil suportar a tentação. Começou a sentir a falta de
sua mãe, de seu pai, de seus amigos, da igreja, do pastor.
- Eu quero a minha mamãezinha – disse ele quase chorando.
- Você está se sentindo bem?
- Vê se me dá um tempo mulher. Será que você não percebe que eu
sou um servo de Deus.
Ele tinha muitas dificuldades de se expressar diante daquilo. Parecia
que iria se engasgar com alguma coisa.
Numa hora destas a melhor coisa para combater a tentação era fugir.
Mas quando ele percebeu, suas pernas estavam coladas ao chão.
- Onde estão minhas forças? – disse ele.
A tentação vinha com tudo. A mulher resolveu se engraçar para cima
do pobre do irmão mais uma vez. A dificuldade para se vencer este
tipo de tentação não tinha mais fim. Ela então percebeu que era
melhor deixar Reinaldo em paz.
- Faz assim, irmão. Eu estou vendo que você realmente ama a Deus
e que não está querendo nada comigo. Vá embora para sua casa que
vai ser melhor. Eu não quero mais nada com você.
Ele se levantou, e com muita dificuldade, saiu daquele lugar sem
dizer nada. Ele arrastava as pernas no chão e mancava. Estava difícil
demais suportar a tentação. Abriu a porta e foi embora. Ele não caiu
em pecado. Só que teve que pagar um preço muito caro para servir a
Deus. Ele desejou nunca mais passar por nada semelhante. Mas a
tentação sempre vem, ele teria que estar preparado. O importante é
que ele venceu. Mas foi por pouco. Ele chegou a pensar que não
conseguiria.
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Quem quiser vencer a tentação precisa estar preparado para vencê-la.
Tales saiu para pregar a palavra de Deus. Ele dizia para as pessoas
que se elas não estivessem preparadas para vencer a tentação e não
aceitassem a Jesus como salvador, iriam para o inferno. Ele também
falava para os cristãos que se eles não estivessem preparados para
vencer a tentação, eles se desviariam dos caminhos do Senhor e
perderiam muito galardão por causa disto, e que também sofreriam
terríveis consequências aqui na terra. Foi quando o diabo resolveu
tentar o rapaz. Naquela noite, ligou uma colega de escola.
- Você pode vir até a minha casa amanhã? – perguntou ela – Eu
preciso de sua ajuda.
Tales pensou que ela estava falando de algo relacionado à
matemática ou física. Então ele resolveu que iria dar uma passada na
casa de Raquel. Assim ele poderia aproveitar a oportunidade e pregar
a palavra de Deus para aquela moça. No outro dia, ele chegou até a
casa dela.
- Oi. É você. Pode entrar, eu vou abrir o portão – disse ela que
apertou o botão do interfone.
Ele entrou e foi caminhando lentamente pela mansão. Raquel era
filha de empresário e morava em uma casa muito bonita. Logo a
empregada apareceu e disse para Tales que Raquel estava nos
fundos, tomando banho de piscina.
Tales decidiu que iria até onde ela estava. Quando ele chegou lá.
Raquel já foi logo mostrando suas más intenções.
- Então você veio mesmo. Eu fiquei sabendo que você virou crente
– disse ela.
- Sim. Virei – respondeu ele assustado por ver Raquel de roupa de
banho.
- Eu sempre fui afim de você. Eu estou precisando de um
namorado. Você quer namorar comigo? – perguntou ela – Eu já fiz
dezoito anos e não sou mais virgem – ela se virou de costas e
continuou a falar:
- Olha só o que você pode aproveitar.
Tales nunca teve uma oportunidade daquela para pecar quando
estava no mundo. Foi só ele ter aceitado Jesus como salvador que
isto aconteceu com ele. Tales teria que mostrar que realmente amava
a Deus. Será que ele iria cair em tentação?
- Você está desejando o que está vendo? – perguntou Raquel
tentando fazer o irmão cair em pecado de qualquer maneira. Nem
que fosse no pensamento.
- Não tentação, não tentação – disse ele resistindo a tentação – Eu
preciso ir embora.
- Você vai me deixar aqui? Eu estou tão carente. Você não vai matar
a minha carência?
Tales estava enfrentando a tentação mais forte de sua vida e teve que
fazer um tremendo esforço para suportar os maus pensamentos e a
vontade de pecar.
- Eu vou embora, Raquel. Você não vai conseguir me desviar dos
caminhos do Senhor – disse ele que pegou sua Bíblia e começou a
apontar o livro na direção dela numa tentativa de expulsar o
demônio que supostamente estava em Raquel. Fez isto para
combater a tentação.
- Eu não estou acreditando no que estou vendo – disse ela
escandalizada.
- Pois pode acreditar.
Então Tales foi embora e depois de resistir, suportar e combater não
quis saber de cair em tentação. Assim como Tales estava preparado
para vencer a tentação; Você também precisa estar. Esta é uma
história que tem por objetivo te mostrar que a tentação vem na vida
das pessoas. A pior tentação que existe é a que Tales teve que
enfrentar. Ele venceu. Você precisa vencer também. Tales amava a
Deus e era um crente salvo. Por isto ele teve forças para vencer a
tentação usando o grande segredo. Quem ainda não aceitou Jesus,
também terá que vencer a tentação da mesma forma, pois se não for
assim, a pessoa nunca terá forças para vencer o pecado.
Quando Ronaldo se converteu ele achou que seria bobagem estudar.
Mas o tempo foi passando e ele sentiu a necessidade de pelo menos
concluir o segundo grau. Ele também achou que precisaria fazer uma
faculdade se quisesse arrumar um bom emprego. Então ele foi em
um colégio perto de sua casa e se matriculou.
O primeiro dia de aula foi calmo e Ronaldo continuou frequentando
aquela escola por algumas semanas, neste tempo começou a
conhecer melhor os alunos de sua sala. Entre estes alunos estava
Camila. Uma moça que sentava do lado de Ronaldo e que um certo
dia perguntou algumas coisas para ele sobre matemática. Como ele
conseguiu ajudá-la com a dúvida que tinha, Camila começou a pedir
ajuda para Ronaldo em quase toda aula em praticamente todas as
matérias. Conversa vai, conversa vem e eles acabaram se
aproximando talvez mais do que deveriam.
Certo dia no intervalo entre as aulas quando todo mundo parava
para comer alguma coisa, Camila começou a puxar conversa com
Ronaldo:
- Você mora onde? – perguntou Camila para ele.
- Eu moro aqui perto da escola – respondeu Ronaldo.
- Eu também. Sabe o campinho de futebol que fica aqui em cima?
- Sei.
- Eu moro lá em frente. Vai lá em casa qualquer dia destes.
- Eu vou sim – respondeu ele por educação.
Os dias foram se passando e vira e mexe Camila dizia para Ronaldo
passar na casa dela quando pudesse.
- Onde você mora mesmo? – perguntou ele em um destes
momentos em que Camila falava para ele passar na casa dela.
- Eu moro em frente o campinho. Minha casa fica do lado de um
sobrado verde quase chegando na esquina.
Até este momento Ronaldo não havia falando de Deus para Camila.
Ele não costumava pregar a palavra de Deus no colégio onde
estudava, embora fosse um amante das almas perdidas. O maior
desejo de Ronaldo era ser pregador da palavra de Deus. Mas por
algum motivo ele não se empenhou em fazer a obra missionária na
escola onde estudava. Talvez porque seu foco ali fosse apenas se
concentrar nos estudos e também porque ele sabia que se começasse
a falar de Deus para as pessoas naquele colégio, iria acabar
arrumando muita inimizade e isto certamente lhe atrapalharia nos
estudos.
Certo dia Ronaldo estava em casa lendo a Bíblia e começou a pensar
em Camila. Sentiu vontade de ir até a casa dela, talvez ele pudesse
falar sobre Deus. Ademais, ele poderia também conversar sobre
alguma matéria da escola ou até mesmo quem sabe ele poderia
comer alguma coisa gostosa que tivesse por lá.
Sem muita coisa para fazer naquele dia e querendo dar umas voltas
ele saiu de casa e caminhou em direção a casa de Camila. Ele chegou
no campinho de futebol e foi logo avistando o tal sobrado verde. A
casa dela ficava do lado deste sobrado. Foi fácil achar.
- Camila! – chamou ele do portão.
Alguns segundos se passaram quando Camila apareceu.
- Ronaldo, entra.
Ele abriu o portão e entrou naquele lugar, mas estava bastante
reticente e não conseguia encontrar assunto para conversar com a
moça. Então ele se sentou no sofá e ficou lendo um livro que ele
encontrou em cima da mesinha.
Os minutos foram se passando e Camila também não conseguia
achar algum assunto que achasse interessante e um silêncio
desconfortável começou a surgir entre os dois. Aquele dia não iria
dar em nada mesmo e Ronaldo acabou indo embora. Quando ele
chegou em casa não conseguiu tirar Camila do pensamento, ficou
praticamente o resto do dia pensando nela, até que a noite foi
chegando e já estava na hora de ir para escola. Camila não foi para
escola naquele dia e Ronaldo sentiu muito a falta dela na escola. Sem
falar que isto foi um pretexto para que no outro dia ele tivesse um
motivo para ir até a casa dela. Assim ele fez, se arrumou e foi à casa
de Camila para ver o poderia ter acontecido.
- Camila – chamou ele do portão. Ninguém atendia e ele chamou
mais alto – CAMILA, CAMILA.
- QUEM É? – gritou ela do lado de dentro.
- Sou eu, Ronaldo.
- AH. É VOCÊ RONALDO, ENTRA.
Ele abriu o portão e foi entrando. Quando viu Camila é que
percebeu que as coisas poderiam se complicar para o lado dele. Ela
estava usando uma blusa rosa com um terrível decote. Ronaldo teve
que fingir que não havia reparado no decote dela. Ele então
começou a falar com ela a respeito do motivo pelo qual estava lá
naquele dia.
- Você não foi para escola ontem, eu fiquei preocupado. Aconteceu
alguma coisa?
- Não. É que eu estava com preguiça – respondeu ela.
- Preguiça? Mas você parecia tão interessada nas aulas – disse ele.
- Eu estou pensando em parar de estudar – falou Camila – Tenho
que arrumar a casa todos os dias e minha mãe fica enchendo o saco
quando eu não arrumo. E eu não consigo estudar e fazer os afazeres
domésticos ao mesmo tempo.
Ronaldo não sabia o que responder e foi quando Camila foi
chegando bem perto dele para perguntar:
- Você veio aqui só para saber porque eu não fui para escola ontem?
– ela sorriu para ele maliciosamente e chegou mais perto ainda
exibindo-se.
No momento em que Ronaldo reparou nela, a tentação veio.
Foi tudo muito rápido e se Ronaldo não tivesse feito força para
resistir aquela tentação, teria se desviado de alguma maneira dos
caminhos do Senhor naquele momento. Para começar, sem resistir a
tentação ele teria cobiçado os seios da garota. Depois poderia ter
feito muito mais e o pior de tudo é que ele não sabia se tinha
chances reais com Camila. E se ele se desviasse para depois perceber
que ela não queria nada com ele?
Foi quando Camila pediu para que ele sentasse no sofá enquanto ela
terminava de arrumar a casa. Ele não sabia se era isto mesmo que
deveria fazer, depois do que acabara de passar, talvez fosse a hora de
ir embora daquele lugar. A dúvida era grande e ele pensava se
deveria até mesmo continuar aquela amizade com Camila ou se
deveria se afastar de vez dela.
Alguns minutos se passaram e enquanto Camila terminava de
arrumar a casa, Ronaldo ficou no sofá pensando o que faria já que
havia acabado de enfrentar uma grande tentação. O pior de tudo é
que ele se via gostando dela o que aumentava mais ainda a prisão.
De certa maneira, ele sentia que o sofrimento seria muito grande se
decidisse se afastar de Camila.
- Eu já arrumei a casa – falou Camila – Acho que eu vou trocar de
roupa, estou toda suja.
Camila foi até o quarto e deixou Ronaldo na sala. Poucos minutos
depois ela voltou sem que o rapaz a visse.
- Você vai para escola hoje? – perguntou ela para Ronaldo.
- Eu tenho que ir. E você?
- Vamos brincar de pique-esconde? – perguntou ela.
- Isto é coisa de criança, nós já somos bem crescidinhos.
- Ah, vamos. Eu vou começar a contar – ela então se aproximou do
canto da parede – Levanta desse sofá, eu já estou contando – ela se
virou para parede – Vai se esconder Ronaldo. Um, dois, três...
Foi quando Ronaldo se levantou do sofá. Ele não queria fazer
aquilo, brincar de pique era muita infantilidade. Ele deu dois passos
na direção de Camila em uma tentativa de tentar convencê-la a parar
com aquilo, mas ela estava do outro lado da parede.
- Para com isto Camila. Onde você está?
- Estou aqui no canto contando. Sete, oito, nove...Anda logo, vai se
esconder.
Ronaldo não conhecia direito aquela casa e apenas podia ouvir a voz
de Camila.
- Se você não se esconder, eu vou te achar e você é que vai ter que
vir contar – falou ela.
- Você não tem vergonha de se comportar desta maneira? –
perguntou ele amistosamente.
- Eu não.
- Criança.
- Criança é você.
Ele ainda estava relutante em entrar naquele clima infantil e se
aproximou do lugar de onde ouvia Camila falar.
Foi quando ele a viu virada na parede.
Ela havia colocado um shortinho extremamente curto e a tentação
veio para Ronaldo novamente naquele momento, mais forte ainda.
Ele não sabia direito se deveria continuar ali, perto de Camila. Já
havia resistido a tentação inicialmente no episódio do decote e a
tentação ao invés de ir embora, ficou mais forte do que antes. Foi
neste momento que ele teve que suportar o terrível poder daquela
tentação para que não viesse cair em pecado. E como não estava
fácil ter que suportar aquela tentação ele resolveu que a melhor coisa
que poderia fazer era entrar naquela brincadeira de criança e ir se
esconder o mais longe possível de Camila, qualquer lugar onde ele
não pudesse vê-la naquele estado.
- Eu posso me esconder pela casa toda? – perguntou ele com a voz
embargada.
- Só não vale no quintal – disse ela.
Ronaldo então saiu de perto dela e foi para um quarto que ele nem
sabia de quem era. Pelo visto era o quarto da mãe de Camila, mas ela
havia dito que ele poderia se esconder em qualquer lugar da casa.
Valia tudo para se ver livre daquela imagem tentadora.
- Eu já terminei de contar – disse ela, que se virou e começou a
procurar por Ronaldo. Enquanto isto ele estava debaixo da cama
pensando em como era possível estar acontecendo isto. Ele até
pensou que poderia passar por algum tipo de tentação com Camila
caso continuasse a se manter próximo dela, mas não imaginou que
seria uma tentação tão forte assim.
A moça andava por vários cômodos da casa sem contudo encontrar
o rapaz. Um dos últimos lugares que ela entrou foi no quarto da mãe
dela.
- Você só pode estar aqui – disse Camila. Ela se aproximou do lugar
onde ele estava mas não se abaixou para olhar debaixo da cama.
- Eu vou ligar a televisão – disse a moça que pegou um controle
remoto e ligou o aparelho – Eu sei que você está aqui, só não sei
aonde – concluiu ela que já desconfiava que ele estava debaixo da
cama. Exatamente por isto, ela subiu na cama e imediatamente o
colchão foi afundando.
- Esta cama está tão macia, eu acho que vou começar a pular – falou
ela.
Neste momento Ronaldo percebeu que poderia ser esmagado ali em
baixo e resolveu se entregar.
- Não pula não, eu estou aqui em baixo.
- SABIA! – exclamou Camila.
Ela permaneceu em pé em cima da cama enquanto Ronaldo se
esforçava para sair debaixo daquele lugar. O colchão estava
pressionando seu corpo e com muita dificuldade ele foi encontrando
um jeito de se arrastar e foi saindo vagarosamente.
- Você me paga. Desce já desta cama. Eu sei que você está fazendo
isto só para me esmagar.
- Não vou descer – falou ela que começou a dar alguns pulinhos no
colchão.
- Ai, Camila. Você vai me machucar.
- Não me diga – falou ela com ironia.
Foi quando Ronaldo conseguiu sair por baixo daquela cama. A moça
aproveitou aquele momento para se exibir para Ronaldo. Quando ela
percebeu que ele estava levantado, colocou as mãos no espelho e se
inclinou levemente. Foi quando Ronaldo a viu daquela maneira.
A tentação veio novamente com muita força para fazer Ronaldo cair
em pecado. Era evidente que Camila estava se entregando de corpo e
alma ao pecado e que estava disposta até mesmo a ter relações
carnais com Ronaldo ali naquela casa. Eles estavam sozinhos. A mãe
de Camila ainda iria demorar para chegar. Mas Ronaldo teria que
provar que amava a Deus e que realmente estava preparado para
vencer a tentação. Mais uma vez ele teve que resistir e continuar
suportando o terrível poder da tentação que desta vez estava
fazendo com que aquele servo de Deus pensasse cada vez mais na
possibilidade de cair em pecado com Camila. Será que ele não
conseguiria suportar o poder da tentação? Será que ele iria sucumbir?
- Eu acho melhor agente sair daqui – disse Ronaldo para Camila,
tentando deixar claro que o quarto com aquela cama bem grande
poderia ser uma perdição fatal para ambos.
Camila ficou admirada pelo fato de Ronaldo não ter lhe dado
nenhuma cantada.
E Ronaldo estava tão decidido a suportar a tentação que começou a
chorar na frente de Camila. Era muito difícil abrir mão dos prazeres
da carne para permanecer fiel a Deus.
- Está tudo bem? – perguntou ela timidamente.
- Eu acho que vou embora – respondeu ele.
- Não vai – falou Camila que ainda tinha esperança de que eles
pudessem pelo menos se beijar.
- Camila. Eu sou crente – falou ele sem pensar.
Ela ouviu aquilo e achou melhor não continuar aquela conversa.
- Me acompanha até a porta? – perguntou ele.
Camila foi andando em silêncio até que Ronaldo chegou no quintal.
Ela nem se despediu, fechou a porta e Ronaldo foi embora
desconsolado.
A noite chegou e Ronaldo se arrumou para ir para escola. Será que
ela iria para aula hoje? Esta pergunta não saia da mente daquele
servo de Deus, ainda mais depois do que aconteceu aquele dia na
casa dela. Quando ele chegou na sala de aula, viu Camila que estava
sentada no lugar habitual. Ele também se sentou e custou acreditar
que com aquela moça que estava do seu lado, teve que enfrentar a
maior tentação de sua vida. Ela permaneceu calada e preferiu não
puxar conversa com Ronaldo que estava bastante confuso. Por fim,
ele resolveu conversar com a moça.
- Posso te pedir uma coisa? – perguntou ela interrompendo Ronaldo
que estava falando alguma coisa que ela não estava entendendo por
não estar prestando muita atenção nele.
- Pode – respondeu ele.
- A prova vai ser amanhã e eu não estudei nada ainda. Será que você
poderia ir lá em casa para me explicar a matéria?
Ronaldo nem pensou para responder que sim.
- Posso. Que horas você vai estar lá?
- O dia todo.
No restante da aula eles não conversaram mais e Ronaldo começou a
ficar ansioso diante do fato de que no outro dia, estaria novamente
na casa de Camila. Ele parecia ter realmente se apaixonado, embora
fosse uma paixão involuntária.
No outro dia Ronaldo acordou cedo e foi orar. Pediu que Deus
salvasse a alma de Camila e que não deixasse ele cair em tentação
com ela naquele dia. Ele tinha esperança de que desta vez não tivesse
que passar pela mesma tentação que passou da última vez.
- CAMILA – gritou ele quando chegou no portão da casa dela.
A moça que estava usando um vestido curto foi até o portão e
destrancou o cadeado.
- Entra – falou ela caminhando na frente.
Ronaldo entrou e antes que pudesse sentar no sofá ouviu ela falar:
- Vamos estudar lá no quarto. Meu material está lá.
De fato estava. Quando Ronaldo entrou no quarto, viu um monte de
caderno espalhado pela cama e livros para tudo quanto é lado.
- Está uma bagunça isto aqui – disse ela – Você me ajuda a arrumar?
Eles começaram a juntar cadernos e livros até que o lugar ficou
completamente organizado, mas faltava uma caderneta que estava
em cima da cama. Camila se adiantou para pegá-la. Subiu em cima da
cama e como estava usando um vestido muito curto, ele subiu
expondo as nádegas da moça. Ronaldo ficou gelado quando viu
aquilo.
Desnecessário é dizer que a tentação veio com tudo naquele
momento. Por alguns instantes aquele servo de Deus se esqueceu de
resistir a tentação e isto foi suficiente para que ele quase caísse em
pecado. Camila ainda naquela posição olhou para ele, no que parecia
que ele estava para estender uma das mãos para tocar nela. Foi
quando ele se deu conta de que se não resistisse a tentação
imediatamente, cairia em pecado naquele momento.
- Não tentação! – exclamou ele recuando o braço e combatendo a
tentação intuitivamente.
Camila se comportou como se nada tivesse acontecido. Pegou o
material em cima da cama e se levantou novamente.
- Então – disse ela para Ronaldo e nisto ela abriu um dos livros e
apontou para uma página pedindo que ele explicasse para ela tudo
aquilo que o livro estava ensinando.
Ronaldo estava suando frio pois mesmo resistindo aquela tentação,
estava com muito medo dos acontecimentos que se desenrolavam.
Eles conversaram um pouco sobre a matéria da prova e Camila
parecia não se importar com o fato de estar do lado de um servo de
Deus. Ela não era uma pessoa religiosa e nem tinha em consideração
quem era. A única vez que se lembra de ter entrado dentro de uma
igreja foi no batismo do filho de uma colega. Para ela a igreja era um
lugar tedioso e sem graça. Nunca lia a Bíblia e tão pouco pensava em
sua própria salvação. O perfil de uma verdadeira tentadora.
Ronaldo ainda teria que suportar o terrível poder da tentadora pois
enquanto eles estavam conversando sobre a matéria da prova,
Camila jogou alguns livros e cadernos em cima da cama. E foi
quando ela percebeu que precisava de um dos cadernos.
- Eu vou pegar aquele caderno – ela apontou para o material que
estava em cima da cama – e você me explica melhor porque eu não
estou conseguindo entender muito bem.
Então ela se aproximou da cama e apoiou uma das pernas para
conseguir pegar o caderno. Como ela estava usando um vestido
muito curto, ao se inclinar para pegar o caderno, o vestido subia e
seu corpo ficava exposto.
Foi quando Ronaldo a viu daquele jeito mais uma vez.
Parecia que Ronaldo não iria conseguir suportar. Também pudera,
era muito grande o poder da tentação. Ele ficou sentindo aquela
coisa forte dentro de si, o influenciando para aproveitar aquela
oportunidade e cair com Camila.
Foi quando ele fez um esforço ainda maior para suportar a tentação.
Fechou os olhos e ameaçou sair do quarto sem que Camila
percebesse. Neste momento se lembrou de que poderia tentar
combater a tentação para lhe ajudar a resistir e suportar aquela
tentadora.
Para combater a tentação ele começou a dizer:
- Sai, sai, sai tentação – falou uma vez em voz baixa e começou a
aumentar o tom – Sai, Sai, Sai Tentação. SAI, SAI, SAI
TENTAÇÃO. Eu não nasci pra viver no mundão – e nisto sentiu
uma grande vontade de chorar, pois olhava para o lado e via uma
moça disposta a pecar. Ele tentou pregar e pediu para ela se
arrepender de seus pecados.
- E se eu não quiser me arrepender? – falou ela.
- Mais nada eu posso fazer – respondeu ele.
Camila começou a ficar irritada e Ronaldo percebeu que de fato
conseguira vencer aquela tentação. Ela ainda olhou para ele
esperando que talvez ainda pudesse ouvir alguma coisa que
mostrasse que ele estava interessado em ter alguma coisa com ela.
Mas Ronaldo continuou à sua maneira a combater a tentação. Camila
então começou a arrumar os materiais e também ficou agradecendo
a gentileza da parte dele de uma forma bastante perturbadora. Ela
olhava para ele e dizia:
- Então tá. Obrigado. Viu, obrigado tá.
Andava de um lado para o outro e pegava algum livro mudando-o de
lugar e continuava.
- Muito obrigado por ter vindo aqui me ensinar. Obrigado mesmo.
Então é só isto pelo visto. Eu te agradeço. Tá certo então. Acho que
terminamos. Eu já te agradeci, né? Obrigado.
Ronaldo ainda sofrendo bastante por ter que suportar aquela terrível
tentação quase chorou quando viu Camila se comportar daquela
maneira. Ele entendeu que no fundo ela gostava bastante dele e que
da maneira dela estava fazendo de tudo para que eles pudessem
começar um relacionamento. Mas ele não poderia, ele era um servo
de Deus e o tipo de relacionamento que Camila procurava era na
verdade uma forte tentação para ele. Não lhe era permitido desfrutar
deste tipo de coisa. Somente os filhos do diabo poderiam se dar a
este luxo.
Então Ronaldo se despediu de Camila.
- Eu vou embora.
- Vai? Você quem sabe – ela estava bastante deprimida.
- Acho bom eu nunca mais colocar os meus pés na sua casa.
- VOCÊ QUEM SABE – ela aumentou o tom da voz.
Ele tentou de uma maneira bastante educada explicar para ela que
não poderia mais voltar à casa dela porque precisava ficar firme nos
caminhos do Senhor e não poderia ficar correndo tanto perigo
assim. Uma coisa é ser pego desavisadamente pela tentação. Outra
coisa é procurar ela com as próprias mãos. Não se pode subestimar
tanto o poder de um inimigo tão forte quando a tentação.
Ele foi embora mesmo e querem saber o que aconteceu depois? Ele
parou de estudar. Nunca mais foi naquele colégio. Seria muito difícil
ter que conviver com Camila todos os dias depois de tudo o que
havia acontecido. Pouco tempo depois eles ainda se encontraram na
rua, mas apenas se cumprimentaram sem estender nenhuma
conversa. E foi assim que mais um servo de Deus venceu a tentação
provando mais uma vez a eficácia do segredo ensinado neste livro.
JOCA
Joca era como todo mundo o chamava. Faltava pouco para Joca
conseguir namorar com Carla. Ele já havia mandado flores,
chocolate, uma cartinha de amor e uma vez conseguiu criar coragem
para ligar para ela e dizer que estava gostando muito dela.
- Você é uma gata – disse Joca pelo celular na ocasião.
- Obrigada – foi tudo o que Carla disse.
Ele até conseguiu marcar um encontro com Carla e quando chegou
o dia para eles se encontrarem.
- Ei, rapaz – Joca ouviu alguém falar com ele do outro lado da rua.
- Falou comigo? – perguntou Joca.
- Sim – disse o estranho – Você precisa aceitar Jesus como teu
salvador senão você vai para o inferno. O diabo está armando um
laço para você hoje.
- Como é? – Joca ficou impressionado de ouvir aquilo. Só faltava
aquele estranho dizer que Carla era um laço do diabo.
Carla é um laço do diabo.
- Não sei dos detalhes. Tudo o que Deus me mostrou foi isto. Você
quer se arrepender de seus pecados e aceitar Jesus como salvador?
Duvido que ele se converta num momento como este.
Joca ficou pensativo. Com certeza o Espírito Santo estava
trabalhando na vida de Joca, pois ele poderia perfeitamente ignorar o
que o rapaz acabara de dizer e ir para o encontro marcado.
- E se eu aceitar Jesus agora e me desviar amanhã? – perguntou Joca
para o estranho em desafio.
- Isto realmente vai acontecer – disse o estranho que reparou que
Joca arregalou os olhos para ele – Se você não usar o segredo para
vencer a tentação.
- Como é? Primeiro você me diz que o diabo armou um laço para
mim, agora você me fala sobre o segredo parar vencer a tentação?
- Você quer aceitar Jesus como salvador? – perguntou o estranho
que parecia estar com pressa. Era uma aposta alta da parte daquele
estranho porque Joca poderia nem saber o que realmente significa
aceitar Jesus como salvador. Mas Joca parecia estar consciente de
que se dissesse que sim, teria que mudar de vida radicalmente. E
quanto ao laço, porque será que Joca não conseguia parar de
assimilar o que aquele estranho estava dizendo com seu encontro
com Carla?
- Qual é o segredo? – perguntou Joca. Se aquele estranho falasse algo
que convencesse a Joca, ele aceitava Jesus, senão, poderia continuar
o que estava planejando fazer – O que me garante que você não é
um mendigo tentando vender um livro de como ficar rico?
- Essa foi boa – disse o estranho – Mas eu de fato conheço o
segredo porque se não conhecesse, já estaria desviado ao muito
tempo.
- E qual é? – Joca estava impaciente.
- Resistir, suportar e combater – disse o estranho.
- E como se faz isto? – perguntou Joca que pareceu aceitar a
premissa.
- Não dá para explicar. Consegue gravar estas palavras? – disse o
estranho com pressa. Ele iria virar naquela esquina e Joca parecia
estar indo em outra direção.
- Resistir, suportar e combater? Sim. RSC – disse Joca.
Quando o estranho ouvir Joca falar o acrônimo RSC entendeu que
Joca havia aprendido.
- Você quer aceitar Jesus como teu salvador? – perguntou o estranho
pela última vez.
O primeiro pensamento de Joca foi para Carla. Depois pensou no
que o estranho havia falado sobre o diabo estar armando um laço.
Aquilo fazia todo sentido do mundo. Mas foi quando ele pensou no
segredo que aquele estranho estava lhe ensinando que ele criou
coragem para dizer que:
- Sim. Eu aceito Jesus. Me arrependo de todos os meus pecados e
peço perdão. Prometo viver uma vida de santidade daqui para frente
obedecendo a todos os mandamentos de Deus.
O estranho deu um sorriso para Joca e virou à direita. E quando
estava quase chegando no local marcado para se encontrar com
Carla, Joca acabou desistindo.
- Melhor não – disse ele para si mesmo. E voltou para casa.
No outro dia Joca estava se sentindo diferente. Foi muito inusitado a
maneira que havia se convertido. Agora Joca não poderia fazer mais
nada de errado. Não poderia pecar. Tinha que ler a Bíblia, procurar
uma igreja para se batizar e certamente deveria começar a pregar a
palavra de Deus para as outras pessoas para que elas também
pudesse se converter. Só que Joca começou a pensar em Carla. Ele
sabia que agora não poderia mais tentar se aproximar de Carla para
fornicar. Sabia que a moça era mundana e a ideia de namorar uma
moça mundana pareceu errado para Joca naquele momento. Mas ele
havia dado um bolo em Carla e sentia vontade de pelo menos tentar
se justificar para a moça. Ele sabia onde ela morava. Até aquele dia
nunca havia criado coragem para ir até a casa da moça. Mas agora
havia uma razão, um motivo forte para isto. Joca então resolveu
procurar Carla para se desculpar pelo bolo. Depois iria procurar
esquecer aquela paixão.
Foi a empregada que atendeu.
- A Carla está? – perguntou Joca.
- Quem quer falar com ela? – perguntou a empregada de uma
maneira que deixou Joca irritado.
- É o Joca – respondeu ele.
- Carla! – gritou a empregada de onde estava mesmo – Tem um tal
de Joca aqui querendo falar com você.
- Fala que eu já vou – disse Carla de dentro da casa.
- Ela já vem – falou a empregada para Joca e se retirou.
Ele esperou por alguns segundos e então ouviu Carla gritar:
- Entra Joca. O portão está aberto!
O rapaz entrou. Caminhou pelo quintal e bastante acanhado entrou
na sala.
- Com licença – disse ele para ninguém.
Logo depois Carla apareceu e assim que a viu, Joca procurou desviar
o olhar. Carla parecia uma alegoria da tentação. Ele imaginou que se
não olhasse para ela, não teria que enfrentar o grande poder da
tentação.
- Você foi ontem lá? – perguntou ele.
- Eu dei uma passadinha e não vi ninguém. E como eu estava
apressada, não pude esperar – mentiu Carla. Ele ficou quase uma
hora esperando Joca no dia anterior, mas não queria parecer
interessada. Ela sempre gostava de se fazer de difícil.
- Eu vim aqui para pedir desculpas – disse Joca.
- Desculpas pelo quê? – perguntou Carla se fazendo de
desentendida.
- É que eu não fui ontem e...
- Ah! Você não foi? Oh – ela fingiu estar surpresa.
- Então está tudo bem? – perguntou Joca que já estava se
arrependendo de ter procurado Carla.
Ele ameaçou ir embora e então ouviu Carla falando:
- Mas e aí? O que você quer? Vamo garrá um pouco?
Joca torceu muito para não ter entendido o que havia acabado de
ouvir.
- Como é? – perguntou ele para ter certeza.
- Arre! Você não queria se encontrar comigo? Aproveita que você
está aqui então e vamo fica hoje. A gente dá uns garro, eu deixo você
passá a mão um pouco e pronto.
Mesmo não querendo, Joca acabou olhando para Carla e ter ouvido
uma loira daquela lhe dizendo aquilo foi suficiente para Joca sentir a
tentação querendo lhe tirar dos caminhos de Deus.
Carla usava um shortinho curtíssimo e Joca nunca havia tido uma
oportunidade de ficar com uma moça tão bela quando estava no
mundo.
E agora que havia se convertido estava tendo?
O laço do diabo havia ficado claro para Joca naquele momento.
Aquele estranho não estava mentindo quando disse que Deus havia
lhe mostrado isto. Será que Joca iria cair no laço do diabo? Não
porque ele tinha convicção de que de fato conhecia o segredo.
Desde o momento que aceitou Jesus como salvador, Joca tinha
certeza de que resistir, suportar e combater era de fato o segredo
para vencer a tentação. Agora bastava colocar em prática.
Ele resistiu. Assim que resistiu, ouviu Carla dizer:
- E aí. Vai ficar aí parado?
O esforço que Joca teve que fazer para suportar a tentação foi tão
grande que ele ficou completamente desesperado. O desespero foi
tão grande que quando se deu conta, Joca estava no meio da rua
correndo de Carla. Foi só então que ele se lembrou de que combater
a tentação também fazia parte do segredo. Naquela ocasião não
havia nem dado tempo de combater.
Joca chegou em casa com medo. Sabia que de fato conhecia o
segredo, mas o que ele não conhecia era o tamanho do poder da
tentação. Aquilo era novo para ele. E as sensações eram as piores
possíveis. Ele sabia que teria que suportar a tentação, mas não sabia
que seria tão difícil assim ter que suportar. Foi quando diante de
todo sofrimento que estava passando para resistir e suportar, ele
resolveu dar a sua primeira combatida. Fez isto cantando um hino
que gostava muito. De fato, aquilo lhe trouxe um pouco de alívio e
pareceu afugentar a tentação naquele momento.
Só que a situação estava mal resolvida e poucos dias depois Joca
começou a pensar novamente em Carla. Primeiro havia dado o bolo
nela e depois havia saído da casa dela correndo sem ao menos se
despedir. Aquilo ficou incomodando e ele começou a cogitar na
possibilidade de procurar Carla para resolver aquela situação de uma
vez por todas. Foi então que ele mais uma vez foi até a casa de Carla.
Quando chegou lá a empregada estava lavando o quintal.
- A Carla está? – perguntou Joca reticente.
A empregada reconheceu o rosto e abriu o portão.
- Entra. Ela está no quarto – disse a empregada que estava
acostumada a receber rapazes que visitavam o quarto de Carla.
Mas para Joca aquilo pareceu um absurdo. Ele não iria entrar direto
no quarto da moça de forma que ficou ali na sala esperando a
empregada avisar a Carla que ele estava ali. Alguns segundos depois
a empregada entrou e agora foi ela que achou estranho Joca estar ali
esperando por Carla.
- Eu já falei que ela está no quarto. Você é surdo? – ralhou a
empregada.
- Você pode chamar ela para mim? – perguntou Joca que ainda
achava absurdo a ideia de ir direto até o quarto da moça.
- Vai lá, rapaz. Larga de ser idiota – disse a empregada.
Sem saber o que lhe esperava no quarto e apenas querendo resolver
aquela situação, Joca foi até o quarto de Carla. Ele teve pelo menos a
decência de bater na porta.
- Pode entrar – disse Carla achando que era a empregada.
Depois de ouvir Carla dizendo que podia entrar, Joca acabou criando
coragem para fazer isto.
BUM!
A tentação explodiu na cara de Joca. E mais uma vez ficou provado
que ele até poderia conhecer o segredo para se vencer a tentação,
mas não conhecia a tentação ao ponto de saber o quando ela
colocaria este segredo à prova. Joca achou que em seus primeiro dias
como cristão, iria enfrentar a tentação, mas em momento algum
acreditou que fosse enfrentar a pior das tentações logo no início. Ele
teria que provar que realmente havia aprendido o segredo.
- Eu vim aqui para me desculpar – disse Joca tentando justificar
porque é que estava ali.
- De novo? – perguntou Carla – Você já não fez isto a última vez
que esteve aqui – mais uma vez ela procurou se comportar da
maneira mais natural possível diante do comportamento esdrúxulo
de Joca.
- Mas é que eu saí daquela maneira... – Joca estava bastante
constrangido.
- Eu nem me lembrava disto – falou Carla e então sem pudor
nenhum puxou a calcinha para cima com um sorriso malicioso no
rosto e na cabeça dela deixando claro que aquela era a deixa para que
Joca se aproximasse dela e a pegasse de jeito.
Até o Joca percebeu isto. E foi neste momento que a tentação
mostrou o quanto é forte e poderosa. Ali ficou claro para Joca
porque é que a maiorias das pessoas não conseguem vencer a
tentação. É muito mais fácil sucumbir do que vencer. O prazer
parece ser mais forte do que a renúncia. Ao contrário de um Deus
que nunca se viu e de um céu em que nunca se esteve lá para ver o
quando será bom, a tentação podia ser vista e até mesmo tocada. A
tentação era algo mais humano do que a fé. A fé parecia algo
sobrenatural, a tentação era real. Mas Joca sabia que tinha que
resistir. E resistiu. E o pior nem foi isto. O pior foi o sofrimento que
resistir lhe causava e o fato de que a tentação não nos abandona
imediatamente após ser resistida. E no caso de Joca. Ela parecia
piorar. Foi inimaginável o tamanho do esforço que ele teve que fazer
para suportar. E agora sim, ele sentiu uma terrível necessidade de
começar a combater a tentação. Precisava desesperadamente
encontrar uma maneira de combater a tentação para continuar tendo
forças para resistir e suportar. Mas como? Como encontrar uma
arma tão grande quanto aquela que a tentação estava usando para lhe
fazer sucumbir. Como ele não tinha muito tempo para pensar,
acabou fazendo a primeira coisa que lhe veio a mente e esta foi:
- O sangue de Jesus tem poder. O sangue de Jesus tem poder – ele
começou a clamar pelo sangue de Jesus em uma tentativa
desesperada de exorcizar a tentação. Quando começou a fazer isto,
pareceu não funcionar. A tentação continuava forte, na verdade,
parecia ter aumentado mais ainda. E desta vez Carla não se fez de
desentendida:
- Você é gay? Só pode! – disse ela chateada.
Joca não conseguiu responder à pergunta dela. Mas ela ouviu quando
Joca disse: O sangue de Jesus tem poder.
- SAI DAQUI SEU VIADO – disse Carla que desta vez não se fez
de desentendida– Você é louco? Primeiro você me deixa uma hora
esperando naquele lugar. Depois vem aqui se desculpar e na hora do
vamo ver sai correndo parecendo que viu um fantasma. E agora fica
aí com este papo Bíblia? Você está achando que eu sou alguma
idiota? Vai curtir com a cara da sua mãe. Sai daqui! Vai! Agora! –
Carla começou a empurrar Joca para focar do quarto. Joca começou
a chorar envergonhado por ter caído naquele laço.
- Bem que o irmão avisou – disse ele para si mesmo.
No fundo Joca sabia que teria sido melhor não ter procurado Carla,
mas por outro lado estava feliz por saber o quando o segredo para se
vencer a tentação funciona. Agora não era mais apenas na teoria que
ele tinha certeza de que aquele de fato era o segredo. Era na prática.
Joca foi embora e o choro se transformou em alegria.
Ele nunca mais procurou Carla, apesar de algumas vezes ter sido
tentado a fazer isto...
- Olá, rapaz – disse Gabriela.
- Pera aí. Eu te conheço de algum lugar – Sandro fez um esforço
para se lembrar da moça – Já sei, agente estudou junto no ensino
médio.
- Foi sim. Você está diferente. O que foi que aconteceu? Está
parecendo mais sério.
- A minha vida mudou muito de alguns anos para cá.
- Eu sei. Você agora é crente. Sua mãe me contou como você se
converteu. Foi bem engraçado – disse ela.
A história que a mãe de Sandro havia contado no dia anterior para
Gabriela ainda estava muito viva em sua mente. Sandro apenas
sorriu e disse:
- Você precisa conhecer mais sobre o evangelho. O anticristo vai
reinar aqui na terra. Serão sete anos de tribulação. Quem não aceitar
Jesus vai acabar aceitando a marca da besta.
- Eu não tenho a mínima ideia do que você está querendo me dizer –
falou ela. Eles caminharam até a casa da moça, que tentou se
aproximar do rapaz. Ela o convidou para entrar um pouco e ele
inocentemente aceitou o convite. Dentro da casa dela, então, eles se
sentaram no sofá. Ele puxou a perna para não encostar-se nela. Ela
piscou para ele. Foi quando ela se despiu na frente dele.
Quando parecia que ele não tinha mais forças para lutar contra o
pecado, ele resistiu a tentação.
- Eu sou crente. Eu sou crente. Não tente nada comigo porque
senão você vai se dar muito mal.
- Pois eu sou católica. Eu não vou nem na minha igreja. Muito mais
na igreja dos outros.
Ele sabia muito bem o que ela estava querendo dizer. Tudo aquilo
parecia um grande problema. Ele teria que se livrar daquela mulher
de qualquer maneira. Ele era um homem que estava decidido ser fiel
a Deus.
- Você acha que vai conseguir me convencer com esta conversa
sobre Deus. Pois fica sabendo que...
Ela ouviu um barulho esquisito. Quando ela olhou novamente para
frente, não acreditou no que estava vendo. Ele estava querendo sair
e desesperado chutava a porta. Mas a porta estava emperrada. Ela o
convidou para sair pela cozinha. Chegando lá, ela resolveu provocar
ainda mais o irmão para ver se ele realmente era um servo de Deus.
Então ele teve que suportar aquela terrível tentação que não o
deixava em paz. Ele suportou com muito custo e não se desviou dos
caminhos do Senhor.
Por fim, ele entendeu que aquilo não passava de um laço do inimigo.
- O que você acha do meu corpo? – perguntou ela.
- Eu não posso achar nada porque eu sirvo a Jesus.
Ele sabia muito bem quem era o diabo. Havia lido muitos livros que
falavam de guerra espiritual. Se não fosse isto, talvez ele não
entendesse que o diabo sempre arma laços para derrubar os filhos de
Deus da presença de seu Senhor. Ela virou-se e tentou provocar o
irmão mais uma vez. Mas ele combateu a tentação de alguma
maneira lá que não será contada aqui e não caiu em pecado.
- Agora estou vendo que você é realmente um servo de Deus – disse
ela.
- Eu não quero perder o meu precioso galardão e nem a minha
comunhão com Deus. Jesus disse que onde estivesse o meu tesouro,
lá estaria o meu coração. O meu coração está nas coisas que são do
céu, e não nas que são da terra – disse ele com orgulho.
Por fim, ele foi embora e se tornou mais um que venceu a poderosa
tentação do sensualismo.
_______________
- Você tem que aceitar Jesus como teu salvador – disse Eduardo para
sua irmã.
- Você não sabe o que fala. Você diz coisas que não tem sentido para
uma pessoa dotada de intelectualidade como eu – falou Camila
- E você? Sabe o que está me dizendo? – Eduardo refutou a irmã.
- Acho melhor agente parar com esta conversa. Isto não está nos
levando a lugar nenhum. Agente já discutiu tantas vezes sobre
religião e nunca chegamos a um consenso. O que importa é que eu
tenho Deus no coração.
- E da sua salvação? Você tem certeza da sua salvação? – desafiou-a
Eduardo
- Eu não tenho certeza de mais nada – respondeu Camila exausta
com a conversa.
Eduardo se levantou e disse que iria entregar alguns folhetos da
palavra de Deus e depois iria para um culto vespertino.
- Você acha que está no caminho certo? De que é melhor do que eu?
– disse ela.
- Tudo que eu sei é que aceitei a Jesus como meu salvador –
respondeu ele.
Eduardo foi fazer então a obra de Deus e Camila foi para o trabalho.
Ela era dona de uma agência de modas. Às vezes Eduardo prestava
algum serviço para ela.
Um certo dia, Camila ficou sabendo a respeito de uma mulher que
morava em um bairro vizinho. Foi até a lista telefônica e encontrou
o telefone da mulher que se chamava Tatiana. Então Camila ligou
para ela e ofereceu um trabalho.
- Alô – disse Camila quando a mulher atendeu o telefone – Eu
gostaria de falar com a Tatiana, é muito importante. Tenho certeza
que é do interesse dela.
- Pode falar. Eu sou a Tatiana – disse a voz feminina do outro lado
da linha.
- Boa tarde. Eu sou Camila. Muito prazer. É que sou dona de uma
agência de modas aqui na cidade. E gostaria de combinar com você,
assim, saber se você tem disponibilidade para fazer um trabalho em
uma propaganda da agência. Nós estamos precisando de modelos.
Tatiana ficou pensativa. Não sabia se seria uma boa ideia. Mas a
vaidade venceu.
- Está bem, Camila. Eu aceito a sua proposta. Pode marcar um dia
que eu passo na sua agência. Mas...você me conhece? – Tatiana ficou
curiosa para saber como foi que Camila a encontrou – alguém te
falou a meu respeito?
- Foi um empresário que tem um estabelecimento perto da sua casa
– disse Camila
- Ok. Eu já anotei o seu endereço. Logo estarei passando aí para
agente começar.
- Eu tenho certeza de que você não vai ficar no prejuízo. Vai ganhar
um bom cachê – disse Camila toda empolgada com o negócio que
havia fechado.
- Eu não estou muito preocupada com o dinheiro. Eu tenho
dinheiro o bastante. Mas espero que vocês façam um bom serviço.
Até porque estou começando um negócio que vai ser muito
lucrativo para mim.
- Ah é? Qual? - perguntou Camila morrendo de inveja e de
curiosidade.
- Vou lavar uns carros – disse Tatiana com uma voz sensual e altiva.
- E isto por acaso dá dinheiro? – perguntou Camila achando ridículo.
- Eu ganhei mais de 500 reais ontem – respondeu Tatiana com
orgulho
- Você não pode estar falando sério – disse Tatiana sem conseguir
acreditar.
Algumas horas depois.
- Eu já me desviei algumas vezes da igreja – dizia um irmão para
Eduardo. Os dois estavam conversando após o culto.
- Eu não vou me afastar dos caminhos do Senhor nunca – prometeu
Eduardo.
- Ninguém é perfeito – disse o irmão – você acha que pode se sair
bem o tempo todo? Um dia o inimigo acaba armando um laço e
quando você olhar....Puff!
- Mas eu não quero me desviar dos caminhos do Senhor – Eduardo
revelava suas verdadeiras intenções. Ele estava decidido a não se
desviar.
- Pois na hora em que você se afastar da igreja, eu vou te lembrar do
que você disse – o irmão queria porque queria ter razão mas
Eduardo não aceitava a ideia de que seria obrigado a se desviar
porque o ser humano era um pecador.
- Onde você pensa que você vai chegar com tudo isto? – repreendeu
Eduardo ao irmão que não gostou da afronta. Por fim, os dois se
despediram. Era assim, Eduardo vivia sofrendo perseguições de toda
parte por causa de sua fé.
- Eu acho melhor você tomar cuidado. As pessoas podem não gostar
muito do que você está propondo – disse Camila em comentário ao
trabalho do irmão.
- Mas eu estou falando a palavra de Deus. Quem não aceitar, está
condenado.
- Eu tenho minhas convicções – refutou Camila com um olhar
severo.
- Jesus é mais importante do que qualquer coisa neste mundo – disse
Eduardo – se as pessoas não quiseram aceitá-lo como salvador. Eu
não posso fazer nada, mas eu prefiro pregar o evangelho do que ficar
pensando apenas em dinheiro como você – Eduardo começou a
acusar sua irmã de até mesmo roubar para lucrar
- Eu não sei do que você está falando – respondeu Camila muito
chateada.
O pessoal da igreja observava que Eduardo estava bastante
envolvido no evangelismo. Foi quando Eduardo falou para os
irmãos que estava esperando que muita gente se convertesse porque
ele não parava de evangelizar.
- As pessoas precisam pensar melhor no assunto – disse uma irmã –
você não vai conseguir converter uma pessoa do dia para noite.
- Eu não consigo aceitar o que você está me dizendo. Eu acho que
isto depende e que não temos muito tempo para esperar as pessoas
aproveitar a vida para depois se converter.
- Você está sendo muito duro, acho que você deveria ser mais
brando – disse um irmão que não aceitava a maneira cortante que
Eduardo abordava as pessoas.
- Eu estou falando da palavra de Deus. Se a pessoa não gostar. Não
posso fazer nada – Eduardo estava disposto a discutir com qualquer
um.
- Eu sei que é a palavra de Deus, mas mesmo assim. Tem que ser
devagar e com delicadeza. Não é entregar um monte de folheto e
achar que vai encher a igreja. Sem contar que você está provocando
o diabo e ele pode te causar algum mau.
- Eu não vou me desviar dos caminhos do Senhor. O diabo não vai
me derrubar.
- Você precisa pensar melhor no que está dizendo – disse um irmão
que também estava por ali. Agente só quer te ajudar. Mas se você
está disposto a discutir com todo mundo, não podemos fazer mais
nada.
Eduardo tinha que estar preparado para vencer a tentação. Porque o
inimigo estava preparando um grande laço para sua vida. O maior de
todos os ataques.
Eduardo gostava muito de conversar com os irmãos depois do culto.
Foi quando um dos cristão sugeriu:
- O que vocês acham se agente fosse para o clube no final de
semana.
- Isto não é uma boa ideia – disse Eduardo que era bastante
conservador.
- Mas qual o problema? Agente não pode viver debaixo de um julgo
pesado e legalista – respondeu um irmão da turma que parecia não
ser muito cristão.
- Em um clube, existem muitas tentações, e você e as irmãs da igreja
não vão poder tomar banho com roupas indecentes que não convém
a um cristão.
- Você precisa se preparar melhor para falar das coisas de Deus. Eu
acho que você ainda é um novo convertido muito sem noção – disse
o irmão para Eduardo.
Eduardo parecia não estar assimilando o que estava acontecendo
com ele. Mas não queria se desviar dos caminhos do Senhor por
nada deste mundo. Só que a luta muitas vezes era dentro da própria
igreja. Como se não bastasse a influência direta das pessoas que não
são cristãs, a tentação vinha para a vida dos crentes através de
pessoas que estavam dentro da própria igreja.
- Você realmente é um grande servo de Deus – comentou uma
pessoa da igreja – Você conhece um lava carro que fica perto da sua
casa?
- Eu não sei do que se trata. Nunca vi tal lava carro.
É que uma mulher chegou até mim e disse, contava o irmão para
Eduardo:
- Você pode me ajudar? – era uma mulher muito bonita.
- Mas é claro que sim – eu respondi para ela. Agente estava em
frente um sobrado
- A vida não tem sido fácil. Eu estou precisando de algo para
preencher o cansaço de minha alma – dizia a mulher. Parecia que ela
morava naquele sobrado.
- Tenho certeza que nunca vou ser como você. Eu não soube o que
falar para aquela mulher. Quem sabe um dia você possa ajudá-la.
Mas no final de tudo eu achei melhor deixar aquela mulher de lado.
Porque eu poderia me complicar.
- Deus está no controle de tudo – disse Eduardo para o irmão – mas
você deveria ter feito o possível para evangelizar aquela mulher.
Porque não entrou na casa dela e começou a pregar a palavra de
Deus? – Eduardo não perdia oportunidade.
- Você tem noção do que está me dizendo? – disse o irmão
aborrecido
- Claro que tenho – respondeu Eduardo destemido.
- E você acha que vai conseguir permanecer fiel o tempo inteiro?
- Eu tenho que permanecer fiel – respondeu Eduardo e se despediu.
No outro dia pela manhã, Eduardo recebeu um telefonema de
Camila.
- Você precisa vir aqui na agência trazer meu celular que eu esqueci
em casa. Passa aqui e pega as chaves comigo. Faça este favor para
mim porque eu estou muito ocupada – Tatiana estava para chegar na
agência e Camila trabalhava feito louca. Eduardo sempre recebia
ajuda financeira de sua irmã mais velha. Não fazia muito tempo que
ela comprou um terno novo para ele. Ele não sabia nada sobre
Tatiana e foi para casa pegar o celular como sua irmã havia pedido.
Pouco tempo depois, Eduardo chegou até a agência. Tatiana estava
por lá. Foi quando Eduardo teve o primeiro contato com ela. Na
sala de fotografia, quando ele foi entregar o celular para Camila.
- Deixa eu te apresentar, Edu. Esta aqui é a Tatiana – e olhando para
a mulher disse – Este aqui é o Eduardo, meu irmão.
- Olá, muito prazer – disse Tatiana se aproximando para dar três
beijinhos.
- Olá – disse Eduardo se esquivando e estendendo as mãos. Era o
máximo que ele podia fazer. Tatiana ficou meio sem graça e Camila
mais ainda.
Foi a primeira forte tentação que Eduardo teve com mulher. Ele não
esperava por aquilo. Teve que vigiar seus pensamentos para não
pensar nada de errado.
- Toma o meu cartão. Eu estou começando em um novo serviço no
lote do lado de casa. Quando você tiver um carro para lavar, você
me liga e agenda comigo.
- Um carro para lavar? – Eduardo estava confuso – Como assim?
- Isto mesmo, Edu. Se você souber de alguém que precise de lavar o
carro, indica minha amiga. Não repara não, Tatiana, ele é assim
mesmo, é que ele é religioso.
- Ah, tá – disse Tatiana encarando Eduardo que se desviou do olhar
dela e se retirou imediatamente daquele lugar. Ele ficou muito
perturbado e nos próximos dias não conseguiu tirar a imagem de
Tatiana da cabeça.
Foi quando ele conheceu a casa de Tatiana pela primeira vez. Ele
encontrou mais uma vez com o irmão que conversou com ele sobre
a tal mulher que havia pedido ajuda. Então o irmão resolveu levá-lo
até o lugar onde havia conversado com ela.
- É aqui, em frente este sobrado. Eu acho que ela mora aí – disse o
irmão.
- Este lote do lado parece que faz parte do sobrado também. Veja,
vamos ver o que está acontecendo lá. O portão está aberto – disse
Eduardo se aproximando do portão. Ele foi entrando e viu que havia
alguns carros e motos dentro do lote. Era um lote muito grande que
na verdade fazia parte de uma emenda de 3 lotes.
Quando Eduardo estava para entrar, Tatiana apareceu no portão.
- É você! – disseram os dois ao mesmo tempo.
- O que você está fazendo aqui? Como anda sua irmã? – disse
Tatiana. O irmão da igreja ficou olhando para Eduardo sem entender
nada.
- Você conhece ela? – perguntou o irmão da igreja para Eduardo.
- Sim – respondeu Tatiana – E você, não é aquele rapaz que eu parei
aqui em frente e agente ficou conversando?
- Sou sim – respondeu o rapaz se afastando. O irmão da igreja mais
do que depressa se retirou daquele lugar.
- Eu vou indo, vou indo. Vamos Eduardo. Vamos, já está na hora –
dizia o irmão
- Não – interrompeu Tatiana – Entre para você ver o meu trabalho
um pouco.
Tatiana entrou e Eduardo foi bem atrás dela acompanhando-a.
Ele foi até o fundo do lote onde havia vários homens esperando
Tatiana lavar os carros e fazendo comentários libidinosos. A cada
movimento de Tatiana, havia assobios.
Eduardo não estava gostando de ficar por ali. Ele estava sendo forte
o suficiente para vencer o poder do pecado. Não entrava na onda
dos outros homens. Mas não estava se sentindo bem. Tatiana se
aproximou e eles conversaram um pouco.
- Eu gostaria de pedir que você aceitasse Jesus como teu salvador.
Deus quer te salvar e te dar a vida eterna. Para aceitar Jesus, as
pessoas tem que se arrepender de seus pecados e entregar suas vidas
para Deus. E então obedecer o que diz as escrituras sagradas e os
evangelhos.
- Quem sabe um dia. Eu preciso conhecer melhor sobre sua religião
– disse ela.
Foi por isto que Eduardo começou a ir até aquele lugar algumas
vezes para pregar a palavra de Deus para Tatiana. Ela sempre ouvia
mas na hora que ele perguntava:
- Você quer aceitar Jesus como teu salvador agora e ser uma filha de
Deus?
- Eu ainda não estou preparada – respondia ela e ficava por isto
mesmo.
Certo dia aquele irmão encontrou Eduardo e começou a perguntar
sobre Tatiana.
- Não estava sendo nada fácil. Mas eu consegui sai de lá ileso. Eu
acho que vou parar de frequentar aquele lugar.
- Como assim? – o irmão se escandalizou – Você foi lá mais vezes?
- Sim. Para pregar a palavra de Deus para aquela mulher. Eu conheci
ela na agência de minha irmã.
- Eu não concordo que você fique fazendo isto. Você tem que parar
de ir até lá.
O poder da tentação as vezes pode ser insuportável. Mas as pessoas
tem que estar preparadas. Não podem ceder ao pecado e nem se
desviar. Às vezes é melhor evitar sim, mas Eduardo tinha um motivo
muito forte, ele queria a todo custo ganhar aquela mulher para o
reino de Deus.
Camila ficou sabendo que Eduardo sabia onde Tatiana morava. E
pediu para o irmão ir até a casa dela para entregar contratos da
agência. Ele pegou as folhas e ficou de passar lá. Na cabeça dele iria
aproveitar esta oportunidade para pregar a palavra de Deus.
As pessoas estavam desconfiadas de Eduardo na igreja porque o
irmão que estava com ele quando ele foi até a casa de Tatiana
começou a espalhar alguns boatos
- Eu acho realmente uma pena que muitas pessoas se desviem dos
caminhos de Deus – disse um obreiro da igreja para Eduardo – Você
está firme irmão?
- Mas é claro que sim – respondeu ele – Porque você está me
perguntando isto?
Perto de onde eles conversavam o pastor perguntou para alguns
irmãos:
- Eu posso saber onde está o irmão Eduardo? – ele parecia
preocupado.
- Está ali – apontou um irmão – conversando com o obreiro. O
pastor se aproximou e perguntou para Eduardo o que estava
acontecendo.
- Não está acontecendo nada de errado pastor. É que eu estou
passando por uma tentação, mas eu me sinto preparado para vencêla – disse Eduardo
- E você acha que vai conseguir passar por isto sozinho? Você
precisa procurar conselho com os mais velhos na igreja. É verdade
que você se envolveu com uma mulher? – o pastor parecia estar
pronto para excluir Eduardo da igreja
- Mas é claro que não pastor. É que eu conheci uma pessoa que
trabalha na agência da minha irmã. E resolvi pregar a palavra de
Deus para ela – Eduardo tentou se explicar da melhor forma
possível. Ele sabia que aquele irmão que estava com ele era o
responsável por esta confusão toda.
No outro dia, Eduardo acordou cedo e logo foi se lembrando dos
papéis da agência.
Eduardo chegou na casa de Tatiana. Tocou a campainha e entrou.
Tatiana estava do lado de fora carregando uma escada e colocando
perto da janela.
- Ainda bem que você chegou – disse ela para Eduardo – eu estou
precisando da sua ajuda. Você vai ter que segurar a escada em baixo
para mim.
Eduardo começou a resistir a tentação em pensamentos, porque se
fizesse aquilo, a posição em que ficaria debaixo de Tatiana enquanto
ela subisse na escada, poderia levá-lo imediatamente ao pecado. Ele
sabia que se subestimasse o mal, acabaria caindo, por mais que
estivesse preparado para suportar.
- A minha irmã pediu para eu vir aqui para te entregar uns relatórios
– disse ele
- Eu não estou interessada nos relatórios da sua irmã – falou Tatiana
segurando a escada. Ela deu um sorriso para ele e começou a falar
algumas palavras que deixou Eduardo muito constrangido e furioso.
- Eu gostaria que você me respeitasse. Será que teria jeito? – disse
ele.
- Mas eu não estou lhe faltando com respeito. Estou? – falou Tatiane
sorrindo e ainda esperando que Eduardo segurasse a escada para ela
- Eu tenho certeza que você pode segurar aqui para mim, se quiser.
Você quer? – dizia ela.
Ele não sabia o que responder. Ficou olhando por uns instantes
Tatiane ali, do lado daquela escada pedindo para que ele segurasse
para ela subir. Ele ficaria bem debaixo dela.
- É só você não olhar para cima – falou ela com malícia no olhar e
na voz.
Foi então que ele teve que fazer muita força para suportar a
tentação que aumentou com muita força.
- Não faça isto – disse Eduardo olhando ainda lutando para
suportar o terrível desejo de pecar – Tenho que ir embora – ele
estava começando a sentir o inimigo dizendo para ele se desviar com
muita intensidade.
- Você não pode me deixar aqui assim – insistiu Tatiana com o
irmão que sabia que iria se desviar dos caminhos de Deus se entrasse
debaixo daquela escada.
- É sério mesmo. Eu vim aqui porque….- Eduardo teve vergonha de
dizer.
- A sua irmã pediu para você me trazer alguma coisa? – perguntou
Tatiana.
- Não é bem isto... – Eduardo tentou criar coragem para pregar o
evangelho para a mulher – Sabe é que eu gostaria de poder te falar a
respeito da palavra de Deus. Posso?
- Mas é claro que pode – disse Tatiana com educação – agora me
ajuda a subir aqui.
Eduardo olhou para ela desconfiado. Ele se esforçava para não fazer
nada de errado contra a vontade de Deus. Se ele quisesse pecar, teria
oportunidade. Mas o meio que ele encontrou para combater a
tentação foi pregando a palavra de Deus para ela, pois resistindo e
suportando ele já estava. Tatiana sempre sorrindo muito para
Eduardo, tentando seduzi-lo de qualquer forma. Mas o rapaz acabou
permanecendo firme aos caminhos do Senhor.
- Então quer dizer que você não vai me ajudar? – falava Tatiana
contrariada.
- Eu não posso – disse Eduardo indo embora frustrado por não ter
conseguido pregar a palavra de Deus como gostaria. Mas ele estava
dando bom testemunho.
Os dias foram passando e as coisas foram ficando complicadas para
Eduardo. O pessoal da igreja já havia visto Tatiana na rua vestida
com seu shortinho de sempre. E todos se escandalizaram com
Eduardo. O rapaz não estava aguentando mais os olhares de
condenação do pessoal da igreja.
- Eduardo. Eu preciso de você. Tem como você ir na casa da Tatiana
pedir para ela assinar este papel? É que eu preciso da assinatura dela
para poder receber o dinheiro – disse Camila pedindo mais uma vez
um favor para seu irmão.
Eduardo não gostou da ideia mas não podia dizer um não para irmã.
Ele foi. Quando estava se aproximando do muro de latão, percebeu
que o quarteirão estava bastante movimentado. Era o lava carros de
Tatiana que estava fazendo muito sucesso. Eduardo se aproximou.
O portão estava entreaberto. Foi quando ele entrou abrindo o
portão que rangeu. Ao perceber que o portão estava sendo aberto,
Tatiana olhou para ver o que era. Foi quando viu Eduardo. Ela
estava lavando um carro na hora em que ele entrou e sorriu para ele.
Eduardo ficou impressionado com a quantidade de homens que
estava naquele lugar para lavar o carro ou a moto.
- Eu preciso falar com você – disse Eduardo se aproximando de
Tatiana.
- Espera eu terminar aqui que nós vamos vai até a minha casa e
então a gente conversa.
O rapaz estava se sentindo mau ali, vendo tudo aquilo e Tatiana
aproveitou a oportunidade para se insinuar para Eduardo.
Provocando-o e esperando para que quando fossem até a casa dela,
ele caísse no bote da serpente. Só que Eduardo começou a resistir a
tentação e depois de alguns minutos fazendo isto, não conseguiu
mais ficar ali naquele ambiente. O lugar parecia estar cheio de
legiões.
Ele resolveu ir até a igreja e buscar ao Senhor em oração. Ele saiu
sem que Tatiana percebesse. Quando ela procurou, Eduardo já não
estava mais por lá.
- Eu posso saber onde foi que você se meteu este tempo todo? –
disse Camila quando Eduardo chegou em casa, após ter orando
bastante no templo.
- Eu estava na igreja – respondeu Eduardo entregando os papéis não
assinados.
- E que igreja? O que você pretende fazer? Me falir? Eu peço para
você ir até a casa da Tatiana porque preciso de receber e você vai
para igreja?
- Não, eu fui, é sério. Só que ela estava bastante ocupada. Só então
fui para igreja.
- Sei...ocupada? Pois amanhã você vai voltar na casa dela, está me
entendendo?
- Estou sim. É que eu acho que está sendo muito difícil para mim,
ter que ir até lá.
- Difícil porque? – perguntou Camila sem entender a princípio.
- É a Tatiana....E os irmãos da igreja começaram a falar de mim –
disse ele.
- A Tatiana? Você não está tendo nada com ela? Está? Você não é
crente? Se vira.
Foi difícil explicar para o pessoa da igreja porque Eduardo
frequentava o lava carro que já estava mal visto pelos irmãos da
congregação.
- Eu vou frequentar uma igreja perto de minha casa – disse Eduardo
para um irmão da congregação.
- Mas porque você vai mudar de igreja? – perguntou o irmão.
- O pessoal começou a pegar no meu pé e a falar mal e mim e agora
estou sem graça.
- Você deve estar falando do comentário sobre a devassa – disse o
irmão.
- Então é assim que eles chamam a Tatiana? Devassa? – falou
Eduardo – se fosse preciso eu ir morar na casa dela para pregar o
evangelho, eu iria.
- Não acho que você esteja certo em pensar assim – falou o irmão.
- Mas as pessoas precisam de uma oportunidade – replicou Eduardo.
- Mas você vai acabar caindo em pecado. Você já imaginou se não
consegue resistir? Você se acha muito forte para o meu gosto.
Detesto gente assim.
- Pois você deveria se converter, aceitar Jesus de novo. Porque você
não está agindo com um verdadeiro cristão.
- Ah não? – disse o irmão – E ficar observando mulheres
pornográficas, isto é cristão?
- Não é. Mas eu não estou pecando, e você precisa ter amor pelas
almas. E eu também vou lá a serviço.
Pegaram tanto no pé do irmão que ele acabou saindo da
congregação. Ele iria procurar outra igreja para frequentar.
Dois irmãos da igreja começaram a conversar sobre o caso após o
culto:
- Você acha que Jesus pecava porque andava com pecadores? – disse
um irmão
- Eu não sei onde você quer chegar com este assunto – falou o
outro.
- Eu estou falando do Eduardo. Vocês pegaram muito no pé dele.
Alguém aqui sabe de alguma coisa de errado que ele fez?
- Não. Mas ficar indo naquele lugar ver aquela mulher. Só de olhar....
- Olhar não é pecado! – repreendeu o irmão ao outro.
- Eu é que não sei de mais nada – disse o outro irmão – mas eu não
acredito que o Eduardo esteja firme com Deus – disse o outro.
- E você tem certeza do que está me dizendo? - os dois começavam
a discutir.
- Mas é claro que tenho – respondeu um dos irmãos julgando o
Eduardo.
- Eu considero aquele irmão muito abençoado – falou por fim o
irmão que acreditava que Eduardo era um servo de Deus e que ficou
triste pela saída dele.
- Se você fosse um pastor, você iria tolerar uma mulher daquela na
sua igreja?
- Isto não vai te impedir de ser um servo de Deus. Tolerar não, mas
eu não expulsaria ela da igreja sem antes tentar de tudo para
convertê-la.
Este mesmo irmão que estava criticando Eduardo para o outro,
procurou saber onde Eduardo morava e quando descobriu foi até a
casa dele.
- Você precisa pensar melhor. Você não pode abandonar a
congregação.
- Eu já pensei. Eu amo as coisas de Deus e não estou disposto a
abandonar sua obra. Se você quiser parar, então fique por aqui. Eu
preciso continuar.
- Parar com o que? – perguntou o irmão sem entender o que
Eduardo falava.
- Você nunca mais pregou o evangelho. Você não fala de Jesus para
ninguém e fica me criticando.
- Se você voltar para igreja e não visitar mais aquela mulher, eu te
ajudo com o pessoal -falou o irmão tentando ajustar as coisas.
- Eu não vou aceitar sua proposta. Não vou parar de ir até a casa da
Tatiana só porque você acha que eu estou em pecado.
- Fica sabendo que muitas pessoas se rebelaram com a igreja e
depois tiveram que ir até lá e se reconciliar chorando e pedir perdão
para o pastor e para a igreja.
- Posso saber onde você pretende chegar com este assunto? Eu não
estou desviado.
- Então me deixa ir até lá. Vamos ver se tem condições de um servo
de Deus frequentar um lugar daquele – disse o irmão para Eduardo
que o levou até a casa de Tatiana. Os dois se aproximaram do
quarteirão. Havia um muro feito de lata velha. Eram três lotes
grandes. Havia um carro preto lá dentro. Ela cobrava alguns reais
para lavar os carros.
- Ela está ganhando bastante dinheiro com isto? – perguntou o
irmão para Eduardo, o irmão estava ficando bastante curioso para
conhecer o lugar - Eu posso saber onde foi que você conheceu esta
mulher, Eduardo?
- Foi no serviço da minha irmã – respondeu ele. Antes de entrar
naquele lugar, o irmão desistiu e disse para Eduardo:
- Eu não tenho coragem. Ela vai estar vestida daquele jeito. Eu não
quero nem olhar – disse o irmão deixando Eduardo e indo embora.
Eduardo ficou por ali até que o movimento abaixasse e resolveu que
iria ligar para Tatiana. Ele havia pensado bastante e resolveu que iria
apostar na conversão de Tatiana.
O celular de Tatiana tocou.
- Alô? Quem fala? – disse ela
- Aqui é o Eduardo. Eu precisava falar com você urgente
- Pode falar – disse Tatiana. Foi quando ele falou que estava na porta
da casa dela.
- Pode entrar – eu estou aqui perto da piscina, já terminei o trabalho
de hoje.
Eduardo entrou pelo lote, havia alguns carros e motos por ali, mas
não tinha nenhuma pessoa. De longe ele avistou a entrada que dava
para a piscina e viu Tatiana por lá. Ele se aproximou dela que estava
de costas e olhou por cima do ombro.
Quando Eduardo a viu daquela maneira, parecia que não conseguiria
sair dali ileso. A sensação era de que ele iria se desviar. Mas ele
começou a resistir tentação em pensamentos.
―Não tentação, não tentação, não tentação‖ – instintivamente
também estava combatendo a tentação.
Depois ele disse para ela:
- Eu posso te fazer uma pergunta? – Eduardo foi chegando bastante
incisivo.
- Sim, irmão – respondeu ela com as mãos na cintura ainda olhando
por cima.
- Você quer aceitar Jesus como teu salvador? – perguntou ele sem
demorar e tendo que fazer muita força para suportar a tentação de
olhar para aquela mulher de shortinho curto e não pecar.
- Jesus eu até aceito. Mas passar para sua religião, agora não. É que
eu não estou preparada.
- Mas........- Eduardo estava sendo bastante insistente. E a tentação
estava grande, mesmo tendo resistido, a tentação não ia embora.
Então ele tinha que se esforçar muito para continuar suportando.
- Nem mais, nem menos. Posso saber o que você precisava falar de
tão urgente assim comigo?
- Bom... primeiro é que eu preciso de uma assinatura sua. Depois é
que eu preciso dizer que Deus não se agrada do que você está
fazendo – e mais uma vez ele tentou combater a tentação com
pregação da palavra de Deus. Ele parecia sentir a tentação se afastar
quando ele começava a pregar.
- Quanto a assinatura. Entra aqui dentro de casa que eu vou assinar.
Mas quanto a Deus não estar gostando do que estou fazendo, será
que você pode me explicar melhor - disse Tatiana que se aproximou
de Eduardo e ficou bem pertinho dele.
- É....- disse Eduardo olhando para o corpo dela. Blusinha,
shortinho. Estava do lado dele. Era a hora, o diabo jogou toda seta
de desejos que podia para fazer Eduardo cair em pecado. Será que
ele iria se desviar dos caminhos do Senhor? Tatiana foi chegando a
boca perto do rosto de Eduardo. Até que o rapaz acordou e levou
um susto. E mais uma vez teve que suportar uma dor indescritível
que a tentação lhe causava.
- Não, não. Eu não posso fazer nada de errado com você. Eu sou
um servo de Deus. Se acontecer alguma coisa eu vou pagar muito
caro pelo meu pecado. E Eduardo começou a contar a história de
Davi enquanto Tatiana entrava na casa com ele para assinar o papel:
- Havia um rei na bíblia que se chamava Davi. E então ele tinha uma
vizinha e caiu em adultério com ela. Ele chegou a matar o esposo
dela para ficar com a vizinha que se chamava Bate-Seba – e tome
mais pregação para combater a tentação que mais uma vez parecia
se afastar dele.
- Eu já ouvi falar nesta história – disse Tatiana entregando o papel
assinado para Eduardo – Bom, eu sei que você não quer nada
comigo mesmo. Então eu vou sair um pouquinho para refrescar a
cabeça. Eu ando trabalhando demais.
Pouco tempo depois.
- Eu não tenho noção do que aquele maluco pode ter dito para você
– disse Camila para Tatiana pelo telefone quando Tatiana comentava
sobre Eduardo.
- Não se preocupe. Ele não falou nada demais – disse Tatiana
ponderando.
- Porque você não dá um fora de uma vez no meu irmão. Eu não
quero ter problemas com você por causa dele – falou Camila
indignada.
- Você não vai ter problemas comigo, porque eu não me importo
com o que o seu irmão fala para mim. Ele me dá uns conselhos bons
sobre Deus. Eu é que as vezes pego pesado demais com ele.
- O que você quer dizer com isto? – perguntou Camila curiosa.
- Nada. Fica entre eu e ele. Mas gostaria que dá próxima vez que
você quiser falar comigo, venha pessoalmente até aqui. Acho que o
Eduardo não se sente bem.
Eduardo se encontrou com sua irmã. Foi por acaso. Eles estavam no
centro da cidade e Camila aproveitou a oportunidade para ralhar
com o irmão:
- Eu fiquei sabendo que você andou procurando a Tatiana, Edu –
disse ela.
- Foi sim. Mas não sei se isto é uma boa ideia – falou Eduardo
frustrado. Ele queria muito que Tatiana se convertesse ao Senhor.
Sua honra seria restaurada.
- Mas o que aconteceu? Você geralmente corre das mulheres. Não
vai me dizer que está apaixonado? Cuidado. Ela é um pedaço de mal
caminho – falou Camila com bastante malícia.
- Não é isto, Camila. É que eu pensei um pouco e achei que poderia
converter a moça. Mas acho que eu cometi um grande erro.
Camila caiu na gargalhada. Riu um bom tempo até sair lágrimas dos
olhos.
- Eu não acredito que você está me dizendo uma coisa destas. Você
precisa deixar de ser ingênuo irmão. É óbvio, muito evidente que a
Tatiana nunca vai passar para sua religião. Ela jamais iria abandonar
a vida que tem.
Passados alguns dias que Eduardo não procurava Tatiana, ela ligou
para ele:
- Oi, tudo bem? Eu estou realmente sumido, não sei se vou
novamente em sua casa – disse Eduardo justificando seu sumiço
- Você não me quer porque me acha feia? – falou Tatiana com ironia
- Não Tatiana. Você já deveria saber que não é isto. É porque eu sou
um servo do Senhor – Eduardo agora sentiu saudades de Tatiana.
- Você não teria coragem de cometer nenhum pecado comigo, não é
irmão?
- Deus é muito mais importante para mim do que o pecado –
respondeu Eduardo.
- O que você sente quando está perto de mim? – perguntou Tatiana
curiosa.
- Eu não posso olhar para uma mulher com olhos impuros. Se eu
fizesse isto, eu já estaria cometendo um pecado no meu coração –
disse Eduardo.
- Eu realmente não poderia ficar te provocando. Mas é que eu sou
assim, acho que tenho que mudar meu comportamento. Eu não
quero isto para mim.
- Você tem razão. Acho que você precisa se comportar um pouco
melhor.
- Eu não quero fazer nada de errado – falou Tatiana – Eu vou tentar
me comportar melhor da próxima vez que você vier aqui. Mas venha
– ela desligou o telefone após dizer isto.
- Você não tem ido na igreja ultimamente - perguntou Camila para
Eduardo no café da manhã.
- É que eu estou resolvendo um problema – respondeu ele de má
vontade.
- Eu posso saber que problema é este? – disse ela preocupada.
- É que eu estou fazendo uma forte campanha de oração em prol de
uma vida que necessita muito e estou sem tempo para ir para igreja.
Porque eu fico até de noite no monte e quando chego estou
morrendo de cansaço – justificou Eduardo. A oração era pela vida
de Tatiana. Ele não conseguiu tirá-la da cabeça ainda. Mas procurava
lutar com a tentação para não cometer nenhum tipo de impiedade.
A última vez que Eduardo teve que enfrentar a tentação com Tatiana
ele quase caiu. Mas não caiu porque era um servo de Deus que
entendia as consequências nocivas da queda e porque usava o grande
segredo para vencer a tentação. Tanto do ponto de vista aqui na
terra como eterno, ele sabia que perderia muito galardão por cada
pecado que cometesse, mesmo se arrependendo e sendo restaurado.
Eduardo chegou até a casa de Tatiana, mais uma vez para entregar
um papel de sua irmã para ela assinar. Quando ele abriu o portão de
lata. Reparou que não tinha ninguém no quintal, era domingo e
Tatiana não trabalhava nos domingos. Ele se aproximou do sobrado
e não tinha ninguém.
- Tatiana – chamou Eduardo.
- Estou aqui dentro – disse a voz feminina que vinha do quintal da
casa. Eduardo entrou no quintal e se aproximou de onde ela estava.
Tatiana estava virada de costas.
Ele ficou branco. E isto foi uma sucessão de resistir, suportar e
combater. Foi tão rápido e tão intenso, alternando entre o resistir,
suportar e combater de uma forma tão desorganizada que faltam até
palavras para descrever tal realidade.
- Está tudo bem? – perguntou Tatiana.
- Está sim – respondeu Eduardo mostrando os papéis que segurava
na mão – ele estava sofrendo tanto que não sabia mais em qual fase
do processo havia parado, se no resistir, se no suportar ou se no
combater.
- Eu só vou assinar se você vier até aqui onde estou, bem pertinho
de mim.
Eduardo percebeu que era uma cilada. Tatiana estava se preparando
para atacar.
- Sai tentação, eu te expulso – disse Eduardo baixinho, trêmulo.
Agora ele estava combatendo. A esta altura o diabo já havia lançado
suas setas malignas. Soprado no ouvido do irmão que ele deveria se
entregar aos desejos carnais e que uma oportunidade destas não era
qualquer um que tinha. Agora ele estava tendo que suportar.
– Eu não posso – ele olhou desconfiado para ela.
- Pode sim. Você está com medo de mim? – disse Tatiana exibindo
seu fio dental provocantemente e viu ele resistir a esta provocação.
- Estou – respondeu Eduardo que deixou os papéis por ali e se
retirou. Quando estava saindo da casa de Tatiana, encontrou um
irmão que estava passando de carro.
- Ei, irmão! Me dá uma carona por favor – disse Eduardo sôfrego,
pálido e com o rosto cheio de suor.
- O que foi que aconteceu, irmão? Está parecendo que você viu um
demônio na sua frente – o irmão ficou preocupado com Eduardo.
- Quase irmão. Era quase isto. Mais um pouquinho e tinha me
levado para o inferno.
- O quê? – o irmão não estava entendendo nada que Eduardo tinha
dito.
- Me deixa lá em casa, por favor – falou Eduardo bastante assustado.
O irmão percebeu o que estava acontecendo. Ele já conhecia sobre o
drama de Eduardo.
- E você acha que vai conseguir vencer o poder do pecado o tempo
inteiro?
- Não. É por isto que eu estou pensando em me afastar da Tatiana.
- E você vai ter coragem de largar uma amizade destas? – a pergunta
do irmão parecia ser um tanto maliciosa.
- Do que você está falando? Se eu fosse você, guardaria mais o teu
coração, porque Deus vai te julgar também pelos teus desejos e teus
pensamentos.
- Você tem razão, irmão. Desculpe-me. É que eu nunca encontrei
um irmão da igreja numa situação como a sua. Se eu estivesse no seu
lugar, acho que não conseguiria vencer a tentação.
- Se você não está preparado para vencer a tentação, então como
você pretende entrar no Reino de Deus? – disse Eduardo
severamente para o irmão. Até que eles chegaram na porta da casa
de Eduardo. Os dois se despediram e Eduardo entrou.
As coisas estavam bem difíceis para Eduardo. Mas ele permanecia
firme nos caminhos do Senhor. Desviar, nem pensar. Só que ele não
poderia dar mole. Precisava estar atento o tempo inteiro porque o
diabo não iria desistir de armar a grande cilada da vida de Eduardo.
Era como uma prova de Jó e Eduardo teria que vencer.
Tatiana não estava facilitando em nada a vida dele. O irmão resolveu
ter uma conversa muito séria com ela. Então ele resolveu procurá-la
mais uma vez:
- Você precisa mudar de vida – disse Eduardo sem ter medo de ser
mal educado.
- Você vem aqui na minha casa para me insultar? – falou Tatiana
revoltada.
- Não é esta minha intenção. Mas é que as minhas intenções eram
das melhores. A minha irmã também ficou no meu pé. Mas eu
queria que você aceitasse Jesus como salvador.
Foi quando Tatiana disse uma coisa que iria mexer muito com
Eduardo.
- Você já reparou que todo cristão se aproxima de uma mulher
impura assim como eu, com a intenção de pregar o evangelho. Será
que é por causa do evangelho mesmo que você está aqui? Ou é por
causa do meu corpinho - agora Tatiana tinha ido longe demais. A
réplica dela deixou o irmão profundamente chateado. Será que ela
tinha razão em falar aquilo? O fato é que Eduardo saiu depressa da
casa dela e prometeu nunca mais voltar.
Eduardo não procurou Tatiana por um bom tempo. Foi quando ela
resolveu ligar para Camila para acertar os últimos detalhes do
contrato com a agência. O serviço dela já estava praticamente no
fim. A irmã de Eduardo disse que a procuraria e após algum tempo
foi atrás da mulher que estava lhe rendendo um bom dinheiro.
Camila chegou na casa de Tatiana. Ela estava na beira da piscina
usando um vestido grande. Quando Camila se aproximou reparou
que Tatiana estava bastante mudada. O que será que havia
acontecido?
- E então, Tati. Eu fiquei sabendo que o meu irmão andou te
incomodando com as histórias dele? – disse Camila sondando para
descobrir alguma coisa.
- Histórias? – Tatiana ficou sem entender a respeito do que se
tratava.
- Quando ele se converteu, ele também ficou pegando no meu pé.
Dizia que se eu não aceitasse Jesus, iria para o inferno – Camila
falava com desdém sobre o irmão.
- Ah sim. Ele realmente gosta de falar da religião dele – dizia Tatiana
seriamente.
- Eu até falei para ele parar com isto. Disse que era bobagem.
Desculpe o meu irmão, Tati, é que ele não......- Camila viu que
Tatiana estava incomodada com o que a ela estava falando mas
Camila lutava para manter o tom profissional.
- Magina. Eu gosto, eu não ligo. Pelo contrário. Tudo que ele me
falou é a mais pura verdade. Eu estou cansada destes homens
impuros, perversos. Estou até pensando em abandonar o lava-carro.
E sabe, pensando bem, seu irmão tem mudado muito a minha
maneira de pensar. Acho que é por causa dele que eu estou assim,
com os olhos mais abertos – Tatiana falava de si mesma com pudor.
- OOO – QUEEÊ? Você está falando sério? – Camila estava
abismada.
- Sim. Estou falando sério – disse Tatiana que impressionava Camila.
- Não vai me dizer que você vai passar para a religião do meu irmão?
- Eu gostaria muito. Se eu tivesse forças, passaria sim. Você vê
algum problema?
- Eu nunca me tornaria religiosa como ele. Vê se pode – falava ela
com fúria.
- Eu não acredito no que estou vendo, amiga – disse Tatiana com
severidade - Eu sou uma nova pessoa. E tudo isto graças ao seu
irmão. Ele me deu uma grande lição de vida. Agora eu pretendo
arrumar um homem de bem e me casar com ele – Tatiana mostrou o
vestido como se insinuasse que seria um irmão.
- Cristão? – Camila perguntou isto sem acreditar no que estava
vendo.
- Não. Nem tanto. Quem dera eu pudesse arrumar um homem
cristão. Mas eu não consigo tanto. Eu ainda tenho meus pecadinhos.
Mas te garanto que nunca mais vou ser como antes. Estava demais.
Se continuasse daquele jeito, eu não sei o que seria de mim.
Camila saiu da casa de Tatiana com os pensamentos profusos.
Começou a sentir vergonha de si mesma. Diante da mudança que ela
vira aquela mulher passar, ela começou a rever os seus conceitos. E
envergonhada também resolveu tomar uma atitude. Mas não seria
como Eduardo queria. Camila estava sofrendo por um remorso
barato que não levava a verdadeira conversão, apenas mexia com o
orgulho do indivíduo que achava que por fazer parte de uma religião
e cometer boas obras de caridade, podia se igualar a um verdadeiro
servo de Deus.
- Camila, Camila. Onde você vai? – perguntou Eduardo quando viu
Camila com uma Bíblia na mão.
- Você estava certo. Você estava certo. Nós temos que seguir uma
religião sim.
- Você quer aceitar Jesus? – disse Eduardo com certa ansiedade no
coração.
- Não. Não. Religião sim, mas não a sua, eu sou católica. Vou
começar a ir na missa. Mas....você deve continuar o seu trabalho.
Existem pessoas que precisam muito – era muita hipocrisia da parte
de Camila e Eduardo não poderia fazer nada.
- Mas o que aconteceu com você para você falar isto? Assim do nada
– disse ele.
- Sabe aquela moça que você conheceu aqui na agência? – falou
Camila
- Sei, claro. A Tatiana. O que tem ela? Aconteceu alguma coisa? – ele
suspirou.
- Claro que sim. Ela está diferente. Eu fui até a casa dela hoje e não
acreditei no que eu vi – Camila estava realmente querendo se auto
justificar pelas boas obras.
- Mas o que foi que aconteceu? Ela se converteu? Ela virou
evangélica? – Eduardo tinha uma forte esperança no coração.
- Não. Evangélica não. Mas agora ela é uma mulher decente. Se você
visse o que eu vi. Logo a Tatiana. Era a última pessoa no mundo que
eu imaginaria que você mudaria – Camila falava como se Tatiana
tivesse se convertido.
- Como assim? Mudar? – Eduardo não conseguia compreender a
história.
- Mudar seu idiota! Ela está diferente. Será que as pessoas só mudam
se passar para sua religião ridícula? Vê se me deixa em paz agora –
ela saiu e bateu a porta.
Eduardo mostrou que era um grande homem de Deus. Ele não se
desviou em momento algum, mesmo quando teve toda
oportunidade do mundo. E graças a ele, alguém aprendeu a vencer a
tentação. Tatiana não se converteu, mas com certeza já era uma
grande vitória. Ela havia pelo menos aprendido a vencer fortes
tentações e tudo graças a Eduardo. E Deus estava feliz com o seu
servo. Amém!
Poucos dias depois Eduardo encontrou uma igreja perto de sua casa
e começou a fazer uma pregação contra o sensualismo em um culto
de evangelismo.
- Jesus disse que no final dos tempos, o mundo seria como na época
de Noé, ou seja, o mundo seria dominado por uma falta muito
grande de temor de Deus e o crime e os pecados sexuais iriam tomar
conta da humanidade. Hoje nós vemos mulheres e homens que não
tem um pingo de pudor. Os pecados sexuais estão tomando conta da
nossa humanidade. A pornografia está dominando o coração das
pessoas e isto está fazendo elas preferirem o caminho da luxúria do
que os caminhos de Deus. As moças estão andando com shortinho
curto e isto é considerado normal. O peso do pecado muitas vezes
não é sentido no coração dos homens e nem mesmo da sociedade,
as leis que punem apenas os crimes mais graves se tornam
impotentes para impedir a proliferação do sensualismo, os pais que
começam eles mesmos a dar maus exemplos não tem condição
moral de proibir seus filhos de entrarem pelo mesmo caminho. O
homossexualismo está sendo legalizado em alguns países e há um
esforço muito grande para que a sociedade aceite isto como sendo
algo normal e aceitável. Se você agora ainda quer ter Deus em sua
vida, se arrependa de todos seus pecados sexuais, e outros pecados
também e aceite Jesus como teu salvador – Eduardo começou a
fazer o apelo para as pessoas que estavam por ali, visitando o culto.
De repente, ele viu uma mulher que chamava a atenção das pessoas
quando caminhava em direção ao púlpito. Era uma mulher que
vestia uma roupa extremamente vulgar. Eduardo se lembrou de
Tatiana imediatamente. A mulher se aproximou de Eduardo, será
que seria uma afronta do diabo bem ali na frente de todo mundo?
Foi quando a mulher falou:
- Eu quero aceitar Jesus como salvador. Eu nunca mais quero ser a
mesma. Eu prometo mudar de vida e dar meu testemunho por toda
a minha vida. Eu já gravei filmes pornográficos e estou arrependida
de tudo isto. Eu quero dar testemunho de que Jesus mudou a minha
vida.
Eduardo ficou muito feliz com o que estava vendo. Deus
recompensou Eduardo pelas vitórias contra o sensualismo. Ele
nunca mais viu Tatiana pois ele não procurou mais nem sequer
passar na porta da casa dela. Ele teve notícias de que após algum
tempo, Tatiana se mudou daquele lugar.
Assim foi a vida de um servo de Deus que estava preparado para
vencer a tentação.
―Deus ajude que todas as pessoas neste mundo aprendam a se
preparar para quando a tentação chegar. Não deixar elas serem pegas
de surpresa, e que elas possam entender que quando estiverem
preparadas, o inimigo não terá poder sobre suas vidas. Em nome de
Jesus eu te peço e te agradeço‖ – orou Eduardo na sua casa depois
que chegou da igreja. Ele estava do lado de sua cama, de joelhos. Se
levantou e foi dormir.
Foi em uma quarta feira que o caminhão de mudanças parou na rua
em que Josualdo morava numa casa que ficava a uns cinco minutos
de distância. Era Marlene. Uma mulher que não tinha Jesus no
coração. Ela se mudou para uma casa que ainda precisava de muitas
reformas. Quando Marlene abriu a torneira, viu que não tinha água.
Então foi tratando logo de procurar por um pedreiro que resolvesse
o problema. Ela saiu pela rua perguntando para os moradores por
um pedreiro, até que indicaram Josualdo. Foi assim que ela foi até a
casa do servo de Deus.
- Olá. O senhor entende de encanação? - perguntou Marlene
- Sim, senhora - respondeu Josualdo.
- É que eu acabei de me mudar e a minha casa está sem água. Será
que tem como o senhor ir resolver este problema para mim? Eu
preciso para hoje.
- Tem sim, daqui uma hora mais ou menos, pode ser?
- Pode. Vem aqui que eu vou te explicar onde eu moro.
Quando Josualdo se aproximou de Marlene, sentiu uma sensação
ruim. Havia muito tempo que ele não sentia aquele tipo de coisa. Era
a tentação começando a dar as caras.
Depois de uma hora, Josualdo foi até a casa de Marlene. O pessoal
da mudança já havia ido embora. Ela estava sozinha em casa.
Quando Josualdo chegou lá, ela ainda estava bem trajada, embora
ainda chamasse atenção para si.
- Eu quero que você comece pela cozinha - ela disse para o irmão.
Fazia menos de um mês que Josualdo havia sido consagrado obreiro
na igreja onde congregava. Era um homem muito fiel a Deus. Mas
como todo homem de Deus, poderia cair em pecado se não vigiasse.
Josualdo foi até a cozinha enquanto Marlene ficou na sala para
descansar um pouco. Ele demorou alguns minutos para consertar o
problema e voltou até a sala para perguntar onde estaria o próximo
defeito. Foi quando viu Marlene no sofá.
- Já terminou com a cozinha? - perguntou Marlene para Josualdo Eu estou com muito calor. Por isto resolvi ficar mais à vontade.
Agora você poderia olhar o banheiro para mim.
- Sim - disse Josualdo sem acreditar no que estava vendo em sua
frente.
- Você me parece preocupado com alguma coisa - dizia Marlene.
- Eu vou olhar o banheiro - falou Josualdo.
Ele foi até o banheiro com a tentação atormentando a sua mente. O
inimigo havia armado um laço para derrubar o servo de Deus.
Josualdo estava com medo do que poderia acontecer dali para frente.
Ele tentava combater a tentação e expulsar Marlene do seu
pensamento, mas não conseguia. Uma força maligna insistia em
assoprar para ele ir até a sala e dar uma cantada na mulher. Josualdo
era viúvo e desde que a sua esposa falecera, ele não havia ficado com
mulher nenhuma. Ele sabia que se fizesse alguma coisa de errado
com Marlene, pagaria um preço muito caro. Mas a tentação é
exatamente desta forma. Ela cega as pessoas. Faz com que as
pessoas estejam dispostas a pagar qualquer preço deste mundo para
ter alguns minutos de prazer. E com Josualdo não estava sendo
diferente. Depois de consertar o banheiro, ele teve que voltar até a
sala. Andou bem devagar até onde Marlene estava. Quando chegou
onde ela estava, Marlene que estava vestida diferente, pois ela havia
trocado de roupa, disse:
- Quanto é que o senhor vai me cobrar?
- Eu ainda não.....- ele lutava para tirar os olhos de Marlene com toda
a força que ainda lhe restava.
- Se você quiser, eu posso te pagar de uma outra forma - disse a
mulher com muita sensualidade.
- Me pagar de outra forma...- Josualdo parecia não ter entendido. Ou
não queria entender.
Marlene foi subindo em cima da mesa e deixou Josualdo
apavorado...
- POR FAVOR, NÃO FAÇA ISTO! - Josualdo deu um berro que
dava para ouvir do vizinho. Ele estava tendo dificuldades para
resistir aquela tentação.
- O que está acontecendo, não vai me dizer que você não quer
receber nesta moeda.
- NÃO, NÃO, É SÉRIO, EU NÃO QUERO - Josualdo estava
prestes a cair em pecado. Ele poderia não resistir por muito tempo.
A cegueira espiritual estava querendo tomar conta de sua mente. Se
ele não tivesse suportado o poder da tentação e ficado de joelhos e
começado a combater a tentação com forte oração, iria fazer o que
não era da vontade de Deus.
- Isto é impossível. Você é casado? - Marlene parecia convicta que
Josualdo iria ceder. Ela ainda não sabia que ele era um servo de
Deus.
Josualdo falou:
- Em nome de Jesus, não faça isto. Eu quero te convidar para ir em
um culto onde eu vou estar dirigindo e pregando a palavra de Deus.
Marlene interrompeu o que estava fazendo imediatamente.
- Crente? Você é crente, senhor? De qual igreja você é? - ela parecia
envergonhada, agora.
- Sou sim. Sou crente moça. Muito crente. Pelo amor de Deus, não
vamos fazer nada. Eu preciso de ir embora, se a senhora não se
importa, eu não vou cobrar pelo serviço.
- De maneira nenhuma - disse Marlene que se levantou e foi
correndo para o quarto colocar uma roupa.
- O senhor me desculpe - dizia ela quando voltou - Aqui está o seu
dinheiro. Tem até um pouco a mais, fica pelo transtorno que eu te
causei. Meu pai também é cristão e eu sei como funciona este
negócio de igreja. Magina se o senhor iria fazer alguma coisa comigo.
É que eu nunca paguei por um serviço em dinheiro. Os homens
fazem questão de receber de outra forma. Isto começou quando eu
ainda tinha 18 anos. Eu sempre ouvia este tipo de proposta, foi
quando eu fiquei contrariada e resolvi aceitar. Então me acostumei.
Eu prometo que qualquer dia destes eu passo na sua igreja. Quem
sabe eu também me converta. Meu pai vivia dizendo que Deus tem
um plano em minha vida.
Então Josualdo foi embora. Ele estava começando a suar frio
quando saiu da casa de Marlene. Foi assim que mais um servo de
Deus conseguiu vencer a tentação. Não foi fácil, nunca foi fácil,
nunca será fácil. E a tentação sempre virá....mais e mais vezes. É por
isto que é preciso estar preparado. Que Josualdo seja muito feliz.
Jesus o ama muito.
__________________
Foi a maior das tentações que alguém daquela igreja já passou. Foi
com a prima da irmã Carla.
Carla era uma irmã abençoada que gostava de dar testemunhos no
culto de quinta-feira. Ela estava sempre falando que Jesus havia feito
muitas coisas boas na vida dela. Que antes ela vivia no pecado e que
agora era uma mulher que esperava pela volta de Jesus e que tinha
certeza de sua salvação. Foi em uma quinta-feira também que Miguel
se aproximou de Carla.
- Paz do Senhor, irmã – disse ele.
- Paz do Senhor, irmão – respondeu ela.
- Eu gosto muito dos testemunhos que você fala.
- É mesmo? Pois será que você poderia ir até a minha casa para me
ajudar a gravar isto em um CD no meu computador? É que eu não
entendo muito destas coisas.
Miguel aceitou o convite e foi até lá ajudar Carla.
- Muito bom. Ficou muito bom o seu testemunho – disse Miguel
depois que eles terminaram de gravar o CD.
- Então vamos ouvir de novo – disse ela.
Eles ouviram tudo e começaram a orar.
- Glória a Deus – realmente ficou muito bom.
Naquele dia Jesus batizou a irmã Carla com Espírito Santo e a partir
de então ela ficou amiga de Miguel.
- Você pode ir até a minha casa amanhã para agente estudar um
pouco da Bíblia – disse Carla para Miguel depois do culto.
- Eu vou sim – respondeu ele.
No outro dia ele foi até a casa dela e eles ficaram discutindo sobre as
coisas de Deus durante muito tempo. Já era madrugada quando
Miguel foi embora.
- Eu moro aqui apenas com a minha mãe – falou Carla para Miguel
quando ele estava indo embora – Meu pai morreu faz algum tempo.
Ele não foi salvo e eu fico muito triste por isto. Será que você
poderia me explicar melhor sobre este negócio de salvação de nossos
parentes, irmão. Pois na Bíblia está escrito que se agente aceitar Jesus
toda a nossa casa será salva.
- Não é bem assim, irmã – falou Miguel – Vamos marcar um dia
para eu vir aqui te explicar melhor sobre isto.
Depois de algum tempo, eles marcaram um dia para Miguel ir até a
casa daquela irmã.
- Então você pode ir até a minha casa sábado à tarde, irmão?
- Posso. Espera-me que eu chego lá.
- Não falte. Pois eu não aguento mais conviver com esta dúvida.
Mas acontece que no sábado. Uma prima de Carla, junto com uma
amiga, resolveu ir fazer uma visitinha.
- Oi primona – disse Rafaela – Esta aqui é a minha amiga. Tem
muito tempo que agente não se vê. E eu resolvi passar aqui para te
visitar.
- Pode entrar – disse Carla sem graça. Ela não queria ser mal
educada. Mas a vontade era de não receber Rafaela.
Desde que Carla se converteu, Rafaela tem sido uma má influência
na vida da prima.
Pouco tempo depois, Miguel também chegou.
PLIMBLOM. A campainha tocou. Era Miguel. Carla atendeu e disse
que havia uma visita naquela tarde, mas que eles poderiam conversar
mesmo assim.
Quando Miguel olhou para Rafaela teve que resistir a tentação
imediatamente e tudo mudou.
O clima mudou. Ela estava para trocar de blusa e ele teve que
suportar a tentação de desejar a moça com intenção impura. A voz
do irmão mudou. As pernas dele começaram a tremer. O ouvido
começou a zumbir. Ele sentiu vertigem, taquicardia. E um monte de
sintomas psicossomáticos – não era fácil suportar.
- Oi, tudo bom – disse Rafaela
- Tudo – respondeu Miguel.
Tudo que Miguel não queria aconteceu. Rafaela se aproximou e
começou a puxar conversa.
- Então você é amigo de minha prima – disse Rafaela
- Sou – respondeu ele.
- Vocês são da mesma igreja?
- Somos sim.
- Eu ainda não tive coragem de ir para igreja. Minha prima vive me
convidando.
Foi aí que Miguel fez o que, se ele pudesse voltar atrás no tempo,
não teria feito. Ele começou a puxar conversa com Rafaela com a
intenção de evangelizar a moça. Era tudo que o diabo queria. Rafaela
estava usando um shortinho muito curto, colocou uma blusinha e
eles foram para o hall da casa. Ela chamava a atenção com aquele
traje que usava. Inclusive a de Miguel. Mas o rapaz tinha boas
intenções. Ele queria converter a moça. Mas foi ela quem quase
acabou convertendo ele.
No momento em que a irmã Carla saiu de perto para ajudar a sua
mãe que estava fazendo um bolo, Rafaela foi logo partindo pra cima
do irmão. Ela puxou o shortinho curto com muita força e se
inclinou na direção do irmão que estava sentado no chão da sala com
a Bíblia na mão.
O irmão não conseguia acreditar no que estava vendo. A tentação
veio para o fazer sucumbir naquela mesma hora e isto teria
acontecido se ele não tivesse resistido com muita força. E a saga
para suportar todo poder da tentação teve início. Ele começou a
sentir falta de ar e seu coração começou a bater muito forte. Naquele
momento ele suportou um grande peso em sua alma.
- Ninguém em sã consciência consegue me resistir – disse Rafaela
que acreditava que iria conseguir fazer o irmão pecar. A intenção
dela era atacar a prima e dizer que era tudo hipocrisia esta história de
ser cristão. Que mesmo aqueles que estão na igreja não passam de
pecadores assim como todos os que estão no mundo.
Ele não tinha escapatória. Ele estava para falar uma palavra
indecente para a moça quando acabou suportando a tentação.
Então, ele teve uma ideia. Lembrou que já tinha resistido e
suportado, agora precisava combater a tentação.
―Ela disse que ninguém consegue resistir isto em sã consciência. E
este é o sinal de Deus para minha vida‖ – pensou o irmão que se
lembrou do que estava lendo na Bíblia.
―Eu vou fazer igual Davi‖ – pensou ele. Essa seria a forma mais
maluca de todas possíveis para se combater a tentação. Isto precisava
dar certo.
Miguel começou a babar e a falar palavras ininteligíveis. Começou a
rolar no chão e a fazer barulhos estranhos com a boca. Ele resolveu
fazer igual Davi fez quando correu risco de vida ao estar diante de
um rei de um povo inimigo de Israel.
A amiga de Rafaela começou a dizer:
- Vamos embora daqui. Antes que isto pegue em mim. Pode ser
contagioso.
- Está tudo bem com você? – perguntou Rafaela que parou de
provocar o irmão. Ela tinha cara de quem estava muito preocupada.
- Ninguém foi fez cada um na tela do não sei quero poder estar com
junto de falar para ele que eu fiz tudo sem estar de falar – Miguel
continuava falando coisa com coisa. Como um maluco.
Antes que Carla voltasse. Rafaela mais a amiga ficaram assustadas
com Miguel e foram embora rapidamente. Quando Miguel percebeu
que elas foram embora, se ajoelhou no chão da sala e começou a
orar a Deus. Quando Carla voltou, Miguel estava prostrado no chão
agradecendo a Deus pela ideia de combater a tentação.
- Onde está a minha prima? – perguntou Carla.
- Foi embora. Ela e a amiga dela – respondeu Miguel com muita
satisfação.
- Eu não gosto delas – disse Carla.
- Nem eu – falou Miguel.
Miguel ao invés de falar sobre o assunto que Carla queria saber antes
começou a falar a respeito da vitória sobre a tentação. Da
importância de se estar preparado para vencer a tentação e dos
meios que a tentação usa para nos derrubar.
- Nossa, irmão! – exclamou Carla impressionada – Era realmente
isto que eu precisava ouvir. Ultimamente eu andava com muito
medo de me desviar da igreja. Às vezes eu me sentia muito fraca e
por várias vezes pensei que não fosse conseguir. Mas depois do que
você acabou de me falar. Eu prometo que vou me preparar para
vencer todas as tentações.
- Principalmente o sensualismo – resmungou Miguel baixinho para si
mesmo.
- O que foi que você disse? – falou Carla
- Nada não, irmã. Está na hora de ir embora.
- Vai com Deus – disse Carla.
- Fica com Ele também – falou Miguel. Puro clichê.
Ele foi embora e os dois permaneceram amigos e firmes. Amém.
________________
Ricardo era um pecador como qualquer outro pecador que nasceu
neste mundo. Cresceu e aprender a fazer coisas que desagradam a
Deus. Fumava, bebia e gostava de uma boa farra. Também gostava
de assistir filmes de terror. Foi quando um de seus melhores amigos
se converteu e aceitou Jesus como salvador. Ricardo se encontrou
com este amigo e o mesmo começou a pregar a palavra de Deus para
Ricardo. Seu amigo lhe falou sobre o final dos tempos, que um dia o
anticristo reinaria religiosa e politicamente e também lhe falou
bastante sobre o inferno. Ricardo começou a entender que era um
grande pecador e que do jeito que vivia, com certeza estaria
condenado.
- Então quer dizer que eu nunca tive Jesus e que os ‗Pai Nosso‘ que
eu rezo toda noite não adianta de nada? – disse Ricardo para seu
amigo.
- É evidente que não, meu caro. Pois seus pecados o afastam de
Deus – disse o amigo.
- Então quer dizer que todas estas pessoas que não são crentes como
você, e que vivem no pecado como eu, irão para o inferno?
- Exatamente. A maioria das pessoas que nascem nesta vida estão e
serão condenadas ao inferno – disse o amigo com muita seriedade.
- E o que eu preciso fazer para ser salvo? – perguntou Ricardo muito
angustiado para seu amigo.
- Você precisa aprender a vencer a tentação – respondeu o amigo –
Sem vencer a tentação, ninguém pode ser salvo, e sem vencer a
tentação ninguém pode receber grande galardão no céu.
- E como eu faço para vencer a tentação? – perguntou Ricardo.
- Na hora certa você vai aprender – disse o amigo.
- Mas que hora é esta? – perguntou Ricardo confuso.
- Você vai saber quando ela chegar. Porque ela virá! – disse o amigo
convicto.
Ricardo começou a ler a Bíblia e muitos folhetos e livros com temas
relacionados a Deus, a salvação e ao final dos tempos. Ele pegava
todos os folhetos de igrejas que ele via. Foi quando ele percebeu que
precisava aceitar Jesus como salvador.
Certo dia, Ricardo chegou para sua mãe e disse que tanto ela quanto
ele precisavam aceitar Jesus como salvador. Ele não estava bancando
o hipócrita, pois ele não se declarava um cristão. Ele apenas dizia da
necessidade que eles tinham de aceitar Jesus. Mas a sua mãe chegou
muito enfurecida e deu um grande tapa na cara de Ricardo e falou
bem alto:
- Quem é você para falar em Jesus? Quem você pensa que é?
- Mas eu não disse nada demais. Eu apenas falei que agente tem que
aceitar.
- Você só pode estar ficando fanático – disse sua mãe que era uma
alcoólatra.
Ricardo ficou muito triste e a ideia de que tinha que aceitar Jesus
como salvador o perturbava a cada dia mais. Até que um dia, quando
ele voltou do trabalho, ele começou a sentir uma vontade muito
grande de se converter. Ele estava sozinho em casa e o Espírito
Santo de Deus o estava incomodando muito. Ele começou a andar
de um lado para o outro sem saber o que fazer. A tentação começou
a querer atrapalhar sua vida, pois de um lado ele sentia a extrema
necessidade de aceitar Jesus e sua consciência dizia que era isto que
ele tinha que fazer. Mas do outro lado a tentação mostrava todos os
prazeres do mundo na mente dele e dizia que ele não iria conseguir
vencer o poder do pecado. Ricardo ficou cerca de meia hora em uma
guerra espiritual muito grande contra a tentação. Os pecados do
mundo o puxavam de um lado e as coisas de Deus o puxavam de
outro. Ele não queria ir para o inferno. Ele não queria ser
condenado. Ele sabia que se ele morresse, seria condenado por toda
eternidade. Foi quando Ricardo acabou aprendendo o segredo para
se vencer a tentação. Depois ele começou a orar dizendo:
- Deus, eu aceito Jesus como salvador. Eu entrego a minha alma em
tuas mãos. Liberta-me de todo pecado. A partir de agora eu vou te
servir. Não havia ninguém em sua casa. Era apenas Ricardo e Deus.
Mas aquele jovem sabia muito bem o que estava fazendo. Sua
decisão era sincera. Ele estava se convertendo. Experimentando o
novo nascimento. E a partir daquele momento, o demônio foi
obrigado a deixar sua vida e o Espírito Santo de Deus tomou posse
daquela alma.
No outro dia, Ricardo se encontrou com seu amigo.
- Paz do Senhor, irmão – disse Ricardo ( pois esta era a forma que
eles se saudavam).
- Quê? – seu amigo não estava entendendo nada.
- Eu aceitei Jesus como meu salvador – disse Ricardo cheio de
alegria e com lágrimas nos olhos.
- Mas o que houve? Teve algum culto na sua casa? Você foi em
alguma igreja?
- Não teve culto. Não fui na igreja. Mas ontem eu aceitei Jesus aqui
em casa.
Seu amigo não entendeu direito o que havia acontecido. Mas ficou
feliz porque Ricardo disse que havia aceitado Jesus.
- Como é que eu faço para ir para sua igreja e se batizar? – perguntou
Ricardo.
- Amanhã tem culto. Eu passo aqui e agente vai junto. Eu vou te
apresentar para o pastor – disse seu amigo – Na hora que eles
perguntarem se tem alguém para Jesus, você se levanta e vai lá na
frente.
- Não, irmão. Eu já aceitei Jesus. Eu não preciso ir lá na frente não.
Agora eu quero é me batizar.
Ricardo havia deixado seu amigo completamente confuso, pois o
mesmo ainda não havia visto nada parecido. Aceitar Jesus em casa?
Não era assim que a coisa funcionava com a maioria. Entretanto,
Ricardo acabou indo para o culto na igreja de seu amigo e um mês
depois estava se batizando nas águas. Três meses depois ele recebeu
o batismo com Espírito Santo quando estava orando no monte.
Ricardo começou a pregar a palavra de Deus como um doido. Ele
comprou uma Bíblia e passava dia e noite lendo a palavra de Deus.
Ele conseguiu um monte de folheto na secretaria da igreja e
começou a distribuir os folhetos para o primeiro que passasse na sua
frente.
- Jesus te ama! Jesus te ama! – dizia Ricardo para as pessoas – Você
precisa aprender a vencer a tentação. A tentação virá! Eu tive que
enfrentar a tentação no dia em que eu aceitei Jesus. É a tentação que
não deixa agente se converter. Mas você pode vencer. Você precisa
vencer a tentação! – ele era redundante e enfático.
Muitos achavam que Ricardo havia ficado louco. Seus amigos diziam
que aquilo era uma febre passageira e que não iria durar muito
tempo.
Um ano se passou e um grande crente nasceu naquele lugar do
Brasil. Mas Ricardo ainda teria que enfrentar a tentação como nunca
havia enfrentado em toda sua vida. O primeiro passo ele já havia
dado. Ele conseguira vencer a tentação e aceitar Jesus como
salvador. Mas não acabava por aí. A tentação não acaba na
conversão de uma pessoa. Ricardo teria que enfrentar a tentação até
o dia de sua morte. Certo dia, ele estava caminhando pela manhã.
Ele havia saído para orar ao Senhor em um algum lugar, mas não
havia dado certo, pois o lugar que ele tinha escolhido para orar
estava cheio de pessoas que haviam começado a construir por ali.
Foi quando ele encontrou uma moça que ele havia conhecido na
igreja.
- Eu te conheço de algum lugar – disse a moça.
- Deve ser da igreja então, porque eu não vou a muitos lugares.
- Ah! É mesmo eu te vi uma vez dando um testemunho no culto.
- Você é crente também? – perguntou Ricardo.
- Eu ando visitando – respondeu a moça.
Ricardo viu ali uma oportunidade de pregar a palavra de Deus para a
moça. Geralmente é assim que este tipo de tentação que ele vai
enfrentar começa. O crente com a maior boa vontade do mundo e o
diabo que é o tentador, com a pior das intenções. Eles caminharam e
foram conversando sem rumo até que chegaram a um parque que
praticamente não dava ninguém. Apenas aos domingos aparecia um
ou outro para fazer uma caminhada. Foi aí que Ricardo teve uma
grande ideia de orar a Deus naquele lugar. Mas antes que pudesse
terminar sua linha de pensamento, viu a moça lhe perguntando:
- Você tem namorada? – a voz daquela moça era bastante sensual.
Ela não parecia que estava perguntando apenas por perguntar.
- Eu ainda não encontrei a mulher certa – disse Ricardo.
- Você acaba de encontrar – disse a moça sem demora.
- Mas é que você....- Ricardo estava sem graça de dizer que não teria
coragem de namorar com uma moça que não fosse muito
compromissada com Deus.
- O que tem eu? – disse a moça se aproximando com um rebolado
sensual - Vai me dizer que eu sou feia demais para você?
Ricardo virou o rosto para não ver a moça rebolar daquele jeito na
frente dele. E tentou conversar com ela virado de costas.
- Quem sabe se você aceitasse Jesus como salvador. Agente poderia
fazer uma campanha de oração – dizia Ricardo. Ele era novo
convertido e ainda nunca havia experimentado a tentação como a
que iria enfrentar naquele exato momento. Ricardo por muitas vezes
imaginou a possibilidade do diabo colocar uma mulher de verdade e
sensual na sua frente e sempre que pensava nisto, estava
determinado a vencer a tentação. Mas uma coisa é planejar isto na
cabeça. Planejar vencer todo mundo planeja. Mas esperar pela
tentação, poucas pessoas esperam. Ricardo ficou cerca de um
minuto virado de costas para a moça enquanto tentava argumentar.
Ele sentiu vontade de ajudar aquela moça a aceitar Jesus. Foi quando
ele se virou novamente..........
Ricardo não acreditou no que viu. O diabo realmente jogou sujo. Ali
era o lugar onde Ricardo menos esperava que a tentação fosse atacálo daquela maneira. Quando ele olhou para a moça, ela havia tirado a
calça de algodão bem colada no corpo. Ela estava de fio dental na
frente de Ricardo.
Talvez agora você veja que realmente vale apena namorar comigo –
disse a moça – O que você achou?
Ricardo começou a resistir a tentação em pensamentos. Ele teria
que entender que a tentação que finalmente havia chegado para ele
não iria embora pelo fato dele ter resistido-a.
- Agora eu acredito que o diabo realmente tem poder para fazer isto
– disse Ricardo mais para sí mesmo do que para a moça.
- Como é? – falou a moça – Você falou no diabo?
- Não...É que eu estou......
- O diabo não pode ser bonito como eu sou? – falou ela - Não é
mesmo? O que acha de começar a namorar comigo agora mesmo e
aproveitar tudo isto? Aposto que você não vê uma coisa destas a
muito tempo. Alias, acho que como a minha você nunca viu – a
moça olhava maliciosamente para ele.
Ricardo teve que suportar uma profunda vontade de cair em
pecado. Isto é a tentação. A tentação é a vontade e a influência das
pessoas e de muitos outros meios interiores e exteriores que o diabo
usa para fazer o ser humano pecar contra Deus.
Foi então que Ricardo resolveu tomar uma atitude inusitada. Ele
precisava combater a tentação e a maneira que encontrou foi fazer o
tipão José do egito. Ele virou-se e começou a correr e a gritar:
- Não Tentação, Não tentação! Alguém me ajude por favor. NÃO
TENTAÇÃO! – Ricardo acabou tropeçando e caiu no chão.
Quando ele olhou para trás, viu que a moça estava desesperada
vestindo a calça de algodão que ficava colada em seu corpo. Ela
estava com medo que alguém aparecesse e visse aquilo.
- Seu IDIOTA! CALA ESSA TUA BOCA SEU....( um palavrão! ) –
disse a moça furiosa com Ricardo.
Então Ricardo viu que funcionou. Foi aí que ele começou a gritar
mais alto ainda:
- NÃOOOO TENTAÇÃOOOOOOO! ALGUÉM ME AJUDE! É
URGENTE! – ele parecia um retardado tentando combater a
tentação. Ricardo se levantou e continuou a correr e a gritar. Quando
ele chegou mais na frente, algumas pessoas começaram a aparecer
para ver o que era. Ricardo começou a chorar e não conseguia
explicar para as pessoas o que havia acontecido. Ele estava sem
coragem até mesmo de falar. E a moça, por outro lado, foi embora
mais do que depressa. Depois de alguns minutos, Ricardo se
recuperou e foi embora para casa. Ele ficou uma semana com
depressão e só queria saber de orar.
Foi então que Ricardo começou a entender que realmente precisava
vencer a tentação. Depois de algum tempo, ele encontrou seu velho
amigo e começou a tentar contar sua história para ele. Mas não
conseguia falar direito.
- Irmão. Eu quase me desviei dos caminhos do Senhor. Faltou muito
pouco para que hoje eu estivesse no mundo fazendo todas as coisas
erradas que eu fazia antes, ou pior ainda.
- Mas o que aconteceu? – perguntou seu amigo sem entender do
direito do que se tratava.
- Você está preparado para vencer a tentação? – perguntou Ricardo
para seu amigo.
- Eu não sei, porque é que você está me perguntando isto?
- Porque se você não estiver preparado para vencer a tentação, você
vai acabar se desviando dos caminhos do Senhor. Mais cedo ou mais
tarde você vai ter que enfrentar a tentação como eu enfrentei, ou
pior ainda. Meu Deus! Você está preparado ou não? – Ricardo
insistia muito com seu amigo.
- Eu não sei. Eu acho que sim. Você está falando de qual tentação?
De todas?
- Sim. De todas, mas principalmente das mulheres – Ricardo se
sentiu mal ao se lembrar do ocorrido.
- Mas procuro vigiar bastante. Eu não tenho nem namorada. Estou
orando para que Deus prepare a minha.
- Não importa irmão. Você vai ter que enfrentar a tentação. Então a
partir de hoje você precisa se preparar.
E Ricardo começou a contar tudo que teve que enfrentar para seu
amigo. Quando Ricardo terminou, seu amigo ficou com os olhos
arregalados. Com muito espanto e assombro, ele disse para Ricardo:
- Você realmente é um grande homem de Deus. Eu realmente
precisava de ouvir o que você acabou de me contar. Eu agora vou
ficar esperto e vou procurar me preparar para vencer a tentação.
E ela virá!
Este é um livro cristão de grande impacto. Sua classificação
indicativa é de 14 anos e não é recomendado para pessoas que se
escandalizam ou que não estão preparadas para ver imagens de
conteúdo sensual. O autor do livro não concorda com o conteúdo
sensual do mesmo e não usa as imagens para promover o
sensualismo, mas sim para mostrar com mais realidade a respeito da
pior de todas as tentações e também adverte que o uso de tais
imagens fora do contexto evangelístico é pecado e um grande erro.
Este é um livro de Deus e certamente será um livro muito
abençoado, pois o propósito para que este livro foi escrito é ajudar
as pessoas a vencer este terrível pecado. A maioria dos homens e
mulheres não consegue entregar sua vida para Jesus e se
converterem porque estão presos no terrível pecado do sexo. Quem
conseguir aprender a vencer este tipo de tentação certamente será
um grande vitorioso na trajetória desta vida. O segredo para se
vencer a tentação descrita neste livro é resistir, suportar e combater
quando ela vier. E ela virá! Este livro foi escrito por um missionário
muito abençoado que tem uma grande vontade de fazer com que as
pessoas aprendam a vencer todas as tentações. Entretanto, quem
está preparado para vencer as grandes tentações terá infinitas
condições de vencer as pequenas. Então, porque não se preparar
logo para vencer a pior das tentações? Se você seguir os
ensinamentos deste livro você conseguirá se tornar um grande servo
de Deus e viver uma vida com um alto grau de espiritualidade.
Muitos são os que hoje estão desviados nas drogas e no crime e em
todo tipo de pecados porque caíram em tentação do sexo com
homem ou com mulher. Muitos homens famosos da Bíblia Sagrada
caíram nesta forte tentação por não estarem devidamente preparados
para vencer a mesma. Sansão e Davi é um exemplo claro disto. A
história descrita neste livro é baseada em fatos reais embora ela não
tenha acontecido com os personagens descritos no mesmo.
Isto é fato real: A tentação do sensualismo é a mais forte tentação
que ataca a humanidade.
Isto também é fato real: As chances de um servo de Deus cair na
tentação do sensualismo ainda hoje são enormes. Todos terão que
enfrentar a tentação descrita nesta obra. A tentação do sensualismo
não escolhe ninguém com estrela na testa não. Ela vem para todos!
Havia um rapaz que resolveu fazer um curso em um Instituto
Federal numa cidade do interior do Centro-Oeste do país. Este rapaz
largou sua família na sua cidade natal e partiu rumo ao desconhecido.
Fazia cerca de um ano que ele havia entregado sua vida para Jesus.
Era um homem de muita oração. Ele gostava muito de entregar
folhetos da palavra de Deus e evangelizar as pessoas.
- Jesus te ama – dizia ele para as pessoas de sua cidade – Jesus te ama
e quer te salvar. Você precisa se arrepender de seus pecados e aceitar
Jesus como salvador de sua vida, senão você irá para o inferno
quando você morrer.
Algumas pessoas gostavam da pregação deste rapaz. Outras não. O
nome dele era Bruno. Mas o pessoal da igreja o chamada de O
querido. Isto porque ele era um irmão muito abençoado na igreja.
Tinha um bom testemunho e sempre orava pela vida de todos
naquele lugar. Havia noites que ele passava a madrugada inteira
trancafiado no templo orando e buscando a Deus. Estamos vivendo
em uma época de muita apostasia espiritual e homens como Bruno
são raridade nos dias de hoje. A tentação dominou o mundo de tal
maneira que as pessoas não querem saber de orar e ter comunhão
com Deus e sim de sexo, droga e muito sertanejo.
Quando Bruno chegou à cidade do interior ele começou a estudar
bastante de forma que não podia ir para os cultos como antes. Mas
ele continuava mantendo a espiritualidade através de uma vida de
oração. Foi nesta escolinha do interior que ele ficou conhecendo
uma moça chamada Gabriela. Ele começou a pregar a palavra de
Deus para ela e como ela prestava bastante atenção no que ele dizia
eles foram ficando amigos. O tempo foi passando e eles foram
conversando cada vez mais nas aulas, nos intervalos e na biblioteca.
Foi quando Bruno começou a fazer as contas e percebeu que o
dinheiro que tinha não seria o suficiente para pagar as despesas até o
final do curso. Ele percebeu que precisava dividir pelo menos o
aluguel, a água, a luz e as despesas alimentícias. A escola não dava
nada para ninguém. Não havia alimentação nem alojamento gratuito.
Isto tudo era por conta de cada aluno. Ele comentou isto com
Gabriela e ela também disse que seu dinheiro também não estava
dando. No final das contas ele foi morar em uma casa junto
com Gabriela.
- E então, o que você achou da casa? – perguntou Gabriela.
- Eu achei legal. Acho que vamos ficar com esta.
- E quando é que a gente vai se mudar? – disse ela.
- Por mim, a gente muda hoje mesmo.
- E o que você acha se agente dividir o dinheiro do caminhão da
mudança? – falou ela.
- Mas caminhão para quê? Eu não tenho quase nada – falou ele.
- Mas eu tenho. Ou você acha que eu vou vir para uma casa destas
morar aqui sem nada aqui dentro.
- Entendi. Então pode deixar que eu pago a sua mudança.
A tentação estava armando um forte laço para Bruno e ele ainda não
havia percebido isto. Ele iria ser pego de surpresa e precisava estar
preparado para vencer a pior das tentações. Se ele não estiver
devidamente preparado, ele vai cair em pecado. Será que Bruno está
realmente preparado para vencer a tentação do sensualismo? Isto é o
que nós vamos ver. Cerca de uma semana depois que estavam
morando na casa. Gabriela levantou pela manhã e não vestiu as
roupas como estava acostumada a fazer. Era o dia que o diabo que é
O Tentador havia escolhido para tentar o irmão Bruno e ver se ele
realmente era um servo de Deus.
Eles acordavam cedo para ir para escola. E quando Brunos se
levantou, Gabriela estava na cozinha.
- Quem vai fazer o café? – gritou Bruno do quarto em que estava.
Eles dormiam em quartos diferentes. Havia dois quartos na casa,
uma cozinha, uma sala, um quintal e um banheiro.
- Pode deixar que eu faço – disse Gabriela.
A porta do rapaz se abriu. Ele foi até lá para tomar café da manhã e
quando chegou naquele lugar, teve uma grande surpresa. A porta do
quarto de Gabriela ficava de frente para a cozinha. Ela se levantou e
do jeito que acordou foi preparar o café.
- Eu coloquei isto aqui no forno e acho que já está pronto – disse
ela.
Tendo que resistir a tentação imediatamente Bruno ficou olhando
atônito para Gabriela. Completamente estupefato. Sentiu um pouco
de vertigem e a adrenalina jorrar do peito para cada parte de seu
corpo pelo fato de ter resistido e agora estar tendo que suportar os
efeitos colaterais da tentação.
- Mas o que é isto! Meu Deus do céu! Misericórdia Jesus! – exclamou
Bruno.
Chegou a hora de Bruno provar que era um verdadeiro servo de
Deus. A Bíblia Sagrada diz que é pecado quando um homem até
mesmo olha para uma mulher com olhos impuros. Nos dias de hoje,
a tentação do sensualismo está muito avançada e já domina a
sociedade em altíssimo grau. Ele teria que ser fiel a Deus e se manter
firme aos seus princípios cristãos.
Gabriela se fez de desentendida e tirou a comida do forno.
Bruno saiu praticamente correndo daquele lugar sem dizer nada,
combatendo timidamente a tentação com oração.
- Você não vai tomar o café da manhã? – perguntou Gabriela.
- Hoje eu não estou com fome – respondeu Bruno.
- Mas até agorinha você estava.
- Mas eu não estou mais.
- Aconteceu alguma coisa?
- Gabriela, você me dá licença que eu vou sair na frente porque
estou me sentindo um pouco atrasado. Eu quero passar na biblioteca
para ler um pouco antes de começar a aula.
- E eu? Eu vou ter que ir sozinha?
- Vai sim. Hoje você vai sozinha.
- Tem certeza que não está acontecendo nada? Você tem namorada?
– Gabriela estava sendo muito capciosa.
- Não. Eu não tenho namorada.
- Eu te fiz alguma coisa?
- Ainda não Gabriela. Ainda não.
- Como assim?
- Deixa pra lá. Vamos fingir que não aconteceu nada aqui esta
manhã.
E dizendo isto, ele se retirou. Ele provou que estava realmente
debaixo de graça de Deus.
Naquele dia Bruno foi para escola debaixo de intensa provação,
pois ainda estava tendo que suportar os efeitos colaterais da
tentação. Ele nunca tinha passado por nada semelhante em toda sua
vida. Ele precisava ser fiel aos caminhos do Senhor. Ele teria que
provar que realmente amava a Deus.
Depois da aula. Bruno começou a pregar para Gabriela.
- Eu não sei do que você está falando. Será que você poderia me
explicar melhor tudo isto – dizia ela.
- Acontece, Gabi, que eu sou um servo de Deus. Quando a gente se
arrepende de nossos pecados e aceita Jesus como salvador, a gente
passa a viver uma vida de santidade. As coisas erradas ficam para
trás. Vamos ser sincero. Hoje de manhã você cometeu um grande
pecado naquela casa. Se eu não estivesse preparado para vencer a
tentação, eu teria caído em pecado com você.
- Então quer dizer que você não gostou do que viu? – perguntou
Gabriela com certa malícia.
- Mas é claro que não Gabi.
- Mas todo homem gosta de ver estas coisas. Meu irmão, por
exemplo, tem uma revista que se chama playboy...
- Me poupe dos detalhes sórdidos da vida dos pecadores, Gabriela.
- Então quer dizer que você não gosta de mulher?
- Bem, gostar de mulher eu gosto. Mas é que eu vivo debaixo da
vontade de Deus. E gostaria muito que você se convertesse e
aceitasse Jesus como salvador.
Ele começou a falar um monte de coisa para ela a respeito da
condenação dos pecadores.
- Então quer dizer que se eu não me arrepender de meus pecados
como você está querendo, eu irei para o inferno? – disse ela.
- Exatamente – respondeu ele.
- Mas eu nem tenho tanto pecado assim. E eu me arrependo todos
os dias dos meus pecados – disse ela.
- Se eu fosse você, começaria a pensar no que está me dizendo. Você
não está agindo com sensatez. Quem se arrepende de seus pecados,
abandona os mesmos. Não tem como você se arrepender de seus
pecados e continuar a praticá-los todos os dias.
As coisas estavam ficando muito difícil para aquele servo de Deus.
Pelo que ele percebeu Gabriela não estava disposta a se converter
com sua pregação.
Ele precisava estar preparado para vencer a tentação, pois não seria a
primeira vez que ele seria tentado naquele lugar.
No outro dia quando ele se levantou. Gabriela estava apenas de
roupa intima novamente.
- Se você não se arrepender desse pecado e aceitar Jesus, você vai
para o inferno – disse ele.
- Você não pode falar comigo desta maneira. Quem você pensa que
é? – ela ficou com raiva.
- Eu estou falando apenas a verdade.
- Eu estou na minha casa e fico da maneira que eu quiser.
- Mas acontece que você não mora sozinha.
- Se você é crente, cuida da sua religião que eu cuido da minha. Eu
sou católica e não preciso viver igual uma freira.
Gabriela ficou com mais raiva e se abaixou no chão para provocar
Bruno mais ainda.
- Eu duvido que você não esteja pecando agora – disse ela ficando
numa posição muito sensual.
Quando Bruno a viu ali no chão daquela maneira. Quase teve um
ataque do coração. Ele percebeu que o diabo realmente queria fazer
ele se desviar dos caminhos do Senhor. Foi quando ele resistiu a
tentação mais uma vez.
- Eu não vou te cobiçar – disse Bruno – Se é isto que você está
querendo, pode tirar o teu cavalinho da chuva.
- Eu duvido – disse ela.
- Pois pode ficar aí com a sua dúvida.
- Então você é gay. Você se sente atraído por homem. É isto?
- Não é nada disto. Eu sou um servo de Deus e não devia estar
passando por uma situação destas.
- Então pode se mudar para outro planeta, meu querido. Porque as
pessoas não vão deixar de viver como vivem aqui nesta terra só para
você ficar no conforto de sua religião. Acho que você está no
inferno e não no céu.
- Você tem razão. A vida aqui na terra mais parece um inferno.
Agora se levanta daí e vai colocar uma roupa descente.
- Eu coloco a roupa que eu quiser.
Gabriela percebeu que Bruno não caiu em tentação e acabou se
levantando meio que sem graça e constrangida.
- Pode deixar. Eu irei colocar uma calça. Mas eu preciso de você para
me explicar algumas coisas sobre a prova de amanhã porque eu não
entendi a matéria direito – disse ela tentando mudar de assunto
depois de ter sido rejeitada daquela forma.
Bruno resolveu ligar para sua família. Não seria nada fácil ter que
enfrentar toda aquela situação.
- Meu filho – dizia sua mãe – Como é que você está? O pessoal da
igreja não para de perguntar por você. Eles querem saber se está
tudo bem.
Bruno pensou um pouco e respondeu:
- Diz para eles que está sim. Estou com saudades de todo mundo.
Ninguém daquela igreja tinha noção das tentações que Bruno estava
enfrentando. Quando ele desligou o telefone ouviu Gabriela o
chamando.
- Bruno. Vem aqui me ajudar a limpar o chão. Eu não quero esfregar
isto aqui sozinha. Mas uma vez aquele rapaz estava tendo que
enfrentar a tentação. Não era uma coisa casual não, da parte de
Gabriela tudo aquilo era muito proposital. Tanto é que ela colocava a
mesma roupa sempre que estava planejando armar para cima do
rapaz. Por roupa, poderia se entender pelo menos a bota vermelha,
já que a moça não tinha tanta roupa assim. Mas Deus estava com
Bruno e continuou guardando o rapaz de cair em tentação. A
vontade de Deus é que todos estejam preparados para vencer este
tipo de tentação.
Quando Bruno chegou até o local onde Gabriela estava esfregando o
chão, mais uma vez teve que olhar a moça daquela maneira.
Desta vez ele teve que fazer um enorme esforço para resistir a
tentação e não olhar com olhos impuros e com más intenções para
ela. Ele resistiu a tentação com toda sua força, apesar de ser muito
difícil.
Foi quando ele disse não para tentação em voz baixa. Era outra
tentativa de tentar combater a tentação e expulsá-la de sua vida.
- Eu acho que você se arrisca demais – disse ele para Gabriela.
- Porque você está me dizendo isto? – falou ela.
- Eu poderia ser algum tarado e iria acabar me aproveitando de você.
Já pensou se você engravidasse? Você não pensa nas consequências
dos seus atos não garota?
- Mas é claro que eu penso. Eu sei que você não é nenhum tarado.
Ou é? Você está com alguma taradagem para cima de mim?
O rapaz fez um angustiante não com a cabeça. Seus olhos
reviraram-se de dor. Era muita angústia ter que passar por tudo
aquilo e sair ileso. Ele estava experimentando vários efeitos colaterais
devido ao fato de ter que estar suportando aquela tentação que não
queria deixá-lo em paz.
No outro dia. Ele contou o que estava acontecendo para um cristão
que ele ficou conhecendo na escola. Ele se chamava Carlos. Mas a
amizade entre os dois durou pouco tempo. Carlos não era um
homem completamente fiel a Deus (infelizmente).
- Eu fico revoltado – dizia Bruno para o amigo – Hoje em dia
qualquer pessoa tem coragem de dizer que é evangélica. A maioria
dessa gente não tem sequer um pingo de compromisso com Deus.
Caem em todo tipo de tentação. Isto não está certo. Só deve se dizer
cristão quem se arrependeu de seus pecados e realmente tem um
compromisso com Deus. Caso contrário, que fiquem pelo menos no
seu canto.
Mas o amigo Carlos não gostou de ouvir Bruno falando daquela
maneira. De certa forma, ele se sentiu julgado pelo servo de Deus.
Na verdade a carapuça havia servido para ele direitinho.
- Então quer dizer que você está preparado para vencer toda esta
tentação? – disse Carlos com ironia.
- Eu tenho que estar – respondeu Bruno com gloriosa convicção.
- Eu não teria a mesma força que você. Se fosse comigo a história
seria diferente. (Esse Carlos devia era tomar vergonha na cara dele e
se converter de verdade. Cara maldito!)
Eles continuaram amigos por algum tempo. Mas logo Carlos se
afastou de Bruno porque não aguentava mais ele falar de Jesus o
tempo inteiro. (Filho do diabo é sempre assim, para falar das coisas
do mundo, fica dia e noite. Mas quando é de Deus, não tem interesse
em ouvir)
- Você é muito Bíblia. Acho melhor agente parar com isto por aqui –
disse Carlos por fim.
- Você é quem sabe – disse Bruno que no fundo nem queria amizade
com ele mesmo.
Bruno não conseguia arrumar amigos e aquela mulher morando no
mesmo lugar que ele estava acabando com a sua paz. Mas ele
precisava manter sua integridade a Deus. Custasse o que custasse. O
Senhor estava se agradando de Bruno pois ele era um vencedor.
Pouco tempo depois.
A tentação veio para Bruno novamente. O diabo estava fazendo de
tudo para derrubar aquele homem dos caminhos do Senhor. Mas
parece que quanto mais o diabo o tentava, mais ele se apegava a
Deus. Bruno começou a se isolar no quarto e a orar bastante. Ele
quase não conversava mais com Gabriela. Ele já estava ficando com
medo de ter que enfrentar a tentação.
- Deus querido – Bruno estava no quarto orando – Eu peço ao
Senhor que venha me livrar do poder do inimigo. Não me deixe cair
quando estiver sendo tentado. Eu quero te pedir pela salvação da
Gabriela. Não permita que ela continue vivendo nesta vida.
Até que ela o chamou e quando Bruno perguntou o que era, ela já
foi entrando no quarto dele.
- Ah. Agora é assim? Você vai entrando no meu quarto sem mais
nem menos. Você não pode fazer isto não.
- E quem é que vai me impedir? Você? Na verdade eu vim aqui
porque estou me sentindo entediada. Será que a gente poderia
brincar um pouco?
- Como é que é? Será que eu ouvi direito. Uma mulher do seu
tamanho está querendo brincar?
- Ah! Por favor, vamos. Agente poderia brincar de pique-esconde
para descontrair um pouco.
- Não sei não.
- Vamos. Eu te imploro.
Depois de pensar por alguns instantes, ele acabou aceitando a ideia.
Mas assim que a brincadeira começou já ficou sem graça.
- Quem começa a contar? – perguntou Bruno.
- Pode ser eu – disse Gabriela.
Então Bruno foi se esconder e Gabriela começou a contar. Mas ele
percebeu que ela estava demorando demais para ir procurá-lo e
resolveu ir até onde ela estava para ver o que estava acontecendo.
Quando ele se aproximou, viu Gabriela mais uma vez daquela
maneira que a tentação gosta.
- Eu estou contando – disse ela com o rosto na parede.
Ela sabia que ele estava atrás dela vendo tudo e resolveu falar alguma
coisa:
- E então. O que você achou?
Gabriela ainda mantinha as esperanças de fazer o irmão tomar
alguma atitude que pudesse comprometer a sua fé. Porque
exatamente ela fazia aquilo nem ela sabia. Derrubar Bruno se tornou
um desafio para Gabriela e ela usava do seu mais poderoso truque. A
sensualidade.
Ele resistiu a tentação prontamente. Bruno estava com as pernas
bambas. Ele sabia que os efeitos colaterais de resistir a tentação iriam
começar, também sabia do sofrimento que teria que suportar. Não
era nada fácil para o servo de Deus suportar a tentação daquela
maneira. Somente uma pessoa que amava muito a Deus estaria
disposta a renunciar o pecado.
- Você sabe que estamos sozinhos aqui nesta casa e que muitas
coisas podem acontecer – disse ela.
- O que você está querendo dizer com isto? – Bruno ficou mais
assustado ainda.
- Deixa pra lá. Se você não captou a mensagem, não vai ser eu quem
vai fazer você captar.
- Larga de ser endemoninhada e para de fazer isto comigo. Será que
você não percebe que fazendo isto você está estragando a nossa
amizade – falou Bruno completamente atordoado ainda olhando
para ela.
- Mas eu acho que existe alguma coisa de errado com você. Se você
não sente nada por mim, então porque isto te incomoda tanto. Se
você fosse tão santo como diz ser, não ficaria tão incomodado. (Ser
tentado não é pecado. Pecado é ceder à tentação. É claro que Bruno
sentia os fortes impulsos masculinos gritando em sua carne. Cabia a
ele vencer tudo aquilo).
- Eu não quero dar lugar para o diabo. E você não passa de uma
filha do cão – disse Bruno com raiva daquela situação.
- Você precisa prestar muita atenção no que está dizendo para mim –
falou Gabriela que ficou magoada com o irmão.
- Eu sei que poderei suportar tudo isto – Bruno estava à beira do
franco desespero e da loucura. Para combater a tentação, ele se
aproximou dela para tentar colocar a mão na cabeça dela e expulsar
qualquer demônio que estivesse naquele corpo.
- Então quer dizer que você não é crente. Porque se você fosse
crente de verdade, você não ligaria para nada disto.
- As coisas estão ficando muito difíceis para mim. Você fica fazendo
isto de propósito, por pura provocação e isto não está certo – disse
ele que se aproximou e falou olhando nos olhos dela:
- Sai dessa vida, tentador – dizendo isto, ele saiu dali e deixou
Gabriela falando sozinha.
O tempo passou e Bruno se entregou aos estudos. Ele até
diminuiu bastante sua vida de oração. Ele fazia de tudo para manterse longe de Gabriela quando estava sozinho com ela naquela casa.
Por várias vezes ele pensou se não seria melhor ir embora daquele
lugar de uma vez por todas. Bruno começou a entender que não
poderia ficar sem orar. Toda vez que ele orava pouco, parecia que a
tentação vinha com mais força.
- A minha força está em resistir, suportar e combater – começou a
dizer ele para si mesmo.
Quando ele chegou em casa, resolveu que teria uma conversa com
Gabriela. E foi justamente num momento em que ele não estava
orando tanto como vinha antes que o diabo resolveu armar mais
uma cilada para ele. Ele já foi direto falando alto:
- Gabriela! Vem aqui que eu preciso conversar com você.
Antes deles se encontrarem mais uma vez perto da cozinha, Bruno
entrou no quarto e trocou de roupa. Mas Gabriela já estava
preparada para mais uma vez atacar o irmão.
Quando ele foi até o lugar onde ela estava, viu mais uma vez aquela
moça do jeito que o diabo gosta. Era do jeito que somente o diabo
pode gostar, pois o Deus que Bruno servia ficava muito triste com
aquele tipo de coisa. Mas Deus permitia Gabriela tentar Bruno para
ver se realmente Bruno O amava. Os servos de Deus passam por
muitas tentações aqui nesta terra. Jesus mesmo foi levado pelo
Espírito ao deserto para ser tentado pelo diabo. E quando somos
tentados, a vontade de Deus não é que a gente caia em tentação. Mas
sim que a gente vença as tentações. No caso de Bruno, ele estava
enfrentando a pior das tentações e teria que permanecer fiel a Deus.
- Mas o que é isto? – disse Bruno revoltado.
- Sou eu. Sua amiga Gabriela. Eu resolvi colocar este modelinho para
você. É que hoje é um dia especial. Eu gostaria de ser sua namorada.
Será que você quer namorar comigo? Porque você não vem aqui me
dar um beijo.
- Gabriela. Eu posso saber onde é que está a sua roupa.
- Desculpa. É que eu não me levantei ainda. Não fui para a escola
hoje e até agora não deu tempo de colocar a minha roupa.
Mais uma vez ele teve que resistir a tentação. E mais uma vez teve
pelo menos uns dez efeitos colaterais pelo fato da tentação não ir
embora de imediato e ele ter que suportá-la. Dentre estes efeitos
podemos citar: taquicardia, sudorese, dispneia, dor de cabeça,
fraqueza, insônia, vertigem e prurido.
- Quantas vezes eu vou ter que te pedir para você não ficar assim –
Bruno estava sufocado.
- Mas eu posso saber o que tem demais nisto. Não vai dizer que você
está me olhando com olhos pecaminosos? Irmão, isto seria um
terrível pecado.
- Quem é você para falar em pecado comigo, mocinha. Você é o
pecado em pessoa.
- Não fale assim comigo. Eu não mereço ouvir estas coisas pesadas
assim.
- Mas é claro que merece. Quantas vezes eu vou ter que dizer para
você se arrepender deste terrível mal e aceitar Jesus como salvador?
- Eu já tenho Jesus no meu coração. Acontece que eu sou católica.
Só porque eu não quero passar para a sua religião, não significa que
eu não tenho Jesus no meu coração.
- Isto é muito engraçado. Católico pode pecar à vontade e mesmo
assim acha que tem Jesus no coração – disse Bruno debochando do
catolicismo romano.
- Quem nunca pecou que atire a primeira pedra. Vai me dizer que
você não tem pecado? Só o fato de uma pessoa dizer que não tem
pecado, ela já está pecando.
- Eu não vou ficar aqui discutindo teologia com você. Me dá licença
que eu tenho algumas coisas para fazer.
Bruno já estava começando a planejar em largar os estudos. Ele não
estava feliz em morar naquele lugar. Quando ele chegou naquela
cidade para estudar, pensou que tudo seria diferente. Que as portas
iriam se abrir, que ele iria conseguir novas amizades, que ele poderia
ser feliz e crescer naquele lugar. Mas ele nem sequer conseguia
arrumar amigos cristãos. O único dia que sobrava para ir para igreja
era nos domingos. Mas os cultos naquela cidade não eram tão
animados assim. O pastor não pregava nada com nada e os irmãos
só sabiam fofocar da vida dos outros. Bruno procurava ler bons
livros cristãos para conseguir ser edificado espiritualmente.
A tentação não parava.
Um dia Bruno acordou pela manhã e ouviu Gabriela o chamando
do quarto.
- Mas o que será que essa moça quer desta vez – disse Bruno.
Ele nunca havia entrado no quarto dela até aquele dia. Mas ela
continuava o chamando e cada vez mais alto. Até que ele acabou
perdendo a paciência e foi ver o que era.
- Eu espero que seja algo muito importante para você está me
chamando assim.
- Vem logo Bruno – dizia ela.
Ele chegou até a porta do quarto que estava entreaberta e tentou
bater.
- Pode entrar – disse ela.
- Eu posso saber o que a senhorita está querendo – disse ele que ao
entrar no quarto mais uma vez teve que se deparar com a tentação.
Foram muitas as vezes que Gabriela chamou Bruno desde então
para ir até o quarto para resolver alguma coisa para ela e quando
chegava naquele lugar, ele a encontrava daquela maneira.
Ele não caia em tentação porque ele tinha certeza de sua salvação e
estava preparado para vencer o sensualismo. Mas um cristão
desavisado que não está preparado para vencer a tentação,
certamente não conseguirá ter a mesma força que Bruno tinha para
resistir a este tipo de coisa. São coisas que geralmente estragam
quase que por completo a vida espiritual de uma pessoa. Depois para
consertar, dá muito trabalho. E foram várias as vezes que ele viu
Gabriela daquele jeito. Uma, duas, três, quatro, cinco, seis, sete, oito,
nove. Ele vencia todas.
Gabriela não parava de tentar o rapaz. Era uma tentação atrás da
outra. Ele já não sabia mais o que fazer.
Em todas estas vezes ele resistiu, suportou e combateu. Mas em
uma última vez ele resolveu combater um pouco mais forte a
tentação. Ele começou a louvar, ler a Bíblia em voz alta, a expulsar a
tentação e a fazer muitas outras coisas mais, que praticamente botou
a tentação para correr na marra. Gabriela estranhou tudo aquilo.
Por fim, depois de dominar completamente a tentação ele disse:
- Gabriela! Se você fizer isto mais uma vez eu vou ser obrigado a
ligar para sua mãe ou seu pai e contar para eles tudo o que está
acontecendo.
- Pode ligar. Eu não estou fazendo nada de errado.
- Como é que você pode dizer que você não está fazendo nada de
errado?
- Eu moro aqui e posso ficar na minha casa do jeito que eu quiser.
- Você quer que eu vá embora e deixe você aqui morando sozinha?
- Não. Eu não quero isto. Está bem, eu vou me levantar mais uma
vez. Mas você tem certeza que....
- EU TENHO CERTEZA ABSOLUTA – ele estava muito nervoso
e começou a perder a calma com Gabriela.
- Calma. Não se irrite. Você não precisa se comportar como se eu
fosse uma aranha peçonhenta. Você não vive dizendo que está
preparado para vencer a tal da tentação. Então, a gente não vai
precisar se preocupar com nada porque nada de errado vai acontecer
entre agente.
Bruno fazia toda força do mundo para resistir, suportar e combater.
Um olhar impuro da parte do servo de Deus e sua fé poderia ser
fortemente abalada.
A tentação fazia de tudo para apavorar Bruno. Ele precisava manter
o controle da mente para conseguir suportar os efeitos colaterais da
tentação.
Uma semana depois.
Gabriela parecia não se conformar. Ela até havia comentado com
algumas amigas.
- Eu moro com um rapaz que é crente de verdade – dizia ela para as
moças.
- Como assim, Gabriela?
Então Gabriela contava para as amigas tudo o que fazia e a maneira
que Bruno reagia.
As amigas sempre diziam:
- Não consigo acreditar!
- Pois pode acreditar. É a mais pura verdade. Deus realmente deve
existir.
Foi então que Gabriela resolveu que iria fazer isto na frente das
amigas. Certa manhã, ela convidou as amigas para irem até sua casa
bem cedinho e assim que Bruno acordou, Gabriela deu o seu
showzinho diabólico enquanto as duas amigas ficavam escondidas
no quarto dela.
- Bruno! Vem aqui na sala para você ver uma coisa – disse Gabriela.
- O que é que você quer desta vez. Quantas vezes eu vou ter que te
explicar esta matéria.
- Vai ter que explicar muitas vezes. Até eu entender tudo. Mas não é
sobre os estudos o nosso assunto não. Vem aqui para você ver uma
coisa bem legal (Legal para o diabo, só se for. Essa Gabriela é uma
filha do cão, isto sim).
Bruno levantou meio sonolento como quem não quer nada e
quando chegou na sala, se deparou com Gabriela mais uma vez
fazendo poses sensuais querendo derrubar o irmão dos caminhos do
Senhor.
- Então. Como está meu corpo? – falou Gabriela com volúpia para
Bruno, enquanto se exibia sensualmente de muitas maneiras.
Bruno já estava muito preparado para vencer a tentação. Se ele não
caiu até hoje, não iria ser naquele dia que ele iria cair em pecado.
E pela última vez ele resistiu a tentação. Ele não estava mais
querendo ficar suportando tanto efeito colateral da tentação e ter
que arrumar mil e uma maneiras de combater a mesma. Ele havia
decidido abandonar Gabriela.
- Vem Gabi. Eu tenho uma novidade para te contar.
- Eu posso saber o que é?
- No mês que vem eu vou embora daqui.
- Você não pode estar falando a verdade. Eu não tenho como pagar
a conta deste lugar sozinha. Você sabe disto. Eu também não quero
dividir este lugar com ninguém. Os outros homens são muito sem
vergonha.
- Então você gosta de morar comigo? – Bruno se sentiu lisonjeado.
- Claro que sim. Você é o único que me respeita.
- Mas você não me respeita – falou ele contrariado.
- Desculpa pelo que eu fiz com você até hoje. É que eu queria ver se
você realmente era crente.
- Então quer dizer que você estava me testando?
- Um pouco. Confesso para você que se você tivesse feito ou falado
alguma coisa de errado para mim, eu acho que a gente não estaria
morando mais junto. Porque eu teria ficado muito decepcionada.
- Mas e se eu tivesse caído em tentação?
- No começo acho que eu não iria querer nada com você. Mas
depois a coisa foi ficando pesada para mim, acho que eu me
entregaria – dizia Gabriela - Mas como você não me quis. Eu não
corri tanto risco assim.
- Sabe Gabriela, se você fosse crente, eu até teria coragem de se casar
com você.
- Eu realmente não nasci para isto. Mas admiro muito você. É que
eu não consigo viver sem as minhas roupas e sem ir para as festas.
- Mas você sabe que se você não se arrepender dos seus pecados.
Você vai ir para o inferno quando você morrer, não sabe disto?
- É! Você já me disse isto várias vezes. Mas eu sou católica. Eu não
mato, não roubo e não faço mal para as pessoas. Acho que eu não
mereço ir para o inferno.
Bruno ficou com raiva de ter ouvido aquilo e preferiu ficar calado.
Foi quando as amigas da Gabriela resolveram aparecer. Elas estavam
escondidas para ver se era verdade, que um homem rejeitava uma
mulher nas condições de Gabriela.
- Você tem razão, Gabi. Ele é realmente crente.
- O que é que está acontecendo aqui? – Bruno não estava
entendendo nada.
- É que eu contei para minha amigas sobre você e como elas não
acreditaram, eu resolvi provar para elas.
- Então quer dizer que você não fica com mulher? – disse uma das
amigas de Gabi que se aproximou de Bruno com muito sensualismo
para também tentar o irmão.
- Não vai me dizer que você vai fazer igual a Gabriela? - falou
Bruno. Ela percebeu que o rapaz era um homem sério e ficou sem
graça.
- Não. Não iria adiantar, não é mesmo? – disse a amiga da Gabriela
que chamou a outra e ambas foram embora.
O tempo passou e depois daquele dia, Gabriela parou de tentar
Bruno. No mês seguinte ele voltou para sua terra e para sua igreja.
No dia da despedida, Gabriela chorou muito.
- Mas você não precisa ir agora, irmão. Você ainda não terminou o
curso.
- Mas é que meu dinheiro não vai dar. Eu vou trancar a minha
matrícula e quando eu tiver condições eu termino. A verdade é que
meu pai montou um negócio na cidade de onde eu vim e me
chamou para trabalhar com ele. Vou ganhar um bom salário.
- E eu? Vou ter que ficar sozinha aqui? Eu não vou conseguir pagar
as contas sozinha. Você sabe disto.
- Arruma alguém para morar com você.
- Você está me entregando nas mãos de outro é? Agora eu vejo o
bem que você me quer. Você não é crente coisa nenhuma.
- Não fala assim. Eu não disse para você morar com outro. Você
pode arrumar uma mulher para morar com você.
- Eu já tentei e não deu certo. São todas umas invejosas. Elas vivem
com ciúmes dos namorados delas. E o pior é que os cafajestes
sempre dão moral para mim na frente delas. Eu devo ser irresistível.
Menos para você, né irmão?
- A verdade é que eu estou preparado para vencer a tentação. Se eu
não estivesse...
- Eu sei. Eu sei. Você é realmente um homem de Deus. Me desculpa
qualquer coisa.
- O que eu queria mesmo era que você se convertesse. Mas estou
vendo que isto não vai ser possível, não é mesmo?
- Acho que não. Eu já tenho a minha religião.
- Mas a sua religião não é a verdadeira religião.
- Isto não importa. O que importa é que eu me sinto bem nela.
- De fato. Uma pessoa não pode se converter se não for chamada
por Deus.
- Você foi chamado por Deus, irmão?
- Eu fui. Claro.
- E eu? Eu sou chamada por Deus?
- Você não Gabriela. Você não tem este chamado.
- Ai credo. Não fala assim. Eu sou chamada por Deus também,
irmão.
- Se você fosse chamada por Deus, você sentiria vontade de se
arrepender de seus pecados.
- De que pecado você está falando? Da minha sensualidade?
- De todos, Gabi. De todos. Mas principalmente dela.
- Acho que você tem razão. Eu jamais conseguiria viver igual uma
freira.
O mais importante de tudo isto foi que Bruno estava preparado para
vencer a tentação. Se ele não estivesse preparado, com certeza teria
caído em pecado, assim como acontece com muita gente. O diabo
fez o papel dele. O papel do diabo é tentar as pessoas, é colocar a
tentação na vida das pessoas para fazer com que elas rejeitem a Deus
ou se afastem Dele. Isto o diabo sabe fazer muito bem. Ele também
sabe que a tentação do sexo, a tentação do sensualismo é a tentação
mais forte de todas e por isto prende as pessoas nesta maldita vida
de sensualidade. Muitos como Bruno, vão aprender a vencer este
tipo de tentação. Mas a verdade é que, infelizmente, a maioria das
pessoas deste planeta não vai conseguir vencer. É o que Bruno
começou a perguntar para as pessoas:
- Você está preparado? Saiba que ela virá!
O irmão Bruno voltou para igreja de onde ele era.
- Bruno, meu querido. Como é que foi naquele lugar? Você teve que
enfrentar muitas provações? – perguntavam os irmãos.
- Eu nem te conto. Eu nem te conto.
Bruno acabou dando seu testemunho na igreja. As pessoas ficaram
impressionadas com a capacidade que Bruno teve para vencer a
tentação. O testemunho dele serviu de inspiração para muita gente e
ajudou muitas pessoas a vencer este tipo de tentação. Tanto homens
como mulheres.
Valtinho estava navegando em uma rede social e resolveu digitar o
nome de Graciele. Ela era uma conhecida da igreja. Vale dizer que
Valtinho era um servo de Deus que amava muito ao Senhor e que
tinha um desejo muito grande de ser missionário. Quando ele se
converteu, ele pedia muito para os irmãos da igreja orar para que
Deus o levasse para África, mas o tempo foi passando e ele acabou
desistindo de ir fazer a obra missionária na África, então resolveu
abrir uma igreja na cidade onde ele morava. Mas como não tinha
dinheiro também nem para pagar o aluguel, estava esperando em
Deus que alguma providência fosse tomada. O fato é que Valtinho
era um crente fiel e que terá que nos mostrar que de fato está
preparado para vencer a tentação.
Foi quando ele encontrou o perfil de Graciele, então ele adicionou-a
e cinco minutos haviam se passado quando ele recebeu uma
confirmação de que ela havia aceitado o convite. Assim eles
começaram a conversar pela internet:
- Como você está? – perguntou Graciele – Faz muito tempo que a
gente não se vê. Você ainda está na igreja?
- Eu estou firme nos caminhos do Senhor. E você?
- Eu dei uma afastada dos cultos. Faz muito tempo que eu não
coloco meu pé em igreja nenhuma. E onde que você está morando?
- Estou morando com meu pai. E você? – disse ele.
- Eu trabalho naquele prédio grande que fica perto do Banco do
Brasil, ali no calçadão. Passa lá qualquer hora para agente conversar
um pouco.
- Eu vou ver se essa semana eu passo lá.
Foi quando Graciele se desconectou. Ele ficou sem saber o que
houve, se ela desligou o computador ou se aconteceu algum
problema na rede. O fato é que ele começou a pensar na
possibilidade de passar aonde Graciele trabalhava para que eles
pudesse conversar um pouco. Isto aconteceria dois dias depois deles
terem conversado pelo computador.
Valtinho colocou uma roupa qualquer e foi até o lugar onde Graciele
disse que trabalhava. Ele ficou com vergonha de entrar, mas Graciele
acabou vendo ele zanzando do lado de fora em foi se encontrar com
Valtinho.
- Então você veio mesmo seu descompensado.
- Sim. Eu também tinha que passar aqui no centro para devolver o
livro na biblioteca.
- Venha, entra um pouco, acho que podemos conversar alguns
minutos. O meu patrão não está.
Valtinho entrou e eles conversaram sobre a época em que ela
frequentou a mesma igreja que ele. Naquele tempo Valtinho se
apaixonou por Graciele e até mesmo pediu ela em casamento. Mas
eles acabaram não conseguindo levar o relacionamento a sério, até
porque antes que pudessem ter alguma coisa, ela caiu em pecado
com um outro irmão da igreja e depois com outro e por fim acabou
ficando mal falada e parou de ir nos cultos. Cerca de meia hora se
passou quando ela percebeu que o chefe havia chegado. Tratou de
pedir que Valtinho fosse embora mas também disse que se ele
quisesse passar lá no final do dia, eles poderiam se encontrar
novamente.
- Passa aqui mais tarde, eu saio as seis horas.
- Não vou prometer. Talvez eu passo – disse ele ainda sem perceber
que o tentador estava armando um grande laço para sua vida.
Acontece que depois que Valtinho saiu dali, ele foi para uma
biblioteca que ficava perto de onde Graciele trabalhava, ficou lendo
vários livros até o final do dia e quando estava saindo da biblioteca
se lembrou do que Graciele havia falado, que era para ele passar no
serviço dela no final do dia para que eles pudessem conversar mais
um pouco. No fundo Valtinho estava com saudades de Graciele. Ela
fazia parte do seu passado. Um sentimento nostálgico começou a
surgir em Valtinho. Não tinha nada de importante para fazer naquele
momento mesmo e acabou decidindo que iria passar lá. Que mal
haveria em conversar um pouco com Graciele? Ele não tinha
intenções de fazer nada de errado mesmo.
- Oi, você veio mesmo seu lesado – disse ela amistosamente – Posso
te fazer uma pergunta? – ela arrumava a bolsa apressada e também
conferia algumas mensagens no celular.
- Pode, uai – respondeu ele curioso pelo que viria.
- Você gostava de mim pra valer ou era apenas uma paixonite aguda?
Valtinho pensou um pouco e ficou sem jeito de responder a
pergunta dela.
- Uai, gostava, moça. Porque?
- Por nada não. É porque hoje eu estava lembrando daquele dia que
você disse que eu seria sua ungida. Lembra?
- Lembro sim. Como é que eu poderia esquecer.
Eles caminharam na direção de onde ela morava e ficaram
conversando sobre o que eles estavam fazendo atualmente. Ela
como Valtinho mesmo viu, trabalhava naquele lugar de secretaria e
ele, bem, ele estava passando por uma prova que parecia não ter fim.
Fazia alguns serviços que não duravam muito tempo e não davam
muito dinheiro também.
- Você pode me levar até lá em casa? – perguntou ela.
- Hum, posso uai. Onde você mora?
- Fica perto daqui, eu venho e vou de a pé todos os dias.
- Então eu te levo.
- Quando a gente chegar lá eu vou querer que você faça uma
massagem em mim.
Foi quando ela disse isto que Valtinho começou a perceber que
talvez estivesse em perigo e ela ainda acrescentou:
- Eu tenho um óleo ótimo para você passar no meu corpo. Estou
precisando muito de uma boa massagem.
Ele sabia que jamais poderia fazer a tal massagem em Graciele.
Aquilo era praticamente um convite para o pecado e então durante o
percurso até a casa dela eles continuaram conversando sobre o
passado e Graciele toda hora falava que ela sempre gostou muito de
Valtinho e que eles não tiveram nada porque faltou apenas uma boa
oportunidade. Naquele dia a coisa ainda iria esquentar. Quando
Valtinho chegou na porta do prédio onde Graciele morava, ela o
convidou para entrar. Ele ficou pensativo, mas pensou que apenas
entrar naquele lugar com ela, não teria problema nenhum. Ele já
sentia que Graciele poderia ter algum comportamento que não fosse
de Deus e se isto acontecesse ele não poderia sucumbir.
Eles entraram no prédio e foram subindo uma rampa. Ela morava
dois andares para cima do primeiro chão. Quando eles terminaram
de subir a rampa, Graciele parou e ficou reparando se não havia
ninguém por ali. Haviam apenas dois moradores naquele lugar e
quase nunca eles estavam por lá. Valtinho perguntou para ela porque
ela estava demorando para entrar.
- Vai até a geladeira que fica na primeira entrada e pega alguma coisa
para você comer. O pessoal deixa essa geladeira ligada e como eles
só colocam água dentro dela, eu aproveito para guardar alguma coisa
para quando eu estiver com fome – Graciele sinalizou o lugar onde
aquela geladeira de todo mundo ficava e Valtinho foi até lá porque
estava com muita fome. Ele abriu a geladeira e foi logo comendo
tudo que pudesse. Depois que ele terminou de comer o que viu pela
frente, ele caminhou em direção a escada que levava até o andar
onde Graciele morava. Ele ficou paralisado quando ele viu Graciele
seminua.
- Eu quero que você passe um óleo restaurador no meu corpo –
dizia Graciele – Eu comprei estes dias.
Naquele exato momento Valtinho teve que fazer um grande esforço
para resistir a tentação e não sucumbir. Depois de se insinuar
bastante na frente dele, ela foi subindo as escadas e convidando o
rapaz para o andar de cima.
Valtinho ficou olhando para Graciele totalmente dominado pelo
poder da tentação. Os tentadores demoníacos espirituais
influenciavam os pensamentos de Valtinho e tentavam fazer com
que ele cedesse aos desejos carnais que quiseram aflorar naquele
momento. Aquele servo de Deus se encolheu e ficou lutando contra
um forte pensamento ruim que veio para fazer com que ele
deliberadamente se aproveitasse daquele momento e caísse em
tentação.
- Vem logo Valtinho – chamou Graciele que subia a escada
sensualmente na esperança de ser cobiçada.
Resistindo fortemente aquela tentação Valtinho resolveu subir para
ver até onde ela iria com aquele comportamento. Ele havia
conseguido resistir o impulso inicial que tentou fazer com que ele
caísse e agora teria que continuar se mantendo firme diante da
tentação. Graciele subiu primeiro e depois que Valtinho percebeu
que havia uma boa distância entre eles, caminhou pela escada de
ferro até que chegou no andar onde Graciele morava, mas parece
que ainda teria muito trabalho pela frente. A tentação não desistiria
de tentar derrubar aquele servo de Deus. Ele pensou se não estava
na hora de dar o fora daquele lugar o mais rápido possível. Só que
ele também se lembrou de que na sua casa não tinha nada de bom
lhe esperando, de que a vida no lugar onde ele estava morando era
muito difícil. Na verdade estava faltando até comida e mesmo tempo
comido o que viu pela frente na geladeira de todo mundo que ficava
do lado de fora, ainda tinha esperanças de poder voltar lá e comer
mais um pouco. Entre a fome e a tentação que ainda estava
atormentando os seus pensamentos, Valtinho teve que se esforçar
para suportar o desejo de cair em pecado com Graciele. Foi quando
a moça olhou para ele e perguntou se seria pecado se ela apenas o
beijasse.
- Bem...Pecado...- ele pensou um pouco na pergunta dela – Pecado
eu acho que não é, mas...
- Eu sei que você está firme, mas se você mesmo está falando que
não é pecado, eu gostaria que você me desse um beijo. Apenas um
beijo, não custa nada. Por favor, eu estou com muita vontade de te
beijar desde a hora que você apareceu lá no meu serviço.
Ele tentou encontrar algum argumento que pudesse confrontar a
ideia de que se ele beijasse Graciele naquele momento estaria
cometendo algum tipo de pecado mortal, mas sua mente não
conseguia lhe dar este subsídio.
- Então tá – concordou ele – Mas apenas um beijo.
Ela ficou feliz e se aproximou de Valtinho encostando seus lábios no
dele. Eles se beijaram por cerca de dois minutos. E neste exato
momento Valtinho começou a sentir o desejo masculino aumentar.
Os efeitos daquele beijo começaram a ativar os hormônios de seu
corpo e foi quando percebeu que aquilo poderia ir mais longe que ele
se afastou dela. A tentação veio então com muita força e mesmo
resistindo, ele estava sentindo o poder tentador de Graciele
aumentar cada vez mais. Foi quando ela se virou e começou a
caminhar devagar na frente dele. Valtinho viu a mulher que ele
acabara de beijar exibir toda sua beleza em um andar lascivo.
Foi muito difícil suportar aquela tentação. Graciele também não
sabia direito o que fazer, pois tinha consciência que estava mexendo
com as emoções daquele servo de Deus. Ela esperou que ele falasse
algo que pudesse comprovar que ele tivesse desejado ela de maneira
impura para assim ela poder convidar ele para uma noite de pecado.
Mas Valtinho com toda dificuldade do mundo continuou
suportando todo efeito colateral daquela tentação. Ele estava
começando a ficar desesperado e para conseguir suportar aquela
terrível tentação e não cair em pecado ele foi se abaixando
lentamente.
Quando Graciele se virou na direção dele, achou que poderia ver um
homem lhe desejando com os olhos, mas ao invés disto ela viu
Valtinho de cócoras e com as mãos na cabeça em completo
desespero. Ele se recusava a sequer olhar para ela com aquele fio
dental. Sentia que a qualquer momento poderia cair em pecado se
deixasse de resistir e suportar o poder daquela grande tentadora.
- Levanta daí, rapaz – disse ela preocupada.
- Espera um pouco. Você não vê que a gente não poderia ter se
beijado.
- Se você não levantar daí eu vou continuar te provocando –
ameaçou ela – Quer ver?
- Não. Espere, eu vou me levantar.
- Então levanta logo.
- Calma. Deixa eu respirar direito.
Graciele sabia que ele estava fazendo um enorme esforço para
suportar tudo aquilo e não cair em pecado com ela.
- Vamos até meu quarto que eu vou pegar um calmante para você.
- Eu não vou entrar no teu quarto de jeito nenhum. Eu sei muito
bem o que você está querendo.
- Deixa de ser bobo – ela percebeu que ele não estava passando mal
de verdade e começou novamente com a provocação. Ela realmente
estava desejosa de ter um relacionamento carnal com ele naquele dia.
Valtinho se levantou e entendeu que precisava de fazer alguma coisa
para combater aquela tentação. Ele estava decidido a vencer aquela
tentadora a qualquer custo. Precisava provar para si mesmo que
estava realmente preparado para vencer aquela tentação.
- Sai dela tentação – orou ele.
Graciele achou aquilo engraçado.
- O que você disse?
- Sai dela tentação – repetiu ele agora levantando a palma da mão na
direção dela.
- Faz me rir. Ui, se você fizer isto mais uma vez eu vou cair no chão
– disse ela com sarcasmo.
Ele olhou seriamente para ela e repetiu mais uma vez aquela oração.
- Sai dela tentação – foi a maneira que ele encontrou de combater
aquela tentadora.
De fato parecia não ter acontecido nada com Graciele. Ela
continuava atrevida e decidida a ter alguma coisa com ele tanto
quanto antes e foi assim que ela caminhou um pouco mais para
frente e quando percebeu que ele estava olhando para ela, apoiou as
mãos em uma estrutura de ferro e se inclinou sensualmente talvez na
última esperança de que ele pudesse sucumbir. Ela estava querendo
ver o quando Valtinho realmente estava firme nos caminhos do
Senhor.
Quando ele viu Graciele daquela maneira percebeu o quanto o poder
da tentação é forte. Ele se deu conta de que para servir a Deus era
preciso pagar um preço muito caro. Ele sabia que se caísse com
aquela tentadora, sua vida espiritual iria ser completamente destruída
e que embora ele pudesse desfrutar de um momento de prazer
naquele dia, as terríveis consequências do pecado fariam com que
tudo aquilo não tivesse nenhum valor.
Foi naquele momento que Valtinho se deu conta do quando estava
se esforçando para poder suportar a tentação e tendo consciência de
que se ele quisesse sair vitorioso daquele lugar ele deveria mesmo
suportar todos os efeitos colaterais que a tentação estava causando.
Mais uma vez ele procurou alguma maneira de combater a tentação.
- Sai tentação, sai tentação – disse ele para si mesmo na tentativa de
exorcizar qualquer tentador espiritual que pudesse estar envolvido
naquela trama.
Depois que Graciele reparou que ele não havia sucumbido começou
a desanimar. Ela já havia feito o suficiente para seduzi-lo. Se ele
resistiu até aquele momento, seria inútil da parte dela tentar
continuar.
- Me espera aqui que eu vou entrar lá dentro colocar uma roupa.
Valtinho percebeu que ela havia desistido daquela trama libidinosa.
Neste momento sentiu o poder da tentação diminuir e até mesmo
ficou confiante de que poderia entrar no apartamento com ela.
- Eu posso esperar na sala – disse ele.
- Então venha – falou ela amistosamente.
- Vai na frente – falou ele que esperava que ela colocasse logo uma
roupa.
Assim ela fez. Graciele entrou e se vestiu. Logo em seguida Valtinho
entrou e ficou ali na sala conversando um pouco com ela. Dava para
perceber que ela estava bastante irritada com ele.
- Vai embora Valtinho. Você não tem mais nada para fazer aqui –
disse ela depois de que algum tempo havia se passado.
- Prefiro esperar pela janta – falou ele.
- Você não vai jantar aqui. Eu quero que você suma da minha vida.
Nunca mais me procure, não temos mais nada para conversar um
com o outro, será que você não percebe?
Valtinho entendeu muito bem o recado e se levantou para ir embora.
Antes que pudesse sair daquele lugar ouviu Graciele gritar.
- EU TE ODEIO.
Ele não falou nada. Apenas se virou e procurou sair o mais rápido
possível dali. Depois daquele dia ele nunca mais viu Graciele.
Valtinho mostrou que estava preparado para vencer aquela
tentadora. Isto porque ele soube resistir, suportar e combater. É
claro que não foi nada fácil para ele fazer isto naquele dia. Mas
precisamos amar a Deus acima de todas as coisas e a única maneira
de vencer a tentação para quem realmente ama a Deus é usar o
grande segredo nestas horas. E é isto, mais um que venceu. E que
venha a tentação...
A tentação a seguir é baseada em fatos reais porque em um bairro da
periferia de uma cidade do interior de Goiás morava um servo de
Deus e no mesmo quintal de sua casa um dia foi morar uma
tentadora cujo nome verdadeiro era Elaine. Exatamente por isto este
será o nome da nossa próxima tentadora. É vida que segue para os
que serão tentados e que todos possam vencer.
O caminhão de mudança parou na porta de Gameleira. Era a nova
moradora que chegava. A mudança começou a ser levada do
caminhão para a nova casa de Elaine. Gameleira era um servo de
Deus que tinha seu nome escrito no livro da vida. Ele vivia uma vida
de santidade e lutava para se manter longe do pecado,
principalmente do pecado sexual porque ele era solteiro e fazia
alguns anos que havia aceitado Jesus como salvador, sem contudo
conseguir uma esposa. Algumas namoradas se passaram pela vida de
Gameleira, mas todas pareciam ser enviadas pelo tentador para
derrubar o irmão porque ele nunca conseguiu se casar com nenhuma
delas. A benção do casamento parecia muito distante na vida daquele
servo de Deus. Às vezes ele pensava que não conseguiria arrumar
uma esposa e que morreria solteiro.
Foi quando o pessoal terminou de descarregar a mudança que
Gameleira pode ver quem que iria morar na casa que estava
construída no mesmo quintal que a sua.
Elaine estava passando por dificuldades financeiras e tudo piorou
quando ela foi mandada embora do emprego em que estava
trabalhando. Sem muito dinheiro para conseguir se sustentar, ela
teve que alugar uma humilde casa na periferia da cidade. Fora
ajudada pela família que morava na cidade vizinha e agora teria que
tentar recomeçar a vida; Quem sabe arrumar um novo emprego e
depois de algum tempo, quiçá um lugar melhor para morar. No
momento o que restou para ela foi o aluguel barato que conseguiu
achar.
Gameleira passou o resto do dia tomado pela ansiedade. A presença
de Elaine o deixava em estado de alerta. Ele percebeu que estava
lado a lado com uma mulher muito bonita e agora estava tentando
assimilar como seria a vida dali para frente tendo que conviver com
Elaine morando bem do lado. E a semana foi passando e Gameleira
começando a se acostumar com a presença da nova moradora. Eles
se viam várias vezes por dia, quase todas as vezes que ele tinha que ir
até o quintal pegar ou fazer alguma coisa, acabava sempre se
encontrando com Elaine ou pelo menos tendo-a dentro de seu
campo visual. Ela era uma moça calada e até então apenas se limitou
a falar ―bom dia, boa tarde ou boa noite‖. Foi depois de uma semana
que Elaine havia se mudado para aquele lugar que a tentação
começou de verdade na vida de Gameleira. Ele não imaginou que
fosse ser tão tentado como seria e que teria que provar que
realmente estava preparado para vencer a tentação.
Tudo começou quando Gameleira estava chegando da rua e Elaine
estava estendendo roupa no varal. Quando ele passou por Elaine,
ouviu ela dizer o seu já habitual:
- Boa tarde. Tudo bem?
- Tudo. E você? – foi estendendo ele a conversa.
- Eu vou bem. Obrigada. Está tão calor hoje, eu vou ter que fazer
alguma coisa para ajudar a refrescar.
- Toma um banho com água fria – falou ele.
- Você me deu uma boa ideia. Mas é que o chuveiro de casa é muito
alto e eu não consigo colocar na água fria.
- Pega o cabo da vassoura e muda o regulador com ele.
- Ah não, eu tenho medo. Será que você poderia fazer isto para
mim?
Gameleira pensou e não custava nada ser gentil com sua vizinha.
- Posso – respondeu ele sem pensar no que viria.
- Então venha que eu vou lhe mostrar onde fica o chuveiro – disse
ela que caminhou na frente de Gameleira que pediu licença e entrou
na casa daquela moça. Ele já conhecia o lugar porque antes dela se
mudar para lá, ele costumava entrar ali para orar, ir no banheiro ou
apenas para ficar olhando aquela casa vazia.
Ele entrou no banheiro e enquanto tratou de mudar o regulador do
chuveiro colocando na posição em que a água saia fria, a moça
sumiu pela casa. Mas como ele já sabia muito bem como sair daquele
lugar, foi andando até que encontrou com Elaine que agora estava se
preparado para tomar seu banho. Ela estava mexendo no telefone
como sempre fazia. Ela era uma viciada neste tipo de tecnologia.
Quando Gameleira a viu daquela maneira ficou impressionado. Não
sabia o que dizer. Obviamente a tentação veio com tudo nesta hora.
O que tornou aquela tentação terrivelmente real foi o fato dela ter
ficado de fio dental com tanta facilidade na frente dele, deixando
claro que ele teria chance com ela caso quisesse ter algum tipo de
relação promíscua.
Neste momento Gameleira tirou forças do fundo do baú para poder
resistir aquela tentação e não se entregar aos desejos carnais. Foi
com muito custo que ele falou para ela ―O chuveiro está pronto‖ e
tendo que suportar a angústia que a tentação lhe causava por ele ter
rejeitado aquela oportunidade foi caminhando para fora da casa dela
pelo caminho que já conhecia muito bem.
A tentação ainda ficou por algum tempo martelando na mente de
Gameleira e a imagem daquela mulher de fio dental, por mais que ele
tentasse expulsar de seus pensamentos, estava ainda muito viva em
sua mente. Ele não conseguia deixar de sofrer por saber que teve que
recusar uma oportunidade tão prazerosa de fazer alguma coisa com
aquela moça para poder vencer a tentação e permanecer firme nos
caminhos de Deus. Mas ele suportou sem nenhum prejuízo para sua
alma. Acontecesse que a tentação estava apenas começando.
Dois dias depois, quando mais uma vez Gameleira estava chegando
da rua, encontrou-se com Elaine no quintal.
- Boa tarde – disse ela com naturalidade, virada de costas para ele e
estendendo a roupa no varal – Já almoçou? – à medida que o tempo
ia passando, ela parecia mais à vontade para conversar com ele,
afinal, eles moravam no mesmo quintal e se viam sempre.
- Não – respondeu ele sem entender porque isto interessava a ela.
- Eu fiz muita comida e sobrou bastante. Se você quiser pode entrar
lá na cozinha e comer um pouco.
Gameleira que começou a sentir o efeito da tentação só de ter
lembrado do que aconteceu da última vez que ele entrou na casa de
Elaine acabou aceitando o convite para o almoço por não acreditar
que aquilo poderia se repetir mais uma vez.
- Eu vou comer então – disse ele que como se fosse de casa foi
entrando na cozinha para poder filar aquela boia.
- O prato e os talheres estão dentro da primeira gaveta do armário –
disse ela do lado de fora e depois que Gameleira já havia colocado a
comida no prato e estava sentado na mesa comendo, ela entrou na
cozinha. Não teve como ele não reparar no decote dela já que
chamava muito a atenção. Nesta hora ele teve que resistir a tentação
para não olhar com olhos impuros e nem deseja-la sexualmente.
- Está boa a comida? – perguntou ela.
- Sim – respondeu ele que ainda se esforçava para resistir a tentação.
- Eu vou sair agora. Acho que esta roupa não está boa. Vou ver se
coloco outra – disse ela.
Parecia até mesmo que ela estava sozinha em casa porque ali bem na
frente de Gameleira, foi tirando a roupa para se trocar.
Gameleira olhou para aquela moça de calcinha branca, fio dental na
sua frente e não acreditou que aquilo pudesse estar realmente
acontecendo. Elaine como sempre estava fazendo alguma coisa no
celular.
- Cof, cof, cof, urrruuu – Gameleira se engastou todo com a comida.
- Nossa gente. Mas o que é isto? – Elaine ficou preocupada.
O único jeito de não cair em tentação era suportar o tormento que
estava por vir. Não era fácil ver uma mulher daquele jeito e ter que
se comportar como se nada estivesse acontecendo. E mais, ter que
se comportar de acordo com a vontade do Senhor e dos preceitos de
Deus.
Suportando aquela tentação e fazendo de tudo para nem sequer
olhar para Elaine daquela maneira, ele comeu a comida rapidamente
e se levantou para ir embora. Ainda teve que passar bem do lado
dela para poder sair daquele lugar e foi nesta hora que ele começou a
combater a tentação na tentativa de fazer tudo o que fosse possível
para não cair em pecado.
- Deus é maravilhoso, Deus é maravilhoso, Deus é maravilhoso – ele
combatia o poder da tentação com esta oração. A perturbação
mental era tão forte que parecia que Gameleira iria enlouquecer.
Antes que ele saísse daquele lugar, Elaine ainda falou:
- Você já vai?
- Sim – respondeu ele sem olhar para ela.
- Volte sempre – falou ela em tom de brincadeira. Ela agia como se a
maneira com que se comportava fosse a coisa mais normal do
mundo e talvez seja para os que não são filhos de Deus e nem se
preocupam em seguir um padrão de vida baseado na santidade.
Sofrendo muito Gameleira atravessou o quintal de sua casa e foi
direto para o banheiro lavar o rosto. Ele ainda lutava para suportar o
poder da tentação que sempre demorava um pouco para abandonálo depois de um acontecimento assim.
Era muita tentação para o caminhãozinho de Gameleira. No outro
dia ele teve que enfrentar a tentadora novamente. O quadro parecia
se repetir sempre nos mesmos moldes e aquele servo de Deus não
conseguia entender porque não conseguia se livrar desta situação que
começou a ficar previsível.
Gameleira estava saindo de casa e mais uma vez viu Elaine por ali.
Ela estava lavando uma janela de vidro.
- Bom dia – falou ela – Posso te perguntar uma coisa?
- Pode – falou Gameleira.
- Você tem namorada?
Sem entender porque Gameleira começou a sentir o coração bater
mais forte. Aquela pergunta acionou alguns gatilhos nevrálgicos de
sua alma. Porque era tão difícil arrumar uma namorada vindo da
parte de Deus e se casar? Porque os outros irmãos que ele conhecia
na igreja mal se convertiam e já conseguia arrumar um bom
emprego, uma esposa, uma casa para morar e com ele parecia ser
tudo diferente.
- Eu não tenho namorada – respondeu ele desconsolado.
- Eu achei que você tivesse – disse Elaine. Ela quis dar a entender
que era muito estranho o comportamento de Gameleira diante da
facilidade com que ela deixava espaço para que eles pudessem viver
um romance sem pudor.
Gameleira percebeu que a tentação estava querendo se manifestar
novamente e disse:
- Eu tenho que ir ali.
Mas percebeu que foi inútil tentar se livrar de Elaine porque ela
falou:
- Na volta você passa aqui em casa para agente conversar um pouco.
Sem entender porque acabou consentindo naquele convite,
Gameleira acabou chamando por Elaine quando voltou.
- Elaine – disse ele do quintal.
- Pode entrar – falou ela do quarto.
Ele acabou entrando na esperança de que apenas pudesse ter uma
inocente conversa com ela.
- Eu estou aqui no quarto – falou ela quando ele já estava na
cozinha.
Gameleira sabia aonde ficava o quarto e foi caminhando torcendo
para que ela não se comportasse daquela maneira outra vez, mas não
teve jeito. Quando ele chegou na porta do quarto viu Elaine mais
uma vez do jeito que o tentador gosta. Como sempre, com o celular
na mão fazendo vai lá saber o que.
- E aí. O que você fez de bom lá na rua – falou ela.
Gameleira estava feito uma estátua e naquele momento fazendo
forças para resistir a tentação. Pensamentos ruins vinham em sua
mente junto com uma vontade de se aproximar dela e tentar uma
cantada, quem sabe um abraço e por fim poder ficar com Elaine ali
mesmo no quarto dela. Isto se chama tentação. E era justamente a
esta tentação que Gameleira teve que resistir com toda sua fé. Mas
como sempre, o fato de resistir a tentação não garante que ela vá
embora imediatamente e até mesmo porque Elaine continuava ali na
frente dele daquela maneira que a tentação ainda lhe traria alguns
efeitos colaterais terríveis caso ele continuasse resistindo.
- Você vai sair hoje? – perguntou ela que ainda mexia no celular.
- Não – respondeu ele.
- Se você quiser agente pode ficar aqui em casa assistindo algum
filme.
Nesta hora a tentação ficou mais forte. Percebam que isto é um
efeito paradoxal visto que quando se resiste a tentação, se espera que
ela vá embora ao ser resistida.
Gameleira olhou para Elaine mais uma vez e sentiu uma fraqueza
patológica nos braços. Ele estendeu a mão com os cinco dedos
abertos na horizontal e percebeu que eles estavam tremendo muito.
Sentiu uma sensação ruim e algo lhe dizendo que aquilo era demais
para ele. Era quase uma necessidade de sucumbir. E neste momento
percebeu que se recusasse Elaine, estaria de fato abrindo mão dos
prazeres desta vida e assinando um contrato com o sofrimento. Em
meio a turbilhões de pensamentos, sensações e sentimentos ele se
lembrou de que se quisesse vencer aquela tentação teria que
suportar.
- Custe o que custar – disse ele para si mesmo em voz baixa decidido
a suportar a tentação.
- O que você falou? – Elaine não tinha entendido o sentido das
palavras proferidas por ele.
- Nada não – disse ele tentando encontrar um meio de combater
aquela tentação para que pudesse sair ileso daquele lugar. Foi quando
ele se lembrou de algo que havia feito em um momento de forte
tentação no passado.
- O sangue de Jesus tem poder. O sangue de Jesus tem poder – ele
repetia isto em pensamentos para si mesmo várias vezes na tentativa
de combater aquela tentação.
Foi quando percebeu que tinha plenas condições de sair daquele
lugar sem cair em pecado e que para ele, isto seria uma glória bem
maior do que se aproveitasse aquele momento de apoteose
mundana.
- Depois a gente conversa – disse ele para ela. E se virou saindo
rapidamente daquele lugar.
- Então tá. Vem aí depois – falou Elaine sem entender porque estava
sendo rejeitada e ao mesmo tempo mostrando aquele ar de mulher
difícil e de que não está interessada.
A noite chegou e como tanto Gameleira quanto Elaine sempre
estavam indo até o quintal para fazer alguma coisa ou porque tinham
que passar por ali toda vez que fossem sair de casa, eles acabaram se
vendo novamente.
- E aí. Tá fazendo o que agora?
- Nada – respondeu ele.
- Eu estou um pouco entediada – falou ela.
Eles ficaram ali no quintal conversando alguns minutos e por fim ela
falou:
- Eu vou entrar. Vamos lá pra dentro?
Gameleira bem que poderia dizer que não. Mas ele estava envolvido
demais com a conversa e também não tinha nada de melhor para
fazer naquele momento. Quer dizer, ter ele tinha, poderia ler a
Bíblia, poderia orar, poderia sair e pregar a palavra de Deus para o
primeiro idiota que encontrasse pela frente. Poderia fazer qualquer
coisa, menos entrar naquela casa com Elaine. Mas a tentação sempre
consegue ludibriar as pessoas até certo ponto, se não fosse assim,
não poderíamos dizer que estamos lutando contra um inimigo tão
forte e poderoso quanto a tentação. Precisamos entender e até certo
ponto respeitar o grande poder da tentação. É isto que nos dá
condições para nos prepararmos devidamente para enfrenta-la.
Gameleira entrou na casa de Elaine e eles começaram a conversar
sobre trabalho. Ela estava desempregada, ele também estava
passando por grandes dificuldades financeiras e acabaram um se
identificando com o sofrimento do outro. Primeiro eles passaram
pela cozinha, ele tomou um pouco de café e logo depois estavam
conversando na sala e Gameleira parecia que estava em casa pois
sentou no sofá e ficou bem à vontade, mas em algum momento
daquela conversa que parecia ser inocente e de onde não se poderia
esperar que fosse acontecer nada tão sério, Elaine entrou no quarto e
depois de alguns minutos sem falar nada, começou a perguntar para
Gameleira coisas que talvez ele não pudesse responder.
- Você me acha bonita? – falou ela em voz alta do quarto.
Gameleira ficou sem saber se deveria responder aquela pergunta e
acabou piorando a situação.
- Bonita como?
- Vem aqui – chamou ela do quarto.
Gameleira sem acreditar que aquilo pudesse acontecer novamente
acabou indo só para ver no que daria.
- Quero saber se você me acha uma mulher atraente – falou ela
quando Gameleira chegou na porta. Mais uma vez ela estava do jeito
que o tentador gosta e Gameleira viu aquela tentadora de fio dental
bem na sua frente, mexendo no celular, isto já era de praxe.
Gameleira já conhecia o protocolo. Sabia que teria que resistir a
tentação, só que desta vez parecia que estava sendo mais difícil. A
vontade da carne estava mil vezes maior do que das últimas vezes e
ele sentiu que estava prestes a sucumbir. Deus o livre de uma coisa
destas. Ainda bem que ele com toda dificuldade do mundo
conseguiu resistir aquela tentação. Só que agora sabia que não
poderia continuar tão vulnerável diante da tentação. Se ele quisesse
continuar firme, teria que combater aquela tentação de uma maneira
que até então não tinha pensado. Teria que se afastar de Elaine. Mas
antes que pudesse esboçar qualquer reação começou a sentir a
tentação se fortalecendo cada vez mais. Ele estava sozinho na casa
de uma mulher bonita e tinha oportunidade para pecar. O tentador
tentou lhe convencer de que ele poderia ceder para o pecado e que
depois era só voltar para os caminhos de Deus novamente. Esta
ideia parecia não ser tão ruim assim, afinal, ele poderia aproveitar o
melhor que os dois lados tinham para oferecer, o lado do inimigo lhe
oferecia uma incrível tentadora e o lado de Deus lhe oferecia o
perdão incondicional. Será que o fato de poder se arrepender depois
e voltar novamente para Deus era uma licença para cometer atos
libidinosos com Elaine naquele lugar? Esta foi a maior jogada da
tentação naquela noite, mas por incrível que pareça, Gameleira
conseguiu suportar a tentação e não sucumbiu.
- Elaine – ele sabia que se começasse aquela conversa não poderia
voltar mais atrás, mas estava na hora de combater a tentação – Você
precisa se arrepender de seus pecados e aceitar Jesus como salvador.
Ela não entendeu porque ele estava falando sobre religião naquele
momento.
- Eu não quero falar disto – replicou ela – Eu não gosto deste
assunto sobre inferno, estas coisas.
- Mas é justamente para o inferno que você vai se continuar se
comportando assim – Gameleira já havia resistido e suportado a
tentação. Agora estava dando sua cartada final combatendo a
tentadora.
- Eu já disse que eu não gosto de conversar sobre esse assunto –
falou ela.
Gameleira percebeu que a tentação estava começando a perder suas
forças.
- Existe um céu, existe um inferno e existe uma escolha – disse ele.
- Se você é tão religioso assim, o que você está fazendo aqui comigo?
Se você está aqui é porque está gostando de me ver assim.
Ele ficou com raiva do que ela acabara de dizer.
- Por acaso eu pedi para você ficar desta maneira?
Ela ficou em silêncio por alguns segundos e depois disse:
- Acho melhor você ir embora e não voltar mais aqui em casa.
- Você está me expulsando da sua casa? – perguntou ele para ter
certeza do que ela estava querendo dizer.
- Se você é tão religioso assim, não pode mais me ver assim. Eu não
vou mudar, eu gosto de ficar à vontade na minha própria casa.
Antes que Gameleira finalizasse aquela conversa e saísse daquele
lugar a tentação mais uma vez ainda tentou influenciar seus
pensamentos. Ele começou a perceber que dali para frente não
poderia mais ser amigo de Elaine e de que deveria numa tentativa
desesperada tentar alguma coisa com ela ali naquele lugar. Ele jamais
teria uma oportunidade daquela novamente, pelo menos ele assim
pensava, mas Gameleira suportou aquela tentação e devido a isto
começou a sentir uma tristeza profunda. Era a tristeza da solidão, de
não ter uma esposa e nem sequer uma namorada e de ter que abrir
mão dos prazeres da carne para poder ir morar em um céu que ele
nunca tinha visto e nem sabia exatamente onde ficava.
- Eu estou indo embora – disse ele para Elaine.
Ela ficou calada esperando ele sair. Gameleira se virou e foi andando
com certa dificuldade pelos cômodos daquela casa. Não estava
sendo fácil suportar aquela tentação. Ele resolveu que precisava sair
de casa um pouco, caminhar e orar. Precisava de pensar, sua mente
estava rodopiando a milhões e as ideias estavam completamente
desorganizadas. A autoestima estava completamente abalada, sentia
como se fosse o homem mais miserável deste mundo. Tudo isto era
efeito colateral da tentação e ele precisava continuar suportando.
Gameleira caminhou por uma hora e enquanto isto orava ao Senhor
pedindo ajuda e forças para continuar vencendo a tentação. Quando
voltou novamente para casa, estava se sentindo feliz. Isto porque ele
sabia que o segredo para se vencer a tentação havia funcionado. A
estas horas ele poderia estar caído e vai lá saber quando ele
conseguiria forças para se reconciliar com Deus, muito menos quais
seriam as consequências funestas de se cair em tentação. Os dias que
se seguiram fora como Gameleira previa, ele não puxou mais
conversa com Elaine e nem ela com ele. No começo ele sofreu um
pouco porque já havia começado a gostar dela. Depois foi se
acostumando e por fim acabou se mudando daquele lugar e nunca
mais viu Elaine em toda sua vida.
A amiguinha da escola pode se tornar a grande tentadora da vida de
um servo de Deus.
LEOMAR
Leomar era um humilde servo de Deus. Ele alugou um ponto
comercial de uma irmã. Antigamente esta lugar era o quarto de
Estela, mas a mãe da moça resolveu usar aquele quarto para
aumentar a renda da família. Estela então se mudou para um outro
quarto que era de ser irmão mas que havia se casado a pouco tempo
e havia se mudado de casa.
Leomar precisava conseguir fazer o seu pequeno negócio alavancar.
Ele recebeu a ajuda de um amigo para poder trabalhar com
suplementos em pó de algumas marcas conhecidas nacionalmente.
Estes suplementos eram baseados em shakes. Naquela semana ele
começaria a trabalhar no local onde alugou por um salário mínimo.
A dona do lugar era a mãe de Estela que sempre saia pela manhã
para trabalhar em uma empresa de costura, pois ela era uma
experiente costureira.
Nos primeiros dias o negócio de Leomar até que estavam dando
lucro. O horário que dava mais gente era na parte da tarde. Estela
começou a ficar admirada porque costumava passar por ali naquele
horário. Foi quando Estela resolveu também frequentar o lugar para
ver se aqueles shakes eram realmente bons.
- Olá – disse Leomar quando viu Estela entrando.
- Eu gostaria de experimentar um shake – disse Estela timidamente.
- Eu vou preparar um especialmente para você. É um lançamento e
vou fazer pela metade do preço – disse Leomar querendo agradar a
moça pelo fato dela ser filha da dona do estabelecimento. Não teve
como Leomar não notar que Estela era uma moça muito bonita,
com todo respeito, é claro.
Estela tomou o shake e acabou pedindo outro e depois
surpreendentemente ainda pediu mais um.
- É realmente muito gostoso. Se eu continuar tomando isto eu vou
acabar engordando.
Leomar ficou sem saber como se comportar. No fundo ele estava
bastante feliz por Estela estar lhe dando lucro e também porque a
moça poderia lhe trazer mais clientes.
- Amanhã eu quero tomar novamente, mas eu gostaria que você
levasse para mim. Pode bater no portão – disse a moça que se
levantou e foi embora.
No outro dia, na parte da tarde, havia muito pouco movimento no
Espaço (este era o nome que eles davam para o local) e Leomar se
lembrou de que Estela pediu para que ele fizesse um shake para ela e
levasse até sua casa. A partir de então, Leomar não saia mais da casa
de Estela. Isto porque quando ele levou naquele dia o shake para a
moça, a mãe de Estela também pediu para ela e nisto de Leomar
levar estas bebidas para as madames, eles começaram a conversar
bastante sobre diversos assuntos. Ele era um rapaz muito inteligente
e com isto foi ganhando a admiração delas.
Uma semana depois.
Leomar havia acabado de chegar no Espaço. Era uma segunda-feira
e o dia não prometia muito. Geralmente nas segundas não dava
muito movimento. Era o pior dia da semana no Espaço para
Leomar. Ele olhou para a porta e viu Estela passando e a moça de
longe fez questão de dizer que estaria esperando pelo seu shake
habitual. E mais, depois de caminhar um pouco, ela voltou até o
local e disse para Leomar:
- Eu vou comprar algumas coisas e assim que eu voltar eu vou
querer que você faça um shake para mim, hoje eu acordei com uma
fome de leão, vou tomar esse negócio o dia todo. Você bem que
poderia fazer uma promoção para mim. Se eu comprar cinco shakes
hoje você me dá quantos por cento de desconto?
Leomar como gostava de agradar muito a clientela fez um desconto
especial para a moça.
Ok. Em pouco tempo ela estava de volta e foi até o Espaço só para
lembrar Leomar de fazer o shake.
- Eu já voltei – disse ela – Você pode levar dois para mim, agora.
Leomar preparou aqueles shakes e levou para Estela. Enquanto ela
tomava aquela bebida eles ficaram conversando no quintal da casa.
Havia uma piscina ali e ela acabou convidando Leomar para tomar
banho de piscina naquele dia.
- Eu não posso – falou ele sem dar mais explicações. Oras, mas
porque ele não podia?
- Porque? – perguntou ela.
Leomar pensou que como servo de Deus não poderia ficar em traje
de banho ali na frente de Estela. Mas e se ele tomasse banho de
roupa?
- Entrar na piscina de roupa? – Estela não estava entendendo porque
Leomar estava perguntando se haveria algum problema nisto Coloca uma sunga. Meu irmão deixou as sungas dele aqui. Eu pego
para você. Ou então, uma bermuda. Acho que eu sei onde tem uma
bermuda dele – Estela entrou dentro da casa e acabou pegando
mesmo a bermuda para Leomar tomar banho de piscina.
- Você já é de casa, Leomar – disse ela entregando uma bermuda
para ele. Mas ele achou que a bermuda fosse curta demais para que
pudesse usá-la na frente de Estela. E sem contar que ele ouviu ela
falar:
- Tira a camisa, vai.
- Posso tomar banho de camiseta mesmo? – perguntou Leomar.
- Mas porque isto? – perguntou Estela.
- É porque eu não posso ficar sem camisa na sua frente – falou ele.
Estela percebeu que ele dissera aquilo por motivos religiosos e isto
acabou piorando as coisas.
Estela começo a pensar se aquele rapaz seria aquilo tudo que estava
demonstrando ser. Ela não tinha nada a perder e pra variar, a mãe
dela não estava em casa. Sem contar que ultimamente ela estava se
sentindo um pouco entediada e achava que não seria nada mal se
vivesse o que ela chamou de novas emoções.
- Vai pegar mais um shake para mim – disse ela.
Leomar rapidamente foi até o Espaço e preparou mais um shake
para a moça. Enquanto estava preparando aquela bebida, ele pode
ouvir o barulho da piscina. Era Estela que havia entrado na água.
Leomar terminou com a bebida e foi até a piscina levar aquele shake
para Estela e quando chegou lá viu a moça na beira da piscina sem
roupa.
Estela se comportou como se nada estivesse acontecendo.
Conversou normalmente com Leomar, ali, deitada naquela posição.
Ela estava esperando que Leomar fizesse algum comentário
libidinoso e ele percebeu que ela estava disposta a fazer qualquer
coisa com ele. Bastava ele querer. Bastava ele se oferecer. Bastava ele
pedir. E o que ele faria?
Para não cair em pecado Leomar resistiu a tentação e procurou
encontrar uma desculpa para deixar Estela ali daquele jeito e sair de
perto dela.
- Você vai querer mais shake? – perguntou ele para ela?
- Não, mas eu vou ligar para uma amiga minha que falou para mim
que está muito afim de tomar um shake também. Eu acho que vou
querer um brinde porque eu falei muito bem do seu shake para ela.
Leomar conseguiu sair dali sem cair em pecado com Estela. Mas
para isto teve que suportar uma tentação tão forte, mas tão forte,
que ele pensou que fosse morrer. Achou que aquele desejo ruim
nunca mais fosse lhe abandonar. Ele foi até o Espaço e ficou por lá
sofrendo calado, sozinho, onde as lembranças de Estela daquele jeito
não saiam de sua mente. O problema é que ele sabia que a tentação
não lhe deixaria em paz, afinal, depois de uma cena daquela, ele sabia
que poderia chegar em Estela a hora que quisesse e que teria chances
com ela. E para piorar mais ainda as coisas e testar se realmente
Leomar conseguiria vencer a tentação, Estela ligou para sua amiga e
a convidou para ir até sua casa tomar um shake e vejam só, tomar
banho de piscina. Era muita tentadora para pouco Leomar.
Cerca de meia hora depois a amiga de Estela passou em frente ao
Espaço e Leomar avistou-a lá de dentro. O sentido da visão acusou
uma moça bonita que havia passado na porta. E logo em seguida ele
ouviu esta moça bonita conversando com Estela e ela indo até o
Espaço e apresentando a moça para Leomar.
- Esta daqui é a Clarinha. Aquela que eu te falei que também quer
tomar um shake. Você pode fazer um para ela? Um não, dois, e faz
um para mim também. O meu você não vai cobrar não, vai?
Leomar fez que não com a cabeça, mas o seu semblante era de quem
estava bastante contrariado. E isto porque até aquele momento ele
estava tendo que se esforçar bastante para suportar a tentação. Esta
ainda não havia lhe abandonado. Ele bem que poderia ter arrumado
um jeito de combater a tentação também. Assim, talvez estivesse
sofrendo bem menos para suportar a tentação. Mas não lhe faltaria a
oportunidade para combater a mesma, pois tão atrevida quando
Estela, era sua amiga. E este atrevimento todo foi despertado
quando Estela contou para Clarinha o que havia acontecido na beira
da piscina mais cedo.
- Jura, amiga? – Clarinha ficou impressionada de ouvir aquela
história – Você ficou pelada na frente dele e ele não fez nada? Só
vendo mesmo para acreditar.
Naquele momento as duas se encararam com olhares maliciosos.
Estela sorria para sua amiga maliciosamente ao perceber as intenções
malignas dela.
- Ele é casado? Tem namorada? Deve ser por isto – falou Clarinha –
Mas mesmo assim, você é uma gata amiga. Bom, eu acho que vou
tomar um banho de piscina então – Clarinha deu uma enorme
gargalhada e Estela também. As duas sabiam o que viria pela frente.
Então Estela disse:
- Mas e se ele...- ela fez um gesto com conotações sexual – Você
sabe, né.
- Aí eu não sei. Você acha que teria algum problema? Sua mãe está
em casa? Você conhece ele direito? Você teria coragem?
- Teria – disse Estela.
- Não sei não amiga. Fazer, fazer acho que eu não teria coragem.
Mas eu deixo ele passar a mão em mim e você sabe que os homens
ficam loucos quando eu sento no colo deles usando meu biquíni fio
dental.
A desgraça estava pronta. Ou Leomar estava realmente preparado
para vencer a tentação, ou ele sucumbiria naquele dia. E o pobre
coitado lá no Espaço, achando que estava sofrendo muito por ter
que suportar a tentação com Estela, sendo que enquanto isto, as
duas armavam outro laço para ele. Pois bem, vamos aos fatos.
Leomar terminou de preparar três shakes saborosos. No afã de
agradar a nova cliente havia caprichado bastante naqueles shakes.
Era muita frescura para quem estava para enfrentar o que viria pela
frente. Leomar foi até a casa de Estela e ouviu elas gritarem da
piscina.
- TRAZ AQUI – disse Estela.
Leomar foi até onde elas estavam. Quando chegou lá é que teve que
ver as maiores tentadoras que já vira em toda sua vida. Estela estava
sentada na beirada da piscina e Clarinha não perdeu um minuto
sequer, já foi logo provocando o irmão.
- Você sabe nadar, moço do shake? Entra aqui, vamos brincar de
cavalinho. Monta aqui em cima de mim – Clarinha foi para o raso da
piscina. Ela estava usando um biquíni amarelo e para aniquilar de vez
com Leomar ela colocou parte das nádegas para fora da água e ainda
pediu para que Leomar montasse naquela região.
- Monta aqui moço do shake, vamos brincar de cavalinho.
Leomar teve que resistir com toda força do mundo aquela
tentadora. Mas ao resistir, sentiu o enorme peso da tentação em sua
vida. Ele olhou para aquela moça dentro da piscina e o pensamento
de que teria que rejeitar aquela oportunidade de praticar algo que
fosse prazeroso para a carne, fez com que ao suportar a tentação
sua visão ficasse turva em tons de verde. Mas ele suportou.
Ainda suportando e agora sim, já começando a pensar em uma
maneira para combater aquela tentação ele olhou para o lado e lá
estava Estela. Ela segurou o cabelo e olhou por cima do ombro para
Leomar com um sorriso de quem estava adorando tudo aquilo e ele
continuou resistindo a tentação.
Brincadeira! Então ele conseguiu suportar tudo aquilo? A resposta é
sim. Mas esperem, ainda tem mais. Sem acreditar realmente que
aquilo pudesse estar acontecendo, Clarinha saiu da água e foi se
aproximando de Leomar. Ele percebeu que aquela aproximação
estava perigosa demais, ela parecia querer avançar em cima dele.
Leomar foi se afastando lentamente e ouvindo Clarinha se insinuar
cada vez mais ele bateu com as costas na parede. Era o fim do
percurso. E Clarinha se aproximava. Quando ela chegou bem perto
dele, tirou a parte de cima do biquíni e segurou os seios lascivamente
na direção de Leomar. Ela estava a poucos centímetros dele. Parecia
que Leomar não estava suportando ver aquilo em sua frente. Parecia
que ele estava levantando uma das mãos para apalpar a parte íntima
de Clarinha. Ele não estava conseguindo suportar a tentação? Estaria
ele indo com a mão em direção aos seios da garota?
Ela percebeu que a mão dele estava subindo e falou:
- Aperta aqui – as mãos dela ainda segurava os seios lubricamente.
A mão de Leomar não encostou na parte íntima da moça. Sua mão
estava indo era na direção da cabeça dela.
- Sai dela tentador. Em nome de Jesus – disse ele.
Incrível! Incrível! Ele conseguiu arrumar um jeito de combater a
tentação e pelo visto, um jeito extremamente eficaz. Deus parecia ter
aprovado a atitude do seu servo porque no momento em que ele
combateu a tentação daquela maneira, Clarinha caiu no chão
possuída pelo demônio. Estela ficou completamente horrorizada de
ver sua amiga no chão com a boca toda retorcida, o semblante
desfigurado e uma voz grave, muito grave. Clarinha começou a
arranhar a si mesma e a dizer:
- Euu tee odeiiooo – sua voz saia rasgada e o ar se comprimia muito ao
passar pela garganta – Sabe quem eu sou? – quando Estela ouviu
aquilo ficou toda arrepiada. E Clarinha começou a dar gargalhadas
horripilantes – Sabe quem eu sou? – Clarinha começou a ficar com o
corpo muito duro e de repente desmaiou. Ficou desacordada por
cerca de trinta segundos e abriu os olhos novamente. Confusa e sem
entender o que estava fazendo caída no chão ela dizia:
- O que aconteceu? O que aconteceu comigo? Por um instante tudo
apagou e eu não me lembro de nada. Porque meus braços estão
arranhados? – tanto Estela como Clarinha ficaram muito assustadas
e com medo. Elas olharam para Leomar e imediatamente trataram
de se vestir. Estela começou a chorar e Clarinha tentava acalmar a
amiga. E neste momento a tentação parou de perturbar Leomar. Ele
começou a se sentir aliviado. O perigo havia passado. E o melhor de
tudo era que ele havia conseguido vencer aquela tentação. As duas
moças olharam para ele com admiração e muito medo.
- Gostaria que você nos deixasse sozinhas – disse Estela para
Leomar.
Ele também estava sem acreditar em tudo aquilo. Nunca imaginou
que ao combater a tentação daquela maneira, desencadearia todo
acontecimento que se seguiu. Leomar saiu então de perto daquelas
moças e voltou para o Espaço. Depois do que aconteceu naquele
dia, Estela acabou sumindo do Espaço e não tomava mais os seus
shakes, como era de se esperar. Leomar ainda ficou dois meses ali,
mas com o passar dos dias o movimento foi caindo e todo lucro que
ele conseguia dava apenas para pagar o aluguel, não sobrando assim,
nenhum dinheiro para si mesmo.
No dia em que ele foi entregar as chaves para a dona do local foi
Estela quem atendeu.
- A minha mãe não está – disse ela.
- Aqui estão as chaves – falou Leomar.
Estela se aproximou para pegar as chaves da mão do rapaz e quando
chegou perto, ele notou que o semblante do rosto dela havia
mudado. Era aquele mesmo semblante que ele vira no rosto de
Clarinha. Leomar arregalou os olhos sem acreditar que aquilo
pudesse realmente acontecer na vida real. Ele já ouvira falar de
histórias de gente possessa, e também já havia lido na Bíblia. Mas na
vida real parecia muito improvável de acontecer. Foi quando ele
ouviu Estela falar:
- Vou colocar outra tentadora no seu caminho – a voz de Estela parecia
rouca e grave como voz de homem e seus olhos estavam virados
dando apenas para ver a parte branca do globo ocular.
Após falar aquilo o semblante de Estela voltou ao normal e ela
parecia assustada. Sentia como se por alguns segundos tivesse
apagado, como numa síncope.
Leomar ficou impressionado e nunca mais se esqueceu do que
aconteceu naquele dia. Ele procurou ficar vigilante e caso alguma
tentadora aparecesse em seu caminho, sabia que teria que resistir,
suportar e combater, caso quisesse vencer. De fato, outra tentadora
apareceu na vida de Leomar muito tempo depois, só que esta seria
uma outra história.
PATRICK
Praias. Clubes. Lagos. Cachoeiras. Seriam todos estes lugares
amaldiçoados? Não. Acho que não. O lugar por si só não determina
nada. O problema não está no lugar, e sim no coração e na atitude
das pessoas que vão a tais locais. Pessoas que não tem temor de
Deus no coração e que não se preocupam com as regras do jogo. E
quanto ao cristão? As regras do jogo seriam diferentes quando se vai
até estes lugares? Será que na igreja ou no trabalho eu tenho que me
comportar com modéstia, mas quando estou em casa, ou na praia ou
no clube tenho liberdade para me comportar de acordo com as
regras do lugar? E quem dita as regras de comportamento para tais
lugares? A sociedade corrupta? Os filhos do diabo? Entretanto, o
que este livro vai mostrar a seguir, terá um nome para isto. Tentação.
Não apenas a tentação. Mas a pior de todas elas.
- Patrick. Anda logo – disse Rose.
- Já vai – falou Patrick.
- Eu vou indo na frente. Vou te esperar na areia – falou Rose.
Patrick não entendeu direito o que Rose estava dizendo, mas como
estava ocupado demais tentando encontrar uma bermuda comprida
e uma camiseta decente, ele acabou não se importando com o fato
de Rose ter ido na frente. O que ninguém havia explicado para o
Patrick ainda, é que o pastor da igreja a que ele pertencia, não
ensinava para os seus membros que o cristão deveria se comportar
de maneira decente na praia.
Não fazia muito tempo que Patrick havia aceitado Jesus como
salvador de sua alma. Ele havia se convertido de verdade. Seu nome
fora escrito no livro da vida. Ele era um verdadeiro templo do
Espírito Santo. Até havia conseguido o batismo com fogo e já estava
começando a falar em línguas estranhas. Mas nada disto iria resolver
se ele não usasse o segredo para se vencer a tentação. E sabem como
Patrick ficou sabendo do segredo para vencer a tentação? Foi
quando aceitou Jesus como salvador. Isto aconteceu porque um
amigo lhe falou. Um outro amigo havia falado para este amigo que
por sua vez havia aprendido com um outro amigo e este também
aprendeu com um outro amigo...E Rose, ele a conheceu em um dos
cultos de sua igreja. Começaram a conversar e acabaram iniciando
uma amizade. Rose não sabia que Patrick era diferente dos demais
irmãos da igreja. E Patrick não sabia que Rose não era a irmã que ele
esperava que ela fosse.
O celular de Rose tocou.
- Fala, Patrick – ela atendeu.
- Onde você está? – perguntou ele – Por que você não me esperou?
- Você estava demorando demais. Quero aproveitar o sol. Estou
vendo algumas nuvens apontando no céu.
- Mas eu não sei onde você está – disse ele.
- É só você seguir reto. Eu estou na areia – falou ela.
Patrick não estava esperando pela tentação naquele dia. Isto tornaria
a tentação mais poderosa ainda, pois aquele ataque seria uma espécie
de elemento surpresa. É sempre bom estarmos vigiando aos
possíveis ataques da tentação. Ela tem a tendência de aparecer na
nossa vida em uma hora que não esperamos. Mas Patrick ainda era
neófito no que diz respeito aos ataques da tentação.
O rapaz chegou na praia e começou a caminhar em linha reta. Ele
começou a reparar que as pessoas na praia não se importavam de
estar praticamente sem roupa. Patrick não se importava de entrar na
água completamente vestido. Poderia até parecer um pouco ridículo
para algumas pessoas, mas o que importava para ele era estar de
acordo com a vontade de Deus. Desde que se converteu, Patrick
sabia que ficar seminu em público é algo contrário à vontade de
Deus. Sabia que se uma pessoa queria ser salva e morar no céu, não
poderia se comportar desta maneira. Ele acreditava que todos na
igreja seguissem este padrão, pois para ele era muito óbvio que uma
irmã da igreja não poderia ficar de biquíni na praia como aquelas
mundanas que agora ele estava vendo.
Foi quando Patrick viu uma morena do seu lado direito. Seu corpo
chamava muito a atenção. A morena usava um biquíni que formava
um meio-fio dental. Ele desviou o olhar sentindo o forte efeito da
tentação lhe causando uma terrível adrenalina e uma pressão na
bexiga.
- Onde você vai? – perguntou a morena.
Era Patrick que estava confuso ou aquela era a voz de Rose? Ele
acabou olhando na direção da morena e não acreditou no que viu.
Era Rose.
- Você se desviou? – esta foi a única coisa que Patrick conseguia
perguntar e também a única resposta lógica para ele estar vendo
Rose daquela maneira.
- Não. Por quê? – falou Rose.
- Você não poderia estar desta maneira! – exclamou ele.
Então Rose inclinou o glúteo para o lado demonstrando para Patrick
que não estava nem aí com a opinião dele. Todos na igreja faziam
isto.
Não teve jeito. Patrick acabou vendo o glúteo enorme de Rose e
aquilo fez com que a tentação viesse para lhe tirar dos caminhos do
Senhor imediatamente. Até porque ele percebeu que poderia
cometer alguns pecados com Rose caso ele quisesse, pois a moça era
promíscua, apesar de ser...evangélica.
Foi quando Patrick resistiu. Se não tivesse resistido, teria caído em
pecado naquele momento. Não daria tempo de jejuar, de fazer
campanha de oração, de fazer mais nada a não ser resistir. Foi
quando ele se lembrou do segredo que haviam lhe ensinado.
- Resistir, suportar e combater – disse ele para si mesmo em voz
baixa.
Então Patrick se deu conta de que teria que usar este segredo pois
era a única coisa que haviam lhe ensinado para vencer a tentação. E
de uma coisa Patrick tinha certeza, era de que a tentação havia
chegado.
- Vamos entrar na água? – perguntou a tentadora para Patrick.
Foi quando ele se lembrou de que teria que suportar para poder
vencer a tentação. Patrick foi tomado por uma lista muito grande de
fobias quando sentiu o tamanho do poder da tentação. Era a
primeira vez que ele percebeu que poderia se desviar dos caminhos
de Deus. Quando aceitou Jesus como salvador, Patrick começou a
ter a falsa sensação de que uma pessoa que realmente se converte,
não consegue se desviar dos caminhos do Senhor. Mas isto até que a
pessoa enfrenta a tentação. E Patrick estava diante de uma que
poderia fazer com que ele ficasse endemoniado imediatamente, caso
viesse a sucumbir. E a lista de fobia que ele começou a sentir é
grande: Agorafobia que é um forte medo de lugares abertos, de estar
na multidão, lugares públicos ou deixar lugar seguro; Antropofobia
que é medo de pessoas ou da sociedade; Autofobia que é medo de si
mesmo ou de ficar sozinho; Cacorrafiobia que é mesmo de fracasso
ou falhar; Catagelofobia que é o medo mórbido do ridículo e
também uma fobofobia que é o medo de sentir fobias; e Patrick
estava perto de ter uma forte síndrome do pânico quando percebeu
que teria que suportar se quisesse realmente vencer a tentação. Foi
quando ele fez um esforço muito grande para suportar. Isto
impediu sua queda e quando percebeu que estava dando certo se
lembrou de que tinha que combater a tentação. De fato, ele estava
se sentindo uma terrível vítima da tentação. Rapidamente ele acabou
encontrando uma maneira de combater a tentação. Foi orando.
- Sai tentação. Eu te expulso em nome de Jesus – disse ele num tom
que foi suficiente para Rose ouvir.
- O que você está fazendo? – disse Rose, chateada.
- Todos naquela igreja são assim? – perguntou Patrick.
- Assim como? – perguntou Rose.
- Depravados igual a você – disse ele que percebeu que só havia
vencido aquela tentação porque resistiu, suportou e combateu.
- Ah meu fí – disse Rose com a voz embargada. Ela estava ficando
vermelha de tanta raiva – Ninguém fica de roupa na praia.
- Mas nós somos servos de Deus – disse Patrick revoltado. A
tentação pareceu ter se afastado. Ele estava tomado por uma ira
santa vida da parte de Deus.
- Não conheço nenhum evangélico que toma banho de roupa – disse
Rose contrariada. Ela encostou o glúteo na areia para esconder o fio
dental de Patrick.
- Você está falando sério? – Patrick estava quase chorando.
- Sim – disse Rose meneando a cabeça positivamente e fazendo
carinha de menina inocente.
- Bom, sendo assim – Patrick ficou pensativo por alguns segundos –
Eu nunca mais vou dizer que sou evangélico.
- E quando alguém te perguntar qual sua religião? – perguntou Rose
curiosa.
- Eu vou dizer que sou salvo – respondeu Patrick.
Ela deu um sorrisinho sem graça.
- Eu vou embora – disse Patrick que se virou e começou a caminhar
de volta.
- Você vai para igreja hoje? – perguntou Rose.
Patrick disse que não com a cabeça. Ele não pretendia nunca mais
voltar naquele lugar onde as irmãs ficam de biquíni na praia. Esta foi
a primeira vez que Patrick teve que enfrentar uma grande tentação.
E ele venceu.
RAUL
A tentação sempre tem as suas maneiras de pegar um servo de Deus.
Até mesmo ir ao banheiro pode ser funesto quanto se tem que
enfrentar a tentação. Raul era um cristão verdadeiro. Havia aceitado
Jesus como salvador já fazia algum tempo. Era batizado nas águas e
no Espírito Santo. Gostava de falar de Deus o tempo inteiro. Amava
as almas e a obra de Deus. Seu maior sonho era ir para África para
poder pregar a palavra Deus. A vida de Raul não era um mar de
rosas. As dificuldades financeiras eram grandes, algumas doenças
sempre lhe importunavam. Não tinha posição social. Não era
formado em nenhuma universidade. Não tinha carro. Não tinha
casa. E não tinha roupas caras. Algumas pessoas diriam que a vida de
Raul era um verdadeiro inferno. Mas o que importava para ele era ter
a certeza da salvação. De que um dia iria morar no céu, e ele
procurava juntar tesouros no céu porque sabia que o ladrão não
poderia roupar e nem se deterioraria com o tempo. Raul gostava de
orar muito. No começo de sua fé, ele chego a achar que se o segredo
para se vencer a tentação fosse a oração. Até que caiu em pecado e
se desviou. Foi quando estava desviado que descobriu o segredo
para vencer a tentação. Isto graças a um amigo que lhe ensinou.
- Você precisa voltar para os caminhos do Senhor – dissera seu
amigo.
- Eu já tentei. Me desviei no outro dia – disse Raul.
- Mas você precisa insistir – disse o amigo.
- Eu já insisti e no outro dia mesmo que me desviei, eu me
reconciliei. Mas me desviei no outro dia novamente.
- Eu conheço o segredo para se vencer a tentação – disse o amigo de
Raul.
- Eu já tentei de tudo – disse Raul com cepticismo. Ele estava
completamente desacreditado de si mesmo.
- O segredo para se vencer a tentação é resistir, suportar e combater
– disse o amigo de Raul.
Isto Raul nunca havia tentado.
- Você pode me explicar melhor? – perguntou Raul interessado.
Então o amigo de Raul lhe explicou com detalhes como era resistir,
suportar e combater. Naquele mesmo dia Raul se reconciliou com
Deus e estava firme nos caminhos do Senhor até então.
Só que tinha a tal da privada. Foi pela manhã quando Raul foi no
banheiro que a tentação lhe armou o pior laço de sua vida.
Sentado no vaso, Raul começou a se lembrar de uma pessoa que
havia dito que precisava de alguém para pintar a parede de sua
residência. Raul estava desempregado e precisando de dinheiro.
Havia tentado trabalhar com serviços gerais, mas acabou desistindo
porque não conseguia pegar nenhum serviço. Acontece que em um
dos dias que Raul estava procurando trabalho, uma mulher havia lhe
dito que iria precisar de um pintor. Só que Raul ficou decepcionado
porque não era para aquele momento.
- Pra agora não – a mulher foi enfática – É só daqui para dois meses.
Raul havia ficado com raiva naquele dia porque não lhe interessava
pegar o serviço dois meses depois. Até que os dois meses haviam se
passado.
Maldita privada!
- Ô de casa! – chamou Raul do portão.
Logo apareceu alguém da janela.
- Olá. O que o senhor deseja?
- Tudo bom? Eu sou pintor. Eu passei aqui faz algum tempo e me
disseram que iriam precisar...- a pessoa não deixou Raul terminar.
- Espera um momento. Eu vou abrir o portão.
Alguns segundos depois abriram o portão para Raul.
- Pode entrar. Você trabalha com pintura?
Não. Ele vende verdura na feira. É cada pergunta!
- Sim – respondeu Raul.
- E quanto é que você me cobra para pintar toda esta casa? – uma
mulher de meia idade mostrou os cômodos da residência para Raul.
Depois que Raul fez o orçamento, ficou combinado que ele voltaria
no outro dia para pintar o local. O trabalho seria feito com toda a
mobília dentro e ninguém iria sair do lugar.
No outro dia Raul acordou todo animado para trabalhar. Pegou o
pouco de ferramenta que iria precisar e foi até aquele...
Aquele maldito local.
Para início de conversa. A mulher de meia idade que atendeu Raul
no dia anterior não estava na casa. E quem estava na casa? A filha da
mulher que diga-se de passagem era uma...grande tentadora!
Assim que Raul entrou naquela casa e que viu a filha da mulher na
sua frente já teve que enfrentar a tentação.
O decote e os seios pesados da moça era mais do que suficientes
para fazer com que Raul caísse em tentação caso estivesse
despreparado. A moça era charme puro. Usava um óculos apenas
por ―Style‖ e se vestia com elegância, e com lascívia também.
O que salvou Raul foi a certeza de que conhecia o segredo para se
vencer a tentação. Ele conseguiu contar a queda porque confiava que
conhecia o segredo para se vencer a tentação, que era resistir,
suportar e combater. Interessante isto, porque apenas o fato de saber
que se conhece o segredo já foi suficiente para Raul conseguir
vencer. Legal isto.
Mas a coisa iria degringolar de vez enquanto Raul fazia o seu serviço.
E seria nesta hora que ele poderia cair caso não...fizesse o que tinha
que ser feito.
E o terrorismo por parte da tentação começou quanto Raul
terminou de pintar a sala e foi até o quarto...adivinhem de quem?
Exatamente. Da grande tentadora que se chamava Cintia.
Toc,toc,toc. Raul bateu na porta.
- Quem é? – perguntou Cintia.
- É o pintor – respondeu Raul – Eu poderia entrar para pintar o
quarto?
- Eu tenho que sair daqui? – perguntou Cintia – Eu não estou afim
de sair do quarto agora.
- Você pode ficar se não se incomodar com o cheiro da tinta – disse
Raul.
- Eu acho que vou me incomodar sim – disse Cintia.
Mal sabe ele o que lhe espera.
- É que eu já pintei a sala e o quarto da sua mãe está trancado e na
cozinha tem alguém fazendo comigo agora, então, o único lugar que
eu posso pintar no momento é o seu quarto, Cintia.
- Fica à vontade então – disse ela.
Raul entrou.
Durante os primeiro metros que ele caminhou pelo quarto, ele não
pode ver Cintia em cima da cama, pois as latas de tinta que eram
grandes estavam obstruindo sua visão. Mas assim que se aproximou
da cama acabou vendo Cintia inevitavelmente. Ele nunca poderia ter
imaginado aquilo. Coisas assim parecem só acontecer nos livros que
se escrevem, ou nos filmes, ou em novelas. O fato é que Raul ficou
tão tenso diante da visão da grande tentadora que acabou deixando
as latas de tintas caindo no chão.
- Vai limpar – foi tudo o que Cintia disse.
E agora ele pode ver com nitidez a voluptuosa moça na sua frente.
Raul nem precisava de ter certeza se poderia consumar todo tipo de
pecado com Cintia naquele local. Só o fato da moça estar se
expondo daquela maneira já era suficiente para fazer ele consentir
em toda espécie de pensamento impuro e de se desviar para poder
tentar alguma coisa com ela. Então Raul se lembrou do segredo.
Rapidamente ele procurou resistir. Mas apenas resistir não seria
suficiente, pois Cintia ainda estava bem na frente de Raul e a
tentação aumentava cada vez mais. Resistir a tentação impediu a
queda inicial de Raul mas não fez com que a tentação fosse embora.
Pelo contrário. A tentação só aumentou. Então Raul foi tomado por
um grande terror psicológico. Parecia que iria enlouquecer. Era
como se não tivesse adiantado nada ter resistido a tentação. Raul se
sentiu em um filme de terror. Mas não aqueles que tem vilões como
monstros feiosos ou psicopatas que fingem ser seus vizinhos
amigáveis que fazem limonadas em dias de verão. O vilão parecia ser
ele mesmo sofrendo de uma doença mental que o levaria a fazer
coisas bizarras e sem sentido. Foi neste momento que ele se deu
conta de que suportar a tentação fazia todo sentido do mundo e isto
o convenceu de que aquele certamente era o segredo. Partindo disto
ele conseguiu encontrar forças para suportar a tentação.
- Me desculpe – disse ele quando Cintia percebeu que ele a havia
visto daquela maneira – Eu voltou depois então – foi quando ele se
lembrou de que ainda faltava combater. Mas isto ficaria para depois,
ele queria muito sair daquele lugar.
- Não senhor! – disse Cintia – Pode limpar esta bagunça que você
fez.
- É que eu não sabia que você estava...- ele não conseguiu completar
a frase.
- Sem roupa? – disse Cintia sem pudor nenhum.
Raul fez que sim com o semblante.
- Eu estou no meu quarto se você não reparou – disse Cintia.
Raul ficou sem saber o que fazer e ficou parado ainda tendo que
lutar para resistir e suportar a tentação.
- O que foi? – disse Cintia – Está esperando o que para começar a
limpar esta bagunça?
Raul sentiu uma grande necessidade de começar a combater a
tentação, pois estava sendo difícil ter que suportar os terrores que ela
lhe causavam na mente e na alma. Foi quando se lembrou de que seu
amigo havia lhe dito que não existe uma única maneira de combater
a tentação e de que a pessoa poderia usar a criatividade nesta hora.
Então Raul começou a combater a tentação em pensamentos. Fez
isto por alguns segundos enquanto começava a limpar a sujeita do
chão.
- Isto escravo. Limpa direitinho – brincou Cintia com ele.
Os decibéis da dor que a tentação causava em Raul faziam parecer
que seus tímpanos iriam estourar. Apenas o fato de saber que Cintia
estava ali naquele quarto era suficiente para fazer a tentação se
manifestar com muito poder. Raul teve que continuar suportando.
Poucos minuto depois Raul já estava terminando com a limpeza. Ter
combatido a tentação havia lhe trazido um pouco de alívio e ele
parecia estar conseguindo manter a tentação em níveis suportáveis.
Foi uma atitude de sabedoria ter evitado de olhar para Cintia durante
o tempo que ele teve que limpar aquele sujeira. Só que, em se
tratando da tentação, um segundo de descuido pode ser fatal.
Cintia bocejou e disse:
- Ai que sono. Estou com uma preguiça – então ela se virou na cama
e Raul acabou olhando para ela. A visão foi extremamente tentadora.
Uma devastação total na mente daquele servo de Deus.
Seria melhor não ter olhado. Mas já que ele olhou, não teve jeito. A
tentação veio com tudo. E para piorar mais ainda as coisas, Raul
percebeu que ela virou o glúteo na direção dele de propósito. Ela
queria ser reparada. Ela queria ser cobiçada. E talvez queria até
mesmo outras coisas.
Resistiu, resistiu, resistiu, resistiu. Raul resistiu. Mas como reza a
cartilha. Não basta resistir. E como reza a cartilha, assim que resistiu,
Raul percebeu que a tentação não havia indo embora. Ele começou a
sentir uma sensação desagradável, que varia desde desconforto leve a
excruciante, associada a um processo destrutivo atual ou potencial
dos sentidos. A tentação se expressava através de uma reação
orgânica e emocional. Haviam variações mecânicas ou térmicas que
ativam diretamente as terminações nervosas. A dor é sempre
subjetiva. Cada indivíduo apreende a aplicação da palavra através de
experiências relacionadas com lesões nos primeiros anos de vida.
Mas naquele momento Raul teve a sensação de que estava
aprendendo um novo significado para a dor. E como foi difícil para
ele suportar. O sofrimento estava tão grande que ele demorou para
se lembrar de que precisava de combater a tentação. Talvez pela
ajuda do Espírito Santo ou por uma reação da alma diante da
tentação, ele acabou combatendo a tentação intuitivamente em
pensamentos em uma tentativa desesperadora de buscar alívio.
- Não tentação. Não tentação – repetia Raul várias vezes esta frase
em pensamento.
- Tudo bem com você? – perguntou Cintia preocupada.
Naquele momento Raul estava com os olhos petrificados pela dor.
Toda a força de sua alma estava direcionada no esforço que ele
estava fazendo para suportar a tentação. Raul estava perdendo a
sensibilidade para a dor.
- Não tentação. Não tentação – ele ainda combatia a tentação de
maneira intuitiva em pensamentos.
Sem se dar conta de que havia combatido a tentação, Raul, ainda
tendo que suportar a tentação, pegou suas ferramentas e caminhou
em passos arrastados na direção da porta do quarto.
- Seu pintor – chamou Cintia, mas Raul estava em choque diante do
poder da tentação. Resistir, suportar e combater havia sido a coisa
mais difícil que ele teve que fazer até hoje na vida. Cintia então falou
mais alto – SEU PINTOR!
Raul olhou para Cintia. Agora não importava mais. O estrago já
estava feito. Não tinha como piorar.
- Sim? – disse ele com a voz rouca.
- Você é evangélico? – ela perguntou.
- Salvo – respondeu Raul.
- Entendi – disse Cintia.
Raul não sabia se era coisa de sua cabeça conturbada ou se Cintia
estava chorando. Talvez estivesse com remorso pelo que fez. Mas
isto não importava. Caminhando em passos lentos como uma pessoa
doente, Raul pegou suas poucas ferramentas e foi embora. Não
queria mais trabalhar naquele lugar. Ficaria sem dinheiro mesmo.
Aquele dia foi bastante ruim para Raul, mas ele ainda sentiria muita
felicidade nos dias que viriam, não a felicidade da carne. Mas a
felicidade do espírito. A felicidade de ter vencido a tentação.
Taty Xavier era uma moça muito indecorosa. Ficava com os rapazes
do bairro um após o outro. Já tinha pegado má fama. Mas ela não
estava nem aí. Deus acabou permitindo o Tentador usar Taty para
testar a fé de seu servo Daniel.
O patrão de Daniel pediu que ele fosse até sua casa. Apenas para
conversar. Era um final de semana e o Sr. Vanderlei queria beber um
pouco e fazer um churrasco. Ele ainda não sabia que Daniel era um
servo de Deus e muito consagrado. Daniel também não sabia que o
Sr. Vanderlei tinha uma filha e que muito menos ficaria sozinho com
ela nas piores condições.
- Boa tarde, Seu Vanderlei – disse Daniel ao chegar à casa do patrão.
- Pode entrar. Você toma alguma coisa? – falou Vanderlei.
- Não, senhor. Eu não bebo – disse Daniel.
- Sério? Faz muito tempo que você parou?
- Desde que me converti.
- Desde que se converteu? Como assim? Você se converteu para
mp3 ou .avi? – Vanderlei deu risadas com a piada (mp3 e .avi são
formatos de arquivos de computador).
- Não é isto. É que eu aceitei Jesus como salvador.
- Nossa! Eu não imaginava. Se soubesse, não teria....Ah, deixa pra lá.
Mas entra e come alguma coisa. Eu estou assando uma carne muito
boa.
Havia uma revista em cima da mesa com uma moça de fio dental.
- Esta é minha filha. Veja só! – disse Vanderlei orgulhoso – Mas
você não gosta destas coisas, não é mesmo? – Vanderlei desta vez
olhou serio para Daniel.
- Não, senhor – respondeu o rapaz formalmente.
- Por hora, é bom mesmo que não goste. Por falar na Taty, onde
será que ela se meteu...
O tempo foi passando. Daniel comeu alguns pedaços de carne e eles
conversaram um pouco sobre o trabalho. Até que Vanderlei estava
gostando da conversa. Foi quando percebeu que a cerveja havia
acabado.
- Olha Daniel, eu não vou te pedir para ir comprar mais bebida
porque acho que você não vai gostar. Então, fica aí e me espera que
eu vou comprar mais cerveja ali no bar. Se você não bebe, eu bebo
muito.
- Está bem – disse Daniel.
Vanderlei saiu e deixou Daniel ali sozinho. Mas ele não estava
completamente sozinho naquela casa não. Depois que o Vanderlei
bateu a porta da sala. Daniel que estava na cozinha, comeu mais
alguns pedaços de carne e foi até a varanda para tomar um ar. Mas
quando chegou até o local, deu de cara com Taty.
- Olá garotão – disse ela.
- Minha nossa. Mas o que é isto? – Daniel se assustou com a
presença da moça.
Ela se virou para ele e começou a cantá-lo e a fazer um monte de
propostas indecentes. Taty ainda não sabia que Daniel era um cristão
fervoroso e temente a Deus e que se desviava dos maus caminhos.
- Se você quiser, a gente vai para o quarto do meu pai agora mesmo
– disse ela – Eu já estou mais do que acostumada a ficar com meus
namorados aqui em casa. E quer saber, meu pai vai demorar muito.
Pode acreditar nisto.
A imagem daquela moça em sua frente assumiu um formato de
cinema, era mais bela mulher que já viu em sua vida. Daniel
precisava resistir aquela tentação imediatamente. Ali estava a filha de
seu patrão, se entregando completamente ao pecado. Era o convite
do diabo. Fazia um bom tempo que ele não tinha relações com
mulher nenhuma. Será que ele estava preparado para vencer aquela
tentação? Estava sim. Ele resistiu a tentação e ainda olhando para ela
e tendo que suportar o maior peso que já suportou em toda sua vida
começou a combater dizendo ―sai tentação, sai tentação‖ e suas
palavras foram ouvidas pela tentadora.
Depois que ele resistiu, suportou e combateu, alguma coisa chamou
a atenção de Daniel, foi o chão, coberto por um tapete branco tão
felpudo que seus pés quase deixavam pegadas nele. Caminhou sobre
ele até uma cristaleira de madeira escura, encostada a uma das
paredes. Era linda, de vidros tão limpos que pareciam de cristal.
Deviam ser mesmo! Dentro havia muitos objetos estranhos. E
bonitos. Provavelmente de ouro e prata, a julgar pelo brilho. Ele
encostou de leve no vidro. Mas não ousou tocar em nada,
respeitosamente. Ficou ali um tempo, observando-os. Depois
acabou por sentar-me no felpudo tapete para esperar um pouco.
Distraído, sua mão escorregava por entre os pelos do tapete e seus
olhos percorriam novamente o recinto. Estava tudo tão silencioso...
Do tapete sua mão subiu à cabeça e ele se pôs a desembaraçar os
cabelos, num gesto casual. Sem querer mas fortemente ainda tentado
pela presença de Taty, ele mergulhou de novo numa viagem
introspectiva, a tentação não parava de incomodar e por isto ele teve
que suportar uma profusão de impulsos negativos e foi quando ele
tentou orar e se distrair não para ser apenas uma vítima da tentação,
mas também de alguma forma combater a mesma. Mas não houve
tempo: foi puxado à realidade outra vez, atraído pelo corpo da moça,
dos passos dela em sua direção e das vozes demoníacas que
sopravam em sua mente para aproveitar aquela oportunidade e pecar
indiscriminadamente. Eram os brados do inferno.
— Vamos descer? — Convidou ela. — Está na hora de você
aproveitar um pouco a vida!
Ele não poderia cair em tentação. Mesmo que seu patrão não ficasse
sabendo. Mesmo que ninguém da igreja ficasse sabendo. Era uma
questão de consciência. Ele entendeu que era o diabo que estava
armando aquele laço para sua vida. E novamente teve que dar início
ao processo todo de resistir, suportar e combater, não detalhado aqui
desta vez.
Por fim, ele tentou ligar para seu patrão para saber se ele iria
demorar, mas o telefone não atendia. Então ele entendeu que não
poderia mais ficar ali. A tentação estava sendo muito forte. Ele não
poderia dar lugar para o diabo.
- Eu preciso ir embora – disse ele.
- Mas agora?
Ela foi se aproximando e ele percebeu que ela queria roubar um
beijo.
- Você tem certeza que olhou bem pra mim? – disse ela segurando
um dos seios nas mãos.
- Mais ou menos.
- Acho melhor você olhar direito – ela estava disposta a tudo.
Nestas horas o que conta é a vontade da pessoa ser fiel a Deus.
Quando somos tentados, temos a falsa sensação de que podemos
pecar e que depois bastará pedir perdão e que tudo ficará resolvido.
Ela percebeu que havia algo de estranho com o rapaz.
- O que houve? Você é gay? – perguntou ela com raiva.
- É que eu sou crente – disse ele suportando o insuportável. Foram
perdidas as contas de quantas vezes e o grau de intensidade que ele
teve que resistir, suportar e combater a tentação naquele lugar.
- Você está falando sério?
- Estou sim.
- Me desculpe então. Esquece tudo que eu te falei. Você é daquela
religião que os homens não podem ficar com nenhuma mulher,
apenas sua esposa.
- Sou sim.
- Eu peço mil desculpas. Porque você não falou antes. Eu vou ali
dentro. Acho que estou vestida de maneira imprópria. Taty era um
tipo de tentadora diferente. Era mais respeitosa do que as tentadoras
que existem por aí. Mas é que Deus acabou colocando temor no
coração dela porque Deus estava preocupado com seu servo e o
estava ajudando a vencer aquela tentação. O pai dela de fato
demorou muito e Daniel acabou indo embora. Depois que Taty
ficou sabendo que Daniel era cristão, ela sumiu pela casa e ele não
mais a viu.
___________________________
Amados e queridos irmãos que estão lendo este livro. Eu estou a
contar para vocês algumas histórias de pessoas que tiveram que
enfrentar a tentação em seu maior grau. Estas pessoas tinham a
grande obrigação de vencer as tentações que surgirão em suas vidas.
Quero dizer também que isto pode acontecer na vida de qualquer
um de vocês.
Prestem atenção, por favor.
Wolf caminhava pelos corredores da igreja. O culto havia acabado e
ele estava indo embora. Foi quando Raquel apareceu em sua frente.
- Olá – disse ela – Tudo bem?
- Tudo – respondeu Wolf – O que você achou do culto?
- Achei um pouco exagerado – disse Raquel com raiva.
- Mas a pregação foi tão boa. O pastor falou sobre o fim dos tempos
e o que o inimigo vem fazendo com a humanidade.
- Eu não acredito no diabo – disse ela.
- Pois você deveria rever sua postura.
- Então me prova que o diabo existe.
Wolf tentou explicar alguma coisa para Raquel. Mas ela estava com
pressa. Então ele pegou o endereço dela para poder ir até a casa dela.
- Olha. Pra dizer a verdade eu nem gosto de dar meu endereço.
Vocês vão ficar na porta da minha casa igual às testemunhas de
Jeová. Se mais alguém sem ser você for até lá. Eu boto todo mundo
para correr.
Aquilo não estava sendo nada agradável. Aquele irmão não tinha
noção do terrível perigo que estava enfrentando.
Ele abriu a Bíblia e começou a pregar a palavra de Deus.
- Eu sinto o poder de Deus na minha vida.
- Será que sente mesmo? Você deveria aproveitar a vida – disse
aquela mulher para ele.
Então aquele irmão tentou falar acerca do céu. Mas ela o
interrompeu.
- Você acha que vai para o céu, então? Só se for para o céu da boca
da onça.
- Eu tenho certeza da minha salvação – disse ele.
A moça começou a caminhar para fora da igreja e Wolf a
acompanhava. Eles caminharam por alguns instantes e ela não
concordava com nada do que ele dizia.
Então eles começaram a discutir sobre religião ali mesmo no meio
da rua. Passados alguns quarteirões. Eles chegaram na casa de
Raquel.
- Você quer entrar? – perguntou ela apenas por educação.
Mas o irmão com a maior cara de pau do mundo disse:
- Eu quero sim. Eu tenho que te convencer da verdade.
Só que agora Wolf não estava mais no corredor da igreja. Ele estava
no terreno do inimigo. Eles entraram na casa e ficaram na sala. A
mulher deitou no sofá e Wolf insistia em querer falar da Bíblia. Até
que a mulher se irritou e abaixou a blusa.
- Aqui pra você! – disse ela com raiva se levantando do sofá e
pegando uma garrafa de água para beber. Ela então olhou para ele
acintosamente.
Quando Wolf viu aquilo parou de pregar imediatamente. Ele sentiu
seus pensamentos sendo invadidos pelas setas do inimigo. Foi
quando teve que resistir a tentação. Ele não poderia cair naquela
cilada.
Debaixo de muitas sensações ruins. Ele abaixou a cabeça e começou
a combater a tentação. Ele esperava que ela parasse com aquilo e
colocasse novamente a blusa. Grande herói de Deus. É assim que se
vence a tentação! Viva!
- Você prefere aproveitar isto ou continuar falando sobre religião? –
perguntou Raquel que acreditou que o irmão iria sucumbir.
Mas para surpresa dela, o irmão tendo que suportar a tentação que
ainda não tinha o deixado falou:
- Eu prefiro continuar falando sobre religião. Mas desde que você se
vista.
Raquel arregalou os olhos. Ela ainda insistiu mais uma vez.
- Então, você tem algum comentário sobre o que está vendo?
Ela esperava um elogio libidinoso.
- O comentário que eu tenho é que você está fazendo uma coisa que
desagrada muito a Deus. Eu acho melhor ir embora então.
Ele falou isto, mas a verdade é que estava sendo muito difícil para
aquele irmão suportar a tentação. E por fim ele acabou fazendo o
apelo.
- Você quer aceitar Jesus como teu salvador? Quer se arrepender de
todos os seus pecados agora?
- Mas eu não tenho ideia do que você está falando – disse ela.
- Você não pode estar falando sério – disse ele com raiva.
- Você não gosta de mulher. Prefere esta religião ridícula.
- Eu prefiro a morte a abandonar o meu Deus.
Ele olhou de forma esquisita para ela. Foi quando a porta da cozinha
bateu.
- De onde vem este barulho – perguntou ele.
Ela se levantou e foi até a cozinha para ver o que era. Então ele saiu
praticamente correndo da casa dela porque já estava começando a se
sentir fraco de tanto ter que suportar a tentação. E foi assim que ele
venceu esta tentação.
Deus estava ou não em primeiro lugar na vida daquele irmão
abençoado? As coisas não iam muito bem para aquele cristão. Ele
estava passando por serias dificuldades financeiras. Tudo parecia dar
errado. Humanamente falando, ele tinha mil e um motivos para
abandonar os caminhos de Deus. Mas ele foi forte. Ele sabia que não
valia a pena cair em tentação. A verdade é que ele estava preparado e
usou o grande segredo, se não fosse assim, ele teria caído tão rápido
que nem sequer tinha se dado conta.
____________________________
De mal grado alguns servos de Deus acabam caindo em tentação.
Mas aqueles que conseguem resistir, suportar e combater, estes vão
conseguir uma força que os demais não tem. São muitos os pecados
que impedem as pessoas de se converterem. A maioria dos mortais
seguem uma religião, mas não foram salvos. E por falar em salvação,
alguém acaba de aceitar Jesus como salvador em um culto humilde
na zona norte do Rio de Janeiro. É mais um convencido pelo
Espírito Santo.
- Paz do Senhor, irmão – diziam os cristãos daquela igreja para
Eduardo Mastral.
- Paz do Senhor – respondia ele todo contente para as pessoas que
estavam naquele lugar.
- Você precisa ficar firme e vir para os cultos, irmão....como é
mesmo seu nome?
- Eu me chamo Eduardo.
- Então, Eduardo, nossos cultos são as terças, quintas e domingos.
No sábado temos culto de jovens.
- Pode deixar que eu não vou faltar em nenhum.
De fato, Eduardo não faltava nos cultos. Logo se batizou e ia até nos
cultos das irmãs que geralmente acontecia na quarta-feira à tarde.
Eduardo começou a ler a Bíblia e a sentir que tinha um chamado
missionário para pregar a palavra de Deus para as outras pessoas.
Foi quando Ele recebeu o batismo com Espírito Santo. Pela primeira
vez em sua vida ele começou a falar em línguas estranhas.
No outro dia, ele encontrou com um colega do mundo que agora
também era cristão. Antes de se converterem eles cheiravam cocaína
juntos.
- Quer dizer que você aceitou Jesus também? – perguntou o colega.
- Eu aceitei e me sinto a pessoa mais feliz do mundo por isto. Mas
estou descobrindo que sem vencer a tentação não poderemos servir
a Deus – disse Eduardo.
- Eu sei. Eu também tenho que enfrentar a tentação.
- Eu não estou falando de tentação pequena. Estou falando dessas
mulheres que tem por aí.
- Mas eu já passei por isto também. A partir de então aprendi o
segredo para seguir na caminhada, irmão.
- Não basta aceitar Jesus. Estes dias eu achei que iria ficar louco.
Tive que resistir bastante. Acho que os demônios estavam querendo
que eu voltasse atrás na minha decisão. Depois de ter que suportar
aquela coisa ruim por algum tempo, resolvi cantar um hino para
combater aquele mal. Um hino que eu mesmo fiz. Imediatamente
senti uma força sobrenatural para vencer o pecado. Eduardo não
estava conseguindo explicar para seu colega com a exatidão que
gostaria. Por fim, eles se despediram e Eduardo foi embora.
O pai de Eduardo trabalhava de caseiro no bairro onde morava.
Naquele lugar morava uma mulher que se chamava Rebeca. Esta
seria a maior tentação na vida de Eduardo. Um dia, ele precisou ir ao
trabalho de seu pai, pois precisava falar com ele. Quando ele chegou
à casa de Rebeca, teve uma grande surpresa.
PLIM BLOM.
Rebeca atendeu o interfone.
- Oi? Quem?
- O seu Rodolfo está?
- Rodolfo? Quem é Rodolfo? Aqui não mora nenhum....
- O caseiro. Aqui é o filho dele.
- Ah, o caseiro se chama Rodolfo? Espera. Vou abrir.
Brééééééeémm. O portão fez um barulho e abriu.
Eduardo entrou. Caminhou no quintal em direção a casa na
esperança de encontrar o pai, até que ele chegou aos fundos. Foi a
primeira vez que ele viu Rebeca.
- Então você é o filho do caseiro? – disse Rebeca.
- Sou – respondeu Eduardo sem graça ao vê-la naqueles trajes, já
tendo que resistir a tentação imediatamente.
- Vamos jogar uma partida? – perguntou ela com indiferença.
Rebeca estava virada de costa. Ainda não havia olhado diretamente
nos olhos de Eduardo, que estava completamente atônito com
aquela situação. Depois que Eduardo se converteu, nunca imaginou
que uma mulher ousaria a ter um tipo de comportamento tão ousado
na frente dele.
- Pois é, Eduardo. O caseiro já foi embora. Faz pouco tempo. Eu
não estava precisando dele por aqui e liberei-o mais cedo – foi
quando Rebeca virou-se para ele olhando-o de cima em baixo - Mas
eu te achei um gatinho. Vê se tu apareces mais vezes por aqui.
- Você curte o quê? – perguntou ela.
- Oi? Curtir? Como assim?
- Você gosta de sair? Ir para balada? Pega todas? O que você faz
com uma mulher quando você a conhece?
Eduardo olhava Rebeca ainda sem acreditar no que estava vendo. A
tentação começou a tentar desviar os pensamentos de Eduardo da
presença de Deus para Rebeca.
―Aproveita a oportunidade‖ – era como uma voz soprando dentro
de seus pensamentos. Foi quando suportando a enorme dor que a
tentação lhe causava pelo fato dele estar resistindo bastante, ele disse
―Não para tentação‖ em voz baixa para si mesmo na tentativa de
combater a tentação. Eles conversaram por alguns instantes. Ele
não via a hora de ir embora dali. Foi quando sentiu aquela coisa tão
ruim que parecia que iria enlouquecer. Eduardo sabia que teria que
suportar aquilo sem sucumbir.
- Espírito Santo. Vem aqui. Espírito, expulsa esta tentação de mim
por favor. Eu estou precisando muito.
- Com quem você está falando? – perguntou a mulher ao ver o rapaz
cochichar.
- Eu acho....é.....acho melhor eu ir embora então, já que meu pai não
está aqui.
- Não vai agora não. Vamos conversar um pouco.
- Sobre o quê? – perguntou Eduardo.
- Sobre o que você quiser. Eu estou querendo arrumar um
namorado.
A mulher andou em direção a cozinha.
- Você aceita um café?
- Obrigado. É que eu estou com pressa – disse Eduardo que estava
fazendo o possível para não cair em tentação. Rebeca fazia algumas
poses sensuais na esperança de ouvir algum elogio indecoroso do
rapaz. Mas ele fazia de tudo para resistir e desviar o olhar dela o
quanto fosse possível.
- Você não gostaria de ficar comigo hoje? Eu estou afim de dá um
garro – disse Rebeca com volúpia.
Eduardo começou a suar frio. Ele precisava encontrar forças para
suportar aquela tentação. Então ele começou a dizer em
pensamentos:
―Sai tentação, sai tentação, sai tentação‖ – ele estava agora
combatendo a tentação, não poderia apenas ser vítima dela. Ele não
queria pecar. Ele sabia que se aceitasse a proposta daquela mulher,
iria cair em pecado e sofreria terríveis consequências por isto.
- Você parece que está com medo de mim, está tudo bem? Não se
preocupe, eu não vou contar nada para teu pai.
O rapaz mais uma vez resistiu na esperança de encontrar forças para
vencer aquela tentação e permanecer fiel a Deus. Era o desejo da
carne contra o desejo do Espírito.
É possível sim uma pessoa ser fiel a Deus em meio as piores
tentações. Muitas pessoas quando caem em pecado, arrumam logo
uma desculpa:
―A carne é fraca‖ – dizem eles.
Mas Eduardo era diferente. Ele era um exemplo de homem. Ele
amava a Deus de todo seu coração. E agora teria que provar este
amor pelo Criador.
Eduardo não estava sozinho. O Espírito Santo de Deus estava com
ele.
Era muito atrevimento da parte de uma mulher – pensou ele.
Então ela convidou Eduardo para entrar um pouco.
- Você não quer conhecer a casa onde seu pai trabalha? – a mulher
caminhou em direção a uma barra de ferro.
- Fica para outro dia. Eu realmente preciso ir – Eduardo estava
completamente desesperado e embaraçado com aquela situação.
Ele saiu daquele lugar sem acreditar no que havia acontecido.
Eduardo foi para o culto aquela noite transtornado. Quando ele
chegou à igreja, pediu oportunidade para o pastor para dar um
testemunho. Mas havia muitas pessoas naquele culto querendo
oportunidade.
Foi então que Eduardo conheceu um novo amigo depois do culto.
- Paz do Senhor, irmão – disse Marlon.
- Paz do Senhor – respondeu Eduardo.
- Você é novo por aqui?
- Faz pouco tempo que eu me converti. Mas eu tenho enfrentado
grandes tentações. Você nem imagina o que aconteceu hoje comigo
– então Eduardo contou tudo o que passou na casa de Rebeca para
Marlon.
No outro dia o pai de Eduardo sem saber de nada perguntou para
ele:
- Filho, você quer ganhar um dinheiro? – disse o pai de Eduardo.
- Quero, quem não quer? O que tenho que fazer?
- Ir até a casa onde eu trabalho e fazer um serviço para mim hoje. É
que eu tenho que fazer alguns bicos.
- Até a casa daquela mulher? Pai, posso te perguntar uma coisa?
- Pode.
- O que você acha do lugar onde você trabalha. Tem uma mulher lá
que se chama Rebeca, não é mesmo?
- Eu não converso muito com ela. Mas eu nunca vi nada de errado
não.
- Ela mora sozinha naquela casa. Alguma vez você a viu....
- É o que, meu filho? Você vai ou não? Estou achando você
estranho.
É aí que a coisa pega. O diabo realmente é muito esperto. Eduardo
não era rico e seu pai não podia lhe ajudar. Acontece que Eduardo
estava interessado em comprar um livro cristão para poder ler.
- Diz para ela que eu vou aceitar o serviço – falou Eduardo.
―Eu só vou aceitar porque estou precisando muito do livro‖ –
pensou ele.
Eduardo chegou à casa de Rebeca e novamente tocou o interfone.
Brrrééééééémmm. O portão se abriu. Ele entrou e encontrou
Rebeca.
- Então você veio – disse Rebeca
- Me diz logo o que é que tenho que fazer – falou Eduardo ao ver a
moça.
- O que foi? Parece que não gostou de me ver – falou Rebeca.
Eduardo resistiu a tentação e lutou para não olhar com olhos
impuros para aquela mulher.
- Eu preciso que você concerte o chuveiro para mim – disse ela.
Ele subiu e concertou a fiação do chuveiro. Não precisava de ser
nenhum eletricista para ligar dois fiozinhos um no outro. Quando ele
desceu, Roberta estava na sala.
- Oi, você tem namorada? – perguntou ela.
- Não – respondeu ele.
Foi quando ele decidiu que iria parar com tudo aquilo. Faltou pouco
para que Eduardo caísse em tentação.
Mas ele suportou e se manteve firme nos caminhos do Senhor.
Deus ficou muito satisfeito com a prova de fidelidade que Eduardo
estava dando. Então o Senhor enviou uma porção dobrada do
Espírito Santo na vida de Eduardo.
No próximo culto. Eduardo falou em línguas estranhas praticamente
o culto todo.
- Nesta noite, vamos ouvir o irmão Eduardo falar alguma coisa da
parte de Deus.
Ele subiu no púlpito. Pegou o microfone e saudou os irmãos.
- Eu saúdo a igreja com a paz do Senhor.
- Amém – disseram eles.
- Vocês estão preparados para vencer a tentação?
Houve um silêncio. Os crentes pareciam estar meditando na
pergunta de Eduardo.
- Vocês estão realmente preparados para vencer a tentação? Saibam
que ela virá! Assim como o diabo tentou Jesus no deserto, há de
tentar a todos vocês. E aqueles que caírem vão perder um galardão
precioso, sem contar que sofrerão terríveis dores e consequências de
seus pecados aqui na terra. Muitas pessoas acham que é ruim ser
excluído da comunhão com a igreja. Mas o pior não é isto. O pior é
ser excluído do céu. O pior é perder a comunhão com Deus. E digo
mais, cada vez que um cristão cai em pecado, ele está perdendo um
precioso galardão no céu. O céu não é igual para todo mundo,
irmãos, quero que vocês saibam disto. O céu não vai ser igual para
todos vocês não. Todos nós seremos julgados.
O culto acabou e todos ficavam olhando com admiração para
Eduardo.
- Você não tem nem um ano que se converteu e já está pregando
assim, Deus tem um grande chamado na sua vida – comentou uma
irmã.
- Eu gostaria de chamar o irmão para ir pregar na minha igreja –
disse um pastor se aproximando de Eduardo.
Assim Eduardo ficou feliz por estar ali firme na presença de Deus. E
tudo isto porque Eduardo conhecia o segredo para não cair nas
garras de uma tentadora. Resistir, suportar e combater. E ele sabia
muito bem disto.
Quando Eduardo chegou em casa, começou a pensar em Rebeca.
Ele tinha esperanças que ela um dia pudesse estar naquela igreja. Foi
quando teve a ideia de convidá-la para ir a um culto.
No outro dia, Eduardo foi até a casa de Rebeca decidido a convertêla.
Ele tocou o interfone.
- Quem é? – perguntou a voz feminina.
- Sou eu, Eduardo.
- Entre meu amor.
Quando Eduardo entrou, Rebeca estava no jardim.
- O que você quer?
- Eu gostaria de conversar com você.
- Vamos entrar então.
A luta estava muito grande. Mais uma vez ele precisava resistir a
tentação. Se ele não fizesse isto, seria dominado por uma força
maligna que estava tentando fazer de tudo para que aquele servo de
Deus caísse em pecado. Mas ele começou a também combater a
tentação em pensamentos com toda força. Até chegou a balbuciar as
palavras que para Rebeca foram inteligíveis:
- N,n,n,nãããã.oo Ten,taççç...aa..ã.oo
Eles andaram um pouco até que chegaram na área em frente à
cozinha.
Então Rebeca se apoiou na cadeira e olhou com volúpia para
Eduardo.
Mais uma vez aquele servo de Deus teve que resistir a tentação para
não cair em pecado.
- Eu tenho certeza que você pensou em mim estes dias.
- Eu gostaria de te convidar para ir à minha igreja – a tentação não ia
embora, ele lutava para suportar e agora também iria combater a
tentação com a pregação da palavra de Deus.
- Eu não sei do que você está falando. Será que você poderia me
esclarecer melhor?
- Eu vou te contar a verdade. É que eu sou crente.
- Então você é Bíblia? Que desperdício. É por isto que você tem me
evitado. Tem uma amiga minha que é Bíblia também, na igreja ela dá
uma de santa mas é uma tremenda de uma safada.
- Não fale assim da irmã – disse Eduardo.
- Você não a conhece. Então fique quieto.
Rebeca olhou para Eduardo, pensou um pouco e disse:
- Pois fique sabendo que se você não fazer o que eu quero, eu vou
mandar o teu pai embora.
- Isto não pode ser verdade. Ele não tem nada a ver com isto.
- Eu tranquei a porta e você não vai embora. Eu exijo que você me
ajude a cozinhar.
- Então vamos combinar uma coisa. Você veste uma roupa descente
e eu ajudo você a cozinhar.
- Nananinanão. Eu vou ficar deste jeitinho. Eu gosto de ficar assim.
- Mas eu não gosto de te ver assim.
- Gosta sim. Eu sei que gosta.
- Se eu estou dizendo que não gosto, é porque não gosto.
- Você quer falar alguma coisa? – disse Rebeca.
Ela estava esperando por alguma declaração sem pudor da parte
dele.
- Quero sim. Que o Espírito Santo te ama.
- Ah! Não me diga. Eu estou falando de coisas entre um homem e
uma mulher.
- Eu não posso, eu tenho o Espírito Santo dentro de mim – disse ele
ainda fazendo muito esforço para suportar o poder da tentação.
- Então espera aí – Rebeca pegou o telefone e ligou para o pai de
Eduardo. Foi quando ele ouviu ela falar assim – O senhor não
precisa mais vir não, eu não vou precisar mais do seus serviços.
E dizendo isto, Rebeca desligou o telefone.
- O que houve Eduardo? Parece que viu um fantasma – falou ela.
- Quer dizer que você despediu o meu pai?
- Despedi. Algum problema?
- Você sabia que ele está desempregado e agora vai passar por
necessidade?
- Isto não é problema meu. Quem sabe se você for mais bonzinho
comigo eu contrato o teu pai de volta. Até que eu gosto dele, é um
homem bom. Nunca me faltou com o respeito.
- Eu posso saber o que você está fazendo aqui vestida deste jeito? –
disse Eduardo. Aliás o que eu estou fazendo aqui. Eu vou embora,
tem certeza que você não quer ir comigo no culto?
- Tenho. Absoluta.
Então Eduardo saiu daquele lugar antes que ele acabasse caindo em
tentação. Sua tentativa de tentar converter a tentadora foi o maior
fracasso de sua vida. Eduardo começou a fazer campanha na igreja
para que Rebeca se convertesse também. Mas parecia que quanto
mais ele orava, mais demônio aparecia na sua frente.
Depois de algum tempo, Rebeca ligou na casa de Eduardo.
- Alô – atendeu ele.
- Aqui é a Rebeca, você poderia vir aqui em casa?
- Eu vou pensar no teu caso. O que você quer comigo?
- Quando chegar aqui você vai saber – disse ela.
Na esperança de que Rebeca pudesse dizer alguma coisa relacionada
a decisão de seguir os caminhos de Deus, Eduardo foi até lá.
- Eu sabia que você viria – disse Rebeca.
Quando Eduardo a viu vestida novamente daquela maneira. Acabou
desistindo de iniciar qualquer conversa. Imediatamente teve que
resistir a tentação em pensamentos para não cair em pecado. Ele já
estava cansado de sofrer com Rebeca. Não era fácil suportar a
tentação que insistia em fazer ele cair.
- Eu posso saber onde você vai? – disse ela.
- Eu vou embora.
- Mas espera aí, você acabou de chegar.
- Pelo que percebi você vai começar com as suas gracinhas – disse
ele.
- Eu sei que você gosta de mim.
- Eu vou te dar uma Bíblia de presente – ele se dirigia ao portão.
- Eu já tenho uma Bíblia. Não quero seu presente.
- Você precisa se converter.
- E você precisa de uma namorada.
- Se você não se arrepender de seus pecados e não for coberta pelo
poder do sangue de Jesus, você vai morrer e vai para o inferno –
com a pregação da palavra de Deus ele conseguia combater um
pouco a tentação. Mesmo assim tinha que fazer um enorme esforço
para suportar os maus pensamentos que o forçavam a cair com
Rebeca.
- Se eu for para o inferno, eu vou voltar e te levar para lá também.
- Eu já tenho a garantia da minha salvação.
- O inferno é aqui – falou Rebeca indignada.
- Este inferno aqui passa, mas o inferno que eu estou falando é
eterno.
- Vamos parar de conversar sobre religião. Vem aqui e me garra.
Então Eduardo começou a orar:
- Espírito Santo. Sou eu, Eduardo. Eu estou aqui mais uma vez para
te pedir a sua ajuda. Não deixe eu cair em pecado com esta mulher –
agora uma tentativa tímida de combater a tentação com oração - Eu
só estou aqui porque tenho esperanças que ela se converta.
- Você se acha muito santo – disse Rebeca.
- Eu apenas obedeço ao Espírito Santo de Deus – falou Eduardo.
- Se você é tão obediente assim, então, o que você está fazendo aqui?
- Eu vim aqui para ver se você tinha mudado de opinião, se gostaria
de começar a servir a Deus, mas pelo visto, você só quer me tentar.
- Eu te chamei aqui na verdade não foi para isto – falou Rebeca.
- Sim. Estou vendo que não – disse ele com ironia.
- É sério.
- Então porque você não está vestida como gente?
- É só para te provocar. Mas eu juro que é a última vez.
- Anram. Acredito.
- Eu vendi esta casa e estou me mudando de cidade.
- Eu posso te fazer uma pergunta?
- Já sei, você vai me perguntar se eu quero seguir sua religião. Minha
resposta é NÃO. Um não bem grande.
- Não é seguir religião, Rebeca. É seguir a Deus. O caminho que
Jesus deixou na terra.
- Eu sou devota de Santo Antônio. Ele não se importa com o que eu
faço.
- Misericórdia. Você não tem jeito mesmo.
Eduardo olhou para trás. Sabia que nunca mais veria Rebeca na vida.
Infelizmente ele não conseguiu convertê-la para o cristianismo. Ele
não conseguiu salvar aquela mulher. E também perdeu muito tempo
sendo tentado em vão. Será que o melhor é não se preocupar em
pregar para uma tentadora e se ela for para o inferno o problema é
dela?
- Eduardo - falou ela antes que ele fosse embora.
- Diga.
- Você deveria virar um pastor. Sua fidelidade é impressionante.
Eduardo sorriu e foi embora. Sentiu uma pontada na garganta.
Parecia que estava querendo chorar. Ter que suportar a tentação
sem sucumbir mexeu muito com seu sistema nervoso.
Passados alguns dias. Rebeca foi até a igreja onde Eduardo
congregava.
- Eu gostaria de falar com o Eduardo – disse ela para o porteiro.
O porteiro foi e chamou Eduardo.
- Quem é aquela mulher? – perguntou o pastor da igreja para o
porteiro enquanto Eduardo conversava com Rebeca do lado de fora.
- Eu vim aqui para te agradecer – disse ela para Eduardo.
- Me agradecer de quê?
- Quando eu me mudei, passei a seguir uma igreja de crente que tem
lá perto de casa. Hoje não sou mais aquela mulher. Agora sou uma
mulher de respeito. E tudo isto eu devo a você.
- Você não deve nada a mim.
- Pode ser. Mas você foi um instrumento.
Depois de conversarem um pouco, Rebeca se despediu e foi embora.
- A gente vai continuar se vendo? – perguntou Eduardo.
- Eu acho melhor não, meu amor. Senão a tentação pode nos
derrubar – falou Rebeca que piscou para Eduardo e foi embora.
E assim aquele servo de Deus consegue vencer mais uma tentação.
Esta história termina com um final feliz. A tentação do sensualismo
descrita neste livro é a pior das tentações. Todos os dias, cristãos do
mundo inteiro tem que enfrentar este tipo de tentação e a maioria
deles acaba cedendo mais cedo ou mais tarde. A vontade perfeita de
Deus é que o crente nunca caia neste tipo de tentação. Este livro foi
escrito com este objetivo. O de te ajudar a se preparar para vencer o
sensualismo. Seja você homem ou mulher.
Tudo parecia muito diferente. A vida de Sandro já não era a mesma.
Fazia cerca de seis meses que ele havia aceitado Jesus como salvador.
Deus tinha uma grande obra para realizar na vida daquele rapaz. Mas
o Tentador também tinha grandes tentações para ele. E foi com uma
amiga de sua mãe.
A mãe de Sandro conhecia uma mulher que se chamava Rosemeire.
Esta mulher era uma prostituta. Certo dia, a mãe de Sandro chamou
Rosemeire para ir até sua casa tomar umas cervejas. Quando
Rosemeire chegou lá, Sandro não estava. Mas ele logo chegou
também. Foi aí que Rosemeire perguntou para mãe de Sandro:
- Teu filho é virgem?
- Eu acho que sim – respondeu Elizabete que é mãe de Sandro – A
vida dele é ficar invocado com a tal da igreja.
- O que você acharia se eu ficasse com seu filho? – perguntou
Rosemeire para a mulher – Ele é um gatinho.
- Por mim tudo bem – respondeu Elizabete. Então Rosemeire foi
para o quintal e preparou um topless para que Sandro a visse e a
desejasse.
- Sandro! Vem aqui – gritou Rosemeire do quintal.
Quando Sandro chegou lá...
Aquilo parecia ser uma brincadeira de mau gosto. Mas era real.
- Você tem namorada? – perguntou Rosemeire para ele.
- Tenho sim. Uma moça da igreja.
- E você já ficou com ela?
- Não. Agente nunca ficou.
- Eu te acho um gatinho, sabia? Você teria coragem de ficar comigo?
Me fala onde fica seu quarto que eu vou para lá te esperar.
Pronto! Como num caleidoscópio, os demônios começaram a rodear
aquele irmão e a lançar todo tipo de maus pensamentos. Ele jamais
poderia aprovar tais pensamentos e muito menos aceitar a proposta
daquela mulher. Mas vocês pensam que é fácil resistir a tentação
numa hora destas? E se fosse com você? O que você faria? Ficaria
com Rosemeire ou permaneceria fiel a Deus? Falar que permaneceria
fiel a Deus é fácil. O difícil é resistir na hora. Mas quem estiver
preparado para resistir, suportar e combater a tentação terá
condições de rejeitar os desejos da carne. Mas somente os que
estiverem preparados. Quem não estiver certamente vai sucumbir. E
não pense que este tipo de tentação não acontece porque isto é o
que o diabo faz com muita gente.
Ele começou a resistir a tentação em pensamentos e depois olhou
para ela. Ele precisava responder a pergunta dela.
- Não. Eu não posso ficar com você – foi a resposta dele.
- Não pode ou não quer?
- Não posso.
- Mas isto quer dizer que você quer?
- Não posso e não quero.
- Ah, não vem não. Você quer sim. Você está é com medo ou com
vergonha. Não se preocupe com a sua mãe não.
- É filho. Finge que eu não estou sabendo de nada – disse a mãe
dele. Maldição. O diabo realmente veste prata. A própria mãe
influenciando o filho para o pecado.
- Eu não quero, não posso e não vou ficar com você. Você entendeu
ou vou ter que desenhar? – a tentação não ia embora, parecia
aumentar e ele estava completamente atordoado na tentativa de
suportar aquela tentação que insistia em tentar fazer com que ele se
desviasse dos caminhos do Senhor.
- Calma seu grosso. Não precisa ser mal educado – disse Rosemeire.
- Precisa sim – ainda estava difícil suportar e para não ser apenas
vítima da tentação ele sacou uma pequena Bíblia que estava em seu
bolso e começou a combater a tentação com a leitura da palavra de
Deus – O Senhor é meu pastor e nada me faltará...Ainda que eu
passe pelo vale da sombra da morte...
- Quer saber de uma coisa? Eu vou é me vestir e ir embora daqui.
Não tenho saco para ser maltratada por ninguém não.
- Mas eu não estou te maltratando – disse ele.
- Está sim. E a hora que você quiser ficar comigo, pode ir lá em casa
que a minha cama está te esperando – e dizendo isto Rosemeire se
vestiu e foi embora.
Glória a Deus! É mais um cristão que estava preparado para vencer a
tentação e conseguiu vencer a mesma. Também é mais uma
tentadora enviada pelo diabo para fazer um servo de Deus cair em
pecado. É como diz a oração do Pai Nosso: ―Não nos deixeis cair
em tentação, mais livrai-nos do mau, amém‖.
Pode até parecer mentira. Mas uma semana depois foi a vez da
namorada de Sandro ser usada pelo diabo. Sandro custou a esquecer
o que havia acontecido com Rosemeire no quintal de sua casa.
Depois que o culto acabou no domingo. Ele resolveu acompanhar
sua namorada até a casa dela.
- Você quer entrar? – disse a namorada dele quando eles chegaram.
- Não sei. Acho que já está tarde.
- Não está tarde não. O culto acabou agorinha.
- Mas e seus pais? Eles não vão achar ruim não? – ele estava
preocupado.
- Meus pais já estão dormindo faz tempo – disse ela.
- Eu vou entrar um pouco mas não vou me demorar – falou ele.
- Está bem – concordou ela.
O rapaz entrou e tentou conversar sobre o culto.
- O que você achou da pregação? – dizia ele.
- Não vamos conversar sobre religião agora, vamos? – falou ela.
- Sobre o que você quer conversar?
- Sobre a gente. Quando vamos nos casar? Eu não aguento mais.
- A gente tem que esperar com paciência no Senhor.
- Mas é que eu já esperei muito tempo.
- Eu sei. Mas vamos orar mais um pouco. Quem sabe no final do
ano agente planeja o casamento.
- No final do ano??? Eu não vou esperar tudo isto não.
- Mas o que você pretende fazer?
- O que eu pretendo fazer? Você quer saber o que eu pretendo
fazer? – ela ficou furiosa.
- Sim...Eu...- não deu tempo dele completar a frase.
A moça tirou a blusa rapidamente e ali, na frente dele, se ofereceu.
Os pais dela já estavam no oitavo sono. Eles nunca iam até a sala de
noite, pois tinha banheiro no quarto e eles sempre levavam uma
garrafa de água.
- Você me ama? – perguntou ela que colocou a blusa e virou-se no
sofá mostrando lhe agora o fio dental.
Ele olhou de soslaio resistindo extraordinariamente a tentação. E
sem saber o que responder, disse:
- Amo, mas porque você está fazendo isto? Você não pode...- estava
difícil demais suportar e não cair.
- Se você me ama realmente, então toca em mim – falou ela.
- Tocar em você? Como assim?
- Tocar em mim. Anda logo.
- Mas eu não posso – agora que ficou mais difícil ainda suportar - Eu
não estou acreditando no que estou vendo.
- Se você não tocar em mim agora. Eu não quero mais nada com
você. Ou você toca em mim, ou pode ir embora – ela estava
impaciente – resistindo e suportando ele tentou encontrar uma
maneira de combater a tentação.
- Afasta-te de mim tentador – disse ele combatendo o maligno,
vencendo o pecado e ameaçando ir embora.
- Se você for embora, vai estar tudo acabado entre agente.
- Mas eu não posso...- ele tinha que suportar todos os medos de
perder aquela moça para sempre. Era o grande poder da tentação.
- PODE SIM – ela deu um berro. Ele ficou com medo dos pais dela
acordarem e irem ver o que estava acontecendo. Eles iriam pegar ela
daquele jeito. Foi quando ele resolveu ir embora rapidamente. E
assim ele fez. Graças a Deus ele não caiu em pecado. O diabo tinha
preparado aquele laço para testar a fé daquele servo de Deus. Jesus
fica muito contente quando um cristão vence o poder do pecado e
por amor a Ele mantém sua integridade espiritual. Deus não conta
com muitas pessoas neste mundo não. A maioria das pessoas não
vencem as tentações. Pelo contrário, se entregam de corpo e alma a
elas. Mas aqueles que têm um chamado de Deus conseguem
encontrar forças no Senhor para resistir, suportar e combater.
Mesmo que o preço disto seja muito, mas muito caro mesmo.
______________________
Finalmente Went resolveu colocar o que estava sentindo para fora.
- Eu quero dizer que eu não aceito isto na minha vida. Eu sou um
servo de Deus e você precisa me respeitar.
- Você acha que eu estou faltando com respeito?
- Mas é claro que está.
- Mas isto não é verdade.
- Aconteceu de novo. Você disse que aceitou Jesus como salvador
mas fica andando com estas moças depravadas.
- Você está preparado para vencer a tentação? – perguntou Keila.
- Claro que estou – disse Went.
- Então porque você fica com medo?
- Não é medo. É que eu não aprovo a atitude delas.
- Isto é preconceito irmão, sabia? Pode dar processo.
- Preconceito coisa nenhuma. Processo coisa nenhuma. Eu sou
servo de Deus e vou falar contra o pecado pelo resto de minha vida.
O começo da história de Went foi assim. Keila tinha umas colegas
que viviam falando bobagens para Went. Cantadas promíscuas, estas
coisas. Ele insistia em evangelizar aquelas moças. Mas não adiantava,
elas não queriam nada com Jesus. Já a Keila, fazia pouco tempo que
foi a uma igreja perto de sua casa e disse que tinha virado evangélica.
Um dia Keila convidou Went para ir até a casa de umas amigas. Mas
quando chegou lá, elas começaram a provocar o rapaz com gestos
libidinosos. Depois de resistir, suportar e combater a tentação, Went
saiu da casa daquelas moças bastante perturbado. Vencer aquelas
tentações não foi nada fácil. Ele sabia que praticamente todos os
rapazes de sua idade teriam se entregado ao pecado. Mas Went
amava Jesus. Além disto, já era consciente de que se realmente
quisesse receber o seu galardão, teria que estar preparado para
vencer as tentações.
Certo dia, Went estava passando na porta da casa de Keila.
- Oi irmão, vem aqui – disse ela.
Ele inocentemente foi.
- Entra, vamos conversar um pouco.
Ele inocentemente entrou.
Conversa vai, conversa vem, Went começou a ficar desconfiado de
Keila.
- Olha. Mais uma vez seu comportamento está fora dos padrões.
Você não pode dizer que a festa que suas amigas foram é muito legal
e que tem inveja da vida devassa que estas garotas do mundo levam.
- Você veio aqui para me julgar? – disse Keila.
- Não estou te julgando não. Estou apenas te dando um conselho de
irmão.
- Ah! Eu já estou de saco cheio de vocês, cristãos. Vivem falando
que não pode isto e que não pode aquilo, mas vocês são piores do
que os outros.
- Como assim? Você não é cristã também?
- Acho que eu vou desistir. Não estou gostando da igreja não.
- Não fala assim, eu quero orar por você.
- Só se for lá em cima, no quarto.
Inocentemente Went aceitou ir orar no quarto. Quando eles se
puseram a caminhar, Keila num ato de indecência começou a tirar a
saia. Então ela foi subindo as escadas.
A imagem daquela garota usando calcinha fio dental o iria perseguir
pelo resto de sua vida.
Ele acabou vendo ela daquele jeito e sua única saída era resistir de
imediato a tentação que começou a tomar conta de sua vida.
- Venha, suba – disse ela – Vamos orar lá no quarto. Você não gosta
de orar? Então me acompanha que eu vou te mostrar uma oração
daquelas.
Seria pior desgraça da vida de Went se ele tivesse subido aquelas
escadas. Então, o que ele fez? Teve que suportar o desespero que a
tentação lhe causou e o maior apelo que seu corpo já lhe fez em toda
sua vida.
- Eu não vou orar por você coisa nenhuma! – falou Went com raiva
para ela em uma tímida tentativa de combater a tentação.
- Mas que tipo de crente você é?
- Sou do tipo que não pratica atos libidinosos como você.
Ela continuou subindo as escadas.
- Vem Went, vem aqui no quarto orar por mim – ela andava e
rebolava, lentamente, esperando que ele fosse para o matadouro,
como uma ovelha para o abate.
Por alguns instantes, ele ainda ficou parado na escada, resistindo e
suportando, pensando, meditando, em pânico. Dava para sentir as
batidas de seu coração. Dava para ele ouvir o tum-tum-tum latejando
em seus ouvidos.
- Me desculpa por dizer isto, Keila. Mas agora sei que você não passa
de uma filha do cão com a pomba gira – mais uma tentativa de
combater a tentação - Eu vou falar para os irmãos que você não é
crente coisa nenhuma.
- Pois pode falar, seu idiota. Eu também não queria ir mesmo para
aquela igreja chata. Quando eu vou para os cultos de vocês, eu sinto
vontade é de sair correndo.
- Ué, mal teu Keila. Mal teu!
Went quase chorou. Ele fez uma pequena oração pedindo que Deus
tivesse misericórdia daquela alma e foi embora. Assim ele venceu a
tentação. E você? Você está preparado para vencer a tentação
também? Espero que sim. Faça como ele nesta hora: Resista, suporte
e combata.
______________________________
Vencer a tentação não é fácil para ninguém. Imagine a situação de
Tony. Ele tinha um chefe que era muito bravo. Um dia ele chegou à
sala do chefe, a secretaria trouxe um cafezinho.
- Está bom o café? – perguntou o chefe – Você não vai responder?
Eu perguntei se está bom o café, porque você fez cara feia.
- É que está meio amargo.
O chefe chamou a secretaria e acabou a despedindo só por isto.
- Vá até minha casa hoje à noite porque eu vou sair e eu preciso que
você cuide de meus animais por uma noite. Você pode ir Tony?
Tony depois de acabar de ver a secretaria sendo despedida apenas
porque o café estava amargo, não teve coragem de recusar. Mas
quando Tony chegou lá, acabou encontrando a filha do chefe no
quintal.
- Você deve ser o Tony. Meu pai falou que você viria. Eu resolvi te
esperar – disse a mulher que usava um shortinho curto de cor azul –
Eu ando muito carente e hoje você vai ajudar a matar esta carência
toda.
Tony era um servo de Deus. Agora ele teria que recusar a proposta
da filha do chefe. Com certeza, ela iria inventar um monte de coisas
para prejudicar o rapaz. E se fosse você, meu querido leitor, que
estivesse no lugar do Tony? Você está preparado para vencer este
tipo de tentação. Saiba que se você realmente quiser servir a Deus,
você tem que estar disposto a resistir, suportar e combater a
tentação. Foi assim que Tony fez. Resistiu a tentação em
pensamentos e depois falou para ela:
- Olha. Eu realmente não posso. Eu sou um servo de Deus. E se
você quiser, pode falar o que quiser para seu pai. Eu não me importo
de ser mandado embora. Eu já estou acostumado a passar por tantas
provas, que perder o emprego nesta altura do campeonato, não vai
fazer a menor diferença. O importante para mim é ser fiel a Deus.
- Você não me acha bonita? – perguntou a filha do chefe.
Nesta hora a tentação ficou mais forte e ele teve que fazer um
enorme esforço para suportar o poder da tentação e não cair em
pecado.
- Que isto! Imagina! Não é isto não, você é bem formosa, é que eu
sirvo a Jesus. Eu não posso ter nenhum tipo de relação desta
natureza com mulher nenhuma.
- Então você está esperando pelo casamento?
- É! Isto mesmo. Eu só posso ter alguma coisa com a minha esposa
– ele combatia a tentação orando em pensamentos para que Deus
afastasse a tentação de sua vida naquele momento.
- Eu te entendo. Não vou falar nada para o meu pai não. Desculpa
aí, boy.
A filha do chefe acabou saindo de perto dele e no final das contas ele
não foi prejudicado no emprego. Valeu a pena ter vencido aquela
tentação. Esta é a vontade de Deus. Parabéns para o Tony. E que
todos vocês possam também estar preparado.
________________________
O culto havia acabado na igreja Assembleia mundial. Com trejeitos
espalhafatosos o irmão Danilo tentava puxar conversa com os
cristãos; Quando se aproximou de algumas irmãs, percebeu que elas
relutaram muito a permitir que ele usasse o bebedouro antes de irem
embora, parecia até que tinham nojo dele, por outro lado, gostaram
muito das vestes de Danilo; Fizeram-no falar onde ele havia
arrumado dinheiro para comprar um terno tão caro.
Por alguma razão, Danilo achava difícil imaginar que alguma
daquelas moças pudessem ter interesse nele. Danilo depois que se
converteu, tinha muita vontade de arrumar uma esposa, mas não
conseguia nem que a vaca tussa. Sendo assim, a tentação sexual
aumentava a cada dia que passava.
Não havia quem sobrevivesse muito tempo sob o sol forte que fazia
na cidade de Danilo; Ele gostava muito de evangelizar. De entregar
folhetos na rua e de falar acerca da salvação para as pessoas. Mesmo
debaixo daquele sol quente, ele não desistia de ganhar almas para o
Reino de Deus. Danilo era uma pessoa cheia do Espírito Santo. Mas
a história começa em mais uma manhã na casa de Danilo.
Sua luz de cabeceira parecia estar enfraquecendo à medida que a luz
fria e cinzenta que antecede o nascer do sol penetrava devagarinho
no quarto em que ele dormia. Finalmente, quando o sol nasceu,
quando as paredes do quarto ficaram douradas e quando ele ouviu
sons de gente se mexendo no quarto de fronte ele tirou os pedaços
amassados de folhetos com versículos Bíblicos de cima da
escrivaninha e releu a carta para Deus que escrevera. Pouco tempo
depois, um irmão bateu na porta. Era Thiago, colega de Danilo.
- As coisas continuam na mesma por aqui – disse Danilo - A dieta
não está dando muito certo? Você parece que ainda está com aquele
refluxo no estômago. Como é o nome daquilo mesmo?
- Refluxo gastresofágico – disse Thiago que não se lembrava muito
bem do nome - Minha prima pegou o irmão dela contrabandeando
rosquinhas fritas e açucaradas para dentro do quarto, ontem. Seus
pais disseram que vão ter de cortar a mesada dele caso ele continue
fazendo isso, ela então ficou com muita raiva e atirou alguns objetos
dele pela janela. Foi realmente uma burrice porque agora ela não tem
ninguém para distrair as ideias. E também está precisando de alguém
para lhe ajudar com as rosquinhas. Eu passei aqui porque você me
disse que estava parado e precisando de emprego. Minha prima quer
que você a ajude. Mas aconteceu uma coisa estranha, hoje de
madrugada. Minha cicatriz doeu outra vez. A última vez que isto
aconteceu foi porque o diabo estava preparando um laço para você,
lembra? Mas acho que ele não pode estar por perto agora, pode?
Você sabe se cicatrizes produzidas por um machucado podem doer
até anos depois?
Danilo se lembrou do pesadelo que teve naquela noite, mas tratou de
não assimilar as coisas. Não fazia sentido incluir o sonho, ele não
queria que a situação deixasse transparecer que ele estava muito
preocupado. Thiago enrolou alguns folhetos por falta do que fazer e
deixou-os em cima da escrivaninha, pronto para quando Danilo
voltasse a evangelizar. Depois se espreguiçou e abriu mais uma vez o
guarda-roupa de Danilo para ver seus ternos. Danilo se levantou e
foi até o banheiro lavar o rosto e escovar os dentes, olhar para a
imagem refletida no espelho o deixou mais pensativo ainda a
respeito dos ataques do inimigo, ele então começou a se vestir para ir
tomar o café da manhã.
O convite a respeito da prima de Thiago de qualquer maneira já
estava feito. Danilo ficou de pensar no caso.
Quando finalmente chegou à cozinha, eles viram que o pessoal já
estavam sentados à mesa. Nenhum deles ergueu a cabeça quando
Thiago e Danilo entraram e se sentaram.
Perto de onde Danilo morava, a prima de Thiago estava se
olhando no espelho, os lábios contraídos por cima dos dentes de
cavalo.
Seu olhar parecia furioso e carrancudo, e, por alguma razão, dava a
impressão de estar maquinando alguma travessura.
A vida tomara um rumo muito desagradável desde que Danilo
voltara de sua cidade natal. Muito talentoso, incompreendido pelos
irmãos da própria igreja. Ele queria ser um pastor e missionário, mas
não tinha muita oportunidade para isto.
Thiago chegou em casa e deu de cara com sua prima.
- O que você acha do Danilo? – perguntou ele.
- Eu acho que aquele rapaz é um turbulento, mas não faria mal a
uma mosca – comentou ela chorosa.
Contudo, no finalzinho havia uma observação muito bem colocada
da parte dela que nem mesmo Thiago conseguiu entender.
- Por mais que eu resista. Acho que estou precisando de alguém
como o Danilo para me ajudar. Pelo menos ele não vai me roubar
como todos que passaram por aqui, inclusive meu próprio irmão.
Além do mais, aquele cara precisa de uma namorada. Thiago não
gostou de ouvir aquilo.
Então, depois de muitos acessos de raiva, muitas discussões que
sacudiram o soalho do quarto e muitas lágrimas de Patrícia, é que ela
convenceu Thiago de concordar com a ideia.
Agora ela estava decidia a pedir para Danilo lhe ajudar com os
negócios.
- Calma aí! – disse Thiago – Você sabe muito bem que o Danilo é
cristão. Não vai ficar com gracinha pra cima dele não.
- Magina. Logo quem, logo eu. Você acha que eu iria querer alguma
coisa com aquele destrambelhado? – disse Patrícia com malícia no
olhar.
No outro dia Thiago estava novamente na casa de Danilo.
- Você quer ganhar um dinheiro Danilo?
- É o que?
- Dinheiro. A minha prima está precisando de alguém para trabalhar
com ela. Ela mexe com culinária, sei lá. Não entendo de comida.
- E onde eu entro nesta história? – perguntou Danilo.
- Você iria trabalhar com ela, por algum tempo. Até ela ver se
arruma alguém para ajudá-la. Pra mim isto é coisa de mulher, mas ela
disse que mulher atrapalha muito e os rapazes que ela arrumou até
hoje só fizeram é passar ela pra trás.
- EU TOPO – disse Danilo animado.
- Tem certeza? Eu estou falando da Patrícia.
- Eu não conheço sua prima, esqueceu? Mas pelo dinheiro eu faço
qualquer coisa no momento.
Thiago suspirou e olhou para Danilo com olhar de misericórdia.
- Então está combinado. Eu vou falar para ela combinar um dia para
você começar.
Thiago foi embora e contou para prima sua conversa com Danilo.
- Então quer dizer que ele aceitou? – perguntou Patrícia animada.
- Sim. Mas veja lá o que você vai aprontar – disse Thiago ao reparar
no decote da prima.
- Não se preocupe. Eu vou cuidar do seu amigo direitinho.
No outro dia, Patrícia pediu para Thiago ir até a casa de Danilo e
chamá-lo para eles terem sua primeira conversa.
- Eu não posso – disse Thiago –Agora eu tenho que ir ao banco.
- Custa você passar lá e apenas entregar um recado? Depois você vai
ao banco.
E assim Thiago fez. Passou na casa de Danilo e disse que a prima
gostaria de vê-lo. Foram menos de uma hora para que Danilo
estivesse na casa de Patrícia. Mas seria melhor que nada disto tivesse
acontecido.
Danilo tocou a campainha e Patrícia atendeu. Quando ele viu aquela
moça usando uma blusinha multicolorida e decotada, ele sonhou em
ter a quem pudesse pedir um conselho sem se sentir burro, alguém
que gostasse dele, que tivesse tido experiência com tentações deste
tipo...Que já tivesse passado por uma situação daquela e tivesse
vencido. A princípio Danilo achou que se Patrícia tentasse alguma
coisa, talvez não teria forças suficientes para vencer o pecado.
E então lhe ocorreu a solução. Era tão simples, tão óbvia, que ele
nem podia acreditar que tivesse levado tanto tempo para lembrar. O
segredo era resistir, suportar e combater. E foi naquele exato
instante que Patrícia apareceu na frente de Danilo de uma forma que
ele nunca pudesse ter imaginado nem nos seus piores sonhos.
- Você quer? – perguntou ela elevando as mãos até os seios.
- Quero o quê? – disse Danilo resistindo a tentação e sem acreditar
no ocorrido.
- Que eu puxe minha blusinha – falou Patrícia que resolveu testar a
fé de Danilo logo de cara. Afinal, na cabeça dela ela precisava de
alguém que realmente fosse fiel aos princípios morais. Ela estava
cansada de ser roubada.
Danilo tendo que suportar o enorme incomodo que a tentação lhe
causava pelo fato dele não se entregar à malícia olhou para ela sério
sem reclamar. Pegou um jornal e ainda sob o efeito da tentação
tendo que suportar milhões de pensamentos desautorizados, deu
uma olhada. Depois pôs de lado o jornal com um profundo suspiro
foi quando ele começou a resistir novamente a tentação em
pensamentos.
- É só isso? - perguntou em tom de reclamação – É só isto que você
quer comigo? Ou você me chamou aqui para trabalho?
A moça lhe lançou um olhar severo e indicou com a cabeça os
bolinhos, que já acabara de comer alguns no seu quarto e mais
alguns bolinhos de fruta que ela estava cobiçando com um olhar
azedo.
Danilo soltou um grande suspiro, que arrepiou sua espessa
sobrancelha e apanhou a colher ao lado do prato.
A campainha da porta tocou. Ele se levantou penosamente da
cadeira e saiu em direção ao hall. Rápido como um raio, enquanto a
moça se ocupava com a chaleira e esquecera de lhe provocar.
Patrícia ouviu vozes à porta, alguém rindo e a resposta seca de
Danilo.
- Eu não estou fazendo nada de errado.
Então a porta se fechou e ouviu-se um ruído de papel rasgando no
hall. Era Patrícia rasgando o folheto evangélico que Danilo havia
trazido para ela. Então, Patrícia fora até a cozinha, colocou o bule de
chá sobre a mesa e olhou curiosa à volta para ver a reação de Danilo.
Não precisou esperar muito para descobrir que Danilo na verdade
estava desesperado. Com o rosto lívido.
- Você! - vociferou ele para Patrícia – Não vai conseguir me desviar
dos caminhos do Senhor, sabe porquê? EU TENHO O ESPÍRITO
SANTO DE DEUS EM MINHA VIDA! – já estava em tempo dele
começar a encontrar qualquer jeito de combater a tentação.
Ela começou a se descabelar, parecia estar desesperada. Então olhou
para a parede e viu um minúsculo avental.
- Vá pegar aqueles quitutes para mim – disse ela.
Enquanto Danilo foi pegar os quitutes, Patrícia colocou aquele
aventalzinho. E quando Danilo voltou, teve uma grande surpresa.
Danilo a princípio pensou que sua queda aconteceria naquele dia.
Foi quando resolveu resistir a tentação mais uma vez. Então
começou a sentir calafrios. Ao resistir ele percebeu que a tentação
aumentou, principalmente quando ele reparou bem naquela moça
inclinada e com um micro fio dental em sua frente. A verdade é que
ele teve que Danilo teve que suportar a pior dor que já sentiu toda
em sua vida. Uma dor que ia além da sensação física, parecia atingir a
alma.
- Eu te repreendo em nome de Jesus, tentadora – orou ele
combatendo a tentação.
Espantada, perguntando-se o que teria feito desta vez, ela se
levantou e acompanhou-o para fora da cozinha e rumaram para o
aposento vizinho.
Ela fechou a porta com força depois que eles entraram.
- Então - disse ela, indo até a lareira e se virando para encará-lo,
como se estivesse prestes a lhe dar voz de prisão.
- Então – disse Danilo como se estivesse prestes a sacar uma arma
para tentação.
- Qual é? – disse Patrícia – Você é gay ou o quê?
A confusão ali aumentou.
- Eu não sou gay. Eu sou um servo do Senhor e você deveria ter
vergonha nesta sua cara de estar se comportando assim na minha
frente. Nunca fomos apresentados, mas tenho certeza de que já
ouvira falar muito de mim.
- Você está tendo uma oportunidade única na vida – disse Patrícia
cheia de charminhos.
Danilo não cedia para a tentação há 1 ano e meio, desde que se
convertera. Isto porque já tinha usado este segredo outras vezes.
- Olhe só isto – rosnou a garota. E mostrou todo seu veneno de uma
vez. Ela precisou fazer força para não rir da reação de Danilo. Os
olhos do rapaz faiscaram.
- Eu te vencerei pelo poder do Espírito Santo - disse ele entre dentes
pronto para combater a tentação mais uma vez. Era impressionante
e sobrenatural a força que Danilo recebia do Espírito Santo para
resistir, suportar e combater aquela tentação. Patrícia parecia estar
achando muito engraçado. Ele ficou calado. Outras pessoas talvez
não entendessem o porquê da preocupação de Danilo em ser tão fiel
a Deus. Coisa até ligeiramente anormal para uma mundana como ela.
O pior receio dele era alguém da igreja descobrir o que estava
acontecendo ali. Danilo continuou a olhar feio para Patrícia, que
tentava sustentar uma expressão neutra. Se não fizesse nem dissesse
nada idiota, talvez pudesse ir embora dali. Mas ele sabia que estava
tendo uma oportunidade que só ocorria uma vez na vida. Patrícia
esperou ele dizer alguma coisa, mas o rapaz simplesmente continuou
a fitá-la com raiva. Ela resolveu, então quebrar o silêncio.
- Se você não quer nada comigo, nada feito. Não vou trabalhar com
quem não gosta de mim.
- Então... posso ir? – perguntou ele, se sentindo aliviado em poder
sair daquela casa. Não estava sendo fácil suportar a tentação.
Um ligeiro espasmo passou pela testa de Patrícia.
- Ah, vai ser melhor você ir mesmo. Agora eu que estou sem graça.
No começou eu estava apenas te testando, mas confesso que
também queria te dar uns garros. Mas você foi tão arrogante que não
quero trabalhar com você não. Pode ir embora.
Danilo tratou de sair daquele lugar o mais rápido possível, antes que
ele pudesse cair em tentação. No meio do caminho ele agradeceu ao
Espírito Santo de Deus pelo livramento concedido. Danilo provou
que estava preparado para vencer a tentação. Esta é a vontade de
Deus para todas as pessoas. Infelizmente, o sensualismo acaba sendo
mais forte. Mas se alguém aprender a resistir, suportar e combater a
tentação, terá forças como Danilo para vencer este terrível pecado.
Assim ele não perdeu a certeza de sua salvação, de que um dia iria
morar no céu e de que realmente amava a Deus.
Havia um homem de Deus que se chamava Adriano. Sabe onde ele
se converteu? Na cadeia. Antes de tudo isto, ele era católico. Mas
como todo católico, pecador. Então ele e um amigo chamado Silvio,
começaram a planejar um golpe de estelionatário.
- Você tem certeza que isto vai dar certo, Adriano? – perguntou
Silvio quando eles estavam perto de aplicar o golpe.
- Claro que tenho. Vamos ficar ricos.
- Então vamos lá.
Pouco tempo depois.
- Realmente você tinha razão, Adriano. Veja o tanto de dinheiro que
agente conseguiu desta gentalha.
- Eu não falei para você? Você precisa aprender a confiar mais em
mim – disse Adriano que em um momento de bobeira, deixou o
dinheiro que eles haviam conseguido com Silvio e saiu.
- Eu vou pegar este dinheiro todo e vou embora daqui – disse Silvio
para si mesmo. E assim fez. Pegou o dinheiro e colocou em um
carro velho. E na hora que ele estava fugindo, Adriano apareceu.
Mas já era tarde demais.
- Silvio, volta aqui com este dinheiro seu pilantra – gritou Adriano
desesperado. Mas não adiantou. Silvio fugiu para bem longe com
toda grana e deixou Adriano sem nada.
Pouco tempo depois, a polícia descobriu o golpe e foi atrás de
Adriano que já estava naquele exato momento, fugindo de todas as
pessoas que levaram prejuízo com a fraude. Elas queriam acabar
com Adriano.
Pega, não pega, pega, não pega, pega, não pega. PEGOU.
- Você está preso, Adriano. Por crime de estelionato e furto.
Foi na cadeia que Adriano conheceu um grande homem de Deus.
Este homem era um profundo conhecedor das escrituras sagradas e
um profeta de Deus. Ele tinha grandes visões em sonhos e Deus
falava com ele como qualquer um fala com seu amigo.
- Como você se chama? – perguntou Adriano quando percebeu que
Fernando não parava de olhar para ele.
- Eu me chamo Fernando. Mas pode me chamar de ―Fér‖. Então
Adriano, me diga por que você está preso?
- Como você sabe meu nome? – Adriano ficou assustado.
- Isto não importa.
Olhando de forma esquisita e muito assustado para Fernando, ele
falou:
- Eu estou preso por crime de furto e estelionato.
- Não Adriano. Você não está aqui por isto – disse Fernando.
―Este homem deve ser maluco‖ – pensou Adriano.
- Ah não? Então porque estou aqui? Será que você pode me dizer?
- Posso. Você está aqui porque Deus marcou um encontro com você
neste lugar. Deus permitiu que seu amigo te traísse, para que você
pudesse vir para cá e se converter. Deus tem uma grande obra na sua
vida.
Quando Fernando falou aquilo para Adriano, ele quase chorou. A
garganta de Adriano deu um nó.
A partir de então, eles ficaram amigos e Fernando passou tudo o que
sabia sobre Deus para Adriano.
- Adriano, meu amigo. O segredo de todo poder que eu tenho é que
eu aprendi a resistir, suportar e combater. Hoje eu fico feliz por
estar preso neste lugar, pois foi aqui que eu aprendi a orar. As
pessoas lá fora não têm tanto tempo como eu tive para se dedicar a
aprender a vencer a tentação. E sem resistir, suportar e combater,
você jamais terá o poder que eu tenho. E Adriano, Deus está me
dizendo que dentro de pouco tempo, vai te tirar deste lugar, pois ele
tem uma grande obra para realizar na sua vida lá fora.
- Mas eu ainda não cumpri a metade da minha pena.
- Não importa. Para Deus isto é coisa pequena.
Passou algum tempo e Adriano saiu da cadeia.
- Você ainda vai ficar quanto tempo aqui, Fernando?
- Eu peguei cento e tantos anos de cadeia. Pena máxima aqui no
Brasil é de trinta anos. Eu já estou a dez aqui. Mas eu não estou
preocupado com isto. Agora que te conheci, posso dizer que a
minha missão está cumprida.
Antes que Adriano pudesse sair da cadeia, ele abraçou seu amigo e
os dois choraram por longo tempo.
- Eu nunca vou esquecer o que você fez por mim, Fernando.
- Agradeça a Deus. Foi ele quem fez tudo.
- Mas Deus usou você, amigo.
- Não se preocupe comigo. Você precisa se preocupar em vencer as
tentações. Tudo que eu te ensinei aqui foi para te preparar para
vencer as tentações lá fora.
- Mas que tentações?
- Na hora certa, você vai saber.
Adriano guardou o que Fernando havia falando para ele acerca das
tentações. Depois que saiu da cadeia, ele sonhava quase toda noite
com Fernando dizendo para ele:
―Você está preparado para vencer a tentação? Saiba que ela virá‖.
Adriano acordava assustado e suado sempre que isto acontecia.
Quando Adriano saiu da cadeia. Deus começou a usar ele
profundamente. Ele conheceu um homem chamado Paulo, e
juntamente com ele, Adriano abriu uma igreja e começou a pregar a
palavra de Deus. Ele virou um profeta igual a Fernando e começava
a revelar a vida das pessoas. Muitos milagres também aconteciam
através da vida de Adriano. Milagres que podiam ser provados e cuja
evidência era incontestável. Adriano até arrumou uma namorada que
se chamava Carla. Eles já estavam fazendo planos para se casar. Foi
através de Carla que Adriano entrou para uma importante empresa
conhecida em todo país. Ele nem sabe como, mas quando se deu
conta, já era presidente daquela empresa. Um dia Adriano foi visitar
Fernando na cadeia.
- Seu chamado não é para dirigir empresa, Adriano. Você precisa se
dedicar totalmente para Deus.
- Mas eu estou ganhando muito dinheiro lá.
- Você está sendo perseguido pela tentação. Você precisa abrir o
olho.
- Não se preocupe. Eu nunca me esqueci do que você me disse. Que
eu precisava estar preparado para vencer as tentações. Todos os dias
da minha vida eu penso nisto. Nas tentações.
- Você realmente precisa estar preparado. Pois a hora é chegada.
- Ei, vocês, acabou o horário de visita – disse o carcereiro.
No outro dia o telefone de Adriano tocou.
- Alô. Quem fala?
- Meu nome é Nádia. Eu preciso falar com você?
- É sobre o que?
- Sobre negócios. Eu tenho uma grande proposta para você. Sei que
as coisas estão começando a ficar difícil na sua empresa. E que se
você não conseguir fechar um grande negócio, vocês irão entrar no
vermelho.
- Mas quem é você? Como você sabe disto?
- Anota o endereço do Hotel. Amanhã às duas da tarde você me
encontra lá. Eu estarei te esperando no quarto 420.
No outro dia Adriano foi até o Hotel. Ele chegou e subiu até o
quarto 420.
- Meu nome é Nádia e eu sou irmã de um homem que administra
uma grande empresa estrangeira. Agente pode te ajudar. Seu Grupo
precisa da gente para conseguir continuar.
- Mas como você me conhece?
- Eu andei frequentando os cultos que você ministrava. Você não é o
famoso profeta? Encontra comigo amanhã neste restaurante aqui
para agente acertar os detalhes.
No outro dia Adriano foi até o tal restaurante e eles fecharam
negócio.
Depois de alguns dias Nádia ligou novamente para Adriano e
marcou uma reunião.
- Me encontra no Hotel naquele mesmo quarto porque agente
precisa conversar. Eu tenho novos planos para nosso negócio.
Adriano foi até lá, e quando entrou no hotel encontrou uma terrível
tentação. Ao ver Adriano, Nádia virou-se de costas
provocantemente.
- Vamos aproveitar Adriano. Vem que eu sou toda sua.
Adriano ficou atordoado ao ver Nádia daquela maneira.
- Eu quero ser sua mulher. Eu quero ser sua amante.
Adriano pressentiu a queda. Ele percebeu que estava para cair.
Aquela tentação era terrível. Mas ainda bem que ele estava
preparado. Foi quando ele começou a resistir a tentação.
Ele não cedeu, e ao não ceder, começou a sentir tontura. Era como
se ele não fosse conseguir. Ele concentrou todas as forças que tinha
para resistir. E suas forças foram se acabando. Começou sentir
fraqueza e as pernas bambas.
- Eu preciso suportar...A tentação - disse Adriano sem forças e
sentindo muita tontura.
Nádia percebeu que ele começou a passar mal e foi quando Adriano
desmaiou.
TIBUM!
Ele caiu no chão.
- Adriano! O que aconteceu com você! – Nádia se aproximou e
tentou acordar Adriano.
- Eu...Eu estou vendo claramente a tentação na minha frente. Por
um instante eu achei que fosse cair. Vai embora Nádia. É muito
perigoso. Agente não pode fazer nada aqui.
- Mas por quê? Você não me acha atraente?
- Não é isto Nádia. Você é a mulher mais atraente que eu já vi em
toda minha vida. Mas é que eu sou um homem de Deus, e se eu cair
com você, coisas terríveis vão acontecer em nossa vida. Deus pode
até mesmo te matar – ele tentou combater a tentação com uma
tímida pregação.
- Ai credo. Não fala uma coisa destas, Adriano.
Com muito custo, Adriano foi recobrando os sentidos. A tentação
tinha sido tão forte que chegou ao ponto de Adriano ter uma
síncope. Mas ele conseguiu vencer e Nádia acabou por fim
colocando a roupa e eles ficaram conversando sobre negócios até
que Adriano foi embora.
O tempo passou e mais uma vez Adriano teve que enfrentar a
tentação com Nádia. O telefone dele tocava sem parar até que ele
atendeu.
- Sou eu, Nádia. Será que você pode passar aqui em casa para assinar
alguns contratos?
Adriano não teve outra escolha.
- Que horas?
- Daqui à uma hora.
- Então daqui à uma hora eu passo aí na sua casa.
- Pega uma caneta e um papel para você anotar o endereço.
Uma hora depois Adriano chegou à casa de Nádia.
- E então, onde estão os contratos? – perguntou Adriano.
Nádia o levou para uma sala e mostrou um monte de papéis que
estavam em cima de uma mesa.
- Ali estão. Quando você terminar de assinar todos estes contratos,
você vai ficar rico. Vai ganhar tanto dinheiro que nunca mais vai
precisar trabalhar em toda sua vida.
Adriano sentiu uma grande pontada no coração. Por alguns
segundos, ele se lembrou de Fernando que estava preso.
―Adriano. Você precisa estar preparado para vencer a tentação. Saiba
que ela virá!"
- E onde eu assino? – perguntou Adriano apressado.
- Calma aí. Eu ainda tenho uma surpresinha para nós – disse Nádia Vire-se de costas. Feche os olhos.
Adriano ficou meio sem jeito, mas fez o que ela pediu.
- Pronto! Agora pode olhar.
Quando Adriano olhou para Nádia, ela estava tirando a blusinha
ficando extremamente sensual.
- Meu Deus do céu! O que é isto na minha frente! – exclamou
Adriano completamente apavorado. Desta vez ele não perdeu os
sentidos, mas teve que resistir a tentação.
- Eu tenho certeza que desta vez você não me escapa. Homem
nenhum deste mundo resistiria a isto.
- Nádia, minha querida. Você está querendo destruir a minha vida –
falou Adriano. Seu celebro rodopiava a milhões diante da tentação
que não foi embora ao ser resistida.
Mais uma vez, Adriano esteve muito perto de cair em tentação.
Ainda bem que ele suportou e começou a combater a tentação
dizendo ―Sai tentação‖ bem alto. Até os vizinhos ouviram.
- Nádia. Você já devia saber que eu sou um homem de Deus e não
posso me entregar para estas coisas.
- Mas amar não é pecado, meu querido. Você precisa de uma mulher
do seu lado. Você está muito sozinho.
Com muito custo Adriano conseguiu resistir àquela tentação.
- Nádia. Eu vou embora.
Ela ainda não havia desistido e então falou:
- Eu estou percebendo que você não está legal. Você vai embora de
quê?
- Não se preocupe, eu pego um taxi.
- De jeito nenhum. Deixa que eu te levo até sua casa.
A tentação realmente estava disposta a testar aquele servo de Deus
no seu limite.
Ele sem pensar direito e achando que ela havia se dado por vencida e
que estava apenas sendo prestativa, acabou aceitando a carona.
- Espera um pouco que eu vou trocar de roupa. Você pode ir até a
garagem e ir ligando o carro para mim. As chaves estão no contato.
Ele foi até a garagem e quando girou as chaves o carro não pegou.
Tentou mais algumas vezes e nada. Foi quando ele ouviu um barulho
e percebeu que Nádia estava por perto.
- Este carro está com defeito.
- Pode deixar que eu vou consertar – disse ela. Mas antes que ela
começasse a arrumar o carro, ela se virou para ele e mais uma vez
tentou fazer aquele servo de Deus cair em pecado.
Resistindo e suportando o poder da tentação ele resolveu
combater a tentadora com toda força. Começou a repetir várias
vezes a frase:
- Sai tentação, sai tentação, sai tentação.
- Como é que é? – ela ficou bastante surpresa.
- Pode ficar com seus contratos. Com seu dinheiro. Eu não quero
saber de mais nada. Eu estou me demitindo agora.
- Você vai deixar a presidência do grupo? Você ficou louco?
- Louco eu vou ficar se eu cair em tentação. Já é a terceira vez que
você faz isto comigo. Eu já corri riscos demais.
- Eu não estou acreditando no que estou ouvindo.
- Pois pode acreditar. A partir de hoje eu vou me dedicar somente
em fazer a obra de Deus.
- Mas você vai ficar pobre, Adriano. Vai perder tudo que conseguiu
na empresa.
- Eu sei disto, Nádia. Mas a minha riqueza não está neste mundo.
- Você quem sabe – disse Nádia – Agora eu estou me sentindo
envergonhada. Do jeito que você me despreza, parece que eu sou
uma mulher vulgar. Eu só estou fazendo isto, porque eu gosto muito
de você.
- Eu sei Nádia. Eu já disse que você é uma mulher extremamente
desejável. É exatamente por isto que eu vou abandonar tudo Adriano era completamente apaixonado por sua namorada Carla - E
a última coisa que eu quero neste mundo é cair em tentação.
Adriano se despediu de Nádia e foi embora. Ele acabou saindo
mesmo da presidência do grupo e voltou a se dedicar somente para
Deus. E por fim se casou com Carla. Depois de algum tempo ele foi
visitar seu amigo Fernando na cadeia.
- Estou com muitas saudades – disse Adriano.
- Você venceu meu amigo. Aprendeu direitinho. Vejo que estás
realmente preparado para vencer a tentação.
- E como! – Adriano se lembrou de Nádia.
- O seu esforço para Deus não vai ser em vão. Eu prometo – disse
Fernando.
- E você meu amigo? Quando é que você vai sair deste lugar. Você é
um homem tão abençoado. Se Deus está com você, porque é que
Ele não te tira daqui?
- Porque se Deus me tirar daqui, Ele estará me levando para longe da
presença Dele. Eu não vejo lugar neste mundo onde eu teria
condições de orar oito horas por dia – disse Fernando.
- Eu entendi – falou Adriano que se despediu, pois o horário de
visita havia acabado.
Adriano continuou fazendo a obra de Deus e nunca mais viu Nádia.
Deus estava muito contente com seu servo porque ele havia vencido
a tentação e começou a operar mais ainda na vida dele. Amém.
_______________________
Eduardo havia decidido que iria procurar as pessoas da irmandade
para tentar convertê-las. Mas acabou se lembrando daquele jornalista
que havia penetrado em um culto satânico e o fim trágico que ele
teve. Ele havia colocado na cabeça que não iria parar de orar
enquanto não convertesse um daqueles satanistas que viviam
passando pela rua de sua casa. Até que ele encontrou Marlon. Ele
começou a pregar a palavra de Deus para Marlon, que por fim
aceitou Jesus como salvador.
- Você está com medo do pessoal da irmandade? – perguntou
Eduardo certo dia para Marlon quando percebeu a dificuldade do
novo convertido.
- Eu sou um traidor, eles não vão me perdoar – disse ele.
- Não se preocupe, Jesus vai te ajudar – Eduardo tentava acalentar o
irmão. Eles ficaram conversando por um bom tempo e no final
passaram cerca de uma hora com os joelhos dobrados pedindo
proteção ao Senhor.
O tempo foi passando e certo dia Marlon encontrou com uma moça
que ele conhecia muito bem. Era Thalya. Ela era da irmandade e
quando viu Marlon foi logo se aproximando e perguntando por que
ele havia sumido.
Quando ele falou que era cristão, ela parecia não acreditar.
- Eu não entendo nada dessa religião – disse Thalya para Marlon –
Mas tenho certeza de que você não vai durar muito tempo neste
caminho.
- Não é tão difícil servir a Deus como você pensa – replicou ele.
Thalya era uma bruxa muito poderosa dentro da seita satânica que
Marlon fazia parte. Foi quando ela o convidou para ir até sua casa.
Ele já estava acostumado a frequentar a casa de Thalya, mas desta
vez seria diferente.
Quem não está preparado para vencer a tentação, certamente vai
sucumbir quando chegar a hora de enfrentar o que Marlon está para
enfrentar. Eles chegaram à casa de Thalya. E ela se aproximou de
Marlon querendo o beijar:
- Eu estou com muita saudade de você – disse ela começando a se
despir. Ele pediu insistentemente para ela parar. Mas ela continuou
se despindo a distância. Ela então se apoiou na cama e provocou
Marlon para fazer ele cair em tentação.
Foi quando ele resistiu a tentação. Mas a tentadora não iria se
render facilmente e ele percebendo isto sentiu o poder da tentação
aumentar. Olhar para ela daquele jeito provocou reações severas em
seu corpo. A carne gritava para Marlon se entregar ao poder do
pecado. Ele teve que suportar aquela tentação para não cair.
Ela se levantou e tentou se aproximar dele para beijá-lo. Ele para
combater a tentação a empurrou.
- O que está acontecendo com você? – perguntou ela contrariada.
- É que eu não consigo ver o pecado na minha frente. Dói, dói
muito de ver a humanidade nesta situação. Isto entristece muito o
Espírito Santo de Deus.
Então ela começou a sentir vergonha de estar na frente dele daquela
maneira. Mas como bruxa, não estava preocupada com Deus. E
então começou a fazer poses sensuais. Marlon via tudo aquilo tendo
que suportar a tentação. O mais importante é que aquele irmão
estava preparado para vencer a tentação. Porque ela estava bem na
sua frente. Por fim ele acabou indo embora sem se despedir. Mas
isto não acabaria por agora.
Era muita tentação para pouco cristão. Mas ele teria que vencer. Ele
havia saído do satanismo tinha pouco tempo. A bruxinha da seita foi
enviada pelo Tentador, que é o diabo, para tirar o irmão dos
caminhos do Senhor. Era uma tentação planejada por ela. Se ela
conseguisse derrubar o irmão, então ficaria bem mais fácil fazê-lo
voltar para a irmandade. Desde o dia em que Marlon aceitou Jesus
como salvador, sua vida havia piorado muito. Ele havia perdido o
emprego, brigado com sua família que não aceitou de forma alguma
que ele fosse um Cristão e por fim, estava adoecendo. Será que a
coisa poderia piorar ainda mais. Thalya procurou Marlon e começou
a falar as coisas boas que ele tinha na irmandade. Disse que Marlon
não aguentaria ser cristão por muito tempo e que aquilo não passava
de uma farsa. Foi então que aquele homem resolveu mostrar que era
um grande cristão.
- Você está errada. Eu me converti de verdade – disse ele.
- Vamos até a minha casa para eu te provar que é você quem está
errado.
Ele não entendeu as intenções daquela mulher. Acabou caindo no
laço.
Quando ela chegou lá, foi se despindo aos poucos perto de Marlon.
Primeiro ela tirou a blusa.
- Eu sei que você não namora há muito tempo. Chegou a hora de
você matar a saudade dos bons tempos.
- Olha moça. Com todo respeito. Mas eu não posso nem olhar para
você. Eu vou me retirar deste lugar imediatamente.
- Mas o que está acontecendo? Eu fiz alguma coisa de errado. Olha
bem para meu corpo, eu não estou certa em te oferecer algum
prazer?
- Eu temo ao Senhor. Eu não vou me entregar ao pecado – disse ele
resistindo a tentação.
Ela começou a rir na cara do irmão.
- Você não passa de um mal amado.
O circo do horror estava armado. E o diabo quem era o autor. Um
grande espetáculo dirigido pelo Tentador.
- Você vai aceitar namorar comigo hoje sim! – disse ela ameaçando
Marlon.
Aquele irmão precisava suportar a tentação mais um pouco. Tudo
parecia muito calmo. O pessoal da irmandade geralmente aprontava
um escândalo muito maior do que aquele.
- Eu tenho uma coisa para te dizer, dona. Eu já terminei de
conversar tudo que eu tinha para falar com você. Eu não quero
realmente nada contigo. Se existe alguém querendo me matar aqui na
sua casa por ter abandonado a irmandade, fale logo.
- Ninguém vai aprontar nada para você – disse ela – Eu estou
fazendo isto porque quero que você volte. Acho que você estava
muito melhor no satanismo do que nesta religião tola que você
escolheu. Deus não pode te fazer feliz como nós podemos.
- O diabo não criou o sol, não criou as árvores, ele não fez as estrelas
– retrucou ele desesperado.
- Daqui a pouco você vai estar pedindo trocado nas praças – disse
ela.
- Quem criou o diabo? Deus. Então Deus pode me dar muito mais
do que ele – falou Marlon.
Ela começou a falar algumas palavras que ele não conseguia
entender direito. Parecia algum tipo de encantamento. Mas ele
suportou a tentação para não cair em pecado. Seu passado veio
como um filme em sua mente. Ele se lembrou do dia em que aceitou
Jesus como salvador. Ele chorava, pulava e ria ao mesmo tempo.
Tudo parecia tão perfeito naquela época. Era como se ele nunca
mais fosse pecar. Mas a tentação agora mostrava as caras. O poder
da tentação era incrível. E se ele não vigiasse, iria botar tudo a
perder. Ele precisava urgente de combater aquela tentação. Não
tinha a mínima condição de ser apenas uma vítima daquilo.
- Eu sirvo a um Deus forte e poderoso – disse ele.
- E daí? – falou a mulher com indiferença.
- Desta vez você está do lado dos fracos.
- Será que vale a pena sofrer tudo isto para ir para o céu? – começou
ela a pregar a doutrina satânica para ele - E se o inferno não for um
lugar ruim como dizem os cristãos? – ela estava tentando fazer o
irmão pensar como ela. Mas ainda bem que ele tinha comunhão com
Deus. Ele não acreditava em nada do que ela estava querendo dizer.
- Eu já tenho a minha resposta – disse ele convicto.
Quem sabe mais para frente ele saberia explicar tudo aquilo melhor
para ela, ele tentava pregar o evangelho, mas não tinha argumentos
que davam para convencer Thalya. Mas no momento, tudo o que lhe
restava fazer era combater aquela tentação. Então ele começou a
tentar expulsar o tentador daquela tentadora.
- Sai tentador, em nome de Jesus. Sai dela tentador, em nome de
Jesus.
A mulher ficou severamente revoltada com o irmão. Sem contar que
o demônio a jogou algumas vezes no chão fazendo-a até mesmo
perder a consciência. Por fim, ela acabou se rendendo e vestindo as
roupas. E então disse:
- Você vai ver, agente vai te pegar e te dar uma surra. Ninguém pode
abandonar a nossa seita assim – disse ela com raiva antes dele ir
embora.
Marlon confiava em Deus para que o Senhor o pudesse proteger. E
até o presente momento, nada de ruim havia lhe acontecido.
Naquele dia ele havia aprendido que realmente funciona quando
agente resiste, suporta e combate a tentação.
Um grande servo de Deus está preparado para vencer qualquer tipo
de tentação. Para que alguém possa ser salvo e permanecer firme nos
caminhos do Senhor, digo permanecer firme porque será muito
grande o dano se alguém aceitar Jesus e começar a se desviar muitas
vezes, então, para permanecer firme é preciso estar preparado para
vencer a tentação. Este livro foi escrito para ajudar vocês a vencerem
a pior das tentações. Boa leitura!
Havia um irmão que se chamava Paulo. Mas todo mundo o
chamava de Paulinho. Este irmão havia aceitado Jesus como
salvador. Antes de se converter ele era um grande pecador.
Participava de uma facção criminosa. Não foi fácil ter a coragem de
abandonar o mundo do crime e do pecado para servir a Deus. Ele já
tinha sido batizado. Não era nada fácil vencer o pecado. Vocês irão
ver agora que assim como Deus tem seus escolhidos na terra, o
diabo também tem. Uma pessoa escolhida por Deus promove o seu
Reino e leva as demais pessoas a conhecer a Deus e a viver uma vida
de santidade (quando digo as demais pessoas, obviamente estou me
referindo apenas aqueles que aceitam o evangelho e estão dispostos a
pagar o preço do discipulado). Já uma pessoa escolhida pelo diabo,
promove o pecado que é uma grande desgraça na vida das pessoas.
As pessoas que tem um chamado do diabo, nunca irão se arrepender
de seus pecados. Para elas, a vida errada que levam é uma coisa
normal e elas se justificam de várias maneiras.
Havia uma mulher que se chamava Ana Paula. Esta mulher morava
na mesma cidade que Paulinho. Certo dia, Paulinho resolveu fazer
um curso para se especializar em mecânica. Ele tinha o sonho de ser
engenheiro um dia. Assim que ele chegou ao curso já foi notando a
presença de Ana Paula. Nos primeiros dias de curso ela não
conversava com ele. Mas certo dia, ela chegou em Paulinho e
começou a fazer algumas perguntas:
- Você mora por aqui mesmo?
- Eu moro do outro lado da cidade – respondeu ele.
- Sabia que a semana que vem vai ter uma aula especial?
- É mesmo?
- É sim. Você não está sabendo?
- Ninguém me falou nada.
- Ah! Sério? Eu vou vir, a professora disse que se eu arrumasse mais
um para vir comigo, a aula poderia ser feita.
- Eu venho então – disse Paulinho.
Os dias foram passando. Um carro aparecia no pátio do curso. Era
Paulinho. Foi quando Ana Paula resolveu testar a fé daquele irmão.
Ela sabia que ele servia a Deus com muita perseverança e se desviava
do mau. Não teria aula para os alunos. Mas ela não avisou nada para
Paulinho. Ela estava afim dele. Ela foi para aquele lugar sozinha.
Assim que ela chegou, se preparou para a chegada de Paulinho.
Foi quando ele chegou também. Não havia ninguém por ali. Apenas
ele e Ana Paula.
- Hoje a nossa aula vai ser diferente – disse ela.
Ele já percebeu o poder da tentação.
- Eu quero que você me ensine a beijar.
Ele encarou Ana Paula que estava quase sem roupa.
Paulinho teve que provar que realmente amava a Deus. Não foi nada
fácil se livrar de Ana Paula. Foi quando ele começou a resistir a
tentação. Depois falou para ela:
- Mas porque você está fazendo isto moça?
- Você vai me beijar ou não?
- Eu não posso fazer nada com você. Eu sirvo a Deus e se entregar
ao pecado vai ser muito ruim para mim – ele teve que começar a
suportar o poder da tentação que só aumentava ali naquele lugar.
- Deixa de bobagem, Paulinho. O pecado não existe. Isto é coisa de
pastor para arrancar o dinheiro das pessoas.
- Existe sim. Antes de aceitar Jesus como salvador, eu era um grande
pecador. A partir do momento que entreguei minha vida para Deus,
Ele mudou completamente a minha forma de andar e de se
comportar.
- Então você não quer nada comigo?
- Eu vim aqui para participar da aula.
Ele começou a combater a tentação com oração em pensamentos.
- A aula aqui hoje é comigo.
- Então eu vou embora.
- Você tem certeza que vai embora?
- Tenho sim.
- Eu não estou acreditando no que estou ouvindo.
- Pois pode acreditar.
Com muita dificuldade para suportar, porque afinal de contas,
nunca foi fácil vencer a tentação, Paulinho saiu dali e deixou Ana
Paula sozinha naquele lugar. Quando Paulinho chegou à igreja, foi
logo contando o que aconteceu para seus amigos.
- Eu realmente sou um cristão de verdade. Eu venci o pecado. Da
para contar nos dedos alguém que teria rejeitado a oportunidade de
pecar igual eu rejeitei naquele lugar – dizia Paulinho com entusiasmo
cristão.
- Eu achei aquele irmão arrogante. Se ele realmente se converteu, ele
precisa de mais humildade – falou uma colega de Paulinho para um
irmão que se chamava Marcos.
- Hoje no culto vai ter um testemunho muito lindo – disse Marcos
para a moça. Outra irmã que se chamava Josiane estava por perto e
falou:
- Eu sei. Você está falando do testemunho daquele gatinho que era
do PCC. Mal posso esperar para ouvi-lo - Josiane notou que Marcos
não gostou do que ela falou, pois Marcos gostava dela - Não vai me
dizer que esta com ciúmes? Somos apena amigos. Eu sou livre para
conquistar quem eu quiser. Certo? Vou jogar todo meu charme para
cima dele hoje. Fiquei sabendo que ele não tem namorada.
Marcos se retirou contrariado.
- Ei aonde você vai? Não vamos juntos para o culto? – disse Joseane,
mas Marcos realmente não havia gostado do que ela falou. Marcos
foi até Paulinho e comentou o que aconteceu. Foi então que
Paulinho disse para ele:
- Não fica assim. Eu conheço a Josiane, ela falou isto brincando seu
bobinho. E você caiu direitinho, hein. Rapaz você é o único irmão
que ela anda de mãos dadas. Estes dia o Romeu do contrabaixo
ofereceu uma carona e ela falou que só andava com você que não
confiava em mais nenhum irmão. E tem mais. Você é bem mais
bonito que ele.
- Mas sabe qual é o problema é que você por exemplo, tem dinheiro
e fama – disse Marcos.
- Não fica assim não, irmão.
- Acho que não quero ir mais para igreja. Ontem acabou o culto e
ninguém ligou pra mim.
Paulinho tirou o celular de ouro do terno e entregou pra ele.
- Liga para Joseane- disse Paulinho - Pode falar o quanto quiser.
Marcos olhou perplexo para o aparelho. Seu dourado cintilante
causava admiração.
- Me disseram que você vai esta dando testemunho hoje aqui na
igreja, é verdade que você foi um dos líderes do...- Marcos não
completou a frase.
- O boato que eu era um dos chefes da facção é exagerado. Eu era
batizado no PCC e trabalhava para eles. Foi um delegado que
atrapalhou toda minha vida quando espalhou que eu era parente do
Cezinha e estava assumindo o lugar do Marcola, foi a partir daí que
minha vida virou de ponta cabeça.
- É verdade que Deus te mostrou o inferno?
- Sim, em sonhos. Se não fosse isto, estaria morto. Foi a maneira que
Deus encontrou para me salvar. Eu nunca fui de ir na igreja e nem
de ouvir pregação de crente. Eu até hoje não ouço pregadores
medíocres. Foi por isso que Jesus apareceu pra mim. E a igreja se
tornou o melhor lugar do mundo para mim. Quando o culto acaba
eu ficoansioso para chegar logo o próximo culto. Também tenho
muita vontade de fazer missões.
- Aquela irmã que você chama de doidinha disse que aos poucos vai
te enturmar com o pessoal na igreja, estão começado a gostar muito
de você.
- Eu gostaria de poder conversar com a mulher do pastor. Mais ela
parece tão ocupada. Tem hora que eu a acho meio metida. Eu fiquei
sabendo que ela também já teve envolvida com coisas pesadas e se
converteu.
- Tem uma jovem que me disse que te admira muito e me implorou
para que eu conversasse com você para que você fizesse uma oração
para ela. Ela se chama Lilá e tem enfrentado dificuldades para estar
nos caminhos do Senhor. Eu a acho um amor de pessoa.
- Esta igreja é muito grande, a gente não consegue nem fazer amigos
direito. Quando eu vou para o culto eu não conheço ninguém. Olha
irmão eu estou muito feliz por ter tomado esta decisão, apesar de ter
frequentado a igreja durante este pouco tempo. Eu ainda não tinha
contado meu testemunho, mais eu quero pedir a sua ajuda, tenho
certeza que vai ser muito difícil pra mim e estou com medo de não
conseguir. Inclusive eu quero que você me ajude a orar. Sinto que
preciso me casar logo. Porque eu quero servir a Deus de coração e
você sabe como são as coisas pra gente que já foi do mundão.
- Entendo.
No outro dia antes mesmo de Paulinho dar seu testemunho na
igreja, a tentação veio com toda força para derrubar o irmão. Ele
havia se hospedado em um hotel. E quando ele desceu para ir ao
culto encontrou com suas amigas que faziam parte da facção.
- Agente ficou sabendo que você estava aqui e viemos para fazer
uma daquelas nossas festinhas – disseram elas para Paulinho.
Paulinho teve que olhar para aquelas mulheres e resistir a tentação.
Elas ainda ficaram insistindo.
- Vamos subir para o quarto, Paulinho.
- É meu querido, agente está com muitas saudades daquele tempo.
Depois que você foi para igreja você nunca mais procurou os seus
velhos amigos.
- Hoje eu sou nova criatura. As coisas velhas se passaram e tudo se
fez novo – respondeu Paulinho para aquele grupo de mulheres.
- Olha como ele está mudado – disse uma delas.
- Vocês me dão licença que agora eu tenho que ir para o culto –
disse ele fazendo um grande esforço para suportar o poder da
tentação e não cair em pecado.
- Olha gente! Ele tem que ir para o culto. Aprontou até não querer
mais e agora fica dando um de santo – as mulheres riram de
Paulinho.
- Sai tentação!– combateu Paulinho que saiu dali praticamente
correndo. Ele ainda tropeçou em uma das moças. Mas ele apenas
olhou para ela com um olhar de misericórdia e foi para o culto.
Graças a Deus que Paulinho estava preparado para vencer a
tentação. O diabo que é o Tentador de nossas almas faz de tudo para
que uma pessoa não ande nos caminhos do Senhor. Algumas ele
consegue derrubar facilmente, outras ele não consegue derrubar de
forma alguma. Mas para resistir a tentação é preciso estar esperando
por ela, saber identificar a tentação quando ela vier e resistir,
suportar e combater a tentação para vencer a mesma. Espero que ao
ler este livro vocês aprendam a vencer as tentações. Não apenas a
tentação do sensualismo, mas todas as formas de tentações que
existem.
____________
O servo de Deus estava indo para o monte orar. Achou que poderia
levar uma nova convertida com ele. Se ele não soubesse o segredo
para se vencer a tentação ele teria se desviado antes mesmo de
chegar ao monte. Na verdade, ele teria que enfrentar a tentação
justamente no seu ponto fraco. Cerca de um ano atrás, quando ele
não conhecia o segredo para se vencer a tentação ele acabou caindo
com uma irmã da igreja no mesmo dia que ele entrou em comunhão
e tomou santa ceia, sendo que havia passado algum tempo sem
tomar ceia justamente por ter se desviado dos caminhos do Senhor
após cair com uma mulher. Mas pouco tempo depois, por sorte, ele
acabou entrando no site do Ministério Vencendo as Tentadoras e
ficou conhecendo o grande segredo que pela primeira vez ele iria
colocar em prática. Será que iria funcionar?
- Vamos Fernanda – disse Ricardo.
- Já vou. Espera eu pegar minha bolsa.
Ricardo ligou o carro e ficou esperando Fernanda. Ele havia pregado
para ela e supostamente ela havia aceitado Jesus como salvador.
Fernanda não era uma tentadora nata. A atitude que ela estava para
tomar fugia dos seus padrões de comportamento. Teria o inimigo
influenciado Fernanda com tamanha eficácia de forma a conseguir
fazer dela uma tentadora para derrubar Ricardo? A resposta é sim.
- Vamos logo – disse Fernanda entrando no carro – É a primeira vez
que eu vou para um monte orar. Eu nem sei como se faz isto.
- Não existe nada demais. Basta apenas você orar como se estivesse
orando em qualquer lugar.
- Entendi – disse ela.
O monte ficava um pouco afastado da cidade. Eles pegaram a
estrada e pouco tempo depois o carro começou a se comportar de
forma estranha.
- Eu acho que tenho que parar – disse Ricardo – Eu estou sentindo
o carro pesado.
- Eu não quero ficar no meio da estrada – reclamou Fernanda – Já
estou me arrependendo de ter vindo com você.
Ricardo parou o carro e desceu. O pneu estava muito murcho e ele
teria que trocar.
- Vai demorar? – perguntou ela.
- Não muito – respondeu ele.
Fernanda desceu e ficou por ali entediada sem saber o que fazer.
Ricardo disse para ela aproveitar e começar a orar.
- Eu não vou orar aqui – disse ela – Para dizer a verdade eu nem sei
orar. O que é aquilo? – ela apontou para uma árvore que ficava perto
dali.
- É um pássaro. Uma arara.
- Que bonito. Eu nunca tinha visto uma.
- Você nunca viu uma arara na sua vida?
- Tão perto assim, não. Eu vou lá para ver como ela é. Será que eu
consigo pegá-la?
- Claro que não. Elas estão muito altas.
Fernanda entrou no meio da mata e ficou por ali observando as
araras. Ricardo terminou de trocar o pneu e chamou por ela.
- Espera – disse Fernanda – Vem aqui um pouco.
- Eu estou com pressa. Não vim aqui para ver pássaros. Agente veio
para ir ao monte buscar ao Senhor.
- Eu não quero mais orar – disse ela.
Ricardo ficou muito aborrecido de ter ouvido aquilo.
- Mas você vai ter que orar porque eu não vou te levar de volta.
- Eu não vou orar. Prefiro fazer coisas melhores. Porque agente não
aproveita e namora um pouco? Desde que eu passei para esta
religião eu não arrumo um namorado.
Quando Ricardo ouviu aquilo a tentação começou a tentar persuadir
seus pensamentos. Ele também não arrumava uma namorada há um
bom tempo. Será que seria pecado começar um namoro com
Fernanda ali? E se eles se beijassem? Ricardo começou a pensar
nesta possibilidade. Foi quando se lembrou de que estava ali para ir
ao monte buscar a Deus. E se ele fosse buscar a Deus no monte e
aproveitasse para namorar um pouco Fernanda? Seria pecado beijá-la
na boca? Seria pecado arrumar uma namorada?
Acontece que Fernanda não estava se importando com o que seria
ou não pecado. Ela estava entregue aos desejos da carne. Ricardo
caminhou até onde Fernanda estava.
- Vamos para o carro – disse ele.
Ela passou do lado dele e os dois quase se beijaram. Ricardo estava
perdendo o controle da situação.
Quando eles se aproximaram da estrada para chegar até o carro,
Fernanda fingiu tropeçar e rapidamente tirou o vestido. Ricardo
estava bem atrás dela. Ela esperou uma reação da parte dele.
Coisas assim podem acontecer com os melhores homens de Deus
que existem na terra. É nesta hora que realmente temos que provar
que amamos a Deus. É quando temos que escolher entre o certo e o
errado, entre ser fiel aos princípios de Deus ou satisfazer algo que
possa ser prazeroso do ponto de vista humano. Ricardo sentiu o
poder da tentação que veio perturbar sua mente e ele estava diante
de uma decisão. Ele já havia caído com mulheres antes. Mas isto fora
quando ele não sabia o segredo para se vencer a tentação.
Imediatamente ele se lembrou do Ministério Vencendo as
Tentadoras e do segredo que havia aprendido no site. Então ele
colocou este segredo a prova.
Resistiu a tentação imediatamente. Foi quando ele sentiu uma força
sobrenatural insistir para que ele caísse. Então ele suportou o
terrível efeito colateral da tentação. Fernanda achou que Ricardo iria
ceder. Ela já havia percebido que ele estava carente. Mas ao invés
disto, ele se desviou dela e foi direto para o carro combater a
tentação colocando um hino bem alto no radio do veículo.
- Vamos embora – disse ele para ela que olhou completamente
incrédula para o irmão parado ali na porta do carro.
- Tem certeza? – ela ainda estava sem a saia.
- Tenho – disse ele.
- Estou boba com você. Agora eu vi que você realmente é um servo
de Deus – falou ela, agora se sentindo envergonhada. Ela caminhou
até o carro, colocou a saia novamente e entrou. Ricardo achou
melhor voltar para casa. A atitude de Fernanda o havia tirado do
clima. Ela não teria condições para orar depois daquele
comportamento promíscuo.
Ricardo ainda pregou a palavra de Deus para Fernanda durante o
trajeto de volta. Ela ouvia e olhava para ele com vergonha. Depois
daquele dia, Fernanda acabou aceitando Jesus como salvador. Ela
acabou se arrependendo de todos os seus pecados e se converteu de
verdade. Quando Ricardo venceu aquela tentação, deu um bom
exemplo para ela do que realmente é ser salvo. Ela entendeu que se
ele teve forças para rejeitar o pecado, ela teria também. Fernanda
também acabou aprendendo o grande segredo para se vencer a
tentação que é resistir, suportar e combater. Ricardo, porém, acabou
se afastando dela e os dois não conversaram mais, apenas uma vez,
cerca de um mês depois do que aconteceu na estrada, no dia em que
Fernanda se batizou. A partir daquele dia, ele adquiriu confiança no
poder de resistir, suportar e combater e nunca mais caiu com mulher
nenhuma. Glória a Deus.
________________
O missionário estava pregando a palavra de Deus no culto.
- Vamos embora desta igreja - disse Tatiana para Roberto.
- Porque você está com tanta pressa....Espera mais um pouco que o
culto já está acabando.
- É que eu preciso ir ver a minha novela.
Roberto vinha evangelizando Tatiana fazia algum tempo. Deus era
pregado praticamente 24 horas por dia. Mas Tatiana ainda não havia
aceitado Jesus como salvador. Eles moravam na mesma rua e já
chegaram a trabalhar juntos na mesma empresa.
- Eu vou embora! Não vou esperar este culto acabar de jeito
nenhum - disse ela que foi se levantando - Você vai me deixar ir
embora sozinha?
- Não. Eu vou com você - falou Roberto contrariado. No meio do
caminho. Ele começou a evangelizar Tatiana.
- Se você não se arrepender de seus pecados e aceitar Jesus como teu
salvador, você vai para o inferno - dizia ele.
- Para o inferno todos nós vamos - falou ela
- Eu tenho certeza da minha salvação - disse Roberto
- Será que tem mesmo? - falou Tatiana com cepticismo. Ela não
acreditava muito neste assunto de céu e inferno.
Roberto havia se convertido a cerca de cinco anos e havia se
desviado dos caminhos do Senhor apenas uma vez. Seu ponto fraco
era mulher. Na época, havia começado um namoro com uma irmã
da igreja que era uma moça mundana e por fim, acabaram caindo em
pecado. Desde então, Roberto vigiava muito no quesito mulher. A
despeito de Tatiana, ele ainda não havia percebido o perigo em que
estava se metendo quando decidiu evangelizar a moça. Ele ainda não
havia percebido que ela não queria nada com Jesus.
Quando eles chegaram na porta da casa de Tatiana, ela o convidou
para entrar:
- Você entra para tomar um café?
- Não sei. Eu tenho que orar e estudar a palavra de Deus - disse ele
contrariado por terem saído do culto antes que terminasse.
- Ah! Deixa para você fazer isto depois. Me faz companhia um
pouco. Eu estou sozinha aqui em casa - Roberto não percebeu a
malícia com que Tatiana havia falado que estava sozinha em casa.
- Vou entrar só um pouco. Não vou demorar - disse o servo do
Senhor.
Eles entraram e Roberto ficou na cozinha, já que ela havia
prometido um café.
- Espera um pouco que eu vou trocar de roupa. Senta aí e me espera
- disse ela apontando para a cadeira ao lado da mesa.
A casa de Tatiana era muito pequena e apertada. Mal dava para andar
dentro da casa. O quarto dela era o menor cômodo da casa. Só cabia
a cama e um guarda roupa.
Ela estava demorando muito e Roberto a chamou, impaciente:
- Anda logo que eu tenho que ir embora.
- Eu não estou encontrando o meu chinelo. Vem aqui me ajudar disse ela de dentro do quarto que era um cubículo.
Inocentemente Roberto foi até lá e atravessou a porta com rapidez.
Foi quando viu Tatiana um passo na sua frente. Se ele andasse mais
um pouco...
- Me ajuda a procurar - disse ela - Eu acho que está embaixo do
colchão.
Roberto não sabia o que fazer e nem o que dizer. Teve que enfrentar
a tentação. Será que ele iria olhar para ela com olhos impuros? Será
que ele iria cair em pecado com ela?
Foi quando começou a resistir a tentação. Ele começou a sentir
calafrios e taquicardia, pois teria que suportar todo poder da
tentação.
- Eu.....- ele estava sem voz, não era fácil suportar e não se entregar.
Teve pouco tempo para pensar se queria realmente permanecer fiel a
Jesus ou se iria se entregar ao poder do pecado. Ele sentiu Deus
tocando em seu coração para combater a tentação imediatamente.
Mas também sentiu o diabo soprando em sua mente para aproveitar
aquela oportunidade e ceder aos desejos da carne.
Peca ou não peca, cai ou fica de pé? Permaneceria ele fiel ao Senhor?
Valeria a pena negar os desejos da carne para obedecer aquilo que se
conhece por " vontade do Senhor".
- Roberto! Faz alguma coisa! - ele não sabia se ela falava do chinelo
ou se estava brava por ele não ter tomado nenhuma iniciativa
libidinosa.
Roberto começou a dizer:
- Sai tentação, sai tentação, sai tentação.
- O que você está fazendo seu idiota? - gritou Tatiana.
- Eu não quero! Eu não quero! - dizia Roberto desesperado, ainda
suportando o poder da tentação.
- Quer sim! - falou Tatiana demonstrando que estava ali para
derrubar o irmão.
Roberto disse várias vezes que não e eles começaram uma forte
discussão. Até que Tatiana viu que ele não iria cair em pecado e
acabou expulsando Roberto de sua casa.
- Nunca mais volte aqui. E nunca mais me pare na rua para falar de
sua igreja. Não quero dar dízimo para o pastor. Seu crente babaca.
Assim, o servo de Deus, conseguiu permanecer fiel ao Senhor e
vencer o poder do pecado. Quem dera todos fossem como ele.
Quem dera se as pessoas entendesse que mais vale um homem santo
do que mil homens pecadores.
Era um dia ensolarado e Gustavo se despediu de sua mãe pois
naquele dia estava indo visitar uma igreja. Fora convidado por um
amigo que encontrou na rua e eles marcaram de ir para o culto
naquele dia. Quando Gustavo chegou naquele lugar, havia um pastor
que estava visitando a igreja e começou a pregar a palavra de Deus.
Mas enquanto o pastor pregava, Gustavo começou a se sentir
bastante angustiado, suas pernas estavam tremendo e uma vontade
de vomitar começou a fazer com que ele se sentisse mais ansioso
ainda para sair daquele lugar.
- Eu vou embora, se você não se importa – disse Gustavo para seu
amigo.
- Mas porquê? Você não está se sentindo bem?
Foi quando o pastor parou de pregar e Gustavo começou a se sentir
bem melhor.
- Eu vou pedir para o pessoal orar por você. Quem sabe você não
melhora.
Gustavo olhou para seu amigo de uma forma esquisita. Pareceu ter
ficado aterrorizado com aquela ideia de alguém ou um grupo de
pessoas orar por ele. Na parte de cima da igreja um conjunto de uma
outra denominação se preparava para cantar. Este conjunto era
muito abençoado por Deus pois todos os componentes do grupo
viviam uma vida de oração e de muita santidade.
O líder do conjunto pegou no microfone e começou a falar para o
pessoal que estava na igreja:
- Cessai de praticar o mal, cessai de praticar o mal – ele repetiu esta
frase quase uma dúzia de vezes.
Gustavo ficou estupefato ao ouvir aquilo. Sua alma estava
completamente esmagada pelo poder da unção de Deus. Ele
começou a se sentir o homem mais pecador do mundo e um terrível
medo de ir para o inferno tomou conta de sua alma; Sentia medo de
morrer ali mesmo e que não teria muito tempo de vida se rejeitasse a
Deus.
- Você está bem? – perguntou o amigo de Gustavo.
Ele não conseguiu responder a pergunta de seu amigo.
- Me espera aqui que eu vou chamar um pessoa para orar por você –
falou o rapaz para Gustavo.
Quando seu amigo se levantou e Gustavo se deu conta de que na
direção dele vinha um monte de crente para colocar a mão em sua
cabeça e fazer aquela oração bem alta, ele se levantou rapidamente
do banco e praticamente correu em direção a porta da igreja que
dava para o estacionamento. Ele estava completamente desesperado
para sair daquele lugar, parecia um bandido correndo da polícia. Mas
antes que pudesse conseguir sair, foi alcançado no estacionamento
pelo pessoal. Eram mais ou menos umas dez pessoas.
- Onde é que você vai? – perguntou o amigo de Gustavo.
- Sabe o que é…bem… eu não estou me sentindo muito bem…a-aa-cho-o-o-o melhor eu ir embora – quando ele falou isto, alguém
dentre aquelas pessoas que estavam ali disse:
- Pode deixar que vamos orar por você e tudo vai se resolver.
Gustavo ficou completamente apavorado, mas ao tentar sair de
perto daquelas pessoas que estavam lhe causando uma raiva interior
inexplicável, suas pernas ficaram travadas no chão. Ele não
conseguiu dar um só passo. A raiva por aquelas pessoas começou a
aumentar. Era um sentimento sobrenatural. Parecia que algum
demônio dentro de Gustavo estava muito incomodado com aquilo
tudo. Foi então que aquele grupo iniciou uma oração.
PLUF!
Gustavo caiu no chão e perdeu os sentidos completamente. Alguns
minutos depois ele acordou. Estava com a roupa toda suja porque
havia rolado no chão e do seu lado estavam os irmãos que tiveram
que segurá-lo. Eles estavam ofegantes.
- O que foi que aconteceu? – perguntou Gustavo.
O pessoal ficou sem saber o que responder.
- Eu estou todo sujo. Preciso ir embora agora – disse Gustavo
bastante envergonhado do que seja lá o que tivesse acontecido ali.
Um dos crentes que estavam por ali acabou dizendo sem pensar que
ele ainda não deveria ir embora e que precisava de receber mais
oração, mas acabou sendo interrompido pelo pessoal que ficou
preocupado com o que poderia acontecer se eles orassem.
- Você está louco, irmão? Não viu o que acabou de acontecer aqui.
Se a gente orar por ele, vai acontecer de novo.
- Acontecer o quê? – disse Gustavo que agora se sentiu humilhado –
Porque é que vocês não podem orar por mim? Pois agora sou eu que
quero receber esta oração de vocês.
Alguns irmãos se entreolharam preocupados e um deles arriscou se
aproximar de Gustavo e estendeu a mão em cima da cabeça dele. Foi
o prazo dele dizer:
- Deus querido….
POFF!
Gustavo abriu os olhos e sua visão estava um pouco turva.
Novamente ele não sabia direito o que tinha acontecido. Sentia o seu
corpo doer e parecia estar mais sujo do que da última vez que havia
reparado. Os cristãos estavam com um semblante de desespero no
olhar.
- O que aconteceu? Vocês não vão orar por mim? – disse Gustavo
ainda sem entender direito porque estava no chão todo sujo.
- Eu acho melhor você ir embora e outro dia você volta – disse um
dos crentes.
Apesar de estar com muita raiva de todo mundo ali e de realmente
estar querendo sair daquele lugar o mais rápido possível, Gustavo
não gostou da maneira que aquele crente havia falado. Ele se sentiu
mais humilhado do que nunca e acabou dizendo:
- Pois eu acho melhor ficar aqui e terminar de assistir o culto – ele
nem havia pensado no que acabara de dizer, pois estava com a roupa
toda suja. Como é que ele iria entrar no meio de todas as pessoas
que estavam naquele recinto daquela maneira. Foi quando o
conjunto começou a cantar. Ao ouvir a música Gustavo começou a
sentir seu corpo tremer por dentro. Estava perdendo toda força e
parecia que iria perder a consciência novamente. Era como se cada
acorde daquele hino machucasse alguma coisa dentro dele.
- Será que teria como parar com essa música? – falou Gustavo
ameaçando colocar as mãos no ouvido. Aquele hino parecia
insuportável.
- Eu acho que ele está querendo ficar daquela maneira novamente –
disse um dos crentes.
- O quê? Eu estou querendo ficar como? – Gustavo estava revoltado
com aquela situação.
- Você gostaria de se arrepender de seus pecados e de aceitar Jesus
como salvador? – perguntou um dos irmãos.
- O que você disse? – aquela pergunta parecia uma sentença de
morte.
- Eu perguntei se você quer ser salvo. Ir morar no céu um dia. Se
você quer aceitar Jesus como teu salvador.
Por um instante na mente de Eduardo sua vida passou como se
fosse um filme. Ele se lembrou de quanta coisa errada já fez e de
como era infeliz apesar de ter tudo o que um ser humano precisa
para viver nesta vida. Ele tinha um bom emprego, tinha uma
namorada que era apaixonada por ele, tinha saúde. Não lhe faltava
nada de que pudesse se queixar. Mas mesmo assim não era um rapaz
feliz. Lhe faltava algo por dentro. A sua alma parecia oca, vazia. Às
vezes quando pensava na morte ele ficavam intrigado e pensando se
a morte era o fim de tudo e o que acontecia com as pessoas depois
que elas morressem. Aquele convite lhe pareceu uma coisa muito
boa, algo maravilhoso e ao mesmo tempo algo que ele parecia não
ter condições de aceitar.
- Mas se eu aceitar Jesus como salvador, eu vou ter que viver igual a
vocês? Não vou mais poder fazer sexo com a minha namorada, nem
beber, nem fumar, nem ir para as festas? Como que alguém pode
conseguir levar uma vida assim. Eu jamais teria forças para viver
como um de vocês.
O rapaz que fez o apelo para Gustavo se aproximou dele e disse
com muita mansidão.
- O segredo para se vencer a tentação, até mesmo a mais poderosa
de todas elas é resistir, suportar e combater. Você acha que consegue
se lembrar disto para o resto de sua vida?
Eduardo parecia ter descoberto onde estava o mapa da mina.
- O que você disse? Repete. Suportar, resistir e o quê mesmo?
- O segredo para se vencer toda e qualquer tentação, até mesmo as
piores delas é resistir, suportar e combater – repetiu o cristão.
Gustavo ficou pensativo por alguns segundos. Alguns dos que
estavam ali pensou que ele fosse ter outro negócio daqueles e
começou a ficar preocupado.
- EU ACEITO – disse Gustavo quase gritando – Eu aceito, sim, eu
aceito Jesus como meu único e suficiente salvador. Você me ouviu
crente? Eu estou aceitando Jesus. Agora eu sou crente igual a você.
Paz do Senhor, paz do Senhor para todo mundo. Você aí, vem aqui.
Ora por mim novamente aqui porque eu estou precisando.
Aquelas pessoas ficaram atônitas com o comportamento de
Gustavo. Será que ele estava falando sério?
- Vocês parecem que estão com medo de orar por mim – disse
Gustavo – Bem, isto não importa agora – ele foi passando a mão
pela roupa na tentativa de tirar um pouco daquela sujeira toda – Eu
vou embora e vocês me aguardem que no próximo culto eu estou
aqui de novo. Ah, eu também quero me batizar, podem avisar o
pastor de vocês que eu vou estar no próximo batismo. E por falar
em pastor…é…eu quero ser pastor. Como é que faz, crente, para eu
ser pastor? Quanto tempo vai levar para eu começar a comandar um
culto desse aí?
Todas as pessoas olhavam admiradas para Gustavo. Alguns
desconfiados e outros pareciam estar felizes pelo fato dele ter
aceitado Jesus como salvador.
Gustavo saiu daquele lugar feliz da vida. Ele sentia que se morresse
naquele momento iria direto para o céu. Tinha certeza absoluta de
sua salvação e isto lhe trazia uma paz muito grande. Mas uma coisa
não saia da sua cabeça e ele ficou a noite inteira pensando no que
aquele cristão havia falado para ele.
―Resistir, suportar e combater‖
Aquele crente havia falando que este era o segredo para se vencer
toda e qualquer tentação, até a mais forte de todas elas. Gustavo
sentiu uma confiança muito grande nisto. O medo de não conseguir
servir a Deus se transformou em uma grande coragem para seguir
em frente. Ele sentia que se guardasse este segredo consigo, jamais
iria se desviar dos caminhos do Senhor.
E no outro dia…
A campainha tocava sem parar.
- Alguém atende esta porta por favor – disse Gustavo do quarto.
Mas não havia ninguém na casa e ele teve que se levantar porque a
campainha continuava tocando.
- Olá – disse ele espantado com a mulher de cabelos loiros que
surgiu em sua frente quando ele abriu a porta.
- Aqui é a casa da Dona Camila?
- É sim. A Dona Camila, como diz você, é minha mãe e pelo visto
ela não está.
- Que pena – disse e loira – Eu tinha combinado com ela de vir
mostrar para ela alguns produtos da tupperware.
Naquele instante o celular de Gustavo tocou. Era sua mãe.
- Só um momento – disse ele olhando impressionado para a loira
que era de uma beleza sem tamanho – Alô, mãe? Tem uma mulher
aqui dizendo que marcou com você para te vender alguma coisa que
eu não sei o que é.
- Ah, sim. É a mulher da tupperware. Ela vende as melhores vasilhas
do mundo. Será que você poderia falar para ela me esperar. Eu não
vou demorar muito. Eu preciso fazer alguns pedidos com ela ainda
hoje.
Gustavo desligou o celular e falou para a loira:
- Ela perguntou se você poderia esperar um pouco. Disse que tinha
alguns pedidos para fazer com você.
- Eu vou esperar no máximo meia hora, se ela não chegar eu
precisarei ir embora.
- Sem problema – disse Gustavo ainda sem entender o acontecido.
A mulher entrou e pegou uma revista entregando-a em seguida para
Gustavo.
- Você quer dar uma olhadinha?
Ele por educação pegou a revista das mãos dela e deu uma folheada.
- São caras essas vasilhas da tupperware. Você vai ficar rica
vendendo isto.
A loira riu.
Quinze minutos se passaram e Gustavo ainda estava por ali tentando
não deixar a visitante completamente sozinha. Ele ia até a cozinha,
comia alguma coisa, depois voltava, conversava uma meia dúzia de
palavras, voltava para a cozinha novamente; Até que a moça
começou com uma conversa estranha.
- Você tem namorada?
- Não sei. Eu tinha, mas agora que eu me converti, não sei mais. Os
crente dizem que a gente não pode fazer sexo com a namorada.
Acho que terei que terminar.
- Você é crente? – perguntou a loira com uma expressão amarga.
- Sou. Comecei ontem.
- Ontem? – aquilo parecia pura ironia para ela – E você acha que vai
conseguir ficar sem transar?
Gustavo não gostou do jeito que ela falou, mas de qualquer maneira
a pergunta tinha fundamento. Será que ele iria conseguir permanecer
firme nos caminhos do Senhor e rejeitar tudo aquilo que o mundo
tinha para oferecer e que ele estava acostumado a praticar?
Foi quando a mulher começou a se soltar. Ela falava com sarcasmo
de alguns conhecidos cristãos e os acusava de algum tipo de erro.
Ela parecia que não gostava muito de pessoas como Gustavo. E foi
quando inesperadamente ela olhou para ele e foi tirando a blusa.
- Vamos fazer um teste para ver se você vai conseguir ficar sem uma
boa mulher – falou a loira que estava disposta a cometer atos
libidinosos com Gustavo naquele lugar.
Ele ficou pasmo. O sangue começou a circular mais forte e a
tentação veio com toda força do mundo para fazer com que ele
desistisse da ideia de servir a Deus e aproveitasse aquela tremenda
oportunidade para pecar com aquela desconhecida. Em toda sua
vida Gustavo nunca teve uma mulher tão bonita assim se oferecendo
tão facilmente. Parecia inacreditável. Nem com muito dinheiro ele
havia conseguido ficar com mulheres tão atraentes e aquela loira
havia aparecido do nada e estava a sua disposição.
Foi quando Gustavo se lembrou do que aquele cristão havia lhe
falado. O segredo para se vencer a tentação.
- Resistir…- disse Gustavo em voz baixa e fechou os olhos para não
ver mais os seios daquela mulher - Será que você poderia colocar a
roupa novamente – disse ele ainda resistindo com todas as forças
que tinha.
Ela olhou para ele assustada. Não estava convicta que ele realmente
tinha lhe recusado, mas naquele momento teve que observar o rapaz
caminhar para um pouco distante de onde ela estava e se sentar em
uma cadeira com muita dificuldade. Ele se apoiou na mesa de vidro
que havia na sala, abaixou a cabeça e começou a cantar um hino que
ele mesmo havia inventado, esta foi a maneira que ele encontrou
para combater a tentação, ou seja, através do louvor sincero.
Quando ele começou a cantar aquele hino, percebeu que aquele
poder angustiante da tentação começou a diminuir. Sua alma parecia
estar mais aliviada. Mas aquela mulher ainda estava ali.
- Está tudo bem com você? – perguntou ela.
- Está – respondeu Gustavo que naquele momento estava
meditando nas palavras daquele cristão – Resistir, suportar e
combater – ele pensou em voz alta. Por mais que a tentação fosse
muito forte e aquela tentadora ainda estivesse ali, ele estava
conseguindo vencer. A mulher loira vestiu sua blusa e caminhou até
onde Gustavo estava. Ela colocou uma das mãos na cadeira onde ele
estava sentado e perguntou:
- Será que a sua mãe ainda vai demorar? Como eu disse para você,
não vou poder esperar muito tempo.
- Pode ser que ela demore bastante – disse ele na esperança de que
aquela mulher fosse embora. Na verdade ele estava sentindo vontade
de pedir que ela fosse embora imediatamente.
- Então quer dizer que você vai levar a sério mesmo este negócio de
religião? – perguntou a loira para Gustavo com desconfiança no
olhar.
- Eu não quero ir para o inferno – respondeu ele asperamente.
- E se o inferno não existir? – perguntou ela em tom de desafio –
Você vai sair perdendo. Vai deixar de fazer tanta coisa para nada.
Gustavo ficou pensativo por alguns segundos e por fim disse para
ela:
- Se o inferno não existir, se o céu não existir, eu perco o quê?
Quarenta? Setenta anos de vida? Isto é um tempo insignificante. O
universo visível tem mais de treze bilhões de anos e isto não é nada
com trilhões de anos que se pode medir se levar em conta toda
eternidade que não tem fim. Se o céu não existir eu perco oitenta
anos de vida. Mas e se o céu existir? O que você vai perder? Será que
vale pagar pra ver? – agora era ele quem estava desafiando aquela
mulher. Mas ela não conseguiu assimilar tanta sabedoria e resolveu
que iria testar mais uma vez a fé daquele novo convertido antes de ir
embora.
- Eu quero ver até quando você vai conseguir seguir esta religião. Eu
não dou uma semana para você desistir – falou ela que por detrás
dele ficou apenas de calcinha e se apoiou na cadeira na tentativa de
fazer com que aquele cristão tivesse algum tipo de comportamento
obsceno – Eu vou te dar mais uma chance se ser feliz – dizendo isto,
a loira se apoiou completamente na cadeira e foi quando Gustavo
que estava inclinado na mesa virou o pescoço e a viu.
Nesta hora ele começou a perceber que a tentação não iria embora
com o fato de ter sido resistida inicialmente. A esta altura do
campeonato ele já estava sentindo todos os efeitos da tentação que
se manifestava com muito poder através da vida daquela tentadora.
Então ele se lembrou com mais precisão do que aquele cristão havia
lhe falado.
- Suportar…Eu preciso suportar – disse ele para si mesmo. E neste
momento fez um esforço muito grande para suportar aquela
tentação e não se entregar ao poder do pecado.
Ele então se lembrou de uma última palavra que aquele cristão havia
lhe falado. Combater. Por alguns instantes ele ficou pensando em
como iria combater aquela tentadora. Enquanto isto a mulher
acreditava que ele iria acabar sucumbindo.
- Sai tentação, o sangue de Jesus tem poder. Sai tentação, o sangue
de Jesus tem poder – ele começou a combater a tentação falando
daquela maneira com muita fé e acreditando que estava de alguma
forma exorcizando aquela tentadora e nisto ele se jogou da cadeira
onde estava sentado e depois de ter quase caído de cabeça no chão,
foi se levantando e tomando distancia da tentadora.
A mulher começou a ficar triste. Ao ver ele agir daquela maneira ela
começou a se dar conta de que ele realmente estava vencendo a
tentação e que não iria se entregar a lascívia.
- Eu não estou acreditando no que eu estou vendo. Então quer dizer
que você realmente está levando a sério este negócio de religião.
Gustavo estava ficando sem ar. Seu semblante era de puro
sofrimento. Não estava sendo nada fácil suportar aquela tentação.
- Será que você poderia... – ele não conseguia falar direito porque
começou a sentir muita falta de ar – ...ir embora, eu aviso para minha
mãe que você esteve aqui. Tenho certeza que ela pode ir até sua casa
depois para vocês negociarem.
- Já está na minha hora mesmo – disse a loira que se vestiu e se
aproximou da porta da sala. Ela ficou esperando acintosamente que
ele tivesse a gentileza de abrir a porta para ela. Gustavo
apressadamente e sofrendo para suportar a tentação que ainda o
influenciava a desistir dos caminhos de Deus e aproveitar aquela
oportunidade de pecar, abriu a porta para ela.
A loira olhou bem para ele e meneou a cabeça inconformada.
- Você ainda pode... – ela iria se oferecer novamente.
- Não – respondeu ele deduzindo a proposta que viria.
A loira saiu sem se despedir e Gustavo fechou a porta com muita
força.
BUM.
Depois de sentir o forte barulho da porta se fechando ele foi para o
quarto e começou a ler a Bíblia e enquanto lia o livro de Deus
começou a sentir um desejo muito grande de ser missionário e falar
de Deus para o maior número de pessoas possível. Futuramente ele
se tornaria missionário e ainda muitas tentações viriam. O segredo
ele já conhecia e depois daquele acontecimento estava confiante de
que jamais se desviaria dos caminhos do Senhor. E que venha a
tentação...
- Você quer aceitar Jesus como salvador? – perguntou o pastor para
Rubens.
- Eu não sei se estou preparado – respondeu ele.
- Não se preocupa. Jesus te prepara.
Rubens pensou por alguns instantes. Ele sabia que se rejeitasse a
Jesus e morresse ao sair dali, iria direto para o inferno. Ele se sentiu
condenado, mas também percebeu o amor de Deus em sua vida. Ele
entendeu que Jesus estava o chamando para que seus pecados
fossem perdoados. Foi então que ele se lembrou de um amigo que
antes estava nas drogas e no crime e havia se convertido. Se o amigo
conseguiu. Ele iria conseguir também.
- Sim. Eu quero aceitar Jesus como salvador – disse Rubens para o
pastor.
Todos no culto deram glória a Deus, afinal, há festa no céu quando
um pecador se arrepende.
- Então – dizia o pastor – Vamos todos se levantarem e fazer uma
oração para o nosso mais novo irmão. Como é o seu nome rapaz?
- Eu me chamo Rubens.
- Vamos todos orar para Deus colocar o nome do Rubens no livro
da vida – disse o pastor.
Quando o culto acabou, as pessoas chegavam para Rubens e diziam:
- Paz do Senhor, irmão.
Era paz do Senhor daqui e paz do Senhor dali. Rubens já não
aguentava mais tanto paz do Senhor.
Rubens morava com o pai, a madrasta e dois irmãos. Quando ele
chegou em casa, o primeiro que ficou sabendo da notícia foi o seu
pai.
- Pai, eu agora sou crente – disse Rubens.
- Que legal meu filho.
- Você também precisa se converter. Vamos para a igreja amanhã?
O pai de Rubens não estava preparado para vencer a tentação como
o filho e deu uma resposta evasiva.
No outro dia, Rubens estava feliz porque agora era servo de Deus.
Ele se desfez de tudo o que achava que não era da vontade de Deus.
Comprou uma Bíblia e comprou um terno também. Então ele foi
para o próximo culto vestido já como crente.
Pouco tempo depois, Rubens se batizou. Até que um amigo chegou
e ofereceu um trabalho, pois Rubens estava desempregado fazia três
meses.
- Eu trabalho em uma empresa que limpa piscinas. Eles estão
precisando de gente para trabalhar. Você não gostaria de arrumar um
serviço?
- Mas é claro que sim. Amanhã mesmo eu vou até lá.
E assim foi. Quando chegou no outro dia, Rubens foi até a empresa
e saiu de lá empregado. Ele começou a trabalhar de limpar as
piscinas. Não era todo dia que tinha serviço, mas sempre que
aparecia alguma piscina para limpar, o pessoal da empresa ligava para
Rubens e ele ia até o local. No final do mês, até que sobrava um
bom dinheiro para ele.
Era uma sexta feita. Uma mulher de boa aparência e muito lúbrica e
voluptuosa chegou na empresa em que Rubens trabalhava.
- Eu gostaria de limpar a minha piscina. Como eu faço? – disse ela.
Os homens da empresa ficaram olhando para a mulher com olhares
libidinosos e promíscuos. Menos Rubens. Ele era um crente de bom
testemunho. Ele procurou sair dali para não dar bandeira. Foi então
que ela conversou com o gerente e como o gerente gostava de
Rubens porque era uma pessoa de bom comportamento, resolveu
passar o serviço para ele.
Quando a mulher foi embora, o patrão de Rubens o chamou e disse:
- Está aqui este enderenço. Você tem até três dias para ir até esse
lugar e limpar a piscina. Fica a 45 km daqui. Você vai precisar
arrumar uma condução.
Rubens assentiu com a cabeça, pegou o endereço e foi embora. No
outro dia, ele arrumou uma carona. Ele iria pagar a gasolina e dar
uma gorjeta para um conhecido. Este conhecido iria levar Rubens e
depois de três horas iria buscá-lo.
O lugar ficava em um sítio meio afastado da cidade. Quando Rubens
chegou, parecia que estava tudo vazio. Ele não percebeu a presença
de ninguém. Desceu do carro e ficou combinado que em três horas,
seu colega voltaria para pegá-lo.
Rubens começou a limpar a piscina normalmente como sempre
fazia. Uma hora havia se passado, até que ele percebeu um barulho
por perto. Ele resolveu ir ver o que era. Entrou no meio do mato e
não viu ninguém. Mas como estava no meio do mato, resolveu orar
um pouco. E quando voltou para limpar a piscina novamente, viu
que havia uma mulher no local.
A mulher estava virada de costas e ele foi se aproximando.
- O-ou – ele não gostou nada do que viu.
Quando ele chegou perto da mulher ela disse:
- Eu preciso que você passe um bronzeador em mim. Será que você
poderia fazer isto.
Rubens quase caiu de costas. Começou a tropeçar na frente daquela
mulher e caiu de boca no chão. Ao levantar o olhar, a mulher estava
lá, abaixada. Ele começou a pensar em Deus.
Será que Rubens iria cair em tentação? Será que ele estava realmente
preparado para vencer este tipo de tentação. Ele não tinha muito
tempo para pensar. Tinha que dar uma resposta para aquela mulher.
Mas antes ele começou a resistir a tentação em sua mente
desesperadamente.
- É que eu sou crente – falou ele por fim.
A mulher parecia não ter entendido o que ele queria transmitir.
- Ah tá. Bom pra você. Agora será que dá para você andar depressa?
- Mas é que eu sou crente, dona.
- Tá bom! Você já disse isto. Agora anda logo que eu estou pagando
uma fortuna para você estar aqui.
- Mas dona, você está me pagando para limpar a piscina, não é
mesmo?
Foi quando a mulher olhou para ele. Ela fixou o olhar bem no fundo
dos olhos de Rubens e fez uma cara bem sarcástica.
- Eu não estou acreditando no que estou ouvindo. Eu conheço gente
que me pagaria uma fortuna para fazer isto e você está dizendo que
não quer passar o creme em mim?
A tentação era muito forte. De fato os pensamentos de Rubens
rodopiavam a milhões. Os maus pensamentos queriam porque
queria fazer Rubens tomar alguma atitude errada. Mas ele suportava
todo aquele sofrimento e se mantinha firme na presença do Senhor.
- Rapaz. Crente até o diabo é. Se você não quer passar o creme em
mim, então vai logo fazer o seu trabalho e não me importune.
Rubens se sentiu muito aliviado. Quando ele chegou na piscina
começou a orar. A mulher continuou ali, de longe, olhando para ele.
―Bem que ela poderia ir embora e me deixar aqui sozinho‖ – pensou
ele consigo mesmo. Mas ela não foi, ficou ali se bronzeando durante
todo o tempo que o irmão estava limpando a piscina. Vez ou outra,
ele olhava para ela e sentia as fortes pontadas da tentação gritando
em sua mente para ele ir até lá e aproveitar tudo o que podia
aproveitar.
- Eu tenho que combater esta tentação– dizia ele para si mesmo – O
Senhor vai ficar muito triste comigo se eu fizer alguma coisa com
esta mulher, não é mesmo Deus?
Ele se comportava como se ouvisse Deus respondendo:
- É sim meu filho. Não chegue perto desta mulher.
Parecia até mesmo esquizofrenia. Rubens ficou o tempo todo ali,
falando com Deus e supostamente ouvindo Deus falar com ele.
- Não é assim e assim, Deus?
- É sim meu filho. É deste jeito.
- Mas Deus, e isto e aquilo?
Então Deus falava com ele respondendo de acordo com a pergunta.
Bem, o serviço acabou e Rubens ainda não tinha recebido. A mulher
percebeu que ele havia acabado o trabalho e entrou para dentro da
casa. Se ele quisesse receber, teria que ir até lá para buscar o
dinheiro. Alguns minutos se passaram e a mulher não voltou mais.
Ele pode ouvir uma conversa entre duas mulheres dentro da casa.
Foi quando ele decidiu ir até lá. Mas quando chegou onde a mulher
estava, teve outra surpresa. As duas estavam viradas de costas e
começaram a tentar o irmão.
Ele já havia resistido a tentação e até agora estava fazendo de tudo
para suportar o desejo de se entregar ao pecado. Mas ainda faltava
com bater a tentação e a maneira que ele escolheu para isto foi dizer
em pensamentos ―O sangue de Jesus tem poder‖. Ele disse esta
palavra uma dúzia de vezes e depois disse para mulher que precisava
pegar o dinheiro porque já estava de saída.
- Você já vai embora?
- Eu estou esperando uma pessoa vir me buscar.
- Se você quiser eu posso te levar?
Mais uma vez, ele sentiu aquela forte tentação se aproximando. Foi
quando quase aceitou a proposta daquela mulher. Mas novamente
combateu a tentação dizendo ―O sangue de Jesus tem poder‖.
- Não. Eu preciso ir com meu colega. Já está tudo combinado.
- Então vem aqui para você receber – disse a mulher.
Quando Rubens se aproximou, ela virou de costas mais uma vez
para Rubens ver toda aquela situação.
―O sangue de Jesus tem poder! O sangue de Jesus tem poder!‖ –
gritava Rubens várias vezes para si mesmo em pensamento.
- Então você não quer mesmo passar o creme em mim?
- O sangue de Jesus tem poder – ele resistia, suportava e combatia a
tentação ao mesmo tempo para não cair em pecado.
- Não seja bobo rapaz. Sou eu quem está pedindo. Eu não vou
contar nada para seu patrão não.
- O sangue de Jesus tem poder.
- Você é crente e eu sou quente – disse ela provocando muito o
irmão.
Mais uma vez ele viu a queda passar perto. Aquela palavra foi uma
tentação tão forte que provocou um ódio terrível no coração de
Rubens. Uma ira santa dominou sua vida e então ficou mais fácil
para ele se livrar daquela mulher. Ele pegou o dinheiro e saiu
praticamente correndo dali.
- Deus me livre! – disse ele para si mesmo. Foi quando ele viu o
carro do carona se aproximar.
- Vamos embora daqui – disse ele afobado – Anda logo.
- Mas quem é aquela mulher ali? – perguntou o colega que já cresceu
o olho (É muito triste ver uma pessoa se entregar para a tentação).
- Não interessa. Vamos embora logo.
Rubens chegou em casa e se trancou no quarto e foi orar. Ele ficou
orando durante horas seguidas. Enquanto não se sentiu
completamente limpo daquela sensação ruim da tentação ele não
parou de resistir, suportar e combater. No final, ele se levantou e
respirou aliviado. Graças a Deus que Rubens estava preparado para
vencer a tentação. Mas foi por pouco. O mais importante é que ele
venceu. E se ele venceu, todos poderão vencer, basta querer e se
preparar. Amém.
Ele poderia ter caído em pecado. Quem visse Bruno com Daniela no
ponto de ônibus, certamente poderia até pensar que ele era mais um
desses homens garanhão e aproveitador. Foi exatamente no ponto
de ônibus que tudo começou. Ele iria pegar a condução para voltar
para casa e ela, bem, na verdade ela estava atrás de alguém que
pudesse pagar ingresso para balada no próximo final de semana.
Começou assim.
Daniela estava parada no ponto de ônibus. Chamando atenção de
meio mundo de gente para seu lindo corpo. Tanto os homens que
passavam por ali, como também as mulheres não deixavam de
reparar na loira que estava em pé. Quando Bruno se aproximou,
ele...claro, ele também tem um par de olhos. Bruno ficou
impressionado com o tamanho poder de provocação de Daniela. O
que ele fez? Cobiçou-a? Olhou com olhos impuros? Desejou-a de
forma promíscua? Evidente que não. Estamos falando de um
vencedor de tentadoras. Ele fez o que qualquer grande homem de
Deus faria se estivesse no lugar dele. E digo com certeza, que quem
não fizer o que Bruno fez não poderá ser chamado de grande
homem de Deus. Ele orou pela salvação dela. Para surpresa dele,
Daniela começou a puxar conversa:
- O ônibus está demorando hoje!
- Ele demora todos os dias. Às vezes eu vou a pé para casa só para
não ter que esperar – disse ele sem acreditar estar tendo aquela
conversa.
Foi quando Bruno ficou estupefato. Ele não era um homem bonito.
Não tinha dinheiro, carro, roupas cara, nada disto. Estava pegando
um ônibus. Ou seja, era pobre. Mulheres com a aparência de Daniela
têm os homens mais ricos da cidade interessados nelas. Acontece
que Daniela era tímida. Era quase doentia a timidez dela. Por isto na
maioria das vezes ela acabava não se dando tão bem quanto poderia.
- Você está sozinho? – perguntou ela.
- Estou.
- Quem bom. Preciso de alguém para conversar um pouco. Entreter
a mente. Estou precisando de um amigo. Você gostaria de ser meu
amigo?
Ele não sabia o que responder pelo que acabou falando que sim. As
pessoas que estavam ou passavam por ali olhavam para Daniela e
para Bruno com admiração. Mas Bruno não tinha más intenções e
estava resistindo a tentação para não olhar com malícia para
Daniela. Foi quando o ônibus se aproximou.
- Vamos – disse ela – Eu quero que você conheça onde eu moro.
Afinal, você é o meu mais novo amigo.
O servo de Deus estava sem entender nada. Daniela se comportava
como se já conhecesse Bruno há anos. De qualquer maneira, aquele
era o ônibus que ele teria que pegar. Foi quando ela caminhou na
frente dele que ele teve que enfrentar o grande poder da tentação
pela primeira vez. Quando Bruno viu Daniela por trás a tentação
veio com tudo para fazê-lo desistir de permanecer fiel a Deus e
tentar alguma coisa com ela.
Ele estava diante de uma escolha. Desistir de Deus naquele
momento e fazer alguma tentativa com Daniela ou se manter fiel ao
pensamento de se desviar de qualquer oportunidade de fazer algo
que não fosse da vontade de Deus. Foi quando ele respirou alto e
resistiu com toda força de sua alma.
Daniela entrou primeiro, e ele logo atrás. Ele se sentou no banco
primeiro do que ela e havia outro lugar do lado. Foi quando ele
percebeu que ela iria se sentar no colo dele. Era proposital???!!!
―Não tentação‖ – disse Bruno combatendo a tentação em
pensamentos e se desviando para que ela não sentasse no seu colo.
O banco do ônibus fez um barulho forte, pois ela não estava
esperando pelo impacto ao jogar seu corpo com confiança para se
sentar. Bruno ainda estava tentando assimilar o que estava
acontecendo em sua vida. Naquele momento ele já sabia que sua fé
estava em risco e que tinha uma decisão muito importante a ser
tomada. Como um caleidoscópio e ricocheteando o tempo inteiro, a
tentação ia e vinha tentando a todo custo fazer Bruno tomar uma
atitude que pudesse ser considerada pecado. Se ele fizesse isto,
estaria se desviando dos caminhos do Senhor. Ele até poderia ter
algum momento de prazer com Daniela. Mas será que valeria a pena?
Vale a pena cair em tentação? Mesmo que a pessoa venha se
arrepender futuramente, será que vale apena aproveitar o momento?
E qual o segredo para se vencer a tentação visto que ela tende a
dominar tanto a pessoa? Será possível vencer a tentação?
Suportando a enorme dor da renúncia que a tentação causa, Bruno
olhou de soslaio para Daniela que começou a puxar conversa
novamente. Ele também reparou que as pessoas no ônibus não
tiravam os olhos dele e de Daniela. De certa forma, ele estava
experimentando a glória de poder estar acompanhando uma moça
tão formosa. Glória esta que estava lhe custando muito caro. Será
que compensava o preço de estar passando por tanta tentação para
estar ali do lado de Daniela sem nem sequer saber por quê?
Depois de algum tempo, ela se levantou e disse:
- Venha, vamos descer.
Bruno estava tão atordoado que nem pensou se ali era o ponto que
ele tinha que descer. Acabou instintivamente se levantando e
seguindo Daniela. Foi quando eles saíram do ônibus que ele pôde
raciocinar melhor.
- Gente! Não era aqui! O meu ponto é mais na frente! – exclamou
ele.
Daniela deu um sorriso maroto e disse:
- Não tem problema, meu novo amigo. Vamos passar na minha casa
para você ficar sabendo onde eu moro – Daniela parecia uma
menina inocente no corpo de uma grande tentadora. Ela conversava
com Bruno com pudor, sem malícia. Entretanto, suas vestes a
condenavam fortemente.
Bruno chegou a dizer que não e por alguns instantes tentou
convencer Daniela que aquilo poderia não ser uma boa ideia.
- Não seja bobo. Minha mãe está em casa, eu quero te apresentar
para ela – Daniela ainda não sabia que Bruno era um servo de Deus.
Era estranho, uma moça confiar tanto em um desconhecido que
nunca vira na vida. Ela parecia não ter medo de nada e de ninguém.
A vida para ela parecia um mar de rosas.
- Está bem. Mas eu não vou demorar – disse Bruno pensando se em
algum momento poderia estar tomando uma atitude que
desagradasse a Deus.
Eles caminharam um pouco até que chegaram à casa de Daniela. A
esta altura do campeonato Bruno fazia de tudo para não olhar para
ela, pois quando olhava a tentação parecia mais forte. E isto o
forçava a resistir.
Meu caro leitor. Este livro não foi escrito para perdedores. Para as
pessoas que estão no mundo, no pecado, servindo ao diabo. A
atitude de Bruno seria completa idiotice neste caso. Um mundano
não perderia a oportunidade de dar uma cantada em Daniela e fazer
tudo que desagrada a Deus sem nenhum policiamento. Mas acontece
que quem quiser ir morar no céu, precisa aprender a ser diferente das
pessoas do mundo. Precisa se comportar com santidade diante do
pecado e das tentações que irão aparecer em suas vidas. E era isto
que Bruno estava fazendo.
Gabriela chamou pela mãe, mas ninguém atendeu. Pelo visto ela
tinha se enganado com o fato da mãe estar em casa. Foi quando ela
tirou uma chave do bolso e abriu o portão. Eles entraram. Ela abriu
a porta também.
- Esta é minha casa, meu amigo – disse ela para Bruno – O que você
achou?
- É muito bonita sua casa – disse ele encantado com o lugar.
- Nossa casa, amigão – disse Daniela.
- ―Fala sério!‖ – pensou Bruno. Como podia uma coisa daquelas?
Como poderia uma moça que ele acabara de conhecer ser tão legal
assim. De fato, parecia que eles eram melhores amigos e se
conheciam há anos. Ela confiava plenamente nele. Não fazia
perguntas estúpidas e nem demonstrava nenhum tipo de receio.
- Senta – disse ela – Então, Bruno, AMIGO, o que você vai fazer
neste final de semana? Agente poderia sair para algum lugar maneiro,
dançar, se divertir.
Foi quando Bruno acabou se revelando.
- Eu não posso. Eu sou servo de Deus.
- Nossa Senhora! – disse ela – Me desculpa então. Eu não sabia.
Você é daqueles que não bebe, não fuma, não fica com mulher.
Legal. Cada doido com sua loucura.
Ela pareceu amistosa e não demonstrou animosidade pelo fato de
Bruno ter falado que servia a Deus. Geralmente as pessoas que são
do mundo tem aversão a este tipo de gente. O mundo nos odeia e
nós odiamos o mundo também.
- Me espera aqui – disse ela – Vou trocar de roupa.
Bruno ficou sentado no sofá, pensativo. Ele não sabia o que estava
fazendo ali. Nem acreditava que aquilo pudesse ser possível. Daniela
parecia quebrar todas as convenções sociais dos dias modernos. As
pessoas geralmente tem medo de conversar com desconhecidos.
Aconselha-se não andar nem confiar em estranhos. Mas aquela moça
era diferente. Depois de algum tempo, Daniela voltou. Estava
vestida com outra roupa sensual.
- Você tem namorada? – perguntou ela.
- Não! – respondeu ele.
- Mas você pode namorar, não é mesmo?
- Sim, claro que posso.
- Eu teria coragem de namorar você.
Quando ela falou aquilo, Bruno sofreu de uma forte taquicardia.
Mais uma vez a tentação veio atacar Bruno em pensamentos e ele
teve que suportar um terrível incomodo.
Ninguém iria ficar sabendo de nada. E se ele se desviasse dos
caminhos de Deus e começasse a namorar Daniela para ver no que
ia dar? Ele poderia aproveitar o tempo que desse e depois se
arrepender e voltar para Deus. Na vida das pessoas que são salvas, a
tentação geralmente age assim. Mas eu quero dizer para vocês
leitores, que o risco de cair em tentação é fatal. É como levar um
tiro, você pode sobreviver. Você pode levar outro tiro em outro
momento e sobreviver novamente, e assim sucessivamente. Mas
você também pode levar um tiro e morrer imediatamente. Vocês não
sabem as desgraças que podem acontecer com aqueles que
abandonam os caminhos do Senhor para desfrutar de qualquer
forma de prazer aqui neste mundo. Na hora que a tentação do
sensualismo vier para uma pessoa, ela tem que provar que ama a
Deus acima de todas as coisas. É por isto que Deus permite estas
coisas acontecerem. Deus não permite uma tentadora aparecer na
sua vida para que você possa viver seus momentos de prazer no
mundo do pecado. Deus permite as tentadoras aparecerem na sua
vida para você rejeitá-las por amor a Ele. E para isto você precisa
resistir, suportar e combater a tentação.
- Imagina você namorando uma moça assim como eu – disse ela que
colocou as mãos na parede e se virou se mostrando sem pudor.
Intencionalmente sensual desta vez.
Foi quando Bruno começou a usar o grande segredo para se vencer a
tentação como nenhum personagem deste livro usou até hoje.
De imediato ele teve que resistir a tentação. Mas ela continuava lá.
Então ele deitou-se no chão e começou a rolar e a gemer, pois não
estava fácil suportar aquela dor que a tentação lhe causava visto que
ele não se entregava nas garras da tentadora. Ele se levantou e
começou a andar de um lado para o outro dizendo:
- Eu te repreendo em nome de Jesus, inimigo de minha alma.
Ele balançava a cabeça. Pensava um pouco, olhava para Daniela e
novamente dizia:
- Eu te repreendo tentação – era a forma que ele encontrou para
combater a mesma.
Aquela história de resistir, suportar e combater parecia não ter fim.
Ele ainda balbuciou mais um pouco a palavra ―Sai tentação‖ por
algum tempo. Ajoelhou e disse ofegante:
- SAI.....- respirou fundo – TENTAÇÃO.
- Nossa Senhora! – exclamou Daniela – O que está acontecendo
amigo? Você está surtando! Está tudo bem com você?
Ele olhou para ela sem acreditar no que estava acontecendo. Ainda
estava tendo que suportar o peso da tentação na alma e por isto não
conseguiu dizer nada naquele momento.
- Eu vou buscar um copo com água para você – ela se dirigiu para
cozinha. Ficou lá por alguns instantes e voltou. Bruno percebeu que
ela ameaçou chegar perto demais numa tentativa de fazê-lo sucumbir
naquele momento que para ela seria um momento de fraqueza. Ele
esticou os braços e fez sinal de pare com as mãos. Ela acatou.
Entregou o copo para ele balançando o mesmo e dizendo:
- Eu acho que você está fazendo tempestade – ela apontou para o
copo balançando – em copo d‘água.
- Seria muito bom se você não fizesse isto novamente.
- Você quer ir embora? – perguntou ela com pena.
- Eu acho melhor.
- Então espera eu ir colocar outra roupa – ela apontou para o corpo.
Bruno fechou os olhos com força. Ele ainda tinha tempo para se
entregar ao poder da tentação. E o tentador não perdeu a
oportunidade de cacarejar isto nos pensamentos dele. Mais uma vez
ele teve que resistir, suportar e combater a tentação. Se ele não
fizesse isto, não teria forças para permanecer fiel a Deus. Este é o
segredo da perfeição. Este é o segredo para não se desviar dos
caminhos do Senhor depois que se aceita Jesus como salvador. E
também é o segredo para ter forças para abandonar o mundo e ser
salvo. Foi quando Bruno ouviu o barulho das escadas. Era Daniela
voltando. Quando ele a viu, percebeu que teria que enfrentar a
tentação novamente.
- Você vai sair desse jeito? – perguntou ele incrédulo com os olhos
arregalados e os músculos do rosto contorcido.
- O que você acha, amigo? Você agora vai querer dar um de meu
pai? Eu saio do jeito que eu quiser – disse ela com educação pelo que
até na hora de ser grossa, ela conseguia ser melíflua.
Bruno estava paralisado. Ele se lembrou de quando era pequeno e
sentia medo do escuro quando sua mãe apagava a luz. A sensação de
pânico era semelhante.
- Na verdade eu não vou sair assim. Eu estou vestida desta maneira
para você, MEU AMIGO. Ah! Desculpa-me. Eu sei que você não
pode tocar numa mulher. É que eu tenho muitas dificuldades para
arrumar um namorado. Eu não sei o que está acontecendo comigo,
mas desde que olhei para você no ponto, notei que você era
diferente. Sei lá, alguém do bem. Então eu fui me abrindo com você.
E agora eu criei coragem para fazer tudo o que uma mulher pode
fazer com um homem.
Bruno estava perdendo o equilíbrio. Quase caiu mesmo estando
sentado.
- Me abraça – disse Daniela.
- O quê?? – disse ele perplexo.
- Me abraça. Eu quero que você me aperte. Que me sinta. Por favor.
Depois você pode ir embora se quiser – ela falava com carinho.
Bruno sabia que não poderia abraçá-la sem encostar-se aos seios
dela. Isto seria sua queda imediata. E mais uma vez a tentação veio
com toda força para derrubar Bruno. Agora era a hora de ele provar
que realmente amava a Deus. Foram várias oportunidade para cair
em tentação com Daniela. Será que ele conseguiria permanecer firme
até o final? Acho que vocês sabem o que Bruno deve fazer se ele
quiser permanecer fiel a Deus e não sucumbir com uma mulher.
Bem, ele já havia resistido e a tentação ainda o torturava. Por alguns
segundos ele teve que suportar o impulso de abraçar Daniela. Mas
ele não poderia ser apenas uma vítima da tentação, ainda faltava
combatê-la. E foi isto que ele fez. Disse ―sai tentação‖ em
pensamentos várias vezes e falou para ela:
- Eu não posso.
- Tem certeza? – perguntou ela.
Bruno olhou para o decote de Daniela e disse:
- Tenho. Certeza absoluta. Desculpe-me.
- Eu entendo. Você não pode. Então é sério mesmo este negócio de
Bíblia?
- Sim.
- Mas será que a gente poderia ser pelo menos amigos?
Ele sabia que isto não seria possível.
- Amigos, Daniela? Sério mesmo?
- Uai. Sim. Porque não? – ela acabou entendendo a ironia – Ok.
Então nunca mais vamos nos ver?
Estranhamente esta pareceu a hora mais difícil. Foi nesta hora que
Bruno se deu conta do tamanho da renúncia que ele estava fazendo
por amor a Deus. Ele ameaçou dizer mais um sai tentação, resistiu
mais uma vez e suportando a tentação acabou falando:
- Eu tenho que ir.
Daniela entendeu que ao dizer isto, ele estava colocando um fim em
qualquer esperança que ela pudesse alimentar.
- Está bem – disse ela triste – Não sei se vou arrumar um amigo tão
legal como você.
- Você nem me conhece – ele tentou deixar subentendido o absurdo
de tudo que acontecera naquele dia.
- Estranho. Sinto-me como se você fosse de casa. Não quero mais te
atrapalhar – disse ela que se virou e subiu as escadas chorando.
Bruno percebeu que aquela era a hora de ir embora. Mas ainda havia
mais uma chance de sucumbir. Ele ainda poderia aproveitar aquela
oportunidade. Era só chamar Daniela e dizer que sim.
Ele disse ―sai tentação‖ em voz baixa e foi embora, chorando e
orando. Chegou em casa e dormiu.
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Será que existe uma forte razão para que a maioria das pessoas não
vá para o céu? A tentação do sensualismo é uma das principais delas.
Raquel será a tentadora usada para que a fé de Ronaldo seja provada.
Ele irá precisar resistir, suportar e combater para poder vencer este
tipo de tentação. Mas será que ele vai conseguir? Isto é o que vamos
ver a seguir.
Ronaldo decidiu ir pescar. O clima não estava muito bom em casa.
Ele havia recebido pouco naquele mês, ficou desempregado e lutava
para conseguir algum dinheiro. Sua mulher não estava lhe tratando
bem e suas filhas queriam roupas novas. Em casa a mistura já tinha
acabado também.
Foi então que ele se deparou com Raquel na beirada do rio.
- Você quer uma carona? – perguntou Raquel.
- Você também gosta de pescar? – Ronaldo achou que aquela
conversa não iria muito adiante.
- Eu não sou pescadora. Apenas gosto de andar de barco. Senta aqui
do meu lado – falou a mulher se inclinando para frente
provocantemente.
A princípio podia-se dizer que ele não estava esperando por aquilo.
Mas a tentação muitas vezes vem em momentos que ninguém
espera, como um ladrão, no lugar e na hora que ninguém pode
prever de antemão.
Aquela mulher era uma escolhida do diabo. Uma pecadora qualquer.
Na sociedade daquela cidade, as mulheres eram muito usadas para
fazer a vontade do demônio. Mesmo entre as crianças, já se podia
ver a falta de pudor e de modéstia. As mães eram as primeiras a dar
mal exemplo. Somente um servo de Deus tinha condição para ser
diferente.
- Você não quer se arrepender de seus pecados e aceitar Jesus como
salvador? – perguntou o servo de Deus na tentativa de combater
aquela tentação. Quem sabe ele poderia converter aquela mulher.
- Eu sou católica e não vou nem na minha igreja. Não estou a fim de
ouvir sobre religião. Vem, senta aqui do meu lado – ela se inclinou
para frente novamente.
O servo de Deus acabou percebendo que havia caído em uma
grande cilada. Sua mente lutava agora contra sua vontade para que
ele cedesse aos desejos da carne. A tentação tentava convencer a
Ronaldo a aproveitar aquele momento e obter um pouco de prazer,
já que na sua casa o sofrimento estava grande.
Ronaldo iria cair naquela tentação? Na verdade, não. Ele resistiu à
tentação com muita força e como já havia começado a combater a
tentação, continuou o combate orando em voz alta.
- Com quem você está falando? – começou a perguntar ela
desesperada com aquela cena.
Ele tinha que fazer um enorme esforço para suportar o grande
poder daquela tentação. Se não fosse assim, iria cair em pecado.
Raquel então começou a navegar dirigindo a canoa pela margem para
sair de perto daquele lugar. Ronaldo caminhou um pouco para longe
de onde estava. Mas ele iria se encontrar com Raquel em poucos
minutos. Aquilo parecia uma perseguição. Do lado esquerdo, um
pouco a oeste, Raquel passou bem na frente dele. Voluptuosamente.
Seus cabelos molhados pareciam mais escuros do que antes. Ela
olhou para Ronaldo e deu uma piscada como quem lhe dava mais
uma chance de pecar. Quando Ronaldo viu Raquel se comportar
daquela maneira, pensou que fosse enlouquecer. Não era nada fácil
resistir aquela tentação. Sua cabeça estava latejando, seu cérebro
estava tão ocupado tentando suportar a tentação que não dava trégua
e ele não conseguia raciocinar. Suas costas doíam. Sua cabeça não
parava de pensar em tudo o que estava acontecendo. Ele estava
furioso com tudo aquilo.
Ele chutou seu dedo do pé quando ela passou por ele novamente,
mas longe de afastar sua raiva, agora se sentia pior, seu pé agora doía
igual a seu corpo inteiro. Raquel começou a perceber certa
fragilidade em Ronaldo. Então ela se aproximou em uma última
tentativa, mirando em sua direção, parecendo tentar nocauteá-lo.
- Sai demônio! - gritou Rolando.
- Meu Deus! – disse ela numa voz escandalizada.
- Desculpe, mas eu não posso – arfou Ronaldo, que ao ter que
suportar a tentação, parecia ter dificuldade de falar devido a sua
raiva. Seu rosto começou a ficar molhado, seguiu se um enorme
assombro nos olhos dele que parecia mais alarmado que
impressionado.
- Terrível, terrível! – disse ele, balançando sua cabeça pomposamente
sem parar.
E mais uma vez. Com toda força de sua alma. Ele começou a resistir
àquela tentação e a combater a tentação em oração feito um louco
em voz alta.
Raquel que por fim acabou ficando aterrorizada com aquela cena,
decidiu ir embora e deixar Ronaldo em paz. E em mais uma tentativa
desesperada de fazer com que aquele homem a cobiçasse ela
praticamente desfilou em sua frente, agora com um biquíni verde
que ela havia colocado antes de sair da canoa.
- Você tem certeza que não quer dar uma namorada hoje? –
perguntou Raquel sem querer acreditar que ele fosse rejeitá-la.
- Eu tenho certeza do que estou dizendo – disse ele ainda tendo que
suportar o poder da tentação.
- Você é gay? – perguntou ela, olhando para ele por cima dos
ombros.
- Não. Eu apenas não quero me desviar dos caminhos do Senhor –
respondeu Ronaldo que não parava de mover os lábios
combatendo a tentação com oração. Então ele percebeu que Raquel
se aproximou numa tentativa de encostar as nádegas nele. Com as
mãos no joelho, feito uma dançarina de funk, ela viu Ronaldo pular
desesperado para trás.
Aquele homem voou o que pareceu uns quatro metros e não se
levantou mais por cerca de dois minutos. Parecia que havia morrido.
Naquele exato momento, a tentação era muito forte e ele começou a
se contorcer e a orar pedindo forças para Deus. Não era fácil
encontrar forças para resistir, suportar e combater a tentação ao
mesmo tempo.
- Eu quero que você me deixe em paz. Se você não for embora daqui
imediatamente eu vou colocar a minha mão na sua cabeça e vou
expulsar esse demônio que está em você – disse ele.
Raquel começou a ficar com muito medo. Ela estava se sentindo
estranha. Era como se fosse perder o controle da mente e cair ali no
chão. Suas pernas começaram a ficar fracas.
Será que um espírito maligno iria se manifestar em Raquel naquele
lugar?
Ela sentiu uma vontade enorme de sair daquele lugar, sentiu vontade
de correr. Não conseguia olhar para Ronaldo nem mais um segundo.
As mãos de Ronaldo começaram a se aproximar da cabeça de
Raquel. Então ela imediatamente se retirou daquele lugar.
- Como se atreve! - gritou ela com o rosto desfigurado enquanto
corria. - Como se atreve!
Houve um silêncio agitado por longos minutos enquanto todos que
estavam em um quiosque que ficava a alguns metros de onde os dois
estavam, com suas bocas abertas, não conseguiam acreditar que
Ronaldo tivesse desperdiçado uma oportunidade daquelas.
- Ele ficou falando de religião o tempo todo – comentava Raquel
com o pessoal ao se aproximar do quiosque.
Eles deram risada. O mais importante é que resistindo, suportando e
combatendo a tentação, Ronaldo conseguiu vencer o pecado.
Quando ele chegou na casa dele, sua família estava mais legal. A luta
parecia ter dado uma trégua.
Valtinho estava navegando em uma rede social e resolveu digitar o
nome de Graciele. Ela era uma conhecida da igreja. Vale dizer que
Valtinho era um servo de Deus que amava muito ao Senhor e que
tinha um desejo muito grande de ser missionário. Quando ele se
converteu, ele pedia muito para os irmãos da igreja orar para que
Deus o levasse para África, mas o tempo foi passando e ele acabou
desistindo de ir fazer a obra missionária na África, então resolveu
abrir uma igreja na cidade onde ele morava. Mas como não tinha
dinheiro também nem para pagar o aluguel, estava esperando em
Deus que alguma providência fosse tomada. O fato é que Valtinho
era um crente fiel e que terá que nos mostrar que de fato está
preparado para vencer a tentação.
Foi quando ele encontrou o perfil de Graciele, então ele adicionou-a
e cinco minutos haviam se passado quando ele recebeu uma
confirmação de que ela havia aceitado o convite. Assim eles
começaram a conversar pela internet:
- Como você está? – perguntou Graciele – Faz muito tempo que a
gente não se vê. Você ainda está na igreja?
- Eu estou firme nos caminhos do Senhor. E você?
- Eu dei uma afastada dos cultos. Faz muito tempo que eu não
coloco meu pé em igreja nenhuma. E onde que você está morando?
- Estou morando com meu pai. E você? – disse ele.
- Eu trabalho naquele prédio grande que fica perto do Banco do
Brasil, ali no calçadão. Passa lá qualquer hora para agente conversar
um pouco.
- Eu vou ver se essa semana eu passo lá.
Foi quando Graciele se desconectou. Ele ficou sem saber o que
houve, se ela desligou o computador ou se aconteceu algum
problema na rede. O fato é que ele começou a pensar na
possibilidade de passar aonde Graciele trabalhava para que eles
pudesse conversar um pouco. Isto aconteceria dois dias depois deles
terem conversado pelo computador.
Valtinho colocou uma roupa qualquer e foi até o lugar onde Graciele
disse que trabalhava. Ele ficou com vergonha de entrar, mas Graciele
acabou vendo ele zanzando do lado de fora em foi se encontrar com
Valtinho.
- Então você veio mesmo seu descompensado.
- Sim. Eu também tinha que passar aqui no centro para devolver o
livro na biblioteca.
- Venha, entra um pouco, acho que podemos conversar alguns
minutos. O meu patrão não está.
Valtinho entrou e eles conversaram sobre a época em que ela
frequentou a mesma igreja que ele. Naquele tempo Valtinho se
apaixonou por Graciele e até mesmo pediu ela em casamento. Mas
eles acabaram não conseguindo levar o relacionamento a sério, até
porque antes que pudessem ter alguma coisa, ela caiu em pecado
com um outro irmão da igreja e depois com outro e por fim acabou
ficando mal falada e parou de ir nos cultos. Cerca de meia hora se
passou quando ela percebeu que o chefe havia chegado. Tratou de
pedir que Valtinho fosse embora mas também disse que se ele
quisesse passar lá no final do dia, eles poderiam se encontrar
novamente.
- Passa aqui mais tarde, eu saio as seis horas.
- Não vou prometer. Talvez eu passo – disse ele ainda sem perceber
que o tentador estava armando um grande laço para sua vida.
Acontece que depois que Valtinho saiu dali, ele foi para uma
biblioteca que ficava perto de onde Graciele trabalhava, ficou lendo
vários livros até o final do dia e quando estava saindo da biblioteca
se lembrou do que Graciele havia falado, que era para ele passar no
serviço dela no final do dia para que eles pudessem conversar mais
um pouco. No fundo Valtinho estava com saudades de Graciele. Ela
fazia parte do seu passado. Um sentimento nostálgico começou a
surgir em Valtinho. Não tinha nada de importante para fazer naquele
momento mesmo e acabou decidindo que iria passar lá. Que mal
haveria em conversar um pouco com Graciele? Ele não tinha
intenções de fazer nada de errado mesmo.
- Oi, você veio mesmo seu lesado – disse ela amistosamente – Posso
te fazer uma pergunta? – ela arrumava a bolsa apressada e também
conferia algumas mensagens no celular.
- Pode, uai – respondeu ele curioso pelo que viria.
- Você gostava de mim pra valer ou era apenas uma paixonite aguda?
Valtinho pensou um pouco e ficou sem jeito de responder a
pergunta dela.
- Uai, gostava, moça. Porque?
- Por nada não. É porque hoje eu estava lembrando daquele dia que
você disse que eu seria sua ungida. Lembra?
- Lembro sim. Como é que eu poderia esquecer.
Eles caminharam na direção de onde ela morava e ficaram
conversando sobre o que eles estavam fazendo atualmente. Ela
como Valtinho mesmo viu, trabalhava naquele lugar de secretaria e
ele, bem, ele estava passando por uma prova que parecia não ter fim.
Fazia alguns serviços que não duravam muito tempo e não davam
muito dinheiro também.
- Você pode me levar até lá em casa? – perguntou ela.
- Hum, posso uai. Onde você mora?
- Fica perto daqui, eu venho e vou de a pé todos os dias.
- Então eu te levo.
- Quando a gente chegar lá eu vou querer que você faça uma
massagem em mim.
Foi quando ela disse isto que Valtinho começou a perceber que
talvez estivesse em perigo e ela ainda acrescentou:
- Eu tenho um óleo ótimo para você passar no meu corpo. Estou
precisando muito de uma boa massagem.
Ele sabia que jamais poderia fazer a tal massagem em Graciele.
Aquilo era praticamente um convite para o pecado e então durante o
percurso até a casa dela eles continuaram conversando sobre o
passado e Graciele toda hora falava que ela sempre gostou muito de
Valtinho e que eles não tiveram nada porque faltou apenas uma boa
oportunidade. Naquele dia a coisa ainda iria esquentar. Quando
Valtinho chegou na porta do prédio onde Graciele morava, ela o
convidou para entrar. Ele ficou pensativo, mas pensou que apenas
entrar naquele lugar com ela, não teria problema nenhum. Ele já
sentia que Graciele poderia ter algum comportamento que não fosse
de Deus e se isto acontecesse ele não poderia sucumbir.
Eles entraram no prédio e foram subindo uma rampa. Ela morava
dois andares para cima do primeiro chão. Quando eles terminaram
de subir a rampa, Graciele parou e ficou reparando se não havia
ninguém por ali. Haviam apenas dois moradores naquele lugar e
quase nunca eles estavam por lá. Valtinho perguntou para ela porque
ela estava demorando para entrar.
- Vai até a geladeira que fica na primeira entrada e pega alguma coisa
para você comer. O pessoal deixa essa geladeira ligada e como eles
só colocam água dentro dela, eu aproveito para guardar alguma coisa
para quando eu estiver com fome – Graciele sinalizou o lugar onde
aquela geladeira de todo mundo ficava e Valtinho foi até lá porque
estava com muita fome. Ele abriu a geladeira e foi logo comendo
tudo que pudesse. Depois que ele terminou de comer o que viu pela
frente, ele caminhou em direção a escada que levava até o andar
onde Graciele morava. Ele ficou paralisado quando ele viu Graciele
seminua.
- Eu quero que você passe um óleo restaurador no meu corpo –
dizia Graciele – Eu comprei estes dias.
Naquele exato momento Valtinho teve que fazer um grande esforço
para resistir a tentação e não sucumbir. Depois de se insinuar
bastante na frente dele, ela foi subindo as escadas e convidando o
rapaz para o andar de cima.
Valtinho ficou olhando para Graciele totalmente dominado pelo
poder da tentação. Os tentadores demoníacos espirituais
influenciavam os pensamentos de Valtinho e tentavam fazer com
que ele cedesse aos desejos carnais que quiseram aflorar naquele
momento. Aquele servo de Deus se encolheu e ficou lutando contra
um forte pensamento ruim que veio para fazer com que ele
deliberadamente se aproveitasse daquele momento e caísse em
tentação.
- Vem logo Valtinho – chamou Graciele que subia a escada
sensualmente na esperança de ser cobiçada.
Resistindo fortemente aquela tentação Valtinho resolveu subir para
ver até onde ela iria com aquele comportamento. Ele havia
conseguido resistir o impulso inicial que tentou fazer com que ele
caísse e agora teria que continuar se mantendo firme diante da
tentação. Graciele subiu primeiro e depois que Valtinho percebeu
que havia uma boa distância entre eles, caminhou pela escada de
ferro até que chegou no andar onde Graciele morava, mas parece
que ainda teria muito trabalho pela frente. A tentação não desistiria
de tentar derrubar aquele servo de Deus. Ele pensou se não estava
na hora de dar o fora daquele lugar o mais rápido possível. Só que
ele também se lembrou de que na sua casa não tinha nada de bom
lhe esperando, de que a vida no lugar onde ele estava morando era
muito difícil. Na verdade estava faltando até comida e mesmo tempo
comido o que viu pela frente na geladeira de todo mundo que ficava
do lado de fora, ainda tinha esperanças de poder voltar lá e comer
mais um pouco. Entre a fome e a tentação que ainda estava
atormentando os seus pensamentos, Valtinho teve que se esforçar
para suportar o desejo de cair em pecado com Graciele. Foi quando
a moça olhou para ele e perguntou se seria pecado se ela apenas o
beijasse.
- Bem...Pecado...- ele pensou um pouco na pergunta dela – Pecado
eu acho que não é, mas...
- Eu sei que você está firme, mas se você mesmo está falando que
não é pecado, eu gostaria que você me desse um beijo. Apenas um
beijo, não custa nada. Por favor, eu estou com muita vontade de te
beijar desde a hora que você apareceu lá no meu serviço.
Ele tentou encontrar algum argumento que pudesse confrontar a
ideia de que se ele beijasse Graciele naquele momento estaria
cometendo algum tipo de pecado mortal, mas sua mente não
conseguia lhe dar este subsídio.
- Então tá – concordou ele – Mas apenas um beijo.
Ela ficou feliz e se aproximou de Valtinho encostando seus lábios no
dele. Eles se beijaram por cerca de dois minutos. E neste exato
momento Valtinho começou a sentir o desejo masculino aumentar.
Os efeitos daquele beijo começaram a ativar os hormônios de seu
corpo e foi quando percebeu que aquilo poderia ir mais longe que ele
se afastou dela. A tentação veio então com muita força e mesmo
resistindo, ele estava sentindo o poder tentador de Graciele
aumentar cada vez mais. Foi quando ela se virou e começou a
caminhar devagar na frente dele. Valtinho viu a mulher que ele
acabara de beijar exibir toda sua beleza em um andar lascivo.
Foi muito difícil suportar aquela tentação. Graciele também não
sabia direito o que fazer, pois tinha consciência que estava mexendo
com as emoções daquele servo de Deus. Ela esperou que ele falasse
algo que pudesse comprovar que ele tivesse desejado ela de maneira
impura para assim ela poder convidar ele para uma noite de pecado.
Mas Valtinho com toda dificuldade do mundo continuou
suportando todo efeito colateral daquela tentação. Ele estava
começando a ficar desesperado e para conseguir suportar aquela
terrível tentação e não cair em pecado ele foi se abaixando
lentamente.
Quando Graciele se virou na direção dele, achou que poderia ver um
homem lhe desejando com os olhos, mas ao invés disto ela viu
Valtinho de cócoras e com as mãos na cabeça em completo
desespero. Ele se recusava a sequer olhar para ela com aquele fio
dental. Sentia que a qualquer momento poderia cair em pecado se
deixasse de resistir e suportar o poder daquela grande tentadora.
- Levanta daí, rapaz – disse ela preocupada.
- Espera um pouco. Você não vê que a gente não poderia ter se
beijado.
- Se você não levantar daí eu vou continuar te provocando –
ameaçou ela – Quer ver?
- Não. Espere, eu vou me levantar.
- Então levanta logo.
- Calma. Deixa eu respirar direito.
Graciele sabia que ele estava fazendo um enorme esforço para
suportar tudo aquilo e não cair em pecado com ela.
- Vamos até meu quarto que eu vou pegar um calmante para você.
- Eu não vou entrar no teu quarto de jeito nenhum. Eu sei muito
bem o que você está querendo.
- Deixa de ser bobo – ela percebeu que ele não estava passando mal
de verdade e começou novamente com a provocação. Ela realmente
estava desejosa de ter um relacionamento carnal com ele naquele dia.
Valtinho se levantou e entendeu que precisava de fazer alguma coisa
para combater aquela tentação. Ele estava decidido a vencer aquela
tentadora a qualquer custo. Precisava provar para si mesmo que
estava realmente preparado para vencer aquela tentação.
- Sai dela tentação – orou ele.
Graciele achou aquilo engraçado.
- O que você disse?
- Sai dela tentação – repetiu ele agora levantando a palma da mão na
direção dela.
- Faz me rir. Ui, se você fizer isto mais uma vez eu vou cair no chão
– disse ela com sarcasmo.
Ele olhou seriamente para ela e repetiu mais uma vez aquela oração.
- Sai dela tentação – foi a maneira que ele encontrou de combater
aquela tentadora.
De fato parecia não ter acontecido nada com Graciele. Ela
continuava atrevida e decidida a ter alguma coisa com ele tanto
quanto antes e foi assim que ela caminhou um pouco mais para
frente e quando percebeu que ele estava olhando para ela, apoiou as
mãos em uma estrutura de ferro e se inclinou sensualmente talvez na
última esperança de que ele pudesse sucumbir. Ela estava querendo
ver o quando Valtinho realmente estava firme nos caminhos do
Senhor.
Quando ele viu Graciele daquela maneira percebeu o quanto o poder
da tentação é forte. Ele se deu conta de que para servir a Deus era
preciso pagar um preço muito caro. Ele sabia que se caísse com
aquela tentadora, sua vida espiritual iria ser completamente destruída
e que embora ele pudesse desfrutar de um momento de prazer
naquele dia, as terríveis consequências do pecado fariam com que
tudo aquilo não tivesse nenhum valor.
Foi naquele momento que Valtinho se deu conta do quando estava
se esforçando para poder suportar a tentação e tendo consciência de
que se ele quisesse sair vitorioso daquele lugar ele deveria mesmo
suportar todos os efeitos colaterais que a tentação estava causando.
Mais uma vez ele procurou alguma maneira de combater a tentação.
- Sai tentação, sai tentação – disse ele para si mesmo na tentativa de
exorcizar qualquer tentador espiritual que pudesse estar envolvido
naquela trama.
Depois que Graciele reparou que ele não havia sucumbido começou
a desanimar. Ela já havia feito o suficiente para seduzi-lo. Se ele
resistiu até aquele momento, seria inútil da parte dela tentar
continuar.
- Me espera aqui que eu vou entrar lá dentro colocar uma roupa.
Valtinho percebeu que ela havia desistido daquela trama libidinosa.
Neste momento sentiu o poder da tentação diminuir e até mesmo
ficou confiante de que poderia entrar no apartamento com ela.
- Eu posso esperar na sala – disse ele.
- Então venha – falou ela amistosamente.
- Vai na frente – falou ele que esperava que ela colocasse logo uma
roupa.
Assim ela fez. Graciele entrou e se vestiu. Logo em seguida Valtinho
entrou e ficou ali na sala conversando um pouco com ela. Dava para
perceber que ela estava bastante irritada com ele.
- Vai embora Valtinho. Você não tem mais nada para fazer aqui –
disse ela depois de que algum tempo havia se passado.
- Prefiro esperar pela janta – falou ele.
- Você não vai jantar aqui. Eu quero que você suma da minha vida.
Nunca mais me procure, não temos mais nada para conversar um
com o outro, será que você não percebe?
Valtinho entendeu muito bem o recado e se levantou para ir embora.
Antes que pudesse sair daquele lugar ouviu Graciele gritar.
- EU TE ODEIO.
Ele não falou nada. Apenas se virou e procurou sair o mais rápido
possível dali. Depois daquele dia ele nunca mais viu Graciele.
Valtinho mostrou que estava preparado para vencer aquela
tentadora. Isto porque ele soube resistir, suportar e combater. É
claro que não foi nada fácil para ele fazer isto naquele dia. Mas
precisamos amar a Deus acima de todas as coisas e a única maneira
de vencer a tentação para quem realmente ama a Deus é usar o
grande segredo nestas horas. E é isto, mais um que venceu. E que
venha a tentação...
A tentação a seguir é baseada em fatos reais porque em um bairro da
periferia de uma cidade do interior de Goiás morava um servo de
Deus e no mesmo quintal de sua casa um dia foi morar uma
tentadora cujo nome verdadeiro era Elaine. Exatamente por isto este
será o nome da nossa próxima tentadora. É vida que segue para os
que serão tentados e que todos possam vencer.
O caminhão de mudança parou na porta de Gameleira. Era a nova
moradora que chegava. A mudança começou a ser levada do
caminhão para a nova casa de Elaine. Gameleira era um servo de
Deus que tinha seu nome escrito no livro da vida. Ele vivia uma vida
de santidade e lutava para se manter longe do pecado,
principalmente do pecado sexual porque ele era solteiro e fazia
alguns anos que havia aceitado Jesus como salvador, sem contudo
conseguir uma esposa. Algumas namoradas se passaram pela vida de
Gameleira, mas todas pareciam ser enviadas pelo tentador para
derrubar o irmão porque ele nunca conseguiu se casar com nenhuma
delas. A benção do casamento parecia muito distante na vida daquele
servo de Deus. Às vezes ele pensava que não conseguiria arrumar
uma esposa e que morreria solteiro.
Foi quando o pessoal terminou de descarregar a mudança que
Gameleira pode ver quem que iria morar na casa que estava
construída no mesmo quintal que a sua.
Elaine estava passando por dificuldades financeiras e tudo piorou
quando ela foi mandada embora do emprego em que estava
trabalhando. Sem muito dinheiro para conseguir se sustentar, ela
teve que alugar uma humilde casa na periferia da cidade. Fora
ajudada pela família que morava na cidade vizinha e agora teria que
tentar recomeçar a vida; Quem sabe arrumar um novo emprego e
depois de algum tempo, quiçá um lugar melhor para morar. No
momento o que restou para ela foi o aluguel barato que conseguiu
achar.
Gameleira passou o resto do dia tomado pela ansiedade. A presença
de Elaine o deixava em estado de alerta. Ele percebeu que estava
lado a lado com uma mulher muito bonita e agora estava tentando
assimilar como seria a vida dali para frente tendo que conviver com
Elaine morando bem do lado. E a semana foi passando e Gameleira
começando a se acostumar com a presença da nova moradora. Eles
se viam várias vezes por dia, quase todas as vezes que ele tinha que ir
até o quintal pegar ou fazer alguma coisa, acabava sempre se
encontrando com Elaine ou pelo menos tendo-a dentro de seu
campo visual. Ela era uma moça calada e até então apenas se limitou
a falar ―bom dia, boa tarde ou boa noite‖. Foi depois de uma semana
que Elaine havia se mudado para aquele lugar que a tentação
começou de verdade na vida de Gameleira. Ele não imaginou que
fosse ser tão tentado como seria e que teria que provar que
realmente estava preparado para vencer a tentação.
Tudo começou quando Gameleira estava chegando da rua e Elaine
estava estendendo roupa no varal. Quando ele passou por Elaine,
ouviu ela dizer o seu já habitual:
- Boa tarde. Tudo bem?
- Tudo. E você? – foi estendendo ele a conversa.
- Eu vou bem. Obrigada. Está tão calor hoje, eu vou ter que fazer
alguma coisa para ajudar a refrescar.
- Toma um banho com água fria – falou ele.
- Você me deu uma boa ideia. Mas é que o chuveiro de casa é muito
alto e eu não consigo colocar na água fria.
- Pega o cabo da vassoura e muda o regulador com ele.
- Ah não, eu tenho medo. Será que você poderia fazer isto para
mim?
Gameleira pensou e não custava nada ser gentil com sua vizinha.
- Posso – respondeu ele sem pensar no que viria.
- Então venha que eu vou lhe mostrar onde fica o chuveiro – disse
ela que caminhou na frente de Gameleira que pediu licença e entrou
na casa daquela moça. Ele já conhecia o lugar porque antes dela se
mudar para lá, ele costumava entrar ali para orar, ir no banheiro ou
apenas para ficar olhando aquela casa vazia.
Ele entrou no banheiro e enquanto tratou de mudar o regulador do
chuveiro colocando na posição em que a água saia fria, a moça
sumiu pela casa. Mas como ele já sabia muito bem como sair daquele
lugar, foi andando até que encontrou com Elaine que agora estava se
preparado para tomar seu banho. Ela estava mexendo no telefone
como sempre fazia. Ela era uma viciada neste tipo de tecnologia.
Quando Gameleira a viu daquela maneira ficou impressionado. Não
sabia o que dizer. Obviamente a tentação veio com tudo nesta hora.
O que tornou aquela tentação terrivelmente real foi o fato dela ter
ficado de fio dental com tanta facilidade na frente dele, deixando
claro que ele teria chance com ela caso quisesse ter algum tipo de
relação promíscua.
Neste momento Gameleira tirou forças do fundo do baú para poder
resistir aquela tentação e não se entregar aos desejos carnais. Foi
com muito custo que ele falou para ela ―O chuveiro está pronto‖ e
tendo que suportar a angústia que a tentação lhe causava por ele ter
rejeitado aquela oportunidade foi caminhando para fora da casa dela
pelo caminho que já conhecia muito bem.
A tentação ainda ficou por algum tempo martelando na mente de
Gameleira e a imagem daquela mulher de fio dental, por mais que ele
tentasse expulsar de seus pensamentos, estava ainda muito viva em
sua mente. Ele não conseguia deixar de sofrer por saber que teve que
recusar uma oportunidade tão prazerosa de fazer alguma coisa com
aquela moça para poder vencer a tentação e permanecer firme nos
caminhos de Deus. Mas ele suportou sem nenhum prejuízo para sua
alma. Acontecesse que a tentação estava apenas começando.
Dois dias depois, quando mais uma vez Gameleira estava chegando
da rua, encontrou-se com Elaine no quintal.
- Boa tarde – disse ela com naturalidade, virada de costas para ele e
estendendo a roupa no varal – Já almoçou? – à medida que o tempo
ia passando, ela parecia mais à vontade para conversar com ele,
afinal, eles moravam no mesmo quintal e se viam sempre.
- Não – respondeu ele sem entender porque isto interessava a ela.
- Eu fiz muita comida e sobrou bastante. Se você quiser pode entrar
lá na cozinha e comer um pouco.
Gameleira que começou a sentir o efeito da tentação só de ter
lembrado do que aconteceu da última vez que ele entrou na casa de
Elaine acabou aceitando o convite para o almoço por não acreditar
que aquilo poderia se repetir mais uma vez.
- Eu vou comer então – disse ele que como se fosse de casa foi
entrando na cozinha para poder filar aquela boia.
- O prato e os talheres estão dentro da primeira gaveta do armário –
disse ela do lado de fora e depois que Gameleira já havia colocado a
comida no prato e estava sentado na mesa comendo, ela entrou na
cozinha. Não teve como ele não reparar no decote dela já que
chamava muito a atenção. Nesta hora ele teve que resistir a tentação
para não olhar com olhos impuros e nem deseja-la sexualmente.
- Está boa a comida? – perguntou ela.
- Sim – respondeu ele que ainda se esforçava para resistir a tentação.
- Eu vou sair agora. Acho que esta roupa não está boa. Vou ver se
coloco outra – disse ela.
Parecia até mesmo que ela estava sozinha em casa porque ali bem na
frente de Gameleira, foi tirando a roupa para se trocar.
Gameleira olhou para aquela moça de calcinha branca, fio dental na
sua frente e não acreditou que aquilo pudesse estar realmente
acontecendo. Elaine como sempre estava fazendo alguma coisa no
celular.
- Cof, cof, cof, urrruuu – Gameleira se engastou todo com a comida.
- Nossa gente. Mas o que é isto? – Elaine ficou preocupada.
O único jeito de não cair em tentação era suportar o tormento que
estava por vir. Não era fácil ver uma mulher daquele jeito e ter que
se comportar como se nada estivesse acontecendo. E mais, ter que
se comportar de acordo com a vontade do Senhor e dos preceitos de
Deus.
Suportando aquela tentação e fazendo de tudo para nem sequer
olhar para Elaine daquela maneira, ele comeu a comida rapidamente
e se levantou para ir embora. Ainda teve que passar bem do lado
dela para poder sair daquele lugar e foi nesta hora que ele começou a
combater a tentação na tentativa de fazer tudo o que fosse possível
para não cair em pecado.
- Deus é maravilhoso, Deus é maravilhoso, Deus é maravilhoso – ele
combatia o poder da tentação com esta oração. A perturbação
mental era tão forte que parecia que Gameleira iria enlouquecer.
Antes que ele saísse daquele lugar, Elaine ainda falou:
- Você já vai?
- Sim – respondeu ele sem olhar para ela.
- Volte sempre – falou ela em tom de brincadeira. Ela agia como se a
maneira com que se comportava fosse a coisa mais normal do
mundo e talvez seja para os que não são filhos de Deus e nem se
preocupam em seguir um padrão de vida baseado na santidade.
Sofrendo muito Gameleira atravessou o quintal de sua casa e foi
direto para o banheiro lavar o rosto. Ele ainda lutava para suportar o
poder da tentação que sempre demorava um pouco para abandonálo depois de um acontecimento assim.
Era muita tentação para o caminhãozinho de Gameleira. No outro
dia ele teve que enfrentar a tentadora novamente. O quadro parecia
se repetir sempre nos mesmos moldes e aquele servo de Deus não
conseguia entender porque não conseguia se livrar desta situação que
começou a ficar previsível.
Gameleira estava saindo de casa e mais uma vez viu Elaine por ali.
Ela estava lavando uma janela de vidro.
- Bom dia – falou ela – Posso te perguntar uma coisa?
- Pode – falou Gameleira.
- Você tem namorada?
Sem entender porque Gameleira começou a sentir o coração bater
mais forte. Aquela pergunta acionou alguns gatilhos nevrálgicos de
sua alma. Porque era tão difícil arrumar uma namorada vindo da
parte de Deus e se casar? Porque os outros irmãos que ele conhecia
na igreja mal se convertiam e já conseguia arrumar um bom
emprego, uma esposa, uma casa para morar e com ele parecia ser
tudo diferente.
- Eu não tenho namorada – respondeu ele desconsolado.
- Eu achei que você tivesse – disse Elaine. Ela quis dar a entender
que era muito estranho o comportamento de Gameleira diante da
facilidade com que ela deixava espaço para que eles pudessem viver
um romance sem pudor.
Gameleira percebeu que a tentação estava querendo se manifestar
novamente e disse:
- Eu tenho que ir ali.
Mas percebeu que foi inútil tentar se livrar de Elaine porque ela
falou:
- Na volta você passa aqui em casa para agente conversar um pouco.
Sem entender porque acabou consentindo naquele convite,
Gameleira acabou chamando por Elaine quando voltou.
- Elaine – disse ele do quintal.
- Pode entrar – falou ela do quarto.
Ele acabou entrando na esperança de que apenas pudesse ter uma
inocente conversa com ela.
- Eu estou aqui no quarto – falou ela quando ele já estava na
cozinha.
Gameleira sabia aonde ficava o quarto e foi caminhando torcendo
para que ela não se comportasse daquela maneira outra vez, mas não
teve jeito. Quando ele chegou na porta do quarto viu Elaine mais
uma vez do jeito que o tentador gosta. Como sempre, com o celular
na mão fazendo vai lá saber o que.
- E aí. O que você fez de bom lá na rua – falou ela.
Gameleira estava feito uma estátua e naquele momento fazendo
forças para resistir a tentação. Pensamentos ruins vinham em sua
mente junto com uma vontade de se aproximar dela e tentar uma
cantada, quem sabe um abraço e por fim poder ficar com Elaine ali
mesmo no quarto dela. Isto se chama tentação. E era justamente a
esta tentação que Gameleira teve que resistir com toda sua fé. Mas
como sempre, o fato de resistir a tentação não garante que ela vá
embora imediatamente e até mesmo porque Elaine continuava ali na
frente dele daquela maneira que a tentação ainda lhe traria alguns
efeitos colaterais terríveis caso ele continuasse resistindo.
- Você vai sair hoje? – perguntou ela que ainda mexia no celular.
- Não – respondeu ele.
- Se você quiser agente pode ficar aqui em casa assistindo algum
filme.
Nesta hora a tentação ficou mais forte. Percebam que isto é um
efeito paradoxal visto que quando se resiste a tentação, se espera que
ela vá embora ao ser resistida.
Gameleira olhou para Elaine mais uma vez e sentiu uma fraqueza
patológica nos braços. Ele estendeu a mão com os cinco dedos
abertos na horizontal e percebeu que eles estavam tremendo muito.
Sentiu uma sensação ruim e algo lhe dizendo que aquilo era demais
para ele. Era quase uma necessidade de sucumbir. E neste momento
percebeu que se recusasse Elaine, estaria de fato abrindo mão dos
prazeres desta vida e assinando um contrato com o sofrimento. Em
meio a turbilhões de pensamentos, sensações e sentimentos ele se
lembrou de que se quisesse vencer aquela tentação teria que
suportar.
- Custe o que custar – disse ele para si mesmo em voz baixa decidido
a suportar a tentação.
- O que você falou? – Elaine não tinha entendido o sentido das
palavras proferidas por ele.
- Nada não – disse ele tentando encontrar um meio de combater
aquela tentação para que pudesse sair ileso daquele lugar. Foi quando
ele se lembrou de algo que havia feito em um momento de forte
tentação no passado.
- O sangue de Jesus tem poder. O sangue de Jesus tem poder – ele
repetia isto em pensamentos para si mesmo várias vezes na tentativa
de combater aquela tentação.
Foi quando percebeu que tinha plenas condições de sair daquele
lugar sem cair em pecado e que para ele, isto seria uma glória bem
maior do que se aproveitasse aquele momento de apoteose
mundana.
- Depois a gente conversa – disse ele para ela. E se virou saindo
rapidamente daquele lugar.
- Então tá. Vem aí depois – falou Elaine sem entender porque estava
sendo rejeitada e ao mesmo tempo mostrando aquele ar de mulher
difícil e de que não está interessada.
A noite chegou e como tanto Gameleira quanto Elaine sempre
estavam indo até o quintal para fazer alguma coisa ou porque tinham
que passar por ali toda vez que fossem sair de casa, eles acabaram se
vendo novamente.
- E aí. Tá fazendo o que agora?
- Nada – respondeu ele.
- Eu estou um pouco entediada – falou ela.
Eles ficaram ali no quintal conversando alguns minutos e por fim ela
falou:
- Eu vou entrar. Vamos lá pra dentro?
Gameleira bem que poderia dizer que não. Mas ele estava envolvido
demais com a conversa e também não tinha nada de melhor para
fazer naquele momento. Quer dizer, ter ele tinha, poderia ler a
Bíblia, poderia orar, poderia sair e pregar a palavra de Deus para o
primeiro idiota que encontrasse pela frente. Poderia fazer qualquer
coisa, menos entrar naquela casa com Elaine. Mas a tentação sempre
consegue ludibriar as pessoas até certo ponto, se não fosse assim,
não poderíamos dizer que estamos lutando contra um inimigo tão
forte e poderoso quanto a tentação. Precisamos entender e até certo
ponto respeitar o grande poder da tentação. É isto que nos dá
condições para nos prepararmos devidamente para enfrenta-la.
Gameleira entrou na casa de Elaine e eles começaram a conversar
sobre trabalho. Ela estava desempregada, ele também estava
passando por grandes dificuldades financeiras e acabaram um se
identificando com o sofrimento do outro. Primeiro eles passaram
pela cozinha, ele tomou um pouco de café e logo depois estavam
conversando na sala e Gameleira parecia que estava em casa pois
sentou no sofá e ficou bem à vontade, mas em algum momento
daquela conversa que parecia ser inocente e de onde não se poderia
esperar que fosse acontecer nada tão sério, Elaine entrou no quarto e
depois de alguns minutos sem falar nada, começou a perguntar para
Gameleira coisas que talvez ele não pudesse responder.
- Você me acha bonita? – falou ela em voz alta do quarto.
Gameleira ficou sem saber se deveria responder aquela pergunta e
acabou piorando a situação.
- Bonita como?
- Vem aqui – chamou ela do quarto.
Gameleira sem acreditar que aquilo pudesse acontecer novamente
acabou indo só para ver no que daria.
- Quero saber se você me acha uma mulher atraente – falou ela
quando Gameleira chegou na porta. Mais uma vez ela estava do jeito
que o tentador gosta e Gameleira viu aquela tentadora de fio dental
bem na sua frente, mexendo no celular, isto já era de praxe.
Gameleira já conhecia o protocolo. Sabia que teria que resistir a
tentação, só que desta vez parecia que estava sendo mais difícil. A
vontade da carne estava mil vezes maior do que das últimas vezes e
ele sentiu que estava prestes a sucumbir. Deus o livre de uma coisa
destas. Ainda bem que ele com toda dificuldade do mundo
conseguiu resistir aquela tentação. Só que agora sabia que não
poderia continuar tão vulnerável diante da tentação. Se ele quisesse
continuar firme, teria que combater aquela tentação de uma maneira
que até então não tinha pensado. Teria que se afastar de Elaine. Mas
antes que pudesse esboçar qualquer reação começou a sentir a
tentação se fortalecendo cada vez mais. Ele estava sozinho na casa
de uma mulher bonita e tinha oportunidade para pecar. O tentador
tentou lhe convencer de que ele poderia ceder para o pecado e que
depois era só voltar para os caminhos de Deus novamente. Esta
ideia parecia não ser tão ruim assim, afinal, ele poderia aproveitar o
melhor que os dois lados tinham para oferecer, o lado do inimigo lhe
oferecia uma incrível tentadora e o lado de Deus lhe oferecia o
perdão incondicional. Será que o fato de poder se arrepender depois
e voltar novamente para Deus era uma licença para cometer atos
libidinosos com Elaine naquele lugar? Esta foi a maior jogada da
tentação naquela noite, mas por incrível que pareça, Gameleira
conseguiu suportar a tentação e não sucumbiu.
- Elaine – ele sabia que se começasse aquela conversa não poderia
voltar mais atrás, mas estava na hora de combater a tentação – Você
precisa se arrepender de seus pecados e aceitar Jesus como salvador.
Ela não entendeu porque ele estava falando sobre religião naquele
momento.
- Eu não quero falar disto – replicou ela – Eu não gosto deste
assunto sobre inferno, estas coisas.
- Mas é justamente para o inferno que você vai se continuar se
comportando assim – Gameleira já havia resistido e suportado a
tentação. Agora estava dando sua cartada final combatendo a
tentadora.
- Eu já disse que eu não gosto de conversar sobre esse assunto –
falou ela.
Gameleira percebeu que a tentação estava começando a perder suas
forças.
- Existe um céu, existe um inferno e existe uma escolha – disse ele.
- Se você é tão religioso assim, o que você está fazendo aqui comigo?
Se você está aqui é porque está gostando de me ver assim.
Ele ficou com raiva do que ela acabara de dizer.
- Por acaso eu pedi para você ficar desta maneira?
Ela ficou em silêncio por alguns segundos e depois disse:
- Acho melhor você ir embora e não voltar mais aqui em casa.
- Você está me expulsando da sua casa? – perguntou ele para ter
certeza do que ela estava querendo dizer.
- Se você é tão religioso assim, não pode mais me ver assim. Eu não
vou mudar, eu gosto de ficar à vontade na minha própria casa.
Antes que Gameleira finalizasse aquela conversa e saísse daquele
lugar a tentação mais uma vez ainda tentou influenciar seus
pensamentos. Ele começou a perceber que dali para frente não
poderia mais ser amigo de Elaine e de que deveria numa tentativa
desesperada tentar alguma coisa com ela ali naquele lugar. Ele jamais
teria uma oportunidade daquela novamente, pelo menos ele assim
pensava, mas Gameleira suportou aquela tentação e devido a isto
começou a sentir uma tristeza profunda. Era a tristeza da solidão, de
não ter uma esposa e nem sequer uma namorada e de ter que abrir
mão dos prazeres da carne para poder ir morar em um céu que ele
nunca tinha visto e nem sabia exatamente onde ficava.
- Eu estou indo embora – disse ele para Elaine.
Ela ficou calada esperando ele sair. Gameleira se virou e foi andando
com certa dificuldade pelos cômodos daquela casa. Não estava
sendo fácil suportar aquela tentação. Ele resolveu que precisava sair
de casa um pouco, caminhar e orar. Precisava de pensar, sua mente
estava rodopiando a milhões e as ideias estavam completamente
desorganizadas. A autoestima estava completamente abalada, sentia
como se fosse o homem mais miserável deste mundo. Tudo isto era
efeito colateral da tentação e ele precisava continuar suportando.
Gameleira caminhou por uma hora e enquanto isto orava ao Senhor
pedindo ajuda e forças para continuar vencendo a tentação. Quando
voltou novamente para casa, estava se sentindo feliz. Isto porque ele
sabia que o segredo para se vencer a tentação havia funcionado. A
estas horas ele poderia estar caído e vai lá saber quando ele
conseguiria forças para se reconciliar com Deus, muito menos quais
seriam as consequências funestas de se cair em tentação. Os dias que
se seguiram fora como Gameleira previa, ele não puxou mais
conversa com Elaine e nem ela com ele. No começo ele sofreu um
pouco porque já havia começado a gostar dela. Depois foi se
acostumando e por fim acabou se mudando daquele lugar e nunca
mais viu Elaine em toda sua vida.
A amiguinha da escola pode se tornar a grande tentadora da vida de
um servo de Deus.
GABRIEL
- E porque minha irmã não pode participar? Você não quer
converter ela também? - disse Marry.
- Ela fica tirando você de ideia. Eu não consigo pregar direito com
sua irmã por perto - falou o cristão.
Marry não sabia o que responder e disse um ―sim‖ da boca pra fora.
O irmão estava decidido a acompanhar Marry até sua casa. No meio
do caminho ele começou a pregar a palavra de Deus para ela. Ele
jurava que iria conseguir fazer a moça aceitar Jesus aquele dia como
salvador de sua vida. Mas deu tudo errado. Marry não se converteu.
Uma semana antes, Gabriel também havia tentado converter a outra
gêmea. Mas a outra também havia recusado veementemente
abandonar os seus pecados e aceitar Jesus como salvador. Eles
estavam saindo do colégio onde cursavam o ensino médio. Eles já
estavam chegando perto da casa das gêmeas quando Marry convidou
o irmão para entrar.
– Uma coisa é andar pelas entradas da escola, debaixo das árvores no
caminho ou caminhar pelas ruas da cidade, mas isso é diferente, a
sua casa é o terreno do inimigo. Se eu entrar aí, eu vou correr um
risco muito grande e tem mais, hoje eu tenho que orar e ler a palavra
de Deus – disse Gabriel que colocou um dedo na cópia do rascunho
que fizera com um arcabouço de mensagens de evangelismo, com
data de dez dias antes.
– Você está na lista dos nascidos trouxa então, que não se
apresentaram para o interrogatório! - disse Marry para ele que não
entendeu nada do que ela estava falando.
– E você deveria estar morrendo de vergonha de ser alguém assim!
Se alguém deveria deixar de ir a algum lugar, deveria ser você e sua
irmã que não param de sair para festas mundanas e sei muito bem
que vocês chegam bêbadas em casa e no outro dia tem uma baita
duma ressaca, será que tem uma recompensa por sua cabeça...
– Certo, eu fico aqui! Não precisa entrar lá em casa. Apenas espere a
minha irmã. Agente tem algumas perguntinhas para fazer – disse
Marry. Elas tinham uma espécie de ritual. Sempre levavam algum
rapaz bonito para casa e faziam um monte de perguntas. Se as
respostas fossem algo que preenchesse os requisitos do ritual, elas se
entregavam para aquele rapaz. Caso contrário. Chamavam ele de
trouxa. A maioria nem sequer era selecionada para serem
entrevistados.
– Só me avisem se vocês um dia se arrependerem de seus pecados e
quiserem aceitar Jesus como salvador, ok?
Kalliny, a outra gêmea, chegou a tempo de ouvir o que Gabriel havia
acabado de falar e começou a fazer piadinhas com a fé do irmão.
Enquanto as gêmeas riam, Gabriel sentiu uma pontada em sua testa.
Kalliny estava se aproximando demais, se ela chegasse mais perto
acabaria encostando a parte traseira de seu corpo no irmão. Gabriel
agiu imediatamente. Sua mão pulou nela, ela viu os olhos de
desespero do irmão que segurando ela com força fez seus
movimentos se estreitarem e foi quando ela tentou disfarçar tirando
o cabelo de cima dos olhos.
- Está acontecendo alguma coisa, Gabriel?
- Não está acontecendo nada - disse ele para Kalliny, sem graça. Ela
nunca tinha visto nada igual em toda sua vida. Todos os rapazes que
ela conhecia dariam tudo só para ter uma chance com ela. Mas
Gabriel era diferente de todos os homens que as gêmeas haviam
conhecido até aquele momento. Ele havia aprendido a vencer a
tentação. Ele sabia que estava sendo tentado naquele momento e
estava disposto a resistir ao pecado. Um dos grandes segredos que
Gabriel aprendeu era esperar pela tentação. Como ele tinha certeza
que uma hora a tentação iria chegar, estava bem mais preparado para
enfrentar o perigo nestas horas.
-Será que daria para você se afastar um pouco - disse ele.
- Não está gostando do que está vendo? - falou Kalliny virando-se de
costas para ele.
- Será que você poderia se afastar? Eu não vou pedir de novo. Vou
ter que te empurrar.
- Um crente agredindo uma moça? Isto não seria pecado?
- Eu vou avisar pela última vez - Gabriel estava pressentindo o
perigo como nunca. E as gêmea também estavam sendo tão terríveis
como nunca. Geralmente eram os rapazes quem tomavam a
iniciativa. Mas parece que elas tomaram a recusa do irmão como
uma ofensa pessoal. Em cada gesto de recusa do irmão, as gêmeas
olhavam uma para outra com um olhar de maior determinação a
serem cada vez mais atrevidas. Até que pudessem vencer aquela
guerra. Era uma guerra movida pelo orgulho para as gêmeas. E era
uma guerra contra o pecado do sensualismo para o irmão.
As gêmeas usaram então, uma tática. Convenceram o irmão de que,
se ele entrasse na casa delas, ele poderia falar acerca de sua religião o
quanto quisesse, e elas prometeram ouvir atentamente.
Inconscientemente, Gabriel aceitou a proposta. Entretanto, ainda
havia um certo receio de sua parte.
– Se nós três vamos entrar, então devemos andar depressa - disse
Marry e continuou – Não cabemos mais juntos debaixo da escada.
Eu subo primeiro. Só que antes de subir as escadas, ela tirou
rapidamente a saia e a blusa de escola e então, começou a subir as
escadas, agora acreditando muito que Gabriel teria uma reação
diferente, quem sabe um olhar libidinoso, quem sabe um comentário
mais travesso. Qualquer coisa que mostrasse que ele estava perdendo
aquela guerra para elas, deixaria as gêmeas extremamente satisfeita.
Foi aí que Gabriel começou a começou a conhecer a tentação como
nunca. Ele havia se convertido a pouco mais de um ano. Desde
então, nunca havia feito nada que desagradasse a Deus. Procurava
sempre pregar o evangelho e viver uma vida de santidade. Mas sua
vida não era cheia de muitas emoções e coisas perigosas. Ele era um
rapaz pobre, que não tinha muitos amigos e era desprezado até
mesmo pelas pessoas da igreja onde congregava. Mas agora tudo
estava sendo diferente, agora ele estava tendo uma oportunidade
clara e real de fazer algo que fosse muito prazeroso do ponto de
vista mundano mas que ao mesmo tempo, ele sabia que era funesto
do ponto de vista espiritual. Gabriel sabia que se fizesse qualquer
coisa que deixasse o Espírito Santo entristecido, ele iria pagar um
preço muito caro. Ele não queria se desviar dos caminhos do
Senhor. Mas para que isto não acontecesse, não teria outro jeito, não
havia mais volta. Ele teria que enfrentar a tentação cara a cara e
vencer. E foi assim que começou uma luta muito grande naquele dia.
Foi o dia mais difícil da vida de Gabriel. O dia que ele teve que
vencer a tentação do sensualismo como ninguém.
Quando ele viu aquilo, sentiu uma pontada na cabeça. Foi então que
percebeu que muitas coisas ainda estavam por vir. A cabeça passou a
doer cada vez mais forte porque ele fez muita força para resistir a
tentação. Imediatamente adiantou-se para subir as escadas antes da
outra. Afinal, ele não queria que a outra também fizesse o mesmo. Já
que teria que passar por aquilo, então que fosse de uma vez e bem
rápido. Ele entrou e as gêmeas o convidaram para almoçar.
Enquanto isto, ele começou a dar uma aula de religião para as duas.
Ainda, na esperança de que fosse convertê-las.
– O mestre ainda não terminou sua sopa. O mestre deseja mais
ensopado gostoso, ou então a torta de caramelo da qual gosta tanto?
– disse Marry
- Esse apelido de mestre vai acabar pegando, maninha – falou
Kalliny em tom de deboche.
– Obrigado, mas eu volto logo... banheiro – falou Gabriel
Sabendo que elas o observavam com suspeita, desceu a escada do
sobrado para o primeiro piso, onde entrou no banheiro e trancou a
porta. Grunhindo de dor, deixou-se cair na pia preta com suas
torneiras de bocas abertas, e fechou os olhos...
Ele começou a orar.
― Deus, eu preciso de sua ajuda. Até quando vou ter que suportar
isto? Porque a minha missão é tão difícil assim? Eu não conheço
nenhum cristão que tenha passado por isto. Não me deixe cair em
tentação. Eu confesso para o Senhor que está sendo muito difícil, se
eu não te amasse como eu te amo, com certeza já teria me entregado
ao poder do pecado. Mas o meu amor pelo Senhor é maior do que
todas as coisas. Continue me protegendo e me ajudando a vencer
todas as tentações, amém‖
Quando ele subiu novamente as escadas, viu que as gêmeas não
estavam mais na cozinha. Então ele chamou por elas.
- Estamos aqui - disse a voz feminina. Então o Gabriel foi na direção
da voz e quando de repente cruzou o corredor. Viu as duas.
Ele só conseguiu vencer a tentação porque resistiu com toda força
de sua alma. Ele sabia que a tentação mais cedo ou mais tarde
chegaria em sua vida. E naquele dia, ele soube identificá-la, não
obstante a tentação ter sido muito óbvia.
Abandonando a tentativa de fechar a porta, viu que uma das gêmeas
recuou em direção ao corredor escuro e a seguiu com os olhos,
deslizando na direção... – Marry! MARRY! - gritou o irmão.
Ele abriu os olhos e viu que tinha caído no chão. A tentação foi tão
forte que ao juntar todas as forças para suportá-la, ele acabou
desmaiando.
Alguns segundos se passaram e ele acordou. Marry estava
esmurrando a porta novamente.
- Por favor, não insulte nossa inteligência – disse Marry, com a
respiração pesada. Ela disse sobre o olhar que recebeu dele quando
ele se levantou – Você gostaria de me beijar? – disse ela baixinho.
– Eu... não, sinto muito.
– Esqueça. Esta escolha é minha e de ninguém mais. Preciso saber
porque ele está atrás de nós, maninha – ela estava confusa e
indignada ao mesmo tempo - Fica sabendo que não vamos aceitar
sua religião. Eles lançaram olhares fuzilantes um para o outro. Ele
sabia que não convencera e que ela estava juntando contraargumentos para tentar fazê-lo desistir de sua fé, tanto contra sua
teoria sobre a salvação e a condenação como pelo fato de que ele
estava perdendo seu tempo em querer pregar para elas. Para seu
alívio, Kalliny interveio:
– Desista – aconselhou a ela. – Isso é com ele. E se nós fomos lavar
a moto de nosso irmão?
-Que? - Marry não entendia.
- Não acha que devemos rever os planos? - falou Kalliny
maliciosamente; Enquanto Marry descia para lavar a moto.
– Você está com uma aparência terrível – foi a saudação dela para a
Gabriel. Logo em seguida, Kalliny desceu e comentou com a irmã.
- Pelo visto, ele está nos vencendo.
– Não por muito tempo – respondeu ela bocejando.
Kalliny encontrou Gabriel depois de um tempo no andar de baixo,
na cozinha. Estava servindo para si mesmo café e pãezinhos quentes
e ela tinha aquela expressão ligeiramente maníaca – Oh, céus – ela
disse, enquanto ele comia. – Talvez seja melhor você voltar para casa
até melhorar! - Ela percebeu que a tentação estava acabando com
Gabriel.
– Não... não! – Ele engasgava e tentando continuar seu caminho de
evangelista e vencedor da tentação, apesar de não conseguir andar e
se controlar direito. – Devo... hoje... devo ir...
– Mas não seja bobo – replicou, alarmada. – Você não pode pregar
nesse estado! Acho que você deve ir para a casa do seu pastor e pedir
tratamento. Aquilo não fez sentido para Gabriel. Ele ficou
desconfiado e começou a achar que o inimigo estava usando a boca
da Kalliny para fazê-lo desistir de pregar o evangelho para elas,
porque talvez elas estivessem perto de se converter. Ele estava
determinado a salvar a alma daquelas garotas aquele dia mesmo. Ele
não si daria uma outra oportunidade, até porque era terrivelmente
difícil enfrentar a tentação do jeito que estava enfrentando
novamente. Foi quando ouviu a voz de Marry vinda do quintal. Ela
estava gritando o irmão e pedindo para que ele a ajudasse a lavar a
moto. Ele terminou de comer e foi para onde Marry estava na
intenção de converter a moça de uma vez por todas. Mas quando
chegou lá, o quadro mudou.
O irmão quando viu a moça daquele jeito em sua frente, achou que
não conseguiria vencer o poder do pecado. Sua carne gritou para que
ele se entregasse a luxúria ali mesmo. Ele resistiu a tentação. Mas
mesmo resistindo, sentiu que a tentação continuava muito forte.
Para não pecar o irmão caiu de quatro, nauseado pelo fato de ter que
suportar a tentação, ele disse:
- SAI TENTAÇÃO! – começava o combate.
Ele precisava resistir, suportar e combater. Senão, com certeza
acabaria se desviando dos caminhos do Senhor. E ele sabia que era
melhor escolher ser obediente a Deus do que se entregar ao pecado.
Tudo que ele não queria, era pecar. Ele sabia que se ele se desviasse
dos caminhos do Senhor, além de colher muitas consequências
terríveis aqui na terra, sofreria a pior das punições que seria sua perca
de galardão no céu.
– Você simplesmente não pode se comportar deste jeito! –
choramingou o irmão para Marry.
Por fim, ele pareceu aceitar a verdade das palavras dela e então
acreditou que ele não estava ali para converter as gêmeas. Era elas
quem estavam ali para converter o irmão. Convertê-lo ao mundo e
usando uma das mãos para voltar a ficar de pé, virou-se no ponto
em que estava e desapareceu, não deixando nada para trás além de
um pedaço de pão, que Kalliny pegou de sua mão enquanto ele
sumia, e um pouco de vômito no ar. Kalliny começou a ficar
preocupada.
– Argh – disse ela levantando as vestes para evitar as poças de
vômito.
- Resista isso, você consegue suportar - ele disse a si mesmo, mas
sabia que não poderia ficar muito tempo ali. Então seguiu em frente,
suportando a terrível tentação o mais silenciosamente possível e a
cada passo que dava, seu cérebro parecia tornar-se mais e mais
entorpecido, mas se forçou para pensar em Deus. Ele teve que
provar que era fiel. Eis o preço da fidelidade. Gabriel entendeu
perfeitamente naquele momento porque é que a maioria das pessoas
que existem no mundo não conseguem vencer a tentação. Naquela
hora ele sentiu como se a tentação fosse um monstro e lutou para
combater aquele monstro de alguma forma. E ele venceu, qualquer
um poderia fazer o que ele fez e vencer. Então, qual seria a diferença
de Gabriel que venceu a tentação, mesmo que pagando um preço
muito caro, para o resto do mundo que não vence? A diferença é
que Gabriel resistiu, suportou e combateu. Ele foi para casa e no dia
seguinte já estava se sentindo melhor. Durante alguns dias ele ainda
pensava bastante nas gêmeas. Mas no mês seguinte, elas se mudaram
de escola e ele nunca mais as viu.
________________________________________
Thiago era um rapaz que não levava uma vida muito normal. Seus
parentes viviam o maltratando. Seu tio principalmente.
- Você tem que parar com esta história de igreja – disse o tio de
Thiago.
- Mas eu não estou incomodando ninguém – falou o rapaz.
- Você precisa entender que aqui nesta casa é todo mundo normal.
O que vão dizer os vizinhos quando vir você saindo quase todos os
dias com este livro nas mãos. Daqui a pouco vão chamar agente de
vagabundo e fanático.
- Mas eu estudo e trabalho. Será que eu não tenho o direito de ir
para igreja de noite? – disse Thiago.
- Você vai ter o dia que você arrumar um lugar para ficar.
Thiago havia perdido seus pais quando ainda era menino. Ele foi
morar com seus tios que nunca gostaram muito dele, ainda mais
quando ficaram sabendo que ele havia aceitado Jesus como salvador.
- Você fala isto de mim, porque você sabe que eu sou salvo e que
você é condenado – disse Thiago cansado de ouvir desaforos do tio.
- Some da minha frente senão eu vou te colocar para fora desta casa.
- Eu vou sumir mesmo – disse Thiago.
No outro dia, quando Thiago estava voltando da igreja junto com
um amigo seu, ele foi parado por uma moça.
- Você se chama Thiago?
- Sim. Como você sabe o meu nome?
- Ah. Eu conheço seu tio. Ele trabalha na mesma firma que eu.
- Então você não deve gostar de mim. O que você quer?
- Não se preocupe – a moça começou a fingir – Eu não penso como
o seu tio, eu fiquei sabendo que ele não gosta de você. Será que teria
como você dar uma passada na minha casa para agente conversar
um pouco?
Aquela moça havia planejado com o tio. Eles tinham um plano para
tirar Thiago dos caminhos do Senhor.
- Eu vou pensar no seu caso – disse Thiago.
Enquanto Thiago andava, seu colega de igreja falou:
- Muito estranha esta mulher. Você não acha?
- Eu também achei.
- O que será que ela quer com você?
- Não sei.
- Eu acho melhor você tomar cuidado. Eu estou sentindo que o
diabo está armando alguma para você.
- Tem certeza, irmão?
- Vai por mim. Eu já tenho experiência com este tipo de tentação.
- O que você disse?
- Eu disse tentação. Você nunca ouviu falar na tentação?
- Já. Mas não tenho muito experiência com ela.
- Você já se desviou dos caminhos de Deus?
- Nunca.
- Pois toma cuidado. Porque senão, amanhã você pode estar
desviado por aí bebendo e usando droga.
- Vira esta boca pra lá.
- Eu estou te dizendo isto porque uma vez aconteceu comigo. Foi
quando eu era novo convertido igual você. Eu não estava preparado
para vencer a tentação, então veio o demônio e armou um laço para
a minha vida.
- Como foi?
- Foi assim, você tem certeza de que quer saber?
- Conta logo.
- Fazia um pouco mais de um ano que eu havia aceitado Jesus como
salvador. Eu nunca havia se desviado dos caminhos de Deus, assim
como você. Eu gostava muito de evangelizar e de pregar a palavra
do Senhor. Entregava folhetos para todo mundo e ficava dizendo:
Jesus te ama! Jesus te ama!
- É. Eu também gosto de fazer isto.
- Um dia, já era de noite. Assim como agora. Eu estava voltando da
igreja. Foi quando eu encontrei uma senhora na rua. Ela era
mendiga. Eu já conhecia aquela senhora porque eu vivia entregando
folheto da palavra de Deus para ela e falando do amor de Jesus
Cristo. Mas neste dia, a filha desta senhora, uma loira muito bonita,
estava com ela. Então eu comecei a conversar com esta loira. No
final das contas eu acabei me desviando dos caminhos do Senhor
naquela noite. Foi tudo muito rápido. Foi tudo tão de repente que
quando eu me dei por mim, eu já estava desviado. Então no outro
dia o diabo começou a me fazer praticar um monte de coisas que
desagradam a Deus.
- E você acha que o diabo está querendo fazer isto comigo?
- Acho sim, irmão. O diabo é o grande tentador de nossas almas. Ele
faz de tudo para nos tirar dos caminhos de Deus. Quando eu vi esta
mulher eu senti que ela era uma tentadora enviada do inferno para te
tirar dos caminhos de Deus.
Thiago passou a noite pensando no que seu amigo havia lhe falado.
No outro dia, o seu tio estava diferente.
- Bom dia, Thiago - disse o tio quando o rapaz estava tomando café.
Thiago olhou para o lado para ver se havia mais algum outro Thiago
por ali.
- Bom dia, rapaz. Você é surdo – falou o tio.
- Você está falando comigo? – perguntou Thiago, incrédulo.
- Existe mais algum Thiago nesta casa? Que eu saiba, só tem você de
Thiago aqui.
- O senhor está bem? Está com febre ou alguma coisa?
- Não. Estou ótimo.
Thiago tomou o café olhando para o tio que ficava dando
sorrisinhos sempre que eles cruzavam o olhar.
―Tem alguma coisa acontecendo‖ – pensou Thiago – ―Meu tio não
me trataria tão bem assim se não tivesse alguma coisa por detrás
disso‖.
- A gente vai viajar esta semana, Thiago. E se você quiser arrumar
algum lugar para ficar. Eu sei que você não sabe cozinhar, nem lavar,
nem passar. Quem sabe a casa de algum amigo ou conhecido.
- Vocês vão viajar? Mas para onde? Ninguém me falou nada até
agora.
- Eu estou te falando, querido. Quem sabe você não arruma algum
lugar mais legal do que esta casa chata para passar estes dias que a
gente vai estar fora.
- Querido? Você me chamou de querido? Tem certeza que está tudo
bem com você?
- Claro que tenho – disse o tio que se levantou e saiu para trabalhar.
Quando Thiago estava no culto. Reparou que aquela mulher que
havia parado ele na rua também estava na igreja. No final do culto
ela veio conversar com ele.
- Tudo bem? Eu andei falando com o seu tio, para ele parar de te
incomodar. Me diz se está funcionando? – disse aquela mulher. Era
tudo falsidade. Ela havia combinado tudo com o tio do rapaz e eles
queriam fazer de tudo para conseguir desviar Thiago dos caminhos
do Senhor. Se Thiago caísse em pecado com aquela mulher, o tio
dele poderia acabar de vez com a vida do rapaz e assim fazê-lo parar
de ser cristão.
- Então é por sua causa que o meu tio está me tratando daquela
maneira? – disse Thiago impressionado.
- Então está funcionando?
- Está sim. Você é muito boa nisto.
- Seu tio andou me dizendo que vai viajar. Se você quiser, você pode
passar estes dias lá na minha casa – disse a mulher para Thiago.
- Eu vou pensar no assunto – falou Thiago que ainda não havia
percebido o laço do diabo. Aquela mulher era uma mulher muito
promíscua e sem pudor. Ela estava na igreja aquele dia só para
enganar Thiago. Ela nem gostava de assistir os cultos.
- Ainda bem que este culto acabou. Que lugar mais chato – falou ela
para si mesma assim que Thiago se afastou.
Chegou o dia em que o tio de Thiago foi viajar e ele se esquecendo
do conselho do amigo, acabou aceitando a proposta da mulher de ir
passar alguns dias na casa dela. Ele nem imaginou que aquela mulher
estivesse com más intenções. Como ela trabalhava com o tio e havia
feito com que o tio se tornasse a pessoa mais boazinha do mundo,
ele achou que ela seria uma boa companhia para conversar coisas
agradáveis. Ele olhava para ela com respeito e admiração. Até
porque quando ela aparecia para ele, estava sempre vestida com
pudor, modéstia e com um semblante respeitoso. Mal sabia Thiago o
tipo de mulher que ela era.
Mas assim que Thiago chegou na casa dela. A coisa mudou.
- Mas que lugar é este? – perguntou Thiago quando viu o ambiente.
- Aqui é minha casa.
- Sério? – disse Thiago olhando em volta e vendo o quanto era ruim
estar ali. O lugar era muito indecente.
Foi quando chegou por volta da meia noite que a tentação veio com
tudo. A mulher colocou uma roupinha branca muito curta e
começou a provocar Thiago de várias maneiras.
- Eu te acho lindo – dizia ela.
- Mas o que é isto? – Thiago começou a ficar apavorado. Foi quando
ele se lembrou dos conselhos do amigo e começou a resistir a
tentação. Enquanto isto, a mulher não parava de tentar o rapaz. Ela
andava de um lado para o outro. Dançava. Fazia poses. Ia até o
banheiro e convidava Thiago para tomar banho com ela. Também
tirava fotos fazendo poses sensuais na frente de Thiago. Foi uma
tentação terrível que ele teve que suportar.
- Você vai dormir aqui comigo hoje. Vamos aproveitar.
- Eu não posso. Você sabe que eu sou crente.
- Era. Hoje você vai dar lugar para o diabo. Você vai fazer tudo o
que a sua carne está querendo.
- Misericórdia. Eu não posso fazer isto não.
- Você não tem escolha. Eu tenho certeza que você não vai
conseguir resistir.
O rádio estava ligado e tocava uma música muito feia. Aquele lugar
parecia uma extensão do inferno.
- Eu acho que eu vou embora – disse Thiago tentando encontrar
uma maneira de combater a tentação.
- Você vai para onde? Você não tem para onde ir.
- Tenho sim – disse o irmão – Eu vou para a casa do meu amigo.
- Mas e a gente? – a mulher não acreditou que o rapaz não iria fazer
nada com ela.
- A gente? Não vai acontecer nada entre a gente – disse finalmente o
rapaz que encontrou um jeito de combater a tentação. O jeito que
ele encontrou foi chamar aquela mulher de um monte de nomes
feios. De pomba gira a piriguete, ele começou a ralhar com ela. Até
que ela perdeu a cabeça e o botou para fora da casa dela.
Ele foi embora, tentou ficar na casa de um amigo e não deu certo.
Naquela noite, ele dormiu na porta da igreja. Só no outro dia ele
conseguiu encontrar o companheiro de igreja e contar tudo o que
aconteceu.
Quando o seu tio voltou de viagem dois dias depois e ficou sabendo
do que aconteceu. Ele começou a respeitar muito Thiago. Pois ele
realmente viu que o rapaz era um servo de Deus muito fiel e ficou
com muito medo de ser castigado por Deus. O Senhor começou a
colocar um temor e um respeito muito grande no coração do tio de
Thiago.
Foi assim que este rapaz venceu uma forte tentação do sensualismo.
Ponto para ele. Azar do diabo que ficou morrendo de raiva porque
não conseguiu fazer o rapaz pecar. Thiago provou que estava
preparado para vencer a tentação. É assim que tem que ser, e assim
será!
Mas por que escrever justamente sobre o sensualismo quando
existem tantas tentações para se falar? Porque o sensualismo
juntamente com os pecados sexuais é a pior e mais poderosa
tentação que existe. Quem estiver preparado para vencer a mesma,
estará preparado para vencer todas as outras. Como analogia
poderíamos usar a história do gigante Golias com Davi. Não
precisou de Davi lutar e vencer todos os homens do exército
inimigo. Ele venceu o mais forte e o mais poderoso, assim ficou
entendido que ele também venceria qualquer um dos demais, caso
tivesse que enfrentá-los. Assim é com a tentação, quem estiver apto
para vencer o sensualismo, estará apto para vencer as demais. Então
eu ganho muito tempo em me concentrar nesta tentação, visto que
escrever acerca de todas as tentações que existem exigiria pelo
menos umas sete vidas com dias de 48 horas cada uma.
Amém para todos os irmãos e nunca caiam em tentação! Se você
ainda não aceitou Jesus, vença as tentações a partir de hoje, não
deixe para depois.
Mas para vencer a tentação é preciso conhecer o grande segredo
ensinado aqui. Este segredo é resistir, suportar e combater a
tentação. Leia a história a seguir para ficar bastante claro para você.
Havia um homem que se chamava Rodolfo. Este homem veio a se
converter. Mas ele teria que provar que realmente desejava servir a
Deus. Hoje em dia é muito difícil uma pessoa vencer as tentações,
visto que o evangelismo é muito mal feito num contexto geral.
Rodolfo aceitou Jesus pelo conhecimento que tinha da Bíblia.
Durante um ano ele começou a ler as escrituras sagradas e acabou
lendo o novo testamento inteiro. Então ele entendeu acerca da
salvação e da recompensa dos justos. A Bíblia lhe mostrou seus erros
e que estava condenado ao inferno desde seu nascimento e da vida
de pecado que levava. Foi então que entendeu que precisava se
arrepender de todos seus pecados e aceitar Jesus como seu salvador;
Que o Homem de Nazaré havia morrido na cruz por causa de seus
pecados e que através do sangue de Jesus poderia obter o perdão dos
mesmos.
Até que certo dia, ele foi para um culto que estava tendo em uma
igreja perto de sua casa e no final do culto quando o pastor
perguntou se havia alguém que gostaria de aceitar Jesus como
salvador, Rodolfo se levantou e disse que sim, caminhando
lentamente até perto do pastor, que lhe fez uma oração juntamente
com a igreja. Naquele dia, Rodolfo sentiu uma imensa alegria e a
certeza da salvação. O seu nome foi escrito no livro da vida. Ele se
arrependeu de todos seus pecados e recebeu o Espírito Santo de
Deus que passou a habitar em sua vida. No outro dia, ele foi para
um monte orar, ficou lá por horas em comunhão com Deus.
Rodolfo também passou a frequentar os cultos da igreja perto de sua
casa. Ele conheceu um amigo que lhe ajudou a passar pelo batismo
nas águas. Rodolfo decidiu que iria ser pentecostal e começou a orar
para receber o Batismo com Espírito Santo. Mas as pessoas que
eram da igreja onde ele estava não aceitavam muito este tipo de
doutrina, de forma que ele acabou mudando de denominação.
E foi quando ele mudou de denominação que o diabo resolveu
mostrar o poder da tentação. O inimigo de nossas almas que é o
Tentador começou a preparar um laço para desviar Rodolfo dos
caminhos do Senhor. O tentador reparou que Rodolfo era um
homem cheio do Espírito Santo e temente a Deus e que procurava
se desviar dos caminhos do mau. Foi quando resolveu tentar o servo
de Deus com a pior das tentações. Rodolfo teria que aprender a
vencer a tentação. Na verdade, ele teria que estar preparado para
vencer a tentação, porque se ele não estivesse preparado para vencer
a tentação, o diabo iria fazer ele cair em pecado.
Foi quando Rodolfo conheceu uma mulher que se chamava Estela
na igreja. Um certo dia, ela convidou o precioso servo de Deus para
ir até sua casa. Ele foi. Ele achou que ela era uma serva de Deus.
Mas quando chegou na casa de Estela, teve uma grande surpresa. A
princípio ele pensou que ela quisesse conversar sobre as coisas de
Deus e que também lhe apresentaria outros cristãos para assim ele
começar a formar o seu círculo de amizade.
Quando ele chegou na casa dela percebeu que ela estava sozinha. Até
aí tudo bem. Mas eles mau haviam chegado e ela começou a dizer
que estava muito carente e que precisava de:
- Um homem – foi exatamente isto que ela disse.
Neste momento Rodolfo percebeu que começava a surgir uma
oportunidade para ele pecar caso quisesse isto.
Mas foi quando ela perguntou se ele gostaria de beber alguma coisa
que o negócio começou a ficar preto. Ele estava sentado na sala e
Estela foi para a cozinha que ficava a poucos metros.
Entre um assunto e outro ela deixava claro que não estava vivendo
uma vida de santidade como era de se esperar de uma ―irmã‖.
Por fim ela o chamou para ajudá-la a pegar algo que estava em cima
do armário. Então Rodolfo foi até onde ela estava.
– Eu não estou acreditando no que estou vendo – murmurou ele.
Ela ouviu e retrucou:
- Pois pode acreditar.
- Mas você parecia ser uma serva de Deus.
- Eu quero que você caia em pecado comigo.
- Eu não vou cair em pecado com você.
- Vai sim.
Naquele momento ele sentiu todo poder da carne pedindo para que
ele caísse em pecado com ela. Foi a coisa mais estranha do mundo.
De uma hora pra outra é como se ele tivesse perdido todas as forças
para ser um cristão fiel e rejeitar o pecado como ele vinha fazendo
até então. É nesta hora que a pessoa cai. E para não cair ele resistiu a
tentação com toda força de sua alma.
A mulher tinha colocado uma das pernas em cima da pia e estava
esperando que ele fosse até ela com a desculpa de ajudá-la para na
verdade se entregar ao poder da lascívia.
O que se segue e que mesmo tendo resistido, Rodolfo percebeu que
a tentação ainda continuava presente exalando todo seu poder. Era
algo desesperador. Podia-se pressentir a queda eminente do servo de
Deus. Para não cair ele teve que suportar o poder da tentação por
alguns minutos enquanto encontrava uma maneira educada de dizer
para aquela mulher que ele não estava ali para cair em pecado. Ela
não queria se dar por vencida. Então Rodolfo começou a orar e a
cantar hinos de louvor ali naquele lugar. Esta foi a forma que ele
encontrou de combater diretamente aquela tentação. Até que a
mulher acabou desistindo e colocando novamente a roupa em que
estava vestida.
Rodolfo provou que realmente estava preparado para vencer a
tentação. Graças a Deus ele não se entregou ao pecado. Isto porque
ele resistiu, suportou e combateu a tentação. É assim que todas as
pessoas deveriam fazer. Se ele não tivesse feito isto, certamente teria
sucumbido ao desejo da carne.
Depois que a mulher se vestiu eles conversaram um pouco; Ela
estava bastante sem graça; Ele foi para casa e ela nunca mais
apareceu na igreja.
Agora vamos começar uma história que vai ajudar você a aprender a
vencer a tentação. Quem quiser vencer a tentação precisa estar
preparado. Também será preciso usar o segredo descrito aqui neste
livro. Esta história que você vai ler agora é baseada em fatos reais.
Os acontecimentos que se seguem se deram em parte na vida de um
grande servo de Deus chamado Rodrigo. Ele se converteu quando
tinha 17 anos. Antes de se converter, ele teve um relacionamento
com uma mulher que se chamava Celia. Rodrigo usava drogas antes
de aceitar Jesus como salvador. As drogas destruíram a sua vida.
Celia havia se separado dele, justamente porque não suportava mais
Rodrigo pegando as coisas em casa para trocar por droga. Após ter
se convertido ele ficou com vontade de tentar levar Celia também
para os caminhos do Senhor. Será que ele iria conseguir convertê-la?
O sol já estava começando a se esconder. Rodrigo caminhava
lentamente pela rua, pensando em como reagiria Celia ao vê-lo. Ela
já havia ficado sabendo pela boca de outras pessoas que Rodrigo
havia se tornado uma pessoa religiosa. Entretanto, ela não acreditava
que ele realmente pudesse ter largado as drogas, assim de uma hora
para outra.
Tum,tum,tum.
O portão da casa onde Celia morava fazia um barulho alto. Era
Rodrigo batendo. Ela ainda sem saber quem era, saiu do lado de fora
para abrir o portão. Ao fazer isto deu de cara com Rodrigo. Ela ficou
chocada quando viu o rapaz vestido socialmente, segurando uma
Bíblia grande e falando de Deus; Ele entrou e ela trancou o portão
com a chave que escondeu para que Rodrigo não saísse dali
enquanto ela não permitisse. Ela já planejava uma conversa bem
longa com aquele rapaz. Celia sabia muito bem qual seria o ponto
fraco dele. Para ela, não seria difícil fazê-lo cair em pecado e depois
jogar na cara dele aquela conversão supostamente espúria.
- Então quer dizer que você agora é crente? – perguntou ela com
sarcasmo quando eles entraram na sala.
- Eu aceitei Jesus como meu salvador e recebi a minha salvação.
Agora tenho certeza que um dia irei morar no céu – falou ele.
- Será? – falou Celia em tom de cepticismo.
Ela ofereceu um pouco de café porque sabia que ele gostava.
Rodrigo estava ficando um pouco preocupado. Estar ali na casa de
Celia agora que ele havia aceitado Jesus era deprimente. Seus níveis
de testosterona aumentavam na presença daquela mulher. Havia um
apelo muito grande gerado pelos impulsos biológicos masculinos
para que ele caísse em pecado com Celia. As vezes vinha na mente
de Rodrigo alguns flashback de quando eles viviam juntos. Foi
quando ele tentou evangelizar Celia.
- Você não tem medo de ir para o inferno quando você morrer?
Você quer aceitar Jesus como teu salvador?
- O inferno é aqui mesmo – disse ela – Aceitar Jesus eu até aceito,
mas nunca vou passar para a sua religião.
Ele percebeu que a mente dela estava muito fechada para as coisas
de Deus e que seria praticamente impossível tentar convertê-la
naquele dia.
- Eu acho que vou embora – falou ele.
Celia deu uma risadinha e se aproximou dele para ver se ele tentaria
alguma coisa. Mas ele percebeu a emboscada e se levantou da cadeira
onde estava sentado. Foi quando ela o segurou pela camisa.
- Você está achando que vai sair daqui assim?
- O que significa isto? Eu quero apenas ir embora.
- Você não vai sair daqui hoje!
- Mas porque não?
- Porque eu não quero deixar você ir. Você vai ficar até quando eu
achar que você tem que ficar.
Ele não estava entendendo mais nada. Será que Celia estava
planejando fazer alguma coisa com ele?
Rodrigo tentou se desvencilhar de Celia. Puxou a mão dela com
força, mas ela segurava com a outra mão e quando ele tentava tirar a
outra mão também, ela segurava com as duas e eles ficaram por
alguns minutos nesta disputa.
- Você vai me agredir? – perguntava ela com ironia – Ai, ai meu
braço. Você vai ter coragem de bater numa mulher, irmão?
Celia parecia disposta a tudo e Rodrigo acabou se rendendo.
- Eu não vou dormir com você – disse ele.
- Mas você vai dormir aqui – replicou ela.
- Mas eu não estou entendendo o que você quer com isto – falou ele.
- O que eu quero é que você fique aqui e você vai ficar – falou ela
decidida.
Enquanto Rodrigo caminhava até a sala abrindo sua Bíblia e lendo
algumas passagens em voz alta, Celia foi fechando todas as portas
que davam acesso para rua. O rapaz ficou preocupado e não sabia o
que fazer. Ele não tinha coragem de entrar em luta corporal com
Celia, ainda que justificado pelo direito de sair dali.
Eles começaram a conversar sobre o passado sinistro de Rodrigo.
- Então quer dizer que depois de aprontar tanto você agora virou
santo? – ela não conseguia acreditar que ele realmente tivesse
mudado.
- Agora eu vivo para fazer a vontade de Deus – respondeu ele.
- Quer dizer que você não fica com mulher então, virou monge? –
disse ela enquanto acintosamente se despia da roupa que estava
usando, ficando apenas de calcinha e sutiã na frente de Rodrigo.
Foi aí que ele percebeu o laço em que havia caído. Ela acreditou que
quando ele a visse daquela maneira, iria tentar alguma coisa. A única
saída que ele encontrou para não cair na tentação imediatamente foi
resistir. Ele resistiu muito. Fechou os olhos e fez muita força para
resistir os pensamentos promíscuos que tentavam invadir a sua
mente. Os desejos carnais queriam aflorar a todo custo na tentativa
de fazer com que ele caísse em pecado. Seus olhos pareciam
magnetizados visto que quanto mais ele tentava não olhar para Celia,
mais seus olhos lhe pregavam uma peça. E resistindo aquela tentação
ele abriu a Bíblia e começou a ler a palavra de Deus enquanto Celia
se dirigia para o banheiro.
Pouco tempo depois ele foi até onde Celia estava na tentativa de
encontrar uma maneira de ir embora. A tentação ainda estava forte
em sua cabeça e ele tentava encontrar uma maneira de suportar toda
aquele forte apelo ao pecado. Foi quando ele viu Celia em sua frente.
Naquele momento ele percebeu que tinha uma grande oportunidade
para cair. Ele precisou de suportar uma dor terrível que tomou conta
de sua alma. Ele gemeu e se abaixou ali onde estava.
- Está tudo bem? – perguntou Celia feliz com o sofrimento de
Rodrigo. Ela pensou que ele cairia em pecado ali com ela no
banheiro. Mas ele suportou. E foi muito difícil suportar todo aquele
sofrimento gerado pela carne, pela tentadora e pelo diabo.
Rodrigo voltou até um cômodo que ficava entre a sala e a cozinha.
Procurou ficar por ali sozinho. Ele ainda tinha que resistir e suportar
a tentação. Suportar e resistir, alternadamente. Estava dando certo.
Ele sabia que se não estivesse resistindo e suportando, a esta altura
do campeonato já teria caído em pecado com Celia. E como seria
ruim se ele fizesse isto. Na hora até poderia ser bom. Com certeza
ele teria alguns minutos de muito prazer. Mas quando aquilo
acabasse, quando o fogo e a inflamação do pecado sexual explodisse
e aquele momento chegasse ao fim, viria a dor. A dor do remorso e
do arrependimento. A dor de ter feito algo errado, de ter feito aquilo
que não era para ele fazer. De ter desobedecido a Deus. E junto com
tudo isto a vergonha diante de Celia e sem falar nas consequências
funestas do pecado. Ele certamente voltaria para as drogas e para a
vida de pecado novamente.
Rodrigo se sentiu vítima da tentação. Ela ainda incomodava. Parecia
que a força que tentava fazer com que ele pecasse nunca mais iria
embora. Foi quando ele viu Celia mais uma vez em sua frente,
bastante sensual.
Ela chegou bem perto dele e tirou uma foto.
- Você precisava ver a sua cara de sofrimento – disse ela – Tudo isto
em nome de uma religião que você não vai conseguir seguir.
Ela o convidou para fazer amor com ela. Ele percebeu que ela havia
trocado de roupa íntima. Ela sempre ficava muito sensual nestas
situações.
Rodrigo já havia resistido e suportado a tentação. O que ainda mais
lhe restava fazer para poder permanecer fiel aos caminhos do
Senhor? Foi quando ele decidiu combater a tentação. A primeira
forma que encontrou para fazer isto foi cantando hinos de louvores.
– Mas no cantinho, uma coroa de espinhos, retirados por alguém de
um espinheiro no caminho. Ainda tem marcas de sangue do homem
justo que a usou – ele cantava.
Celia ficou por algum tempo perto dele fazendo poses sensuais
esperando que ele a atacasse em qualquer momento. Rodrigo porém
combatia a tentação com oração, louvor e também pregava a palavra
de Deus para Celia. Até que por fim, ela percebeu que ele não iria
cair em pecado com ela e acabou se dando por vencida. Saiu de
perto dele bastante admirada com o fato dele ter vencido aquela
grande tentação. Parecia que ele realmente havia mudado de vida.
Rodrigo passou a noite na casa de Celia. Dormiu na sala. No outro
dia pela manhã ela permitiu que Rodrigo fosse embora sem lhe
causar transtorno algum.
- Eu espero que você fique firme então. Vê se não volta a usar mais
drogas porque isto acabou com a sua vida – disse ela ao se despedir.
Rodrigo acabou chorando por não ter conseguido convencer Celia a
aceitar Jesus como salvador de sua vida. Mas foi embora feliz por ter
vencido aquela tentação. E isto graças ao fato de ter usado o grande
segredo que é resistir, suportar e combater.
É sempre bom estar preparado para enfrentar uma tentadora. Ela
pode aparecer a qualquer momento na vida de algum servo de Deus
para desviá-lo dos caminhos do Senhor. Mas também pode aparecer
na vida de uma pessoa para impedi-la de se arrepender de seus
pecados, entregar sua vida para Jesus e servir ao Senhor. Foi assim
na vida de Manuel. Ele vinha sendo evangelizado pela sua família e
por alguns amigos fazia algum tempo. Ele começou a entender a
respeito da salvação e estava disposto a abandonar o mundo para
entregar sua vida para Deus e assim passar por todo aquele processo
que envolve a conversão de uma pessoa. Novo nascimento,
regeneração, nome escrito no livro da vida, estas coisas. Ele já estava
até pensando em participar do próximo batismo.
Chegou o dia que Manuel havia marcado em sua agenda para se
converter. Ele ainda não sabia como faria isto. Se em casa, se
procuraria algum culto ou a casa de algum cristão para que pudesse
receber oração. De fato não importava onde, o que realmente
importava era o fato de que ele poderia receber a salvação naquele
dia. Mas se dependesse da tentadora que apareceria na vida dele por
volta de duas horas da tarde, isto não aconteceria. Seria pura
coincidência ou obra do tentador?
Manuel trabalhava em um escritório de contabilidade. A filha do seu
patrão estava do outro lado da cidade se sentindo carente. Teria
Manuel alguma coisa com o fato da filha do patrão estar do outro
lado endemoninhada atrás de alguma presa para cometer atos
condenáveis aos olhos de Deus? Não, até o momento em que seu
patrão o chamou e pediu para ele ir até sua residência para pegar
alguns papéis que ele havia esquecido.
Manuel pegou sua moto e atravessou a cidade. Era um dia de
trabalho como qualquer outro dia. Ele não sabia que o tentador
havia preparado um grande laço. Foi quando Manuel chegou até a
residência onde morava seu patrão. Uma casa bonita. O chefe já
havia avisado que alguém estaria em casa para recebê-lo. E este
alguém era justamente a filha do chefe. Será que também teria sido
coincidência o fato da empregada doméstica ter passado mal naquele
dia e não ter ido trabalhar?
Manoel chamou e foi atendido por Lana.
- Pois não? – disse ela da porta.
- É aqui que mora o dono da Lopes Contabilidade? Eu vim aqui
pegar alguns papéis que ele esqueceu. Ele me disse que estaria em
cima da mesa do escritório.
- Ah sim! Pode entrar – falou Lana que abriu o portão para o rapaz.
Então ela sumiu, e ele ficou sem saber o que fazer.
- Olá, eu preciso pegar os papéis da contabilidade. Olá, tem alguém
aí?
Uma voz fraca respondeu de dentro de uma das portas que ele podia
enxergar de longe.
- Eu não entendi. O que você disse?
- Será que você poderia vir aqui um pouquinho? – disse a voz ainda
muito baixa, mas desta vez deu para entender.
Manuel caminhou lentamente até a entrada da porta que na verdade
era do quarto da filha do patrão.
- Eu estou aqui – disse ele.
- Pode entrar – falou ela.
Manuel estava muito constrangido. Ele não esperava pelo que estava
por vir. Na cabeça dele, a garota estava muito ocupada para lhe dar
atenção.
- Faz um bom tempo que eu não arrumo um namorado – disse ela
quando ele estava atravessando a porta.
Ele não entendeu o que ela queria dizer com aquilo. Pensou que
Lana estivesse falando com alguém no celular.
- Você ouviu o que eu falei? – disse ela para ele – Se você trabalha
para meu pai, então você é obrigado a satisfazer os desejos da filha
do chefe.
Aquilo soou como nos filmes de televisão. A princípio ele não
conseguira assimilar a cantada que estava levando da moça.
- Eu não sei onde estão os papéis que seu pai me pediu para pegar –
disse ele – Será que você poderia me mostrar?
- Só com uma condição. Você aceita?
- Qual condição?
- Eu preciso de alguém para matar a minha carência. Você poderia
fazer isto por mim? Quero que você namore comigo. Vamos nos
encontrar todos os dias, ou aqui, ou no escritório do meu pai. Mais
uma vez ele não conseguiu acreditar que as palavras de Lana estavam
sendo literais. Ele nem era tão bonito assim. E do ponto de vista
mundano e humano, uma moça tão bonita como Lana interessada
em Manuel seria muita areia para seu caminhãozinho. Foi quando ele
a viu melhor. Ela estava em cima da cama numa posição sensual.
- Eu estou falando sério. Estou precisando muito de um namorado.
Meu pai não me deixa sair de casa, ele tem ciúmes de mim porque os
homens ficam mexendo comigo na rua. Você é minha única
esperança.
Naquele momento, ele que estava decidido a entregar sua vida para
Deus naquele dia, teve que enfrentar a terrível tentação de rejeitar
uma grande tentadora por amor a Deus. Dizer que é fácil passar por
tudo isto está longe de ser verdade. Ela havia dito que a partir
daquele dia, eles seriam namorados e que se encontrariam todos os
dias, tornando impossível a decisão dele aceitar a proposta dela e
passar a servir a Deus naquele dia. Ele teria que vencer aquela
tentação. É mais fácil passar um camelo no fundo de uma agulha do
que isto acontecer. Mas graças a Deus temos o conhecimento da
grande arma para se vencer qualquer tentação, até mesmo a pior de
todas. O grande segredo é resistir, suportar e combater.
- Eu vou perder meu emprego se seu pai ficar sabendo disto – disse
ele resistindo inicialmente aquela tentação
- Não se preocupe, eu não vou dizer nada.
É claro que existem dois lados influenciando a pessoa nesta hora.
Por um lado, ele sabia que poderia aproveitar aquela oportunidade e
ter o seu momento de glória pecaminosa. Mas seu espírito também
lhe impulsionava a se entregar a Deus e manter-se dentro da
salvação. Aceitar a proposta ou não? A tentação era muito forte e ele
teve que suportar um tormento muito grande para continuar firme
em sua decisão de se converter naquele dia.
- Eu preciso de suportar – ele nem viu quando rapidamente acabou
se virando e se retirando daquele quarto. Depois de atravessar a
porta, ele ainda falou, como se estivesse pronunciando o eco das
palavras que falou no quarto:
- Não tentaçãooo, não tentaçãoo – ele estava combatendo a tentação
falando estas palavras.
E mais uma vez a moça ainda tentou fazer o rapaz desistir de tentar
entregar sua vida para Deus. Ela disse para ele voltar no outro dia
que ainda estaria esperando por ele.
Manuel teve que resistir de imediato esta ideia porque senão teria
que conviver com a tentação o tempo inteiro.
- Não tentação – disse ele combatendo a mesma.
Ele chegou na empresa e seu chefe já foi logo perguntando:
- Onde é que estão os papéis?
- Eu sinto muito, senhor. Mas eu não consegui encontrar os papéis
em lugar nenhum.
- Como assim? A minha filha não estava em casa?
- Estava. Mas ela pelo visto também não sabia onde estava estes
papéis.
- Mas não é possível uma coisa desta! Você quer ser mandado
embora?
Manuel pensou que talvez numa outra oportunidade ainda pudesse
se deparar com Lana na sua frente e acabou achando melhor dizer
que:
- Eu não me importaria se o senhor me mandasse embora. Eu
realmente não consegui achar os papéis.
Mas Deus acabou tocando no coração do patrão dele para que não o
mandasse embora do emprego. Assim que ele saiu do trabalho ele
procurou um amigo que era servo de Deus e que por muitas vezes
lhe parou na rua para pregar a palavra do Senhor.
- Eu quero aceitar Jesus como meu salvador – disse ele para o amigo
e começou a chorar ao se lembrar do que aconteceu na casa do seu
patrão. Por causa de Lana ele poderia ter desistido daquela ideia de
se converter. O amigo cristão orou por ele e os dois choraram muito
por alguns minutos. Aquele foi o dia mais feliz da vida de Manuel. O
dia que ele recebeu a salvação da sua alma e de quebra aprendeu o
caminho para se vencer a tentação também. Manuel nunca mais viu
Lana e também nunca mais esqueceu do dia em que teve que
enfrentar aquela tentação. Ele usou aquela experiência parafortalecer
mais ainda sua confiança no segredo paravencer a tentação. Ele
também usou este segredo para vencer outras tentações e assim
conseguia ser perfeito diante de Deus sem nunca se desviar dos
caminhos do Senhor.
Carlos tinha 25 anos. Sua irmã era evangélica. Vivia convidando-o
para ir até sua igreja ouvir a palavra de Deus. Certo dia, Carlos
acabou aceitando o convite. Arrumou-se e foi com sua irmã para o
culto. Chegando lá, se sentou no último banco e começou a assistir.
Alguns irmãos cantaram hinos, outros testemunharam e por fim, o
pregador trouxe uma palavra a respeito da salvação e da perdição.
O rapaz acabou aceitando Jesus como teu salvador. Ele foi lá na
frente e confessou os seus pecados. Falou para o pastor que estava
aceitando Jesus de verdade e que gostaria de se batizar nas águas. O
pastor falou que ele deveria continuar frequentando os cultos que
em breve teria batismo. Quando Carlos chegou em casa, foi a maior
alegria por parte de sua irmã.
- Estou muito feliz que você tenha aceitado Jesus como salvador disse sua irmã.
- Eu não suportava mais viver uma vida de pecado. O vício do
cigarro e da bebida estava me incomodando muito. Eu não via a
hora de me livrar disto. Agora me sinto liberto. Prometo para você
que nunca mais vou beber e nem fumar. Mas quando será que eu
vou poder me batizar?
- Calma. Não vai demorar muito tempo. Eu vou conversar com o
pastor, prometo.
- Ok.
No outro dia, a vizinhança ficou sabendo sobre a conversão de
Carlos. Muitos não acreditaram, outros falavam palavras de
incentivo. O fato é que Carlos começou a evangelizar todo mundo
que aparecia pela sua frente:
- Você precisa aceitar Jesus como salvador de sua vida - dizia Carlos
para um amigo - Jesus está voltando e o Anticristo vai começar a
reinar.
- Você tem razão - respondeu o amigo.
- Então, você quer aceitar Jesus agora? - perguntou Carlos
- Não. Agora não vai dar. Fica pra depois - respondeu o homem
com displicência.
De qualquer maneira, Carlos evangelizava as pessoas toda hora, quer
elas aceitassem, quer não. O importante para Carlos é que ele estava
cumprindo sua missão.
Certo dia o telefone de Carlos tocou.
- Alô. Jesus te ama. Quem fala?
- Carlos, eu te conheço lá da igreja. Eu reparo muito em você e sei
que você é um homem de Deus. Será que tem como você
evangelizar uma parenta minha?
- Quem está falando?
- Aqui é a irmã Maria. Seria muito bom se você pudesse pregar para
uma sobrinha minha. Ela anda muito perturbada. A mãe dela não
aguenta mais. Se você quiser, eu posso te passar o nome e o
endereço dela, e então a hora que você puder você dá uma passada
lá.
- Será um prazer, irmã Maria. Pode deixar que hoje mesmo eu irei até
lá para falar de Jesus para ela.
- Não. Hoje ela não está em casa. Passa lá amanhã cedo que você vai
encontrá-la.
- Eu passo sim - respondeu Carlos desligando o telefone.
Carlos passou a noite em oração. Receber o telefonema de uma irmã
da igreja para lhe pedir para fazer a obra de Deus foi muito
compensador. Ele já começou a pensar na possibilidade de se tornar
obreiro da igreja, embora seu batismo ainda nem tivesse chegado.
No outro dia pela manhã. Carlos levantou bem cedo. Sua irmã já
estava na mesa tomando café da manhã. Ele então começou a contar
a novidade.
- A irmã Maria telefonou para mim e disse que gostaria que eu fosse
visitar uma sobrinha dela. Pelo que ela falou, a moça é bastante
perturbada.
- Ela já foi uma vez na igreja. O nome dela é Rosellene - falou a irmã
de Carlos - Mas porque será que a irmã Maria telefonou para você?
De qualquer maneira, tome muito cuidado!
Carlos se sentiu ofendido com o tom ameaçador com que sua irmã
lhe dirigiu a palavra.
" Quem ela pensa que eu sou para mandar eu tomar cuidado? Mas é
claro que eu sempre tomo cuidado, quem deveria tomar cuidado é
ela"
O rapaz se levantou, colocou uma roupa social, pegou o papel onde
ele havia anotado o endereço e saiu sem dizer mais nada para sua
irmã.
A irmã de Carlos começou a orar por ele pedindo para que Deus o
protegesse. Ela sabia que Carlos era neófito na fé e que poderia ter
uma recaída. Mas não adiantava dizer nada disto para ele, pois ele se
considerava um crente perfeito e invencível. Quando Carlos
descobrisse que nem tudo era tão fácil como ele imaginava, ele daria
razão para sua irmã.
Carlos chegou ao endereço anotado no papel. Era um sobrado. Ele
ouviu um som meio alto vindo lá de dentro. Se aproximou e tocou a
campainha. Ninguém atendeu. Ele tocou novamente. Ninguém
atendeu de novo. De repente o som abaixou. Alguém aparecia na
porta entreaberta da sala.
- O que você quer? - perguntou a voz feminina pela brecha da porta.
Carlos ficou constrangido com a forma meio rude de ser atendido.
- Eu gostaria de falar com a Rosellene - disse Carlos do portão.
- Quem é você? - perguntou a voz feminina.
Carlos não sabia o que dizer.
- É.....foi a irmã Maria que pediu para eu vir aqui. Ela me pediu que
eu conversasse com a Rosellene.
- Conversar sobre o que? - disse a voz ameaçando fechar a porta na
cara de Carlos.
- A Rosellene está? - perguntou Carlos irritado.
- Está. Espere um pouco - respondeu a voz.
Carlos esperou uns cinco minutos, mas ninguém apareceu para
recebê-lo. Até que ele chamou novamente.
- Rosellene!!
- Pode entrar - gritou alguém lá de dentro - O cadeado está aberto Carlos não sabia se era a mesma voz que o havia atendido ou se era
outra pessoa.
Carlos abriu o portão e começou a caminhar na direção da porta.
Ninguém apareceu. Ele acabou entrando, com certo receio. Não
havia ninguém por ali. A sala estava vazia. De repente, Carlos
começou a ouvir um som que vinha do andar de cima. Ele sentou-se
no sofá e esperou um pouco. Até que a impaciência tomou conta e
ele novamente chamou por:
- Rosellene??!!
- Que foi?! - respondeu uma voz feminina do andar de cima.
- Posso conversar com você? - perguntou Carlos tentando falar na
altura que ela pudesse ouvir. Quase gritava.
A voz respondeu apenas um seco:
- PÓde!
Novamente Carlos ouviu o barulho do som de uma música vindo do
andar de cima. Ele resolveu subir. Andou pelos degraus
vagarosamente até chegar no andar de cima. Parou no corredor e
chamou pela:
- Rosellene? Você está aí? - perguntou ele com receio.
- Sim - respondeu a voz feminina.
- Podemos conversar? - perguntou Carlos esperando que ela
aparecesse.
- Podemos sim - respondeu ela. Mas não apareceu.
Carlos resolveu se aproximar da porta do quarto de onde vinha a voz
feminina. A porta estava aberta. Quando Carlos chegou até o
quarto........ele não acreditou no que via.
Na sua frente, surgia uma moça de sainha branca e calcinha. Ao ver
Carlos parado na porta, Rosellene se comportou como se não tivesse
visto ninguém, indiferente sentou-se em uma poltrona branca.....e
Carlos vendo tudo aquilo.......
Carlos imediatamente teve que resistir a tentação e os pensamentos
dele rodopiaram a milhões. Ele não sabia se corria, se ficava ali
parado, se dizia alguma coisa. E enquanto ele não se decidia, a moça
se comportava voluptuosamente, libidinosamente. Era a
TENTAÇÃO. Carlos estava conhecendo o poder da tentação. Seu
corpo não conseguia acompanhar seus pensamentos. Começou a
sentir reações perturbadoras. O mundo de Deus e do diabo se
deflagrava na mente de Carlos. E agora? O que tudo aquilo
significava. Carlos sabia que um pensamento errado, que um
comportamento errado, poderia ser o fim de sua conversão. Carlos
nunca se sentiu tão tentado a abandonar os caminhos do Senhor
como estava se sentindo agora. Ele começou a pensar que se ele
fosse realmente seguir o caminho de uma pessoa de fé,teria que
rejeitar todos os prazeres do mundo. E um destes prazeres estava
bem na sua frente. Carlos continuava ali, parado, imóvel, tendo que
suportar o terrível poder da tentação se esforçando para não
sucumbir.
Rosellene se aproximou.
- Você gostaria de conversar sobre o quê comigo? Quer só "garrar"
ou quer namorar sério? - perguntou a moça com desdém.
- Não, não é isto. Eu vim aqui para pregar a palavra de Deus para
você - respondeu Carlos trêmulo. Ele suportava a tentação que
tentava colocar dúvidas nele. Ele ficava firme no Senhor ou se
desviava para poder ter os pensamentos livres, no mínimo, para
cobiçar Rosellene? E quem sabe, muito mais......
- Ah! Então quer dizer que você é da igreja da minha tia? Eu fui uma
vez lá e não gostei. Faz o seguinte, volta outro dia que agora estou
ocupada. Pode ser?
- Mas...... - Carlos não acreditava que ela estava recusando-se a ouvilo. Será que ele estava passando por aquilo tudo em vão? Perderia ele
o seu tempo? Ou aproveitaria tudo que estivesse ao seu alcance.
- Volta outra hora - disse Rosellene que foi fechando a porta do
quarto na cara de Carlos.
Carlos ficou parado por alguns segundos naquele corredor. Então
ele deu um grito para combater a tentação que insistia em fazer ele
pecar:
- SAI TENTAÇÃO! – parecia que a tentação era uma pessoa real
que estava na frente dele. A moça não entendeu, pois ele parecia
estar gritando com o vento.
"Consegui resistir" - pensou ele aliviado consigo mesmo, enquanto
tratava de descer as escadas do sobrado correndo. Ele saiu o mais
rápido que pode daquele lugar.
Quando chegou em casa, sua irmã foi logo perguntando:
- Como é que foi lá? Conseguiu evangelizar a moça? - sua irmã tinha
certa preocupação no semblante.
- Não deu para conversar direito. Ela me pediu para voltar outro dia
- respondeu Carlos desanimado.
- Você vai voltar? - perguntou a irmã preocupada. Preocupação esta
que incomodava bastante o irmão.
"Eu não preciso da preocupação dela. Será que ela está pensando
que eu não sou forte o suficiente?"
- Não precisa se preocupar. Eu aceitei Jesus de verdade - respondeu
ele revoltado.
- Não basta aceitar Jesus. Agente tem que permanecer firme até o
fim - respondeu a irmã carinhosamente. Mesmo assim, Carlos
novamente se sentiu mal. Ele não gostava de se sentir inferior a sua
irmã.
Uma semana depois. Carlos começou a ficar incomodado. É que um
pensamento, uma vontade, um sentimento começou a surgir em seu
coração. Era a vontade de voltar até o sobrado para conversar com
Rosellene. Afinal, a conversa sobre Deus havia ficado para depois.
Até então, Carlos não havia visto a irmã Maria na igreja. Por isto não
pôde lhe falar nada sobre o acontecido. (A irmã Maria faltou no
culto de quarta-feira).
"Amanhã eu vou voltar lá para pregar a palavra de Deus para aquela
moça" - pensou Carlos decidido na cama quando fora dormir. Junto
com este pensamento, começou a sentir que a tentação poderia
atacá-lo novamente. Este pensamento lhe incomodou bastante. "Eu
não quero me desviar, eu não posso me desviar.....Será que não devo
ir até lá amanhã? Mas aquela moça precisa de ouvir a palavra de
Deus....."
O dia amanheceu e Carlos foi até o sobrado. Quando chegou lá
chamou:
- Rosellene!
Ninguém respondeu. Carlos chamou novamente. Desta vez não
havia barulho de música nenhuma.
Carlos já estava para gritar o nome de Rosellene novamente quando
uma voz irritadiça vinda do andar de cima gritou bem alto:
- Entra imbecil!
Ele entrou fazendo de tudo para acreditar que ouvira errado. Não
estava gostando da ideia de ser maltratado naquele lugar. Ele fora lá
para pregar a palavra de Deus e parece que não era bem vindo.
A porta da sala estava aberta, mas quando Carlos entrou, novamente
não havia ninguém por ali. Ele ouviu um barulho de alguma coisa
arrastando no andar de cima. Esperou um pouco e como ninguém
apareceu. Chamou:
- Rosellene.....- sua voz estava fraca.
- Não vou descer. Sobe você se quiser - respondeu a voz feminina
num tom grosso e irritadiço do quarto.
Carlos ficou com medo. Será? De novo? Não, não poderia ser....ou
poderia? Não tinha base uma coisa daquelas. Sobe ou não sobe?
Carlos acabou subindo...vagarosamente....chegou no andar de cima,
novamente a porta do quarto estava aberta....ele ouviu Rosellene
fazer alguns barulhos, até que se dirigiu na direção da porta. Carlos
se deparou com a moça que estava usando um shortinho curto:
- Eu vim aqui para falar de Jesus para você......- não deu tempo de
terminar o que ia falar quando Rosellene interrompeu:
- Deixa Jesus pra lá. Se quiser me namorar, pode ser - dizendo isto,
Rosellene começou a levantar a blusa lentamente na frente de
Carlos;Blusinha levantada e Carlos estava segurando uma Bíblia que
acabou deixando cair no chão.
Ele ficou trêmulo. Sabia que teria que resistir a tentação. Não teve
forças para interromper Rosellene, e pelo olhar dela, se fizesse isto,
seria expulso daquele lugar imediatamente. Rosellene deixou claro
que não queria ouvir nada sobre o evangelho. E Carlos estava
deixando claro que não queria saber de nada sobre Rosellene. Ele
tinha poucos segundos para decidir. A tentação foi configurando
suas artimanhas na mente e no corpo de Carlos e nesta hora ele teve
que se esforçar para suportar. Olhar não é pecado, mas a vontade de
pecar com o olhar começou a querer crescer na mente de Carlos.
Vontade esta que ele estava resistindo com todas suas forças. Ele se
lembrou da advertência de sua irmã. Pensou na vergonha que seria
se chegasse em casa desviado. Também se lembrou da irmã Maria. O
que ele iria falar para ela quando ela lhe perguntasse " Como foi com
a Rosellene?". A moça se sentou na cama meio exausta e encarou
Carlos:
- E então? Vai dar namoro ou amizade? - disse ela com um sorriso
sarcástico. Rosellene não demonstrava nenhum afeto por Carlos.
Pelo que ele percebeu, ela estava fazendo tudo aquilo por pura
provocação. O olhar dela mostrava desprezo pela religião de Carlos.
O que ela queria era desviar o irmão, fazê-lo cair em pecado.
- Como assim? - respondeu Carlos. Eu vim aqui para falar de Deus
com você.
- Eu só ouço se você me der um beijo - respondeu ela, lasciva.
- Como é? - perguntou Carlos para ganhar tempo, pois ele havia
entendido muito bem a proposta.
Rosellene ficou irritada com a enrolação de Carlos e esbravejou:
- Me "agarrar" seu gay. "Ficar". Beijar na boca. Pelo que percebi
você não gosta muito de mulher - Rosellene falava daquela maneira
para deixar Carlos bastante irritado. Acintosamente.
Carlos estava diante de uma escolha. Aproveitar o prazer que o
momento tinha para lhe oferecer. Aquela pele lisa.....aqueles
lábios......aquela sensualidade toda........um beijo pela salvação. Poder
olhar para o corpo de Rosellene e desejá-la sem policiamento......Era
a hora da decisão.....Jesus ou Rosellene? Carlos não sabia o que fazer.
Ficou confuso. Veio uma vontade de se desviar....mas ainda não.
Carlos pensou, e se.....será que ele conseguiria pedir perdão e voltar
para Jesus depois?.....E se ele ficasse preso ao pecado pelo resto de
sua vida....Ele já havia conversado com muitos desviados que após
caírem em pecado não tiveram mais forças para voltar para
igreja....Jesus ou Rosellene? ......Pecado ou santidade?.....O prazer ou
a fé.....?
Carlos suportando todo poder da tentação, combateu novamente
dizendo SAI TENTAÇÃO e saiu correndo. Atravessou o corredor e
quase caiu ao descer pelas escadas. Correu pelo quintal e bateu o
portão com toda força. Carlos continuou correndo até chegar em
casa. Sua irmã estava no quintal quando viu Carlos entrar pelo
portão.
- Está tudo bem com você? - perguntou ela com preocupação. Pela
primeira vez, Carlos achou legal a preocupação que sua irmã tinha.
- Está, irmã. Você tinha razão. É muito perigoso, eu nunca mais em
toda minha vida quero voltar lá - disse Carlos mostrando as mãos
trêmulas para sua irmã.
- O que aconteceu? - perguntou ela assustada.
- Foi horrível. Eu poderia estar desviado uma hora desta - respondeu
Carlos incrédulo. Ele não conseguia acreditar que se livrou de tudo
ileso.
Carlos se levantou e foi para o quarto. Deitou na cama e ligou o
som. Começou a tocar um hino que dizia: " Cristo, move as
montanhas.....E tem poder pra salvar, tem poder pra salvar. Pra
sempre, autor da salvação. Jesus a morte venceu, sobre a morte
venceu."
E assim foi. Carlos conseguiu vencer a tentação. Entre Jesus e
Rosellene, ele preferiu Jesus. Assim deveria ser todas as pessoas. Ao
invés de preferir o pecado, seja ele qual for e pouco importando o
grau e a forma em que se manifestar, as pessoas deveriam preferir
Jesus. Carlos é um exemplo de um homem que está preparado para
vencer a tentação. Quem não estiver preparado para vencer a
tentação, certamente sucumbirá. Quem não estiver preparado para
vencer a tentação, vai escolher .....a Rosellene. Carlos escolheu Jesus
e não se arrependeu disto. Nunca mais ele viu a moça. A irmã Maria
sumiu da igreja. Nunca mais fora nos cultos. Onde será que estaria a
irmã Maria?
_________________
– Paz do Senhor, irmão você gostaria de ir até a minha casa, agente
poderia se divertir um pouco. Eu comprei uma mesa de sinuca e
acho que você gostaria de jogar um pouco comigo.
- Mas jogar sinuca não é pecado?
- Bom...a mesa está na minha casa, se estivesse em um bar, talvez. E
agente vai apenas brincar, não vamos competir ou jogar valendo.
- Eu vou então - concordou o irmão.
Quando ele chegou na casa do irmão teve uma surpresa.
- Olá, quem é este? - perguntou a mulher.
- Este aqui é um irmão da igreja - respondeu Saulo.
O irmão ficou reparando na irmã de Saulo, pois era uma mulher
formosa.
- Então você é da mesma igreja que o meu irmão? - perguntou a
mulher
- Sim - respondeu o irmão.
- Que legal. Eu nunca fui até lá para conhecer ninguém. Talvez por
falta de motivação - disse a mulher.
- Então, irmão, vamos jogar uma partidinha? - falou Saulo
- Vamos - disse o irmão que acompanhou Saulo até os fundos da
residência.
O lugar era bonito e aconchegante. Eles haviam começado a brincar
quando o celular de Saulo tocou.
- Eu preciso que você venha me buscar.
- Mas logo agora?
- Sim. E anda rápido.
- Eu já estou indo.
Saulo olhou para o irmão desapontado e disse:
- Eu vou ter que ir buscar a minha mãe no trabalho. Você pode me
esperar?
- Aqui?
- Sim, fica brincando aí com as bolas até eu chegar, eu demoro uns
dez minutos apenas.
- Se você demorar muito eu vou embora - disse o irmão.
- Está bem - falou Saulo que saiu do recinto deixando o irmão
sozinho por alguns momentos.
Até que a irmã do Saulo apareceu.
- Olá - disse a mulher
O irmão não acreditou no que estava vendo.
- Você gostaria de jogar uma partida comigo - disse a mulher
O irmão ficou sem jeito, constrangido e tendo que resistir a
tentação que veio naquela hora. Eles estavam sozinhos naquele
lugar.
- E então? O que você me diz? - perguntou a irmã de Saulo
vagarosamente com voz melosa.
O irmão começou a enfrentar uma grande tentação. Será que ele iria
se desviar dos caminhos do Senhor?
- Eu acho que eu não vou pecar se eu jogar um pouco com você disse o irmão mais para si mesmo do que para a mulher.
- Mas é claro que não - falou ela segurando em um taco e
começando a brincar - A não ser que você queira cometer algum
pecado comigo.
Eles ficaram por ali por algum tempo e o irmão tentou evangelizar a
irmã de Saulo, enquanto se esforçava para suportar a tentação.
- Você não gostaria de aceitar Jesus como salvador também?
- Quem sabe - disse ela evasiva
- Vai ser bom. Quem não aceitar Jesus não poderá herdar a vida
eterna.
- Mas também não poderá desfrutar de muita coisa boa, você não
acha? - disse a mulher se insinuando.
- Mas compensa abandonar o pecado - disse o irmão.
Eles continuaram jogando, nenhum dos dois estava prestando
atenção na partida.
- Você está sentindo calor? - perguntou a mulher para o irmão.
- Eu não.
- Pois eu estou sentindo um tremendo calor - disse ela olhando
voluptuosamente para o irmão.
O irmão viu a mulher se sentar na mesa e ameaçar tirar a blusa.
- Sai tentação!!! - gritou o irmão. Fez isto para combater a tentação
quando viu a mulher sentada na mesa.
A mulher olhou para ele sem entender o que estava acontecendo.
- Pensando bem, eu acho que vou embora. Não posso ficar mais.
- Mas agora que a brincadeira estava ficando boa - disse a mulher
- Não. Eu sou um servo do Senhor e vou acabar fazendo alguma
coisa de errado se eu continuar aqui.
- Você quem sabe - disse a mulher sem acreditar que ele iria embora.
Mas foi. Quando ela olhou o irmão já não estava mais ali. O irmão
chegou em casa e foi direto para o quarto orar. Ainda bem que ele
sabia o segredo para se vencer uma tentadora, que é resistir, suportar
e combater, porque senão, teria se desviado.
Havia um rapaz que se chamava Pablo e era viciado em drogas. Ele
já havia passado por algumas clínicas de recuperação, mas acabou
fugindo de todas elas. Em uma destas fugas ele desafiou a Deus a
provar que Ele realmente existia. Se Deus provasse que era real,
então ele se converteria. A partir deste dia a vida deste rapaz nunca
mais foi a mesma. Muitas pessoas começaram a aparecer em seu
caminho para pregar a palavra de Deus. Com o tempo, Pablo
começou a se sentir profundamente tocado. Seus olhos espirituais
foram abertos e ele entendeu que existia um céu, existia um inferno e
existia uma escolha. Entendeu também que a morte não era o fim da
vida, mas uma passagem que levaria a um lugar muito ruim para
aqueles que morressem sem aceitar Jesus como salvador e
experimentar o novo nascimento. E um lugar bom para aqueles que
se arrependessem de todos seus pecados e passassem a obedecer
todos os mandamentos de Deus. Uma maneira inusitada que Deus
escolheu para provar que existia foi através de um livro que Pablo
leu, chamado criação ou evolução. Após estudar a teoria da criação
segundo o ponto de vista científico e o relato de gênesis, ele se
convenceu da existência de Deus. Foi quando em um determinado
dia após usar droga, ele começou a chorar. Era o Espírito Santo
trabalhando na vida de Pablo. Poucos minutos depois ele estava com
os braços levantados e chorando.
- Eu entrego a minha alma para o Senhor. Eu aceito Jesus como
salvador de minha vida – orava ele olhando para o céu. Pablo estava
na porta de sua casa e era noite.
Ele então dormiu sentindo uma grande paz e com a grande
esperança de ser liberto do vício e de todo tipo de pecado. Agora ele
era um servo de Deus. Naquele dia seu nome foi escrito no livro da
vida e houve festa no céu. Mas a tentação não tardaria em chegar. E
chegaria através da vida de uma tentadora que se chamava Clara.
Antes de se converter, Pablo havia namorado uma moça por cerca
de três anos. Eles haviam terminado há pouco tempo e Pablo ainda
alimentava sentimentos por esta moça. Ao se converter ele pensou
na possibilidade de pregar a palavra de Deus para Clara.
O segredo para se vencer a tentação e permanecer fiel a Deus o
tempo todo é RESISTIR, SUPORTAR E COMBATER.
Pablo acordou em uma manhã. Ele não sabia que o tentador havia
preparado um grande laço para sua vida. Antes de se levantar, Pablo
pegou sua Bíblia e leu por cerca de quinze minutos. Coincidência ou
não, ele acabou abrindo aleatoriamente o livro sagrado na parte que
contava a história do adultério de Davi com a esposa de Urias.
Pouco tempo depois quando ele estava tomando seu café da manhã,
o celular tocou.
- Alô – atendeu ele.
- O que você vai fazer hoje? – perguntou a voz feminina do outro
lado.
- Quem está falando?
- Você não se lembra da minha voz? É a Clara. Você passou aqui na
minha empresa hoje e disse que estava trabalhando com criação de
sites. Eu estou querendo criar um site. Você me disse para te ligar se
eu estivesse interessada.
- Eu me lembro. Como faço para agente conversar? Precisamos
acertar os detalhes – falou Pablo.
- Me diz onde eu te acho. Eu estou de carro. Posso ir até você –
falou ela.
- Você pode vir até minha casa? – disse ele.
- Sem problemas – confirmou Clara.
As coisas não seriam nada fáceis para Pablo. Passar por tudo que ele
iria passar foi uma das piores coisas que um servo de Deus pode
enfrentar para provar que é fiel a Ele,que O ama e que está
preparado para vencer a tentação. É claro que sempre temos provas
como as que Jó teve que enfrentar na Bíblia. Mas existem provas e
provas e no caso de Jó, era muito sofrimento e desgraça. Às vezes o
sofrimento é um aliado para nos afastar do mundo e nos aproximar
de Deus. O que torna a provação de Pablo mais forte ainda. Ele não
seria punido, ele não passaria pela miséria, pela doença. Não havia
nenhum sinal que mostrasse que a vida de Pablo iria piorar se ele
tivesse cedido para a tentação do sensualismo. Pablo provou que
amava a Deus. Ele soube resistir, suportar e combater na hora certa.
E isto fez toda diferença.
Este livro foi escrito para despertar a alma das pessoas para o
verdadeiro valor desta vida. Os verdadeiros valores desta vida não
estão ligados aos prazeres que este mundo oferece. Sexo, dinheiro,
fama, ou qualquer coisa que possa ser prazerosa, mas que é contra a
perfeita vontade de Deus. Para ir morar no céu, você terá que viver
uma vida de abstinência e provar que realmente é fiel a Deus. A
verdadeira religião não é aquela que apenas traz benefícios para a
vida das pessoas. A verdadeira religião é aquela que leva a pessoa a se
arrepender de todos os seus pecados e renunciar as coisas que o
mundo oferece. Quando digo as coisas que o mundo oferece, me
refiro as coisas que Deus considera pecado e que por isto, são
oferecidas pelo tentador. O objetivo do tentador é levar a pessoa a
fazer algo que seja contrário à vontade de Deus e aos mandamentos
Dele. É só ver o que ele fez com Eva no jardim do Éden. E o que
Eva fez com Adão. O fruto do conhecimento do bem e do mal está
representado aqui neste livro pelas tentadoras. Quem ler este livro
vai obter o conhecimento que precisa acerca da tentação do
sensualismo e o segredo para se vencê-la. É por isto que eu
considero a leitura deste livro boa. Não será uma perca de tempo.
Este livro também não foi escrito para ser uma fonte de
entretenimento. De fato, somente os que estão interessados em
conhecer o inimigo para poder guerrear contra ele é que terão o
desejo de ler este livro. Este livro é uma pedra no sapato para
aqueles que amam o caminho fácil que o mundo oferece e
principalmente para os cúmplices do sensualismo. Já me acusaram de
depravado por escrever e divulgar este livro. Mas tal acusação é um
terrível absurdo. Como eu posso ser depravado sendo que este livro
condena a depravação do começo ao fim? Acusar quem condena a
depravação de depravado é uma contradição lógica que não merece
resposta. Este livro é baseado em fatos reais. Os acontecimentos
deste livro são uma realidade na vida de pessoas todos os dias ao
redor do mundo.
Pouco tempo depois de combinar com Clara para que ela fosse até
sua casa, Pablo ouviu o barulho de um carro parando. Era Clara que
havia chegado. Ele caminhou até a porta e abriu dando de cara com
a tentadora. O decote de Clara chamava a atenção até do presidente
da república. Pablo teve que resistir para não olhar para ela com
olhos impuros. Ela entrou como se estivesse na própria casa.
- Onde está seu computador? – perguntou ela.
- No quarto – respondeu ele.
- Vamos até lá. Eu tenho alguns arquivos aqui no pen drive e vou te
passar. Quanto tempo você acha que vai demorar para o site ficar
pronto?
- Depende – respondeu Pablo se sentindo perturbado com a
presença de Clara.
Eles caminharam até o quarto. Foi quando ele percebeu que estava
caindo numa cilada. Seus pensamentos começaram a fazê-lo cogitar
na possibilidade de cometer fornicação com Clara. Tremendo, ele
ligou o computador e analisou os dados do pen drive. Ouviu o
barulho de alguém tirando a roupa, mas estava concentrado demais
para perceber o que estava acontecendo na sua retaguarda. Foi
quando ele se virou para dizer que precisaria de mais algumas coisas.
- Eu tenho que registrar o nome do seu site – disse ele se dando
conta da mulher que estava em sua cama. Clara havia tirado a calça
justa que estava vestida e estava apenas de calcinha.
Pablo não poderia ceder para a tentação. Ele teria que tomar uma
atitude que fosse de acordo com a vontade de Deus. Pensou em
brigar com ela, mas talvez aquilo não fosse uma boa ideia. Foi
quando ele se lembrou do conselho de um amigo que lhe pregava a
palavra de Deus antes que ele se convertesse.
- Eu tenho que resistir – disse ele para si mesmo – Eu tenho que
resistir – disse ele novamente depois de dar uma pausa.
Ele conseguiu vencer o desejo de pecar e decidiu se comportar de
forma natural, como se não estivesse acontecendo nada. Quem sabe
Clara desconfiaria e parasse com aquele comportamento. Pablo
olhou mais uma vez para Clara e disse:
- Eu tenho que resistir – ela não entendeu o que ele estava dizendo.
Foi quando ele disse para ela que estava faltando alguns dados para
que o site pudesse ser desenvolvido. Mas ela pareceu não se
importar. Aquilo deixou Pablo aflito.
- Você ainda me ama? – perguntou ela.
Ele não sabia o que responder. A esta altura do campeonato, estava
pensando no grande segredo para se vencer aquela tentação. Estava
funcionando, mas ele precisava suportar toda dor que aquela
tentação lhe causaria naquele dia para não acabar cedendo para
tentadora.
Você que está lendo este livro pode ter a mais absoluta certeza de
que quando uma pessoa vence uma tentadora por amor a Deus, o
céu se alegra. Os demônios ficam sem acreditar no que estão vendo.
Geralmente se espera que uma pessoa venha sucumbir diante de
uma tentadora. Um grito de vitória pode ser ouvido quando alguém
consegue vencer.
Mas ela não se renderia tão fácil assim. Ele ainda teria que provar
que realmente estava preparado para vencer a tentação do
sensualismo.
- Eu estou morrendo de sede – disse ela – Você pode ir buscar
alguma coisa para eu beber?
- Eu acho que sim – respondeu ele desconfiado – Mas será que daria
para você parar com isto? – ele estava tendo que suportar aquela
tentação que estava muito forte com aquele comportamento
promíscuo da parte dela.
- Parar com o que? – ela disse com sarcasmo.
- Deixa para lá – falou ele desanimado percebendo que se insistisse a
coisa iria acabar ficando pior para o lado dele.
- Meu Deus. Eu nunca imaginei que pudesse acontecer uma coisa
destas comigo – falou ele no caminho para a cozinha – Eu não
quero me desviar dos caminhos do Senhor – ele começou a pensar
em uma maneira de combater aquela tentação, talvez deveria tentar
expulsar algum tipo de demônio dela. Pablo não tinha muita
experiência com as tentações como um cristão antigo geralmente
tem. Ele era neófito em se tratando de tentadoras. De qualquer
maneira, seria funesto se ele viesse a cair em pecado. Ele sabia muito
bem que se fornicasse com Clara, seria apenas o primeiro de muitos
pecados que viriam pela frente. Um abismo chama outro abismo.
Ele acabou demorando na cozinha. Estava com medo de voltar para
o quarto e ficou ali criando coragem e tendo que suportar a
crueldade dos pensamentos malignos que tentavam fazer ele cair.
Ao voltar para o quarto, ele deu de cara com a tentação novamente.
- Eu acho melhor você andar logo com o meu site – disse Clara que
estava de costas. Quando ele viu aquela mulher daquele jeito, a
vontade de aproveitar o pecado veio com tudo. Pensamentos
enganosos que lhe diziam que ele não precisava abrir mão de sua
salvação e que ele poderia desfrutar do prazer momentâneo e depois
se arrepender tornavam aquela tentação mais invencível ainda. Ele
teve que suportar a pior pressão que ele já sentiu em toda sua vida.
Clara levantava os braços e esperava pela reação dele.
Ela não foi ali apenas para criar um site. Ela foi ali para tentar Pablo
e fazer com que ele se desviasse dos caminhos do Senhor. Na
verdade, Clara não estava muito convicta de que ele havia realmente
se convertido. Quando ele foi aquele dia na empresa dela oferecer
seu serviço, ele falou para ela que havia mudado de vida, pois tinha
aceitado Jesus como salvador. A declaração soou com cepticismo da
parte de Clara que olhou para ele com sarcasmo e desdém. Mas
como ele saiu às pressas, ficou por isto mesmo. Agora ela havia
encontrado uma oportunidade de provar para ele que este negócio
dele dizer que era de Deus, não passava de uma grande tolice. De
que ele não conseguiria seguir este caminho. Ela estava pronta para
jogar um monte de acusações na cara dele. Ela nem queria ter
nenhuma relação com ele naquele dia. Estava se comportando desta
maneira para ver como ele iria reagir. E a reação dele não poderia ter
sido melhor. Sabe o que ele fez?
Depois de resistir e suportar ele começou a combater a tentação.
- EU TE REPREENDO TENTAÇÃO, EM NOME DE JESUS –
gritou Pablo. Foi nesta hora que ele encontrou forças para sair dali e
não entrar naquele quarto enquanto não tivesse certeza de que Clara
estava pronta para ir embora e deixá-lo em paz. Para Pablo, a
oportunidade de pecar era real. Ele não sabia que Clara estava
apenas fingindo querer alguma coisa. Ele pensou que ela realmente
estivesse ―com a macaca‖, seja lá o que isto signifique.
Envergonhada com a recusa de Pablo e com muita raiva também, ela
resolveu que não iria querer mais nenhum site.
- Eu vou criar o site se você confessar que gostou do que viu lá
dentro – disse ela pressionando-o.
- O sangue de Jesus te repreenda – combatia ele a tentação.
- Você é ridículo – disse Clara que foi embora derrotada.
Mais uma vez, pelo poder do grande segredo para se vencer a
tentação, um servo de Deus conseguiu vencer uma tentadora. Você
pode usar este segredo para vencer as piores tentações do mundo.
Sejam elas quais forem.
Rony estava com um monte de folheto evangelístico na mão. Era o
dia de ganhar as almas para Jesus. Ele se aproximou de uma mulher,
olhou para ela e disse:
- Jesus te ama. Ele quer te salvar.
- Jesus me ama e eu te amo. Eu me chamo Tammy, prazer – disse
ela para ele que engoliu a seco. Ele continuou a caminhar quase sem
notar a rota que tomava, pois vagara por estas ruas com tanta
frequência ultimamente que seus pés o carregavam pelos caminhos
favoritos automaticamente. Dava alguns passos e olhava para o lado
para ver se Tammy ainda estava lá. Não fazia muito tempo que ele
havia enfrentado uma prova do tamanho do mundo com uma
mulher.Seriam duas mulheres agora porque Tammy era a próxima
tentadora. Deus já havia permitido o tentador armar aquele laço para
Rony. Mais uma vez ele teria que provar estava preparado para
vencer a tentação e preferir os caminhos de Jesus ao prazer sexual.
Ele nunca imaginou que pudesse acontecer o que estava para
acontecer naquele dia. E então, enquanto seu sentimento de
frustração chegava ao máximo, sua certeza esvaziou-se. Quem sabe
não seria apenas impressão sua, mas Tammy estava vindo em sua
direção. Quem sabe ele estivera tão desesperado pelo menor sinal de
contato do mundo ao qual pertencia que estava simplesmente
exagerando com barulhos perfeitamente normais. Teria ele certeza
de que não fora o som de algo se quebrando dentro de uma casa
vizinha?
Era um objeto que caíra das mãos de Tammy.
- Você pode me ajudar? – disse ela olhando para ele que já se
distanciava.
Rony sentiu afundar tolamente seu estômago e antes que percebesse
o sentimento de desesperança que o atormentara por não arrumar
uma esposa ou uma namorada ainda, jorrou sobre ele mais uma vez
a tentação do sensualismo. Logo de cara ele teve que fazer uma
terrível força contra sua mente que já começava o forçar a querer
aproveitar qualquer oportunidade que aparecesse com aquela
mulher.
Ele começou a sorrir de um modo horrível e maníaco até que se
aproximou alguns passos, tomando cuidado de parar um pouco
antes do ponto em que as mãos deles quase se tocaram.
Rony entregou para aquela mulher um folheto evangelístico.
- Eu gostaria que você lesse isto.
Ela pegou o folheto e deu apenas uma olhada rápida e
desinteressada.
- Será que você poderia me dar uma carona? Eu estou com muita
pressa. Eu não moro muito longe daqui – disse ela para Rony que
pensou na possibilidade de tentar evangelizar aquela mulher. Ele
seria capaz de jurar que dessa vez nada de mal poderia acontecer. E
pensando isto ele a convidou até o carro, pois já estava pensando em
ir para casa mesmo. Mas antes que ela pudesse sentar no banco da
frente, ele pediu que ela sentasse no banco de trás.
- Que diabos você quer com isso, garoto? - perguntou a mulher
numa voz coaxante que tremia com fúria.
Infelizmente as pessoas que não sabem vencer a tentação são assim.
Vivem falando o nome do diabo. Chamando os outros de diabo.
Claro, eles são filhos do diabo. Mas nós que somos filhos de Deus
fazemos menção do nome do Senhor. Aleluia!
- É por precaução. Da última vez que uma mulher entrou...
- Está bem. Para mim tanto faz – ela estava irritada com o objeto
valioso que havia quebrado ao cair no chão.
Em poucos minutos eles chegaram até a casa de Tammy.
- Você está com pressa? – perguntou ela.
- Por que? – Rony não gostou daquilo.
Ela começou a chorar.
- Está tudo dando errado. O meu computador quebrou. E agora
também essa máquina digital. Eu preciso muito de alguém para
consertar o meu computador. Quem sabe você não poderia dar uma
olhada para mim.
Rony não sabia o que dizer. ―Acho que não tem problema nenhum
ajudar ela com este computador. Eu vou aproveitar e falar do amor
de Deus para ela‖ – pensou Rony, que interessado em ganhar aquela
alma para Jesus, acabou entrando na casa de Tammy (mais uma vez
isto acontece, um servo de Deus na casa de uma mulher, como uma
ovelha que vai para o matadouro).
- Você quer ir para o céu? – perguntou ele.
- Claro que sim. Quem não quer ir para o céu? – disse Tammy,
aquilo o deixou animado. Então ele começou a contar um pouco
sobre o pecado de Adão e Eva e como isto havia afetado a
comunhão entre o homem e Deus e que as pessoas deveriam se
arrepender de seus pecados para escaparem do inferno, até que eles
chegaram até o local onde estava o bendito computador.
- Veja! Não liga! – disse ela chorando de raiva, socando o aparelho e
olhando para Rony com esperança de que ele fizesse alguma coisa Esta porcaria não tem nem um ano de uso – completou ela.
Não há de ver que Rony em menos de dez minutos fez o aparelho
funcionar novamente. A alegria de Tammy foi enorme.
- Eu não sei como posso lhe agradecer – disse ela.
- Não precisa me agradecer – falou ele que continuou a evangelizar
Tammy. Como ela estava muito feliz, prestou atenção no que Rony
falava de forma que ele foi ficando confiante. Por fim, ele acabou se
sentando na cama de Tammy e ficou por lá cerca de meia hora só
falando de Jesus. Bom, o que eu mais queria poder dizer para vocês
agora é que Tammy acabou se arrependendo de seus pecados e
aceitando Jesus como salvador. Mas tudo aquilo em vez de gerar
uma grande mudança no coração daquela mulher, parece que causou
um efeito paradoxal. É incrível a capacidade de algumas pessoas de
ouvirem tudo, absolutamente tudo acerca de Deus e não se sentirem
tocadas em seu coração. São as mesmas pessoas que leem a Bíblia
inteira e não são capazes de se converter, você verá muito dessas
pessoas durante a sua vida, meu caro leitor. São pessoas que podem
passar a vida inteira delas dentro de uma igreja e de uma atmosfera
espiritual e mesmo assim não terem um encontro com Deus. Rony
estava fazendo a coisa mais certa do mundo, apesar dos riscos que
ele assumiu correr. As intenções dele ao estar ali na casa de Tammy,
no quarto dela, eram as melhores. Quem no lugar dele que realmente
amasse uma alma não iria querer converter aquela mulher. E foi
quando Tammy começou a dizer:
- Você é realmente um homem incrível, acho que estou me
apaixonando por você.
E foi aí que começou a grande provação de Rony. Ela se aproximou
e tentou beijá-lo. Ele se esquivou.
- Não posso – disse ele.
- Pode – falou ela que foi tirando parte da roupa – Depois do que
você vai ver, eu tenho certeza que você vai poder – então ela
começou a seduzir Rony que não esperava por aquilo.
Ele ficou de boca aberta sem acreditar no que estava vendo. Abriu e
fechou os olhos por várias vezes. Pensou em sair correndo, mais
tinha que ter certeza de que aquilo não era um pesadelo. Foi então
que ele teve que resistir aquela tentação para não cair em pecado.
- Tammy. Eu falei de Deus para você o tempo todo e é assim que
você se comporta? – disse Rony. Agora quem estava chorando era
ele. Ele fazia toda força do mundo para suportar o sofrimento que a
tentação causava. Assim ele suportou a tentação.
- Namora comigo – falou ela.
Rony amava a Deus demais para cair em pecado com Tammy. Mas
por alguns segundos, sua carne tentou fazer com que Rony aceitasse
a proposta de Tammy. Mesmo ele resistindo e suportando, ainda
faltava-lhe combater a tentação. Foram os dez segundos mais
decisivos da vida dele.
Ele então começou a pregar a palavra de Deus para aquela mulher,
assim ele combatia a tentação através da pregação, sem cair em
pecado, sem ter nenhuma relação com aquela mulher. É assim que se
prova que realmente se ama a Deus, vencendo a tentação, e para isto
é preciso aprender a resistir, suportar e combater. É isto que Deus
quer que você que está lendo este livro faça. Que você não caia em
tentação quando ela vier, porque ela virá. Tenha a mais absoluta
certeza disto. Pode não ser uma mulher, pode ser um cigarro, uma
bebida, uma mentira, um palavrão, uma briga com alguém, e se você
for uma mulher, ao invés de uma tentadora, um tentador. E do
mesmo jeito que Rony fez diantedaquela proposta, você terá que
fazer com aquilo que o inimigo vai te propor. Quem sabe um
emprego muito lucrativo, mas que não esteja de acordo com a
vontade de Deus e que te faria pecar caso você aceitasse. O
propósito deste livro é te mostrar que a tentação virá e que você
precisa usar o segredo aqui descrito para vencê-la quando ela vier e
que assim você estará provando que realmente deseja ir morar no
céu. O propósito deste livro também é mostrar que a tentação não é
uma coisa pequena e sim algo muito forte e muito impactante, algo
que às vezes você nem imagina que possa acontecer. E que se você
vencer as maiores e piores tentações da sua vida, você estará
preparado para vencer as menores tentações, porque pequenas e
insignificantes tentações também virão e cair nestas tentações será
tão, ou mais funesto para você quanto cair diante das maiores
tentações como as mostradas com tanta realidade aqui para você.
Não pense que na vida real será diferente. Se você não estiver
preparado para ler este livro, então certamente também não está
preparado para vencer a tentação na vida real. E isto vai tirar todo
seu galardão, quem sabe, nem permitirá você receber a salvação.
Seria um dia ruim para aquele irmão. Pobre coitado. Mas depois do
que ele passou, dava até dó. Foi impressionante a forma com que ele
realmente provou que amava a Deus. E também foi impressionante
a forma que o diabo resolveu tentá-lo.
Rony havia pedido um carro para Deus. Mas seria melhor que ele
nunca tivesse pedido. De qualquer forma, ele teria que enfrentar a
tentação de uma maneira ou de outra.
Tudo começou quando duas garotas estavam lavando a calçada da
igreja de um pastor que era conhecido de Rony e ele chegou lá com
seu carro novo. O bendito carro que ele ganhou de Deus.
- Olá, moças – disse Rony ao fechar a porta do veículo – O pastor
de vocês está?
As moças se entreolharam e riram da forma com que Rony falou.
- O que você quer com agente? Não estamos disponíveis – falou
uma delas com bastante sarcasmo.
- O que eu quero com o quê? - disse ele friamente. Mantinha-se
olhando para a esquerda e para direita da rua, ainda esperando ver a
pessoa que tinha feito uma ligação a cerca de meia hora dizendo que
precisava de ajuda.
- Não fale assim com ele! – ralhou uma das moças com a outra. Não
vê que ele também é da religião dos crentes.
- Vocês são parentes do pastor? – perguntou Rony para elas.
- Não. Não somos nada de ninguém. Estamos lavando a calçada
porque o homem daqui nos deu um dinheiro para isto.
- Ah! Entendi. Mas será que você poderia me dizer se o pastor está?
- Não! Ele não está! – aquelas garotas eram muito mal encaradas.
Foi quando uma mulher desceu de sua moto para logo em seguida
vir na direção de Rony.
- Então... - ela começou a falar – Você que é o tal do Rony?
- Sim. Sou eu – falou ele - Foi você quem me ligou? Você disse que
estava precisando muito de minha ajuda.
Ela parecia lívida. Os dois se entreolharam por mais alguns
segundos. Até que, quando eles menos esperavam, o motor do carro
fez um ronco. Como o pastor não estava na igreja, ele a convidou
para que pudessem conversar em algum outro lugar. Eles entraram
no carro, mas o carro não queria dar partida.
- Eu vou ligar mais uma vez e ver se consigo fazer este carro
funcionar.
- Eu não moro muito longe daqui. Se você quiser, a gente pode ir até
lá em casa – falou a mulher.
- Você pode me adiantar sobre o que precisa tanto conversar
comigo?
- Me disseram que você é religioso e eu estou precisando muito da
ajuda de alguém. Estou desesperada – falou a mulher.
Após ele aceitar ir até a casa daquela mulher, ao tentar dar a última
partida, o veículo ligou.
- É muito estranho. O carro quebrou do nada. E agora se consertou
sozinho? – falou Rony que estava um pouco desconfiado daquela
mulher. Ele sabia que aquilo não era uma mera coincidência. Sabia
muito bem que existia o dedo do inimigo. Mas ele estava preparado
para vencer a tentação. O segredo para isto é resistir, suportar e
combater a tentação.
- Ok. Vamos para sua casa então – disse Rony que após andar alguns
quarteirões chegou ao portão da casa daquela mulher.
Eles entraram. Rony sentou-se no sofá e então ela começou a falar:
- Eu preciso que você ore por mim. Eu estou gostando de um
homem casado e preciso esquecer ele urgente.
Rony ficou um pouco constrangido com aquilo que ela falou.
- O que você precisa fazer é parar de alimentar qualquer esperança e
vencer a tentação. Você já aceitou Jesus como teu salvador?
- Ele falava que gostava de mim, mas não tem coragem de largar a
família dele. Eu preciso esquecer aquele homem urgente. Você me
ajuda? Eu estou até pensando em me matar. Mas está um calor aqui,
você está sentindo?
- Eu estou com sede – disse ele – Será que você poderia me arrumar
um copo com água? – Rony estava ficando cada vez mais tenso.
Do lado do sofá havia uma cama de solteiro, onde a mulher estava
sentada.
- Vai até a cozinha. Pode pegar – disse a mulher – Você acha que se
eu arrumasse alguma pessoa para mim, eu esqueceria aquele canalha?
Rony não sabia ainda se aquela mulher era uma serva de Deus que
estava desviada ou não. E enquanto se dirigia até a cozinha para
beber água perguntou mais uma vez se ela já havia aceitado Jesus
como salvador. Por aceitar Jesus como salvador, Rony queria dizer
que ela em algum momento teria que ter se arrependido de seus
pecados e entregado sua vida para Deus, vivendo assim num
caminho de santidade sem praticar nada que desagradasse ao Senhor.
Mal sabia Rony que ela era uma filha do diabo preparada para
destruir a fé dele. Mas Jesus não iria permitir, pois Jesus sabia que
Rony O amava de todo coração e que além de tudo, ele conhecia o
segredo para se vencer a tentação.
- Está muito calor. Eu acho que vou ficar mais à vontade – disse a
mulher. Que foi tirando a calça e a blusa com que estava vestida.
Então, seminua ela se debruçou sobre uma poltrona. Quando Rony
viu aquilo, quase chorou. Sem contar que a tentação veio com tudo
para fazer aquele servo de Deus pecar. A mulher ficou numa posição
muito sensual.
Diz que era uma vez, um cristão que foi parar sozinho na casa de
uma mulher. É sempre assim. Muito comum. Os novatos caem
direto nesta furada. E para você que está lendo este livro, há noventa
e nove por cento de chances de já ter acontecido ou de acontecer
com você. Não vou dizer que você jamais deve ir à casa de alguma
mulher porque isto é impraticável e além do mais se não for de um
jeito vai ser de outro que a tentação virá para você. Se não for na
casa de alguma mulher vai ser na rua, ou na praia, ou no banheiro da
escola, ou no trabalho. Enfim. Mas desde já se prepare porque
quando você estiver sozinho (ou sozinha, depende se você é homem
ou mulher) na casa de alguém do sexo oposto, as chances da
tentação vir para você ali são grandes. Ou quem sabe, na sua própria
casa. Naquele momento ele teve que resistir à tentação para não cair.
- Você poderia...- ele arfou. Rony iria dizer para ela não ficar daquela
maneira ali, mas afinal, ela estava na casa dela. Eles trocaram olhares
de horror. Ele por não acreditar direito no que estava acontecendo e
ela por não acreditar que Rony não tivesse se interessado por ela
imediatamente.
- Acho melhor eu ir embora - ele disse sem emoção. Fazendo uma
força incrível para suportar o terrível impulso masculino que o
induzia à queda.
- Por que você está sendo tão estúpido? Você está assustado comigo,
por quê? – disse ela com incredulidade.
- Não - ele disse pesadamente – Você sabe que eu sou uma pessoa
que não poderia fazer isto.
- Me ajuda a esquecer daquele homem. Dá-me um pouco de amor.
Rony suprimiu um ronco com dificuldade. Ele soltou um longo e
baixo suspiro e ergueu os olhos para o brilhante teto como se
estivesse olhando nos olhos de Deus. Era preciso suportar.
- Não acredito nisso - disse a mulher imediatamente – Você não vai
me ajudar? Não vai me dar amor para esquecer aquele homem?
- Bem, isso é novidade para mim - disse ele, seu humor piorando.
Ele estava com problemas agora e sabia disso – Ajudar você? Mas
você está querendo que eu me deite com você. Eu pensei que você
precisasse de algum tipo de conselho ou oração.
A mulher percebeu que seria inútil tentar seduzir Rony. Que a esta
altura do campeonato estava de olhos fechados e com os lábios se
movendo freneticamente no afã de combater a tentação.
- Sai tentação, sai fora tentação, sai tentação – Uma, duas, três,
quatro, cinco, seis, ela perdeu as contas da leitura de quantas vezes
viu Rony balbuciar esta frase.
- Ok. Eu vou me vestir então – disse ela virando os glúteos na
direção de Rony e abaixando para pegar a calça.
Foi aí que Rony fechou completamente os olhos e agora já estava
praticamente gritando:
- Sai TENTAÇÃO, SAI TENTAÇÃO! Eu não posso cair, eu não
quero cair – ele se afastou e ameaçou ir embora. A vontade era de
sair correndo daquele lugar. Mas parecia que estava em uma
abordagem policial onde mesmo que se queira sair dali, não lhe é
permitido. Resistindo, suportando e combatendo...
Por fim, a mulher colocou as calças e mesmo assim Rony não se
sentiu seguro nem aliviado. A tentação ainda continuava. O inimigo
gritava em sua mente para que ele se aproximasse daquela mulher e a
beijasse e então eles poderiam ir bem mais longe. Ele fez força para
suportar mais um pouco.
- Ok. Então vamos sair daqui – disse ela percebendo o tamanho do
desespero de Rony para fazer a vontade de Deus e não cair em
tentação – Eu nunca vi um homem me resistir tanto quanto você.
Na verdade, ninguém nunca me resistiu. Sempre consegui qualquer
homem, fácil, fácil.
- Vamos? – as lágrimas começaram a escorrer dos olhos de Rony.
Ele não sabia se estava chorando de raiva, de medo, de desespero ou
de tristeza por tudo aquilo que estava acontecendo – Vamos para
onde?
- Não sei – disse a mulher sorrindo rapidamente com o canto da
boca – Você quem sabe, para qualquer lugar onde você pode me
ajudar a esquecer daquele canalha?
- TE AJUDAR? – Rony parecia que iria ter um infarto. Será que ele
amava a Deus o suficiente para aguentar mais uma daquela?
- Sim, ou você não pode me ajudar? É pecado ajudar as pessoas
também?
- Não. Não é. Mas eu não posso mais andar com você. Você é uma
moça muito bonita... Não, quer dizer, eu tenho algumas coisas para
fazer, quer dizer, talvez outro dia. Eu sei que você precisa de ajuda,
mas eu... - Rony estava mais perdido do que cego em tiroteio.
- Vai embora então. Você está com medo de adulterar comigo, não é
isto?
Rony soltou um grito em voz baixa (grito em voz baixa, essa foi
boa!):
-ISTOOOOOO!
Ela olhou para ele assustada.
- Não, quer dizer, eu... Magina, eu não poderia fazer isto. Eu sou fiel
a Deus.
- Não poderia mais quase morreu quando viu a minha...
- NÃOOOOOOOOO! Não fale mais nada, eu preciso ir. Sério
mesmo. Olhe aqui, eu prometo que vou orar por você. Amanhã vai
te dar uma amnésia e você nem vai lembrar que aquele homem
existe – ele já não estava falando nada com nada. Mas ele estava
tentando combater aquela tentação de alguma maneira.
- Jura? – disse ela com sarcasmo.
- É, acho que juro. Eu prometo que vou orar. Depois você me
conta. NÃO, não precisa me contar não. Eu vou indo... – ele saiu
daquela casa tropeçando em cada metro quadrado até chegar ao
carro. Foi muito difícil resistir e suportar aquela tentação. Ligou
rapidamente a chave, deu partida e saiu cantando pneu.
Meus caros e preciosos leitores. Acho que deu para perceber que
quem quiser vencer a tentação do sensualismo terá que passar por
maus bocados. Ele só venceu porque resistiu, resistiu muito e ao
mesmo tempo suportou e combateu a tentação. E meu desejo é que
todos vocês que estão lendo este livro estejam preparados ou que se
preparem a partir de agora, afinal, este livro existe para mostrar para
vocês que ela virá!
Existem apenas dois tipos de pessoas: As que servem a Deus e as
que servem ao diabo; As que vão para o céu e as que vão para o
inferno; As que vivem em santidade e as que vivem na prática do
pecado; As que têm certeza de sua salvação e as que não sabem para
onde vão quando morrerem; As que não vencem a tentação e as que
vencem a tentação.
Esta é a história de João e Maria. Mas não aquela história que todos
conhecem não. É outra história.
João teria que provar que era o tipo de pessoa que amava a Deus e
que era digno de ir morar no céu um dia. Para isto, ele teria que
vencer uma tentadora chamada Maria.
João caminhava lentamente porque estava em campanha de oração e
naquele dia não havia conseguido arrumar emprego. Em breve
chegaria em sua casa e quando chegou encontrou a amiga de sua
irmã, Maria.
- Oi – disse ele ao ver a moça na sala de sua casa – Onde está meu
pai? – perguntou ele para sua irmã que se chamava Lívia.
- Ele saiu hoje cedo – respondeu sua irmã.
Lívia não era uma serva de Deus. Somente João servia ao Senhor na
casa onde morava.
- Eu não vou demorar – dizia Lívia para Maria – Você me espera
aqui que eu preciso que você me leve na loja onde você comprou
aquela roupa.
- Mas eu estou com pressa – disse Maria.
- O João fica aqui conversando com você. JOÃO. VEM AQUI!
- O que foi? – falou João assustado com o grito da irmã.
- Eu vou sair, preciso ir até o supermercado comprar carne porque
senão o papai vai ficar sem almoço. Você pode ficar conversando
com a Maria até eu voltar?
- Eu?
- SIM. VOCÊ!
João não podia negar aquele favor para irmã porque ela vivia
emprestando dinheiro para ele sempre que ele precisava. E
ultimamente ele andava precisando muito do dinheiro da irmã
porque estava passando por uma situação financeira muito difícil.
Então a irmã de João saiu e ele ficou com Maria na sala. Foi quando
ele percebeu que ela começou a falar algumas coisas anormais. Então
por fim, se deu conta que a moça estava ali na frente dele em uma
tentativa imoral de copular com ele enquanto Lívia não chegasse.
- Você me quer? – perguntou ela descaradamente. Ela estava usando
uma saia amarela muito curta.
É nesta hora que se prova que realmente ama a Deus. Dizer que
Deus é maravilhoso quando se recebe uma benção, quando se
arruma um bom emprego, quando a vida dos filhos e da família vai
de vento em popa é uma coisa. Agora provar que acima daquela
situação difícil que você humanamente não consegue vencer está a
tua comunhão com Deus é outra coisa. João poderia muito bem
aproveitar aquele momento para desfrutar de um prazer terreno e
carnal que todos os leitores deste livro sabem muito bem que é
desfrutado pelas pessoas no mundo inteiro todos os dias. Mas ele
também podia provar que vale a pena ser fiel a Deus, que nada neste
mundo está a cima da nossa salvação. Também não estou falando
aqui de renegar uma tentadora em troca de bênçãos, ou porque se
tem cargo na igreja e diante da queda a pessoa pode perder seu
salário pago pelos membros de sua denominação. Ou porque vai ser
envergonhado na frente da comunidade religiosa a que pertence. O
que está em jogo não são valores terrenos, humanos. O que está em
jogo é Deus vendo junto com os anjos e os demônios no mundo
espiritual se a pessoa vai vencer aquela tentação ou não. O que está
em jogo é se a pessoa vai passar a eternidade dela no céu ou no
inferno e não somente onde vai passar mais como vai passar porque
tanto o sofrimento no inferno como o grau de felicidade que a
pessoa terá no céu dependerá do quanto ela foi fiel a Deus aqui na
terra e de quantas tentações ela venceu.
João começou a pensar nisto tudo rapidamente. Mas ele sabia que o
único meio de conseguir ser fiel a Deus nos momentos de tentação é
resistir, suportar e combater:
- Eu estou apertado para ir no banheiro – disse ele ao resistir à
tentação.
A moça olhou sem graça para ele. Mas aquele não seria o único
momento que João teria que renegar Maria. E outros momentos ela
apareceu na casa de João se oferecendo para ter algum tipo de
contato íntimo. Na primeira vez foi quando ele havia acabado de sair
do banheiro. Ela estava bem na porta. Entrou lentamente e sentouse provocantemente.
- Olhe bem para mim. Eu sei que você me deseja João – dizia Maria
para ele.
Quando ela falava aquilo ele quase acabava desejando mesmo. Mas
graças ao grande segredo que é ensinado neste livro ele conseguia
escapar ileso daquela tentação. Agora ele estava tendo que suportar a
tentação que pelo visto não iria embora tão facilmente. Ele resistiu e
suportou. Então ele foi até a sala na tentativa de se ver longe daquela
tentação. Foi quando a irmã de João chegou e ele acabou saindo de
casa.
A tentação do sensualismo não escolhe ninguém com estrela na
testa. Ela vem para todos. Mais cedo ou mais tarde chega o
momento na vida de todo cristão que ele irá ter que enfrentar uma
tentadora. E cair em pecado nesta hora será algo devastador e
resultará em grande perca de galardão e consequências terríveis. Isto
se não resultar na perca da própria salvação.
Fazia pouco tempo que João havia aceitado Jesus como salvador.
Ele gostava muito de pregar a palavra de Deus entregando folhetos
para as pessoas no meio da rua, comércios, escolas e aglomerado de
gente. Certo dia depois de um culto monótono ele estava voltando
para casa. Foi quando avistou uma mulher que bebia e vivia na rua.
Era a mãe de Maria.
- Jesus te ama! – ele gritou para a mulher que estava do outro lado da
rua. Fazia algum tempo que ele pregava a palavra de Deus para esta
mulher.
- Vem aqui – disse a senhora.
Ao se aproximar, João percebeu que ela não estava sozinha.
- Esta aqui é minha filha. Ela é da igreja também.
João olhou para ela que retribuiu o olhar com um semblante tímido.
Ela não era serva de Deus coisa nenhuma. É da igreja? Hoje em dia
qualquer um diz que é de alguma igreja. Falar que é evangélico ou
que pertence a alguma religião parece que virou moda.
A mulher que bebia conversou um pouco com João enquanto a
moça parecia ter vergonha da mãe e permanecia calada. Foi quando
João puxou conversa com ela.
- Você é de qual igreja Maria? – perguntou ele.
- Eu gosto de ir à igreja Bíblica da fé.
Então eles começaram a conversar algumas coisas sobre Bíblia e
Deus, e a senhora que bebia não parava de falar também. Cerca de
cinco minutos depois aquela senhora disse para João:
- Você poderia acompanhar a minha filha até a casa dela. Já está
tarde. Que horas são?
- Dez horas – disse ele.
- Então, vai embora filha. Não fica na rua até tarde – disse a senhora
para Maria.
Foi nesta hora que João reparou em Maria. Uma moça bonita e bem
encorpada e que estava usando uma saia xadrez bem curta e uma
blusinha branca.
- Não liga para minha mãe – disse Maria – Eu moro bem aqui do
lado.
Nesta parte da história eu deveria colocar um fundo musical. Uma
música de suspense com muita tensão envolvida. Porque foi nesta
hora que ele se deu conta de que estava em um daqueles momentos
que eu costumo chamar de tentação. O pior é que ele não sabia o que
dizer.
João resolveu acompanhar a moça só para ver no que ia dar. Ambos
se lembravam um do outro e do que havia acontecido aquele dia na
casa de João. Mas preferiram não tocar no assunto. Eles andaram
por alguns instantes até que chegaram em uma pedra que assim
como a casa de Maria, ficava ao lado de um rio. A esta altura do
campeonato ele já havia enfrentado um turbilhão de pensamentos
negativos tentando fazer com que em algum momento que poderia
ser chamado de momento de fraqueza, ele viesse a sucumbir.
Foi quando ela sentou-se na pedra e se exibiu para João.
Mais uma vez ele teve que resistir a tentação de cair com Maria. Foi
com muita dificuldade que ele fez isto. Ele resistiu com tanta força
que achou que a tentação fosse ir embora imediatamente. Mas a
tentação não foi embora.
- Vamos entrar um pouco – disse ela que se levantou e caminhou na
direção do portão.
- Está tarde – falou ele ainda se sentindo tentado.
- Não tem problema – disse ela.
Ele acabou resolvendo entrar só para ver no que ia dar. Um erro?
Bem...até aqui eu diria que não. A verdade verdadeira é que ele não
estava acreditando que o diabo realmente tinha preparado um laço
para derrubá-lo dos caminhos do Senhor. Aquilo estava na cara
demais para ser verdade. E além do mais, desde quando uma moça
simpática como Maria estaria interessada nele? Ele nunca foi
nenhum namorador. As moças da igreja nem ligavam para ele. Seus
sentimentos eram dominados por um certo complexo de
inferioridade. Acontece que ele não podia estar mais enganado.
Maria era uma grande tentadora escolhida pelo inimigo para derrubar
João. Para tirá-lo dos caminhos do Senhor.
Ele caminhou lentamente lado a lado com Maria até que eles
acabaram chegando na porta do quarto dela. Ainda assim ele não
conseguia acreditar que ele pudesse ter alguma chance real com ela
naquela noite. A moça foi entrando como quem não quer nada
enquanto ele ficou do lado de fora. Eles conversaram por alguns
instantes neste contexto, ela lá dentro e ele no corredor. Aquela
moça ainda tinha a cara de pau de puxar assuntos relacionados a
Deus e falar em ser abençoada para conseguir quem sabe um dia, até
mesmo se tornar uma cantora evangélica!!!!!
Não pensem que tudo estava calmo na cabeça de João. Cada vez que
ele reparava em Maria ele sentia uma pontada de tentação lhe
impulsionando para fornicação e nesta hora ele tinha que suportar
aquela terrível tentação e não se entregar ao pecado. Foi quando ele
realmente se deu conta que de fato, o diabo usaria aquela moça para
afastá-lo de Deus.
Maria o convidou para entrar no quarto. Ele deu alguns passos só
para confirmar que ela realmente estava disposta a se entregar ao
pecado. Foi quando ela se apoiou no colchão e se inclinou levemente
na direção de João. A luz do quarto iluminava o cabelo de Maria
deixando ela mais loira do que antes.
- Você me acha atraente? Eu estou afim de você – disse ela.
Ele quase caiu em tentação. Não acreditou no que viu em sua frente.
Ele já havia resistido e a tentação não dava tréguas. Já estava fazendo
um enorme esforço para suportar e não cair em tentação, mas a
situação ainda continuava difícil para João. Só lhe restava fazer mais
uma coisa. Combater a tentação. E como ele fez isto? Começou a
cantar hinos de louvores a Deus bem alto. Tão alto que parecia que
iria acordar os vizinhos. Maria ficou muito chateada ao ver aquilo e
acabou praticamente expulsando João de sua casa.
- Ufa! – falou João quando saiu de lá – Não foi nada fácil vencer esta
tentação. Mas a saga ainda não havia terminado. João ainda se
encontraria com Maria mais uma vez.
João abril sua caixa de mensagens e notou que havia um e-mail
diferente. ―O dinheiro vai estar na conta ainda hoje‖. Era um e-mail
de Maria.
Do outro lado Maria ouvia um conselho com o pastor.
- Temos observado sua grande beleza, sendo de meu conhecimento
que você terminou com seu namorado a semana passada – dizia ele
para Maria.
- Hoje eu não sou mais a mesma não. Não sou aquela mulher
promíscua que fica diante de homens com olhares libidinosos – disse
Maria para o pastor. Mas era tudo mentira. Ela continuava com seus
pecados.
João que por coincidência do destino acabou na mesma igreja que
Maria pouco tempo depois do último encontro; Maria estava
querendo montar uma loja virtual que vendia roupas pela internet.
Ela havia prometido que iria depositar o dinheiro para ele.
Ele pegou o dinheiro que estava no banco, mas ainda faltava o
restante que ele havia ficado de passar na casa de Maria para pegar.
Este irmão que era muito abençoado e agora também obreiro da
igreja foi até a casa dela. No meio do caminho ele orou e louvou ao
Senhor. Ele sempre gostava de buscar a Deus. Muitas pessoas na
igreja não gostavam de João porque ele sempre repreendia alguém
por algum pecado aqui ou aquele pecado ali. Ele chegou na casa de
Maria, entrou e ficou sentado no sofá. Então Maria apontou para
uma revista e disse:
- Esta que está na capa sou eu. Quando você olhar eu acho que vai
ficar impressionado.
João pegou a revista meio desconfiado. Maria continuou:
- Sente-se aí. Toma um suco enquanto eu vou pegar um presente
para você. Mas primeiro gostaria de te fazer uma pergunta.
- Faça.
- Você tem visto muitas revistas ultimamente?
João respondeu seriamente que não tinha visto. Afinal, ele não
gostava destas coisas.
- Pois veja agora, esta da capa sou eu.
- Que Deus tenha piedade desta alma – exclamou ele quando viu a
revista.
- Gostou? - Perguntou ela acintosamente.
- Você é uma moça muito bonita. Respondeu ele formalmente.
- Já volto gatinho eu adoro te chamar de gatinho, sabia.
João esperou alguns minutos até que Maria voltasse, ela havia
colocado uma roupa branca. Ele já não se sentia muito confortável e
seus pensamentos rodopiavam a milhões tentando assimilar
informações de seu passado com Maria
- Nunca havia coberto meu corpo como agora. Disse ela com um
sorriso infantil - Estou me sentindo feliz com minha decisão de ter
virado evangélica – Maria não falava nada com nada. Ele notou que
ela trouxe uma sacola consigo - Quero que você faça um favor para
mim – disse ela, entregando a sacola para ele.
- Nossa esta pesada! O que tem aqui dentro?
- Veja você mesmo. Ele retirou algumas revistas, quando olhou
levou um susto.
- Tem 35 revistas minhas nesta sacola. Foram as que sobraram,
quero que as jogue fora no lixo do banheiro, faça isso por mim. Eu
não preciso mais disto.
Ele caminhou até o banheiro mais próximo e percebeu que havia um
cesto cheio de papel amassado. Deveria ser ali o lugar onde ele falou
para ele jogar aquelas revistas fora. Antes mesmo que ele pudesse
suspirar aliviado, ela acabou cedendo aos desejos sensuais, entrou no
banheiro rapidamente e foi tirando a roupa na frente dele.
- Pois é. Eu reparei que você estava me olhando demais. Tá
encarando porque, me achou gatinha?
A tentação agora iria provar a fé daquele servo de Deus.
Ela caminhou na direção dele enquanto dizia:
- Quando eu cheguei na igreja todo mundo ficou me olhando, mais
eu achei engraçado que quando eu falei que te achava bonito na
frente dos irmãos e você ficou procurando amizade me perguntando
mil vezes se era verdade mesmo. Eu achei estranho. Mas só que você
era diferente você nunca me discriminou. Às vezes eu pensava
comigo mesma e dizia vou provocar aquele irmão para ver se ele é
crente mesmo. Eu comecei usando aquela saia curtinha aquele dia.
Mas ai você não caiu no meu jogo. Então tive que engrossar o caldo.
Deixa eu te perguntar: Eu sou uma forte tentação na sua vida não é
mesmo irmão?
João assentiu com a cabeça. Ele se controlava para não cair em
pecado. Resistia e suportava a tentação ao mesmo tempo. No fundo,
ele ainda não estava conseguindo acreditar que aquilo estava
realmente acontecendo com ele.
-Tem hora que eu começo a perceber que você está ficando afim de
mim, ai eu resolvo provocar. Aquele dia que você me viu na rua com
a minha mãe eu vi que você começou a ficar agoniado, você via meu
corpo e parecia que ia entrar em pânico, aí você passava a mão na
cabeça e contorcia, era nítido o seu desespero. Eu percebia que havia
uma guerra dentro de você. Você tentava desviar os olhos eu admiro
muito sua fidelidade a Deus.
Cansado de tanto suportar aquela tentação, João ameaçou ir embora.
Mas não sem combater a atitude dela com uma oração.
- Eu te repreendo tentação. Deixa a vida desta moça, demônio
tentador.
O que aconteceu foi que ela tentou o irmão, mas percebeu que ele
não caiu em tentação. Ela estava testando a fé do irmão para ver se
ele realmente era fiel a Deus
-Sabe meu irmão se não fosse você eu acho que não estaria naquela
Igreja eu fui pra lá porque me separei do meu namorado e estava
muito depressiva naquela época. Foi um telefonema da moça do
departamento de telemarketing, quando eu participei dos primeiros
cultos. Eu até que gostei. Gosto de ouvir hinos e até pregações que
falam comigo. Mas logo todo mundo viu quem eu sou e eu também
nunca quis esconder nada. Mas de cara eu notei alguns irmãos
maliciosos e outros que se achavam tão certinho que pareciam ter
medo de chegar perto de mim. Eu até que me vestia
comportadamente para ir para a igreja. Teve uma moça que chegou
para mim e disse: ―Eu nem sei como você não caiu endemoninhada
no culto‖. Até que eu cansei do tratamento que eles estavam me
dando e comecei a esculachar o pessoal. Se eles não tinham respeito
por mim. Não tinha porque respeitá-los. Uma vez um irmão me
disse:
-Fiquem com Deus pessoal, agora eu vou sair com a irmã Maria - Então eu
escutei uma conversa assim – continuava ela a falar:
-Não vá ela é a tentação em pessoa.
-Verdade?
-Isto mesmo. Estes dia lá na igreja ela falou na frente de todo mundo que gostava
quando os homens da rua assoviavam para ela e pior ainda contou piadas
indecentes.
-Será que vocês estão com medo dela?
- Meu Deus, precisamos zelar pela imagem da nossa igreja. Vou falar para o
pastor para não permitir que ela seja batizada.
-Ontem eu estava falando com ela pelo MSN e ela ligou a web CAM e estava
só de biquíni na frente do computador.
Por fim, depois de contar as várias conversas e comentários de
alguns irmãos, Maria concluiu:
- Até hoje eu confesso para você que não me comportei como uma
verdadeira cristã. Mas é porque não encontrei ninguém na igreja que
realmente fosse fiel a Deus. Mas agora eu estou vendo que você é
crente de verdade. Você é mais crente que o pastor daquela igreja.
Quero que você suba comigo até o quintal para orar por mim –
então ela pegou e colocou o vestido. João acreditou no que ela disse,
afinal, ela estava parecendo sincera. Ele foi até o quintal. Estava
escuro por lá. João pigarreou e pensou por um instante com o
punho fechado no queixo.
- E então? – perguntou o irmão ansioso.
Ela então em mais uma tentativa de fazer o irmão cair em tentação
foi se despindo novamente.
- Me desculpa. Eu não consigo me controlar – disse ela esperando
algum comportamento promíscuo e libidinoso da parte dele.
Toda vez que isto acontecia a tentação tomava conta da vida de João
de tal maneira que faltava muito pouco para que ele se desviasse dos
caminhos de Deus. Só que mais uma vez ele resistiu a tentação na
esperança de que ela fosse embora. Mas a tentação não foi embora,
continuou tentando fazer o servo de Deus cair em tentação. Ele
olhou para os lados e percebeu que estava sozinho com Maria.
Poderia perfeitamente se entregar ao pecado e ninguém ficaria
sabendo. Maria ainda insistiu mais um pouco antes que ele
começasse a lançar um monte de impropérios na direção dela, pois
depois de fazer muita força para suportar aquela tentadora sem cair
em pecado, ele resolveu agir e combater aquela tentação.
- Sua endemoninhada, filha do diabo, filha do cão com a pomba gira.
Encarnação de Maria Padilha com Tranca Rua.
Ela ficou com medo. E ele continuou a ofendê-la.
- Você não passa de uma Jezabel – ele ainda fazia força para suportar
a tentação, mas percebeu que ao chamá-la daqueles nomes ela
começou a se sentir ofendida.
Foi quando ela se vestiu novamente.
Ele ainda começou a ameaçá-la.
- Se você pisar mais uma vez em qualquer igreja que eu estiver eu
vou contar para todo mundo tudo o que você aprontou comigo até
hoje. Você está me entendendo?
- Estou. Acho melhor você ir embora da minha casa já que você não
me quer. Não quero mais ouvir seus ataques.
Foi quando ele se virou e pela mesma porta que entrou ele saiu.
Antes de sair ele ainda teve que resistir a tentação mais uma vez
quando ela perguntou se ele não gostaria de voltar atrás e passar a
noite com ela. Não foi fácil suportar a tremedeira de suas pernas e a
grande descarga de adrenalina. Mas ele resistiu, suportou e combateu
mais uma vez dizendo:
- Eu te repreendo sua pomba gira.
E assim, mais um servo de Deus venceu a tentação do sensualismo.
Depois de uma longa conversa entre Romeu e o pastor que era pai
da moça que ele estava pedindo a mão, o pastor finalmente disse:
– Sim. Pode namorar com minha filha.
As coisas não andavam lá estas coisas na igreja Assembleia Mundial.
Esta é uma famosa igreja situada na capital de São Paulo.
- Irmãos – começou o pastor a pregar – Vocês precisam tomar
cuidado para não se desviarem dos caminhos do Senhor. Existem
muitas pessoas que estavam sentadas no banco em que vocês estão e
que hoje não estão mais aqui. O diabo vosso adversário anda em
derredor como um leão feroz procurando a quem possa tragar.
- Amém – disseram os irmãos em uníssono. Romeu estava sentado
do lado de Shelda sua nova namorada. De repente Romeu comentou
com o outro irmão do seu lado:
- Eu estou desempregado faz algum tempo e estou tendo
dificuldades para arrumar emprego. Me ajuda por favor.
- Irmão, Jesus disse que nós devemos trabalhar pela comida que não
perece e não por estas migalhas que o mundo nos oferece.
- Você só pode estar de brincadeira – disse Romeu.
- Eu sei de um lugar que está precisando de um ajudante. Mas
porque você não se preocupa em orar e buscar ao Senhor? – falou o
outro irmão
- Você sabia que preguiça é pecado, irmão? – brincou Romeu
- Sabia. E não me conformo como o povo de Deus pode ter tanta
preguiça em orar, ler a Bíblia e buscar ao Senhor. Preferem se enfiar
o dia inteiro no trabalho e por fim, acabam se esquecendo de que
Deus existe. Porque a tentação virá para todos e quem não estiver
devidamente preparado, irá cair no laço do diabo.
Romeu perdeu a compostura com Roberto:
- VOCÊ VAI ME AJUDAR A ARRUMAR UM EMPREGO OU
NÃO? – algumas pessoas da igreja olharam para traz para ver o que
estava acontecendo, pois Romeu tinha alterado o tom da voz. Shelda
também ficou assustada.
- Eu já disse que sei de um lugar onde está precisando de um
ajudante. Passa lá em casa amanhã que eu te levo até lá – disse o
outro irmão.
- Agora sim. Muito obrigado, irmão. Eu prometo ser fiel nos dízimos
– disse Romeu
- Para quê? Para o pastor conseguir comprar outro carro de luxo
novinho?
- Hoje você está impossível – disse Romeu que se levantou e foi ao
banheiro.
No outro dia Romeu se levantou e passou na casa do irmão com
quem ele conversara na noite anterior sobre o emprego.
- Vamos comigo até o lugar onde você disse que está precisando. Eu
vou perguntar se eles me aceitam.
- Mas o serviço não é grande coisa não. Acho que você vai ter que
limpar o chão e tudo mais.
- Não tem problema. Eu não aguento ficar sem dinheiro. Está difícil.
- Você quem sabe.
Os dois caminharam por cerca de meia hora quando chegaram a um
pequeno escritório.
- É aqui – disse o irmão apontando para Romeu.
- Me espere aqui que eu vou entrar e perguntar.
Quando ele entrou, havia uma mulher sentada atrás de uma mesa.
- Eu gostaria de saber se é aqui que estão precisando de gente para
trabalhar.
- É sim – respondeu a moça ainda sentada.
- E como faço para conseguir este emprego? – perguntou Romeu.
- Você pode começar a trabalhar amanhã mesmo se quiser respondeu a moça - Basta você preencher esta ficha aqui – disse ela
se levantando para pegar a ficha.
Quando ela se levantou, Romeu teve uma surpresa: O tamanho do
vestido dela.
- Você é secretária aqui? – perguntou Romeu com um nó na
garganta.
- Sou sim. Você vai trabalhar aqui junto comigo. Vai fazer quase a
mesma coisa que eu faço. Mas o serviço é pesado e o salário não é lá
estas coisas.
E agora? O que Romeu iria fazer? Diante daquilo que viu, ele teria
coragem de aceitar o emprego? Ele pensou.....pensou...e acabou
aceitando.
A mulher lhe deu uma ficha para ele preencher e pediu os
documentos principais que Romeu tirou do bolso e entregou para
ela.
- Até amanhã – disse a mulher para Romeu entregando uma folha
que era uma espécie de contrato para Romeu.
Quando Romeu chegou no serviço, se deparou com a secretaria,
novamente muito sensual. Usando uma blusinha bordada e muito
decotada.
– Mas o que é que você está fazendo vestida desta maneira?
– Eu trabalho aqui – disse a moça.
Romeu não acreditou no que estava vendo. Já fazia algum tempo
que ele não ficava com mulher nenhuma e a tentação veio com toda
força.
– Mas o que você faz aqui neste lugar? – perguntou Romeu
– Faço apenas algumas apresentações de propaganda de outras
firmas. Eu seguro um cartaz com o nome de outras firmas – disse a
moça esperando que Romeu a cobiçasse. Mas ele resistiu e não fez
isto.
A moça chamou Romeu para um canto.
– Me beija – disse ela
– Porque você está fazendo isto?
– Eu deixo você passar a mão em mim e você não conta nada para o
patrão, porque senão ele vai me tirar deste emprego.
Romeu viu sua mente rodopiar a milhões. Colocou as mãos na
cabeça desesperado na tentativa de suportar aquela tentação e não
cair. Ele tinha poucos segundos para decidir se iria se entregar ao
pecado ou se iria permanecer fiel a Deus.
– NÃO TENTAÇÃO – gritou Romeu na tentativa de combater a
tentadora e saiu correndo daquele lugar para não se desviar dos
caminhos do Senhor.
Imediatamente Romeu foi procurar uma floresta para orar. Ele
entrou na mata e começou a chorar e a buscar ao Senhor. O mais
importante é que ele conseguiu vencer a tentação. Isto porque ele
resistiu, suportou e combateu. Se ele não estivesse preparado, com
certeza teria se desviado dos caminhos do Senhor.
_________________
Este é um livro que vai te ajudar a vencer a pior das tentações. Você
sabe qual é a pior tentação, a mais forte, a arma mais poderosa que o
diabo tem para atacar a humanidade?
É o sensualismo! As tentações sexuais são as piores que existem. A
maioria das pessoas que vivem no mundo não tem forças para se
arrepender de seus pecados e aceitar Jesus como salvador porque
não estão preparadas para vencer este tipo de tentação.
Meu nome é Rodrigo Vasconcelos. Sou escolhido por Jesus Cristo
para mostrar ao mundo acerca da salvação e também do galardão. E
que o caminho para se vencer o pecado é resistir, suportar e
combater. Muitos pregam a respeito da salvação, mas se esquecem
de pregar sobre o galardão. Acontece que o céu não é igual para todo
mundo. Não basta ser apenas salvo. Depois que o indivíduo alcança
a salvação ele deve lutar pelo seu galardão. Eu sei que este livro será
muito polêmico para alguns cristãos desavisados e que se
escandalizam facilmente com o pecado. Mas os verdadeiros
guerreiros do Senhor sabem que não se pode vencer uma guerra sem
conhecer o seu inimigo. Na verdade este livro não é indicado para
crianças ou pessoas que se escandalizam com imagens sensuais. Eu
como autor deste livro não produzi estas imagens e nem concordo
com as mesmas. Eu as uso para mostrar a realidade da tentação com
mais autenticidade. Você precisa entender que deve estar
devidamente preparado, pois este livro é baseado em fatos reais. Isto
significa que o que acontece neste livro acontece na vida de muitas
pessoas ao redor do mundo e também irá acontecer na sua. Se você
estiver preparado para vencer a tentação, então você vencerá. Se
você não estiver preparado, então você irá sucumbir.
Este livro tem um propósito de evangelizar as pessoas também. Pois
aqueles que estão no mundo precisam estar conscientes de que
enfrentam a tentação e que o certo é aprender a vencê-las. Para os
cristãos, é imprescindível estar preparado para que não venha se
desviar dos caminhos do Senhor e pagar um preço muito caro por
isto. Eu quero agradecer desde já a todos vocês que irão tirar do seu
tempo preciso para ler todo este livro. Muitas versões e volumes do
livro estarão sendo publicadas. Fique atento para as atualizações do
livro e leia novas histórias com os melhores homens de Deus como
personagens.
Desejo a todos uma boa leitura, pois de certa forma, você também
terá que enfrentar a tentação juntamente com os personagens.
Em todos os lugares e de todas as maneiras a tentação virá para
quem quer servir a Deus. Havia um irmão que se chamava João
Batista. Ele congregava na igreja Assembleia de Deus. Ele já era
casado, tinha filhos e tudo. Fazia pouco tempo que o pastor da igreja
consagrou João Batista para obreiro. Ele trabalhava em uma empresa
que vendia e limpava piscinas. A função dele era organizar a
montagem e a limpeza delas. Certo dia foi uma moça nesta empresa
e contratou uma limpeza da piscina de sua casa. O chefe chegou até
João Batista e disse:
- Eu tenho um serviço para você. Vai neste endereço e vê o que esta
mulher quer que você faça.
- Ela vai comprar uma piscina?
- Não. Ela já tem. Me parece que ela quer que a gente limpe o lugar.
É um problema com o azulejo.
- Eu vou lá ver o que ela quer – disse João Batista que pegou o carro
da empresa e foi até a casa da moça.
Antes de chegar lá ele teve uma visão. Foi a primeira visão que Deus
mostrava para João Batista. Ele não estava acostumado com o
sobrenatural de Deus. Ele nem acreditava muito nestas coisas.
Achava que a maioria dos cristãos inventava isto. Mas ele pôde ver
claramente um homem muito feio segurando uma criança nas mãos
e o rodeando. No sonho ele estava em uma montanha. Na visão, ele
ficava parado no monte sem, contudo ver o homem (que era o
diabo), mas aquele homem deslizava em sua volta, como se estivesse
flutuando no chão. A criança era careca e feia e o diabo a segurava
no colo. João Batista ficou com muito medo e não conseguiu
entender o que significava aquela visão. Ele parou o carro e começou
a orar. Foi quando ele pegou uma Bíblia que estava do seu lado e
abriu em uma página que dizia:
―E Jesus foi levado ao deserto para ser tentado pelo diabo‖
Ele fechou a Bíblia e orou mais um pouco. Então foi até a casa da
moça que havia contratado o serviço.
João Batista desceu do carro e tocou a campainha. Pouco tempo
depois o portão se abriu. Ele entrou e logo deu de cara com Daiane.
- Olá, em que posso ajudá-lo?
- Foi aqui que pediram para limpar a piscina?
- Ah sim, foi aqui mesmo – disse ela.
- A água está muito suja?
- O problema não é na água. É dentro da piscina que surgiu um lodo
preto. Eu estou com muito nojo daquilo.
- Onde fica a piscina?
- Vem aqui que eu vou te mostrar – disse a mulher que levou João
Batista para os fundos.
Quando eles chegaram ao local, ela já foi logo mostrando.
- Está vendo aqui?
- Estou sim. Mas vai ser preciso esvaziar a piscina.
- De jeito nenhum. Esta água está limpinha.
- Mas é que...
- É só você entrar na água e limpar.
- Você quer que eu me molhe?
- Você é pago para isto, não é?
João Batista coçou a cabeça e resolveu ligar para o patrão.
- Faça o que a moça está pedindo, João – disse o homem para ele.
Então João teve que entrar na água e como estava diante de uma
mulher, fez isto de roupa mesmo. Assim que ele entrou a moça foi
até o quarto e colocou um biquíni. Pouco tempo depois ela voltou e
entrou na piscina. Nesta altura do campeonato João estava todo
molhado.
- Está conseguindo tirar a sujeira? – perguntou ela se aproximando
de João.
- Está complicado, mas estou conseguindo – disse ele.
- Vai demorar? – perguntou ela.
- Um pouco.
- Você não quer aproveitar que a gente está aqui e se divertir um
pouquinho? – disse a moça.
- Se divertir como? – perguntou João achando aquilo estranho.
A moça foi se aproximando e arreganhou o biquíni.
- O que você achou? – perguntou ela – apontando o pecado na
direção de João.
- Eu amo a Deus – disse João resistindo a tentação e saiu da água.
- Você não é homem? – perguntou a moça contrariada.
- Eu sou servo de Deus – ele resistiu à tentação mais uma vez.
Resistindo a tentação ele conseguiu evitar a queda inicial. Mas a
tentação não iria embora tão fácil assim. Ainda sentindo o efeito da
adrenalina e da testosterona em seu corpo aquele servo de Deus
perguntou se ela poderia lhe arrumar uma toalha.
Foi quando a moça saiu da piscina e os dois caminharam em direção
a uma sala. Ela entrou e ele ficou na porta porque estava molhado.
- Pode entrar – disse ela depois de colocar uma roupa.
- Não. Eu estou molhado – falou ele.
- Não tem problema – disse ela – Se você não entrar eu não vou
trazer a toalha aqui para você não.
Ele estava com frio e acabou entrando sem pensar. E poucos
minutos depois a moça voltou com a toalha. E quando ele estava se
enxugando um pouco (claro que sem tirar a roupa) ela se virou de
costas, se inclinou e segurando em uma barra de ferro e novamente
fez uma proposta indecente para ele.
Quando ele olhou para a moça naquela posição, se oferecendo
facilmente, ele teve que suportar a maior dor que ele já suportou em
toda sua vida. O poder da tentação fez o seu coração disparar e a
sensação era de que ele teria uma síncope. Ele teve que suportar toda
aquela angustia e encontrar um jeito de combater aquela tentação.
Ele estava se sentindo completamente envolvido pela tentação. Ele
já havia resistido na piscina, agora estava fazendo de tudo para
suportar a tentação e não cair, mas precisava encontrar uma maneira
de tentar acabar com aquilo tudo e se ver livre daquele drama. Ele
precisava combater a tentação. Foi quando ele levantou as mãos e
disse:
- Sai dela, demônio – esse foi o jeito que ele encontrou para
combater a tentadora.
- O quê? Você me chamou de quê? – ela ficou furiosa quando
percebeu que ele tinha rejeitado ficar com ela - Saia da minha casa –
gritou ela – Eu não quero mais seus serviços.
João saiu praticamente correndo daquele lugar. Entrou no carro e foi
embora. No meio do caminho ele entendeu o que significava a visão
que Deus havia lhe dado. João chegou em casa suando frio e quando
sua esposa perguntou o que havia acontecido ele contou toda
história para ela.
Graças a Deus que João Batista estava preparado para vencer a
tentação. Se ele não fosse um servo de Deus. Ele teria cometido um
grande pecado naquele lugar. É por isto que precisamos estar
preparado para vencer a tentação.
FABIUS
- Mas o pastor falou que Jesus iria me libertar aos poucos – dizia
Fabius para seu colega.
- Isto é conversa furada. Não confie no que estes pastores estão
dizendo. Eles parecem estar se corrompendo em cascata.
- O quê? – Fabius não entendeu.
- O fato é que você não aceitou Jesus como teu salvador – disse o
colega de Fabius.
- Aceitei – teimou Fabius.
- Você se arrependeu de todos os seus pecados? – desafiou seu
amigo.
- Bem...Eu...- Fabius titubeou.
- Percebe o erro? – disse o colega contrariado – O que acontece é
que você foi pessimamente evangelizado. Não te explicaram direito
o que é aceitar Jesus como salvador.
- Eu aceitei Jesus para Deus poder me abençoar. Me abençoar no
trabalho, abençoar minha família.
- Céu! – disse o colega exasperado – Você tem que aceitar Jesus para
ir para o céu! Para ser livre do fogo do inferno. Para ser liberto do
pecado. Para ter comunhão com Deus.
- Eu não tenho comunhão com Deus? – perguntou Fabius.
- Não – respondeu o colega com tristeza.
- E como eu faço então? – perguntou Fabius.
- Bem...Você precisa aprender a vencer a tentação. Mesmo que você
realmente se converta, que aceite Jesus de verdade, você irá acabar se
desviando caso não aprenda a vencer a tentação.
- O que é a tentação? – perguntou Fabius.
- Nem queira saber – disse o amigo com pesar – Nem queira saber...
- O quê? – Fabius ficou confuso.
- Eu vou te explicar como se vence a tentação. Você terá apenas esta
chance para aprender. Se não fizer isto, é por sua conta e risco.
- Jura? – Fabius achou aquilo interessante.
- O segredo para vencer a tentação é resistir, suportar e combater.
Logicamente você precisa estar ciente de que a tentação virá e
aprender a identificá-la. Isto é a parte fácil. Quando a tentação vier,
você terá que resistir, mas apenas resistir não é o suficiente, porque
a tentação não nos abandona inicialmente. Então você terá que
suportar – o colega de Fabius ficou pensativo por alguns segundos
– E acho que esta é a pior parte. Pois bem, por fim você terá que
combater a tentação, você não pode ser apenas uma vítima dela.
- Pera aí. Como é? Fala devagar – Fabius pegou uma caneta e
começou a anotar na capa de sua Bíblia – Resistir, suportar e o quê
mais?
- Combater – respondeu o amigo – Você entendeu a explicação que
eu te dei?
- Mais ou menos – respondeu Fabius.
- Pois acho bom você procurar se lembrar. Você vai precisar – e
dizendo isto, o colega de Fabius foi embora. Eles nunca mais se
veriam.
Pouco tempo depois.
Fabius havia arrumado um novo emprego. Pelo visto Deus estava
realmente lhe abençoando. Ou pelo menos era isto o que Fabius
pensava. Ele estava tão feliz que acabou se esquecendo da tentação.
Foi na manhã de uma segunda-feira que ele teria que provar que
estava preparado. O tentador já havia preparado tudo. A queda de
Fabius era praticamente certa. O tentador já havia feito isto com
muitos homens de Deus e eles geralmente caiam. Por algum motivo,
por mais que amassem a Deus não conseguiam vencer aos encantos
de uma tentadora.
O clímax da tentação veio quando Fabius entrou na sala onde as
funcionárias da empresa costumavam ficar à vontade. O lugar não
era feito para isto, mas elas acabaram se apropriando indevidamente
do ambiente e não houve ninguém para impedir as tentadoras de se
exibirem para os espelhos.
- Desculpe – disse Fabius para Vanessa – Eu não sabia que...
- Não se preocupe. Pode ficar se você quiser – disse Vanessa.
- É que eu...- Fabius sentiu todo poder da tentação ao reparar em
Vanessa.
- Você pode tirar uma foto minha? – perguntou Vanessa.
- Eu? – Fabius não poderia tirar aquela foto se quisesse permanecer
firme nos caminhos de Deus.
- Sim – disse Vanessa – Depois eu te dou um abraço bem apertado
em agradecimento.
A carne caída de Fabius bem que queria ganhar aquele abraço
apertado e sentir os seios pesados de Vanessa encostando-se a seu
corpo. E para vencer o desejo da carne, Fabius teria que resistir
àquela tentação. Será que ele iria resistir? Foi quando ele se lembrou
do segredo e resistiu.
- Resistir, suportar e combater – disse Fabius em voz baixa para si
mesmo tentando se lembrar das palavras que havia escrito na capa
de sua Bíblia. Ele começou a sentir um terrível terror que a tentação
lhe causava. O corpo de Vanessa era muito chamativo. Seus glúteos
eram grandes o bastante para tirar Fabius da presença de Deus caso
ele não suportasse a tentação. Será que Fabius iria suportar? Ele
acabou suportando. Mas não sem antes sentir os terríveis efeitos
colaterais da tentação. Será que Fabius iria conseguir continuar
suportando? Pois quando resistiu a tentação, se deu conta de que
teria que abrir mão de todo prazer que a carne pudesse lhe oferecer
não apenas naquele momento, mas durante toda sua vida. Isto fez
com que ele sentisse uma opressão terrível, e também fortes
distúrbios psicossomáticos fazendo com que ele sentisse falta de ar,
boca seca, tremor, palpitações no coração, vertigem e uma terrível
vontade de morrer. Foi tremendamente difícil para Fabius conseguir
suportar a tentação naquele momento. A sensação era de que aquele
momento iria lhe causar o pior trauma de sua vida com
consequências psicológicas perturbadoras.
- Resistir, suportar e combater – disse Fabius mais uma vez para si
mesmo.
- O que houve com você? – perguntou Vanessa quando percebeu a
recusa de Fabius.
- Eu preciso ir ao banheiro. Acho que vou vomitar – falou ele
colocando a mão na boca como se fosse segurar a bile. Esta seria a
primeira de inúmeras vezes que ele iria fazer isto. Estava começando
a desenvolver um tique diante do terrível poder da tentação. Não era
fácil para Fabius suportar. Não mesmo.
Assim que saiu daquele lugar ele procurou uma maneira de
combater a tentação.
- Resistir, suportar e combater – repetiu ele mais uma vez para si
mesmo – Ainda falta combater.
Assim que disse isto, Fabius começou a clamar pelo poder do sangue
de Jesus em pensamentos no afã de se livrar da terrível opressão que
a tentação lhe causava. Depois de fazer isto por alguns segundos,
começou a se sentir melhor, mas a tentação ainda não havia
desistido.
Uma semana depois.
A benção de um novo emprego para ganhar um ótimo salário
revelou ser uma verdadeira maldição para Fabius. Não havia pudor
naquele local. As funcionárias se comportavam de maneira
completamente promíscua e os dois homens que trabalhavam no
mesmo departamento que Fabius tinham um trejeito afeminado.
- Fabius – um destes homens com trejeito afeminado se aproximou
– A Vanessa perguntou se você paga um drink para ela hoje à noite.
Ela pelo visto está afim de você. Ela não é uma mulher de se jogar
fora, hein. Você tem sorte.
Fabius deu um sorriso sem graça para o homem com trejeito
afeminado e disse:
- Onde ela está?
Se eu fosse você não faria isto, Fabius.
- No departamento dela – respondeu o homem.
- Eu vou até lá – disse Fabius.
Se eu fosse você não faria isto.
- Aproveite – disse o homem afeminado.
Fabius deu um sorriso triste para ele. No fundo Fabius sabia que não
poderia aproveitar nada. Até aquele momento Fabius não havia
conseguido perceber que tudo aquilo não passava de um laço da
tentação. Foi quando chegou ao departamento onde Vanessa estava
que ele pode perceber. O fato é que ele jamais imaginou que pudesse
encontrar Vanessa vestida daquela maneira no trabalho. A verdade é
que sempre que o patrão não estava, e isto era comum, as moças
aproveitavam para se comportar como se estivessem dentro da
própria casa. Então todos começavam a usar o computador para uso
pessoal, o telefone também, a tirar fotografias, a se vestir de maneira
completamente informal, a arrumar o cabelo. E Vanessa era a mais
atrevida de todas elas. Adorava tirar fotos para colocar na internet.
- Fabius, meu amor – disse Vanessa quando o viu.
- Isto aqui é uma empresa ou um salão de beleza? – Fabius pensou
consigo mesmo. E não teve jeito. Ele acabou reparando o quanto
Vanessa era formosa.
- Você me deseja? – perguntou ela que olhava para própria fotografia
no celular.
Fabius quase disse que sim quando se lembrou de que era um servo
de Deus e de que precisava vencer aquela tentação. E como era
difícil vencer a tentação. Nunca imaginou que tivesse que enfrentar
uma tentação tão grande assim. Será que todos os cristãos que se
convertiam tinham que enfrentar uma tentação como aquela ou
Fabius era misteriosamente um escolhido para passar por aquilo?
Ele resistiu. Ao se lembrar do segredo que ele aprendeu ele acabou
encontrando forças. Se funcionou da outra vez, também iria
funcionar nesta. Será?
Tudo aconteceu da mesma maneira que antes. Assim que resistiu,
Fabius evitou sua queda imediata e neste momento começou a sentir
o terrível poder da tentação que insistia em tentar fazer com que ele
caísse em pecado. E sintomas não faltaram. Os principais sintomas
foram: tristeza profunda e duradoura (em geral mais que duas
semanas), perda do interesse ou prazer em atividades que antes eram
apreciadas, sensação de vazio, falta de energia, apatia, desânimo, falta
de vontade para realizar tarefas, perda da esperança, pensamentos
negativos, pessimistas, de culpa ou auto-desvalorização. E ele sabia
que teria que suportar. E naquele momento foi isto que ele fez,
suportou. Isto porque ele queria vencer a tentação, afinal, este livro
foi escrito para quem deseja vencer a tentação. Ele também sabia
que teria que lhe dar com outros sintomas tais como: ter dificuldade
para concentrar-se, não dormir bem, tem perda do apetite, ansiedade
e queixas físicas vagas (desconforto gástrico, dor de cabeça, entre
outras).
Isto porque ele não estava enfrentando uma tentação qualquer.
Estava enfrentando a pior tentação de sua vida. Mas ele suportou. E
foi quando se sentiu a pior vítima da tentação do mundo. Então se
lembrou de que precisava também combater a tentação. A maneira
que encontrou foi: Se fingindo de louco.
Como é? Hã?
Isto mesmo. Fabius começou a babar e a falar coisas inintegilíveis na
frente de Vanessa com a intenção de despertar o horror naquela
mulher. A esperança era de que ela não o incomodasse mais, que
pegasse aversão a ele. E isto aconteceu, mas juntamente com a
aversão, veio uma vontade muito grande em Vanessa de se vingar.
Era mais um laço preparado pelo tentador para tirar Fabius da
presença do Senhor.
No outro dia.
Vanessa estava muito chateada porque percebeu que Fabius não era
realmente louco como havia simulado naquela ocasião. A tática para
enfrentar a tentação poderia ter funcionado naquele momento, mas
acabou trazendo um efeito colateral gravíssimo para ele. Vanessa
acabou se informando melhor acerca de Fabius e ficou sabendo que
ele era uma pessoa religiosa. Ela então decidiu envergonhar Fabius e
mostrar que ele não era tão santo como pensava.
Fabius estava trabalhando normalmente em seu departamento
quando ouviu o barulho da porta se abrindo. Ele estava sozinho no
local, mas não deu muita importância a quem entrava. Enquanto
fazia o seu trabalho, ouviu o barulho de passos se aproximando.
Somente quando Vanessa estava muito próxima é que Fabius
percebeu quem era.
- Você pode me ajudar a terminar meu trabalho? – perguntou ela.
- Já estamos no final do expediente, Vanessa – respondeu Fabius.
- Eu sei. Mas eu não moro muito longe daqui. Eu quero você me
mostre como se faz algumas contas.
Fabius não sabia o que fazer. Seria mais um laço da tentação ou a
moça estava realmente apertada com o serviço?
- Vai demorar? – perguntou ele.
- Não. Eu prometo – respondeu ela.
Fabius não acreditou que a tentação pudesse ter preparado mais um
laço. Dois já estavam de bom tamanho, e além do mais, Fabius já
havia vencido, não havia porque a tentação testá-lo mais uma vez.
- Eu vou até a sua casa com você – respondeu ele inocentemente.
Se eu fosse você não faria isto.
- Ótimo – respondeu Vanessa com um olhar malicioso. Mas Fabius
não reparou nisto.
Assim que eles chegaram na casa de Vanessa ela resolveu aprontar
para o lado dele. Não havia nenhum trabalho em que Fabius pudesse
ajudá-la e descaradamente ela foi guiando-o para o quarto. Como
uma ovelha que vai para o matadouro.
- É por aqui – apontou ela para uma escada – Por aqui – disse ela
virando a esquerda no corredor – Por aqui – apontou ela para o
quarto.
- E o trabalho? – perguntou Fabius.
- Agorinha – respondeu ela.
- Bonito seu quarto – disse Fabius que começou a reparar no local.
Ele deixou de olhar para Vanessa apenas por alguns segundos e
quando olhou novamente para ela teve uma grande surpresa. Ela
havia tirado a roupa e estava seminua.
Era como se Fabius estivesse enfrentando a tentação pela primeira
vez. O poder da tentação era devastador, suficiente para fazer até os
maiores homens de Deus cair em pecado. Será que Fabius iria
sucumbir? Ele estava quase sucumbindo quando se deu conta de que
se aquele não fosse o segredo, não estaria apenas caindo naquela
tentação, mas estaria selando o destino de cair em todas as tentações
que pudesse enfrentar futuramente. E isto seria o fim de sua fé. Não
teria como ir morar no céu caindo em tentação sempre que ela se
manifestasse. Foi quando Fabius percebeu que as coisas não
poderiam ser assim. Aquele era o segredo que havia funcionado das
outras vezes, e se ele ainda não havia caído era porque o segredo
funcionava. Então ele resolveu colocar em prática.
Resistiu.
Assim que resistiu, já começou a sentir o terrível poder da tentação
lhe atormentando. Os pensamentos eram terríveis. As sensações
eram piores ainda. Era como se nunca mais fosse conseguir sentir
paz novamente. Era como se tivesse que viver durante anos na pior
miséria de sua vida. Mas ele suportou. E suportando não sucumbiu.
- É resistir, suportar e combater – disse ele para si mesmo em
pensamentos – Ainda falta combater – Foi quando ele falou para
Vanessa – Eu posso ir ao banheiro?
- Pode – disse ela preocupada. O plano não tinha dado certo.
Fabius entrou no banheiro colocou uma das mãos na cabeça e
começou exorcizar a tentação em voz baixa:
- Sai tentação. Sai tentação. Não tentação. Sai tentação.
Foi quando sentiu forças para vencer aquela tentadora. Assim que
saiu do banheiro ele já foi perguntando:
- E o trabalho – ele ficou bastante carrancudo com o semblante
fechado para Vanessa.
Vanessa então ficou com vergonha de estar seminua na frente de
Fabius e disse:
- Vai embora. Não tem trabalho nenhum.
- Então porque você me chamou aqui?
- Você sabe. Vai embora já que não me quer – foi tudo o que
Vanessa disse. Ela foi até a porta e apontou o braço sinalizando para
Fabius sair.
Esta foi a deixa. Fabius foi embora cantando o hino da vitória no
meio da rua. Ele estava impressionado o quanto o segredo realmente
funciona.
- Resistir, suportar e combater – ele repetia isto para si mesmo várias
vezes até chegar em casa – Resistir, suportar e combater.
Anchieta era missionário e pregador da palavra de Deus. Ele
ganhava muitas almas para Jesus, mas como todo mortal, era muito
atacado pela tentação do sensualismo. Ainda mais porque ele de
forma alguma, por mais que tentasse, não conseguia arrumar uma
esposa. O diabo sabendo de tudo isto, resolveu se aproveitar da
situação.
Um certo dia ele resolveu comprar um carro e foi até uma garagem.
- Oi, eu gostaria de comprar um carro – disse Anchieta para o dono.
- Pois não. Eu gostaria que você olhasse os carros, porque a gente
está com uma promoção muito grande.
Foi isto que o servo de Deus fez. Andou por alguns metros até onde
estava o carro. Imediatamente o diabo fez com que Alexis, uma
mulher loira, olhasse diferente para Anchieta. Ele usava um terno e
estava elegante. O servo de Deus ficou por algum tempo olhando os
carros. Até que uma pessoa se aproximou.
- Tudo bom? O senhor está querendo um carro? – perguntou uma
mulher.
- Sim. Você pode me ajudar?
- Eu não, mas eu conheço quem pode – disse a mulher com volúpia.
- Como assim? Não estou te entendendo – ele a encarou com
firmeza.
- É que tem uma amiga minha que quando bateu os olhos em você,
me falou que daria tudo para ter um homem assim só pra ela.
- Como é? – Anchieta começou a ficar nervoso. Ele sentiu o poder
da tentação querer o derrubar. Na mente do servo de Deus,
começaram a surgir muitos pensamentos que poderiam o levar a
queda se ele não vigiasse. Chegou a hora em que a pessoa tem que
estar realmente preparada para vencer a tentação.
- E então, você está a fim de conhecer a minha amiga.
O servo de Deus não sabia se dizia que sim ou que não.
- Ah, só conhecer? Mostra-me quem é então – disse ele sem
intenções ruins, apenas de curiosidade.
O que era apenas uma leve desconfiança se mostrou realidade.
Aquela mulher levou Anchieta até Alexis.
Quando ele olhou para ela, não acreditou que aquilo estivesse
acontecendo.
- Se você comprar este carro, você vai me ganhar de brinde. Vai
poder me levar para sua casa ou para onde você quiser – disse Alexis
para ele.
Pronto. Agora a tentação estava completa. Será que o servo de Deus
iria cair em pecado com aquela mulher?
Ele resistiu à tentação e não sucumbiu de imediato.
- Diz logo – esperou Alexis pela cantada.
Após suportar por alguns segundos a agonia de ter que vencer a
tentação e rejeitar aquela mulher ele resolveu combater a tentação
falando de Deus.
- Você precisa se arrepender de seus pecados e aceitar Jesus como
teu salvador. Eu não vou sair com você. Quando sua amiga me
procurou, eu achei que poderia ser uma brincadeira, mas agora sei
que o diabo realmente queria me tirar dos caminhos de Deus sendo
que, eu não vou pecar contra Deus. Você perdeu burguesa!
E dizendo isto, Anchieta foi embora e desistiu até mesmo de
comprar um carro. Deus ficou muito contente porque aquele cristão
estava preparado para vencer a tentação.
_______________
Se Roberto não estivesse preparado para vencer a tentação. Ele teria
caído em pecado naquele dia. Foi em sua própria casa. Sua irmã
havia convidado uma amiguinha para dormir em casa.
- Pode dormir aí no sofá – disse a irmã de Roberto para Natasha –
Amanhã a gente sai bem cedo para ir fazer algumas compras.
A irmã de Roberto não gostava dele pelo fato de que ele sempre
vivia dizendo que ela iria para o inferno se não aceitasse Jesus. No
outro dia pela manhã ele e sua irmã se encontraram no andar de
cima da casa onde moravam.
- Então! - vociferou ela. - Ainda está por aqui?
- Estou - respondeu Roberto.
- Não me venha com sorrisinhos! – disse sua irmã.
Ele apertou os olhos. Resolveu não conversar nada com ela sobre
religião.
- Não gosto do seu tom, você realmente mostra que não quer nada
com Jesus – disse Roberto para sua irmã.
- Isto é problema meu e suma da minha frente que eu vou fazer uma
escova no cabelo – ela se trancou no quarto e não quis mais saber de
conversa.
Foi quando Roberto desceu para o andar de baixo para tomar um
café e dar uma saída para evangelizar e orar.
BANGUE.
Ele se deparou com Natasha no sofá. Quando ele viu aquela moça
ele achou que estava tendo uma miragem.
―Eu devo estar sonhando. Certamente agora vou acordar‖ – pensou
ele.
Roberto esperou alguns segundos para ver se acordava enquanto
Natasha o encarava com um sorriso malicioso. Ele não acordou.
―Dessa vez está demorando‖ – pensou ele.
Foi quando desconfiou que não iria acordar e começou a perceber
que aquilo não era um sonho e sim a mais pura realidade.
A primeira parte da tentação que Roberto teve que enfrentar foi o
olhar com olhos impuros, ou seja, desejar aquela moça em seu
coração de forma promíscua.
Para que ele pudesse vencer, ele teve que dar aquela resistida inicial.
Foi quando a moça se levantou e disse:
- Você é realmente um gato. Bem que sua irmã falou.
Agora ele teve que enfrentar a tentação de partir para cima daquela
moça e começar a beijar e agarrá-la, pois ela começou a demonstrar
que se ele quisesse isto, teria condições. Em outras palavras, ela
estava dando bola para ele. Agora ele estava tendo que suportar a
dor da tentação sem contudo sucumbir.
- O que você achou de mim? – perguntou ela.
Roberto não sabia o que falar.
- Bonita? – respondeu ele sem graça.
- Só isto? – disse ela esperando alguma coisa maliciosa da parte dele.
- O que você quer que eu fale? – perguntou Roberto.
- Não quero que você fale. Quero que aja! – disse ela se entregando
por completo.
Pronto. Agora que a tentação veio com tudo para cima do irmão
Roberto. Ele teria que tomar uma decisão. Permanecer fiel a Deus e
sair dali e abrir mão daquela oportunidade ou......ceder para tentação
e aproveitar tudo o que o pecado tinha para lhe oferecer.
Ele ficou olhando para Natasha por alguns instantes. Ele precisava
continuar suportando a pressão que a tentação estava fazendo. E ele
suportou, não caiu. Agora precisava dar aquela combatida final. A
única maneira que ele encontrou naquele momento de combater a
tentação foi se livrar daquela situação o mais rápido possível. Ou
seja, fugir. Então ele virou-se para sair daqui rapidamente.
- O que aconteceu? – perguntou Natasha – Onde é que você vai?
- Sair – respondeu Roberto com tristeza no olhar.
- Você é gay. Não tem lógica. Você só pode ser gayzão – disse
Natasha revoltada.
- Eu sou servo de Jesus Cristo. Filho de Deus e não vou cometer
nenhum pecado com você.
Quando ele falou aquilo, Natasha estremeceu por dentro. Ela ficou
com medo de Roberto. Um temor de Deus começou a invadir
aquela sala. E Roberto saiu deixando Natasha ali sozinha. Quando
ele voltou, nem ela e nem sua irmã estavam mais em casa. Foi assim
que Roberto conseguiu vencer a tentação e provar que realmente
estava preparado. Mas ele sabia que esta não seria a primeira vez que
a tentação iria lhe atacar. E não foi mesmo.
ALGUNS MESES DEPOIS.
Quem acha que está seguro só porque está na igreja é porque ainda
não está preparado para vencer a tentação. Quando Roberto aceitou
Jesus como salvador, ele achou que todo mundo na igreja fosse
santo. Que aquele era um lugar de pessoas tementes a Deus. Já fazia
algum tempo que ele estava tendo provas irrefutáveis de que isto não
era verdade. Mas o xeque-mate ainda estava por vir.
Havia uma moça na igreja que cantava sempre aos domingos e que
se chamava Camila. Era uma moça muito formosa de aparência. Pele
lisa e cabelos loiros. Roberto gostava muito quando ela cantava, pois
os hinos que ela escolhia eram sempre hinos muito inspirados e a
igreja ficava bastante avivada. Eram muitos glórias a Deus e aleluias
(a igreja de Roberto era uma igreja pentecostal).
Houve um dia que Roberto decidiu ficar depois do culto para fazer
meia hora de oração. O culto acabou e ele ficou de joelhos orando,
sem se importar com as pessoas que o vissem daquele jeito. Quando
ele se levantou, viu Camila ao seu lado. Ele tomou um susto.
- Eu passei e vi que você estava orando. Achei bonito – disse Camila
que parecia ser uma moça muito espiritual (as aparências enganam).
Roberto ficou sem graça. Não sabia o que dizer.
- Eu gostaria que você passasse lá em casa para me ensinar a orar.
Eu quase não sei orar, mal consigo orar o Pai Nosso.
Roberto achou aquilo meio contraditório. Como uma moça que
cantava tão bem poderia não saber orar. Como o assunto era oração
e Roberto era um cristão muito espiritual, ele se prontificou
imediatamente para ajudar Camila.
- Você me passa seu endereço? – disse ele.
- Mas é claro que sim – falou Camila – Anota aí.
Roberto anotou o endereço em um pedaço de papel e ficou
combinado que dentro de uma semana ele iria até a casa de Camila.
Neste tempo Roberto começou a fazer uma campanha de oração
para que Deus abençoasse a irmã Camila. Mal sabia ele o que estava
por vir.
Foi quando chegou o dia; Ele se arrumou todo e foi até a casa da
irmã Camila. Ele chegou no portão e chamou várias vezes até que
com muito custo Camila atendeu.
- Desculpe – disse ela – Eu pedi para a minha mãe avisar quando ela
fosse sair, mas ela saiu e não falou nada e eu estava dormindo. Eu
sempre durmo depois que chego da escola. Camila fazia faculdade
todas as manhãs.
Roberto percebeu que Camila não estava muito animada para orar.
Mas ela se levantou com preguiça e foi abrir o portão para Roberto.
Quando ela saiu até o quintal para abrir o portão, Roberto quase
vomitou. Sentiu fortes náuseas.
―Não é possível‖ – pensou Roberto – ―Eu não estou acreditando no
que vejo‖.
Tudo o que Roberto aprendeu sobre igreja parece que estava caindo
por terra naquele exato momento. Camila estava de blusinha e
calcinha preta fio dental. Ela abriu o portão e pediu para que o irmão
entrasse.
Roberto resolveu entrar só para ter certeza do que estava vendo na
sua frente. Ele atravessou a porta e Camila entrou em seguida.
Quando Roberto se virou, Camila estava fechando a porta com
chaves.
Acontece que a tentação pegou Roberto de surpresa e quando ele
olhou para Camila daquele jeito trancando a porta. Sentiu uma
vontade enorme de cair em pecado com aquela irmã. Esta vontade
era a tentação. Ele sabia que não poderia ceder para a tentação.
Então ele resolveu resistir e ir para o andar de cima. Quanto mais
ele se afastasse de Camila, melhor seria para ele. Naquela hora ele
sentiu vontade de ir embora imediatamente.
―Será que eu vou contar tudo para o pastor?‖ – ele começou a
pensar em um milhão de coisas.
Camila achou estranho o comportamento do irmão.
- ROBERTO! ROBERTO – gritava ela – ONDE VOCÊ ESTÁ?
VEM AQUI!
Ele desceu os degraus com um olhar muito esquisito.
- Porque você está me olhando desta maneira? Não vai dizer que
você vai querer pegar a irmãzinha?
―Quanto sarcasmo‖ – pensou ele, tendo que suportar o forte desejo
de cair em pecado.
- E então...vamos começar a oração? Quem começa? Você ora em
mim ou eu oro em você – disse Camila como se nada estivesse
acontecendo.
Camila se aproximou muito. Roberto viu o corpo dela muito perto
do seu. Mais uma vez a tentação começou a gritar na cabeça de
Roberto. Ele estava quase caindo quando resolveu tomar uma
atitude drástica. Combater a tentação sendo muito ignorante com a
moça.
- Toma vergonha na sua cara, CAMILA! – ralhou Roberto com ela.
- Nossa! Mas que grosseria é esta, irmão? – disse Camila.
- Grosseria é você falar que é crente. Cantar na igreja e se comportar
desta maneira.
- Mas o que eu fiz?
- Olha o jeito que você está na minha frente – brigou Roberto com
ela.
- Então é você quem tem que se converter. Seus olhos que são
pervertidos irmão.
Roberto começou a ficar furioso com Camila.
- Eu vou contar tudo para o pastor! – ameaçava ele.
- Pode contar. E eu vou contar a grosseria que você está fazendo
comigo.
―Como pode existir uma pessoa assim‖ – Roberto não se
conformava. Camila agia como se o fato dela estar daquela maneira
fosse a coisa mais normal do mundo.
- Eu não quero aprender a orar com você não. Vai embora da minha
casa. Eu vou pedir para outro irmão com educação me ensinar.
-O QUEÊ? – Roberto parecia que iria enlouquecer - Quer saber de
uma coisa? Eu vou é sair daquela igreja antes que eu me desvie –
disse Roberto que foi embora furioso com Camila.
Antes de sair da casa dela. Ele fez uma oração agradecendo a Deus
por não ter caído em tentação. Roberto nunca mais quis saber de
frequentar a igreja em que estava. Saiu da igreja e mudou de
ministério sem dizer nada para ninguém. O importante era que ele
estava aprendendo muito sobre o mundo da tentação. E sobre os
cristãos também. Agora ele jamais olharia para a igreja com olhos
inocentes como antes. Assim é a tentação, ela não respeita igreja não.
Ela pode vir de onde agente menos imagina.
Em um mundo pecador, vencer as tentações é algo tão difícil que
chega a ser impossível. Pelo menos para a maioria das pessoas. O
importante é que ele sabia o segredo para se vencer o pecado do
sensualismo que é resistir, suportar e combater. Assim ele pôde sair
ileso.
CASTIEL
Fato Real: O pastor presidente da principal Assembleia de Deus no
Brasil (Assembleia de Belém) em Goiás caiu em adultério com a
própria empregada e teve que entregar o cargo.
Os pais de Castiel eram servos do Senhor. Quando Castiel era muito
pequeno, seus pais não o levavam para igreja. O garoto sempre
ficava com a empregada. E seria o costume de ter empregados em
casa que faria com que Castiel viesse a conhecer Sara. Quando
Castiel tinha oito anos de idade, seus pais começaram a lhe mostrar
os dois caminhos. Um era o caminho do diabo que levava ao
inferno. Explicaram para Castiel que todas as crianças nasciam
condenadas ao inferno por causa do pecado de Adão e Eva. Por isto
todos precisavam de um dia se arrepender de seus pecados e aceitar
Jesus como salvador. Quanto mais cedo isto acontecesse, mais
galardão a pessoa teria no céu. Por cerca de um ano, os pais de
Castiel lhe pregaram o evangelho exaustivamente e aos nove anos
Castiel já tinha entendimento suficiente para aceitar Jesus como
salvador de sua vida. Pouco tempo depois foi batizado e com dez
anos de idade participou da sua primeira santa ceia. Com dezessete
anos Castiel se tornou pregador da palavra de Deus e quando tinha
vinte anos resolveu que precisava de uma empregada. Ele era um
rapaz solteiro e a casa estava uma bagunça. Desde que Castiel havia
se convertido, tinha enfrentado algumas tentações. Não havia
conhecido o pecado como os outros rapazes de sua idade. Castiel já
sentia necessidade de se casar.
Logo que Sara começou a trabalhar na casa de Castiel, ele começou a
ter que lhe dar com os primeiros indícios da tentação. Sara era uma
mulher bastante atraente e sempre que Castiel olhava para ela, sentia
a tentação tentando lhe convencer para fornicar com a empregada.
- Se arrependa de todos os seus pecados e aceite Jesus como teu
único e suficiente salvador – disse Castiel para Sara em um
determinado dia.
Sara ficou muda diante do que acabara de ouvir.
- Eu...Não sei se vou conseguir. E se eu aceitar Jesus agora, e ali na
frente fazer algo que não seja da vontade de Deus – argumentou ela.
- Todos nós teremos que enfrentar a tentação. Você precisa estar
preparada para vencer a tentação – disse Castiel para Sara.
- E como eu faço para estar preparada? – perguntou Sara.
- Você precisa aprender qual é o segredo para vencer a tentação –
disse Castiel.
- O segredo para vencer a tentação? – Sara estava pensativa.
- Sim – disse Castiel – O segredo para vencer a tentação é resistir,
suportar e combater. Anota isto em algum lugar para você não se
esquecer.
- Anotar? Resistir? Combater?
- Resistir, suportar e combater. Veja bem – Castiel iria dar um
exemplo que salvaria a vida dele mesmo alguns dias depois – Pense
que você acabou de aceitar Jesus. E então aparece uma grande
tentação na sua vida. E pode ter certeza que mais cedo ou mais tarde
vai aparecer uma grande tentação na sua vida.
- Grande tentação? Como assim? – Sara não entendeu direito o que
significa uma ―grande tentação‖.
- Imagina, claro, com todo respeito e temor de Deus, que você aceita
Jesus e aparece um rapaz muito atraente na sua frente se oferecendo
– disse Castiel sendo o mais direto que podia.
Sara arregalou os olhos, mas se esforçou para tentar entender onde é
que aquele cristão queria chegar com aquela conversa.
- O.K – disse Sara.
- Quando o rapaz se oferecer – começou Castiel a explicar o segredo
– Você terá que resistir. Mas somente pelo fato de você ter resistido
a tentação, não significa que ela irá embora imediatamente. Neste
momento você terá que suportar. Mas digamos que já faz algum
tempo que você está suportando. Então você terá que combater.
Entendeu?
- Mais ou menos – respondeu Sara.
Castiel decidiu deixar o resto daquela conversa para outro dia. Então
Sara acompanhou Castiel até a sala. A moça se deitou no sofá e com
muita volúpia convidou Castiel para se sentar ao lado. Por alguns
instantes ele ficou sem saber o que fazer; não sabia se saia correndo
dali, se chorava, se dava risada, se orava; Ele sentou-se lentamente na
beirada do sofá apenas para ouvir o que ela tinha para lhe dizer.
- Vou ser direta – falou Sara – Eu gostei de você. O que você acha
da gente ficar? Podemos fazer isto por alguns dias. Eu não estou
pegando ninguém mesmo – dizendo isto, ela passou a língua no
canto da boca de maneira lasciva. Era para Castiel cair em tentação
se ele não estivesse preparado. Foi quando aquele servo de Deus se
deu conta de que de fato estava diante da pior tentação de toda sua
vida. Pelo visto não adiantou nada ele tentar fugir da tentação
durante toda sua vida. Se deu conta de que mais cedo ou mais tarde a
tentação acaba vindo para todo mundo.
E mais uma vez a tentação acabou usando Sara. Por mais que ele
tentasse fugir da tentação. Sara não se importava de se comportar
daquela maneira, mesmo estando na casa onde trabalhava.
- O que você achou de mim? – perguntou ela.
Castiel ficou estupefato diante da audácia de Sara. Não tinha sido
fácil vencer a tentação naquele momento e no outro dia acabou não
indo trabalhar para passar o dia em oração. Mas Sara não sabia, ela
gostava de ficar bastante à vontade quando o patrão não estava em
casa. Castiel então teve que enfrentar a tentação como nunca havia
enfrentado na sua vida. Por um bom tempo Castiel não esqueceria
da visão do corpo avantajado da moça bem diante dos seus olhos.
- Eu preciso resistir – pensou ele com urgência – Eu não posso cair
em tentação com Sara.
Mas já sabia que apenas o fato de resistir a tentação não seria
suficiente. Teria que suportar também se quisesse vencer. O peso de
ter que escolher Deus e rejeitar uma tentadora era muito grande.
Seria a maior tentação do mundo e a pior de todas elas. Castiel então
se lembrou de quando aprendeu o segredo para vencer a tentação.
Fazia um pouco mais de um ano que ele havia aceitado Jesus como
salvador. Foi após cair em tentação que ele aprendeu o segredo para
se vencer a tentação. Agora ele teria que provar que o segredo
realmente funcionava. Tudo começou quando ele caiu em pecado
com uma moça que havia começado a namorar na igreja. Esta moça
se chamava Gracy. Após cair em pecado e confessar para o pastor,
ele foi colocado para ficar de prova durante três meses. Neste
período ele não teria oportunidade para fazer nada na igreja e teria
que ir para o culto pelo menos uma vez por semana e não poderia
participar da santa ceia. Após três meses, Castiel procurou o pastor
para conversar e o mesmo colocou ele novamente em comunhão
com a igreja. Isto aconteceu no dia da santa ceia. Castiel tomou a
santa ceia naquele dia e no final do culto encontrou com Gracy que
estava na porta da igreja. Eles conversaram um pouco e Castiel
acabou se oferecendo para acompanhar a moça até a porta da casa
dela. Quando chegaram na porta da casa de Gracy, ela pediu um
beijo e Castiel achou que não seria pecado se apenas desse um beijo
em Gracy. Eles poderiam retomar o namoro, que havia acabado por
conta da queda de Castiel, e também poderiam se casar se tudo desse
certo. Mas as coisas não deram certo para Castiel, deram tudo errado
porque após começar a beijar Gracy a tentação veio com muita força
e Castiel não soube como fazer para vencer a tentação. Caiu em
pecado naquele dia com Gracy. No dia em que tinha voltado em
comunhão com a igreja e tomado santa ceia Castiel caiu com a
mesma tentadora que havia tirado ele de comunhão com a igreja.
Quando Castiel procurou o pastor para confessar que mais uma vez
havia caído em pecado com Gracy, o mesmo o expulsou da igreja e
disse que não queria mais ver Castiel nos cultos. Muito triste com
tudo aquilo Castiel foi para casa e começou a pensar em uma
maneira de vencer a tentação. Foi quando descobriu o segredo para
se vencer a tentação. O segredo é resistir, suportar e combater.
- A minha prima pode passar alguns dias aqui com a gente? –
perguntou Sara para Castiel – Eu sei que a casa não é muito grande.
Mas prometo que é apenas por alguns dias.
Castiel não sabia quem era a prima dela. Nunca poderia prever que
ao dizer que sim, estava selando o seu destino com a tentação
novamente.
- Se for apenas por alguns dias, eu acho que pode.
- Então eu vou falar para ela vir – disse Sara para Castiel.
O moço então foi para os fundos da casa e começou a orar e Sara
pensou que Castiel havia saído para o trabalho.
- Olá – disse Sara quando viu Castiel entrando na casa – Eu pensei
que você havia ido trabalhar – ela olhou por cima do ombro e fez
um gesto com a mão em sinal de saudação.
- Olá – disse Castiel embasbacado.
A moça resolveu pintar o cabelo de Loiro e advinha quem seria
convidado para dizer para ela se havia ficado bom ou não? O coitado
do Castiel. Isto aconteceria assim que ele chegasse em casa.
Dito e feito. Assim que Sara notou a presença de Castiel ela falou:
- Castiel! Será que você poderia vir aqui perto de mim um
pouquinho?
- O que houve? – falou Castiel que não queria ir até lá. Se o assunto
fosse irrelevante, ele poderia falar dali mesmo de onde estava.
- Você precisa vir até aqui para ver como é que ficou o meu cabelo.
Eu pintei de loiro. Agora todos terão que me chamar de Barbie. Julie
Barbie.
Castiel sentiu uma pontada e um aperto no peito quando ouviu
aquilo. Acho que não teria outro jeito a não ser ir até onde Sara
estava. Castiel então teve uma visão completa do corpo daquela loira.
Castiel já estava se sentindo um peixe fora d‘água. E naquele
momento resistiu, suportou e combateu a tentação
simultaneamente. Sabia que durante todo o tempo que Sara estivesse
naquela casa, teria que enfrentar a tentação. Foi quando se deu conta
de que nunca mais se esqueceria do grande segredo para vencer a
tentação. Estava tendo que resistir, suportar e combater tantas vezes,
que já estava até mesmo decorando estas palavras. E Castiel ainda
teria que resistir, suportar e combater muito mais ainda. Sara havia
ganhado uma garrafa de uísque de um rapaz mundano que havia
dado uma carona para ela naquela semana. O rapaz se encantou por
Sara e acabou dando o uísque que tinha no carro. E foi o prazo de
Sara começar a beber que foi perdendo a vergonha. Então resolveu
colocar seu fio dental. E para o azar de Castiel, ele chegou bem na
hora em que Sara estava daquele jeito.
Quando Castiel viu Sara em sua frente tomando aquela bebida.
Percebeu que a moça já estava de fogo.
- Um belo dia, não acha meu bom? – disse Sara lubricamente.
Mais uma vez a visão do corpo avantajado de Julie Barbie traria uma
forte tentação na vida de Castiel. Ele estava preparado para vencer a
tentação, mas até mesmo aqueles que estão preparados podem cair
se não colocarem o segredo em prática.
- Você não gosta de mim – disse Julie puxando conversa.
- Porque você está falando isto? – disse Castiel que não tinha
reparado em Julie do seu lado.
- Porque até hoje você não quis ficar comigo. Você não sabe o que
está perdendo, seu bobo. Lingua para você, ó, hummmmmm.
Castiel achou aquilo engraçado e olhou para Julie para ver se ela
estava realmente lhe mostrando a língua. Seria melhor se não tivesse
olhado.
A visão do glúteo pesado de Julie fez Castiel sentir uma coisa muito
ruim que ele julgava ser a tentação. Era uma coisa que se Castiel não
resistisse, daria lugar ao pecado. Ele resistiu com bastante força para
não desejar o corpo daquela moça. Alguns pensamentos ruins
insistiam em querer invadir sua mente e nesta hora ele teve que fazer
um esforço muito grande para suportar a tentação.
- Você tem carta de motorista? – perguntou Sara para Castiel.
- Tenho – respondeu Castiel.
- Será que você poderia ir buscar a minha prima no seu carro? Ela
ligou para mim e eu não posso ir agora porque tenho que fazer o
meu trabalho. Faz isto por mim e eu te dou um beijo quando você
voltar.
Castiel não sabia o que responder. Mas sair daquele lugar parecia
uma boa maneira de se livrar daquela tentação. Resistindo e
suportando Castiel conseguiu vencer a tentação naquele momento.
Ele sabia que ainda teria que combater a tentação, mas isto ficaria
para uma outra hora.
- Eu vou buscar a sua prima – disse Castiel saindo rapidamente
daquela casa.
Na frente da prima, a moça procurava se comportar direito. Era
apenas quando Castiel estava sozinho que ela se comportava de
maneira lubrica, lasciva.
Castiel acabou tendo que ir buscar a prima de Sara e quando chegou
naquele lugar, Rose estava encantadora. Ela parou bem de frente
para Castiel.
- Você é o Castiel? – perguntou a prima de Sara.
- Sim – respondeu ele.
- Prazer, eu me chamo Rose.
No outro dia, Castiel teve que enfrentar mais uma vez a tentação
com Sara. Foi quando chegou do serviço. A prima dela não estava
em casa.
- Oi Sara – disse Castiel quando entrou na casa sem olhar para a
moça.
- Sara não. Julie Barbie. Não vê que depois que eu pintei meu cabelo
eu fiquei parecendo a Barbie. Você me prefere assim, loira, ou
morena?
Castiel não respondeu àquela pergunta.
- Você aceita um pedaço? – perguntou ele que estava comendo um
doce. Naquele momento não teve jeito, Castiel teve que olhar para
Julie. Foi quando viu a loira extremamente sensual em sua frente.
Mas será possível? Castiel tinha que ter contratado aquela moça para
trabalhar para ele? Será que ele não se dava conta de que uma
empregada ali naquela casa seria o fim da picada. Na verdade, não foi
Castiel quem contratou Sara. Ele apenas deu o dinheiro para sua
mãe, sem saber o que ela iria fazer com ele. Foi dela a ideia de
contratar Sara.
- Está fazendo muito calor por estes dias – dizia ela para Castiel. O
calor foi a desculpa que ela encontrou para tentar justificar a maneira
que estava naquela casa sem o prévio consentimento de Castiel –
Você não vai brigar comigo, vai?
Quando Castiel viu Julie na sua frente de fio dental. Entendeu
porque ela gostava de dizer que parecia uma Barbie.
Mais uma vez, inexoravelmente, a tentação veio com tudo para
tentar fazer com que Castiel cometesse algum tipo de pecado sexual.
Poderia ser até mesmo em pensamento. Um olhar impuro que fosse,
já seria o suficiente para tirar Castiel da presença do Senhor e
permitir que espíritos malignos tomasse conta de sua vida. Mas
Castiel resistiu mais uma vez e isto lhe deu condições para vencer.
A tentação não dava uma trégua para Castiel. Uma hora era a visão
dos glúteos avantajados com bastante tecido conjuntivo adiposo de
Julie. Outra hora eram os seus seios pesados e decotados. Era uma
verdadeira visão vinda do inferno suficiente para tirar dos caminhos
do Senhor qualquer um que não estivesse devidamente preparado
para vencer a tentação e não colocasse o grande segredo em prática.
Julie iria sair e resolveu colocar uma blusinha bastante decotada.
- Você quer ir comigo até a padaria comprar pão? – perguntou ela
para Castiel que estava sentado no sofá lendo a Bíblia numa tímida
tentativa de combater a tentação. Castiel não sabia que Julie estava
vestida daquela maneira e acabou aceitando a proposta para ir com
ela até a padaria. Foi só depois de ver a forma que Julie estava
vestida que ele se arrependeu de ter dito que sim.
Julie pensou que Castiel havia sucumbido quando viu o quanto ele
arregalou os olhos e com um sorriso diabólico ela saiu
apressadamente na frente. Quando saiu no portão, Castiel perguntou
para o vizinho se ele havia visto para que lado Julie havia ido.
- Ela subiu e virou a direita – disse o vizinho – Mas que loira é
aquela – comentou o vizinho – É sua mulher?
- Não – respondeu Castiel.
- É mulher de algum conhecido? – falou o vizinho.
- Não – respondeu Castiel que reparou que o vizinho começou a
pensar em alguma besteira.
- Deixa eu ir ver se acho aquela moça – falou Castiel. Ele acabou
encontrando Julie na rua vestida do jeito que o diabo gosta.
- Eu estava apenas querendo pegar um bronzeado – disse Julie assim
que viu Castiel – Você não gosta que eu fique de biquíni em casa.
Então eu resolvi pegar um sol aqui na rua mesmo.
Ele mais uma vez teria que provar que resistir, suportar e combater
era de fato o segredo para se vencer a tentação. Nunca imaginou que
uma tentação pudesse durar tanto tempo. Ele se lembrou de quando
conheceu Sara. Naquele dia ela não era a Julie Barbie. Era apenas
Sara, ainda morena. Se lembrou da primeira vez que teve que
enfrentar a tentação com Sara. De lá para cá o inimigo tinha tentado
de todas as maneiras usar Julie para fazer com que ele se desviasse.
Mas todas estas tentações só reforçaram ainda mais a confiança que
ele tinha no grande segredo para se vencer a tentação.
- Eu vou embora – disse Castiel para Sara. Ele precisava pensar em
como faria para combater a tentação. Pensou em mandar Sara
embora, mas lembrou-se que a prima da moça estava hospedada em
sua casa.
- A minha prima está para chegar – disse Sara.
Quando chegou em casa, Castiel teve que enfrentar novamente a
tentação. Desta vez com a prima de Sara. A moça tinha acabado de
chegar e estava trocando de roupa com a porta aberta e como Castiel
pensou que estava sozinho em casa, não se preocupou em passar por
ali. Foi quando ele teve uma surpresa.
- Oi Castiel – disse a prima de Sara – Eu não sabia que você estava
em casa.
Ver a prima de Sara naquele momento fez com que a tentação viesse
com toda força. Ela usava uma roupa íntima de cor branca e um
chapéu branco para combinar. Mexia voluptuosamente em um
aparelho e parecia não se importar de Castiel estar vendo-a daquela
maneira na frente dele. Para ela aquela cena parecia bastante normal.
Mas Castiel não estava acostumado com aquilo.
Ele teve que resistir com toda força de sua alma para não cair em
tentação. Após se esforçar bastante para resistir, teve que suportar o
pior sofrimento que já suportou em toda sua vida.
- Com licença – disse Castiel – Eu vou para o meu quarto.
- Toda – falou a moça.
Castiel sabia que poderia fornicar com qualquer uma das duas. Até
mesmo com as duas, e saber disto fez com que a tentação se
tornasse a coisa mais difícil que já teve que suportar em toda sua
vida.
- Espírito Santo. Afasta esta tentação de mim – ele começou a orar
pedindo ajuda do Espírito Santo em uma tentativa de combater a
tentação. Naquele momento ele entendeu que não poderia ter uma
empregada em casa. Teria que mandar Sara embora.
Quando Sara voltou da padaria, Castiel chamou ela em um canto e
disse:
- Sara. Me desculpe. Mas você não poderá mais trabalhar para mim.
Hoje será o seu último dia. Avisa para sua prima também que ela não
poderá mais ficar aqui. Ela vai ter que ficar na sua casa.
- Mas o que aconteceu? – perguntou Sara – A minha prima aprontou
alguma coisa? Eu fiz alguma coisa que você não gostou? Se você não
tiver dinheiro para me pagar este mês, eu espero até você arrumar.
- Não é isto – Castiel estava tendo dificuldades para explicar.
Por fim, depois de muita conversa e muito choro por parte de Sara.
Ela foi embora. No outro dia, Castiel teria que arrumar a casa
sozinho. Iria lavar, passar, cozinhar, fazer tudo sozinho. Mas ele não
achou ruim. Era melhor fazer isto do que ter que conviver com duas
grandes tentadoras o tempo inteiro.
De fato.
E foi assim que este servo de Deus conseguiu vencer a tentação. Se
ele não tivesse resistido, suportado e combatido, ele teria caído em
pecado com a própria empregada. E a história do rapaz que caiu
com a namorado no mesmo dia em que entrou em comunhão com a
igreja e voltou a tomar santa ceia aconteceu na vida real. É muito
grande o número de coisas que este livro conta que é baseado em
fatos reais que já aconteceram.
RONILDO
Ronildo era um grande homem de Deus. Aprendeu a amar ao
Senhor e tinha uma vida extremamente dedicada à oração. Antes de
aceitar Jesus como salvador, tinha sido vítima das drogas, do vício e
principalmente do laço da paixão. Assim que se converteu, sentiu
uma vontade muito grande de ser pastor, mas havia aprendido que
na igreja, assim como no mundo (o que é uma discrepância) as
pessoas valem o que tem e não o que são. De forma que Ronildo
nunca conseguia ser consagrado a pastor nas denominações que
participava. Mas com o tempo, Ronildo aprendeu que ser pastor não
era a melhor coisa que poderia fazer para Deus. Ele aprendeu que o
mais importante não era ser pastor, cantor, missionário ou ter o
cargo que for; Aprendeu que o que mais interessava não era fazer
curso de teologia, não era profetizar, não era fazer milagres. Nada
disto. O mais importante que ele poderia fazer para Deus era
aprender a vencer a tentação. E ele aprendeu a vencer a tentação da
pior, e talvez, da única maneira que seja possível; Aprendeu a vencer
a tentação quando caiu em tentação. Foi com Jaelma. Havia
conhecido a moça em um evangelismo que fazia entre os mendigos
na rua. Jaelma era filha de uma das mendigas que vivia pela rua da
cidade. A queda aconteceu quando Ronildo parou no banco de uma
praça para entregar um folheto e evangelizar a mendiga. Na ocasião,
Jaelma estava por ali também, conversando com a mãe. Foi quando
a moça começou a puxar conversa com Ronildo. Ele havia caído tão
depressa, que quando havia se dado conta, já estava desviado dos
caminhos do Senhor. Após começar a conversar com Jaelma e ser
atraído pelo corpo avantajado da moça, Ronildo se ofereceu para
levar a moça em casa e no meio do caminho, resolveu se desviar para
poder tentar ficar com Jaelma naquela noite. Eles nem chegaram a
consumar o ato sexual propriamente dito. Tudo que Ronildo
conseguiu tirar daquela queda, foram beijos e passadas de mão, e
tudo isto com muitos elogios indecentes. Mas no fim as
consequências foram funestas para Ronildo. Acabou sendo possuído
por uma legião de demônios e começou a frequentar cemitérios
fazendo pactos com o diabo para poder conseguir ficar com Jaelma.
Mas como Deus tinha um chamado na vida de Ronildo, dois meses
depois desta queda, o Senhor, com seu Espírito Santo acabou
fazendo com que Ronildo se arrependesse de todos os seus pecados
e voltasse para o caminho da salvação.
Um ano havia se passado desde que Ronildo havia se reconciliado.
Pagou um preço muito caro por ter se desviado. As portas do
emprego se fecharam, o dinheiro acabou, algumas doenças
apareceram (a pior de todas elas foi um prurido, urticária que durou
dois meses) e no começo, quando Ronildo havia se reconciliado, não
tinha nem sequer um lugar para dormir. Chegou a dormir na porta
da igreja como um mendigo. O mais importante para ele era que
mesmo com tudo de funesto que havia passado, ele havia aprendido
a vencer a tentação. Mas a ‗prova dos nove‘ ainda não havia sido
tirada. E o teste seria novamente com Jaelma. A mesma tentadora
que havia derrubado Ronildo um dia, iria surgir novamente.
Foi na biblioteca municipal da cidade que tudo começou. Ronildo
havia passado lá para acessar a internet e Jaelma estava fazendo um
curso naquele local.
- Ronildo! – exclamou Jaelma quando o viu.
- Como vai? – perguntou ele cismado com a coincidência.
- Você está morando aonde? – perguntou Jaelma.
- No bairro aqui do lado – respondeu ele.
- Eu estou morando com a minha mãe aqui no calçadão. Naquele
prédio azul e branco.
- Eu sei onde fica – disse Ronildo.
- Aparece lá para a gente conversar – falou Jaelma.
- Vamos ver – disse Ronildo sem saber o que dizer.
No dia seguinte, Ronildo começou a pensar no encontro com
Jaelma. Teria algum problema em visitá-la apenas para ter uma
conversa informal? Não havia segundas intenções naquela visita.
Quando encontrou com Jaelma na biblioteca, a moça estava usando
uma roupa descente e seu corpo não chamou tanto a atenção. De
forma que Ronildo queria apenas conversar. Fazia muito tempo que
ele não conversava com alguém, principalmente com uma mulher.
Ele acabou indo até a casa de Jaelma, despretensiosamente. E se da
parte de Ronildo não havia segundas intenções, o mesmo não se
poderia dizer da tentação. Esta havia marcado um encontro com
Ronildo naquele dia, e o pior de tudo é que ele não sabia disto. Será
que Ronildo está realmente preparado para vencer a tentação?
Tomara que a resposta seja sim, visto que a tentação já chegou para
ele.
- Oi. Você veio? – disse Jaelma sorrindo para Ronildo.
- Sim – respondeu ele – Você pintou o cabelo? – ele não tinha muito
assunto em mente.
- É. Eu pintei – disse Jaelma – O que você achou? Ficou bonito?
- Ficou – respondeu ele sem saber qual seria o próximo passo.
- Entra – disse Jaelma.
Não entra não. Sai correndo.
Ronildo acabou entrando e ficou admirado com a beleza e o
aconchego da casa onde Jaelma morava.
- Sua casa é muito bonita – disse ele que continuava sem assunto.
- Você acha? Eu estou cansada deste lugar.
Ele pensou um pouco e então percebeu claramente a aproximação
da tentação. Foi tudo muito rápido. Uma olhada de relance para o
corpo de Jaelma, então ele acabou percebendo que ela parecia
interessada até demais em estar com ele naquele local e por fim
quando seus olhares se cruzaram por alguns segundos, Ronildo
sentiu um forte impulso hormonal tentando levá-lo aos maus
pensamentos. Era a tentação começando a se manifestar.
O desespero começou a querer tomar conta da alma de Ronildo e
com muito esforço ele conseguiu evitar a queda inicial. Isto não
significava a vitória sobre a tentação e nem que ele estava realmente
preparado. Mas pelo menos ele não caiu. Ele se lembrou da primeira
vez em que viu aquela moça na sua frente. A queda havia sido muito
rápida. Desta vez as coisas seriam diferentes? Será?
- Eu tenho que ir ao centro da cidade – disse Jaelma – Acabei de me
lembrar que tenho que passar no banco. Você me acompanha?
- Eu? – falou Ronildo que se engasgou.
- Sim. Você. Ou não?
- Pode ser – falou ele tentando pensar em como venceria a tentação
caso ela se tornasse mais forte.
- Eu apenas vou trocar de roupa. Tudo bem? – falou Jaelma que se
virou e começou a cascavelar voluptuosamente na frente do rapaz.
- Eu preciso ir ao banheiro – falou Ronildo.
- É por ali – apontou Jaelma para um corredor – Eu te acompanho
até lá – eles caminharam um pouco e ela apontou o dedo para um
cômodo – Aqui é meu quarto – eles passaram pelo quarto dela e
chegaram no banheiro – Eu vou me trocar enquanto isto – falou ela
que se virou.
Ele então entrou no banheiro. Era um lugar muito cheiroso e cheio
de cosméticos por todo lado. Foi quando ele começou a pensar no
segredo para vencer a tentação. Meditou no primeiro passo, depois
pensou um pouco no segundo e por fim no terceiro. Não poderia
falhar. Um pequeno erro poderia ser fatal. Um segundo de
imprudência e tudo estaria perdido.
Pensando no segredo ele saiu do banheiro e resolveu ir até a sala
para esperar Jaelma. Mas no meio do caminho teve que passar pelo
quarto dela e a porta estava aberta.
Ronildo não estava esperando por aquilo. Mas Jaelma já estava se
sentindo bastante confiante para poder se comportar daquela
maneira. A começar pelo fato de que estava em sua própria casa.
Ronildo não poderia reclamar de nada em função disto.
- O que está acontecendo? – perguntou Ronildo sem acreditar no
que estava vendo em sua frente. Os seios gigantes da moça fizeram
Ronildo sentir o maior de todos os poderes da tentação. Bem que ele
desconfiava que aquele reencontro com Jaelma poderia ter um dedo
do inimigo nisto. E pelo visto este dedo do inimigo se confirmou.
- Não está acontecendo nada – disse Jaelma – É que eu vou tomar
banho agora.
- Ah – disse Ronildo que não sabia o que dizer.
- Eu não posso mais trocar de roupa na minha própria casa? – falou
Jaelma.
- A casa é sua – disse Ronildo.
Ronildo não queria cair em tentação. Teve que fazer um esforço
muito grande para resistir e não sucumbir. Quando resistiu,
percebeu que não seria fácil para ele sair daquele lugar ileso. Ao ver
Jaelma daquela maneira e perceber o tamanho daquela tentação ele
sentiu um calafrio muito forte percorrer o seu corpo. Aquilo podia
ser efeito de uma hipotensão. Ronildo precisaria encontrar forças
para suportar a tentação, fosse como fosse, ele teria que suportar e
desta vez não poderia cair em pecado com Jaelma.
Suportando os terríveis efeitos colaterais da tentação ele procurou
um rumo pela casa. Precisava sair da frente daquele quarto
imediatamente se não poderia sucumbir.
A tentação ainda não havia terminado. Ronildo ainda se esforçava
para suportar a tentação. Ficou chocado pela sialorréia que fazia com
que a salivação da boca aumentasse.
- Eu estou babando? – pensou ele consigo mesmo.
De fato, não estava sendo nada fácil para Ronildo ter que suportar a
tentação a que foi submetido. E o golpe de misericórdia ainda estava
por vir.
- Ronildo – chamou Jaelma do quarto – Será que você poderia vir
aqui um pouco?
- Eu vou se você não estiver com os seios de fora – falou ele.
- Eu não estou. Está bem para você? Pode vir – disse Jaelma.
Jaelma havia vestido um sutiã. O que ela não havia revelado é que
não havia se vestido completamente. Foi quando Ronildo entrou no
quarto. A visão de Jaelma reavivou a tentação na vida daquele servo
de Deus.
Será que Ronildo iria sucumbir? Já havia caído com Jaelma diante de
uma tentação bem menor. Será que Ronildo estava preparado para
vencer a tentação? Ele resistiu e suportou. Mas ainda faltava
combater a tentação. Estava sendo muito difícil para ele ter que
suportar aquela tentação. Sentiu um espasmo uretral muito forte
diante da visão de Jaelma com os glúteos pesados de fora. Mas ele
estava determinado a suportar. Fazia muito força para resistir e
procurava suportar qualquer coisa que a tentação pudesse lhe causar.
Aquilo era um verdadeiro curso de apneia visto que Ronildo estava
bastante ofegante e seus pensamentos rodopiaram a milhão trazendo
em poucos segundos flashback de seu passado:
―Ronildo era um homem espalhafatoso. Divertido, sempre falava
alguma coisa que faziam as outras pessoas rirem. Aceitou Jesus
como salvador por influência de um amigo. Este convidou Ronildo
para ir aos cultos na igreja onde congregava e Ronildo acabou sendo
tocado pela pregação da palavra de Deus. Não que as pregações
fossem lá essas coisas, mas para Deus, um coração quebrantado é
uma terra fértil onde pequenas sementes podem dar bons frutos. E
Ronildo tinha um coração quebrantado. Filho de pais pobres nunca
dera muita coisa nesta vida. Parou de estudar quando adolescente
por causa de uma paixão e depois acabou se envolvendo com o
cigarro, bebidas e drogas, sendo que por causa disto foi parar no
fundo do poço. Com o trabalho nunca deu sorte para nada. Não
conseguia arrumar bons empregos, isto quando conseguia algum tipo
de emprego. De forma que Ronildo estava levando uma vida bem
frugal e de muita miséria material. Mas isto para Deus é um prato
cheio. Deus escolhe as pessoas pobres deste mundo para serem ricas
na fé.
Quando Ronildo aceitou Jesus como salvador, tudo ficou muito
colorido. Se sentia a pessoa mais feliz do mundo. Só queria saber de
ir para os cultos, pregar a palavra de Deus e começou a sonhar em
ser pastor ou missionário um dia. Lia a Bíblia todos os dias e
procurava agradar a Deus em tudo o que fazia. No começo, a maior
dificuldade de Ronildo era com os vícios nocivos. As amizades do
mundo também foram uma tentação para Ronildo, mas graças a
Deus ele conseguiu vencer as tentações iniciais‖.
Acontece que Ronildo nada sabia a respeito de tentações e do
quanto teria que enfrentá-las ao longo de sua vida. Naquele
momento ele não sabia que o maior desafio de sua fé, seria vencer
uma grande tentadora. Mas não demoraria para que Ronildo pudesse
descobrir isto porque neste exato momento, ele está conversando
com:
- Jaelma. Eu me chamo Jaelma – falou a loira.
- O quê? – Ronildo estava confuso.
- Você estava falando com alguém aí.
- Eu estava orando – disse Ronildo se dando conta de que
intuitivamente começou a orar para tentar combater aquela
tentação. Imediatamente ele se virou e foi até a sala. Estava se
esforçando muito para resistir, suportar e combater a tentação ao
mesmo tempo. Fazia uma grande força para resistir a imagem de
Jaelma no quarto daquela maneira. Fazia um esforço maior ainda
para suportar a dor e o terror psíquico que a tentação lhe causava. E
por fim, ainda tentava combater a tentação com tímidas orações. O
segredo funcionou;
Deveras.
E Ronildo conseguiu sair daquele lugar ileso.
- Tchau, Jaelma – disse ele com pressa – Eu tenho que ir.
- ME ESPERA! – gritou ela do quarto.
- Não. Eu tenho que ir mesmo – disse ele sem fôlego ainda se
esforçando para suportar a tentação.
- ME ESPERRA SEU NOJENTO – estranhamente Jaelma parecia
desesperada.
Sentindo o desespero de Jaelma e mais desesperado ainda diante dos
terríveis efeitos e nuances da tentação Ronildo saiu correndo. Ele
ainda combatia a tentação com oração. Mas naquela pressa toda ele
acabou esquecendo o celular e no outro dia quando telefonou para o
número do aparelho achando que havia perdido o celular em algum
cômodo de sua casa.
- Alô. Quem é? – falou uma voz feminina.
- Quem está falando? – disse Ronildo sem acreditar naquilo.
- Jaelma.
Quando ele ouviu aquele nome estremeceu da cabeça aos pés. Se
lembrou rapidamente do quão difícil pode ser resistir, suportar e
combater a tentação. Na teoria até poderia parecer simples, mas na
prática é uma verdadeira cena de filme de terror.
Eles conversaram rapidamente e Jaelma ficou de entregar o celular
para Ronildo em uma praça que ficava no centro da cidade. A
princípio Jaelma havia pedido para ele ir até a casa dela buscar o
aparelho, mas diante da relutância dele aceitou se encontrar com ele
em outro lugar.
- Eu não vou te esperar muito tempo – disse Jaelma para ele antes de
desligar o telefone – Vê se não atrasa.
- Tudo bem – disse Ronildo.
Ele havia chegado primeiro do que Jaelma e quem acabou se
atrasando foi ela. Ronildo já estava para ir embora quando ouviu o
barulho de uma buzina. Era Jaelma que estava dentro de um carro.
Segundos depois.
- Meu nome é Adalberto. Mas todo mundo me chama de Ronildo –
ele entrou no carro – Muito obrigado pela carona. A chuva vai
começar dentro de poucos minutos.
Ronildo nunca acreditou que aquilo pudesse acontecer com ele um
dia. Achou que estas coisas não aconteciam com quem estivesse
servindo a Deus. Se ele estivesse no mundo, até faria sentido que
aquilo acontecesse. Mas Ronildo achava que pelo fato de estar
servindo a Deus estava protegido. Protegido da tentação? Ledo
engano. Então Ronildo viu Jaelma extremamente sensual.
- Eu moro aqui – apontou ela para o motorista – Vem Ronildo,
desce. Ele tem que ir trabalhar.
- É... – ele custou a acreditar que mais uma vez estava na porta da
casa de Jaelma. Quando havia pegado aquela carona, ele achou que
eles o deixariam na casa dele. Mas não. A carona era só até a casa de
Jaelma e mais uma vez ele ouviu aquele maldito convite – Você não
quer entrar um pouco?
Não tentadora. Agora é a parte que ele sai correndo de você.
- Só um pouco. Eu estou morrendo de cede – disse ele.
Jaelma deu um sorriso malicioso, mas Ronildo não viu a cena.
Pouquíssimo tempo depois os dois estavam na cozinha
conversando. Ronildo estava um pouco reticente e com medo de ter
que enfrentar a tentação novamente.
Ele nem havia se dado conta dos nuances e de como tudo havia
acontecido. Só se lembrou de estar conversando com Jaelma e dela
dizer para ele esperar um pouco. Nem sabia exatamente há quanto
tempo estava naquela cozinha. Jaelma foi até a sala. Ronildo havia
perdido completamente a noção do tempo e tinha até mesmo se
esquecido da tentação. Estava a alguns minutos conversando com
Jaelma pelas costas sem olhar para a moça na sala e quando se
levantou para ir embora é que pode voltar novamente à realidade.
Jaelma estava usando uma roupa íntima. Um shortinho curto e uma
blusa aberta.
Como ele não estava esperando por aquilo, a tentação veio com toda
força do mundo. Veio em sua carga máxima. O peso total para um
ser humano. Intuitivamente Ronildo resistiu a tentação. Se não
tivesse feito isto, sua queda seria eminente. Assim que resistiu, ele
sentiu uma náusea muito forte. Era como se o bolo de vômito
tivesse vindo até o esôfago e voltado para o estômago novamente.
Foi tomado uma hipoestesia muito forte e então teve sua
sensibilidade completamente diminuída. A única maneira de Ronildo
não sucumbir mesmo tendo resistindo a tentação inicialmente era
suportar. Será que Ronildo iria conseguir suportar tudo aquilo e não
se entregar a tentação?
- E agora? O que é que eu faço? – pensou Ronildo consigo mesmo.
Jaelma parecia bastante tranquila. Estava a acostumada a se
comportar de maneira lúbrica, lasciva e voluptuosa diante dos
homens e para ela Ronildo era apenas mais um homem qualquer.
Aquele servo de Deus precisava pensar em uma maneira bem eficaz
de combater a tentação se não quisesse continuar sendo vítima dos
efeitos colaterais da mesma.
A maneira que encontrou naquele momento foi colocar a mão na
cabeça e dizer:
- Sai tentação. Não tentação – e por último – O sangue de Jesus tem
poder.
Fez isto por algum tempo enquanto saia de perto de Jaelma. Ele se
dirigiu para a porta daquela casa. Sabia que tinha que sair daquele
lugar imediatamente. Para conseguir sair dali sem cair em pecado, ele
fazia um enorme esforço para resistir e suportar a tentação e ao
mesmo tempo continuava combatendo a mesma.
- O sangue de Jesus tem poder. Não tentação. Sai tentação – dizia ele
freneticamente.
- Suma daqui seu louco! – gritou Jaelma da sala quando percebeu que
mais uma vez iria ser dispensada. Ela estava inconformada com
aquilo – Nunca mais volte na minha casa – disse ela por fim.
E assim foi, daquele dia em diante Ronildo nunca mais viu Jaelma.
Inexplicavelmente depois de algum tempo ele chegou a procurar a
moça novamente para conversar e tentar se explicar melhor sobre
aquele dia. Também a adicionou na internet, mas Jaelma sempre que
via algum convite de Ronildo na internet o rejeitava. Ela nunca mais
queria vê-lo na sua frente. E foi assim que ele conseguiu finalmente
vencer a tentação que um dia havia lhe derrubado. Só conseguiu
vencer a tentação quando aprendeu a resistir, suportar e combater.
MIKA
Mika gostava de doces. A casa dele era cheia de todo tipo de
guloseimas. Depois que aceitou Jesus como salvador e leu na Bíblia
que o cristão deveria controlar o apetite, Mika diminuiu bastante.
Mas ainda assim sua casa era cheia de doces. Um dia uma mulher
apareceu na casa de Mika para vender alguns produtos de uma marca
chamada Thinkcare. Era a mulher mais atraente que Mika já tinha
visto na vida até então, mas não seria esta a grande tentadora na vida
de Mika, pelo contrário, por ironia do destino, seria atravéz da
história que ela iria contar que ele aprenderia o segredo para se
vencer a tentação. No momento em que Tammy chegou na casa de
Mika, ele começou a ter sensações com a qual não estava
acostumado a lhe dar. Como um verdadeiro servo de Deus que ele
era, obviamente não se entregou aos pensamentos lascivos. Mas
Tammy percebeu que havia alguma coisa de estranho com aquele
homem enquanto apresentava os produtos da Thinkcare para ele
porque geralmente isto não acontecia sem que ela ouvisse boas
cantadas. Algumas clientes nem gostavam dela porque seus maridos
a cantavam discaradamente.
- Você é puritano também? – perguntou Tammy.
- Como assim? – Mika não entendeu.
- Você me lembra a pessoa que me iniciou na venda dos cosméticos.
Ele era tão puritano que mesmo eu ficando de fio dental na frente
dele, ele resistiu.
Mika ficou chocado ao ouvir aquela mulher dizendo que ficou de fio
dental na frente de alguém, e mais chocado ainda quando ouviu que
tal pessoa resistiu.
- E como ele conseguiu? – perguntou Mika curioso.
- Não foi fácil para ele – disse Tammy – Ele sofreu tanto, coitado.
Deve ter sido muito difícil suportar.
Mika levou outro choque ao ouvir a tentadora falando no homem e
a palavra suportar ganhou destaque na mente de Mika.
- Ele era crente? – perguntou Mika para Tammy.
Então Tammy se lembrou de Rodrigo (tem esta história no livro).
- Ele era – disse Tammy – O Rodrigo também, mas este acabou
dando o tapinha.
- Tapinha? – Mika não entendeu.
- No meu bumbum – disse Tammy com malícia – Eu acho que
tenho umas fotos aqui. Vou te mostrar – então ela pegou a bolsa e
tirou algumas fotos monstrando-a para Mika.
Mika quase se desviou dos caminhos de Deus ao ver aquelas fotos.
O que o salvou foi o que Tammy falou em seguida:
- Ele me combateu como se eu fosse um monstro.
Então Mika teve um vislumbre do contexto geral. Tammy estava
falando de um cristão que havia vencido a tentação porque segundo
ela, primeiro, ele tinha resistido, segundo, ele tinha suportado e por
último tinha combatido. Se aquele cristão que ela chamou de
puritano conseguiu vencer aquela tentação que parecia ser a pior
tentação do mundo, então Mika acreditou com toda força de sua
alma que aquele certamente seria o segredo para se vencer a
tentação.
- Como ele combateu? – perguntou Mika para Tammy.
- Oh sim! O puritano – disse Tammy – É uma história longa e
naquele dia eu parecia estar possessa.
- E então? Vai ficar com os produtos? – perguntou Tammy – Se
você ficar eu deixo você dar um tapinha também – ela riu
maliciosamente.
Mika pensou que fosse cair em tentação naquele momento. A
princípio achou que valeria a pena se desviar para poder dar aquele
tapinha. Mas antes ele resolveu testar aquilo que Tammy havia
falado. Então ele começou resistindo. Percebeu que isto impediu
sua queda imediata, sendo assim ele começou a se esforçar para
suportar, então percebeu que fazendo isto teria condições de vencer
a tentação. Estranhamente começou a se sentir vítima da tentação e
neste momento entendeu o quanto fazia sentido a última declação de
Tammy dizendo que aquele cristão havia combatido.
Mika se sentiu a pessoa mais feliz do mundo por ter aprendido o
segredo para se vencer a tentação. Quando Tammy mostrou aquelas
fotos para ele e disse que ele poderia dar o tapinha também se
comprasse os produtos, Mika achou que não teria condições de
vencer a tentação e estava começando a se sentir profudamente
depressivo pelo fato de que naquele dia acabaria sucumbindo. Ele
sabia que seria muito triste se desviar dos caminhos do Senhor. Mas
quando percebeu que Tammy sem querer havia lhe ensinado o
segredo para se vencer a tentação ele falou:
- Eu vou ficar com todos os seus produtos.
- Safadinho. Gostou do meu bumbum, né – disse ela com orgulho
de si mesma.
- Não é por isto que vou te comprar os produtos.
- Não entendi – disse ela.
- Vou te comprar os produtos em agradecimento ao fato de você ter
me ensinado o segredo para se vencer a tentação.
- Segredo? Você pirou? Não te ensinei nada.
- Ensinou sim. Muito obrigado. Agora sei que nunca mais vou me
desviar dos caminhos do Senhor.
- Oh não! – disse Tammy frustada – Você também?
- Toma o cartão. Passa aí na maquininha.
- Ai que delícia – disse Tammy feliz com a venda.
Ela creditou os produtos e quando foi entregar a mercadoria para
Mika ele disse:
- Quer saber, pode ficar pra você. É presente. Não vai vender hein, é
seu.
- Jura? – disse ela.
- Você merece – disse Mika.
Tammy olhou mais uma vez para as fotos e então olhou para o
próprio glúteo por cima do ombro e Mika percebeu que ela havia
entendido errado.
- Não é por isto – disse ele – É por ter me ensinado o segredo para
se vencer a tentação.
- Você é louco – disse ela com carinho – Eu não te ensinei nada –
então ela se levantou – Bem, eu vou indo. Muito obrigado.
Mika não se arrependeria de ter presenteado Tammy, pois dias
depois teria caído em pecado se não soubesse do segredo que havia
aprendido naquele dia.
O telefone de Mika tocou.
- Alô – atendeu ele.
- Mika – disse um irmão da igreja – Preciso de sua ajuda.
- O que houve? – perguntou Mika.
- A minha irmã pegou férias e veio aqui para a cidade passar o mês.
Mas aqui em casa só tem um quarto e ela disse que não quer dormir
no sofá da sala. Será que você poderia me alugar um quarto por um
mês? Eu pago o aluguel.
- Para você? – perguntou Mika.
- Para minha irmã. Ela está aqui em casa chorando achando que eu
não gosto dela. Disse que vai contar para minha mãe que eu deixei
ela na rua. Você pode me ajudar? Eu sei que sua casa é grande.
- Tá bom – disse Mika sem achar que a irmã do amigo cristão fosse
grandes coisas.
- Então eu vou anotar teu endereço para ela. Quando der eu passo aí
também. Você pode me fazer outro favor?
- Qual? – perguntou Mika.
- Eu só tenho o dinheiro do aluguel. Você paga o taxi para ela?
Mika revirou os olhos e disse:
- Pago, irmão – então desligou o telefone na cara do amigo.
Cerca de meia hora depois um carro parou na casa de Mika. Logo
em seguida o interfone tocou. Mika foi pessoalmente abrir a porta.
Quando abriu já foi falando sem reparar direito na mulher.
- Eu vou ter que dormir no sofá por sua causa. Não tenho duas
camas – disse Mika e quando reparou na loira que estava na porta
não acreditou que fosse ela – Desculpe. Achei que era a irmã de um
amigo meu. Você deve estar procurando pelo vizinho, as pessoas
sempre erram o endereço dele.
- Você é o Mika? – perguntou a loira.
- Sim – disse ele.
- Meu irmão me deu seu endereço. É aqui que eu vou ficar?
Fica ficou tão estupefato com aquela mulher que não conseguiu
responder direito, apenas falou que ia pagar o taxi.
- Enquanto isto eu vou tirar esta roupa – disse a mulher.
Mika foi pagar o taxi e a loira foi tirando a roupa e espalhando pelos
cantos como se estivesse na própria casa. Então ela achou os doces
de Mika.
- Oba! – disse ela – Este lugar é o paraíso.
Não demorou muito tempo para que Mika voltasse. Assim que
entrou na sala sentiu um cheiro muito forte. Reconheceu aquele
cheiro imediatamente, era o cheiro de seus doces. Ele foi até a
cozinha para dizer para aquela desconhecida que a única regra que
ela iria ter que seguir naquela casa era não tocar em seus doces. E
que se ela desobedecesse, eles iriam ter sérios problemas. Quando
Mika chegou na cozinha percebeu que era tarde demais.
- Eu amei esta casa – disse a loira que estava toda lambusada de
doce.
Mika não acreditou no que seus olhos viram.
- Você gosta de doce? – perguntou a loira que tinha doces
espalhados no corpo inteiro. Então ela se inclinou na direção de
Mika – Eu preparei para você.
Era Mika ter caído em pecado naquele dia. Enfrentar a tentação está
no destino de todo servo de Deus e o destino havia escolhido aquele
dia para que Mika pudesse se desviar. E depois, quem sabe o que iria
acontecer com Mika, se ele iria ou não voltar para os caminhos do
Senhor. Foi quando ele se lembrou do que Tammy havia lhe falado a
poucos dias.
- Eu fiquei de fio dental na frente dele e ele resistiu – ela dissera.
Foi o que Mika fez, resistiu.
- Você não gosta de doces? – perguntou a loira que passou o dedo
na lateral do seio e chupou o dedo.
- Deve ter sido muito difícil para ele suportar – Mika se lembrou de
Tammy llhe dizendo isto.
Foi quando ele sentiu na pele o quão difícil pode ser suportar a
tentação.
- Lambe – disse a loira – Mas não vale morder. Dói.
- Ele me combateu como se eu fosse um monstro – Mika ainda se
lembrava de Tammy lhe falando aquelas coisas – Como se fosse um
monstro...como se fosse um monstro....- as palavras dela
ricocheteavam na mente dele.
Então Mika correu para a lavanderia, encheu um balde de água. Veio
correndo na direção da loira e cchhuuááááá.
- Aaauuuuuuu – ela uivou por causa da água fria – O que significa
isto? – disse a loira toda molhada. O semblante era de purro horror
– Você é louco? Eu sou algum monstro para você me tratar desse
jeito?
Então Mika percebeu que fez a coisa mais certa que poderia ter feito.
- Ele me combateu como se eu fosse um monstro – as palavras de
Tammy reverberaram na mente dele mais uma vez.
- Me desculpe – disse Mika com pena dela.
- Não desculpo não – disse a loira começando a chorar – Eu vou
contar tudo para o meu irmão. Que você está me maltratando.
- Me desculpa – disse ele quase arrependido.
- NÃO DESCULPO – disse a loira revoltada – Eu pensei que você
fosse gostar, e olha o que você faz? – ela chorava infantilmente –
Por quê?
- Não gosto que ninguém coma meus doces – disse Mika sem graça.
- Enfia esses doces no...- ela não concluiu a frase porque começou a
chorar novamente – Onde é o banheiro? Eu preciso de um banho.
- Por ali – apontou Mika que sentia pena da loira.
A loira foi se lavar e o segredo pareceu ter funcionado como nunca.
Mika sentui a tentação abandoná-lo completamente diante daquela
cena e enquanto a loira sumiu pela casa ele começou a limpar toda a
sujeira do chão. O tempo inteiro ele se lembrava das palavras de
Tammy e depois que limpou tudo achou melhor sair um pouco.
Então ele pegou o carro e começou a andar sem rumo pela cidade
orando. Ele gostava de orar enquanto dirigia, às vezes ele pegava o
carro e passava horas dirigindo só para poder ficar orando. Quando
voltou para casa já era noite e assim que entrou viu a loira no sofá
dormindo. A sala estava uma bagunça com os pertences dela
espalhados por todo canto. Mika se lembrou do que havia feito com
ela e chegou a sentir pena. Então ele foi dormir também. Quando
deitou na cama, ele mais uma vez se lembrou de Tammy. Ficou
pensando naquele dia e no que ela havia lhe ensinado até pegar no
sono.
No outro dia ele acordou e quando abriu a porta do quarto deu o
maior azar do mundo. A loira também tinha acabado de acordar e
achando que Mika ainda estava dormindo acabou andando nua pela
casa. Quando ela viu Mika também se assustou.
- Ai! Minha perereca tá de fora – então ela se virou tapando a parte
com a mão, mas expondo o enorme glúteo na direção de Mika – Eu
fui no banheiro.
Quando Mika viu aquele glúteo gigante virado na sua direção, a
tentação fora tão forte, que ele nem se deu conta de que só não havia
caído em pecado por causa do segredo para se vencer a tentação.
Nem sei dizer como resistiu, ou o que teve que suportar. Tudo o
que podia ser visto era Mika correndo na direção da lavanderia e
logo estava voltando.
- Eu to voltando – falou Mika em alerta.
- Ui – disse a loira se virando novamente com a mão na parte.
Chuuuáááááááááááááá. A loira se tremeu todinha de frio dando um
gritinho agudo. Então ela olhou por cima do ombro para Mika.
Incrédula ela disse:
- O que você está fazendo? – a voz dela saiu trêmula – Por que está
me tratando assim?
- Eu to combatendo a tentação – disse ele com pena dela.
- Meu irmão te pagou para você fazer isto comigo? – a loira
começou a chorar – Ele me odeia. Eu sempre soube disto.
- Não! – Mika tentou dizer que o irmão não tinha nada a ver com
isto.
- Eu vou embora agora – disse ela soluçando. Então ela andou
lateralmente na parede para que Mika não a visse de frente e foi
pegando todas as suas roupas. Ela chorava cada vez mais – Eu
nunca fui tão humilhada em toda minha vida. Eu sou algum monstro
para ser tratada assim?
Então Mika apareceu na sala.
- Não vá. Me desculpa.
- Ah, mas eu vou mesmo. Não vou ficar aqui para tomar um banho
de água fria todos os dias.
- Eu não vou mais fazer isto – disse ele.
- Jura? – falou ela ainda chorando.
- Eu prometo – falou Mika.
Bom, o que eu tenho a dizer para todos vocês é que a tentação de
fato foi vencida. E também que ela passou um mês na casa de Mika.
E vocês poderiam me perguntar: Mas e a tentação?
A tentação? É...a tentação foi embora. É estranho ter uma grande
tentadora durante um mês no mesmo teto, mas a tentação parecia ter
desistido de Mika. Ou talvez fosse pelo fato dele estar mais do que
preparado e de conhecer o segredo para vencer a tentação que fez
com que ele nem se desse conta de que tivera que enfrentar a
tentação ao longo do mês. Acho também que a loira ficou
traumatizada com os banhos que levara, porque ela também não se
expôs mais pra Mika. Eles até começaram a ficar amigos.
Conversavam durante horas sobre escola, trabalho, estas coisas.
Enfim, mais um que foi salvo pelo segredo para se vencer a tentação.
A VIZINHA
Pode acontecer com qualquer cristão. Seria mais do que normal se
um cristão acabasse morando do lado de uma gande tentadora. E no
caso de Link, foi porque ele alugou uma casa onde havia outras casas
também de aluguel. Eram três residências no mesmo terreno. E em
uma destas residências morava Vivi. Inicialmente o contato de Link
com Vivi era apenas os cumprimentos de praxe. Um oi, boa tarde,
bom dia, boa noite, como vai? Estas coisas. Um outro dia ela pediu
para ele trocar uma lâmpada porque ela tinha medo. Teve também o
final do ano onde Link comeu um pouco de churrasco e até almoçou
na casa de Vivi junto com outras pessoas que estavam lá.
Inicialmente a tentação ficava apenas no plano psicológico para
Link, visto que Vivi era linda-maravilhosa e mulheres assim são
tentadoras nata. E o engraçado é que foi enfrentando a tentação no
plano psicológico que Link descobriu o segredo para se vencer a
tentação. Eu não vou detalhar aqui todo processo porque seria
exaustivo. Posso dizer apenas que Vivi todas da manhã quando
acordava parecia se esquecer de que ainda estava de pijama e andava
por todo o quintal com ele. Sendo que o pijama era decotado e
deixava as nádegas dela praticamente de fora. Então sempre que
Link via a grande tentadora naquelas condições a tentação vinha para
ele, e para não pecar em pensamentos e tendo que lhe dar com os
efeitos da tentação sempre que ele se lembrava de Vivia, ele
começou a meditar porque queria encontrar uma maneira de vencer
a tentação. E de fato, ele conseguiu aprender o segredo para se
vencer a tentação. Em uma das vezes que viu Vivi de pijama ele
entendeu que só não caiu porque resistiu. E depois entendeu que
precisava de suportar e por último chegou a conclusão que o último
passso seria combater. Na pratica demorou um certo tempo para ele
aprender e o processo fora bem mais complicado para ele. Mas ele
aprendeu o segredo. Só que, ele ainda não havia enfrentado a
tentação em último grau para saber se realmente havia descoberto o
segredo. Mas não faltaria oportunidade para ele provar que
realmente estava preparado.
O acontecimento incial foi um dia de feriado em que Link estava
sentado em uma cadeira no quintal pensando justamente no segredo.
Neste dia apareceram algumas amigas de Vivi e elas começaram a
combinar para saírem. Foi quando Vivi com uma prancha de cabelo
na mão se aproximou de Link.
- Me faz um favor? Poderia pranchar meu cabelo para mim?
- Eu não sei fazer isto – disse Link.
- É fácil. Eu te explico – disse Vivi.
Então Link se aproximou das tentadoras. Mas Vivi estava tão
ocupada conversando com as amigas que nem ligou mais para o
cabelo. Elas começaram a conversar sobre coisas de mulheres e a
falarem de coisas de mulheres e foi quando começaram a exibir os
corpos uma para outra.
- Como você é gostosona, Vivi – disse uma delas.
- Você também – falava Vivi.
- E eu gente? – perguntava a outra. Então elas se despiram e ficaram
conversando sobre suas partes avantajadas.
Detalhe. Link estava por ali e em determinado momento acabou se
aproximando demais das tentadoras para perguntar para Vivi quando
é que ela iria passar a prancha no cabelo. Sem querer, ele se
aproximou em um momento que as tentadoras estavam se exibindo
na área de fora da casa uma para a outra. Quando elas viram Link
por ali, não perderam a opotunidade de se exibirem para ele.
- Quem é mais gostosa das três? – perguntou uma delas para Link.
Vivi estava no meio das duas amigas e também se exibiu para Link
esperando ser a mais elogiada.
Bingo. Ali estava o momento exato para Link provar que realmente
conhecia o segredo para se vencer a tentação. Se ele não conhecesse,
certamente iria sucumbir diante das tentadoras.
Foi quando Link se lembrou de que havia entendido que o primeiro
passo seria resistir. E fez isto. Então ele ficou contente por perceber
que havia funcionado. Ao resistir Link conseguiu evitar sua queda e
venceu a tentação naquele momento.
- Me desculpa. Eu não sabia que vocês estavam assim – disse ele que
se virou para não continuar olhando para elas.
- Não tem problema – disse Vivi – Pode olhar à vontade.
- Diz aí de quem você gostou mais – falou uma delas.
Então as três inclinaram o glúteo novamente para serem julgadas por
Link.
- A Vivi é a mais bonita – falou ele sem malícia tendo que suportar
o maior sofrimento do mundo. Ele já sabia teoricamente que os
efeitos da tentação iriam inflingir-lhe grandes sofrimentos e de que o
segundo passo seria suportar. Também se lembrou de que o terceiro
passo seria combater e já se preparou para fazer isto pensando em
alguma maneira de fazer isto.
As duas amigas de Vivi se deram por derrotada e Vivi se sentiu
bastante lisongeada em ter sido a escolhida. Vivi pensou ter sido
cobiçada por Link naquele dia, pois não sabia que ele havia usado o
segredo para vencer a tentação.
- Não precisa mais pranchar meu cabelo – disse ela para Link – Eu
mudei de idéia.
Então ele foi embora para combater a tentação em casa, fez isto o
resto do dia atravéz da oração. Só que daquele dia em diante Vivi
mudou de atitude com relação a Link. Gostou de ter sido eleita entre
as amigas e começou a se comportar charmosamente perto de Link.
Alguns dias depois.
- Link. Prancha meu cabelo – disse Vivi que usava um roupão.
O rapaz ficou sem jeito de dizer que não e acabou dizendo:
- Sim. Mas eu não sei mexer com estas coisas.
- Eu te ensino – falou Vivi – Também vou te mostrar como se faz
para cortá-lo.
- Cortar seu cabelo? Ah, não.
- É fácil bobo. É só passar a navalha. Eu te mostro. Vamos sair
hoje?
- Sair? – Link não percebeu que a tentação estava armando um laço
para ele – Para onde? Eu não bebo.
- Vou passar o dia no hotel onde eu trabalho. Quero que você
conheça o lugar. É lindo. Super chique. Lugar de gente rica. Eu to de
carro hoje, eu te levo.
Era destino de Link ter que enfrentar a tentação naquele dia porque
ele nem pensou direito nas implicações de aceitar aquele convite e
acabou dizendo:
- Então tá. Eu vou.
- Que legal. Entra. Vem pranchar o meu cabelo.
Confiante de que tudo estava sob controle Link acabou entrando
dentro da casa de Vivi para pela primeira vez pranchar o cabelo de
uma mulher. Foi quando ela tirou o roupão e se sentou em uma
cadera. Ela pegou a prancha e entregou para ele:
- Vem – disse ela – Você fica atrás de mim e divide meu cabelo em
mechas – então ela inclinou o glúteo na cadeira sensualmente
insinuando que Link poderia desfrutar daquela visão o tempo inteiro.
Link resistiu a tentação de pegar naquela prancha.
- O que houve? – perguntou Vivi.
- Eu não sei fazer isto – falou Link que teve que fazer tanto esforço
para suportar a tentação que começou a ter tiques motores: torcer
ou coçar o nariz, piscar os olhos, fazer caretas.
Quando Vivi reparou naquela emissões de um sons ou a realização
de um movimento rápido, repentino, recorrente, sem ritmo e
estereotipado, ela perguntou:
- Tudo bem?
Foi então que Link arrumou uma desculpa para se retirar da casa da
tentadora.
- Eu preciso ir ali em casa – falou ele no afã de combater a tentação
o mais rápido possível.
- Agorinha eu passo lá para nós irmos. Eu vou me trocar.
Link entrou em casa tropeçando nas coisas, esbarrando nas portas,
cambaleando entre as paredes e foi direto para o banheiro lavar o
rosto. Quando se olhou no espelho a expressão era de puro terror.
Não imaginou que suportar a tentação pudesse ser tão terrível assim.
Então ele mais uma vez começou a combater a tentação em oração.
Não demorou muito para que Vivi o chamasse na porta.
- Vamos Link – disse ela.
Link poderia perfeitamente ter recusado aquele convite, mas ele
achou que se fugisse da tentação ou que se acovardasse para ela,
seria um sinal de que não estaria preparado. Decidiu então não ter
medo de nada o que pudesse enfrentar, porque se ele realmente
tivesse certo quanto ao segredo para se vencer a tentação, não
poderia cair em pecado, não importa qual tentação tivesse que
enfrentar. E com toda coragem do mundo ele decidiu ir até aquele
hotel com aquela tentadora. Ele sabia que poderia enfrentar a
tentação novamente, mas decidiu que precisava de provar para si
mesmo que estava preparado. Grandes glórias, grandes riscos!
Vivi estava bem vestida desta vez e durante o trajeto até aquele hotel
Link não teve problemas com a tentação. Ela falava no serviço o
tempo inteiro e ele pensava no segredo o tempo inteiro. Até que eles
chegaram.
- Estou com as chaves de um quarto no décimo andar. Você vai ver
que bonito a vista.
Tirando o fato de Vivi ser uma grande tentadora até que Link estava
gostando do passeio. O lugar era realmente deslumbrante e ele
nunca havia frequentado um lugar tão opulento assim. Eles subiram
de elevador com Link num silêncio mórbido. Quando entraram no
quarto Vivi disse:
- Vou cortar meu cabelo.
Ela então tirou uma navalha da bolsa e começou a cortar as pontas
do cabelo arrancando boas mechas com a navalha.
- Estes cabelos pinicam – disse ela depois que terminou – Acho que
vou tomar um banho. Enquanto isto você pode ir admirando a vista
– ela apontou para a sacada – Vai ali para você ver – então ela foi se
banhar.
Link ficou por alguns instantes admirando a vista da sacada.
Também aproveitou o momento para pensar no segredo para se
vencer a tentação. Foi quando ele percebeu que Vivi se aproximava.
- É lindo, não? – falou ela.
- Sim – respondeu ele.
Então ela se interpôs na frente de Link exibindo seu imenso fio
dental. Ela estava sem blusa e talvez alguém lá debaixo poderia vê-la
daquela maneira. Vivia parecia não se importar.
- Gostou do meu cabelo? – perguntou ela.
Não foi o cabelo dela que chamou a atenção de Link. Foi quando ele
se deu conta do tamanho do laço em que havia caído. Estava em um
quarto de hotel com a mulher que tinha os maiores glúteos que ele já
vira em toda sua vida. E o pior, estes estavam sendo exibidos
lascivamente. E o pior, pelo comportamento de Vivi aquilo parecia
ser apenas o começo de algo muito mais pecaminoso.
- Tem um homem ali embaixo –disse Vivi – Acho que ele está
olhando para minha bunda. Vou sair daqui, só deixo o Link ver.
Com aquela grande tentadora bem na sua frente naquele quarto de
hotel, Link ficou com tanto medo do segredo para se vencer a
tentação falhar que acabou urinando nas calças. E depois disto
resistiu. Então percebeu que não havia razão para o medo. Resistir
realmente funcionou.
- TIRA O OLHOS. É DO LINK – gritou Vivi da sacada.
Então Link começou seu próprio drama para conseguir suportar a
tentação que veio como nunca até então. O esforço para suportar a
tentação foi sobrehumano e os resultados de tal esforço vieram
atravéz dos tiques que Link começou a ter naquele momento
caracterizado por contrações, abalos rápidos ou movimentos tais
como, piscar de olhos ou abalos rápidos da cabeça de um lado para o
outro apresentando piora durante aquele momento de cansaço e
estresse. Movimento rápido, breve e sem sentido que ocorria em
ataques como um excessivo piscar de olhos ou olhar de soslaio e
novamente piscar de olhos, ficar estrábico, uma rápida virada de
olhos, rodar os olhos ou arregalar por breves minutos. Quem
olhasse para Link veria uma expressão de olhar como de surpresa,
esquisito ou olhar para um lado por curto período de tempo, como
se escutasse um barulho, movimento brusco de nariz, morder a
língua, mastigar os lábios ou lamber os lábios, fazer beiço (esticar os
lábios), mostrar ou ranger os dentes, dilatar as narinas como se
cheirasse algo, sorrir ou outros gestos que envolvam a boca,
realizando expressões engraçadas ou colocar a língua para fora
(protusão), flexão ou extensão rápida dos braços, morder as unhas,
cutucar o nariz com os dedos, estalar as juntas dos dedos. Ele
deveria estar sofrento muito mesmo para suportar e os tiques eram
tão forte que ele contava com os dedos sem finalidade ou tiques
como tossir, pigarrear, fungar, assobiar, ranger, grunhir, bufar, sons
silábicos tais como: ―uh!‖, ―oh!‖, ―eee!‖, ―bu!‖, piscadelas, franzidos
de nariz, caretas e estrabismo ou vesgueira. Vocalizações ocasionais
que incluiam vários sons de garganta, zumbidos e outros barulhos,
mioclonias, tremores, coréia, atetose, distonias, movimentos
acatísticos, discenesias paroxísticas, movimentos balísticos e
hiperplexia. A tentação parecia que iria enloquecê-lo, mas ele tinha
que suportar.
De fato foi mais difícil para Link suportar do que ele havia
imaginado que pudesse ser quando pensava no segredo para se
vencer a tentação. Desesperado ele então decidiu que precisava de
encontrar uma maneira de combater a tentação. Como das últimas
duas vezes ele havia feito isto atravéz da oração, resolveu repetir a
dose.
Link saiu de perto de Vivi deixando-a naquela sacada e foi para o
banheiro. Chegando lá começou a orar como se estivesse no monte.
Imediatamente Vivi ouviu aquele escândalo todo que vinha do
banheiro.
- O que está acontecendo aí? – pergutou ela preocupada e como
Link continuou com a barulhera ela aumentou a voz – O QUE
ESTÁ ACONTECENDO AÍ NESTE BANHEIRO?
Link então fez silêncio. Vivi se aproximou e bateu na porta.
- Abre aí – disse ela.
- Não – respondeu Link.
- Isto é uma ordem – disse Vivi – Abre esta porta.
- Só se você se vestir – falou Link desesperado.
- Por que isto? – ela não entendeu.
- Eu sou crente – disse ele ainda lutando para suportar a tentação.
- Você o quê? – perguntou a tentadora.
- CRENTE! – falou Link desesperado.
Alguns segundo depois Vivi bateu novamente na porta do banheiro.
- Pronto. Já estou vestida. Vamos.
- Vamos aonde? – disse Link.
- Embora – falou Vivi seriamente.
Link abriu a porta do banheiro e milagrosamente Vivi estava
modestamente vestida. Blusa fechada e calça larga. Eles saíram do
apartamento em silêncio. Vivi tinha o cenho franzido o tempo
inteiro e se mantinha sempre séria. No carro ela não disse uma
palavra pois continuava com aquele semblante de sargento. Logo
eles chegaram onde moravam e Vivi apenas disse:
- Chegamos. Desce.
Link desceu do carro sentindo vergonha de si mesmo e sem dizer
nada Vivi saiu de carro novamente. Link nunca mais viu Vivi na
vida. Alguns dias depois apareceu um caminhão de mudança levando
os móveis de Vivi.
E qual o mais importante de tudo para Link? Ele venceu a tentação!
Ele realmente havia aprendido o segredo e desde aquele dia não
tinha a menor dúvida de que o segredo realmente funciona! E
quanto a Vivi, quem se importa. O mais certo é orar pela salvação
das grandes tentadoras e tentar mantê-las o mais longe sempre que
possível.
Depois que Mario se converteu a sua vida desabou. Não que a sua
vida fosse tão boa assim antes de aceitar Jesus como salvador, mas
pelo menos ele tinha um trabalho. Devido ao fato do patrão de
Mario não gostar de crente, quando Mario chegou no serviço com
uma Bíblia na mão e ainda por cima dizendo para os funcionários
que eles tinham que se arrepender de seus pecados e aceitar Jesus
como salvador, o patrão dele acabou mandando Mario embora no
mesmo dia. Daí para frente foram incontáveis tentativas frustradas
de conseguir arrumar um emprego ou algo que lhe desse alguma
remuneração. As dificuldades financeiras foram todas possíveis, as
vezes não tendo o dinheiro para comprar as coisas mais básicas para
se viver uma vida aqui na terra. De qualquer maneira Deus cuidava
de Mario e o mais importante é que no meio deste deserto todo a
comunhão entre Mario e Deus só crescia cada vez mais. Um crente
fiel não tendo que trabalhar o dia inteiro acaba procurando consolo
na oração e nos estudos para Deus. E Mario orava muito, às vezes
chegava a orar oito horas no dia. Os anos foram se passando e Mario
um certo dia acabou arrumando um emprego. Foi indicação de um
irmão da igreja. Querem saber da verdade? Antes ele continuasse
desempregado. Nesse novo emprego que ele arrumou iria enfrentar
as maiores tentações de toda sua vida. Era a mãe e a filha. Ambas
loiras. Uma se chamava Kelen, a mãe. A outra se chamava Vanessa,
a filha. Quando perguntavam para Mario qual foi o serviço que ele
havia arrumado, ele dizia que estava trabalhando como ajudante
geral em uma pequena empresa. Ajudante de pequena empresa nada.
Ele trabalhava mesmo era como badecão de Kelen e Vanessa. Mas o
dinheiro que ele ganharia não seria tão ruim. Quase três salários.
Nada mal para um pau mandado que nem ele.
Era uma quarta bastante ensolarada. Estava fazendo um calor muito
forte e Mario mais uma vez saia para trabalhar. Ele chegou em um
pequeno escritório e naquele dia estava tudo fechado. Teve que
chamar e foi Vanessa quem atendeu.
- Entra – falou ela abrindo o portão. Ele entrou pelo escritório e foi
até a casa que ficava nos fundos – Minha mãe saiu e sem ela não
adianta nem abrir porque os clientes ficam fazendo perguntas que eu
não sei responder – falou Vanessa. Elas eram dona de uma pequena
empresa de segurança residencial. Vendiam alarmes, câmeras, cerca
elétrica e outros acessórios do gênero.
Mario naquele dia não tinha nada para fazer e ficou por ali esperando
a patroa chegar, mas a mãe de Vanessa começou a demorar muito.
- Eu estou com muito calor – disse Vanessa em determinado
momento.
- Eu também – falou Mario.
- O que você acha se a gente arrumar um jeito de se refrescar – falou
ela.
- Do que você está falando? – perguntou Mario sem entender o
convite.
- Deixa comigo – falou Vanessa que começou a desenrolar uma
mangueira que ficava nos fundos da casa.
Mario ficou pensativo e resolveu ir até o escritório para pelo menos
limpar alguma coisa que estivesse suja por lá. Pouco tempo depois
Vanessa chamou Mario e ele foi até os fundos da casa para ver o que
ela queria. Quando chegou lá não acreditou no que seus olhos
estavam vendo. Vanessa estava de biquíni e pelo visto disposta a
fazer coisas que não era do agrado de Deus.
- Tira a roupa, fica de cueca e vem se refrescar – falou Vanessa que
havia preparado a mangueira para que se molhassem.
Mario ainda não acreditava no que estava vendo.
- Eu quero que você passe bronzeador em mim – falou Vanessa que
se virou de lado exibindo sua beleza de maneira sensual.
Foi quando Mario resistiu a tentação para não cair em pecado. Mas
mesmo tendo resistido a tentação ainda sentia seu poder tentando
fazer com que ele aproveitasse aquela oportunidade para se desviar
dos caminhos do Senhor.
- Você não vai passar o bronzeador em mim? – falou Vanessa.
Mario teve que fazer um esforço muito grande para suportar todo
poder da tentação.
- Desculpe, mas eu não posso – falou ele de forma evasiva.
- Não pode ou não quer?
- É que se eu fizesse isto estaria cometendo um pecado contra Deus.
Vanessa colocou a mão na boca e fez uma cara de quem estava
surpresa com o que acabara de ouvir.
- Uma vez eu quase me batizei – disse ela que parecia admirada com
a fidelidade dele.
- Você tinha certeza da sua salvação? – perguntou ele.
- Hum...Certeza eu não tinha porque nunca consegui ser fiel como
você – falou ela que acabou desistindo de se molhar e entrou para
dentro para poder trocar de roupa porque começou a se sentir
envergonhada de ficar daquela maneira na frente dele. Entretanto, a
tentação estava apenas começando.
Aquele servo de Deus começou a sofrer bastante com o fato de que
toda hora a imagem daquela moça de biquíni ficava vindo em sua
mente. Ele tinha consciência de que precisava abrir mão dos
prazeres desta vida para poder servir a Deus. Seu emprego também
estava em risco, porque ao ter negado o pedido da pequena patroa,
poderia muito bem causar uma indisposição entre eles. A tentação
ficou incomodando Mario aquela manhã inteira. As vezes ele
pensava se de fato estava preparado para vencer a tentação. Mas ao
pensar que havia passado no teste com aquela tentadora, ficava
confiante de que sabia o segredo para se vencer a tentação.
Chegou a horado almoço e também chegou a patroa mãe.
- Filha. Eu consegui. Filha vem aqui! A mamãe conseguiu – Kelen
estava eufórica.
- Do que você está falando – perguntou a filha.
- Daquela lancha que eu queria tanto. Um amigo me emprestou e
hoje mesmo eu vou para o litoral. Vem ver filha. Eu estou puxando
ela na carreta.
Vanessa e Kelen foram até a porta do escritório onde havia uma
caminhonete estacionada e anexada a ela, uma carreta que carregava
a pequena lancha.
- Onde está o Mario? – perguntou Kelen.
- Não sei, nem me fale no Mario. Eu estou morrendo de vergonha.
- Do que você está falando?
- Nada mãe, depois eu te conto.
- Eu hein. Deixa de ser boba, menina.
Kelen entrou e chamou por Mario.
- MARIO! MARIO.
- Pois não? – disse ele saindo do escritório.
- O que você está fazendo neste escritório fechado, rapaz?
- Eu estava limpando os móveis.
- Você sabe dirigir? – perguntou Kelen para ele.
- Sei sim. Mas eu não tive dinheiro para tirar carta.
- Eu preciso que você venha comigo para o litoral porque eu estou
louca para andar de lancha. Venha ver, Mario. Depressa – ela o levou
até a rua onde mostrou a lancha para Mario.
- Mas senhora, eu não sou habilitado para pilotar isto.
- Não seja bobo. Sou eu quem vai dirigir, você vai comigo apenas
para me dar algumas dicas.
- Você sabe dirigir isto?
- Mais ou menos. Mas não se preocupe.
- Eu não vou poder dirigir, senhora.
- Tá bom seu chato. Mas eu preciso que você vá comigo para me
ajudar com as coisas que vamos levar.
Mario ficou sem saber o que fazer. Ele não poderia dizer que não
queria ir com ela andar naquela lancha. Mas também não seria
nenhum pecado se ele apenas a acompanhasse. Ele poderia ajudar
com a bagagem e outros serviços braçais. Para não perder o
emprego, ela acabou indo com a patroa para o litoral. Eles foram na
caminhonete e Vanessa ficou. Durante o percurso que durou cerca
de três horas, Mario permaneceu calado e Kelen também não
conversou muito. Até que eles chegaram em uma praia deserta.
- Você conhece este lugar? Como conseguiu vir para um lugar tão
vazio? – perguntou Mario para Kelen.
- Foi um amigo meu que me ensinou o caminho. Eu vim aqui umas
duas vezes. Venha, me ajude a descer a bagagem porque vamos ter
que subir com a caminhonete na areia até a beirada do mar.
Eles desceram algumas caixas de isopor com comida, uma barraca de
praia e vários utensílios que Kelen havia trazido. Depois ela subiu na
areia com a caminhonete e eles foram até a beirada da praia onde
Mario e sua patroa tiveram que fazer muita força para colocar aquela
lancha no mar. Levaram dez minutos para descer a lancha da carreta.
Até este momento Mario não conseguiu perceber que estava sendo
vítima de um laço do inimigo. Ele pensava que estava ali apenas para
trabalhar e que não estava fazendo nada demais em ajudar aquela
mulher prestando-lhe aqueles serviços braçais, pois era justamente
isto que ele geralmente fazia o tempo todo no escritório. Foi quando
Kelen entrou na lancha e chamou por ele.
- Venha. Vamos dar uma volta.
- Eu não posso ficar aqui?
- Deixa de ser bobo. Você vai ficar aí sozinho? Eu preciso de você –
falou ela.
Mario acabou entrando na lancha e ficou observando Kelen ligar
aquele veículo. Mario também teve que colocar um monte de caixa
de isopor na lancha. Por fim, eles começaram a andar. Até que Kelen
sabia pilotar bem a lancha. Quando eles estavam longe da praia, ela
colocou no piloto automático e seria agora que Mario teria que
provar que realmente conhecia o segredo para vencer a tentação.
Tudo começou quando Kelen foi tirando a roupa ficando apenas de
biquíni fio dental. Mario nunca havia visto sua patroa naquelas
condições. Ela era uma mulher de um corpo exuberante. Foi quando
Mario percebeu todo aquele quadro maligno. Ele estava sozinho
com uma mulher em alto mar. Uma mulher que não parecia mais ser
sua patroa porque ela começou com uma conversa que deixou Mario
completamente alarmado.
- Você precisa aproveitar mais a vida Mario. Eu nunca vi você ir em
festas e nem com mulher nenhuma. Você não é de se jogar fora não.
Eu bem que te daria uns garros.
Mario começou a pressentir o perigo.
Eles estavam na cabine e Kelen foi até a frente da lancha. Nisto dela
caminhar para a ponta da lancha, Mario acabou vendo o fio dental
daquela loira e isto foi tentador; Foi quando ela sentou-se.
Ela olhou para Mario.
- Vem aqui – chamou ela.
Ele ficou sem saber se deveria chegar perto de Kelen.
- Anda. Eu estou te chamando. Vem aqui que eu quero te falar uma
coisa.
Mario com medo se aproximou de Kelen.
- Você quer me catar aqui no barco? – perguntou ela para Mario e
mandou um beijinho. Ela estava o convidando para fazer sexo.
Mario olhou para aquela loira de fio dental na sua frente se
oferecendo. Era o quadro do terror e o tentador era o autor.
Tremendo dos pés à cabeça Mario conseguiu resistir aquela
tentação. Ele ficou com medo de desmaiar pois suas emoções
estavam completamente descontroladas. Parecia estar passando mal.
Sua pressão deveria ter subido bastante naquela hora.
Kelen se virou para frente e ficou olhando para o mar esperando que
Mario se decidisse.
Vocês não tem ideia do tamanho do sofrimento que Mario passou
para conseguir suportar aquela tentação. O tempo inteiro ele teve
que ficar resistindo e suportando a tentação naquele barco. Vira e
mexe Kelen perguntava se Mario queria ter alguma coisa com ela ali
na lancha.
- Minha filha não pode ficar sabendo disto – falou ela para Mario em
determinado momento. Aliás, se você contar para alguém eu te
mando embora.
Como se Mario quisesse sair falando aquilo para alguém. Foram duas
horas de sofrimento. Foram duas horas que Mario teve que suportar
a tentação o tempo inteiro tentando lhe forçar de todas as maneiras a
sucumbir e aproveitar aquela oportunidade. E isto sem contar o que
ele já havia passado pela manhã. Na verdade, a experiência com
Vanessa acabou ajudando Mario porque lhe dava confiança de que
ele conhecia o segredo para vencer a tentação. Em determinado
momento quando Mario estava sofrendo muito para suportar aquela
tentação, ele resolveu combater a mesma. Começou a louvar ao
Senhor para combater a tentação. Em determinados momentos ele
dizia para si mesmo em voz baixa:
- Eu te repreendo em nome de Jesus tentação. Em nome de Jesus,
sai tentação. Em nome de Jesus – ele expulsou a tentação em nome
de Jesus centenas de vezes até que Kelen acabou se cansando e
voltou com a lancha para a praia. Mario novamente ajudou a patroa
carregando as coisas da lancha para a caminhonete e se no caminho
de ida eles não conversaram muito; O que dizer do caminho de
volta.
Mas Mario não sairia ileso daquele dia. Kelen se sentiu desprezada
pelo funcionário e acabou mandando Mario embora. Ela nunca
conseguiria entender porque Mario a rejeitou naquela lancha.
- Porque você está me mandando embora? – perguntou ele quando
ela o chamou para acertar as contas.
Ela apenas dizia:
- Você sabe – falava isto o tempo todo – Você sabe muito bem
porque eu estou te mandando embora.
A Vanessa também perguntou para a mãe porque ela havia
mandando ele embora?
- Pergunta para ele, Van – disse Kelen.
- Porque, Mario, a mãe está te mandando embora.
Quando Mario olhou para Vanessa ela percebeu na hora. Aquele
olhar era o mesmo que ela vira naquele mesmo dia em que também
se oferecera para Mario. Vanessa colocou uma das mãos tampando a
boca sem acreditar.
Mario não se importou de ser mandado embora. Ele ficou um bom
tempo maravilhado pelo fato de ter vencido aquela tentação.
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Qualquer um que não conhece ou que pelo menos ainda que sem
conhecer em tese, pelo menos pratica intuitivamente o segredo
mostrado a seguir para se vencer a tentação, cairia em pecado
rapidamente. O tentador jogou muito sujo com este servo de Deus.
Assim que ele se converteu, ou seja, que se arrependeu de todos os
seus pecados e aceitou Jesus como único e suficiente salvador de sua
alma, começaram as tentações. No começo foram tentações que
diante das que viriam poderiam ser consideradas tentações pequenas,
embora igualmente mortais. O tentador começou usando a
namorada que Guilherme arrumou poucos dias antes de aceitar
Jesus. Guilherme se converteu graças a pregação de um colega. Ele
conheceu este rapaz quando estava sentado na porta da casa de um
outro amigo. Foi muito difícil converter Guilherme. As vezes
Guilherme chegava fumando na casa do rapaz que pregava para ele,
oferecia bebidas alcóolicas para o rapaz, cantava a irmã dele. Era
uma perturbação para aquele que ganhou a alma de Guilherme para
Jesus. Até que um dia este mesmo rapaz chegou para Guilherme
com um hino novo que havia criado. Era em ritmo de rap e aquele
hino por ser diferente e criativo chamou a atenção de Guilherme que
aprendeu a cantar o hino. Foi através deste hino que Guilherme
aprendeu o segredo para se vencer a tentação. Parte da letra do hino
falava de um cristão que para vencer a tentação tinha que resistir,
suportar e combater.
Foi em uma noite de um dia comum em que Guilherme estava com
seu amigo cantando o hino que repentinamente ele disse:
- Quer saber, eu aceito Jesus como meu salvador.
O rapaz que estava evangelizando ele não acreditou muito. Achou
que fosse brincadeira. Mas no outro dia Guilherme chegou vestido
com um terno em pleno meio dia e o sol estava muito quente.
- Paz do Senhor, irmão – disse Guilherme com uma bíblia gigante na
mão.
Nesta hora seu amigo percebeu que Guilherme havia realmente se
convertido, só que poucos dias depois este rapaz morreu. Que pena.
Mas ele certamente foi para o céu e com certeza está melhor do que
todos nós.
Guilherme então seguiu enfrentando as primeiras tentações. Venceu
o vício do cigarro, teve que terminar com sua namorada que só
queria saber de ir para festas e assim que começou a congregar na
igreja onde se batizou, se apaixonou por uma irmã. Shirley. Ele
começou a ter suas primeiras experiências com a tentação sexual.
Mas pouco tempo depois ele percebeu que não gostava mais de
Shirley e acabou arrumando outra namorada. Foram cerca de quatro
namoradinhas, mas nunca chegou a enfrentar a tentação de uma
forma contundente. O nível era para iniciante. Entretanto, como o
tempo foi passando e Guilherme permanecia sempre firme
vencendo as tentações, o tentador começou a aumentar a dificuldade
dos testes. Primeiro veio uma dificuldade financeira tão grande na
vida de Guilherme. Foi muito difícil permanecer sempre fiel a Deus
diante de tanta coisa ruim que começou a acontecer na vida dele. As
vezes dava vontade de se desviar só para se vingar de Deus, pela
forma com que Ele estava tratando Guilherme. É claro que Deus
sempre fora amigo de Guilherme e que o sofrimento que Ele estava
permitindo era para o próprio crescimento espiritual de Guilherme e
por conta da grande obra que Ele tinha na vida do Seu servo.
Guilherme olhou no calendário e fez as contas. Naquele mês faria
cinco anos que ele havia se convertido. Cinco anos colocando em
prática o segredo para se vencer a tentação e cinco anos dando certo.
Só que este segredo nunca fora tão testado quanto seria agora.
Priscila era de uma igreja do bairro vizinho. Guilherme com toda sua
pobreza estava passando montado em uma bicicleta velha quando
Priscila o chamou. Guilherme já havia visto Priscila uma vez quando
a igreja em que ela, digamos, frequentava, visto que Priscila de serva
de Deus não tinha nada, visitou uma igreja onde ele tinha pregado.
- É aquela irmã bonita daquele culto – pensou Guilherme que freou
a bicicleta e parou perto dela. O coração dele até começou a bater
um pouco mais depressa. Taquicardia é o nome disto.
- Oi. Você é aquele rapaz que estava pregando ali na igreja aquele
dia? – falou Priscila.
- Sim, sou – respondeu Guilherme.
- Eu achei linda sua pregação. E também gostei muito de você.
Naquela altura do campeonato ouvir aquilo parecia inacreditável.
Uma moça como Priscila dizendo para ele que havia gostado dele?
Guilherme ficou envergonhado porque estava vestido com uma
roupa bastante simples e porque, bem, também estava montando em
uma bicicleta velha.
- Você passa sempre nesta rua – comentou Priscila.
- É verdade – falou Guilherme que de tanta vergonha acabou não
prolongando muito a conversa e foi embora.
No outro dia ele propositalmente passou na rua da casa de Priscila.
É claro que ela estava lá na porta. Tudo já estava armado pelo
tentador, que é o diabo, Lúcifer, satanás e seus asseclas, os
demônios, que são os anjos caídos.
Guilherme diminuiu a velocidade da bicicleta e foi parando perto de
Priscila. Desta vez ele estava bem arrumado. Os dois começaram a
conversar e Priscila o convidou para entrar na casa dela. Naquele dia
a tia de Priscila, que era como uma mãe para ela, porque a mãe dela
morava em uma outra cidade e isto também não vem ao caso, estava
em casa.
- Tia, este aqui é aquele rapaz que eu te falei. O que prega bonito.
A tia dela apenas movimentou a cabeça demonstrando que não
queria muita conversa e fez uma cara de quem não gostou de
Guilherme também. Os dois conversaram um pouco na sala,
assuntos ligados a igreja e Priscila até parecia uma irmã de verdade
(quem vê cara não vê coração). Até que o tempo passou e
Guilherme acabou percebendo que teria que ir embora. Meio a
contragosto ele se despediu de Priscila e foi quando ela pediu para
ele voltar no outro dia para que pudessem conversar mais. Ah se
Guilherme pudesse prever o futuro. Ele jamais pisaria na casa dela
novamente.
A história que se segue é lamentável e só existe porque este livro
mostra fatos que são reais. Coisas assim acontecem na vida real e
precisamos aprender a pelo menos vencer este mal não concordando
com ele e jamais praticando coisas até mesmo semelhantes a isto.
No outro dia Guilherme chegou na casa de Priscila. Ela o atendeu
com um olhar estranho. Havia malícia em seus olhos. Guilherme
entrou e se sentou em um dos sofás que ficava na sala. Priscila
sentou no outro.
- Bem...- ela já foi logo dizendo – Hoje eu amanheci morrendo de
vontade de transar.
Guilherme arregalou os olhos para ela que parecia que ele tinha visto
um...um monstro. Daqueles bem horripilantes. Sem falar que ao
ouvir isto a tentação já veio na hora. Foi o tempo das palavras de
Priscila se tornarem inteligíveis para Guilherme e ele já sentiu os
impulsos masculinos se aflorarem, parecia que seu corpo começou a
produzir mais testosterona naquele momento e a libido aumentou
repentinamente.
Só que mesmo assim Guilherme ainda não tinha se dado conta de
que Priscila estava possuída pelo tentador naquele dia. Ela se
levantou e foi até a cozinha pegar alguma coisa para comer. Voltou
rapidamente e se sentou no mesmo sofá em que estava. Guilherme
começou a ensaiar um forte sermão de exortação. Ele pensou que,
talvez, se dissesse para ela que aquilo era errado, que Deus não
permite tal coisa e que os que querem servir a Deus não podem ter
este tipo de comportamento, faria ela reconhecer o erro que estava
cometendo. Ele não podia estar mais enganado.
- Eu posso te convencer a transar comigo – falou Priscila para ele.
Guilherme ainda pensou que poderia exortar a ―irmã‖.
- Priscila...- começou ele.
- Você é muito gostoso, irmão – replicou ela.
Nisto a tentação foi surgindo e Guilherme foi perdendo o controle
da situação.
- Agente pode fazer aqui mesmo – disse Priscila. Misericórdia, leitor.
Que Deus nos guarde destas tentadoras.
Foi quando ela levantou a blusa.
Quando Guilherme viu aqueles seios de fora, percebeu que quase
caiu. Faltou pouco para não olhar aquilo com olhos impuros. Já seria
o suficiente para cair em tentação. Ainda bem que nesta hora ele se
lembrou da letra do hino. Então ele resistiu aquela tentação. Priscila
notou que ele fechou os olhos para não vê-la daquela maneira.
- Olha – disse ela.
Mas que filha do diabo!
Guilherme apertou ainda mais os olhos, resistindo aquela tentação.
Era melhor nem olhar mesmo.
- Olha irmão! – Priscila fazia de tudo para provocá-lo.
Nem preciso dizer que nesta hora Guilherme sofreu muito para
suportar a tentação. Quem vem lendo este livro seria até capaz de
prever isto. E foi difícil. Suportar aquela tentação foi muito difícil.
Ele ficou todo encolhido ali no sofá enquanto Priscila se levantou e
foi para o quarto trocar de roupa. Não, ela não havia desistido não.
Ainda faria de tudo para tentar ter uma relação pecaminosa com
aquele irmão. Ela ainda tinha a cara de pau de dizer:
- Fazer amor com gente como você é mais gostoso.
E vai Guilherme ter que suportar toda aquela tentação. Bem que
Guilherme poderia ir embora logo daquele lugar. Não precisava nem
dizer Tchau. Bastava se levantar e sair dali praticamente correndo.
Ele não devia nenhuma satisfação a ela. E ele fez isto? É...bem...não.
Ele não fez. Pois é. Que coisa, né? Ele errou? Para quem está lendo
este livro fica mais fácil tomar decisões. Uma coisa é a gente aqui
que está lendo saber que o melhor era sair daquele lugar
imediatamente. Outra coisa bem diferente é estar vivendo tudo
aquilo e passando por tudo o que ele estava passando ali. Sem contar
que no caso de Guilherme, existe todo um contexto. Ele estava
deslumbrado com o fato de poder pelo menos ter Priscila
como...amiga, irmã, quem sabe até mesmo uma namorada. Não do
jeito que ela estava propondo. Do jeito certo de se namorar. Um
namoro cristão. Mas para Priscila isto estava fora de cogitação. Ela
disse para Guilherme esperar um pouco na sala, entrou no quarto e
colocou o shortinho mais curto que achou dentro do armário. Para
quem está lendo este livro talvez não pese tanto, mas já que estamos
falando do porquê de Guilherme não ter ido embora, quero dizer
para vocês que a casa onde Priscila morava era uma maravilha de
casa. Ter ficado ali só para estrar dentro daquela casa é uma
possibilidade que se deve levar em conta, no caso aqui do
Guilherme. E ele também queria ver até onde Priscila iria com
aquele comportamento. Outras coisas estavam em jogo ali também,
porque pelo que Guilherme sabia, Priscila era uma irmã da igreja
Assembleia de Deus que ficava ali naquele bairro e aquele
comportamento deveria, talvez, ser denunciado. Mas no momento
em que ele estava justamente pensando se deveria ou não sair
contando para todo mundo o que ela havia feito e falado, Priscila
chegou na sala dizendo:
- Eu nunca mais vou voltar naquela igreja. Não gostei. Não consigo
ficar sem transar por causa de nenhuma religião.
Guilherme pensou um pouco no que ela havia acabado de falar.
Aquilo fazia sentido para ele porque este é o comportamento da
maioria das pessoas que vivem no mundo. Primeiro, tratam os
caminhos de Deus como se fosse uma religião. Um estilo de vida
que alguns escolhem, quando na verdade os caminhos de Deus é
uma questão de salvação e para onde a pessoa vai quando morrer. Se
para o céu ou para o inferno. Segundo, não querem ficar sem os
prazeres que o mundo oferecem. E não querer ficar não é uma
questão de ter dificuldades para seguir os caminhos de Deus. É não
querer mesmo. É fazer sua escolha e escolher o caminho do prazer
aqui na terra. E o inferno? O inferno para eles é aqui, eles nunca
viram o inferno, nunca viram o céu, nem sabem se existe mesmo e
pagam para ver o que vai acontecer com eles após a morte.
Guilherme nem percebeu que Priscila estava se aproximando. Ele
estava sentado no meio de um sofá com três lugares. Foi quando ela
sentou em um dos braços do sofá e mais uma vez convidou
Guilherme para pecar com ela.
Por um lado Guilherme ficou impressionado com a beleza do corpo
de Priscila. Corpo este que estava praticamente desnudo bem na sua
frente. Por outro lado se Guilherme não tivesse resistido a tentação
mais uma vez com toda força de sua alma, ele teria sim, caído em
pecado com Priscila. E ele quase caiu porque ele confiou de que
após resistir a tentação, ele conseguiria se manter firme. Mas o
convite era tão tentador, e ele nunca havia enfrentado uma tentação
daquelas, que a tentação quase convenceu Guilherme a cair em
pecado. A tentação é muito suja, desta vez ela colocou um
pensamento na mente de Guilherme onde ele se lembrou do rei
Davi que foi um grande servo de Deus e que havia caído com Bate
Seba. Então Guilherme chegou a pensar na possibilidade de que para
ser como Davi, talvez fosse até mesmo um plano de Deus onde ele
naquele dia cairia em pecado com Priscila ficando assim parecido
com Davi. Como se a tentação fosse um mal que levasse para o bem.
Priscila olhou para trás e viu Guilherme esmurrando sua própria
cabeça e dizendo:
- Sai tentação. Sai tentação. Sai tentação.
Ele estava combatendo a tentação. Ela achou aquilo um absurdo.
Até mesmo pensou que ele pudesse estar ficando louco.
- Gente, que isso! – exclamou ela.
Guilherme ficou fazendo isto por nada mais, nada menos do que
cinco minutos. Isto mesmo. Ele ficou na frente de Priscila por cinco
minutos esmurrando sua própria cabeça e praticamente gritando:
- Sai tentação! Sai tentação!
Priscila estava para telefonar para o 193, quando Guilherme foi se
acalmando.
- Consegui! Consegui! Eu consegui combater a tentação – ele ficou
olhando para o teto como se tentasse perceber alguma coisa dentro
de si – É. Parece que ela foi embora. Estou me sentindo melhor.
Exemplo pra nós. Maior moral, móo ibope. Guilherme havia
resistido, suportado e combatido a tentação. Resultado disto? Ele
venceu a tentação. Agora sim, ele se tocou de que deveria sair o mais
rápido possível daquele lugar. Mas acho que mais uma vez não
merece o nosso elogio. Sabem o que ele falou para ela antes de sair?
- Amanhã eu volto aqui, Priscila. Agente precisa conversar melhor.
Brincadeira! Será que tudo o que ele havia passado naquele lugar não
serviu de lição? Estaria ele disposto a sofrer tanto novamente? E
teria ele tanta certeza de que era tão capaz assim de vencer a
tentação? Bom...talvez ele soubesse que realmente fosse capaz de
vencer qualquer tentação, porque afinal, ele conhecia o segredo. E
também porque no fundo ele achava que poderia ―converter‖
Priscila. Na cabeça dele, aquele mesmo segredo que ele usou para
vencer a tentação, ele poderia ensinar para ela, e assim ela passaria a
vencer a tentação também. E também porque aquela casa era linda,
nossa! Acho que ele gostava de ficar por lá. Ou talvez estivesse
apaixonado por Priscila. Pode ser que ele quisesse ensinar o segredo
para ela, para que ela pudesse virar uma crente fiel e eles viessem a se
casar. A verdade é que fazia tempo que Guilherme estava atrás de
uma casamento. Certo ou errado, motivações à parte, no outro dia
ele estava novamente na casa de Priscila. Chamou e esperou ela vir
atendê-lo. Quem sabe se ela não estaria diferente, talvez ela tivesse se
arrependido do que fez e agora se comportasse como uma cristã.
Nem pensar. Ela atendeu Guilherme vestindo um shortinho jeans
bem curto.
Guilherme ficou decepcionado por ter visto ela vestida daquela
maneira.
- Entra – disse ela. Os dois caminharam até a sala. As palavras de
Priscila naquele dia pareciam serem mais carregadas de pudor,
embora sua vestimenta contradizia isto.
Guilherme até que começou bem. Convidou ela para ouvi-lo e no
mesmo sofá grande começou um belo sermão. Ele havia pensado a
noite inteira o que iria falar para ela. Ele já começou falando do
inferno e que o evangelho era a salvação para a alma das pessoas.
Depois falou que as pessoas se quisessem ser salvas precisariam de
se arrepender de todos os seus pecados (um ótimo sermão
evangelístico). E quando ele estava começando a falar sobre o
segredo para se vencer a tentação. Ele até começou a cantar um
pedacinho do hino do seu amigo que morreu. Aquele que ganhou
Guilherme para Jesus. Mas Priscila demonstrou que não queria saber
de nenhum segredo.
- Vamos parar com esta conversa – disse ela se levantando enfadada.
Ela foi para o quarto numa tentativa de se ver livre de Guilherme.
Mas ele acabou indo atrás dela e não parava de tentar explicar para
Priscila que para vencer a tentação era preciso...
- Cala boca Guilherme – gritou ela. O som ecoou pelas paredes do
quarto.
- Você quer que eu vá embora? – perguntou ele esperando que ela
dissesse que sim para imediatamente ele se virar e sair daquele lugar.
Naquele momento era esta sua vontade. Estava frustrado. Não
conseguira pelo visto salvar a alma de Priscila.
- Não! Eu não quero que você vá embora. Também não quero que
você fique falando sobre religião para mim porque eu já estou
cansada de saber de tudo isto. Esqueceu que você me conheceu na
igreja? Eu ouvia pregação todos os cultos. Eu não quero mais ouvir
pregação de nada. Você quer saber o que eu quero? Quer
Guilherme?
Era para ele dizer que não queria, gente. Mas é que ele não percebeu
o que ela iria dizer e acabou falando:
- Quero Priscila – ele não previu o que viria a seguir.
Priscila se apoiou na cama e foi tirando o shortinho que estava
vestida. Ela então disse para ele:
- Agora você já deve saber o que eu quero.
Quando Guilherme viu aquela moça daquele jeito, não deu outra. Os
sintomas da tentação começaram a surgir. Uma forte adrenalina fazia
Guilherme sentir um aperto no peito. Parece que os hormônios
masculinos nesta hora são lançados no sangue com extrema rapidez
causando uma atração pelo corpo feminino muito intensa.
Resistir. Fazer o que? A única coisa que restava para Guilherme se
ele não quisesse cair em pecado com Priscila ali era resistir.
E foi exatamente isto que ele fez. Resistiu a tentação. Os
acontecimentos que se seguiram foram relacionados a toda
dificuldade que ele teve para suportar aquela tentação até que
cansou de ser apenas uma vítima do tentador e resolveu combater.
A forma que ele encontrou para combater a tentação foi fazer uma
longa pregação contra Priscila.
- Isto não é de Deus – dizia ele – Toda garota que se comporta do
jeito que você está se comportando vai para o inferno. Não importa
se você faz parte de alguma igreja, não importa se você se diz cristã.
O seu comportamento te condena, não somente a você, mas a todas
as moças que fazem o que você está fazendo – e no seu momento de
inspiração ele ainda completou – e aposto que existem muitas moças
iguais a você por aí.
Priscila diante de tudo aquilo que ele falou se comportou como se
Guilherme não estivesse naquele lugar. Ela praticamente nem olhava
para ele. Ficou o tempo inteiro no quarto fazendo algumas coisas e
por fim saiu de lá deixando Guilherme sozinho. Ele percebeu que
teria que ir embora e que também era a hora de cortar qualquer
relação com Priscila. A moça sumiu pela casa e Guilherme foi
embora. Ele deveria estar feliz por ter vencido a tentação, mas
naquele momento o que ele sentia era uma revolta muito grande. Ele
estava contrariado por existirem moças como Priscila. E é
exatamente aquilo que ele havia falado para ela, ou seja, existem
muitas como Priscila por aí. É preciso estar preparado porque na
hora em que menos se imagina. Do lugar onde menos se espera.
Uma tentadora com esta vai aparecer na vida de um servo de Deus.
Certamente terão aqueles que irão sucumbir, infelizmente. Mas
aqueles que souberem resistir, suportar e combater a tentação,
mesmo que não estejam conscientes de que é isto que estão fazendo,
porque poucos terão a oportunidade de ler este livro e aprender, mas
terão que intuitivamente praticar o segredo descrito neste livro. Os
que assim o fizerem vencerão. Os que não, cairão. E a queda lhes
custará muito caro. Lhes custará galardão, sofrimento, tempo
perdido e até mesmo quem sabe, a própria vida. Hail Jesus!
JEAN
Jean trabalhava como padeiro em um supermercado no interior de
São Paulo. Um dia resolveu que iria terminar os estudos e foi na
escola que conheceu Elisa.
Jean acordava de madrugada e voltava para casa depois do almoço.
Então dormia o resto da tarde e ia para escola no período noturno.
Quando Jean começou a conversar com Elisa na sala de aula, não
poderia imaginar que duas semanas depois, ela estaria pedindo que
ele a levasse até sua casa depois da aula. No primeiro dia em que
Jean acompanhou Elisa até a porta da casa dela, tudo ocorreu sem
maiores problemas. Ele não entrou, ela também não o convidou e
Jean acabou indo embora.
Só que dois dias depois Elisa acabaria convidando Jean para entrar.
- Você quer entrar um pouco? – perguntou ela quando chegaram à
porta da casa dela.
- Já está tarde – disse Jean.
- Você quem sabe – falou Elisa – Amanhã é domingo. O que você
vai fazer na parte da manhã?
Ele vai para escola dominical tentadora!
- Não sei – respondeu Jean.
- Se você quiser, passa aqui na parte da manhã – disse Elisa.
Eles estavam ficando mais íntimos do que deveriam ficar. Jean ainda
não sabia que estava caindo em um laço do inimigo. A tentação viria
para ele despretensiosamente.
No outro dia pela manhã Jean chamou Elisa do portão. A moça
atendeu e pediu para que Jean entrasse.
- Você já tomou café da manhã? – perguntou ela.
- Não – respondeu Jean.
- Você quer comer alguma coisa?
- Eu não estou com fome – disse Jean.
Jean havia comentado com Elisa que era servo de Deus e que
adotava as regras do cristianismo para sua vida. Mas Elisa parecia
não se importar muito com assuntos ligados a religião. Ela estava
preocupada apenas em satisfazer os seus desejos carnais. Mais uma
vez um servo de Deus estava diante de uma grande tentadora.
Primeiramente, Elisa segurou a blusa e abaixou-a. Quando fez isto,
seus seios ficaram expostos. E como se não bastasse, ela acabou
tirando a saia que estava vestida e ficou apenas de fio dental na
frente de Jean. Quando Jean aceitou levar Elisa até a casa dela, não
sabia que teria que vê-la naquelas condições. Ele não sabia que ela
tinha más intenções. Quando Jean viu Elisa daquela maneira, a
tentação veio com tudo para fazer com que Jean sucumbisse e caísse
em tentação.
Imediatamente Jean conseguiu resistir àquela tentação e por isto não
caiu em pecado. Mas apenas resistir não seria o suficiente para Jean.
Ele sentiu o poder da tentação como nunca. Era uma força
desproporcional, maligna, muito densa e tangível. Era como se algo
estivesse obrigando Jean a cair em pecado com aquela mulher. Uma
sensação de que era impossível ver uma mulher naquelas condições e
não cair em pecado com ela. Aquele servo de Deus sentiu um
desespero que o deixou catatônico. Se ele quisesse vencer a tentação,
teria que suportar. Mas será que Jean estava preparado para suportar
a tentação?
Estava! Ele suportou. E o fato de suportar fez toda diferença. Não
pensem que foi fácil para aquele servo de Deus suportar a tentação.
Com o mundo girando em sua volta e Elisa bem ali do seu lado
praticamente nua, se oferecendo, Jean teve que fazer um grande
esforço para encontrar uma maneira de combater a tentação. Não
estava sendo fácil resistir e suportar. A maneira que ele encontrou
para combater a tentação foi ir até a sala, dobrar o joelho e orar. Fez
isto por cerca de um minuto enquanto Elisa estava no quarto. Ele
não conseguia acreditar no que estava acontecendo. Foi quando
Elisa apareceu.
- Eu me ofereci para você no quarto e você vem para a sala orar? –
disse Elisa com um semblante horrorizado.
Com a fisionomia de quem participa de um filme de terror, Jean
olhou para Elisa, que agora estava vestida com um roupão de couro
e disse:
- Eu falei para você que eu era um servo de Deus!
- Eu sei. Mas eu perguntei se você tinha namorada e você me disse
que não. Então eu achei...
Ainda tendo que fazer um terrível esforço para suportar a tentação
Jean concluiu:
- Achou errado – Jean tentou se levantar, mas quase caiu no chão.
Seus pés estavam dormentes, sua perna não respondia. Estava tendo
muita dificuldade para resistir e suportar aquela tentação.
Depois de ter combatido a tentação em oração, Jean se sentiu forte
para sair daquele lugar e procurou fazer isto o mais rápido possível.
- Eu vou embora – disse ele se dirigindo para a saída.
- Já vai tarde – falou Elisa que estava bastante aborrecida. Mas antes
que Jean pudesse sair dali a tentação voltaria a provar sua fé.
E mais uma vez aquele servo de Deus teve que vencer a tentação.
Isto porque a tentadora não se deu por vencida e resolveu provocar
o pobre coitado do cristão mais uma vez. Só que de pobre coitado
ele não tinha nada. Ele já havia vencido a tentação uma vez e já
conhecia o caminho da vitória. Já tinha experiência com o segredo
para vencer a tentação e sabia que ele funcionava perfeitamente.
Vencer a tentação era um caminho que aquele servo de Deus já
conhecia, bastava caminhar novamente por ele na presença do
Senhor.
Tudo aconteceu muito rápido. A tentadora se aproximou e começou
a puxar conversa. Mal eles começaram a conversar e aconteceu uma
coisa inusitada. Propositalmente ou não, a tentadora estufou o busto
para frente e quando fez isto os botões do roupão arrebentaram,
deixando seus seios em evidencia na direção de Jean.
Foi quando Jean sentiu o terrível poder da tentação, que tentou fazer
com que aquele servo de Deus cometesse algum tipo de pecado. Ele
resistiu a tentação imediatamente. Então ele sentiu um forte
zumbido no ouvido. Isto foi seguido de uma xerostomia (boca seca)
muito forte.
- Eu vou embora – tentou dizer Jean para a tentadora.
- Eu pensei que...
- Pensou errado, novamente! – Jean estava tendo muita dificuldade
para suportar a tentação. Foi quando se deu conta que estava
tremendo. Seu braço parecia ter sido tomado por um forte efeito
parkinsoniano e Jean tremia muito. Era muito difícil para Jean
resistir e suportar aquela tentação. Ele nunca havia visto uma mulher
como Elisa ao vivo. E não obstante Elisa estar fisicamente presente,
ainda estava se oferecendo com a maior facilidade do mundo. Aquilo
parecia ser mais um daqueles sonhos que Jean costumava dizer que
eram projetados pelo inimigo. Mas não era um sonho. Jean não
conseguia acordar. Era realidade e ele precisava vencer aquela
tentação. Precisava combater a tentação mais uma vez e a maneira
que encontrou para combater aquela tentação foi ofender Elisa.
- Você não vale nada! Você é uma estúpida! Uma endemoniada, uma
filha do cão! Você vai para o inferno quando você morrer – ele
procurou ser o mais pífio possível.
- Quem você pensa que é para falar comigo desta maneira e na
minha casa ainda por cima. Ponha-se daqui para fora.
Havia funcionado! Jean estava conseguindo combater a tentação. A
tentadora que antes se oferecia tão facilmente agora estava pedindo
para Jean sair dali.
- Eu vou mesmo. Nunca mais conversa comigo na escola. Sua
imunda, suja e depravada. Eu sou um servo de Deus! – no fundo
Jean estava triste de ter que tratar Elisa daquela maneira. Mas era
preciso combater a tentação.
- Saia da minha casa imediatamente, seu petulante! Seu crente de
meia tigela. Por isto que eu não gosto de crente. Eu odeio gente
como você. Seu frouxo. Vira homem.
- Eu vou sair daqui mesmo – disse Jean que caminhou em direção a
porta.
- Nem que você quisesse ficar comigo, eu não aceitaria. Acabou todo
encanto que eu sentia por você.
Jean gostou de ouvi-la falando daquela maneira. Sentiu-se mais forte
para sair daquele lugar. Quando Jean foi embora, sentiu uma
felicidade muito grande. O sofrimento causado pela tentação foi
diminuindo paulatinamente e Jean não caiu em pecado naquele dia.
Isto porque resistiu, suportou e combateu!
TITO
Essa não! Essa não! Essa não! Flavia caminhava na direção da casa
de Tito. Coitado do rapaz. Havia se convertido há pouco tempo.
Não tinha tido todo tempo do mundo para fazer inúmeras orações e
nem ler toda Bíblia Sagrada. Os cultos que ele estava frequentando
eram muito rasos e o pastor nunca pregava sobre a tentação e
geralmente só falava de bênçãos e vitórias, sempre pedindo aquela
oferta de praxe. E agora? Será que Tito irá conseguir vencer a
tentação? Flavia era uma grande tentadora e naquele dia estava
disposta a pecar com qualquer um. Um prato cheio para o diabo.
Tito vai ter que dar um jeito de vencer aquela tentação. Se ele se
desviar, o diabo pode tirar sua vida.
O portão da casa de Tito fez barulho. Era alguém chamando. O
rapaz foi até a janela para ver quem era. Era Flavia.
- Olá – disse ela – Lembra-se de mim?
Se Tito se lembrava dela? Parecia que não. Eles haviam se conhecido
on-line. Antes de aceitar Jesus como salvador, Tito havia passado o
endereço de onde morava para ela e eles haviam marcado um
encontro. Naquela oportunidade, aconteceu um imprevisto e Flavia
não pôde ir. Mas naquele dia, havia terminado com o namorado e
estava furiosa e com muito desejo de se vingar. E para isto ela estava
disposta a se entregar ao primeiro homem que aparecesse em sua
frente. Foi quando ela se lembrou do encontro que havia marcado
com Tito e do endereço que ele havia passado para ela.
- Não me lembro. Do que se trata? – disse Tito.
- Eu sou a Flavia – falou ela.
- Flavia, Flavia...- Tito não se lembrava mesmo.
- Você me passou seu endereço, a gente se conheceu on-line.
Agora ele se lembrou. Sentiu um calafrio nas pernas. Aquilo havia
sido antes dele se converter. No dia em que ele marcou com Flavia,
ela não havia aparecido e ele havia ficado muito contrariado. Mas
agora, ele não poderia mais fazer o que pretendia com ela, pois agora
sua vida pertencia ao Senhor. Tinha que manter a santidade e se
entregar à fornicação com Flavia seria funesto e nefasto para ele.
- Você não vai abrir o portão para mim? – disse Flavia.
- Eu? – Tito não sabia exatamente o que fazer.
- Sim. Você. É claro. Quem mais poderia ser? Gente, como você
está sendo grosso.
- Eu vou abrir – disse Tito tremendo e achando que não teria
problema se apenas abrisse o portão. Ele precisava explicar para ela
o que havia acontecido. Precisava falar para ela que agora era um
servo de Deus. Que agora não praticava mais os pecados de antes.
Que a maneira com que olhava e tratava uma mulher agora, era
diferente de como fazia antes.
Tito abriu o portão para moça e eles entraram. Flavia parecia bem à
vontade.
- E então – disse a moça bastante apressada para pecar.
- Eu...- Tito percebeu que naquele dia sua fé seria testada. Ele
precisaria vencer a tentação. Mas como é que uma pessoa vence a
tentação sem conhecer o segredo para vencer a tentação?
- O que está acontecendo? – perguntou Flavia – Você está tenso.
Tímido. Está muito diferente de quando a gente se falava.
- É que eu...- ele não conseguia encontrar as palavras certas.
- Você o quê? Hein? Não vai me dizer que arrumou uma namorada.
Você é casado? Você me disse que não era.
- Não é isto – falou ele.
- Então não existe problema nenhum – falou Flavia.
- É que eu aceitei Jesus como meu salvador – falou ele finalmente.
Flavia o encarou por alguns segundos como quem não estava
entendendo nada.
- E? – perguntou ela.
- E o quê? – disse ele.
- E o que é que tem? – ela nem sabia o que significava aceitar Jesus
como salvador.
- É que eu não posso... – ele tentou se explicar.
Bem na frente de Tito, antes que ele pudesse dizer mais alguma coisa
e sem que ele tivesse tempo para tentar impedir mais nada, a moça
foi se despindo, voluptuosamente.
Foi quando Tito teve que resistir a tentação com toda força de sua
alma. E ele resistiu mesmo, porque se não tivesse resistido, teria
caído em pecado. E antes que pudesse se dar conta de que havia
vencido a tentação e não caído em pecado imediatamente com Flavia
naquele dia, ele se deparou com os sintomas da tentação e seus
terríveis efeitos colaterais. O ataque demoníaco vinha na mente,
forçando Tito a acreditar que ele não teria condições de se manter
fiel e ficar sem relações sexuais ilícitas com as mulheres pelo resto de
sua vida. Ele poderia se casar para isto. Mas e se ele não conseguisse
arrumar uma esposa? E se Deus demorasse a lhe abençoar com o
casamento? Neste momento, antes mesmo que Flavia percebesse
que ele havia resistido, Tito teve que suportar um dos maiores
sofrimentos de sua vida. Começou a respirar como se tivesse corrido
uma maratona.
- É melhor você parar! – exclamou ele. Sentia vontade de gritar para
que ela não fizesse aquilo.
- Tem certeza? – perguntou ela.
- TENHO – disse ele que estava completamente descontrolado. Não
estava sendo nada fácil suportar aquela tentação.
Ele percebeu que mesmo resistindo e suportando, ainda estava
tendo dificuldades para se livrar daquela situação. Então, ele se deu
conta que precisava encontrar um meio para combater a tentação. E
nisto entendeu que este era o grande segredo para vencer a tentação.
Ele estava pensando em encontrar rapidamente algum meio de
combater a tentação porque se aquilo desse certo, então saberia que
estava pronto para servir ao Senhor pelo resto de sua vida sem
nunca cair em pecado. Então teria a mais absoluta certeza de que
havia encontrado o segredo para vencer a tentação. Ele já estava
vendo que o fato de resistir e suportar estava-lhe dando grande
resultado. Foi quando começou a combater a tentação dizendo:
- NÃO TENTAÇÃO. NÃO TENTAÇÃO – ele falou bem alto e ao
dizer aquilo Flavia ficou assustada.
- Mas o que está acontecendo? Você enlouqueceu? – disse ela se
sentindo rejeitada.
- É melhor você colocar a sua roupa e sair da minha casa. Eu não
vou poder fazer nada disto com você – e mais uma vez ele falou alto
– NÃO TENTAÇÃO.
- Gente! Eu vou embora daqui. Este cara é maluco. Desculpe-me,
então – Flavia estava muito assustada.
Depois que Flavia já estava bem longe, Tito se deu conta de que
havia conseguido vencer a tentação. Não uma tentação qualquer,
mas a pior de todas elas. Sentiu-se bastante feliz e confiante e decidiu
usar aquela experiência para poder vencer as demais tentações que
viriam pela frente.
- Você está preparado para vencer a tentação? – pensou Tito consigo
mesmo – Eu sei que ela virá!
RILLIAN
Seria a pior das tentações. Será que a fé de Rillian era tão grande
assim? Será que Rillian teria razões fortes o suficiente para abrir mão
do prazer que o mundo e a carne poderiam lhe proporcionar em
função de um Deus que ele nunca viu e de um céu que ele nunca
esteve lá para conhecer? Será que Rillian estava preparado para
vencer a tentação? Porque no momento em que ele conheceu Kátia,
seu destino foi selado. Um destino de quem teria que enfrentar a
tentação. Era tarde demais para se voltar atrás. Talvez fosse melhor
não ter puxado conversa com aquela moça. Tudo começou na fila de
um hospital. Rillian estava indo marcar uma consulta visto que sua
pressão arterial havia subido bastante nos últimos dias. E Kátia
estava nesta fila. Eles começaram a conversar sobre o possível
horário em que seriam atendidos. Foi quando Kátia perdeu a
paciência e disse que iria embora. Rillian acabou acompanhando a
moça. Ele resolveu dar uma carona para ela. Estava empolgado
porque havia comprado um carro naqueles dias. Antes de ter um
carro, nenhuma moça se interessava na companhia de Rillian. Era
impressionante o fato de que agora bastava ele dizer que tinha um
carro e qualquer moça parecia se interessar em puxar conversa.
- Tem certeza de que eu não estou incomodando? – disse Kátia – Se
eu estiver atrapalhando, eu posso pegar um taxi.
- Não se preocupe – disse Rillian – Eu te levo na sua casa.
Teria sido melhor para Rillian continuar andando a pé. Quando
Rillian não tinha carro, as tentadoras lhe faziam um favor em se
manter afastadas dele. De que iria adiantar ter uma tentadora ao
alcance se no final das contas, Rillian não poderia desfrutar de
nenhuma oferta pecaminosa da parte delas, e é isto que as tentadoras
geralmente fazem de melhor.
Após andarem alguns minutos pela rua da cidade, Kátia pediu para
Rillian virar à esquerda. Depois falou para ele virar à direita e logo
em seguida apontou para uma casa dizendo:
- Eu moro ali. Está vendo?
- Sim – respondeu Rillian parando o carro.
- Então – Kátia começou a jogar seu charme para Rillian – Eu não
sei como lhe agradecer. Você não quer entrar um pouco? Tomar
uma água?
Rillian poderia ter colocado um fim naquele negócio se resolvesse
falar um pouco sobre Deus. Mas ele preferiu manter o seu
cristianismo no anonimato. O cenário para a tentação estava armado.
- E então – concluiu Kátia descendo do carro – Vamos entrar um
pouco?
- Eu acho que vou aceitar o convite para tomar um café ou um suco.
- Tudo bem – disse Kátia.
Quando Kátia entrou em sua casa, começou a se sentir bastante à
vontade para pecar. Rillian ficou na cozinha se servindo de um café
enquanto a moça sumiu pela casa. Poucos minutos depois ela voltou,
mostrando o quanto ela era uma grande tentadora.
Quando Rillian olhou para Kátia decotada daquela maneira acabou
se dando conta de que estava caindo em um laço do diabo.
Só agora ele se deu conta?
E o que ele faria? Iria sucumbir? A oportunidade para o pecado
estava ficando muito clara.
- O que você achou? – perguntou Kátia sem pudor.
Responde à pergunta dela Rillian (Sarcasmo).
Na verdade, aquela era uma pergunta capciosa, pois Rillian não
poderia responder sem que saísse dos padrões de Deus.
- Bom...Eu...- ele se engasgou.
Kátia riu daquilo.
- Toma um pouco de água – disse ela.
Rillian começou a sentir uma forte dispneia (falta de ar) diante
daquela visão. Naquele momento ele se lembrou de um livro que
havia lido na internet. O livro ensinava o segredo para se vencer a
tentação. Rillian se lembrou de que o segredo era resistir, suportar e
combater. Naquele dia ele precisaria usar o segredo como ninguém e
foi isto que ele fez. Rillian resistiu a tentação. Se não tivesse feito
isto, teria sucumbido diante da visão do decote da moça. Agora ele
percebeu que estava em um laço do inimigo. Mas já era tarde demais.
Alguém bateu na porta. Era uma voz feminina.
- Espere aqui que eu vou ver quem é.
Pouco tempo depois, Rillian que estava na cozinha começou a ouvir
uma voz de mulher. Não era a voz de Kátia, parecia que havia outra
mulher naquela casa junto com ela. Rillian percebeu que do mesmo
jeito que aconteceu com os personagens do livro, agora estava
acontecendo com ele. Quando ele leu o livro pelo computador, ficou
interessado no segredo que o livro ensinava, mas não acreditou que
um dia fosse ser tentado com mulheres tão atraentes como os
personagens do livro foram. Mas agora tudo aquilo estava
acontecendo na vida real e se Rillian não usasse o segredo não sairia
vencedor como os personagens do livro.
- O próximo passo será suportar – pensou Rillian consigo mesmo –
Mas naquele momento a tentação parecia estar mais fraca e Rillian
não entendeu quando é que teria que suportar a tentação. Mas não
demorou muito tempo para que ele descobrisse.
Kátia acabou abandonando Rillian na cozinha e ele começou a ficar
constrangido. Foi então que ele resolveu procurar Kátia pela casa no
afã de se despedir da moça e ir embora o mais rápido possível, antes
que as coisas complicassem mais para o lado dele. Mas quando ele
encontrou Kátia então entendeu porque teria que suportar a
tentação.
- Kátia. Eu vou indo embora – disse Rillian. Mas quando olhou para
a moça ficou completamente paralisado sem acreditar que aquilo
pudesse realmente estar acontecendo.
- Não vai agora não – disse Kátia apoiando-se com as mãos no
quadril da amiga. Ela mesma estava de fio dental e Rillian não pôde
evitar ver suas partes avantajadas.
Naquele momento Rillian sentiu uma agonia profunda. Um terror
muito grande. Algo terrível tentando fazer com que ele aproveitasse
aquela oportunidade para satisfazer os desejos da carne. Foi então
que Rillian se lembrou dos personagens que sofriam muito para
poder suportar a tentação quando as tentadoras apareciam em suas
vidas. E tendo isto em mente, Rillian se esforçou ao máximo para
suportar a tentação.
Não estava sendo nada fácil para aquele servo de Deus suportar a
tentação. Ele sentiu um severo sentimento tentando fazer com que
ele se desviasse dos caminhos de Deus para aproveitar aquela
oportunidade para pecar. Estava se esforçando tanto que começou a
sentir alguns sintomas de neurite óptica e não estava conseguindo
enxergar direito. O ambiente parecia estar mais escuro. Pensou que
talvez fosse a hora de sair daquele lugar. Mas seus pés pareciam estar
grudados no chão e faltou-lhe a força para sair imediatamente da
casa de Kátia.
Segundos depois a moça se aproximou de onde Rillian estava e ele
acabou pedindo que ela se afastasse:
- Eu preciso ficar sozinho – disse ele. Não se sentia à vontade para
pedir para Kátia se vestir descentemente, visto que ela estava na casa
dela. Ali ela poderia se vestir da maneira que quisesse.
- Está tudo bem com você? – perguntou Kátia.
Não, tentadora! Não está nada bem com Rillian e a culpa é sua!
- Eu só preciso ficar sozinho um pouco – disse Rillian que se
esforçou para não olhar para Kátia. Ele não queria mais ver aquele
fio dental. Sabia que se olhasse para Kátia, a tentação viria com toda
força do mundo.
A moça acatou o que Rillian havia pedido e acabou subindo para o
quarto com a amiga. Rillian estava completamente desorientado.
Procurou se lembrar do livro que leu e dos momentos em que os
personagens tinham que enfrentar uma tentadora. Era
impressionante o fato de que aquilo estava acontecendo com ele. O
livro pelo visto não era uma ficção. Era um livro baseado em fatos
reais. Aquele servo de Deus desejou não ter se levantado da cama
naquele dia para que assim não pudesse ter ido tentar consultar e não
tivesse conhecido Kátia. Para Rillian era melhor nunca ter conhecido
Kátia, nunca ter ido parar naquela casa e nunca ter visto o que viu.
Poucos minutos depois Kátia voltou e Rillian evitou olhar para ela.
Ainda sofria para tentar suportar a tentação.
- Eu tenho uma moto na garagem que está com problema para ligar,
Rillian. Será que você poderia me acompanhar e ver se consegue
fazer a moto funcionar? – falou Kátia para ele.
Rillian já estava todo suado de tanto se esforçar para suportar a
tentação. Tentou se lembrar do que ainda lhe faltava para poder
conseguir sair daquele lugar ileso. Rillian acompanhou Kátia até a
garagem apenas para ganhar tempo. Ele já havia resistido e
suportado, mas sabia que ainda lhe faltava alguma coisa. Naquele
momento, ele não teria condições de se lembrar do que ainda faltava
para que ele pudesse vencer a tentação. Isto porque assim que
chegou naquela garagem, Kátia subiu em cima da moto para tentar
dar partida. Quando Rillian viu aquela moça montada em cima da
moto, sentiu todo o poder da tentação tentando fazer com que ele
caísse em pecado naquele dia.
Mais uma vez ele teve que se lembrar dos personagens do livro e
suportar a terrível dor que a tentação lhe causava. Resistir a tentação
não estava sendo fácil. Suportar estava sendo mais difícil ainda e
Rillian começou a sentir uma forte tensão. Parecia que não iria
conseguir sair daquele lugar sem cair em pecado. Mas ele se inspirou
nos personagens do livro e conseguiu suportar a tentação.
- Desce logo desta moto – disse Rillian resistindo com toda força de
sua alma – Me deixa ver se consigo fazer ela funcionar – ele estava
fazendo careta tamanho o esforço que teve que fazer para suportar a
tentação. A sensação era terrível onde o efeito da tentação fazia
Rillian sentir um gosto de veneno na boca. Era como se alguém
tivesse colocado estriquinina no seu suco. Sentia como se fosse ter
convulsões. Sentiu ansiedade, tremor, colocou a mão na boca como
se fosse segurar o vômito. Sentiu calafrios como se estivesse com
uma febre alta de difícil controle. Os músculos do corpo pareciam
que estavam tendo espasmos. A falta de ar era imensa. Não era fácil
suportar.
Kátia ficou um pouco chateada com a maneira grossa de Rillian se
comportar. Ela estava esperando por alguma coisa diferente da parte
dele.
- Será que você consegue? – perguntou ela que tentou se aproximar,
mas Rillian logo subiu em cima da moto para tentar dar partida. Foi
então que percebeu que deveria ser algum problema com o
carburador.
- Eu já sei como fazer para sua moto funcionar – disse ele para Kátia
– Mas eu gostaria de te pedir que me deixasse aqui sozinho.
- Eu prefiro ficar aqui – disse Kátia.
- Não! – ralhou Rillian com ela. Seus olhos estavam úmidos. Ele
estava quase chorando de tanto esforço que estava tendo que fazer
para suportar a tentação – Você vai tirar minha concentração.
Kátia pareceu gostar de ouvir aquilo.
- Eu estou tirando sua concentração? – perguntou ela com malícia.
- Quer dizer. Eu preciso abrir o carburador. Não posso ficar
conversando com você.
- Eu fico calada – falou Kátia. A tentadora não dava uma trégua.
- Se você não me deixar sozinho eu não vou arrumar sua moto –
disse Rillian contrariado.
- Tudo bem – falou Kátia contrariada também. Ela saiu da garagem e
deixou Rillian sozinho.
Ele realmente sabia consertar a moto, mas os seus pensamentos não
estavam no carburador. Estavam no livro e no segredo para se
vencer a tentação. Aquele servo de Deus sabia que se caísse em
pecado, poderia ir para o inferno se morresse desviado.
Depois de fazer a moto funcionar, Rillian percebeu que estava com
as mãos toda suja.
- Onde é que fica o banheiro para eu poder lavar as mãos? –
perguntou ele para Kátia.
- Fica perto da cozinha onde você estava – disse a moça – Está tudo
bem com você? – Kátia já estava estranhando porque Rillian não
tomava nenhuma iniciativa de partir para cima dela.
- Eu não estou me sentindo muito legal não – disse Rillian que
estava passando mal de tanto ter que suportar a tentação. Por várias
vezes ele tentava segurar o vômito. Colocava a mão na boca sempre
que via Kátia em sua frente de fio dental.
- Porque você não coloca uma roupa? – perguntou ele enquanto se
dirigia para o banheiro.
- Eu estou na minha casa e fico do jeito que eu quero. Você não
acha? – disse Kátia para ele com bastante atrevimento.
- Sua casa. Suas regras – respondeu Rillian sem graça.
Depois de lavar a mão Rillian foi até a sala para se despedir de Kátia.
Mas teve outra grande surpresa.
- Você já está de saída? – perguntou Kátia que estava mexendo em
um aparelho de celular.
- Sim – disse Rillian que fazia força para não se contorcer todo. A
visão do glúteo avantajado de Kátia fazia com que a tentação se
tornasse a pior coisa que já teve que suportar em toda sua vida.
Aquilo parecia mais um pesadelo. Rillian começou a se questionar.
Será que valeria a pena abrir mão dos prazeres mundanos para
vencer a tentação? Será que valeria a pena ser tão fiel a Deus assim?
E se ele aproveitasse aquela oportunidade e depois pedisse perdão?
Não poderia ele desfrutar do melhor dos dois mundos?
- Deita aqui comigo um pouco – disse Kátia se entregando
completamente.
Aquilo foi demais para Rillian. Ele saiu correndo para o banheiro.
Precisava vomitar urgente. Vomitar parecia ser uma forma de
encontrar alívio diante de tanta dor. Será que aquela opressão
poderia fazer Rillian perder o juízo e enlouquecer? Como encontrar
forças para suportar tudo aquilo?
Quando chegou ao banheiro vomitou um pouco e se lembrou de
que o último passo era combater a tentação. Assim como os
personagens do livro, Rillian precisava encontrar um jeito de
combater a tentação. Já havia resistido várias vezes e estava fazendo
o maior esforço do mundo para suportar a tentação. Mas até então
assim como o livro dizia, estava se sentindo apenas vítima da
tentação. Ele fez um grande esforço para tentar se lembrar de como
os personagens do livro combateram a tentação. Foi quando saiu do
banheiro e caminhou lentamente na direção da sala. Iria se despedir
de Kátia e dar um jeito de sair imediatamente daquele lugar. Foi
quando viu Kátia mais uma vez de fio dental.
- Eu vou embora Kátia – falou ele completamente desesperado.
- Está cedo. Você não quer ficar mais um pouco?
Rillian fez uma oração em silêncio numa ínfima tentativa de
combater a tentação.
- Eu realmente preciso ir – disse ele.
- Qual é! Você me acha feia ou o que? – Kátia começou a ficar
furiosa com a compostura de Rillian.
- Porque você está dizendo isto? – os pensamentos de Rillian
pareciam bastante acelerados. Ele tentava se esforçar para encontrar
uma maneira de combater a tentação. Foi quando teve que fazer
mais uma vez um grande esforço para suportar a tentação. Isto
porque Kátia se acomodou de uma forma que expôs com muita
clareza suas nádegas.
Quando Rillian viu aquilo quase teve uma síncope. Se esforçou para
não desmaiar. Parecia estar perdendo as forças e a visão ficou
embaçada. O esforço para suportar a tentação era muito grande.
Então ele começou a lutar contra a tentação quando se lembrou
vagamente do que alguns personagens do livro fizeram:
- Sai tentação. Sai tentação. Sai logo – começou ele a falar sem
pensar nas consequências daquilo – Não tentação, não tentação. O
sangue de Jesus tem poder. Me ajuda Espírito Santo – tudo que
Rillian conseguia lembrar a respeito de combater a tentação, ele
tentava fazer.
- Mas o que é isto? – disse Kátia furiosa – Você está ficando louco.
- Eu devia ter te falado, Kátia. Eu devia ter te falado.
- Falado o quê? Você está me assustando. Você tem alguma doença
contagiosa? É por isto que você estava consultando hoje?
- Eu não tenho nenhuma doença contagiosa. Mas eu não posso ter
nenhuma relação promíscua com você hoje.
- Não se preocupe – disse Kátia sem temor – Eu sempre me protejo.
Eu tenho um monte de camisinha aqui na gaveta.
Naquele momento Rillian teve que resistir, suportar e combater a
tentação ao mesmo tempo. E se antes ele já parecia um louco, agora
que Kátia realmente se assustou com o comportamento de Rillian.
- Gente! Eu acho que ele está passando mal – disse Kátia quando viu
Rillian rodopiar em volta do próprio eixo falando um monte de coisa
sobre Deus que ela não conseguia compreender direito.
- O sangue de Jesus tem poder – Rillian bufava desesperado – Eu
preciso vencer. Me ajuda. Kátia, você tem um computador com
internet aqui? Você tem um computador? Diga logo onde está seu
laptop.
- Eu não tenho notebook – respondeu Kátia – Mas tem um
computador lá na sala.
- Tem internet?! – Rillian estava desesperado.
- Tem seu maluco. Porque você está se comportando desta maneira?
– perguntou Kátia atônita com a cena.
- É que eu sou um servo de Deus – disse Rillian.
Kátia não conseguiu entender o que ele queria dizer com aquilo.
Rillian foi rapidamente até a sala e ligou o computador. Depois
digitou o nome do site e foi quando viu mais uma vez o livro de
Deus na internet. Começou a ler algumas partes do livro,
desesperado para encontrar alguma coisa que pudesse lhe ajudar. E
ele encontrou, por todo o livro havia ensinamentos de Deus acerca
da realidade das tentadoras e de como se fazer para vencê-las.
Quando Rillian via aquelas imagens da tentação no livro, entendeu
que aquilo era a mais pura verdade. Coisas assim podem acontecer
com um servo de Deus. Rillian leu o livro por alguns minutos e
entendeu que já havia resistido, suportado e combatido. Nesta hora
se sentiu um grande vencedor. O próximo passo agora deveria ser
encontrar uma maneira de sair o mais rápido possível da casa
daquela grande tentadora. Não havia mais motivo para Rillian se
demorar ali.
- Eu vou embora, Kátia. Onde fica a saída mesmo? Não precisa vir
aqui, pode falar daí mesmo.
- Na porta que está atrás de você – disse Kátia – Eu não acredito que
você vai fazer isto comigo. Rillian? Ei, cadê você? – Kátia ouviu um
barulho de carro e entendeu que Rillian já estava indo embora.
- Nãoooooooooooooooooo! – ela berrou inconformada.
- Eu venciiiiiiiiiiiiiiiiiiii – gritou Rillian dentro do carro – Eu venci! Eu
consegui vencer! Eu venci uma grande tentadora, igual as pessoas do
livro venceram.
Rillian estava se sentindo bastante feliz. Havia vivido na prática o
que o livro mostrava e entendeu que o segredo ensinado no livro
realmente funciona.
- Que maravilha! Eu preciso ler este livro mais vezes. Eu vou ler este
livro quantas vezes for preciso. Eu quero decorar tudo o que este
livro ensina. Eu venci! Eu venci!
Rillian chegou em casa e já foi logo para a internet. Digitou
novamente o nome do site e agora passava o dia inteiro lendo aquele
livro. Toda vez que ele via a imagem de uma grande tentadora no
livro, se lembrava de Kátia e do que teve que passar naquela casa.
Então ele entendeu o propósito do livro em mostrar aquelas
imagens. O livro estava mostrando a realidade da tentação. Realidade
esta que muitas pessoas tentam esconder como alguém que tampa o
sol com a peneira. E o mais incrível é que o segredo que o livro
ensinava realmente funcionava. Rillian só conseguiu sair da casa de
Kátia sem se desviar dos caminhos do Senhor porque havia resistido,
suportado e combatido a tentação. Do jeito que o livro ensinava. Se
não tivesse aprendido isto no livro, a estas horas poderia estar
desviado. E vai saber lá se ele encontraria forças para voltar para os
caminhos do Senhor.
No outro dia Rillian foi na casa de todos os amigos cristão que
conhecia. Estava muito empolgado com o fato de ter vencido a
tentação e resolveu divulgar o livro para todas as pessoas que
conhecia. Algumas não gostavam do livro quando viam as imagens
das tentadoras e Rillian também não conseguia explicar direito para
estas pessoas sobre isto. O mais importante era que Rillian havia
vencido a tentação. O segredo ensinado naquele livro fez toda
diferença para ele.
O que era apenas para ser um corte de cabelo acabou se
transformando em um dia de tentação. Não seria nada fácil vencer a
tentação naquele dia. Mas se Ricardo não tivesse usado o grande
segredo para se vencer uma tentadora, ele teria sucumbido. Tudo
aconteceu em um salão de sua cidade. Era uma segunda feira, dia de
pouco movimento no salão. Ricardo resolveu parar para cortar o
cabelo e foi atendido por Mayra. Ela começou a cortar o cabelo dele
e eles conversaram sobre alguns assuntos efêmeros. Foi na hora de
pagar que a pomba gira parece que se manifestou nela. A moça
entrou em uma salinha e logo depois voltou em uma situação
deplorável.
- Eu não vou cobrar o corte de você. Hoje vou fazer uma promoção
para você voltar sempre.
- Onde está sua roupa? – perguntou Ricardo incrédulo. Ele nunca
imaginou que aquilo pudesse acontecer.
- Isto também vai fazer parte da promoção, sempre que você vier
aqui no meu salão, eu vou te atender assim – disse ela que virou de
costas e ficou de joelhos em um banco. O diabo jurava que Ricardo
iria decidir se desviar e aproveitar aquela oportunidade nítida para
cometer algum tipo de pecado relacionado ao sensualismo. Poderia
ser um olhar cobiçoso...
Também poderia ser um comentário indecoroso, um pensamento
impuro, uma proposta indecente, ele poderia fazer muitas coisas ali
que fosse agradável do ponto de vista da carne, mas que certamente
iria fazer com que ele se desviasse dos caminhos do Senhor.
Deus ou a tentadora? Qual a escolha de Ricardo?
Ele pensou um pouco e finalmente resolveu que iria escolher a
Deus. Ele sabia que poderia ser muito feliz naquele momento com
aquela tentadora, mas também sabia que teria que abandonar a Deus
para desfrutar este momento de felicidade. Onde ele encontraria
forças para vencer aquela tentadora?
- Eu te resisto tentação – disse ele baixinho para si mesmo.
Isto não foi o bastante para que todo poder da tentação que o
ameaçava se dissipasse.
A moça olhou para ele voluptuosamente esperando alguma reação.
Mas ele simplesmente falou para ela:
- Eu preciso suportar esta tentação – ele fazia uma força
sobrenatural para suportar mesmo e não cair em pecado.
Ela ficou transtornada com aquilo.
- Você não pode estar falando sério? – disse ela em tom de
sarcasmo.
Foi quando ele resolveu combater a tentação falando de Deus para
aquela mulher.
- Vou dizer a verdade para você. Eu sou um servo de Deus e não
posso fazer isto, não é pessoal. Eu não posso mesmo.
Nesta hora ela arregalou os olhos como se tivesse visto algo muito
assustador. Levantou-se lentamente e foi para trás da cortina
envergonhada.
- Espere um pouco – ela colocou a roupa novamente e saiu mais
uma vez daquele lugar. Desta vez pedindo desculpas - Meu pai vivia
falando de Deus para mim, mas eu nunca tive forças para ser a
mulher que ele queria que eu fosse – ela ameaçou chorar – Você se
importaria se eu cobrasse pelo corte?
- Não, claro que não – disse ele.
Ela pegou o dinheiro da mão dele e mais uma vez pediu desculpas.
E foi assim que mais um servo de Deus conseguiu vencer o poder da
tentação. Ele poderia ter caído em pecado. Mas ele foi fiel a Deus. E
tudo isto em troca de um dia poder ir morar no céu. Esta é a
verdadeira fé. E isto porque ele resistiu, suportou e combateu.
_____________________
Celio trabalhava na loja de sapatos que ficava perto de sua casa. Foi
quando Yumi, a nova vendedora apareceu por lá. Celio era servo de
Deus. Procurava se afastar do pecado a cada instante de sua vida.
Para que isto fosse possível ele precisava estar vigilante e dedicado à
oração.
Yumi não tinha pudor, ao contrário de Celio ela não era temente a
Deus e por isto o tentador a escolheu para fazer Celio blasfemar
contra o Senhor.
A tentação não escolhe ninguém com estrela na testa não, ela vem
para todos. E havia chegado a hora de Celio mostrar que realmente
estava preparado para vencer a tentação.
- Eu não sou de igreja nenhuma, pois não gosto de fanatismo – dizia
Yumi na loja para o pessoal depois que surgiu um assunto sobre
religião.
- Você é uma pecadora que precisa de salvação – disse Celio para
Yumi.
- Eu não sou isso que você está falando não.
Ele olhou para ela com cara feia.
- Você parece estar contrariado com as mulheres – falou Yumi –
Quem te botou um chifre? - Ela sorriu. Eles se entreolharam por
alguns segundos. Celio franziu o cenho.
- Você está enganada – ele retrucou.
- Você deve ter plena convicção para estar falando assim – disse
Yumi; Ela pulou por um banco preto e quase encostou seu corpo
em Celio. O rapaz teve que se afastar. Sentiu-se ridículo. Nenhum
homem se afastaria de Yumi. Mas ele teria que vencer aquela
tentação. Foi quando ele se lembrou de que tinha serviços para fazer.
Correu até o final do corredor para pegar filas de caixas de sapato.
Ele não tinha ideia do que ela estava querendo dizer quando falou
que ele era um pãozinho. Os gestos daquela garota eram libidinosos.
Celio começou a perceber que se quisesse permanecer fiel a Deus
teria que renunciar os prazeres da carne.
O diabo estava preparando um laço para derrubar o rapaz dos
caminhos do Senhor.
Na parte de trás da loja, um rapaz com um rosto esguio e pálido
estava de pé. Ele precisava falar urgente com o irmão Celio. Assim
que Celio passou por ali, o rapaz o chamou e disse:
- Toma cuidado com essa moça. Ela já me derrubou uma vez – o
rapaz era amigo de Celio, eles faziam parte da mesma igreja.
O que vocês acham daquele rapaz? – perguntou Yumi para o pessoal
que trabalhava naquele lugar.
Eles disseram que já estavam acostumados com o jeito de Celio e ele
agora sabia que teria que enfrentar a tentação. Ele orou pedindo a
ajuda do Espírito Santo. Ali naquele lugar sentiu o Espírito Santo lhe
mostrando o segredo para se vencer o pecado.
No outro dia, Yumi não parava de reparar em Celio. Ela percebeu
que ele estava indo para um lugar isolado da loja, se adiantou e
quando ele abriu a cortina não acreditou no que estava vendo. Ela
estava com a blusa abaixada.
Aquilo parecia mais uma pegadinha de televisão do que a realidade.
Entretanto, a tentação era real para Celio. Ele não poderia lutar
apenas com as próprias forças, ele precisava resistir. E foi
exatamente isto que ele fez. Começou a resistir a tentação em
pensamentos. Yumi disse que podia se explicar. Ele apenas ouviu o
que ela tinha para dizer. Aquilo estava deixando aquele servo de
Deus triste. Ele não gostava de ver o pecado na vida das pessoas. Ele
resolveu combater a tentação e orar por ela.
- Eu posso orar por você?
- Aqui? Você está ficando doido? – Yumi não estava entendendo
nada do que estava acontecendo ali. Ela estava esperando por outro
tipo de reação da parte dele. Ela olhou para ele como se tivesse
engolido um limão.
- Sim, aqui mesmo — disse ele numa voz arrastada.
A verdade é que aconteciam coisas estranhas em volta dele e não
servia de nada dizer que era o diabo. Aquela moça não se parecia
nada com o diabo. Yumi até disse alguma coisa sobre religião. Mas
lamentou ter aberto a boca. Se havia alguma coisa que detestasse
mais ainda do que perguntas sobre religião, era que ele falasse sobre
alguma coisa fora do comum como céu e inferno.
— Não sejas estúpido — respondeu ela asperamente.
Celio ficou com sérias dúvidas, mas achou melhor não dizer nada,
ficou a olhar espantado para Yumi, o coração a tremer como se
quisesse saltar-lhe do peito. A tentação era forte e ele precisava de
suportar se quisesse vencer. Olharam um para o outro como se
tivessem esquecido de que ainda estavam presentes.
- O que você achou de mim? – perguntou Yumi se exibindo.
Celio respondeu precipitadamente e entredentes. Respirou fundo
várias vezes e depois, com um sorriso forçado que quase parecia
doloroso, disse:
- Então quer dizer que você está se oferecendo mesmo?
- Claro que estou! Porque raios você não está acreditando?
- Eu? Não está mais aqui que falou.
Celio percebeu que teria que tomar uma decisão. Havia chegado a
hora de renunciar a carne. Olhou em volta e percebeu que todo
mundo havia saído para o almoço. Só estavam eles dois naquela loja
e o gerente que ficava no andar de cima em seu escritório. Por cerca
de dois minutos Celio ainda teve tempo para pensar, pois Yumi
havia desaparecido. Mas logo ela voltou novamente. Ela virou de
costas e perguntou para Celio se ele a achava bonita.
- Você quer namorar comigo? – disse Yumi.
Celio olhou mais uma vez para Yumi com seu biquíni laranja,
vermelho e amarelo e sentiu todo poder da tentação percorrer a sua
mente. Seus pensamentos o forçavam a desistir de ser fiel a Deus a
todo custo e aproveitar aquele momento. Celio sabia que
provavelmente não teria uma oportunidade daquela nunca mais em
sua vida. Era pegar ou largar. Ser fiel a Deus em troca de uma vida
futura no céu que ele não sabia nem quando iria chegar e nem onde
exatamente seria. Era ficar com a fé que ele não podia ver, não podia
desfrutar de nada ou aproveitar tudo aquilo que era real e que estava
em sua frente. Naquele momento, Celio mais uma vez resistiu a
tentação com toda força de sua alma. Mesmo assim ao olhar para a
moça percebeu que a tentação continuava muito forte
Celio então teve que fazer um grande esforço para suportar aquela
tentação. Ele não poderia cair. Lançou um olhar de lado e ríspido
visto que seus nervos estavam a flor da pele. Ele suportou. Aquilo
era mais do que uma cilada para aquele irmão de fé. Mas ele estava
preparado para vencer a tentação e sabia muito bem o significado
das palavras ―resistir, suportar e combater‖.
Então Celio começou a combater a tentação com todas as suas
forças e imediatamente começou a orar. Yumi se assustou.
Ele ficou pensando:
―Como é que pode existir uma moça assim! Isso não é normal‖.
E de fato não era, o que estava acontecendo é que o diabo havia
preparado uma tentação para aquele irmão e estava usando uma de
suas tentadoras para isso.
Estar com Yumi parecia surreal. O amor que ele tinha por Deus teria
que ser maior do que os prazeres da carne. Será que Celio
conseguiria continuar vencendo aquela tentação? Visto que ele estava
resistindo, suportando e combatendo a resposta é um SIM bem
grande. O diabo que é o tentador ainda não havia terminado o
serviço. O inimigo ainda faria de tudo para tirar Celio dos caminhos
do Senhor. O Tentador sabia que se Celio caísse no pecado do
sensualismo estaria abrindo a porta do seu coração para que outros
pecados entrassem também e assim Celio voltaria à escravidão de
toda sorte de coisas que desagradam a Deus.
- Você precisa parar de orar para agente conversar – disse Yumi.
— Parece que sim — respondeu ele.
- Não quer tomar uma limonada comigo?
— Uma quê?
— Uma limonada.
— Não, muito obrigada — disse ele, friamente, como se
considerasse não ser aquele o melhor momento para tomar
limonadas. Ela estava tentando o servo de Deus. O poder do pecado
era enorme para quem não tem o Espírito Santo de Deus. Yumi era
um verdadeiro instrumento preparado por satanás para fazer as
pessoas pecarem através do sensualismo. Para ela, era normal ser
daquela maneira. Não sentia nenhum pesar pelo seu comportamento
promíscuo. Após combater a tentação com oração por alguns
instantes, Celio finalmente disse:
- Eu não quero nada com você, não vou trocar meu Deus pelo seu
fio dental. Vai vestir uma roupa Yumi. Você está perdendo seu
tempo aqui comigo.
Yumi disse num tom que expressava surpresa e admiração.
— Mas como você é diferente! Não se preocupe. Há chances de
você nunca me ver de novo. Eu apenas o incomodarei caso alguma
coisa realmente séria aconteça.
- Você, você não é um trote?
Isso tinha sido sua última desesperada esperança. Se ela dissesse que
sim, o fato dele saber que na realidade ele não tinha chances com ela
o ajudaria mais ainda a continuar vencendo aquela tentação.
- Não, é verdade. Eu quero ficar com você.
O choque o pegou de surpresa por um momento enquanto ela
desaparecia. Por um tempo ele tentou se convencer de que tinha
realmente sido uma alucinação provocada pela carência.
Ocasionalmente, ele poderia jurar que avistou pelo canto do olho a
figura de um demônio por ali.
- Excelente. Bom, eu espero que não nos vejamos novamente - falou
ele sem que ela pudesse ouvi-lo.
Deus estava presente naquele lugar na pessoa do Espírito Santo.
Se aquele servo de Deus não tivesse resistido, suportado e
combatido, com certeza ele teria caído nas garras da tentadora. E foi
usando este grande segredo que ele conseguiu vencer a pior das
tentações. A tentação do sensualismo.
Era uma noite escura e fria. Havia um homem que era um servo de
Deus e que trabalhava como entregador em uma farmácia. Naquela
noite ele estava de plantão e iria trabalhar até o dia amanhecer.
Ele havia se convertido fazia pouco tempo e estava lutando para
conhecer a vontade perfeita de Deus. Alguns pecados são óbvios até
para uma criança. Destes pecados ele se afastava. Antes de se
converter, ele bebia e fumava demais. O diabo tentou oferecer várias
vezes cigarro e bebida para este servo de Deus, mas desde o dia em
que ele aceitou Jesus ele fora liberto de todos os pecados. E a partir
de então, encontrou forças sobrenatural para vencer o vício. Mas
esta força sobrenatural veio mediante o fato dele ter usado o grande
segredo, RSC (Resistir, suportar e combater). Fazia pouco tempo
que este servo de Deus, que se chamava Tiago, tinha participado da
santa ceia do Senhor. A ceia era para pessoas batizadas nas águas,
embora na igreja em que ele congregava, havia algumas exceções
para os novos convertidos que não tiveram tempo de se batizar. Na
santa ceia, o pastor anunciou alguns nomes de pessoas que estavam
sendo afastadas da igreja porque haviam caído em pecado. O pecado
mais comum era o sexual.
Tiago ficou muito preocupado quando ouviu o pastor dizer aquilo,
afinal, ele poderia ser o próximo da lista a enfrentar esta tentação.
Houve uma vez, que ele quase havia caído em tentação, fora por
muito pouco que conseguira se lembrar do segredo ensinado neste
livro e escapar.
O diabo, que é o tentador, preparou um laço para derrubar Tiago. A
intenção do inimigo era fazer ele cair em pecado sexual. Tiago teria
que estar preparado para vencer a tentação, e será que ele estaria
preparado? Naquela noite de plantão, tudo ficaria claro.
O telefone da farmácia tocou.
- Teria como você fazer uma entrega aqui em casa? - disse a voz
feminina.
- Sim. Entregamos.
- Então anote o meu endereço e me traga um analgésico e um antiinflamatório.
A moça passou o endereço e o farmacêutico entregou o remédio
para Tiago fazer a entrega.
- Não demore, Tiago. Se outra pessoa ligar, estou sem ninguém para
fazer a entrega e estamos vendendo bastante nesta semana.
Tiago pegou a moto e foi fazer a entrega.
Ele chegou no local e tocou a campainha.
- Quem é? - perguntou a moça.
- Foi aqui que pediram um remédio?
Ela abriu a porta.
- Tem troco para uma nota de cem? - disse ela para Tiago.
- Eu não trouxe nada. Você avisou que precisava de troco?
- Poxa. Eu esqueci de falar. Entre e espere um pouco que eu vou ver
se tenho trocado.
- Eu espero aqui de fora - disse Tiago.
- De jeito nenhum - falou a moça que se chamava Amanda - Está
muito frio e você vai esperar aqui dentro.
- Eu não posso demorar - disse Tiago.
Amanda não sabia que Tiago era um servo de Deus. Ela entrou para
o quarto e começou a demorar. Tiago não sabia mais o que fazer.
Foi quando Amanda gritou do quarto.
- Estou demorando?
- Demais - falou Tiago - Acho melhor eu ir, depois você passa na
farmácia e acerta.
- Não. Você vai acertar a conta pra mim - disse Amanda do quarto.
- Eu? - Tiago achou aquilo estranho - Eu não vou fazer isto não disse ele.
- Vai sim! Mas é claro que vai. Sabe porquê? Porque eu vou te
recompensar por isto. Vem aqui pegar sua recompensa.
Tiago pensou que ela estava falando do dinheiro. Aquilo parecia ser
uma brincadeira de mal gosto.
Quando ele foi até onde estava Amanda para pegar o suposto
dinheiro, encontrou ela perto da cama de forma indecorosa. Foi aí
que a tentação veio com tudo. Ela se aproximou deixando claro sua
intenção libidinosa. Tiago olhava para ela sem conseguir acreditar
direito no que estava acontecendo. O ápice da tentação veio quando
ela chegou bem perto dele e foi se abaixando lentamente. Foi nesta
hora que ele percebeu que tinha uma oportunidade muito clara de se
afastar dos caminhos de Deus. E a tentação veio com tudo.
- Isto paga a conta - disse ela.
Pelo jeito que Tiago olhou para Amanda, parecia que ele iria cair em
pecado. Mas o Espírito Santo começou a tocar no coração de Tiago
para ele resistir aquela tentação.
Depois de pensar um pouco. Ele falou para si mesmo:
- Eu te resisto tentação! – depois disso, agora tendo que suportar o
enorme peso daquela tentação, ele olhou para Amanda e tentou
combater a tentação pregando para ela - Jesus quer te salvar.
- O quê? Como é? - Amanda não acreditou no que estava ouvindo.
- Deus quer te libertar do seu pecado. Você quer aceitar Jesus como
salvador, agora?
- Você não pode estar falando a verdade - Amanda não conseguia
acreditar na reação de Tiago. Ela nunca havia imaginado que alguém
pudesse desperdiçar uma oportunidade daquelas.
- Se você não se arrepender de seus pecados e aceitar Jesus como teu
salvador, você vai para o inferno - disse ele para ela.
Amanda ficou furiosa.
- Tá. Eu me arrependo. E agora?
Foi Tiago quem estava sendo pego de surpresa desta vez. Não
esperava por uma resposta daquela....
- Agora você levanta e 

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