Protocolo-OBS-009
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INSTITUTO DE PERINATOLOGIA DA BAHIA - IPERBA PROTOCOLO - OBS - 009 DATA: 06/09/2004 PÁG:1 / 2 TÍTULO: EPISIOTOMIA 1. CONCEITO A episiotomia é a ampliação cirúrgica do canal do parto mediante uma incisão perineal realizada durante a fase final do 2 º período do parto (período expulsivo), realizada com tesoura ou bisturi e necessita de reparo por meio de sutura – Thacker (1983). 2. INCIDÊNCIA Á luz das evidencias científicas atualmente disponíveis, cabe a recomendação de que o uso rotineiro da episiotomia deve ser abandonado e de que taxas superiores a 30% não estão cientificamente justificadas. 3. INDICAÇÕES Segundo a OMS (1996), determinadas situações, como sinais de sofrimento fetal, progressão insuficiente do parto (período expulsivo prolongado) e ameaça de laceração do 3 º Grau (incluindo passado dessa laceração em parto anterior) podem ser bons motivos para indicação da episiotomia num parto, até então em evolução normal. Acrescente-se ainda as variedades posteriores, a macrossomia fetal e a insuficiência ventricular esquerda materna. 4. TÉCNICA 4.1. MEDIANA OU MÉDIO-LATERAL Não há consenso médico ou dados embasados em evidencias científicas que comprovem a superioridade de uma técnica sobre a outra. Os que defendem a episiotomia mediana afirmam ser esta técnica de mais fácil execução, ter menos problemas de cicatrização, menos dor pós-operatória, raramente provocar dispareunia, embora aceitem que apresente mais freqüentemente extensão para esfíncter anal e reto (Shiono – 1990). Acreditamos que esta complicação supera as vantagens relatadas na literatura, sendo então a episiotomia médio lateral a mais indicada. - Bloqueio do pudendo ou infiltração em leque com anestésico local; - Realizar a episiotomia em momento oportuno (apresentação no plano + 2 de De Lee), à tesoura. 4.2. EPISIORRAFIA Deve ser realizada após o secundamento. - Técnica de sutura: a literatura mostra alguma vantagem na utilização da sutura contínua em relação à técnica de pontos separados com relação ao incômodo pósoperatório. Não existem diferenças em relação à incidência de deiscências. - Tipo de fio cirúrgico: melhor opção aos materiais sintéticos (ácido poliglicólico (Dexon), e a poligalactina (Vicryl)), pois causam menos incômodos, e menor incidência de deiscência. INSTITUTO DE PERINATOLOGIA DA BAHIA - IPERBA PROTOCOLO - OBS - 009 DATA: 06/09/2004 PÁG:2 / 2 TÍTULO: EPISIOTOMIA 4.3. IMPLICAÇÕES DO SEU USO ROTINEIRO - A utilização habitual da episiotomia traz algumas desvantagens: maior necessidade do reparo cirúrgico, maior perda sangüínea, maior custo, maior desconforto materno, pior função sexual. - Em pacientes com parto não instrumentado, um trauma oculto de esfíncter anal ocorre mais freqüentemente na presença de uma episiotomia do que de uma laceração de 2º Grau. - A episiotomia feita de rotina não comprovou ser um método capaz de prevenir lesões retais e esfincterianas, nem de trazer qualquer benefício a longo prazo, como prevenção de distopias pélvicas, incontinência urinária ou fecal. - O único benefício do uso rotineiro parece ser a redução de lacerações perineais anteriores, que quando acontecem na maioria das vezes não se torna necessário a sutura. 5. DOCUMENTOS DE REFERÊNCIA 5.1. Episiotomy increases perineal laceration length in primiparous women Charles W. Nager, MD, and Jason P. Helliwell, MD, San Diego, Calif Volume 185, Number Am J Obstet Gynecol 5.2. Carroli G, Belizan J. Práctica de la episiotomía en el parto vaginal (Cochrane Review). In: The Cochrane Library, Issue 1, 2003. Oxford: Update Software. 5.3. Assistência ao Parto e Tocurgia – 2002 – FEDERAÇÃO BRASILEIRA DAS SOCIEDADES DE GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA 5.4. Parto, Aborto e Puerpério – Assistência Humanizada à Mulher – FEBRASGO, Ministério da Saúde 2002 5.5. Episiotomy rates in primiparous women in Latin America: hospital based descriptive study Fernando Althabe, José M Belizán, Eduardo Bergel BMJ VOLUME 324 20 APRIL 2002 bmj.com 6. ANEXOS Não se aplica Elaborado por Editado por Aprovado por Data 06/09/2004 Dr. Omar Ismail Darze CRM 7417 Coordenação de Ensino e Pesquisa Luciana Branco CRA-BA N. º 6593 Dra. Dolores F. Fernandez Coordenação Médica
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