menopausa: aspectos biopsicofisiológicos e a prática de exercícios

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menopausa: aspectos biopsicofisiológicos e a prática de exercícios
MENOPAUSA: ASPECTOS BIOPSICOFISIOLÓGICOS E A
PRÁTICA DE EXERCÍCIOS FÍSICOS
MODZEL, Daniela Tati1
[email protected]
BAGNARA, Ivan Carlos2
RESUMO: A menopausa é um período de diversas mudanças fisiológicas, psicológicas, aparecimento de
doenças, e está associada à maior acúmulo de gordura abdominal. O exercício físico se constitui num
fator muito importante para um envelhecimento saudável, influenciando melhora na qualidade de vida,
bem estar físico e mental, redução de peso e gordura corporal. O presente estudo teve como objetivo
analisar as diferenças biopsicofisiológicas significativas em mulheres na pós-menopausa praticantes e não
praticantes de exercícios físicos. Utilizamos para isso a pesquisa de abordagem quantitativa descritiva.
Como ferramenta de pesquisa foi aplicado um questionário estruturado para as mulheres com a
amenorréia ocorrida por um período maior que doze meses. Podemos observar que as mulheres que
praticam exercícios físicos possuem uma menor porcentagem de doenças diagnosticadas, e um menor
índice de sintomas físicos e psíquicos. Depois da análise concluímos que todas as mulheres ativas têm
uma melhor qualidade de vida, ficando evidente as melhoras biopsicofisiológicas após o início da prática
regular de exercícios físicos, diminuindo os efeitos deletérios da menopausa.
Palavras – Chave: Menopausa, Exercícios Físicos, Qualidade de Vida.
ABSTRACT: Menopause is a period of several physiological, psychological, onset of disease changes,
and is associated with increased abdominal fat accumulation. Exercise constitutes a very important factor
for healthy aging, influencing improvement in quality of life, physical and mental, weight reduction and
body fat welfare. The present study aimed to analyze the significant differences in women
biopsicofisiológicas practitioners in postmenopausal and not practicing physical exercises. Used for this
research descriptive quantitative approach. As a research tool structured for women with amenorrhea
occurred questionnaire for longer than twelve months was applied. We can observe that women who
practice physical exercise have a lower percentage of diagnosed diseases, and lower rates of physical and
psychological symptoms. After the analysis we conclude that all active women have a better quality of
life evident biopsicofisiológicas getting the improvements after the start of regular physical exercise,
reducing the deleterious effects of menopause.
Keywords: Menopause, Physical Exercise, Quality of Life.
1
Acadêmica do Curso de Educação Física – Faculdade IDEAU
Orientador. Doutorando em Educação nas Ciências – UNIJUI. Professor do Curso de Educação Física
da Faculdade IDEAU.
2
2
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
No Brasil há uma clara tendência a feminização, segundo Lorenzi (2009), as
mulheres com mais de 40 anos correspondem a 32% da população feminina. Sua
expectativa de vida está aumentando, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística, (IBGE, 2010), está em torno dos 76 anos, sendo que após a menopausa as
mulheres dispõem cerca de 1/3 de suas vidas, que pode e deve ser vivido de forma
saudável, lúcida, com prazer e produtividade.
A menopausa é considerada como um período de transição, no qual ocorrem
diversas mudanças fisiológicas, psicológicas, afetivas, aparecimentos de algumas
doenças e também está associada a um aumento de peso corporal, principalmente um
maior acúmulo de gordura no abdômen. Geralmente inicia em torno dos 45 anos,
podendo ser caracterizada pela interrupção da menstruação ou até ciclos menstruais
mais longos, tendo sintomas circulatórios como ondas de calor, palpitações, sintomas
psicológicos, aumento da depressão, ansiedade, tristeza, nervosismo, variações de
humor, falta de concentração, sintomas de atrofia, como secura vaginal e urgência
miccional e também o aumento da gordura na área da cintura (FRANÇA; ALDRIGHI;
MARUCCI, 2008).
O exercício físico se constitui um fator muito importante para um
envelhecimento saudável, influência positivamente na auto-estima, proporcionando
melhor qualidade de vida e bem estar tanto físico quanto metal. Promove também
redução de peso e gordura corporal, feito regularmente resulta numa melhora geral da
saúde e quando bem orientado se torna um dos melhores meios de prevenção,
manutenção e promoção de uma melhor qualidade de vida.
Partindo do pressuposto que as mulheres ao entrarem no período de pósmenopausa sentem-se mais vulneráveis tanto fisiologicamente quanto psicologicamente
devido às alterações hormonais, definimos como problema central deste estudo a
seguinte questão: quais os aspectos biopsicofisiológicos significativos em mulheres na
pós-menopausa praticantes e não praticantes de exercícios físicos?
Houve um relevante aumento no número de mulheres com mais de 50 anos na
população mundial, sendo que de 467 milhões em 1990 deverá chegar a 1,2 bilhões em
2030 (LORENZI, 2009).
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Esse grupo de mulheres tem sua expectativa de vida aumentada, o que segundo
IBGE (2010), gira em torno dos 76 anos, devendo chegar a 81 anos em 2060, no Brasil,
mulheres essas que estão na faixa etária em que geralmente ocorre a menopausa.
Levando em consideração tais dados, acreditamos que será de grande relevância
para as mulheres que se encontram na menopausa analisar os possíveis benefícios da
prática regular de exercício físico, já que o mesmo é indicativo de manutenção e
melhora da qualidade de vida, podendo quem sabe assegurar uma vida mais saudável,
ativa e com prazer.
A chegada da menopausa acarreta mudanças significativas no corpo e no
psicológico da mulher, colocadas aqui como mudanças biopsicofisiológicas. Um
exemplo significativo é a osteoporose, uma das co-morbidades que merece maior
destaque, pois na mulher a perda óssea começa aos 35 anos e progride 1% ao ano até a
menopausa. Quatro ou cinco anos após o término das menstruações, as mulheres têm
perda óssea de 2 a 4% ao ano e depois voltam aos níveis de perda em torno de 1% ao
ano (SANTAREM, 2013).
Segundo o autor supracitado são também mais intensas nesse período doenças
como hipertensão arterial, diabetes, dislipidemias, perda da libido, aumento de peso,
perda de massa muscular, instabilidade emocional, humor depressivo dentre outras.
Evidências mostram que pessoas fisicamente ativas possuem maior longevidade
e menor taxa de mortalidade e morbidade. Mostram também que o exercício pode
ajudar na prevenção da obesidade, diabetes, dislipidemias, doenças cardíacas e
hipertensão arterial, doenças essas que se agravam com o aparecimento da menopausa
(SILVA, 2009).
Sendo
assim
os
objetivos
deste
estudo
foram:
analisar
os
efeitos
biopsicofisiológicos de mulheres que se encontram na pós-menopausa praticantes e não
praticantes de exercícios físicos, identificar os fatores que influenciaram as mulheres na
pós-menopausa a praticarem exercícios físicos, constatar na percepção das mulheres as
melhoras biopsicofisiológicas significativas em relação a sua vida diária, após o início
da prática regular de exercícios físicos, comparar os resultados encontrados entre as
mulheres praticantes e não praticantes de exercício físico que se encontram no período
da pós-menopausa, identificar as principais mudanças na qualidade de vida das
mulheres na pós-menopausa após o início da prática regular de exercícios físicos e os
sintomas do climatério.
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Devido ao exposto julgamos de extrema importância fazer esta pesquisa para
aprofundamento do assunto, buscando contribuir para a amenização dos efeitos
deletérios do período da pós-menopausa e também, incentivando a prática de exercício
físico regular, principalmente nesta faixa etária, nas mulheres do local pesquisado.
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 Metodologia
Este trabalho se caracteriza por uma abordagem quantitativa descritiva, onde os
dados foram coletados por meio de um questionário estruturado pelos autores, com
perguntas claras e objetivas, o relatório foi analisado através da estatística e os
resultados foram apresentados em forma de tabelas precedidos ou sucedidos de
descrição, análise e discussão.
A pesquisa quantitativa tem como objetivo identificar a presença e medir a
frequência e intensidade de comportamentos, atitudes e motivações de um determinado
público alvo. Ela gera medidas precisas, confiáveis e que podem ser replicadas para o
universo estudado, pois se baseia em uma amostra estatisticamente determinada (REIS,
2013).
As pesquisas descritivas têm como objetivo primordial a descrição das
características de determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de
relações entre variáveis. Os estudos que podem ser classificados sob esse título, tem
uma das suas características mais significativas a utilização de técnicas padronizadas de
coleta de dados tais como o questionário e a observação sistemática (GIL, 2007).
A amostra foi composta por quarenta e três mulheres que se encontravam no
período da pós-menopausa, no município de Getúlio Vargas, destas, vinte e duas
praticavam exercícios físicos no mínimo três vezes por semana por períodos superiores
há seis meses e vinte e uma mulheres que não praticam nenhum tipo de exercício físico.
O tipo de exercício físico não foi levado em consideração para a seleção da amostra,
desde que este fosse um exercício com supervisão de profissional de educação física.
As participantes deste estudo têm idades entre 45 e 65 anos, pois a maioria das
mulheres quando entram na menopausa, geralmente estão dentro deste intervalo de
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idade, e por teoricamente ser de maior incidência para o aparecimento de algumas
doenças típicas do período pós-menopausa.
Ainda, todas as participantes assinaram o termo de consentimento livre e
esclarecido. Salientamos que o estudo seguiu todos os procedimentos e regras para a
pesquisa envolvendo seres humanos e a partir de qualquer momento as participantes
poderão se retirar do mesmo. Todas as participantes o fizeram de forma voluntária.
2.2. Análise e discussão
Do total de mulheres entrevistadas, 51,1% praticam exercício físico e 48,9% não
praticam. Analisando todas as entrevistadas, 74,7% têm uma relação estabilizada, ou
seja, casadas, 9,3% ainda permanecem solteiras, 7% já estão viúvas, 4,5% mantém uma
união estável, mas sem estabelecer um casamento legalmente e 4,5% divorciadas.
Observamos assim que nessa faixa etária quase 80% das mulheres ainda convivem com
seus parceiros, e menos que 20% levam as suas vidas sozinhas. O apoio e compreensão
do marido e da família são muito importantes para auxiliar a mulher nesse período de
mudanças, não somente nas mudanças fisiológicas, mas também para evitar a depressão.
Analisando a idade das participantes esperávamos que a maioria estivesse
aposentada, mas a pesquisa nos mostrou que 51% ainda estão trabalhando, mas ansiosas
pela chegada da aposentadoria. Sendo assim temos, 51,5% das mulheres recebendo de
um a dois salários mínimos, com uma menor porcentagem 37,5% três a quatro salários
mínimos e apenas 11% cinco ou mais salários mínimos.
Em relação a escolaridade das mulheres: 42% cursaram o ensino fundamental
não conseguindo chegar até o ensino médio, já 49% das mulheres se formaram no
ensino médio; 6,5% seguiram seus estudos cursando graduação e apenas 2,5% fizeram
especialização na sua área de trabalho.
Com isso podemos justificar também a baixa porcentagem de salários maiores,
devido à pouca busca por estudos mais aprofundados, sendo que mais da metade das
entrevistadas recebem mensalmente em torno de um a dois salários mínimos.
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Tabela 1 - Patologias diagnosticadas:
Hipertensão arterial
Percentuais (%)
Praticantes de
Exercícios Físicos
37 %
Percentuais (%)
Não Praticantes de
Exercícios Físicos
52 %
Depressão
4,5 %
14,5 %
Diabetes (tipo II)
9%
14,5 %
Osteoporose
4,5 %
19 %
Tireóide
4,5 %
9,5 %
Problemas na Coluna
4,5 %
0%
Enxaquecas
4,5 %
9,5 %
Artrose
9%
9,5 %
Isquemia Cerebral
4,5 %
0%
Osteopenia
4,5 %
0%
Má circulação
4,5 %
0%
3,5 %
14,5 %
Patologias
Nenhuma
diagnosticada
patologia
FONTE: Dados coletados pelos autores, 2013.
Através da Tabela 1 podemos analisar que as mulheres que praticam exercícios
físicos apresentaram uma menor porcentagem de doenças diagnosticadas. Na
hipertensão arterial, as mulheres que praticam exercício físico apresentam 15% menor
índice da doença do que as mulheres que não praticam nenhum tipo de exercício físico,
podemos notar essa diferença também em relação a depressão, diabetes e enxaquecas.
Ressaltamos ainda que, a isquemia cerebral, osteopenia e má circulação podem
ter existido anteriormente ao início da prática de exercícios físicos e até antes do início
da pós-menopausa, podendo as doenças supracitadas ser de ordem genética, assim
também com a hipertensão arterial, diabetes e osteoporose.
Supõe-se assim que as mulheres que praticam algum tipo de exercício físico têm
menores possibilidades de se depararem com algumas doenças relacionadas a este
período menopausal, agregando-se uma melhor qualidade de vida, devido aos efeitos
benéficos da prática regular de exercícios físicos.
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Segundo Pitanga (2002), o exercício físico está diretamente relacionado com
melhoras na promoção da saúde e ainda que, altos níveis de exercícios estão associados
a diminuição no risco de doença arterial coronariana, diabetes, hipertensão, osteoporose
e ainda, que, existem influências bastante significativas do exercício físico na melhoria
da eficiência do sistema imunológico, fato que pode reduzir a incidência de alguns tipos
de câncer e melhorar a resistência a outras doenças.
Portanto, além da prática regular de exercícios físicos também é influente o uso
da reposição hormonal, em nossa pesquisa constatamos que apenas 14% das mulheres
entrevistadas fazem uso de reposição hormonal, destas 12% há cinco anos e 2% há dez
anos, 86% não fazem nenhum tipo de reposição hormonal, alegam não precisar disso, o
que poderia mostrar certa desinformação dos benefícios destes ou a não aceitação da
reposição hormonal.
Tabela 2 – Mudanças relacionadas com a chegada da menopausa:
Humor
Percentuais (%)
Praticantes de
Exercícios Físicos
27 %
Percentuais (%)
Não Praticantes de
Exercícios Físicos
34 %
Fisicamente
18 %
28,5 %
Sexualmente
13,5 %
4,5 %
Psicologicamente
9%
4,5 %
Contexto Social
4,5 %
0%
Nenhuma mudança
64,5%
62 %
Contextos
FONTE: Dados coletados pelos autores, 2013.
Pode-se observar na Tabela 2 que a soma dos percentuais ultrapassa 100%. Isso
ocorreu por que algumas entrevistadas assinalaram mais de uma alternativa. Com
relação aos dados, a menopausa não significou grandes mudanças para 64,5% das
mulheres ativas e também não significando mudanças para 62% das mulheres não
ativas. Para as que não praticam exercícios físicos as maiores mudanças foram
relacionadas ao humor e fisicamente, já as que praticam exercícios tiveram uma
porcentagem maior nos aspectos sexuais, psicológicos e sociais.
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O que prediz, em relação ao exercício, tendo maior influência no humor e no
corpo físico das praticantes, mas nos aspectos sexuais, psicológicos e sociais não nos
mostrou uma maior interferência, pelo menos no público deste estudo.
Corroborando com a síntese, Werneck; Bara; Ribeiro (2006), nos retratam que o
exercício físico tem sido proposto como uma alternativa no tratamento e na prevenção
de distúrbios psicológicos e na melhoria de estado de humor, também coloca que o
exercício para a melhora do humor deve ser agradável, podendo envolver atividades
aeróbias como ciclismo, dança, caminhada, natação, step e corrida, de caráter não
competitivo, intensidade moderada e duração entre 20 a 40 minutos, regular durante a
semana, devendo evitar treinamentos com esforços máximos. O que nos mostra, que
essas mulheres, com maiores sintomas psicológicos não estão procurando, talvez o
exercício físico adequado para os seus objetivos.
Tabela 3 - Sintomas apresentados pelas mulheres:
Percentuais (%)
Praticantes de
Exercícios Físicos
Percentuais (%)
Não
Praticantes
Exercícios Físicos
82%
67 %
Insônia
36,5 %
48 %
Ansiedade, tristeza
18 %
57 %
Nervosismo
18 %
57 %
Calorões
18 %
0%
Quedas
0%
0%
Nenhuma mudança
64,5%
62 %
Sintomas
Aumento da gordura
na área da cintura
de
FONTE: Dados coletados pelos autores, 2013.
Da mesma forma que expresso na Tabela 2, na Tabela 3 também poderia ter sido
assinalada mais de uma alternativa, e assim o foi. A porcentagem com relação ao
aumento da gordura, principalmente na área da cintura nos mostra a maior busca pela
prática do exercício físico, como relatado pelas entrevistadas, ao notarem esse aumento
de gordura, resolveram procurar alguma forma para diminuir novamente a sua cintura.
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Segundo Davis (2013), a menopausa não provoca aumento de peso, mas sim de
gordura abdominal, sendo também consequência dos fatores ambientais e do
envelhecimento, mas não há o que questionar que o aumento da gordura abdominal, da
qual muitas mulheres se queixaram, é real. Segundo o autor, as mulheres ganham em
média, 0,5 kg por ano a partir dos 50 anos, mas apresentam um rápido aumento da
gordura abdominal no terceiro ano depois da menopausa. O acúmulo de gordura
abdominal representa riscos à saúde, como o aumento do risco de diabetes e
especialmente doenças cardiovasculares, principal causa de mortes entre as mulheres na
pós-menopausa. Este autor recomenda também que as mulheres controlem seu peso
antes que ele se converta em um problema, se não se preocuparam com isso antes da
menopausa, devem fazê-lo quando esse período chegar, cuidando da alimentação e
praticando exercícios físicos regularmente.
A ansiedade, tristeza e nervosismo relatado ser frequentes pelas mulheres
entrevistadas, relacionadas com a insônia podem causar maior cansaço físico,
sonolência, mau-humor, irritabilidade, aumentar ainda mais a ansiedade, podendo assim
acarretar depressão e também sintomas relacionados como perda do interesse ou prazer
por atividades que antes eram apreciadas, sensação de vazio, falta de energia, desânimo,
perda da esperança, pensamentos negativos, de culpa ou auto-desvalorização,
sentimento que sua vida não tem mais importância para ninguém, nem familiares, nem
amigos, e até mesmo o sentimento de morte (STELLA, 2002).
A dificuldade no relacionamento com a família e amigos foi apenas relatada
pelas mulheres não ativas, com 14,5%. O cansaço físico também apenas relatado pelas
mulheres não praticantes de exercícios físicos, com 5%. Baseado na literatura, já
anteriormente destacada, a prática regular de exercícios tem uma grade influência sobre
o bem estar físico e psíquico, a melhora da auto-estima e no relacionamento
interpessoal, deixando a pessoa com maior disposição e estabilidade emocional, assim
melhorando seu relacionamento com as pessoas mais próximas.
Os dados a seguir, referem-se apenas as perguntas feitas especialmente ao grupo
das mulheres que praticam exercícios físicos regularmente.
Do total de mulheres entrevistadas, 63% afirmaram frequentar academias de
musculação, 31,5% fazem algum tipo de ginástica; 18% fazem dança; 13,5% pilates e
4,5% frequentam aulas de step. A maioria, ou seja, 68,5% fazem exercício físico há
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doze meses ou mais tempo e 31,5% está ativa pelo período correspondente entre seis a
onze meses.
Semanalmente, 86,5% das entrevistadas frequentam a academia por três vezes;
4,5% o fazem em quatro vezes por semana; e 9% das entrevistadas praticam exercícios
físicos em sete dias na semana, ou seja, todos. Com relação ao tempo de duração do
exercício, 73% das mulheres afirmaram que permanecem em exercício entre trinta e
sessenta minutos por sessão, enquanto que 27% das entrevistas fazem exercício físico
com duração superior a sessenta minutos em cada sessão. Das mulheres ativas, 91% das
entrevistadas afirmaram que o exercício é considerado moderado; 9% relataram que
praticam exercícios de intensidade leve e nenhuma afirmou praticar exercícios intensos.
Segundo Machado (2013), o exercício leve é melhor do que não fazer nada, pois
já estará colocando o metabolismo para trabalhar, mas depois de certo tempo o corpo se
adapta e precisa de mais intensidade para gerar maiores benefícios, entrando aí a
atividade moderada, esta que busca queimar mais calorias e gordura exigindo mais do
corpo, recrutando diversos sistemas, como o cardiovascular, neuroendócrino,
imunológico entre outros, para trabalhar em sincronia, de forma benéfica e dosada para
suprir as necessidades energéticas e metabólicas.
Enfatiza o mesmo autor que os exercícios leves e moderados, praticados
regularmente fazem bem ao organismo, principalmente pela redução da concentração de
hormônios do estresse. Já o exercício intenso e extenuante, acarreta diversas alterações
em nosso corpo, pois gera um estresse adicional muito grande para o organismo, é tão
prejudicial para a pessoa quanto o sedentarismo. Pois ao contrário do exercício
moderado, gera um aumento de hormônios de estresse.
Buscando com a prática dos exercícios físicos uma melhora na sua qualidade de
vida, 95,5% das mulheres relataram que a sua qualidade de vida realmente está melhor
que antes da prática e apenas 4,5% relataram estar igual.
Em relação a essa melhora na qualidade de vida foram relatados aspectos como a
melhora nos benefícios físicos com maior porcentagem 77,5%; já nos aspectos
relacionados ao humor 54% das entrevistadas dizem ter sentido certa melhora depois do
início da prática regular de exercícios físicos, com relação à insônia 31,5% alegaram
dormir melhor, 18% confirmaram melhora nos aspectos relacionados com a osteoporose
e houve também uma menor, mas significativa melhora nos relacionamentos pessoais
com amigos e família e também com o mesmo percentual 4,5%, uma melhora na
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sexualidade, maior conforto e bem estar na hora do sexo, confirmando assim todos os
benefícios já colocados neste trabalho. Para a resposta a esta questão as mulheres
deveriam indicar todos os pontos onde sentiram melhoras, o que ocasionou soma
superior à 100%.
A saúde tem sido definida não apenas como ausência de doenças, mas para
vários aspectos do comportamento humano, voltados a um estado completo de bem
estar físico, mental e social (PITANGA, 2002).
Foram relatados muitos benefícios relacionando a saúde com a prática de
exercícios físicos. Levando em consideração este pensamento, perguntamos para as
mulheres, se sentiam dores musculares e articulares antes de iniciar a prática regular de
exercícios físicos e 86,5% responderam que sim e apenas 13,5% não sentiam dores. Das
que relataram sentir dor, 41% afirmaram que essas dores diminuíram depois do início
da prática de exercícios físicos; 36,5% afirmaram que diminuíram muito e9%
perceberam que suas dores diminuíram um pouco. Esse dado torna-se muito
interessante quando pensamos nos diversos problemas e limitações que as dores podem
causar na vida das pessoas.
Para Andrade; Pereira; Sousa, (2005), a dor é fator limitante de funções,
aumenta a agitação, o riso de estresse emocional e de mortalidade, afetando parte do
corpo, ou regiões, e limitando o funcionamento físico dos indivíduos. A dor tem maior
impacto nas atividades diárias e a influência dos altos níveis de inabilidade funcional, na
maior fragilidade e níveis aumentados de comorbidades nessas pessoas.
Em relação com o que tratamos até agora ficamos intrigados com o que
realmente influenciou na busca pela prática do exercício físico. Tivemos como respostas
a busca pela melhora da saúde com 73%; a indicação médica ficou com 49,5%
mostrando que os médicos também acreditam nos seus benefícios e ainda aconselham
para as suas pacientes, buscaram o exercício físico como o objetivo de diminuir dores e
sintomas da menopausa 45,5% das mulheres entrevistadas, pela melhora nos aspectos
estéticos de beleza e emagrecimento 18% e com a mesma porcentagem, ou seja, 18%,
pela percepção do declínio do corpo nas atividades diárias e com apenas 4,5% a
influência de amigos, o que nos mostra que ele também tem influência sobre as nossas
vidas, atitudes e opiniões. As mulheres relataram mais que uma influência em suas
respostas, ultrapassando novamente a soma dos 100%.
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Finalizando a nossa análise perguntamos às mulheres se a sua disposição diária e
a sua segurança melhoraram com o início da prática de exercícios físicos e obtivemos
uma resposta única, 100% responderam que sim. Quando questionadas se essas
mudanças foram intensas tivemos como resposta, 45,5% das mulheres afirmaram que a
sua disposição e sua segurança melhoraram muito e 54,5% afirmaram que melhoraram
um pouco.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os dados encontrados e analisados nos sugerem que as mulheres ativas
apresentam uma menor porcentagem de doenças diagnosticadas, como hipertensão
arterial, depressão, diabetes e enxaquecas. O exercício físico regular se mostrou como
uma estratégia eficaz para reduzir complicações clínicas decorrentes das doenças acima
relacionadas.
Notamos que os sintomas mais relacionados com a menopausa pelas mulheres
ativas foram, por ordem decrescente, o aumento da gordura na área da cintura, insônia,
ansiedade, tristeza, nervosismo e os calorões, e pelas não ativas, também por ordem
decrescente, primeiramente o aumento de gordura na área da cintura, ansiedade, tristeza,
insônia. Com isso, concluímos que as mulheres ativas possuíram menores taxas dos
sintomas relativos a menopausa, devido as alterações benéficas do exercício físico.
Já em relação às principais alterações da menopausa comparamos as mulheres
não ativas com as ativas. As mulheres não ativas apresentaram menores mudanças de
humor e aparecimento de doenças, e as mulheres ativas apresentaram melhoras nos
sintomas em relação ao relacionamento com amigos, família e cansaço físico.
As mulheres relataram que após o início da prática regular de exercícios físicos,
obtiveram total melhora na sua disposição diária, na segurança e na qualidade de vida,
nos quesitos físicos, humor, insônia, osteoporose e nos aspectos relacionados com o
relacionamento com a família e amigos e ainda relataram sentir mais conforto e bem
estar sexualmente e não foi diferente em relação à saúde, pois todas notaram mudanças
significativas após o início desta prática.
Neste estudo encontramos muitos benefícios em relação ao exercício físico,
tendo influências sobre aspectos físicos, psíquicos e afetivos, sendo feito regularmente e
sob acompanhamento profissional específico. Contribuindo também, para a preservação
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da massa muscular e da flexibilidade articular, aumentando a densidade mineral óssea,
melhorando a imagem corporal e aumentando a auto-estima feminina.
Concluímos também, que além dos benefícios encontrados na literatura, a
prática regular de exercícios físicos, proporcionou uma grande amenização dos sintomas
deletérios do período da menopausa da população estudada. Mas estudos novos e com
maiores níveis de aprofundamento ou outras variáveis são recomendados para melhor
compreensão do fenômeno.
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