8-Rutter the Great Going for 8_pt

Transcrição

8-Rutter the Great Going for 8_pt
RUTTER, O GRANDE TENTA
OITAVO TÍTULO EM MACAU
Chris Carter, jornalista e comentador de motociclismo, regista algumas passagens das sete vitórias gloriosas do rei do
Circuito da Guia em duas rodas, que se prepara para tentar alcançar um número auspicioso e sem precedentes, oito vitórias
em Macau.
uma máquina de quatro tempos, e voltou ao primeiro lugar
do pódio nos dois anos seguintes.
Devido aos testes com a sua Honda Grand Prix, Haslam
falhou a corrida em 1984 mas, no ano seguinte estava de
volta para cortar a linha de chegada, mais uma vez, em
primeiro lugar. Haslam prosseguiu a sua cadeia de triunfos
em 1986 e 1987 que lhe permitiram contabilizar um recorde
de seis vitórias no Circuito da Guia. Nessa altura, Hiroshi
Hasegawa (vencedor em 1967 e 68) e Sadeo Asami (vitorioso
em 1978, 79 e 80) eram os seus
adversários mais próximos.
Michael Rutter correu, pela
primeira vez, em Macau no ano de
1994, sete anos depois da última
vitória de Haslam. Nesse ano, ele
limitou-se a conhecer o terreno
e não foi além do sexto lugar na
geral, atrás de Steve Hislop, Phillip
McCallen, Mike Edwards, Andrew
Stroud e Roger Bennett.
Em 1995, Rutter estava de
volta, mas nem sequer chegou
a começar a corrida, depois da Ducati JHP explodir no
Lisboa, logo à primeira volta dos treinos. Implacável, ele
regressou no ano seguinte e terminou em terceiro, depois
de se qualificar como o terceiro mais rápido em pista, atrás
de McCallen e Bennett.
V
encer no Grande Prémio de Motos de Macau não
é tarefa fácil. Que o digam os 26 concorrentes que já
triunfaram ao longo dos 46 anos de história de uma das
mais exigentes corridas do mundo... E, por isso mesmo,
é impressionante que só dois deles, Michael Rutter e
Ron Haslam, tenham protagonizado, entre os dois, um
total acumulado de 13 vitórias.
Ron Haslam precisou de sete anos para contabilizar seis
dessas vitórias que, então, o colocaram na posição do
motociclista mais bem sucedido da história do Grande
Prémio de Motos de Macau.
O corredor britânico estreou-se no evento em 1981. Nesse
ano ele ganhou a corrida, sendo o primeiro a vencer com
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59TH MACAU GRAND PRIX
E, em 1997 classificou-se como o segundo melhor na Guia,
mas não conseguiu acabar a corrida. Um ano depois ele
conquistou, finalmente, o seu primeiro título em Macau.
Em 1999, Rutter cruzou a bandeira de xadrez em terceiro,
atrás de David Jefferies, entretanto já falecido, e de Andy
Hofmann. A segunda vitória aconteceu em 2000, à frente de
Jefferies e do americano, Mark Miller.
Outro motociclista britânico, John McGuinness, uma estrela
das corridas da Ilha de Man TT, tal como Jefferies, foi o
vencedor em 2001, enquanto Rutter se ocupava com as
obrigações de relações públicas do Motor Cycle Show, no
Reino Unido.
A correr com uma Ducati, Rutter teve de esperar até 2002
para obter a sua terceira vitória. Depois da pole na sessão
de qualificação, bateu McGuinness na bandeira axadrezada,
liderando desde a partida até à chegada. Um ano depois
voltou a ser o mais rápido na qualificação e bateu novamente
McGuinness, vencendo pela quarta vez no Circuito da Guia.
MICHAEL RUTTER
COMEMORA A PRIMEIRA
VITÓRIA NO CIRCUITO DA
GUIA, EM 1998, COM JOHN
MCGUINNESS (DIREITA) E IAN
SIMPSON (ESQUERDA)
EM CIMA DA ESQUERDA PARA
DIREITA: EM 2011, RUTTER
COMEMORA A SÉTIMA
VITÓRIA EM MACAU E O SEU
NOVO RECORDE PESSOAL
DE TRIUNFOS NO CIRCUITO
DA GUIA (CGPM)
O “REI DE MACAU” PREPARASE PARA FAZER HISTÓRIA
(CGPM)
A INCOMPARÁVEL MESTRIA
DE RUTTER NO CIRCUITO DA
GUIA (CGPM)
PERCORRENDO O CAMINHO
PARA A META E O FOLCLORE
DO GRANDE PRÉMIO DE
MACAU (CGPM)
Em 2004, voltou ao primeiro lugar do pódio depois de uma
dura batalha na qualificação e apenas o quarto melhor
tempo da corrida. McGuinness ficou em segundo depois de
ter conquistador a pole. No ano seguinte, Rutter (Honda Red
Bull) foi o mais rápido nos treinos e bateu McGuinness pela
quarta vez consecutiva para conquistar a sua sexta vitória e,
finalmente, igualar o recorde de Haslam.
A sétima vitória, todavia, foi discutível.
Em 2006, ao comando da Honda 1000 da Stobart
Motorsport, Rutter qualificou-se na pole, mas optou por
se deixar ficar pelo seguro, na segunda posição, quando
encontrou pela frente um Steve Plater bastante determinado
em levar a melhor. Um ano mais tarde, foi forçado a uma
entrada na escapatória do Lisboa, a três voltas do final,
caindo para terceiro. Retomou a corrida, mais uma vez
ganha por Plater, acabando em 11º na geral.
E, 2008 também não foi um ano de sorte para Rutter. Stuart
Easton, o jovem escocês de 25 anos conquistou a sua
primeira vitória de sempre, negando a Rutter o sétimo êxito
e a quebra do recorde pessoal.
Até parecia que Rutter, com a Ducati1200/Discover Ireland,
NW200, iria ter a vitória de mão beijada quando dois
dos favoritos da linha da frente saíram com problemas
mecânicos. Primeiro, o australiano Cameron Donald
(Relentless Suzuki by TAS) viu-se forçado a parar à quinta
volta devido a problemas mecânicos, após ter tirado a
liderança a Rutter na volta de abertura, deixando Easton
(Doosan Honda) na frente com uma diferença de cerca de
três segundos para Rutter.
Entretanto, Conor Cummins, o jovem de 22 anos, que tinha
batido o recorde de tempo por volta durante a qualificação
e conseguido a pole na grelha para a corrida de 15 voltas,
sofreu uma avaria mecânica à oitava volta, quando tudo
indicava que ainda poderia ser uma ameaça para os dois
homens à sua frente.
Com Cummins fora da contenda, Rutter fez um esforço
definitivo para apanhar Easton, chegando a reduzir a
desvantagem para menos um quinto de segundo, a três
voltas do final. Mas, Easton não desistiria facilmente da sua
vitória na estreia e continuou a acelerar até cruzar a linha de
chegada com uma margem de 2,7 segundos.
“Tive um problema com o meu ombro, mas nada teve a ver
com o facto de não conseguir ultrapassar o jovem Stuart. Ele
fez uma corrida soberba e mereceu a vitória,” disse Rutter no
final da corrida.
E, a desilusão de Rutter continuou em 2009. Depois da luta
com a afinação da Kawasaki 1000 da Team of Paris-AXA
Racing e apesar da se ter qualificado como o terceiro mais
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EM CIMA DA ESQUERDA PARA
DIREITA: A CAMINHO PARA
A SUA SEXTA VITÓRIA EM
MACAU, EM 2005 (CGPM)
RUTTER FOI O PRIMEIRO A
FELICITAR STUART EASTON
PELA SUA TERCEIRA VITÓRIA
CONSECUTIVA EM 2010
(CGPM)
rápido, não conseguiu ir além do sexto lugar na corrida, uma
vez mais ganha por Stuart Easton.
em terceiro, no regresso às competições, após os sérios
ferimentos sofridos no Reino Unido.
Easton, com a Kawasaki da Paul Bird Racing Team,
conquistou o seu terceiro êxito consecutivo, e dificílimo,
no Grande Prémio em 2010, vencendo o forte desafio de
Rutter (Ducati/Team of Paris AXA), com o melhor tempo na
qualificação, que não parou de perseguir o jovem adversário
durante a primeira parte da corrida até à bandeira vermelha,
volvidas seis voltas, a seguir ao acidente do canadiano
Chris Peris.
Rutter teve a vantagem da pole, mas foi Hutchinson a
comandar à partida, seguido de Rutter, John McGuinness
(Honda 1000 da Roadhouse SMT) e Jessopp.
No recomeço da prova, Easton tentou novamente aumentar
a vantagem sobre o seu adversário mais velho e, a certa
altura, conseguiu mesmo uma liderança de dois segundos.
Mas, Rutter voltou a encurtar a diferença e ameaçou apanhar
e passar o homem da Kawasaki. Easton respondeu com
mais velocidade, registando o novo recorde de velocidade
em pista, à sétima das nove voltas da corrida, abalando o
espírito de Rutter e vencendo o evento com 11 segundos
de avanço.
Finalmente, Rutter (Ducati 1200/RidersMotorcycles.com)
chegou à sétima vitória no famoso circuito urbano da
Guia superando o recorde partilhado com o lendário Ron
Haslam, desde 2005. Depois de um adiamento de 24 horas
da corrida, devido à chuva, Rutter chegou ao final das dez
voltas com uma vantagem de quase cinco segundos sobre
o companheiro de equipa, Martin Jessopp, e Ian Hutchison,
Hutchinson arrancou bem e afastou-se do pelotão, enquanto
Jessopp, McGuinness e Rutter se envolveram numa batalha
a três. Rutter ultrapassou Jessopp no Lisboa e preparouse para perseguir Hutchison, atacando no Lisboa, à quarta
volta, para conseguir a liderança. Enquanto ele progredia,
Jessopp agarrou Hutchinson e passou para segundo.
Rutter levou 18 anos para vencer as sete corridas. Ele sabe
que Ron Haslam já não o pode alcançar – a mulher de
Haslam ameaçou-o com o divórcio se ele pensar em voltar a
correr! Stuart Easton conta já com três vitórias e continua a
competir. Será que vai conseguir vencer mais quatro vezes?
Para tornar ainda mais difícil a tarefa de Easton ou qualquer
outro rival que apareça, Rutter está aí, em busca da
oitava vitória.
Ele sabe que, na cultura chinesa, oito é um número de sorte.
O som da palavra “oito” no Chinês é semelhante ao das
palavras “prosperidade” e “riqueza”. Será que o indiscutível
“Rei das Duas Rodas” de Macau terá a sua mais auspiciosa
vitória de sempre em 2012?
À CONVERSA COM UM CAMPEÃO!
Das sete vitórias em Macau, qual a sua preferida e
porquê?
A sétima, claro. Ter ganho mais Grandes Prémios de Motos
de Macau que qualquer outro é uma óptima sensação,
apesar de nem sequer ter pensado nisso, na altura.
O que significaria uma oitava vitória, que é um
número de sorte na cultura chinesa?
Seria fantástico. É um dos meus números preferidos.
Espero que se torne numa realidade.
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Qual a sua parte preferida do Circuito da Guia, além
da linha de chegada?
A recta a caminho do Lisboa!
Costuma dar uma volta ao circuito antes do Grande
Prémio começar ou espera até à primeira sessão
para verificar a pista?
Eu acho que se passear pelo circuito posso ser
atropelado. Por isso, espero pela primeira sessão.
Tem algum amuleto ou “rituais” pré-corrida para lhe
darem sorte?
Não, se começamos a ter dessas coisas, a vida torna-se
muito difícil!
Relativamente a Macau, costumam fazer-lhe mais
perguntas sobre a cidade ou sobre o Grande Prémio?
Quando regresso ao Reino Unido, todos me questionam
sobre Macau. Há um grande interesse. Muitas
pessoas querem lá ir, para ver as corridas e conhecer
o território.
Quais foram as suas primeiras impressões do
Circuito da Guia quando chegou, em 1994?
Ó meu Deus, o que é que eu estou aqui a fazer! Mas,
depois da primeira sessão, já achava que era um circuito
extraordinário.
O que diria a um estreante no Circuito da Guia?
Quanto mais voltas se fizer mas fácil será! É uma pista
brilhante, bastante rápida e fluida.

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