2011_Ten of the Best_pt
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T O P CHRIS CARTER, JORNALISTA E COMENTADOR DE MOTOCICLISMO, TEM VINDO A MACAU TODOS OS ANOS DESDE 1977. COM A CELEBRAÇÃO DO 45º ANIVERSÁRIO DA FAMOSA PROVA DO EXTREMO ORIENTE, ELE ESCOLHE OS SEUS “TOP 10” ão são muitas as pessoas que podem dizer, como eu, que são pagas pelo que gostam de fazer. Ao celebrar o meu septuagésimo aniversário em Novembro, há 58 anos que sou pago para ir aos grandes encontros de corridas de estrada como repórter e comentador. N A 45ª edição do Grande Prémio de Motos de Macau é uma ocasião excelente para passar em revista aos 34 eventos que tive o privilégio de acompanhar de perto desde 1977 e escolher os que me parecem ser os dez mais memoráveis. 1977 O meu primeiro evento de Macau é inesquecível, apesar de não me lembrar de quase nada da corrida propriamente dita até Mick Grant a trazer à memória. Mike Trimby (esq.), coordenador das inscrições internacionais, 3o em 1978 em Macau Grant correu com a Kawasaki 750 a convite de Tak, o importador de Macau da marca, que não podia ter sido melhor anfitrião. Mick, que teve sempre alguma dificuldade em se adaptar rapidamente aos circuitos, espantou tudo e todos, incluindo ele próprio, ao bater o recorde de tempo na sua segunda volta dos treinos e conquistar a pole na grelha. Durante a corrida, voltou a quebrar o recorde de volta e bateu todos excepto o segundo classificado, Stan Woods, que poderia ter apanhado e ultrapassado, não fosse ter decidido reabastecer-se a poucas voltas do final, para garantir que não ficava sem combustível. 1978 A corrida de 1978 destaca-se, não pelo facto de Sadeo Asami ter vencido ou Steve Parrish ter sido o segundo classificado. Não, lembrar-me-ei sempre da prova pelo terceiro lugar de Mike Trimby, um velho amigo e o homem que a partir de então, todos anos, tem sido responsável pelo corpo de concorrentes estrangeiros do Grande Prémio de Motos de Macau! Ele teve um excelente desempenho contra adversários do mais alto nível, mas cruelmente, quando recordo o acontecimento, especialmente quando Mike não está a ouvir, costumo dizer que ele terminou em terceiro, atrás do velhote num burro e o rapaz da bicicleta empurrada! “A organização não estava tão oleada como a que temos hoje, mas tínhamos uma recepção inigualável. Foi, então, ali e nesse mesmo instante, que decidi tentar ajudar o maior número possível de corredores a ter uma experiência tão boa como a minha”, diz Trimby. 1981 Ron Haslam partilha com Michael Rutter o recorde do número de vitórias do GP de Macau, ambos com seis. Haslam, que é sempre um prazer ver em Macau, subiu pela primeira vez ao pódio do Circuito da Guia em 1981, regressando no ano seguinte para mais uma vitória. Esse ano está bem presente na minha memória, não tanto pela super perícia de Ron, mas pelos esforços de Charlie Williams, que não lhe deu tréguas e fixou o recorde de volta em 2m35,76s, que se manteria por uma década! 1987 Ron Haslam volta a triunfar alcançando o recorde de seis vitórias. Apesar de ser um grande feito, tenho o ano de 1987 sempre bem presente pelo facto de o Tufão Nina ter obrigado a adiar a corrida até segunda-feira. Três lendas vivas do Grande Prémio de Motos de Macau – esq. para a dta: Michael Rutter, seis vezes campeão, Kevin Schwantz, ex-campeão mundial do Grande Prémio de Motos, e Mick Grant, vencedor em 1977 (CGPM) Para os europeus uma grande tempestade é sempre impressionante. A imagem das palmeiras quase total vergadas no exterior do Hotel fica registada na memória para sempre. 58˚ GRANDE PRÉMIO DE MACAU 49 1988 Quem viu Kevin Schwantz em acção no ano de 1988 nunca mais o esquecerá. O texano conduzia a Pepsi Suzuki 500 com que tinha disputado o campeonato do mundo de 500cc. A moto era um torpedo, mas conseguiria ele aproveitar esse poder num circuito como nunca tinha visto? Ele perdeu a primeira sessão de treinos na quinta-feira, ao romper da aurora. Acordou com o telefonema do despertar do hotel, mas ainda estava escuro. “Só podem estar a brincar” disse Kevin, virando-se para o outro lado e continuando a dormir. Schwantz conseguiu chegar à pista a tempo da segunda sessão, fez algumas voltas e rapidamente se percebeu que estava em dia sim. Com a corrida já alinhavada, Schwantz deu um espectáculo para os fãs, fazendo cavalinhos durante quase uma volta... Ele ganhou as duas mangas e tirou a vitória na geral ao alemão Peter Rubatto e ao falecido Robert Dunlop. 1992 Jamie Whitham sentia-se muito mais confiante na vitória em 1992, quando correu com a Harris 500 juntamente com o estreante Carl Fogarty. O par dominou os treinos, com o mais directo adversário, o japonês Toshihiko Honma, ex-estrela de 250GP, Carl Fogarty subiu ao Pódio com Toshiniko Honma e Jamie quase dois segundos mais lento. Whitman em 1992 (DST) A confiança de que tudo correria como eles desejavam era tal que o par, na véspera da corrida, à noite, até discutiu tácticas durante um cocktail no Hotel Hyatt. E, acordaram dar um espectáculo para a televisão e o público, bem como dividir o prémio monetário entre si. Mas, eis senão quando, volvida uma volta da primeira manga, Whitham olhou por cima do ombro e viu Honma mesmo atrás dele! Nessa altura, o par britânico estava a competir ao mesmo ritmo da qualificação, mas Honma tinha encontrado uma forma de os acompanhar. Num abrir e fechar de olhos, Whitham e Fogarty perceberam que o plano original tinha falhado. Daí em diante, sabiam que era cada um por si... Fogarty venceu com Whitham em segundo e Honma, quase pegado, em terceiro. Ron Haslam regressou ao palco das suas seis vitórias, em 2006 (CGPM) Whitham estava decidido a ganhar a segunda manga e, se possível, bater Fogarty com margem suficiente para poder reclamar a vitória na geral. Na primeira manga, Schwantz acompanhou o líder do início da sessão, Jamie Whitham, que se estreava então no encontro de Macau com uma Suzuki Fórmula Um de quatro tempos, depois de alguns bons resultados na Ilha de Man TT, em North West 200 e no Grande Prémio de Ulster, até um pouco antes da Curva dos Pescadores que abre para uma recta à beira-mar. A duas voltas do final, depois de sucessivas quebras de recorde em quase todas as voltas, Whitham ultrapassou Fogarty a caminho da Curva do Lisboa para tomar a liderança. Entrou com força, correu por fora e um dos pés ficou preso no material que cobria um dos fardos da via caindo ao chão. Ele passou Whitham à entrada da curva a 180 km/h, meteu a quarta velocidade e a roda da frente levantou-se no ar. Whitham saíu ileso e a moto não foi danificada, mas tanto Fogarty como Honma já tinham passado. Quando Jamie viu que a 500 era mais rápida na roda da trás do que a sua F1 nas duas rodas, com ele dobrado atrás da cena, colado ao tanque, percebeu que era inútil tentar bater o adversário. Os dois da frente dominaram de tal maneira o resto da corrida que Whitham ainda teve tempo para subir no quadro da classificação e assegurar que tudo estava a funcionar em condições, antes de aparecer o quarto concorrente na prova. Whitham estava feliz por ser batido por Schwantz, mas até esse prémio de consolação lhe foi negado, com o piloto britânico a ter uma série de problemas mecânicos nas duas mangas da corrida. 50 58˚ GRANDE PRÉMIO DE MACAU Fogarty saíu de Macau como vencedor da corrida e na geral, à frente de Honma e Whitham. 1994 Quando Mike Trimby telefonou a Mike “Spike” Edwards em 1994 para perguntar, quase em cima do acontecimento, se estaria interessado em correr em Macau com uma ROC 500, porque o seu piloto tinha-se aleijado mesmo antes do evento, ele estava num curso de formação de CBT num parque de estacionamento em Wigan (Lancashire), com o suor a correr-lhe pelas costas. Trimby entendeu que Edwards, depois da vitória em NW200 Supersport no início da época, seria o homem adequado para montar a fabulosa máquina de Serge Rosset. Que grande loucura! A oferta surgiu três dias antes do evento e Spike só chegou ao circuito na manhã dos primeiros treinos. Um Serge muito nervoso acenou-lhe na pit lane pela primeira vez, perfeitamente consciente que ele nunca tinha competido com uma máquina GT de qualquer espécie ou tamanho, nem fazia a mínima ideia sobre o que era o circuito onde estava. Serge também não achou grande piada quando Spike, a brincar, sugeriu colar o mapa do circuito ao tanque de combustível para saber a direcção das curvas! A moto era fantástica, rápida, leve e fácil de conduzir. Não levou muito tempo para ele se sentir confortável, conseguindo o segundo melhor tempo da sessão de qualificação. A primeira corrida era a primeira grande oportunidade de correr taco a taco com a concorrência. No entanto, ele deitou tudo a perder na partida passando quase para o último lugar. Foi avançando rapidamente terreno, mas apareceu a bandeira vermelha. O recomeço da prova foi uma cópia a carvão, com ele a fracassar no arranque mas, novamente, a mover-se com grande facilidade para a linha da frente chegando, mesmo, a liderar durante algum tempo. Steve Hislop e Phillip McCallen eram bastante fortes com as suas máquinas e, depois de cometer alguns erros, disse-lhes adeus ao vê-los passar e terminou em terceiro. A segunda corrida foi interrompida logo seguir à primeira volta e, no recomeço, ele retomou a sua técnica espantosa de partida tendo de lutar novamente ao longo do caminho, desde a cauda do pelotão, por um lugar na frente. Desta vez, fê-lo de forma bem mais confiante e continuou a acelerar até à vitória final acabando ainda por fixar um novo recorde de volta. Provavelmente, podia ter ganho a primeira corrida mas, como admitiu mais tarde, queria adaptar-se mais à máquina e ao circuito antes de endurecer a prestação em circunstâncias menos familiares. 1997 Quase todos os GP de Macau a que assisti foram ganhos por concorrentes com provas já dadas de grande capacidade e perícia em eventos como a Ilha de Man TT e North West 200. Todavia, de vez em quando, outros, como Kevin Schwantz, mostram aos especialistas como se deve fazer. O grande Andy Hofmann foi um deles. Mais conhecido pelo seu desempenho em campeonatos da série Pro Superbike da Alemanha, Hofmann, com o seu carácter destemido, conduzia a sua enorme Kawazaki de quatro tempos com bravura e entusiasmo. Terceiro classificado no evento de 1995, atrás de Mike Edwards e Phillip McCallen, dois anos mais tarde subiu ao topo do pódio. Ele bateu McCallen, o homem de Ulster, que era soberbo em circuitos fechados, para acrescentar o seu nome a uma lista ilustre, ficando um americano, Shawn Higbee, em terceiro. 1998 Michael Rutter conquistou a sua primeira e impressionante vitória em 1998. Ao comando de uma Honda 750, ele qualificouse na pole e, durante a corrida, travou uma dura batalha com o escocês Ian Simpson, a competir com uma máquina semelhante. À saída da curva Melco, Rutter espreitou e viu que Simpson mantinha-se bem firme na perseguição. E, nesse momento pensou “É melhor tentar e depois fazer uma pausa”, disse-me ele depois da corrida. No final da volta seguinte, Rutter olhou para o respectivo quadro da pit e viu que o seu Michael Rutter a caminho ad vitória em Macau , em 1998, seguido tempo tinha encolhido cerca por Ian Simpson (DST) de um segundo e meio. Não Os treinos e provas de qualificação decorreram admira, na sua tentativa esforçada ele tinha com o par avançado em relação aos outros fixado um novo recorde de volta, cortando mais concorrentes e tempos na ordem dos dois de 2,2 segundos ao máximo anterior. segundos dentro do recorde de volta, bem como a certeza de que a batalha ia ser dura. Simpson ainda tentou responder, mas fez uma série de asneiras e ficou para trás, cruzando a O plano de Easton era puxar o mais possível linha de chegada com menos seis segundos desde a partida e tentar alcançar a liderança que o vencedor. com uma margem confortável. 2010 E, finalmente, a corrida de 2010. Ele usava pneus Pirelli como fez ao longo de Com Michael Rutter ainda em busca da sétima toda a temporada e sabia que aguentariam vitória para bater o seu recorde pessoal e um toda a corrida. Rutter corria com os Dunlops e jovem pretendente ao trono, Stuart Easton, à a questão era saber em que condições estariam procura, desesperadamente, da série de três mais para o fim da longa corrida. títulos consecutivos no evento do Extremo Oriente, o cenário estava pronto, como se Rutter saíu à frente da grelha, mas Easton passou confirmou, para uma corrida épica. à abertura da volta e tentou adiantar-se. No final da quinta volta, a diferença tinha aumentado Easton corria com uma Kawasaki de fábrica de para 1,46 segundos quando Rutter começou a Paul Bird e, apesar de achar que as vitórias nos dois aproximar-se do líder. anos anteriores tinham sido cada uma mais difícil que a outra, ele sentia-se muito confiante por Mas, era impossível dizer se os Dunlop não poder contar com todo o trabalho de afinação iriam sucumbir... Decorridas seis voltas ao da moto e uma equipa de apoio a seu lado. circuito, apareceram as bandeiras vermelhas e a corrida parou. Ele sabia que tinha uma máquina muito bem preparada mas ignorava ainda a dimensão da Claro que havia um recomeço de mais de luta que Rutter iria dar. nove voltas e Rutter teve oportunidade de mudar de pneus! Easton teve que fazer tudo de novo. Rapidamente atingiu o lugar da frente e aumentou a diferença para dois segundos. Mas, Rutter ainda não estava acabado. Apesar de Easton circular dentro dos valores do recorde de volta, Rutter corria ainda mais rápido. “O meu quadro de tempos da pit indicava três voltas para o fim da corrida e uma liderança de quatro décimas de segundo. Com este ritmo vai ser mesmo muito difícil vencer”, confessou Easton, posteriormente. Ele fixou a volta mais rápida da corrida à sétima volta, inferior aos dois minutos e 33 segundos da qualificação. Rutter igualou-o mas, com uma volta e meia para correr até ao fim da corrida, raspou o muro da pista e desistiu da perseguição, permitindo a Easton sair de Macau com uma vitória de cerca de 11 segundos no bolso... 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