Henrique Costa Hermenegildo da Silva

Transcrição

Henrique Costa Hermenegildo da Silva
HENRIQUE COSTA HERMENEGILDO DA SILVA
AVALIAÇÃO DE MÉTODOS ETNOBOTÂNICOS E ECOLÓGICOS EM ESTUDOS DE
DIAGNÓSTICO RÁPIDO DA BIODIVERSIDADE
RECIFE
Pernambuco – Brasil
Fevereiro – 2011
I
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA FLORESTAL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FLORESTAIS
AVALIAÇÃO DE MÉTODOS ETNOBOTÂNICOS E ECOLÓGICOS EM ESTUDOS DE
DIAGNÓSTICO RÁPIDO DA BIODIVERSIDADE
HENRIQUE COSTA HERMENEGILDO DA SILVA
RECIFE
Pernambuco – Brasil
Fevereiro – 2011
II
HENRIQUE COSTA HERMENEGILDO DA SILVA
AVALIAÇÃO DE MÉTODOS ETNOBOTÂNICOS E ECOLÓGICOS EM ESTUDOS DE
DIAGNÓSTICO RÁPIDO DA BIODIVERSIDADE
Tese apresentada à Universidade Federal Rural
de Pernambuco, como parte das exigências
para obtenção do titulo de Doutor em Ciências
Florestais, Área de Concentração: Silvicultura.
ORIENTADOR:
Prof. Dr. Ulysses Paulino de Albuquerque
CO-ORIENTADORES:
Prof. Dr. Rinaldo Luiz Caraciolo Ferreira
Prof. Dr. Luiz Carlos Marangon
RECIFE
Pernambuco – Brasil
Fevereiro – 2011
III
HENRIQUE COSTA HERMENEGILDO DA SILVA
Data da aprovação: 28/02/2011
Mmembros titulares da banca examinadora
________________________________________________
Prof. Dr. Ulysses Paulino de Albuquerque
(Orientador- Departamento de Biologia/UFRPE)
_______________________________________________
Profa. Dra. Ana Lícia Patriota Feliciano
(Departamento de Ciência Florestal/UFRPE)
________________________________________________
Profa. Dra. Cecília de Fátima Castelo Branco Rangel de Almeida
(Centro de Ensino Superior do Vale do São Francisco/ CEVESF)
_______________________________________________
Profa. Dra. Maria Franco Trindade Medeiros
(Laboratório de Etnobotânica Aplicada da UFRPE)
_______________________________________________
Profa. Dra. Viviany Teixeira do Nascimento
(Escola Itinerante de informática Unidade de Tecnologia IV – Prefeitura do Recife)
Membros suplentes da banca examinadora:
_______________________________________________
Profa. Dra. Elcida de lima Araújo
(Departamento de Biologia/ UFRPE)
_______________________________________________
Dr. Marcelo Alves Ramos
(Laboratório de Etnobotânica Aplicada/ UFRPE)
RECIFE
Pernambuco – Brasil
Fevereiro – 2011
IV
Esquecer é uma necessidade.
A vida é uma lousa, em que o destino,
para escrever um novo caso,
precisa de apagar o caso escrito.
Macrado de Assis
V
Aos meus filhos Miguel e Gabriel
dedico este trabalho
VI
Agradecimentos
Agradeço primeiramente a Deus pelas forças concedidas para condução desta etapa de
minha vida e formação acadêmica.
Ao Prof. Ulysses Paulino de Albuquerque a quem tenho o prazer de chamar não
apenas de mestre, mas de amigo, pelos ensinamentos e palavras necessárias nos momentos
oportunos.
Aos meus co-orientadores, professores Rinaldo Luiz Caraciolo Ferreira e Luiz Carlos
Marangon pelo apoio concedido e confiança.
Ao programa de pós-graduação em Ciências Florestais pela oportunidade oferecida
para realização deste doutoramento. Agradeço aos muitos amigos conquistados durante o
andar do curso, professores, colegas de sala e funcionários. Dentre os funcionários agradeço
ao Douglas pelo apoio e prontidão sempre oferecidos.
Ao professor Angelo Giuseppe que tanto colaborou nesta passagem para a
“etnobiologia” durante a disciplina de ecologia florestal com seus estímulos.
Aos companheiros de Laboratório de Etnobotânica Aplicada pelo companheirismo,
amizade e apoio nos trabalhos de campo. Principalmente aos companheiros “altinenses” com
quem convivi muitos dias de campo: Nelson, Thiago, Ernani, Fábio (Fabão), Washington,
Luciana, Ana carolina, Gustavo, Joabe, Cybelle, Shana e Paloma. Além dos companheiros de
Laboratório: Alysson, Patricia, Alissandra, Vivy, Ivanilda e Alejandro. Agradeço ao grande
companheiro de doutorado Luiz Vital pelo apoio dado. Em especial agradeço à amiga
Lucilene Lima dos Santos por toda a consideração e amizade além do grande apoio na
identificação de materiais botânicos.
À minha amada esposa, Daniele, que tem sido o grande suporte de minha vida além do
apoio no meu dia-a-dia para a conclusão deste trabalho. Aos meus filhos, Miguel e Gabriel
por todo o carinho dado, amo estes pestinhas. Estes tem feito todo o sentido a palavra
“família”.
Aos meus pais, Amaro Hermenegildo e Maria Madalena sem os quais não teria
concluído este curso.
VII
Aos alunos da Universidade Federal de Alagoas Adryelly, Carla, Janimara e Wilton
que foram meu braço direito na coleta de dados de campo, além dos demais que
acompanharam com menos frequência, mas que contribuíram bastante.
Aos amigos professores e gestores da Universidade Federal de Alagoas pela
compreensão e apoio dado para que fosse possível a consecução deste doutorado.
Aos amigos conquistados na comunidade do povoado sítio Carão, que estão
eternizados em minha memória. A estes agradeço não somente pelo fornecimento de dados,
mas, por todo o convívio, carinho e prontidão. Em especial ao grande amigo Alexandre, pelas
“prosas” nos momentos de descanso e grande apoio na coleta de dados.
VIII
SILVA, Henrique Costa Hermenegildo da. AVALIAÇÃO DE MÉTODOS
ETNOBOTÂNICOS E ECOLÓGICOS EM ESTUDOS DE DIAGNÓSTICO RÁPIDO DA
BIODIVERSIDADE. 2011. Orientador: Ulysses Paulino de Albuquerque. Co-orientadores:
Rinaldo Luiz Caraciolo Ferreira e Luiz Carlos Marangon.
RESUMO - A necessidade de gerar informações biológicas em curto tempo é eminente,
levando em consideração a rápida perda de diversidade no mundo. Diante da variedade de
métodos para coleta de dados sobre a flora, quais seriam os recomendados pelo pouco tempo
para execução sem perder eficiência? O presente trabalho objetiva avaliar a eficiência e tempo
de execução de métodos ecológicos (parcelas e quadrantes) e etnobotânicos (entrevistas na
comunidade, oficina participativa e inventário-entrevista) na amostragem rápida da flora em
uma área de Caatinga arbórea, situada no Sítio Carão, município de Altinho-PE. A partir de
uma oficina participativa foram selecionadas duas áreas: uma sem indício de uso recente
(Área 1) e outra, abandonada após um plantio há 30 anos (Área 2). Em cada área foram
instaladas 20 parcelas de 10 x 20 m e 200 pontos quadrantes e foram amostradas plantas
lenhosas com diâmetro de ≥ 3 cm ao nível do solo. Foram feitas comparações entre áreas e
métodos: a) Diversidade, a partir do teste t; b) Riqueza, registrada a partir do teste de Cochran
e estimada a partir do teste de Jackknife; c) Parâmetros fitossociológicos, a partir da distância
Euclidiana Média; e d) Esforço amostral total entre os métodos. Para os métodos
etnobotânicos realizou-se uma oficina participativa com 32 pessoas para as quais foram
apresentadas fotografias e exsicatas como estímulo visual para coletar nomes e usos de 62
espécies de plantas registradas durante o inventário fitossociológico. As mesmas plantas
foram apresentadas in situ a dois especialistas locais, que indicaram nomes e usos das
mesmas. Foram utilizados dados coletados pelo grupo de etnobotânica aplicada desde o ano
de 2006, a partir de entrevistas semi-estruturadas realizada com a população adulta da
comunidade a partir da qual calculou-se Valor de Uso (VU). Para comparar o registro de
plantas entre os métodos, foi aplicado o teste de Cochran, no qual cada método foi
considerado uma amostra e cada espécie considerada presente ou ausente, pelo seu
reconhecimento ou citação em cada método. Avaliou-se a correlação entre VU com
Densidade Relativa (DeR) e Valor de Importância (VI) registrados para o método de parcelas
e pontos quadrantes nas duas áreas estudadas. O método de quadrantes apresentou menor erro
amostral em relação ao de parcelas, mas este pode subestimar a diversidade local. Mesmo que
o método de parcelas demande mais tempo, deverá ser empregado na estimativa de
diversidade e outros parâmetros fitossociológicos. O método de quadrantes é útil em
inventários rápidos na Caatinga para amostragem da riqueza. O registro de uma grande
população de Croton blanchetianus é indicativo de distúrbio. O envolvimento de pessoas
auxilia na seleção de áreas de amostragem. Foram reconhecidas mais espécies no inventárioentrevista (44 espécies) e a oficina participativa apresentou mais erros na identificação (9
espécies). Verificou-se 100% de similaridade entre a oficina participativa e o inventárioentrevista, e ambas apresentaram 100% de diferença com a entrevista geral com toda a
comunidade e tais diferenças são significativas (Q = 13,37; gl = 2; p = 0,0013). Verificou-se
correlação entre VU com DeR e VI para o método de ponto quadrantes na Área 2 (rs = - 0,53;
p = 0,02 e rs = - 0,59; p = 0,0008 respectivamente). O envolvimento de parataxonomistas é
importante na avaliação rápida da diversidade, mas é necessário cautela ao utilizar fotografias
e exsicatas como estímulo visual. O método de pontos quadrantes é mais rápido e pode ser
útil no registro plantas locais para posterior coleta de informações etnobotânicas.
IX
SILVA, Henrique Costa Hermenegildo da. EVALUATION OF ECOLOGICAL AND
ETHNOBOTANICAL METHODS IN RAPID ASSESSMENT OF BIODIVERSITY. 2011.
Orientador: Ulysses Paulino de Albuquerque. Co-orientadores: Rinaldo Luiz Caraciolo
Ferreira e Luiz Carlos Marangon.
ABSTRACT - The necessity to generate biological information in short time is eminent
considering the fast loss of diversity around world. Facing the variety of methods for
collection of data on the flora, which would be the recommended ones for the little time for
execution without losing efficiency? The present work aims to evaluate the efficiency and
time of execution of ecological methods, sample plot (SP) and quarter point method (QPM)
and ethnobotanical (interview in the community, participative workshop and inventoryinterview) in the fast sampling of the flora in an area of arborescent Caatinga, located in the
Carão small farm, in the Altinho municipality, Pernambuco State, Brazil. Two areas were
selected from a participative workshop: the first without indication of recent use (Area 1); the
second, which was abandoned after a plantation 30 years ago (Area 2). In each area 20 sample
plot of 10 x 20 m and 200 quadrant points were installed and wood plants with diameter of ≥
3 cm in the level of the ground were sampled. Comparisons between areas and methods were
made: a) Diversity, from t test; b) Richness was registered based on Cochran test and
estimated from Jackknife test; c) phytosociological parameters, from the Medium Euclidean
distance; and d) total sampling effort among the methods. As for the ethnobotanic methods, a
participative workshop was carried out with 32 people. Photographs and exsiccates were
presented to them as visual stimulus, in order to collect names and uses of 62 species of plants
registered during the fitossociological inventory. The same plants were presented in situ for
two local specialists, who indicated its names and uses. Data collected for the group of
applied ethnobotany since 2006 were used, from half-structured interviews carried through
with the adult population. From these data the Using Value (VU) was calculated. In order to
compare the register of plants among the methods, the Cochran test was applied, in which
each method was considered a sample and each specie was considered present or absent, for
its recognition or citation in each method, beyond the grouping analysis using the Jaccard
coefficient of similarity and form of linking UPGMA. The correlation between VU with
Relative Density (DeR) and Value of Importance (VI) for the method of parcels and quadrant
points in both studied areas was evaluated. The QPM presented minor sampling error in
relation to the SP, however this one can underestimate the local diversity. Even if the method
of parcels demands more time, it must be used in estimative of diversity and other
phytosociological parameters. The method of quadrants is useful in fast inventories in the
Caatinga for sampling of richness. The great population of Croton blanchetianus is indicative
of disturbance. The involvement of people contributes to the election of sampling areas. More
species in the inventory-interview had been recognized (44 species) and the participative
workshop presented more errors in the identification (9 species). It was verified 100% of
similarity between the participative workshop and the inventory-interview, and both had
presented 100% of difference with the general interview with all community, and such
differences are significant (Q = 13,37; gl = 2; p = 0,0013). One verified correlation between
VU with DeR and VI for the quadrant point method in Area 2 (rs = - 0,53; p = 0,02 and rs = 0,59; p = 0,0008 respectively). The involvement of parataxonomists is important in the fast
diversity evaluation, but caution is necessary when using photographs and exsiccates as visual
stimulus. The method of quadrant points is faster and can be useful to register local plants for
posterior collection of ethnobotanic information.
X
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Área de estudo conduzido na comunidade do
Sítio Carão situada no município de Altinho – PE
(ALENCAR et al., 2010).
...................................................... 20
Figura 2. Imagem satélite com destaque ao centro da
Serra do Letreiro dentro dos limites amarelos, adjacente
ao Sítio Carão, situada no município de Altinho – PE.
...................................................... 21
Figura 3. Resultado do mapeamento a partir da oficina
participativa que resultou na escolha para as áreas de
amostragem da vegetação, conduzido na comunidade
do Sítio Carão situada no município de Altinho – PE,
em que a Área 1 não se observa registro de plantio e a
Área 2 se observou que houve um plantio a 30 anos,
sendo abandonado.
...................................................... 35
Figura 4. Esquema da instalação das unidades de
amostragem, conduzido na Serra do Letreiro situada no
Sítio Carão situada no município de Altinho – PE.
...................................................... 36
Figura 5. Croqui do cálculo de áreas ocupada pelas
árvores nos pontos quadrantes instalados na Serra do
Letreiro, situada no povoado Sítio carão, município de
...................................................... 37
Altinho – PE.
Figura 6. Curva espécie-área calculado para a Área 1,
a partir do método de parcela, conduzido na
comunidade do Sítio Carão situada no município de
...................................................... 40
Altinho – PE .
Figura 7. Curva espécie-área calculado para a Área 1,
a partir do método de quadrante, conduzido na
comunidade do Sítio Carão situada no município de
Altinho – PE .
...................................................... 41
Figura 8. Curva espécie-área calculado para a Área 2,
a partir do método de parcela, conduzido na
comunidade do Sítio Carão situada no município de
...................................................... 41
Altinho – PE .
Figura 9. Curva espécie-área calculado para a
Área 2, a partir do método de parcela, conduzido
na comunidade do Sítio Carão
situada no
município de Altinho – PE .
...................................................... 42
Figura 10. Proporção de indivíduos por família
registrados a partir do método de parcelas registrado na
Área 1 na Serra do Letreiro situada no Sítio Carão,
...................................................... 58
município de Altinho – PE.
XI
Figura 11. Proporção de indivíduos por família
registrados a partir do método de ponto quadrante
registradas na Área 1 na Serra do Letreiro situada no
...................................................... 59
Sítio Carão, município de Altinho – PE.
Figura 12. Proporção de indivíduos por família
registrados a partir do método de parcelas registrado na
Área 2 na Serra do Letreiro situada no Sítio Carão,
...................................................... 63
município de Altinho – PE.
Figura 13. Proporção de indivíduos por família
registrados a partir do método de ponto quadrante
registrado na Área 2 na Serra do Letreiro situada no
Sítio Carão, município de Altinho – PE.
...................................................... 64
Figura.14. Fotografias de algumas espécies de plantas
apresentadas como forma de estímulo visual ao grupo
de informantes durante oficina participativa no
povoado Sítio Carão, município de Altinho-PE, em
que: 1. Jatropha molíssima (Pohl) Bail. (Pinhão
Bravo); 2. Helicteres macropetala A.St.-Hil. (Moleque
Duro); 3. Erythrina velutina Wild. (Mulungu); 4.
Capparis jacobinae Moric. ex. Eicler (Incó ou Incol);
Ziziphus
joazeiro
Mart.
(Juazeiro);
Ditaxis
malpiguiaceae (Ule) Pax e K.Hoffm. (Não
...................................................... 80
reconhecida).
Figura 15. Imagens da oficina participativa
realizada na sede da associação comunitária do
Sítio Carão , município de Altinho – PE, em maio
de 2009.
...................................................... 81
Figura.16 Fotografias do procedimento para marcação
das plantas e condução na trilha realizada ao longo de
unidades de amostragem na instaladas na Serra do
Letreiro situada no Sítio Carão, município de Altinho –
...................................................... 83
PE.
XII
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Elementos de avaliação no Questionário
para Avaliação Rápida (WWF, 2003).
....................................................... 5
Tabela 2. Resultados da amostragem para o método de
parcelas e quadrantes obtidos para a Serra do Letreiro
situada no Sítio Carão , município de Altinho – PE:
....................................................... 43
Tabela 3. Número de espécies observadas nos
distintos métodos de amostragem da vegetação e
esperadas por meio do teste de Jackknife nas Áreas
1 e 2 no Sítio Carão , município de Altinho – PE.
....................................................... 44
Tabela 4. Distância Euclidiana calculada entre os
valores dos parâmetros fitossociológicos das
espécies amostradas pelos métodos de parcela e
ponto quadrante nas duas áreas de amostragem
(Área 1 e Área 2), instaladas na vegetação adjacente
ao Sítio Carão , município de Altinho – PE. DE/DR
– distância euclidiana para densidade relativa;
DE/DO - distância euclidiana para dominância;
DE/FR – distância euclidiana para freqüência
relativa; DE/VI – distância euclidiana para valor de
importância.
....................................................... 45
Tabela 5. Relação das espécies em ordem crescente
de famílias e espécies obtidas nas parcelas e ponto
quadrante na Área 1, instalada no Sítio Carão ,
município de Altinho – Pernambuco. Ni = Número
de indivíduos; DeR = Densidade Relativa; DoR =
Dominância Relativa; FeR = Frequência Relativa e
VI = Valor de Importância.
....................................................... 47
Tabela 6. Relação das espécies em ordem crescente
de famílias e espécies obtidas nas parcelas e ponto
quadrante na Área 2, instalada no Sítio Carão ,
município de Altinho – Pernambuco. Ni = Número
de indivíduos; DeR = Densidade Relativa; DoR =
Dominância Relativa; FeR = Frequência Relativa e
VI = Valor de Importância.
...................................................... 53
Tabela 7. Caracterização da estrutura da comunidade de
plantas lenhosas da Serra do Letreiro, localizada no
município de Altinho – PE, através dos métodos de
parcela e ponto quadrante nas áreas
...................................................... 57
Tabela 8. Relação em ordem crescente de famílias e
espécies registradas nas parcelas e ponto quadrante das
XIII
áreas 1 e 2 instaladas no Sítio Carão , município de
Altinho – PE. QA1 = Espécies registradas na área 1 pelo
método de ponto quadrante; PA1 = Espécies registradas
na área 1 pelo método de parcelas; QA2 = Espécies
registradas na área 2 pelo método de ponto quadrante;
PA2 = Espécies registradas na área 2 pelo método de ......................................................
parcelas.
60
Tabela 9: Ocorrência de espécies exclusivas em cada
método e coincidentes em quisquer que sejam os
métodos aplicados na Comunidade do Sítio Carão,
situada no município de Altinho, Pernambuco.
...................................................... 85
Tabela 10. Espécies de plantas citadas pela entrevista
geral e reconhecidas durante a oficina participativa e
inventário entrevista com suas respectivas categorias de
uso registradas no povoado Sítio Carão, município de
Altinho-PE.
...................................................... 86
Tabela 11. Dados sobre Valor de Uso (VU) obtidos
a pertir da entrevista geral com a comunidade e
Densidade Relativa (DeR) e Valor de Importância
(VI) para os dois métodos fitossociológicos
estudados e as duas áreas, em que: PA1 = Resultado
de parcelas para a Área 1; QA1 = Resultado de
ponto quadrante para a Área 1; PA2 = Resultado de
parcelas para a Área 2; QA2 = Resultado de ponto
quadrante para a Área 2, no Sítio Carão , município
de Altinho-PE
...................................................... 94
XIV
LISTA DE SIGLAS
AER – Avaliação Ecológica Rápida;
CDB – Convenção da Diversidade Biológica;
CNUMAD – Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento;
MMA – Ministério do Meio Ambiente;
COP8 – CONFERÊNCIA DAS PARTES
MOP3 – MEETING OF PARTIES
ONGs – Organização Não Governamental;
WWF – World Wide Fund for Nature;
IUCN – International Union for Conservation of Nature;
IC – International Conservation;
RAP – Rapid Assessment Program;
TNC – The Nature Conservancy;
WCPA – World Commission on Protected Areas;
SIG – Sistema de Informação Geográfica;
EPA – Environmental Protection Agency;
ARR – Avaliação Rural Rápida;
ARP – Avaliação Rural Participativa;
SUDENE –
INCRA –
FIDEM –
PIB – Produto interno bruto;
DNS – Diâmetro ao nível do solo;
HST – Herbário Sérgio Tavares;
PEUFR –
XV
APG – Angiosperm Phylogeny Group;
FR – Frequência Relativa;
DoR – Dominância Relativa;
DR – Densidade Relativa;
VI – Valor de Importância;
XVI
SUMÁRIO
RESUMO
....................................................
IX
ABSTRACT
....................................................
X
LISTA DE FIGURAS
....................................................
XI
LISTA DE TABELAS
....................................................
XV
LISTA DE SIGLAS
....................................................
XIII
1. INTRODUÇÃO GERAL
....................................................
1
2. REVISÃO DE LITERATURA
....................................................
2
2.1 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO RÁPIDA
....................................................
3
2.2. FERRAMENTAS ECOLÓGICAS
....................................................
9
2.3. FERRAMENTAS ETNOBOTÂNICAS
....................................................
13
3. MATERIAL E MÉTODOS
....................................................
17
3.1 Área de estudo
....................................................
17
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
....................................................
21
CAPÍTULO 1
....................................................
30
1. Introdução
....................................................
31
2. Material e Métodos
....................................................
33
2.1. Seleção do local de estudo
....................................................
33
2.2 Instalação das parcelas de área fixa
....................................................
36
2.3 Parcelas de área variável (Ponto quadrante)
....................................................
36
2.4 Marcação dos indivíduos
....................................................
37
2.5 Identificação do material botânico
....................................................
38
2.6 Tratamento dos dados
....................................................
38
3. Resultados
....................................................
40
XVII
4. Discussão
....................................................
65
5. Conclusão
....................................................
68
6. Referências Bibliográficas
....................................................
68
CAPÍTULO 2
....................................................
75
1. Introdução
....................................................
76
2. Material e Métodos
....................................................
78
2.1 Coleta de dados
....................................................
78
2.1.2 Oficina participativa
....................................................
79
2.1.3 Inventário-entrevista
....................................................
82
2.1.4 Entrevista semi-estruturada com toda a
comunidade
....................................................
82
2.2 Análise dos dados
....................................................
83
3. Resultados
....................................................
85
5. Conclusão
....................................................
97
6. Referência BibliográficaS
....................................................
102
4. Discussão
XVIII
1. INTRODUÇÃO GERAL
Desde muito tempo se tem verificado um elevado grau de ameaça a biodiversidade,
considerando que o número de espécies ameaçadas de extinção supera de longe a conservação
dos recursos disponíveis, em que a situação tende a se tornar rapidamente pior (MYERS et al.,
2000). Dessa forma, surge a necessidade em desenvolver métodos que gerem informações
biológicas em curto espaço de tempo como por exemplo a “Avaliação Ecológica Rápida”
(AER). Esta abordagem consiste de um processo flexível utilizado para obter, de forma
acelerada, dados biológicos e ecológicos para tomada de decisões, pela integração de níveis
múltiplos de informação, gerando-se mapas ecológicos que descrevem a flora e fauna, assim
como as atividades humanas e uso atual da terra (AVELAR, 2005). Apesar da pertinência de
tais abordagens, tem havido pouca reflexão sobre os métodos para coleta de dados
incorporados em tais avaliações.
O início dessas abordagens se deu a partir da Convenção da Diversidade Biológica
(CDB) de 1992, que é o mais importante acordo internacional sobre diversidade biológica. A
CDB tem como pilares, a utilização sustentável de seus componentes e a repartição justa e
equitativa dos benefícios derivados do uso dos recursos genéticos (MMA, 2010). A CDB é
resultado da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento CNUMAD (Rio 92), realizada no Rio de Janeiro, em junho de 1992 (COP8/MOP3, 2010).
Segundo Novaes (1992), a Rio 92 tem história e desdobramentos importantes dos pontos de
vista científico, diplomático, político, social e da comunicação. Desta forma, influenciou
correntes científicas e de gestão ambiental no sentido de encurtar os prazos das ações
ambientais diante das atuais demandas.
A necessidade de gerar informações biológicas para uma área pode surgir, por
exemplo, dos governos, população local, organizações científicas internacionais e
organizações não-governamentais (ONGs) (SAYRE, 2000). A partir da década de 90 é
possível verificar o surgimento de trabalhos que discutem esta geração de informações
biológicas em curto tempo por influência da CNUMAD e têm contemplado análise de dados
ambientais (CALISTO et al., 2002, RODRIGUES et al. 2008), faunísticos (BRANDÃO,
2002), florísticos (COHEN et al., 2005; WALTER e GUARINO, 2006) e etnobiológicos
1
(HELLIER et al., 1999; GAVIN e ANDERSON, 2005; PESEK et al., 2006) e tem fornecido
dados que servem como indicadores para tomada de decisões.
Muito embora estas ferramentas, que propõem avaliação em curto espaço de tempo
seja cada vez mais usual para distintos grupos biológicos, como supracitado, há pouca
reflexão sobre os métodos aplicados na coleta de dados. Trabalhos que testem a eficiência e
precisão entre os métodos existentes de coleta de dados devem ser estimulados e incorporados
nas abordagens de avaliação rápida. Muitas vezes estas ferramentas de avaliação rápida tem
sido utilizadas sem que haja indicativos de métodos mais rápidos para a coleta de dados sem
perda na eficiência e precisão das informações.
Desta forma, algumas questões devem ser levantadas para que as avaliações rápidas
sejam aplicadas da melhor forma: Dentre os métodos mais usuais para coleta de dados
biológicos, qual exigiria menos tempo de trabalho de campo sem perder eficiência e precisão?
Existem protocolos que podem ser recomendados e aplicados a situações distintas?
Portanto, o presente trabalho teve por objetivo avaliar a eficiência métodos ecológicos
que demandam mais tempo de execução (parcelas de área fixa) e outro de rápida execução
(método de ponto quadrante). Além da comparação entre os métodos etnobotânicos entrevista
geral com a comunidade, oficina participativa e inventário-entrevista, para amostragem rápida
da flora em uma área de Caatinga.
2. REVISÃO DE LITERATURA
Considerando os esforços para a “conservação” da diversidade biológica, o que esta
palavra representa? A WWF (World Wide Fund for Nature)/ IUCN (International Union for
Conservation of Nature) apresenta uma definição clássica na Estratégia Mundial para a
Conservação em 1980: “Conservação é o manejo do uso humano de organismos e
ecossistemas, com o fim de garantir a sustentabilidade desse uso. Além do uso sustentável, a
conservação inclui proteção, manutenção, reabilitação, restauração e melhoramento de
populações (naturais) e ecossistemas” (DIEGUES, 2000).
Para alcançar os objetivo propostos para conservação e contornar o atual quadro de
degradação ambiental são apresentados métodos de coleta de dados que possibilitem tomada
de decisões conservacionistas em tempo hábil. Assim muitas organizações como, por
2
exemplo, WWF e IC (International Conservation) além de muitos pesquisadores têm buscado
desenvolver ferramentas de avaliação ou inventário rápido da diversidade (HELLIER et al.,
1999; NASCIMENTO e VIANA, 1999; GAVIN e ANDERSON, 2005; NASCIMENTO et
al., 2005; PESEK et al., 2006).
A questão crucial para alcançar este objetivo seria o grande número de técnicas e
métodos, que serão elencados adiante, para amostragem da diversidade, surgindo a
necessidade de compará-las para apresentar uma proposta que exija pouco tempo de execução
sem perder eficácia na qualidade dos dados obtidos e incorporá-los ás abordagens de
avaliação rápida.
2.1 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO RÁPIDA
Dependendo da instituição de origem, as abordagens da avaliação rápida apresentam
perfis distintos. “A Conservation International” foi pioneira neste tipo de abordagem e seu
programa (Rapid Assessment Program) foi desenhado para preencher lacunas no
conhecimento local de “hotspots” de biodiversidade e fornecer informações biológicas
rapidamente para encorajar oportunidades de ações conservacionistas (STEM et al., 2005). O
perfil de programas de outras instituições tais como WWF e TNC (The Nature Conservancy)
têm utilizado tais ferramentas para priorizar ações de conservação ou avaliar status de áreas
(STEM et al., 2005).
Para contornar o quadro de ameaça a integridade biológica a “The Nature
Conservancy” desenvolveu uma proposta para o planejamento da conservação em ambientes
terrestres, de água doce e perto da costa em ambientes marinhos, criando sete passos: Passo 1:
Identificar os alvos de conservação; Passo 2: Coletar informações e identificar lacunas; Passo
3: Estabelecer metas de conservação; Etapa 4: Avaliar as áreas de conservação existentes;
Passo 5: Avaliar a capacidade de persistir nos alvos de conservação; Passo 6: Montar um
portfólio de áreas de conservação; Passo 7: Identificar as áreas prioritárias para conservação
(GROVES et al., 2002).
Semelhante a “passos” como apresentados pela TNC, a WWF (2003) apresentou um
quadro (Tabela 1) que contempla a avaliação rápida de unidades de conservação cujo método
3
se baseia em um referencial avaliativo elaborado pela Comissão Mundial de Áreas Protegidas
(WCPA/ World Commission on Protected Areas) que segue:
Sobre a abordagem do Programa de Avaliação Biológica Rápida da Conservation
International (CI), Fonseca (2001) indicou que atenções devem ser dirigidas em áreas de
fronteira para o desenvolvimento, cuja descrição deve ser urgente para antecipar possíveis
danos à sua integridade biológica. Segundo o autor, o objetivo da abordagem é o de
rapidamente coletar, analisar e disseminar informações sobre áreas pouco conhecidas, que são
potencialmente importantes sob o ponto de vista da conservação da biodiversidade.
Quanto aos métodos utilizados na coleta de dados florísticos a serem aplicados nas
abordagens de avaliação rápida, Walter e Guarino (2006) apresentaram a ferramenta do
Levantamento Rápido (LR). Este método constitui de caminhadas em linhas de picada, onde
os pontos de amostragem das espécies de plantas são determinados em intervalos de tempo.
Esta ferramenta apresentou-se tão eficiente no inventário florístico de uma área de cerrado
stricto sensu quanto o método de parcelas de área fixa, que exige mais tempo e maior esforço
de campo, pela necessidade de delimitação de áreas para a amostragem. Consequentemente,
decisões que exijam o conhecimento da flora tal como a distribuição geográfica de uma
espécie ameaçada de extinção, caracterização de áreas de tensão (transição entre
ecossistemas) pode ter acesso a informação num espaço de tempo menor por meio do LR em
relação às ferramentas convencionais que ainda são utilizadas mesmo em alguns perfis de
avaliação rápida.
4
Tabela 1. Elementos de avaliação no Questionário para Avaliação Rápida (WWF, 2003).
Contexto
• Ameaças
• Importância
biológica
• Importância
Socioeconômica
• Vulnerabilidade
• Políticas
relativas a
unidades de
conservação
• Contexto
político
Planejamento e
desenho da UC
• Objetivos da
UC
• Amparo Legal
• Planejamento e
desenho da UC
• Desenho do
sistema de UC´s
Insumos
Processos do Manejo
Produtos do Manejo
Resultados
• Recursos Humanos
• Comunicação e
Informação
• Infraestrutura
• Finanças
• Planejamento do Manejo
• Práticas de manejo
• Pesquisa, monitoramento e
avaliação
• Prevenção de ameaças
• Restauração da UC
• Manejo da vida silvestre
• Divulgação na
comunidade
• Controle de visitantes
• Infra-estrutura
• Produtos do
planejamento
• Monitoramento
• Treinamento
• Pesquisa
• Pressões
Assim, os trabalhos de Avaliação Ecológica Rápida (AER) e Avaliação Rápida da Diversidade (ARD) contemplam coleta de dados
ambientais em curto tempo (CALISTO et al., 2002, RODRIGUES et al. 2008), sejam dados faunísticos (BRANDÃO, 2002), florísticos (COHEN
et al., 2005; WALTER e GUARINO, 2006) e etnobiológicos (HELLIER et al., 1999; GAVIN e ANDERSON, 2005; PESEK et al., 2006).
4
5
Na elaboração do mapa de distribuição das disjunções de cerrado, Ritter et al. (2007)
aplicaram a Avaliação Ecológica Rápida (AER) para estabelecer os táxons dominantes e sua
densidade média por parcelas, bem como descrever sua fitofisionomia. A AER tem
empregado ferramentas de Sistemas de Informação Geográfica (SIG) associadas a
ferramentas de análise da vegetação. Estas ferramentas de triangulação de métodos de SIG e
análise da vegetação são características da Avaliação Ecológica Rápida criada pela TNC
(AVELAR et al., 2005). A partir dos resultados obtidos, por meio de ferramentas de imagens
satélite
e
inventários
em
campo,
Ritter
et
al.
(2007)
puderam
caracterizar
fitofisionomicamente e mapear fácies do Cerrado do Alto Tibagi, Paraná. As áreas
caracterizadas pelos autores contituem disjunções gramíneo-lenhoso, com ocorrência de
arbustos perfilhados formando moitas e arvoretas esparsas, revelando uma formação
fitoecológica do tipo Savana arbórea aberta. Dados desta natureza podem ser coletados a
partir de ferramentas rápidas, tais como o LR, possibilitando caracterizar as diversas
fitofisionomias que podem ocorrer num domínio.
Unir mais de uma ferramenta permite fornecer uma melhor compreensão da realidade
local. Lykke et al. (2000) compararam dados de fotografias aéreas, acompanhamento de
parcelas permanentes e dados etnobotânicos e interpretaram as percepções das pessoas sobre
o declínio de densidade e redução de espécies relacionada ao uso das espécies de plantas.
Assim, os autores traçaram prioridades para conservação de uma vegetação de savana lenhosa
no Senegal.
Ferramentas ecológicas que caracterizem ambientes do ponto de vista florístico são
importantes na quantificação da ocupação espacial de determinados ecossistemas. Para o
domínio Cerrado, por exemplo, os cálculos de seu tamanho ocupado no território brasileiro
variam bastante e depende basicamente da inclusão ou não das áreas de transição existentes
nas bordas da área central do bioma (Machado et al., 2004). As ferramentas apresentadas pela
TNC, que associam coleta de dados biológicos e de sistema de informaçõe geográfica
(AVELAR, 2005) tem se mostrado eficientes e podem ser uma alternativa para solucionar
esta lacuna de forma rápida e eficaz.
Brandão (2002) avaliou a riqueza, diversidade e abundância de répteis e anfíbios
(grupos que atuam como excelente bioindicadores de status de conservação) utilizando a
abordagem da AER e observou o status de conservação de cinco ecossistemas da floresta
6
amazônica em Rondônia (mata de terra firme, mata de igapó, baía, campina e praia). A partir
desses resultados, foi possível recomendar maior atenção para conservação do ecossistema
baía por corresponder ao local de maior diversidade por área em relação aos outros quatro
ecossistemas estudados.
Calisto et al. (2002) aplicaram um protocolo previamente elaborado para realizar uma
avaliação rápida da diversidade de habitats e níveis de degradação em bacias hidrográficas, a
partir de adaptação do trabalho realizado pela agência de proteção ambiental de Ohio (EUA)
(EPA, 1987) que buscou avaliar as características de trechos de bacia hidrográfica e nível de
impactos ambientais decorrentes de atividades antrópicas. O protocolo
se baseou nos
procedimentos apresentado por Hannaford et al. (1997) que examinou as condições de habitat
e nível de conservação de ambientes naturais. No protocolo aplicado por Calisto et al. (2002)
constavam itens tais como “Qualidade da água”, “Cobertura das margens dos rios” e etc. e
pontuações atribuídas a cada um destes ítens. Este tipo de ação pode ser adaptado a outros
grupos valorizando a participação de pessoas tais como comunidades ribeirinhas e avaliar o
grau de degradação de habitats, auxiliando no diagnóstico de impactos ambientais e orientar
tomadas de decisões.
Quanto ao envolvimento de pessoas em trabalhos de avaliação rápida, uma alternativa
a ser utilizada é a Pesquisa Etnobotânica Rápida (Rapid Ethnobotanical Survey), que deriva
da Avaliação Rural Participativa, que foi criada originalmente para avaliar iniciativas de
desenvolvimento.
Neste, um pequeno grupo focal de pessoas locais são selecionadas e
entrevistadas qualitativamente sobre uma gama de tópicos por meio de entrevista semiestruturada, permitindo uma visão compreensiva de como uma comunidade utiliza seus
recursos (GERIQUE, 2006; PESEK et al., 2006).
Helier et al. (1999) aplicaram uma variação das técnicas aplicadas na Avaliação Rural
Rápida (ARR) e Avaliação Rural Participativa (ARP), incluindo entrevistas semiestruturadas, turnês guiadas e mapeamentos participativos em conjunção com análises de
mapas de uso da terra e fotografias aéreas para avaliar mudanças recentes na cobertura da
vegetação e abundância de espécies utilizadas. Os autores verificaram que a maioria das
espécies de árvores madeireiras e as espécies animais utilizadas como fonte proteica foram
consideradas em decréscimo populacional significativo em duas comunidades. Entretanto,
chamam atenção quanto à percepção da população sobre a cobertura vegetal, pois houve
7
divergência entre a visão apresentada pela população e as imagens satélites. Assim, os
resultados apresentados por Helier et al. (1999) podem orientar propostas quanto ao uso
destas espécies em declínio como, por exemplo, pela recomendação de substituição de
espécies com menor capacidade de regeneração por outras espécies com mesmo potencial de
uso e maior poder de regeneração.
Gavin e Anderson (2005) testaram dois métodos para avaliação de valor de uso
florestal numa região da Amazônia peruviana, sendo um método de entrevista rápida contra
um estudo mais rigoroso de seis meses para determinar se o primeiro dá uma estimativa
razoável dos valores da floresta. Enquanto o método etnobiológico rápido deu uma lista
precisa das espécies mais utilizadas, com poucas variações em relação ao método de maior
duração, este se apresentou substancialmente “fraco” na obtenção de dados precisos sobre as
quantidades coletadas. O método executado em longo prazo pôde apresentar dados sobre a
quantidade consumida dos recursos citados, enquanto o método rápido pôde apresentar uma
lista dos recursos que, por serem mais frequentemente coletados, estão presentes no
vocabulário ativo das pessoas e em suas memórias. Desta forma, os autores recomendam o
levantamento rápido quando for necessário fornecer dados sobre as espécies mais úteis, que
foram frequentemente citadas devido a sua elevada frequência de uso a fim de evitar
destruição florestal iminente.
Gavin e Anderson (2005) apresentaram dados relevantes para a escolha de informantes
a particicipar de uma abordagem rápida participativa e verificaram que famílias cujos
ancestrais viviam na área de estudo acumularam conhecimentos ao ponto de reconhecer de
duas a três vezes mais tipologias florestais e seu histórico de uso em relação a outras famílias
que se estabeleceram na mesma localidade a menos tempo. Desta forma, ao necessitar de
uma coleta rápida de informações sobre a paisagem manejada, o foco deverá ser dirigido aos
habitantes que moram na localidade há mais tempo. Para diagnosticar tais informações sobre
a biodiversidade e paisagem, estes
autores adaptaram métodos usuais no campo da
antropologia e estabelecimento rápido de políticas em saúde pública, para amostrar os
conhecimentos e usos de espécies de três comunidades.
Apesar da necessidade em coletar dados em curto tempo, é necessário ter cautela com
os métodos realizados em curto prazo que muitas vezes são menos precisos principalmente
“do ponto de vista quantitativo” que os intensivos de longo prazo (GAVIN e ANDERSON,
8
2005). Ferramentas que empregam questões como recall de longo prazo (ou seja, questões
que envolvem coleta de informações sobre ações realizadas há mais tempo) apresentam uma
limitação em relação aos métodos de curto prazo, visto que muitas vezes o informante não
recordará de muitas informações vivenciadas há tempos atrás, reduzindo a quantidade de
informações fornecidas.
Quanto a Pesquisa Etnobotânica Rápida, Pesek et al. (2006) aplicaram um método que
constava de uma expedição com a duração de sete dias para inventariar espécies utilizadas na
cura tradicional pelo povo Maya Q’eqchi’, nas montanhas Belize da América Central. A
equipe da expedição consistiu de um etnobotânico, um etnógrafo da descendência Maya, três
mateiros Maya Q’eqchi’, dois curandeiros sênior tradicionais Maya Q’eqchi’ e guias
espirituais, um navegador e um especialista de mapeamento. A viagem apresentou uma rica e
variada diversidade ecológica e botânica incluindo 53 espécies botânicas, das quais oito
espécies não tinham sido relatadas anteriormente para a região de Belize e possíveis novas
espécies. Mesmo que o estudo tenha sido realizado em poucos dias, o método foi preciso para
áreas sem informações cientificas, devido ao difícil acesso. Foi possível recomendar
alternativas contextualizadas à área e que visam o envolvimento da população local e espécies
úteis reconhecidas durante a pesquisa de forma a trabalhar o uso dos recursos e a conservação.
Apesar da eficácia e aplicabilidade da avaliação rápida da diversidade biológica, não
há comparação entre técnicas para indicar qual seja a mais eficaz para estudos de diagnóstico
rápido. Esta abordagem tem sido aplicada sem que haja protocolos indicando que ferramentas
podem ser aplicadas a que objetivos ou metas de conservação.
2.2. FERRAMENTAS ECOLÓGICAS
A forma de obtenção dos dados em trabalhos de avaliação rápida da flora é uma
etapa que precisa de reflexão, pois, mesmo diante dos distintos métodos de coleta de dados
disponíveis há necessidade examiná-los e apresentar quais sejam recomendadas. Ao resgatar
trabalhos que tenham coletado dados sobre a flora e aplicado uma metodologia de avaliação
rápida observa-se o trabalho realizada por Ritter et al. (2007) a partir do método de parcelas
de área fixa. Outro, como o realizado por Guadagnin et al. (2000) não deixam claro sua forma
de obtenção dos dados, mesmo sendo uma etapa importante na coleta de dados. Meerman et
9
al. (2003) realizaram sua coleta de dados sobre a flora a partir de transeções com dimensões
de 800m2 (200 x 4 m). Ritter et al. (2007) e Guadagnin et al. (2000) aplicaram a Avaliação
Ecológica Rápida (AER), desenvolvida pela The Nature Conservancy (TNC) e esta
abordagem propõe intercalar imagens de satélite e coleta de dados biológicos e ecológicos
para orientar a tomada de decisões sobre conservação de áreas e dependendo do objetivo,
estes autores poderiam utilizar métodos mais rápidos na coleta de dados sobre a flora.
Considerando que a proposta das avaliações rápidas é examinar uma área num curto
espaço de tempo de campo é necessário apresentar quais métodos sejam os mais rápidos,
precisos e eficazes. Dentre as ferramentas para amostragem da vegetação as mais usuais são o
método de parcelas de área fixa e o de ponto quadrante (que apresenta área variável), no qual
o método de parcelas de área fixa é o mais antigo e frequentemente utilizado. O método de
ponto quadrante foi apresentado como uma ferramenta alternativa mais rápida para inventário
da vegetação na década de 50 (SPARKS et al., 2002; BRYANT et al., 2004; ZHU e ZHANG,
2009).
O método de parcelas é o mais antigo e o mais usual na análise da vegetação, também
conhecido como parcela de área fixa, consiste em estabelecer várias amostras, usualmente
quadradas ou retangulares, instalados em locais da comunidade vegetal, ou parcela única com
tamanho e forma predefinida (GORESTEIN, 2002; DIAS, 2005). Dentre os métodos de
amostragem da vegetação, o de parcelas é considerado aquele que leva mais tempo para
execução e também de custo mais elevado (GORESTEIN, 2002; DIAS, 2005; DIAS e
COUTO, 2005; WALTER e GUARINO, 2006). Entretanto, é o método mais aceito e
utilizado como base de comparação para outros métodos (MOREIRA, 2007).
Apesar de ser o mais aceito, há a necessidade de avaliar a eficiência do método de
parcelas de área fixa porque os resultados podem ser distintos dependendo, por exemplo, da
área de amostragem, tamanho e forma. A este respeito Péllico Netto e Brena (1997) afirmam
que no que tange ao método de amostragem ou tamanho e forma das unidades de amostras
utilizadas para a captação dos dados do inventário, não há consistência na decisão sobre
tamanho e forma de unidades de amostras ideais e sugere que se considere a experiência
prática e um confronto entre precisão e custos.
10
Assim, a experiência e prática devam ser levados em conta na escolha de forma e
tamanho das unidades de amostragem, mas, algumas considerações devem ser feitas devido
aos distintos resultados decorrente das escolhas relacionadas a amostragem.
Em relação ao tamanho, Moreira (2007) estudou uma área de cerradão e verificou a
eficiência de parcelas com tamanhos distintos e concluiu que as de 10 x 10 m são mais
eficientes e apresentam menos viés que as de 50 x 50 m e 100 x 100 m. A autora comparou
viés das estimativas de densidade e dominância e alterações na posição das espécies na tabela
fitossociológica (MOREIRA, 2007). Desta forma, parcelas de menor dimensão são mais
recomendáveis que parcelas de maior dimensão (VIEIRA e COUTO, 2001).
Chytrý (2001) recomenda atenção quanto a escolha preferencial do tamanho das
parcelas pelos pesquisadores. Muitos pesquisadores tendem a inserir parcelas maiores em
locais “pobres” em espécies, resultando em resultados enviesados quanto a estimativa de
espécies.
Quanto à forma, Higuchi et al. (1982) testaram vários tamanhos e formas de parcelas
amostrais, concluindo que as parcelas retangulares apresentaram melhores resultados que as
quadradas, em inventários florestais. A forma retangular é a mais recomendada, pois em
função de serem mais alongadas possui uma grande probabilidade de incluir maior número de
espécies que apresentem distribuição agrupada (DIAS, 2005).
Segundo Ubialli et al. (2005) deve-se observar que a utilização de um processo de
amostragem acarreta a existência de um erro de amostragem, devido à medição de apenas
parte da população e que quanto menor for esse erro de amostragem, mais precisas são as
estimativas. De maneira geral, em qualquer procedimento de amostragem, a maior
preocupação está na acuracia, a qual pode ser obtida dentro de uma precisão desejável,
eliminando ou reduzindo os erros não amostrais.
A precisão é indicada pelo erro padrão da estimativa, desconsiderando a magnitude
dos erros não amostrais, ou seja, refere-se ao tamanho dos desvios da amostra em relação a
média estimada ( x ), obtido pela repetição do procedimento de amostragem. Já a acuracidade
expressa o tamanho dos desvios da estimativa amostral em relação à média paramétrica da
população (μ), incluindo os erros não amostrais (MANTOVANI et al. 2005). O pesquisador
poderá optar por assumir a que nível de erro pode ser aceitável, sendo chamado, neste caso de
11
erro admissível. O erro admissível pode variar, na maioria dos trabalhos de inventário
florestal entre 10 e 20 %.
Dentre os métodos de distância, o método de quandrantes é o mais comumente
empregado em estudos fitossociológicos em Florestas Tropicais (GORESTEIN 2002; DIAS,
2005; GORESTEIN et al., 2007). De acordo com Martins (1979) trata-se de um método de
rápida instalação no campo, pois dispensa a instalação de uma área amostral.
Gorenstein et al. (2007) estudaram a aplicação do método de ponto quadrante, que
parte do pressuposto que haja completa aleatoriedade da distribuição dos indivíduos e
verificaram que dependendo do padrão espacial da floresta os resultados obtidos pelos
pesquisadores podem ser influenciados por superestimativa ou subestimativa. Os autores
simularam padrões de distribuição por meio de florestas geradas através da função
make.pattern, do programa S-Plus. Florestas com padrão de distribuição aleatório não
apresentam viés na estimativa de densidade, enquanto que florestas com padrão de
distribuição agregado apresentam subestimativa na sua densidade e florestas com padrão de
distribuição “regular”, simuladas a partir do padrão de distribuição em Lattice (onde as
árvores ocupam os vértices de quadrados, representando um plantio onde o espaço entre
linhas é o mesmo que entre plantas) apresentaram padrões de densidade superestimada
Os métodos de parcela e ponto quadrante são os mais usuais para inventário da
vegetação, sendo registrada uma variedade de trabalhos que compararam precisão, eficiência
e tempo de execução entre estes métodos (MELLO et al., 1996; MOSCOVICH et al., 1999;
FARIAS et al., 2002; GORESTEIN 2002; ROCHA, 2003; DIAS, 2005; DIAS e COUTO,
2005; WALTER e GUARINO, 2006; UBIALLI et al. 2009).
Dias e Couto (2005) compararam os métodos de parcelas e ponto quadrante para
verificar a eficiência na amostragem da vegetação e concluíram que o método de parcelas foi
o mais eficiente, principalmente quanto ao parâmetro riqueza da vegetação. Pelo método de
ponto quadrante, os autores verificaram o registro de no máximo 70% das espécies levantadas
em relação ao de parcelas e registraram menos espécies representadas por apenas um
indivíduo pelo método de parcela. Na estimativa de diversidade e equabilidade, os resultados
foram similares, em que o índice de diversidade de Shannon variou entre 4,411 e 4,702 e de
equabilidade de Pielou entre 0,803 e 0,884 independente do método utilizado. Os autores
12
concluíram que o método de quadrante resulta em densidade subestimada, necessitando de um
maior esforço amostral.
Quanto ao tempo de execução, Rocha (2003) registrou um gasto de tempo cinco vezes
maior para o método de parcelas de área fixa em relação ao de ponto quadrante. Gorestein
(2002) registrou um tempo de execução três vezes maior para o método de parcelas e Dias e
Couto (2005) reforçam a maior necessidade de tempo para amostragem por meio do método
de parcela.
Encontrar o melhor método para a amostragem da comunidade arbórea de uma
vegetação não é uma tarefa fácil, considerando que mesmo o método de parcelas sendo
apresentado como o mais eficiente e utilizado como parâmetro em estudos de comparação de
métodos, pode apresentar variações dependentes do tamanho das parcelas utilizadas e o
próprio padrão de distribuição espacial dos indivíduos. Assim, em qualquer método de
amostragem utilizado deve-se tomar cuidado quanto ao tamanho, quantidade e espaçamento
das unidades amostrais (MELLO et al., 1996; MOSCOVICH et al., 1999; FARIAS et al.,
2002; GORESTEIN, 2002; ROCHA, 2003; DIAS, 2005; DIAS e COUTO, 2005; WALTER e
GUARINO, 2006; UBIALLI et al., 2009).
Como apresentado, existem muitos trabalhos que comparam métodos e apresentam
formas distintas de coleta de dados em curto prazo de execução (contextualizado aos
diferentes domínios). Desta forma, as abordagens como “Avaliação Ecológica Rápida”, por
exemplo, podem ser trabalhadas de forma a seguir protocolos quanto ao método para coleta
de dados a ser aplicado.
2.3. FERRAMENTAS ETNOBOTÂNICAS
Uma das formas mais básicas de obtenção de dados em estudos etnobotânicos é a
realização de entrevistas (ALBUQUERQUE et al., 2010) que podem ser aplicadas para coleta
de dados de natureza tanto quantitativa como qualitativa (DUARTE, 2002; FRASER e
GONDIM, 2004). As entrevistas podem ser: 1) Estruturadas, na qual cada informante é
questionado sobre as mesmas perguntas previamente estabelecida; 2) Não estruturadas, em
que as perguntas não são previamente elaboradas; 3) Semi-estruturadas, com perguntas
parcialmente formuladas, em que o informante tem a possibilidade de discorrer sobre o tema
13
proposto e 4) Informais, semelhante às entrevistas não estruturadas, porém, totalmente fora do
controle do pesquisador (DUARTE, 2002; BERNARD et al., 2004; FRASER e GONDIM,
2004; BONI e QUARESMA, 2005; ALBUQUERQUE et al., 2010).
Dentro da pesquisa etnobotânica, a entrevista semi-estruturada tem sido uma
importante ferramenta, possibilitando aos pesquisadores avaliaram os usos e a importância
cultural de diferentes táxons (ALBUQUERQUE et al., 2006; MONTEIRO et al., 2008),
coleta de dados para prospecção de fármacos (ALBUQUERQUE e HANAZAKI, 2006) ou
mesmo sendo utilizada para fornecer uma ampla visão sobre as atitudes para a conservação e
ameaças às florestas e os sistemas de subsistência (LUZAR e STEPP, 2007).
Muitas vezes estas entrevistas são conduzidas de forma a gerar uma listagem de
plantas, cuja técnica é denominada de lista livre (ALBUQUERQUE et al., 2010), seguida da
coleta de informações específicas de cada planta, tais como, seu uso citado pelos informantes,
de forma a abordar toda a comunidade ou parte dela (FERRAZ et al., 2006; LUCENA et al.,
2007b). Assim, muitas inferências sobre uso das plantas tornam-se possíveis e por abordar
uma amostra representativa da população alguns cálculos, como o valor de uso das espécies,
diversidade e equabilidade de espécies tornam-se possíveis, para a partir de então, serem
traçadas metas para a conservação de espécies (ALBUQUERQUE et al.,2006; LUCENA et
al., 2007b).
Outras formas de coleta de dados etnobotânicos que não contemplam
amostragem ou senso da população não permitem realizar tais cálculos.
As desvantagens da entrevista não estruturada e semi-estruturada, tem relação com as
limitações do próprio entrevistador como a escassez de recursos financeiros e o dispêndio de
tempo (BONI e QUARESMA, 2005). De um modo geral, pesquisas de cunho qualitativo
exigem a realização de entrevistas semi-estruturadas e quase sempre necessitam serem
realizadas a médio e longo prazo (DUARTE, 2002).
Os métodos participativos são caracterizados pelo envolvimento dos membros de uma
comunidade
para
construção
coletiva
de
soluções
e
diagnósticos
(SIEBER
e
ALBUQUERQUE, 2010). Esta abordagem apresentou seu auge na década de 80 a partir de
trabalhos extensionistas com a Avaliação Rural Rápida (ARR), que posteriormente evoluiu
para a Avaliação Rural Participativa (ARP) na década de 90 (CHAMBERS, 1994).
Os métodos participativos são importantes nos trabalhos em que se faz necessário
compreender informações compartilhadas e consensuais entre os moradores de uma
14
localidade como, por exemplo, informações sobre mudanças na vegetação e compreensão
sobre os recursos naturais disponíveis na paisagem (MEDLEY e KALIBO, 2005; KALIBO e
MEDLEY, 2007). Na coleta de dados etnobotânicos, podem ser aplicadas oficinas
participativas na forma de inventários ex situ (inventários realizados fora do ambiente natural
das plantas pela observação dos informantes sobre partes ou fotografias das plantas) e são
importantes na confirmação mais consensual possível entre os membros de uma comunidade
sobre a identidade de uma planta citada ou caracterização histórica da vegetação.
O uso de oficina participativa se apresentou como uma importante ferramenta na
compreensão sobre os distintos ambientes de ocorrência do umbuzeiro (Spondias tuberosa
Arruda, Anacardiaceae) pela população do sítio Carão no município de Altinho – PE,
contribuindo para o conhecimento sobre as unidades de paisagem reconhecidos pela
população, permitindo traçar o histórico de uso da vegetação (LINS-NETO et al., 2010;
ALMEIDA et al., 2011).
As oficinas participativas comumente apresentam a vantagem de necessitar de menos
tempo para coleta de dados, entretanto, a identificação das plantas é mais problemática,
porque muitos detalhes botânicos e ecológicos são perdidos. Em relação às vantagens, a
oficina participativa valoriza a participação de pessoas menos móveis da comunidade, tais
como idosos, em relação a outros métodos como turnê guiada e inventário-entrevista
(THOMAS et al., 2007).
Para a realização de coleta de dados etnobotânicos, as oficinas participativas são
comumente acompanhadas de estímulos visuais (THOMAS et al., 2007; ALBUQUERQUE et
al., 2010; MELO et al. 2008; SANTOS et al. 2009). Os métodos participativos e ferramentas
visuais são cada vez mais populares como abordagens qualitativas para enriquecer e
complementar as ferramentas de pesquisa quantitativa (GOTSCHI et al., 2009).
Dentre os possíveis estímulos visuais utilizados na coleta de dados etnobotânicos
segue: fotografias (THOMAS et al., 2007; ALBUQUERQUE et al., 2010) exsicatas
(THOMAS et al., 2007; ALBUQUERQUE et al., 2010; SANTOS et al., 2009), e material
fresco (MELO et al., 2008, ALBUQUERQUE et al., 2010).
Santos et al. (2009) fizeram uso de um herbário de campo com exsicatas de plantas
férteis e fotografias das plantas em seu contexto original para coleta de informações sobre
plantas de zonas antropogênicas. Este método é bastante útil na coleta de informações
15
etnobotânicas, principalmente por garantir que o pesquisador faça uma seleção da (s) planta
(s) que busca informações. Ao comparar a eficiência do uso da fotografia e exsicata como
estímulo visual, Thomas et al. (2007) verificaram que embora a fotografia seja um recurso
menos utilizado na coleta de dados etnobotânicos foi mais eficiente que exsicatas. Uma das
limitações do uso de excicatas como estímlo visual, seria que nelas, muitas características
originais da planta são perdidas, dificultando assim sua identificação (MEDEIROS et al.,
2010).
Uma alternativa para apresentar as características originais das plantas aos informantes
seria mostrá-las in situ, no local onde a mesma é encontrada O método inventário-entrevista
envolve um inventário vegetacional associado com a coleta de dados etnobotânicos a partir de
entrevistas em campo (ALBUQUERQUE et al. 2010). Pode ser uma eficiente ferramenta
para analisar espécies de plantas que ocorrem numa área e a respectiva proporção das
reconhecidas como recurso e que consequentemente apresentem valor local de uso (LUOGA
et al., 2000). Desta forma é possível inventariar espécies que ocorrem numa localidade e que
não foram citadas em listas de entrevistas semi-estruturadas.
O inventário-entrevista pode ser útil na compreensão de mudanças num gradiente
vegetacional, associadas ao uso de plantas neste gradiente (MEDLEY e KALIBO, 2005;
VERLINDENA e DAYOT, 2005) e fazer inferências sobre o potencial utilitário das plantas
relacionando a sua disponibilidade no ambiente.
As interpretações sobre a percepção de mudanças na vegetação podem complementarse e ser mais bem compreendidas ao associar a coleta de dados etnobotânicos com, por
exemplo, a avaliação de parcelas permanentes. Lykke et al. (2000) verificou que espécies
reconhecidas como em declínio apresentaram uma redução populacional verificada em
parcelas acompanhadas por três anos. O autor destaca a percepção de declínio para espécies
preferidas pela população.
Ainda em relação ao uso do inventário-entrevista para verificar mudanças na
vegetação, Tabuti e Mugula (2007) constataram um declínio na população de Albizia coriaria
Welw. ex Oliv. reforçado pela percepção de informantes locais.
Enfim, esta é a técnica
etnobotânica que melhor contempla a avaliação dos usos das plantas e sua abundância na flora
local como verificado, por exemplo, nos estudos que avaliam aparência ecológica das
16
espécies (ALBUQUERQUE e LUCENA, 2005; LUCENA et al., 2007a; LUCENA et al.,
2007b).
Como ferramenta para estímulo visual apresenta uma vantagem em relação aos
métodos ex situ, devido aos informantes terem acesso às plantas em seu habitat original,
apresentando todas as características necessárias ao seu reconhecimento (MEDEIROS et al.,
2008).
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Área de estudo
O estudo foi desenvolvido em uma comunidade na zona rural do município de Altinho
localizado na mesorregião Agreste e na Microrregião Brejo do estado de Pernambuco,
limitando-se a norte com Caruaru e São Caetano, ao sul com Ibirajuba, Panelas e Cupira, à
leste com Agrestina, e oeste com Cachoeirinha. A área municipal ocupa 450,7 km2 e
representa 0,46% do Estado de Pernambuco e está inserido na Folha SUDENE de Garanhuns,
Belo Jardim, Caruaru e Palmares, na escala 1:100.000 (SILVA, 2006) (Figura 1). A sede do
município tem uma altitude aproximada de 454 metros e coordenadas geográficas de
08o29’23”S e 36º03’ 34” O, distando 163,1 km da capital, cujo acesso é feito pela BR232/104, e PE-149 (CONDEPE/FIDEM, 2005; SILVA, 2006).
O município de Altinho está inserido na unidade geoambiental do Planalto da
Borborema, formada por maciços e outeiros altos, com altitude variando entre 650 a 1.000
metros. Ocupa uma área de arco que se estende do sul de Alagoas até o Rio Grande do Norte.
O relevo é geralmente movimentado, com vales profundos e estreitos dissecados (SILVA,
2006).
A vegetação desta unidade é formada por Florestas Subcaducifólias e Caducifólias,
próprias das áreas de agreste. O clima é do tipo Tropical Chuvoso, com verão seco. A estação
chuvosa se inicia em janeiro/fevereiro com término em setembro, podendo se estender até
outubro. Nas superfícies suaves a onduladas, ocorrem os planossolos, medianamente
profundos, fortemente drenados, ácidos a moderadamente ácidos e fertilidade natural média e
ainda os Podzólicos, que são profundos, textura argilosa, e fertilidade natural média a alta.
Nas elevações ocorrem os solos Litólicos, rasos, textura argilosa e fertilidade natural média.
17
Nos vales dos rios e riachos, ocorrem os planossolos, medianamente profundos,
imperfeitamente drenados, textura média/argilosa, moderadamente ácidos, fertilidade natural
alta e problemas de sais ocorrendo ainda afloramentos de rochas (SILVA, 2006).
Encontra-se inserido nos domínios da Bacia Hidrográfica do Rio Una. Seus principais
tributários são: o Rio da Chata e os riachos: Cabeleira, Morcego, Mandioca, Saco, Letreiro e
Exu. Não existem açudes com capacidade de acumulação igual ou superior a 100.000m3.
Todos os cursos d’água no município têm regime intermitente e o padrão de drenagem é o
dendrítico (SILVA, 2006).
Na zona rural habitam 52,4% de uma população total de 21.496 habitantes,
distribuídos, segundo dados do INCRA de 1998, em 1.541 propriedades rurais, fazendo com
que 18,6% do PIB municipal provenha de bens agropecuários (CONDEPE/FIDEM, 2005).
Segundo o censo demográfico de 2000, 60% da população tem ocupação no setor
agropecuário, mais da metade dos moradores tem rendimento mensal abaixo de um salário
mínimo e 51% das pessoas com mais de 25 anos são analfabetas (CONDEPE/FIDEM, 2005).
Foi selecionada a comunidade do povoado Sítio Carão (Figura 1) cujo ponto central da
comunidade situa-se na coordenada 08°35’13,5”S e 36°05’34,6” W situada a 469 metros do
nível do mar, distando 16 km do centro urbano.
Segundo levantamento feito no posto de saúde da comunidade, a população é
constituída por 189 habitantes, sendo 112 maiores de 18 anos compreendendo 67 mulheres e
45 homens que são assistidos por um agente comunitário de saúde e um posto de atendimento
médico que recebe a visita mensal de um médico (ARAÚJO et al., 2008; SANTOS et al.,
2009; ALENCAR et al., 2010; LINS NETO et al., 2010).
A comunidade dispõe de uma escola no nível fundamental I e os alunos a partir da 5 a
série têm que se deslocar até ao centro do município para completar os estudos. A
comunidade dispõe de uma igreja católica, a qual maior parte da população frequenta e uma
igreja protestante (ARAÚJO et al., 2008; SANTOS et al., 2009; ALENCAR et al., 2010;
LINS NETO et al., 2010).
A economia é sustentada pela agricultura de subsistência, principalmente, com
produção de milho e feijão, em que parte da produção é comercializada na feira semanal no
18
centro do município, como também, mas em menor proporção, pelo comércio local de
produtos industrializados. A pecuária é restrita a criação de bovinos, caprinos, aves e em
menor quantidade por suínos, responsáveis pela complementação alimentar e geração de
renda familiar. Alguns animais são direcionados ao trabalho do campo para arar o terreno para
o plantio, assim como no abastecimento d’água dos domicílios e deslocamento da população
(ARAÚJO et al., 2008; SANTOS et al., 2009; ALENCAR et al., 2010; LINS NETO et al.,
2010).
A água é obtida por meio de cisternas que se tornam fundamentais para a população
durante o longo período de estiagem anual da região. Outra fonte de recurso local é a Serra do
Letreiro, um acidente geográfico que delimita a comunidade e que serve para a agricultura,
pecuária e extrativismos de plantas e animais (Figura 2) (ARAÚJO et al, 2008; SANTOS et
al., 2009; ALENCAR et al., 2010; LINS NETO et al., 2010). A cobertura vegetal da Serra do
Letreiro apresenta aproximadamente 1200ha. Para calcular a cobertura vegetal da Serra do
Letreiro foi feito o perímetro da mesma no software Google Earth (www.earth.google.com), a
partir de imagens satélites atualizadas em 2010 e o cálculo da área foi feito a partir do
software GEPath (www.sgrillo.net/googleearth/gepath).
19
Figura 1. Área de estudo conduzido na comunidade do Sítio Carão situada no município de
Altinho – PE (ALENCAR et al., 2010).
20
Figura 2. Imagem satélite com destaque ao centro da Serra do Letreiro dentro dos limites
amarelos, adjacente ao Sítio Carão , situada no município de Altinho – PE.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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2009.
VERLINDENA, A.; DAYOTC, B. A comparison between indigenous environmental
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ZHU, X.; ZHANG, J. Quartered neighbor method: A new distance method for density
estimation. Frontiers of Biology in China. v. 4, n.4, p. 574–578. 2009.
29
CAPÍTULO 1
Avaliação de métodos ecológicos em estudos de diagnóstico rápido da biodiversidade na
Caatinga
30
1. Introdução
Para contornar o atual quadro de degradação ambiental, muitos grupos de
pesquisadores têm buscado desenvolver técnicas de avaliação ou inventário rápido da
diversidade, para obter dados em tempo hábil para a tomada de decisões conservacionistas
(HELIER et al., 1999; NASCIMENTO e VIANA, 1999; GAVIN e ANDERSON, 2005;
NASCIMENTO et al., 2005; PESEK et al., 2006).
Os ecossistemas tropicais demandam este tipo de abordagem, pois segundo Myers
(2000), estas regiões estão entre as mais diversas do mundo e com as maiores taxas de
endemismo. No Brasil, encontram-se ambientes tropicais com diferentes fitofisionomias
influenciadas pela altitude, solo, alagamento, fogo, salinidade e outros (COUTINHO, 2006).
Dentre estes ambientes, a Caatinga ocupa cerca de 735.000 km2 do território brasileiro
estendendo-se por oito estados do nordeste e parte de Minas Gerais, no sudeste (LEAL et al.,
2005 e ARAÚJO et al., 2007).
A Caatinga é altamente heterogênea, rica em endemismo com cerca de 932 espécies de
plantas vasculares, 187 de abelhas, 240 de peixes, 167 de répteis e anfíbios, 62 famílias e 510
espécies de aves e 148 espécies de mamíferos (LEAL et al., 2005; ALVES, 2007). Um fato
preocupante é o de estar entre os ecossistemas mais degradados do país, perdendo apenas
para a Mata Atlântica, em termos de devastação, além de se ser extremamente frágil (LEAL
et al., 2005; ALVES, 2007). Dada a elevada riqueza e endemismo da Caatinga, e o elevado
impacto sobre este ecosistema, urge buscar estratégias de conservação da sua biota para evitar
maiores perdas de habitat e desertificação, manter os serviços ecológicos-chave necessários
para melhorar a qualidade de vida da população e promover o uso sustentável dos recursos
naturais da região (LEAL et al., 2005).
Os impactos que resultam na degradação da Caatinga se dão desde o período da
ocupação do território brasileiro, ou seja, há cerca de 500 anos (LEAL et al., 2005; ALVES,
2007), principalmente, pela formação dos currais de gado em torno das margens do rio São
Francisco e seus afluentes (DRUMOND, 2000). Diante da relevância da Caatinga, de sua
fragilidade e de seu histórico de perturbação, necessita-se cada vez mais em amostrar sua
diversidade biológica para que sejam tomadas as decisões conservacionistas em tempo hábil.
31
Devido a esta demanda em amostrar a diversidade biológica dos ecossistemas em
pouco tempo e eficientemente, surgem as técnicas de amostragem rápidas da biodiversidade
(HELLIER et al., 1999; GAVIN e ANDERSON, 2005; PESEK et al., 2006). Esta ferramenta
torna-se urgente, principalmente, diante das rápidas mudanças sociais e aculturação social e
econômica que representam um obstáculo para o estabelecimento de estratégias
conservacionistas (ALBUQUERQUE e ANDRADE, 2002). Para tanto, os métodos de
amostragem da flora carecem de análises para verificar a sua eficiência, precisão e rapidez.
É possível verificar alguns resultados de trabalhos que testem a eficiência e tempo de
execução dos métodos de parcela de área fixa, ponto quadrante e relascopia (método de
Bitterlich) em Floresta Ombrófila (DIAS e COUTO 2005) e Estacional Semidecidual
(GORESTEIN, 2002), métodos de parcela de área fixa e ponto quadrante em Floresta
Estacional (ROCHA, 2003) e o método de parcelas e “levantamento rápido” no cerrado
(WALTER e GUARINO, 2006).
Pesquisas têm demonstrado que o método de ponto quadrante necessita de menos
tempo para execução de trabalhos de campo, sendo o mais recomendável dentre os demais
métodos de distância (MITCHELL, 2010; ZHU e ZANG, 2009), principalmente por
demandar menos equipamentos e menos pessoas trabalhando em campo (MITCHELL, 2007).
Entretanto, este método tem demonstrado limitações, tais como a subestimativa de riqueza, ou
densidade de indivíduos (SPARKS et al., 2002; BRYANT et al., 2004; DIAS e COUTO
2005), o que tem levado muitos pesquisadores a recomendar cautela na hora de utilizá-lo
(BRYANT et al., 2004). Apesar das recomendações há situações em que o método de ponto
quadrante possa ser aplicado?
Para o domínio da Caatinga não há registros de trabalhos publicados em periódicos
que comparem métodos de amostragens. Considerando as distinções de padrões de
diversidade, riqueza e ocupação espacial nos distintos ecossistemas, não se pode levar em
consideração os resultados encontrados em outros ambientes incorporando-os à Caatinga sem
antes testá-los.
Desta forma, tomou-se por objetivo testar os dois principais métodos de amostragem
da vegetação levando em conta o fato do método de parcelas de área fixa exigir mais tempo
de execução e ser mais caro e o método de ponto quadrante ser um método mais rápido e
32
barato para responder às seguintes questões: (1) apesar do método de ponto quadrante ser
mais rápido, apresenta subestimativa nas medidas de diversidade e riqueza, como observado
em outros ecossistemas? (2) Os métodos de parcelas e de ponto quadrante apresentam os
mesmos padrões no registro parâmetros fitossociológicos? (3) Considerando as semelhanças e
distinções nas obtenções de dados no ecossistema Caatinga em que circunstâncias é possível
utilizar cada um destes métodos em inventários rápidos? Para tanto será realizada uma
amostragem numa área sem indícios de uso recente e uma área abandonada após 30 anos de
plantio por meio dos métodos de parcela de área fixa e ponto quadrante e comparar sua
eficiência quanto a descrição estrutural da vegetação.
2. Material e Métodos
2.1 Seleção do local de estudo
Para a determinação dos locais de amostragem da vegetação, foi realizada uma oficina
participativa. Foram selecionados 10 membros da comunidade, dentre os informantes
principais, para determinar o histórico de uso da terra segundo a metodologia proposta por
Albuquerque e Lucena (2010). Para realizar o mapeamento, toda a extensão da área de serra
adjacente à comunidade foi fotografada e apresentada a partir de fotografias panorâmicas,
projetadas por meio de equipamento áudio visual (projetor multimídia), na qual, os
informantes visualizaram, discutiram e consensualmente determinaram o histórico de uso. No
segundo momento foi pedido aos mesmos, que separados em dois grupos de cinco,
identificassem e determinassem os limites das unidades de paisagens reconhecidas por eles
numa foto panorâmica da região impressa em papel (60 cm x 1,60 m). Os moradores
indicaram os trechos onde houve plantio (brocas), há quanto tempo os plantios foram
abandonados e áreas sem registro de plantio. Os moradores apresentaram trechos da área com
vários históricos de abandono que vão de 5 a 40 anos de abandono e áreas sem registro de
uso, ou criação de brocas (nomenclatura local atribuída a locais que tiveram a vegetação
removida para plantio). Para realização da amostragem da vegetação foi necessário escolher
áreas com distintos históricos de uso e selecionou-se, desta forma, duas áreas. Os dados
utilizados nesta etapa foram coletados durante o trabalho realizado por Lins-Neto et al.
(2010).
33
Foi necessário selecionar áreas que representassem um dado histórico de uso e que
fossem contínuas, de forma a comportar as unidades de amostragem. Trechos com poucos
anos de uso e abandonados eram representados por pequenas áreas ao longo da serra. Desta
forma, estes trechos não comportariam uma grade de amostragem necessária para o inventário
da vegetação A princípio seria selecionada uma área com histórico de uso mais recente com,
cinco anos de abandono, por exemplo, entretanto, tratava-se de menores áreas disjuntas ao
longo da paisagem e não seria possível instalar um grande número de parcelas ou pontos
quadrantes. Desta forma, foram selecionadas duas áreas: Área 1) sem registro de plantio
agrícola; Área 2) abandonada há cerca de 30 anos (Figura 3).
Para a amostragem da vegetação foram utilizados dois métodos de levantamentos:
Parcelas retangulares de área fixa e ponto quadrante que foram ilustradas no esquema
amostral da Figura 4., em que os pontos em amarelo representam os pontos quadrantes e os
retângulos representam as parcelas.
34
Área 1
Área 2
Figura 3. Resultado do mapeamento a partir da oficina participativa que resultou na escolha para as áreas de amostragem da vegetação, conduzido na
comunidade do Sítio Carão situada no município de Altinho – PE, em que a Área 1 não se observa registro de plantio e a Área 2 se observou que houve um
plantio a 30 anos, sendo abandonado.
30
35
Figura 4. Esquema da instalação das unidades de amostragem, conduzido na Serra do Letreiro
situada no Sítio Carão situada no município de Altinho – PE.
2. 2 Instalação das parcelas de área fixa:
Foram instaladas 20 parcelas retangulares de 10 x 20 m em cada área, constituindo 0,8
há no total, inseridas numa sequência de cinco linhas de parcelas paralelas entre si, dispostas
em quatro linhas. As linhas de pontos quadrantes constituem as linhas laterais das parcelas.
Os vértices da primeira parcela iniciaram-se nos pontos A2 e B2, fechando um polígono
retangular que vão até os pontos A4 e B4 com intervalo de 30 m entre as parcelas (DIAS,
2005; DIAS e COUTO, 2005; RODAL et al., 1992).
2. 3 Parcelas de área variável (Ponto quadrante):
Para instalação dos pontos quadrantes, foram feitas linhas de picada, onde cada uma
delas recebeu 25 pontos em cada uma das duas áreas categorizadas de acordo com o tempo de
uso. Assim, foram instalados 400 pontos quadrantes por área. Cada uma das oito linhas de
picada apresenta 250 m de comprimento, distando 10 m entre si, totalizando a amostragem de
36
uma área de 2 ha. As linhas foram numeradas de A à H e os pontos quadrantes de 1 a 25 de
forma que a linha A, por exemplo, contém os pontos A1 até A25 e assim sucessivamente até a
linha H como ilustrado pela Figura 3 (DIAS, 2005; DIAS e COUTO, 2005; RODAL et al.,
1992). Para calcular a área de cobertura dos pontos quadrantes a ser utilizada nos cálculos de
suficiência amostral foi aplicada a seguinte fórmula para apresentar a área ocupada por cada
indivíduo:
A = π (d)2
4
em que:
A = área ocupara por cada indivíduo;
d = distância entre o indivíduo e a planta
em que:
Área ocupada pelo Indivíduo marcado
Indivíduo marcado
Ponto central do quadrante
Figura 5. Croqui do cálculo de áreas ocupada pelas árvores nos pontos quadrantes instalados
na Serra do Letreiro, situada no povoado Sítio carão, município de Altinho – PE.
Ao somatório das quatro áreas ocupadas pelos indivíduos, se considerou a área de
amostragem do ponto quadrante (Figura 5).
2.4 Marcação dos indivíduos
Foram amostrados todos os indivíduos lenhosos com 3 cm de diâmetro no nível do
solo (DNS) e de altura com no mínimo 1 m (RODAL et al., 1992). Para diferenciação dos
indivíduos marcados de acordo com cada técnica, as plantas marcadas pelo método de ponto
37
quadrante foram identificadas com placas de PVC e numeração vermelha e o método de
parcelas numeradas de cor azul. Todos os indivíduos foram plaquetados com números em
ordem crescente e cor para diferenciar qual técnica estava sendo usada, devido a sobreposição
de marcações.
2.5 Identificação do material botânico
As identificações das espécies foram realizadas através de bibliografia especializada e
morfologia comparada, em laboratório com o auxílio de lupa e análises de exsicatas da
coleção de herbários e depositadas nos Herbário Professor Sérgio Tavares (HST) do
Departamento de Engenharia Florestal e
Professor Vasconcelos-Sobrinho (PEUFR) do
Departamento de Biologia, ambos da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE).
A partir das identificações foi elaborada lista florística empregando o sistema de APG II. Os
nomes das espécies foram confirmados a partir da base da lista de espécies da flora do Brasil
do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO, 2011).
2.6 Tratamento dos dados
Os dois métodos de amostragem foram comparados entre si, considerando: a) A
composição florística amostrada pelo método de ponto quadrante e parcela de área fixa; b) Os
valores de diversidade e riqueza de espécies (MAGURRAN, 1989); c) Parâmetros
fitossosiológicos: Frequência relativa, Dominância relativa, Densidade relativa e Valor de
Importância. Para o cálculo destes valores foi empregado o software FITOPAC (SHEPHERD,
1995). A projeção do número total de espécies a partir de uma amostra heterogênea foi feita a
partir do método não-paramétrico Jackknife de primeira ordem bem como a suficiência
amostral pela curva espécie-área a partir do software PC ORD 4.0 (MCCUNE e MCFFORD,
1999).
Estimativas de riqueza total em espécies para a amostragem foram feitas por Jackknife
de primeira ordem. O método Jackknife estima a riqueza total utilizando o número de
espécies que ocorrem em apenas uma amostra (uniques). Para a estimativa de riqueza pelo
método de Jackknife foi utilizado o Software PC-Ord 4.0 (MCCUNE e MCFFORD, 1999).
38
Para comparação entre os parâmetros fitossociológicos de Frequência Relativa (FR),
Dominância Relativa (DoR), Densidade Relativa (DR) e Valor de Importância (VI) entre os
métodos foi empregada a Distância Euclidiana de acordo com a equação proposta por Brower
e Zar citado por Mello (1996).
Foi feita um adaptação do método de Brower e Zar citado por Mello (1996), no qual
os valores dos parâmetros foram transformados em postos antes de proceder com a distância
Euclidiana. Este procedimento foi realizado porque em muitos casos, embora os valores
absolutos para uma mesma população sejam muito distantes, eles apresentam mesma
grandeza em ordem decrescente de valores.
Para comparar a diversidade das espécies entre os métodos e entre áreas, foi usado o
teste t de acordo com Magurran (1989).
Para verificar se existem diferenças significativas no registro de espécies de plantas
entre os métodos e entre áreas, foi aplicado o teste de Cochran. Para tanto, cada método e
cada área foi considerado uma amostra, em que cada espécie foi considerada presente ou
ausente em cada método ou área. Posicionou-se os dados numa tabela c x I, com c colunas
(representadas pelas amostras sejam elas método ou áreas) que correspondem ao número k de
tratamentos e I linhas, que coincidem com o número de espécies em cada um dos k
tratamentos. Utilizou-se o somatório dos resultados correspondentes a cada grupo e os
somatórios dos escores de cada bloco. Para esta análise utilizou-se o BioEstat 5.0 (AYRES et
al., 2005).
Foram estudados os seguintes parâmetros estatísticos para o inventário florestal no
Sítio Carão , Município de Altinho-PE: Média, Variância, Desvio Padrão, Coeficiente de
Variação (%), Variância da Média, Erro Padrão da Média, Valor de t Tabelado (90%), Erro de
k
Amostragem, Erro de Amostragem (%) e o Número ótimo de parcelas necessárias. Para esta
análise foram consideradas as 40 parcelas e os 800 pontos quadrantes instalados nas duas
áreas, para avaliar a suficiência amostral quanto ao número de indivíduos na área. Para esta
análise, utilizou-se o software Mata Nativa 3 (CIATEC, 2001).
Para este trabalho, será considerado o Erro de amostragem de até 20%, a um Nível de
Probabilidade de 5%. A diferenciação estatística de população finita e infinita é feita pelo
39
valor do fator de correção (1 - f). A tabulação, o processamento e as análises foram realizadas
utilizando-se a planilha Microsoft Office Excel 2010 e o software Mata Nativa 3.
3. Resultados
Quanto à suficiência amostral na Área 1, verificou-se que o método de parcelas
apresenta uma tendência a estabilização de número crescente de espécies a partir de 15
amostras, enquanto o método de ponto quadrante, a partir de 150 amostras (Figura 6 e 7).
Embora seja necessário instalar um maior número de pontos quadrantes em relação às
0,6
40
0,4
Species
Distance
20
0,2
0
Average Distance
Average Number of Species
parcelas, em termos de energia despendida, o esforço é mínimo.
0,0
0
5
10
15
20
Number of Subplots
Figura 6. Curva espécie-área calculado para a Área 1, a partir do método de parcela,
conduzido na comunidade do Sítio Carão situada no município de Altinho – PE .
40
0,8
40
Species
Distance
0,4
20
0
Average Distance
Average Number of Species
60
0,0
0
50
100
150
200
Number of Subplots
30
0,6
20
0,4
Species
Distance
10
0,2
0
0,0
0
5
10
15
Average Distance
Average Number of Species
Figura 7. Curva espécie-área calculado para a Área 1, a partir do método de quadrante,
conduzido na comunidade do Sítio Carão situada no município de Altinho – PE .
20
Number of Subplots
Figura 8. Curva espécie-área calculado para a Área 2, a partir do método de parcela,
conduzido na comunidade do Sítio Carão situada no município de Altinho – PE .
41
0,8
20
Species
Distance
0,4
10
0
Average Distance
Average Number of Species
30
0,0
0
50
100
150
200
Number of Subplots
Figura 9. Curva espécie-área calculado para a Área 2, a partir do método de parcela,
conduzido na comunidade do Sítio Carão situada no município de Altinho – PE .
Quanto a suficiência amostral da Área 2, se verificou que o método de parcelas
também começou a estabilizar com pouco mais de 15 amostras, enquanto para o método de
ponto quadrante, foi necessário cerca de 150 amostras (Figura 8 e 9). Nota-se que há uma
maior inclinação da curva na Área 2, mostrando que o ganho de espécies na Área 1 alcança
mais rapidamente um valor assinótico (Figura 8 e 9).
A partir dos resultados obtidospara a suficiência amostral das parcelas na vegetação da
Serra do Letreiro observou-se que: 1) o número de unidades de amostragem instalados
superam os valores ótimos, demonstrando que o esforço de amostragem da Serra do Letreiro
foi suficiente tanto para parcelas quanto para quadrantes; 2) os valores de Desvio Padrão,
Variância, Variância da Média, Erro Padrão da Média e Coeficiente de Variação (%) são
menores para o método de ponto quadrante em relação ao método de parcelas; 3) os erros de
amostragem total e relativos são menores para o método de ponto quadrante em relação ao
método de parcelas (Tabela 2).
42
Tabela 2. Resultados da amostragem para o método de parcelas e quadrantes obtidos para a
Serra do Letreiro situada no Sítio Carão , município de Altinho – PE:
Parcela
Quadrante
Área Total (ha)
1200
1200
Unidades de amostragem
40
400
n (Número Ótimo de
Unidades de amostragem)
28
36
Total – N
2890
1501
Média
72,25
3,7525
37,4137
0,4918
1399,7821
0,2418
Variância da Média
34,9946
0,0006
Erro Padrão da Média
5,9156
0,0246
Coeficiente de Variação %
51,7836
13,1054
Valor de t Tabelado
2,0229
1,9623
Erro de Amostragem
11,9666
0,0483
Erro de Amostragem %
16,5627
1,2859
IC para a Média ( 95 %)
60,2834 ≤ X ≤ 84,2166
3,7042 ≤ X ≤ 3,8008
3014,1712 ≤ X ≤ 4210,8288
2090,7404 ≤ X ≤ 2145,2090
3617005,4360 ≤ X ≤
5052994,5640
2508887,1309 ≤ X ≤
2574249,3691
62,2822
3,712
Desvio Padrão
Variância
IC para a Média por ha ( 95
%)
IC para o Total ( 95 %)
EMC
Foram observadas 53 espécies (Tabela 3) a partir do método de ponto quadrante na
Área 1 e ao aplicar o estimador de riqueza Jackknife de primeira ordem, estimando 62
espécies. Pelo método de parcelas foram observadas 46 espécies e pelo método de Jackknife
foram 53,6 espécies estimadas. Na Área 2, a partir do método de parcelas foram observadas
34 espécies e a partir do método de Jackknife de primeira ordem, estimaram-se até 45,4
43
espécies e pelo método de ponto quadrante foram observadas 34 espécies e a partir do método
de Jackknife de primeira ordem estimaram-se 45,9 espécies (Tabela 3).
Tabela 3. Número de espécies observadas nos distintos métodos de amostragem da
vegetação e esperadas por meio do teste de Jackknife nas Áreas 1 e 2 no Sítio Carão ,
município de Altinho – PE.
ÁREA 1
ÁREA 2
Observado
Parcelas
46
34
Quadrantes
53
34
53,6
45,4
62
45,9
Estimado (teste de Jackknife)
Parcelas
Quadrantes
Observou-se uma maior estimativa de espécies na Área 2 a partir do teste de Jackknife
para os dados observados. Trata-se de uma área com menor riqueza observada em relação à
Área 1, mesmo assim, os resultados obtidos a partir do teste de Jackknife sugerem uma maior
riqueza esperada.
É possível afirmar, a partir do teste de Cochran, que a Área 1 apresenta uma proporção
de espécies maior que a Área 2 (Q = 9; gl = 1; p = 0,0027) ao considerar todas as espécies
registradas na área por ambos os métodos. Não houve diferença significativa na proporção de
espécies registradas entre o método de parcelas e ponto quadrante na Área 1 (Q = 0,0909; gl =
1; p = 0,763) ou na Área 2 (Q = 0; gl = 1; p = 1). Consequentemente a Área 1 apresenta mais
espécies que a Área 2 e não houve diferença significativa no número de espécies entre o
método de ponto quadrante e parcelas na Área 1 ou na Área 2.
Em relação a diversidade se verificou que, a partir dos resultados obtidos pelo teste t, a
Área 1 é mais diversa que a Área 2 pelo método de parcelas (t = 3,04; gl = ∞; p = 0,05) e que
não houve diferença significativa entre as Áreas 1 e 2 para o método de ponto quadrante (t =
1,43; gl = ∞; p = 0,05). Houve diferença significativa entre os métodos de parcelas e ponto
quadrante na Área 1 (t = 2,27; gl = ∞; p = 0,05) e não houve diferença significativa entre os
métodos na Área 2 (t = 1,71; gl = ∞; p = 0,05).
44
A partir dos resultados obtidos observou-se um elevado valor para a Distância
Euclidiana para o Valor de Importância (VI) e Dominância Relativa (DoR) na Área 1 (Tabela
5) quando se compara o método de parcelas e ponto quadrante (Tabela 4).
A elevada Distância Euclidiana foi refletida nos valores para as espécies de VI e DoR
e posições quanto a estes valores na tabela fitossociológica. A partir do método de parcelas na
Área 1 se verificou que Syagrus cearensis Noblick. (coco catolé) é a espécie com maior VI,
mas, ao comparar o método de parcela com o método de ponto quadrante, se verificou que a
importância estrutural de S. cearensis varia consideravelmente, ficando na 14ª posição em
ordem decrescente pelo método de ponto quadrante (Tabela 4).
Tabela 4. Distância Euclidiana calculada entre os valores dos parâmetros
fitossociológicos das espécies amostradas pelos métodos de parcela e ponto quadrante
nas duas áreas de amostragem (Área 1 e Área 2), instaladas na vegetação adjacente ao
Sítio Carão , município de Altinho – PE. DE/DR – distância euclidiana para densidade
relativa; DE/DO - distância euclidiana para dominância; DE/FR – distância euclidiana
para freqüência relativa; DE/VI – distância euclidiana para valor de importância.
LOCAL
DE/DR
DE/DO
DE/FR
DE/VI
ÁREA 1
46,69
66,46
52,01
58,01
ÁREA 2
26,71
33,66
30,18
31,17
Outras espécies apresentam grande variação quanto ao VI, ao considerarmos sua
posição na tabela fitossociológica (Tabela 5). Dentre elas é possível citar: Piptadenia
stipulacea (Benth.) Ducke (Espinheiro vermelho) na 5ª para o método de ponto quadrante e
26ª posição para o método de parcela; Cedrela odorata L. (Cedro) na 3ª posição para o
método de ponto quadrante e 14ª posição para o método de parcelas; Croton argyroglossus
Baill.(Rama branca ou Sacatinga) na 17ª posição para o método de ponto quadrante e na 7ª
posição para o método de parcelas (Tabela 5).
O parâmetro que eleva o VI de S. cearensis para o método de parcela na Área 1 é a
DoR, cuja Distância Euclidiana também é bastante elevada entre os métodos (Tabela 5). Para
o método de parcelas, S. cearensis apresenta a maior DoR (35,5%) e a 17ª posição, em ordem
decrescente para o método de ponto quadrante (2,13%) (Tabela 5).
A DoR de Commiphora leptophloeos (Mart.) J.B.Gillett (Imburana) (14,52%) e C.
odorata (13,32%) são os maiores valores para o método de ponto quadrante na Área 1,
45
enquanto que seus valores para o método de parcelas (4,74% e 4,4% respectivamente) se
apresentam na 4ª e 5ª posição respectivamente (Tabela 5).
Os parâmetros Densidade Relativa (DeR) e Freqüência Relativa (FeR) apresentam
menor Distância Euclidiana quando comparado o método de parcela e ponto quadrante na
Área 1 (Tabela 5). Independentemente do método, Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud. (Patade-vaca ou Mororó) apresentou a maior DeR na Área 1. Quanto a FeR, B. cheilanta e C.
leptophloeos apresentaram os maiores valores para o método de ponto quadrante (8,43% e
6,4%, respectivamente) e 2º e 3º maiores valores para o método de parcelas (5,03% para
ambas) na Área 1 (Tabela 5). Dentre as espécies mais densas na Área 1 destacam-se Solanum
campaniforme Roem. e Schult., B. cheilantha e Croton blanchetianus Baill. (Marmeleiro),
apresentando um total de indivíduos entre 92 e 116, obtido a partir do método de parcelas.
Pela elevada densidade, estas espécies estão entre os quatro maiores VI (Tabela 6).
Seja qual for o método utilizado, B. cheilantha e C. blanchetianus se encontram em
posições similares, quanto ao valor de importância, sendo a terceira e sexta posição para o
método de parcelas e segunda e quinta posição para os métodos de parcelas e quadrante,
respectivamente (Tabela 6).
46
Tabela 5. Relação das espécies em ordem crescente de famílias e espécies obtidas nas parcelas e ponto quadrante na Área 1, instalada
no Sítio Carão , município de Altinho – Pernambuco. Ni = Número de indivíduos; DeR = Densidade Relativa; DoR = Dominância
Relativa; FeR = Frequência Relativa e VI = Valor de Importância.
Família/ espécie
Parcelas da Área 1
Quadrante da Área 1
Ni
DeR
DoR
FR
VI
Ni
DR
DoR
FR
VI
24
2,3
1,3
2,66
2,3
1
0,13
0,04
0,16
0,33
Myracrodruon urundeuva Allemão
22
2,11
2,56
3,25
2,11
25
3,34
3,36
3,59
10,28
Schinopsis brasiliensis Engl.
16
1,54
2,45
2,66
1,54
9
1,2
2,14
1,4
4,75
Spondias tuberosa Arruda
3
0,29
0,65
0,89
0,29
5
0,67
1,97
0,78
3,41
22
2,11
35,5
2,37
2,11
16
2,14
2,13
2,34
6,61
29
2,78
3,52
3,55
2,78
17
2,27
4,07
2,5
8,84
35
3,36
4,74
5,03
3,36
54
7,21
14,52
6,4
28,13
14
1,34
1,4
2,66
1,34
16
2,14
1,47
2,18
5,79
Amaranthaceae
Gomphrena vaga Mart.
Anacardiaceae
Arecaceae
Syagrus cearensis Noblick
Bignoniaceae
Handroanthus impetiginosus Mattos
Burseraceae
Commiphora leptophloeos (Mart.)
J.B.Gillett
Capparaceae
Capparis flexuosa (L.) L.
A Tabela 5 continua
47
47
Parcelas da Área 1
Quadrante da Área 1
Ni
DeR
DoR
FR
VI
Ni
DR
DoR
FeR
VI
1
0,1
0,09
0,3
0,1
2
0,19
0,04
0,3
0,19
4
0,53
1,49
0,31
2,34
8
0,77
0,19
2,07
0,77
5
0,67
1,13
0,78
2,58
Acalypha multicaulis Müll.Arg.
33
3,17
1,7
3,25
3,17
1
0,13
1,19
0,16
1,48
Croton argyroglossus Baill.
59
5,66
1,33
3,85
5,66
26
3,47
0,65
3,74
7,87
Croton blanchetianus Baill.
92
8,83
5
3,85
8,83
54
7,21
4,16
5,77
17,14
Croton heliotropiifolius Kunth
1
0,1
0,05
0,3
0,1
Jatropha mollissima (Pohl) Baill.
29
2,78
0,32
3,85
2,78
22
2,94
0,44
3,28
6,65
Manihot sp.
22
2,11
0,72
3,25
2,11
31
4,14
2,01
4,84
10,99
Sapium sp.
32
3,07
2
3,85
3,07
29
3,87
1,65
4,21
9,74
2
0,27
0,04
0,31
0,62
6
0,8
0,26
0,94
1,99
Capparis jacobinae Moric. ex. Eichler
Celastraceae
Maytenus rigida Mart.
Erythoxyllaceae
Erythoxyllum sp.
Euphorbiaceae
Stillingia uleana Pax e K.Hoffm.
Fabaceae
Caesalpinoideae
Amburana cearensis (Allemao) A.C.Sm.
1
0,1
0,64
0,3
0,1
A Tabela 5 continua
48
48
Parcelas da Área 1
Quadrante da Área 1
Ni
DeR
DoR
FR
VI
Ni
DR
DoR
FeR
VI
116
11,13
3,57
5,03
11,13
72
9,61
2,89
8,42
20,93
Libidibia ferrea (Mart. ex Tul.) L.P.Queiroz
1
0,1
0,04
0,3
0,1
6
0,8
8,61
0,78
10,19
Poincianella pyramidalis (Tul.) L.P.Queiroz
43
4,13
1,47
4,14
4,13
26
3,47
1,53
3,28
8,28
Senna martiana (Benth.) H.S.Irwin e
Barneby
1
0,1
0,02
0,3
0,1
4
0,53
0,08
0,31
0,92
9
0,86
1,98
1,18
0,86
7
0,93
2,99
1,09
5,01
Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan
2
0,19
0,08
0,59
0,19
6
0,8
0,8
0,94
2,54
Calliandra sp.
18
1,73
0,79
1,78
1,73
Chloroleucon extortum Barneby e
J.W.Grimes
28
2,69
2,07
2,37
2,69
31
4,14
4,11
3,9
12,15
Piptadenia stipulacea (Benth.) Ducke
20
1,92
0,87
1,48
1,92
46
6,14
2,89
5,93
14,96
Senegalia bahiensis (Benth.) Seigler e
Ebinger.
44
4,22
1,27
4,44
4,22
34
4,54
1,6
4,84
10,98
14
1,34
0,4
2,07
1,34
13
1,74
0,23
2,03
3,99
20
1,92
2,07
2,07
1,92
7
0,93
0,47
0,94
2,34
Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud.
Faboideae
Erythrina velutina Willd.
Mimosoideae
Malpighiaceae
Ptilochaeta bahiensis Turcz.
Malvaceae
Malvaceae 1
A Tabela 5 continua
49
49
Parcelas da Área 1
Chorisia speciosa A.St.-Hil.
Quadrante da Área 1
Ni
DeR
DoR
FR
VI
Ni
DR
DoR
FeR
VI
2
0,19
0,02
0,3
0,19
7
0,93
2,71
0,94
4,58
1
0,13
0,19
0,16
0,48
Helicteres macropetala A.St.-Hil.
Helicteres velutina K.Schum.
1
0,1
0,08
0,3
0,1
3
0,4
0,07
0,47
0,94
17
1,63
4,4
2,07
1,63
19
2,54
13,32
2,65
18,51
1
0,13
0,34
0,16
0,63
Meliaceae
Cedrela odorata L.
Myrtaceae
Campomonesia sp.
Eugenia sp.
35
3,36
2,52
2,37
3,36
20
2,67
2,35
2,5
7,52
Myrciaria cauliflora (Mart.) O.Berg
13
1,25
1,19
1,48
1,25
18
2,4
2,74
2,81
7,95
11
1,06
1,36
1,48
1,06
7
0,93
1,01
0,94
2,88
1
0,1
0,16
0,3
0,1
2
0,27
0,12
0,31
0,7
6
0,58
0,2
0,59
0,58
2
0,27
0,2
0,31
0,78
3
0,4
0,42
0,47
1,29
Rhamnaceae
Rhamnidium molle Reissek
Rubiaceae
Rhandia sp.
Sapindaceae
Allophylus quercifolius (Mart.) Radlk.
Solanaceae
Brunfelsia sp.
A Tabela 5 continua
50
50
Parcelas da Área 1
Solanum campaniforme Roem. e Schult.
Quadrante da Área 1
Ni
DeR
DoR
FR
VI
Ni
DR
DoR
FeR
VI
95
9,12
3,25
5,33
9,12
39
5,21
3,06
4,99
13,25
1
0,13
0,11
0,16
0,4
Solanum sycocarpum Mart. e Sendtn.
6
0,58
0,13
1,78
0,58
4
0,53
0,1
0,62
1,26
24
2,3
0,33
3,55
2,3
7
0,93
0,36
1,09
2,38
21
2,02
1,23
2,66
2,02
4
0,53
0,15
0,62
1,3
Indeterminada 01
46
4,41
5,54
2,96
4,41
26
3,47
2,29
3,28
9,04
Indeterminada 02
3
0,29
0,71
0,89
0,29
1
0,13
1,28
0,16
1,57
2
0,27
0,07
0,31
0,65
5
0,66
0,19
0,63
1,47
Solanaceae 1
Nyctaginaceae
Guapira laxa (Netto) Furlan
Verbenaceae
Lippia sp.
Indeterminada
Indeterminada 03
Indeterminada 04
51
51
Diferente da Área 1 foi verificada uma maior distância euclidiana para o VI das
espécies na Área 2. As espécies C. blanchetianus, Senegalia bahiensis (Benth.) Seigler e
Ebinger (Espinheiro branco)., Poincianella pyramidalis (Tul.) L.P.Queiroz (Catingueira) e C.
leptopholoeos apresentam os quatro maiores VI independentemente de qual seja o método
utilizado (Tabela 5). B. cheilanta apresenta o 6º Maior VI para o método de parcelas e o 5º
maior VI para o método de ponto quadrante. A DeR destas espécies varia pouco como
revelado a partir da baixa distância euclidiana encontrada entre os métodos (Tabela 6).
Em ambos os métodos C. blanchetianus apresentou elevados valores de DeR, DoR e
FeR para o método de parcelas e ponto quadrante na Área 2. Esta espécie apresentou os
maiores valores com excessão apenas da DoR para o método de ponto quadrante, sendo o
maior valor para P. pyramidalis (Tabela 6).
Outras espécies que pouco variam em relação ao seu VI e outros parâmetros
fitossociológicos são Myracrodruon urundeuva Allemão (Aroeira), Croton argyroglossus
Baill. (Rama branca), Solanum campaniforme Roem. e Schult., Jatropha mollissima (Pohl)
Baill. (Pinhão brabo) e Piptadenia stipulacea (Benth.) Ducke. (Espinheiro vermelho) Estas
espécies apresentam seu VI entre o 7º e 11º posição (Tabela 6).
52
Tabela 6. Relação das espécies em ordem crescente de famílias e espécies obtidas nas parcelas e ponto quadrante na Área 2, instalada
no Sítio Carão , município de Altinho – Pernambuco. Ni = Número de indivíduos; DeR = Densidade Relativa; DoR = Dominância
Relativa; FeR = Frequência Relativa e VI = Valor de Importância.
Parcelas da Área 2
Quadrante da Área 2
Ni
DeR
DoR
FeR
VI
Ni
DeR
DoR
FeR
VI
6
0,32
0,39
1,45
2,16
4
0.53
0.06
0.89
1.48
32
1,72
6,70
3,86
12,29
15
1.99
2.36
2.68
7.03
3
0,16
0,07
0,97
1,20
5
0.66
3.06
1.12
4.84
4
0,22
0,18
1,93
2,33
1
0.13
0.21
0.22
0.56
59
3.17
11.48
6.76
21.42
38
5.05
5.29
6.92
17.26
2
0.11
0.02
0.48
0.61
1
0.13
0.11
0.22
0.47
1
0.13
0.00
0.22
0.36
Amaranthaceae
Gomphrena vaga Mart.
Anacardiaceae
Myracrodruon urundeuva Allemao
Spondias tuberosa Arruda
Bignoniaceae
Handroanthus impetiginosus Mattos
Burseraceae
Commiphora leptophloeos (Mart.)
J.B.Gillett
Capparaceae
Capparis flexuosa (L.) L.
Combretaceae
Combretaceae 1
A Tabela 6 continua
53
53
Parcelas da Área 2
Quadrante da Área 2
Ni
DeR
DoR
FeR
VI
Ni
DeR
DoR
FeR
VI
2
0.11
0.06
0.48
0.65
4
0.53
0.07
0.89
1.50
66
3.55
1.60
3.38
8.53
19
2.53
1.05
3.13
6.71
2
0.11
0.01
0.48
0.60
415
55.19
20.29
36.83
112.30
1108
59.60
47.03
9.18
115.81
2
0.27
0.01
0.22
0.50
12
0.65
0.52
3.38
4.55
1
0.13
0.17
0.22
0.52
24
1.29
0.45
5.80
7.53
21
2.79
0.42
4.46
7.68
9
0.48
0.71
1.93
3.12
5
0.66
0.43
1.12
2.21
5
0.27
0.07
2.42
2.76
3
0.40
0.15
0.67
1.22
80
4.30
2.43
9.18
15.91
34
4.52
2.18
6.92
13.62
1
0.13
2.08
0.22
2.44
54
7.18
52.13
8.93
68.24
Erythoxyllaceae
Erythoxyllum sp.
Euphorbiaceae
Croton argyroglossus Baill.
Croton blanchetianus Baill.
Croton heliotropiifolius Kunth
Ditaxis malpighiacea (Ule) Pax e K.Hoffm.
Jatropha mollissima (Pohl) Baill.
Manihot sp.
Sapium sp.
Fabaceae
Caesalpinoideae
Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud.
Libidibia ferrea (Mart. ex Tul.) L.P.Queiroz
Poincianella pyramidallis (Tul.) L.P.Queiroz.
122
6.56
8.85
8.21
23.63
A Tabela 6 continua
54
54
Parcelas da Área 2
Ni
DeR
DoR
FeR
Quadrante da Área 2
VI
Ni
DeR
DoR
FeR
VI
1
0.13
0.04
0.22
0.39
Faboideae
Erythrina velutina Willd.
Mimosoideae
Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan
Piptadenia stipulacea (Benth.) Ducke
Senegalia bahiensis (Benth.) Seigler e
Ebinger.
1
0.05
0.06
0.48
0.59
2
0.27
1.71
0.45
2.42
22
1.18
1.09
4.83
7.11
16
2.13
0.25
3.13
5.50
152
8.18
7.55
9.18
24.90
60
7.98
4.33
10.49
22.80
19
1.02
0.46
4.35
5.83
4
0.53
0.02
0.89
1.44
8
0.43
1.18
1.93
3.55
2
0.27
0.20
0.45
0.91
1
0.05
0.66
0.48
1.20
1
0.13
0.15
0.22
0.51
79
4.25
5.49
7.73
17.47
5
0.66
0.71
0.89
2.26
3
0.16
0.11
0.48
0.75
23
3.06
1.24
4.24
8.54
1
0.05
0.01
0.48
0.55
Malpighiaceae
Ptilochaeta bahiensis Turcz.
Malvaceae
Malvaceae 1
Chorisia speciosa A.St.-Hil.
Myrtaceae
Eugenia sp.
Myrciaria cauliflora (Mart.) O.Berg
Psidium schenckianum Kiaersk.
A Tabela 6 continua
55
55
Parcelas da Área 2
Quadrante da Área 2
Ni
DeR
DoR
FeR
VI
1
0.05
0.09
0.48
0.63
1
0.05
0.09
0.48
0.63
2
0.11
0.57
0.97
1.64
Ni
DeR
DoR
FeR
VI
1
0.13
0.09
0.22
0.44
8
1.06
0.90
1.79
3.75
1
0.13
0.06
0.22
0.41
Rhamnaceae
Rubiaceae
Coutarea hexandra (Jacq.) K.Schum.
Sapindaceae
Allophylus quercifolius (Mart.) Radlk.
Solanaceae
Brunfelsia sp.
Solanum campaniforme Roem. e Schult.
26
1.40
1.51
4.83
7.74
Solanaceae 1
Nyctaginaceae
Guapira laxa (Netto) Furlan
1
0.05
0.01
0.48
0.55
4
0.22
0.11
1.93
2.26
1
0.13
0.02
0.22
0.37
1
0.05
0.32
0.48
0.86
1
0.13
0.01
0.22
0.36
1
0.05
0.12
0.48
0.65
2
0.27
0.22
0.45
0.93
Verbenaceae
Lippia sp.
Indeterminada
Indeterminada 03
Indeterminada 04
56
56
3.2 Área 1 (Sem indícios de uso recente)
Caracterização da estrutura da comunidade
A partir do método de parcelas foram amostrados 1056 indivíduos, correspondendo a
uma densidade total de 2640 ind./ha. Dos indivíduos registrados 14 estavam mortos, mas
ainda em pé. Foram registradas 46 espécies/morfoespécies distribuídas em 22 famílias
botânicas, das quais 35 foram identificadas em nível de espécie, seis em nível de gênero, duas
em nível de família e duas não foram identificadas. Quanto ao índice de diversidade de
Shannon e equabilidade de Pielou os valores registrados foram de 3,33 nats/ind. e 0,87,
respectivamente (Tabela 7).
Tabela 7. Caracterização da estrutura da comunidade de plantas lenhosas da Serra do Letreiro,
localizada no município de Altinho – PE, através dos métodos de parcela e ponto quadrante nas áreas
Área 1
Área 2
Parcela
Quadrante
Parcela
Quadrante
Índice de Diversidade de Shannon
3,33
3,4
1,7
1,8
Índice de equabilidade de Pielou
0,87
0,86
0,49
0,34
Numero de famílias
22
22
16
14
Número de espécies/ morofoespécies
46
53
34
34
Número de espécies exclusivas
2
5
3
1
Número total de indivíduos vivos
1056
746
1948
752
14
51
89
48
Número de indivíduos mortos em pé
Dentre os indivíduos cujas famílias foram registradas a partir do método de parcelas,
mais de 26% correspondem à família Fabaceae (Sendo 15% Caesalpinoidae, 10%
Mimosoidae e 1% Faboidae) e mais de 25% corresposndem a família Euphorbiaceae (Figura
10). Todas as demais famílias apresentam proporções de indivíduos com, no máximo, 10% do
total. Dentre as Fabaceae Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud corresponde à espécie com
maior número de indivíduos, com cerca de 11% do total de indivíduos e quanto às
Euphorbiaceae, Croton blanchetianus Baill. corresponde à espécie mais densa com mais de
9% do total de indivíduos. Muito embora Solanaceae não seja uma família tão densa quanto
57
Fabaceae e Euphorbiaceae, a densidade de uma de suas espécies, Solanum campaniforme
Roem. e Schult., é similar a C. blanchetianus, cujos indivíduos correspondem a 9% do total.
Em relação à riqueza, Fabaceae apresenta 11 espécies, sendo Caesalpinoideae e
Mimosoideae compostas por cinco espécies e Faboideae com uma espécie. Euphorbiaceae foi
representada por sete espécies (Tabela 5). Seguindo a ordem decrescente em riqueza a partir
do método de parcelas, Anacardiaceae apresentou quatro espécies, Solanaceae, Myrtaceae,
Capparaceae e Malpighiaceae que apresentaram duas espécies e as demais famílias apenas
uma espécie (Tabela 5).
A partir do método de ponto quadrante foram registrados 749 indivíduos vivos em pé,
distribuídos em 53 espécies/morfoespécies, sendo 36 identificadas em nível de espécie, sete
em nível de gênero, duas em nível de família e quatro não identificadas, distribuídas em 22
famílias botânicas. Além destes indivíduos, 51 estavam mortos ainda em pé. O índice de
diversidade de Shannon foi de 3,4 nats/ind. e equabilidade de Pielou de 0,86 (Tabela 7).
Figura 10. Proporção de indivíduos por família registrados a partir do método de parcelas
registrado na Área 1 na Serra do Letreiro situada no Sítio Carão, município de Altinho – PE.
Dentre os indivíduos cujas famílias foram registradas a partir do método de ponto
quadrante, 31% correspondem à família Fabaceae (Sendo 15% Caesalpinoidae, 15%
58
Mimosoidae e 1% Faboidae) e 22% corresposndem a família Euphorbiaceae (Figura 11). A
família Burseraceae corresponde a 7% do total de indivíduos, tendo sido registrado apenas
uma espécie, Commiphora leptophloeos (Mart.) J.B.Gillett. Todas as demais famílias
apresentam proporções com, no máximo, 5% do total de indivíduos. Além da elevada
densidade, estas famílias também apresentam maior riqueza. Dentre as Fabaceae Bauhinia
cheilantha (Bong.) Steud corresponde ao indivíduo mais denso, com cerca de 9,5% do total
de indivíduos e quanto às Euphorbiaceae, Croton blanchetianus Baill. corresponde à espécie
mais densa com mais de 7% do total de indivíduos.
As famílias com maior riqueza específica registrada a partir do método de ponto
quadrante são Fabaceae, Euphorbiaceae, Solanaceae e Anacardiaceae com 11, sete, quatro e
três espécies, respectivamente (Tabela 5).
Figura 11. Proporção de indivíduos por família registrados a partir do método de ponto
quadrante registradas na Área 1 na Serra do Letreiro situada no Sítio Carão, município de
Altinho – PE.
Quanto ao registro de espécies, o método de ponto quadrante apresentou um maior
número de espécies exclusivas (Brunfelsia sp. (Caixão), Campomonesia sp., Helicteres
velutina K.Schum. (Moleque duro), Randia sp., Solanum sycocarpum Mart. e Sendtn. e
Stillingia uleana Pax e K.Hoffm. (Tinguim de lajedo)), enquanto o método de parcelas
59
apresentou apenas três espécies exclusivas (Calliandra sp., Croton heliotropiifolius Kunth, e
Capparis jacobinae Moric. ex. Eichler e as Indeterminadas 3 e 4) (Tabela 8).
Tabela 8. Relação em ordem crescente de famílias e espécies registradas nas parcelas e ponto
quadrante das áreas 1 e 2 instaladas no Sítio Carão , município de Altinho – PE. QA1 =
Espécies registradas na área 1 pelo método de ponto quadrante; PA1 = Espécies registradas na
área 1 pelo método de parcelas; QA2 = Espécies registradas na área 2 pelo método de ponto
quadrante; PA2 = Espécies registradas na área 2 pelo método de parcelas.
Famílias/espécies
QA1
PA1
QA2
PA2
X
X
X
X
Myracrodruon urundeuva Allemao
X
X
X
X
Schinopsis brasiliensis Engl.
X
X
Spondias tuberosa Arruda
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Amaranthaceae
Gomphrena vaga Mart.
Anacardiaceae
Arecaceae
Syagrus cearensis Noblick.
Bignoniaceae
Handroanthus impetiginosus Mattos
Burseraceae
Commiphora leptophloeos (Mart.) J.B.Gillett
Capparaceae
Capparis flexuosa (L.) L.
Capparis jacobinae Moric. ex. Eichler
X
Celastraceae
Maytenus rigida Mart.
X
X
Combretaceae
Combretaceae 1
X
Erythoxyllaceae
Erythoxyllum sp.
X
X
X
X
Acalypha multicaulis Mull.Arg.
X
X
Croton argyroglossus Baill.
X
X
X
X
Croton blanchetianus Baill.
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Euphorbiaceae
Croton heliotropiifolius Kunth
Ditaxis malpighiaceae (Ule) Pax & K.Hoffm.
Jatropha mollissima (Pohl) Baill.
X
X
X
X
Manihot sp.
X
X
X
X
A tabela 8 continua
60
Famílias/espécies
QA1
PA1
QA2
PA2
Sapium sp.
X
X
X
X
Stillingia uleana Pax e K.Hoffm.
X
X
Fabaceae
Caesalpinoideae
Amburana cearensis (Allemao) A.C.Sm.
X
X
Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud.
X
X
X
Libidibia ferrea (Mart. ex Tul.) L.P.Queiroz
X
X
X
Poincianella pyramidalis (Tul.) L.P.Queiroz
X
X
X
Senna martiana (Benth.) H.S.Irwin e Barneby
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Faboideae
Erythrina velutina Willd.
Mimosoideae
Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan
Calliandra sp.
X
Chloroleucon extortum Barneby e Grimes
X
X
Piptadenia stipulacea (Benth.) Ducke
X
X
X
X
Senegalia bahiensis (Benth.) Seigler e Ebinger. X
X
X
X
X
X
X
X
Malvaceae 1
X
X
X
X
Chorisia speciosa A.St.-Hil.
X
X
X
X
Helicteres macropetala A.St.-Hil.
X
X
Helicteres velutina K.Schum.
X
Malpighiaceae
Ptilochaeta bahiensis Turcz.
Malvaceae
Meliaceae
Cedrela odorata L.
X
X
Myrtaceae
Campomonesia sp.
X
Eugenia sp.
X
X
X
X
Myrciaria cauliflora (Mart.) O.Berg
X
X
X
X
Psidium schenckianum Kiaersk
X
Rhamnaceae
Rhamnidium molle Reissek
Ziziphus joazeiro Mart.
X
X
X
Rubiaceae
Coutarea hexandra (Jacq.) K.Schum.
X
A tabela 8 continua
61
Famílias/espécies
QA1
PA1
Rhandia sp.
X
X
X
X
QA2
PA2
Sapindaceae
Allophylus quercifolius (Mart.) Radlk.
X
Solanaceae
Brunfelsia sp.
X
Solanum campaniforme Roem. e Schult.
X
Solanum sycocarpum Mart. e Sendtn.
X
Solanaceae
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
Nyctaginaceae
Guapira laxa (Netto) Furlan
X
Rubiaceae
Rhandia sp.
X
Verbenaceae
Lippia sp.
X
X
Indeterminada 1
X
X
Indeterminada 2
X
X
X
Indeterminada
Indeterminada 3
X
X
X
Indeterminada 4
X
X
X
3.2 Área 2 (com histórico de uso e abandono há 30 anos)
3.2.1 Caracterização da estrutura da comunidade
Nas 20 parcelas da Área 2 foram amostrados 1948 indivíduos, correspondendo a uma
densidade total de 4647 ind./ha. Dos indivíduos registrados 89 estavam mortos ainda em pé.
Foram registradas 34 espécies/morfoespécies distribuídas em 16 famílias botânicas, das quais
26 foram identificadas em nível de espécie, quatro em nível de gênero, duas em nível de
família e três não foram identificadas. Quanto ao índice de diversidade de Shannon e
equabilidade de Pielou, os valores registrados foram de 1,7 nats/ind. e 0,49, respectivamente
(Tabela 7).
Dentre os indivíduos cujas famílias foram registradas a partir do método de parcelas,
mais de 62% correspondem à família Euphorbiaceae e mais de 19% correspondem á família
Fabaceae (Sendo 10% Caesalpinoidae e 9% Mimosoidae). As famílias Anacardiaceae e
62
Myrtaceae correspondem a 4,7 e 4,2% do tatal de indivíduos respectivamente. Todas as
demais famílias apresentam proporções que chegam a pouco mais de 1% do total de
indivíduos. Dentre as Fabaceae Senegalia bahiensis (Benth.) Seigler e Ebinger. e Poincianella
pyramidallis
(Tul.)
L.P.Queiroz
correspondem
às
espécies
mais
densas,
com
aproximadamente 7,5% do total de indivíduos cada uma delas. Quanto às Euphorbiaceae,
Croton blanchetianus Baill. corresponde à espécie mais densa com mais de 56,5 % do total de
indivíduos.
As famílias que apresentram as maiores riquezas, a partir do método de parcelas,
foram Euphorbiaceae (sete espécies) e Fabaceae (três Caesalpinoideae e duas Mimosoideae).
As famílias de maior riqueza em espécies registradas pelo método de ponto quadrante foram
Euphorbiaceae e Fabaceae, ambas com sete espécies, sendo Fabaceae composta por três
Caesalpinoideae, três Mimosoideae e uma Faboideae. Solanaceae é a segunda família mais
rica, com três espécies e as demais famílias apresentam até duas espécies (Tabela 6).
A partir do método de ponto quadrante foram amostrados 752 indivíduos na Área 2
distribuídos em 34 espécies/morfoespécies, sendo 23 identificadas em nível de espécie, quatro
em nível de gênero, duas em nível de família e duas não identificadas distribuídas em 14
famílias botânicas. Além destes, 48 indivíduos estavam mortos ainda em pé. O índice de
diversidade de Shannon foi de 1,8 nats/ind. e equabilidade de Pielou de 0,34 (Tabela 7).
Figura 12. Proporção de indivíduos por família registrados a partir do método de parcelas registrado
na Área 2 na Serra do Letreiro situada no Sítio Carão, município de Altinho – PE.
63
Figura 13. Proporção de indivíduos por família registrados a partir do método de ponto quadrante
registrado na Área 2 na Serra do Letreiro situada no Sítio Carão, município de Altinho – PE.
Dentre os indivíduos cujas famílias foram registradas a partir do método de
quadrantes, 62% correspondem à família Euphorbiaceae e mais de 22% correspondem à
família Fabaceae (Sendo 11% Caesalpinoidae, 10% Mimosoidae e menos de 1% Faboidae).
Todas as demais famílias apresentam proporções que chegam a pouco mais de 1% do total de
indivíduos. Dentre as Fabaceae Senegalia bahiensis (Benth.) Seigler e Ebinger. e Poincianella
pyramidallis
(Tul.)
L.P.Queiroz
correspondem
às
espécies
mais
densas,
com
aproximadamente 7,5% do total de indivíduos cada uma delas. Quanto às Euphorbiaceae,
Croton blanchetianus Baill. corresponde à espécie mais densa com mais de 56,5 % do total de
indivíduos.
As famílias que apresentram as maiores riquezas, a partir do método de parcelas,
foram Euphorbiaceae (sete espécies) e Fabaceae (três Caesalpinoideae, três Mimosoideae e
uma Faboidae). Anacardiaceae é a segunda família mais rica, com três espécies e as demais
famílias apresentam até duas espécies (Tabela 6).
Dentre as espécies da família Fabaceae registradas pelo método de ponto quadrante B.
cheilantha, P. pyramidalis e S. bahiensis estão entre as mais densas. Além da elevada
densidade de P. pyramidalis, esta espécie apresentou elevados valores de DoR e FeR, sendo
64
o segundo maior valor de importância estrutural. Além da elevada densidade, os indivíduos de
S. bahiensis estão bem distribuídos na Área 2, e apresentaram uma elevada FeR, resultando
no terceiro maior VI. Apenas cinco espécies compõem mais de 78% do total do VI. Destas,
estão inclusas as quatro espécies citadas anteriormente e C. leptophloeos (Tabela 6).
Ao comparar os resultados na Área 2, a posição das espécies, em ordem decrescente,
de VI verificou-se que houve pouca variação. Cinco espécies (B. cheilantha, P. pyramidalis,
C. leptophloeos, C. blanchetianus e S. bahiensis) correspondem a 77% do VI pelo método de
ponto quadrante e sete espécies (as mesmas do método de ponto quadrante e Eugenia sp. e M.
urundeuva ) correspondem a 78% do somatório do VI pelo método de parcelas (Tabela 6).
O método de ponto quadrante apresentou quatro espécies exclusivas na Área 2
(Brunfelsia sp., uma espécie de Combretaceae, Erythrina velutina Willd (Mulungu). e Lippia
sp. (Alecrim) e o método de parcelas apresentou (Allophylus quercifolius (Mart.) Radlk.,
Guapira laxa (Netto) Furlan (Piranha), Psidium schenckianum Kiaersk e Ziziphus joazeiro
Mart. (Juazeiro) (Tabela 8).
5. Discussão
Ao comparar os métodos, se verificou uma superestimativa de diversidade para o
método de ponto quadrante e em relação à riqueza não houve nenhuma diferença. Tais dados
são semelhantes a outros trabalhos para a mesma comparação entre parcelas e ponto
quadrante em outros ecossistemas brasileiros em que se verifica distinções nos resultados para
os métodos. Resultados para o método de ponto quadrante apresentaram subestimativa na
riqueza de espécies, superestimativa de diversidade ou os mesmos valores que o método de
parcelas em outros trabalhos (GORESTEIN, 2002; DIAS e COUTO, 2005). É possível que os
padrões de ocupação espacial dos indivíduos apresentem interferência nos resultados obtidos,
levando a distintos valores de diversidade a depender do ecossistema em questão.
Devido ao método de ponto quadrante ter sido desenvolvido em florestas temperadas,
em que a estrutura e composição são mais simples, este apresenta limitações na estimativa de
indivíduos por espécies em florestas tropicais, haja visto o pequeno número de indivíduos
registrados por ponto quadrante (VOLPATO et al., 2010). Considerando que o cálculo para o
valor de diversidade de Shannon está relacionado ao número de indivíduos por espécies
(MAGURRAN, 1989), os resultados obtidos pelo método de ponto quadrante apresentam
65
viéses. Desta forma, mesmo que o método de ponto quadrante tenha sido incorporado em
trabalhos de fitossociologia (CARVALHO, 2003; COSTA e ARAÚJO, 2007), não é
recomendável utilizá-lo, caso se deseje calcular a diversidade de uma área.
Além da diversidade, outras variáveis estruturais tais como VI e os parâmetros
relativos associados a este, podem apresentar distintos resultados de acordo com a escolha do
método para inventário. Devido as distinções entre os métodos de parcelas e ponto quadrante
nas estimativas destes parâmetros, as conclusões sobre a relevância estrutural de espécies de
plantas podem apresentar viés. Como verificado pelos resultados obtidos pelo presente
trabalho, o VI de S. cearensis foi o maior para o método de parcelas na Área 1 e o 26º para o
método de ponto quadrante no mesmo local. Considerando que os resultados obtidos pelo
método de parcelas representa valores mais “reais” da ocorrência e ocupação de indivíduos de
uma espécie por área (, este método é mais recomendado nos casos em que seja necessário
obter dados a respeito da densidade, dominância e frequência de uma dada espécie, mesmo
que custe mais tempo, dinheiro e seja necessário mais trabalhadores em campo.
Por outro lado, o método de ponto quadrante apresentou bons resultados na estimativa
de riqueza. Portanto, este método é recomendável para avaliações rápidas da riqueza em áreas
de Caatinga, entretanto, merece atenção na estimativa de diversidade. Sua principal vantagem
apresentada em literatura é o fato de ser uma alternativa mais rápida e que necessita de menos
pessoas em campo (MITCHELL, 2007; ZHU e ZANG, 2009). Mesmo assim, não tem sido
incorporada por muitas organizações ou grupos que atuam na avaliação de recursos vegetais.
Muitos trabalhos têm aplicado parcelas de área fixa na Avaliação Ecológica Rápida
(MEERMAN et al. 2003; RITTER et al. 2007), mas, poderiam reduzir tempo de trabalho de
campo ao utilizar o método de ponto quadrante considerando o objetivo destes pesquisadores
em amostrar a riqueza.
A abordagem de inventário rápido, tem sido aplicado na organização de planos de
1
manejo biológicos para unidades de conservação (COSTACURTA, 2006; MARTINS et al.,
2006). Para desenvolver o inventário de riqueza da flora, um dos primeiros requeridos num
plano de manejo, o método de ponto quadrante se mostra bastante adequado para o domínio
da Caatinga.
1 - Documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de uma unidade de
conservação, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o
manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da
o
unidade (Brasil. Lei n. 9.985, Art 2 parag. XII de 18 de Julho de 2000.
66
Outro aspecto que pode ser inserido no inventário rápido é utilizar conhecimento da
população local sobre a paisagem na seleção dos locais para amostragem. Observou-se que
dependendo do local em que se realize o inventário, os resultados apresentados podem ser
distintos. O mesmo esforço amostral para áreas distintas apresentou resultados diferentes para
suficiência amostral, espécies observadas e estimadas, além das proporções de espécies
registradas em cada área de estudo. Na maioria dos casos, a amostragem é realizada em locais
mais típicos evitando os elementos "atípicos", "não homogêneos", "transitórios", “pobres em
espécies”, etc. (CHYTRÝ, 2001; CHYTRÝ e RAFAJOVÁ, 2003; BOTTA-DUKÁT, 2007),
característica encontrada na Área 1. Ao contemplar outros ambientes não típicos será possível
amostrar outras espécies ou associações de espécies não típicas mas que também são
importantes elementos da paisagem (CHYTRÝ, 2001). A Área 2 apresentou-se transitória e
pobre em espécies, mesmo assim, observou-se nela algumas espécies não encontradas na Área
1.
Esta etapa de seleção de unidades de amostragem demanda tempo e nem sempre pode
ser decidida numa primeira visita a uma vegetação. O envolvimento da população local foi
imprescindível na seleção dos locais de amostragem, sendo uma ferramenta que reduz tempo
na escolha dos locais para o inventário e auxilia na interpretação dos resultados encontrados.
Quanto a suficiência amostral, verificou-se que a área com histórico de perturbação
mais recente e de menor riqueza e diversidade aparentou necessitar de mais unidades de
amostragem se levar em conta a curva espécies-área e o estimador de Jackkniffe. Devido ao
predomínio de uma espécie (Croton blanchetianus) e baixa riqueza e diversidade na Área 2,
as novas ocorrências, mesmo que de poucas espécies reduzem a forma assinótica da curva de
acumulação.
Dessa forma, em estudos de diagnóstico rápido da diversidade em áreas “pobres em
riqueza e diversidade” deve-se observar de forma crítica, a real necessidade em aumentar o
esforço amostral sugerindo que a amostragem foi insuficiente, na expectativa de encontrar
novas espécies, sinalizado pelo teste de Jackknife ou pela curva espécie de acumulação. Estas
análises são bons parâmetros para avaliar o esforço amostral, mas, apresentam limitações
inclusive do ponto de vista estatístico (COSTA, 2006, SCHELLING e BATISTA, 2008),
pois, como visto a Área 2 é um ambiente que apresenta naturalmente menor riqueza e
67
diversidade, mesmo assim estas análises sugerem maior necessidade em instalar unidade de
amostragem.
Esta elevada densidade de espécies do gênero Croton spp. é típico de áreas
perturbadas (PEREIRA et al., 2001; ANDRADE et al., 2005; PINHEIRO e ALVES, 2007;
SANTOS et al., 2009; TRIGUEIRO et al., 2009). Desta forma, Croton spp. pode ser um
bioindicador de perturbação e seu registro pode ser utilizado na avaliação rápida como um
indicador de status de conservação.
4. Conclusão
Mesmo que o método de parcelas de área fixa necessite de mais tempo para execução
e trabalhadores em campo, este é recomendável na estimativa de parâmetros estruturais como:
VI, Densidade Relativa, Dominância Relativa, Frequência Relativa e diversidade em relação
ao método de ponto quadrante.
Por outro lado, o método de ponto quadrante é uma boa alternativa no registro da
ocorrência de espécies. Por ser um método que exige menos tempo de campo, além do
envolvimento de menos pessoas, pode ser aplicado no registro na avaliação rápida da
diversidade, caso o objetivo seja apenas inventariar as espécies que ocorrem numa localidade.
Em locais com baixa diversidade e o predomínio de poucas espécies, o estimador de
Jackknife pode sinalizar um elevado número de espécies estimadas e a curva espécie-área
pode tomar forma pouco assinótica.
Croton spp. pode ser um bioindicador de perturbação e seu registro pode ser utilizado
na avaliação rápida como um indicador de status de conservação.
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74
CAPÍTULO 1
Avaliação de métodos etnobotânicos em estudos de diagnóstico rápido da biodiversidade
75
1. Introdução
As consequências ecológicas de perda de biodiversidade têm despertado interesse e
polêmica durante a última década (LOREAU et al., 2001). Devido às taxas de extinção cada
vez mais altas, a necessidade de estudos que apresentem inventários aplicados num menor
tempo de execução tem sido cada vez mais elevada (CARDINALE et al., 2006; LOREAU et
al., 2001).
Os inventários fornecem uma imagem do estado de espécies (ou seja, de distribuição
natural, abundância, estrutura da população), há a necessidade de esforço crítico para avaliar a
dinâmica populacional em longo prazo destas espécies (PFAB e SCHOLES, 2004;
SHAHABUDDIN e PRASAD, 2004; RUSSELL-SMITH et al., 2006). É realístico afirmar
que muitos métodos para coleta de dados (inventários) estão aquém dos prazos urgentes das
comunidades locais e das autoridades responsáveis pela gestão dos recursos naturais. Uma
questão importante é que o inventário de recursos pode oferecer informações confiantes para a
tomada de decisões relativas ao potencial para a coleta e gestão sustentável de populações,
incluindo a identificação de novas necessidades de estudos (RUSSELL-SMITH et al., 2006)
além de que as mesmas podem ser executadas num prazo cabível para a tomada de decisões
adequadas.
Neste sentido, Jinxiux et al. (2004) recomendam o envolvimento de taxonomistas
locais para programas de avaliação rápida, principalmente, devido a carência de taxonomistas.
Para Jinxiux et al. (2004) o envolvimento de pessoas locais deve ser encorajado para traçar
estratégias para conservação, além de preservar o conhecimento local.Basset et al. (2004),
Krell (2004) e Baraloto (2007) definiram esta prática de identificação de amostras biológicas
por pessoas locais (que não receberam treinamento formal em taxonomia e sistemática) como
parataxonomistas.
Alguns fatores podem influenciar o reconhecimento e precisões das identificações
parataxonômicas. De acordo com Hanazaki et al. (2010) alguns parâmetros ecológicos tais
como abundância, altura ou diâmetro da árvore influenciaram positivamente no
reconhecimento de espécies de árvores de uma área de Mata Atlântica no município de Sete
Barras, estado de São Paulo, Brasil.
76
Desta forma, o reconhecimento de espécies de plantas por populações locais é
extremamente útil mas pode conter viés no reconhecimento de plantas. Além de aspectos
relacionados à experiência do parataxonomista, outras questões devem ser levadas em conta
na coleta de dados etnobotânicos, tais como, o material apresentado à população local para o
reconhecimento das plantas.
Diferente de Hanazaki et al. (2010) que apresentou as plantas a partir de parcelas em
campo, algumas ferramentas têm sido utilizadas como “estímulos visuais” na coleta de dados
etnobotânicos tais como: fotografias (THOMAS et al., 2007; ALBUQUERQUE et al., 2008)
exsicatas (THOMAS et al., 2007; ALBUQUERQUE et al., 2008; SANTOS et al., 2009), e
ramos frescos coletados (MELO et al., 2008; ALBUQUERQUE et al., 2008). Algumas vezes
o uso de estímulos visuais são aplicados em oficinas participativas com o envolvimento de
parte da população. Quais seriam as vantagens e desvantagens de cada uma destas
ferramentas na coleta de dados etnobotânicos?Além do envolvimento de parataxonomistas a
aplicação de entrevistas com a população local tem sido uma importante ferramenta na coleta
de dados e que possam servir no estabelecimento de estratégias conservacionistas. Abba e
Cassini (2010) concluíram que entrevistas contribuiram com a investigação ecológica sobre
três espécies de tatus nas planícies pampeanas da Argentina ao ajudar nas fases iniciais de um
estudo para o desenho de levantamentos em campo. As entrevistas podem constituir uma
ferramenta importante na tomada de decisões sobre o uso e manejo da terra, representam um
método de baixo custo em termos e também por aportar resultados confiáveis.
Tais questões sobre precisão e tempo de execução de ferramentas para coleta de dados
etnobotanicos devem ser levantadas para incorporá-las em protocolos de avaliações rápidas,
tais como “Avaliação Ecológica Rápida” (AER) e “Avaliação Rápida da Divesidade” (ARD)
que têm sido estimulados a partir da década de 90 (BEATTIE et al., 1993; HELLIER et al.,
1999; GAVIN e ANDERSON, 2005; PESEK et al., 2006), por influência da Convenção da
Diversidade Biológica (CDB) de 1992 (MMA, 2010).
Da mesma forma que pesquisadores têm despertado para identificar técnicas que
visem inventariar espécies de plantas e informações sobre a vegetação num curto espaço de
tempo (GORESTEIN, 2002; DIAS, 2005; DIAS e COUTO, 2005; WALTER e GUARINO,
2006; MOREIRA, 2007), técnicas que visam investigar os usos de espécies vegetais para o
77
desenvolvimento de estratégias conservacionistas também têm sido propostas (RUSSELLSMITH et al., 2006; COLLINS et al., 2007; VAN WYK et al., 2008; JINXIU et al., 2008).
Assim, os trabalhos etnobotânicos têm incorporado e testado a abordagem rápida e
participativa (HELLIER et al., 1999; PESEK et al., 2006; RUSSEL-SMITH et al., 2006). Por
definição, a Abordagem Etnobotânica Rápida (Rapid Ethnobotanical Appraisal) trabalha com
um pequeno grupo de pessoas locais, entrevistadas qualitativamente sobre uma ampla gama
de temas de uma forma semi-estruturada (GERIQUE, 2006).
Apesar da necessidade em coletar dados rapidamente, é necessário ter cautela com os
métodos realizados em curto prazo que muitas vezes são menos precisos que os intensivos de
longo prazo (GAVIN e ANDERSON, 2005). Gram (2001) concluiu que o uso intensivo de
coleta de dados frequente como a coleta diária ou bi-semanais são mais precisos para
quantificar a utilização de recursos em relação a coleta de dados de longo prazo.
Apesar da prática dos inventários rápidos estarem começando a ser difundidas, tem
havido pouco esforço para sistematizar as técnicas utilizadas nesta abordagem para que sejam
criados protocolos. Desta forma, o presente trabalho tem por objetivo avaliar a eficiência de
três técnicas etnobotânicas para amostragem rápida da flora em uma área de Caatinga e
verificar a precisão das mesmas buscando conhecer qual seria mais eficiente no registro de
espécies e exigiria menor esforço de campo e menos tempo.
2. Material e Métodos
2.1 Coleta de dados
O banco de dados etnobotânicos utilizados para o presente trabalho vem sendo
formado, desde o ano de 2006, pelo grupo de pesquisa do Laboratório de Etnobotânica
Aplicada da Universidade Federal Rural de Pernambuco (LEA-UFRPE). Os representantes
legais do município de Altinho e do povoado do Sítio Carão foram contactados e informados
sobre os objetivos do projeto, para que em seguida, fosse possível acessar os representantes da
comunidade e os agentes do Programa Saúde da Família (PSF) que atuam na localidade.
Realizou-se uma reunião, mediada pela associação de moradores, na qual se esclareceu aos
presentes as intenções da pesquisa. A cada pessoa envolvida na pesquisa solicitou-se a
assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (segundo a resolução
78
196/96 do Conselho Nacional de Saúde) para a coleta, utilização e publicação dos dados
(ALBUQUERQUE et al., 2010a). As pessoas que não estavam presentes no momento da
reunião foram contactadas com o apoio dos agentes de saúde local e os mesmos
procedimentos anteriores foram realizados. Todas as pessoas maiores de 18 anos aceitaram,
inicialmente, participar dos trabalhos assinando o TCLE, mas posteriormente por motivo de
desistência, incompatibilidade de horário ou mudança de residência não puderam completar o
trabalho (ARAÚJO et al., 2008; SANTOS et al., 2009; ALENCAR et al., 2010; LINS NETO
et al., 2010).
2.1.2 Oficina participativa
Todas as pessoas da comunidade foram convidadas por ocasião da visita em cada uma
das residências do povoado para a oficina participativa. O morador presente na residência foi
abordado e recebeu orientações sobre o objetivo da oficina, além de receber um convite com
data e local de sua realização. Na realização da oficina participativa foram formados três
grupos, com os presentes, para otimização do tempo e para facilitar a coleta de informações.
Para início da oficina, as pessoas foram sorteadas, indicando qual grupo iriam compor e para
distribuir proporcionalmente as pessoas nos grupos e torná-los mais heterogêneos sem que
houvesse uma concentração de pessoas por afinidade no mesmo grupo, para os quais foram
apresentadas exsicatas e fotografias. Para selecionar as espécies de plantas apresentadas como
estímulo visual, foi escolhido um exemplar de todas as espécies de plantas registradas durante
o inventário fitossociológico que foi realizado em duas diferentes áreas (uma sem registro de
plantio pela população e outra abandonada há 30 anos após plantio) com dois métodos
distintas de amostragem (parcela e ponto quadrante).
79
2
1
3
5
4
6
Figura.14. Fotografias de algumas espécies de plantas apresentadas como forma de estímulo
visual ao grupo de informantes durante oficina participativa no povoado Sítio Carão, município
de Altinho-PE, em que: 1. Jatropha molíssima (Pohl) Bail. (Pinhão Bravo); 2. Helicteres
macropetala A.St.-Hil. (Moleque Duro); 3. Erythrina velutina Wild. (Mulungu); 4. Capparis
jacobinae Moric. ex. Eicler (Incó ou Incol); Ziziphus joazeiro Mart. (Juazeiro); Ditaxis
malpiguiaceae (Ule) Pax e K.Hoffm. (Não reconhecida).
80
Nas fotografias constavam registro da folha, casca externa, casca com corte (de forma
a apresentar a entrecasca) e quando presentes, flor e fruto (Figura 14). As exsicatas foram
organizadas numa bancada (Figura 15A), entregues ao grupo (Figura 15B), seguida da
apresentação das fotografias de plantas pelo notebook (Figura 15C), em que os informantes
identificaram as plantas nos debates (Figura 15D). Caso o grupo não soubesse o nome da
planta e suas indicações de uso, a planta era passada ao próximo grupo e caso a planta não
fosse reconhecida, esta era passada ao último grupo. Se a planta fosse reconhecida em algum
grupo, esta não era passada adiante. Este procedimento foi tomado para otimização do tempo
da oficina, pois, se todas as plantas fossem entregues a cada informante presente, o tempo de
execução da oficina seria muito longo levando a evasão de muitos. Desta forma foi possível
coletar informações de várias plantas ao mesmo tempo. O tempo de execução da oficina
participativa foi de 90 min. e o número de pessoas participantes oscilou entre 24 e 32 pessoas
e entre oito e 12 pessoas por grupo. Esta oscilação ocorreu deido a pessoas chegarem após o
início da oficina ou saírem antes do término.
A
B
C
D
Figura 15. Imagens da oficina participativa realizada na sede da associação comunitária
do Sítio Carão , município de Altinho – PE, em maio de 2009.
81
Foram apresentadas as 62 espécies registradas durante o inventário fitossociológico
realizado paralelamente ao trabalho etnobotânico (SILVA et al., 2010). As plantas tinham que
apresentar bom estado fitossanitário e serem representantes de indivíduos adultos para que
fosse apresentado o maior número possível de caracteres da estrutura da planta.
2.1.3 Inventário-entrevista
Realizou-se um inventário-entrevista (MEDEIROS et al., 2010) com a condução de
dois membros indicados pela comunidade à área onde foi realizada amostragem ecológica
(fitossociológica), em que as plantas foram apresentadas aos informantes e os mesmos
indicaram as plantas que usam e conhecem, bem como foram anotadas todas as informações
que os mesmos apresentam. As mesmas 62 espécies apresentadas durante a oficina
participativa foram apresentadas aos informantes em campo por meio de uma trilha onde uma
árvore de cada espécie foi marcada (Figura 16). Para que o informante fosse conduzido à
trilha, cada planta a ser reconhecida foi ligada uma a outra por meio de cordão de nylon.
Considerando a necessidade de deslocamento até o local e consequentemente esforço físico ao
longo da serra acidentada e abundante em afloramentos rochosos foi necessrário um dia de
atividade para cada informante.
2.1.4 Entrevista geral comn a comunidade
Entrevistas foram aplicadas em todas as casas da comunidade do Carão, para
inventariar as espécies que os mesmos utilizam e reconhecem. Estas informações compõem o
banco de dados etnobotânicos que vem sendo formado desde 2006 pelo grupo de pesquisa do
Laboratório de Enobotânica Aplicada – LEA na comunidade do Carão. Os questionamentos
foram relacionados com a origem da planta, utilidade, parte usada, indicação terapêutica, local
de coleta entre outros. Foram filtradas 88 entrevistas de um total de 107, sendo selecionadas
todas as plantas lenhosas indicadas como encontradas na “serra” para comparar com os dados
do inventário-entrevista e oficina participativa. Não foram consideradas as plantas de local de
coleta, por exemplo, no quintal, cerca e compradas.
82
Figura.16 Fotografias do procedimento para marcação das plantas e condução na trilha
realizada ao longo de unidades de amostragem na instaladas na Serra do Letreiro situada no Sítio
Carão, município de Altinho – PE.
2.2 Análise dos dados:
Para verificar se há diferenças significativas no registro de plantas entre os métodos,
foi aplicado o teste de Cochran a partir do software Bioestat 5.0 (AYRES, 2005), sendo
considerado por base, as 62 espécies registradas durante o inventário fitossociológico na Serra
do Letreiro. Para tanto, cada método foi considerado uma amostra, em que cada espécie foi
considerada presente ou ausente em cada método. Cada espécie de planta reconhecida pela
oficina participativa ou inventário-entrevista ou citada durante a entrevista geral foi
considerada presente e quando não reconhecida ou citada foi considerada ausente. Para a
83
confirmação de presença ou ausência foram consideradas as 62 espécies de plantas registradas
durante o inventário da vegetação. Posicionou-se os dados numa tabela c x I, com “c” colunas
(representadas pelas amostras ou as distintas ferramentas etnobotânicas) que correspondem ao
número “k” de tratamentos e “I” linhas, que coincidem com o número de espécies em cada
um dos “k” tratamentos. Utilizou-se o somatório dos resultados correspondentes a cada grupo
e os somatórios dos escores de cada bloco.
A distribuição amostral de Q segue, a distribuição χ2, com gl = k – 1. Quando Q >
Xc2, a decisão a ser tomada é rejeitar H0 e aceitar H1. Desde que Q < Xc2, aceita-se H0.
Este procedimento estatístico foi realizado utilizando o MS Excel 2010, aplicando a
Sintaxe das fórmulas em planilhas.
Para complementar a comparação entre os métodos foi realizada uma análise de
agrupamento utilizando o coeficiente de similaridade de Jaccard e forma de ligação por média
de grupos utilizando o Software PC Ord 4.0. Utilizou-se a mesma matriz de presença e
ausência que o teste de Cochran.
A partir dos resultados obtidos na entrevista geral foi calculado o valor de uso (VU)
das espécies de plantas de acordo com uma adaptação da fórmula de Phillips e Gentry (1993),
feita por Rossato et al. (1999) e Silva et al. (2010). Que segue: VUis=∑Uis/nis, em que:
Uis=numero de usos reconhecidos para a espécie e nis=número de informantes. Para discussão
sobre as espécies que apresentam maior valor de uso, foram separadas as 28 espécies citadas e
reconhecidas nos três métodos e correlacionadas com a Densidade Relativa obtida no
inventário da vegetação realizada paralelamente. O valor de uso foi correlacionado com a
Densidade Relativa (DeR) e Valor de Importância (VI) para cada espécie obtida nos dois
locais com histórico de uso distintos e a partir dos métodos de parcelas e ponto quadrante,
como descrito anteriormente. A análise foi conduzida desta forma para verificar se há
diferenças em resultados obtidos a partir de diferentes métodos de amostragem da vegetação e
se pode haver viés na interpretação da relação Valor de Uso e Densidade Relativa dependendo
do histórico de uso do local amostrado e do método utilizado. Esta análise foi realizada a
partir do coeficiente de correlação de Spearman, utilizando o Software Bioestat 5.0 (AYRES,
2005).
84
3. Resultados
Dentre as 62 espécies apresentadas aos grupos na oficina participativa, 38 delas foram
reconhecidas pelos informantes, nove apresentaram erro em seu reconhecimento, ou seja,
houve um engano por parte dos informantes quanto a identidade da planta como uma espécies
de Combretaceae, que foi reconhecida po Burra Leiteira. Burra leiteira corresponde uma
espécie de Euphorbiaceae correspondente ao gênero Sapium, cujo nome está relacionado a
quantidade de látex que sai da casca. Durante a oficina participativa 15 espécies não foram
identificadas. Em relação ao inventário-entrevista, foram obtidas informações com dois
informantes, cujo tempo de execução em campo de ambas foi de 4 h. De 62 espécies
apresentadas aos informantes durante a oficina participativa, 44 foram identificadas, 17 não
foram reconhecidas por nenhum dos informantes e uma foi identificada apenas pelo primeiro
informante, havendo um erro na identificação (Tabela 9).
Tabela 9: Ocorrência de espécies exclusivas em cada método e coincidentes em quisquer que
sejam os métodos aplicados na Comunidade do Sítio Carão, situada no município de Altinho,
Pernambuco.
Entrevista geral
Oficina
participativa
Inventárioentrevista
Espécies
com
registro exclusivo
pelo método
29
3
5
Riqueza obtida em
cada método
31
38
44
Das espécies apresentadas aos informantes durante a oficina participativa, inventárioentrevista e citadas durante a entrevista geral com a comunidade, 28 delas foram coincidentes
em quaisquer que fossem os métodos, três foram reconhecidas apenas na oficina participativa,
cinco foram reconhecidas no inventário-entrevista e 29 foram citadas durante a entrevista com
a comunidade e por não terem sido registradas no inventário fitossociológico realizado na
serra e muitas se tratarem de espécies frutíferas ou exóticas, tais como, por exemplo
Anacardium occidentale L. (cajueiro) e Mangifera indica L. (mangueira) não foram
apresentadas durante a oficina participativa ou inventário-entrevista (Tabela 10).
85
Tabela 10. Espécies de plantas citadas pela entrevista geral e reconhecidas durante a oficina
participativa e inventário entrevista com suas respectivas categorias de uso registradas no
povoado Sítio Carão, município de Altinho-PE.
Nome científico
Nome popular
Nome popular
Nome popular
Entrevista Geral
Oficina Participativa
Inventário-entrevista
Amaranthaceae
Gomphrena sp.
*Gomphrena vaga
Mart.
Anacardiaceae
Anacardium
occidentale L.
Mangifera indica L.
*Myracrodruon
urundeuva Allemao
Bordão de velho/
Tecnológico
-
-
-
Não sabem
Não sabem
-
-
-
Aroeira/ construção
doméstica,
construção rural,
energético, medicinal,
móvel,
Braúna/ construção
doméstica,
construção rural,
energético,
tecnológico
Pé de Umbu/
alimentícia,
energético, medicinal
Caju, roxo, branco/
alimentícia, energético,
medicinal
Manga/ Alimentícia
Aroeira/ energético,
construção doméstica,
construção rural,
medicinal, outros,
tecnológico
Aroeira/ construção
rural, medicinal,
energético
*Schinopsis
brasiliensis Engl.
Baraúna ou braúna/
energético, construção Braúna/ construção
rural, medicinal,
rural, energético
tecnológico
*Spondias tuberosa
Arruda
Umbu/ Alimentícia
Umbu/ alimentícia
Spondias sp.
Cajarana/ alimentícia,
construção rural,
medicinal
-
-
Apocynaceae
Aspidosperma
pyrifolium Mart.
Arecaceae
Pereiro/ construção
rural, medicinal
-
-
*Syagrus cearensis
Noblick.
Coqueiro catolé/
alimentícia, medicinal,
outros, tecnológico
Coco catolé/
alimentícia,
construção rural,
tecnológico
Coco catolé/
alimentícia,
construção rural,
ecológico
Syagrus sp.
Coqueiro miudinho/
Medicinal
-
-
Caibeira/ construção
doméstica, construção
rural
-
-
Bignoniaceae
Tabebuia caraiba
(Mart.) Bureau
Vidensk.
A Tabela 10 continua
86
Nome científico
Nome popular
Entrevista Geral
Nome popular
Oficina Participativa
Pau d'arco roxo/
Pau d'arco/ energético,
construção rural,
*Handroanthus
construção doméstica,
energético,
impetiginosus Mattos construção rural,
medicinal,
medicinal, tecnológico
tecnológico
Burseraceae
Nome popular
Inventário-entrevista
Pau d'arco, Pau d'arco
roxo/ construção
rural, medicinal
Imburana/ alimentícia,
energético, construção
doméstica, construção
rural, medicinal,
tecnológico,
Imburana braba/
energético,
medicinal,
tecnológico,
construção rural
Imburana,
Umburana/
construção rural,
móvel, medicinal,
energético,
artezanato
Moleque duro/
energético, medicinal,
tecnológico
-
-
Maconha/ Medicinal
-
-
*Capparis flexuosa
(L.) L.
-
Feijão de boi/
alimentícia,
energético,
forragem,
tecnológico,
alimentícia
Feijão de boi/
artezanato,
construção rural,
outros, tecnológico,
tecnológico
*Capparis hastata
Jacq.
Frei jorge/ energético,
construção rural,
tecnológico
-
-
Trapiá/ Alimentícia
Incó/ alimento
emergencial,
ecológico
-
Incó ou Incol/
alimentícia,
energético, medicinal
-
Imbauba/ Outros
-
-
Bom nome./
alimentícia, energético,
construção rural,
medicinal, tecnológico
Bom Nome, Rompe
Jibão/ energético,
tecnológico,
medicinal
Bom Nome, Rompe
Jibão/ construção
rural, energético,
medicinal,
tecnológico
-
Burra leiteira/
construção rural
Não sabem
*Commiphora
leptophloeos (Mart.)
J.B.Gillett
Boraginaceae
Cordia globosa (Jacq.)
Humb., Bonpl. e
Kunth
Cannabaceae
Cannabis sativa L.
Capparaceae
Crataeva tapia L.
Cecropiaceae
Cecropia sp.
Celastraceae
*Maytenus rigida
Mart.
Combretaceae
*Combretaceae
A tabela 8 continua
87
Nome científico
Nome popular
Entrevista Geral
Nome popular
Oficina Participativa
Nome popular
Inventário-entrevista
Clusiaceae
*Clusia hilariana
Schltdl.
Curcubitaceae
-
Goiaba braba/ não
serve
Pororoca/ Não sabem
Curcubitaceae
Cabeça de negro/
Medicinal
-
-
*Erythroxyllaceae
Erythroxyllum sp.
Euphorbiaceae
-
Não sabem
Não sabem
Moleque duro preto/
construção rural,
*Acalypha multicaulis
energético e
Mull.Arg.
medicinal,
tecnológico
Rama branca,
Rama branca/
Sacatinga/
*Croton argyroglossus
energético, construção
Baill.
energético,
rural, medicinal
veterinária, medicinal
Carrega orvalho,
Vassourinha/
tecnológico
Sacatinga/ construção
rural, energético,
medicinal, outros,
tecnológico
Marmeleiro/
Marmeleiro/
Marmeleiro/
construção
energético, construção construção rural,
*Croton
doméstica,
doméstica, construção energético,
blanchetianus Baill.
construção rural,
rural, medicinal,
tecnológico,
energético, medicinal,
tecnológico,
veterinário, medicinal
outros, tecnológico
*Croton
Velame/ medicinal,
velame/ Medicinal
Velame/ medicinal
heliotropiifolius Kunth
tecnológico
Ditaxis malpighiacea
Imbira, Imbiratã/
Não sabem
(Ule) Pax e K.Hoffm.
tecnológico
Pinhão bravo, Pinhão/
*Jatropha mollissima
Pinhão brabo/
Pião/ Medicinal
construção rural,
(Pohl) Baill.
medicinal
medicinal
Maniçoba (capoeira)/
Maniçoba/ medicinal,
*Manihot sp.
alimentícia, Veneno
Maniçoba/ energético
móveis, outros
abortiva
Manihot esculenta
Mandioca/ alimentícia,
Crantz
medicinal
Burra leiteiraBurra leiteira/
Burra leiteira/
*Sapium sp.
construção rural,
construção rural,
construção rural,
tecnológico
outros
móvel, outros
*Stillingia uleana Pax
Burra leiteira do
Tingui de lajero/
e K.Hoffm.)
lejedo/
outros
A tabela 10 continua
88
Nome científico
Nome popular
Entrevista Geral
Nome popular
Oficina Participativa
Nome popular
Inventário-entrevista
Fabaceae
Caesalpinoideae
Imburana açu, cumaru/
alimentícia, energético,
*Amburana cearensis
construção doméstica,
(Allemao) A.C.Sm.
construção rural,
medicinalmedicinal
*Bauhinia cheilantha
(Bong.) Steud.
* Libidibia ferrea
(Mart. ex Tul.)
L.P.Queiroz
*Poincianella
pyramidalis (Tul.)
L.P.Queiroz
Amburana,
Umburana açu,
Cumaru/ construção
rural, medicinal,
móvel, outros
Mororó, Pata-deMororó, Pata-deMororó/ alimentícia,
vaca/ construção
vaca/ construção
energético, construção
doméstica,
doméstica,
doméstica, construção
energético ,
construção rural,
rural, medicinal,
medicinal, construção energético,
tecnológico
rural
tecnológico
Jucá, Pau-ferro/
construção
Pau-ferro, Jucá/
doméstica,
alimentícia, energético, Jucá, Pau-ferro/
construção rural,
construção doméstica, medicinal, construção
medicinal,
construção rural,
rural, Tecnoloia
tecnológico,
medicinal, tecnológico
tecnológico,
veterinário
Catingueira, Branca,
Catingueira/
rasteira e roxa/
Catingueira/
construção rural,
alimentícia, energético, construção rural,
energético, medicinal,
construção rural,
energético
tecnológico
medicinal
Canafista/
Canafístula,
tecnológico,
Canafista/ artezanato,
construção rural
móvel, tecnológico
*Senna martiana
(Benth.) H.S.Irwin e
Barneby
Faboideae
Bowdichia virgilioides
Sucupira/ Tecnológico
Kunth
Jatobá/ alimentícia,
Hymenaea courbaril
energético, ,
L.
construção rural,
medicinal
*Erythrina velutina
Willd.
Imburana açu/
energético,
tecnológico,
medicinal
-
-
-
-
Mulungu/ artezanato,
Mulungu/ alimentícia, Mulungu/ construção construção rural,
construção rural,
rural, medicinal,
medicinal,
medicinal, tecnológico, tecnológico
tecnológico,
veterinário
Mimosoideae
Acacia paniculata
Willd.
Unha de gato/
energético, medicinal,
não serve
-
-
A tabela 10 continua
89
Nome científico
Acacia bahiensis
Benth.
*Anadenanthera
colubrina (Vell.)
Brenan
*Calliandra sp.
*Chloroleucon
extortum Barneby e
Grimes
*Leucaena
leucocephala (Lam.)
de Wit
*Mimosa tenuiflora
(Willd.) Poir.
*Prosopis juliflora
(Sw.) DC.
*Piptadenia
stipulacea (Benth.)
Ducke
*Senegalia bahiensis
(Benth.) Seigler e
Ebinger.
Mimosoideae
Malpighiaceae
Byrsonima sp.
Nome popular
Entrevista Geral
Espinheiro vermelho/
energético, construção
rural, tecnológico
Angico branco, de
espinho, liso e preto/
energético, construção
rural, medicinal,
tecnológico
Nome popular
Oficina Participativa
Nome popular
Inventário-entrevista
-
-
Angico/ construção
rural, energético,
medicinal,
tecnológico,
veterinário
Angico/ construção
rural, energético,
medicinal,
tecnológico
Calumbi ou unha de
gato/ energético,
medicinal
Jurema branca/
Jurema branca/
Jurema branca/
construção rural,
alimentícia, energético, construção rural,
energético ,
construção rural,
forragem, medicinal,
forragem, medicinal,
medicinal, tecnológico, tecnológico
tecnológico
-
Calumbi/ medicinal
Espinheiro/ energético,
construção rural
Jurema preta/
lenergético, construção
rural, medicinal
Algaroba/ alimentícia,
energético, construção
rural
Espinheiro branco/
energético, construção
rural
-
-
-
-
Espinheiro/
construção rural,
energético
Espinheiro vermelho/
construção
doméstica,
energético,
construção rural
Rasga beiço/ Medicinal Murici/ energético,
construção doméstica
*Ptilochaeta bahiensis
Turcz.
-
Amorosa, Jurema
Rasga Beiço/
energético
Espinheiro branco/
energético
-
-
-
Araçá/ alimentícia
Canela de veado/
construção rural,
energético
Biratanha/
Imbiratan/
tecnológico
Malvaceae
*Malvaceae
-
A Tabela 10 continua
90
Nome científico
*Chorisia speciosa
A.St.-Hil.
*Helicteres
macropetala A.St.Hil.
*Helicteres velutina
K.Schum.
Nome popular
Entrevista Geral
Barriguda/ Tecnológico
Nome popular
Oficina Participativa
Barriguda/
tecnológico
-
Não sabem
-
Moleque duro da
serra/ medicinal,
tecnológico
Nome popular
Inventário-entrevista
Barriguda/
alimentícia,
tecnológico
Moleque duro (outra
qualidade)/
energético, outros,
tecnológico
Moleque duro/
energético, outros,
tecnológico
Meliaceae
*Cedrela odorata L.
Talisia esculenta
(Cambess.) Radlk.
Myrtaceae
*Campomonesia sp.
Cedro/ construção
doméstica, construção
rural, medicinal,
tecnológico,
Pitomba/ alimentícia,
energético, construção
rural
Ubaia/ alimentícia,
energético, construção
*Eugenia sp. (Ubaia)
doméstica, construção
rural
Batinga/ alimentícia,
*Eugenia sp. (Batinga)
energético
*Myrciaria cauliflora
(Mart.) O.Berg
*Myrtaceae
Nyctaginaceae
Cedro/ construção
doméstica,
construção rural,
medicinal
Cedro/ construção
doméstica, medicinal,
móvel, veterinário
-
-
Ubaia/ alimentícia
Não sabem/
Batinga/ alimentícia
Ubaia/ alimentícia,
construção rural,
ecológico, energético
Batinga/ alimento,
outro
Jaboticaba/
Jabuticaba/ alimentícia,
alimentícia,
medicinal
medicinal
Pirim/ alimentícia
Piranha/ energético,
Piranha/ construção
*Guapira laxa (Netto) construção doméstica,
rural, tecnológico,
Furlan
construção rural,
veterinário
medicinal, tecnológico,
Rhamnaceae
*Rhamnidium molle
Sassafraz/
Reissek
energético, medicinal
Juá/ alimentícia,
Juazeiro/ alimentícia,
*Ziziphus joazeiro
energético,
energético, construção
Mart.
forragem, medicinal,
rural, medicinal, outros
outros
Batinga/ alimentícia
Jaboticaba/
alimentícia, medicinal
Não sabem/ Piranha/ construção
rural, tecnológico,
veterinário
Sassafraz/ medicinal
Juazeiro/ energético,
forragem, outros
A tela 10 continua
91
Nome científico
Nome popular
Entrevista Geral
Nome popular
Oficina Participativa
Nome popular
Inventário-entrevista
-
-
Não sabem
Não sabem
Rubuiaceae
*Coutarea hexandra
(Jacq.) K.Schum.
Cafezinho, Café/
Alimentícia
Quina-quina/
construção doméstica
*Rhandia sp.
-
Mama de raposa/
Mama de raposa
Não sabem
Sapindaceae
*Allophylus
quercifolius (Mart.)
Radlk.
Rutaceae
-
Não sabem
Não sabem
Citrus sp.
limão/ alimentícia,
medicinal
-
-
Sapotaceae
Sideroxylon
obtusifolium (Roem.
e Schult.) T.D.Penn.
Solanaceae
Quixaba/ construção
rural, medicinal
-
-
*Brunfelsia sp.
Caixão/ Tecnológico
Não sabem/
Caixão/ construção
rural, móvel
-
Não sabem/
Não sabem/
Jurubeba/ alimentícia,
medicinal
-
-
-
Não sabem/
Não sabem/
-
Não sabem
Não sabem
Coffea arábica
*Solanum
campaniforme Roem.
e Schult.
Solanum paniculatum
L.
*Solanum
sycocarpum Mart. e
Sendtn.
*Solanaceae
Verbenaceae
Lantana camara L.
Chumbinho/ Medicinal -
Lippia sp.
-
Não sabem
Indeterminada
Indeterminada 1
Indeterminada 2
Indeterminada 3
Indeterminada 4
Indeterminada 5
-
Não sabem
Não sabem
Vovó/ energético
Não sabem
Não sabem
Indeterminada 6
-
Não sabem
Alecrim/ construção
rural, tecnológico
Não sabem
Não sabem
Vovó/ tecnológico
Não sabem
Não sabem
Bordão de velho/
Construção
doméstica
92
Estas diferenças entre métodos são significativas pois, ao aplicar o teste de Cochran
foi possível confirmar que há diferenças entre as proporções de espécies reconhecidas e
citadas nos métodos (Q = 13,37; gl = 2; p = 0,0013).
As espécies Ditaxis malpighiacea (Ule) Pax e K. Hoffm., Gomphrena vaga Mart.,
Erythroxyllum sp., Allophylus quercifolius (Mart.) Radlk., Solanum campaniforme Roem. e
Schult., Solanum sycocarpum Mart. e Sendtn., Solanaceae 1 e Indeterminadas 1,2,3 e 4 foram
registradas durante o inventário fitossociológico e não foram reconhecidas durante a oficina
participativa ou inventário-entrevista (Tabela 10).
Nove espécies apresentaram erro na identificação durante a oficina participativa,
sendo uma espécie de Combretaceae que foi reconhecida como Burra leiteira, Clusia
hilariana Schltdl. como goiaba braba, Acalypha multicaulis Mull.Arg. como Moleque duro
preto, Ditaxis malpighiacea (Ule) Pax e K.Hoffm. como Imbira ou Imbiratã, Senegalia
bahiensis (Benth.) Seigler e Ebinger. como Espinheiro vermelho, Ptilochaeta bahiensis
Turcz. como Araçá, Campomonesia sp. como Ubaia, Eugenia sp. Conhecida por Ubaia e
reconhecida como Batinga e uma espécie de Myrtaceae como Pirim.
A oficina participativa foi executada num período de tempo bem inferior ao
inventário-entrevista e entrevista geral com a comunidade, entretanto, a quantidade de plantas
identificadas em relação ao inventário-entrevista foi inferior e houve um grande número de
erros nas identificações das plantas.
Foram citadas 65 plantas durante a entrevista geral com a comunidade, das quais 33
foram registradas no levantamento fitossociológico feito na área (SILVA, dados não
publicados), seis não foram registradas no levantamento ecológico, seis são exóticas frut
íferas ou interesse alimentício, quatro além de não terem sido registradas na área de estudo
são plantas nativas de áreas mais úmidas, quatro não tiveram seus nomes científicos validados
e uma é exótica invasora de regiões áridas (Tabela 10).
A espécie Coutarea hexandra (Jacq.) K.Schum., reconhecida pela população como
quina-quina, foi citada pelos informantes, entretanto não foi reconhecida durante a oficina
participativa ou inventário-entrevista.
93
As epécies que apresentaram maior Valor de Uso (VU) foram Chloroleucon extortum
Barneby e Grimes, Calliandra sp., Croton blanchetianus Baill., Libidibia ferrea (Mart. ex
Tul.) L.P.Queiroz e Chorisia speciosa A.St.-Hil, todas com VU acima de 1.
A partir dos resultados obtidos para o coeficiente de correlação de Spearman entre o
VU das 28 espécies de plantas reconhecidas e citadas nos três métodos etnobotânicos e
Densidade Relativa (DeR) e Valor de Importância (VI) obtidos a partir dos métodos de
parcelas e ponto quadrante nas Áreas 1 e 2, se verificou que: 1) não há correlação entre VU e
os parâmetros fitossociológicos DeR e VI para o método de parcelas na área 1 (rs = 0,25; p =
0,22 e rs = -0,18; p = 0,35 respectivamente); 2) não há correlação entre VU e os parâmetros
fitossociológicos DeR e VI para o método de ponto quadrante na área 1 (rs =- 0,12; p = 0,56 e
rs = -0,08; p = 0,7 respectivamente); 3) não há correlação entre VU e os parâmetros
fitossociológicos DeR e VI para o método de parcelas na área 2 (rs =- 0,37; p = 0,14 e rs = 0,2; p = 0,41 respectivamente); 4) há correlação negativa entre VU e os parâmetros
fitossociológicos DeR e VI para o método de ponto quadrante na área 2 (rs =- 0,53; p = 0,02 e
rs = -0,59; p = 0,0008 respectivamente).
Consequentemente, as espécies que apresentaram
os maiores VU tinham as menores DeR. Dentre as espécies avaliadas Libidibia ferrea (Mart.
ex Tul.) L.P.Queiroz (Pau-ferro), Chorisia speciosa
A.St.-Hil. (Barriguda) e Erythrina
velutina Willd. (Mulungu) apresentaram os maiores VU, acima de 1 e as menores DeR (0,13
%). Em relação ao VI, estas espécies correspondem a apenas 3,34 % do VI total. Algo que se
deve chamar atenção é o fato destas espécies estarem entre as menores DeR e os menores VI
em quaisquer que sejam os métodos fitossociológicos ou áreas trabalhadas. Diferente destas
espécies citadas anteriormente, Commiphora leptophloeos
(Mart.) J.B.Gillett (Imburana)
apresenta maior DeR (5,05 %) e VI (17,26 %) (Tabela 11).
94
Tabela 11. Dados sobre Valor de Uso (VU) obtidos a pertir da entrevista geral com a comunidade e Densidade Relativa (DeR) e
Valor de Importância (VI) para os dois métodos fitossociológicos estudados e as duas áreas, em que: PA1 = Resultado de parcelas
para a Área 1; QA1 = Resultado de ponto quadrante para a Área 1; PA2 = Resultado de parcelas para a Área 2; QA2 = Resultado de
ponto quadrante para a Área 2, no Sítio Carão , município de Altinho-PE.
PA 1
QA 1
PA 2
QA 2
PA 1
QA 1
PA 2
QA 2
VU
DeR
DeR
DeR
DeR
VI
VI
VI
VI
Amburana cearensis (Allemao) A.C.Sm.
0,5
0,1
0,8
-
-
1,04
1,99
-
-
Anadenanthera colubrina (Vell.) Brenan
0,75
0,19
0,8
0,05
0,27
0,87
2,54
0,59
2,42
Bauhinia cheilantha (Bong.) Steud.
0,82
11,13
9,61
4,3
4,52
19,73
20,93
15,91
13,62
Libidibia ferrea (Mart. ex Tul.)
1,15
0,1
3,47
-
0,13
0,44
10,19
-
2,44
L.P.Queiroz pyramidalis (Tul.)
Poincianella
0,5
4,13
3,47
6,56
7,18
9,74
8,28
23,63
68,24
L.P.Queiroz
Calliandra sp.
1
1,73
-
-
-
4,29
-
-
-
Cedrela odorata L.
1,58
1,63
2,54
-
-
8,1
18,51
-
-
Chloroleucon extortum Barneby e
0,8
2,69
4,14
-
-
7,13
12,15
-
-
Grimes speciosa A.St.-Hil.
Chorisia
2
0,19
0,93
0,05
0,13
0,51
4,58
1,2
0,51
Commiphora leptophloeos (Mart.)
1,07
3,36
7,21
3,17
5,05
13,13
28,13
21,42
17,26
J.B.Gillett
Croton
argyroglossus Baill.
0,56
5,66
3,47
3,55
2,53
10,84
7,87
8,53
6,71
Croton blanchetianus Baill.
0,65
8,83
7,21
59,6
55,19
17,67
17,14
115,81
112,3
Croton heliotropiifolius Kunth
1
0,1
-
0.11
0.27
0,44
-
0,6
0,5
A Tabela 11 continua
95
95
PA 1
QA 1
PA 2
QA 2
PA 1
QA 1
PA 2
QA 2
VU
DeR
DeR
DeR
DeR
VI
VI
VI
VI
Erythrina velutina Willd.
1,25
0,86
0,93
-
0,13
4,03
5,01
-
0,39
Eugenia sp.
1
3,36
2,67
4,25
0,66
8,25
7,52
17,47
2,26
Guapira laxa (Netto) Furlan
1
2,3
0,93
0,05
-
6,18
2,38
0,55
-
Jatropha mollissima (Pohl) Baill.
0,6
2,78
2,94
1,29
2,79
6,95
6,65
7,53
7,68
Ziziphus joazeiro
1
-
-
0,05
-
-
-
0,63
-
Manihot sp.
1
2,11
4,14
0,48
0,43
6,09
10,99
3,12
2,21
Maytenus rigida Mart.
0,82
0,19
0,53
-
-
0,53
2,34
-
-
Myracrodruon urundeuva Allemao
0,93
2,11
3,34
1,72
2,36
7,93
10,28
12,29
7,03
Myrciaria cauliflora (Mart.) O.Berg
0,5
1,25
2,4
0,16
1,24
3,92
7,95
0,75
8,54
Piptadenia stipulacea (Benth.) Ducke
0,63
1,92
6,14
1,18
0,25
4,27
14,96
7,11
5,5
Sapium sp.
1
3,07
3,87
0,27
0,4
8,92
9,74
2,76
1,22
Schinopsis brasiliensis Engl.
0,6
1,54
1,2
-
-
6,65
4,75
-
-
Spondias tuberosa Arruda
1
0,29
0,67
0,16
0,66
1,83
3,41
1,2
4,84
Syagrus sp.
1
2,11
2,14
-
-
39,98
6,61
-
-
Handroanthus impetiginosus Mattos
0,68
2,78
2,27
0,22
0,22
9,86
8,84
2,33
0,56
Indeterminada 3
1
0,1
0,13
-
-
0,49
1,48
-
-
96
96
4. Discussão
Dentre as ferramentas etnobotânicas utilizadas no presente trabalho, duas delas
envolveram um menor quantitativo de pessoas, a oficina participativa (máximo de 32 pessoas)
e inventário-entrevista (duas pessoas). Esta estratégia tem sido útil e pode ser incorporada nas
avaliações etnobotânicas rápidas. A utilização de poucos informantes pode ser
útil,
principalmente, em casos em que não há informações sobre a flora local (COLLIINS et al.,
2007). Collins et al. (2007) utilizaram a abordagem da Pesquisa Etnobotânica Rápida com
apenas um informante chave no levantamento de plantas medicinais e venenosas e obtiveram
uma lista de 40 espécies.
Por outro lado, em inventários ex situ (realizados fora do ambiente original da planta),
como a oficina participativa, apresentam a vantagem de necessitar de menos tempo para
coleta de dados e envolvimento de poucas pessoas. Mas, se utilizar exsicatas e fotografias
como estímulo visual a identificação das plantas é mais problemático, porque muitos detalhes
botânicos e ecológicos são perdidos (THOMAS et al., 2007). Principalmente, em relação às
fotografias, em que o informante não tem acesso a muitos detalhes táteis e olfativos
necessários a uma identificação segura de seu material (MELO et al., 2008). Algo que poderia
auxliar no reconhecimento das plantas é a utilização de um objeto de tamanho ou dimensão
conhecidas junto à estrutura da planta. Outra característica que se observou ter sido útil no
reconhecimento das espécies é o fato de se ter feito um corte na casca das plantas, pois muitas
pessoas cortam a casca da planta para reconhece-las em campo.
Em situações na qual se deseje conhecer a identidade das plantas, recomenda-se
atenção no uso de fotografias e exsicatas como estímulo visual em oficinas participativas pela
probabilidade em cometer erros na identificação das plantas. Entretanto, caso a identidade das
espécies seja conhecida pode ser uma ferramenta eficiente no aprofundamento sobre as
informações de uma determinada planta, já que esta ferramenta pode contemplar mesmo os
membros da comuniadade mais idosos que apresentem dificuldade em ser deslocados para o
campo (THOMAS et al., 2007).
Diferente do uso de fotografias e excicatas em oficinas participativas, o inventárioentrevista apresenta a mesma vantagem da turnê guiada relatada por Medeiros et al. (2008)
97
em que proporcionaram como maior vantagem a apresentação da planta no seu contexto
biológico e ecológico original, facilitando a sua identificação, bem como a aquisição de
informações mais detalhadas. Por outro lado, apresentam também limitações como
dificuldade de levar os informantes-chave ao campo. Dependendo da idade e estado de saúde
dos informantes, os mesmos podem estar impossibilitados de ir ao campo. No entanto, o
inventário-entrevista é a ferramenta dentre os três métodos comparados, que contemplou um
maior número de citações de espécies registradas na vegetação local. Alguns trabalhos tem
relatado que os caracteres ecológicos são de grande relevância no reconhecimento de espécies
de plantas por parataxonomistas (JINXIUX et al., 2004; HANAZAKI et al., 2010).
Ao apresentar as plantas em seu contexto original, os informantes podem ter acesso a
detalhes durante o inventário-entrevista como relatado pelo informante 1:
“A primeira vista a gente suspeita, mas pra comprovar só é mastigar uma folhinha”
Ou como relatado pelo informante 2:
“Quando ela tá florada cheira pra caramba ... de longe você sente o cheiro dela”
(Comentário sobre a Amburana cearensis – Cumaru ou Amburana açu)
O envolvimento de parataxonomistas é de grande relevância em diagnósticos da flora
local. Jinxiux et al. (2004) compararam reconhecimento de espécies de plantas por
parataxonomistas e taxonomistas num trabalho de campo ao longo de um ano e verificaram
que os parataxonomistas conseguiram reconhecer mais espécies de plantas em relação aos
taxonomistas. Cunha e Albuquerque (2006) verificaram que informantes locais reconheceram
mais do que 95% das espécies de plantas que lhes foram apresentadas.
Dentre as limitações no envolvimento de parataxonomistas seria o fato deles
reconhecerem apenas as espécies dentro de seu domínio cultural por meio de suas
experiências particulares. Isto pôde ser evidenciado no trabalho de Hanazaki et al. (2010), em
que, verificaram que apenas 2% das plantas apresentadas aos parataxonomistas foram
reconhecidas por qualquer um deles e a grande maioria das plantas foram reconhecidas por
apenas um dos informantes. O envolvimento de parataxonomistas nas avaliações rápidas são
recomendáveis, principalmente em ocasiões em que oportunamente haja o inventário das
espécies em campo já tenha sido realizado.
98
Muitas das espécies citadas em quaisquer que sejam os métodos (entrevista geral,
inventário-entrevista e oficina participativa) estão entre as menos abundantes ou com menor
VI e apresentam elevado VU. Estas espécies são culturalmente salientes, ou seja, estão
presentes na memória das pessoas e são mais citadas ou reconhecidas.
Para Hanazaki et al. (2010) as espécies podem ser salientes devido a sua notória
presença relacionada a aspectos que não sejam obrigatoriamente a abundância, mas sua
estatura ou porte. Isto explica o fato de mesmo espécies “raras” ou que ocorram em baixa
densidade serem salientes. Desta forma, espécies com baixa abundância ou VI podem
apresentar maior VU, devido a sua notória presença e consequente elevada citação. C ferrea
(Pau-ferro), C. speciosa (Barriguda) e E. velutina (Mulungu), por exemplo, apresentam
grande porte, conferindo tal “notoriedade”, o que facilitaria seu reconhecimento e citação.
O uso de listas livres associadas a entrevistas semi-estruturadas permite conhecer as
espécies mais salientes de um determinado domínio cultural (NOLAN, 2002; QUINLAN,
2005) que serão citadas pelo destaque na memória mais recente das pessoas.
Ao incorporar o uso das listas livres com entrevistas semi-estruturadas no disgnóstico
rápido da diversidade, esta é uma excelente ferramenta no inventário de espécies caso não se
tenha um inventário da vegetação. O uso do inventário da vegetação poderá complementar
recomendações por apresentar a disponibilidade do recurso na vegetação.
Desta forma, caso o conhecimento da comunidade como um todo seja necessário de
ser resgatado para fazer recomendações conservacionistas, este poderá ser feito por meio de
listas livres e entrevistas semi-estruturadas. Além do mais, esta ferramenta permite fazer
inferências a partir de cálculos como o VU.
O cálculo do VU pode apresentar alguns aspectos sobre a relação homem planta e
ajudar a compreender a importância cultural de determinados táxons para a comunidade.
Entretanto, este valor não expressa pressão de uso sobre plantas pois não contém dados sobre
o uso cotidiano (GAVIN e ANDERSON, 2005). O número de pessoas que citaram a mesma
planta influenciam os resultados do VU .
Algo que muitos grupos testam com informações de valor de uso é a sua relação com
abundância ou importância estrutural de espécies de plantas, considerando a hipótese da
99
aparência ecológica. De acordo com Albuquerque e Lucena (2005) esta hipótese foi
transposta da ecologia para a etnobiologia em que as plantas mais importantes para uma
cultura particular seriam mais aparentes do ponto de vista ecológico.
Para alguns pesquisadores, a importância estrutural de determinados táxons foi
correlacionada com seu VU (GALEANO, 2000) e para outros grupos nem todas as espécies
são usadas de acordo com altos valores dos parâmetros fitossociológicos (TACHER et al.,
2002). Pelos resultados verificados no presente trabalho, estas diferenças podem estar
relacionadas tanto a escolhas de locais para amostragem como pelos métodos escolhidos para
amostragem da vegetação. Galeano (2000) utilizaram transectos estendidos ao longo de 10
km e Tacher et al. (2002) utilizaram dados secundários de espécies registradas no México.
Além de sua importância nas discussões sobre aparência ecológica, os inventários da
vegetação podem auxiliar na apresentação de disponibilidade de espécies úteis no ambiente e
servirem de base para saber quais espécies ocorrem na localidade e aumentar as informações
sobre o uso local das espécies que não tenham sido registradas durante a entrevista com a
comunidade. Para selecionar áreas com o maior número de espécies, o pesquisador deverá
selecionar áreas mais conservadas e o método de ponto quadrante é uma ferramenta de
amostragem útil neste registro, além de ser mais rápida que o método de parcelas.
Duas espécies que não foram reconhecidas pela comunidade do povoado Sítio Carão
são citadas pelos índios fulniô do município de Águas Belas em Pernambuco: D.
malpighiacea, conhecida por Sassafrás ou sassafrás fêmea. Os moradores do povoado Sítio
Carão reconhecem Rhamnidium molle Reissek como Sassafrás. G. vaga cujos moradores do
povoado Sítio Carão não reconheceram é conhecida por alenta cavalo pelos fulniô índios
Fulniô (ALBUQUERQUE et al., 2010b). A. quercifolius é reconhecida como estralador na
comunidade de Riachão de Malhada de Pedra, município de Caruaru em Pernambuco
(RAMOS et al., 2008). Este é mais um aspecto que deve ser levado em consideração, pois
uma espécie botânica de planta poderá apresentar vários nomes, caracterizado como erros de
divisão (“splitting error”) e várias espécies botânicas um mesmo nome popular ou erro de
acumulação (“lumping errors”) (BASSET et al., 2004; KRELL, 2004; BARALOTO et al.,
2007). Assim, os nomes populares terão validade apenas em cada localidade, mesmo assim,
podendo apresentar estes erros.
100
4. Conclusão
O envolvimento de parataxonomistas é uma ferramenta importante no reconhecimento
de espécies de plantas. Neste sentido se deve ter atenção quanto ao material apresentado ao
informante na coleta de dados etnobotânicos pois: 1) ao utilizar fotografias e excicatas, muitas
informações tateis e olfativas necessárias ao reconhecimento das plantas podem ser perdidas
levando a erros de identificação; 2) Ao apresentar as plantas em campo, no seu contexto
original os problemas de erros serão minimizados; 3) Para contemplar a participação de
membros da comunidade menos móveis na coleta de dados etnobotânicos a oficina
participativa será uma ferramenta útil, caso a identidade das plantas seja conhecida e seja
necessário aprofundar informações sobre a mesma.
Ao proceder com o envolvimento de poucas pessoas na coleta de dados etnobotânicos,
o pesquisador reduzirá tempo de trabalho de campo, principalmente em casos onde há um
inventário da vegetação em paralelo e o pesquisador poderá apresentar as plantas registradas
como estímulo visual. Uma limitação do envolvimento de poucas pessoas é que as
informações fornecidas não poderão ser extrapoladas para toda a comunidade.
Ao abordar toda a comunidade ou uma amostra representativa dela será possível fazer
inferências sobre, por exemplo, as espécies culturalmente mais salientes e que podem ter sido
mais citadas devido ao numero de vezes que a mesma é acessada. Não é possível afirmar que
que tais espécies mais salientes sejam as que sofram maior pressão de uso, expresso pelo
valor de uso, mas, que tem relevante significância para a cultura local e tal informação poderá
ser utilizada em estratégias de conservação.
Ao incorporar o uso das listas livres com entrevistas semi-estruturadas no disgnóstico
rápido da diversidade, esta é uma excelente ferramenta no inventário de espécies caso não se
tenha um inventário da vegetação. O uso do inventário da vegetação poderá complementar
recomendações por apresentar a disponibilidade do recurso na vegetação ou aumentar a lista
de espécies não citadas durante a entrevista.
101
O uso do método de ponto quadrante é uma importante ferramenta a ser incorporada em
avaliações rápidas para o registro de espécies na vegetação de uma localidade, devido a sua
precisão e menor tempo de execução.
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