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no6 | 2011 atualidades Brasil é pioneiro no lançamento da I Diretriz em Cardio-Oncologia dESAFIO CONSTANTE Carcinoma de pulmão continua a principal causa de morte por câncer no mundo Farmacêuticos brasileiros participam de workshop na Áustria 12150 ChymiOn5-2011.indd 1 03/08/11 14:55 A Organização Mundial da Saúde decidiu chamar a atenção dos países para a importância de adotar as diretrizes da Convenção-Quadro para o Controle do Tabaco (CQCT) no Dia Mundial sem Tabaco, que aconteceu em 31 de maio último. Na presente edição da Chymion, os médicos Artur Malzyner e Elge Werneck Araújo Júnior fazem uma breve revisão sobre a dESAFIO utilização da vinorelbina no câncer de pulCONSTANTE O tabagismo mão de células não pequenas. é o fator de risco Outro tema em destaque são as Farmacêuticos brasileiros mais importante para o diretrizes em Cardio-Oncologia. desenvolvimento do câncer de Apesar dos significativos avanços no tratamento do cânpulmão. Estima-se que 80% a 90% da cer, alguns efeitos adversos ainda precisam ser monitorados e driblados. A cardiotoxicidade é um deles e, em incidência desse câncer seja atribuída ao fumo. Os tabagistas têm cerca de 20 a 30 vezes função de sua importância, foi elaborada a I Diretriz mais risco de desenvolver câncer de pulmão, em Cardio-Oncologia. Em maio último um grupo de farmacêuticos brasicomparados com os não fumantes. Outros leiros participou do 4o International Oncology Meeting fatores de risco significativos são apontados por for Pharmacists, uma iniciativa da unidade de Oncology estudos epidemiológicos como responsáveis Injectables da Sandoz, localizada em Unterach, na Áuspelo câncer de pulmão, como: exposição tria. Annemeri Livinalli, que entre outras funções tamao amianto (asbesto), ao gás radioativo bém ocupa o cargo de vice-presidente de desenvolvimenradônio e à poluição do ar, assim como to técnico-científico da Sobrafo, descreve como foi. Leia também sobre o MD Anderson Cancer Center, infecções pulmonares de repetição, considerado o hospital top dos 39 National Cancer Institutes deficiência e excesso de dos Estados Unidos e o maior centro oncológico do mundo, e vitamina A1. sobre a importante visita que o Comitê Executivo Global da Sandoz fez à sua sede no Brasil. no6 | 2011 atualidades Brasil é pioneiro no lançamento da I Diretriz em Cardio-Oncologia Carcinoma de pulmão continua a principal causa de morte por câncer no mundo participam de workshop na Áustria Aproveite a leitura! Rua Anseriz, 27, Campo Belo 04618-050 – São Paulo, SP Fone: 11 3093-3300 www.segmentofarma.com.br [email protected] Diretor-geral: Idelcio D. Patricio Diretor executivo: Jorge Rangel Gerente financeira: Andréa Rangel Gerente comercial: Rodrigo Mourão Editor científico: Ricardo Caponero CRM-SP 51.600 Editora-chefe: Daniela Barros MTb 39.311 Comunicações médicas: Cristiana Bravo Gerentes de negócios: Claudia Serrano, Marcela Crespi, Philipp Santos e Valeria Freitas Coordenadora comercial: Andrea Figueiro Gerente editorial: Cristiane Mezzari Coordenadora editorial: Fabiana de Paula Souza Revisoras: Renata Del Nero e Mônica Ludvich Produtor gráfico: Fabio Rangel Cód. da publicação: 12150.08.2011 O conteúdo desta obra é de inteira responsabilidade de seu(s) autor(es). Produzido por Segmento Farma Editores Ltda., sob encomenda de Sandoz, em agosto de 2011. Material de distribuição exclusiva à classe médica. 12150 ChymiOn5-2011.indd 3 sumário Os editores 4 11 15 19 20 artigo de revisão atualidades atualização espaço sandoz história de sucesso 03/08/11 14:55 Vinorelbina em câncer de pulmão Artur Malzyner Supervisor técnico do Serviço de Oncologia Clínica do Hospital Heliópolis da Secretaria Estadual de Saúde do Estado de São Paulo e da Clínica de Oncologia Médica de São Paulo, oncologista do Departamento de Gastroenterologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP) Elge Werneck Araújo Júnior Oncologista clínico da Clínica de Oncologia Médica de São Paulo Introdução O câncer de pulmão é a principal causa de morte por câncer em todo o mundo, provocando um milhão e duzentas mil mortes por ano1. Apesar da discreta redução de mortalidade recentemente observada, sua letalidade ainda é alta. Até o final da década de 1980, não se conhecia o benefício clínico da quimioterapia em câncer de pulmão. Esse panorama modificou-se com estudos em doença metastática e esquemas com base em cisplatina que evidenciaram ganho de sobrevida para aqueles pacientes submetidos a tratamento quimioterápico em comparação àqueles que receberam apenas suporte clínico2. Já os estudos sobre tratamento quimioterápico adjuvante nessa condição clínica iniciaram-se na década de 19703, apresentando resultados inicialmente desanimadores, até o surgimento da cisplatina. A metanálise publicada em 1995 foi a primei- 12150 ChymiOn5-2011.indd 4 03/08/11 14:55 ra evidência demonstrando benefício nesse panorama4. Outras drogas estudadas foram etoposídeo, ciclofosfamida, nitrosureias, doxorrubicina e vindesina. A vinorelbina, derivado semissintético da vinca, apresenta efeito citostático, por meio de ligação aos microtúbulos, provocando o rompimento do fuso mitótico durante a metáfase5. Será feita uma breve revisão sobre a utilização da vinorelbina no câncer de pulmão de células não pequenas. Estudos em doença metastática Há inúmeros estudos de vinorelbina em doença avançada, tanto em terapia isolada quanto em poliquimioterapia. Depierre, em seu estudo fase II, avaliou a vinorelbina em 78 pacientes, resultando 32,8% de respostas6. Entre nós, resultados semelhantes foram obtidos7. Seguiram-se estudos de vinorelbina em combinação. Lê Chevalier reportou que a associação com cisplatina8 produziu benefício em relação à monoterapia, com resposta de 30% versus 14% (p < 0,001) e com sobrevida média de 40 versus 31 semanas (p = 0,01). Esse mesmo esquema foi testado pelo Southwest Oncology Group (SWOG), em estudo randomizado comparado com cisplatina isolada, e os resultados também demonstraram superioridade, com taxas de resposta de 26% versus 12% e sobrevida média de 8 versus 6 meses (p = 0,018) a favor da associação das drogas9. Vinorelbina foi testada versus gencitabina na associação com carboplatina10. Houve semelhança entre os braços do estudo. O estudo TAX 326 comparou vinorelbina e cisplatina versus docetaxel e carboplatina. A associação de docetaxel e carboplatina mostrou maior sobrevida (11,3 versus 10,1 meses; p = 0,044) e maior resposta (31,6% versus 24,5%; p = 0,029) sem maior toxicidade11. A combinação de vinorelbina com gencitabina mostrou não inferioridade em relação aos esquemas com cisplatina, produzindo sobrevida mediana de 32 versus 38 semanas (p = 0,08), com menor toxicidade medular, gastrointestinal, entre outras, favorecendo em parte o uso de vinorelbina12. 12150 ChymiOn5-2011.indd 5 O estudo Flex14 demonstrou o benefício da quimioterapia paliativa (cisplatina e vinorelbina) em associação com cetuximabe quando comparado com quimioterapia isolada Estudo com esquema tríplice, envolvendo cisplatina, gencitabina e vinorelbina, foi comparado com cisplatina e gencitabina, sem vantagem terapêutica13. O estudo Flex14 demonstrou o benefício da quimioterapia paliativa (cisplatina e vinorelbina) em associação com cetuximabe quando comparado com quimioterapia isolada. O grupo que recebeu a combinação das três drogas teve maior sobrevida média (11,3 versus 10,1 meses com HR 0,87 e p = 0,044) e marcou a viabilidade da terapia anti-EGFR na primeira linha de tratamento do câncer de pulmão metastático. Estudos em adjuvância A metanálise de Stewart apresentada em 1995 analisou 52 estudos com 9.387 pacientes e mostrou benefício no uso de quimioterapia adjuvante à base de cisplatina3. Em doença localizada operável, houve ganho de 7% em dois anos naqueles pacientes submetidos à terapia adjuvante. 5 03/08/11 14:55 Ainda nessa metanálise houve estratificação para doença localmente avançada. Pacientes receberam radioterapia isolada ou combinada com quimioterapia. Resultados favoreceram o tratamento combinado, com HR: 0,90 (p = 0,006), ainda melhores naqueles submetidos à terapia baseada em platina, com HR: 0,87 (p = 0,005) e derivados da vinca (HR = 0,87 e p = 0,23). O estudo IALT confirmou os dados sugeridos pela metanálise. Foram randomizados 1.867 pacientes para três ou quatro ciclos de quimioterapia adjuvante baseada em platina versus cirurgia isolada15. Trinta e seis por cento da amostra era estádio I; 24%, estádio II; e 40%, estádio III. Note-se que vinorelbina foi oferecida a 27% da amostra, na dose de 30 mg/m2 semanal. O benefício absoluto em sobrevida global foi de 4,1% (p < 0,03) favorecendo o tratamento sistêmico. Análise de subgrupos mostra melhores resultados em pacientes mais jovens, boa performance-status, estádio III e doses de cisplatina não maiores que 100 mg/m2. 6 A vinorelbina é ativa no câncer de pulmão de células não pequenas, tanto em adjuvância quanto no tratamento paliativo, como terapia isolada ou poliquimioterapia, apresentando bom perfil de toxicidade 12150 ChymiOn5-2011.indd 6 Cisplatina associada à vinorelbina foi o único esquema permitido no estudo JBR 10, que comparou quimioterapia adjuvante versus cirurgia isolada16. A amostra foi de 482 pacientes, com grupos homogêneos. Os resultados favoreceram o tratamento combinado, com maior sobrevida livre de doença (HR = 0,60; p < 0,001) e sobrevida global. Esses valores representaram ganho absoluto de 15% de sobrevida em cinco anos. Quimioterapia adjuvante e histologia escamosa (p = 0,005) relacionaram-se com melhor prognóstico. Idade avançada (p = 0,001) e sexo masculino (p = 0,03) ofereceram pior prognóstico. Adjuvância com cisplatina e vinorelbina versus cirurgia foi também analisada no estudo ANITA (Adjuvant Navelbine International Trialist Association) 17, com 840 pacientes. Sobrevida média foi maior no grupo de tratamento combinado (65 versus 43 meses; HR = 0,80; p = 0,017), com ganho de 8,4% em sete anos de seguimento. Sobrevida livre de progressão foi maior no grupo que recebeu quimioterapia, com HR = 0,76 (p = 0,002). Da amostra total do estudo, 28% receberam radioterapia adjuvante. O benefício para radioterapia foi mais pronunciado nos pacientes com status linfonodal N2. A metanálise LACE (Life After Cancer Epidemiology), publicada em 2008, analisou em conjunto os estudos anteriormente citados e confirmou tais benefícios, com redução de risco de morte de 11% e benefício absoluto de 5,4% em cinco anos. Mostrou, ainda, que a toxicidade mais significativa foi neutropenia, com 28% sendo grau IV (sem referências à mortalidade específica)18. Conclusão A vinorelbina é ativa no câncer de pulmão de células não pequenas, tanto em adjuvância quanto no tratamento paliativo, como terapia isolada ou poliquimioterapia, apresentando bom perfil de toxicidade. As doses são bastante uniformes nos estudos, não ultrapassando 30 mg/m2 a cada sete dias. Doses mais elevadas relacionaram-se com toxicidade limitante, principalmente neutropenia e neuropatia14. 03/08/11 14:55 Referências 1) Jemal A, Bray F, Center MM, Ferlay J, Ward E, Forman D. Global cancer statistics. CA Cancer J Clin. 2011;61(2):69. 2) Rapp E, Pater JL, Willan A, Cormier Y, Murray N, Evans WK, et al. Chemotherapy can prolong survival in patients with advanced non-small-cell lung cancer — report of a Canadian multicenter randomized trial. J Clin Oncol. 1988;6:633-tl. 3) Adjuvant systemic therapy in resectable non-small cell lung cancer. 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Diante desse novo cenário, tornou-se necessária uma revisão sobre as condutas e os procedimentos terapêuticos 12150 ChymiOn5-2011.indd 11 nesse setor. No fim de 2010, foi anunciada no Instituto do Coração, em São Paulo, a publicação iminente da I Diretriz de Cardio-Oncologia, com a presença do ministro da Saúde, José Gomes Temporão. A iniciativa é uma parceria entre as Sociedades Brasileiras de Cardiologia e de Oncologia e o Instituto do Câncer de São Paulo. De acordo com Jadelson Andrade, coordenador de Normatizações e Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), esse documento, que traz um tema inédito em âmbito mundial e preenche uma lacuna de informação científica clara e acessível, foi elaborado para orientar os médicos sobre a melhor forma de prevenir, diagnosticar precocemente e tratar as complicações car- 11 03/08/11 14:56 diovasculares dos pacientes em tratamento de câncer. “O problema é que a quimioterapia pode afetar o sistema cardiovascular”, justifica. Andrade comenta que os quimioterápicos modernos melhoraram o tratamento do câncer com taxas de cura que não ocorriam no passado. Por isso, é necessário identificar as complicações cardiovasculares tardias do tratamento, lembrando que a quimio- 12 O primeiro passo para o desenvolvimento dessas diretrizes foi a criação da Sociedade Internacional de Cardio-Oncologia, em janeiro de 2009, tendo como objetivo unir a Cardiologia e a Oncologia para promover o cuidado adequado ao paciente oncológico 12150 ChymiOn5-2011.indd 12 terapia pode também levar ao agravamento de doenças preexistentes do coração e que se mantinham estáveis. O primeiro passo para o desenvolvimento dessas diretrizes foi a criação da Sociedade Internacional de Cardio-Oncologia, em janeiro de 2009, tendo como objetivo unir a Cardiologia e a Oncologia para promover o cuidado adequado ao paciente oncológico. De acordo com os autores do documento (que teve a coordenação editorial dos médicos Roberto Kalil, Fernando Bacal e Paulo Hoff ), que foi oficialmente publicado no volume 96 (número 2, suplemento 1) da Arquivos Brasileiros de Cardiologia, no início deste ano, a meta principal dessa fusão é promover a prevenção, o diagnóstico adequado e o tratamento das doenças cardiovasculares nesse grupo de pacientes, permitindo que estejam em condições ideais para receber o tratamento oncológico específico. A I Diretriz Brasileira de Cardio-Oncologia, que contou com a participação de 30 especialistas em sua elaboração, tem como metas: • Desmistificar a visão da doença cardíaca como uma barreira ao tratamento efetivo do paciente com câncer. • Prevenir e reduzir os riscos da cardiotoxicidade do tratamento. • Promover a interação das duas especialidades (Cardiologia e Oncologia) para obter a melhor estratégia terapêutica para o paciente, considerando riscos e benefícios do tratamento. • Propor a unificação de terminologias e definições das complicações cardiovasculares no paciente com câncer, com o objetivo de homogeneizar a assistência e a pesquisa. • Divulgar as evidências disponíveis em relação às complicações cardiovasculares no paciente oncológico. • Disseminar recomendações práticas para a monitorização da função cardiovascular antes, durante e após o tratamento do paciente. • Estimular a pesquisa e o conhecimento na área de cardio-oncologia. A diretriz inclui a discussão da relação dos quimioterápicos cardiotóxicos e os tipos de problemas que podem causar, além de formas de tratamento para casos de indivíduos de maior risco ou para os que desenvolverem um problema no coração em função do tratamento contra o câncer. Na opinião de Fernando Bacal, presidente do Departamento de Insuficiência Cardíaca da SBC e professor livre-docente da Universidade de São Paulo (USP), os pacientes que têm mais risco são, em geral, os que 03/08/11 14:56 O ecocardiograma tem sido a opção mais utilizada em razão de baixo custo, fácil acesso e caráter não invasivo tomam doses elevadas de quimioterápicos, os que fazem radioterapia simultaneamente ao tratamento quimioterápico, as mulheres e os portadores de doenças cardiovasculares prévias. Nesse contexto, ele explica que a diretriz sugere novas formas de abordagem, tanto para a prevenção quanto para o tratamento do problema cardiovascular instalado. Cardiotoxicidade e desdobramentos Com os avanços promovidos pelos tratamentos quimioterápicos, os médicos e pesquisadores começaram a identificar indivíduos com disfunção miocárdica pós-quimioterapia em função da cardiotoxicidade. A diretriz explica que, nas últimas duas décadas, as definições de cardiotoxicidade dos ensaios clínicos de oncologia são baseadas nas medidas da fração de ejeção do ventrículo esquerdo (FEVE). O Instituto Nacional de Saúde (NIH) define cardiotoxicidade segundo a FEVE: • Grau I: redução assintomática da FEVE entre 10% e 20%. • Grau II: redução da FEVE abaixo de 20% ou abaixo do normal. • Grau III: insuficiência cardíaca sintomática. Além disso, a cardiotoxicidade pode se apresentar de forma aguda, 12150 ChymiOn5-2011.indd 13 subaguda ou crônica. Um dos mecanismos pelos quais o fármaco causa problemas é pela alteração na liberação de radicais livres, com o envolvimento da enzima superóxido dismutase. A alteração leva a um processo de fibrose e apoptose, provocando o enfraquecimento do músculo cardíaco (cardiomiopatia). A radioterapia na região torácica, realizada no tratamento do câncer de mama, é um fator de risco adicional para cardiotoxicidade, especialmente quando combinada à quimioterapia. A agressão miocárdica com disfunção ventricular sistólica e insuficiência cardíaca destaca-se por sua maior frequência e gravidade entre os efeitos adversos dos quimioterápicos no sistema cardiovascular. A presença dessa complicação pode determinar interrupção do tratamento quimioterápico e comprometer a cura ou o adequado controle do câncer. Os autores da diretriz ressaltam que a insuficiência cardíaca tem pior prognóstico que muitas neoplasias e pode comprometer seriamente a evolução do paciente em tratamento. As medicações que determinam lesões irreversíveis são classificadas como agentes tipo I (antraciclinas, agentes alquilantes), e aquelas que não determinam destruição celular irreversível são os agentes tipo II (trastuzumabe, sunitinibe, lapatinibe). As manifestações e a fisiopatologia da cardiotoxicidade dependem do tipo do agente. Prevenção e identificação da cardiotoxicidade A avaliação inicial dos pacientes oncológicos submetidos à quimioterapia cardiotóxica tem por metas excluir indivíduos com evidências clínicas, laboratorial e radiológica de insuficiên- Os autores da diretriz ressaltam que a insuficiência cardíaca tem pior prognóstico que muitas neoplasias e pode comprometer seriamente a evolução do paciente em tratamento 13 03/08/11 14:56 cia cardíaca congestiva (IC) antes do início do tratamento quimioterápico, identificar pacientes com redução da fração de ejeção, associada a sintomas ou não, durante a quimioterapia. É fundamental o diagnóstico da IC para evitar piora na qualidade de vida e aumento do risco de mortalidade dos pacientes. Os sinais e sintomas de insuficiência cardíaca são importantes para o diagnóstico. No entanto, muitas vezes podem ser semelhantes às complicações do próprio câncer. Por isso, exames complementares são indicados nesse processo. O ecocardiograma tem sido a opção mais utilizada em razão de baixo custo, fácil acesso e caráter não invasivo. Além disso, permite avaliar não só a função sistólica, como também a função diastólica, as val- vas cardíacas e o pericárdio. Também são necessárias a avaliação e a quantificação da função ventricular por métodos de imagem antes do início da quimioterapia cardiotóxica. Essa mensuração deve ser feita por meio do ecodopplercardiograma ou da ventriculografia radioisotópica. A biópsia é um método altamente sensível e específico, no entanto seu uso tem sido desencorajado, não só por seu caráter invasivo e pelos riscos associados, mas também pela alta acurácia obtida pelos métodos de imagem na avaliação da função cardiovascular. A toxicidade cardiovascular pode ser verificada em eventos pré-clínicos e clínicos. A cardiotoxicidade pré-clínica pode ser identificada por técnicas bioquímicas (dosagem de troponina ou de BNP) ou histopato- lógicas (biópsia endomiocárdica). Já a cardiotoxicidade clínica pode se manifestar de formas diversas. Os biomarcadores cardioespecíficos também vêm sendo apontados como ferramenta útil na identificação precoce de lesão cardíaca por quimioterápicos e acompanhamento dos pacientes oncológicos. Referências I Diretriz de Cardio-Oncologia. Arq Bras Cardiol. 2011;96(2)supl 1. Disponível em: http:// publicacoes.cardiol.br/consenso/2011/diretriz_cardio_oncologia.pdf Jones F. Iniciativa pioneira. Disponível em: http:// www.revistapesquisamedica.com.br/portal/ textos.asp?codigo=11816. Sociedade Brasileira de Cardiologia. Lançada I Diretriz de Cardio-Oncologia. Jornal SBC. Set/Out 2010;101. Estados Unidos estão interessados na publicação do documento A 14 iniciativa das Sociedades Brasileiras de Cardiologia e de Oncologia e do Instituto do Câncer de São Paulo para a elaboração da I Diretriz de Cardio-Oncologia já está repercutindo fora do Brasil. O documento também deverá ser publicado nos Estados Unidos em função de sua excelência científica e pela importância prática entre os médicos norte-americanos. 12150 ChymiOn5-2011.indd 14 O chefe do serviço de miocardiopatias do MD Anderson Cancer Center, Jean Bernard Durand, demonstrou interesse em participar da I Diretriz de Cardio-Oncologia, visando a estabelecer o projeto de sua publicação nos Estados Unidos. Durante sua presença no Brasil, durante o 65o Congresso Brasileiro de Cardiologia, em que foi o palestrante da sessão “Efeitos da Quimioterapia no Coração”, o corpo editorial da nova diretriz, sob a coordenação de Roberto Kalil, Fernando Bacal (presidente do Grupo de Estudos em Insuficiência Cardíaca, recém-promovido a departamento) e Paulo Hoff, aproveitou a oportunidade para estreitar o contato com o grupo norte-americano, que é especializado no tratamento e na pesquisa do câncer. 03/08/11 14:56 Farmacêuticos brasileiros participam do 4o International Oncology Meeting (IOM) em Salzburg (Áustria) Annemeri Livinalli Farmacêutica coordenadora na farmácia do Grupo em Defesa da Criança com Câncer (Grendacc), vice-presidente de desenvolvimento técnico-científico da Sociedade Brasileira de Farmacêuticos em Oncologia (Sobrafo), secretariat member of International Society of Oncology Pharmacy Practitioners (ISOPP), membro da American Society of Clinical Oncology (ASCO) CRF-SP 25.690 A conteceu em Salzburg (Áustria), em 21 de maio o 4o International Oncology Meeting for Pharmacists promovido pelo laboratório Sandoz — oncology injectables, unidade localizada em Unterach, na Áustria. O evento contou com a participação de aproximadamente cem profissionais dos continentes europeu e asiático e, pela primeira vez, farmacêuticos brasileiros tiveram a oportuni- 12150 ChymiOn5-2011.indd 15 dade de estar presentes nesse evento, conhecendo a realidade de outros serviços e colegas de profissão de outros países. Os farmacêuticos que estiveram presentes eram de diversas regiões do Brasil, atuando em vários segmentos (privado/público) e com tempo de experiência em oncologia também diferente. Isso proporcionou um ambiente excelente para troca de experiências, esclarecimento de dúvidas e muito compartilhamento do conhecimento. 15 03/08/11 14:56 Membros da ISOPP (esquerda para a direita): Annemeri (Brasil), Carole Chambers (Canadá), Johan Vandenbroucke (Bélgica), Robert McLauchlan (Austrália), Alexandre Chan (Singapura). 16 O grupo de brasileiros contou com a presença da farmacêutica Barbara Delano Cruz Fonseca, que trabalha no Instituto Mario Penna, em Belo Horizonte; o farmacêutico Fabiano H. Pombo, que trabalha no COI (Clínicas Oncológicas Integradas), no Rio de Janeiro; João Seratiuk, que é farmacêutico no Hospital das Clínicas em Curitiba; e Valéria Armentano dos Santos, farmacêutica no Centro de Oncologia e Hematologia do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, e também com minha presença, coordenadora da farmácia no Grupo em Defesa da Criança com Câncer (Grendacc) em Jundiaí e vice-presidente de Desenvolvimento Técnico-Científico da Sociedade Brasileira de Farmacêuticos em Oncologia (Sobrafo). Todos voltaram para suas atividades no dia 23 de maio com a mesma opinião: o evento foi muito produtivo e acrescentou conhecimento a todos. Além da participação no evento, o grupo ainda teve a oportunidade de conhecer a unidade de injetável de oncologia localizada em uma cidade próxima a Salzburg chamada Unterach. A empresa, até o ano passado, pertencia à corporação Ebewe e foi adquirida pelo Laboratório Sandoz, que, no momento, está investindo em uma grande área de injetáveis com 12150 ChymiOn5-2011.indd 16 equipamentos modernos e tecnologia de ponta para dar continuidade à produção e ampliá-la ainda mais diante do mercado já existente. A visita à fábrica incluiu, além dos farmacêuticos brasileiros, profissionais de outros países, totalizando cerca de 50 visitantes. Todos tiveram a oportunidade de conhecer a área antiga de produção de injetáveis que ainda está ativa. No local, os responsáveis nos apresentaram a área de embalagem, lavagem dos frascos de vidro, verificação da presença de partículas nos frascos e ampolas, além da produção propriamente dita. Em cada local visitado, o responsável nos explicava cada etapa executada na área e esclarecia todas as dúvidas que surgiam, tornando a visita bem dinâmica. Ao final, o grupo de brasileiros se demonstrou muito satisfeito com o que viu, em especial com a novidade em segurança de embalagem — o Onco-Safe® —, uma forma de minimizar a exposição ocupacional dos profissionais envolvidos no recebimento, no armazenamento e na manipulação de antineoplásicos e evitar danos maiores no momento de uma queda de frasco acidental, visto que a embalagem Onco-Safe® é feita de plástico, e o frasco de vidro encontra-se em seu interior. A programação elaborada pela International Society of Oncology Pharmacy Practitioners (ISOPP) teve como tema central “as dimensões das considerações de segurança na prática farmacêutica em oncologia”, procurou reforçar algumas informações de que já temos conhecimento, mas que continuamente passam por atualização, e apresentou algumas novidades. Inicialmente foi abordada a questão da contaminação do ambiente de trabalho, os sistemas fechados para manipulação e a minimização da contaminação dos frascos na parte externa, tema que vem sendo continuamente abordado no congresso da ISOPP e cada vez mais são publicados resultados que demonstram essa contaminação externa e o risco que pode representar não apenas ao manipulador, mas a qualquer pessoa que entre em contato continuamente com esses frascos. Por conta dessa contaminação já comprovada, alguns fabricantes de medicamentos antineoplásicos, entre eles a 03/08/11 14:56 Sandoz, já incluíram em suas rotinas de produção a lavagem do frasco na parte externa após o envase. Seguindo ainda a mesma linha de pensamento de minimização da contaminação do ambiente e do profissional envolvido no preparo dos medicamentos antineoplásicos em clínicas e hospitais, o farmacêutico David Leonard apresentou sua experiência com a manipulação robotizada. Tema ainda muito recente, mas muito promissor do ponto de vista de praticidade e segurança, porém um pouco distante de nossa realidade por conta do custo elevado para obtenção do equipamento. A presença da especialista em questões humanas Rachel White nos desafiou a lembrarmos, aceitarmos e analisarmos nossas falhas humanas. De modo muito lúdico, Rachel apresentou situações de erros que ocorreram por falhas humanas e que resultaram em óbito e o que pode ser feito em nosso dia a dia para minimizar situações como as apresentadas por ela. No período da tarde, os farmacêuticos e membros da ISOPP, Alexandre Chan e Robert McLauchlan, abordaram a segurança na dispensação e as toxicidades relacionadas ao uso dos agentes antineoplásicos por via oral. Thomas H. Connor, representando o National Institute for Occupational Safety and Health (NIOSH), teve como tema de sua palestra a pergunta: “Devem os anticorpos monoclonais ser considerados perigosos?”. Esse é um importante tema a ser discutido, visto que se trata de medicamentos recentes, introduzidos no arsenal terapêutico há pouco mais de dez anos, e que por conta de sua origem e sua denominação deixam dúvidas sobre a real necessidade de manipulá-los com os mesmos cuidados utilizados no preparo de antineoplásicos citotóxicos. O NIOSH tem publicado diversos materiais na tentativa de auxiliar os profissionais no entendimento da questão da biossegurança. No ano passado publicaram uma lista divulgando quais medicamentos devem ser considerados perigosos e cumprir com rigor as recomendações da manipulação. Essa lista pode ser acessada no site http:// www.cdc.gov/niosh/docs/2004-165. No momento, tal lista encontra-se em fase de revisão para atualização em 2012. Conforme o grupo acessa novos artigos com resul- 12150 ChymiOn5-2011.indd 17 Grupo de farmacêuticos do Brasil (da esquerda para a direita): Annemeri, Mayra, Valéria, Barbara, João e Fabiano. A presença da especialista em questões humanas Rachel White nos desafiou a lembrarmos, aceitarmos e analisarmos nossas falhas humanas 17 03/08/11 14:56 O questionário desenvolvido para 2011 é mais complexo e abrange todas as etapas envolvidas com os medicamentos antineoplásicos, desde o recebimento e armazenamento até o momento da prescrição, manipulação e administração propriamente dita 18 tados sobre contaminação e riscos, certos medicamentos entram na lista ou saem dela. O farmacêutico Philip Johnson encerrou o evento apresentando a nova ferramenta que o Institute for Safe Medicine Practice (ISMP) desenvolveu em parceria com profissionais de diversos continentes, incluindo o Brasil, representado pela Sobrafo, e que auxiliará os serviços que atuam em oncologia a identificarem seus pontos fracos e fortes. Com o resultado dos questionários, o ISMP fará a divulgação destes, assim como ocorreu em 2008, e as recomendações necessárias conforme o panorama identificado. O questionário aplicado em 2008 contou com a participação de 377 profissionais de 34 países e com o apoio de sociedades de oncologia (ISOPP, Hematology/Oncology Pharmacy Association [HOPA]). O objetivo desse questionário foi avaliar o quanto as instituições estavam cumprindo com algumas normas de segurança já publicadas por órgãos como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o próprio ISMP. Naquele momento 12150 ChymiOn5-2011.indd 18 foi possível avaliar os cuidados empregados na prevenção do uso impróprio de vincristina por via intratecal na prescrição dos medicamentos, como evitar o uso de abreviaturas e os cuidados na manipulação de medicamentos de uso oral. O questionário desenvolvido para 2011 é mais complexo e abrange todas as etapas envolvidas com os medicamentos antineoplásicos, desde o recebimento e armazenamento até o momento da prescrição, manipulação e administração propriamente dita. Com base nas recomendações já publicadas, o questionário permitirá a cada serviço identificar o quanto está cumprindo com as recomendações e fornecerá ao ISMP dados que direcionarão as ações de melhoria. Durante o almoço, Phil conversou com a gerente de produtos oncológicos da Sandoz, Mayra Figueiredo, e propôs uma parceria para a distribuição dos questionários. No momento estes se encontram em fase de revisão final, passarão por um “piloto”, sendo aplicados em cinco instituições, e posteriormente serão disponibilizados on-line para preenchimento. A Sobrafo será responsável pela divulgação deles no Brasil. Para facilitar o preenchimento e melhorar a adesão, já se solicitou que sejam traduzidos para o português, visto que no momento se encontram em inglês. Finalizando o dia do evento, todos os participantes foram locomovidos para o palácio Hellbrunn, para confraternizarem durante um jantar oferecido pelo laboratório Sandoz. A oportunidade foi muito valorosa para todos que lá estiveram presentes e que com certeza gostariam de repeti-la. A cidade de Salzburg tem toda a beleza europeia para oferecer a seus visitantes o prazer de caminhar pela história; o Salzburg Congress, local onde foi realizado o evento, ofereceu todo o conforto e a comodidade necessários aos participantes, e a Sandoz proporcionou a oportunidade de conhecer in loco a produção da linha de medicamentos oncológicos injetáveis em Unterach. Tudo isso em apenas três dias! Nosso agradecimento especial à gerente de produto Mayra Figueiredo e ao diretor Marco Flavio Dias da Silva que gentilmente nos proporcionaram a participação no evento e foram excelentes anfitriões. 03/08/11 14:56 Comitê executivo global da Sandoz visita o Brasil Membros da comitiva do SEC Global visitam o Centro de Combate ao Câncer, dirigido pelo Dr. Cid Gusmão. E Executivos foram recebidos pelos médicos Cid Buarque de Gusmão e Durval Damiani ntre os dias 23 e 25 de maio, a Sandoz Brasil recebeu a visita de todos os membros de seu Comitê Executivo Global, como parte de uma agenda de viagens aos países emergentes, o famoso Bric (Brasil, Rússia, Índia e China). Durante a estada no Brasil, Jeff George, principal executivo mundial da Sandoz, e os membros da diretoria global puderam interagir com diversos públicos como colaboradores, clientes, médicos e especialistas, empresários do setor e jornalistas. Uma das atividades do grupo foi visitar o Centro de Combate ao Câncer (CCC), clínica especializada em procedimentos ambulatoriais e aplicações quimioterápicas. Dirigido pelo Dr. Cid Buarque de Gusmão, foi a primeira clínica oncológica a receber a Accreditation Canada, cujo programa é reconhecido como um dos melhores do mundo. Além disso, o CCC também recebeu a Acreditação Plena Nível 3, concedida somente para instituições que estão dentro dos padrões de excelência. O diretor médico, que também acumula as funções de Presidente do Instituto Brasileiro de Pesquisa em Câncer (IBPC), Vice-Presidente da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) e Coordenador do Departamento de Oncologia e Hematologia do Hospital 9 de Julho em São Paulo, foi quem recebeu a comitiva. Dr. Gusmão conversou com os executivos e comentou sobre as expectativas dele e de seus pares em relação à Sandoz, oferecendo um panorama bastante relevante acerca do cenário da 12150 ChymiOn5-2011.indd 19 oncologia nacional. Ele discorreu também sobre o mercado profissional, sobre a relação entre as clínicas e os convênios médicos, sobre novos fármacos antineoplásicos e sobre os protocolos de tratamento atualmente preconizados. Outro item que fez parte da pauta foi conhecer o Instituto da Criança, localizado no complexo do Hospital das Clínicas, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP). O grupo foi recebido pelo Prof. Dr. Durval Damiani, que também é Chefe da Unidade de Endocrinologia Pediátrica, do Instituto da Criança do HC-FMUSP. Ele conduziu a visita e explicou sobre o funcionamento de um dos maiores centros públicos de tratamento no País. O grupo também visitou o Ambulatório de Endopediatria, onde o Prof. Dr. Damiani descreveu a dinâmica de atendimento aos pacientes. A agenda da visita contemplou diversas reuniões que deram aos membros da diretoria global maior discernimento para entender o mercado do Brasil e as necessidades dos clientes por intermédio de apresentações dos executivos brasileiros, encontros com os formadores de opinião e com alguns clientes, como farmácia e distribuidor. “A Sandoz acredita no potencial do Brasil e dá todo o apoio necessário para a organização ser bem-sucedida aqui. O Brasil é muito importante para o crescimento da Sandoz no mundo. Somos uma empresa de alta performance, excelentes profissionais e que coloca o cliente no centro das atenções. Esta é a cultura que queremos pulsando no coração de cada colaborador”, enfatizou George. 19 03/08/11 14:56 Pesquisa e assistência multidisciplinar são diferenciais do MD Anderson Por Stella Galvão 20 O MD Anderson Cancer Center é considerado o hospital top dos 39 National Cancer Institutes dos Estados Unidos e o maior hospital oncológico do mundo, uma referência em novas investigações tumorais e equivalentes 12150 ChymiOn5-2011.indd 20 P esquisas básicas e aplicadas que redimensionam rumos diagnósticos e terapêuticos na área oncológica são rotina no MD Anderson Cancer Center, do Centro Médico da Universidade do Texas, em Houston, considerado o hospital top dos 39 National Cancer Institutes dos Estados Unidos e o maior hospital oncológico do mundo, uma referência em novas investigações tumorais e equivalentes. Uma pesquisa concluída resultou em pronta divulgação em um dos periódicos de maior prestígio. Os especialistas da instituição observaram que o estresse desencadeia um efeito dominó capaz de acelerar o desenvolvimento de células malignas no organismo. A equipe comandada pelo oncologista Anil Sood injetou células cancerosas em camundongos. Eles, então, observaram como a doença evoluía entre as cobaias estressadas e aquelas poupadas de situa- 03/08/11 14:56 ções de tensão. O câncer ainda se espalhou pelo fígado e pelo baço nos animais estressados. Sood explicou, então, que o estresse crônico aumenta a quantidade de hormônios adrenérgicos, que se unem a receptores nas células do tumor, acelerando o surgimento dos vasos sanguíneos que o alimentam para crescer. Tal descoberta foi publicada em maio deste ano na prestigiada revista inglesa Nature Medicine, cujo teor interessa a milhões de pessoas que tentam lidar diaria- 12150 ChymiOn5-2011.indd 21 mente com o estresse crônico das grandes cidades. No Brasil, a instituição norte-americana fechou parceria com centros oncológicos de referência como o Albert Einstein e o Hospital A. C. Camargo. Tal modelo de vínculo permite que pacientes brasileiros sejam avaliados a distância ou in loco por especialistas da instituição de oncologia mais prestigiada em todo o mundo, não sem razão atraindo pacientes de vários países. Em sua maioria, os novos pacientes No Brasil, a instituição norte-americana fechou parceria com centros oncológicos de referência como o Albert Einstein e o Hospital A. C. Camargo 21 03/08/11 14:56 são tratados atendendo a uma visão multidisciplinar na abordagem da doença. Cada seção é destinada a tratar determinado tipo de câncer, visando a esgotar as possibilidades terapêuticas com base nas pesquisas em andamento, inclusive dentro do MD Anderson. São oncologistas, cirurgiões, radiologistas, e há várias outras especialidades dentro do espectro oncológico. Especialistas nômades 22 Uma das políticas da instituição que ajuda a ampliar seu prestígio na comunidade oncológica internacional no meio científico consiste em disponibilizar seu corpo de médicos de maior prestígio para participar de simpósios, conferências e mesas-redondas ao redor do mundo. O médico Moshe Frenkel, diretor do Programa de Medicina Integrativa do MD Anderson, veio recentemente ao Brasil para falar da importância estratégica, especialmente para os pacientes com baixa viabilidade terapêutica, dos cuidados paliativos oncológicos. Não à toa, o MD Anderson se tornou expoente na combinação do que há de melhor no tratamento convencional do câncer com as técnicas que abrandam as dores e os temores impossíveis de tratar com quimioterapia e outras abordagens tradicionais. 12150 ChymiOn5-2011.indd 22 Não à toa, o MD Anderson se tornou expoente na combinação do que há de melhor no tratamento convencional do câncer com as técnicas que abrandam as dores e os temores impossíveis de tratar com quimioterapia e outras abordagens tradicionais 03/08/11 14:56
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