7 A IDEOLOGIA ORGANIZACIONAL E SEU REFLEXO NAS
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7 A IDEOLOGIA ORGANIZACIONAL E SEU REFLEXO NAS
7 ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN 2359-0645 A IDEOLOGIA ORGANIZACIONAL E SEU REFLEXO NAS POLÍTICAS DE RECURSOS HUMANOS (THE ORGANIZATIONAL IDEOLOGY AND ITS REFLECTION ON THE HUMAN RESOURCES POLICIES) JESSICA FRANCIANE FARIA a; CARLOS BUZETTO b a Faculdade de Agudos – FAAG – Agudos/SP, Brasil. [email protected] b Orientador na elaboração do Artigo Científico [email protected] O objeto de estudo do presente trabalho é a Ideologia Organizacional e seu reflexo nas Políticas de Recursos Humanos. Tendo como base o livro “Os deuses da Administração” de Charles Handy (1994) que faz alusão das ideologias com os deuses da Grécia antiga, o artigo faz uma explanação dos tipos de ideologia, compreendendo que nas organizações encontram-se todos eles, porém estas são direcionadas por uma Ideologia predominante, contudo pode-se ver que ao ponto que os colaboradores têm em mente outra ideologia como preferência, ambas se fundem de forma a nortear os interesses coletivos, harmonizando-se com a identidade expressa por elas. Através de um estudo de caso em uma Instituição de Ensino, com a finalidade identificar a Ideologia e conhecer as Políticas de Recursos Humanos de uma Instituição de Ensino Superior, pode-se observar a forma como a Ideologia influencia na construção e manutenção dessas políticas. Palavras-chaves: Cultura Organizacional, Ideologia Organizacional, Políticas de RH. The Object of Study of the Present Work and Organizational Ideology and Its Reflection on the Human Resources Policies. According to the The Book "The Gods of Management" by Charles Handy (1994) that makes allusion Ideologies with The Gods of Ancient Greece, this article does an explanation of ideology types, comprising that on organizations found all eels, however these are directed by a predominant ideology, but we see the point of it is the Employees have in mind another ideology as preference both merge in order to guide the collective interests, harmonizing with an identity expressed for them. Through a case study with a purpose to identify an ideology and experience as Human Resources Policies of a higher education institution, it’s possible to observe a way as an ideology influences in construction and maintenance of these policies. Keywords: Organizational Culture, Organizational ideology, of HR policies. 1 INTRODUÇÃO De acordo com Faria (2010) da mesma forma que cada país tem sua cultura, as organizações se caracterizam por possuírem culturas específicas - a chamada cultura 8 ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN 2359-0645 organizacional ou cultura corporativa. Para se conhecer uma organização, o primeiro passo é conhecer sua cultura, pois a Cultura Organizacional tem em seu papel homogeneizar as diversas culturas de forma a caminhar para o objetivo comum. A cultura corporativa dá aos membros da empresa uma identidade organizacional através do compartilhamento de normas e valores de forma a moldar o comportamento dos colaboradores, facilitando o compromisso coletivo diante do propósito comum. Para Robbins (2004) a cultura organizacional é um sistema de valores compartilhados entre os membros que difere uma organização da outra, dessa forma tem-se que a Cultura também atua como diferencial competitivo. Em seu livro Schein (2001) lembra que atualmente, existe uma abundância de evidências na influência da cultura corporativa no desempenho da empresa; de forma a saber que os líderes precisam de conceitos e ferramentas para trabalhar a cultura de formas variadas e sutis. Já Handy (1978) enuncia que nas organizações, há crenças estabelecidas acerca da forma pela qual o trabalho deve ser organizado, como a autoridade deve ser exercida, as pessoas recompensadas e controladas”. De acordo com Harrison (1972) uma ideologia organizacional tende a ser internamente viável quando as pessoas recebem incentivos e satisfações que recompensem o bom desempenho e tende a ser externamente viável quando a organização premia as mesmas habilidades, valores e motivações. Uma vez que Aquino (1980) analisa que a administração de Recursos Humanos é um desafio de todas as empresas interessadas em aumentar a produtividade da mão de obra e em colaborar com melhores condições de trabalho para o quadro de pessoal, as Políticas de Recursos Humanos são ferramentas que permitem à organização um alinhamento entre cultura, ideologia e as normas e regras a serem seguidas de forma que os colaboradores possam conhecê-las e melhor as assimilar. Dessa forma vê-se as Políticas de Recursos Humanos como uma base para o conhecimento e adaptação colaboradores a empresa, de forma a nortear suas ações. Diante do exposto até o presente depara-se com a situação problema que remete a seguinte questão: qual a influência de determinada ideologia nas políticas de recursos humanos de uma organização? 1.1 OBJETIVOS 9 ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN 2359-0645 1.1.1 OBJETIVO GERAL O presente artigo pretende identificar a influência da ideologia organizacional nas políticas de recursos humanos de uma organização. 1.1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Os objetivos específicos são os que se seguem: • Abordar os quatro tipos de ideologias identificadas por Handy; • Identificar a cultura e ideologia predominante; e • Analisar a influência da cultura e ideologia nas políticas de recursos humanos. 1.2 METODOLOGIA Para a elaboração do presente artigo, explorando o tema relacionado à luz de conceituados pesquisadores da área, utilizou-se pesquisa de caráter exploratóriodescritivo e qualitativo, tendo por objetivo proporcionar maior entendimento sobre o tema apresentado. De acordo com Ronchi (2004): “A pesquisa qualitativa se caracteriza pelo aspecto exploratório, na qual o pesquisador irá buscar dentro de determinado ambiente social as respostas para seus questionamentos. Os métodos qualitativos apresentam um enfoque indutivo, partindo do estudo de um caso específico para uma tentativa de generalização. Muitas vezes, o pesquisador poderá não encontrar respostas, mas novos problemas, o que torna a pesquisa qualitativa flexível, na medida que estes estão em constante evolução.” (RONCHI, 2004, p. 108). De Acordo com Godoi (2006) o estudo de caso, favorece o engajamento do pesquisador com o cotidiano da administração, proporcionando uma compreensão profunda e ao mesmo tempo ampla e integrada da realidade das organizações. Para a análise do ambiente corporativo e Ideologia organizacional utilizou-se de pesquisa de campo através de questionário aplicado em uma Instituição de Ensino Superior no interior de SP. Dessa forma utilizou-se da pesquisa de campo, com questionários aplicados aos 10 ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN 2359-0645 colaboradores da organização estudada, e através da observação direta e pessoal fez-se o levantamento das políticas de RH, buscando sempre enfatizar e afirmar os dados levantados na pesquisa bibliográfica. 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A organização como um sistema de significados comuns compartilhados entre os empregados implica o reconhecimento das crenças e percepções de cada um sobre a empresa. Dessa maneira, estrutura organizacional, regras, políticas, objetivos, metas, missões, descrições de cargos e procedimentos operacionais padronizados desempenham, semelhantemente, funções interpretativas em cada empregado, de acordo com suas percepções e julgamentos (COELHO, 2003). A participação de todos fortalece as decisões, mobiliza forças e gera o compromisso geral com os resultados, ou seja, a responsabilidade por atingir as metas e objetivos. Uma das funções da cultura é fortalecer a missão da empresa e esta, deve assegurar que os colaboradores estão conscientes quanto à importância de suas atividades. Conhecer a Cultura predominante na organização e reconhecer sua Ideologia remete os colaboradores a um objetivo comum, de forma que todos venham a compreender o seu papel no ciclo produtivo, no ambiente interno e seus reflexos no ambiente externo. 2.1 A CULTURA ORGANIZACIONAL Os estudos sobre a cultura organizacional estão em pauta na literatura mundial, sendo visto sempre como um tema atual e relevante na explicação do funcionamento das instituições e na compreensão do comportamento humano em situação de trabalho. KILMANN ET ALL (1985, p. 5) descreve que “cultura pode ser definida como as filosofias, ideologias, valores, pressupostos, crenças, expectativas, atitudes e normas compartilhadas, que mantêm a comunidade junta.” Para Schein a cultura: “É o conjunto de pressupostos básicos que um grupo inventou, descobriu ou desenvolveu ao aprender como lidar com os problemas de adaptação externa 11 ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN 2359-0645 e integração interna e que funcionaram bem o suficiente para serem considerados válidos e ensinados a novos membros como a forma correta de perceber, pensar e sentir em relação a esses problemas.” (SCHEIN, 1992, p.9). O conceito de cultura organizacional dá as pessoas um senso de como se comportar e o que convém ser feito (SCHWARTZ; DAVIS, 1981). De acordo com FEIGENBAUM (1994), uma considerável parte do processo de aprendizagem como atitudes, conhecimentos e habilidades acontece de forma bastante informal, através da experiência vivenciada. SROUR (1998, p. 174) expõe que “a cultura é aprendida, transmitida e partilhada. Não decorre de uma herança biológica ou genética, porém resulta de uma aprendizagem socialmente condicionada”. Christensen e Gordon (1999) definem que a: “Cultura pode ser representada por práticas disseminadas e consistentes. Isso se baseia nos seguintes argumentos: se práticas reportadas são consistentes em todos os diferentes níveis, devem ter uma origem que permeie toda a companhia. Tal origem pode ser nas as crenças dos fundadores, na cultura nacional, nas pressões da indústria. Se cultura consiste de pressupostos e crenças de como gerir e como competir, seria estranho não encontrar práticas amplamente empregadas que advenham de tais crenças. Ações são baseadas em o que as pessoas acreditam ser a melhor coisa a fazer em dada circunstância.” (CHRISTENSEN; GORDON, 1999; p. 265). Dessa forma tem-se que o trabalho em equipe requer mais que bons trabalhadores, é preciso que se conheça a organização, seus preceitos, metas e objetivos. Diante disso há a importância de que a Cultura Organizacional seja conhecida e amplamente divulgada para que os colaboradores possam assimilar no dia a dia o seu papel na organização tomando conhecimento de quão significativo ele é para o sucesso da empresa. Conforme identifica Daft (2002, p. 293) “a cultura proporciona aos membros da organização um senso de identidade organizacional e gera um comprometimento com crenças e valores que são maiores que os próprios membros da organização”. Para Sá (2009) o que se diz ser “cultura organizacional” na verdade são discursos, práticas e ideias engendradas por componente ideológico inerente a atividade empresarial. Sá (2009) ainda diz que cultura é um aprendizado compartilhado e identitário, e o que realmente ocorre nas organizações seria uma ideologia corporativa e não manifestações culturais. A cultura, em outras palavras, proporciona elementos que dão sentido e 12 ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN 2359-0645 estruturam o ambiente organizacional (TAMAYO, 1997). Assim temos que o conceito de cultura organizacional dá as pessoas um senso de como se comportar e o que convém ser feito (SCHWARTZ; DAVIS, 1981). Compreende-se então que a cultura é a bússola que direciona os colaboradores na direção dos objetivos da empresa, norteando suas decisões e ações constantemente. 2.2 CULTURA E IDEOLOGIA De acordo com Seifert (2015) a palavra ideologia é um substantivo que, a despeito de sua polissemia, é comumente atribuído para representar sistemas de ideias que apresentam características específicas. As ideologias traduzem “as experiências, significados, valores e compreensões associados ao meio ambiente, que são aprendidos e compartilhados, e que se expressam, se reproduzem e são comunicados, de forma simbólica” (ALVESSON, 1993, p.3). HARRISON (1972) nos remete à afirmativa de que uma ideologia organizacional, obviamente, tem um efeito profundo na eficácia da organização. Ela determina como as decisões são tomadas, os recursos humanos são utilizados, e o ambiente externo é abordado. De acordo com Allen (1998) ideologia define o caráter permanente de uma organização – uma identidade coerente que transcende modismos gerenciais ou lideranças individuais, persistindo como fonte de orientação e inspiração, sendo a contribuição mais duradoura e expressiva na construção da empresa. Para Harrison (1972) uma ideologia organizacional, no entanto, é mais do que um conjunto de prescrições e proibições, também estabelece uma justificação para o "fazer" e "não". Esse raciocínio explica o comportamento dos membros de uma organização. Segundo Ronchi (2004) uma das primeiras pesquisas sobre cultura foi o estudo de Roger Harrison, que propôs, em 1972, um modelo com quatro ideologias organizacionais. Nessa época o autor ainda utilizou o termo ideologia. Handy (1978) adaptou a tipologia de ideologias organizacionais de Harrison adotando o termo “cultura” ao invés do termo “ideologia”. Handy (1994) afirma não haver ideologias certas ou erradas, porém adaptadas ao ambiente e às circunstâncias que as cercam. Dificilmente pensamos em uma 13 ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN 2359-0645 organização sem objetivos comuns, valores ou compromissos compartilhados entre seus membros. As pessoas tendem a formar uma identidade organizacional comum, de acordo com a missão da empresa, proporcionando, assim, coerência às atividades e tarefas (COELHO, 2003). Tendo que Cultura e Ideologia se assemelham por serem as filosofias, ideologias, valores, pressupostos, crenças, expectativas, atitudes e normas que unem uma empresa (KILMANN et all 1986), pode-se afirmar que a Cultura é formada com base na Ideologia e esta afeta o comportamento das pessoas, e sua capacidade de atender com eficácia suas necessidades e demandas, e a forma como lida com o ambiente externo. 2.2.1 PERCEPÇÃO ATRAVÉS DA ANÁLISE DOS DEUSES DA ADMINISTRAÇÃO DE HANDY Na tentativa de explicar as mais diversas culturas organizacionais, Charles Handy, em seu livro intitulado Os Deuses da Administração, relaciona os modelos culturais com deuses da Grécia antiga. De acordo com Handy (1994; p. 18) “os gregos escolheram ou criaram seus deuses para representar certas características do mundo tal como o viam”, trabalhando as diferentes filosofias de administração com quatro deuses gregos o autor busca exemplificar os modelos culturais representados em cada um deles, conforme pode-se observar a seguir. 2.2.1.1 ORGANIZAÇÕES DIRECIONADAS POR ZEUS De acordo com Handy (1994): “Zeus é o reis de seus deuses, que reinava sobre o monte Olimpo por meio dos raios (quando zangado) ou da chuva de ouro (quando sedutor). Ele era temido, respeitado e ocasionalmente amado. Representava a tradição patriarcal, o poder irracional mas muitas vezes benevolente, a impulsividade e o carisma.” (HANDY, 1994; p.18). As organizações direcionadas por Zeus geralmente são aquelas que foram fundadas por um empreendedor, que utiliza de suas experiências pessoais para tomar as decisões, deixando a burocracia ser substituída pela sensibilidade de seu administrador, de acordo com Schein (1992; p.9) “a personalidade dos fundadores 14 ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN 2359-0645 torna-se incrustada na cultura da organização”. Os indivíduos dessa ideologia tendem a pensar por intuição testando uma solução possível até que se encontre a adequada. Neste modelo cultural não importa a especialização ou experiências profissionais do colaborador, pois o que se vê é a importância do círculos de contatos aonde a confiança é mais importante do que as competências pessoais. 2.2.1.2 ORGANIZAÇÕES DIRECIONADAS POR APOLO Nas organizações direcionadas por essa ideologia prevalecem as funções acima dos indivíduos, não importando a pessoa, mas apenas que as funções sejam desempenhadas corretamente de forma a manter o funcionamento da organização. “Apolo é o deus-patrono, pois Apolo era o deus da ordem e das regras. Essa cultura assume que o homem é racional e que pode e deve ser analisado de uma forma lógica. A tarefa de uma organização pode então ser subdividida quadro a quadro até que você tenha um diagrama de fluxo de trabalho organizacional, com um sistema de funções prescritas (especificadas com “descrições de função”) e integradas por todo um conjunto de regras e procedimentos.” (HANDY, 1994; p. 21). Nas organizações regidas por Apolo o ambiente é estável e previsível, pois atuam com processos burocráticos, onde os códigos de conduta e raciocínio lógico prevalecem. Os indivíduos adeptos dessa ideologia buscam sempre adquirir novas habilidades e o reconhecimento. 2.2.1.3 ORGANIZAÇÕES DIRECIONADAS POR ATENA Essas organizações priorizam a tarefa e a solução de problemas, são formadas por diversas equipes de trabalho com especialistas em cada área. Atena é, de acordo com Handy (1994; p. 26) a “deusa guerreira, patrona de Ulisses, aquele arquisolucionador de problemas dos artesãos e líderes pioneiros”. As pessoas direcionadas por essa ideologia, por serem especialistas, não são obedientes, mas buscam a concordância através de diálogos e argumentação, dessa forma não aceitam ser comandados salvo se perceberem que o que os comanda tem maior especialização que eles. 2.1.1.4 ORGANIZAÇÕES DIRECIONADAS POR DIONÍSIO 15 ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN 2359-0645 Segundo Handy (1994; p.30) Dionísio é tido como o “deus do vinho e das canções”, aquele que representa a ideologia existencial. Nas organizações regidas por essa ideologia observa-se o individualismo acima do coletivismo, aonde a profissão vem em primeiro lugar, não é o indivíduo que serve a organização, mas sim o oposto, ou seja, a organização deve servir o indivíduo. O individuo adepto dessa ideologia não reconhece o poder da organização, não seguindo suas influências e pensamentos, geralmente são profissionais liberais que utilizam da organização apenas como local de trabalho, como por exemplo, advogados, consultores, médicos e dentistas. Nas instituições de ensino podemos ver a predominância de Dionísio entre os professores, pois atuam com individualismo na sala de aula. 2.2 POLÍTICAS DE RECURSOS HUMANOS NAS ORGANIZAÇÕES A área de Recursos Humanos tem como filosofia a valorização das pessoas e busca fazer com que as organizações reconheçam o verdadeiro papel delas que contribuem para o sucesso de todo e qualquer projeto. Segundo Milkovich e Boudreau (2006, p. 19), a administração de recursos humanos é entendida como “uma série de decisões integradas que formam as relações de trabalho; sua qualidade influencia diretamente a capacidade da organização e de seus empregados em atingir seus objetivos”. Dessa forma tem-se que o papel da Gestão de Pessoas é de mediador nas relações entre indivíduo e organização assim, os padrões culturais da empresa podem ser interpretados a partir da análise de suas políticas de Recursos Humanos. Pereira (2007) afirma que: “A proposta para uma política de recursos humanos integrada deve ser baseada na modernização e melhoria da base organizacional do sistema de recursos humanos, bem como adotar os princípios fundamentais em relação aos parâmetros de educação continuada nos programas de capacitação e qualificação dos funcionários: manter o quadro de pessoal em adequadas condições de formação e constante atualização profissional, como suporte essencial aos objetivos de melhoria continua dos procedimentos produtivos e gerenciais de forma a melhorar e modernizar as condições de trabalho.” (PEREIRA, 2007, p.03). Ao se definir e implantar as políticas de RH visa-se as seguintes premissas: introduzir programas e incentivos com o propósito de manter por mais tempo o 16 ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN 2359-0645 colaborador na empresa; oferecer flexibilidade em relação ao recrutamento, seleção, treinamento e avaliação de desempenho dos empregados; e atualizar a administração de cargos e salários mediante a mudança do mercado de trabalho (CARVALHO; NASCIMENTO, 1997). Segundo Chiavenato (2006) as políticas estabelecem o código de valores éticos da organização. A partir das políticas de Recursos Humanos se definem os procedimentos a serem implantados na empresa, uma vez que: “Políticas são regras estabelecidas para governar funções e assegurar que elas sejam desempenhadas de acordo com objetivos desejados. Constituem orientação administrativa para impedir que os empregados desempenhem funções indesejáveis ou ponham em risco o sucesso de funções específicas. Assim, políticas são guias para ação. [...] As políticas de Recursos Humanos refere-se às maneiras pelos quais a organização pretende lidar com seus membros e por intermédio deles atingir os objetivos organizacionais, permitindo condições para o alcance dos objetos individuais.” (CHIAVENATO, 1994, p. 131, 132). De acordo com o Chiavenato (1994) as principais políticas de RH são: • Políticas de Suprimento de Recursos Humanos: Que diz respeito ao recrutamento e seleção de pessoas na organização. O recrutamento tem por finalidade a captação de recursos humanos interna e externamente à organização objetivando municiar o subsistema de seleção de pessoal no seu atendimento aos clientes internos da empresa (MARRAS, 2000). A seleção busca entre os candidatos recrutados aqueles mais adequados aos cargos existentes na empresa, visando manter ou aumentar a eficiência e o desempenho do pessoal, bem como a eficácia da organização (CHIAVENATO, 2004). • Políticas de Aplicação de Recursos Humanos: Refere-se à descrição, análise, avaliação e classificação de cargo e também a avaliação de desempenho. Os processos de aplicação de pessoas segundo Chiavenato (2004) “envolvem os primeiros passos na integração dos novos membros na organização, o desenho do cargo a ser desempenhado e a avaliação do desempenho no cargo”. A avaliação de desempenho, para Marras (2000) é um instrumento gerencial que permite ao administrador mensurar os resultados obtidos por um empregado ou por um grupo, em período e área específicos, podendo assim mensurar 17 ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN 2359-0645 seus conhecimentos e habilidades, analisando sua melhoria em relação ao tempo de empresa. • Políticas de Desenvolvimento de Recursos Humanos: Faz referência ao treinamento e desenvolvimento de pessoal e também ao desenvolvimento organizacional. O treinamento é um processo de assimilação cultural a curto prazo, que objetiva repassar ou reciclar conhecimentos, habilidades ou atitudes relacionadas diretamente à execução de tarefas ou a sua otimização no trabalho (MARRAS, 2000). De acordo com Araújo (2006) “Treinamento e desenvolvimento pode enfatizar tanto a tarefa quanto a pessoa que vai executá-la, buscando um aprendizado ou aprimoramento como resultado final”, dessa forma treinar e desenvolver o capital humano da organização deve ser uma constante para a manutenção e melhoria dos resultados da empresa. • Políticas de Manutenção de Recursos Humanos: Menciona a administração de salários, planos de benefícios sociais e higiene e segurança do trabalho. De acordo com Chiavenato (2010) a manutenção de pessoas exige um conjunto de cuidados especiais, entre os quais sobressaem os estilos de gerência, as relações com os empregados e os programas de higiene e segurança no trabalho que asseguram qualidade de vida na organização. O colaborador deve sentir protegido, seguro, motivado, ter suas necessidades básicas supridas e poder contar com algum diferencial através dos benefícios oferecidos pela empresa. • Políticas de Controle de Recursos Humanos: Envolvem banco de dados, sistemas de informações, e auditoria de recursos humanos. Segundo Chiavenato (2010, p.498), “monitorar significa seguir, acompanhar, orientar, e manter o comportamento das pessoas dentro de determinados limites de variação”, dessa forma o RH fica incumbido de alimentar e atualizar as informações inerentes aos colaboradores, de forma a poder emitir relatórios concisos para a tomada de decisões importantes como promoções ou desligamentos. 3 ESTUDO DO CASO 18 ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN 2359-0645 Para o presente estudo de caso foi escolhida uma Instituição de Ensino Superior do interior de SP que atua no ramo da educação há mais de 30 anos, com quadro de colaboradores de 122 pessoas atualmente, estruturada e dividida entre corpo técnico administrativo e corpo docente. No presente estudo, entretanto, foram envolvidos apenas 24 colaboradores do setor administrativo, sendo que 19 possuem ensino superior completo, 2 cursando ensino superior e 3 de nível médio/técnico. O questionário aplicado, adaptado do livro de Handy (1994), é composto por 15 questões aonde em cada uma tem-se uma afirmativa inicial e quatro frases descritivas aonde o colaborador teve de priorizar as alternativas com notas de 1 a 4, sendo 1 o mais adequado e 4 o menos adequado, com duas colunas para resposta aonde na primeira coluna as notas referem-se em como as coisas realmente ocorrem na organização de acordo com a percepção do colaborador e na segunda coluna, como as coisas deveriam ser, ou seja, qual seria a situação ideal, no ponto de vista do mesmo. A Gestão de Pessoas da empresa em que foi aplicado o questionário sempre foi feita de forma patriarcal sem regras e normas pré-estabelecidas, o que podemos compreender através da visão de Dyer (1986) de que a cultura organizacional das empresas familiares centra-se primordialmente na figura de seu fundador, que propõe seus próprios valores e comportamentos e os da família na empresa. Na empresa, o setor de Recursos Humanos está sendo implantado há 7 meses, até o momento havia apenas o Departamento Pessoal e todas as ações e decisões em relação aos colaboradores eram tomadas diretamente pelo mantenedor de acordo com seus impulsos, conhecimentos e sentimentalismo. Através da implantação do RH, está sendo criada e incutida na organização as Políticas de RH, ainda não formalmente estabelecidas, mas dirigidas de acordo com o especificado a seguir: • Políticas de Suprimento de Recursos Humanos: Há pouco tempo atrás todo processo de recrutamento era feito através de indicações dos próprios colaboradores, evidenciando a administração patriarcal da empresa, atualmente o recrutamento é feito através de captação de currículos por meio de anúncios em jornais locais e internet (página da empresa e facebook). Após é feita a triagem dos currículos e a seleção, que outrora era apenas uma conversa exploratória, e hoje é através de 19 ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN 2359-0645 entrevistas coletivas, aplicação de testes e dinâmicas e aos aprovados, entrevista individual como o supervisor de área. • Políticas de Aplicação de Recursos Humanos: Anteriormente a empresa não contava com sistemas de avaliações, o respaldo era apenas através da percepção do superior imediato e do mantenedor em relação ao colaborador. Foi implantada a Avaliação 360 º por departamento, que deverá acontecer anualmente em janeiro e fevereiro e a Avaliação de Desempenho que ocorrerá anualmente em outubro. • Políticas de Desenvolvimento de Recursos Humanos: A empresa, embora sendo uma Instituição de Ensino, não possuía calendários e planejamentos para treinamentos, os colaboradores recebiam apenas a bolsa de estudos em cursos de nível superior. No presente a empresa possui uma agenda de treinamentos anuais que envolve todos os setores e também os treinamentos específicos aos quais os colaboradores são enviados conforme demanda, oferta de cursos e necessidades do setor, além da bolsa de estudos que foi mantida. • Políticas de Manutenção de Recursos Humanos: Anteriormente havia apenas os benefícios previstos em Convenção Coletiva, nos dias atuais para a manutenção do capital humano foram implantados benefícios como convênios e assistência social, além da implantação da CIPA visando maior segurança e conforto de todos e, o setor de Recursos Humanos tem se aprofundado em buscar mais convênios e benefícios de forma a buscar atender as necessidades e expectativas dos colaboradores. • Políticas de Controle de Recursos Humanos: O controle sempre foi feito de forma eficiente, minuciosamente detalhado e com arquivos muito bem organizados. É feito pelo departamento de RH que mantém os dados dos colaboradores sempre atualizados, fazendo a revisão e atualização a cada 4 meses, existem prontuários aonde são arquivados todos os dados, avaliações e acompanhamentos do colaborador. De acordo com Maximiano (2000, p. 92) “as pessoas são o principal recurso que as organizações utilizam para realizar seus objetivos.”. As organizações já se deram conta da importância das pessoas e da forma como são administradas (LACOMBE, 20 ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN 2359-0645 2006), diante desse cenário é possível perceber que com a implantação das políticas de RH em pleno vapor a empresa tem se aberto para novas ideias e voltado sua atenção para a valorização do capital humano. 3.1 RESULTADOS DA PESQUISA Foi aplicada uma pesquisa de campo, através de um inventário, baseado na metodologia contida no livro “Deuses da Administração”, de Handy (1994), para levantamento das percepções dos colaboradores em relação à ideologia organizacional. A partir dos dados obtidos pode-se compreender as orientações que tem permeado a forma como estão sendo criadas e implantadas as políticas de RH, conforme descriminamos a seguir. 3.1.1 DADOS COLETADOS Diante das respostas ao questionário foi possível observar que para a maioria dos entrevistados (54%) a organização possui o modelo Cultural de Zeus, prevalecendo a centralização do poder, a prática de decisões por impulso, baseadas na confiança em seus assessores e não em informações técnicas. Para 25% dos entrevistados a organização atua com a ideologia de Atena aonde se busca a atuação na tarefa para solucionar problemas. Tendo em vista que a empresa não tem suas regras bem definidas através de manual de procedimento, e as políticas de RH ainda não são claras a todos, observase que apenas 13% dos entrevistados definem a ideologia da organização cerceada por Apolo. E 8% dos entrevistados veem na organização características da ideologia de Dionísio onde predomina o individualismo. 21 ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN 2359-0645 Figura 1 – Tipo de cultura da organização. Fonte: Dados da Pesquisa. Na pesquisa que busca identificar a ideologia preferencial dos entrevistados observa-se que 50% preferem a ideologia de Dionizio, ou seja, o individualismo. 25% são dirigidos por Atena enquanto 21% por Apolo e apenas 4% por Zeus. Figura 2 - Tipo de Cultura dos Entrevistados. Fonte: Dados da Pesquisa. 3.1.2 ANÁLISE DOS DADOS COLETADOS Ao analisar-se o tipo de Ideologia preferencial dos entrevistados pode-se perceber que há um grande conflito entre a ideologia predominante na empresa e a que permeia a intenção de seus colaboradores. Os resultados obtidos evidenciaram que os entrevistados preferem a cultura de Atena e Dionísio, ou seja, uma organização com equipes flexíveis, colaboradores multi-tarefas e valores compartilhados. Contudo a empresa é regida pela ideologia de Zeus, controlada por um sistema patriarcal, mas que em contrapartida também vê-se o foco na cultura representada por Atena buscando a tarefa como forma de solucionar problemas, o que vai ao encontro também com a ideologia dos entrevistados. 22 ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN 2359-0645 Diante desse cenário observa-se que os dados ora obtidos indicam que, apesar da distinção entre a ideologia predominante na organização e a de preferência pelos entrevistados, todos têm em comum o foco na solução de problemas representado na ideologia de Atena. Em síntese, pode se perceber que a influência de Zeus está ligada ao fato de que no processo de formação dos padrões culturais, o fundador assume papel de destaque, na medida em que imprime à condução do negócio sua visão de mundo, seus valores e suas crenças nos papéis que a organização deve desempenhar, criando modelos e definindo cursos de ação com o objetivo de envolver os demais membros (TAVARES, 1991 apud ESTOL, 2006). Dessa forma, os comportamentos em uma organização não podem ser considerados apenas como uma resultante do somatório das individualidades, mas de uma rede de relações simbólicas interindividuais e intergrupais que os indivíduos estabelecem enquanto sistema social (VALA,1995), que caracterizam a cultura de uma organização. 3.1.3 A INFLUÊNCIA DA IDEOLOGIA NAS POLÍTICAS DE RH Nas Políticas de Suprimento de Recursos Humanos aonde o recrutamento anteriormente era feito através de indicação e entrevista com o próprio mantenedor, evidenciando a ideologia de Zeus, constata-se que as novas políticas de suprimento têm sofrido influência da ideologia preferencial dos colaboradores, de Dionísio, aonde as equipes são formadas com valores compartilhados e pessoas multi-tarefas, dessa forma a entrevista coletiva e dinâmicas de grupo tornam-se essenciais para a seleção. Já nas Políticas de Aplicação de Recursos Humanos, outrora totalmente guiada pela ideologia de Zeus, sendo feitos julgamentos através das percepções do mantenedor, tem-se com a implantação da avaliação 360º um indicador da influência da Ideologia de Dionísio, uma vez que as equipes podem avaliar seus participantes, criando um maior entrosamento entre eles. A Avaliação de desempenho é mais centralizada, feita pelos supervisores, deixando em evidência o controle e centralização de Zeus. Para as Políticas de Desenvolvimento de Recursos Humanos a agenda de treinamentos e o treinamento por demanda é próprio da ideologia de Zeus, uma vez 23 ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN 2359-0645 que é aprovada e sancionada diretamente pelo mantenedor, de acordo com seus preceitos do que é ou não necessário, mostrando sempre o lado controlador. Nas Políticas de Manutenção de Recursos Humanos temos que a influência ideológica de Zeus e Dionísio se fundem de forma a buscar a melhor forma de cuidar dos colaboradores sem perder a centralização do poder da diretoria, evidenciando sempre a ideologia de Zeus, e as Políticas de Controle de Recursos Humanos denota o controle burocrático típico de Apolo. Dessa forma pode-se notar que há um misto de ideologias inseridas na organização, aonde há evidência da predominância de Zeus, através o controle patriarcal do mantenedor, mas também grande influência de Dionísio, a ideologia que permeia a maioria dos entrevistados. O desafio maior para o setor de Recursos Humanos é buscar o equilíbrio e harmonização entre as ideologias de forma a manter sempre o bom relacionamento entre os indivíduos que compõe a organização, respeitando a influência que cada um traz do cotidiano para a empresa. Observa-se que a Ideologia predominante de Zeus tem influenciado as Políticas de RH, ainda que não estabelecidas formalmente, de forma que havia uma centralização na figura do mantenedor para as tomadas de decisões, evidenciando o controle patriarcal. Com a implantação e desenvolvimento do setor de RH nos últimos meses constata-se a influência da ideologia preferencial dos colaboradores, de Dionísio, se fundindo com a anteriormente adotada, de forma a harmonizar as decisões. 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante dos objetivos apresentados na introdução pode-se concluir, à luz dos autores pesquisados e diante do questionário aplicado, que existem diversos tipos de ideologias e cada organização se adapta melhor a um ou mais tipos delas, e sempre haverá a ideologia dominante e devemos identificá-la de forma a poder compreender o que se espera dos colaboradores e a forma como os Recursos Humanos, através de suas políticas, deve atuar para que o resultado esperado seja obtido. Analisando a influência da ideologia nas Políticas de RH pode-se perceber que os empregados, uma vez que tenham assimilado e incorporado a ideologia de uma 24 ∫ntegrada Revista Científica FACOL/ISEOL (Int. Rev. Cie. FACOL/ISEOL) ISSN 2359-0645 organização, vivenciando-a diariamente, tendem a manter seu comportamento aprendido, balizando sua vivência organizacional em tal aprendizado. A relevância da Ideologia Organizacional para o alcance das estratégias organizacionais, a clareza de metas e objetivos, o comportamento dos indivíduos para atingi-los, as normas e padrões de conduta que cada um espera de todos os outros são algumas das propriedades dos padrões de ideologia que podem interferir nas Políticas de RH, pois é através das percepções dos colaboradores que as tarefas são executadas de forma alinhada aos desígnios da organização fazendo com que todos venham a trabalhar dentro de um mesmo propósito, tornando a motivação evidente e o ambiente de trabalho mais cooperativo e agradável. É possível perceber através dos estudos realizados que as Ideologias se fundem na formação das Políticas de RH, trazendo à luz uma miscigenação entre a Ideologia expressa pela empresa e a almejada pelos seus colaboradores, de forma a criar um ambiente comum aos dois, agradável e produtivo. 5 REFERÊNCIAS 1. ALLEN, R. O processo de criação da visão. 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