Flight Level número 36
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Flight Level número 36
VIVA O VERÃO! REVISTA APCTA.VOL4 #36. JUL16 10º Encontro Nacional de CTA INTERNACIONAL: 49ª reunião ATCEUC/Rhodes INTERNACIONAL: 55ª IFATCA/Las Vegas TECNOLOGIA: Airport Collaborative Decision Making CISM: 13º Encontro Nacional de Pares CISM UM DIA COM...: Operações Aeroportuárias do Aeroporto de Lisboa NA TERRA DOS CANGURUS: “O sistema ATM da Terra dos Cangurus” ENCTA: HISTÓRICOS DA AVIAÇÃO: DESTINO: Avro Vulcan EUA / Oeste – Volcano, Mountains, Canyons & Vegas Flight Level Revista da APCTA Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo Presidente do SINCTA: Pedro Barata Presidente da APCTA: Sérgio Capela Director: Carlos Valdrez Coordenação Editorial: Andreia Lopes Colaboradores: Leonor Casanova, Nuno Catarina, Nuno Chambel, Mário Coelho, Rita Costa, Bruno Figueira, Ana Cristina Lima, Rui Marçal, Pedro Matos, Abel Paraíba, Nuno Simões, Luís Tojais Tradução: Rita Costa Correspondentes: Delegações da APCTA Propriedade: APCTA (Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo) Rua de Matola 4 – 1800-270 Lisboa Distribuição: Gratuita aos Sócios Design gráfico: FPreto – graphic design for closed and open media Impressão: TEMAS / PESSOAS / LOCAIS CONTRIBUA COM IDEIAS E SUGESTÕES PARA: [email protected] Europress - Indústria Gráfica Periodicidade: Trimestral Tiragem: 650 exemplares Lisboa, Julho de 2016 EDITORIAL REVISTA APCTA. VOL4 #36. JUL16 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo p.1 Pedro Barata Presidente do SINCTA Ao fim de mais de um ano, a NAV Portugal volta a ter um Conselho de Administração com três membros e, logo, formalmente capacitado para tomar as decisões que se impõem, quer na gestão corrente, quer do ponto de vista estratégico, e cujo adiamento nos últimos anos trouxe a empresa para um ponto de perigosa indefinição. Tem, felizmente, valido o esforço diário dos trabalhadores da empresa que (apenas aparentemente) imunes a este descalabro político e de gestão, têm conseguido manter um serviço com a qualidade que é exigida a uma organização que, anualmente, é responsável pela segurança de mais de 100 milhões de passageiros no espaço aéreo nacional. Face a esta recente nomeação, cabe aqui deixar uma palavra inicial de saudação aos novos membros do CA e desejar-lhes as maiores felicidades no desempenho desta nova missão. Da nossa parte poderão contar, como sempre, com abertura ao diálogo e cooperação, mas também firmeza na defesa da empresa e dos Controladores de Tráfego Aéreo. Esta nova equipa de gestão da NAV Portugal apresenta duas características particulares que importa destacar. Por um lado, e por força das circunstâncias, está imediatamente confrontada com a necessidade de tomar decisões urgentes sobre matérias complexas, sem demoras ou protelamentos. A não ser assim, estará definitivamente colocada em causa a operacionalidade da empresa. Por outro lado, não deixa de ser curioso verificar que foi necessário entregar pré-avisos de greve para o mês de Julho para que a NAV Portugal tivesse, SUMÁRIO 02 04 06 08 10 12 14 16 20 26 28 34 36 38 36 ENCTA: 10º Encontro Nacional de CTA Internacional: 49ª reunião ATCEUC/Rhodes Internacional: 55ª Conferência IFATCA/Las Vegas Tecnologia: Airport Collaborative Decision Making CISM: 13º Encontro Nacional de Pares CISM Um dia com...: OPA Ultraleve: O Futuro é Ultraleve... Na terra dos cangurus: “O sistema ATM da Terra dos Cangurus” Históricos da Aviação: Avro Vulcan APCTA: 1º Arraial APCTA Destino: EUA / Oeste – Volcano, Mountains, Canyons & Vegas Ecos da Imprensa: Uma seleção de interesse ATC Breves: ECC Reims - Equipa Santa Maria/Faro/Porto & Lisboa Radar Team Breves: Évora entra na rota dos Padeleiros Breves: Visita ao Heliporto Miguel Barros finalmente, aquilo que é normal em qualquer organização saudável: uma equipa de gestão! Deve ter sido, estamos em crer, a primeira vez em Portugal que foi declarada greve para exigir um Conselho de Administração… Estranho, mas demonstrativo da importância que uns (trabalhadores) e outros (decisores e accionista) dão, ou não dão, ao funcionamento da empresa. E por falar em greves, temos assistido recentemente ao aumento dos ataques das companhias aéreas aos trabalhadores do sector ATM na Europa e, em particular, aos Controladores de Tráfego Aéreo. Lançando borda fora todo o histórico de colaboração entre parceiros no sector, as companhias aéreas - reunidas em torno um recentemente criado grupo de pressão designado A4E - optaram definitivamente por nos definir como inimigos e não parceiros, o que se revelará um erro monumental numa indústria que vive num ambiente profundamente colaborativo. Procurando atacar aquilo que são direitos constitucionais garantidos a nível nacional, a pressão da A4E é também o espelho da Europa a que chegamos, já que pretendem obrigar à federalização dos deveres - ou seja, a sua regulação central a partir de Bruxelas - mantendo a fragmentação - ou mesmo aumentando-a dos direitos. Como aliás já fazem na gestão das suas organizações, beneficiando, por exemplo, de certificados irlandeses, contratos de trabalho algures de países asiáticos, benefícios fiscais e outros incentivos locais ou regionais e outras incoerências desta Europa à deriva. Aliás, bem poderiam ser redenominados para A4€... Será que estes senhores em algum momento se preocuparam em perceber as razões por detrás das movimentações dos trabalhadores? Será que alguma vez se interessaram pela situação da NAV Portugal, por exemplo, e com as consequências que tal situação poderia trazer à própria operação das companhias aéreas? Nunca! Sobre isso nem uma palavra. É pena que assim tenham decidido. Terão a devida resposta, em tempo e lugar apropriados. p.2 ENCTA Ana Santiago CARTAZ A1_10 ENCONTRO CTA_CURVAS .pdf 1 23/06/16 13:09 10.º ENCONTRO NACIONAL DE CONTROLADORES DE TRÁFEGO AÉREO C M Y CM MY CY CMY K O Encontro Nacional de Controladores de Tráfego Aéreo representa uma forte tradição associativa e sindical, e um convite à intervenção dos Controladores de Tráfego Aéreo, no âmbito do exercício da profissão, bem como na promoção da mesma. Na sua décima edição, o evento terá lugar nos próximos dias 15 e 16 de Outubro no Hotel Olissippo, no Parque das Nações, em Lisboa. Aberto à participação de todos os CTA, o Encontro Nacional assume-se como o principal fórum de debate de Controlo de Tráfego Aéreo em Portugal. O programa do Encontro prevê tempo para a participação de todos os CTA com uma intervenção na esfera do Controlo de Tráfego Aéreo. Os documentos de trabalho para discussão poderão ser apresentados por qualquer CTA ou conjunto de CTA associados da APCTA ou do SINCTA e deverão ser enviados até ao dia 15 de Setembro para: [email protected]. Os documentos de trabalho deverão incluir uma primeira parte que contenha o título, introdução e explanação e outra que contenha as conclusões e recomendações propostas se for aplicável. Os documentos de trabalho poderão ser apresentados durante o Encontro com o auxílio a meios audiovisuais. As conclusões do Encontro Nacional poderão resultar num plano de medidas, ações e atividades concretas, que possam guiar e influenciar as próximas orientações estratégicas da classe, determinantes para o futuro do exercício do Controlo de Tráfego Aéreo em Portugal. Para mais informações e para conhecer as formas de intervenção no Encontro, consulte os Termos de Referência do 10º ENCTA em www.sincta.pt. PARTICIPE NO 10.º ENCONTRO NACIONAL DE CTA. REVISTA APCTA. VOL4 #36. JUL16 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo CONFERÊNCIA INTERNACIONAL DE CONTROLO DE TRÁFEGO AÉREO CONFERENCIA INTERNACIONAL ATM_curvas.pdf C M Y CM MY CY CMY K 1 23/06/16 13:12 CAPACIDADE E SEGURANÇA – GERIR O DESAFIO A Associação Portuguesa de Controladores de Tráfego Aéreo promove uma Conferência Internacional de Controlo de Tráfego Aéreo, no próximo dia 14 de Outubro de 2016, subordinada ao tema Capacidade e Segurança – Gerir o Desafio. Tal como sucedeu na edição anterior, a Conferência Internacional contará com a participação de vários especialistas nacionais e estrangeiros (programa a ser divulgado brevemente). A Conferência irá realizar-se no Pavilhão do Conhecimento no Parque das Nações, em Lisboa, sendo um evento aberto ao público em geral, com entrada livre sujeita a pré-inscrição. FIQUE ATENTO ÀS NOTÍCIAS SOBRE A CONFERÊNCIA INTERNACIONAL DE CTA. p.3 p.4 INTERNACIONAL Bruno Gama 49ª reunião ATCEUC / RHODES Rhodes, Grécia, foi palco da 49ª conferência da ATCEUC (Air Traffic Controllers European Unions Coordination), que se realizou entre os dias 11 e 13 de maio. Durante 3 dias assistimos a diversas apresentações sobre tudo o que se passa no mundo da aviação na Europa. Vou destacar 4 pela sua importância e interesse para a nossa classe. Situação na Bélgica A BGATC (sindicato belga) fez uma apresentação descrevendo o momento atual na Bélgica. Embora tenha sido pouco noticiada pelos órgãos de comunicação social portugueses, os nossos colegas belgas vivem tempos difíceis. Muito resumidamente, a administração da Belgocontrol (congénere belga da NAV) alterou o acordo coletivo dos CTA sem que os sindicatos mais representativos da classe o aceitassem. Assim, os nossos colegas belgas foram surpreendidos com uma degradação das suas condições contratuais. Alguns CTA, após receberam esta notícia, não ficaram em condições psicológicas para exercer a função e declararam a sua incapacidade temporária pe- dindo substituição e provocando alguns constrangimentos nos aeroportos e espaço aéreo belga. Os controladores foram imediatamente acusados pela administração e pela comunicação social de fazerem uma greve selvagem, e a imagem da classe foi completamente denegrida por todos os meios possíveis. Esta guerra está para continuar, inclusivamente nas instâncias judiciais, onde existem neste momento pelo menos duas ações em tribunal, uma contra o presidente da BGATC (sindicato belga) por alegadamente ter provocado uma greve selvagem, e outra contra o presidente do prestador belga (interposta pela BGATC) alegando que é ele o principal responsável por toda a situação. Apresentação do Network Manager O Network Manager - Sr. Joe Sultana, é já um habitué nestas conferências, e apresentou os mais recentes números sobre a evolução do tráfego aéreo e atrasos na Europa. Segundo ele, houve uma revisão em baixa na perspetiva de crescimento do tráfego aéreo na Europa para os próximos 20 anos (estimando-se agora que cresça anualmente entre 2 a 3%). Obviamente este crescimento não será uniforme por toda a Europa, e no presente ano temos 7 FIR com crescimentos igual ou superiores a 7%: Santa Maria (11%), Irlanda (9%), Canárias e Malta (8%), República Checa, Lisboa e Hungria (7%). No extremo oposto temos alguns países com reduções significativas de tráfego: Arménia (-24%), Ucrânia (-15%), Albânia (-13%), Moldávia (-12%). Como é fácil perceber, estes 4 países (e outros) estão a ser fortemente afetados pela situação geopolítica na Ucrânia, Turquia e Médio Oriente. Relativamente aos atrasos ATFM, o Network Manager elogiou o trabalho efetuado por alguns países, que conseguiram diminuir significativamente os atrasos relativamente ao ano passado, com especial destaque para Espanha, Portugal e Polónia. No caso de Portugal ficamos com sérias dúvidas se ele está realmente a par da situação no país (no ACC de Lisboa em particular). Na figura 1 estão representados os ACC com mais atrasos comparativamente com o plano de capacidades. O ACC de Lisboa aparece em 11º lugar. REVISTA APCTA. VOL4 #36. JUL16 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo p.5 Apresentação do EUROCONTROL sobre RPAS A sra. Julia Sanchez, representando o EUROCONTROL, fez uma apresentação sobre RPAS (Remotely Piloted Aircraft Systems) e a sua integração na aviação convencional. Na sua apresentação focou 3 princípios fundamentais para esta integração: • Os RPAS têm de ser tão seguros como a restante aviação; • Têm de ser transparentes para o ATC e outros utilizadores do espaço aéreo; • Têm de cumprir com os mesmos regulamentos e procedimentos. Como estes princípios irão ser cumpridos ainda não é certo e existem visões muito diferentes sobre como ultrapassar alguns obstáculos. Uma das soluções apontadas para a integração é a definição de um novo tipo de operações, denominado Very Low-Level Operations, que estaria restringido a uma altitude inferior a 500 pés (ver fig.2). Seria necessário impor algumas restrições adicionais, como a proibição de sobrevoar multidões, zonas densamente povoadas ou aproximar-se de aeroportos. No entanto, Eurocontrol e EASA têm visões muito diferentes de como a integração poderá ser concretizada. Na zona VLL, os RPAS poderiam evoluir com poucas restrições, mas no caso de os operadores quererem voar RPAS fora desta faixa seriam obrigados a cumprir com toda a regulamentação da aviação tripulada. Muitas dúvidas continuam por responder, nomeadamente que meios haverá para garantir que RPAS não entram dentro de CTR. O que já não deixa dúvidas é que a indústria dos drones veio para ficar. Tem tido taxas de crescimento muito altas Figura 1 – Diferença entre os atrasos En-Route reais e os previstos nos planos de capacidade. e, segundo os dados apresentados, existem atualmente cerca de 200 000 aeronaves tripuladas, para 20 000 000 drones!!! Um dos maiores esforços por parte do EUROCONTROL e da EASA é para que exista uma harmonização dos regulamentos a nível europeu. Tal harmonização permitiria a uma empresa produtora de drones só ter de obter a certificação para o seu produto num único país europeu, com a garantia que esse certificado seria aceite no restante espaço europeu. Apresentação do Executive Board da ATCEUC sobre novos regulamentos/legislação Apresentação a cargo do nosso colega Carlos Valdrez, que resumiu tudo o que se passa ao nível de nova regulamentação com impacto no sector ATM. Vou destacar duas dessas alterações: a 1º pela sua importância no sector da aviação, e a segunda porque é dirigida diretamente aos CTAs. EASA Basic Regulation Está a ser proposto um aumento brutal dos poderes e competências da EASA, que pode significar a extinção do EUROCONTROL tal como o conhecemos. Esta alteração ainda está em fase de discussão no Conselho e Parlamento Europeu, e inclui muitos pontos que nos levantam preocupações. A ser implementada, tal e qual como está, a EASA vai passar a ter o poder de legislar sobre diversas áreas consideradas essenciais (inclusive regulamentos sobre CTA e prestadores de serviços de tráfego aéreo) sem necessitar da aprovação dos órgãos legisladores, - Conselho e Parlamento Europeu, e sem Figura 2- Zonas de operação propostas. necessidade de incluir um período prévio para discussão pública. É também proposto que grande parte das competências da EUROCONTROL passem para a EASA, e ainda a hipótese de a EASA, em determinadas circunstâncias, substituir as autoridades nacionais em diversas áreas como por exemplo a certificação de aeronaves, operadores e pessoal. Licenciamento ATC Nos últimos anos foram introduzidas diversas alterações relacionadas com este tema. Já tivemos contato com algumas delas, como por exemplo a obrigatoriedade de refrescamentos de inglês e segurança física, os refrescamentos para instrutores e avaliadores e ainda as avaliações operacionais (em simulador). Outras novidades irão passar a ser obrigatórias a partir de 1 de janeiro de 2017; é o caso da avaliação operacional na posição de controlo (com tráfego real). Existem algumas dúvidas quanto à implementação destas normas: por um lado, ninguém nega o quão importante é a formação para o desempenho da nossa função, mas por outro, o aumento das necessidades de formação não é coerente com o impacto de outras normas impostas aos prestadores, e que os obrigam à redução de custos. ATCEUC cresce Para concluir, resta referir que foi votada e aprovada a entrada de 2 novos sindicatos na ATCEUC, ambos de controladores suíços: APTC e Aerocontrol, aumentando para 32 o número de sindicatos membros; e ainda que a próxima conferência da ATCEUC está marcada para setembro em Pristina, Kosovo. . p.6 INTERNACIONAL Ana Santiago 55ª CONFERÊNCIA INTERNACIONAL DA IFATCA What happens in Vegas, stays in Vegas… Mas nem sempre. No passado mês de Março realizou-se a 55ª Conferência Internacional da IFATCA em Las Vegas, com mais de 420 participantes de mais de 70 países membros, onde se discutiram e debateram aspetos operacionais, técnicos e profissionais do sector do Controlo de Tráfego Aéreo. IFACTA O tema da conferência deste ano foi “A Fórmula Global: Liderança + Profissionalismo Mundial = Céus Seguros”. Com o propósito de aumentar a consciência dos participantes para a promoção e garantia dos padrões mais elevados de profissionalismo e segurança na aviação, este foi o mote escolhido para a discussão em cada um dos painéis. Apesar de existirem discrepâncias de desenvolvimento ao nível do Controlo de Tráfego Aéreo entre os seus membros, a conferência anual da IFACTA é um importante espaço de partilha de informação e de debate, permitindo a concertação de medidas concretas para o sector. Fundada em 1961 por 12 países Europeus, a International Federation of Air Traffic Controllers’ Associations (IFACTA) tem neste momento 126 países membros, representando mais de 50.000 CTA. Ao longo do ano os países membros reúnem-se em subgrupos, organizados por 4 regiões - Africa e Médio Oriente; América (Sul e Norte); Ásia e Pacífico e Europa – o que permita ajustar o trabalho desenvolvido pela IFATCA às particularidades de cada região. Os principais objetivos da IFATCA são: promover a segurança, eficiência e regularidade da navegação aérea internacional; promover e apoiar elevados níveis de conhecimento e eficiência dos Controladores de Tráfego Aéreo; promover e ajudar no desenvolvimento de sistemas de controlo, procedimentos e instalações seguros e eficientes; colaboração estreita com autoridades e instituições, internacionais e nacionais, de aviação aérea, tais como a Internacional Civil Aviation Organization (ICAO), European Union (EU), Eurocontrol e a Internacional Air Transport Association (IATA); entre outros. A IFATCA tem vindo a desenvolver esforços em várias áreas de atuação, subdividindo-se em dois grupos de trabalho: o Comité Técnico e Operacional (Technical and Operational Committee) e o Comité Profissional e Jurídico (Professional and Legal Committee). Existe ainda uma área de atuação com um papel mais administrativo, estando encarregada da gestão operacional da IFATCA, tanto do ponto de vista financeiro, bem como, do ponto de vista estatutário: o Comité Constituinte e Administrativo (Constitution and Administration Committee) e REVISTA APCTA. VOL4 #36. JUL16 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo cria uma fronteira nacional. No entanto, a única questão que se resolve com esta marcação vertical é a questão de soberania e se a nação pode permitir ou não o acesso a este espaço. O problema de definir uma fronteira entre espaço aéreo e espaço sideral também levanta outras questões, tais como, até que ponto a Gestão de Tráfego Aéreo pode ir. Uma integração segura e eficiente da operação suborbital em espaço aéreo controlado exige uma coordenação estreita entre várias entidades e implica uma uniformização do quadro legal. Hoje em dia existe uma corrida ao espaço suborbital por empresas, tais como a Google ou o Facebook, com o objetivo de se ligarem a biliões de pessoas que não têm acesso à internet. O lançamento de novos veículos para o espaço suborbital, pode ter impacto tanto na operação bem como no desenho dos aeroportos e dos espaços aéreos. Os procedimentos operacionais e as separações standard atuais não são suficientes para a operação com veículos suborbitais, uma vez que a performance destes veículos é substancialmente diferente da performance das aeronaves atuais. Assim sendo, será necessário redesenhar muitos dos procedimentos atuais e desenvolver novos procedimentos. Mental Fitness o Comité Financeiro (Financial Committee). Por norma, propostas de novas medidas são apresentadas na Conferência Internacional da IFACTA, onde são discutidas e votadas pelos participantes. Posteriormente, após a aprovação das medidas, estas são enviadas à ICAO, aos prestadores de serviços de Controlo de Tráfego Aéreo (ANSP), aos fabricantes de equipamentos, aos governos e ao público em geral. Operação em Espaço Aéreo Comercial O Comité Técnico e Operacional (TOC), que tradicionalmente trabalha questões ao nível tecnológico, este ano deu destaque a questões como o Collaborative Decision-making (CDM) e fitas eletrónicas, navegação aérea de precisão (RNAV), redesenho do espaço aéreo, entre outros. Um dos pontos mais interessantes discutido neste comité foi a operação em espaço aéreo comercial. Não existindo consenso sobre a fronteira entre espaço aéreo e espaço sideral, a linha de Karman (100km) tem sido usada como referência para o início do espaço sideral, mas nunca foi totalmente aceite, por se considerar que O Comité Profissional e Jurídico (PLC) este ano deu maior enfoque a questões, tais como, as responsabilidades do “controller-in-charge”, os efeitos da idade na profissão, distúrbios mentais na aviação, separações em espaço aéreo classe E, entre outros. Depois do acidente do German Wings em 2015, a capacidade mental é um novo desafio no mundo da aviação, bem como no meio do Controlo de Tráfego Aéreo. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, uma pessoa em cada quatro desenvolve um ou mais distúrbios mentais ou comportamentais durante a sua vida. Uma vez que os CTA trabalham em organizações de elevada fiabilidade, onde a segurança é fundamental, o foco em capacidade mental é de extrema importância. Do ponto de vista do cockpit têm surgido várias recomendações nesta área, sendo a principal recomendação a criação de exames psicológicos periódicos para pilotos. Por isso, é provável que exames psicológicos periódicos para CTA sejam também implementados num futuro próximo. p.7 O Comité PLC acredita que é de uma enorme importância criar um sistema que aborde a capacidade mental no ambiente operacional. O que passaria pela sensibilização dos CTA para este assunto, por um sistema de reporte discreto baseado nos princípios da Just Culture, pela assistência psicológica e por uma política de reintegração segura para o CTA, bem como para a aviação. Redução do Congestionamento da Frequência no Initial Call Num dos dias da conferência o Comité TOC e o Comité PLC trabalharam juntos, onde um dos temas abordados foi a “Redução do Congestionamento da Frequência no Initial Call”. Sempre que se considere a transmissão de CONTACT demasiado extensa para o órgão que recebe a aeronave, deve ser adotada a alternativa de STANDBY FOR. Apesar de ajudar a reduzir a carga na frequência, o procedimento de STANDBY FOR não permite a confirmação de que a mudança de frequência ocorreu. Este procedimento é tipicamente utilizado em ambiente de controlo de solo de aeródromo. Nos casos em que esta confirmação seja desejável, deve-se adotar o procedimento de CALLSIGN ONLY, que implicaria uma redução substancia do tempo de frequência do primeiro contacto, permitindo ainda a confirmação de mudança de frequência. Apesar de este procedimento já ser utilizado em alguns países, com resultados muito positivos na gestão da frequência, seria importante uma harmonização global através da criação do procedimento pela ICAO. Encerramento A conferência terminou com um jantar de despedida sob as estrelas, à beira de uma réplica da Torre Eiffel, no lindíssimo Hotel Paris, na famosa Las Vegas Strip. À semelhança dos restantes dias da conferência, o jantar foi pautado pela boa disposição dos participantes e uma enorme partilha de experiencias. A APCTA fez-se representar por Sérgio Capela, presidente da APCTA, e por Hugo Ângelo e Ana Santiago, ambos membros da Direção. O próximo encontro da IFACTA irá realizar-se em 2017 em Montreal, no Canadá. Embora o ditado diga que o que acontece em Vegas, fica em Vegas, neste caso procurou-se trazer uma suma das principais atividades e temas mais interessantes ao conhecimento dos leitores da Flight Level. . p.8 TECNOLOGIA Ana Cristina Lima A-CDM Airport Collaborative Decision Making A-CDM é um conceito de melhoria do modelo Air Traffic Flow and Capacity Management (ATFCM) ao nível aeroportuário, procurando a redução de atrasos, uma melhor previsibilidade dos voos através do rastreamento dos eventos que ocorrem durante o processo de rotação, e ainda uma otimização da utilização dos recursos a nível aeroportuário. Figura 2 - Estado de Implementação A-CDM nos aeroportos europeus Figura 1 - Parceiros A-CDM O projeto A-CDM integra processos e sistemas com o objetivo comum de melhorar a eficiência da operação a nos aeroportos europeus, focando-se nos processos e eventos durante a rotação dos voos e no processo de “pre-departure sequencing”. A partilha atempada de informação acerca destes processos promove uma melhor precisão das horas de descolagem previstas para os voos, e por consequência, uma maior previsibilidade a nível da gestão da rede de espaço aéreo europeu. Os parceiros A-CDM são as Operações Aeroportuárias, as Companhias Aéreas, os Ground Handlers, o Controle de Tráfego Aéreo e o Netwwork Manager. Cada um destes parceiros partilha informação acerca dos voos com os restantes, de modo a que todos têm uma imagem mais completa e precisa da situação e podem tomar melhores decisões de acordo com informação atualizada em cada fase de um voo. Os principais benefícios da utilização deste conceito de gestão de movimento a nível aeroportuário são variados consoante o parceiro do projeto que considerarmos: Operações aeroportuárias: melhor previsibilidade das horas de chegada e saída dos voos permite uma mais eficaz alocação de stands e portas; Ground Handler: melhor alocação de recursos, quer a nível de pessoal, quer de equipamentos (tratores de push-back, por exemplo); Network Manager: informação atualizada dos voos, em maior pormenor do que o simples EOBT (estimated off-block time) do plano de voo, permite um melhor planeamento e gestão de espaço aéreo, e consequentemente, uma melhor utilização da capacidade disponível e uma utilização dos slots disponíveis mais eficaz; esta utilização mais eficaz conduz a uma redução geral dos atrasos; Controlo de Tráfego Aéreo: redução de workload a nível geral devido a uma melhor previsibilidade do tráfego (mais informação do que apenas os dados de plano de voo), e em particular redução de congestão nos taxiways e a nível de frequência aeronáutica, devido à utilização dos mecanismos de pre-departure sequencing. Companhias de aviação: maior conhecimento do estado dos seus voos, e da localização da sua frota, aumenta a previsibilidade necessária ao planeamento e por consequência a sua gestão. Para além destes benefícios diretos para cada um dos parceiros do projeto há ainda a considerar a mais-valia para o passageiro da redução geral dos atrasos dos voos, e também a não menos importante mais-valia ambiental resultante da redução de tempos de rolagem das aeronaves que conduz a uma redução no consumo de combustível e correspondentes emissões carbónicas. Neste momento, o projeto A-CDM está completamente implementado nos seguintes aeroportos: Berlim Schönefeld, Brussels, Düsseldorf, Frankfurt, Helsinki, London Gatwick, London Heathrow, Madrid, Milan Malpensa, Munich, Paris CDG, Oslo, Rome Fiumicino, Stuttgart, Venice, Zurich. É objetivo do Network Manager que, no final de 2016, esteja completamente implementado em 25 aeroportos. p.9 REVISTA APCTA. VOL4 #36. JUL16 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo O A-CDM divide-se nos seguintes elementos: Information Sharing A Airport CDM Information Sharing Platform (ACISP) é a plataforma composta por sistemas, bases de dados e interfaces com os diferentes utilizadores, que permite a partilha de informação entre todos os parceiros. Milestone Approach Trata-se da descrição dos eventos significativos de um voo, desde o seu planeamento inicial até ao momento da descolagem, que permitem a monitorização e previsão desta hora. O objetivo é aumentar a perceção global preferências dos parceiros. Não corresponde necessariamente à ordem pela qual as aeronaves descolarão pois isso tem a ver com uma sequenciação a nível do ponto de espera pelo ATC. Tem por objetivo aumentar a flexibilidade, e melhorar a aderência aos slots, permitindo em simultâneo aos restantes parceiros manifestar as suas preferências em termos de prioridade de saída de calços. Esta sequenciação pode ser calculada por um sistema departure manager (DMAN), que faz os cálculos com base no TTOT (target take -off time) pretendido ou disponível para obter o TSAT (target start up approval time). Estes valores são transmitidos pelo ATC à plataforma A-CDM, dando a conhecer a todos a hora previsível de saída de calços e de descolagem. No caso da Torre de Lisboa, está em desenvolvimento um novo HMI (human machine interface) designado por RWY Manager, que permitirá aos CTA da torre melhorar a sua interação com o sistema CDM. Neste momento encontra-se a decorrer um período de shadow mode, de três horas diárias, ainda condicionado pelo HMI pré-existente. Com a implementação do novo HMI RWY Manager, será possível o alargamento do shadow mode a 24 horas, o que permitirá avançar o projeto na sua ligação ao Network Manager. Adverse Conditions Adverse Conditions corresponde a um modulo de gestão de capacidade aeroportuária em períodos de redução de capacidade previsíveis ou imprevisíveis. Tem por objetivo um melhor conhecimento da evolução dos voos, incluindo a informação aos passageiros, durante a disrupção, e também no período de recuperação dos atrasos. Figura 3- Plataforma CDM do Aeroporto de Lisboa da evolução do voo e prever o desenrolar dos eventos futuros, particularmente no que diz respeito às horas de calços e de descolagem A Milestone Approach em conjunto com o elemento Information Sharing são a base do conceito CDM Collaborative Management of Flight Updates Variable Taxi Time Consiste no cálculo e distribuição a todos os parceiros de valores mais precisos de taxi-in e taxi-out times de modo a obter melhores estimas de horas de calços e de descolagem. O seu cálculo pode variar em termos de complexidade consoante as necessidades locais. No caso do Aeroporto de Lisboa, tem em consideração a pista em uso, o stand, o tipo de aeronave, e a operação de baixa visibilidade (NVO/LVO). Figura 4 - CDM Milestones, A-CDM implementation Manual V4 Pre-departure Sequencing Pre-departure sequencing é a ordem pela qual as aeronaves sairão dos stands tendo em conta as Figura 5 - RWY Manager - imagem de protótipo Consiste na troca de informação entre o Network Manager e o aeroporto CDM sob a forma de mensagens FUM (Flight Update Messages) e DPI (Departure Planning Information) de modo a partilhar estimas de chegada e melhorar o processo de alocação de slots pelo NM às partidas. Desta forma é criada uma ferramenta de coordenação entre o ATFCM (Air Traffic Flow and Capacity Management) e o aeroporto CDM. Esta fase do projeto, que é na verdade a que traz os maiores ganhos a todos os parceiros, uma vez que se traduz numa plataforma de coordenação de slots, com implicações diretas na sua otimização, gestão, e eventuais obtenções de melhorias, está na sua fase embrionária no aeroporto de Lisboa, estimando-se que tenha maiores desenvolvimentos a partir do último trimestre deste ano. . p.10 CISM Andreia Lopes 13º Encontro Nacional de Pares CISM Neste ano rumámos todos para a ilha do sol, na pequena e emblemática ilha de Santa Maria, para mais um encontro nacional de pares CISM (Critical Incident Stress Management) - o 13º. O regresso às origens profissionais para uns, o conhecer pela 1ª vez deste importante órgão da NAV para outros, a todos esta ilha não deixou indiferente… No domingo, para aproveitar o ´voo directo´, chegámos a meio da manhã, permitindo algum tempo para passear pelos meandros da ilha, e para pôr a conversa em dia com pares que já não víamos há quase um ano…. Segunda de manhã começámos os trabalhos, sendo totalmente preenchida por diversas apresentações feitas no âmbito do CISM, por diferentes entidades. Após o discurso de abertura, a primeira apresentação foi realizada pela Dra. Marta Rego, psiquiatra no hospital do Divino Espirito Santo, intitulada ‘Primeiros socorros psicológicos – ênfase no prestador. A apresentação caracterizou o tipo de resposta que é dada em REVISTA APCTA. VOL4 #36. JUL16 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo como pares CISM. No final da apresentação foi abordada uma intervenção recente em que a equipa teve de intervir, fora do âmbito principal para o qual foi criada. Foi conclusão geral que formações adicionais sobre outras causas de stress/crises são de grande importância, uma vez que o programa não é estanque e pode ter que intervir em situações que não as meramente operacionais. A terceira apresentação, feita pela Alferes Ana Simões e pela Sargento Adjunto Marta Dias, membros da equipa CISM da FAP (Força Aérea Portuguesa), intitulou-se ‘Validação do Programa CISM – 10 anos de atividade’. Consistiu situações de crise e falou-se da necessidade de criar um protocolo que ainda é inexistente nos Açores. A segunda apresentação ficou a cargo da equipa CISM de Maastricht, pela nossa colega Helena Pereira Neiva, intitulada ‘CISM em Maastricht’. Descreveu-se a forma como a equipa é eleita e o seu modo de funcionamento, como é feita a formação inicial e os refrescamentos anuais, onde se recorre a atores profissionais para tornar o Role Play mais realístico. Abordou-se ainda a forma como a equipa CISM é ativada e de como os CTA podem ser dispensados de funções operacionais para intervirem na apresentação dos objetivos que levaram à constituição da equipa, da sua caracterização, bem como da validação que foi feita ao programa, através de inquérito realizado aos CTA da FAP. Dos resultados do inquérito concluiu-se que o programa é necessário pela existência de evidências da presença de incidentes críticos no contexto profissional e pessoal. Concluiu-se ainda que existe um conhecimento do programa e dos seus princípios de atuação, reconhecendo-se o benefício da sua existência. Encerrámos os trabalhos da manhã, com a apresentação ‘CISM Famílias’ feita pelo PSM Carlos Mendonça e pelos colegas da equipa do TWRFUN. Esta iniciativa consistiu na apresentação do programa CISM às famílias de CTA p.11 e TICAS, seguida por uma visita à torre. Este evento foi muito bem recebido pelos familiares, sendo elevado o número de participantes. Para além de enquadrar o programa para que os familiares possam adequar melhor o seu envolvimento, serviu também como nova forma de divulgação do programa aos restantes colegas da Madeira. Da parte da tarde realizou-se a reunião da equipa CISM da NAV, onde foi divulgado o novo coordenador nacional do programa – CTA António Retorta. Foram abordadas questões e identificados problemas ainda por resolver, nomeadamente a formação CISM a Supervisores e Instrutores, bem como perspetivas futuras de evolução do programa. Nos dois dias seguintes a equipa CISM recebeu mais uma formação, ‘Advanced Group Crisis Intervention’, ministrada pelo formador Dennis Potter. Abordaram-se temas como a importância e benefício do apoio de grupos, os princípios e mecanismos de funcionamento grupal, especificidades deste tipo de intervenções (por oposição à mais habitual one-to-one) em casos de catástrofe, morte e suicídio. No final da formação foi prestada uma pequena homenagem e reconhecimento por parte de toda a equipa ao CTA Rui Filipe, que agora termina funções como coordenador nacional. E assim, findou mais um encontro anual que, para além de fortalecer as competências técnicas dos pares CISM, mais uma vez contribuiu para reforçar a motivação, para continuarmos a desenvolver o programa. Como nota final, não poderia deixar de expressar um agradecimento à NAV por continuar a acreditar e apoiar o programa CISM, bem como à Dra. Marta Aleixo pela organização do evento. Um agradecimento especial à CTA Sofia Moreira que foi incansável na organização dos momentos de convívio pós-formação! Ficamos a aguardar pelo próximo encontro, em 2017, em Lisboa! . p.12 UM DIA COM... Ana Cristina Lima OPA Operações Aeroportuárias do Aeroporto de Lisboa Fomos visitar e conhecer melhor o serviço de Operações Aeroportuárias do Aeroporto de Lisboa, guiados pelo João Reis, Chefe do Serviço de Aeródromo, e gentilmente recebidos no CCOA – Centro de Coordenação Operacional do Aeroporto de Lisboa, pela Supervisora de turno, Maria Alexandre Pinto. A missão das Operações Aeroportuárias é garantir a fluidez da gestão das infraestruturas aeroportuárias e a relação com os seus clientes – agentes de handling e companhias aéreas – e os serviços de tráfego aéreo. Existem três grandes vetores de ação das operações aeroportuárias: o safety no aeródromo através dos marshaller, mais comummente conhecido como follow-me; a coordenação e a gestão das infraestruturas aeroportuárias, em coordenação com os agentes de handling; e o despacho operacional, ou seja, a parte de faturação e tudo o que diz respeito a essa componente, particularmente no que diz respeito a clientes que não tenham conta com a ANA. As operações são responsáveis por todo o tratamento do fluxo de informação. Por exemplo, a receção e processamento dos slots aeroportuários, e verificação se estão de acordo com as pretensões do cliente. A partir desses dados levam a cabo a gestão das infraestruturas, quer a nível de planeamento estratégico, quer no dia-a-dia. No que diz respeito à segurança operacional, a parte mais visível para o controlo de tráfego aéreo tem a ver com as revistas às pistas e área de manobra, ou seja, conformidade operacional das infraestruturas, e também guiamentos a todas as viaturas e pessoas que não tenham credenciais para circular no lado ar (entre outros, ambulâncias, condutores não credenciados e viaturas de obras). As Opera- ções Aeroportuárias têm ainda uma participação ativa, com uma função específica no plano de Emergência do Aeroporto: os follow-me são quem conduz dentro da área de manobra as viaturas de emergência e socorro que não tenham credenciais, tanto de como para os pontos de triagem, como ainda para os pontos de encontro; fazem parte do Comando de Operações de Emergência (COE) e do posto avançado no caso dos Supervisores Operacionais. No caso das obras, as viaturas das operações são quem vai, na maior parte das vezes vigiando o decorrer das obras, embora estes trabalhos tenham fiscais de safety próprios que podem fazer a fiscalização safety das obras. Os recursos têm sido escassos pelo que REVISTA APCTA. VOL4 #36. JUL16 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo p.13 CCOA – Centro de Coordenação Operacional do Aeroporto de Lisboa Espaço por excelência das Operações Aeroportuárias mas disponível para uma série de entidades, nomeadamente companhias e agentes de handling, para otimização da coordenação das infraestruturas aeroportuárias. Não é utilizado 24 horas por dia pelas entidades exteriores, por razões várias de gestão dessas mesmas entidades, mas é utilizado por rotina para briefings diários de preparação da operação para o dia seguinte. Possui um videowall em que podem ser visualizados todos os sistemas e câmaras disponíveis para as operações – câmaras dos APIS (automatic parking system) que permitem ver as posições de estacionamento; nos tapetes de bagagem, as operações não participam com a incidência que gostariam, mas neste momento estão a ser recrutados e formados mais OPA. As obras que irão decorrer durante o verão 2016 têm três grandes frentes: entradas múltiplas, intervenção no taxiway U1 e repavimentação da segunda metade da pista 03/21. Implicam um grande desafio de safety pois são obras encostadas à pista, há muitos trabalhadores que vêm de fora e que, embora recebam briefings de segurança, são um fator que aumenta um pouco a componente de risco associado. Por estes motivos a vigilância tem de ser maior, as pessoas têm de estar muito mais atentas, para que as faixas se mantenham operativas. A experiência técnica dos OPA, ao longo da sua carreira, acaba por ser aproveitada para posições de assessoria a vários níveis dentro da ANA, desde o Gabinete de Segurança até à Gestão Serviço de Aeródromo. Estes profissionais são uma mais-valia nestes lugares, uma vez que fazem a ponte entre os estudos teóricos e a realidade operacional da qual acumularam experiência ao longo dos anos. o que permite detetar atrasos na ocupação de um determinado tapete, por exemplo ainda estarem muitos passageiros à espera, e realocar outro para um voo seguinte, diferente daquele que o sistema de gestão aeroportuária decidiu automaticamente; e câmara térmica no posto avançado dos bombeiros, que permite observar a área de manobra, particularmente as saídas de pista. É também neste espaço que são monitorizados e geridos os chutes de distribuição de bagagem por voo e balcões de check in. Para além das posições disponíveis para as entidades exteriores, contam-se quatro posições de trabalho OPA: a Supervisão, a Coordenação 1 e 2 e a posição de Despacho. Todos os elementos do turno podem fazer qualquer uma das posições de trabalho, ou caso seja necessário, acumular funções de mais do que uma posição. Posição de Coordenação 1: é quem normalmente coordena os follow-me e faz as coordenações com a torre de controlo; é quem faz o controlo mais tático da operação, estando atento às alterações de planeamento que sucedem ao minuto. Posição de Coordenação 2: trata-se de uma posição mais estratégica em que se faz a gestão do que havia sido planeado de véspera – gestão de parqueamentos e portas quando há atrasos, por exemplo. Verifica também as alterações de matrículas enviadas pelas companhias e os códigos de atraso enviados (ED). Trata-se de um trabalho de retaguarda que se vai refletir na posição 1. Posição de Despacho: posição onde são verificados os formulários de tráfego de cada voo, no que toca a matrículas, passageiros, carga, e mandá-los para a faturação. É feita a faturação dos voos privados que não têm conta corrente com o Aeroporto. É também nesta posição que é monitorizado e gerida a plataforma CDM – Collaborative Decision Making. Uma das principais ferramentas de trabalho para a gestão das infraestruturas aeroportuárias é a visualização GANTT do Sistema de Gestão Operacional, que permite a visualização de forma gráfica da atribuição e ocupação de portas, parqueamentos, tapetes de bagagem, etc. O quadro que nos permite ver a ocupação dos parqueamentos tem em conta, por exemplo, o tempo de ocupação de cada voo, isto é, o tempo de rotação previsto pela companhia ou agente de handling; o intervalo entre ocupação de parqueamentos, idealmente deveria ser de cerca de 20 minutos, no entanto, e dado o aumento de volume de tráfego no aeroporto de Lisboa, muitas vezes um voo que chega vem ocupar um lugar de estacionamento que acabou de ser libertado. Existe um código de cores que informa acerca da operacionalidade do lugar de estacionamento e do estado do voo (se já chegou a calços, se já saiu de calços, se necessitará de ser rebocado…) que ajuda as operações no processo de alocação e replaneamento das infraestruturas. Foi uma manhã muito interessante e bem passada e agradecemos mais uma vez a forma como fomos tão gentilmente recebidos pela equipa das operações e a paciência com que nos mostraram e explicaram todas as vertentes do seu trabalho. . p.14 ULTRALEVE Nuno Chambel O Futuro é Ultraleve... Entre 25 de Março e 22 de Abril de 2016, inserido num projecto científico de pesquisa de Carbono Negro na Atmosfera, Matevž Lenarč ič deu a volta ao mundo num Ultraleve. Este evento passou um pouco despercebido, no entanto a mim despertou-me a atenção porque estou a tirar a licença de Piloto de Ultraleve precisamente neste modelo de avião, o Dynamic WT9. Matevž (pronuncia-se Mateus) fez a volta em 15 etapas com mais de 42 mil quilómetros percorridos em 186 horas de voo desde Portoroz na sua Eslovénia natal. Algumas etapas tiveram uma impressionante duração superior a 15 horas. A travessia do Oceano Atlântico, do Sal a Martinique durou mesmo 17 horas. REVISTA APCTA. VOL4 #36. JUL16 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo A ideia do projecto foi medir os níveis de Carbono Negro na atmosfera que é um indicador de poluição e actividade humana. O percurso foi: Portoroz (Eslovénia) – Jerez (Espanha) – Sal (Cabo Verde) – Fort de France (Martinique) – Fort Pierce (Florida, EUA) – Albany (Texas, EUA) – Moriarty (N. Mexico, EUA) – Watsonville (Califórnia, EUA) – Maui (Havaii, EUA) – Majuro (Ilhas Marshall) – Guam (EUA) – Kota Kinabalu (Malásia) – Colombo (Sri Lanka) – Fujairah (Emirados Árabes Unidos) – Hurghada (Egipto) – Dubrovnik (Croácia) – Portoroz (Eslovénia). p.15 É difícil imaginar todos os factores envolvidos numa aventura desta dimensão. A meteorologia condicionou algumas etapas tendo mesmo encurtando uma das etapas sobre os Estados Unidos. A manutenção do motor Rotax 912is tem que ter feita cada 50 horas o que numa epopeia destas dimensões, implica a cada 3 etapas uma paragem mais demorada. Tudo previsto no planeamento original. A manutenção do dia a dia não tem que ser certificada e foi feita pelo próprio Matevž no fim de cada etapa. Apesar de ser o futuro da aviação desportiva e de recreio, a Aviação Ultraleve é ainda pouco reconhecida mas com projectos desta magnitude, este tipo de aviões ganham um reconhecimento justo de fiabilidade e versatilidade de utilização. Termino como comecei. O Futuro é Ultraleve... . p.16 NA TERRA DOS CANGURUS Mário Coelho “O SISTEMA ATM DA TERRA DOS CANGURUS” Perante o desafio de eventualmente trabalhar para um prestador de serviços ATC do outro lado do mundo, não o recusei e ainda bem já que as experiências e lições profissionais foram muitas e valiosas e que aqui convosco partilho, numa perspectiva pessoal. Espero que seja interessante e que, quem sabe, algumas destas ideias sejam aproveitadas no futuro na escolha (aquisição e/ou desenvolvimento) de um (ou mais) sistema ATM quando o actual chegar à altura de ser substituído. Neste artigo vou descrever sucintamente o sistema ATM Australiano (o TAAATS - The Australian Advanced Air Traffic System que é o “EUROCAT australiano”) enunciando as suas principais ferramentas e dando realce às funções TXT, RADTAG e FPL. Existem outras funções e capacidades interessantes deste sistema mas dada a quantidade das mesmas deixo a sua breve descrição para outra eventual oportunidade. Mas antes deixem-me fazer um pequeno “desvio”, direcionado a todos os leitores deste artigo mas principalmente aos “só” operacionais (como eu). Uma das curiosidades com que me deparei durante a pesquisa para este artigo foi a quantidade de implementações de sistemas ATM que correram mal ou até muito mal em diversos países. Se procurarem encontram muitas his- tórias em sistemas de diferentes fabricantes diferentes (de todos eles, INDRA, RAYTHEON, THALES, SELECTA...), e desde países pouco desenvolvidos até países do primeiro mundo. O EUROCAT não foi excepção sendo um enorme exemplo o que aconteceu na Irlanda nos meses de Junho e Julho de 2008 em que o sistema por várias vezes, positivamente “arreou”, parou, desligou, congelou... Como costuma acontecer, também neste exemplo depois de passada a tempestade veio a bonança estando agora o sistema estável e sólido tendo a confiança no mesmo sido recuperada. Quando foi investigado o porquê desta implementação ter corrido tão mal diagnosticou-se um tardio e muito parco envolvimento dos operacionais (que não foram tidos nem achados no estabelecimento dos requisitos iniciais). As alterações posteriores aos requisitos operacionais de um sistema ATM são normalmente caras e demoradas trazendo problemas inesperados (por vezes ainda piores do que o que foram resolver) e acabando por custar ainda mais (dinheiro e tempo a resolver). Se os requisitos iniciais estiverem bem feitos e cumprindo com critério e rigor os passos seguintes de uma aquisição/implementação de um sistema as probabilidades de sucesso e de tranquilidade na operação são muito maiores. Terminei o “desvio”. De forma genérica o sistema australiano baseado numa solução de gestão de tráfego aéreo do fabricante THALES (antiga Thomson CSF), o EUROCAT, permite integrar uma quantidade enorme de unidades de controlo de tráfego aéreo geograficamente dispersas dentro de uma FIR (desde torres de controle, aproximações, terminais, e centros de rota) sendo um sistema transparente e coerente. Tendo entrado em operação no ínicio dos anos 2000, este “novo” sistema, permitiu redesenhar o espaço aéreo australiano que passou de seis FIR para duas, acabou com as FPV em papel mas acima de tudo adoptou um sistema absolutamente transparente em todo este país/”continente”. Existiam no início dos anos 2000 duas grandes categorias de sistemas EUROCAT, o EUROCAT-E e o EUROCAT-X. O EUROCAT-E foi desenhado para funcionar na Europa em espaços aéreos com alta densidade de tráfego e com uma boa cobertura radar (ou de outro tipo de vigilância, ADS ou MLAT) e seguiu no seu projecto directivas de engenheiros do Eurocontrol. São alguns exemplos de utilização deste sistema o Reino Unido, REVISTA APCTA. VOL4 #36. JUL16 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo a França, a Croácia e a Bélgica, entre outros. Já o EUROCAT-X, sistema com o qual trabalhei na Austrália é um produto feito para ser usado em espaços aéreos “mistos” com e sem cobertura de vigilância (radar ou outra) sendo que do espaço aéreo cego existem enormes porções territoriais e oceânicas. As principais funções de controlo são baseadas em processamento de planos de voo associados (quando possível) a informação radar, ADS/CPDLC. O input do CTA operacional na informação do Sistema pode ser vital para que este seja fiável. Nunca trabalhei no Sistema actualmente em uso em Santa Maria pelo que me parece algo idêntico se passa lá o que faz todo o sentido dadas as semelhanças de espaço aéreo (com zonas radar e com zonas em “terra de ninguém”). Hoje em dia o sistema Australiano incorpora o contributo de 70 ADS-B espalhados pelo país que além de darem o seu contributo têm um papel de “conformance monitoring” que no fundo é um processo de acompanhamento e de confirmação de dados e de performance do sistema dando mais solidez e precisão a todo o processamento de dados. No fundo o contributo para o que o CTA vê no ecrã é dado pelos dados obtidos pelos sistemas de vigilância e simultaneamente pelo processamento de planos de voo (no qual os CTA executivos têm acção directa e permanente ao longo de todo o voo de uma aeronave – mesmo nas aproximações e terminais). De cada vez que uma aeronave muda a trajectória prevista, por exemplo quando se cancela o SID ou o STAR enviando a aeronave directa a determinado ponto essa alteração de rota tem que ser feita de imediato no sistema já que vai afectar todos os dados até ao destino final, nomeadamente no que respeita a estimas, strip-posting (a fita, logo o plano de voo, pode num caso limite não chegar a um sector que passa a ser afectado por aquele voo) e ainda a possibilidade de termos alarmes RAM (Route Adherence Monitoring). Os colegas que trabalham (ou trabalharam recentemente) em Santa Maria compreenderão facilmente que, no início, me fez muita confusão quando percebi que um RPS (uma “aeronave” no ecrã) podia não ser mais do que a introdução e validação errada de um plano de voo, não estando na realidade nada naquele local do mapa radar (e que podia, ou não, estar noutro local). No início foi estranho, depois, ao perceber a besta passou a ser pacífico. Como curiosidade, em 2012, o departa- mento de marketing da THALES alterou o nome deste sistema de EUROCAT para TopSky, reclamando a THALES a cobertura de 40% do espaço aéreo terrestre, o que não deixa de ser relevante e nos deve deixar atentos. Numa lista não exaustiva este sistema permite: Processamento de planos de voo; Comunicações CPDLC; Radar Tags (ou RADTAGS); Texto “livre” no ecrã (TXT); Short Route Probe (SRP); Time of Passing Tool (TPL); Individual Quick Look (IQL); Modo de Espera (HOLD); Processamento de informação de pertinência aeronáutica (NOTAM, QNH, ATIS, ventos em altitude em tempo real, etc); Interface homem-máquina de toda a informação acima numa visualização centralizada e de imediato acesso ao CTA na sua consola; Controle de FLOW e sequenciamento de tráfego (MAESTRO); Gravação de dados; Sistema sem papéis com fitas de progresso de voo eletrónicas; Geração de alertas para uma correcta percepção situacional; – Os “normais” Emergência (EMG), Falha rádio (RAD), Hijack (HIJ); – STCA (bem diferente do nosso); – Minimum Safe Altitude Warning (MSAW); – Danger Area Infrigement Warning (DAIW); – Route Adherence Monitoring (RAM); – Temporary Danger Area Warning (TDAW); – Cleared Level Adherence Monitoring (CLAM); Se lerem a lista acima de forma ligeira poderão dizer que temos isto tudo (ou quase) mas se repararem está tudo disperso por vários sistemas (e até carreiras profissionais) com todas as vantagens e desvantagens disso mesmo. Por uma questão de espaço na revista descrevo de forma sumária os RADTAGS e o TXT e o processo de transferência de tráfego entre órgãos vigilância (mais àfrente). Hoje percebo o porquê da performance inicial no curso ser tão diferente dos colegas que já tinha trabalhado anteriormente com o sistema para aqueles que conheciam o EUROCAT ou a “BESTA” como carinhosamente é tratado pelos CTA relativamente aos que nunca tinham trabalhado com ele. Se a “besta” for devidamente alimentada (o que requer muita rapidez de teclado e an- p.17 tecipação de acções) o sistema é óptimo. Se a tua preocupação for “só” o tráfego e o seu tratamento a “besta” zanga-se e volta-se contra ti e a partir daí deixa de ser uma ajuda e passa a ser um (grande) inimigo principalmente em momentos de maior demanda e complexidade de tráfego. Claramente, salvo procedimentos de controlo de tráfego aéreo claramente diferentes dos que nós usamos mas que rapidamente se aprendem e aplicam, o grande choque na minha experiência na Airservices Australia foi, sem dúvida, a transição para este sistema. Na página seguinte está descrita a posição de controlo vigilância na Austrália, sendo que esta é igual - exactamente igual - em todas as consolas de vigilância do país, com a mesma disposição de equipamentos, mesma cor, tamanho, medidas, equipamentos iguais, funções iguais, a reação destes igual...que mais dizer? São 167 consolas exactamente iguais (distribuídas pelos dois ACC, pelas APP “remotas”, pelos dois locais de pré-ojt e pelo MLA (CDF). Um CTA que faça o módulo 81 ou 82 (curso radar app ou rota) pode prestar serviço em qualquer consola mudando “só” a geografia e os procedimentos locais. Tudo o resto, a “besta”, as suas funções, disposição de equipamentos é exactamente igual independentemente do local de trabalho. (IMG 1) SLIDETAAATS – Começando pelo centro temos o ecrã principal com o ASD que é basicamente a visualização radar do espaço aéreo controlado. De realçar a diferença cromática óbvia que me fez confusão no início mas que, mais uma vez, é uma questão de hábito. Do lado direito temos o ecrã auxiliar em tudo igual ao ASD só que mais pequeno. Na imagem usada a informação contida só é diferente porque estavam outras janelas abertas mas todas elas são configuráveis. Do lado esquerdo em baixo temos o VCS (também FREQUENTIS) e apesar de ser mais antigo do que o que usamos é em tudo idêntico. A maior diferença consiste na existência de um botão para gravação da rendição de posição entre o CTA transferente para o CTA aceitante. Por cima do VCS temos o METRAD (que mudou o nome para ARDDDS - Aeronautical Reference Data Display & Distribution System) e que consiste num ecrã multi-funções e que contém, entre outros, o radar meteorológico (com um atraso de oito minutos), e diversas bases de dados de consulta muito fácil e onde p.18 estão as cartas de aproximação, cartas de SID, STAR, bases de dados de aeródromos ICAO (busca por código), bases de dados de aeronaves (performance, MTOW), indicadores ICAO dos operadores, etc. Se repararem, do lado esquerdo do VCS temos um auscultador de telefone (que serve como telefone caso não se usem os headsets) mas que refiro porque se repararem tem uma porta onde, por trás, se esconde o UFB (ultimate fall back) e que consiste no principal sistema de back up caso uma avaria grave aconteça com o TAAATS. Felizmente, na operação, nunca o usei e de acordo com os colegas mais antigos nunca foi usado apesar de, obviamente, treinado tanto no MLA (CDF) como no OJT. 1 mesmo essa... o mesmo acontece em Melbourne. As mesmas consolas... (IMG5) MLA (ou CDF) com uma consola de treino (formação). A mesma consola... (IMG6) ACC de Brisbane onde operam além dos sectores de rota NW da Austrália, as aproximações de Brisbane, Sydney e Cairns. A mesma consola... (IMG7) APP de Adelaide, que opera a partir do aeroporto de Adelaide, tal como acontece com Cairns e Perth. (IMG8) ACC de Melbourne (Imagem de 2002). Hoje, as consolas (ao fundo) são exactamente as mesmas. A função RADTAG (ou RADAR TAG) consiste numa etiqueta “avulso” criada para uma aeronave, normalmente VFR a baixa altitude) e que 2 7 (IMG2) Posição operacional no ACC de Melbourne (pode ser APP de Canberra, APP de Melbourne, ou qualquer sector de rota do ACC de Melbourne). A mesma consola... (IMG3) Sala de Pré-OJT no ACC de Melbourne onde é efectuado o treino Pré-OJT para os sectores de rota da FIR de Melbourne no SE da Austrália e os APP de Melbourne, Adelaide, Perth e Canberra. A mesma consola... (IMG4) Sala (Pré OJT) do ACC de Brisbane (a de Melbourne era igual – não me canso de repetir). Esta sala serve os pré-OJT dos sectores de rota NW da Austrália, as aproximações de Brisbane, Sydney e Cairns. No caso de acontecer um evento “devastador” no ACC esta sala é convertida na substituta do ACC em menos de 48 horas. Sei que me estou a repetir, mas a ideia é não funcionam com RADTAGS que são um útil “desenrasca”. (IMG9) Se esta aeronave pretender entrar em espaço aéreo controlado recebe a competente autorização acompanhada de um plano de voo introduzido por nós no momento gerando instantaneamente um código transponder para a aeronave em questão. Apaga-se a RADTAG, atribuí-se o transponder àaeronave e o sistema correlaciona-a passando a ser mais uma como as outras. Abaixo podem ver a imagem que simboliza (para mim) a pior tarefa no TAAATS que invariavelmente (no CDF e no pré-OJT) acontecia em momentos .... animados. (IMG10) Com treino e muita repetição e insistência deixou de ser um pesadelo e quantas 3 8 se utiliza enquanto não for prático introduzir o plano de voo da aeronave. Frequentemente a criação desta RADTAG era acompanhado da deliciosa “REMAIN OUTSIDE CONTROLLED AIRSPACE”. Esta etiqueta só é vista dentro da mesma partição do sistema, isto é, nas consolas pertencentes, como exemplo a uma mesma aproximação, ou a um mesmo sector de rota. Será uma das poucas ferramentas que não é transparente por todo o sistema. Se repararem na imagem existem algumas aeronaves com o código 1200 (VFR). Se uma delas chamar facilmente sabemos quem é (com os diferentes métodos conhecidos de identificação) e logo aí atribuímos o RADTAG com o Call Sign. que nos permite além, do callsign dispor de ferramentas básicas nomeadamente a introdução de níveis. Os alertas (STCA) 9 vezes não esperaram as aeronaves o que fosse preciso para ter o FPL, a clearance de entrada em espaço aéreo controlado. Enfim, “Heavy restrictions” algo muito familiar para alguns de nós... Evitava-se a todo o custo a entrada de RADTAGS em espaço aéreo controlado pois só a nossa consola a pode ver (a TWR, p.ex., não a vê). Se fizéssemos algum erro básico na introdução no plano de voo os nossos colegas TICA (lá intitulados TFDC – Traffic Flight data Coordinators) recebiam o nosso plano de voo e tratavam da sua correcção com a consequente multa instituída para o turno (normalmente em géneros calóricos para todos). Outra funcionalidade agradável e que pode parecer menor mas que é de facto muito útil, REVISTA APCTA. VOL4 #36. JUL16 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo é a função TXT, de utilização muito fácil e que permitia ao CTA colocar qualquer tipo de texto livre com informação importante no ecrã radar. Existem vários exemplos da sua utilidade como por exemplo a alteração táctica de uma altitude numa área restrita, ou como lembrete de uma aeronave que ficou de cancelar o SARTIME por ir aterrar num aeródromo (ou pasto, literalmente) longínquo. Passando à etiqueta radar, qualquer um de vós sem formação específica no TAAATS facilmente lê a etiqueta abaixo (pelo menos quase toda). Na primeira linha vemos a pista a usar pela aeronave (no exemplo dado a pista não está ainda atribuída e por isso aparece 00). Se a aeronave for fazer, p.ex. um ILS para a 4 5 que aqui omito, nomeadamente a recepção de mensagens relativas a uma aeronave específica com um alerta dentro da etiqueta da aeronave. Um pormenor muito importante e que vai simplificar imenso todas as coordenações (como facilmente perceberão mais à frente) é que por baixo da última linha representada no exemplo acima existe uma outra (Label Data Field) que pertence ao CTA (infelizmente não tenho nenhuma imagem com esse exemplo) onde se escreve tudo o que é pertinente ao voo nomeadamente instruções dadas. Ao escrever algo nesta linha (com conteúdos obrigatórios), sejam rumos, restrições de velocidade, status especiais (p.ex. MEDEVAC ou SIS), ao fazer a transferência de tráfego, o CTA aceitante está 6 p.19 Sabemos (e sentimos) que com o aumento do tráfego é fundamental diminuir as comunicações /coordenações desnecessárias que só levam a um aumento espúrio e desnecessário de carga de trabalho. Assim e compreensivelmente temos evoluído para “coordenações silenciosas” onde não existe uma coordenação telefónica entre orgãos adjacentes desde que reunidas condições entendidas por todos os envolvidos como “padrão”. No entanto, pontualmente, pode ocorrer uma situação em que o CTA transferente não detecta um potencial conflito no orgão adjacente procedendo à transferência do tráfego quando no entender do CTA aceitante não o devia ter feito. No nosso Sistema ATM não temos uma ferramenta que previna esta situação. No TAAATS a transferência do controlo é feita em dois momentos sendo silenciosa (como cá) excepto quando determinado em contrário ou como é normal quando exista um motivo excepcional que justifique o contacto telefónico antes da transferência. Assim, quando o CTA transferente decide que por si pode transferir o tráfego, age sobre a etiqueta radar da aeronave efectuando 10 11 pista 35 aparece “35A” nesse campo (informação importante para a TWR). O indicativo é “REX3151”, wake turbulence M, a manter FL 120 e a manter 280KTS (groundspeed). Na última linha aparece o destino (neste exemplo Melbourne e o tipo de aeronave SF34), o #2 é código para equipado RNAV. Esta imagem pertence ao site da Airservices Australia e representa uma aeronave fictícia (SLRDR1) que é o “trenó do Pai Natal” numa brincadeira que fazem para “miúdos da empresa” no Natal. (IMG11) Existem ainda outros pormenores a aceitar o tráfego também com essas “instruções ou indicações”. O não escrever o que estava prescrito como obrigatório configurava como uma suspensão imediata da operação no que configurava uma IIDD (Incorrect or Incomplete Data Display). A transferência de tráfego terá sido um dos processos que mais me surpreendeu e dos quais mais gostei pois processa-se de uma forma silenciosa (com as normais excepções) mas perante duas acções positivas, uma do CTA transferente e outra do CTA aceitante, e que passo a explicar. a transferência da mesma. Ao efectuar esta transferência de etiqueta, a transferente muda de cor e fica a piscar assim como a “mesma” etiqueta no monitor do CTA aceitante. Assim que o CTA aceitante agir sobre a sua etiqueta “assumindo-a”, a etiqueta do CTA transferente para de piscar e aí sim (e só nesse momento) procede-se àtransferência de comunicações (e controle, obviamente). Com esta ferramenta, simples, tem-se a total garantia que ambos os CTA fazem uma transferência positiva e inequívoca sem necessidade de comunicações. Aqui ficam alguns exemplos de siglas usadas no campo “label data field”: MR – Pedido para manter rumo de pista MH – Pedido para mante presente rumo R370XGULUM Requerimento para cruzar ponto GULUM a nível 370 R120X30MCB Requerimento para cruzar 30 milhas de canberra a nível 120 SIS – Aeronave a receber serviço SIS UC (time) – Sem contacto rádio desde (a hora) (Unanswered call) VSA – Autorização para aproximação visual dada (importante para a Torre) VSA S+F - (Sight and follow) Autorizada a VSA e mantém separação visual com a precedente (importante para a Torre) S220 – Speed 220 Kts MX – Maximum praticable Speed H\CULLIN – Instruído a entrar em espera em CULLIN CSR – Cancel Speed Restrictions NHR – No Height Requirements 250G – Pedido àaeronave para manter 250 kts ou mais M82L – Pedido àaeronave para manter M0.82 ou menos L10 – Deviation from route 10 miles to the left LR10 – Autorizado corredor de 10 milhas para cada lado da rota do FPR H180 – Rumo 180 . p.20 HISTÓRICOS DA AVIAÇÃO Pedro Matos Avro Vulcan Concebido nos primeiros anos da guerra fria, o Avro Vulcan (felizmente) nunca foi utilizado na missão para a qual foi concebido – lançar bombas nucleares. Representando à época um enorme salto tecnológico, serviu com distinção o seu país durante quase três décadas…e, graças aos esforços da RAF e de uma organização particular, foi possível manter um exemplar preservado em condições de voo até ao fim de 2015. REVISTA APCTA. VOL4 #36. JUL16 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo Apesar de se terem unido para derrotar a Alemanha na 2ª Guerra Mundial, após o conflito a convivência entre União Soviética e os EUA / Reino Unido revelou-se tudo menos fácil, tendo ficado rapidamente claro que a tão desejada paz mundial não iria ser alcançada; de facto, muitos previam para breve uma guerra entre os antigos aliados, a qual, dada a disponibilidade de bombas nucleares, poderia infligir ao planeta estragos inimagináveis. Neste contexto, o Governo britânico entendeu que necessitava de um avião capaz de atingir o coração do território inimigo (entenda-se, a URSS) com bombas nucleares, e, tendo iniciado o seu programa atómico em 1946, em 7 de Janeiro do ano seguinte emitiu a especificação B35/46, em que desafiava as empresas aeronáuticas do país a submeterem propostas para a construção de um bombardeiro capaz de cumprir tal objectivo. A referida especificação era relativamente ambiciosa: resumidamente, pretendia-se dispor de um avião capaz de transportar uma bomba nuclear com cinco toneladas de peso, capaz de chegar a Moscovo em menos de três horas e que voasse a uma altura suficiente (FL500) para evitar as armas antiaéreas inimigas. Se a primeira condição não colocava problemas de maior, já as outras duas repre- sentavam um desafio interessante para os engenheiros aeronáuticos: basicamente, tinham de construir um avião que voasse duas vezes mais depressa e duas vezes mais alto do que os bombardeiros existentes na altura. Uma das companhias que decidiu responder ao desafio governamental foi a A. V. Roe & Co. (normalmente conhecida por Avro), que de imediato formou uma equipa para analisar o problema sob a liderança do seu director técnico, Roy Chadwick, criador do famoso bombardeiro Lancaster. Foi desde logo evidente para os homens da Avro que um avião que não rompesse com a configuração tradicional da altura – propulsão a hélice e asas direitas, i.e., com ângulo de flecha nulo – nunca conseguiria responder às exigências da especificação. Para lá chegar, foi decidido combinar duas tecnologias recentes mas promissoras: motores a jacto e asas em delta (refira-se que neste último caso foi basicamente aproveitada a pesquisa efectuada pela Alemanha durante a guerra, já que os Aliados pouco tinham investigado o assunto). Denominado Type 698, o projecto da Avro era de facto completamente diferente de tudo o que a empresa tinha feito até à data: basicamente, tratava-se de uma “asa voadora” com o compartimento da tripulação integrado, dois estabilizadores verticais nas extremidades das asas, e propulsionado por quatro motores a jacto, agrupados em dois pares, junto ao bordo de fuga. As bombas seriam transportadas em p.21 dois compartimentos, posicionados exteriormente em relação aos motores. Tendo sido exigido pelo Governo que as empresas respondessem ao fim de quatro meses, as propostas iniciais foram submetidas em Maio de 1947. Analisadas durante os meses seguintes, no fim do ano foram seleccionadas as da Handley-Page (HP.80, que viria a ser baptizado Victor) e da Avro. Apesar das dificuldades económicas por que passava o país na altura, o Governo decidiu patrocinar a construção de dois projectos diferentes (viriam a ser três…já lá vamos), com a justificação de que, dado o salto tecnológico imposto, não seria de estranhar que um deles acabasse por não resultar na prática; note-se que este receio era mais causado pelo Avro Type 698, o mais radical dos dois, mas o HP.80 não deixava também de ser uma aposta arriscada. Numa breve nota, refira-se que a especificação B35/46 veio dar origem a um terceiro bombardeiro: tendo alguma urgência em colocar em serviço o novo avião, o Governo acabou por atribuir também um contrato à empresa Vickers para a construção do seu Type 660, um projecto mais convencional do que os da Avro e da Handley-Page; consta que para esta atribuição terá contribuído um intenso lobbying do projectista-chefe da Vickers, George Edwards (pessoa de grande prestígio no meio aeronáutico), que utilizou o forte argumento de que o seu avião, sendo mais simples do que os da concorrência, teria menos probabilidade de sofrer atrasos, beneficiaria de um período de desenvolvimento garantidamente mais curto, e consequentemente entraria em serviço mais cedo do que os projectos da Avro e da Handley -Page…o que de facto veio a suceder: a sua entrada em serviço aconteceu em Fevereiro de 1955, baptizado com o nome Valiant. p.22 Após a entrega dos estudos preliminares, a Avro continuou a trabalhar na configuração definitiva do Type 698, apesar de ter sofrido a perda de Roy Chadwick, falecido num acidente aéreo em Agosto de 1947, que foi substituído na liderança do projecto por Stuart Davies. Naturalmente, surgiram diversas alterações: a espessura das asas foi reduzida, o que implicou a colocação lado a lado de cada par de motores (e não um em cima do outro, como inicialmente previsto) e a passagem do compartimento das bombas para a fuselagem, que se tornou mais volumosa, com o cockpit agora bem destacado; por outro lado, os dois estabilizadores verticais inicialmente planeados foram substituídos por um único, montado na extremidade posterior da fuselagem. Note-se que foi decidido prescindir do estabilizador horizontal, pelo que os lemes de profundidade foram colocados no bordo de fuga das asas. Tendo a configuração do protótipo do Type 698 estabelecida, e dada a falta de experiência prática sobre o comportamento do binómio motor a jacto / asa delta, a Avro optou, no início de 1948, por construir versões de teste do mesmo…à escala 1/3, e com apenas um motor. Oficialmente denominados Type 707, vieram, após o baptismo do “irmão” mais velho, a ser conhecidos por “baby Vulcan”. O Avro 707…aka “baby Vulcan”, e o porquê da asa em delta O Avro 707 foi o primeiro avião britânico com asas em delta…e antes de continuarmos, talvez seja boa ideia explicar brevemente as razões que levaram a Avro a optar por este tipo de asa. Em primeiro lugar, recorde-se que o Type 698 deveria ser um avião muito rápido, projectado para atingir uma velocidade de cruzeiro próxima da velocidade do som. No entanto, quanto um avião se aproxima desta, ocorrem alguns fenómenos aerodinâmicos indesejáveis; para os contrariar, ou para que ocorram o mais tarde possível, ou seja, o mais perto possível da velocidade do som, sabia-se que as asas deveriam possuir um grande ângulo de flecha, serem muito finas, terem baixa carga alar (para o que é necessário uma área apreciável; e note-se que o voo a grande altitude é quase impossível se este factor não estiver presente) e um baixo “aspect ratio” (quociente entre a envergadura e a corda)…e uma asa em delta é uma excelente resposta a estas necessidades. Por outro lado, a asa em delta permite dispensar alguns componentes habitualmente presentes nos aviões, como o estabilizador horizontal e dispositivos hipersustentadores (flaps e slats), simplificando o fabrico e a manutenção do avião; adicionalmente, o seu volume interno possibilita o transporte de uma quantidade razoável de combustível, bem como a integração completa dos motores e do trem de aterragem, o que resulta em ganhos aerodinâmicos. Por último, é tecnicamente fácil construir uma estrutura de suporte para esta asa que, sendo bastante resistente, seja também relativamente leve. Voltando ao Type 707, o primeiro dos cinco que vieram a ser construídos (em três variantes) voou pela primeira vez em 4 de Setembro de 1949. Com o registo VX784, tinha aos comandos o piloto de testes Eric Elser, que, após a aterragem, referiu que o seu comportamento era semelhante ao de um avião convencional. Infelizmente, a carreira deste primeiro 707 viria a ser bastante curta: apenas 26 dias após o voo inaugural, enquanto Elser testava o seu comportamento a baixa velocidade, uma falha eléctrica levou à abertura dos travões aerodinâmicos, levando o VX784 a entrar em perda, da qual o piloto não conseguiu recuperar, o que provocou a sua morte quando o avião se esmagou contra o solo. Tendo a investigação do acidente provado que este não tinha sido causado por problemas relacionados com a asa em delta, um segundo protótipo (mais aperfeiçoado), denominado REVISTA APCTA. VOL4 #36. JUL16 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo 707B, cuja construção havia sido atrasada enquanto a referida investigação decorria, ficou terminado um ano depois do acidente. Registado VX790, foi tripulado no seu primeiro voo, a 6 de Setembro de 1950, por Roland “Roly” Falk, piloto-chefe da Avro. Este senhor era conhecido não só por ser um aviador excepcional, mas também por pilotar sempre impecavelmente vestido, argumentando que os cockpits dos “seus” aviões deveriam estar tão limpos como o interior de um carro, e como tal não via necessidade de roupa protectora… Falk ficou deveras impressionado com o desempenho do 707B, o qual, no entanto, sofreu de alguns problemas de projecto…e uma aterragem forçada, que provocou danos, em Setembro de 1951. Tal implicou algum tempo no chão, enquanto se procedia às necessárias modificações / reparações, o que não permitiu que o 707B fosse tão útil como avião de pesquisa como os técnicos da Avro desejavam; no entanto, este foi o 707 com maior contribuição para o programa do Type 698, efectuando mais de 100 horas em voos de testes. O terceiro protótipo, versão 707A (registo WD280) voou pela primeira vez a 14 de Junho de 1951. Equipado com um motor mais potente do que os dois irmãos, e destinado a testar o comportamento da asa delta a alta velocidade / altitude, recebeu algumas modificações relativamente aos outros 707, que de facto o tornaram muito parecido com o futuro Type 698. Infelizmente, tal como o 707B, passou também muito tempo no chão enquanto os seus problemas de projecto eram resolvidos. No fim de 1951 iniciou-se a construção dos dois últimos 707 – mais um 707A e uma nova versão, denominada 707C, para treino de pilo- tos, dispondo evidentemente de dois lugares no cockpit (originalmente, foram quatro encomendados, mas apenas um foi construído). Os primeiros voos destes aviões ocorreram a 20 de Fevereiro de 1953 para o 707A (registo WZ736) e a 1 de Julho seguinte para o 707C (WZ744). Note-se que estes dois últimos 707 acabaram por não contribuir para o protótipo do Type 698, que já tinha voado em 30 de Agosto de 1952 (e quase se pode dizer o mesmo dos outros três “irmãos”, devido aos problemas que os afectaram). Representando eles próprios um avanço tecnológico considerável, não foi surpresa terem sofrido diversos problemas de juventude, já para não mencionar que a perda do VX784 e a aterragem forçada do VX790 não só atrasaram todo o programa de testes, mas também a construção dos restantes 707. Por outro lado, a partir do momento em que os protótipos do Type 698 iniciaram o seu próprio programa de testes, o seu bom desempenho tornou quase desnecessária a colaboração dos 707 no seu desenvolvimento. No entanto, refira-se que, com excepção do 707B, que sofreu um acidente em 1956 e não tornou a voar, os três 707 sobreviventes continuaram a sua carreira pela década de 60, contribuindo principalmente para o conhecimento das particularidades da asa delta, mas também servindo como banco de ensaio de diversos novos sistemas. Os protótipos do Type 698 – VX770 e VX777 30 de Agosto de 1952 ficou na história como o dia do primeiro voo do Avro Type 698. Nesta altura, o avião ainda estava numa fase p.23 muito inicial do seu desenvolvimento: alguns sistemas, como o de pressurização, ainda não tinham sido instalados, enquanto outros estavam longe da configuração definitiva - por exemplo, o combustível era transportado em depósitos instalados no compartimento das bombas e não nas asas, e os motores instalados – Rolls-Royce RA.3 Avon – eram significativamente menos potentes do que os Bristol Olympus previstos para a versão de produção. A honra de neste dia estar aos comandos do Type 698 – registo VX770 – coube a “Roly” Falk. Apesar de a tripulação prevista na versão definitiva do avião ser de cinco pessoas, Falk era o único ocupante da aeronave quando descolou da pista de Woodford para o seu primeiro voo de teste. Impossibilitado de subir acima de 10.000ft, devido à referida ausência do sistema de pressurização, o piloto aproveitou este voo principalmente para avaliar a manobrabilidade do avião. Mas o primeiro teste não terminaria sem um pequeno incidente…de volta a Woodford, após descer o tem de aterragem, Falk foi informado pela torre de controlo de que algo tinha caído do avião. Sem notar qualquer anomalia, o piloto manteve-se no ar, à espera que dois outros aviões descolassem para efectuar uma inspecção visual do Type 698. Ambos os pilotos observaram que apenas faltavam duas portas do trem de aterragem principal (que aparentemente não causaram estragos no solo!), problema que obviamente não impediu Falk de aterrar em segurança. A primeira aparição pública do Type 698 aconteceu menos de um mês após o primeiro voo, no festival aéreo de Farnborough de 1952. Totalmente pintado de branco brilhante, com um toque de cor dado pelo azul e vermelho das insígnias da Royal Air Force (RAF, a força aérea britânica), o enorme avião impressionou pelo aspecto futurista, pela “performance”, pela p.24 ou menos facilmente resolvidos pelos engenheiros da Avro…excepto um, que viria a mostrar-se bastante sério: a alta velocidade (Mach 0,86 e acima), o Vulcan tinha tendência a baixar o nariz, tendência essa que se acentuava à medida que a velocidade aumentava – ou seja, estava-se perante um ciclo vicioso potencialmente fatal. Este problema limitava a velocidade / altitude que o avião conseguia atingir, algo que a RAF não aceitaria. Os engenheiros conseguiram determinar que o problema residia no escoamento aerodinâmico no extradorso da asa, e que não havia maneira de o resolver sem efectuar alterações de vulto na mesma, principalmente no bordo de ataque. A mais importante modificação (e também mais evidente) consistiu na alteração do ângulo de flecha: originalmente constante (52°) ao longo de toda a asa, este valor foi mantido na parte exterior, enquanto na parte manobrabilidade – consta que Falk terá efectuado uma volta com as asas quase na vertical – e…pelo ruído que fazia, particularmente durante a descolagem. Pouco depois (a 2 de Outubro), o Type 698 foi oficialmente baptizado como “Vulcan” (ver caixa). Acrescente-se que o conjunto de bombardeiros originado pela especificação B35/46 veio a ser conhecido por “V-force”. Nos meses seguintes à apresentação pública, o protótipo foi recebendo diversas alterações que o foram aproximando da versão de produção: entre outros, foram instalados o posto do co-piloto, os sistemas de pressurização e combustível, e motores mais potentes – Armstrong Siddeley Sapphire SA.6, pois os desejados Bristol Olympus ainda não estavam prontos. Enquanto decorriam os testes iniciais do VX770, um segundo protótipo estava já em fase adiantada de construção. Este incorporava algumas alterações relativamente ao seu antecessor, sendo as mais evidentes o alongamento da perna do nariz do trem de aterragem, de forma a aumentar o ângulo de ataque das asas enquanto o avião estava no solo (descobriu-se, nos testes do Type 707, que, aumentando este ângulo em 3,5°, o comprimento da corrida de descolagem era substancialmente reduzido), a “bolha” sob o cockpit para alojar a posição do apontador de bombas, e a montagem dos motores Bristol Olympus Mk.100, com 9.750lb de impulso. Adicionalmente, diversos sistemas foram revistos ou aperfeiçoados. O primeiro voo deste segundo protótipo, registo VX777, aconteceu a 3 de Setembro de 1953, tendo pouco depois participado, tal como o “irmão” mais velho, no festival de Farnborough desse ano. Como ponto alto da exibição dos Vulcan, registou-se um voo em formação em que os dois protótipos foram acompanhados pelos quatro Type 707 (ver foto). Evidentemente que os testes de voo revelaram alguns problemas nos protótipos, mais interior foi reduzido para 42°. Além desta, outras alterações de menor relevo foram também efectuadas na asa, que veio a ser conhecida por Mk.2. Testada na prática pela primeira vez em Outubro de 1955, no VX777, esta asa resolveu quase todos os problemas sentidos na versão original, sem que se perdessem as qualidades desta, nomeadamente a excelente manobrabilidade que permitia. Já tínhamos mencionado esta característica do avião, quando referimos a demonstração do VX770 no festival de Farnborough de 1952, e no mesmo local, três anos depois, também com Roly Falk aos comandos, o segundo Vulcan de produção fez uma manobra ainda mais radical – um “barrel roll”. Aliás, consta que, algum tempo antes, no fim de um voo de teste, Falk tinha ensaiado a manobra num voo rasante sobre a fábrica da Avro…do qual resultou um número razoável de vidros partidos! O VX777 continuou a prestar bons serviços durante mais alguns anos, tendo sido retirado p.25 REVISTA APCTA. VOL4 #36. JUL16 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo em Fevereiro de 1962 e desmantelado no ano seguinte. Um fim triste…mas menos trágico do que o do VX770, que se desintegrou em voo durante uma exibição sobre a base de Syerston, a 20 de Setembro de 1958, causando a morte dos quatro tripulantes e de mais três pessoas no solo. Variantes de produção – B1 e B2 O lote inicial de Vulcan de produção recebeu a designação B1, com o primeiro exemplar (registado XA889) a ter o seu baptismo de voo a 4 de Fevereiro de 1955, se bem que as primeiras entregas à RAF só acontecessem no ano seguinte, concretamente a uma unidade de conversão formada para treino de tripulações na base de Waddington. A primeira unidade operacional começou a receber os seus B1 em Julho de 1957, tendo sido fabricados no total 45 aviões desta variante. o Vulcan dispunha de seis travões aerodinâmicos (quatro no extradorso e dois no intradorso das asas), que também eram utilizados para melhorar a travagem no solo, após a aterragem; esta travagem também era ajudada por um pára-quedas, montado na parte traseira da fuselagem. No apertado cockpit trabalhavam cinco pessoas: comandante, co-piloto, navegador, operador de radar e operador de sistemas. Destes, só os dois primeiros dispunham de assentos ejectáveis, sendo que em caso de emergência os restantes tripulantes teriam que abandonar o avião pela porta de entrada, situada na parte inferior da fuselagem…manobra muito perigosa, e que infelizmente causou algumas fatalidades. Ao longo da sua carreira, os B1 foram recebendo melhoramentos; destacamos a inclusão de novos sistemas electrónicos de defesa (os e com alterações nas superfícies de controlo: os 4 ailerons e 4 lemes de profundidade da asa Mk.2 foram substituídos por 8 elevons) garantiram melhor performance; outras evoluções importantes consistiram na instalação de um sistema de reabastecimento em voo e do sistema ECM do Vulcan B1A. A primeira entrega de um B2 à RAF aconteceu a 1 de Julho de 1960. Registado XH558, viria a ser, curiosamente, o último a ser retirado de serviço, em 1992 (mas a sua história não terminaria aqui – este assunto será desenvolvido na segunda parte deste artigo); em Janeiro de 1965, a RAF viria a receber a última unidade desta versão, da qual foram construídos 89 exemplares. Também os B2 receberam diversos melhoramentos durante a vida operacional, se bem que nem sempre aplicados a toda a frota, dos quais destacamos: motores mais potentes Porquê o nome “Vulcan”? O nome sugerido pela Avro para o Type 698 foi “Ottawa”, não só por estar de acordo com a tradição existente na RAF de baptizar os bombardeiros com nomes de cidades do Império Britânico, mas também como forma de homenagear o ramo canadiano da empresa (a Avro Canada). Todavia, a Vickers já tinha baptizado o seu Type 660 como “Valiant”, e Sir John Slessor, chefe do Air Staff (corpo de oficiais responsável pela gestão corrente da RAF), decidiu que os projectos da Avro e da Handley-Page teriam nomes iniciados pela mesma letra. Assim, este último viria a receber o nome “Victor”, enquanto o Type 698 seria baptizado como “Vulcan”, o deus romano do fogo e da destruição – sem duvida, apropriado para um bombardeiro. O Vulcan B1 impressionava pelas linhas futuristas e também pelas dimensões: 29,6m de comprimento, 30,2m de envergadura, 8m de altura, área alar de 330m2 (compare-se, por exemplo, com os 325m2 do Boeing 787) e peso máximo à descolagem de 86 toneladas. Os seus quatro reactores Olympus 101 com 11.000lb de impulso proporcionavam uma velocidade máxima superior a 1.000km/h, um tecto de serviço de 55.000ft (FL550), e capacidade para transportar 21.000lbs de bombas (quase dez toneladas). Quanto ao armamento defensivo, este primava pela ausência. Para ajudar a reduzir a velocidade em voo, chamados ECM, electronic countermeasures) em 28 aviões, cuja designação foi alterada para B1A (facilmente distinguíveis dos B1 pelo cone da cauda alongado, onde este sistema foi instalado), e a montagem de motores mais potentes, primeiro os Olympus 102 com 12.000lb e posteriormente os Olympus 104 com 13.500lb. Logo em 1956, a Avro iniciou os estudos de uma versão mais avançada do Vulcan, que veio a ser designada B2, e cujo primeiro exemplar (XH533) iniciou os testes de voo em Agosto de 1958. Os mais potentes motores (17.000lb) Olympus série 200 e uma asa aperfeiçoada, designada Mk.2C (com maior área e envergadura, (Olympus série 300, com 20.000lb de impulso), sistemas mais evoluídos (p.ex., a nível de navegação, ECM e terrain following radar – equipamento que permite ao piloto automático manter o voo a muito baixas altitudes), reforços estruturais nas asas e sistema de arranque rápido dos motores. O serviço dos B1, evidentemente, terminou antes do dos B2: os últimos B1A foram retirados em Janeiro de 1968. Curiosamente, um B1 (XA903) manter-se-ia activo por mais uma década, até Fevereiro de 1979, emprestado pela RAF para servir como banco de ensaio voador de motores, primeiro dos Olympus 593 do BAC / Aérospatiale Concorde, e posteriormente dos Turbo-Union RB199, destinados a equipar o Panavia Tornado. Quanto aos B2, a última esquadrilha de bombardeiros com eles equipada foi dissolvida em Dezembro de 1982, tendo seis unidades, convertidas para reabastecedores, continuado em actividade até Março de 1984. . p.26 APCTA Ana Santiago 1º ARRAIAL APCTA No passado dia 18 de Junho realizou-se o 1º Arraial APCTA, um evento festivo que proporcionou um excelente fim de tarde de convívio entre os associados e suas famílias, animado pelo segundo jogo da seleção nacional no campeonato Europeu de futebol. A primeira edição do Arraial da APCTA decorreu no Parque Bensaúde, situado em São Domingos de Benfica, em Lisboa - um jardim com cerca de 3,5 hectares pertencente a uma antiga quinta do século XVII - estando presentes cerca de 180 participantes oriundos de vários órgãos, dos Açores, de Faro e de Lisboa. 16:00h À chegada os participantes encontravam a zona de check-in do arraial, onde recebiam as senhas de bebidas e comida, sendo-lhes oferecido uma toalha de pic-nic alusiva à APCTA. De seguida, os participantes eram convidados a descobrir as várias atividades do evento que se encontravam distribuídas ao longo dos dois patamares do parque. No primeiro patamar encontrava-se uma zona lounge, onde os participantes podiam estender as toalhas de pic-nic e relaxar em vários puffs num ambiente perfumado por manjericos, ao som dos clássicos da música popular Portuguesa. Ainda neste patamar situava-se o bar, que oferecia refrigerantes e águas aos mais pequenos e em troca de senhas, cerveja e sangria aos mais crescidos. Apesar de não fazer parte do imaginário dos arraiais, havia um Bar de Gin com um barman com elevadas credenciais. No segundo patamar, encontrava-se a street food, onde o grande vencedor foram as bifanas. Mas como não há arraial sem sardinhas, lá estavam elas para satisfazer as bocas mais exigentes. No entanto, o caldo verde foi fundamental para ajudar a aquecer a alma dos participantes, quando a noite começou a cair. Na opinião dos participantes, a street food do arraial merecia uma estrela Michelin, pela comida, pela simpatia do atendimento e pela eficiência dos empregados. Como São Pedro proporcionou um fantástico dia de sol também estavam disponíveis para venda gelados que fizeram a delícia dos mais gulosos num dia de verão. Ainda no segundo patamar encontrava-se a zona de jogos populares, onde os participantes puderam disputar uns jogos, atirar setas aos balões e derrubar umas latas. No final de cada jogo os vencedores ganhavam valiosas senhas de bebidas. 20.00h Junto à entrada encontrava-se uma zona de cinema ao ar livre, onde foi projetado o segundo jogo da seleção nacional num verdadeiro ambiente de estádio de futebol. Às 20 horas cantou-se o hino e apesar da boa prestação da seleção o jogo terminou com um empate entre Portugal e a Áustria por 0-0. Mesmo ao lado da zona de cinema foram colocadas duas mesas de matraquilhos para os aficionados da bola poderem aquecer antes do jogo. Como seria de esperar, dos mais pequenos aos mais crescidos, realizaram-se verdadeiros torneios de Matrecos, proporcionando grandes momentos de entusiasmos e inúmeras goleadas. REVISTA APCTA. VOL4 #36. JUL16 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo 22:00h Num arraial não podia faltar o bailarico. Dos miúdos aos graúdos, todos deram um pezinho de dança ao som das melhores músicas portuguesas. A pista foi aberta pelas várias famílias presentes, tendo estado sempre animada pela noite dentro com os mais resistentes. Porque a hora da despedida custa sempre, à saída foi oferecido aos participantes um perfumado manjerico, para recordarem a tarde bem passada com a família e colegas. O 1º Arraial APCTA foi pautado por boa disposição e convívio, por reencontros de colegas que apesar de trabalharem na mesma empresa, passam anos sem se verem e por descobertas de colegas que apenas se conhecem por coordenações telefónicas e que finalmente puderam atribuir uma cara à voz com quem costumam trabalhar. . p.27 p.28 DESTINO Nuno Raínho EUA/OESTE Volcano, Mountains, Canyons & Vegas Tinham passado 17h desde a nossa descolagem de Lisboa passando por Newark quando o Bombardier da Skywest Airlines, com o sol a pôr-se atrás das montanhas que iríamos atravessar no dia seguinte, completava o seu voo que nos trazia de Denver até Cody no noroeste do estado do Wyoming… Yeehaw…grito de ‘wild west’ que se ajustava perfeitamente a este destino que deve o seu nome ao lendário William ‘Buffalo Bill’ Cody e que o honra com os quase diários (pelo menos no verão) Rodeos! Grand Teton NP-Moose (Inner Park Rd, WY) REVISTA APCTA. VOL4 #36. JUL16 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo O nosso 2L Jeep Patriot (interrompo para uma nota de ‘choque cultural’- 2.0L nestas bandas tipo Wyoming e Colorado são cilindradas de brincar…só vendo para crer nas ‘bestas’ de motorizações que aqui circulam! Um pormenor para quem nunca viajou para os EEUU – os semáforos estão posicionados no lado oposto da via, e, mesmo com vermelho podese virar à direita a não ser que indicado que assim não o possam!) iniciava a sua aventura de 5000 km de final de Junho e princípio de Julho por paisagens absolutamente magníficas. Hoje em dia um acesso rápido a uma vastíssima informação na qual obtemos imagens/ vídeos dos locais que planeamos visitar pode eventualmente retirar o efeito surpresa daquilo que vamos encontrar mas garanto-vos que pelo menos nesta viagem isso não se passa…a grandiosidade das paisagens é sublime! Estamos nas Rockies (Rockie Mountains) imensa cadeia montanhosa que corta a América do Norte por aproximadamente 5000 km desde o Novo México a sul até bem dentro do Canadá. Saímos de Cody para o Parque Nacional do Yellowstone pelo caminho mais longo com o objectivo de percorrer a ‘sky-high Beartooth Highway’ pois esta estrada de montanha é considerada a melhor para entrada no Yellowstone, a mais ‘excitante’ viagem de moto no oeste Americano e a estrada mais ‘cénica’ da América…é preciso dizer mais?! ‘Sky High’ porque iniciamos nos 1500m em Red Lodge no Montana e depois até cerca dos 3400m voltando a entrar no Wyoming e novamente no Montana para entrada no Yellowstone, outra vez no Wyoming, acima dos 2000m, altitude mínima deste imenso parque com uma área aproximada de 9000 km2! Optámos por West Yellowstone uma pequena cidade no Montana junto à entrada oeste do parque para as duas noites seguintes. Estávamos em plena ‘high season’ que vai de Junho a Agosto. Uma constante nesta viagem foi a quantidade de autocaravanas (RV). Algumas do tamanho dos nossos autocarros grande turismo e que ocasionalmente ainda traziam um SUV a reboque…hajam estradas para isso! O parque nacional de Yellowstone foi estabelecido em 1872 (o 1º a nível mundial) com o objectivo de preservar a sua extraordinária geografia, o fenómeno geotérmico, a floresta fossilizada e o Lago Yellowstone. A suas características geotérmicas são importantes pois reúne metade dos geysers existentes no nosso planeta que se situam na cratera deste super vulcão…imaginem uma cratera do tamanho do distrito de Coimbra...ah, convém também informar que ele está adormecido! Garantovos que na próxima erupção não é só o tráfego aéreo que será afetado! Percorremos nos 230 km da ‘Grand Loop Road’ os locais mais emblemáticos deste parque com vistas de manadas de Bisontes, Veados, Alces – Tower Fall, Undine Falls, as magníficas Mammoth Hot Springs, Norris Geyser Bassin, as fantásticas Lower Falls com o Grand Canyon do Yellowstone, Hayden Valley, Yellowstone Lake, West Thumb Geyser Basin, Old Faithful and the Geysers, Biscuit Basin, sublime Grand Prismatic Spring e Madison River… Yellowstone NP-Hayden Valley (US89, WY-Grand Loop Road) p.29 alonguei-me na quantidade de locais pois todos eles merecem paragem e vários percursos a pé (mesmo de curta distância) para disfrutar condignamente desta maravilha natural. No 4º dia abandonamos o Yellowstone passando pelas Lewis Falls para de imediato entrar noutra maravilha que é o Grand Teton National Park com os seus 12 picos de montanha moldados por glaciares…paisagens de encher a alma! Fotos e mais fotos…não conseguíamos parar! Aaah, e mais um ‘perfect picture stop’ na Mormon Row. Saímos do parque a caminho do Colorado, 600 km até à entrada do ‘Centennial State’ cruzando o Wyoming de norte a sul. Imensidão e céu azul, ranchos de dimensões gigantescas, o ‘western’ no seu melhor. ‘Long, long road’…e de repente à nossa direita um urso castanho a alimentar-se a 100m da estrada…fotos e mais fotos. Dormida em Lander com um ‘Muy Bueno Burger’ – Guacamole, jalapeños, pepper, jack cheese e teriaky sauce a acompanhar um delicioso e imenso naco de carne. ‘Trip Day’ 5 ainda no Wyoming passando pelas ‘históricas’ Rawlins e Laramie. (Historic Building, Historic Site…Historic para estas bandas refere-se a qualquer coisa que seguramente não tem mais de 130 anos!). Em virtudes das Rockies nunca baixamos dos 1500m e entramos no Colorado já bem acima dos 2000m pois este estado tem a maior concentração de altas montanhas – as ‘14ers’ devido aos seus 14000 pés (4300m). É bem visível o ‘rasgo’ que esta cordilheira faz neste estado dividindo eficazmente um oeste extremamente montanhoso dum leste de planalto imenso idêntico ao dos estados imediatamente a leste tipo Kansas, Oklahoma…os ‘tornado states’. Curiosamente foi no aeroporto de Denver que se situa precisamente no início das grandes planícies que vi as indicações de abrigos de tornados - eram nos WC! Com uma breve passagem pela cidade universitária de Boulder (a capital das ‘outdoor activities’), continuamos para Estes Park, porta de entrada para o famoso Rocky Mountain National Park. Dormida bem perto do assombrado Stanley Hotel (The Shining). O 6º dia leva-nos a uma sucessão de ‘overlooks’ de paisagem alpina ao longo dos 100 km que fazemos dentro do parque quase sempre acima dos 3000m e atingindo os 3700m perto do Alpine Visitor Center. Veados, alces, car- p.30 Grand Teton NP-Mormon Row (Antelope Flats Loop Rd,WY) neiros a embelezar os ‘quadros’. Mais à frente, ainda dentro do parque, passamos no Milner Pass localizado no ‘Continental Divide’ (uma divisão ao longo do continente americano do sistema natural de drenagem de águas – ou seja, a leste todos os rios correm para o Atlântico e a oeste para o Pacífico). Almoço num ‘western bar’…’Throw the peanut shells on the floor…no, really…on the floor’ e uma cerveja ‘Redbridge’! Continuando para Denver entramos em zona de antigas minas (muito poucas ainda em actividade). Georgetown com a sua localização no meio das montanhas e bonita arquitectura urbana cativa-nos. Mais à frente Central City também. Estas duas cidades parecem museus vivos…ficamos à espera do som dos cavalos ao virar da esquina! Golden já na proximidade de Denver também prometia só que começou a cair um aguaceiro forte que nos fez antecipar o ‘check-in’ para essa noite. O dia seguinte começa com uma breve passagem pela ‘downtown’ de Denver…alguns edifícios chamam a atenção…um mix interessante de arquitectura moderna e outros dos princípios do século 20 e um pouco antes com destaque para a Union Station e o State Capitol com a sua cúpula dourada (na verdade tem cerca de 6kg em ouro - herança dos tempos da corrida ao ouro). Continuamos para sul para Colorado Springs ao pé do famoso Pikes Peak (4300m). Cidade olímpica e conhecida pelas suas importantes 4 bases militares com destaque para a da Força Aérea. No entanto o nosso interesse recai na visão surreal das ‘catedrais’ em pedra vermelha do parque Garden of the Gods. Uma breve passagem por Manitou Springs leva-nos de seguida por paisagens de fantástico contraste reforçado por céus cinzentos rasgados ocasionalmente por relâmpagos magníficos que nos acompanharam juntamento com alguns aguaceiros até à Royal Gorge Bridge, extraordinária estrutura metálica que permite o cruzamento duma garganta profunda do rio Arkansas. Seria ao longo deste rio de fortes rápidos propício à prática de rafting como bem podemos constatar que seguiríamos a US50 até ao muito simpático destino dessa noite, Salida. Locais e turistas sentavam-se na relva ao final da tarde a escutar o grupo musical cujo som se misturava com os rápidos do Arkansas. Dia 8 da viagem continuamos ao longo do rio Arkansas em paisagem de floresta sempre recortada pelos ‘14ers’ cobertos de neve a embelezar as fotos. Um pequeno desvio por um estradão (Old Midland Railroad Tunnels) recompensa-nos ainda mais. Desde a Royal Gorge no dia anterior que prosseguíamos para norte e depois para oeste através da floresta nacional de San Isabel para o famoso Independence Pass (3700m), talvez o mais emblemático do Continental Divide, pois as vistas são IMAX! Em seguida continuamos até à lindíssima Aspen para embarcar num autocarro que nos levou até Maroon Bells onde fizemos uma caminhada num cenário absolutamente magnífico – é difícil escolher um só lugar a visitar no Colorado mas muito provavelmente seria este. Um pouca mais para nordeste e começámos a virar para sudoeste para a nossa dormida em Delta. Sempre para sul o próximo objectivo era a Million Dollar Highway (US550) com as suas estruturas mineiras de outros tempos da corrida ao ouro bem reflectidos em cidades como REVISTA APCTA. VOL4 #36. JUL16 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo p.31 Monument Valley Navajo Tribal Park, AZ (Navajo Indian Reservation) Silverton,CO Maroon Bells,CO (Maroon Bells Snowmass Wilderness) Lower Antelope Canyon, AZ (Navajo Indian Reservation) Ouray, Silverton e Durango, esta última após cruzarmos a magnifica San Juan National Forest. Logo à saída de Ouray não esquecer as imponentes Bear Creek Falls. Na bonita Durango viramos para leste em direcção a Cortez a nossa paragem dessa noite não sem antes fazer uma devida visita ao fantástico Mesa Verde National Park. As vistas das ‘mesas’ e das habitações ancestrais ligadas por escadas em madeira, literalmente cravadas na rocha, é sublime. Convém aqui fazer uma nota histórica pois a zona a sul do rio Arkansas pertenceu ao México pelo que a partir de este ponto da nossa viagem a influência da cultura hispânica é visível. E ao 10º dia abandonamos o Colorado para uma breve incursão no Utah. A paisagem modifica-se substancialmente dando lugar a canyons rasgados pela erosão provocada pelo vento e rios ao longo de milhões de anos. A aridez e os tons vermelhos são predominantes. Na pequeníssima cidade de Bluff aproveitamos para visitar um conjunto de réplicas/originais das cabanas dos pioneiros – altamente recomendável. A seguir iniciamos mas em direcção inversa uma grande parte do itinerário que já tinha feito há 20 anos atrás. Começamos por revisitar o Goosenecks State Park com o rio San Juan a contorcer-se como uma cobra para acompanhar o canyon. De seguida uma paragem no emblemático Mexican Hat. Imediatamente entramos na imensa reserva índia dos Navajo e mais um ‘perfect picture spot’ no icónico ‘Mile Marker 13’ da US163 que nos en- che a alma com a visão do Monument Valley. Deixamos os ‘Rocky Mountains States’ para entrar nos ‘Southwest States’ através do Arizona. Almoço dentro do Monument Valley Navajo Tribal Park…as vistas através das amplas janelas junto à nossa mesa são inacreditáveis! O ‘driving loop’ de 30 km em estrada de terra batida é magnífico com as ‘mesas’ e os ‘viewpoint’ para as muitas formações rochosas (Elephant Butte, The Thumb, etc). O cenário é perfeitamente ‘western’…até há um ‘John Ford’s Point Overlook’! Rumo Kayenta para uma bem merecida piscina e dormida no Hampton Inn. Percorremos mais 150 km dentro da reserva dos Navajo num planalto elevado de vegetação rasteira com ocasionais formações rochosas. Longas retas realçam a imensidão da paisagem (quase) sem presença humana. Perto do meio-dia chegávamos ao fotogénico Lower Antelope Canyon nas proximidades do gigantesco Lake Powell. Para visitar o Antelope Canyon precisamos de nos juntar a um tour com hora marcada…e o meio-dia solar é a hora recomendada para o fazer. O canyon está dividido pela estrada em Upper e Lower sendo o primeiro mais turístico e mais fácil de percorrer pois não envolve escadas nem é tão claustrofóbico como o Lower, algumas passagens neste último não são para qualquer um. Estas características fazem com que haja uma constante monitorização de eventual precipitação que provoque as (ali mortais) ‘flash flood’! Imperdível pelas formas que as águas lhe moldaram e pelas alucinantes cores…vermelho, rosa, creme. Almoçámos em Page e depois de irmos ao hotel ainda fomos dar uma volta pela Glen p.32 Lakeshore Dr, UT (Glen Canyon National Rec Area) Canyon National Recreation Area junto ao lago Powell. O contraste do imenso lençol de água (a albufeira tem um perímetro de 3060 km e uma capacidade para 30 km3 de água…a do Alqueva leva até 4 Km3) com o deserto mais um céu azul salpicado de nuvens é brutal! No dia 12 continuamos na reserva índia mais 170 km passando pelo ‘Painted Desert’ e Cameron até à entrada este do Grand Canyon National Park onde iríamos pernoitar as 2 noites seguintes no Canyon Plaza Resort em Tusayan na entrada sul. Para o Grand Canyon permito-me a tradução (algo liberal) do meu livro de viagem da Lonely Planet: “…Mas mesmo com as multidões, há um sentimento de admiração comunal que mantém um relativo ‘easygoing’. De início é a imensidão do canyon, seguido pelas dramáticas camadas de rocha, que lhe despertam um olhar mais atento. Depois estão os detalhes artísticos - planaltos acidentados, pináculos quebradiços, cumes castanho-avermelhados - que surpreendem os seus olhos…”. Serpenteando por mais de 400 km e esculpindo nos últimos 6 milhões de anos este canyon o rio Colorado também expôs rochas com metade da idade da terra. As duas orlas (‘rim’) do Grand Canyon oferecem experiências muito diferentes; estão afastadas apenas 15 km em linha reta só que por estrada são 350 km! A maioria dos visitantes (90%) escolhe a orla sul devido ao seu fácil acesso, variedade de serviços e vistas. Junho é o mês mais seco, Julho e Agosto os mais chuvosos! Como entrámos pelo acesso leste percorremos a Desert View Drive até à Grand Canyon Village com paragens na Desert View Tower, Lipan Point, Moran Point e Grandview Point. Almoço no magnífico El Tovar. Para o dia seguinte reservámos o início da manhã para fazer um voo privado sobre esta maravilha da natureza…brutal (eu sei que tenho abusado dos adjectivos mas toda a sucessão de paisagens ao longo destas 3 semanas Grand Canyon National Park, AZ assim me obriga!). Para almoço reservámos mais um ícone, o Bright Angel Lodge na Grand Canyon Village. Daí percorremos o lado oeste (fechado a viaturas privadas) até ao Hermit’s Rest, umas vezes no ‘free shuttle’ e outras em percursos a pé ‘picando’ os diversos miradouros existentes tais como Hopi Point, Mohave Point e Pima Point. Ao 14º dia tomámos a direção sul até Williams, cidade importante da ‘Mother Road’ US66…Sultana Bar, Cruiser’s Café 66 entre outros reforçam a sua importância turística. A partir daqui e até Ash Fork o percurso voltava a ser novidade seguindo para este até Flagstaff e depois para sul ao longo da Coconino National Forest até Sedona, nosso destino para essa noite. Passagem pelo Oak Creek Canyon e Bell Rock. Sedona tem um enquadramento fantástico com as imensas rochas vermelhas como pano de fundo. Há uma envolvência muito ‘cool’ acentuada pela forte influência ‘New Age’ que acredita que esta área “is the center of vortexes that radiate the earth’s power” !? A verdade é que não resistimos a ir ver o ‘sunset’ a partir dum desses vórtices que fica na Airport Mesa – mágico! Na manhã seguinte logo à saída de Sedona fizemos uns interessantes estradões pelas montanhas vermelhas que rodeiam a cidade e depois continuámos para as históricas ‘wild west’ Jerome e Prescott. Nesta última almo- çámos no ‘The Palace’ que é um verdadeiro ‘historic’ saloon. Tivemos também a sorte da cidade estar em festa (era 3 de Julho) com a população e visitantes espalhados pelos jardins da ‘main square’ – barracas de limonada, pipocas, botas e outros davam um colorido especial à praça. A seguir rumámos norte para nos juntarmos em Ash Fork ao troço ininterrupto mais longo da Route 66 que se prolonga por 180 km até Kingman nosso ‘night-stop’ passando por Seligman que leva bem a sério a sua relação com esta estrada – paragem obrigatória e uma visita à famosa Angel & Vilma Delgadillo’s Route 66 Gift Shop. Para despedida da US66 nada melhor que um jantar no Mr D’z Route 66 Diner em Kingman nem que seja só pelo ‘décor’…um ‘must’! E ao 16º dia era o ‘4th of July’, mas já lá chegamos. Troço até à brutal Hoover Dam que marca a fronteira entre o Arizona e o Nevada retendo as águas do rio Colorado que alimentam o gigante Lake Mead (tem pouco mais de 1/3 de perímetro comparando com o lago Powell mas devido à sua profundidade tem uma capacidade de armazenamento igual à desse lago mais o Alqueva juntos...à grande, ou seja, à americana!). A seguir à barragem fizemos a Lake Mead Lakeshore Scenic Drive, mais uma vez o magnífico contraste da água com o deserto que nos levaria até à entrada este do Valley of Fire State Park. ‘Beber’ uma p.33 REVISTA APCTA. VOL4 #36. JUL16 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo Prescott, AZ paisagem assim num contraste do traçado em asfalto negro com as rochas em vermelho vivo é indescritível pelo que deixo mais uma vez a transcrição do meu roteiro “A masterpiece of desert scenery filled with psychedelically shaped sandstone outcroppings…”! E foi repetição! Como estávamos a chegar 1 dia mais cedo optei por um Hampton Inn em Henderson um pouco a sul de Vegas. Piscina e à noite lá fomos para o meio do imenso trânsito que circulava na Las Vegas Blvd…estacionei o carro CO82, CO (Independence Pass Continental Divide-White River National Forest) num dos hotéis (é grátis, só é pago na zona onde nasceu a cidade, a área envolvente à Freemont St no norte da cidade!), subimos ao piso superior do parqueamento e juntamente com mais umas largas centenas assistimos ao fogo-de-artíficio…programa completo pois também incluiu a filmagem duma americana a cantar o hino…Yes! As próximas 4 noites que nós os 3 iríamos passar em Vegas já tinham sido reservadas no Hard Rock Hotel & Casino (localização óptima, quarto graaande, decoração à Hard Rock, complexo de piscinas fabuloso-”Best Hotel Pool” no USA Today’s 10BEST Reader’s Choice 2015, tarifa por noite de 41€ !!!). Ah, Vegas …entramos numa ‘twilight zone’…é uma experiência de vida. Definitivamente não é para todos os gostos, os contrastes são grandes, a opulência, a pobreza! Transcrevo: “É uma fatia de deserto que se transformou num dos lugares mais luxuosos do mundo, nada é meio-termo - mesmo as ilusões. Uma cidade de múltiplas personalidades, Las Vegas reinventa-se para agarrar a sua atenção estando constantemente a derrubar o velho para dar lugar ao novo. O horizonte está sempre em evolução. …Você também pode viajar o mundo em um dia, deslizando através dos canais de Veneza, subindo a Torre Eiffel e cruzando a ponte de Brooklyn. Mas é uma história diferente dentro dos casinos, onde o tempo parece ficar parado…não há relógios, apenas ar fresco bombeado, buffets intermináveis e bebidas sempre a fluir…é a Sin City”. Foram 3 dias a percorrer a Las Vegas Blvd visitando hotéis-casino (Venetian, Ceaser’s Palace, New York New York, Paris, MGM, Luxor, etc), sentindo a imersão do néon no ‘light-and-sound show’ da Freemont Street Experience, experimentando as atrações (radicais) no topo dos 110 andares da Stratosphere, assistindo a 2 fantásticos shows ‘Vegas style’ como foram o ‘Raiding the Rock Vault’ e Cirque du Soleil ‘LOVE’ este com o privilégio duma 1ª fila…e sem gastar um único ‘dime’ nas máquinas! Ao final da manhã do 21º dia tirávamos as últimas fotos de Las Vegas através da janela do A320 da United que nos levava até Denver onde iríamos apanhar o Lufthansa que nos traria de regresso a Lisboa via Frankfurt. Valeu…e de que maneira. . US66, AZ (Seligman) DICAS DE VIAGEM: O ‘ir à aventura’ tem o condão da surpresa mas também pode significar estar a passar ao lado de verdadeiros ‘highlights’! Numa viagem desta envergadura considero essencial um planeamento atempado…há muita coisa para ver/fazer, temos que fazer uma seleção. passaporte e depois levantar a bagagem para controlo alfandegário para logo de seguida voltar a fazer o ‘drop-off’…pelo que um mínimo de 2h para esse voo de ligação será o recomendável. QUANDO IR: Apesar do pico de visitantes é estabelecido com mais 1 ou 2 alternativas de percurso. A nível de alojamento só tinha reservado a 1ª e as 2 últimas noites…as outras ou eram na noite anterior aproveitando o wi-fi do hotel ou mesmo no próprio dia. O ‘check-in’ normalmente é a partir das 15h e o ‘check-out’ até às 11h. A tarifa é por quarto e normalmente tanto faz 1 como 4 pessoas pois os quartos quase sempre têm 2 ‘double bed’ ou mesmo 2 ‘queen-size bed’. Recomendo a experiência de ficar em pequenas unidades que não pertençam às grandes cadeias. A flutuação de tarifas é imensa…é a lei da oferta-procura…o hotel de Vegas foi só 40€ mas se houvesse convenção chegaria aos 300-400€! importante reter que grande parte das passagens de montanha só está aberta entre finais de Maio e meio de Setembro. COMO IR: Lembro a necessidade do ESTA (visto electrónico) para as deslocações aos EUA (ver https://esta.cbp.dhs.gov/esta/esta.html). Em 2015 o valor do ESTA era de US$14 sendo válido por 2 anos (ou até à data de validade do passaporte se inferior). Relativamente a voos o nosso voo de ida foi do melhor pois descolámos de Lisboa às 10h30, escala em Newark de 2h e outra em Denver de 1h30 e chegada a Cody às 20h45 (03h45 de Lisboa) ou seja cerca de 17h. O regresso foi Las Vegas-Denver-Frankfurt-Lisboa em 20h30! Custos de cerca de 900€/pax. Se planeiam um voo deste género que tem uma 1ª escala nos EUA antes do destino final convém saber que apesar de a bagagem estar etiquetada até ao destino final são obrigados nessa escala a fazer o controlo de ONDE FICAR: À partida levava o itinerário TRANSPORTES: O aluguer de carro é a melhor/ única opção para disfrutar duma viagem como esta. Contar com valores próximos dos 40€/dia (já com todos os seguros) para um SUV. Circulação sem qualquer problema e em segurança (por exemplo levava as malas na parte traseira do carro à vista de qualquer um). As estradas são geralmente largas e mesmo uma ‘besta’ dum camião carregado circula em estradas de elevada inclinação perto da velocidade máxima permitida…imaginem a motorização dos ‘animais’. As ultrapassagens são ‘smooooth’…este aqui vai a 60 mph ok então eu vou fazer a ultrapassagem a 62-63! Quanto aos limites posso dizer que às vezes excedia em 5 mph e outras vezes cometia a ‘loucura’ de umas 10 ou mesmo 15 mph a mais. Ficam aqui alguns números destes 5000km: US$290 em gasolina com um preço médio de $2,85 por galão ou seja cerca de €0,65/litro…o nosso ‘Patriot’ bebeu uns 7,7L/100. DIV: Nos restaurantes a ‘tip’ (gorjeta) é obrigatória a não ser que o serviço seja manifestamente muito mau! As ‘tips’ usualmente até vêm indicadas na conta com o valor para as diversas percentagens (15, 18, 20 ou mesmo 25%)…bem vistas as coisas este sistema obriga a um serviço esmerado! Finalizo por me colocar ao vosso dispor para qualquer outra informação adicional…roteiros de viagem, mapas, tracks gps, etc…. [email protected] …. Abraço p.34 ECOS DA IMPRENSA Nuno Catarina Frankfurt testa “curved approach procedures” Uma seleção de interesse ATC A DFS, em conjunto com Lufthansa e Fraport, conduzem os testes deste novo procedimento de aproximação baseado em satélite. O programa alemão junta-se a outros no âmbito do SESAR e tem lugar no aeroporto de Frankfurt. “RNP to xLs” é o nome deste novo procedimento que se apoia nas tecnologias ILS (instrument landing system) e GBAS (ground based augmentation system) e está também presente nos aeroportos de Bremen, Zurique e Málaga. O objectivo passa por provar as vantagens que uma aproximação em curva, mais inclinada e descida contínua (CDA), podem trazer à operação nos aeródromos e muito especialmente à vizinhança dos mesmos. No exemplo de Frankfurt, as duas componentes mais estudadas são “flight track adherence” e “noise emission”, utilizando a Lufthansa os modelos A380, B747-800 e três A319 especialmente equipados com a tecnologia GBAS. De facto, esta nova tecnologia proporcionará inúmeras vantagens, sendo de destacar: • redução dos tempos de ocupação de pista e problemas de wake vortex, pois o sistema possibilita diferentes “touch zones” na pista • aumento de capacidades de pista em condições metereológicas adversas através da redução de separação na aproximação final (o sistema possibilita uma “landing clearance line” mais próxima da pista) • diminuição do ruído na vizinhança do aeródromo por via da aproximação curva e com “glide slopes” optimizados Para além disto, a tecnologia GBAS potencia a componente custo-eficiência, uma vez que num aeroporto com pistas múltiplas, uma única estação de chão possibilita as diferentes aproximações. A versatilidade é também importante, pois os procedimentos baseados em GBAS podem ser direcionados para a componente “weather” (optimização de fluxos em aeroportos congestionados) ou para a componente “noise” ( aeroportos que procuram solucionar problemas de ruído conjuntamente com eficiência nas aterragens). REVISTA APCTA. VOL4 #36. JUL16 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo p.35 UAV´s Indra e Inaer juntaram-se recentemente no desenvolvimento de soluções para a prestação do serviço público na região da Galiza com recurso ao uso de drones. O projecto irá mais especificamente focar-se na utilização dos mesmos no combate aos incêndios, busca e salvamento, vigilância marítima e planeamento urbano entre outras. A região da Galiza irá investir cerca de 40 milhões de euros, ao passo que Indra e Inaer aplicarão cerca de 75 milhões no projecto que instalará nesta região espanhola o centro de desenvolvimento e produção do modelo a utilizar. Por cá, a ANAC colocou recentemente em consulta pública o Projecto de Regulamento para a definição das condições de operação aplicáveis aos RPAS, vulgarmente conhecidos como drones. No documento definem-se limites e multas à utilização destes dispositivos, sendo de salientar: • altitude máxima de operação de 120 metros e sempre com contacto visual por parte do operador • são definidas duas categorias, os aeromodelos e as aeronaves brinquedo. Os primeiros podem pesar até 25Kg, voar até aos 120 metros de altitude e usados sempre para efeitos de lazer. As aeronaves brinquedo devem ter menos de 1Kg de peso, não estão equipadas com motor de combustão e não podem voar a mais de 30 metros de altitude • não é permitido sobrevoar concentrações de pessoas ao ar livre, instalações dos orgãos de soberania, forças de segurança, militares ou embaixadas, prisões ou zonas de sinistros onde esteja a ser prestado algum género de socorro O regulamento prevê algumas excepções, como os voos nocturnos ou superiores aos 120 metros, mas sempre com uma autorização especial da ANAC. No texto não estão definidas sanções para quem não cumprir as regras, mas remete-se para o regime aplicável às contra-ordenações aeronáuticas, onde estão definidas multas que podem ascender aos 250 mil euros. Entretanto, a EASA formou uma nova “task force” para analisar os riscos de colisão entre drones e aparelhos tripulados. Entre os principais objectivos para este novo grupo de trabalho estão: • a revisão das situações mais relevantes reunidas pelos Estados Membros • a análise dos estudos existentes sobre o impacto que os drones têm tido no mundo da aviação • a identificação das vulnerabilidades existentes nas aeronaves (janelas de cockpit, motores, fuselagem..),tendo em conta as diferentes categorias das mesmas (aviões,helicópteros..), o seu design e requisitos operacionais. • considerar a possibilidade de pesquisas futuras e a realização de testes como por exemplo o de o impacto directo de um drone nas janelas de cockpit de uma aeronave A EASA irá presidir ao grupo de trabalho, que incluirá representantes da indústria aeronáutica e contará com consultas aos Estados Membros e autoridades de países não pertencentes à UE. O objectivo da agência europeia passa por uma abordagem regulatória que seja mais flexível, proporcional, de riscos calculados e cujos requisitos de segurança tenham em conta todas as partes envolvidas (dos operadores ao público em geral), com o compromisso de não condicionar negativamente esta indústria e o seu desenvolvimento, mas sempre com a segurança em primeiro plano. Para tal, uma série de medidas estão previstas (muito semelhantes às propostas pela ANAC), nomeadamente a operação dos UAV´s sempre dentro do campo de visão, altitude máxima de 150 metros, uso de equipamentos devidamente identificados e registados e quando a sua utilização seja feita perto de um aeródromo que lhes sejam atribuídas autorizações específicas sempre sob a supervisão da entidade aeronáutica local. Ainda no universo dos RPAS, realizou-se em Genebra o 1º dia europeu UTM (Unmanned aircraft systems Traffic Management). Para além de analisar a integração dos drones de uma forma eficiente e segura nos diferentes sistemas nacionais de espaço aéreo, este grupo discutiu aspectos mais abrangentes, tais como a criação de uma base de dados universal com o registo daqueles, a gravação de registos de voo, a comunicação entre aparelhos ou a construção de mapas 3D fiáveis e actualizados. Algumas das soluções iniciais passam pela integração dos drones no espaço aéreo inferior com uma supervisão e regulamentação de nivel nacional. No entanto, e sendo mais do que expectável o rápido desenvolvimento na tecnologia e nas missões de drones, uma iniciativa global é fundamental com vista à harmonização das prácticas regulamentares. Representantes dos EUA, Europa e China concordaram ainda na formação de um grupo (Global UTM Standardization Group), para lidar com este aumento meteórico da utilização de drones civis. Será constituído por reguladores, prestadores, fabricantes,operadores e até académicos. FONTES: www.pista73.com www.airtrafficmanagement.net www.eurocontrol.int p.36 BREVES de várias fontes ODE aos Campões e Ausentes!!!!! por: Ricardo Dowling Enalteça-se os feitos desportivos da equipa Faro Santa Maria Porto! Em dois anos consecutivos, Salou2015 e Reims 2016, a equipa espraia perfume nos campos, convencendo os críticos, arrebata exibições convincentes e adapta-se aos diferentes estilos dos managers ao exibir um futebol baseado na força da técnica (retirado do CAGA – clube de admiradores de Gabriel Alves). A malfada operação penalties impediu-nos a consagração total. Se no ano passado ficamos arredados das meias-finais através dos penalties, por Milão, este ano foi a equipa da casa, Reims, a impedir-nos avançar para a final. Estará, pois, para breve o acesso à final que nos permitirá abrir um novo ciclo. Transfiram os holofotes de leste para o Atlântico. Assim, e porque uma ODE mais não é do que uma composição poética, com métrica desrespeitada por mim, que visa enaltecer participantes, a quem designo por campeões pela tenacidade, vontade e resultados e todos os demais que sentem, vibram e anseiam pela participação da equipa surgem composições distintas: Ode aos campeões! Nem charcos ou Caldeira(s) Palha(s) ou Oliveira(s) e até Pereira(s) (R+J) nos fizeram soçobrar pelo caminho de (A)breu. As vitórias um Marco E a c(S)ena de registo! É de ficar Gago pelas Paredes derrubadas! As camélias e cor (c)Armes(l)im com Rodrigo(s) em campo e Cabrita(s) no banco a estampa Ivo o espantalho “Tony” quase nos coroaram na catedral de Reims. Por (N)uno se ganha e o caminho de (San)Tiago percorreria para Jú(bi)l(i)o das hostes! No final do ECC uma dinastia Filip(ina)e com travo a Lima e alguma in(D)ércia(o) para entenDe(r)de o dia(C)leto português! Dos Algarves aos Açores, Porto e Vieira do Minho celebre-se o feito! Ode aos ausentes Nos vastos campos onde os Coelho(s) comem o Trigo e os Reis (C+M) se coroam assistimos ao Nascimento dos Querido(s) campeões. Furtado(s) fomos mas com Correia(s) nos unimos porque Cabrit(a)os somos e de Roma a Pa(i)via se realça o feito com Raminhos de salsa. Este ano é Tu(o)do(i)!!!! PS: E Ezequiel, Andrade, Mariante, Carvalho, Pedroso, Martins, Artur …..O Cabrita figura nas duas composições porque é um campeão ausente! REVISTA APCTA. VOL4 #36. JUL16 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo Pois é, o European Controllers Cup, prova de futebol que se disputa desde a década de 60 do século passado, teve a sua edição de 2016 em Reims e o Team Lisboa esteve lá, como não podia deixar de ser. Infelizmente, por razões várias, este ano fomos poucos os que partimos à conquista de Reims e nem sequer tivemos uma delegação que fosse antes para bater o terreno. Foi uma prova marcada por muitos factores que estiveram contra nós e um ou outro que estiveram a nosso favor. Bom, o melhor é irmos passo a passo! Dia 30 de Maio foi o dia da chegada. Chuva e frio à nossa espera em Paris e, sem surpresa, frio e chuva à nossa espera em Reims. Check-in feito numa espécie de hotel que apenas tinha como factores positivos a simpatia do pessoal e os LCD dos quartos, foi o primeiro aspecto que se revelou estar contra nós. De maneira a fugir ao cheiro a humidade do hotel urgia procurar um sítio onde aquecer o espírito com uma cervejinha bem gelada. Era boa, mas... cara! Continuava tudo contra nós! O dia, ou melhor, a noite, acabou com o Welcome Party no estádio do Stade de Reims. Dia 1 de Junho foi o 1º dia de jogos. Iniciámos o torneio defrontando a equipa da casa. Num jogo em que não há muito a dizer fico-me pelo resultado, derrota por 0-3. Tudo continuava contra nós, o adversário era muito forte e um dos nosso carregadores de piano, Kaki, fundamental na destruição das canelas adversárias, ganhava 4 pontos na zona malar e um regresso antecipado a Lisboa. Pena! O segundo jogo do dia era um embate com enorme significado político, Lisboa contra Frankfurt, Portugueses contra Alemães! Derrota por 2-1. A evolução era evidente! Neste jogo sim, tivemos algo a nosso favor, o árbitro era Português e tentou de tudo. Assinalou 2 penalties a nosso favor, um convertido por Nuno Ferreira e o outro já muito perto do final falhado por Hugo Lopes. Desculpa lá Hugo, mas como não me esqueci deste penalti falhado também não o podia omitir. Dia 2 de Junho os jogos continuam. O dia começa com um jogo em ritmo de treino, defrontámos Corfou, novamente com algum significado politico, e não perdoámos. 5-1 e deu para tudo! Nuno Ferreira marcou o seu 1º golo de bola corrida na História dos ECC, Aguiar voltou aos golos passados alguns p.37 Bir-Dve-Três-Four-Cinq!!!!! por: João Santos anos, Diogo Lopes duas vezes e Marco Durão estreavam-se a marcar num ECC. No jogo seguinte defrontámos Roma TWR e perdemos por 0-2. Infelizmente voltou a estar tudo contra nós. Com o passar dos dia havia já muita lama acumulada nos caminhos de circulação que levavam para a tenda da comida e bebida e, claramente, a nossa equipa não é feita de jogadores de terreno enlameado, quer seja dentro ou fora do campo de jogo! Nessa tarde acabava uma espécie de pré-época para nós e havia que relaxar. Embarcámos numa prova de Champagne organizada por nós próprios, ali mesmo na tenda, perdemos algumas coisas, talvez até um pouco de dignidade, mas ganhámos uma equipa!! E uma ressaca... Dia 3 de Junho começava a valer. Apurados que ficámos para a Plate Competition (um estilo de Liga Europa), após o 4º lugar no grupo, iríamos jogar os oitavos-de-final com Minsk. O adversário é já um freguês antigo e, como tal, não facilitámos. Vitória por 2-0 com golos de Diogo Lopes e um penalti convertido por Hugo Lopes. O artista redimia-se! No jogo seguinte, referente aos quartos-de-final, enfrentámos Sofia. Jogo dificílimo, a verdade é que os Búlgaros entraram muito, ou melhor, muita fortes e rapidamente se puseram a ganhar por 1-0. Já perto do final do jogo, e após um esforço hercúleo da nossa parte lá fomos recompensados! Livre a 30 metros da baliza apontado por Diogo Lopes de forma... suave, digamos, e quando chega perto do redes Búlgaro ressalta, o redes não fica bem na fotografia (ao contrário do nosso guardião João Belo, que ficou óptimo na foto, mas apenas na foto) e estava lá dentro. A toupeira que levantou a bola estava do nosso lado. Valha-nos isso. 1-1 e toda a gente para penaltis. Como se sabe, penaltis é o nosso jogo favorito, por isso, adeus Sofia! Dia 4 de Junho, o dia das decisões. Meias-finais contra Zagreb, sabiamos que ia ser um jogo dificíl e blá blá blá, vitória nos penaltis! Isso é que conta! Foi, de facto, uma dura batalha, os Croatas estavam já bastante cansados, mas são sempre uma boa equipa. Conseguimos voltar a falhar um penalti durante o jogo e, não não foi o Hugo, foi o Nuno Ferreira desta vez. Já sei, só acontece a quem bate e blá blá blá, siga para a final! Outra vez, pois já o ano passado lá tínhamos chegado. Eis que chega a grande final! O adversário era a experiente equipa de Padova. Podia escrever aqui que foi o típico solteiros contra casados, o típico uns não querem e os outros não podem, mas nada disto é verdade.A verdade é que fizemos uma final com muita qualidade. Felizmente, ao longo da minha carreira de CTA já estive presente em algumas finas (várias vezes na final da 18/36 das Flores) e sei bem o quão difícil é disputar estes jogos ao fim de tantos dias de competição, afastados das nossas famílias e blá blá blá, a quinta taça no papo! Isso é que conta! Durante a partida foi o 0-0 típico em jogos em que participam equipas Italianas. Caneco decidido nos penaltis. Oh, meus Senhores, mas isso é a nossa especialidade. Uns falharam, outros não, obrigado ao nosso guardião e... dêem cá mas é a taça! Parabéns à Troika técnica, Celso Pereira, Nuno Ferreira e Virgílio Belo que em ano de estreia ganharam já um título. Só que agora a fasquia ficou bastante elevada! Depois disto, houve o Farewell Party no Centro de Congressos de Reims e lá fomos ao Palco para o reconhecimento geral do nosso val... ok, do nosso esforço! Já me estava a entusiasmar... Foi sobretudo uma semana de divertimento e boa disposição, muita risada e algum cansaço! Resta-me acabar como comecei, mas agora em Português. Um-Dois-Três-Quatro-Cinco!!! Depois de Antalya em 2005, Varna em 2006, Madeira em 2008, Dublin em 2013 e agora Reims em 2016 são já cinco os Plate ganhos! Somos a equipa que mais vezes ganhou o Plate, a Liga Europa, a “NOSSA” competição... Pró ano há mais!!! Ps: Não menos importante, o Team Lisboa agradece à APCTA todo o apoio prestado, ter ajudado a tornar este sonho realidade e blá blá blá... Obrigado! p.38 BREVES de várias fontes Évora entra na rota dos Padeleiros por: Hugo Lopes Que melhor forma teríamos de comemorar o fim de semana grande da “Liberdade”, que não junto dos nossos colegas que se deslocaram a Évora para libertar o stress nas raquetes de Padel e conviver no seio da comunidade Padeleira CTA. Após algumas mudanças de última hora, lá se encontrou um destino excelente para a prática de Padel e que deu para conciliar com a gastronomia, é sabido, come-se bem no Alentejo. A razão é simples, basta juntar ingredientes das terras da região com sábias mãos alentejanas. Quanto à história, é uma das povoações de maior importância histórica no país. Os vestígios de seu rico passado levaram o seu centro histórico a ser classificado como Património Mundial da Humanidade pela UNESCO em1986. Dito isto, sem dúvida alguma que este foi “o” destino. Sobre os jogos propriamente ditos, que afinal foi esse o pretexto que nos fez deslocar até ao Alentejo, inscreveram-se 12 duplas que se dividiram em 4 grupos. Para a disputa dos primeiros lugares passavam as 2 primeiras duplas de cada grupo e a dupla restante iria disputar na melhor das hipóteses o 9º lugar, fazendo 3 jogos, todos contra todos. Ao invés de falar de como foram os jogos, penso que será mais interessante descrever aqui todas as duplas: Retorta / Raminhos Uma senhora dupla, e não digo isto de forma depreciativa, bem pelo contrário, cheios de classe e fair-play, sempre atentos às jogadas adversárias e ao mínimo descuido eram mortíferos e eficazes. Claudino / Sílvia Dupla Algarvia, das poucas duplas mistas, e verdade seja dita, pouco se notou o facto de ser uma dupla mista tal foi a agressividade e seriedade que a parte feminina assumia nos jogos, e não, não estou a falar de ti Claudino. Característica comum da dupla, muito cor de rosa presente. Dionísio / Hugo Lopes Dupla Animal, esta dupla provavelmente foi a dupla que mais maltratou as bolas de Padel neste torneio, quer pela violência que elas saíam do campo por cima das redes, quer das que ficavam encastradas nas redes e as que batiam no vidro com grande estrondo. Pena foi mesmo o Sol, próximo torneio só com tempo nublado, ok? Pimenta / Srª Pimenta A verdadeira dupla do torneio, dupla em campo e na vida. Este casal Pimenta foi um exemplo, sempre disponíveis, sorridentes e cheios de vontade de jogar cada vez mais e melhor. Sugestão deviam pensar em mudar para Pimenta e Sal. Um não passa sem o outro ;) REVISTA APCTA. VOL4 #36. JUL16 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo Tó Zé / J.P. Dargent / Capela Dupla Gloriosa, composta por um dos jogadores mais temidos do nosso circuito de Padel, inclusive já vencedor de um dos nossos torneios, e pelo Tó Zé. Dica, para quem quer aprender um pouco de Padel basta ver um jogo desta dupla e anotar as inúmeras instruções que são verbalizadas. Dupla de peso, quer pelo mais óbvio, que é sem dúvida o facto do Dargent pertencer à monarquia e por si só isso dá outro peso à dupla, e sim, depois temos o Capela, não preciso dizer mais nada. Sempre bem colocados em campo, pena é ficarem demasiado tempo na mesma posição. Saboga / Maia Dupla de Portugal, um do Norte outro do Sul, e pelos vistos no meio é que está a virtude, foi preciso Évora para esta dupla se formar e que dupla esta. Muito completos, até levaram em conta as alturas um pequeno para apanhar as bolas rasteiras e outro grande para o smash. Todi / Saramago Esta dupla tinha a vantagem do Todi ter um dia de descanso a mais que as outras duplas e a desvantagem de o Saramago ter vindo só no segundo dia de competição. Ou seja, segundo dia super cheio.... Há quem diga que o Saramago não apareceu nos campos no último dia do torneio, mas eu posso provar que sim, eu estive lá e vi. O corpo estava lá e da última vez que eu li o regulamento isso conta como presença. Aguiar / Guia Aqui aplica-se mais tripla, e tripla porquê? Infelizmente o Guia teve o azar de se lesionar ainda nem decorriam 5 minutos de jogo e o Aguiar teve a sorte de contar com outro parceiro. Temos de agradecer ao Senhor Zé que prontamente se disponibilizou para colmatar essa vaga e desempenhou muito bem o lugar do Guia, há quem diga bem demais. De notar que o Aguiar desta forma só mostrou as garras 2 ou 3 vezes.... Obrigado Senhor Zé. Chamorro / Filipa Lalande Dupla Garfield, impossível não falar deste bicho quando a Filipa está presente, há quem diga que já têm pesadelos com este gato. O nosso “veterano” Chamorro provou que consegue jogar ao mais alto nível com qualquer pessoa e dar só 253 dicas por jogo. CLASSIFICAÇÃO FINAL 1º Saboga/Maia 2º Rui Santos/Humberto 3º Claudino/Sílvia 4º Aguiar/Zé 5º Dionísio/Hugo Lopes Dupla Guronsan, nem tanto pelo Rui mas o Humberto fez questão de gastar o stock deste efervescente em Évora, é o que dá fazer misturas, e estou a falar da comida, era pão alentejano, era migas, era cação, era porco, era favas, era queijo e pronto deu uma valente dor de cabeça e estômago. Rui para a próxima metes uma mordaça no Humberto e tudo se resolve. 6º Todi/Saramago 7º Chamorro/Lalande 8º Tó Zé /J.P. 9º Retorta/Raminhos 10º Dargent/Capela 11º Nini/Amaral Nini / Amaral 12º Pimenta/Pimenta Rui Santos / Humberto Dupla Flashback, depois de vários anos reencontram-se novamente, uma dupla formada desde de 1990, ano do Ab-initio do Amaral onde o Nini era instrutor. Depois disso, segue-se uma qualificação em Faro em 98, entre outros cursos e deslocações ao estrangeiro. Ou seja, a cumplicidade foi muita, provavelmente até demais, porque tinham os mesmos erros e os mesmos pontos fortes ;) Agora que já falei das duplas, não posso deixar de mencionar outras atividades que foram decorrendo paralelamente aos jogos. Uma delas foi a clínica de Padel que foi ministrada pelo nosso Nuno Peixoto. A adesão não podia ter sido melhor, filhos, esposas, companheiras e até mesmo jogadores inscritos no torneio aproveitaram as dicas do nosso “expert” e num misto de treino e convívio todos gostaram das várias horas da clínica. A outra parte, a mais importante, a vertente social do torneio ficou grande parte reservada para a esplanada que estava montada nos campos, é sem dúvida de salutar o ambiente vivido entre as pausas dos jogos onde aproveitamos para confraternizar com os nossos colegas e familiares. Isto sim, é que nos faz voltar sempre a estes eventos. Para finalizar, antes de vos deixar aqui a tabela da classificação do torneio, não posso deixar de p.39 agradecer ao Retorta, Aguiar e Peixoto, por nos terem proporcionado 3 dias de convívio onde o Padel é somente o pretexto para nos encontrarmos num ambiente completamente diferente do nosso trabalho e que aproveitamos sempre ao máximo. Aos patrocinadores NAV, APCTA e Évora Sports Center o nosso muito obrigado. Só como nota final e para que vejam como esta organização se dedicou a este evento, no dia 24 de Abril à meia noite em ponto tivemos direito a um fogo de artifício de 10 minutos, há quem diga que durante este espetáculo viu escrito no céu, Padeleiros – Évora 2016. P.S.1: O Pimenta no almoço de consagração do torneio prontificou-se a organizar o próximo torneio, ao que se sabe, pelos lados do Porto. P.S.2: Mais fotos em http://padel-apcta.webnode. pt/ Obrigado, e até já Porto ;) p.40 BREVES de várias fontes Visita ao Heliporto Miguel Barros por: Delegação APCTA/SINCTA Faro No seguimento da anterior visita ao Heliporto de Loulé e por forma a incentivar o bom relacionamento e a troca de conhecimentos entre nós e aqueles a quem prestamos os nossos serviços, agendámos uma visita ao Heliporto Miguel Barros (LPMB) também conhecido e registado no Manual VFR como Heliporto Morgado de Apra. Este heliporto é a base da HTA Helicópteros que conta com uma frota de 8 helicópteros, dos seguintes modelos: AS355 F1, AS350 B2, AS350 B3 e Cabri G2, cuja operação abrange todo o território português e espanhol. A atividade desta empresa é bastante abrangente sendo que a maioria dos seus serviços se prendem com o combate a incêndios, transporte de carga suspensa e filmagens/fotografia. Contudo, também o transporte de passageiros, a emergência médica e própria escola de pilotos são áreas que pretendem cada vez mais dinamizar. Quanto ao controlo de tráfego aéreo propriamente dito, as implicações ao nível da operação destes helicópteros na TMA de Faro surgem normalmente quando estão a efetuar treinos no Aeroporto de Faro, quando fazem fotografia ou filmagens dentro da CTR ou nas suas imediações ou quando realizam passeios ou transportam passageiros para locais que ficam nas finais das pistas do aeroporto. Aquando das nossas visitas, além da troca de ideias e experiências com os pilotos foi-nos também possível visitar alguns dos helicópteros parqueados no heliporto, bem como conhecer a secção de manutenção de toda a frota e o hangar onde a mesma é realizada (estando na altura a ser efetuada a manutenção geral a 3 helicópteros). Num dos dias foi ainda possível assistir a um simulacro de emergência à escala total para certificação por parte das várias autoridades. Motivos pelos quais agradecemos toda a disponibilidade em nos receber. HUMOR EM BANDA Leonor Casanova REAL RTF... REVISTA APCTA. VOL4 #36. JUL16 Associação Portuguesa dos Controladores de Tráfego Aéreo
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