analise.

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analise.
Revista de Investigación y Desarrollo
Análise dos impactos na qualidade do GCompris e seu uso na
aprendizagem significativa de crianças disléxicas
Rodrigo Alves Costa, Ana Jussara Lourenço Batista, Jucelio Soares dos Santos
[email protected], [email protected], [email protected]
Universidade Estadual da Paraíba, Brasil
Centro de Ciências Exatas e Sociais Aplicadas – UEPB Campus VII
Rua: Alfredo Lustosa Cabral, Bairro: Salgadinho, Cep 58.706-560
Patos-PB – Brasil
Resumo: As crianças disléxicas inseridas em salas de aulas convencionais enfrentam uma
série de dificuldades no tocante ao processo de aprendizagem. Um dos problemas mais
significativos nesse processo é a dificuldade de associar os sons às letras. Embora haja um
esforço por parte do aluno, a dificuldade em juntar as letras para formar sílabas, e em juntar as
sílabas para formar palavras, compromete os primeiros passos na escrita e na leitura. Muitas
vezes, ele tem todo seu processo educacional prejudicado pelo ensino tradicional. Surge,
então, a necessidade de fazer um estudo sobre a utilização de ferramentas tecnológicas que o
auxilie a superar suas dificuldades. Neste trabalho é apresentado um estudo acerca do
software GCompris, levando em consideração seus benefícios para uma aprendizagem
significativa e inclusiva de crianças disléxicas inseridas no espaço escolar. Esta avaliação irá
se basear nas orientações da norma ISO/IEC 9126 (NBR 13596), de importância
internacionalmente reconhecida no setor de software, e também em algumas experiências
sobre o uso do aplicativo. Como resultado, concluímos que o GCompris apresenta
características técnico-funcionais que facilitam a construção do conhecimento pelo disléxico e o
seu desenvolvimento como pessoa, através das diversas atividades lúdicas e de caráter
educacional em sala de aula, focando na aprendizagem do aluno, especialmente na fase de
alfabetização.
Palavras chave: Softwares educacionais, Dislexia, Gcompris, Inclusão educacional.
Abstract: In reference to the learning process, dyslexic children in conventional classrooms
face a number of difficulties. One of the most significant problems in this scenario is the task to
associate sounds with letters. Regardless of multiple efforts by the student, the difficulty in
piecing together letters to form syllables, and syllables to form words, compromises the initial
steps in the learning of writing and reading. It is very common that their education process is
hampered by the traditional teaching approach. Because of these facts, there is a clear need to
study the use of technological tools that may help address these issues. This paper presents an
analysis of the software GCompris, considering its benefits to a meaningful and inclusive
learning of dyslexic children in the school scope. This evaluation will be based on the guidelines
from ISO/IEC 9126 (NBR 13596), an internationally recognized standard for the software
industry, and also on some experiments on the use of the application. As a result, we conclude
that GCompris presents technical and functional characteristics that facilitate the construction of
knowledge by the dyslexic and their development as a person, through the various play
activities and of educational nature in the classroom, focusing on student learning, especially
during literacy.
Keywords: Educational software, Dyslexia, GCompris, Educational Inclusion.
1. Introdução
Segundo a Associação Brasileira de Dislexia [ABD, 2012], a dislexia não se trata
especificamente de uma doença, mas de um distúrbio genético-neurológico. Embora a dislexia
possa ser identificada nos primeiros anos escolares, durante a fase de alfabetização da
criança, devido à dificuldade dos pais em observar os sinais desse distúrbio, muitas vezes é o
professor que os identifica. No entanto, apenas uma equipe multidisciplinar formada por
fonoaudiólogos, psicólogos, neurologistas e psicopedagogos poderá realmente fazer um
diagnóstico conclusivo, levando em consideração as dificuldades que a criança apresenta na
fase de alfabetização. Se não for diagnosticado, o disléxico ficará mais suscetível a problemas
emocionais.
É impossível prever se uma criança terá dislexia, pois não há causas evidentes para esse
distúrbio. Especialistas da Universidade de Helsinque na Finlândia, e do instituto Karolinska na
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Suécia, em estudos recentes, associam a dislexia a um problema genético e hereditário,
apontando para problemas no funcionamento do gene DYXC1 como um dos principais fatores
para o surgimento da condição, que afeta entre 3 e 10% da população mundial.
O principal sintoma de dislexia é a dificuldade no processo de aquisição da leitura e escrita,
que se torna inconstante, com dificuldades de soletração; ocorrência de muitos erros
ortográficos e qualidade da caligrafia bastante deficiente; velocidade de leitura mais lenta, com
omissões de linhas do texto e/ou sons; e dificuldade em diferenciar letras que possuem um
ponto de articulação comum e cujos sons são acusticamente próximos. Assim, a criança passa
a apresentar problemas na habilidade sócio-motoram e no processamento visual e auditivo
que, se não forem tratados, comprometerão a sua vida escolar.
Conforme [Shaywitz, 2006], a criança que não tem uma alfabetização consolidada poderá se
frustrar com a educação formal. Sua aprendizagem será um sofrimento, devido à manifestação
de dificuldades ocasionadas pela dislexia. Ela apresentará um quadro de baixa autoestima,
terá um baixo rendimento escolar e será, muitas vezes, taxada perjorativamente, podendo
manifestar ações reativas de comportamento antissocial, bem como ser conduzida ao
desinteresse, repetência ou mesmo à evasão na fase inicial da vida escolar.
Diante disso, é necessário estimular e desenvolver o processo fonológico através de atividades
que instiguem a percepção e a memória auditiva, trabalhadas na fase pré-escolar, visando a
diminuição do impacto da leitura nos disléxicos. Isso pode ser feito com a utilização de
softwares educacionais (SEs) escolhidos criteriosamente para se adequar às necessidades do
aluno. O objetivo deste trabalho é apresentar a importância do uso do software educacional
Gcompris como ferramenta terapêutica que auxilia na aprendizagem significativa e inclusiva de
crianças disléxicas no âmbito escolar. O artigo está organizado da seguinte maneira: na seção
2 são apresentados trabalhos relacionados ao uso de ferramentas na dislexia, juntamente com
as contribuições e experiências dos autores para o desenvolvimento deste artigo; as
experiências, o ambiente de teste dos resultados obtidos na avaliação do software segundo o
modelo ISO/IEC 9126 e as perspectivas de trabalhos futuros se encontram na seção 3; na
seção 4 são apresentadas algumas discussões e experimentos; finalmente, as considerações
finais são descritas na seção 5.
2. Trabalhos relacionados
As dificuldades enfrentadas por crianças disléxicas no âmbito escolar, no que diz respeito aos
efeitos negativos que esse distúrbio pode ocasionar na aprendizagem, geram a necessidade
de um rápido diagnóstico para minimizá-las. Nesse sentido, [Shaywitz, 2006] disponibiliza
orientações aos educadores para facilitar o reconhecimento de crianças disléxicas durante a
fase pré-escolar, quando a criança inicia o processo de aprendizagem.
Na educação especial, o uso das TIC pode ser um grande parceiro no processo de inclusão,
desde que seja efetivo, levando em consideração as necessidades de cada aluno, ampliando
as possibilidades de o mesmo realizar as atividades propostas em sala e beneficiando a
aprendizagem de crianças com diferentes necessidades [Bibiano e Fernandes, 2011].
No estudo de [Rashotte, C. A., MacPhee, K. e Torgesen, J. K , 2001], é utilizada uma
metodologia de verificação do desenvolvimento do potencial de leitura em crianças disléxicas
com baixos níveis de habilidades de decodificação fonêmica e de leitura por meio do uso dos
softwares que possuem características similares ao objeto-estudo: LIPS (Programa Sequencial
Lindamood para Leitura e Escrita) e EP (Fortalecimento Fônico).
[Cavalcanti e Ferreira, 2011] e [Santos e Hietkowsk, 2008] destacam as inúmeras
possibilidades no uso do computador enquanto recurso pedagógico. Com ênfase na utilização
de softwares educacionais no apoio ao professor, essas fontes dão destaque ao software
Gcompris, fazendo uma análise de suas funcionalidades e características com foco em seu uso
no ensino fundamental infantil, já que contem atividades pedagógicas divertidas, coloridas e
sonoras, em diversas áreas do conhecimento.
Nos sites da Associação basileira de Dislexia [ABD, 2012] e da British Dyslexia Association
[BDA, 2012], foram abordadas informações relevantes sobre o distúrbio, que favorecem a
compreensão das dificuldades enfrentadas pelos disléxicos. A partir do entendimento dessas
dificuldades, foi verificado, em conjunto com análises do software GCompris, que suas
atividades estão de acordo com diversas especificações da British Dyslexia Association. Tal
associação assinala, dentre outras recomendações, que o software deve estimular e treinar o
uso do teclado, editar textos com leitor de tela e criar mapas conceituais.
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3. Experiências e resultados
De lápis adaptados a softwares, inúmeras tecnologias têm sido criadas com o intuito de
fornecer apoio ao professor no processo educacional [Bibiano e Fernandez, 2011]. Muitas
destas tecnologias são ferramentas terapêuticas que facilitam o processo de ensinoaprendizagem por meio do desenvolvimento de habilidades sócio-motoras, compreendendo
desde jogos até atividades que desenvolvam uma habilidade específica ou várias habilidades.
Neste âmbito, destacamos o software GCompris, que compreende numerosas atividades que
ajudam crianças a desenvolver o raciocínio e o conhecimento, através de brincadeiras e
orientações lúdicas, durante o processo de alfabetização.
O GCompris busca auxiliar no desenvolvimento da concentração e no aprimoramento do senso
lógico, matemático e organizacional. Seus jogos exigem atenção e auxiliam no melhoramento
da capacidade de combinar elementos. Pode, ainda, ser usado como recurso terapêutico para
aprimoramento da aquisição da linguagem pragmática, fonológica, semântica e gramatical da
criança, sendo seu uso em sala de aula defendido por [Cavalcanti e Ferreira, 2011].
Dada a necessidade de avaliar as ferramentas tecnológicas no auxílio de crianças disléxicas
em um processo de aprendizagem significativa e inclusiva, e considerando que o GCompris
apresentou, segundo as análises do referencial teórico, atributos satisfatórios para
desempenhar essa função, é de nosso interesse obter informações que permitam estabelecer
uma análise no processo de desenvolvimento das habilidades de crianças com dislexia. Para
isso, seguimos a seguinte metodologia:
− Analisar as potencialidades do software no apoio ao disléxico, e também uma avaliação de
qualidade técnica tomando por base as possibilidades do GCompris no modelo proposto
pela ISO/IEC 9126, quanto a: funcionalidade, usabilidade, eficiência e manutenibilidade.
− Elaborar um estudo acerca da aplicabilidade do software em sala de aula. Futuramente,
almejamos aplicar a ferramenta na prática educativa em instituições de ensino público, para
alunos com dislexia incluídos em salas convencionais, preferencialmente no ensino
fundamental, em turmas de alfabetização. A metodologia a ser aplicada terá por base os
estudos de [Rashotte, MacPhee e Torgesen, 2001]. Iremos comparar dois métodos de
intervenção intensiva em dois grupos de crianças que possuem dificuldades de leitura. Um
deles (Grupo Experimental) será submetido a sessões diárias de aplicação do Gcompris em
sala de aula, em duas etapas de 50 minutos, cinco dias por semana, durante oito semanas.
O GCompris possui características comparáveis às dos softwares LIPS (Programa
Sequencial Lindamood para Leitura e Escrita) e EP (Fortalecimento Fônico),
experimentados por Rashorre et al. O Gcompris possui funcionalidades que fortalecem
habilidades de consciência fonológica por meio das atividades com editores de textos, e
estimula as crianças a escreverem palavras já aprendidas e a ouvirem os sons da palavra
como auxílio à ortografia por meio das atividades de prática de leitura na vertical, prática de
leitura na horizontal, prática de leitura e entre outras. O segundo grupo (Grupo de Controle)
receberá apenas instruções de leitura comuns em sala de aula. Em seguida, serão
realizados testes de consciência e decodificação fonológica, de precisão na leitura, de
compreensão e de ortografia. Acreditamos que, assim, poderemos ter uma avaliação mais
clara e ampla dos resultados obtidos com o uso do software objeto de nossa pesquisa.
3.1. Quanto à funcionalidade
O GCompris possui um ambiente agradável, uma interface simples que foi projetada para ser
manipulada facilmente por crianças. Ele se apoia nas ferramentas do computador, como
teclado e mouse, e utiliza-as separadamente, permitindo o fácil manuseio por crianças com
dislexia e gerando maiores habilidades sócio-motoras no processo pragmático do
conhecimento. Assim, satisfaz as necessidades enquanto ferramenta terapêutica. Detalhamos
algumas das características a seguir:
Adequação - Ajuda a desenvolver o potencial cognitivo e emocional de crianças disléxicas
graças ao seu conjunto de ferramentas integradas, estrategicamente posicionadas e
funcionais.
Segurança de Acesso - O GCompris apresenta restrição de acesso. O administrador do
software poderá conFigurar quais atividades momentâneas serão expostas durante a aula,
atendendo, assim, de forma adequada ao professor.
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3.2. Quanto à usabilidade
O GCompris expõe uma interface bastante intuitiva e prática, trazendo traduções em cerca de
60 línguas, incluindo o português brasileiro, para interação entre usuário e software. Além dos
menus escritos estarem disponíveis em português, a narração dos jogos e exercícios também é
feita neste idioma. As adaptações nos efeitos, o tamanho da tela, música e o tempo de
execução das atividades são oferecidos no menu de conFiguração (Figura 1), podendo ser
alterados a qualquer momento.
Figura 1. Painel administrativo do GCompris
O software oferece cerca de 100 atividades, classificadas por níveis (1 a 6). Cada atividade
permite mostrar uma imagem de premiação quando a criança a completou. O Gcompris
mantém internamente todos os resultados de cada uma das crianças ou do usuário padrão. É
possível exibir os resultados de todas as crianças ou de uma em particular, assim o professor
pode observar a evolução na aprendizagem dos alunos (Figura 2). Um botão permite excluir
todos os registros.
Figura 2. Painel administrativo do GCompris
Inteligibilidade - O entendimento sobre a funcionalidade do GCompris está na compreensão
do agrupamento das atividades propostas: os ícones e sua percepção, os botões e os nomes
atribuídos às janelas são representativos.
A interface do GCompris é composta de um menu principal (Figura 3). À esquerda, estão
todas as sessões principais, com cada ícone representando uma atividade. Quando o mouse
se posiciona sobre ele, a atividade, o ícone e o objetivo da atividade aparecem. Ao clicar,
encontram-se pequenos ícones que dão informações adicionais do aplicativo ou levam a outro
menu de atividades.
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Figura 3. Tela inicial do GCompris apresentando sua interface.
Operacionalidade – Por se tratar de um jogo digital, o GCompris possibilita que a criança
disléxica, através de brincadeiras, em um processo lúdico e educativo, tenha o primeiro contato
com mouse e teclado e percebam o desenvolvimento de suas habilidades sócio-motoras,
através do manuseio mecânico. Diante disso, o software é fácil de ser operado por não
necessitar do uso de muitos recursos na hora da execução.
3.3. Quanto à eficiência
O GCompris, no requisito tempo de execução, tem excelente desempenho, e este melhora ou
piora em função do desempenho do hardware em que o software está instalado.
Quanto ao tempo, em todas as atividades observadas, o software não apresentou nenhum
problema na execução dos procedimentos.
Quanto aos recursos, em todo o decorrer do programa se faz uso de recurso de áudio. A
ferramenta representa uma excelente forma de promover a inclusão de pessoas que possuam
limitações, em nosso caso, crianças disléxicas.
3.4. Quanto à manutenibilidade
O usuário tem permissão para modificar o código fonte do GCompris.
Modificabilidade - O GCompris é um software livre e gratuito, mas possui limitações na versão
gratuita. Apesar de ser um aplicativo de código aberto, para acessá-lo em sua totalidade é
necessário realizar pagamento.
Como o software oferece permissão sobre o código fonte, o usuário final tem a possibilidade de
modificá-lo nas suas diversas abordagens, e verificar possíveis existências de erros
decorrentes das falhas. Assim, é possível manipular o código do software, removendo falhas,
atualizando e testando suas funcionalidades.
Testabilidade - Os testes de alterações sobre seu código-fonte para futuras alterações no
programa podem ser realizados pela equipe ou pelo usuário que tenha conhecimento de
programação para modificar o código. Junto com uma equipe multidisciplinar é possível
desenvolver novas atividades, específicas para ajudar no desenvolvimento da escrita e da
leitura das crianças disléxicas.
4. Discussões e experimentos
Avaliar um software educacional não é uma tarefa simples, pois é necessário considerar, além
das características citadas pelo sistema, alguns atributos inerentes a critérios pedagógicos,
bem como satisfazer a diversas teorias de aprendizagem, que refletem visões diferentes sobre
como esta ocorre. Essas teorias têm impacto direto nos softwares educacionais. Destacamos
algumas a seguir:
Idade Apropriada – O GCompris é um pacote de software indicado para crianças de 2 a 10
anos, podendo estimular os três primeiros estágios da criança: sensório-motor (0 a 2 anos),
pré-operacional (2 a 6 anos) e operações concretas (7 a 11 anos). Assim,
Através deste jogo o desenvolvimento do estágio sensório-motor está associado à percepção
audiovisual através do contato com o programa (suas imagens e sons), posteriormente a
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criança poderá vir a desenvolver sua coordenação motora através do mouse e do teclado. Para
o segundo estágio, o pré-operacional, a criança passa a identificar às Figuras, os objetos, as
cores, os objetivos a serem conseguidos com o mouse e com o teclado, desta forma consegue
escolher uma cor e utilizá-la, ela entende ou passa a entender qual o rumo/lado a ser seguido
por um personagem, dentre outras ações. Com relação ao terceiro estágio, observamos que as
atividades que estão na relação do GCompris permitem à criança o trabalho com elementos
que possibilitam a relação de uma atividade e o resultado, levando-o a exercitar a organização,
através de inúmeros elementos que precisam compor uma decisão (SANTOS e HETKOWSKI,
2008, p. 5 - 6).
Instruções claras – O usuário pode controlar o software, pois ele tem instruções intuitivas. O
usuário rapidamente aprende a confiar no mecanismo e ratifica em longo prazo o
conhecimento adquirido pelo software.
Orientação processual e expectativas didáticas– O GCompris é objetivo, tem uma
concepção pedagógica bem persuasória, cada atividade tem um começo, meio e fim.
A interface do GCompris é cheia de desenhos e intuitiva. Um ambiente atrativo aos olhos de
qualquer criança.
Feedback - Destacamos também a importância do feedback construtivo presente no jogo, pois
através dele, a criança disléxica poderá fazer uma reflexão a respeito da resolução de um
problema, associando uma palavra a uma imagem.
Tratamento de erros do usuário – Muitos softwares educacionais não possuem qualidade em
relação ao tratamento de erros, alguns chegando mesmo a rotular o aluno de “burro” e
“preguiçoso”. Este é um ponto extremamente delicado no uso de softwares educacionais,
especialmente no caso de crianças disléxicas, que podem ser vítimas de preconceitos no
ambiente escolar. O Gcompris, no entanto, provém um tratamento adequado para os erros,
naturais de qualquer criança.
5. Conclusões e trabalhos futuros
Para a [ABD, 2012], é importante que as pessoas saibam lidar com as dificuldades das
crianças disléxicas. É necessário sensibilidade para perceber por qual caminho este aluno
consegue aprender mais significativamente, pois cada um possui características particulares às
suas formas de pensar e de agir.
Para facilitar o processo de aprendizagem dessas crianças, o professor pode fazer uso de
metodologias alternativas, como, por exemplo, tecnologias que despertem seu interesse e
propiciem um aprendizado efetivo. Além disso, esse tipo de recurso, quando bem utilizado em
sala de aula, promove uma maior interação entre alunos que têm facilidade com os que têm
dificuldades.
De acordo com esta análise, o software GCompris se apresentou como uma ferramenta
interessante de apoio ao aluno com dislexia, devido à sua característica de fácil manipulação
por parte do aluno, e de propiciar seu desenvolvimento pessoal, contribuindo para sua
consolidação como ser social.
Referências bibliográficas
[ABD, 2012] Associação Brasileira de Dislexia. (2012). “Site da Associação Brasileira de
Dislexia”. http://www.dislexia.org.br, Julho.
[BDA, 2012] The British Dyslexia Association (2012). “Site da Associação Britânica de dislexia”.
http://www.bdadyslexia.org.uk/, Junho.
[Bibiano e Fernandes, 2011] Bibiano, B. e Fernandes, E. (2011). “É possível resolver.” Revista
Nova Escola, São Paulo, Ano 26, n. 244. p. 48 - 55. Agosto.
[Cavalcanti e Ferreira, 2011] Cavalcanti, P. de L. e Ferreira, J. C. (2011) “Análise descritiva do
software educacional GCompris”. Anais do XXII Simpósio Brasileiro de Informática na
Educação. p. 1077-1085. Aracajú.
[GCompris, 2012] GCompris (2012). “Site
http://gcompris.net/-pt-br, Junho.
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[Rashotte, MacPhee e Torgesen, 2001] Rashotte, C. A., MacPhee, K. e Torgesen, J. K. (2001).
“The effectiveness of a group reading instruction program with poor readers in multiple
grades”. Learning Disability Quarterly, 24(2), 119-134.
[Santos e Hietkowsk, 2008] Santos, A. J. P.; Hietkowski, T. M. (2008) “GCompris: brincando e
percebendo a colaboração do software livre com o desenvolvimento educacional infantil”.
Anais do VI Seminário: jogos eletrônicos, educação e comunicação: construindo novas
trilhas. p. 1-9. Salvador. http://www.comunidadesvirtuais.pro.br/seminario4/trab/ajps.pdf .
Julho.
[Shaywitz, 2006] Shaywitz, S. (2006). “Entendendo a dislexia: um novo e completo programa
para todos os níveis de problemas de leitura”. Tradução: Vinícius Figueira. Porto Alegre:
Artmed.
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