A missão de Santificar

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A missão de Santificar
A MISSÃO DE SANTIFICAR
I. A OBRA DA SALVAÇÃO CONTINUA NA IGREJA
POR MEIO DA LITURGIA (SC 5-10)
1. Deus quer que todos sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade
(1Tm 2,4).
2. Por isso: Muitas vezes e de muitos modos, Deus falou outrora aos nossos
pais, pelos profetas. Nestes dias, que são os últimos, falou-nos por meio de
seu Filho (Hb 1,1-2).
3. A humanidade do Filho de Deus foi o instrumento de nossa
salvação. Ele, especialmente pelo seu mistério pascal, realizou a obra
da redenção humana e da perfeita glorificação de Deus. E do lado de Cristo
agonizante sobre a cruz nasceu o admirável sacramento de toda a Igreja
(Jo 19,34).
4. PORTANTO, para realizar hoje tão grande obra da salvação, Cristo está
sempre presente em sua Igreja, especialmente nas ações litúrgicas.
Está presente: – no sacrifício da missa, tanto na pessoa do ministro como,
sobretudo, nas espécies eucarísticas; – nos sacramentos, de tal modo que,
quando alguém batiza, é o próprio Cristo quem batiza; – na sua Palavra,
pois é Ele que fala quando na Igreja se lêem as Sagradas Escrituras; –
quando a Igreja prega, sendo o Evangelho anunciado em nome de Cristo e
com a sua autoridade e assistência (MF 36); – quando a Igreja ora e
salmodia, Ele que prometeu estar onde dois ou três estivessem reunidos em
meu nome (Mt 18,20).
5. Realmente, nesta grandiosa obra da Redenção,
Cristo sempre associa a si a Igreja, sua esposa,
nascida de seu lado, que invoca seu Senhor, e por
Ele, no Espírito Santo, presta culto ao Pai.
6. Com razão, portanto, a Liturgia é considerada como
exercício da função sacerdotal de Cristo.
7. A liturgia simboliza através de sinais sensíveis e realiza a santificação
das pessoas e a glorificação do Pai: “Por Cristo... a vós, Deus Pai... na
unidade do Espírito Santo...”
8. Por isso, toda celebração litúrgica, como obra de Cristo sacerdote e do seu
corpo, que é a Igreja, é uma ação sagrada por excelência, cuja eficácia
nenhuma outra ação da Igreja iguala, sob o mesmo título e grau.
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II. ALGUNS ELEMENTOS DO MAGISTÉRIO PARA A RENOVAÇÃO PASTORAL
E MISSIONÁRIA DE NOSSAS PARÓQUIAS
9. RECONHECEMOS que a Liturgia, no Conjunto da Missão da Igreja, não é a
única atividade (SC 9). Contudo, a Liturgia é o cume para o qual se dirige
toda a ação da Igreja e, ao mesmo tempo, é a fonte donde emana toda a sua
força (SC 10).
1º. ANO LITÚRGICO
10. A Igreja celebra a Salvação no Tempo. No decorrer do ano, a Igreja
comemora em dias determinados a obra salvadora de Cristo. Durante um
ano desenvolve-se todo o mistério de Cristo e comemoram-se os
aniversários dos santos e santas. O caminho privilegiado para ser
introduzido no mistério da salvação, atuada nos «sinais» sagrados,
continua a ser o de seguir com fidelidade o desenrolar do ano litúrgico
(MND 17).
2º. CATEQUESE MISTAGÓGICA
11. Os Pastores empenhem-se na catequese «mistagógica», muito apreciada
pelos Padres da Igreja, que ajuda a descobrir sentido e a força dos gestos e
das palavras da liturgia, ajudando os fiéis a passar dos sinais ao mistério e
a implicar no mesmo toda a sua existência (MND 17).
12. ITINERÁRIO MISTAGÓGICO (SCa 64): a) interpretar os ritos à luz dos
acontecimentos salvíficos;b) introduzir os fiéis no sentido dos sinais
contidos nos ritos; c)mostrar o significado dos ritos para a vida cristã em
todas as suas dimensões: trabalho e compromisso, pensamentos e afetos,
atividade e repouso.
13. Os pastores levem os fiéis a uma plena inteligência deste mistério [da
Eucaristia] através de catequese adequada. Esta deverá partir dos
mistérios do ano litúrgico e dos ritos e orações que ocorrem na
celebração. Assim esclareçam o seu sentido, sobretudo o da grande
oração eucarística, e levem os fiéis a intimamente compreenderem o
mistério que significam e realizam (Eucharisticum Mysterium, 15)
3º. O DOMINGO, PÁSCOA SEMANAL
14. No primeiro dia de cada semana a Igreja celebra o mistério pascal de seu
Senhor (NALC 4). O domingo, segundo a experiência cristã, é sobretudo
uma festa pascal, totalmente iluminada pela glória de Cristo ressuscitado
(DD 8). Santo Agostinho chama o domingo «sacramento da Páscoa».
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15. A) A MISSA DOMINICAL. A celebração dominical do Dia do Senhor está
no centro da vida da Igreja (Catecismo 2177). Na celebração dominical, o
Espírito Santo faz da primeira manifestação do Ressuscitado um evento
que se renova no «hoje» de cada um dos discípulos de Cristo, que, na
assembleia dominical, sentem-se interpelados: «não sejas incrédulo, mas
crente» (DD 29).
16. Eucaristia dominical, vivida durante a perseguição de Diocleciano: “Foi
sem qualquer temor que celebramos a ceia do Senhor, porque não se pode
deixá-la; é a nossa lei [...]; não podemos viver sem a ceia do Senhor [...].
Sim, fui à assembleia e celebrei a ceia do Senhor com os meus irmãos,
porque sou cristã” (mártires de Abitínia, África – DD 46).
17. A eucaristia dominical é por sua natureza uma epifania da Igreja, que tem
o seu momento mais significativo quando a comunidade diocesana se
reúne em oração com o próprio Bispo (DD 34). Contudo, todas as missas
se celebra em comunhão com o Bispo diocesano, ao nominá-lo na Oração
Eucarística: com o nosso bispo Odilo, seu bispo auxiliar N. e os outros
bispos auxiliares, e todos os ministros do vosso povo (Oração Eucarística
II).
18. B) CELEBRAÇÃO DA PALAVRA. A Missa é a realização completa da
assembleia eucarística que o sacerdote preside in persona Christi,
repartindo o pão da Palavra e o da Eucaristia (DD 53). Entretanto a
celebração da Palavra de Deus é vivamente recomendada nas
comunidades onde não é possível celebrar a missa nos dias festivos de
preceito (VD 65).
19. As celebrações da Palavra são ocasiões privilegiadas de encontro com o
Senhor, e vivamente recomendadas nos dias festivos de preceito, nas
comunidades onde não é possível celebrar a Missa; são momentos em que
as comunidades cristãs se reúnem para louvar o Senhor e fazer memória
do dia a Ele dedicado (VD 65; SCa 75).
20. Nesta celebração da Palavra, o Cristo se faz verdadeiramente presente,
pois é ele mesmo que fala quando se lêem, na Igreja, as Sagradas
Escrituras. Além de sua presença na Eucaristia, eventualmente
distribuída, está também, na assembleia, pois prometeu estar entre os
seus que se reúnem em seu nome (cf. Mt 18,20) (CNBB, Documento 43, n.
96).
LEITURA: CNBB. Instrução Geral do Missal Romano e
Introdução ao Lecionário: texto oficial. Brasília: Edições CNBB,
2008.
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4º. TÍDUO PASCAL
21. A solenidade da Páscoa goza no ano litúrgico a mesma culminância do
domingo em relação à semana (SC 106).
22. O Tríduo pascal da Paixão e Ressurreição do Senhor começa com a Missa
vespertina na Ceia do Senhor, possui o seu centro na Vigília Pascal e
encerra-se com as Vésperas do domingo da Ressurreição (NALC 19).
LEITURA: CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO. Paschalis
Sollemnitatis: carta circular sobre a preparação e celebração das festas
pascais (16 de janeiro de 1988)
5º. AS OUTRAS SOLENIDADES
23. a) Pentecostes. b) Natal. A Igreja nada considera mais venerável, após a
celebração anual do mistério da Páscoa, do que comemorar o Natal do
Senhor e suas primeiras manifestações (NALC 32); o Natal celebra-se com
a Missa da noite (“missa do galo”) e com a missa no próprio dia 25. c)
Corpus Cristi e as outras solenidades e festas do Senhor.
6º. CELEBRAÇÃO DOS SANTOS
24. a) Festa do(a) padroeiro(a). b) Solenidades, festas e memórias inscritas no
calendário romano. Para que o ciclo do ano litúrgico brilhe com toda a
sua luz [...] os dias que costumam ocorrer no tempo da Quaresma e na
oitava da Páscoa, como também nos dias que vão de 17 a 32 de
dezembro, permaneçam livres de celebrações particulares (NALC 57f).
7º. RELIGIOSIDADE POPULAR
25. Ninguém desconhece quanto é cara ao nosso povo a devoção aos santos e,
em especial, à Virgem Maria, abrindo-nos horizontes para nossa pastoral.
A Liturgia valoriza este culto.
26. Nos ciclos do Natal e da Páscoa celebramos o que Cristo fez para sua
Igreja; na comemoração da Mãe de Deus e dos santos evocamos o que a
Igreja, no Espírito e em Cristo, realiza para a glória do Pai (CNBB, Doc.
43, 133).
LEITURA: PAULO VI. Marialis Cultus: exortação apostólica para a reta
ordenação e desenvolvimento do culto à bem-aventurada Virgem Maria
(02/02/1974); CONGREGAÇÃO PARA O CULTO DIVINO E A
DISCIPLINA DOS SACRAMENTOS. Diretório sobre a piedade
popular e liturgia: princípios e orientações (2002)
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8º. PASTORAL LITÚRGICA (CNBB, Documento 43, nn. 184-189)
27. Pastoral litúrgica é a ação organizada e corajosa da Igreja para levar o
Povo de Deus à participação consciente, ativa e frutuosa na Liturgia.
Coração e cérebro desta pastoral é a Equipe de Pastoral Litúrgica.
28. Cabe à Equipe de Pastoral Litúrgica: a) planejar a Pastoral litúrgica,
conhecendo sempre mais a situação real dos que celebram e
aprofundando o conteúdo teológico da liturgia; b) dinamizar um processo
de formação dos agentes e de todos os participantes da Liturgia, visando a
qualidade das celebrações e o enriquecimento espiritual de todo o povo.
ASSIM, ao planejar a pastoral é preciso agendar:
a) as celebrações do ano litúrgico (Liturgia), cume e fonte do serviço da
Palavra e da Caridade;
b) o horário das confissões e algumas celebrações penitenciais;
c) a Iniciação Cristã dos Adultos;
d) o Batismo, a Crisma e a Primeira Eucaristia;
e) os retiros espirituais;
f) formação referente a cada período do ano Litúrgico;
g) outras ações.
29. Promover a Liturgia já é ação pastoral pelas dimensões que ela possui:
comunitária, ministerial, catequética, missionária, ecumênica,
transformadora (CNBB, Doc. 43, n. 186).
30. Temos a certeza de que, também no nosso tempo, o Espírito Santo não
poupa a efusão dos seus dons para sustentar a missão apostólica da
Igreja, a quem compete difundir a fé e educá-la até à sua maturidade
(Bento XVI, Sacramentum Caritatis, 64).
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