Maio - SINTRAFESC
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Maio - SINTRAFESC
Filiado à CUT e à Condsef Reforma da Previdência retira direitos de todos os servidores O Os servidores públicos federais precisam se mobilizar antes que seja tarde. O governo que se elegeu com o apoio dos trabalhadores, em nome da governabilidade, abriu mão de posições que historicamente sempre havia defendido. Sabemos que o governo não é só do PT e o leque de alianças se amplia cada vez mais. Por isso, mais do que nunca, aqueles que ajudaram a eleger Lula têm o direito de reivindicar mudanças e o dever de evitar que o governo seja refém do FMI, das oligarquias e das elites que sempre mandaram neste país. Com a reforma da Previdência, todos os servidores irão perder, principalmente os da ativa. Preste atenção, porque depois será tarde para lamentar. Se a proposta for aprovada sem modificação, segundo o analista político Antônio Augusto de Queiroz (leia artigo no encarte) “os servidores perdem o direito à aposentadoria proporcional; terão seus proventos calculados a partir da média de contribuições, desconsiderando, para efeito de aposentadoria integral, o tempo trazido do setor privado e de celetista no serviço público; só poderão requerer aposentadoria após 35 anos de contribuição, se homem, e 4 Governo elege funcionalismo público para pagar a conta 30, se mulher, e, desde que cumpram o requisito da idade mínima; terão a idade mínima aumentada para 60 e 55 anos, respectivamente, permitindo sua antecipação a partir de 53 e 48 anos, com redutor de 5% por ano”, entre outros artifícios que têm por único objetivo um ajuste fiscal sobre os servidores para aumentar a receita e reduzir despesas. Enquanto isso, os bancos continuam com lucros milionários, há mais de R$ 150 bilhões em dívidas para serem cobradas pelo INSS e a sonegação de impostos continua um escândalo. Mas é possível mudar. Mudar como sempre se mudou, com o povo nas ruas, exigindo seus direitos e combatendo a desigualdade social. O Sintrafesc tem realizado assembléias em diversos municípios e em vários locais de trabalho, na Capital, para discutir a reforma da Previdência e o indicativo de greve na segunda quinzena de junho. Não é possível esperar mais. Ou nos mobilizamos agora, unidos, ou os servidores públicos federais sofrerão uma derrota que irá repercutir no bolso e na vida de todos os brasileiros pelas próximas décadas. 7 Executivo tem 21 mil pessoas ganhando mais do que Lula Atendimento Em aproximadamente 30 dias, o setor jurídico do Sintrafesc promoverá uma alteração em seu horário de atendimento externo. Em função do enorme acúmulo de trabalho, restando pouquíssimo tempo para preparar e organizar os processos, o setor jurídico irá atender das 13 às 18 horas. O período matutino será reservado para trabalhos internos, necessários ao bom funcionamento do setor. Acesso Se você tentou acessar o site do Sintrafesc – www.sintrafesc.org.br – diretamente do seu local de trabalho e não conseguiu, entre em contato com o setor de imprensa do Sindicato – [email protected]. Leia no site Notícias - Câmara de Florianópolis assume posição favorável aos servidores na reforma da Previdência. - Governo Lula ainda tem 30% de cargos à disposição. Assuntos Especiais Saiba tudo sobre a reforma da Previdência. www.sintrafesc.org.br 8 Servidora pública federal completa 104 anos SINTRAFESC Nº 68001073 – DR/SC Impresso especial CORREIOS Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Federal no Estado de Santa Catarina • Maio 2003 Falecidos: Ayrton Senna, tricampeão mundial de F-1, aos 34 anos, no circuito de Ímola/Itália (1994, dia 1º); Noel Rosa, compositor (1937, dia 4); Marlene Dietrich, atriz alemã (1992, dia 6); Elizete Cardoso, cantora (1990, dia 7); Vital Brasil, cientista, desenvolveu os primeiros soros antiofídicos (1950, dia 8). Falecidos: Bob Marley, cantor jamaicano (1981, dia 11); Gary Cooper, ator (1961, dia 13); Rita Hayworth, atriz (1987, dia 14); Frank Sinatra, cantor (1998, dia 14); Jeannette Ridlon Piccard, 1ª mulher a pilotar um balão (1981, dia 17); Bonnie & Clyde, casal de assaltantes de banco dos EUA (1934, dia 23). Falecidos: Robert Koch, bacteriologista alemão, vencedor do Prêmio Nobel em 1905 (1910, dia 27); Gastão Formenti, pintor (1974, dia 28); Romy Schneider, atriz austríaca (1982, dia 29); Boris Pasternak, poeta russo (1960, dia 30); Marcel Bich, milionário italiano que inventou as canetas Bic (1994, dia 31). Artigo Previdência universal, pública, solidária e por repartição Lírio José Téo - Presidente do Sintrafesc 2 • Estampa • Maio 2003 N Nós, trabalhadores no serviço público, entendemos que a previdência que aí está, já não satisfaz os anseios do povo brasileiro, porém, defendemos a previdência universal, pública, solidária e por repartição. Herdeira da defesa e ampliação dos direitos dos trabalhadores, os trabalhadores públicos entram no debate sobre previdência convictos de que o grande desafio da política nacional neste momento é garantir para todos os trabalhadores brasileiros o direito de condições dignas de aposentadoria e pensão. Assim, defendemos que todos os trabalhadores tenham a garantia de direito da integralidade dos seus salários por ocasião da aposentadoria. Não aceitamos, que através da reforma se nivele direitos por baixo. Queremos, sim, uma reforma que venha ampliar os direitos de todos os trabalhadores. Defendemos, ainda, que se comece pela reforma tributária, que venha a acabar com a concentração de renda e riqueza no Brasil. Necessário se faz, que todas as informações sobre previdência sejam amplamente divulgadas para a população, principalmente os setores mais organizados da sociedade. Cartas à redação, artigos, releases, coletivas de imprensa, programas de debates – todos os recursos disponíveis devem ser utilizados. Só assim poderemos enfrentar este processo de contra-informação. A imprensa fala em déficit de R$ 20 bilhões, o governo fala em R$ 60 bilhões. No entanto, nós temos a con- vicção de que a previdência é superavitária, com base em estudos de vários especialistas. E é com esta convicção que defendemos uma reforma que venha ampliar os direitos de toda classe trabalhadora. Fala-se que, se o Brasil não fizer a reforma da previdência em pouco tempo se transformará numa nova Argentina. Devemos lembrar que a Argentina realizou todas as reformas exigidas pelo FMI, privatizou totalmente a previdência, e o País foi à bancarrota. A Argentina possuía uma previdência pública equilibrada, e ao privatizá-la passou a ter um déficit anual em torno de US$ 7 bilhões, sem contar com a monstruosa transferência de recursos públicos para os fundos privados de pensão. Por tudo isso, queremos dizer que a previdência pública nunca foi nem nunca será um peso para o Estado brasileiro. Ao contrário, a previdência pública tem financiado, ao longo de décadas, projetos governamentais relevantes como a carteira agrícola e industrial do Banco do Brasil, companhias elétricas, siderúrgicas, empresas automotivas, Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico, construção de Brasília e tantas outras ações governamentais. Com isso, queremos dizer que defender a previdência pública não é defender privilégios mas sim defender a soberania nacional, é defender o princípio da solidariedade entre os trabalhadores e por fim é defender um direito social que não é nenhum pre- sente, mas sim uma conquista da classe trabalhadora, verdadeiramente autora e construtora do atual regime de Previdência. O setor público é o mais atacado pela grande mídia e mesmo pelo governo. Todos os dias assistimos, lemos e ouvimos matérias nas tevês, jornais e rádios falando do enorme prejuízo que este setor causa à economia do país. Preferem divulgar a mentira e esconder a verdade. Não falam por exemplo, onde foi parar o dinheiro da contribuição dos milhares de servidores regidos pelo regime da CLT no período de 1970 a 1990. Não falam que os servidores públicos desde 1990 arrecadam 11% sobre a totalidade dos seus salários. Não falam que durante todo esse tempo o governo se omitiu de contribuir com a sua parte, ou seja dois terços da contribuição dos servidores. Nem mesmo os 11% descontados dos servidores foi repassado para o fundo de previdência. Não falam da precarização dos serviços públicos, através das terceirizações. Não falam na ausência de concurso público para novas contratações, causando com isso um desequilíbrio na proporção de ativos e aposentados. Por tudo isso nós queremos fazer um debate sério sobre a previdência com o governo e a sociedade. Não queremos passar para a história como bode expiatório de um projeto que tenta escamotear os interesses e a ganância dos fundos privados de pensão. O Sintrafesc entregou nos meses de abril e maio cheques no total de R$ 189 mil em ações ganhas na Justiça – anuênios, 3,17% e 28,86%. O montante foi dividido por 31 servidore(a)s federais de sete órgãos: (ex)LBA, DFA, DNER, Incra, Ibama, Ministérios da Marinha e da Justiça. O maior valor pago foi de R$ 27 mil. O Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues, assinou portaria com base no artigo 2º, inciso I, do decreto 4.676, de 17/4/2003, exonerando o delegado federal de Agricultura/SC, Roberto Zimmermann e nomeando para o cargo Tarcisio Koch, ex-servidor da prefeitura de Rio do Sul. O governo decidiu estender a vantagem salarial de R$ 59,87 para todos os servidores do Ministério Público, Judiciário e Legislativo, que antes só receberiam o reajuste linear de 1%. As regras são as mesmas anunciadas para os servidores do Executivo. O reajuste será retroativo a janeiro e a vantagem salarial a maio. Jurídico Vale transporte – desconto nos períodos em que o servidor recebe diárias O Sintrafesc protocolou consulta junto à Secretaria de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento em Brasília, solicitando esclarecimento sobre a correta forma do desconto em questão. O que vem ocorrendo (identificado no Ibama) é que no dia em que o servidor recebe diária (integral ou meia) de viagem, ele não recebe o valetransporte, independentemente do fato de ele ter que se deslocar ao local de trabalho (antes da viagem) e retornar à sua residência (ao final da viagem). Desconto do Plano de Seguridade Social sobre vantagens relativas a cargo de chefia O governo federal faz incidir sobre a vantagem relativa ao exercício do cargo de chefia desconto para o Plano de Seguridade Social. Entretanto, desde novembro de 1999 tal vantagem não mais integra os proventos de aposentadoria do servidor, não podendo, portanto, incidir tal desconto. A Secretaria de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento editou o ofício circular 4/2003, suspendendo esta incidência e infor- mando que está fazendo estudos para a devolução dos passivos. O Sintrafesc ajuizará ações apenas para cobrar os valores atrasados, para os servidores que já entregaram (ou para os que entregarem) procurações/ contracheques. A íntegra deste ofício está gravado em Servidor/ Jurídico/Leis SPF/Portarias Instruções, ou pode ser vista no site do Sintrafesc -(www.sintra fesc.org.br/juridico.php) Kázia Palanowski , advogada do Sintrafesc Ações sobre o art. 192/RJU – base de cálculo sobre a remuneração e não sobre o vencimento básico Ajuizamento suspenso temporariamente, tendo em vista que o Superior Tribunal de Justiça uniformizou entendimento de que o cálculo deve ser feito sobre o vencimento básico do servidor, apesar da lei falar em “remuneração”. Isto significa que a partir desta uniformização pelo STJ todos os julgamentos do TRF serão contrários à nossa tese de que o cálculo deve ser feito sobre a remuneração, como diz a lei. Temos nove pastas com este assunto, sendo que três aguardam ajuizamento; uma aguarda sentença; uma tem sentença contrária e aguarda decisão do TRF; dos quatro processos que estão no TRF, com sentença favorável, um aguarda julgamento, um teve acórdão favorável (mais antigo) e dois tiveram decisão contrária. Evolução funcional de servidores do 10º Batalhão de Engenharia de Construção (Lages) Vários servidores lotados neste órgão (contratados sem concurso público, mas reconhecidos como estáveis pela Constituição) estavam desde 1992 sem receber as progressões funcionais anuais. Já existe uma ação em tramitação, ajuizada pelo Sintrafesc para um grupo. Outros servidores que se enquadravam na mesma situação enviaram procuração. Antes de ajuizarmos nova ação, decidimos por fazer uma consulta à Secretaria de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, para buscar uma solução administrativa. 3 • Estampa •Maio 2003 E Esclarecer dúvidas dos filiados, além de encaminhar processos à Justiça, tem sido uma rotina constante entre os advogados e auxiliares do Departamento Jurídico do Sintrafesc. Alguns dos pedidos mais constantes de informações são resumidos, a seguir. Foto: Celso Vicenzi/Sintrafesc Advogados esclarecem dúvidas dos filiados A Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio e Serviços (Contracs) e sindicatos filiados lançaram a campanha “Direito não se reduz, se amplia”, em que defendem uma jornada de 40 horas, a equiparação de direitos, o fim do banco de horas e o combate ao trabalho aos domingos e feriados. Cerca de 3 mil servidores públicos – a maioria professores – realizaram no dia 21, no período da tarde, um protesto em frente ao Palácio Santa Catarina, na Praça da Bandeira, em Florianópolis – sede do governo estadual –, para reivindicar 300% de reajuste salarial e protestar contra a reforma da Previdência. A proposta para a reforma da Previdência apresentada pelo governo federal e que tramita no Congresso é “flagrantemente” inconstitucional. A opinião é do presidente nacional da OAB, Rubens Approbato Machado – informa a Folha de São Paulo –, e foi manifestada à Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. Reforma da Previdência Servidores vão pagar (novamente) a conta 4 • Estampa • Maio 2003 O a taxação dos lucros das empresas: quem ganha mais precisa pagar mais ou nunca vamos resolver o problema da desigualdade social no país”, enfatizou. “Enquanto as empresas não param de aumentar os lucros, os trabalhadores estão cada vez pior”, completou. Segundo Lírio, a reforma mexe com os direitos de todos os servidores, principalmente os ativos. “A nova forma de cálculo que o governo propõe pode reduzir em até 60% o valor da aposentadoria para aqueles que ainda não se aposentaram”. Mais grave, ainda, é o fato de ser uma proposta de um partido dos trabalhadores: “Os servidores elegeram Lula, agora Lula e seu governo elegem os servidores para pagar a conta da Previdência”, lamenta o presidente do Sintrafesc. Há muitas outras vozes que se posicionam contra a reforma. O presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), ministro Francisco Fausto, disse que a proposta do governo Lula para a previdência contém uma série de incongruências e regras injustas para os servidores públicos. Francisco Fausto considera inconstitucional, uma afronta ao princípio da isonomia, a criação de exigências adicionais para os servidores públicos. Lírio acredita que os servidores ainda não acordaram para o tamanho do problema. “Estamos percorrendo todo o Estado, cada local de trabalho, usando de todos os recursos de comunicação que o Sindicato dispõe para alertar os servidores sobre os prejuízos dessa reforma e a necessidade de ir à luta para impedir a perda de direitos”, completou. O presidente do Sintrafesc explicou que há muitas outras opções para se fazer a reforma, sem retirar dinheiro do bolso do servidor público. “Somos a favor da ampliação do benefício da previdência para os 40% da população brasileira que hoje vivem sem qualquer proteção, mas os recursos poderiam ser buscados com Para o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Rubens Approbatto Machado, a proposta é “flagrantemente inconstitucional”. Quem vai perder – garante – será o servidor, pois “ele tem a perspectiva de um regime previdenciário e de repente vão dizer a ele que não tem mais nada”. Por isso, defende o presidente do Sintrafesc, é preciso fazer uma mobilização nacional para impedir mais esse ataque aos direitos dos servidores públicos federais. O Sintrafesc vem realizando assembléias em diversos municípios e em vários locais de trabalho, na Capital, para discutir a reforma da previdência e decidir sobre o indicativo de greve para a Segunda quinzena de junho. “Ninguém poderá dizer que não foi informado ou que o Sindicato se omitiu. Estamos fazendo o possível e o impossível para convencer os servidores de que só há uma saída: deflagrar uma greve maciça para que os servidores sejam ouvidos pelo governo e pelos parlamentares que o apóiam. Só assim poderemos impedir mais este assalto ao direito dos trabalhadores”, concluiu Lírio Téo. Foto: Celso Vicenzi/Sintrafesc O presidente do Sintrafesc, Lírio José Téo, proferiu palestra sobre a reforma da Previdência para cerca de 250 professores da rede estadual de ensino, no dia 21 de maio, em Criciúma, numa promoção do Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sinte/região Sul). Lírio José Téo: temos que lutar por nossos direitos As equipes do Programa Fome Zero que começaram a fazer o cadastramento das famílias estão encontrando dificuldades em Alagoas. Os primeiros levantamentos mostram que, de cada 100 crianças, 65% não têm qualquer tipo de registro. Calcula-se em 300 mil o número de pessoas no Estado sem certidão de nascimento. O Atlas de Exclusão Social-2 indica que a miséria aumentou no Brasil nos últimos 20 anos. Segundo o coordenador da pesquisa, Márcio Pochmann, estados em que a maioria das pessoas é pobre a violência é menor, em detrimento das grandes metrópoles em que as diferenças sociais são um combustível para a violência. Executivo tem 21 mil servidores federais que ganham mais do que Lula Foto: Celso Vicenzi/Sintrafesc A A pedido do ministro do Planejamento, Guido Mantega, a Secretaria de Recursos Humanos concluiu o levantamento de todos os servidores públicos federais que ganham mais que o presidente da República. São exatos 21.663 funcionários públicos civis – aposentados ou em atividade – que, amparados em decisões judiciais, ganham mais de R$ 8.797,50 – atual teto para o serviço público. Desses, no Executivo, 222 recebem acima de R$ 17.170, teto que o governo propõe na reforma previdenciária (destes, 50 são da Universidade Federal do Ceará e 44 do Ministério da Fazenda). Na lista do Executivo, o maior salário bruto é de R$ 31 mil, de um funcionário do Ministério da Fazenda. A lista exclui as remunerações do Judiciário e do Ministério Público, com média sempre superior à do Executivo, que tenta aplicar o artigo 37 da Constituição, segundo o qual ninguém, no serviço público federal, pode ter salário superior ao do presidente. Mas a Justiça tem assegurado a reincorporação do dinheiro. Um funcionário do Ministério da Educação, com vencimento básico de R$ 973,20 chega a receber um valor bruto de R$ 26.236,20. Um funcionário da Polícia Federal com vencimento básico de R$ 548,89 re- Sintrafesc acampa em Brasília Luís Fernando Silva, secretário de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, coordenador da pesquisa cebe salário bruto de R$ 26.876,95. A lista com o valor do salário e os órgãos em que trabalham os servidores (os nomes foram mantidos em sigilo) foi publicada no Diário Oficial da União do dia 15 de maio. Fonte: Correio do Brasil Uma delegação do Sintrafesc, com 31 servidores públicos federais, embarca em um ônibus no dia 9 de junho com destino a Brasília, onde participa de um acampamento em frente ao Congresso Nacional para pressionar pela retirada do projeto de reforma da Previdência. A Condsef espera reunir cerca de 2 mil servidores de todos os estados do país, que ficarão acampados na Esplanada dos Ministérios de 10 a 13 de junho. No dia 11, será realizado um grande ato público com servidores de confederações de servidores públicos federais, estaduais e municipais. A expectativa é de que 20 mil pessoas protestem contra a reforma da Previdência. No dia 12, haverá um seminário, em pleno acampamento, numa lona que será montada no local, sobre a reforma da Previdência. Finalmente, no dia 13, um ato simbólico irá marcar o fim do acampamento e o retorno dos manifestantes a seus estados. Os dirigentes de sindicatos, entretanto, permanecerão em Brasília para, no dia 14, participar da Plenária Setorial dos servidores federais. E, no dia 15, na Plenária Nacional da Coordenação das Entidades do Serviço Público Federal, a decisão final sobre a deflagração da greve a partir da segunda quinzena de junho. Segundo o presidente do Sintrafesc, Lírio José Téo, “precisamos estar unidos e mobilizados para impedir que os servidores percam importantes conquistas – como o direito à aposentadoria integral – e para que não se aprove a privatização da Previdência, que vai gerar muito lucro às empresas e nenhuma segurança a quem aderir aos fundos privados de pensão, como já aconteceu no passado com a falência de vários deles”. 5 • Estampa •Maio 2003 O corredor de acesso à sede do Sintrafesc, no edifício Irmãos Daux, foi alvo de pixação, no último final de semana de abril, por parte de um servidor público federal aposentado, filiado ao Sindicato. Ele foi identificado por meio das câmeras de TV instaladas no prédio. Queixa foi registrada na 1ª DP da Capital. A Organização Mundial de Saúde aprovou um tratado antifumo que poderá salvar milhões de vidas. O acordo, que ainda terá de ser ratificado pelos 192 países membros da organização, proíbe ou restringe a propaganda de cigarros, reduz o fumo passivo e controla o uso de expressões como “baixo teor de nicotina” nas embalagens. As autoridades da área de saúde afirmam que cerca de 5 milhões de pessoas morrem todos os anos de doenças relacionadas ao fumo – número que deverá chegar a 10 milhões por ano nas próximas duas décadas. A Organização Mundial de Saúde estima que 70% dessas mortes acontecerão em países em desenvolvimento. Os segurados que desejam receber seus benefícios depositados diretamente em sua conta corrente devem procurar a Agência da Previdência que mantém os seus benefícios. O serviço também está disponível no site www. mps.gov.br, no link “Serviços pela Internet”. Basta clicar em “Outros Serviços” e depois em “Débito em Conta”. Comportamento 6 • Estampa • Maio 2003 Pesquisa mostra que brasileiro pouco se indigna Pesquisa sobre dignidade humana e paz no Brasil mostrou que o brasileiro está no meio do caminho entre uma atitude conformista e o engajamento de luta onde aquelas condições são desrespeitadas. A pesquisa desenvolveu um “índice de indignação” da população aos atentados à dignidade humana, de 1 a 100. No caso brasileiro, esse percentual ficou em 50,9. A pesquisa foi realizada de julho a setembro de 2002, na Grande São Paulo, com o apoio da Comissão Nacional da Década para Superar a Violência, vinculada ao Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic) e do Conselho Latino-Americano de Igrejas (Clai-Brasil). O trabalho teve a coordenação da Secretaria Executiva da Comissão Brasileira de Justiça e Paz, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), com o apoio científico da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. O relatório com as conclusões desse levantamento - o primeiro do gênero realizado no país - constam em livro editado pela Editora Salesiana. O documento assumiu o conceito de dignidade humana do primeiro artigo da Declaração Universal dos Direitos Humanos: “Todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos”. Esse também foi o conceito trabalhado na Campanha da Fraternidade Ecumênica de 2000. A população pesquisada relacionou “respeito” (88%), “honestidade” (87%), “direitos humanos”(79%) e “igualdade” (71%) ao conceito de dignidade humana. Ficou evidente, na pesquisa, que as mulheres, com 84,8%, percebem mais desrespeito à dignidade humana do que os homens, em 76,7% das respostas. O relatório conclui que, neste início do terceiro milênio, é tarefa urgente trazer para o centro das agendas religiosas, políticas e sociais a questão da dignidade humana. Na história do Ocidente, destaca o rela- Vinte por cento dos pesquisados nunca ouviram falar em dignidade humana tório, somente nos últimos dois séculos a igualdade transformou-se em demanda importante da sociedade. A pesquisa quantitativa mostrou que quatro em cada cinco pessoas “já ouviram falar” em dignidade humana. Isso significa que 20% do universo pesquisado não têm noção do que se trata, o que representa milhões de brasileiros “que permanecem à margem de qualquer preocupação, conhecimento ou reflexão sobre o que funda a existência humana: dignidade”, diz o relatório. Num primeiro levantamento, de natureza qualitativa e informal, a pesquisa constatou que, de modo geral, as pessoas percebem mas não sabem definir o que significa dignidade humana. O conceito foi identificado como algo que fica acima das diferenças individuais, vinculado a um significado moral como “honestidade”, “solidariedade”, “sinceridade” e “ajuda mútua”. Também teve segmento do universo pesquisado que relacionou dignidade humana com direito de acesso a bens materiais. Um quarto grupo vinculou-o à violência, a qualquer tipo de insegurança ou de instabilidade social. Os pesquisadores ressalvaram que a fala dos números é relativa. Este primeiro relatório ateve-se, na parte conceitual e de pesquisa de campo, à questão da dignidade humana. Nos próximos relatórios, os organizadores prometem ampliar a reflexão para a questão da paz. O relatório sobre “A dignidade humana e a paz no Brasil” traz, ainda, dois estudos de caso: um, dirigindo os olhares para os “porões da vida” - situações das quais a sociedade se envergonha e prefere mantê-las escondidas -, e o outro voltado a fatos que ocorrem “à luz do sol” - de desrespeito à dignidade humana que acontecem de maneira clara, sem subterfúgios. O primeiro estudo mostrou o universo prisional brasileiro e o segundo tratou dos acidentes e doenças do trabalho em empresas legalmente constituídas. Fonte: Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação. Três mil e quinhentos menores são vítimas de exploração sexual na tríplice fronteira – Brasil, Argentina e Paraguai. Segundo dados da Organização Internacional do Trabalho, as crianças e adolescentes têm entre 10 e 17 anos e são exploradas nas ruas, em bordéis, boates e saunas. Os clientes, geralmente, são turistas mais idosos. O MST alfabetizará mais em oito meses do que nos últimos quatro anos. O Ministério da Educação assinou convênio com o Movimento para alfabetizar 27,6 mil jovens e adultos em assentamentos e a campamentos e capacitar 1.840 alfabetizadores. O MST alfabetizou 20 mil agricultores em quatro anos. A Assembléia Legislativa/SC e o Instituto Nacional de Tecnologia de Informação promoveram, nos dias 22 e 23 de maio, o 1º Debate Nacional “Software livre e administração pública”. O encontro discutiu a utilização de tecnologia para reduzir custos, inclusão digital e a democracia na era da informação. Procura-se O presidente do Tribunal Superior do Trabalho (TST), ministro Francisco Fausto, estranhou que a União não tenha sido relacionada entre os milhares de devedores da Previdência, nem a eventual quantidade de seus débitos, dentro da relação divulgada pelo Ministério da Previdência. “É voz corrente que a União também deve à Previdência, que não recolheria sua parte como empregador. Será que ela deve ou não deve? Se não deve, o que se espera é uma declaração pública do governo de que a União não está entre os devedores da Previdência”, afirmou o ministro. O Ministério da Previdência Social divulgou na metade de maio uma lista com os principais devedores do INSS. São 176.790 contribuintes que acumulam uma dívida de R$ 150 bilhões. Transbrasil, prefeitura de Campinas e Varig são as maiores devedoras, mas as empresas do governo também não ficam atrás: a Caixa Econômica Federal é a sétima maior devedora e a Petrobras a 22ª (veja a lista completa no site www.mpas. gov.br). Para o presidente do TST, a lista de devedores tornada pública pelo ministro da Previdência, Ricardo Berzoini, “ainda é uma história mal contada”. Para ele, não ficou esclarecida a situação da União – se está em débito ou não para com o sistema de previdência dos servidores. Francisco Fausto afirmou que é preciso agora que o governo faça uma avaliação sobre quanto desses crédi- tos de R$ 150 bilhões, que representam duas vezes o rombo oficial da Previdência (R$ 65,9 bilhões), podem ser resgatados. Tal avaliação, na opinião dele, serviria para se dimensionar até onde o governo poderia atenuar o ônus para os servidores e contribuintes privados exigidos na Reforma da Previdência em análise no Congresso Nacional. ”Até agora, optou-se pela solução mais fácil, que é sacrificar o servidor público e o contribuinte, deixando-se em segundo plano a recuperação desses créditos em mãos de empresas privadas e públicas. Despreza-se o que seria mais justo, que é a recuperação desses créditos, para se agarrar ao que é mais fácil, ou seja, onerar o contribuinte. Isso não é justiça social”, sustentou o ministro Fausto. Observando que a situação a que chegou a Previdência Social no país é fruto de mau gerenciamento, o presidente do TST rechaçou as afirmações do ministro da Previdência de que uma das dificuldades para recuperação dos créditos do INSS residiria na lentidão do Judiciário. “Acho que a autoridade pública deve procurar em seus próprios gerentes as causas da dificuldade de recuperação desses créditos, pois não é a Justiça a responsável por isso”, disse. “A Justiça julga e determina o resultado, quando é acionada pela parte interessada. Esse volume de débitos é de de pessoas que deixaram de pagar e que não eram devidamente cobradas pelos agentes da Previdência Social”. Fonte: Tribunal Superior do Trabalho. 7 • Estampa •Maio 2003 Falta esclarecer parte que cabe à União em débitos da Previdência Dados da ONU revelam que 100 mil pessoas são vítimas de exploração sexual no Brasil, sendo que 95% dos casos ocorrem dentro da própria família. Para combater o problema o governo federal reativou o número 0800-990500. A ligação é gratuita (e pode ser anônima), de segunda à sexta, das 8 às 18 horas. O Sintrafesc realizou, de 15 a 17 de maio, em Florianópolis, o curso de Formação de Formadores e a 2ª Reunião do Coletivo de Formação. O objetivo do curso é multiplicar a formação sindical nas regiões do Estado. A Reunião serviu para detalhar e traçar as estratégias do plano aprovado na reunião do Conselho Deliberativo. O Ministério da Saúde divulgou que mantêm-se estáveis há quatro anos a proporção de cerca de dois casos de Aids em homens para cada mulher infectada (notificados 9.495 novos casos em 2002 – 6.031 entre homens). No entanto, na faixa etária de 13 a 19 anos, há mais meninas do que meninos com o vírus HIV. Personagem 8 • Estampa • Maio 2003 Quando a servidora pública federal Carmem Barbosa nasceu, em Biguaçu, no dia 3 de maio de 1900, Florianópolis ainda era uma pequena vila denominada Nossa Senhora do Desterro. Cento e quatro anos depois, sentada em uma cadeira de rodas, mas muito disposta e alegre, Carmem vive num edifício no centro da Capital, com a sobrinha Dalva (86 anos) e não se assusta com as mudanças que presenciou por mais de um século: “Antes era tudo muito difícil, principalmente para as mulheres”. Filha de Romão Martins Barbosa e Benvinda do Carmo Ferreira Barbosa – que tiveram outros sete filhos – Carmem foi a primeira mulher a ingressar, por concurso, como auxiliar de contabilidade, na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, onde permaneceu por 35 anos, até se aposentar. Antes mesmo das lanchas que cruzavam o canal, chegou a utilizar o transporte de barco a remo, entre São Miguel, no Continente, e a Praia de Fora, na Ilha de Santa Catarina. “Quando ventava muito dava para sentir medo”, relembra. Carmem andou no bonde de burros – “eram muito magrinhos” – nos carros de mola com tração animal, assistiu peças de Procópio Ferreira no Teatro Álvaro de Carvalho e cinema mudo – a sua paixão – na esquina da Praça XV com a Felipe Schmidt. Voou de hidroavião, embarcou nos vapores Ana e Max, da companhia Carlos Hoepcke e conheceu vários estados do Brasil. “Fui à nascente do Rio São Francisco e estive na usina de Paulo Afonso”, diz com orgulho. Lúcida e falante, Carmem era uma mulher de vanguarda – “a segunda a se formar em Santa Catarina”. Nun- Foto: Celso Vicenz/ Sintrafesc Carmem Barbosa, 104 anos de vida feliz e coqueluche –, mas sempre foi muito saudável. Brincou com bonecas de pano – a mais bonita de todas, “uma boneca de louça francesa”. Hoje, um pouco surda, tem dificuldade para ouvir as notícias na televisão – o seu programa preferido, Boris Casoy entre todos. Com um interesse tão aceso pelos fatos do dia a dia, parece querer nos contar um segredo (que é preciso gostar da vida). E a trajetória de quem viveu mais de um século, ela resume assim: “Sou uma mulher feliz”. Carmem: “tudo era mais difícil” ca se casou. Estudante do Mackenzie, em Florianópolis e da Escola Evangélica, formou-se em contabilidade pela Escola Politécnica. “Mamãe sempre deu muita importância à educação”, conta. Muito religiosa, tocava órgão na Igreja Presbiteriana. “Papai foi o primeiro presbítero de Florianópolis, depois que os missionários americanos fundaram a Igreja. Ele batizou todos os filhos, inclusive a mamãe”, afirma. Também deu aulas na escola dominical da Igreja Presbiteriana, na rua Visconde de Ouro Preto, no centro da Capital. Entre outros endereços, morou na rua Felipe Schmidt, no Largo da Carioca (hoje a pracinha ao lado das lojas Americanas). Pegou as doenças típicas da infância – sarampo, caxumba Estampa é uma publicação mensal do Sintrafesc. Cartas, e-mails, textos, críticas e Sintrafesc sugestões podem ser enviadas para a rua Nereu Ramos, 19, sala 609 CEP 88015-010, Florianópolis/SC, Fone/fax (48) 223-6452. Site: www.sintrafesc.org.br E-mail: [email protected] Presidente: Lírio José Téo. Secretária de Imprensa e Divulgação: Ana Lúcia Rocha. Jornalista: Celso Vicenzi (MTb/SC 274 JP). Projeto Gráfico: Renato Rizzaro. Editoração: Luciany Alves Schlickmann. Tiragem: 5.000 exemplares. Impressão: Gráfica Agnus. Fontes: Condsef, Agestado, Folha de São Paulo, Secom, Agência Carta Maior, Correio do Brasil, Agência Câmara, Agência Brasil, Jornal do Século, Andi, Agência Latino-Americana e Caribenha de Comunicação, Jornal do Estado-PR.