A forçA - Revista Mercado

Transcrição

A forçA - Revista Mercado
R$ 8,50
ano 5 número 39 Fevereiro 2011
A força
que
vem
debaixo
Em ascensão e ávidas por consumo, as classes C e D
movimentaram em 2010 um mercado de R$ 834
bilhões, despertando o interesse da indústria de bens
e serviços, que agora corre atrás para atender as
necessidades desses consumidores
Política
Dorothea Werneck visita
Uberlândia, onde é
sabatinada e cobrada
Agricultura
Atividade é usada no Brasil
como aliada na redução
de gases estufa
Especial
O dilema continua: o que
fazer e para onde vão
as sacolas plásticas
A prova da “herança maldita”
Editorial
Uma extensa lista de insatisfeitos que inclui concurseiros, militares,
policiais federais, cientistas, juristas, economistas, professores,
parlamentares, prefeitos e governadores. Esse é o saldo da tesourada
no orçamento da União para 2011, anunciada pelo governo de Dilma
Rousseff. O corte total passa dos R$ 50 bilhões - recorde histórico - e num
primeiro momento parece não ter agradado ninguém, inclusive colocando
de um mesmo lado - o dos insatisfeitos - tanto adversários como aliados
do Palácio do Planalto.
De fato, o que mais intriga é uma determinada parcela de aliados do
próprio governo que passou a criticar interinamente a presidente Dilma
por expor negativamente a imagem de seu “tutor e mentor” político, o expresidente Lula. Conforme anunciado, o tamanho do corte foi concebido
para reforçar o comprometimento do atual governo com a austeridade fiscal
e evitar uma disparada da inflação, o que parece um tanto contraditório
se for levada em conta a afirmação de Dilma que disse ter recebido uma
“herança bendita” de Lula. Pelo tamanho do corte no orçamento, a tal
herança não tem nada de bendita, ao contrário.
Na verdade, Lula tudo podia e ele jamais se preocupou com quem iria
pagar a conta. Só como exemplo e para efeito de comparação, em 2003, com a
inflação batendo os 12%, o risco país em disparada e a expectativa econômica
se deteriorando em ritmo acelerado, o ex-presidente deu aumento de 20% no
salário mínimo e contingenciou R$ 14,1 bilhões da peça orçamentária. Oito
anos depois, o reajuste limitou-se à correção da inflação, ou seja, nem sequer
recuperou o poder de compra do menor salário do país, enquanto o corte no
orçamento da União foi o maior da história.
Um próprio senador petista, que não quis ser identificado, chegou a
dizer que “Dilma deu munição aos opositores. Lançou o tal ajuste (fiscal)
que prometera não fazer e escancarou ao país algo até então obscuro: Lula
gastou mais do que devia nos últimos dois anos”.
O certo é que essa primeira medida de impacto do governo Dilma
Rousseff - o corte de R$ 50,1 bilhões - acontece após dois anos em que as
despesas do Orçamento aumentaram muito. Durante a era Lula, de 2003 a
2010, houve um crescimento de gastos equivalente a 3,3% do Produto Interno
Bruto (PIB). As despesas pularam de 15,1% para 18,4% do produto, sendo
que nos dois últimos anos o aumento foi de 1,8% do PIB. Esse aumento
de gastos ocorreu principalmente em 2010, ano em que o então presidente
Lula lançou Dilma como candidata. As despesas de pessoal e custeio - que
incluem benefícios previdenciários, outros benefícios vinculados ao salário
mínimo e os gastos com a máquina pública - foram as que mais impactaram
o aumento de gastos no apagar das luzes da gestão do ex-presidente.
Uma prova de que essa tomada de decisão coloca a presidente Dilma,
literalmente, de saia justa é que muito do seu capital político será consumido
nos próximos meses para suportar a pressão política e social decorrentes
da “tesourada” promovida no orçamento deste ano. Por exemplo, os cortes
envolvem cerca de 85% de todas as emendas dos deputados e senadores ao
Orçamento deste ano e retira mais de R$ 5 bilhões do programa Minha Casa,
Minha Vida 2, ícone da campanha eleitoral de Dilma, reduzindo sua previsão
de gastos de R$ 12,7 bi para R$ 7,6 bilhões. Além disso, eles atingem os
ministérios da Educação e da Justiça, áreas prioritárias no discurso da
petista durante a disputa eleitoral e dão munição para a oposição apontar
o seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, como gastador irresponsável.
De forma mais detalhada, além da retirada de R$ 5 bilhões do Minha
Casa, Minha Vida, entre os demais cortes estão R$ 2,4 bilhões do setor de
Transportes, R$ 3 bilhões do setor de Turismo e R$ 4,3 bilhões do ministério
da Defesa. As áreas sociais, como Cidades, recebeu o maior corte, de R$ 8,5 A
bilhões, e a Educação receberá uma redução de verba de R$ 3,1 bilhões. A
Saúde vai ter corte de R$ 578,1 milhões. Em termos percentuais, os maiores
cortes são nas áreas do Esportes e Turismo, isso mesmo com a Copa do
Mundo no Brasil daqui a quatro anos. O governo vai reduzir de 64% seu
orçamento, que vai passar de R$ 2,4 bilhões para R$ 853 milhões. Já na área
do Turismo, a queda foi de 84,3% no orçamento, passando de R$ 3,6 bilhões
para R$ 573 milhões.
Outro corte previsto vai decorrer da não mais realização de novos
concursos públicos e da não contratação das pessoas já aprovadas pelos
concursos realizados no ano passado. Com isso, o governo pretende
economizar R$ 3,5 bilhões. Benefícios trabalhistas como o segurodesemprego e o abono salarial também serão cortados em R$ 3 bilhões.
Este valor corresponde a 10% do orçamento total para a área.
Nem mesmo a Previdência Social e os subsídios concedidos ao BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) escaparam e
também vão receber cortes de R$ 2 bilhões e R$ 9 bilhões, respectivamente.
Diante disso tudo, a insatisfação é quase que total e toma conta até
mesmo dos aliados. Um bom exemplo vem do Ceará. O senador Inácio
Arruda (PCdoB) já disse ser necessário chamar a ministra do Planejamento,
Miriam Belchior, para revisar os cortes e os contingenciamentos anunciados
para os estados da região Nordeste. Para ele, a convocação da ministra é
necessária devido ao anúncio feito pela presidente de que não haverá cortes
nem vetos no orçamento para o Nordeste. Por sua vez, o deputado Heitor
Férrer (PDT) afirmou que a impressão passada pelo Governo Federal é
a de que a presidente está negando tudo o que foi feito na administração
passada, pois a contenção de gastos atinge o social, área na qual o Governo
Lula afirma ter investido bastante. O deputado lembrou que R$ 92 milhões
foram cortados do Ceará, verba que, segundo ele, fará falta na construção
de moradias, resultando em prejuízos para 307 mil famílias cearenses que
esperam pela casa própria.
Pelo lado da oposição, os estados de Minas Gerais, Roraima e São Paulo,
administrados por governadores tucanos, foram os maiores prejudicados
pelo corte de emendas parlamentares já efetuado no orçamento da União
para 2011, que somou R$ 1,8 bilhão. As emendas vetadas para Minas, de
Antonio Anastasia, chegam a R$ 189,2 milhões. Em Roraima, de Anchieta
Júnior, a tesourada nos projetos que seriam desenvolvidos exclusivamente
no estado foi de R$ 185,6 milhões. Já o corte em São Paulo, de Geraldo
Alckmin, ficou em R$ 115,5 milhões. É claro que nenhum desses três
governadores está satisfeito.
Na opinião de alguns cientistas políticos, a ainda candidata Dilma
Rousseff já sabia que teria que aplicar um forte ajuste fiscal caso chegasse
à Presidência, mas não podia adotar um tom crítico à política de gastos de
Lula. É um tipo de assunto que não se levanta em campanha política, ainda
mais no Brasil que não tem cultura do corte de gasto público. Segundo
dizem, os cortes atuais são consequências das ações do governo passado
e Lula foi imprudente ao “penhorar” o cofre da nação pra garantir a eleição
de sua candidata.
Enfim, os cortes estão aí e terão que ser administrados. O problema é que,
como sempre ocorre no Brasil, quem acaba “pagando o pato” e assumindo a
“herança maldita” é o povo.
Quisera não fosse assim...
Evaldo Pighini
Editor
Índice
Fevereiro2011
34Capa
Aberta a temporada de caça
aos consumidores das classes
C e D. Em ascensão e ávidas
por consumo, essa “turma”
movimentou em 2010 um
mercado de R$ 834 bilhões,
chamando ainda mais a atenção
da indústria de bens e consumo
14Entrevista
22Política
42Agricultura
Perto de completar 50 anos, a
Calu, cooperativa leiteira, anuncia
a construção de nova fábrica, com
capacidade de 400 mil litros/dia.
Eduardo Dessimoni, seu presidente,
fala desse investimento e outros
assuntos mais do mercado
A secretária de Desenvolvimento
Econômico de Minas, Dorothea
Werneck, esteve em Uberlândia,
onde se reuniu com lideranças
locais, que pediram mais atenção
do governo mineiro para a região
do Triângulo
O Brasil está fazendo o dever de
casa incentivando técnicas que
equilibram produção agrícola e
conservação ambiental. Essa iniciativa está sendo avaliada pela ONU,
através da FAO, como forma de
reduzir a emissão de gases estufa
39
46Especial
O dilema das sacolas plásticas
continua. No Brasil, estima-se um
consumo de 33 milhões de unidades
por dia, que agridem muito o meio
ambiente. Entre proibições de
uso e não cumprimento da lei,
o consumidor segue perdido
62Especial Mulher
66Turismo
O sexo frágil está cada vez mais no “batente”.
Muitas mulheres agora já começam a se
aventurar, assumindo negócios ou trabalho em
segmentos até então tipicamente masculinos.
O melhor: elas estão fazendo a diferença
Segunda em importância política, mas a primeira
em turismo. É assim que é Montego Bay para
a Jamaica. Mo Bay, como é carinhosamente
chamada, abriga a maior parte dos hotéis, além de
ter algumas das mais belas atrações caribenhas
Canal Livre 8
Artigo 10
Conversa 12
Franchising 18
Investimentos 20
Economia 26
Negócios 32
Trabalho 40
Saúde 54
Estética 58
74 Veículos
80 Bazar
84 Dica de Leitura
86 Literatura
88 Profissões em filme
90 Sustentabilidade
92 Ponto de vista
94 Causos empresariais
96 Geral
canal
livre
Filhos para todos
Cada vez melhor
O conteúdo da Mercado tem me surpreendido cada vez
mais, e positivamente. A meu ver, Uberlândia precisava há
muito tempo de uma revista que abordasse tanta gama
de informações, muito diferente das demais publicações
locais, em que a maioria dá destaque apenas para o social.
Cabe aqui ressalvar que sou leitor assíduo das matérias de
turismo e da sessão de entrevistas, mas muito mais das
matérias de saúde. Aproveito para pedir que, assim que for
iniciada a distribuição da revista através de assinatura, eu
seja o primeiro da lista.
Adelson Matarazzo Pinheiro
Personal Trainer
Viaduto da Rondon
Sou morador de Uberlândia e usuário diário da avenida
João Naves de Ávila, nos dois sentidos da via. Tenho percebido que as obras de construção do viaduto no cruzamento dessa avenida com a Rondon Pacheco estão meio
que a passos lentos. Enquanto isso o tráfego no local está
cada vez pior, principalmente, em horários de pico.
Queria saber da prefeitura se o ritmo das obras é
esse mesmo e se o cronograma de entrega do viaduto será cumprido.
Júlio Marques da Costa
Mestre de obras
__________________________________________________
Caro Júlio. Segundo informações da Assessoria de Comunicação da Prefeitura, as obras estão em ritmo normal, conforme programado. Acontece que o que já foi
feito diz respeito à fundação (base) do viaduto, que não
é possível visualizar por causa dos tapumes. Alem disso, há outros canteiros de obras a serviço do viaduto, a
exemplo de um onde estão sendo construídas as partes
pré-moldadas. Depois é só montar no local. Sobre o
prazo de entrega, a informação é de que até o momento
nada impede que seja cumprido, dessa forma o viaduto deverá ficar pronto no segundo semestre deste ano,
provavelmente em agosto.
Vejo com ressalvas as novas regras que passaram a vigorar no Brasil que normatizam a reprodução assistida.
Sou a favor, a partir do princípio que seja para beneficiar
casais, nesse sentido, falo de homem mais mulher que
tenham problemas de saúde. Mas não sou a favor, embora respeite quem seja, de que o método seja aplicado
para homossexuais. Penso que isso fere qualquer lei natural de procriação, principalmente a que vale para nós,
seres humanos.
Divina Francisca Moreira
Aposentada
Acidentes
Muito boa a matéria sobre acidentes publicada na edição
de janeiro. Ela mostra bem o atual retrato da segurança
em nosso país, colocando os acidentes como os maiores
vilões. Eu, como motorista, vivo parte dessa realidade trafegando por estradas de Norte a Sul do país. É, pois, diante
da realidade das estradas brasileiras, que peço mais empenho dos políticos em criar projetos que coíbam os excessos. Mas vejam bem, há outras maneiras que não fazendo
crescer a indústria das multas. É preciso investimentos em
policiamento educativo, sinalização e fiscalização, principalmente quanto ao excesso de peso dos caminhões.
Ariovaldo Guimarães dos Santos
Caminhoneiro - Araguari-MG
Coluna Literatura
Cada vez que passa, ficam melhores os comentários da
professora Kenia na Coluna Literatura. A última, “Das dificuldades de se escrever uma boa crônica”, foi show. Leio
e guardo todas que têm me sido muito úteis na faculdade.
Lígia Ribeiro Cintra
Estudante
Coluna Sustentabilidade
Prezado editor. Gostaria de ver mais notícias na coluna
sustentabilidade abordando ações de empresas da região.
Sei de muitas empresas que renderiam “cases” interessantes e que poderiam servir de exemplo para outras que
não têm a sustentabilidade por prioridade.
Ivana da Silva Couto
Analista de Sistemas
Mercado Fevereiro 2011 ∞ 8
MArtigo
A saga dos
impostos
POR Vagner Jaime Rodrigues*
E
m cerca de 300 dias no ano passado,
foram arrecadados um trilhão de reais. Ou seja, cada habitante contribuiu
- considerando-se todos os tipos de
tributos - com mais de R$5.300. Lembremos que somos 185 milhões de brasileiros, de
acordo com as informações preliminares do Censo 2010. Pode ter certeza de que parte expressiva
dos brasileiros não ganha por mês nem a metade
desse valor arrecadado por pessoa. Com o salário
mínimo nacional de R$ 510, um trabalhador precisa de mais de dez meses para juntar todo esse
montante...
Temos muitos motivos para enfatizar a importância de uma Reforma Tributária e, mesmo
assim, ainda muito pouco é feito. E se engana
quem pensa que isso é um problema atual. Há
décadas que é cogitada uma reforma no sistema tributário, mas muito pouco (ou quase nada)
tornou-se viável.
Ano passado pudemos perceber como uma
tributação mais justa favorece o crescimento
do país. Com a crise da economia instalada em
todo o mundo, o Brasil resolveu tentar algumas
estratégias para aquecer as vendas e, com isso,
a economia nacional. O resultado positivo todos
nós pudemos ver. Por um período o Governo Federal reduziu o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) de automóveis linha branca e de
materiais de construção. Em 2009, verificamos
um grande aumento na venda desses produtos ou seja, a nossa economia foi posta em um círculo
virtuoso, o que fez com que a crise não afetasse
muito o nosso mercado interno.
Outro ponto que podemos destacar é a competitividade do Brasil no exterior. Com uma tributação mais justa, é possível que as empresas nacionais tenham um preço tão bom quanto de outros
países, fazendo com que os nossos produtos sejam competitivos, ganhando cada vez mais mercado. Se compararmos com as cargas tributárias
de países do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China),
por exemplo, O Brasil é a nação com a carga mais
alta (34%), seguido pela Rússia (23%), China (20%)
e Índia (12,1%), de acordo com o estudo “Carga
Tributária no Mundo - um comparativo Brasil x
BRICs”, realizado pela Machado-Meyer. Ou seja,
apenas com estes países a competição já estaria
quase perdida...
Mas o ponto crucial, todos sabemos, é a distribuição de renda. No Brasil, a desigualdade social
é imensa, e a cada dia que passa isso só piora.
Uma das ideias da Reforma Tributária é que a população pague os impostos de acordo com o seu
rendimento mensal.
Não adianta sermos a “bola da vez”. Temos que
continuar a proporcionar o crescimento da economia brasileira com igualdade social. Mas, para
isso, será preciso que os governantes consigam
fazer o máximo possível de alterações no sistema
tributário brasileiro. Sabemos que isso não ocorrerá do dia para noite, mas temos que, ao menos,
começar, pois ainda estamos na estaca zero com
relação ao assunto. B
*Vagner Jaime Rodrigues é sócio da Trevisan Outsourcing e professor da Trevisan Escola de Negócios ([email protected])
Mercado Fevereiro 2011 ∞ 10
CONVERSA
DEMERCADO
Caro leitor,
Na condição de produtor rural, quero chamar a
sua atenção para o atual momento que vive o setor
agropecuário nacional, que está cercado de extrema
expectativa que deve ser também compartilhada com
toda a população brasileira e até mundial. É que nas
próximas semanas será colocado em votação o novo
Código Florestal, e da sua aprovação dependerá o futuro de todos nós. O documento que vai ao Congresso
Nacional teve como relator o deputado federal Aldo
Rebelo (PC do B) que, apesar de combatido e criticado, até mesmo por seus aliados políticos, se manteve
firme na proposta de conciliar os mecanismos da política de preservação, sem eliminar a capacidade produtiva da agropecuária brasileira.
A meu ver, o atual Código Florestal é arcaico e
penaliza de forma absurda o setor produtivo. Hoje o
homem do campo vive uma situação de insegurança
e terror, pois na condição de refém dos órgãos fiscalizadores está sujeito a pesadas multas e até mesmo
correndo risco de perder sua propriedade a qualquer
momento, por não conseguir cumprir as exigências
da Lei.
Nós, que fazemos parte do segmento agropecuário,
somos vistos por muitos como criminosos e destruidores do meio ambiente. Esta é uma visão equivocada
e maldosa, implantada na sociedade por organizações
não governamentais, bancadas financeiramente com
dólar ou com euro, com o propósito principal de travar o desenvolvimento da nossa agropecuária.
O produtor rural brasileiro é, na verdade, o maior
defensor das causas ambientais. Se agíssemos diferente, estaríamos dando um tiro no nosso próprio pé.
Nós preservamos nascentes e mananciais hídricos,
pois dependemos da água para a nossa atividade.
Conservamos o solo e combatemos erosões e assoreamento, pois da terra sai o fruto do nosso trabalho.
Mercado Fevereiro 2011 ∞ 12
Adotamos práticas de produção modernas e investimos em tecnologia que contribuem com a redução de
emissões, como nos casos do plantio direto e da integração lavoura-pecuária e lavoura-pecuária-floresta.
Nós não somos criminosos. Somos mais preservacionistas que a grande maioria que nos acusa.
Isso ocorre porque o setor produtivo rural brasileiro incomoda muito, principalmente àqueles países
cujos governos subsidiam a produção. Enquanto lá
o Estado paga para que o produtor exerça sua atividade, aqui nós quebramos recordes de produtividade
ano após ano, sem que sequer tenhamos uma política
agrícola de preços mínimos que garanta ao menos cobrir os nossos custos de produção.
Estes países, que bancam financeiramente a produção agropecuária em seus territórios, chegaram à
conclusão que fica mais barato minar a competição
externa do que aumentar o subsídio oferecido aos
seus produtores. Desde então, começaram a investir
parte dos seus dólares e euros nas ONGs que atuam
no Brasil.
Para se ter uma ideia mais clara desta situação,
basta recordar o estudo “Fazendas aqui, florestas
lá”, lançado nos Estados Unidos com o patrocínio
da National Farmers Union (União Nacional de Fazendeiros) que é o principal sindicato rural norteamericano, apoiado pela Avoided Deforestation
Partners (Parceiros pelo Desmatamento Evitado). O
objetivo do estudo foi sensibilizar o Senado a aprovar uma lei de mudanças climáticas que prevê que os
grandes poluidores dos Estados Unidos compensem
suas emissões de gases do efeito estufa financiando
projetos florestais em países tropicais como o Brasil. Isso porque os americanos possuem hoje praticamente 100% da sua área produtiva ocupada com
atividades agropecuárias.
A aprovação desse projeto nos EUA, além de manter intocadas as áreas agricultáveis de lá, ainda redu-
ziria a competição de países como o Brasil, que está
na disputa direta com os americanos pelos mercados
de commodities. Ou seja, nós seriamos obrigados a
reflorestar parte das nossas áreas onde produzimos
hoje a soja, o milho, o algodão e outros produtos, para
compensarmos a emissão de gases dos chamados países desenvolvidos. Pelo estudo apresentado no Senado americano, os ganhos poderiam alcançar US$
270 bilhões entre 2012 e 2030 só com a diminuição da
competição dos países tropicais.
ção à população mundial existente hoje. A produção
anual de cereais terá de crescer em quase um bilhão de
toneladas e a oferta de carne, elevada em 200 milhões
de toneladas em relação ao que é produzido hoje. A
FAO acredita que boa parte deste crescimento de produção poderá ser obtido com a adoção de práticas de
melhoria da produtividade. Entretanto, estima-se que
serão necessários 120 milhões de novos hectares para
suprir as necessidades de alimentos no mundo.
Diante destes números e desta situação dramáti-
Precisamos muito que o novo Código Florestal seja aprovado. É
importante afirmar que ele não estimula o desmatamento. Muito
pelo contrário. Nele está assegurado o desmatamento zero, a
biodiversidade e o desenvolvimento sustentável
Precisamos muito que o novo Código Florestal seja
aprovado. É importante afirmar que ele não estimula o desmatamento. Muito pelo contrário. Nele está
assegurado o desmatamento zero, a biodiversidade
e o desenvolvimento sustentável. O Brasil não precisa derrubar uma única árvore a mais, para ter aumentada sua produtividade. Mas pode diminuir, num
período de 10 anos, cerca de 20 milhões de hectares
sua área ocupada com atividades agropecuárias caso
os produtores rurais sejam obrigados a recompor a
reserva legal da forma como está previsto no atual Código Florestal brasileiro.
É, portanto, que o setor rural pede socorro, pois
se o texto apresentado pela Comissão Especial do
Código Florestal não for aprovado até 12 de junho,
quando está previsto para entrar em vigor o Decreto 7.029/2009, cerca de 90% das propriedades rurais
brasileiras terão suas atividades embargadas e ficarão na ilegalidade. O decreto condiciona a liberação de crédito para custeio agrícola, à averbação
de áreas de reserva legal nas propriedades rurais,
deixando muitos produtores sem financiamento
para as lavouras e comprometendo definitivamente
a safra 2011/2012.
Quando defendemos a aprovação do novo Código
Florestal, não estamos pensando somente na situação
dos produtores que dependem dele para continuar
na atividade. Estamos pensando no mundo todo que
precisa de alimentos. Pois quando se fala em fome no
mundo, o Brasil é sempre visto como uma das principais soluções.
Recentemente, a Organização das Nações Unidas
para Alimentação e Agricultura (FAO) fez um alerta
assustador. Segundo a entidade, será preciso aumentar a produção mundial de alimentos em 70% até 2050,
para alimentar 2,3 bilhões a mais de pessoas, em rela-
ca apresentada pela FAO, avalio como irresponsável
o discurso de certas instituições ambientalistas que
criminalizam o homem do campo e colocam-no como
o principal vilão do meio ambiente. Cabe aqui uma
colocação que ouvi certa vez do presidente do Sindicato Rural de Uberlândia, Paulo Ferolla da Silva,
que é a seguinte: “Nenhuma nação, por mais poderosa que seja, consegue estabelecer a democracia e
evitar os conflitos internos, se sua população estiver
passando fome”.
Assim sendo, aprovar o novo Código Florestal
Brasileiro, que inteligentemente propõe conciliar a
preservação ambiental sem prejuízos para o desenvolvimento das práticas agrícolas, é fundamental para
reduzir a insegurança no campo, garantir a produção
de alimentos e, porque não dizer, fortalecer a democracia e o crescimento do Brasil.
O arroz, o feijão, a carne e tantos outros produtos
que abastecem a mesa da população, não nascem
nas prateleiras dos supermercados. E, até mesmo o
preço que é cobrado por estes alimentos, está diretamente condicionado à oferta que vem do campo. Se
esta oferta for reduzida, uma grande parcela do nosso
povo não terá mais acesso a muitos destes produtos.
É a famosa lei da oferta e da demanda. Por enquanto,
temos produzido o suficiente para atender à demanda
e garantir preços acessíveis. Mas se tivermos reduzida nossa área de cultivo, certamente esta situação se
reverterá. Este é o momento de evitar uma tragédia
anunciada. E o único caminho é a aprovação imediata
do novo Código Florestal Brasileiro. B
Thiago Soares Fonseca
é produtor rural e vice-presidente do Sindicato Rural de
Uberlândia
13 ∞ Mercado Fevereiro 2011
MEntrevista
A força que vem
do cooperativismo
POR Érica Magalhães
A Calu, cooperativa leiteira com quase 50 anos de mercado, vai
investir na construção de uma nova indústria de laticínios no DI de
Uberlândia, com capacidade para beneficiar quase 400 mil litros
por dia. O presidente da cooperativa, Eduardo Dessimoni, atendeu
a MERCADO para uma entrevista em que falou do investimento, de
crises, da concorrência e da força do cooperativismo
Após 49 anos de atuação no mercado, período em que
viveu altos e baixos, a Cooperativa Agropecuária Ltda.
de Uberlândia (Calu) se reestruturou, diversificou seu
mix de produtos, enfrentou de igual para igual a concorrência e agora está se preparando alçar voos mais altos.
O marco dessa nova época é a construção de uma nova
e moderna indústria de laticínios, em área de 60 mil
metros quadrados, localizada no Distrito Industrial de
Uberlândia, no Triângulo Mineiro. A pedra fundamental
do empreendimento foi oficialmente lançada em solenidade realizada no dia 24 de fevereiro. Para o empresário
Mercado Fevereiro 2011 ∞ 14
e também diretor presidente da Calu, Eduardo Dessimoni Teixeira, essa conquista e outras mais, ao longo de
quase cinco décadas, giram basicamente em torno de
um só segredo: a força do cooperativismo.
A construção desse novo laticínio colocará o processo de industrialização da Calu como um dos mais
modernos do país. A nova fábrica terá capacidade de
produção aproximada de 400 mil litros de leite por dia.
Todo maquinário e também os processos de produção
estão em conformidade com as mais rígidas normas de
qualidade.
A marca Calu, tradicional e reconhecida no mercado
de laticínios, é responsável por levar o nome de Uberlândia para várias regiões do Brasil por meio de seu mix
de produtos. Entre as praças de atuação da cooperativa,
estão regiões e estados como Triângulo Mineiro, Alto
Paranaíba, interior de Goiás, São Paulo e Rio de Janeiro,
e ainda o Norte e o Nordeste do país.
Atualmente, a cooperativa conta com mais de mil
cooperados ativos - produtores, fornecedores de leite e um total aproximado de três mil associados. Mas, ao
longo dos anos, desde a sua fundação, em 24 de maio de
1962, a Calu enfrentou crises, sofreu e superou concorrentes - incluindo multinacionais - e hoje é uma empresa
sólida no mercado, cuja produção diária de leite oscila
em torno de 165 mil litros, capacidade esta que irá mais
que dobrar com a nova fábrica.
Para saber um pouco da história, das crises e perspectivas do negócio para os próximos anos, a revista
MERCADO entrevistou o diretor presidente da Calu,
Eduardo Dessimoni, que, diga-se de passagem, é um dos
grandes responsáveis por essa “volta por cima” da cooperativa, num exemplo de boa gestão.
ço do leite no mercado, concorrência com empresas multinacionais, etc. Mas a Cooperativa passou
por todas elas e mostrou ser forte. Qual o segredo
de tudo isso?
Além da marca forte, um dos principais valores para
superar crises está na força de seus cooperados e colaboradores. A Calu, hoje, faz parte da vida de muitas
famílias. Quarenta e nove anos são uma vida. Muitos
produtores nasceram e cresceram com a Calu.
Mercado: A construção da nova fábrica é um
grande passo na história da Calu? Por quê?
Porque é o elo que faltava para consolidar a marca
Calu em suas áreas de atuação, pois essa marca, aliada
a uma estrutura industrial eficiente, torna o negócio do
leite cada vez melhor para os produtores associados.
Mercado: São 49 anos de história. Muitas empresas hoje não chegam a completar cinco anos. Qual
o segredo que mantém a Calu há tanto tempo no
mercado?
Não há segredo. A grande responsável por manter
a Calu forte e cada vez mais atuante no mercado é a
força do cooperativismo. A Cooperativa, como todas
as empresas, passou por várias dificuldades, e graças
à união de seus cooperados, manteve-se firme e cada
vez mais forte.
Mercado: Como fortalecer a proposta de cooperativismo em tempos em que há uma concorrência
muito grande no mercado?
A proposta cooperativista no setor lácteo é forte,
porque o trabalho do produtor de leite não termina
na porteira da sua fazenda. Por meio de sua cooperativa ele industrializa e comercializa o seu produto.
Além disso, o acirramento da concorrência acontece
simultaneamente à melhoria dos meios de fiscalização.
E esse caminho melhora muito a competitividade do
sistema cooperativista.
Mercado: A Calu é tradicional. Tem um nome
forte na região. A que se deve tanto sucesso?
Esse sucesso não aconteceu de um dia para o outro.
Ele é o resultado de um trabalho de 49 anos de união,
persistência e competência em um mercado muito exigente. A marca Calu cresceu junto com a cidade de
Uberlândia, falta agora modernizar o processo de industrialização para fazer jus a essa marca tão forte.
Mercado: Ao longo desses anos, muitas dificuldades foram enfrentadas pela Calu. Crises no pre-
Mercado: Quais os benefícios que virão com o
novo laticínio?
Com a nova fábrica, vamos aumentar a capacidade
de produção, ampliar o portfólio de produtos e reduzir
custos de produção.
Mercado: Qual a previsão de inauguração da
nova fábrica?
Em um ano e meio as obras deverão estar concluídas.
Mercado: O produtor sempre sofre com as oscilações de preço no mercado. Como é para a Cooperativa administrar o preço pago ao produtor e o
preço do produto acabado?
A Cooperativa procura sempre reduzir as suas margens ou até trabalhar com margem negativa em períodos em que os produtos lácteos têm um preço bastante
reduzido, com isso diminuindo as diferenças de preço
nos diversos períodos do ano. A
15 ∞ Mercado Fevereiro 2011
MEntrevista
Mercado: O que tem sido feito pela Calu em prol
do produtor?
Os maiores investimentos estão sendo feitos na assistência técnica, treinamentos e cursos aos produtores. Esse é um
trabalho de crescimento em longo prazo. Temos que treinar
técnicos, sensibilizar produtores da necessidade de cada um
ser assistido e fazer o planejamento de sua propriedade com
um técnico. Esse técnico tem que estar capacitado a garantir
a eficiência das técnicas a serem implantadas.
Mercado: Como você avalia o agronegócio hoje
no Brasil?
O agronegócio brasileiro é extremamente carente de
uma infraestrutura adequada. Os produtores brasileiros competem em um mercado onde seus concorrentes
contam com infraestrutura em seus países muito mais
eficiente. O nosso problema é a falta de uma política de
longo prazo para o setor.
Mercado: Quais as perspectivas do agronegócio
para os próximos anos no país, especialmente em
relação à pecuária leiteira?
Nós estávamos caminhando para sermos grandes exportadores de lácteos e mesmo com um revés provocado
por uma política cambial desfavorável ao setor, sem nenhuma medida compensatória para manter nossa competitividade junto aos concorrentes, estamos nos tornando
um dos maiores importadores de lácteos novamente.
Os países exportadores, quando se deparam com situações desfavoráveis, tomam medidas compensatórias
a tempo de evitar o revés acontecido no Brasil. Isso vem
a corroborar o que afirmamos: nosso país não tem uma
política de longo prazo para o setor.
Se controlarmos melhor a entrada de lácteos no país,
as perspectivas não são ruins devido ao mercado interno comprar cada vez mais produtos lácteos, pelo crescimento da economia nacional.
Mercado: Muitas cooperativas hoje aderiram ao
processo de fusão. A Calu pensa nessa hipótese?
Sim, todos os investimentos propostos estão em acordo
com a possibilidade de, a qualquer momento, firmarmos
parcerias, fusões e associações com outras cooperativas.
Mercado: Minas Gerais e a região do Triângulo
Mineiro têm uma participação expressiva na bacia
leiteira do Brasil. No seu ponto de vista, a pecuária
leiteira ainda pode crescer mais por aqui? Como?
Sim. A pecuária leiteira tende a crescer em regiões
onde o cooperativismo é forte. Todos os esforços estão
sendo feitos no sentido de tornarmos o sistema cooperativo cada vez mais forte em nossa região.
Mercado: Sabemos que produtores de outros países estão de olho na produção de leite no Brasil.
Isso é um risco para o país? Por quê?
Os produtores que estão começando a produzir leite no
Brasil são os neozelandeses. Estão utilizando todas as tecnologias disponíveis em nosso país, aliadas a uma cultura
de produzir leite e planejar os seus passos acompanhados
por técnicos altamente capacitados. Podemos afirmar que,
se não mudarmos de postura com relação à adoção de tecnologias de produção, esses produtores poderão, sim, ocupar um espaço cada vez maior em nosso mercado.
Mercado Fevereiro 2011 ∞ 16
Mercado: Para finalizar, qual a mensagem que
você deixa para o produtor que quer crescer na
atividade leiteira?
O negócio de produção de leite é bom, desde que seja feito
com planejamento e acompanhamento de técnico capacitado.
Não existe espaço mais para produzirmos leite de maneira amadora e sem adoção de tecnologia de ponta. Isso
não significa gastos, mas sim fazer um aproveitamento
máximo de todas as potencialidades da propriedade. B
MFranchising&Negócios
A ética como
referencial
“Há três tipos de profissionais: os que não têm sucesso, os que
conseguem conquistá-lo por algum tempo e os que conseguem
conquistá-lo e mantê-lo.
O que diferencia o terceiro dos anteriores é o caráter”.
Jon M. Hunstsman - Autor de Winners Never Cheat (Os vencedores nunca trapaceiam)
POR Carlos Ruben Pinto*
No franchising, franqueadores e franqueados querem o que é bom para o negócio, e enquanto sistema
de negócios, não há franquia que se sustente só com
os melhores manuais, com as normas e padrões, com
circulares e contratos. O relacionamento entre as
pessoas é de fundamental importância. O que dá sustentação a uma franquia são as qualidades próprias
do caráter, da virtude e da força moral. É preciso
criar bases sólidas de confiança entre as partes, pois
é nesse ponto que se inicia a cooperação e o crescimento da rede.
Essa sólida confiança é sustentada pela ética do
franqueador e dos franqueados, pela qualificação do
comportamento humano de cada um sob a ótica do
bem e do mal, do certo ou do errado. A ética se baseia
na conduta e seu referencial fundamental está nos valores, princípios, hábitos e atitudes das pessoas, cuja
aplicação é universal. O que distingue a pessoa é o
seu caráter, seus valores, seu modo de ser, sentir e
agir. São as qualidades especiais e os valores que vêm
da consciência de cada um que constituem o “farol”
que ilumina o caminho rumo à prosperidade.
“O que distingue
a pessoa é o seu
caráter, seus valores,
seu modo de ser,
sentir e agir”
O sucesso no franchising é diretamente proporcional aos valores comuns dentro da rede. Portanto,
princípios de honestidade, decência, dignidade, virtudes e integridade devem ser sempre buscados por
franqueadores e franqueados. A firmeza e coerência
das atitudes, a franqueza e lealdade nos relacionamentos são valores que, além de fazerem bem aos
negócios, são fundamentais ao desenvolvimento da
confiança mútua.
Do franqueador espera-se imparcialidade, forte
noção de justiça e equidade, além do grande compromisso com a verdade. Deve responder com absoluta
franqueza a todas as perguntas de seus franqueados
ou candidatos a franqueados. É importante que esteja
muito atento ao processo de seleção, pois franqueados sem valores e princípios contribuem mais para a
formação de uma “família” caótica. Não cabe a nenhuma das partes utilizar mentiras para conquistar seus
supostos objetivos. Franchising, como qualquer outro
sistema de negócios, combina com honestidade, com
idoneidade moral e financeira, com o contribuir, com o
servir, com a qualidade e excelência das pessoas.
As franquias com missão, objetivos e princípios
éticos claramente definidos possuem a melhor imagem junto ao mercado, têm sucesso sustentado por
pessoas que trabalham unidas, buscando o desenvolvimento pessoal combinado com o crescimento de
toda a rede.
No mundo empresarial altamente competitivo, o
princípio do franchising deve ser construir uma rede
baseada no desenvolvimento dos dois lados, franqueador e franqueados, já que ambos possuem no mínimo um sonho em comum: expandir seus negócios e
satisfazer as necessidades e desejos de seus clientes.
Então, como uma rede de franquias pode satisfazer
esses sonhos? Não é fácil, mas é possível, tudo depende de se ter a ética como referencial. Se for ético,
é estético e é legal. B
* Carlos Ruben Pinto é administrador de empresas, consultor de varejo e franquias [email protected] - www.guiadofranchising.com.br/mds
Mercado Fevereiro 2011 ∞ 18
MInvestimentos&etc.
Como se proteger
das oscilações
do mercado
de ações
POR George Lucas Furini
D
aqui a três anos, investir na Bolsa de
Valores será uma
atividade
comum
para um número
de brasileiros quase dez vezes
maior do que o atual. Isso porque
a BM&FBOVESPA pretende ter,
até 2014, cinco milhões de investidores - hoje são 610 mil CPFs
cadastrados. No entanto, um
dos maiores desafios para o
investidor é conviver todos
os dias com as oscilações do
mercado, mesmo sabendo
Mercado Fevereiro 2011 ∞ 20
que o investimento em bolsa de
valores é, historicamente, o mais
rentável no longo prazo.
O que muitas pessoas não sabem é que existem estratégias
para a proteção de carteiras, as
chamadas operações de “hedge”
(do inglês, cobertura). Uma das
mais eficazes é a proteção através
da venda de índices como o Ibovespa - que representa uma carteira teórica de ações mais negociadas na BM&FBOVESPA, como explicado no artigo do mês passado.
A negociação de índices é feita
através da Bolsa de Mercadorias e
Futuros (BM&F), onde são negociados ativos agrícolas e financeiros, como milho, soja, boi,
café, dólar, ouro e índice Bovespa, na forma de contratos
financeiros. Assim, podemos
negociar quanto estará o Ibovespa daqui a
dois meses, por exemplo. Para isso, não é
necessário ter o valor
total da operação, basta uma margem de garantia - dinheiro, ações,
CDBs ou títulos públicos -, que é
uma espécie de “cheque caução”
dado para viabilizar a negociação.
Em relação ao Índice Ibovespa, cada ponto do índice representa 1 real. Ou seja, se você
comprar o índice a 68.000 pontos
e vendê-lo a 69.000, terá um ganho de R$ 1.000 por contrato. Entretanto, por exigir uma margem
alta (cerca de R$ 15.000), peque-
nos investidores podem utilizar o
mini-índice com a mesma finalidade. Neste último, cada ponto
equivale a R$ 0,20 e a margem
exigida é em torno de R$ 2.500.
Suponhamos que você tenha uma
carteira teórica no mercado à vista
com 5 ativos no valor de R$ 15.000 e
haja uma expectativa baixista para
o mercado no futuro próximo.
Neste cenário, você vende 1 contrato de mini-índice futuro a 70.000
pontos, por exemplo, antecipando
um movimento esperado do mercado e deixa como margem parte de
sua carteira de ativos.
Dessa forma, mesmo que o mercado desvalorize 3% e sua carteira
perca o mesmo valor, o mini-índice
também cairia cerca de 3% (de
70.000 para 67.900 pontos). Financeiramente falando, suas ações perderiam R$ 450 em valor, enquanto
você ganharia R$ 420 (2.100 pontos
x 0,2) na sua proteção.
O uso dessa estratégia de proteção é, atualmente, muito comum entre investidores no Brasil
e no mundo. Para termos uma
ideia, operações de mini-índices
são mais negociadas que ativos
da Petrobras e da Vale. No dia 7
de fevereiro deste ano, foram 31,3
mil negócios fechados com miniíndice, com volume estimado de
24,87 bilhões de reais. Contratos
como estes são negociados não
só como hedges, mas também
por especuladores que buscam
ganhos direcionais, apostando na
alta ou na queda da Bolsa.
A grande vantagem de proteger
uma carteira de ações com esta
operação é o fato de ser extremamente simples e eficiente. Além
disso, evita que você tenha elevados custos operacionais para se
desfazer de seus ativos numa possível queda do mercado, reduzindo
ou até mesmo anulando as perdas
em períodos de instabilidade.
Até breve e bons negócios!!! B
* Colaboração: Ápis Investimentos | Afiliada XP-Uberlândia www.apisinvestimentos.com - 34 3221-8606
21 ∞ Mercado Fevereiro 2011
MPolítica
A secretária de Estado de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais,
Dorothea Werneck, durante reunião com empresários na sede da Fiemg
- um de seus muitos compromissos durante visita a Uberlândia
Dorothea Werneck
em Uberlândia
POR Evaldo Pighini
Secretária de Desenvolvimento Econômico de Minas
visita Uberlândia, onde recebe “cobranças” do prefeito
e de lideranças durante encontro na Fiemg
E
m sua primeira visita
oficial ao interior do
estado na condição de
secretária de Estado de
Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais, Dorothea
Werneck esteve em Uberlândia,
Triângulo Mineiro, no dia 24, cum-
Mercado Fevereiro 2011 ∞ 22
prindo compromissos políticos e de
trabalho. De manhã, ela esteve com
o prefeito de Uberlândia, Odelmo
Leão Carneiro, e prefeitos de mais
15 cidades da região, e ainda marcou presença no lançamento da pedra fundamental para a construção
da nova unidade de laticínios no mu-
nicípio. À tarde, foi a vez de ela se
reunir com empresários e lideranças
de associações de classe na sede da
Federação das Indústrias do Estado
de Minas Gerais (Fiemg), Regional
Vale do Paranaíba. Na maioria dos
compromissos, enquanto representante do governo do estado, ela foi
“cobrada” a dar mais atenção à região de Uberlândia e ao Triângulo
Mineiro como um todo.
Após a chegada a Uberlândia, em
reunião pela manhã na Prefeitura,
Dorothea Werneck esteve reunida
com secretários municipais e prefeitos de 15 cidades do Triângulo. Na
oportunidade, o prefeito anfitrião,
Odelmo Leão, apresentou pedidos
para a consolidação de obras e projetos no município e região, entre os
quais o aprimoramento do sistema de
transporte para escoar a produção
local para cidades e estados vizinhos.
Outra reivindicação feita por Odelmo diz respeito à inclusão do Triângulo
Mineiro na rota de ligação do gasoduto entre a cidade de São Carlos (SP)
e Brasília (DF) que, entre outras (veja
quadro), já conta com o envolvimento
do Governo do Estado. “É um projeto
que tem total colaboração do Governo
de Minas numa demonstração clara de
reconhecimento do potencial da nossa
região, que tem capacidade para consumir três milhões de metros cúbicos
de gás por dia, gerando um impulso extraordinário de emprego e renda para a
população”, informou.
Após a reunião na Prefeitura, ainda pela manhã, a secretária Dorothea
Werneck participou do lançamento,
feito pela Cooperativa Agropecuária
de Uberlândia (Calu), da pedra fundamental para a construção da nova
indústria de laticínio da cooperativa
que será construída no Distrito Industrial, em Uberlândia. A nova unidade, com previsão de ficar pronta
em 2012, vai custar investimento de
R$ 15 milhões. A área total ocupada
será de 64 mil metros quadrados,
sendo 10 mil de construção. Esse
novo investimento da Calu fará A
O prefeito Odelmo Leão, a secretária Dorothea Werneck e o deputado
estadual Luiz Humberto Carneiro (PSDB), durante a reunião na Prefeitura
Em sua avaliação sobre a reunião,
o prefeito de Uberlândia afirmou
que o governo de Minas tem sido um
grande aliado nos últimos anos para
o crescimento da região, e a vinda
da secretária de Estado de Desenvolvimento Econômico ao Triângulo
só faz reforçar ainda mais essa parceria. “A reunião foi muito positiva,
pois tivemos a oportunidade de expor projetos que, uma vez executados, resultarão em ganhos para a
economia da região e de toda Minas
Gerais”, afirmou Odelmo Leão.
Algumas das reivindicações feitas à secretária
Dorothea Werneck
Consolidação do Porto de Chaveslândia, que integra o Triângulo Mineiro ao sistema fluvial de transporte;
Construção do terminal aeroportuário de cargas, obra já anunciada
pela Infraero;
Incremento à interligação ferroviária entre o Triângulo e o Espírito Santo (Porto de Tubarão) - projeto já encaminhado pelo prefeito Odelmo
Leão ao Governo de Minas;
Apoio a atividades da Plataforma de Valor do Brasil Central - uma iniciativa da Prefeitura de Uberlândia e entidades parceiras para fomentar negócios logísticos por todo o Brasil Central.
23 ∞ Mercado Fevereiro 2011
MPolítica
subir em mais de 400 mil litros por
dia a sua capacidade produtiva, que
atualmente é de 165 mil litros.
Novos pedidos em encontro
na Fiemg
Dando prosseguimento à sua
agenda de compromissos em Uberlândia, o período da tarde da secretária de Estado de Desenvolvimento
Econômico do governo de Antônio
Anastasia, Dorothea Werneck, ficou
todo ele reservado para reuniões na
Regional Vale do Paranaíba da Federação das Indústrias do Estado de
Minas Gerais (Fiemg). Nesse local,
a secretária participou de um debate
com empresários da região, momen-
to em que esteve em pauta o “desenvolvimento econômico e sustentável
do Triângulo Mineiro”. Antes, houve
uma coletiva com a imprensa, seguida por uma reunião com integrantes
do grupo G7 (*), instituição formada
por sete das mais representativas
entidades sociais de classe do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba.
Durante o debate, o presidente
da Fiemg Regional Vale do Paranaíba, Pedro Lacerda, entregou à
secretária um documento contendo
reivindicações que saíram de conversas com empresários de Uberlândia e região. Segundo ele, pedidos
de atenção para a região, que por
ser considerada rica é, por algumas
vezes, deixada de lado pelo governo do estado. “Preciso lembrar que
também temos os nossos problemas e necessidade que demandam
atenção, até porque, contribuímos e
muito com a arrecadação de Minas
e, portanto, temos por merecer esse
retorno. Além disso, precisamos de
ajuda para continuar progredindo e
assim manter a nossa contribuição
tão vital para o desenvolvimento de
regiões mais pobres do nosso estado”, afirmou Lacerda.
Reunião com o G7
O presidente da
Fiemg Regional Vale
do Paranaíba, Pedro
Lacerda, cobrou, entre
outras coisas, mais
atenção do governo
para a região que
muito contribui para
os cofres do estado
e que, portanto,
merece retorno à
altura na forma de
investimentos
Antes do debate com empresários, Dorothea Werneck participou
de uma coletiva de imprensa em que
ouviu indagações sobre a guerra fiscal, falou sobre o salário mínimo e
também sobre empresas sustentáveis. Especificamente sobre guerra
fiscal, ela afirmou que Minas Gerais
não entra nela, mas se defende. “Nós
temos uma lei estadual que autoriza
que o estado faça concessões que
anulam as ações de estados vizinhos. Em várias ocasiões, nós conseguimos reverter decisões de empresas que estavam indo para outros
estados e que resolveram permanecer aqui”, disse.
Logo após a coletiva, foi a vez de
a secretária se reunir à portas fechadas com membros do grupo G7. Foi
quando ela ouviu mais pedidos. Estes, no entanto, mais direcionados
à indústria e comércio da região. “A
Dorothea Werneck,
durante debate na
FIEMG: “Minas Gerais
não entra nela, mas
se defende”, disse
a secretária em
referência à guerra
fiscal entre estados
presença da secretária em Uberlândia caracteriza a boa liderança e os
laços estreitos que ela demonstra ter
com a região. Passei a ela propostas
de interação maior com o movimento lojista e também pedido de apoio
para o projeto Selo Empresa Cidadã,
que servirá ainda mais de incentivo
aos empresários do Triângulo Mineiro”, relatou Celso Vilela, presidente
da CDL Uberlândia, uma das entidades que integram o G7.
Por sua vez, Pedro Lacerda, presidente da Fiemg Regional Vale do
Paranaíba, outra entidade a fazer
parte do grupo de sete, informou
ter chamado a atenção da secretária
quanto ao problema de a região do
Triângulo continuar perdendo empresas para outros estados devido
à guerra fiscal. “É preciso rever essa
questão que tanto nos preocupa.
Uma questão que inclusve consta no
documento a ser entregue à secretária. Outra necessidade é colocar
em prática o projeto da logística reversa do entreposto da zona franca
de Manaus, para que nossas empresas se aproveitem dos mesmos privilégios para comercializar lá fora o
que é produzido aqui”, finalizou.
Celso Vilela, presidente da CDL, ressaltou que a presença da secretária
em Uberlândia “caracteriza a boa liderança e os laços estreitos que ela
demonstra ter com a região”
Desde que tomou posse do cargo no dia 10 de janeiro, esta foi a
primeira visita ao Triângulo Mineiro da atual secretária de Estado
de Desenvolvimento Econômico
de Minas Gerais, Dorothea Werneck, que foi ministra do Trabalho
(*)
(1989-1990) e da Indústria e Comércio (1995-1996). “O Governo
de Minas quer apoiar e promover
o desenvolvimento. Neste primeiro contato aproveitamos para discutir tanto as prioridades quanto
as potencialidades do Triângulo
Mineiro. Essa foi uma oportunidade para ouvir os prefeitos e secretários, a fim de construir uma
agenda de trabalho em comum
para o desenvolvimento”, afirmou
após encerrado o seu compromisso em Uberlândia. B
O Grupo G7 - composição
Associação Comercial e Industrial de Uberlândia (Aciub)
Câmara de Dirigentes Lojistas de Uberlândia (CDL)
Conselho de Veneráveis do Triângulo
Fiemg Regional Vale do Paranaíba/Cintap
OAB/MG 13ª Subseccional de Uberlândia
Sindicato Rural de Uberlândia (SRU)
Sociedade Médica de Uberlândia (SMU)
25 ∞ Mercado Fevereiro 2011
MEconomia
Importados
invadem as ruas
POR Janaina Depiné (Lead)
No mercado de automóveis, o consumidor tem trocado de veículo
cada vez mais cedo, além de estar ainda mais exigente
D
esde os anos 90, o Brasil não recebia uma enxurrada de carros importados como agora.
Segundo a Associação
Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), os importados corresponderam a 23,5%
das vendas em janeiro. A Associação
acredita que essa participação dos
importados seja a maior desde 1994.
Em dezembro de 2010, os importados responderam por 21,7% das ven-
Mercado Fevereiro 2011 ∞ 26
das de veículos no Brasil. Segundo a
Anfavea, 52,7% dos veículos vieram
da Argentina, seguidos do México,
com 10,6%. Para Rubens Júnior, gerente comercial da Maqnelson Mitsubishi, a explicação é simples: “A
tendência do mercado é criar plataformas mundiais e isso é distribuído
no mundo todo, mantendo o padrão
de qualidade do produto e globalizando a marca importada. Além disso, o poder de compra do brasileiro
aumentou e houve uma migração de
classe social. É um fenômeno nacional, com pessoas trocando da classe
D para a C e da C para a B”, explica.
Mudança de renda e de carro
Além de comprar mais importados, outra mudança no comportamento do brasileiro está na redução
do prazo de troca de carro. “Como
estamos presenciando uma ascensão de classe, temos uma parcela
maior de pessoas com maior poder
econômico. Hoje a pessoa compra
um veículo e com dois anos já quer
um carro melhor. Por isso, as montadoras estão colocando veículos
de entrada. Assim, o consumidor
compra um primeiro carro da marca e vai ascendendo. Na medida em
que ele vai tendo o desenvolvimento
econômico, muda de carro sem sair
da marca, porque conseguimos fidelizá-lo”, avalia o gerente.
tem algumas vantagens a mais:
painel digital, conta-giros, rodas
aro-14, peito de aço de fábrica,
tapetes originais, além do maior
porta-malas da categoria pelo
que pesquisei. Optei pela versão
mais básica e ainda assim obtive
diversas vantagens”, conta.
Rubens Júnior diz que esse
comportamento é comum. “Conforme a renda cresce, o consu-
um Citroën, mesmo o segundo
sendo um ano mais antigo que o
primeiro. “Não tem comparação
a quantidade de opcionais que
inclui, até aquecedor de banco e
seis airbags, e o preço dos carros
é praticamente igual. Além disso, existem peças disponíveis e,
inclusive, a primeira revisão saiu
mais barata que a feita no modelo
nacional”, comemora. B
O gerente comercial da Maqnelson Mitsubishi, Rubens Júnior, diz que hoje a
pessoa compra um veículo e em dois anos já quer mudar para outro carro.
Se for importado, melhor ainda
Foi esse o motivo que fez o
analista de negócio da Pub Web
Mídia Digital, Marcelo Medeiros, trocar um carro básico por
um modelo importado cheio de
opcionais. “Começei com um
Gol básico, depois passei para
um Palio e agora estou num modelo da Renault. Meu carro atual
midor quer mais opcionais, pois
cresce o nível de exigência. A
pessoa às vezes começa com um
carro popular, depois quer um
importado e hoje esse é um carro
acessível”, garante.
Foi exatamente o que percebeu
o colega de trabalho de Marcelo.
Carlos Oliveira trocou o Astra por
Dicas básicas para
a escolha de um
importado
Veja a rede de distribuição. Cheque se há concessionária na cidade onde você mora
Verifique a disponibilidade de
peças da marca
Avalie o pós-venda e o serviços
27 ∞ Mercado Fevereiro 2011
MEconomia
Compra de veículos
fica mais difícil
POR Alitéia Milagre (Serifa)
O
Brasil continua no
topo do ranking de
países com maior taxa
de juros real do mundo. Com a alta do Sistema Especial de Liquidação e de
Custódia (Selic) em 12,25% e a meta
inflacionária estabelecida de 4,5%,
o impacto na economia será maior
em 2011. Isso significa um ano de
desaceleração do crescimento econômico, ocasionado por causa das
altas taxas de juros de empréstimos
e financiamentos para compras de
imóveis, carros, produtos eletroeletrônicos, entre outros. Significa também que, por causa das medidas de
restrição ao crédito, anunciadas em
janeiro pelo Banco Central, torna-se
ainda mais difícil o sonho de o con-
Mercado Fevereiro 2011 ∞ 28
sumidor adquirir bens como veículos, por exemplo, já que os prazos e
condições para aquisição não devem
estar tão atrativos.
Segundo o gerente da Autus, revendedora da marca Chevrolet em
Uberlândia, Rodrigo de Freitas, apesar da alta de juros anunciada pelos
Bancos e os critérios mais rigorosos
na análise do crédito, o preço do veículo zero quilômetro baixou. “É possível comprar um Celta dentro da
loja pelo mesmo preço de três anos
atrás”, acrescentou. A retração nas
vendas, principalmente neste início
de ano, é normal e já era esperada
pelo setor. O acúmulo das despesas
de início de ano como IPVA, IPTU,
material escolar, entre outros, acaba, por um lado, por adiar o sonho
do carro novo e, por outro, gera
ótimas oportunidades de preços e
até mesmo bonificações no veículo
zero”, explicou.
Em 2009, só a General Motors
(GM) demitiu 744 temporários no
interior de São Paulo. Outros 250
funcionários de fábrica da Peugeot
também perderam o emprego. Neste
mesmo ano, a demissão em massa
afetou não apenas as fábricas, mas
toda a cadeia automobilística. Em
2010, a economia volta a acelerar e o
setor de automóveis registra números inéditos de produção e vendas.
Também passou-se a exportar mais.
Foram 3,51 milhões de veículos vendidos, segundo a Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
culo comercial deve crescer 5% sob
base alta”, afirma o empresário que
também é presidente executivo da Federação Nacional da Distribuição de
Veículos Automotores (Fenabrave).
Aliás, segundo dados repassados
pela Fenabrave, os veículos de carga
vão crescer este ano de 13% a 15%. Em
2010, o Brasil emplacou 3.400 veículos
(automóveis/ comerciais leves), 155 mil
caminhões e 1.800 milhão motos. “Este
ano as vendas de motos devem crescer
8%, de caminhões 15% e de veículos comerciais leves 6%”, acrescentou.
Foto: Arquivo
em massa podem voltar a ocorrer”,
disse Vitiello.
O diretor superintendente do
Conselho de Acionistas da Holding
Deriva, a qual integra o Grupo Suécia (concessionárias Volvo), Alarico
Assumpção Júnior, é um pouco mais
otimista. Ele explica que o financiamento dificultará as vendas porque
a aprovação do crédito ficou mais
rígida. Porém, ainda é possível comprar veículos em até 60 meses sem
entrada, e em até 36 meses com 10%
de entrada. “A restrição maior está
Foto: Alitéia Milagre
Apenas a PSA Peugeot-Citroën
anunciou, em janeiro do ano passado, a contratação de 700 novos
funcionários para a fábrica de Porto
Real (RJ). Em maio do mesmo ano,
foi a vez da General Motors do Brasil contratar. Foram 200 novos funcionários admitidos para trabalhar
nas plantas de São Caetano do Sul
e Mogi das Cruzes, ambas no estado
de São Paulo. Três meses depois, a
Volkswagen do Brasil contratou 312
funcionários para sua fábrica Anchieta, em São Bernardo.
Paulo Vitiello, vice-presidente da
CDL: “O desaquecimento gera
desemprego. Novas demissões em
massa podem voltar a ocorrer”
Este ano, o cenário pode ser diferente. O vice-presidente da CDL
Uberlândia, Paulo Vitiello, afirma
que a restrição de crédito e as taxas
altas de juros desaceleram o ritmo
do consumo. “No setor automobilístico, o reflexo poderá ser ainda
maior, porque é um dos setores que
mais empregam. O desaquecimento
gera desemprego. Novas demissões
O empresário Alarico Assumpção, da
Holding Deriva, acredita que apesar da
retração neste princípio de ano, 2011
será um ano tão bom quanto 2010
sendo com relação ao carro popular/
básico”, afirmou.
Alarico disse ainda que dezembro
foi um mês estrondoso em vendas
no ramo de automóveis, mesmo sendo um período de muitos gastos. “A
tendência para este princípio de ano
é ter mesmo uma retração. Isso é
normal. 2011 será um ano bom tanto
quanto 2010. O balizamento do veí-
Com relação ao comércio, na visão de Paulo Vitiello a expectativa
é de que haja retração na taxa de
crescimento para os bens semiduráveis, se comparado ao ano passado.
De acordo com último relatório de
inflação, estima-se que o comércio
cresça 5% em 2011, frente a um crescimento superior a 10% esperado até
o fim de 2010. A
29 ∞ Mercado Fevereiro 2011
MEconomia
Brasil no topo do ranking dos juros mais altos do mundo
Evolução das taxas de juros
Em %
19,75
20
19
18,25
18
17,25
17
16
14,75
15
13,75
14
13,00
13
12,75
12
11,50
11,25
11
10,75
10,25
10
9
8
8,75
jan/05
ago
jan/06
jul
jan/07
jul
set/08 jan/09
jul
dez jan
Fonte: Banco Central
Gráfico mostra a variação da taxa Selic
Ao apagar das luzes em 2010, na
última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), foi mantida
a taxa básica de juros do país em
10,75% ao ano, o que fez com que
o Brasil mantivesse a liderança do
ranking dos países com maiores juros reais do mundo. Com a manutenção na taxa básica do país, os
juros reais foram a 4,8% ao ano. Na
segunda posição aparece a África
do Sul, com taxa real de 2%. Na terceira posição está a Austrália, com
1,9%. O ranking é elaborado com 40
das maiores economias do planeta.
Da taxa básica, foi descontada a inflação projetada para os próximos
12 meses. Os analistas afirmam que,
para que o Brasil deixasse a primeira colocação no ranking, seria necessário um corte de 3 pontos percentuais na taxa Selic, para 7,75%
ao ano. Assim, o país chegaria a um
juro real de 2,0%.
Mercado Fevereiro 2011 ∞ 30
E para piorar ainda mais a situação, em janeiro, na primeira decisão
da autoridade monetária do Governo
de Dilma Rousseff, o BC subiu em
mais meio ponto percentual a taxa
básica de juros, de 10,75% para 11,25%
ao ano. A Federação das Indústrias
do Estado de São Paulo (Fiesp) qualificou a decisão como “um erro” e
“um começo ruim”
do novo Governo. B
MNegócios
Triângulo ganha
site de leilões virtuais
POR Bárbara Sábio
Com estratégia, dinheiro e paciência, o comprador
pode arrematar mercadorias até 90% mais baratas em
comparação ao valor de mercado
U
m click no mouse pode
garantir a compra de
produtos pela internet
com quase 100% de desconto. O que há alguns
anos soava como piada, agora virou
coisa séria e verdadeira. O tradicional “Quem dá mais?”, utilizado em
leilões para incentivar o aumento dos
lances, ganhou uma nova forma, a de
um cronômetro regressivo. Em frente
ao computador, o internauta escolhe
a mercadoria que deseja arrematar e
começa a dar lances. Só não pode deixar o cronômetro zerar após o lance
do adversário.
Parece até uma mera brincadeira, mas os leilões virtuais ganharam
Mercado Fevereiro
Dezembro2011
2010 ∞∞ 32
32
o gosto popular dos brasileiros, por
possibilitar a compra de mercadorias
de alta qualidade por um valor ínfimo.
Disseminados por um site alemão e
divulgados em vários países através
da globalização virtual, sites do sistema “Penny Auction”, aqui conhecidos
como Leilão de R$ 0,01 (um centavo),
chegaram ativamente ao Brasil em
1999, com o site inglês eBay (www.
ebay.com), considerado o primeiro e
maior do mundo. O interesse pela nova
tendência tecnológica foi tanto que sites de leilões virtuais começaram a ser
criados em todo o país. Atualmente,
o arremate.com (www.arremate.com.
br), do Mercado Livre, é considerado
um dos maiores do Brasil, disponibili-
zando ao consumidor internauta mais
de 20 mil itens.
Essa “mania” agora acaba de chegar ao Triângulo Mineiro, região que
engloba importantes cidades brasileiras, como Uberlândia e Uberaba
e famosa pelo seu grande índice de
desenvolvimento. Apesar da facilidade de acesso de internautas da região
a leilões virtuais de todo o mundo,
graças à internet, a prática ainda não
era muito conhecida pela ausência de
um site específico local. Diante dessa abertura, na busca de suprir essa
necessidade e trazer para o Triângulo
atualidades tecnológicas e boas chances de negócios, três empreendedores de Uberlândia se reuniram para a
Leilões virtuais
Os sites de leilão virtual funcionam na verdade
como agenciadores comerciais, intermediando
a compra com a vantagem
de oferecer grandes descontos. Diferente dos leilões tradicionais, no virtual, quem não leva também
paga. Isso porque, para
dar os lances, o internauta tem que comprar um
pacote de créditos no site.
No caso do site dos uberlandenses, cada lance tem
o valor de R$1,00, e o pacote mínimo vem com 20 lances.
Para muitos, os leilões virtuais tornam-se até mesmo uma diversão em
frente ao computador. Com a experiência, é possível definir uma estratégia
para poder arrematar o produto que se
deseja a um preço inferior.
Como funciona
Os produtos como eletrodomésticos, itens de esporte, lazer, informática, etc., ficam disponíveis no site. Os
jogadores escolhem o produto desejado. Quando o leilão começa, um croFoto: Marlúcio Ferreira
criação de um site regional especifico em leitão virtual, ou leilão do um
centavo, como mencionado. Lincoln
Cruz, Leonardo M. Samora e Luiggi
G. Loureiro idealizaram, então, o site
Let’s Deal (www.LetsDeal.com.br),
na tradução literal: “vamos negociar”.
É indiscutível o crescimento do
número de pessoas com acesso à internet. Uma pesquisa realizada pelo
Instituto Ibope Nielsen Online comprovou um aumento de 13,2% de usuários ativos, ou seja, que acessam a
rede regularmente, de outubro de
2009 ao mesmo mês de 2010. Esse
número, somado ao de pessoas que
possuem acesso à internet no trabalho, chega a 51,8 milhões, sendo
que 38% acessam a web diariamente; 10%, de quatro a seis vezes por
semana; 21%, de duas a três vezes;
e 18% apenas uma vez por semana.
Os números também são altos, se
levarmos em consideração o faturamento do e-commerce brasileiro. No
primeiro semestre de 2010, o mercado
virtual alcançou 7,8 bilhões de reais.
De acordo com a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo
do Estado de São Paulo (Fecomercio/
SP), baseado em um estudo da e-bit, o
valor supera as vendas dos shoppings
da Grande São Paulo de 7,2 bilhões.
Lincoln Cruz, Leonardo Samora e Luiggi Loureiro:
empreendedores do Let’s Deal
nômetro regressivo, que normalmente
inicia marcando 15 ou 30 segundos, é
acionado. Cada vez que alguém dá um
lance, o valor da mercadoria sobe um
centavo e o relógio volta a contar o
tempo total. O vencedor é quem dá o
último lance antes de o relógio zerar.
O Let´s Deal também oferecerá
uma nova oportunidade de leilão,
além do cronômetro. Será o valor
definido para o produto. “Quando o
internauta atingir o valor que nós prédefinimos em relação a um determinado produto, ele leva a mercadoria”,
explica Lincoln. Tanto o pagamento
da mercadoria como dos créditos
para dar os lances é facilitado.
Let’s Deal
Inaugurado em 14 de fevereiro de
2011, o Let’s Deal alcançou mais de 7
mil acessos só no lançamento. “Apesar da divulgação que fizemos, não esperávamos essa aceitação. Tivemos
cerca de 150% de usuários cadastrados a mais do que havíamos previsto”, afirma Lincoln. Os leilões no site
só começarão efetivamente no dia 21
de fevereiro, com o arremate de uma
TV de 32 polegadas. Porém, os usuários cadastrados já podem dar seus
primeiros lances nos leilões abertos,
alterando o valor inicial do produto.
As mercadorias oferecidas pelo site
Let’s Deal são compradas da B2W, considerada a melhor empresa de varejo
do Brasil em 2010 pela revista Época,
formada pelas Lojas Americanas, Submarino, Shop Time, entre outras. B
33 ∞ Mercado Fevereiro 2011
MCapa
Franciele Ribeiro, esteticista e cabeleireira , abriu o próprio negócio, passou
a ganhar mais e já sonha com a compra da casa própria. Ela faz parte das
estatísticas da população brasileira em ascensão: veio debaixo, chegou à classe
D, e está a caminho da C
A força que
vem debaixo
POR Margareth Castro e Evaldo Pighini
Em ascensão e ávidas por consumo, as classes C e D movimentaram
em 2010 um mercado de R$ 834 bilhões, despertando o interesse da
indústria de bens e serviços, que agora corre atrás para atender as
necessidades desses consumidores
Mercado Fevereiro 2011 ∞ 34
A classe C, que em 2002 representava 37% da população do país,
em 2014 subirá para 58%. Já a classe D, de 38% cairá para 20% daqui a
três anos. Isso porque a população
dessa classe social irá migrar para
outras acima. O superintendente
regional da Caixa na região do Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba e
Noroeste de Minas, José Geraldo
Sales, diz que o crescimento das
classes C e D se deve à redistribuição de renda, à expansão da base
de crédito e à bancarização das
famílias. Para ele, esse crescimento é contínuo e consistente, pois
a economia nacional continua em
expansão, apesar das medidas recentes do governo de contenção da
inflação. “As medidas tomadas pelo
governo por si só confirmam a continuidade. Foi preciso colocar o ‘pé
no freio’, pois não podemos aceitar
a volta da inflação, já que esta exer-
ce força contrária na evolução das
classes C e D”, frisou.
Para Sales, outra questão positiva
é que o crescimento do Brasil está
acontecendo de forma sustentável,
especialmente porque o governo
tem agido com tempestividade às
mudanças internas e externas. A
indústria brasileira está em franco
crescimento, a produção rural tem
batido recordes anualmente e o sistema bancário é um dos mais seguros e competentes do mundo.
Formação das classes sociais
Segundo levantamento da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisas (ABEP), a classe D é composta
por famílias que ganham de dois a
quatro salários mínimos e a classe
C, que lidera o consumo no país, por
aquelas que têm renda familiar entre
R$ 2.040 e R$ 5.100 (veja quadro). A
Classe
Sal. Mínimos
(s.m.)
Renda Familiar
(R$)
A
Acima de 20 s.m.
Acima de R$ 10.200
B
Entre 10 e 20 s.m.
De R$ 5.100 a R$ 10.200
C
Entre 4 e 10 s.m.
De R$ 2.040 a R$ R$ 5.100
D
Entre 2 e 4 s.m.
De R$ 1.020 a R$ 2.040
E
Até 2 s.m.
De R$ 0 a R$ 1.020
Classe social - Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (ABEP)
C
omprar a casa própria,
ter um carro e fazer uma
faculdade. O que antes
parecia ser apenas um
sonho, já se tornou realidade na vida de milhares de brasileiros que fazem parte das classes C e D.
É o caso de Franciele Ribeiro de Oliveira, 22 anos, esteticista. Logo após
concluir a faculdade, ela se juntou a
uma colega para abrir o próprio negócio. O centro estético com 17 meses
de funcionamento lhe garante uma
renda mensal de pouco mais de dois
salários mínimos que, mesmo não parecendo muito, já é o suficiente para
lhe permitir sonhar com um próximo passo: a compra da casa própria.
“Penso em financiar a compra, já que
com a renda que tenho consigo subsídio total do governo”, explica.
A estabilidade econômica do país,
que criou milhares de novos postos
de trabalho, e ainda os programas de
distribuição de renda aumentaram o
potencial de consumo dos brasileiros.
Em 2010, as classes C e D movimentaram R$ 834 bilhões, segundo levantamento do Instituto Data Popular. O
total é mais do que o consumido no último ano pelas classes A e B juntas. Do
valor projetado para a classe C de R$
427,6 bilhões, os jovens movimentaram, de acordo com as pesquisas, em
torno de R$ 96 bilhões. E para cada R$
100 em mercadorias vendidas no varejo, R$ 41 se destinaram a produtos
comprados por mulheres, que teveram
grande ascensão nessa nova classe
média brasileira. Hoje, 33% dos domicílios são chefiados por mulheres.
Em 2010, as classes C
e D movimentaram R$
834 bilhões. Detalhe:
para cada R$ 100 em
mercadorias vendidas
no varejo, R$ 41 se
destinaram a produtos
comprados por mulheres,
que tiveram grande
ascensão nessa nova
classe média brasileira
35 ∞ Mercado Fevereiro 2011
MCapa
Enquanto a classe A não apresenta dificuldades financeiras e
consome tudo o que deseja, e a B,
considerada classe média alta, faz
gastos com rédeas curtas, a classe
C é considerada ávida pelo consumo
e endivida para realizar sonhos. Já a
classe D é o brasileiro típico. Está na
periferia, em áreas rurais e nos redutos de baixa renda.
Classe Sociais
A
B
Não apresenta dificuldades financeiras.
Consome tudo que deseja. Nivel de consumo
= desejo próprio
Média-Alta: faz gastos
com rédea curta
C
Nova classe emergente: ávida pelo consumo. Endividada para
realizar sonhos
D
Brasileiro típico: está
na periferia, em áreas
rurais e nos redutos de
baixa renda. Aqui está
o Brasil
Mas se engana quem pensa que
os consumidores da classe C querem apenas o que cabe no bolso.
A população de “baixíssima” renda
que ingressou recentemente nas
classes C e D sabe dar valor a cada
centavo gasto e prefere aplicar o dinheiro em itens como preço e qualidade. Além disso, ela determina
tendências e é exigente.
Exemplo dessa exigência é que
os produtos mais baratos, incluindo
os “piratas”, são desprezados porque
duram pouco e os mais sofisticados e
caros estão fora da lista de compras
porque comprometem a renda desses
consumidores. Outras informações
peculiares dessa faixa de consumo
é que ela se interessa por itens com
referências da cultura negra e popuMercado Fevereiro 2011 ∞ 36
lar, pelo uso de cores e por produtos
voltados para o sexo feminino.
Os consumidores emergentes já
detêm 69% dos cartões de crédito
e consomem 76% de tudo o que é
vendido nos supermercados. Outra característica do perfil d classe C é que a maioria, 85%, prefere
fazer compras no próprio bairro
onde reside.
Perfil do
Consumidor da
Classe C
Como as empresas lidam
com a baixa renda
Pesquisa* com executivos mostra
preconceito em atender comsumidores da nova classe média, em %
Preconceito
Existe preconceito em sua empresa em atuar com as classes C, D e E?
9,5
29,7
Muito
preconceito
60,8
Não tem
Algum preconceito
Dá valor a cada centavo gasto
Participação crescente do
público feminino
Detém 69% dos cartões de
crédito
Resistência
Existe resistência interna em atuar no mercado das classes C, D e E?
28,8
Não há
Preferência por itens com
referências da cultura negra e
da cultura popular e pelo uso
de cores
Determinam tendências e são
exigentes
Muita
resistência
64,4
Há resistência
Consomem 76% dos produtos
comercializados nos supermercados
85% preferem fazer compras
no próprio bairro onde reside
6.8
Está preparado para atingir as
classes C, D e E?
O executivo
A agência de propaganda
Muito preparado
20,8
8.6
Pouco preparado
74,3
Enquanto a nomenclatura das
classes sociais sofre mudanças,
o ingresso de milhares de novos
consumidores com poder de compra gera um desafio para as empresas, ou seja, aquelas que pensam em arrebanhar fatias desse
público vão precisar agir, e com
rapidez. É preciso rever alguns
conceitos (veja o gráfico). Porém,
uma coisa é certa, muitos empresários brasileiros já descobriram
que para serem líderes em qualquer segmento é necessário primeiro serem líderes na classe C.
66,7
Não está preparado
4,9
24,7
Estratégia
Qual a estratégia mais adequada para
atingir os consumidores emergentes?
78% Falar com a cabeça
do consumidor
22% Falar com o bolso
do consumidor
69% dos fornecedores de servi-
ços de marketing dessas empresas entendem pouco ou nada sobre baixa renda
31
69
*As cem empresas consultadas já atuam no
mercado de baixa renda, em vários setores e
regiões do país e faturam a partir de R$ 100
milhões anuais
Fonte: Instituto Data Popular
Pelo menos na avaliação do
superintendente regional da CEF,
José Geraldo Sales, o mercado
e a classe empresarial como um
todo vêm se ajustando para atender as necessidades desses novos
consumidores. “Nos últimos anos,
percebemos a mudança de grandes redes comerciais, bem como a
expansão do número de agências
bancárias para o Nordeste do país.
Para entender melhor a questão,
basta verificar o número de lojas
de grandes redes existentes hoje
nas cidades da região, além de shopping Centers, correspondentes
bancários e redes de supermercados”, disse. Salvador e Fortaleza,
por exemplo, são duas cidades
onde há maior concentração das
classes C e D no país - essa informação é do sócio-diretor da Quorum Brasil, Cláudio Silveira.
De olho nos novos consumidores, alguns segmentos saíram na
frente e conseguem oferecer produtos e serviços que se adéquam
às necessidades de consumo. Os
que mais ganharam com a expansão das classes C e D foram os que
comercializam eletrodomésticos,
automóveis, motocicletas, computadores, supermercados, casa própria e estão juntos à rede bancária.
federal à população para construir
condomínios com casas populares, tendo como foco principal
atender ao programa “Minha Casa,
Minha Vida”.
Segundo o superintendente regional da CEF, José Geraldo Sales,
nunca foram produzidos tantos
imóveis financiados e o programa
do governo federal foi a vedete,
tendo produzido um milhão de moradias de março de 2009 a dezembro de 2010.
Crescimento das classes C e D
deve continuar
O superintendente
regional da CEF,
José Geraldo Sales,
informa que nunca
foram produzidos
tantos imóveis
financiados e o
programa do governo
federal foi a vedete,
tendo produzido um
milhão de moradias
de março de 2009 a
dezembro de 2010”
Habitação serve de parâmetro
De olho nas classes C e D, algumas empreendedoras aproveitam
os subsídios dados pelo governo
R$ 4,9 mil, em especial às famílias
com renda até R$ 1.395. O governo
contou com o empreendedorismo
das instituições como o Sindicato
das Indústrias de Construção Civil
(Sinduscon), o Secovi, a Câmara
de Dirigentes Lojistas (CDL) e as
associações comerciais, que em
parceria com instituições financeiras conseguiram atingir uma marca histórica, pois nunca havíamos
conseguido produzir mais que 250
unidades por ano”, esclareceu.
Sales diz que ainda há muitos desafios a serem vencidos, mas tudo
que é bem planejado e conta com a
mobilização da sociedade tem um
final feliz. “Estamos trabalhando
com este propósito e o programa
Minha Casa, Minha Vida é um grande exemplo e aprendizado para o
Brasil”, concluiu.
“Foi um esforço conjunto, pois
o governo federal aumentou o subsídio para famílias com renda até
O economista uberlandense
Lourenço Faria Diniz prevê uma
provável redução da classe E nos
próximos anos e, consequentemente, o aumento ainda maior das
classes C e D, em função dos programas governamentais de combate à pobreza extrema - como o Bolsa Família - e a própria dinâmica
de uma economia em crescimento
como a do Brasil. “Não existem
perspectivas de que o Bolsa Família vá acabar, longe disso, é um
dos carros-chefe do governo petista, além do quê, a economia segue
crescendo em níveis razoáveis,
portanto, a tendência deve se manter”, ressaltou.
Segundo ele, o Bolsa Família
leva a uma redução da pobreza extrema para os figurantes da classe
E através da garantia de renda mínima, o que faz com que as pessoas assistidas e que estão inseridas
nesse grupo social possam ascender às classes C e D. Além disso,
a economia contribui por meio da
geração de empregos e o aumento
dos salários acaba por incrementar
a renda da população das famílias
de classe baixa. A
37 ∞ Mercado Fevereiro 2011
MCapa
A inflação que ameaça surgir novamente
no país pode ser um entrave ao aumento da
renda da população mais pobre, por se refletir
primeiramente nos preços de alimentos,
combustíveis e moradia, que compõem a
maior parte dos gastos das classes C e D
(Lourenço Diniz - Economista)
Mercado Fevereiro 2011 ∞ 38
por exemplo, subiu assustadoramente nos últimos meses como reflexo do
aumento do poder de compra da população mais pobre, que antes dava
preferência para a carne de frango,
mais barata. Nesse caso, a demanda
por carne bovina aumentou sem que
a oferta tenha aumentado no mesmo
patamar, gerando uma alta nos preços”, explicou.
Para finalizar, Lourenço Diniz diz
ser preciso que o mercado acompanhe a demanda crescente para que
não haja uma alta nos preços dos
produtos consumidos pelas classes
emergentes, ávidas pelo consumo
dos produtos que nunca, ou quase
nada, puderam adquirir.
de Dilma Rousseff chegando ao fim,
praticamente três em cada cinco brasileiros pertencerão à classe C - grupo
que chegará a 115 milhões de habitantes, ou seja, praticamente três vezes a
população da Argentina. “A classe C
será maioria absoluta e a E deve entrar em extinção”, avalia o diretor do
Data Popular, Renato Meirelles.
Foto: Divulgação
Contudo, Lourenço Diniz chama a
atenção para a importância de manter esses dois pontos (programas governamentais e desempenho da economia) para que o crescimento de
renda da população continue. Segundo ele, caso qualquer um desses fatores seja suplantado, as classes mais
pobres sofrerão as consequências.
“De qualquer forma, a inflação que
ameaça surgir novamente no país
pode ser um entrave ao aumento da
renda da população mais pobre, por
se refletir primeiramente nos preços
de alimentos, combustíveis e moradia, que compõem a maior parte dos
gastos das classes C e D”, alertou.
Mesmo que a avaliação do superintendente regional da CEF, José Geraldo Sales, seja a de que o mercado e
a classe empresarial como um todo
vêm se ajustando para atender as
necessidades desses novos consumidores, pelo que afirma o economista
Lourenço Diniz, isso ainda está longe
de como deveria ser. Segundo ele, o
mercado ainda não está devidamente
preparado para atender as demandas
das classes emergentes. Para ele, ao
mesmo tempo em que o crescimento da renda das classes mais pobres
aquece a economia, aumentando a
demanda por produtos industrializados, automóveis e residências próprias, também causa uma pressão
sobre os preços, que pode levar a um
cenário de inflação. “A carne bovina,
Pesquisa confirma que classe E
está se extinguindo
A previsão do economista uberlandense Lourenço Faria Diniz, de
que a classe E tende a uma gradual
redução nos próximos anos ganha o
respaldo em vários estudos, incluindo um levantamento feito pela consultoria Data Popular, em que ficou
constatado que a renda maior e mais
consumo estão deixando a classe E
com os dias contados, sendo que os
integrantes dessa faixa social mais
baixa irão engrossar ainda mais as
fileiras da classe C. A previsão é de
que quando o Brasil estiver às voltas
com a Copa do Mundo e o governo
O diretor do Data
Popular, Renato
Meirelles: “As
empresas que
ignorarem a nova
classe média não
irão sobreviver”
Foto: Arquivo
Lojas Marisa: esse é o perfil de comércio preferido pela nova classe
média brasileira
Para Meirelles, as empresas que
ignorarem a nova classe média não
irão sobreviver. E não será qualquer
produto, serviço ou empresa que
conseguirá abocanhar o dinheiro e
o poder da classe C, que para Meirelles tem um jeito muito próprio
de consumir. “Esses consumidores
estão experimentando alguns produtos e serviços pela primeira vez”,
explica, comprovando a afirmação
do economista Lourenço Diniz.
A força da classe C
Mas, se transformação da econômica brasileira trouxe de baixo
uma nova fatia de consumidores
com grande poder de compra e até
então um tanto quanto desprezados
pelo mercado, destes a classe C é
a que merece ainda mais atenção.
Essa classe, também chamada de
nova classe média, representa hoje
49% da população brasileira e 46%
da renda do país. Contudo, é bom os
empresários “se enquadrarem”, pelo
menos por agora, pois essa impor-
tante fatia de consumidores ainda
desconhece marcas de luxo e não
possui qualquer fidelização por lojas. Pelo menos é isso o que mostra
pesquisa realizada pela Franceschini Análise de Mercado.
O levantamento teve como objetivo registrar o que os consumidores emergentes pensam do luxo e
indicar caminhos para as empresas
que desejam aproveitar o potencial
deste segmento. Para surpresa de
muitos, grandes varejistas como
C&A, Riachuello, Carrefour e Marisa
foram as mais citadas pelos entrevistados. Ainda conforme o apurado, 64% desses consumidores, os da
classe C, não têm nenhuma marca
de vestuário na memória que esteja
ligada a luxo, assim como 62% não
citam loja específica. O mesmo ocorre com perfumes, sendo que quase
metade não conhece nomes e marcas famosas.
“As empresas terão que desenhar
outro tipo de negócio. Casas Bahia
e Marabraz são redes que ficaram
enormes respeitando o consumi-
dor, com outra forma de cadastro
de lidar com o cliente, tratar o atraso e abdicar dos juros. Uma atitude
às vezes mais respeitosa”, diz Adélia Franceschini, da Franceschini,
em comunicado.
Na opinião do diretor do Data Popular, Renato Meirelles, “existe um
grande abismo cognitivo entre as
empresas e a nova classe média. Entender as tendências, motivações e
referências deste novo consumidor
brasileiro requer humildade e conhecimento especializado. O Brasil
de verdade fala outra língua”.
Entre as dificuldades encontradas pelos executivos para atingir
o mercado popular estão a falta de
conhecimento, comunicação e estrutura. E, sem conhecer grandes
marcas de luxo e com desejos de
consumo que contabilizam coisas
mais simples - como um carro popular e a casa própria -, entender e
agradar esse consumidor torna-se
tarefa árdua para as companhias.
“É preciso se reinventar para isso”,
finaliza Meirelles. B
39 ∞ Mercado Fevereiro 2011
MTrabalho
O “quê” por detrás do
estágio internacional
POR Carolina Ikeda (Lead)
No Brasil, as empresas estão em plena temporada de
vagas abertas para estagiários profissionais
estrangeiros, quando a troca de experiências
é, na maioria das vezes, positiva
O
s três primeiros meses
do ano estatisticamente são os melhores
para se encontrar estágio no Brasil. Segundo a Associação Brasileira de Estágios (Abres), este é um período no
qual muitos jovens se formam e são
efetivados ou mudam de emprego
deixando vagas abertas. É a época
também em que as empresas têm
orçamentos aprovados para contratação logo nos primeiros meses do
Mercado Fevereiro
Dezembro2011
2010 ∞∞ 40
40
ano. Dados da Abres apontam que
no Brasil estão abertas 210 mil vagas, sendo 170 mil para superior e
tecnólogo e 40 mil para médio e técnico. O que revela um crescimento
de 20% em relação ao mesmo período do ano passado. Não é a toa que
o primeiro trimestre do ano é chamado de “temporada de estágios”.
E essa oportunidade não fica restrita somente aos brasileiros. Que
o diga a estudante francesa Agathe
Masson, que está no Brasil por conta
de um intercâmbio profissional. Recentemente ela foi contratada para o
setor de marketing do Aliança, uma
das grandes empresas do setor atacadista de Uberlândia.
Agathe cursa administração na
Université Paris-Est e conta que
aprendeu a língua portuguesa em
apenas dois meses antes de vir para
o nosso país. Tanta determinação e
interesse levam a uma pergunta: o
que o mercado brasileiro tem que
atrai essas pessoas?
A estudante francesa
de Administração,
Aghate Masson,
que está em
Uberlândia em busca
de experiência no
setor atacadista
distribuidor
O que motivou Agathe a escolher
o Brasil para um intercâmbio foi o
interesse em mais um idioma e também a cultura de trabalho, além de
ganhar experiência para futuramente atuar na área de marketing de
uma empresa internacional. “O mercado da grande distribuição na França é diferente do Brasil. Lá não tem
tantos atacadistas. Eu queria ver
como funciona esse mercado para
ter mais conhecimento para minha
futura carreira”, conta a francesa.
O gestor de marketing do atacadista, Gilson Cantuário, explica que
durante o estágio na empresa a proposta é que Agathe conheça em detalhes a cultura da organização, as
ferramentas de marketing que são
utilizadas em todo o processo de
venda. Além disso, ela fará visitas
técnicas aos clientes e ainda passará por todos os setores da empresa
para entender como se dá a cadeia
de distribuição. “Nós procuraremos
demonstrar para ela o processo
operacional de todos os setores da
empresa, porém o foco maior será
dado aos departamentos de Trade,
Marketing, Compras e Vendas (comercial)”, relata.
Para a analista de Recursos Humanos, Fabiana Rocha Dias, além do
profissionalismo encontrado nas empresas brasileiras, a receptividade, o
clima organizacional e principalmente o calor humano do brasileiro são
fatores determinantes para a busca
do estágio. Porém, ressalta que nem
todas as empresas estão preparadas
para receber um intercambista. “Muitas vezes as organizações têm receio
do novo, das inovações e enxerga o
profissional de intercâmbio como
uma ameaça para os colaboradores
internos. Já as empresas que buscam crescer e têm uma gestão preocupada com o desenvolvimento das
pessoas estabelecem um bom clima,
facilitando a aceitação desse profissional”, esclarece.
Para do gestor de
marketing, Gilson
Cantuário, o estágio
profissional resulta
em benefícios
para ambas as
partes: empresa e
intercambiário
E nesse sentido, o perfil da empresa que Aghate escolheu para
estágio se encaixa na segunda argumentação da analista. “O período
de estágio em que ela permanecerá
conosco vai significar uma troca de
informações extremamente positiva
para elevarmos os nossos conhecimentos e, sobretudo, ampliar a nossa visão sobre gestão e estratégias
de negócios”, finaliza Gilson.
Intercâmbio
Diante das constantes mudanças
no mercado de trabalho, cada vez
mais pessoas buscam experiências
em outros países, o que agrega peso
ao currículo.
Fabiana Dias lembra que essa é
uma oportunidade única de expandir os conhecimentos profissionais,
aprender novas culturas e ao mesmo
tempo avaliar outras possibilidades
de atuação no mercado de trabalho.
“Para a empresa que recebe o profissional ficam nítidos dois aspectos
relevantes: a troca de experiências e
novas ideias. Quem está de fora do
processo pode contribuir com sugestões inovadoras, avaliações críticas e também construtivas do que
pode ser mudado e aprimorado na
organização”, comenta a analista de
RH. E seja em busca de oportunidade de trabalho, estudo ou troca cultural, Fabiana avisa: “O intercâmbio
deve ser aproveitado e as oportunidades também”.
O Canadá é o país mais procurado pelos brasileiros nas agências
de intercâmbio, dadas as condições
que oferece e o menor custo de vida
em relação aos Estados Unidos e a
Europa; mas o Brasil também está
sendo bem procurado, tanto por intercambistas quanto por profissionais em busca de emprego.
De acordo com dados do Ministério do Trabalho e Emprego,
em 2010, só no primeiro trimestre,
foram concedidas 11.530 autorizações para que profissionais estrangeiros trabalhassem no Brasil,
sendo 94% das autorizações temporárias, com estada de até dois anos
no país. B
41 ∞ Mercado Fevereiro 2011
MAgricultura
Foto: CNH
Agricultura é aliada
na redução de
gases estufa
DA Redação com Sophia Gebrim
Projeto da FAO avaliará o potencial da atividade na
mitigação dos efeitos climáticos. Brasil contribui com
incentivos a técnicas que equilibram produção e
conservação ambiental
A
Organização das Nações Unidas para
Agricultura e Alimentação (FAO) trabalha
na produção de um
banco de dados mundial com informações sobre a emissão de gases de efeito estufa lançados pela
agricultura e seu potencial para
minimizar o aquecimento global. O
Brasil já está fazendo a sua parte
ao incentivar o uso de tecnologias
que reúnem eficiência produtiva e
conservação ambiental. O progra-
Mercado Fevereiro 2011 ∞ 42
ma Agricultura de Baixo Carbono
(ABC), lançado em 2010, permite
que o produtor rural tenha acesso
a financiamento a um custo baixo
(5,5% de juros anuais) para investir
em práticas como recuperação de
pastagens e plantio direto, que ampliam a produtividade da lavoura e,
ao mesmo tempo, reduzem a emissão dos gases estufa.
“A nova agricultura colocada em
prática está voltada para diminuir a
quantidade de gases poluentes e tem
como consequência um clima me-
nos quente no mundo”, destaca o coordenador da Assessoria de Gestão
Estratégica do Ministério da Agricultura, Derli Dossa. A atuação do Brasil está alinhada com o Projeto de
Mitigação das Mudanças Climáticas
na Agricultura (Mitigation of Climate Change in Agriculture - MICCA),
da FAO. O organismo da ONU utilizará os dados sobre as emissões
para revertê-los em oportunidades
de amenizar o aquecimento global
por meio de técnicas agrícolas adequadas a essa realidade.
Foto: Arquivo
No início da semana, a FAO divulgou que o Projeto MICCA receberá
apoio de US$ 5 milhões dos governos da Noruega e Alemanha. O objetivo do projeto é tornar pública a
quantidade das emissões de todos os
países do mundo, facilitando o acesso às informações por representantes governamentais e agricultores. A
FAO também usará as informações
como ferramenta na operação de
linhas de financiamento internacionais para projetos de mitigação e redução das emissões provenientes da
agricultura e de aumento da quantidade de carbono sequestrado nas
explorações agrícolas.
Ações do programa Agricultura
de Baixo Carbono (ABC)
Integração
Lavoura-PecuáriaFloresta (ILPF) - O programa Integração Lavoura-Pecuária-Floresta
(ILPF) está no foco da chamada
“agricultura verde”. O sistema combina atividades agrícolas, florestais
e pecuárias, promovendo a recuperação de pastagens em degradação.
De acordo com o Ministério da Agricultura, a área utilizada nesse sistema pode ser aumentada em quatro
milhões de hectares nos próximos
dez anos. A previsão é que o volume
de toneladas de dióxido de carbono
(CO2) diminua entre 18 milhões e 22
milhões no período.
Recuperação de pastagens degradadas - Com o incentivo do programa
ABC, a meta do governo é ampliar,
Foto: Embrapa
Derli Dossa: “A nova
agricultura colocada
em prática está
voltada para diminuir
a quantidade de
gases poluentes
e tem como
consequência um
clima menos quente
no mundo”
posicionou o Brasil entre os países
mais adiantados no alcance das metas firmadas na 15ª Conferência das
Partes da Convenção do Clima (COP
15)”, explica Derli Dossa.
O ABC é uma das principais ações
adotadas pelo Ministério da Agricultura para reduzir a emissão de gases
de efeito estufa. O programa oferece R$ 2 bilhões em financiamento a
produtores rurais e promove estudos e pesquisas por meio da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Apoia a capacitação
profissional para facilitar a difusão
de práticas como plantio direto na
palha, fixação biológica de nitrogênio, recuperação de pastagens
degradadas e o sistema Integração
Lavoura-Pecuária-Florestas (ILPF),
que contribuem para a preservação
das áreas de produção.
Sistema Integração Lavoura-Pecuária-Florestas
(ILPF), que contribui para a preservação das
áreas de produção, tem apoio financeiro e
tecnológico do MAPA
Experiência brasileira
O Brasil ocupa posição estratégica no combate ao aquecimento
global. “A aposta em projetos sustentáveis na área da agricultura e
pecuária, como o programa ABC,
O programa destina-se aos produtores rurais de todos os biomas brasileiros. Nos próximos dez anos, tem como
meta deixar de emitir 165 milhões de
toneladas equivalentes de CO2.
nos próximos dez anos, a área atual
de pastagens recuperadas de 40 milhões para 55 milhões de hectares. O
maior uso da tecnologia vai proporcionar, no período, a redução da A
43 ∞ Mercado Fevereiro 2011
MAgricultura
atmosfera, o plantio direto é exemplo de agricultura conservacionista,
mantendo a qualidade dos recursos
naturais, como água e solo.
Plantio de florestas - O plantio de
florestas comerciais, como eucalipto
e pinus, aumenta o sequestro de dióxido de carbono (CO2) da atmosfera.
A intenção do governo é aumentar a
o fornecimento de nitrogênio às
culturas agrícolas, esse material
costuma ser caro e seu uso inadequado pode produzir impactos
ambientais negativos. A técnica
de fixação biológica de nitrogênio
tem como base o uso de plantas
leguminosas, associado à cultura comercial, que podem suprir a
necessidade de minerais necessáFoto: Arquivo
emissão de 83 milhões a 104 milhões
de toneladas equivalentes dos gases
de efeito estufa. A recuperação de
terras degradadas é uma técnica que
funciona há mais de 20 anos e pode
ser aplicada em qualquer bioma brasileiro. É considerada fundamental
porque representa a permanência
do produtor na atividade e garante a
conservação dos ecossistemas.
O plantio direto é uma das ações previstas no programa Agricultura de
Baixo Carbono (ABC), lançado em 2010, que permite ao produtor rural
acesso a financiamento a um custo baixo (5,5% de juros anuais)
Plantio direto - No uso do plantio direto, estima-se a ampliação
da área atual em oito milhões de
hectares, de 25 milhões para 33 milhões de hectares nos próximos dez
anos. Esse acréscimo vai permitir a
redução da emissão de 16 milhões
a 20 milhões de toneladas de CO2
equivalentes. Além de promover o
sequestro de dióxido de carbono da
Mercado Fevereiro 2011 ∞ 44
área de florestas, até 2020, de seis milhões de hectares para nove milhões
de hectares. Isso permitirá a redução
da emissão de oito milhões a dez milhões de toneladas de CO2 equivalentes num período de dez anos.
Fixação biológica de nitrogênio - Apesar de o produtor rural
utilizar a adubação mineral para
rios como adubação. As bactérias
fixadoras de nitrogênio nas raízes
dessas leguminosas também atuam no interior de plantas, como
a cana-de-açúcar, cereais e gramíneas forrageiras. Outra alternativa
para o agricultor é o uso de adubos
verdes antes do cultivo da canade-açúcar no momento da reforma
do canavial. B
MEspecial
Dilema das sacolas
plásticas continua
POR Evaldo Pighini - Editor com Redação INC
Consumo excessivo contribui para a impermeabilização
do solo e dificulta decomposição de material orgânico e,
entre os interesses financeiros, fica o consumidor, como
sempre em meio ao tiroteio e ainda correndo o risco de
ser tributado
A sacola plástica é o material poluente campeão em presença nos lixões
espalhados pelo Brasil
A
polêmica em torno
das sacolas plásticas ganha a cada dia
um novo capítulo.
Dados do Ministério
do Meio Ambiente mostram que
Mercado Fevereiro 2011 ∞ 46
cada família brasileira descarta
por ano cerca de 40 quilos de plástico, dos quais 56% são compostos
de embalagens usadas. A estimativa é que o Brasil consuma 33 milhões de sacolas plásticas por dia,
sendo que mais de 80% são utilizadas apenas uma vez e, em seguida,
descartadas. Em nível mundial,
são consumidas anualmente entre
500 bilhões e 1 trilhão de sacos e
sacolas plásticas. O resultado não
poderia ser outro. Essa quantidade enorme de plástico vai parar
nos aterros e lixões e, segundo os
especialistas, o material leva 400
anos para se degradar na natureza. Assim, contribui para a impermeabilização do solo, dificulta a
degradação de produtos orgânicos, polui cidades, obstrui pontos
de drenagem de chuvas e bueiros
e ajuda a causar enchentes, entre
outros problemas. Apesar disso, a
substituição pura e simples das sacolas plásticas não é recomendada
nem mesmo pelo programa “Saco
é um saco”, do Ministério do Meio
Ambiente (MMA). “A solução não
é mágica, exige uma mudança de
cultura”, diz Fernanda Daltro, coordenadora da campanha. Nota:
o MMA coordena, desde junho de
2009, essa campanha voluntária
de redução do uso de sacolas plásticas. Sob o referido slogan “Saco
é um saco”, a iniciativa já ajudou a
evitar a circulação de 800 milhões
de sacolas plásticas no Brasil.
Fernanda Daltro tem razão em
sua afirmação e a polêmica em
torno da fabricação, uso e destino
das sacolas plásticas deverá ter
ainda muitos capítulos pela frente, principalmente para o consumidor. Imagine o filme:
Cena 1 (a cena que se repete) - Consumidor sai do ponto de
venda carregando suas compras
em sacola plástica, descarrega em
casa e a sacolinha está na porta
dias depois, cheia de lixo. Recolhida, ela vai parar nos aterros sanitários, ali ficando, segundo alguns,
por algumas centenas de anos.
Cena 2 - Consumidor leva sua
própria sacola para compras, seu
lixo tem de ser acomodado em sacos próprios vendidos no comércio. O que uma sacolinha acomodava para a coleta seguinte ocupa
apenas metade do saco para lixo
de vinte litros. É recolhida ao mesmo aterro sanitário e, como também é de plástico, o tempo estimado para degradar-se é equivalente
ou maior.
Cena 3 - O consumidor volta no
tempo e acondiciona seu lixo em
latas. Ela fica no canto da casa um
ou dois dias até a coleta, gera odores devido ao lixo orgânico, além
do “caldo” (chorume) que fica no
fundo da lata ou vaza para o chão.
Quando colocado na rua é revirado por animais, por catadores em
busca de recicláveis, é chutada,
ou o próprio catador pode virar o
lixo na calçada e levar embora a
lata. Quando não acontece nada
disso, o coletor a despeja dentro
do caminhão e não tem tempo
para voltar e recolocá-la no lugar
onde estava. E lá vai o consumidor “caçar” sua lata rua afora.
Cena 4 - Já o consumidor que
é consciente, separa seu lixo, deixando em uma lata o lixo orgânico
e o reciclável em outra. Com a de
lixo orgânico ainda há o risco de
odor, de ser revirada por animais,
de derramar chorume. Em ambas,
a “caça” pelas latas após a coleta
continua. Ao menos os catadores
têm local certo para recolher seu
ganha-pão, e com sorte não levarão a lata junto.
Cena 5 (finalmente, os bastidores) - O consumidor de hoje não é
mais a dona de casa que ficava ali,
à disposição, monitorando e correndo atrás de latas, lavando-as,
forrando-as com jornal. Hoje este
consumidor trabalha fora, estuda,
chega tarde, cuida da casa, dos filhos, do cachorro e quando vê se
esqueceu de ir buscar suas latas
lá no portão. Piora quando mora
em um condomínio. Não contando, claro, que o volume que antes
cabia na lixeira do prédio agora se
transforma em uma exposição artística bizarra de latas na calçada.
E, pior, por um lado, parte da
população não tem educação adequada. Por outro, não há ações
governamentais educativas suficientes e o próprio governo não
dá o exemplo, buscando sempre a
solução mais fácil: taxar e punir.
Iniciativas como usinas que captam gás das montanhas de lixo já
se mostram viáveis. Em São Paulo, a Bandeirantes tem autonomia
de 15 anos gerando energia elétrica, a de São Mateus contará com
cerca de 20 anos de energia revendida à Eletropaulo. Energia esta
gerada com o lixo do consumidor
que paga pela energia elétrica,
ou seja, o consumidor fornece a
matéria-prima e ainda paga pelo
produto final.
O problema parece maior que
a quantidade de lixo e a falta de
consenso. Discussões políticas e
interesses financeiros deixam a
solução cada vez mais distante.
47 ∞ Mercado Fevereiro 2011
MEspecial
Política
Rios poluídos: enquanto não forem tomadas
medidas sérias, a natureza continuará sofrendo com
as agressões causadas pelo descarte criminoso de
sacolas plásticas no meio ambiente
Mercado Fevereiro 2011 ∞ 48
O único consenso que parece
existir é que nosso meio ambiente
está sendo destruído.
Quanto ao uso de sacolas plásticas
não biodegradáveis por lojas e supermercados, esta prática deve ser proibida em todo o país, segundo opinião
do deputado Leandro Sampaio (PPSRJ). Ele é relator na Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria
e Comércio de um conjunto de 15 propostas (PL 612/07 e apensados) sobre
o tema. O substitutivo proposto pelo
parlamentar proíbe a distribuição gratuita de sacolas não biodegradáveis pelos estabelecimentos comerciais, que
serão obrigados a oferecer ao cliente
opções mais sustentáveis. Apenas serão permitidos sacos fabricados sem
componentes derivados de petróleo e
que possam se desintegrar no ambiente em um período máximo de 18 meses.
A restrição se aplica também à fabricação, comercialização e distribuição de
sacolas usadas para lixo doméstico.
Por sua vez, o deputado Flávio Bezerra (PRB-CE), autor do PL 612/07,
diz que a substituição das sacolas
plásticas convencionais por outras
biodegradáveis é uma necessidade:
“As sacolas lançadas no ambiente vão direto para nossos esgotos.
Quando vem a chuva, elas entopem
os bueiros, causando transtornos”.
Bezerra reconhece, no entanto, que
a mudança enfrenta resistência da indústria de sacolas plásticas, que teria
que passar a operar com um novo padrão de maquinário e material.
A exemplo de Gilberto Kassab
(DEM), prefeito da cidade de São Paulo (que vetou o Projeto de Lei 159/07
de Arselino Tatto/PT e Lenice Lemos/
PFL), o governador José Serra (PSDB/
SP) vetou projeto de lei semelhante
(534/07, de Sebastião Almeida/PT),
que obrigava estabelecimentos comerciais de São Paulo a utilizarem sacolas
oxibiodegradáveis. A justifica é que
não há estudos suficientes sobre este
tipo de material, mesmo que a iniciativa já tenha sido tomada por cidades
como Curitiba, Maringá e Piracicaba,
no interior de São Paulo, onde o prefeito Barjas Negri também é tucano.
A composição da sacola oxibiodegradável se dá
a partir da inclusão de um aditivo que acelera a
oxidação quando a sacola é exposta ao calor e
à luz solar. Na presença de luz, a sacolinha sofre
reações na cadeia polimérica e, em cerca de seis
meses, se transforma em pequenos fragmentos,
de 1 a 2 centímetros quadrados, praticamente se
pulverizando. Porém, mesmo com a alteração física,
a sacola segue presente na natureza e causa danos
ainda mais graves que os do modelo tradicional,
como a contaminação de rios e lagos e também
a ingestão maléfica por parte de animais, que
engolem fragmentos do plástico.
Vários projetos de substituição
de sacolas plásticas já foram votados e rejeitados, sendo a alternativa
apresentada taxar sacolas e garrafas
plásticas, exceto as produzidas com
material reciclado, desestimulando
assim seu uso. Nenhuma solução
propõe a redução do custo como
incentivo. Nenhuma fala sobre os
pontos de venda aceitarem recolher
o material.
Entenda
Quando as sacolas entraram nos
supermercados, a população começou a usá-las como recipiente de
lixo, abandonando então os costu-
meiros “latões”, advindos, na maioria das vezes, do reaproveitamento
de latas de tinta. Isso resultou nas
atuais 210 mil toneladas de sacolas
plásticas produzidas por ano, 10% de
todo o lixo do país. A
Divergências
De um lado, a RES/Brasil - detentora da tecnologia de oxibiodegradáveis aprovada pela Comunidade
Europeia e pela agência de controle
de alimentos e medicamentos norteamericana (FDA); de outro, a Plastivida, entidade dirigida pelo Conselho Deliberativo dos dirigentes
de suas empresas associadas, entre
elas petroquímicas como Braskem e
Innova, esta última controlada pela
Petrobras. Ambas discutem publicamente sobre normas e procedimentos, sobre a degradabilidade de
seus produtos: o plástico comum ou
o aditivado para se tornarem oxibiodegradáveis. Porém, ao final de tudo
isso, a conclusão é: não há conclusão. O consumidor consciente quer
saber como parar de poluir o meio
ambiente, quer soluções e propostas, não se envolver em questões
político-financeiras.
Segundo o Ministério do Meio Ambiente,
um milhão e meio de sacolas plásticas são
consumidas por hora pelos brasileiros; boa parte
delas acaba por terminar nos lixões e ali podem
permanecem por centenas de anos antes de se
decompor
49 ∞ Mercado Fevereiro 2011
MEspecial
Entre parênteses, cabe destacar
que o plástico vem de resinas derivadas de petróleo, pertence ao
grupo dos polímeros com características especiais e variadas. Leva
anos para decompor-se. Quanto
mais grosso, mais tempo leva. Por
outro lado, os oxibiodegradáveis
são do mesmo material, porém
com um aditivo que facilita a degradação, processo que pode ser
acelerado por exposição ao sol,
estresse e temperatura ambiente.
Há quem defenda que na decomposição ele deixe material pesado
do aditivo no solo, embora o fabricante declare que resulta apenas
em água.
Oxidegradáveis
A degradação resulta da oxidação, que pode ou não chegar até a biodegradação. A
degradação é química e não
biológica. Este tipo de degradação é denominado oxidegradação.
Biodegradáveis
Degradam-se por atividade
biológica natural, por ação
de enzimas. Considera-se
biodegradável todo material
que perde suas propriedades
químicas nocivas quando em
contato com o meio ambiente. Exemplo é o plástico
produzido a partir do bagaço
da cana (poliidroxibutirato),
amido de milho, amido de
mandioca e açúcares.
Como solução, a Plastivida defende a redução do uso através de produtos mais espessos, o que, segundo
a entidade, reduziria o consumo. Entretanto, sabemos que a maioria dos
consumidores ainda não tem essa
cultura e provavelmente o resultado
será praticamente o mesmo número
de sacolas nos aterros, desta vez ainda mais resistentes.
Segundo a Revista Digital Aguaonline - publicação do Instituto
Mercado Fevereiro 2011 ∞ 50
Brasileiro de Estudos e Ações em
Saneamento Ambiental (IBEASA),
sediado em Porto Alegre -, o governo da Califórnia solicitou a Califórnia Integrated Waste Management
Board (CIWMB), em parceria com
a Universidade Estadual da Califórnia (CSU), sob a coordenação do
professor Joseph Greene, estudo
sobre a decomposição de produtos
denominados biodegradáveis, oxibiodegradáveis e plásticos comuns.
As conclusões foram apresentadas
durante palestras na Federação das
Indústrias de Porto Alegre.
De acordo com a revista, das
várias opções disponíveis no mercado, o melhor desempenho ficou
com as fabricadas utilizando PLA
(poliéster biodegradável, termoplástico derivado do ácido lático)
e PHA (um grupo de polímeros
da família dos polihidroxialcanoatos), seguidas daquelas feitas a
partir de matéria-prima PLB (obtida da cana-de-açúcar). Outros
chamados oxibiodegradáveis permaneceram praticamente intactos após 120 dias de exposição na
natureza em aterros abertos ou fechados ou em compostagem.
A INCorporativa tentou confirmar as informações e obter dados
sobre o professor Greene, sem sucesso. Na Internet, a revista citada
é a única que fala deste estudo e
apresenta as conclusões acima.
Solução?
Fica claro que se depender de
ações por parte do governo ou instituições com fins (muito) lucrativos, nada será alterado. A ação
deve vir da própria população - que
deve se conscientizar do problema
e buscar alternativas.
Se o consumidor decidir que
não vai mais aceitar as tais sacolas
nos pontos de venda - o que hoje
já é parte da cultura e dificilmente ocorrerá em massa rapidamente -, certamente não terá opções
geniais na hora de destinar seu
resíduo caseiro. Ou ele comprará
e usará sacos próprios para acondicionar o lixo - estes que também
não são biodegradáveis - ou recorrerá às velhas latas de lixo com os
riscos que incorre em seu uso.
Outra alternativa seria o consumidor instalar em sua residência
triturador de lixo orgânico. Este
aparelho, muito utilizado, por
exemplo, nos EUA, tritura os restos de alimentos e estes são misturados ao esgoto, seguindo então
para tratamento. A vantagem do
sistema é que isso praticamente
acabaria com o mau cheiro advindo da putrefação, não produziria
chorume e então o lixo seria mais
“limpo” dentro e fora de casa antes
da coleta, não atraindo animais.
A desvantagem é o valor do equipamento: aqui no Brasil um triturador custa de R$ 500 a R$ 1.500,
dependendo de sua capacidade e
potência, o que o torna inacessível
à maioria das famílias. Não é por
menos que algumas construtoras
já o incorporam em unidades mais
luxuosas, agregando valor a elas.
Outra forma seria entrar em
contato com as prefeituras da cidade onde resida o cidadão. Em
Uberlândia, por exemplo, a prefeitura, há pouco tempo, deu início
A ação deve vir da
própria população - que deve
se conscientizar do problema
e buscar alternativas
ao projeto de coleta seletiva porta
a porta, tendo o bairro Santa Mônica, zona leste da cidade, como
pioneiro. Os caminhões estão
percorrendo a localidade para recolher material reciclável (papel,
plástico, vidro e metal), que deve
ser separado pelos 36 mil moradores. Antes, houve uma campanha
de conscientização entre a comunidade do bairro de porta em porta com a distribuição de panfletos
educativos. Até 2012, o projeto
deve ser estendido a toda a cidade.
O material será destinado a duas
cooperativas e a uma associação
de catadores, que ficarão responsáveis pela separação e venda.
Porém, em Uberlândia esse projeto da prefeitura irá solucionar
apenas a destinação do lixo, que
inclui as sacolas plásticas. Faz-se
ainda necessário que as fontes geradoras desse tipo de material - os
supermercados são as principais também façam sua parte. Apesar
de alguns supermercados da cidade promoverem campanha junto
aos consumidores para usar o menos possível as sacolas plásticas,
ao mesmo tempo continuam disponibilizando-as para quem quer
fazer uso delas na hora de levar as
compras para casa. A exceção fica
por conta do supermercado Atacadão, onde quem compra ou leva os
produtos adquiridos em recipientes trazidos para esse fim ou utiliza
as caixas de papelão que a empresa deixa à disposição dos clientes.
Ainda em Minas Gerais, em
2008, a prefeitura de Belo Horizonte sancionou projeto contra
o uso de sacolas plásticas no
comércio da cidade, dando prazo de três anos para que os estabelecimentos comerciais se
adaptem à nova lei. O período
se esgota em 28 de fevereiro e, a
partir de março, tem início a fiscalização. A legislação prevê cinco tipos de penalidade, inclusive a possibilidade de interdição
do estabelecimento e cassação
do alvará de funcionamento em
caso de descumprimento.
Belo Horizonte será a primeira capital a tentar banir as sacolas plásticas. Na capital mineira,
lanchonetes, lojas de roupa e farmácias já se adaptaram à obrigatoriedade, mas as redes de supermercado - maiores distribuidores
dos sacos plásticos, com 1 bilhão
por mês em todo o país -, contrárias à medida, dão sinais de que
nada farão, menosprezando as punições. Rio de Janeiro e Porto Alegre também chegaram a criar leis,
que foram vetadas por inconstitucionalidade (os textos impunham
o tipo de embalagem que seria
entregue nos caixas). São Paulo também corre atrás de normas
próprias e projeto de lei tramita na
Câmara Municipal.
Em Uberlândia, por
exemplo, a prefeitura, há
pouco tempo, deu início ao
projeto de coleta seletiva
porta a porta, tendo o bairro
Santa Mônica, zona leste da
cidade, como pioneiro
Volta ao papel
Um passo no passado em benefício do futuro. Distribuída nos
supermercados até o fim do anos
1980, a sacola de papel perdeu
espaço com a entrada do plástico, mas, dada a maior preocupação com questões ambientais, o
retorno do papel pode ser uma
solução. Estudos feitos nos Estados Unidos mostram que dois
sacos de papel substituem até
14 unidades de plástico. As redes de supermercado justificam
a resistência em adotar as novas
embalagens pelo custo elevado.
Cada unidade pode custar até 10
vezes mais que uma de plástico.
“Há desperdício no uso da sacolinha. No comparativo um por um,
o preço do papel é maior mesmo,
mas é preciso comparar com o
número de sacos que são tirados
de circulação”, explica o presidente do Sindicato das Indústrias
de Celulose, Papel e Papelão de
Minas Gerais (Sinpapel-MG) e da
empresa Imballaggio, Antônio
Eduardo Baggio. A
51 ∞ Mercado Fevereiro 2011
MEspecial
Há desperdício no
uso da sacolinha. No
comparativo um por um,
o preço do papel é maior
mesmo, mas é preciso
comparar com o número
de sacos que são tirados
de circulação
Defensor do uso dos sacos de
papel, ele acredita ser a maneira
mais viável de substituir o plástico sem necessidade de mudança
radical do comportamento dos
clientes. “A única diferença é no
modo de carregar as compras.
Em vez de se levar várias sacolas
pela alça, as compras serão levadas nos braços. Igual se vê em
filmes”, reitera. Diferentemente
disso, as sacolas de ráfia e lona
requerem que o consumidor saiba
de antemão que vai às compras e
carregue consigo, no carro ou na
bolsa, uma unidade das chamadas
ecobags ou sacolas ecológicas.
Caso contrário, toda vez que for
ao supermercado terá que pagar
por uma sacola nova.
Pelo mundo
Na Europa, desde o ano 2000,
algumas cidades passaram a cobrar entre R$ 0,20 e R$ 0,70 por
cada sacola plástica entregue nos
caixas de supermercado, enquanto as unidades de papel são opção
gratuita. Na Irlanda, o consumo
chegou a cair 90% e o imposto é
convertido para ações de proteção ambiental. Na Holanda, foram
adotadas sacolas plásticas reutilizáveis, feitas com material mais
resistente, e também vendidas
em supermercados. Na Suíça, são
usadas sacolas de ráfia e de lona.
Já nos Estados Unidos, o consumidor pode optar tanto pelo
saco plástico quanto pelo de papel
ao comprar em supermercados.
Os norte-americanos preferem a
segunda opção. Enquanto no fim
dos anos 1990 a proporção de
embalagens de papel para as de
plástico era de uma para quatro,
atualmente é de uma para uma.
Na Índia e África do Sul, os estabelecimentos foram proibidos de
distribuir os saquinhos plásticos sob
pena de multa e até prisão. B
MSaúde
Depressão:
o médico pode ajudar
Quando a tristeza se prolonga e começa a causar prejuízo ao bemestar, é hora de procurar ajuda profissional
A
tristeza sem causa
aparente, o desinteresse pelas atividades da vida diária, a
ausência de estímulo
sexual e outras situações que, ao
Mercado Fevereiro 2011 ∞ 54
se tornarem repetitivas, começam
a causar sofrimento e prejuízo ao
bem-estar, podem ser indícios de
depressão. Isso acontece quando
tais atitudes afetam o relacionamento familiar, social e a produtivi-
dade no trabalho. E para não ficar
na dúvida, é necessário consultar
um especialista, pois o diagnóstico
da doença é clínico, o que significa que não há nenhum exame que
comprove a depressão.
Foto: Arquivo
Álvaro Estima, médico especializado em
psiquiatria: “Em nenhuma outra patologia acusase o paciente de ‘falta de força de vontade’ (...).
Com a depressão isso ainda acontece”
De acordo com Álvaro Estima, médico especializado em psiquiatria, é
comum que em um primeiro momento
outros médicos, que não o psiquiatra,
sejam procurados, tanto por falta de
informação como por preconceito ou
medo do estigma da doença mental.
Porém, como em qualquer outra situação médica, o especialista dessa área
clínica é quem deve ser o responsável
pelo diagnóstico e tratamento da depressão. “O impacto da depressão na
saúde pode ser dramático, e quando
associada ao tabagismo, alcoolismo,
sedentarismo e maus hábitos alimentares pode provocar o aumento da incidência de diabetes, doenças pulmonares, infarto do miocárdio e derrame
cerebral”, afirma o especialista.
O apoio de uma família que encare a
presença da depressão em um dos seus
membros como qualquer outra doença é fundamental para o diagnóstico
precoce e facilita a adesão do paciente
ao tratamento. “É preciso combater o
preconceito discriminatório com a do-
ença psiquiátrica. Em nenhuma outra
patologia acusa-se o paciente de ‘falta
de força de vontade’. Imagine alguém
dizer ao paciente com apendicite ou
reumatismo que ele é fraco ou não
sabe reagir. Com a depressão isso ainda acontece”, explica Álvaro.
O medo do estigma da doença
mental por parte do paciente, dos familiares e do grupo social traz a negação da doença e o retardo na busca de
ajuda especializada. “O preconceito
só faz o quadro de depressão piorar,
o que torna o tratamento mais difícil
e demorado”, diz Álvaro. Depressão
precisa ser tratada com medicamentos. E estes têm evoluído ao longo
dos anos e atuado no organismo de
maneira mais eficaz e segura, com
diminuição significativa dos efeitos
adversos, entre eles sonolência diminuída e pouca interferência no peso
e na libido. Um exemplo é o Pristiq
(desvenlafaxina), que age como um
inibidor de recaptação da serotonina
(5-HT) e da norepinefrina (NE), substâncias do sistema nervoso que são
diretamente relacionadas ao mecanismo da depressão.
Aliada ao tratamento medicamentoso, além da psicoterapia, está a
prática de atividades físicas, pois libera endorfina, substância que causa
sensação de alegria e bem-estar. Isso
acontece porque o cérebro de uma
pessoa diagnosticada com depressão
apresenta alterações químicas que
precisam ser equilibradas, especialmente no sistema nervoso, responsável pelos níveis de humor, alegria,
tristeza, energia e interesse. B
O preconceito só faz o
quadro de depressão piorar,
o que torna o tratamento
mais difícil e demorado
55 ∞ Mercado Fevereiro 2011
MSaúde
Para os recém- nascidos, uma dose única de vitamina A via oral pode reduzir
em 15% o risco de morte
Vitamina A
Ela pode ajudar a prevenir mortes e doenças em crianças de 6 meses
a 5 anos de idade
P
esquisa comprova que
uma dose única de vitamina A oral dada a uma
criança que acaba de nascer pode reduzir o risco
de morte em 15%. O estudo envolveu
aproximadamente 16 mil recém-nascidos de comunidades rurais no noroeste de Bangladesh, na Ásia, onde
metade dos bebês avaliados recebeu
uma dose única de vitamina A, enquanto os demais receberam placebo. Ao final, foi verificado que a taxa
de mortalidade para o grupo que
recebeu a dose ficou em 38 crianças
mortas a cada mil nascidos, enquanto no outro grupo a proporção foi de
um pouco mais de 45 mortes por mil.
De acordo com a Dra. Natasha
Slhessarenko (CRM-2909), da DASA
- maior empresa de medicina diagnóstica da América Latina e a quarta
Mercado Fevereiro 2011 ∞ 56
maior do mundo -, esse resultado pode
contribuir de forma significativa para
a redução da mortalidade infantil em
áreas onde a desnutrição está presente e em locais com maiores taxas de
mortalidade infantil por desnutrição e
pelas doenças a ela relacionadas, como
acontece nessas comunidades da pesquisa. “Esse estudo confirma que uma
intervenção de baixo custo, como a
ingestão da vitamina A, pode contribuir de forma significativa para reduzir
a mortalidade em crianças com idade
entre 6 meses a 5 anos nessas áreas de
risco. Se associada ao acompanhamento clínico e laboratorial, esse número
pode ser ainda maior”, destaca.
A médica explica que o exame clínico e o simples fato de medir, pesar e
acompanhar o crescimento da criança
é a principal arma para a detecção de
risco da desnutrição, e lembra que, no
Brasil, o trabalho da Pastoral da Criança, fundada pela Dra. Zilda Arns, já pratica há anos o combate à desnutrição,
atuando em áreas de risco no país. Para
ela, esse e outros trabalhos fomentam
a diminuição da desnutrição nas crianças brasileiras. Fato comprovado por
um estudo divulgado pelo Ministério
da Saúde, no fim do ano passado, que
mostrou que o Brasil conseguiu reduzir
a taxa de desnutrição infantil, atingindo a meta estipulada pela ONU (Organização das Nações Unidas). O levantamento apontou que a desnutrição
aguda (baixo peso para a idade) caiu
de 7,1% para 1,8% de 1989 a 2006. Em
relação à desnutrição crônica (baixa
altura para a idade), a diminuição foi
mais drástica, de 19,6% para 6,8% no
mesmo período.
Mesmo assim, hoje ainda morrem
aproximadamente 20 crianças de até
Foto: Divulgação
preciso estar atento às vacinas indicadas para os primeiros meses e anos de
vida. Além disso, a criança precisa ser
submetida a acompanhamento médico
e realizar os exames previstos para as
idades previstas”, aconselha.
Reforço com alimentação
A Dra. Natasha Slhessarenko acredita que o
resultado da pesquisa pode contribuir de forma
significativa para a redução da mortalidade
infantil onde a desnutrição esteja presente
cinco anos para cada mil nascidas vivas. “É um número alto que precisa de
atenção especial”, comenta a médica.
Vale lembrar que no Nordeste o número de crianças desnutridas é quatro vezes maior do que na Região Sul.
O pior índice está em Alagoas, onde a
desnutrição atinge 7% dos meninos e
meninas com menos de dois anos de
idade. O Distrito Federal tem o melhor
resultado, com apenas 0,7% de crianças
desnutridas nessa idade.
Ainda sobre a vitamina A, a Dra. Natasha lembra que, com a ingestão desta,
uma morte pode ser evitada para cada
45 crianças que receberam a suplementação. “O motivo é simples: essa vitamina reduz a gravidade das infecções,
como a infecção respiratória aguda e
diarréia, mantém a saúde da visão e
dos olhos e é fundamental para o crescimento saudável das crianças. Mas é
bom lembrar que essa ingestão deve ser
feita com um indicativo do médico, que
saberá a dose adequada a ser ingerida,
pois o excesso dessa vitamina pode ser
tóxico ao organismo”, ressalta.
A médica disse que existem também
outros exames recomendados para a
detecção da desnutrição, anemia ou
outros fatos correlatos que podem
ajudar a diminuir o risco de morte in-
fantil. “Além da ingestão de vitamina A
recomendada para as crianças e para
as mães que estão amamentando, é
Exames mostram quando as
crianças estão desnutridas
Proteínas totais e albumina sérica;
Hemoglobina e hematócrito baixos;
Ácidos graxos livres séricos;
Relação plasmática entre aminoácidos não essenciais;
Eletrólitos: aumento do sódio e
redução do potássio e fósforo
(intracelular);
Ferro sérico e ferritina, entre outros.
Além das doses de vitamina A,
recomendadas por médicos - e só
assim deve ser - como complemento nutricional, existem alimentos
que podem ser incluídos na alimentação das crianças que são ricos
nesse tipo de vitamina. São eles:
espinafre, brócolis, couve galega,
acelga suíça, nabo, repolho crespo,
cenoura, batata-doce, polpa da laranja, abóbora, tomates, damasco,
melancia e melão. B
No Brasil, hoje ainda
morrem aproximadamente
20 crianças de até cinco
anos para cada mil
nascidas vivas
57 ∞ Mercado Fevereiro 2011
Foto: Divulgação
MEstética
Quem envelhece mais cedo?
DA Redação
E
nvelhecer é um processo natural e inevitável. As marcas
deixadas na pele e
no organismo estão
associadas à herança genética e a
fatores externos, como exposição
solar, tabagismo, má alimentação,
entre outros pontos que acabam
afetando a beleza. De acordo com
a cirurgiã plástica Dra. Cristina
Pires Camargo, não é mito que a
pele branca é a mais propensa a
apresentar sinais de envelhecimento, como rugas e sulcos (flacidez da maçã do rosto), se comparada às demais etnias, como a
negra e a asiática.
“A pele branca é menos preparada para suportar as agressões
do sol, tendo mais predisposição
ao fotoenvelhecimento. Já a melanina contida na pele negra é difeMercado Fevereiro 2011 ∞ 58
rente das demais raças no que se
refere à qualidade e à quantidade,
podendo ser considerada um dos
fatores que protegem a pele contra
as agressões do meio ambiente”,
explica a médica.
Já a pele do asiático, assim
como a de mulatos, apresenta fototipos mais altos, segundo a classificação (abaixo) feita pelo médico
americano Dr. Thomas Fitzpatrick,
da Escola de Medicina de Harvard.
Além disso, esses tipos de pele têm
o aumento da pigmentação natural, que protege a camada cutânea
diante de inúmeras inflamações. O
estudo determinou um tipo de classificação para cada tipo de pele,
baseado na quantidade de melanina existente na pele e nos cabelos
e conforme a reação da pele à irradiação ultravioleta.
Estudo do Dr. Fitzpatrick
Pele muito clara: sempre queima, nunca bronzeia
Pele clara: sempre queima e, algumas vezes, bronzeia
Pele menos clara: algumas vezes queima e sempre bronzeia
Pele morena clara: raramente queima e sempre bronzeia
Pele morena escura: nunca queima e sempre bronzeia
Pele negra: nunca queima, sempre bronzeia
Tratamento
Da mesma maneira que os tipos
de pele reagem de formas diferentes
à exposição solar, as áreas que serão
tratadas devem ser distintas e individualizadas, de acordo com a Dra.
Cristina. “Para amenizar as rugas da
pele branca é recomendada a aplica-
ção de toxina botulínica tipo A e o
preenchimento com ácido hialurônico para melhorar os sulcos, além
de outros tratamentos. Já para a pele
asiática, é indicada a toxina botulínica para corrigir os pés de galinha e
aumentar a abertura dos olhos, além
do preenchimento para os lábios e
maçã do rosto”, assinala a médica.
Raça/Características
Raça/terços faciais
A pele negra necessita de tratamento especial na região entre as
sobrancelhas, com a aplicação de toxina botulínica, preenchimento e até
cirurgia. “O tratamento do sulco que
marca demais a face negra pode ser
feito com preenchimento com ácido
hialurônico na região malar e nos
sulcos”, finaliza a cirurgiã. B
Pele
Estrutura marcante
Branca
Propensão às manchas é
de pouca à moderada. A
espessura varia de fina à
grossa
Nariz e região malar
Negra
Mancha moderadamente
e tem espessura grossa
Lábios
Asiática
Mancha facilmente e tem
espessura moderada
Região malar e lábios
Superior
Médio
Inferior
Branca
Rugas - de moderadas à
grande intensidade
Queda de estruturas da
face (maçãs do rosto),
sulco nasogeniano
profundo
Queda de estruturas
da face, bigode chinês,
excesso de pele na
mandíbula
Negra
Rugas profundas na
região entre as sobrancelhas
Sulco nasogeniano
profundo. Essa região
tem aspecto de
envelhecimento mais
acentuado
Discreta queda de estruturas da face, bigode
chinês, excesso de pele
na mandíbula
Asiática
Rugas discretas na região
dos pés de galinha. Os olhos ficam menores pela
queda da pele na região
palpebral
Manchas por
fotoenvelhecimento,
lábios “murcham”, perfil
fica plano
Discreta queda de estruturas da face, bigode
chinês, excesso de pele
na mandíbula
Fonte: Carruthers,JD,Glogau,RG et als.Plastic Reconstruct Surg:121(5) suppl:5S- 30S.2008
MEstética
A cantora Madonna é um caso típico de pessoa que fez do diastema marca
registrada e fator de charme
Diastema: charme ou defeito?
DA Redação
H
á aqueles que se incomodam com ele e outros que o consideram
um charme: é o diastema, característico espaço entre os dentes. No passado, já
foi considerado sinônimo de riqueza
e se tornou muito popular por ser
marca registrada de celebridades
como Madonna, Brigitte Bardot, dos
jogadores de futebol Ronaldo e Dentinho, além do personagem de desenho animado Bob Esponja.
Para aqueles que utilizam o diastema com um fator de encanto, o
caso está resolvido! Mas para quem
se sente desconfortável e incomodado com o espaço entre os dentes, a
odontologia afirma que é possível o
sorriso perfeito. Depois de uma correta avaliação, o dentista indicará o
tratamento ideal para cada caso.
Mercado Fevereiro 2011 ∞ 60
Entre as alternativas de tratamento, podem ser indicados aparelhos ortodônticos, restaurações
em resina fotopolimerizável, facetas, próteses de porcelana ou até
mesmo uma intervenção cirúrgica,
quando a correção do diastema
exigir a retirada do excesso do
freio labial.
“São raros os casos em que o
diastema afeta a saúde bucal, porém
ele pode decorrer de problemas de
postura lingual, isso acontece quando a língua empurra os dentes e normalmente é progressivo, isto é, piora com o passar do tempo, podendo
também provocar problemas mastigatórios e fonéticos. Nesses casos, o
tratamento é feito por um dentista e
um fonoaudiólogo”, explica o odontologista e doutor em Prótese Dentária Fernando da Cunha Ribeiro. B
Foto: Valter de Paula
MEspecial Mulher
Rosmari Cima: mais de 300 pessoas sob o seu comando, a maioria homens,
e a responsabilidade da administração de obras em várias cidades, incluindo,
Uberlândia, Belo Horizonte e Brasília
Mulher no “batente”
POR Evaldo Pighini
Com a proximidade do Dia Internacional da Mulher, 8 de março,
torna-se relevante lembrar-se de exemplos de mulheres que
assumiram os negócios ou que trabalham em segmentos tipicamente
masculinos e fizeram a diferença
M
ulher
passando
em frente a uma
obra é alvoroço
na certa. A cena já
se tornou comum
e faz com que muitas desviem
de suas rotas, a fim de evitar os
engraçadinhos. A coisa muda de
figura, porém, quando quem está
Mercado Fevereiro 2011 ∞ 62
no comando dos funcionários é
justamente uma mulher, jovem
e bonita. Há ainda casos em que
as mulheres estão literalmente
do lado de dentro da construção,
com a mão na massa, situação
esta que tem se tornado cada vez
mais comum.
Entre as que estão no comando,
tem o caso da arquiteta Rosmari
Cima, que administra em Uberlândia a filial Cima Engenharia.
Rosmari entrou para a construção
civil em 1990, aos 30 anos, após
ter por alguns bons anos acompanhado marido e filhos. Hoje, sob o
seu comando, no escritório ou em
obras da empresa, espalhadas por
cidades como Uberlândia, Ituiutaba, Catalão, Belo Horizonte e
Brasília, trabalham cerca de 300
pessoas, a maioria homens.
Entretanto, quando perguntada se vive ou já viveu preconceitos por ser uma mulher ocupando
cargo de comando num ambiente
relativamente masculino, Rosmari é categórica ao afirmar que
os obstáculos encontrados até
hoje são bem menores do que se
imagina. “Até hoje, em mais de
20 anos na construção, sempre
tive o respeito dos funcionários,
principalmente nos canteiros das
obras”, destaca a empresária. Ela
garante nunca ter vivido casos de
rejeição ou de insubordinação e
acredita que muito que se fala
da relação mulher/chefe e
homem/subordinado é lenda,
coisa que está mais na cabeça
das pessoas do que na prática
propriamente dita.
Oportunamente, Rosmari
aproveita para dar um recado às mulheres que pensam o
contrário: “Em muitos dos casos onde há insubordinação,
desrespeito ou até agressões
no relacionamento entre homens e mulheres, o principal
problema reside no fato daquela mulher que se deixa sub-
Foto: Arquivo
jugar, que não se impõe e que não
demarca o seu espaço”, afirma.
Outro caso muito semelhante
ao de Rosmari é o de Luciana Castro, diretora da Construtora Carrara, empresa paulista. Formada
em administração de empresas,
ela se juntou a seu irmão, o engenheiro civil Rodrigo Castro, em
2006, quando assumiu a direção
administrativa da construtora.
Atualmente, ela comanda a execução de seis empreendimentos.
Do uniforme confortável da equipe à implementação de softwares,
como o CRM (que faz o gerencia-
mento de relacionamento com
o cliente), ao trabalho de desenvolvimento das equipes, ao novo
manual de direitos e deveres dos
funcionários e outros. A executiva conta que todo dia enfrenta
várias batalhas para ter o respeito
das pessoas. “Eu gosto de desafios”, revela. Um detalhe, ela faz
questão de solicitar pessoalmente
aos seus funcionários de obra que
não perturbem com gracejos a outras mulheres que passarem pela
construção. Eles levam a sério e
respeitam.
Exemplos como o de Rosmari,
Luciana e tantas outras mais
estão se tornando cada vez
mais comuns nas corporações, na política
e outros meios mais.
É claro que há muito
para ser conquistado,
muitos tabus precisam
ser quebrados. Entretanto, 2011 começa
com uma mulher, Dilma Rousseff, à frente
do Brasil. Um prenúncio de que muitas portas serão abertas para
que outras brasileiras
também possam assumir cargos antes tipicamente masculinos. A
Luciana Castro, à
frente da Construtora
Carrara desde 2006,
mostra a eficiência da
gestão feminina na
construção civil. Ela é
mais um exemplo da
mulher que pega no
“batente” sem perder
a essência feminina
63 ∞ Mercado Fevereiro 2011
MEspecial Mulher
Data para comemorar
Quando mal utilizada, as emoções
se transformam em sofrimento,
a sensibilidade em fragilidade, a
energia sexual em carência por um
parceiro, a vontade de aprender
em insegurança, a flexibilidade em
submissão, a comunicabilidade
em dispersão.
A mulher não tem feito tão mal
uso destes talentos, senão não seria tão bem sucedida como é hoje
em dia. Mas ela pode aprender a se
conhecer melhor, viver baseada em
seus talentos e aprender sobre seus
reais direitos essenciais.
Alguns segredos e dicas para tornar
a vida mais feminina e prazerosa:
Em comemoração ao Dia Internacional das Mulheres, a Escola do
Feminino de Belo Horizonte (www.
escoladofeminino.com.br) preparou
em várias cidades do Brasil uma programação especial para abraçar e
apoiar as causas da mulher que além
de moderna é feminina. Para isso,
apresenta os talentos da essência
da mulher e revela alguns segredos
para tornar a vida mais prazerosa.
Alguns talentos da essência feminina:
• Flexibilidade - permite à mulher
se adaptar rapidamente a um mundo em grande transformação;
• Comunicabilidade - num mundo
onde tudo se constrói através de
contatos e boa comunicação;
•Alta dose de energia sexual - energia sexual é a energia
de vida, que permite uma pessoa criar, realizar e atrair não só
um parceiro, mas oportunidades
(como a mulher agora pode optar
por ter poucos filhos, sobra-lhe
uma enorme quantidade de energia sexual para usar para suas reMercado Fevereiro 2011 ∞ 64
alizações pessoais e brilhar;
• Criatividade - a mulher pode
criar novos trabalhos e soluções
nestes tempos onde as velhas estruturas sociais e profissionais estão ruindo;
• Capacidade e humildade para
aprender. A mulher, não importa
que idade tenha, está sempre aberta a aprender;
•Potencial Emocional - não
tem nada mais contagiante do
que as emoções, elas ajudam a
mulher a liderar e a ter motivação para realizar;
• Sensibilidade (sexto sentido) que permite à mulher pressentir
aquilo que ainda não se tornou explícito. Ela pode sentir quando um
filho está com problemas, quando
um negócio não irá dar certo, quando terá problemas com uma pessoa. Pode ao mesmo tempo sentir
e ser empática com as alegrias e
sofrimentos das outras pessoas.
Quando a mulher utiliza este seu
potencial de forma inadequada,
alguns desajustes podem surgir.
• Transforme suas emoções em
suas aliadas. A dança ajuda a ter
emoções elevadas. Pratique, também, a terapia do riso;
• Mantenha seu corpo saudável,
flexível, sensual, assim, terá vitalidade, magnetismo e a possibilidade de vencer no seu dia a dia com
mais astúcia e sem sofrimento. O
Yoga para mulheres e as danças
sensuais, desenvolvidas na Escola
do Feminino, colaboram no processo do desabrochar da mulher;
•Evite, na vida profissional, os
trabalhos mecânicos, rotineiros.
Dê preferência às áreas criativas. Trabalhe em áreas onde
pode ver diretamente os resultados positivos que seus esforços
profissionais produzem na vida
das pessoas;
•Conheça que tipo de mulher é
você. Nem todas as mulheres
estão destinadas ao casamento
e à maternidade. Da mesma forma que nem todas as mulheres
estão destinadas ao mundo profissional. A mulher pode desempenhar muitos papéis e deve escolher livremente. Descubra sua
singularidade;
•Desenvolva e aprenda a usar
sua sensualidade, a escolher,
atrair e manter o melhor parceiro. Não se contente apenas em
ser escolhida, não se contente com um homem ‘fraco’ por
medo de ficar sozinha. B
MTurismo
Descubra Montego Bay
DA Redação
Apesar da localização no centro do Mar do Caribe, a
Jamaica é diferente de outros arquipélagos caribenhos
e tem em Mo Bay o seu principal destino turístico
Mercado Fevereiro 2011 ∞ 66
Montego Bay é a segunda cidade da Jamaica, tanto
em tamanho como em importância, e é, de fato, a
capital turística da ilha. Abriga a maior parte dos hotéis do país, muitas facilidades em transporte e muitas atrações. É um centro de recreação cosmopolita,
oferecendo uma grande variedade de escolhas de
lazer. É um excelente lugar para os amantes de esportes, pois há grandes oportunidades para a prática
de quase todos os tipos de esportes aquáticos.
“Mo Bay”, como é chamada pelos habitantes locais,
é a capital da Freguesia de St. James e tem um aeroporto internacional. O turismo na região começou
em 1934, quando seu primeiro hotel foi construído.
Segundo a história, Cristovão Colombo foi o primeiro visitante europeu de Mo Bay, em 1494. Fez amigos entre os nativos e chamou a baía de “Golfo do
Bom Tempo”. Em 1510, os espanhóis começaram
a colonizar a região e mudaram o nome dado por
Colombo para “Baía de Manteca”, devido à grande quantidade de banha de porco que exportavam
para suas colônias na América do Sul e nas Índias
Ocidentais, o que era possível devido à abundância
de porcos do mato e javalis que eram caçados nas
montanhas próximas. A
67 ∞ Mercado Fevereiro 2011
MTurismo
Vista áerea: em Mo Bay as imagens parecem até surreais
Mo Bay era uma cidade de banana e açúcar, mas
as fábricas de açúcar foram fechando aos poucos,
e atualmente as bananas são exportadas através de
outros portos do país; portanto, a imagem típica das
mulheres carregando bananas na cabeça e cantando, tão característica de Mo Bay, é coisa do passado!
Doctor’s Cave
Turismo - Os primeiros turistas vinham de todas as
partes do mundo a Mo Bay para experimentar as
águas da praia Doctor’s Cave, que diziam que curava todas as doenças. Dizem que a praia é alimentada por fontes minerais e sua água é incrivelmente
clara e cristalina.
Atualmente a praia continua a ser muito popular e
a cidade cresceu a ponto de se tornar o principal
destino turístico do país.
Mais recentemente, outros clubes de praia foram
abertos na área, cada um deles com suas próprias características, diferentes e especiais. Alguns
exemplos: Walter Fletcher Beach é bem próximo à
avenida principal; Cornwall Beach é próximo à praia
Doctor´s Cave; Tropical Beach foi recentemente
inaugurado a leste do aeroporto, oferecendo uma
enorme variedade de esportes aquáticos e é um
lugar ideal para muitas diversões; Rose Hall Beach
fica um pouco mais distante da cidade.
Shopping Center de Mo Bay
O mais novo e elegante Shopping Center de Mo Bay
fica na vila Half Moon. Abriga 36 lojas diferentes, tais
como belas e caras lojas de roupas, lojas de souvenir, farmácia, galeria de arte, cabeleireiro, tabacaria e
joalheria, entre outras, além da danceteria The Bob
Marley Experience.
A arquitetura da cidade é uma mistura de casas de madeira do século passado com construções modernas.
A elegante igreja St. James Parish, fundada em 1775,
contém muitos monumentos valiosos construídos
pelos ricos barões do açúcar. A igreja possui também um antigo órgão e muitos vitrais belíssimos.
Rose Hall Beach
A cidade de Montego Bay é dividida, claramente,
em partes distintas: há a cidade propriamente dita,
com suas ruas movimentadas e bastante cheias,
há a “área dos hotéis”, que se estende numa faixa
através da cidade, e há ainda uma área mais afastada com vilas e hotéis nas praias e colinas. As ruas
são muito coloridas, agitadas e estão sempre muito
cheias. O povo do campo está sempre na cidade
para visitar os mercados, lojas e bancos, além dos
hóspedes dos hotéis e dos navios de cruzeiro que
também estão sempre passeando pelas lojas de artesanato e mercados atrás de lembrancinhas para
levar para casa.
É uma cidade barulhenta, confusa, desarrumada,
mas é, sem dúvida, uma delícia conviver com o vivo
charme caribenho...
Fazer compras é, provavelmente, o esporte mais
popular de todos e pode ser “praticado” na Rua
Harbour, onde fica o excelente Mercado de Artesanato. Lá podem ser encontrados artigos de palha,
batik, esculturas de madeira, etc. Bem próximas,
muitas lojas abarrotadas de mercadorias vendem
de tudo: de lãs escocesas e perfumes até charutos,
licores, rum, porcelanas e cristais.
St. James Parish
Em frente à igreja e construído em 1765, fica o
restaurante Town House, que mantém seu antigo
charme no coração da moderna cidade. A construção de tijolos vermelhos e com dois andares é um
exemplo típico e bem preservado da arquitetura
georgiana do século XVIII. Há mais de 25 anos o
restaurante tem sido um dos mais populares, tanto
para almoço como para jantar, e já recebeu muita
gente famosa: artistas de cinema, políticos, etc. O
restaurante é também conhecido pela bela coleção
de arte local exposta em suas paredes.
A história também ainda vive nas fazendas (Casas
Grandes) que pontilham o campo.
A mais famosa delas é a fazenda Rose Hall, uma antiga fazenda de açúcar, onde se destaca a grandeza
da mansão construída no século XVIII, rodeada de
lindos jardins e com vista para o mar do Caribe. A
69 ∞ Mercado Fevereiro 2011
MTurismo
Rose Hall
Diz a lenda que a casa é assombrada pelo fantasma
da famosa Annie Palmer, chamada “bruxa branca”,
que matou três maridos e acabou assassinada por
um escravo, que era seu amante.
Depois de sua morte, em 1831, a casa foi abandonada. Anos depois foi comprada e restaurada,
recebendo de volta seu esplendor arquitetônico e
decorativo, com móveis de época.
A fazenda Greenwood, construída há mais de dois
séculos, é outra linda e restaurada lembrança dos
dias em que o açúcar era “rei” e abriga uma bela
Greenwood
coleção de instrumentos musicais. Diz a lenda que
a casa possui dois fantasmas que já foram fotografados: um dos fantasmas é de uma antiga escrava
e o outro é simplesmente conhecido como a dama
de cinzento.
Uma visita imperdível é o Parque Marinho de Montego Bay, uma grande área de mar e praia e o primeiro parque nacional criado na Jamaica para proteger sua maravilhosa vida marinha - peixes, corais,
tartarugas - e suas incríveis florestas tropicais submersas, habitats de recifes de corais e algas marinhas. Uma excelente oportunidade para explorar o
esplendor natural da área.
É possível também explorar o maravilhoso mundo
submerso, uma linda vista panorâmica do mundo
submarino com seus recifes de corais coloridos,
exóticos peixes tropicais e outros seres marinhos
a bordo de um moderno semissubmarino chamado “Coral See”, cuja cabine tem ar condicionado. O
passeio é guiado por experientes marinheiros e é
uma aventura inesquecível...
O parque é aberto para todos e é dividido em zonas
onde diferentes atividades (vários esportes aquáticos, pesca, scuba dive e snorkeling) são permitidas
ou proibidas, dependendo do local.
Há também o famoso Píer One, com várias lojas,
restaurantes e marina, de onde partem vários passeios de barco.
Rocklands
Os amantes da natureza e dos pássaros devem fazer uma visita à Estação de Alimentação Rocklands,
em Anchovy, a apenas alguns minutos de Montego Bay. Pássaros da região se alimentam em horas
marcadas no local há quase meio século. O horário
da alimentação é às 16h e é interessante que os
visitantes cheguem um pouco antes, para que possam apreciar o momento. É uma experiência única
ter beija-flores de todas as espécies (pássaro nacional da Jamaica) empoleirados no dedo para se alimentar ou beber água... Um pouco depois das 16h,
dezenas de outras espécies de pássaros chegam,
aos bandos, para sua refeição da tarde.
Dentre os muitos restaurantes e bares de Montego Bay, um se destaca dos demais: o Margaritaville Montego Bay. Considerado o local ideal para as
festas de Mo Bay, o Margaritaville é perfeito para
quem procura diversão e entretenimento, uma atmosfera cheia de vida e boa comida e bebida. Inaugurado em janeiro de 1996, com o objetivo de atrair
tanto os turistas como os moradores locais, o local
é, atualmente, uma visita imperdível para ambos.
Margaritaville
Para ver Montego Bay sob outra perspectiva, o ideal é ir pelo mar. Um grande número de companhias
oferece cruzeiros na baía com paradas para almoço e snorkeling. Cruzeiros ao anoitecer também
são muito populares. Existe modo melhor para ver
o pôr do sol do que bebendo um drink de rum no
deck de um iate?
Com uma atraente vida de praia, pessoas animadas
e magníficos cenários compostos pelas colinas verdes com plantações de cana-de-açúcar e banana,
Mo Bay é uma cidade realmente charmosa e totalmente devotada à “indústria da felicidade”. O que
mais se pode querer?
Mo Bay: “indústria da felicidade”
Dica do editor
Montego Bay ficou famosa por ser o porto principal
dos cruzeiros turísticos e, claro, por seus hotéis de
altíssimo luxo, como o Ritz-Carlton. Seu principal
ícone é a “Hip Strip”, lotada de shoppings, restaurantes, clubes noturnos, campos de golfe e lendárias mansões. A
Ritz-Carlton
MTurismo
Mas apesar de tantos atrativos, indo a Mo Bay, não
deixe de visitar o Blue Lagoon. Nesse lugar, as mulheres podem assumir o papel de Brooke Shields no
filme “A Lagoa Azul” para conhecer essa maravilha
da natureza. Lá a atriz nadou nua. A piscina natural
rodeada por um anfiteatro tem profundidade de 56
metros e, dizem, poder afrodisíaco.
Por fim, como a Jamaica é a terra do lendário Bob
Marley, não se deve ir até lá sem visitar o Bob Marley Experience & Theatre (Half Moon Shopping,
Village Rose Hall). O complexo de compras e entretenimento que fica em Mo Bay tem um teatro
exclusivo para fãs do cantor, onde eles assistem a
um filme sobre sua vida e obra e, depois, visitam a
loja que vende uma coleção de camisetas, discos e
souvenires de Marley.
Blue Lagoon
Outra boa opção é Treasure Beach, para quem está
cansado de agitação. Mas vá sem demora para
essa praia na seca e ensolarada Costa Sul. O mar
é agitado, o que torna o banho perigoso, mas as
ondas são perfeitas para o surfe. É um dos locais
mais desertos da Jamaica.
O lendário Bob Marley
Aeroporto e traslados
Treasure Beach
Mercado Fevereiro 2011 ∞ 72
O Aeroporto Internacional Donald Sangster fica
a apenas três quilômetros do centro de Montego
Bay. Turistas hospedados em Negril ou Ocho Rios
também descem neste terminal. Vans dos hotéis e
táxis levam para a cidade.
Aeroporto Internacional de Mo Bay
Dirigindo na Jamaica - É recomendável ter
a Carteira Internacional de Habilitação. Dirija
do lado esquerdo da via.
Transporte urbano - O sistema de trans-
porte público jamaicano é limitado. Mas ônibus e táxis ligam quase todas as vilas. Para
quem planeja viajar por conta própria, um
carro é indispensável. B
Informações úteis sobre Montego Bay
Moeda
dólar jamaicano
Idioma
inglês
Horários comerciais
Bancos: de segunda a quinta, das 9 às 14h; sextas, das 9 às 16h, comércio: de segunda a sexta, das 8h30 às 16h30; sábados, das 8 às 13h
Saúde
nenhuma vacina é compulsória
Cremes hidratantes
Irritações, alergias e acne cosmética.
Mais informações
http://www.visitjamaica.com (Escritório de Turismo da Jamaica)
73 ∞ Mercado Fevereiro 2011
MVeículos
Mitsubishi ASX já
está à venda em
Uberlândia
DA Redação
O novo carro, que traz o conceito 4x4 para a cidade,
já figura na lista dos melhores lançamentos do ano
A
grande
aposta
da
Mitsubishi num dos
segmentos que mais
cresce no mercado
brasileiro, os crossovers, chega à Uberlândia atendendo
pelo nome de ASX - sigla de Active
Smart Xover (ou “crossover ativo e
esperto”). Apresentado no 26º Salão Internacional do Automóvel de
São Paulo (no segundo semestre do
ano passado), o ASX tem tudo para
Mercado Fevereiro 2011 ∞ 74
conquistar o mercado ao ampliar o
conceito 4x4 da terra para a cidade,
o que deve ser facilitado pelo seu
envolvente visual, conforto e preço
atrativo. O veículo já está disponível
na revendedora autorizada Mitsubishi - a Maqnelson -, inclusive para
test drive.
Diferenciado em qualquer tipo de
piso, molhado ou escorregadio, além
das curvas sinuosas, o ASX garante
praticidade para vencer os obstácu-
los nos grandes centros. O veículo é
um 4x4 urbano, tem controle de estabilidade e tração, além do sistema
full air bags com air bag duplo frontal, de cortina, lateral e para o joelho
do motorista.
A Mitsubishi traz no ASX AWD
o que há de mais moderno: desde
Comfort Pack (sensores automáticos de luz, chuva e estacionamento),
teto de vidro Sky View (item opcional) e bancos revestidos de couro
com aquecimento para o motorista
e passageiro dianteiro até Paddle
Shifters, para você trocar de marcha
com conforto e esportividade.
Ele chega nas versões com câmbio manual de cinco marchas 4x2,
duas versões automáticas CVT de
seis velocidades, uma 4x2 e outra
4x4. Todas estão equipadas com motor 2.0 16V com comando variável
e injeção direta de 160 cavalos. “O
ASX possui o porte ideal para quem
precisa encarar os desafios da cidade com desempenho e esportividade. Versátil e moderno, confortável e
robusto, compacto e espaçoso, mas
acima de tudo “urbano”. É assim que
o Mitsubishi ASX se prepara para
invadir as ruas”, diz Franciele Drummond, responsável pela área de marketing da Maqnelson Mitsubishi.
O modelo será vendido na faixa
de R$ 80 mil a R$ 100 mil, preços que
variam de acordo com a versão. Em
2012 ele passa a ser produzido em
Catalão (GO), o que o tornará um
estrangeiro que chega em busca de
cidadania brasileira.
Primeira impressão - O modelo com o qual a revista MERCADO
teve contato, na apresentação à
imprensa, não é o modelo top de
linha, ainda assim impressiona pela
aparência, marcada por linhas que
remetem à esportividade, muito por
causa de sua grade dianteira que
mais parece uma grande boca aberta, chamada pela marca de jetfighter,
e também pela linha de cintura alta e
os faróis agressivos.
Por dentro, os 2,67 metros de entre-eixos garantem bom espaço interno como o de um sedã médio, apesar
do comprimento relativamente curto
de 4,30 metros, além do que, em primeiro momento, existe a sensação de
que o teto baixo pode causar algum
desconforto aos passageiros que viajam atrás, mas não chega a incomodar alguém com até 1,90 metro. Por
outro lado, atrás do volante, que conta com ajuste de altura e distância, é
fácil encontrar a melhor posição para
dirigir, tarefa facilitada pela regulagem elétrica dos bancos.
Apesar de nosso contato com o
carro ter sido limitado, portanto insuficiente para avaliar desempenho,
consumo e aceleração, ele transmitiu firmeza nas curvas e boas respostas ao acelerador.
Em princípio o ASX se apresenta
como uma boa compra, se comparado aos seus principais concorrentes:
Tucson e ix35, ambos da Hyundai, e
o Honda CR-V, além do Suzuki Grand
Vitara, este com um perfil mais voltado para fora da estrada, o que não
é o caso do crossover da Mitsubishi,
que chega para ser urbano. B
MVeículos
A Peugeot lança
o 408 no Brasil
Foto: Divulgação
DA Redação
U
m carro grande, mas
bem resolvido, de
bom gosto. À frente,
os códigos característicos da marca
francesa: faróis alongados que invadem o capô. O 408 carrega o novo
emblema da Peugeot entre as luzes
dianteiras. É o primeiro veículo a ostentar a nova imagem da montadora
na América do Sul.
Mercado Fevereiro 2011 ∞ 76
Na traseira, um spoiler discretamente integrado ao volume do porta-malas. A grade frontal, realçada
por lâminas horizontais cromadas,
em conjunto com a forma dos faróis de neblina, dá fluidez às linhas
do novo sedã, elementos que dão a
impressão de um alargamento visual do veículo. Ganho ressaltado pela
ausência de frisos nas laterais. Uma
linha suave percorre praticamente
toda a carroceria e converge da extremidade das lanternas traseiras
até o para-lamas dianteiro, junto a
outra linha inferior paralela à base.
O 408 tem comprimento de 4,69
metros, largura de 1,815 metro e um
entre-eixos de 2,71 metros. O amplo
porta-malas, com abertura pantográfica, tem acesso simples à carga, oferece uma capacidade de 526 litros,
um dos maiores do segmento.
Propulsor
A motorização 2.0 l Flex 16 V
tem potência máxima de 151 cv a
6.000 rpm (quando abastecido com
etanol) e um torque máximo de 22
mkgf a 4.000 rpm. Compacto e de
liga leve, o motor pode ser associado a um câmbio manual de cinco
marchas e possui o novo câmbio automático AT8.
E a partir do segundo semestre,
a Peugeot irá disponibilizar também para a versão topo de gama
do modelo a opção do motor 1.6
l16V Turbo High Pressure, de 165
cavalos. Ele virá acoplado a uma
caixa automática sequencial de
seis velocidades.
O trem dianteiro é composto
por uma suspensão do tipo pseudo
MacPherson invertido, com barra
estabilizadora desacoplada, cuja
tecnologia propicia uma excelente
dirigibilidade e um bom nível de
filtragem das imperfeições do solo.
Contribuem para isso suas articulações flexíveis - coxins de borracha
- entre a suspensão e a longarina,
com alto conforto acústico no interior do veículo.
O trem traseiro, composto por
uma travessa deformável e uma barra estabilizadora integrada, assegura
um bom controle das vibrações e de
estabilidade, assim como um elevado nível de conforto para os passageiros do banco traseiro.
lado do porta-copos, um grande
espaço de arrumação com tapete antirruído;
• Os porta-objetos nas portas dianteiras
e traseiras oferecem um volume total
de 15 litros para manter ao alcance das
mãos mapas, guias e objetos variados.
• Nas portas dianteiras é possível colocar, em posição vertical, uma garrafa
de água de 1,5 litro;
• Na extremidade posterior do console, um cinzeiro com tampa basculante pode ser usado pelos passageiros traseiros;
• Um volume disponível no painel central pode acomodar diferentes objetos;
• Um apoio central para braços no banco traseiro abriga um espaço de arrumação fechado e dois porta-copos.
Foto: Divulgação
Suspensão
O que tem por dentro:
Estruturalmente, o 408 possui
uma excelente rigidez à torção, o
que permite um rendimento máximo
dos trens de rodagem.
• Porta-luvas refrigerado com capacidade de 10 litros, que pode alojar
uma garrafa de água de 1,5 litro;
• Na extremidade do console, ao
Preços:
• Allure (manual): R$ 59.500,00
• Allure (automático): R$ 64.500,00
• Feline (automático): R$ 74.900,00
• Griffe (automático): R$ 79.900,00
77 ∞ Mercado Fevereiro 2011
MVeículos
Passat CC R-Line chega
DA Redação
Modelo traz para o Brasil a grife esportiva
Volkswagen “R-Line”: motor 3,6 litros com 300
cv, transmissão DSG e tração integral garantem
desempenho e dirigibilidade
A
presentado ao público
brasileiro durante o
último Salão Internacional do Automóvel,
em outubro do ano
passado, o Passat CC R-Line está
chegando à rede de concessionárias
Volkswagen em todo o país. Esportivo na aparência e no comportamento, o sedã é o primeiro veículo
desenvolvido pela Volkswagen R
Gmbh - subsidiária da marca especializada no desenvolvimento de
modelos esportivos e exclusivos - a
Mercado Fevereiro 2011 ∞ 78
ser comercializado no Brasil.
O Passat CC é um dos carros mais
completos do mercado internacional, a versão R-Line oferece uma
série de itens exclusivos que reforçam seu caráter esportivo e proporcionam um visual ao mesmo tempo
imponente e agressivo.
O equipamento exterior inclui
rodas R-Line de liga tipo “Mallory”,
com pneus 235/40 e 18 polegadas,
que dão ao Passat CC um brilho
ainda mais esportivo. Também típicos do design R-Line são o spoiler
dianteiro e as saias laterais, pintados na cor do restante da carroceria. O pacote inclui lanternas traseiras escurecidas, sistema Park
Assist com câmera de ré e ACC Controle Automático de Velocidade e Distância.
O interior do CC R-Line inclui
como itens de série soleiras de portas personalizadas (as dianteiras
com o logotipo R-Line) e volante
esportivo de três raios com acabamento em couro e comandos multifuncionais, também com o logo
Fotos: Divulgação
ao mercado brasileiro
R-Line. Os bancos são revestidos
em couro e os dianteiros têm regulagem elétrica.
O Passat CC R-Line traz de série
todos os itens que já fazem parte
da versão normal do sedã esportivo, com o comando das trocas de
marchas por meio das teclas junto
ao volante ou seleção automática.
O display multifuncional indica a
ocorrência de eventuais inconvenientes, como a perda de pressão
dos pneus, e permite diversas visualizações e configurações. Seis air-
bags - dois dianteiros, dois laterais
para os bancos da frente e proteção
tipo “cortina” nas janelas laterais fazem parte do sistema de segurança do veículo.
O modelo tem também freio de
estacionamento eletrônico com
função “auto hold”, que mantém o
veículo estático, independentemente da inclinação do piso, enquanto
o pedal do acelerador não voltar
a ser pressionado (evitando que o
condutor tenha que manter o pedal do freio acionado em terreno
inclinado), sensor de chuva, acendimento automático dos faróis e
ACC - sistema que, além de manter
automaticamente a velocidade programada pelo motorista, mantém a
distância em relação ao veículo que
anda à sua frente - aumentando o
conforto e segurança ao trafegar
nas estradas.
O problema é que, com todos esses predicados, o preço do carro é
“salgado”. O Passat CC R-Line chega às concessionárias com preço
sugerido de R$ 189.130,00. B
79 ∞ Mercado Fevereiro 2011
MBazar
RIM anuncia lançamento
de dois tablets em 2011
Durante o Mobile World Congress (MWC) 2011, que aconteceu
de 14 a 17 de fevereiro em Barcelona (Espanha), a Research in Motion
(RIM) anunciou mais dois novos
modelos dos tablets BlackBerry
PlayBook. Um deles usará a tecnologia LTE e outro HSPA+.
Os novos produtos, que chegam
ao mercado norte-americado no
segundo semestre deste ano, se
juntam aos tablets da RIM apresentados na CES 2011, com tecnologia
Wi-Fi e Wi-Max.
Um dos principais desafios
da RIM é aumentar o número
de aplicativos, uma vez que o
sistema operacional usado no
PlayBook não está entre os mais
populares. Com isso, a empresa
precisa fazer um esforço extra
para atrair desenvolvedores.
Uma das ações divulgadas no dia
14 pela RIM foi que a empresa está
encabeçando um segundo BlackBerry Partners Fund, que destinará
US$ 150 milhões para investir em
start-ups com foco em computação
móvel. O programa tem abrangência internacional.
Além disso, rumores, anunciados na última semana, indicam que
a RIM estaria trabalhando em um
software que permitiria que seu sistema fosse compatível com os aplicativos para Android.
Outra novidade é a parceria
internacional com o Grupo Telefonica. A aliança permitirá que os
usuários paguem os aplicativos
baixados diretamente na conta telefônica, em vez de usar o cartão
de crédito.
Evolução sobre duas rodas
A nova calça Evolution masculina da Riffel reúne atributos
que proporcionam o que há de
mais avançado em termos de
conforto, design e segurança
para os motociclistas.
Concebida para ser usada em
viagens e passeios de fim de semana
em diferentes condições climáticas,
o versátil modelo possui um visual
robusto, que permite um alto grau
de customização ao usuário, seja
na escolha do número de bolsos, no
ajuste da altura da barra, no uso ou
não do suspensório, forro térmico
interno, bem como na regulagem da
entrada de ar.
Calça Evolution Riffel
Ficha Técnica
Materiais:
• Poliéster 600 De (resistente à
abrasão);
• Dynatech (refletivos para melhor
Mercado Fevereiro 2011 ∞ 80
visualização noturna);
fabric (áreas com tecido
flexível para maior mobilidade).
• Stretch
Especificações técnicas:
Reissa (impermeável e
respirável);
• Protetores rígidos internos;
• Dois bolsos laterais impermeáveis e removíveis;
• Duas entradas de ar frontais e
duas saídas traseiras;
• Forro térmico removível;
• Regulagem de altura da barra da
calça;
• Acompanha um suspensório removível.
• Película
Tamanhos:
S - M - L - XL - 2XL - 3XL - 4XL.
Preço sugerido:
R$ 520,00
Havaianas lança edição limitada
das sandálias Grafitti
“Os grafiteiros Finók, Chivitz e Minhau assinam,
juntos, a nova estampa da marca”
Sucesso absoluto de vendas, a Havaianas Grafitti acaba de ganhar uma
nova versão. Para celebrar este sucesso, os três artistas criaram uma quarta estampa com os característicos
elementos de seus grafites. A edição
chega limitada e exclusiva para exportação, lojas franqueadas, Espaço
Havaianas e fica à venda até maio.
O grafite é uma arte urbana que
busca inspiração e ideias - em geral nas grandes cidades metropolitanas.
Atualmente, vários grafiteiros renomados destacam-se pelos trabalhos
autênticos e artísticos, como é o caso
destes três paulistanos.
A sandália assinada por Finók tem
desenhos de rostos humanos e inter-
ferências geométricas que remetem
às arquiteturas das cidades. Como
resultado, uma obra aberta para que
cada um consiga interpretar de sua
própria forma. O grafiteiro Chivitz
traz em sua bagagem obras da cena
“underground” que retratam os estilos
de vida dos adeptos do skate, hip-hop
e tatuagem. Seus personagens criados especialmente para Havaianas
brincam entre si e dão vida e alegria
às sandálias em tons de roxo e rosa.
Amante de gatos, a autora de grafites
Minhau se destaca por seus traços
fortes e cores contrastantes. Sua inspiração vem dos murais paulistanos
dos anos 90 que são conhecidos pelo
grande número de grafiteiros que ocu-
pavam muros com suas letras. Para
Havaianas, o resultado é um modelo
que retrata sonhos e ideais em um visual colorido e caricato.
As sandálias Grafitti são encontrada nos tamanhos 33/4 a 45/6, a preço
sugerido e R$ 24,90.
Chega ao mercado o Mirage
Smart, novo celular da Multilaser
A Multilaser acaba de lançar no país
o Mirage Smart, um
celular completo que
reúne as características mais valorizadas
atualmente no mercado, como tecnologia dual sim quadriband, acesso rápido às redes sociais
(como Facebook, Twitter e MSN),
teclado tipo Qwerty (mesma disposição de teclas dos computadores),
TV, bluetooth, câmera digital e capacidade para filmar com qualidade de
imagem e som.
Disponível em duas belas opções
de cores - preto com detalhes em
vermelho, e branco - o lançamento é
também uma garantia de entretenimento completo: pode ser utilizado
para assistir vídeos, TV analógica e
ainda ouvir rádio FM ou músicas MP3
- tudo sem a necessidade de fone de
ouvido, já que o celular possui altofalante externo. Outros atrativos são
a tecnologia bluetooth, para compartilhar dados sem o uso de fios, e
a função Magic Voice, que permite
diferentes configurações de timbre
da voz para serem usadas durante a
ligação: femininas, masculinas, infantil, entre outras.
Homologado pela Anatel, o Mirage Smart vem desbloqueado, podendo receber dois chips telefônicos de
qualquer operadora. Quadriband,
funciona nas quatro frequências mais
utilizadas do GSM atualmente. O aparelho tem display LCD de 2” e capacidade para receber cartão micro SD
de até 2 GB para armazenar arquivos
de músicas ou imagens. Oferece ainda
as seguintes funções práticas: calculadora, gravador de
voz, envio de mensagens SMS e MMS,
relógio mundial e
alarme/despertador.
A novidade da Multilaser vem em
embalagem com manual em português, guia rápido de instruções, fone
de ouvido, cabo USB para uso no
computador, além de carregador e
bateria - ambos também homologados pela Anatel. O lançamento chega ao mercado com o preço médio
sugerido para o consumidor final de
R$ 299,00 - valor válido até o final de
março de 2011. (http://www.multilaser.com.br/atendimento_online.php)
81 ∞ Mercado Fevereiro 2011
MBazar
Sony VAIO com processador
e controlador gráfico num único chip
Apresentado durante a maior
feira de eletrônicos do mundo,
a CES (Consumer Electronics
Show) 2011, a Série Y (VPCYB15AB), da linha Sony VAIO,
chegou ao mercado brasileiro neste início de fevereiro e oferece ao
usuário duas grandes vantagens:
portabilidade e performance com
alta qualidade visual.
Desenvolvido para colocar em
um único chip a potência de um
processador de um notebook e
o controle de toda a parte gráfica, o novo AMD Dual Core E-350
com AMD Mobility RadeonTM
HD 6310 Graphics é responsável
pela alta performance da nova série e proporciona ao usuário, por
exemplo, a capacidade de assistir
a filmes em alta definição.
A tela de 11,6 polegadas e resolução de 1366 x 768 com tecnologia LED
garante a qualidade da imagem, en-
quanto a saída HDMI permite a transmissão do conteúdo do notebook diretamente para uma TV Bravia.
Com peso de 1,46KG e disponível
em duas cores (prata e rosa), a série
Y vem também com o Microsoft®
Office 2010 Starter pré-instalado.
O produto tem preço sugerido
de R$ 1.799,00 e pode ser adquirido pelo www.sonystyle.com.br,
nas lojas Sony Style e nas revendas autorizadas.
Todas as imagens do MBazar são de caráter ilustrativo
Mercado Fevereiro 2011 ∞ 82
MDica de Leitura
Por que a gente é
do jeito que a gente é?
DA Redação
É
possível programar a
personalidade de uma
criança? Quanto um
adulto pode mudar suas
características? Quais as
diferentes inteligências e como melhor utilizá-las? Aprimorar pontos
fortes ou consertar pontos fracos, o
que dá melhores resultados? O que
é mais importante para o sucesso:
esforço ou talento?
Eduardo Ferraz, consultor há
mais de 20 anos em gestão de pessoas, desenvolve, em 17 capítulos
cases, histórias pessoais e faz uso
de vasto repertório teórico, demonstrando conceitos da neurociência e
psicologia em linguagem acessível
Mercado Fevereiro 2011 ∞ 84
e bem-humorada. A interatividade
com o leitor é estimulada o tempo
todo, a partir de testes e questionamentos que auxiliam na compreensão do comportamento humano.
O conteúdo da obra mostra que
o bom resultado, em qualquer projeto, depende de um fator básico:
se posicionar para ser a pessoa
certa no lugar certo. Por que a gente é do jeito que a gente é? é a oportunidade de estimular nosso autoconhecimento, aperfeiçoar nossos
talentos e alcançar o sucesso pessoal e profissional.
Segundo o autor, que aplica a
neurociência no dia a dia das empresas, o conhecimento acerca de
nós mesmos, de nossa equipe e de
nossas capacidades pode promover
motivação, reconhecimento, nos levar à excelência de nossas atividades e até mesmo à transformação de
nossa equipe atual na tão sonhada
“equipe ideal”.
Ficha Técnica:
Título: Por que a gente é do jeito
que a gente é?
ISBN: 9788573126983
Formato: 21,0 x 14,0
Número de páginas: 200
Gênero: desenvolvimento pessoal/
autoconhecimento
Preço: R$ 29,90
MColunaLiteratura
O mito de Medeia
A trágica história da mãe que mata
os próprios filhos
POR Kenia Maria
O
mito grego de Medeia
é talvez um dos mais
terríveis e assustadores. A trágica história
da mãe infanticida que
apunhala os próprios filhos para vingar um amor malsucedido nos horroriza e, ao mesmo tempo, nos causa
piedade. Talvez o mito de Medeia seja
aquele que melhor revele o sentido
do trágico. Não se pode esquecer,
por exemplo, que Aristóteles, em sua
famosa “Arte Poética”, já advertia os
dramaturgos de que a boa tragédia é
aquela capaz de provocar o terror e
a compaixão, para melhor produzir o
efeito catártico no expectador.
A narrativa grega sobre esta mãe
infanticida, também conhecida como
ardilosa feiticeira, há mais de quatro
mil anos faz parte de nosso inconsciente coletivo.
Narra a lenda que Medeia, depois
de se apaixonar por Jasão, resolve
entregar-lhe o precioso velocino dourado - um carneiro encantado que
produzia infinitamente uma magnífica lã de ouro. Para esta empreitada,
Medeia revela ao amado as artimanhas e mágicas para conseguir tal
feito, sendo que uma delas era matar
Medea, por Eugène
Delacroix, 1862
Mercado Fevereiro 2011 ∞ 86
o dragão que zelava pelo carneiro. De
posse deste precioso animal, depois
de alguns anos, Jasão esquece Medeia
e se apaixona por Creusa, a filha do
rei Creonte. Traída e inconformada,
Medeia jura vingança e cumpre: mata
Creusa e depois os próprios filhos que
tivera com Jasão.
Inúmeros poetas, dramaturgos
e pintores buscaram nesta história
inspiração para criarem suas obras
de arte. Na antiguidade, grandes dramaturgos, como Eurípides, Sêneca,
Ésquilo, Corneille se renderam aos
encantos desta história, levando para
o palco esta incrível personagem. Na
pintura, por exemplo, vale conferir o
quadro, óleo sobre tela em cores fortes, de Eugène Delacroix, o qual impressiona principalmente pelo olhar
irado da infanticida e pelos corpos
das inocentes crianças se contorcendo de dor e desespero.
Para quem gosta de um bom filme,
a dica é assistir “Medeia”, do diretor
italiano Píer Paolo Pasolini. Numa
elaborada desconstrução pós-moderna do mito, a cantora lírica Maria
Callas vive a trágica feiticeira Medeia
apaixonada por Jasão.
E para quem gosta de boas leituras, recomendo a obra “Gota
d’água”, de Chico Buarque e Paulo
Pontes. Nesta versão, Medeia é Joana, moradora de um pobre conjunto
habitacional no Rio de Janeiro. Depois que o sambista Jasão a abandona por Alma, Joana mata os dois
filhos e se suicida. Buarque e Pontes
trazem para o centro da trama algumas discussões políticas sobre a
degradação social e moral dos cidadãos das grandes metrópoles.
Interessante registrarmos também que a tragédia “Medeia” virou
comédia nas mãos do teatrólogo
luso-brasileiro Antônio José da Silva, O Judeu. Sua opereta joco-séria,
intitulada “Os Encantos de Medeia”,
subiu aos palcos de Lisboa no século XVIII, apresentando uma Medeia
feiticeira, dedicada às artes mágicas, disposta a transformar pessoas
em animais. Com diálogos irônicos
recheados de brincadeiras dos bufões Sacatrapo e Arpia, Antônio José
aproveita para satirizar o fanatismo
religioso da sociedade portuguesa
que temia as bruxas e vivia amedrontada com a Inquisição.
Infelizmente, Medeia não é apenas personagem da literatura. Na
vida real, ela ganha dimensões mais
pavorosas e cruéis. Medeia, às vezes, escapa dos livros, do tablado e
da tela do cinema ou da pintura para
encarnar em mulheres comuns, nossas vizinhas, nossas irmãs. Mulheres
desassossegadas que vivem dolorosos cotidianos. Em rápida pesquisa
pela Internet, digitando no Google a
frase “mãe mata filhos como vingança”, pude contar centenas de casos
no Brasil e no exterior de mães infanticidas, verdadeiras medeias raivosas que trucidam a prole para atingir o homem amado. As notícias são
desoladoras: “Mãe espanca e mata
bebê de 8 meses para se vingar do
ex!!!”. “Uma mulher britânica matou
o filho de cinco anos, obrigando-o a
beber uma mistura de antidepressivos para se vingar do pai da
criança”. E por aí vai...
Mas o que levaria uma
mãe a agir dessa forma? O
que levaria uma mulher a estrangular os próprios filhos?
Tudo por ciúme? Tanta fúria contra inocentes para
vingar amores malsucedidos? De que é capaz uma
mulher quando é rejeitada
pelo companheiro? Grande
paradoxo da alma feminina, a mesma mulher que
dá a vida e amamenta uma
criança também é capaz de
matá-la e esquartejá-la. Isso
talvez seja o que mais nos
amedronte nas atitudes de
Medeia: será que toda mãe é
capaz de matar?
E não só matar fisicamente. Há muitas formas
simbólicas de causar a
morte de um filho: por sufocamento
emocional, por exemplo; por excesso
de cuidados; por superproteção. Há
mães enciumadas, sogras mesquinhas que desequilibram casamentos
e causam a discórdia. Como é difícil
apaziguarmos a Medeia que palpita
em toda mulher.
Mas, diante desse quadro desolador, resta uma esperança. Não podemos esquecer que o nome grego
Medeia etimologicamente significa
“aquela que dá bons conselhos” ou
“aquela que cura”. Lembremos aqui
Freud, ao observar que são latentes
em todos os seres humanos as pulsões de vida e as de morte. Eros e
Tanatos têm igual peso nas nossas
relações amorosas. A ambiguidade é
a marca do humano.
Assim, no nosso cotidiano banal,
desejo que vença Eros e também a
etimologia do nome Medeia, ou seja,
aquela mulher acolhedora que de forma equilibrada protege e acalma seus
filhos e não a Medeia da lenda milenar que apunhala, assusta e horroriza.
Paz para todas as Medeias.
Kenia Maria de Almeida Pereira - doutora em Literatura Brasileira pela Unesp/São José do Rio Preto-SP e professora colaboradora do Mestrado em Teoria
Literária da Universidade Federal de Uberlândia-MG. Autora de artigos científicos e livros sobre literatura brasileira, dentre eles, Machado de Assis: outras
faces, publicado pela editora Aspecttus ([email protected])
87 ∞ Mercado Fevereiro 2011
MProfissões em Filme
Comer Rezar Amar
POR Kelson Venâncio
Você já parou alguma vez na sua
vida corrida de trabalho para dedicar
um tempo a você mesmo? Um tempo para seu próprio lazer, saúde e até
mesmo para sua espiritualidade? Um
tempo para viajar e conhecer lugares
diferentes, culturas diversas, comidas que não fazem parte da sua culinária e pessoas com costumes que
para você parecem estranhos? Pois
este mês a coluna de cinema dá a
dica de um filme que fala exatamente
sobre isso e, de quebra, ainda te propõe uma história de amor no meio de
tantos bons ingredientes.
Devido às suas grandes interpretações no passado, especialmente em filmes de romance como Uma Linda Mulher, a atriz Julia Roberts por si só já
é um grande chamativo para qualquer
tipo de filme. Essa fórmula dá mais
certo quando é um filme de amor. E é
exatamente por causa disso que esta
nova produção estrelada por ela atrai
várias pessoas às salas de projeção.
O longa é baseado no best seller
Eat, Pray, Love: One Woman’s Search
for Everything Across Italy, India and
Indonesia, de Elizabeth Gilbert. Em
sua obra, a autora conta a experiência de vida que ela mesma viveu. Já
o filme “Comer Rezar Amar” tem 133
minutos de duração e se resume em
torno das três palavras que dão nome
ao título. E é assim que vou analisá-lo
nas próximas linhas.
Mercado Fevereiro 2011 ∞ 88
COMER - Esta é a primeira parte
da produção e mostra a personagem
de Julia Roberts se recuperando de
dois relacionamentos que não deram
certo. Por causa disso, ela resolve realizar um grande sonho, já que está
solteira: viajar pelo mundo sem se
preocupar com relacionamentos. E
seu primeiro destino é a Itália, onde
ela conhece um grupo de pessoas
que se tornam seus novos amigos.
Além de tentar aprender o idioma,
ela fica encantada com a culinária
italiana. E nós também! O diretor
Ryan Murphy explora muito bem as
delícias gastronômicas do país em
suas imagens e ângulos caprichados.
Dessa forma, até mesmo um simples
prato de macarrão degustado por
Elizabeth ao ar livre parece saboroso, impecável, irresistível.
Outros fatores associados à gastronomia são bem explorados: o almoço em família, algo raro no mundo moderno, ou um encontro com
os amigos para um bom bate papo
em praça pública regado a um bom
vinho típico. E tudo isso na bela
paisagem proporcionada pela Itália com suas construções rústicas e
charmosas.
REZAR - Da Itália Elizabeth vai
para a Índia, na tentativa de encontrar equilíbrio espiritual. Infelizmente essa é a pior parte do filme, pois os
personagens ficam aproximadamente 40 minutos discutindo os conflitos
religiosos e o passado, na tentativa
de achar paz para a alma. Essa parte
é cansativa, especialmente porque
a fotografia, apesar de realista, nos
mostra lugares tristes e depressivos
misturados à religião.
AMAR - Finalmente Elizabeth
chega a Bali, uma das 13.667 ilhas da
Indonésia. Essa região é o principal
ponto turístico do país, sendo conhecida por suas manifestações culturais: a dança, a escultura, a pintura
e a música. E está aí o ponto forte do
filme: “amar”. Em Bali ela encontra a
pessoa amada depois de um simples
passeio de bicicleta pelas belas paisagens do local. E o roteiro explora muito bem esse romance, já que
Elizabeth, apesar de querer se aventurar em um novo amor, tem muito
medo de se decepcionar novamente.
E por um momento quase que ela
deixa a felicidade escapar por causa
dos fantasmas do passado, algo que
acontece com muita gente. Mas é
claro que essa história tem um final
feliz que nem preciso explorar tanto
nesta crítica.
Apenas para terminar, Comer Rezar Amar (assim como o livro) é uma
espécie de “autoajuda cinematográfica”, pois mostra exatamente o que
muitas pessoas querem ver, especialmente as que já estão casadas e
desiludidas com a vida amorosa. Explora a desilusão e a frustração, passando pela revolta, a fuga e a vontade de aproveitar a vida e viver o que
não se pôde, e terminando com uma
nova chance para um novo amor, daqueles de contos de fada! B
Ficha Técnica
Filme: Comer Rezar Amar
(Eat, Pray, Love)
Diretor: Ryan Murphy
Elenco: Javier Bardem, Julia
Roberts, James Franco, Billy
Crudup, Richard Jenkins, Viola
Davis, Tuva Novotny, Ali Khan,
Lidia Biondi, Arlene Tur, Luca
Argentero, James Schram
Produção: Dede Gardner,
Brad Pitt
Duração: 133 min.
Ano: 2010/EUA
Gênero: drama
Nota 7
Kelson Venâncio - jornalista e diretor do Cinema e Vídeo
www.cinemaevideo.com.br
89 ∞ Mercado Fevereiro 2011
MSustentabilidade
Sustentabilidade
na Empresa
M
uitas empresas gostariam de adotar os
conceitos de sustentabilidade, mas têm
dúvidas quando o
assunto é aplicar a sustentabilidade
e quais efeitos poderiam decorrer
disso em suas próprias empresas.
Para que um empresário saiba
como aplicar a sustentabilidade
em casa, ou seja, na própria empresa, é necessário que antes de
qualquer coisa haja muito planejamento e muito estudo dos processos produtivos dela mesma e
de seus fornecedores. Além disso,
a importância de determinarem-se
regras claras para os empregados
e prover um correto treinamento
para os novos ditames relacionados à sustentabilidade e a nova
forma de agir da empresa é de
fundamental importância para que
todo o processo não se transforme numa grande dor de cabeça e
numa fonte interminável de problemas e despesas.
A realidade que move as empresas que querem saber como aplicar
a sustentabilidade internamente é
muito simples: A empresa que não
se adequar à nova realidade e às
exigências de um mercado cada vez
mais ativista e inquisidor, estará
fora do mercado e será devorada
pela concorrência.
É importante que as empresas e
os empresários tenham plena consciência de que aplicar a sustentabilidade como forma apenas de
garantir um efeito de “marketing”
Mercado Fevereiro 2011 ∞ 90
passageiro é apenas um suicídio
econômico que tenderá a representar o ostracismo da marca e a maledicência provocada pelo escândalo
assim que essa intenção se tornar
evidente para o mercado. Entender
que não há espaços para oportunistas e “caroneiros” não éticos é a
chave para ganhar credibilidade e
garantir que a empresa tenha uma
correta política de sustentabilidade
em seu próprio “chão de fábrica”.
Como aplicar?
O primeiro passo é garantir que
todo o processo seja transparente e
assessorado por empresas idôneas
e reconhecidas no mercado. Políticas ambientais sérias e ações diretas junto a seus empregados devem
ser fomentadas e aplicadas de forma contínua para garantir que esses
empregados se transformem em
multiplicadores em suas próprias
casas e comunidades.
O entendimento de que quaisquer
custos oriundos dessa aplicação e
das mudanças para o novo conceito
de sustentabilidade são, na verdade,
investimentos em lucratividade e em
redução de custos operacionais futuros. Arrumando a própria casa é que o
empresário começará a notar que seus
gastos com a manutenção e a operação da empresa e das rotinas diárias
de operação baixarão sensivelmente
e esta economia, obviamente, se reverterá em aumento dos lucros e dos
dividendos gerados por sua empresa.
Mudar radicalmente a fabricação e
a operação de linhas de produtos que
agridam o meio ambiente, que usem
mão de obra infantil ou ilícita e práticas preconceituosas de quaisquer
natureza serão exigência para uma
empresa sustentável e, muito brevemente, para qualquer outra empresa.
Para que um empresário saiba
como aplicar a sustentabilidade em
sua empresa, é necessário que ele
queira realmente fazê-lo, uma vez que,
dependendo da empresa e do ramo
que atue, a jornada desde o planejamento (passando pela transição) até
o estabelecimento e a certificação
como empresa sustentável, será de-
morada, penosa e repleta de desafios.
Mas os resultados serão gratificantes
e o meio ambiente agradece. B
(Fonte: www.ecoesfera.com.br)
Este espaço se reserva a notícias e/ou projetos socioambientais. O conteúdo aqui publicado é de responsabilidade do CINTAP, através do
Eco Instituto INDERC, mas está aberto também para outras pessoas, empresas ou instituições que queiram divulgar assuntos pertinentes ao
seu propósito. Informações com Daniela Dias, gerente de Projetos do Eco Instituto INDERC, através do telefone 34 3230 5200 ou do e-mail
[email protected]. Acesse: www.inderc.org.br e siga: www.twitter.com/cintap2010 - www.twitter.com/ecoinstituto
MPonto de Vista
Carga tributária.
O que fazer
com ela?
Recorrentemente, a estrutura tributária brasileira tem sido
apontada como desfavorável ao
desenvolvimento do país por, entre outras coisas, gerar grandes
distorções na formação de preços.
O Brasil apresenta uma estrutura
obsoleta, extremamente complexa, que onera o setor produtivo,
traz prejuízo à competitividade e
induz à sonegação.
Atualmente, o Brasil apresenta
uma das maiores cargas tributárias do mundo - 34,5%, segundo
dados divulgados pelo Instituto
Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), estando atrás apenas de países europeus altamente
desenvolvidos, como é o caso dos
países da Escandinávia (Suécia,
Noruega, Dinamarca e Finlândia),
mas que, ao contrário do Brasil,
prestam serviços públicos de qualidade, garantindo à sua população saúde, segurança, educação,
previdência social, boas estradas,
reembolso de medicamentos, auxílio moradia etc. Ou seja, além
do que os habitantes desses países têm que destinar aos seus res-
pectivos governos, por meio do
pagamento de tributos, não precisam recorrer ao setor privado,
despendendo ainda outra parcela
significativa de seus rendimentos
para custear tais serviços tidos
como essenciais.
Se comparado com os Brics (grupo formato por Brasil, Rússia, Índia
e China, os quatro principais países
emergentes do mundo), o Brasil é de
longe o país que apresenta a maior
carga tributária. Aqui, enquanto o
total de impostos, tributos e contribuições recolhidos fica acima de 34%
do Produto Interno Bruto (PIB), na
Rússia, a carga é de 23% do PIB, na
China é de 20% e, na Índia, país cuja
estrutura tributária é a mais parecida
com a brasileira, o total da arrecadação corresponde a 12,1% do PIB.
Nesse cenário, se em nível nacional o contribuinte brasileiro sofre para sustentar tamanha carga
tributária, em níveis estaduais o
mineiro padece mais. Minas Gerais é o estado onde são cobrados
mais tributos, principalmente o
ICMS, que em alguns casos chega
a 25%. No caso do o álcool, por
exemplo, a alíquota é de 23%, enquanto em São Paulo é de 12%.
Dessa forma, o estado perde em
competitividade no setor, pois as
empresas estão procurando outros estados para investimentos,
com uma carga tributária menor.
Portanto, para atenuar essa situação, algumas entidades de classe,
como a Federação das Indústrias do
Estado de São Paulo (Fiesp), defendem a adoção de medidas que vão
desde a substituição tributária até
mudanças legislativas. Além disso,
pedem também avaliação de programas como parcelamento de impostos, desoneração de investimentos e
reforma tributária, o que englobaria
também questões de guerra fiscal.
Com base nessa realidade, a
MERCADO foi atrás do G7 para
saber a opinião de cada um dos
membros a respeito dessa situação e o que pensam sobre as possíveis medidas - substituição tributária e outras mais - que estão
sendo propostas para exorcizar
de vez esse fantasma que responde pelo nome de “Carga Tributária Brasileira”.
(*) A ONG G7 - Grupo dos Sete - é formada por sete das mais representativas instituições sociais ativas na
região do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba. São elas: ACIUB - Associação Comercial e Industrial de Uberlândia,
CDL - Câmara de Dirigentes Lojistas de Uberlândia, Conselho de Veneráveis do Triângulo, FIEMG Regional Vale
do Paranaíba/CINTAP - Centro Industrial e Integração de Negócios do Triângulo, OAB/MG 13ª Subseccional de
Uberlândia, SRU - Sindicato Rural de Uberlândia e SMU - Sociedade Médica de Uberlândia.
Mercado Fevereiro 2011 ∞ 92
Continuação
O LEÃO, símbolo de arrecadação na esfera Federal, também representa uma conduta dos governos estaduais e municipais, pois a
maneira como utilizam seus artifícios lembra uma selva repleta de
animais ferozes, onde a caça predatória é um meio de sobrevivência.
Se o animal está com fome, sai em
busca do alimento com os riscos
que ele apresenta. O governo procede da mesma maneira. Quando
necessita de dinheiro, lança mão
de impostos, taxas e contribuições
como o principal meio para a solução do seu problema. A carga tributária no Brasil é altíssima, comple-
xa e mutante, causando diversos
problemas, dentre eles a falta de
segurança jurídica, pois há o surgimento constante de novas leis relacionadas ao tema, inviabilizando o
acompanhamento das mudanças.
Por outro lado, requer contadores
dedicados para este fim e empresas
com capital disponível para realizar
altos investimentos em tecnologia
da informação.
No caso de MG, temos um modelo que exige uma antecipação
dos impostos, provocando um
esvaziamento no caixa das empresas, o que, consequentemente,
prejudica a cadeia produtiva. Este
é um dos motivos da falta de capital de giro, pois a maioria das organizações não consegue cumprir
o seu fluxo operacional entre a re-
ceita e a despesa.
Ainda existe outro “fantasma”
que ronda o mercado, que são os
informais. Mas é certo que quanto
maior for a carga tributária, maior
será a sonegação.
Diante do alto índice de arrecadação, consideramos o momento
oportuno para aprofundar o debate sobre o tema, a fim de desonerar a cadeia produtiva e estimular
o crescimento, definindo prioridades, como por exemplo, a redução
dos encargos na folha de pagamento, material escolar, medicamentos, dentre outros.
É por isso e muito mais que a
carga tributária no Brasil pode se
considerar perversa, provocando o
travamento ou impedimento para
o crescimento do setor produtivo.
Sabemos que a substituição
tributária compromete o capital
de giro das empresas, já que o
pagamento antecipado do imposto, com certeza reduz a competitividade e consequentemente o
faturamento, provocando sérias
perdas da produção e subsequente
aumento de preços das mercadorias. Segundo estudo do Sebrae
à Fundação Getúlio Vargas, este
sistema de tributação pode gerar
aumento de 700% na carga fiscal
das micro e pequenas empresas.
O estudo constatou também que
as empresas perderam em 2008 R$
1,7 bilhão por causa do imposto
em questão.
Necessário se faz, portanto,
uma análise mais criteriosa por
parte do Estado de Minas, a exemplo do que já acontece em outros
estados, como Santa Catarina,
Mato Grosso e Pará, que buscam
ações para amenizar as grandes
perdas já constatadas.
Criticar a carga tributária brasileira, dizer que ela é alta, que o
contribuinte não aguenta mais,
enfim, isso é um assunto que já
está se tornando desgastante,
tendo em vista o marasmo que
se instalou no Congresso Nacional quando a pauta é a Reforma
Tributária. Só que os nossos digníssimos representantes na capital federal não estão percebendo
que no Brasil fica cada vez mais
evidente a perda de capacidade
produtiva e de competitividade
que a carga tributária vigente impõe à indústria e demais setores e,
consequentemente, reduz a nossa
capacidade de exportação. Uma
situação nitidamente agravada
pela excessiva complexidade do
sistema tributário brasileiro, que
frequentemente cria novos impostos e altera tributos antigos,
como aconteceu com o sistema
da substituição tributária - mecanismo que antecipa na indústria
a cobrança do imposto para toda
a cadeia comercial - adotada pelo
governo mineiro para proteger a
indústria de Minas, e até foi copiado por outros estados.
A meu ver, a Substituição Tri-
butária tem o lado positivo de
proteger a Indústria Mineira, mas
tem também o lado negativo de
ter sido mal implementada, pois
penaliza o capital de giro das empresas ao antecipar a cobrança do
imposto, e ainda impõe alíquotas
que favorecem a sonegação e não
protegem determinados setores,
favorecendo assim outros estados. A meu ver, a ST só deve ser
imposta a setores que realmente
prejudiquem a Indústria Mineira.
Porém, a gana arrecadatória do
governo não permitirá que isso
aconteça, então, continuaremos
a ter guerra fiscal, sonegação e fechamento de empresas e perda de
empregos aqui em Minas Gerais.
Obs: Até o fechamento desta edição, os responsáveis pelas demais instituições que congregam o G7, ou suas respectivas assessorias de imprensa, não haviam enviado cada um a sua resposta.
93 ∞ Mercado Fevereiro 2011
MCausosEmpesariais
O Cabo Edileuza
(Comunicação eficaz I)
POR Nege Calil*
Começo dos anos 90. E lá estava
eu viajando a trabalho por esse Brasil afora, representando a consultoria
na qual eu atuava. Fui atender a um
cliente no interior do estado de São
Paulo, numa cidade pequena cujo
único acesso era por terra.
Felizmente, o curso que ministrei
foi muito bem aprovado pelos participantes, levando o dono da empresa
a estendê-lo a outros colaboradores.
De pronto, atendi seu pedido.
Prorroguei minha hospedagem no
hotel e fui até a rodoviária trocar minha passagem.
Precavido, já comprara os bilhetes
de ônibus de ida e volta, na tentativa
de facilitar meu processo logístico
neste trabalho. Diante do novo contexto, tive necessidade de alterar a
data de meu retorno:
- Bom-dia! - iniciei.
- ‘Diiia! - exclamou o atendente,
com um desânimo de dar dó! Seu
“bom-dia” saiu sem o “bom”, e com
três “is” na palavra “dia”, acompanhado de um olhar semicerrado, uma
expressão de descaso ilustrada pelo
palito de dentes no canto da boca e
pelo uniforme amarrotado, com parte da camisa para dentro das calças e
parte para fora.
- Por gentileza, preciso alterar a
data de minha viagem de retorno.
Pode trocar? - disse estendendo a
passagem por baixo do guichê.
Mercado Fevereiro 2011 ∞ 94
- Posso trocar nããão! (com três
“ã” mesmo, não se trata de erro
de digitação).
- Como não? É meu direito!! - disse
já me exaltando.
- Aqui não tem disso não, moço! devolvendo-me a passagem.
- Aqui é território brasileiro, e a
lei de defesa do consumidor me dá
esse direito!
- Não tô sabendo de lei nenhuma!
Já se passava um ano da implantação do Código de Defesa do Consumidor e aquela criatura não o conhecia. Indignado com tanta ignorância,
insisti com ele:
- Amarildo (li em seu crachá), é
meu direito realizar essa troca.
- “Peraí”! Zé!! Ô Zéé! - chamou um
colega. “Cê” tá sabendo desse negócio de troca de passagem?
Enchi-me de esperança. O Zé devia saber!
- Ué, o Nestor falou alguma coisa assim, mas não entendi direito.
Faz tempo...
Perdi as esperanças. O Zé estava
sentado com a mão no rosto, meio
que cochilando, e com menos de 10%
do interesse que Amarildo mostrava.
- Você ouviu! - foram as palavras conclusivas de Amarildo. Nem
o Zé sabe...
Pai do Céu! - pensei! Se o Zé for
a referência dele, minha situação é
mais séria do que imaginei. Num último suspiro, resolvi arriscar:
- Quem é Nestor?
- Nosso gerente!
- Posso falar com ele?
- Ele não fica aqui! Fica na cidade vizinha...
- Amarildo, preste atenção! Está
escrito aqui no verso do bilhete que
posso trocar a data de viagem até 3
horas antes do embarque.
- Tá escrito? Espantou-se...
- Sim, leia! - entreguei de novo
o bilhete.
- É, tá escrito mesmo. Mas não
posso trocar não, moço! Nem o Zé
sabe direito o que o Nestor falou!
O Zé não devia saber nem o próprio nome completo. Olhei pra ele e
seus olhos já estavam fechados, ilustrando um cochilo profundo.
Quase sofrendo um enfarte, subi
as escadas do prédio da rodoviária
inconformado. Eu me recusava a
comprar outro bilhete, simplesmente por não fazer valer meus direitos.
Sentei numa cadeira e comecei a pensar numa solução. O valor não era tão
alto, podia comprar outra passagem
e deixar quieto. Mas não me conformava. Como uma empresa não
comunica adequadamente a seus colaboradores o que de fato precisam
fazer? - refleti.
Hoje sei o quanto esse problema
é grave na maioria das organizações.
Os meios de comunicação se
multiplicaram numa grande velocidade, mas não a compreensão das
informações neles contida. É fácil
observar que e-mails são trocados
aos milhares, informações postadas
na intranet, jornais internos e, mesmo assim, não é raro ouvirmos histórias nas empresas de que alguém
não sabia de determinado assunto.
Minha amiga Luciana, gerente de
Comunicação numa grande empresa, vive se queixando:
- Nunca consigo colocar os e-mails
em dia! Recebo centenas por dia, é
impossível ler todos.
- Você é a gerente de Comunicação! - exclamei. Deve haver algo que
você possa fazer.
- Meu foco é assessoria de imprensa e comunicação externa. - justificou.
- E quem cuida da comunicação
aos colaboradores? - insisti.
- Sei lá! Deve ser o RH! - concluiu
com um olhar tipo “para de ser chato
e não fale mais nada!”
Em parte o RH é responsável sim,
mas os maiores emissários de uma
boa comunicação são os líderes.
Muitos setores de RH ainda patinam
no processo, investindo apenas em
meios. Meu amigo Marcelo me relatou contente:
- Metade do mural da empresa
agora é do RH! Acabaram-se os problemas de comunicação!
- Você bebeu! - retruquei. Expor
um papel ou cartaz não é garantia de
que todos vão ler e compreender.
- Aí é problema da pessoa!
Quase bati nele! Dei-lhe uma aula
sobre as teorias do emissor x receptor, insistindo na certificação de que
todos entenderam a mensagem, o
que fora realmente comunicado.
Comunicar de modo eficaz significa tornar comum uma informação
e observar se as reações são favoráveis a três atitudes básicas: continuar como está, fazer ou deixar de
fazer. Quando eu era estagiário, em
meados dos anos 80, minha gerente, Neusa, exigia que todos na equipe explicássemos nas reuniões de
follow-up o que havíamos entendido
das comunicações. Era impossível
ficar com dúvidas.
Voltando à rodoviária, estava eu
refém de uma grande falta de comunicação. O tal Nestor havia falado, no
bilhete de passagem estava escancarada a norma, mas ninguém naquele
guichê compreendia quais eram os
procedimentos numa simples troca.
De repente, uma luz: avistei uma policial militar, solitária, porém disposta:
- Cabo Edileuza, a seu dispor! - sua
voz saiu como um trovão! Calculei
seu biótipo em mais ou menos 1,80 de
altura e para mais de 100 kg. Cabelos
curtos, olhar firme, passos pesados,
confesso que senti um frio na espinha
inicialmente antes de me expor.
Expliquei a situação e ela me
acompanhou até o guichê. Com a
mão no parapeito, olhou dentro dos
olhos de Amarildo e, com sua voz de
barítono, comunicou:
- O rapaz aqui precisa trocar o bilhete! Ou atende ele, ou vamos resolver lá na 2º DP!
- Sim senhora! - respondeu um
Amarildo pálido, acompanhado de
um Zé prestativo que soltou baixinho
algo como “te ajudo”.
Não contive meu sorriso de
vitória! Peguei minha nova passagem e agradeci a Edileuza. Ela assentiu com a cabeça, sinalizando
um “por nada”. Como seguíamos
pelo mesmo caminho, ela de volta
à sala e eu em busca da saída, caminhamos juntos por algum tempo que parecia a eternidade. O silêncio entre nós me incomodou e,
ao avistar a lanchonete, arrisquei:
- Aceita um café?
Para meu desespero, ela balançou a cabeça afirmando que aceitava, confirmando mais ainda minhas suspeitas de que era mesmo
de poucas palavras. Ansioso com o
insistente silêncio, eu queria tomar
logo o café e ir embora. Queimei a
língua, enquanto observava que ela
tomava calmamente sua bebida.
Fui salvo pelo zelador do banheiro:
- Oi, Edileuza!
- Oi, Norival.
- Tranquilo o movimento?
- Humhum - respondeu ela com
o mesmo jeito circunspecto. Norival, por sua vez, transpirava simpatia. Muito mais à vontade que
eu, tirou sarro do atendente do
balcão, cumprimentou transeuntes e continuou abordando-a:
- Edileuza, vou te chamar pra
fazer uma batida no banheiro. Ô
povinho porco! Toda hora tenho
que limpar o que eles urinam fora
do mictório.
- Sei... respondeu ela com seus
monossílabos, atenta em assoprar
seu café.
- Devia ter uma lei que proibisse
fazer xixi no chão! - bradava ele.
Aí, eu mandava prender!
- Você fala demais! - retrucou ela com um sorriso, mostrando intimidade com o amigo. Vou te ajudar!
Nisso ela pegou um guardanapo e escreveu: “Urine mais perto!
Ele não é tão grande assim”!
- Copia e pendura!
Não contive meu riso quando
li. Com seu jeito de poucas palavras, tanto no guichê quanto no
bar, Edileuza soube se comunicar
como ninguém. B
Nege Calil
é consultor e especialista em gestão
de pessoas
[email protected]
95 ∞ Mercado Fevereiro 2011
MGeral
País deve ganhar seis mil creches
e escolas infantis
DA Redação
Prefeituras de todo o país têm até 2014 para construir seis mil creches e escolas públicas de educação
infantil previstas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC-2). Esse conjunto de escolas vai criar
1,2 milhão de vagas. Ser proprietária e ter o título de
domínio do terreno no qual a escola será construída
são garantias que a prefeitura deve apresentar ao Ministério da Educação (MEC) para receber recursos do
Programa Nacional de Reestruturação e Aquisição de
Equipamentos da Rede Escolar Pública de Educação
Infantil (Proinfância).
As seis mil escolas previstas no PAC-2 estão distribuídas entre as cinco regiões do país, mas têm prioridade as áreas metropolitanas do Rio de Janeiro, São
Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, de grande
concentração populacional.
De acordo com dados da Secretaria de Educação
Básica (SEB), desde que foi criado, em 2007, o Proinfância já financiou a construção de 2,3 mil escolas de
educação infantil - a estimativa é que cerca de 300
estejam concluídas. As prefeituras que terminam as
construções recebem, mediante convênio com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE),
R$ 100 mil para aquisição de mobiliário e equipamentos destinados às escolas e creches.
Capacitação técnica é a nova
cara do mercado
Os cursos técnicos ganham cada vez mais espaço
e garantem resultado
Após algum tempo envolvido com o desemprego, o Brasil volta a registrar novas altas em
vagas de empregos com carteira assinada. Em
2011 a taxa de desemprego medida pelo IBGE
deve ficar abaixo dos 5,5%. Apesar do aumento
de vagas, ainda existe a preocupação com a qualificação exigida.
Atualmente, a qualificação profissional não
está necessariamente ligada a cursos superiores;
os cursos técnicos entraram para a lista de prioridades e a procura aumenta dia após dia. Com
custo e tempo reduzidos e um foco maior na área
de formação desejada, o interesse no segmento
cresce gradativamente.
Com mais de seis milhões de pessoas já qualificadas em diferentes cursos, o Senac Minas é um
exemplo de instituição que qualifica para o mercado de trabalho através dos cursos técnicos. A diversidade de cursos é extensa e permite que o aluno
Mercado Fevereiro 2011 ∞ 96
escolha a profissão que mais se encaixa com o seu
perfil, facilitando a aprendizagem e garantindo uma
vaga satisfatória no mercado.
De acordo com pesquisa realizada pelo Ministério da Educação, 72% dos alunos de cursos técnicos saem contratados formalmente. A pesquisa
ainda aponta que o ideal seria que, para cada profissional com nível superior contratado, existissem
cinco ou seis de nível técnico.
Para o mês de março, o Senac Uberaba oferece uma vasta programação em cursos técnicos,
envolvendo: Enfermagem, Segurança do Trabalho, Estética, Secretariado, Administração e Contabilidade. Os cursos serão ministrados no novo
prédio da instituição, que passa a contar com a
unidade de ensino técnico mais moderna do interior de Minas.
Para mais informações:
www.mg.senac.br - (34) 3312-0444.
Antioxidantes podem
diminuir fertilidade
DA Redação
Pesquisadores israelenses descobriram que
antioxidantes - tidos como caminho natural para
retardar o processo de envelhecimento - podem
também dificultar a fertilidade feminina. A equipe
da Profa. Nava Dekel, do Instituto de Ciências Weizemann, de Rehovot, realizou uma pesquisa com
camundongos; aqueles que receberam antioxidantes desenvolveram um número significativamente
menor de óvulos do que os que não receberam.
“Por um lado, esses resultados podem ser úteis
para orientar as mulheres que estão tendo problemas para engravidar”, disse a Profa. Dekel. “Por outro, novos estudos indicarão que certos antioxidantes poderão ser meios mais eficazes e seguros de
controle de natalidade do que o que é feito hoje, à
base de hormônios”.
Receita libera programa
para declaração do IR
DA Redação
O contribuinte terá a partir do dia 1º de março
até o dia 29 de abril para entregar à Receita Federal a declaração do Imposto de Renda Pessoa
Física 2011 (ano-base 2010). O programa para a
declaração estará disponível desde o primeiro
dia de março na página da Receita na internet
(www.receita.fazenda.gov.br/).
Pela primeira vez, serão aceitas somente declarações entregues pela internet ou por disquete ou pen-drive nas agências da Caixa Econômica
Federal e do Banco do Brasil. A partir deste ano
não serão admitidos formulários de papel.
Entre outros requisitos, a prestação de contas é obrigatória para quem recebeu, em 2010,
rendimentos brutos tributáveis acima de R$
22.487,25 ou rendimentos não tributáveis superiores a R$ 40 mil. Quem declarar após a datalimite terá de pagar multa mínima de R$ 165,74.
A Receita espera receber 24 milhões de declarações em 2011.
Também pela primeira vez será admitida a inclusão de parceiros homossexuais de uniões estáveis como dependentes para fins de dedução
no Imposto de Renda.
97 ∞ Mercado Fevereiro 2011
MGeral
Uberlândia tem instituição de
ensino entre as 30 do país
O Ministério de Educação divulgou recentemente o conjunto de índices que avaliam a
qualidade do ensino superior no país. A ESAMC
de Uberlândia esta ranqueada entre as Top 30
escolas de ensino superior do país.
O Índice Geral de Cursos (IGC) é o indicador
que avalia a qualidade geral de todos os cursos
de graduação e de pós-graduação (mestrado e
doutorado) oferecidos pela instituição. Ele inclui a nota dos alunos no Enade, a formação dos
professores, infraestrutura, projeto pedagógico
e a própria percepção dos alunos quanto à qualidade da instituição. Esta classificação atribui
uma pontuação em escala que vai de 0 a 500
pontos e em faixas que vão de 1 a 5.
A ESAMC obteve pontuação no IGC que a qualificou entre as melhores instituições de ensino
superior de todo o país, que inclui universidades,
centros universitários, faculdades e institutos.
Em Uberlândia, a faculdade ocupa o primeiro
lugar com 385 pontos, seguida da Universidade
Federal de Uberlândia com 358 pontos.
O Conceito Preliminar de Cursos (CPC) é outro indicador que avalia praticamente o mesmo
conjunto de atributos do IGC, porém relacionados especificamente a cada curso oferecido
pela instituição. O curso de Administração de
Empresas da ESAMC neste índice obteve a nota
máxima (5) e junto com a UFU inclui-se na lista
das melhores escolas de administração do Brasil. O curso de Propaganda e Marketing obteve
nota 4 e ocupa a oitava posição no ranking nacional.
É importante ressaltar que apenas 27 instituições de ensino superior obtiveram nota máxima (5), representando 1,39% das 1.793 faculdades, centros universitários e universidades
que conseguiram conceito final.
Vitamina D - a vitamina do sol
que previne a osteoporose
DA Redação
Ovos e leite estão entre os poucos
alimentos que contêm vitamina D,
que tem o sol como maior fonte
Mercado Fevereiro 2011 ∞ 98
A principal função da vitamina D no organismo
é auxiliar a absorção de cálcio. No entanto, estudos
sugerem também que a quantidade adequada de
vitamina D pode conferir proteção contra cânceres
de cólon, mama e ovário.
A maior fonte de vitamina D é a luz do sol. Essa
importante vitamina é produzida na pele quando a
radiação ultravioleta presente na luz solar atinge o
corpo. Mas isso só acontece quando o sol está bem
alto no céu - e apenas por uma ou duas horas por dia.
As principais consequências da deficiência de
vitamina D são raquitismo e osteoporose. As pessoas de pele escura correm um risco maior, pois o
pigmento da pele bloqueia a radiação ultravioleta.
São poucos os alimentos que contêm vitamina
D: peixes gordurosos, ovos, leite e cereais. Muitos
alimentos são artificialmente fortificados com vitamina D, entre eles algumas margarinas, cereais e
leite de soja.
MGeral
Salmão ajuda a combater Mal
de Alzheimer
DA Redação
Uma pesquisa israelense confirmou que comer
peixes como salmão, ricos em Ômega 3, reduz os
efeitos negativos do Mal de Alzheimer. O vilão dessa
moléstia é um gene denominado APOE4, que está
presente em metade dos portadores de Alzheimer
e em 15% da população em geral.
Experimentos realizados com camundongos
pelo professor Daniel Machelson, da Universidade
de Tel Aviv, mostraram que a ingestão de alimentos ricos em Ômega 3 e baixos teores de colesterol reduziram significamente os efeitos negativos
do gene.
O APOE é encontrado em todos os seres humanos e se apresenta em duas formas: um gene APOE
“bom” e um gene APOE “ruim”, ou APOE4. “Condições externas que são geralmente consideradas
boas podem ser prejudiciais se o rato for um portador do gene APOE4. Extrapolando esta experiência
para a população humana, podemos dizer que os
indivíduos com o gene APOE4 “ruins” são mais sus-
expediente
cetíveis ao estresse causado por um ambiente que
estimule o seu cérebro”, diz Michaelson.
Expandindo sua pesquisa, Michaelson verificou
que uma dieta rica em óleos de peixes com Ômega
3 neutraliza os efeitos nocivos do APOE4.
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Mercado Fevereiro 2011 ∞ 100
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