A forçA - Revista Mercado
Transcrição
A forçA - Revista Mercado
R$ 8,50 ano 5 número 39 Fevereiro 2011 A força que vem debaixo Em ascensão e ávidas por consumo, as classes C e D movimentaram em 2010 um mercado de R$ 834 bilhões, despertando o interesse da indústria de bens e serviços, que agora corre atrás para atender as necessidades desses consumidores Política Dorothea Werneck visita Uberlândia, onde é sabatinada e cobrada Agricultura Atividade é usada no Brasil como aliada na redução de gases estufa Especial O dilema continua: o que fazer e para onde vão as sacolas plásticas A prova da “herança maldita” Editorial Uma extensa lista de insatisfeitos que inclui concurseiros, militares, policiais federais, cientistas, juristas, economistas, professores, parlamentares, prefeitos e governadores. Esse é o saldo da tesourada no orçamento da União para 2011, anunciada pelo governo de Dilma Rousseff. O corte total passa dos R$ 50 bilhões - recorde histórico - e num primeiro momento parece não ter agradado ninguém, inclusive colocando de um mesmo lado - o dos insatisfeitos - tanto adversários como aliados do Palácio do Planalto. De fato, o que mais intriga é uma determinada parcela de aliados do próprio governo que passou a criticar interinamente a presidente Dilma por expor negativamente a imagem de seu “tutor e mentor” político, o expresidente Lula. Conforme anunciado, o tamanho do corte foi concebido para reforçar o comprometimento do atual governo com a austeridade fiscal e evitar uma disparada da inflação, o que parece um tanto contraditório se for levada em conta a afirmação de Dilma que disse ter recebido uma “herança bendita” de Lula. Pelo tamanho do corte no orçamento, a tal herança não tem nada de bendita, ao contrário. Na verdade, Lula tudo podia e ele jamais se preocupou com quem iria pagar a conta. Só como exemplo e para efeito de comparação, em 2003, com a inflação batendo os 12%, o risco país em disparada e a expectativa econômica se deteriorando em ritmo acelerado, o ex-presidente deu aumento de 20% no salário mínimo e contingenciou R$ 14,1 bilhões da peça orçamentária. Oito anos depois, o reajuste limitou-se à correção da inflação, ou seja, nem sequer recuperou o poder de compra do menor salário do país, enquanto o corte no orçamento da União foi o maior da história. Um próprio senador petista, que não quis ser identificado, chegou a dizer que “Dilma deu munição aos opositores. Lançou o tal ajuste (fiscal) que prometera não fazer e escancarou ao país algo até então obscuro: Lula gastou mais do que devia nos últimos dois anos”. O certo é que essa primeira medida de impacto do governo Dilma Rousseff - o corte de R$ 50,1 bilhões - acontece após dois anos em que as despesas do Orçamento aumentaram muito. Durante a era Lula, de 2003 a 2010, houve um crescimento de gastos equivalente a 3,3% do Produto Interno Bruto (PIB). As despesas pularam de 15,1% para 18,4% do produto, sendo que nos dois últimos anos o aumento foi de 1,8% do PIB. Esse aumento de gastos ocorreu principalmente em 2010, ano em que o então presidente Lula lançou Dilma como candidata. As despesas de pessoal e custeio - que incluem benefícios previdenciários, outros benefícios vinculados ao salário mínimo e os gastos com a máquina pública - foram as que mais impactaram o aumento de gastos no apagar das luzes da gestão do ex-presidente. Uma prova de que essa tomada de decisão coloca a presidente Dilma, literalmente, de saia justa é que muito do seu capital político será consumido nos próximos meses para suportar a pressão política e social decorrentes da “tesourada” promovida no orçamento deste ano. Por exemplo, os cortes envolvem cerca de 85% de todas as emendas dos deputados e senadores ao Orçamento deste ano e retira mais de R$ 5 bilhões do programa Minha Casa, Minha Vida 2, ícone da campanha eleitoral de Dilma, reduzindo sua previsão de gastos de R$ 12,7 bi para R$ 7,6 bilhões. Além disso, eles atingem os ministérios da Educação e da Justiça, áreas prioritárias no discurso da petista durante a disputa eleitoral e dão munição para a oposição apontar o seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, como gastador irresponsável. De forma mais detalhada, além da retirada de R$ 5 bilhões do Minha Casa, Minha Vida, entre os demais cortes estão R$ 2,4 bilhões do setor de Transportes, R$ 3 bilhões do setor de Turismo e R$ 4,3 bilhões do ministério da Defesa. As áreas sociais, como Cidades, recebeu o maior corte, de R$ 8,5 A bilhões, e a Educação receberá uma redução de verba de R$ 3,1 bilhões. A Saúde vai ter corte de R$ 578,1 milhões. Em termos percentuais, os maiores cortes são nas áreas do Esportes e Turismo, isso mesmo com a Copa do Mundo no Brasil daqui a quatro anos. O governo vai reduzir de 64% seu orçamento, que vai passar de R$ 2,4 bilhões para R$ 853 milhões. Já na área do Turismo, a queda foi de 84,3% no orçamento, passando de R$ 3,6 bilhões para R$ 573 milhões. Outro corte previsto vai decorrer da não mais realização de novos concursos públicos e da não contratação das pessoas já aprovadas pelos concursos realizados no ano passado. Com isso, o governo pretende economizar R$ 3,5 bilhões. Benefícios trabalhistas como o segurodesemprego e o abono salarial também serão cortados em R$ 3 bilhões. Este valor corresponde a 10% do orçamento total para a área. Nem mesmo a Previdência Social e os subsídios concedidos ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) escaparam e também vão receber cortes de R$ 2 bilhões e R$ 9 bilhões, respectivamente. Diante disso tudo, a insatisfação é quase que total e toma conta até mesmo dos aliados. Um bom exemplo vem do Ceará. O senador Inácio Arruda (PCdoB) já disse ser necessário chamar a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, para revisar os cortes e os contingenciamentos anunciados para os estados da região Nordeste. Para ele, a convocação da ministra é necessária devido ao anúncio feito pela presidente de que não haverá cortes nem vetos no orçamento para o Nordeste. Por sua vez, o deputado Heitor Férrer (PDT) afirmou que a impressão passada pelo Governo Federal é a de que a presidente está negando tudo o que foi feito na administração passada, pois a contenção de gastos atinge o social, área na qual o Governo Lula afirma ter investido bastante. O deputado lembrou que R$ 92 milhões foram cortados do Ceará, verba que, segundo ele, fará falta na construção de moradias, resultando em prejuízos para 307 mil famílias cearenses que esperam pela casa própria. Pelo lado da oposição, os estados de Minas Gerais, Roraima e São Paulo, administrados por governadores tucanos, foram os maiores prejudicados pelo corte de emendas parlamentares já efetuado no orçamento da União para 2011, que somou R$ 1,8 bilhão. As emendas vetadas para Minas, de Antonio Anastasia, chegam a R$ 189,2 milhões. Em Roraima, de Anchieta Júnior, a tesourada nos projetos que seriam desenvolvidos exclusivamente no estado foi de R$ 185,6 milhões. Já o corte em São Paulo, de Geraldo Alckmin, ficou em R$ 115,5 milhões. É claro que nenhum desses três governadores está satisfeito. Na opinião de alguns cientistas políticos, a ainda candidata Dilma Rousseff já sabia que teria que aplicar um forte ajuste fiscal caso chegasse à Presidência, mas não podia adotar um tom crítico à política de gastos de Lula. É um tipo de assunto que não se levanta em campanha política, ainda mais no Brasil que não tem cultura do corte de gasto público. Segundo dizem, os cortes atuais são consequências das ações do governo passado e Lula foi imprudente ao “penhorar” o cofre da nação pra garantir a eleição de sua candidata. Enfim, os cortes estão aí e terão que ser administrados. O problema é que, como sempre ocorre no Brasil, quem acaba “pagando o pato” e assumindo a “herança maldita” é o povo. Quisera não fosse assim... Evaldo Pighini Editor Índice Fevereiro2011 34Capa Aberta a temporada de caça aos consumidores das classes C e D. Em ascensão e ávidas por consumo, essa “turma” movimentou em 2010 um mercado de R$ 834 bilhões, chamando ainda mais a atenção da indústria de bens e consumo 14Entrevista 22Política 42Agricultura Perto de completar 50 anos, a Calu, cooperativa leiteira, anuncia a construção de nova fábrica, com capacidade de 400 mil litros/dia. Eduardo Dessimoni, seu presidente, fala desse investimento e outros assuntos mais do mercado A secretária de Desenvolvimento Econômico de Minas, Dorothea Werneck, esteve em Uberlândia, onde se reuniu com lideranças locais, que pediram mais atenção do governo mineiro para a região do Triângulo O Brasil está fazendo o dever de casa incentivando técnicas que equilibram produção agrícola e conservação ambiental. Essa iniciativa está sendo avaliada pela ONU, através da FAO, como forma de reduzir a emissão de gases estufa 39 46Especial O dilema das sacolas plásticas continua. No Brasil, estima-se um consumo de 33 milhões de unidades por dia, que agridem muito o meio ambiente. Entre proibições de uso e não cumprimento da lei, o consumidor segue perdido 62Especial Mulher 66Turismo O sexo frágil está cada vez mais no “batente”. Muitas mulheres agora já começam a se aventurar, assumindo negócios ou trabalho em segmentos até então tipicamente masculinos. O melhor: elas estão fazendo a diferença Segunda em importância política, mas a primeira em turismo. É assim que é Montego Bay para a Jamaica. Mo Bay, como é carinhosamente chamada, abriga a maior parte dos hotéis, além de ter algumas das mais belas atrações caribenhas Canal Livre 8 Artigo 10 Conversa 12 Franchising 18 Investimentos 20 Economia 26 Negócios 32 Trabalho 40 Saúde 54 Estética 58 74 Veículos 80 Bazar 84 Dica de Leitura 86 Literatura 88 Profissões em filme 90 Sustentabilidade 92 Ponto de vista 94 Causos empresariais 96 Geral canal livre Filhos para todos Cada vez melhor O conteúdo da Mercado tem me surpreendido cada vez mais, e positivamente. A meu ver, Uberlândia precisava há muito tempo de uma revista que abordasse tanta gama de informações, muito diferente das demais publicações locais, em que a maioria dá destaque apenas para o social. Cabe aqui ressalvar que sou leitor assíduo das matérias de turismo e da sessão de entrevistas, mas muito mais das matérias de saúde. Aproveito para pedir que, assim que for iniciada a distribuição da revista através de assinatura, eu seja o primeiro da lista. Adelson Matarazzo Pinheiro Personal Trainer Viaduto da Rondon Sou morador de Uberlândia e usuário diário da avenida João Naves de Ávila, nos dois sentidos da via. Tenho percebido que as obras de construção do viaduto no cruzamento dessa avenida com a Rondon Pacheco estão meio que a passos lentos. Enquanto isso o tráfego no local está cada vez pior, principalmente, em horários de pico. Queria saber da prefeitura se o ritmo das obras é esse mesmo e se o cronograma de entrega do viaduto será cumprido. Júlio Marques da Costa Mestre de obras __________________________________________________ Caro Júlio. Segundo informações da Assessoria de Comunicação da Prefeitura, as obras estão em ritmo normal, conforme programado. Acontece que o que já foi feito diz respeito à fundação (base) do viaduto, que não é possível visualizar por causa dos tapumes. Alem disso, há outros canteiros de obras a serviço do viaduto, a exemplo de um onde estão sendo construídas as partes pré-moldadas. Depois é só montar no local. Sobre o prazo de entrega, a informação é de que até o momento nada impede que seja cumprido, dessa forma o viaduto deverá ficar pronto no segundo semestre deste ano, provavelmente em agosto. Vejo com ressalvas as novas regras que passaram a vigorar no Brasil que normatizam a reprodução assistida. Sou a favor, a partir do princípio que seja para beneficiar casais, nesse sentido, falo de homem mais mulher que tenham problemas de saúde. Mas não sou a favor, embora respeite quem seja, de que o método seja aplicado para homossexuais. Penso que isso fere qualquer lei natural de procriação, principalmente a que vale para nós, seres humanos. Divina Francisca Moreira Aposentada Acidentes Muito boa a matéria sobre acidentes publicada na edição de janeiro. Ela mostra bem o atual retrato da segurança em nosso país, colocando os acidentes como os maiores vilões. Eu, como motorista, vivo parte dessa realidade trafegando por estradas de Norte a Sul do país. É, pois, diante da realidade das estradas brasileiras, que peço mais empenho dos políticos em criar projetos que coíbam os excessos. Mas vejam bem, há outras maneiras que não fazendo crescer a indústria das multas. É preciso investimentos em policiamento educativo, sinalização e fiscalização, principalmente quanto ao excesso de peso dos caminhões. Ariovaldo Guimarães dos Santos Caminhoneiro - Araguari-MG Coluna Literatura Cada vez que passa, ficam melhores os comentários da professora Kenia na Coluna Literatura. A última, “Das dificuldades de se escrever uma boa crônica”, foi show. Leio e guardo todas que têm me sido muito úteis na faculdade. Lígia Ribeiro Cintra Estudante Coluna Sustentabilidade Prezado editor. Gostaria de ver mais notícias na coluna sustentabilidade abordando ações de empresas da região. Sei de muitas empresas que renderiam “cases” interessantes e que poderiam servir de exemplo para outras que não têm a sustentabilidade por prioridade. Ivana da Silva Couto Analista de Sistemas Mercado Fevereiro 2011 ∞ 8 MArtigo A saga dos impostos POR Vagner Jaime Rodrigues* E m cerca de 300 dias no ano passado, foram arrecadados um trilhão de reais. Ou seja, cada habitante contribuiu - considerando-se todos os tipos de tributos - com mais de R$5.300. Lembremos que somos 185 milhões de brasileiros, de acordo com as informações preliminares do Censo 2010. Pode ter certeza de que parte expressiva dos brasileiros não ganha por mês nem a metade desse valor arrecadado por pessoa. Com o salário mínimo nacional de R$ 510, um trabalhador precisa de mais de dez meses para juntar todo esse montante... Temos muitos motivos para enfatizar a importância de uma Reforma Tributária e, mesmo assim, ainda muito pouco é feito. E se engana quem pensa que isso é um problema atual. Há décadas que é cogitada uma reforma no sistema tributário, mas muito pouco (ou quase nada) tornou-se viável. Ano passado pudemos perceber como uma tributação mais justa favorece o crescimento do país. Com a crise da economia instalada em todo o mundo, o Brasil resolveu tentar algumas estratégias para aquecer as vendas e, com isso, a economia nacional. O resultado positivo todos nós pudemos ver. Por um período o Governo Federal reduziu o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) de automóveis linha branca e de materiais de construção. Em 2009, verificamos um grande aumento na venda desses produtos ou seja, a nossa economia foi posta em um círculo virtuoso, o que fez com que a crise não afetasse muito o nosso mercado interno. Outro ponto que podemos destacar é a competitividade do Brasil no exterior. Com uma tributação mais justa, é possível que as empresas nacionais tenham um preço tão bom quanto de outros países, fazendo com que os nossos produtos sejam competitivos, ganhando cada vez mais mercado. Se compararmos com as cargas tributárias de países do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), por exemplo, O Brasil é a nação com a carga mais alta (34%), seguido pela Rússia (23%), China (20%) e Índia (12,1%), de acordo com o estudo “Carga Tributária no Mundo - um comparativo Brasil x BRICs”, realizado pela Machado-Meyer. Ou seja, apenas com estes países a competição já estaria quase perdida... Mas o ponto crucial, todos sabemos, é a distribuição de renda. No Brasil, a desigualdade social é imensa, e a cada dia que passa isso só piora. Uma das ideias da Reforma Tributária é que a população pague os impostos de acordo com o seu rendimento mensal. Não adianta sermos a “bola da vez”. Temos que continuar a proporcionar o crescimento da economia brasileira com igualdade social. Mas, para isso, será preciso que os governantes consigam fazer o máximo possível de alterações no sistema tributário brasileiro. Sabemos que isso não ocorrerá do dia para noite, mas temos que, ao menos, começar, pois ainda estamos na estaca zero com relação ao assunto. B *Vagner Jaime Rodrigues é sócio da Trevisan Outsourcing e professor da Trevisan Escola de Negócios ([email protected]) Mercado Fevereiro 2011 ∞ 10 CONVERSA DEMERCADO Caro leitor, Na condição de produtor rural, quero chamar a sua atenção para o atual momento que vive o setor agropecuário nacional, que está cercado de extrema expectativa que deve ser também compartilhada com toda a população brasileira e até mundial. É que nas próximas semanas será colocado em votação o novo Código Florestal, e da sua aprovação dependerá o futuro de todos nós. O documento que vai ao Congresso Nacional teve como relator o deputado federal Aldo Rebelo (PC do B) que, apesar de combatido e criticado, até mesmo por seus aliados políticos, se manteve firme na proposta de conciliar os mecanismos da política de preservação, sem eliminar a capacidade produtiva da agropecuária brasileira. A meu ver, o atual Código Florestal é arcaico e penaliza de forma absurda o setor produtivo. Hoje o homem do campo vive uma situação de insegurança e terror, pois na condição de refém dos órgãos fiscalizadores está sujeito a pesadas multas e até mesmo correndo risco de perder sua propriedade a qualquer momento, por não conseguir cumprir as exigências da Lei. Nós, que fazemos parte do segmento agropecuário, somos vistos por muitos como criminosos e destruidores do meio ambiente. Esta é uma visão equivocada e maldosa, implantada na sociedade por organizações não governamentais, bancadas financeiramente com dólar ou com euro, com o propósito principal de travar o desenvolvimento da nossa agropecuária. O produtor rural brasileiro é, na verdade, o maior defensor das causas ambientais. Se agíssemos diferente, estaríamos dando um tiro no nosso próprio pé. Nós preservamos nascentes e mananciais hídricos, pois dependemos da água para a nossa atividade. Conservamos o solo e combatemos erosões e assoreamento, pois da terra sai o fruto do nosso trabalho. Mercado Fevereiro 2011 ∞ 12 Adotamos práticas de produção modernas e investimos em tecnologia que contribuem com a redução de emissões, como nos casos do plantio direto e da integração lavoura-pecuária e lavoura-pecuária-floresta. Nós não somos criminosos. Somos mais preservacionistas que a grande maioria que nos acusa. Isso ocorre porque o setor produtivo rural brasileiro incomoda muito, principalmente àqueles países cujos governos subsidiam a produção. Enquanto lá o Estado paga para que o produtor exerça sua atividade, aqui nós quebramos recordes de produtividade ano após ano, sem que sequer tenhamos uma política agrícola de preços mínimos que garanta ao menos cobrir os nossos custos de produção. Estes países, que bancam financeiramente a produção agropecuária em seus territórios, chegaram à conclusão que fica mais barato minar a competição externa do que aumentar o subsídio oferecido aos seus produtores. Desde então, começaram a investir parte dos seus dólares e euros nas ONGs que atuam no Brasil. Para se ter uma ideia mais clara desta situação, basta recordar o estudo “Fazendas aqui, florestas lá”, lançado nos Estados Unidos com o patrocínio da National Farmers Union (União Nacional de Fazendeiros) que é o principal sindicato rural norteamericano, apoiado pela Avoided Deforestation Partners (Parceiros pelo Desmatamento Evitado). O objetivo do estudo foi sensibilizar o Senado a aprovar uma lei de mudanças climáticas que prevê que os grandes poluidores dos Estados Unidos compensem suas emissões de gases do efeito estufa financiando projetos florestais em países tropicais como o Brasil. Isso porque os americanos possuem hoje praticamente 100% da sua área produtiva ocupada com atividades agropecuárias. A aprovação desse projeto nos EUA, além de manter intocadas as áreas agricultáveis de lá, ainda redu- ziria a competição de países como o Brasil, que está na disputa direta com os americanos pelos mercados de commodities. Ou seja, nós seriamos obrigados a reflorestar parte das nossas áreas onde produzimos hoje a soja, o milho, o algodão e outros produtos, para compensarmos a emissão de gases dos chamados países desenvolvidos. Pelo estudo apresentado no Senado americano, os ganhos poderiam alcançar US$ 270 bilhões entre 2012 e 2030 só com a diminuição da competição dos países tropicais. ção à população mundial existente hoje. A produção anual de cereais terá de crescer em quase um bilhão de toneladas e a oferta de carne, elevada em 200 milhões de toneladas em relação ao que é produzido hoje. A FAO acredita que boa parte deste crescimento de produção poderá ser obtido com a adoção de práticas de melhoria da produtividade. Entretanto, estima-se que serão necessários 120 milhões de novos hectares para suprir as necessidades de alimentos no mundo. Diante destes números e desta situação dramáti- Precisamos muito que o novo Código Florestal seja aprovado. É importante afirmar que ele não estimula o desmatamento. Muito pelo contrário. Nele está assegurado o desmatamento zero, a biodiversidade e o desenvolvimento sustentável Precisamos muito que o novo Código Florestal seja aprovado. É importante afirmar que ele não estimula o desmatamento. Muito pelo contrário. Nele está assegurado o desmatamento zero, a biodiversidade e o desenvolvimento sustentável. O Brasil não precisa derrubar uma única árvore a mais, para ter aumentada sua produtividade. Mas pode diminuir, num período de 10 anos, cerca de 20 milhões de hectares sua área ocupada com atividades agropecuárias caso os produtores rurais sejam obrigados a recompor a reserva legal da forma como está previsto no atual Código Florestal brasileiro. É, portanto, que o setor rural pede socorro, pois se o texto apresentado pela Comissão Especial do Código Florestal não for aprovado até 12 de junho, quando está previsto para entrar em vigor o Decreto 7.029/2009, cerca de 90% das propriedades rurais brasileiras terão suas atividades embargadas e ficarão na ilegalidade. O decreto condiciona a liberação de crédito para custeio agrícola, à averbação de áreas de reserva legal nas propriedades rurais, deixando muitos produtores sem financiamento para as lavouras e comprometendo definitivamente a safra 2011/2012. Quando defendemos a aprovação do novo Código Florestal, não estamos pensando somente na situação dos produtores que dependem dele para continuar na atividade. Estamos pensando no mundo todo que precisa de alimentos. Pois quando se fala em fome no mundo, o Brasil é sempre visto como uma das principais soluções. Recentemente, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) fez um alerta assustador. Segundo a entidade, será preciso aumentar a produção mundial de alimentos em 70% até 2050, para alimentar 2,3 bilhões a mais de pessoas, em rela- ca apresentada pela FAO, avalio como irresponsável o discurso de certas instituições ambientalistas que criminalizam o homem do campo e colocam-no como o principal vilão do meio ambiente. Cabe aqui uma colocação que ouvi certa vez do presidente do Sindicato Rural de Uberlândia, Paulo Ferolla da Silva, que é a seguinte: “Nenhuma nação, por mais poderosa que seja, consegue estabelecer a democracia e evitar os conflitos internos, se sua população estiver passando fome”. Assim sendo, aprovar o novo Código Florestal Brasileiro, que inteligentemente propõe conciliar a preservação ambiental sem prejuízos para o desenvolvimento das práticas agrícolas, é fundamental para reduzir a insegurança no campo, garantir a produção de alimentos e, porque não dizer, fortalecer a democracia e o crescimento do Brasil. O arroz, o feijão, a carne e tantos outros produtos que abastecem a mesa da população, não nascem nas prateleiras dos supermercados. E, até mesmo o preço que é cobrado por estes alimentos, está diretamente condicionado à oferta que vem do campo. Se esta oferta for reduzida, uma grande parcela do nosso povo não terá mais acesso a muitos destes produtos. É a famosa lei da oferta e da demanda. Por enquanto, temos produzido o suficiente para atender à demanda e garantir preços acessíveis. Mas se tivermos reduzida nossa área de cultivo, certamente esta situação se reverterá. Este é o momento de evitar uma tragédia anunciada. E o único caminho é a aprovação imediata do novo Código Florestal Brasileiro. B Thiago Soares Fonseca é produtor rural e vice-presidente do Sindicato Rural de Uberlândia 13 ∞ Mercado Fevereiro 2011 MEntrevista A força que vem do cooperativismo POR Érica Magalhães A Calu, cooperativa leiteira com quase 50 anos de mercado, vai investir na construção de uma nova indústria de laticínios no DI de Uberlândia, com capacidade para beneficiar quase 400 mil litros por dia. O presidente da cooperativa, Eduardo Dessimoni, atendeu a MERCADO para uma entrevista em que falou do investimento, de crises, da concorrência e da força do cooperativismo Após 49 anos de atuação no mercado, período em que viveu altos e baixos, a Cooperativa Agropecuária Ltda. de Uberlândia (Calu) se reestruturou, diversificou seu mix de produtos, enfrentou de igual para igual a concorrência e agora está se preparando alçar voos mais altos. O marco dessa nova época é a construção de uma nova e moderna indústria de laticínios, em área de 60 mil metros quadrados, localizada no Distrito Industrial de Uberlândia, no Triângulo Mineiro. A pedra fundamental do empreendimento foi oficialmente lançada em solenidade realizada no dia 24 de fevereiro. Para o empresário Mercado Fevereiro 2011 ∞ 14 e também diretor presidente da Calu, Eduardo Dessimoni Teixeira, essa conquista e outras mais, ao longo de quase cinco décadas, giram basicamente em torno de um só segredo: a força do cooperativismo. A construção desse novo laticínio colocará o processo de industrialização da Calu como um dos mais modernos do país. A nova fábrica terá capacidade de produção aproximada de 400 mil litros de leite por dia. Todo maquinário e também os processos de produção estão em conformidade com as mais rígidas normas de qualidade. A marca Calu, tradicional e reconhecida no mercado de laticínios, é responsável por levar o nome de Uberlândia para várias regiões do Brasil por meio de seu mix de produtos. Entre as praças de atuação da cooperativa, estão regiões e estados como Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba, interior de Goiás, São Paulo e Rio de Janeiro, e ainda o Norte e o Nordeste do país. Atualmente, a cooperativa conta com mais de mil cooperados ativos - produtores, fornecedores de leite e um total aproximado de três mil associados. Mas, ao longo dos anos, desde a sua fundação, em 24 de maio de 1962, a Calu enfrentou crises, sofreu e superou concorrentes - incluindo multinacionais - e hoje é uma empresa sólida no mercado, cuja produção diária de leite oscila em torno de 165 mil litros, capacidade esta que irá mais que dobrar com a nova fábrica. Para saber um pouco da história, das crises e perspectivas do negócio para os próximos anos, a revista MERCADO entrevistou o diretor presidente da Calu, Eduardo Dessimoni, que, diga-se de passagem, é um dos grandes responsáveis por essa “volta por cima” da cooperativa, num exemplo de boa gestão. ço do leite no mercado, concorrência com empresas multinacionais, etc. Mas a Cooperativa passou por todas elas e mostrou ser forte. Qual o segredo de tudo isso? Além da marca forte, um dos principais valores para superar crises está na força de seus cooperados e colaboradores. A Calu, hoje, faz parte da vida de muitas famílias. Quarenta e nove anos são uma vida. Muitos produtores nasceram e cresceram com a Calu. Mercado: A construção da nova fábrica é um grande passo na história da Calu? Por quê? Porque é o elo que faltava para consolidar a marca Calu em suas áreas de atuação, pois essa marca, aliada a uma estrutura industrial eficiente, torna o negócio do leite cada vez melhor para os produtores associados. Mercado: São 49 anos de história. Muitas empresas hoje não chegam a completar cinco anos. Qual o segredo que mantém a Calu há tanto tempo no mercado? Não há segredo. A grande responsável por manter a Calu forte e cada vez mais atuante no mercado é a força do cooperativismo. A Cooperativa, como todas as empresas, passou por várias dificuldades, e graças à união de seus cooperados, manteve-se firme e cada vez mais forte. Mercado: Como fortalecer a proposta de cooperativismo em tempos em que há uma concorrência muito grande no mercado? A proposta cooperativista no setor lácteo é forte, porque o trabalho do produtor de leite não termina na porteira da sua fazenda. Por meio de sua cooperativa ele industrializa e comercializa o seu produto. Além disso, o acirramento da concorrência acontece simultaneamente à melhoria dos meios de fiscalização. E esse caminho melhora muito a competitividade do sistema cooperativista. Mercado: A Calu é tradicional. Tem um nome forte na região. A que se deve tanto sucesso? Esse sucesso não aconteceu de um dia para o outro. Ele é o resultado de um trabalho de 49 anos de união, persistência e competência em um mercado muito exigente. A marca Calu cresceu junto com a cidade de Uberlândia, falta agora modernizar o processo de industrialização para fazer jus a essa marca tão forte. Mercado: Ao longo desses anos, muitas dificuldades foram enfrentadas pela Calu. Crises no pre- Mercado: Quais os benefícios que virão com o novo laticínio? Com a nova fábrica, vamos aumentar a capacidade de produção, ampliar o portfólio de produtos e reduzir custos de produção. Mercado: Qual a previsão de inauguração da nova fábrica? Em um ano e meio as obras deverão estar concluídas. Mercado: O produtor sempre sofre com as oscilações de preço no mercado. Como é para a Cooperativa administrar o preço pago ao produtor e o preço do produto acabado? A Cooperativa procura sempre reduzir as suas margens ou até trabalhar com margem negativa em períodos em que os produtos lácteos têm um preço bastante reduzido, com isso diminuindo as diferenças de preço nos diversos períodos do ano. A 15 ∞ Mercado Fevereiro 2011 MEntrevista Mercado: O que tem sido feito pela Calu em prol do produtor? Os maiores investimentos estão sendo feitos na assistência técnica, treinamentos e cursos aos produtores. Esse é um trabalho de crescimento em longo prazo. Temos que treinar técnicos, sensibilizar produtores da necessidade de cada um ser assistido e fazer o planejamento de sua propriedade com um técnico. Esse técnico tem que estar capacitado a garantir a eficiência das técnicas a serem implantadas. Mercado: Como você avalia o agronegócio hoje no Brasil? O agronegócio brasileiro é extremamente carente de uma infraestrutura adequada. Os produtores brasileiros competem em um mercado onde seus concorrentes contam com infraestrutura em seus países muito mais eficiente. O nosso problema é a falta de uma política de longo prazo para o setor. Mercado: Quais as perspectivas do agronegócio para os próximos anos no país, especialmente em relação à pecuária leiteira? Nós estávamos caminhando para sermos grandes exportadores de lácteos e mesmo com um revés provocado por uma política cambial desfavorável ao setor, sem nenhuma medida compensatória para manter nossa competitividade junto aos concorrentes, estamos nos tornando um dos maiores importadores de lácteos novamente. Os países exportadores, quando se deparam com situações desfavoráveis, tomam medidas compensatórias a tempo de evitar o revés acontecido no Brasil. Isso vem a corroborar o que afirmamos: nosso país não tem uma política de longo prazo para o setor. Se controlarmos melhor a entrada de lácteos no país, as perspectivas não são ruins devido ao mercado interno comprar cada vez mais produtos lácteos, pelo crescimento da economia nacional. Mercado: Muitas cooperativas hoje aderiram ao processo de fusão. A Calu pensa nessa hipótese? Sim, todos os investimentos propostos estão em acordo com a possibilidade de, a qualquer momento, firmarmos parcerias, fusões e associações com outras cooperativas. Mercado: Minas Gerais e a região do Triângulo Mineiro têm uma participação expressiva na bacia leiteira do Brasil. No seu ponto de vista, a pecuária leiteira ainda pode crescer mais por aqui? Como? Sim. A pecuária leiteira tende a crescer em regiões onde o cooperativismo é forte. Todos os esforços estão sendo feitos no sentido de tornarmos o sistema cooperativo cada vez mais forte em nossa região. Mercado: Sabemos que produtores de outros países estão de olho na produção de leite no Brasil. Isso é um risco para o país? Por quê? Os produtores que estão começando a produzir leite no Brasil são os neozelandeses. Estão utilizando todas as tecnologias disponíveis em nosso país, aliadas a uma cultura de produzir leite e planejar os seus passos acompanhados por técnicos altamente capacitados. Podemos afirmar que, se não mudarmos de postura com relação à adoção de tecnologias de produção, esses produtores poderão, sim, ocupar um espaço cada vez maior em nosso mercado. Mercado Fevereiro 2011 ∞ 16 Mercado: Para finalizar, qual a mensagem que você deixa para o produtor que quer crescer na atividade leiteira? O negócio de produção de leite é bom, desde que seja feito com planejamento e acompanhamento de técnico capacitado. Não existe espaço mais para produzirmos leite de maneira amadora e sem adoção de tecnologia de ponta. Isso não significa gastos, mas sim fazer um aproveitamento máximo de todas as potencialidades da propriedade. B MFranchising&Negócios A ética como referencial “Há três tipos de profissionais: os que não têm sucesso, os que conseguem conquistá-lo por algum tempo e os que conseguem conquistá-lo e mantê-lo. O que diferencia o terceiro dos anteriores é o caráter”. Jon M. Hunstsman - Autor de Winners Never Cheat (Os vencedores nunca trapaceiam) POR Carlos Ruben Pinto* No franchising, franqueadores e franqueados querem o que é bom para o negócio, e enquanto sistema de negócios, não há franquia que se sustente só com os melhores manuais, com as normas e padrões, com circulares e contratos. O relacionamento entre as pessoas é de fundamental importância. O que dá sustentação a uma franquia são as qualidades próprias do caráter, da virtude e da força moral. É preciso criar bases sólidas de confiança entre as partes, pois é nesse ponto que se inicia a cooperação e o crescimento da rede. Essa sólida confiança é sustentada pela ética do franqueador e dos franqueados, pela qualificação do comportamento humano de cada um sob a ótica do bem e do mal, do certo ou do errado. A ética se baseia na conduta e seu referencial fundamental está nos valores, princípios, hábitos e atitudes das pessoas, cuja aplicação é universal. O que distingue a pessoa é o seu caráter, seus valores, seu modo de ser, sentir e agir. São as qualidades especiais e os valores que vêm da consciência de cada um que constituem o “farol” que ilumina o caminho rumo à prosperidade. “O que distingue a pessoa é o seu caráter, seus valores, seu modo de ser, sentir e agir” O sucesso no franchising é diretamente proporcional aos valores comuns dentro da rede. Portanto, princípios de honestidade, decência, dignidade, virtudes e integridade devem ser sempre buscados por franqueadores e franqueados. A firmeza e coerência das atitudes, a franqueza e lealdade nos relacionamentos são valores que, além de fazerem bem aos negócios, são fundamentais ao desenvolvimento da confiança mútua. Do franqueador espera-se imparcialidade, forte noção de justiça e equidade, além do grande compromisso com a verdade. Deve responder com absoluta franqueza a todas as perguntas de seus franqueados ou candidatos a franqueados. É importante que esteja muito atento ao processo de seleção, pois franqueados sem valores e princípios contribuem mais para a formação de uma “família” caótica. Não cabe a nenhuma das partes utilizar mentiras para conquistar seus supostos objetivos. Franchising, como qualquer outro sistema de negócios, combina com honestidade, com idoneidade moral e financeira, com o contribuir, com o servir, com a qualidade e excelência das pessoas. As franquias com missão, objetivos e princípios éticos claramente definidos possuem a melhor imagem junto ao mercado, têm sucesso sustentado por pessoas que trabalham unidas, buscando o desenvolvimento pessoal combinado com o crescimento de toda a rede. No mundo empresarial altamente competitivo, o princípio do franchising deve ser construir uma rede baseada no desenvolvimento dos dois lados, franqueador e franqueados, já que ambos possuem no mínimo um sonho em comum: expandir seus negócios e satisfazer as necessidades e desejos de seus clientes. Então, como uma rede de franquias pode satisfazer esses sonhos? Não é fácil, mas é possível, tudo depende de se ter a ética como referencial. Se for ético, é estético e é legal. B * Carlos Ruben Pinto é administrador de empresas, consultor de varejo e franquias [email protected] - www.guiadofranchising.com.br/mds Mercado Fevereiro 2011 ∞ 18 MInvestimentos&etc. Como se proteger das oscilações do mercado de ações POR George Lucas Furini D aqui a três anos, investir na Bolsa de Valores será uma atividade comum para um número de brasileiros quase dez vezes maior do que o atual. Isso porque a BM&FBOVESPA pretende ter, até 2014, cinco milhões de investidores - hoje são 610 mil CPFs cadastrados. No entanto, um dos maiores desafios para o investidor é conviver todos os dias com as oscilações do mercado, mesmo sabendo Mercado Fevereiro 2011 ∞ 20 que o investimento em bolsa de valores é, historicamente, o mais rentável no longo prazo. O que muitas pessoas não sabem é que existem estratégias para a proteção de carteiras, as chamadas operações de “hedge” (do inglês, cobertura). Uma das mais eficazes é a proteção através da venda de índices como o Ibovespa - que representa uma carteira teórica de ações mais negociadas na BM&FBOVESPA, como explicado no artigo do mês passado. A negociação de índices é feita através da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), onde são negociados ativos agrícolas e financeiros, como milho, soja, boi, café, dólar, ouro e índice Bovespa, na forma de contratos financeiros. Assim, podemos negociar quanto estará o Ibovespa daqui a dois meses, por exemplo. Para isso, não é necessário ter o valor total da operação, basta uma margem de garantia - dinheiro, ações, CDBs ou títulos públicos -, que é uma espécie de “cheque caução” dado para viabilizar a negociação. Em relação ao Índice Ibovespa, cada ponto do índice representa 1 real. Ou seja, se você comprar o índice a 68.000 pontos e vendê-lo a 69.000, terá um ganho de R$ 1.000 por contrato. Entretanto, por exigir uma margem alta (cerca de R$ 15.000), peque- nos investidores podem utilizar o mini-índice com a mesma finalidade. Neste último, cada ponto equivale a R$ 0,20 e a margem exigida é em torno de R$ 2.500. Suponhamos que você tenha uma carteira teórica no mercado à vista com 5 ativos no valor de R$ 15.000 e haja uma expectativa baixista para o mercado no futuro próximo. Neste cenário, você vende 1 contrato de mini-índice futuro a 70.000 pontos, por exemplo, antecipando um movimento esperado do mercado e deixa como margem parte de sua carteira de ativos. Dessa forma, mesmo que o mercado desvalorize 3% e sua carteira perca o mesmo valor, o mini-índice também cairia cerca de 3% (de 70.000 para 67.900 pontos). Financeiramente falando, suas ações perderiam R$ 450 em valor, enquanto você ganharia R$ 420 (2.100 pontos x 0,2) na sua proteção. O uso dessa estratégia de proteção é, atualmente, muito comum entre investidores no Brasil e no mundo. Para termos uma ideia, operações de mini-índices são mais negociadas que ativos da Petrobras e da Vale. No dia 7 de fevereiro deste ano, foram 31,3 mil negócios fechados com miniíndice, com volume estimado de 24,87 bilhões de reais. Contratos como estes são negociados não só como hedges, mas também por especuladores que buscam ganhos direcionais, apostando na alta ou na queda da Bolsa. A grande vantagem de proteger uma carteira de ações com esta operação é o fato de ser extremamente simples e eficiente. Além disso, evita que você tenha elevados custos operacionais para se desfazer de seus ativos numa possível queda do mercado, reduzindo ou até mesmo anulando as perdas em períodos de instabilidade. Até breve e bons negócios!!! B * Colaboração: Ápis Investimentos | Afiliada XP-Uberlândia www.apisinvestimentos.com - 34 3221-8606 21 ∞ Mercado Fevereiro 2011 MPolítica A secretária de Estado de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais, Dorothea Werneck, durante reunião com empresários na sede da Fiemg - um de seus muitos compromissos durante visita a Uberlândia Dorothea Werneck em Uberlândia POR Evaldo Pighini Secretária de Desenvolvimento Econômico de Minas visita Uberlândia, onde recebe “cobranças” do prefeito e de lideranças durante encontro na Fiemg E m sua primeira visita oficial ao interior do estado na condição de secretária de Estado de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais, Dorothea Werneck esteve em Uberlândia, Triângulo Mineiro, no dia 24, cum- Mercado Fevereiro 2011 ∞ 22 prindo compromissos políticos e de trabalho. De manhã, ela esteve com o prefeito de Uberlândia, Odelmo Leão Carneiro, e prefeitos de mais 15 cidades da região, e ainda marcou presença no lançamento da pedra fundamental para a construção da nova unidade de laticínios no mu- nicípio. À tarde, foi a vez de ela se reunir com empresários e lideranças de associações de classe na sede da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Regional Vale do Paranaíba. Na maioria dos compromissos, enquanto representante do governo do estado, ela foi “cobrada” a dar mais atenção à região de Uberlândia e ao Triângulo Mineiro como um todo. Após a chegada a Uberlândia, em reunião pela manhã na Prefeitura, Dorothea Werneck esteve reunida com secretários municipais e prefeitos de 15 cidades do Triângulo. Na oportunidade, o prefeito anfitrião, Odelmo Leão, apresentou pedidos para a consolidação de obras e projetos no município e região, entre os quais o aprimoramento do sistema de transporte para escoar a produção local para cidades e estados vizinhos. Outra reivindicação feita por Odelmo diz respeito à inclusão do Triângulo Mineiro na rota de ligação do gasoduto entre a cidade de São Carlos (SP) e Brasília (DF) que, entre outras (veja quadro), já conta com o envolvimento do Governo do Estado. “É um projeto que tem total colaboração do Governo de Minas numa demonstração clara de reconhecimento do potencial da nossa região, que tem capacidade para consumir três milhões de metros cúbicos de gás por dia, gerando um impulso extraordinário de emprego e renda para a população”, informou. Após a reunião na Prefeitura, ainda pela manhã, a secretária Dorothea Werneck participou do lançamento, feito pela Cooperativa Agropecuária de Uberlândia (Calu), da pedra fundamental para a construção da nova indústria de laticínio da cooperativa que será construída no Distrito Industrial, em Uberlândia. A nova unidade, com previsão de ficar pronta em 2012, vai custar investimento de R$ 15 milhões. A área total ocupada será de 64 mil metros quadrados, sendo 10 mil de construção. Esse novo investimento da Calu fará A O prefeito Odelmo Leão, a secretária Dorothea Werneck e o deputado estadual Luiz Humberto Carneiro (PSDB), durante a reunião na Prefeitura Em sua avaliação sobre a reunião, o prefeito de Uberlândia afirmou que o governo de Minas tem sido um grande aliado nos últimos anos para o crescimento da região, e a vinda da secretária de Estado de Desenvolvimento Econômico ao Triângulo só faz reforçar ainda mais essa parceria. “A reunião foi muito positiva, pois tivemos a oportunidade de expor projetos que, uma vez executados, resultarão em ganhos para a economia da região e de toda Minas Gerais”, afirmou Odelmo Leão. Algumas das reivindicações feitas à secretária Dorothea Werneck Consolidação do Porto de Chaveslândia, que integra o Triângulo Mineiro ao sistema fluvial de transporte; Construção do terminal aeroportuário de cargas, obra já anunciada pela Infraero; Incremento à interligação ferroviária entre o Triângulo e o Espírito Santo (Porto de Tubarão) - projeto já encaminhado pelo prefeito Odelmo Leão ao Governo de Minas; Apoio a atividades da Plataforma de Valor do Brasil Central - uma iniciativa da Prefeitura de Uberlândia e entidades parceiras para fomentar negócios logísticos por todo o Brasil Central. 23 ∞ Mercado Fevereiro 2011 MPolítica subir em mais de 400 mil litros por dia a sua capacidade produtiva, que atualmente é de 165 mil litros. Novos pedidos em encontro na Fiemg Dando prosseguimento à sua agenda de compromissos em Uberlândia, o período da tarde da secretária de Estado de Desenvolvimento Econômico do governo de Antônio Anastasia, Dorothea Werneck, ficou todo ele reservado para reuniões na Regional Vale do Paranaíba da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). Nesse local, a secretária participou de um debate com empresários da região, momen- to em que esteve em pauta o “desenvolvimento econômico e sustentável do Triângulo Mineiro”. Antes, houve uma coletiva com a imprensa, seguida por uma reunião com integrantes do grupo G7 (*), instituição formada por sete das mais representativas entidades sociais de classe do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba. Durante o debate, o presidente da Fiemg Regional Vale do Paranaíba, Pedro Lacerda, entregou à secretária um documento contendo reivindicações que saíram de conversas com empresários de Uberlândia e região. Segundo ele, pedidos de atenção para a região, que por ser considerada rica é, por algumas vezes, deixada de lado pelo governo do estado. “Preciso lembrar que também temos os nossos problemas e necessidade que demandam atenção, até porque, contribuímos e muito com a arrecadação de Minas e, portanto, temos por merecer esse retorno. Além disso, precisamos de ajuda para continuar progredindo e assim manter a nossa contribuição tão vital para o desenvolvimento de regiões mais pobres do nosso estado”, afirmou Lacerda. Reunião com o G7 O presidente da Fiemg Regional Vale do Paranaíba, Pedro Lacerda, cobrou, entre outras coisas, mais atenção do governo para a região que muito contribui para os cofres do estado e que, portanto, merece retorno à altura na forma de investimentos Antes do debate com empresários, Dorothea Werneck participou de uma coletiva de imprensa em que ouviu indagações sobre a guerra fiscal, falou sobre o salário mínimo e também sobre empresas sustentáveis. Especificamente sobre guerra fiscal, ela afirmou que Minas Gerais não entra nela, mas se defende. “Nós temos uma lei estadual que autoriza que o estado faça concessões que anulam as ações de estados vizinhos. Em várias ocasiões, nós conseguimos reverter decisões de empresas que estavam indo para outros estados e que resolveram permanecer aqui”, disse. Logo após a coletiva, foi a vez de a secretária se reunir à portas fechadas com membros do grupo G7. Foi quando ela ouviu mais pedidos. Estes, no entanto, mais direcionados à indústria e comércio da região. “A Dorothea Werneck, durante debate na FIEMG: “Minas Gerais não entra nela, mas se defende”, disse a secretária em referência à guerra fiscal entre estados presença da secretária em Uberlândia caracteriza a boa liderança e os laços estreitos que ela demonstra ter com a região. Passei a ela propostas de interação maior com o movimento lojista e também pedido de apoio para o projeto Selo Empresa Cidadã, que servirá ainda mais de incentivo aos empresários do Triângulo Mineiro”, relatou Celso Vilela, presidente da CDL Uberlândia, uma das entidades que integram o G7. Por sua vez, Pedro Lacerda, presidente da Fiemg Regional Vale do Paranaíba, outra entidade a fazer parte do grupo de sete, informou ter chamado a atenção da secretária quanto ao problema de a região do Triângulo continuar perdendo empresas para outros estados devido à guerra fiscal. “É preciso rever essa questão que tanto nos preocupa. Uma questão que inclusve consta no documento a ser entregue à secretária. Outra necessidade é colocar em prática o projeto da logística reversa do entreposto da zona franca de Manaus, para que nossas empresas se aproveitem dos mesmos privilégios para comercializar lá fora o que é produzido aqui”, finalizou. Celso Vilela, presidente da CDL, ressaltou que a presença da secretária em Uberlândia “caracteriza a boa liderança e os laços estreitos que ela demonstra ter com a região” Desde que tomou posse do cargo no dia 10 de janeiro, esta foi a primeira visita ao Triângulo Mineiro da atual secretária de Estado de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais, Dorothea Werneck, que foi ministra do Trabalho (*) (1989-1990) e da Indústria e Comércio (1995-1996). “O Governo de Minas quer apoiar e promover o desenvolvimento. Neste primeiro contato aproveitamos para discutir tanto as prioridades quanto as potencialidades do Triângulo Mineiro. Essa foi uma oportunidade para ouvir os prefeitos e secretários, a fim de construir uma agenda de trabalho em comum para o desenvolvimento”, afirmou após encerrado o seu compromisso em Uberlândia. B O Grupo G7 - composição Associação Comercial e Industrial de Uberlândia (Aciub) Câmara de Dirigentes Lojistas de Uberlândia (CDL) Conselho de Veneráveis do Triângulo Fiemg Regional Vale do Paranaíba/Cintap OAB/MG 13ª Subseccional de Uberlândia Sindicato Rural de Uberlândia (SRU) Sociedade Médica de Uberlândia (SMU) 25 ∞ Mercado Fevereiro 2011 MEconomia Importados invadem as ruas POR Janaina Depiné (Lead) No mercado de automóveis, o consumidor tem trocado de veículo cada vez mais cedo, além de estar ainda mais exigente D esde os anos 90, o Brasil não recebia uma enxurrada de carros importados como agora. Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), os importados corresponderam a 23,5% das vendas em janeiro. A Associação acredita que essa participação dos importados seja a maior desde 1994. Em dezembro de 2010, os importados responderam por 21,7% das ven- Mercado Fevereiro 2011 ∞ 26 das de veículos no Brasil. Segundo a Anfavea, 52,7% dos veículos vieram da Argentina, seguidos do México, com 10,6%. Para Rubens Júnior, gerente comercial da Maqnelson Mitsubishi, a explicação é simples: “A tendência do mercado é criar plataformas mundiais e isso é distribuído no mundo todo, mantendo o padrão de qualidade do produto e globalizando a marca importada. Além disso, o poder de compra do brasileiro aumentou e houve uma migração de classe social. É um fenômeno nacional, com pessoas trocando da classe D para a C e da C para a B”, explica. Mudança de renda e de carro Além de comprar mais importados, outra mudança no comportamento do brasileiro está na redução do prazo de troca de carro. “Como estamos presenciando uma ascensão de classe, temos uma parcela maior de pessoas com maior poder econômico. Hoje a pessoa compra um veículo e com dois anos já quer um carro melhor. Por isso, as montadoras estão colocando veículos de entrada. Assim, o consumidor compra um primeiro carro da marca e vai ascendendo. Na medida em que ele vai tendo o desenvolvimento econômico, muda de carro sem sair da marca, porque conseguimos fidelizá-lo”, avalia o gerente. tem algumas vantagens a mais: painel digital, conta-giros, rodas aro-14, peito de aço de fábrica, tapetes originais, além do maior porta-malas da categoria pelo que pesquisei. Optei pela versão mais básica e ainda assim obtive diversas vantagens”, conta. Rubens Júnior diz que esse comportamento é comum. “Conforme a renda cresce, o consu- um Citroën, mesmo o segundo sendo um ano mais antigo que o primeiro. “Não tem comparação a quantidade de opcionais que inclui, até aquecedor de banco e seis airbags, e o preço dos carros é praticamente igual. Além disso, existem peças disponíveis e, inclusive, a primeira revisão saiu mais barata que a feita no modelo nacional”, comemora. B O gerente comercial da Maqnelson Mitsubishi, Rubens Júnior, diz que hoje a pessoa compra um veículo e em dois anos já quer mudar para outro carro. Se for importado, melhor ainda Foi esse o motivo que fez o analista de negócio da Pub Web Mídia Digital, Marcelo Medeiros, trocar um carro básico por um modelo importado cheio de opcionais. “Começei com um Gol básico, depois passei para um Palio e agora estou num modelo da Renault. Meu carro atual midor quer mais opcionais, pois cresce o nível de exigência. A pessoa às vezes começa com um carro popular, depois quer um importado e hoje esse é um carro acessível”, garante. Foi exatamente o que percebeu o colega de trabalho de Marcelo. Carlos Oliveira trocou o Astra por Dicas básicas para a escolha de um importado Veja a rede de distribuição. Cheque se há concessionária na cidade onde você mora Verifique a disponibilidade de peças da marca Avalie o pós-venda e o serviços 27 ∞ Mercado Fevereiro 2011 MEconomia Compra de veículos fica mais difícil POR Alitéia Milagre (Serifa) O Brasil continua no topo do ranking de países com maior taxa de juros real do mundo. Com a alta do Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic) em 12,25% e a meta inflacionária estabelecida de 4,5%, o impacto na economia será maior em 2011. Isso significa um ano de desaceleração do crescimento econômico, ocasionado por causa das altas taxas de juros de empréstimos e financiamentos para compras de imóveis, carros, produtos eletroeletrônicos, entre outros. Significa também que, por causa das medidas de restrição ao crédito, anunciadas em janeiro pelo Banco Central, torna-se ainda mais difícil o sonho de o con- Mercado Fevereiro 2011 ∞ 28 sumidor adquirir bens como veículos, por exemplo, já que os prazos e condições para aquisição não devem estar tão atrativos. Segundo o gerente da Autus, revendedora da marca Chevrolet em Uberlândia, Rodrigo de Freitas, apesar da alta de juros anunciada pelos Bancos e os critérios mais rigorosos na análise do crédito, o preço do veículo zero quilômetro baixou. “É possível comprar um Celta dentro da loja pelo mesmo preço de três anos atrás”, acrescentou. A retração nas vendas, principalmente neste início de ano, é normal e já era esperada pelo setor. O acúmulo das despesas de início de ano como IPVA, IPTU, material escolar, entre outros, acaba, por um lado, por adiar o sonho do carro novo e, por outro, gera ótimas oportunidades de preços e até mesmo bonificações no veículo zero”, explicou. Em 2009, só a General Motors (GM) demitiu 744 temporários no interior de São Paulo. Outros 250 funcionários de fábrica da Peugeot também perderam o emprego. Neste mesmo ano, a demissão em massa afetou não apenas as fábricas, mas toda a cadeia automobilística. Em 2010, a economia volta a acelerar e o setor de automóveis registra números inéditos de produção e vendas. Também passou-se a exportar mais. Foram 3,51 milhões de veículos vendidos, segundo a Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). culo comercial deve crescer 5% sob base alta”, afirma o empresário que também é presidente executivo da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). Aliás, segundo dados repassados pela Fenabrave, os veículos de carga vão crescer este ano de 13% a 15%. Em 2010, o Brasil emplacou 3.400 veículos (automóveis/ comerciais leves), 155 mil caminhões e 1.800 milhão motos. “Este ano as vendas de motos devem crescer 8%, de caminhões 15% e de veículos comerciais leves 6%”, acrescentou. Foto: Arquivo em massa podem voltar a ocorrer”, disse Vitiello. O diretor superintendente do Conselho de Acionistas da Holding Deriva, a qual integra o Grupo Suécia (concessionárias Volvo), Alarico Assumpção Júnior, é um pouco mais otimista. Ele explica que o financiamento dificultará as vendas porque a aprovação do crédito ficou mais rígida. Porém, ainda é possível comprar veículos em até 60 meses sem entrada, e em até 36 meses com 10% de entrada. “A restrição maior está Foto: Alitéia Milagre Apenas a PSA Peugeot-Citroën anunciou, em janeiro do ano passado, a contratação de 700 novos funcionários para a fábrica de Porto Real (RJ). Em maio do mesmo ano, foi a vez da General Motors do Brasil contratar. Foram 200 novos funcionários admitidos para trabalhar nas plantas de São Caetano do Sul e Mogi das Cruzes, ambas no estado de São Paulo. Três meses depois, a Volkswagen do Brasil contratou 312 funcionários para sua fábrica Anchieta, em São Bernardo. Paulo Vitiello, vice-presidente da CDL: “O desaquecimento gera desemprego. Novas demissões em massa podem voltar a ocorrer” Este ano, o cenário pode ser diferente. O vice-presidente da CDL Uberlândia, Paulo Vitiello, afirma que a restrição de crédito e as taxas altas de juros desaceleram o ritmo do consumo. “No setor automobilístico, o reflexo poderá ser ainda maior, porque é um dos setores que mais empregam. O desaquecimento gera desemprego. Novas demissões O empresário Alarico Assumpção, da Holding Deriva, acredita que apesar da retração neste princípio de ano, 2011 será um ano tão bom quanto 2010 sendo com relação ao carro popular/ básico”, afirmou. Alarico disse ainda que dezembro foi um mês estrondoso em vendas no ramo de automóveis, mesmo sendo um período de muitos gastos. “A tendência para este princípio de ano é ter mesmo uma retração. Isso é normal. 2011 será um ano bom tanto quanto 2010. O balizamento do veí- Com relação ao comércio, na visão de Paulo Vitiello a expectativa é de que haja retração na taxa de crescimento para os bens semiduráveis, se comparado ao ano passado. De acordo com último relatório de inflação, estima-se que o comércio cresça 5% em 2011, frente a um crescimento superior a 10% esperado até o fim de 2010. A 29 ∞ Mercado Fevereiro 2011 MEconomia Brasil no topo do ranking dos juros mais altos do mundo Evolução das taxas de juros Em % 19,75 20 19 18,25 18 17,25 17 16 14,75 15 13,75 14 13,00 13 12,75 12 11,50 11,25 11 10,75 10,25 10 9 8 8,75 jan/05 ago jan/06 jul jan/07 jul set/08 jan/09 jul dez jan Fonte: Banco Central Gráfico mostra a variação da taxa Selic Ao apagar das luzes em 2010, na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), foi mantida a taxa básica de juros do país em 10,75% ao ano, o que fez com que o Brasil mantivesse a liderança do ranking dos países com maiores juros reais do mundo. Com a manutenção na taxa básica do país, os juros reais foram a 4,8% ao ano. Na segunda posição aparece a África do Sul, com taxa real de 2%. Na terceira posição está a Austrália, com 1,9%. O ranking é elaborado com 40 das maiores economias do planeta. Da taxa básica, foi descontada a inflação projetada para os próximos 12 meses. Os analistas afirmam que, para que o Brasil deixasse a primeira colocação no ranking, seria necessário um corte de 3 pontos percentuais na taxa Selic, para 7,75% ao ano. Assim, o país chegaria a um juro real de 2,0%. Mercado Fevereiro 2011 ∞ 30 E para piorar ainda mais a situação, em janeiro, na primeira decisão da autoridade monetária do Governo de Dilma Rousseff, o BC subiu em mais meio ponto percentual a taxa básica de juros, de 10,75% para 11,25% ao ano. A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) qualificou a decisão como “um erro” e “um começo ruim” do novo Governo. B MNegócios Triângulo ganha site de leilões virtuais POR Bárbara Sábio Com estratégia, dinheiro e paciência, o comprador pode arrematar mercadorias até 90% mais baratas em comparação ao valor de mercado U m click no mouse pode garantir a compra de produtos pela internet com quase 100% de desconto. O que há alguns anos soava como piada, agora virou coisa séria e verdadeira. O tradicional “Quem dá mais?”, utilizado em leilões para incentivar o aumento dos lances, ganhou uma nova forma, a de um cronômetro regressivo. Em frente ao computador, o internauta escolhe a mercadoria que deseja arrematar e começa a dar lances. Só não pode deixar o cronômetro zerar após o lance do adversário. Parece até uma mera brincadeira, mas os leilões virtuais ganharam Mercado Fevereiro Dezembro2011 2010 ∞∞ 32 32 o gosto popular dos brasileiros, por possibilitar a compra de mercadorias de alta qualidade por um valor ínfimo. Disseminados por um site alemão e divulgados em vários países através da globalização virtual, sites do sistema “Penny Auction”, aqui conhecidos como Leilão de R$ 0,01 (um centavo), chegaram ativamente ao Brasil em 1999, com o site inglês eBay (www. ebay.com), considerado o primeiro e maior do mundo. O interesse pela nova tendência tecnológica foi tanto que sites de leilões virtuais começaram a ser criados em todo o país. Atualmente, o arremate.com (www.arremate.com. br), do Mercado Livre, é considerado um dos maiores do Brasil, disponibili- zando ao consumidor internauta mais de 20 mil itens. Essa “mania” agora acaba de chegar ao Triângulo Mineiro, região que engloba importantes cidades brasileiras, como Uberlândia e Uberaba e famosa pelo seu grande índice de desenvolvimento. Apesar da facilidade de acesso de internautas da região a leilões virtuais de todo o mundo, graças à internet, a prática ainda não era muito conhecida pela ausência de um site específico local. Diante dessa abertura, na busca de suprir essa necessidade e trazer para o Triângulo atualidades tecnológicas e boas chances de negócios, três empreendedores de Uberlândia se reuniram para a Leilões virtuais Os sites de leilão virtual funcionam na verdade como agenciadores comerciais, intermediando a compra com a vantagem de oferecer grandes descontos. Diferente dos leilões tradicionais, no virtual, quem não leva também paga. Isso porque, para dar os lances, o internauta tem que comprar um pacote de créditos no site. No caso do site dos uberlandenses, cada lance tem o valor de R$1,00, e o pacote mínimo vem com 20 lances. Para muitos, os leilões virtuais tornam-se até mesmo uma diversão em frente ao computador. Com a experiência, é possível definir uma estratégia para poder arrematar o produto que se deseja a um preço inferior. Como funciona Os produtos como eletrodomésticos, itens de esporte, lazer, informática, etc., ficam disponíveis no site. Os jogadores escolhem o produto desejado. Quando o leilão começa, um croFoto: Marlúcio Ferreira criação de um site regional especifico em leitão virtual, ou leilão do um centavo, como mencionado. Lincoln Cruz, Leonardo M. Samora e Luiggi G. Loureiro idealizaram, então, o site Let’s Deal (www.LetsDeal.com.br), na tradução literal: “vamos negociar”. É indiscutível o crescimento do número de pessoas com acesso à internet. Uma pesquisa realizada pelo Instituto Ibope Nielsen Online comprovou um aumento de 13,2% de usuários ativos, ou seja, que acessam a rede regularmente, de outubro de 2009 ao mesmo mês de 2010. Esse número, somado ao de pessoas que possuem acesso à internet no trabalho, chega a 51,8 milhões, sendo que 38% acessam a web diariamente; 10%, de quatro a seis vezes por semana; 21%, de duas a três vezes; e 18% apenas uma vez por semana. Os números também são altos, se levarmos em consideração o faturamento do e-commerce brasileiro. No primeiro semestre de 2010, o mercado virtual alcançou 7,8 bilhões de reais. De acordo com a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio/ SP), baseado em um estudo da e-bit, o valor supera as vendas dos shoppings da Grande São Paulo de 7,2 bilhões. Lincoln Cruz, Leonardo Samora e Luiggi Loureiro: empreendedores do Let’s Deal nômetro regressivo, que normalmente inicia marcando 15 ou 30 segundos, é acionado. Cada vez que alguém dá um lance, o valor da mercadoria sobe um centavo e o relógio volta a contar o tempo total. O vencedor é quem dá o último lance antes de o relógio zerar. O Let´s Deal também oferecerá uma nova oportunidade de leilão, além do cronômetro. Será o valor definido para o produto. “Quando o internauta atingir o valor que nós prédefinimos em relação a um determinado produto, ele leva a mercadoria”, explica Lincoln. Tanto o pagamento da mercadoria como dos créditos para dar os lances é facilitado. Let’s Deal Inaugurado em 14 de fevereiro de 2011, o Let’s Deal alcançou mais de 7 mil acessos só no lançamento. “Apesar da divulgação que fizemos, não esperávamos essa aceitação. Tivemos cerca de 150% de usuários cadastrados a mais do que havíamos previsto”, afirma Lincoln. Os leilões no site só começarão efetivamente no dia 21 de fevereiro, com o arremate de uma TV de 32 polegadas. Porém, os usuários cadastrados já podem dar seus primeiros lances nos leilões abertos, alterando o valor inicial do produto. As mercadorias oferecidas pelo site Let’s Deal são compradas da B2W, considerada a melhor empresa de varejo do Brasil em 2010 pela revista Época, formada pelas Lojas Americanas, Submarino, Shop Time, entre outras. B 33 ∞ Mercado Fevereiro 2011 MCapa Franciele Ribeiro, esteticista e cabeleireira , abriu o próprio negócio, passou a ganhar mais e já sonha com a compra da casa própria. Ela faz parte das estatísticas da população brasileira em ascensão: veio debaixo, chegou à classe D, e está a caminho da C A força que vem debaixo POR Margareth Castro e Evaldo Pighini Em ascensão e ávidas por consumo, as classes C e D movimentaram em 2010 um mercado de R$ 834 bilhões, despertando o interesse da indústria de bens e serviços, que agora corre atrás para atender as necessidades desses consumidores Mercado Fevereiro 2011 ∞ 34 A classe C, que em 2002 representava 37% da população do país, em 2014 subirá para 58%. Já a classe D, de 38% cairá para 20% daqui a três anos. Isso porque a população dessa classe social irá migrar para outras acima. O superintendente regional da Caixa na região do Triângulo Mineiro, Alto Paranaíba e Noroeste de Minas, José Geraldo Sales, diz que o crescimento das classes C e D se deve à redistribuição de renda, à expansão da base de crédito e à bancarização das famílias. Para ele, esse crescimento é contínuo e consistente, pois a economia nacional continua em expansão, apesar das medidas recentes do governo de contenção da inflação. “As medidas tomadas pelo governo por si só confirmam a continuidade. Foi preciso colocar o ‘pé no freio’, pois não podemos aceitar a volta da inflação, já que esta exer- ce força contrária na evolução das classes C e D”, frisou. Para Sales, outra questão positiva é que o crescimento do Brasil está acontecendo de forma sustentável, especialmente porque o governo tem agido com tempestividade às mudanças internas e externas. A indústria brasileira está em franco crescimento, a produção rural tem batido recordes anualmente e o sistema bancário é um dos mais seguros e competentes do mundo. Formação das classes sociais Segundo levantamento da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisas (ABEP), a classe D é composta por famílias que ganham de dois a quatro salários mínimos e a classe C, que lidera o consumo no país, por aquelas que têm renda familiar entre R$ 2.040 e R$ 5.100 (veja quadro). A Classe Sal. Mínimos (s.m.) Renda Familiar (R$) A Acima de 20 s.m. Acima de R$ 10.200 B Entre 10 e 20 s.m. De R$ 5.100 a R$ 10.200 C Entre 4 e 10 s.m. De R$ 2.040 a R$ R$ 5.100 D Entre 2 e 4 s.m. De R$ 1.020 a R$ 2.040 E Até 2 s.m. De R$ 0 a R$ 1.020 Classe social - Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (ABEP) C omprar a casa própria, ter um carro e fazer uma faculdade. O que antes parecia ser apenas um sonho, já se tornou realidade na vida de milhares de brasileiros que fazem parte das classes C e D. É o caso de Franciele Ribeiro de Oliveira, 22 anos, esteticista. Logo após concluir a faculdade, ela se juntou a uma colega para abrir o próprio negócio. O centro estético com 17 meses de funcionamento lhe garante uma renda mensal de pouco mais de dois salários mínimos que, mesmo não parecendo muito, já é o suficiente para lhe permitir sonhar com um próximo passo: a compra da casa própria. “Penso em financiar a compra, já que com a renda que tenho consigo subsídio total do governo”, explica. A estabilidade econômica do país, que criou milhares de novos postos de trabalho, e ainda os programas de distribuição de renda aumentaram o potencial de consumo dos brasileiros. Em 2010, as classes C e D movimentaram R$ 834 bilhões, segundo levantamento do Instituto Data Popular. O total é mais do que o consumido no último ano pelas classes A e B juntas. Do valor projetado para a classe C de R$ 427,6 bilhões, os jovens movimentaram, de acordo com as pesquisas, em torno de R$ 96 bilhões. E para cada R$ 100 em mercadorias vendidas no varejo, R$ 41 se destinaram a produtos comprados por mulheres, que teveram grande ascensão nessa nova classe média brasileira. Hoje, 33% dos domicílios são chefiados por mulheres. Em 2010, as classes C e D movimentaram R$ 834 bilhões. Detalhe: para cada R$ 100 em mercadorias vendidas no varejo, R$ 41 se destinaram a produtos comprados por mulheres, que tiveram grande ascensão nessa nova classe média brasileira 35 ∞ Mercado Fevereiro 2011 MCapa Enquanto a classe A não apresenta dificuldades financeiras e consome tudo o que deseja, e a B, considerada classe média alta, faz gastos com rédeas curtas, a classe C é considerada ávida pelo consumo e endivida para realizar sonhos. Já a classe D é o brasileiro típico. Está na periferia, em áreas rurais e nos redutos de baixa renda. Classe Sociais A B Não apresenta dificuldades financeiras. Consome tudo que deseja. Nivel de consumo = desejo próprio Média-Alta: faz gastos com rédea curta C Nova classe emergente: ávida pelo consumo. Endividada para realizar sonhos D Brasileiro típico: está na periferia, em áreas rurais e nos redutos de baixa renda. Aqui está o Brasil Mas se engana quem pensa que os consumidores da classe C querem apenas o que cabe no bolso. A população de “baixíssima” renda que ingressou recentemente nas classes C e D sabe dar valor a cada centavo gasto e prefere aplicar o dinheiro em itens como preço e qualidade. Além disso, ela determina tendências e é exigente. Exemplo dessa exigência é que os produtos mais baratos, incluindo os “piratas”, são desprezados porque duram pouco e os mais sofisticados e caros estão fora da lista de compras porque comprometem a renda desses consumidores. Outras informações peculiares dessa faixa de consumo é que ela se interessa por itens com referências da cultura negra e popuMercado Fevereiro 2011 ∞ 36 lar, pelo uso de cores e por produtos voltados para o sexo feminino. Os consumidores emergentes já detêm 69% dos cartões de crédito e consomem 76% de tudo o que é vendido nos supermercados. Outra característica do perfil d classe C é que a maioria, 85%, prefere fazer compras no próprio bairro onde reside. Perfil do Consumidor da Classe C Como as empresas lidam com a baixa renda Pesquisa* com executivos mostra preconceito em atender comsumidores da nova classe média, em % Preconceito Existe preconceito em sua empresa em atuar com as classes C, D e E? 9,5 29,7 Muito preconceito 60,8 Não tem Algum preconceito Dá valor a cada centavo gasto Participação crescente do público feminino Detém 69% dos cartões de crédito Resistência Existe resistência interna em atuar no mercado das classes C, D e E? 28,8 Não há Preferência por itens com referências da cultura negra e da cultura popular e pelo uso de cores Determinam tendências e são exigentes Muita resistência 64,4 Há resistência Consomem 76% dos produtos comercializados nos supermercados 85% preferem fazer compras no próprio bairro onde reside 6.8 Está preparado para atingir as classes C, D e E? O executivo A agência de propaganda Muito preparado 20,8 8.6 Pouco preparado 74,3 Enquanto a nomenclatura das classes sociais sofre mudanças, o ingresso de milhares de novos consumidores com poder de compra gera um desafio para as empresas, ou seja, aquelas que pensam em arrebanhar fatias desse público vão precisar agir, e com rapidez. É preciso rever alguns conceitos (veja o gráfico). Porém, uma coisa é certa, muitos empresários brasileiros já descobriram que para serem líderes em qualquer segmento é necessário primeiro serem líderes na classe C. 66,7 Não está preparado 4,9 24,7 Estratégia Qual a estratégia mais adequada para atingir os consumidores emergentes? 78% Falar com a cabeça do consumidor 22% Falar com o bolso do consumidor 69% dos fornecedores de servi- ços de marketing dessas empresas entendem pouco ou nada sobre baixa renda 31 69 *As cem empresas consultadas já atuam no mercado de baixa renda, em vários setores e regiões do país e faturam a partir de R$ 100 milhões anuais Fonte: Instituto Data Popular Pelo menos na avaliação do superintendente regional da CEF, José Geraldo Sales, o mercado e a classe empresarial como um todo vêm se ajustando para atender as necessidades desses novos consumidores. “Nos últimos anos, percebemos a mudança de grandes redes comerciais, bem como a expansão do número de agências bancárias para o Nordeste do país. Para entender melhor a questão, basta verificar o número de lojas de grandes redes existentes hoje nas cidades da região, além de shopping Centers, correspondentes bancários e redes de supermercados”, disse. Salvador e Fortaleza, por exemplo, são duas cidades onde há maior concentração das classes C e D no país - essa informação é do sócio-diretor da Quorum Brasil, Cláudio Silveira. De olho nos novos consumidores, alguns segmentos saíram na frente e conseguem oferecer produtos e serviços que se adéquam às necessidades de consumo. Os que mais ganharam com a expansão das classes C e D foram os que comercializam eletrodomésticos, automóveis, motocicletas, computadores, supermercados, casa própria e estão juntos à rede bancária. federal à população para construir condomínios com casas populares, tendo como foco principal atender ao programa “Minha Casa, Minha Vida”. Segundo o superintendente regional da CEF, José Geraldo Sales, nunca foram produzidos tantos imóveis financiados e o programa do governo federal foi a vedete, tendo produzido um milhão de moradias de março de 2009 a dezembro de 2010. Crescimento das classes C e D deve continuar O superintendente regional da CEF, José Geraldo Sales, informa que nunca foram produzidos tantos imóveis financiados e o programa do governo federal foi a vedete, tendo produzido um milhão de moradias de março de 2009 a dezembro de 2010” Habitação serve de parâmetro De olho nas classes C e D, algumas empreendedoras aproveitam os subsídios dados pelo governo R$ 4,9 mil, em especial às famílias com renda até R$ 1.395. O governo contou com o empreendedorismo das instituições como o Sindicato das Indústrias de Construção Civil (Sinduscon), o Secovi, a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) e as associações comerciais, que em parceria com instituições financeiras conseguiram atingir uma marca histórica, pois nunca havíamos conseguido produzir mais que 250 unidades por ano”, esclareceu. Sales diz que ainda há muitos desafios a serem vencidos, mas tudo que é bem planejado e conta com a mobilização da sociedade tem um final feliz. “Estamos trabalhando com este propósito e o programa Minha Casa, Minha Vida é um grande exemplo e aprendizado para o Brasil”, concluiu. “Foi um esforço conjunto, pois o governo federal aumentou o subsídio para famílias com renda até O economista uberlandense Lourenço Faria Diniz prevê uma provável redução da classe E nos próximos anos e, consequentemente, o aumento ainda maior das classes C e D, em função dos programas governamentais de combate à pobreza extrema - como o Bolsa Família - e a própria dinâmica de uma economia em crescimento como a do Brasil. “Não existem perspectivas de que o Bolsa Família vá acabar, longe disso, é um dos carros-chefe do governo petista, além do quê, a economia segue crescendo em níveis razoáveis, portanto, a tendência deve se manter”, ressaltou. Segundo ele, o Bolsa Família leva a uma redução da pobreza extrema para os figurantes da classe E através da garantia de renda mínima, o que faz com que as pessoas assistidas e que estão inseridas nesse grupo social possam ascender às classes C e D. Além disso, a economia contribui por meio da geração de empregos e o aumento dos salários acaba por incrementar a renda da população das famílias de classe baixa. A 37 ∞ Mercado Fevereiro 2011 MCapa A inflação que ameaça surgir novamente no país pode ser um entrave ao aumento da renda da população mais pobre, por se refletir primeiramente nos preços de alimentos, combustíveis e moradia, que compõem a maior parte dos gastos das classes C e D (Lourenço Diniz - Economista) Mercado Fevereiro 2011 ∞ 38 por exemplo, subiu assustadoramente nos últimos meses como reflexo do aumento do poder de compra da população mais pobre, que antes dava preferência para a carne de frango, mais barata. Nesse caso, a demanda por carne bovina aumentou sem que a oferta tenha aumentado no mesmo patamar, gerando uma alta nos preços”, explicou. Para finalizar, Lourenço Diniz diz ser preciso que o mercado acompanhe a demanda crescente para que não haja uma alta nos preços dos produtos consumidos pelas classes emergentes, ávidas pelo consumo dos produtos que nunca, ou quase nada, puderam adquirir. de Dilma Rousseff chegando ao fim, praticamente três em cada cinco brasileiros pertencerão à classe C - grupo que chegará a 115 milhões de habitantes, ou seja, praticamente três vezes a população da Argentina. “A classe C será maioria absoluta e a E deve entrar em extinção”, avalia o diretor do Data Popular, Renato Meirelles. Foto: Divulgação Contudo, Lourenço Diniz chama a atenção para a importância de manter esses dois pontos (programas governamentais e desempenho da economia) para que o crescimento de renda da população continue. Segundo ele, caso qualquer um desses fatores seja suplantado, as classes mais pobres sofrerão as consequências. “De qualquer forma, a inflação que ameaça surgir novamente no país pode ser um entrave ao aumento da renda da população mais pobre, por se refletir primeiramente nos preços de alimentos, combustíveis e moradia, que compõem a maior parte dos gastos das classes C e D”, alertou. Mesmo que a avaliação do superintendente regional da CEF, José Geraldo Sales, seja a de que o mercado e a classe empresarial como um todo vêm se ajustando para atender as necessidades desses novos consumidores, pelo que afirma o economista Lourenço Diniz, isso ainda está longe de como deveria ser. Segundo ele, o mercado ainda não está devidamente preparado para atender as demandas das classes emergentes. Para ele, ao mesmo tempo em que o crescimento da renda das classes mais pobres aquece a economia, aumentando a demanda por produtos industrializados, automóveis e residências próprias, também causa uma pressão sobre os preços, que pode levar a um cenário de inflação. “A carne bovina, Pesquisa confirma que classe E está se extinguindo A previsão do economista uberlandense Lourenço Faria Diniz, de que a classe E tende a uma gradual redução nos próximos anos ganha o respaldo em vários estudos, incluindo um levantamento feito pela consultoria Data Popular, em que ficou constatado que a renda maior e mais consumo estão deixando a classe E com os dias contados, sendo que os integrantes dessa faixa social mais baixa irão engrossar ainda mais as fileiras da classe C. A previsão é de que quando o Brasil estiver às voltas com a Copa do Mundo e o governo O diretor do Data Popular, Renato Meirelles: “As empresas que ignorarem a nova classe média não irão sobreviver” Foto: Arquivo Lojas Marisa: esse é o perfil de comércio preferido pela nova classe média brasileira Para Meirelles, as empresas que ignorarem a nova classe média não irão sobreviver. E não será qualquer produto, serviço ou empresa que conseguirá abocanhar o dinheiro e o poder da classe C, que para Meirelles tem um jeito muito próprio de consumir. “Esses consumidores estão experimentando alguns produtos e serviços pela primeira vez”, explica, comprovando a afirmação do economista Lourenço Diniz. A força da classe C Mas, se transformação da econômica brasileira trouxe de baixo uma nova fatia de consumidores com grande poder de compra e até então um tanto quanto desprezados pelo mercado, destes a classe C é a que merece ainda mais atenção. Essa classe, também chamada de nova classe média, representa hoje 49% da população brasileira e 46% da renda do país. Contudo, é bom os empresários “se enquadrarem”, pelo menos por agora, pois essa impor- tante fatia de consumidores ainda desconhece marcas de luxo e não possui qualquer fidelização por lojas. Pelo menos é isso o que mostra pesquisa realizada pela Franceschini Análise de Mercado. O levantamento teve como objetivo registrar o que os consumidores emergentes pensam do luxo e indicar caminhos para as empresas que desejam aproveitar o potencial deste segmento. Para surpresa de muitos, grandes varejistas como C&A, Riachuello, Carrefour e Marisa foram as mais citadas pelos entrevistados. Ainda conforme o apurado, 64% desses consumidores, os da classe C, não têm nenhuma marca de vestuário na memória que esteja ligada a luxo, assim como 62% não citam loja específica. O mesmo ocorre com perfumes, sendo que quase metade não conhece nomes e marcas famosas. “As empresas terão que desenhar outro tipo de negócio. Casas Bahia e Marabraz são redes que ficaram enormes respeitando o consumi- dor, com outra forma de cadastro de lidar com o cliente, tratar o atraso e abdicar dos juros. Uma atitude às vezes mais respeitosa”, diz Adélia Franceschini, da Franceschini, em comunicado. Na opinião do diretor do Data Popular, Renato Meirelles, “existe um grande abismo cognitivo entre as empresas e a nova classe média. Entender as tendências, motivações e referências deste novo consumidor brasileiro requer humildade e conhecimento especializado. O Brasil de verdade fala outra língua”. Entre as dificuldades encontradas pelos executivos para atingir o mercado popular estão a falta de conhecimento, comunicação e estrutura. E, sem conhecer grandes marcas de luxo e com desejos de consumo que contabilizam coisas mais simples - como um carro popular e a casa própria -, entender e agradar esse consumidor torna-se tarefa árdua para as companhias. “É preciso se reinventar para isso”, finaliza Meirelles. B 39 ∞ Mercado Fevereiro 2011 MTrabalho O “quê” por detrás do estágio internacional POR Carolina Ikeda (Lead) No Brasil, as empresas estão em plena temporada de vagas abertas para estagiários profissionais estrangeiros, quando a troca de experiências é, na maioria das vezes, positiva O s três primeiros meses do ano estatisticamente são os melhores para se encontrar estágio no Brasil. Segundo a Associação Brasileira de Estágios (Abres), este é um período no qual muitos jovens se formam e são efetivados ou mudam de emprego deixando vagas abertas. É a época também em que as empresas têm orçamentos aprovados para contratação logo nos primeiros meses do Mercado Fevereiro Dezembro2011 2010 ∞∞ 40 40 ano. Dados da Abres apontam que no Brasil estão abertas 210 mil vagas, sendo 170 mil para superior e tecnólogo e 40 mil para médio e técnico. O que revela um crescimento de 20% em relação ao mesmo período do ano passado. Não é a toa que o primeiro trimestre do ano é chamado de “temporada de estágios”. E essa oportunidade não fica restrita somente aos brasileiros. Que o diga a estudante francesa Agathe Masson, que está no Brasil por conta de um intercâmbio profissional. Recentemente ela foi contratada para o setor de marketing do Aliança, uma das grandes empresas do setor atacadista de Uberlândia. Agathe cursa administração na Université Paris-Est e conta que aprendeu a língua portuguesa em apenas dois meses antes de vir para o nosso país. Tanta determinação e interesse levam a uma pergunta: o que o mercado brasileiro tem que atrai essas pessoas? A estudante francesa de Administração, Aghate Masson, que está em Uberlândia em busca de experiência no setor atacadista distribuidor O que motivou Agathe a escolher o Brasil para um intercâmbio foi o interesse em mais um idioma e também a cultura de trabalho, além de ganhar experiência para futuramente atuar na área de marketing de uma empresa internacional. “O mercado da grande distribuição na França é diferente do Brasil. Lá não tem tantos atacadistas. Eu queria ver como funciona esse mercado para ter mais conhecimento para minha futura carreira”, conta a francesa. O gestor de marketing do atacadista, Gilson Cantuário, explica que durante o estágio na empresa a proposta é que Agathe conheça em detalhes a cultura da organização, as ferramentas de marketing que são utilizadas em todo o processo de venda. Além disso, ela fará visitas técnicas aos clientes e ainda passará por todos os setores da empresa para entender como se dá a cadeia de distribuição. “Nós procuraremos demonstrar para ela o processo operacional de todos os setores da empresa, porém o foco maior será dado aos departamentos de Trade, Marketing, Compras e Vendas (comercial)”, relata. Para a analista de Recursos Humanos, Fabiana Rocha Dias, além do profissionalismo encontrado nas empresas brasileiras, a receptividade, o clima organizacional e principalmente o calor humano do brasileiro são fatores determinantes para a busca do estágio. Porém, ressalta que nem todas as empresas estão preparadas para receber um intercambista. “Muitas vezes as organizações têm receio do novo, das inovações e enxerga o profissional de intercâmbio como uma ameaça para os colaboradores internos. Já as empresas que buscam crescer e têm uma gestão preocupada com o desenvolvimento das pessoas estabelecem um bom clima, facilitando a aceitação desse profissional”, esclarece. Para do gestor de marketing, Gilson Cantuário, o estágio profissional resulta em benefícios para ambas as partes: empresa e intercambiário E nesse sentido, o perfil da empresa que Aghate escolheu para estágio se encaixa na segunda argumentação da analista. “O período de estágio em que ela permanecerá conosco vai significar uma troca de informações extremamente positiva para elevarmos os nossos conhecimentos e, sobretudo, ampliar a nossa visão sobre gestão e estratégias de negócios”, finaliza Gilson. Intercâmbio Diante das constantes mudanças no mercado de trabalho, cada vez mais pessoas buscam experiências em outros países, o que agrega peso ao currículo. Fabiana Dias lembra que essa é uma oportunidade única de expandir os conhecimentos profissionais, aprender novas culturas e ao mesmo tempo avaliar outras possibilidades de atuação no mercado de trabalho. “Para a empresa que recebe o profissional ficam nítidos dois aspectos relevantes: a troca de experiências e novas ideias. Quem está de fora do processo pode contribuir com sugestões inovadoras, avaliações críticas e também construtivas do que pode ser mudado e aprimorado na organização”, comenta a analista de RH. E seja em busca de oportunidade de trabalho, estudo ou troca cultural, Fabiana avisa: “O intercâmbio deve ser aproveitado e as oportunidades também”. O Canadá é o país mais procurado pelos brasileiros nas agências de intercâmbio, dadas as condições que oferece e o menor custo de vida em relação aos Estados Unidos e a Europa; mas o Brasil também está sendo bem procurado, tanto por intercambistas quanto por profissionais em busca de emprego. De acordo com dados do Ministério do Trabalho e Emprego, em 2010, só no primeiro trimestre, foram concedidas 11.530 autorizações para que profissionais estrangeiros trabalhassem no Brasil, sendo 94% das autorizações temporárias, com estada de até dois anos no país. B 41 ∞ Mercado Fevereiro 2011 MAgricultura Foto: CNH Agricultura é aliada na redução de gases estufa DA Redação com Sophia Gebrim Projeto da FAO avaliará o potencial da atividade na mitigação dos efeitos climáticos. Brasil contribui com incentivos a técnicas que equilibram produção e conservação ambiental A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) trabalha na produção de um banco de dados mundial com informações sobre a emissão de gases de efeito estufa lançados pela agricultura e seu potencial para minimizar o aquecimento global. O Brasil já está fazendo a sua parte ao incentivar o uso de tecnologias que reúnem eficiência produtiva e conservação ambiental. O progra- Mercado Fevereiro 2011 ∞ 42 ma Agricultura de Baixo Carbono (ABC), lançado em 2010, permite que o produtor rural tenha acesso a financiamento a um custo baixo (5,5% de juros anuais) para investir em práticas como recuperação de pastagens e plantio direto, que ampliam a produtividade da lavoura e, ao mesmo tempo, reduzem a emissão dos gases estufa. “A nova agricultura colocada em prática está voltada para diminuir a quantidade de gases poluentes e tem como consequência um clima me- nos quente no mundo”, destaca o coordenador da Assessoria de Gestão Estratégica do Ministério da Agricultura, Derli Dossa. A atuação do Brasil está alinhada com o Projeto de Mitigação das Mudanças Climáticas na Agricultura (Mitigation of Climate Change in Agriculture - MICCA), da FAO. O organismo da ONU utilizará os dados sobre as emissões para revertê-los em oportunidades de amenizar o aquecimento global por meio de técnicas agrícolas adequadas a essa realidade. Foto: Arquivo No início da semana, a FAO divulgou que o Projeto MICCA receberá apoio de US$ 5 milhões dos governos da Noruega e Alemanha. O objetivo do projeto é tornar pública a quantidade das emissões de todos os países do mundo, facilitando o acesso às informações por representantes governamentais e agricultores. A FAO também usará as informações como ferramenta na operação de linhas de financiamento internacionais para projetos de mitigação e redução das emissões provenientes da agricultura e de aumento da quantidade de carbono sequestrado nas explorações agrícolas. Ações do programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC) Integração Lavoura-PecuáriaFloresta (ILPF) - O programa Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) está no foco da chamada “agricultura verde”. O sistema combina atividades agrícolas, florestais e pecuárias, promovendo a recuperação de pastagens em degradação. De acordo com o Ministério da Agricultura, a área utilizada nesse sistema pode ser aumentada em quatro milhões de hectares nos próximos dez anos. A previsão é que o volume de toneladas de dióxido de carbono (CO2) diminua entre 18 milhões e 22 milhões no período. Recuperação de pastagens degradadas - Com o incentivo do programa ABC, a meta do governo é ampliar, Foto: Embrapa Derli Dossa: “A nova agricultura colocada em prática está voltada para diminuir a quantidade de gases poluentes e tem como consequência um clima menos quente no mundo” posicionou o Brasil entre os países mais adiantados no alcance das metas firmadas na 15ª Conferência das Partes da Convenção do Clima (COP 15)”, explica Derli Dossa. O ABC é uma das principais ações adotadas pelo Ministério da Agricultura para reduzir a emissão de gases de efeito estufa. O programa oferece R$ 2 bilhões em financiamento a produtores rurais e promove estudos e pesquisas por meio da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Apoia a capacitação profissional para facilitar a difusão de práticas como plantio direto na palha, fixação biológica de nitrogênio, recuperação de pastagens degradadas e o sistema Integração Lavoura-Pecuária-Florestas (ILPF), que contribuem para a preservação das áreas de produção. Sistema Integração Lavoura-Pecuária-Florestas (ILPF), que contribui para a preservação das áreas de produção, tem apoio financeiro e tecnológico do MAPA Experiência brasileira O Brasil ocupa posição estratégica no combate ao aquecimento global. “A aposta em projetos sustentáveis na área da agricultura e pecuária, como o programa ABC, O programa destina-se aos produtores rurais de todos os biomas brasileiros. Nos próximos dez anos, tem como meta deixar de emitir 165 milhões de toneladas equivalentes de CO2. nos próximos dez anos, a área atual de pastagens recuperadas de 40 milhões para 55 milhões de hectares. O maior uso da tecnologia vai proporcionar, no período, a redução da A 43 ∞ Mercado Fevereiro 2011 MAgricultura atmosfera, o plantio direto é exemplo de agricultura conservacionista, mantendo a qualidade dos recursos naturais, como água e solo. Plantio de florestas - O plantio de florestas comerciais, como eucalipto e pinus, aumenta o sequestro de dióxido de carbono (CO2) da atmosfera. A intenção do governo é aumentar a o fornecimento de nitrogênio às culturas agrícolas, esse material costuma ser caro e seu uso inadequado pode produzir impactos ambientais negativos. A técnica de fixação biológica de nitrogênio tem como base o uso de plantas leguminosas, associado à cultura comercial, que podem suprir a necessidade de minerais necessáFoto: Arquivo emissão de 83 milhões a 104 milhões de toneladas equivalentes dos gases de efeito estufa. A recuperação de terras degradadas é uma técnica que funciona há mais de 20 anos e pode ser aplicada em qualquer bioma brasileiro. É considerada fundamental porque representa a permanência do produtor na atividade e garante a conservação dos ecossistemas. O plantio direto é uma das ações previstas no programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC), lançado em 2010, que permite ao produtor rural acesso a financiamento a um custo baixo (5,5% de juros anuais) Plantio direto - No uso do plantio direto, estima-se a ampliação da área atual em oito milhões de hectares, de 25 milhões para 33 milhões de hectares nos próximos dez anos. Esse acréscimo vai permitir a redução da emissão de 16 milhões a 20 milhões de toneladas de CO2 equivalentes. Além de promover o sequestro de dióxido de carbono da Mercado Fevereiro 2011 ∞ 44 área de florestas, até 2020, de seis milhões de hectares para nove milhões de hectares. Isso permitirá a redução da emissão de oito milhões a dez milhões de toneladas de CO2 equivalentes num período de dez anos. Fixação biológica de nitrogênio - Apesar de o produtor rural utilizar a adubação mineral para rios como adubação. As bactérias fixadoras de nitrogênio nas raízes dessas leguminosas também atuam no interior de plantas, como a cana-de-açúcar, cereais e gramíneas forrageiras. Outra alternativa para o agricultor é o uso de adubos verdes antes do cultivo da canade-açúcar no momento da reforma do canavial. B MEspecial Dilema das sacolas plásticas continua POR Evaldo Pighini - Editor com Redação INC Consumo excessivo contribui para a impermeabilização do solo e dificulta decomposição de material orgânico e, entre os interesses financeiros, fica o consumidor, como sempre em meio ao tiroteio e ainda correndo o risco de ser tributado A sacola plástica é o material poluente campeão em presença nos lixões espalhados pelo Brasil A polêmica em torno das sacolas plásticas ganha a cada dia um novo capítulo. Dados do Ministério do Meio Ambiente mostram que Mercado Fevereiro 2011 ∞ 46 cada família brasileira descarta por ano cerca de 40 quilos de plástico, dos quais 56% são compostos de embalagens usadas. A estimativa é que o Brasil consuma 33 milhões de sacolas plásticas por dia, sendo que mais de 80% são utilizadas apenas uma vez e, em seguida, descartadas. Em nível mundial, são consumidas anualmente entre 500 bilhões e 1 trilhão de sacos e sacolas plásticas. O resultado não poderia ser outro. Essa quantidade enorme de plástico vai parar nos aterros e lixões e, segundo os especialistas, o material leva 400 anos para se degradar na natureza. Assim, contribui para a impermeabilização do solo, dificulta a degradação de produtos orgânicos, polui cidades, obstrui pontos de drenagem de chuvas e bueiros e ajuda a causar enchentes, entre outros problemas. Apesar disso, a substituição pura e simples das sacolas plásticas não é recomendada nem mesmo pelo programa “Saco é um saco”, do Ministério do Meio Ambiente (MMA). “A solução não é mágica, exige uma mudança de cultura”, diz Fernanda Daltro, coordenadora da campanha. Nota: o MMA coordena, desde junho de 2009, essa campanha voluntária de redução do uso de sacolas plásticas. Sob o referido slogan “Saco é um saco”, a iniciativa já ajudou a evitar a circulação de 800 milhões de sacolas plásticas no Brasil. Fernanda Daltro tem razão em sua afirmação e a polêmica em torno da fabricação, uso e destino das sacolas plásticas deverá ter ainda muitos capítulos pela frente, principalmente para o consumidor. Imagine o filme: Cena 1 (a cena que se repete) - Consumidor sai do ponto de venda carregando suas compras em sacola plástica, descarrega em casa e a sacolinha está na porta dias depois, cheia de lixo. Recolhida, ela vai parar nos aterros sanitários, ali ficando, segundo alguns, por algumas centenas de anos. Cena 2 - Consumidor leva sua própria sacola para compras, seu lixo tem de ser acomodado em sacos próprios vendidos no comércio. O que uma sacolinha acomodava para a coleta seguinte ocupa apenas metade do saco para lixo de vinte litros. É recolhida ao mesmo aterro sanitário e, como também é de plástico, o tempo estimado para degradar-se é equivalente ou maior. Cena 3 - O consumidor volta no tempo e acondiciona seu lixo em latas. Ela fica no canto da casa um ou dois dias até a coleta, gera odores devido ao lixo orgânico, além do “caldo” (chorume) que fica no fundo da lata ou vaza para o chão. Quando colocado na rua é revirado por animais, por catadores em busca de recicláveis, é chutada, ou o próprio catador pode virar o lixo na calçada e levar embora a lata. Quando não acontece nada disso, o coletor a despeja dentro do caminhão e não tem tempo para voltar e recolocá-la no lugar onde estava. E lá vai o consumidor “caçar” sua lata rua afora. Cena 4 - Já o consumidor que é consciente, separa seu lixo, deixando em uma lata o lixo orgânico e o reciclável em outra. Com a de lixo orgânico ainda há o risco de odor, de ser revirada por animais, de derramar chorume. Em ambas, a “caça” pelas latas após a coleta continua. Ao menos os catadores têm local certo para recolher seu ganha-pão, e com sorte não levarão a lata junto. Cena 5 (finalmente, os bastidores) - O consumidor de hoje não é mais a dona de casa que ficava ali, à disposição, monitorando e correndo atrás de latas, lavando-as, forrando-as com jornal. Hoje este consumidor trabalha fora, estuda, chega tarde, cuida da casa, dos filhos, do cachorro e quando vê se esqueceu de ir buscar suas latas lá no portão. Piora quando mora em um condomínio. Não contando, claro, que o volume que antes cabia na lixeira do prédio agora se transforma em uma exposição artística bizarra de latas na calçada. E, pior, por um lado, parte da população não tem educação adequada. Por outro, não há ações governamentais educativas suficientes e o próprio governo não dá o exemplo, buscando sempre a solução mais fácil: taxar e punir. Iniciativas como usinas que captam gás das montanhas de lixo já se mostram viáveis. Em São Paulo, a Bandeirantes tem autonomia de 15 anos gerando energia elétrica, a de São Mateus contará com cerca de 20 anos de energia revendida à Eletropaulo. Energia esta gerada com o lixo do consumidor que paga pela energia elétrica, ou seja, o consumidor fornece a matéria-prima e ainda paga pelo produto final. O problema parece maior que a quantidade de lixo e a falta de consenso. Discussões políticas e interesses financeiros deixam a solução cada vez mais distante. 47 ∞ Mercado Fevereiro 2011 MEspecial Política Rios poluídos: enquanto não forem tomadas medidas sérias, a natureza continuará sofrendo com as agressões causadas pelo descarte criminoso de sacolas plásticas no meio ambiente Mercado Fevereiro 2011 ∞ 48 O único consenso que parece existir é que nosso meio ambiente está sendo destruído. Quanto ao uso de sacolas plásticas não biodegradáveis por lojas e supermercados, esta prática deve ser proibida em todo o país, segundo opinião do deputado Leandro Sampaio (PPSRJ). Ele é relator na Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio de um conjunto de 15 propostas (PL 612/07 e apensados) sobre o tema. O substitutivo proposto pelo parlamentar proíbe a distribuição gratuita de sacolas não biodegradáveis pelos estabelecimentos comerciais, que serão obrigados a oferecer ao cliente opções mais sustentáveis. Apenas serão permitidos sacos fabricados sem componentes derivados de petróleo e que possam se desintegrar no ambiente em um período máximo de 18 meses. A restrição se aplica também à fabricação, comercialização e distribuição de sacolas usadas para lixo doméstico. Por sua vez, o deputado Flávio Bezerra (PRB-CE), autor do PL 612/07, diz que a substituição das sacolas plásticas convencionais por outras biodegradáveis é uma necessidade: “As sacolas lançadas no ambiente vão direto para nossos esgotos. Quando vem a chuva, elas entopem os bueiros, causando transtornos”. Bezerra reconhece, no entanto, que a mudança enfrenta resistência da indústria de sacolas plásticas, que teria que passar a operar com um novo padrão de maquinário e material. A exemplo de Gilberto Kassab (DEM), prefeito da cidade de São Paulo (que vetou o Projeto de Lei 159/07 de Arselino Tatto/PT e Lenice Lemos/ PFL), o governador José Serra (PSDB/ SP) vetou projeto de lei semelhante (534/07, de Sebastião Almeida/PT), que obrigava estabelecimentos comerciais de São Paulo a utilizarem sacolas oxibiodegradáveis. A justifica é que não há estudos suficientes sobre este tipo de material, mesmo que a iniciativa já tenha sido tomada por cidades como Curitiba, Maringá e Piracicaba, no interior de São Paulo, onde o prefeito Barjas Negri também é tucano. A composição da sacola oxibiodegradável se dá a partir da inclusão de um aditivo que acelera a oxidação quando a sacola é exposta ao calor e à luz solar. Na presença de luz, a sacolinha sofre reações na cadeia polimérica e, em cerca de seis meses, se transforma em pequenos fragmentos, de 1 a 2 centímetros quadrados, praticamente se pulverizando. Porém, mesmo com a alteração física, a sacola segue presente na natureza e causa danos ainda mais graves que os do modelo tradicional, como a contaminação de rios e lagos e também a ingestão maléfica por parte de animais, que engolem fragmentos do plástico. Vários projetos de substituição de sacolas plásticas já foram votados e rejeitados, sendo a alternativa apresentada taxar sacolas e garrafas plásticas, exceto as produzidas com material reciclado, desestimulando assim seu uso. Nenhuma solução propõe a redução do custo como incentivo. Nenhuma fala sobre os pontos de venda aceitarem recolher o material. Entenda Quando as sacolas entraram nos supermercados, a população começou a usá-las como recipiente de lixo, abandonando então os costu- meiros “latões”, advindos, na maioria das vezes, do reaproveitamento de latas de tinta. Isso resultou nas atuais 210 mil toneladas de sacolas plásticas produzidas por ano, 10% de todo o lixo do país. A Divergências De um lado, a RES/Brasil - detentora da tecnologia de oxibiodegradáveis aprovada pela Comunidade Europeia e pela agência de controle de alimentos e medicamentos norteamericana (FDA); de outro, a Plastivida, entidade dirigida pelo Conselho Deliberativo dos dirigentes de suas empresas associadas, entre elas petroquímicas como Braskem e Innova, esta última controlada pela Petrobras. Ambas discutem publicamente sobre normas e procedimentos, sobre a degradabilidade de seus produtos: o plástico comum ou o aditivado para se tornarem oxibiodegradáveis. Porém, ao final de tudo isso, a conclusão é: não há conclusão. O consumidor consciente quer saber como parar de poluir o meio ambiente, quer soluções e propostas, não se envolver em questões político-financeiras. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, um milhão e meio de sacolas plásticas são consumidas por hora pelos brasileiros; boa parte delas acaba por terminar nos lixões e ali podem permanecem por centenas de anos antes de se decompor 49 ∞ Mercado Fevereiro 2011 MEspecial Entre parênteses, cabe destacar que o plástico vem de resinas derivadas de petróleo, pertence ao grupo dos polímeros com características especiais e variadas. Leva anos para decompor-se. Quanto mais grosso, mais tempo leva. Por outro lado, os oxibiodegradáveis são do mesmo material, porém com um aditivo que facilita a degradação, processo que pode ser acelerado por exposição ao sol, estresse e temperatura ambiente. Há quem defenda que na decomposição ele deixe material pesado do aditivo no solo, embora o fabricante declare que resulta apenas em água. Oxidegradáveis A degradação resulta da oxidação, que pode ou não chegar até a biodegradação. A degradação é química e não biológica. Este tipo de degradação é denominado oxidegradação. Biodegradáveis Degradam-se por atividade biológica natural, por ação de enzimas. Considera-se biodegradável todo material que perde suas propriedades químicas nocivas quando em contato com o meio ambiente. Exemplo é o plástico produzido a partir do bagaço da cana (poliidroxibutirato), amido de milho, amido de mandioca e açúcares. Como solução, a Plastivida defende a redução do uso através de produtos mais espessos, o que, segundo a entidade, reduziria o consumo. Entretanto, sabemos que a maioria dos consumidores ainda não tem essa cultura e provavelmente o resultado será praticamente o mesmo número de sacolas nos aterros, desta vez ainda mais resistentes. Segundo a Revista Digital Aguaonline - publicação do Instituto Mercado Fevereiro 2011 ∞ 50 Brasileiro de Estudos e Ações em Saneamento Ambiental (IBEASA), sediado em Porto Alegre -, o governo da Califórnia solicitou a Califórnia Integrated Waste Management Board (CIWMB), em parceria com a Universidade Estadual da Califórnia (CSU), sob a coordenação do professor Joseph Greene, estudo sobre a decomposição de produtos denominados biodegradáveis, oxibiodegradáveis e plásticos comuns. As conclusões foram apresentadas durante palestras na Federação das Indústrias de Porto Alegre. De acordo com a revista, das várias opções disponíveis no mercado, o melhor desempenho ficou com as fabricadas utilizando PLA (poliéster biodegradável, termoplástico derivado do ácido lático) e PHA (um grupo de polímeros da família dos polihidroxialcanoatos), seguidas daquelas feitas a partir de matéria-prima PLB (obtida da cana-de-açúcar). Outros chamados oxibiodegradáveis permaneceram praticamente intactos após 120 dias de exposição na natureza em aterros abertos ou fechados ou em compostagem. A INCorporativa tentou confirmar as informações e obter dados sobre o professor Greene, sem sucesso. Na Internet, a revista citada é a única que fala deste estudo e apresenta as conclusões acima. Solução? Fica claro que se depender de ações por parte do governo ou instituições com fins (muito) lucrativos, nada será alterado. A ação deve vir da própria população - que deve se conscientizar do problema e buscar alternativas. Se o consumidor decidir que não vai mais aceitar as tais sacolas nos pontos de venda - o que hoje já é parte da cultura e dificilmente ocorrerá em massa rapidamente -, certamente não terá opções geniais na hora de destinar seu resíduo caseiro. Ou ele comprará e usará sacos próprios para acondicionar o lixo - estes que também não são biodegradáveis - ou recorrerá às velhas latas de lixo com os riscos que incorre em seu uso. Outra alternativa seria o consumidor instalar em sua residência triturador de lixo orgânico. Este aparelho, muito utilizado, por exemplo, nos EUA, tritura os restos de alimentos e estes são misturados ao esgoto, seguindo então para tratamento. A vantagem do sistema é que isso praticamente acabaria com o mau cheiro advindo da putrefação, não produziria chorume e então o lixo seria mais “limpo” dentro e fora de casa antes da coleta, não atraindo animais. A desvantagem é o valor do equipamento: aqui no Brasil um triturador custa de R$ 500 a R$ 1.500, dependendo de sua capacidade e potência, o que o torna inacessível à maioria das famílias. Não é por menos que algumas construtoras já o incorporam em unidades mais luxuosas, agregando valor a elas. Outra forma seria entrar em contato com as prefeituras da cidade onde resida o cidadão. Em Uberlândia, por exemplo, a prefeitura, há pouco tempo, deu início A ação deve vir da própria população - que deve se conscientizar do problema e buscar alternativas ao projeto de coleta seletiva porta a porta, tendo o bairro Santa Mônica, zona leste da cidade, como pioneiro. Os caminhões estão percorrendo a localidade para recolher material reciclável (papel, plástico, vidro e metal), que deve ser separado pelos 36 mil moradores. Antes, houve uma campanha de conscientização entre a comunidade do bairro de porta em porta com a distribuição de panfletos educativos. Até 2012, o projeto deve ser estendido a toda a cidade. O material será destinado a duas cooperativas e a uma associação de catadores, que ficarão responsáveis pela separação e venda. Porém, em Uberlândia esse projeto da prefeitura irá solucionar apenas a destinação do lixo, que inclui as sacolas plásticas. Faz-se ainda necessário que as fontes geradoras desse tipo de material - os supermercados são as principais também façam sua parte. Apesar de alguns supermercados da cidade promoverem campanha junto aos consumidores para usar o menos possível as sacolas plásticas, ao mesmo tempo continuam disponibilizando-as para quem quer fazer uso delas na hora de levar as compras para casa. A exceção fica por conta do supermercado Atacadão, onde quem compra ou leva os produtos adquiridos em recipientes trazidos para esse fim ou utiliza as caixas de papelão que a empresa deixa à disposição dos clientes. Ainda em Minas Gerais, em 2008, a prefeitura de Belo Horizonte sancionou projeto contra o uso de sacolas plásticas no comércio da cidade, dando prazo de três anos para que os estabelecimentos comerciais se adaptem à nova lei. O período se esgota em 28 de fevereiro e, a partir de março, tem início a fiscalização. A legislação prevê cinco tipos de penalidade, inclusive a possibilidade de interdição do estabelecimento e cassação do alvará de funcionamento em caso de descumprimento. Belo Horizonte será a primeira capital a tentar banir as sacolas plásticas. Na capital mineira, lanchonetes, lojas de roupa e farmácias já se adaptaram à obrigatoriedade, mas as redes de supermercado - maiores distribuidores dos sacos plásticos, com 1 bilhão por mês em todo o país -, contrárias à medida, dão sinais de que nada farão, menosprezando as punições. Rio de Janeiro e Porto Alegre também chegaram a criar leis, que foram vetadas por inconstitucionalidade (os textos impunham o tipo de embalagem que seria entregue nos caixas). São Paulo também corre atrás de normas próprias e projeto de lei tramita na Câmara Municipal. Em Uberlândia, por exemplo, a prefeitura, há pouco tempo, deu início ao projeto de coleta seletiva porta a porta, tendo o bairro Santa Mônica, zona leste da cidade, como pioneiro Volta ao papel Um passo no passado em benefício do futuro. Distribuída nos supermercados até o fim do anos 1980, a sacola de papel perdeu espaço com a entrada do plástico, mas, dada a maior preocupação com questões ambientais, o retorno do papel pode ser uma solução. Estudos feitos nos Estados Unidos mostram que dois sacos de papel substituem até 14 unidades de plástico. As redes de supermercado justificam a resistência em adotar as novas embalagens pelo custo elevado. Cada unidade pode custar até 10 vezes mais que uma de plástico. “Há desperdício no uso da sacolinha. No comparativo um por um, o preço do papel é maior mesmo, mas é preciso comparar com o número de sacos que são tirados de circulação”, explica o presidente do Sindicato das Indústrias de Celulose, Papel e Papelão de Minas Gerais (Sinpapel-MG) e da empresa Imballaggio, Antônio Eduardo Baggio. A 51 ∞ Mercado Fevereiro 2011 MEspecial Há desperdício no uso da sacolinha. No comparativo um por um, o preço do papel é maior mesmo, mas é preciso comparar com o número de sacos que são tirados de circulação Defensor do uso dos sacos de papel, ele acredita ser a maneira mais viável de substituir o plástico sem necessidade de mudança radical do comportamento dos clientes. “A única diferença é no modo de carregar as compras. Em vez de se levar várias sacolas pela alça, as compras serão levadas nos braços. Igual se vê em filmes”, reitera. Diferentemente disso, as sacolas de ráfia e lona requerem que o consumidor saiba de antemão que vai às compras e carregue consigo, no carro ou na bolsa, uma unidade das chamadas ecobags ou sacolas ecológicas. Caso contrário, toda vez que for ao supermercado terá que pagar por uma sacola nova. Pelo mundo Na Europa, desde o ano 2000, algumas cidades passaram a cobrar entre R$ 0,20 e R$ 0,70 por cada sacola plástica entregue nos caixas de supermercado, enquanto as unidades de papel são opção gratuita. Na Irlanda, o consumo chegou a cair 90% e o imposto é convertido para ações de proteção ambiental. Na Holanda, foram adotadas sacolas plásticas reutilizáveis, feitas com material mais resistente, e também vendidas em supermercados. Na Suíça, são usadas sacolas de ráfia e de lona. Já nos Estados Unidos, o consumidor pode optar tanto pelo saco plástico quanto pelo de papel ao comprar em supermercados. Os norte-americanos preferem a segunda opção. Enquanto no fim dos anos 1990 a proporção de embalagens de papel para as de plástico era de uma para quatro, atualmente é de uma para uma. Na Índia e África do Sul, os estabelecimentos foram proibidos de distribuir os saquinhos plásticos sob pena de multa e até prisão. B MSaúde Depressão: o médico pode ajudar Quando a tristeza se prolonga e começa a causar prejuízo ao bemestar, é hora de procurar ajuda profissional A tristeza sem causa aparente, o desinteresse pelas atividades da vida diária, a ausência de estímulo sexual e outras situações que, ao Mercado Fevereiro 2011 ∞ 54 se tornarem repetitivas, começam a causar sofrimento e prejuízo ao bem-estar, podem ser indícios de depressão. Isso acontece quando tais atitudes afetam o relacionamento familiar, social e a produtivi- dade no trabalho. E para não ficar na dúvida, é necessário consultar um especialista, pois o diagnóstico da doença é clínico, o que significa que não há nenhum exame que comprove a depressão. Foto: Arquivo Álvaro Estima, médico especializado em psiquiatria: “Em nenhuma outra patologia acusase o paciente de ‘falta de força de vontade’ (...). Com a depressão isso ainda acontece” De acordo com Álvaro Estima, médico especializado em psiquiatria, é comum que em um primeiro momento outros médicos, que não o psiquiatra, sejam procurados, tanto por falta de informação como por preconceito ou medo do estigma da doença mental. Porém, como em qualquer outra situação médica, o especialista dessa área clínica é quem deve ser o responsável pelo diagnóstico e tratamento da depressão. “O impacto da depressão na saúde pode ser dramático, e quando associada ao tabagismo, alcoolismo, sedentarismo e maus hábitos alimentares pode provocar o aumento da incidência de diabetes, doenças pulmonares, infarto do miocárdio e derrame cerebral”, afirma o especialista. O apoio de uma família que encare a presença da depressão em um dos seus membros como qualquer outra doença é fundamental para o diagnóstico precoce e facilita a adesão do paciente ao tratamento. “É preciso combater o preconceito discriminatório com a do- ença psiquiátrica. Em nenhuma outra patologia acusa-se o paciente de ‘falta de força de vontade’. Imagine alguém dizer ao paciente com apendicite ou reumatismo que ele é fraco ou não sabe reagir. Com a depressão isso ainda acontece”, explica Álvaro. O medo do estigma da doença mental por parte do paciente, dos familiares e do grupo social traz a negação da doença e o retardo na busca de ajuda especializada. “O preconceito só faz o quadro de depressão piorar, o que torna o tratamento mais difícil e demorado”, diz Álvaro. Depressão precisa ser tratada com medicamentos. E estes têm evoluído ao longo dos anos e atuado no organismo de maneira mais eficaz e segura, com diminuição significativa dos efeitos adversos, entre eles sonolência diminuída e pouca interferência no peso e na libido. Um exemplo é o Pristiq (desvenlafaxina), que age como um inibidor de recaptação da serotonina (5-HT) e da norepinefrina (NE), substâncias do sistema nervoso que são diretamente relacionadas ao mecanismo da depressão. Aliada ao tratamento medicamentoso, além da psicoterapia, está a prática de atividades físicas, pois libera endorfina, substância que causa sensação de alegria e bem-estar. Isso acontece porque o cérebro de uma pessoa diagnosticada com depressão apresenta alterações químicas que precisam ser equilibradas, especialmente no sistema nervoso, responsável pelos níveis de humor, alegria, tristeza, energia e interesse. B O preconceito só faz o quadro de depressão piorar, o que torna o tratamento mais difícil e demorado 55 ∞ Mercado Fevereiro 2011 MSaúde Para os recém- nascidos, uma dose única de vitamina A via oral pode reduzir em 15% o risco de morte Vitamina A Ela pode ajudar a prevenir mortes e doenças em crianças de 6 meses a 5 anos de idade P esquisa comprova que uma dose única de vitamina A oral dada a uma criança que acaba de nascer pode reduzir o risco de morte em 15%. O estudo envolveu aproximadamente 16 mil recém-nascidos de comunidades rurais no noroeste de Bangladesh, na Ásia, onde metade dos bebês avaliados recebeu uma dose única de vitamina A, enquanto os demais receberam placebo. Ao final, foi verificado que a taxa de mortalidade para o grupo que recebeu a dose ficou em 38 crianças mortas a cada mil nascidos, enquanto no outro grupo a proporção foi de um pouco mais de 45 mortes por mil. De acordo com a Dra. Natasha Slhessarenko (CRM-2909), da DASA - maior empresa de medicina diagnóstica da América Latina e a quarta Mercado Fevereiro 2011 ∞ 56 maior do mundo -, esse resultado pode contribuir de forma significativa para a redução da mortalidade infantil em áreas onde a desnutrição está presente e em locais com maiores taxas de mortalidade infantil por desnutrição e pelas doenças a ela relacionadas, como acontece nessas comunidades da pesquisa. “Esse estudo confirma que uma intervenção de baixo custo, como a ingestão da vitamina A, pode contribuir de forma significativa para reduzir a mortalidade em crianças com idade entre 6 meses a 5 anos nessas áreas de risco. Se associada ao acompanhamento clínico e laboratorial, esse número pode ser ainda maior”, destaca. A médica explica que o exame clínico e o simples fato de medir, pesar e acompanhar o crescimento da criança é a principal arma para a detecção de risco da desnutrição, e lembra que, no Brasil, o trabalho da Pastoral da Criança, fundada pela Dra. Zilda Arns, já pratica há anos o combate à desnutrição, atuando em áreas de risco no país. Para ela, esse e outros trabalhos fomentam a diminuição da desnutrição nas crianças brasileiras. Fato comprovado por um estudo divulgado pelo Ministério da Saúde, no fim do ano passado, que mostrou que o Brasil conseguiu reduzir a taxa de desnutrição infantil, atingindo a meta estipulada pela ONU (Organização das Nações Unidas). O levantamento apontou que a desnutrição aguda (baixo peso para a idade) caiu de 7,1% para 1,8% de 1989 a 2006. Em relação à desnutrição crônica (baixa altura para a idade), a diminuição foi mais drástica, de 19,6% para 6,8% no mesmo período. Mesmo assim, hoje ainda morrem aproximadamente 20 crianças de até Foto: Divulgação preciso estar atento às vacinas indicadas para os primeiros meses e anos de vida. Além disso, a criança precisa ser submetida a acompanhamento médico e realizar os exames previstos para as idades previstas”, aconselha. Reforço com alimentação A Dra. Natasha Slhessarenko acredita que o resultado da pesquisa pode contribuir de forma significativa para a redução da mortalidade infantil onde a desnutrição esteja presente cinco anos para cada mil nascidas vivas. “É um número alto que precisa de atenção especial”, comenta a médica. Vale lembrar que no Nordeste o número de crianças desnutridas é quatro vezes maior do que na Região Sul. O pior índice está em Alagoas, onde a desnutrição atinge 7% dos meninos e meninas com menos de dois anos de idade. O Distrito Federal tem o melhor resultado, com apenas 0,7% de crianças desnutridas nessa idade. Ainda sobre a vitamina A, a Dra. Natasha lembra que, com a ingestão desta, uma morte pode ser evitada para cada 45 crianças que receberam a suplementação. “O motivo é simples: essa vitamina reduz a gravidade das infecções, como a infecção respiratória aguda e diarréia, mantém a saúde da visão e dos olhos e é fundamental para o crescimento saudável das crianças. Mas é bom lembrar que essa ingestão deve ser feita com um indicativo do médico, que saberá a dose adequada a ser ingerida, pois o excesso dessa vitamina pode ser tóxico ao organismo”, ressalta. A médica disse que existem também outros exames recomendados para a detecção da desnutrição, anemia ou outros fatos correlatos que podem ajudar a diminuir o risco de morte in- fantil. “Além da ingestão de vitamina A recomendada para as crianças e para as mães que estão amamentando, é Exames mostram quando as crianças estão desnutridas Proteínas totais e albumina sérica; Hemoglobina e hematócrito baixos; Ácidos graxos livres séricos; Relação plasmática entre aminoácidos não essenciais; Eletrólitos: aumento do sódio e redução do potássio e fósforo (intracelular); Ferro sérico e ferritina, entre outros. Além das doses de vitamina A, recomendadas por médicos - e só assim deve ser - como complemento nutricional, existem alimentos que podem ser incluídos na alimentação das crianças que são ricos nesse tipo de vitamina. São eles: espinafre, brócolis, couve galega, acelga suíça, nabo, repolho crespo, cenoura, batata-doce, polpa da laranja, abóbora, tomates, damasco, melancia e melão. B No Brasil, hoje ainda morrem aproximadamente 20 crianças de até cinco anos para cada mil nascidas vivas 57 ∞ Mercado Fevereiro 2011 Foto: Divulgação MEstética Quem envelhece mais cedo? DA Redação E nvelhecer é um processo natural e inevitável. As marcas deixadas na pele e no organismo estão associadas à herança genética e a fatores externos, como exposição solar, tabagismo, má alimentação, entre outros pontos que acabam afetando a beleza. De acordo com a cirurgiã plástica Dra. Cristina Pires Camargo, não é mito que a pele branca é a mais propensa a apresentar sinais de envelhecimento, como rugas e sulcos (flacidez da maçã do rosto), se comparada às demais etnias, como a negra e a asiática. “A pele branca é menos preparada para suportar as agressões do sol, tendo mais predisposição ao fotoenvelhecimento. Já a melanina contida na pele negra é difeMercado Fevereiro 2011 ∞ 58 rente das demais raças no que se refere à qualidade e à quantidade, podendo ser considerada um dos fatores que protegem a pele contra as agressões do meio ambiente”, explica a médica. Já a pele do asiático, assim como a de mulatos, apresenta fototipos mais altos, segundo a classificação (abaixo) feita pelo médico americano Dr. Thomas Fitzpatrick, da Escola de Medicina de Harvard. Além disso, esses tipos de pele têm o aumento da pigmentação natural, que protege a camada cutânea diante de inúmeras inflamações. O estudo determinou um tipo de classificação para cada tipo de pele, baseado na quantidade de melanina existente na pele e nos cabelos e conforme a reação da pele à irradiação ultravioleta. Estudo do Dr. Fitzpatrick Pele muito clara: sempre queima, nunca bronzeia Pele clara: sempre queima e, algumas vezes, bronzeia Pele menos clara: algumas vezes queima e sempre bronzeia Pele morena clara: raramente queima e sempre bronzeia Pele morena escura: nunca queima e sempre bronzeia Pele negra: nunca queima, sempre bronzeia Tratamento Da mesma maneira que os tipos de pele reagem de formas diferentes à exposição solar, as áreas que serão tratadas devem ser distintas e individualizadas, de acordo com a Dra. Cristina. “Para amenizar as rugas da pele branca é recomendada a aplica- ção de toxina botulínica tipo A e o preenchimento com ácido hialurônico para melhorar os sulcos, além de outros tratamentos. Já para a pele asiática, é indicada a toxina botulínica para corrigir os pés de galinha e aumentar a abertura dos olhos, além do preenchimento para os lábios e maçã do rosto”, assinala a médica. Raça/Características Raça/terços faciais A pele negra necessita de tratamento especial na região entre as sobrancelhas, com a aplicação de toxina botulínica, preenchimento e até cirurgia. “O tratamento do sulco que marca demais a face negra pode ser feito com preenchimento com ácido hialurônico na região malar e nos sulcos”, finaliza a cirurgiã. B Pele Estrutura marcante Branca Propensão às manchas é de pouca à moderada. A espessura varia de fina à grossa Nariz e região malar Negra Mancha moderadamente e tem espessura grossa Lábios Asiática Mancha facilmente e tem espessura moderada Região malar e lábios Superior Médio Inferior Branca Rugas - de moderadas à grande intensidade Queda de estruturas da face (maçãs do rosto), sulco nasogeniano profundo Queda de estruturas da face, bigode chinês, excesso de pele na mandíbula Negra Rugas profundas na região entre as sobrancelhas Sulco nasogeniano profundo. Essa região tem aspecto de envelhecimento mais acentuado Discreta queda de estruturas da face, bigode chinês, excesso de pele na mandíbula Asiática Rugas discretas na região dos pés de galinha. Os olhos ficam menores pela queda da pele na região palpebral Manchas por fotoenvelhecimento, lábios “murcham”, perfil fica plano Discreta queda de estruturas da face, bigode chinês, excesso de pele na mandíbula Fonte: Carruthers,JD,Glogau,RG et als.Plastic Reconstruct Surg:121(5) suppl:5S- 30S.2008 MEstética A cantora Madonna é um caso típico de pessoa que fez do diastema marca registrada e fator de charme Diastema: charme ou defeito? DA Redação H á aqueles que se incomodam com ele e outros que o consideram um charme: é o diastema, característico espaço entre os dentes. No passado, já foi considerado sinônimo de riqueza e se tornou muito popular por ser marca registrada de celebridades como Madonna, Brigitte Bardot, dos jogadores de futebol Ronaldo e Dentinho, além do personagem de desenho animado Bob Esponja. Para aqueles que utilizam o diastema com um fator de encanto, o caso está resolvido! Mas para quem se sente desconfortável e incomodado com o espaço entre os dentes, a odontologia afirma que é possível o sorriso perfeito. Depois de uma correta avaliação, o dentista indicará o tratamento ideal para cada caso. Mercado Fevereiro 2011 ∞ 60 Entre as alternativas de tratamento, podem ser indicados aparelhos ortodônticos, restaurações em resina fotopolimerizável, facetas, próteses de porcelana ou até mesmo uma intervenção cirúrgica, quando a correção do diastema exigir a retirada do excesso do freio labial. “São raros os casos em que o diastema afeta a saúde bucal, porém ele pode decorrer de problemas de postura lingual, isso acontece quando a língua empurra os dentes e normalmente é progressivo, isto é, piora com o passar do tempo, podendo também provocar problemas mastigatórios e fonéticos. Nesses casos, o tratamento é feito por um dentista e um fonoaudiólogo”, explica o odontologista e doutor em Prótese Dentária Fernando da Cunha Ribeiro. B Foto: Valter de Paula MEspecial Mulher Rosmari Cima: mais de 300 pessoas sob o seu comando, a maioria homens, e a responsabilidade da administração de obras em várias cidades, incluindo, Uberlândia, Belo Horizonte e Brasília Mulher no “batente” POR Evaldo Pighini Com a proximidade do Dia Internacional da Mulher, 8 de março, torna-se relevante lembrar-se de exemplos de mulheres que assumiram os negócios ou que trabalham em segmentos tipicamente masculinos e fizeram a diferença M ulher passando em frente a uma obra é alvoroço na certa. A cena já se tornou comum e faz com que muitas desviem de suas rotas, a fim de evitar os engraçadinhos. A coisa muda de figura, porém, quando quem está Mercado Fevereiro 2011 ∞ 62 no comando dos funcionários é justamente uma mulher, jovem e bonita. Há ainda casos em que as mulheres estão literalmente do lado de dentro da construção, com a mão na massa, situação esta que tem se tornado cada vez mais comum. Entre as que estão no comando, tem o caso da arquiteta Rosmari Cima, que administra em Uberlândia a filial Cima Engenharia. Rosmari entrou para a construção civil em 1990, aos 30 anos, após ter por alguns bons anos acompanhado marido e filhos. Hoje, sob o seu comando, no escritório ou em obras da empresa, espalhadas por cidades como Uberlândia, Ituiutaba, Catalão, Belo Horizonte e Brasília, trabalham cerca de 300 pessoas, a maioria homens. Entretanto, quando perguntada se vive ou já viveu preconceitos por ser uma mulher ocupando cargo de comando num ambiente relativamente masculino, Rosmari é categórica ao afirmar que os obstáculos encontrados até hoje são bem menores do que se imagina. “Até hoje, em mais de 20 anos na construção, sempre tive o respeito dos funcionários, principalmente nos canteiros das obras”, destaca a empresária. Ela garante nunca ter vivido casos de rejeição ou de insubordinação e acredita que muito que se fala da relação mulher/chefe e homem/subordinado é lenda, coisa que está mais na cabeça das pessoas do que na prática propriamente dita. Oportunamente, Rosmari aproveita para dar um recado às mulheres que pensam o contrário: “Em muitos dos casos onde há insubordinação, desrespeito ou até agressões no relacionamento entre homens e mulheres, o principal problema reside no fato daquela mulher que se deixa sub- Foto: Arquivo jugar, que não se impõe e que não demarca o seu espaço”, afirma. Outro caso muito semelhante ao de Rosmari é o de Luciana Castro, diretora da Construtora Carrara, empresa paulista. Formada em administração de empresas, ela se juntou a seu irmão, o engenheiro civil Rodrigo Castro, em 2006, quando assumiu a direção administrativa da construtora. Atualmente, ela comanda a execução de seis empreendimentos. Do uniforme confortável da equipe à implementação de softwares, como o CRM (que faz o gerencia- mento de relacionamento com o cliente), ao trabalho de desenvolvimento das equipes, ao novo manual de direitos e deveres dos funcionários e outros. A executiva conta que todo dia enfrenta várias batalhas para ter o respeito das pessoas. “Eu gosto de desafios”, revela. Um detalhe, ela faz questão de solicitar pessoalmente aos seus funcionários de obra que não perturbem com gracejos a outras mulheres que passarem pela construção. Eles levam a sério e respeitam. Exemplos como o de Rosmari, Luciana e tantas outras mais estão se tornando cada vez mais comuns nas corporações, na política e outros meios mais. É claro que há muito para ser conquistado, muitos tabus precisam ser quebrados. Entretanto, 2011 começa com uma mulher, Dilma Rousseff, à frente do Brasil. Um prenúncio de que muitas portas serão abertas para que outras brasileiras também possam assumir cargos antes tipicamente masculinos. A Luciana Castro, à frente da Construtora Carrara desde 2006, mostra a eficiência da gestão feminina na construção civil. Ela é mais um exemplo da mulher que pega no “batente” sem perder a essência feminina 63 ∞ Mercado Fevereiro 2011 MEspecial Mulher Data para comemorar Quando mal utilizada, as emoções se transformam em sofrimento, a sensibilidade em fragilidade, a energia sexual em carência por um parceiro, a vontade de aprender em insegurança, a flexibilidade em submissão, a comunicabilidade em dispersão. A mulher não tem feito tão mal uso destes talentos, senão não seria tão bem sucedida como é hoje em dia. Mas ela pode aprender a se conhecer melhor, viver baseada em seus talentos e aprender sobre seus reais direitos essenciais. Alguns segredos e dicas para tornar a vida mais feminina e prazerosa: Em comemoração ao Dia Internacional das Mulheres, a Escola do Feminino de Belo Horizonte (www. escoladofeminino.com.br) preparou em várias cidades do Brasil uma programação especial para abraçar e apoiar as causas da mulher que além de moderna é feminina. Para isso, apresenta os talentos da essência da mulher e revela alguns segredos para tornar a vida mais prazerosa. Alguns talentos da essência feminina: • Flexibilidade - permite à mulher se adaptar rapidamente a um mundo em grande transformação; • Comunicabilidade - num mundo onde tudo se constrói através de contatos e boa comunicação; •Alta dose de energia sexual - energia sexual é a energia de vida, que permite uma pessoa criar, realizar e atrair não só um parceiro, mas oportunidades (como a mulher agora pode optar por ter poucos filhos, sobra-lhe uma enorme quantidade de energia sexual para usar para suas reMercado Fevereiro 2011 ∞ 64 alizações pessoais e brilhar; • Criatividade - a mulher pode criar novos trabalhos e soluções nestes tempos onde as velhas estruturas sociais e profissionais estão ruindo; • Capacidade e humildade para aprender. A mulher, não importa que idade tenha, está sempre aberta a aprender; •Potencial Emocional - não tem nada mais contagiante do que as emoções, elas ajudam a mulher a liderar e a ter motivação para realizar; • Sensibilidade (sexto sentido) que permite à mulher pressentir aquilo que ainda não se tornou explícito. Ela pode sentir quando um filho está com problemas, quando um negócio não irá dar certo, quando terá problemas com uma pessoa. Pode ao mesmo tempo sentir e ser empática com as alegrias e sofrimentos das outras pessoas. Quando a mulher utiliza este seu potencial de forma inadequada, alguns desajustes podem surgir. • Transforme suas emoções em suas aliadas. A dança ajuda a ter emoções elevadas. Pratique, também, a terapia do riso; • Mantenha seu corpo saudável, flexível, sensual, assim, terá vitalidade, magnetismo e a possibilidade de vencer no seu dia a dia com mais astúcia e sem sofrimento. O Yoga para mulheres e as danças sensuais, desenvolvidas na Escola do Feminino, colaboram no processo do desabrochar da mulher; •Evite, na vida profissional, os trabalhos mecânicos, rotineiros. Dê preferência às áreas criativas. Trabalhe em áreas onde pode ver diretamente os resultados positivos que seus esforços profissionais produzem na vida das pessoas; •Conheça que tipo de mulher é você. Nem todas as mulheres estão destinadas ao casamento e à maternidade. Da mesma forma que nem todas as mulheres estão destinadas ao mundo profissional. A mulher pode desempenhar muitos papéis e deve escolher livremente. Descubra sua singularidade; •Desenvolva e aprenda a usar sua sensualidade, a escolher, atrair e manter o melhor parceiro. Não se contente apenas em ser escolhida, não se contente com um homem ‘fraco’ por medo de ficar sozinha. B MTurismo Descubra Montego Bay DA Redação Apesar da localização no centro do Mar do Caribe, a Jamaica é diferente de outros arquipélagos caribenhos e tem em Mo Bay o seu principal destino turístico Mercado Fevereiro 2011 ∞ 66 Montego Bay é a segunda cidade da Jamaica, tanto em tamanho como em importância, e é, de fato, a capital turística da ilha. Abriga a maior parte dos hotéis do país, muitas facilidades em transporte e muitas atrações. É um centro de recreação cosmopolita, oferecendo uma grande variedade de escolhas de lazer. É um excelente lugar para os amantes de esportes, pois há grandes oportunidades para a prática de quase todos os tipos de esportes aquáticos. “Mo Bay”, como é chamada pelos habitantes locais, é a capital da Freguesia de St. James e tem um aeroporto internacional. O turismo na região começou em 1934, quando seu primeiro hotel foi construído. Segundo a história, Cristovão Colombo foi o primeiro visitante europeu de Mo Bay, em 1494. Fez amigos entre os nativos e chamou a baía de “Golfo do Bom Tempo”. Em 1510, os espanhóis começaram a colonizar a região e mudaram o nome dado por Colombo para “Baía de Manteca”, devido à grande quantidade de banha de porco que exportavam para suas colônias na América do Sul e nas Índias Ocidentais, o que era possível devido à abundância de porcos do mato e javalis que eram caçados nas montanhas próximas. A 67 ∞ Mercado Fevereiro 2011 MTurismo Vista áerea: em Mo Bay as imagens parecem até surreais Mo Bay era uma cidade de banana e açúcar, mas as fábricas de açúcar foram fechando aos poucos, e atualmente as bananas são exportadas através de outros portos do país; portanto, a imagem típica das mulheres carregando bananas na cabeça e cantando, tão característica de Mo Bay, é coisa do passado! Doctor’s Cave Turismo - Os primeiros turistas vinham de todas as partes do mundo a Mo Bay para experimentar as águas da praia Doctor’s Cave, que diziam que curava todas as doenças. Dizem que a praia é alimentada por fontes minerais e sua água é incrivelmente clara e cristalina. Atualmente a praia continua a ser muito popular e a cidade cresceu a ponto de se tornar o principal destino turístico do país. Mais recentemente, outros clubes de praia foram abertos na área, cada um deles com suas próprias características, diferentes e especiais. Alguns exemplos: Walter Fletcher Beach é bem próximo à avenida principal; Cornwall Beach é próximo à praia Doctor´s Cave; Tropical Beach foi recentemente inaugurado a leste do aeroporto, oferecendo uma enorme variedade de esportes aquáticos e é um lugar ideal para muitas diversões; Rose Hall Beach fica um pouco mais distante da cidade. Shopping Center de Mo Bay O mais novo e elegante Shopping Center de Mo Bay fica na vila Half Moon. Abriga 36 lojas diferentes, tais como belas e caras lojas de roupas, lojas de souvenir, farmácia, galeria de arte, cabeleireiro, tabacaria e joalheria, entre outras, além da danceteria The Bob Marley Experience. A arquitetura da cidade é uma mistura de casas de madeira do século passado com construções modernas. A elegante igreja St. James Parish, fundada em 1775, contém muitos monumentos valiosos construídos pelos ricos barões do açúcar. A igreja possui também um antigo órgão e muitos vitrais belíssimos. Rose Hall Beach A cidade de Montego Bay é dividida, claramente, em partes distintas: há a cidade propriamente dita, com suas ruas movimentadas e bastante cheias, há a “área dos hotéis”, que se estende numa faixa através da cidade, e há ainda uma área mais afastada com vilas e hotéis nas praias e colinas. As ruas são muito coloridas, agitadas e estão sempre muito cheias. O povo do campo está sempre na cidade para visitar os mercados, lojas e bancos, além dos hóspedes dos hotéis e dos navios de cruzeiro que também estão sempre passeando pelas lojas de artesanato e mercados atrás de lembrancinhas para levar para casa. É uma cidade barulhenta, confusa, desarrumada, mas é, sem dúvida, uma delícia conviver com o vivo charme caribenho... Fazer compras é, provavelmente, o esporte mais popular de todos e pode ser “praticado” na Rua Harbour, onde fica o excelente Mercado de Artesanato. Lá podem ser encontrados artigos de palha, batik, esculturas de madeira, etc. Bem próximas, muitas lojas abarrotadas de mercadorias vendem de tudo: de lãs escocesas e perfumes até charutos, licores, rum, porcelanas e cristais. St. James Parish Em frente à igreja e construído em 1765, fica o restaurante Town House, que mantém seu antigo charme no coração da moderna cidade. A construção de tijolos vermelhos e com dois andares é um exemplo típico e bem preservado da arquitetura georgiana do século XVIII. Há mais de 25 anos o restaurante tem sido um dos mais populares, tanto para almoço como para jantar, e já recebeu muita gente famosa: artistas de cinema, políticos, etc. O restaurante é também conhecido pela bela coleção de arte local exposta em suas paredes. A história também ainda vive nas fazendas (Casas Grandes) que pontilham o campo. A mais famosa delas é a fazenda Rose Hall, uma antiga fazenda de açúcar, onde se destaca a grandeza da mansão construída no século XVIII, rodeada de lindos jardins e com vista para o mar do Caribe. A 69 ∞ Mercado Fevereiro 2011 MTurismo Rose Hall Diz a lenda que a casa é assombrada pelo fantasma da famosa Annie Palmer, chamada “bruxa branca”, que matou três maridos e acabou assassinada por um escravo, que era seu amante. Depois de sua morte, em 1831, a casa foi abandonada. Anos depois foi comprada e restaurada, recebendo de volta seu esplendor arquitetônico e decorativo, com móveis de época. A fazenda Greenwood, construída há mais de dois séculos, é outra linda e restaurada lembrança dos dias em que o açúcar era “rei” e abriga uma bela Greenwood coleção de instrumentos musicais. Diz a lenda que a casa possui dois fantasmas que já foram fotografados: um dos fantasmas é de uma antiga escrava e o outro é simplesmente conhecido como a dama de cinzento. Uma visita imperdível é o Parque Marinho de Montego Bay, uma grande área de mar e praia e o primeiro parque nacional criado na Jamaica para proteger sua maravilhosa vida marinha - peixes, corais, tartarugas - e suas incríveis florestas tropicais submersas, habitats de recifes de corais e algas marinhas. Uma excelente oportunidade para explorar o esplendor natural da área. É possível também explorar o maravilhoso mundo submerso, uma linda vista panorâmica do mundo submarino com seus recifes de corais coloridos, exóticos peixes tropicais e outros seres marinhos a bordo de um moderno semissubmarino chamado “Coral See”, cuja cabine tem ar condicionado. O passeio é guiado por experientes marinheiros e é uma aventura inesquecível... O parque é aberto para todos e é dividido em zonas onde diferentes atividades (vários esportes aquáticos, pesca, scuba dive e snorkeling) são permitidas ou proibidas, dependendo do local. Há também o famoso Píer One, com várias lojas, restaurantes e marina, de onde partem vários passeios de barco. Rocklands Os amantes da natureza e dos pássaros devem fazer uma visita à Estação de Alimentação Rocklands, em Anchovy, a apenas alguns minutos de Montego Bay. Pássaros da região se alimentam em horas marcadas no local há quase meio século. O horário da alimentação é às 16h e é interessante que os visitantes cheguem um pouco antes, para que possam apreciar o momento. É uma experiência única ter beija-flores de todas as espécies (pássaro nacional da Jamaica) empoleirados no dedo para se alimentar ou beber água... Um pouco depois das 16h, dezenas de outras espécies de pássaros chegam, aos bandos, para sua refeição da tarde. Dentre os muitos restaurantes e bares de Montego Bay, um se destaca dos demais: o Margaritaville Montego Bay. Considerado o local ideal para as festas de Mo Bay, o Margaritaville é perfeito para quem procura diversão e entretenimento, uma atmosfera cheia de vida e boa comida e bebida. Inaugurado em janeiro de 1996, com o objetivo de atrair tanto os turistas como os moradores locais, o local é, atualmente, uma visita imperdível para ambos. Margaritaville Para ver Montego Bay sob outra perspectiva, o ideal é ir pelo mar. Um grande número de companhias oferece cruzeiros na baía com paradas para almoço e snorkeling. Cruzeiros ao anoitecer também são muito populares. Existe modo melhor para ver o pôr do sol do que bebendo um drink de rum no deck de um iate? Com uma atraente vida de praia, pessoas animadas e magníficos cenários compostos pelas colinas verdes com plantações de cana-de-açúcar e banana, Mo Bay é uma cidade realmente charmosa e totalmente devotada à “indústria da felicidade”. O que mais se pode querer? Mo Bay: “indústria da felicidade” Dica do editor Montego Bay ficou famosa por ser o porto principal dos cruzeiros turísticos e, claro, por seus hotéis de altíssimo luxo, como o Ritz-Carlton. Seu principal ícone é a “Hip Strip”, lotada de shoppings, restaurantes, clubes noturnos, campos de golfe e lendárias mansões. A Ritz-Carlton MTurismo Mas apesar de tantos atrativos, indo a Mo Bay, não deixe de visitar o Blue Lagoon. Nesse lugar, as mulheres podem assumir o papel de Brooke Shields no filme “A Lagoa Azul” para conhecer essa maravilha da natureza. Lá a atriz nadou nua. A piscina natural rodeada por um anfiteatro tem profundidade de 56 metros e, dizem, poder afrodisíaco. Por fim, como a Jamaica é a terra do lendário Bob Marley, não se deve ir até lá sem visitar o Bob Marley Experience & Theatre (Half Moon Shopping, Village Rose Hall). O complexo de compras e entretenimento que fica em Mo Bay tem um teatro exclusivo para fãs do cantor, onde eles assistem a um filme sobre sua vida e obra e, depois, visitam a loja que vende uma coleção de camisetas, discos e souvenires de Marley. Blue Lagoon Outra boa opção é Treasure Beach, para quem está cansado de agitação. Mas vá sem demora para essa praia na seca e ensolarada Costa Sul. O mar é agitado, o que torna o banho perigoso, mas as ondas são perfeitas para o surfe. É um dos locais mais desertos da Jamaica. O lendário Bob Marley Aeroporto e traslados Treasure Beach Mercado Fevereiro 2011 ∞ 72 O Aeroporto Internacional Donald Sangster fica a apenas três quilômetros do centro de Montego Bay. Turistas hospedados em Negril ou Ocho Rios também descem neste terminal. Vans dos hotéis e táxis levam para a cidade. Aeroporto Internacional de Mo Bay Dirigindo na Jamaica - É recomendável ter a Carteira Internacional de Habilitação. Dirija do lado esquerdo da via. Transporte urbano - O sistema de trans- porte público jamaicano é limitado. Mas ônibus e táxis ligam quase todas as vilas. Para quem planeja viajar por conta própria, um carro é indispensável. B Informações úteis sobre Montego Bay Moeda dólar jamaicano Idioma inglês Horários comerciais Bancos: de segunda a quinta, das 9 às 14h; sextas, das 9 às 16h, comércio: de segunda a sexta, das 8h30 às 16h30; sábados, das 8 às 13h Saúde nenhuma vacina é compulsória Cremes hidratantes Irritações, alergias e acne cosmética. Mais informações http://www.visitjamaica.com (Escritório de Turismo da Jamaica) 73 ∞ Mercado Fevereiro 2011 MVeículos Mitsubishi ASX já está à venda em Uberlândia DA Redação O novo carro, que traz o conceito 4x4 para a cidade, já figura na lista dos melhores lançamentos do ano A grande aposta da Mitsubishi num dos segmentos que mais cresce no mercado brasileiro, os crossovers, chega à Uberlândia atendendo pelo nome de ASX - sigla de Active Smart Xover (ou “crossover ativo e esperto”). Apresentado no 26º Salão Internacional do Automóvel de São Paulo (no segundo semestre do ano passado), o ASX tem tudo para Mercado Fevereiro 2011 ∞ 74 conquistar o mercado ao ampliar o conceito 4x4 da terra para a cidade, o que deve ser facilitado pelo seu envolvente visual, conforto e preço atrativo. O veículo já está disponível na revendedora autorizada Mitsubishi - a Maqnelson -, inclusive para test drive. Diferenciado em qualquer tipo de piso, molhado ou escorregadio, além das curvas sinuosas, o ASX garante praticidade para vencer os obstácu- los nos grandes centros. O veículo é um 4x4 urbano, tem controle de estabilidade e tração, além do sistema full air bags com air bag duplo frontal, de cortina, lateral e para o joelho do motorista. A Mitsubishi traz no ASX AWD o que há de mais moderno: desde Comfort Pack (sensores automáticos de luz, chuva e estacionamento), teto de vidro Sky View (item opcional) e bancos revestidos de couro com aquecimento para o motorista e passageiro dianteiro até Paddle Shifters, para você trocar de marcha com conforto e esportividade. Ele chega nas versões com câmbio manual de cinco marchas 4x2, duas versões automáticas CVT de seis velocidades, uma 4x2 e outra 4x4. Todas estão equipadas com motor 2.0 16V com comando variável e injeção direta de 160 cavalos. “O ASX possui o porte ideal para quem precisa encarar os desafios da cidade com desempenho e esportividade. Versátil e moderno, confortável e robusto, compacto e espaçoso, mas acima de tudo “urbano”. É assim que o Mitsubishi ASX se prepara para invadir as ruas”, diz Franciele Drummond, responsável pela área de marketing da Maqnelson Mitsubishi. O modelo será vendido na faixa de R$ 80 mil a R$ 100 mil, preços que variam de acordo com a versão. Em 2012 ele passa a ser produzido em Catalão (GO), o que o tornará um estrangeiro que chega em busca de cidadania brasileira. Primeira impressão - O modelo com o qual a revista MERCADO teve contato, na apresentação à imprensa, não é o modelo top de linha, ainda assim impressiona pela aparência, marcada por linhas que remetem à esportividade, muito por causa de sua grade dianteira que mais parece uma grande boca aberta, chamada pela marca de jetfighter, e também pela linha de cintura alta e os faróis agressivos. Por dentro, os 2,67 metros de entre-eixos garantem bom espaço interno como o de um sedã médio, apesar do comprimento relativamente curto de 4,30 metros, além do que, em primeiro momento, existe a sensação de que o teto baixo pode causar algum desconforto aos passageiros que viajam atrás, mas não chega a incomodar alguém com até 1,90 metro. Por outro lado, atrás do volante, que conta com ajuste de altura e distância, é fácil encontrar a melhor posição para dirigir, tarefa facilitada pela regulagem elétrica dos bancos. Apesar de nosso contato com o carro ter sido limitado, portanto insuficiente para avaliar desempenho, consumo e aceleração, ele transmitiu firmeza nas curvas e boas respostas ao acelerador. Em princípio o ASX se apresenta como uma boa compra, se comparado aos seus principais concorrentes: Tucson e ix35, ambos da Hyundai, e o Honda CR-V, além do Suzuki Grand Vitara, este com um perfil mais voltado para fora da estrada, o que não é o caso do crossover da Mitsubishi, que chega para ser urbano. B MVeículos A Peugeot lança o 408 no Brasil Foto: Divulgação DA Redação U m carro grande, mas bem resolvido, de bom gosto. À frente, os códigos característicos da marca francesa: faróis alongados que invadem o capô. O 408 carrega o novo emblema da Peugeot entre as luzes dianteiras. É o primeiro veículo a ostentar a nova imagem da montadora na América do Sul. Mercado Fevereiro 2011 ∞ 76 Na traseira, um spoiler discretamente integrado ao volume do porta-malas. A grade frontal, realçada por lâminas horizontais cromadas, em conjunto com a forma dos faróis de neblina, dá fluidez às linhas do novo sedã, elementos que dão a impressão de um alargamento visual do veículo. Ganho ressaltado pela ausência de frisos nas laterais. Uma linha suave percorre praticamente toda a carroceria e converge da extremidade das lanternas traseiras até o para-lamas dianteiro, junto a outra linha inferior paralela à base. O 408 tem comprimento de 4,69 metros, largura de 1,815 metro e um entre-eixos de 2,71 metros. O amplo porta-malas, com abertura pantográfica, tem acesso simples à carga, oferece uma capacidade de 526 litros, um dos maiores do segmento. Propulsor A motorização 2.0 l Flex 16 V tem potência máxima de 151 cv a 6.000 rpm (quando abastecido com etanol) e um torque máximo de 22 mkgf a 4.000 rpm. Compacto e de liga leve, o motor pode ser associado a um câmbio manual de cinco marchas e possui o novo câmbio automático AT8. E a partir do segundo semestre, a Peugeot irá disponibilizar também para a versão topo de gama do modelo a opção do motor 1.6 l16V Turbo High Pressure, de 165 cavalos. Ele virá acoplado a uma caixa automática sequencial de seis velocidades. O trem dianteiro é composto por uma suspensão do tipo pseudo MacPherson invertido, com barra estabilizadora desacoplada, cuja tecnologia propicia uma excelente dirigibilidade e um bom nível de filtragem das imperfeições do solo. Contribuem para isso suas articulações flexíveis - coxins de borracha - entre a suspensão e a longarina, com alto conforto acústico no interior do veículo. O trem traseiro, composto por uma travessa deformável e uma barra estabilizadora integrada, assegura um bom controle das vibrações e de estabilidade, assim como um elevado nível de conforto para os passageiros do banco traseiro. lado do porta-copos, um grande espaço de arrumação com tapete antirruído; • Os porta-objetos nas portas dianteiras e traseiras oferecem um volume total de 15 litros para manter ao alcance das mãos mapas, guias e objetos variados. • Nas portas dianteiras é possível colocar, em posição vertical, uma garrafa de água de 1,5 litro; • Na extremidade posterior do console, um cinzeiro com tampa basculante pode ser usado pelos passageiros traseiros; • Um volume disponível no painel central pode acomodar diferentes objetos; • Um apoio central para braços no banco traseiro abriga um espaço de arrumação fechado e dois porta-copos. Foto: Divulgação Suspensão O que tem por dentro: Estruturalmente, o 408 possui uma excelente rigidez à torção, o que permite um rendimento máximo dos trens de rodagem. • Porta-luvas refrigerado com capacidade de 10 litros, que pode alojar uma garrafa de água de 1,5 litro; • Na extremidade do console, ao Preços: • Allure (manual): R$ 59.500,00 • Allure (automático): R$ 64.500,00 • Feline (automático): R$ 74.900,00 • Griffe (automático): R$ 79.900,00 77 ∞ Mercado Fevereiro 2011 MVeículos Passat CC R-Line chega DA Redação Modelo traz para o Brasil a grife esportiva Volkswagen “R-Line”: motor 3,6 litros com 300 cv, transmissão DSG e tração integral garantem desempenho e dirigibilidade A presentado ao público brasileiro durante o último Salão Internacional do Automóvel, em outubro do ano passado, o Passat CC R-Line está chegando à rede de concessionárias Volkswagen em todo o país. Esportivo na aparência e no comportamento, o sedã é o primeiro veículo desenvolvido pela Volkswagen R Gmbh - subsidiária da marca especializada no desenvolvimento de modelos esportivos e exclusivos - a Mercado Fevereiro 2011 ∞ 78 ser comercializado no Brasil. O Passat CC é um dos carros mais completos do mercado internacional, a versão R-Line oferece uma série de itens exclusivos que reforçam seu caráter esportivo e proporcionam um visual ao mesmo tempo imponente e agressivo. O equipamento exterior inclui rodas R-Line de liga tipo “Mallory”, com pneus 235/40 e 18 polegadas, que dão ao Passat CC um brilho ainda mais esportivo. Também típicos do design R-Line são o spoiler dianteiro e as saias laterais, pintados na cor do restante da carroceria. O pacote inclui lanternas traseiras escurecidas, sistema Park Assist com câmera de ré e ACC Controle Automático de Velocidade e Distância. O interior do CC R-Line inclui como itens de série soleiras de portas personalizadas (as dianteiras com o logotipo R-Line) e volante esportivo de três raios com acabamento em couro e comandos multifuncionais, também com o logo Fotos: Divulgação ao mercado brasileiro R-Line. Os bancos são revestidos em couro e os dianteiros têm regulagem elétrica. O Passat CC R-Line traz de série todos os itens que já fazem parte da versão normal do sedã esportivo, com o comando das trocas de marchas por meio das teclas junto ao volante ou seleção automática. O display multifuncional indica a ocorrência de eventuais inconvenientes, como a perda de pressão dos pneus, e permite diversas visualizações e configurações. Seis air- bags - dois dianteiros, dois laterais para os bancos da frente e proteção tipo “cortina” nas janelas laterais fazem parte do sistema de segurança do veículo. O modelo tem também freio de estacionamento eletrônico com função “auto hold”, que mantém o veículo estático, independentemente da inclinação do piso, enquanto o pedal do acelerador não voltar a ser pressionado (evitando que o condutor tenha que manter o pedal do freio acionado em terreno inclinado), sensor de chuva, acendimento automático dos faróis e ACC - sistema que, além de manter automaticamente a velocidade programada pelo motorista, mantém a distância em relação ao veículo que anda à sua frente - aumentando o conforto e segurança ao trafegar nas estradas. O problema é que, com todos esses predicados, o preço do carro é “salgado”. O Passat CC R-Line chega às concessionárias com preço sugerido de R$ 189.130,00. B 79 ∞ Mercado Fevereiro 2011 MBazar RIM anuncia lançamento de dois tablets em 2011 Durante o Mobile World Congress (MWC) 2011, que aconteceu de 14 a 17 de fevereiro em Barcelona (Espanha), a Research in Motion (RIM) anunciou mais dois novos modelos dos tablets BlackBerry PlayBook. Um deles usará a tecnologia LTE e outro HSPA+. Os novos produtos, que chegam ao mercado norte-americado no segundo semestre deste ano, se juntam aos tablets da RIM apresentados na CES 2011, com tecnologia Wi-Fi e Wi-Max. Um dos principais desafios da RIM é aumentar o número de aplicativos, uma vez que o sistema operacional usado no PlayBook não está entre os mais populares. Com isso, a empresa precisa fazer um esforço extra para atrair desenvolvedores. Uma das ações divulgadas no dia 14 pela RIM foi que a empresa está encabeçando um segundo BlackBerry Partners Fund, que destinará US$ 150 milhões para investir em start-ups com foco em computação móvel. O programa tem abrangência internacional. Além disso, rumores, anunciados na última semana, indicam que a RIM estaria trabalhando em um software que permitiria que seu sistema fosse compatível com os aplicativos para Android. Outra novidade é a parceria internacional com o Grupo Telefonica. A aliança permitirá que os usuários paguem os aplicativos baixados diretamente na conta telefônica, em vez de usar o cartão de crédito. Evolução sobre duas rodas A nova calça Evolution masculina da Riffel reúne atributos que proporcionam o que há de mais avançado em termos de conforto, design e segurança para os motociclistas. Concebida para ser usada em viagens e passeios de fim de semana em diferentes condições climáticas, o versátil modelo possui um visual robusto, que permite um alto grau de customização ao usuário, seja na escolha do número de bolsos, no ajuste da altura da barra, no uso ou não do suspensório, forro térmico interno, bem como na regulagem da entrada de ar. Calça Evolution Riffel Ficha Técnica Materiais: • Poliéster 600 De (resistente à abrasão); • Dynatech (refletivos para melhor Mercado Fevereiro 2011 ∞ 80 visualização noturna); fabric (áreas com tecido flexível para maior mobilidade). • Stretch Especificações técnicas: Reissa (impermeável e respirável); • Protetores rígidos internos; • Dois bolsos laterais impermeáveis e removíveis; • Duas entradas de ar frontais e duas saídas traseiras; • Forro térmico removível; • Regulagem de altura da barra da calça; • Acompanha um suspensório removível. • Película Tamanhos: S - M - L - XL - 2XL - 3XL - 4XL. Preço sugerido: R$ 520,00 Havaianas lança edição limitada das sandálias Grafitti “Os grafiteiros Finók, Chivitz e Minhau assinam, juntos, a nova estampa da marca” Sucesso absoluto de vendas, a Havaianas Grafitti acaba de ganhar uma nova versão. Para celebrar este sucesso, os três artistas criaram uma quarta estampa com os característicos elementos de seus grafites. A edição chega limitada e exclusiva para exportação, lojas franqueadas, Espaço Havaianas e fica à venda até maio. O grafite é uma arte urbana que busca inspiração e ideias - em geral nas grandes cidades metropolitanas. Atualmente, vários grafiteiros renomados destacam-se pelos trabalhos autênticos e artísticos, como é o caso destes três paulistanos. A sandália assinada por Finók tem desenhos de rostos humanos e inter- ferências geométricas que remetem às arquiteturas das cidades. Como resultado, uma obra aberta para que cada um consiga interpretar de sua própria forma. O grafiteiro Chivitz traz em sua bagagem obras da cena “underground” que retratam os estilos de vida dos adeptos do skate, hip-hop e tatuagem. Seus personagens criados especialmente para Havaianas brincam entre si e dão vida e alegria às sandálias em tons de roxo e rosa. Amante de gatos, a autora de grafites Minhau se destaca por seus traços fortes e cores contrastantes. Sua inspiração vem dos murais paulistanos dos anos 90 que são conhecidos pelo grande número de grafiteiros que ocu- pavam muros com suas letras. Para Havaianas, o resultado é um modelo que retrata sonhos e ideais em um visual colorido e caricato. As sandálias Grafitti são encontrada nos tamanhos 33/4 a 45/6, a preço sugerido e R$ 24,90. Chega ao mercado o Mirage Smart, novo celular da Multilaser A Multilaser acaba de lançar no país o Mirage Smart, um celular completo que reúne as características mais valorizadas atualmente no mercado, como tecnologia dual sim quadriband, acesso rápido às redes sociais (como Facebook, Twitter e MSN), teclado tipo Qwerty (mesma disposição de teclas dos computadores), TV, bluetooth, câmera digital e capacidade para filmar com qualidade de imagem e som. Disponível em duas belas opções de cores - preto com detalhes em vermelho, e branco - o lançamento é também uma garantia de entretenimento completo: pode ser utilizado para assistir vídeos, TV analógica e ainda ouvir rádio FM ou músicas MP3 - tudo sem a necessidade de fone de ouvido, já que o celular possui altofalante externo. Outros atrativos são a tecnologia bluetooth, para compartilhar dados sem o uso de fios, e a função Magic Voice, que permite diferentes configurações de timbre da voz para serem usadas durante a ligação: femininas, masculinas, infantil, entre outras. Homologado pela Anatel, o Mirage Smart vem desbloqueado, podendo receber dois chips telefônicos de qualquer operadora. Quadriband, funciona nas quatro frequências mais utilizadas do GSM atualmente. O aparelho tem display LCD de 2” e capacidade para receber cartão micro SD de até 2 GB para armazenar arquivos de músicas ou imagens. Oferece ainda as seguintes funções práticas: calculadora, gravador de voz, envio de mensagens SMS e MMS, relógio mundial e alarme/despertador. A novidade da Multilaser vem em embalagem com manual em português, guia rápido de instruções, fone de ouvido, cabo USB para uso no computador, além de carregador e bateria - ambos também homologados pela Anatel. O lançamento chega ao mercado com o preço médio sugerido para o consumidor final de R$ 299,00 - valor válido até o final de março de 2011. (http://www.multilaser.com.br/atendimento_online.php) 81 ∞ Mercado Fevereiro 2011 MBazar Sony VAIO com processador e controlador gráfico num único chip Apresentado durante a maior feira de eletrônicos do mundo, a CES (Consumer Electronics Show) 2011, a Série Y (VPCYB15AB), da linha Sony VAIO, chegou ao mercado brasileiro neste início de fevereiro e oferece ao usuário duas grandes vantagens: portabilidade e performance com alta qualidade visual. Desenvolvido para colocar em um único chip a potência de um processador de um notebook e o controle de toda a parte gráfica, o novo AMD Dual Core E-350 com AMD Mobility RadeonTM HD 6310 Graphics é responsável pela alta performance da nova série e proporciona ao usuário, por exemplo, a capacidade de assistir a filmes em alta definição. A tela de 11,6 polegadas e resolução de 1366 x 768 com tecnologia LED garante a qualidade da imagem, en- quanto a saída HDMI permite a transmissão do conteúdo do notebook diretamente para uma TV Bravia. Com peso de 1,46KG e disponível em duas cores (prata e rosa), a série Y vem também com o Microsoft® Office 2010 Starter pré-instalado. O produto tem preço sugerido de R$ 1.799,00 e pode ser adquirido pelo www.sonystyle.com.br, nas lojas Sony Style e nas revendas autorizadas. Todas as imagens do MBazar são de caráter ilustrativo Mercado Fevereiro 2011 ∞ 82 MDica de Leitura Por que a gente é do jeito que a gente é? DA Redação É possível programar a personalidade de uma criança? Quanto um adulto pode mudar suas características? Quais as diferentes inteligências e como melhor utilizá-las? Aprimorar pontos fortes ou consertar pontos fracos, o que dá melhores resultados? O que é mais importante para o sucesso: esforço ou talento? Eduardo Ferraz, consultor há mais de 20 anos em gestão de pessoas, desenvolve, em 17 capítulos cases, histórias pessoais e faz uso de vasto repertório teórico, demonstrando conceitos da neurociência e psicologia em linguagem acessível Mercado Fevereiro 2011 ∞ 84 e bem-humorada. A interatividade com o leitor é estimulada o tempo todo, a partir de testes e questionamentos que auxiliam na compreensão do comportamento humano. O conteúdo da obra mostra que o bom resultado, em qualquer projeto, depende de um fator básico: se posicionar para ser a pessoa certa no lugar certo. Por que a gente é do jeito que a gente é? é a oportunidade de estimular nosso autoconhecimento, aperfeiçoar nossos talentos e alcançar o sucesso pessoal e profissional. Segundo o autor, que aplica a neurociência no dia a dia das empresas, o conhecimento acerca de nós mesmos, de nossa equipe e de nossas capacidades pode promover motivação, reconhecimento, nos levar à excelência de nossas atividades e até mesmo à transformação de nossa equipe atual na tão sonhada “equipe ideal”. Ficha Técnica: Título: Por que a gente é do jeito que a gente é? ISBN: 9788573126983 Formato: 21,0 x 14,0 Número de páginas: 200 Gênero: desenvolvimento pessoal/ autoconhecimento Preço: R$ 29,90 MColunaLiteratura O mito de Medeia A trágica história da mãe que mata os próprios filhos POR Kenia Maria O mito grego de Medeia é talvez um dos mais terríveis e assustadores. A trágica história da mãe infanticida que apunhala os próprios filhos para vingar um amor malsucedido nos horroriza e, ao mesmo tempo, nos causa piedade. Talvez o mito de Medeia seja aquele que melhor revele o sentido do trágico. Não se pode esquecer, por exemplo, que Aristóteles, em sua famosa “Arte Poética”, já advertia os dramaturgos de que a boa tragédia é aquela capaz de provocar o terror e a compaixão, para melhor produzir o efeito catártico no expectador. A narrativa grega sobre esta mãe infanticida, também conhecida como ardilosa feiticeira, há mais de quatro mil anos faz parte de nosso inconsciente coletivo. Narra a lenda que Medeia, depois de se apaixonar por Jasão, resolve entregar-lhe o precioso velocino dourado - um carneiro encantado que produzia infinitamente uma magnífica lã de ouro. Para esta empreitada, Medeia revela ao amado as artimanhas e mágicas para conseguir tal feito, sendo que uma delas era matar Medea, por Eugène Delacroix, 1862 Mercado Fevereiro 2011 ∞ 86 o dragão que zelava pelo carneiro. De posse deste precioso animal, depois de alguns anos, Jasão esquece Medeia e se apaixona por Creusa, a filha do rei Creonte. Traída e inconformada, Medeia jura vingança e cumpre: mata Creusa e depois os próprios filhos que tivera com Jasão. Inúmeros poetas, dramaturgos e pintores buscaram nesta história inspiração para criarem suas obras de arte. Na antiguidade, grandes dramaturgos, como Eurípides, Sêneca, Ésquilo, Corneille se renderam aos encantos desta história, levando para o palco esta incrível personagem. Na pintura, por exemplo, vale conferir o quadro, óleo sobre tela em cores fortes, de Eugène Delacroix, o qual impressiona principalmente pelo olhar irado da infanticida e pelos corpos das inocentes crianças se contorcendo de dor e desespero. Para quem gosta de um bom filme, a dica é assistir “Medeia”, do diretor italiano Píer Paolo Pasolini. Numa elaborada desconstrução pós-moderna do mito, a cantora lírica Maria Callas vive a trágica feiticeira Medeia apaixonada por Jasão. E para quem gosta de boas leituras, recomendo a obra “Gota d’água”, de Chico Buarque e Paulo Pontes. Nesta versão, Medeia é Joana, moradora de um pobre conjunto habitacional no Rio de Janeiro. Depois que o sambista Jasão a abandona por Alma, Joana mata os dois filhos e se suicida. Buarque e Pontes trazem para o centro da trama algumas discussões políticas sobre a degradação social e moral dos cidadãos das grandes metrópoles. Interessante registrarmos também que a tragédia “Medeia” virou comédia nas mãos do teatrólogo luso-brasileiro Antônio José da Silva, O Judeu. Sua opereta joco-séria, intitulada “Os Encantos de Medeia”, subiu aos palcos de Lisboa no século XVIII, apresentando uma Medeia feiticeira, dedicada às artes mágicas, disposta a transformar pessoas em animais. Com diálogos irônicos recheados de brincadeiras dos bufões Sacatrapo e Arpia, Antônio José aproveita para satirizar o fanatismo religioso da sociedade portuguesa que temia as bruxas e vivia amedrontada com a Inquisição. Infelizmente, Medeia não é apenas personagem da literatura. Na vida real, ela ganha dimensões mais pavorosas e cruéis. Medeia, às vezes, escapa dos livros, do tablado e da tela do cinema ou da pintura para encarnar em mulheres comuns, nossas vizinhas, nossas irmãs. Mulheres desassossegadas que vivem dolorosos cotidianos. Em rápida pesquisa pela Internet, digitando no Google a frase “mãe mata filhos como vingança”, pude contar centenas de casos no Brasil e no exterior de mães infanticidas, verdadeiras medeias raivosas que trucidam a prole para atingir o homem amado. As notícias são desoladoras: “Mãe espanca e mata bebê de 8 meses para se vingar do ex!!!”. “Uma mulher britânica matou o filho de cinco anos, obrigando-o a beber uma mistura de antidepressivos para se vingar do pai da criança”. E por aí vai... Mas o que levaria uma mãe a agir dessa forma? O que levaria uma mulher a estrangular os próprios filhos? Tudo por ciúme? Tanta fúria contra inocentes para vingar amores malsucedidos? De que é capaz uma mulher quando é rejeitada pelo companheiro? Grande paradoxo da alma feminina, a mesma mulher que dá a vida e amamenta uma criança também é capaz de matá-la e esquartejá-la. Isso talvez seja o que mais nos amedronte nas atitudes de Medeia: será que toda mãe é capaz de matar? E não só matar fisicamente. Há muitas formas simbólicas de causar a morte de um filho: por sufocamento emocional, por exemplo; por excesso de cuidados; por superproteção. Há mães enciumadas, sogras mesquinhas que desequilibram casamentos e causam a discórdia. Como é difícil apaziguarmos a Medeia que palpita em toda mulher. Mas, diante desse quadro desolador, resta uma esperança. Não podemos esquecer que o nome grego Medeia etimologicamente significa “aquela que dá bons conselhos” ou “aquela que cura”. Lembremos aqui Freud, ao observar que são latentes em todos os seres humanos as pulsões de vida e as de morte. Eros e Tanatos têm igual peso nas nossas relações amorosas. A ambiguidade é a marca do humano. Assim, no nosso cotidiano banal, desejo que vença Eros e também a etimologia do nome Medeia, ou seja, aquela mulher acolhedora que de forma equilibrada protege e acalma seus filhos e não a Medeia da lenda milenar que apunhala, assusta e horroriza. Paz para todas as Medeias. Kenia Maria de Almeida Pereira - doutora em Literatura Brasileira pela Unesp/São José do Rio Preto-SP e professora colaboradora do Mestrado em Teoria Literária da Universidade Federal de Uberlândia-MG. Autora de artigos científicos e livros sobre literatura brasileira, dentre eles, Machado de Assis: outras faces, publicado pela editora Aspecttus ([email protected]) 87 ∞ Mercado Fevereiro 2011 MProfissões em Filme Comer Rezar Amar POR Kelson Venâncio Você já parou alguma vez na sua vida corrida de trabalho para dedicar um tempo a você mesmo? Um tempo para seu próprio lazer, saúde e até mesmo para sua espiritualidade? Um tempo para viajar e conhecer lugares diferentes, culturas diversas, comidas que não fazem parte da sua culinária e pessoas com costumes que para você parecem estranhos? Pois este mês a coluna de cinema dá a dica de um filme que fala exatamente sobre isso e, de quebra, ainda te propõe uma história de amor no meio de tantos bons ingredientes. Devido às suas grandes interpretações no passado, especialmente em filmes de romance como Uma Linda Mulher, a atriz Julia Roberts por si só já é um grande chamativo para qualquer tipo de filme. Essa fórmula dá mais certo quando é um filme de amor. E é exatamente por causa disso que esta nova produção estrelada por ela atrai várias pessoas às salas de projeção. O longa é baseado no best seller Eat, Pray, Love: One Woman’s Search for Everything Across Italy, India and Indonesia, de Elizabeth Gilbert. Em sua obra, a autora conta a experiência de vida que ela mesma viveu. Já o filme “Comer Rezar Amar” tem 133 minutos de duração e se resume em torno das três palavras que dão nome ao título. E é assim que vou analisá-lo nas próximas linhas. Mercado Fevereiro 2011 ∞ 88 COMER - Esta é a primeira parte da produção e mostra a personagem de Julia Roberts se recuperando de dois relacionamentos que não deram certo. Por causa disso, ela resolve realizar um grande sonho, já que está solteira: viajar pelo mundo sem se preocupar com relacionamentos. E seu primeiro destino é a Itália, onde ela conhece um grupo de pessoas que se tornam seus novos amigos. Além de tentar aprender o idioma, ela fica encantada com a culinária italiana. E nós também! O diretor Ryan Murphy explora muito bem as delícias gastronômicas do país em suas imagens e ângulos caprichados. Dessa forma, até mesmo um simples prato de macarrão degustado por Elizabeth ao ar livre parece saboroso, impecável, irresistível. Outros fatores associados à gastronomia são bem explorados: o almoço em família, algo raro no mundo moderno, ou um encontro com os amigos para um bom bate papo em praça pública regado a um bom vinho típico. E tudo isso na bela paisagem proporcionada pela Itália com suas construções rústicas e charmosas. REZAR - Da Itália Elizabeth vai para a Índia, na tentativa de encontrar equilíbrio espiritual. Infelizmente essa é a pior parte do filme, pois os personagens ficam aproximadamente 40 minutos discutindo os conflitos religiosos e o passado, na tentativa de achar paz para a alma. Essa parte é cansativa, especialmente porque a fotografia, apesar de realista, nos mostra lugares tristes e depressivos misturados à religião. AMAR - Finalmente Elizabeth chega a Bali, uma das 13.667 ilhas da Indonésia. Essa região é o principal ponto turístico do país, sendo conhecida por suas manifestações culturais: a dança, a escultura, a pintura e a música. E está aí o ponto forte do filme: “amar”. Em Bali ela encontra a pessoa amada depois de um simples passeio de bicicleta pelas belas paisagens do local. E o roteiro explora muito bem esse romance, já que Elizabeth, apesar de querer se aventurar em um novo amor, tem muito medo de se decepcionar novamente. E por um momento quase que ela deixa a felicidade escapar por causa dos fantasmas do passado, algo que acontece com muita gente. Mas é claro que essa história tem um final feliz que nem preciso explorar tanto nesta crítica. Apenas para terminar, Comer Rezar Amar (assim como o livro) é uma espécie de “autoajuda cinematográfica”, pois mostra exatamente o que muitas pessoas querem ver, especialmente as que já estão casadas e desiludidas com a vida amorosa. Explora a desilusão e a frustração, passando pela revolta, a fuga e a vontade de aproveitar a vida e viver o que não se pôde, e terminando com uma nova chance para um novo amor, daqueles de contos de fada! B Ficha Técnica Filme: Comer Rezar Amar (Eat, Pray, Love) Diretor: Ryan Murphy Elenco: Javier Bardem, Julia Roberts, James Franco, Billy Crudup, Richard Jenkins, Viola Davis, Tuva Novotny, Ali Khan, Lidia Biondi, Arlene Tur, Luca Argentero, James Schram Produção: Dede Gardner, Brad Pitt Duração: 133 min. Ano: 2010/EUA Gênero: drama Nota 7 Kelson Venâncio - jornalista e diretor do Cinema e Vídeo www.cinemaevideo.com.br 89 ∞ Mercado Fevereiro 2011 MSustentabilidade Sustentabilidade na Empresa M uitas empresas gostariam de adotar os conceitos de sustentabilidade, mas têm dúvidas quando o assunto é aplicar a sustentabilidade e quais efeitos poderiam decorrer disso em suas próprias empresas. Para que um empresário saiba como aplicar a sustentabilidade em casa, ou seja, na própria empresa, é necessário que antes de qualquer coisa haja muito planejamento e muito estudo dos processos produtivos dela mesma e de seus fornecedores. Além disso, a importância de determinarem-se regras claras para os empregados e prover um correto treinamento para os novos ditames relacionados à sustentabilidade e a nova forma de agir da empresa é de fundamental importância para que todo o processo não se transforme numa grande dor de cabeça e numa fonte interminável de problemas e despesas. A realidade que move as empresas que querem saber como aplicar a sustentabilidade internamente é muito simples: A empresa que não se adequar à nova realidade e às exigências de um mercado cada vez mais ativista e inquisidor, estará fora do mercado e será devorada pela concorrência. É importante que as empresas e os empresários tenham plena consciência de que aplicar a sustentabilidade como forma apenas de garantir um efeito de “marketing” Mercado Fevereiro 2011 ∞ 90 passageiro é apenas um suicídio econômico que tenderá a representar o ostracismo da marca e a maledicência provocada pelo escândalo assim que essa intenção se tornar evidente para o mercado. Entender que não há espaços para oportunistas e “caroneiros” não éticos é a chave para ganhar credibilidade e garantir que a empresa tenha uma correta política de sustentabilidade em seu próprio “chão de fábrica”. Como aplicar? O primeiro passo é garantir que todo o processo seja transparente e assessorado por empresas idôneas e reconhecidas no mercado. Políticas ambientais sérias e ações diretas junto a seus empregados devem ser fomentadas e aplicadas de forma contínua para garantir que esses empregados se transformem em multiplicadores em suas próprias casas e comunidades. O entendimento de que quaisquer custos oriundos dessa aplicação e das mudanças para o novo conceito de sustentabilidade são, na verdade, investimentos em lucratividade e em redução de custos operacionais futuros. Arrumando a própria casa é que o empresário começará a notar que seus gastos com a manutenção e a operação da empresa e das rotinas diárias de operação baixarão sensivelmente e esta economia, obviamente, se reverterá em aumento dos lucros e dos dividendos gerados por sua empresa. Mudar radicalmente a fabricação e a operação de linhas de produtos que agridam o meio ambiente, que usem mão de obra infantil ou ilícita e práticas preconceituosas de quaisquer natureza serão exigência para uma empresa sustentável e, muito brevemente, para qualquer outra empresa. Para que um empresário saiba como aplicar a sustentabilidade em sua empresa, é necessário que ele queira realmente fazê-lo, uma vez que, dependendo da empresa e do ramo que atue, a jornada desde o planejamento (passando pela transição) até o estabelecimento e a certificação como empresa sustentável, será de- morada, penosa e repleta de desafios. Mas os resultados serão gratificantes e o meio ambiente agradece. B (Fonte: www.ecoesfera.com.br) Este espaço se reserva a notícias e/ou projetos socioambientais. O conteúdo aqui publicado é de responsabilidade do CINTAP, através do Eco Instituto INDERC, mas está aberto também para outras pessoas, empresas ou instituições que queiram divulgar assuntos pertinentes ao seu propósito. Informações com Daniela Dias, gerente de Projetos do Eco Instituto INDERC, através do telefone 34 3230 5200 ou do e-mail [email protected]. Acesse: www.inderc.org.br e siga: www.twitter.com/cintap2010 - www.twitter.com/ecoinstituto MPonto de Vista Carga tributária. O que fazer com ela? Recorrentemente, a estrutura tributária brasileira tem sido apontada como desfavorável ao desenvolvimento do país por, entre outras coisas, gerar grandes distorções na formação de preços. O Brasil apresenta uma estrutura obsoleta, extremamente complexa, que onera o setor produtivo, traz prejuízo à competitividade e induz à sonegação. Atualmente, o Brasil apresenta uma das maiores cargas tributárias do mundo - 34,5%, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), estando atrás apenas de países europeus altamente desenvolvidos, como é o caso dos países da Escandinávia (Suécia, Noruega, Dinamarca e Finlândia), mas que, ao contrário do Brasil, prestam serviços públicos de qualidade, garantindo à sua população saúde, segurança, educação, previdência social, boas estradas, reembolso de medicamentos, auxílio moradia etc. Ou seja, além do que os habitantes desses países têm que destinar aos seus res- pectivos governos, por meio do pagamento de tributos, não precisam recorrer ao setor privado, despendendo ainda outra parcela significativa de seus rendimentos para custear tais serviços tidos como essenciais. Se comparado com os Brics (grupo formato por Brasil, Rússia, Índia e China, os quatro principais países emergentes do mundo), o Brasil é de longe o país que apresenta a maior carga tributária. Aqui, enquanto o total de impostos, tributos e contribuições recolhidos fica acima de 34% do Produto Interno Bruto (PIB), na Rússia, a carga é de 23% do PIB, na China é de 20% e, na Índia, país cuja estrutura tributária é a mais parecida com a brasileira, o total da arrecadação corresponde a 12,1% do PIB. Nesse cenário, se em nível nacional o contribuinte brasileiro sofre para sustentar tamanha carga tributária, em níveis estaduais o mineiro padece mais. Minas Gerais é o estado onde são cobrados mais tributos, principalmente o ICMS, que em alguns casos chega a 25%. No caso do o álcool, por exemplo, a alíquota é de 23%, enquanto em São Paulo é de 12%. Dessa forma, o estado perde em competitividade no setor, pois as empresas estão procurando outros estados para investimentos, com uma carga tributária menor. Portanto, para atenuar essa situação, algumas entidades de classe, como a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), defendem a adoção de medidas que vão desde a substituição tributária até mudanças legislativas. Além disso, pedem também avaliação de programas como parcelamento de impostos, desoneração de investimentos e reforma tributária, o que englobaria também questões de guerra fiscal. Com base nessa realidade, a MERCADO foi atrás do G7 para saber a opinião de cada um dos membros a respeito dessa situação e o que pensam sobre as possíveis medidas - substituição tributária e outras mais - que estão sendo propostas para exorcizar de vez esse fantasma que responde pelo nome de “Carga Tributária Brasileira”. (*) A ONG G7 - Grupo dos Sete - é formada por sete das mais representativas instituições sociais ativas na região do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba. São elas: ACIUB - Associação Comercial e Industrial de Uberlândia, CDL - Câmara de Dirigentes Lojistas de Uberlândia, Conselho de Veneráveis do Triângulo, FIEMG Regional Vale do Paranaíba/CINTAP - Centro Industrial e Integração de Negócios do Triângulo, OAB/MG 13ª Subseccional de Uberlândia, SRU - Sindicato Rural de Uberlândia e SMU - Sociedade Médica de Uberlândia. Mercado Fevereiro 2011 ∞ 92 Continuação O LEÃO, símbolo de arrecadação na esfera Federal, também representa uma conduta dos governos estaduais e municipais, pois a maneira como utilizam seus artifícios lembra uma selva repleta de animais ferozes, onde a caça predatória é um meio de sobrevivência. Se o animal está com fome, sai em busca do alimento com os riscos que ele apresenta. O governo procede da mesma maneira. Quando necessita de dinheiro, lança mão de impostos, taxas e contribuições como o principal meio para a solução do seu problema. A carga tributária no Brasil é altíssima, comple- xa e mutante, causando diversos problemas, dentre eles a falta de segurança jurídica, pois há o surgimento constante de novas leis relacionadas ao tema, inviabilizando o acompanhamento das mudanças. Por outro lado, requer contadores dedicados para este fim e empresas com capital disponível para realizar altos investimentos em tecnologia da informação. No caso de MG, temos um modelo que exige uma antecipação dos impostos, provocando um esvaziamento no caixa das empresas, o que, consequentemente, prejudica a cadeia produtiva. Este é um dos motivos da falta de capital de giro, pois a maioria das organizações não consegue cumprir o seu fluxo operacional entre a re- ceita e a despesa. Ainda existe outro “fantasma” que ronda o mercado, que são os informais. Mas é certo que quanto maior for a carga tributária, maior será a sonegação. Diante do alto índice de arrecadação, consideramos o momento oportuno para aprofundar o debate sobre o tema, a fim de desonerar a cadeia produtiva e estimular o crescimento, definindo prioridades, como por exemplo, a redução dos encargos na folha de pagamento, material escolar, medicamentos, dentre outros. É por isso e muito mais que a carga tributária no Brasil pode se considerar perversa, provocando o travamento ou impedimento para o crescimento do setor produtivo. Sabemos que a substituição tributária compromete o capital de giro das empresas, já que o pagamento antecipado do imposto, com certeza reduz a competitividade e consequentemente o faturamento, provocando sérias perdas da produção e subsequente aumento de preços das mercadorias. Segundo estudo do Sebrae à Fundação Getúlio Vargas, este sistema de tributação pode gerar aumento de 700% na carga fiscal das micro e pequenas empresas. O estudo constatou também que as empresas perderam em 2008 R$ 1,7 bilhão por causa do imposto em questão. Necessário se faz, portanto, uma análise mais criteriosa por parte do Estado de Minas, a exemplo do que já acontece em outros estados, como Santa Catarina, Mato Grosso e Pará, que buscam ações para amenizar as grandes perdas já constatadas. Criticar a carga tributária brasileira, dizer que ela é alta, que o contribuinte não aguenta mais, enfim, isso é um assunto que já está se tornando desgastante, tendo em vista o marasmo que se instalou no Congresso Nacional quando a pauta é a Reforma Tributária. Só que os nossos digníssimos representantes na capital federal não estão percebendo que no Brasil fica cada vez mais evidente a perda de capacidade produtiva e de competitividade que a carga tributária vigente impõe à indústria e demais setores e, consequentemente, reduz a nossa capacidade de exportação. Uma situação nitidamente agravada pela excessiva complexidade do sistema tributário brasileiro, que frequentemente cria novos impostos e altera tributos antigos, como aconteceu com o sistema da substituição tributária - mecanismo que antecipa na indústria a cobrança do imposto para toda a cadeia comercial - adotada pelo governo mineiro para proteger a indústria de Minas, e até foi copiado por outros estados. A meu ver, a Substituição Tri- butária tem o lado positivo de proteger a Indústria Mineira, mas tem também o lado negativo de ter sido mal implementada, pois penaliza o capital de giro das empresas ao antecipar a cobrança do imposto, e ainda impõe alíquotas que favorecem a sonegação e não protegem determinados setores, favorecendo assim outros estados. A meu ver, a ST só deve ser imposta a setores que realmente prejudiquem a Indústria Mineira. Porém, a gana arrecadatória do governo não permitirá que isso aconteça, então, continuaremos a ter guerra fiscal, sonegação e fechamento de empresas e perda de empregos aqui em Minas Gerais. Obs: Até o fechamento desta edição, os responsáveis pelas demais instituições que congregam o G7, ou suas respectivas assessorias de imprensa, não haviam enviado cada um a sua resposta. 93 ∞ Mercado Fevereiro 2011 MCausosEmpesariais O Cabo Edileuza (Comunicação eficaz I) POR Nege Calil* Começo dos anos 90. E lá estava eu viajando a trabalho por esse Brasil afora, representando a consultoria na qual eu atuava. Fui atender a um cliente no interior do estado de São Paulo, numa cidade pequena cujo único acesso era por terra. Felizmente, o curso que ministrei foi muito bem aprovado pelos participantes, levando o dono da empresa a estendê-lo a outros colaboradores. De pronto, atendi seu pedido. Prorroguei minha hospedagem no hotel e fui até a rodoviária trocar minha passagem. Precavido, já comprara os bilhetes de ônibus de ida e volta, na tentativa de facilitar meu processo logístico neste trabalho. Diante do novo contexto, tive necessidade de alterar a data de meu retorno: - Bom-dia! - iniciei. - ‘Diiia! - exclamou o atendente, com um desânimo de dar dó! Seu “bom-dia” saiu sem o “bom”, e com três “is” na palavra “dia”, acompanhado de um olhar semicerrado, uma expressão de descaso ilustrada pelo palito de dentes no canto da boca e pelo uniforme amarrotado, com parte da camisa para dentro das calças e parte para fora. - Por gentileza, preciso alterar a data de minha viagem de retorno. Pode trocar? - disse estendendo a passagem por baixo do guichê. Mercado Fevereiro 2011 ∞ 94 - Posso trocar nããão! (com três “ã” mesmo, não se trata de erro de digitação). - Como não? É meu direito!! - disse já me exaltando. - Aqui não tem disso não, moço! devolvendo-me a passagem. - Aqui é território brasileiro, e a lei de defesa do consumidor me dá esse direito! - Não tô sabendo de lei nenhuma! Já se passava um ano da implantação do Código de Defesa do Consumidor e aquela criatura não o conhecia. Indignado com tanta ignorância, insisti com ele: - Amarildo (li em seu crachá), é meu direito realizar essa troca. - “Peraí”! Zé!! Ô Zéé! - chamou um colega. “Cê” tá sabendo desse negócio de troca de passagem? Enchi-me de esperança. O Zé devia saber! - Ué, o Nestor falou alguma coisa assim, mas não entendi direito. Faz tempo... Perdi as esperanças. O Zé estava sentado com a mão no rosto, meio que cochilando, e com menos de 10% do interesse que Amarildo mostrava. - Você ouviu! - foram as palavras conclusivas de Amarildo. Nem o Zé sabe... Pai do Céu! - pensei! Se o Zé for a referência dele, minha situação é mais séria do que imaginei. Num último suspiro, resolvi arriscar: - Quem é Nestor? - Nosso gerente! - Posso falar com ele? - Ele não fica aqui! Fica na cidade vizinha... - Amarildo, preste atenção! Está escrito aqui no verso do bilhete que posso trocar a data de viagem até 3 horas antes do embarque. - Tá escrito? Espantou-se... - Sim, leia! - entreguei de novo o bilhete. - É, tá escrito mesmo. Mas não posso trocar não, moço! Nem o Zé sabe direito o que o Nestor falou! O Zé não devia saber nem o próprio nome completo. Olhei pra ele e seus olhos já estavam fechados, ilustrando um cochilo profundo. Quase sofrendo um enfarte, subi as escadas do prédio da rodoviária inconformado. Eu me recusava a comprar outro bilhete, simplesmente por não fazer valer meus direitos. Sentei numa cadeira e comecei a pensar numa solução. O valor não era tão alto, podia comprar outra passagem e deixar quieto. Mas não me conformava. Como uma empresa não comunica adequadamente a seus colaboradores o que de fato precisam fazer? - refleti. Hoje sei o quanto esse problema é grave na maioria das organizações. Os meios de comunicação se multiplicaram numa grande velocidade, mas não a compreensão das informações neles contida. É fácil observar que e-mails são trocados aos milhares, informações postadas na intranet, jornais internos e, mesmo assim, não é raro ouvirmos histórias nas empresas de que alguém não sabia de determinado assunto. Minha amiga Luciana, gerente de Comunicação numa grande empresa, vive se queixando: - Nunca consigo colocar os e-mails em dia! Recebo centenas por dia, é impossível ler todos. - Você é a gerente de Comunicação! - exclamei. Deve haver algo que você possa fazer. - Meu foco é assessoria de imprensa e comunicação externa. - justificou. - E quem cuida da comunicação aos colaboradores? - insisti. - Sei lá! Deve ser o RH! - concluiu com um olhar tipo “para de ser chato e não fale mais nada!” Em parte o RH é responsável sim, mas os maiores emissários de uma boa comunicação são os líderes. Muitos setores de RH ainda patinam no processo, investindo apenas em meios. Meu amigo Marcelo me relatou contente: - Metade do mural da empresa agora é do RH! Acabaram-se os problemas de comunicação! - Você bebeu! - retruquei. Expor um papel ou cartaz não é garantia de que todos vão ler e compreender. - Aí é problema da pessoa! Quase bati nele! Dei-lhe uma aula sobre as teorias do emissor x receptor, insistindo na certificação de que todos entenderam a mensagem, o que fora realmente comunicado. Comunicar de modo eficaz significa tornar comum uma informação e observar se as reações são favoráveis a três atitudes básicas: continuar como está, fazer ou deixar de fazer. Quando eu era estagiário, em meados dos anos 80, minha gerente, Neusa, exigia que todos na equipe explicássemos nas reuniões de follow-up o que havíamos entendido das comunicações. Era impossível ficar com dúvidas. Voltando à rodoviária, estava eu refém de uma grande falta de comunicação. O tal Nestor havia falado, no bilhete de passagem estava escancarada a norma, mas ninguém naquele guichê compreendia quais eram os procedimentos numa simples troca. De repente, uma luz: avistei uma policial militar, solitária, porém disposta: - Cabo Edileuza, a seu dispor! - sua voz saiu como um trovão! Calculei seu biótipo em mais ou menos 1,80 de altura e para mais de 100 kg. Cabelos curtos, olhar firme, passos pesados, confesso que senti um frio na espinha inicialmente antes de me expor. Expliquei a situação e ela me acompanhou até o guichê. Com a mão no parapeito, olhou dentro dos olhos de Amarildo e, com sua voz de barítono, comunicou: - O rapaz aqui precisa trocar o bilhete! Ou atende ele, ou vamos resolver lá na 2º DP! - Sim senhora! - respondeu um Amarildo pálido, acompanhado de um Zé prestativo que soltou baixinho algo como “te ajudo”. Não contive meu sorriso de vitória! Peguei minha nova passagem e agradeci a Edileuza. Ela assentiu com a cabeça, sinalizando um “por nada”. Como seguíamos pelo mesmo caminho, ela de volta à sala e eu em busca da saída, caminhamos juntos por algum tempo que parecia a eternidade. O silêncio entre nós me incomodou e, ao avistar a lanchonete, arrisquei: - Aceita um café? Para meu desespero, ela balançou a cabeça afirmando que aceitava, confirmando mais ainda minhas suspeitas de que era mesmo de poucas palavras. Ansioso com o insistente silêncio, eu queria tomar logo o café e ir embora. Queimei a língua, enquanto observava que ela tomava calmamente sua bebida. Fui salvo pelo zelador do banheiro: - Oi, Edileuza! - Oi, Norival. - Tranquilo o movimento? - Humhum - respondeu ela com o mesmo jeito circunspecto. Norival, por sua vez, transpirava simpatia. Muito mais à vontade que eu, tirou sarro do atendente do balcão, cumprimentou transeuntes e continuou abordando-a: - Edileuza, vou te chamar pra fazer uma batida no banheiro. Ô povinho porco! Toda hora tenho que limpar o que eles urinam fora do mictório. - Sei... respondeu ela com seus monossílabos, atenta em assoprar seu café. - Devia ter uma lei que proibisse fazer xixi no chão! - bradava ele. Aí, eu mandava prender! - Você fala demais! - retrucou ela com um sorriso, mostrando intimidade com o amigo. Vou te ajudar! Nisso ela pegou um guardanapo e escreveu: “Urine mais perto! Ele não é tão grande assim”! - Copia e pendura! Não contive meu riso quando li. Com seu jeito de poucas palavras, tanto no guichê quanto no bar, Edileuza soube se comunicar como ninguém. B Nege Calil é consultor e especialista em gestão de pessoas [email protected] 95 ∞ Mercado Fevereiro 2011 MGeral País deve ganhar seis mil creches e escolas infantis DA Redação Prefeituras de todo o país têm até 2014 para construir seis mil creches e escolas públicas de educação infantil previstas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC-2). Esse conjunto de escolas vai criar 1,2 milhão de vagas. Ser proprietária e ter o título de domínio do terreno no qual a escola será construída são garantias que a prefeitura deve apresentar ao Ministério da Educação (MEC) para receber recursos do Programa Nacional de Reestruturação e Aquisição de Equipamentos da Rede Escolar Pública de Educação Infantil (Proinfância). As seis mil escolas previstas no PAC-2 estão distribuídas entre as cinco regiões do país, mas têm prioridade as áreas metropolitanas do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, de grande concentração populacional. De acordo com dados da Secretaria de Educação Básica (SEB), desde que foi criado, em 2007, o Proinfância já financiou a construção de 2,3 mil escolas de educação infantil - a estimativa é que cerca de 300 estejam concluídas. As prefeituras que terminam as construções recebem, mediante convênio com o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), R$ 100 mil para aquisição de mobiliário e equipamentos destinados às escolas e creches. Capacitação técnica é a nova cara do mercado Os cursos técnicos ganham cada vez mais espaço e garantem resultado Após algum tempo envolvido com o desemprego, o Brasil volta a registrar novas altas em vagas de empregos com carteira assinada. Em 2011 a taxa de desemprego medida pelo IBGE deve ficar abaixo dos 5,5%. Apesar do aumento de vagas, ainda existe a preocupação com a qualificação exigida. Atualmente, a qualificação profissional não está necessariamente ligada a cursos superiores; os cursos técnicos entraram para a lista de prioridades e a procura aumenta dia após dia. Com custo e tempo reduzidos e um foco maior na área de formação desejada, o interesse no segmento cresce gradativamente. Com mais de seis milhões de pessoas já qualificadas em diferentes cursos, o Senac Minas é um exemplo de instituição que qualifica para o mercado de trabalho através dos cursos técnicos. A diversidade de cursos é extensa e permite que o aluno Mercado Fevereiro 2011 ∞ 96 escolha a profissão que mais se encaixa com o seu perfil, facilitando a aprendizagem e garantindo uma vaga satisfatória no mercado. De acordo com pesquisa realizada pelo Ministério da Educação, 72% dos alunos de cursos técnicos saem contratados formalmente. A pesquisa ainda aponta que o ideal seria que, para cada profissional com nível superior contratado, existissem cinco ou seis de nível técnico. Para o mês de março, o Senac Uberaba oferece uma vasta programação em cursos técnicos, envolvendo: Enfermagem, Segurança do Trabalho, Estética, Secretariado, Administração e Contabilidade. Os cursos serão ministrados no novo prédio da instituição, que passa a contar com a unidade de ensino técnico mais moderna do interior de Minas. Para mais informações: www.mg.senac.br - (34) 3312-0444. Antioxidantes podem diminuir fertilidade DA Redação Pesquisadores israelenses descobriram que antioxidantes - tidos como caminho natural para retardar o processo de envelhecimento - podem também dificultar a fertilidade feminina. A equipe da Profa. Nava Dekel, do Instituto de Ciências Weizemann, de Rehovot, realizou uma pesquisa com camundongos; aqueles que receberam antioxidantes desenvolveram um número significativamente menor de óvulos do que os que não receberam. “Por um lado, esses resultados podem ser úteis para orientar as mulheres que estão tendo problemas para engravidar”, disse a Profa. Dekel. “Por outro, novos estudos indicarão que certos antioxidantes poderão ser meios mais eficazes e seguros de controle de natalidade do que o que é feito hoje, à base de hormônios”. Receita libera programa para declaração do IR DA Redação O contribuinte terá a partir do dia 1º de março até o dia 29 de abril para entregar à Receita Federal a declaração do Imposto de Renda Pessoa Física 2011 (ano-base 2010). O programa para a declaração estará disponível desde o primeiro dia de março na página da Receita na internet (www.receita.fazenda.gov.br/). Pela primeira vez, serão aceitas somente declarações entregues pela internet ou por disquete ou pen-drive nas agências da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil. A partir deste ano não serão admitidos formulários de papel. Entre outros requisitos, a prestação de contas é obrigatória para quem recebeu, em 2010, rendimentos brutos tributáveis acima de R$ 22.487,25 ou rendimentos não tributáveis superiores a R$ 40 mil. Quem declarar após a datalimite terá de pagar multa mínima de R$ 165,74. A Receita espera receber 24 milhões de declarações em 2011. Também pela primeira vez será admitida a inclusão de parceiros homossexuais de uniões estáveis como dependentes para fins de dedução no Imposto de Renda. 97 ∞ Mercado Fevereiro 2011 MGeral Uberlândia tem instituição de ensino entre as 30 do país O Ministério de Educação divulgou recentemente o conjunto de índices que avaliam a qualidade do ensino superior no país. A ESAMC de Uberlândia esta ranqueada entre as Top 30 escolas de ensino superior do país. O Índice Geral de Cursos (IGC) é o indicador que avalia a qualidade geral de todos os cursos de graduação e de pós-graduação (mestrado e doutorado) oferecidos pela instituição. Ele inclui a nota dos alunos no Enade, a formação dos professores, infraestrutura, projeto pedagógico e a própria percepção dos alunos quanto à qualidade da instituição. Esta classificação atribui uma pontuação em escala que vai de 0 a 500 pontos e em faixas que vão de 1 a 5. A ESAMC obteve pontuação no IGC que a qualificou entre as melhores instituições de ensino superior de todo o país, que inclui universidades, centros universitários, faculdades e institutos. Em Uberlândia, a faculdade ocupa o primeiro lugar com 385 pontos, seguida da Universidade Federal de Uberlândia com 358 pontos. O Conceito Preliminar de Cursos (CPC) é outro indicador que avalia praticamente o mesmo conjunto de atributos do IGC, porém relacionados especificamente a cada curso oferecido pela instituição. O curso de Administração de Empresas da ESAMC neste índice obteve a nota máxima (5) e junto com a UFU inclui-se na lista das melhores escolas de administração do Brasil. O curso de Propaganda e Marketing obteve nota 4 e ocupa a oitava posição no ranking nacional. É importante ressaltar que apenas 27 instituições de ensino superior obtiveram nota máxima (5), representando 1,39% das 1.793 faculdades, centros universitários e universidades que conseguiram conceito final. Vitamina D - a vitamina do sol que previne a osteoporose DA Redação Ovos e leite estão entre os poucos alimentos que contêm vitamina D, que tem o sol como maior fonte Mercado Fevereiro 2011 ∞ 98 A principal função da vitamina D no organismo é auxiliar a absorção de cálcio. No entanto, estudos sugerem também que a quantidade adequada de vitamina D pode conferir proteção contra cânceres de cólon, mama e ovário. A maior fonte de vitamina D é a luz do sol. Essa importante vitamina é produzida na pele quando a radiação ultravioleta presente na luz solar atinge o corpo. Mas isso só acontece quando o sol está bem alto no céu - e apenas por uma ou duas horas por dia. As principais consequências da deficiência de vitamina D são raquitismo e osteoporose. As pessoas de pele escura correm um risco maior, pois o pigmento da pele bloqueia a radiação ultravioleta. São poucos os alimentos que contêm vitamina D: peixes gordurosos, ovos, leite e cereais. Muitos alimentos são artificialmente fortificados com vitamina D, entre eles algumas margarinas, cereais e leite de soja. MGeral Salmão ajuda a combater Mal de Alzheimer DA Redação Uma pesquisa israelense confirmou que comer peixes como salmão, ricos em Ômega 3, reduz os efeitos negativos do Mal de Alzheimer. O vilão dessa moléstia é um gene denominado APOE4, que está presente em metade dos portadores de Alzheimer e em 15% da população em geral. Experimentos realizados com camundongos pelo professor Daniel Machelson, da Universidade de Tel Aviv, mostraram que a ingestão de alimentos ricos em Ômega 3 e baixos teores de colesterol reduziram significamente os efeitos negativos do gene. O APOE é encontrado em todos os seres humanos e se apresenta em duas formas: um gene APOE “bom” e um gene APOE “ruim”, ou APOE4. “Condições externas que são geralmente consideradas boas podem ser prejudiciais se o rato for um portador do gene APOE4. Extrapolando esta experiência para a população humana, podemos dizer que os indivíduos com o gene APOE4 “ruins” são mais sus- expediente cetíveis ao estresse causado por um ambiente que estimule o seu cérebro”, diz Michaelson. Expandindo sua pesquisa, Michaelson verificou que uma dieta rica em óleos de peixes com Ômega 3 neutraliza os efeitos nocivos do APOE4. Reportagens Evaldo Pighini, Isabella Peixoto, Margareth Castro, Fabiana Barcelos, Laura Pimenta, Rosiane Magalhães, Talita Nakamuta, Alitéia Milagre, Renata Tavares, Núbia Mota Programa de Aprimoramento Profissional Natália Nascimento Revisão Lúcia Amaral Fotografia Mauro Marques (exceto as creditadas) Colaboradora Márcia Amaral Diretor Comercial Fernando Martini - comercial@ revistamercado.com.br Departamento de Vendas Maurício Ribeiro - comercial08@revistamercado. com.br e Cristiane Magalhães - [email protected] Secretaria Kárita Barbosa dos Santos - [email protected] Consultoria Jurídica Thiago Alves - OAB 107.533 Diretor Projeto Gráfico RedHouse Comunicação Ltda. 34 3235-6021 Capa, Direção de Arte e Finalização Humpormil Pré-impressão Registro Digital Impressão Para anúncios e assinaturas Eduardo J. L. Nascimento [email protected] Redação Artigos, comentários, sugestões e críticas sobre o [email protected] conteúdo editorial da Revista MERCADO e mensagens para o Canal Livre: redacao@revistamercado. com.br Cartas Rua Roosevelt de Oliveira, 345 Sala 14 - Bairro Aparecida CEP: 38.400-610 - Uberlândia/ MG - Toda correspondência poderá ser publicada de forma reduzida. Envie anexo nome completo e a cidade de origem. A Revista MERCADO não fornece quaisquer dados pessoais para terceiros. Edições Conselho Gestor extras e reprints Para solicitação de edições extras e/ou fazer reprints de páginas da revista, entrar Eduardo J. L. Nascimento, Evaldo Pighini, Fernando Martini em contato pelo email [email protected] ou pelo telefone (34) 3236-6112. Conselho Editorial Paulo Sérgio Ferreira, Janaina Depiné, Analu Guimarães, Dr. Joemilson Donizetti Lopes, Marconi Silva Santos, Pedro Lacerda, Marcelo Prado, Dalira Lúcia C. Maradei Carneiro Editor Chefe e Jornalista Responsável Evaldo Pighini - MG 06320 JP [email protected] Mercado Fevereiro 2011 ∞ 100 A Revista Mercado é uma publicação mensal do Grupo de Mídia Brasil Central (GMBC). Artigos assinados não refletem necessariamente a opinião desta revista, assim como declarações emitidas por entrevistados. É autorizada a reprodução total ou parcial das matérias, desde que citada a fonte. Tiragem desta edição: 5.000 mil exemplares. Copyright © 2008 - Grupo GMBC - Todos os direitos reservados. Revista Mercado Rua Roosevelt de Oliveira, 345 Sala 14 - Bairro Aparecida CEP: 38.400-610 - Uberlândia/MG Tel/Fax: (34) 3236-6112 - www.revistamercado.com.br