“arquivos” literários e escritos autobiográficos

Transcrição

“arquivos” literários e escritos autobiográficos
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“ARQUIVOS” LITERÁRIOS E ESCRITOS AUTOBIOGRÁFICOS:
JOGOS DE LEITURA E POSIÇÕES FRENTE À EDUCAÇÃO NO TEMPO EM
GABRIELA MISTRAL, CAMUS, DRUMMOND E SUD MENNUCCI
Coordenadora : Dislane Zerbinatti Moraes
Docente FEUSP
[email protected]
Carola Sepúlveda
Docente Universidad Metropolitana de Ciencias de la Educación
[email protected]
Danilo Rodrigues Pimenta
Unicamp
[email protected]
Fernando Henrique Tisque dos Santos
Docente UFRB
[email protected]
Resumo do Simpósio
Apresentamos nesse simpósio 4 escritores (Gabriela Mistral, Albert Camus, Carlos
Drummond de Andrade e Sud Menucci), 4 países (Chile, França, Argélia e Brasil),
algumas localidades urbanas e rurais (latino-americanas, africanas, europeias, paulistas,
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mineiras), que se propõem a atribuir sentidos à literatura e a sua posição como intelectuais.
Entendemos a literatura como um complexo fenômeno intercultural, obra de um e de
muitos; jogos de leitura de obras; autores que fabricam mundos concretos e imaginados,
com pulsão para a transformação de si e dos outros ora utilizando a capacidade de pensar a
vida literária, política e intelectual ora buscando com a criação artística dar a ver as
questões do tempo presente e atualizando o “arquivo de imagens ficcionais” no qual
estamos imersos (Derrida). Carola Sepúlveda, Narrando la Historia de Chile: Gabriela
Mistral y sus recados discorre sobre os compromissos intelectuais da escritora, professora,
diplomata e Prêmio Nobel de Literatura, con o governo do Presidente chileno Pedro
Aguirre Cerda (1938-1941). Com o ensaio de Danilo Pimenta, Absurdo e Educação a
partir de Albert Camus objetiva-se analisar a estética camusiana, identificando-a com uma
possível educação a partir do desacordo que há entre o homem e o mundo. Em Na “Seara
dos eleitos”: o papel da crítica literária na formação do pensamento educacional de Sud
Mennucci, Fernando Henrique Tisque dos Santos aproxima as perspectivas literárias do
autor e as suas convicções sobre o ensino nas escolas rurais e construção de si como um
intelectual da educação. Dislane Zerbinatti Moraes em As “Sutilezas” de Drummond e o
Espírito Reformador da Educação descreve a posição perplexa do escritor em relação a ser
um intelectual participante da vida e ter independência para descrever impressões pessoais,
no caso aqui estudado, sobre educação, leitura e escrita.
Palavras-chave: história da educação, literatura, autobiografia
AS “SUTILEZAS” DE DRUMMOND E O ESPÍRITO REFORMADOR DA
EDUCAÇÃO:
EXERCÍCIOS TRANSITIVOS ENTRE O AUTOBIOGRÁFICO, O LITERÁRIO E
A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO.
Coordenadora: Dislane Zerbinatti Moraes
Faculdade de Educação da USP
[email protected]
Resumo
Nos livros Confissões de Minas (1944), Passeios na ilha: divagações sobre a vida literária
(1952) e O Observador no Escritório (1985), alguns dos tantos exercícios transitivos entre
o autobiográfico, o literário e a descrição da realidade, efetuados pelo autor, Drummond
pratica crítica literária e cultural, poesia em prosa, crônicas do cotidiano, agudos ensaios
historiográficos sobre um Brasil profundo. Não só isso. Explicita filiações em relação ao
modernismo, especialmente a Mario de Andrade e sutilmente tece o seu lugar de escritor e
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funcionário público, como Chefe de Gabinete do Ministro da Educação e Saúde Pública,
secretariando o ministro e amigo Gustavo Capanema (l933-l945) e como servidor na chefia
da Seção de História da Diretoria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (19461962). Um “lugar delicado”, com o qual faz – e a expressão “fazer com” aqui tem muita
significação na análise; da tensão entre os desejos individuais e o imperativo do social, o
princípio de “estar” e “ser” no mundo. (Antonio Candido; Sérgio Buarque de Holanda,
Helena Bomeny).
Nesse estudo, portanto, apresentamos uma possível leitura sobre as relações intensas entre a
literatura, experiência história e o espírito reformador em educação, vivenciadas durante
grande parte do século XX, por Drummond. Temos como objetivo compreender aspectos
dos modos de apropriação das ideias educacionais para além do espaço institucionalizado
dos pensadores e reformadores da Educação, como Fernando de Azevedo, Anísio Teixeira,
Lourenço Filho. Tratamos, assim, das ideias sobre educação tematizadas na poesia e prosa
do autor, buscando compreender o sistema ficcional que se impõe pelo choque e contrastes
entre a experiência do tempo presente e a problematização dos fragmentos da memória e do
modelo de formação pelo qual passou. A posição perplexa e inquieta em relação ao seu
tempo histórico ilumina as reflexões sobre mestres, professoras do ensino primário, uma
representante da mudança educacional, Helena Antipoff, crianças, livros, aprendizagem da
escrita literária e acerca da “disponibilidade” em ser, na expressão pelo autor, um
“participante da vida”, “curioso e interessado pelos outros homens” e “desconfiado de sua
própria riqueza interior”.
Palavras-chave: Carlos Drummond de Andrade, Reformas Educacionais, autobiografia e
ficção.
NARRANDO LA HISTORIA DE CHILE: GABRIELA MISTRAL Y SUS
RECADOS.
Carola Sepúlveda
Universidad Metropolitana de Ciencias de la Educación
[email protected]
Resumen:
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La presente ponencia se propone analizar algunos de los compromisos intelectuales
de Gabriela Mistral, escritora, profesora, diplomática y Premio Nobel de Literatura, con el
gobierno del Presidente chileno Pedro Aguirre Cerda (1938-1941), con quien mantuvo
durante décadas intensos diálogos intelectuales.
Através de sus escritos denominados “Recados”, textos escritos en prosa y en verso,
enviados durante muchos años al diario chileno “El Mercurio”, la autora se comprometió
públicamente en materia de educación, entendiendo esto con un sentido de misión
(Sevcenko). Observaremos también como la autora retoma la Historia de Chile como un
recurso para crear sus Recados y entregarlos a sus lectores (as) en forma de narraciones
(Benjamin).
Palavras-chave: Gabriela Mistral, historia de Chile, educación.
ABSURDO E EDUCAÇÃO A PARTIR DE ALBERT CAMUS
Danilo Rodrigues Pimenta
Faculdade de Educação da Unicamp
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Resumo
Albert Camus não possui uma obra específica sobre educação, mas o conjunto de
seus textos nos oferece indicações para pensar uma proposta educacional a partir do
absurdo. Desse modo, o objetivo aqui é analisar a estética camusiana, identificá-la como
uma atitude coerente diante do absurdo e da revolta e pensar em uma possível educação a
partir do desacordo que há entre o homem e o mundo. A estética proposta pelo francoargelino é proporcional ao homem. Ela é a descrição da existência humana, e por isso é
mais esclarecedoras que bibliotecas, visto que Camus está convencido da mensagem
instrutiva da aparência sensível que descreve o fracasso da existência humana. Pensamos
uma proposta educacional a partir da ausência de sentido da existência humana, mas não
para atribuir um sentido, mas para fixar a falta de sentido. É exatamente por isso que a
criação artística pautadas nos mandamentos do absurdo é um instrumento de libertação,
pois ela tem a finalidade de despertar o homem de sua vida maquinal, isto é, da vida
desprovida da consciência da absurdidade da existência. Enfim, nossa proposta consiste em
apresentar a estética camusiana em interface com a educação, destacando seu
comprometimento com a inadequação ontológica que há entre o homem e o mundo, assim
como sua finalidade de apontar o caminho sem saída que estamos comprometidos, visto
que são os fracassos da existência absurda que mais nos ensinam a respeito dela e
apontando os modos de vidas absurdas, tal como apresentado em Le mythe de Sisyphe e em
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L’homme révolté. A fim de obter êxito, destacaremos além das duas obras já mencionadas,
os Discours de Suède, pronunciados em Estocolmo, em dezembro de 1957, na ocasião em
que recebeu Nobel de Literatura.
Palavras-chave: existência, estética, educação.
NA “SEARA DOS ELEITOS”: O PAPEL DA CRÍTICA LITERÁRIA NA
FORMAÇÃO DO PENSAMENTO EDUCACIONAL DE SUD MENNUCCI.
Fernando Henrique Tisque dos Santos
Docente UFRB
[email protected]
Resumo
Este trabalho objetiva aprofundar as análises sobre a natureza do pensamento educacional
de Sud Mennucci que foi Diretor de Ensino do estado de São Paulo e defendeu a construção
de Escolas Normais Rurais na década de 1930. Mennucci atuou como professor em escolas
rurais, foi presidente do Centro do Professorado Paulista (CPP) e colaborador e redator do
Jornal O Estado de S. Paulo. Escreveu 3 livros sobre crítica literária: Alma Contemporânea
(1918), Humor (1923) e Cartas Chilenas (1941). Em Alma Contemporânea fez críticas à
capacidade criativa dos escritores, ao trabalho dos críticos literários e teceu breves
considerações sobre o analfabetismo no país. Buscamos compreender as representações de
Mennucci sobre a sociedade brasileira e a educação na década de 1910 presentes no livro e
o papel da crítica literária na formação do seu pensamento educacional. Nosso referencial
teórico fundamenta-se nas ideias François Dosse (2009) sobre a produção de biografia
intelectual. na leitura de Roger Chartier (1990, 1991) que tem permitido pensar as
representações como prática social e de Pierre Bourdieu (2004) sobre a noção de campo
como espaço de disputas e de capital cultural e social (2007) tem ajudado a pensar como os
indivíduos os mobilizam para ocupar posições privilegiadas em diferentes áreas de atuação.
Mennucci criticava a influência estrangeira no trabalho dos críticos literários. Destacava,
ainda, a característica agrícola da sociedade e certa passividade da população em relação à
educação. Identificamos que essas representações fundamentaram um modelo de
interpretação sobre a o ensino nas escolas rurais e da formação de professores em suas
obras publicadas na década de 1930.
Palavras-chave: Sud Mennucci, crítica literária, educação.
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