Doenças circulatórias lideram ranking da mortalidade na cidade
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Informes Urbanos Nº 10 - Julho 2012 Doenças circulatórias lideram ranking da mortalidade na cidade de morte e, junto às doenças circulatórias, respondem por mais da metade do total de óbitos registrados entre os anos 2000 e 2011 no município. Já os óbitos por causas externas, terceira maior causa de morte no início da década, começaram a registrar taxas declinantes a partir de 2002, principalmente em decorrência da queda no número de mortes por homicídios. Isso resultou em mudança expressiva na estrutura da mortalidade na cidade, sendo que, a partir de 2004, as doenças do aparelho respiratório substituíram as causas externas na terceira posição entre as causas de morte mais frequentes. Por sua vez, as doenças digestivas, durante toda a década passada, permaneceram como quinta maior causa de mortalidade. As doenças do aparelho circulatório são a principal causa de morte entre os residentes no município de São Paulo, com predomínio da doença isquêmica do coração e da doença cerebrovascular (SÃO PAULO, 2003). Vários fatores – entre eles, a elevação da expectativa de vida, o aumento da participação das faixas etárias idosas no total da população e as alterações nos hábitos e modo de vida da população nas últimas décadas – contribuem para o predomínio das doenças circulatórias como causa de morte. Este perfil da mortalidade que, em maior ou menor intensidade, também é observado em outras cidades grandes brasileiras, começou a delinear-se em São Paulo já a partir do final dos anos 60. As neoplasias (tumores) aparecem como segunda causa Gráfico 1- Taxa de mortalidade por principais grupos de causas 199,50 199,51 197,54 196,18 202,09 190,00 196,17 117,69 1 117,6 118,47 74,27 73,04 49,74 49,93 49,50 46,53 190,56 111,27 113,16 114,79 115,30 70,27 61,23 72,04 73,72 70,67 56,30 53,46 186,16 199,30 9 193,9 194,71 190,39 Por 100 mil habitantes 160,00 130,00 103,28 100,00 70,00 87,90 63,29 107,56 91,37 64,28 107,58 83,00 68,85 110,74 109,86 78,801 72,7 75,58 67,12 77,91 40,00 10,00 32,86 33,57 34,51 34,25 34,89 34,35 34,68 34,61 33,61 34,70 32,89 33,62 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 Dc Circulatórias Neoplasias Causas Externas Dc Respiratórias Dc Digestivas Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade – SIM/Pro-Aim. Informes Urbanos - 1 Existe uma incidência diferente da mortalidade por doenças circulatórias quando vista pela ótica do gênero. Os homens estão mais expostos a riscos do que as mulheres. Eles procuram atendimento médico com menor freqüência quando comparados à população feminina e, ainda, mantêm estilos de vida que vão influenciar nas doenças adquiridas e nas condições de morte. Em 2000 (Gráfico 2), a mortalidade masculina por doenças circulatórias aumentou gradativamente a partir dos 30 anos de idade, mantendo-se em curva ascendente até os 79 anos, registrando queda expressiva no grupo etário seguinte. Em contraposição, a evolução das mortes femininas por estas mesmas causas ocorreu mais lentamente e os óbitos concentraram-se nas faixas etárias de 70-79 anos e de 80 anos e mais. Já no ano de 2011 (Gráfico 3), os óbitos masculinos continuaram em elevação a partir dos 30 anos, mas com uma intensidade menor do que a registrada em 2000, mantendo esse crescimento em todos os demais grupos etários. A mortalidade feminina teve uma redução nas faixas etárias entre 20 anos e 79 anos. Na faixa de 80 anos e mais, apresentou um crescimento expressivo, com 46,05% do total dos óbitos femininos concentrando-se nesta faixa etária, o que também reflete a maior expectativa de vida observada entre as mulheres. As doenças circulatórias foram ainda responsáveis pela mortalidade precoce (antes dos 60 anos de idade), atingindo mais o sexo masculino do que o feminino. Em 2000, a mortalidade precoce entre os homens correspondia a 30,11% do total dos óbitos masculinos registrados, enquanto que os óbitos femininos respondiam por 19,67% do total. Este padrão manteve-se em 2011: os homens morrem mais prematuramente que as mulheres, se bem que os percentuais registrados ficaram em patamares menores, respectivamente, 28,28% e 15,25%. Gráfico 2- Percentual dos óbitos por doenças circulatórias, 2000 40,00 35,00 30,00 % 25,00 20,00 Masculino Feminino 15,00 10,00 5,00 0,00 < 1 ano 1a4 5a9 10 a 14 15 - 19 20 - 29 30 - 39 40 - 49 50 - 59 60 - 69 70 - 79 80 e + Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade – SIM/Pro-Aim. Gráfico 3- Percentual dos óbitos por doenças circulatórias, 2011 50,00 45,00 40,00 35,00 % 30,00 25,00 Masculino Feminino 20,00 15,00 10,00 5,00 0,00 < 1 ano 1a4 5a9 10 a 14 15 - 19 20 - 29 30 - 39 40 - 49 50 - 59 60 - 69 70 - 79 80 e + Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade – SIM/Pro-Aim. Informes Urbanos - 2 O Mapa 1 mostra a distribuição dos 22.174 óbitos e das taxas de mortalidade por doenças circulatórias no Município de São Paulo no ano de 2011. As maiores taxas (por cem mil hab.) encontram-se nos distritos Lapa (351,07), Pari (342,76), Sé (329,85) e Vila Guilherme (318,75) e estão bem acima da taxa registrada no conjunto do município (196,17). Com exceção do distrito da Sé, os demais distritos citados têm índices de envelhecimento significativos, que podem também estar associados à observação de taxas mais elevadas de mortalidade por doenças do aparelho circulatório. Vale observar que as taxas menores são verificadas nas regiões periféricas, o que deve estar associado à estrutura etária de sua população, que ainda apresenta predominância dos segmentos mais jovens. Não obstante, o número absoluto de óbitos nessas áreas pode ser elevado, como é mostrado no mapa em relação a distritos tais como Grajaú, Jabaquara ou Brasilândia em razão direta do tamanho da população desses distritos. As doenças circulatórias representam um problema de saúde pública. São a segunda causa de internação, superadas apenas pelas internações por parto e suas complicações. No ano de 2011, na cidade de São Paulo, as internações nos hospitais públicos e conveniados, tendo como principal diagnóstico as doenças do aparelho circulatório, somaram 64.462 procedimentos realizados que envolveram tratamentos de insuficiência cardíaca, de acidente vascular cerebral, de infarto agudo do miocárdio e de crise hipertensiva, entre outros. Quando o diagnóstico principal foi gravidez, parto e puerpério eles chegaram a 120.677. (Informações em Saúde 2012a). A grande maioria das doenças circulatórias é evitável, se houver controle dos fatores de risco, diagnóstico precoce, acompanhamento médico e adequada cobertura de serviços de saúde. Hoje, é consenso que eliminar o consumo de cigarro, evitar a ingestão de gorduras animais, controlar a pressão arterial, praticar atividades físicas regularmente e reduzir o excesso de peso são algumas das medidas preventivas que podem diminuir a incidência das doenças circulatórias e aumentar a sobrevida. A informação acessível e confiável é condição primordial, não só para o planejamento e a programação de ações voltadas para a melhoria da saúde da população, mas também para a sua conscientização. Referências: SALA, ARNALDO; MENDES, JOSÉ DÍNIO VAZ. Perfil da mortalidade masculina no Estado de São Paulo. Boletim Epidemiológico Paulista, v.. 7, n. 82, p. 15-25, 2010. SÃO PAULO (Cidade). Secretaria Municipal de Saúde. Doenças do aparelho circulatório: mortalidade precoce e desigual. Coletânea de textos dos boletins do PRO–AIM. Boletim n. 43, p. 92-94, 2003. SÃO PAULO (Cidade). Secretaria Municipal de Saúde. Informações em Saúde; Tabnet. Internações (AIH); Hospitais Públicos e Conveniados com o SUS no Estado d e S ã o P a u l o . D i s p o n í v e l e m : http://ww2.prefeitura.sp.gov.br//cgi/deftohtm.exe?secretarias/saude/TABNET/ AIHRD08/AIHRDNET08.def. Acesso em: 02 jul. 2012a. SÃO PAULO (Cidade). Secretaria Municipal de Saúde. Mortalidade por doenças do aparelho circulatório na cidade de São Paulo. Coletânea de textos dos boletins do PRO–AIM. Boletim n. 40, 2º trimestre, p. 86-87, 2000. SÃO PAULO (Cidade). Secretaria Municipal de Saúde. Sistema de Informações sobre Mortalidade. Programa de Aperfeiçoamento das Informações de Mortalidade no Município de São Paulo. Disponível em: http://ww2.prefeitura.sp.gov.br//cgi/deftohtm.exe?secretarias/saude/TABNET/S IM/obito.def. Acesso em: 30 maio 2012b. Mapa 1- Distribuição dos óbitos e das taxas de mortalidade por doenças circulatórias, 2011 Gilberto Kassab Prefeito Miguel Luiz Bucalem Secretário Municipal de Desenvolvimento Urbano Domingos Pires de Oliveira Dias Neto Secretário-adjunto Eduardo Mikalauskas Chefe de Gabinete José Marcos Pereira de Araujo Diretor do Departamento de Estatística e Produção de Informação Informes Urbanos Coordenação Técnica Márcia Regina Alessandri Distritos Taxa de mortalidade por 100.000 habitantes 351.07 318.75 250.66 217.13 167.91 116.76 79.31 Número 510 455 343 255 188 0 6 12 Quilômetro 18 Equipe Técnica Akinori Kawata André de Freitas Gonçalves Arlete Lucia Bertini Leitão Gabriel de Vasconcelos Pessoa José Benedito de Freitas Juliana Colli Munhoz Liane Lafer Schevs Marcos Toyotoshi Maeda Maria Isabel Rodrigues Paulino Maria Lucia da Silveira Maria Raimunda Marinho Maysa Miguita Paulino Olimpio Bezerra Campos de Souza Regina Magalhães de Souza Ricardo de Miranda Kleiner Ricardo Ernesto Vasquez Beltrão Silvio Cesar Lima Ribeiro Tokiko Akamine Editoração André de Freitas Gonçalves Estagiários Pamela Almeida Alves Leandro Alves Gomes Luís Fenando Chiu Mariano da Silva http://smdu.prefeitura.sp.gov.br/informes_urbanos Fonte: Sistema de Informações sobre Mortalidade – SIM/Pro-Aim. Informes Urbanos - 3
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