Saúde - Jornal da Saúde Angola

Transcrição

Saúde - Jornal da Saúde Angola
O Caminho do Bem
a saúde nas suas mãos
MINISTÉRIO DA SAÚDE
GOVERNO DA REPÚBLICA DE ANGOLA
Ano 6 - Nº 63
Julho
2015
Mensal Gratuito
jornal
European Society for
Quality Research
Lausanne
Director Editorial: Rui Moreira de Sá
CACIMBO
OXFORD
aude
A
da
EUROPE BUSINESS ASSEMBLY
N
G
O
L
Previna-se de
constipações
e gripes.
A
Medicamentos
com preço
regulado
Pag.22
Até ao fim do ano, o
Ministério da Saúde pretende regular o preço dos
medicamentos que são
vendidos no mercado
angolano. Saiba as medidas que vão ser tomadas
pela DNME e a opinião
dos agentes económicos.
|Pag.04
A saúde
dos seus olhos
Vacina gratuita aos recém-nascidos
Angola livre da Hepatite B
A vacina contra a Hepatite B passa a ser ministrada a todos os recém-nascidos. Garante a sua imunização. Previne
uma doença para a qual não é conhecida a cura. Serão vacinados em Luanda cerca de 106 mil bebés até Dezembro.
É gratuita. “Um acto de justiça social junto a todas as crianças” disse o secretário de Estado da Saúde, Carlos Alberto
Masseca. |Pag. 8
Províncias
O estado da saúde em municípios do Cuanza Norte e Sul.
Pags. 16 e 18
A saúde visual em Angola
tem vindo a melhorar
com os anos. Mas há
pacientes que chegam à
consulta numa fase tardia
e a cirurgia é a única solução. A importância dos
rastreios e os cuidados a
ter. |Pag.06
Azia Quando
o esófago arde
O que é? Porquê? Como
evitar? Conheça o essencial. |Pag.22
CLIDOPA ganha
prémio internacional
de qualidade. Pag.2
2 EDITORIAl
Julho 2015 JSA
QUADRO DE HONRA
Empresas Socialmente Responsáveis
Rui MoReiRa de Sá
Director Editorial
O Jornal da Saúde chega gratuitamente às suas mãos graças
ao apoio das seguintes empresas e entidades socialmente
responsáveis que contribuem para o bem-estar dos angolanos
e o desenvolvimento sustentável do país.
[email protected]
Mais um passo para a vida
A introdução no plano nacional de vacinação da vacina (gratuita) contra a Hepatite B é o acontecimento que destacamos este mês. Ministrada nas primeiras 24 horas de vida do
bebé impede a transmissão vertical do vírus mãe-filho. Em
Angola, é a 10ª causa de morte. Em África, afecta cerca de
100 milhões de pessoas, segundo dados da OMS. No mundo
são mais de 350 milhões de portadores crónicos do vírus –
que podem desenvolver doenças hepáticas graves. O país
acabou de dar assim um passo de gigante no sentido de mais
ganhos em saúde.
Outro assunto de destaque são os medicamentos. Concretamente, o esforço para a regulação do seu preço de venda ao público – o mais elevado da SADC. O mercado paralelo é uma das causas. Mas há mais, conforme foi amplamente
debatido num encontro que a DNME promoveu este mês.
O sector está a mexer.A expectativa para conferência que
a Ordem dos Farmacêuticos de Angola promove em Setembro é crescente.
A saúde visual, respiratória, do aparelho gastrointestinal
e do fígado são igualmente matérias abordadas na presente
edição. Não deixe de ler também como os médicos tomam
a melhor decisão multidisciplinar e personalizada em relação
a um doente ao qual foi diagnosticado um tumor maligno.
Assunto sério.
E, quando acabar de ler o Jornal da Saúde, vá fazer exercício. No mínimo, ande 40 minutos.Vai fazê-lo sentir-se melhor
e com mais ânimo.
CLIDOPA
recebe prémio
internacional
de excelência
A clínica angolana CLIDOPA foi distinguida, em Frankfurt, com o prémio “InternationalArch of Europe”,na categoria diamante, pelo seu compromisso
com a qualidade,liderança,tecnologia e
inovação.Na imagem,a médicaAna Maria Macedo Costa, acompanhada de
Manuel Roças da Costa, recebe o troféu das mãos do CEO do Business Initiative Directions (BID),José Prieto,que
declarou na ocasião:“A Clidopa faz da
qualidade o seu foco central para a melhoria contínua da gestão com vista a
manter a liderança no seu sector”.
FICHA TÉCNICA
Conselho editorial: Prof. Dr. Miguel
Bettencourt Mateus, decano da Faculdade de Medicina a UAN (coordenador), Dra. Adelaide Carvalho,
Prof. Dra. Arlete Borges, Dr. Carlos
(Kaka) Alberto, Enf. Lic. Conceição
Martins, Dra. Filomena Wilson, Dra.
Helga Freitas, Dra. Isabel Massocolo,
Dra. Isilda Neves, Dr. Joaquim VanDúnem, Dra. Joseth de Sousa, Prof.
Dr. Josinando Teófilo, Prof. Dra. Maria Manuela de Jesus Mendes, Dr. Miguel Gaspar, Dr. Paulo Campos.
Director Editorial: Rui Moreira de Sá
[email protected];
Redacção: Cláudia Pinto; Esmeralda Miza; Francisco Cosme dos Santos; Magda Cunha Viana.Correspondentes provinciais: Elsa Inakulo
(Huambo); Diniz Simão (Cuanza
Norte); Casimiro José (Cuanza Sul);
Victor Mayala (Zaire) Publicidade: Eileen Salvação Barreto Tel.: +
244 945046312 E-mail: [email protected] Edição deste número: Cláudia Pinto, Magda Cunha
Viana; Fotografia: António Paulo Manuel (Paulo dos Anjos). Editor: Marketing For You, Lda - Rua Dr. Alves da
Cunha, nº 3, 1º andar - Ingombota,
Luanda, Angola, Tel.: +(244) 935
432 415 / 914 780 462,
[email protected]. Conservatória Registo Comercial de Luanda nº 872-10/100505, NIF
5417089028, Registo no Ministério
da Comunicação Social nº
141/A/2011, Folha nº 143.
Delegação em Portugal: Beloura Of-
fice Park, Edif.4 - 1.2 - 2710-693 Sintra - Portugal, Tel.: + (351) 219 247
670 Fax: + (351) 219 247 679
E-mail: [email protected]
Director Geral: Eduardo Luís Morais
Salvação Barreto
Periodicidade: mensal
Design e maquetagem: Fernando Almeida;
Impressão e acabamento: Damer
Gráficas, SA
Transportes: Francisco Carlos de An-
drade (Loy)
Tiragem: 20 000 exemplares.
Audiência estimada: 80 mil leitores.
Parceria:
www.jornaldasaude.org
JSA Julho 2015
CURSOS PRÉ E PÓS CONFERÊNCIA - OPORTUNIDADE A NÃO PERDER!
Dia 14 - Melhorar a prestação de cuidados de saúde farmacêuticos pelo conhecimento em marketing
e gestão farmacêutica, Dr. João Pedro Matos, iD Consulting
Dias 17 e 18- Controlar e gerir a relação com os colaboradores para melhor liderar e motivar as equipas de trabalho
Dias 18, 19 e 21- Programa intensivo OFA para alunos finalistas de Ciências Farmacêuticas: "Preparar os alunos
finalistas para o mercado de trabalho – um compromisso OFA”
FARMÁCIA 3
INSCRIÇÕES:Marketing For You - Maria Luísa
E-mail: [email protected]
Tel: +(244)928013347
INSCRIÇÕES:Capacitarh - Alexandra Telles
E-mail: [email protected]
Tel.: +244 927706624
4 FARMÁCIA
Julho 2015 JSA
Até ao fim do ano
Ministério da Saúde pretende regular
o preço dos medicamentos no mercado
Até ao fim do ano, o Ministério da Saúde de Angola pretende regular o preço dos
medicamentos que são vendidos no mercado angolano.
Num encontro mantido
com os representantes dos
principais laboratórios farmacêuticos, importadores e distribuidores de medicamentos
e equipamentos médicos, a 16
e 17 de Julho, em Luanda, o director da Direcção Nacional
de Medicamentos e Equipamentos (DNME) Boaventura
Moura, após a abordagem do
assunto, solicitou a entrega,
no prazo de uma semana, da
lista com os preços FOB dos
medicamentos aos representantes de laboratórios e dos
preços PVA aos distribuidores
nacionais. Aqueles preços serão depois convertidos a CIF.
Desta forma, a Inspecção Geral da Saúde terá uma base
que lhe permitirá fiscalizar os
preços praticados nas farmácias.
“O objectivo é garantir
maior acessibilidade da população aos medicamentos, sem
perca de qualidade e segurança”, declarou ao Jornal da Saúde.
A representante da Sanofi,
Rosário Boavida, pediu a intervenção das autoridades no
sentido de “resolver o problema do mercado paralelo que
faz com que os produtos cheguem a Angola, a preços muito superiores ao que deveria
ser”.
Também de acordo com o
representante da GSK, Eduardo Carvalho, “há medicamentos à venda nas farmácias
cujos preços são o triplo e até o
quádruplo dos praticados na
origem pelos laboratórios farmacêuticos”. Angola tem os
preços mais altos de medicamentos no espaço da SADC,
razão porque todos os intervenientes foram chamados a
cooperar para se reverter o
quadro actual.
Boaventura Moura pediu
aos laboratórios farmacêuticos que actualizassem os consentimentos feitos aos importadores angolanos e aos armazenistas exportadores estrangeiros, no âmbito do processo
de identificação e qualificação
em curso, desde 2011. Segundo o responsável “com a implementação das autorizações das importações, previstas no Decreto Presidencial nº
180/10 de 18 de Agosto, as im-
Dos mais de 221
importadores
e distribuidores,
apenas 20 estão
qualificados até à data
De acordo com Boaventura
Moura, no mercado angolano
operam mais de 221 importadores e/ou distribuidores de
medicamentos e dispositivos
médicos, dos quais 130 já entregaram os seus processos
para qualificação, 86 foram
identificados e 47 visitados,
dos quais apenas 20 estão
qualificados.
O director da DNME solicitou ainda a indicação de um
representante dos laboratórios farmacêuticos e um outro
representante dos importadores e distribuidores de medicamentos e equipamentos
médicos para “integrarem a
comissão, que irá trabalhar na
regulação destas matérias”.
Ao mesmo tempo, incentivou
estes agentes económicos a
constituírem Associações empresariais, sectoriais, que os
representem.
n
BOAVENTURA MOURA "O objectivo é
garantir maior acessibilidade da população aos medicamentos, sem perda de qualidade e segurança"
portações paralelas tenderão
a reduzir-se. Este será um passo prévio ao registo e homologação dos produtos, processo
que deverá ter início, em breve”.
Boas práticas
de armazenagem
Para o director geral da MS Internacional, José Moniz da Silva, “para resolver o problema
dos preços, há que, em primeiro lugar, fazer cumprir as
boas práticas as farmácias e de
armazenamento, de distribuição e, com o máximo de rigor,
observar a qualidade das estruturas farmacêuticas”, defendeu. “Há grossistas sem
condições mínimas para armazenar medicamentos”, revelou. “Temos de começar pelas infraestruturas, com a criação de armazéns com os requisitos adequados, nomeadamente de temperatura e
JOSÉ MONIZ DA SILVA "Há que começar pelas infraestruturas, com a criação de
armazéns com os requisitos adequados,
nomeadamente de temperatura e humidade, o que permite ter produtos localmente bem conservados"
ROSÁRIO BOAVIDA "É essencial acabar
com o mercado paralelo que faz com que
os medicamentos cheguem a Angola a
preços muito superiores ao que deveria
ser"
Boaventura Moura
“Laboratórios farmacêuticos
devem constituir uma
Associação”
O director da Direcção Nacional de Medicamentos
e Equipamentos (DNME), Boaventura Moura, lançou
o repto aos laboratórios farmacêuticos presentes
em Angola no sentido de constituírem uma Associação empresarial, sectorial, que os represente junto às
autoridades do sector.
O desafio foi proposto durante o encontro que este
responsável manteve com os agentes económicos
do sector, a 16 e 17 de Julho, em Luanda.
“Também é de toda a conveniência a criação de outra Associação empresarial que represente os importadores e distribuidores de medicamentos e equipamentos médicos. Estas estruturas associativas serão
convidadas a integrarem as comissões que irão trabalhar na regulação do mercado”, adiantou.
humidade, entre outros, o que
permite ter produtos localmente bem mais conservados
e de qualidade”, defendeu.
Caso contrário, “seremos eternamente o país dependente
das triangulações”, concluiu.
Dos laboratórios
farmacêuticos a operar
no mercado, 13 estão
qualificados
De acordo com os técnicos da
Secção de Registos e Homologação da DNME estão identificados 17 laboratórios farmacêuticos a operar no mercado
angolano, dos quais 13 já estão
qualificados, designadamente a AstraZeneca, Bayer
Health Care, Bial, BluePharma, Dafra Farma, Edol, GSK,
Labesfal, Laboratórios Azevedos, Merck Serono, Sandoz,
Sanofi e Tecnifar. A Novartis e
a Shalina, entre outros, já entregaram o processo.
Direcções técnicas
Foi ainda veiculado que está
em estudo a possibilidade de
um laboratório público de
controlo de qualidade da China passar a certificar os medicamentos que são exportados
daquele país para Angola, conforme já acontece para outros
países, inclusive africanos.
Finalmente, no que concerne às direcções técnicas das
entidades farmacêuticas no
país, estas deverão ser efectivas, ainda que não permanentes, e residir, obrigatoriamente,
na área de jurisdição da entidade, em obediência ao disposto no Decreto Presidencial
nº191/10, de 1 de Setembro.
Expo Farma 2015
Na ocasião, Boaventura Moura anuncioua realização da II
Semana da Farmácia Angolana e III Expo Farma 2015, a 15 e
16 de Setembro próximo, em
Luanda. “O evento constitui
um grande fórum de interacção entre a comunidade farmacêutica para troca de experiências profissionais e científicas”, disse. Na Expo Farma “os
farmacêuticos e demais profissionais de saúde vão encontrar
inúmeros stands apresentando produtos, serviços e soluções para a farmácia hospitalar
e de oficina e irão conhecer os
profissionais qualificados que
lhes facultarão todo o tipo de
informações”, concluiu.
JSA Julho 2015
publicidAde 5
6 OFTALMOLOGIA
Julho 2015 JSA
Pela saúde dos seus olhos
“A perda de
visão associada
a tratamentos
oftalmológicos
não é comum
e a possibilidade
de haver
infecções
também é muito
reduzida”
Francisco cosme dos santos
com cláudia Pinto
A saúde visual em Angola
tem vindo a melhorar com
os anos. Os procedimentos
são mais seguros e o grau de
complicações pós cirúrgicas
tem vindo a diminuir. Por
outro lado, alguns pacientes
chegam à consulta numa fase tardia e em que a cirurgia
é a única solução.
n Actualmente identificamse inúmeras doenças raras
na província de Luanda, relacionadas com os problemas visuais associados a
baixa visão, chegando ao
ponto de provocar cegueira
aos pacientes. São elas: glaucomas terminais, cataratas
com um nível de gravidade
elevado e alguns casos de renite pigmentosa ou retinose
pigmentar (RP), doença hereditária que causa a degeneração da retina, região do
olho humano responsável
pela captura de imagens a
partir do campo visual. “A
RP é uma doença incurável
e progressiva tipicamente
diagnosticada em adolescentes e adultos jovens. A
sua taxa de progressão e
grau de perda visual varia de
pessoa para pessoa. Geralmente, indivíduos com este
tipo de complicação apresentam a perda gradual da
visão e entre os sintomas característicos iniciais mais comuns aparece a cegueira
nocturna”, alertou Maria
Inês Correia Rodrigues, oftalmologista do Luanda Medical Center (LMC), numa
entrevista de antecipação ao
Dia Mundial da Saúde Ocular que se assinala no mês de
Outubro.
As doenças de foro oftal-
a prevenir a contracção de
várias doenças, como a ambliopia, que é muito perigosa quando não é detectada
até aos 8 ou 9 anos de idade
correndo-se o risco de não
se recuperar a visão porque
quando a mesma ultrapassa
o tempo superior previsto
para o devido cuidado torna-se irreversível”, defende
a oftalmologista.
MARIA INÊS RODRIGUES,oftalmologista do Luanda Medical Center “É conveniente realizar consultas e rastreios oftalmológicos
com regularidade”
mológico em Luanda não
fogem da realidade de outros países. O que as diferencia é o nível de gravidade
com que alguns casos chegam à clínica num estado
muito avançado ou de extrema complexidade. “Algumas destas complicações
ocorrem em Angola em
maior escala e são diagnosticadas frequentemente.
Nas famílias com história familiar desta doença são os
homens os mais afectados e
as mulheres, mesmo sendo
da mesma geração, não desenvolvem perda severa de
visão”, refere a médica.
Importância dos rastreios
No que respeita às cataratas,
o tipo que tem sido mais
diagnosticado tem sido a
“senil” que pode subdividir-
se em “nuclear, cortical, ou
subcapsular, que ocorre geralmente com o envelhecimento surgindo mais fre-
quentemente após os 55
anos, mas por razões que
não evidenciam os traços
hereditários. Ultimamente
Cuidados a ter
•Todas as pessoas devem ir ao oftalmologista com
frequência.
• Recomenda-se o uso de óculos para se protegerem
adequadamente dos raios ultravioleta independentemente de terem ou não uma doença ocular diagnosticada.
• usar correctamente o lubrificante ocular.
• Caso seja detectada alguma doença procure tratamento urgente.
Como cuidados da saúde dos olhos, a especialista recomenda que todas as pessoas cultivem o hábito de procurarem um oftamologista com frequência.
têm vindo a observar-se pessoas com 40 anos que contraem esta doença e que têm
indicação cirúrgica urgente,
o que é bastante surpreendente”. A exposição aos
raios ultravioleta é a principal causa para o surgimento
de pacientes com cataratas
que ocorrem ao LMC para
ter uma consulta. Actualmente, o número de casos
que se registam naquela
unidade é muito variável
sendo atendidos vários
doentes de todas as idades.
Entre estes, chegam diariamente dois a três pacientes
com catarata terminal com
necessidade de serem operados urgentemente. “É necessário realizar consultas e
rastreios oftalmológicos
com regularidade a crianças
desde tenra idade de forma
Oncocerquíase Estou em risco?
A oncocercose,ou cegueira
dos rios,é uma doença provocada por um parasita,a
microfilária Onchocerva volvulus.É transmitida através
da picada da mosca negra infectada,que se considera ser
o vector da doença.A sua
prevalência é elevada em zonas perto dos rios e com vegetação densa,sendo endémica em nove das dezoito
províncias deAngola.
Inês RodRIgues
oftalmologista no Luanda Medical
Center
É a principal causa de cegueira
em África, onde ocorrem 99%
de todos os casos registados
mundialmente. o Programa
Africano contra a oncocercose (APoC) estima que, só em
Angola, haja dois milhões e
meio de angolanos em risco
de contrair a doença, o que
equivale a mais de 10% da população.
uma das características
desta doença é o seu longo
período de incubação. de nove meses a dois anos após a picada da mosca começam a surgir sintomas que coincidem
com o crescimento e maturação das larvas na forma adulta.
As larvas alojam-se nos gânglios linfáticos, criando grandes adenopatias (oncocercomas), e migram nos tecidos
subcutâneos, provocando prurido severo e alterações cutâneas, que, na sua forma crónica, incluem liquenização, pele
em leopardo (despigmentação
cutânea) e perda de elasticidade. Ao alcançar o olho, penetram-no, gerando inflamação
intra-ocular e alterações na
córnea; estas alterações evoluem para fibrose com opacifi-
cação (queratite esclerosante), que está na génese da cegueira.
o tratamento definitivo
não é possível, uma vez que
tem pouco efeito nos parasitas adultos, e actua apenas na
microfilária. o antiparasitário
de escolha é a ivermectina que
se administra em intervalos de
3 ou 12 meses, durante 10 a 12
anos. A distribuição gratuita
maciça deste fármaco é feita
através do Progama Africano
de Combate à oncocercose
(APoC), tendo-se conseguido
uma notável redução de 73%
Cirurgia às cataratas
No que respeita aos riscos
que os pacientes operados
às cataratas, glaucoma e outras doenças têm de desenvolver cegueira total, a médica esclarece que depende
do tipo de cirurgia a que é
submetida o paciente e que
mais recentemente os procedimentos são mais seguros e sem complicações
alarmantes. “A perda de visão associada a tratamentos
oftalmológicos não tem sido
muito comum e a possibilidade de haver infecções
também é muito reduzida”,
defende. Há que ter em conta que as cataratas apresentam hoje “uma baixa taxa de
complicações cirúrgicas que
ronda os 2% e que tem sido a
patologia com maior número de pacientes operados no
mundo com melhorias significativas”.
Cuidados a ter
na prevalência da doença.
Actualmente, estão em
curso oito projectos, lançados
pelo governo angolano, apoiados pela organização Mundial
de saúde e pela APoC, com o
objectivo de erradicar a oncocercose de Angola.Apesar de
todos os esforços que as autoridades estão a ter e que
produziram efeitos preventivos muito positivos, há, infelizmente, a registar um recente
surto no município da Quiçama, na província Luanda, e que
provocou a cegueira a vinte
pessoas.
Encontram-se em zonas de
risco todos aqueles que vivem nas províncias onde ela
é endémica e em zonas
próximas de rios, com vegetação densa, onde a mosca se desenvolve. Se não vive em nenhuma destas zonas mas se viaja para alguma
delas, há alguns cuidados a
ter em conta: usar roupa
que cubra a pele; usar repelente à base de DEET abundantemente nas zonas expostas; aplicar spray de permetrina na roupa e rede
mosquiteira com a qual deve cobrir a cama durante o
sono.
JSA Julho 2015
publicidAde 7
8 ActuAlidAde
Julho 2015 JSA
Em Luanda, até ao fim do ano
Mais de 100 mil recém-nascidos
serão vacinados contra a Hepatite B
Cerca de 5,8 % das mães são possíveis portadoras do vírus
A hepatite é uma inflamação no fígado. Dependendo
do agente que a provoca, pode-se curar apenas com
repouso, requerer tratamentos prolongados, ou
mesmo um transplante de fígado quando se desenvolvem complicações graves da cirrose como a falência hepática, ou o cancro no fígado, que podem levar à
morte.
As hepatites podem ser provocadas por bactérias,
por vírus, e também pelo consumo de produtos tóxicos como o álcool, medicamentos e algumas plantas.
Existem seis tipos diferentes de vírus da hepatite
(Hepatite A, Hepatite B, Hepatite C, Hepatite D, Hepatite E e Hepatite G). Existem ainda as hepatites autoimunes.
Francisco cosme dos santos
com cláudia Pinto
A vacina contra a Hepatite B
já está disponível em todas
as salas de parto da província
de Luanda, de forma a garantir a imunização dos recémnascidos. O objectivo é equipar todas as unidades de saúde da capital com a vacina
que previne uma doença para a qual não é conhecida a
cura. Serão vacinados 106
mil bebés até Dezembro, em
Luanda. É gratuita.
n No lançamento da campanha de vacinação contra a
Hepatite B, realizada recentemente no Centro Materno
Infantil Augusto Ngangula,
Rosa Bessa, directora provincial de Saúde de Luanda,
disse que se prevê a vacinação de 106 mil recém-nascidos, com a primeira dose,
até Dezembro deste ano.
Em Angola, a Hepatite B
constituiu a 10ª causa de
mortalidade, em 2014. Estudos realizados em doadores
de sangue, no Bié, em 2008,
concluíram que a prevalência na população é de cerca
de 8,9 por cento.
A directora do Centro, Lígia Alves, adiantou que “de
5198 grávidas assistidas em
consultas pré natais, no primeiro trimestre deste ano,
O que é uma hepatite
O vírus da hepatite B é 50 a 100
vezes mais infeccioso do que oVIH
cerca de 5,4% foram diagnosticadas como possíveis
portadoras do vírus da hepatite B. Em Janeiro deste
ano, foram notificadas 31
portadores deste mesmo vírus da hepatite em 214 doadores voluntários de sangue
que ocorreram àquela unidade sanitária”. O Centro
Materno Infantil Augusto
Ngangula realiza cerca de
1400 a 1500 partos por mês,
sendo a média diária de 40 a
50 nascimentos.
“A vacina contra a hepatite B é gratuita e foi indicada
para fazer parte do sistema
de vacinação para prevenção vertical da doença (de
mãe para filho), razão pela
qual é administrada ao recém-nascido até 24 horas
após o parto”, revelou a
coordenadora do Programa
de Vacinação da Província
de Luanda, Felismina Neto.
“De forma a garantir que as
mães que têm partos em casa também possam vacinar
os seus filhos, estendeu-se a
vacina até ao sétimo dia
após o nascimento, tanto
em Luanda, como em outras províncias do país”, referiu a responsável.
Para suporte da campanha de administração desta
vacina foram formados vários técnicos de saúde da ca-
pital e de outras províncias
para que as metas estabelecidas em cada uma delas
fossem cumpridas.
De acordo com a OMS
para África, “a hepatite viral
é um grave problema mundial de saúde pública, mas
que não tem merecido o devido reconhecimento”. Segundo a mensagem da directora regional da OMS para a África, Matshidiso Moeti, por ocasião da comemoração do Dia Mundial da
Hepatite, a 28 de Julho de
2015, “na região africana, a
hepatite B afecta, aproximadamente, 100 milhões de
pessoas”.
A hepatite B, provocada peloVírus da Hepatite B
(VHB), descoberto em 1965, é a mais perigosa das
hepatites e uma das doenças mais frequentes do
mundo. Estima-se que existam 350 milhões de portadores crónicos do vírus. Estes portadores podem
desenvolver doenças hepáticas graves, como a cirrose e o cancro no fígado, patologias responsáveis pela
morte de um milhão de pessoas por ano em todo o
planeta. Contudo, a prevenção contra este vírus está
agora ao nosso alcance através da vacina da hepatite
B que tem uma eficácia de 95 por cento.
O vírus transmite-se através do contacto com o sangue e fluidos corporais de uma pessoa infectada, da
mesma forma que o vírus da imunodeficiência humana (VIH), que provoca a Sida. Só que o vírus da hepatite B é 50 a 100 vezes mais infeccioso do que oVIH.
Carlos Masseca
“Um acto de justiça social”
n O secretário de Estado da Saúde, Car-
los Alberto Masseca, manifestou-se satisfeito com o início da campanha de vacinação contra a Hepatite B. Defendeu
que com a sua introdução no calendário
vacinal realiza-se “um acto de justiça social junto a todas as crianças”. Até há
pouco tempo, “esta vacina era administrada em unidades sanitárias do subsistema privado de saúde, o que exigia al-
guma capacidade financeira dos pais. A
introdução da vacina gratuita possibilita
agora a todos os encarregados de educação cumprirem o calendário de vacinação dos seus filhos”, disse.
Hipertensão arterial
Comprimido triplo aumenta
a adesão à terapêutica
“Há novas terapêuticas para o controlo da tensão
arterial: juntaram-se vários fármacos num só comprimido,o que aumenta a adesão à terapêutica por
parte dos doentes,uma noção cada vez mais aceite
pela comunidade científica”,garantiu o cardiologista Mário Fernandes ao JS,à margem de um seminá-
rio de actualização sobre diabetes e hipertensão
que decorreu num hotel de Luanda, em 16 de Julho. Participou também, como oradora, a diabetologista Sabrina da Cruz, que se debruçou sobre a
eficácia dos inibidores DPP4. O evento foi promovido pela Novartis.
JSA Julho 2015
publicidAde 9
10 ONCOLOGIA
Julho 2015 JSA
A consulta de decisão
terapêutica multidisciplinar
Lúcio Lara SantoS
Professor Doutor, oncologista cirúrgico
e assessor do iacc
oncocir-angola
n Como foi referido nos arti-
gos anteriores, o tratamento
do cancro para ser eficaz deve ter em conta vários aspectos:
-Tipo histológico do tumor
-Dimensão da doença
-Estado clínico e social do
doente
-Existência de recursos
Assim, estas informações
devem ser conhecidas antes
de se definir o melhor tratamento. A forma de assegurar o melhor tratamento é
reunir todos os especialistas
que são importantes em cada caso. O tratamento deve
ser preciso e personalizado.
Estádio da doença
oncológica
Para se determinar a dimensão da doença oncológica
devemos estudá-la e classificá-la de acordo com regras
precisas, o estadiamento.
Estas regras definem o tamanho do tumor, se os gânglios linfáticos também denominados nódulos linfáticos (linfonodos) estão envolvidos pela doença e se
existem metástases em outros órgãos.
A classificação usada é
conhecida como classificação TNM.
A variável T define o tamanho do tumor no local
onde este apareceu (tumor
primário), a variável N define se existem e qual é o número de gânglios linfáticos
com doença oncológica e a
variável M define se existem
metástases em locais ou órgãos longe do tumor primário. A associação destas variáveis determina um determinado estádio da doença.
Estádio -0 (inicial), Estádio I, II, III e IV (o mais avançado).
Estado clínico e social
do doente
Devemos conhecer como
está o doente se este suporta
os tratamentos como a cirurgia, a radioterapia ou a
quimioterapia, se tem outras doenças, se toma medicamentos, quais são os potenciais complicações, se
tem apoio familiar, local onde vive, que dificuldades so-
ciais tem e se consegue comer.
Recursos Existentes
Cada unidade de oncologia
deve conhecer e determinar
os seus recursos, definindo
o que realmente pode ofere-
cer aos doentes. Assim,
aquilo que é necessário para
tratar o doente e não existe
na unidade, deve ser referido ao doente e este deve ser
transferido para os centros
nacionais que tenham esses
recursos, de acordo com
A consulta de decisão
terapêutica multidisciplinar
em Angola
Em Angola, no Instituto Angolano Contra o Câncer
(IACC), nas unidades de oncologia da Clínica Girassol e da Clínica Sagrada Esperança, a decisão do tratamento oncológico é usualmente tomada após uma
consulta de decisão terapêutica multidisciplinar. É, no
entanto, necessário reforçar esta forma de decidir o
tratamento a todas as estruturas que tratam doenças complexas, como por exemplo o cancro.
Serviço de quimioterapia na Clínica Girassol
normas claramente definidas. O tratamento da doença em centros do exterior,
quando os recursos não
existem no país, deve ocorrer após recurso às instituições do Ministério da Saúde.
O doente deve sempre saber
o que se deve fazer para tratar a sua doença e o que se
pode e não se pode fazer no
hospital ou unidade a que o
doente recorreu.
Consulta de decisão terapêutica multidisciplinar
Estas consultas também são
chamadas de conselhos de
decisão terapêutica multidisciplinar (CDT). O As Consultas Multidisciplinares dos
Tumores (Consultas de Grupo ou CDT), são consultas
transversais que envolvem
vários serviços cuja missão é
a decisão multidisciplinar e
personalizada em relação a
cada doente com tumor maligno. Integram estas consultas especialistas de vários
serviços nomeadamente:
Cirurgia Geral (ou outros
serviços cirúrgicos de acordo com o tipo de tumor co-
Para se
determinar a
dimensão da
doença
oncológica
devemos estudála e classificá-la
de acordo com
regras precisas, o
estadiamento.
mo urologia, ginecologia,
etc), Oncologia Médica, Radioterapia, Anatomia Patológica, Imagiologia, Gastroenterologia, Farmácia,
Enfermagem, Psicologia,
Nutrição e Serviço Social.
A referenciação a esta
consulta é feita pelos médicos das várias consultas ou
serviços sempre que detetam um doente com um tumor maligno. Esta consulta
aceita referenciação de
doentes de outros hospitais
para consultoria ou segundas opiniões.
Compete a esta consulta
realizar a avaliação da extensão da doença e a estratégia terapêutica multidisciplinar que é decidida de
acordo com protocolos elaborados e ou aprovados. Estes devem reflectir o estado
da arte isto é o que consenso
internacional para o tratamento de determinado cancro. Compete-lhe assim a
abordagem sistematizada e
protocolada, nos planos do
diagnóstico, de estadiamento e terapêutico
Devem sempre existir
protocolos de estadiamento,
terapêuticos e de vigilância.
Após a reunião deve ser
produzido um relatório que
deve ser assinado pelos especialistas presentes na
CDT e entregue ao doente.
Este documento é também
útil quando o doente é transferido para outro hospital
nacional ou no estrangeiro.
Esta é a forma de melhor tratar o doente e garantir equidade no tratamento da sua
doença.
publicidAde 11
JSA Julho 2015
Plus
Hidróxido
H
idróxido de m
magnésio,
agnésio, Hidróxido
Hiidróxido de alumínio
alumínio e Simeticone
Simeticone
Especialistas em equipamentos
de imagiologia e electromedicina
12
A ã pr
Ação
prolongada
rolongada
l
d com alívio
lívio
í i rápido
á id 1,2
Farmácia, Material Hospitalar e Equipamentos Médicos
VENÇA A AZIA
$O¯YLRHĆFD]GDVGRUHVGHHVW¶PDJRLQGLJHVW¥RD]LDHćDWXO¬QFLD
Rua Cónego Manuel das Neves, 97, Luanda
Tel.: 923329316 / 917309315 Fax: 222449474 E-mail: [email protected]
Maalox® Plus é um antiácido que contém hidróxido de
alumínio, hidróxido de magnésio e simeticone. O hidróxido
o
de alumínio e o hidróxido de magnésio neutralizam o
ômago e proporcionam
m
excesso de ácido produzido pelo estômago
XPDO®YLRU¢SLGRHHŎFD]GDD]LDFRPD¨¤RGXUDGRXUD
XPDO®YLRU¢SLGRHHŎFD]GDD]LDFRPD
D¨¤RGXUDGRXUD
2VLPHWLFRQHªXPDQWLŏDWXOHQWRTXHI
IDFLOLWDRWU£QVLWR
2VLPHWLFRQHªXPDQWLŏDWXOHQWRTXHIDFLOLWDRWU£QVLWR
intestinal de bolhas de gás. Poucos minutos depois de
3OXVGHYHU¢FRPH¨DUDVHQWLUXPDO®YLR
DVHQWLUXPDO®YLR
tomar Maalox®3OXVGHYHU¢FRPH¨DUD
HŎFD]GRVVLQWRPDVGDD]LD2
Se os sintomas persistirem,
ersistirem, procure conselho
elho médico
12 GASTROENTERELOGIA
Julho 2015 JSA
Doença do refluxo gastro-esofágico
Azia O que é? Como prevenir?
Tratamento
O tratamento para a maior
parte das pessoas com
DRGE inclui as alterações
do estilo de vida descritas na
secção anterior, bem como
medicamentos caso necessário. Se os sintomas persistirem, os tratamentos cirúrgicos ou endoscópicos
constituem opções adicionais.
Adaptação científica:
CArolinA VAz MACedo
Validação científica:
CArlA rolAndA
Harvard Medical School
A doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) é uma
doença do aparelho digestivo que envolve o esófago, o
tubo que transporta os alimentos da boca para o estômago.
n Na DRGE, o ácido e as enzi-
mas digestivas do estômago
refluem para o esófago, sendo este fluxo retrógrado do
suco gástrico denominado
“refluxo”. Os sucos gástricos
inflamam o revestimento do
esófago provocando azia e
outros sintomas. Se a DRGE
não for tratada pode lesar
permanentemente o esófago.
Um anel muscular chamado “esfíncter esofágico inferior” separa o esófago do estômago e, normalmente,
apenas se abre quando engolimos, permitindo a entrada
dos alimentos no estômago.
Durante o resto do tempo, o
esfíncter mantém-se contraído para evitar que os alimentos e o ácido do estômago recuem para o esófago.
Factores principais
Na maior parte das pessoas
com DRGE, o esfíncter esofágico inferior não se encerra
firmemente e permanece relaxado entre as deglutições,
permitindo que o suco digestivo entre no esófago e irrite o
revestimento deste órgão.
Existem muitos factores
que podem enfraquecer ou
relaxar o esfíncter esofágico
inferior, incluindo:
•Tabaco
•Álcool
•Gravidez
•Obesidade (por aumento da
pressão dentro do abdómen)
•Determinados alimentos
•Muitos medicamentos
• Hérnia do hiato (deslizamento de parte do estômago
para a região acima do diafragma, o músculo que separa o tórax do abdómen)
Uma exposição prolongada ao ácido pode fazer com
que o esófago fique inflamado, diminua de calibre (fique
estreitado), ou desenvolva
uma úlcera.
A exposição ao ácido pode
conduzir a longo prazo a uma
doença denominada “esófago de Barrett”, que aumenta
o risco de cancro do esófago.
Manifestações clínicas
Os sintomas de DRGE podem incluir:
•Dor aguda (repentina) ou tipo queimadura no meio do
peito (retrosternal), também
conhecida por azia ou pirose.
Este é o sintoma mais comum de DRGE e pode agravar-se com a ingestão de alimentos, com a flexão do tronco para a frente ou com o estar deitado (estar em decúbito). Para muitas pessoas com
DRGE, a azia não é meramente um desconforto ocasional, mas sim um sintoma
que constitui um incómodo
frequente ou mesmo diário.
•Sensação de aperto no peito
ou na parte de cima da barriga (“estômago”); a dor pode
acordar o doente a meio da
noite.
•Regurgitação, isto é, refluxo
de fluidos do estômago para
a boca
•Náuseas
•Sabor recorrente ácido ou
amargo na boca
•Dificuldade em deglutir
(“engolir em seco”)
•Rouquidão, especialmente
de manhã
•Dores de garganta
•Tosse, pieira (“gatinhos”) ou
necessidade repetida de aclarar a garganta.
Diagnóstico
O médico irá perguntar ao
doente com que frequência
apresenta azia ou outros sintomas de DRGE, se os sintomas se agravam quando se
deita ou com a flexão do tronco para a frente e se se sente
aliviado pelos medicamentos
de venda livre para a azia.
O médico irá igualmente
rever a medicação do doente.
Alguns medicamentos podem provocar o relaxamento
do esfíncter esofágico e agravar a DRGE.
Uma dor semelhante à
azia pode ser um sintoma de
doença coronária. O médico
pode perguntar ao doente se
tem sintomas sugestivos de
problemas cardíacos e pode
igualmente pedir exames para avaliação cardíaca.
Se a única queixa do doente for a azia e o exame físico
for normal, o médico pode
sugerir alterações do estilo de
vida e medicamentos de venda livre que previsivelmente
irão aliviar as queixas. Podem
não ser necessários quaisquer exames diagnósticos especiais ou tratamento prescritos pelo médico.
Se o doente tiver sintomas
mais graves, como azia intensa e prolongada, dificuldades
em engolir ou perda de peso,
ou se a azia não for aliviada
pelos medicamentos, poderá
ser necessário realizar exames adicionais.
O exame inicial habitualmente pedido para avaliar este tipo de queixas é a endoscopia digestiva alta. Neste
exame, o gastrenterologista
visualiza directamente o esófago, o estômago e a primeira
parte do intestino delgado
por meio de um endoscópio
(tubo flexível) que pode ser
introduzido através da boca e
da garganta. Durante a endoscopia digestiva alta, o médico pode obter uma pequena amostra de tecido para ser
subsequentemente examinada num laboratório.
Podem ainda ser requisitados um ou mais dos seguintes exames diagnósticos:
•Radiografia de esófago, estômago e duodeno — radiografia realizada após a deglutição
de uma substância de con-
traste com bário, para visualizar o esófago
•Avaliação cardíaca — para
verificar se existe uma doença
cardíaca
•Estudos da motilidade ou
manometria esofágica — para avaliar os movimentos peristálticos (contracções) do
esófago com a deglutição
•Monitorização do pH esofágico — utiliza eléctrodos para
avaliar o pH (nível de ácido)
no esófago; este exame é geralmente realizado ao longo
de um período de 24 horas.
Evolução clínica
Sem tratamento, a DRGE é tipicamente um problema a
longo prazo.
Os sintomas podem ser
aliviados ao fim de alguns
dias de tratamento, mas em
muitos doentes são necessárias várias semanas antes de
os sintomas diminuírem ou
desaparecerem e é muitas vezes necessário manter o tratamento durante um longo período. Mesmo com medicação diária, algumas das pessoas com refluxo continuam
a ter sintomas.
Prevenção
Existem diversas medidas
que podem ser adoptadas
para prevenir os sintomas da
DRGE. Algumas alterações
simples do estilo de vida incluem:
•Elevação da cabeceira da cama pelo menos 7,5 cm; se
possível, podem ser colocados blocos de madeira sob as
pernas da cama do lado da cabeceira ou utilizada uma cunha de espuma compacta sob
o colchão do lado da cabeceira; a utilização simples de almofadas suplementares pode
não proporcionar alívio;
•Evitar os alimentos que provocam relaxamento do esfíncter durante a digestão, incluindo café, chocolate, alimentos gordos, leite gordo,
menta ou hortelã-pimenta
(Mentha piperita e Mentha
spicata);
•Limitar a ingestão de alimentos ácidos que agravam
a irritação quando são regurgitados, incluindo os citrinos
e os tomates;
•Evitar as bebidas gaseificadas, pois as eructações de gás
forçam a abertura do esfíncter esofágico e promovem o
refluxo;
•Ingerir refeições mais pequenas e mais frequentes;
•Não se ir deitar logo depois
de comer. Não deve comer
durante três a quatro horas
antes de se deitar;
•Se fumar, deixar de o fazer;
•Evitar beber álcool, pois este
provoca o relaxamento do esfíncter esofágico inferior;
•Perder peso se for obeso; a
obesidade pode dificultar a
manutenção do esfíncter
esofágico encerrado;
•Evitar usar vestuário apertado; o aumento da pressão no
abdómen pode abrir o esfíncter esofágico inferior;
•Utilizar comprimidos ou
pastilhas elásticas para produzir saliva.
As pessoas com DRGE durante mais de cinco anos devem ser testadas para identificar a presença de um esófago de Barrett. Se esta situação
for encontrada, é aconselhável a realização de endoscopias com intervalos regulares,
de modo a que eventuais alterações cancerosas possam
ser identificadas e tratadas
quando o cancro se encontra
nos seus estádios mais precoces.
Medicamentos
Existem diversos medicamentos que podem ser utilizados para tratar a DRGE, incluindo:
•Inibidores da bomba de
protões — Os inibidores da
bomba de protões interrompem a produção de ácido
pelo estômago e são muito
eficazes no alívio dos sintomas. Estes medicamentos
bloqueiam a produção de
ácido de forma mais potente
do que os bloqueadores H2,
embora demorem mais
tempo a iniciar o seu efeito.
•Bloqueadores H2 — Estes
medicamentos, que incluem
a famotidina, a cimetidina e
a ranitidina, fazem com que
o estômago produza menos
ácido. A dose de medicamento a tomar dependerá
da gravidade dos sintomas.
•Protectores da mucosa —
Estes medicamentos revestem, suavizam e protegem o
revestimento esofágico irritado; o sucralfato é um
exemplo.
•Anti-ácidos de venda livre
— Estas substâncias tampão
neutralizam o ácido. As formas líquidas destes medicamentos actuam mais rapidamente, mas os comprimidos
são mais cómodos. Os antiácidos que contêm magnésio podem causar diarreia e
os que contêm alumínio podem causar obstipação. O
médico pode aconselhar o
doente a alternar os antiácidos para evitar estes problemas. Estes medicamentos
resultam em alívio sintomático durante períodos curtos
e não cicatrizam a inflamação do esófago.
•Medicamentos que aumentam a motilidade — Estes medicamentos podem
ajudar a diminuir o refluxo
esofágico, pois ajudam o estômago a esvaziar-se mais
rapidamente e, como tal, diminuem o tempo durante o
qual pode ocorrer refluxo.
No entanto, não são muito
eficazes por si só e geralmente são usados em combinação com outras classes de
medicamentos.
JSA Julho 2015
publicidAde 13
14 reSponSAbilidAde SociAl
Julho 2015 JSA
EVENTOS 15
JSA Julho 2015
Simpósio no Josina Machel
Fisioterapia respiratória permite cuidar
melhor dos pacientes e reduzir custos
Olhar para os pacientes
com um todo, humanizar
os serviços de saúde e
apostar em equipas multidisciplinares, foram algumas das prioridades destacadas no primeiro Simpósio de Fisioterapia Respiratória e Motora, da Unidade
de Cuidados Intensivos do
Hospital Josina Machel,
realizado este mês.
Francisco cosme dos
santos com cláudia Pinto
“saúde faz-se em equipa multidisciplinar” foi o tema deste primeiro simpósio que juntou profissionais de várias áreas que
também tiveram a oportunidade de participar num curso básico teórico de fisioterapia direccionado a unidades de tratamento intensivo.
“com uma boa actuação
dos serviços de fisioterapia nos
cuidados intensivos do hospital
serão dadas as condições para o
aumento do número de profissionais e a realização de práticas
de imobilização exigidas nestas
unidades facilitando, até certa
forma, a redução de custos”, explicou leonardo inocêncio, director do Hospital Josina machel.
“É com muito apreço que
testemunho mais uma fase de
formação desenvolvida por este
Hospital visto que é uma instituição de formação contínua
dos seus profissionais com o
objectivo de melhorar cada vez
mais a atenção e a competência
dos mesmos”, acrescentou Óscar isaltino, representante da
direcção nacional dos recursos Humanos do ministério da
saúde.
“A fisioterapia
respiratória
previne várias
infecções
associadas à
ventilação
mecânica, às
escaras de
decúbito (feridas
que aparecem na
pele de indivíduos
que permanecem
muito tempo na
mesma posição),
ajuda a reduzir a
utilização de
antibióticos e a
permanência dos
pacientes nos
cuidados
intensivos. Em
suma, possibilita a
prestação de
melhores cuidados
de saúde e a
diminuição de
gastos.”
Conhecer e avaliar as doenças profissionais
O número de doentes profissionais e incapacidades
laborais em Luanda não é
real uma vez que grande
parte não é devidamente
notificado às autoridades
competentes. Por outro lado, a avaliação da capacidade adequada para o trabalho não é tarefa fácil e exige a participação de uma
equipa multidisciplinar.
Francisco cosme dos
santos com cláudia Pinto
a melhor forma de conferir protecção dos trabalhadores contra
riscos profissionais é investir na
prevenção.a avaliação das incapacidades laborais permite uma
melhor apreciação judicial dos
casos por via da mesma melhor
protecção e garantia dos direitos
das vítimas de infortúnios laborais. É dela que depende a determinação da medida legal exacta
da indemnização de vida em cada
caso concreto”, afirmou o viceprocurador geral da república
para as Forças armadas angolanas,general Hélder Pitra Grós,no
discurso de abertura das Jornadas Jurídico-laborais realizadas
este mês, em luanda, sob o lema
“avaliação do dano emergente
de acidente de trabalho e doenças profissionais”,numa iniciativa
da Procuradoria-Geral da república e o centro de segurança e
saúde notrabalho. Para se evitar
discrepâncias no que respeita à rigorosa determinação dos prejuí-
zos sofridos pelas vítimas, os vários especialistas intervenientes
no processo de avaliação devem
“dominar perfeitamente a metodologia de apreciação dos danos
e utilizar instrumentos de medidas fiáveis, que possibilitem um
exame personalizado e completo
do sinistrado ou do doente”.a
avaliação da capacidade adequada
para o trabalho não é uma tarefa
fácil e não é exclusiva dos médicos uma vez que dependem de
vários factores como a idade, a
profissão e a robustez física.“É
crucial uma intervenção multidisciplinar composta por médicos,
psicólogos,técnicos de emprego
e de reabilitação profissional, de
modo a se ultrapassar, com sucesso,as dificuldades que surgem
na avaliação concreta das incapacidades”, acrescentou.
Por seu turno, a directora geral do centro de segurança e
saúde notrabalho (csst), isabel
cardoso,realçou que“esta avaliação deve ser feita também por
técnicos como engenheiros de
segurança,técnicos de segurança
e psicólogos”. o csst assinou
recentemente um acordo de
cooperação com a ProcuradoriaGeral da república no âmbito das
incapacidades laborais dos trabalhadores sinistrados por doenças
profissionais adquiridas no exercício das suas funções.
Notificar casos
“estas jornadas constituem
o momento propício para traçar novas estratégias com vista
a recolher alguns conhecimentos de todos os intervenientes
no processo das incapacidades
laborais quer médicos, técnicos
de segurança, operadores de
justiça, entre outros”, acrescentou. o número de acidentes de
trabalho que chega à inspecção
Geral dotrabalho e csst “continua ainda a ser insignificante
pois não corresponde à realidade uma vez que a classe empregadora do país ainda não cultivou o hábito de informar acerca
do número exacto de sinistra-
“Cada
instituição terá
uma ficha de
inscrição para
registar todas as
ocorrências de
acidentes de
trabalho e
doenças
profissionais”.
dos em acidentes de trabalho e
doenças profissionais às entidades competentes”. só um trabalho conjunto com hospitais públicos e privados, seguradoras e
com a inspecção Geral do trabalho pode permitir fazer o levantamento das doenças profissionais correspondentes à realidade.“Para que isto funcione
na prática cada instituição terá
uma ficha de inscrição para registar todas as ocorrências de
acidentes de trabalho e doenças
profissionais”.
as jornadas jurídico-laborais
tiveram como objectivo promover a reflexão e discussão
sobre a avaliação dos danos
emergentes dos acidentes de
trabalho ou doenças profissionais; esclarecer aspectos técnicos inerentes à avaliação e graduação das incapacidades laborais e divulgar as atribuições do
csst, enquanto instituição especializada na realização de exames necessários à determinação da natureza e do grau de incapacidades laborais.
Saúde Cuanza Sul
JSA Julho 2015 16
Programa de mobilização social reduz
mortalidade infantil nas comunidades rurais
CaSimiro JoSé
Correspondente no Cuanza Sul
Texto e fotografias
Implementado na província
do Cuanza Sul, o programa
tem sido essencial no envolvimento da população nos
cuidados de saúde primários, no aumento de consultas pré natais e na diminuição da mortalidade infantil.
Ganhos que têm contribuído para que a aposta na redução de doenças na província seja uma realidade do
dia-a-dia.
n Implementado pelos responsáveis e técnicos ligados
ao sector da saúde, nos níveis provincial, municipal e
comunal, o programa está a
permitir uma percepção sobre a saúde preventiva no
seio das populações e a redução da mortalidade materno-infantil nas comunidades. Este facto foi anunciado ao Jornal da Saúde por
Maria Lussinga, Chefe de
Departamento Provincial
do Cuanza Sul da Saúde Pública e Controlo de Endemias, que realçou a implementação pelo Executivo do
Programa “Água para Todos”, como um outro factor
determinante para a melhoria dos níveis de saúde no
seio das populações. “A acção de mobilização social,
enquadrada no programa
de cuidados primários de
saúde, permite aos indivíduos ter uma percepção clara sobre a prevenção de
doenças, através de campanhas de limpeza, cuidados a
ter com alimentos e água de
consumo, permitindo a aderência massiva nas campanhas de vacinação, entre outros ganhos”, referiu Maria
Lussinga. Destacou ainda a
redução de casos de automedicação, que tem sido a
causa da progressão das
doenças negligenciadas e do
acesso voluntário das mulheres em consultas pré-natais, acompanhamento e
partos seguros, através do
envolvimento das parteiras
tradicionais, em diversas localidades da província do
Cuanza Sul.
Na entrevista concedida
ao Jornal da Saúde, Maria
Lussinga apontou como
principal dificuldade, o número reduzido de técnicos, a
vários níveis, para fazer face à
MARIA LUSSINGA “Apesar dos condicionalismos, temos trabalhado para servir as populações”
Observa-se um maior envolvimento da população nas acções de prevenção da doença, nomeadamente nas campanhas de limpeza domiciliar, cuidados a ter com alimentos, água e vacinação
demanda, e apelou no sentido de o Ministério da Saúde
encontrar mecanismos junto
das autoridades competentes
para o ingresso de mais técnicos para diversas áreas do
sector da saúde.
que só funcionam porque,
na maioria dos casos, um
supervisor acumula dois ou
três programas, criando
uma subcarga que pode diminuir a sua eficácia. Devíamos ter no mínimo 14 supervisores e mais 14 técnicos para auxiliar os respectivos programas. Mas só temos onze supervisores e
cinco técnicos auxiliares. Este défice compromete as
nossas aspirações.
Apesar deste condicionalismo, temos trabalhado para servir as populações. Os
números demonstram o êxito: durante o primeiro semestre do corrente ano notificámos 4.715 casos de má
nutrição atendidos no programa terapêutico para pacientes ambulatórios, através de suplementos. Destes
casos, 709 pacientes foram
curados, 17 morreram e 221
abandonaram o tratamento.
Quanto aos casos de má nutrição severa, foram notificados no mesmo período um
total de 990 casos, dos quais
284 ficaram curados, registaram-se 19 óbitos, enquanto 40 pacientes abandonaram o tratamento.
No programa de combate
à tuberculose, foram registados ao nível da província, no
período compreendido entre o segundo semestre de
2014 e o primeiro semestre
do corrente ano, 425 casos,
dos quais 213 foram curados, 122 pacientes conti-
— Que avaliação faz dos vários programas executados
e seu impacto nas comunidades?
— É com orgulho que, devido aos vários programas que
implementamos ao nível da
província, os resultados são
animadores, sobretudo a
componente de mobilização social, enquadrada nos
cuidados primários de saúde. É já uma conquista o facto de estarmos a registar
maior envolvimento das populações sobre a saúde preventiva, através de campanhas de limpeza domiciliar,
bem como da aderência
massiva nas campanhas de
vacinação. Por outro lado,
devo realçar o aumento das
consultas pré-natais no
meio rural, reduzindo a taxa
de mortes materno-infantil.
Por exemplo, a Chistosomíase está a ser erradicada
no Cuanza Sul. Os municípios do Seles e Libolo apresentavam taxas preocupantes, na ordem de 50 casos cada. Mas a situação está controlada e, ao longo do primeiro semestre do corrente
ano, não foi notificado nenhum caso. Isto traduz um
esforço das autoridades sa-
nitárias, mas também se deve ao melhoramento do
abastecimento de água potável através do “Programa
Água para Todos”.
Um outro impacto resultante da mobilização social
é da redução do fenómeno
de auto-medicação, que foi
dos factores que, no passado, mais contribuiu na progressão das doenças negligenciadas. Em suma, devo
considerar que a realidade
actual nos encoraja a continuar a trabalhar com as comunidades para o objectivo
comum, ou seja, o da redução de doenças.
— Quantos programas estão a executar na província? Há constrangimentos
na sua execução?
— Temos em execução na
província 14 programas,
subdivididos em duas secções. A primeira consiste nos
cuidados primários de saúde. Compreende os programas de saúde reprodutiva,
da criança, nutrição, imunização, água e saneamento,
medicamentos essenciais e
mobilização social.
A segunda secção – que é
a da higiene epidemiológica
– compreende os Programas
de luta contra a Malária, Tuberculose, Lepra, Sida, Chistosomíase e de Vigilância
Epidemiológica. O principal
constrangimento prende-se
com a falta de recursos humanos para responder à demanda, pois há programas
nuam em tratamento, havendo o registo de dois óbitos e abandono do tratamento por parte de 88 pessoas.
Quanto à lepra, devo dizer que, durante o primeiro
semestre do corrente ano,
foram notificados 33 casos,
em apenas cinco municípios, mas continuamos a
trabalhar no rastreio de outros municípios para termos
dados abrangentes. Continuamos a prestar assistência a estes pacientes.
Em termos de dificuldades devo acrescentar que os
exames de baciloascopia só
são efectuados na sede provincial e no município da
Quibala, porque nos outros
dez municípios, não há estruturas nem equipamentos
para o efeito.
Por outro lado, temos outra situação que nos preocupa e que está ligada à raiva.
Durante o primeiro semestre deste ano foram notificados 746 casos de mordeduras de cães às pessoas. Destes casos, 744 foram prevenidos com vacina anti-rábica, enquanto outros dois,
por terem procurado as unidades sanitárias muito tarde, acabaram por falecer. É
uma realidade que nos leve
a pensar na necessidade de
redobrar esforços para contornar a situação.
— Que pode dizer quanto à
malária e VIH / Sida?
— De há um tempo a esta
parte, debatemo-nos com a
ruptura de testes e de reagentes, o que nos leva a não
ter indicadores sobre a prevalência destes casos. Mas a
situação continua controlada e com tendência de redução dos casos, sendo o principal barómetro o registo de
poucos casos nas unidades
sanitárias da província.
— Quais outras dificuldades enfrentam diariamente?
— Outras dificuldades que
enfrentamos são a degradação das vias de acesso que
tem contribuído para a fraca
cobertura vacinal no meio
rural e o controlo de indicadores de doenças, a falta de
pessoal especializado, entre
outras. Por isso, aproveito a
oportunidade para apelar ao
Ministério da Saúde, no sentido de advogar junto das
autoridades competentes
para reforçar as diversas
áreas do sector da saúde na
província – e não só – com
técnicos de saúde capazes
de responder aos desafios
do presente e do futuro.
— Qual o apelo que deixa
às Administrações Municipais?
— Aos administradores municipais deixo o apelo no
sentido de colaborarem em
todos os aspectos para o
combate das várias doenças.
Só assim poderemos ter pessoas saudáveis que podem
participar no desenvolvimento das comunidades.
publicidAde 17
JSA Julho 2015
TEMOs AO DIsPOR DOs NOssOs ClIENTEs
UMA VAsTA GAMA DE sERVIçOs ClíNICOs
NAs MAIs VARIADAs áREAs DE ATENDIMENTO HOsPITAlAR.
PARA O CUMPRIMENTO DOs NOssOs
sERVIçOs, POssUíMOs EqUIPAMENTO MODERNO E
INsTAlAçõEs COM PADRãO TOPO DE GAMA.
Rua Comandante Gika, nº 225, luanda -Angola
Tel.: 226 698 000 / 226 698 415 / 226 698 416 FAX: 226 698 218
www.clinicagirassol.co.ao
Raio X
Monitores e Ventiladores Mecânicos
Equipamentos para o Bloco Operatório
Equipamento Post Mortem
Equipamentos para Investigação Forense
Materiais e Reagentes de laboratório
Redes de Gases Medicinais, Industriais e Vácuo
Acessórios e Consumíveis para os Hospitais
Oxigenoterapia ao Domicílio
Geradores de Oxigénio e Azoto Gasosos
Material para Desinfecção Hospitalar
Consumíveis e Descartáveis
UMA EQUIPA AO SERVIÇO DA SAÚDE
Loja: Rua 1º Congresso do MPlA, nº 9 – 2º andar A
P.O. Box: 2986-5204 luanda, Angola
Tel.: 222 391 466 / 222 397 278 Fax: 222 295 656
Armazém e Oficinas: Projecto Morara Viana II – Casa qF 5, lote nº 19
luanda, Angola
Tel. / Fax: 222 295 656 E-mail: [email protected]
ESPECIALIDADES
MÉDICAS
- Dermatologia
- Gastrenterologia
- Medicina Interna
- Medicina Intensiva
- Nefrologia
- Neurologia
- Cardiologia
- Endocrinologia
- Hematologia Clínica
- Reumatologia
- Oncologia
- Infecciologia
- Fisioterapia
- Psiquiatria
- Hemoterapia
ESPECIALIDADES
CIRÚRGICAS
- Neurocirurgia
- Oftalmologia
- Ortopedia
- Cirurgia Plástica
- Reconstrutiva e Estética
- Cirurgia Pediátrica
- Ginecologia – Obstétrica
- Cirurgia Geral
- Cirurgia Maxilofacial
- Angiologia
- Cirurgia Vascular
- Urologia
- Otorrinolaringologia
- Cirurgia Cardiotorácica
- Odontologia
- Anestesiologia
ESPECIALIDADES
PEDIÁTRICAS
- Neonatologia
- Puericultura
- Cirurgia Pediátrica
- Cardiologia Pediátrica
CONSULTAS
EXTERNAS
- Psiquiatria
- Pneumologia
- Fonoaudiologia
- Maxilo Facial
- Nutrição
Saúde Cuanza norte
JSA Julho 2015 18
Hospital Materno Infantil imuniza
mais de 800 crianças contra hepatite B
Cerca de 881 crianças menores de um
ano de idade foram
imunizadas, nos últimos três meses,
contra a hepatite B,
no Hospital Materno Infantil do Cuanza Norte.
n O responsável desta instituição hospitalar, Arão da Siva, referiu que os petizes foram imunizados no âmbito
de um programa de imunização às crianças nascidas
de mães portadoras e não
portadoras de vírus da hepatite B para fazer o corte da
sua transmissão da mãe para o filho.
Arão da Silva esclareceu
que a vacina é administrada
ARÃO DA SILVA "A vacina é administrada aos bebés logo após o parto, ou
nas primeiras 24 horas após o nascimento, quando ocorre no domicílio"
aos bebés logo após o parto.
Ou nas primeiras 24 horas
após o nascimento, quando
ocorre no domicílio.
O médico frisou que imunização contra a hepatite B,
e outras vacinas, permite à
criança um crescimento
saudável.
Por seu turno, o responsável da área de cuidados
primários de saúde e vigilância epidemiológica da
Direcção Provincial do
Cuanza Norte, Alfredo Mulanvo, referiu que o progra-
ma de imunização contra a
hepatite B está a ser implementado em todas as unidades sanitárias da província
que possuem serviços de
saúde reprodutiva. “O facto
de a vacina ser ministrada
nas primeiras 24 horas após
o parto possibilita o corte da
transmissão do vírus da mãe
para o filho, caso ela seja
portadora”, disse. Lembrou
que “após os primeiros dois
meses de idade são administradas outras vacinas aos bebés, como a pentavalente.
Alfredo Mulanvo aconselhou as gestantes a fazerem
os partos nas unidades sanitárias para beneficiarem de
assistência técnica adequada, visando evitar complicações de saúde, para a mãe e
o bebé.
Bolongongo melhora saúde
O responsável da saúde no
município do Bolongongo,
António Ernesto António,
destacou as melhorias significativas do sector ao
longo dos 40 anos da independência.
A construção e recuperação
de infraestruturas sanitárias
nos últimos anos contribuíram significativamente para a
melhoria do atendimento médico e medicamentoso das
populações no Bolongongo,
província do Cuanza Norte.
Quem garante é o responsável da saúde no município do
Bolongongo,António Ernesto
António.“Ao longo dos anos
o município reabilitou e ampliou o centro municipal de
saúde e construiu de raiz mais
postos, distribuídos em todas
as comunas, que permitiram
minimizar os problemas de
saúde no seio das comunidades”.
ANTÓNIO ERNESTO "A municipalização dos serviços de saúde
dotou as autoridades municipais
de meios para abastecer as unidades sanitárias"
Sobre a situação medicamentosa e material gastável, aquele responsável disse que deixou de ser um problema.“O
programa de municipalização
dos serviços de saúde permite que as autoridades municipais adquiram meios para
abastecer as unidades sanitárias”, declarou.
Frisou ainda que a administração municipal tem vindo a implementar mais unidades sanitárias em outras aldeias para
viabilizar a assistência médica
às populações e evitar a sua
deslocação à procura de assistência.
Referiu que, a par das infraestruturas já construídas, Bolongongo vai ganhar outras, cujas
obras estão em curso.
Com uma população estimada
em 12,6 mil habitantes, Bolongongo dispõe actualmente de
10 unidades sanitárias, asseguradas por 20 técnicos de saúde.
Consciencialização aumenta aderência as consultas pré-natal
O hospital municipal do Golungo
Alto, no Cuanza Norte, realizou
2.115 consultas pré-natal, durante
o primeiro semestre deste ano,
mais 214 do que no mesmo período do ano anterior.
O aumento deve-se à tomada de consciência sobre a importância do acompanhamento médico na gestação, de acordo com uma informação emitida pela maternidade municipal.
No mesmo período foram efectuados 315 partos,dos quais oito resultaram
em nados mortos, 872 consultas de planeamento familiar – mais 147 que em
igual período do ano passado.As mulheres da faixa etária entre os 17 e os 35
anos como as que mais aderem aos cuidados primários de saúde durante a gravidez.
A direcção da unidade sanitária atribui
esta tomada de consciência ao trabalho
de sensibilização desencadeado pelas parteiras em toda a extensão do município,
com o incremento do ciclo de palestras
sobre as vantagens das consultas pré-natal e os riscos da gravidez sem acompanhamento médico.
Aponta,todavia,a necessidade da continuação da sensibilização, ao constatarse ainda a ocorrência de partos domiciliares,cujas parturientes recorrem à maternidade muitas vezes com a placenta
presa,cujo recurso,em alguns casos,tem
sido a sua evacuação para Ndalatando, a
54 quilómetros de distância.
Com uma superfície de 1.989 quilómetros quadrados que compreendem a
sede municipal e as comunas de Cambondo,da Cerca e do Quiluanje,Golungo
Alto tem uma população de 29.259 habitantes.
publicidAde 19
JSA Julho 2015
Caderno Especial Farmácias do Jornal da Saúde a distribuir por todos
os profissionais da saúde na Expofarma 2015
ESPECIAL FARMÁCIAS
Entrevistas
Programa
Alto patrocínio
MINISTÉRIO DA SAÚDE
GOVERNO DA REPÚBLICA
DE ANGOLA
Novos
produtos
e serviços
Comunique directamente com o seu público-alvo
Promova a sua imagem e ganhe mais visibilidade. Anuncie
a sua empresa e produtos no ESPECIAL FARMÁCIAS.
Condições especiais para os expositores da Expo Farma – Contacte:
Eileen Salvação Barreto (+244) 945 046 312 | E-mail: [email protected]
As empresas
de referência
no mercado
Organização
20 fígAdo
Julho 2015 JSA
Prevenção e tratamento do fígado gordo
O fígado gordo "representa um
conjunto de situações nas quais o
fígado sofre por excesso de gordura
aí depositada e esse sofrimemto
tem várias expressões", explica o
Professor Guilherme Macedo, director do Serviço de Gastroenterologia e Hepatologia do Hospital de
S. João e membro da direcção da
Associação Portuguesa de Estudos
do Fígado (APEF). A acumulação
de gordura prejudica, por um lado,
o funcionamento deste orgão e,
por outro, origina, em certas circunstâncias particulares, inflamação e fibrose. Ou seja: "o processo
de cicatrização descontrolada acaba, em certa medida, por condicionar o próprio funcionamento do fígado".
O especialista adianta que a
doença inclui vários estádios clínicos, podendo contemplar o fígado
gordo por si só ou envolver situações mais graves e complexas, como a esteato-hepatite. "Trata-se de
uma inflamação e fibrose provocadas pela gordura no fígado." Importa saber que o indivíduo pode
ter "uma sobrecarga ponderal associada a uma acumulação de gordura no fígado, que é uma situação
relativamente frequente, segundo
os resultados das análises mais comuns do fígado". Como afirma o
presidente da APEF, este quadro
traduz "o lado mais benigno desse
espectro".
Quando o fígado
começa a sofrer
O fígado gordo, por si só, não
constitui um problema grave, mas
se não for tratado de uma forma
adequada pode gerar doenças
graves como a esteato-hepatite,
que actualmente ainda não dispõe de uma terapêutica totalmente eficaz, diz o Professor Guilherme Macedo. Quais as suas consequências? "O fígado gordo pode
não induzir nenhuma grave alteração, o problema é que, em alguns indivíduos, esse quadro evolui para inflamação, como seja a
esteato-hepatite, a qual pode ter
uma evolução grave para doença
hepática crónica ou cirrose." O especialista acrescenta mesmo que
pode ocorrer o pior dos prognósticos, a falência hepática. "O que
faz com que a esteato-hepatite já
seja neste momento uma causa
importante de transplante hepático." A obesidade constitui um
factor de risco muito importante
para o surgimento de problemas
de fígado gordo e os dados epidemiológicos falam por si. "Pelo menos 40% das pessoas com sobrecarga de peso apresentam alterações nas provas hepáticas, o que
significa que têm fígado gordo."
Por isso, o Professor Guilherme
Macedo lança o alerta para se estudar bem cada um desses pacientes,
a fim de despistar complicações
associadas à acumulação de gordura no fígado. A síndrome metabólica e, em especial, a diabetes e
os níveis elevados de mau coleste-
Vida saudável
de mãos dadas
com a saúde
hepática
Daniela Gonçalves
A acumulação de gordura no fígado pode gerar doenças hepáticas graves como a esteato-hepatite e a cirrose. Saiba
que a adopção de um estilo de vida saudável e uma vigilância
regular podem fazer toda a diferença para evitar o problema e o comprometimento da sua saúde hepática.
rol no sangue (LDL) são factores de
risco determinantes. "A prevalência de doença hepática associada a
esta síndrome é muito elevada, oscilando entre os 40 e os 60%."
Hereditariedade versus
saúde hepática
O Professor Guilherme Macedo
aponta a hereditariedade como
um "co-factor de risco associado às
causas que provocam o fígado gordo, bem como doenças mais graves relacionadas com o problema,
como a esteato-hepatite e a cirrose". Falamos de situações em que
se considera que a "obesidade, a
sobrecarga ponderal e a síndrome
metabólica têm base genética". O
presidente da APEF clarifica a potencial relação entre a história de
doença metabólica familiar e os
factores ambientais precipitantes.
"Pode haver uma influência poli-
génica, ou seja, existir várias circunstâncias biológicas, as quais
podem resultar de uma transmissão familiar, constituindo, por isso,
um território favorável para que –
em certas circunstâncias ambienciais – haja a expressão dessa
doença."
Como se faz
o diagnóstico?
As análises clínicas ao sangue
constituem o ponto de partida para indicar pistas de que a saúde do
fígado pode estar em risco, mas
são insuficientes. A realização de
provas hepáticas que levem a que
se faça "uma avaliação microscópica do fígado" abre a porta a
um diagnóstico em tempo útil.
"Não há uma análise para revelar
que a pessoa tem gordura no fígado. A melhor maneira para se
apurar se existe esta acumulação
e, principalmente, se se gerou inflamação, concretiza-se a partir
da realização de uma biópsia hepática, num hospital", explica o
Professor Guilherme Macedo.
"Uma ecografia pode demonstrar
que o fígado tem gordura, mas nada garante que o orgão tem ou
não inflamação associada, que
pode gerar esteato-hepatite ou
cirrose."
Estilo de vida saudável
contra a gordura
no fígado
O membro da direcção da APEF
refere que a terapêutica do fígado
gordo "é ainda limitada", embora
exista uma clara aposta na investigação nesta área, sobretudo em
termos de biologia molecular, para
"encontrar soluções de tratamento
que evitem a progressão para
doenças mais graves". O especia-
lista explica que actualmente
quem sofre de fígado gordo deve
seguir uma medicação à base de
estatinas e emagrecer, com toda a
mudança no estilo de vida que isso
acarreta. Salienta que o processo
de emagrecimento deve estar relacionado com a prática de actividade física, não por questões estéticas, mas pelos efeitos metabólicos
demonstrados pela evidência empírica. Isto porque "a prática de actividade física parece ser um factor
benéfico e promissor em termos
de prognóstico, por interferir com
o metabolismo". Segundo o Professor Guilherme Macedo, a adopção de um estilo de vida saudável,
com impacto na redução do peso,
constitui a melhor arma para proteger o fígado, daí que "a mensagem da sociedade científica assente nessa ideia e no incentivo à não
ingestão de álcool".
SAÚDE DA MULHER 21
JSA Julho 2015
Enjoos, prisão de ventre e azia:
dificuldades comuns na gravidez
Investigadora principal:
Isabel loureIro
Investigadoras:
GIsele Câmara e ana rIta Goes
Harvard medical school
Durante a gravidez é comum que as mulheres sofram com enjoos, prisão de
ventre e azia. Isso acontece
devido às mudanças que
ocorrem no organismo durante a gravidez. Contudo, a
alimentação da mulher pode agravar algumas situações ou contribuir para o alívio dos sintomas e a resolução dos problemas.
n As grávidas que sofrem de
enjoos, prisão de ventre e
azia podem sentir-se preocupadas e cansadas com estas situações. Por vezes, pensam mesmo que o bebé está
a sofrer e pode ser prejudicado com isso. Normalmente
estas condições não oferecem risco nem para a saúde
da mãe nem para a saúde do
bebé. Só em casos mais severos pode ser necessária a
intervenção médica.
Confira algumas sugestões para ajudá-la a controlar ou amenizar estas situações e aumentar o seu bem
estar durante a gravidez!
Enjoos (matinais)
e vómitos
Os enjoos são comuns durante a gravidez, principalmente no início. Podem
ocorrer a qualquer hora do
dia e até mesmo o dia todo.
Por serem mais frequentes
na parte da manhã, são conhecidos como enjoos matinais.
Normalmente os enjoos
deixam de acontecer ou melhoram significativamente
por volta do 4º mês de gravidez. Até lá, pode colocar em
prática os seguintes conselhos para aliviar os seus sintomas:
•Descanse o máximo que
puder
•Procure distrair-se
•Procure estar ao ar livre
•Evite os cheiros que habitualmente lhe provocam enjoos e, se necessário, peça
que alguém cozinhe por si
•Evite os movimentos e si-
tuações que habitualmente
lhe provocam enjoos. Por
exemplo, andar de carro
•Evite estar com o estômago
vazio. Coma pouco de cada
vez, mas não deixe de comer. Durante o dia, faça 5, 6
ou mais refeições pequenas,
com intervalos de 2 a 3 horas
•Coma algumas bolachas
simples, como bolachas Maria ou de água e sal, antes de
se levantar pela manhã e
procure levantar-se devagar
•Evite beber líquidos às refeições. Mas não se esqueça
de beber líquidos entre as
refeições!
•Evite alimentos picantes,
condimentados, gordurosos
e doces e todos aqueles que
habitualmente lhe provoquem enjoos. De certeza saberá quais são!
Atenção! Fale o quanto
antes com o seu médico se:
•Estiver a urinar pouco e a
urina for escura
•Não conseguir manter os líquidos no estômago devido
aos vómitos
•Tiver tonturas quando fica
de pé
•Sentir o seu coração acelerado
•Vomitar sangue
O seu médico pode recorrer ao uso de medicamentos
para reduzir os vómitos ou
verificar a necessidade de
repor líquidos. Em casos
mais severos, pode ser recomendado o internamento
para um acompanhamento
mais próximo.
Prisão de ventre
A prisão de ventre pode
acontecer durante toda a
gravidez devido às alterações hormonais que ocorrem no organismo da mulher grávida.
Os comprimidos de ferro,
muito utilizados para combater a anemia durante a
gravidez, também podem
contribuir para a prisão de
ventre. Contudo, somente o
seu médico é capaz de avaliar se pode ou não deixar de
tomá-los por este motivo.
Algumas medidas podem ajudá-la a reduzir a
prisão de ventre:
•Faça atividade física regularmente. Uma boa caminhada diária pode ajudar!
•Beba bastante água
•Inclua bastante fibra na sua
alimentação. São alimentos
ricos em fibra: cereais integrais e seus derivados, como
pão, arroz, massa, cereais
matinais e aveia; frutas fres-
“Normalmente
os enjoos deixam
de acontecer ou
melhoram
significativamente
por volta do 4º
mês de gravidez.
Até lá, pode
colocar em
prática os
conselhos que
encontra neste
artigo”
cas e secas, principalmente
o kiwi, a manga, a papaia, a
ameixa preta, a ameixa seca,
e a laranja; frutos oleaginosos, como pinhões, amêndoas, nozes, avelãs; hortícolas leguminosas, como, feijões e lentilhas
Atenção! Não utilize laxantes sem aconselhamento médico. Se o problema
persistir fale o quanto antes
com o seu médico.
Azia
A azia também é comum durante a gravidez e interfere
com o bem-estar da mulher
grávida. Pode acontecer em
qualquer momento da gravidez mas é mais comum no final. É um forte ardor no peito
causado pela subida dos ácidos do estômago.
Seguem algumas medidas que podem ajudá-la a
contornar este problema:
•Evite chocolate e alimentos
gordurosos, principalmente
antes de deitar
•Evite café e bebidas à base de
cola
•Evite bebidas alcoólicas
•Evite alimentos ácidos e picantes, como o tomate e as
frutas cítricas e seus sumos, o
vinagre, as pimentas e os molhos picantes
•Evite fumar
•Faça refeições pequenas e
mais frequentes
•Evite deitar-se logo após as
refeições e nunca faça uma
grande refeição antes de ir para cama
•Coma devagar
•Evite beber líquidos às refeições
Mas não se esqueça de beber líquidos entre as refeições!
•Durma com almofadas altas
para elevar a sua cabeça e as
costas
22 dOençAS reSpIrAtórIAS
Julho 2015 JSA
CACIMBO
Previna-se de constipações e gripes
A constipação (também conhecida por nasofaringite ou
rinofaringite) é uma doença
viral do tracto respiratório
superior que afecta essencialmente a cavidade nasal.
Os sintomas incluem tosse,
garganta inflamada, rinorreia (muco nasal) e, por vezes, febre. Geralmente, desaparecem ao fim de sete a dez
dias. Contudo, alguns dos
sintomas podem prolongarse até três semanas. Existem
mais de 200 vírus que podem ser responsáveis por
uma constipação, sendo os
rinovírus os mais comuns.
As infecções do tracto respiratório podem ser divididas
por várias áreas. No entanto,
uma infecção viral pode
afectar várias zonas em simultâneo. A constipação
afecta predominantemente
a cavidade nasal (rinite) e a
garganta (faringite). Eventualmente, pode afectar,
mais tarde, os seios perinasais (sinusite). A prevenção
mais eficaz é evitar a proximidade às pessoas infectadas, uma vez que a inalação
das gotículas de Flügge é a
principal via de transmissão.
O uso de máscara quando
for necessário permanecer
em ambientes altamente
contaminados, assim como
a lavagem das mãos, são
bons hábitos de prevenção
da doença. Não existe cura
para a constipação, contudo
os sintomas podem ser aliviados. Um adulto pode ter
uma constipação, em média, entre duas a três vezes
por ano e uma criança entre
seis a doze vezes por ano.
A gripe
A gripe é uma doença infecciosa provocada por vários
vírus ARN (Influenza). Os
sintomas mais comuns são
arrepios, febre, corrimento
nasal, dor de garganta, dores
musculares, dores de cabeça
(cefaleias), tosse, fadiga e
uma sensação de desconforto geral. Nas crianças pode
ocorrer diarreia e dor abdominal. Apesar de ser normalmente confundida com
constipação, a gripe é uma
doença mais grave, provocada por um tipo de vírus diferente. Esta infecção é geralmente é transmitida pelo ar,
através da tosse ou espirros,
que, por sua vez, propagam
partículas que transportam
o vírus. A gripe pode, portanto, ser transmitida por contacto directo com as secreções nasais ou com superfí-
cies contaminadas. As viroses por Influenza podem ser
neutralizadas pelo sol, desinfectantes ou detergentes.
Por conseguinte, uma vez
que o sabão pode neutralizar
o vírus, a simples lavagem
das mãos reduz eficazmente
o risco de infecção.
A gripe pode ocasionalmente dar origem a uma
pneumonia, viral ou bacteriana, mesmo em indivíduos
saudáveis.
Existem vacinas para a
gripe, sendo a mais comum
vacina humana a que inclui
material de dois subtipos de
Influenza A e uma estirpe de
Influenza B. Esta vacina trivalente não apresenta risco
de transmissão da doença.
Atendendo a que o vírus Influenza se modifica rapidamente, substituindo uma estirpe por outra, pode acontecer que a vacina perca a sua
eficácia passado um ano. Recomenda-se portanto uma
vacinação anual. Nos casos
mais graves de gripe, pode
mesmo ser necessário utilizar terapia antiviral.
Patologias associadas
Geralmente os sintomas de
constipação e gripe estão
presentes durante uma semana. Caso se prolonguem
e se alterem, pode estar presente uma infecção secundária. Estas infecções secundárias, chamadas de complicações da constipação e gripe são comuns e podem debilitar em muito o doente.
Apresentamos algumas patologias e respectivos sintomas diferenciadores, que
podem estar associados a
complicações da constipação e gripe:
Bronquite – Uma tosse persistente, com duração superior a duas semanas pode estar relacionada com bronquite. Esta infecção pode ser
tratada por diversas formas.
Portanto, caso haja suspeita
de bronquite deverá consultar o médico.
Pneumonia – Uma tosse
produtiva, dolorosa, pode
ser indicadora de pneumonia. Normalmente ocorre
depois de uma infecção como a constipação ou gripe.
Procure informação sobre
esta doença grave junto do
seu médico.
Infecção dos Ouvidos (Otite)
- Este tipo de infecção é comum depois de uma constipação ou gripe. Podem ocorrer nos adultos, embora a taxa de incidência seja maior
nas crianças. Pode ser bastante dolorosa, estando o
seu tratamento dependente
da gravidade e da idade do
doente.
Infecções dos Seios Perinasais (Sinusite) – A sinusite
ocorre quando o muco fica
retido nas cavidades sinusais
provocando uma infecção.
Este tipo de infecção pode
ser muito dolorosa afectando todas as faixas etárias da
população.
Recapitulando, caso os
sintomas da constipação ou
gripe tenham sido alterados,
agravados ou não tiverem
melhorado no final de duas
semanas, o doente deverá
consultar o médico. Existem
muitas complicações que podem decorrer destas
doenças, sendo as
anteriormente
mencionadas
apenas as
mais co-
muns. O médico poderá
diagnosticar a origem
dos sintomas e estabelecer o tratamento adequado sempre que
necessário.
A constipação e a gripe são doenças do foro respiratório que apresentam sintomas semelhantes.
Como se podem diferenciar?
Sintomas
Constipação
Gripe
febre
Ocasionalmente; geralmente ligeira.
Frequente; Elevada (38-39ºC; por vezes
mais elevada, principalmente em crianças
de pouca idade); Durante 3 a 4 dias.
Cefaleias
Ocasionalmente.
Comum.
Dor generalizaDa
Moderada.
Frequente; Muitas vezes intensa.
faDiga, fraqueza
Ocasionalmente.
Habitual;Pode permanecer 2 a 3 semanas.
exausTão exTrema
Nunca.
Habitual;Até ao início da doença.
nariz CongesTionaDo
Comum.
Por vezes.
esPirros
Comum.
Por vezes.
Dor De garganTa
Comum.
Por vezes.
DesConforTo no PeiTo,
Tosse
Ligeiro a moderado;Tosse seca.
Comum;Tosse pode ser intensa.
ComPliCações
Congestão nasal; Infecção
do ouvido médio.
Sinusite, Bronquite, Infecção do Ouvido,
Pneumonia que pode ser fatal.
Prevenção
Lavagem das mãos com frequência; Evitar
contacto directo com pessoas constipadas.
Lavar as mãos frequentemente; Evitar
contacto directo com pessoas com sintomas de Gripe;Vacinação anual da gripe.
TraTamenTo
Descongestionantes;Analgésicos;Antipiréticos.
Medicamentos de venda livre como descongestionantes, analgésicos e antipiréticos; Os medicamentos de venda livre
para a tosse e constipação não devem
ser dados a crianças de pouca idade;Antivíricos de prescrição médica podem
em alguns casos ser dados para a gripe;
Contactar o médico para mais informações sobre o tratamento adequado.
Existem testes de diagnóstico da gripe mas não da constipação. Um teste rápido para a gripe pode ser feito no gabinete do médico,
obtendo-se o resultado após alguns minutos.Estes testes podem auxiliar o médico a decidir se a medicação antiviral irá ser benéfica
caso tenha gripe, sendo geralmente usados para determinar o grau de disseminação da gripe. O tratamento mais adequado para
cada indivíduo pode ser determinado pelo médico, tendo em conta os sintomas e a história clínica desse mesmo doente.
mediCinA veterináriA 23
JSA Julho 2015
Febre de malta nos humanos
A brucelose transmite-se ao homem
Sintomas. Como evitar?
Catarina Martins
Veterinária
Neste número vamos abordar outra zoonose. Como já
referimos em edições anteriores, as zoonoses são doenças transmitidas dos animais
ao homem e deste aos animais.A brucelose á uma
doença epidemiologicamente alargada que existe em
várias espécies animais e que
atinge o ser humano.
n A brucelose é causada por
uma bactéria do género Brucella. Dentro do género, encontramos as espécies B
abortus (bovinos), B mellitensis (cabras), B suis (porcos), B ovis (ovinos) e B canis
(canídeos).
Os animais da fauna selvagem são também bastante afectados pela doença, sobretudo os ruminantes ou
poligástricos.
Há uma prevalência elevada em muitos países do
mundo. Para além de graves
implicações a nível produtivo, tem uma seríssima expressão em saúde pública,
sobretudo a causada pela
Brucella melitensis.
Em todas as espécies pecuárias, os principais sintomas são: a falha reprodutiva,
com abortos ou nascimento
de crias mal desenvolvidas,
ou nados mortos. Os abortos
ocorrem frequentemente no
último terço da gestação e,
sobretudo, em fêmeas primíparas (na primeira gestação). Nos machos, aparece
orquite (infecção com inflamação testicular) e epididimite (infecção com inflamação do epidídimo) que originam muito frequentemente
esterilidade no macho reprodutor. Também se observa poliartrite (inflamação
dolorosa de várias articulações)
Transmissão
A doença é transmitida através da ingestão, da penetração pela pele ou feridas existentes, pela conjuntiva
(olhos), pelo sémen de ma-
chos infectados e verticalmente de mães para filhos
durante a gestação.
A cauda de uma fêmea
com corrimento uterino
contaminado é uma séria
fonte de infecção para outros animais do efectivo e
para o homem.
A presença no ambiente
de fetos abortados, ou de
placentas infectadas, são a
grande fonte de contágio para os outros animais.
O leite de fêmeas brucélicas é uma fonte de contágio
para outras fêmeas (no caso
de serem ordenhadas mecânica, ou mesmo, manualmente).
As fêmeas infectadas por
via uterina que sobrevivem
mantêm-se serologicamente negativas até ao seu primeiro parto, altura em que
também começam a eliminar o microrganismo.
A transmissão da doença
de um efectivo animal para
outro, e de uma região para
outra, ocorre pelo transporte
de animais doentes de regiões endémicas (com a
doença) para outras regiões
sem a doença (indemnes).
Isto só acontece quando
o controlo sanitário não é
eficiente, quando não há
rastreios e registos nos boletins sanitários dos animais
(dos animais negativos ou
vacinados).
Os animais positivos
(diagnóstico confirmado laboratorialmente) serão somente transportados para o
matadouro com guia de
transporte para abate sanitário e relatório de positivi-
dade enviado para a Direcção Geral de Veterinária
(DGV) que, por sua vez, informa o Ministério da Agricultura e a World Organization for Animal Health
(OIE).
Para tal, há necessidade
de se rastrearem os animais
dos efectivos com colheitas
de sangue e envio para o laboratório.
Todos os animais positivos deverão ser abatidos,
com controlo sanitário apertado e com rejeição da carcaça. Os médicos veterinário
inspectores deverão fazer o
registo de entrada no matadouro dos animais positivos,
procederem ao seu abate e
destruição da carcaça. Devem depois enviar os respectivos relatórios para a
DGV que, por sua vez, está
em contacto directo com o
Ministério da Agricultura e
com a OIE.
A brucelose é uma doença de declaração obrigatória
(OIE) e de erradicação.
Sob o ponto de vista económico, as perdas na produção animal são muito elevadas, pela redução na produção de leite, pelos abates sanitários, pelo aumento de
intervalos entre partos, pela
perda de fetos abortados,
pela esterilidade e mesmo
por morte de fêmeas que fazem retenção placentária
com infecção do útero e pos-
teriormente infecção sistémica (metrite aguda).
A maior parte dos animais tornam-se doentes
crónicos e por vezes assintomáticos.
A transmissão
para o homem
Como já referimos, a brucelose é uma doença transmissível ao homem através do
leite, da carne e do maneio
dos animais por parte das
pessoas que trabalham na
pecuária (é uma doença
profissional).
A ingestão deste leite cru
é a mais importante fonte de
contágio para os seres humanos.
Os sintomas que aparecem nos seres humanos são,
essencialmente, febre ondulante e normalmente pouco
elevada (o sintoma mais comum e bom indicador de
suspeição da doença), cansaço, dor muscular, inflamação dos linfonodos (gânglios
linfáticos), hepatite (fígado),
orquite (testículos), pielonefrite (rim), meningo-encefalite (SNC), artrite (articulações), endocardite (coração) e retinopatias (olhos).
O esclarecimento da
doença no homem deverá
ser do foro da medicina humana.
Que devemos fazer?
Devemos proceder ao controlo sanitário eficaz e responsável, desde a produção,
com rastreios e vacinação
em zonas endémicas, e, posteriormente, medidas hígiosanitárias adequadas e rigorosas, nos casos positivos.
Implica um trabalho integrado entre instituições, técnicos de saúde animal e proprietários.
Informar as populações
dos riscos e em como poderão evitar o contágio.
Deverão cozinhar bem a
carne que ingerem e ferver o
leite para ser bebido em natureza ou fazer queijo e outros subprodutos e derivados do leite.
Os restos de abortos ou
placentas não deverão ser
manipulados sem a protecção de umas luvas. Não deverão manipular o períneo
ou a cauda de fêmeas que
pariram há pouco e contenham líquidos uterinos.
Quem ordenha as fêmeas
que não tenham controlo
sanitário deverá ter o cuidado e verificar não ter feridas
nas mãos. No caso de haver
ordenha mecânica, as tetinas devem ser desinfectadas, de vaca para vaca, com
uma solução desinfectante
adequada.
24 ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL
Julho 2015 JSA