LABORATÓRIO MERCK RETIRA MEDICAMENTO VIOXX
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LABORATÓRIO MERCK RETIRA MEDICAMENTO VIOXX
CENTRO DE FARMACOVIGILÂNCIA DO CEARÁ (CEFACE) INFORME Nº 17 EM FARMACOVIGILÂNCIA OUTUBRO-04 LABORATÓRIO MERCK RETIRA MEDICAMENTO VIOXX (ROFECOXIB) DO MERCADO MUNDIAL O laboratório farmacêutico Merck anunciou no último 30 de setembro que o medicamento Rofecoxib, comercializado pelo nome de Vioxx, antiinflamatório não esteroidal (AINE) da classe dos inibidores seletivos de COX2, seria recolhido preventivamente do mercado mundial1. A medida foi tomada voluntariamente pela multinacional após os responsáveis por monitorar a segurança de uma pesquisa recomendarem a interrupção do estudo com base no aumento de riscos de sérios eventos cardiovasculares associados ao uso contínuo do Rofecoxib comparado a pacientes recebendo placebo. O grupo em estudo era formado por pacientes que usavam Rofecoxib para prevenção de Pólipo Adenomatoso1. O Food and Drug Administration (FDA), órgão responsável pela regulação de medicamentos nos EUA, divulgou uma nota no mesmo dia que o anúncio do laboratório. Apesar do risco de pacientes apresentarem ataques cardíacos ou acidente vascular cerebral com o uso isolado do Rofecoxib parecer mínimo, o FDA considerou a decisão da Merck, de suspender a comercialização do medicamento, a melhor alternativa. Acrescentou ainda que o FDA estará monitorando outras drogas da mesma classe do Rofecoxib para observação de efeitos similares1. O Rofecoxib foi aprovado pelo FDA em 1999, indicado para redução de dor e inflamação em pacientes com osteoartrite, dores agudas em adultos e para o tratamento de dismenorréia. Foi a segunda droga aprovada pelo FDA da classe dos inibidores seletivos de COX2. Posteriormente, teve aprovação para tratar sintomas de artrite reumatóide em adultos e crianças1. Na época em que foram aprovados, os medicamentos inibidores seletivos de COX2 eram referidos como os antiinflamatórios de menor risco para úlceras e sangramentos gastrintestinais comparados aos não seletivos, como ibuprofeno e naproxeno. O Rofecoxib é o único AINE que demonstrou baixos índices destes eventos adversos1. Vioxx(Rofecoxib) tem sido usado por 84 milhões de pessoas em todo o mundo desde 1999 e é a quarta maior droga em vendas da Merck & Co. Vendeu 2,55 bilhões de dólares ano passado, contabilizando mais de 10% do rendimento anual do laboratório farmacêutico2. Em junho de 2000, a Merck comunicou o FDA sobre os resultados do estudo VIGOR (Vioxx Gastrintestinal Outcomes Research) que apresentou um aumento no risco de eventos cardiovasculares em pacientes utilizando Rofecoxib comparados aos pacientes que faziam uso de naproxeno. Após a análise dos resultados e observações clínicas feitas pelo Arthritis Advisory Committee, o FDA complementou a bula do medicamento com os achados do estudo VIGOR. As alterações incluíam informações sobre aumento no risco de eventos cardiovasculares, dentre eles infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral1. Recentemente, outros estudos em pacientes utilizando Rofecoxib também sugeriram os mesmos riscos cardiovasculares, porém, enquanto o FDA analisava os dados para interferir quanto ao uso do medicamento, o laboratório adiantou-se em suspender sua comercialização1. A Anvisa publicou a Resolução – RE nº 1.576, de 30 de setembro de 2004, determinando a suspensão cautelar de comercialização e uso de todos os medicamentos contendo o princípio ativo Rofecoxib. A Merck Sharp & Dohme, divisão nacional responsável pela comercialização do Rofecoxib, publicou uma carta para profissionais e usuários citando que pacientes que atualmente tomam Vioxx devem contatar seu médico para discutir a descontinuidade do tratamento e possíveis alternativas terapêuticas3. É importante ressaltar que nenhum medicamento deve ser utilizado sem indicação médica. A automedicação é uma prática que pode acarretar o aparecimento de sérias reações adversas. Notifique ao CEFACE a suspeita de reações adversas a medicamentos, através da Ficha Amarela de Notificação ou pelos telefones (0xx85) 288 8276 (FAX) ou (0xx85) 288 8242. Se você ainda não tem Ficha de Notificação, solicite-nos! E-mail: [email protected]. Bibliografia consultada: 1. www.fda.gov 2. www.reuters.com 3. www.anvisa.gov.br Responsável: Bruna Maciel de Alencar (Acadêmica de Farmácia, UFC) e Emérita Sátiro Silva (Mestranda em Ciências Farmacêuticas, Área de concentração Farmácia Clínica, UFC). CENTRO DE FARMACOVIGILÂNCIA DO CEARÁ (CEFACE) EM INFORME Nº 18 OUTUBRO-04 EM FARMACOVIGILÂNCIA CASOS DE HEPATITE FULMINANTE COM O USO DE FLUTAMIDA A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) divulgou através do Alerta SNVS/ANVISA/Ufarm nº7 de 21 de outubro de2004, o recebimento de cinco casos de hepatite fulminante em pacientes do sexo feminino com faixa etária de 21 a 35 anos que faziam uso de flutamida para o tratamento de alopecia, hirsutismo e acne. Dos cinco casos notificados, quatro casos resultaram em uma evolução para o óbito, sendo que dois fizeram uma tentativa de transplante hepático sem sucesso1. A flutamida é um antiandrogênio nãoesteróide que destituído de qualquer outra atividade hormonal, provavelmente funciona após a conversão in vivo em 2hidroxiflutamida2. Também pode na categoria terapêutica ser um agente antineoplásico3. O principal efeito da flutamida parece ser o aumento da freqüência dos pulsos de secreção de LH. Assim, mesmo a droga sendo um antiandrogênio puro, o aumento da testosterona no plasma serve para limitar seus efeitos antiandrogênicos. A ação da flutamida consiste em inibir a ação da testosterona nas células por bloqueio dos receptores que são utilizados pela testosterona nessas células4. Os cientistas acreditam que a testosterona seja a responsável pela proliferação de células cancerígenas levando ao câncer de próstata. A flutamida foi aprovada pelo FDA em 1988, indicada para o tratamento do câncer de próstata5. Essa aplicação clínica geralmente feita junto com o bloqueio por GnRH ou com estrogênio. No Brasil, a flutamida deve ser vendida mediante a apresentação de receituário médico e, juntamente com outros países como a França e os Estados Unidos, não prevê seu uso em pacientes do sexo feminino. Dentre as contra-indicações podemos encontrar: hipersensibilidade conhecida para a flutamida, insuficiência hepática severa e contraindicada em mulheres. As reações adversas mais comuns (>10%) são: gastrointestinais (náusea, vômitos, diarréia), genitourinárias (impotência), endócrinas e metabólicas (perda da libido, aumento da temperatura). As reações como ginecomastia, anorexia e frio nas extremidades constituem 1 a 10% dos casos. Também há relatos de dores no peito e palpitação.Como precaução os níveis séricos das transaminases devem ser monitorados, pois pode ocorrer falência hepática, a qual pode ser fatal3. Evidencia-se portanto, uma relação benefício/risco não favorável em pacientes do sexo feminino. É importante ressaltar que nenhum medicamento deve ser utilizado sem indicação médica. A automedicação é uma prática que pode acarretar o aparecimento de sérias reações adversas. Notifique ao CEFACE a suspeita de reações adversas a medicamentos, através da Ficha Amarela de Notificação ou pelos telefones (0xx85) 288 8276 (FAX) ou (0xx85) 288 8242. Se você ainda não tem Ficha de Notificação, solicite-nos! E-mail: [email protected] ou pela ANVISA, E-mail: anvisa.gov.br Bibliografia consultada: 1. www.anvisa.gov.br; 2. NERI,R.O. Antidrogens. Adv. Sex. Horm. Res., 1976, 2, 233-262; 3. Drug Information Handbook, 2000/2001. p,413-414; 4. Goodman & Gilman, As Bases Farmacológicas da Terapêutica, 8ª edição; 5. www.fda.gov. Responsável: Antonio Vinicios Alves da Silva (acadêmico de FaRmácia), Eudiana Vale Francelino (Famacêutica do CEFACE) ATENCIOSAMENTE, CENTRO DE FARMACOVIGILÂNCIA DO CEARÁ