Lauraceae - Sociedade da Mesa
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Lauraceae - Sociedade da Mesa
116 Sociedade da Mesa 2a quinzena de Novembro 2012 clube de vinhos índice 04 - Seleção Mensal / 14 - Artigo: Aspargos 24 - Artigo: Diário da Bodega - A Produção do Vinho Tinto 2012 28 - Drinks / 30 - Ingredientes: Canela Direção Dario Taibo Esta revista é uma edição exclusiva para os associados da Sociedade da Mesa. Direção da revista Dario Taibo [email protected] Editora-chefe Paula Morales [email protected] Projeto gráfico e diagramação OC O comunicação e design www.ochoa.com.br Atendimento ao cliente [email protected] Contato de Publicidade [email protected] Dario Taibo sócio-diretor Impressão 14.000 exemplares 34 - Entrevista: Renata Arassiro / 40 - Saboreando Juntos 42 - Um pouco de receita: Kibe Assado Sociedade da Mesa clube de vinhos Rua Branco de Moraes, 248/11 Chácara Santo Antônio - São Paulo - SP - Brasil CEP 04718-010 (55-11) 5180-6000 0800-7740303 www.sociedadedamesa.com.br 44 - Programa Saca-Rolha / 50 - Acessórios 51 - Vinhos em Estoque / 52 - Seleção Especial Fim de Ano 53 - Próxima Seleção Mensal 55 - Próxima Seleção Grandes Vinhos 04 05 SELEÇÃO MENSAL Texto: Alberto Pedrajo Pérez y Javier Achútegui Dominguez Fotos: divulgação BENCHMARK SHIRAZ 2011 D.O. South Valley, Austrália. Austrália, a eno-revolução. Outra maneira de fazer as coisas. O vinho na Austrália (2011) Superfície de vinhedo: 174.000 hectares Ranking mundial superfície de vinhedo: 11˚ Volume de vinho produzido: 11.010.000 hl Ranking mundial por produção de vinho: 7˚ Australia South Valley Dizem as más línguas que a Austrália é a responsável pela revolução enológica que aconteceu a partir dos anos 80 em todo o mundo. E digo más línguas, porque até poucos anos atrás não tinham reconhecido o quanto este país havia contribuído para a enologia mundial, não era fácil reconhecer este trabalho. O sucesso de seus vinhos foi um chamado de alerta para os países com forte tradição vinícola, virando moda o fato dos produtores e enólogos australianos aconselharem bodegueiros e viticultores do mundo todo, provocando uma regeneração muito necessária para o setor, que permanecia dormente durante as últimas décadas, onde a única contribuição notável à indústria do vinho tinha sido a incorporação do aço inoxidável nas bodegas. O que fez este país para se tornar uma referência? A abordagem científica colocou-o na vanguarda. Sua viticultura de precisão, onde tudo é medido, registrado e controlado, e uma enologia inovadora, que fugia do “tradicional”, levou a uma nova visão da enologia e, portanto, de seus vinhos. O país é considerado atualmente um líder na combinação de tradição, tecnologia inovadora e novas ideias. 06 07 As regiões vitivinícolas na Austrália O sucesso de seus vinhos pode estar atribuído, em princípio, a uma excelente relação de qualidade e preço, mas talvez ainda mais importante seja o estilo dos mesmos, que parece encaixar com o que se busca no mercado internacional, a sua acessibilidade, sua facilidade de consumo, onde a fruta é o verdadeiro protagonista, tornando o vinho mais agradável ao consumidor menos iniciado. O vinho australiano é uma aposta segura. Em termos gerais, o que você encontra na taça durante a degustação, é o que procurava ao comprar uma garrafa no bar ou restaurante. Foram os primeiros colonos europeus que levaram o cultivo do vinhedo para a Austrália no final do século XVII, quando plantaram as primeiras videiras próximas ao porto de Sydney. Hoje em dia, o vinhedo estende-se por mais de 60 regiões vitivinícolas regulamentadas, abrangendo um total de 174.000 hectares. O cultivo espalhou-se rapidamente, primeiro para os arredores de Sydney e até Hunter Valley, alcançando logo Western Australia e South Australia, para finalmente chegar até Victoria e Tasmânia. No final de 1830, estas regiões produziam vinho em escala comercial. Este desenvolvimento continuou até o fim do século XIX. Até uns 25 anos atrás, os vinhos australianos eram praticamente desconhecidos no exterior, mas agora são apreciados em todo o mundo por sua qualidade impecável. Os melhores vinhos australianos são caracterizados pela sua complexidade, estrutura e grande potencial de envelhecimento. A Austrália tem um sistema de Indicações Geográficas (I.G.) que divide o país em Zonas, Regiões e Sub-regiões. Este sistema de classificação sofreu diversas alterações até chegar à atual divisão. As Zonas respondem mais a uma área administrativa do que as particularidades de seu conjunto. Atualmente existem mais de 60 regiões vinícolas espalhadas por todo o país, e agrupadas de acordo com a distribuição geográfica dentro das Zonas. Este sistema de classificação envolve mencionar nos rótulos uma série de características. A principal é o extenso sistema de mistura regional. Isto significa trazer uvas de diferentes regiões e talvez de diferentes estados, para combiná-las. As pequenas bodegas podem optar por detalhar no rótulo a variedade da uva e a Indicação Geográfica, e se o fazem, 85% das uvas têm que ser de uma variedade, e o mesmo percentual tem que vir da Zona também especificada. Seu sistema de controle garante todas as especificações do rótulo, por exemplo, a colheita, a variedade e a Região, com verificações anuais e auditorias em Regiões, variedades e bodegas específicas continuamente. 08 09 - South Australia É o epicentro da indústria vinícola australiana, a Zona de maior produção, onde são elaborados todos os tipos de vinhos. Representa um pouco mais da metade da produção total do país. Talvez seja a Zona vitivinícola que colocou a Austrália em seu lugar, graças sobretudo à sua excelente relação de qualidade e preço e à fama de seus viticultores e bodegas, que conseguiram com que os vinhos ali produzidos estivessem entre os melhores da Austrália. Esta Zona tem algumas semelhanças com a Costa Central da Califórnia, na questão do clima. A brisa marinha influi, refrescando um clima que seria muito seco e quente para produzir vinhos de alta qualidade. Nas décadas de 40 e 50, era a principal região vitícola da Austrália, com uma produção de mais de 75% dos vinhos australianos. South Australia é constituída por um grande número de Regiões vitivinícolas, destacando-se Adelaide Hills, Adelaide Plains, Barossa Valley, Clare Valley, Coonawarra, Currency Creek, Eden Valley, Kangaroo Island, Langhorne Creek, McLaren Vale, Mount Benson, Mount Gambier, Padthaway, Riverland, Robe, Southern Eyre Peninsula, Southern Fleurieu, Southern Flinders Ranges, Wrattonbully. - New South Wales Zona vitícola conhecida principalmente pelos vinhos das variedades semillon, shiraz e chardonnay. Foi o primeiro dos estados australianos a cultivar a videira. Suas subzonas Hunter Valley, perto da costa, junto a Mudgee, no interior, fornecem mais de um quarto da produção de vinhos australianos. Formada pelas Regiões vitivinícolas de Canberra District, Cowra, Gundagai, Hastings River, Hilltops, Hunter Valley, Mudgee, Murray Darling, New England, Orange, Perricoota, Riverina, Shoalhaven Coast, Southern Highlands, Tumbarumba, Upper Hunter Valley. 10 - Western Australia Com um crescimento impressionante nos últimos anos, esta Região com um vasto território tem grande diversidade de climas e solos, produzindo uma ampla variedade de vinhos para todos os gostos e bolsos. É formada pelas Regiões de Albany, Blackwood Valley, Central Western Australia Zone, Denmark, Frankland River, Geographe, Great Southern, Manjimup, Margaret River, Mount Barker, Peel, Pemberton, Perth Hills, Porongurup e Swan Valley. - Victoria Possui mais regiões vitícolas que os demais estados australianos, e apresenta uma grande variedade de estilos de vinhos. Atualmente, algumas das fazendas produzem vinhos surpreendentes, cujo futuro parece promissor. As principais Regiões são: Alpine Valleys, Ballarat, Beechworth, Bendigo, Geelong, Gippsland, Glenrowan, Goulburn Valley, Grampians, Heathcote, Henty, King Valley, Macedon Ranges, Mornington Peninsula, Nagambie Lakes, Pyrenees, Rutherglen, Strathbogie Ranges, Sunbury, Swan Hill, Upper Goulburn, Yarra Valley. - Tasmânia Tasmânia é uma ilha localizada em frente à costa sudeste da Austrália. Sua pequena produção de vinho não lhe impede de ser sempre objeto de fascinação. Nesta região, estão sendo produzidos excelentes chardonnay e pinot noir, existindo atualmente duas únicas Regiões: Northern Tasmania e Southern Tasmania. - Queensland É uma região emergente, que está crescendo rápido em termos de produção e de bodegas. Suas principais Regiões são Granite Belt, South Burnett, Darling Downs e Queensland Coastal. 11 12 13 Syrah ou Shiraz Syrah é um varietal de uva tinta, que acredita-se ser nativa do Oriente Médio, especificamente do Irã, embora sua localização atual seja na França e principalmente da região alta do Rhone. É um varietal que viveu nas últimas décadas uma verdadeira moda e foi cultivada em todas as áreas vitícolas no mundo todo, devido à sua ótima adaptação. Mas é na Austrália que este varietal ocupa um lugar especial, tendo feito da Shiraz - a versão anglo-saxônica de escrevê-la -, sua principal marca. Apaixonados pela experimentação, os australianos aprenderam a produzir vinhos magníficos a partir de todas as variedades que caíram em suas mãos. Mas o trabalho realizado com esta variedade levou-os a receber os maiores reconhecimentos internacionais. Os melhores shiraz australianos são encontrados hoje entre os tintos mais prestigiados do mundo. As propriedades deste varietal dependem muito do solo onde são cultivados e do clima. Por exemplo, em climas mediterrâneos como o que encontramos em grande parte da Austrália, os vinhos de syrah muitas vezes têm um poder e suavidade extraordinários, que os diferem muito dos vinhos de syrah franceses ou do norte da Europa, mais ácidos e suaves. Os vinhos produzidos com esta variedade, quando não têm crianza, têm aromas profundos muito agradáveis: a violeta, frutas vermelhas e negras (geleia de ameixa, groselha negra, amora silvestre...), enquanto os vinhos que são submetidos a uma crianza em carvalho desenvolvem outros aromas como leves toques defumados, coco, azeitona preta, trufa, menta, especiarias... E seus sabores abrem um leque de possibilidades, deixando geralmente uma memória na boca, simpática e saborosa, sem que o vinho deixe de ser robusto e estruturado. Grant Burge Wines Fixado em Barossa, ao longo de sua carreira, Grant Burge tem sido referência na indústria do vinho australiano. Trata-se de um viticultor e enólogo que representa a quinta geração de uma família ligada ao mundo do vinho desde quando seu bisavô, John Burge, junto com sua esposa Eliza, emigraram de Wiltshire na Inglaterra e plantaram as primeiras videiras. Grant passou toda sua infância na bodega de sua família em Barossa Valley, onde a sua vida sempre girou em torno de sua paixão pelas terras e pelas vinhas. Benchmarck 2011 Shiraz, South Australia Em 1970, Grant começou sua carreira na bodega Southern Vales Winery em McLaren Vale, retornando em 1978 a Barossa Valley para adquirir Krondorff, uma bodega obsoleta. Grant fez esta bodega progressivamente recuperar o prestígio, recebendo seu reconhecimento, até que em 1986 vendeu sua participação para iniciar seu projeto mais pessoal. Baseado em sua experiência, Grant, junto a sua mulher, Helen, cria Grant Burge Winery, em 1988, em Barossa Valley, onde pretendem oferecer seu compromisso com a mais alta qualidade através de um estilo único, baseado no “terroir” de Barossa Valley. A vindima de 2011 foi uma das mais complicadas das últimas décadas na South Austrália. O ano foi muito frio e úmido, forçando um manuseio e controle muito preciso do vinhedo. Mas às vezes os anos difíceis, por serem diferentes, obrigam a tomar decisões que alteram o resultado comum e podem surpreender, com uvas que, embora diferentes, também alcançam o equilíbrio graças a uma ótima gestão do vinhedo. Felizmente, a bodega possui uma grande superfície de vinhedos e uma equipe técnica muito competente, o que facilitou com que a uva shiraz chegasse em perfeitas condições na bodega. Após a vindima, a uva desengaçada fermenta durante 7 dias, em reservatórios de aço inoxidável com bombeamento diário, para facilitar a extração de aromas e cor. Depois de completar a fermentação maloláctica nos reservatórios, o vinho é trasfegado diretamente a barris de segundo uso, de carvalho americano e francês, onde permanece durante 10 meses antes de fazer a “coupage” final, antes do engarrafamento. Benchmarck 2011 Shiraz Região: South Valley, Austrália Uvas: Shiraz Cata: Cor rubi profundo, limpo e brilhante. No nariz, é doce com notas de frutas vermelhas maduras que se misturam com algo de ameixa e especiarias com traços sutis de mentol e eucalipto. Sua entrada na boca é suave, densa, gananciosa, com um leve toque salino, passando novamente por mentol e especiarias. É um vinho estruturado, mas com uma excelente integração da crianza de barril, que impõe por completo o perfil frutado do vinho. Temperatura: Degustar a uma temperatura entre 16 e 17˚C. Harmonização: Com notas balsâmicas e de especiarias, junto com sua untuosidade na boca, pode ser um companheiro perfeito para um prato de carne magra cozida ao estilo oriental picante ou ao curry. Guarda: Evoluirá nos próximos dezoito meses e pode ser guardado, em boas condições, por três anos. ASPA INGENIEROS: C\ La Campa nº 11 26005 Logroño (La Rioja) www.aspaingenieros.com skype: alberto.pedrajo.aspa T: +34 941210448 F: +34 941287072 14 15 REVISTA SOBREMESA Autor: Álvaro Lopez del Moral Imagens: Antonio de Benito ASPARGOS Proibido durante anos devido a seu caráter supostamente indecente, o aspargo hoje se tornou a base da gastronomia moderna e um produto essencial nas mesas. No entanto, continua atraindo todo tipo de suspeita. É aconselhável cortá-lo ou deve ser ingerido de uma vez só? Deve-se usar talheres para comê-lo? Deve ser servido com pegadores ou utilizando uma espátula? Especialistas em etiqueta e protocolos têm opiniões contraditórias sobre o aspargo, um vegetal que se tornou essencial em qualquer banquete que se aprecie, desde que o Imperador Luis XIV – sem dúvida influenciado por sua mãe, a espanhola Ana da Áustria - restaurou sua linhagem no reino vegetal e invalidou a qualificação de produto indecente que havia servido para proibir seu consumo nos mosteiros de toda a Europa durante o Renascimento. 16 Hoje a situação é diferente e o Asparagus officinalis, democratizado e livre de tabus, recuperou o seu lugar na gastronomia moderna, seja como titular, em omeletes, ovos mexidos e saladas ou como acompanhamento de diferentes pratos. No entanto, consumílo fresco continua promovendo grandes debates. Geralmente, a etiqueta recomenda pegá-lo com os dedos. Se for muito comprido, pode-se cortar a ponta com o garfo – usar uma faca seria questionar a sua qualidade - e levá-lo ate a boca. O resto é normalmente consumido com a mão direita. Esta circunstância é devida, segundo Pilar Sánchez-Cano, diretora da Escola de Protocolo Empresarial, ao fato de que, antigamente, as classes privilegiadas usavam talheres de prata, e o ácido acabava deteriorando o metal. Naturalmente, em uma reunião coletiva não é recomendável chupar a extremidade lenhosa do produto e nem, claro, colocá-lo depois à vista dos outros comensais (embora o mais comum seja que, antes de chegar ao prato, esta parte já tenha sido eliminada). Para servílo, existem pinças específicas de eficácia duvidosa, a não ser que se tenha um talento inato nas questões de utilidade doméstica. Quanto aos molhos usados como acompanhamento, o aspargo admite uma ampla variedade deles, embora os mais comuns ainda sejam o vinagrete e a maionese. 17 Se não for possível ter aspargos frescos, recorremos aos aspargos em conserva, usando o método idealizado pelo inventor Nicolas Appert para os exércitos de Napoleão, colocando-os em banhomaria, depois conservando-os em vidro e fechando com rolhas enceradas. Além da gratidão do imperador, este sistema ganhou um prêmio de 12 mil francos, com os quais Nicolas montou a primeira fábrica de conservas da história. Graças a ela, o consumo de tais vegetais foi estendido a qualquer época do ano (em seu Almanach des gourmands de 1810, o jornalista Grimod de La Reyni`ere assegurava que no inverno estariam ainda mais gostosos) e a todas as classes sociais, contrariando o que diziam até então sobre eles: “Quando a aristocracia senta-se à mesa, os aspargos fazem um ato de presença”. 18 Sabor espanhol O aspargo é um alimento que teve um percurso longo: originário da área mediterrânea foi consumido na antiga Mesopotâmia, Grécia e Roma, onde começaram a praticar a técnica do amontoa – consiste em isolá-lo da luz do sol, enterrando-o sob pequenos montes de terra -, conseguindo assim os primeiros aspargos brancos, os quais Catón definiu como “carícia de paladares” e Apicio recomendava comer gratinados com pássaros, garantindo que serviam para estimular o estômago e o sexo. Sua capacidade de adaptação a climas temperados motivou a rápida implantação na Espanha, que agora tornou-se a primeira potência produtora da Europa – com um volume de cerca de 55 mil toneladas em 2011 - e a quarta do planeta, apenas atrás da China, Peru e Estados Unidos. Na sua versão cultivada, o aspargo pode ser dividido em verde, que cresce ao ar livre; e branco. Entre os primeiros, com maior prestígio estão os de Aranjuez, regados pelas planícies do Jarama e do Tejo, assim como os de Estremadura e Andaluzia, onde quase 85% da produção correspondem a esta modalidade. Os brancos mais famosos da Espanha são, sem dúvida, os de Navarra, com D.O. e I.G.P. próprias, que incluem termos pertencentes à horta de Tudela, La Rioja e Aragão. Apesar dos excelentes resultados alcançados pela última campanha – apenas a D.O. Aspargo de Navarra aumentou sua comercialização em 26% -, a concorrência dos chineses, marroquinos e peruanos é uma grande ameaça a este produto, para o qual alguns preveem um futuro que passa pelo cultivo em pequenos jardins e até mesmo a eliminação de intermediários, através de uma agricultura puramente de proximidade, através da qual seja possível garantir sua excelência. 19 20 21 Essencial na dieta Composto por 93% de água, suas propriedades diuréticas e antioxidantes, o alto teor de fibra, seu baixo valor calórico e a abundância em potássio, cálcio, ácido fólico e vitaminas A, B1, B2, C e E, fazem deste vegetal um alimento muito saudável, essencial nas dietas de emagrecimento. Já o médico heleno Hipócrates recomendava o chá de aspargos pelos seus efeitos de purificação, é um componente essencial para a revisão da cozinha clássica, graças à sua versatilidade. Assim, os representantes da nova alta gastronomia, como Daniel García, preparam os aspargos ligeiramente cozidos, acompanhados por um ravioli de gema de ovo trufado e um caldo de trufas. Martín Berasategui prepara com eles sua célebre Torta de aspargos e parmesão, enquanto Pepe Rodríguez insere-os em seu menu degustação do restaurante El Bohío, com gema batida e suco. No entanto, as formas mais comuns de apresentá-los são gratinados, em saladas, mexidos com presunto cru e cogumelos, em guisados ou usando somente as pontas, dependendo do tipo de preparação em questão. Convém notar o efeito delator que os aspargos produzem na urina de quem os ingere e que colocou em evidência ao longo da história muitos maridos, determinados a esconder de suas esposas, com pretextos inverossímeis, seus jantares clandestinos. Isso se dá devido à ação de um aminoácido chamado asparagina, que foi anotado por Gabriel García Márquez em seu livro O amor nos tempos de cólera e também descrito por Marcel Proust como “essa essência preciosa que eu ainda reconheceria quando, depois de jantar aspargos, passasse toda a noite representando suas farsas simples e poéticas, como as fadas de Shakespeare, até conseguir transformar meu penico em um frasco de perfume”. Isso demonstra que, no território aparentemente sem limites da percepção sensorial, ainda restou alguma fronteira por conquistar. Manual de uso O aspargo tem um talo longo e fino, com numerosos botões que se amontoam na ponta. Existem diferentes variedades cultivadas (Branco de Navarra, Morado de Navarra, Verde de Aranjuez, Branco de Holanda, Argenteuil, Martha Washington, Verde de Califórnia...). Na hora de comprálos é importante escolher os que tenham as extremidades mais compactas e apresentem cor uniforme em toda a superfície. Deve-se verificar se são frescos e cozinha-los o mais rápido possível, pois começam a perder suavidade e sabor enquanto são colhidos. Devem ser cozidos em grupos de pé, cobertos de água até a ponta, com sal e um pouco de açúcar. Sobremesa é a revista de vinhos e gastronomia de Vinoselección. 44 Quem disse que o que é bom não dá para melhorar? Eu ganhei! 45 Promoção Amigo é pra essas coisas! E eu também! Trazendo um novo associado para a Sociedade da Mesa, seu amigo também ganha um par de taças! Traga um novo associado para a Sociedade da Mesa e receba duas taças de cristal com a próxima entrega. Envie os dados de seu amigo ao e-mail [email protected], site ou pelo telefone 0800-7740303. Nós entramos em contato com ele e, em caso de associação de seu amigo, você recebe um par de taças Bordeaux (Rona) e seu amigo também! Envie o nome completo com telefone particular e comercial de seu amigo. Promoção válida apenas em caso da associação de seu amigo. Sociedade da Mesa c lub e de vin h os Aqui você se preocupa em brindar, o resto deixa com a gente. Promoção Amigo é pra essas coisas! 0800 774 0303 www.sociedadedamesa.com.br 24 25 DIÁRIO DA BODEGA Texto: Alberto Pedrajo Pérez y Javier Achútegui Dominguez Fotos: divulgação DIÁRIO DA BODEGA A PRODUÇÃO DO VINHO TINTO 2012 Finalmente chegou o dia tão esperado por todo enólogo: faltam apenas alguns minutos para que o primeiro reboque com uvas recém-colhidas chegue à bodega. Os dias anteriores foram intensos, pois o desenvolvimento das estruturas envolve uma revisão completa de cada um dos elementos a serem utilizados durante o período da vindima. São apenas quatro semanas de vindimas, nas quais se trabalha sob intensa pressão. Quatro semanas em que está em jogo uma colheita inteira, um ciclo completo, o trabalho de 12 meses no vinhedo. Neste capítulo, vamos nos concentrar na elaboração do vinho tinto, deixando para o próximo a elaboração dos brancos e rosados, a fim de enfatizar alguns aspectos mais importantes, de uma forma mais abrangente e detalhada. Já decidimos a data da colheita, a uva está em seu pico de amadurecimento. Foram feitos controles de maturação de cada vinhedo, para definir a data apropriada do início. Em cada parcela foi estabelecido um programa de vindima, com data, ordem, parcela, viticultor e estimativa de peso. Mas como é realmente a chegada da uva nas bodegas? Quando a uva chega às instalações, a primeira coisa é determinar o seu destino, classificar esta partida de uva depois de verificar os dados básicos e fazer a medição dos parâmetros. Isso, juntamente com uma inspeção visual, ajuda a determinar o padrão de qualidade, o depósito de destino desta uva, e assim elaborar, de forma separada, as diferentes qualidades e categorias. Esta é a segunda classificação. A primeira é a realizada em campo e talvez seja a mais importante para evitar que acidentalmente se misturem partidas de uva de diferente categoria ou tipologia. Um axioma da enologia sempre foi que a qualidade parte do vinhedo, pois, naturalmente, a uva é tudo no vinho. Ela é a parte mais importante de um “bom vinho”, onde os meios, os conhecimentos e a tecnologia ajudam a garantir seu sucesso. Mas sem uma uva excelente, nunca poderemos produzir um vinho excelente. 26 27 Desengaçador e esmagador de uvas Vindima A colheita é realizada à mão ou à máquina, sempre com muito cuidado para tentar não danificar o cacho, a fim de evitar possíveis oxidações do mosto ou o início de fermentações espontâneas. Normalmente, a uva é transportada para a bodega em pequenos reboques a granel ou em caixas onde a fruta chega em ótimas condições. Recepção das uvas Já com a uva dentro da nossa bodega, de acordo com a classificação e perfil do vinho a ser produzido, esta poderá seguir dois caminhos: o primeiro é o cilindro onde o reboque descarrega a uva diretamente; e o segundo é a tabela de triagem, onde é colocada em caixas ou pequenos reboques, e separada manualmente, segundo maturação incompleta, sobrematuração ou restos vegetais. Toda a uva recebida na bodega deverá satisfazer a todos os requisitos que as normas citadas pelos Conselhos Reguladores das Indicações Geográficas exigem, além dos critérios determinados pela bodega. Além disso, na bodega será feito um controle analítico de cada lote, antes de chegar ao cilindro ou mesa de triagem. Normalmente, a uva na cuba sempre é desengaçada e esmagada. Do cilindro ou mesa de triagem, passará ao conjunto desengaçadoresmagador, onde é realizado o desengaço, operação que consiste em separar o bago da uva do cacho. Mais tarde, a uva é prensada para extrair parte de seu suco e, já em forma de massa de vindima, é conduzida através de bombas para as cubas de fermentação. Tanques e fermentação alcoólica O traslado para os tanques é realizado geralmente através de bombas, até um volume máximo de 90% do volume total do tanque, já que a fermentação produz gás carbônico, o que gera um aumento significativo da parte sólida da uva dentro do tanque, a qual chamamos de “chapéu”. Neste momento, uma vez terminado de encher, é feita uma remontagem para homogeneizar o tanque. Uma vez o mosto no tanque, aproximadamente no segundo dia começa a fermentação alcoólica, que se inicia de uma forma lenta, para depois passar pelas fases de fermentação tumultuosa, mais agressiva e de fermentação lenta, até o desdobramento total do açúcar em álcool e gás carbônico. Durante estas fases, devem ser feitos vários controles diários de temperatura e densidade e, dependendo da marcha fermentadora, realizamse remontagens, recalques etc., necessários para que o grau de maceração e extração seja ideal para cada tipo de vinho que se deseja obter. A fermentação alcoólica, de acordo com as condições nas quais são produzidas, pode durar uma média de 4 a 7 dias. Trasfegue e prensagem Uma vez terminada a fermentação alcoólica, prossegue-se com o trasfegue do tanque, através do qual separamos o líquido (vinho novo) da massa (casca, polpa e sementes), que permanece no tanque até sua prensa. A massa que permaneceu no tanque depois do trasfegue, é descarregada do tanque até o cilindro da bomba de massas, que a conduz à prensa. Uma vez terminada a prensagem, teremos 3 classificações de vinho: “vinho gema”, que é separado por gravidade sem ação mecânica dentro do reservatório; “vinho lágrima”, obtido ao exercer uma pequena pressão sobre a pele da uva dentro do reservatório ou ao chegar na prensa; e “vinho prensado”, que é aquele obtido por pressão mecânica da prensa e que, dadas as suas características, não é misturado como os anteriores. Depois do trasfegue e prensagem do vinho, volta-se a trasfegar, a espera de que o vinho comece a fermentação maloláctica de forma espontânea, cuja explicação desenvolveremos nos próximos capítulos. ASPA INGENIEROS: C\ La Campa nº 11 26005 Logroño (La Rioja) www.aspaingenieros.com skype: alberto.pedrajo.aspa T: +34 941210448 F: +34 941287072 28 29 DRINKS Thaís Sinhorini SOL E ARES Caminhando pela charmosa Avanhandava, a enorme janela de vidro do restaurante Walter Mancini nos convida a observar o seu belo salão. Mesas, lustres e piano já indicam o tom mais sóbrio do lugar. Ao fundo, vemos o balcão de madeira entalhada com prateleiras de vidro repletas de garrafas do mundo todo. Il Ristorante Walter Mancini Rua Avanhandava, 126, Bela Vista São Paulo Tel: 55 11 3258.8510 Quem comanda esse bar é o habilidoso José Soares de Souza. Mais conhecido como Soares, atua há vinte e dois anos na área e trabalha para o Grupo Mancini há quase dez anos. É um apreciador das bebidas clássicas como o Negroni e cria novos drinks em uma velocidade impressionante. Para esta edição da revista, Soares criou o drink Sol e Ares, uma brincadeira com o próprio sobrenome. O drink é refrescante, equilibrado entre a acidez do limão, o doce da maçã verde e as especiarias do gin. O espumante traz um toque de verão ao drink e o deixa mais elegante na boca. - 30 ml de xarope de maçã verde - 20 ml de suco de limão siciliano - 30 ml de gin - Espumante para completar a taça Preparo Em uma coqueteleira com gelo, adicione o xarope, o suco e o gin. Misture bem. Em uma taça coquetel despeje o conteúdo e complete com o espumante. Decore a gosto e sirva imediatamente. Ping Pong O drink perfeito é Negroni Vinho tinto combina com Cordeiro Vinho branco combina com Peixe Um brinde para Minha esposa, Ednete 30 INGREDIENTES Texto: Carmen Jaureguiberri Um toque de canela Espécie: Cinnamomum zeylanicum Família: Lauraceae Originária de Sri Lanka, das Índias Ocidentais e da China, a caneleira é uma pequena árvore que chega a medir entre 9 e 15 metros de altura, com folhas longas e ovaladas, flores pequenas amarelo-esverdeadas. O fruto é uma baga de cor roxa, que produz uma única semente. A canela é a especiaria que se obtém da parte interna da casca do tronco da caneleira. Assim como outras especiarias, também foi introduzida no Mediterrâneo pelos fenícios e inicialmente se utilizava como perfume e afrodiasíaco. Foi usada pelos gregos, romanos e hebreus para aromatizar o vinho e com fins religiosos na Índia e na China. Entre as muitas histórias sobre a canela, conta-se que o imperador Nero, tomado de remorsos depois de matar sua esposa Popea com um pontapé na barriga, ordenou a construção de uma enorme pira para cremála. Nessa pira foi queimada uma quantidade de canela suficiente para o consumo, durante um ano, de toda a cidade de Roma. 31 32 De aroma intenso e sabor quente, levemente acre e adstringente no início, que depois se transforma em doce e sutilmente untuoso, a canela tem um enorme potencial no mundo da culinária, tanto em pratos doces como salgados. Ela perfuma com perfeição sobremesas, chocolates, bolos, biscoitos, pães, pudins, compotas, bebidas quentes ou refrescantes. E por falar em bebidas, a sangria ganha um toque especial com o aroma da canela. A canela era a especiaria mais procurada na Europa e seu comércio era muito lucrativo. O monopólio do comércio da canela esteve nas mãos dos portugueses no século XVI, passou para os holandeses com a Companhia das Índias Orientais, quando estes expulsaram, em 1656, os portugueses do Ceilão (atualmente Sri Lanka), e depois passou para as mãos dos ingleses, a partir de 1796, quando ocuparam a ilha. Os portugueses e holandeses foram os responsáveis pela introdução e consumo da canela por toda a Europa. Também foram os portugueses que trouxeram a canela ao Brasil. Mesmo sem a importância que teve no passado e não sendo mais motivo de lutas entre os povos, a canela continua sendo indispensável como tempero na culinária moderna. Atualmente, as principais regiões produtoras de canela são Sri Lanka, Índia, o sul da China, Madagascar e Brasil. 33 Cultiva-se a canela em climas quentes e chuvosos com temperaturas constantes, ao redor de 27º e 29º C. No Brasil, a produção encontra-se, principalmente, no Rio de Janeiro e nas regiões Norte e Nordeste do país. Seu nome científico, “Cinnamomum”, é derivado da palavra indonésia “kayu manis”, que significa “madeira doce”. Mais tarde, a canela recebeu o nome hebreu “quinnamon”, que evoluiu para o grego “kinnamon”. Os dois tipos de canela mais consumidos no mundo são, em primeiro lugar, a canela do Ceilão (Cinnamomum zeylanicum), muito aromática, suave e um pouco adocicada, que se desfaz em pequenas lascas entre os dedos; e também, ainda que em menor quantidade, a Canela da China, ou “cássia” (Cinnamomum cassia), de casca mais espessa e rugosa, que exala um cheiro mais aberto e menos adocicado. Comercializa-se a canela em pau ou em pó e também o azeite essencial. Na medicina chinesa, é usada desde o século III a.C.. É também adstringente, afrodisíaca, antisséptica, aperiente, aromática, carminativa, estimulante, hipertensora, sedativa, tônica, vasodilatadora e digestiva. Graças aos azeites essenciais que contêm certas propriedades que dissolvem melhor os alimentos, estimulam a salivação e os sucos gástricos, facilitando a digestão, a canela ajuda a combater a aerofagia, as digestões difíceis, a acidez, e estimula o apetite. Além disso, também é muito utilizada contra as doenças respiratórias, por sua riqueza em propriedades antibacterianas, expectorantes e anti-inflamatórias, sendo especialmente indicada contra a bronquite, os resfriados e a tosse. Composição química: acetato de eugenol, ácido cinâmico, açúcares, aldeído benzênico, aldeído cinâmico, aldeído cumínico, benzonato de benzil, cimeno, cineol, elegeno, eugenol, felandreno, furol, goma, linalol, metilacetona, mucilagem, oxalato de cálcio, pineno, resina, sacarose, tanino e vanilina Simbolicamente, a canela é uma especiaria ligada ao amor, sendo empregada muitas vezes como ingrediente de perfumes e poções para conquistar a pessoa amada. No Brasil, além do seu perfume e sabor, aprecia-se também sua cor e seus poderes mágicos: há quem acredite que ela atrai o sucesso nos negócios, trazendo sorte e determinação para a resolução de problemas. 34 ENTREVISTA Texto: Cristiana Couto Renata Arassiro Renata Arassiro gosta de chocolates desde criança. De hobby, a confecção de chocolates virou profissão. Ex-engenheira civil, Arassiro largou a carreira para embrenhar-se no doce mundo dos produtos feitos com cacau. Neste ano, os chocolates vendidos na loja que leva seu nome, no bairro do Campo Belo, zona sul de São Paulo, foram eleitos os melhores da cidade pela “Veja São Paulo Comer & Beber” – mesmo prêmio recebido, no ano passado, pela revista “Época São Paulo”. Suas criações são discretas e elegantes, verdadeiras joias de chocolate. “Não gosto de misturar muitas cores na vitrine”, explica Renata, que é, ainda, embaixadora da marca Callebault no Brasil desde 2005 – a única no país. Detalhista, a chocolatière ainda encontra tempo para dedicar-se a outra arte: esculturas feitas de chocolate. Em 2010, participou da Coupe du Monde de la Pâtisserie, importante campeonato do gênero, em Lyon. Alcançou o 14o lugar. Em janeiro de 2013, Renata embarca novamente para a França. Ela foi selecionada entre os quatro melhores profissionais da América Latina, em seletiva para o mesmo concurso realizada no México. “Ficamos em segundo lugar. Agora, rumo a Lyon”, comemora ela. 35 36 “ “ Uma vez que as pessoas passam a conhecer um produto de qualidade, elas começam também a ter referências de paladar. Como você começou sua carreira? Comecei a fazer chocolate com 14 anos de idade. Eu queria dar presentes personalizados para os meus amigos, mas não tinha dinheiro. Então, resolvi fazer chocolates. Eu também gostava de comer chocolates desde criança e queria saber como eles eram feitos. Então, comprava livros, procurava receitas, e comecei a presentear amigos e parentes. E como fazer chocolates virou sua profissão? No começo, era meu hobby. Quando entrei na faculdade - fiz Engenharia Têxtil -, continuei a fazer chocolates e comecei a vender na escola. Eu também tinha que testar as receitas, e sobrava bastante. Naquela época, eu fazia trufas! Mas nos anos 1990, as trufas eram gigantes. Eu as recheava de cereja, de amêndoas, menta e avelã. Depois que me formei, fui trabalhar como engenheira e continuei fazendo chocolates nos fins de semana. Comecei a pegar encomendas de cafeterias, como o Fran’s Café. Eram encomendas volumosas, de trufas, pães de mel, fudges... As encomendas começaram a aumentar e eu só tinha os fins de semana para preparar tudo. Então, decidi largar o trabalho para fazer chocolates. Você pode imaginar meus pais, como ficaram, não? De qualquer modo, trabalhei como engenheira durante oito anos. Você fez cursos para aprender a manipular chocolates? Matriculei-me no Senai, que era a instituição que oferecia cursos na época. Lá, fiz o curso de confeitaria e panificação. O pessoal do Senai percebeu que eu gostava de chocolates e que era talentosa, e me chamaram para criar um curso sobre o assunto. Assim, criei o curso e dei aula no Senai. Em 1999, comecei a trabalhar na JC Foods, representante de maquinários e produtos no Brasil, como a Callebeaut, a maior empresa de chocolates do mundo, na Bélgica. Fiquei lá por um bom tempo, como chef-chocolatier. Depois, passei a trabalhar em empresas de chocolate. E continuei dando aulas, como nas faculdades FMU e Anhembi Morumbi, Senac. Passei a dar consultorias também. Num certo momento, cansei de ensinar os outros e decidi abrir um espaço próprio para fazer meus chocolates. 37 Você nunca chegou a trabalhar em restaurantes? Não. Depois disso, fiquei um tempo fazendo bolos de casamento, docinhos e chocolates com uma amiga. Nós não tínhamos uma loja, apenas aceitávamos encomendas. Abri minha loja em 2008. Chamavase Esses Chocolates, e agora tem o meu nome. Queria trabalhar com chocolates de qualidade e trazer para esse universo os ingredientes brasileiros. Assim, trabalho os recheios dos bombons com cachaça e frutas brasileiras, como cupuaçu e cajá, o qual, na época, nem todo mundo conhecia. Minha ideia era aliar a qualidade da matéria-prima – o chocolate – a ingredientes brasileiros, usando técnicas mais modernas de design de chocolate. Se você observar meus bombons atentamente, verá que utilizo neles várias técnicas de trabalho: eles sempre têm uma cor, um detalhe diferente, como pétalas, cristais... Não tenho uma vitrine monótona. Também gosto de aliar texturas – e nós não trabalhamos com transfers coloridos sobre os chocolates. Qual é a sua opinião sobre o mercado brasileiro de chocolates? Muita gente por aqui abre lojas de chocolate, acontece um boom e, depois, fecham. Mas com a abertura do mercado, há várias opções de matéria-prima, várias marcas diferentes, e podemos usar aquilo que combina melhor com o nosso trabalho, a nossa proposta. Antes, o paladar do brasileiro era mais doce; hoje, ele já prefere o chocolate mais amargo. Uma vez que as pessoas passam a conhecer um produto de qualidade, elas começam também a ter referências de paladar. Hoje, elas aceitam chocolates com menos açúcar, com mais teor de cacau, mais brilho. É uma maneira de educar o público. Você vai aumentando os teores de cacau para que as pessoas saibam que existem vários tipos – há aqueles com sabores florais, de frutas e até defumados. Procuramos fazer, assim, harmonizações de chocolates com os recheios que usamos. 38 39 “ “ Como está hoje a indústria brasileira de chocolates, que não produzia produtos de qualidade? Está melhor. Com a onda das matérias-primas importadas, elevouse o nível da qualidade do chocolate por aqui. A indústria tem hoje, à disposição, chocolates com alto teor de cacau. O problema é que, até 10 anos atrás, o produto tinha muito açúcar, que é o ingrediente mais barato de um chocolate. Antes, os chocolates industriais tinham muita gordura hidrogenada. Eram os famosos guarda-chuvas, o chocolate Batom, as moedinhas douradas da Pan. Agora, todos se preocupam mais com a qualidade do chocolate. Há muitos produtos com mais teor de cacau. E há também o fato de que chocolate faz bem para a saúde. Mas ainda é preciso evoluir na qualidade dos grãos de cacau brasileiros – e isto já começou. Hoje, há varias fazendas na região de Ilhéus, no sul da Bahia, que melhoraram a qualidade do cacau. E produtores de cacau que se preocupam com a qualidade de sua matériaprima e com a sustentabilidade da cultura do cacau. Pois a situação é preocupante: daqui a alguns anos, não teremos cacau suficiente para atender a demanda por chocolate. ...um bom chocolate, além do brilho, tem que ter a consistência correta: ao ser quebrado, precisamos ouvir um estalo. Se começarmos a destruir as plantações de cacau (muitas delas transformam-se em pastos para o gado), não teremos mais matériaprima. O consumo de chocolate no Brasil é grande, mas comparado com a Europa é bem menor. Os Estados Unidos e o Brasil gostam mais de chocolates doces. Mas países da Ásia e da Europa gostam mais de chocolate amargo. O que é preciso para ser um bom chocolateiro? Primeiro, é preciso conhecer a matéria-prima. Também é preciso ter técnica para manipular o chocolate. No final, o produto tem que ter um acabamento perfeito: tanto por cima quanto por baixo, o chocolate tem que ter brilho. Quanto se parte um bombom, ele precisa ter o recheio na quantidade certa. A textura desse recheio também tem que ser firme, mas deve derreter fácil na boca. É preciso ainda que a receita seja equilibrada: um bom chocolate, além do brilho, tem que ter a consistência correta: ao ser quebrado, precisamos ouvir um estalo. Se isso não acontecer, é porque uma das etapas do processo de manipulação – chamado de pré-cristalização – não foi feita corretamente. Um bom chocolate também não pode ter manchas. E, ao ser colocado na boca, o chocolate tem que começar a derreter com o calor dela. Então, o profissional tem que dominar a matéria-prima e, principalmente, a técnica. Por fim, o chocolate tem que estar visualmente bonito e, principalmente, gostoso. A beleza de se trabalhar com chocolate é que você consegue fazer o que quiser com ele: esculturas, por exemplo. Veja a minha loja: nela, não há nenhuma embalagem que não seja transparente: isso é para que o cliente veja a qualidade, o brilho do produto. O chocolate amargo é melhor do que o chocolate ao leite? É difícil dizer isso, cada pessoa tem uma preferência. Mas quem quer sentir o sabor do cacau, suas nuances, o toque que ele oferece, é melhor provar os chocolates que têm maior teor de cacau. Ingredientes como o leite, por exemplo, podem encobrir um pouco essas sutilezas do cacau. Além disso, o chocolateiro tem que ter paladar para desenvolver a receita, combinar sabores. Pois o chocolatier cria os sabores, e tem que conhecer as tendências no mercado para estar sempre atualizado. O que eu mais gosto no chocolate é criar sabores. É claro que tenho os clássicos, como chocolate com café, com gianduia, com pistache. Mas gosto, por exemplo, além de frutas, de usar bebidas: para usálas, faço copinhos de chocolate com Mojito (rum, limão e hortelã), com caipirinha, com uísque Black Label ou licor Amarula, que levam delicadas medalhas também de chocolate por cima. Também tomo cuidado com a estética – não gosto de nada muito exagerado. Procuro nunca misturar tons de cores diferentes, para que a vitrine não fique muito colorida. Mas este é meu estilo. Cristiana Couto é jornalista de gastronomia, doutora em História da Ciência e autora do blog Sejabemvinho. É autora do livro Arte de cozinha: dietética e alimentação em Portugal e no Brasil (sécs. XVII-XIX), pela editora Senac-São Paulo. 40 SABOREANDO JUNTOS Texto: Don Alejandro [email protected] 41 Hola, amigos da comunidade Sociedade da Mesa. Uma grande saudação a todos. Este é nosso espaço para compartilhar descobertas, experiências e dicas do mundo da boa mesa, reunindo impressões da nossa comunidade, adepta aos prazeres da gula. Aqui estarão presentes as minhas e as suas sugestões de pratos, restaurantes, bares, ingredientes, bebidas e opiniões em geral. Neste espaço, encontraremos tudo que eu mais gosto na minha querida megalópole paulista e nas cidades que visitei. Foto: Rogério Voltan. “MIYA” a Casa Sagrada de Miyamura Tenho percebido coisas diferentes na noite da gastronomia paulistana. Alguma coisa está acontecendo ou é simplesmente algo pontual, mas tenho visitado alguns restaurantes que sempre estavam lotados, e hoje estão apenas “cheios”, com pouca ou nenhuma espera. Outros estão absolutamente vazios, sem motivo para isto: lugares de ótima culinária, onde chegamos e fomos a única mesa a ser atendida... Realmente, é muito esquisito. Não sei se é por causa dos arrastões paulistanos, alguma crise surgindo ou se é reflexo da superoferta de estabelecimentos. Mas algo diferente está ocorrendo. São casos como o Mani, aonde cheguei nas últimas duas vezes e sentei direto, sem espera; o Tappo, onde ocorreu o mesmo; o Pucci, onde fomos a única mesa a ser servida naquela quinta-feira à noite; e também como o excelente Miya. E, aproveitando a deixa, vou comentar sobre ele: Myia é do chef Flávio Miyamura – Flávio fez escola e emprestou seu talento ao Alex Atala e ao restaurante Eñe, onde esteve desde sua inauguração até o ano passado. Há seis meses, inaugurou sua própria casa, o Miya, ao qual também ofereceu seu nome, que, em japonês, significa Casa Sagrada. Um pequeno estabelecimento de no máximo 60 lugares, com decoração rústica, simples, de bom gosto e muito agradável, contando com detalhes como antigos brinquedos, livros e caixas de vinho simpaticamente espalhados abaixo da escada que comunica os dois ambientes. tesourada na sua frente, quando pode-se apreciar uma bela explosão de aromas... DIVINO! Vocês também devem experimentar o Arroz cremoso de pato com edamame. É SENSACIONAL! Miyamura, titular do fogão da casa, é muito talentoso e delicado. Diria que os pratos têm um ar minimalista, vistoso, discreto, e são cheios de cores e sabores. Como entradas, Vieiras chapeadas são valorizadas pela adição de raspas de limão siciliano. O Ceviche de robalo com manga, muito saboroso e com uma sensação refrescante na boca, vale o investimento! Como prato principal, um dos meus preferidos da casa revela a sua delicadeza, apesar de eu não ser fã de peixe: o Olhete assado com legumes, num saquinho transparente que vem à mesa fechado e é aberto com uma Vale a pena conferir. Se você for, comente. E se você tem alguma dica, escreva para donalejandro@ sociedadedamesa.com.br Don Alejandro é um colaborador convidado. Entusiasta do livre exercício dos prazeres da mesa, ilustra com depoimentos pessoais as suas aventuras enogastronômicas. O ponto fraco fica por conta da carta de vinhos, pequena e fraca, entregue a uma consultora. Detesto isso! O serviço é muito bom, com ótimas explicações dos pratos, e a equipe, muito bem treinada e sem frescura. Valeu, gente! Viva el buen comer! Viva la Vida! Nesta semana, entre outros, recebemos o comentário do nosso leitor confrade e sócio, Sérgio Machado, a respeito da nossa última dica de Barcelona. Ele adorou e ainda arriscou outras sugestões. Valeu, Sérgio, vamos conferir! MIYA Rua Fradique Coutinho, 47 - Pinheiros 05416 010 - São Paulo Tel.: (011) 2359-8760 www.restaurantemiya.com.br 42 43 Utilize um refratário retangular médio e forre o fundo com metade da massa do kibe. Modele bem nas beiradas, para que ele suba um pouco, a fim de dar acabamento com a cobertura que virá sobre o recheio. UM POUCO DE RECEITA Texto: Mateus Giovanni Fotos: divulgação Agora vamos ao recheio, intercalando os tomates, cebolas e alcaparras. Não coloque sal no recheio, para que ele não comece a soltar água. Por isso, a massa do kibe deve estar com sal suficiente para dar um toque ao recheio. Kibe Assado `A brasileira Na receita deste mês faremos uma releitura do famoso kibe de bandeja. O kibe faz parte da cultura de todos os países árabes. Foi trazido para o Brasil pelos sírio-libaneses. Antigamente, no Oriente-médio, era um prato feito de sobras de carne de cordeiro, na maioria das vezes, com trigo, pois a carne era escassa naquela região e o trigo fazia “render” o prato. Seremos desobedientes com alguns ingredientes que não imaginamos colocar em um kibe... Nosso prato vai servir bem 4 pessoas. Para fazer a massa básica do kibe, use 200g de trigo para kibe, hidratados por 1 hora em água fria, e depois muito bem espremidos com as mãos. É muito importante deixar o trigo o mais seco possível, antes de misturar com a carne. Misture com 600g de filet mignon limpo moído e 100ml de azeite extra virgem. Coloque uma colher de café de pimenta seca tipo calabresa e a mesma quantidade de pimenta do reino preta. Com as mãos, mexa bem a massa em uma tigela, até que fique homogênea. Por último, coloque uma colher de chá rasa de sal. Para o recheio, use 4 cebolas médias cortadas em fatias finíssimas, 2 colheres de chá de alcaparras em conserva e 2 tomates vermelhos, firmes e também fatiados. Para temperar o recheio, uns 3 ramos de hortelã fresco - somente as folhas picadas -, alguns ramos de salsa e cebolinha bem picados. Para cobrir, molde com a mão pequenos discos de kibe e cubra-os delicadamente, sem apertar muito o recheio. Para o kibe ficar bonito, devese ter paciência nesta hora, para cobrir todo o prato. Nosso kibe está pronto pra ir ao forno. Cubra o refratário com papel alumínio, mas não deixe encostar no kibe. Ele deverá ficar 15 minutos em fogo alto (250 graus) com o papel alumínio e, em seguida, mais 20 em fogo médio (180 graus) sem a cobertura. É importante monitorar, pois o tempo pode variar de acordo com o forno e não devemos deixar o kibe ressecar. Por isso, fique de olho. Por ser um prato completo e já conter as proteínas da carne e os carboidratos do trigo, uma salada de sua preferência acompanhará muito bem. Com isso, temos uma refeição completa. Para beber, podemos ir de vinho branco leve bem gelado, como os chardonnay, ou chás verdes com misturas típicas do oriente, como jasmim, laranja, hortelã e canela. 44 45 Sociedade da Mesa é muito bem-vinda e não paga rolha PROGRAMA SACA ROLHA Aqui nesta coluna publicamos bares e restaurantes onde você, associado da Sociedade da Mesa, poderá desfrutar de bons ambientes e boa gastronomia, com a liberdade de levar seu próprio vinho sem pagar a rolha! * Calá del Grau FLORIANO São Paulo Rua Joaquim Floriano, 466 Itaim-Bibi - SP Brascan Open Mall (11) 3079-3500 ANTONIETTA São Paulo Rua Mato Grosso, 402 Higienópolis - SP (11) 3214-0079 FORNERIA DO SANTA São Paulo Av. Ministro Gabriel de Resende Passos, 319 Moema - SP (11) 5054-1199 ATMOSPHERE São Paulo Rua Marechal Hastinfilo de Moura, 233 Morumbi - SP (11) 3743-6039 FREDDY São Paulo Rua Pedroso Alvarenga, 1170 Itaim Bibi - SP (11) 3167-0977 BÁRBARO São Paulo Rua Dr. Sodré, 241A Vila Olímpia - SP (11) 3845-7743 FISHBAR São Paulo Alameda Tietê, 40 Jardins - SP (11) 4327-3400 GENOVA São Paulo Rua Lisboa, 346 Pinheiros - SP (11) 3064-3438 Rua Joaquim Távora, 1266 Vila Mariana - SP (11) 5549-3210 GIBRAN São Paulo Rua Comendador Miguel Calfat, 296 V. Olímpia - SP (11) 2083-1593 LIMONN São Paulo Rua Manuel Guedes, 545 Jardim Europa - SP (11) 2533-7710 CHE BÁRBARO São Paulo CALÁ DEL GRAU São Paulo Rua Harmonia, 277 Vila Madalena - SP (11) 2691-7628 Genova CASUAL MIL São Paulo Rua Hungria, 1.000 Jardim Europa - SP (11) 2579-1029 MONET São Paulo Rua Fradique Coutinho, 37 Pinheiros - SP (11) 3032-7403 MARIPILI São Paulo Rua Alexandre Dumas, 1152 Chácara Santo Antônio - SP (11) 5181-4422 EÑE São Paulo Rua Dr. Mario Ferraz, 213 Itaim bibi - SP (11) 3816-4333 NICO São Paulo Rua Costa Aguiar, 1586 Ipiranga - SP (11) 2068-3000 GRAZIE A DIO São Paulo Rua Girassol, 67 Vila Madalena - SP (11) 3031-6568 ORYZA São Paulo Rua Mato Grosso, 450 Higienópolis - SP (11) 3151-4463 EL PATIO São Paulo Rua Normandia, 12 Moema - SP (11) 5536-0490 PARRILLA SAN PABLO Santos Rua Tolentino Filgueiras 55 Gonzaga - Santos – SP (13) 3288-1982 46 PAELLAS PEPE São Paulo Rua Bom Pastor, 1660 Ipiranga – SP (11) 3798-7616 BOTTEGA PARADISO São Paulo Rua Pirapora, 218 Vila Mariana - SP (11) 3052-1473 São Paulo Rua Joaquim Antunes, 224 Pinheiros - SP (11) 3068-9888 São Paulo Av. Brigadeiro Faria Lima, 2705 Jardim Paulistano - SP (11) 3031-0005 São Paulo Rua Fidalga, 340 Vila Madalena - SP (11) 3812-7815 São Paulo Rua Mourato Coelho, 1267 Vila Madalena - SP (11) 3032-8605 O POTE DO REI QUINTA DO MUSEU SANTA GULA SPADACCINO TANGER ZEFFIRO SACRA ROLHA APRIORI CUCINA DIVERIST`A BISTRO PRESS HILÁRIO CASCUDO São Roque Estrada Municipal Darcy Penteado, 3301 São Roque - SP (11) 4714-2041 PASTA DEL CAPITANO Ilhabela Av. Pedro Paula de Morais, 703 Ilhabela - SP (12) 3896-5241 CEDRO Sto Antônio do Pinhal Estrada do Pico Agudo, km 5, Bairro Sertãozinho - Sto. Antônio do Pinhal - SP (12) 3666-1873 DIVINO Nova Lima Quinta Avenida, 144 – Loja 6 Vale do Sol - Nova Lima - MG (31) 3541-4272 e 9958-9512 RONCO DO BUGIO Piedade São Paulo Rua Harmonia, 359 Vila Madalena - SP (11) 3037-7223 - 3031-8466 Estrada PDD, 128 Bairro dos Pires – Piedade – SP (11) 8259-7788 DIVINA GULA Maceió São Paulo Rua Frei Caneca, 669 Consolação - SP (11) 3259-0932 Av Eng. Paulo Brandão Nogueira, 85 Jatiúca - Maceió - Alagoas (82) 3235-1016 RESERVA AROEIRA Piraí São Paulo Rua Conselheiro Brotero, 903 Santa Cecília - SP (11) 3664-8313 Estrada Fazenda Aroeira, 757 Piraí - RJ (21) 2487-4011 São Paulo Rua Rio Grande, 304 Vila Mariana - SP (11) 4304-0300 FLORES Belo Horizonte Rua Oriente, 609 Serra - Belo Horizonte - MG (31) 3227-6760 DEGLI ANGELI Belo Horizonte Rua Francisco Deslandes, 156 Anchieta - Belo Horizonte - MG (31) 3281-7965 ILHA SPLENDOR Ilhabela Av. Cel. José Vicente Faria Lima, 2107 Reino - IlhaBela - SP (12) 3896-3346 TAYPÁ Brasília QI 17, Comercial, Bloco G, lojas 208/210 Fashion Park - Lago Sul - Brasília (61) 3248.0403 / 3364.0403 restaurante rotisseria EL TRANVIA 47 São Paulo São Paulo Porto Alegre Av. Portugal, 694 Brooklin - SP (11) 5041-6818 R. Haddock Lobo, 1014 Jardins - SP (11) 2737-4009 Rua Hilário Ribeiro, 281, Bairro Moinhos de Vento, Porto Alegre - RS (51) 3222-7718 DiVino * O nosso Programa Saca-Rolha possibilita que você, associado, leve 2 garrafas de vinho, à sua escolha, para degustar com a sua companhia. Você pode ir quantas vezes desejar no mesmo restaurante participante. 48 49 Novidade do Mês AIRUMÃ O requintado sabor brasileiro O Airumã Restaurante e Bar sabe muito bem fazer uso dos ingredientes típicos da culinária indígena: como abóboras, mandioca, mel, peixe, banana e ervas. Tudo trabalhado com o profissionalismo que oferece o prato com a exatidão e a medida certa do bom gosto em aroma, sabor e temperatura. O Salmão Manauara surpreende, já em apresentação e generosidade, é de comer reverenciando Tupã. Vale à pena conferir também a Picanha Peri e Ceci, a Costelinha Maué e o impressionante Risoto Mamã’bae. Receita do Airumã Além do conforto e requinte do ambiente agradabilíssimo e atendimento personalizado, o Airumã tem como propósito o resgate cultural. Salmão grelhado, guarnecido de abóbora assada, bastões de legumes e vinagrete de gengibre. Desde o tupi-guarani, presente no nome da casa, que significa Estrela D’alva e no batismo dos pratos elaborados com inquestionável qualidade e imprescindível bom gosto, até às esporádicas apresentações de música brasileira ao vivo! Para aproveitar a delicadeza e o sabor da abóbora cabochã corte-a em fatias médias. Tempere-as junto com o salmão com alho, ervas finas, sal e azeite. Asse o salmão junto com a abóbora à temperatura de mais ou menos 170ºC por 25 minutos. Reserve. AIRUMÃ Rua Antonio de Oliveira, 22 (11) 5184-2303 Faça o vinagrete misturando uma boa quantidade de tomate sem pele e sem sementes cortados em cubos de mais ou menos meio centímetro e tempere com azeite, gengibre picado, mel e sal a gosto. Sirva com bastões de legumes cozidos ao vapor. Faça suas compras por telefone (0800-774 0303) ou site até o dia 10 do mês e receba juntamente com sua próxima caixa de vinhos. Confira abaixo nossos vinhos em estoque. Faça seu pedido por telefone (0800-774 0303) ou site e receba juntamente com sua próxima caixa de vinhos. DECANTER CRISTALEX Preço para associado: R$ 69,00 TAÇAS CELEBRATION Par de taças de cristal Rona 660ml Casilda 2009 Gran Reserva Hécula 2009 Preço para associado: R$ 50,00 (o par) Origem: Chile Uva: 70% Cabernet Sauvignon e 30% Carmen`ere Preço para associado: R$ 40,20 Origem: Espanha Uva: Monastrel Preço para associado: R$ 39,60 Tonada Finca La Anita 2007 Stone Road Merlot 2011 Crash 2011 Origem: Argentina Uvas: Syrah, Malbec e Cabernet Sauvignon Preço para associado: R$ 39,80 Origem: África do Sul Uvas: Merlot Preço para associado: R$ 40,20 Origem: Espanha Uvas: Garnacha Tintorera, Garnacha Negra, Syrah, Tempranillo Preço para associado: R$ 41,80 Las Perdices Gran Seleccion de Barricas Chateau La Gravette Lacombe 2009 HAHN MERITAGE 2010 Origem: Argentina Uvas: 80% Malbec, 10% Petit Verdot, 5% Cabernet Sauvignon, 5% Tannat Preço para associado: R$ 98,00 Origem: França Uva: Syrah, Malbec e Cabernet Sauvignon Preço para associado: R$ 103,00 Origem: Estados Unidos Uvas: 48% Cabernet Sauvignon, 25% Merlot, 10% Cabernet Franc, 9% Malbec e 8% Petit Verdot. Preço para associado: R$ 98,00 SACA-ROLHAS BOLSA “SEIS” BOLSA “TRÊS” VACUVIN Modelo Sommelier De lona vermelha, modelo engradado. Prática e ideal para carregar até 6 garrafas. De lona verde com detalhes em couro. Ideal para carregar até 3 garrafas. Bomba de vácuo com rolhas para melhor garantir as características do vinho. Preço para associado: R$ 84,00 Preço para associado: R$ 120,00 Preço para associado: R$ 57,00 SERVIÇOS Preço para associado: R$ 28,00 51 VINHOS EM ESTOQUE ACESSÓRIOS 50 Revistas Vinhos em consignação e-news Nossas revistas estão disponíveis para consulta, pesquisa e curiosidade. Acesse nosso site e faça download de nosso acervo. Boa leitura! Se você vai fazer um evento, festa ou jantar, e precisa de vinhos, consulte-nos. Consignamos o vinho para você. Assim, nem sobrará nem faltará. Sem contar que será um prazer ajudá-lo a escolher o vinho mais adequado para a ocasião. Enviamos mensalmente informações sobre harmonização com o vinho do mês e artigo técnico sobre a cultura do vinho. IMPORTANTE: Excepcionalmente em dezembro Lembrete: recordamos aos associados que comuniquem quaisquer alterações no envio do mês, tais como alteração de quantidades, pedidos de seleção especial, acréscimo de vinhos do estoque ou suspensão até o dia 5 de dezembro. Pedidos sujeitos a confirmação no estoque. 52 UVAS: 50% Chardonnay e 50% Chenin Blanc Para a Seleção Especial de final de ano, temos uma novidade: o Espumante Las Perdices, mas desta vez elaborado com um rigoroso método Charmat, menos artesanal do que o Champenoise, mas que, quando bem produzido, pode nos dar espumantes fantásticos e mais econômicos. No Charmat é muito importante o tempo da segunda fermentação para conseguir o melhor perlage e a atuação completa das leveduras. Alguns produtores reduzem esse tempo ao mínimo possível e outros estendem-no ao máximo para que o perlage, aromas e sabores sejam de alta qualidade, persistentes e saborosos. Este é o caso do Espumante Las Perdices. Carlos Muñoz elaborou este espumante com um corte de 50% Chardonnay e 50% Chenin Blanc, um perlage fino, delicado e com aromas sutis. Valor para associado: R$ 39,90 Valor aproximado no mercado: R$ 50,00 PRÓXIMAS SELEÇÕES REGIÃO: Mendoza, Argentina PRÓXIMAS SELEÇÕES Próxima SELEÇÃO MENSAL SELEÇÃO ESPECIAL DE FIM DE ANO LAS PERDICES ESPUMANTE CHARMAT 53 Dezembro NOMAD FETEASCA NEAGRA 2009 REGIÃO: Dealu Mare, Romênia. UVAS: Feteasca Neagra A próxima escala das nossas aventuras no globo vinícola leva-nos para um destino inusitado. Trata-se de um dos mais antigos países produtores de vinhos e um dos 12 maiores produtores mundiais, porém nada frequente nas prateleiras brasileiras: a Romênia. As vinhas deste país têm mudado de mãos durante séculos e, não tão distante no tempo, a indústria vinícola e as vinhas foram nacionalizadas por Ceausescu e seu regime. Traçando um paralelo com a videira, que, quanto mais se esforça e mais dificuldades encontra, melhor uva produz, podemos ver hoje que, após tanto esforço dos produtores, os ascendentes vinhos deste país estão começando a competir de igual para igual com os vinhos de países produtores mais afamados. O vinho do mês provém da região do Dealu Mare, situada abaixo da cadeia montanhosa dos Cárpatos. É produzido com uma uva autóctone da região, chamada Feteasca Neagra, que tem sido elogiada mundialmente. Mesmo devastada pela filoxera, sua produção foi recuperada por alguns obstinados e dedicados produtores. Esta uva brilha na região do Dealu Mare, que oferece um clima continental com grande amplitude térmica, ideal para a produção da Vitis vinifera e vinhos. Será uma grande oportunidade para o nosso associado degustar este vinho envelhecido em barris de 300 litros de carvalho da Romênia, e assim conhecer esta nobre madeira. Para vocês, apresentamos, das terras do Conde Drácula, o vinho ROMENO do próximo mês: NOMAD Feteasca Neagra 2009, da vinícola Domeniile Sahateni, elaborado por uma das mais conceituadas enólogas da região, Aurelia Vicinescu. Valor para associado: R$ 39,80 Valor aproximado no mercado: R$ 55,00 Garanta seu espumante de fim de ano com esta Seleção Especial: faça seu pedido até 30 de novembro de 2012 e receba juntamente com sua caixa de dezembro. IMPORTANTE: EXCEPCIONALMENTE em dezembro Lembrete: recordamos aos associados que comuniquem quaisquer alterações no envio do mês, tais como alteração de quantidades, pedidos de Seleção Grandes Vinhos, acréscimo de vinhos do estoque ou suspensão EXCEPCIONALMENTE até o dia 05 DE DEZEMBRO. Pedidos sujeitos a confirmação no estoque. seleção Mensal 12 seleções/ano Só para lembrar: Seleção Grandes Vinhos, apenas 4 vezes por ano. seleção Grandes Vinhos 4 seleções/ano Além da assinatura da Seleção Mensal, a Sociedade da Mesa também oferece a Seleção Grandes Vinhos (trimestral). Na Seleção Grandes Vinhos (trimestral) são selecionados vinhos para guardas mais longas e para situações especiais. Uma seleção mais formal com um valor fora do alcance da Seleção Mensal. Funciona tal como a Seleção Mensal, exceto que o envio é feito de 3 em 3 meses e o preço médio por garrafa é R$100,00. A Seleção Grandes Vinhos (trimestral) é anunciada no mês que antecede a seleção na revista, newsletter e site, e os cancelamentos devem ser feitos até o dia dez do mês da seleção. março/12 junho/12 setembro/12 dezembro/12 Algumas de nossas seleções Cadastre-se já e receba! Cadastre-se já pelo e-mail [email protected] ou pelo telefone 0800 774 0303 e receba também a Seleção Grandes Vinhos! Sociedade da Mesa clube de vinhos 0800 774 0303 www.sociedadedamesa.com.br 55 Próxima SELEÇÃO GRANDES VINHOS PRÓXIMAS SELEÇÕES 54 Dezembro AMANI I am 1 2009 Região: Coastal Region, Stellenbosch, África do Sul Uvas: 36% Cabernet Sauvignon, 28% Merlot, 21% Cabernet Franc, 10% Shiraz, 3% Malbec, 2% Petit Verdot Produtor: Amani Vineyards A África do Sul não para de nos surpreender com seus vinhos. Por isso, para a seleção Grandes Vinhos de dezembro, escolhemos este fantástico vinho, que não deixará ninguém indiferente. Com uma tradição de mais de 300 anos, a África do Sul é um clássico na viticultura mundial. Com a sua abertura política e econômica após o fim do Apartheid em 1994, seus vinhos foram lançados ao desafio de recuperar seu espaço e aqui estão de novo: uma viticultura repleta de tradição, que se abre diante de uma enologia de futuro. Amani Vineyards está localizada no distrito de Stellenbosch, Coastal Region, considerada a região mais importante no cultivo de vinhas e famosa entre os aficionados do vinho pela grande variedade de sua excelente produção, definitivamente um ponto de referência na África do Sul. Aqui, apresentamos Amani I am 1, resultado de uma seleção dos melhores barris da safra 2009 da bodega. As variedades foram produzidas de forma independente, em barris de carvalho francês de 225l por 12 meses. Após a crianza, os barris são selecionados individualmente para fazer parte da coupage final, onde a enóloga Carmen Stevens procura o equilíbrio entre a fruta e a crianza do vinho. E sem dúvida consegue, porque este vinho surpreende por sua integração, cheio de nuances e tão saboroso que não há pressa por degustar. Suas qualidades farão com que sua passagem pela garrafa melhore-o nos próximos anos. Valor para associado: R$ 79,25 Valor aproximado no mercado: R$ 140,00 IMPORTANTE: EXCEPCIONALMENTE em dezembro Lembrete: recordamos aos associados que comuniquem quaisquer alterações no envio do mês, tais como alteração de quantidades, pedidos de Seleção Grandes Vinhos, acréscimo de vinhos do estoque ou suspensão EXCEPCIONALMENTE até o dia 05 DE DEZEMBRO. Pedidos sujeitos a confirmação no estoque. seleção Grandes Vinhos 4 seleções/ano Quem disse que não dá para conhecer o mundo sem sair de casa? Sociedade da Mesa clube de vinhos O mundo do vinho na porta de sua casa. A Sociedade da Mesa é o maior clube de vinhos do Brasil. Pertencente a um dos maiores grupos de clubes de vinho do mundo, leva com exclusividade a seus associados as melhores seleções de vinhos a valores especiais comparados aos do mercado, uma revista mensal gratuita, cursos, viagens, acessórios e mais do que isso, uma oportunidade única para desfrutar do mundo do vinho. São duas opções de assinatura: Seleção Mensal: Seleção Grandes Vinhos (trimestral): 1 caixa de vinhos de 4 ou 6 garrafas mensalmente. 1 revista com a descrição do vinho que está recebendo, a Seleção Mensal do próximo mês e seu valor e informações sobre o mundo do vinho de uma forma ampla e simples. O valor da garrafa é de R$42,00 aproximadamante. Não há cota de associação. O sócio poderá suspender o recebimento do vinho quantas vezes preferir. 1 caixa de vinhos de 4 ou 6 garrafas a cada 3 meses. 1 revista com a descrição do vinho que está recebendo, a Seleção Grandes Vinhos do próximo mês e seu valor e informações sobre o mundo do vinho de uma forma ampla e simples. O valor da garrafa é de R$100,00 aproximadamante. Não há cota de associação. O sócio poderá suspender o recebimento do vinho quantas vezes preferir. Escolha a sua (ou fique com as duas!) e deixe o resto com a Sociedade da Mesa. Sociedade da Mesa clube de vinhos Aqui você se preocupa em brindar, o resto deixa com a gente. 0800 774 0303 www.sociedadedamesa.com.br