complicações em cirurgia videolaparoscópica
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complicações em cirurgia videolaparoscópica
COMPLICAÇÕES EM CIRURGIA VIDEOLAPAROSCÓPICA Dr. Miguel Prestes ácul Membro Titular e atual Vice-Presidente da S.O.C.I.V.E.R.S. Complicação pode ser definida como “embaraço, dificuldade, complexidade”. “Fenômeno patológico inesperado que sobrevêm em indivíduo são ou numa doença e a agrava” .“Doença secundária ou condição desenvolvida no curso de uma doença primária ou condição”. “Superveniência de condições que dificultam o tratamento”. O seu estudo é fundamental para o desenvolvimento da prática médica de forma geral, sendo tema central de reuniões científicas e publicações técnicas e leigas. A Cirurgia Videolaparoscópica não foge da regra. É através do conhecimento das complicações de um determinado procedimento cirúrgico, que podemos evitá-la, diagnostica-la ou tratá-la adequadamente. A complicação é um evento inerente a qualquer procedimento cirúrgico. Só não tem quem não opera. Podemos classificar de forma didática as complicações em cirurgia Videolaparoscópica da seguinte maneira: Sistêmicas Anestésicas. Relacionadas ao pneumoperitônio de CO2. Abdominais De parede abdominal (de acesso). Profundas. Extra-abdominais Relacionadas a eletro-cirurgia COMPLICAÇÕES SISTÊMICAS: Normalmente relacionadas ao procedimento anestésico, o qual apresenta complicações comuns a qualquer procedimento anestésico-cirúrgico e específicas a Videolaparoscopia. As complicações anestésicas específicas da Videolaparoscopia em geral estão relacionadas ao pneumoperitônio de CO2 e suas importantes repercussões metabólicas. As mais referidas nba literatura são: - Hipertensão intra-craniana/intra-ocular. - Intubação brônquica. - Aspiração do conteúdo gástrico. - Arritmia cardíaca. - Enfisema sub-cutâneo. - Pneumo-mediastino; Pneumotórax; Pneumo-pericárdio. - Embolia gasosa. - /áuseas & vômitos. - Dor pós-operatória. COMPLICAÇÕES ABDOMIAIS: As complicações de parede abdominal (de acesso) podem ser classificadas de diferentes formas. Destaco duas: 1. COMPLICAÇÕES DE PAREDE ABDOMINAL: Secundárias a punção com agulha de Verres. Secundárias a inserção do primeiro trocater. Secundárias a inserção dos demais trocateres. Secundárias a manipulação dos trocateres. Secundárias a retirada dos trocateres. 2. COMPLICAÇÕES DE PAREDE ABDOMINAL: Hemorragia local. Lesão visceral: - Vísceras ocas. - Vísceras maciças. Lesão vascular. Estudo realizado no hospital Jean Verier em Bondy na França publicado em 1996 no Surgical Laparoscopy & Endoscopy analisou lesões sérias de punção em 103.852 cirurgias (386.784 trocateres). Estudo retrospectivo, foi realizado por questionário com 135 equipes na França de 1988 a 1994. As complicações observadas foram: Hemorragia local de punção = 218 casos. Lesão visceral = 63 casos. Lesão vascular = 47 casos. A análise dos resultados demonstrou que a hemorragia no local de punção foi a hemorragia local de punção foi a complicação mais comum e menos grave. 50% ocorreram na colocação primeiro trocater, 25% na colocação de outros trocateres e 25% na retirada dos trocateres. A Incidência de conversão no estudo devido a esta complicação foi de 11,3%. As lesões viscerais podem acometer a maior parte dos órgãos abdominais. No estudo, os órgãos mais afetados foram intestino delgado e fígado. A incidência da complicação foi de 0,6 por 1000 e a incidência de conversão devido a esta complicação foi de 65%.No estudo houve um óbito causado por uma perfuração de intestino delgado não reconhecida. Já as lesões vasculares são normalmente muito graves, porém muito infreqüentes. A Incidência neste estudo foi de 0,5 por 1000 e a Incidência de conversão de 85%.No estudo houveram seis óbitos por lesão vascular ( 17% de mortalidade): 01 lesão de aorta, 02 de veia cava inferior e 03 de veia ilíaca Neste estudo, o risco de acidente de punção foi de 3,2 por 1000 por cirurgia e de 0,8 por 1000 por punção. A mortalidade foi de 7 casos por punção (0,07 por 1000). Os autores concluem que os fatores de risco relevantes demonstrados pelo estudo são a experiência do cirurgião que é muito importante nas lesões vasculares, relativamente importante nas lesões viscerais e pouco importante nas hemorragias nos locais de punção. Em relação ao trocater, a colocação do primeiro trocater foi responsável por 83% das lesões vasculares, 75% das lesões viscerais e 50% das hemorragias locais de punção. Não parece haver relação dos acidentes com o fato do trocater ser descartável ou permanente. A hemorragia local de punção é mais freqüente com trocater tipo piramidal cortante do que com de ponta cônica. O trocater com mecanismo de segurança não previne acidentes graves (2 óbitos). Assim, 90% dos acidentes graves ocorrem na primeira punção. Os trocateres com sistema de segurança (retrátil) parecem não influenciarem positivamente. Os autores sugerem como atitude básica na prevenção de lesões de punção a realização de punção aberta (sob visão direta) de forma sistemática. COMPLICAÇÕES ABDOMIAIS São as profundas e são específicas de cada técnica e estudadas separadamente, por exemplo, complicações de colecistectomia, hernioplastias inguinais, da cirurgia de refluxo gastro-esofágico, etc... COMPLICAÇÕES EXTRA-ABDOMIAIS - Infecção trato-urinário. - Infecção respiratória. - Trombose venosa profunda. - Lesões por mal posicionamento do paciente na mesa cirúrgica. COMPLICAÇÕES DA ELETRO-CIRURGIA - Falha de isolamento. - Contato capacitivo. - Contato direto. A MELHOR MAEIRA DE EFRETAR AS COMPLICAÇÕES EM CIRURGIA VIDEOLAPAROSCÓPICA É ATRAVÉS DA PREVEÇÃO. PREVEÇÃO DAS COMPLICAÇÕES SISTÊMICAS/AESTÉSICAS - Conhecimento das alterações metabólicas do pneumoperitônio. - Alto índice de suspeição. - Monitorização adequada do paciente. - Técnica anestésica adequada. - Sondagem naso-gástrica. - Adequado controle da dor e das náuseas & vômitos pós-operatórios. - Relação estreita cirurgião/anestesista. PREVEÇÃO DAS COMPLICAÇÕES DE PAREDE ABDOMIAL - Conhecer o trocater. - Uso correto do trocater. - Uso do trocater correto. - Trans-iluminação da parede. - Primeira punção aberta quando indicada. - Fazer as punções acessórias.sempre sob visão direta. - Evitar excesso de manipulação dos trocateres. - Retirada sob visão direta. PREVEÇÃO DAS COMPLICAÇÕES ABDOMIAIS PROFUDAS (ABDOMIAIS) “As complicações em Cirurgia Videolaparoscópica são causadas por resultado direto de técnica operatória deficiente ou relacionadas a não identificação anatômica”. Eddie Joe Reddick, MD, FACS (/ashville, Tennessee). Assim, a boa técnica operatória e o conhecimento anatômico adequado são fundamentais PREVEÇÃO DAS COMPLICAÇÕES EXTRA-ABDOMIAIS - Antibioticoprofilaxia. - Prevenção da trombose venosa profunda. - Posicionamento adequado do paciente na mesa cirúrgica - cuidar quando utilizar perneiras. - Utilização adequada de sondas e cateteres. - Fisioterapia respiratória. PREVEÇÃO DAS COMPLICAÇÕES DA ELETROCIRURGIA - Conhecer os princípios da eletro-cirurgia e como prevenir as complicações relacionadas a ela. - Conhecer seu gerador de eletro-cirurgia. - Utilizar apenas gerador de alto-padrão. - Inspecionar periodicamente o isolamento do material. - Evitar contato metal/metal. - Somente ativar o eletrodo em contato com o tecido. - Usar material todo de metal ou todo de plástico. - Usar a menor corrente para conseguir o efeito desejado. - Preferir o uso do Sistema bipolar ao monopolar. COCLUSÃO Os fatores fundamentais na prevenção das complicações em Cirurgia Videolaparoscópica são a adequada formação e treinamento, a experiência do cirurgião, a estruturação da equipe cirúrgica, equipamento e instrumental de alto padrão e, talvez o mais importante, ter e manter normas rígidas de segurança. A atitude do cirurgião perante a complicação é também fundamental. O cirurgião deve conhecer as complicações e saber como tratá-las. Deve manter alto índice de suspeição de complicação e corrigir imediatamente por via laparoscópica ou laparotômica a complicação. A complicação faz parte do “teatro cirúrgico”, e acompanha a prática cirúrgica. Conversão não é complicação. Reoperação é que é complicação. A conversão faz parte do contexto cirúrgico, reoperação não ! Evidentemente que o cirurgião não deve converter por pouca coisa, mas não deve deixar de converter quando avalie necessário, para que não precise reoperar depois. O recado final é que a, definitivamente a PREVEÇÃO É A MELHOR SOLUÇÃO !
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