`As Cinzas de Deus`, a linguagem do corpo na tela

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`As Cinzas de Deus`, a linguagem do corpo na tela
O Estado de São Paulo
Quarta-feira, 10/10
‘As Cinzas de Deus’, a linguagem do corpo na tela
Fernanda Lippi volta ao país para lançar projeto e para a inauguração de uma
filial da companhia que ela dirige em Londres, a Zikzira.
Helena Katz
Especial
Ela vive fora do Brasil há sete anos e sua volta se dá em grande estilo.
Fernanda Lippi começa a restabelecer seus vínculos conosco de duas
maneiras: inaugurando, por intermédio do primeiro filme de dança
produzido aqui, As Cinzas de Deus, um projeto que prevê o lançamento
de uma filial da companhia que dirige em Londres, a Zikzira. Realizado
pela produtora inglesa Maverick Motion, o primeiro filme está sendo prélançado hoje, somente para convidados, às 20 horas, no British Council.
As Cinzas de Deus tem coreografia de Fernanda, com o roteiro e direção
do cineasta suíço André Semenza, fotografia do inglês Marcus Whaterloo
e traz no elenco ex-bailarinos de duas companhias mineiras, o Grupo
Corpo e o 1º Ato: Jaqueline Gimenes (que se tornou uma das marcas
fortes do Grupo Corpo), Tuca Pinheiro Domingues e Marise Diniz.
Para falar de criação, transformação e morte, o filme partiu da
Metamorfose, de Ovídio. Trata-se de personagem que volta ao passado
e encontra lá outros habitantes e tem como tarefa libertar-se e libertálas.
Como foi filmado nas ruínas de antiga estação de trem do século 18, a
locação, em Ribeirão Vermelho, no sul de Minas, resultou num ambiente
perfeito. Paredes destruídas, lama, muita poeira, rastros das inundações
do Rio Grande por todos os cantos, como se os sinais físicos da
degradação arquitetônica, eles mesmos fossem fantasmas. Na rotunda,
ainda há vitrais espetaculares, telhas francesas, ferro fundido importado
de Glasgow. A tônica do visual do filme está nesse cruzamento de
texturas e no modo como elas se tornam materiais.
Os minutos já editados revelam uma produção cuidadosa, uma
realização caprichadíssima e um desempenho impecável do elenco. Os
habituais fãs de Jaqueline Gimenez terão o prazer de reencontrá-la
como uma intérprete mais madura e com mais tonalidades de atuação.
Fernanda Lippi se mostra uma coreógrafa que aposta na dramaticidade
e no vigor físico e seu manejo de ambos indica que este pode se tornar
um filme realmente bom. Além disso, pode abrir um mercado para a
dança e seus profissionais – sendo este o aspecto que mais importa no
projeto que a Maverick Motion está lançando com As Cinzas de Deus.
Fernanda Lippi criou a Zikzira Physical Theatre em 1999, em Londres,
com André Semenza e a coreógrafa grega Athina Vahla em espaços não
convencionais e em eventos artísticos, tais como na inauguração da
Tate Modern, no Sportorama e no Royal Festival Hall 2000. Agora, com
a fundação da Zikzira brasileira, declara desejar “um intercâmbio
criativo no desenvolvimento da linguagem que misture Grotovsky com
Stanislavsky e Pina Bausch”. Fernanda graduou-se em 2000 com o
Diplom of Dance Theater Choreographer no Laban Center, onde foi
bolsista por três anos.

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