Catálogo IX Panorama Internacional Coisa de Cinema
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Catálogo IX Panorama Internacional Coisa de Cinema
IX Panorama Internacional Coisa de Cinema ÍNDICE 04 12 16 22 26 30 34 38 42 44 48 Competitiva Nacional Competitiva Baiana Competitiva Internacional de Curtas Homenagem a Carlos Reichenbach Homenagem a Roberto Pires Mostra Bruno Dumont Mostra Hitchcock Panorama Brasil Panorama Internacional Panorama Alemão Panorama Mexicano 52 Panorama IndieLisboa 56 Panorama Italiano 58 Sessão Animage 62 Sessão Cinema do Desbunde 64 Sessão Cineclube Mario Gusmão 66 Comissão de Seleção 67Oficineiros 68 Consultores do Laboratório de Roteiros 69Colóquio 70Equipe 70Contatos No ano em que fomos às ruas… …insatisfeitos com a democracia ilusória, o Panorama relembra seus compromissos com a produção independente, exibições de boa qualidade em cinemas de rua localizados em Centros Históricos. Compromisso com o cinema, a cidade e nossa história. O Panorama acontece simultaneamente em Salvador e Cachoeira. Nosso reconhecimento à Universidade Federal do Recôncavo e ao Cineclube Mário Gusmão, que acolhem o festival, pela segunda vez, na histórica Cachoeira. Ao longo de oito dias, o Panorama exibe uma produção praticamente inédita no estado. Nas Competitivas Nacional e Baiana, filmes potentes e com personalidade! Pela primeira vez realizaremos competição internacional de curtas-metragens. Filmes de vários países, com distintas abordagens e temas, que traçam um vigoroso painel da produção mundial. Este ano, firmamos parceria com dois festivais que admiramos: Indielisboa (Portugal) e ficunam (México). Ambos vão anunciar, ao final do festival, dois filmes brasileiros selecionados para suas próximas edições. Sempre tratamos, no Panorama, do cinema do presente, mas sem deixar de olhar com carinho para o que já foi realizado. Em 2013, faremos breve retrospectiva de três cineastas de vital importância: Roberto Pires, Carlos Reichenbach e Alfred Hitchcock. Projeções de cópias restauradas à altura do cuidado com que esses cineastas confeccionaram seus filmes. Desenvolvemos parcerias com diversas universidades e escolas públicas estaduais e municipais, pois sabemos que o mais grave dos entraves em nosso país está na educação, ou na falta dela. Os estudantes terão acesso gratuito às sessões. Gratuitas também serão nossas oficinas: de Crítica Cinematográfica, Direção e o Laboratório de Roteiros, proposta pioneira no estado e que consideramos muito importante para o desenvolvimento do cinema na Bahia. O Panorama foi contemplado em edital estadual para projetos calendarizados, que garante três edições seguidas do festival. Pela primeira vez, começamos uma edição com a certeza de que a próxima acontecerá, algo revolucionário para projetos culturais. Mas, infelizmente, o governo cortou as verbas da cultura, que já são pequenas, deixando centenas de artistas e produtores em situação delicada. Ações culturais do próprio estado foram canceladas, projetos contemplados pelo Fundo de Cultura não receberam recursos e não existe, ainda, perspectiva para o caso. O mesmo governo que criou a Secretaria de Cultura, a coloca em situação de extrema fragilidade. Precisamos, urgentemente, que o governo tenha uma política cultural e planejamento rigorosos. E respeito aos compromissos firmados. Bom Panorama a todos! Cláudio Marques e Marília Hughes OS ESTUDANTES TERÃO ACESSO GRATUITO ÀS SESSÕES. GRATUITAS TAMBÉM SERÃO NOSSAS OFICINAS: DE CRÍTICA CINEMATOGRÁFICA, DIREÇÃO E O LABORATÓRIO DE ROTEIROS 3 IX Panorama Internacional Coisa de Cinema Competitiva Nacional CURTAS A que deve a honra da ilustre visita este simples marquês? Au revoir Colostro Contos da maré Deixem diana em paz Em trânsito Fernando que ganhou um pássaro do mar Jessy Lição de esqui Memória da memória Não estamos sonhando Pouco mais de um mês Sanã Todos esses dias em que sou estrangeiro Tremor Verona LONGAS Avanti Popolo Educação sentimental Exilados do vulcão Morro dos Prazeres O homem das multidões O lobo atrás da porta Pinta Tatuagem 4 IX Panorama Internacional Coisa de Cinema COMPETITIVA NACIONAL JÚRI Eva Sangiorgi Marcelo Lordello Nuno Sena Estudou Ciências da Comunicação na Universidade de Bolonha. Desde 2003 produz projetos com artistas contemporâneos na Cidade do México. Atuou como programadora em vários festivais, entre eles o Festival de Cine Iberoamericano em Bolonia, Itália; ficco, do qual é membro fundadora; Festival do México e Cine Planeta; Festival Internacional de Cine em Baja. Em 2011 fundou o Festival Internacional de Cine unam, focado em cinema de arte e vanguardas das produções contemporâneas. O Ficunam já teve entre seus convidados Apichatpong Weetrasethakul, Artavazd Peleshian, Darezhan Omirbayev, Chantal Akerman, Jonathan Rosenbaum; e publicou a primeira monografia sobre Masao Adachi e a teoria de montagem de Peleshian. Diretor, Diretor de Fotografia e Montador, integrante da produtora pernambucana Trincheira Filmes. Nascido em Brasília em 1981, graduouse em Comunicação pela Universidade Federal de Pernambuco. Em 2007, iniciou sua carreira de diretor com o curta-metragem Garotas de Ponto de Venda, seguido de Fiz zum zum e pronto (2008) e No27 (2008). Este último e seus dois longas Vigias (Documentário, 2010) e Eles Voltam (Ficção, 2012) estrearam no Festival de Brasília e circularam por outros importantes festivais nacionais e internacionais. Fundador, diretor e programador do IndieLisboa desde a criação do festival. Licenciou-se em Ciências da Comunicação, com especialização em Cinema/Audiovisuais na Universidade Nova de Lisboa. Foi assessor de direção do Instituto do Cinema e Audiovisual de Portugal e responsável pelo departamento de programação da Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema. Atuou como programador do doclisboa. Ensina História e Estética do Cinema e Cinema Documental no Curso de Cinema e Vídeo Documental no Instituto Politécnico de Tomar. 5 IX Panorama Internacional Coisa de Cinema COMPETITIVA NACIONAL CURTAS A que deve a honra da ilustre visita este simples marquês? rafael urban e terence keller, pr, 25’, cor, digital, 2013 Max Conradt Jr. guarda a memória de um mundo em sua casa e recebe cada visitante com a mesma indagação: “A que deve a honra de tão ilustre visita este simples marquês?”. contato: tu i tam filmes [email protected] 41∙9146∙1365 Au revoir milena times, pe, 20’, cor, digital, 2013 Um corredor estreito separa e une a vida de duas vizinhas. contato: milena times [email protected] 81∙9782∙6787 Colostro cainan baladez e fernanda chicolet, sp, 15’, cor, digital, 2013 Colostro é a primeira secreção da mama após o parto. Rita adota uma bebê e tenta produzir esse leite em seus seios. Mas o líquido que sai é vermelho. contato: arte in vitro filmes [email protected] 11∙3853∙0434 Contos da maré douglas soares, rj, 18’, cor, digital, 2013 Lendas urbanas, memórias de uma família e do local onde moram. Uma história de lobos, cobras e porcos para uma complexa Maré. contato: 3 moinhos produções [email protected] 21∙2549∙2704 Deixem Diana em paz julio cavani, pe, 10’, p&b, digital, 2013 No auge de sua carreira profissional e acadêmica, Diana não tem tempo para descansar por causa do trabalho e dos estudos. Quando completa 30 anos de idade, resolve largar tudo para se dedicar apenas ao mar e ao sono. Dormir e nadar se tornam o seu caminho para a libertação e a realização pessoal. Esse seu reencontro com a natureza é levado ao extremo até chegar a uma situação-limite. O filme conta essa história a partir dos traços do artista Cavani Rosas. contato: júlio cavani [email protected] Em trânsito marcelo pedroso, pe, 20’, cor, digital, 2013 Elias, em trânsito. contato: símio filmes [email protected] 81∙9269∙5942 Fernando que ganhou um pássaro do mar felipe bragança e helvécio marins jr, brasil/ portugal, 20’, cor, digital, 2013 Uma pequena cantiga luso-brasileira. Fernando divide seu tempo entre um café da vizinhança e a pequena casa em que vive no Porto. Do Brasil, recebe um pequeno presente que lhe faz imaginar o Paraíso. contato: agencia - portuguese short film agency [email protected] +351 252 646683 Jessy paula Lice, rodrigo Luna e ronei jorge, ba, 15’, cor, digital, 2013 Jessy é a versão curta do documentário Jéssica Cristopherry. Assim se chamavam todas as personagens da infância de Paula Lice. Atriz, dramaturga e mulher, Paula conta com o apoio das madrinhas Carolina Vargas, Ginna d’Mascar, Mitta Lux, Rainha Loulou e Valérie O’Harah, para resgatar Jéssica e realizar o desejo de ser transformista. O filme de estreia da Buh!fu Filmes, parceria entre os artistas Rodrigo Luna, Ronei Jorge e Paula Lice, documenta a construção de Jéssica e homenageia carinhosamente a cena transformista soteropolitana. contato: movioca content house [email protected] 71∙9957∙7556 6 IX Panorama Internacional Coisa de Cinema COMPETITIVA NACIONAL CURTAS A que deve a honra da ilustre visita este simples marquês? Deixem Diana em paz Fernando que ganhou um pássaro do mar Contos da maré Au revoir Jessy Em trânsito 7 Colostro IX Panorama Internacional Coisa de Cinema COMPETITIVA NACIONAL CURTAS Lição de esqui Memória da memória Sanã Pouco mais de um mês Lição de esqui Não estamos sonhando Pouco mais de um mês leonardo mouramateus e samuel brasileiro, ce, 23’, cor, digital, 2013 luiz pretti, ce, 12’, p&b, digital, 2012 andré novais, mg, 23’, cor, digital, 2013 Sim, nós faremos um mundo. Não estamos sonhando. Luta a luta o faremos, peça por peça o faremos, pedaço por pedaço o faremos. Não estamos sonhando. André e Élida namoram há pouco tempo. Na vida real e na ficção. contato: alumbramento produções cinematográficas [email protected] 85∙3077∙3138 Sanã Neve é água. Água é água. contato: praia à noite [email protected] 85∙8841∙6422 Memória da memória paula gaitán, rj, 25’, cor, digital, 2013 Aquele que não tem limites, pleno de afeto e imaginação. contato: paula gaitán [email protected] contato: filmes de plástico [email protected] 31∙8705∙5735 marcos pimentel, mg, 18’, cor, digital, 2013 No interior do estado do Maranhão, um menino e suas buscas pela imensidão da paisagem. contato: marcos pimentel [email protected] 31∙9166∙2520 8 IX Panorama Internacional Coisa de Cinema COMPETITIVA NACIONAL CURTAS Tremor Todos esses dias em que sou estrangeiro Verona Não estamos sonhando Todos esses dias em que sou estrangeiro eduardo morotó, rj, 20’, p&b, digital, 2013 Antônio chega a baixada do Rio de Janeiro para trabalhar em um restaurante de beira de estrada onde o irmão trabalha Desconfortável com esse mundo novo, ele se envolve em uma briga e é punido pelo irmão. Antônio decide dar o troco. contato: cavideo produções [email protected] 21∙8825∙1501 Tremor Verona ricardo alves jr, mg, 14’, cor, digital, 2013 marcelo caetano, sp, 34’, cor, digital, 2013 Um dia na vida de um homem. Ele procura por sua mulher. Ele busca respostas. Ele busca por vida. Dez anos após o rompimento do duo de dance music Verona, Elias volta ao Brasil para reencontrar seu antigo parceiro, Walter, que está prestes a se casar com Filipe. Walter mora em uma casa isolada no meio do mato, túmulo das ambições da juventude e território de outros sonhos incertos. contato: ricardo alves jr [email protected] contato: marcelo caetano [email protected] 9 IX Panorama Internacional Coisa de Cinema COMPETITIVA NACIONAL LONGAS Avanti Popolo Morro dos Prazeres O homem das multidões michael wahrmann, sp, 72’, cor, digital, 2012 maria augusta ramos, rj, 90’, cor, digital, 2013 Resgatando imagens Super-8 captadas pelo seu irmão nos anos 70, André tenta reavivar a memória do seu pai que há 30 anos espera o filho desaparecido. Crônica documental sobre o dia-a-dia de uma comunidade do Rio de Janeiro um ano depois da instalação de uma Unidade de Polícia Pacificadora (upp). Durante 4 meses (abril a julho de 2012), a cineasta e sua equipe acompanharam o cotidiano da favela que dá nome ao filme, em Santa Teresa, observando o processo de pacificação a partir do ponto de vista de seus protagonistas: de um lado, os moradores da comunidade, que experimentam uma nova rotina a partir da expulsão do tráfico de drogas, e de outro, os policiais, que representam a presença da lei em um espaço até então marcado por sua ausência. Depois de anos de uma história marcada pelo abandono público e pela agressão policial, Morro dos Prazeres testemunha os esforços para o estabelecimento de um diálogo entre sociedade civil e Estado, e a tentativa de construção de uma nova noção de cidadania. Ao lado de Justiça (2004) e Juízo (2007), trabalhos anteriores da diretora, o filme forma uma trilogia em torno dos sentidos de lei para os cidadãos e para os sujeitos encarregados de fazê-la valer. cao guimarães e marcelo gomes, mg/ pe, 95’, cor, digital, 2013 contato: vitrine filmes [email protected] 11·3081·0968 Educação sentimental julio bressane, rj, 84’, cor, 35mm, 2013 O filme narra a relação entre Áurea, professora solitária de 40 anos, e o jovem que acaba de conhecer – um desses encontros de que a mitologia e a literatura estão fartas, uma alma sensível vê-se atraída por uma beleza que a solicita, perturba. Nos dias que se seguem, ela irá mostrar seu sentimento através de aulas em que ele se deixará levar até que uma história do passado se revela e transforma tudo. contato: república pureza filmes [email protected] 21·3264·5920 Exilados do vulcão paula gaitán, rj, 125’, cor, digital, 2013 Ela conseguiu salvar do incêncio fotos e um diário com frases escritas à mão. Estas palavras e rostos são os únicos rastros deixados pelo homem que amou. Cruzando montanhas e estradas, ela tenta refazer os passos dele. Os lugares que visita carregam pessoas, gestos, lembranças e histórias que se tornam parte de sua vida. contato: franco filmes [email protected] 21·2554·9059 10 contato: no foco filmes [email protected] [email protected] 21·8749·2313 Juvenal é um maquinista de metrô em Belo Horizonte, Margô controla o fluxo dos trens. Ambos vivem em um estado de profunda solidão cada um a sua maneira. Esse filme é uma reflexão sobre diferentes formas de solidão e amizade no universo urbano brasileiro. contato: rec produtores [email protected] 81·3073·1650 O lobo atrás da porta fernando coimbra, sp, 100’, cor, digital, 2013 Uma criança é raptada. Na delegacia, Sylvia e Bernardo, pais da vítima, e Rosa, principal suspeita e amante de Bernardo, prestam depoimentos contraditórios. Rosa e Bernardo se conheceram num trem do subúrbio do Rio de Janeiro. Tornaram-se amantes. Obsecada, Rosa desenvolve uma amizade secreta com Sylvia, sem que ela saiba da sua relação com o marido. Sylvia, cansada de sua rotina de dona de casa, vê sua amizade com Rosa como um tempero que dá mais brilho a sua tediosa rotina. Esse fogo reaceso em Sylvia vai provocar o renascimento da paixão entre ela e Bernardo. Desesperada, Rosa engravida dele, que num ato de desespero força-a a um aborto. contato: gullane entretenimento [email protected] 11·5084·0996 IX Panorama Internacional Coisa de Cinema COMPETITIVA NACIONAL LONGAS Pinta Educação sentimental Pinta jorge alencar, ba, 72’, cor, digital, 2013 Tatuagem Dublagens, dublês, remixes, covers estéticos. Difuso, descentralizado, periférico, embriagado. Tema: Coreochanchada extemporânea. Contém: nu artístico, zoofilia discreta e dança. contato: dimenti - ellen mello [email protected] 71·8711·5304 Exilados do vulcão Tatuagem hilton lacerda, pe, 110’, cor, digital, 2013 Avanti Popolo O Homem das multidões Ano de 1978. No Brasil, a ditadura militar, ainda atuante, mostrava sinais de superação. Um teatro/ cabaret de fundo anarquista, o Chão de Estrelas, que reunia intelectuais e artistas, junto a seu tradicional público de homossexuais, ensaiava a resistência pelo deboche e pela anarquia. Clécio, 32 anos é o líder dessa trupe. Sua personalidade forte e imperativa garante-lhe autoridade. Sua vida muda ao conhecer Fininha, apelido do soldado Arlindo, 18 anos. Recruta do interior e que serve ao exército na capital, é cunhado de um dos membros da trupe. Clécio inicia com Fininha um romance onde as relações de poder se estabelecem de forma enviesada. O amor que germina desse encontro é pautado pelo conflito entre os dois mundos. contato: rec produtores [email protected] 81·3073·1650 O lobo atrás da porta Morro dos Prazeres 11 IX Panorama Internacional Coisa de Cinema Competitiva Baiana 28 Braseiro Hereros Angola Maria vai ca’s vaca O menino invisível Rabeca Testemunho Um filme para Michal Veraneio 12 IX Panorama Internacional Coisa de Cinema COMPETITIVA BAIANA JÚRI JÚRI OFICIAL Francis Vogner Francis Vogner é mestrando em Meios e Processos Audiovisuais na eca-usp, crítico de cinema e foi redator da Revista Cinética por cinco anos. Também colaborou para a Foco Revista de Cinema, Filme Cultura, Teorema, Miradas del Cine (Cuba), Cahiers du Cinéma España, La Furia Umana (Itália) e Revista Interlúdio. É um dos curadores da Mostra de Cinema de Tiradentes, Cine bh e Cine Ouro Preto e realizou em 2013 a Mostra Jacques Rivette - já não somos inocentes, no ccbb de sp e no do rj. José Francisco Serafim Professor adjunto na Faculdade de Comunicação/ufba e pesquisador de Cinema junto ao Programa de Pós-graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas/ufba. Entre outros, autor do artigo “Quand Bahia s’éveillera”, Cahiers du Cinéma (Suplemento Brasil), Outubro/2005; dos livros Autor e autoria do cinema e na televisão, Edufba, 2009 e Godard, Imagens e Memórias. Reflexões sobre História(s) do cinema. Edufba, 2011. Realizador de filmes documentários. JÚRI ABCV Francis Vogner J. Francisco Serafim Marcelo Ikeda Marcelo Matos de Oliveira Educador, cineasta e produtor com graduação em Psicologia e mestrado em Educação pela ufba. Trabalhou 6 anos com crianças e adolescentes em situação de rua em Salvador. Foi coordenador de projetos sociais como “Projeto Lanterninha” e “Telefone de Lata”. Foi produtor de Álbum de Família, dirigido por Wallace Nogueira, e Curandeiros do Jarê, de Marcelo Abreu. Escreveu, dirigiu e montou o curta Menino do Cinco, ganhador de 15 prêmios, exibido em mais de 50 festivais em 16 países. Márcia Nunes Natural do Rio de Janeiro, com formação em Ballet Clássico pela Royal Academy Of London e Ciências Sociais (unb-Brasília). Iniciou suas atividades em cinema como assistente de produção e cenografia; produtora de campo; pesquisa; trabalhou como diretora de arte em peças teatrais e filmes de ficção. É cineclubista, arteeducadora, produtora executiva de cinema e vídeo. Atualmente Diretora de Projetos da Associação Baiana de Cinema e Vídeo (abcv/abd-ba). Solange Lima Marcelo Ikeda Marcelo Ikeda é professor do Curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal do Ceará, com mestrado em Comunicação pela Universidade Federal Fluminense. Trabalhou na ancine entre 2002 e 2010, exercendo diversas funções. Realizou diversos curtas-metragens, entre eles O posto (2005), Eu te amo (2007) e Carta de um jovem suicida (2008). Curador da Mostra do Filme Livre (rj), crítico de cinema e coautor, com Dellani Lima, do livro Cinema de Garagem: um inventário afetivo do jovem cinema brasileiro do século xxi. Marcelo Matos de Oliveira Márcia Nunes Solange Lima Produtora de cinema, proprietária da Araçá Azul Cinema e Vídeo, por onde já produziu mais de 15 curtas. Idealizadora e produtora das oficinas Orlando Senna de Roteiro Audiovisual. Co-produtora dos filmes Jardim das Folhas Sagradas, de Pola Ribeiro; Brilhante, de Conceição Senna; e Capitães da Areia, de Cecília Amado. Produtora de Estranhos, longa de Paulo Alcântara, em fase de distribuição. Foi presidente da abd Nacional, atual diretora da apc-ba e do cbdc (Centro Brasileiro pela Diversidade Cultural). 13 Maria vai ca’s vaca IX Panorama Internacional Coisa de Cinema COMPETITIVA BAIANA Testemunho Um filme para Michal 28 Veraneio Braseiro 14 Hereros Angola Rabeca O menino invisível IX Panorama Internacional Coisa de Cinema COMPETITIVA BAIANA 28 Maria vai ca’s vaca Testemunho luciana rodrigues, ba, 24’, cor, digital, 2013 luara de, ba, 7’, cor, digital, 2013 rafael rauedys, ba, 8’, cor, digital, 2013 Os ciclos do tempo se cumprem no corpo feminino. Sangue, pêlos, águas, solidão, compõem e decompõem o corpo em cena. Um encontro entre as inevitabilidades da condição feminina e as construções sociais expressas nos cuidados íntimos. Durante as férias, Maria questiona a escola. Um homem assiste a um filme onde seus conflitos internos renegam seu espaço nele, defendendo seu lugar de resistência no mundo. contato: luciana rodrigues [email protected] / 71·8164·2297 Braseiro thiago gomes, ba, 23’, cor, digital, 2013 No Sertão nordestino, Avó, Pai, Mãe e Filho buscam uma maneira de salvar o Filho Mais Velho, pego roubando nas terras do vizinho Zé Seco. contato: kalik produções artísticas [email protected] [email protected] 71·8760·6074 / 9132·3265 Hereros Angola sérgio guerra, ba, 99’, cor, digital, 2012 Habitantes das terras do sudoeste de Angola e provenientes dos povos bantos, os hereros são donos de uma tradição que é passada oralmente de pais para filhos. O filme mostra o conhecimento vivo destes povos, em constante movimento: do nascimento à morte, atravessando os mais importantes aspectos da ancestralidade, que mantêm essa milenar cultura de pé e ganha novos sentidos através da câmera cinematográfica. contato: maianga produções ltda. [email protected] 71·3616·3250 contato: luara de [email protected] 71·8632·0971 O menino invisível murilo deolino, ba, 9’, cor, digital, 2013 Um menino morador de rua é sistematicamente ignorado pelos passantes. Mas a pobreza e o abandono não são capazes de embotar seu natural desejo de sonhar. Inspirado nas alegorias de um super-herói, se investe de desconcertante fantasia constituída de despojos artificiais de consumo, para zombar dos perfis (des)humanos que povoam as ruas e da miopia que assola a sociedade. contato: rafael rauedys [email protected] 75·9231·0946 Um filme para Michal violeta martinez, ba, 72', cor, digital, 2013 Na relação de convivência com Michal Bogdanowicz, passamos a conhecer sua história, através do olhar subjetivo e intimista. Memórias se evidenciam, traçando o percurso de vida desse personagem como o desenho de uma montanha. contato: murilo deolino [email protected] 71·3116·8107 contato: violeta martinez [email protected] 75·9159·2980 Rabeca Veraneio caetano dias, ba, 71’, cor, digital, 2013 Eder Fersant, músico radicado na Bahia, em viagem de Irecê à Correntina, revela mitos regionais, personagens, sons e a riqueza cultural do sertão nordestino, apresentando o desaparecimento da tradição dos mestres rabequeiros. A Rabeca é utilizada como elemento de ligação entre os personagens. A narrativa nos conduz à história de personagens como Dona Dominga da Rabeca, octagenária e mestre rabequeira. leon sampaio, ba, 12', cor, digital, 2013 Ilha de Itaparica, época de veraneio. Mário, adolescente roqueiro, se apaixona por uma garota que curte pagode. contato: transe filmes [email protected] [email protected] 75·9112·2569 contato: caetano dias [email protected] 71·8783·5872 15 IX Panorama Internacional Coisa de Cinema Competitiva internacional de curtas Asunción Boonrerm Exil (Exilado) Gambozinos Kein porno (Pornô não) Land of my dreams (Terra dos meus sonhos) Los animales (Os animais) More than two hours (Mais de duas horas) O facínora Pandy (Pandas) Sonntag 3 (Domingo 3) Straight with you (Direto com você) Tabatô The mass of men (O peso dos homens) The veredict (O veredito) Whale valley (Vale das baleias) 16 IX Panorama Internacional Coisa de Cinema COMPETITIVA INTERNACIONAL DE CURTAS JÚRI Adolfo Gomes Amaranta César Nara Normande Mineiro, 39 anos, jornalista, crítico de cinema (Abraccine) e cineclubista. Ministrou as oficinas “Olhar o cinema uma introdução à cinefilia” (Iphan - Belém-pa), “Cinema Corsário - uma viagem pelos filmes de gênero” e “Gostoso de ver: uma revisão da pornochanchada brasileira”. Atualmente é coordenador do Núcleo de Difusão da Diretoria de Audiovisual, da Fundação Cultural da Bahia; responsável pela organização das três edições do concurso de Crítica Cinematográfica “Walter da Silveira”. Curador de ciclos de cinema e colaborador da revista eletrônica Contracampo. Professora do curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. Doutora em Cinema e Audiovisual pela Universidade de Paris 3, Sorbonne Nouvelle. É idealizadora e curadora do Cachoeiradoc e coordenadora do Grupo de Estudos e Práticas em Documentário da ufrb. Atuou como curadora para diversas mostras e festivais, incluindo o 46º Festival de Brasília. Tem publicado e apresentado textos e artigos sobre cinema documental, cinema brasileiro, análise fílmica, cinema e diferença, cinema africano e da diáspora. Nara Normande é cineasta. Diretora/ Roteirista do curta de animação Dia Estrelado (2011), selecionado para importantes festivais internacionais e vencedor de mais de 20 prêmios em festivais brasileiros. Animou cenas dos filmes Animal Político (Longa, Tião, em finalização), Praça Walt Disney (curta, Renata Pinheiro, 2011), A Vida Plural de Layka (curta, Neco Tabosa, 2012). Ministrou oficinas de animação no intercom (2011) e em diversas cidades através do Cine Sesi Cultural. Desde 2010 é diretora artística do animage - Festival Internacional de Animação de Pernambuco. 17 Whale valley (Vale das Baleias) IX Panorama Internacional Coisa de Cinema COMPETITIVA INTERNACIONAL DE CURTAS Exil (Exilado) O Facínora Asunción More than two hours (Mais de duas horas) Los animales (Os animais) Boonrerm 18 IX Panorama Internacional Coisa de Cinema COMPETITIVA INTERNACIONAL DE CURTAS Tabatô Straight with you (Direto com você) Kein porno (Pornô não) Land of my dreams (Terra dos meus sonhos) Pandy (Pandas) Gambozinos The mass of men (O peso dos homens) The veredict (O veredito) Sonntag 3 (Domingo 3) 19 IX Panorama Internacional Coisa de Cinema COMPETITIVA INTERNACIONAL DE CURTAS Asunción Gambozinos camila luna toledo, chile, 20', cor, digital, 2013 joão nicolau, portugal/ frança, 20', cor, digital, 2013 Asunción (26) é a solitária recepcionista de uma residência católica para estudantes universitários. A única pessoa com quem passa seu tempo é Manuel (20) o jovem segurança da residência. Asunción nutre um forte sentimento por ele, embora saiba que ele se masturba observando as meninas da residência. Quando Carmem, a freira responsável, pede a Asunción para ficar de olho em Manuel, ela acoberta ele e tenta pará-lo, perdendo lentamente o controle de seus desejos reprimidos. Um garoto de 10 anos enfrenta as dificuldades da vida em um acampamento de verão. Não é fácil ser ignorado pela garota amada ou ver seu dormitório vandalizado por adolescentes marginais. Felizmente, na floresta, o Selvagem Haggis insiste em continuar escondido. contato: avispa cine [email protected] 09·8372·1597 Inicialmente, a autora queria fazer um filme sobre um produtor pornô. Mas o projeto está fadado ao fracasso e, de repente, ela se vê confrontada pela desaprovação da família; mãe, pai, irmã – nenhum deles se impressiona com sua idéia inicial: sua irmã mais nova tem vergonha dela, sua mãe tenta achar uma ligação entre a indústria pornô e a vida pessoal de Jela, e seu pai está preocupado se ela vai conseguir encontrar um trabalho. Apesar dos dois lados estarem dispostos a se entender, suas visões sobre a vida parecem inconciliáveis. Boonrerm sorayos prapapan, tailândia, 17’, cor, digital, 2013 Boonrerm é uma empregada doméstica. Todo dia ela recebe uma ordem estranha. contato: minimal animal [email protected] +66·81·37·65·083 Exil (Exilado) vladilen vierny, frança, 16’, cor, digital, 2013 As primeiras horas de um jovem imigrante africano numa praia Europeia. contato: la fémis [email protected] +33·01·5341·2116 20 contato: agencia portuguese short film agency [email protected] +351·252·64·6683 Kein porno (Pornô não) jela hasler, suíça, 12', cor, digital, 2013 contato: bachelor of arts in video, lucerne school of art and design – chantal molleur [email protected] +41·41·248·6125 Land of my dreams (Terra dos meus sonhos) yann gonzalez, portugal/ frança, 20', cor, digital, 2012 Bianca e sua mãe se reencontram em Porto depois de muitos anos. Juntas, elas vão pegar a estrada com seu show de striptease, correndo atrás do tempo perdido, amor impossível e estranhas fantasias. contato: agencia portuguese short film agency [email protected] +351·252·64·6683 Los animales (Os animais) paola buontempo, argentina, 9', cor, digital, 2012 Os animais desapareceram da vida cotidiana. Embora procuremos por eles, o olhar que nos conectava desapareceu. contato: frestifreak produce [email protected] +54·92·21·498·5339 More than two hours (Mais de duas horas) ali asgari, irã, 15', cor, digital, 2013 São 3 horas da manhã, um garoto e uma garota estão vagando pela cidade. Eles estão à procura de um hospital para tratar a garota, mas é muito mais difícil do que eles imaginaram. contato: khaneye 8 film production [email protected] [email protected] +39·38·9877·8337 IX Panorama Internacional Coisa de Cinema COMPETITIVA INTERNACIONAL DE CURTAS O Facínora Sonntag 3 (Domingo 3) paulo abreu, portugal, 26', p&b, digital, 2012 jochen kuhn, alemanha, 14', cor, digital, 2012 Há duas formas de ver o filme. Como a história do frade justiceiro, zelador da ordem e paladino do bem que, por não ter seu amor correspondido, se torna o vilão aterrorizador de uma pacata cidade. Outra, como o filme perdido de Conrad Wilhelm Meyersick, engenheiro e cineasta amador alemão que, em 1920, esteve em Guimarães, pequena cidade de Portugal, para instalar 3 máquinas de tecelagem e, durante a estadia, filmou esta história. Terceira parte de uma série sobre passeios de domingo. O protagonista tem um encontro às cegas com o Chanceler. contato: agencia portuguese short film agency [email protected] +351·252·64·6683 Pandy (Pandas) matus vizar, eslováquia, 12', cor, digital, 2013 O mundo se move e os humanos demandam mais espaço sem considerar consequências. Pandas está no meio de um jogo em que conceitos de mercado e entreterimento são colocados ao lado de noções de preservação dos animais. No entanto, os mesmos “salvadores” estão adulterando a seleção natural e alterando a mente do panda, criando uma hierarquia em termos de valor da vida. Os pandas estão existindo pela piedade do homem, mas de repente sua existência ameaçada é alterada por eventos fora do seu controle. contato: bfilm [email protected] [email protected] +42·19·4840·0594 contato: jochen kuhn [email protected] [email protected] +49·160·9916·6043) Straight with you (Direto com você) daan bol, holanda, 19', cor, digital, 2012 Documentário sobre o garoto de 11 anos Melvin, que tem um segredo: não gosta de garotas. Embora sua família saiba, ele teme contar para os colegas da escola, já que pensa que eles podem começar a maltratá-lo. O que ele deve fazer quando a garota mais legal da turma lhe manda uma carta de amor? contato: vossen films [email protected] +316·4404·2556 Tabatô joão viana, portugal, 13', cor, digital, 2013 Tabatô conta a história pessoal e dramática de Baio (Djidiu e exsoldado mandinga a serviço dos portugueses) que regressa a Guiné Bissau, a sua aldeia natal de Tabatô, 37 anos após o fim da guerra colonial, para assistir ao casamento da sua filha Fatu com o filho do chefe da aldeia, Idrissa Djabaté, músico emergente na Guiné Bissau. contato: papaveronoir filmes [email protected] / +351·21·815·3652 The mass of men (O peso dos homens) gabriel gauchet, reino unido, 16', cor, digital, 2012 Richard, um desempregado de 55 anos, chega 3 minutos atrasado para seu compromisso em um centro de oferta de empregos. Uma conselheira, sufocada pelos limites do sistema em que trabalha, não tem escolha a não ser penalizá-lo pelo atraso. Para evitar ir ainda mais fundo na miséria, Richard toma medidas desesperadas. contato: gabriel gauchet [email protected] +44·74·1113·2632 The veredict (O veredito) ðuro gavran, croácia, 11’, cor, digital, 2013 Dezesseis anos depois da Guerra, na principal praça de Zagreb milhares de pessoas se reunem para assistir a transmissão ao vivo da sentença dos generais croatas. Através de uma série de close-ups, o filme documenta a erupção de emoções causada pela sentença final. contato: pipser [email protected] [email protected] Whale valley (Vale das Baleias) gudmundur arnar gudmundsson, dinamarca/ islândia, 15', cor, digital, 2013 O filme mostra a forte ligação entre dois irmãos que vivem em um remoto vale com seus pais. Vemos seu mundo através dos olhos do irmão mais novo e seguimos ele em uma jornada que marca um ponto de virada na vida dos dois. danish film institute – anne marie kurstein [email protected] +45·4041·4697 21 IX Panorama Internacional Coisa de Cinema Homenagem a Carlos Reichenbach ALMA CORSÁRIA/ DOIS CÓRREGOS - VERDADES SUBMERSAS NO TEMPO FILME DEMÊNCIA/ GAROTAS DO ABC/ LÍLIAN M. RELATÓRIO CONFIDENCIAL 22 Um homem que amava os filmes e nós que o amávamos tanto por joão carlos sampaio Carlos Oscar Reichenbach Filho, ou Carlos Reichenbach, como assinava seus filmes, ou simplesmente “Carlão”, como era conhecido no meio cinematográfico e entre os amigos, amava o cinema e as pessoas. Com a gente que amava e que ia abraçando no seu percurso, fazia cinema. Fazendo cinema, espalhava amor, manifesto no profundo respeito pelo outro. IX Panorama Internacional Coisa de Cinema HOMENAGEM A CARLOS REICHENBACH Filme demência 23 IX Panorama Internacional Coisa de Cinema HOMENAGEM A CARLOS REICHENBACH Talvez seja piegas e desaconselhável apresentar o cineasta assim, mas Carlão também não gostava de formalidades. Seu apetite por cinema e o prazer pela convivência não cabiam nos manuais de etiqueta, embora fosse extremamente gentil, dócil e amigo do bom papo. Não há quem milite no cinema que não tenha, ao menos, uma história dele ou com ele para contar. Este desejo de uma vivência compartilhada de cinema está muito bem impressa nos seus filmes, sempre realizados com uma preocupação imensa com o processo, pautado pela ética, pelo afeto e por uma verdade que emerge de gente como ele, devotada às causas humanas. Gaúcho, radicado desde a infância em São Paulo, deu seus primeiros passos com a turma da “Boca do Lixo”, no final dos anos 1960. Nunca escondeu sua admiração por cineastas como Luiz Sérgio Person e Roberto Santos, nem a influência de “pensadores”, como Paulo Emílio Salles Gomes e Décio Pignatari. Suas referências, entretanto, amparavam-se no cinema independente e visceral de todo o mundo. Por anos à frente das noitadas da Sessão Comodoro - aliás, “Comodoro” é outra alcunha carinhosa, atribuída por seus amigos mais jovens -, ajudou na formação do olhar das novas gerações e se manteve sempre contaminado por novos e “malditos” filmes. Entre suas obras mais queridas, estão fitas como Lilian M: Relatório Confidencial (1974), Amor, Palavra Prostituta (1980), Filme Demência (1985), Anjos do Arrabalde (1986), Alma Corsária (1993), Dois Córregos (1999) e Garotas do abc (2004). Nenhuma delas próxima da unanimidade, mas todas igualmente defendidas, por diferentes interlocutores/seguidores. Carlão é uma instituição do cinema brasileiro, que deixou a todos entristecidos, morrendo, no ano passado. Menos mal que ele continua e vai continuar durante muito tempo por aqui. Garotas do ABC CARLÃO É UMA INSTITUIÇÃO DO CINEMA BRASILEIRO, QUE DEIXOU A TODOS ENTRISTECIDOS, MORRENDO, NO ANO PASSADO Alma corsária carlos reichenbach, sp, 111’, 35mm, 1993 A festa de lançamento do livro “Sentimento Ocidental” reúne os amigos Rivaldo Torres (Bertrand Duarte) e Teodoro Xavier (Jandir Ferrari) na Pastelaria Espiritual. Enquanto uma diversidade de personagens comparece ao evento, incluindo, entre outros, o executivo editorial Magalhães (Jorge Fernando), a sua virginal noiva Verinha (Flôr), e um suicida (Abrahão Farc) resgatado por Torres no Viaduto do Chá, somos levados ao passado para acompanhar a evolução da amizade entre os dois protagonistas, acompanhando o desenvolvimento do subtexto sociocultural (entre outros, a São Paulo dos movimentos contraculturais dos anos 60). Quando a festa, embalada por muitos momentos de humor, termina, um anjo em forma de mulher aparece para selar o destino de Torres. contato: sara silveira [email protected] Dois córregos verdades submersas no tempo Lílian M. relatório confidencial 24 IX Panorama Internacional Coisa de Cinema HOMENAGEM A CARLOS REICHENBACH Dois córregos - verdades submersas no tempo carlos reichenbach, sp, 112’, 35mm, 1999 Ana Paula (Beth Goulart) viaja a Dois Córregos, no interior de São Paulo, para recuperar a casa de campo que herdou dos pais, falecidos recentemente, e que está ocupada por grileiros. Constrangida com a indiferença de seu advogado, e com a rispidez da ação policial, Ana lembra-se da última vez que esteve ali, no final dos anos 60, época em conheceu, acompanhada da colega de escola Lydia (Luciana Brasil), o tio Hermes (Carlos Alberto Riccelli), um ativista de extrema esquerda que, depois de anos de exílio, buscava oficializar o seu retorno ao país. Apesar das tensões e das diferenças, o relacionamento entre os três torna-se mais próximo e emotivo, o que revela, para as meninas, vários momentos de descoberta da sensualidade, do afeto e da melancolia. contato: sara silveira [email protected] Alma corsária Filme demência Garotas do ABC carlos reichenbach, sp, 90’, 35mm, 1986 carlos reichenbach, sp, 125’, 35mm, 2004 Depois que a indústria de cigarros que herdou da família vai à falência, Fausto (Ênio Gonçalves) entra em crise e passa a confrontar-se com suas utopias, desejos e pesadelos. Ele rompe com Doris (Imara Reis), sua esposa infiel, rouba um revólver, e vaga pela noite de São Paulo em busca de Mira-Celi, seu paraíso imaginário. Ao longo do trajeto, Fausto encontra personagens emblemáticos de sua existência: o amigo de infância Wagner (Fernando Benini), a amante suburbana Mércia (Maria Pestana), o visionário guru Honduras (Orlando Parolini), e, sobretudo, Mefisto (Emílio Di Biasi), que surge transvestido de várias formas. Impulsionado por iluminações, protagonista ruma a um caminho de profunda autodescoberta. No abc de São Paulo, região de fábricas têxteis e metalúrgicas, um grupo de operárias vive seu cotidiano de intenso trabalho, sonhos e ilusões. Paula, uma espécie de madre superiora na relação que estabelece com as colegas, é assediada por um líder sindical; Antuérpia tenta, aos 38, iniciar-se na profissão de tecelã; a casta Suzana é apaixonada pelo patrão. Aurélia, operária negra, bela e atrevida, fã de Arnold Schwarzeneger, namora Fábio, jovem enturmado em um grupo neonazista liderado pelo advogado Salesiano. contato: eder mazini [email protected] contato: sara silveira [email protected] Lílian M. relatório confidencial carlos reichenbach, sp, 90’, 35mm, 1975 Seduzida por um mascate, Maria abandona o marido e os filhos pequenos, e, após um acidente de carro, segue sozinha para tentar a vida em São Paulo. Perdida, ela é presa até que uma assistente social arruma-lhe emprego na casa do industrial Braga. Os dois tornam-se amantes, e Maria é rebatizada de Lilian, nome da mãe dele. No trágico caminho da miséria ao luxo, Lilian envolvese com tipos excêntricos: o autodestrutivo filho de Braga, um industrial alemão que financia a repressão, um grileiro falastrão, um detetive boçal, uma rumbeira e cafetina, um bandido tuberculoso, e um submisso funcionário público e sua mórbida irmã. contato: lygia reichbach [email protected] 25 IX Panorama Internacional Coisa de Cinema Homenagem a Roberto Pires A GRANDE FEIRA/ MEMORANDO A GRANDE FEIRA REDENÇÃO/ TOCAIA NO ASFALTO A grande feira 26 Roberto Pires, o artesão dos sonhos por andré setaro Se o cinema baiano não existisse, Roberto Pires o teria inventado, escreveu Glauber Rocha em sua Revisão Crítica do Cinema Brasileiro. Cineasta e inventor (a lente anamórfica - semelhante ao cinemascope - com a qual filmou Redenção foi criada por ele), Pires é, a rigor, o fundador da cinematografia baiana, ainda que, antes dele, há o pioneirismo de Alexandre Robatto, Filho (Entre o mar e o tendal, entre outros curtas), mas o longametragismo somente tem início pela persistência, tenacidade, IX Panorama Internacional Coisa de Cinema HOMENAGEM A ROBERTO PIRES 27 IX Panorama Internacional Coisa de Cinema HOMENAGEM A ROBERTO PIRES Redenção teimosia, de Roberto Pires em realizar o seu sonho: fazer O LONGAMETRAGISMO um filme de longa metragem na Bahia. Iniciado em 1956, SOMENTE TEM INÍCIO Redenção passou três anos para ser concluído, dados os PELA PERSISTÊNCIA, inúmeros obstáculos e a falta de recursos. Mas em 1959, TENACIDADE,TEIMOSIA, em noite de gala, foi, finalmente apresentado na tela do DE ROBERTO PIRES cinema Guarany. EM REALIZAR O SEU Artesão de sonhos, como define o título de um documentário de seu filho, Petrus, que o dirigiu em parceria SONHO: FAZER UM com Paulo Hermida, Pires pode ser considerado um dire- FILME DE LONGA tor singular do cinema brasileiro, um construtor de nar- METRAGEM NA BAHIA rativas com eficiência dramática, que soube, como poucos, dar, a elas, uma sólida estrutura, como revelam A grande feira (1961), Tocaia no asfalto (1962), Crime no Sacopã (1963), A máscara da traição (1967), entre outros. Roberto Pires era um grande artesão, um realizador notável, com profundo sentido do espetáculo cinematográfico, da sua mise en scène. Há dois momentos em A grande feira que bem provam a sua competência e o seu engenho e arte. Quando o marinheiro interpretado por Geraldo D'El Rey leva, para o quarto, após a briga no cabaré de Zazá, Luiza Maranhão, e, com ela, tem uma relação carnal, que é vista por elipse, com a câmera sob a cama, e os sapatos dos dois amantes que caem no chão. Um outro momento de cinema mesmo, e neste mesmo filme, é aquele no qual Geraldo e Helena Ignez passeiam de automóvel pela orla, pelo Dique do Tororó, descem a Ladeira da Montanha e se encontram, finalmente, numa lancha, que, no último plano, se desloca sozinha pelo mar. A partitura, do maestro Remo Usai, muito contribuiu para a criação atmosférica. Em Tocaia no asfalto, também, temos dois momentos magistrais nas sequências da Igreja de São Francisco, quando Agildo Ribeiro não consegue cometer o assassinato, e a do cemitério do Campo Santo. São sequências que demonstram a artesania impecável de Roberto Pires, que pode ser considerado um dos mais engenhosos artesãos do cinema brasileiro em todos os tempos. Pires conhecia tudo de cinema. A cenografia arranjada de Abrigo nuclear é um exemplo perfeito de sua engenhosidade, a aproveitar materiais de sucata para o cenário de science-fiction, assim como a máscara, construída por ele, de A máscara da traição, um thriller seguro e dinâmico. Falar de Roberto Pires é falar de um cinema baiano (e brasileiro) que conseguiu encantar plateias. Um verdadeiro mestre em seu ofício de entreter e sonhar. 28 IX Panorama Internacional Coisa de Cinema HOMENAGEM A ROBERTO PIRES Tocaia no asfalto A grande feira roberto pires, ba, 94’, p&b, 35mm, 1961 Uma empresa imobiliária ameaça de despejo os feirantes de Água de Meninos, em Salvador, que se organizam para resistir. Um marinheiro se vê envolvido nessa luta e se divide entre o amor de Maria da Feira, uma mulher que mora na feira, e de Ely, moça da alta sociedade. Memorando a grande feira paulo hermida, ba, 25’, cor e p&b, digital, 2013 Quatro personagens que participaram da equipe do filme A Grande Feira de 1961, revisitam suas memórias, nos contando histórias e detalhes surpreendentes do longa produzido há mais de cinco décadas. Ao lado da tela de projeção, eles se vêem quando jovens em instantes que ainda não faziam parte do passado. Redenção roberto pires, ba, 56’, p&b, 35mm, 1957 Um psicopata estuprador é contido por dois jovens fazendeiros, um dos quais está envolvido com a polícia e que, ao proteger uma jovem ameaçada, encontra a "redenção". Tocaia no asfalto roberto pires, ba, 100’, p&b, digital, 1962 A história de um jovem político idealista de Salvador é narrada em paralelo à de um matador que chega do interior com a missão de eliminá-lo. O coronelismo, a violência e a política da época são temas centrais do filme. Memorando A grande feira contato (todos os filmes) : iglu filmes - petrus pires [email protected] 71·3494·9209 / 9258·2996 29 IX Panorama Internacional Coisa de Cinema Mostra Bruno Dumont HORS SATAN (FORA DE SATÃ)/ LA VIE DE JÉSUS (A VIDA DE JÉSUS) L’HUMANITÉ (A HUMANIDADE)/ 29 PALMS (29 PALMOS) Hors Satan (Fora de Satã) 30 Bruno Dumont no coração das trevas por adolfo gomes Como uma via crucis, no sentido laico é bom que se diga. Assim começa a obra de Bruno Dumont. A Vida de Jesus, seu primeiro longa-metragem, não é um filme religioso, nem se assenta na figura ou trajetória de Cristo. Empresta-lhe o prenome, talvez para realçar que, já a partir dali, antes e hoje, qualquer promessa de redenção não é do mundo em que vivemos. Portanto, é uma possibilidade remota na poética do cineasta francês. Há muitos planos gerais e horizontes na filmografia de IX Panorama Internacional Coisa de Cinema MOSTRA BRUNO DUMONT 31 IX Panorama Internacional Coisa de Cinema MOSTRA BRUNO DUMONT “NADA MAIS EXISTE, NADA MAIS TEM IMPORTÂNCIA, PARA QUEM VIU AS TREVAS NO INTERVALO DAS COISAS” JORGE DE SENA Dumont, sequer por isso nos sentimos menos acossados por essa sensação iminente do mal que, sem aviso, pode irromper daquelas vastas paisagens, da opressiva rotina interiorana (A Vida de Jesus), da mecânica fria de uma investigação criminal (A Humanidade) ou do automatismo sexual (29 Palms). O horror do qual se ocupa Dumont nada tem de extraordinário, fantástico. Ao contrário, ele emerge da natureza dos homens e das coisas, está Fora de Satã. Seus personagens, à semelhança do herói trágico de Kierkegaard em Temor e Tremor, combatem o mal com um mal ainda maior, de modo a ajustar suas condutas ao mundo que os cerca e com isso nos salvar do desespero do vazio e da injustiça: “a vida não é importante, o que conta são as razões de viver” (Camus). Não se trata necessariamente de um cinema pessimista, mas consciencioso. Se o mal prevalece entre nós, cabe reconhecê-lo. E se seus filmes são realistas não lhe resta alternativa senão filmá-lo através, sobretudo, dos corpos, ora moldados, violados e até transfigurados pelos efeitos dessa vertiginosa propagação do mal. Pode soar muito duro e niilista alguém com essa visão, mas jamais deliberado, arbitrário. O que a câmera de Dumont capta está aí, sem efeitos visuais e álibis psicológicos. Às vezes tudo é tão assustadoramente real que parece um documentário. É claro: sempre podemos olhar para o outro lado, buscarmos a evasão, os desfechos felizes. Mas será que podemos, o tempo todo, nos poupar disso? Atravessar a vida sem o incômodo de sentir ou ver o que está ao nosso redor? Para Dumont essa omissão é que é misantropia. 29 palms (29 palmos) 32 IX Panorama Internacional Coisa de Cinema MOSTRA BRUNO DUMONT 29 palms (29 palmos) Hors Satan (Fora de Satã) La vie de Jésus (A vida de Jésus) bruno dumont, frança, ficção, 110’, cor, 35mm, 2011 bruno dumont, frança, ficção, 96’, cor, 35mm, 1997 David, um fotógrafo independente, e Katia, uma jovem desempregada, ao chegar em Los Angeles, partem em busca de um deserto para uma revista de decoração. Eles vão atravessar o deserto, nos arredores da cidade de Twentynine Palms. Vão se perder na natureza suntuosa, fazer amor e se odiar, sem desconfiar que o perigo não vem apenas deles mesmos. Selecionado para Leão de Ouro Festival de Veneza 2003. Na Costa de Opale, perto do Canal da Mancha, vive um homem solitário, miserável, de poucas palavras. Ele passeia pelas planícies vazias, rouba, faz fogo, atira. Um dia ele conhece uma jovem adolescente. Nasce uma relação entre os dois, que muda completamente a dinâmica do vilarejo ao redor. Selecionado para Un Certain Regard – Festival de Cannes 2011. contato: pyramide internacional - ilaria gomarasca [email protected] contato: pyramide internacional - ilaria gomarasca [email protected] Fred vive com a mãe, Yvette, em Bailleul, na França. Sofre de epilepsia e é tratado num hospital especializado. Ainda novo, abandonou a escola e passa o tempo vagabundeando com os amigos. Desempregados por gosto, só bebem e apostam corrida com suas motocicletas roubadas. Fred namora com Marie e a leva pra transar em casa, sem que sua mãe diga nada. Quando Momo, jovem africano, começa a cortejar Marie, Fred deixa de lado a aparência de bom rapaz e demonstra ser capaz de atos verdadeiramente violentos. Camera D’Or - Cannes 1997. bruno dumont, frança/ alemanha/eua, ficção, 130’, cor, 35mm, 2003 L’humanité (A humanidade) contato: consulat général de france - thomas sparfel [email protected] L’humanité (A humanidade) bruno dumont, frança, ficção, 148’, cor, 35mm, 1999 La vie de Jésus (A vida de Jésus) A história de um homem simples, Pharaon de Winter, delegado de polícia numa pequena cidade francesa. Meticuloso e humilde, assume o mal dos outros e acaba sofrendo por esta simpatia. Durante a investigação de um crime sórdido ocorrido na região, revela-se lentamente seu desespero e o espanto de sua própria culpabilidade, uma culpabilidade universal, a de nossa monstruosa natureza... Melhor Ator, Melhor Atriz e Prêmio do Júri – Cannes 1999. contato: doc & film hannah horner [email protected] 33 IX Panorama Internacional Coisa de Cinema Mostra Hitchcock DIAL M FOR MURDER (DISQUE M PARA MATAR)/ REAR WINDOW (JANELA INDISCRETA)/ THE BIRDS (OS PÁSSAROS) PSYCHO (PSICOSE)/ VERTIGO (UM CORPO QUE CAI) The birds (Os pássaros) 34 Cinco vezes Hitchcock por andré setaro A revisão de cinco filmes de Alfred Hitchcock (Um corpo que cai, Psicose, Janela indiscreta, Disque M para matar, Os pássaros), em cópias restauradas e luminosas, surge como oportunidade única para aqueles que somente os viram na televisão ou em dvds. Além do mais, Disque M para matar é exibido no Panorama Coisa de Cinema em Terceira Dimensão, que foi, aliás, projeto inicial do realizador, que não deu certo na época, 1954, por causa da tecnologia de 3d ainda muio precária. IX Panorama Internacional Coisa de Cinema MOSTRA HITCHCOCK 35 IX Panorama Internacional Psycho Coisa de Cinema (Psicose) MOSTRA HITCHCOCK Psicose (Psycho, 1960) é hoje um clássico indiscutível, cuja estrutura narrativa se articula em três blocos, havendo, em cada um deles, um in crescendo dramático no qual existe uma linha ascendente explorada até o clímax. O que permite dizer que o autor mata a protagonista no primeiro terço da narrativa e tudo vem a começar de novo até o momento em que o detetive é assassinado na escada e, também aqui, o filme retrocede a sua ascese dramática para retornar a um começo de tudo. A cena do chuveiro é um primor, que revela uma fragmentação total do espaço fílmico e proclama a total ilusão da arte do filme, que se consubstancia, neste caso, pela montagem criadora. Há mais de cinquenta tomadas para menos de um minuto de duração da cena. Há críticos, inclusive, que a consideram mais importante para a evolução da linguagem cinematográfica do que a Escadaria de Odessa do prestigado O encouraçado Potemkin (1925), de Sergei Eisenstein. Janela indiscreta (Rear window, 1954) é a própria teoria do espetáculo cinematográfico. A câmera somente vê o que o protagonista interpretado por James Stewart consegue enxergar de seu cativeiro numa cadeira de rodas por causa de um acidente. É o exemplo máximo da tela que se dá ao olhar. Já em Um corpo que cai (Vertigo, 1958), Hitchcock atinge a sua quintessência. Filme sobre a criação de uma imagem, trata-se de recriar uma mulher a partir da imagem de uma morta, ou seja: fixar a idéia como fundadora do mundo e o mundo como produto da imaginação. Hitchcock atinge em Vertigo o apogeu da arte clássica (que implica imitação) e, num mesmo gesto, ultrapassa-a, afirmando a supremacia da construção sobre o realismo e a verossimilhança. O conteúdo, aqui, se expressa pela forma, numa afirmação inquestionável de que tout est dans la mise en scène. Em Os pássaros (The birds, 1963), que no ano em curso completa 50 anos, a ameaça vem do céu nesta obra apocalíptica, com efeitos especiais surpreendentes para uma época na qual não existiam os truques computadorizados. Os pássaros são reais domados por um especialista. Algumas sequências são antológicas: a homenagem ao cinema mudo, quando Tippi Hedren conduz um barco para chegar a outra margem, a debandada geral dos alunos após a invasão dos corvos no colégio, o bate-papo pleno de humor negro no restaurante, o ponto de vista de uma ave, no céu, em suposta câmera subjetiva etc. Mas, quem são os pássaros? “Os pássaros somos nós”, disse Hitchcock. Ray Milland e Grace Kelly estão em Disque M para matar (Dial M for murder, 1954). Um ex-tenista profissional decide matar sua mulher para poder herdar o seu dinheiro. Baseado num peça teatral, Hitchcock não esconde a teatralidade da versão, insinuando, inclusive, os passos dos personagens sobre um tablado. Um filme menor do autor, mas nem por isso menos importante. DISQUE M PARA MATAR É EXIBIDO NO PANORAMA COISA DE CINEMA EM TERCEIRA DIMENSÃO, QUE FOI, ALIÁS, PROJETO INICIAL DO REALIZADOR 36 Rear window (Janela indiscreta) IX Panorama Internacional Coisa de Cinema MOSTRA HITCHCOCK Dial M for murder (Disque M para matar) The birds (Os pássaros) Vertigo (Um corpo que cai) alfred hitchcok, eua, ficção, 105’, cor, digital, 1954 alfred hitchcok, eua, ficção, 119’, cor, digital, 1963 alfred hitchcok, eua, ficção, 128’, cor, digital, 1958 A versão de Hitchcock para a famosa peça de Frederick Knott, “Disque M Para Matar”, é uma saborosa combinação de elegância e suspense estrelada por Grace Kelly, Ray Milland e Robert Cummings como protagonistas de um triângulo amoroso. Rear window (Janela indiscreta) alfred hitchcok, eua, ficção, 112’, cor, digital, 1954 No charmoso bairro de Greenwich Village, em Nova York, l.b. Jeffries (James Stewart) é um fotógrafo profissional confinado em seu apartamento após ter quebrado a perna. Procurando preencher seu tempo ocioso, ele passa a vasculhar a vida de todos os seus vizinhos através das possantes lentes de sua câmera. Dial M for murder (Disque M para matar) Um verdadeiro ícone do cinema de suspense e referência obrigatória no gênero, Os Pássaros é um dos filmes mais envolventes e aterrorizantes de todos os tempos. Sem aparente explicação lógica, os mais variados tipos de pássaros começam a atacar mortalmente os habitantes de uma pequena cidade da Califórnia. Grande clássico da história do cinema, Um Corpo que Cai marca um dos momentos mais importantes da carreira de Hitchcock. A trama mostra o detetive John Ferguson (James Stewart), um homem que acredita ser culpado pela morte de um colega policial e passa a sofrer de séria vertigem. Vertigo (Um corpo que cai) Psycho (Psicose) alfred hitchcok, eua, ficção, 109’, p&b, digital, 1960 O clássico Psicose começa com o desfalque de 40 mil dólares dado pela secretária Marion (Janeth Leigh) na imobiliária onde trabalha. É uma tarde quente de sexta-feira. Ela pede licença ao patrão para sair mais cedo e leva consigo o pacote contendo o dinheiro, certa de que seu crime só seria percebido após o fim de semana. Com pouco mais de dois dias para fugir, Marion sai dirigindo sem destino pelas estradas norteamericanas. Cansada, para no Motel Bates, um lugar decadente que quase fechou suas portas após o desvio da autoestrada. 37 IX Panorama Internacional Coisa de Cinema Panorama Brasil Aprender a ler pra ensinar meus camaradas Breviário do horror Cidade de Deus – 10 anos depois Claun (Cap. 3 – A reunião das máscaras) Da alegria, do mar e de outras coisas Depois da chuva Doce Amianto É proibido menino calçado entrar na escola Eles voltam Em busca de um lugar comum O exercício do caos O sol nos meus olhos Os dias com ele Procurando Rita Trabalhar cansa Via crisis 38 IX Panorama Internacional Coisa de Cinema PANORAMA BRASIL O sol nos meus olhos Via crisis Breviário do horror O exercício do caos Claun (Cap. 3 – A reunião das máscaras) Em busca de um lugar comum Da alegria, do mar e de outras coisas Depois da chuva Cidade de Deus – 10 anos depois Trabalhar cansa Eles voltam Doce Amianto Aprender a ler pra ensinar meus camaradas Procurando Rita 39 Os dias com ele IX Panorama Internacional Coisa de Cinema PANORAMA BRASIL Aprender a ler pra ensinar meus camaradas Cidade de Deus – 10 anos depois joão guerra, ba, 84’, cor, digital, 2013 cavi borges e luciano vidigal, rj, 90’, cor, digital, 2012 O filme acompanha a jornada de dois músicos angolanos que viajam até a Bahia, Brasil, em busca de vestígios de uma ancestralidade perdida. Além de participar de um grande show, eles encontram outros músicos e investigam elementos de sua própria identidade, deparando-se com interessantes descobertas. Um documentário musical que aborda traços de uma herança africana fora da África, reencontrada através da música. O documentário revela o que aconteceu na vida dos atores (moradores das favelas) de um dos filme de maior sucesso no Brasil e exterior Cidade de Deus, dirigido por Fernando Meirelles. contato: maianga produções culturais – joão guerra [email protected] 71·3616·3250 Breviário do horror fábio rocha, ba, 80’, cor, digital, 2013 A violência explode nos grandes centros urbanos. O medo se apresenta como uma experiência aguda, neste contexto, um fenômeno chama a atenção: a assunção da cultura do ódio. Esta é a questão levada a efeito, na experiência de se deixar contaminar pela pulsão dos gritos que emergem das ruas. contato: dobra produção de filmes [email protected] 71·9129·7659 contato: cavideo productions [email protected] Claun (Cap. 3 – A reunião das máscaras) felipe bragança, rj, 26’, cor, digital, 2013 É possível lutar sozinha? Neste terceiro e último capítulo da Parte 1 da saga de Ayana, a menina precisa atravessar para o mundo dos mortos e aprender uma última lição sobre seus medos e a cidade onde vive. Depois disso, Ayana finalmente será coroada rainha? contato: duas mariola filmes [email protected] Da alegria, do mar e de outras coisas ceci alves, ba, 13’, cor, digital, 2012 Baseado em fatos reais, conta a história de Nem Glamour, travesti que faz shows na noite e testemunhou a morte de sua melhor amiga, a também travesti Joy, em um crime de ódio. Por denunciar os algozes, ela se vê obrigada a fugir do país – não sem antes se despedir. contato: ceci alves [email protected] 71·8822·418 Depois da chuva cláudio marques e marília hughes, ba, 90’, cor, digital, 2013 Salvador-ba, 1984. Após 20 anos de ditadura, a população vai às ruas exigir a volta das eleições diretas para Presidente da República. Esse será um ano de transformação para o jovem Caio! contato: coisa de cinema [email protected] 71·3276·1241/ 8179·1318 Doce Amianto guto parente e uirá dos reis, 70’, digital, 2013 Amianto vive num mundo de fantasia habitado por delírios de incontida esperança, onde convivem ingenuidade e melancolia. Após sentir-se abandonada por seu amor, encontra abrigo na presença da amiga morta, que a protege de suas dores. Seu universo interior choca-se com um mundo que não a aceita, ao qual não pertence. Torna a debruçar-se sobre seus delírios, misturando realidade e fantasia. Com ajuda de sua Fada Madrinha, reune forças para continuar, na esperança de ser feliz. contato: alumbramento [email protected] 85·3077·3138 É proibido menino calçado entrar na escola edson bastos e henrique filho, ba, 5’, cor, digital, 2013 Uma história sobre a evasão de alunos de uma escola, por conta de um pé calçado. contato: voo audiovisual [email protected] 71·3019·0277 40 IX Panorama Internacional É proibido Coisa demenino Cinema calçado entrar PANORAMA na escola BRASIL Eles voltam O exercício do caos Procurando Rita marcelo lordello, 100’, cor, digital, 2012 frederico machado, ma, 71’, cor, digital, 2013 evandro silva de freitas, ba, 7’, cor, digital, 2013 Cris, 12 anos, e seu irmão mais velho são deixados na beira da estrada por seus pais. Em pouco tempo percebem que o castigo vem a se tornar um desafio ainda maior. O filme acompanha Cris em sua jornada de retorno ao lar. Um pai soturno e autoritário vive com as filhas adolescentes em uma fazenda no interior do Maranhão. Compartilham a ausência da mãe supostamente desaparecida - e lidam com os ditames de um capataz que os explora enquanto espreita a inocência das meninas, divididas entre a ilusão da infância e a cruel realidade. Enquanto o eixo familiar desmorona, os personagens situam-se no limiar entre razão e loucura, caos e fé. Um ponto de vista e muitos de escuta. Rita busca a singular experiência de cinema vivida por Seu Adilson, projecionista do antigo Cine Teatro Glória em Cachoeira-ba. contato: trincheira filmes [email protected] Em busca de um lugar comum felippe schultz mussel, rj, 80’, cor, digital, 2012 Rio de Janeiro, 2011. Anunciadas mundo afora como principal cenário das mazelas sociais brasileiras, as favelas cariocas se consolidaram como um dos pontos mais visitados do Rio, produzindo não só uma remodelação dos roteiros turísticos tradicionais, mas uma mudança nas memórias que os estrangeiros guardam da cidade. Imerso nos passeios pela Favela da Rocinha, o documentário investiga os desejos e as imagens envolvidas na construção deste disputado destino turístico. Um mercado que, atento às demandas, não cessa em projetar seus novos atrativos. contato: sobretudo produção audiovisual e artistica [email protected] [email protected] 21·3502·5676 contato: lume filmes [email protected] 98·3235·4860 O sol nos meus olhos flora dias e juruna mallon, sp, 65’, cor, digital, 2013 Um homem chega do trabalho e encontra sua mulher morta. Em um surto silencioso toma o corpo dela e parte em viagem. contato: flora dias [email protected] 11·98908·7075 Os dias com ele maria clara escobar, sp, 107’, cor, digital, 2013 Cineasta mergulha no passado quase desconhecido do pai. Descobertas e frustrações ao acessar a memória de um homem e de parte da história que são raramente expostos. Ele, intelectual, preso e torturado durante a ditadura, não fala sobre isso desde a época. Ela, uma filha em busca de sua identidade. contato: evandro silva de freitas [email protected] 75·9171·2899 Trabalhar cansa juliana rojas e marco dutra, sp, 99’, cor, digital, 2011 A jovem dona-de-casa Helena resolve realizar um desejo antigo e abrir seu primeiro empreendimento: um minimercado. Ela contrata a empregada doméstica Paula para tomar conta das tarefas do lar e de Vanessa, sua filha. Quando seu marido Otávio perde o emprego como gerente em uma grande corporação, as relações pessoais e de trabalho entre os três personagens sofrem uma inversão inesperada, ao mesmo tempo em que ocorrências perturbadoras passam a ameaçar os negócios de Helena. contato: polifilmes – luiz camara [email protected] 11·2698·7589 Via crisis leon sampaio, ba, 9’, p&b, digital, 2013 A crise pode ser profunda. Dizem que estamos a caminho de uma ruptura global. contato: transe filmes ([email protected] 75·3622·5943 41 IX Panorama Internacional Coisa de Cinema Panorama internacional Leviathan (Leviatã) L’inconnu du lac (Um estranho no lago) I used to be darker (Quando eu era sombrio) The act of killing (O ato de matar) 42 IX Panorama Internacional The act of killing de matar) Cinema (OCoisa ato de PANORAMA INTERNACIONAL Leviathan (Leviatã) lucien castaing-taylor e véréna paravel, frança/ eua/ reino unido, 87’, cor, digital, 2012 Um dos filmes mais esperados do ano, dos diretores de Sweetgrass e Foreign Parts, Leviathan é um emocionante, imersivo documentário que te leva a fundo no perigoso mundo da pesca comercial. Filmado a bordo de um enorme navio pesqueiro enquanto ele navega pelas traiçoeiras águas da costa da Nova Inglaterra – mesmas águas que antes inspiraram Moby Dick – o filme captura o cruel e impiedoso mundo dos pescadores em detalhes assombroso, e ainda assim belos. Usando de um arsenal de câmeras que passa livremente da equipe de filmagem para a tripulação, e vai do fundo do mar até surpreendentes vistas aéreas, Leviathan é diferente de tudo que você já viu, uma experiência cinematográfica puramente visceral. contato: arrete [email protected] L’inconnu du lac (Um estranho no lago) I used to be darker (Quando eu era sombrio) alain guiraudie, frança, 97', cor, digital, 2013 matt porerfield, eua, 90', cor, digital, 2012 É verão. Estamos à beira de um lago isolado, cercado por montanhas e florestas. Este é o cenário para encontros sexuais entre homens desconhecidos. É onde Franck conhece Michel e se apaixona. Michel é um homem belo, charmoso e mortalmente perigoso. Franck sabe disso, mas decide viver essa paixão mesmo assim. Selecionado para a mostra Um Certo Olhar do Festival de Cannes 2013, o filme venceu o prêmio de melhor direção e a Queer Palm, dedicada a filmes de temática gay. Quando Taryn, uma fugitiva da Irlanda do Norte, se encontra em problemas em Ocean City, ela procura refúgio na casa de seus tios em Baltimore. Mas Kim e Bill têm seus próprios problemas: estão tentando lidar com o fim do casamento da melhor forma para o bem de sua filha Abby, que acabou de voltar do seu primeiro ano na faculdade. Uma história de revelações familiares, pessoas se encontrando e se deixando, procurando amor onde antes encontraram e, quando isso não acontece, descobrindo onde podem encontra-lo. contato: les films du losange – t [email protected] +33·0·1·4443·8710 contato: new europe film sales [email protected] The act of killing (O ato de matar) L’inconnu du lac (Um estranho no lago) joshua oppenheimer, dinamarca, 159’, cor, digital, 2012 Anwar Congo e seus amigos vêm dançando por números musicais, torcendo braços em cenas de filmes de gângster e galopando por pradarias como caubóis. Sua incursão no ramo do cinema vem sendo celebrado na mídia e debatido na televisão, apesar de Anwar Congo e seus amigos serem assassinos em massa. contato: final cut for real maria kristensen [email protected] +45·4062·6690 I used to be darker (Quando eu era sombrio) 43 Leviathan (Leviatã) IX Panorama Internacional Coisa de Cinema Panorama alemão Die prinzessin, der prinz und der drache mit den grünen augen (A princesa, o príncipe e o dragão de olhos verdes) Erntefaktor null (A central nuclear mais segura do mundo) Draussen ist sommer (Verão lá fora) Zu hause (Em casa) Exit Marrakech (Saída Marrakech) Finsterworld Freier fall (Queda livre) Heute bin ich blond (A garota das nove perucas) Houston Meeres stille (Mar silencioso) Die schaukel des sargmachers (O balanço do fabricante de caixões) Olgastrasse nº 18 The centrifuge brain project (O projeto da centrífuga de cérebros) Tore tanzt (Nothing bad can happen) Zwei leben (Two lives) Vergiss mein nicht (Não me esqueça) 44 Finsterworld IX Panorama Internacional Coisa de Cinema PANORAMA ALEMÃO Die prinzessin, der prinz und der drache mit den grünen augen (A princesa, o príncipe e o dragão de olhos verdes) jakob schuh, alemanha, 7’, digital, 2011 Príncipe ultrapassado quer ler jornais. Princesa determinada quer cortar lenha. Dragão pensativo procura presente para a avó. No fim, tudo é diferente do esperado. contato: ag kurzfilm [email protected] Erntefaktor null (A central nuclear mais segura do mundo) helena hufnagel, alemanha, 28’, digital, 2011 A rotina das pessoas que moram e trabalham na central nuclear de Zwentendorf, Áustria. Desde 1978 está pronta, mas antes da inauguração, uma votação popular evita o início das atividades. contato: ag kurzfilm [email protected] Draussen ist sommer (Verão lá fora) friederike jehn, alemanha/ suíça, 96’, cor, digital, 2012 Wanda muda-se para a Suíça com a família. Tudo indicava que seria melhor. A grande casa, o belo jardim, a idílica cidade. Mas o recomeço é difícil para todos. Apesar da tentativa desesperada de serem uma família íntegra, feridas antigas são reabertas. Decide levar a família de volta, mas isto supera o que pode aguentar. Um emocionante verão que encerra-se com cada um chegando no limite de seus anseios. contato: zum goldenen lamm filmproduktion [email protected] Zu hause (Em casa) nenad mikalacki, alemanha, 20’, digital, 2011 Uma senhora viaja em busca da casa da infância. 2 garotos deportados, de volta à Sérvia, tentam sobreviver em condições diferentes de antes. Dizem poder ajudá-la a encontrar a casa. contato: ag kurzfilm [email protected] Exit Marrakech (Saída Marrakech) caroline link, alemanha, 122’, cor, digital, 2013 Quando Ben visita o pai em Marrakech, é o início de uma aventura num país onde tudo parece possível, inclusive que se percam de vez ou se reencontrem. Por não estarem acostumados a tal proximidade, mágoas e conflitos vem à tona, além de novas feridas. Enquanto se afastam, Ben abre-se ao país estrangeiro, tenta achar seu caminho no mundo desconhecido, longe do hotel de luxo onde o pai está. Freier Fall (Queda Livre) stephan lacant, alemanha, 100’, cor, digital, 2013 Promissora carreira na unidade, filho a caminho, empréstimo para comprar um duplex: tudo corre bem para Marc. É quando Kay, colega policial, aparece, o que dá uma golfada de ar fresco à vida de Marc – que, pela primeira vez, sente-se atraído por um homem. Dividido entre a vida que conhece bem e a alegria trazida por esta aventura, perde o controle. Em queda livre, não pode trazer felicidade a ninguém. Muito menos a si mesmo. contato: kurhaus production [email protected] Heute Bin Ich Blond (A garota das nove perucas) marc rothemund, alemanha, 117’, cor, digital, 2013 Vias expressas alemãs: milhões de pessoas em perfeitos carros, dirigindo legalmente a 280km/h. Uma máquina mortífera, de algum modo associada a outra, o holocausto. O fato de tudo ser orgânico hoje, a necessidade forjada por coisas recicláveis, um policiamento acerca do que comemos, da lâmpada que usamos. As pessoas não se tocam, nem se abraçam. Criaram carapaças. Sophie acaba de entrar na faculdade quando um câncer é diagnosticado: seu mundo vira de cabeça para baixo. Mas é uma batalhadora. Quer viver, e com tudo que tem direito: sonhos, festas, risos, flertes e sexo. 9 perucas tornam-se seu elixir de vida. Variando entre extravagante, sensual ou romântico, dependendo da cor e do corte, cada peruca destaca um aspecto de Sophie. Liberta-se da rotina do hospital, cai na balada com a melhor amiga e apaixona-se por Rob. Com humor, coragem e um toque de leveza, dá uma lição à doença. contato: walker+worm film gmbh & co. kg [email protected] contato: beta cinema gmbh [email protected] contato: arri worldsales [email protected] [email protected] Finsterworld frauke finsterwalder, alemanha, 91’, cor, digital, 2013 45 IX Panorama Internacional Coisa de Cinema PANORAMA ALEMÃO The centrifuge brain project (O projeto da centrífuga de cérebros) Houston bastian günther, alemanha, 107’, cor, digital, 2013 Clemens Trunschka não vai bem. Sem emprego, casamento em crise, não pode proclamar-se "alcoólatra funcional". Provavelmente seria melhor "bêbado desprezível". Surge a oportunidade de ajudar uma empresa alemã a recrutar um candidato americano como presidente, e ele aproveita para reerguer-se – tanto no aspecto financeiro quanto familiar. Mostrando habilidade ao lidar com esta matéria-prima emocional, o roteirista e diretor Bastian Günther transforma o processo de recrutamento feito por Trunschka em uma análise sutil sobre o fracasso. contato: hanway films ltd. [email protected] Heute bin ich blond (A garota das nove perucas) Heute bin ich blond (A garota das nove perucas) Die prinzessin, der prinz und der drache mit den grünen augen (a princesa, o príncipe e o dragão de olhos verdes) Erntefaktor null (A central nuclear mais segura do mundo) Olgastrasse nº 18 Meeres stille (Mar silencioso) juliane fezer, alemanha, 142’, cor, digital, 2013 Férias em família numa casa na praia. Tudo para ser bom. Mas desde o início algo está diferente. Confusões sutis. Quando a mãe morre, o pai cai em depressão. O garoto quer salvá-lo tocando piano. 7 anos e 6 dias, 2 famílias desfazendo-se. Um segredo. O quebra-cabeça aumenta quando surge um desconhecido. Helen é perseguida por imagens, cheiros, sons que interrompem a realidade. Uma viagem no subconsciente para liberar uma perda profunda, trazendo de volta um trauma. Ser invisível não é fácil. Nada desaparece realmente. Nada é de fato esquecido. Meeres stille (mar silencioso) Vergiss mein nicht (Não me esqueça) Zwei leben (two lives) Freier fall (queda livre) Exit marrakech (saída marrakech) contato: julex film [email protected] 46 Die schaukel des sargmachers (O balanço do fabricante de caixões) IX Panorama Internacional Coisa de Cinema Houston PANORAMA ALEMÃO Die schaukel des sargmachers (O balanço do fabricante de caixões) elmár imánov, alemanha, 29’, digital, 2012 Azerbaijão. Yagub perdeu tudo mas trabalha duro por Musa, seu filho deficiente, até que uma mensagem perturbadora provoca uma repentina mudança. contato: ag kurzfilm [email protected] Olgastrasse nº 18 liv scharbatke e jörg rambaum, alemanha, 4’, digital, 2011 A história de uma família é contada através das mudanças ocorridas no seu apartamento, mas os residentes permanecem invisíveis. contato: ag kurzfilm [email protected] The centrifuge brain project (O projeto da centrífuga de cérebros) til nowak, alemanha, 7’, digital, 2011 Desde os anos 70 cientistas estão realizando experimentos usando estranhas atrações de parque de diversão, afim de estudar o efeito no cérebro humano. Apropriando-se de um tratamento visual dos documentários televisivos, o curta-metragem lança um olhar irônico na confusa busca da humanidade por felicidade e liberdade. contato: ag kurzfilm [email protected] Zu hause (em casa) Tore tanzt (Nothing bad can happen) Vergiss mein nicht (Não me esqueça) katrin gebbe, alemanha, 110’, cor, digital, 2013 david sieveking, alemanha, 88’, cor, digital, 2012 Tore busca vida nova ao integrar o grupo religioso The Jesus Freaks. Quando ajuda uma família a consertar o carro, acredita que a providência divina o ajudou. Inicia amizade com o pai da família, Benno. Muda-se para o jardim deles, desconhecendo a crueldade que está para acontecer. Fiel às suas crenças, permanece com eles apesar da violência praticada por Benno lhe torturar. Enfrenta o suplício com suas armas. Inicia-se um combate entre atos libidinosos e abnegação. Em Vergiss Mein Nicht, David Sieveking retrata os cuidados domésticos prestados à sua mãe que, como muitas pessoas, é acometida pelo mal de Alzheimer. Os pais de David foram manifestantes ativos nos movimentos estudantis dos anos 60 e tiveram um casamento aberto, o qual encontra-se agora sendo posto à prova de um modo dramático em função da doença de sua mãe. As alterações sofridas por ela obriga a família a lidar com seus próprios conflitos e inclusive ensina-os a lidar com estes atritos de maneira mais terna, fazendo com que eles se unam. Com humor e sinceridade, a crônica familiar de David Sieveking é caracterizada por um envolvimento constante entre os personagens e por uma afeição sensível, colocando o ser humano, e não a doença, no centro da trama. contato: celluloid dreams [email protected] Zwei leben (Two lives) georg mass, alemanha/ noruega, 100’, cor, digital, 2012 Europa 1990, cai o muro de Berlim. Katrine, criada na Alemanha Oriental, mas vivendo na Noruega há anos, é uma “criança da guerra”: fruto da relação entre uma norueguesa e um soldado alemão durante a II Guerra Mundial. Desfruta de uma vida satisfatória junto à mãe, ao marido, filha e neta. Mas quando pedem a ela e à mãe que testemunhem no processo contra o Estado norueguês em prol das crianças da guerra, opõe-se. Uma teia de dissimulações e segredos se desvenda, até que Katrine encontra-se destituída de tudo e a família é forçada a posicionarse: o que pesa mais, a vida que compartilham ou a mentira sobre a qual foi construída? contato: autlook filmsales [email protected] Draussen ist sommer (Verão lá fora) contato: beta cinema gmbh [email protected] 47 IX Panorama Internacional Coisa de Cinema Panorama mexicano El alcalde (O prefeito) Fogo Jean Gentil Los mejores temas (Os melhores temas) Los últimos Cristeros (Os últimos Cristeros) 48 IX Panorama Internacional Fogo Coisa de Cinema PANORAMA MEXICANO A riqueza de uma geração por eva sangiorgi O conjunto de filmes selecionados para o ix Panorama Internacional Coisa de Cinema demonstra uma variedade de talentos e propostas oferecidos pela produção cinematográfica mexicana nos dias de hoje. Não é nenhum segredo que o México está passando por um momento inspirado e produtivo e o mais interessante é que o discurso tem sido construído por diferentes autores com sensibilidades, tons e narrativas originais. Trata-se de talentos de uma mesma geração, mas que mantém traços distintos e específicos. Esta seleção quer realmente comemorar esta variedade e peço desculpas desde o inicio se não foi possível ser mais inclusiva, pois se trata justamente de uma seleção. Pensando o cinema no México, é inevitável a referência aos realizadores presentes há anos no cenário internacional e que tem recebido grande reconhecimento em festivais (em ordem de aparição): Carlos Reygadas, Amat Escalante, Fernando Eimbke. Entre eles, há muitos outros talentos que merecem atenção. Jean Gentil é o filme mais “antigo” do ciclo. Produto da sinergia dos autores de Cochochi (2007), Laura Amelia Guzmán e Israel Cárdenas, é uma produção do México com a República Dominicana. Trata-se do retrato de um personagem, mas também um conto poético, pleno de humanidade e vida, que explora os tons do documentário e da ficção. É nessa fronteira que se constrói Fogo, terceiro filme de Yulene Olaizola, realizadora que se revelou com seu primeiro longa-metragem Intimidades de Shakespeare e Victor Hugo (2008). Um filme que é, ao mesmo tempo, ensaio poético sobre a passagem do tempo e sobre a simbiose dos lugares com a gente que os habita. El Alcalde, uma colaboração de Enrique Osorno com Emiliano Altuna e Carlos Rossini (já anteriormente juntos em El Ciruelo 2008), é um documentário polêmico e provocador, com uma construção estética muito consistente. Mas que não deixa de jogar com o bom humor do personagem e de estimular o espectador. Também presente nessa seleção está o último filme de Matías Meyer (Wadley 2008), um recorte minimalista de um pedaço da história mexicana, capaz de contar – e encantar - muito mais do que muitas tentativas nacionais e internacionais conseguiram fazer. Nicolás Pereda é o realizador de maior produtividade desta geração de cineastas. Em Los Mejores Temas exibe sua capacidade de construir personagens altamente expressivos sem procurar gravidade. Em vez disso, é a ironia sutil que o seduz, é um roteiro brilhante por sua simplicidade. O MAIS INTERESSANTE É QUE O DISCURSO TEM SIDO CONSTRUÍDO POR DIFERENTES AUTORES COM SENSIBILIDADES, TONS E NARRATIVAS ORIGINAIS 49 Los últimos Cristeros (Os últimos Cristeros) IX Panorama Internacional Coisa de Cinema PANORAMA MEXICANO El alcalde (O prefeito) 50 Jean Gentil Los mejores temas (Os melhores temas) IX Panorama Internacional Coisa de Cinema PANORAMA MEXICANO El alcalde (O prefeito) Jean Gentil carlos rossini, emiliano altuna e diego enrique osorno, méxico, 81’, cor, digital, 2012 laura amelia guzmán e israel cárdenas, méxico/ república dominicana/ alemanha, 87’, cor, digital, 2010 Mauricio Fernandez é o polêmico prefeito de San Pedro Garza García, o mais rico e seguro município da América Latina. Ele se apresenta como um governante capaz de livrar sua cidade da presença dos cartéis de droga sem questionar os métodos que usa para conseguir isso. El Alcade descreve tempos bárbaros de um país marcado pela violência e completo discrédito da classe governante. contato: carlos rossini, emiliano altuna [email protected] +52·55·5536·4156 Fogo yulene olaizola, méxico/ canadá, 61', cor, digital, 2012 A jovem cineasta mexicana Yulene Olaizola viajou para Fogo, no Canadá, para uma residência artística. Lá ela encontrou, numa região marginalizada, o argumento para seu terceiro longa, que persiste no cruzamento entre ficção e documentário que caracteriza seu trabalho. Filmado com atores não profissionais, o filme é sobre uma ilha que está prestes a ser abandonada por seus habitantes, por conta de uma ameaça que ninguém sabe do que se trata. Embora Fogo tenha se tornado uma cidade fantasma, dois homens decidem ficar, se isolar em uma cabana e beber sua última garrafa de rum. contato: yulene olaizola [email protected] Começa uma manhã em Santo Domingo para Jean, um professor haitiano de meia idade numa jornada cada vez mais angustiante em busca de seu lugar no mundo ou uma razão para viver. O homem desaparece dentro da realidade que lhe rodeia. O esplendor da paisagem da ilha não consegue esconder a preocupação de seus habitantes. contato: aurora dominicana [email protected] [email protected] Los mejores temas (Os melhores temas) nícolas pereda, méxico/ canadá /holanda, 103’, cor, digital, 2012 Flutuando entre ficção e documentário, Los Mejores Temas conta a história de Emilio, um homem em seus 50 anos que aparece na casa de sua família depois de 15 anos ausente. Sua mulher e seu filho de 28 anos recebem ele confusos e amargurados. Depois de alguns dias eles decidem expulsá-lo da casa, apenas para perceber que ele já tinha saído por conta própria. O filho acaba seguindo Emilio e passa alguns dias com ele em seu apartamento. Los últimos Cristeros (Os últimos Cristeros) matías meyer, méxico/ holanda, 90’, cor, digital, 2012 Ao final dos anos 30, nas montanhas áridas do México, um coronel cristeiro e seus últimos homens resistem a abandonar as armas. Esses homens são camponeses, gente humilde e orgulhosa. São perseguidos pelo governo e, para enfrentálo, precisam de munição. Sem embargo o apoio não chega e a vida na serra fica cada vez mais difícil; a guerra está acabando. Em sua penitência, os homens vão sentindo o abandono, as doenças e a solidão. São os últimos a cair. Embora o perdão seja uma opção, seu compromisso com Deus já está feito. contato: axolote cine [email protected] 52·55·5510·8554 contato: sandra gómez [email protected] +52·55·4753·6795 51 IX Panorama Internacional Coisa de Cinema Panorama IndieLisboa Arena Balaou Barba Incêndio Lacrau Linha Vermelha Mupepy Munatim O barão Quatro horas descalço Ruínas 52 IX Panorama Internacional Linha Vermelha Coisa de Cinema PANORAMA INDIELISBOA Presente e Futuro do Cinema Português por nuno sena - indielisboa - festival internacional de cinema independente Mais do que ser uma mera selecção de longas e curtas portuguesas premiadas nas últimas cinco edições IndieLisboa, o presente programa pretende alargar os horizontes sobre o cinema nacional para além dos aclamados Manoel de Oliveira, Pedro Costa e Miguel Gomes. Reflectindo o carácter idiossincrático e autoral que constitui a imagem de marca do cinema português, o programa mistura as duas gerações mais presentes na actualidade da nossa cinematografia. Da mesma geração de Pedro Costa e Teresa Villaverde, o programa dá a ver obras de dois realizadores extraordinários e ainda insuficientemente conhecidos fora de Portugal: o expressionista O barão de Edgar Pêra (um caso especial mesmo dentro da singularidade do cinema português) e o filme-ensaio Ruínas de Manuel Mozos (além de realizador, o nosso mais influente montador). São filmes que retomam de forma inesperada uma filiação oliveiriana/ monteiriana pela sua vontade de mergulhar a fundo no inconsciente da história portuguesa do século xx. De outra forma e pela cabeça de uma outra geração mais jovem, é também com episódios e figuras da mitologia lusitana que se confrontam as restantes longas incluídas no programa: Linha Vermelha de José Filipe Costa (revisitação descontruída de utopia da Revolução dos Cravos), Lacrau de João Vladimiro (elegia por uma ruralidade perdida com ecos do trabalho de António Reis e Margarida Cordeiro) e Balaou de Gonçalo Tocha (diário de bordo de uma viagem de auto-descoberta num país cada vez menos de navegantes). Relativamente às curtas metragens, esta proposta de programação do IndieLisboa passa por dar a ver alguns talentos da geração pós-Abril que ainda aguardam a passagem à longa, desde o premíadissimo João Salaviza (Arena, Palma de Ouro de Cannes) aos promissores Miguel Seabra Lopes (Incêndio, em co-realização com a brasileira Karen Akerman), Paulo Abreu (Barba), Ico Costa (Quatro horas descalço) e Pedro Peralta (Mupepy munatim). Na multiplicidade das suas abordagens estéticas reside o potencial de renovação futura do cinema português. Assim o permitam a crise económica e a ausência de visão da política cultural que neste momento condicionam toda a criação artística em Portugal. NA MULTIPLICIDADE DAS SUAS ABORDAGENS ESTÉTICAS RESIDE O POTENCIAL DE RENOVAÇÃO FUTURA DO CINEMA PORTUGUÊS 53 IX Panorama Internacional Coisa de Cinema PANORAMA INDIELISBOA Arena Incêndio Linha Vermelha joão salaviza, portugal, ficção, 15’, cor, digital, 2009 karen akerman e miguel seabra lopes, portugal, 23', cor, digital, 2011 josé filipe costa, portugal, documentário, 80', cor, digital, 2011 Através de uma sequência inicial de rigorosos e misteriosos planos fixos, Seabra Lopes e Akerman introduzem-nos uma deliciosa comédia cosida com música clássica. O poeta é Goethe, o músico é Schubert. Os três alunos não estão pelos ajustes com o rigor da professora e vão mostrar-nos que "a melhor aula acaba com uma lição". (Miguel Valverde) Thomas Harlan filma a ocupação da Torre Bela, Portugal. 35 anos depois, “Linha Vermelha” revisita esse filme emblemático do período revolucionário português: de que maneira Harlan interveio nos acontecimentos que parecem naturais frente à câmera? Qual foi o impacto na vida dos ocupantes e na memória sobre o período? Mauro vive em prisão domiciliária. As tatuagens ajudam a passar o tempo. Três putos do bairro aproximam-se da janela. Lá fora, o sol bate com força de meio-dia. Balaou gonçalo tocha, portugal, documentário, 77’, cor, digital, 2007 Faz 7 meses que minha mãe morreu. Estou frente ao mar de S. Miguel-Açores, terra da família distante. Encontro a tiaavó Maria do Rosário, 91 anos, à procura do momento para partir. Fala-me de Deus e morte. Durante o dia nadamos no mar, negro, vulcânico. É aqui que encontro Florence e Beru, casal francês que todo ano cruza o Atlântico no Balaou, um barco à vela. Convidam-me a continuar a viagem. Jogo fora o bilhete de avião e faço-me ao mar alto. “Balaou” é uma viagem para aceitar o esquecimento das coisas. Barba paulo abreu, portugal, ficção, 22', p&b, digital, 2011 Um chico-esperto, um sonhador, um simplório e um preguiçoso vivem em comunidade numa era précivilização. Com visão precisa de cinema, o realizador mostra com pessimismo e humor que o homem é um ser que permanece igual a si, independente das mudanças que origina no mundo. 54 Lacrau joão vladimiro, portugal, documentário, 99’, cor, digital, 2013 “Se o Lacrau visse e a víbora ouvisse não havia quem escapulisse”. A víbora é surda e o lacrau não vê, assim é e assim será, tal como o campo é calmo e a cidade agitada e o ser humano impossível de satisfazer. Lacrau procura o regresso "à curva onde o homem se perdeu" numa viagem que parte da cidade em direcção à natureza. A fuga do caos e do vazio emocional a que chamamos progresso; matéria sem espírito, sem vontade. A procura das sensações e relações mais antigas dos seres humanos. O espanto, o medo do desconhecido, a perda dos confortos básicos, a solidão, o encontro com o outro, o outro animal, o outro vegetal. Um mergulho à procura de uma conexão com o mundo. Onde partida e chegada são a mesma, mas eu não. Mupepy Munatim pedro peralta, portugal, ficção, 18', cor, digital, 2012 Quando descobre que a mãe morreu, um homem que tinha partido para França, regressa a Portugal. Seguimos suas deambulações. Sentimos quão estranho se tornou para os outros. Ele não sabia que perderia tudo e faz o luto a seu modo. O barão edgar pêra, portugal, ficção, 95’, p&b, digital, 2011 Inspirado na obra de Branquinho da Fonseca, remake neurogótico de um filme realizado na II Guerra. Proibido pelo Ditador por retratar um tiranete que aterrorizava os habitantes de uma região montanhosa. A narrativa conduz o Inspetor por uma natureza insólita até o castelo do Barão. O Barão é um camaleão emocional. Vive um amor aprisionado. Idalina, criada aristocrata, esguia e esquiva paira pelo castelo e lhe perturba. Mupepy Munatim IX Panorama Internacional Coisa de Cinema PANORAMA INDIELISBOA Quatro horas descalço ico costa, frança/ portugal, ficção, 15', cor, digital, 2012 Balaou Incêndio Lacrau Quatro horas descalço Barba Uma casa silenciosa, de porta aberta no meio da noite. Mas a paz é uma ilusão – um filho mata o pai com as suas próprias mãos e caminha as quatro horas seguintes até a esquadra, os pés descalços em contato cruel com o chão, para se denunciar. Um crime numa aldeia numa montanha no interior de Portugal e no centro de uma família. (ap) Ruínas manuel mozos, portugal, documentário, 60', cor, digital, 2009 O barão Arena Ruínas Fragmentos de espaços e tempos, restos de épocas e locais onde apenas habitam memórias e fantasmas. Vestígios de coisas sobre as quais o tempo, os elementos, a natureza, e a própria ação humana modificaram e modificam. Com o tempo tudo deixa de ser, transformandose eventualmente numa outra coisa. Lugares que deixaram de fazer sentido, de ser necessários, de estar na moda. Lugares esquecidos, obsoletos, inóspitos, vazios. Não interessa aqui explicar porque foram criados e existiram, nem as razões porque se abandonaram ou foram transformados. Apenas se promove uma ideia, talvez poética, sobre algo que foi e é parte da(s) história(s) deste País. 55 IX Panorama Internacional Coisa de Cinema Panorama italiano Hotel Transeuropa Io e te Salvo 56 IX Panorama Internacional Io e te Coisa de Cinema PANORAMA ITALIANO Hotel Transeuropa Io e te Salvo luigi cinque, itália/ brasil, 100’, cor, digital, 2012 bernardo bertolucci, itália, 103’, cor, 35mm, 2012 Em um hotel na Costa Oeste da Sicília, um grupo de artistas de jazz se prepara para uma nova turnê. Durante os ensaios, duas brasileiras surgem com notícias: Darcy, um percussionista famoso, desapareceu, provavelmente por causa de um feiticeiro que agiu a mando de traficantes de drogas. Para encontrá-lo, os músicos têm apenas uma opção: descobrir sua fórmula musical. O filme conta com importantes nomes da música italiana, como Pippo Delbono, Peppe Servillo, Patrizio Fariselli e Gianluigi Trovesi. Lorenzo é um jovem solitário de 14 anos, diferente dos outros. Vai enganar os pais e faltar a uma viagem escolar de esqui para realizar o sonho de se esconder numa cave abandonada do prédio onde mora. Durante toda uma semana, poderá finalmente evitar todos os conflitos e as pressões e comportar-se como um adolescente "normal". Quer viver no isolamento total com a sua música e livros preferidos. Mas a chegada inesperada da meia-irmã Olivia vai mudar tudo. Ela é mais velha e tem a experiência do mundo. O tempo que vão passar juntos vai inspirar Lorenzo, que um dia poderá dizer adeus à sua vida de miúdo e lançar-se na confusão da vida dos adultos. fabio grassadonia e antonio piazza, itália/ frança, 104, digital, 2013 contato: off med -mrf5 [email protected] +39·06·482·5761 Assassino profissional da máfia siciliana, Salvo é um homem solitário, frio e implacável. Ele invade uma casa para executar um assassinato encomendado. É quando conhece Rita, uma menina cega que presencia impotente o assassinato de seu irmão. Salvo tenta fechar seus olhos perturbadores que, fixos nele, não conseguem vê-lo. Mas algo impossível acontece: Rita vê pela primeira vez. Salvo decide então deixá-la viver. Agora, assombrados pelos mundos a que pertencem, eles estão ligados para sempre. Grande prêmio e troféu revelação na Semana da Crítica do Festival de Cannes 2013. contato: h2o films – marcos [email protected] 21·2205·2413 contato: california filmes – jairo [email protected] 11·3048·8444 Salvo Hotel Transeuropa 57 IX Panorama Internacional Coisa de Cinema Animage O animage - Festival Internacional de Animação de Pernambuco, é um evento que acontece anualmente nas cidades de Recife e Olinda. Em sua quintaedição, o animage exibiu em 2013 um vasto panorama da animação mundial, com foco em produções independentes e autorais, apostando na qualidade artística de cada filme. No segundo ano de parceria com o Panorama Internacional Coisa de Cinema, uma seleção especial de filmes exibidos no Animage chega a Salvador. The kiosk Sangre de unicornio Fight Choir tour Plug & play Rabbitland Faroeste, um autêntico western Autor du lac Moya mama samolet Drifters Hammam Laska Crow’s nest How to make love to a woman Teat beat of sex – hair Deu no jornal Im rahmen La vie sexuelle des dinossaures Teat beat of sex – trouble Peach juice Rosette Tram 58 IX Panorama Internacional Coisa de Cinema Drifters ANIMAGE 1 The kiosk Choir tour anete melece, suiça, 7’, digital, 2013 edmunds jansons, letônia, 5’, digital, 2012 Durante anos, o quiosque onde Olga trabalha tem sido seu pequeno lar. Seu vício em doces e sua vida monótona a fizeram ficar maior do que a porta de saída. Para se distrair, ela lê revistas sobre viagens e sonha em estar bem longe dali. Um incidente absurdo faz com que Olga inicie sua jornada. Um coral de garotos mundialmente famoso está em turnê. Nas mãos de seu severo maestro, eles são um instrumento musical obediente, mas quando ficam sem supervisão são apenas crianças brincalhonas. Em uma visita à Seul, na Coréia, o maestro fica preso no elevador e os garotos são deixados sozinhos. Sangre de unicornio alberto vasquez, espanha, 9’, digital, 2013 Dois ursinhos de pelúcia vão caçar unicórnios, sua caça favorita. Unicórnios têm carne macia e um sangue delicioso com gosto de blueberry, que os ursinhos precisam para continuarem fofinhos. Fight steven subtonick, eua, 4’, digital, 2012 Um duelo entre dois personagens multifacetados. Plug & play Plug & play michel frei, suiça, 6’, digital, 2013 Criaturas antropóides com plugs no lugar das cabeças estão afim de travessuras. No lugar de se entregar aos ditames de um dedo levantado, eles logo se submetem a eles mesmos. Mas os dedos também põem os dedos ao redor. Isso é amor? Plug & Play, um filme animado inteiramente feito com dedos. Rabbitland ana nedeljkovic e nikola majdak jr., sérvia, 7’, digital, 2013 Faroeste, um autêntico western Os coelhos são muito felizes. Moram nas ruínas da Terra dos Coelhos – a perfeita democracia. Todos os dias, seus habitantes saem pra votar, e votam nos mesmos representantes. Faroeste, um autêntico western wesley rodrigues, brasil, 19’, digital, 2013 Maverick é um urubu que, logo ao nascer, vê sua família ser vítima da violência. Habituado a ela desde o princípio de sua vida, na idade adulta se torna líder de uma gangue criminosa, espalhando terror por onde passa. Autor du lac carlos roosens, bélgica, 6’, digital, 2013 A respiração de um atleta, um formigueiro demolido, uma poça d’água, um sanduíche deixado em um banco, um esquilo.... Fragmentos de vidas que nos levam a andar ao redor do lago, com palavras e música de “Carl & les hommes-boîtes”. Moya mama samolet julia aronova, rússia, 7’, digital, 2012 Minha mãe é um avião... Drifters ethan clarke, eua, 8’, digital, 2012 Um a um, três estranhos acordam em um trem onde não se lembram de terem embarcado. Eles são os únicos passageiros. 59 Choir tour IX Panorama Internacional Coisa de Cinema ANIMAGE 2 Crow’s nest Autor du lac Rosette Teat beat of sex – hair Teat beat of sex – trouble Im rahmen Peach juice Tram La vie sexuelle des dinossaures Rabbitland Moya mama samolet Hammam Laska 60 Fight How to make love to a woman IX Panorama Internacional Coisa de Cinema ANIMAGE 2 Deu no jornal Hammam Teat beat of sex – hair Teat beat of sex – trouble florence miailhe, frança, 8’, digital, 1992 signe baumane, rússia, 2’, digital, 2008 signe baumane, rússia, 2’, digital, 2008 Duas jovens que visitam pela primeira vez um banho turco um hamman -, nos conduzem por um labirinto de saunas, chuveiros e fontes. Uma opinião sobre sexo do ponto de vista de uma mulher. Chocante! Uma opinião sobre sexo do ponto de vista de uma mulher. Chocante! Deu no jornal Peach juice Laska michel socha, polônia, 5’, digital, 2008 “Chick” é uma história engraçada da vida real sobre as relações entre homem e mulher. A paixão e suas consequências são retratadas de um jeito irônico: conhecer um cara, dançar, se divertir e transar. Crow’s nest robert milne, reino unido, 2’, digital, 2013 O corvo está ocupado construindo seu ninho, mas ele tem um rival. How to make love to a woman bill plympton, eua, 5’, digital, 1995 Um olhar animado sob as etapas essenciais de um relacionamento, desde encontrar uma mulher, até fazer amor com ela. yanko del pino, brasil, 3’, digital, 2005 brian lye, canadá, 8’, digital, 2012 Um desenho animado para adultos que narra a saga de um solitário e suas fantasias. Traços de esferográfica no jornal velho desvendam as suas relações mais íntimas. Durante as férias na praia, um jovem se atrai por sua tia. Im rahmen evgenia gostrer, alemanha, 5’, digital, 2013 Quanto eu amo a mim mesmo? Do que sinto orgulho? Como me apresento? Como eu gostaria de ser visto? Onde estão meus limites pessoais e com o que eles se parecem? Quão longe eu posso ir? La vie sexuelle des dinossaures delphine hermans, bélgica, 3’, digital, 2012 É primavera… Rosette romain borrel, gaël falzowski, benjamin rabaste e vincent tonelli, frança, 5’, digital, 2011 Em uma delicatessen de carnes, uma cliente começa a fantasiar com o açougueiro. Ela nos leva até uma visão clichê de suingue, transcrita, para melhor ou pior, dentro de um universo de produtos de carne de porco. Tram michaela pavlatova, frança, 7’, digital, 2012 É um dia rotineiro para a condutora do Bonde. Como em todas as manhãs, os homens entram e saem para trabalhar, um após o outro, todos parecidos Sangre de unicornio The kiosk 61 IX Panorama Internacional Coisa de Cinema Sessão Desbunde Amor e outras construções ou uma boca/ Que abarcasse/ Tanto cu Delete deleite Falos e badalos Lagoa remix Mata adentro O sangue de Jesus tem dendê Sem título Y 62 IX Panorama Internacional Coisa de Cinema Y Mata adentro O sangue de Jesus tem dendê Sem título SESSÃO DESBUNDE Delete deleite Cinema do Desbunde - tomada única por marcelo caetano O Desbunde está em não voltar no tempo nem morrer de saudades. Está na possibilidade de fazer outra vez, de outra maneira, com outros olhos. Convidar as velhas orgias do passado para a volúpia de mais noites regadas a situações melosas, posições incômodas e intensas, alongamentos de partes íntimas e gostosas. Desbunde é ver, deseducar-se e pedir mais. Queremos mais. Os diretores Hilton Lacerda e Marcelo Caetano convidaram o Festival Curta Oito para produzir em parceria com o Festival de Curta de São Paulo, uma sessão com o tema Desbunde em Tomada Única - proposta em que os filmes são rodados em super-8, montados diretamente no gatilho da câmera, sem edição posterior. Com parceria do curador Fabio Allon, cineastas e artistas foram convidados para produzir releituras e significações contemporâneas do cinema em super-8 dos anos 70. Para ver e produzir novos entendimentos. Amor e outras construções ou uma boca/ que abarcasse/ tanto cu gustavo vinagre, brasil, 3’, cor, digital, 2013 Em uma cidade em construção, um grupo de rapazes busca o amor. Delete deleite karen black e ana izabel aguiar, brasil, 3’, cor, digital, 2013 Mata adentro claudia priscilla, hilton lacerda e rodrigo bueno, brasil, 3’, cor, digital, 2013 Personagens transitam na subjetividade do desejo. O sangue de Jesus tem dendê daniel lisboa, brasil, 3’, cor, digital, 2013 Sorria você está na Bahia. Deletar é preciso. Sem título Falos e badalos nino cais, brasil, 3’, cor, digital, 2013 anita rocha da silveira, brasil, 3’, cor, digital, 2013 Y Rio de Janeiro: o local ideal para um amor monumental. dácio pinheiro e stefan fähler, brasil, 3’, cor, digital, 2013 Lagoa remix O filme é uma colaboração entre artistas de várias nacionalidades, um manifesto contra a energia nuclear e a repressão sexual das grandes potências. Com trilha composta pela vocalista da banda alemã 'Crime'. leonardo mouramateus, brasil, 3’, cor, digital, 2013 Não vou negar. Sofri demais quando você me deu o fora. Mas o tempo passa. O mundo gira. O mundo é uma bola. Falos e badalos Amor e outras construções ou uma boca/ Que abarcasse/ Tanto cu Lagoa remix 63 IX Panorama Internacional Coisa de Cinema Sessão Cineclube Mário Gusmão Agosto Anil Brabeza O pátio Sensações contrárias Silent star 64 O pátio IX Panorama Internacional Coisa de Cinema Silent star Anil Brabeza Sensações contrárias SESSÃO CINECLUBE MÁRIO GUSMÃO Agosto Caixa Anjo Negro: um panorama do curta-metragem na Bahia por cyntia nogueira O Cineclube Mário Gusmão surgiu na cidade de Cachoeira em 2010, tendo como objetivo ampliar a difusão e reflexão crítica sobre o cinema baiano e brasileiro. A seleção de curtas apresentados aqui marca o lançamento da Caixa Anjo Negro, um box com 4 dvds contendo 42 filmes de curta-metragem baianos, encarte educativo e um catálogo com 27 críticas cinematográficas, além de Extras sobre o ator negro, cachoeirano, Mário Gusmão, ícone do teatro e do cinema baianos dos anos 1960 e 1970, a quem prestamos homenagem com o nome do cineclube. Os oito programas de exibição que passamos agora a distribuir integraram a mostra Curtas Baianos – um panorama (1954-2010) e propõem um olhar crítico sobre essa produção. Em um momento de revigoramento do cineclubismo e do interesse pelos formatos curtos, buscamos identificar tendências e estabelecer elos entre realizações às vezes distantes do tempo, mas próximas em suas propostas estéticas, modos de produção ou na abordagem de determinados temas. É o que revela o programa Cinema de Sensações, que escolhemos para esta mostra, tendo como referência o curta experimental O Pátio (1959), de Glauber Rocha. O Cineclube Mário Gusmão é um projeto de pesquisa e extensão do curso de Cinema e Audiovisual da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia – ufrb. Com o acervo bibliográfico e filmográfico reunido na Caixa Anjo Negro, pretendemos contribuir para o acesso e a reflexão acerca de nossa cinematografia, ampliando também o conhecimento sobre a impressionante trajetória artística, política e formativa de Mário Gusmão. Agosto Brabeza Sensações contrárias wallace nogueira, ba, 13’, digital, 2011 josé umberto dias e robinson roberto sales barreto, 22 min, digital, 1978 amadeu alban, jorge alencar e matheus rocha, ba, 5’, digital, 2007 Ecos cinemanovistas estilizados em experimentos compositivos fotográficos e de montagem, no encontro de uma retirante com um homem que carrega um fuzil nas ruas da cidade grande. Sensações Contrárias é ambientado no Recôncavo Baiano, região de passado coronelista. Dentro de um ambiente provincianodecadente, desenvolve-se a noção de borrão, em que os eventos coreográficos e imagéticos se dão por aparentes acidentes, falhas e descontinuidades, num limite entre realismo cotidiano e surrealismo. A existência rompida pelas gotas de um coração seco. Anil fernando bélens, ba, 8’, digital, 1990 Durante uma semana, regidos pelos signos negros da cultura bahiana, os varais contam histórias de exploração. O trabalho da mulher, cânticos e cores se reúnem delicadamente para denunciar. O pátio glauber rocha, ba, 13’, digital, 1959 Primeiro filme de Glauber. Num terraço de azulejos em forma de xadrez, um rapaz e uma moça. Esses dois personagens evoluem lentamente: se tocam, rolam no chão, se distanciam, se olham. Silent star alexandre guena, ba, 13’, digital, 2009 Sozinha novamente ou. 65 IX Panorama Internacional Coisa de Cinema COMISSÃO DE SELEÇÃO Cláudio Marques Cláudio Marques nasceu em Campinas, São Paulo, em 1970, e mora em Salvador desde 1982. Cláudio foi editor e crítico do jornal Coisa de Cinema durante oito anos (1995-2003). Colaborou para os jornais Tribuna da Bahia e A Tarde. Responsável pela programação da Sala Walter da Silveira (2007-2009), idealizou e hoje é o principal coordenador do Espaço Itaú de Cinema – Glauber Rocha. Cláudio é o idealizador e coordenador do Panorama Internacional Coisa de Cinema. Depois da Chuva, seu primeiro longa-metragem, estreou no 46º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, onde recebeu os prêmios de melhor, ator, roteiro e trilha sonora. João Paulo Barreto Formado em Jornalismo pela Faculdade Social da Bahia, João Paulo Barreto teve sua graduação voltada para a análise cinematográfica com pesquisa da filmografia dos diretores Martin Scorsese e Fernando Meirelles. Participou, em 2009, do curso de direção e roteirização ministrado pelo cineasta Rubens Shinkai; em 2009, 2011 e 2012, participou 66 dos cursos de Teoria, Crítica e Linguagem Cinematográfica, e, em 2013, do Forma e Estilo, todos ministrados pelo crítico Pablo Villaça. Em 2011, fez parte do Júri Jovem da sétima edição do Panorama Internacional Coisa de Cinema e, nas edições de 2012 e 2013, integra a curadoria do festival. Ainda em 2012, trabalhou como assessor de imprensa na produção do longa de estreia dos cineastas Cláudio Marques e Marília Hughes, Depois da Chuva. Escreve sobre cinema para o blog Película Virtual e para o site Coisa de Cinema. Marília Hughes Marília Hughes nasceu em Vitória da Conquista, Bahia, em 1978, e mora em Salvador, Bahia, desde 1991. É graduada em Psicologia (1996-2002) pela Universidade Federal da Bahia e mestre em Comunicação e Cultura Contemporâneas (2007-2009) pela ufba/PósCom. Sócia da empresa Coisa de Cinema onde trabalha, desde 2006, como diretora, produtora e editora. Marília realizou diversos curtas premiados e, desde 2007, é produtora geral do Panorama Internacional Coisa de Cinema, um festival internacional de cinema que acontece em Salvador desde 2002. Depois da Chuva, seu primeiro longametragem, estreou no 46º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, onde recebeu os prêmios de melhor, ator, roteiro e trilha sonora. Rafael Carvalho Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas da Universidade Federal da Bahia, realiza pesquisa no campo da crítica cinematográfica. Também escreve críticas para o weblog Moviola Digital (www. movioladigital.blogspot.com) e colabora para o site Coisa de Cinema (www.coisadecinema. com). É membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine). Em 2011, venceu o Concurso Estadual de Estímulo IX Panorama Internacional Coisa de Cinema OFICINA DE CRÍTICA CINEMATOGRÁFICA OFICINA DE DIREÇÃO CINEMATOGRÁFICA João Carlos Sampaio Juliana Rojas Jornalista e Crítico de cinema (membro da Abraccine), colabora com diversas revistas e jornais de circulação nacional. Curadoria para o Cine pe – Festival do Audiovisual e Mostra Cinema Conquista. Manteve coluna no Jornal Bahia Hoje, entre 1993 e 1995, quando passou a escrever regularmente para o jornal A Tarde. Um dos fundadores do Projeto Lanterninha, principal atividade cineclubista da Bahia. Em 2005 integrou o júri constituído pelo MinC para escolha do filme brasileiro pré-candidato ao Oscar. Como consultor, atua em júri de seleção de roteiros e similares para diversos projetos, a serviço de órgãos públicos como Minc, Sesc São Paulo e Dimas (ba). Atua ainda como consultor na seleção de filmes e membro de júri em festivais, já tendo participado como jurado dos principais eventos de cinema do país. Ministra palestras, oficinas e integra seminários em diversos eventos, inclusive os minicursos de “Fruição e Crítica de Cinema”, em vários estados brasileiros. Nasceu em 1981 e cursou cinema na Universidade de São Paulo, onde se especializou em roteiro, montagem e som. Escreveu e dirigiu, em parceria com Marco Dutra, os curta-metragens O Lençol Branco (Seleção Oficial – Cinéfondation – Cannes 2005), Um Ramo (Melhor Curta – Semana da Crítica – Cannes 2007) e As Sombras. Também escreveu e dirigiu os curtas Vestida, Pra Eu Dormir Tranquilo (Prêmio Court Toujours – Festival de Toulouse 2012 e Melhor Curta-metragem de ficção - Grande Prêmio do Cinema Brasileiro) e O Duplo (Menção Especial - Semana da Crítica - Cannes 2012 e Prêmio Court Toujours Festival de Toulouse 2013). O primeiro longa de Juliana e Marco – Trabalhar Cansa – estreou dentro da seleção oficial do Festival de Cannes 2011 – Seção Un Certain Regard. Trabalha também como montadora. Faz parte do Filmes do Caixote, um grupo de realizadores que trabalha em colaboração constante. à Crítica de Artes, na categoria audiovisual, e fez parte do Júri Jovem do vii Panorama Internacional Coisa de Cinema. Foi comentarista do projeto Janela Indiscreta Cinema: Eis a Questão e um dos organizadores do Cineclube Segundo o Cinema, em Vitória da Conquista. Rafael Saraiva Mesmo sendo graduado em Bacharelado em Ciência da Computação, sempre teve uma paixão maior pelo cinema, o que o motivou a seguir seu sonho na área do audiovisual. Participou de workshops e oficinas relacionadas a mídias móveis, roteiros e produção de vídeos utilizando ferramentas livres. Se especializando na área da crítica cinematográfica, fez cursos com os críticos Pablo Villaça (portal Cinema em Cena) e João Carlos Sampaio (jornal A Tarde), este último ocorrido durante o vii Panorama Internacional Coisa de Cinema, onde teve também a oportunidade de integrar o Júri Jovem da Mostra Competitiva. Desde sua oitava edição, integra a equipe de curadoria do festival e colabora com textos para o site Coisa de Cinema (http://www. coisadecinema.com.br). 67 IX Panorama Internacional Coisa de Cinema CONSULTORES DO LABORATÓRIO DE ROTEIROS Aleksei Wrobel Fabio Meira Marcelo Lordello Mestre em Literatura, com especialização na Universidade Livre de Berlim. Autor, produtor de cinema, consultor e instrutor de roteiros. Entre os principais trabalhos na escrita audiovisual estão o longa de ficção A Via Láctea, o documentário O Último Kwarup Branco e a novela Água na Boca, da Band. Escreveu séries documentais e ficcionais para os canais de tv Futura, rbs e cnt. Script-doctor para os filmes Elena, de Petra Costa; De Menor, de Caru Alves de Souza; Hoje, de Tata Amaral; e filmes em regime de co-produção internacional do antigo Depto. Internacional da O2 filmes. Colaborador do Laboratório de Roteiros do Sesc (antigo Sundance) desde 2009, tendo sido consultor nas edições de 2009 (Adulto), 2010 (Infantil), 2011 e 2012 (Adulto). Roteirista e diretor, nascido em Goiânia em 1979, formado pela Escola de Cinema de Cuba com Pós em Roteiro de longa-metragem ficção pela escac em Barcelona e Mestrado pela eca-usp. Trabalhou como assistente de Ruy Guerra e Fernando Trueba e realizou os curtas Atlântico (Melhor curta no Festival de Toulouse) e Hoje tem alegria (Prêmio abd-sp no É Tudo Verdade). Foi roteirista de The Illusion, premiado nos festivais de Berlim, Chicago e Havana e do longa De Menor de Caru Alves de Souza, que estreia esse ano em San Sebastian, Biarritz e Rio. Em fase de captação para As duas Irenes, seu primeiro longa como diretor. Diretor, Diretor de Fotografia e Montador. Integrante da produtora pernambucana cinematográfica Trincheira Filmes. Nascido em Brasília em 1981, graduouse em Comunicação pela Universidade Federal de Pernambuco, onde iniciou sua carreira realizando curtas e outros projetos audiovisuais seus e de parceiros. Em 2007, iniciou sua carreira de diretor com o curta Garotas de Ponto de Venda, seguido de Fiz zum zum e pronto (2008) e No27 (2008). Este último e seu primeiro longa documental Vigias (2010) estrearam no Festival de Brasília e circularam por outros importantes festivais nacionais e internacionais. Seu primeiro longa ficcional Eles Voltam (2012) foi premiado, também no Festival de Brasília, como Melhor Filme pelo Júri e pela Crítica, Melhor Atriz e Atriz Coadjuvante. 68 IX Panorama Internacional Coisa de Cinema COLÓQUIO: CARLÃO, CINEMA NO CORAÇÃO! Promoção: ix Panorama Internacional Coisa de Cinema e Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) Bertrand Duarte Francis Vogner Luiz Zanin Iniciou a carreira no teatro, pela ufba, em 1980. Protagonizou o filme Superoutro dirigido por Edgard Navarro e vencedor dos prêmios de Melhor Filme, Melhor Diretor e Melhor Ator (Bertrand Duarte) no Festival de Gramado. Também foi premiado pelos filmes Alma Corsária e Pau Brasil como protagonista e atuou em outras produções cinematográficas e para tv. Francis Vogner é mestrando em Meios e Processos Audiovisuais na eca-usp e crítico de cinema. Foi redator da Revista Cinética por 5 anos e colaborou para a Foco Revista de Cinema, Filme Cultura, Teorema, Miradas del Cine (Cuba), Cahiers du Cinéma España, La Furia Umana (Itália) e Revista Interlúdio. É curador da Mostra de Cinema de Tiradentes, Cine bh e Cine op e atuou como Júri em festivais. Crítico de cinema, repórter especial de cultura e colunista d’O Estado de S. Paulo. Presidente da Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema). De 2000 a 2009 foi editor do suplemento Cultura, do Estadão. Autor dos livros “Cinema de Novo - Um Balanço Crítico da Retomada” (2003), “Guilherme de Almeida Prado - um Cineasta Cinéfilo” (2005) e “Fome de Bola - Futebol e Cinema no Brasil” (2006). Fábio Andrade Formado em Jornalismo e Cinema pela puc-Rio, com extensão em roteiro pela School of Visual Arts de Nova York. É crítico de cinema, roteirista, montador e editor de som. Escreve na revista Cinética desde 2007 e em 2010 assumiu sua editoria. Publicou textos na revista Filme Cultura e em catálogos de festivais no Brasil e exterior, como Festival de Berlim e o livro comemorativo dos 45 anos do Festival de Brasília. João Carlos Sampaio Jornalista e Crítico (membro da Abraccine), colabora com revistas e jornais de circulação nacional. Manteve coluna no Jornal Bahia Hoje, entre 1993 e 1995, quando passou a escrever regularmente para o jornal A Tarde. Curadoria para o Cine pe e Mostra Cinema Conquista. Já atuou como jurado nos principais eventos de cinema do país. Ministra palestras, oficinas e integra seminários em diversos eventos, inclusive minicursos de “Fruição e Crítica de Cinema”, em vários estados brasileiros. Marcelo Miranda Jornalista e crítico de cinema em Belo Horizonte. Foi repórter do jornal O Tempo (2006-2012). Coeditor da revista eletrônica Filmes Polvo e colaborador da Interlúdio. Escreveu nas impressas Teorema, Filme Cultura e Monet e nos jornais Estado de Minas, Estado de S. Paulo, Valor Econômico, Zero Hora e Folha de S.Paulo. Publicou textos em catálogos de retrospectivas, festivais e no livro Os Filmes que Sonhamos. 69 IX Panorama Internacional Coisa de Cinema EQUIPE CONTATO Coordenação Geral: Cláudio Marques e Marília Hughes COISA DE CINEMA Curadoria: Cláudio Marques, João Paulo Barreto, Marília Hughes, Rafael Carvalho e Rafael Saraiva Endereço: Rua Direita de Santo Antonio, 84, Santo Antonio Tel: 71·3276·1241 / 8104·9656 / 8101·6004 Produção e Coordenação de Logística: Joana Giron Produtora de Tráfego: Flávia Santana Produção, Oficinas e Colóquio: Tais Bichara Mobilização de Público: Júlia Salgado Produção de Campo e Transportes: Michele Perroni Projeção: Jeronimo Soffer Produção de Festas e Lounge: Carol Morena Design Gráfico: Pierre Themotheo Legendagem Eletrônica e Tradução: Bernardo Machado Assessoria de Imprensa: Jane Fernandes (Quarta Via - Assessoria de Comunicação) Vinheta e Cobertura de Video: Anouk Dominguez-Degen Hot Site: Fábio Farani (Dois! Mídia e Arte) Administração de Conteúdo do Site: Rafael Saraiva Cobertura Fotográfica: Agnes Cajaiba Coordenação e Debates (Cachoeira): Cyntia Nogueira Produção e Receptivo (Cachoeira): Thamires Vieira Mobilização de Público (Cachoeira): Leandro Rodrigues e Emerson Almeida Divulgação (Cachoeira): Wendell Coelho Projeção (Cachoeira): Evandro de Freitas Produção de Festas (Cachoeira): Manuela Muniz Registro Fotográfico (Cachoeira): Carina Rosa, Wesley Proença Coordenação – Revista CineCachoeira: Guilherme Sarmiento Redatores – Revista CineCachoeira: João Marciano, Thacle Souza 70 Email: producao. panoramacoisadecinema@ gmail.com www.facebook.com/panorama. coisadecinema ESPAÇO ITAÚ DE CINEMA GLAUBER ROCHA Endereço: Praça Castro Alves, s/n – Centro Tel: 3011·4706 (Bilheteria)/ 3322·0302 SALA WALTER DA SILVEIRA Rua General Labatut, 27, Barris (Prédio da Biblioteca Pública Estadual) Tel: 3116·8100 CAHL - CENTRO DE ARTES, HUMANIDADES E LETRAS/ UFRB Rua Maestro Irineu Sacramento, s/n, Centro, Cachoeira, Bahia Tel: 75·3425·2729/ 3425·2551 IX Panorama Internacional Coisa de Cinema Todas as peças do seu projeto ANIMAGE 1 Equipamentos e soluções em www.ciario.com.br em um só lugar todo o território nacional Locação de Câmera, Iluminação, Acessórios de Produção, Maquinária, Grua, Dolly, Trailer, Unidade Geradora. Projetos de Figurino e Design. Transporte, Soluções em TI, Produção e Pós Produção de Áudio, Venda de Suprimentos para Produções e outros. 71