MItOs bRAsIlEIROs EM CORdEl
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MItOs bRAsIlEIROs EM CORdEl
Guia para o professor Projeto de leitura mitos brasileiros em cordel césar obeid Xilogravuras: Ernesto Bonato A OBRA Indicação de leitura: leitor em processo (9 a 10 anos) Resumo: você já deve ter ouvido falar do Curupira, do Saci, da Mula sem Cabeça, da Iara e de tantos outros mitos do folclore brasileiro, não é? Mas será que já leu sobre eles nas rimas da literatura de cordel? Será que já os viu ilustrados com a técnica da xilogravura colorida? Interdisciplinaridade: Língua Portuguesa, Geografia, História Formato: 22x20 cm - 60 páginas ISBN 978-85-8232-000-6 POR QUE LER ANTES DE LER A cultura popular é um dos tesouros de um povo. Conhecer os mitos e lendas transmitidos oralmente através dos séculos é conhecer a alma desse povo. Por outro lado, a cultura popular se manifesta de diversas formas: na música, na dança, nos ritos e, é claro, também na literatura. E que gênero literário representa melhor a cultura popular do que a literatura de cordel? Todo mundo já ouviu falar, ou leu, ou viu em filmes ou na televisão algo sobre um mito do folclore brasileiro, não é? Então, que tal saber o que seus alunos conhecem sobre o assunto? Prepare um mural com imagens de diversos mitos do folclore, como o Saci, o Curupira, a Iara etc. Essas imagens você pode conseguir em livros ou enciclopédias, ou mesmo na internet. Antes de mostrar o mural para seus alunos, sente com eles numa roda e pergunte se conhecem algum mito do folclore. Provavelmente eles já ouviram falar do Saci. Ou mesmo do Curupira ou do Boto-Cor-de-Rosa. Peça ainda que cada um explique o mito que conhece. Por exemplo: como é o Saci? O que faz o Boitatá? Apresente seu mural. Seus alunos conseguem identificar todas as imagens que você coletou? Estrutura da obra Este livro não traz apenas uma narrativa. Muito menos, uma narrativa linear. Ao longo de dez pequenas narrativas em versos, no formato de cordel, o autor fala dos mitos brasileiros, além de explicar a diferença (ou semelhança?) entre o cordel e o repente, e mostra também o que são os mitos. Para completar, César Obeid apresenta um exemplo de “repente”, por meio de uma peleja entre dois poetas, usando os mitos brasileiros como tema. Principais conceitos: l Cultura Popular l Expressão oraI l Respeito l Ética l Identidade l Meio ambiente DURANTE A LEITURA Prepare um cantinho de história. De preferência, sente no chão com seus alunos de um jeito bem confortável. É importante para as crianças sentirem que a hora da leitura é um momento de prazer e diversão, de modo que passem a desejar que esse momento chegue logo. CONECTE-SE É sempre bom ter em mente que as histórias que moram nos livros dialogam com diversas outras mídias, como o cinema, a música ou mesmo outros livros. Aqui você encontra algumas sugestões, mas este é apenas um ponto de partida para a sua própria pesquisa. umas das formas mais brasileiras de se contar histórias. Ilustram o livro as xilogravuras de Eduardo Ver, que, em sintonia com os versos rimados, característicos dos cordelistas, divulgam esse tão expressivo segmento da cultura nacional. da igreja que vê a procissão das almas, o encontro do Papai Noel com um menino de rua, e as aventuras de Zé Burraldo, sujeito ingênuo que sempre se deixa levar pelos outros. Histórias brasileiras com muito humor e magia. O Patinho Feio em Cordel, de César Literatura Obeid, xilogravuras de Eduardo Ver Outras histórias narradas em Cordel: (Mundo Mirim, 2010) – César Obeid recriou em cordel o conto de fadas A Bela e a Fera em Cordel, de Clara de Hans Christian Andersen, O patiRosa Cruz Gomes, xilogravuras de nho feio. Especialista em literatura Eduardo Ver (Mundo Mirim 2011) – de cordel, o autor respeita as sextiPara salvar o pai, a jovem Bela acei- lhas e a métrica silábica de sete síta viver em um castelo com uma labas para cada verso. Além da hisfigura monstruosa. Com o tempo, tória contada em versos na primeira a moça aprende a amar o compa- parte do livro, na segunda ele reesnheiro e descobre que julgar al- creve a história em forma de teatro, guém apenas pela aparência pode mantendo as rimas e a característica ser um grande engano. Uma versão do cordel. É um livro “dois em um” em cordel do belo conto de Jeanne- perfeito para ensinar – brincando – Marie Leprince de Beaumont. literatura popular às crianças. Somos todos Sacys – de Rudá de Andrade e Sylvio Rocha, Brasil, 2005 – Documentário que traz entrevistas com pessoas que dizem ter visto o Saci na região rural do Vale do Ribeira, interior de São Paulo. João e o pé de feijão em Cordel, de César Obeid, xilogravuras de Eduardo Ver (Mundo Mirim, 2009) – César Obeid busca no conto do folclore inglês, “João e o pé de feijão”, tema para sua literatura de cordel, Internet www.arteducacao.pro.br/Cultura/ cordel/cordel.htm – Site com informações claras e elucidativas sobre literatura de cordel, principais cordelistas, estrutura dos versos, além de links para outros sites especializados no assunto. w w w. a b l c . c o m . b r / h i s t o r i a / Filmes hist_cordel.htm – Site oficial da Pequenas Histórias – de Helvécio Academia Brasileira de Literatura Ratton, Brasil, 2008 – Na varan- de Cordel, com informações com da de uma fazenda, uma senhora a história do cordel, os principais conta histórias. O casamento do cordelistas brasileiros, bibliografia pescador com a sereia, o coroinha teórica e muito mais. Mostre a capa do livro e explique que o que vão ler hoje não é uma história convencional, e sim diversas narrativas em versos. Por serem dez narrativas e um repente, você pode fazer a leitura em dois ou três dias diferentes, por exemplo. Mas é importante ler em voz alta, respeitando a métrica das estrofes e o ritmo tão característico desse gênero literário. Ao final da leitura de cada página, vá revelando as ilustrações para que seus alunos possam visualizar o mito do qual está sendo falado. Como ler as ilustrações O ilustrador Ernesto Bonato optou por utilizar a técnica da xilogravura, que se baseia no entalhe de madeira ou ferro, o entintamento do mesmo, e então a impressão em papel. Explique a seus alunos que o processo é semelhante ao de um carimbo, só que feito com madeira ou ferro. Esse é um bom momento também para você apresentar aos seus alunos alguns exemplares de livros de cordel que utilizam a mesma técnica, por exemplo. Através das imagens fica claro que o ilustrador foi buscar inspiração no traço original dos ilustradores de cordel, mas que também trouxe um toque de modernidade às ilustrações. Notou que é possível identificar os veios da madeira na impressão do papel através das ilustrações? Chame atenção de seus alunos para esse fato, mostrando o tom rústico da xilogravura. Que tal uma pesquisa? Quem são/foram os principais artistas da xilogravura brasileira? Como funciona a técnica? Na aula de Arte, por exemplo, seus alunos podem reproduzir a técnica usando cortiça de rolhas usadas. DEPOIS DE LER Os mitos e as lendas do folclore levantam muitas questões interessantes e atuais. Que tal discuti-las com seus alunos? Após a leitura, procure saber o que seus alunos acharam. Eles já conheciam todos esses mitos? Algum deles? Sabiam só o nome ou conheciam a história e suas características? Pergunte quais mais gostaram ou quais lhes pareceram estranhos ou assustadores. A partir dessa introdução, levante um debate com seus alunos, instigando-os a “ver” além dos mitos. Por exemplo: o Curupira tem os pés virados para enganar os caçadores. De que tipo de caçador fala a narrativa? Daquele que caça para alimentar sua família? Ou daquele que o faz apenas por prazer? Com um olhar um pouco mais apurado, e um pouquinho de incentivo e debate, seus alunos perceberão que os mitos do folclore estão quase sempre ligados a algum tipo de aprendizado ou alerta. O Boitatá castiga quem maltrata a mata; o Mão de Cabelo, quem faz xixi fora do lugar; o Homem do Saco é um alerta para não se falar com estranhos; e assim por diante. Apenas tome cuidado para não “mostrar” essas conclusões para seus alunos, deixe que eles mesmos percebam. Seu papel nesse debate é direcionar as conclusões para questões bem atuais, como a preocupação com o desmatamento desregrado, o extermínio da fauna etc. Proponha à sua turma uma pesquisa sobre as métricas usadas comumente na literatura de cordel. Eles descobrirão que existem outras métricas. Será que conseguirão encontrar exemplos? Ou então, faça você uma pesquisa nos livros de cordel e traga para seus alunos identificarem o tipo de métrica que cada verso utiliza, por exemplo. Desafie seus alunos a criarem narrativas em cordel. Individualmente ou em pequenos grupos, eles podem escolher um tema, uma métrica e desenvolverem uma narrativa. Se houver em sua turma alunos que gostem e/ou estudem música, por exemplo, eles podem criar uma peleja em forma de repente. Basta escolher o tema! Que outros mitos do folclore brasileiro seus alunos conhecem e que não estão descritos nesse livro? ASSUNTO PUXA ASSUNTO No livro, abaixo de cada título, o autor coloca a métrica usada nos versos: sextilhas, setilhas, oitavas... o que significa isso? Sobre o escritor César Obeid nasceu em São Paulo e cresceu em uma casa em frente a uma praça, onde brincou muito. Aos 21 anos de idade, começou a estudar dramaturgia. Escreveu peças e encenou algumas. Então se encantou pelos poetas populares e se tornou contador de histórias, educador e escritor de livros para crianças e adolescentes. Alguns de seus livros foram premiados pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil – FNLIJ. Atualmente, além dos livros, escreve também matérias e artigos para jornais e revistas, além de participar de programas de televisão. Site: www.cesarobeid.com.br Sobre o ilustrador Ernesto Bonato nasceu em São Paulo e não sabe se foi seu interesse pela natureza, ou se foram as histórias que ouvia e lia, o que despertou sua paixão pelo desenho. Mais tarde descobriu a xilogravura, que é um desenho cavado fundo na madeira ou no metal e depois impresso no papel. Já expôs suas gravuras em diversos lugares no Brasil e no exterior, além de dar aulas sobre o assunto. Blog: ernestobonato.blogspot.com.br Elaborado por Sandra Pina – escritora, jornalista e tradutora. Especialista em literatura infantojuvenil, tem mais de vinte livros publicados. Carioca, ministra oficinas sobre literatura e integra a AEILIJ (Associação de Escritores e Ilustradores de Literatura Infantil e Juvenil). Site: www.sandrapina.com.br
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