Em defesa da manutenção do salário mínimo vinculado às
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Em defesa da manutenção do salário mínimo vinculado às
Boletim Econômico – Edição nº 82 – maio de 2016 Organização: Maurício José Nunes Oliveira – Assessor econômico Em defesa da manutenção do salário mínimo vinculado às aposentadorias (aumento real do salário mínimo tem de continuar e deveria fazer justiça a todas as aposentadorias e pensões do INSS) 1 1. Como funciona a política de valorização do salário mínimo? O salário mínimo sempre foi uma grande bandeira dos trabalhadores e do movimento sindical no Brasil e no mundo. Ao longo da história do Brasil houve diversos embates com o governo e os patrões em defesa de seu poder aquisitivo. A partir de 2003 o Governo Lula, em seu 1º mandato, aprovou no Congresso Nacional a política nacional de valorização do salário mínimo. Essa política consiste em aumentar o valor real do salário mínimo somando a taxa de inflação + a taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos anteriores. A política vem dando certo, mas possui um grave erro, pois não inclui os aposentados e pensionistas que ganham acima do valor do salário mínimo. Esse contingente alcança mais de 10 milhões de pessoas que ficam sem o aumento real em seus proventos. Essa lacuna precisa ser preenchida, ou seja, é necessária uma política salarial que também valorize esses milhões de aposentados e pensionistas. Reajuste igual para todos! Essa deve ser a bandeira de todo o movimento sindical. Essa dos que ganham até um salário mínimo e a exclusão dos que ganham acima do salário mínimo tem gerado uma processo de migração das faixas de 01 a 02 salários mínimos. A se manter essa política que discrimina milhões de pessoas, chegará um dia em que a Previdência Social pagará apenas 01 salário mínimo para todos os trabalhadores que se aposentarem pelo Instituto Nacional do Seguro Social – INSS. 2 2. As perdas salariais dos aposentados e pensionistas Desde a implantação da nova moeda, o Real, em julho de 1994 e, de maneira mais recente, a partir da política de valorização do salário mínimo iniciada em 2003 os aposentados e pensionistas do INSS vêm sofrendo perdas acentuadas em suas rendas, pois não são contemplados pelo Governo Federal com reajustes acima da inflação. Em termos percentuais, as perdas salariais já alcançam 84,77% no período de setembro de 1994 a janeiro de 2016. Essa discriminação do reajuste atinge mais de 10 milhões de aposentados e pensionistas e traz consequências sérias para o bemestar dessa população. Por um lado, gera um crescimento do grau de endividamento, através dos empréstimos consignados, sujeitando os aposentados e pensionistas a um controle permanente dos seus gastos sob o riso de sofrerem um colapso financeiro e também cardíaco. Por outro lado, os aposentados e pensionistas que se encontram na faixa salarial entre 01 e 02 salários mínimos vem, ano após anos, caindo para o valor do piso previdenciário (salário mínimo). O governo alega que o custo financeiro para cobrir o aumento real para todos é de mais de R$ 10 bilhões. Ora, o próprio governo sempre desviou recursos da Previdência Social para fabricar superávit primário e pagar os juros da dívida pública. Portanto, a Previdência sempre teve dinheiro. Somente com a desoneração da folha prevista para 2016 a Previdência pode perder R$ 25 bilhões de receita. 3 PERDAS SALARIAIS DOS APOSENTADOS E PENSIONISTAS EM RELAÇÃO AO SALÁRIO MÍNIMO NO PERÍODO DE 1994 A 2016 Reajuste do salário mínimo Reajuste das aposentadorias acima do salário mínimo set/94 8,04% - -8,04% mai/95 42,85% 42,85% - mai/96 12,00% 15,00% 3,00% jun/97 7,14% 7,76% 0,62% jun/98 8,33% 4,81% -3,52% jun/99 4,61% 4,61% - jun/00 11,02% 5,81% -5,21% jun/01 19,20% 7,66% -11,54% jun/02 11,11% 9,20% -1,91% Total Governo FHC 124,30% 97,70% -26,60% jun/03 20,00% 19,71% -0,29% mai/04 8,33% 4,53% -3,80% mai/05 15,38% 6,35% -9,03% mai/06 16,67% 5,01% -11,66% mai/07 8,56% 3,30% -5,53% abr/08 9,23% 5,00% -4,23% fev/09 12,04% 5,92% -6,12% Jan/10 9,67% 7,72% -1,95% Total Governo Lula 99,88% 57,54% -42,61% jan/11 6,86% 6,41% -0,45% jan/12 14,12% 6,08% -8,04% jan/13 9,32% 6,20% -3,12% jan/14 6,78% 5,56% -1,22% jan/15 8,80% 6,23% -2,57% jan/16 9,83% 9,67% -0,16% Total Governo Dilma 55,71% 40,15% -15,56% Mês/Ano Total FHC + Lula + Dilma Perdas -84,77% 4 3. E os devedores da Previdência Social? Quem são e quanto devem? Há muito tempo que a COBAP defende a divulgação imediata e pública dos grandes devedores da Previdência Social. O movimento dos aposentados, pensionistas e Idosos do Brasil e também toda a sociedade brasileira tem direito de saber dos caloteiros da nossa Previdência Social. Não se sabe ao certo qual é o tamanho dessa “caixa preta” e o tamanho do rombo de dinheiro que deixa de entrar nos cofres da Previdência. Fontes do próprio Governo comentam que o valor seja superior a mais de R$ 200 bilhões. Sabe-se que nessa lista de devedores estão grandes bancos, grandes hospitais privados, grandes companhias aéreas, diversas prefeituras municipais, diversos governos estaduais, empresas estatais, indústrias e muitos outros tipos de devedores ricos. É um absurdo que, além do Governo desviar muito dinheiro da Previdência para pagar os juros da dívida pública do Estado (através da DRU, desoneração da folha, renúncias fiscais, desvios orçamentários, etc.), ainda temos esse triste quadro daqueles que deveriam pagar a Previdência, mas não pagam. E o Governo não faz nada. O Governo, ao invés de impor reformas a previdência social para reduzir direitos sociais ele deveria era ter pulso forte e cobrar o dinheiro da previdência que milhares de empresas não pagam. 5 4. Lutar pela recuperação das receitas previdenciárias O Governo Federal sempre alegou que a Previdência Social é deficitária e que não pode arcar com o custo do aumento real para os aposentados e pensionistas que ganham acima do salário mínimo. Entretanto, o governo implantou a desoneração da folha de pagamento que diminuiu as receitas da Previdência para favorecer a indústria e dezenas de outros setores econômicos. A desoneração gerou uma perda de R$ 62 bilhões desde 2012 até agora. È necessário o fim imediato da desoneração da folha. A Previdência necessita de uma melhor gestão e de mais fiscalização dos seus recursos. Necessita construir uma equipe técnica mais ampla e mais eficiente capaz de salvar esse patrimônio do trabalhador brasileiro. A seguir, listamos os números negativos da Previdência que precisam ser sanados. 1. Sonegação da Previdência: R$ 40 bilhões ao ano; 2. Devedores da Previdência: governos estaduais, prefeituras municipais e grandes empresas: R$ 200 bilhões; 3. O Governo desviou cerca de R$ 62 bilhões através da Desvinculação das Receitas da União (DRU); 4. Desoneração da Folha: Perda de R$ 25 bilhões 5. Renúncias Fiscais (Legislação especial segmentos econômicos): R$ 25 bilhões ao ano para alguns Total: R$ 352 bilhões. 6