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ISSN 2179-4413 Edição Especial -Volume 4 / Número 3/ Jul/Set – 2013 OCORRÊNCIA DE INFECÇÃO URINÁRIA EM PACIENTES DE UTI (UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA) OCCURRENCE OF URINARY INFECTION IN PATIENTS ICU (INTENSIVE CARE UNIT) Niedja Eloi de Sousa GUIMARÃES1;Daniele Idalino JANEBRO2; Maria do Socorro Rocha Melo PEIXOTO3, Bartolomeu Garcia de Souza MEDEIROS4; Valeska Silva LUCENA5 1- Biomédica. Técnica de Laboratório de Análises Clínicas no laboratório-escola do curso de Farmácia da Universidade Estadual da Paraíba 2-Orientador. Farmacêutico-Bioquímico. Professora da Universidade Federal da Paraíba e Faculdade Maurício de Nassau e Doutorado em Produtos Naturais e Sintéticos Bioativos pela UFPB 3-Farmacêutico-Bioquímico. Professora da Universidade Estadual da Paraíba e Faculdade Maurício de Nassau e Doutorado em Recursos Naturais pela UFCG 4-Biólogo. Professor da Faculdade Maurício de Nassau e Doutorado em Ciências Biológicas pela UFPE. 5-Biólogo. Professor da Faculdade Maurício de Nassau e Doutoranda em Biotecnologia (RENORBIO). RESUMO: Este estudo objetivou verificar a ocorrência de infecção urinária em pacientes de UTI de um hospital da cidade de Campina Grande-PB, identificar o gênero dos agentes etiológicos e avaliar o perfil de resistência aos antibióticos das bactérias frente às infecções do trato urinário adquiridas dentro da UTI. Com amostragem de 203 pacientes processados pelo software WHONET®, observou-se o índice de 14,7% de amostras positivas para infecções do trato urinário, sendo os homens mais acometidos (60%) e com prevalência de Pseudomonas spp. (26,6%) seguida por Klebsiella pneumoniae (23,3%). Evidenciou-se no geral maior sensibilidade bacteriana à Gentamicina (54,5%). Palavras-Chave: Infecção do Trato Urinário, Unidade de Terapia Intensiva, Antibióticos. ABSTRACT: This study aimed to verify the occurrence of urinary tract infection in ICU patients of a hospital in the city of Campina Grande-PB, identify the gender of the etiologic agents and evaluate the resistance profile to antibiotics of bacteria in the face of urinary tract infections acquired within the ICU. With sampling of 203 patients processed by WHONET® software, there was the index of 14.7% of positive samples for urinary tract infections, being the most affected men (60%) and prevalence of Pseudomonas spp. (26.6%) followed by Klebsiella pneumoniae (23.3%). Evidenced in the General Staff bacterial sensitivity to gentamicin (54.5%). Keywords: Urinary Tract Infection, Intensive Care Unit, Antibiotics. 1 INTRODUÇÃO Um dos mais sérios problemas dentro do contexto das infecções hospitalares são as infecções urinárias, as quais apresentam ainda maior relevância em Unidade de Terapia Intensiva (UTI), onde ocorre uso de antimicrobianos de largo espectro e os procedimentos invasivos são muito comuns. Pelo Ministério da saúde infecção hospitalar é definida como sendo a infecção adquirida após a admissão do paciente no hospital e que se manifesta durante a 1 GUIMARÃES, N. E. S.; JANEBRO, D. I.; PEIXOTO, M. S. R. M.; MEDEIROS, B. G. S.; LUCENA, V. S. Ocorrência de Infecção Urinária em Pacientes de UTI. Revista Brasileira de Informações Científicas. Edição Especial, v. 4, n. 3, p. 1-7. 2013. ISSN 2179-4413 ISSN 2179-4413 Edição Especial -Volume 4 / Número 3/ Jul/Set – 2013 internação ou após alta, quando puder ser relacionada com a internação ou procedimentos hospitalares (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1998). A UTI constitui nível de atendimento à saúde de alta complexidade, atuando de forma decisiva quando há instabilidade de órgãos e sistemas funcionais com risco de morte (MARTINS, 2006). Os pacientes admitidos em UTI apresentam 5 a 10 vezes maior risco de adquirir infecção do que em outras unidades de internação do hospital, como também são submetidos a fatores de risco, incluindo: procedimentos invasivos, cirurgias complexas, drogas imunossupressoras, antimicrobianos e as interações com a equipe de saúde e os fômites (COUTO; PEDROSA; NOGUEIRA, 2003). Cerca de 40% das infecções hospitalares é Infecção urinária nosocomial. Alguns fatores contribuem para a ocorrência da UTI no enfermo hospitalizado, entre eles podemos destacar a gravidade da doença apresentada pelos pacientes, a idade mais avançada, a debilidade que pode ser causada por doença ou desnutrição, a colocação de cateteres de drenagem, a manipulação urológica, a longa permanência na cama. “Considerando a variedade de micro-organismos infectantes no ambiente hospitalar e a variação em sua sensibilidade, o tratamento da infecção urinária baixa (cistite) ou alta (pielonefrite) em pacientes hospitalizado deve fundamentar-se no isolamento da bactéria na urocultura e na sensibilidade demonstrada ao antibiograma” (OPLUSTIL et al; 2010). Diante dessas premissas e da vulnerabilidade do paciente interno na UTI, onde há um maior número de pacientes graves e submetidos a diversos procedimentos invasivos e portanto, um maior numero de infecção, o estudo objetiva verificar a ocorrência de Infecção urinária em pacientes de UTI assim como suas sensibilidades antimicrobianas em um hospital público. 2 MATERIAL E MÉTODOS O estudo foi do tipo retrospectivo, transversal e exploratório que foi realizado nas Unidades de Terapia Intensiva Adulto de um Hospital da cidade de Campina Grande, no período de janeiro a maio de 2012. As uroculturas foram semeadas com alça calibrada de 1µL (1:1.000) em CHROMagar® Orientation e ágar sangue, após a homogeneização da urina. As placas foram incubadas em estufa bacteriológica a 37ºC por 18 a 24 horas. Após a incubação, foram observadas as colônias nos meios, feita a análise bacterioscópica pela coloração 2 GUIMARÃES, N. E. S.; JANEBRO, D. I.; PEIXOTO, M. S. R. M.; MEDEIROS, B. G. S.; LUCENA, V. S. Ocorrência de Infecção Urinária em Pacientes de UTI. Revista Brasileira de Informações Científicas. Edição Especial, v. 4, n. 3, p. 1-7. 2013. ISSN 2179-4413 ISSN 2179-4413 Edição Especial -Volume 4 / Número 3/ Jul/Set – 2013 de Gram e de acordo com as características morfo-tintoriais, quando Gram-positivas, feitas as provas de catalase, proteína A e Dnase, e quando Gram-negativas foram submetidas aos testes bioquímicos de citrato, fermentação de glicose, lactose, sacarose, produção de CO2, ácido sulfídrico, motilidade, indol, ornitina, lisina descarboxilase, ureia e fenilalanina, segundo Koneman et al (2005). Os antibiogramas foram realizados através da técnica de disco-difusão em ágar Mueller-Hinton. Para a determinação da sensibilidade bacteriana foi considerado o diâmetro do halo produzido pela bactéria na placa de disco-difusão dos antibióticos Clindamicina, Gentamicina, Cefotaxima, Ceftazidima, Imipenem, Amoxicilina/Ácido clavulânico, Ciprofloxacin e Aztreonam, segundo os padrões do Clinical And Laboratory Stantards Institute - CLSI. Posteriormente, os resultados das uroculturas foram transcritos nos livros de registro do Laboratório de Microbiologia, de onde estes dados foram coletados. Os dados foram analisados através do programa WHONET ® versão 5.6, sendo considerada a porcentagem dos isolados das amostras analisadas. A pesquisa seguiu a resolução 196/196 do Ministério da Saúde (Ministério da Saúde, 1996) e foi aprovada pelo Comitê de Ética da Universidade Estadual da Paraíba conforme parecer n° 0049.0.133.000-12. 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO De janeiro a maio de 2012, dentre as 203 amostras de urina analisadas, 30 (14,7%) apresentaram resultados positivos para micro-organismos causadores de Infecção do Trato Urinário (ITU) (Figura 1). Estes resultados são semelhantes ao do estudo de Moura e colaboradores (2007) com um índice de 16,24% de ITU em um hospital público de ensino de Teresina-PI. Segundo Oliveira e Silva (2010) é expressivo o uso de cateter vesical de demora em pacientes de Unidade de Terapia Intensiva, fator considerado o mais importante para o desenvolvimento da bacteriúria, mas diante dos resultados observa-se que existe uma rotina de vigilância que mantém, com boas práticas um índice inferior de positividade para ITU quando comparado com outros estudos. 3 GUIMARÃES, N. E. S.; JANEBRO, D. I.; PEIXOTO, M. S. R. M.; MEDEIROS, B. G. S.; LUCENA, V. S. Ocorrência de Infecção Urinária em Pacientes de UTI. Revista Brasileira de Informações Científicas. Edição Especial, v. 4, n. 3, p. 1-7. 2013. ISSN 2179-4413 ISSN 2179-4413 Edição Especial -Volume 4 / Número 3/ Jul/Set – 2013 Figura 1. Ocorrência de ITU de pacientes em uma unidade de terapia intensiva. 14,7% Amostras negativas Amostras positivas 85,3% De acordo com Blatt e Miranda (2005), as ITUs são mais freqüentes em mulheres do que em homens, até mesmo pela sua anatomia que favorece a contaminação pelas bactérias que provém da microbiota intestinal pelas fezes. Porém neste estudo observouse que 60% dos casos de ITU deu-se em pacientes homens, ficando as mulheres com 40% dos casos (Figura 2), diferente do estudo feito por Oliveira e Silva (2010) onde 77,8% das ITUs da UTI do HUUPD/UFMA foram em pacientes do sexo feminino. Figura 2. Distribuição dos pacientes por gênero, com ITU, em uma unidade de terapia intensiva. 40% 60% Feminino Masculino Quanto aos micro-organismos isolados, segundo Moura e colaboradores (2007) em estudo de prevalência em um hospital público de ensino de Teresina-PI, evidenciou-se 4 GUIMARÃES, N. E. S.; JANEBRO, D. I.; PEIXOTO, M. S. R. M.; MEDEIROS, B. G. S.; LUCENA, V. S. Ocorrência de Infecção Urinária em Pacientes de UTI. Revista Brasileira de Informações Científicas. Edição Especial, v. 4, n. 3, p. 1-7. 2013. ISSN 2179-4413 ISSN 2179-4413 Edição Especial -Volume 4 / Número 3/ Jul/Set – 2013 que a Klebsiella pneumoniae foi o isolado mais frequentemente encontrado seguido da Pseudomonas spp, com 35,46% e 24,30% dos isolados das amostras de urina respectivamente. Enquanto que neste estudo (Tabela 01), o isolado mais frequente foi o de Pseudomonas spp.com 26,6% bactéria oportunista e geralmente muito resistente aos antimicrobianos, seguido da Klebsiella pneumoniae com 23,3% que ocasionalmente pode conferir a enzima carbapenemase tornando-se resistente aos carbapenêmicos. Tabela 1. Isolados de ITU dos pacientes da UTI. Micro-organismo Acinetobacter spp. Nº 5 % 16,6 Citrobacter spp. 1 3,4 Enterobacter aerogenes 1 3,4 Escherichia coli 2 6,6 Klebsiella oxytoca 1 3,4 Klebsiella pneumoniae 7 23,3 Proteus vulgaris 1 3,4 Pseudomonas spp. 8 26,6 Staphylococcus aureus 4 13,3 Em relação aos antimicrobianos testados observamos 100% de resistência às concentrações dos discos de Ampicilina, Amoxicilina/Ácido Clavulânico e Clindamicina (tabela 02), que muitas vezes deve-se ao uso empírico destes nos casos de infecções provocando a seleção de cepas resistentes. Apenas o Aztreonam e o Imipenem apresentaram-se com uma zona de inibição intermediária, sendo este último também o mais aceito em susceptibilidade bacteriana juntamente com os discos de Gentamicina e Ceftazidima. 5 GUIMARÃES, N. E. S.; JANEBRO, D. I.; PEIXOTO, M. S. R. M.; MEDEIROS, B. G. S.; LUCENA, V. S. Ocorrência de Infecção Urinária em Pacientes de UTI. Revista Brasileira de Informações Científicas. Edição Especial, v. 4, n. 3, p. 1-7. 2013. ISSN 2179-4413 ISSN 2179-4413 Edição Especial -Volume 4 / Número 3/ Jul/Set – 2013 Tabela 2. Perfil de resistência e susceptibilidade dos isolados aos antimicrobianos. Nome do antibiótico Classes de Antibioticos Código %R %I %S Clindamicina Lincosamides CLI 100 0 0 Ampicilina Penicillins AMP 100 0 0 Gentamicina Aminoglycosides GEN 45,5 0 54,5 Cefotaxima Cephems CTX 81 19 Ceftazidima Cephems CAZ 52,4 0 47,6 Imipenem Penems IPM 32 60 Amoxicilina/Ácido clavulânico Beta-lactam+Inhibitor AMC 100 0 0 Ciprofloxacin Quinolones CIP 73,9 0 26,1 Aztreonam Monobactams ATM 68 24 0 8 8 4 CONCLUSÕES Desta forma, a partir dos resultados obtidos pode-se traçar um perfil microbiológico da UTI em relação às infecções urinárias, sendo possível instruir quais os antimicrobianos devem ser utilizados empiricamente, de forma a contribuir no processo de minimização de micro-organismos multirresistentes, assim como diminuir os gastos do hospital através da redução do tempo de internação. 5 REFERÊNCIAS BLATT, J. M.; MIRANDA, M. C. Perfil dos microrganismos causadores de infecções do trato urinário em pacientes internados. Rev Panam Infectol, v. 7, n. 4, 2005. COUTO, R. C; PEDROSA, T. M. G; NOGUEIRA, J. M. Infecção Hospitalar Epidemiologia, Controle e tratamento. 3. ed. Rio de Janeiro, Editora Médica e Científica; 2003. KONEMAM, E. W. et al. Diagnóstico microbiológico. 5. Edição, ed. MEDSI, 2001. MARTINS, P. Epidemiologia das Infecções em centro de terapia intensiva de adulto. 2006. 94 f. Dissertação (Mestrado em Medicina Tropical), Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte-MG. 2006. MINISTÉRIO DA SAÚDE (BR). Expede na forma de anexos diretriz e normas para a prevenção e controle das infecções hospitalares: Portaria Nº 2.616, de 12 de maio de 1998. Diário Oficial da União, República Federativa do Brasil, Brasília (DF), jul., 1998. 6 GUIMARÃES, N. E. S.; JANEBRO, D. I.; PEIXOTO, M. S. R. M.; MEDEIROS, B. G. S.; LUCENA, V. S. Ocorrência de Infecção Urinária em Pacientes de UTI. Revista Brasileira de Informações Científicas. Edição Especial, v. 4, n. 3, p. 1-7. 2013. ISSN 2179-4413 ISSN 2179-4413 Edição Especial -Volume 4 / Número 3/ Jul/Set – 2013 MOURA, M. E. B; CAMPELO, S. M. A.; BRITO, F. C. P.; BATISTA, O. M. A.; ARAÚJO, T. M. E. Infecção hospitalar: estude de prevalência em um hospital público de ensino. Rev Bras Enferm, v. 60, n. 4, jul-ago, 2007. OLIVEIRA, A. C. C.; SILVA, A. C. O. Prevalência de infecção do trato urinário relacionada ao cateter vesical de demora em pacientes de UTI. Rev Pesq Saúde, v. 11, n. 1, jan-abr, 2010. OPLUSTIL, C. P. et al. Procedimentos básicos em Microbiologia Clínica. 3. ed., Editora Sarvier, São Paulo 2010. 7 GUIMARÃES, N. E. S.; JANEBRO, D. I.; PEIXOTO, M. S. R. M.; MEDEIROS, B. G. S.; LUCENA, V. S. Ocorrência de Infecção Urinária em Pacientes de UTI. Revista Brasileira de Informações Científicas. Edição Especial, v. 4, n. 3, p. 1-7. 2013. ISSN 2179-4413