Maio/Junho 2015
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Maio/Junho 2015
Nº 25 VIVER MELHOR MAIO / JUNHO 2015 Uma publicação do Centro Capixaba de Oncologia - Cecon • www.cecon.med.br EDITORIAL Nova fase Estamos completando 22 anos de fundação. E depois de mais de duas décadas trilhando o caminho da excelência no atendimento aos nossos pacientes, agora temos um grande parceiro, que é a Oncoclínicas, o maior grupo de clínicas de oncologia da América Latina. Vamos caminhar juntos e elevar ainda mais o cuidado e a orientação às pessoas em tratamento. Com essa parceria, teremos mais oportunidades de aprendizado, entrando em contato com os novos estudos na área de oncologia. O grupo Oncoclínicas tem convênio com o Hospital Danna Farber, de Boston (EUA), que é ligado à Universidade de Harvard. É um contato importante para obtermos outras opiniões sobre diagnósticos e estágios para nossa equipe. Também poderemos usufruir do uso de novas tecnologias no tratamento e de mais informações sobre cuidados paliativos, no caso de pacientes com doença avançada. Enfim, estamos muito animados, recebendo representantes do grupo em nossa clínica, alinhando procedimentos e trabalhando em parceria. Falamos sobre isso nessa reportagem de capa. Também estamos apostando nos eventos científicos, trazendo profissionais que são referência em diversas áreas para falar sobre novas pesquisas e estudos em oncologia. Estreitamos nosso relacionamento com outros médicos, convidando especialistas de outras clínicas para participar de conferências, e até participamos de evento internacional via internet, com a parceria do grupo Oncoclínicas. Outro destaque do nosso jornal é o maravilhoso trabalho voluntário que nossa ex-paciente Tatiana Oliveira desempenha no projeto “Arte no Cecon”. Ela tem transformado as pessoas com tecidos, linhas e muito amor. Veja os resultados desse trabalho e muito mais nas próximas páginas. Boa leitura! Diretoria do Cecon CECON FAZ PARTE DO GRUPO ONCOCLÍNICAS A o completar 22 anos de história, o Centro Capixaba de Oncologia (Cecon) se une à Oncoclínicas do Brasil, considerado o maior grupo de clínicas de oncologia da América Latina. A empresa foi criada há quatro anos e conta atualmente com uma rede de 30 unidades privadas de tratamento oncológico, situadas nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Sergipe, Paraíba, Rio Grande do Sul, Pernambuco e agora no Espírito Santo. Assim como o Cecon, a companhia preza pela qualidade na prestação de serviços de saúde na área oncológica. Para isso, reúne profissionais que têm o acolhimento e a excelência no atendimento como foco de seu trabalho. Um dos diferenciais da Oncoclínicas do Brasil é a integração entre a medicina de ponta e a atenção ao cliente, que recebe um cuidado multidisciplinar. As unidades da rede têm médicos renomados no mercado e uma equipe de apoio que dão ao paciente um tratamento completo, voltado para a sua qualidade de vida. Para o Cecon, a fusão com a Oncoclínicas representa um grande passo, pela sua grande representatividade, com uma gestão altamente profissional e com enfoque social. Segundo o oncologista Roberto Lima, diretor do Cecon, a fusão com o grupo vai melhorar muito a qualidade no cuidado e na orientação aos pacientes. “Haverá uma educação continuada dos nossos funcionários e profissionais, contando inclusive com um convênio com o Hospital Danna-Farber, de Boston, que é ligado à Universidade de Harvard”. Roberto Lima destacou que essa instituição de saúde será um importante apoio em casos como necessidade de segunda opinião em diagnósticos, estágios, uso de novas tecnologias no tratamento e preocupação com os cuidados paliativos nos pacientes com doença avançada. Mas o nome do Cecon permanecerá o mesmo. “O grupo procurava uma clínica identificada com os altos padrões exigidos no tratamento contra o câncer, junto com o conhecimento da cultura local. Por isso, o Cecon foi escolhido”, disse Lima. 2 INFORMATIVO CECON Eventos científicos reúnem médicos e convidados O Cecon tem realizado diversos eventos científicos em seu auditório. Palestrantes são convidados para debater temas da atualidade e de grande interesse da área de saúde. Dentre as realizações recentes destaca-se o evento científico ocorrido no dia 28 de maio, que reuniu profissionais da área de saúde para ouvir o médico José Aguilar Nascimento falar sobre o projeto Acerto (Aceleração da Recuperação Total Pós-operatória). O programa visa acelerar a recuperação pós-operatória dos pacientes no tratamento contra o câncer. Baseado em programa europeu já existente (ERAS - Enhanced Recovery After Surgery) e fundamentado no paradigma da medicina baseada em evidências, o projeto Acerto é antes de tudo um programa educativo. Dentre os eventos científicos, também tivemos um evento internacional, que pôde ser acompanhado por médicos no auditório do Cecon pela internet. No dia 19 de maio, houve uma transmissão ao vivo de palestra ocor- rida no 1º Encontro Internacional Oncocentro / Dana-Farber Cancer Institute / Harvard Cancer Center. Outra palestra de grande destaque foi a do cirurgião Rinaldo Gonçalves da Silva, do grupo Hepatobiliar do Inca, que apresentou o tema: “Atualização do tratamento de metástases hepáticas”, no dia 25 de junho. É muito importante para o Cecon receber profissionais tão renomados com informações relevantes para o tratamento de nossos pacientes. MÚSICA ALEGRA PACIENTES CHOCOLATES PARAS AS MÃES O projeto “Música no Cecon” tem levado alegria ao salão de quimioterapia. Todas as semanas, profissionais da Faculdade de Música do Espírito Santo (Fames) se revezam para entreter os pacientes. São profissionais com instrumentos variados, que tocam diversos estilos musicais. Para o Cecon, inserir a música no tratamento é um modo de reascender o potencial criativo e a força daqueles que estão em tratamento. O Dia das Mães foi comemorado com muita arte. Os funcionários do Cecon e alguns familiares aprenderam a fazer lindas caixas decoradas com a querida Tatiana Oliveira. Todos amaram e puderam presentear mães, tias, avós e outras pessoas queridas. Durante toda a sexta-feira que antecedeu o Dia das Mães, nossas pacientes ganharam bombons, que foram distribuídos nas recepções com votos de felicidades! 3 INFORMATIVO CECON ESPIRITUALIDADE QUALIDADE DE VIDA E A DIMENSÃO ESPIRITUAL Ciência e espiritualidade pertencem a campos opostos da cultura humana: esse conceito fortemente consolidado no passado vem se modificando rápida e radicalmente. Em que pesem os conflitos ocorridos no passado decorrentes de preconceitos e dogmas religiosos a oprimirem cientistas cobertos de razão (o caso de Galileu Galilei é emblemático!), hoje destaca-se a avalanche de publicações acadêmicas nas áreas da saúde e humanas relacionando melhoras nos tratamentos médicos quando associados à valorização da dimensão espiritual. Para pessoas em tratamento de câncer, o que de fato importa não são essas discordâncias históricas, tampouco questões teóricas, mas conseguir uma forma para melhor enfrentarem o desafio da doença. Defrontar a finitude, além das restrições corporais, dores e sofrimentos, leva a repensar o projeto existencial, ressignificando valores espirituais. Assim, muitos reconhecem na fé religiosa a principal estratégia para manejo do estresse devido aos efeitos dela decorrentes: sentimentos de segurança e conforto, conexão com os outros e crença no sentido da vida. Outros mencionam caridade e conexão com valores morais. Enfim, o câncer amedronta, ao passo que a espiritualidade renova. Assim, quanto maior a espiritualidade, melhor a qualidade em relação à paz, mesmo a despeito de limitações físicas quando presentes (Batista, S e Mendonça ARA. Espiritualidade e qualidade de vida nos pacientes oncológicos em tratamento quimioterápico. Rev Bioética; 20(1):175-88. 2012). Por outro lado, no estudo de Gobatto & Araújo (Religiosidade e espiritualidade em oncologia: concepções de profissionais de saúde. Psicologia USP, São Paulo, 24(1): 11-34. 2013), profissionais de saúde evidenciam concepções positivas sobre a influência da espiritualidade/religiosidade para a saúde de pacientes em tratamento de câncer, apesar de que muitos desses reconhecerem que não receberam treinamento formal na escola médica para abordar essa temática. Portanto, a espiritualidade dos pacientes deve ser cuidadosamente acolhida, uma vez que contribui significativamente para uma evolução melhor de suas vidas, ao mesmo tempo que não atrapalha os tratamentos médicos, muito pelo contrário. Assim, espiritualidade/religiosidade devem ser consideradas com carinho, respeito e solidariedade. Felizmente hoje se percebe que, progressivamente, ações que as fortalecem durantes os tratamentos médicos são cada vez mais valorizadas. Paulo Batistuta é médico do Cecon Artesanato leva cor e alegria a pacientes N ovelos de lãs, retalhos de tecido, fitas e boa vontade. Com esses ingredientes, a ex-paciente Tatiana Oliveira tem levado um colorido diferente ao salão de quimioterapia e ao auditório do Cecon. As aulas de artesanato deixam pacientes transformadas e até os funcionários aderiram às montagens de caixas decoradas, e fazem também lindos cachecóis e tiaras. A iniciativa fez muito sucesso na Oficina de Laços, Lenços e Fitas, quando muitas pacientes aprenderam a produzir tiaras de flores e também cachecóis usando apenas os dedos. Foi uma experiência tão bacana que ganhou adeptos e atualmente o projeto “Arte no Cecon” é realizado uma vez por semana na clínica. Para Tatiana Oliveira, ensinar artes manuais é uma alegria. “A paciente às vezes entra triste no salão de quimioterapia e até chorando. Depois de aprender um artesanato, sai rindo, feliz com a peça que produziu”, contou a artesã, que se sente muito gratificada com o trabalho voluntário. “São gestos simples, mas transformadores. É impressionante como o artesanato melhora a autoestima e ajuda no tratamento”, ressaltou. Tatiana sabe bem do que está falando. Ela mesma passou por um tratamento contra um câncer em 2011. Na época, era professora de Matemática e agora não pensa em voltar para a sala de aula. Quer mesmo é se especializar no artesanato e viver a vida de outra forma. “Estou resgatando valores e uma tradição de família”, disse. 4 INFORMATIVO CECON “Eu penso positivo e até esqueço que tomo remédio” E lizabeth Fernandes é uma mulher forte, de muita fibra. Quem a vê, sempre com sorriso no rosto, maquiada e em cima de um salto alto, pensa tratar-se de uma mulher sem sofrimento. O que muitos não sabem é que ela já passou por 15 cirurgias e ainda faz tratamento. Mas reclamar não é com ela, que dá uma lição de vida nessa entrevista. Como descobriu o câncer? Eu era assistente social e funcionária pública. Não tinha tempo para nada e levava uma vida muito corrida. Em 2005, descobri o câncer na mama e o tumor já estava com grau quatro. Foi um choque, mas encarei de frente. Tive muitas complicações durante o tratamento porque houve rejeição da prótese e também tive outros problemas. Ao todo, fiz 15 cirurgias e em 2014 o câncer voltou, dessa vez no osso do externo (região do tórax), e aí procurei o Cecon. Em algum momento pensou em desistir? Nunca pensei e até hoje tenho pensamento positivo. Nem lembro que tomo remédio. Depois das cirurgias, meu seio ficou a coisa mais linda e ainda fiz um monte de tatuagens. Cada cicatriz minha tem uma tatoo. Quando vou à praia, todo mundo adora (risos). E estou sempre maquiada e arrumada. Isso ajuda a manter o alto astral. Qual é a sua receita para encarar esse momento? Ter alto astral, fé, apoio da família e não reclamar. As pessoas fazem muita publicidade da dor e isso piora as coisas. Penso que cada um tem a sua dor. Tem tanta mãe com filho nas drogas. Tem dor maior do que essa? Câncer não é uma pena de morte, não podemos viver com esse fantasma. Depois de 15 cirurgias, aprendi a viver a vida a cada dia. E também não podemos ficar nos comparando com o outro. O meu tipo de câncer é um e o seu pode ser outro. Não é porque em mim voltou que irá voltar em você. Não devemos nos preocupar com o diagnóstico e nem podemos parar nos obstáculos. E U S O U CECO N Há quanto tempo trabalha no Cecon? Vou fazer 19 anos de casa em setembro. Foi meu primeiro emprego de carteira assinada. Quando comecei, a clínica ainda era pequena, lá na Praia do Canto, e eu era a única funcionária da limpeza. Ela se chama Luzinete Santana, mas todos a conhecem como Betinha. E quem ainda não a viu, pode já ter provado seu chocolate quente, que é muito elogiado. Betinha tem 53 anos e é a funcionária mais antiga do Cecon. Atualmente, ela trabalha na copa. VIVER MELHOR Pensou que ficaria tanto tempo na clínica? Nunca pensei. Quando meus meninos eram pequenos, eu sempre pedia para ser mandada embora, mas meus patrões nunca deixavam. Diziam que não queriam ouvir essa conversa. É que eu tinha muita dificuldade com meus seis filhos e pensava em sair do emprego, mas recebi muito apoio do Cecon. Hoje estão todos crescidos, meu mais velho tem 35 anos. Agora já cuido dos meus netos, que eu adoro. Tenho até um neto adotivo. Eles são maravilhosos. Uma publicação do Centro Capixaba de Oncologia (Cecon) Rua Manoel Feu Subtil, nº 120 - Enseada do Suá – Vitória/ES (27) 2127-4444 • w w w. c e c o n . m e d . b r Como é no trabalho? Eu adoro os meus patrões, meus colegas e os pacientes. Procuro sempre fazer algum agrado para os que estão em tratamento. Gosto de ter sempre uma palavra de esperança para ajudar nesse momento difícil, penso que é nosso dever transmitir alegria. Todos adoram meu chocolate quente e lá no salão da quimioterapia ficam perguntando como é que eu faço. Sempre digo que a receita é fácil, mas o diferente é que coloco muito amor (risos). Qual é seu sonho? Penso em me aposentar. Já estou com 53 anos e quero curtir meus netos e descansar um pouco. Mas quando sair daqui, vou sentir muita falta das pessoas e, principalmente, dos meus patrões, pois eles são muito bons para mim. EDIÇÃO CONECTA COMUNICAÇÃO (27) 3227-5242 - [email protected] MÉDICO RESPONSÁVEL Paulo Batistuta JORNALISTA RESPONSÁVEL Katiuscia Comarella (MTB 1180/ES) COLABORAÇÃO Susana Loureiro FOTOS Mosaico Imagem e arquivo PROJETO GRÁFICO E EDITORAÇÃO Bios | IMPRESSÃO Gráfica Lisboa TIRAGEM 3.500 exemplares
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