- Sociedade Portuguesa de Hematologia
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LIVRO DE RESUMOS LIVRO DE RESUMOS 2 3 Corpos Sociais Direcção Presidente: Vice-presidente: Secretário-geral: Adjunto do Secretário-geral: Tesoureiro: Prof. Doutor António Parreira Prof. Doutora Letícia Ribeiro Dr. João Raposo Dra. Fernanda Trigo Prof. Doutora Maria Gomes da Silva Mesa da Assembleia Geral Presidente: 1º. Secretário: 2º. Secretário: Dr. Fernando Príncipe Dr. Manuel Sousa Dra. Marília Gomes Conselho Fiscal Presidente: Vogal: Vogal: Dr. Jorge Coutinho Dra. Isabel Ribeiro Dra. Ana Marques Pereira 4 A Sociedade Portuguesa de Hematologia A SOCIEDADE PORTUGUESA DE HEMATOLOGIA é uma associação sem fins lucrativos, constituída por médicos e outros profissionais ligados à saúde empenhados na prática e (ou) investigação no campo da Hematologia. Tem como objectivo promover e contribuir para o desenvolvimento da hematologia, nas suas diversas expressões. A missão da Sociedade Portuguesa de Hematologia Promover reuniões científicas anuais ao nível da SPH; Fomentar o intercâmbio cultural e científico entre técnicos e cientistas portugueses e estrangeiros do mesmo ramo, nomeadamente pela comparticipação activa em Simpósios, Congressos, reuniões científicas e outras quaisquer realizações ligadas à Hematologia, levadas a cabo em Portugal ou no estrangeiro; Divulgar, discutir e publicar trabalhos relevantes no campo da especialidade, estando prevista a criação de uma revista da especialidade, a qual servirá, simultaneamente, como meio divulgador da Sociedade; Desenvolver acções de natureza educacional no domínio da Hematologia, designadamente pela promoção regular de cursos de pós-graduação; Apoiar todas as actividades de carácter técnico-científica na área, nomeadamente na avaliação de pessoas a quem possam vir a ser concedidas bolsas de estudo ou de investigação, a conceder por entidades nacionais ou estrangeiras. 5 6 PRÉMIOS SPH A Sociedade Portuguesa de Hematologia atribui anualmente prémios aos trabalhos que contribuam substancialmente para a pesquisa hematológica. O anúncio e a entrega dos prémios decorrerá durante o jantar de encerramento a realizar no sábado, dia 15 de Novembro de 2008. Os prémios a atribuir serão os seguintes: APRESENTAÇÃO ORAL 1.º prémio= 2 500 € (Celgene) 2.º prémio= 1 500 € (Sociedade Portuguesa de Hematologia) JOVEM HEMATOLOGISTA 1 000 € (Bayer Schering Pharma) POSTER TRABALHO EXPERIMENTAL 1.º prémio= 750 € (Sociedade Portuguesa de Hematologia) 2.º prémio= 500 € (Sociedade Portuguesa de Hematologia) POSTER TRABALHO CLÍNICO 1.º prémio= 750 € (Sanofi-aventis) 2.º prémio= 500 € (Celgene) TRABALHO DE ENFERMAGEM 750 € (Sociedade Portuguesa de Hematologia) 7 PATROCINADORES Major Sponsors 5 11, 12 1 27, 28 14 22 24 9,10 BRISTOL MYERS SQUIBB 3,4 CELGENE Simpósios Satélite CELGENE 6, 7, 8 JANSSEN-CILAG FARMACÊUTICA 2 SCHERING-PLOUGH FARMA 23 30 13, 21 18, 19, 20 15, 16 29 25, 26 17 8 7 6 ALEXION EUROPE AMGEN BIOFARMACÊUTICA BAPTISTA MARQUES BAYER PORTUGAL ESTEVE FARMA EUSAPHARMA FERRAZ LINCE GENOMED GENZYME PORTUGAL GILEAD SCIENCES MERCK SHARP & DOHME NOVARTIS FARMA PFIZER PHADIA ROCHE FARMACÊUTICA QUIMICA SANOFI-AVENTIS 9 13 4 10 14 SALA 2 SALA PLENÁRIA EXPOSIÇÃO TÉCNICA 15 2 11 1 12 25 24 SALA POSTERS 23 22 EXPOSIÇÃO TÉCNICA 29 30 8 26 28 27 19 18 17 EXPOSIÇÃO TÉCNICA 3 20 21 5 RECEPÇÃO HOTEL 16 QUINTA FEIRA 13 NOV. 2008 09.00 - 13.00 CURSO MIELOMA MÚLTIPLO SALA Board 09.00 - 13.00 CURSO INTERPRETAÇÃO DE ARTIGOS CIENTÍFICOS SALA Lusitano 14.00 - 15.00 Moderadora: SALA 1 CONFERÊNCIA 1 Dra Adriana Teixeira - Hospitais Universitários de Coimbra Nanotecnologia e cancro: plataformas emergentes no tratamento e diagnóstico Prof. Doutor João Nuno Moreira Prof. Auxiliar da Faculdade de Farmácia e Investigador do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) - Universidade de Coimbra 16.30 - 19.30 SIMPÓSIOS SATÉLITE 16.30 SALA 1 SCHERING-PLOUGH “Implementing Antifungal Prophylaxis into Clinical Practice”. Rafael F. Duarte Palomino MD, PhD Director Haematopoietic Transplant Programme ICO - Hospital Duran i Reynals “Profilaxia primária das infecções fúngicas invasivas em doentes neutropénicos” Manuel Abecasis, MD, PhD UTMO – IPO Lisboa 17.30 JANSSEN CILAG VELCADE : New possibilities for more patients with Multiple Myeloma Dr. Jonathan L. Kaufman 18.30 CELGENE Sobrevivência Prolongada em Síndromes Mielodisplásicos Prof. Doutor António de Almeida IPO, Lisboa 19.30 REUNIÃO "CLUBE DO GLÓBULO VERMELHO E DO FERRO" Prof. Doutora Letícia Ribeiro - Centro Hospitalar de Coimbra 20.30 JANTAR SIMPÓSIOS SATÉLITE Restaurante ALL DAY DINING 9 SALA 1 14 NOV. 2008 09.00 - 11.00 Moderadora: 09.00 - 09.30 09:30 - 10.00 PROGRAMA EDUCACIONAL SALA 1 Prof. Doutora Letícia Ribeiro - Centro Hospitalar de Coimbra Hematologia e Gravidez Dr. Joaquim Andrade - Hospital de São João, Porto Como fazer investigação Clínica (mais valia para os serviços) Drª Maria Luísa Ribeiro - Directora do Centro de Ensaios Clínicos da A.I.B.I.L.I. 10.00 - 10.30 Novos Alvos Terapêuticos em Hemato-Oncologia Profª. Doutora Ana Bela Sarmento Ribeiro - Fac. de Med. Universidade de Coimbra 10.30 - 11.00 Ambiente e Cancro Prof. Doutor Francisco Pimentel - Universidade de Aveiro 11.00 - 11.20 INTERVALO PARA CAFÉ 11.20 - 11.50 CONFERÊNCIA 2 Moderador: SALA 1 Prof. Doutor António Parreira - IPO Lisboa Purine nucleoside analogs in the treatment of hematological malignancies Prof. Doutor Tadeusz Robak 11.50 - 13.20 Moderadores: COMUNICAÇÕES ORAIS I SALA 1 Drª Aida Botelho de Sousa - Hospital dos Capuchos Dr. Pedro Pimentel - IPO - Porto CO 01 a CO 07 11.50 - 13.20 COMUNICAÇÕES ORAIS I Moderadores: Drª Rosa Maia - Hospitais Universitários de Coimbra Drª Alexandra Mota - Hospital de Santo António CO 08 a CO 14 13.30 - 15.00 ALMOÇO 10 SALA 2 SEXTA FEIRA 15.00 - 17.00 Moderador: MESA REDONDA SALA 1 Dr. João Raposo - Hospital de Santa Maria LINFOMAS INDOLENTES – DO DIAGNÓSTICO AO TRATAMENTO 15.00 - 15.40 1 - Caracterização Molecular e factores de prognóstico nos Linfomas Indolentes Profª. Doutora Maria Gomes Silva - Instituto Português de Oncologia, Lisboa 15.40 - 16.20 2 - Terapêutica de Linfomas Indolentes Drª Isabel de Sousa - Hospitais da Universidade de Coimbra 16.20 - 17.00 3 - Vacunación idiotípica en Linfoma Folicular: Monitorización en la respuesta inmune inducida Drª Susana Inogés - Hospital San Juan de Dios, Pamplona 15.00 - 17.00 MESA REDONDA Moderadora: SALA 2 Enfª. Helena Fernandes - Hospitais da Universidade de Coimbra CUIDADOS PALIATIVOS EM HEMATOLOGIA 15.00 - 15.40 1 - Conferência Familiar Enfº Luís Ricardo Maia - Centro de Saúde de Odivelas 15.40 - 16.20 2 - Questões Éticas Enfª Catarina Simões - Instituto Português de Oncologia, Porto 16.20 - 17.00 3 - Resiliência Familiar Enfª Sara Cunha - Hospitais da Universidade de Coimbra 17.00 - 17.30 INTERVALO PARA CAFÉ 17.30 - 19.00 POSTERS Comentadores: 19.00 - 20.00 SALA Posters PO 01 a 12 - Prof. Doutora Ana Bela Sarmento - Fac. de Med. Univ. de Coimbra Dr. José Barbot - Hospital Maria Pia PO 13 a 23 - Drª Isabel Castro - Hospital de S. João Drª Isabel Sousa - Hospitais da Universidade de Coimbra PO 24 a 34 - Drª Aida Botelho Sousa - Hospital dos Capuchos Dr. Mário Mariz - IPO - Porto PO 35 a 41- Dr. Fernando Príncipe - Hospital de S. João Prof. Doutor João Lacerda - Hospital de Santa Maria PO 42 a 55 - Drª Alexandra Mota - Hospital de Santo António Dr. João Raposo - Hospital de Santa Maria PO 56 a 58 - Posters Enfermagem ASSEMBLEIA GERAL DA S.P.H. 11 15 NOV. 2008 09.00 - 11.00 Moderadora: PROGRAMA EDUCACIONAL SALA 1 Drª Patrícia Ribeiro - Hospital dos Capuchos 09.00 - 09.30 Anemia Aplástica Adquirida Dr. Sérgio Almeida - Hospitais da Universidade de Coimbra 09:30 - 10.00 Linfoma do SNC Drª Isabel Ribeiro - Hospital Egas Moniz, Lisboa 10.00 - 10.30 Transplante em Mieloma Múltiplo. Quando? Dr. Leal da Costa - Instituto Português de Oncologia, Lisboa 10.30 - 11.00 Neutropenias Severas. Como investigar? Como tratar? Drª Emília Cortesão - Hospitais da Universidade de Coimbra 11.00 - 11.30 INTERVALO PARA CAFÉ 11.30 - 12.30 CONFERÊNCIA 3 Moderadora: SALA 1 Drª Catarina Geraldes - Hospitais da Universidade de Coimbra Tlymphocytes for immunotherapy of lymphomas and leukemias Prof. Doutor Bruno Silva-Santos - Instituto Biologia Molecular da Faculdade de Medicina de Lisboa 12.30 - 13.30 Moderadores: COMUNICAÇÕES ORAIS II SALA 1 Drª Isabel Castro - Hospital de S. João Drª Lurdes Guerra - Hospital de Santa Maria CO 15 a CO 19 12.30 - 13.30 Moderadoras: COMUNICAÇÕES ORAIS - ENFERMAGEM Enfª Silvia Magda Reis - Hospitais da Universidade de Coimbra CO 20 a CO 23 13.30 - 15.00 ALMOÇO 12 SALA 2 SÁBADO 15.00 - 17.00 Moderador: 15.00 - 15.40 MESA REDONDA SALA 1 Prof. Doutor Vicente e Vicente - Hosp. Gen. Univ. Morales Meseguer, Univ. de Múrcia TROMBOSE 1 - Fisiopatologia da Trombose Prof. Doutor Vicente e Vicente - Hosp. Gen. Univ. Morales Meseguer, Univ. de Múrcia 15.40 - 16.20 2 - Trombose e Cancro Drª Rosa Maia - Hospitais da Universidade de Coimbra 16.20 - 17.00 3 - Trombose e Doenças Auto Imunes Dr. Manuel Campos - Hospital de Santo António, Porto 15.00 - 17.00 MESA REDONDA Moderadora: SALA 2 Enfª Rosa Romão - Centro Hospitalar Central de Lisboa, EPE QUALIDADE DE CUIDADOS EM HEMATOLOGIA 15.00 - 15.40 1 - Factores Influenciadores do Sofrimento em Doentes Hemato-Oncológicos Enfª. Marta Elias- Hospitais da Universidade de Coimbra 15.40 - 16.20 2 - Ensino sobre Sexualidade aos Doentes Transplantados Enfª Cristina Nunes; Enfª Elsa Wong; Enfª Cláudia Pinho; Enfª Tânia Barreiros Instituto Português de Oncologia, Lisboa 16.20 - 17.00 3 - Qualidade no Acompanhamento dos Pais das Crianças Transplantadas Enfª. Rosália Pires; Enfª. Ana Luísa Gomes UTM IPO Lisboa 17.00 - 17.30 INTERVALO PARA CAFÉ 17.30 - 18.30 COMUNICAÇÕES ORAIS III Moderadores: Drª Graça Esteves - Hospital de Santa Maria Dr. Jorge Coutinho - Hospital Santo António CO 24 a CO 28 19.00 REUNIÃO "GHOP" SALA Lusitano Dr. Jorge Coutinho - Hospital Santo António 21.00 SALA 1 JANTAR DE ENCERRAMENTO - Quinta do Casal Novo ENTREGA DE PRÉMIOS 13 PROGRAMA EDUCACIONAL PROGRAMA EDUCACIONAL 14 NOV. 2008 PROGRAMA EDUCACIONAL SALA 1 09:00 – 09.30 Moderadora: Prof. Doutora Letícia Ribeiro - Centro Hospitalar de Coimbra Hematologia e Gravidez Dr. Joaquim Andrade Hospital de São João, Porto Resumo Os actuais tratamentos das doenças hemato-oncológicas tornaram frequentes, especialmente nos doentes mais jovens, remissões muito longas e curas. Daqui resulta que cada vez maior número destes ex-doentes, tanto mulheres como homens, pretendam constituir familías e ter filhos; quando isto acontece, recorrem ao Hematologista que os tratou para se informarem dos riscos e das consequencias, para si próprios e para os descendentes, dos tratamentos efectuados. No que se refere á função ovárica, em regra é afectada significativamente a maturação dos folículos (do que vai resultar amenorreia durante os tratamentos), enquanto os oocitos são relativamente poupados, sendo frequente a recuperação da fertilidade após meses (anos); relativamente à função testicular, os tratamentos afectam mais o epitélio germinativo, com azoospermia precoce e infertilidade frequente (que, na doença de Hodgkin e em algumas leucemias agudas pode mesmo ser anterior ao início do tratamento) e são, relativamente, poupadas as células de Leydig (mantendo-se a produção hormonal). Tanto nos homens como nas mulheres os mais jovens são menos afectados e, como seria de esperar, os efeitos observados dependem dos citostáticos prescritos e de serem utilizados ou não em associação, enquanto a radioterapia (quando atinge directamente ovários ou testículos) é sempre mais lesiva. 17 Com excepção das mulheres submetidas a irradiação pélvica, as complicações puramente obstétricas não parece serem mais frequentes e nunca se demonstrou que a gravidez possa aumenta o risco de recaída das mulheres em remissão. No que se refere aos filhos, não está aumentado o risco de malformações ou cromossomopatias nem do aparecimento de outras neoplasias anos mais tarde. Outra situação, embora bem mais rara, é grávida na qual é diagnosticada uma doença hemato-oncológica, mais frequentemente uma trombocitemia essencial ou uma doença de Hodgkin, que apresentam um pico de incidência que coincide com a idade fértil da mulher. Se na trombocitemia essencial nem o diagnóstico (minimamente invasivo) nem o tratamento (aspirina e, se necessário, interferão alfa, considerado seguro na gravidez) levantam dificuldades, na doença de Hodgkin há limitações que começam logo no estadiamento: se as ecografias são seguras e as RMN provavelmente também, as radiografias e as tomografias (TC) só são permitidas ao torax e com protecção abdominal enquanto que as PET estão formalmente contra- indicadas, uma vez que o 18F-FDG atravessa a placenta e irradia o feto. Antes de iniciar qualquer tratamento têm de ser respondidas questões que só se poêm para as grávidas: será possível adiar o tratamento por algum tempo? será suficiente tratamento por radioterapia limitada (cervical, axilar, mediastino alto)? ou até monoterapia com alcaloides da vinca? Ao contrário do que acontecia com o MOPP e similares, que quase invariavelmente conduziam á perda fetal, o ABVD mostra-se bastante seguro, em particular quando prescrito no 2º ou 3º trimestres, com risco de malformações e de mortes fetais que não é diferente do das gravidezes de controle. Em contraste com o que acontece no tratamento de 1ª linha, o tratamento das recaídas obriga a quimioterapia intensiva (+ auto-transplante) o que implica, necessariamente, a perda fetal/ interrupção; por esta razão é esssencial recomendar a todas as mulheres evitarem engravidar antes de passados pelo menos 2 anos em remissão, com o objectivo de minimizar o risco de recaida durante uma gravidez seguinte. 18 Cada vez mais frequentemente, os pais inquirem os Hematologistas sobre a possibilidade da conservação de sangue do cordão umbilical e as vantagens que daí podem resultar para os seus filhos. Está bem estabelecida a utilização de células do cordão no tratamento de algumas doenças hematológicas, e dados do IBMTR mostram que 20 % dos transplantes em doentes jovens com doenças hematológicas (LLA, LMA) são de sangue do cordão, aproveitando a maior tolerância a incompatibilidades HLA, a menor incidência e gravidade de GVHD, o menor risco de infecções víricas (E-BV, CMV) e a grande rapidez e fiabilidade na oferta, mantendo-se inalterado o efeito de enxerto contra doença. Existindo várias modalidades de colheita, entre nós predominam as colheitas dirigida e personalizadas, quase só com utilização autóloga, do que resultam limitações e probabilidades de utilização muito baixas (1/ 3 000 colheitas ou menos). Por outro lado, para além de algumas dificuldades técnicas nas colheitas (prematuros, circulares do cordão, cesarianas, partos gemelares e situações de hemorragia materna), persitem algumas questões de ordem ética e de custos/ rentabilidade que é urgente analizar melhor. Bibliografia: Neoplasias hematologicas durante la gestacion. J.F. Tomás et al. Haematologica/edicion espanola, 2006;91 (Supl 1):207-216 The treatment of Hodgkin´s and non- Hodgkin´s Lymphoma in pregnancy. David Pereg et al Haematologica/ the hematology journal, 2007;92(09):1230-1237 How I treat acute and chronic leukemia in pregnancy. Tal Shapira et al. Blood Reviews (2008), doi: 10.1016/j.blre.2008.03.006 Targeted treatment using monoclonal antibodies and tyrosine-kinase inhibitors in pregnancy. Alice Robinson et al. The Lancet Oncology (ed. port.) vol. 1 (0), 77-82, 2008 The effects of imatinib on pregnancy outcome. Seonaid M Pye et al, Blood 111(12): 5505-5508, 2008 Umbilical cord blood banking. Royal College of Obstetricians and Gynaecologists Scientific Advisory Committee, 2006 UpToDate, 2008: Overview of fertility and pregnancy in cancer survivors. Elyce H. Cardonick Use of immunosuppressive drugs in pregnancy and lactation. Bonnie L. Bermas. Effects of cytotoxic agents on gonadal function in adult men. Frances J Hayes, Glenn J Bubley. Ovarian failure due to anticancer drugs and radiation. Corrine K Welt, Charles Shapiro. 19 20 14 NOV. 2008 PROGRAMA EDUCACIONAL SALA 1 09:30 – 10.00 Como fazer Investigação Clínica Drª Maria Luísa Ribeiro Directora do Centro de Ensaios Clínicos da A.I.B.I.L.I. Resumo A prática clínica deve apoiar-se na Medicina Baseada na Evidência porque é a única que nos garante uma base cientifica para a nossa actividade diária. Por sua vez a base da Medicina Baseada na Evidência são os Ensaios Clínicos Randomizados. A correcta interpretação dos Ensaios Clínicos é necessária para assegurar que os resultados obtidos possam ter boa aplicação na prática clínica. Para realizarmos Investigação Clínica é de primordial importância a condução dos Ensaios Clínicos Randomizados de acordo com os Princípios de Boas Práticas Clínicas segundo a Norma ICH Guidelines e a Directiva Comunitária nº 2001/20/CE, transposta pela Lei nº 46/2004. Deste modo se garante a fiabilidade dos resultados obtidos e a protecção dos doentes. Com o mesmo objectivo são igualmente importantes os procedimentos operacionais normalizados para assegurar a qualidade dos dados e garantir a fiabilidade dos resultados. A equipa de investigação deverá ter funções bem definidas no âmbito da execução dos exames do estudo, ser experiente na área médica a que a investigação se dedica. 21 22 14 NOV. 2008 PROGRAMA EDUCACIONAL SALA 1 10:00 – 10.30 Novos Alvos Terapêuticos em Hemato-Oncologia Profª. Doutora Ana Bela Sarmento Ribeiro Faculdade de Medicina, Centro de Investigação em Meio Ambiente Genética e Oncobiologia (CIMAGO) e Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC), Universidade de Coimbra Resumo A iniciação e progressão do cancro são controladas por alterações genéticas e epigenéticas. As doenças hematológicas neoplásicas resultam da desregulação das vias de sinalização envolvidas na normal proliferação, diferenciação e morte celular por apoptose, podendo atingir todos os tipos de células do sistema hematopoiético. Apesar da diversidade dos parâmetros clínicos, morfológicos e moleculares usados para a classificação das neoplasias linfóides e mielóides muitos doentes com um mesmo diagnóstico apresentam diferente evolução clínica, respondem de forma diferente à terapêutica, podendo apresentar resistência aos fármacos anticancerigenos no ínicio ou no decurso do tratamento. Os avanços na biologia molecular permitiram a identificação de várias vias de sinalização celular e de proteínas envolvidas na transformação neoplásica as quais podem constituir bons alvos para o tratamento cancro. Existe um vasto leque de moléculas em estudo, quer em ensaios pré-clinicos quer clínicos, incluindo anticorpos monoclonais, oligonucleótidos antisense, inibidores de tirosina cinases, inibidores da farnesiltransferase, inibidores do proteasoma, moduladores epigenéticos, entre outros. O sucesso do imatinib na leucemia mielóide crónica, do rituximab nos linfomas não hodking e do bortezomib no mieloma múltiplo, são alguns dos exemplos de terapêuticas dirigidas a alvos moleculares já utilizadas na prática clínica. Nesta comunicação pretende-se fazer um breve revisão sobre os mecanismos moleculares envolvidos na etiopatogenia de várias neoplasias hematológicas e o desenvolvimento de novas terapêuticas dirigidas e personalizadas, que poderão contribuir para melhorar a qualidade de vida dos doentes com este tipo de neoplasias. 23 24 PROGRAMA EDUCACIONAL 14 NOV. 2008 SALA 1 10:30 – 11.00 Ambiente e Cancro Prof. Doutor Francisco Pimentel Hospital Infante D. Pedro, Aveiro Secção Autónoma Ciências da Saúde, Universidade de Aveiro Resumo As neoplasias são uma grave situação de saúde pública. Estima-se que na 2ª a 3ª década deste século, o cancro seja a primeira causa de morte nos países industrializados. Estas patologias não têm um único factor etiológico. As características do hospedeiro e o meio ambiente são os factores principais que vão determinar a ocorrência de carcinogénese, que pode ou não evoluir para cancro. Mais de 90% dos cancros são causados por factores do ambiente. Significa que um grande número de cancros pode ser prevenido. No trabalho de Sir Richard Doll, o tabaco seria responsável por 29-31% das neoplasias, a dieta por 20 a 50%as infecções põe 10 a 20%, radiação ultra violeta 5 a 7% (melanoma), actividade profissionais 2 a 4%, poluição 1 a 5%, e a inactividade física 1 a 2%. No entanto outros autores, tal como ALBRECHT c., consideram que a dieta terá muito menos peso como causa de cancro, 15%, e a poluição será responsável por 10 a 20% dos casos. Independentemente do peso relativo que podem ter na causa do cancro a principal indicação é que podemos intervir de forma a minimizar o risco de exposição e consequentemente diminuir o risco de ocorrência de cancro. Não é fácil de terminar um nexo de causalidade entre um potencial factor de risco e a ocorrência de cancro. Isto deve-se a vários factores entre os quais o facto das exposições são muitas vezes pouco frequentes e/ou de baixa intensidade; porque nem sempre existe uma relação temporal imediata; a susceptibilidade aos carcinogéneos 25 varia de indivíduo para indivíduo; e o risco pode ser escondido por exposição a outros factores. Um carcinogéneo é uma substância ou agente que pode induzir ou facilitar a ocorrência de uma neoplasia. São exemplos de carcinogéneos substâncias químicas (dioxinas), agentes físicos (asbestos), e agentes biológicos (vírus ou bactérias). As radiações podem induzir igualmente o cancro, que iremos abordar como exemplo de factores ambientais perigosos. A exposição a radiações ocorre de diversas fontes, tais como: testes de armas nucleares, radiação natural, centrais nucleares de produção de electricidade, acidentes tais como o de Chernobyl em 1986, actividades que aumentem a exposição a fontes de radiação naturais ou artificiais, fontes de natureza médica (rastreio, diagnóstico, e terapêutica). A radiação proveniente de fontes naturais é a principal causa de exposição da maioria da população. Os níveis de exposição comuns variam de 1,5 a 3mSv por ano, mas pode chegar a valores superiores a 50mSv/ano. Não existe no entanto evidência de que estes valores possam condicionar maior risco para a saúde. Os estudos epidemiológicos de avaliação de risco de cancro por exposição a radiações, mostram que o poder estatístico é profunda mente influenciado, pelo número de casos pela dose(s) de radiação de grupo exposto e pela magnitude do coeficiente de risco, neste contexto a maioria dos relatos da literatura referentes a baixas doses têm um inadequado poder estatístico. Estudos de seguimento de pessoas expostas às radiações em Hiroshima revelam maior risco de cancro diversos tipos de cancro: glândulas salivares, esófago, estômago, intestino delgado, cólon, recto, fígado, pâncreas, pulmão, tecidos moles e osso, mama, útero, ovário, próstata, bexiga, sistema nervoso central, tiróide, melanoma, pele (não melanoma), D. Hodgkin, LNH, Leucemia, Mieloma Múltiplo. Prever o do risco para a saúde humana associada à exposição a radiações é baseada em princípios mecanicistas a partir dos dados obtidos em células irradiadas.. No entanto tem que se ter em consideração os efeitos não-alvo, que se podem manifestar apenas nas gerações seguintes. 26 Estudos efectuados pela OMS, usando modelos com base em 5 populações específicas (China, Japão, Porto Rico, EUA e UK) de todas as idades, o risco de morrer, após a exposição aguda de 1 sievert (Sv), por um tumor sólido é estimada em 4,3-7,2%/ano e para as leucemias 0,6-1,0%/ano. O factor de risco se for aplicado apenas a crianças é cerca de 2 a 3 vezes maior. Toda a população está exposta diariamente ao radão, gás radioactivo inerte. Os níveis de radão variam muito de país para país desde doses de 10 becqerel por m3 no médio oriente até 100 Bqm-3 em diversos países europeus. O radão representa para a maioria dos indivíduos cerca de 50% das doses de radiação natural a que estão expostos. O radão está epidemiologicamente associado a um maior risco de cancro. Apesar de outras linhagens celulares até serem mais sensíveis ao efeito oncogéneo do radão ainda não existe evidência epidemiológica que associe este gás a uma maior incidência de outros cancros, para além do pulmão e do sangue. Devido ao efeito sinérgico entre o radão e o tabaco o risco de cancro de pulmão é 90% maior do que nas populações não expostas. O uso de radiação em tecnologia médica é uma realidade na medicina ocidental. No estudo de “United States Medical Radiologig tchnologists”, num cohort de 146.022 técnicos de radiologia, dos quais 73,2% eram mulheres, foram identificados através das certificações de inicio da profissão nos anos de 1922-1982. No final de 1997 o “status vital” destes indivíduos tinha sido conseguido para 99,3%, e tinham ocorrido 12.624 mortes. A incidência de cancro nesta amostra foi feita em 2 períodos diferentes de 1983-1989 e de 1995-1998, tendo-se identificado um número de 2.651 cancros. A análise das doses totais de cada indivíduo ainda não foi feito, o período de início de actividade foi estudado. Os resultados mostraram que o número cumulativo de anos de trabalho não aumentou o risco de cancro específico de órgão no que diz respeito a mama, pulmão e Leucemia (excepto LCC), no entanto verificou-se um modesto aumento de risco de cancros na sua globalidade. Um estudo Chinês “Chinese radiologists and teechnologists” foi feito entre 1950-1995, envolveu 27.011 indivíduos e um grupo de controlo de outros trabalhadores da saúde 25.782 . Verificou-se um aumento da incidência de cancros (RR=1,19; CI95% 1,1-1,3 27 n=893): leucemia RR – 2,17 (1,6-2,9; n=44); pele (não-melanoma) (RR=4,05; n=18); fígado (RR=1,20; n=120); pulmão (RR=1,20; n= 155); bexiga (RR=1,84: n=21). No entanto neste estudo o que se constata é que o risco é muito menos, quase idêntico à população geral, quando melhores equipamentos e normas de protecção foram melhoradas. A radiação, quer com intuito terapêutico, quer com intuito diagnóstico é Doentes tratados com radiação. Os doentes tratados com radiação com altas e baixas doses têm sido uma fonte de aprendizagem dos efeitos carcinogénicos tardios, e têm permitido estimar o risco de uma segunda neoplasia. O risco é menor que os sobreviventes da Bomba de Hiroshima. Num estudo de 16.000 mulheres efectuadas nos estados unidos, não se verificou aumento de incidência de leucemias, no entanto contribuiu para um aumento de risco em cancros de estômago, recto, bexiga e osso. Nos D. de Hodgkin, observou-se uma maior incidência de cancro da mama (dose dependente) que era reduzido se se fizesse ablação ovárica. O risco de cancro de pulmão está também aumentado, sendo exponencial nos fumadores. Alguns autores referem um risco mais elevado de desenvolvimento de sarcomas nestes doentes, nas áreas irradiadas. As radiações de uso em Medicina, desde que sejam tomadas medidas de protecção quando utilizadas, constituem um risco muito baixo para os doentes e para os profissionais. As radiações naturais, se exceptuarmos a radiação Ultravioleta dos raios solares, o risco é baixíssimo, e na realidade muito difícil de evitar. Quando consideramos uma estratégia global de intervenção sobre as neoplasias, devese ter em conta os diferentes tipos de procedimentos que podemos fazer: prevençã, rastreio, terapêutica e paliação. Prevenção, em que o conhecimento do risco associado a a eventuais exposições é fundamental para evitar a exposição e progressão para o cancro cancro, aqui a educação das populações é o mais importante. O rastreio, que infelizmente apenas se revelou como eficaz no cancro da mama e do colo do útero, noutras patologias só em populações muito específicas é que pode ser útil. A terapêutica, que paulatinamente se tem vindo a revelar mais eficaz, mas os custos aumentam de forma exponencial em relação aos benefícios alcançados. A última das estratégias de intervenção são os cuidados paliativos. 28 Num contexto global de intervenção nas neoplasias a área mais custo-efectiva e que pode traduzir-se por maior benefício num ganho de número de anos de vida é a prevenção. Assim, um conhecimento dos agentes ou factores que possam contribuir para os fenómenos de carcinogénese é crítico. Só estudos epidemiológicos sólidos, com base em rigorosos registos médicos permitem vir a clarificar quais os riscos associados a exposições, e consequentemente que sejam desencadeadas medidas preventivas. Para o sucesso desta estratégia, todos os profissionais de saúde tem a responsabilidade de fazer os registos clínicos rigorosos e detalhados, que permitam num futuro efectuar os estudos epidemiológicos. Não nos esqueçamos, que à luz do conhecimento actual o factor de risco mais importante para a incidência de cancro de uma forma global é o fumo do tabaco. Se a sociedade for capaz de eliminar ou reduzir significativamente este risco, o que não se tem verificado, ficar-nos-á a esperança de termos, também a capacidade de intervir noutros factores de risco. 29 30 15 NOV. 2008 PROGRAMA EDUCACIONAL SALA 1 09:00 – 09.30 Moderadora: Drª Patrícia Ribeiro - Hospital dos Capuchos Anemia Aplástica Adquirida Dr. Sérgio Almeida Hospitais da Universidade de Coimbra A anemia aplástica grave condiciona uma falência medular que, quando não tratada, está associada a uma mortalidade muito elevada. Entre nós é uma doença rara, com uma incidência anual estimada em 2 novos casos por milhão de habitantes. No entanto, cerca de metade dos casos ocorrem nas primeiras 3 décadas de vida. Esta doença parece resultar duma destruição autoimune T das células progenitoras hematopoiéticas, originando pancitopenia e uma medula óssea “vazia”. O tratamento assenta na imunossupressão e no alotransplante de progenitores hematopoiéticos: o alotransplante de progenitores hematopoiéticos dum dador relacionado HLA idêntico é preferido nas crianças e adultos jovens e a imunossupressão é utilizada quando o alotransplante não é possível devido à idade, inexistência de um dador relacionado HLA idêntico, co-morbilidades, ou por escolha do doente. A imunossupressão com Ig G anti – timócito(ATG) + ciclosporina A(CyA) permite uma sobrevida a longo prazo semelhante à do alotransplante. O alotransplante de dador não relacionado HLA idêntico poderá ser considerado nos doentes pediátricos que não responderam a 1 ciclo de ATG + CyA ou nos adultos jovens que não responderam a 2 ciclos de ATG + CyA. 31 A ausência de resposta à imunossupressão pode ser devida ao esgotamento da reserva de células progenitoras hematopoiéticas, à insuficiente imunossupressão, ou então, pode tratar-se duma anemia aplástica hereditária. 32 15 NOV. 2008 PROGRAMA EDUCACIONAL SALA 1 09:30 – 10.00 Linfoma do SNC Drª Isabel Ribeiro Hospital Egas Moniz, Lisboa 33 34 15 NOV. 2008 PROGRAMA EDUCACIONAL SALA 1 10:00 – 10.30 Transplante em Mieloma Múltiplo. Quando? Dr. Leal da Costa Instituto Português de Oncologia, Lisboa 35 36 15 NOV. 2008 PROGRAMA EDUCACIONAL SALA 1 10:30 – 11.00 Neutropenias Severas. Como investigar? Como tratar? Drª Emília Cortesão Hospitais da Universidade de Coimbra Resumo Neutropenia define-se como um valor absoluto de neutrófilos inferior a 1,5x10 G/L, sendo classificada como ligeira (1,0-1,5x10 G/L), moderada (0,5-1,0x10 G/L), grave (<0,5x10 G/L) e muito grave (<0,2x10 G/L). A neutropenia crónica grave caracteriza-se por uma contagem absoluta de neutrófilos inferior a 0,5x10 G/L durante um período superior a 3 meses. Na sua patogenia podem ocorrer um ou mais mecanismos patológicos, incluindo diminuição da produção medular, sequestração de neutrófilos e aumento da sua destruição periférica. Clinicamente manifesta-se por um aumento do risco de infecção, directamente proporcional à duração e gravidade da neutropenia. As principais categorias desta condição são: neutropenia congénita grave, neutropenia cíclica e neutropenia crónica idiopática. A neutropenia congénita grave é uma doença rara, pré-leucémica, usualmente detectada na infância ou nos primeiros anos de vida, caracterizada por infecções graves recorrentes associadas a contagens absolutas de neutrófilos entre 0-0,2x10 G/L e um aspirado medular típico de paragem maturativa no estádio promielócito/ mielócito. Apresenta uma heterogeneidade genética em que predominam dois subgrupos: o traço autossómico dominante definido pela presença de mutações no gene ELA2 que codifica a elastase dos neutrófilos (60%) e o traço autossómico recessivo (síndrome de Kostmann) associado a mutações no gene HAX1 (30%). Cerca de 90% das neutropenias congénitas graves respondem ao tratamento com G-CSF, o que se traduz por um aumento do nº absoluto de neutrófilos para valores superiores a 1,0x10 G/L e um decréscimo significativo no uso de antibioterapia e nos dias de hospitalização. A minoria que não responde ao G-CSF está frequentemente associada a mutações adquiridas do receptor do G-CSF e a um risco de SMD/LMA mais elevado, apresentando indicação para transplante alogénico de medula. 37 A neutropenia cíclica caracteriza-se por uma oscilação dos neutrófilos em ciclos de 21 dias, com um nadir perto do zero e um pico quase normal. A sua transmissão genética é autossómica dominante e está associada a mutações no gene ELA2. Podem ocorrer infecções graves durante o período de nadir, sendo frequente a estomatite aftosa, a periodontite, a enterite e, ocasionalmente, a sepsis. A administração de G-SCF não impede a oscilação dos neutrófilos mas diminui o período de neutropenia grave, reduzindo assim a ocorrência de complicações infecciosas. A neutropenia crónica idiopática define-se como uma diminuição persistente e inexplicada do nº absoluto de neutrófilos abaixo do limite inferior do normal para uma determinada população étnica. Distingue-se das anteriores pela sua componente adquirida, ausência de flutuações nos valores de neutrófilos e pela ausência de complicações, uma vez que as neutropenias são normalmente ligeiras a moderadas. Para o diagnóstico é necessário assegurar a ausência de outras doenças associadas a neutropenia, exposição a radiação, uso de químicos ou fármacos e realizar estudo medular e pesquisa de anticorpos anti-neutrófilo, ou seja, é sempre um diagnóstico de exclusão. Devido ao curso benigno não requer administração de G-CSF e, tal como na neutropenia cíclica, não existem casos descritos com evolução para SMD/LMA. Em Março de 1994 foi criado o registo internacional das neutropenias crónicas graves, SCNIR, visando monitorizar o curso clínico, tratamento e evolução destes doentes (www.severe-chronic-neutropenia.org). 38 CONFERÊNCIAS CONFERÊNCIAS 13 NOV. 2008 CONFERÊNCIA 1 SALA 1 14:00 – 15.00 a Moderadora: Dr Adriana Teixeira - Hospitais Universitários de Coimbra Nanotecnologia e cancro: plataformas emergentes no tratamento e diagnóstico. Prof. Doutor João Nuno Moreira Faculdade de Farmácia e Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra Resumo A generalidade dos agentes antineoplásicos utilizados na prática clínica denotam uma reduzida selectividade para as células tumorais, e, decorrendo deste facto, níveis elevados de toxicidade para os tecidos sãos. Assim sendo, os efeitos secundários associados à quimioterapia convencional determinam que esta seja frequentemente administrada em doses inferiores às terapeuticamente desejáveis, conduzindo, consequentemente, a um possível insucesso da terapia aplicada, ao aparecimento de fenómenos de resistência e/ou ao desenvolvimento de metástases. Neste contexto, é de crucial importância o aumento da selectividade de fármacos antineoplásicos, por um lado, através do aumento da dose de fármaco que se acumula nas células tumorais e, por outro lado, por diminuição da dose que atinge as células sãs. Muitas das propriedades farmacológicas dos antineoplásicos podem ser substancialmente melhoradas através da sua associação com sistemas de base nanotecnológica. Esta nova geração de medicamentos constitui já, em alguns casos, uma realidade clínica, noutros casos, constitui a base de desenvolvimento futuro de novos medicamentos. Neste contexto, a presente comunicação versará, numa primeira parte, sobre alguns exemplos e princípios associados à utilização de nanotecnologias que já se constituem, presentemente, como uma realidade clínica em oncologia. Numa segunda parte serão apresentadas algumas das direcções futuras em termos do desenvolvimento deste novo tipo de medicamentos, no que diz respeito à sua utilização no tratamento e diagnóstico de cancro. 41 42 CONFERÊNCIA 2 14 NOV. 2008 SALA 1 11:20 – 11.50 Moderador: Prof. Doutor António Parreira - IPO Lisboa Purine Nucleoside Analogues in the Treatment of Hematological Malignancies Prof. Doutor Tadeusz Robak Department of Hematology, Medical University of Lodz and Copernicus Memorial Hospital, 93-510 Lodz, Ciolkowskiego 2 Str., Poland e-mail: [email protected] For the last few years more and more new cytotoxic agents active in the treatment of hematological malignancies have been synthesized and became available for either in vitro studies or clinical trials. Among them an important role plays the class of antineoplastic drugs belonging to the group of purine nucleoside analogues (PNA). Three of them: pentostatin (2’-deoxycoformycin, DCF), cladribine (2-chloro-9-(2’deoxy-β-D-arabinosyl)-adenine; 2-chloro-2’-deoxyadenosine; 2-CdA) and fludarabine (2-fluoro-9-(β-D-arabinosyl)-adenine; 2-fluoroadenosine;FA) were approved by Food and Drug Administration (FDA) for the treatment of hematological malignancies [1]. Although all the PNA have a similar chemical structure based on nucleoside ring and act mainly by induction of apoptosis, they show different efficacy against hematological malignancies and they exhibit significant differences, especially concerning their interactions with enzymes involved in adenosine, deoxyadenosine or guanosine metabolism. Several clinical trials have shown that these drugs used alone or in combination with other cytotoxic agents or monoclonal antibodies show good efficacy and acceptable toxicity profile in the treatment of either indolent lymphoid malignancies or myeloid leukemias. DCF and 2-CdA are currently drugs of choice in hairy cell leukemia (HCL) [2]. Multiple studies on large groups of patients demonstrated that 2-CdA induces durable and unmaintained CR in about 80% of patients after a single course of therapy. 2-CdA is administered either as a continuous i.v. infusion at a dose of 0.09 mg/kg over a 5-7 43 days period or as 2-hour i.v. infusion at a dose of 0.12 mg/kg for 5-7 days. However, similar results were achieved when the drug was given in subcutaneous injection [3]. 2CdA is also an effective drug when administered at a dose of 0.15 mg/kg in 2-hour infusion once a week over 6 courses. In our randomized study we compared weekly administration of 2-CdA (0.12 mg/kg in 2-h i.v. infusion once a week for 6 weeks) with daily administration (0.12 mg/kg in 2-h i.v. infusion for 5 consecutive days) [4]. The final results of this study indicate that both complete response (CR) and overall response (OR) rates were similar in compared groups. There was no statistically significant difference in toxicity between groups. Moreover, HCL treatment with weekly 2-CdA infusion is not safer than standard 5-day 2-CdA. FA and 2-CdA alone or in combination with other agents are highly effective in chronic lymphocytic leukemia (CLL) and low grade B- and T-cell non-Hodgkin’s lymphomas (NHL) [1]. In CLL, combination therapies with PNAs and cyclophosphamide and especially with cyclophosphamide and rituximab are more active than monotherapy in terms of OR, CR and PFS. Significantly higher overall response (OR) and complete response (CR) and longer progression free survival (PFS) in patients with CLL treated with FA or 2-CdA have been confirmed in randomized, multicenter trials and more recently in metaanalysis [5, 6]. However, the median survival time did not differ between patients treated with PNA and alkylating agents. Combination therapies with PNAs and cyclophosphamide are more active than monotherapy in terms of OR, CR and PFS [710]. However, higher OR, CR and PFS do not translate for longer overall survival. A recent phase III trial showed longer responses with 2-CdA than with FA in previously untreated CLL [11]. However, our randomized study indicate that CC and FC programs used as first-line therapy give similar OR and CR rates; they also show comparable toxicity. Moreover, in the recent retrospective analysis we have found that CC regimen induce high response rate (80%) in previously untreated CLL patients with 17p13.1/TP53 deletion [12]. The results of recent clinical studies suggest that in patients with CLL rituximab in combination with PNA is the most active therapeutic regimen. However, CLL is still considered as an uncurable disease and new therapies of this disease are needed. FA and 2-CdA showed effectiveness in patients with WM. According to the consensus panel recommendations of the Second International Workshop on WM, both 2-CdA and FA are reasonable choices for the first line treatment of WM patients [13, 14]. In this disease 2-CdA has been shown to be active in 64% to 100% of previously untreated patients and in 14% to 78% of refractory or relapsed patients. The number of cycles administered in these studies varied considerably,but significant tumor reduction was observed as early as after two courses of 2-CdA. 44 PNA showed remarkable activity in LG-NHL [ 15]. These agents have been found to be more effective in previously untreated LG-NHL than in patients refractory or relapsing after conventional therapy. In relapsed/refractory LG-NHL patients 2-CdA induced durable responses with OR rates ranging from 32 to 76% and CR rates between 10% and 38% [1]. 2-CdA was even more active in previously untreated patients[1]. OR rate was achieved in 64-88% of patients and CR in 25-32%. 2-CdA was effective in combination with alkylating agents and MIT in the treatment of advanced stage refractory or relapsed LG-NHL [1]. Recently published randomized study has shown that cladribine alone or cladribine and cyclophosphamide combination induced higher probability of overall response , complete remission but not overall survival. than cyclophosphamide, vincristine, and prednisone combination regimen [16]. FA and 2-CdA used in combination are useful in the treatment of acute myeloid leukemia (AML) and myelodysplastic syndrome (MDS) [17, 18]. Combination of FA, Ara-C and G-CSF (FLAG regimen) is also active in refractory/relapsed de novo AML and poor prognosis secondary AML, with CR rates between 30-81% The results of randomized study, which evaluated the efficacy and toxicity of 2-CdA combined with Ara-C and DNR (DAC-7) have been recently published [19]. The overall CR rate equaled 72% for DAC-7 and 69% for DA-7 arm (P= NS). After a single course of DAC-7 induction, the CR rate equaled 64% and was significantly higher compared to 47% in the DA-7 arm (P=0.0009). Toxicity was comparable in both groups. The probability of 3-year leukemia–free survival (LFS) for DAC-7 and DA-7 group equaled 43 and 34%, respectively (P=NS). There was a trend toward a higher LFS rate for patients aged >40 years receiving DAC-7 compared with DA-7 regimen (44 v.s. 28%, P=0.05). Additionally, FA plays an important role in non-myeloablative regimens for allogenic stem cell transplantation [1]. Recently three novel PNA: clofarabine (CAFdA), nelarabine (ara-G) and forodesine (immucillin H, BCX-1777) have been synthesized and introduced into clinical trials. CAFdA similarly to 2-CdA is a deoxyadenosine analogue and exhibits an efficacy in both AML and acute lymphoblastic leukemia (ALL), blast crisis of chronic myelogenous leukemia (CML-BP) and MDS. This agent is also active in pediatric patients with advanced leukemias. Nelarabine is a water-soluble prodrug of guanine nucleoside analogue, 9-β-D-arabinosylguanine (ara-G), which is its active metabolite [1, 18]. AraG is selectively toxic to mature T-cells and immature T-lymphoblasts as compared to Blymphoblasts or null-cells which are resistant to ara-G. Forodesine belongs to 9deazanucleoside analogues which are purine nucleoside phosphorylase (PNP) inhibitors, 45 termed immucillins [18]. This agent shows activity in some experimental tumors in mice, however it could be useful for the treatment of human T-cell proliferative disorders and it is currently undergoing II phase clinical trials for the treatment of Tcell non Hodgkin’s lymphoma, which includes cutaneous T-cell lymphoma (CTCL), T-cell ALL as well as B-cell lymphoma [18]. Great hopes are also set on the use of forodesine in B-CLL. References Robak T, Lech-Maranda E, Korycka A, Robak E. Purine nucleoside analogs as immunosuppressive and antineoplastic agents: mechanism of action and clinical activity. Curr Med Chem. 2006;13:3165-89. Robak T. Current treatment options in hairy cell leukemia and hairy cell leukemia variant. Cancer Treat Rev. 2006; 32: 365-76. Juliusson G, Heldal D, Hippe E, et al. Subcutaneous injections of 2chlorodeoxyadenosine for symptomatic hairy cell leukemia. J Clin Oncol. 1995; 13: 989-95. Robak T, Jamroziak K, Góra-Tybor J, et al. 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Leukemia. 2004;18:989-97. 47 48 15 NOV. 2008 CONFERÊNCIA 3 SALA 1 11:30 – 12.30 Moderadora: Drª Catarina Geraldes – Hospitais Universitários de Coimbra Tlymphocytes for immunotherapy of lymphomas and leukemias Bruno Silva-Santos Instituto de Medicina Molecular, Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa Immunotherapy is regarded as a promising, albeit still underdeveloped, approach for cancer treatment. Human and murine T lymphocytes are capable of destroying a large repertoire of tumor cell lines in vitro and rejecting induced tumors in vivo. We are particularly interested in an abundant lymphocyte subset of the human peripheral blood, characterized by the expression of a Vγ9Vδ2 T cell receptor, which has a broad range of tumor specificities, particularly against lymphomas and leukemias, and is currently being explored in cancer immunotherapy trials involving the administration of small non-peptidic phosphoantigens that specifically activate this population. Our research is dedicated to the mechanisms of tumor cell recognition and Vγ9Vδ2 T lymphocyte activation for the elimination of lymphomas and leukemias. We have compared by genome-wide expression profiling the transcriptomes of human lymphoma and leukemia lines that are either susceptible or resistant to Vγ9Vδ2 T cellmediated lysis in vitro. We have identified several potential activating or inhibitory molecules, including members of the non-classical MHC family (class Ib) that are overexpressed in cancer cells. We are currently analysing the expression of these candidates in primary lymphoma biopsies and directly assessing their role in tumor elimination by Vγ9Vδ2 T cells. Finally, we have characterized the molecular and cellular effects of HMB-PP, a recently identified microbial phosphoantigen, on human Vγ9Vδ2 T cells. Our data demonstrate that HMB-PP activates Vγ9Vδ2 T cells in a rapid yet sustainable fashion that induces a very robust anti-tumor activity, thus supporting its usage in novel cancer clinical trials. 49 50 COMUNICAÇÕES ORAIS COMUNICAÇÕES ORAIS 14 NOV. 2008 COMUNICAÇÕES ORAIS I SALA 1 11:50 – 12.03 Moderadores: Drª Aida Botelho de Sousa - Hospital dos Capuchos Dr. Pedro Pimentel - IPO - Porto CO-01 TRANSPLANTE ALOGÉNICO DE PROGENITORES HEMATOPOIÉTICOS (ALO-TPH) EM DOENTES COM MIELOFIBROSE PRIMÁRIA (MP)- EXPERIÊNCIA DA UNIDADE DE TRANSPLANTAÇÃO DE MEDULA ÓSSEA (UTMO) DO HOSPITAL SANTA MARIA (HSM) Isabel Fernandes1, F Lourenço1; C Martins1; JF Lacerda1; JA Carmo1; JJ Gomes d´Oliveira1 1 HSM INTRODUÇÃO A MP è uma doença crónica com neoangiogénese, caracterizada por mieloproliferação clonal de células progenitoras, eritropoiese ineficaz, hematopoiese extramedular, fibrose medular e osteosclerose. O Alo-TPH é a única terapêutica potencialmente curativa para a MP. Este estudo teve como objectivo avaliar a resposta do Alo-TPH em doentes com MP transplantados na UTMO do HSM. MATERIAL E MÉTODOS Foi efectuada uma análise retrospectiva dos doentes com MP internados para Alo-TPH de Abril de 1991 a Julho de 2008. RESULTADOS Foram analisados 9 casos com MP submetidos a Alo-TPH, com uma mediana de idades de 47 (36-55). Dois doentes receberam um segundo Alo-TPH e outro recebeu células progenitoras do sangue periférico (CPSP) autólogas por falência de enxerto. Em 3 casos a fonte de enxerto foi medula óssea (MO) e em 6 CPSP; 5 dadores eram irmãos HLAidênticos e 4 não-relacionados HLA-idênticos. De 1991 a 2000, o regime de 53 condicionamento consistiu em bussulfan e ciclofosfamida (BuCy) em 5 doentes e de 2001 a 2008 o condicionamento foi efectuado com ATG, prednisolona, Ara-C, fludarabina e melfalan, em 4 doentes. Verificou-se recuperação hematológica em 8 doentes e remissão completa em 6 (67%). A sobrevivência média é de 132 meses (2+ a 182+). Houve doença do enxerto contra hospedeiro (DEcH) aguda grau I num doente e grau III em 2 doentes. A mortalidade foi de 33% por DEcH aguda 1 doente; DEcH crónica 1 doente e por falência multi-orgânica 1 doente. CONCLUSÕES Apesar do número de doentes desta amostra ser restrito, os resultados obtidos, sugerem que o Alo-TPH, veio melhorar a prespectiva de tratamento dos doentes com MP, permitindo uma taxa de remissão completa significativa. Os dados que constatámos estão de acordo com os que estão descritos na literatura e confirmam a melhoria do prognóstico e potencial curativo do Alo-TPH. 54 14 NOV. 2008 COMUNICAÇÕES ORAIS I SALA 1 12:03 – 12.16 CO-02 TRANSPLANTE HAPLO-IDÊNTICO DE DADOR FAMILIAR EM DOENTES COM LEUCEMIA MIELÓIDE AGUDA APÓS UM REGIME DE CONDICIONAMENTO COM QUIMIOTERAPIA CITOTÓXICA. J. F. Lacerda1, C. Martins1; J. A. Carmo1; F. Lourenço1; C. Juncal2; A. Rodrigues2; A. Garção2; M. D´Avo2; J. J. G. Oliveira1; J. M. F. Lacerda1 1 Serviço de Hematologia e Transplantação de Medula, Hospital de Santa Maria; 2 Serviço de Sangue, Hospital de Santa Maria Em 1999, desenvolvemos um programa de transplante de progenitores hematopoiéticos (TPH) de dador familiar haplo-idêntico de modo a oferecer uma terapêutica com intuito curativo a doentes sem dador HLA compatível familiar ou não familiar. A metodologia e os resultados preliminares estão publicados (Biol Blood Marrow Transplant 2003;9:633-42). Apresentamos resultados a longo prazo em 15 doentes com LMA de alto risco transplantados entre 1999 e 2005. Tratámos 6 doentes do sexo feminino e 9 do sexo masculino, com uma média de idades de 27 (13-47) anos, dos quais 13 eram IgG CMV+. Um doente tinha LMA secundária a uma síndrome mielodisplásica e não recebeu qualquer tratamento antes do regime de condicionamento. Uma doente estava em primeira remissão completa (RC), 3 em 2ª RC, 2 em 3ª RC e 8 doentes tinham resistência primária ou secundária à terapêutica. Dois doentes (1 em RC2 e 1 em RC3) tinham recaído após TPH autólogo. Os dadores partilhavam com os doentes um haplótipo e tinham o seguinte grau de parentesco: Pai (n=8), Mãe (n=3), Irmão (n=2), Filho/a (n=2). A média de idades era 45 (19-63) anos e 13 eram IgG CMV+. Em 11 pares dador/receptor existia icompatibilidade NK do dador contra o doente ao nível de HLA -A3 (n=1), Bw4 (n=2), C (n=5), Bw4 e C (n=2), A3, Bw4 e C (n=1). O regime de condicionamento constituiu na associação de ATG, Ciclosporina A, Prednisolona, Fludarabina, Tiotepa e Melfalan. Os doentes receberam um enxerto de células progenitoras colhidas do sangue periférico submetidas a uma selecção positiva de células CD34+ pelo CliniMacs®. A depleção de células T obtida com este 55 procedimento foi a única forma de profilaxia de doença do enxerto contra o hospedeiro (DECH). Os doentes receberam uma mediana de 5.88 (2.9-13.8) x 106/kg células CD34+, 1.0 (0.3-6.0) x 104/kg células CD3+ e de 9.3 (5.5-12.5) x 104/kg células CD19+. O grau de depleção de células T foi de 4 a 5 log10. Houve tomada de enxerto por todos os doentes e a mediana de dias para contagem de neutrófilos > 0.5 x 109/L e de plaquetas > 20 x 109/L foi, respectivamente, dia 10 e 19 pós transplante. Devido ao elevado risco de recaída, 12 doentes receberam infusão de leucócitos de dador entre os dias 25 e 95 pós transplante, contendo o seguinte número de células CD3+: 5 x 103/kg (n=4), 7 x 103/kg (n=1), 10 x 103/kg (n=2), 25 x 103/kg (n=2) e 50 x 103/kg (n=3). Oito doentes desenvolveram DECH aguda, com a seguinte gravidade: Grau I (n=2), Grau II (n=4), Grau III (n=2). Três doentes evoluíram para DECH crónica. Um doente faleceu nos primeiros 100 dias após o transplante. As causas de morte foram: recaída de LMA (n=5), pneumonia intersticial (n=2), DECH crónica (n=2), sépsis (n=1). A probabilidade de sobrevivência livre de doença (SLD) de todo o grupo aos 8 anos é de 33% . Os 7 doentes transplantados sem tratamento prévio ou em RC tiveram uma probabilidade de SLD aos 8 anos de 57%, em contraste com 14% dos doentes com LMA resistente (p=0.02). O transplante haplo-idêntico de dador familiar é uma opção válida em doentes sem dador HLA compatível, justificando-se a sua realização em doentes com LMA de alto risco em remissão completa. 56 14 NOV. 2008 COMUNICAÇÕES ORAIS I SALA 1 12:16 – 12.29 CO-03 RECONSTITUIÇÃO IMUNOLÓGICA APÓS TRANSPLANTE HAPLOIDÊNTICO DE PROGENITORES HEMATOPOIETICOS: ENVOLVIMENTO DO TIMO NA EMERGÊNCIA DE UM FENÓTIPO PREDOMINANTEMENTE NAÏVE Maria V. D. Soares1 , Rita I. Azevedo1; Rita Tendeiro1; Rui S. Soares1; Rui M. M. Victorino1; J. F. Lacerda2; Ana E. Sousa1 1 Unidade de Imunologia Clínica, Instituto de Medicina Molecular; 2Unidade de Imunologia Clínica, Instituto de Medicina Molecular, Serviço de Hematologia e Transplantação de Medula, Hospital de Santa Maria O nosso grupo apresentou resultados encorajadores em doentes submetidos a transplante haploidêntico de dador familiar com a utilização de um novo regime de condicionamento só com quimioterapia (Lacerda et al, Biol Blood Marrow Transplant 9:633, 2003 e Biol Blood Marrow Transplant 11:399-400, 2005). No presente estudo foi avaliado o grau de reconstituição imunológica em doentes submetidos a este tipo de transplante há pelo menos 5 anos. Foram comparados 5 doentes (idade média 25 anos) com os seus dadores (idade média 48 anos) e com 5 controlos saudáveis da mesma idade (idade média 29.5 anos). Não se observaram diferenças estatisticamente significativas nos números absolutos de linfócitos CD3+, CD4+, CD8+, CD19+ ou CD56+CD16+. Observou-se uma tendência para um aumento na percentagem de células naïve (CD45RA+CD62L+CD27+) na população CD4+ nos doentes (57.8%), em comparação com os dadores (46.1%) e com os controlos (53.4%). Este aumento da população naïve associou-se a uma redução da população de memória (CD45RO+CD45RA-CD27-) nos doentes (4.3%), quando comparados com os dadores (9.1%) e com os controlos (7.1%). Na população CD8+, observou-se nos doentes um aumento significativo da sub-população naïve (CD45RA+CD45RO-CD27+) em comparação com os respectivos dadores (67.9% versus 29.6%, p=0.002) (também significativo em contagem absoluta). Observou-se além disso uma diminuição da percentagem de células de memória (CD45RA+CD45RO-CD27-) em relação aos dadores 57 e aos controlos saudáveis (2.2% nos doentes versus 28.6% nos dadores, p=0.0001 e 9.2% nos controlos, p=0.05) (também significativo em contagem absoluta). Foi avaliada a contribuição relativa da timopoiese versus expansão periférica na reconstituição e manutenção das populações de linfócitos T naïve. Observou-se um aumento significativo na proporção de linfóctios T CD4+ com um fenótipo de emigrantes tímicos recentes (CD45RA+CD62L+CD31+) nos doentes quando comparados com os respectivos dadores (40.8 versus 20.7%, p=0.019) e com os controlos (40.8% versus 17.5%, p=0.0006). Em concordância com estes resultados, os doentes apresentaram níveis mais elevados de TRECs do que os dadores e controlos, apesar de as diferenças não atingirem significância estatística. Foram também estimados por citometria de fluxo o comprimento dos telómeros nas supopulações naïve e memória CD4+ e CD8+. Observou-se que os linfóctios naïve dos doentes tinham telómeros mais curtos do que os dos controlos, mas mais longos do que os dos dadores. Na subpopulação CD4+ naïve foram atingidas diferenças estatisticamente significativas comparando doentes e controlos (p=0.03) bem como quando dadores e controlos foram comparados (p=0.03); na subpopulação CD8+ não se atingiram diferenças estatisticamente significativas no comprimento dos telómeros. A avliação do níveis séricos de IL-7 revelou valores mais baixos nos doentes quando comparados com os dadores (5 pg/ml versus 6.8 pg/ml, p=0.04) bem como com os controlos (5 pg/ml versus 9.5 pg/ml, p=0.005). Foram observadas proporções normais de células T reguladoras e, dentro desta população, a proporção de células com um fenótipo naïve (CD45RO-CD62L+) encontrava-se aumentada (37.9% nos doentes versus 18.8% nos dadores, p=0.02 e 18.4% nos controlos, p=0.01). Os nossos resultados sugerem que apesar da incompatibilidade HLA entre doentes e dadores existe uma forte componente tímica na reconsitutição das populações de linfóctitos T dando origem a proporções normais de células naive e de memória nestes doentes. 58 14 NOV. 2008 COMUNICAÇÕES ORAIS I SALA 1 12:29 – 12.42 CO-04 O TRATAMENTO COM IMUNOGLOBULINA OU FRAGMENTOS DA MOLÉCULA APÓS TRANSPLANTE AUTÓLOGO DE PERCURSORES HEMATOPOIÉTICAS (TAPH) AUMENTA A PROLIFERAÇÃO CELULAR À PERIFERIA – EVIDÊNCIAS MOLECULARES Ana Elisabete Pires1, Ana Filipa Barahona1; Ana Queirós1; Maria Gomes da Silva2; Luis Porrata3; Svetomir N. Markovic3; Cristina João4 1 Instituto Gulbenkian de Ciência, Portugal; 2 Departamento de Hematologia, IPOLFG, E.P.E., Portugal; 3Hematology Department, Mayo Clinic, Rochester, MN, USA; 4 Departamento de Hematologia, IPOLFG, E.P.E., Portugal; Instituto Gulbenkian de Ciência, Portugal; Hematology Department, Mayo Clinic, Rochester, MN, USA Introdução: Desenvolvemos um modelo-animal de TAPH mimetizando este procedimento em humanos. Estudámos anteriormente o efeito da administração de imunoglobulina policlonal (PoliIg) ou fracções (Fab ou Fc) na reconstituição imunológica. Os resultados indicam que tratamento com PoliIg aumenta significativamente a recuperação celular T-CD4+ naïve após transplante, sugerindo acção no timo. A função tímica pode ser determinada molecularmente pelo número de ´´signal_joint_T-cell_receptor_excision _cycles´´ (sjTREC) no sangue periférico. Na ausência de timo, esta frequência mede proliferação periférica. Objectivos: Compreender o efeito de PoliIg e seus fragmentos no timo versus periferia, em contexto de reconstituição imune, quantificando o número de sjTRECs em células mononucleadas do sangue periférico (CMSP). 59 Métodos: Utilizámos ratinhos timectomizados e sujeitos a TAPH. Estabelecemos quatro grupos independentes tratados: PoliIg (n=3), Fab (n=5), Fc (n=5) ou PBS (controlo, (n=4)). Extraímos DNA de CMSP e determinámos sjTRECs por PCR quantitativo. Correlacionámos níveis de TREC/10^5 CMSP de ratinhos Balb/c normais com a idade (coeficiente de Pearson). Níveis de sjTRECs normalizados foram quantificados semanalmente até 10s após TAPH. As comparações foram estabelecidas com testes paramétricos e não-paramétricos. Resultados: O número de células transplantadas foi semelhante entre grupos. Os resultados foram analisados em dois tempos: do TAPH até e, após, 6 semanas: 1 - Os ratinhos estudados apresentam uma mediana de 5460 TRECs/10^5 CMSP, tendo os sjTREC diminuido com a idade (r=-0.548; p=0.04). 2 - Nas primeiras semanas após transplante, o tratamento com PoliIg e Fc resultou num menor nível de TRECs (PoliIg mediana=1356 TRECs/10^5 CMSP [min 98;máx 3596] e Fc 601 TRECs/10^5 CMSP [182; 2400]) quando comparado com controlo (6372 [2169; 17902]) (PoliIg/controlo p=0.012 e Fc/controlo p=0.002). O grupo Fab não diferiu do controlo, sugerindo que o efeito da Ig na expansão periférica deve-se maioritariamente a Fc. 3 - Observa-se uma significativa diminuição de TRECs após 6 semanas (p=0.006) no controlo. Tal, parece relacionado com redução da produção de células T-naïve (timectomia) e com proliferação homeostática após TAPH, já evidente às 10 semanas. Nos grupos tratados, os TRECs foram persistentemente baixos. Conclusões e Discussão: 1 - Em situações de função hipotímica (TAPH em humanos adultos), o tratamento com PoliIg aumenta a expansão celular devido à activação dos receptores Fc e estimulação de propriedades de memória. 2 - No grupo controlo, a proliferação homeostática após TAPH ocorre mais tarde, demonstrando aceleração prematura da proliferação celular T. Tal está de acordo com os resultados fenotípicos de aumento de células T memória em ratinhos tratados com PoliIg. 60 14 NOV. 2008 COMUNICAÇÕES ORAIS I SALA 1 12:42 – 12.55 CO-05 FILGRASTIM NA TRANSPLANTAÇÃO AUTÓLOGA: MESMA EFICÁCIA COM MENOS DOSES F. Costa1, G. Ferreira1; A. Botelho de Sousa1 1 H. Capuchos-CHLC A administração de factores de crescimento mielóides após transplantação hematopoiética autóloga é consensual (com a possível excepção do transplante em mieloma) sendo habitualmente dado G-CSF desde dia +5 ou +7 até comprovação de enxerto. No entanto dados preliminares recentes sugerem, em contexto nãotransplante, que 2 doses de G-CSF poderão ser equivalentes à modalidade standard. Neste estudo piloto, avaliámos a segurança e eficácia de 2 únicas tomas póstransplante. Métodos De 1/Jul/07 a 1/Jul/08 os doentes submetidos a transplantação autóloga receberam 2 tomas de filgrastim em d+7 e +9. Foram excluídos do estudo: mielomas, retransplantes, reinfusões < 2.0x106/kg de células CD34+, e situações de instabilidade clínica em d+7. A duração da neutropenia, a taxa de infecções documentadas e o tempo de internamento destes doentes foram comparados com os dos 42 doentes similares transplantados entre Jan 06 e Jun 07, que receberam filgrastim de d+7 até 500 neutrófilos/ml (4-18 dias, mediana 9). Secundariamente foram avaliados o tempo de antibioterapia, a recuperação em plaquetas, o suporte transfusional e o recurso secundário a G-CSF. Resultados Dos 62 transplantes efectuados neste período, 39 foram em mieloma, 4 tinham outros critérios de exclusão, e 19 são o objecto do estudo (16 linfomas e 3 leucemias agudas). A comparação com o grupo controle não mostrou diferenças significativas na recuperação de 500 neutrófilos/ml (mediana, d+12 vs +11) e 20,000 plaquetas (d+12 vs +14), nos dias de internamento (22 vs 22) e de antibióticos parentéricos (11 vs 12) nem 61 no suporte transfusional. A taxa de bacteriémias foi inferior no grupo do estudo (26% vs 36%). A mortalidade infecciosa a d+30 e +100 foi nula neste grupo. Houve prescrição secundária de filgrastim em 2 casos, em d+12 e +20 (2 e 4 dias). Conclusões Este estudo piloto sugere eficácia idêntica de tomas muito menos frequentes de filgrastim sem risco acrescido, abrindo campo para um estudo alargado comparativo. A confirmação destes resultados teria um impacto significativo sobre os custos da transplantação. 62 14 NOV. 2008 COMUNICAÇÕES ORAIS I SALA 1 12:55 – 13.08 CO-06 MIELOMA MÚLTIPLO: RECONSTITUIÇÃO IMUNOLÓGICA APÓS AUTO-TRANSPLANTE DE CÉLULAS PROGENITORAS HEMATOPOIETICAS E ´´PROGRESSION FREE SURVIVAL´´ Fernanda Trigo1, Ricardo Pinto1; Rui Bergantim1; Patricia Guimarães1; José Eduardo Guimarães1; Cristina Marques2 1 Serviço de Hematologia Clínica - Hospital S. João, Porto; 2Serviço de Imunologia Hospital S. João, Porto Há um número considerável de factores que influenciam o prognóstico no Mieloma Multiplo (MM), nomeadamente características clínicas e laboratoriais à apresentação diagnóstica. O auto-transplante de células progenitoras hematopoiéticas (AT-CPH) é hoje considerado terapêutica standard do MM em doentes com idade inferior a 65 anos e estado clínico compatível. Vários dados clínicos, no decurso ou após o AT-CPH, foram descritos como tendo influência no prognóstico em termos de progression free survival (PFS). Entre esses contam-se a recuperação imunológica pós-transplante e a possível influência do uso de G-CSF no período de neutropenia. Foi assim decidido analisar a influência desses factores na PFS de 50 doentes consecutivos com MM, submetidos a AT-CPH no Hospital S.João entre 2000 e o 1º semestre de 2008. Os estudos de sobrevida foram efectuados utilizando curvas de Kaplan-Meier e o teste logrank, considerando-se estatisticamente significativas diferenças com p<0.05. Em relação à dicotomia GCSF/não-G-CSF, foi feita uma comparação histórica: os doentes transplantados previamente a 2006 (n=27) fizeram todos G-CSF, desde as 24h após a infusão de células até neutrófilos > 0,5x10^9/L em 2 dias consecutivos; nos anos 2006-2008 não foi usado G-CSF em qualquer doente (n=23). Não foi encontrada diferença significativa em PFS entre o grupo que fez G-CSF (PFS mediana 13 meses) e grupo que não fez em que, possivelmente devido a um follow-up mais curto, a PFS mediana não foi atingida. Verifica-se uma tendência, que não pode ser confirmada neste momento, para uma PFS mais longa nestes doentes. Na sequência da observação por outros grupos (Hofer et al, Porrata et al) da influência da rápida reconstituição imunológica (nomeadamente da contagem de linfócitos e níveis de IgM) no prognóstico, decidiu-se fazer a correlação 63 entre os níveis de IgM ao dia +100 e a PFS em 47 doentes em que aquela tinha sido determinada; 24 recuperaram níveis normais de IgM no dia +100, enquanto 23 não recuperaram. Ao contrário dos estudos referidos, não se verificou diferença significativa entres os 2 grupos relativamente às curvas de PFS, embora se saliente uma diferença entre a PFS mediana do grupo que não recuperou níveis de IgM (14 meses) e a do grupo que recuperou (22 meses). Igualmente, não foi possível observar diferença significativa na PFS entre o grupo com ratio CD4/CD8 superior à mediana (0.3) e o com ratio inferior; não se detectou também diferença entre os doentes com contagem absoluta de linfócitos ao dia +15 superior a 0.4x10^9/L e aqueles que evidenciavam contagens inferiores a este valor mediano. Em conclusão, na série de doentes estudados, não foi possível detectar, ao contrário de outros estudos, relação entre a reconstituição imunológica e resposta ao AT-CPH em razão da PFS; é também ainda incerta a influência do uso de G-CSF na PFS. 64 14 NOV. 2008 COMUNICAÇÕES ORAIS I SALA 1 13:08 – 13.21 CO-07 TRANSPLANTAÇÃO AUTÓLOGA EM MIELOMA: EXPERIÊNCIA DE 10 ANOS M. Silva1 ,T. Fernandes1; F. Costa1; G. Ferreira1; A. Botelho de Sousa1 1 H. Capuchos-CHLC Objectivo Análise dos resultados da transplantação hematopoiética autóloga no tratamento de mieloma num centro. Métodos O condicionamento consistiu em melfalam 200mg/m2. Os doentes, internados em quartos dotados de PP/filtros HEPA, receberam até 2006 GCSF profiláctico; desde 2002 a profilaxia antimicrobiana limitou-se a aciclovir nos HSV1+. O transplante foi único até 9/05 (re-transplante aceite se RC1 ³12m com 1º + b2MG baixa) e duplo a partir de então, com excepções protocoladas (>65 anos, progenitores insuficientes para suportar duplo, toxicidade excessiva do 1º, RC/MBRP após 1º). A manutenção proposta foi interferão até 2005, depois talidomida. Foi norma o regresso do doente ao serviço referenciador. Analisam-se em 31.8.08 a sobrevivência global (SG) e livre de eventos (SLE) e a influência do tipo de transplante, da manutenção e do índice prognóstico (ISS). Resultados De um total de 374 transplantes efectuados de 11/97 a 6/08, 159 foram em 125 doentes com mieloma (8 re-transplantes, 26 duplos), idade mediana 55 anos (30-69) 61M/64F, 69% em estádio III no diagnóstico, 56% com ISS ³ II. A indução consistiu em VAD ou similar em 86 casos, TalDex em 33, outra em 6. A recuperação de 500 neutrófilos e 20,0 plaquetas/ml deu-se nos d+13 e +14 (mediana). Houve estomatite e diarreia de graus 3/4 em 18 e 11% dos transplantes, bacteriémia em 19%, e considerou-se ter existido toxicidade major em 17%. A mortalidade aos d+30 e +100 foi nula. A duração mediana do internamento foi 19 dias. Receberam tratamento de 65 manutenção 80% dos doentes (talidomida em 3/4). Em 119 casos já avaliáveis para a resposta, 94 (79%) obtiveram RC/MBRP, atribuível em 22% ao efeito adicional da manutenção. Estão vivos 55% dos doentes de transplante único e 100% de duplo. Com recuo mediano de 37m (18m no duplo) a SLE estimada é de 40% aos 4 anos (mediana 39m) e a SG de 70% (mediana não atingida). Ambas são superiores no duplo, mantido sob talidomida, e nos ISS baixos. Conclusão Com toxicidade não desprezível mas aceitável, e sem mortalidade associada ao procedimento, obtivemos excelentes resultados com SG de 70% aos 4 anos. A aparente superioridade do duplo transplante/manutenção, cuja confirmação depende de maior recuo de seguimento desse subgrupo, é razão suficiente para manter esta estratégia, única que até hoje permitiu obter potenciais curas em mieloma sem toxicidade inaceitável. A imprescindível generalização da caracterização genética (só disponível na fatia mais recente desta coorte) permitirá individualizar decisões para optimizar estes resultados. 66 14 NOV. 2008 COMUNICAÇÕES ORAIS I SALA 2 11:50 – 12:03 Moderadores: Drª Rosa Maia - Hospitais Universitários de Coimbra Drª. Alexandra Mota - Hospital de Santo António CO-08 DIAGNÓSTICO PRECOCE DE ASPERGILOSE INVASIVA (AI) EM DOENTES NEUTROPÉNICOS. COMPARAÇÃO ENTRE GALACTOMANANO (GM) E PCR R. L. Silva1, N. Abreu1; T. Ferreira2; T. Fernandes1; G. Ferreira1; A Monteiro1; M. Silva1; J. Caldas1; E. Cruz1; L. Checa,1; F. Costa1; I. Costa1; A Conduto1; M. Henrique Sousa,1; A Silva Rodrigues1; P. Ribeiro1; J. Veiga1; A Botelho Sousa1 1 Serviço de Hematologia, H. Capuchos, CHLC, Lisboa; 2Laboratório de Microbiologia, H. Capuchos, CHLC, Lisboa A AI constitui nos neutropénicos profundos uma importante causa de morbilidade e de mortalidade. Para o seu diagnóstico precoce usámos sucessivamente a PCR sérica até 2003 e posteriormente o GM sérico. O objectivo deste estudo é a análise comparativa do valor dos 2 métodos de rastreio em populações similares no mesmo serviço. Entre Abril/2005 e Abril/2008 foi pesquisado GM (cut-off de 0.5) no sangue periférico de 118 doentes (107 LA sob quimioterapia intensiva e 11 submetidos a autotransplante de células progenitoras). Analisaram-se 258 aplasias, segundo os critérios da EORTC/MSG, houve 119 episódios de febre com documentação microbiológica e 112 episódios de febre com documentação clínica, entre estes registaram-se 48 pneumonias das quais 19 foram AI (3 AI provadas, 5 AI prováveis e 11 AI possíveis). A incidência de AI por GM foi 8,4%. Foi efectuado uma média de 2.7 GM por aplasia. Encontramos 5.9% falsos positivos, 2.5% falsos negativos, uma sensibilidade de 70.0% e uma especificidade de 93,6%. Em período anterior, entre Junho/01 e Janeiro/03, o despiste de AI tinha sido por PCR sérica efectuado em 193 doentes, (166 tratados com quimioterapia intensiva e 27 com autotransplante). Verificaram-se 418 aplasias sendo 153 episódios de febre com documentação microbiológica e 151 episódios com 67 documentação clinica entre os quais 60 foram pneumonias, destas 31 foram AI (1 AI provada, 11 AI prováveis e 19 AI possíveis). A incidência de AI por PCR foi de 7.8%. Foi efectuado uma média de 3.14 PCR por aplasia, tendo-se observado 7.2% falsos positivos, 2.5% falsos negativos, uma sensibilidade de 75% e uma especificidade de 91.1%. Em conclusão, a PCR e o GM têm, nas nossas mãos, uma sensibilidade e uma especificidade sobreponíveis. Estes resultados vêm reforçar a nossa opção pelo GM, único dos 2 métodos já incorporado nos critérios EORTC/MSG. Para rentabilizar plenamente este rastreio, cuja intenção última é o tratamento de preempção, torna-se necessário aumentar o número de testes por aplasia, de modo a melhorar a sensibilidade da técnica. 68 14 NOV. 2008 COMUNICAÇÕES ORAIS I SALA 2 12:03 – 12.16 CO-09 HIGH PREVALENCE OF PULMONARY HYPERTENSION, HAEMOLYSIS-ASSOCIATED NITRIC OXIDE DEPLETION AND SUBCLINICAL THROMBOSIS IN PATIENTS WITH PAROXYSMAL NOCTURNAL HAEMOGLOBINURIA (PNH) A. Hill1, X. Wang, RJ. Sapsford, A. Guthrie, SJ. Richards, H. Kroon, MU. Sivananthan, RP. Rother, MT. Gladwin, P. Hillmen2 1 1Department of Haematology, Leeds General Infirmary, Leeds, United Kingdom, LS1 3EX; 22LIGHT, University of Leeds, Leeds, United Kingdom, LS2 9JT; PNH is an acquired disorder characterised by intravascular haemolysis and venous thrombosis. Pulmonary hypertension (PHT) is an emerging common complication of hereditary haemolytic anaemias. It has been linked to intravascular haemolysis and decreased nitric oxide (NO) bioavailability. We examined for the presence of PHT in PNH and measured the ability of plasma to consume NO. Doppler echocardiography was performed in 28 haemolytic PNH patients to estimate pulmonary artery systolic pressures. Systolic PHT was defined by a tricuspid regurgitant jet velocity (TRV) ≥2.5m/s at rest. Ten (35.7%) patients had elevated pulmonary artery systolic pressures and two (7.1%) had severely elevated pressures (median TRV 3.65m/s). Plasma from PNH patients (n=39) consumed 59.0μM NO while normal subjects (n=9) consumed 2.4μM NO (p<0.001). In a separate analysis, 25 patients treated with eculizumab, a terminal complement inhibitor, demonstrated a lower NO consumption (1.74μM NO). Studies are ongoing to determine the contributions of chronic pulmonary thromboembolic disease, intravascular haemolysis and reduced NO bioavailability to the pathogenesis of PHT in PNH. Thrombosis is the most feared complication in PNH and is reported to occur in >40% of patients. The occurrence of subclinical thrombosis in PNH patients has not been previously studied using modern imaging techniques. We evaluated PNH patients with a state-of-the-art MRI protocol. Ten haemolytic PNH patients (median age 31.5 69 yrs) without previous known thrombosis underwent imaging. Five (50%) of the patients were on primary anticoagulant prophylaxis with warfarin. There was evidence of significant renal haemosiderosis in 9/10 patients. Two patients had small myocardial scars suggestive of previous unsuspected ischaemic damage. Six patients had subsegmental perfusion defects indicative of previous small pulmonary emboli. No such subclinical thromboses would be anticipated in an age-matched control population. Eight patients had mildly reduced right ventricular ejection fractions (mean 42.2 1.8%; normal range 48-63%). The plasma B-type natriuretic peptide (BNP) level was high in all 10 patients (median 29.4pmol/l; range 18.7-373.90; normal subjects 4.89 1.00pmol/l). BNP has been shown to increase in proportion to right ventricular dysfunction in pulmonary hypertension. In summary, 1) PHT appears to be common in patients with PNH 2) patients with PNH demonstrate high levels of NO consumption 3) eculizumab therapy is associated with reduced levels of NO consumption 4) 6 of 10 haemolytic PNH patients were identified with abnormalities suggestive of previous subclinical thromboses, including in patients on primary prophylaxis with warfarin. Effective prevention of haemolysis and thrombosis are important aspects of therapy in PNH. 70 14 NOV. 2008 COMUNICAÇÕES ORAIS I SALA 2 12:16 – 12.29 CO-10 PÚRPURA TROMBÓTICA TROMBOCITOPÉNICA (PTT) - ESTUDO DAS MUTAÇÕES E POLIMORFISMOS NO GENE ADAMTS13 P. Martinho1 ,T.Fidalgo1; R.Salvado1; N.Martins1; ML Ribeiro1 1 Dep Hematologia, Centro Hospitalar de Coimbra A PTT é uma microangiopatia trombótica rara e severa devida à presença em circulação de multímeros de muito alto peso molecular do FvW (ULFvWM). A etiopatologia tem sido associada à deficiência congénita da protease responsável pela clivagem do vWF, ADAMTS13 (AD13), ou à inibição desta protease por autoanticorpos (autoAC) que neutralizam a actividade proteolítica ou aceleram a sua clearance plasmática (anticorpos (Ac) não neutralizantes). A presença de autoAC pode estar associada a mutações e polimorfismos (SNPs) no gene AD13. Objectivo Apresentar o estudo da AD13 em 4 mulheres com episódios de PTT. Clínica Sintomas neurológicos e anemia hemolítica microangiopática (Hb 6-9 g/dL), trombocitopenia (plaq 4-47x109/L), LDH elevada (1874-4922 IU/mL). Numa doente os episódios de PTT ocorreram durante 4 gravidezes com mortes fetais; uma doente tem lúpus. Não foram encontrados factores precipitantes nas outras 2 doentes; uma delas teve 3 recaídas. Metodologia Ag/AD13 e Ac/IgG anti-AD13 por ELISA; perfil multimérico FvW-electroforese SDS, western blot, imunofixação e densitometría. Screenning de mutações gene AD13 (29 exões e regiões flanqueantes) - sequenciação directa. 71 Resultados Todas as doentes tinham ULFvWM, autoAC anti-AD13 e Ag AD13 diminuído. Em todas foram identificados SNPs e as mutações 764_776del12 e R1096H, em heterozigotia, nas 2 doentes com PTT associada a gravidez e lúpus. UL Doentes Idade PTT Mutação AD13 SNPs Moduladores FvWM Heterozigotia Ag ng/ml Ac AU/ml DI 73 Idiopática <62.5 18 Sim s/ mutação R7W (Htz); Q488E (Hm); R7W (Hm); Q488E (Hm) DII 41 Idiopática # 127 20.3 Sim s/ mutação DIII 32 Lupus 30 Sim E25, R1096H R7W (Htz); Q488E (Hm) DIV 26 Gravidez ## <62.5 22.6 Sim E7, 764_776del12 R625H (Hm) P618A (Hm); A732V (Hm) 284 AD13 ELISA American Diagnostic. Intervalo referência: Ag:485-1242 ng/ul;, Ac:cutoff >13.9 AU/ml; # 3 episódios PTT; ##4 episódios PTT Discussão Nestas doentes, de idades compreendidas entre 26 e 73 anos, a PTT estava associada Ac anti-AD13 e níveis baixos de AD13. Na DI, a heterozigotia para os SNPs R7W e Q488E, descritos como moduladores positivos da secreção proteica, sugere um aumento da clearance plasmática da protease devido a Ac não neutralizantes. A modulação positiva dos mesmos SNPs pode ser neutralizada pela presença dos SNPs P618A e A732V na DII e da mutação R1096H na DIII. Na DIV, a delecção de 12 aminoácidos (764_776) no gene AD13, não previamente descrita, compromete a estrutura e função da protease. Esta doente teve um episódio de PTT em cada uma das suas 4 gravidezes. 72 14 NOV. 2008 COMUNICAÇÕES ORAIS I SALA 2 12:29 – 12.42 CO-11 DEFICIÊNCIA DE FACTOR VII – CORRELAÇÃO ENTRE QUADRO HEMORRÁGICO, NÍVEIS DE FVII E POLIMORFISMOS E MUTAÇÕES NO GENE F7. EXPERIÊNCIA DO CENTRO DE HEMOFILIA DO CENTRO HOSPITALAR COIMBRA Catarina Silva Pinto1, T. Fidalgo2; P. Martinho3; D. Marques2; E. Gonçalves2; R. Salvado2; N. Martins2; M.L. Ribeiro4 1 Departamento de Hematologia - CHC,EPE; 2Dep Hematologia, Centro Hospitalar Coimbra , EPE; 3Dep Hematologia, Centro Hospitalar de Coimbra; 4Serviço de Hematologia, Centro Hospitalar de Coimbra, EPE A deficiência de factor VII (FVII) é uma coagulopatia rara que ocorre em 1/500 000 indivíduos. A maioria dos portadores de mutações ou polimorfismos (SNPs) no gene F7 é assintomática. As formas graves têm transmissão autossómica recessiva e algumas são incompatíveis com a vida. A clínica hemorrágica é variável, sem correlação directa com os níveis de actividade do FVII. Objectivo Pesquisar SNPs e mutações no gene F7, correlacionar o genótipo com níveis de FVII e clínica hemorrágica. Material e Métodos Foram estudados 24 indivíduos não relacionados (12 homens e 12 mulheres) com clínica hemorrágica heterogénea e deficiência de FVII (0-55%). SNP´s e mutações foram identificados por sequenciação directa. 73 Resultados Um indivíduo homozigótico para IVS4+1G/A (faleceu nas primeiras horas de vida; hemorragia intra-craneana), 1 heterozigótico composto para IVS4+1G/A e M298I (80 anos; estudos pré-operatórios). Dez indivíduos heterozigóticos para 1 de 7 mutações distintas - 3 não descritas em HAMSTeRS (H84A, G124A e H211A). Em 7 indivíduos não foram encontradas mutações. Em todos foram identificados SNPs (Tabela I). Discussão e Conclusão A maioria dos indivíduos apresenta clínica hemorrágica muito frustre, com excepção do RN e de um doente com hemorragia pós-extracção dentária e circuncisão (heterozigotia C310F, com SNP h6h6). Os indivíduos com SNPs e mutações que afectam o domínio EGF2 (envolvido na interacção FVII-Factor Tecidular) apresentam níveis mais baixos de FVII (»30%) e os indivíduos com SNPs e as mutações C310F e H211A (afectam o domínio catalítico) apresentam níveis de »41%. De notar que os 8 indivíduos em que apenas foram identificados SNPs apresentam níveis de FVII »42%, mas têm a maioria de SNPs em homozigotia. Indivíduos com deficiência de FVII moderada apresentam susceptibilidade hemorrágica aumentada perante procedimentos invasivos, no entanto, a sua caracterização molecular pode ser importante para aconselhamento genético de casais de portadores. Tabela I Exão/ FVII:C(%) Mutação Domínio SNPs (n) EGF2 ND 1 intrão IVS4+1 G/A I4 0 IVS4+1 G/A EGF2 GG -A1A1-TT 1 GG-h6h6-M1M1 5 IVS4+1 G/A -M298I I4/ E8 29 8968delG E6 Péptideo ligação GG-A1A1-TT1 GA-h6h6-M1M2 IVS4+1 G/A I4 EGF2 TT-A2A2-CCAA-h6h7-M2M2 Catalítico Méd = 31 (30-31) TT-A2A2-CC-AA-h6h6-M2M2 1 1 GG-A1A1-TT-GG-h6h7-M1M1 74 1 Exão/ FVII:C(%) Mutação Domínio SNPs (n) TT-A2A2-CCAA-h7h7-M2M2 1 intrão TT-A2A2-CC1 AA-h6h6-M2M2 H84A E5 G124A TT-A2A2-CC-AA-h6h7-M2M2 1 Méd = 41 H211A E8 GT-A2A2-TC-GA-h6h7M1M2 1 Catalítico (27-53) C310P GG-A1A2-TT-GA-h6h7-M1M2 1 GG-A1A1-TT-GG-h6h6-M1M1 5 Méd = 42 TT-A2A2-CC2 AA-h7h7-M2M2 S/mutação (29-55) TT- A2A2-CC-AA-h6h7-M2M2 1 TT- A2A2-TC-GG-h6h6-M1M2 1 TT-A2A2-TT-AA-h7h7-M2M2 1 GT-A1A2-TT-GA-h6h7-M1M2 1 GG- A1A2-TT-GA-h6h7-M1M2 1 GT-A1A2-TC-GA-h6/h7-M1M2 1 SNPs: -401 G/T; -323 ins10nt A1/A2; -122 T/C; 74 G/A; IVS7 VNTR h6/h7; R353Q M1/M2 75 76 14 NOV. 2008 COMUNICAÇÕES ORAIS I SALA 2 12:42 – 12.55 CO-12 TROMBOFILIA HEREDITÁRIA: CONTRIBUIÇÃO DE FACTORES GENÉTICOS PARA A PREDISPOSIÇÃO DE TROMBOEMBOLISMO VENOSO NA POPULAÇÃO DA REGIÃO CENTRO DE PORTUGAL M.C. Oliveira, C. Filipe, N. Melo, A. Sarmento, R. Maia, G. Vale, A. Teixeira1 1 Serviço de Hematologia Clínica, dos Hospitais da Universidade de Coimbra O Tromboembolismo venoso encontra-se associado a elevada morbilidade e mortalidade, com custos importantes, constituindo um problema grave de saúde pública. Trata-se de uma doença multifactorial, cuja etiologia assenta em factores genéticos, adquiridos e ambientais, que frequentemente co-existem no mesmo indivíduo. Na população portuguesa este tipo de estudos não está perfeitamente esclarecido. Assim, o objectivo do nosso trabalho foi procurar estabelecer uma relação entre os factores genéticos, adquiridos e ambientais, e o risco de desevolver trombose numa população da zona centro de Portugal. Para atingir estes objectivos fomos analisar a frequência relativa e alélica das mutações F V Leiden, F II G20210A, MTHFR C677T, MTHFR A1298C, PAI-1 4G/5G e PAI-1 A844G e identificar os factores adquiridos e ambientais, numa amostra de 248 indivíduos sem trombose (população saudável), provenientes da zona centro de Portugal e correlacionar com a frequência das referidas mutações/factores numa população (209 indíviduos) com Trombose Venosa Profunda e Embolia Pulmonar, da mesma região de Portugal. Os nossos resultados sugerem poderá existir risco trombótico significativo associado ao F V Leiden, F II G20210A e PAI-1 4G/4G. Por outro lado, na nossa amostra não encontrámos relação entre as mutações MTHFR C677T e A1298C e o risco de desenvolvimento de trombose. Para além dos factores genéticos, verificámos que, embora sem significado estatístico, o Sindrome Antifosfolípido foi dos factores 77 adquiridos, o mais prevalente, enquanto a dislipidémia e o tabaco foram dos factores ambientais que mais se destacaram. Quando comparamos os nossos resultados com os de Espanha, a frequência alélica do F V Leiden e F II G20210A é semelhante, embora Valência não tenha encontrado risco trombótico associado ao F II G20210A. Na Europa existe uma grande variabilidade na prevalência destas mutações, pelo que é importante avaliar o seu risco relativo nas diferentes populações, de modo a definir protocolos de estudo com o objectivo de prevenir a trombose recorrente nos indivíduos, bem como a trombose nos familiares. 78 14 NOV. 2008 COMUNICAÇÕES ORAIS I SALA 2 12:55 – 13.08 CO-13 EXPRESSÃO DE JAK/STAT NA VIA DE SINALIZAÇÃO EM MIELOMA MÚLTIPLO (MM). S. Costa Santos1, A. Lourenço1; P. Ribeiro1; I. Costa1; M. Pratas1; I. Poças1; J. Veiga1 1 Serviço de Hematologia, H. Capuchos, CHLC, Lisboa. JAK2, STAT3 e STAT5 estão envolvidas na fisiopatologia do MM. A mutação V617FJAK2 altera a função inibitória do domínio pseudocinase induzindo activação constitutiva de JAK2, que por sua vez induz activação de STAT3 e STAT5. Em linhas celulares de MM a IL6 regula a proliferação celular via JAK/STAT. Assim estas moléculas são um alvo para uma melhor compreensão e caracterização do MM. O objectivo deste estudo é correlacionar a expressão dos transcriptos JAK2, STAT5a, STAT5b e STAT3 com o prognóstico do MM. De Setembro/06 a Julho/08, foi pesquisada no sangue periférico a mutação V617FJAK2 (técnica ARMS) em 99 doentes (idade 31-91 anos, mediana 68) com MM. Num subgrupo, aleatoriamente seleccionado, de 30 doentes (idade 52-82 anos, mediana 68) foi analisada a expressão dos transcriptos JAK-2, STAT5a, STAT5b e STAT3 (RT-PCR com sondas por nós desenhadas), sendo o ISS (International Staging System) avaliável em 28 (11 doentes no estádio I, 8 no II e 9 no III). Verificamos que a expressão de JAK-2 diminui com o aumento do ISS, enquanto a expressão de STAT3 está homogeneamente diminuida e a expressão de STAT5b está homogeneamente aumentada mas sem correlação com o ISS. Em relação a STAT5a os resultados não são homogéneos. A mutação V617F não foi encontrada nos 99 doentes. Os nossos resultados confirmam a ausência da mutação V617FJAK2 em doentes com MM. Confirma-se neste grupo o aumento da expressão de STAT5b, o que está de acordo com dados recentemente publicados. A inesperada e marcada diminuição da expressão de STAT3 vem pôr em questão as vias de sinalização no MM. A via paralela Ras-MAP cinase é igualmente importante, sugerindo que outra cinase para além de JAK 79 poderá estar envolvida na diminuição homogénea da expressão de STAT3, visto que no nosso trabalho parece haver uma correlação inversa entre a expressão de JAK2 e o ISS mas sem qualquer influência na expressão da STAT3. Agradecimento: Fundação Oriente. 80 14 NOV. 2008 COMUNICAÇÕES ORAIS I SALA 2 13:08 – 13.21 CO-14 FARMACOGENÓMICA NA LEUCÉMIA LINFOBLASTICA AGUDA (LLA) DO ADULTO. IMPORTÂNCIA DOS POLIMORFISMOS DE METILENOTETRAHIDROFOLATO REDUCTASE (MTHFR). J. Caldas1, R. Lopes Silva1; T. Fernandes1; C. Lopes2; F. Costa1; P. Ribeiro1; A Botelho Sousa.1 1 Serviço de Hematologia H. Capuchos, CHLC; 2Laboratório de Patologia Clínica do H. Capuchos, CHLC O papel de 2 polimorfismos da MTHFR (C677T e A1298C) tem sido amplamente estudado em populações pediátricas com LLA, quer no risco de toxicidade e na eficácia da quimioterapia quer na susceptibilidade para a doença. Os objectivos deste estudo são analisar a incidência destes polimorfismos num grupo homogeneamente tratado de adultos com LLA e correlacionar a sua presença com sobrevida global (SG) e com a sobrevida livre de doença (SLD). Despistámos estas 2 mutações no sangue periférico ou na medula óssea de 47 doentes consecutivos tratados com o regime HyperCVAD (idade 17-69 anos, mediana 33) por extracção de DNA (Quiagen) seguida de PCR-hibridização (GenoType® MTHFR Hain Science - Iberlab). Encontrámos para a mutação C677T uma frequência de homozigotia (HO) de14.9%, de heterozigotia (HE) de 46.8% e de alelos normais (N) de 38.3%. Para a mutação A1298T encontramos uma frequência de 10.6% HO, de 36.2% HE e de 53.2% N. Apenas 5 doentes (10.6%) apresentavam um gene normal em ambos os loci e 9 (19.2%) apresentavam HO ou HE para os dois polimorfismos. A SG estimada no grupo C677T tende a ser superior para HO (100%) em relação a HE (68%) e N (61%) assim como a SLD que é HO de 100%, HE de 59% e N de 50%. Para a mutação A1298C a SG foi de 80% para HO, de 47% para HE e de 84% para N e a SLD correspondente de 75% para HO, de 43% para HE, de 72% para N (p = n.s. para todos). A análise combinada para as 2 mutações revela uma SG inferior para os portadores de ambas as mutações 81 (55%) ou da mutação A1298C isolada (53%) comparativamente com a SG dos portadores da mutação C677T isolada (85%) ou sem mutações (80%). Tendência similar existe para a SLD, superior no grupo com mutação C677T isolada (80%). O seguimento desta população não tem ainda recuo suficiente para permitir que estas diferenças tenham significado estatístico. Em conclusão, a frequência destes polimorfismos em adultos com LLA parece ser muito superior à descrita na população geral (10%), achado que sugere haver um papel na susceptibilidade à doença. Os nossos resultados sugerem ainda uma influência positiva da mutação C677T sobre a SG e sobre SLD na LLA. Pelo contrário a presença da mutação A1298C parece anular o efeito protector da presença de C677T nos casos de duplo polimorfismo. A confirmação destes resultados estimulantes carece de alargamento da população e de recuo maior no seguimento dos doentes já incluídos. 82 15 NOV. 2008 COMUNICAÇÕES ORAIS II SALA 1 12:30 – 12.43 Moderadoras: Drª Isabel Castro - Hospital de S. João Drª. Lurdes Guerra – Hospital Santa Maria CO-15 TERAPÊUTICA COM IMATINIB EM DOENTES COM LEUCEMIA MIELÓIDE CRÓNICA – 7 ANOS DE EXPERIÊNCIA DE UM CENTRO HOSPITALAR P. Santos-Sousa1, L. Guerra1; B. Gómez1; J. Raposo1; C. Lopes1; G. Esteves1; M. J. Costa1; J. Fajardo1; J. F. Lacerda1; J. Perdigão2; S. Santos2; S. Matos2; J.J. Gomes d´ Oliveira1 1 Serviço de Hematologia e Transplante de Medula Óssea, Hospital de Santa Maria Centro Hospitalar Lisboa Norte, Lisboa, Portugal; 2GenoMed-Diagnósticos de Medicina Molecular, Instituto de Medicina Molecular, Faculdade de Medicina, Universidade de Lisboa Introdução: Imatinib, inibidor específico da tirosinacinase, é actualmente a droga de escolha em primeira linha nos doentes com leucemia mielóide crónica (LMC). São descritos elevados índices de remissão hematológica (RH), citogenética (RC) e molecular (RM) em doentes tratados com Imatinib em fase crónica precoce ou doença avançada. Objectivos: Avaliar a resposta à terapêutica com Imatinib em doentes com LMC em fase crónica precoce e doença avançada. Material e métodos: Foram incluídos os doentes com LMC tratados com Imatinib na nossa instituição (n=66), 34 mulheres/32 homens, 56 receberam Imatinib como primeira terapêutica (doentes de novo), 10 após falência ao Interferão-alfa ± Citarabina e Hidroxiureia (2ª linha terapêutica) com mediana duração de LMC até iniciar Imatinib 21 meses (3;115). Mediana de idade 60 anos (20;87). 92,4% (61/66) doentes em fase crónica (53 de novo; 8 em 2ª linha) - índice Sokal: baixo 37,7% (23/61), intermédio 44,3% (27/61), alto 18% 83 (11/61); 4,5% (3/66) fase acelerada (1 de novo; 2 em segunda linha); 3,0% (2/66) fase blástica (2 de novo). Mediana follow-up 35 meses (4;88). Terapêutica administrada: Imatinib 400mg/dia (fase crónica), 600-800mg/dia (fase acelerada, blástica, resistência). Avaliou-se RH, RC e RM, progressão da doença e pesquisa de mutações BCR-ABL em caso de falência/perda de resposta/progressão da doença, de acordo com as recomendações da LeukemiaNet. Resultados: Nos doentes de novo (Imatinib em 1ª linha): RH completa (RHC) aos 3 meses 95% (53/56); RC parcial (RCP)+RC completa (RCC) aos 6 meses 59% (33/56); RCC aos 12 meses 54% (30/56); RM major (RMM) aos 18 meses 29% (16/56); RM completa (transcritos indetectáveis) 13% (7/56). Nos doentes tratados com Imatinib após falência doutras linhas terapêuticas: RHC aos 3 meses 60% (6/10); RCC aos 6 e 12 meses 30% (3/10); RMM aos 18 meses 30% (3/10). Na globalidade dos doentes obteve-se: 100% RHC, 91% RCP/RCC, 47% RMM, 11% RMC. Em 20% dos doentes (13/66) observou-se resistência/progressão, sendo eleitos para outras terapêuticas (escalada de dose de Imatinib, inibidores da tirosinacinase de segunda geração). Em 3 doentes detectaram-se mutações do gene BCR-ABL: E255K, Y253H e L384M. Faleceram 4 doentes (3 por progressão da doença; 1 por sépsis). A terapêutica foi bem tolerada, observando-se toxicidade hematológica grau III/IV em 12% (8/66), e não hematológica grau III/IV 1 doente. Conclusão: Os resultados mostram que o Imatinib induz elevado número de respostas, que vão aumentando no tempo, sobretudo em doentes tratados em 1ª linha. Doentes tratados em fases avançadas têm pior resultado, desenvolvendo resistências frequentemente. 84 15 NOV. 2008 COMUNICAÇÕES ORAIS II SALA 1 12:43 – 12.56 CO-16 PESQUISA DE MUTAÇÕES NOS GENES JAK2 E MPL EM DOENTES COM SINDROMES MILELOPROLIFERATIVOS. Celeste Bento1, Alexandra Estevinho1; Margarida Coucelo1; Marta Duarte1; Cristina Menezes1; Maria Leticia Ribeiro1 1 Departamento de Hematologia, CHC, EPE Introdução A identificação da mutação somática V617F no exão 14 do gene Janus kinase 2 (JAK2) permitiu o diagnóstico na maioria dos doentes com Sindromes Mieloproliferativos (MPD). Recentemente foram descritas mutações no exão 12 do gene JAK2 e no exão 10 do gene MPL, em casos esporádicos de MPD. O objectivo deste estudo foi a pesquisa de mutações JAK2 exão 12 e MPL exão 10 num grupo de pacientes negativos para a mutação JAK2 V617F. Metodologia DNA genómico obtido a partir de sangue periférico ou de células da mucosa bucal de 102 doentes com MPD (27 Policitémia Vera (PV) ou Eritrocitose Idiopática (EI); 63 Trombocitose Essencial (TE); 12 Mielofibrose (MF)). Todas as amostras foram testadas para a mutação JAK2 V617F por PCR alelo - especifico (ASO-PCR). As amostras negativas para JAK2 V617F foram sequenciadas para pesquisa de mutações no exão 12 do gene JAK2 e no exão 10 do gene MPL. Resultados 24 (88,9%) dos 27 doentes com PV, 45 (71.4%) dos 63 doentes com ET e 6 (50%) dos 12 doentes MF apresentavam a mutação JAK2V617F. Nas restantes amostras foram detectadas: no exão 12 do gene JAK2 uma deleção (R541-E543 delinsK) num doente com PV e uma mutação de splicing IVS12 nt6: T®C num doente com EI; no exão 10 do gene MPL a mutação pontual W515L e a mutação W515R em 3 doentes com MF e a mutação R524C num doente com TE. As mutações JAK2 IVS12 nt6: T®C, W515R e 85 R524C não tinham sido anteriormente descritas. A deleção JAK2 R541-E543 delinsK e a mutação MPL W515L não foram detectadas em DNA extraído de células da mucosa bucal dos mesmos pacientes devendo tratar-se de mutações somáticas. A mutação MPL R524C está presente também no DNA da mucosa bucal, para as mutações JAK2 IVS12 nt6: T®C e MPL R524C não foi possível realizar este estudo. Conclusões As frequências apresentadas para a mutação JAK2V617F estão de acordo com o descrito nestas patologias. No exão 12 do gene JAK2 é frequente a ocorrência de novas mutações, esta é a primeira descrição de uma mutação de splicing neste gene. A frequência de mutações no gene MPL é superior à descrita em TE e MF no entanto poderá dever-se ao tamanho da amostra. Este estudo foi parcialmente financiado pelo projecto PTDC/SAU-GMG/74375/2006 da FCT. 86 15 NOV. 2008 COMUNICAÇÕES ORAIS II SALA 1 12:56 – 13.09 CO-17 BOTH SEPT2 AND MLL ARE DOWN-REGULATED IN MLL-SEPT2 THERAPY-RELATED MYELOID NEOPLASIA N. Cerveira1, J. Santos1; Buijs A2; C.H. Mellink3; L. Norton4; J.M. Mariz5; S. Snijder3; J. Vieira1; L. Torres1; C. Correia1; S. Lisboa1; F.R. Ribeiro1; V. Costa1; S. Bizarro1; M.R. Teixeira1 1 Department of Genetics - Portuguese Oncology Institute, Porto, Portugal; 2 Department of Medical Genetics, University Medical Center, Utrecht, The Netherlands; 3 Department of Clinical Genetics - Academic Medical Center, Amsterdam, The Netherlands; 4Department of Pediatrics - Portuguese Oncology Institute, Porto, Portugal; 5Department of Hemato-Oncology - Portuguese Oncology Institute, Porto, Portugal Introduction A relevant role of septins in leukemogenesis has been uncovered by their involvement as fusion partners in MLL-related leukemia. Recently, we have established the MLLSEPT2 gene fusion as the molecular abnormality subjacent to the translocation t(2;11)(q37;q23) in therapy-related acute myeloid leukaemia. Four other septin family genes (SEPT5, SEPT6, SEPT9 and SEPT11) had previously been identified as MLL fusion partners in leukemia, making the septins the protein family most frequently involved in MLL-related leukemia. In fact, septins constitute now nearly 10% of all fusion partners identified to date, suggesting that their involvement in leukemogenesis is not a chance event. In this work we show evidence that the fusion of MLL with SEPT2 is associated with down-regulation of both SEPT2 and MLL expression in t-AML/t-MDS. Material and Methods Cytogenetics, fluorescence in situ hybridization (FISH) and molecular studies (RT-PCR, qRT-PCR and qMSP) were used to characterize 58 acute myeloid leukemia patients (AML) at diagnosis selected to represent the major AML genetic subgroups, including 13 cases with a CBFB-MYH11 rearrangement, 12 cases with a PML-RARA 87 rearrangement, 12 cases with a AML1-ETO rearrangement, 11 cases with normal karyotype, and 10 cases with rearrangements of the MLL gene other than MLL-SEPT2. We also studied all three MLL-SEPT2 myeloid neoplasia cases reported in the literature, namely two AML patients and a t-MDS patient. Results We found a 12.8-fold reduction of the combined wild-type SEPT2 and MLL-SEPT2 expression in myeloid neoplasia with the MLL-SEPT2 gene fusion, which is accompanied by 12.4-fold down-regulation of the combined wild-type MLL and MLL-SEPT2 expression. Promoter hypermethylation was excluded as the mechanism responsible for the observed SEPT2 silencing. Furthermore, the combined wild-type SEPT2 and MLLSEPT2 expression was significantly lower (5.4 to 9.4 fold) in the MLL-SEPT2 cases than in all other leukemia genetic subgroups (including those with other MLL gene fusions). Conclusion Our results point to a trans-allele interaction between MLL, SEPT2 and MLL-SEPT2 and imply that a dominant mutation in one allele can be associated with down-regulation of both alleles. Our findings add more support to the hypothesis of a relevant role of septin deregulation in MLL-SEPT myeloid neoplasia. 88 15 NOV. 2008 COMUNICAÇÕES ORAIS II SALA 1 13:09 – 13.22 CO-18 PARTICIPAÇÃO DA MITOCÔNDRIA E DO STRESS OXIDADTIVO NA SINDROME MIELODISPLÁSICA AC Gonçalves1, E Cortesão2; A Teixeira3; I Sousa3; A Pereira4; AI Espadana3; E Magalhães3; C Moucho3; L Rito3; V Alves5; AB Sarmento-Ribeiro6 1 Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC), Centro de Investigação em Meio Ambiente, Genética e Oncobiologia (CIMAGO); 2HUC, Serviço de Hematologia Clínica/CIMAGO; 3HUC, Serviço de Hematologia Clínica; 4HDFF, EPE; Serviço de Medicina; 5FMUC, Instituto de Imunologia; 6FMUC, Instituto de Bioquímica e CIMAGO A síndrome mielodisplásica (SMD) é um grupo heterogéneo de doenças clonais da célula estaminal hematopoiética caracterizada por displasia, citopenias periféricas, hematopoiese ineficaz, devido a apoptose excessiva, e proliferação anormal de blastos na medula óssea. Estas doenças estão associadas a elevado risco de progressão para leucemia aguda com uma sobrevivência total curta e resistência às terapêuticas convencionais. Um dos mecanismos envolvidos na morte celular por apoptose e/ou proliferação anómala pode estar relacionado com a produção de radicais livres do oxigénio. Estas Espécies Reactivas do Oxigénio (ROS), geradas principalmente na mitocôndria, são poderosos agentes indutores de lesão do ADN, e podem contribuir para a inactivação de genes supressores tumorais, ou para a activação de protooncogenes. O stresse oxidativo persistente pode também causar respostas adaptativas nas células tumorais, conferindo resistência à apoptose e à terapêutica. Neste contexto pretende-se esclarecer a participação do stress oxidativo e da mitocôndria na SMD e correlacionar estes mecanismos com as características clínicas dos doentes incluindo a transição para LMA, a sobrevivência e os grupos de risco prognósticos. No presente estudo foram incluídos 23 doentes com SMD com mediana de idades de 77 anos (33-84) e rácio M/F de 12/11, com os subtipos OMS: 8 CRDM, 5 AR, 1 LMMC, 2 AREB-I, 6 AREB-II, 1 Sindrome 5q- ; e IPSS - baixo - 6, intermédio-1 - 6 e intermédio2 - 2; e 6 PTI (controlos não neoplásicos). A produção de ROS foi avaliada utilizando as sondas fluorescentes DCFH2-DA e DHE, a função mitocondrial, através do potencial de 89 membrana, recorrendo à sonda florescente JC1, e a capacidade antioxidante, análise dos níveis de GSH, com recurso ao composto Alaranjado de Mercúrio, com posterior análise por citometria de fluxo. Da análise dos resultados, observa-se diminuição muito acentuada dos níveis de GSH com tendência para a diminuição de ROS nas células CD34+ dos doentes SMD relativamente aos controlos. No entanto, os níveis de peróxidos nos doentes com AR são muito elevados. Por outro lado, os doentes com CRDM apresentam aumento do potencial de membrana mitocondrial enquanto os restantes subtipos apresentam diminuição deste potencial. Este estudo sugere que o stress oxidativo e a disfunção mitocondrial poderá estar implicado na SMD, prevalecendo a diminuição das defesas anti-oxidantes não enzimáticas no subtipo AREB-II, enquanto que nas AR além da diminuição de GSH ocorre aumento acentuado de ROS, o que pode contribuir para a elevada tendência para a apoptose neste subtipo de SMD. 90 15 NOV. 2008 COMUNICAÇÕES ORAIS II SALA 1 13:22 – 13.35 CO-19 AVALIAÇÃO DA METILAÇÃO E APOPTOSE EM DOENTES COM SÍNDROME MIELODISPLÁSICA E. Cortesão1, A. Gonçalves2; M. Sousa1; C. Moucho3; M. Pereira4; L. Rito3; E. Magalhães3; A. Espadana3; A. Teixeira1; J. Nascimento Costa1; A. B. Sarmento5 1 Hospitais da Universidade de Coimbra; Faculdade de Medicina e Centro de Investigação em Meio Ambiente, Genética e Oncobiologia (CIMAGO), Universidade de Coimbra; 2Faculdade de Medicina e Centro de Investigação em Meio Ambiente, Genética e Oncobiologia (CIMAGO), Universidade de Coimbra; 3Hospitais da Universidade de Coimbra; 4Hospital Distrital da Figueira da Foz; 5Faculdade de Medicina e Centro de Investigação em Meio Ambiente, Genética e Oncobiologia (CIMAGO), Universidade de Coimbra; Centro de Neurociências e Biologia Celular Introdução A regulação da hematopoiese na SMD é complexa e multifactorial. Vários estudos têm demonstrado evidência do aumento da apoptose nos estádios iniciais ou diminuição da taxa de morte celular com a progressão da doença. O aumento da expressão e libertação do TRAIL, a expressão diferencial dos seus receptores apoptóticos(TRAIL-R1 e -R2), e/ou anti-apoptóticos(TRAIL-R3 e -R4) pode contribuir para estas alterações. A inactivação de genes supressores tumorais por metilação é outro mecanismo envolvido, estando associada a risco de evolução da doença para LMA. Objectivo Avaliação do perfil de metilação de genes e de marcadores moleculares envolvidos nas vias de apoptose no prognóstico, evolução para LA e terapêutica na SMD. Materiais e métodos Analisámos o estado de metilação dos genes reguladores do ciclo celular p15 e p16, nas células da medula óssea de 16 doentes com SMD e em 6 controlos. O ADN genómico foi tratado com bissulfito de sódio, seguido por PCR metilação específica. A expressão de proteínas envolvidas nas vias apoptóticas(mitocondrial e membranar), Bax, Bcl-2, p53, 91 Fas/FasL, TRAIL/TRAIL-Rs e survivina, foi avaliada por citometria de fluxo, nas células CD34+, utilizando anticorpos monoclonais. A idade mediana dos doentes é 77 anos (33-88), M/F=7/9, subtipos WHO: CRDM (n=8), AR(n=3), LMMC(n=2), CRDM-SA(n=1), AREB-2(n=1), síndrome 5q-(n=1) e IPSS: baixo(n=6) e intermédio-1(n=2), nos doentes com resultados citogenéticos. Resultados Os resultados preliminares mostraram que o gene p15 está metilado em 8 doentes(50%) e o gene p16 em 12 doentes(75%), sendo que a metilação do gene p16 se observou em 8 dos 9 doentes com CRDM. Os doentes com IPSS intermédio-1 apresentam ambos os genes metilados. Além disso, observámos aumento da expressão de Bax, Bax/Bcl-2, citocromo C, e sobretudo de survivina, TRAIL-R3 e TRAIL-R4 e diminuição de Bcl-2, TRAIL, TRAIL-R1, Fas e Fas-L nas células dos doentes comparativamente com os controlos. No entanto, ao contrário do observado nos doentes com AREB 2, os doentes com AR foram os que apresentaram expressão mais elevada de Bax, Fas, Fas-L, TRAIL-R3 e survivina. Os doentes (AREB-2) também evidenciaram diminuição na Bax/Bcl-2 e nos níveis de TRAIL-R2, e aumento da expressão de Bcl-2. Nenhum dos doentes evoluiu para LA, durante um follow-up mediano de 25 meses (1366). Conclusão Este estudo sugere que a metilação dos genes p15 e p16 pode ter um papel no desenvolvimento da SMD. Por outro lado, a desregulação da apoptose pode ocorrer, predominando maior susceptibilidade à apoptose na AR, enquanto na AREB a resistência à apoptose pode contribuir para um diagnóstico mais desfavorável. 92 COMUNICAÇÕES ORAIS ENFERMAGEM SALA 2 15 NOV. 2008 12:30 – 12.40 Moderadoras: Enfª Silvia Magda Reis - Hospitais da Universidade de Coimbra CO-20 PREVENÇÃO DE INFECÇÕES NA UNIDADE DE TRANSPLANTAÇÃO DE PROGENITORES HEMATOPOIÉTICOS: QUAL O PAPEL DOS FAMILIARES? A. GRAÇA1, E. WONG, C. NUNES, C. PINHÃO2 1 INSTITUTO PORTUGUÊS DE ONCOLOGIA DE LISBOA FRANCISCO GENTIL EPE; 2IPOLFG EPE A infecção hospitalar representa cada vez mais um problema que as instituições de saúde enfrentam. Os profissionais de saúde como elementos-chave nas instituições, deverão prestar uma atenção muito particular a esta problemática uma vez que a mesma envolve implicações em termos de custos sociais, económicos e humanos. Especificamente, no que diz respeito aos doentes hematológicos submetidos a tratamentos de quimioterapia, radioterapia e terapêutica imunossupressora com consequente neutropenia prolongada, poderemos referir que estes são um alvo ainda mais fácil destas infecções. Prevenir infecções nestes doentes é preferível a combatê-las no entanto este processo resulta de um esforço conjunto dos profissionais de saúde, doentes e familiares na adopção de medidas eficazes. Tendo os familiares dos doentes um papel fundamental nesta área é importante educálos e sensibilizá-los de forma a serem nossos aliados e a adoptarem um papel activo na prevenção e combate de infecções. 93 Através de uma revisão bibliográfica, da reflexão acerca desta temática e de uma intervenção planeada dirigida aos familiares, pretendemos com este trabalho envolver os familiares na prevenção de infecções. Resultados: Observação da adopção de medidas de prevenção por parte dos familiares após a sessão educativa que lhes é dirigida. Conclusão: Os familiares deverão ser considerados um elemento fundamental na prevenção das infecções. 94 COMUNICAÇÕES ORAIS ENFERMAGEM SALA 2 15 NOV. 2008 12:40 – 12.50 CO-21 PREVENIR A INFECÇÃO DURANTE O PERÍODO DE APLASIA, NO DOENTE HEMATOLÓGICO COM CATETERISMO CENTRAL Ana Pereira1, Ana Branco1; Maria Ferreira1 1 Centro Hospitalar Lisboa Norte, EPE - Hospital de Santa Maria Todo o doente com patologia hematológica submetido a quimioterapia ou radioterapia passa por um período de aplasia medular, que vai condicionar em muito a sua resposta imunológica face a um agente causal de infecção. Desta forma são cruciais os cuidados de enfermagem de excelência com vista a prevenir focos de infecção. O cateterismo central é, na maior parte dos casos, necessário para o tratamento destes doentes pois se traduz numa via de acesso rápida, segura e central para a administração de terapêutica. No entanto, apresenta o aspecto reverso de poder ser um foco de infecção, que se pode tornar rapidamente sistémico. Assim é essencial realizar todos os cuidados com vista a prevenir a infecção em todos os seus moldes, incluindo a manipulação do catéter venoso central, no período de aplasia em que os doentes estão imunologicamente debilitados. Com este trabalho pretendemos alertar para a tão grande importância dos cuidados de enfermagem face ao doente hematológico com cateterismo central e em aplasia, de forma a evitar a infecção. Assim, temos como objectivos identificar os tipos de infecções que podem surgir no cateterismo central; reconhecer os comportamentos que podem levar à infecção, tanto da equipa de enfermagem como do doente; enumerar todos os cuidados de enfermagem de excelência que devem ser efectuados para a prevenção da infecção, tanto os cuidados directos do profissional de enfermagem como os ensinos que realiza 95 ao doente, dentro da vertente do internamento. Pretendemos também partilhar a experiência que temos no nosso serviço na prestação destes cuidados como uma mais valia e como uma forma de crescimento pessoal. A infecção torna-se muitas vezes um factor de morbilidade e até de mortalidade para o doente hematológico. Quando este se encontra em período de aplasia o risco de contrair uma infecção aumenta exponencialmente. Assim, prestar cuidados de enfermagem de excelência torna-se substancial para evitar este flagelo. O cateterismo central é, desta forma, um dos alvos chave para a prestação de cuidados criteriosa, para que se consiga prevenir a infecção nos doentes hematológicos em aplasia. É, sem dúvida, extremamente importante sensibilizar os profissionais de saúde para esta problemática e contribuir para reforçar as boas práticas de prevenção da infecção em todos os doentes, em especial no doente hematológico com cateterismo central, durante o período de aplasia. 96 COMUNICAÇÕES ORAIS ENFERMAGEM SALA 2 15 NOV. 2008 12:50 – 13.00 CO-22 O INTERNAMENTO PROLONGADO. DIMINUIÇÃO DA PRIVACIDADE DO DOENTE NA UNIDADE DE TRATAMENTO INTENSIVO DE DOENTES HEMATOLÓGICOS (UTIDH) Maria Ferreira1, Ana Branco1; Ana Pereira1 1 Centro Hospitalar Lisboa Norte, EPE - Hospital de Santa Maria O doente com patologia hematológica passa, quase obrigatoriamente, por períodos de internamento prolongados. Durante estes, fica afastado do ambiente familiar e sóciocultural, bem como da sua casa e rotinas diárias, ficando confinado a uma enfermaria, que partilha com outros doentes e com os profissionais de saúde. Esta sequência de acontecimentos leva a que o doente sinta que a sua privacidade fica abalada, aumentando assim o seu grau de desconforto, já existente por toda a carga psicológica que este tipo de doença comporta. Actividades de vida diárias simples e rotineiras como a higiene pessoal, a alimentação, as necessidades de eliminação, entre outras, ficam comprometidas e não podem ser, muitas vezes, realizadas com a privacidade que o doente considera para si ser a ideal. É claro que devemos ter em linha de conta que nem todos os doentes têm a mesma noção de privacidade e cada um lida com todo este processo de forma diferente e singular. No entanto, toda esta problemática se vai reflectir no doente, que irá manifestar sentimentos relativamente à diminuição da sua privacidade. Como equipa de enfermagem cuidamos diariamente dos doentes e temos a percepção dos sentimentos que, mesmo involuntariamente, eles exteriorizam perante a diminuição da privacidade, ainda mais acentuada pelos internamentos prolongados aos quais o doente é sujeito. 97 Assim realizar este trabalho tem para nós como objectivos dar a conhecer a estrutura física da UTIDH; transmitir a nossa percepção dos sentimentos que os doentes demonstram face à diminuição da sua privacidade e enumerar as intervenções que nós, como enfermeiros, podemos e devemos adoptar para minimizar o desconforto do doente face a esta problemática. Devemos assim ter uma postura direccionada para o bem maior do doente, tentando proporcionar o maior conforto e privacidade possíveis, aos quais todos os doentes têm direito e que em muito contribuem para a melhoria de todo o processo psicológico e mesmo terapêutico do doente. Esta é também uma tentativa de sensibilizar e alertar os profissionais de enfermagem para esta problemática para que, cada vez mais, se cuide o doente de uma forma holística, tendo em conta todas as suas necessidades. 98 COMUNICAÇÕES ORAIS ENFERMAGEM SALA 2 15 NOV. 2008 13:00 – 13.10 CO-23 CONTROLO DE INFECÇÃO NA PRESPECTIVA DO ENSINO AO DOENTE E FAMÍLIA C.Damiao1, C.Gonçalves1; F.Pereira1; F.Damiao1; R.Romao1 1 Serviço de hematologia, Hospital dos Capuchos, CHLC Introdução: Ao longo do tempo as praticas de controlo de infecção tornaram-se um aspecto importante na perspectiva de cuidar o doente e sua família, pelos conhecimentos crescentes das medidas proactivas que podemos utilizar como medidas de controlo de infecção e pela procura da excelência do cuidar. No caso do doente do foro hemato-oncológico, temos de considerar aspectos fundamentais que concorrem para a infecção: doença oncológica, tratamento de quimioterapia; terapêutica adjuvante, procedimentos invasivos e internamentos subsequentes, entre outros. E neste contexto, são várias as portas de entrada para os agentes causadores de infecção e os comportamentos pessoais que ao serem adoptados potenciam a infecção. Alguns destes comportamentos podem ser evitáveis, se medidas de prevenção forem adoptadas. E é neste ponto que é essencial a intervenção do Enfermeiro, na divulgação de informação pertinente, na perspectiva do ensino... ou seja, o Enfermeiro enquanto EDUCADOR. 99 Objectivos: Disponibilizar informação ao doente e família que permita prevenir e/ou controlar infecção. Metodologia: Foi elaborado um guia tendo em conta aspectos fulcrais como: importância de prevenir/controlar a infecção, sinais e sintomas de infecção, a lavagem das mãos, higiene corporal e oral, alimentação, eliminação e contactos sociais. A elaboração deste guia fundamentou-se numa pesquisa bibliográfica, programa nacional de controlo de infecção, nas várias formas de prevenir e/ou controlar a infecção, paralelamente com a nossa prática apoiada pela comissão de controlo de infecção hospitalar do hospital. O guia será entregue pela enfermeira na admissão e sujeito a discussão com o doente e família sempre que necessário. A avaliação do guia informativo será realizado aos 3 meses de aplicação. 100 15 NOV. 2008 COMUNICAÇÕES ORAIS III SALA 1 17:30 – 17.43 Moderadores: Drª. Graça Esteves – Hospital Santa Maria Dr. Jorge Coutinho - Hospital Santo António CO-24 LINFOMA NÃO-HODGKIN B CUTÂNEO PRIMÁRIO: EXPERIÊNCIA DE UM HOSPITAL ENTRE 1996 E 2008 António Almeida1, Maria Fernanda Sachse2; Inês Nolasco1; Margarida Rafael1; Cecília Moura1; Manuela Pecegueiro1; J Amaro1; António Parreira1 1 Departamento de Hematologia, IPOFG Lisboa; 2Departamento de Dermatologia, IPOFG Lisboa Os linfomas não-Hodgkin de expressão cutânea primária (LNH cut) são o segundo grupo mais frequente de linfomas extranodais a seguir aos linfomas intestinais. Tratase de doenças raras com uma incidência entre 0,2 e 0,6 em 100,000 por ano. São predominantemente de linhagem T, sendo cerca de 25% de origem B, nas séries publicadas. Entre 1996 e 2008 foram diagnosticados 59 casos de LNH-B cutâneos no nosso hospital. A média de idade à data do diagnóstico era de 58,2, predominando no sexo masculino (63%). Vinte e dois casos (37%) foram classificados como LNH-B difuso de grandes células, 14 (24%) como LNH da zona marginal, 10 (17%) como LNH folicular e 13 (22%) como LNH B indolente. A terapêutica mais frequentemente utilizada em primeira linha (35 doentes; 59%) foi radioterapia localizada, precedida por excisão da lesão cutânea em 6 casos e por quimioterapia sistémica em 5. Em 12 doentes (20%) foi possível proceder à excisão total da lesão sem necessidade de terapêutica adjuvante. A quimioterapia sistémica foi utilizada em doentes com lesões disseminadas ou LNH-B difuso de grandes células da perna; 10 doentes (17%) receberam quimioterapia, dos quais 7 com associação de Rituximab. O Rituximab em monoterapia foi utilizado em 7 doentes (12%). 101 Após um período de observação médio de 4,4 anos (min - 1, max - 12), 42 doentes (71%) mantinham-se em remissão completa após a primeira linha terapêutica. As recidivas deram-se após uma média de 2,8 anos (min - 0,5, max - 8) e foram predominantemente tratadas com radioterapia (8 casos; 47%) ou quimioterapia (4 casos; 23%). Dois casos receberam Rituximab em monoterapia e 2 lesões recidivantes foram excisadas na totalidade. Apenas 5 (8%) progrediram para doença ganglionar ou medular, 3 dos quais necessitaram uma terceira linha terapêutica. Nesta série houve apenas 3 mortes, nenhuma delas relacionada com linfoma. Neste grupo heterogéneo de doentes, em que os LNH indolentes ou de baixo grau são mais frequentes do que as formas agressivas, verificou-se uma boa resposta global à terapêutica. A taxa de recidiva não teve relação com a classificação histológica nem com a terapêutica utilizada em primeira linha. Tendo em conta o bom prognóstico e sobrevida livre de doença desta variedade de LNH extra-nodais, é importante que a estratégia terapêutica tenha como prioridade minimizar a toxicidade a longo prazo, deixando em aberto a possibilidade de repetição de linhas terapêuticas. 102 15 NOV. 2008 COMUNICAÇÕES ORAIS III SALA 1 17:43 – 17.56 CO-25 MELFALAM, PREDNISOLONA E TALIDOMIDA NO TRATAMENTO DE DOENTES COM MIELOMA MÚLTIPLO NÃO CANDIDATOS A QUIMIOTERAPIA DE ALTA DOSE S. Valle1, G. Esteves1; M. J. Costa1; C. Lopes1; B. Gómez1; J. Fajardo1; J. Raposo1; L. Guerra1; J. J. Gomes d´Oliveira1 1 Hospital de Santa Maria - Centro Hospitalar Lisboa Norte, Serviço de Hematologia e Transplante de Medula Óssea Introdução A associação de talidomida ao regime clássico melfalam e prednisolona (MPT) na terapêutica de doentes com mieloma múltiplo (MM) não candidatos a quimioterapia de alta dose e transplantação autóloga (QAD-TA), ao melhorar a taxa e qualidade da resposta melhora a sobrevivência livre de progressão e global. Relatamos os resultados obtidos com MPT no tratamento de doentes com MM > 65 anos ou com idade inferior mas não candidatos a QAD-TA. Material e Métodos Desde 1 de Setembro de 2005, 42 doentes com MM receberam MPT por via oral: melfalam 4 mg/m2/d x 7 dias, prednisolona 40 mg/m2/d x 7 dias e talidomida 100 mg/d. Os ciclos foram administrados de 6/6 semanas. Os doentes que responderam ou que reduziram menos de 25% do componente-M mas assintomáticos, continuaram terapêutica com talidomida, na mesma dose, até progressão ou pelo menos durante 1 ano. Todos os doentes receberam terapêutica anti-agregante. Resultados São avaliáveis 36 doentes, 15 homens e 21 mulheres com mediana de idade de 72 anos (54-82). O componente-M sérico foi Ig G=53%, Ig A=36% e cadeias leves=11%. Em 47% dos doentes havia componente-M urinário. Nove doentes (25%) apresentaram 103 creatinina ≥ 2 mg/dl, mas só um necessitou de hemodiálise. Metade dos doentes tinham doença óssea e 22% doença extra-medular. A estadiação segundo o International Staging System foi: I=13 doentes (36%), II=12 doentes (33%) e III=11 doentes (31%). A mediana de ECOG foi de 2. Em 23 doentes realizou-se estudo citogenético por FISH, tendo ocorrido alterações em 11 doentes (48%). Onze doentes (31%) suspenderam terapêutica. Ocorreram 5 internamentos hospitalares, todos por infecção à excepção de um por bradiarritmia. A resposta global (≥RP) foi de 64%: resposta completa=6%; muito boa resposta parcial=14%; resposta parcial=44%; sem resposta=25% e progrediram durante a terapêutica 11% dos doentes. Até à data recaíram/progrediram 56% dos doentes, mas a recaída clínica com necessidade de tratar ocorreu apenas em 39% dos doentes. Morreram 7 doentes (19%): 4 por doença em progressão, 2 doentes por infecção e 1 doente por 2ª neoplasia. Receberam terapêutica de manutenção 21 doentes (61%) tendo 2 doentes optimizado a resposta e 33% suspendido (4 doentes por toxicidade e 8 por progressão). Conclusão O regime MPT é bem tolerado com baixa toxicidade. A taxa e qualidade da resposta aumentaram comparativamente a um grupo histórico de 50 doentes tratados com MP. Aos 12 meses, 50% dos doentes progrediram e a sobrevivência global esperada aos 3 anos é de 68%. 104 15 NOV. 2008 COMUNICAÇÕES ORAIS III SALA 1 17:56 – 18.09 CO-26 MIELOMA MULTIPLO: 10 ANOS DE EXPERIÊNCIA COM TALIDOMIDA NUM SERVIÇO DE HEMATOLOGIA Sara Gomes1, Francesca Pierdomenico1; Cristina João1; Fernando Leal da Costa1; Susana Carvalho1 1 IPOFG Lisboa, Serviço de Hematologia Introdução O Mieloma Múltiplo (MM) é uma neoplasia maligna com proliferação clonal das células B com diferenciação terminal em plasmocitos. A talidomida foi introduzida em 1999 nas opções terapêuticas para o MM, com melhoria evidente das taxas de resposta e sobrevivência. Objectivos Caracterização epidemiológica e biológica dos doentes com MM tratados com talidomida em combinação com outras terapêuticas; avaliação da resposta e toxicidade à talidomida utilizada em primeira ou após primeira linha. Materiais e métodos Procedeu-se à análise retrospectiva dos doentes com MM tratados com talidomida no nosso Serviço, nos últimos 10 anos. Resultados Foram revistos 109 processos de doentes com MM (61 homens e 48 mulheres) com idade mediana ao diagnóstico de 60 anos (32-81 anos). A distribuição por subtipo de componente monoclonal foi: 59 (54%) casos de IgGk, 16 (15%) de IgGλ, 11 (10%) de IgAk, 8 (7%) de IgAλ, 11 (7%) de cadeias leves k e 4 (4%) de cadeias leves λ. Ao diagnóstico, 5 doentes (5%) apresentavam estadio de Salmon-Durie IA, 16 (15%) IIA, 1 (1%) IIB, 68 (62%) IIIA e 19 (17%) IIIB. A avaliação citogenética foi realizada em 84 105 doentes (77%) e mostrou alterações em 33 (30%), com a delecção do cromossoma 13 presente em 79 % dos casos (n=26). A dose máxima de talidomida utilizada foi de 400 mg, tendo sido 100 mg a dosagem mais frequente (59 doentes, 54%), com uma mediana do tempo de utilização de 7 meses (1-36 meses). Vinte e um doentes (19%) foram tratados com talidomida em primeira linha, obtendo-se em 7 (33%) Resposta Completa (´´CR´´), 5 (24%) Muito Boa Resposta Parcial (´´VGPR´´), 4 (19%) Resposta Parcial (´´PR´´), 4 (19%) Doença Estável (´´SD´´) e 1 doente (5%) progrediu sob terapêutica. Dos 88 doentes (81%) tratados com talidomida após primeira linha, a resposta foi avaliável em 83. Verificaram-se 11 (13%) ´´CR´´, 24 (29%) ´´VGPR´´, 13 (16%) ´´PR´´, 8 (10%) SD, e 27 (32%) progrediram sob terapêutica. O tempo mediano até à resposta foi de 3 meses (2-15 meses). Em 65/109 doentes (60%), houve toxicidade secundária à talidomida, tendo sido a neurológica a mais frequente. Em 50% dos casos a toxicidade motivou a suspensão da terapêutica. O ´´follow up´´ mediano nos 109 doentes foi de 49 meses, sendo de 8 meses no grupo que fez talidomida em primeira linha e 52 meses no grupo tratado com talidomida após primeira linha. Conclusões e discussão Um maior número de respostas completas está associado com a terapêutica com talidomida em primeira linha e a progressão sob terapêutica está associado com a introdução da talidomida apenas após primeira linha. Nesta série, a terapêutica com talidomida em primeira linha não está associada a um prolongamento da sobrevivência, devido não só ao pequeno número de doentes neste sub-grupo, como também ao reduzido tempo mediano de ´´follow up´´ destes. A toxicidade é um problema frequente, implicando interrupção da terapêutica num número significativo de doentes. 106 15 NOV. 2008 COMUNICAÇÕES ORAIS III SALA 1 18:09 – 18.22 CO-27 O MIPI COMO ÍNDICE PROGNÓSTICO DO LINFOMA DE CÉLULAS DO MANTO C. Faustino1, E. Macías1; A. Ferreira1; I. Moreira2; A. Martins2; L. Viterbo2; M. Marques2; J. M. Mariz2 1 Serviço de Oncologia Médica IPOFG-Porto; 2Serviço de Hemato-Oncologia IPOFGPorto Introdução O Linfoma de Células do Manto (LCM) é um linfoma relativamente raro, representando uma pequena percentagem de todos os linfomas não-Hodgkin.. O prognóstico associado ao LCM é mau, com sobrevivências medianas globais de 30 a 43 meses. O IPI e o FLIPI, índices de prognóstico do linfoma difuso de grandes células B e do linfoma folicular, respectivamente, não mostraram o mesmo valor quando aplicados ao LCM. Em 2008 os grupos ´´German Low Grade Lymphoma Study Group´´ e ´´ European Mantle Cell Lymphoma Network´´ propuseram um novo índice de prognóstico - MIPI (Mantle cell lymphoma International Prognostic Index) - aplicável a doentes com LCM em estadio avançado. Este índice estratifica os doentes em 3 grupos de risco- baixo, intermédio e alto, com sobrevivências medianas distintas. O objectivo deste trabalho foi o de aplicar este novo índice de prognóstico, MIPI, retrospectivamente, ao nosso grupo de doentes com LCM e avaliar a reprodutibilidade dos resultados do estudo de referência. Métodos Foram revistos os processos clínicos de 40 doentes com LCM em estadio III/IV de AnnArbor, diagnosticados entre Fevereiro de 1997 e Janeiro de 2008. Foram recolhidos os dados relativos aos factores de prognóstico independentes do MIPI - idade, ECOG, 107 desidrogenase láctica, contagem de leucócitos- afim de distribuir os doentes por grupos de risco. Resultados Avaliados 40 doentes, 29 homens (72,5%) e 11 mulheres (27,5%). A mediana de idade foi 71 anos (42-85). Calculado o MIPI, o grupo com maior nº de doentes foi o de alto risco - 19 doentes (47,5%), seguido pelo grupo de risco intermédio - 14 doentes (35%) e grupo de baixo risco - 7 doentes (17,5%). Para o grupo de baixo risco não foi atingida a sobrevivência mediana. O grupo de risco intermédio apresentou uma sobrevivência mediana de 56,6 meses e o grupo de alto risco 23 meses. Conclusão Ao contrário do estudo de referência, o grupo com maior nº de doentes foi o de alto risco. As sobrevivências medianas obtidas foram sobreponíveis, não tendo sido, igualmente, atingida para o grupo de baixo risco. Salvaguarda-se, no entanto, a dimensão da amostra em relação à do estudo base, esperando-se que o MIPI permita comparações inter-grupos. Dada a baixa incidência do LCM o MIPI pode permitir ainda a estratificação em ensaios clínicos e a individualização de tratamento de acordo com o risco. 108 15 NOV. 2008 COMUNICAÇÕES ORAIS III SALA 1 18:22 – 18.35 CO-28 ESTUDO RETROSPECTIVO DE 43 ADULTOS COM LINFOMA/LEUCEMIA DE BURKITT TRATADOS NO IPO-PORTO, EPE Silva J1, Marques M2; Viterbo L3; Martins A4; Oliveira I4; Moreira,I3; Domingues N4; Santo AE4; Mariz JM5 1 Interno de Hematologia Clínica, IPO-Porto, EPE; 2Chefe de Serviço, IPO-Porto, EPE; 3 Assistente Hospitalar Graduada, IPO-Porto, EPE; 4Assistente Hospitalar, IPO-Porto, EPE; 5Director do Serviço de Onco-hematologia, IPO-Porto, EPE Introdução O Linfoma de Burkitt (LB) é uma neoplasia de células B de alto grau de malignidade, geralmente com apresentação extra-nodal, mais frequente nas crianças do que nos adultos. A inexistência de protocolo standard para o adulto levou à utilização dos protocolos pediátricos baseados em altas doses/curta duração. Pretende-se determinar o impacto de determinadas variáveis na sobrevivência global (SG) e na sobrevivência livre de doença (SLD). Materiais e métodos A recolha dos dados de doentes compreendeu o período entre Janeiro 1997 a Dezembro 2007. Os parâmetros obtidos da amostra incluem o sexo, idade, subtipo diagnóstico, rearranjo do c-myc, valor sérico de LDH > ou ≤ a 500U/L, positividade para HIV, remoção cirúrgica do tumor e protocolo de quimioterapia aplicada (BFM86, BFM90, BFM95, HCVAD, R-HCVAD), A correlação da SG e SLD entre variáveis foi calculada com base no teste Chi-quadrado. 109 Resultados Obteve-se uma amostra com 43 doentes dos quais 60,5% eram do sexo masculino e com uma mediana da idade de 35 anos (16-17 anos). Trinta e três doentes (76,7%) tinha diagnóstico histológico de Linfoma de Burkitt e 10 (23,3%) disgnóstico de LLA-L3 (classificação FAB). O rearranjo do c-myc foi detectado em 30,2%, o valor da LDH era superior a 500U/L ao diagnóstico em 30,2% e 14% dos doentes eram HIV positivos. Do total, 23,3% foram submetidos a cirurgia.Os doentes foram tratados com diversos protocolos de tratamento, sendo que 25 foram tratados com BFM86, 1 com BFM90, 10 com BFM95, 4 com HCVAD e 3 com R-HCVAD. A SG calculada para a amostra foi de 78,05% e SLD de 90,68% (doentes que alcançaram remissão completa, n=29) . Ao estratificar a amostra, encontramos diferenças estatisticamente significativas na SG para os doentes HIV negativos (0.002), para os dentes submetidos a cirurgia (0.06), para os doentes com LDH inferior a 500U/L ao dignóstico (0.037) e para os doentes que realizaram tratamento com BFM86 (0.005), não havendo diferenças na SG referente ao subtipo diagnóstico. Quanto a SLD, não se verificou diferença significativa quanto às variáveis estudadas. Conclusão O protocolo BFM86, apesar de desenhado para o tratamento das crianças, constituiu uma terapêutica segura e eficaz no tratamento do linfoma/leucemia de Burkitt do adulto. O valor prognóstico da remoção cirúrgica e da LDH ao diagnóstico reflectem a importância do tamanho da massa tumoral ao início do tratamento com quimioterapia. 110 MESAS REDONDAS MESAS REDONDAS 14 NOV. 2008 MESA REDONDA SALA 1 15:00 – 15.40 Moderador: Dr. João Raposo - Hospital de Santa Maria LINFOMAS INDOLENTES – DO DIAGNÓSTICO AO TRATAMENTO 1 - Caracterização Molecular e factores de prognóstico nos Linfomas Indolentes Profª. Doutora Maria Gomes Silva Instituto Português de Oncologia, Lisboa 113 114 MESA REDONDA 14 NOV. 2008 SALA 1 15:40 – 16.20 LINFOMAS INDOLENTES – DO DIAGNÓSTICO AO TRATAMENTO 2 – TERAPÊUTICA DE LINFOMAS INDOLENTES Drª Isabel de Sousa Hospitais da Universidade de Coimbra A classificação da OMS ainda em vigor é baseada na origem da célula e na fisiopatologia do linfoma e não inclui a terminologia “linfoma indolente”, que se define como um “linfoma que tende a crescer e a disseminar-se lentamente e que tem poucos sintomas”. Nos linfomas indolentes estão incluídos os linfomas de baixo grau e alguns dos subtipos de grau intermédio da Working Formulation. Linfomas B Tipo de linfoma Frequência (% de todos os LNH) Linfoma folicular Linfoma da zona marginal (MALT,esplénico, ganglionar) Linfoma linfocítico Linfoma do manto Linfoma linfoplasmocitário Leucemia prolinfocítica Leucemia de hairy cells 115 22% 11% 7% 6% 2% <1% <1% Linfomas T Leucemia de células granulares Micose fungoide Em relação a este tipo de linfomas, o objectivo terapêutico tem sido manter a melhor qualidade de vida e tratar só quando os doentes desenvolvem sintomas. Qualquer alteração a esta atitude requer a demonstração de uma melhoria na sobrevida pela instituição precoce da terapêutica ou a identificação de critérios ou ,marcadores que definam grupos de doentes em risco suficientemente elevado para merecer terapêutica precoce. Há muitas terapêuticas disponíveis, mas não há um consenso sobre um tratamento óptimo para a 1ª linha ou para a recidiva. Na impossibilidade de abordar todas estas variantes, seleccionei o linfoma folicular e os linfomas da zona marginal para fazer esta revisão terapêutica. O linfoma folicular é o linfoma indolente mais comum e representa o protótipo dos linfomas de baixo grau de malignidade. È visto como uma doença quimiosensível mas incurável, com períodos relativamente longos de remissão entre os tratamentos. Em muitos doentes a doença tem pouco impacto no seu bem estar, com longos períodos assintomáticos apesar de terem adenopatias generalizadas mas de evolução lenta. No entanto, o linfoma folicular pode assumir um curso clínico agressivo, com deterioração clínica rápida, tornando-se resistente ao tratamento. A escolha do tratamento tem de ser feita entre uma variedade de opções de quimioterapia, imunoterapia, rádio-imunoterapia. Há ainda os proponentes da quimioterapia em alta dose e auto-TMO e a indicação do alo-TMO para doentes seleccionados. A inclusão em ensaios clínicos é sempre a melhor metodologia já que permite os melhores cuidados para o doente e a recolha de informação futura. A terapêutica deve 116 ser individualizada, tendo em conta a idade, co-morbilidades, extensão da doença e que resultados que pretendemos. LINFOMAS DA ZONA MARGINAL Há evidência crescente que este tipo de linfoma está associado a estimulação antigénica crónica por auto-antigénios e/ou patogenes microbianos, induzindo uma acumulação de tecido linfoide em locais típicos, onde anteriormente não existia tecido linfoide nativo. É o que acontece com os linfomas MALT gástricos, onde a infecção por H. Pylorii precede o desenvolvimento da maioria dos casos. Outro agente infeccioso, a Borrelia burgdorferi, tem sido reconhecido como agente etiológico da linfoma MALT cutâneo. A doença imunoproliferativa do intestino delgado (IPSID), embora sem agente identificado, é quase seguramente bacteriano já que por vezes regride com tratamento antibiótico de largo espectro. Já os linfomas da zona marginal esplénicos e ganglionares têm sido associados a vírus da Hepatite C (particularmente no norte de Itália). A terapêutica deste tipo particular de linfomas assenta em grande parte no tratamento da infecção subjacente, com cura numa percentagem significativa de casos, associada ou não a radioterapia e/ou quimioterapia. Em conclusão, apesar de não haver, para a maioria destes linfomas indolentes, qualquer evidência de qualquer benefício duma terapêutica precoce, os doentes estão a ser tratados cada vez mais cedo na sua doença. Não há indicações perfeitamente claras para o tratamento dos linfomas indolentes ou para a sequência óptima dos tratamentos. A escolha vai tornar-se mais complicada com o aparecimento de novos agentes, particularmente novos anticorpos monoclonais e agentes que alteram as vias apoptóticas, ainda em ensaios precoces. 117 118 MESA REDONDA 14 NOV. 2008 SALA 1 16:20 – 17.00 LINFOMAS INDOLENTES – DO DIAGNÓSTICO AO TRATAMENTO 3 - VACUNACIÓN IDIOTÍPICA EN LINFOMA FOLICULAR: MONITORIZACIÓN DE LA RESPUESTA INMUNE INDUCIDA Drª Susana Inogés Hospital San Juan de Dios, Pamplona El linfoma folicular (LF) supone aproximadamente una cuarta parte de todos los linfomas no Hodgkin (LNH), y es una neoplasia de linfocitos B maduros. Se caracteriza por crecimiento lento, curso indolente y por responder muy bien a los tratamientos convencionales de radioterapia y de quimioterapia. Sin embargo, es un tumor en el que, a pesar de la buena respuesta al tratamiento, las recaídas son muy frecuentes y cada vez es más difícil conseguir respuestas completas. Por tanto, se trata de un tumor actualmente incurable y es necesario buscar tratamientos alternativos, entre los que se encuentra la inmunoterapia. La inmunoterapia pretende aprovechar la capacidad del sistema inmunitario para reconocer y destruir células tumorales de forma selectiva, sin dañar a las células normales. El LF es un tumor muy apropiado para este tipo de tratamiento porque tiene un antígeno específico de tumor (AET). El AET es una inmunoglobulina (Ig) monoclonal presente en la membrana de todas las células tumorales. Una Ig es una molécula compuesta por dos cadenas pesadas y dos cadenas ligeras idénticas entre sí, cada una provista de regiones variables altamente específicas. Estas regiones variables contienen determinantes antigénicos o idiotopos. Se denomina idiotipo (Id) al conjunto de los idiotopos de cada Ig. Este AET representa, a la vez, un antígeno que ha fallado en la estimulación del sistema inmunitario del paciente para activarlo contra el clon tumoral que lo lleva. Si se consigue aislar este Id y transformarlo en un inmunógeno potente, 119 puede ser empleado para inducir una respuesta inmune específica que sea capaz de eliminar las células tumorales. Actualmente, fuera de los Estados Unidos, nuestro grupo lidera en Europa la aplicación de la vacunación idiotípica a pacientes con neoplasias hematológicas de extirpe B. En este sentido, iniciamos hace aproximadamente seis años un protocolo asistencial de vacunación idiotípica en pacientes con LF en primera recaída. El diseño de nuestro estudio estaba encaminado a intentar demostrar si la vacunación idiotípica cambiaba de alguna manera la historia natural del LF, y estaba basado en dos hechos ya conocidos: 1) que la segunda respuesta completa tras quimioterapia tipo CHOP tiene una duración mediana de 13 meses; 2) que la segunda respuesta completa tras la quimioterapia tipo CHOP suele ser más breve que la primera respuesta completa. Así, con un calendario vacunal lo suficientemente prolongado (10 vacunas a lo largo de aproximadamente 24-30 meses), si la vacuna no funciona, al menos un 50% de los pacientes deberían recaer a pesar de responder inmunológicamente, y se comprobaría si la vacuna es capaz o no de proporcionar beneficio clínico. Hasta la actualidad se han analizado 25 de los pacientes incluidos en el estudio procedentes de centros hospitalarios de toda España, y al observar los resultados clínicos y de respuesta inmune de los pacientes vacunados, podemos afirmar que dicha metodología consigue beneficio clínico en una enfermedad de evolución lenta pero que, con los tratamientos habituales de quimioterapia, sigue incurable. Es decir, la vacunación idiotípica de estos pacientes ha conseguido cambiar la historia natural del linfoma folicular en aquellos pacientes que han respondido a la vacuna. En concreto, 25 pacientes incluidos ya han finalizado el calendario vacunal establecido, habiendo podido demostrar que todos aquellos pacientes que responden inmunológicamente a la vacuna (20/25) tienen una segunda remisión completa de duración superior a la esperable con quimioterapia sola. Además, en aquellos pacientes con suficiente seguimiento, la duración de esta segunda remisión completa supera ya a la de la primera remisión. En nuestra serie, únicamente cinco pacientes no montaron respuesta inmune alguna frente a la vacuna, comportándose en su evolución clínica como un linfoma folicular “clásico” al que no se hubiera vacunado, ya que recayeron durante la vacunación, y la duración de esta segunda remisión fue, como se espera en un LF, inferior a la de su primera remisión. Se trata de la primera demostración a nivel mundial de beneficio clínico asociado al uso de una vacuna contra el cáncer en humanos. 120 14 NOV. 2008 MESA REDONDA SALA 2 15:00 – 15.40 Moderadora: Enfª. Helena Fernandes - Hospitais da Universidade de Coimbra CUIDADOS PALIATIVOS EM HEMATOLOGIA 1 - Conferência Familiar Enfº Luís Ricardo Maia Centro de Saúde de Odivelas A prestação de cuidados de saúde holísticos engloba em si uma avaliação completa de cada utente, sendo que perante essa avaliação, é delineado um plano de cuidados com base nas prioridades estabelecido pelo utente e respectiva família. Uma vez que é impossível dissociar estas duas realidades, utente inserido num contexto familiar, torna-se primordial escutar as opiniões de cada um deles. No entanto, perante uma mesma situação pontos de vista diferentes podem surgir. Neste contexto, a comunicação pode tornar-se tanto um objecto de união como de desacordo, assumindo um papel preponderante na convivência das pessoas. Partindo do primeiro pressuposto da comunicação, o de que todos nós estamos sempre a comunicar, quer por expressões verbais quer não verbais, é importante saber usufruir dela para o alcance do melhor bem-estar possível do utente e respectiva família. Mas para que ocorra uma comunicação eficaz, não podemos esquecer que quem comunica fá-lo sempre para alguém e que temos que validar o significado que essa pessoa atribui, ou seja se a comunicação ocorre de uma forma exacta. Existem porém haver situações em que pode verificar-se alguns entraves quer à ocorrência da comunicação quer a que esta seja feita de uma forma adequada, nomeadamente a comunicação de más notícias, divergências entre os vários intervenientes, a necessidade de mais informações sobre uma situação, o pedido de omissão de informação por parte da família, resolução de problemas e a tomada de decisões relevantes para o bem-estar de todos. 121 Neste campo, a conferência familiar torna-se um meio prodigioso para atingir um fim que as vezes parece inalcançável, na medida em que possibilita reunir as pessoas em causa, escutar as respectivas opiniões sobre as questões que se levantem e ponderar os benefícios e/ou malefícios de cada decisão caso seja tomada. Neste sentido, permite delinear metas mais realistas, unificar todas as intervenções para que tenha um sentido e objectivo claro para todos, dar dignidade e bem-estar às pessoas, contribuir para a prevenção de luto patológico e possibilitar a melhor qualidade de vida possível para o utente. 122 14 NOV. 2008 MESA REDONDA SALA 2 15:40 – 16.20 CUIDADOS PALIATIVOS EM HEMATOLOGIA 2 - Questões Éticas Enfª Catarina Simões Instituto Português de Oncologia, Porto No fim de vida há questões éticas que emergem e merecem uma discussão cuidada entre o doente e os profissionais de saúde, principalmente numa era em que a ciência permite que o tempo de morrer seja prolongado. Em cuidados de saúde, não existe “certo” ou “errado”quando se pretende responder a questões éticas, pelo que o importante é encontrar princípios orientadores, sendo os mais utilizados os de Beauchamp e Childress. No que se refere à autonomia do doente, questão cada vez mais discutida na actualidade, é importante discernir entre o que é a escolha do doente e o consentimento que este fornece ao profissional em decisões relacionadas com o fim de vida. Em Cuidados Paliativos, as questões éticas mais frequentes prendem-se com: a alimentação e hidratação em fim de vida, a reanimação cárdio-respiratória, a comunicação e a sedação terminal. Sobre as questões referidas, é fundamental que o profissional que presta cuidados em fim de vida consiga responder e tomar decisões no seio da equipa interdisciplinar. 123 124 14 NOV. 2008 MESA REDONDA SALA 2 16:20 – 17.00 CUIDADOS PALIATIVOS EM HEMATOLOGIA 3 - Resiliência Familiar: estudo de vivências de familiares de pessoas com doença oncológica em fase terminal de vida, em contexto hospitalar Enfª Sara Cunha Hospitais da Universidade de Coimbra Mestre em Sociopsicologia da Saúde Introdução O fenómeno da morte do Outro afecta e envolve a toda a unidade familiar. Quando ocorre em contexto hospitalar os familiares destes doentes sofrem a maior parte das vezes sozinhos, “a um canto” da unidade hospitalar, isolados entre o doente e os profissionais de saúde que com frequência, não “dispõem de tempo” ou não sabem como abordar a família e estabelecer com ela uma comunicação terapêutica que promova a estabilidade familiar e a permita viver esta situação de forma mais esclarecida, acompanhada e tranquila. Este estudo foi realizado numa enfermaria de um hospital central. Nesta há o que se designa por “visita de referência”, uma visita escolhida pelo doente, que o acompanha diariamente das 9h às 20h, colaborando na processo de cuidados necessários ao doente, e que vão desde a alimentação, à higiene e principalmente ao apoio emocional, acompanhando-o até ao momento da morte. Compreendendo a Enfermagem como uma profissão complexa e holista, na qual a unidade de cuidados deve ser formada pelo doente e família, pretendo com esta investigação, através da compreensão de vivências de familiares, identificar as suas forças, os seus recursos, a sua capacidade de resiliência, para que na minha actividade profissional, enquanto enfermeira possa considerar uma intervenção mais assertiva e 125 individualizada com cada Família. Esta perspectiva visa reforçar a resiliência das famílias que vivem este sofrimento. Objectivos: • Descrever algumas dimensões da resiliência em familiares de pessoas com doença oncológica em fase terminal de vida, em contexto hospitalar. E, os objectivos específicos: • • • • • • Descrever as vivências de familiares de pessoas com doença oncológica em fase terminal de vida, em contexto hospitalar; Conhecer o percurso familiar; Identificar que recursos os familiares destes doentes percepcionam como mais ou menos facilitadores da sua vivência; Descrever como os familiares percepcionam o contacto com o ambiente hospitalar e profissionais de saúde; Conhecer o que percepcionam de positivo e negativo no ambiente hospitalar; Proporcionar um momento de interacção terapêutica entre família e enfermeira, avaliando a sua pertinência. Enquadramento Metodológico: Neste estudo, para compreender a estrutura essencial da experiência vivida de familiares de doentes em fase terminal de vida, optou-se pela utilização da abordagem de Max van Manen. Os instrumentos de investigação utilizados neste estudo foram a entrevista, as notas de campo e o genograma e ecomapa. A questão de investigação deste estudo foi: Quais são as dimensões da resiliência em familiares de doentes oncológicos em fase terminal de vida, em contexto hospitalar? O estudo foi realizado com quatro familiares de referência. Apresentação dos Dados Partindo dos testemunhos obtidos e de acordo com a metodologia de van Manen, fui considerando algumas temáticas que emergiram e que se interligam de forma complexa e sistemática, permitindo aceder à essência do fenómeno e formular um esquema orientador para a compreensão do fenómeno em estudo: 126 • • • • • • • Resiliência Contexto Hospitalar Cuidar do Outro Processos de Comunicação Padrões de Organização Sistemas de Crenças Sofrimento Resiliência Contexto Hospitalar Cuidar do Outro Comunicação Vivências Organização Crenças Sofrimento Conclusão: A Enfermagem de Família é uma área de estudo da Enfermagem muito recente, sobre a qual há muito a estudar e a reflectir para que a Enfermagem possa efectivamente cuidar da Família, ao mesmo tempo que se promovem os cuidados de mais complexidade nas múltiplas dimensões humanas à pessoa doente. A realização deste estudo de investigação trouxe um carácter novo ao momento actual em que nos encontramos, na medida em que ao estudar as vivências de familiares de pessoas com doença oncológica em fim de vida, que acompanham o seu doente numa unidade hospitalar, procurei estudar não apenas as suas vivências de sofrimento mas, principalmente as suas forças, a sua capacidade de resiliência. Assim, tendo em conta os objectivos deste estudo, posso concluir que: • Os familiares que acompanham os seus doentes com doença oncológica em fase final de vida, em contexto hospitalar, vivem um processo de alteração e 127 reorganização da sua vida diária e familiar, mudando-se para uma unidade hospitalar para cuidar física e emocionalmente do seu ente querido. Este processo influenciado pelo sistema de crenças da família e por processos de comunicação, é uma vivência de um sofrimento extremo mas, também de resiliência familiar; • Estes familiares identificam as suas capacidades resilientes como facilitadoras da sua vivência, nomeadamente as suas forças e coragem que os impelem a suportar toda a dor que sentem. As suas crenças religiosas e espirituais, a forma como a sua família se organizou e a possibilidade de poderem expressar a sua dor com a restante família e com pessoas que vivem a mesma realidade, foi relatado como muito positivo; • Os familiares reconhecem a importância do apoio emocional que os enfermeiros lhes prestaram mas, concluíram não ser o suficiente. Necessitam de cuidados individualizados e que lhes seja permitido expressarem livremente as suas vivências, como fizeram durante o momento da entrevista realizada; Estas conclusões têm implicações para a prática de Enfermagem, nomeadamente nas competências profissionais considerando as dimensões da Enfermagem de Família, uma vez que apresenta a necessidade de que no processo de cuidados ao doente em fase final de vida haja a preocupação de incluir a sua família e, que esta seja cuidada de forma intencional, através de actos de escuta, suporte emocional e reforço positivo pela sua participação nos cuidados ao doente. Relativamente ao desenvolvimento e promoção da resiliência, esta acarreta implicações sociais importantes, uma vez que uma vivência da morte na família, de forma acompanhada e saudável, reduz os riscos de morbilidade e, de consequências familiares, profissionais e sociais. 128 15 NOV. 2008 MESA REDONDA SALA 1 15:00 – 15.40 Moderador: Prof. Doutor Vicente e Vicente H. Gen. Univ. Morales Meseguer, Univ. de Múrcia TROMBOSE 1 – Fisiopatologia da Trombose Prof. Doutor Vicente e Vicente H. Gen. Univ. Morales Meseguer, Univ. de Múrcia 129 130 15 NOV. 2008 MESA REDONDA SALA 1 15:40 – 16.20 TROMBOSE 2 – Trombose e Cancro Drª Rosa Maia Hospitais da Universidade de Coimbra É conhecida a forte correlação entre cancro e trombose, a qual constitui uma das causas mais frequentes de morte neste tipo de doentes. Apesar de vários estudos tentarem estabelecer uma correlação entre as duas entidades, através da avaliação de factores de risco trombótico conhecidos, como o Factor V Leiden e o Factor II G20210A, os resultados têm sido inconclusivos1, 2, 3, 4, 5. A importância desta associação é comprovada por: - cerca de 20% de todos os processos trombóticos ocorrem em doentes com cancro em actividade6,7 - a prevalência de tumor oculto é 3-6 vezes superior em doentes que se apresentam com trombose “idiopática”, do que nos que se apresentam com trombose secundária 8,6,7 e 40% têm doença metastizada quando o cancro se torna clinicamente evidente6 - os doentes com cancro sujeitos a cirurgia, apresentam um risco de Trombose Venosa Profunda no pós-operatório 2 vezes superior aos doentes não oncológicos9,6,10 (37% e 18%, respectivamente)10 e são 3 vezes mais propensos a desenvolver complicações de tromboembolismo fatal 6. Estes dados conduziram ao conceito de que o cancro é o melhor exemplo de “trombofilia adquirida”. Apesar da associação trombose e cancro, ter sido referida em 1865 por Trousseau11, só a partir de 1997 se tem vindo a acumular evidência acerca da complexa interacção da célula tumoral e coagulação sanguínea, com base no papel fundamental que nela desempenha o seu mais importante activador fisiológico, o Factor Tecidular12 (FT). 131 Sendo a célula neoplásica mais rica que a célula normal em FT13,14,15,16,17, a existência de grande lise tumoral, transforma a doença neoplásica num processo protrombótico. É conhecido que o melanoma, o adenocarcinoma pancreático, o adenocarcinoma do cólon e o carcinoma da mama são produtores de FT, e o facto de Mueller ter encontrado relação entre hiperexpressão do FT e crescimento tumoral com aumento do potencial metastático14, permite pensar que a associação entre FT e célula neoplásica pode constituir a chave do entendimento de todo o processo. A importância da gravidade clínica do tromboembolismo nos doentes com neoplasia levou a American Society of Clinical Oncology VTE Guideline (2007)18 a elaborar as seguintes recomendações: 1- deve considerar-se fazer profilaxia do tromboembolismo em todos os doentes hospitalizados com cancro; 2- não é recomendado fazê-lo por rotina aos doentes em ambulatório (excepto doentes a fazer talidomida ou lenalidomida, em certas circunstâncias, pela agressão que estas drogas fazem ao endotélio vascular); 3- doentes sujeitos a cirurgia major devem fazer profilaxia farmacológica; 4- Heparinas-Baixo-Peso-Molecular constituem o tratamento preferido para início e continuação do tratamento da trombose estabelecida; 5- a avaliação da importância da anticoagulação na sobrevida dos doentes com cancro, necessita estudos adicionais, pelo que o seu uso não pode recomendar-se actualmente. Esta prudência relaciona-se com o facto de a profilaxia do tromboembolismo nestes doentes condicionar a ocorrência de complicações hemorrágicas que são 2-6 vezes superiores às dos doentes sem neoplasia19,7,20,21; por este motivo, seria importante identificar os doentes com risco trombótico acrescido, o que permitiria adequar doses e duração da profilaxia, de modo a minimizar as referidas complicações. Haim N, Lanir N, Hoffman R, Haim A, Tsalik M Brenner. Acquired activated protein C resistence is common in câncer patients and is associated with venous thromboembolism. American Journ of Medicine 2001:110, 91-96 Pihusch R, Danzl G, Scholz M, Harich D, Pihusch M, Lohse P, Hiller E. Impact of thrombofilic gene mutations on thrombosis risk in patients with gastrointestinal carcinoma Cancer 2002:94,3120-6 Ravin AJ, Edward RP, Krohn MA, Kelly JR, Christopherson WA, Robert JM. The factor V leiden mutation and the risk of venous thromboembolism in gynaecologic oncology patients. Obstetric and Gynecology 2002:100,1285-9 Ramacciotti E, Wolosker N, Puech-Leao P, Zeratti EA, Gusson PR, del Giglio A, Franco RF. Prevalence of factor V leiden, FII G20210A, FXIII, Val34Leu and MTHFR C677T polymorphisms in cancer patients with and without venous thrombosis. Thrombosis Research 2003:109, 171-4 132 Kennedy M, Andreescu A, Greenblatt M, Jiang H, Thomas C, Chassereau L, Wong C, Durda P, Cushman M. Factor V leiden, prothrombin 20210A and the risk of venous thrombosis among cancer patients. British Journal of Haematology 2005:128,386-8 Practical Treatment Guidelines Cancer and Thrombosis. The Thrombosis Interest Group of Canada. Dez 2003 Agnes Y. Lee. Management of thrombosis in cancer: primary prevention and secondary prophylaxis BJH vol 128,291-302, 2004 Loreto MF, De martins M, Corsi MP, Modesti M, Ginaldi L. Coagulation and cancer: Implications for Diagnosis and Management. Pathology Oncology Research 2000 (6);302-312 Prandoni P, Falanga A, Piccioli A. Cancer and venous thromboembolism. The Lancet Onco 2005 vol6;401-410 Prandoni P. et al. Antithrombotic strategies in patients with cancer. Thromb Haemost 1997;78:141-4 Trusseau A: Phlegmasia alba dolens. Lecture on clinical medicine, delivered at the Hotel-Dieu, Paris. London: New Sydeham Society, 281-295, 1872 Battle J, Fernandez MF. Via del factor tisular. Factor VIIa recombinante. Rev Iberoamer Tromb Hemostasia, 1998 ;11 :187-200 Ruf W, Mueller BM. Tissue factor in cancer angiogenese and metastases.Curr Opin Hematol 1996 Sep;3(5):379-84 Müller BM, Reisfeld R, Edgington T, Ruf W. Expression of tissue by melanoma cells promotes efficient hematogenous metastasis. Proc. Natl. Acad. Sci. USA. 1992 Dec 15;89(24):11832-6 Zhang Y, Deng Y, Luther T, Müller R, Ziegler R, Waldherr R, Stern DM, Nawroth PP. Tissue factor controls the balance of angiogenic and antiangiogenic properties of tumor cells in mice. J Clin Inv 1994 Set, 94(3):1320-27 Kakkar AK, Lemoine NR, Scully MF, et al. Tissue factor expression correlates with histological grade in human pancreatic cancer. Br J Surg 1995;82:1101-04 Shigemori C, Wada H, Matsumoto K et al. Tissue factor expression and metastatic potencial of colorectal cancer. Thromb Haemost 1998;80:894-98 G H Lyman, A A Khorana, A Falanga, D Clarke-Pearson, C Flowers, M Jahanzeb, A Kakkar,N Kuderer, M Levine, H Liebman, D Mendelson, G Raskob, M Somerfield, P Thodiyil, D Trent, C Francis. American Society of Clinical Oncology Guideline: Recomendations for Venous Thromboembolism prophylaxis and Treatment in patients with Cancer. Journal of Clinical Oncology, vol 25, nº 34 (Decem 1), 2007: pp 5490-5505 Prandoni P Lensing AW, Piccioli A, Bernardi E, Simione P, Girolami B, Marchiori A, Sabbion P, PrinsMH, Noventa F, Girolami A. Recurrent venous thromboembolism and bleeding complications during anticoagulant treatment in patients with cancer and venous thrombosis. Blood 2002; 100:3484-3488 Hutten BA, Prins MH, Gent M, Ginsberg J, TijssenJG, Buller HR. Incidence of recurrent thromboembolic and bleeding complication among in patients with venous thromboembolism In relation to both malignes and archieved international normalized ratio: a retrospective analysis. Journal of Clinic Oncology 2000,18:3078-83 133 Palareti G, Legnani C, Lee A, Manotti Z, Hirsh J, D’ Angelo A Pengo V, Moia M, Coccheri S. A Comparasion of the safety and efficacy of oral anticoagulation for the treatment of venous thromboembolic disease in patients with o without malignancy. 2000. Thrombosis and Haemostasis 84:805-10 134 15 NOV. 2008 MESA REDONDA SALA 1 16:20 – 17.00 TROMBOSE 3 – Trombose e Doenças Auto Imunes Dr. Manuel Campos Hospital de Santo António, Porto 135 136 15 NOV. 2008 MESA REDONDA SALA 2 15:00 – 15.40 Enfª Rosa Romão - Centro Hospitalar Central de Lisboa, EPE QUALIDADE DE CUIDADOS EM HEMATOLOGIA 1 - Factores Influenciadores do Sofrimento em Doentes Hemato-Oncológicos Enfª. Marta Elias Hospitais da Universidade de Coimbra Na nossa sociedade, a doença oncológica está impregnada de uma conotação bastante negativa. O seu carácter inesperado vai incutir um sentimento de desorganização das perspectivas de futuro, dos papéis sociais e familiares, causando sofrimento, sendo este percepcionado e sentido de formas distintas e com dissemelhanças nas suas dimensões. O objectivo principal da investigação realizada foi a análise e compreensão do fenómeno “sofrimento” (foco fundamental dos cuidados de saúde), determinando as variáveis mais influenciadoras das dimensões das experiências subjectivas do sofrimento. Desta forma, tencionámos conhecer a perspectiva de quem tem uma doença oncológica diagnosticada e é alvo de cuidados, como vivencia esta experiência, qual a sua percepção de controlo sobre a doença, o apoio sócio-familiar, e como as manifestações subjectivas da doença actuam na experiência de sofrimento. Optou-se por analisar a influência das características sócio-demográficas, as características sócio-psicológicas, as características da doença e a percepção do acolhimento sobre as experiências subjectivas de sofrimento, após uma pesquisa bibliográfica, impulsionada por uma experiência empírica, que culminou na escolha destas variáveis, sistematizadas e operacionalizadas neste estudo. A incursão pelas dimensões do sofrimento foi feita através de questionário a cento e três doentes oncológicos a fazer tratamentos de quimioterapia no Hospital de Dia de 137 Oncologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra, sendo que um dos focos estudados foi a comparação do sofrimento em função da especialidade oncológica (hematologia, ginecologia, pneumologia e cirurgia/medicina). Os resultados obtidos denunciam que os doentes do foro hemato-oncológico são os que evidenciaram menor sofrimento. Deste estudo salienta-se as fortes relações existentes entre apoio social e sofrimento, tipo de doença oncológica e sofrimento e ainda sintomas e sofrimento. De acordo com os dados, os sintomas manifestados e a duração da doença são preponderantes no sofrimento psicológico; no sofrimento físico apenas sobressaem os sintomas como influênciadores deste tipo de sofrimento. Em relação ao sofrimento existencial tomam relevância os sintomas e o apoio social, sendo que os sintomas voltam a assumir, concomitantemente com o locus de controlo sobre a doença, influência marcada no sofrimento sócio-relacional. Quanto às experiências positivas do sofrimento, realça-se a idade, o apoio social e o locus de controlo sobre a doença como os três factores mais marcantes desta dimensão. Contudo, na avaliação global do sofrimento, são os sintomas (físicos e psicológicos) manifestados e referidos pelos doentes, mais demarcantes da experiência de sofrimento na doença oncológica. Após a reflexão sobre este estudo, chegamos à conclusão que, dada a complexidade que envolve esta prática, os profissionais de saúde devem “desencobrir” o sofrimento, admitindo-o e aceitando-o como centro de cuidados. Não se lida com o sofrimento em abstracto. Tratam-se pessoas afligidas por algo que conduz ao sofrimento. Há que melhorar a arte de cuidar e assumir conscientemente a perspectiva do doente! 138 15 NOV. 2008 MESA REDONDA SALA 2 15:40 – 16.20 QUALIDADE DE CUIDADOS EM HEMATOLOGIA 2 - Ensino sobre Sexualidade aos Doentes Transplantados Enfª Cristina Nunes; Enfª Elsa Wong; Enfª Cláudia Pinho; Enfª Tânia Barreiros Instituto Português de Oncologia, Lisboa A condição de doente e os inerentes tratamentos podem afectar grandemente todas as actividades de vida do indivíduo, como é a sua sexualidade. Discutir essas alterações e dúvidas, e o aconselhamento relativamente a cuidados, é um papel a assumir pelo enfermeiro. No doente submetido a transplante verifica-se um impacto muito particular na sexualidade do indivíduo: 1. Inúmeras toxicidades e efeitos devido a radiação e quimioterapia em alta dose; 2. Alterações psicológicas e sintomas psiquiátricos; dependência de outrem e ansiedade/stress devido a esterilidade (Chiodi; 2006:776). Neste sentido, o enfermeiro hemato-oncológico na prestação de cuidados deve focar-se nestes efeitos, bem como nos anteriores padrões /funções sexuais (Goodman, 2003:602). Contudo, vários estudos têm identificado frequentes lacunas nestes cuidados de aconselhamento/ensino ao doente relativamente à temática da sexualidade e que variam de acordo com vários factores como: conhecimento e competência; atitude; opinião acerca do papel do profissional nesta área; conforto na abordagem; e participação nas actividades de formação continua. Uma pesquisa junto da equipa de enfermagem da Unidade de Transplante de Medula permitiu perceber necessidades por parte deste grupo relativamente aos cuidados/ensinos no âmbito da sexualidade do doente transplantado e que é necessário colmatar. Objectivos: Identificar as dificuldades/necessidades dos profissionais de enfermagem na abordagem desta temática; Planear formação contínua no âmbito da sexualidade; e melhorar os cuidados relativamente à sexualidade –conhecimentos e atitudes; Métodos: 1. Os enfermeiros a exercer funções UTM são o foco populacional, sujeitos a uma pesquisa informal relativamente a necessidades neste âmbito. 2. Elaboração de 139 plano de formação fundamentada em Chiodi, Gamel e Goodman; apresentação oral, interacção didáctica, role-play e avaliação. Resultados: Verificou-se que a maioria dos enfermeiros abordam a sexualidade com 120% dos doentes, referindo pouco conhecimento na temática e desconforto nesta abordagem que referem como um assunto stressante e que causa pudor. Foram identificadas as directrizes para formação, visando suprir as necessidades. Conclusão: “Saber … o quê, quando, e como abordar a sexualidade do doente, requer disponibilidade, conhecimento, competência e prática!” (do enfermeiro…) Referências Bibliográficas: CHIODI, S. et al - “Sexual problems after allogenic stem cell transplantation” in Rev Med. Suisse, 2006 Mar 22; 2(58):779-80, 782-3; GAMEL, C., et al - Nurses’ provision of teaching and counseling on sexuality: a review of the literature. Journal of Advanced Nursing,1993, 13: 1219-1227; GOODMAN, M. et al – Cancer Symptom Management, 2003, (3rd ed.). Autores: Enfªs. Ana Cristina Silva Nunes; Claudia Rosário Pinhão; Elsa Trigoso Wong; Tânia Maria dos Reis Barreiros – UTM, IPOLFG- E.P.E. 140 15 NOV. 2008 MESA REDONDA SALA 2 16:20 – 17.00 QUALIDADE DE CUIDADOS EM HEMATOLOGIA 3 - Qualidade no Acompanhamento dos Pais das Crianças Transplantadas Enfª. Rosário Pires; Enfª. Ana Luísa Gomes UTM IPO Lisboa Bibliografia: OLIVEIRA, E., RIBEIRO, P. – “Qualidade de vida do doente submetido a ransplante de Medula Óssea”, Tese de Mestrado, Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, 2007.; ANDERS e LIMA- “Crescer como transplantado de medula óssea: epercussões na qualidade de vida de crianças e adolescentes” in Revista LatinoAmericana de Enfermagem 12(6) Nov/Dez 2004; SANTOS- “Qualidade de vida em crianças e adolescentes com problemas de saúde: conceptualização, medida e intervenção” in Psicologia, Saúde e Doenças 7(1) 2006. Introdução: O Transplante de Medula Óssea (TMO) é um tratamento que envolve, sem excepção, sofrimento físico intenso assim como sofrimento psíquico difícil de suportar para quem ter de se submeter ao mesmo. Para a criança e família, a doença e consequente hospitalização torna-se uma experiência marcante não só devido à agressividade do tratamento mas também às barreiras arquitectónicas que uma unidade de isolamento impõe. Contudo, contribuir para uma melhoria da qualidade de vida destas crianças e pais durante este período é possível. Os enfermeiros, em parceria com a equipa multidisciplinar, podem ter um papel activo e essencial para cuidar destas crianças/pais proporcionando momentos de verdadeira qualidade de vida que atenuam, temporariamente, a solidão, o medo e o sofrimento. Objectivos: Reflectir acerca do cuidar da criança e família na perspectiva da qualidade de vida na Unidade de Transplantação de Medula Óssea (UTM). Partilhar com o público estratégias e momentos que trouxeram qualidade de vida às crianças/pais internadas na UTM. 141 Metodologia: O trabalho foi realizado a partir de uma revisão bibliográfica cuidada e a experiência pessoal dos intervenientes. Desenvolvimento: Cuidar de uma criança e família em situação de intenso sofrimento físico e emocional pode ser um verdadeiro desafio. Quando é incluído no cuidar a dimensão da qualidade de vida, todo o processo adquire outra dimensão requerendo uma parceria constante de todos os elementos da equipa multidisciplinar. Na opinião de Wallender cit. em Oliveira (2007) a qualidade de vida em crianças e adolescentes pode ser definida como a combinação do bem estar subjectivo e objectivo, em múltiplos domínios da vida considerados salientes na cultura do próprio e no seu tempo histórico, dentro do âmbito dos padrões universais dos direitos humanos. A criança submetida a TMO é submetida a um tratamento demasiado agressivo numa idade em que brincar, é sinonimo da qualidade de vida. Mas proporcionar momentos como festas de aniversário, visitas de ídolos ou jantares em família torna-se possível quando todos os elementos da equipa cooperam. Partilhar este projecto de proporcionar momentos únicos ás crianças/pais, passou a integrar o quotidiano na UTM. Conclusão: Proporcionar qualidade de vida às crianças/pais internados na UTM permite individualizar o cuidar, minimiza complicações, promove o cuidar, contribui para um coping de sucesso e traz um sorriso aos dias mais difíceis das suas vidas. 142 POSTERS POSTERS 14 NOV. 2008 POSTERS SALA POSTERS 17:30 – 19:00 Comentadores: Prof. Doutora Ana Bela Sarmento - Fac. de Med. Univ. de Coimbra Dr. José Barbot - Hospital Maria Pia PO-01 RASTREIO DE FORMAS GRAVES DE HEMOGLOBINOPATIAS: EXPERIÊNCIA DE UMA INSTITUIÇÃO S. Faria1, I. Guerra2; H. Branco2; L. Lima1; M. C. Rodrigues3; P. Sarmento3 1Centro Hospitalar do Porto - Unidade Maternidade Júlio Dinis - Serviço de ImunoHemoterapia; 2Centro Hospitalar do Porto - Unidade Maternidade Júlio Dinis - Serviço de Patologia Clínica; 3Centro Hospitalar do Porto - Unidade Maternidade Júlio Dinis Serviço de Obstetrícia/Ginecologia INTRODUÇÃO Pela raridade das formas graves de Hemoglobinopatias em Portugal muitos especialistas não as consideram como um problema clínico relevante pelo que a sua adesão ao rastreio de Hemoglobinopatias é baixa. No entanto, devido à imigração a incidência destas doenças poderá vir a aumentar no nosso país. OBJECTIVO Avaliar os resultados do protocolo de rastreio de formas graves de Hemoglobinopatias implementado nesta Instituição. MATERIAL E MÉTODOS Revisão retrospectiva dos processos clínicos das doentes seleccionadas para rastreio de formas graves de Hemoglobinopatias entre Novembro de 2005 e Maio de 2008. O protocolo implementado nesta Instituição foi adaptado da Circular Normativa nº18/DSMIA de 07/09/2004 da Direcção Geral de Saúde. Para a selecção inicial das doentes a rastrear são consideradas as alterações nos parâmetros eritrocitários e/ou a origem da família das doentes. Descrevem-se as Hemoglobinopatias encontradas 145 tendo em conta se já eram ou não conhecidas, a origem da família das doentes e se apresentavam ou não gestação em curso. Referem-se também os casais em risco de formas graves de Hemoglobinopatias e se efectuaram ou não diagnóstico pré-natal. RESULTADOS Foram seleccionadas para rastreio de Hemoglobinopatias 179 doentes, 98 de origem portuguesa e 81 imigrantes (51 África, 17 Ásia, 9 Brasil, 4 Europa Leste). Apresentavam gestação em curso 134 doentes. Foram encontrados 48 doentes portadores de Hemoglobinopatias sendo 32 identificados “de novo” enquanto que 16 já eram conhecidos e recorreram à consulta apenas para avaliação do risco de formas graves na descendência. Dos 48 doentes com Hemoglobinopatias 27 eram imigrantes (22 identificados “de novo”) e 21 de origem portuguesa (10 “de novo”). Apresentavam gestação em curso 33 doentes com Hemoglobinopatias (21 “de novo”). Foram encontrados 4 doentes com Síndromes Falciformes sendo 2 identificados “de novo”. As formas minor de Hemoglobinopatias encontradas foram: 20 β-tal minor, 8 Hb S, 6 provável α-tal minor, 5 α-tal minor, 2 Hb Lepore, 1 provável Hb E, 1 provável Hb D, 1 provável persistência hereditária Hb F. Foram identificados 2 casais em risco de formas graves de Hemoglobinopatias com gestação em curso. Um efectuou diagnóstico pré-natal e o outro estudo molecular dos genes globínicos que excluiu esse risco. Foi identificado um recém-nascido com Doença Falciforme de um casal de risco que não efectuou diagnóstico pré-natal. CONCLUSÃO O programa de rastreio de Hemoglobinopatias implementado nesta Instituição tem sido útil na identificação e orientação de um número significativo de doentes portadores de Hemoglobinopatias quer sejam de origem portuguesa quer sejam provenientes de comunidades imigrantes. Verifica-se no entanto uma maior proporção de portadores de hemoglobinopatias identificados “de novo” na população imigrante. Os resultados obtidos com este programa de rastreio alertam para a necessidade de manter todos os especialistas sensibilizados para este problema clínico dada a crescente procura da população imigrante a esta Instituição. 146 14 NOV. 2008 POSTERS SALA POSTERS 17:30 – 19:00 PO-02 MARCADORES DE INFLAMAÇÃO EM DOENTES COM ESFEROCITOSE HEREDITÁRIA S. Rocha1, P. Rocha-Pereira2; E. Bayer Castro1; E. Cleto3; F. Ferreira4; M. Antunes5; J. Barbot5; A. Quintanilha6; L. Belo1; A. Santos-Silva1 1 Faculdade de Farmácia e Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC), Univ. Porto; 2 Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC), Univ. Porto e Centro de Investigação em Ciências da Saúde (CICS), Univ. Beira Interior; 3Centro Hospitalar do Porto, Hospital Geral Santo António, Serviço de Pediatria, Unidade de Hematologia Pediátrica; 4 Hospital S. João, Serviço de Hematologia Clínica; 5Centro Hospitalar do Porto, Hospital de Crianças Maria Pia, Serviço de Hematologia; 6Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS) e Instituto de Biologia Molecular e Celular (IBMC), Univ. Porto A Esferocitose Hereditária (EH) é a patologia da membrana eritrocitária mais comum na Europa, apresentando um padrão clínico, bioquímico e molecular heterogéneo. Nem o tipo ou o valor da deficiência proteica parecem determinar a gravidade clínica da EH. Nesta patologia, devido à remoção exacerbada de eritrócitos e consequente activação de leucócitos, pode desenvolver-se um estado inflamatório que, por sua vez, pode induzir lesões adicionais nos eritrócitos. Assim, o objectivo deste trabalho foi o de estudar uma possível relação entre inflamação e a gravidade clínica da EH. Estudaram-se 31 doentes com EH e 25 controlos. O grupo de EH incluía apenas doentes não esplenectomisados classificados com EH ligeira (n=19), moderada (n=9) ou grave (n=3) de acordo com normas internacionais [Bolton-Maggs et al. (2004) Br J Haematol]. Foram realizados o hemograma e a contagem de reticulócitos. Foram, também, determinados os níveis plasmáticos de proteína C-reactiva (PCR) (marcador de inflamação - fase aguda), de elastase e de lactoferrina (produtos de activação de 147 neutrófilos). Observámos que a contagem de eritrócitos, a concentração de hemoglobina, o valor do hematócrito e de MCV decresciam com a gravidade da EH e que os seus valores eram inferiores aos controlos de forma estatisticamente significativa; o oposto verificou-se para o MCHC, o RDW e o nº de reticulócitos. Os valores de PCR eram semelhantes para todas as formas de EH e inferiores ao grupo controlo. Verificou-se que o nº de leucócitos totais e de neutrófilos, eosinófilos e basófilos eram significativamente superiores aos controlos e aumentavam com a gravidade da EH. Para a elastase encontraram-se valores superiores nos doentes e para a lactoferrina valores semelhantes ao grupo controlo; a elastase apresentava uma tendência para aumentar com a gravidade da EH, enquanto que o oposto se verificou para a lactoferrina. No entanto, para as razões elastase/neutrófilo e lactoferrina/neutrófilo não se encontraram diferenças, quer em relação ao grupo controlo quer entre formas de EH. Em síntese, os resultados obtidos para o eritrograma e reticulócitos encontram-se de acordo com o esperado para a patologia estudada. No entanto, apesar dos nossos doentes apresentarem um elevado nº de leucócitos, consistente com a gravidade da EH e com os níveis de elastase, este aumento não parece induzir um aumento nas proteínas de fase aguda que possa explicar as diferentes formas clínicas da EH. Os níveis de lactoferrina e a sua variação com a gravidade da EH poderão estar relacionados com um metabolismo do ferro alterado na EH. 148 14 NOV. 2008 POSTERS SALA POSTERS 17:30 – 19:00 PO-03 ANEMIA DE DIAMOND-BLACKFAN – 7 NOVAS MUTAÇÕES NO GENE RPS19 J. Pereira1, A. M. Carrascal2; A. M. Honrubia3; A. M. Villa4; M. L. Ribeiro1 1Unidade de Anemias Congénitas e Hematologia Molecular, Departamento de Hematologia, Centro Hospitalar de Coimbra, EPE; 2Hospital General de Requena, Valência; 3Hospital Materno Infantil, Las Palmas de Gran Canária; 4Hospital Ramon y Cajal, Madrid A anemia de Diamond-Blackfan (ABD) é uma anemia congénita rara, que afecta 4 7/106 de recém-nascidos vivos e é caracterizada pela ausência ou diminuição dos precursores eritróides. A severidade clínica é heterogénea, desde a anemia moderada, que responde aos corticóides, à anemia severa, dependente de transfusões. Pode haver malformações congénitas associadas. A maioria dos casos de ABD é esporádica; em 10-25% familiares há transmissão autossómica dominante ou recessiva. Até ao momento foram descritos 4 genes associados à ABD: RPS19, cromossoma 19q, apresenta mutações em 25% dos doentes; RPS24, cromossoma 10q, e RPS17, cromossoma 15q, com mutações em 2% dos casos e RPL35A, cromossoma 3q, descrito muito recentemente, com mutações em 3% dos casos. Estudos de linkage demonstraram, em algumas famílias, a associação do cromossoma 8p com a ABD. A heterogeneidade génica da ABD não parece ter uma correspondência directa com a variabilidade na severidade fenotípica. Metodologia Fizemos o estudo molecular de 61 indivíduos com diagnóstico clínico de ABD pertencentes a 32 famílias europeias e a 5 australianas. 5 destes pacientes são seguidos no nosso Serviço. Depois da extracção de DNA foram amplificados, por PCR, os seis exões do gene RPS19 incluindo as regiões limítrofes, 667pb da região promotora e 5´ 149 UTR e 200pb da região 3´ UTR. Os fragmentos amplificados foram estudados por SSCP e sequenciação. Todas as mutações foram confirmadas por sequenciação da cadeia complementar e/ou com digestão com endonucleases de restrição num 2º produto de PCR. Resultados Em 11 das 37 famílias estudadas foram encontradas mutações, em heterozigotia, no gene RPS19. Estudos familiares só foram possíveis em 6 das 11 famílias: em 3 a mutação é de novo e nos outros 3 a mesma mutação foi encontrada num dos pais. Nenhuma das 15 famílias portuguesas apresentou mutações no gene RPS19. Dep. Transf. Família Origem N Mutação Malformações 1 NZ 4 IVS2+2 t>a * DS Não Não Esporádica 2 Inglaterra 1 IVS2+3 del 4 DS Sim Não ND 3 Austrália 1 IVSI-460 g>t AS ? Renal/ cardíaca ND 4# Austrália 3 5´UTR (+135) g>a * AS Não Ósseas/cardíacas Familiar 5 Austrália 1 -187 g>a * AS Não ? ND 6# Noruega 6 17G>C * Ala17Pro Não Polegar Familiar 7& Espanha 5 62C>T Arg62Trp ? ? Familiar 8 Espanha 3 160-161insT * fs 54/stop 153 ? ? Esporádica 9 Bélgica 1 304delC * fs 102/stop 110 ? ? ND 10 Bélgica 2 388-389delGA * fs 130/stop 152 ? ? ND 11 Espanha 4 388-389delGA * fs 130/stop152 Sim Não Esporádica *Mutação descrita pela 1ª vez. #Mutação também encontrada no pai. &Mutação também encontrada no pai e na irmã. ND - não determinada. N - número de indivíduos. fs - frameshift; DS - ´´Donor splice site´´. AS - ´´Acceptor slice site´´ Discussão Em 25% das famílias europeias estudadas (11/37), identificámos mutações no gene RPS19, em heterozigotia, o que está de acordo com descrito anteriormente. É surpreendente que não tenhamos encontrado mutações em nenhum dos 15 doentes portugueses com ABD. Está em curso o estudo dos genes RPS17, RPS24 e RPL35A. Não possível realizar estudos de linkage porque, aparentemente, todos os casos são esporádicos. 150 14 NOV. 2008 POSTERS SALA POSTERS 17:30 – 19:00 PO-04 ANEMIA HEMOLÍTICA CRÓNICA POR DEFICIÊNCIA DE PIRUVATO-CINASE ASSOCIADA A HETEROZIGOTIA PARA HBS (AS) L. Manco1, J. M. Vagace2; L. Relvas3; C. Bento3; U. Rebelo3; M. L. Ribeiro3 1 UHM - Serviço de Hematologia, Centro Hospitalar de Coimbra, Portugal; CIAS/Departamento de Antropologia, Universidade de Coimbra, Portugal; 2Servicio de Hematologia, Hospital Materno Infantil, Badajoz, Espanha; 3UHM - Serviço de Hematologia, Centro Hospitalar de Coimbra, Portugal A deficiência em piruvato-cinase (PK; EC 2.7.1.40), enzima que catalisa a conversão de PEP a piruvato na via glicolítica, é a causa mais comum de anemia hemolítica crónica não esferocítica. A transmissão é autossómica recessiva e as manifestações clínicas variam desde anemia ligeira compensada, a hemólise severa dependente de transfusões. A heterozigotia para a variante de hemoglobina (Hb) S (AS) é assintomática; a homozigotia (SS) está associada à Drepanocitose, que cursa com anemia hemolítica crónica moderada a severa e fenómenos vasooclusivos que provocam dores intensas e lesões multiorgânicas. Está descrito um caso clínico de deficiência em PK associado a HbAS com fenótipo clínico de Drepanocitose (Cohen-Solal et al, 1998). Caso clínico: Menina de origem Espanhola, com anemia hemolítica crónica. Teve icterícia neonatal com necessidade de exsanguino-transfusão. Em 2006 teve quadro de icterícia obstrutiva e aplasia medular no contexto de infecção por parvovirus B19. Actualmente com de 11 anos de idade, tem desenvolvimento normal, icterícia e urina escura, sem esplenomegalia. Não tem outros sinais ou sintomas relevantes, nomeadamente, episódios dolorosos. Os pais não são aparentados e são saudáveis, tal como o irmão com 15 anos. Dados laboratoriais: Hb 10g/dL; VGM 94fL; HGM 31pg; CHGM 33,5g/dL; RDW 15,7%; reticulócitos 8,25%; bilirrubina total 8,6 mg/dl; LDH 824 U/L; esfregaço de sangue periférico com poiquilocitose ligeira com algumas células em lágrima. Estudo Hbs (HPLC): HbF 3,7%; HbA2 3%; HbS 32%. Enviada ao CHC em Outubro de 2007 para 151 esclarecimento de anemia hemolítica. Estudo do gene HBB (PCR e RFLP): heterozigotia para a mutação 20A>T (Glu6Val). Doseamento de PK, segundo recomendações do ICSH: actividade reduzida (23% do normal). Estudo do gene PKLR (PCR, SSCP, RFLP e sequenciação automática): heterozigotia composta para as mutações 1456C>T (Arg486Trp), comum no sul da Europa, e 1178A>G (Asn393Ser). A mãe é portadora de HbS e heterozigótica PKLR 1456C>T e o pai é heterozigótico PKLR 1178A>G. O irmão é portador de HbS. Discussão Menina de 11 anos de idade, caucasiana, portadora de HbS, com quadro de anemia hemolítica crónica congénita por défice de PK, devida a heterozigotia composta para as substituições de aminoácidos PKLR Arg486Trp/Asn393Ser. Esta doente não apresenta um quadro clínico de Drepanocitose, ao contrário do que foi descrito num doente Guineense com deficiência em PK, heterozigotia AS e a variante Hb Conakry (gene α2). 152 14 NOV. 2008 POSTERS SALA POSTERS 17:30 – 19:00 PO-05 EXPLORANDO O EFEITO ANTI-ANGIOGÉNICO DA TALIDOMIDA M Abecasis1, L Novais2 1 Instituto Portugues Oncologia , Lisboa; 2Instituto do Coração O diagnóstico de anemia ferropénica por perdas sanguíneas pelo tubo digestivo é frequente associando-se a diversas patologias. Quando os exames endoscópicos realizados não revelam patologia significativa, nos doentes com mais de 50 anos a presença de angiodisplasias intestinais é das causas mais frequentes, só documentável através de vídeo-endoscopia. Um doente de 59 anos foi estudado por anemia ferropénica desde há 4 anos apesar de tratamento com ferro oral. A história clínica não revelou dados significativos, e os exames endoscópicos mostraram pequena hérnia do hiato e diverticulos no cólon. Tinha necessitado de suporte transfusional eritrocitário por hemoglobina < 6g/dL, coincidindo com 2 episódios de internamento hospitalar por precordialgia. Fez videoendoscopia do delgado que revelou numerosas angiodisplasias no duodeno distal e no jejuno. Foi submetido a tratamento de fotocoagulação com Árgon laser através de enteroscopia de duplo balão em 2 ocasiões. Estes tratamentos, foram seguidos de melhorias transitórias a que se seguiu o recomeço das necessidades transfusionais. Pela ocorrência de episódios de hemorragias graves que interferiam com a actividade profissional e a qualidade de vida, foi proposto para tratamento com talidomida às Comissões de Ética e Farmácia e Terapêutica, face às referências na literatura (1-3). Após ter iniciado talidomida, na dose de 100 mg/d verificou-se uma melhoria rápida, com valores de Hb entre os 12-14g/dL. O tratamento foi bem tolerado, apenas a referir obstipação controlável, e suspenso ao fim de 4 meses dada a estabilização dos valores de hemoglobina. Cerca de 3 meses depois ocorreu novo episódio de anemia importante tendo retomado talidomida na dose anterior com excelente resposta. 153 É conhecido que a talidomida tem efeitos anti-inflamatórios através da supressão ou modulação de citocinas como o TNF-α e a IL-12, imunomoduladores e antiangiogénicos sendo estes provavelmente os mais relevantes no tratamento das angiodisplasias. O efeito antiangiogénico é mediado pela supressão da produção de VEGF (vascular endothelial growth factor) que se encontra muito aumentada na mucosa intestinal dos doentes com angiodisplasias, sendo ainda de admitir que a inibição do factor de transcrição NF-κB induza a apoptose das células endoteliais angiodisplásicas. As situações de angiodisplasia intestinal resultam com frequência da presença de numerosas lesões distribuídas sobretudo ao longo do intestino delgado e são de difícil tratamento dado que a sua extensão dificulta ou impossibilita o tratamento local com fotocoagulação por laser. A talidomida e, eventualmente a lenalidomida, surgem assim como uma alternativa eficaz de tratamento em doentes não controlados com outras medidas. 154 14 NOV. 2008 POSTERS SALA POSTERS 17:30 – 19:00 PO-06 TALASSEMIA COM HB A2 NORMAL ASSOCIADA A GRANDES DELEÇÕES NOS CLUSTERS DOS GENES GLOBÍNICOS Celeste Bento1, Umbelina Rebelo1; Luis Relvas1; Elsa Rocha2; Gonçalo Cevadinha1; Maria Leticia Ribeiro1 1 Departamento de Hematologia, CHC, EPE; 2Serviço de Pediatria, Hospital Distrital de Faro As Talassemias são, na grande maioria dos casos, devidas a mutações pontuais nos genes globínicos beta ou a deleções que englobam os genes alfa. As grandes deleções nos clusters destes genes são raras e a sua identificação não é possível pelas técnicas clássicas. A aplicação da metodologia MLPA (´´Multiple Ligation-dependent Probe Amplification´´) veio permitir a elucidação de casos atípicos de Talassemia. Apresentamos quatro casos clínicos de Talassemia. Caso 1 - Menina de 4 anos de idade com Doença da HbH: anemia hipocrómica e microcítica desde o nascimento, desenvolvimento normal, esplenomegalia, reticulócitos 3 %; inclusões de HbH; HbA2 1,6 %; HbF 1,1 %. Pai com parâmetros hematológicos normais, mãe com hipocromia e microcitose ligeira por heterozigotia para a deleção a3.7. Caso 2 - Recém-nascido com anemia hemolítica grave, dependente de transfusões a partir do primeiro mês de vida. Sem variantes de Hb. Mãe com anemia hipocrómica e microcítica, HbA2 2,5%; HbF 0,3%. Pai com parâmetros hematológicos normais. Caso 3 - Menina de 3 anos com anemia hipocrómica e microcítica detectada aos 4 meses de vida (Hb 10,7g/dL, MCV 58 fL; MCH 20pg). HbA2 e HbF normais. Pai com com anemia hipocrómica e microcítica, HbA2 2,9%; Hb F 0,8%. Mãe com parâmetros normais. 155 Caso 4 - Rapaz de 15 anos com anemia, hipocromia e microcitose (Hb 10,5g/dL, MCV 68 fL; MCH 21pg). Mãe e irmão com parâmetros hematológicos semelhantes. Quantificação de HbA2 3,4% e HbF de 13%. Não apresentava as deleções alfa e deltabeta mais comuns. Metodologia Quantificação de Hbs e identificação de variantes por HPLC. Sequênciação dos genes alfa e beta globínicos. GAP-PCR para pesquisa das deleções alfa mais frequentes. MLPA com o kit MRC-Holland. Resultados Caso 1: heterozigotia composta para a deleção -α3.7 e uma grande deleção englobando todo o cluster alfa globínico. Casos 2 e 3: heterozigotia para deleção de todo o cluster beta globínico, desde o LCR até à região 3´ do gene beta. Caso 4: heterozigotia para deleção do cluster b globínico, que incluí os genes gA, d e b. Conclusões A metodologia de MLPA veio permitir a identificação de grandes deleções nos clusters alfa e beta dos genes globínicos, que nos casos apresentados foi fundamental para elucidação do diagnóstico. A ocorrência de grandes deleções no cluster beta, com valores de HbA2 e HbF normais, alerta para a importância desta metodologia também no aconselhamento genético de casais em risco que não apresentam mutações alfa ou beta pelas técnicas clássicas. 156 14 NOV. 2008 POSTERS SALA POSTERS 17:30 – 19:00 PO-07 ESTOMATOCITOSE HEREDITÁRIA ASSOCIADA A UMA NOVA MUTAÇÃO NA BANDA 3 G. Caetano1, H. Almeida1; A. Estevinho1; A. Pereira1; C. Bento1; M.L. Ribeiro1 1 Departamento de Hematologia, Centro Hospitalar de Coimbra, EPE INTRODUÇÃO Estomatocitose Hereditária (EstH) é uma doença rara, de transmissão autossómica dominante, caracterizada por alterações na permeabilidade da membrana do glóbulo vermelho (GV) para os catiões monovalentes Na+ e K+. Há vários subtipos definidos pelo grau de permeabilidade ao Na+ e K+ em correlação com a temperatura. Excepto na pseudohipercaliémia, todos os subtipos apresentam estomatócitos no esfregaço de sangue periférico (ESP). O teste de diagnóstico mais fiável é por ektacitometria (de difícil acesso). A Criohidrocitose, caracterizada por aumento da permeabilidade a baixas temperaturas, tem sido associada a mutações no gene SLC4A1, que codifica a proteína transmembranar Banda 3. Cursa com hemólise de severidade variável, em geral com macrocitose e concentração de hemoglobina (Hb) globular média (CHGM) aumentada. OBJECTIVO Apresentação de caso clínico de EstH, associado a uma nova mutação no gene da Banda 3 (SLC4A1). CASO CLÍNICO Jovem do sexo feminino, 32 anos, com macrocitose sem resposta ao Ácido Fólico, Vitamina B12 ou Piridoxina. Hábitos alcoólicos marcados ao fim-de-semana. Nacionalidade brasileira, pai africano, mãe italiana, 5 irmãos saudáveis. Anictérica, sem hepato ou esplenomegália. Hb 11,4-12,8 g/dL, VGM 106-115 fL, HGM 36,2-40,1 pg, CHGM 34,1-36,0 g/dL, Reticulócitos 1,5-2,4%; ESP com macrócitos e estomatócitos. Teste de antiglobulina directo negativo. BrbT 5,4 μmol/L (N <22), DHL 184 U/L (N 114157 286), funções renal e hepática normais. Ferritina 155 ng/mL. Medulograma (na apresentação) com discreta displasia mielóide. RESULTADOS Estudo de Hbs: HbA2 2,0%, HbF 6,8% (5-8%), perfil AFA2. Pesquisa de Hemoglobinúria Paroxística Nocturna, Anemia de Fanconi, Anemia Sideroblástica e dos défices enzimáticos mais frequentes foi negativa. Sequenciação dos genes alfa (a1 e a2) e beta normais. Electroforese das proteínas de membrana do GV (SDS Page) sem alterações, sem redução de estomatina. No estudo molecular do gene SLC4 A1 foi identificada a mutação missense CD 501 (G→A). CONCLUSÃO Jovem que se apresentou com anemia macrocítica, Hb F elevada e discreta displasia mielóide. Após redução da ingestão de álcool, manteve macrócitos e estomatócitos no ESP. Foram excluídas as causas mais prováveis de macrocitose, o estudo de Hbs sugere uma Persistência Hereditária de Hemoglobina Fetal (aguarda confirmação do polimorfismo Xmn). Porque a morfologia do sangue periférico sugeria EstH, e não dispondo de tecnologia para fazer testes específicos, foi estudado o gene SLC4 A1 onde foi identificada uma mutação missense CD 501 (G→A) (Val-Met), não descrita na literatura, e que se localiza na região que codifica o quarto segmento intramembranar da proteína Banda 3 (AE1). 158 14 NOV. 2008 POSTERS SALA POSTERS 17:30 – 19:00 PO-08 ANEMIA FERRIPRIVA COMO PRIMEIRA MANIFESTAÇÃO DE GASTRITE AUTOIMUNE Natalina Miguel1, Marika Bini-Antunes2; Rosa Lima2; Fernando Pereira2; Laura Carvalho1; José Barbot2 1 CHTM/AD; 2Hospital Maria Pia A gastrite atrófica auto-imune (GAAI) foi durante muitos anos considerada uma doença que ocorre em grupos etários idosos, sendo a anemia perniciosa a única manifestação hematológica associada. Gerações de médicos foram formados no conceito de que a GAAI não é uma patologia a considerar no diagnóstico diferencial de anemia em grupos etários pediátricos. Estudos publicados em 2001 e 2005 (Anníbale B et al e Chaim Hershko et al.), vieram alterar de forma radical esta convicção. Estes autores provaram, que a GAAI pode ocorrer dezenas de anos antes da instalação de uma anemia perniciosa. A destruição das células parietais da mucosa gástrica conduz a uma hipocloridria com consequente défice de absorção de ferro susceptível de se manifestar anos antes do défice de vitamina B12. È assim que a GAAI se tornou uma patologia de despiste obrigatório em qualquer criança /adolescente com anemia ferripriva de etiologia não esclarecida e resistente a terapêutica com ferro oral. Os autores apresentam os casos de 1 menina com 6 anos e duas adolescentes com 17 anos com anemia ferripriva refractárias ao ferro oral. A prova de absorção de ferro oral foi insatisfatória nos 3 casos. As duas adolescentes foram objecto de avaliação/ intervenção terapêutica ginecológica que permitiu a exclusão de meno-metrorragias enquanto factor etiológico. O rastreio de doença celíaca foi negativo nas três situações. 159 O rastreio de infecção por Helicobacter pylori revelou positividade apenas num caso tendo realizado terapêutica de erradicação. As três situações clínicas foram revistas à luz deste novo conceito o que permitiu o diagnóstico de GAAI nos 3 doentes (positividade anticorpos anti-célula parietal, hipergastrinemia e biopsia gástrica revelando gastrite do corpo e fundo). O tempo decorrido entre o diagnóstico de défice de ferro e o esclarecimento etiológico foi de 5 meses na doente com 6 anos e, respectivamente, de 15 e 41 meses nas duas adolescentes. A anemia ferripriva constituiu a única apresentação da doença. Em nenhuma das situações foi encontrada evidência de patologia do foro auto-imune de carácter mais generalizado. Os autores discutem a importância do despiste de patologia interferindo na absorção de ferro em situações particulares de anemia ferripriva sobretudo antes do recurso à terapêutica com ferro e.v, cuja previsível boa resposta pode adiar indefinidamente o diagnóstico. Abordam ainda a eficácia do Sulfato de Glicina Ferroso, como terapêutica alternativa ao ferro endovenoso bem como o seguimento futuro destes doentes cujo quadro hematológico pode com o tempo evoluir para anemia perniciosa. 160 14 NOV. 2008 POSTERS SALA POSTERS 17:30 – 19:00 PO-09 NEUTROPENIA FEBRIL E TICLOPIDINA – DA INFREQUÊNCIA DA ASSOCIAÇÃO À SEVERIDADE DAS MANIFESTÇÕES CLÍNICAS M.J. Lobão1, S.C. Pereira, A.G. Almeida, R. Santos Silva, O. Miranda, F.Ferraz Sousa, A. Pereira1 1 Hospital Distrital da Figueira da Foz – E.P.E, Serviço de Medicina Interna A ticlopidina, antiagregante plaquetar de utilização frequente na profilaxia de complicações tromboembólicas, pode estar na origem de efeitos secundários hematológicos severos, com um espectro de apresentação variado (neutropenia, trombocitopenia, agranulocitose púrpura trombocitopénica trombótica, pancitopenia), cursando, muitas vezes, com complicações infecciosas e/ou hemorrágicas graves. Neste contexto, apresentam-se dois casos clínicos. O primeiro refere-se a uma mulher de 68 anos de idade, com antecedentes de trombose venosa profunda, que após um período de 6 meses de hipocoagulação iniciou terapêutica com ticlopidina. Dois meses após a introdução deste antiagregante, o hemograma de rotina efectuado revelou leuconeutropenia grave (0,03x109/L, sem neutrófilos) e a doente inicia, concomitantemente, febre (39ºC) e toracalgia esquerda. O estudo radiológico revelou uma pneumonia da base esquerda. Efectuou medulograma no decurso do internamento que mostrou uma agranulocitose grave, verificando-se, em termos fenotípicos, alterações nas linhas granulócito/neutrófilo e eritróide. Foi submetida a antibioterapia empírica de largo espectro e factores de crescimento, tendo tido alta ao 23º dia de internamento, com o hemograma normalizado. Não houve isolamento de nenhum agente infeccioso. O segundo caso clínico refere-se a um homem de 65 anos de idade, cronicamente medicado com amitriptilina, perfenazina, ciamemazina e losartan, que recorre ao 161 serviço de urgência por febre alta (39,4ºC) e vómitos com 2 dias de evolução. Da sua história clínica salientava-se o início de terapêutica com amiodarona e ticlopidina, há 6 semanas, por fibrilhação auricular. O estudo analítico efectuado revelou pancitopenia (0,89x109/L GB, sem neutrófilos; plaquetas 81x109/L, hemoglobina 12,4 g/dL) e PCR aumentada (89,3 mg/L). O Rx do Tórax evidenciava um infiltrado intersticial à direita e as hemoculturas foram positivas para St. Aureus. O estudo da medula e a biopsia óssea revelaram aplasia medular. O doente teve alta ao 25º dia de internamento, mantendo trombocitopenia (100x109/L), após terapêutica transfusional (eritrócitos e plaquetas), factores de crescimento, antibioterapia de largo espectro e terapêutica anti-fúngica. Nestes dois casos, a investigação etiológica efectuada permitiu estabelecer como causa provável das alterações hematológicas severas a toxicidade farmacológica pela ticlopidina. Embora os efeitos laterais hematológicos deste fármaco sejam raros quando comparados com os efeitos gastrointestinais ou cutâneos, os relatos encontrados na literatura alertam-nos para a sua gravidade potencial, justificando a ponderação do risco/benefício da sua utilização, bem como a necessidade de vigilância hematológica durante o tratamento. 162 14 NOV. 2008 POSTERS SALA POSTERS 17:30 – 19:00 PO-10 ANTICORPOS ANTI-PROTROMBINA – A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO G Caetano1, D Marques1; C Carvalho2; T Fidalgo1; R Salvado1; N Martins1; ML Ribeiro1 1 Dep Hematologia , Centro Hospitalar de Coimbra, EPE; 2Hospital Santo André - Leiria Os auto-anticorpos dirigidos contra a Protrombina (FII) associam-se a hemorragia súbita, severa ou fatal. Surgem, normalmente, em contexto de doenças auto-imunes, infecções ou ingestão de fármacos. Os anticorpos são heterogéneos e podem dirigir-se apenas contra a protrombina ou para o complexo fosfatidilserina/protrombina. Actuam por mecanismo ´´não neutralizante´´, por aumento da clearance dos complexos anticorpo-factor, ou ´´neutralizante´´, por proteólise do factor ou formação do complexo Protrombina/anticorpo/Antitrombina. Diagnosticam-se por um teste de anticoagulante lúpico positivo, Tempo de Protrombina (TP), Tempo Tromboplastina Parcial (TTP) prolongados, e níveis de FII baixos; pesquisa de inibidor positiva (teste de mistura) e pela identificação do anticorpo anti-protrombina. Nas crianças, a maioria dos casos surgem após infecção vírica, são transitórios e de resolução espontânea. Objectivo Apresentar uma paciente com um quadro hemorrágico em consequência de um anticorpo anti-protrombina, o seu tratamento e evolução. Caso clínico Menina de 7 anos, previamente saudável, sem história hemorrágica. Enviada em 15.3.2008, por hemorragia gengival activa após extracção dentária. Antecedentes de gastroenterite aguda. 163 Dados Laboratoriais Hb 9,0g/dL, Plaquetas 420x109/L, ANA positivo com padrão mosqueado (as outras investigações apresentam-se na Tabela I) Tabela I TP TTP Tmist AL (s) (s) (s) ratio FII FV FVII FX FVIII* FIX FXI FXII (%) (%) (%) (%) (%) (%) (%) (%) 15-3-08 28 111 Pos Pos (++) <1 70 78 64 85 21-4-08 13 63 Pos Pos (+) 95 153 120 91 120 93 101 123 32 32 44 Tmist- teste de mistura; *metodologia substratos cromogénicos. Os níveis baixos dos factores IX, XI e XII devem-se à interferência dos anticorpos antifosfolípido. Tratamento e Evolução Inicialmente tentou-se induzir hemostase local com Spongostan® e Ácido εaminocapróico (EACA) sem resultado. Posteriormente administrou-se PFC, EACA i.v de 8/8h, e realizaram-se procedimentos hemostáticos locais nos períodos de hemorragia activa. Apresentou melhoria progressiva sem hemorragias desde o 7º dia e após um mês os níveis de FII normalizaram. Conclusões Os anticorpos anti-protrombina embora muito raros devem ser investigados em pacientes com níveis de FII muito baixos, sem história hemorrágica prévia. Neste caso, o quadro hemorrágico associou-se a uma gastroenterite e o anticorpo regrediu espontaneamente, como descrito na maioria dos casos. O diagnóstico precoce evita medidas iatrogénicas desnecessárias. 164 14 NOV. 2008 POSTERS SALA POSTERS 17:30 – 19:00 PO-11 GATA-1 AUMENTA EXPRESSÃO DE PIGM E NORMALIZA O NÍVEL DE GPI NOS ERITRÓCITOS NA DEFICIÊNCIA HEREDITÁRIA DA ÂNCORA GPI: UM MODELO PARA REGULAÇÃO TRANSCRICIONAL ESPECÍFICA DE TECIDO DE GENES HOUSEKEEPING Joana R Costa1, Madalena Nolasco1; António Almeida2 1 Departamento de Hematologia, CIPM, IPOFG LIsboa; 2Departamento de Hematologia, IPOFG Lisboa A deficiência hereditária da âncora glicosilfosfatidilinositol (GPI) é caracterizada por trombose, epilepsia e ausência de hemólise clínica. A doença deve-se a uma mutação c>g na posição -270 que impede a ligação do factor de transcrição Sp1 ao promotor do gene codificante da manosiltransferase PIGM. Nestes doentes, o grau de expressão de GPI varia consoante a linhagem hematopoiética; por exemplo, enquanto que nos eritrócitos a expressão de GPI é aproximadamente normal, contribuindo para a ausência de hemólise intravascular, nos granulócitos esta é severamente deficiente, sugerindo regulação transcricional especificamente eritróide do gene PIGM. Assim, colocou-se a hipótese de que o factor de transcrição GATA-1, expresso nos precursores de eritrócitos e megacariócitos, seja um regulador crítico da transcrição de PIGM e possa ultrapassar o bloqueio transcricional imposto pela mutação no local de ligação do Sp1. Na análise bioinformática do promotor de PIGM foram identificados 3 possíveis locais de ligação de GATA-1, entre -0.6 e -2kb. A nível funcional, verificou-se que a actividade do promotor 2kb PIGM, transfectado em linhas celulares que expressam GATA-1 endógeno (e.g. K562), é significativamente maior do que nas células que não expressam GATA-1 (linhas celulares epiteliais (HeLa), mielóides (HL60) e linfóides). 165 Verificou-se ainda que houve um aumento da actividade promotora quando o plasmídeo reporter que continha 2kb da região promotora do gene PIGM com um plasmídeo de expressão GATA-1. Esta foi praticamente anulada quando se utilizou o plasmídeo 0.6Kb PIGM (sem locais GATA-1). De forma a avaliar a actividade transcricional dos 3 locais de ligação GATA-1 identificados, foram utilizados plasmídeos 2kb PIGM wt ou c>g com cada um dos locais GATA-1 alterados, quer individualmente quer em conjunto, por mutagénese dirigida. Nestes ensaios, observou-se que o local mais proximal é o local mais activo e que o efeito de GATA-1 é menos notório na presença da mutação causadora da doença. Recorrendo a ensaios de shift (EMSA), em que se utilizam oligos apropriados, extractos nucleares de K562 (linha celular eritróide) e anticorpo anti-GATA-1, demonstrou-se in vitro que o factor de transcrição se liga nas sequências identificadas. Nos ensaios de imunoprecipitação de cromatina (ChIP), em que os extractos nucleares de K562 são imunoprecipitados com anti GATA-1, verificou-se que este se liga ao promotor de PIGM no cromossoma. No geral, os nossos resultados demosntram que o factor de transcrição GATA-1 está envolvido na transcrição adequada de PIGM, e consequentemente na biossíntese de GPI e expressão de CD59 nas células eritróides das crianças afectadas. 166 14 NOV. 2008 POSTERS SALA POSTERS 17:30 – 19:00 PO-12 LINFOCITOSE EM HEMOGRAMAS DE ROTINA AT Simões1, R Barreira1; SA Santos1; A Marques1; P Gonsalves1; R Salvado1; M Duarte1; ML Ribeiro1 1 Centro Hospitalar de Coimbra, EPE, Departamento de Hematologia Introdução Dados epidemiológicos recentes indicam aumento da incidência de doenças linfoproliferativas (DLP) em adultos, em especial Leucemia Linfocítica Crónica (LLC) e Linfoma não-Hodgkin (LnH), o que pode estar relacionado com o aumento da esperança média de vida. As linfocitoses (linfócitos> 4x109/L), detectadas frequentemente nos hemogramas de ´´rotina´´, em adultos, podem ser consequência de uma proliferação policlonal (linfocitose reactiva) ou monoclonal, geralmente de linfócitos B (doença linfoproliferativa B, DLP-B). Técnicas simples que permitam distinguir estas duas entidades são de grande utilidade na rotina laboratorial. Objectivos Avaliar a prevalência de linfocitose nos utentes da consulta de Cirurgia Ocular Implanto-Refractiva (COIR) do CHC; Caracterizar o tipo de linfocitose - reactiva ou monoclonal. Material e Métodos Entre 2006 e 2008 estudámos 1662 amostras de sangue periférico de utentes da COIR (excluídas crianças e doentes com patologia hematológica). Em todas as amostras analisámos o scattergram ALL vs. Fluorescência de DNA (FL3 DNA). Em 73 amostras com linfocitose observámos esfregaços de sangue periférico (ESP) e classificámos os linfócitos em 2 categorias: 1) DLP - linfócitos pequenos, cromatina madura grumosa, sem nucléolo, citoplasma escasso, onde se inclui LLC-B ou linfócitos muito pequenos, com cleft e citoplasma escasso, como no LnH; 2) Reactivos - linfócitos de 167 características morfológicas bizarras, atípicos e heterogéneos, sugestivos de infecções virusais. Caracterizámos os linfócitos TCD4/CD8 em 27/73 amostras (Immuno T-Cell Assay). 5/27 amostras foram estudadas por Citometria de Fluxo. Resultados Idade média dos utentes da consulta=72,5 anos (26-91 anos); ratio M/F 1:1,4; Prevalência de linfocitose: 10% (116/1662); ratio M/F 1:1,7. Morfologia linfocitária: 63% (46/73) sugeria linfocitose reactiva; nas restantes amostras (n=27) era duvidosa ou sugeria DLP. Este grupo caracterizou-se com Immuno T-Cell Assay: em 81% (22/27) havia aumento dos TCD8 (linfocitose reactiva), nas 5 restantes identificaram-se 4 LLC-B e 1 LnH. As LLC-B eram as únicas amostras positivas no scattergram ALL. Conclusões A média de idade dos utentes desta consulta (72,5 anos) poderá justificar a elevada percentagem de linfocitose (10%), salientando-se um maior número de mulheres. Foram diagnosticados 5 doentes com DLP, não identificados previamente. A observação morfológica permitiu seleccionar as amostras para os estudos com anticorpos monoclonais (27/73): importante economia de tempo e recursos. No entanto, 22/27 amostras cuja observação morfológica era duvidosa ou sugeria DLP eram linfocitoses reactivas. O scattegram dos analisadores, em particular FL3-DNA, foi o melhor discriminante. Na nossa experiência, a observação do ESP e do scattergram são de extrema utilidade para seleccionar as amostras que devem ser estudadas por anticorpos monoclonais. 168 14 NOV. 2008 POSTERS SALA POSTERS 17:30 – 19:00 Comentadores: Drª Isabel Castro - Hospital de S. João Drª Isabel Sousa - Hospitais da Universidade de Coimbra PO-13 EXPERIÊNCIA NACIONAL DO USO DE LENALIDOMIDA EM SÍNDROMES MIELODISPLÁSICOS COM DELECÇÃO DO BRAÇO CURTO DO CROMOSSOMA 5 António Almeida1, Maria João Costa2; Alexandra Mota3; Rita Duarte4; Alice Reichert5; João Lacerda2; Conceição Lopes2; M Guadalupe Salta1; Manuel Abecasis1; Isabel Sousa6 1IPOFG Lisboa; 2Hospital Santa Maria, Lisboa; 3Serviço de Hematologia Clínica, Laboratório de Citogenética, Hospital de Santo António; 4Hospital São João, Porto; 5Centro Hospitalar Ocidental de Lisboa; 6Hospitais Universitários de Coimbra A delecção do braço curto do cromossoma 5 (5q-) é a alteração citogenética mais frequente nos síndromes mielodisplásicos (SMD). A Lenalidomida inibe o clone 5q-, permitindo obter resposta hematológica duradoura ou mesmo remissão citogenética. Como iniciativa do Grupo Português de Mielodisplasias, foram recolhidos dados anonimizados dos doentes tratados com Lenalidomida em cinco centros do país por meio de um questionário electrónico. Os 16 doentes apresentados, 14 (87%) mulheres, tinham uma média de idade de 68.75 anos. Da série, 12 doentes (75%) foram classificados como síndrome 5q-, 2 (12,5%) AREB-II, 1 (6,2%) AREB-I e 1 (6,2%) ARSA. Um doente tinha SMD secundário. Quanto ao IPSS, apenas 1 doente (6,2%) apresentava doença de risco alto (IPSS 2). A delecção do 5q foi detectada em todos os doentes, isoladamente em 12 (75%), com uma alteração adicional em 2 (12,5%) a associada a um cariotipo complexo em 2 (12,5%). 169 Todos apresentavam dependência transfusional de eritrocitos antes de iniciar a terapêutica. Doze (75%) doentes iniciaram terapêutica com uma dose diária de 10mg e os restantes com 5mg. Foi necessária redução de dose em 8 casos (50%). Em média, foram completados 4.6 ciclos. Três doentes (18,7%) interromperam a terapêutica após o primeiro ciclo por toxicidade cutânea major. Dos restantes 13, três (23%) obtiveram remissão citogenética, cinco (38%) resposta hematológica completa e cinco (38%) progrediram para leucemia aguda. Destes últimos, dois (12,5%) faleceram. O tempo de seguimento médio desta série foi de 2,8 anos. Nos doentes que toleraram a terapêutica (13/16), verificou-se uma resposta global de 61% (8/13). Nenhum dos doentes que progrediu tinha síndrome 5q-: 3 eram AREB, um era SMD secundário e um era ARSA. Na nossa série os resultados são promissores embora com taxa de resposta ligeiramente inferior à relatada na literatura. Este facto pode dever-se à inclusão de doentes de risco mais elevado, como aqueles com AREB ou SMD secundário. Consideramos portanto que a selecção adequada dos casos a ser tratados poderá melhorar significativamente a relação custo-benefício desta terapêutica. 170 14 NOV. 2008 POSTERS SALA POSTERS 17:30 – 19:00 PO-14 EXPERIÊNCIA NACIONAL DO USO DE AZACITIDINA EM SÍNDROMES MIELODISPLÁSICOS EM 2007-2008 Grupo Português de Mielodisplasias1 1 IPOFG Lisboa, HSM Lisboa, CHLO Lisboa, HGO Almada, HSJ Porto, HST Viseu Os Síndromes Mielodisplásicos (SMD) constituem um grupo heterogéneo de doenças caracterizadas por citopénias e tendência para transformação em LMA. Ocorrem predominantemente em doentes idosos, limitando as hipóteses terapêuticas. A Azacitidina (AZA) é um agente hipometilante que em ensaios clínicos recentes demonstrou aumentar a sobrevivência de doentes com SMD de alto risco comparativamente às terapêuticas convencionais. Como iniciativa do Grupo Português de Mielodisplasias (GPM), foi enviado um questionário electrónico a todos os centros do país que tratam SMD, tendo sido recolhidos dados anonimizados dos doentes tratados com AZA no último ano em seis destes centros. Os 29 doentes tratados entre Agosto de 2007 e Agosto de 2008, 70% homens, tinham uma média de idade de 68.5 anos. Iniciaram este tratamento, em média, 1,18 anos após diagnóstico. Esta série incluia 10 doentes com LMA secundária SMD, 10 com AREB-II, 6 com AREB-I, 2 com CRMD e um com LMMC. Cerca de metade (58%) dos doentes foram tratados com ciclos mensais de 500mg/m2 em fracções de 100mg diárias. Os restantes receberam 75mg/m2 x7 dias (14%) ou 100mg/m2 x5 dias (31%). No total completaram uma média de 3.89 ciclos. 171 Na avaliação obteve-se uma resposta global de 61% com 10% de respostas parciais e 52% de doença estável. Houve progressão da doença em 38% dos casos. A terapêutica foi globalmente bem tolerada sendo a toxicidade mais significativa a mielosupressão. Houve necessidade de interromper terapêutica em 14% dos doentes, 3 casos por sepsis e um por toxicidade cutânea. A Azacitidina é actualmente a única opção terapêutica para além da transplantação que aumenta a sobrevivência em doentes com SMD de alto risco. Os resultados obtidos pelo GPM apresentados nesta série, bem como aqueles já relatados em 2007, justificam a realização de um estudo propectivo de âmbito nacional. 172 14 NOV. 2008 POSTERS SALA POSTERS 17:30 – 19:00 PO-15 AVALIAÇÃO DO TRATAMENTO COM DASATINIB EM DOENTES COM LEUCEMIA MIELÓIDE CRÓNICA (LMC) T. Melo1, I. Castro1; F. Príncipe1; A. Carneiro1; M. J. Silva1; C. Granato1; F. Trigo1; F. Ferreira1; F. Torres2; J. Guimarães1 1 Serviço de Hematologia, Hospital de S. João, EPE; 2Centro de Genética Clínica do Porto Introdução O Imatinib, inibidor da tirosina cínase (TKI) de 1ª linha é o tratamento de escolha na LMC de novo. Apesar da comprovada eficácia desta droga, há casos de intolerância e resistência, fundamentalmente como resultado do aparecimento de subclones leucémicos com mutações do BCR-ABL resistentes ao Imatinib. O Dasatinib, um dos TKI de 2ª linha é um inibidor potente do BCR-ABL, sendo uma opção terapêutica nos casos de resistência ou intolerância ao imatinib. Objectivo Avaliação retrospectiva da resposta ao Dasatinib em doentes com LMC resistentes ou intolerantes ao Imatinib desde Março de 2007 a Agosto de 2008. Material e métodos Neste estudo incluíram-se 13 doentes com LMC, (7H e 6M) com uma idade (mediana) ao diagnóstico de 56 anos (27-75). A duração (mediana) da LMC foi de 6,9 anos (1-19,3 anos). Os tratamentos mais utilizados foram o Imatinib (100%) e o IFN-alfa (62%). Os motivos que levaram à alteração terapêutica foram: resistência ao Imatinib (n=10) e intolerância (n=3 por rash ou edemas/insuficiência cardíaca congestiva ou mialgias). Usaram-se como definição de resistência os critérios da European Leukemia Network: recaída hematológica-fase blástica mielóide (3/10), recaída citogenética (4/10) ou 173 mutações no gene bcr-abl (7/10). Por sequenciação da cínase do abl foram detectadas as seguintes mutações: H396R, D276G, M351T e E450K, F486S, A397V e G383G, G250E e D276G. A dose de Dasatinib foi inicialmente 140mg/dia e 100 mg/dia a partir da indicação do fabricante, tendo três previamente escalonado a dose de Imatinib para 600mg/dia e quatro outros feito tratamento de ´´janela´´ até disponibilidade do Dasatinib. A duração (mediana) do tratamento foi 7 meses (1-16 meses). Dez doentes foram avaliados: RH(n=10), RCyP(n=2), RCyC(n=5) e RMolM(3/5)(três não avaliados por follow-up insuficiente). Os efeitos laterais mais frequentes foram: retenção de fluídos (33%, 3 doentes com edemas e 2 com derrame pleural), hematológicos grau 3-4 (pancitopenia em 25%), gastro-intestinais (25%), cefaleias (16%) e astenia (7,7%). Durante o follow-up faleceram quatro doentes (em três deles a morte foi relacionada com a LMC); actualmente estão dois em programa de transplante de medula óssea (TMO). Conclusão Os TKI modificaram o prognóstico dos doentes com LMC. Os nossos resultados preliminares estão coincidentes com os dados sobre a eficácia do tratamento com TKI de 2ª linha nos casos de resistência ou intolerância ao Imatinib, com perfil de toxicidade aceitável e podem funcionar como tratamento de ´´janela´´ até TMO. O número limitado de casos não permite conclusão sobre a cinética das mutações. 174 14 NOV. 2008 POSTERS SALA POSTERS 17:30 – 19:00 PO-16 UTILIDADE DA CITOMETRIA DE FLUXO NO ESTUDO EM SANGUE PERIFÉRICO DE ALTERAÇÕES DA LINHAGEM ERITRÓIDE EM SÍNDROMAS MIELODISPLÁSICAS. RESULTADOS PRELIMINARES. A Monteiro1, A Macedo2; P Amantegui1; J Martinez1; MC Faria1; A Orfão3 1 Centro Hospitalar Cova da Beira; 2Universidade da Beira Interior; 3Universidade de Salamanca O diagnóstico das Síndromes Mielodisplásicas (SMD) é essencialmente morfológico. Ao longo das últimas décadas têm-se vindo a associar outras metodologias na tentativa de esclarecer ou melhorar o diagnóstico precoce destes doentes, nomeadamente, algumas aportações da Citometria de Fluxo (CMF), no sentido de entender a patogénese das displasias hematológicas. A realização de mielograma é indispensável para o diagnóstico e classificação das SMD e não dispomos de um sistema de rastreio acessível a nível de sangue periférico (SP). Sendo a displasia eritroide a característica chave para o diagnóstico e a base da classificação da OMS, propusemo-nos investigar a possível utilidade das características fenotípicas e de dispersão de luz (FSC/SSC) por CMF dos eritrócitos maduros no rastreio diagnóstico das SMD de baixo grau. Foram estudadas amostras de SP de dezasseis adultos com o diagnóstico ´´de novo´´ de SMD de baixo grau e dezasseis dadores saudáveis. Em todos foi descartada a existência de outra patologia eritrocitária. Para o processamento dos sangues utilizou-se uma técnica de imunofluorescência directa e indirecta, de marcação sem lise, com onze anticorpos monoclonais frente a antigénios de membrana eritrocitária de expressão de grupos sanguíneos, Glicoforinas, receptor da Transferrina e proteínas inibidoras de hemólise. Procedeu-se a uma 175 incubação com DRAQ5 para identificação de reticulócitos. As células foram adquiridas num citómetro de fluxo FACSCalibur (Becton/Dickinson) a baixa velocidade, com os parâmetros de FSC e SSC em escala logarítmica e a calibração habitual para as fluorescências. A análise dos dados foi efectuada no programa informático Infinicyt (Cytognos SL). Para o tratamento estatístico foram utilizados o T de Student e o U de Mann-Whitney, considerando-se significativo p<0,05 (SPSS). As imagens obtidas num gráfico de FSC/SSC permitiram a identificação de alterações nas características de dispersão de luz dos doentes em relação aos controlos e, ainda, a obtenção de cinco grupos de eritrócitos com características anormais e distribuição relativa diferente para as SMD. Foram detectadas alterações fenotípicas tanto nos reticulócitos como nas subpopulações de eritrócitos mencionadas. A diminuição de expressão de CD236R, CD240DCE e Glicoforina A foram os fenótipos aberrantes com significado estatístico. Em conclusão, estes resultados sugerem que a aplicação da Citometria de Fluxo pode ajudar no diagnóstico precoce das SMD de baixo grau, mediante a identificação de fenótipos aberrantes e de alterações nas características de dispersão de luz de glóbulos vermelhos maduros em amostras de SP. 176 14 NOV. 2008 POSTERS SALA POSTERS 17:30 – 19:00 PO-17 SÍNDROME MIELOPROLIFERATIVO PH(-) DO CHTMAD Dina Carvalho1, Margarida Inácio2; Marisol Guerra2; Victor Paz1; Manuel Cunha2 1 CHTMAD- Unidade de Chaves; 2CHTMAD - Unidade de Vila Real Introdução Os síndromes mieloproliferativos Philadelfia negativo (Ph(-)) constituem um grupo de doenças hemato-oncológicas com elevada prevalência na consulta de doenças hematológicas, e que aumentam significativamente o risco de tromboses. A recente identificação das mutações no gene JAK2 relançaram o interesse neste grupo de patologias. Objectivo Caracterização dos doentes com síndrome mieloproliferativo Ph(-) no Centro Hospitalar de Trás os Montes e Alto Douro - CHTMAD. Material e Métodos Revemos os dados de 130 doentes que frequentam a consulta de doenças hematológicas do CHTMAD e vivos em Agosto de 2008. Resultados Identificaram-se 70 homens e 60 mulheres com mediana de idade 70,3 (extremos 2291). 40 policitemias veras (PV), 56 trombocitemias essenciais (TE), 8 mielofibroses (MMM) e 22 não classificáveis. O tempo de seguimento médio, é de 62,5 meses. Há um total de 77 estudados por PCR para a mutação JAK2 sendo 56 positivos (sendo 1 casos homozigótico) e 21 negativos. Dos 56 JAK2(+) identificam-se 16 PV em 16, 24 TE em 44, 4 MMM em 5 estudados. 72 doentes fazem anti-agregação plaquetária e 93 177 hidroxiureia. Há 37 doentes que não fazem hidroxiureia a maioria distinguem-se 15 TE sem critérios ou mielofibrose. Conclusões Também neste Centro Hospitalar a prevalência de síndrome mieloproliferativo na consulta de doenças hematológicas é elevado, justificando também a organização de uma consulta própria multidisciplinar. A percentagem de doentes JAK2(+) é sobreponível à referida na literatura. A maioria dos doentes com policitemia vera e com trombocitemia essencial faz como indicado hidroxiureira e anti-agregação plaquetária. 178 14 NOV. 2008 POSTERS SALA POSTERS 17:30 – 19:00 PO-18 TERAPÊUTICA COM INIBIDORES DA TIROSINACINASE DE SEGUNDA GERAÇÃO EM DOENTES COM LEUCEMIA MIELÓIDE CRÓNICA – EXPERIÊNCIA DE UM CENTRO HOSPITALAR L. Guerra1, B. Gómez1; P. Santos-Sousa1; C. Lopes1; C. Martins1; J. Raposo1; F. Lourenço1; J. Alves do Carmo1; J. Perdigão2; S. Santos2; S. Matos2; J. J. Gomes d’Oliveira1 1 Serviço de Hematologia e Transplante de Medula Óssea, Hospital de Santa Maria Centro Hospitalar Lisboa Norte, Lisboa, Portugal; 2GenoMed-Diagnósticos de Medicina Molecular, Instituto de Medicina Molecular, Faculdade de Medicina, Universidade de Lisboa Introdução O Imatinib revolucionou a terapêutica da leucemia mielóide crónica (LMC) com melhoria na sobrevivência em todas as fases da doença, sendo actualmente a droga de eleição para o tratamento em primeira linha destes doentes, com obtenção de resposta citogenética completa em mais de 80%. No entanto, cerca de 10% desenvolvem resistência ou intolerância, requerendo outras formas terapêuticas. Os inibidores tirosinacinase (ITK) segunda geração (Dasatinib, Nilotinib) são altamente eficazes e oferecem novas opções terapêuticas para estes doentes. Objectivos Avaliar eficácia e tolerância ao Dasatinib e Nilotinib em doentes com LMC resistentes/intolerantes ao Imatinib. Material e métodos Foram avaliados 8 doentes, 6 mulheres / 2 homens, mediana idade 47 anos (39-40), 5 resistentes ao Imatinib e 3 intolerantes, dos quais 2 recaídas pós-transplante de progenitores hematopoiéticos de medula óssea (TMO). Mediana de duração de LMC até 179 iniciar Dasatinib 49,5 meses (17-142). Mediana de tempo de terapêutica com Imatinib 42 meses (14-60), sendo a melhor resposta: 1 resposta hematológica completa (RHC), 4 respostas citogenéticas parciais (RCP), 2 respostas citogenéticas completas (RCC), 1 resposta molecular completa (RMC). Ao iniciar ITK segunda geração: 7 doentes em fase crónica (índice de Sokal: baixo 2, intermédio 4, alto 1), 1 fase acelerada. Mediana follow-up 14,5 meses (8;26). Terapêutica administrada Dasatinib 100mg ID (fase crónica), 70mg BID (fase acelerada); 2 doentes por falência/toxicidade ao Dasatinib: Nilotinib 400mg BID. Avaliou-se resposta hematológica, citogenética, molecular, tempo até progressão e sobrevivência global. Antes de iniciar terapêutica, pesquisaram-se mutações do gene BCR-ABL, tendo sido identificado: E255K (1 doente), L384M (1 doente), Y253H (1 doente). Resultados Nos doentes tratados com Dasatinib - mediana de duração do tratamento 14,5 meses (7-26) - a melhor resposta obtida foi: RHC 1 (3 meses), RCP 2 (5 e 8 meses), RCC 2 (6 e 9 meses), RMM 1 (12 meses); 2 doentes mantiveram a resposta obtida com Imatinib (1 RHC, 1 RMM). Apenas 1 doente apresentou progressão da doença aos 7 meses de terapêutica. 6/8 continuaram terapêutica com Dasatinib. Em 1 doente a mutação E255K deixou de ser detectável. Em 2 doentes, por toxicidade grau IV (derrame pleural) e progressão, modificou-se a terapêutica para Nilotinib - duração do tratamento 2 meses. Obteve-se 1 RH (doente em progressão sob Dasatinib) e 1 manutenção de RMM. Todos os doentes estão vivos e sob terapêutica. Conclusões Os resultados confirmam que Dasatinib induz significativas e mantidas respostas pósfalência ao Imatinib, traduzindo-se numa melhoria de sobrevivência e tempo livre de progressão, com toxicidade aceitável. 180 14 NOV. 2008 POSTERS SALA POSTERS 17:30 – 19:00 PO-19 IDENTIFICAÇÃO DE MUTAÇÕES NO GENE BCR-ABL EM DOENTES POSITIVOS PARA CROMOSSOMA PHILADELPHIA (PH+) S. Matos1, L. Guerra2; B. Gómez2; P. Santos-Sousa2; C. Fonseca1 1 GenoMed-Diagnósticos de Medicina Molecular, Instituto de Medicina Molecular, Faculdade de Medicina, Universidade de Lisboa; 2Serviço de Hematologia e Transplante de Medula Óssea, Hospital de Santa Maria - Centro Hospitalar Lisboa Norte, Lisboa, Portugal Introdução O Imatinib, inibidor da tirosinacinase da oncoproteína BCR-Abl, é hoje considerado como a terapia standard para a Leucemia Mielóide Crónica (LMC), tendo sido também aprovado no tratamento da Leucemia Linfoblástica Aguda BCR-Abl positiva (LLA Ph+). Contudo, apesar da elevada eficácia e segurança da terapêutica, ocorre resistência ao tratamento ou mesmo recaída da doença em alguns doentes, particularmente em doentes em fase acelerada (FA) ou em fase blástica (FB). O principal mecanismo de resistência até agora identificado consiste na presença de mutações pontuais no domínio cinase da proteína de fusão. Encontram-se descritas várias mutações em associação com o fenótipo resistente. Algumas destas conferem resistência completa ao Imatinib, sugerindo terapêuticas alternativas, enquanto que a presença de outras pode ser ultrapassada com aumento de dose. Objectivo Pesquisar mutações no gene BCR-Abl em doentes Ph+ com resposta inadequada ao Imatinib. 181 Materiais e Métodos Foram estudados 12 doentes Ph+, mediana de idade 47,5 anos (21 - 82): 8 LMC fase crónica (FC), 2 FA, 1 FB e 1 LLA com recaída pós-transplante de progenitores hematopoiéticos (TMO). Dos doentes com LMC 10/11 estavam sob terapêutica com Imatinib (FC: 400mg, FA: 600-800mg), doente FB foi estudado ao diagnóstico, doente LLA Ph+ estava sob terapêutica com Imatinib 400mg. Mediana duração terapêutica 32 meses (6 - 60). Procedeu-se à amplificação por RT-PCR da região do gene ABL presente nos transcritos de fusão BCR-ABL seguida de sequenciação directa dos exões 4 a 9 desses transcritos. As sequências obtidas foram comparadas com uma sequência de referência (GeneBank NM_005157.3). Resultados Identificaram-se mutações em 30% dos doentes (4/12). As mutações identificadas durante a terapêutica com Imatinib foram Y253H (doente FC), E255K (doente FC), L384M (doente FA) e T315I (doente LLA Ph+). Os doentes com mutação identificada alteraram terapêutica para inibidores tirosinacinase de 2ª geração (Dasatinib). Três destes doentes foram estudados após alteração da terapêutica. Num verificou-se perda da mutação (E255K), noutro houve aquisição de 2 mutações (V299L e F317L) além da L384M e noutro houve manutenção da mutação (Y253H). Conclusão Foram detectadas mutações em 30% dos doentes estudados e num de 3 destes doentes (33%) foi possível reverter o curso da doença com a alteração da terapêutica após identificação da mutação. Assim, confirma-se que a detecção precoce e caracterização de mutações no gene BCR-Abl é essencial para a optimização da estratégia terapêutica, e que poderá mesmo ajudar a antever uma resposta inadequada ao tratamento ou uma recaída. 182 14 NOV. 2008 POSTERS SALA POSTERS 17:30 – 19:00 PO-20 LEUCEMIA MIELÓIDE CRÓNICA-TRATAMENTO COM IMATINIB EXPERIENCIA DO SERVIÇO DE HEMATOLOGIA CLÍNICA HOSPITAL SANTO ANTÓNIO L. Mendonça1, J. Silva, R. Coutinho, A. Mota, C. Casais, C. Gonçalves, L. Pinho, L. Xavier, J. Coutinho, M. Campos1 1 Hospital Santo António-Porto INTRODUÇÃO A LMC é caracterizada por alteração cromossómica específica, a t(9:22) - (Ph).que resulta na formação de um gene quimérico BCR-ABL responsável pela proliferação celular. O surgimento dos inibidores da TK, resultou num progresso importante no tratamento , ao induzir altas taxas de resposta citoginética e molecular ,com ganhos significativos na sobrevivência e qualidade de vida os doentes. Começamos a utilizar Imatinib em 2002. O protocolo do Serviço contempla a hipótese de, nos doentes de baixo risco, poder utilizar-se alfa-IFN como primeiro tratamento. Nos doentes com idade avançada o tratamento em uso é Hydroxiureia. OBJECTIVO Analisar os resultados da terapêutica com imatinib nos doentes com LMC tratados no nosso Serviço. 183 MATERIAL E METODOS Entre Janeiro de 2002 e Junho de 2008 foram diagnosticados e tratados 26 doentes com LMC Ph + : 15 (58%) do sexo masculino e 11 (42%) do sexo feminino, com idades compreendidas entre 22 e 80 anos (media- 40), distribuídos segundo HASFORD do seguinte modo: 12 doentes (46% ) risco intermédio, 10 (38% ) risco baixo e 4 (15%) alto risco. Dois foram submetidos a alotransplante de progenitores hematopoiéticos, dois fizeram terapêutica com hidroxiureia, seis com IFN (dois por infecção/ VHB e VHC, três por serem mulheres em idade fértil, dezasseis (61%) doentes foram tratados com imatinib. RESULTADOS e CONCLUSÕES Em todos os 16 doentes tratados com imatinib desde o diagnóstico, foi observada RHC aos 3 meses. A avaliação da resposta citogenética aos 6 meses foi efectuada em doze doentes; oito (67%) obtiveram RCC, três RCP e um RCMinor. Um dos doentes com RCP alcançou RCC aos 12 meses e os outros 2 aos 18 meses. Nos restantes quatro doentes a avaliação não foi efectuada: em 1 pelo surgimento de outra neoplasia, e nos outros 3 por ainda não terem sido atingidos os 6 meses de tratamento. A resposta molecular foi avaliada em 10 doentes, dois alcançaram resposta molecular completa (RMol.C) aos 12 meses, três aos 18 meses, e em cinco esta foi documentada aos 2 anos. Dos seis doentes tratados com IFN, três mudaram para imatinib por: intolerância (síndrome depressivo) e ausência de resposta em 2 doentes; um deles com a mutação P438, iniciou posteriormente tratamento com dasatinib. Os resultados confirmam a eficácia do tratamento sendo, considerando número de respostas citogenética e molecular, contudo nem sempre foi possível aplicar com rigor as recomendações do European Leukemia Net para a LMC. 184 14 NOV. 2008 POSTERS SALA POSTERS 17:30 – 19:00 PO-21 POTENCIAL TERAPÊUTICO DOS ANTIOXIDANTES NA SÍNDROME MIELODISPLÁSICA AC Gonçalves1, V. Alves2; T. Silva3; AB Sarmento-Ribeiro4 1 Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC), Centro de Investigação em Meio Ambiente, Gnética e Oncobiologia (CIMAGO); 2FMUC, Instituto de Imunologia; 3FMUC, Instituto de Anatomia Patologica; 4FMUC, Instituto de Bioquímica e CIMAGO A terapêutica nutricional baseada na utilização de substâncias antioxidantes pode ampliar o leque de compostos terapêuticos em oncologia e permitir novas abordagens no tratamento do cancro. A Síndrome Mielodisplásica (SMD) é um grupo heterogéneo de distúrbios clonais das células estaminais hematopoiéticas caracterizados por hematopoiese ineficaz, displasia de múltiplas linhagens, citopenias periféricas e susceptibilidade para transformação leucémica. O stress oxidativo e a disfunção mitocondrial são mecanismos possíveis na etiopatogenia da SMD. Assim, o uso de antioxidantes poderá ser útil na abordagem terapêutica e/ou preventiva da SMD. Com este trabalho pretende-se avaliar o papel de alguns nutrientes, nomeadamente das vitamina A, C e E, do polifenol do chá verde, EGCG, e do selénio, no tratamento de doentes com SMD, como coadjuvantes da terapêutica convencional ou como novas opções terapêuticas. Para o efeito, as células F36P, obtida de um doente com AREB, foram mantidas em cultura na ausência e na presença de vitamina C (AA e DHA), alfa-tocoferol, EGCG, beta-caroteno, licopeno e selénio (selenometionina e selenite de sódio) em diferentes concentrações e por diferentes períodos de tempo. O efeito destes compostos na viabilidade celular foi avaliado pela teste do azul de tripano, e pela actividade 185 metabólica celular utilizando o método Alamar Blue. A eficácia dos compostos testados foi avaliada pela determinação do IC50. O tipo de morte celular foi avaliado por análise morfológica e por citometria de fluxo (anexina V e iodeto de propídeo). A função mitocondrial foi avaliada por citometria de fluxo, através da análise do potencial de membrana recorrendo à sonda fluorescente JC1, da produção de ROS utilizando as sondas fluorescentes DCFH-DA e DHE e dos níveis de GSH utilizando o Alaranjado de Mercúrio. Os resultados sugerem que a EGCG, o alfa-tocoferol, a vitamina C e o selénio exercem um efeito citostático e citotóxico, induzindo apoptose de forma dependente da dose e do tempo de incubação, enquanto que o beta-caroteno e o licopeno, não se mostraram eficazes nas condições testadas. No entanto, enquanto que a citotoxicidade da vitamina C e do selénio poderá ser mediada pela indução de stress oxidativo, a da EGCG poderá ser mediada por outros mecanismos, nomeadamente pela sua acção hipometilante. Este estudo sugere que os componentes nutricionais poderão ser utilizados como coadjuvantes ou constituir uma nova abordagem terapêutica na SMD. 186 14 NOV. 2008 POSTERS SALA POSTERS 17:30 – 19:00 PO-22 RESULTADO CITOGENÉTICO NUM GRUPO DE DOENTES COM MIELODISPLASIA NO CHTMAD R. Pinto Leite1, M. Souto1; M. Inácio2; M. Guerra2; M. Cunha2; E. Ribeiro1 1 Centro Hospitalar Trás-os-Montes e Alto Douro, Serviço de Genética; 2Centro Hospitalar Trás-os-Montes e Alto Douro, Serviço de Hematologia Os síndromes mielodisplásicos (MDS) são um grupo heterogéneo de doenças que envolvem as células estaminais hematopoiéticas. Geralmente, os MDS são idiopáticos e ocorrem principalmente em indivíduos com mais de 60 anos de idade, tendo uma incidência anual de 4 / 100 000. A análise citogenética da medula óssea deve ser realizada sempre que possível, uma vez que alterações no cariótipo têm implicações no prognóstico e na estratégia terapêutica. Aproximadamente, 40 a 70% dos pacientes com MDS apresentam anomalias cromossómicas, sendo as mais comuns a del (5q), -5, del (7q), -7, + 8, del (11q), del (12p), del (13q), del (17p), del (20q), +21. Os autores apresentam os resultados citogenéticos de casos com MDS referenciados ao Serviço de Genética entre Janeiro de 2006 e Setembro de 2008. Foram estudados 25 amostras de medula óssea de doentes com MDS. Utilizaram-se dois tipos de cultura (directa e 17h com colcemide) Todo o procedimento técnico até à obtenção de metáfases foi realizado de acordo com os protocolos existentes no laboratório. Aplicaram-se bandas GTL e em alguns casos, a técnica FISH (Fluorescent in situ hybridization) com sondas de pintura cromossómica. A análise e classificação dos cromossomas seguiram as normas internacionais. 187 Dos 25 casos estudados, 12 eram do sexo feminino e 13 do sexo masculino, com idades compreendidas entre os 51 e 87 anos. Obtiveram-se metáfases em todos os casos analisados. Em 40% dos casos foram detectadas anomalias cromossómicas, sendo as mais frequentes a monossomia do cromossoma 7 e trissomia do cromossoma 8. Observaram-se cariótipos complexos em 3% dos casos. Apesar do pequeno número de casos estudados os resultados obtidos estão de acordo com os descritos na literatura. 188 14 NOV. 2008 POSTERS SALA POSTERS 17:30 – 19:00 PO-23 MODULAÇÃO EPIGENÉTICA NA SINDROME MIELODISPLÁSICAHIPOMETILANTES SINTÉTICOS VS NATURAIS AC Gonçalves1, E Cortesão2; V. Alves3; T Silva4; M Dourado5; AB Sarmento-Ribeiro6 1 Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra (FMUC), Centro de Investigação em Meio Ambiente, Genética e Oncobiologia (CIMAGO); 2HUC, Serviço de Hematologia Clínica/CIMAGO; 3FMUC, Instituto de Imunologia; 4FMUC, Instituto de Anatomopatologia; 5FMUC, CIMAGO; 6FMUC, Instituto de Bioquímica e CIMAGO Naturally occurring substances that are derived from diet provides a new insight in cancer therapy. Although there are several studies supporting the preventive potential of the main polyphenol compound in green tea, epigallocatechin-3-gallate (EGCG), against cancer, a proper understanding of the mechanisms and the therapeutic efficacy of EGCG in Myelodysplastic Syndrome (MDS) could be most useful. The pathogenesis of MDS and its frequent progression to acute leukaemia involve a multistep process related with multiple genetic and epigenetic pathways. DNA methylation and histone modifications has a profound effect on the epigenetic regulation of gene expression patterns and can thus become an important factor in MDS development, diagnosis, prognosis and treatment. Most of the antitumour agents used in chemotherapy are aimed to induce malignant cell death in order to eradicate the tumour, but the lack of specificity for tumour cells exhibited by these agents causes undesirable side effects that have led to the investigation of new therapeutic strategies designed to specifically target malignant cells. Besides hypomethylant agents have been developed and some are already approaved for MDS treatment, others are in preclinical studies or in clinical trials. Some nonnucleoside compounds can inhibit DNA methyltransferase activity and therefore do 189 not appear to have the inherent toxicity caused by the covalent trapping of the enzyme. One nonnucleoside DNA methyltransferase inhibitor is EGCG. This compound affects various biologic pathways and inhibits DNA methyltransferase activity. Although there are several studies supporting the preventive potential of EGCG against solid cancers, the potential therapeutic of EGCG in MDS is not studied. The aim of this work is focus on the potential therapeutic use of green tea polyphenols especially EGCG in MDS, as single agent or in combination with other epigenetic modulators, mamely the hypomethylant decitabine and the histone desacetilase inhibitor tricostatin A. To attempt this purpose we use a well-established MDS cell line, the F 36-P cells and incubated them in absence and presence of increasing concentrations of EGCG and/or trichostatin A and/or Decitabine, simultaneously or sequentially added during 24 to 96 h. Cell growth and viability was evaluated using Trypan blue exclusion or Alamar blue assay and the efficacy of the drugs determined by the IC50 using a dose response curves based on cell viability. Cell death analysis was performed by morphological studies and by flow cytometry, using annexin-V/propidium iodine incorporation. The effect of EGCG and other epigenetic modulators on methylation-silenced gene was performed using the Methylation Specific PCR (MS-PCR). Our preliminary results show that EGCG induces a moderate cytotoxic and antiproliferative effect in monotherapy. However an additive and synergistic cytotoxic effect was observed in the combination of EGCG and DAC with TSA, respectively. These results are in agreement with the demethylation of the p16 promoter observed in MSPCR analysis. The confirmation of our results may support the use of green tea polyphenols in MDS treatment, namely as coadjuvant of other epigenetic modulators. This work is supported by Center Of Investigation in Environment Genetics and Oncobiology (CIMAGO) and Clinical Hematology of University Hospital of Coimbra (HUC). 190 14 NOV. 2008 POSTERS SALA POSTERS 17:30 – 19:00 Comentadores: Drª Aida Botelho Sousa - Hospital dos Capuchos Dr. Mário Mariz - IPO – Porto PO-24 NUCLEOFOSMINA (NPM1) EM DOENTES COM LEUCEMIA MIELOIDE AGUDA (LMA): NOVO MÉTODO DE PESQUISA RÁPIDO E EFICAZ A. Lourenço1, S. Costa Santos1; P. Ribeiro1 1 Serviço de Hematologia, H. Capuchos, CHLC O actual sistema de classificação das LMA baseia-se na citogenética, que constitui o factor prognóstico mais relevante. No entanto os doentes com cariotipo normal (CN) que representam mais de 50% dos casos de LMA de novo, constituem um grupo heterogéneo que é fundamental sub classificar do ponto de vista prognóstico. A anomalia molecular mais frequente nas LMA com CN é a mutação NPM1, de significado prognóstico favorável, com 40 variantes descritas até hoje, sendo a mutação A a mais frequente. Está presente em 25-35% das LAM do adulto e em 45-64% das LAM com CN. A metodologia habitualmente usada para a sua detecção é tecnicamente complexa e muito dispendiosa. Apresentamos uma nova técnica de pesquisa da mutação NPM1. A medula óssea foi submetida a um gradiente de densidade Ficoll clássico e procedeu-se à extracção de RNA (TRIzol-invitrogene) e à síntese clássica de cDNA. Efectuou-se RTPCR utilizando uma reacção tipo ARMS (Amplification refractory mutation system) com sondas ´´degeneradas´´ por nós desenhadas. Esta reacção seguiu os princípios ´´mismatch´´. Nas primeiras 30 medulas analisadas a incidência da mutação NPM1 foi de 30%. A pesquisa pela metodologia clássica (Falini et al 2005) noutro laboratório teve resultados idênticos, validando esta nova técnica. O método aqui proposto usando um passo único de amplificação permite a identificação rápida dos casos positivos. O facto de não discriminar o subtipo específico da mutação é irrelevante no estado actual da 191 arte. Esta metodologia célere e menos dispendiosa permite melhorar a caracterização molecular das LMA de CN. 192 14 NOV. 2008 POSTERS SALA POSTERS 17:30 – 19:00 PO-25 SÍNDROME DE LEUCOENCEFALOPATIA POSTERIOR REVERSÍVEL EM ADULTOS SOB QUIMIOTERAPIA PARA LEUCEMIA LINFOBLÁSTICA M. Ferreira1, I. Pousa1; S. Sousa1; A. Martins2; I. Moreira2; L. Viterbo2; J. M. Mariz2 1 Instituto Português de Oncologia do Porto Francisco Gentil – EPE, Serviço Oncologia Médica; 2Instituto Português de Oncologia do Porto Francisco Gentil – EPE, Serviço Onco-Hematologia O síndrome de leucoencefalopatia posterior reversível (SLPR) é uma entidade clinicoradiológica rara, previamente relatada no contexto de encefalopatia hipertensiva, eclâmpsia, insuficiência renal e agentes imunossupressores; mas em crescente identificação nos pacientes oncológicos associada a agentes citotóxicos/ imunossupressores. Este síndrome caracteriza-se por início agudo/sub-agudo de cefaleias, náuseas, vómitos, alteração do estado mental, convulsões e distúrbios visuais, em associação a edema da substância branca cerebral posterior. Na maioria dos casos, o SLPR é reversível com o tratamento da hipertensão arterial concorrente e a remoção do agente causal; contudo o atraso no diagnóstico e na suspensão do agente etiológico pode resultar em disfunção permanente do sistema nervoso central ou morte. Apesar da atenção aumentada do SLPR como complicação do tratamento na pediatria oncológica, os relatos no adulto no contexto da onco-hematologia são ainda raros. Os autores descrevem três casos de jovens adultos (duas mulheres e um homem) com leucemias linfoblásticas (uma fenótipo T e as outras fenótipo B), que desenvolveram SLPR durante a quimioterapia citotóxica. Todos os doentes apresentaram hipertensão arterial, dois desenvolveram crises convulsivas e todos revelaram lesões características e reversíveis na ressonância magnética cerebral. Com a terapêutica anti-hipertensora e anti-epiléptica e a interrupção da quimioterapia, todos os doentes recuperaram clinicamente, com controlo tensional e sem recidiva das crises convulsivas. 193 Dos vários agentes implicados no SLPR, a vincristina terá sido o agente causador mais provável deste síndrome, tratando-se do agente citotóxico comum administrado nos três casos descritos antes do início dos sintomas. Nenhum dos doentes apresentou eventos posteriores compatíveis com o SLPR, após a continuação do tratamento sem a administração da vincristina. Salienta-se que todos os doentes se encontravam sob itraconazol profilático, e estando relatado que este pode agravar a neurotoxicidade associada à vincristina, consideramos que o mesmo pode também acontecer no SLPR; devendo-se ter uma atenção especial nos doentes a fazer estes dois fármacos. 194 14 NOV. 2008 POSTERS SALA POSTERS 17:30 – 19:00 PO-26 COMPLICAÇÕES MAIS FREQUENTES ASSOCIADAS À TERAPÊUTICA COM HIPERC-VAD – EXPERIÊNCIA DE UM CENTRO HOSPITALAR Maria João Costa1, Pedro Santos-Sousa1; L. Guerra1; B. Gómez1; G. Esteves1; J. Fajardo1; J. Raposo1; J. J. Gomes d’Oliveira1 1 Serviço de Hematologia e Transplante de Medula Óssea, Hospital de Santa Maria Centro Hospitalar Lisboa Norte, Lisboa, Portugal Introdução Desde Novembro de 2004 que se adoptou na nossa instituição o protocolo HiperC-VAD no tratamento de doentes com leucemia linfoblástica do adulto/linfoma linfoblástico (LLAa). Objectivo Descrever as principais complicações associadas ao tratamento com HiperC-VAD em doente com LLAa. Material e métodos Foram incluídos os doentes com LLAa tratados entre Novembro de 2004 e Setembro de 2008 (n=21); 15 homens / 6 mulheres; mediana de idade 36 anos (18-58). LLAL3/L.Burkitt 19% (4/21), LLA-T 29% (6/21), LLAB 38% (8/21), LLAPhiladelphia+ 14% (3/21). Realizaram-se 124 ciclos de quimioterapia (64 ímpares, 60 pares). Taxa de sobrevivência 52% (11/21). Mediana do tempo de follow-up 15 meses (4-45 meses) Avaliaram-se intercorrências infecciosas e neurológicas, toxicidade hematológica e taxa de recaída durante tratamento. Resultados Registaram-se 75 intercorrências infecciosas: 36 febres neutropénicas e 4 infecções 195 sem agente isolado, 18 bacteriémias, 8 infecções com agente isolado e 9 sépsis ao longo dos 124 ciclos realizados, 60% das quais (45/75) em ciclos pares. A taxa de sucesso no isolamento do agente foi de 46,7% (35/75), com isolamento simultâneo de 2 germens em 7 casos. Os agentes patogénicos mais frequentemente isolados foram: bactérias Gram-negativas - E. coli 14, Klebsiella sp 10; Pseudomonas sp 2; bactérias Gram-positivas - Staph. epidermidis 5, Staph. haemolyticus 3, Enteroc. faecalis 3, Staph. aureus 2, Staph. hominis 1. A toxicidade medular traduziu-se em anemia e trombocitopenia com necessidade de suporte transfusional (23 episódios em 6 doentes e 19 episódios em 6 doentes, respectivamente), e neutropénia com uma mediana de duração de 4 dias nos ciclos ímpares (0-19) e 7 dias nos ciclos pares (1-30). As complicações neurológicas mais graves/frequentes foram: infiltração e/ou hemorragia do SNC 9,5%, crise convulsiva/mal epiléptico 9,5% (2/21), parestesias 9,5% (2/21) e polineuropatia sensitivo-motora 4,7% (1/21). A taxa de recaída foi de 47,6% (10/21) - 7 durante o protocolo, 1 após transplantação, 1 durante manutenção com POMP, 1 após interrupção do protocolo (toxicidade). Conclusão O protocolo HiperC-VAD é em geral bem tolerado. A causa de morte na nossa série é a recaída e não a toxicidade, tendo apenas 1 doente interrompido o protocolo por toxicidade neurológica major. Os autores consideram como importante a toxicidade medular associada ao protocolo, que condicionou na maior parte dos casos o internamento por complicações infecciosas ou necessidade de suporte transfusional frequente. Tal como descrito na literatura, os ciclos pares acompanharam-se de maior toxicidade, traduzida em maior incidência de intercorrências. 196 14 NOV. 2008 POSTERS SALA POSTERS 17:30 – 19:00 PO-27 ESTUDO DO PADRÃO DE EXPRESSÃO DOS GENES DA FAMÍLIA DAS SEPTINAS EM DOENTES COM LEUCEMIA AGUDA MIELÓIDE J. Santos1, N. Cerveira1; S. Bizarro1; F. R. Ribeiro1; C. Correia1; L. Torres1; S. Lisboa1; J. Vieira1; J.M. Mariz2; L. Norton3; M.R. Teixeira1 1 Serviço de Genética, Instituto Português de Oncologia, Porto, Portugal; 2Serviço de Onco-Hematologia, Instituto Português de Oncologia, Porto, Portugal; 3Serviço de Pediatria, Instituto Português de Oncologia, Porto, Portugal Introdução A família das Septinas humanas compreende 14 genes dos quais cinco (SEPT2/5/6/9/11) foram identificados como parceiros de fusão do gene MLL em doentes com neoplasia mielóide, sugerindo um papel importante das Septinas no processo neoplásico. Recentemente, o nosso grupo observou sub-expressão dos genes MLL e SEPT2 em casos de LMA com gene de fusão MLL-SEPT2. O objectivo deste estudo foi determinar o padrão de expressão dos genes da família das Septinas humanas em doentes com diferentes subtipos genéticos de LMA. Material e Métodos Foram seleccionadas para o estudo 58 amostras de medula óssea colhidas no diagnóstico de doentes com LMA incluindo 12 casos com rearranjo AML1-ETO, 13 casos com rearranjo CBFB-MYH11, 12 casos com rearranjo PML-RARA, 10 casos com rearranjos do gene MLL e 11 casos com cariótipo normal, admitidos e seguidos no IPOPorto. Como grupo controlo seleccionamos 10 amostras de indivíduos sem evidência de neoplasia. A expressão dos 14 genes da família das Septinas foi estudada por RealTime PCR com primers e sondas específicas. 197 Resultados Verificamos que os genes SEPT1, SEPT4, SEPT5, SEPT9 e SEPT10 encontram-se subexpressos em todos os subgrupos de LMA estudados. O gene SEPT2 encontra-se subexpresso nos subgrupos PML-RARA e doentes com cariótipo normal. O gene SEPT3 encontra-se sub-expresso em todos os subgrupos de LMA excepto nos casos com cariótipo normal ou com rearranjo do gene MLL. O gene SEPT6 encontra-se subexpresso nos subgrupos PML-RARA e nos casos com rearranjo do gene MLL. O gene SEPT7 encontra-se sub-expresso nos subgrupos PML-RARA, AML1-ETO e nos casos com cariótipo normal. Os genes SEPT11, SEPT12 e SEPT13 encontram-se sub-expressos apenas no subgrupo PML-RARA. Observamos ainda sobrexpressão dos genes SEPT6 e SEPT11 no subgrupo CBFB-MYH11. O gene SEPT8 não apresentou alterações de expressão em nenhum dos subgrupos estudados, enquanto que o gene SEPT14 não é expresso em nenhuma das amostras estudadas, incluindo o grupo controlo. Conclusão Este estudo consiste na primeira descrição do padrão de expressão das Septinas humanas em LMA, confirmando a hipótese da existência de alterações dos níveis de expressão das diversas septinas humanas nestes tumores. A sub-expressão generalizada dos genes da família das septinas (com excepção de SEPT8) observada no subgrupo PML-RARA poderá estar relacionada com a função anómala deste gene como inibidor da transcrição de genes alvo. Estudos futuros serão necessários para identificar quais os mecanismos inerentes à sub-expressão observada, tendo em consideração mecanismos de pós-tradução e de silenciamento genético. 198 14 NOV. 2008 POSTERS SALA POSTERS 17:30 – 19:00 PO-28 TRANSLOCAÇÃO T(8;16)(P11;P13)/GENE DE FUSÃO MYST3-CBP EM LEUCEMIA MIELÓIDE AGUDA SECUNDÁRIA A CARCINOMA DA MAMA A.P. Ambrósio1, L. Vieira1; B. Marques1; E. Silva1; R. Almeida1; G. Duarte1; M.C. Trindade2; A. Neves2; A.M. Pereira2; H. Correia1 1 Departamento de Genética, Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, Lisboa; 2 Serviço de Hematologia, Hospital Garcia de Orta, Almada Apresentamos o caso de uma doente do sexo feminino, de 55 anos de idade, que se apresentou com pancitopénia associada a coagulopatia laboratorial, treze meses após diagnóstico de adenocarcinoma ductal invasivo da mama direita. À data do diagnóstico a análise da medula óssea por citometria de fluxo revelou LMA, enquanto que o mielograma foi compatível com leucemia promielocítica aguda (LPA). A biopsia óssea revelou envolvimento por leucemia e células de carcinoma. Realizados estudos moleculares e de hibridação in situ fluorescente (FISH) para a pesquisa do gene de fusão PML-RAR alfa revelaram-se negativos. Em concordância o cariotipo revelou a ausência da translocação t(15;17), associada com LPA, mas mostrou a presença de duas translocações cromossómicas recíprocas t(6;15)(q21;q24) e t(8;16)(p11.1;p13.3) confirmadas por FISH com sondas de pintura cromossómica total. A translocação t(6;15) não está referenciada como uma alteração recorrente em LMA, no entanto a t(8;16) está descrita como ocorrendo em aproximadamente 6% dos casos de LMA dos subtipos M4-M5. Esta translocação origina um gene de fusão MYST3-CBP, mas apenas cerca de duas dezenas de casos foram caracterizados por técnicas moleculares. No presente caso a pesquisa de transcritos de fusão MYST3-CBP por RT-PCR seguido de sequenciação directa dos produtos da PCR confirmaram a presença de transcritos MYST3-CBP do tipo I, na medula óssea. O rearranjo MYST3-CBP foi descrito em alguns casos de leucemia com terapêutica prévia com inibidores da topoisomerase II (eg: 199 epipodofilotoxina, doxorubicina, epirubicina e mixantrona), nomeadamente em doentes com carcinoma da mama, pelo que a identificação deste rearranjo poderá assim estar associado à terapêutica quimioterápica (epirubicina) para carcinoma da mama. A doente foi tratada paliativamente com ácido retinóico all-trans (ATRA), tendo-se obtido reversão da coagulopatia e remissão hematológica e medular ao 169º dia da terapêutica. No entanto, a doente viria a falecer três meses após finalizar a terapêutica com ATRA por progressão do adenocarcinoma. 200 14 NOV. 2008 POSTERS SALA POSTERS 17:30 – 19:00 PO-29 MASSAS CERVICAIS APÓS QUIMIOTERAPIA DE LMA-M3 – 2 CASOS CLÍNICOS G. Caetano1, M. Brito2; M. Benedito1; L. Maricato1; M.L. Ribeiro1 1 Departamento de Hematologia, Centro Hospitalar de Coimbra, EPE; 2Unidade de Hematologia e Oncologia, Hospital Pediátrico de Coimbra INTRODUÇÃO A Leucemia Mieloblástica Aguda (LMA) - M3, caracterizada pela translocação (15;17), tem uma incidência inferior a 10% na criança. O sarcoma granulocítico é uma manifestação pouco comum da LMA (3% a 5%), podendo ser a forma de apresentação, mais frequentemente associada aos subtipos M2, M4 e M5. O envolvimento do osso temporal é raro e pode simular otomastoidite aguda. As neoplasias malignas das glândulas salivares são mais frequentes na parótida. O risco de segunda neoplasia após tratamento de cancro na criança atinge os 12% aos 20 anos, sendo rara nas glândulas salivares, e ainda mais rara após LMA. OBJECTIVO Apresentação de dois casos de massas cervicais após QT de LMA-M3, um correspondendo a recidiva e outro a segunda neoplasia (carcinoma mucoepidermóide). CASOS CLÍNICOS Caso 1 - Rapaz, 8 anos, com LMA-M3 variante, terminou Protocolo APL 2000, com sucesso. Um mês depois, inicia otalgia e edema pré-auricular esquerdos, adenopatias latero-cervicais bilaterais e tumefacção dolorosa dos tecidos moles pré e infraauriculares, com predomínio esquerdo. TAC dos ouvidos - otomastoidite bilateral com maior envolvimento à esquerda. Iniciou antibioterapia, realizando mastoidectomia esquerda simples, aparentemente com boa evolução. 201 Duas semanas depois - agravamento clínico e imagiológico. A RMN sugere infiltração neoplásica envolvendo os ossos temporais (mastóides bilaterais e rochedo esquerdo), com extensão endocraniana extra-dural à esquerda. Biópsias da mastóide e gânglio cervical esquerdos confirmam recidiva, sob a forma de sarcoma granulocítico. Medulograma normal e imunofenotipagem negativa. Inicia protocolo com trióxido de arsénio, com boa resposta. Caso 2 - Rapariga, 12 anos, com LMA-M3, terminou Protocolo APL 2000, com sucesso. Quatro meses depois surge adenopatia submandibular esquerda, de 2 cm, duro-elástica, indolor, em contexto de Otite Média Aguda. A ecografia cervical revelou nódulo hipoecogénico, heterogéneo, lobulado, de 2,5x1,5cm, adjacente ao pólo inferior da parótida esquerda. Fez biópsia e posterior excisão da parótida esquerda. Anatomia patológica - Carcinoma mucoepidermóide de baixo grau. CONCLUSÃO O aparecimento de massas cervicais após tratamento de LMA deve levantar suspeita de recidiva e/ou de segunda neoplasia. O sarcoma granulocítico envolvendo o osso temporal, embora raro, pode ser a primeira manifestação de recidiva de LMA. A apresentação clínica e imagiológica pode simular a otomastoidite aguda. A biópsia permite o diagnóstico da doença. O início precoce de QT agressiva e RT pode levar à regressão completa do tumor. A neoplasia da glândula parótida, embora rara, está descrita como segunda neoplasia. A apresentação clínica pode simular uma recidiva extramedular de LMA. A biópsia ganglionar é essencial ao diagnóstico. 202 14 NOV. 2008 POSTERS SALA POSTERS 17:30 – 19:00 PO-30 INCIDÊNCIA DE LEUCEMIA AGUDA EM PORTUGAL: ANÁLISE DE 1997 A 2006 Herlander Marques1, José Alberto Freitas2; Sofia Andrade3; Inês Moital3 1Hospital São Marcos - Braga; 2Faculdade Medicina do Porto; 3KeyPoint, Consultoria Científica Introdução A Leucemia Aguda é um dos tipos de tumor líquido mais frequente. No entanto, existem poucos dados epidemiológicos relativamente a esta patologia em Portugal, o que dificulta a sua caracterização e optimização de estratégias de diagnóstico e terapêutica. Objectivos Avaliar o número de doentes diagnosticados e tratados por ano, em ambiente hospitalar, a nível Nacional, com base na informação disponibilizada pelos serviços de registos de hospitalização. Métodos O número de casos por hospital, foi determinado com base na lista de internamentos por Leucemia Aguda, como causa principal ou secundária de internamento, (solicitada à Administração Regional de Sistemas de Saúde/IGIF). Foram analisadas as seguintes variáveis, para os anos de 1994 a 2007: hospital; residência; idade; data internamento; classificação do internamento (ICD-9); data morte (se aplicável). A eliminação de potenciais doentes repetidos foi efectuada pelo cruzamento das variáveis nome e data de nascimento. 203 O cálculo da incidência foi efectuado, por NUTs III, para o período 1997 e 2006. Assumindo-se que o período de seguimento de leucemias agudas não é superior a 3 anos. Os doentes foram considerados incidentes à data do 1º internamento. Foram calculadas as projecções de população tendo com referência os dados do INE. Resultados O número total de novos casos de Leucemia Aguda foi variável, apresentando uma tendência decrescente até 1999. Após o ano 2000 a incidência manteve-se constante, variando entre 9 casos por 100.000 habitantes (2000) e 7 casos por 100.000 (2004). Em 2006, o número de casos observado por cada 100.000 habitantes foi de 8. Conclusão Apesar das limitações associadas a este tipo de metodologia, nomeadamente, no que se refere à fonte dos dados recolhidos e, às diferenças de registo durante o período de tempo considerado, a análise permitiu uma 1ª estimativa Nacional do número de novos casos por ano de Leucemia Aguda, de 8 por 100.000 habitantes, o que poderá servir de base a futuros projectos na área em questão. 204 14 NOV. 2008 POSTERS SALA POSTERS 17:30 – 19:00 PO-31 NOVO TRANSCRITO DE FUSÃO PML-RARA NA LEUCEMIA PROMIELOCÍTICA AGUDA ASSOCIADO COM UM PONTO DE QUEBRA NO INTRÃO 4 DO GENE PML E. Silva1, A. P. Ambrósio1; A. Neves2; A. M. Pereira2; L. Vieira1 1 Departamento de Genética, Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, Lisboa; 2 Serviço de Hematologia, Hospital Garcia de Orta, Almada A leucemia promielocítica aguda (LPA) é caracterizada molecularmente pela presença do gene de fusão PML-RARa, que resulta da translocação t(15;17)(q22;q12). Os transcritos de fusão PML-RARa detectados por reverse transcription-polymerase chain reaction (RT-PCR) podem assumir 3 configurações distintas dependendo da localização do ponto de quebra no gene PML. Assim, são designados como forma S (short), L (long), ou V (variable) se a quebra se situar no intrão 3, intrão 6 ou exão 6 do gene PML, respectivamente, resultando na fusão do exão 3, exão 6 ou sequência parcial do exão 6 de PML, com o exão 3 de RARa. Neste trabalho, descrevemos a identificação e caracterização moleculares de um novo tipo de transcrito PML-RARa, identificado num indivíduo do sexo masculino com 63 anos de idade, que se apresentou com um quadro clínico de hematoma retrofaríngeo com obstrução da via aérea. O sangue periférico do doente apresentava leucocitose com 9% de blastos e 28% de promielocitos, o que permitiu estabelecer o diagnóstico de LPA. A pesquisa de transcritos de fusão PMLRARa por RT-PCR no sangue periférico à data do diagnóstico, revelou a presença de transcritos não compatíveis com os tipos S, L ou V. A clonagem dos produtos da PCR seguido da sequenciação directa dos respectivos clones confirmou a existência de 4 transcritos PML-RARa distintos, que apresentavam o exão 4 de PML justaposto ao exão 3 de RARa, com ou sem a inclusão interna de sequências intrónicas de ambos os genes. A amplificação e sequenciação do fragmento de fusão no DNA genómico do cromossoma 15 derivado, confirmou a existência de pontos de quebra no intrão 4 de PML e intrão 2 de RARa. A análise molecular equivalente para o gene de fusão 205 recíproco RARa-PML, no cromossoma 17 derivado, mostrou que foram perdidos 15 nucleótidos do gene PML em resultado da translocação. Apenas 1 dos 4 transcritos de fusão não altera a grelha de leitura do mRNA PML-RARa, sugerindo que terá tido o papel principal no processo leucemogénico. Em concordância, este transcrito foi o único a ser detectado 2 meses após início da terapêutica com o protocolo Pethema, quando o doente foi considerado em remissão completa. Desde então, o doente encontra-se em condição clínica excelente, não se tendo detectado a presença de transcritos PML-RARa até 2 anos após o diagnóstico inicial. 206 14 NOV. 2008 POSTERS SALA POSTERS 17:30 – 19:00 PO-32 HIPER-CVAD NA LEUCEMIA AGUDA LINFOBLÁSTICA DO ADULTO (LAL) P. Silva-Coelho1, I. Carvalhais1; A. Carneiro1; F. Príncipe2; J. E. Guimarães2 1 Hospital de São João, Serviço de Hematologia Clínica; 2Hospital de São João, Serviço de Hematologia Clínica; Faculdade de Medicina do Porto Hiper-CVAD é um regime dose-intensivo modificado para o tratamento da LAL. Pretendeu-se avaliar a eficácia e a segurança deste regime. Foram incluídos nesta análise 35 casos consecutivos de LAL: 10 de recaída (Janeiro de 1999 a Julho de 2005) e 25 casos de novo (Agosto de 2005 a Julho de 2008). Foram excluídos casos de crise blástica linfóide de leucemia mielóide crónica. O tratamento foi levado a cabo segundo os esquemas Hiper-CVAD publicados na literatura. Os casos de LAL Ph+ ou BCR-ABL+ foram tratados segundo o regime Hiper-CVAD + imatinib, de Janeiro de 2006 em diante. A mediana de idades cifrou-se em 31 anos (18-76). Sessenta e quatro por cento dos doentes eram do sexo masculino. Setenta por cento exibiam um Karnofsky de 80 ou superior. Distribuição por fenótipos: 52% B, 41% T e 7% bifenotípicas. Ao diagnóstico, a contagem de leucócitos foi igual ou superior a 30x10^9/l em 34%, 38% apresentavam esplenomegalia, 21% hepatomegalia, 40% adenomegalias, 22% massa mediastínica (estes últimos todos T) e 15% invasão leucémica do SNC. Doze por cento dos casos (21% dos B) eram Ph+ ou BCR-ABL+ (todos com fusão e1a2), 9% apresentavam cariótipos complexos, 9% eram hiperdiplóides, 40% normais e em 30% não foi conseguido número suficiente de metáfases. Dos casos de recaída incluídos, 70% haviam recaído após transplante de células estaminais (TCE) (43% alogénico). Atingiram critérios de remissão completa (RC) 91% (48% após um único ciclo, com uma mediana de tempo até RC de 40 dias; todos os pacientes em recaída atingiram 207 RC); destes, 9,8% recaíram durante a fase intensiva; 3% apresentaram resistência primária. Faleceram durante a fase intensiva 6% (causas infecciosas). Abandonaram o protocolo na fase intensiva 18%: 9% devido a resistência/recaída e 3% cada devido a toxicidade cerebelosa, neoplasia concomitante e enfarte do miocárdio. As complicações mais frequentemente observadas foram as associadas a mielossupressão. Foram referenciados para alo-TCE 15%. Não foi observado qualquer efeito significativo das características pré-tratamento sobre o atingimento de RC. Após uma duração mediana de seguimento de 12 meses (1+ a 84+), a sobrevivência mediana estimou-se em 12 meses, com uma taxa de sobrevivência global (SG) a 4 anos estimada em 53%. A duração mediana estimada de RC atingiu os 9 meses (2-39), com uma taxa de sobrevivência livre de doença (SLD) a 4 anos estimada em 26%. O regime Hiper-CVAD é eficaz e seguro na LAL do adulto quer como terapêutica inicial, quer como terapêutica de salvação. 208 14 NOV. 2008 POSTERS SALA POSTERS 17:30 – 19:00 PO-33 QUANDO PENSAR EM CITOMEGALOVÍRUS (CMV) FORA DOS CONTEXTOS HABITUAIS A. Monteiro1, M. Prata1; J Piedade2; A. Botelho Sousa3 1 H. Capuchos-CHLC; 2H. Santa Cruz-CHLO; 3H. Capuchos Em marcado contraste com a atenção dada ao CMV no contexto de imunosupressão profunda (transplantação incluída) os hematologistas não consideram habitualmente este vírus como causa potencial de morbilidade significativa em imunocompetentes, nem em doentes sob terapêuticas moderadamente imunosupressoras (ex: leucemias linfoblásticas sob tratamento de manutenção) devido à raridade dos casos descritos. Apresentam-se 4 casos que contrariam esta ideia e que sugerem que o CMV deve ser pesquisado num leque de situações mais largo que o actual. a) leucemia linfoblástica aguda em primeira remissão completa, sob quimoterapia de manutenção: 2 doentes com hepatite flutuante (atribuída numa primeira fase a metotrexato/mercaptopurina) havendo simultaneamente num deles infecção respiratória recorrente com infiltrado intersticial pulmonar; em ambos se comprovou serologicamente reactivação de infecção por CMV; b) imunocompetentes: num caso, quadro agudo de púrpura trombocitopénica grave (2,000 plaquetas/ml) acompanhada de leucocitose com linfocitos estimulados; no outro, síndrome febril com um mês de evolução, hepatoesplenomegalia, anemia e linfocitose. Em ambos havia elevação de transaminases 2-4x o normal. Em ambos a serologia (IgM e IgG positivas, com fraca avidez das IgG) foi consistente com infecção aguda por CMV. 209 As infecções clinicamente relevantes por CMV nestes contextos não habituais poderão ser bem mais frequentes do que suposto. A diversidade e a pouca especificidade das manifestações contribuem para atrasar ou impedir o diagnóstico correcto e o eventual tratamento. 210 14 NOV. 2008 POSTERS SALA POSTERS 17:30 – 19:00 PO-34 MIELOMA MÚLTIPLO: CIFOPLASTIA COMO TRATAMENTO DAS FRACTURAS VERTEBRAIS – 2 ANOS DE EXPERIÊNCIA Machado de Carvalho1, R.Ferreira1; Averdelho1; J.Maurício2; Isabel Silva3 1 Serviço Neurocirurgia – IPO Porto; 2S. Oncologia Médica – IPO Porto; 3S. Radioterapia – IPO Porto O envolvimento ósseo do Mieloma Múltiplo varia entre 70-100%. A principal morbilidade na doença é o seu envolvimento no esqueleto, particularmente vertebral. É comum a destruição osteolítica mielomatosa vertebral e com as suas taxas de sobrevida prolongados, tem-se tornado um problema clínico considerável. Tipicamente há um envolvimento difuso da coluna vertebral e da qual resulta em fracturas compressivas dolorosas em múltiplos níveis. A deformidade vertebral torna-se pois, ainda mais importante, quando existe um envolvimento generalizado da coluna vertebral Material e métodos O estudo desenvolvido a apresentar foi retrospectivo, com a recolha de informação em 11 doentes, com número de vértebras tratadas n:16. Os resultados das escalas VAS, ASIA, ECOG, tipos e níveis de fracturas, técnica cirúrgica e complicações, foram analisados. A técnica usada foi a cifoplastia com utilização do sistema de balão e introdução do MMC a baixa pressão. O tempo da avaliação dos resultados do tratamento destes doentes, foi durante o período de Agosto de 2006 a Agosto de 2008. Resultados Na escala de VAS houve uma diminuição significativa e sustentada do quadro de dor, recuperação correspondente da capacidade funcional ECOG; predominância de 211 fracturas na região dorsal alta e coluna lombar; correcção da deformidade da cifose vertebral pouco significativa; fuga de metilmetacrilato intraoperatório-1 caso, sem complicações neurológicas; a percepção subjectiva do doente para o resultado final foi excelente em 7 doentes - Bom: 3 doentes: razoável num 1doente. Conclusão A cifoplastia para o tratamento de fracturas vertebrais tem ganho progressivamente aceitação como uma opção de tratamento seguro e eficaz, confirmado neste estudo para a patologia do Mieloma Múltiplo, associado a uma melhoria rápida do quadro de dor, assim como da capacidade funcional do doente, contribuindo significativamente para a sua melhoria de qualidade de vida. Constatou-se também a toxicidade do MMC para as células tumorais nesta patologia, provavelmente uma substância anticancerosa local. Encontrou-se nesta patologia o maior grau de satisfação à percepção subjectiva do doente, ao resultado final do tratamento, dentro do leque de doentes portadores de fracturas vertebrais patológicas com o mesmo tipo de tratamento. 212 14 NOV. 2008 POSTERS SALA POSTERS 17:30 – 19:00 Comentadores: Dr. Fernando Príncipe - Hospital de S. João Prof. Doutor João Lacerda – Hospital Santa Maria PO-35 VIABILIDADE CELULAR DOS ENXERTOS DE PROGENITORES HEMATOPOIÉTICOS APÓS A SUA DESCONGELAÇÃO PARA AUTOTRANSPLANTE. EXPERIÊNCIA DO IPO-PORTO Sara Ferreira1, Maria Rosales1; Susana Roncon1; Alcina Ávila1; Helena Leal1; Isabel Barbosa1; Sérgio Lopes1; Mª José Bento2; António Campos3; Alzira Carvalhais1 1 Departamento de Imuno-Hemoterapia, IPO-Porto; 2Serviço de Epidemiologia, IPOPorto; 3Serviço de Transplantação de Medula Óssea, IPO-Porto INTRODUÇÃO A reconstituição imuno-hematológica no receptor de um autotransplante de progenitores hematopoiéticos (PH) relaciona-se com o conteúdo celular do enxerto infundido. A determinação da viabilidade celular da fracção mononucleada presente nos enxertos de PH após a sua descongelação é um parâmetro importante na avaliação da qualidade do enxerto a infundir. MATERIAL E MÉTODOS Realizamos um estudo retrospectivo da viabilidade celular dos autotransplantes ocorridos no nosso centro desde Fevereiro-05 até Março-08. A amostra foi obtida após descongelação dos enxertos de PH colhidos no primeiro dia da citaférese. Os enxertos foram congelados num equipamento com controlo informatizado do tempo e temperatura e armazenados em azoto líquido. Utilizou-se uma solução crioprotectora (Albumina 5% e Dimetilsulfóxido 10%) para minimizar o dano celular. A viabilidade foi determinada com recurso ao azul de tripano e relacionada com o doente transplantado (sexo, idade, patologia de base) e com o enxerto (volume, conteúdo celular e tempo de armazenamento). 213 RESULTADOS No período de tempo estudado fizeram autotransplante 58 doentes (37H/21M), idade mediana de 45 anos (18-69), com o diagnóstico de Linfoma não Hodgkin (20), Doença de Hodgkin (18) e Mieloma Múltiplo (20). A viabilidade celular foi 87% (9-99) e o volume 170.8 ml (126.9-284.9). O enxerto continha 495.2x108 leucócitos (19.11178.2), 2232.5x109 plaquetas (268.0-3989.0) e 72.0x106 células CD34+ (8.2-1178.2). O tempo de armazenamento do enxerto foi 2 meses (<1-28). Não se verificou correlação estatísticamente significativa entre a viabilidade e o sexo e idade do doente nem com o volume, número de plaquetas e tempo de armazenamento do enxerto. Nos doentes com Linfoma não Hodgkin, a viabilidade foi superior (p<0,05 / Teste KruskalWallis). A correlação foi negativa entre a viabilidade e o número de leucócitos e células CD34+ (p<0,05 / Correlação de Spearman). CONCLUSÕES Na nossa série, a viabilidade celular foi superior nos doentes com Linfoma não Hodgkin, mas seriam necessários mais estudos relativamente ao estadio da doença e aos tratamentos prévios ao transplante para tirar conclusões consistentes. A correlação negativa encontrada entre a viabilidade e o número de leucócitos e células CD34+ poderá justificar uma revisão das técnicas laboratoriais empregues. A crioconservação dos enxertos por períodos longos de tempo deverá ser feita preferencialmente em azoto líquido, pois não altera a viabilidade celular. 214 14 NOV. 2008 POSTERS SALA POSTERS 17:30 – 19:00 PO-36 INFORMAÇÃO EM SAÚDE ORAL EM PACIENTES COM LEUCEMIA SUBMETIDOS A QUIMIOTERAPIA. R. Mendes1 1 Hospital S. João A leucemia apresenta várias manifestações clínicas, observando-se na boca, entre outros, quadros clínicos de gengivites, hiperplasias gengivais, infecções oportunistas e gengivorragias espontâneas. Durante o tratamento anti-neoplásico as alterações na cavidade oral acentuam-se. Surge consequentemente, entre outras manifestações a mucosite. Sabendo-se da importância e do efeito benéfico das medidas profilácticas em saúde oral importa saber de que modo estão a ser implementadas, aplicadas e consciencializadas pelos pacientes. O principal objectivo deste estudo foi investigar as necessidades em informação em saúde oral entre os pacientes submetidos a quimioterapia e avaliar as práticas correntes na gestão dos efeitos secundários da quimioterapia. Complementarmente visou saber qual o papel do Médico-Dentista no contexto de cuidados. Foi desenhado e pré-testado um questionário de auto-resposta, com perguntas de resposta fechada e aberta, que foi aplicado e entregue em 6 serviços hospitalares pertencentes ao Hospital de S. João e ao IPO-Porto, onde estavam em fase activa de tratamento doentes adultos com leucemia. Os dados obtidos foram objecto de análise estatística recorrendo-se ao software SPSS V15.0 for Windows, tendo havido necessidade de reclassificar algumas variáveis. Realizou-se uma análise descritiva dos dados e uma análise univariada para comparação de variáveis categóricas com recurso ao teste do qui-quadrado, considerando-se haver diferença estatisticamente significativa para valores de p inferiores a 0,05. 215 Responderam 100 indivíduos. A maioria apresentava hábitos sociais e de saúde de risco. Apresentavam um ineficiente cuidado em saúde oral face às alterações e condicionantes desta doença e seu tratamento. A maioria referiu também a necessidade de mais meios de informação sobre a doença, seu tratamento e efeitos secundários, bem como sobre saúde oral. Foi também opinião generalizada a importância do Médico-Dentista numa equipa multidisciplinar de saúde em parceria de cuidados. Este estudo sugere que se implementem estratégias que permitam melhorar os cuidados de saúde oral e a informação nesta área, bem como na da doença, seu tratamento e efeitos secundários do mesmo. Apela ainda à integração do MédicoDentista em actuação interdisciplinar com a equipa de saúde. 216 14 NOV. 2008 POSTERS SALA POSTERS 17:30 – 19:00 PO-37 EVOLUÇÃO IMUNOHEMATOLÓGICA DOS DOENTES TRANSPLANTADOS COM CÉLULAS PROGENITORAS HEMATOPOIÉTICAS ABO INCOMPATÍVEIS S. Bóia1, B. Rebelo2; F. Amado2; R. Moreira2; R. Trindade2; L. Santos2; A. Carvalhais2; F. Campilho3; P. Pimentel3 1 Escola Superior de Tecnologia da Saúde do Porto; 2IPOFG - Porto, Serviço de Imunohemoterapia; 3IPOFG - Porto, Serviço de Transplante de Medula Óssea INTRODUÇÃO Está descrito que o Transplante de Células Progenitoras Hematopoiéticas ABO incompatíveis não representa uma barreira biológica ao transplante, podendo realizarse sem consequência na mortalidade associada a esta prática. Contudo, podem ocorrer potenciais complicações imunohemato-lógicas que justificam uma vigilância particular dos doentes transplantados. OBJECTIVO Neste estudo analisaram-se 30 registos de doentes submetidos ao transplante ABO incompatível, no intuito de caracterizar a evolução imunohematológica destes, de acordo com os tipos de incompatibilidade e de condicionamento. MATERIAIS E MÉTODOS Os dados do estudo foram obtidos por consulta das bases de dados dos Serviços de Transplante de Medula Óssea e de Imunohemoterapia desta instituição. A análise estatística efectuou-se sobre as seguintes variáveis: sexo; idade; diagnóstico; tipo de incompatibilidade; tipo de condicionamento; grupo sanguíneo ABO do dador e do receptor; resultados da prova ABO do receptor 1 mês após o transplante, 2 a 3 meses após o transplante e 5 meses a 1 ano após o transplante e o 1º resultado da Prova de Antiglobulina Directa após o transplante. 217 Os resultados foram expressos e analisados com base em frequências absolutas, percentagens e tabelas de dupla entrada. CONCLUSÕES Os resultados laboratoriais, relativos à mudança do grupo ABO, sugerem que tanto no transplante ABO Minor, como no ABO Major incompatível, o enxerto dos progenitores é mais tardio em situação de condicionamento não-mieloablativo, contudo ambos permitem o estabelecimento de quimera completa. Ao contrário do que seria de esperar, a detecção de campo misto acontece em ambos os condicionamentos e tipos de incompatibilidade. Os resultados da Prova de Antiglobulina Directa (PAD) no transplante ABO Major incompatível apresentam maior número de reacções positivas relativamente aos resultados do ABO Minor incompatível. A Prova ABO efectuada após o transplante permitiu detectar o início da eritropoiese das células progenitoras enxertadas na maioria dos doentes. A PAD embora não prove a existência de hemólise significativa, pode ser importante para detectar os eritrócitos sensibilizados pelas isoaglutininas do par dador/receptor. De acordo com os dados laboratoriais característicos dos doentes submetidos a cada condicionamento, poderão ser tomadas medidas clínicas capazes de diminuir as complicações imunohematológicas e, consequentemente o atraso na eritropoiese. 218 14 NOV. 2008 POSTERS SALA POSTERS 17:30 – 19:00 PO-38 NOVOS PARÂMETROS DE IMATURIDADE CELULAR AVALIADOS NOS ENXERTOS HEMATOPOIÉTICOS Isabel Leal Barbosa1, Carla Carvalho1; Ana Macedo2; Sérgio Lopes1; Susana Roncon1; Ana Paula Gonçalo3; Teresa Sousa3; Carlos Mendes3; António Campos4; Alzira Carvalhais1 1 Departamento de Imuno-Hemoterapia IPO-Porto; 2Faculdade de Ciências da SaúdeUniversidade da Beira Interior; 3Serviço de Hematologia Laboratorial IPO-Porto; 4 Serviço de Transplantação de Medula Óssea de IPO-Porto Desde meados dos anos 90, que as células progenitoras do sangue periférico (CPSP) têm vindo a substituir, gradualmente, a medula óssea (MO) como fonte principal de células hematopoiéticas para ambos tipos de transplante. As CPSP são colhidas de dadores saudáveis ou de doentes, por aférese, após terem sido sujeitos a uma mobilização com factores de crescimento hematopoiéticos. No enxerto estão contidas, entre outras, as células CD34+ contadas por citometria de fluxo e é a infusão de doses estabelecidas destas células imaturas que se associa com uma boa recuperação hematológica dos doentes transplantados. No entanto, existem indícios de que, para além das CD34+, também células CD34- podem ser essenciais à regeneração da MO. Assim, é importante a quantificação de ambas populações de progenitores para obter informação mais precisa acerca do potencial regenerativo dos enxertos de CPSP. Os analisadores hematológicos automatizados de última geração, como o Sysmex XE2100, fornecem uma nova avaliação do número de células imaturas presentes nos enxertos através de um parâmetro medido no canal de informação de imaturos (canal IMI). Este parâmetro, designado por células progenitoras hematopoiéticas (CPH) correlaciona-se com as células CD34+ contadas por citometria de fluxo no sangue periférico (SP) de indivíduos sujeitos a mobilização para colheita de CPSP. Para além das CPH, estes analisadores permitem também obter a fracção imatura de reticulócitos (FIR) e a fracção imatura de plaquetas (FIP), medidas no canal de reticulócitos, que têm 219 sido apontadas, nos últimos anos, como indicadores precoces da regeneração da MO e da recuperação iminente dos doentes. Nos trabalhos publicados não são referidos, no entanto, valores normais das populações acima referidas nos enxertos de CPSP e nenhum avalia qual a influência destas populações na velocidade de recuperação dos doentes autotransplantados. Assim, no presente trabalho foram avaliados os parâmetros de imaturidade celular (células CD34+, CPH, FIR e FIP) nos enxertos de CPSP de 46 dadores saudáveis (para obtenção dos valores de referência destas populações) e de 66 doentes propostos para autotransplante hematopoiético. No grupo de doentes obtiveram-se as seguintes medianas de células CD34+ e CPH: 432 e 1435/μL respectivamente, inferiores às obtidas nos dadores (1968 e 7277/μL). Verificou-se uma correlação entre as contagens de ambas populações celulares quer para dadores quer para doentes. Com os resultados obtidos podemos assim dizer que os analisadores hematológicos automatizados de última geração se afirmam cada vez mais como uma possível alternativa à contagem de células imaturas por citometria de fluxo. 220 14 NOV. 2008 POSTERS SALA POSTERS 17:30 – 19:00 PO-39 TRATAMENTO DE DOENÇA DE ENXERTO CONTRA HOSPEDEIRO (GVHD) AGUDA REFRACTÁRIA A CORTICÓIDES COM INFUSÕES DE CÉLULAS ESTAMINAIS MESENQUIMATOSAS Nuno Miranda1, Isabelina Ferreira1; Antonio Guimarães1; Gilda Teixeira1; Ernesto Fernandez1; Claudia Lobato2; J Sampaio Cabral2; M Abecasis3 1 Instituto Portugues de Oncologia Lisboa; 2Instituto de Biotecnologia e Bioengenharia (IST), Lisboa.; 3Instituto Portugues Oncologia , Lisboa A doença de enxerto contra hospedeiro aguda, refractária a corticóides, tem um prognóstico muito reservado. Diversos relatos foram publicados com respostas significativas com infusões de células mesenquimatosas estaminais (MSC), tanto expandidas a partir de células do dador como de terceira pessoa. Tratámos com sucesso com MSCs expandidas a partir do dador, na nossa unidade, uma doente com GvHD agudo grau III, com envolvimento hepático, cutâneo e intestinal, refractário a corticóides e fotoforese extracorporal. Uma doente do sexo feminino, com 48 anos de idade, com o diagnóstico de leucemia mielóide aguda em primeira remissão completa, foi admitida na nossa unidade. O regime de condicionamento utilizado foi busulfex 0.8 mg/kg x 16 + ciclofosfamida 120 mg/kg. A profilaxia de GvHD foi realizada com ciclosporina + metotrexato. O dador foi uma irmã HLA idêntica e a fonte de células foi a medula óssea. No dia +16 a doente apresentou GvHD gastro-intestinal grau III e foi iniciada metilprednisolona 2mg/kg. Durante os dias seguintes ocorreu resolução da diarreia mas progressivo agravamento da bilirrubina que atingiu 7,0 mg/dl. Foi associado micofenolato de moftil sem resposta. Foi iniciada fotoforese extracorporal bissemanal no dia +39 e a ciclosporina foi substituída por tacrolimus sem melhorias. 221 Após obter consentimento informado e aprovação pela Comissão de Ética 200 ml de medula óssea foram colhidos, da mesma dadora do transplante. Células mononucleares (MNC) de baixa densidade foram separadas com um gradiente de Ficoll. Aproximadamente 550 x 10^6 MNC foram ressusopendidas em Mesenchymal Stem Cell Growth Medium (PoieticsTM ) contendo 10% de soro fetal bovino e semeados em frascos com 175 cm2 numa densidade de 1,8-2,0 x 10^5 células/cm2. As células foram cultivadas durante 72h e deixadas aderir, seguidas de substituição do meio cada 3 a 4 dias. Quando as culturas atingiram 80-90% de confluência, as células aderentes foram destacads com accutase (Sigma) e novamente semeadas com uma densidade de 30006000 células/cm2 até se proceder à infusão. As células foram infundidas na 2ª ou 3ª passagem para reduzir o risco de instabilidade genética. No dia +94 foram infundidas 0,5 x 10^8 MSC/kg sem efeitos adversos (a hospedeira pesava 100 kg). O procedimento foi repetido no dia +98 com 0,8 x 10^6 MSC/kg. Após as infusões ocorreu melhoria progressiva do GvHD, permitindo a descontinuação de corticóides. Fotoforese foi suspensa no dia + 130. Após um ano de transplante a doente veio a falecer de acidente vascular cerebral, sem evidência de reaparecimento de GvHD ou recaída da leucemia, com quimerismo com 91% do dador. 222 14 NOV. 2008 POSTERS SALA POSTERS 17:30 – 19:00 PO-40 EFICÁCIA DOS FACTORES DE CRESCIMENTO HEMATOPOIÉTICOS NA MOBILIZAÇÃO PERIFÉRICA DE CÉLULAS PROGENITORAS EM DOENTES HEMATO-ONCOLÓGICOS J. Carda1, P. Sousa1; P. Olim1; M.Isabel Sousa1; Adriana Teixeira1 1 Serviço de Hematologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra Introdução A mobilização periférica de células progenitoras hematopoiéticas (stem cells) tornou-se um procedimento fundamental no processo de transplantação medular autólogo e, ao contrário do que acontece no dador saudável, o seu insucesso não é raro nos doentes com neoplasias hematólogicas. Novas formulações de citocinas hematopoiéticas provaram ser mais eficazes no estímulo hematopoiético em doentes neutropénicos mas aumentaram os custos relacionados com o tratamento. Objectivos Comparar a eficácia de dois factores de crescimento hematopoiéticos, Filgrastim e Pegfilgrastim na primeira tentativa de mobilização de stem cells em doentes com neoplasia hematológica. Materiais e Métodos Análise retrospectiva de 66 doentes submetidos a mobilização periférica de stem cells para autotransplante, entre Janeiro de 2004 e Junho de 2008 no nosso serviço. A mobilização foi considerada um sucesso quando foram colhidas > 1,5x106 células CD34+/kg. 223 Resultados Identificaram-se 66 doentes (M/F=46/20), com idade mediana de 51 anos (13-71). Destes, 36 doentes tinham diagnóstico de Linfoma, 22 não-Hodgkin e 14 Hodgkin, com idade mediana de 40 anos (13-62). Doze foram mobilizados com Pegfilgrastim e 24 com Filgrastim com taxas de sucesso de 33% e 79% respectivamente e número mediano de células CD34+ colhidas de 3,72 e 3,18 x106/kg respectivamente. A diferença de sucessos entre estes 2 grupos é estatisticamente significativo. Nos 67% e 21% de insucessos de cada grupo tentou-se uma segunda e por vezes terceira mobilização com pegfilgrastim ou filgrastim. Os restantes trinta doentes tinham o diagnóstico de Mieloma Múltiplo e idade mediana de 58 anos (47-71). Dezassete foram mobilizados com Pegfilgrastim e 13 com Filgrastim com 82% e 84% de sucessos respectivamente e número mediano de células CD 34+ colhidas de 3,75 e 4,68 x106/kg respectivamente. Neste grupo a diferença de sucessos não é estatisticamente significativa. Conclusão Apesar de se tratar de uma amostra pequena, o Filgrastim parece ser mais eficaz na mobilização do doente com Linfoma. Em contrapartida, ambas as formulações são eficazes no doente com Mieloma Múltiplo. Não existindo diferença no doente com mieloma, poderá optar-se pelo produto de menor custo. Um ensaio prospectivo parecenos necessário para confirmar estes resultados. 224 14 NOV. 2008 POSTERS SALA POSTERS 17:30 – 19:00 PO-41 DUPLA INFUSÃO (DIAS 0 E + 4) DE CÉLULAS MESENQUIMATOSAS ESTAMINAIS (MSC) PARA FACILITAR A ENXERTIA DE CÉLULAS HEMATOPOIÉTICAS ESTAMINAIS NUM MICROAMBIENTE HOSTIL Nuno Miranda1, Claudia Lobato2; Gilda Teixeira1; Isabelina Ferreira1; Ernesto Fernandez1; Fernando Leal da Costa1; J Sampaio Cabral2; Manuel Abecasis1 1Instituto Portugues de Oncologia Lisboa; 2Instituto de Biotecnologia e Bioengenharia (IST), Lisboa. Duas crianças com doenças não malignas (síndroma hemofagocítica (HLH) e síndroma de Hurler, respectivamente) foram tratadas com transplantação alogénica de medula óssea (MO) de um dador familiar compatível e um dador familiar com um mismatch serológico em HLA-A, após condicionamento com busulfan e ciclofosfamida (mais ATG no dador parcialmente idêntico). Profilaxia da doença de enxerto contra hospedeiro (GvHD) foi feita com ciclosporina e metotrexato em ambos os casos. Para facilitar o estabelecimento do enxerto ambas as crianças foram infundidas com MSC de outro dador nos dias 0 e +4. A doente com HLH foi infundida no dia 0 com MO com 11,8 x 10^6 CD34+/kg conjuntamente com 1,8x10^6 MSC/kg e no dia 4 recebeu mais 1,47x10^6 MSC/kg. A recuperação de neutrófilos >0,5x10^9/l ocorreu no dia +14 e plaquetas>50 x 10^9/l no dia +36. Toxicidade hepática moderada com elevação da bilirrubina e aumento de peso foi observada no dia +15 sem critério de doença venooclusiva no estudo eco-doppler. A doente não teve GvHD e quimerismo completo do dador foi documentado no dia 14. Permanece bem sem evidencia de recaída da doença 6 meses após transplante com quimerismo 100 % dador. A criança com síndroma de Hurler e um dador com um mismatch HLA, foi transplantada com 4 x 10^6 CD34+/kg e 1,7 x 10^6 MSC/kg no dia 0 e 1,35 x 10^6 225 MSC/kg. Neutrófilos > 0,5 x 10^9/l foram atingidos no dia +14 e plaquetas > 50 x 10^9/l no dia +17. Não houve evidência de GvHD e quimerismo completo foi documentado no dia 17. A doente tem 6 meses de transplante e encontra-se bem. Os primeiros doseamentos de alfa L iduronidase após transplante são normais, apesar de ainda não ter havido normalização da excreção urinária de glicosaminoglicanos. A doente tem um quimerismo com 96% de células do dador. Em ambos os casos as infusões de MSCs foram bem toleradas e a cinética da recuperação mielóide foram semelhantes às que observamos com transplantes com células periféricas. Os resultados nestas duas doentes, em doenças em que existe reconhecidamente dificuldade no estabelecimento do enxerto, com quimerismos estáveis é francamente promissor. 226 14 NOV. 2008 POSTERS SALA POSTERS 17:30 – 19:00 Comentadores: Drª Alexandra Mota - Hospital de Santo António Dr. João Raposo - Hospital de Santa Maria PO-42 MLPA FOR THE DETECTION OF GENOMIC ALTERATIONS IN CLL J. Perdigão1, N. Costa2; P. Costa1; J. Raposo3 1 GenoMed-Diagnósticos de Medicina Molecular, Instituto de Medicina Molecular, Faculdade de Medicina, Universidade de Lisboa; 2Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, Lisboa, Portugal; 3Serviço de Hematologia e Transplante de Medula do Centro Hospitalar Lisboa Norte – Hospital de Santa Maria, Lisboa, Portugal OBJECTIVES To validate MLPA for usage in the detection of genomic copy number alterations with prognostic value in CLL patients. MATERIALS After validation of the MLPA technique with normal genomic DNA (SALSA MLPA KIT P037-A2 / P038-A1 CLL from MRC-Holland), mononuclear blood cells from 32 CLL patients were tested for genomic alterations by MLPA and FISH (Vysis probes for del(13q14.3) (D13S319 and D13S25); del(17p13.1) p53; del(11q22.3) ATM; CEP 12 and Qbiogene del(6q21)). Regarding MLPA analysis, a copy number change was considered when at least two consecutive probes with NCN values <0.8 or >1.2 were observed. For each gene / genomic region, the final result was calculated as the mean value of all affected probes. RESULTS 7 of the patients didn´t have alterations detected by FISH analysis or MLPA. In the remaining 25 samples, 34 copy number changes were detected: 29 by FISH, of which only 4 were not identified with MLPA; and 30 by MLPA, of which 5 were not identified by FISH. The discordant results correspond to samples with small percentages of 227 affected nuclei (<17%) detected by FISH but not MLPA, one ATM deletion identified by MLPA but not with the FISH probe and copy number changes detected with MLPA in regions not tested by the FISH probes used. CONCLUSIONS Our results show a very good overall concordance between FISH and MLPA results, indicating that MLPA can be a very useful and powerful method to detect genomic copy number changes in regions with prognostic significance for CLL patients. Compared with FISH, MLPA has a lower sensitivity, as expected. On the other hand, the ability of MLPA to detect small alterations allows the identification of abnormalities not apparent with the much larger FISH probes and also a much detailed mapping that can lead to a better definition of the affected regions with prognostic impact in the course of the disease. Our results suggest that in the future, MLPA, a much quicker and cheaper technique, could be used as an initial screening method - FISH analysis would then only be applied as an additional test in MLPA suspected cases. 228 14 NOV. 2008 POSTERS SALA POSTERS 17:30 – 19:00 PO-43 PROGNOSIS FACTORS IN CLL: IS SERUM FREE LIGHT CHAIN RAIO A NEW BIOLOGICAL MARKER? J. Perdigão1, M. J. Cabral2; N. Costa3; C. Carrão3; P. Costa1; T. Rodrigues4; J. Raposo4 1 GenoMed-Diagnósticos de Medicina Molecular, Instituto de Medicina Molecular, Faculdade de Medicina, Universidade de Lisboa; 2Serviço de Patologia ClínicaLaboratório de Química Clínica do Centro Hospitalar Lisboa Norte - Hospital de Santa Maria; 3Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa; 4Serviço de Hematologia e Transplante de Medula do Centro Hospitalar Lisboa Norte – Hospital de Santa Maria Introduction The remarkable heterogeneity in clinical behaviour of CLL makes it very difficult to establish a reliable prognosis for an individual patient at the time of diagnosis. Some biological and genetic markers were recently identified that may help on refining the classical prognostic systems. We tested some of these markers as well as a new one, Serum-Free Light Chains (SFLC), for their prognostic value. Methods This non-interventional, cross-sectional study included 84 non-selected patients with CLL diagnosed between Mar87/Aug07. Mean age was 63 years, 63% with RAI 0-I and 64% Binet A. Based on clinical characteristics, 2 prognosis groups were established (58% of the patients in the ´´good´´ prognosis group) and compared with respect to: Rai / Binet staging, IgVH mutational status, chromosomal abnormalities, β2MCG and SFLC. These parameters were also analysed in relation with time to 1st treatment. Results Parameters statistically associated with prognosis were: RAI/Binet stages, IGVH mutational status, β2MCG and λ free light chain. Although not statistically significant, there is an association between the prognosis group and the presence of unfavourable 229 cytogenetic changes. Time from diagnosis to first treatment was statistically higher in patients with: Rai 0/I, Binet A and IGVH status. An association of time to 1st treatment with presence of unfavourable cytogenetic abnormalities and k/λ was also observed. In our sample, the k/λ ratio is associated with IGVH status (p=0,05). According to a Cox regression model for the time to first treatment, with Rai at diagnosis and mutational status as covariates, patients with Rai 0/I have a risk reduction for treatment of 88% and IGVH mutated of 78%. Conclusions Our results confirm previously published data regarding the prognostic value of IGVH mutational status and β2MCG. The lack of statistical significance of the prognostic value of unfavourable cytogenetic changes most probably relates with sample size and short follow-up. The association between mutational status, time to treatment and prognosis with k/λ or λ suggests that these parameters may be useful as new prognostic tools in CLL and supports interest in further studies. 230 14 NOV. 2008 POSTERS SALA POSTERS 17:30 – 19:00 PO-44 REACTIVAÇÃO FATAL DE HEPATITE B APÓS TRATAMENTO DE LINFOMA COM RITUXIMAB: IMPLICAÇÕES DE PROFILAXIA E PREEMPÇÃO L. Carande1, T. Fernandes1; M. Henrique Sousa1; I. Redondo1; A. Botelho Sousa1 1 H. Capuchos Na ausência de profilaxia, a reactivação do vírus da hepatite B (HBV) em doentes com hemopatias malignas e portadores HBV é uma complicação potencial e frequentemente mortal da quimioterapia. Menos reconhecida é a possibilidade desta reactivação em doentes aparentemente imunes, ie positivos para o anticorpo de superfície (HbsAc). A inclusão de rituximab no regime de 1ª linha do tratamento de linfomas veio agravar estes riscos, ao potenciar e prolongar a imunosupressão. Relatam-se 2 casos de hepatite B fulminante em doentes com linfoma recém-diagnosticado, em ambos surgida no 5º ciclo R-CHOP. Ambos tinham enzimologia hepática normal no diagnóstico. Faleceram em insuficiência hepática aguda, 1 e 2 meses após a subida inaugural de transaminases. O 1º doente era portador inactivo (HbsAg+, HbeAc+) mas o 2º tinha marcadores de infecção passada (HbsAg negativo, HbsAc+ e HbcAc+) pelo que a hepatopatia foi inicialmente considerada medicamentosa (nimesulide). Veio porém a documentar-se reactivação de HBV, com DNA viral de 1.2x105UI/ml, indicando que até doentes negativos para HbsAg e HbeAg estão em risco de reactivar uma hepatite B latente durante a quimioterapia com R-CHOP. Estes casos, na sequência de outras descrições de reactivação fatal de infecção HBV após rituximab, reforçam a importância da avaliação dos marcadores HBV préquimioterapia em todos os doentes, e da instituição atempada, segundo o caso, de tratamento de prempção com lamivudina versus imunização activa imediata. 231 232 14 NOV. 2008 POSTERS SALA POSTERS 17:30 – 19:00 PO-45 TRATAMENTO DAS CITOPENIAS REFRACTÁRIAS DA LEUCEMIA DE GRANDES LINFÓCITOS GRANULARES COM ALEMTUZUMAB Rita Coutinho1, Ana Sá2; Cristina Gonçalves1; Cláudia Casais1; Luciana Xavier1; Luciana Pinho1; M. Anjos Teixeira1; Jorge Coutinho1 1 Serviço de Hematologia, Hospital de Santo António; 2Serviço de Medicina Interna, Hospital Padre Américo Introdução As alteraçõess clonais de linfócitos grandes granulares são doenças raras que têm uma grande variabilidade fenotípica. O tratamento das citopenias refractárias destas leucemias não é consensual e pode constituir um risco acrescido de complicações infecciosas. O Alemtuzumab, un potente modulador imune, pode ser uma alternativa terapêutica, já documentada em casos pontuais na literatura. Objectivos Discutir, baseeados num caso clínico: as alternativas terapêuticas para o tratamento das citopenias refractr´ias na leucemia de grandes linfócitos granulares (LGL) e a abordagem das complicações infecciosas mais comuns, como a reactivação do CMV. Caso Clínico Um homem de 51 anos veio à nossa consulta por neutropenia crónica, con exame físico negativo. O hemograma inicial mostrava: Hb 14,4 g/dl, VCM 102 fL leucócitos 2440/uL, neutrófilos 630/uL, linfócitos 1730/uL, Plaq 172000/uL. A morfología valorizava linfócitos con granulações densas azurófilas. Na citometria de fluxo foi detectada uma população monoclonal de grandes linfócitos granulares T CD8 CD56 +. Foi acompanhado sem tratamento durante 5 anos, altura em que começou a ter infecções de repetição, neutropenia severa (<200/uL), anemia sintomática e trombocitopenia moderada a grave. Por dependência prolongada de transfusões de glóbulos vermelhos e 233 de factores de crescimento iniciou imunossupressão con ciclosporina, sem melhoria das citopenias. Optou-se então por pulsos semanais de metrotexato, igualmente sem resposta. Foi feito controlo sintomático con corticoterapia até Janeiro de 2008, momento en que se decidiu iniciar Alentuzumab, apresentando uma resposta hematológica em 4 semanas de tratamento. Por reactivação do CMV tivemos que suspender o anticorpo monoclonal e iniciar valganciclovir. Retomou tratamento con Alentuzumab e doses reduzidas de antivírico, con melhoria das citopenias. Comentários A apresentação clínica agressiva desta leucemia obrigou a várias linhas terapêuticas, pouco eficazes. O Alemtuzumab pode ter um papel de controlo do sistema imune e, em consequência, das citopenias da LGL. A reactivação do CMV ocorre em 50% dos doentes tratados con Alemtuzumab e os antivíricos como o valganciclovir podem agravar as citopenias. 234 14 NOV. 2008 POSTERS SALA POSTERS 17:30 – 19:00 PO-46 TRATAMENTO DA LEUCEMIA LINFOCÍTICA CRÓNICA B (LLC-B) COM FLUDARABINA EM MONOTERAPIA (FLUD) - ANÁLISE RETROSPECTIVA DE 11 ANOS J. Raposo1, G. Esteves1; C. Lopes1; F. Lourenço1; L. Guerra1; M.J. Costa1; B. Gomez1; J.J. Gomes d´ Oliveira1 1 Hospital de Santa Maria - Centro Hospitalar Lisboa Norte, Serviço de Hematologia e Transplante de Medula Óssea INTRODUÇÃO A Fludarabina é actualmente um fármaco basilar no tratamento das LLC-B em monoterapia ou associada, de acordo com parâmetros de prognóstico e as características intrínsecas dos doentes. Fizemos uma análise retrospectiva dos doentes com LLC-B tratados com FLUD no nosso hospital no período de 19DEZ94 a 31JAN06. MATERIAL E MÉTODOS Avaliámos as características dos doentes, as respostas ao tratamento, a sobrevivência global (SG), o tempo para o próximo tratamento (TPT) e a toxicidade hematológica utilizando as recomendações do IWLLC/NCI (Blood,1996; 87:4990-97). Definimos SG como o tempo entre a data de início da FLUD e o óbito e o TPT entre a data do fim da FLUD e a do início de tratamento alternativo, em meses. A FLUD consistiu em 25mg/m2/dia, iv, x 5 dias de 4/4 semanas, até 6 ciclos. Foi feita profilaxia antiinfecciosa oral com Cotrimoxazol 3 x semana e Itraconazol 100mg/dia, 15 dias em cada ciclo. Definimos dois grupos para análise: grupo A (tratamento primeira linha) e grupo B (tratamento segunda linha). RESULTADOS Avaliámos 112 doentes (A=26, B=78, 8 noutras linhas) correspondendo a 85% dos doentes tratados com FLUD neste período. As características dos doentes não diferiram 235 significativamente nos grupos. A mediana da dose efectiva administrada foi de 25mg/m2 (para 96 doentes), a mediana do número de ciclos foi de 6 (para 107 doentes). Obtivemos uma taxa de resposta (RC+RP+RPn) de 75%/grupo A e 70,1%/grupo B (p=0,645) com RC de 25% e 16,9%, RPn de 29,2% e 11,7% e RP de 20,8% e 41,6% respectivamente nos grupos A e B. Foram documentadas 41 infecções durante o tratamento (36,6%) (30 respiratórias, 1 P. Carinii). Toxicidade hematológica: anemia-30 doentes (26,8%), neutropenia-50 (44,6%), trombocitopenia-62 (55,4%) e anemia hemolítica autoimune-3 (2,7%). Utilizámos: eritropoietina-32 doentes (28,6%), G-CSF13 (11,6%), CE-4 (3,6%) e CP-1 (0,9%). Morreram durante o tratamento 6 doentes (6,2%), 6 por doença progressiva e 1 por P. Carinii. A mediana da SG: não atingida/grupo A, 43 meses/grupo B (p=0,301). A mediana do TPT é de 59 meses e 43 meses respectivamente para os grupos A e B (p=0,112). CONCLUSÕES FLUD foi um tratamento exequível na maioria dos doentes, com índice de resposta e TPT superiores aos agentes alquilantes; a toxicidade hematológica e as infecções intercorrentes são perfeitamente aceitáveis e a mortalidade relacionada com o tratamento é muito baixa (1/112 = 0,008%). As recaídas são passíveis de serem tratadas de novo com Fludarabina em associação ou com outros esquemas alternativos. 236 14 NOV. 2008 POSTERS SALA POSTERS 17:30 – 19:00 PO-47 DOENÇA LINFOPROLIFERATIVA E VÍRUS DA IMUNODEFICIÊNCIA HUMANA T. Melo1, S. Silva2; H. Gomes2; R. Coelho2; C. Abreu2; M. Gandra1; A. Sarmento2; J. Guimarães1; J. Andrade1 1 Serviço de Hematologia Clínica, Hospital de S. João, EPE; 2Serviço de Infecciologia, Hospital de S. João, EPE Introdução A incidência de doenças linfoproliferativas em doentes com infecção VIH é muito elevada. A presença de depressão imune associando-se a clínica agressiva e ao envolvimento extra-ganglionar, piora significativamente o prognóstico. Objectivos, material, métodos Avaliação retrospectiva de doentes com linfoma e infecção VIH admitidos entre Janeiro de 1997 e Julho de 2008, quanto ao tipo do linfoma, tratamento efectuado, resultados e sobrevivência. Naquele período foram seguidos 71 doentes: 48 linfomas não Hodgkin sistémicos (LNH), 11 linfomas primários SNC, 11 linfomas de Hodgkin (DH) e 1 linfoma das cavidades. Ao diagnóstico, 28% dos doentes faziam tratamento anti-retrovírico (TAR); 44% iniciaram TAR durante ou após o tratamento, e os restantes nunca o chegaram a fazer. Nos doentes com LNH (37M;11F), só um não apresentava virémia (PCR); idade (mediana) de 43,5 anos (27-63), linfocitos T CD4+ ao diagnóstico de 142,5/mm3 (mediana). Noventa e três por cento dos doentes apresentavam envolvimento extraganglionar (mais frequente na MO, tubo digestivo, fígado e SNC). Dois doentes foram tratados noutras instituições, 12 fizeram tratamento paliativo e 34 foram propostos 237 para tratamento curativo (4 em tratamento, 20 falecidos por resistência/ progressão, 8 vivos sem doença, 2 com recaída). Sobrevivência mediana global de 180 dias (233 dias nos doentes com intenção curativa), estando 42% dos doentes vivos aos 12 meses e 4 anos. Todos os doentes (10M;1F) com linfoma SNC apresentavam virémia para VIH1; idade (mediana) de 34 anos (23-41), linfocitos T CD4+ de 13,0/mm3 (mediana). O tratamento inicial foi paliativo em 7 doentes; 4 foram tratados curativamente (2 vivos: 41+, 69+ meses). Em 2 doentes com DH (11M;0F) não foi detectada virémia; idade (mediana) de 35 anos (24-50), linfócitos T CD4+ de 139/mm3 (mediana). Havia envolvimento extraganglionar em 9 doentes (medula óssea, fígado, tubo digestivo e pulmão/pleura). A abordagem inicial foi curativa em 9 doentes; sobrevivência mediana global de 159,5 dias (287 dias se excluidos 2 doentes com tratamento paliativo), encontrando-se 4 vivos sem doença. Conclusões As curtas sobrevivências resultam da elevada percentagem de tratamentos paliativos e da mortalidade precoce com tratamentos curativos; todavia, atingida a remissão, a doença apresenta comportamento mais próximo do dos doentes sem infecção VIH. Este padrão questiona a intensidade/ perfil de toxicidade do tratamento inicial e o apoio, frequentemente multidisciplinar, necessário durante o tratamento. Por outro lado, nesta série, com doentes gravemente imunossuprimidos, foi elevada a percentagem de doentes que não faziam TAR na altura do diagnóstico com prejuízo evidente. 238 14 NOV. 2008 POSTERS SALA POSTERS 17:30 – 19:00 PO-48 IMPACTO CLÍNICO DE RITUXIMAB ASSOCIADO À PRIMEIRA LINHA DE TERAPÊUTICA EM DOENTES COM LINFOMA DO MANTO (MCL) - ESTUDO RETROSPECTIVO DE UMA SÉRIE DE 48 DOENTES. Ana Filipa Moita1, Maria Inês Pereira1; Joana Parreira1; Maria Gomes da Silva1 1 Departamento de Hematologia - IPOFG Lisboa O MCL caracteriza-se geralmente por um curso agressivo. A quimioterapia intensiva e ATMO como consolidação de primeira resposta parecem prolongar a sobrevivência. Contudo, é controverso o benefício relativo dos vários regimes de quimioterapia (com ou sem antraciclinas e Rituximab) utilizados em primeira linha. Para avaliar o impacto da adição de Rituximab à quimioterapia inicial, comparamos a frequência de respostas/respostas completas, e a sua duração, em doentes com MCL tratados com quimioterapia associada ou não a Rituximab, e a evolução de um subgrupo tratado de forma homogénea (com CHOP ou similar±Rituximab). Estudamos retrospectivamente uma série de 48 doentes (17 mulheres, 31 homens, mediana de idades 61.5, 42 a 85 anos) diagnosticados entre 1999 e 2008. A probabilidade de resposta e resposta completa foram comparadas usando o teste do Χ2. A duração da resposta e sobrevivência foram calculadas pelo método de Kaplan Mayer e comparadas pelo teste do log-rank. Um doente estava em estádio I, 5 em estádio II, 3 em estádio III e 37 em estádio IV (2 doentes não avaliáveis). O risco IPI era baixo/baixo-intermédio (≤ a 2) em 16 e intermédio-alto/alto (>3) em 27 casos (4 não avaliáveis). A escolha da quimioterapia dependeu da idade, co-morbilidades e objectivo terapêutico. Trinta doentes receberam 239 CHOP/similar, em 21 casos associado a Rituximab; 4 doentes receberam R-HiperC-VAD (desde 2006), quatro R-CVP, cinco Clorambucil±Prednisona, um R-ESHAP e 1 radioterapia; dois encontram-se em observação sem terapêutica. Cinco doentes (tratados com R-CHOP) fizeram ATMO em 1ª resposta. Os grupos tratados com e sem Rituximab, e especificamente com CHOP±Rituximab, não diferiam na distribuição por estadios ou grupos de risco IPI (p> 0,05). As taxas de resposta (93% e 64%) dos 44 doentes avaliáveis tratados com Quimioterapia±Rituximab foi significativamente diferente (p=0,04), embora a resposta completa (61% e 31%, respectivamente, p=0,1) e a duração mediana da resposta (18 e 20 meses, respectivamente, p=0,5) fossem semelhantes. Verificou-se o mesmo no subgrupo tratado com CHOP±Rituximab (28 doentes avaliáveis), com a taxa de respostas e respostas completas de 95% e 78%, e 63% e 44%, respectivamente. Também a duração de resposta (14 e 21 meses, respectivamente, excluindo os doentes que receberam ATMO) e sobrevivência (p=0,8) foram semelhantes. Nesta pequena série, e de acordo com os dados publicados na literatura, os doentes tratados com quimioterapia e Rituximab tiveram maior probabilidade de resposta à terapêutica, sem impacto na duração da resposta ou sobrevivência global, reforçando a necessidade de novas estratégias na terapêutica do MCL. 240 14 NOV. 2008 POSTERS SALA POSTERS 17:30 – 19:00 PO-49 BEXAROTENO NO TRATAMENTO DA MICOSE FUNGÓIDE/ S SÉZARY – 19 CASOS António Almeida1, Maria Fernanda Sachse2; Inês Nolasco1; Margarida Rafael1; António Parreira1 1 Departamento de Hematologia, IPOFG Lisboa; 2Departamento de Dermatologia, IPOFG Lisboa Bexaroteno é um imunomodelador selectivo para os receptores X dos retinóides (RXR) aprovado pela FDA no tratamento dos linfomas cutâneos de células T. Foi efectuado um estudo retrospectivo dos doentes com micose fungóide e Síndrome Sézary tratados com bexaroteno no sentido de avaliar a resposta ao tratamento bem como os efeitos secundários. Foram tratados 19 doentes com bexaroteno, 12 do sexo masculino e 7 do sexo feminino, com idades entre 36 e os 77 anos . De acordo com a classificação WHOEORTC, 7 tinham S. Sézary, 7 Micose Fungóide e 5 linfoma T periférico. No estadiameno prévio (TNM-NCI) 2 doentes foram incluídos no estadio IIA, 5 estadio III, 8 estadio IVA e 4 estadio IVB. O tempo médio de evolução da doença após diagnóstico foi 3.8 anos (entre 1 e 13 anos). Bexaroteno foi utilizado em segunda linha em 7 doentes, terceira linha em 4 doentes e quarta linha ou subsequentes em 8 doentes. A ausência de doença cutânea foi considerada remissão completa e a remissão superior a 50% em extensão ou severidade como remissão parcial. Remissão inferior a 50% e menos de 25% de aumento foram interpretadas como estabilidade da doença e mais de 25% de aumento em severidade ou extensão como progressão. A evolução do fenotipo do sangue periférico bem como das alterações ganglionares ou viscerais foram registadas. Foram ainda registados efeitos secundários durante o tratamento. 241 No total 11 doentes evoluíram para remissão completa ou parcial duradoura com Bexaroteno, dois deles após associação a PUVA. As respostas obtidas não se relacionaram com o número de tratamentos prévios. O tempo de seguimento médio foi de 3 anos. Os doentes que não responderam a Bexaroteno sofreram progressão da doença e receberam outras terapêuticas sistémicas. Hiperlipidémia, em especial hipertrigliceridémia, foi evidente em todos os doentes, pelo que foi necessária a prescrição de hipolipemiantes. Um dos doentes teve que suspender terapêutica por hipertrigliceridémia resistente a hipolipemiantes apesar de ter doença estável. Hipotiroidismo central também foi verificado em todos os doentes e corrigido com substituição hormonal. A utilização do bexaroteno em associação com outros tratamentos, tal como noutras séries publicadas, permitiu suspender / reduzir outros tratamentos, com resposta favorável e mantida após a suspensão dos mesmos. A relativa boa tolerância do fármaco e a possibilidade de manter o doente em ambulatório são factores adicionais a considerar. 242 14 NOV. 2008 POSTERS SALA POSTERS 17:30 – 19:00 PO-50 AVALIAÇÃO DE FACTORES DE PROGNÓSTICO NO MIELOMA MÚLTIPLO Rita Coutinho1, Célia Spencer1; Alexandra Mota1; Cláudia Casais1; Cristina Gonçalves1; Luciana Pinho1; Luciana Xavier1; Rute Araújo2; Jorge Coutinho1 1 Serviço de Hematologia Clínica, Hospital de Santo António; 2Laboratório de Citogenética, Hospital de Santo António Introdução O Mieloma Múltiplo (MM) é uma doença muito heterogénea. Apesar de serem reconhecidos vários factores de prognóstico no MM os doentes não são estratificados para tratamento diferenciado de acordo com o risco clínico. Objectivos Reconhecer a incidência de alguns dos factores de prognóstico para o MM nos nossos doentes e analisar o seu impacto na sobrevivência. Doentes e Métodos De Setembro de 2005 a Junho de 2008 foram estudados 79 doentes com critérios de MM, com uma idade mediana de 67 anos (34-96). O estudo citogenético (FISH) foi efectuado ao diagnóstico em 73% dos doentes, utilizando sondas Vysis. Analisamos: idade, tipo de paraproteína, estadiamento de Durie Salmon, morfologia plasmablástica, β2-microglobulina, albumina, DHL, alterações citogenéticas (alterações numéricas dos cromossomas 3, 5 e 15, t(11;14), t(14;16), t(4;14), del13q14 e del P53), evolução e mediana de sobrevivência. Tentamos reconhecer quais as variáveis com impacto prognóstico tendo em conta que o protocolo de tratamento estratifica os doentes apenas pela idade ao diagnóstico (o que os torna ou não elegíveis para autotransplantação). 243 Resultados Classificamos os doentes de acordo com a paraproteína (IgG/k- 36; IgG/ λ- 14; IgA/k-8; IgA/λ-10; cadeias leves λ - 7; cadeias leves k- 1; IgD/ λ- 1; IgM/ λ- 2) e estadiamento ao diagnóstico (estádio I- 30; II- 31; III- 18; foi documentada insuficiência renal em 18 doentes). Foram detectadas alterações citogenéticas em 35 doentes (44%), 15 dos quais com mais de 2 alterações (t(11;14)- 5; t(14;16)- 2; t(4;14)- 7; del13q14- 15; del P53- 3; alterações do cr 5- 7; alterações do cr 9- 10; alterações do cr 15- 11;> e outras alterações numéricas- 3). À avaliação medular, 44% apresentavam morfologia plasmablástica. A beta-2 microglobulina era > 5.0 mg/L em 30% dos doentes. A mediana de sobrevivência é de 19 meses, com apenas 30% dos doentes sobrevivendo mais de 2 anos. A taxa de mortalidade é de 44%. Nenhuma das variáveis analisadas teve impacto prognóstico significativo. Conclusões A incidência de alterações citogenéticas é inferior à descrita na literatura. Não houve maior incidência de alterações citogenéticas em doentes com estádios avançados. A taxa de mortalidade é elevada, apesar de haver mais doentes em estádios precoces ao diagnóstico. Apenas a insuficiência renal mostrou uma tendência para diminuir a sobrevivência (sem impacto estatisticamente significativo). O uso protocolado dos novos fármacos para o mieloma, como a Lenalidomida pode ir a melhorar a sobrevivência nesta população. 244 14 NOV. 2008 POSTERS SALA POSTERS 17:30 – 19:00 PO-51 TRATAMENTO DE RECIDIVA DE LINFOMA PRIMARIO DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL COM RITUXIMAB INTRATECAL J. Espírito Santo1, S. Valle; C. Lopes; G.Esteves; J. Raposo; J. Oliveira2 1 Hospital de Santa Maria - Serviço de Medicina 1; 2Hospital de Santa Maria - Serviço de Hematologia e Transplatação de Medula Óssea O linfoma primário do sistema nervoso central (LPSNC) é um linfoma extranodal que ao diagnóstico se encontra restrito ao parênquima cerebral, meninges, medula ou olhos. Ocorre mais frequentemente em doentes imunossuprimidos (transplantados, SIDA), mas também em doentes imunocompetentes, tendo-se verificado nos últimos anos um aumento da incidência em ambos os grupos. Cerca de 90% dos casos de LPSNC correspondem a linfoma difuso de grandes células B CD20+. A apresentação clínica depende da localização tumoral, sendo mais frequente a presença de massa única em doentes imunocompetentes e múltiplas lesões ou invasão meníngea em imunossuprimidos. O diagnóstico é histológico e o estadiamento imagiológico. Performance status superior a 1, idade superior a 60 anos, LDH elevada, hiperproteinorraquia e envolvimento da área cerebral não hemisférica conferem pior prognóstico, ao contrário da expressão de Bcl-6. O tratamento padrão é a combinação de quimioterapia contendo altas doses de metotrexato e radioterapia. A recorrência pode afectar qualquer órgão desde meninges, olhos ou mesmo envolvimento sistémico. Novas terapêuticas para recidiva de LPSNS encontram-se em ensaios clínicos. Um ensaio fase I com rituximab intratecal em doentes com recaída de linfoma primário do SNC concluiu que a administração de rituximab (10 a 25g) administrado em 9 sessões ao longo de 5 semanas é uma opção terapêutica eficaz. Os autores descrevem o caso de um doente do sexo masculino, 54 anos de idade, raça caucasiana, sem antecedentes pessoais relevantes que aos 51 iniciou quadro progressivo de alteração do comportamento e desequilíbrio. TC-CE revelou lesão temporoparietal esquerda cuja biopsia revelou linfoma difuso de grandes células B CD20+. Submetido em 2004 a 245 recessão cirúrgica, radioterapia e quimioterapia segundo protocolo Deangelis. Clinicamente estável até Fevereiro de 2008, altura em que iniciou quadro rapidamente progressivo de alteração do comportamento e desequilíbrio com marcada incapacidade funcional. Recidiva de LPSNS documentada através de RMN-CE com envolvimento dos ventrículos laterais, III ventrículo, hipotálamo e fossa pituitária com marcado edema vasogénico. LCR com proteinoraquia e linfocitose. Terapêutica com rituximab e dexametasona (9 administrações durante 5 semanas) com boa resposta clínica e parenquimatosa. Face ao aumento de incidência de LPSMC e da toxicidade associada à terapêutica com metotrexato e outros agentes alquilantes, novas linhas terapêuticas são necessárias para prevenir e tratar recidivas de LPSNC. Neste caso, à semelhança do verificado no ensaio fase I supracitado, o doente tolerou a terapêutica com rituximab na dose de 25g sem efeitos acessórios e com boa resposta clínica e parenquimatosa. 246 14 NOV. 2008 POSTERS SALA POSTERS 17:30 – 19:00 PO-52 VALOR PREDITIVO DA AVALIAÇÃO PRECOCE DA RESPOSTA À TERAPÊUTICA POR PET-FDG NA DOENÇA DE HODGKIN E LINFOMAS NÃO HODGKIN DE ALTO GRAU Fernando Azevedo Silva1, Paula Lapa1; Gracinda Costa1; Anabela Albuquerque1; João Pedroso Lima1 1 Serviço de Medicina Nuclear - Hospitais da Universidade de Coimbra Introdução A Tomografia por Emissão de Positrões(PET) com FDG-F18 apresenta elevada sensibilidade no estadiamento das Doenças de Hodgkin (DH) e Linfomas não Hodgkin (LNH) de alto grau. A possibilidade de se induzir remissão completa com o uso de quimioterapia e radioterapia, torna a avaliação da resposta à terapêutica num dos mais importantes aspectos a avaliar. A PET-FDG é, actualmente, cada vez mais usada neste sentido, com vantagens óbvias sobre os restantes métodos imagiológicos, nomeadamente a CT. Objectivo Avaliar o valor preditivo da PET-FDG realizada precocemente até ao 4º ciclo de quimioterapia, para a resposta final ao tratamento e ausência de recidiva, na DH e LNH de alto grau. Material/Métodos Estudámos retrospectivamente os doentes com DH e LNH de alto grau que realizaram PET-FDG no nosso Serviço, entre Outubro 2003 e Abril 2007. Incluímos os que possuíssem PET-FDG de avaliação precoce de resposta à terapêutica até ao 4º ciclo de quimioterapia de 1ª linha, PET-FDG de avaliação da resposta final à terapêutica e, ainda, seguimento imagiológico (idealmente por PET-FDG) ou clínico durante, pelo 247 menos, 12 meses. Reunimos 20 casos de DH (11 do sexo masculino, 9 do feminino) e 16 de LNH (8 do sexo masculino, 8 do feminino) que cumpriam os critérios estabelecidos. Resultados No grupo dos doentes com DH, verificámos que a totalidade dos 17 doentes com PETFDG de avaliação precoce negativa se manteve, ao longo do follow-up, sem sinais imagiológicos ou clínicos de recidiva. Dos 3 doentes com estudo positivo, 2 (67%) demonstraram remissão. Estes valores traduzem uma concordância entre o resultado da PET-FDG de avaliação precoce e a avaliação imagiológica e clínica de seguimento, com pelo menos 1 ano, de 90% (18 em 20 casos).No grupo dos doentes com LNH, dos 8 doentes com PET-FDG de avaliação precoce negativa, 6 (75%) mantiveram-se sem sinais de recidiva, enquanto dos 8 com estudo positivo, apenas 3 (37.5%) entraram em remissão, traduzindo uma concordância de 69%. Conclusão Estes resultados demonstraram, na nossa série de doentes, elevado valor preditivo da PET-FDG realizada para avaliação precoce após os primeiros ciclos de quimioterapia de primeira linha, principalmente no grupo dos doentes com DH. Uma PET-FDG de avaliação precoce negativa associou-se, na maioria dos doentes, a boa resposta à terapêutica final e ausência de recidiva precoce. Pelo contrário, grande parte dos doentes com estudo mantendo doença viável, vieram a demonstrar ausência de resposta final ou recidiva precoce, principalmente nos doentes com LNH. 248 14 NOV. 2008 POSTERS SALA POSTERS 17:30 – 19:00 PO-53 PADRÃO GRÁFICO ESPECÍFICO NO MIELOMA MÚLTIPLO EM AMOSTRAS DE MEDULA ÓSSEA, RATIO MIELÓIDE:ERITRÓIDE E CELULARIDADE, ANALISADOS PELO CELL-DYN 4000 ® R Barreira1, AT Simões1; SA Santos1; A Marques1; P Gonsalves1; R Salvado1; M Duarte1; ML Ribeiro1 1Centro Hospitalar de Coimbra,EPE, Departamento de Hematologia Introdução O método de referência para a avaliação de aspirados de medula óssea é a observação morfológica por microscopia óptica, no entanto, a quantificação celular é difícil e pouco precisa. Apesar dos esforços para desenvolver metodologias automatizadas, ainda não existe um método fiável. O auto-analisador hematológico CELL-DYN® 4000 utiliza a tecnologia MAPSS ®, baseada na dispersão da luz, fluorescência e impedância, com grande exactidão na contagem diferencial em amostras de sangue periférico. Objectivos Análise de células de medula óssea no CELL-DYN® 4000 e determinação da correlação com o método manual para os parâmetros celularidade e ratio mielóide:eritróide. Estabelecer a existência de um padrão gráfico no Mieloma Múltiplo (MM). Material e Métodos 84 amostras de medula óssea (em EDTA K3) foram obtidas, para diagnóstico, entre os pacientes na Consulta de Hematologia do CHC. Os esfregaços foram corados por MayGrünwald-Giemsa e analisados microscopicamente por observadores independentes, e o diagnóstico foi confirmado por técnicas de citometria de fluxo. A análise automática das amostras foi efectuada no CELL-DYN® 4000: em 39 amostras foram utilizadas as metodologias CBC (N), Extended Count (W) e Resistant (R); 45 amostras foram analisadas apenas em Resistant (R). Análise estatística: Correlação de Pearson para 249 associação entre metodologias automáticas para as contagens da série eritróide e da linhagem linfóide; Teste Kappa de Cohen para celularidade; Correlação de Pearson para ratio M:E; Teste Exacto de Fisher para determinar a existência de padrão gráfico específico de uma patologia hematológica. Resultados Pela comparação entre método manual e método automático verificou-se: 1) boa correlação (r=0,769; p<0,0001) com a metodologia R para a linhagem eritróide e série linfóide, apesar da interferência de eritroblastos nas contagens da série linfóide; 2) excelente concordância (k>0,788) na celularidade: 3) excelente correlação (r=0,955; p<0,0001) com a metodologia R no ratio M:E. Encontrou-se também uma associação muito boa (c2 = 69; p<0,0001) entre o MM e um padrão gráfico característico, que é diferente do encontrado em outras doenças linfoproliferativas tais como Gamapatias de Significado Indeterminado e Leucemia a Plasmócitos. Conclusões Este estudo demonstra que é fiável a avaliação do ratio M:E e da celularidade por métodos automáticos e que há um padrão gráfico característico no MM. Os dados confirmam a possibilidade de obter uma boa avaliação global de amostras de medula óssea por métodos automáticos, no entanto, são necessários estudos padronizados mais alargados. A análise morfológica por microscopia óptica é, contudo, necessária para o diagnóstico morfológico e, provavelmente, nunca poderá ser dispensada. 250 14 NOV. 2008 POSTERS SALA POSTERS 17:30 – 19:00 PO-54 LINFOMA GÁSTRICO PRIMÁRIO - EXPERIÊNCIA DE UM SERVIÇO Paula Rocha1, H. M. Silva1; A. Monteiro1; A. Inock1 1 Hospital de S. Teotónio Introdução Os Linfomas não Hodgkin gástricos representam cerca de 5% de todas as neoplasias gástricas. O tracto gastrointestinal é o local extranodal mais comum (4-20% casos) sendo o estômago a localização preferencial (55-65% casos). No passado a cirurgia desempenhou um papel importante na terapêutica, mas foi substituida pelas terapêuticas conservativas (quimioterapia em maior destaque, erradicação de Helicobacter pylori e em alguns casos radioterapia), obtendo-se muito bons resultados, considerando-se uma doença potencialmente curável. Objectivo Descrever a experiência de 10 anos de diagnóstico, tratamento e seguimento de doentes com Linfoma não Hodgkin gástrico no nosso hospital. Material e Métodos Estudo retrospectivo através da revisão dos processos clínicos dos doentes com LnH gástrico diagnosticados, tratados e seguidos de Janeiro/1998 a Setembro/2008. Resultados Amostra constituída por 20 doentes, 10 do sexo masculino e 10 do sexo feminino; ao diagnóstico a mediana de idades foi de 66 anos (33-82). A frequência do tipo histológico foi a seguinte: 55% LnH difuso de grandes células B, 20% MALT, 10% LnH difuso de grandes células enxertado em MALT, 5% Linfoma Folicular, 5% Linfoma do Manto e 5% não classificado. O estadiamento (classificação de Musshoff) foi de 5% para os estadios: I1, II2 e IIE, 15% estadio II1, 25% estadio I2, 35% estádio IV e 10% 251 não estadiados. A sintomatologia ao diagnóstico foi: epigastralgias/dores abdominais 80%, emagrecimento 55%, enfartamento 50%, astenia 40%, anorexia 30%, náuseas/vómitos 30%, hemorragia digestiva 15%, disfagia 5%. A hemoglobina média ao diagnóstico foi de 12,5 g/dl; 10% e 20% dos doentes tinham respectivamente LDH e ß2 microglobulina elevadas. As lesões endoscópicas ´´major´´ encontradas foram: ulceração 85%, espessamento 15%, erosões 10% e eritema 5%, e a localização gástrica: 65% corpo, 60% antro, 10% multifocal e 5% no fundo, no cardia e piloro. Cinco doentes (25%) foram submetidos a cirurgia como terapêutica inicial devido a resultado anatomopatológico - biopsia gástrica, de adenocarcarcinoma. Quimioterapia foi efectuada em 18 doentes e 6 fizeram erradicação de Helicobacter pylori, sendo num doente o único tratamento ainda ocorrido. Foi atingida remissão completa em 15 doentes (75%), em 3 desconhece-se, 1 mantém doença activa e 1 faleceu por progressão de doença. A sobrevida média foi de 39 meses. Conclusão Apesar do número reduzido de casos, os resultados deste trabalho estão de acordo com a revisão da literatura. 252 14 NOV. 2008 POSTERS SALA POSTERS 17:30 – 19:00 PO-55 LINFOMA ÓSSEO PRIMÁRIO – A EXPERIÊNCIA DE UMA INSTITUIÇÃO P. Olim1, P. Sousa1; J. Carda1; M.I. Sousa1; P. Tavares1; C. Cerchione2 1 Serviço de Hematologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra; 2Serviço de Hematologia, Hospital Federico II, Napoles Introdução Os linfomas ósseos primários (LOP) são uma entidade relativamente rara, compreendendo 5% de todos os Linfomas não Hogkin (LNH) extraganglionares e 3% de todos os tumores ósseos. Objectivos Revisão retrospectiva de doentes com diagnóstico de Linfoma ósseo primário em tratamento entre 1993 e 2008. Material e Métodos Os registos referentes aos doentes foram revistos e colhida informação relativa à epidemiologia, patologia e tratamento. Apenas foram incluídos os LNH. A duração do follow-up foi determinada a partir do último dia de tratamento até à data da consulta mais recente. Resultados Foram identificados 25 doentes com LOP. A idade mediana foi de aproximadamente 62 anos (26-90), sendo 60% do sexo feminino. Em 32% dos doentes, a dor foi o sintoma de apresentação e em apenas 1 verificou-se presença de sintomas B. Ocorreu fractura patológica em 28% dos doentes. Os locais de envolvimento ósseo neoplásico incluíam a cintura pélvica em 8 doentes, femoral em 7 e mandibular num. Histologicamente comprovou-se o predomínio de LNH B difuso de grandes células, sendo em 36% de 253 baixo grau. 40% dos doentes apresentavam-se em estádio I ou II pela classificação de Ann Arbor. Calculando o Índice Prognóstico Internacional (IPI), 2 doentes eram de baixo risco, 19 intermédio e 4 alto. Todos os doentes foram tratados com CHOP/CHOPlike, com ou sem Rituximab. 52% dos doentes foram submetidos a radioterapia, 2 sofreram amputação e 2 fizeram autotransplante. O follow-up mediano foi de 17 meses (2-101). Após tratamento, 11 doentes entraram em RC e 4 em RP e 9 mantiveram doença progressiva. A sobrevivência global mediana foi de 24 meses (198), sendo ao primeiro e ao 3 anos de 68% e 40%, respectivamente. Conclusão O tamanho da nossa amostra foi significativo, com uma predominância do sexo feminino e estádio avançado, em oposição ao frequentemente encontrado noutros ensaios. O tratamento instituído é semelhante ao preconizado noutros centros. No entanto, não podemos aferir sobre o benefício da associação de Rituximab ao esquema terapêutico. 254 14 NOV. 2008 POSTERS ENFERMAGEM SALA POSTERS 17:30 – 19:00 PO-56 ASSOCIAÇÃO DE APREPITAN (ANTAGONISTA DA NEUROQUININA-1 ) A ANTI-EMETICOS STANDARD PARA PREVENIR AS NÁUSEAS E VÓMITOS EM PACIENTES COM LINFOMA SUJEITOS A QUIMIOTERAPIA DE ALTA DOSE Paulo Grades1, Milene Andreia Ferreira Correia1; Denise Tavares Domingues1; Elsa Oliveira1 1 Instituto Português de Oncologia de Lisboa Associação de Aprepitan (Antagonista da Neuroquinina-1 ) a Anti-emeticos Standard para Prevenir as Náuseas e Vómitos em Pacientes com Linfoma Sujeitos a Quimioterapia de Alta Dose Introdução A náusea e o vómito são dos efeitos secundários da quimioterapia mais temidos pelos doentes. Os inibidores da serotonina 5-HT3 embora tenham uma eficácia significativa na emese aguda têm pouco efeito sobre a emese tardia. O Aprepitant é um antagonista da substância P, com reconhecido efeito sobre a emese aguda e tardia induzida pela quimioterapia de alta dose. Objectivos Avaliar a eficácia anti-emética do Aprepitant associado ao inibidor da serotonina 5HT3 em pacientes tratados com BEAM (Carmustina, Etoposido, Citarabina e Melphalan), para Auto-TMO (Auto-transplante de medula óssea). Método De Março a Novembro de 2007, 8 pacientes com Linfoma (Hodgkin ou Não Hodgkin) foram incluídos no estudo. O protocolo consistia na administração de Ondansetron 8 mg e.v. seguido de uma perfusão contínua de 1mg/h do dia -6 ao dia 0. Em caso de necessidade era administrado Metoclopramida ou Haloperidol. As doses de Aprepitant 255 administradas foram 125 mg no dia -5 e 80 mg nos dias -2 e +1. Foram registados todos os episódios de vómitos, do dia -6 ao dia +5. A náusea foi avaliada diariamente pelos pacientes, através de uma escala analógica, de 0 (sem náusea) a 10 (pior náusea possível). Foi criado um grupo de controlo, com pacientes tratados com BEAM e com a mesma profilaxia anti-emética, excepto o Aprepitant. Resultados Foi observada uma diminuição clara do vómito, quando comparado com o grupo controlo. 5 em 8 pacientes não tiveram nenhum episodio de vómito versus 2 em 8, no grupo de controlo. Foi avaliado o número de dias de vómito e no grupo do Aprepitant houve 3 versus 29, nos 12 dias de estudo. A necessidade de administração de antieméticos extra também foi inferior no grupo Aprepitant. A média da avaliação da náusea, através da escala, no grupo de estudo, foi entre 0,8 e 3,7. Conclusões A associação de Aprepitant com Ondansetron é altamente eficaz no controlo do vómito, inclusivé na emese tardia, em pacientes tratados com BEAM, sujeitos a AutoTMO. Este esquema de administração de Aprepitant demonstrou eficácia nos vários dias de administração de regimes de quimioterapia de alta dose. O uso de escalas de avaliação numérica para a náusea permite uma melhor prestação de cuidados aos doentes, permitindo a comparação com outros regimes profiláticos. 256 14 NOV. 2008 POSTERS ENFERMAGEM SALA POSTERS 17:30 – 19:00 PO-57 MONITORIZAÇÃO DE INFECÇÕES EM CATETERES VENOSOS CENTRAIS ( DIVULGAÇÃO DE RESULTADOS) V. Ferreira1, M. Varandas2 1 Centro Hospitalar Lisboa Norte - Pólo Santa Maria, Serviço de Hematolgia (UTIDH/UTMO); 2Centro Hospitalar Lisboa Norte - Pólo Santa Maria, Serviço de Hematolgia (UTIDH/UTMO) Tem sido uma constante a preocupação por parte dos Profissionais de Enfermagem com os doentes sujeitos a imunosupressão, no que se refere, principalmente, ao controlo da infecção hospitalar. Deste modo foi identificado pela Equipa de Enfermagem que a presença/colocação de Cateteres Venosos Centrais (CVC) constitui uma das principais portas de entrada para infecções nestes doentes. Considerando estes aspectos, foi desenvolvido um instrumento de recolha de dados para monitorizar as infecções de todos os CVC colocados num determinado Serviço, onde a observação directa da Equipa de Enfermagem esteve na base do desenvolvimento e posterior aplicação desta ferramenta de informação, orientação e vigilância dos doentes com CVC. Como objectivo deste instrumento de recolha de dados pretende-se reter a informação acerca do aparecimento, duração, intensidade e localização das infecções de CVC, no serviço em questão, com o intuito de poder determinar causas, comportamentos e evolução da infecção. 257 Desta forma torna-se pertinente a divulgação dos resultados encontrados no estudo que foi levado a cabo desde Janeiro de 2007 a Dezembro de 2007, analisando-os tendo na perspectiva sempre a melhoria dos Cuidados de Enfermagem ao doente imunodeprimido. 258 14 NOV. 2008 POSTERS ENFERMAGEM SALA POSTERS 17:30 – 19:00 PO-58 COMPETENCIAS PARA A EXCELENCIA EM ENFERMAGEM NA AREA HEMATO-ONCOLOGICA C Cargaleiro1, N Guerra1; P Jorge1; R Romão1 1 Serviço de Hematologia, Hospital Sto António dos Capuchos, CHLC Introdução Os enfermeiros que prestam cuidados a doentes do foro hemato-oncológico, deparamse com um conjunto variado de fenómenos complexos, para os quais é necessária a mobilização de competências avançadas para a satisfação das necessidades humanas básicas, a promoção da autonomia e a melhoria da qualidade de vida dos doentes e suas famílias. Método Estudo de carácter exploratório, de metodologia qualitativa, fenomenológica, com análise de conteúdo como proposta por Bardin. abordagem Objectivo Geral Reflectir sobre as competências dos enfermeiros com níveis de excelência na prestação de cuidados de enfermagem em hemato-oncologia; Objectivos específicos: Identificar as competências fundamentais à boa prática na prestação de cuidados a doentes do foro oncológico; Identificar perfis de competências mais adequados na assistência aos doentes e suas famílias, na satisfação das suas necessidades e na promoção da qualidade de vida; Identificar necessidades de formação para a aquisição destas competências. Desenvolvimento A análise de figuras de excelência nas equipas de enfermagem, que concretizam paradigmas para a prestação de cuidados, formação e actualização permanente, assim 259 como para investigação, fornecem pistas para a compreensão das características e competências para a excelência na prestação de cuidados. Foram realizadas entrevistas semi-estruturadas a 5 enfermeiros a exercer em hemato-oncologia (com experiência profissional superior a 4 anos, com funções de responsável de turno das equipas onde se inserem e que aceitaram participar no estudo). A análise do conteúdo permitiu identificar 3 áreas respectivamente: Competências, Perfil, Formação. Foi possível identificar características associadas a estas áreas, as quais foram submetidas a categorização. Salientam-se as categorias de Competências Técnicas, Competências Relacionais, Perfil de Prática Avançada, Estratégias de Formação. Conclusão O reconhecimento da existência de um perfil de excelência por parte dos entrevistados foi unânime, bem como da existência de especificidades na área hemato-oncológica, que criam a necessidade de desenvolvimento de competências específicas. O enfermeiro com perfil de excelência desenvolve as suas competências relacionais com o doente e família, apresentando estratégias personalizadas, adequadas a cada caso; apresenta elevado conhecimento teórico-prático em diferentes áreas do saber, suportado no exercício, pelo que os pares o identificam como referencia. É um formador e investigador e é visto como modelo para os outros elementos da equipa. Os resultados obtidos estão de acordo com os resultados descritos na literatura (Kendall, 1999; Benner,2001). 260 TRABALHOS PUBLICADOS TRABALHOS PUBLICADOS PUB-01 LINFOMA PRIMÁRIO DO BAÇO: UM CASO CLÍNICO E. Castro Esteves; V. Oliveira; P. Rocha; A. J. Oliveira Pedro; E. Oliveira; C. Martins; L. Tavares.1 1 Hospital Universitário de Santa Maria; Serviço de Medicina 2D Os Linfomas Primários do Baço são extremamente raros, constituindo menos de 1% da totalidade dos Linfomas. Apresenta-se o Caso Clínico de uma Doente de 68 anos de idade, sexo feminino, raça branca, internada por quadro de dor persistente no hipocôndrio esquerdo, tipo moínha, sem irradiação, com 3 semanas de evolução, e palpação abdominal dolorosa no referido hipocôndrio, com esplenomegalia (cerca de 6 cm). Laboratorialmente, havia anemia normocítica normocrómica (Hg = 10.9 g/dl; VGM = 85.3 fl; HGM = 28.9 pg), trombocitopenia (76 000/ ml) e hipercalcemia (11.7 mg/ dl). A Ecografia abdominal confirmou a esplenomegalia e revelou lesão ocupando espaço no pólo inferior do Baço, igualmente identificadas na TAC de Corpo. Mielograma e Biópsias Ósseas sem alterações. Serologias virais para VIH, VHB e VHC negativas. Durante o internamento houve agravamento da anemia, da hipercalcemia e da esplenomegalia (1 semana depois, Baço com 12 cm). Perante o crescimento acelerado do orgão, e no contexto da ausência de adenopatias periféricas ou outras detectadas na TAC Corpo, foi decidido a esplenectomia. O exame anátomo-patológico revelou LNH B Difuso de Grandes Células. Efectuado PET-´´scan´´ para estadiamento que reveloudoença confinada à loca esplénica (S1). Instituída QT com R-CHOP (5 sessões), com melhoria clínico-laboratorial subsequente. O PET-´´scan´´ efectuado 4 meses após o primeiro revelou ausência de doença. Procede-se a umabreve revisão sobre Linfomas Primários do Baço, incluindo critérios diagnósticos, tipos histopatológicos, prognóstico e terapêutica. 263 264 PUB-02 DOENÇA LINFOPROLIFERATIVA E ADENOCARCINOMA SÍNCRONES E. Castro Esteves1, J. Goulão; L. Calado; C. Ferreira; L. Tavares1 1 Hospital Universitário de Santa Maria; Serviço de Medicina 2D A ocorrência de neoplasias síncrones é uma entidade clínica muito rara. Apresenta-se o Caso Clínico de um Doente de 52 anos de idade, sexo masculino, raça branca, internado por astenia, adinamia e emagrecimento (15 kg), com um mês de evolução. Antecedentes Pessoais de Hiperuricemia e Artrite Gotosa. Medicado em ambulatório com Alopurinol. À Observação, destacava-se palidez da Pele e mucosas, artrite úrica deformante das extremidades, adenopatias axilares e inguinais múltiplas e esplenomegalia (10 cm). Laboratorialmente, salientava-se anemia normocítica normocrómica (Hg = 10.6 g/dl; VGM = 84.4 fl; HGM = 28.3 pg) e um aumento da Fosfatase Alcalina (220 UI/L), da Gama-GT (143 UI/L), bem como da LDH (620 UI/L). Na investigação diagnóstica foram efectuados: 1. Ecografia Abdominal: ascite volumosa; esplenomegalia (16 cm) e múltiplas lesões nodulares hepáticas e adenopatias intraabdominais; espessamento segmentar da parede gástrica e do Intestino Delgado; atingimento do retro-peritoneu; 2. EDA com biópsia: Gastrite Crónica do corpo e antro gástricos, com focos de atrofia; 3. TAC Corpo: volumosa massa intra-abdominal com perda de planos de clivagem com estruturas adjacentes e envolvendo o corpo e cauda do Pâncreas; 4. Marcadores Tumorais: aumento da Beta2-microglobulina (3x) e do CA 19.9 (10x); 5. Punção-biópsia aspirativa ecoguiada da massa pancreática, a qual revelou aspectos simultâneos de Adenocarcinoma pouco diferenciado compatível com origem pancreática e de LNH B Difuso de Grandes Células (confirmado por estudo IHQ que revelou Linfócitos CD 20+, CD 10+ e CD 5-, com índice Ki67 = 60%). Efectuada QT com R-CHOP (1 ciclo), sem melhoria clínica e com rápida deterioração do estado geral. Faleceu 4 dias depois, em caquexia carcinomatosa. Na Bibliografia indexada não encontramos referência a qualquer caso de ocorrência destas duas neoplasias síncrones. Procede-se a breve revisão sobre os conceitos actuais relativos a neoplasias síncrones. 265 266 PUB-03 EFICÁCIA DO BORTEZOMIB EM ASSOCIAÇÃO NA TERAPÊUTICA DE PRIMEIRA LINHA DA LEUCEMIA DE PLASMÓCITOS: A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO R. Moreno1, S. Valle2; C. Lopes2; G. Esteves2; J. Raposo2; J. J. Gomes d’Oliveira2 1 Serviço Hematologia, Hospital Santa Maria; 2Serviço de Hematologia, Hospital de Santa Maria, Lisboa Introdução A leucemia de plasmócitos (LP) é uma variante rara e agressiva de mieloma múltiplo (MM), podendo apresentar-se de novo - LP primária, ou resultar da transformação leucémica que ocorre em 1% dos caos de MM previamentente diagnosticados - LP secundária. O diagnóstico requer um número de plasmócitos ≥ 20% do número de leucócitos circulantes ou > 2 x 109/L. O prognóstico é mau e a sobrevivência mediana de alguns meses, quer com a quimioterapia convencional quer com transplantação autóloga ou alogénica. O inibidor do proteosoma - bortezomib, tem demonstrado eficácia na terapêutica de indução desta situação clínica. Apresentamos o caso clínico de um doente com LP primária tratado com bortezomib. Caso Clínico Doente do sexo masculino, 46 anos de idade que em Abril de 2008 refere parestesias dos lábios e mento, diminuição da audição, diplopia e alterações na marcha. A RMN-CE revelou lesão infiltrativa do esfenóide e tecto das órbitas. As análises revelaram anemia e trombocitopénia ligeiras. Em Maio, associam-se queixas de obstipação, cólicas abdominais difusas, dispneia e hipoxémia. A TAC toraco-abdominal revelou derrame pleural bilateral, pericárdico, e adenopatias supra e infra-difragmáticas volumosas. Realizaram-se os seguintes exames/técnicas: biopsia da massa esfenoidal - infiltração por plasmócitos; mielograma - 55% de plasmócitos dismórficos confirmado em estudo histológico e com o mesmo imunofenotipo dos circulantes (CD 38+++/ 56-/ 19-/ 45-, cadeias λ++); toracocentese - 60% de plasmócitos no líquido pleural com fenotipo igual. Os exames laboratoriais revelaram: Hb 9,6 mg/dl, leucócitos 18,1 x 109/L, plasmócitos circulantes 2,7 x 109/L, plaquetas 98 x 109/L; LDH, função renal e calcémia normais; imunofixação sérica (S) e urinária (U) - cadeias λ; β2-microglobulina 2,83 mg/L; Rx de esqueleto: osteólise dos ossos do crânio; FISH - del 13 q (78%). Com o diagnóstico de leucemia de plasmócitos o doente recebeu terapêutica com bortezomib 1,3 mg/m2 IV D1, D4, D8 e D11 associado a dexametasona 20 mg IV D1-2, D4-5, D8-9 e D11-12 267 e doxorrubicina liposómica peguilada 40 mg/m2 IV em D4. Após 4 ciclos de terapêutica: a imunofixação (S) e (U) não revelaram componente-M; o número de plasmócitos na medula óssea é de 1% e os exames de imagem revelam apenas a persistência de pequena massa do seio esfenoidal. Conclusão A obtenção de remissão completa após terapêutica com bortezomib em associação com corticóide e antraciclina, confirma os dados publicados sobre a eficácia deste medicamento no tratamento da leucemia a plasmócitos. 268 PUB-04 O USO DE MABCAMPATH NAS DOENÇAS LINFOPROLIFERATIVAS CRÓNICAS COM A MUTAÇÃO TP 53: ACERCA DE 3 CASOS Rita Coutinho1, Alexandra Mota2; Cláudia Casais1; Cristina Gonçalves1; Luciana Pinho1; Luciana Xavier1; Margarida Lima3; Rute Araújo4; Jorge Coutinho1 1 Serviço de Hematologia Clínica, Hospital de Santo António; 2Serviço de Hematologia Clínica, Laboratório de Citogenética, Hospital de Santo António; 3Serviço de Hematologia Clínica, Laboratório de Citometria de Fluxo, Hospital de Santo António; 4 Laboratório de Citogenética, Hospital de Santo António Introdução e Objectivos As doenças linfoproliferativas crónicas (DLC), especialmente a LLC-B, têm comportamentos muito heterogéneos. Apesar dos avanços terapêuticos actuasi ainda há um grupo de doentes com mau prognóstico. A aquisição da mutação no gene TP53 confere um dos cursos clínicos mais agressivos. O nosso objectivo é discutir - considerando 3 cases tratados no nosso serviço - o uso de Mabcampath subcutâneo nas DLC com a mutação TP53, com foco nos efeitos laterais associados ao tratamento, seguimento da infecção por CMV e prognóstico. Resultados Desde 2003 foram diagnosticados 8 doentes com DLC com delecção do p53: 4 doentes com LLC-B, 2 com leucemia prolinfocítica B e 2 dois doentes com linfocitose CD5/CD10 negativa. Três deles morreram sem tratamento com Alemtuzumab e 1 está clinicamente estável, sem critérios para tratamento. Tratamentos 3 doentes com Mabcampath subcutâneo, com uma idade mediana de 53 anos. A mutação TP 53 mutation foi diagnosticada ao diagnóstico num doente e no seguimento nos outros 2. Todos tinham sido previamente tratados sem resposta. Apresentaram rash inflamatório cutâneo no local de administração, 2 deles necessitando de corticoterapia oral para resolução (num dos doentes fizemos Mabcampath ev). O perfil do CMV foi acompanhado em todos os doentes: 1 doente apresentou reactivação do CMV e foi tratado com sucesso com valganciclovir. Outras complicações infecciosas 269 documentadas: tuberculose pulmonar (1), infecção herpética grave da face (1) e otite média aguda (1). Todos obtiveram critérios de resposta ao Alemtuzumab: negativação da del p53 em 2 doentes e diminuição > 50% da linfocitose/massa tumoral no outro doente. O seguimento médio sem tratamento é de 4 meses. Conclusões O uso de Mabcampath não está na actualidade universalmente aprovado nas DLC. 6 seu uso é apoiado nos doentes com mutação do gene P53, uma vez que a resposta aos tratamentos habituais nestes doentes é globalmente desapontante. As complicações infecciosas são relevantes, mas em doentes com bom índice de performance (como os nossos) podem ser tartadas em ambulatório. O uso de Mabcampath vem sendo defendido nas DLC agressivas que não resposndem ao tratamento habitual, mas esta atitude mantém-se controversa, uma vez que estes doentes habitualmente não respondem a qualquer linha terapêutica. Nós continuamos a usar Mabcampath apenas nos doentes com delecção do p53. 270 PUB-05 ANEUPLOIDIAS MÚLTIPLAS EM MOSAICO EM CRIANÇA COM NEUTROPENIA T. Melo1, M. Bini-Antunes2; M. J. Calix3; M. Figueiredo4; F. Pasquali5; J. Barbot2 1 Serviço de Hematologia Clínica, Hospital de S. João, EPE; 2Serviço de Hematologia, Hospital Maria Pia, Centro Hospitalar do Porto; 3Serviço de Pediatria, Centro Hospitar de Vila Nova de Gaia e Espinho, EPE; 4Serviço de Pediatria, Hospital Maria Pia, Centro Hospitalar do Porto; 5Dipartimento di Scienze Biomediche Sperimentali e Cliniche, Università degli Studi dell´Insubria (Varese- Itália) Criança actualmente com 5 anos, seguida na Consulta de Hematologia por neutropenia severa documentada no primeiro semestre de vida. A negatividade para a pesquisa de anticorpos anti-neutrófilo, ao DEB teste e das mutações no gene SBDS excluíram respectivamente uma etiologia auto-imune, a anemia de Fanconi e o Síndrome de Shwachman Diamond. A análise citogenética e FISH em núcleos de medula óssea, sangue periférico e fibroblastos da pele revelaram resultados peculiares mostrando aneuploidias dos cromossomas 18 e 19. As 4 linhas celulares (46,XX/ 47,XX, +18/ 47,XX, +19/ 48,XX, +18,+19) estão presentes em percentagens variáveis em todos os tecidos analisados. O quadro hematológico actual é caracterizado por neutropenia moderada, intermitente e sinais de stress eritropoiético. Aneuploidias presentes em diferentes tecidos têm sido descritas no contexto de síndrome de aneuploidia variegada em mosaico (AVM) (OMIM #257300), causada por mutações no gene BUB1B e caracterizado por trissomias e monossomias em mosaico com atraso de crescimento intrauterino, microcefalia e dismorfias ligeiras. O significado das anomalias cariotípicas na doente descrita tem de ser avaliada em função da possibilidade de existência de um gene mutado, que como no AVM, predisponha ao aparecimento de clones diferentes em diferentes tecidos susceptíveis de aumentar o risco de neoplasias nomeadamente hematológicas. 271 272 PUB-06 LINFOMA LINFOBLÁSTICO B: APRESENTAÇÃO RARA COMO TUMOR DA NASOFARINGE T. Fernandes1, A. Lopes2; S. Costa Santos1; M. Mafra3; A. Silva Rodrigues1; A. Botelho de Sousa1 1 Hematologia, H. Capuchos-CHLC; 2ORL, H. S.José-CHLC; 3Anatomia Patológica, H.S. José-CHLC O linfoma linfoblástico B (LLB) é uma entidade clínica rara, representando uma pequena minoria dentro dos linfomas linfoblásticos. Os casos descritos na literatura evidenciam uma maior incidência em crianças e adultos jovens, sendo a pele, o osso, os tecidos moles e os gânglios linfáticos as estruturas mais frequentemente envolvidas. A instituição de regimes agressivos de quimioterapia melhora o prognóstico nestes doentes. Descreve-se o caso de um homem de 28 anos, previamente saudável, com história de obstrução nasal, rinorreia mucopurulenta e cefaleias frontotemporais, com cerca de 6 meses de evolução. Referia também, no mês anterior ao diagnóstico, parestesias da hemiface direita e proptose do olho direito condicionando diplopia. A avaliação por TAC e RMN mostrou a presença de volumosa lesão expansiva da nasofaringe, lateralizada à direita, estendendo-se aos seios perinasais, fossas nasais e órbita homolaterais. Sem evidência de envolvimento do parênquima cerebral, mas com provável infiltração perineural do trigémio. A biópsia da lesão permitiu o diagnóstico histopatológico de LLB. A pesquisa de bcr-abl por técnica de FISH em amostra tecidular foi negativa. O sangue periférico não apresentava alterações. A imunofenotipagem de sangue medular detectou uma subpopulação patológica de linfócitos B, representando 0.2% da celularidade total, de fenótipo concordante com a lesão biopsada (CD45+ fraco, cCD79a+, CD34+, TdT-, CD19+, CD20-, CD10+, CD38+, CD79b-, FMC7-, antibcl2+). Este achado foi fundamental para tornar definitivo um diagnóstico improvável. Não havia outras localizações aparentes de doença, sendo nomeadamente o exame citoquímico do líquido cefalorraquidiano normal. Foi proposto tratamento com o regime HiperCVAD, que iniciou recentemente com rápida melhoria sintomática. Julgamos que este caso constitui a primeira descrição de um LLB envolvendo a nasofaringe e a órbita, cuja manifestação clínica inicial foi sinusite arrastada. O caso enfatiza a importância do reconhecimento precoce das patologias raras. 273 274 PUB-07 RECAÍDA INTRAPARENQUIMATOSA DE LEUCEMIA AGUDA LINFOBLÁSTICA – A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO Joana Maria Martins1, Inês Carvalhais1; Cláudio Granato1; José Eduardo Guimarães1 1 Hospital de São João A recaída intraparenquimatosa de Leucemia Aguda é uma intercorrência rara do decurso da doença. Embora aconteça preferencialmente na Leucemias Agudas Mieloblásticas, os autores relatam um caso raro de recaída intraparenquimatosa de Leucemia Aguda Linfoblástica. Um doente do sexo masculino, 22 anos, com o diagnóstico de Leucemia Linfoblástica CD 10+ em Setembro de 2005, atingiu remissão completa, morfológica e imunofenotípica, após quimioterapia de indução com o protocolo Hiper-C-VAD. Vinte e nove meses após, apresenta quadro de alteração do comportamento e polifagia, lentificação dos movimentos, ataxia e nistagmo. A TAC cerebral revelou a presença de uma massa peri-ventricular sugestiva de disseminação de doença hematológica. O estudo analítico (sangue periférico e medula óssea) confirmou a manutenção da remissão hematológica. Não foi possível realizar punção lombar no imediato pelo efeito de massa e aumento da pressão intracraneana. O agravamento do estado de consciência obrigou ao internamento numa Unidade de Cuidados Intensivos, sedação e ventilação assistida. Neste contexto foi realizada punção lombar que mostrou não haver invasão meníngea de doença hematológica. Foi efectuada posteriormente biópsia esteriotáxica da lesão cerebral que revelou a presença de células leucémicas, de características iguais às do diagnóstico inicial. Iniciou radioterapia seguida de quimioterapia com o protocolo De Angelis Modificado, seguido de auto- transplante de células progenitoras. Recuperou progressivamente o estado de consciência e a ventilação espontânea. Apresentou uma redução imagiológia franca da massa intraparenquimatosa e uma evolução clínica favorável. Actualmente encontra-se assintomático, a completar o tratamento. 275 Embora a recaída no sistema nervoso central (extra-meníngea) aconteça preferencialmente na Leucemias Agudas Mieloblásticas, os autores relatam um caso raro de recaída intraparenquimatosa de Leucemia Aguda Linfoblástica. 276 PUB-08 LINFOMA ANGIOIMUNOBLÁSTICO DE CÉLULAS T: UM CASO CLÍNICO Caldeira M.1, Brazão E.2; Freitas L.1; Perneta F.1; Silva G.1; Chaves S.1; Miranda R.1; Dias G.1; Rodrigues R.1; Cordeiro M.3; Aveiro F.2; Caldeira A.1 1 Hospital Central do Funchal, Serviço de Medicina 2; 2Hospital Central do Funchal, Serviço de Hemato-Oncologia; 3Hospital Central do Funchal, Serviço de Anatomia Patológica Introdução O Linfoma Angioimunoblástico de Células T (LACT) é um dos Linfomas Periféricos de Células T mais frequentes (18%), constituindo cerca de 1,2% dos Linfomas NãoHodgkin, embora os valores da sua prevalência não sejam unânimes entre os diferentes trabalhos. É uma doença sistémica envolvendo os gânglios linfáticos (GL), baço e medula óssea. É caracterizado por: linfadenopatias, hepatoesplenomegália, febre e rash cutâneo. São também frequentemente descritos: anemia, fenómenos auto-imunes e hipergamaglobulinémia policlonal, havendo uma predisposição aumentada para infecções sendo muitas vezes a sépsis a causa de morte nestes doentes. A biópsia dos GL é fundamental para confirmar o diagnóstico demonstrando geneticamente uma população de células T monoclonais. O tratamento consiste numa quimioterapia de combinação associada aos imunosupressores sendo muitas vezes o transplante autólogo uma alternativa em doentes jovens. A sobrevida aos 5 anos é de cerca de 30%. Objectivo Elucidar sobre esta situação clínica rara e de manifestações clínicas múltiplas que podem simular muitas entidades clínicas. Material e Métodos: Consulta do processo clínico do doente e da literatura sobre o tema. Caso Clínico: Doente do sexo masculino, 49 anos, raça caucasiana, sem antecedentes patológicos relevantes. Em Dezembro 2007 é internado por: febre vespertina, sudorese nocturna e rash cutâneo após quadro infeccioso inespecífico. Em Janeiro 2008 é reinternado por: febre vespertina, sudorese nocturna, sintomas constitucionais e lombalgias. Ao Exame Objectivo destacava-se hepatoesplenomegália 5 cm abaixo do rebordo costal, sem adenopatias palpáveis. Analiticamente: Hb=8.4 normocítica normocrómica, Leucócitos=6900, Plaquetas=24000, LDH=411, b2 microglobulina=4.04, Proteinograma: albumina=49.4, a1=5.6, a2=8.8, b=7.7, gamma=28.5 (base larga). Ecografia Abdómino-Pélvica: hepatoesplenomegália com predomínio de esplenomegália associado a adenopatias 277 retroperitoneais. TAC Tóraco-Abdómino-Pélvico: múltiplas adenopatias mediastínicas, hilares e axilares, derrame pleural direito, hepatoesplenomegália que apresentam estruturas homogéneas de contornos regulares, múltiplas adenopatias na região retroperitoneal e dispersas pelo peritoneu, ascite. Medulograma: inconclusivo. Biópsia GL: proliferação composta por células T CD3+, CD4+, CD8-, TiA-1+ associadas a vasos arborescentes e células dendríticas CD21+; há dispersos blastos B CD20+, EBER+; Linfoma T Angioimunoblástico. Fez 2 ciclos de CHOP. O doente faleceu em Abril 2008 em sépsis. Conclusão Os AA apresentam este caso clínico não só pela sua raridade como também pela diversidade de manifestações clínicas do LACT. Pretende-se igualmente enfatizar a sua individualidade histológica, imunológica, genética molecular e características citogenéticas desta neoplasia de células T. 278 PUB-09 HEMOFILIA A ADQUIRIDA: UMA FORMA GRAVE DE DIÁTESE HEMORRÁGICA R. Salvado1, T. Sevivas1; L. Francisco1; D. Marques1; E. Gonçalves1; T. Fidalgo1; N. Martins1; M. L. Ribeiro1 1 Dep Hematologia, Centro Hospitalar Coimbra , EPE Introdução A Hemofilia A adquirida (HAad) é uma diátese hemorrágica grave com desenvolvimento de anticorpos (Ac) que diminuem a actividade coagulante do factor VIII (FVIII). Está descrita em associação com processos autoimunes, neoplasias, gravidez ou fármacos; em cerca de metade dos casos é idiopática. Apresenta-se com súbitas hemorragias, subcutâneas e/ou mucosas, que podem ser catastróficas. Laboratorialmente caracteriza-se por um TTPa prolongado isolado, não justificado por contaminação com heparina ou presença de inibidor lúpico. Confirma-se com pesquisa de inibidores positiva e posterior titulação dos Ac neutralizantes do FVIII. Está indicada a terapêutica com imunossupressores e, nas hemorragias graves, os agentes de bypass. Objectivo Apresentar uma doente com quadro hemorrágico severo resultante de HAad, o tratamento e evolução. Caso Clínico Mulher, 75 anos, com prótese valvular mecânica dupla e fibrilhação auricular, a fazer AO. A 12.12.07, em férias nas Caraíbas, desenvolve insuficiência cardio-respiratória, vertigens e hemoptises, num quadro de pneumonia lobar média. Tratada com antibioterapia; os AO foram substituídos por HBPM e reintroduzidos alguns dias depois. Dia 23, no voo de regresso a Portugal, sofre hipotensão grave, que motiva aterragem de emergência nos Açores. Hospitalizada em choque hipovolémico, com hemorragia activa e hematoma retroperitoneal, da região nadegueira, sartorius e psoas ilíaco esquerdos. Hb 6,1g/dL, Plaq 271x10(9)/L, INR 1,2. Suspende AO e recebe 13 unidades CE. A 13.01.08 é transferida para o Continente com hemoptises, gengivorragias e melenas. 279 Dados Laboratoriais Hb 6.7g/dL; TTPa 65´´/c30´´; excluída a presença de heparina e inibidor lúpico; pesquisa de inibidores, ao tempo zero e após 2h a 37ºC positiva, indicativa da presença de um inibidor forte. Tab. 1- Doseamento de factores e titulo inibidor FVIII FXI Titulo Inibidor (TI) 1:10 1:50 1:100 25 28 27 1:10 1:50 1:100 Bethesda (UB) 57 65 91 1,5UB O FVIII mantém-se constante enquanto o FXI normaliza na diluição 1/100 (91%). Confirmado anti-FVIII com um título de inib 1,5UB. Tratamento e Evolução Início imediato de prednisolona (1,5mg/Kg/dia) e enoxaparina (40mg/dia). Não ocorreram outros eventos hemorrágicos severos; alta a 17.02.08, assintomática, com FVIII 53%. Sete meses depois continua sem manifestações hemorrágicas, com níveis de FVIII de 50% e título de inibidor 2UB. Mantém tratamento com prednisolona (10mg/dia) e enoxaparina (40mg/dia). A pesquisa de factores etiológicos continua negativa. Conclusões Deve suspeitar-se de HAad perante um quadro de diátese hemorrágica súbita e TTPa prolongado isolado, sem causa aparente. Os eventos hemorrágicos são graves e o diagnóstico precoce é essencial para dar início ao tratamento imunosupressor. 280 PUB-10 RABDOMIOSSARCOMA ALVEOLAR APRESENTADO COMO LINFOMA DE BURKITT Cristina Davila1, Maria João Oliveira2; Helena Barroca3; Cecília Correia2; Sergio Castedo2; Fernanda Trigo4 1 Serviço de Oncologia do Hospital S.João; 2GDPN-Genética Médica e Diagnóstico PréNatal; 3Serviço de Anatomia Patológica do Hospital S.João; 4Serviço de Hematologia do Hospital S. João Introdução O linfoma de Burkitt é uma proliferação monoclonal dos linfócitos B sendo uma das neoplasias de crescimento mais rápido nos humanos. Caracteriza-se pela desregulação do gene MYC, que ocorre pela formação da translocação t(8;14)(q24;q32) ou das suas variantes t(8;22)(q24;q11) ou t(2;8)(p12;q24). O Rabdomiossarcoma é o sarcoma de tecidos moles mais frequente na infância. A maioria dos rabdomiossarcomas alveolares caracteriza-se pela presença de anomalias genéticas patognomónicas, nomeadamente as translocações t(2;13)(q35;q14) e t(1;13)(p36;q14). Estas translocações conduzem à fusão do locus FKHR com os genes PAX3 ou PAX7. Os genes de fusão resultantes, PAX3/FKHR e PAX7/FKHR, codificam proteínas quiméricas. O gene FKHR tem sido relacionado com o controlo do desenvolvimento embrionário e com a expressão génica específica em determinados tecidos em adultos. Os genes PAX3 e PAX7 são expressos durante o desenvolvimento do sistema nervoso e diferenciação celular da musculatura esquelética. Caso clínico Apresentamos o caso clínico de uma jovem de 17 anos com manifestações clínicas suspeitas de doença linfoproliferativa e alterações medulares miméticas com Linfoma de Burkitt. Foi visualizada uma massa retroperitoneal volumosa. Materiais e Métodos Realizados estudos clínicos complementares imunofenotipagem e estudo morfológico). 281 (medulograma, biópsia óssea, A técnica de hibridização in situ com fluorescência (FISH) foi efectuada em núcleos interfásicos, a partir de aspirado medular, usando sondas para os genes MYC, EWSR1, FKHR. Resultados A observação microscópica directa medular foi fortemente sugestivo de Linfoma de Burkitt. A imunofenótipagem excluiu a origem hematológica das células presentes. Outros estudos complementares determinaram a realização de laparatomia exploradora. O estudo por FISH da medula óssea excluiu a presença de rearranjos dos genes MYC e EWSR1 e revelou a presença de rearranjo do gene FKHR em 50% das células analisadas. Conclusão Os genes de fusão PAX3/FKHR e PAX7/FKHR são específicos do rabdomiossarcoma alveolar constituindo marcadores moleculares essenciais no diagnóstico destes tumores. Estes genes de fusão não estão presentes noutros tumores de pequenas células redondas da criança, tais como, sarcoma de Ewing, neuroblastoma e tumor desmoplásico de células pequenas e redondas. Assim, dado que estes tumores são indistinguíveis por técnicas de imunohistoquímica, a detecção das anomalias genéticas específicas por hibridação in situ com fluorescência constitui um método sensível e específico no diagnóstico diferencial do rabdomiossarcoma alveolar. O desenvolvimento de meios auxiliares de diagnóstico baseados em técnicas de biologia molecular põe em relevo a importância de um campo de estudo clínico multidisciplinar. Bibliografia 1- Sorensen P., Lynch J., Qualman S., Tirabosco R., Lim J., Maurer H., Bridge J., Crist W., Triche T., and Barr F. PAX3-FKHR and PAX7-FKHR Gene Fusions Are Prognostic Indicators in Alveolar Rhabdomyosarcoma: A Report From the Children´s Oncology Group. Journal of Clinical Oncology. 2002; 20(11): 2672-2679 2- Atlas of Genetics and Cytogenetics in Oncology and Haematology 3- Goldstein M., Mellery I., Issakov J. and Orr-Urtreger A. Novel Genes Implicated in Embryonal, Alveolar, and Pleomorphic Rhabdomyosarcoma: A Cytogenetic and Molecular Analysis of Primary Tumors. Neoplasia. 2006; 8(5): 332 - 343 4- Barr F. Gene fusions involving PAX and FOX family members in alveolar rhabdomyosarcoma. Oncogene. 2001.20:5736 ± 5746 282 PUB-11 LINFOHISTIOCITOSE HEMATOFAGOCÍTICA ASSOCIADA AO VÍRUS DE EPSTEIN BARR E LINFOMA T PERIFÉRICO IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO PRECOCE F. Miranda1, T. Oliva2; M. Bini-Antunes1; M. Almeida2; V. Costa2; R. Henrique3; J. Barbot1; L. Norton2 1 Serviço de Hematologia, Hospital Maria Pia, Centro Hospitalar do Porto; 2Serviço de Pediatria, Instituto Português de Oncologia Francisco Gentil - Porto; 3Serviço de Anatomia Patológica, Instituto Português de Oncologia Francisco Gentil - Porto A associação da infecção pelo vírus Epstein-Barr (EBV) com a linfohistiocitose hemofagocítica (HLH) está bem documentada e pode surgir em diferentes contextos: A - Mononucleose rapidamente fatal em que a HLH está associada a uma linfoproliferação B policlonal, B - Mononucleose prolongada ou recidivante, C - Mononucleose crónica activa, D - Mononucleose de carácter aparentemente agudo associada ao desenvolvimento rápido de linfoma de células T de tipo periférico. Esta última entidade é extremamente rara ( menos de 20 casos publicados) e habitualmente fatal a curto prazo se não for tratada precocemente. Descreve-se o caso clínico de uma lactente com 21 meses sem antecedentes familiares ou patológicos de relevo, internada por quadro de febre prolongada, bicitopenia, hepatite associada a colestase e dislipidemia. Os exames culturais e a pesquisa de leishmania foram negativos e não foram encontrados sinais de malignidade nomeadamente ao nível do aspirado de medula óssea. A hipótese diagnostica de HLH foi colocada mas a ausência de fenómenos de hemofagocitose na medula não permitiu que 5 dos 8 critérios diagnósticos fossem preenchidos. Um agravamento do quadro clínico com alterações do estado de consciência associada a pancitopenia grave, hipertrigliceridemia e elevação da ferritina levou a que o diagnóstico fosse reconsiderado com repetição do aspirado e biópsia de medula e de biópsia hepática, 13 dias após a biópsia inicial. Para além da presença de fenómenos de 283 linfohistiocitose evidentes foi, desta vez, documentada evidência morfológica e imunocitoquimica de Linfoma de células T periférico. Consideraram-se reunidos elementos que permitiram o diagnóstico de Linfoma de células T periférico associado a HLH e EBV pelo que iniciou protocolo HLH2004. Apesar de, numa primeira fase, se ter verificado uma melhoria clínica e diminuição do número de cópias EBV detectadas por PCR, esta não foi sustentada mesmo após vários internamentos com alteração do antivírico utilizado. O aspirado de medula mantém até à data Linfoma de células T periférico associado a hemofagocitose. Aos 10 meses de evolução da doença a criança não apresenta critérios de remissão e mantém a terapêutica antivírica e de manutenção protocolada. Os autores referem uma situação clínica cuja raridade e complexidade podem resultar num atraso diagnóstico. Este atraso colide com a extrema gravidade de uma situação cuja média de sobrevida na literatura é referida como 33 dias. É assim que se torna mandatório um alto índice de suspeita diagnostica e uma abordagem agressiva até porque a instituição atempada de terapêutica adequada pode revelar-se decisiva na evolução da doença. 284 PUB-12 DOENÇA DE CASTLEMAN MULTI-SISTÉMICA Gilda Teixeira1, Nuno Miranda1 1 Instituto Português de Oncologia Lisboa A doença de Castleman multi-sistémica (DCM) é uma doença linfoproliferativa rara, com envolvimento multi-órgão e sintomas sistémicos na apresentação. Embora de patogénese não esteja completamente esclarecida é conhecida a associação com o Vírus Herpes Humano-8 (HHV-8), sobretudo em doentes HIV+. No tratamento da DCM foram utilizados tanto corticosteróides como poliquimioterapia, com taxas de resposta até aos 90%, mas com recaídas frequentes. Foi também proposto como tratamento adjuvante medicamentos antivirais com resultados pouco encorajadores. Apresentamos um caso de DCM num doente natural da Guiné-Bissau. Aos 11 anos de idade (1996) quadro de febre e sudação acompanhado de poliadenopatias e esplenomegalia (9 cm abaixo da grelha costal esquerda), pelo que é evacuado para o serviço de Pediatria do I.P.O. Analiticamente: Hb 8.1 g/dl; Plaq 188000 e Leuc 5400 (N=31,7%, Ly=40%); LDH 750. Biópsia de gânglio: doença de Castleman tipo hialinovascular multicêntrica. HIV-1/2 negativos. Inicia terapêutica com prednisolona 2mg/Kg/dia, com resposta parcial. Agravamento dos sintomas e das adenopatias após início de desmame. É escalada a dose de prednisolona, com progressão da sintomatologia e trombocitopenia. Inicia Ciclofosfamida, Adriamicina, Vincristina e Prednisolona (CHOP) com boa resposta clínica. Avaliação imagiológica após 3º ciclo de QT compatível com resposta parcial, pelo que prossegue com QT. Após 5º CHOP, TAC compatível com resposta completa pelo que suspende QT. Quinze meses após suspender QT progressão de doença (ganglionar, esplenomegalia, trombocitopenia, e aumento de LDH). Realiza TAC e BOM que confirma doença de Castleman. Inicia QT com Ifosfamida, Metotrexato e Etoposido (IMVP16). Avaliação de resposta após 5º ciclo: VGPR, pelo que faz mais 1 ciclo de QT e suspende terapêutica. Um ano após (1999), 2ª recaída (ganglionar e LDH), pelo que inicia ATRA 45 mg/m2/dia, terapêutica que cumpre por 3 meses com resposta completa. Dois anos após ATRA 3ª recaída. Serologia para HTLV1 positiva mantendo-se HIV1/2-. Inicia metilprednisolona com resposta de curta duração, pelo que 6 meses depois inicia Vincristina e Prednisolona semanal durante 8 semanas. O doente fica dependente de corticóides, para alívio sintomático. 285 Após progressão da doença com poliadenopatias, esplenomegalia, febre e sudação é referenciado à consulta de Hematologia do IPO. Na ocasião tinha 18 anos de idade, bom estado de nutrição, e as serologias virais eram: HIV1/2-; HTLV1+ e HHV-8+.É proposto para terapêutica com anti-corpo monoclonal anti-CD20+, na dose 375 mg/m2/sem x 4 administrações. Obtém-se remissão completa. No último follow-up, 32 meses após o início do tratamento, o doente mantém-se em remissão completa e independente de qualquer tratamento. A utilização de rituximab na terapêutica de DCM está descrita em casos isolados, geralmente em associação com a infecção por HIV. Nestes últimos a taxa de respostas é de 60%, sendo o tempo de follow-up destes doentes muito curto. No caso que descrevemos existe curiosamente associação com a infecção por outro retrovírus. A obtenção de uma resposta completa num doente previamente tão tratado e a duração da mesma tornam esta opção terapêutica muito atractiva. 286 PUB-13 LEUCEMIA LINFOCÍTICA CRÓNICA: UMA CASUÍSTICA DE 10 ANOS Sónia Campelo Pereira1, Maria João Lobão; Fátima Guedes; Amélia Pereira1 1 Hospital Distrital da Figueira da Foz, EPE Introdução A Leucemia Linfocítica Crónica é um síndrome linfoproliferativo de evolução prolongada que resulta da acumulação de linfócitos B no sangue periférico, medula óssea e orgãos linfóides secundários. É a leucemia mais comum nos adultos, sendo frequentemente diagnosticada em indivíduos assintomáticos com alterações hematológicas detectadas em análises de rotina. Material e métodos A selecção dos processos clínicos a consultar foi feita mediante as bases de dados dos Grupos de Diagnóstico Homogéneo para os doentes internados e do programa Sonho para os seguidos em ambulatório. Recorreu-se ao programa informático Microsoft Excel® para o tratamento estatístico dos elementos recolhidos. Resultados Num período de 10 anos identificámos 50 doentes com diagnóstico de LLC-B, havendo um predomínio do sexo masculino (60%). A incidência é de 3,99 novos casos/ano/100.000 habitantes e a prevalência de 0,046%. Relativamente à altura do diagnóstico, a média de idades encontrada foi de 70,66 anos, variando entre os 33 e os 89 anos; 42% dos doentes não apresentavam quaisquer sintomas e em 52% o exame objectivo não revelou adeno ou visceromegálias; o ECOG era de 0 em 75% dos doentes; a contagem de linfócitos média foi de 27085/ml (entre 1000 e 193800). O estudo genético foi negativo na maioria dos casos em que foi realizado, identificando-se uma anomalia cromossómica - t(9;14) - num doente apenas. Clorambucil foi o tratamento de primeira linha mais frequente. A taxa de mortalidade foi de 36%, sendo o óbito devido a intercorrências infecciosas na maioria dos casos e a progressão da doença em 4. A sobrevida global desta amostra é de 5,23 anos. 287 Conclusões Embora este estudo apresente algumas limitações, na generalidade, os dados apresentados são sobreponíveis aos encontrados na literatura. De realçar o diagnóstico desta patologia em dois indivíduos com idade inferior a 50 anos. Bibliografia Ghia P, et al., Chronic Lymphocytic Leukemia, Crit Rev. Oncol./Hematol. (2007); Chronic Lymphocytic Leukemia, Chiorazzi N, et al., N Engl J Med. 2005 Feb 24;352(8):804-15; Vincent T. DeVita Jr., Samuel Hellmam, Steven A Rosenberg. Cancer: Principles and practice of oncology. 7ª ed. Lippincott Williams & Wilkins. 288 PUB-14 LEUCÉMIA LINFOBLÁSTICA AGUDA SECUNDÁRIA: CASO CLÍNICO P. Santos-Sousa1, M. J. Costa1; I. Fernandes2; L. Guerra1; B. Gómez1; J. Fajardo1; J.J. Gomes d´ Oliveira1 1 Serviço de Hematologia e Transplante de Medula Óssea, Hospital de Santa Maria Centro Hospitalar Lisboa Norte, Lisboa, Portugal; 2Serviço de Oncologia, Hospital de Santa Maria - Centro Hospitalar Lisboa Norte, Lisboa, Portugal Introdução As leucemias secundárias são maioritariamente da linhagem mielóide. Os casos descritos na literatura de leucemia linfoblástica aguda secundária relacionável com a terapêutica (LLA-t) são raros. Estão descritos apenas casos esporádicos associados a terapêutica com inibidores da topoisomerase II, temozolomida, ou exposição acidental a doses massivas de radiação ionizante (e.g. explosão de bomba atómica). Em regra, os doentes com LLA-t apresentam rearranjo do gene ALL1-AF4. Os autores reportam o caso de um doente com LLA-t ocorrendo após radioterapia localizada e quimioterapia com fármacos nunca descritos como responsáveis por esta entidade. Caso clínico Doente de 22 anos, sexo masculino, raça branca, com diagnóstico de oligodendroglioma fronto-temporal esquerdo em 2002. Foi submetido a cirurgia, quimioterapia (6 ciclos - procarbazina, CCNU e VCR) e radioterapia holocraniana (59,4Gy), ficando em remissão. Em Fevereiro de 2007 iniciou quadro de astenia, adinamia e abcesso dentário refractário à antibioterapia com cefeprozil. No início de Março foi internado por prostração, anemia (Hb 8,7g/dL), leucocitose com neutrofilia (Leuc. 11000/μL; Linf. 89%) e trombocitopenia (Plaq. 13000). O mielograma diagnosticou LLA-B comum (90% de linfoblastos). Cariotipo: 45~46,XY,der(9)t(9;9)(p1?1;q21),del(9)(q13)[cp6]. Estudo citogenético negativo para rearranjo t(9;22)(q34;q11) BCR/ABL e rearranjo ALL1-AF4. 289 Iniciou quimioterapia com protocolo HiperC-VAD, encontrando-se actualmente em ambulatório, clinicamente bem sob terapêutica de manutenção com POMP (18 meses em remissão completa). Conclusões Embora este doente tenha o diagnóstico de neoplasia primária do sistema nervoso central cinco anos antes do de LLA, não apresenta o perfil citogenético característico de LLA-t e não foi submetido a tratamento com nenhum dos fármacos descritos como estando associados a leucemias secundárias. A radioterapia realizada foi apenas holocraniana e com doses muito inferiores às associadas a leucemia secundária. Até à data os autores não encontraram descrito na literatura (revisão bibliográfica) qualquer relação entre estes dois tipos de tumor. 290 PUB-15 OSTEOPETROSE AUTOSSÓMICA RECESSIVA - CASO CLÍNICO N. Madureira1, J. Azevedo2; T. Sevivas2; M. Benedito2; L. Maricato2; M.L. Ribeiro2 1 Hospital Pediátrico de Coimbra; 2Dep Hematologia, Centro Hospitalar Coimbra , EPE Introdução A osteopetrose maligna ou autossómica recessiva é uma doença hereditária rara. Caracteriza-se pela diminuição da actividade osteoclástica levando a alterações na remodelação óssea, falência da medula óssea, hematopoiesese extramedular e alterações neurossensoriais. O transplante de medula óssea (TMO) é o único tratamento curativo disponível. O prognóstico é reservado, registando-se uma sobrevivência de cerca de 30% aos 6 anos. Caso clínico Lactente de 2 meses enviado à consulta de Hematologia por anemia, trombocitopenia e leucocitose. Tratava-se de uma criança com dois internamentos prévios no hospital da área de residência, o primeiro aos 19 dias de vida por varicela neonatal e posteriormente ao mês de vida por má progressão ponderal, infecção respiratória e candidíase. Ao exame objectivo apresentava-se emagrecido, com palidez cutâneomucosa, macrocefalia relativa, hipotonia axial, sopro sistólico grau II/VI e hepatoesplenomegalia. O hemograma revelou: hemoglobina 7.9 g/dl, leucócitos 37.9 x 109/ml (neutrófilos 5.56, linfócitos 16.1, monocitos 5.33, basófilos 1.01, eosinófilos 1.00), plaquetas 105x109/ml. No esfregaço de sangue periférico visualizaram-se glóbulos vermelhos em lágrima, eritroblastos e precursores mielóides. Nos dois medulogramas efectuados o osso era duro não se conseguindo aspirar medula. A imunofenotipagem do sangue periférico foi normal. Durante o seguimento constatouse atraso no desenvolvimento psicomotor, nistagmo e noção de diminuição da acuidade visual; ao exame oftalmológico observou-se atrofia do nervo óptico. Fez radiografia do esqueleto que mostrou imagens características de osteopetrose. O estudo molecular identificou a mutação G10106A em homozigotia no gene TCIRG1. Foi proposto para TMO; sem dador relacionado HLA-idêntico. Actualmente encontra-se estável, sob vigilância, em terapêutica de suporte, e apoio do projecto de intervenção precoce. 291 Discussão O diagnóstico de osteopetrose maligna exige um elevado grau de suspeição clínica, dada a sua baixa incidência (estimada em 1/200.000). No caso clínico descrito as alterações hematológicas sugeriam o diagnóstico de síndrome mielodisplásico. No entanto, a associação com problemas neurossensoriais e infecções recorrentes, levantou a suspeita de osteopetrose, que foi confirmada pelos achados radiológicos patognómicos e estudos moleculares. O TMO não foi possível por não existir dador familiar compatível e pelas alterações oftalmológicas graves, não reversíveis. 292 PUB-16 LINFOMA ÓSSEO PRIMÁRIO EM IDADE PEDIÁTRICA A. Pereira1, T. Sevivas2; N. Madureira3; M. Salgado3; M. Benedito2; L. Maricato2; M. L. Ribeiro2 1 Dep Hematologia, Centro Hospitalar de Coimbra, EPE; 2Dep Hematologia, Centro Hospitalar Coimbra , EPE; 3Hospital Pediátrico de Coimbra Introdução O Linfoma Ósseo Primário (LOP) é uma entidade rara em Pediatria, representando 3-9% dos Linfomas não Hodgkin e 3% dos tumores ósseos primários. O tipo histológico mais comum é o Linfoma Difuso de Grandes Células. A prevalência no género masculino é ligeiramente superior, sendo a dor óssea prolongada o sintoma mais típico. São critérios diagnósticos: foco primário numa estrutura óssea, confirmação histológica e ausência de envolvimento ganglionar ou tecidular à distância. Caso Clínico Rapaz de 10 anos que em Novembro de 2007 iniciou oligoartrite assimétrica migratória recorrente (com envolvimento dos cotovelos e punho direito), com dor nocturna e febre irregular. Observado na Consulta de Reumatologia do Hospital Pediátrico em Dezembro: bom estado geral, tumefacção do cotovelo esquerdo, dor intensa à palpação das diáfises do antebraço direito, com linfedema, sem hepatoesplenomegália. Parâmetros hematológicos normais; VS 53 mm, PCR 2,6 mg/dL; cálcio sérico 2,66 mmol/L; LDH normal; avaliação laboratorial reumatológica e infecciosa negativa; Rx membro superior direito: lesões líticas no cotovelo direito, osteopenia do terço distal do rádio, cúbito e carpo direitos; cintigrafia óssea Tc 99: hipercaptação no cotovelo e punho direitos. Janeiro 2008: agravamento do estado clínico com comprometimento de grandes articulações (joelho esquerdo). Colocando-se a hipótese diagnóstica de doença infiltrativa realizam-se: 1) RMN: processo infiltrativo no cotovelo direito; 2) biópsia da extremidade distal do rádio direito: ´´proliferação de células linfóides de difícil caracterização´´; 3) medulograma: sem alterações diagnósticas; 4) ecografia abdominal: normal. Primeira consulta de Hemato-Oncologia em Fevereiro: sem hepato ou esplenomegália e sem adenopatias, neutropenia e linfopenia; medulograma não diagnóstico; cintigrafia óssea Ga 67: concordante com a anterior. Em Abril: nova biópsia em ambos os rádios e cúbito esquerdo: Linfoma Linfoblástico de Células B precursoras. 293 Tratamento Em Abril de 2008 iniciou quimioterapia (protocolo DFCI 05-001), com boa resposta clínica e imagiológica. Conclusões O diagnóstico diferencial de dor óssea em idade pediátrica é difícil, por se tratar de uma queixa relativamente frequente e inespecífica nesta faixa etária, e implica a exclusão de patologia hemato-oncólogica. Na ausência de infiltração medular, o diagnóstico de doença hematológica primária pode ser atrasado e só é possível com a realização de outros exames complementares (cintigrafias, RMN, estudo anatomopatológico), fundamentais para detectar situações infiltrativas. 294 PUB-17 ANEMIA HEMOLÍTICA IMUNE POR DROGAS E DOENÇA AUTOIMUNE EM CRIANÇA COM DREPANOCITOSE C. Mendes1, A.Silva1; M.Cabral1; C.Abadesso1; H.Loureiro1; A.Dias1 1Hospital Fernando Fonseca, Departamento Pediatria Introdução As manifestações de Drepanocitose são complexas e multi-sistémicas. A falência na eliminação dos antigénios bacterianos associada a defeitos da via do complemento tem sido referida como factor favorecedor do aparecimento de alterações auto-imunes (laboratoriais e/ou clínicas). Objectivo Os autores apresentam o caso clínico de uma criança de 9 anos com homozigotia S, infecção a Parvovírus B19 e doença auto-imune, com o objectivo de discussão dos riscos, dificuldades diagnósticas e terapêuticas. Material e Métodos Sexo masculino, origem africana, com diagnóstico de drepanocitose (11 meses de vida) e vários internamentos por crise vaso-oclusiva e pneumonia - admitido em Julho de 2007 por dor lombosagrada e no membro inferior direito com agravamento progressivo. No segundo dia de internamento iniciou quadro séptico sem agente identificado, sendo medicado com ceftriaxone e macrólido, com necessidade de suporte transfusional e inotrópico; apresentava anemia arregenerativa (valor mínimo: Hb 4,6 g/dl, reticulócitos 15000/mm3) e trombocitopénia (valor mínimo: 17000 plaquetas/mm3). Documentou-se infecção a Parvovírus B19 (serologia e contexto familiar - irmão drepanocítico com infecção não complicada pelo mesmo agente duas semanas antes). No 8º dia de antibioterapia, verificou-se alteração súbita do estado de consciência e convulsão tónico-clónica generalizada, com hemólise intravascular maciça (Hb mínima 2 g/dl), apesar de Teste Coombs Directo francamente positivo para IgG e C3d, não apresentava sinais de hemólise pós-transfusional. Por associação temporal com toma de ceftriaxone foi efectuado o estudo de anemia hemolítica imune induzida por drogas pelo método de imuno-complexos por técnica clássica em tubo, que revelou a presença de anticorpos anti-ceftriaxone e anti-cefotaxime (ainda presentes cerca de seis meses após o episódio agudo). Apesar de melhoria clínica, o quadro febril manteve-se durante algumas semanas e o estudo de auto imunidade 295 revelou ANA (1/320 e posteriormente > 1/640), Ac anti-DNA e Ac anti-nucleossomas persistentemente positivos. Actualmente apresenta sinais clínicos (astenia, anorexia, mialgias/artralgias, episódio de derrame pleural bilateral e pequeno derrame pericárdico) e laboratoriais de doença auto-imune (quadro inflamatório persistente, auto-anticorpos positivos), tendo iniciado terapêutica com prednisolona; não foi encontrada qualquer evidência de infecção, excepto por Parvovírus B19. Conclusão Sendo controverso o aumento de risco para doença auto-imune em doentes drepanocíticos ou em infecções a Parvovírus B19, essas associações têm sido descritas, colocando problemas de diagnóstico (manifestações dolorosas comuns às duas situações) e terapêutica (utilização de imunossupressores, associação com hidroxiureia, risco transfusional). As cefalosporinas são fármacos muito utilizados em doentes drepanocíticos devendo, no entanto, ser considerado o risco de anemia hemolítica desencadeada por drogas. 296 PUB-18 ANEMIA CÉLULAS FALCIFORMES- 5 CASOS CLÍNICOS I. Carvalhais1. F.Ferreira1 1 Serviço Hematologia Clínica H. S. João – Porto A anemia células falciformes atinge primariamente indivíduos de raça negra , 1 em 14 africanos é portador assintomático e 1 em 700 recém-nascidos de origem africana são afectados pela doença. Todos os doentes têm anemia hemolítica crónica mas as taxas dos mais comuns eventos vaso-oclusivos variam consideravelmente. Os autores apresentam 5 casos clínicos de anemia de células falciformes, todos de raça negra, com idades ao diagnóstico entre 7 meses e 10 anos, Hb entre 6,7 e 7,5 g/dl , Hb S entre 70 e 94% e Hb F entre 0.5 e 19%. Duas destas crianças efectuaram suporte transfusional regular com glóbulos rubros de forma a manter Hb > 10 g/dl e as outras de forma esporádica. O nº de eventos vaso-oclusivos /ano com necessidade de internamento foi em média 4/ano/criança (intervalo 0-8). Todos os doentes foram submetidos a terapêutica com hidroxiureia via oral, em doses terapêuticas variáveis entre 15 e 35 mg/Kg peso, com tempo de seguimento entre 33 e 80 meses. Observou-se redução significativa do nº de transfusões em todas as crianças e independencia transfusional nas duas crianças com suporte regular de glóbulos rubros; aumento da Hb (em média 1,8 g/dl) e aumento da HbF (10% em média) e diminuição do nº de crises dolorosas e de episódios de sequestro esplénico para <1/ano. Os resultados nesta pequena amostra de doentes confirmam os dados da literatura que demonstram a eficácia da hidroxiureia na subida dos valores de hemoglobina, prevenção da disfunção esplénica e outras crises vaso-oclusivas e, assim, melhoria da qualidade de vida com boa tolerancia ao fármaco. 297 298 PUB-19 OCORRÊNCIA DE TRANSLOCAÇÃO T(9;11) TÍPICA DE LEUCEMIA AGUDA MIELÓIDE EM DOENTE COM LEUCEMIA MIELOIDE CRÓNICA-PH+ EM FASE BLÁSTICA C. Correia1, M.J. Oliveira1; A. Carneiro2; I. Salgado1; N. Salgueiro1; C. Granato2; A. Torgal1; S.Castedo1 1 GDPN-Genética Médica e Diagnóstico Pré-Natal; 2Serviço de Hematologia, Hospital de S. João, EPE Introdução A leucemia miéloide crónica (LMC) apresenta na maioria dos casos a translocação recíproca t(9;22)(q34;q11), originando o cromossoma de Filadélfia e a formação a nível molecular do gene de fusão BCR-ABL. Na fase blástica da LMC, surgem frequentemente anomalias citogenéticas secundárias à t(9;22), nomeadamente trissomia 8, isocromossoma 17q ou um cromossoma de Filadélfia extra. A ocorrência simultânea de duas alterações cromossómicas estruturais primárias representa um fenómeno muito raro, embora a t(15;17), a inv(16)/t(16;16) e a t(8;21) tenham sido ocasionalmente observadas como anomalias secundárias à t(9;22). A translocação t(9;11)(p22;q23) ocorre em 2-5% das leucemias agudas mielóides (LAM) (de novo ou secundárias a terapêutica com drogas antitopoisomerase) e origina a formação a nível molecular do gene de fusão MLL/AF9. Apresentamos um caso de LMC com coexistência de t(9;22) e t(9;11), na fase blástica. Caso clínico Doente do sexo feminino, 55 anos, com o diagnóstico de LMC-Ph+ (BCR/ABL+,p210) em Fev/2005. Após citorredução com Hidroxiureia, iniciou Imatinib (400 mg/dia) e obteve resposta hematológica aos três meses. Aos 6 meses apresentava cariótipo normal, mas com BCR/ABL+ (estudos realizados noutro laboratório). 299 Em Nov/2007 apresentava pancitopenia periférica grave. O mielograma mostrou MO invadida por blastos (77%) com características de mieloblastos. Materiais e Métodos Citogenética clássica: Realizadas culturas de medula óssea com a duração de 24 horas. Citogenética molecular: A análise por hibridação in situ por fluorescência (FISH) com sondas específicas para a translocação t(9;22) e para o gene MLL foi realizada em núcleos interfásicos e em metafases. Estudos moleculares: A pesquisa do rearranjo BCR/ABL e das mutações no domínio cinase deste gene de fusão foram realizadas por RT-PCR. Resultados Estudo citogenético: 46,XX,t(9;22)(q34;q11),t(9;11)(p22;q23)[30] FISH: Presença do rearranjo BCR/ABL e de rearranjo do gene MLL. Estudos moleculares: Presença do rearranjo BCR/ABL,p210 e negativo para as mutações que conferem resistência ao Imatinib. Conclusão Os resultados obtidos por citogenética clássica, FISH e estudos moleculares permitiram a caracterização genética de uma progressão invulgar do clone com cromossoma de Filadélfia, presente no diagnóstico, com a aquisição de uma alteração genética típica de LAM. A doente respondeu bem ao tratamento FLAG/IDA, associado ao Dasatinib. Actualmente mantém Dasatinib e encontra-se clinicamente bem, aguardando transplante medular. Bibliografia 1- Patel B., Mohamed A., Schiffer C. Leuk Res 2006; 30: 225-232 2- Zamecnikova A., Bahar S., Ramesh P. Can Genet Cytogenet 2008; 183: 109-113 300 PUB-20 CARIÓTIPO COMPLEXO NUM CASO DE CMML M. Souto1, R. Pinto Leite1; M. Cunha2; E. Ribeiro1 1 Centro Hospitalar Trás-os-Montes e Alto Douro, Serviço de Genética; 2Centro Hospitalar Trás-os-Montes e Alto Douro, Serviço de Hematologia A leucemia mielomonocítica crónica (CMML) é uma doença hematológica de difícil classificação devido às suas características clínicas e à sua evolução. Inicialmente, e segundo a classificação FAB, a CMML era considerada um síndrome mielodisplásico. Recentemente, a CMML é incluída numa nova categoria: as doenças mielodisplásicas / mieloproliferativas, de acordo com a classificação WHO. A análise citogenética pode ser importante na caracterização da doença e prognóstico. Aproximadamente, 20 a 40 % dos casos com CMML têm anomalias cromossómicas, embora nenhuma seja específica da doença. As aneuploidias mais frequentes envolvem os cromossomas 8 e 7, são referenciadas anomalias de estrutura no cromossoma 12 e cariótipos complexos. Os autores apresentam o resultado de um estudo citogenético em um paciente com CMML, com 10 anos de evolução, clínica e analiticamente estável apesar de leucócitos sustentados acima de 20.000/μl. Foram efectuadas na amostra de medula óssea culturas celulares directas e com colcemide 17 h. Todo o procedimento técnico até à obtenção de metáfases foi realizado de acordo com os protocolos existentes no laboratório. Aplicaram-se bandas GTL e técnica FISH com as sondas de pintura cromossómica para os cromossomas 1, 15 e 22; e sonda de sequência única para o cromossoma 5q31. A análise e montagem de cariogramas seguiram as normas internacionais. O cariótipo obtido foi: 46,XY,der(1)t(1;5)(q44;q31),der(5)del(5)(q14q31),t(15;22) confirmado pela técnica FISH. Trata-se de um cariótipo complexo, desequilibrado, apresentando duas trasnslocações em todas as metáfases analisadas. É realizada uma pesquisa bibliográfica comparando o resultado obtido com os descritos na literatura. 301 302 PUB-21 ANEMIA HEMOLÍTICA PÓS-TRANSFUSIONAL Paula Rocha1, H.M.Silva1; M.Costa1; A.Inock1 1 Hospital de S. Teotónio As anemias hemolíticas tardias são raras, com uma frequência de 1/4000 casos. São mais comuns em doentes politransfundidos. Ocorrem aproximadamente entre 4 a 14 dias após a transfusão de sangue compatível, tendo o paciente sido previamente aloimunizado (gravidez ou transfusão). A baixa concentração do anticorpo não permite a sua detecção serológica, mas se os eritrócitos transfundidos possuírem o antigénio correspondente desenvolve-se uma reacção anamnástica com hemólise e TAD positivo, confundindo-se com anemia hemolítica auto-imune. Apresenta-se o caso clínico de um doente do sexo masculino, 69 anos, raça caucasiana, internado por dispneia de esforço, palpitações, cansaço fácil desde há duas semanas. Apresentava-se pálido, sub-ictérico, taquicardico, apirético. Negava perdas hemáticas, febre, dores. Analiticamente revelou anemia macrocitica (Hb: 5.1 g/dl, VGM: 111fL), neutrofilia discreta (8.6 x 10^9/L), plaquetas normais (372x10^9/L), haptoglobina diminuída, LDH, reticulócitos e ferritina elevados, doseamento de ferro, vitamina B12 e ácido fólico normais, bilirrubina total elevada à custa da indirecta. Perante a hipótese de anemia hemolítica fez-se o teste de Coombs directo que foi positivo para IgG, IgA, IgM, C2c, C3d e controlo. Provas incompatíveis em meio enzimático e AGH. Suspeitando-se de uma anemia hemolítica auto-imune foram excluídas causas secundárias: doenças auto-imunes sistémicas, neoplasias, patologias infecciosas víricas e bacterianas. Ecografia abdominal sem alterações. O doente tinha antecedentes patológicos de DM 2, HTA, hiperuricemia, patologia osteoarticular degenerativa. Medicado cronicamente com gliclazida, valsartan + hidroclorotiazida, lercanidipina, atorvastatina, pantoprazol, etoricoxib e glucosamina. Em 2006 teve HDA por úlcera péptica com necessidade de transfusão de 4 unidades de eritrócitos. 303 Tinha sido submetido a cirurgia ortopédica para colocação de prótese total no joelho direito 6 semanas antes, no Hospital Militar de Lisboa, com transfusão de 4 unidades de eritrócitos, sem complicações. Iniciou corticoterapia sem resposta e com agravamento da anemia, tendo-se optado seguidamente por ciclofosfamida diária, à qual de associou rituximab semanal e imunoglobulina endovenosa durante quatro dias. Houve necessidade de transfusão de eritrócitos (isogrupais mas incompatíveis) quando valor de hemoglobina diminuiu (3.4 g/dl) e ocorreu alteração do estado de consciência (desorientação). Teve alta clínica após dois meses e meio de internamento com teste de Coombs negativo e valor de hemoglobina de 9,5 g/dl orientado para consulta de hematologia, ortopedia e fisioterapia. Este caso alerta para a importância de uma boa anamnese, já que poderia ter sido confundido com uma anemia hemolítica auto-imune. 304 AUTORES AUTORES AUTORES A BOTELHO SOUSA. CO 14 A BOTELHO SOUSA CO 8 A CONDUTO CO 8 A MACEDO PO 16 A MARQUES PO 12, PO 53 A MONTEIRO PO 16, CO 8 A ORFÃO PO 16 A PEREIRA CO 18 A SILVA RODRIGUES CO 8 A TEIXEIRA CO 18 A. B. SARMENTO CO 19 A. BOTELHO DE SOUSA CO 5, CO 7, PUB 6 A. BOTELHO SOUSA PO 44, PO 33 A. CARNEIRO PUB 19, PO 32, PO 15 A. CARVALHAIS PO 37 A. ESPADANA CO 19 A. ESTEVINHO PO 7 A. FERREIRA CO 27 A. GARÇÃO CO 2 A. GONÇALVES CO 19 A. GRAÇA CO 20 A. HILL CO 9 A. INOCK PO 54 A. LOPES PUB 6 A. LOURENÇO PO 24, CO 13 A. M. CARRASCAL PO 3 A. M. HONRUBIA PO 3 A. M. PEREIRA PO 31 A. M. VILLA PO 3 A. MARTINS CO 27, PO 25 A. MONTEIRO PO 54, PO 33 A. NEVES PO 31, PO 28 A. P. AMBRÓSIO PO 31 A. PEREIRA PUB 16, PO 7 A. QUINTANILHA PO 2 A. RODRIGUES CO 2 A. SANTOS-SILVA PO 2 A. SARMENTO PO 47 A. SILVA RODRIGUES PUB 6 A. TEIXEIRA CO 19 A. TORGAL PUB 19 307 A.DIAS PUB 17 A.INOCK PUB 21 A.M. PEREIRA PO 28 A.P. AMBRÓSIO PO 28 A.SILVA PUB 17 AB SARMENTO-RIBEIRO PO 21, CO 18, PO 23 AC GONÇALVES PO 21, CO 18, PO 23 ADRIANA TEIXEIRA PO 40 AI ESPADANA CO 18 ALCINA ÁVILA PO 35 ALEXANDRA ESTEVINHO CO 16 ALEXANDRA MOTA PUB 4, PO 13, PO 50 ALICE REICHERT PO 13 ALZIRA CARVALHAIS PO 35, PO 38 ANA BRANCO CO 21, CO 22 ANA E. SOUSA CO 3 ANA ELISABETE PIRES CO 4 ANA FILIPA BARAHONA CO 4 ANA FILIPA MOITA PO 48 ANA MACEDO PO 38 ANA PAULA GONÇALO PO 38 ANA PEREIRA CO 21, CO 22 ANA QUEIRÓS CO 4 ANA SÁ PO 45 ANABELA ALBUQUERQUE PO 52 ANTONIO ALMEIDA PO 13, CO 24, PO 49, PO 11 ANTONIO GUIMARÃES PO 39 ANTÓNIO CAMPOS PO 35, PO 38 ANTÓNIO PARREIRA CO 24, PO 49 AT SIMÕES PO 12, PO 53 AVEIRO F. PUB 8 AVERDELHO PO 34 B. GOMEZ PO 46, PO 26, CO 25, PO 18, CO 15, PUB 14, PO 19 B. MARQUES PO 28 B. REBELO PO 37 BRAZÃO E. PUB 8 BUIJS A CO 17 C CARGALEIRO PO 58 C CARVALHO PO 10 C MARTINS CO 1 C MOUCHO CO 18 C. ABREU PO 47 C. BENTO PO 4, PO 7 C. CARRÃO PO 43 308 C. CERCHIONE PO 55 C. CORREIA PUB 19, CO 17, PO 27 C. FAUSTINO CO 27 C. FONSECA PO 19 C. GRANATO PUB 19, PO 15 C. JUNCAL CO 2 C. LOPES CO 14, PUB 3, PO 46, CO 25, PO 18, CO 15 C. MARTINS CO 2, PO 18 C. MENDES PUB 17 C. MOUCHO CO 19 C.ABADESSO PUB 17 C.DAMIAO CO 23 C.GONÇALVES CO 23 C.H. MELLINK CO 17 CALDEIRA A. PUB 8 CALDEIRA M. PUB 8 CARLA CARVALHO PO 38 CARLOS MENDES PO 38 CATARINA SILVA PINTO CO 11 CECÍLIA CORREIA PUB 10 CECÍLIA MOURA CO 24 CELESTE BENTO CO 16, PO 6 CHAVES S. PUB 8 CLAUDIA LOBATO PO 41, PO 39 CLÁUDIA CASAIS PO 45, PUB 4, PO 50 CLÁUDIO GRANATO PUB 7 CONCEIÇÃO LOPES PO 13 CORDEIRO M. PUB 8 CRISTINA DAVILA PUB 10 CRISTINA GONÇALVES PO 45, PUB 4, PO 50 CRISTINA JOÃO CO 4 CRISTINA MARQUES CO 6 CRISTINA MENEZES CO 16 CÉLIA SPENCER PO 50 D MARQUES PO 10 D. MARQUES PUB 9, CO 11 DENISE TAVARES DOMINGUES PO 56 DIAS G. PUB 8 DINA CARVALHO PO 17 DOMINGUES N CO 28 E CORTESÃO CO 18, PO 23 E MAGALHÃES CO 18 E. BAYER CASTRO PO 2 E. CASTRO ESTEVES; V. OLIVEIRA; P. ROCHA; A. J. OLIVEIRA PEDRO; E. OLIVEIRA; C. MARTINS; L. 309 TAVARES. PUB 1 E. CASTRO ESTEVES PUB 2 E. CLETO PO 2 E. CORTESÃO CO 19 E. CRUZ CO 8 E. GONÇALVES PUB 9, CO 11 E. MACÍAS CO 27 E. MAGALHÃES CO 19 E. RIBEIRO PUB 20, PO 22 E. SILVA PO 31, PO 28 E. WONG, C. NUNES, C. PINHÃO CO 20 ELSA OLIVEIRA PO 56 ELSA ROCHA PO 6 ERNESTO FERNANDEZ PO 41, PO 39 F LOURENÇO CO 1 F. AMADO PO 37 F. CAMPILHO PO 37 F. COSTA CO 14, CO 5, CO 8, CO 7 F. FERREIRA PO 2, PO 15 F. LOURENÇO PO 46, CO 2, PO 18 F. MIRANDA PUB 11 F. PASQUALI PUB 5 F. PRÍNCIPE PO 32, PO 15 F. R. RIBEIRO PO 27 F. TORRES PO 15 F. TRIGO PO 15 F.DAMIAO CO 23 F.FERREIRA PUB 18 F.PEREIRA CO 23 F.R. RIBEIRO CO 17 FERNANDA TRIGO CO 6, PUB 10 FERNANDO AZEVEDO SILVA PO 52 FERNANDO LEAL DA COSTA PO 41 FERNANDO PEREIRA PO 8 FRANCESCA PIERDOMENICO CO 26 FREITAS L. PUB 8 G CAETANO PO 10 G. CAETANO PO 29, PO 7 G. DUARTE PO 28 G. ESTEVES PUB 3, PO 46, PO 26, CO 25, CO 15 G. FERREIRA CO 5, CO 8, CO 7 GILDA TEIXEIRA PO 41, PO 39, PUB 12 GONÇALO CEVADINHA PO 6 GRACINDA COSTA PO 52 310 GRUPO PORTUGUÊS DE MIELODISPLASIAS H. ALMEIDA PO 7 H. BRANCO PO 1 H. CORREIA PO 28 H. GOMES PO 47 H. M. SILVA PO 54 H.LOUREIRO PUB 17 H.M.SILVA PUB 21 HELENA BARROCA PUB 10 HELENA LEAL PO 35 HERLANDER MARQUES PO 30 I SOUSA CO 18 I. CARVALHAIS PUB 18, PO 32 I. CASTRO PO 15 I. COSTA CO 13, CO 8 I. FERNANDES PUB 14 I. GUERRA PO 1 I. MOREIRA CO 27, PO 25 I. POUSA PO 25 I. POÇAS CO 13 I. REDONDO PO 44 I. SALGADO PUB 19 INÊS CARVALHAIS PUB 7 INÊS MOITAL PO 30 INÊS NOLASCO CO 24, PO 49 ISABEL FERNANDES CO 1 ISABEL BARBOSA PO 35 ISABEL LEAL BARBOSA PO 38 ISABEL SILVA PO 34 ISABEL SOUSA PO 13 ISABELINA FERREIRA PO 41, PO 39 J AMARO CO 24 J MARTINEZ PO 16 J PIEDADE PO 33 J SAMPAIO CABRAL PO 41, PO 39 J. A. CARMO CO 2 J. ALVES DO CARMO PO 18 J. ANDRADE PO 47 J. AZEVEDO PUB 15 J. BARBOT PO 2, PUB 5, PUB 11 J. CALDAS CO 14, CO 8 J. CARDA PO 40, PO 55 J. E. GUIMARÃES PO 32 J. ESPÍRITO SANTO PO 51 PO 14 311 J. F. LACERDA CO 2, CO 3, CO 15 J. FAJARDO PO 26, CO 25, CO 15, PUB 14 J. GOULÃO; L. CALADO; C. FERREIRA; L. TAVARES PUB 2 J. GUIMARÃES PO 47, PO 15 J. J. G. OLIVEIRA CO 2 J. J. GOMES D’OLIVEIRA PUB 3, PO 26, PO 18 J. J. GOMES D´OLIVEIRA CO 25 J. M. F. LACERDA CO 2 J. M. MARIZ CO 27, PO 25 J. M. VAGACE PO 4 J. NASCIMENTO COSTA CO 19 J. PERDIGÃO PO 42, PO 43, PO 18, CO 15 J. PEREIRA PO 3 J. RAPOSO PO 42, PO 43, PUB 3, PO 46, PO 26, CO 25, PO 18, CO 15 J. SANTOS CO 17, PO 27 J. SILVA, R. COUTINHO, A. MOTA, C. CASAIS, C. GONÇALVES, L. PINHO, L. XAVIER, J. COUTINHO, M. CAMPOS PO 20 J. VEIGA CO 13, CO 8 J. VIEIRA CO 17, PO 27 J.J. GOMES D´ OLIVEIRA PO 46, CO 15, PUB 14 J.M. MARIZ CO 17, PO 27 J.MAURÍCIO PO 34 JA CARMO CO 1 JF LACERDA CO 1 JJ GOMES D´OLIVEIRA CO 1 JOANA MARIA MARTINS PUB 7 JOANA PARREIRA PO 48 JOANA R COSTA PO 11 JORGE COUTINHO PO 45, PUB 4, PO 50 JOSÉ ALBERTO FREITAS PO 30 JOSÉ BARBOT PO 8 JOSÉ EDUARDO GUIMARÃES CO 6, PUB 7 JOÃO LACERDA PO 13 JOÃO PEDROSO LIMA PO 52 L NOVAIS PO 5 L RITO CO 18 L. BELO PO 2 L. CARANDE PO 44 L. CHECA, CO 8 L. FRANCISCO PUB 9 L. GUERRA PO 46, PO 26, CO 25, PO 18, CO 15, PUB 14, PO 19 L. LIMA PO 1 L. MANCO PO 4 L. MARICATO PO 29, PUB 15, PUB 16 312 L. MENDONÇA PO 20 L. NORTON CO 17, PO 27, PUB 11 L. RELVAS PO 4 L. RITO CO 19 L. SANTOS PO 37 L. TORRES CO 17, PO 27 L. VIEIRA PO 31, PO 28 L. VITERBO CO 27, PO 25 LAURA CARVALHO PO 8 LUCIANA PINHO PO 45, PUB 4, PO 50 LUCIANA XAVIER PO 45, PUB 4, PO 50 LUIS PORRATA CO 4 LUIS RELVAS PO 6 M ABECASIS PO 39, PO 5 M DOURADO PO 23 M DUARTE PO 12, PO 53 M GUADALUPE SALTA PO 13 M. ALMEIDA PUB 11 M. ANJOS TEIXEIRA PO 45 M. ANTUNES PO 2 M. BENEDITO PO 29, PUB 15, PUB 16 M. BINI-ANTUNES PUB 5, PUB 11 M. BRITO PO 29 M. C. RODRIGUES PO 1 M. CUNHA PUB 20, PO 22 M. D´AVO CO 2 M. FERREIRA PO 25 M. FIGUEIREDO PUB 5 M. GANDRA PO 47 M. GUERRA PO 22 M. HENRIQUE SOUSA, CO 8 M. HENRIQUE SOUSA PO 44 M. INÁCIO PO 22 M. J. CABRAL PO 43 M. J. CALIX PUB 5 M. J. COSTA CO 25, CO 15, PUB 14 M. J. SILVA PO 15 M. L. RIBEIRO PO 3, PO 4, PUB 9, PUB 16 M. MAFRA PUB 6 M. MARQUES CO 27 M. PEREIRA CO 19 M. PRATAS CO 13 M. PRATA PO 33 M. SALGADO PUB 16 313 M. SILVA CO 8, CO 7 M. SOUSA CO 19 M. SOUTO PUB 20, PO 22 M. VARANDAS PO 57 M.C. OLIVEIRA, C. FILIPE, N. MELO, A. SARMENTO, R. MAIA, G. VALE, A. TEIXEIRA M.C. TRINDADE PO 28 M.CABRAL PUB 17 M.COSTA PUB 21 M.I. SOUSA PO 55 M.ISABEL SOUSA PO 40 M.J. COSTA PO 46 M.J. LOBÃO PO 9 M.J. OLIVEIRA PUB 19 M.L. RIBEIRO PO 29, CO 11, PUB 15, PO 7 M.R. TEIXEIRA CO 17, PO 27 MACHADO DE CARVALHO PO 34 MADALENA NOLASCO PO 11 MANUEL ABECASIS PO 41, PO 13 MANUEL CUNHA PO 17 MANUELA PECEGUEIRO CO 24 MARGARIDA COUCELO CO 16 MARGARIDA INÁCIO PO 17 MARGARIDA LIMA PUB 4 MARGARIDA RAFAEL CO 24, PO 49 MARIA FERNANDA SACHSE CO 24, PO 49 MARIA FERREIRA CO 21, CO 22 MARIA GOMES DA SILVA CO 4, PO 48 MARIA INÊS PEREIRA PO 48 MARIA JOÃO COSTA PO 13, PO 26 MARIA JOÃO LOBÃO; FÁTIMA GUEDES; AMÉLIA PEREIRA PUB 13 MARIA JOÃO OLIVEIRA PUB 10 MARIA LETICIA RIBEIRO CO 16, PO 6 MARIA ROSALES PO 35 MARIA V. D. SOARES CO 3 MARIKA BINI-ANTUNES PO 8 MARISOL GUERRA PO 17 MARIZ JM CO 28 MARQUES M CO 28 MARTA DUARTE CO 16 MARTINS A CO 28 MC FARIA PO 16 MILENE ANDREIA FERREIRA CORREIA PO 56 MIRANDA R. PUB 8 ML RIBEIRO PO 12, PO 53, CO 10, PO 10 314 CO 12 MOREIRA,I CO 28 Mª JOSÉ BENTO PO 35 N GUERRA PO 58 N MARTINS PO 10 N. ABREU CO 8 N. CERVEIRA CO 17, PO 27 N. COSTA PO 42, PO 43 N. MADUREIRA PUB 15, PUB 16 N. MARTINS PUB 9, CO 11 N. SALGUEIRO PUB 19 N.MARTINS CO 10 NATALINA MIGUEL PO 8 NUNO MIRANDA PO 41, PO 39, PUB 12 OLIVEIRA I CO 28 P AMANTEGUI PO 16 P GONSALVES PO 12, PO 53 P JORGE PO 58 P. COSTA PO 42, PO 43 P. MARTINHO CO 10, CO 11 P. OLIM PO 40, PO 55 P. PIMENTEL PO 37 P. RIBEIRO CO 14, PO 24, CO 13, CO 8 P. ROCHA-PEREIRA PO 2 P. SANTOS-SOUSA PO 18, CO 15, PUB 14, PO 19 P. SARMENTO PO 1 P. SILVA-COELHO PO 32 P. SOUSA PO 40, PO 55 P. TAVARES PO 55 PATRICIA GUIMARÃES CO 6 PAULA LAPA PO 52 PAULA ROCHA PUB 21, PO 54 PAULO GRADES PO 56 PEDRO SANTOS-SOUSA PO 26 PERNETA F. PUB 8 R BARREIRA PO 12, PO 53 R ROMÃO PO 58 R SALVADO PO 12, PO 53, PO 10 R. ALMEIDA PO 28 R. COELHO PO 47 R. HENRIQUE PUB 11 R. L. SILVA CO 8 R. LOPES SILVA CO 14 R. MENDES PO 36 R. MOREIRA PO 37 315 R. MORENO PUB 3 R. PINTO LEITE PUB 20, PO 22 R. SALVADO PUB 9, CO 11 R. TRINDADE PO 37 R.FERREIRA PO 34 R.ROMAO CO 23 R.SALVADO CO 10 RICARDO PINTO CO 6 RITA COUTINHO PO 45, PUB 4, PO 50 RITA DUARTE PO 13 RITA I. AZEVEDO CO 3 RITA TENDEIRO CO 3 RODRIGUES R. PUB 8 ROSA LIMA PO 8 RUI BERGANTIM CO 6 RUI M. M. VICTORINO CO 3 RUI S. SOARES CO 3 RUTE ARAÚJO PUB 4, PO 50 S. BIZARRO CO 17, PO 27 S. BÓIA PO 37 S. COSTA SANTOS PO 24, CO 13, PUB 6 S. FARIA PO 1 S. LISBOA CO 17, PO 27 S. MATOS PO 18, CO 15, PO 19 S. ROCHA PO 2 S. SANTOS PO 18, CO 15 S. SILVA PO 47 S. SNIJDER CO 17 S. SOUSA PO 25 S. VALLE; C. LOPES; G.ESTEVES; J. RAPOSO; J. OLIVEIRA PO 51 S. VALLE PUB 3, CO 25 S.C. PEREIRA, A.G. ALMEIDA, R. SANTOS SILVA, O. MIRANDA, F.FERRAZ SOUSA, A. PEREIRA S.CASTEDO PUB 19 SA SANTOS PO 12, PO 53 SANTO AE CO 28 SARA FERREIRA PO 35 SARA GOMES CO 26 SERGIO CASTEDO PUB 10 SILVA G. PUB 8 SILVA J CO 28 SOFIA ANDRADE PO 30 SUSANA RONCON PO 35, PO 38 SVETOMIR N. MARKOVIC CO 4 SÉRGIO LOPES PO 35, PO 38 316 PO 9 SÓNIA CAMPELO PEREIRA PUB 13 T FIDALGO PO 10 T SILVA PO 23 T. FERNANDES CO 14, PO 44, CO 8, CO 7, PUB 6 T. FERREIRA CO 8 T. FIDALGO PUB 9, CO 11 T. MELO PO 47, PUB 5, PO 15 T. OLIVA PUB 11 T. RODRIGUES PO 43 T. SEVIVAS PUB 9, PUB 15, PUB 16 T. SILVA PO 21 T.FIDALGO CO 10 TERESA SOUSA PO 38 U. REBELO PO 4 UMBELINA REBELO PO 6 V ALVES CO 18 V. ALVES PO 21, PO 23 V. COSTA CO 17, PUB 11 V. FERREIRA PO 57 VICTOR PAZ PO 17 VITERBO L CO 28 X. WANG, RJ. SAPSFORD, A. GUTHRIE, SJ. RICHARDS, H. KROON, MU. SIVANANTHAN, RP. ROTHER, MT. GLADWIN, P. HILLMEN CO 9 317 318