Uma Abordagem Interdisciplinar para o Estudo do
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Uma Abordagem Interdisciplinar para o Estudo do
GOV VERNO DO O ESTADO DA BAHIA A Secretaria da Saúde S do Esstado da Ba ahia – SESA AB Superintendênccia de Vigilâ ância e Protteção da Sa aúde – SUV VISA Dire etoria de Vig gilância e Attenção à Sa aúde do Tra abalhador – DIVAST Centro de Refe erência Esta adual em Sa aúde do Tra abalhador - CESAT Para: 2ª Mostra ‐ Experiênciass de Políticas e Ações em Saúde S do Trab balhador, no SSUS, durante o VI Enconttro da Renastt, de 19 a 21 de d setembro de d 2012 Temaa Autorres Contaatos: telefone e, e‐ mail. Instân ncia: estado, municcípio, Cerest etc. e Sínttese do Trabaalho/Projeto UM MA ABORDAGEM INTERD DISCIPLINAR PARA O ESSTUDO DO ACIDENTE DE D TRA ABALHO COM M ÓBITO Kam mile Miranda Lacerda; Leticcia Coelho da Costa Nobre – CESAT/DIVA AST/SESAB Rita de Cássia Peereira Fernand des – DMP/FA AMED/UFBA millelacerda@gm mail.com ; [email protected] om ; leticia.no [email protected] ba.gov.br Tellefone: (71) 3103‐2203/(71 1) 3103‐2204/(71) 3103‐224 44 Esttado: Dirretoria de Vigiilância e Atenção à Saúde do d Trabalhado or ‐ DIVAST/Baahia Cen ntro de Referêência Estaduaal em Saúde do Trabalhador – CESAT/Bah hia Área: vigilância, AP PS, Pessquisa especcialidades, gesstão, pesqu uisas etc. Resum mo Realizzado estudo epidemiológic e co descritivo, investigando o as mortes por p causas exxternas e 92 acidentes dee trabalho com óbito o em Salvadorr, em 2004. Foram F evidenciadas a precaariedade social das relaçõe es de trabalho o olência como fator desencaadeante dos eventos e no contexto do trabalho. A integgração de técn nicas permitiu u e a vio revelaar a relação dessas mortees com o trabalho, descre ever suas carracterísticas e conhecer o processo dee exclussão dos direittos, a perda da d proteção social, s bem como evidenciar novas con nfigurações daas ocupações, não reegulamentadaas ou reconheecidas socialm mente, no espaaço urbano. Introd dução Os accidentes de trabalho (AT) se caracterizzam por caussalidade comp plexa e dificu uldades na su ua prevenção, especcialmente os AT A com óbito.. Este fato imp plica a necesssidade de umaa análise abraangente e com mparativa com m inform mações comp pletas sobre os o eventos accidentários a que os trabalhadores estãão sujeitos no o exercício daa atividade laborativa (Waldvogel,, 2011). ndo a Organização Internaccional do Trab balho (OIT), occorrem cerca de d 270 milhõees de acidente es de trabalho o Segun e cerca de dois milhões m de mortes m por an no em todo o mundo, qu ue, por serem m “eventos absolutamentee ocial” (Santana et al., 2006,, p.1005). evitávveis, expressam negligênciaa e injustiça so Estudos epidemiológicos têm reevelado a grande relevância social e ecconômica dessses agravos. No N entanto, a dagem dos ATT ainda repreesenta uma lacuna que re esulta em subnotificação desses eventtos e, mesmo o abord quand do há sua men nsuração, a deescrição das circunstâncias c que favoreceem o óbito é, eem geral, limiitada. Apressentam‐se com mo problemátticas desta invvestigação: ass circunstânciaas da morte; aas situações de d trabalho, ass ocupaações e demais dados sócio o‐demográfico os e as formas pelas quais os casos fatais de acidente es de trabalho o são in nfluenciados pela p violência urbana e pelaas relações de e trabalho. Diaante disso, exxplanar as circcunstâncias daa violên ncia no trabalh ho e os fatorees implicados na sua ocorrê ência é o objettivo deste estudo. Objettivos Comp preender o papel da precariedade do trabalho e sua co ontribuição no os óbitos por causas extern nas e por aciden ntes de trabalho. Contribu uir para o conh hecimento dessas ocorrênccias e para o eenfrentamento o do desafio da construção de reelações segurras e dignas do o trabalho e para p a elaboraação de políticcas efetivas de e proteção social. Justifiicativas Necesssidade de tesstar uma novaa abordagem para o proce esso de investigação das mo ortes no trabalho, uma vezz que ainda a temos informações muito m fragmeentadas e com m sérias limitaações em quaalidade, com subregistro e invisib bilidade dessaas ocorrênciass nos sistemas de informaçção de saúde,, ao mesmo teempo em que e é necessário o compreender o papel da precarização do trab balho e das siituações de violências no ttrabalho. A Au utopsia Verbal u contribuição na produção de inform mações e regisstros fidedigno os. pode representar uma Material e método os 1 GOV VERNO DO O ESTADO DA BAHIA A Secretaria da Saúde S do Esstado da Ba ahia – SESA AB Superintendênccia de Vigilâ ância e Protteção da Sa aúde – SUV VISA Dire etoria de Vig gilância e Attenção à Sa aúde do Tra abalhador – DIVAST Centro de Refe erência Esta adual em Sa aúde do Tra abalhador - CESAT Nestee estudo, foi utilizado o método m epidem miológico e uma u técnica complementa c ar de descriçãão dos dados, visand do uma melh hor abordagem m dos 92 acidentes fatais relacionadoss ao trabalho,, ocorridos co om homens e mulheeres, de 10 a 69 6 anos de idade, residentes no municíp pio de Salvado or, Bahia, no aano de 2004. A fonte inicial de infformações foi a base de dados d de um estudo exploratório e descritivo das mortes por cau usas externas, ocorridas em 2004,, nos municípios da Região Metropolitan na de Salvador (Nobre, 2007). nco de dados desse estud do utilizou primeiramente e a coleta dee dados nos arquivos de processos do o O ban Institu uto Médico Leegal Nina Rod drigues (IMLNR), e em segu uida, entrevisttas domiciliarees realizadas aos familiaress das pessoas p faleciidas, como estratégia e parra reconstituição das circu unstâncias do o evento, utilizando como o referêência a técnicca da autopsiaa verbal (AV). Esta técnicaa compartilha dos mesmoss princípios daa história oral (Mend des, 2003), a fim de reinteerpretar as ciircunstâncias do acidente e trajetória o ocupacional do trabalhador falecid do. A AV é “u um questionárrio útil na rotina da vigilância epidemiollógica dos óbiitos aplicado aos familiaress e/ou cuidadores da pessoa faleecida, inquirindo sobre as circunstâncias c s, sinais e sinttomas da doe ença/acidentee d Saúde, 200 08, p. 17). que leevou à morte”” (Ministério da Cada um dos familiiares daqueles que morreraam em decorrrência de acid dentes relacion nados ao trab balho constitui c s do acidente e morte no trabalho. t Estaa perspectiva metodológicaa a fontte para se recconstituir as circunstâncias foi po ossível tendo em e vista a obttenção de narrrativas, no cu urso da coleta de dados epid demiológicos estruturados, atravéés da inclusão o de questõess abertas relativas à ocorrê ência e história dos AT, quee permitiram a abordagem m interd disciplinar. As seguintes seçõees foram exploradas e discutidas: inforrmações sócio o‐demográficaas; histórico ocupacional o e oi descrição da ocorrência e histórria de acidenttes/violências. O tratamentto dos dados de natureza qualitativa fo e as circunstânciaas que envolveram a mortee feito permitindo a identificação de categorias de análise enfocando do traabalhador. Resultados ujeitos da pessquisa: predominantementte homens, casados, c respo onsáveis pelo o sustento daa família, com m Os su idade média de 32 anos e meno or nível de esccolaridade. A violência urb bana aparece como fator desencadeantee ntexto do trab balho, este nãão mais restriito ao espaço interno das eempresas. Oss acidentes dee dos evventos no con trânsiito, seguidos dos homicídio os e outros acidentes, a foraam os tipos de d AT mais freqüentes. Os acidentadoss morreeram no exerrcício do trab balho ou no seu s trajeto, em e sua maiorr parte no “eespaço da ruaa”. Aparece o trabalhador da rua como refleexo da precarrização do trabalho, e é este o sujeito que morre e e cujo AT é otificado, não o encontrado nas estatísticas oficiais. Apenas um terço era em mpregado com m carteira dee subno trabalho assinada. d homicídio foram de asssalto/roubo em e 48,4% dass ocorrências. Apenas 14,1 1% (n=13) doss As cirrcunstâncias do familiares acreditam conhecer a pessoa de quem q partiu a agressão e 5,4% 5 relacionaam a polícia como c suposto o os casos de acidentes de trânsito, verifica‐se v qu ue a maioria (55,6%) doss agresssor do crimee. Quanto ao trabalhadores era pedestre, seeguidos dos motociclistas m (22,2%), cicllistas (8,3%), passageiro de d automóveel %) e condutor de automóvel (5,6%). Quan nto ao horário o da ocorrênccia, destaca‐see o período da noite (18:01 1 (8,3% às 24h h) e da madru ugada (24:01 às à 6h), com 47,8% 4 dos caso os. Quantto ao local dee ocorrência para p todos oss AT com óbitto (Figura 3), 54,32% ocorrreram na rua//via pública, o que pode p ter influeenciado na sub bnotificação e a invisibilidade do evento o. São apresentados a os exemplos de casos dass trajetórias laborativas prrecárias e dass circunstânciias dos óbitoss confo orme descritoss pelos familiaares nas entreevistas. Discussão mpliação das condições prrecárias de trabalho t reprresenta a peerda de direitos sociais, trabalhistas t e A am previd denciários. É relevante r o dado de que 46,4% 4 dos trab balhadores accidentados iniiciaram a vidaa antes dos 15 5 anos de d idade. Evid dencia‐se o traabalho precocce. Uma das implicaçõ ões do cotidiaano repleto de adversidade es é a invisibilidade públicca do sujeito enquanto um m d trabalho in ncerto acaba sendo aceitaa sob quaisquer circunstââncias, já quee trabalhador. A oportunidade do s sobrevivêência e da suaa família. Nesste sentido elimina‐se a frronteira entree representa a únicaa via para a sua o livre e ocupado. tempo A inteegração de téécnicas permiitiu, além de revelar a relação dessas mortes com o trabalho, descrever suass caractterísticas e co onhecer o proccesso de exclu usão dos direiitos, a perda da d proteção so ocial, bem com mo evidenciar 2 GOV VERNO DO O ESTADO DA BAHIA A Secretaria da Saúde S do Esstado da Ba ahia – SESA AB Superintendênccia de Vigilâ ância e Protteção da Sa aúde – SUV VISA Dire etoria de Vig gilância e Attenção à Sa aúde do Tra abalhador – DIVAST Centro de Refe erência Esta adual em Sa aúde do Tra abalhador - CESAT novass configuraçõees das ocupaçções, não regu ulamentadas ou o reconhecid das socialmente, no espaço urbano. A abo ordagem integgrada de méto odos e técnicaas pôde permiitir uma maior visibilidade e melhor com mpreensão doss AT e possivelmente p e deve contribuir na elabo oração de polííticas na área de Saúde do Trabalhador na prevenção o dessees eventos. Traata‐se de um instrumento de grande relevância, aind da pouco conh hecido no âmbito da Saúdee do Traabalhador, qu ue pode contribuir para dessnudar a violência presentee na morte do trabalhador. Um amplo debate entre disciplinas e setorees como o trâânsito e a seegurança públlica, com a perspectiva p dee p o melho or entendimen nto do AT, ain nda sem visib bilidade públicca, é necessárrio para exigir ampliar o diálogo para das de proteçãão à classe traabalhadora. medid 3
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