Desa Cha afios para allenges fo a a Educa or Environ ação Amb
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Desa Cha afios para allenges fo a a Educa or Environ ação Amb
|64 4 Desaafios paraa a Educaação Amb biental noo Ensino Superior S Chaallenges fo or Environ nmental Education E n in Higheer Educatiion W Willam Gerson de Freittas1 (Professor da Facuuldade do Vale V do Jaguuaribe, FVJ)) E‐‐mail: [email protected] RES SUMO As innstituições de d ensino suuperior, diaante das mudanças globbais e dos problemas p econômicos,, sociaais e ambienntais contem mporâneos, precisam constantemeente pensar seu papel na n produçãoo e dissseminação do conheccimento. A promoção do desenv volvimento humano suustentável e iguallitário apressenta-se como o grande desafio do século XXI e a reelação entre o âmbitoo univeersitário e a sociedadee possibilitaa o estabeleecer de um ma ideia de desenvolvim mento paraa além m do ponto de d vista econnômico e meramente m téécnico. Dian nte desse paanorama, doois desafioss emerrgem, a saber, a reflexãão sobre a (re)produçã ( o do saber científico e a busca poor coerênciaa entree os discurssos e as prááticas ambieentais no ennsino superrior. O pressente artigoo tem comoo objettivo tratar desses d desafios mostraando que um ma instituiçção que alm meja a conddição de serr sociaal e ambienntalmente reesponsável deve d avaliaar os saberes que transm mite e cultuura docentee que eestimula. ocial univerrsitária. Connhecimentoo Palaavras-chavee: Educaçãoo ambientall. Responsaabilidade so cienttífico. ABS STRACT Univversities, in n the face of globaal change and econo omic, sociaal and envvironmentall conteemporary problems, p n need to connstantly thiink about their t role in i the prodduction andd disseemination of knowledgge. The prom motion of suustainable and a equitablle human deevelopmentt is preesented as the t great challenge of the t twenty-ffirst centuryy and the relationship between b thee univeersity and society s enabbles the ideea of establlishing a deevelopment beyond ecconomicallyy and technicallyy. Against this backgground, twoo challengees emerge:: a reflectiion on thee k a the searrch for coheerence betw and ween the disccourses andd reprooduction of scientific knowledge envirronmental practices p in higher eduucation. Thiss article aim ms to show that an insttitution thatt aspirres to the coondition of being b socially and envvironmentallly responsibble should evaluate e thee know wledge that transmits annd teachingg culture thaat stimulatess. Keyw words: Envvironmentall Education.. Universityy social resp ponsibility. Scientific S k knowledge. 1 Autoor correspondente. Artigo reecebido em 1 de outubro dee 2014. Aprovvado em 20 dee dezembro dee 2014. Avaliado pelo sisteema double bliind review. RBNDR · ISSNN 2358-5153 · ano 1 · nº2 (Ed. Especial - Gestão Ambienntal e Responsabillidade Social) · Dezz. · p. 64-73 · 2014 Desafios para a Edducação Ambientaal no Ensino |65 5 Introodução Uma narrrativa mileenar conta que q certo hoomem comeeçou a fazeer um buracco no barcoo ondee estava. Ao o ser reprovado pelos demais d passageiros, elee retrucou qu ue ninguém m deveria see incom modar com m sua atitudee já que esttava fazenddo o buraco o sob o seu próprio assento. Essee aneddótico contoo pode muitto bem exprressar os teempos nos quais q vivem mos, de prevvalência dee um iindividualissmo imediaatista. Habitamos, porém, um e mesmo plaaneta, e as ações quee afetaam o equilíb brio naturall não devem m ser vistass apenas em m uma persspectiva inddividualista,, vistoo que podem m compromeeter a vida de d todos. Pode-se dizer que a grande queestão do sécculo XXI é o equilíbrio nas relaçõees dos seress humaanos entre si e com o meio am mbiente. As descobertaas científicaas trouxeraam avançoss tecnoológicos em m várias áreaas, possibiliitando melhhores condiçções de vid da para muittas pessoas.. Por ooutro lado, tais avançços vieram acompanhaados de um ma ação desstruidora doos recursoss naturrais, de form ma tal que,, dado o grau de intervvenção, afeetam negativvamente e de maneiraa decissiva a vida no n planeta, alterando e podendo atté extingui-lla. Por essaa razão, emeerge a importância daa educação ambiental em e todos os o níveis dee ensinno. Na déccada de 90, a Conferência das Nações N Unnidas sobre o Meio Ambiente A e Deseenvolvimentto, ECO-922, foi muito importante para promoover debates sobre meiio ambientee e edducação am mbiental, prooduzindo documentos d como a Carta C da Terra T e a Agenda A 21,, definnindo como o prioridadde a reorien ntação da educação na direção do desennvolvimentoo susteentável. No ensino básiico brasileirro, a educaçção ambienttal é tratadaa de forma transversal, t , confo forme orienttam os Parâmetros Cuurriculares N Nacionais (PCN’s), ( e é regulameentada pelaa Lei N° N 9.795, de d 27 de Abril A de 19999, que disppõe sobre a educação ambiental e institui a Políttica Nacionaal de Educaação Ambienntal para toddos os níveiis de ensinoo. No ensinno superiorr, praticar a educaçãoo ambientall tem seus problemas e dilemass especcíficos. É na n universiddade que se s aprende, se produz e se disseemina o connhecimentoo cienttífico, atrav vés da pesqquisa acadêêmica – quue, por vezees, na preteensão de nneutralidadee técniica acaba sendo s direccionado pelos interessses do pod der econôm mico e políítico. É naa univeersidade, taambém, quue se incen ntivam as práticas, p su ustentáveis ou não, noo currículoo instittucionalizaddo, explícitto e visível, e no cuurrículo ocuulto, fruto de discursoos e açõess cotiddianos da cuultura acadêêmica. A reflexão sobrre essas queestões é impportante na medida em m que ppodem estim mular açõess sustentáveeis, movidaas pela preoocupação fu undamental de garantirr uma perspectivaa mais otimiista de futurro. Ciên ncia modern na, meio am mbiente e ensino e supeerior Nas sociiedades ocidentais se desenvolveu uma visãão segundo a qual cadda um devee cuidaar de seus próprios innteresses aggindo no muundo sem se s preocupaar com o toodo. Ao see iniciaar a modernnidade, o hoomem passaa a se enxergar como sujeito de seu s conheciimento e dee sua aação no mu undo, e é ele quem confere c orddem ao cao os de sua experiência e diante doss fenôm menos. Ele não se sentte mais com mo parte de um todo orrdenado, cuujo sentido possui p umaa preexxistência, mas m se vê, ennquanto subbjetividade rracional, coomo a fonte que dá senntido a tudo.. É o qque Oliveiraa (1993) deenomina de reviravolta antropocênntrica, Nessa concepção o homem m se ennxerga comoo a base parra a consideeração de toda a realidaade. A ideia de d que há um ma ordem política p natuural que sejaa a supremaa realização do homem m é subbstituída porr uma visãoo de que a política p é prroduto da açção humanaa pondo orddem no caoss RBNDR R · ISSN 2358-5153 · ano 1 · nº2 · Dezz. · p. 64-73 · 2014 66| W WILLAM GERSON N DE FREITAS da natureza. O homem mooderno se enxerga, e poortanto, com mo “instânccia que é condição c dee OLIVEIRA A, 1993, p. 96). O serr possiibilidade daa própria sociabilidade da subjettividade” (O humaano irá pen nsar, a parttir de então o, contra a natureza, certificado de que sua missão é domiiná-la, sujeeitá-la. Ele passa a se s manifesttar em relaação ao muundo comoo poder dee fundaação, sendoo aquele quue, enquantto sujeito, age alteranndo decisivamente suaa realidade.. Com mo, desse po onto de vista, não há ordem imutáável que dê sentido ao todo, e pello contrárioo no reeal existe um u caos nattural, cabe ao a único seer racional encontrar formas f de suuperar essaa conddição, domin nando a natuureza e ordeenando-a arrtificialmentte. A interveenção humaana no munndo com o propósito p dee dominar a natureza e sujeitá-la a seu favor – ideeia típica da d moderniidade – tem m acarretad do o paulaatino esgotaamento doss mento doss recurrsos naturaais. A autoodestruiçãoo humana – levando consigo o aniquilam ecosssistemas terrestres – já j não se apresenta a c como uma probabilidaade distantee diante daa eminnência de uma u guerra mundial ouu fruto da mente imaginativa doos escritoress de ficçãoo cienttífica. É um ma possibiliddade real caausada pelaa atuação huumana consstante e ininnterrupta dee degraadação da natureza. n A ciência modernaa tem conttribuído deecisivamentee para a aceleração a da atuaçãoo destrruidora do meio ambiiente. Desdde o início da modernnidade, o conhecimen c nto técnico-cienttífico permiitiu um grauu de precisãão em todoss os domíniios da ação humana e determinouu progrressos inédditos. Entreetanto, o desenvolvim d mento da ciência c trouuxe progreessivamentee consiigo, ao messmo tempo, a ameaça de aniquilaamento doss próprios seres s humannos. Se é a buscaa desinteresssada pelo cconhecimennto que move a ciência, pode-se afirmar tam mbém que a técniica tem prod duzido intervenções noo mundo prrejudiciais às à pessoas, motivadas, sobretudo,, peloss donos do poder políttico e econômico que subvertem o uso da ciência, c com mo asseveraa Moriin (2008, p.18): os poderes p criad dos pela ativvidade científfica escapam m totalmente aos próprioss cienntistas. Esse poder, em migalhas noo nível da investigação,, encontra-see recooncentrado noo nível dos poderes p econôômicos e polííticos. De cerrto modo, oss cienntistas produzzem um podeer sobre o quual não tem poder, mas que enfatizaa instââncias já todo-poderosas, caapazes de utillizar completaamente as possibilidades dee mannipulação e de destruição prrovenientes doo próprio deseenvolvimento dda ciência. Essa amb bivalência da d ciência, útil e ao mesmo m tempo o prejudiciaal aos humaanos, se fazz perceeber claram mente na conntemporânea e preocuppante questãão ambientaal. Para Moorin, em suaa obra Os sete sabberes necesssários à edu ucação do futuro, f o leggado do século XX foi uma era dee barbáárie ocasion nada do âm mago da raacionalidadee que multtiplica o po oderio da m morte e daa serviidão técnicoo-industriaiss. Dois novvos poderes de morte surgiram: s ass armas nuccleares, quee trazeem o risco de d autoaniquuilamento, e a possibillidade de morte m ecológ gica, com a degradaçãoo da biiosfera caussada pela dominação d d desenfreada a da naturezza – além da d ameaça do d vírus daa AIDS S e o cresciimento da solidão s e daa angústia - prenúncioss da depresssão (MORIN N, 2011, p.. 61). Jonas (2006, p. 32) destaca, em m O princippio responssabilidade, a ameaça sofrida s pelaa naturreza pela téécnica e peela indústriaa, quando afirma cateegoricamentte que “a vviolação daa naturreza e a civvilização doo homem caaminham dee mãos dadaas”. Em Máás acerca del d perversoo fin y otros diálo ogos y ensay ayos, Jonas (2001) diz que alterar esse modo predominaante do agirr RBNDR R · ISSN 2358-5153 3 · ano 1 · nº2 · Deez. · p. 64-73 · 2014 4 Desafios para a Edducação Ambientaal no Ensino |67 7 humaano modernno que vigoora há anos impulsionnado por innteresses ecconômicos e de poderr polítiico parece ser s tarefa heercúlea. Gray (20009) afirma que o podeer adquiridoo pela espéccie humanaa implicou a ruína paraa inconntáveis form mas de vidaa, ou seja, o avanço hum mano coinccidiu com a devastaçãoo ecológica.. Pior ainda: a allteração noo equilíbrio planetário pode causaar uma reaação da natuureza, e oss mecaanismos regguladores doo planeta poodem ou toorná-lo menos habitáveel para os huumanos, ouu os eefeitos colaaterais da ação humaana abreviaarão o atual crescimeento popullacional. O progrresso técnicco, asseveraa, caminha lado a lado com c a fraqu ueza moral da d natureza humana. É diante desse panoorama que Morin (20111) apresen nta a necesssidade de considerar o erro e a ilusão que q as cegueiras do con nhecimentoo podem cauusar, e proppõe o conheecimento doo conhhecimento co omo necesssidade primeeira: O desenvoolvimento do conhecimento c o científico é poderoso p meioo de detecçãoo dos erros e de luta coontra as ilusõ ões. Mesmo assim, a os parradigmas quee controlam a ciência poddem desenvollver ilusões, e nenhuma teooria científicaa está imunee ao erro paraa sempre. Aléém disso, o co onhecimento científico c nãoo pode trataar sozinho doos problemas epistemológgicos, filosóficos e éticos.. (MORIN, 2011, 2 p. 20). Cabe, pois, à edducação do futuro, a iddentificação o dos erros, ilusões e cegueiras daa mo questionnar a ação humana h na natureza, n traatando dos problemas p é éticos que a ciênccia, bem com envoolvem e das consequênncias nocivaas para a maanutenção da d própria biosfera. b Vaale ressaltarr que é o avanço da mesma ciência que possibilita a percepçção do riscoo e a análisse de dadoss sobe a situação socioambiental. Por ex xemplo, o deesenvolvim mento de tecn nologia da informação i estão posssibilitando a integração de diferentes tipos de daddos de fontess distribuídaas em temppo real, funndamentais para p a conssolidação daa infraestrutuura global de informação ambiental. a Esssa infraestruttura global dee dados, asssociada ao em mprego de novas n ferrameentas de moddelagem, estáá permitindoo a construçãoo de cenárioss que permitem avaliar, poor exemplo, o impacto do d aquecimentto global na taxa de risco o de extinçãoo de espéciess biológicas (CANHOS; CANHOS; C SO OUZA, 2004, p. p 90). p esttar pautada no reconheecimento do os limites daa lógica, doo A educaçção deve, portanto, deterrminismo e do mecaniicismo, e com a conscciência de que q a razão o humana não n é todo-podeerosa nem o progressoo é garantiido. Deve reconhecer r que a raciionalidade corre riscoo consttante, caso não seja auutocrítica, ou u seja, fechhada em si mesma, m de cair c na ilusãão que levaa ao estrago prov vocado pelaa ação hum mana e a deformação d do próprio o humano. É preciso,, d superaçãão do uso cego c do sabber técnico-portaanto, controolar o destinno da ciênccia através da cienttífico e da utilização das tecnolo ogias para informar e construir compromisssos com a susteentabilidadee: Incorporarr as informaçõões e o conheecimento sobrre os avançoss científicos e tecnológicos no dia-a-ddia do cidadãão comum é tarefa de muuitos, escolas,, instituições de pesquisaa, instituições governamenttais e não-govvernamentais.. Uma socieedade sustentáável pressupõe uma socieddade informadda, na qual oss vários seggmentos produzem e têm acesso à informação qualificada,, utilizando--a nos processsos de form mulação e decisão políticaa (CANHOS;; CANHOS;; SOUZA, 20004, p. 91). RBNDR R · ISSN 2358-5153 · ano 1 · nº2 · Dezz. · p. 64-73 · 2014 68| W WILLAM GERSON N DE FREITAS Na univeersidade, see faz ciênciia através da d pesquisa,, que comoo princípio científico e educativo, é a esfera e de geeração de coonhecimentoos. Para Deemo (1993) a pesquisaa acadêmicaa c princiipal fundam mento o diálogo crítico e criativo com c a realiddade, e que culmina c em m tem como sua eelaboração e capacidadde de interveenção. O ennsino superiior educa peelo saber ciientífico, dee form ma que a ciiência não é apenas domínio téécnico, mass une teoriia e práticaa, juntandoo qualiidade formaal e política que podem m possibilitarr processos emancipatóórios. A educação de níveel superior é o âmbito no qual se deve discuttir o signifiicado sociall da produção p doo conhecim mento e qu ue categoriaa de lideraança será formada f atrravés destee conhhecimento: A relaçãoo entre a criise do saber técnico-cienntífico, hiper--especializadoo (fragmentaado) e sua cegueira c crônnica quanto aos efeitos globais delaa decorrentees, por um laddo, e a crise soocial e ecológ gica mundial, por outro, háá de ser o poonto de partidaa para uma reforma universsitária de respponsabilizaçãoo social nãoo meramente cosmética, mas, sim, produto p de uma u profundaa reflexão sobre s o signiificado sociall da produçãão de conheccimento e daa formação profissional de d líderes naa era da ciênncia (VALLA AEYS, 2006,, p.39). Goeergen (2010), por sua vez, v apresennta reflexãoo sobre essee significaddo social daa o escrever sobe s a relaçção entre o produução de conhecimentoo de que faala Vallaeyss (2006), ao merccado e a ciddadania na formação de d ensino superior. Seeu ponto dee partida é a discussãoo sobree os limitess do modello de desen nvolvimentoo iluministaa, pautado na n confiançça plena naa razãoo autossuficciente, que seria capazz de resolvver todos oss problemaas do ser huumano. Tall modeelo não foi capaz c de soolucionar os problemas humanos, exigindo e noovas formas de pensar: A Globalizzação, as desiigualdades sociais, o desennvolvimento descontrolado, d , os prejuízoos ambientais,, relacionadoss às ameaças de d um modeloo de ciência e de tecnologgia autônomoo e desconectaado dos interessses humanos com reflexoss preocupanttes sobre a vida v individu ual, coletiva e planetária, compõe um m cenário quue exige uma profunda p reforrma do pensam mento e do coomportamentoo das pessoaas (Goergen, 2010, 2 p. 18). O ensino e supeerior no Ocidente O heerdou a meentalidade utilitária de d prepararr m sucesso na competiitividade dee indivvíduos capaacitados proofissionalmeente para see inserir com merccado. A peerspectiva dos d jovens que ingresssam na un niversidade, portanto, é adquirirr conhhecimentos e habilidaddes para inngressar noo mercado de trabalh ho em umaa sociedadee exigeente, compeetitiva e de viés utilitárrio. Em outtras palavraas, o que os jovens busscam é umaa form mação profisssional útil para que possam p inggressar no sistema s ecoonômico viggente. Essaa menttalidade con nduz a se considerar supérflua e desnecesssária qualq quer reflexãão sobre o próprrio agir e su uas consequuências. A peerspectiva das d instituiçções de enssino superioor apontam para a neceessidade dee e as dos jovenns e do merccado. Parecce ser inquestionável, pois, p que aoo se saatisfazer as expectativa ensinno universittário cabe oferecer o aoss jovens acadêmicos uma u formaçção profissioonal para a comppetitividadee e a produttividade, doois requisitoos do sistem ma econôm mico e do mercado m aoss quaiss estão atreeladas as innstituições de educaçãão. Sendo assim, as instituições i s de ensinoo superrior são preessionadas de d todos os lados: peloo público innterno, peloo público exxterno, peloo sistem ma e pelo indivíduo e pelos prrocessos avvaliativos, o que conduz à aparrente únicaa RBNDR R · ISSN 2358-5153 3 · ano 1 · nº2 · Deez. · p. 64-73 · 2014 4 Desafios para a Edducação Ambientaal no Ensino |69 9 alternnativa quee seria “ppriorizar as a expectaativas de mercado, disciplinarrizando oss proceedimentos e selecionanndo conteúd dos curricuulares à luz dos parâmeetros de utiilidade e daa operaacionalidadde” (Goergenn, 2010, p. 18). As IES I que accreditam na educação como um bem b público o e pretenddem formarr ossam consttruir uma sociedade s suustentável, mais humana e mais justa, j e nãoo cidaddãos que po apennas mão dee obra, devvem se queestionar que significa educar noo contexto econômicoo hodieerno, conforme Goergeen (2010). Ele E apresenta duas possíveis respoostas a essa questão. A prim meira é técniica: cabe à educação superior s reaalmente dessenvolver haabilidades e transmitirr conhhecimentos necessários n para o com mpetente exxercício proffissional, in ntermedianddo a relaçãoo entree o mundo corporativo c e o indivídu uo. A segunnda respostaa de Goergeen é bem mais m ampla e compplexa, pois envolve dimensões d é ético-polític cas mais prrofundas. Uma U IES deve formarr cidaddãos com “apurado sentido ético e de responsabili r idade sociaal”, críticoss, éticos e sociaalmente com mprometidos e ambienttalmente ressponsáveis. Essas duuas posturass originam dois conceiitos diferenttes do que seja o ensinno superiorr de qqualidade: um u tem coomo referên ncia o conceito de prrodução, o outro o conceito c dee form mação integrral. O conceeito de proddução traz em e seu bojoo o posicionnamento prragmático e operaacional no qual a uniiversidade deveria exeercer primoordialmentee o papel de d fornecerr profiissionais aptos ao merccado. O con nceito de foormação inteegral, por outro o lado, reconhece r a impoortância do mercado, mas apeseenta uma postura p críítico-reflexiva, mostraando que a univeersidade nãoo pode presscindir da fo ormação parra a cidadan nia: A universsidade está desafiada d a contribuir paara a constru rução de um m pensamentto dialógico-comunicativoo de profunddo sentido cultural. c Issoo representa algo que nãoo pode ser trad duzido em equuações científficas e nem see liga aos seentidos práticoos em termos econômicos; mas nem por isso deixa dee representarr uma condição essenciaal para a paz p e o desenvolvimentoo sustentável no mundo. É preciso reeconhecer quee, enquanto no n campo daa ciência e da tecnologiaa foram alcannçados enorm mes avanços, no n da culturaa quase tudoo ainda está poor ser feito: a distância entrre as culturas, bem como a força da desigualdadde, representam obstácullos ao deseenvolvimento.. (GOERGE EN, 2010 p. 377). Esse é o desafio a ser s enfrentaado por um ma IES e parra o qual a sociedade espera e umaa respoosta. O ambbiente univversitário deeve ser o espaço públiico para se discutir oss grandes e gravees problemaas que afliggem a todoss, seja na essfera indiviidual, seja na n esfera cooletiva, sejaa na essfera ambieental. Para Demo (19993), é sobree a universiidade que a sociedade deposita a esperrança de gerrar desenvoolvimento aoo formar um ma elite inteelectual. Elee afirma quee este desaffio ancora-se na expectativva de que ciiência e tecnnologia sejam m estratégias mais seguraas de emancip pação dos po ovos. Típicos produtos doo espírito huumano, podem m degenerar na n instrumenttalização dos homens, mass igualmentee frutificar naa construção de d alternativass de humanizaação (DEMO,, 1993, p. 1440). Sendo assim, a o ennsino superrior deve sse constituiir como instância estrratégica dee form mação de ciddadãos que promovam o desenvollvimento lo ocal sustentáável. É impprescindívell reforrmar conhecimentos e epistemologias, paraa que a susstentabilidadde – a satiisfação dass necessidades preesentes sem m compromeeter a satisfa fação das neecessidades das geraçõees futuras – o um desaffio a ser coonquistado. Para tanto o, não bastaa formar prrofissionaiss seja vista como om capaciddade técnicca. É preciso formar um tipo de d liderançaa capaz dee comppetentes, co comppreender seuu contexto e os impacttos de sua açção no munndo, bem como apta parra enfrentarr as incertezas e construir c solluções inovadoras paraa um futuro viável. RBNDR R · ISSN 2358-5153 · ano 1 · nº2 · Dezz. · p. 64-73 · 2014 70| W WILLAM GERSON N DE FREITAS Resp ponsabilidaade socioam mbiental: a busca pelaa coerência A reesponsabiliddade social universitárria brasileirra correspon nde à Dimeensão 3 doo Sisteema Nacional de Avaliiação da Edducação Suuperior-Sinaaes, e cada Instituiçãoo de Ensinoo Supeerior-IES é avaliada tam mbém observando-se as a ações quee contribuem m para umaa sociedadee mais justa e susstentável. Avaliam-se A as ações, os projetos, os program mas e demaiis trabalhoss p a realizzados com a comunidaade e/ou voltados para a comunidade, com o intuito de promover incluusão social, o desenvvolvimento econômico, a melhoria da quualidade dee vida, daa infraaestrutura lo ocal e a inovvação sociall. Exige-see que a dim mensão sociioambientall seja ampllamente trabbalhada na gestão, noo ensinno, na pesq quisa e na extensão, que seja contemplada c a no Plano de Desennvolvimentoo Instittucional-PD DI, buscandoo-se a recupperação e a melhoria daas condiçõees sociais, am mbientais e existtenciais da comunidade c e acadêmicaa, visando à participaçãão de todoss. Além dissso, exige-see o cumprimento de legislaçção especifi fica quanto às políticas de educação ambienntal (Lei nºº n 2/2012) e de desennvolvimentoo 9.7955/1999, Decreto nº 4.2281/2002 e Resoluçãoo CNE/CP nº nacioonal sustenntável (Decreto nº 7.7746 de 05//06/2012 e Instrução Normativa nº 10, dee 12/11/2012). Dessa foorma, interessa à IES o cumprimennto das exig gências quaanto à responsabilidadee a de creddenciamentto, recredennciamento e sociooambiental para que seeja bem avaaliada nos atos transsformação da d organizaação acadêm mica. Vale ressaltar, r poorém, que o cumprimeento dessass exigêências devee constituir--se algo parra além de mera m formaalidade. O compromiss c so social dee uma IES não poode ser oriuundo de um m processo unilateral, verticalizaddo, fragmenntado e quee ignorra a realidade local, viisto que ela possui o paapel importtante de inteerligar duass realidadess distinntas: a RSU é o elo entre dois mundoss diferentes: a universidadde, com seuss tecnocratass, docentes, esstudantes, misssão, currículoo, pesquisa e o resto de suaa bagagem – tanto desejadda quanto indesejada – e a realidade de nossos n países,, com sua inniquidade, suaa pobreza, seuus antagonismoos e sua globaalização. Doiss mundos qu ue vivem em uma relação simbiótica e conflituosa. A RSU deve,, portanto, impor orddem e equ uilíbrio entrre estes doois mundoss NBERG, 20066, p.30). (WANGEN mo, uma dissciplina sobbre ética e responsabillidade sociaal ou sobree Por isso mesm c d cursos é importan dos nte, porém insuficiente i e gestãão ambientaal incluída na matriz curricular para promover essa ligaçção de que fala Wanngenberg (22006) e paara gerar ass ações dee d desigualldades da reealidade loccal na qual a IES está inserida. i Naa verdade, é enfreentamento das impoossível tentaar formar em m sala de aula a para a vivência v ciddadã quanddo a própriaa instituiçãoo respoonsável porr essa form mação manntém em suuas práticass institucioonais cotidianas açõess contrrárias à cidadania com mo a corrupção, o autooritarismo e a ausênciaa de transpaarência. Doo mesm mo modo, se s a instituiição ensina ao estudannte sobre a política p doss três R’s (rreciclagem,, reduçção e reutiliização) não deve ela mesma m deixaar de imiscu uir-se em tall tarefa. Valllaeys (2006) alerta para o coonjunto dee normas e valores ensinadoss impliicitamente, contrarianddo os discuursos apresentados por professorres e gestorres de umaa IES, o chamado currículo oculto: o RBNDR R · ISSN 2358-5153 3 · ano 1 · nº2 · Deez. · p. 64-73 · 2014 4 Desafios para a Edducação Ambientaal no Ensino |71 o currícullo oculto revvela-se, sobreetudo, nas falhas, f nas omissões, o nass hierarquizaações, nas coontradições e nos desconh hecimentos coonstatados noo próprio cuurrículo oficiaal e na práticca docente diiária, que – supõe-se – o aplica. Ou seja, a exempplo do que se verifica v com os o desejos incconscientes dee oa, os quais see revelam, anttes de mais naada, nos atos falhos f do dia-uma pesso a-dia. Muiito mais do quue o conteúdo o curricular dos d programass, a noção dizz respeito aoo ethos gerall, oculto, da instituição acadêmica, beem assim aoss aspectos da d vida cotiddiana, tanto administrativa a a e organizaccional quantoo pedagógicaa, os quais não se en ncontram ab bertamente formulados fo e explicitado os, mas existem e têm efeitos, em termos de atitudes a e dee valoração, que condiccionam o proocesso norm mal de aprendizagem doss estudantes (VALLAEYS S, 2006, p. 43). O currícculo oculto é, portanto, uma espéécie de pedaagogia invisível que leegitima (dee maneeira sutil ou o não) práticas p anttiéticas e antiecológic a cas, contráárias às diretrizes dee respoonsabilidadee social daa IES, fazeendo persistir contradiições entre discursos e práticas.. Diannte desse cennário: o desafio,, mais do que q program mático, é parradigmático. Não adiantaa simplesmeente refazer a ementa, alteraar a grade, reppaginar os connteúdos, criarr novas discciplinas, aperffeiçoar as existentes, ou mesmo m renovvar estratégiass educacionaais. Embora essas medidaas sejam evid dentemente necessárias n naa formação de uma propposta de eduucação mais contemporânnea, impõe-see VOLTOLINI,, primeiro a complexa tarrefa de mudarr o pensamentto de fundo (V 2014, p. 9)). A mudança m do “pensamennto de fundoo”, o perfil dos valoress que a orgaanização iráá or coerência entre teoria e prrática e taambém doo desennvolver, depende daa busca po reconnhecimento de sua im mportância no contextto local. Como C apontta Vallaeyss (2006), é quanndo uma IE ES toma consciência de si messma, de seu u entorno e do papeel que nelee repreesenta, que a responsabbilidade soccial se desennvolve. É preciso, p poiss, modernizzar o ensinoo superrior, isto é, prepará-lo para o enfr frentamento dos desafios e dilemaas atuais, soobretudo oss mais urgentes, buscando b “ “equilíbrio e entre dominnar e produuzir tecnolo ogia, e garanntir que tall h (D DEMO, 199 93, p. 147)). Garantir que novoss instruumentação esteja a seerviço do homem.” avannços da mo odernidade venham accompanhadoos de susteentabilidadee ambiental é um doss princcipais dilem mas que integra a agendda das socieedades conteemporâneass. Ferri (20110) destaca,, porém m, que a appropriação do d saber é garantida apenas a quan ndo ocorre uma u transfoormação daa concepção e daa atitude do estudante, isto é, quaando ele se apropria, toma t para si s mesmo o conhhecimento. Porttanto, a insttituição de ensino superior que almeja a a con ndição de ser s social e q p portanto, quue tipo de saaberes dissemina e se o ambiientalmentee responsáveel deve se questionar, enfoqque dado nas n matrizess curricularres tem com mo norte a ética e o desenvolvim d mento locall susteentável. Deve se pergguntar constantemente como os saberes sãoo transmitidos e quall cultuura docentee é estimuulada. Devve também buscar iddentificar quais q são os saberess comppartilhados com a com munidade e se esses saberes estim mulam a ciidadania auutônoma. A educação ambieental deve, então, e estarr disseminadda de maneeira explícitta ou implíccita na vidaa mbiente de trabalho e de d estudo, nas n relaçõess organnizacional, nos estatutoos, nos costtumes, no am interppessoais, ennfim, em toddos os âmbiitos da IES.. Conssiderações finais A formaação do esstudante naa perspectiiva de edu ucá-lo paraa tornar-se agente dee desennvolvimento deve vir atrelada a ao estímulo à ccidadania democrática d , bem comoo à ética e à RBNDR R · ISSN 2358-5153 · ano 1 · nº2 · Dezz. · p. 64-73 · 2014 72| W WILLAM GERSON N DE FREITAS respoonsabilidadee socioambiental – quee deve ser tema t transversal em todas as carreeiras. Cabe,, pois, à universiddade, contribuir para hu umanizar o desenvolvimento, supeerando a fraagmentaçãoo c da ciência, gerrando oporttunidades pautadas na ação transfformadora da d realidadee e a cegueira e na sustentabilidade. Entrretanto, são variados e complexoss os desafio os a serem enfrentados e s ducação am mbiental quue supere a pela educação no ensino superior para promovver uma ed dicottomia teoriaa e prática e faça o sabeer científicoo promover a sustentabilidade. Os educcadores e gestores g dass IES deveem primar pela p coerên ncia entre discursos d e práticcas ambienntais, pois soomente assiim a responnsabilidade socioambieental será effetivamentee um de d seus valo ores mais importantes i s. Entretantoo, nas instittuições priv vadas eles se s deparam m cotiddianamente com a neccessidade dee pensar foormas de coonciliar proopostas acaddêmicas dee educação e gesttão ambienttal – pouco lucrativas em curto prazo p – e oss interesses comerciaiss m s dessas insstituições. legítiimos dos mantenedores É no cotiidiano das práticas p acaadêmicas de ensino, pessquisa e exttensão, e nos processoss de ggestão da innstituição que q se pod de comprovvar o compromisso coom a sustenntabilidade.. Coerrência entree teoria e prrática implica educar dde maneira eficaz atrav vés do exem mplo. Além m dissoo, o uso in nteligente e sustentáveel dos recurrsos –como o exemplo se tem a redução r doo consuumo e a corrreta destinaação dos resíduos – denota a preocupação com a questãoo ambientall não aapenas com mo uma açãoo superficiall e cosméticca, mas com mo foco centtral das açõees da IES. Do mesm mo modo, é bastante necessário n d debater com m maturidad de e insistênncia acercaa do pprocesso dee desenvolvvimento irreesponsável e inconseqquente, cujo o poder de destruiçãoo ecolóógica é muultiplicado pela próprria engenhoosidade hum mana atravvés do saber técnico-cienttífico. Ter a sustentabiilidade com mo foco da IES I significca respeitarr o meio am mbiente noss debaates qualificcados em sala de aulaa e, mais ainda, a por intermédio de uma auutoavaliaçãoo consttante a partir p da oobservânciaa fundameental do que q é ecoologicamentte correto,, econnomicamente viável, socialmente s justo e cuulturalmente diverso. Somente assim a serãoo form madas lideraanças capazzes de viabiilizar um fuuturo sustenntável, paraa si mesmas e para ass próxiimas geraçõões. Refeerências CAN NHOS, Van nderlei; CA ANHOS, Doora Ann; SOUZA, Siddnei de. Informação ambiental a e práticcas de cid dadania. In: PINSKY, Jaime (O Org.). Práticas de ciidadania. São S Paulo: Conttexto, 2004. MO, Pedro. Desafios D m modernos daa educação. 2ª edição. Petrópolis: Vozes, 19993. DEM RI, Cássia. Educação geral: um desafio peddagógico noo ensino suuperior. In: PEREIRA,, FERR Elisaabete Monteeiro de Aguuiar (Org.).. Universid dade e currrículo: persspectivas de educaçãoo gerall. Campinass: Mercado de Letras, 2010. 2 ORGEN, Peddro. Formaçção Superioor: entre o m mercado e a cidadania. In: PEREIR RA, GEO Elisaabete Monteeiro de Aguiar (Org.). Universidad U de e currícculo: perspectivas de edducação gerall. Campinass: Mercado de Letras, 2010. 2 RBNDR R · ISSN 2358-5153 3 · ano 1 · nº2 · Deez. · p. 64-73 · 2014 4 Desafios para a Edducação Ambientaal no Ensino |73 3 GRA AY, John. Cachorros C d palha: reeflexões sobbre humanoss e outros an de nimais. Rioo de janeiiro: Record,, 2009. AS, Hans. O princípioo responsab bilidade: ennsaio de um ma ética paraa a civilização JONA tecnoológica. Traadução do original o alem mão de Mariijane Lisboaa e Luiz Baarros Montezz. Rio de Janeiiro: Contrapponto – Ed. PUC-RIO, 2006. ________. Más acerca a del perverso p fiin y otros diálogos d y ensayos. e Trraducción y edición dee Illanaa Giner Com mín. Madridd: Catarata, 2001. (Collección clásicos Del pensamiento crítico). c RIN, Edgar.. Ciência coom consciência. Traduução: Maria D. Alexanddre e Maria Alice MOR Samppaio Dória. Ed. Revistaa e modificaada pelo auttor – 12ª Edd. Rio de Janneiro: Bertrrand Brasil, 20088. _________. Os seete saberess necessárioos à educaçção do futuro. 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