Frecuencia Latinoamérica

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Frecuencia Latinoamérica
Frecuencia
COMUNICAÇÃO SEM FIO NA AMÉRICA LATINA
Ano 9 - Nº 63 - Janeiro/Fevereiro 2005
Edição em PORTUGUÊS
Latinoamérica
www.frecuenciaonline.com
ESPECIAL ANUAL SATÉLITES
SERVIÇOS IP EM ALTA
América Latina é alvo de disputa
entre México e Espanha pela
hegemonia na comunicação móvel
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29/12/2004, 11:56
Frecuencia
Latinoamérica
EDITORIAL
Nº 63 Janeiro/Fevereiro 2005
MATRIZ
ITP Editorial
475 Biltmore Way, Suite 203
Coral Gables, FL 33134-5756
Tel: 1 305 567 2492 / Fax: 1 305 448 5067
DIRETORA & EDITORA-CHEFE
Ana María Yumiseva [email protected]
DIRETORA EDITORIAL
Graça Sermoud [email protected]
EDITORA EXECUTIVA
Ana Paula Lobo [email protected]
EDITORA EUA
Boa leitura
Clara Persand [email protected]
EDITORA MÉXICO
Fabiola González [email protected]
CORRESPONDENTES
Argentina - Elías Tarradellas
Equador - Jaime Yumiseva
Peru - Marco Villacorta
U
FRECUENCIA LATINOAMÉRICA circula dez vezes no ano e é
distribuída às empresas e executivos do mercado de
telecomunicações sem fio.
Assinatura anual: Latinoamérica, EUA e Canadá: US$ 35.
Europa e Ásia: 60 Euros. Brasil R$ 50.
Direitos Reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta
publicação sem prévia autorização da direção. As opiniões contidas
na revista Frecuencia Latinoamérica refletem a posição dos autores e
não necessariamente a da ITP Editorial.
m novo ano sempre traz o espírito de renovação.
Aproveitamos propositalmente esse momento para
apresentar uma nova Frecuencia, mais dinâmica,
diversificada e atraente. Essa primeira edição de 2005, traz um
outro projeto editorial e gráfico. Dividimos o conteúdo em duas
grandes áreas: seções fixas e temas relativos ao universo da
comunicação sem fio na América Latina. Com isso, mantemos os
espaços fixos já tradicionais como Notícias, Perfil e Opinião. Ao
mesmo tempo, lançamos duas seções: Case Study, com as melhores
práticas no uso da tecnologia Wireless na região; e Produtos, onde
apresentamos o que existe de novo, moderno e arrojado no mundo
dos dispositivos móveis ou para soluções de suporte à mobilidade.
Por outro lado, para imprimir maior dinâmica às reportagens,
estamos divididos por temas. E são vários: banda larga, satélites,
Wi-Fi, WiMAX, radiocomunicação, política, segurança,
convergência... O que demonstra o quanto o segmento está
evoluindo e reforça a tese de que o mundo da comunicação será
totalmente sem fio em bem pouco tempo. No modelo que
imprimimos, com abordagem através de temas, temos também
flexibilidade para acompanhar as mudanças que estão em curso
e que são próprias de um segmento em processo de consolidação.
As mudanças não estão apenas na forma de apresentar o
conteúdo, o novo modelo editorial nos permite apresentar maior
variedade de matérias, desde as mais noticiosas até as mais
abrangentes e analíticas. Tudo isso, margeado por um projeto gráfico
moderno, mais leve e arrojado. Inauguramos também o espaço da
seção de cartas, onde poderemos apresentar para todos os leitores,
o retorno que temos recebido em relação ao nosso trabalho.
Vale pontuar que estamos mantendo nosso espaço de
reportagens especiais, marca registrada da Frecuencia
Latinoamérica e referência no mercado. Nessa edição, o segmento
em foco é o de satélite, coincidentemente um setor que entra em
nova fase. Depois de amargar um período de letargia, ele dá sinais
de recuperação trazendo alternativas em termos de soluções e
redução de custos. Os projetos de inclusão digital, iminentes na
região, contribuem para ditar o novo ritmo desse mercado.
Equipe editorial
www.frecuenciaonline.com
Janeiro/Fevereiro 2005
CIRCULAÇÃO
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TRADUTORAS
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IMPRESSÃO
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FRECUENCIA Latinoamérica
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ÍNDICE
NOTÍCIAS
NOTÍCIAS
CAPA
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ARGENTINA
Operadoras móveis ocupam os sete primeiros lugares da
lista no ranking de reclamações
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COLÔMBIA
OLA reforça atendimento ao cliente mas Superintendência
da Indústria e Comércio impõe novas sanções à operadora
10
PERU
O Ministério dos Transportes e Comunicações promete
portabilidade numérica para o segundo semestre
PERFIL
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E O VENCEDOR SERÁ...
Nos últimos anos, Roderick
Nelson, vice-Presidente
Executivo e CTO da AT&T
Wireless, esteve à frente dos
movimentos ligados ao uso da
comunicação sem fio. Agora
conduz um desafio pessoal: o
processo de integração de sua
equipe à da Cingular
ESPECIAL ANUAL SATÉLITES
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OPINIÃO
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Dois gigantes – América Móvil
e Telefónica Móviles –
prometem disputar, assinante
a assinante, a liderança do
ranking da região. A tarefa não é
simples. Os titãs estarão envolvidos
em integração de empresas que
prometem ser o calcanhar de
Aquiles dos negócios. Quem melhor gerenciar estes processos,
terá tudo para sair na frente. Mas a concorrência também
pode marcar um tento ao fidelizar usuários
Evolução da tecnologia e redução de custos de
equipamentos e serviços trazem novas perspectivas para a
indústria de satélite. Projetos de inclusão digital abrem
frentes de negócios na região
CASE STUDY
A tecnologia sem fio está mudando a maneira de
fazer negócios. As vantagens das aplicações móveis
não se restringem à conveniência e à flexibilidade.
O maior benefício é o retorno sobre o investimento
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A brasileira CTBC é um exemplo de que operadoras de
menor porte podem construir uma base de clientes fiéis,
apesar da forte concorrência com os titãs do setor
TECNOLOGIA
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PRÓXIMA EDIÇÃO
PORTABILIDADE NUMÉRICA
ESPECIAL SEGURANÇA
Frecuencia Latinoamérica faz um balanço das
principais novidades na área de segurança para o uso
de redes sem fio. Também avalia o nível de confiança
dos usuários na tecnologia Wireless.
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FRECUENCIA Latinoamérica
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Fornecedores de cartões SIM Cards apostam na evolução
da tecnologia GSM na América Latina
O tema é polêmico e está em discussão nas Agências Reguladoras
da América Latina. Especialistas avaliam o impacto da
adoção da funcionalidade para consumidores e operadoras.
LOCALIZAÇÃO
Aplicação ganha força no segmento móvel celular.
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NOTÍCIAS
NOTÍCIAS
Juan Waehner
assume Telefónica
Ranking de
reclamações
Operadoras móveis
ocupam os sete
primeiros lugares da lista
A Subsecretaria da Defesa do Consumidor resolveu ficar ao lado do
usuário. A instituição anunciou que vai entrar com medidas cautelares para
pedir o fim da publicidade considerada enganosa por parte das empresas
de telefonia móvel. A Subsecretaria também vai solicitar sanções às operadoras que aparecem no ranking de reclamações dos consumidores no País.
No mês de novembro, por exemplo, os sete primeiros lugares do
ranking foram ocupados por empresas ligadas ao serviço de telecomunicações. O primeiro lugar ficou com a Telefónica, com 774 queixas (em
outubro, a carrier também liderou as reclamações); o segundo lugar
coube à arqui-rival CTI Móvel, do megaempresário Carlos Slim, com
531; seguem-se Unifón (operadora móvel da Telefónica), 178; Personal
(TIM), 170, e Movicom (ex-BellSouth), 106.
Os porta-vozes de CTI Móvel se recusaram a dar declarações. A
Telefónica criticou o levantamento. "Dos 900 casos em outubro, apenas
18 chegaram a nós”, reclamou uma fonte da operadora.
A expansão da telefonia móvel, que ultrapassou a marca de 12
milhões de linhas em 2004 foi acompanhada de investimentos na atualização das infra-estruturas de redes, mas a Subsecretaria questiona as
práticas adotadas pelas operadoras. A entidade observa que as carriers
móveis vendem mais linhas do que conseguem atender e terminam por
prestar um serviço de qualidade duvidosa para os assinantes.
Depois de um período de grandes rumores, a Telefónica da Argentina nomeou
Juan Waehner como novo gerente geral.
Ele será responsável pela linha de negócios para telefonia básica, pública, acesso
à Internet e catálogos de telefone do Grupo Telefónica no País.
O executivo, de 44 anos, é engenheiro
pela Universidade Nacional de Buenos Aires
com pós-graduação nas universidades de
Harvard, IESE e INSEAD. Ingressou no Grupo Telefónica em 1995 como diretor comercial da Telefónica Unifón (empresa de telefonia móvel). Em 1997 passou à direção comercial da Unidade de Negócios Residenciais
da Telefónica da Argentina, onde alcançou o
cargo de diretor geral no ano seguinte.
Antes de entrar para a Telefónica, Juan
Waehner trabalhou na BGH, à frente da área
de comunicações da Motorola e na Siemens
na Alemanha e na Espanha em diversas funções comerciais. O executivo substitui
Guillermo Ansaldo que, depois de quase cinco anos à frente da operadora, assumiu o
cargo de diretor geral responsável pelas áreas de Planejamento, Regulamentação e Desenvolvimento Corporativo em escala regional da Telefónica Internacional.
Etapa Móvil amplia base de usuários em Cuenca
Com tarifa promocional de 10 centavos e investimentos
em infra-estrutura, atendimento e vendas, a Etapa Móvil obteve um recorde de assinantes – 3 mil em um único mês em
Cuenca, um dos principais mercados do País.
A operadora é o resultado de uma aliança estratégica entre
a provedora municipal de telecomunicações Etapa de Cuenca e
a Telecsa (Alegro). As duas empresas investiram perto de 14
milhões de dólares na infra-estrutura e na instalação de quatro
centros de atendimento ao público na capital. Além disso, con-
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trataram 25 vendedores que percorrem fábricas, empresas e
instituições públicas para a oferta dos planos corporativos.
Uma das iniciativas de sucesso, lembra, Fernando Pauta, gerente da Etapa, foi a promoção Sócios Fundadores realizada em
outubro passado, e que trouxe excelentes resultados comerciais
para a operadora. Um mês depois, uma nova promoção foi concedida aos assinantes do programa: uma tarifa de 10 centavos por
minuto para comunicar-se entre os sócios da rede. O gerente da
Etapa revela que 90% dos assinantes aderiram à novidade.
Janeiro/Fevereiro 2005
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29/12/2004, 12:00
NOTÍCIAS
Colômbia Móvil/OLA reforça
atendimento ao cliente...
A operadora de telefonia móvel celular confirmou que, ao longo de 2005, irá
instalar 35 centros integrais de atendimento ao assinante, situados nas principais
cidades do País. A iniciativa faz parte de um programa de investimentos, responsável pela redução do índice de reclamações dos 9%, registrados em janeiro de
2004, para 2% em julho do mesmo ano.
Os centros de atendimento funcionarão em locais próprios e serão encarregados de receber e resolver as queixas dos assinantes da operadora, que já somam
1,16 milhão. A expectativa é que com esta medida a resolução de uma queixa
demore menos do que os atuais oito dias.
Com relação a 2005, o presidente da empresa, Leon Darío Osorio, diz que os
indicadores financeiros e operacionais dos últimos meses de 2004 apontam para
um futuro otimista para a Colômbia Móvil-OLA.
A empresa ampliará a capacidade da rede para atender a 2,5 milhões de
clientes e continuará com os investimentos em soluções de combate às fraudes,
um dos principais fatores de prejuízo para a operadora e que já determinou o
cancelamento de planos de assinantes que fizeram uso ilegal do serviço.
...mas Superintendência da Indústria e
Comércio impõe novas sanções à operadora
A Colômbia Móvil-OLA continua pagando pelos erros
cometidos no atendimento a clientes durante os primeiros
meses de operação. A Superintendência de Indústria e
Comércio (SIC) aplicou duas novas multas de 322,2 milhões de pesos à empresa.
As sanções foram impostas porque a carrier não solucionou, num tempo hábil, as reclamações feitas pelos
assinantes. Estas duas multas somam-se a outras seis
que a Superintendência impôs à OLA ao longo de 2004,
por diversas razões: faturamento incorreto dos serviços, publicidade enganosa e atendimento de pedidos e
reclamações fora dos prazos estabelecidos pelas metas
de qualidade do setor.
O presidente da Colômbia Móvil-OLA, Leon Darío
Osorio, explicou que as novas sanções decorrem de queixas não atendidas no primeiro semestre de 2004, "uma
situação que, felizmente, melhorou nos últimos meses",
assegurou. O executivo destacou que atualmente as recla-
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mações dos clientes estão sendo atendidas dentro de um
período máximo de oito dias.
Questionado sobre o desconforto que as mudanças
efetuadas pela empresa para o segundo ano do contrato
têm gerado entre os usuários do plano Pioneros, Osorio
disse que a OLA está analisando se mantém o bloqueio das
chamadas para os clientes cujo consumo excedeu em 50%
o valor dos encargos fixos determinados pelo pacote. A
intenção, antecipa o executivo, é tentar encontrar uma
saída que traga rentabilidade para a operadora, sem causar prejuízo para o assinante.
“Vamos encontrar uma solução que não cause problemas”, garantiu o presidente da OLA. Ele assegurou
que o bloqueio foi uma medida de emergência "para
pôr um freio na sangria" gerada pela fraude e a revenda de minutos. Numa primeira ação, o bloqueio deverá
ser flexibilizado para os usuários que estejam com o
pagamento em dia.
Janeiro/Fevereiro 2005
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29/12/2004, 12:00
NOTÍCIAS
MTC promete
portabilidade
numérica
GSM supera CDMA
País assume sexta posição
mundial na venda de celulares
O Ministério dos Transportes e Comunicações (MTC) prevê, para a agosto
próximo, a possibilidade dos usuários de
telefones fixos e celulares manterem
seus números de telefone mesmo se trocarem de operadora. O órgão preparou
um documento sobre portabilidade numérica em que estabelece um plano de
ajuste para as empresas em um prazo
inferior a oito meses, contados a partir
de janeiro deste ano.
A decisão do órgão regulador desagradou às operadoras e foi contestada pela
Telefónica do Peru, BellSouth e Nextel. A
filial da TIM foi a única a manter uma posição favorável a adoção comercial da
portabilidade numérica. O MTC reconheceu que a execução da medida demandará novos investimentos para as empresas. Os cálculos feitos pelas operadoras
fixas revelam que será necessário aportar
cerca de US$ 76 milhões na adaptação
das atuais plataformas à nova aplicação.
Números divulgados pela Agência Nacional de
Telecomunicações, órgão regulador brasileiro,
mostraram a entrada de 1,52 milhões de celulares em operação no mês de novembro. Com
isso, o Brasil alcançou 61,18 milhões de acessos móveis em todo o País. Somados aos
39,36 milhões de fixos registrados,
em outubro, também pelo órgão regulador, os números revelam que o Brasil superou a
casa dos 100,5 milhões telefones em funcionamento.
Com essa marca, O Brasil passa a ocupar a sexta posição mundial em telefonia móvel, ficando atrás apenas
de países como China e Estados Unidos. O GSM ultrapassou a tecnologia CDMA. No estudo da Anatel, do total de aparelhos habilitados em
novembro, 20,25% são pós-pagos enquanto 79,75% são pré-pagos. Os
aparelhos TDMA representam 39,07%, seguidos pelos GSM, com
30,05% e pelos CDMA, com 29,67%. A previsão é de que, dependendo
das vendas de Natal, a planta brasileira poderá se aproximar dos 70
milhões de telefones móveis ainda este ano.
EPM expandirá TV a cabo e VoIP
O presidente da Empresas Públicas
de Medellín (EPM), Fernando Panesso,
anunciou que os planos da operadora
para 2005 são o de expandir o negócio
de TV a cabo com a oferta de Internet de
banda larga para o mercado de massa e
oferecer telefonia com tecnologia IP
(VoIP) para o segmento corporativo.
Em dezembro, a EPM iniciou o trâmite junto à Comissão Nacional de Televisão (Cntv) para que a licença atual
de TV a cabo, concedida apenas para a
oferta destes serviços na região Oeste
do País, possa ser usada em nível nacional. Na área de atuação, a empresa
já soma quase 200.000 clientes e é a
segunda operadora nacional de televisão por assinatura.
O anúncio dos novos planos foi feito durante a apresentação dos resultados financeiros preliminares de
2004, onde se destaca um crescimento significativo das vendas em função
das estratégias comerciais adotadas
pela EPM, entre elas, a de prover serviços de telefonia local com tarifa fixa.
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A EPM Bogotá encerrou 2004 como a
empresa-líder em instalação de novas
linhas – mais de 32 mil em todo o País.
A marca contrasta com os dados apresentados pelos concorrentes.
A empresa antecipa ainda vendas
de 93.952 milhões de pesos este ano,
um crescimento de 20% com relação
ao obtido no final de 2003. A EPM fecha dezembro com 185.739 linhas de
telefone em serviço. A expectativa da
operadora é manter, em 2005, essa
taxa de crescimento.
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PRODUTOS
NOTÍCIAS
REDE
Certificado de garantia
• Os switches Wireless ganham atenção do mercado fornecedor. A 3Com
anunciou o lançamento de uma família de produtos dedicadas ao mercado
corporativo. A nova linha compreende a oferta de um switch e um
controller sem fio, além de software para gerenciamento de mobilidade e
pontos de acesso que asseguram segurança, alta disponibilidade e
gerenciamento centralizado de ambientes de rede local, que trocam as
tradicionais conexões cabeadas pelas baseadas na tecnologia Wireless.
• Quem também segue nessa linha é
a Extreme Networks. A empresa
anunciou a comercialização do Switch
Summit 300, que tem como principal
característica impedir a ocorrência de
gargalos nas transmissões realizadas
através de redes sem fio. O produto
adota tecnologia Gigabit Ethernet e
possibilita a centralização das
conexões cabeadas e Wireless numa
única plataforma. O Switch Summit
300 possui 24 portas sem fio e
capacidade de tráfego de 1GB.
CELULAR
Múltipla escolha
• A Samsung adicionou dois novos modelos de telefones GSM
adequados à realidade econômica da região. Para o modelo médio
padrão, o X460, a fabricante aposta em tela interna com 65 mil
cores para visualização, capacidade de download de jogos e
outras aplicações em Java e toques polifônicos Music All de 40
canais. Atenta também ao público jovem, a gigante japonesa
apresentou o terminal C200, de custo mais acessível. Pesando 69
gramas e medindo 10,5 por 4,25 cms, o maior destaque do aparelho é a
capacidade de envio de mensagens no formato MMS (Multimídia), grande
responsável pela adesão de adolescentes aos serviços de dados.
Motorola
C215
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Samsung C200
• A Kyocera Wireless
solidifica a presença na
América Latina e aposta
no CDMA com o terminal
SoHo. Com visualizador
externo e tela interna
com 65 mil cores, o novo
terminal da gigante
japonesa incorpora
características dos
modelos tops de linha,
entre elas, o acesso
rápido à Internet,
toques polifônicos,
tecnologia Brew 2.0 para
download de aplicativos
e jogos e software de
digitação inteligente.
• Com três novos modelos - V265, V262 e C215, a Motorola
planeja personalizar o perfil e o estilo do consumidor do
serviço móvel celular na tecnologia CDMA. Na
carteira, o top de linha, V265, almeja seduzir o
assinante de maior poder aquisitivo ao apostar
em funcionalidades como câmera VGA
integrada com espelho e controle de zoom
digital e MP3 para personalizar o toque
do telefone. O V265 integra ainda GPS
para serviços de localização, a nova onda
do momento nas operadoras CDMA.
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Kyocera SoHo
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CAPA
E O VENCEDOR S
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M
Ana Paula Lobo e Graça Sermoud *
R SERÁ...
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ais de 80% do mercado de telefonia móvel celular latinoamericano está em poder de três empresas: América
Móvil, do empresário Carlos Slim; Telefónica Móviles,
gigante espanhola que finaliza o processo de aquisição
da norte-americana BellSouth; e a Telecom Itália, que
permanece a grande incógnita na disputa que se desenha para a região.
O duelo de titãs com forte sotaque espanhol sugere
que o mercado viverá um período de duopólio, com as
empresas mexicana e espanhola ditando as regras do
jogo. Mas, na prática, justamente por serem empresas
de grande porte, as companhias estarão envolvidas em
processos de integração de operações que podem retardar planos e afetar rentabilidades.
Uma integração de empresas não é tarefa simples,
principalmente quando pressupõe a união de culturas
diferentes como é o caso da absorção da norte-americana BellSouth pela espanhola Telefónica. Nos
locais onde há redundância de operações, como na Argentina e no Chile,
as empresas possuíam estratégias
absolutamente distintas para
conquistar clientes, inclusive do ponto de vista de
tecnológico. A BellSouth
sempre foi CDMA, enquanto a Telefónica
optou pelo GSM.
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CAPA
Anunciada em março de 2004, a aquisição dos ativos
da BellSouth pela Telefónica Móviles por US$ 5,85 bilhões já foi aprovada pelos órgãos reguladores no Equador, Guatemala, Panamá, Venezuela, Colômbia, Peru,
Uruguai e Nicarágua. Aguardam decisão os casos da
Argentina e Chile. Na Argentina, a aprovação está praticamente definida, com restrições e a necessidade de
devolver freqüências para o governo. No Chile, ainda
não houve uma decisão oficial.
Ultrapassar as etapas legais não significa, no entanto, que os problemas da Telefónica acabaram. A
empresa incorporará um número significativo de clientes –10,5 milhões – mas precisará estreitar laços e
fidelizar estes novos usuários. No Peru, a autorização
da compra causou um racha no órgão regulador. A
divisão culminou na demissão de Liliana Ruiz da gerência geral do Osiptel – Organismo Supervisor de
Investimentos Privados em Telecomunicações. Os conselheiros afastaram-na após a divulgação de um pare-
cer do órgão que sugere a adoção de medidas restritivas à fusão, para evitar a concentração de freqüência
– bem cada vez mais escasso – nas mãos de um único
provedor de serviços. O relatório, aprovado por Liliana
Ruiz, propõe a devolução de parte da banda por parte
da Telefônica, como ocorreu na Argentina.
ÀS COMPRAS
Líder do segmento móvel na AL com 54,1 milhões
de assinantes, a América Móvil, da
gigante Telmex, investe
para se consolidar na região. A empresa comprou
várias provedoras ligadas aos serviços de telefonia fixa, de dados
e móvel. E vai entrar
também em mercados novos, como o Uruguai, onde a
O QUE SERÁ DA TELECOM ITÁLIA?
Ao vender a venezuelana Digitel para a Cantv, a Tele-
posição de ranking e ainda a
com Italia estaria dando sinais de que não está mais inte-
obrigou a criar estratégias
ressada no mercado latino-americano? A gigante italiana
para não perder a base de assinantes.
passou o controle acionário da Digitel para a Cantv por
US$ 450 milhões, no final de outubro de 2004.
A saída da Telecom Itália da Venezuela preocupa as
e a Telefónica também prepara novos aportes para inte-
autoridades do país. Com a aquisição da BellSouth pela
grar as operações com a BellSouth. Assim como na
Telefónica, já aprovada pelos órgãos reguladores, o mer-
Venezuela, o governo argentino não pretende manter o
cado de telefonia móvel fica centralizado por um único
duopólio no mercado.
grande player – a Telefónica da Espanha.
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O governo Kirchner incentivou a união de pequenas
A concentração de mercado, aliás, pesará na decisão
cooperativas para criar uma nova empresa de telecomuni-
da Comissão Nacional de Telecomunicações (Conatel)
cações com capital nacional. O Secretário de Comunica-
venezuelana de aprovar ou não a venda da Digitel. Os exe-
ções, Guillermo Moreno, assegura que não há planos de se
cutivos do órgão regulador já deixaram claro que temem
formar uma empresa estatal, mas a nova companhia pode-
um monopólio e buscam alternativas para que novos con-
ria contar com recursos públicos.
correntes possam se interessar em atuar no País.
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Na Argentina, a competição promete lances audaciosos. A América Móvil, da Telmex, investiu na CTI Móvil,
No Brasil, os planos da Telecom Itália - apesar da briga
Questionada sobre uma possível saída da América Lati-
com o sócio Opportunity - permanecem inalterados. O pre-
na, a Telecom Itália assegura que não há a menor intenção
sidente da operadora celular, Mario César Araújo, assegu-
de vender qualquer outra operação na região. Mas a opera-
rou que a carrier, única a possuir roaming nacional em
dora terá em 2005 um ano de concorrência ainda mais
GSM/GPRS, não tem a menor intenção de deixar o mercado.
acirrada. No Chile, onde a Entel ocupava a liderança, a
Ao contrário, disputa assinante a assinante a liderança do
compra da BellSouth pela Telefónica a colocou na segunda
segmento GSM com a rival Claro, do grupo América Móvil.
FRECUENCIA Latinoamérica
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www.frecuenciaonline.com
29/12/2004, 12:00
CAPA
briga com a Telefónica promete ser acirrada e beneficiar os usuários do País, dono de um índice de penetração de comunicação móvel muito baixo.
Com operações no México, Brasil, Argentina, Colômbia, Equador, El Salvador e Guatemala, a América
Móvil adquiriu, em 2004, operadoras na Nicarágua,
Honduras e Uruguai. Com as compras, a operadora
não está presente apenas na Venezuela e no Peru, mas
já negocia a participação efetiva neles, até porque a
arqui-rival espanhola detém a liderança absoluta nesses países. No Peru, por exemplo, a carrier vem sendo
cortejada pelo Governo, que mantém uma relação delicada com a Telefónica - almeja a entrada de um rival à
altura no País, para garantir uma concorrência saudável e preços acessíveis para os usuários.
Um fato marcará a atuação das titãs na região. A
convergência fixo/móvel será uma realidade tanto para
a Telmex quanto para a Telefónica. Em 2005, certamente começará a se delinear uma união mais consistente das atividades de telefonia fixa e móvel e de serviços ligados ao acesso Internet
banda larga. Consolidar
portfólio de produtos e gerar um modelo unificado
de gestão de negócios serão tarefas cruciais para a
realização dos projetos regionais dessas operadoras.
Em que medida a consolidação do mercado nas mãos de
COMPETÊNCIA À PROVA
Com controle acionário nas mãos da NII Holding, a Nextel AL está fora
da megafusão acertada entre a Nextel norte-americana e a Sprint. FOCADA NO MERCADO
EMPRESARIAL, A OPERADORA NÃO TEME A CONCORRÊNCIA DAS GIGANTES MEXICANA E ESPANHOLA
A
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s operações da Nextel na região latino-americana são
controladas pela NII Holding e estão fora da megafusão
Nextel/Sprint, anunciada no último dia 15 de dezembro. A afirmação é do vice-presidente de Relacionamento com Investidores da NII, Tim Perrot, em entrevista à
Frecuencia Latinoamérica. O executivo garantiu que a
atuação da empresa no Brasil, México, Peru e Argentina
está mantida e sem qualquer interferência da sinergia
de negócios que acontece nos Estados Unidos.
A nova operadora Sprint/Nextel passa a ocupar a
terceira posição no ranking do setor norte-americano, com
mais de 35 milhões de assinantes. A área de telefonia fixa
da Sprint não foi incluída na fusão. Em função do acordo,
o valor da nova empresa passou para US$ 70 bilhões. Ao
ser questionado sobre uma possível perda de mercado
para as gigantes América Móvil e Telefônica na AL, o vicepresidente da NII Holdings admitiu que a concorrência
será dura, mas garante que a Nextel desfruta de um grande
diferencial: o foco no mercado corporativo.
“Nossa atuação é voltada para os serviços pós-paFRECUENCIA Latinoamérica
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gos e os clientes corporativos são a base da carteira de
assinantes”, diz Perrot. “Esse diferencial já nos põe
em uma posição favorável em relação às gigantes da
telefonia móvel, ainda muito focadas no usuário final
e no serviço pré-pago”, complementa o vice-presidente da NII Holdings.
O segmento empresarial representa pouco menos
de 7% da base de assinantes das operadoras tradicionais móveis, adianta Dennis Burke, analista da Pyramid
Research para a AL. As corporações, no entanto, são
responsáveis por mais de 50% da receita final dessas
mesmas carriers na área de dados. “Não tem como. As
operadoras precisam criar mais e mais produtos para
atrair o cliente empresarial para aumentar o ARPU
(Rentabilidade Média por Assinante)”, observa o analista. “No caso, será uma tarefa difícil conquistar o usuário Nextel, já acostumado com um bom serviço e
focado”. Estudos da Pyramid acreditam que, em 2007,
o mercado corporativo representará 10% da carteira
de assinante, alcançando 15% em 2009.
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duas operadoras poderá afetar o consumidor? Na visão
de Eva Benguigui, analista da EMC Cellular para a América Latina, a concentração dos serviços nas mãos de
poucos provedores é uma tendência mundial. Na América Latina, diz ela, não seria diferente.
SEM PRECONCEITO
O grande diferencial da região é que há um grande
mercado a ser conquistado. Hoje, ainda existe uma concentração de assinantes no Brasil, México, Argentina,
Chile, Colômbia e Venezuela. Ainda assim, os índices de
penetração da telefonia celular nesses países estão muito aquém dos registrados no resto do mundo. A exceção
é o Chile, único País a superar a casa dos 50%. O Brasil,
mesmo com 70 milhões de usuários, não ultrapassa os
35% . Os demais não passam dos 30%.
A analista da EMC Cellular não hesita em afirmar
que os novos assinantes serão de classe social de menor
poder aquisitivo e permanecerão ligados ao serviço prépago, no qual o assinante aprendeu a controlar o gasto
com o serviço. “O pré-pago é e será a tendência dos
próximos cinco anos na região. Quem não apostar nele,
está fora”, avalia Eva Benguinini.
Posição compartilhada pelo diretor de Marketing e
Planejamento de Mercado da Entel chilena, Jorge Bascur.
Ele lembra que no País, com 15,5 milhões de habitantes,
já há dois celulares para cada linha fixa ativada. O serviço pré-pago, com a queda constante do preço final dos
aparelhos, deve ser encarado como uma peça eficiente
de receita. “As operadoras, e incluo a Entel nisso, precisam aprender a melhorar a rentabilidade desse serviço.
E com os preços dos terminais com funcionalidades atrativas caindo, fica mais fácil”, complementa Bascur.
Com relação a um possível domínio espanhol ou mexicano na região, o presidente Executivo da Digicel de El
Salvador, William Nazaret, diz que a consolidação é um
processo natural. Caberá às operadoras de menor porte
montarem estratégias eficientes para manter e fidelizar
os assinantes. “Nem todo usuário almeja uma grande
empresa. Ele pode querer atendimento personalizado,
mesmo sendo um usuário de pré-pago”, observa. Nazaret
é taxativo ao afirmar que não é possível identificar um
perfil ideal de consumidor. Na América Latina, por exemplo, o usuário pré-pago é a realidade. “Quem quiser ser
líder aqui terá que apostar nesse segmento”, afirma o
presidente da Digicel de El Salvador.
* Com a colaboração de Roosevelt Nogueira Hollanda
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Outros
Verizon
América Móvil
34%
TIM
3%
15%
Telefónica
32%
Fonte: Pyramid Research (dados
relativos a setembro de 2004)
OPORTUNIDADES
Até 2009, está mantida uma TENDÊNCIA MÉDIA DE
CRESCIMENTO DE 10% de assinantes móveis na região.
Os SERVIÇOS DE DADOS CHEGAM MAIS PRÓXIMOS DOS
USUÁRIOS DE MENOR PODER AQUISITIVO COM A REDUÇÃO DO
PREÇO DOS TERMINAIS MAIS SOFISTICADOS. Essa tendência
amplia a receita de dados das operadoras, de forma
gradual e constante.
Os usuários de maior poder econômico estão migrando
para aparelhos sofisticados e adquirindo novos serviços
de dados e navegando na Internet. ESSE USUÁRIO É
CONSUMIDOR DE VOZ E AMPLIA O ARPU COM O TEMPO GASTO
COM OS PRODUTOS DE DADOS.
DESAFIOS
AMPLIAR A RENTABILIDADE MÉDIA DO ASSINANTE PRÉ-PAGO na
região, que está em torno de US$ 12/ mês.
A concorrência provoca um CHURN (TROCA DE
OPERADORAS) ACIMA DA MÉDIA. Na AL, o índice sobe para
30%, em 2004, e poderá chegar a 35%, em 2005.
Com recursos financeiros em baixa, OPERADORAS E
FORNECEDORES TERÃO QUE SENTAR À MESA E COMPARTILHAR
RISCOS E GERAR DIVISAS NO SEGMENTO. A união poderá ser
traduzida em ampliação da cobertura e da penetração
da telefonia móvel em áreas ainda não atendidas pela
infra-estrutura convencional de telecom.
Fontes: Pyramid Research e EMC Cellular
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CONVERGÊNCIA
VIA IP
Personalização
Telmex investe nas plataformas de
Internet para manter a LIDERANÇA SOBRE
A CONCORRÊNCIA ‘SANDUÍCHE’ DESTES
TEMPOS DE CONVERGÊNCIA
Fabíola González
Graças a sua estratégia de negócios e cautela nas
inovações, a Telmex mantém uma liderança folgada,
apesar de todas as recentes mudanças de regras de jogo
determinadas pelas crises econômica e tecnológica no
setor de telecomunicações na América Latina. A disputa
aumentou e a convergência ampliou o número de provedores de serviços e o leque de
opções dos assinantes.
O setor se encontra em plena
vigência do que o gerente de Desenvolvimento de Negócios da
operadora, Lorenzo Orozco, chama de “modelo sanduíche” de
concorrência. “Os provedores estão invadindo a área de novos
serviços, ao explorar as possibilidades que as novas tecnologias
oferecem para a venda de serviços tão diversos quanto TV a cabo,
Wireless, telefonia e Internet de
banda larga”, explica.
Na indústria das telecomunicações, acrescenta Orozco, as empresas estão deixando o foco
em produtos e tecnologia para se concentrarem nas necessidades dos clientes. As ações passam a girar em torno de
quatro eixos: personalização, flexibilidade, benefícios ao usuário e competitividade diante da diversidade de provedores.
Neste cenário, o gerente de Desenvolvimento de Negó-
Na indústria das
telecomunicações,
as empresas estão
DEIXANDO O FOCO
EM PRODUTOS E
TECNOLOGIA PARA
SE CONCENTRAREM
NAS NECESSIDADES
DOS CLIENTES
20
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FRECUENCIA Latinoamérica
20
cios da Telmex acredita que a melhor estratégia é investir
em plataformas que sustentem a convergência de serviços
e buscar alianças que permitam oferecer soluções completas. “Para apresentar ao cliente opções que se ajustem às
suas necessidades, o melhor caminho é o IP”, assegura
Orozco. “Esta plataforma facilita a oferta de vários serviços
e permite ainda que estes sejam personalizados para cada
cliente”, complementa o executivo da gigante mexicana.
Oferecer soluções personalizadas ao máximo, até o
fim de 2005 e o início de 2006, é justamente a meta da
Telmex. Para isto, a player vai investir em infra-estrutura
e formação de pessoal. No mundo Wireless, a empresa
vai aumentar o número de locais públicos de acesso com o
serviço, batizado de Prodigy Móvel. Atualmente, a iniciativa possui 400 pontos disponíveis gratuitamente para os
mais de 500 mil usuários do serviço Infinitum (ADSL de
banda larga). “Desses, no momento”, relata Orozco, “apenas 5% usam a conexão sem fio. O número é baixo em
termos de densidade, mas a proporção é a mesma da
Coréia, um dos países de ponta no uso das redes sem fio”.
Já o WiMAX, tecnologia que permite acesso sem fio à
Internet em alta velocidade e tem sido apresentada como a
nova estrela comercial, ainda vai precisar de um tempo para
ser incluída no portfólio de produtos de uma operadora. “O
WiMAX é visto como o padrão para o acesso de última milha,
robusto, flexível, de baixo custo e sem necessidade de linha
de vista, mas tudo ainda é promessa. Falta a liberação dos
produtos finais para comprovar estas promessas e oferecermos a solução”, avalia o gerente da Telmex.
Orozco estima que a tecnologia estará “pronta” no fim
de 2005 ou no começo de 2006. “O problema de entrar
agora nesse mercado sem um padrão definido é o custo
elevado de aquisição, que poderia prejudicar qualquer
modelo de negócio”, conclui o executivo, justificando a fama
cautelosa da Telmex diante das inovações tecnológicas.
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ESPECIAL ANUAL SATÉLITES
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Ana Paula Lobo e Graça Sermoud *
rovar que os serviços de satélite são viáveis
em diversas situações e não apenas nas regiões remotas ou carentes de infra-estrutura. Essa é a lição de casa para os maiores
fornecedores do setor. A expansão da oferta
de banda KU, tecnologia que permite oferecer banda larga IP, determinou uma revisão dos planos e a perspectiva
concreta de redução de custo para o consumidor.
O ano de 2004 foi movimentado nas empresas ligadas ao mundo geoestacionário. A Telmex comprou a Star
One, da Embratel, e no final de dezembro anunciou um
aporte de mais de US$ 600 milhões na operadora brasileira. Em novembro, a Hispamar, controlada pela espanhola Hispasat e pela brasileira Telemar, ativou o satélite Amazonas, que envolveu investimentos de US$ 350
milhões entre construção, lançamento e ativação. A capacidade de atendimento da AL mais do que dobrou
com o lançamento de novos satélites.
“O grande desafio da nossa indústria é que ela tem de
atuar pensando 20 anos na frente”, observa Edson Sofiatti,
presidente da Telmex/Star One. A operadora mexicana,
nova controladora da empresa, manteve para 2006 o lançamento de um satélite para substituir o B2, que está
encerrando sua vida útil, com banda KU e cobertura plena da região latino-americana. “Seremos um elo importante na estratégia da Telmex”, antecipa Sofiatti.
P
e a expansão dos negócios ligados à área no Brasil, Equador, Venezuela e Chile renovaram o ânimo dos investidores. O executivo destaca as aplicações dedicadas à
telemedicina e à telefonia e ao acesso à Internet nas
áreas rurais como os principais geradores de receitas.
“Acreditamos que há um potencial de crescimento importante, mas temos questões regulatórias no Brasil, no
México e na Argentina que podem atrapalhar os projetos”, alerta o vice-presidente de Desenvolvimento de Negócios da Tiba. Zonnenschein lembra que os governos
desses países estudam a possibilidade de lançar satélites
próprios. Na Argentina, o governo Kirchner suspendeu a
concessão da NahuelSat e estuda um projeto próprio. Os
BOLA DA VEZ
O padrão DVB-RCS (Digital Vídeo Broadcasting – Return Channel via
Satellite), endossado pela Comunidade Européia, ganhou um surpreendente aliado. No edital de licitação de um megaprojeto de inclusão digital via satélite, o Ministério das Comunicações do Brasil impôs o padrão
como um dos requerimentos para a seleção do fornecedor vitorioso.
O programa, batizado de Gesac (Governo Eletrônico - Serviço de
Atendimento ao Cidadão), prevê a instalação de 4.400 pontos em áreas carentes de infra-estrutura tradicional de telecomunicações e tinha
como fornecedor a Gilat. O resultado da concorrência foi conhecido no
RENOVAÇÃO
Uma das maiores apostas dos fornecedores de serviços via satélite é a aplicação banda larga IP. Os projetos
governamentais e de inclusão digital são considerados
uma oportunidade de provar que a tecnologia é viável e
não apenas em regiões carentes de infra-estrutura. “Essa
comparação do serviço terrestre com o satelital é um
erro. Cada um tem uma peculiaridade que precisa ser
respeitada”, afirma o presidente da Hispamar, Luiz
Perrone. Ele frisa que comparar preços satelitais com os
da infra-estrutura terrestre também é um equívoco.
“Quem determina o custo/benefício é o usuário, que sabe
da sua necessidade. O satélite é e será sempre uma opção real de comunicação”, completa.
Dan Zonnenschein, vice-presidente de Desenvolvimento de Negócios da Tiba, provedora argentina de serviços de satélite, diz que a retomada da economia no País
final de dezembro. A Gilat perdeu o serviço para a Vicom, recém-com-
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prada pela norte-americana Comsat, que ofereceu o melhor preço e se
comprometeu a cumprir todas as exigências técnicas do Ministério.
Isso significa que o padrão DVB-RCS, que ainda não integra a
plataforma da Vicom/Comsat, será implementado ao longo do período do contrato – 30 meses. Totalmente baseado no protocolo IP, o
DVB-RCS tem como principal característica permitir upload (retorno
de transmissão de voz e dados dos terminais para os satélites) com
alta velocidade de transferência, de até 4 Mbits.
De acordo com os defensores deste padrão, a vantagem do DVBRCS é assegurar interoperabilidade entre fornecedores distintos, algo
até então impossível nas aplicações satelitais. Os sistemas adotados
são proprietários. Na América Latina, a Hispamar, fornecedora de
satélite da espanhola Hispasat e da Telemar, foi a primeira a anunciar
a adoção do DVB-RCS em sua plataforma geoestacionária, o Amazonas, que entrou em atividade comercial em novembro.
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ESPECIAL ANUAL SATÉLITES
governos brasileiro e mexicano também acenam com a
possibilidade de produtos próprios.
Competitividade é a palavra de ordem na Intelsat,
mesmo com a empresa em processo de negociação do
controle acionário. O vice-presidente da unidade de
Dados, Internet e Operadoras para a América Latina e
Caribe, Erwin Mercado, endossa a tese de que a tecnologia IP será fundamental na virada de mesa que a área
satelital ensaia protagonizar nos próximos anos.
Na visão do executivo, a oferta de telefonia IP via satélite
para o mercado de massa, apesar de ainda estar em discussão
pelos órgãos regulatórios, será uma frente ampla de oportunidades. “Iremos unificar as soluções de dados em alta velocidade com as de voz com qualidade e preço acessível em
regiões com ou sem infra-estrutura de telecom”, destaca.
O mercado mudou e percebe a telecomunicação via
RISCO OPERACIONAL
Problemas técnicos são o grande temor da indústria satelital.
As falhas causam prejuízos bilionários, além de reduzir o ciclo de
vida útil de um equipamento. A norte-americana Intelsat, que
seria comprada por US$ 3,1 bilhões pelo fundo de ativos Zeus
Holding, corre sério risco de ver o negócio suspenso em função de
uma anomalia apresentada por um dos seus satélites – o Américas7, que cobre os Estados Unidos, Canadá, América Central e
parte da América do Sul.
Lançado em setembro de 1999, o Américas 7 registrou em novembro uma “uma anomalia de distribuição elétrica”, de acordo
com a própria Intelsat. A pane suspendeu temporariamente a oferta
dos serviços do satélite e, para recuperar o equipamento, a empresa
adiou o lançamento do Américas-8, previsto para dezembro de 2004.
Como não houve o lançamento do novo satélite, o Zeus Holding
avaliava, até o fechamento dessa edição, se manteria ou não o interesse em efetivar a compra da gigante norte-americana. Atualmente,
a Intelsat tem 23 satélites em órbita na forma de leasing de capacidade e dois satélites adicionais controlados por operadores asiáticos.
O satélite Amazonas, lançado em outubro pela Hispamar, também apresentou falhas técnicas que reduziram o ciclo de vida do
equipamento de 15 para 10 anos. Segundo a companhia, os problemas detectados não alteram nenhuma funcionalidade do equipamento, mas para assegurar a qualidade dos serviços, diminuiuse o tempo útil do Amazonas com a conseqüente antecipação do
cronograma de lançamento do Amazonas 2.
24
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FRECUENCIA Latinoamérica
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satélite de forma diferente, acredita o diretor de Marketing
da Comsat, Guilherme Saraiva. A provedora está montando uma infra-estrutura capaz de torna-la uma das líderes
na oferta de serviços panregionais. Depois de vencer a concorrência do programa Compartel, iniciativa de inclusão
digital do governo colombiano avaliada em US$ 20 milhões
e que prevê o acesso à Internet em banda larga para mais
de 3.700 locais, a Comsat estruturou um teleporto no País.
Inicialmente, essa estrutura que está sendo montada
da Colômbia servirá de base para a expansão da oferta de
serviços especializados na tecnologia IP para a Argentina,
a Colômbia e o Peru, onde há também uma série de iniciativas ligadas à disseminação dos serviços de voz e Internet
para regiões mais afastadas. Brasil e México também serão cobertos pelo teleporto colombiano, mas há projetos
para criar teleportos dedicados nesses países. "Acreditamos muito nos projetos ligados à inclusão digital", revela o
diretor de Marketing da Comsat.
ESCALA
Peru, Equador, Venezuela e Colômbia ainda são muito
carentes de infra-estrutura de telecomunicações e o serviço satelital é uma alternativa viável, principalmente com
a expansão dos produtos IP, analisa o diretor da divisão
de Dados da Impsat, Plabo Yañes. Ele prevê que os próximos dois anos serão de crescimento. “Os clientes querem
soluções que atendam com o melhor custo/benefício. Combinar redes terrestres e satelitais é a grande saída para as
corporações e governos”, destaca o executivo da Impsat.
O diretor da divisão Espacial da Alcatel, Herbert
Cosenza, diz que a evolução da tecnologia satelital permite até a expansão da oferta de serviços para áreas coligadas em telecom. A fabricante vai oferecer às provedoras
móveis a possibilidade de interconectar as ERBs (Estações Radio Base) através da comunicação via satélite. “Já
estamos fazendo testes com a aplicação no Brasil”, revela.
Segundo Cosenza, a iniciativa permite uma significativa
redução de custo na interconexão das ERBs. O executivo
da Alcatel, no entanto, não adiantou quais operadoras
estão fazendo o teste com o produto no País.
Na área satelital – onde as aplicações baseadas em IP
também convergem para os serviços de voz, dados e imagens – otimizar o consumo da banda contratada passa a
ser um desafio para o gestor da rede. Cairo Pádua Ferreira,
diretor da Peribit Networks, especializada na oferta de
soluções para maximizar a performance de aplicações,
observa que há uma demanda crescente por soluções que
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ESPECIAL ANUAL SATÉLITES
70% da receita da indústria de satélite é
gerada pelos SERVIÇOS DE BROADCASTING DE
IMAGEM (transmissão de televisão) E TELEFONIA
O faturamento do setor na
América Latina é estimado em
US$ 700 MILHÕES, EM 2005
PLATAFORMA IP É O FATOR
PREDOMINANTE para o incremento da
receita dos fornecedores satelitais
Fonte: Pyramid Research, Yankee e Gartner
permitam um uso mais adequado da banda contratada.
As minas de cobre do Chile, por exemplo. Instaladas
em áreas totalmente descobertas pela infra-estrutura
convencional, são grandes usuárias de aplicações
satelitais. A maior parte das empresas interliga as minas
aos escritórios localizados fora do País e o único meio de
comunicação é o satélite. “Qualidade de serviço é imperativo. A comunicação tem que estar disponível de forma a não causar prejuízo ao negócio-fim”, relata
Ferreira. Com pouco mais de dois anos de atividade na
região, a Peribit Networks já soma mais de 40 clientes no
Brasil, México, Argentina e Chile.
* Com reportagem de Clara Persand
SATMEX: DESTINO AINDA INDEFINIDO
Falhas técnicas e dívidas financeiras AFETAM O FUTURO DA OPERADORA
SATELITAL MEXICANA. Grupo norte-americano pode adquirir controle da operação
Fabiola V. González
futuro da Satmex será selado ainda no início de
2005. A empresa não tem dinheiro para acertar a
dívida de US$ 188 milhões com o governo mexicano, que detém 25% do controle acionário da operadora satelital. Responsável pela condução da negociação, a Secretaria de Comunicações e Transportes prefere manter o silêncio, até que uma decisão definitiva
seja selada pelo Poder Executivo.
O insucesso marca a trajetória da Satmex. A empresa, ao longo de 2004, viveu graves problemas financeiros
que determinaram o adiamento do lançamento do novo
satélite, batizado de Satmex VI, considerado crucial para a
sobrevivência do negócio. Para completar o Satmex V, já em
órbita, apresentou grave problema técnico. Uma pane no
computador central resultou na suspensão temporária dos
serviços aos clientes. Mais do que isso: determinou a redução do tempo útil de vida do satélite.
Diante de tantos problemas, a melhor alternativa
para a Satmex passou a ser a venda. O fundo norteamericano Constellation Group é o principal interessado. Ele representa o interesse de pelo menos quatro
outras operadoras, entre elas a espanhola Hispasat.
Com a aquisição da constelação mexicana, o grupo expandiria sua capacidade e teria condições de ampliar
O
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FRECUENCIA Latinoamérica
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a base de clientes no hemisfério oeste.
Os responsáveis pelo Constellation Group negociam
a possível compra diretamente com o governo federal
mexicano. A última oferta pública conhecida refere-se
ao pagamento dos US$ 188 milhões da dívida da empresa com o Poder Executivo, mais um aporte de US$ 30
milhões pela aquisição dos 25% do controle acionário do
Estado. Esses recursos permitiriam o lançamento do
Satmex VI, ainda não lançado por falta de recursos para
o pagamento obrigatório do seguro.
Executivos da área de Comunicação Externa do
Constellation Group afirmaram que, efetivada a venda,
o novo satélite poderá estar em órbita, já em meados de
2005. O grupo assume a responsabilidade de sanear a
empresa num prazo de 12 meses, garantindo o pagamento dos mais de US$ 700 milhões perdidos. Promete
também alcançar um faturamento que represente um
crescimento de 20 a 25%, num período de 30 meses.
Os acionistas da Satmex, no entanto, reclamam da
proposta e a consideram uma tentativa de “compra hostil”. Eles ainda buscam uma saída que não passe pela
venda do controle acionário. A prioridade está em obter
recursos financeiros próprios que assegurem o pagamento das dívidas e permitam o lançamento do Satmex
VI, onde já foram investidos US$ 250 milhões.
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CASE STUDY
QUEM SABE
faz a hora
Dona de um título invejável – é pioneira na
implementação de plataforma convergente
de billing na América Latina – A BRASILEIRA
CTBC É UM EXEMPLO DE QUE OPERADORAS
DE MENOR PORTE PODEM CONSTRUIR UMA
BASE DE CLIENTES FIÉIS, APESAR DA FORTE
CONCORRÊNCIA COM OS TITÃS DO SETOR
STATUS
META
Unificar a plataforma de billing (tarifação) e de atendimento ao cliente para oferecer serviços convergentes de telefonia celular, fixa, dados e banda larga. Solução suportará mais de 1,2 milhão de clientes empresariais e residenciais, que adquirem o direito de escolher se querem uma conta única ou
contas diferenciadas para serviços contratados.
Ana Paula Lobo
Mais do que falar em convergência, brasileira CTBC
decidiu praticar o alinhamento dos processos no dia-adia. A operadora é a primeira na região a implementar
uma plataforma única de billing (tarifação) para os serviços de telefonia fixa, móvel, dados e banda larga. Contratada junto à CSG Systems, a solução Kenan FX foi
considerada uma opção estratégica para definir o futuro
da operadora no acirrado mercado de telecom do Brasil.
O diretor de Tecnologia da Informação da CTBC, José
Antonio Fecchio, lembra que numa operadora de telefonia, o sistema de tarifação é crucial. “Qualquer falha é
crítica. Se é a favor do assinante, afeta a receita do negócio. Se ocorre a favor da operadora, prejudica o bom
relacionamento com o assinante. É um serviço que tem
de ser imune a falhas”, observa o executivo.
Com a decisão da CTBC de migrar para o GSM, tomada
no início de 2004, as áreas de Tecnologia da Informação e de
Negócios começaram a avaliar a possibilidade de adotar uma
solução convergente para os serviços da carrier. Fecchio diz
que a medida era inovadora, mas estava alinhada com a
evolução do mercado e com a estratégia de crescimento da
CTBC. A plataforma Kenan FX, da CSG Systems, já utilizada
pela carrier na área fixa desde 1999, foi a selecionada para
ser a responsável pela opção de billing convergente.
“Avaliamos as oportunidades de mercado e decidimos
28
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FRECUENCIA Latinoamérica
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APLICAÇÃO
Ao decidir oferecer o serviço GSM/GPRS para os
assinantes, a CTBC trocou a plataforma de
tarifação que suportava a infra-estrutura TDMA
pela solução Kenan FX da CSG Systems, já utilizada desde 1999 pela carrier na plataforma de
serviços fixo. Com a decisão de unificar todos os
processos, a solução Kenan FX se mostrou a mais
adequada para integrar os aplicativos de negócios, entre eles, os de atendimento ao cliente
(CRM) das unidades móvel e fixa.
RESULTADO
Primeira aplicação de billing convergente da
América Latina, o esforço da implementação
reuniu uma força-tarefa de mais de 150 funcionários da operadora e da CSG Systems. Contratada em setembro, a solução Kenan FX tinha
uma meta: entrar em operação em dezembro,
prazo dado pela carrier para o início da oferta
GSM. O prazo foi cumprido. A empresa inaugurou o serviço GSM no dia 3 de dezembro, com
todos os clientes residenciais e empresariais
transferidos para a nova plataforma.
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FORÇA REGIONAL
LINHA DE FRENTE
Regionalização. Durante os 50 anos de atividade,
Sem tempo para comemorar. A força-tarefa convocada para
este foi sempre o diferencial da CTBC no setor de
executar a etapa inicial da adoção de uma plataforma convergen-
telecomunicações do Brasil. A operadora teve como
te já está mergulhada em outras missões. Até setembro, o grupo
área de concessão original uma das regiões mais ri-
tem um desafio que, vencido, colocará a CTBC numa posição
cas do agronegócio – Uberlândia e Uberaba, no inte-
pioneira na América Latina: a operadora será a primeira a pos-
rior de Minas Gerais, além de cidades próximas dos
suir, de fato, uma plataforma convergente de tarifação para ser-
Estados de São Paulo e Goiás. Foi a única a permane-
viços de telefonia fixa, móvel, dados e banda larga. Ao longo de
cer no sistema privado durante o período estatal da
janeiro, acontecerá a transferência de todos os assinantes fixos
Telebras. Resistiu às pressões e cresceu com forte
para a plataforma convergente da CSG Systems. Ao mesmo tem-
sotaque regional. Atualmente atua em 947 municí-
po, os responsáveis pelas áreas de Negócio e de Tecnologia da
pios nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas
Informação têm o desafio de concluir a integração do aplicativo
Gerais, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal. Registrou lucro líquido de R$ 827 milhões, em 2003.
seguir em frente com o plano de uma plataforma única. Ela
está alinhada aos nossos negócios e reduz custos
operacionais”, acrescenta o Diretor de TI da CTBC. Escolhida a solução, começou a corrida contra o tempo. A carrier
queria ativar, ainda em dezembro de 2004, a operação
comercial GSM. E o novo serviço já deveria estar adequado
à nova plataforma. Em setembro, uma força-tarefa formada por funcionários da CTBC e da CSG Systems começou
a trabalhar na sede da operadora, em Uberlândia.
PRIMEIRO LUGAR
Fecchio lembra que a meta da CTBC era iniciar a
oferta GSM com todos os sistemas principais – CRM
(atendimento ao ciente, fornecido pela PeopleSoft), Financeiro (Oracle); Interconexão(Intec); Provisionamento (SPS) e Fraude (Ecitel) – já adaptados à plataforma
Kenan FX. “ Foi um esforço conjunto de todos os fornecedores. Eles se adequaram às necessidades da CTBC e
ajudaram no cumprimento dos prazos”, destaca.
O esforço rendeu. No início de dezembro, a CTBC ativou
as operações GSM já com a nova plataforma em funcionamento. Em fevereiro, entram em funcionamento os módulos
ligados aos serviços de SMS, WAP e MMS, também totalmente adequados à nova estrutura convergente. No
cronograma da carrier, adianta o diretor de TI, até o final de
março todos os clientes da rede TDMA – que será mantida
pela operadora – terão migrado para a nova solução.
“Não há planos da CTBC de desativar os serviços
TDMA, que detêm uma base de clientes significativa.
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“
de gestão empresarial (ERP) da Oracle, responsável pelo controle
financeiro, à nova plataforma da operadora.
Avaliamos as
oportunidades de
mercado e decidimos
seguir em frente com o
plano de uma plataforma
única. ELA ESTÁ ALINHADA
AOS NOSSOS NEGÓCIOS E
REDUZ CUSTOS OPERACIONAIS.
José Antonio Fecchio, diretor de
Tecnologia da Informação da CTBC
Vamos incentivar a migração deles com a oferta de produtos arrojados e inovadores, que só serão possíveis a
partir do uso dessa nova plataforma convergente”, completa José Antonio Fecchio. Os investimentos da operadora na solução são estimados em R$ 8 milhões.
Questionado sobre o desafio de uma operadora de
menor porte enfrentar a concorrência de gigantes como
a mexicana América Móvil e a espanhola Telefónica, o
executivo afirma que a fidelização dos assinantes, através de um atendimento especial, personalizado e adequado, é um diferencial que as “grandes” não têm como
assegurar. “A CTBC, apesar da concorrência, conseguiu
deter 70% da preferência do usuário tradicional. O relacionamento com o cliente foi decisivo para alcançarmos
essa marca”, finaliza o executivo de TI.
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SEGURANÇA
UNIÃO FAZ A FORÇA
A convergência das operações
PERIGO
real e imediato
móvel e fixa estabelece um novo padrão de relacionamento entre os fornecedores de tecnologia. A mais nova
prática de mercado é a aliança comercial entre fabricantes de equipamentos de infra-estrutura e desenvolvedoras de soluções de segurança
corporativa. O objetivo é claro: partir
para o ataque contra os vírus.
Nessa linha de atua-
O uso cada vez maior de APLICAÇÕES DE
DADOS TORNA A TELEFONIA CELULAR UM
VEÍCULO POTENCIAL PARA A DISSEMINAÇÃO
DE VÍRUS. Empresas especializadas em
segurança já estruturam estratégias
focadas nas soluções móveis
ção, a Cisco e a Trend
Micro anunciaram o
conceito de Self Defen-
ding Network, no qual as
companhias unificam
ações contra as invasões. O gerente de negócios de Segurança e
Wireless da Cisco para
Acabou o sossego. Transformados em dispositivos móa América Latina, Mauveis inteligentes, os telefones celulares passaram a sofrer
rício Gaudêncio, explica
as ações dos vírus que atormentam, há muito, o dia-a-dia
que a iniciativa prevê o
de usuários pessoais e corporativos dos PCs. Como, agora
desenvolvimento de um
também transmitem e recebem dados via Internet, os
sistema de segurança
handsets móveis passaram a ser o mais novo alvo dos
capaz de identificar,
disseminadores de pragas.
bloquear e paralisar uma
Empresas especializadas em segurança corporativa intentativa de ataque.
vestem no desenvolvimento de soluções para as aplica“A noção de seguEva Chen, CEO da Trend Micro
ções celulares e móveis. É o caso da Trend Micro. A emrança reativa, ou seja,
presa promete para julho, o lançamento comercial da solução Trend
após a infecção, só funciona em reMicro Mobile Security, a primeira desenhada exclusivamente para o
des fechadas”, diz o executivo da
mundo da mobilidade.
Cisco. “Hoje, com o mundo interli“Com os dispositivos se comunicando através de redes sem fio, os
gado, não há como pensar que
celulares passam a ser um instrumento de propagação de vírus. Essa é
firewalls ou antivírus sejam sufiuma área onde estamos investindo muito em pesquisa”, diz a co-fundacientes para resolver as questões de
dora e CEO da empresa, Eva Chen, que veio ao Brasil para anunciar
segurança”, alerta Gaudêncio. A aliuma aliança estratégica com a Cisco (leia box “União faz a força”).
ança Cisco/Trend Micro não é a úniPragas como Symbos, Skulls.A e Symbos_Cabir.A já são conhecica do mercado. Outras empresas da
das dos usuários. Mais do que invadir a privacidade do assinante,
área também se movimentam.
esses vírus fazem ligações e acionam, de forma indevida, serviços
A Nortel anunciou iniciativa semede emergências. “Não podemos nos enganar”, ressalta Eva Chen.
lhante com a Symantec e, logo em se“Os vírus programados para os celulares agem tal e qual os para os
guida, também com a Microsoft. As giPCs. O objetivo de seus criadores é causar danos aos usuários figantes Computer Associates e Juniper
nais ou empresariais”, acrescenta a CEO da Trend Micro. Até o
também divulgaram a intenção de crilançamento comercial da solução móvel, a Trend Micro está
ar um portfólio de produtos para refordisponibilizando o download gratuito da versão beta através do
çar a segurança das redes corporativas.
site: http://www.trendmicro.com/en/products/mobile/tmms/evaluate/overview.htm.
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TECNOLOGIA
Mercado em
EXPANSÃO
Fornecedores de
CARTÕES SIM CARDS
apostam na EVOLUÇÃO DA
TECNOLOGIA GSM NA REGIÃO
Roosevelt Nogueira de Holanda
Processadores que permitem a oferta de serviços
pelas operadoras GSM/GPRS, os SIM Cards estão
diante de um cenário promissor na América Latina:
aproximadamente 69 milhões de usuários TDMA deverão migrar para a tecnologia GSM nos próximos 10
anos, ampliando em mais de 100% o número de usuários do produto na região. Estes números animam os
fabricantes. Hoje, já existem 43,2 milhões de usuários
SIM Cards na AL, proporcionando um faturamento
de US$50 milhões anuais.
Para aumentar ainda mais o potencial de vendas,
operadoras e fornecedores de SIM Cards desenvolvem estratégias conjuntas para incentivar a adoção
da tecnologia pelos usuários de menor poder aquisitivo. Uma destas iniciativas já levou para os SIM
Cards mais tradicionais funções que permitem a oferta de jogos, ringtones e outras aplicações móveis ao
cliente que não pode comprar um novo cartão ao trocar de aparelho celular.
Esta “robustez” dos SIM Cards, aliás, é uma das grandes apostas da Axalto para as vendas na região. Natalia
Fakhri, diretora de Vendas e Marketing para a América
Latina, revela que a fabricante desenvolveu uma solu-
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ção, batizada de SIM Tool kit, especialmente para atender as operadoras dedicadas a ampliar a base de clientes através da conquista dos assinantes de baixa renda.
“Existe um grande potencial a ser explorado nessa área.
É possível aumentar a rentabilidade do usuário, sem exigir a troca do SIM Card. É nisso que estamos investindo”,
destaca a executiva.
Apesar de reconhecerem
que os usuários de baixa ren-
SINTONIA FINA
Os cartões SIM Cards estão cada vez mais sofisticados. Quando um consumidor faz o upgrade de um aparelho GSM tradicional para um dispositivo mais moderno,
com tela colorida e aplicações MMS, o SIM Card identi-
da são a maioria no mercado latino-americano, os fornecedores de SIM Card investem também na sofisticação do uso da
telefonia móvel. A Axalto, por exemplo,
apresentou no
GSM Américas,
em novembro,
no Rio de Janeiro, o SIM Card
com 256Kb, o
primeiro com
essa capacidade de armazenamento de informações.
O novo SIM Card é
comercializado com soluções
de conteúdo, entre elas a de
backup de agenda. “A proposta é tornar o mercado de
pré-pago mais rentável para as operadoras. A personalização das aplicações é uma das opções que o SIM
Card viabiliza”, explica Natália Fakhri.
fica o novo terminal e automaticamente propõe novos
serviços, desenvolvidos para o perfil do novo handset.
Em outras palavras, tão logo o usuário insere o novo
cartão SIM, o produto reconhece os recursos do terminal móvel e faz o download dos novos parâmetros de
serviço, entre os quais as configurações necessárias
para a oferta das aplicações de MMS e WAP via canais
de dados existentes (SMS, GPRS, por exemplo).
Menus dinâmicos no cartão SIM guiam o usuário
durante a instalação e ativação/download do serviço.
As operadoras ganham com a simplicidade da operação, uma vez que não há a necessidade (nem custo)
de suporte técnico ao assinante em call centers.
Alternativas para a recarga do pré-pago também devem ser levadas em consideração, explica Natalia Fakhri,
da Axalto. A executiva lembra que algumas operadoras
perdem até 15% do valor da
recarga no canal logístico (administração, distribuição, comissão, taxas). As aplicações
baseadas no SIM Card têm reduzido esta perda, ao permitir
que o assinante faça a recarga
do pré-pago diretamente do SIM
card – através de transferência
bancária ou cartão de crédito.
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CONTEÚDO
Mais da metade da produção de SIM Cards da
Gemplus é voltada para o mercado latino-americano. A
empresa, que produz cartões com capacidade de 16 a
128 Kb, aposta no potencial do SIM Card de 64 Kb.
Segundo o diretor de Wireless Marketing, Guillaume
Lafaix, os cartões 64Kb foram os mais vendidos ao longo de 2004 na AL. Esses SIM Cards identificam o usuário na rede, armazenam dados privados, como a agenda pessoal do assinante, e detêm tecnologia capaz de
permitir a portabilidade dos dados pessoais.
“Na prática”, informa o executivo, “o consumidor pode
trocar de aparelho que os dados não serão perdidos. O
SIM Card da Gemplus é capaz de armazenar as informações e reter os dados”, completa Lafaix. A fornecedora
opera nas cidades do México, Caracas, Buenos
Aires, São Paulo e Rio de
Janeiro e mantém fábricas
no México e no Brasil para
atender à demanda das
operadoras da América Latina e Caribe. Com mais de
200 clientes, a Gemplus
faturou 780 milhões de
euros em 2003.
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TELEFONIA MÓVEL
REALIDADE
distante
Apesar de A TELEFONIA
MÓVEL MANTER
UMA TENDÊNCIA DE
CRESCIMENTO DE 6,2% AO
ANO NA AMÉRICA LATINA,
a Terceira Geração só
acontecerá, de fato, num
prazo de cinco anos, segundo
os especialistas. O MODELO
PRÉ-PAGO CONTINUARÁ
COMO O CARRO-CHEFE da
comunicação móvel na região
Ana Paula Lobo
Embora já esteja muito próxima do usuário europeu,
asiático e norte-americano, a Terceira Geração – que oferece terminais sofisticados e serviços de voz, dados e
imagens de qualidade em alta velocidade – ainda levará
pelo menos cinco anos para se disseminar na América
Latina. Esta é a estimativa dos principais especialistas
do segmento móvel. Para as consultorias Pyramid Research e EMC Cellular, a região mantém uma tendência
constante de crescimento no uso da telefonia móvel –
muitas vezes até em substituição ao telefone fixo – mas
terá que aguardar pelo desembarque oficial da 3G.
O serviço pré-pago, na avaliação dos institutos, continuará como carro-chefe do crescimento da telefonia móvel
celular na AL. A expectativa é de que a modalidade manterá uma taxa de expansão de 6,2% ao ano na região, mas o
pico de adesão ao serviço já passou. Agora, apontam os
analistas, chegou a hora de brigar pela fidelização do usuário. Também é o momento para convencê-lo a aderir aos
novos aplicativos, principalmente os de dados, uma vez
2,8 BILHÕES DE ASSINANTES MÓVEIS EM 2009,
contra os 1,5 bilhão existentes no final de 2003
Na AL, a base de usuários móveis chegará a 212 MILHÕES EM 2009, O QUE REPRESENTA UM
ÍNDICE DE PENETRAÇÃO DE 38%. A região somou 157 milhões de usuários, no fim de 2004
A empresa de pesquisa estima que a base mundial de celulares ultrapassará 2,8 BILHÕES DE
PESSOAS EM 2009, contra os 1,5 bilhão existentes no fim de 2003. A taxa de penetração global
saltará de 28% hoje para 41% EM 2009, segundo projeta a Pyramid
10% DO NÚMERO GLOBAL DE ASSINANTES
MÓVEIS, sendo que o Brasil é responsável por mais de 45% do mercado da região (60 milhões de
assinantes no fim de 2004). ÁSIA PACÍFICO REPRESENTA 39%, EUROPA, 33% E ESTADOS
UNIDOS E CANADÁ SOMAM 12%
A América Latina é responsável por cerca de
Fonte: EMC Cellular e Pyramid Research
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que a rentabilidade média de voz por assinante continua
caindo e não há previsão para reverter essa tendência.
Em evento realizado no final do ano passado pela
GSM Américas no Brasil, o consultor da Pyramid Research para a AL, Dennis Burke, ressaltou que as operadoras móveis latino-americanas devem se preparar para
enfrentar dois grandes desafios em 2005: a forte concorrência, que pressiona os preços dos serviços para baixo, e a necessidade de criar modelos que permitam expandir a base de assinantes sob um rígido controle de
custos. Nessa corrida, acredita Burke, vencerá a operadora que souber criar um portfólio de produtos diferenciado em relação à concorrência.
RETORNO
Eva Benguigui, analista da EMC Cellular, também
defende a tese de que a telefonia móvel tende a crescer
na AL, até porque o índice de penetração ainda se encontra muito aquém dos padrões mundiais. Hoje, o País
mais avançado na área é o Chile, com 52%. O Brasil, com
uma base de assinantes superior a 60 milhões, possui
um índice de penetração pouco acima dos 30% . “Há um
mercado em recuperação, principalmente na Argentina, e a competição está chegando também ao Uruguai”,
destaca a analista da EMC Cellular.
Os dois especialistas são unânimes em afirmar que a
Terceira Geração é, sim, uma realidade distante do consumidor latino-americano. Menos por disponibilidade de
tecnologia e mais pela estratégia de negócio adotada pelas provedoras dominantes na região. Dennis Burke, da
Pyramid, observa que as operadoras investiram, e ainda
investem, na migração das redes TDMA – predominantes
na região – para o GSM/GPRS/EDGE e precisam agora
do retorno financeiro desta aposta. Viabilizar uma nova
infra-estrutura, baseada em WCDMA (Wideband CDMA),
deverá ser uma ação adiada para os próximos cinco anos.
operar em dezembro de 2001, na carrier japonesa NTT
DoCoMo. Em seguida, houve uma venda bilionária de licenças na Europa, mas os projetos foram engavetados com
a crise da economia mundial e estouro da bolha da Internet.
Muitas operadoras devolveram as licenças por falta de recursos para investir numa nova infra-estrutura.
O primeiro lançamento comercial na Europa aconteceu em março de 2003 e foi feito pela Hutchison, na
Itália e no Reino Unido. Segundo dados de mercado,
mais de 70 redes 3G estão em operação comercial no
mundo. Atualmente, os maiores mercados para a Terceira Geração são o Japão, China, Alemanha, Itália, Reino Unido, França, Espanha, Índia, Coréia do Sul e Austrália. O Instituto Yankee Group prevê que o número de
usuários de 3G no mundo passará de 2,1 milhões em
2003 para 361 milhões em 2008.
MARCO REGULATÓRIO ADIADO
A Agência Nacional de Telecomunicações do Brasil (Anatel)
deixou claro que só terá uma posição oficial sobre a disponibilidade das faixas de freqüência para a Terceira Geração no final
de 2005. A Agência decidiu analisar o modelo que está sendo
implementado nos países mais avançados, principalmente na
Europa, para avaliar aspectos importantes como modelo de venda de licença de uso, resultados obtidos e aplicações disponíveis
para os assinantes.
A decisão brasileira poderá influir no modelo a ser adotado na
América Latina, apesar de o Brasil estar mais alinhado com a
Europa e Argentina, Chile, Venezuela e outros países seguirem o
modelo norte-americano. Como a AL será palco de grandes
integrações ao longo de 2005 – América Móvil e Telefónica
Móviles estão diante do desafio de criar uma unidade nas subsidiárias que compraram em 2004 –, a regulamentação da 3G poderá
ficar um pouco distante dos órgãos regulatórios desses países,
uma vez que a fusão determinará uma série de ações preventivas
REGULAÇÃO
As operadoras CDMA – em processo de implementação da tecnologia EV-DO (Evolution Data Optimized),
que permite a transmissão de dados a uma velocidade
média de 300-600 Kbps – afirmam não ter necessidade
de investir em novas infra-estruturas de rede, mas dependem da liberação da faixa de freqüências por parte
dos órgãos reguladores para expandirem os serviços (Leia
box Marco regulatório adiado).
O primeiro sistema de Terceira Geração começou a
de proteção ao consumidor tradicional.
www.frecuenciaonline.com
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Consultores acreditam que o País que poderá dar a largada na
região será o Chile, que ostenta o maior índice de penetração de
celular na AL. No entanto, essa iniciativa dependerá da disposição
da Telecom Itália de ampliar os investimentos na rede e criar uma
infra-estrutura baseada em WCDMA (Wideband CDMA), a 3G do
GSM. Hoje, os planos das operadoras ainda são o de aumentar a
cobertura das redes EDGE e GPRS, que permitem a oferta de voz,
dados e imagens em velocidade acima de 70Kbps.
FRECUENCIA Latinoamérica
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PERFIL
Qualidade
acima de tudo
Nos últimos anos, RODERICK NELSON, VICE-PRESIDENTE
EXECUTIVO E CTO (CHIEF TECHNOLOGY OFFICER) DA AT&T
WIRELESS, esteve à frente dos movimentos ligados ao uso
da comunicação sem fio. Agora conduz um desafio pessoal:
O PROCESSO DE INTEGRAÇÃO DE SUA EQUIPE À DA CINGULAR,
QUE COMPROU AS OPERAÇÕES DA AT&T WIRELESS, POR US$ 41
BILHÕES. Em entrevista exclusiva à Frecuencia
Latinoamérica, Rod Nelson, como é mais conhecido,
diz que a convergência é o caminho natural na telefonia
Ana Paula Lobo
Os processos de integração de equipe
em grandes fusões são delicados e exigem muita cautela por parte dos
gestores. Como o senhor está atuando
junto à área de Tecnologia da Cingular?
A AT&T Wireless foi comprada. Esse
é um fato consumado e temos, como funcionários da operadora, que lidar com
essa realidade. O processo de integração
não é simples. Há superposições de pessoas e de cargos. Nesse momento, as operadoras ainda estão definindo o
cronograma de integração. Na área de
Tecnologia posso afirmar que a equipe da
AT&T Wireless tem muito a oferecer à
Cingular. Sempre acreditamos nas inovações. Apostamos na Terceira Geração e
criamos um bom portfólio de produtos.
No mundo da comunicação sem fio, há
quem diga que a tecnologia WiMAX
veio para disputar espaço com a Terceira Geração, que sofreu com os percalços da economia mundial e a dificuldade dos fornecedores em desenvolver equipamentos e aparelhos celu-
36
FRECUENCIA Latinoamérica
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36
“
RODERICK NELSON
das operadoras tradicionais de telefonia
móvel. WiMAX, 3G e Wi-Fi serão complementares e cada uma terá o seu espaço.
lares acessíveis. O senhor vislumbra
uma guerra de padrões?
Sinceramente não enxergo o WiMAX
como um concorrente da Terceira Geração. É uma tecnologia inovadora, mas tem
restrições e ainda está em fase de desenvolvimento, apesar dos projetos em andamento em vários países do mundo. É
claro que o fato de o WiMAX estar sendo
apoiado por uma empresa tão poderosa quanto a
Intel o coloca como forte
tendência e terá, certamente, um espaço no
portfólio da comunicação
Wireless.Mas há um longo caminho a ser percorrido e muito para se negociar entre fornecedores e operadores para
que os produtos possam
chegar aos assinantes. O
Wi-Fi me preocupa menos ainda. É uma
tecnologia totalmente complementar à celular. Está restrita a locais como aeroportos, hotéis, shopping centers. Na prática,
o Wi-Fi poderá ser um caminho natural
Nos Estados Unidos, a portabilidade
numérica é obrigatória. Na América
Latina, as operadoras resistem a adotar o modelo e os órgãos reguladores
preferem adiar a discussão. Quais foram os efeitos práticos da medida no
dia-a-dia da AT&Wireless?
A portabilidade numérica foi determinada em novembro de 2003. É claro que
num primeiro momento, demandou recursos por parte das operadoras. Foi preciso investir em atualização de sistemas e, claro, houve um
churn (perda de assinantes) natural em função
das ofertas e da concorrência. Mas, logo depois,
ocorreu uma estabilização. Os assinantes perceberam que nem sempre
vale a pena ficar trocando de operadora. Sinceramente, a portabilidade numérica é um
direito do usuário e deverá chegar às operadoras da América Latina. Não há o que
temer. Se há qualidade no serviço prestado, o assinante não muda de prestador.
“
Não enxergo o
WiMAX como um
concorrente da 3G.
Serão tecnologias
complementares
e cada uma terá
o seu espaço
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EVENTOS
ANUNCIANTES
PÁGINA
COMPANHIA
WEBSITE
Nokia
www.nokia.com
Loral Skynet
www.loralskynet.com
Página 5
Siemens Mobile
www.siemensmobile.com
Página 7
Tekelec
www.tekelec.com
Frecuencia Corporativo
www.frecuenciaonline.com
Página 11
Expocomm Mexico Daily
www.expocomm.com.mx
Página 13
Frecuencia
www.frecuenciaonline.com
Página 17
Capacity Latam 2005
www.telcap.co.uk
Página 21
CTIA
www.ctia.org
Página 25
AHCIET
www.ahciet.net
Página 27
FEVEREIRO
Telexpo 2005
www.telexpo.com.br
Página 31
Axalto
www.axalto.com
Capa 3
ZTE
www.zte.com.cn
Capa 4
Expo Comm Mexico 2005
Fevereiro 08-11
Centro Banamex
Cidade do México - México
Capa 2
Página 9
JANEIRO
Simpósio Anual e
Expo Negócios da WCA
Janeiro 12-14
Hotel Fairmont
San José, CA, EUA
www.wca.org
The Use of Unlicensed
Wireless Spectrum Meeting
Janeiro
La Jolla, Califórnia, EUA
3GSM World Congress
Fevereiro 14-17
Cannes, França
www.3gsmworldcongress.com/2005
Assine e gerencie sua assinatura
8th ICT Mexico Roundtable
Fevereiro
Cidade do México, México
em tempo real
MARÇO
Para servir melhor aos leitores, Frecuencia
Latinoamérica simplifica o modelo de assinatura.
O cupom impresso foi extinto. A partir de agora,
o processo é on-line se baseia em três itens:
Rapidez
Simplicidade
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TELEXPO 2005
Março 01-04
Expo Center Norte - SP/Brasil
www.telexpo.com.br
Conferencia Latinoamericana
de CTIA - Wireless 2005
Março 16
Nueva Orleans, USA
www.ctiawireless.com
Capacity Latam 2005
Março 16-17
San Pablo, Brasil
VOIP Latin America 2005
Março 30-31
San Pablo, Brasil
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XVII Reunión Iberoamericana
de Tráfico Internacional AHCIET
Punta Cana, República Dominicana
Cable Value Added
Services Conference
Guadalajara, México
Janeiro/Fevereiro 2005
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FRECUENCIA Latinoamérica
29/12/2004, 16:29
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OPINIÃO
Em qualquer
lugar e com lucro
A tecnologia sem fio está mudando a maneira de se
fazer negócios. MAS AS VANTAGENS DAS APLICAÇÕES MÓVEIS
NÃO SE RESTRINGEM À CONVENIÊNCIA E À FLEXIBILIDADE.
O maior benefício é o retorno sobre o investimento
Por Manfred Muecke
A maioria de nós já trabalhou em
movimento, fora do escritório, por telefone ou com um laptop. O conceito de
negócios móveis vem sendo adotado em
todo o mundo por diversas organizações,
com ganhos em produtividade, processos e comunicação e também para a consolidação da empresa.
Apesar destas vantagens, muitas
empresas ainda relutam em adotar serviços sem-fio. Alegam, com razão, que
sobreviveram satisfatoriamente até hoje
sem contar com tais serviços. Estas empresas só investirão em soluções Wireless quando perceberem que estas são
uma oportunidade segura para aumentar rapidamente o retorno sobre o investimento (ROI).
Um dos argumentos mais consistentes das vantagens dos serviços Wireless
é a possibilidade de se abrirem os
aplicativos das empresas tanto para o
público estático quanto para o móvel da
organização. Organizações que operam
em tempo real usarão os computadores
de mão (PDAs, de personal digital
assistant) e outros dispositivos móveis,
quando convencidas de que esses equipamentos permitem capturar dados de
uma mesma fonte e enviá-los aos bancos de dados corporativos.
O Programa de Alimentação Mun-
38
flp_jan05_opiniao.pmd
FRECUENCIA Latinoamérica
38
dial das Nações Unidas (FAO), por
exemplo, conecta via satélite, seus técnicos de campo baseados em diversos
países ao sistema central de logística,
localizado em Roma, e ao software de
planejamento de recursos empresariais
(ERP), desenvolvido pela SAP para as
Nações Unidas. A flexibilidade é outro
argumento forte. Muitas empresas
vêem nas soluções sem fio o único vínculo possível com uma força de traba-
nistrar a infra-estrutura de TI necessária
ao suporte a uma força de trabalho móvel. De fato, não é fácil: as tecnologias
sem fio são complexas, faltam referências de sucesso e para muitos clientes destes provedores, projetos Wireless são um
caminho rumo ao desconhecido.
Superar esse desafio é responsabilidade tanto da empresa que contrata a
tecnologia, quanto do provedor encarregado de implementá-la.
Os provedores de soluções wireless
se vêem diante de desafios muito semelhantes aos superados há dois anos pelos provedores de soluções baseadas em
Internet. Quando surgiu, a Web foi vista
unicamente como um mercado de consumo. Só depois foi percebida como ferramenta de negócios entre empresas
(B2B), de gestão da cadeia de abastecimento (SCM) e de relacionamento com
os clientes (CRM), além das inúmeras
aplicações corporativas.
O futuro sem fio é um universo de
milhões de consumidores, individuais e
As tecnologias sem fio são complexas,
faltam referências de sucesso e, para muitos,
projetos Wireless são um caminho rumo ao
desconhecido. SUPERAR ESSE DESAFIO É
RESPONSABILIDADE TANTO DA EMPRESA QUE
CONTRATA A TECNOLOGIA, QUANTO DO
PROVEDOR ENCARREGADO DE IMPLEMENTÁ-LA.
lho que necessita estar em movimento,
mas conectada permanentemente. Um
exemplo: os caminhoneiros, que transmitem dados de localização para seus
para seus escritórios, emergências e
reparos necessários.
Fala-se muito sobre o suporte necessário às atividades Wireless, mas poucos
provedores o oferecem na prática. A maioria percebe o universo móvel como inseguro e se intimida com o desafio de admi-
corporativos. Mas é importante que as
pessoas, em vez de se encantarem pela
tecnologia, se concentrem nos negócios:
onde a tecnologia se faz necessária? O
que faremos? Como tirar o melhor proveito? Os negócios móveis já um fenômeno do presente e provocarão uma revolução de grande magnitude no século XXI.
Manfred Muecke, é Vice-Presidente Global
da Área de Negócios Móveis da SAP
[email protected]
Janeiro/Fevereiro 2005
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29/12/2004, 12:01

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