CIGA-Informando 66 - Ciga-Brasil

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CIGA-Informando 66 - Ciga-Brasil
Ano 12 - Número 66 - SETEMBRO 2010 - Tiragem: 1700 exemplares
Tel. +41 (0)61 423 03 47
Fax +41 (0)61 423 03 46
[email protected]
www.cigabrasil.ch
Foto: Divulgação Fotomontagem: wilber.ch
Binningerstrasse 19
4103 Bottmingen
Profissão: aprendiz!
Com certeza todo mundo já passou pela
experiência de “não saber” alguma coisa, de tentar algo pela primeira vez. Sinto isso hoje cada vez
que meus filhos me pedem para ajudar nas tarefas da escola e os exercícios parecem “grego”.
Vamos aprendendo juntos como fazer e todos
crescemos.
O tema desta edição do CIGA-Informando é
“profissões”. Em meados de outubro acontece
em Basel a Exposição de Profissões e Ensino, na
qual quase uma centena de expositores apresentam suas áreas de aprendizagem, formação e
aperfeiçoamento. A ideia dos promotores é
trazer a realidade do mundo profissional mais
perto do público em geral e especialmente dos
jovens que estão em fase de decidir sobre seu
futuro.
Partindo do princípio de que “a boa educação é como uma moeda de outro: tem valor em
toda parte” (James P. Lenfestey), o incentivo à
descoberta oferece a chance de crescer. As escolas
já perceberam isso e promovem aulas práticas e
excursões pedagógicas. As empresas também
investem cada vez mais no aperfeiçoamento de
seus funcionários. Pode-se dizer que quem não se
preocupar com sua especialização, acaba tendo
menos chances no mercado de trabalho. Por isso
o incentivo dos pais para que os jovens aprendam
uma profissão e continuem seus estudos é fundamental.
Apresentamos nesta edição, além da entrevista sobre a exposição de Profissões (P. 4 ), também alguns depoimentos de profissionais de
diversos setores, falando um pouco sobre sua área
de atuação e a realidade do mercado de trabalho
no momento (P. 18).
Em outra entrevista falamos com o cantor e
compositor Luiz Simas, que contou um pouco
sobre sua carreira artísti- Continua página 3 ➙
CIGA-Informando Ano 12 - N° 66 - Setembro 2010
Ano 12 - N° 66 - Setembro 2010 CIGA-Informando
➙ Continuação da página 1 ca no Brasil e nos
Estados Unidos e seu novo projeto pedagógico
para despertar nas crianças a curiosidade pela
música (P. 15).
O casamento binacional, realidade de muitos
brasileiros na Europa, é outro assunto que aparece
neste número. Num texto editado a partir do
Boletim dos Sans Papiers de Bern são expostas
algumas das dificuldades enfrentadas pelos casais
binacionais e o que diz a legislação suíça a respeito
(P. 8).
Para o público infantil falamos um pouco
sobre as Novas Aventuras do Cometa Finório, que
desta vez está preocupado com o lixo espacial.
Veja na página 6 como o escritor Marcelo Madeira
está conduzindo o trabalho com seu personagem
cósmico para divertir e despertar nos pequenos o
senso de respeito à natureza.
São temas desta edição também as eleições
para presidente e a justificativa eleitoral (P. 14), o
censo (P. 10) e a proposta de criação de um impos-
to sobre as remessas de dinheiro do exterior para
o Brasil. Sobre esse último tema publicamos qual
foi o projeto de lei apresentado à Câmara de
Deputados e o parecer de uma das comissões que
analisou o texto (P. 20).
Na coluna Rápidas você fica conhecendo o site
que permite a correção online de textos em português de acordo com as novas regras ortográficas.
Você pode ler também a respeito do seminário
sobre Imigração Brasileira que será realizado na
Espanha e tem informações sobre o novo site da
TV Brasil internacional (P. 3).
E não esqueça de anotar na agenda a próxima
noite de cinema do CIGA-Brasil. Vai ser na sextafeira, dia 15 de outubro, com a comédia “Se eu
fosse você 2”, que já atingiu uma das maiores bilheterias no Brasil.
Abraços, boa leitura e a gente se encontra no
cinema!
Turma do CIGA-Brasil
Corretor de português online
Foi lançado um site chamado “Um português” com o
intuito de nos ajudar nesta transição entre a antiga e a
nova ortografia. O endereço é www.umportugues.com.
O site possui um verificador ortográfico. Você copia ou
digita o texto a ser analisado e ele, além de corrigir as
palavras que estão escritas de modo incorreto, também te explica o porque dos erros.
Esta é uma iniciativa muito interessante e útil. Ajudem
a divulgar o site.
os 3 milhões de brasileiros residentes no exterior e aos
que se interessem pelo Brasil.
Leia mais... http://www.brasileirosnaholanda.com/
novo/informativo.php?codInformativo=11
TV Brasil Internacional estreia seu novo site
A Empresa Brasil de Comunicação - EBC lançou em
maio de 2010 a TV Brasil Internacional. O evento marcou o início das transmissões da nova emissora. A TV
Brasil Internacional estreou no continente africano,
onde o sinal é disponibilizado para 49 países, incluindo os de língua portuguesa, através da operadora de
DTH e cabo Multichoice.
O canal nasce para oferecer uma programação diferenciada e complementar, como compete a uma televisão pública, com a missão de levar informação e
cultura brasileira, em todos os seus aspectos, a todos
Entre os dias 25 e 27 de novembro de 2010 será realizado, na cidade de Barcelona – Espanha, o “I
Seminário de Estudos sobre imigração brasileira na
Europa”. O evento é uma iniciativa da Associação de
Pesquisadores e Estudantes Brasileiros na Catalu­
nya (Apec) e do Coletivo Brasil-Catalunya (CBC). O
objetivo é reunir pela primeira vez pesquisadores e
pesquisadoras das diferentes áreas do conhecimento
sobre imigração brasileira na Europa.
Seminário sobre imigração brasileira
Para mais informações consulte o site:
http://seminariobrasileuropa2010.wordpress.com
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CIGA-Informando Ano 12 - N° 66 - Setembro 2010
Abram alas para o mundo
profissional em Basel
No período de 14 a 16 de outubro o Salão de Exposições de Basel vai se transformar num
grande mercado profissional. Empresas, associações e escolas de diversos setores se apresentam ao público visitante, em sua maioria adolescentes e jovens na fase da escolha profissional.
Mais do que propectos ou fotos, os expositores estarão presentes para conversar com os visitantes, esclarecer dúvidas, mostrar o que é e como chegar a desempenhar cada profissão. A
proposta é oferecer aos jovens a oportunidade de reunir informações e, desta forma, poder
decidir melhor sobre seu futuro no mercado de trabalho. Reto Baumgartner, vice-diretor da
Gewerbe-Verband de Basel e coordenador da área de aprendizagem profissional falou com o
CIGA-Informando sobre o evento deste ano.
Foto: Divulgação
A cada dois anos a Gewerbe-Verband de
Basel (Associação das Empresas) organiza a
Exposição de Profissões e Ensino. Como foi a
experiência até agora?
As avaliações tanto dos expositores como
dos visitantes foram sempre muito positivas.
É isso que nos motiva a continuar oferecendo ao público essa plataforma.
Quais são os parceiros envolvidos na
exposição?
Os parceiros principais são naturalmente
os quase 100 expositores que apresentam
suas ofertas nas áreas de aprendizagem e
especialização.
Ao lado desses dependemos em cada
edição do evento do apoio de patrocinadores. Felizmente neste ano pudemos contar
com um aporte maior de financiamento por
parte do Cantão e do governo federal.
Reto Baumgartner está na organização do evento
bungscheck“, no qual especialistas do mercado estarão disponíveis para avaliar dossiês
de aplicação profissional que forem trazidos
para análise e muito mais.
Qual é o público alvo da exposição?
Além dos estudantes, que poderão informar-se sobre as possibilidades de aprendizagem profissional, vamos nos endereçar neste
ano de forma especial também às pessoas
interessadas avançar em sua formação ou
fazer alguma especialização.
Quantos setores estarão representados?
Todos os campos de trabalho estarão
cobertos nesta 3. edição da Exposição de
Profissões e Ensino. Se for o caso de alguma
profissão em especial não estar representada, o Centro de Aconselhamento Profissional
estará preparado para prestar todas as informações.
O que um evento desse tipo traz para o mercado?
Ele é uma plataforma para as associações, federações, firmas, instituições se
apresentarem e estabelecerem um contato
direto com seus clientes.
O que haverá de novidade neste ano?
Ao lado das já aprovadas visitas guiadas
para os pais, vamos montar no sábado, pela
primeira vez, um serviço de entretenimento
para as crianças. Além disso haverá um concurso bem atraente na área de cursos de
especialização, um estande de “Bewer­
Como serão atingidas pessoas originárias de
países diversos?
Também neste ano trabalharemos em
conjunto com os chamados mediadores para
alcançar os diversos grupos culturais. Esses
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Ano 12 - N° 66 - Setembro 2010 CIGA-Informando
mediatores representam para nós uma ponte
e servem como motivadores para que seus
conterrâneos visitem a 3. BBM.
Basler Berufs- und
Bildungsmesse
8. Quais são os resultados esperados?
Nós esperamos ter muitos visitantes e
expositores satisfeitos. Num trabalho conjunto com o Centro de Informação para
Estrangeiros do GGG e o projeto Elterntreff
Berufswahl serão realizadas visitas guiadas
em diversos idiomas. No sábado, dia 16 de
outubro, às 13 horas, haverá uma visita guiada em português. As pessoas interessadas
podem contactar o CIGA-Brasil para se
inscrever. Também é possível participar da
visita sem inscrição prévia.
Data: 14 a 16 de outubro de 2010
Local: Messezentrum, Halle 2.0
(Salão redondo)
Horários:
Quinta e sexta-feira, das 10 às 18h30
Sábado, das 9 às 17 horas
Mais informações:
www.basler-berufsmesse.ch
Foto: Divulgação
Entrevista de Irene Zwetsch
Foto: Divulgação
Foto: Divulgação
Estudantes experimentam na prática
Entrevistas ao vivo pela Rádio X
A exposição atrai um público variado
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CIGA-Informando Ano 12 - N° 66 - Setembro 2010
AGENDA
Noite de cinema:
“Se eu fosse você 2”
Sexta é dia de cinema, pão-de-queijo e guaraná!
Venha se encontrar conosco e dar boas risadas com a comédia “Se eu
fosse você 2”. Lançado em 2009, é atualmente a sexta maior bilheteria
de um filme brasileiro na história.
Sinopse: O casal Cláudio e Helena Maria, interpretado por Tony Ramos e Glória Pires, volta a viver uma troca de papeis. Depois de alguns anos da primeira
troca, os conflitos constantes voltam a prejudicar a relação e o casal resolve
se separar. Para tornar a situação ainda mais complicada, eles descobrem que
a filha, Bia, agora com 18 anos, está grávida e vai se casar. Quando decidem
formalizar a separação, o destino intervém na situação e, pela segunda vez,
trocam de corpo. Familiarizados com a situação, decidem sumir durante quatro dias - tempo que durou o fenômeno da última vez. Porém, a tentativa não
dá certo. Quando chega o quarto dia, eles continuam com as personalidades
trocadas. Então Cláudio e Helena entram em desespero e começam a buscar o
motivo que não favoreceu a destroca. Tentam repetir algo que resolveu a outra ocasião e fazem sexo - o que também não funciona, e acaba engravidando
Helena (ainda com a mente de Cláudio).
Contrariados, os pais precisam continuar juntos, um no corpo do outro, para
poderem organizar a festa de casamento da filha. Acabam vivendo várias confusões com o genro, os ricos sogros e os amigos dos noivos. Censura 10 anos.
Direção: Daniel Filho
Elenco: Glória Pires, Tony Ramos, Cassiano Gabus Mendes,
Adriane Galisteu, Vivianne Pasmanter, entre outros.
Contribuição: CHF 5,- Haverá também uma pequena Cafeteria.
Data: Sexta-feira, 15 de outubro de 2010
Hora: 19h30
Como chegar: com o ônibus 34 ou o Tram 10
até Bottmingen. Atravessar a rua no semáforo
para pedestres e seguir pelo caminho ao lado
da linha do bonde até o estacionamento (à esquerda). Atravessar o estacionamento e o prédio fica logo à direita.
Ginecologista FMH
Psicóloga MA Telma Witzig
Dr. Jorge E. Tapia
Atendimento em português, inglês e alemão
para adulto, família e casal pelo plano de saúde.
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O Cometa Finório tem uma nova aventura
Depois da apresentação em março do
primeiro episódio das Aventuras do Cometa
Finório, "A disputa de Marte", na Biblioteca
Pestalozzi-Hardau, a história continua. Nessa
primeira apresentação para crianças de língua portuguesa de Zurique e região mais de
240 crianças, pais e professores compareceram ao evento em dois dias.
De lá para cá o autor, Marcelo Madeira
tem feito animações para crianças de língua
portuguesa, narrando as aventuras do
Cometa Finório, acompanhado de ilustrações
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Ano 12 - N° 66 - Setembro 2010 CIGA-Informando
coloridas em papelão, jogos, brincadeiras e
música ao vivo. Tudo é ligado ao tema
astronomia e aos personagens da história. Os
jogos realizados com a criançada são ligapontos, jogo dos 7 erros, caça-palavras, labi­
rinto entre outros.
Agora ele e sua esposa Jolanda Giardiello,
que o acompanha na parte musical, estão
agendando para o dia 23 de outubro na
Bliblioteca de Winterthur novamente a apresentação do primeiro episódio, "A disputa
de Marte", que fará parte da programação
do evento Café Mondial - Iberia und
Latinoamérica.
Além disso, o CEBRAC conseguiu para o
dia 27 de novembro o patrocínio do
Consulado do Brasil em Zurique para a realização do segundo episódio das aventuras do
Cometa Finório: “Lixo Espacial”. A apresentação será no Quartierzentrum Aussersihl
Bäckeranlage e conta com o apoio da ABEC.
As atividades em torno das histórias do
Cometa Finório contam ainda além de
Jolanda, com a participação da Spielkiste
Band. As canções são acompanhadas por
percussão, saxofone, violão e canto e foram
compostas especialmente para o evento.
Marcelo escreve desde os 12 anos quando teve seu primeiro conto publicado no
concurso do colégio, e depois outro conto
publicado aos 14 anos. De lá pra cá, sempre
se envolveu em roteiros de cinema, teatro,
artigos, contos, letras, poesias e publicou
dois livros de crônicas. Recentemente, tem se
dedicado a escrever histórias infanto-juvenis
e considera muito gratificante. “Gosto de
passar, através da fantasia, mensagens positivas e conhecimentos que façam a criançada
refletir e agir por um mundo melhor”,
resume.
Além do Cometa Finório que trata um
pouquinho da astronomia para as crianças, o
autor está agora desenvolvendo contos de
mistérios e aventuras que trazem como pano
de fundo o folclore sertanejo, as lendas indígenas, cantigas e poesia de cordel.
Veja mais sobre “As aventuras do Cometa
Finório” no site:
http://marcelomadeira.wordpress.com
Agenda das apresentações
Cometa Finório:
do
As aventuras do Cometa Finório - A disputa
de Marte
Dia: Sábado, 23 de outubro, 14 horas
Winterthurer Bibliothek
Obere Kirchgasse 6, Winterthur
Realização: Winterthurer Bibliothek - Café
Mondial, com apoio da ABEC
As aventuras do Cometa Finório - Lixo espacial
Dia: Sábado, 27 de novembro , 15 horas
Quartierzentrum Aussersihl, Hohlstr. 67, Zürich
Realização: CEBRAC, com apoio da ABEC
Patrocínio: Consulado do Brasil em Zurique
O único programa de rádio em português de Basel
e região. Todas as quartas-feiras das 21 às 22 h.
Radio X - 94.5
Contato: [email protected]
A escrita e a música como profissões
Falando sobre suas profissões, Marcelo e Jolanda disseram o seguinte:
Marcelo: No meu caso, eu não uso a escrita para desabafar os meus problemas ou como forma de terapia. Sem recriminar quem faz isso. Mas para mim a
escrita é um veículo para passar mensagens, pontos de
vista e conhecimento. Para ser um escritor, primeiro de
tudo tem de amar a língua portuguesa. E depois, tem
de ler muito, muito mesmo, ler de tudo, até bula de
remédio. E sobretudo, respeitar o leitor.
Jolanda: A vocação para a música é algo que se sente
desde cedo. E não é o diploma que faz o músico, mas
sim a dedicação contínua, a confrontação constante
com os próprios limites e a vontade de querer superálos, e ainda ter a coragem de arriscar. No meu caso, a
profissão de música está também ligada à musicologia,
que é a pesquisa das expressões e linguagens musicais
dos diversos povos do mundo. 7
CIGA-Informando Ano 12 - N° 66 - Setembro 2010
Casamento binacional:
a união ainda é possível?
A modernidade, o acesso às informações
e a difusão dos meios de comunicação transformaram a nossa vida nos últimos 20 anos.
Essa transformação se espelha basicamente
no fato de que, com o advento da internet,
o mundo deixou de ter limites rígidos e bem
definidos geograficamente. Uma das consequências é as pessoas passarem a se conhecer
mais e melhor.
Nesta vida corrida, regrada e solitária,
muita gente busca acolhimento e contatos
em salas de discussão, fóruns e outros portais
virtuais de comunicação. É também desta
forma que cada vez mais pessoas se
co­nhecem, dentro da própria cidade, do
próprio país, do mesmo continente, mas
igualmente de forma intercontinental.
Os falantes de língua portuguesa que se
encontram domiciliados na Suíça engrossam
uma forte corrente de pessoas vinculadas ao
casamento binacional e são muito ativos virtualmente. Em primeiro lugar porque, para
os lusófonos sulamericanos e africanos, a
estadia regulamentada no país só pode ser
alcançada se consideradas certas condições
de permanência. Em segundo lugar, porque
os lusófonos europeus são caracterizados
basicamente por se manterem dentro do seu
espaço linguístico, não almejando relacionamentos com parceiros e parceiras de países
não lusófonos.
O casamento binacional na Suíça tem
índices altos. A possibilidade de realização
do matrimônio é regulamentada pelo
Código Civil Suíço e, desde o dia 01.01.2010,
a legislação apertou o cerco para aqueles
que não se encontram oficialmente domiciliados no país.
O boletim n° 5 da Associação Bernense
dos Indocumentados (Berner Beratungstelle
für Sans-Papier), publicado em janeiro de
2010 aborda este tema. Seguem aqui algumas passagens de interesse da comunidade
lusófona que integram o texto:
“Um cartório localizado num castelo.
A paisagem é pitoresca! Queremos nos
casar aqui. Organizamos todos os documentos necessários para o matrimônio. Eu
– sou suíça – apresento minha carteira de
identidade. Meu futuro esposo necessita
apresentar os seguintes documentos: certidão de nascimento, atestado de residên8
Ano 12 - N° 66 - Setembro 2010 CIGA-Informando
cia, estado civil e nacionalidade, tudo
devidamente autenticado e recém emitido
(há menos de 6 meses!). A obtenção dos
papeis foi extremamente difícil. E sem
contar nas custas, uma fortuna tivemos
que gastar.
Comparecemos juntos ao cartório civil
com o intuito de entregar esta documentação à funcionária cartorial e dar início às
proclamas nupciais. Esta, todavia, se recusa,
alegando que, apesar de toda a documentação estar correta, o casamento não pode
ser celebrado, pois meu noivo se encontra
irregular na Suíça: ele é indocumentado, um
sans-papier! Indocumentado é aquele que,
segundo a nova legislação, não possui uma
permissão de estadia ou residência oficial
para o país! A funcionária ainda nos alerta:
‘sem permissão de estadia, não podemos dar
início ao processo matrimonial. E, por favor,
retirem-se imediatamente do cartório, pois
eu, como funcionária cartorial estou obrigada a denunciar qualquer pessoa na situação
‘irregular’ de seu noivo!’ “
À exceção dos solicitantes de asilo,
entretanto, praticamente todo estrangeiro
lusófono tem condições de comprovar sua
residência. Existe uma interpretação do novo
texto legal, que reza: ‘o noivo ou a noiva não
podem compor família civilmente, caso o
funcionário cartorial desconfie que a celebração do matrimônio intenciona claramente a regularização da situação domiciliar
do estrangeiro, numa tentativa de burlar as
especificações legais’.
sobre a situação matrimonial dos ‘irregulares’: ‘Uma permissão de estadia regularizada não pode (...) assim, ser considerada
como obstáculo para a realização de
matrimônio (i.e., a falta de sua regularização), bem como qualquer obstáculo material’’. Por fim, após trocas de idéia extremamente técnicas e delicadas, a funcionária
traz um formulário para meu noivo: ele deve
atestar estar ciente dos riscos que corre ao
celebrar matrimônio na Suíça sem estar com
domicílio legalizado.
Celebramos nosso matrimônio em maio.
Entretanto, somente em outubro meu já
esposo veio a receber a permissão oficial de
estadia no país: antes disto, ele foi submetido a vários e desconfortáveis interrogatórios
pela polícia cantonal. E não parou por aí.
Ambos fomos multados salgadamente: fui
obrigada a pagar 20 vezes o valor de um dia
de ilegalidade, ao módico preço de Fr. 90/
dia. Além disto, ainda recebi uma fatura no
valor de Fr. 200 a título de “multa por
conivência” e outros Fr. 200 destinados às
custas do processo. Meu esposo foi condenado a recolher o valor referente a 90 dias
de ilegalidade, Fr. 30/dia (a condenação perdura por 2 anos).
Além disso, ele recebeu ainda uma fatura
no valor de Fr. 300 a título de multa e outros
Fr. 300 pelas custas processuais! Nosso amor:
um crime?? Meu erro foi intitulado
Fomentação de Entrada e Saída Ilegais do País
e o erro do meu esposo recebe a definição de
Estadia Ilegal . Estamos casados civilmente,
mas também estamos registrados no cadastro
criminal por um período de dois anos.”
Em resumo: noivos binacionais lusófonos
que queiram contrair, ou melhor, celebrar
seus casamentos em território suíço devem
observar o seguinte:
Ora, isto significa que fica ao encargo de
um – mero – funcionário cartorial avaliar
subjetivamente as intenções do casal, atuando como auxiliares policiais, podendo
denunciá-los caso tenham a impressão de
que se trata de uma farsa e não de um casamento verdadeiro!
1.Na Suíça, existe o direito ao livre
matrimônio, que se encontra ancorado na
Constituição Federal e na Convenção Euro­
peia dos Direitos Humanos, da qual a Suíça
é signatária. Aqui incluem-se estrageiros e
apatriados que têm direito a contrair casamento sem restrições.
De volta ao artigo em questão:
“Resolvemos procurar a Associação
Bernense dos Indocumentados. A atendente
se prontifica gentilmente a nos acompanhar
ao cartório, desta vez portando mais documentos, inclusive uma resposta de um dos
Conselheiros Governamentais Estaduais
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CIGA-Informando Ano 12 - N° 66 - Setembro 2010
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Continuação da página 9
6.A prática mostra que algumas autoridades
são mais complacentes quanto aos pedidos de reagrupamento familiar vindos de
casais estrangeiros (nos quais nenhum dos
cônjuges é cidadão suíço). Casais binacionais compostos por nacionais suíços e
estrangeiros não europeus são ‘tratados’
com mais cuidado e mais detalhadamente.
2.Sendo ambos estrangeiros e somente um
deles tendo domicílio no país, existe a possibilidade (mas não a garantia) de realização da boda em alguns cantões e dentro
do prazo de 90 dias em que a parte
estrangeira (de origem não europeia) tem
para permanecer como turista no país.
3.Em se tratando de um relacionamento
entre um nacional suíço e um estrangeiro
não domiciliado, valem as explicações do
tópico 1.
7.Estrangeiros considerados indocumentados devem se informar antes de darem
entrada nos trâmites para realização do
matrimônio. Em caso de dúvidas, dirijamse à Associação Bernense dos Indocumen­
tados (www.sanspapier.ch) ou procurem se
informar junto às associações de migrantes (www.cigabrasil.ch).
4.Cantões suíços de língua francesa proíbem
o casamento entre domiciliados e turistas
não europeus (independente de se tratar
de um nacional ou de um estrangeiro). O
pedido deve ser solicitado diretamente no
Consulado Geral da Suíça no país de
origem do estrangeiro não domiciliado.
Este texto foi composto conforme
tradução livre Boletim n° 5, de janeiro de
2010, da Associação
Bernense dos Indocumentados – SansPapier, tendo sido submetido à autorização
pelos editores.
5.A celebração do matrimônio, todavia, não
garante em si o direito à estadia. Este
direito pode ser reivindicado, entretanto
cabe às autoridades o exercício da lei. Via
de regra, após o matrimônio, o cônjuge
domiciliado na Suíça deve dirigir um
re­querimento escrito às autoridades cantonais e solicitar regularização da situação
domiciliar do cônjuge ainda ‘turista’ a
título de reagrupamento familiar.
por Deborah Maristela Biermann,
Tradutora diplomada.
([email protected],
www.brasilianisch.ch)
Censo 2010 poderá ser preenchido
pela internet
Quando o recenseador encontrar muita
dificuldade para fazer com que o entrevistado responda às perguntas do Censo
Demográfico 2010, que começa no dia 1º de
agosto, ele poderá dar a opção de preenchimento do questionário pela internet. De
acordo com o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), esse não será
um procedimento padrão, mas foi criado um
ambiente especial para facilitar a solução de
impasses.
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Ano 12 - N° 66 - Setembro 2010 CIGA-Informando
O entrevistado receberá uma senha
eletrônica, chamada de eticket, com validade de dez dias, a partir da qual terá
acesso ao questionário no site do censo.
Caso não responda no prazo, a senha vai
expirar e o recenseador voltará a procurálo.
Os quase 192 mil recenseadores visita­
rão aproximadamente 58 milhões de
domicílios, nos 5.565 municípios, para co­nhecer os mais de 190 milhões de brasileiros. O orçamento previsto para a pesquisa
é da ordem de R$ 1,6 bilhão. Pelo menos
70% desse valor serão gastos com os 230
mil trabalhadores envolvidos no processo.
A expectativa é que a coleta seja encerrada
até outubro e os primeiros resultados já
sejam divulgados em dezembro deste ano.
Mas não foi apenas a parte tecnológica
do Censo 2010 que foi afinada. A metodologia também sofreu ajustes para dar visibilidade a temas cujas informações podem
ajudar o governo a traçar novas estratégias
de infraestrutura. Por isso foram incluídas,
entre outras, perguntas sobre o tempo de
deslocamento de casa até o local de trabalho ou estudo, que podem contribuir para a
melhora da rede de transporte do país.
Exterior – No censo deste ano, segundo
o IBGE, também vai ser perguntado se
existe alguém no domicílio que está
morando ou trabalhando no exterior, outra
estatística que é considerada muito falha.
Na seção sobre os eletrônicos existentes no
domicílio, haverá perguntas sobre o uso de
aparelho de celular e o acesso à internet.
Em novembro de 2009, o IBGE apresentou as mudanças do próximo censo
demográfico, o primeiro completamente
informatizado a ser realizado no Brasil. Na
época informou-se que foram incluídas perguntas sobre a posse de registro de nascimento e uso de língua indígena e a respeito
de novos arranjos familiares. Pela primeira
vez será possível responder que a relação de
parentesco com o chefe do domicílio é de
"cônjuge do mesmo sexo".
Segurança - Para driblar as dificuldades
no acesso aos condomínios de classes média
e alta, comuns durante o censo, o IBGE vai
enviar cartas de apresentação com as fotos
dos recenseadores. Caso a dúvida persista,
os entrevistados poderão conferir a carteira
de identidade e o crachá de identificação
do pesquisador, além de ligar para o telefone 0800 721 81 81 para confirmar as informações.
Segundo a coordenadora do Censo
2010, Maria Vilma Sales Garcia, graças à
informatização, em dezembro deste ano
serão divulgados os primeiros dados sobre
a população, distribuição entre homens e
mulheres e a quantidade de pessoas que
moram em meio urbano e em meio rural,
por município. “Antes, só na digitação nós
levávamos seis meses”, lembra a pesquisadora, explicando que os primeiros dados a
serem processados serão os do questionário
básico, de 36 perguntas, que será aplicado
em todos os domicílios. O questionário da
amostra, mais completo, com 110 perguntas, será respondido por 11% dos
domicílios, de acordo com o tamanho da
população.
Os resultados serão gradativamente
apresentados nos meses seguintes até, pelo
menos, dezembro de 2011. Segundo Cortes,
o Censo, realizado de dez em dez anos, é o
retrato mais completo da população brasileira, uma vez que os questionários
envolvem várias perguntas.
Maria Vilma reconheceu que as perguntas estão mais antenadas com as informações necessárias para traçar políticas
públicas. São dados que vão ajudar os go­vernos a traçar políticas públicas nas áreas
de saúde e educação, entre outras.
(Fonte: O Globo)
Igreja Evangélica de Língua
Portuguesa de Zurique
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sua vida e conhecer melhor a Palavra de Deus, faça-nos
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CIGA-Informando Ano 12 - N° 66 - Setembro 2010
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Expediente
CIGA-Informando é uma publicação
bimensal do CIGA-Brasil.
Tiragem: 1700 exemplares
Redação e edição: Irene Zwetsch
Foto Capa: Divulgação
Layout & Realização: Wilber's Grafik & Druck, www.wilber.ch
Colaboradores desta edição: Conselho Brasileiro na Suíça,
Deborah Maristela Biermann, Gewerbeverband Basel,
Marcelo Madeira, Marcos Pochen, Maria Badet, Ministério
das Relações Exteriores, Rede de Brasileiras e Brasileiros
na Europa, Site “Brasileiros na Holanda”, Tatiana Vieira,
Zuila Messmer.
13
Contato com a redação:
CIGA-Brasil
Binningerstrasse 19, 4103 Bottmingen
Tel/Fax: (061) 423 03 47/46
E-mail: [email protected]
www.cigabrasil.ch
O fechamento redacional da próxima
edição será no dia 20 de outubro de
2010. Até esta data todos os textos e
anúncios devem chegar às nossas mãos.
O CIGA-Brasil não se responsabiliza
pelos textos assinados publicados nas
edições, nem pelas ofertas e serviços
oferecidos por nossos anunciantes.
CIGA-Informando Ano 12 - N° 66 - Setembro 2010
Eleições e justificativa de voto
Os cidadãos brasileiros residentes no exterior, maiores de dezoito anos, também devem
cumprir suas obrigações eleitorais (alistamento e voto), com exceção dos maiores de
setenta anos e dos analfabetos. Os portadores
de deficiência física ou mental que impossibilite ou torne extremamente oneroso o
cumprimento das obrigações eleitorais po­derão requerer a não aplicação das sanções
legais. A votação fora do território nacional é
organizada pelo Tribunal Regional Eleitoral
do Distrito Federal, com o apoio dos consulados ou missões diplomáticas em cada país.
Se o formulário
for
entregue com
dados incorretos ou que não
permitam sua
identificação,
não será considerado válido
para justificar a
ausência
às
urnas. O pedido deve conter a qualificação
com­pleta do eleitor (nome, data de nascimento, filiação, número do título e endereço
atual) e o motivo da ausência à votação,
cabendo ainda ao eleitor, apresentar documentos que comprovem sua identidade.
Aos que possuem domicílio eleitoral no
exterior, o exercício do voto é exigido apenas
nas eleições para presidente da República.
Aqueles que, embora residindo no exterior,
mantenham seu domicílio eleitoral em
município brasileiro continuam obrigados a
votar em todas as eleições, devendo, portanto, justificar a ausência às urnas enquanto estiverem fora do país, a fim de permanecerem quites com a Justiça Eleitoral.
Esse requerimento pode ser entregue em
qualquer cartório ou posto de atendimento
eleitoral, ou encaminhado por via postal ao
cartório da zona eleitoral onde é inscrito. O
acolhimento ou não das alegações apresentadas ficarão sempre a critério do juiz da zona
eleitoral em que o eleitor estiver inscrito.
O Código Eleitoral prevê a criação de
mesas de votação no exterior somente em
locais que possuam ao menos 30 (trinta) eleitores inscritos, mas os eleitores com domicílio
eleitoral fora do Brasil podem votar na mesa
receptora de votos mais próxima, desde que
localizada no mesmo país, de acordo com a
comunicação que lhes for feita.
O prazo de 60 (sessenta) dias é contado a
partir da data de cada turno. Assim, se o eleitor deixou de votar no primeiro e no segundo turno da eleição, terá dois prazos para
justificar sua ausência: um de até (60) sessenta dias, contado da data de realização do
primeiro turno, e outro com a mesma
duração, com início a partir do dia em que
ocorrer o segundo turno.
Conforme explicado acima, o eleitor que
estiver fora de seu domicílio eleitoral no dia
da eleição terá de justificar sua ausência. A
justificativa eleitoral pode ser apresentada
no dia da eleição ou até 60 (sessenta) dias
após o pleito. Vale lembrar que a ausência a
cada turno da eleição deve ser justificada
individualmente.
O eleitor pode justificar a ausência às
eleições tantas vezes quantas forem
necessárias, mas deve estar atento à eventual realização de revisão do eleitorado no
município onde for inscrito. Nesse caso pode
ter o seu título cancelado.
O
formulário
Reque­r imento
de
Justificativa Eleitoral pode ser obtido, gratuitamente, nos cartórios eleitorais ou diretamente no site: http://www.justicaeleitoral.
gov.br/eleitor/justificativa-eleitoral.
Para carregar ou preencher o formulário
entre no site: http://www.justicaeleitoral.
gov.br/eleitor/justificativa-eleitoral/
Informações do Tribunal Superior
Eleitoral, divulgadas pelo Conselho
Brasileiro na Suíça.
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Ano 12 - N° 66 - Setembro 2010 CIGA-Informando
O ritmo do Rio que encanta Nova
Iorque
Foto: Arquivo
Luiz Paulo Bello Simas é o que se pode
chamar de "carioca de verdade". Nasceu na
Tijuca, filho de uma típica família de classe
média. Depois mudou para o Leme,
Copacabana, Ipanema, com uma passagem
por Lins de Vasconcellos. Nessa entrevista
para o CIGA-Informando ele conta como a
Cidade Maravilhosa influenciou sua vida
profissional e os saltos que esse “menino do
Rio” já deu pelo mundo.
“A música é uma coisa tão importante na
vida do carioca... acho que não fui eu quem
escolheu a música, eu fui escolhido por
ela...”. É dessa forma que Luiz encara sua
relação com a música e sua terra natal. É
como se as duas coisas fossem uma e ele
estivesse envolvido por ambas.
Tudo começou aos 4 anos, com as aulas
particulares de piano que se seguiram até os
14. Depois ele parou por alguns anos e mais
tarde recomeçou a estudar por conta própria.
Um detalhe importante é que Luiz também
começou muito cedo a compor. "Compus
minha primeira música aos 6 anos. Uma valsinha bem simples.” A essa seguiram-se outras e o piano continuou sendo seu principal
instrumento. É nele que o artista compõe,
utilizando depois teclado e computador para
escrever as partituras.
Sua formação musical foi influenciada
por vários estilos e diversos artistas: tudo de
música popular brasileira que tocava no
rádio na época - de Elza Soares a Miltinho,
além dos compositores clássicos que tocava
no piano, tipo Bach e Chopin. “Eu era uma
"esponja" ouvindo muito rádio e incorporando tudo que ouvia”, lembra.
Mais tarde veio a paixão pela bossa nova,
que foi uma de suas grandes influências
musicais. Depois teve uma fase roqueira, na
qual ele fez parte dos grupos Módulo 1000
(roque psicodélico) e Vimana (roque progressivo, um grupo que ele tinha com o Lulu
Santos, Ritchie, Lobão e Fernando Gamma).
Nessa época ele curtia muito os grupos
ingleses, como Led Zeppelin, Emerson Lake
A música me escolheu..
and Palmer, e especialmente o grupo Yes. Ao
mesmo tempo também era fã de Milton
Nascimento, Caetano Veloso, Gilberto Gil,
Mutantes, Edu Lobo, e todos os grandes
compositores daquela época.
Além de tocar nas diversas bandas Luiz
participou de muitas gravações com outras
bandas (O Terço, Gang 90 e as Absurdettes) e
tocou no grupo Zod, de Sérgio Dias dos
Mutantes. Isso sem contar as mais de 200
gravações que fez com vários artistas brasileiros e americanos. Primeiro músico no Rio a
possuir um sintetizador eletrônico, Luiz fazia
gravações em estúdios para discos de vários
artistas conhecidos. Gravava também efeitos
sonoros para rádio e televisão. „Eu criei e
gravei o famoso "Plim-plim" da Globo, minha
"obra mais tocada" no Brasil....”, brinca.
Roque, música brasileira, jazz, clássico,
tudo isso fez parte do repertório do artista,
que hoje toca muito suas próprias composições, que são uma mistura de tudo, com
Continua página 16 ➙
um jeito pessoal. 15
CIGA-Informando Ano 12 - N° 66 - Setembro 2010
Foto: Deborah Biermann
para ver o que eu ia fazer da vida”, relata.
Visitou os arredores de Visconde de Mauá e
resolveu ir morar em Mirantão, Minas Gerais,
onde comprou um sítio. “Foi uma época
muito boa, viver sem energia elétrica e ter
que cozinhar com fogão de lenha”, comenta.
Nas idas e vindas sua história também
teve um capítulo especial nos Estados Unidos.
Na primeira vez que Luiz visitou o país tinha
14 anos e depois voltou aos 18, como estudante em intercâmbio, morando com uma
família em Cleveland por um ano. “Durante
a época em que tocava no Vimana, fui a
Nova Iorque várias vezes para comprar nossos instrumentos, que eu vendia todo ano no
Brasil tendo um bom lucro, o que me permitia voltar para comprar outros mais novos e
melhores”, conta ele. Nos anos 80 o artista
decidiu viver em Boston por dois anos, estudando medicina oriental com Michio Kushi.
Em 1989 mudou-se de vez para Nova Iorque.
Sua ligação com a filosofia oriental e a
alimentação natural persiste até hoje, mas
de outra forma.
Ele a considera uma visão do mundo
muito bonita com uma aplicação prática
muito eficaz, mas no início confessa que a
interpretou de uma forma muito conceitual,
muito literal. “Hoje em dia eu continuo
procurando seguir aqueles ensinamentos,
inclusive no respeito à alimentação natural,
mas de uma forma muito livre, com muito
improviso e flexibilidade”, explica.
Luiz e Eliane Amherd em Bern
➙ Continuação da página 15 Nas lembranças
desses primeiros tempos como músico um
dos bons momentos foi, por exemplo, “participar do Festival da Canção no
Maracanãzinho e poder ver e ouvir em primeira mão o Milton Nascimento tocando
"Travessia" no ensaio, antes da música ser
conhecida”. Todos os momentos de shows
com seus grupos, como o show que no
Birdland em Nova Iorque também ficaram
bem gravados na memória.
Entre os maus momentos Luiz lembra de
um em especial: “o tempo em que eu tinha
que subir 5 andares de escada carregando
instrumentos e amplificadores no meio da
madrugada depois de um show.”
Começar de novo
No início dos anos 90 veio a hora de
começar tudo de novo, com a mudança para
Nova Iorque. O motivo foi essencialmente
pessoal: ele estava se divorciando de sua
primeira esposa, americana, e suas filhas,
que eram muito pequenas, iriam ficar nos
Estados Unidos. “Eu me mudei para ficar
perto delas”, resume.
Para conseguir começar do zero e tornarse um músico de sucesso tanto no Brasil
como nos Estados Unidos e outros países o
segredo é, segundo Luiz: “muita perseverança e fé, muita persistência. Fazer o que
o coração manda”. Lendo a biografia do
artista dá para comprovar isso. Ao mudar
Vida no interior
Mesmo tendo a música no sangue, chegou um momento em que Luiz resolveu dar
um tempo e foi morar no interior. “Isso foi
logo depois que o Vimana acabou. Nós
íamos participar de um grupo com o tecladista Patrick Moraz, que tinha sido do Yes, e o
plano era morar na Europa. Isso não aconteceu, e eu resolvi "dar um tempo" da música
16
Ano 12 - N° 66 - Setembro 2010 CIGA-Informando
Foto: Deborah Biermann
para Nova Iorque ele começou “se virando”
como todo brasileiro recém-chegado, fazendo trabalhos pequenos de toda sorte, até
conseguir atuar como pianista e cantor em
restaurantes brasileiros. “Eles pagavam
muito pouco, mas dava para ajudar nas
despesas”, comenta. Começou também a
trabalhar como intérprete nos tribunais de
justiça.
Por volta de 1992, frustrado com o trabalho de músico em restaurantes, resolveu,
mesmo com poucos recursos econômicos,
fazer uma gravação de seus chorinhos em
piano solo. Lançou então seu primeiro trabalho musical nos Estados Unidos, “New
Chorinhos from Brazil”, que foi muito bem
recebido pela crítica. Também nessa época
começou a dar seus primeiros concertos em
Nova Iorque e já conseguia autoproduzir
seus shows, com certeza de casa lotada.
Foi em Nova Iorque que Luiz conheceu a
música suíça Eliane Amherd, que ele considera “super talentosa”. Encantado com seu
jeito livre de cantar e tocar, teve a ideia de
fazerem shows em duo. Desse encontro
resultou a recente “mini-turnê” pela Suíça,
começando em Berna e depois em Saas Fee e
Brig. No meio tempo Luiz tocou sozinho
também em Fribourg.
Entre os planos para o futuro está terminar de compor e gravar uma longa peça de
piano que ele escrevendo, intitulada "Suite
Mata Atlântica". Além disso ele tem um programa muito interessante, que consiste de
uma palestra sobre a história da música
popular brasileira, em que dá exemplos no
piano (e cantando) dos vários estilos do século 19 até hoje.
O importante é fazer o que o coração manda!
„Toco desde Ernesto Nazareth até Jobim,
e muito mais. É um programa muito instrutivo e interessante, que mostra a evolução da
música brasileira, do choro à bossa nova, à
MPB e o que veio depois”, explica. Proficiente
em várias línguas, Luiz pretende dar essa
palestra em vários países da Europa, inclusive
a Suíça. Quem se interessar pelo programa
pode se comunicar com ele: music@luizsimas.
com. Veja mais sobre a vida do cantor e compositor na página www.luizsimas.com
Entrevista e edição de Irene Zwetsch HORÁRIO DAS MISSAS EM PORTUGUÊS (AG, BS, BL)
MISSÃO CATÓLICA
PORTUGUESA
Diocese St. Urs – AG, BS, BL
Bruggerstr. 143
Tel.: +41 56 203 0049
Fax: +41 56 203 0045
Pe. Marquiano Petez, pároco
E-Mail: [email protected]
Kappelerhof – Kapelle Mariawil –
Bruggerstr. 143, 5400 Baden
Igreja St. Josef
Felsenstr. 16, 4450 Sissach
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1° 2° 3° e 4° Sábado 20.00
Aos Sábados, catequese as 19.00
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Igreja Heiliggeist
Tramstr. 38, 5034 Suhr
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Aos Domingos, catequese as 10.00
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2° e 4° Domingo 09.00
Aos Sábados, catequese as 15.30
17
Zofingen
2° Domingo 15.30
Christ König,
Mühletalstr. 15
CIGA-Informando Ano 12 - N° 66 - Setembro 2010
Todo dia ela faz tudo sempre igual.... Será?
Como o tema central desta edição é “Profissão”, resolvemos dar um passeio e conversar com profissionais
de diversas áreas, para saber um pouco mais sobre o dia-a-dia de sua profissão e como está o mercado de
trabalho no momento.
A coisa mais importante para quem quer ser músico é querer MUITO ser músico. Há vantagens e desvantagens na profissão - essas últimas geralmente financeiras. Há também a ilusão de se achar que os grandes
músicos são pessoas avoadas e distraídas, que fazem
simplesmente o que a imaginação manda. Isso não é
verdade. É preciso haver
um equilíbrio entre
organização,
planejamento, e inspiração. O
grande músico soma tudo
isso de uma forma muito
equilibrada. A formação do artista depende de cada caso.
Há os músicos "naturais",
que tocam simplesmente
de ouvido, e se tiverem
muito talento, podem até vir a ter muito sucesso. Mas
mesmo assim, aprender a ler e escrever música muito
bem ajudam demais, especialmente se a pessoa quer
fazer parte de algum grupo musical. Hoje em dia, especialmente no ambiente de música brasileira e jazz, é
quase um requisito importante saber ler e escrever
música muito bem.
Esse requisito ainda se torna mais necessário num
mercado de trabalho que não está fácil. Há muito trabalho em Nova Iorque, por exemplo, mas pagando muito
pouco, e existe uma competição enorme. O jeito é criar
seu próprio mercado, se autoproduzir, inventar novas
formas e novos lugares para apresentações.
Depoimento de Luiz Simas www.luizsimas.com (Nova Iorque, EUA)
Saúde dos dentes
Na área da saúde dos
dentes existem algumas
profissões. A dentista brasileira Heidi Kilchher fala um
pouco sobre esse campo
profissional.
A atuação de uma
dentista pode ser tanto
acadêmica, dando aula e
fazendo pesquisa, quanto clínica, em consultório ou
clínica. Na parte clínica ainda destacamos várias micro
áreas específicas, como ortodontia/ortopedia ou cirurgia
de cabeça e pescoço ou clínica geral, sendo possível
também só trabalhar com crianças ou só com adultos.
Para exercer a profissão são necessários cinco anos
de formação universitária: Matu­ra, dois anos de medicina e três de odontologia, além do exame federal
(Staatsexamen).
Além da Odontologia, existem outras profissões relacionadas. Uma delas é a de ACD - Atendente de Consultório
Dentário (DA - Dentalassistentin), que exige uma aprendizagem (Lehre) de três anos. Já para ser Secretária (DS Dentalsekretärin) é necessário um mínimo de oito 8 meses
de curso depois de um ano de formação como DA. Outra
profissão ligada a essa área é a de Assistente de Profilaxia
(PA-Prophylaxe­assistentin), que também exige um mínimo de oito meses de curso (em módulos) depois de um
ano de formada como DA. Por fim tem também a
profissão de Higienista Dentário (DH-Dentalhygienikerin),
para a qual devem ser feitos três anos de aprendizagem
(Lehre) após já ter alguma outra formação.
Para trabalhar em todas essas profissões é preciso
que a pessoa tenha habilidade manual, concentração e
paciência, sensibilidade para atender pacientes, organização e pontualidade.
O mercado de trabalho se apresenta promissor para
os próximos anos. Segundo Heidi, 3/4 dos estudantes de
odonto suíços são mulheres, o que causará uma deficiência de profissionais nos próximos anos. Além disso, há 20
anos não houve mudança no número de profissionais
atuantes na Suíça (cerca de 4500).
Depoimento da dentista Heidi Kilchher - www.
praxis-thermitte.ch (Therwil, BL)
Vivendo da música
Entrando no campo artístico, falamos com o compositor e cantor Luiz Simas sobre a carreira musical.
No meio da Torre de Babel
Na áera das ciências humanas, uma profissão que
tem se desenvolvido bastante, em função da globalização, é a de tradutor/a.
Sandra Lendi, que atua
há muitos anos no
mercado, falou sobre
esse campo profissional.
Uma tradutora
passa textos escritos
ou falados de uma língua para outra. Esse trabalho se desenvolve em dife18
Ano 12 - N° 66 - Setembro 2010 CIGA-Informando
(obtenção de autorizações diversas, contestação de decisões fiscais, entre outros). O
campo de intervenção
do advogado é extremamente vasto. A princípio,
a contribuição do
advogado pode ser útil
nos mais inusitados segmentos da vida em
sociedade.
Creio que não
existe um perfil do advogado. Cada advogado é movido
por aspirações diferentes, que muitas vezes tem a ver
com a sua própria história pessoal. Há idealistas, bem
como mercantilistas e entre essas duas tendências, há
um número incalculável de perfis diferentes. Eu diria que
existe um advogado para cada tipo de cliente.
A formação necessária para se tornar advogado
militante é a licenciatura (bachelor) e o mestrado (master) em direito. Em seguida, há o estágio profissionalizante, cuja duração varia de um cantão para o outro.
Genebra instituiu também uma escola de advocacia
obrigatória (pós universitário).
Em relação ao mercado de trabalho por aqui, pelo
menos em Genebra é bastante difícil ter acesso ao estágio profissionalizante e a concorrência está cada vez
maior com a abertura do mercado aos advogados
europeus.
Depoimento de Pedro da Silva Neves www.keplaw.ch
rentes áreas, tais como as da medicina, jurídica, comercial, escolar, artística e outros.
Para exercer essa profissão é necessário em primeiro lugar conhecer muito bem a própria língua, ser
objetivo e imparcial. O importante é ser capaz de
traduzir o mais fielmente possível o texto em questão,
sem juntar ou retirar nada, tudo isso rapidamente. Há
que considerar também o aspecto humano, pois muitas
vezes o tradutor se confronta com problemas bastante
graves. Considero também importante a consulta cons­
tante de trabalhos publicados sobre as áreas às quais se
dedica o tradutor. Ser curioso pode ser bastante útil.
Há diferentes escolas de tradutores na Suíça e no
Brasil. Há as que preparam tradutores-intérpretes simultâneos, há outras escolas que preparam tradutores
comunitários, que atuam sobretudo em hospitais, escolas e departamentos sociais. O conhecimento aprofundado da língua materna e o das línguas a traduzir é
fundamental. Na Suíça tem se desenvolvido especialmente a formação de tradutores interculturais, que além
da traduzir o que é falado, “traduzem” as diferenças
culturais, evitando que ocorram malentendidos. Veja um
pouco sobre esses cursos na página www.heks.ch, na
seção regional de “beider Basel”, projeto MEL.
O mercado de trabalho nessa área é muito variado.
Há tradutores que trabalham com contrato junto a
empresas especializadas ou órgãos oficiais, mas a
grande maioria exerce a profissão como autônomo ou
como empregado por horas junto a um escritório de
traduções. Nesse caso é sempre melhor contar também
com outro emprego, pois a demanda não é tão grande e
nem sempre a mesma. Há meses em que trabalhamos
muito e outros onde nos chamam poucas vezes.
Depoimento de Sandra Lendi [email protected] (Basel, BS)
Gente que cuida de gente
Para finalizar nosso pequeno passeio pelo mundo
profissional conversamos com a Mara Hort, do CIGABrasil, enfermeira diplomada pelo Brasil e que reconnheceu seu diploma brasileiro na Suíça há mais de vinte
anos. Há 5 anos reiniciou na profissão através do Spitex
Verein de Brugg, onde ainda trabalha. Um(a) enfermeiro(a) é um profissional responsável
pela promoção, prevenção e recuperação da saúde de
um indivíduo, atuando na área preventiva, assistencial,
administrativa/gerencial e na educacional. A enfermagem diferencia-se de muitas ciências humanas e biológicas pela humanização dessa profissão: mais do que
tratar, o enfermeiro preocupa-se em cuidar do indivíduo,
dando atenção e reconhecendo-o como um ser humano
em sua totalidade. Sendo assim, um enfermeiro deve
enquadrar-se dentro deste perfil.
No Brasil o(a) enfermeiro(a) é aquele que tem formação universitária (3 ou 4 anos), porém existe na
enfermagem outros profissionais como Técnico de
Enfermagem e o Auxiliar de
Continua página 20 ➙
Em nome da Justiça
Quando a comunicação não funciona ou alguma
irregularidade acontece, quem entra em cena muitas
vezes é o advogado, que busca defender os interesses de
seu cliente da melhor forma. Pedro da Silva Neves,
advogado brasileiro em Genebra, contou um pouco
sobre essa área de trabalho.
Vou falar aqui do advogado autonômo e não do
advogado que se encontra a serviço exclusivo de uma
entidade privada (empresas, associações, etc) ou pública
(prefeituras, organizações internacionais, etc).
Em geral nos referimos a duas áreas principais de
atuação do advogado autonômo ou "militante": a de
aconselhamento (elaboração de contratos nas áreas
mais diversas, constituição ou reestruturação de empresas, sucessões, proteção de direitos imaterias, etc) e a
área de representação e assistência judicial (processos cíveis ou criminais) e no contencioso administrativo
19
CIGA-Informando Ano 12 - N° 66 - Setembro 2010
➙ Continuação da página 19 Enfermagem. Na Suíça
houve uma mudança na classificação desta profissão em
2008, sendo hoje o(a) enfermeiro(a) chamado de Dipl.
Pflegefachmann/frau HF (höhere Fachhochschule=Escola
Superior Profissionalizante) e o Dipl. Pflegefachmann/
frau FH (Fachhochschule = Univer­sität), esse com recebimento do título de Bachelor of Science ZFH in Nursing. O
estudo tem uma duração de 3 anos e a entrada na
Escola Superior Profissionalizante ou na Universidade
vai depender do nível de escolaridade anterior do estudante, por ex. Sekundar ll, Gymnasium, Berufslehre,
Fachmittelschule, sendo a Matura necessária como requisito para a admissão na Universidade.
Em relação ao mercado de trabalho eu diria que o
enfermeiro(a) e os demais atuantes na área de enfermagem tem trabalho no mundo inteiro, pois é uma
profissão muito requisitada. Eu desconheço a situação
atual no Brasil, mas aqui na Suíça os profissionais da
área de enfermagem no geral estão muito escassos e
esta estatística tende a aumentar com os anos, motivo
pelo qual existe um grande incentivo para que os jovens
iniciem nesta área. Alguns exemplos são os dias de portas abertas em vários hospitais para o conhecimento da
profissão e a possibilidade de reiniciar na profissão
depois de longa pausa através de cursos oferecidos por
várias entidades.
Os enfermeiros (as) podem atuar em muitos lugares:
hospitais/clínicas gerais ou especializadas, ambulatórios
públicos, postos de saúde, casas de idosos, universidades, indústrias e também na assistência domiciliar,
que na Suíça é conhecido como Spitex.
Na Suíça para ingressar na área de enfermagem
sem ser enfermeiro(a) diplomado, há várias classificações e possibilidades como por exemplo Fachfrau/
Fachmann Gesundheit (FaGe), Fachangestellte/er
Gesundheit für Erwachsene, Pflegeassistentin/assistent,
todos visando a assistência ao indivíduo, assim como
sua higiene corporal, limpeza da casa e sua alimentação.
Acho importante citar que a Cruz Vermelha Suíça,
através do Departamento de Saúde e Integração é o
órgão suíço responsável pelo reconhecimento, qualidade
e registros do enfermeiros(as) diplomados na Suíça,
assim como o reconhecimento dos diplomas dos
enfermeiros(as) diplomados no exterior, por exemplo no
Brasil (0900 733 276).
Como enfermeira me sinto hoje muito feliz e realizada por poder exercer minha profissão aqui na Suíça e com
a minha alegria tropical, meu temperamento latino e
carinho brasileiro o que mais me gratifica é ouvir de muitos pacientes que eu sou um "Sonnenschein" (luz do sol).
Depoimento de Mara Hort De Faria - Baden (AG)
[email protected]
Imposto sobre as remessas de
dinheiro do exterior
O deputado Manoel Junior (PSB/PB) apresentou
em fevereiro deste ano um projeto de lei complementar
com o objetivo de criar uma contribuição social sobre
as remessas de dinheiro efetuadas por pessoas físicas
brasileiras residentes no exterior para pessoas físicas
ou jurídicas residentes, ou com sede ou filial no Brasil.
O objetivo da contribuição seria criar uma fonte de
provisão de recursos a ser utilizada para o atendimento
a brasileiros que estejam enfrentando situação de
emergência no exterior. Pela proposta seria criada uma
alíquota de 2% (dois por cento) sobre as remessas,
delegando-se à Receita Federal brasileira a tarefa de
estabelecer a forma de cobrança dessa contribuição.
A iniciativa do projeto de lei complementar foi
distribuída para as Comissões de Relações Exteriores e
de Defesa Nacional; Seguridade Social e Família;
Finanças e Tributação, Constituição e Justiça e de
Cidadania. O deputado Walter Ihoshi (DEM/SP), relator
da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa
Nacional votou pela rejeição do Projeto de Lei, baseando-se, entre outros, no estudo realizado pelo Fundo
Multilateral de Investimentos (FUMIN), do Banco
Interamericano de Desenvolvimento, que aponta como
receptores principais dessas remessas pessoas “oriundas
de classes econômicas que registram baixo ingresso de
rendas”.
Segundo Ihoshi, “depreende-se, assim, que essas
remessas são enviadas a famílias de baixa renda de
brasileiros que foram buscar trabalho no exterior para
sustentar e dar melhores condições de vida às suas
20
Ano 12 - N° 66 - Setembro 2010 CIGA-Informando
famílias, não se lhes importando, no momento da
opção, os sacrifícios que teriam de suportar para fazêlo”.
Ele explica que a chamada verba de assistência
consular a brasileiros é utilizada para pagamento de
despesas com contratação de advogados “para aconselhamento jurídico de repartições consulares e de
brasileiros em casos especiais, sobretudo quando o país
estrangeiro não oferece advogado dativo; pequenos
auxílios e repatriação de desvalidos; assistência
humanitária a detentos e compra
de artigos de primeira necessidade
em casos emergenciais.” Não há,
todavia, previsão de pagamentos
de despesas médicas ou de
traslado de restos mortais de brasileiros falecidos no exterior.
(Detalhes podem ser vistos no
www.portalconsular.mre.gov.br)
O próprio Itamaraty se manifestou pela inconveniência da iniciativa, ponderando que os brasileiros que estão no
exterior já tem um gasto elevado para remeter valores
para o Brasil e que, se a esse custo fosse agregado
novo imposto, o impacto econômico desestimularia
fortemente essa entrada de divisas que se destina à
subsistência de um número significativo de pessoas.
O Conselho Brasileiro na Suíça também se manifestou contra a proposta na consulta sobre o tema
realizada pelo Instituto Migrações e Direitos Humanos
(IMDH) e que foi encaminhada ao deputado.
Se você quiser receber a íntegra do relato do deputado Ihoshi escreva para [email protected].
Em breve o texto estará também disponível em PDF na
homepage do Conselho: www.conselho-brasileiro.ch.
Edição de Irene Zwetsch
O deputado vai mais longe e faz uma série de
questionamentos:
1. Seria justo impor-lhes, através de um tributo que
seria encaminhado ao erário,
ônus adicional que seria subtraído do sustento encaminhado às suas famílias?
2. Seria economicamente conveniente para o país criar barreiras
à entrada legal de divisas,
advindas de trabalho de brasileiros no exterior, desestimulando-as?
3. Desejariam esse encargo as
chamadas comunidades de brasileiros no exterior?
Desejariam essa redução de renda as famílias que
recebem esses recursos?
Ihoshi concorda com a importância de assistir a
comunidade de trabalhadores brasileiros que está no
exterior, mas não considera essa a melhor forma de
fazê-lo. Atualmente a assistência a brasileiros em
dificuldades no exterior é custeada por verbas da ação
orçamentária “assistência consular a brasileiros no
exterior”, geridas pelo Departamento Consular e de
Brasileiros no Exterior, do Ministério das Relações
Exteriores. A unidade responsável por autorizar o dispêndio de recursos de assistência pelas repartições
consulares brasileiras no exterior é a Divisão de
Assistência Consular (DAC).
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