CESE - Europa.eu
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ISSN 1830-6365 Setembro de 2012/7 – Edição especial PT CESE info Uma Estratégia Europa 2020 de nível mundial necessita do apoio da UE e dos Estados-Membros para ter êxito Caros leitores, É inegável que a situação económica na União Europeia se mantém frágil, não obstante os esforços de todas as partes envolvidas para encontrar uma solução. As más notícias estão por todo o lado, mas pouco se ouve dizer sobre os progressos realizados. Nos últimos meses, assistimos a vários desenvolvimentos relacionados com o crescimento económico. Em maio, na cimeira do G8, em Camp David, o crescimento e o emprego, duas das principais prioridades do CESE, estiveram no centro dos debates. Um mês mais tarde, na cimeira do G20, em Los Cabos, México, esses foram mais uma vez os temas principais da ordem do dia. Muito bem, poderão alguns dizer, falar não custa. Mas onde estão as ações? Onde estão as estratégias e as medidas concretas para o comprovar? Na minha opinião, já concebemos uma estratégia de crescimento e emprego para enfrentar os desafios e obter resultados, uma estratégia que está a ter impacto neste momento e que pode contribuir para modelar o futuro: a Estratégia Europa 2020 que tem por objetivo colocar a UE novamente na via da prosperidade. Comité Económico e Social Europeu Uma ponte entre a Europa e a sociedade civil organizada Conferência do Rio: Passar a mensagem e aproveitar a onda O CESE empenhou-se muito ativamente nos preparativos para a Conferência Rio+20, reforçando o diálogo com a sociedade civil tanto no período que antecedeu a cimeira como durante a mesma. Como a tantos outros, as conclusões do Rio deixaram-me uma sensação ambivalente. Alegro-me por termos alcançado um acordo e o texto final incluir diversos elementos que nos poderão servir de ponto de partida. Fiquei especialmente impressionado com o nível de participação nos eventos paralelos e os compromissos voluntários das diferentes partes interessadas nas várias iniciativas temáticas. Com mais de negociações, mas o conhecimento e a experiência no terreno dos seus membros, expoentes da sociedade civil, foram uma mais-valia para o contributo da UE nas negociações. A nossa contribuição para a Conferência Rio+20 teve um objetivo duplo: mobilizar e promover o papel da sociedade civil da UE em questões de desenvolvimento sustentável e estabelecer um diálogo com os países terceiros parceiros do CESE para explicar as posições e os valores europeus. O documento final refletiu, com efeito, algumas das principais posições defendidas pelo CESE : a dimensão social, a segurança alimentar, os objetivos de O presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, afirmou recentemente que «a UE tem uma estratégia de crescimento de nível mundial que é a Estratégia Europa 2020» e apelou a que fosse considerada a única «plataforma para uma nova iniciativa de crescimento». Todos concordam que a Estratégia Europa 2020 constitui o nosso quadro de ação mais eficaz e que responde às verdadeiras necessidades locais. o CESE seguir nesta via, algo que já está fazendo ao incluir o desenvolvimento sustentável noutros domínios políticos (por exemplo, a Estratégia Europa 2020), ao coordenar mais a sua ação política e, no plano externo, ao trabalhar em estreita colaboração com a Comissão Europeia em iniciativas para criar um denominador comum com organizações semelhantes noutros países, incluindo os nossos principais parceiros comerciais, e ao encorajá-la a continuar o diálogo. “” O pós-Rio será pelo menos tão importante como o pré-Rio. Nós, no CESE, consideramos que a Estratégia Europa 2020 é agora mais importante do que nunca. Contudo, acreditamos igualmente que a Estratégia Europa 2020 só terá êxito se os níveis nacional e europeu concentrarem nela esforços determinados e específicos. Ao nível da UE, estão a ser tomadas decisões fundamentais para concretizar o mercado único de serviços, energia e produtos digitais, e para investir em relações transfronteiras essenciais. Ao nível nacional, há que eliminar vários obstáculos à concorrência e à criação de emprego e colocar maior ênfase na capacidade local e regional para o desenvolvimento sustentável, a criatividade e a inovação, tendo sempre como objetivo o bem-estar dos cidadãos da UE. No entanto, só se esses esforços forem combinados e coordenados é que terão o impacto desejado no crescimento e no emprego. Os quatro ateliês que estão no centro da Conferência do CESE sobre a Estratégia Europa 2020, em 25 de setembro, abrangerão todas as alavancas do crescimento, tais como uma verdadeira governação política e económica europeia, apoiada por um orçamento europeu adequado, o mercado interno, e as políticas de emprego, investigação e desenvolvimento e industrial. O objetivo é aprofundar os progressos já realizados, continuar a trabalhar em conjunto para garantir o êxito da Estratégia Europa 2020 e, dessa forma, proporcionar um futuro sólido, próspero e melhor para todos nós. Staffan Nilsson Presidente AGENDA 25 de setembro de 2012 CESE, Bruxelas: Conferência sobre «Maior mobilização por uma Europa mais forte – A sociedade civil: um parceiro de pleno direito na Estratégia Europa 2020» 11 e 12 de outubro de 2012 Nicósia, Chipre: Seminário sobre os meios de comunicação da sociedade civil – Liberdade dos meios de comunicação social na região euro-mediterrânica 17 e 18 de outubro de 2012 Amã, Jordânia: Cimeira Euromed de 2012 NESTA EDIÇÃO 2 3 4 5 6 7 8 O orçamento da UE é uma grande ferramenta de investimento, entrevista com Janusz Lewandowski, comissário responsável pelo Orçamento CESE – Presidentes dos grupos analisam a Estratégia Europa 2020 Um mercado único para o século XXI Estratégia visa emprego dos jovens O regresso da política industrial Comunicação social na região euro-mediterrânica – Que futuro? Entrevista com Kinga Joó, membro húngaro do CESE 10 000 participantes da sociedade civil, o seu contributo para a Conferência Rio+20 foi o maior de sempre. No entanto, vejo claramente um hiato entre as aspirações, as ambições e os compromissos da sociedade civil e o texto do documento final acordado pelos chefes de Estado. Este não reflete, com efeito, a urgência sentida pela sociedade civil e não avança com decisões concretas, orientadas para a ação, nem com um calendário preciso. “ Vejo claramente um hiato entre as aspirações, as ambições e os compromissos da sociedade civil e o texto do documento final acordado pelos chefes de Estado. Este não reflete, com efeito, a urgência sentida pela sociedade civil. desenvolvimento sustentável (apesar da ausência de temas bem definidos), o programa-quadro de dez anos sobre o consumo sustentável, um acordo sobre a economia verde como instrumento essencial para o desenvolvimento sustentável e as limitações do PIB. Além disso, foi amplamente reconhecido o papel da sociedade civil (sem, no entanto, se preverem mecanismos institucionais vinculativos). Tenho vindo a apoiar ativamente a ideia de um Provedor de Justiça para as gerações futuras, a fim de introduzir uma abordagem de longo prazo e garantir a solidariedade intergeracional nas tomadas de decisão sobre o nosso futuro. O secretário-geral da ONU dará seguimento a esta questão. A outra reforma institucional é a decisão de criar um novo Fórum Político de Alto Nível sobre Desenvolvimento Sustentável, que substituirá a Comissão de Desenvolvimento Sustentável e assegurará a participação regular dos chefes de Estado na revisão dos progressos em todos os compromissos. Este outono, organizaremos um workshop interinstitucional sobre o seguimento dado pela UE à Conferência Rio+20 com o apoio do comissário Janez Potoènik. Gostaria de salientar a importância do processo para definir os objetivos de desenvolvimento sustentável. O CESE está disposto a empenhar-se ativamente no apoio à sociedade civil para que esta participe e contribua significativamente para o processo, como fizemos no período que antecedeu a conferência. O pós-Rio precisa do nosso apoio e da ação continuada da sociedade civil para garantir que sejam tomadas decisões políticas a favor de uma economia ● verde e inclusiva. Staffan Nilsson, presidente do CESE ” www.eesc.europa.eu Enquanto órgão consultivo, o CESE não esteve diretamente envolvido nas O pós-Rio será pelo menos tão importante como o pré-Rio. É fundamental para 1 A Europa precisa de um orçamento maior «O orçamento não é apenas uma questão de números. É um instrumento para pôr em prática um projeto político», defendem Jacek Krawczyk (Grupo dos Empregadores, Polónia) e Stefano Palmieri (Grupo dos Trabalhadores, Itália) no seu recente parecer sobre o próximo orçamento plurianual da UE para 2014-2020 Afirmam, por isso, que a política orçamental da UE deve ser definida em conformidade com a escolha fundamental a fazer entre o federalismo e um sistema intergovernamental e, por conseguinte, o nível desejado e o alcance da integração futura. Em primeiro lugar, os cidadãos muitas vezes não veem o impacto da UE nas suas vidas. É por isso que o CESE está atualmente a realizar uma avaliação sobre o custo da não-Europa, que significa aplicar políticas separadamente a nível nacional. O objetivo é mostrar que se os países trabalharem em conjunto e evitarem duplicações nos orçamentos nacionais é possível alcançar melhores resultados com menos despesa. Também se pretende mostrar quanto custam aos cidadãos europeus os atrasos na integração europeia (por exemplo chegar a acordo sobre um sistema comum de patentes ou sobre o céu único europeu). No entanto, num momento em que a Europa tenta sair da grave crise económica em que se encontra, há o risco de que o desenvolvimento a longo prazo seja sacrificado para obter resultados imediatos. Com a austeridade a impor-se em toda a Europa e alguns Estados-Membros a exigir cortes também no orçamento da UE, há o perigo de se adotar um orçamento minimalista. A Comissão Europeia propõe manter o orçamento total da UE ao nível atual de 1 % do PIB da União. O Comité considera esta proposta demasiado preocupada com a preservação do status quo e julga-a inadequada para enfrentar todos os desafios que se avizinham. Um orçamento da UE para o crescimento O CESE defende que o orçamento europeu para 2014-2020 seja aumentado para 1,11 % e considerado como parte da agenda europeia para o crescimento. “ Que o orçamento europeu para 2014-2020 seja aumentado para 1,11 % e considerado como parte da agenda europeia para o crescimento. ” Alguns Estados-Membros querem retirar pelo menos 100 mil milhões de euros do orçamento para os próximos sete anos. Se estas exigências fossem satisfeitas, isso significaria um rude golpe nas políticas que mais estimulam o crescimento, nomeadamente, a coesão, a investigação e a inovação. Os Ministérios das Finanças nacionais deviam considerar as missões da UE, e o correspondente financiamento, mais como um investimento e menos como uma despesa. Existe a preocupação de que um orçamento mais elevado possa pôr em risco a consolidação orçamental. Nada poderia estar mais longe da verdade. O orçamento da UE representa apenas 2,5 % das despesas públicas na União e, na realidade, ajuda os Estados-Membros a não se desviarem do caminho da consolidação. A título de comparação, vale a pena assinalar que os resgates concedidos até à data a instituições financeiras na Europa, excluindo as garantias, ascendem a cerca de 4-5 % do PIB da União. O orçamento da UE é um dos principais motores do investimento em muitos países da União. Nalguns Estados-Membros, a política de coesão por si só é responsável por cerca de um terço a três quartos de todo o investimento público. No entanto, a política de coesão não é vantajosa apenas para os beneficiários mais óbvios, a saber, “ O orçamento da UE é um dos principais motores do investimento em muitos países da União. ” os novos Estados-Membros ou os menos desenvolvidos. A difícil tarefa de conquistar o apoio de todos para o orçamento Em relação a esta última questão, por exemplo, é legítimo afirmar que os consumidores pagam um preço elevado pela fragmentação do espaço aéreo europeu, que já representou uma perda de cerca de 150 mil milhões do PIB para a UE e provocou a emissão de 150 milhões de toneladas adicionais de CO2 numa década. Por outras palavras, um verdadeiro espaço aéreo único europeu podia poupar aos cidadãos europeus 920 milhões de euros e permitiria reduzir as emissões de CO2 em 12 %. A última vez que se realizou um estudo sobre o custo da não-Europa foi em 1988. Em segundo lugar, os cidadãos muitas vezes não se apercebem do impacto do orçamento da UE. Os procedimentos são demasiado complexos e parecem muito pouco transparentes aos olhos do público. O CESE defende uma «verdadeira revolução» para agilizar os procedimentos e aumentar a transparência, a fim de transformar o orçamento da UE num exemplo em matéria de governação, eficácia, transparência e controlo das despesas adminis● trativas. (mb) O orçamento da UE não pode ser aumentado sem a adesão da opinião pública, o que coloca um duplo problema. O orçamento da UE é uma grande ferramenta de investimento Entrevista com Janusz Lewandowski, comissário europeu responsável pela Programação Financeira e Orçamento austeridade devastadoras, a agenda europeia para o crescimento colocar em risco a consolidação orçamental. Será que elas têm razão? Janusz Lewandowski, comissário europeu responsável pela Programação Financeira e Orçamento CESE Info: Numa declaração recente, afirmou que o orçamento europeu iria estimular o crescimento. Contudo, muitas pessoas estão preocupadas com a possibilidade de, nesta altura de dificuldades económicas e medidas de 2 Janusz Lewandowski: Não sei bem quem são essas «muitas pessoas». Permita-me simplesmente realçar que, em 29 de junho, o Conselho Europeu, ou seja, os Estados-Membros, apelaram unanimemente para o investimento enquanto estímulo à competitividade e adotaram o «Pacto para o Crescimento e o Emprego», declarando que o orçamento da UE tem de ser um catalisador para o crescimento e o emprego em toda a Europa. Com efeito, penso que cada vez mais governos entendem que a austeridade por si só não nos tira da crise atual. Do que nós precisamos é de uma combinação entre poupança e investimento, e o orçamento da UE é uma grande ferramenta de investimento. Em muitos domínios, cada euro gasto a nível da UE pode gerar 7, 10 ou mesmo 14 euros, simplesmente atraindo investidores privados e facilitando os empréstimos bancários. Além disso, os 27 Estados-Membros aprovaram e estão determinados a seguir a Estratégia Europa 2020, um roteiro para o crescimento inclusivo e sustentável no qual o orçamento da UE desempenha um papel preponderante. CESE Info: O CESE apoia firmemente a sua proposta de dotar a UE de recursos próprios, uma vez que, assim, o orçamento da UE deixaria de provocar uma atitude do tipo «quero o meu dinheiro de volta» e passaria a gerar maior transparência. Também propôs introduzir um imposto sobre as transações financeiras e um novo IVA. Que tipo de IVA seria esse? JL: A ideia é transferir para o orçamento da UE um ponto percentual do IVA cobrado por todos os Estados-Membros à taxa normal. Portanto, NÃO se trata de aumentar 1 % às atuais taxas nacionais do IVA. Este novo recurso seria, pois, uma taxa única aplicada pela UE a todos os bens e serviços que atualmente estão sujeitos à taxa normal do IVA em todos os Estados-Membros. Na sua forma atual, o recurso próprio do IVA é puramente estatístico, ou seja, uma mera comparação entre o montante do IVA cobrado em qualquer Estado-Membro e o respetivo RNB, o que afeta os Estados-Membros de forma diferente. O novo sistema aplicará 1 % a todos os Estados-Membros; por outras palavras, um sistema mais simples, mais transparente e mais equitativo. CESE Info: Muitas vezes, os cidadãos europeus veem o orçamento da UE como um sistema opaco, com procedimentos penosos e uma burocracia asfixiante. Quais são as principais simplificações que a sua proposta traz? JL: Bem, a boa notícia é que, a partir de 1 de janeiro de 2013, estará simplificado o acesso aos fundos da UE para empresas, ONG, investigadores, estudantes, municípios e outros beneficiários. Após dois anos de negociações com o Conselho e o Parlamento, chegámos a acordo quanto às medidas a tomar, como a abolição da obrigação de os beneficiários dos fundos abrirem contas bancárias separadas, a redução do prazo de pagamento aos beneficiários (para 30, 60 ou 90 dias, dependendo da complexidade do processo), uma maior utilização de montantes únicos e taxas fixas para reembolsar pequenas despesas, a eliminação da necessidade de preencher os mesmos dados sempre que é apresentada uma candidatura aos fundos da UE e o envio de candidaturas pela Internet, para citar apenas alguns exemplos. Por outro lado, um acesso mais fácil aos fundos da UE não implicará um afrouxamento do controlo do dinheiro dos contribuintes: até 80 % das despesas orçamentais da UE são geridas pelos Estados-Membros, no âmbito da denominada gestão partilhada, para os auxílios às regiões da UE em domínios como a agricultura, o crescimento e o emprego (fundos estruturais). Ao abrigo das novas regras, os gestores nacionais dos fundos estruturais e de outros fundos da UE, no âmbito da gestão partilhada, terão de emitir declarações anuais de gestão, que serão submetidas a uma auditoria independente. CESE Info: Para quando espera um acordo sobre o próximo quadro financeiro plurianual? JL: É claro que prever o futuro numa bola de cristal é sempre incerto. No entanto, pelo menos no Conselho Europeu de junho passado, os 27 Estados-Membros foram unânimes em afirmar que pretendem alcançar um acordo global até ao final deste ano. Isso seria excelente, pois precisaremos de cerca de um ano para preparar a base jurídica para cada programa que seja adotado no âmbito do quadro financeiro geral. O Parlamento Europeu também se mostra empenhado em chegar a um acordo até ao final do ano, portanto a situação é ● promissora. (mb) CESE info — Setembro de 2012/7 – Edição especial 0 ic al 202 e a p s op e r o u ã E ç i a i d g E té a r t Es A Estratégia Europa 22020 020 ISSN 1830-6365 Setembro de 2012/7 – Edição especial PT CESE info é agora mais importante do que nunca Caros leitores, Como todos sabemos, a União Europeia está a atravessar a pior crise económica, social e política da sua história. É uma crise que está a afetar seriamente os Estados-Membros e os seus cidadãos e a ameaçar a moeda única, o Pacto de Estabilidade e o mercado interno. Neste contexto, a Estratégia Europa 2020, a iniciativa económica da UE para estimular o crescimento sustentável e o emprego, adquiriu uma importância e um significado ainda maiores. Oferecendo uma agenda global de reformas destinadas a assegurar o crescimento sustentável, a Estratégia Europa 2020 estabelece as bases para uma Europa mais segura e mais resistente no futuro. Do êxito desta estratégia dependem muitas coisas, sendo por isso que muitos na UE se questionam se ela proporciona efetivamente um quadro eficiente e coerente para o crescimento. Ou seja, será que tudo se passará como previsto? Na minha opinião, dada a sua estrutura e as suas prioridades, a Estratégia Europa 2020 é a resposta certa nas circunstâncias atuais. Baseia-se no Tratado de Lisboa, que definiu as amplas responsabilidades das instituições europeias e abriu novos caminhos para uma maior integração. Mas tal, por si só, não é suficiente. Para além da necessidade de controlar mais rigorosamente a aplicação das decisões da UE pelos governos nacionais, é patente que alguns Estados-Membros mantêm uma certa distância da União, o que não é benéfico para os interesses europeus comuns. Se aplicada segundo as diferentes conclusões do Conselho, a Estratégia Europa 2020 pode ser um instrumento fiável para aproximar os Estados-Membros e a UE. A Estratégia Europa 2020 não representa uma «harmonização». Em domínios não abrangidos explicitamente pelo Tratado, tais como a educação ou as políticas nacionais em matéria de indústria e inovação, pretende reunir as competências da UE e dos Estados-Membros num quadro conjunto, a fim de alcançar os objetivos estabelecidos no Tratado. Para ser bem-sucedida, são imprescindíveis a vontade política e a continuidade. Na situação atual, cabe questionar se estes dois elementos estão presentes e em grau suficiente. O CESE tem para si que a Estratégia Europa 2020 deve ser considerada como um elemento fundamental do futuro desenvolvimento da UE, especialmente através de programas nacionais de reforma, finanças públicas sólidas e de uma estratégia de crescimento muito necessária. Está a tornar-se claro que as políticas nacionais, por si só, são insuficientes, pelo que urge reforçar a cooperação política à escala europeia. Para alcançar os objetivos da Estratégia Europa 2020, é necessário levar a cabo um acompanhamento firme e integrado, a fim de enfrentar os grandes desafios macroeconómicos e aplicar uma abordagem temática que acelere as reformas estruturais que fomentam o crescimento. É por essa razão que as mudanças propostas na governação da Estratégia Europa 2020 são tão importantes e são parte integrante do seu sucesso. Graças ao ciclo anual do Semestre Europeu para a coordenação e a aplicação da política económica e orçamental, é possível reforçar o quadro europeu e tornar os procedimentos mais eficazes. Tendo este objetivo em mente, é prioritário obter uma cooperação mais estreita entre as instituições europeias, bem como o pleno envolvimento dos parlamentos nacionais, dos parceiros sociais, das regiões e das demais partes interessadas aquando da aplicação das políticas necessárias e da garantia de uma responsabilização pelas mesmas. A participação dos parceiros sociais europeus e da sociedade civil organizada é um elemento essencial para o êxito da Estratégia Europa 2020. Para aproveitar plenamente esta estratégia, há que eliminar os obstáculos a um diálogo genuíno com os parceiros sociais e as organizações da sociedade civil e melhorar a consulta e mobilização da sociedade civil organizada a todos os níveis. A sociedade civil organizada dos Estados-Membros devia estar igualmente envolvida como parceiro ativo no acompanhamento e na aplicação da referida estratégia. A Estratégia Europa 2020 deveria ser um processo em que todas as partes interessadas estão envolvidas e não estar limitado a decisores políticos, legisladores e grupos de peritos. Joost van Iersel Presidente do Comité de Pilotagem para a Estratégia Europa 2020 Comité Económico e Social Europeu Uma ponte entre a Europa e a sociedade civil organizada CESE – Presidentes dos grupos analisam a Estratégia Europa 2020 “ A Estratégia Europa 2020 é uma iniciativa positiva, mas é importante que se centre genuinamente no emprego, nos jovens e no empreendedorismo, e nos interesses e preocupações dos cidadãos europeus. Hoje, mais do que nunca, a esperança da Europa está depositada nos cidadãos, especialmente nos jovens que procuram oportunidades concretas para o futuro. O projeto Europa 2020 só terá êxito se for implementado através de projetos tangíveis de acordo com o método comunitário; ou seja, mediante a congregação de recursos e a tomada de decisões através de uma maioria qualificada de Estados-Membros. Esta é uma das principais mensagens resultantes do trabalho do CESE sobre os custos de uma não-Europa. Henri Malosse, presidente do Grupo dos Empregadores do CESE “ Henri Malosse, presidente do Grupo dos Empregadores do CESE A prioridade do Grupo dos Trabalhadores é a implementação imediata da Estratégia Europa 2020 e, mais especificamente, de um plano europeu de recuperação de postos de trabalho e de novos programas que integrem os desempregados, em especial as mulheres e os jovens, no mercado de trabalho, com um salário digno. Por essa razão, apelamos à adoção de medidas urgentes para garantir uma governação económica concreta que delimite os riscos dos mercados financeiros e da especulação. O objetivo é evitar o desemprego em massa e a miséria que os mercados causaram recentemente. Georgios Dassis, presidente do Grupo dos Trabalhadores do CESE ” Georgios Dassis, presidente do Grupo dos Trabalhadores do CESE “ Importa que tanto a UE como os Estados-Membros passem rapidamente da teoria à ação decisiva, implementando a Estratégia Europa 2020. Dada a atual crise socioeconómica que levou a níveis de pobreza muito elevados, a UE e os Estados-Membros devem, em especial, aumentar substancialmente os seus esforços e coordenar melhor as iniciativas, de forma a reforçarem a competitividade e a sustentabilidade da UE e a estimularem a inovação, o crescimento, o emprego e a coesão social e territorial. Os principais agentes deste processo são as PME, a economia social e a sociedade civil alargada. Ao mesmo tempo, importa dar especial prioridade à economia verde. Luca Jahier, presidente do Grupo dos Interesses Diversos do CESE ” Luca Jahier, presidente do Grupo dos Interesses Diversos do CESE Governação económica: a Europa está a fazer o suficiente? A crise económica e financeira revelou inúmeras fraquezas na governação económica da União Económica e Monetária da UE, que levaram a UE e os seus Estados Membros a tomar uma série de decisões importantes para reforçar a coordenação económica e orçamental na UE, em geral, e na zona euro, em particular. No que diz respeito às novas regras em matéria de governação económica e à regulação dos processos orçamentais, a resposta da UE foi, até à data, bem acolhida por muitas organizações europeias, CESE info — Setembro de 2012/7 – Edição especial ” mas alguns órgãos, incluindo o CESE, têm solicitado mais esforços. Em dezembro de 2011, o presidente do CESE, Staffan Nilsson, declarou que a Europa tinha de reforçar a sua governação económica para garantir a disciplina orçamental em cada Estado Membro, particularmente na zona euro. O presidente pediu para que a disciplina orçamental e o reequilíbrio dos orçamentos nacionais fossem de par com estratégias europeias de crescimento a longo prazo. Além da melhoria da governação económica, também o reforço do processo de participação e envolvimento das partes interessadas, como os órgãos de poder local e regional, os parceiros sociais e a sociedade civil organizada, foi realçado enquanto fator importante na aplicação da Estratégia Europa 2020. Várias organizações e órgãos instaram as instituições europeias e os governos nacionais a assumirem um compromisso político renovado de colaborar com todos os parceiros pertinentes para a execução da Estratégia Europa 2020. As recomendações formuladas por organizações como o CESE tornam claro que, para melhorar o processo de participação a curto prazo, há que tornar mais eficazes o envolvimento e a comunicação entre os Estados Membros e as instituições europeias. As ações precisam igualmente de se tornar mais claras e transparentes, identificando expressamente os órgãos responsáveis pela aplicação das medidas da Estratégia Europa 2020. Todas as partes envolvidas concordam em que, a longo prazo, a sociedade civil organizada tem de ser mais proativa no seu papel de parceiro fundamental, explicando a Estratégia Europa 2020 em todos os níveis dos Estados Membros e participando em todas as consultas e ações relacionadas com a estratégia nas esferas ● europeia, nacional e local. 3 Um mercado único para o século XXI é melhorar o nível de vida dos cidadãos. O CESE considera que se trata de «um elemento central da integração europeia, com potencial para proporcionar benefícios sentidos diretamente pelos intervenientes europeus». É por isso que os membros se sentem impacientes perante a incapacidade dos líderes da UE em manter a dinâmica. «Senhores responsáveis políticos, agora não é altura de nos virem com lições ou sermões! É preciso passar à ação!», diz Henri Malosse, presidente do Grupo dos Empregadores. Os 500 milhões de cidadãos europeus têm muito para oferecer – aproveitem as suas potencialidades, não os dececionem!» mais seguros e simplificaria os direitos dos passageiros. Estima-se que a criação de uma rede energética europeia integrada poderia contribuir para reduzir as faturas dos consumidores em 110 mil milhões de euros até 2020. E, em tempos de crise económica, um acesso facilitado ao crédito além-fronteiras poderia ajudar muitas pequenas empresas. A Comissão está a preparar atualmente a próxima fase da legislação: o Ato para o Mercado Único II. O CESE indicou, por seu lado, o que é preciso fazer. Uma das principais prioridades é Estimativas francesas recentes sugerem que, se fossem eliminados todos os obstáculos ao comércio interno, até 2020 o rendimento nacional da UE seria 14% mais elevado do que agora e o comércio entre os Estados-Membros da UE quase duplicaria. Com efeito, além de haver já um atraso de duas décadas na realização de um mercado único plenamente opera- cional, a crise económica compeliu os Estados-Membros a reerguer as barreiras nacionais. E, contudo, estudos demonstram que realizar o mercado único é exatamente o que é preciso para relançar o crescimento europeu. O Comité Económico e Social Europeu concorda plenamente com a Comissão que «é necessário um novo impulso – um compromisso político genuíno». O objetivo último do ambicioso projeto da UE de realizar um mercado único Os consumidores precisam de saber que os seus direitos são protegidos, e o CESE pode dar o seu contributo nesse sentido. Luca Jahier, presidente do Grupo dos Interesses Diversos, faz notar: «A participação da sociedade civil organizada permite-nos entrever o que realmente se ● está a passar no terreno.» Quadro 1 – Efeito da plena integração: alteração do rendimento nacional em 2020 por zonas (%) Total da UE-27 Benefícios pessoais Quando lançou a Estratégia Europa 2020, a Comissão Europeia fez uma avaliação pessimista dos progressos no sentido de um mercado único na UE caracterizado pela livre circulação de bens, serviços, capitais e pessoas além-fronteiras, admitindo que «as tendências atuais parecem apontar para sinais de cansaço e desencanto…». fomentar a confiança no mercado digital. Para a vice-presidente do CESE, Anna Maria Darmanin, «isto implica um plano de ação ambicioso, centrado nos consumidores,». A integração do mercado beneficiaria os europeus de todas as formas. Por exemplo, simplificar a circulação dos trabalhadores entre países faria diminuir o desemprego e preencheria lacunas nos serviços. Planear viagens de comboio pela Europa pode ser complicado e frustrante. Um espaço ferroviário único tornaria as viagens de comboio mais atrativas e competitivas. Ao mesmo tempo, um céu único europeu tornaria os transportes aéreos 14,1 Benelux 25,3 França 11,6 Alemanha 11,5 Itália 13,6 Polónia 10,8 Espanha 9,5 Suécia 10,2 Reino Unido 7,1 Resto da UE-27 27,9 Fonte: V. Aussilloux, C. Emlinger, H. Guimbard & L. Fontagné (2011). Um olhar conhecedor sobre o mercado único Os líderes dos três grupos do CESE que representam os trabalhadores, os empregadores e os interesses diversos dão a sua opinião sobre o mercado único Martin Siecker, Grupo dos Trabalhadores Martin Siecker, membro do CESE, Grupo dos Trabalhadores Concordamos com a avaliação da Comissão Europeia de que é necessário avançar na integração para melhorar o funcionamento do mercado europeu dos serviços e explorar plenamente o seu potencial. Isto implica que sejam eliminados todos os obstáculos e barreiras sob a forma de disposições discriminatórias, injustificadas e desproporcionadas. Contudo, nem todas as barreiras são inadequadas. A legislação existente nos Estados Membros aplicável a determinadas profissões é frequentemente considerada um obstáculo, embora possa ser motivada pelo desejo de manter a qualidade do serviço prestado e, por conseguinte, ser no interesse público. O facto de uma tal regulamentação poder ser considerada uma barreira à livre prestação de serviços transfronteiras não significa, automaticamente, que deva ser eliminada. Os direitos dos consumidores e dos trabalhadores podem ter mais peso do que 4 considerações relacionadas com liberdades económicas. mente à disposição de todos os cidadãos em toda a UE. A livre prestação de serviços não é equivalente à livre circulação de trabalhadores. Por exemplo, a monitorização e o cumprimento das condições de trabalho existentes num dado país não podem ser considerados um obstáculo ou uma barreira ao funcionamento do mercado único, a menos que impeçam a concorrência. Os governos nacionais ou regionais deveriam ter o direito de assegurar a aplicação correta da sua legislação, o que pode contribuir para evitar o dumping transfronteiriço e a concorrência desleal, além de que uma estreita colaboração entre os Estados-Membros é fundamental para o respeito dos direitos dos trabalhadores e dos empregadores. No que respeita aos serviços transfronteiras em geral, estes devem ser mais seguros, de melhor qualidade e a preços mais acessíveis. Há que melhorar a aplicação da Diretiva Serviços, desenvolver as atividades dos balcões únicos e disponibilizar informação sobre serviços transfronteiras em diferentes línguas. Temos de assegurar que as medidas para criar emprego num mercado, que esperamos que seja cada vez mais um verdadeiro mercado único, contribuirão para aumentar o número de postos de trabalho altamente qualificados e não para engrossar as fileiras de trabalhadores pobres. Colocar os consumidores no centro do mercado único Benedicte Federspiel, Grupo dos Interesses Diversos Os direitos dos consumidores diretamente decorrentes do mercado único são o pilar central da integração do mercado. Trazem também benefícios claros Benedicte Federspiel, membro do CESE, Grupo dos Interesses Diversos para a integração económica europeia, quer se trate de direitos dos passageiros, de tarifas de itinerância ou de comércio eletrónico. No entanto, ainda há muitas áreas em que a proteção do consumidor não é suficientemente garantida. Só para dar um exemplo, os consumidores, na sua grande maioria, ainda não sentem os benefícios de um mercado único nos serviços financeiros de retalho. É louvável que se continue a trabalhar para proporcionar uma maior transparência dos encargos bancários e maior proteção aos mutuários. Porém, ainda muito resta a fazer para incentivar o acesso transfronteiriço aos serviços financeiros de retalho. Penso também que as contas bancárias de base deveriam estar igual- O acesso à justiça é fundamental para aumentar a confiança dos consumidores no mercado único. Qualquer futuro meio de resolução alternativa de litígios tem de ser rápido e pouco oneroso, para ser mais atrativo do que um procedimento penal. Importa facilitar a possibilidade de ações coletivas nas quais os cidadãos lesados pela mesma empresa podem reclamar reparação em conjunto. único, que deve promover o potencial de inovação – e, por conseguinte, a competitividade das empresas europeias – e, simultaneamente, eliminar os obstáculos à aplicação da patente europeia. A fim de explorar plenamente o potencial do mercado único, há que remover as barreiras ainda existentes aos serviços, melhorar o acesso ao financiamento, abrir a adjudicação de contratos a empresas de outros Estados-Membros e aliviar os encargos administrativos que pesam sobre as PME. É igualmente necessário adotar uma regulamentação mais eficaz e fácil de compreender pelo ● cidadão. Ivan Voleš, Grupos dos Empregadores Apesar dos consideráveis progressos alcançados na adoção de propostas legislativas para eliminar as barreiras ao mercado único a nível da UE, ainda muito pouco foi feito a nível nacional. É necessária uma melhor governação do mercado único. Outro problema é a falta de comunicação e de informação sobre os seus aspetos positivos e negativos. Sem informações específicas, as empresas, os consumidores e a sociedade no seu conjunto ficam sem saber quais os verdadeiros benefícios do mercado Ivan Voleš, membro do CESE, Grupo dos Empregadores CESE info — Setembro de 2012/7 – Edição especial Combater o desemprego dos jovens na UE As pessoas com menos de 30 anos representam um quinto da população da UE e são absolutamente vitais para a sua economia. No entanto, na União Europeia, a taxa de desemprego dos jovens (20,4 %) corresponde a mais do dobro da taxa de toda a população ativa (9,6 %). Há, atualmente, na UE cinco milhões de jovens desempregados com menos de 25 anos – mais um milhão do que em 2009. Num esforço de reduzir o desemprego dos jovens, países como a Alemanha, Áustria e Dinamarca adotaram sistemas de ensino e formação profissionais (EFP) robustos e estruturados que os ajudaram a conseguir os níveis de desemprego juvenil mais baixos da UE. Na Alemanha, cerca de dois terços dos jovens que saem da escola participam em programas de aprendizagem. Empresas como a gigante da eletrónica e engenharia Siemens acolhem todos os anos cerca de 10 000 aprendizes, enquanto a Mercedes Benz realiza estágios de aprendizagem para cerca de 2 000 jovens – aproximadamente um terço do total anual da indústria automóvel alemã. Um em cada cinco aprendizes alemães é do sexo feminino. Em cada dez jovens estagiários, nove conseguem emprego permanente, e ao restante ser-lhe-ão Estratégia visa emprego dos jovens provavelmente oferecidos contratos de curta duração. “ Na Alemanha, cerca de dois terços dos jovens que saem da escola participam em programas de aprendizagem. ” Na Áustria, a organização de estágios de aprendizagem faz parte do sistema de ensino dual no qual, para além da formação em empresas, é obrigatório frequentar um estabelecimento de ensino profissional a tempo parcial. Cerca de 40 % de todos os adolescentes austríacos iniciam a sua aprendizagem profissional após a conclusão da formação obrigatória, maioritariamente nos setores de venda a retalho, da administração e do automóvel. A Dinamarca implementou um sistema de educação dual similar para os seus aprendizes e oferece ainda a possibilidade de estes seguirem uma formação de um a dois anos noutro país caso as competências e conhecimento adquiridos no estrangeiro correspondam à profissão do aprendiz na Dinamarca. Esta colocação no estrangeiro pode ser feita numa escola de ensino e formação profissionais ou numa empresa estrangeira que tenha assinado um protocolo de formação com a empresa-mãe do aprendiz na Dinamarca. Em termos de emprego, o ensino e formação profissionais são extremamente importantes para muitas profissões. Em 2020 estima-se que aproximadamente 50 % dos empregos dependa de qualificações de nível médio proporcionadas por este tipo de ensino e formação. A Comissão Europeia está a promover ativamente os atuais programas de EFP e a procurar formas de modernizar o sistema de ensino e formação profissionais. O CESE congratulou-se com o empenho da Comissão em implementar novos instrumentos e em lançar novas iniciativas na área do ensino e formação profissionais. No entanto, considera que se pode fazer mais e apelou à Comissão para que incentive os Estados-Membros a atingir os objetivos de longo e curto prazos definidos no Comunicado de Bruges sobre a Cooperação Europeia Reforçada no domínio do Ensino e da Formação Profissionais. As melhorias na qualidade e eficiência do sistema de EFP torná-lo-ão mais atrativo e relevante, quer para os empregadores, quer ● para os aprendizes. Procuram-se: oportunidades e investimentos para os jovens O presidente do Fórum Europeu da Juventude, Peter Matjasic, falou com o CESE Info sobre os atuais desafios que os jovens europeus enfrentam quando procuram trabalho e sobre questões de emprego na Estratégia Europa 2020 que afetam os jovens desviaram-se um pouco para outros aspetos, mas há que dizer que, na generalidade, os decisores políticos têm demorado a responder às necessidades dos jovens. Qual é a sua opinião em relação às iniciativas emblemáticas da Estratégia Europa 2020 para combater o desemprego dos jovens? O emprego dos jovens, a educação e a formação são elementos fundamentais da Estratégia Europa 2020 para um crescimento inteligente, sustentável e inclusivo. As iniciativas emblemáticas como a «Juventude em Movimento» e «O teu primeiro emprego EURES» têm por objetivo melhorar as oportunidades de os jovens encontrarem um emprego, ajudando-os a ganhar experiência noutros países e melhorando a qualidade e a atratividade da educação e da formação nos Estados-Membros. A iniciativa «Juventude em Movimento» centra-se na educação e na empregabilidade dos jovens numa tentativa de aumentar a taxa de emprego juvenil em consonância com a meta mais geral da UE de atingir uma taxa de emprego de 75 % para a população ativa entre os 20 e os 64 anos de idade. O objetivo consiste em tornar a educação e a formação mais próximas das necessidades dos jovens, incentivando-os a beneficiarem das bolsas concedidas pela União para estudarem ou seguirem uma formação noutro país. «O teu primeiro emprego EURES» foi concebido para ajudar os jovens europeus a encontrarem trabalho noutros países da UE. Tem por meta ajudar cerca de 5 000 pessoas Embora a Estratégia Europa 2020 abranja o emprego juvenil, não reconhece que os jovens têm o mesmo direito a um emprego estável e de elevada qualidade que os outros membros da sociedade. a preencherem vagas de emprego em toda a União entre 2012 e 2013. Está aberto a nacionais da UE, com idade compreendida entre os 18 e os 30 anos, que residam legalmente num país da União Europeia. O CESE acolhe favoravelmente as iniciativas para o emprego dos jovens da Comissão e manifesta a sua disponibilidade para participar na respetiva promoção e implementação. Contudo, indica também que a política de austeridade da UE e a falta de uma política de crescimento clara e amplamente reconhecida podem pôr em risco o êxito destas iniciativas, sendo essencial criar uma envolvente económica e financeira apropriada. Em parecer adotado em julho sobre esta matéria, o CESE realça que as iniciativas da Comissão para o emprego dos jovens podem ser fonte de novas oportunidades, mas não criarão novos empregos sem apoio financeiro e económico adequado. O Comité propõe que se considere a adoção de uma Estratégia Europeia para o Emprego dos Jovens, quando da elaboração do quadro financeiro para 2014-2020, e que se assegurem recursos suficientes para os jovens ao ● abrigo do Fundo Social Europeu. CESE info — Setembro de 2012/7 – Edição especial Peter Matjašič, presidente do Fórum Europeu da Juventude Qual é a melhor forma de combater os atuais níveis de desemprego dos jovens na UE? jovens de toda a Europa têm igualdade de oportunidades em termos de acesso ao emprego e autonomia. É necessário introduzir na Europa uma «Garantia para a Juventude», através da qual os jovens tenham uma garantia de emprego, formação ou reconversão profissional no prazo de quatro meses após entrarem no desemprego. Além disso, uma Carta Europeia para Estágios de Qualidade obrigaria os decisores políticos e as empresas a melhorarem a regulamentação de estágios e ações de formação essenciais. Dever-se-ia também investir mais na educação formal e não formal. Na globalidade, há que adotar uma abordagem coordenada para garantir que os Em que medida as ações da UE passadas e atuais têm sido eficazes no combate ao desemprego dos jovens? Inicialmente, as medidas de estímulo ao emprego juvenil focavam somente as competências e a responsabilidade de os jovens se adaptarem a um mercado de trabalho em mudança. Pouca importância era dada a uma abordagem baseada nos direitos dos jovens, na proteção do seu direito a prestações sociais e na necessidade de criar emprego para eles. Entretanto, as atenções A Plataforma Europeia contra a Pobreza realça que os jovens são o grupo mais suscetível de se confrontar com a pobreza e a exclusão social na Europa, porém as medidas de austeridade têm visado organizações de jovens e estabelecimentos de ensino que prestam uma ajuda vital às pessoas afetadas por esses problemas. Em alguns Estados-Membros, reduziu-se o subsídio de desemprego dos jovens, tendo-se mantido intacto o dos desempregados mais velhos. Noutros países, introduziu-se um salário mínimo mais baixo para jovens trabalhadores. É a falta de emprego estável e de elevada qualidade que torna os jovens mais sujeitos ao desemprego, pelo que esta situação tem de ser resolvida. Se cabe aos jovens levar avante a economia europeia na próxima década, eles precisam de investimentos e ● oportunidades reais já. 5 Entrar na era digital ou ficar para trás Anna Maria Darmanin, vice-presidente do Comité Económico e Social Europeu, destaca a necessidade de um mercado único digital Crise não pode ser desculpa para inação ficam no desemprego mais de 12 meses. Para agravar ainda mais a situação, a crise económica revelou-se tão grave que parece cada vez mais difícil atingir os objetivos delineados na Iniciativa Juventude em Movimento. modernizada a fim de satisfazer as necessidades crescentes de serviços em linha. Em segundo lugar, as pessoas só aderem aos serviços em linha se se sentirem seguras. Apenas 12% dos utilizadores de Internet europeus se sentem seguros ao efetuarem transações em linha. Os principais receios estão relacionados com o software maligno e com as fraudes na Internet. O reforço da cooperação internacional e da coordenação a nível europeu para combater os ciberataques e proteger melhor os dados pessoais contribuirão para assegurar um nível de proteção do consumidor mais elevado e aumentar o sentimento de segurança. Anna Maria Darmanin, vice-presidente do CESE A atual crise representa uma oportunidade que a Europa tem de aproveitar para se modernizar e se adaptar a um mundo cada vez mais competitivo e multipolar, embora sem pôr em causa o funcionamento do Estado-Providência. Isto só é viável através de um mercado único digital plenamente operacional e eficaz. Na Europa, a economia da Internet já é maior do que toda a economia da Bélgica e está a crescer rapidamente. Temos de eliminar os obstáculos a este crescimento sem deixar para trás partes da sociedade. “ Na Europa, a economia da Internet já é maior do que toda a economia da Bélgica e está a crescer rapidamente. ” Em primeiro lugar, todos os cidadãos devem beneficiar de igual acesso à Web. Para tal, é necessário limitar o preço por Mbps e produzir, na Europa, o hardware básico a preços acessíveis. A infraestrutura deverá cobrir toda a Europa e ser Em terceiro lugar, a utilização dos serviços em linha requer que as pessoas disponham das competências necessárias. 30% dos europeus nunca utilizaram a Internet! Um em cada quatro adultos nunca acedeu à Web. Todas estas pessoas correm o risco de se verem excluídas da sociedade. Este fosso de competências tem de ser superado. É necessário proporcionar aos jovens competências que lhes permitam iniciarem-se rapidamente neste campo, assim como desenvolver escolas digitais e criar projetos específicos orientados para as gerações mais velhas, por exemplo, através de bibliotecas públicas. A sociedade civil europeia deverá tornar-se na paladina da revolução digital nos países, nas regiões, nas empresas, nos sindicatos e nas ONG da Europa. Nestes tempos conturbados, não há dúvida de que, se a Agenda Digital for bem-sucedida, o modelo económico e social europeu dará mais uma vez provas ● do seu valor. CESE Info: O que devem fazer os Estados-Membros? Tomasz Jasiński, membro do CESE, Grupo dos Trabalhadores Em julho, o CESE adotou um parecer sobre a comunicação da Comissão relativa à Iniciativa Oportunidades para a Juventude. O CESE Info encontrou-se com Tomasz Jasiński, relator do parecer. CESE Info: Passaram dois anos desde que a Comissão lançou a sua Iniciativa Juventude em Movimento Esta iniciativa foi bem-sucedida? Tomasz Jasiński: Para dizer a verdade, não. E isso deve-se essencialmente à falta de uma atuação resoluta dos Estados-Membros. A Iniciativa Juventude em Movimento, publicada em setembro de 2010, tinha como objetivo «explorar o potencial dos jovens» através de melhor educação e formação, emprego de qualidade e oportunidades de mobilidade. No entanto, os Estados-Membros não foram capazes de dar qualquer passo decisivo para alcançar esses objetivos. Numa tentativa de colocar os Estados-Membros de novo no bom caminho, a Comissão adotou uma comunicação sobre a Iniciativa Oportunidades para a Juventude apenas um ano após o lançamento do programa Juventude em Movimento. CESE Info: A crise terá tido aqui um efeito de «travão»? O regresso da política industrial Felizmente, apesar do impacto da globalização e de grandes reestruturações, a UE não está a começar do zero. «A base industrial ainda é uma força económica dominante na Europa», afirma o relator Joost van Iersel. «As grandes e médias empresas exportadoras da Europa ainda têm um bom desempenho». Países como a Alemanha continuam a estar entre os atores industriais mais fortes do mundo. Redefinir o que é a indústria «Agora, mais do que nunca, a Europa precisa da indústria e a indústria precisa da Europa.» O Comité Económico e Social Europeu tem lutado constantemente para colocar a política industrial em primeiro plano na Europa, mesmo quando os líderes europeus pareciam considerar a indústria transformadora uma relíquia do passado. Por isso, a decisão da Comissão Europeia de criar uma iniciativa emblemática da Estratégia Europa 2020 intitulada «Uma política industrial para a era da globalização» foi um reconhecimento da posição do Comité. 6 Hoje em dia, é amplamente reconhecido que a Europa deve ter uma base industrial forte e sustentável, não só para permanecer competitiva a nível mundial, mas também para gerar crescimento, emprego e riqueza para os seus cidadãos. «Nós defendemos que se desse importância aos setores da indústria transformadora porque isso é positivo tanto do ponto de vista económico como social», explica Enrico Gibellieri, correlator do parecer do CESE de 2011 sobre política industrial. «Não podemos viver apenas de transações financeiras». No entanto, como a Comissão Consultiva das Mutações Industriais (CCMI) do CESE bem sabe, atualmente a indústria já não é o monstro sinistro de outros tempos. A indústria e os serviços estão cada vez mais estreitamente ligados. Daí que a política industrial tenha de abranger um leque alargado de setores. Qualquer estratégia coerente deve também reconhecer a importância das cadeias de valor, criadas pela sobreposição de setores ou pela externalização de tarefas de produção e logística. A Europa tem de se concentrar nas tecnologias e inovações mais recentes para manter a liderança e conseguir transferir os avanços da investigação para o mercado. Dado que as pequenas e médias empresas constituem 97 % das empresas da UE e criam 80 % dos novos empregos, TJ: As dificuldades enfrentadas pelos jovens no mercado de trabalho são estruturais e anteriores à crise, que só veio exacerbar os seus problemas. Não esqueçamos que o desemprego na faixa etária dos 15 aos 24 anos é mais que o dobro do da população economicamente ativa e quase o triplo do dos adultos economicamente ativos. O facto de, neste momento, um em cada cinco jovens na UE não ser capaz de encontrar emprego é alarmante. Além disso, o aumento do desemprego de longa duração entre os jovens é particularmente preocupante. Em média, 28 % dos jovens desempregados com menos de 25 anos é fundamental apoiá-las. «As PME precisam de ter mais autoconfiança. Ainda não receberam o apoio de que necessitam para se afirmarem e enfrentarem o mundo», defende o presidente da CCMI, Jorge Pegado Liz. Acima de tudo, à medida que os preços da energia sobem e as matérias-primas se tornam mais escassas, a UE tem de redirecionar as suas indústrias para uma economia mais sustentável. «É sobretudo importante zelar pela disseminação de tecnologias hipocarbónicas novas e revolucionárias, a fim de acelerar o processo de aprendizagem e aumentar a taxa de aceitação», afirma Richard Adams, relator do parecer sobre o roteiro para uma economia hipocarbónica. TJ: Se a política de austeridade, que é a palavra de ordem em toda a Europa, não for acompanhada por uma política de crescimento, isso pode comprometer o sucesso da Iniciativa Oportunidades para a Juventude. Esta iniciativa essencial só surtirá os resultados almejados se criarmos um ambiente económico e financeiro adequado. As medidas anticrise e de redução da dívida não podem agir em detrimento da dinamização da procura e do emprego durante e após a crise, nem das iniciativas destinadas a atenuar o seu impacto social. Por outras palavras, os Estados-Membros não devem descurar as consequências das suas políticas orçamentais rigorosas na situação dos jovens no mercado de trabalho. CESE Info: A Comissão insta os Estados-Membros a agirem em quatro áreas fundamentais: reduzir a taxa de abandono escolar, acabar com o desfasamento entre as necessidades do mercado de trabalho e a educação, apoiar a experiência no trabalho e ajudar os jovens a conseguirem o seu primeiro emprego. Tudo isto custa dinheiro. TJ: A responsabilidade pelo emprego e pela educação cabe aos Estados-Membros. No entanto, a UE pode contribuir não só com os seus conhecimentos especializados, como também com meios financeiros, sobretudo ao abrigo do Fundo Social Europeu (FSE). No final de 2011, havia ainda disponíveis neste fundo 30 mil milhões de euros para projetos no âmbito das perspetivas financeiras 2007-2013. A Comissão deve fazer tudo o que estiver ao seu alcance para assegurar que os Estados-Membros utilizem estes fundos rapidamente e de forma eficaz. Caso isso não aconteça, há o risco de ser solicitada a suspensão dos fundos nas próximas perspetivas financeiras, e isso é exatamente o que devemos impedir a todo o custo. Além disso, tendo em conta a gravidade da situação, devia ser adotada uma Estratégia Europeia para o Emprego dos Jovens, no âmbito do próximo orça● mento plurianual. (mb) “ Dado que as pequenas e médias empresas constituem 97 % das empresas da UE e criam 80 % dos novos empregos, é fundamental apoiá-las. ” no centro da política industrial da UE. Uma transição bem-sucedida precisará do apoio de todas as partes interessadas e isso significa uma concertação aprofundada entre os responsáveis políticos e os representantes dos empregadores, dos trabalhadores e de outros intervenientes ● da sociedade civil. Por fim, segundo o CESE, a promessa de empregos de qualidade tem de estar CESE info — Setembro de 2012/7 – Edição especial ©Jelle vd Wolf Indústria da defesa – Estará a Europa a ficar para trás? Enquanto na União Europeia os orçamentos da defesa sofrem cortes, em países como a China, a Índia, o Brasil e a Rússia, a despesa com o setor da defesa está a aumentar. Se a Europa pretende manter um setor da segurança e da defesa forte, os Estados-Membros têm de coordenar os seus orçamentos para a defesa, evitar sobreposições e reforçar os programas conjuntos de investigação. Foi esta a mensagem que o CESE transmitiu no parecer sobre a indústria da defesa europeia, adotado na reunião plenária de julho. A Política Comum de Segurança e Defesa (PCSD) Atores de peso mundial, como a China, a Índia e o Brasil, têm as suas próprias ambições em matéria de política externa, que se traduzem por orçamentos de defesa cada vez maiores. Em contrapartida, está em curso na Europa um debate sobre o futuro da política comum de segurança e defesa, embora esse debate raramente seja colocado nestes termos. Tal afeta muitos aspetos, como a utilização de agrupamentos táticos, a controvérsia quanto à criação de um quartel-general único, o financiamento das ações da UE ao abrigo da política comum de segurança e defesa, a procura de recursos para essas missões e os apelos à revisão da Estratégia de Segurança da UE. Contudo, a UE ainda não reviu a fundo a política comum de segurança e defesa no seu conjunto. Será que essa falta de interesse é deliberada? No entender do CESE, os esforços isolados à escala nacional são de todo inadequados e constituem um desperdício do dinheiro dos contribuintes. «Não podemos continuar a perder tempo com programas de investigação ou estratégias de defesa individuais quando alguns países terceiros estão a aumentar a sua despesa no setor da defesa. O objetivo da UE deve ser claro: uma política da defesa comum, um programa de investigação comum e uma produção conjunta de equipamento de defesa», salientou Joost van Iersel (Grupo dos Empregadores, Países Baixos). Prevê-se que, até 2015, o orçamento da defesa da China aumente dos atuais 120 mil milhões de euros para 250 mil milhões. Por seu turno, a Rússia anunciou um aumento considerável do seu orçamento para a defesa até essa mesma data. Os Estados Unidos gastam mais do dobro do orçamento total europeu, ou seja, 450 mil milhões de euros comparando com 204 mil milhões em 2007, e o orçamento europeu continua a diminuir. Com efeito, desde há muito tempo que os americanos criticam severamente a forma como os europeus encaram as suas obrigações em termos de defesa no âmbito da Aliança. Dos dois lados do Atlântico levantam-se vozes que reclamam continuamente a criação de um «pilar europeu» na OTAN, as quais, porém, têm sido ignoradas. O contínuo declínio dos orçamentos, que, nas atuais circunstâncias, resultam em restrições consideráveis, deveria funcionar como um sinal de alarme, uma vez que afeta as despesas em investimento e contratação pública, especialmente quando os custos de operação e de manutenção se mantêm ao mesmo nível ou aumentam como resultado de operações militares em curso (Afeganistão, Líbia, operações de combate à pirataria, para referir apenas algumas). O panorama industrial entre as várias forças armadas – terrestres, navais, aéreas – difere muito de país para país, fazendo com que seja cada vez mais necessária uma política comum de defesa, com uma ação coordenada por parte da indústria da defesa. Há áreas em que os países, isoladamente, já não podem ser considerados capazes de desenvolver novas gerações de armamento. Em conjunto, a UE-27 pode continuar na vanguarda em matéria de tecnologia da defesa e de I&D. (ail) Indústria da defesa na Europa: Situação atual A indústria da defesa da UE continua a ser um ator importante à escala mundial. A França, a Alemanha e o Reino Unido são os principais produtores europeus de tanques de combate pesados. Muitos países desenvolvem a sua «própria» indústria naval e constroem embarcações que variam muito de país para país em termos de tamanho e complexidade. A França, a Alemanha, a Itália, a Espanha, a Suécia, o Reino Unido e os Países Baixos são líderes na área da conceção e de instalações complexas de investigação naval. As aeronaves militares são desenvolvidas pela Companhia Europeia de Aeronáutica, Defesa e Espaço, a BAE Systems, a Dassault e a Saab Aircraft. O setor da eletrónica, nomeadamente a área de Comando, Controlo e Comunicações, assume uma importância cada vez maior na defesa, com grandes operadores industriais, como a Thales, a BAE Systems e a Finmeccanica. Chegou o momento de decidir se queremos continuar a ser líderes na área da indústria da defesa ou se que● remos ficar para trás. Comunicação social na região euro-mediterrânica – Que futuro? Na sequência do seminário realizado no ano passado sobre a liberdade dos meios de comunicação social na UE e nos seus vizinhos orientais, o Comité Económico e Social Europeu organiza, mais uma vez, a sua conferência anual para peritos no domínio da comunicação e profissionais da informação nacionais e internacionais. A conferência deste ano, cujo tema central será a liberdade dos meios de comunicação social na região do Mediterrâneo, realizar-se-á em Nicósia, Chipre, em 11 e 12 de outubro. As revoluções e os protestos antigovernamentais que abalaram o Norte de África e o Médio Oriente derrubaram governos e abriram caminho a uma nova classe dirigente, mas, ao mesmo tempo, semearam o conflito na região. Os meios de comunicação social – os mais antigos bem como os mais recentes – foram parte integrante destas revoluções ao ajudar as pessoas a se organizar e a difundir as suas reivindicações, acelerando assim processos sociopolíticos que, segundo alguns observadores, já se estavam a delinear. Outros vão mais longe, afirmando mesmo que, sem os meios de comunicação social e, especialmente, os media sociais, as sublevações árabes nunca teriam ocorrido. Independentemente das opiniões em relação à extensão do impacto dos meios de comunicação social nas recentes revoluções árabes, não restam dúvidas de que a sociedade civil e a sua sede de liberdade nos meios de comunicação social, incluindo a liberdade em linha, desempenharam e continuarão a desempenhar um papel na redefinição do panorama político, económico e social da Europa e da região do Mediterrâneo. O futuro político dependerá, em certa medida, da capacidade e da margem de manobra dos meios de comunicação social para tirar o máximo partido desta sua nova liberdade. Não faltam desafios: a segurança dos jornalistas continua a ser uma preocupação; a censura ainda não desapareceu por completo; o incitamento ao ódio continua a marcar o discurso; os meios de comunicação social outrora detidos pelo Estado estão a tentar reinventar-se numa nova realidade; há que restaurar um clima de confiança; a regulação e a autorregulação são complexas; os padrões éticos e profissionais estão em mudança, etc. A Europa não pode ser um observador passivo. Não deve limitar-se a dar apoio moral e político, cabendo-lhe também prestar assistência entre pares, com a participação da sociedade civil e das organizações de comunicação social de todo o Mediterrâneo. Levantam-se inúmeras questões quanto à forma que devem assumir a cooperação e o apoio, e as melhores respostas provirão das partes interessadas ativas na região. Há que reconhecer que também a Europa tem de enfrentar os seus próprios desafios e deficiências em matéria de liberdade dos meios de comunicação, razão pela qual um intercâmbio intenso de boas práticas com os atores da região do Mediterrâneo será certamente benéfico para ambas as partes. Oradores de círculos políticos, meios de comunicação social e organizações da sociedade civil de ambas as margens do Mediterrâneo abordarão todas estas questões e muitas outras. O seminário é organizado conjuntamente com a Presidência cipriota da UE e o Serviço Europeu para a Ação Externa. (mb) Para mais informações queira consultar o nosso sítio Web www.eesc.europa.eu ou contactar-nos através do correio eletrónico ● pressoffi[email protected]. A REUNIÃO PLENÁRIA EM POUCAS PALAVRAS As dificuldades de integração no mercado de trabalho sentidas pelos jovens agravaram-se com a crise económica que vimos atravessando desde 2008. A Iniciativa Oportunidades para a Juventude da Comissão é mais uma tentativa para remediar esta situação. Em julho, o CESE adotou um parecer sobre a matéria exprimindo o seu desejo de assumir um papel na sua promoção e aplicação. Assinala, todavia, que a política de austeridade da UE pode comprometer o êxito dessa iniciativa. Nas palavras do relator do parecer, Tomasz Jasiński (Grupo dos Trabalhadores, Polónia), «a Iniciativa Oportunidades para a Juventude – dirigida aos jovens que não trabalham, não estudam e não seguem uma formação – pode ser fonte de novas possibilidades para os jovens, mas, por si só, sem um apoio económico e financeiro adequado, não criará nem um único novo emprego. «Proponho que se considere a adoção de uma Estratégia Europeia para o Emprego dos Jovens na elaboração das perspetivas financeiras para 2014-2020, velando por assegurar recursos suficientes ao abrigo do Fundo Social Europeu para os jovens». No seu parecer, o CESE apela aos Estados-Membros para implementarem adequadamente o mecanismo Garantia para a Juventude e garantirem que, nos quatro meses subsequentes à sua saída da escola, os jovens têm emprego ou frequentam um programa de ensino ou de ● reciclagem formativa. (rdr) Por melhores empregos e uma concorrência mais justa no mar Num parecer elaborado por Anna Bredima (Grécia, Grupo dos Empregadores) sobre a Convenção do Trabalho Marítimo (MLC) de 2006, o CESE incentivou os países da UE a ratificar rapidamente a convenção e a apoiar a nova legislação europeia que se destina a assegurar a sua implementação, afirmando que isso era essencial para assegurar uma concorrência justa. A MLC, conhecida frequentemente como a Carta dos Direitos dos Marítimos, visa garantir a nível mundial uma proteção abrangente dos direitos dos marítimos e criar uma situação de igualdade de circunstâncias para países e armadores empenhados em proporcionar aos marítimos condições de vida e de trabalho dignas, protegendo-os contra a concorrência desleal de navios que não respeitam as normas. Com vista ao cumprimento das normas sociais, o CESE apelou ao aumento do número de inspetores. Preconizou igualmente que sejam conferidas mais competências à Comissão Europeia em matéria de controlo e recomendou um procedimento mais eficaz para lidar com as queixas. O Comité defendeu ainda a plena aplicação das normas da Organização Internacional do Trabalho em matéria de definição de «marí● timo». (mb) Pensões adequadas, seguras e sustentáveis No parecer sobre o mesmo tema, elaborado pelo relator Petru Dandea (Grupo dos Trabalhadores, Roménia), em conjunto com o correlator Krzysztof Pater (Grupo dos Interesses Diversos, Polónia), o CESE lamentou a falta de atenção dedicada aos regimes públicos de pensões, que devem ser reforçados por serem um dos elementos mais importantes da rede de segurança de proteção social. O documento também reconhecia o papel que os regimes privados de pensões complementares desempenham, na condição de serem garantidos e protegidos contra a especulação e a má gestão das poupanças. © Cartoonresource Uma estratégia europeia de emprego para os jovens O Comité manifestava-se preocupado com as políticas praticadas atualmente em muitos países da UE que incidem, sobretudo, na redução das despesas com pensões e no aumento da idade legal de reforma, facto este que poderá implicar riscos sociais a longo prazo, colocando eventualmente muitos pensionistas perto do limiar de pobreza. Por último, o CESE apresentou uma série de propostas para melhorar o Livro Branco da Comissão Europeia, recomendando inclusivamente que na futura legislação se incluam normas relativas a pensões mínimas e a mecanismos de proteção dos rendimentos das pensões, a fim de proteger ● os pensionistas e evitar graves problemas sociais. (rdr) No passado mês de fevereiro, a Comissão Europeia publicou o Livro Branco sobre «Uma agenda para pensões adequadas, seguras e sustentáveis». Para mais informações ver: http://www.eesc.europa.eu/?i=portal.en.opinions p CESE info — Setembro de 2012/7 – Edição especial 7 O prazer de ser socialmente ativo NOTÍCIAS BREVES vida de qualidade que lhes proporcione oportunidades de emprego, cuidados de saúde e oportunidades de planear uma família. Ao mesmo tempo, os jovens precisam de desafios. É por isso que entendo que a UE deve ser um viveiro de inovação e de realizações artísticas, bem como um espaço de genuína democracia participativa. Acho que uma sociedade é atraente para os jovens se for ao mesmo tempo estável e estimulante. TJ: É um dos membros mais recentes do CESE. Quais são as suas impressões sobre a instituição? Kinga Joó, membro do CESE, Grupo dos Interesses Diversos Numa nova série de entrevistas, Tomasz Jasiński, membro polaco do Grupo dos Trabalhadores do CESE e representante dos conselheiros no conselho de redação do CESE Info, entrevista os outros membros para descobrir os seus principais interesses. Recentemente, encontrou-se com Kinga Joó, membro húngaro do Grupo dos Interesses Diversos do CESE, que representa a União Nacional dos Estudantes e o Fundo Civil Nacional. Eis alguns excertos: Tomasz Jasiński: Enquanto jovem, de que acha que os jovens europeus mais precisam neste momento? Kinga Joó: Precisam sobretudo de estabilidade, para poderem contar com uma KJ: Estou sempre a perder-me nos corredores do edifício do CESE. Estou a brincar, mas a verdade é que é muito difícil para os novos membros encontrarem a «sua via» no Comité. O manual que é dado aos novos membros tem muita informação, mas não explica a dinâmica da organização. Todos os membros têm de descobrir por si próprios como participar no trabalho do CESE e como contribuir da melhor maneira. TJ: Qual é o seu trabalho no seu país de origem? KJ: Trabalho como conselheira para várias agências estatais e fundações privadas na Hungria que financiam organizações da sociedade civil. No CESE, represento diversas organizações da sociedade civil húngara. Uma delas é uma associação de representantes de estudantes e outra é um fundo que distribui ajudas estatais pelas ONG com base em concursos. Apostar na sociedade civil para o futuro da Europa No princípio era o mercado. Mas a União Europeia é hoje mais do que um mercado, tendo alargado a sua ação a novas áreas políticas e crescido em dimensão nos últimos 50 anos. Apesar destas conquistas inegáveis, a União Europeia está longe de concluída. TJ: Por que decidiu envolver-se no movimento estudantil? KJ: Sempre fui socialmente ativa. Tudo começou na escola preparatória logo a seguir à transformação política na Hungria, quando cada turma teve de enviar um representante para um conselho escolar. Eu fui designada, e foi assim que aprendi como funciona a democracia participativa. Na universidade, fui eleita para a mesa da União Nacional dos Estudantes, que se tornou numa das mais fortes da Europa. TJ: E que faz nos seus tempos livres? KJ: Não tenho tanto tempo livre quanto gostaria. Nos fins de semana e nos feriados sou a feliz mãe a tempo inteiro de três crianças: Linda, de 6 anos, Marcell, de 4, e Helga, de 2. O meu marido e eu gostamos de experimentar diferentes cozinhas, quer em casa quer no estrangeiro. Quando me sobra tempo, vou à piscina mais próxima para umas braça● das e uma sauna quente. Não conseguiu galvanizar as populações nem desenvolver uma identidade comum europeia em torno de um projeto em que todos os cidadãos participem plenamente, afirmam Henri Malosse, presidente do Grupo dos Empregadores, e Laure Limousin, doutorada pelo Instituto de Ciências Políticas de Paris, no seu livro Histoires et avenir d’une Europe des peuples (Histórias e Futuro de uma Europa dos Povos). Mas o pior é que não temos um único líder europeu, seja nos Estados-Membros ou em Bruxelas, com vontade de criar de uma nova visão para a Europa, acrescentam os autores. Henri Malosse e Laure Limousin instam com a sociedade civil europeia para que levante alto a chama da integração europeia. Desde o Congresso de Haia em 1948, a sociedade civil tem reiteradamente dado provas do seu valor para aprofundar a integração europeia. Contudo, recentemente, esta mesma sociedade civil vem sendo cada vez mais excluída da cena europeia, suplantada por grupos de pressão profissionais, peritos e tecnocratas. A opacidade resultante deste fenómeno levou ao desinteresse das populações, e corroeu ainda mais a legitimidade da União Europeia. Chegou a altura de dar à sociedade civil a possibilidade de desempenhar adequadamente o papel que lhe compete na integração europeia, afirmam ainda aqueles autores. Não há setor mais bem colocado do que a sociedade civil para aproximar as pessoas, – que é afinal o principal objetivo que ● inspirou a integração europeia desde os seus primórdios. (mb) O CESE: missão e atividade O último livro de Andreas Pavlikkas, intitulado «O CESE: missão e atividade», colmata uma lacuna na bibliografia em língua grega sobre as instituições da UE. Como membro do CESE durante os últimos seis anos, Andreas Pavlikkas recorre à sua experiência para avaliar o impacto dos pareceres do CESE num vasto leque de temas com uma dimensão social e económica. EM BREVE, NO CESE Erradicação da violência doméstica Para celebrar o Dia Internacional da Paz, o CESE realizará uma conferência sobre a violência doméstica, em 21 de setembro. A violência doméstica, física ou psicológica, é uma das mais graves violações dos direitos humanos: o direito à vida e à integridade física e psicológica. Uma vez que esta forma de violência assenta numa relação de poder desigual entre os sexos, que continua a ser característica da nossa sociedade, o problema diz respeito a mulheres de todas as camadas sociais. É por isso que uma das principais missões de uma política europeia assente no respeito pelos direitos humanos fundamentais consiste em prevenir estes atos de violência e encontrar meios eficazes de educação, prevenção, penalização criminal do agressor e apoio às vítimas. Para mais informação, consulte o nosso sítio na Internet:t www. eesc.europa.eu. PRÉMIO DA SOCIEDADE CIVIL 2012 Em 12 de dezembro de 2012, o CESE atribuirá o Prémio da Sociedade Civil, que já vai na 5.ª edição. Este prémio foi criado para galardoar as melhores iniciativas da sociedade civil europeia. Em 2012, o tema do prémio é Inovar para uma Europa sustentável! O CESE premiará projetos que demonstrem que a inovação na produção e no consumo sustentáveis pode criar empregos verdes na Europa. O prémio, no valor total de 30 000 euros, está aberto a organizações da sociedade civil estabelecidas na União Europeia. Cabe agora aos membros do CESE, aos conselhos económicos e sociais nacionais e/ou às organizações ou redes europeias da sociedade civil nomearem os candidatos. O prazo para a apresentação de ● candidaturas é 30 de setembro de 2012. (rdr) Para mais informações: http://www.eesc.europa.eu/civilsoc cietyprize Embora a luta contra a violência doméstica seja principalmente da responsabilidade de cada país, é necessário intensificar a pressão a nível da UE e internacional para pôr fim a este flagelo. ● CESE info Editores: Coordenação geral: Karin Füssl Nadja Kačičnik Tomasz Jasiński – representante dos membros do CESE Endereço: no Comité Editorial (Grupo dos Trabalhadores, PL). Comité Económico e Social Europeu Contribuíram Edifício Jacques Delors, rue Belliard, 99, para esta edição: B-1040 Bruxelas, Maciej Bury (mb) Bélgica Coralia Catana (cc) Tel.: (+32 2) 5468722 ou 5468298 Raffaele De Rose (rdr) Fax: (+32 2) 5469764 Alejandro Izquierdo Lopez (ail) Email: [email protected] Antonio Santamaria Pargada (asp) Página Internet: http://www.eesc.europa.eu/ Charis Xirouchakis (cx) QE-AA-12-007-PT-N ENTREVISTAS ENTRE PARES EESC CIVIL SOCIETY PRIZE w w w. e e s c . e u r o p a . e u/ c i v i l s o c i e t y p r i z e Enquanto sindicalista, Andreas Pavlikkas adota naturalmente uma perspetiva ligada ao mundo laboral. O CESE é um órgão consultivo e os seus pareceres só são adotados após longos debates entre os três grupos que o compõem: o Grupo dos Trabalhadores, ao qual pertence Andreas Pavlikkas, o Grupo dos Empregadores e o Grupo dos Interesses Diversos. Que impacto têm tido os pareceres do CESE? Como contribuem para aperfeiçoar a legislação da UE, fazendo ouvir a voz da sociedade civil organizada e enriquecendo, assim, a democracia representativa? E como chega o CESE até aos jovens na Europa? A partir de exemplos concretos, como as reuniões plenárias dos jovens – «A tua Europa, a tua voz» – organizadas anualmente pelo CESE para alunos do ensino secundário, Andreas Pavlikkas demonstra que o contributo do Comité é maior do que habitualmente se pensa. O autor centra também a atenção em Chipre, sua ilha natal. Andreas Pavlikkas aproveita as experiências vividas no seu país após a adesão de Chipre à UE para dar exemplos do impacto positivo do CESE na sociedade civil e nas suas instituições organizadas. A publicação do livro coincide com o momento em que Chipre assegura a Presidência rotativa de seis meses da UE. Como tal será muito útil para os leitores de língua grega que desejem aprofundar os seus conhecimentos sobre uma série de temas e familiarizar-se com uma instituição da UE pouco conhecida, mas muito ativa: o Comité Económico e ● Social Europeu. (cx) CESE info em 22 línguas: http://www.eesc.europa.eu/?i=portal.en.eesc-info /www ww w. O CESE Info é publicado nove vezes por ano, por ocasião das reuniões plenárias do CESE. As versões impressas do CESE Info em alemão, inglês e francês podem ser obtidas gratuitamente junto do Serviço de Imprensa do Comité Económico e Social Europeu. Além disso, o CESE Info encontra-se disponível em 22 línguas, em formato PDF, no sítio Web do Comité: URL: http://www.eesc.europa.eu/?i=portal.en.eesc-info O CESE Info não pode ser considerado como o relato oficial dos trabalhos do CESE, que se encontra no Jornal Oficial das Comunidades Europeias e noutras publicações do Comité. A reprodução, com menção do CESE Info como fonte, é autorizada (mediante envio de cópia ao editor). Tiragem: 12 310 exemplares. O próximo número sairá em novembro de 2012. Setembro de 2012/7 – Edição especial
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