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Sumário
Dez anos de Produção Integrada de Frutas e cinco anos de Avaliação da Conformidade
no Brasil – presente e futuro
Rosa Maria Valdebenito Sanhueza (Embrapa Uva e Vinho) ..................................................
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Monitoramento no manejo fitossanitário na Produção Integrada: o caso dos citrus
Pedro Takao Yamamoto e Francisco Maschio (Fundecitrus) .................................................
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Uso da informática na PI: SisAlert um estudo de caso
José Maurício Cunha Fernandes (Embrapa Trigo), Willingthon Pavan (Universidade
Federal de Passo Fundo) e Rosa Maria Valdebenito Sanhueza (Embrapa Uva e Vihno) ........
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Comercialização de frutas da Produção Integrada no mercado interno: a experiência da
Embrapa Uva e Vinho
Alexandre Hoffmann e Rosa Maria Valdebenito Sanhueza (Embrapa Uva e Vinho) .............
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Projeto de estímulo à comercialização de frutas certificadas da Produção Integrada no mercado
brasileiro
Celso Zancan (Rasip) ..............................................................................................................
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Produção Integrada de Abacaxi no Tocantins
Aristóteles Pires de Mattos, Nilton F. Sanches, Luiz F. da S. Souza (Embrapa Mandioca
e Fruticultura), José Elias Jr. (Secretaria da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do
Tocantins), Fernando A. Teixeira (Cooperativa Agropecuária de Pedro Afonso),
Susana C. Siebeneichler(Universidade Federal do Tocantins/Campus Universitário de
Gurupi) ....................................................................................................................................
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SAPI leite bovino
Roberta Mara Zuge e Carmen N. M. Cortada (TECPAR) .....................................................
61
Situação atual e perspectivas da Produção Integrada de Arroz no Brasil
Maria Laura Turino Mattos, José Francisco da Silva Martins (Embrapa Clima
Temperado), José Alexandre Barrigossi (Embrapa Arroz e Feijão), José Alberto Noldin
(Epagri) e George Simon (MAPA) .........................................................................................
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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
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Dez anos de Produção Integrada de Frutas e cinco
anos de Avaliação da Conformidade no Brasil –
presente e futuro
Rosa Maria Valdebenito Sanhueza
A cadeia da maçã é um setor jovem do agronegócio brasileiro que estabeleceu-se com sucesso no
país nos últimos 30 anos, mesmo em condições de ambiente marginal para o cultivo. Já em 1997, tinha
sido responsável pela substituição quase total das importações desta fruta pelo Brasil. Nessa ocasião a
produção nacional era ao redor de 600.000 t de frutas e ocupava 28.000 ha da Região Sul, gerando
100.000 empregos. A qualidade do produto se consolidava com um crescente volume de exportação, fato
que, além de gerar divisas no país, também contribuiu para elevar o patamar de organização e
qualificação do setor e regular o mercado para a fruta.
Essas condições foram impulsionadas pelo desenvolvimento de tecnologia nacional publicadas
pelas Instituições de Pesquisa. Nessas recomendações foi dado ênfase ao controle de pragas e doenças,
considerado o fator mais limitante para a cultura no Brasil. Por outro lado, da mesma forma que os
produtores brasileiros de frutas, os produtores de maçãs em outros países passaram a sofrer pressão dos
consumidores para disponibilizarem frutas com baixo risco à saúde humana e o uso de sistemas de
produção com minimização da aplicação de produtos nocivos ao homem e ao meio ambiente.
O diagnóstico de técnicos europeus sobre a impossibilidade de embasar um sistema sustentável
somente com uso de manejo integrado de pragas foi reforçado na década de 90 e definiu a necessidade de
estabelecer na Europa, o Sistema de Produção Integrada de Frutas, entre as que inclui-se a macieira. Neste
sistema regulamentado pela Seção WPRS da OILB, definiu-se que nele somente serão permitidas práticas
de manejo da cultura, que no seu conjunto contribuam para a redução e racionalização do uso de
agroquímicos.
Nesta situação, técnicos da Embrapa Uva e Vinho perceberam a necessidade brasileira de também
responder aos apelos da sociedade para se obter produtos agrícolas dentro dos critérios de
sustentabilidade, o que fundamentou a decisão de propor um processo para a maçã. Para isto, convidaram
no fim de 1996, instituições públicas e privadas para desenvolver no Brasil este sistema e ofereceram à
Associação Brasileira de Produtores de Maçã (ABPM) e a quatro empresas e uma cooperativa de
pequenos produtores a parceria para implantar, em cada uma delas, a primeira versão de um sistema de
Produção Integrada no Brasil. A proposta de Norma do sistema de produção da maçã foi definida durante
1997, e foi construída pelos técnicos do setor, produtores e pesquisadores. No documento foram
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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
estabelecidas restrições, obrigações e proibições, tendo como documentos de referência as técnicas em
uso no país e as Normas da PI de Maçã da OILB e de regiões de países europeus.
As principais recomendações deste pacote foram direcionadas ao manejo da copa, visando a
otimização da entrada de luz no seu interior; a adubação de acordo com as análises foliares, o raleio
químico e manual para produção dentro do permitido pela capacidade das plantas, o controle das pragas e
doenças com pesticidas de menor impacto nos organismos benéficos e intervenção sempre associada ao
monitoramento populacional dos organismos; a seleção de herbicidas de menor impacto ambiental; a
colheita e armazenagem de acordo com a recomendação técnica e a determinação de resíduos de
pesticidas nos frutos na colheita.
Com apoio financeiro da Embrapa, da Epagri e dos produtores, este sistema de Produção Integrada
da Maçã foi colocado no campo em 1998, em 100 ha com as duas principais cultivares (Gala e Fuji),
localizadas nas três principais regiões de produção (Vacaria, Fraiburgo e São Joaquim). O conjunto de
pesquisadores, produtores e extensionistas do setor público e privado, acompanharam as áreas
experimentais de produção. Em 1999 esta atividade se organizou em torno do Projeto da Embrapa
“Comparação dos sistemas de produção tradicional e da produção integrada de maçãs no Brasil”, o que,
sob coordenação da Embrapa Uva e Vinho, agrupou técnicos do Instituto Biológico de São Paulo, da
Empresa de Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária de Santa Catarina S.A. (Epagri), da Universidade
Federal de Rio Grande do Sul (UFRGS) e da Associação Brasileira dos Produtores de Maçã (ABPM).
A partir de 1999, foi organizada a 1ª Reunião de Produção Integrada de Frutas, em Bento
Gonçalves, para divulgação das propostas do grupo de técnicos do projeto. Os trabalhos foram
acompanhados por outras cadeias exportadoras e pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (MAPA) e, no âmbito do Programa PROFRUTA, foi iniciada a construção dos marcos
legais do sistema de Produção Integrada de Frutas e, com a parceria do CNPq, foi dado o suporte
financeiro necessário para o andamento dos projetos de maçã e de outras fruteiras. Este programa foi a
grande alavanca para a consolidação do sistema de Produção Integrada da Maçã (PIM), construiu os
Marcos Legais e o sistema de avaliação da conformidade e deu forma à organização nacional do sistema.
Em 2001 foi publicada a 1ª Norma da PIM e em 2003 eram comercializadas as primeiras caixas de maçãs
certificadas. Durante a construção do Sistema, a adesão do Instituto Nacional de Metrologia (Inmetro)
como órgão acreditador dos organismos avaliadores da conformidade (certificadoras), foi essencial para a
credibilidade do Projeto junto aos produtores e consumidores.
Também no ciclo 1998-1999, a ABPM colocou em funcionamento um sistema de qualificação de
seus produtores, conhecidos como Sistema Paralelo da PIM, o que consistia no acompanhamento de áreas
de produção pelos técnicos contratados pela Associação para facilitar a inserção de seus associados no
sistema. Em 1999, pomares que variavam de 5 a 80 ha, todos com um Engenheiro Agrônomo
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responsável, estavam sendo acompanhados em todas as regiões de produção. Este programa foi
posteriormente conduzido também pela Agapomi, que em 2001, iniciou o apoio aos pequenos produtores
do Rio Grande do Sul com um programa paralelo em mais de 17 localidades. Até 2005 a Agapomi tinha
contribuído para a implantação da PIM em 2.860 ha de pomares e a ABPM acompanhou até 8.660,50 ha
de macieira e investiu R$ 160.000,00 na qualificação do setor para a PIM.
A adesão ao sistema foi crescente, principalmente no segmento exportador e nas principais
Cooperativas, e o setor investiu maciçamente com recursos físicos e humanos na construção do sistema.
O formato previsto foi caracterizado como segue:
1. O documento orientador do sistema, construído pelo próprio setor foi a Norma de Produção
Integrada de Maçãs que estabeleceu o que pode ser feito no pomar, o que é proibido e o que se
aceita, mas somente após autorização específica.
2. O produtor e o técnico aderem voluntariamente ao sistema, demonstrando conhecer essa
Norma Técnica da cultura, conduzindo seu pomar com uso dos princípios da PIM, se
comprometem ao cumprimento da Norma e a registrar em um Caderno de Campo todas as
atividades que são conduzidas no pomar durante um ciclo.
3. O produtor aceita a auditoria durante o ciclo a ser certificado para conferir o cumprimento das
Normas. Na colheita novamente é feita auditoria e após análises de resíduos e da
documentação de cada produtor, pode ser concedido o Certificado e o direito para uso da
marca e selo de Produção Integrada.
As vantagens do sistema desenvolvido foram variadas e elas abrangem desde a gestão da
propriedade, o controle da qualidade dos insumos, a implementação da rastreabilidade, a qualificação dos
técnicos e a articulação permanente do setor produtivo com a pesquisa e, especialmente, para a
comercialização do produto, o respaldo do Governo Brasileiro para o sistema.
Os benefícios diretos do sistema para os produtores são :
•
garante a produção e produtividade do pomar e, portanto, a viabilidade da exploração agrícola;
•
racionaliza o uso de agroquímicos (pesticidas e fertilizantes);
•
reduz o impacto ambiental da atividade agrícola, preservando o meio ambiente e a saúde do
homem;
•
coloca no mercado fruta com garantia de qualidade para consumo, visto que o processo exige
Certificação e rastreabilidade.
No presente, grande parte do setor concorda com as vantagens do sistema, reconhece e utiliza a
estrutura criada pela PIM. Neste sentido, é importante destacar o papel importantíssimo que teve e tem a
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IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Comissão técnica da PIM. Este corpo técnico, constituído por técnicos da pesquisa e representantes dos
produtores, com regulamentação e processos construídos para dar transparência e qualidade às obrigações
impostas pelas Normas e processo de Certificação, é, também, um foro permanente para definição de
demandas de pesquisa, treinamentos, demandas aos fornecedores de insumos e aos orgãos oficiais em
benefício do setor.
Tecnologias adaptadas e outras desenvolvidas no Brasil deram suporte à produção de maçãs no
país, no entanto, até a implementação da PIM, não tinham sido avaliadas em conjunto. A definição de um
pacote tecnológico, num esforço multi-institucional, e escolhendo aquelas tecnologias que permitiram
manter ou aumentar a qualidade e produtividade das macieiras, com o uso mínimo de agroquímicos, é a
marca característica da Produção Integrada de Maçãs no Brasil.
O trabalho conjunto de pesquisadores, produtores e extensionistas do setor público e privado,
acompanhando as áreas experimentais de produção resultaram na consolidação de uma alternativa de
produção viável e com características desejáveis para a sustentabilidade deste tipo de exploração agrícola.
Assim, como estabelecido há dez anos, a definição de um Sistema de Produção Integrada de
Maçãs no Brasil, viável técnica e economicamente, significa, no plano tecnológico, equipararmo-nos aos
países com agricultura mais desenvolvida, no plano mercadológico, habilitando-nos para competir tanto
no mercado interno quanto externo e no plano estratégico, podermos projetar a consolidação do setor no
cenário nacional e internacional. Na dimensão ambiental, os benefícios da PIM dizem respeito à
viabilização do cumprimento de exigências legais dos órgãos de vigilância ambiental, bem como podem
ser usados como parte dos Termos de Ajustamento de Conduta, por parte dos produtores, quando de uma
eventual autuação.
Com esta base sólida, no ciclo 2004-2005, ao redor de 16.000 ha estavam certificados na PIM,
mas a adesão a protocolos privados exigidos pelos mercados importadores de maçãs brasileiras também
exigiam processo de certificação. Dados da ABPM informavam que, em 2005, 4.399,7 ha cumpriam
regulamentos da BRC, 11.185,00 ha estavam na Eurepgap e 3.648,50 ha em Nature´s Choice.
Atendendo uma sugestão e solicitação dos produtores e exportadores de frutas, o MAPA e as
Comissões Técnicas de diversas cadeias começaram a discussão da possibilidade de reconhecimento da
PIF pelos protocolos privados, visando facilitar a condução de sistemas de qualidade no campo. Este
processo, mesmo demonstrando a maior qualidade e robustez do sistema PIF, colocou empecilhos
desnecessários para produtores não-exportadores que não estavam interessados ou não tinham capacidade
para fazer investimentos no campo. Paralelamente, é clara a falta de demanda do mercado interno pela
PIF e o mercado externo utiliza as ferramentas da PIF, mas nem sempre a remunera ou dá prioridade.
Nesta situação, no ciclo 2005, a Certificação de áreas diminuiu em 50%, ficando restrita a empresas
exportadoras e Cooperativas com grande preocupação pela marca de qualidade. Assim, em 2006, a
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Norma da PIM voltou a considerar obrigatórios somente os princípios da PI e os itens de protocolos
privados permaneceram como recomendados para preparar os produtores que em algum momento
optassem pela adesão a eles.
Contudo, a importância e a confirmação da competitividade que o sistema PIF dá à produção
brasileira, no âmbito internacional, ocorreu em 2006, quando comissários vinculados a programas de
seguranças do alimento da Comunidade Européia reconheceram a qualidade do sistema e valoraram em
forma destacada, o respaldo oficial que o sistema tem. Este fato coincidiu com o aumento da adesão do
setor à PIM no ciclo 2007.
Ainda como incentivo aos produtores, o grupo de trabalho da PIM foi novamente pioneiro,
iniciando, com apoio de parceiros, um programa piloto de marketing dos produtos da PI no mercado
interno. Os resultados obtidos mostraram que o consumidor prefere frutas com a garantia de qualidade e
respaldo oficial e o mercado aumenta a comercialização de frutas com esta origem.
Repercussão da PIM
A competividade das culturas é, na atualidade, o único seguro para manter o setor
economicamente ativo. Em 2001, aproximadamente 2.600 produtores dedicavam-se à produção de maçãs.
Eles, por sua vez, empregavam anualmente mais de 27.500 trabalhadores de forma direta e
aproximadamente 5.500 safristas. Estes números enfatizam, claramente, que a cultura contribui
significativamente para a geração de empregos, reduzindo o êxodo rural. Por outro lado, a cultura da
macieira, associada também com a cultura da pereira, só que em menor escala, tem importância
fundamental no desenvolvimento das regiões onde está implantada. Ao nível nacional, a sua expansão
representa aumento nas divisas de mercado que toma importância no aumento do consumo interno e nas
exportações para outros países. Os resultados destas ações de pesquisa e desenvolvimento contribuem
para avaliar e demonstrar ao setor e à sociedade a possibilidade de produzir maçãs com o mínimo uso de
agroquímicos, mantendo a qualidade e rentabilidade dessa atividade agrícola. Frutas comercializadas com
garantia de isenção de resíduos tóxicos de risco à saúde humana e com controles, quanto ao manejo
correto do pomar, contribuirão para o Brasil competir com vantagens tanto no mercado interno como no
externo.
Vantagens específicas deste tipo de manejo da cultura serão a preservação da população de
inimigos naturais das pragas, a racionalização do uso de agroquímicos e, portanto, a proteção dos
trabalhadores rurais, do solo e dos mananciais, a determinação dos resíduos de pesticidas que podem estar
presentes nos dois sistemas de produção, e a obtenção de fruta de alta qualidade.
Durante os anos de trabalho na PIM os técnicos que trabalharam no sistema contribuíram
decisivamente na organização e consolidação da PI no país, geraram documentos para difundir as bases
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técnicas da PI e forneceram inúmeros treinamentos teóricos e práticos, tanto para os técnicos e produtores
de maçãs, como para os de outras cadeias no país.
Futuro e desafios
Adesão dos produtores: Como dito, já no início do projeto organizado para implantação da PIM,
a opção pelo sistema PI será, como ocorre em qualquer sistema de qualidade, dependente da demanda do
mercado, da vontade do produtor por se preparar para mercados mais exigentes e de gerar produtos
diferenciados. Assim, para exportadores e fornecedores de exportadores, a PI assegura características de
diferenciação e oferece ainda o respaldo oficial requerido pelos governos de países importadores, o que
não ocorre com os protocolos definidos pelo setor privado.
No mercado interno, o grande estímulo ao investimento e qualificação dos produtores será a
demanda do mercado e a comercialização diferenciada dos produtos da PI e o desenvolvimento de
políticas públicas que beneficiem de forma especial aqueles que investem no sistema PI. Exemplo disto
será o acesso a fontes de financiamento com melhores condições que os oferecidos aos produtores
convencionais e apoio técnico e financeiro para o início das atividades dos pequenos produtores.
Organização dos produtores: Grande parte do sucesso da PIM deve ser creditado ao elevado
grau de organização dos produtores desta fruta. As organizações existentes agregam produtores de maçãs
que são responsáveis por aproximadamente 75% da produção comercializada no país e 95% da maçã
exportada.
Estas Associações, com elevado profissionalismo, atuam no campo técnico e político e têm
mantido desde sua origem, parceria estreita com a pesquisa, sendo um dos poucos setores que anualmente
investem em projetos de pesquisa de seu interesse. Oportunizar condições semelhantes de organização
será um fator indispensável para viabilizar a adesão de outras cadeias à PI.
Ações que estimulem a organização de produtores e a qualificação das associações existentes será
um dos desafios a vencer. A organização significará viabilizar treinamentos, diminuir os custos de
Certificação e facilitar a obtenção de volume de produção que permita aos grupos de produtores, maior
competitividade tanto no mercado interno como no externo.
Transferência de tecnologias e qualificação dos técnicos e produtores: Nos anos de trabalhos
da PIM se contou com contribuições expressivas e diretas do setor de extensão no Estado de Santa
Catarina e o mesmo se observou no Estado de Paraná. Infelizmente, no Rio Grande do Sul, a participação
deste setor que inicialmente era previsto, ainda não ocorreu. Isto tem significado um desafio para as
instituições de pesquisa e ensino envolvidas neste Projeto, pois as ações deverão ser feitas sem este
importante apoio. A inserção destas entidades, federais, estaduais e municipais nos Projetos de PI será
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uma grande contribuição para o fortalecimento do sistema na maçã e na viabilização do sistema em outros
cultivos no país.
PI e Certificação: A introdução na PI de um sistema de avaliação da conformidade,
implementado pela Certificação de organismos credenciados e controlados pelo Inmetro é uma das
características mais marcantes deste sistema. Este processo dá ao produto obtido a garantia do
cumprimento das Normas e, por isto não poderá existir PI sem o cumprimento do processo. É importante
lembrar também que a certificação de “terceira parte” é a característica de maior impacto no processo,
pois fortalece a responsabilidade dos responsáveis técnicos das propriedades e realmente garante a
isenção quando se determina se o produtor está ou não cumprindo o previsto na PI.
Grande destaque deverá ser dado no futuro a esta característica da PI para se obter uma maior
valoração dos produtos obtidos com este sistema pelos consumidores e pelo varejo contando para isto
com a autorização de uso de um selo único para o sistema e não para cada produto.
O setor de Insumos e a PI: Estratégias definidas na OILB, após experiências de quase 30 anos,
recomendadas aos técnicos da PIM, definiram que o setor de insumos e do mercado não seriam partes
integrantes das decisões pertinentes à condução do processo, mas poderiam ser parceiros em atividades
específicas que não significassem compromisso ou dependência do sistema PI. Esta estratégia foi seguida
na PIM e deverá ser a tônica para outras cadeias para fortalecimento da imagem da PI.
Ações como o fornecimento de informações dos produtores de insumos que assegurem uma
recomendação adequada e otimizem o uso dos insumos necessários para a rentabilidade e sustentabilidade
do setor produtivo será vantajoso para as duas partes na PI.
Mercado e a PI: Cadeias de supermercados do exterior e do país têm construído protocolos cuja
certificação é administrada pelo mesmo setor, o que contribui para o aumento dos custos dos produtores.
Muitos destes protocolos somente se restringem à segurança de ausência de resíduos na fruta, a assegurar
qualidade cosmética dos produtos e ainda, alguns deles usam hoje os documentos e estrutura da PIM ou
reconhecem ou preferem os produtos certificados da PIM.
Ações de difusão do sistema PI deverão ser feitas com maior investimento do Governo brasileiro
visando contribuir para que pelo menos alguns destes protocolos reconheçam efetivamente a qualidade do
sistema brasileiro de Produção Integrada e liberem aos produtores da carga burocrática de sistemas que
não contribuem de forma significativa com a segurança do consumidor, do ambiente e da sustentabilidade
do sistema agropecuário brasileiro.
A participação ativa de órgãos públicos importantes na comercialização de produtos agropecuários
como CEASAs e CEAGESP será também indispensável no futuro para canalizar a comercialização
diferenciada dos produtos da PI.
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Conclusões Finais
A implantação inicial contribuiu para dar a conhecer o sistema no país, para concientizar as
equipes de técnicos do país da necessidade de abordar de forma holística o sistema agropecuário como
forma de aperfeiçoar os recursos humanos e financeiros escassos no país e orientar a produção sustentável
no Brasil. Contudo o grupo que trabalhou e trabalha neste grande projeto sabe que sem o apoio oficial
este sistema não terá o formato e a força potencial que deve atingir para benefício do povo brasileiro.
Estamos convictos que grande parte do sucesso de adoção da PI no setor da maçã deve-se à ação
coordenada de todos os segmentos da cadeia e ao fato do setor já se encontrar utilizando grande parte das
Boas Práticas Agrícolas. Esta deverá ser o requisito básico para iniciar novos projetos de implantação da
PI no país.
O crescimento seguro e sério de esforços para uso da PI no país já está ocorrendo e será um
grande caminho a construir. Estamos convencidos que fizemos uma base sólida e que já valeu a pena.
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Monitoramento no manejo fitossanitário na
Produção Integrada: o caso dos citrus
Pedro Takao Yamamoto
Francisco Maschio
Introdução
Os citros, principalmente as laranjeiras doces, apresentam uma gama muito grande de pragas e
doenças, muitas delas consideradas de grande importância (pragas/doenças chaves), que causa prejuízos
imensos e demanda aplicação constante de agroquímicos e medidas de manejo para que não provoque
danos e prejuízos aos citricultores.
Além dos insetos que causam danos diretos às diferentes partes da planta, tais como flores, folhas,
ramos e frutos nos seus diferentes estágios de maturação, existem aqueles que são vetores de patógenos,,
principalmente bactérias e vírus
Assim como pragas, ocorre também um grande número de doenças, causadas por fungos,
bactérias, vírus e viróides. Os fungos, em geral, são controlados com fungicidas, e se for bem manejada
pode-se evitar os prejuízos. As bactérias em geral são controladas pela eliminação de plantas doentes,
somente aquelas sintomáticas, como no caso do greening ou huanglongbing (HLB) e clorose variegada
dos citros (CVC), ou pela eliminação de plantas contidas num raio de 30m da planta sintomática, como
no caso do cancro cítrico. Com respeito a vírus, na atualidade, o principal é o da leprose, cujo controle é
realizado pela eliminação do vetor e pela remoção, por meio de poda, dos órgãos da planta atacados.
Tanto para pragas como para doença, para realizar o seu manejo é necessário a
inspeção/monitoramento rotineira para se determinar o momento adequado para controle das pragas e
para localizar os focos e as plantas doentes no pomar. Em praticamente todas as propriedades citrícolas do
Estado de São Paulo, existem equipes de inspeção tanto para pragas (pragueiros) como para doenças, e
em muitos casos são pessoas diferentes que realizam esses trabalhos.
A equipe de pragueiro é responsável pela amostragem de pragas e os inspetores são responsáveis
pelo monitoramento de doenças como CVC, HLB e cancro cítrico, e pragas como ortézia e escama
farinha.
Algumas pragas são monitoradas por meio de armadilhas que utilizam atrativos alimentares
(moscas-das-frutas), feromônio (Bicho-furão, minador-dos-citros e moscas-das-frutas) ou armadilhas de
cores (cigarrinhas e Diaphorina citri).
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I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Tipos de Monitoramento
Os tipos de monitoramento podem ser por varredura, casualizada ou por meio de armadilhas.
Monitoramento por varredura
O monitoramento por varredura é realizada para doenças e algumas pragas. São realizadas
vistoriando-se todas as plantas do talhão para a tomada de decisão de controle das doenças e pragas
amostradas. O monitoramento por varredura pode ser realizado caminhando-se ao longo da linha de
plantio (Figura 1) ou por meio de plataformas acopladas a trator, mais recentemente utilizadas para
detecção de plantas com sintomas do HLB (Figura 2).
Figura 1. Monitoramento realizado por varredura para detecção de doenças e pragas dos citros.
Figura 2. Monitoramento realizado por meio de plataforma para detecção de doenças dos citros de difícil
visualização.
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I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
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A freqüência varia conforme a doença e praga que se amostra. No caso do HLB, doença
constatada no Estado de São Paulo em 2004, em Minas Gerais em 2005 e no Paraná em 2007,
recomenda-se que faça pelo menos 6 inspeções anuais, devido a severidade, rapidez de disseminação do
patógeno e período de incubação variável. Quando se está realizando o monitoramento para o HLB podese realizar a inspeção para CVC e cancro cítrico concomitantemente, apesar do temor de confusão pelos
inspetores, que podem focar uma doença e esquecer as demais.
Para o cancro cítrico, pelo menos uma inspeção antes da colheita é recomendada, pois esse pode
ser um fator de disseminação da doença ao longo do talhão e entre talhões da propriedade.
A inspeção de plantas com HLB é tão importante que algumas propriedades têm adotado a
plataforma, acoplada a um trator, com 2 a 4 pessoas inspecionando tanto a parte de baixo como os
ponteiros da planta. Essa medida, além de aumentar o rendimento, aumenta também a eficiência da
inspeção, já que é possível alcançar a vista na parte do topo da planta, que no monitoramento realizado no
chão se torna difícil a visualização.
Devido à importância de certas pragas como ortézia e escama farinha, tem-se adotado também a
inspeção por varredura. No caso de ortézia, essa necessidade se faz devido ao melhor efeito do tratamento
químico quando o controle é realizado em baixas infestações e pela distribuição aleatória no pomar.
Como a praga, no início de infestação, encontra-se no interior da planta, há necessidade de adentrar ou
observar o interior da planta. Devido à característica da escama farinha, coloração da escama do macho, a
sua inspeção é mais fácil que a de ortézia. Da mesma forma, as plantas atacadas devem ser marcadas para
realizar o seu controle e evitar os danos às plantas, que é o rachamento do tronco/ramos, que possibilita a
entrada de patógenos. A inspeção nesses dois casos é importante para marcação das reboleiras de ataque,
onde será realizado o controle, possibilitando dessa maneira a economia de inseticidas e possibilita a
preservação dos inimigos naturais das pragas.
Monitoramento casualizado
O monitoramento casualizado ou por amostragem é realizada principalmente para os insetos e
ácaros. As amostragens devem ser realizadas nos talhões da propriedade, que devem ser de 2000 plantas
ou subdividas em caso de talhões maiores. A inspeção é feita em 1% das plantas, sendo que, naqueles
talhões menores que 1000 plantas devem ser amostradas pelos menos 10 plantas. Apesar do erro amostral
grande para certas pragas, a adoção de amostragem em 1% das plantas se deve à praticabilidade.
A unidade para amostra depende da preferência por órgão das plantas pelas pragas. Por exemplo,
o ácaro da leprose Brevipalpus phoenicis prefere atacar o fruto, depois os ramos e por fim as folhas.
Quando se tem frutos, a unidade amostral é frutos, frutos e ramos ou ainda somente ramos quando a
planta ainda não está na fase de produção e na pós-colheita dos frutos.
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I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Algumas pragas e os inimigos naturais são amostrados na planta, quantificando-se o número
presente na copa ao redor da laranjeira.
Como a maioria das pragas se distribui de forma irregular dentro do talhão, as plantas amostradas
devem ser casualizadas, de forma a abranger todo o talhão, se caminhado em zig-zag e com entradas por
diferentes partes do mesmo nas diferentes datas de amostragem.
Como a população varia durante o ano, podendo haver surtos e explosões repentinas das pragas,
recomenda-se que a amostragem seja realizada a cada 7 a 15 dias, isto é, se retorne ao mesmo talhão
nesse intervalo. As tomadas de decisão devem levar em consideração o nível de ação (nível de controle)
preconizado para as pragas, que pode variar em função da agilidade de compra de agroquímicos,
dimensionamento do maquinário de pulverização e ocorrência de inóculo de doença quando se trata de
vetor.
Para registro e criação de bancos de dados, os resultados das amostragens devem ser anotados em
fichas específicas que devem estar de posse do pragueiro durante a inspeção, com as devidas anotações de
data, propriedade, talhão amostrado, amostrador, etc (Figura 3).
Figura 3. Ficha de amostragem de pragas e inimigos naturais dos citros.
Monitoramento com armadilhas
Algumas pragas, por dificuldade ou para uma complementação de monitoramento, são
monitoradas por meio de armadilhas, que utilizam atrativos alimentares, feromônios ou são de cor.
Armadilhas, utilizando-se atrativos alimentares, são empregadas para o monitoramento de moscasdas-frutas (Ceratitis capitata e Anastrepha spp.). O atrativo utilizado para captura de moscas são a
proteína hidrolisada de milho e o melaço de cana-de-açúcar (Figura 4).
O monitoramento do bicho-furão Gymnandrosama aurantianum, praga de difícil visualização em
citros, é realizada por meio de armadilhas com feromônio (Figura 5). Dessa forma, pode-se estimar a
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população da praga, realizando o controle antes da ocorrência dos danos, que anteriormente era utilizado
com parâmetro para início do controle. Feromônio sexual também é utilizado para monitoramento da
mosca-das-frutas da espécie C. capitata. Foi descoberto e desenvolvido o feromônio para o minador-doscitros (Phyllocnistis citrella), mas ainda não se encontra disponível para comercialização.
Figura 4. Armadilha tipo McPhail utilizada para monitoramento de moscas-das-frutas, com a utilização
de atrativos alimentares.
Figura 5. Armadilha tipo Delta utilizada para monitoramento de Gymnandrosoma aurantianum, com a
utilização de feromônio sexual.
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Armadilhas de cor são utilizadas para monitoramento de cigarrinhas vetoras de Xylella fastidiosa,
agente causal da CVC, e para Diaphorina citri, vetor das bactérias Candidatus Liberibacter americanus e
asiaticus, agentes causais do HLB (Figura 6). São utilizadas armadilhas adesivas de cor amarela, que são
mais atrativas para esses vetores.
Figura 6. Armadilha adesiva amarela utilizada para monitoramento de Diaphorina citri e cigarrinhas.
O monitoramento é uma importante ferramenta dos citricultores para o auxílio no manejo de
pragas e doenças dos citros. Devido à incidência de doenças como o cancro cítrico, CVC e HLB, cuja
principal estratégia de manejo é a eliminação de plantas apresentando sintomas, a inspeção rotineira se
faz necessário e equipes de inspetores devem ser formadas, treinadas e motivadas para realizar um
trabalho preciso, eficiente e com bons rendimentos.
Da mesma forma, devido à incidência de um grande número de pragas, algumas consideradas
pragas chaves da cultura, que ocorre todos os anos e se medidas de manejo não forem adotadas causa
sérios danos e prejuízos aos citricultores, todas as propriedades devem ter inspetores de pragas,
responsáveis pelo monitoramento de pragas, que é utilizado para a tomada de decisão de controle.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
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Uso da informática na PI: SisAlert um estudo de
caso
José Maurício Cunha Fernandes
Willingthon Pavan
Rosa Maria Valdebenito Sanhueza
Resumo
A previsão de doenças tem surgido como um componente bem estabelecido no manejo de
doenças. Atualmente, um grande número de modelos de simulação de epidemias encontra-se disponível,
porém poucos têm sido utilizados realmente como ferramentas de auxílio na tomada de decisões.
Entretanto, os modelos de simulação de epidemias podem ter uma aplicação de forma mais generalizada
se associados à pronta disponibilização de observações meteorológicas, aos prognósticos climáticos, às
técnicas computacionais e aos simuladores orientados aos processos fisiológicos das plantas. Este
trabalho tem como objetivo apresentar um sistema de auxílio à tomada de decisão no controle de doenças
da cultura da maçã. A metodologia proposta foi baseada no design pattern MVC (Modelo-VisãoControle), programação em camadas, linguagem orientada a objetos, entre outras tecnologias, dividida em
servidores específicos para cada atividade, configurando-se como uma plataforma modular e adaptável. O
sistema começou a ser implantado na cultura da maçã, no ano de 2003, na região de Vacaria e vem sendo
aperfeiçoado no decorrer do tempo.
Introdução
O conceito de Produção Integrada (PI) surgiu na Europa, quando, em 1970, no meio científico,
manifestaram-se preocupações quanto ao limitado alcance do manejo integrado de pragas como processo,
para racionalizar e reduzir o uso de pesticidas. Naquele momento, evidenciou-se a necessidade de adequar
todos os componentes do sistema produtivo, para diminuir a utilização de agroquímicos de maior risco
sem afetar a produtividade e a qualidade da produção. Como conseqüência daquela proposta, criaram-se
grupos de trabalhos com especialistas de diferentes países visando a
obter definição, alcance e
organização dos sistemas de produção de frutas primeiro alvo deste estudo. Em 1989, estabeleceu-se o
regulamento aceito e reconhecido pela Organização Internacional para Controle Biológico e Integrado
contra os Animais e Plantas Nocivas (OILB). Essa entidade define Produção Integrada de Frutas (PIF)
como “a produção econômica de frutas de alta qualidade, obtida, prioritariamente, com métodos
ecologicamente mais seguros, minimizando os efeitos colaterais indesejáveis do uso de agroquímicos,
para reduzir riscos ao ambiente e à saúde humana”.
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I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
No Brasil a Embrapa Uva e Vinho, a Epagri, a UFRGS o Instituto Biológico de São Paulo e as
Associação Brasileira de Produtores de maçãs foram pioneiros em propor e implementar o sistema de
Produção Integrada e esta experiência foi apoiada pelo Governo Federal através do Ministério de
Agricultura e Pecuária que criou os marcos legais do Sistema e disponibilizou recursos para viabilizar as
ações de P&D indispensáveis para a adequação dele às condições brasileiras tanto na cadeia da maçã
como em outras frutas. Visto que na Produção Integrada de Frutas é exigido o uso racional dos
agroquímicos, o produtor deve justificar técnicamente cada intervenção química. Neste sentido, as
estações de aviso fitossanitário são consideradas uma das ferramentas mais importantes para dar suporte
às decisões de tratamentos para os pomares. Reconhecendo isto, foi proposto no âmbito do Projeto de
Produção Integrada da Maçã uma ação que visava implementar um sistema de aviso em uma rede de
estações meteorológicas automatizadas da região de Vacaria RS, originalmente obtida por uma parceria
entre a Embrapa Uva e Vinho e a Associação Gaúcha de produtores de maçãs.
Para viabilizar esta meta, em 2001 a Embrapa Uva e Vinho a Embrapa Trigo e a Universidade de
Passo Fundo propuseram o projeto SisAlert - maçã visando organizar o conhecimento sobre a cultura da
macieira em sistemas dinâmicos computadorizados. A cultura da macieira foi a primeira no Brasil em
estabelecer um sistema de aviso Fitossanitário o qual no presente está estabelecido na região de São
Joaquim no Estado de Santa Catarina. Neste caso porém, os dados são coletados manualmente e a
informação liberada por correio eletrônico e telefone.
O sistema computacional SisAlert fornece informação sobre o tempo, risco de ocorrência de
doenças com a finalidade de auxiliar na tomada das decisões em programas de manejo de integrado. O
SisAlert usa modelos que estimam o risco de ocorrência de doenças usando as informações sobre o tempo
obtidas de estações automáticas e de prognósticos. Os modelos de avaliação do risco de ocorrência de
doenças interpretam a informação de dados de tempo retornando informação sobre os processos recentes
na relação patógeno-hospedeiro assim como aqueles que deverão ocorrer em um futuro próximo
(PAVAN, 2007).
O SisAlert-Maçã na eminência de riscos de ocorrência de infecções gera avisos de forma
concomitante para o endereço eletrônico e para o telefone celular dos usuários cadastrados. O sistema foi
avaliado durante dois anos em parcelas experimentais e em campo a partir do ciclo 2003 e, durante o
período os usuários foram treinados para o seu uso. Atualmente, aproximadamente 3.000 ha da área com
a cultura da macieira, no estado do Rio Grande do Sul, usam esta tecnologia.
O presente trabalho ilustra uma metodologia fortemente apoiada na computação para a
implementação, execução e disponibilização de modelos de riscos de epidemias para cultura da maçã na
região de Vacaria, no estado do Rio Grande do Sul.
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Material e Métodos
Plataforma
O SISALERT foi desenvolvido baseado no design pattern MVC (Model-View-Controller Modelo-Visão-Controle), o qual é um modelo de desenvolvimento de aplicações que utiliza as
características da programação em camadas, sendo dividido em três camadas, ou áreas funcionais:
Modelo, Visão e Controle (VEIT e HERRMANN, 2003). O Modelo representa a ``lógica do negócio'', ou
seja, o estado e o comportamento dos componentes, gerenciando e conduzindo todas transformações; a
Visão disponibiliza os dados produzidos pelo Modelo, gerenciando o que pode ser visto do seu estado,
apresentando-os em forma de imagens, gráficos e dados tabulados, através de páginas Web ou
equipamentos de pequeno porte, como celulares e Palms; e o Controlador determina o fluxo total da
aplicação, gerenciando a interação do usuário/sistema com o Modelo (Figura 1).
Figura 1 – Estrutura de implementação do sistema SISALERT.
Recursos de software
O desenvolvimento do sistema foi baseado principalmente na linguagem de programação Java. A
linguagem de programação Java é uma linguagem de alto nível e orientada a objetos (CORNELL e
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HORSTMANN, 1997). O Java está dividido em três plataformas: J2SE, J2ME e J2EE. A plataforma Java
Standard Edition (J2SE) foi usada no desenvolvimento e na distribuição das aplicações Desktops, sendo
usado no desenvolvimento de sistemas embutidos em tempo quase real. Inclui um grande número classes
que suportam o desenvolvimento de aplicações Java e para oferecer serviços Web, sendo o alicerce para a
plataforma Java Enterprise Edition (J2EE). A plataforma J2EE foi usada no desenvolvimento de
aplicações transportáveis, robustas, escaláveis e seguras. Entre as tecnologias que compreendem esta
plataforma encontram-se o JSP (Java Server Pages), EJB (Enterprise JavaBeans), JavaBeans, Servlets,
etc. A Java Micro Edition (J2ME) foi usada para o desenvolvimento de aplicações para dispositivos de
pequeno porte e de capacidades limitadas de processamento, armazenamento etc., como PDAs e telefones
celulares.
Os modelos de simulação foram executados utilizando-se o J2SE (http://java.sun.com). Para a
geração da interface com o usuário, utilizou-se de páginas JSP, Servlets e informações em formato XML
(Extensible Markup Language). Uma base de dados PostgreSQL foi usada para armazenar os dados
(http://www.postgresql.org). No lado do cliente, a visualização foi feita usando HTML (Markup
hypertext Language), Javascript e algumas APIs, como mapas do Google (http://code.google.com/),
JFreeChart (http://www.jfree.org/jfreechart/) e AJAX (Asynchronous Javascript and XML). O sistema
fica em execução permanente e, quando do risco de ocorrência de doenças, os usuários são
automaticamente informados por meio de mensagens enviadas para o telefones celulares (SMS) e correio
eletrônico (PAVAN et al., 2006; SANHUEZA, 2007). A ferramenta utilizada para desenvolver o sistema
foi o Netbeans 5.5.1 (http://www.netbeans.org/).
Resultados
Sarna da macieira: No ciclo 2003, foram incorporadas ao sistema SisAlert-maçã, as Tabelas de
Mills (MACHARDY, 1996), modificadas para o controle da sarna da macieira (Venturia inaequalis) e,
este sistema de alerta foi avaliado em parcelas experimentais comparando-se o sistema com a proteção
permanente e uma testemunha sem tratamento e, em uma área de pomar que teve como testemunha outra
área próxima protegida com o tratamento convencional. Nos resultados obtidos verificou-se que, nas
parcelas experimentais tratadas com o alerta mesmo com 8 pulverizações a menos, foi observada
incidência igual ao padrão (Tabela 1) e igual tendência ocorreu na área do pomar tratada com alerta
quando comparada com a proteção convencional mesmo com a redução de 8 pulverizações (Tabela 2).
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Tabela 1. Incidência de sarna da macieira em plantas pulverizadas com diferentes métodos e com e sem
detecção de ascósporos.
Tratamentos
Incidência de
sarna nas folhas
1.Pulverização em condições para infecção leve
1,4 b
2. Pulverização em condições para infecção moderada
1,9 b
3. Pulverização em condições para infecção severa
1,1 b
4.Pulverização em condições para infecção leve
3,5 b
5.Pulverização em condições para infecção moderada
2,6 b
6. Pulverização em condições para infecção severa
2,1 b
7. Pulverização a cada 7 dias
1,6 b
8. Testemunha sem pulverização
7,2 a
Médias seguidas por letras iguais não diferem entre si (Duncan, p<0,05).
Incidência de
sarna na fruta
1,7 c
2,4 c
1,6 c
4,9 b
4,8 b
3,6 bc
1,9 c
9,2 a
Número de
pulverizações
14
14
14
9
9
9
14
-
Tabela 2. Incidência de sarna da macieira em plantas pulverizadas com diferentes fungicidas e com o
uso do sistema de alerta sem monitoramento de ascósporos- 2003.
Tratamentos
1.Pulverização
moderada)
em
condições
para
infecção
(grave
Folhas sadias
Frutas sadias
98,7 abc
93,3 ab
Número de
pulverizações
5
100 a
100 a
99,7 ab
99,8 ab
99,5 ab
99,4 ab
99,2 abc
97,4 bc
95,9 c
35,4 d
99,8 a
99,3 ab
98,5 ab
98,9 ab
98,5 ab
98,5 ab
98,5 ab
98,1 ab
91,4 b
26,1 c
12
12
12
12
12
12
12
12
12
12
ou
2.Fosfito de potássio
3.Kresoxim methil
4. Difenoconazole +Captan (Padrão)
5. Ciproconazole + Captan
6. .Ciproconazole + Captan
7. .Ciproconazole + Captan
8. Ciproconazole + Captan
9. Captan
10. Delan
11. Testemunha sem pulverização
Médias seguidas por letras iguais não diferem entre si (Duncan, p<0,05).
Mancha foliar da Gala (Glomerella cingulata/Colletotrichum gloeosporioides): Em 2003,
incorporaram-se na base de dados das Estações meteorológicas automáticas da Região de Vacaria, os
dados do modelo disponível para esta doença e componentes epidemiológicos adicionais, utilizando o
alerta gerado pelo sistema SisAlert para decidir a proteção de plantas comparando esta estratégia com a
proteção química aplicada conforme às recomendações disponíveis. Os resultados mostraram que o
sistema é viável e permitiu a redução de 7 pulverizações na área com parcelas experimentais e seis na
área de pomar comercial com controle total da doença nas duas áreas.
Podridão branca das maçãs(Botryosphaeria dothidea): O modelo de Parker e Sutton (1993) para a
podridão branca das maçãs, com modificações, está sendo
utilizado em um pomar da Estação
Experimental de fruticultura temperada da Embrapa Uva e Vinho em Vacaria, inserido dentro do
SisAlert. Os resultados finais mostraram a ausência de sintomas nas áreas com e sem Alerta. Enquanto
na área sem alerta foram utilizados 6 pulverizações no Alerta somente um, o que demonstra os
tratamentos desnecessários feitos na área com proteção permanente.
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Podridão “Olho de boi” (Cryptosporiopsis perennans): em 2005 e 2006 foi implementado o alerta
para a podridão “olho de boi” em maçãs Gala, Fuji e Pink Lady o que se inicia a partir de 50 dias antes
da colheita de cada cultivar. Os dados obtidos mostraram a possibilidade de manter níveis baixos de
perdas com uso de 3 pulverizações a menos e com igual incidência das doenças.
Prognóstico de epidemias: A partir de 2005 foi informado risco de epidemias associando-se a
previsão do tempo (chuvas e temperatura) com os modelos já validados.
Discussão
Os modelos interpretam os dados climáticos, fornecendo informações sobre o comportamento
passado ou recente da doença, assim como a predição do nível de risco da epidemia. A capacidade de
predizer o risco de ocorrência das doenças da macieira faz com que as medidas de controle das doenças
através da aplicação de fungicidas seja acionada segundo critérios racionais. Uma decisão de forma mais
racional é aquela caracterizada por processos que incorporam a probabilidade de ocorrência do evento na
tomada de decisão. O procedimento precisa ser de tal modo claro que permita qualquer outro indivíduo,
usando a mesma informação tome uma decisão semelhante. O controle da sarna da macieira sem a
tecnologia do Sisalert-Maçã, por exemplo, é realizado através da aplicação generalizada de fungicidas na
forma preventiva, independente do risco de ocorrência da doença. Espera-se que em algumas situações, o
modelo de simulação do risco de sarna conduza o usuário à tomada de decisão de não usar fungicidas, o
que deverá contribuir para reduzir o custo de produção e o risco de contaminação do homem e do
ambiente.
O uso de dados de prognóstico de tempo tem permitido o alerta preventivo trazendo uma mudança
de estratégias para as doenças de maior impacto - sarna e mancha da Gala, diminuído as perdas e reduzido
custos pela substituição de fungicidas curativos pelos preventivos.
A chave do formato do SisAlert é a modularidade, a qual permite o acoplamento de diferentes
modelos em um mesma plataforma.
Referências Bibliográficas
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PARKER, K. C.; SUTTON, T. B. Susceptibility of apple fruit to Botryosphaeria dothidea and isolate
variation. Plant Disease, v. 77, n. 33, p. 385-389, 1993.
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MacHARDY, W. E. Apple Scab: biology, epidemiology and management. Saint Paul: APS Press, 1996.
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PAVAN, W. et al. Web-based system to true-forecast disease epidemics – sisalert. In: WORLD
CONGRESS CONFERENCE OF COMPUTERS IN AGRICULTURE AND NATURAL RESOURCES,
4., Proceedings... [S.l.]: American Society of Agricultural and Biological Engineers, 2006.
PAVAN, W. Técnicas de engenharia de software aplicadas à modelagem e simulação de doenças de
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VALDEBENITO SANHUEZA, R. M. A produção Integrada da Maçã no Brasil. In: SEMINÁRIO
BRASILEIRO DE PRODUÇÃO INTEGRADA DE FRUTAS, 3., 2007, Fortaleza, CE. Anais...
Fortaleza: Embrapa Agroindústria Tropical, 2007. p. 53.
VEIT, M.; HERRMANN, S. Model-view-controller and object teams: a perfect match of paradigms. In:
INTERNATIONAL CONFERENCE ON ASPECT-ORIENTED SOFTWARE DEVEDLOPMENT, 2.
Proceedings... New York, NY, USA: ACM Press, 2003. p. 140-149. AOSD’03.
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I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
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Comercialização de frutas da Produção Integrada
no mercado interno: a experiência da Embrapa
Uva e Vinho
Alexandre Hoffmann
Rosa Maria Valdebenito Sanhueza
O sistema de Produção Integrada de Frutas (PIF) é uma inovação tecnológica e organizacional na
fruticultura brasileira e iniciou no Brasil com a cadeia produtiva da maçã. É resultante de um intenso
esforço de parceria entre instituições públicas e privadas e proporcionou o desenvolvimento de um
sistema que possibilita a produção de frutas com base tecnológica moderna e ambientalmente sustentável,
com registro de atividades sujeitas a auditorias delegadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento ao Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO).
Esta instituição pública credencia organismos de avaliação da conformidade (certificadoras) referente a
uma norma técnica que é um documento oficial do governo brasileiro. Os marcos legais da PIF
asseguram a rastreabilidade dos produtos e o controle externo executado por uma instituição sem vínculos
com o produtor (terceira parte). Estas características do sistema de PIF são um importante instrumento de
acesso a mercados cada vez mais exigentes em segurança do alimento e respeito ao homem e ao
ambiente, sobretudo no mercado externo, onde estes requisitos são ainda mais decisivos para o
consumidor. Esta tem sido, sem dúvida, a principal motivação para produtores de diversas cadeias
produtivas exportadoras de frutas, como a maçã, o mamão, a uva, a manga e o melão, em desenvolver,
apoiar e adotar este sistema de produção. Exigências da União Européia divulgadas recentemente quanto
à exigência de um sistema oficial que tenha rastreabilidade e assegure um uso adequado de agrotóxicos
reconheceu a PIF como único sistema com respaldo do governo brasileiro que atende a este requisito.
Este fato abre portas para o mercado das frutas produzidas de acordo com as diretrizes da produção
integrada.
Contudo, sabe-se que o mercado interno é o destino de, no mínimo, 70% da produção de frutas a
um mercado potencial de mais de 180 milhões de consumidores, que devem ter as frutas na composição
de sua dieta. Esta é uma vantagem para a fruticultura brasileira. É exatamente nesta linha que a PIF pode
dar uma importante contribuição: oferecerem-se ao mercado varejista, frutas de qualidade diferenciada,
certificadas, produzidas com as melhores tecnologias, com segurança para consumo garantida pelo
INMETRO, com rastreabilidade e forte apelo comercial no que tange ao alto padrão qualitativo e respeito
ao ambiente e ao trabalhador.
A vivência de pesquisadores da Embrapa Uva e Vinho ao longo de 10 anos de ações vinculadas
com a PIF no Brasil revelou um fato decisivo: apesar destas nítidas vantagens e dos esforços de
40
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
divulgação, de modo geral o consumidor de frutas não conhece a PIF. Considerando a baixa demanda do
mercado e a ausência de um diferencial de preço, o produtor não vislumbra vantagens econômicas para
implementar as mudanças tecnológicas requeridas pela PIF. Esta situação é um prejuízo para o país, pois
propicia a perda de um benefício para a qualificação e organização da produção, bem como para a
preservação ambiental.
Cientes desse fato, a Embrapa Uva e Vinho, Embrapa Clima Temperado, produtores associados à
Associação Gaúcha de Produtores de Maçã e Pêra (Agapomi) e à Associação Brasileira de Produtores de
Maçãs (ABPM), Sebrae-RS e a cadeia Apolo/Cesa de Supermercados (de âmbito regional na Serra
Gaúcha) definiram uma parceria que proporcionou a realização de um Projeto-piloto com o objetivo de
oportunizar à rede varejista a oferta de frutas oriundas da PIF. A hipótese traçada para este trabalho foi de
que, ao disponibilizarem-se frutas de qualidade diferenciada, como as da PIF, com a devida informação e
divulgação, o consumidor tenderia a consumir maior quantidade desta categoria de produto, mesmo que
com um ágio sobre o valor da fruta. Assim, após diversas reuniões, definiram-se elementos básicos para o
Projeto, tais como o tipo de fruta, demanda de remuneração diferenciada, qualidade assegurada para a
fruta, tipo de embalagem e categoria a ser selada. Tornava-se necessário que fosse utilizado um selo
individual de cada produto obtido com a PIF que fosse integrado a uma única marca, visto que a PIF fará
parte de um sistema maior (SAPI), com outros produtos além de frutas. Propôs-se, também, que esta
marca única (nome-fantasia) fosse uma forma de aproximar o consumidor dos conceitos da PIF e servisse
para todos os produtos que integrem o programa de produção integrada – a marca única, portanto, deveria
lembrar: segurança, sabor, saúde e qualidade/estilo de vida (podendo se explorar o conceito da
sustentabilidade – economicamente viável, socialmente justo e ambientalmente responsável - se for
relevante para o consumidor). Assim, após diversas discussões, definiu-se a marca PIN, com selo
genérico para qualquer outro produto oriundo da PIF/SAPI.
Assim, ficou acordado com a rede varejista que alocasse uma ou mais gôndolas específicas para
frutas da PIF, assegurando a aquisição destas frutas junto a produtores que certificavam sua produção
neste sistema e remunerasse o produtor com um ágio de cerca de 10% sobre o preço da época daquela
fruta. Coube à Embrapa acompanhar o processo e identificar fornecedores em potencial. Por sua vez, o
MAPA, o Sebrae-RS e o Inmetro deram o apoio de marketing necessário à divulgação desta fruta. Ao
produtor, coube certificar sua produção, garantindo o fornecimento da fruta da PIF e embalando a mesma
de forma padronizada. A maçã foi estabelecida como âncora desta ação-piloto, pela disponibilidade de
frutas ao longo de todo o ano e pela maior experiência e abundância de frutas certificadas no sistema PIF.
O trabalho no mercado foi conduzido durante dois meses, entre 14 de março e 14 de maio de
2007, utilizando-se maçãs das cultivares Royal Gala, Imperial Gala e Mondial Gala e Fuji Suprema,
provenientes da empresa RASIP Agrosilvopastoril, acondicionadas em meia-caixa (9 kg). As frutas foram
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manejadas conforme orientação dos pesquisadores envolvidos com o Projeto, de modo a assegurar a
cadeia de frio e a qualidade da fruta até a venda ao consumidor. A comercialização ocorreu em 16 lojas
da rede Apolo-Cesa, localizadas nos municípios de Bento Gonçalves, Caxias do Sul, Farroupilha e
Gramado, sendo que, em 4 destas lojas, as frutas foram apresentadas ao consumidor com apoio de
demonstradoras, que possibilitaram ao mesmo degustar e apreciar a qualidade da fruta como subsídio para
tomada de decisão de compra. Alguns cuidados foram tomados: a) capacitação de todos os empregados
envolvidos com o setor de hortifrutigranjeiros, por parte dos pesquisadores envolvidos no Projeto; b)
esclarecimento aos gerentes de área sobre o sistema de produção integrada e seus beneficios; c) fruta
disponibilizada ao consumidor em caixas (embalagem final) que impedem a manipulação no
supermercado, assegurando maior qualidade do produto e ao consumidor; d) uso de frutas de padrão
visual superior, em especial cor e categoria; e) apresentação da fruta proporcionando ampla visibilidade
ao comprador; f) capacitação das demonstradoras sobre a qualidade da fruta apresentada; g) divulgação
local (folders, demonstradoras, banners) e regional (rádio, televisão, jornais), com vistas a estimular a
curiosidade do consumidor pelo produto; h) contratação de uma assessoria de marketing, que orientada
pelos técnicos da Embrapa, MAPA e INMETRO, elaboraram os elementos visuais e a estratégia de
divulgação do produto; i)
retirada periódica de frutas com defeitos ou danos (murchamento,
sobrematuração, danos físicos, etc.). Houve acompanhamento, pelos técnicos da Embrapa, da qualidade
da fruta comercializada, durante todo o período.
Dentre os principais resultados, merecem destaque os seguintes: a) houve incremento significativo
nas vendas durante o período de avaliação, em torno de 40% em relação ao mesmo período do ano
anterior; b) nas lojas em que foi efetuada a comercialização, o consumidor manifestou interesse em
adquirir frutas com certificação; c) o aumento no valor da fruta para custeio do processo de certificação,
repassado ao produtor, não foi um impeditivo para a venda, para o grupo de consumidores atingido pelo
Projeto; d) num universo de 400 consumidores entrevistados, 77% manifestaram não conhecer este
sistema de produção, 63% consumidores estavam dispostos a pagar mais pela garantia de qualidade e de
ausência de agrotóxicos e 62% consideram importante saber de onde veio e como foi produzido o fruto;
e) foi decisivo o aval das instituições envolvidas, pois 98% dos entrevistados têm confiança nas mesmas.
Foi levantado também que os entrevistados consideram importante existir a certificação dos produtos.
Todas as sugestões colhidas indicaram o desejo da identificação e certificação de outras frutas além da
maçã. Dos entrevistados, 12% estavam comprando pela segunda vez; destes, 96% perceberam diferença
no sabor da fruta. Também é relevante observar que os critérios, em ordem de importância, da escolha de
frutas pelo consumidor são: cor, aparência, preço, procedência e sabor. Os resultados aqui obtidos
certamente serão variáveis conforme o produto, a época, a loja (e o seu consumidor típico), o manejo
dado à fruta e o destaque dado à iniciativa. Neste caso, os melhores resultados foram obtidos em lojas
42
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localizadas em “shopping centers” e supermercados em posição central na cidade, visto que a preferência
por este tipo de produto também está associada a um maior acesso à informação e poder aquisitivo.
Os principais entraves observados consistiram na falta de conhecimento e hábito na manipulação
de frutas de qualidade diferenciada por parte das equipes dos supermercados, a necessidade de
convencimento e estímulo aos gerentes de loja sobre a importância desta atividade e à necessidade de
reposição freqüente de frutas danificadas ou fora do padrão.
A experiência realizada foi altamente positiva e certamente é inovadora ao abordar a dimensão do
consumidor no tocante ao desenvolvimento de uma tecnologia. A esta experiência piloto, está previsto,
com o apoio do MAPA, INMETRO, CEAGESP, Embrapa Clima Temperado e Embrapa Agroindústria
Tropical, a expansão destas iniciativas para São Paulo e Fortaleza, dentre outros mercados. Em princípio,
a maçã será estabelecida como âncora, sendo que outras frutas, conforme a disponibilidade, serão
inseridas nesta ação, como é o caso da uva, mamão, manga, pêssego e melão. É decisivo que o apoio das
instituições oficiais envolvidas na PIF seja mantido e aprimorado, entretanto, considerando-se ser uma
ação com foco no mercado, é fundamental que estas atuem como articuladoras iniciais e monitoradoras
desta ação, permitindo aos produtores e varejistas o estabelecimento da relação comercial mais adequada,
conveniente e duradoura. A avaliação dos parceiros (produtor e varejista), em reuniões de avaliação do
Projeto-piloto, foi altamente positiva, a ponto da iniciativa estar ainda sendo adotada nas lojas até o
momento. É, sobretudo, necessário, que o produtor vislumbre na comercialização a remuneração e
aumento da procura das frutas da PIF e, para o varejista, que isto se traduza em aumento das vendas, tanto
pela procura do produto certificado como de outros produtos. Em adição, a escolha dos parceiros
comerciais é fundamental, bem como a conscientização dos mesmos sobre os potenciais benefícios.
Por outro lado, é essencial que sejam definidas as bases e exigências normativas para uso da
marca ou selo PIN, de modo que, gradativamente, o consumidor passe a exigir produtos com esta marca,
pois associa o selo a uma qualidade intrínseca do produto. Caberá ao MAPA, com apoio do INMETRO e
demais Instituições envolvidas, a definição destas bases. Isto é fundamental para que o selo PIN não seja
mais um selo, mas sim um indicativo respeitado e reconhecido pelo consumidor.
Dos pontos fundamentais definidos pelos parceiros e capazes de assegurar o sucesso desta
iniciativa destacam-se a manutenção da rastreabilidade, da qualidade sensorial da fruta e a identificação
única do sistema (permitindo ao consumidor preferir frutas que tenham este selo, além da respectiva
marca comercial). O objetivo é incrementar o consumo de frutas de alto padrão obtidas na PIF.
Descortina-se, então, uma excelente oportunidade para que todos os atores deste processo tomem
conhecimento e se apropriem das vantagens da PIF, como também amplie-se o mercado interno para
frutas que estimulem o consumidor a extrair delas os benefícios de saúde, prazer e qualidade de vida.
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43
Figura 1. Logomarca publicitária do Projeto-Piloto PIN. Bento Gonçalves, Embrapa Uva e Vinho, 2007.
Figura 2. Apresentação do ponto de venda do Projeto-Piloto PIN.Bento Gonçalves, Embrapa Uva e
Vinho, 2007.
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45
Projeto de estímulo à comercialização de frutas
certificadas da Produção Integrada no mercado
brasileiro
Celso Zancan
Projeto Piloto que foi desenvolvido nas redes APOLO e SUPER CESA contendo 08 lojas cada
rede, localizadas nas cidades de Caxias do Sul, Gramado, Vacaria, Farroupilha e Bento Gonçalves. Das
16 lojas no total, foram selecionadas 12 com o público-alvo adequado, melhor logística, e onde as lojas
têm uma estrutura interna de melhor ponto de venda.
O conceito do projeto foi aprimorado ao longo do teste que será complementado por pesquisa de
satisfação e opinião dos consumidores, a ser realizado por promotores nos pontos de vendas.
O principal objetivo é disponibilizar um produto com maior valor agregado para os elos do
projeto, ou seja, produtor (fornecedor), vendedor (varejista) e conseqüentemente um produto de melhor
qualidade ao consumidor, enfatizando a segurança alimentar.
Amostragem
Na rede Comercial Cesa temos o consumo médio de: 5.850 kg mensais.
O Objetivo é obter um adicional de vendas de: 1.755 kg a cada período, porém apenas nas 8 lojas
da rede participante do projeto piloto, ou seja, um incremento aproximado de 30% nas vendas.
Informações Gerais
O evento de lançamento foi realizado no dia 14/03/2007, às 15 horas, no Auditório da Embrapa
Uva e Vinho, em Bento Gonçalves.
Na ocasião palestraram 04 representantes das entidades realizadoras do evento (Sebrae, Inmetro,
Embrapa e MAPA).
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Resultados

Primeiro Mês (período de 14/03/2007 à 15/04/2007)
7,964
9,000
8,000
5,850
7,000
6,000
5,000
4,000
3,000
2,000
1,000
-
Fev
Projetado
Realizado
10.017
12.000
10.000
7.020
8.000
6.000
4.000
2.000
-
Fev
Projetado
Realizado
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
Segundo Mês (período de 16/04/2007 à 15/05/2007)
9,123
9,000
8,000
5,850
7,000
6,000
5,000
4,000
3,000
2,000
1,000
-
Mar
Projetado
Realizado
10.115
12.000
7.430
10.000
8.000
6.000
4.000
2.000
-
Mar
Projetado
Realizado
47
48
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
Resumo Geral (período de 14/03/2007 à 15/05/2007)
20,000
17,087
11,700
15,000
10,000
5,000
Mar
Projetado
Realizado
20.132
25.000
14.781
20.000
15.000
10.000
5.000
-
Mar
Projetado
Realizado
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49
Avaliação Final

Atingimos 46,04% do volume e 36,20% acima do faturamento total estimado nos dois meses
do projeto;

Iniciamos praticando um percentual 0,63% acima do preço médio estimado e finalizamos o
período a 0,33% menor da meta, porém atingimos 0,40% acima da média projetada;

Avaliamos que o Objetivo foi alcançado em incremento de volume e valor de
remuneração acima das expectativas.
Pontos Positivos

Incremento no mix de produtos;

Melhor condição ao produto, logística, transporte e manuseio;

Melhor disponibilidade para atendimento aos pedidos.
Pontos Negativos

Pouco Giro no PDV em relação ao volume;

Menor atenção ao tempo de vida em prateleira;

Condições de armazenagem deficitárias.
50
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Produção Integrada de Abacaxi no Tocantins
Aristóteles Pires de Matos
Nilton F. Sanches
Luiz F. da S. Souza
José Elias Jr.
Fernando A. Teixeira
Susana C. Seibeneichler
Introdução
A produção integrada de frutos é um sistema de produção baseado na sustentabilidade,
preservação de recursos naturais e regulação de mecanismos para a substituição de insumos poluentes,
utilizando instrumentos adequados de monitoramento dos procedimentos e a rastreabilidade de todo o
processo. Assim sendo, pode ser definida como um sistema de produção de frutos com qualidades
comerciais, priorizando métodos que sejam os mais seguros ao meio ambiente e à saúde humana. Por
essas características, a produção integrada é considerada o sistema de produção do futuro, e o sistema
convencional não será capaz de competir com ela. É um programa dinâmico, baseado na melhoria
contínua do sistema, tendo como objetivo maior a produção ecologicamente correta de alimento seguro.
Nesse contesto, o projeto “Produção Integrada do Abacaxi no Tocantins” teve início em novembro de
2004 tendo como objetivos: 1) Promover ações no sentido de organizar a base produtora; 2) instituir o
comitê gestor voluntário de gerenciamento da produção integrada de abacaxi, para viabilizar a
incorporação de procedimentos de técnicas agrícolas, gerar e implantar as normas técnicas específicas,
grades de agrotóxicos e cadernos de campo e de pós-colheita; 3) Capacitar produtores dentro dos
princípios estabelecidos para a produção integrada do abacaxi; 4) Implantar o sistema de manejo
integrado de pragas e monitorar e controlar a ocorrência de pragas e doenças, as propriedades químicas do
solo e a nutrição do abacaxizeiro, tanto no sistema de produção integrada (PI) quanto no de produção
convencional (PC); 5) Reduzir o impacto ambiental mediante o uso de práticas racionais de manejo do
solo e da planta, manejo de pragas e doenças, manejo em pré- e pós-colheita, e uso racional de
agroquímicos, com coleta seletiva de suas embalagens, de acordo com a lei federal sobre o assunto; 6)
Comparar a produção e a qualidade dos frutos do abacaxizeiro com base no estado nutricional das plantas,
incidência de pragas e doenças em unidades conduzidas nos sistemas PI e PC; e 7) Realizar o
levantamento sócio-econômico da atividade. A seguir são relatadas as ações do projeto “Produção
Integrada de Abacaxi no Tocantins” no período compreendido entre novembro de 2004 e junho de 2007.
52
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Adesão de produtores
As primeiras atividades do projeto produção integrada do abacaxi no Tocantins consistiram em
promover reuniões onde foram apresentadas e discutidas, com os produtores de abacaxi, as diretrizes
gerais para a produção integrada de frutas. Foram também desenvolvidas ações de motivação e consulta
visando atrair produtores para integrarem o processo de implantação da produção integrada do abacaxi.
No ano agrícola 2004/2005 apenas um abacaxicultor seguiu os preceitos da Produção Integrada do
Abacaxi, em um talhão de 230.000 plantas, na Fazenda Cedro, Município de Miracema do Tocantins,
instalado em dezembro/2004. Visando a divulgação do projeto e adesão de produtores, durante o ano de
2005 foram proferidas 10 (dez) palestras motivacionais em eventos técnicos, feiras agropecuárias,
cooperativas e associações de produtores. Além das palestras motivacionais, entre 2004 e 2006 foram
realizadas 19 (dezenove) visitas técnicas a plantios de abacaxi pertencentes a potenciais integrantes da
PIN-Abacaxi. Esta estratégia de ação possibilitou a adesão de mais onze produtores no ano agrícola
2005/2006 e de quinze em 2006/2007. Assim sendo, o Projeto conta atualmente com a participação de 23
(vinte e três) abacaxicultores distribuídos por 12 (doze) municípios do Estado do Tocantins (Aparecida do
Rio Negro, Bom Jesus, Fortaleza do Tabocão, Guaraí, Miracema do Tocantins, Miranorte, Monte Santo,
Paraíso do Tocantins, Pedro Afonso, Porto Nacional, Rio dos Bois e Tupirama). Em 2007, a área de
cultivo de abacaxi em sistema de produção integrada no Estado do Tocantins é de cerca de 4,3% da área
total plantada com essa cultura naquele Estado.
Diagnóstico participativo (perfil da abacaxicultura tocantinense)
Um diagnóstico participativo foi realizado de maneira a permitir traçar o perfil da abacaxicultura
tocantinense, assim como estabelecer o sistema de produção convencional do abacaxi no Estado. Entre os
problemas identificados destacam-se: a) mudas de baixa qualidade; b) inexistência de produtores de
mudas credenciados; c) ausência de práticas de conservação do solo: d) adubação sem critérios técnicos –
utilização de diversas formulações não apropriadas para o abacaxizeiro; e) irrigação praticada sem
critérios técnicos; f) controle preventivo de pragas e doenças (calendário); g) uso intensivo de herbicidas
pré-emergentes, e em doses elevadas, para controle das plantas infestantes (quatro aplicações por ciclo);
h) capinas manuais associadas a aplicação de herbicidas para controle do mato(seis capinas por ciclo); i)
uso contínuo e abusivo de inseticidas e fungicidas; l) utilização de indutores florais em dosagens três a
quatro vezes mais elevadas que as demais regiões produtoras; k) dificuldades de definição do ponto de
colheita; 1) inexistência de resultados de pesquisa.
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53
Atividades de capacitação
Entre setembro/2004 a julho/2007 foram realizados vinte e quatro (24) cursos abordando os
seguintes temas: 1) Produção Integrada de Frutas; 2) Boas Práticas Agrícolas na produção integrada de
abacaxi; 3) Boas práticas agrícolas na pós-colheita do abacaxi; 4) Manejo Integrado de Pragas e Doenças;
5) Aplicação de defensivos agrícolas; 6) Cultura do Abacaxi com Ênfase em Produção Integrada; 7)
Produção Integrada do Abacaxi; e 8) Produção integrada do abacaxi com ênfase para monitoramento de
pragas e doenças. A realização dos cursos resultou na capacitação de 937 (novecentos e trinta e sete)
profissionais envolvidos no agronegócio tocantinense do abacaxi (abacaxicultores, trabalhadores rurais,
agrônomos, técnicos agrícolas, estudantes, consultores autônomos entre outros).
Durante o período de condução do projeto foram realizados três (03) dias de campo sendo um
sobre “Culturas de cobertura no manejo do mato em pomares de abacaxi conduzidos em sistema de
produção integrada”, Fazenda São João, Pedro Afonso-TO, com 95 participantes; o segundo foi sobre
“Cultura do abacaxi”, Fazenda Cedro, Miracema-TO, 67 participantes; e o terceiro sobre o tema ”Manejo
de plantas infestantes e adubação na cultura do abacaxi em sistema de produção integrada”. Fazenda São
João, Pedro Afonso-TO, que contou com a presença de 143 participantes.
Tabela de adubação
No ano de 2005 os membros da equipe técnica do projeto “Produção Integrada de Abacaxi no
Tocantins” especialistas em fertilidade do solo e nutrição de plantas, elaboraram a Tabela de Adubação
do Abacaxi para o Estado do Tocantins, a primeira do gênero naquele Estado, publicada na forma de
Comunicado Técnico da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento do Estado do Tocantins
(SEAGRO), e que está sendo utilizada para recomendar a adubação do abacaxizeiro no Estado (Tabela 1).
A validação dessa tabela de adubação está sendo realizada mediante condução de cinco experimentos,
delineados pela equipe técnica do projeto/especialista em fertilidade do solo e nutrição de plantas, e
instalados nas regiões produtoras de Miracema do Tocantins, Paraíso do Tocantins, Pedro Afonso e Porto
Nacional, em parceira com os abacaxicultores, Universidade Federal do Tocantins (UFT) Campus de
Gurupi, SEAGRO e Cooperativa Agropecuária de Pedro Afonso (COAPA).
Manejo do mato e conservação do solo
O manejo sustentável do solo e das plantas infestantes está sendo estudado em unidades
experimentais instaladas na Fazenda São João, município de Pedro Afonso, onde estão sendo avaliados os
efeitos de culturas de cobertura (capim pé de galinha, Cynodon dactylon, e o milheto, Pennisetum
americanum,) e do cultivo mínimo sobre o desenvolvimento e produção do abacaxizeiro. Uma outra
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I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
unidade experimental foi instalada na Fazenda Boa Hora, Município de Pedro Afonso, onde está sendo
estudado o efeito do feijão guandu (Cajanus cajan) e do estilozante (Stylosanthes sp.) como culturas de
cobertura no manejo sustentável do solo e das plantas infestantes em plantios de abacaxi conduzidos sob
sistema de produção integrada. Os resultados já obtidos não mostraram efeito de competição do milheto,
capim pé de galinha sobre o desenvolvimento do abacaxizeiro, conforme evidenciado pelo estado
nutricional das plantas determinado pela análise da folha D. Quando da colheita, os percentuais de frutos
acima de 1.500 g foram mais elevados nas quadras com milheto, 84,30%, e capim pé de galinha, 70,78%,
em comparação com o cultivo convencional, 64,39%. Estes resultados mostram o efeito positivo do uso
de culturas de cobertura em plantios de abacaxi conduzidos sob sistema de produção integrada, com
reflexos inclusive no valor da produção.
Tabela 1. Recomendações de adubação para o abacaxizeiro, no Estado do Tocantins, com base em
resultados analíticos do solo.
Nutriente
No plantio
Nitrogênio
Em cobertura – após o plantio
1º ao 2º mês
50
3º ao 4º mês
5º ao 6º mês
N (kg/ha)
60
Antes do TIF
70
80
P2O5 (kg/ha)
Fósforo no solo (Mehlich, mg/dm3)
Até 5
6 a 10
11 a 15
90
60
30
K2O (kg/ha)
Potássio trocável no solo (cmolc/dm3)
Até 0,07*
100
120
140
0,08 a 0,15
90
105
120
0,16 a 0,23
75
90
105
0,24 a 0,31
60
75
90
0,32 a 0,40
50
60
70
TIF – Tratamento de indução floral
*Estas faixas equivale aproximadamente às faixas de: até 30; 31 a 60; 61 a 90; 91 a 120 e 121 a 155 mg dm3 de K
160
140
120
100
80
Informações complementares:
Densidade de plantio – as doses recomendadas pressupõem densidades de plantio em torno de 28 mil plantas/ha.
Adubação fosfatada – se conveniente para o produtor, a adubação fosfatada pode ser feita por ocasião da 1ª adubação em
cobertura, junto com o nitrogênio e o potássio, em lugar da aplicação no plantio.
Aplicação dos adubos em cobertura – em função do manejo dispensado à cultura, inclusive no que se refere ao uso, ou não, da
irrigação, o parcelamento das doses totais dos adubos pode ser reduzido para três vezes, ou ampliado para cinco ou mais vezes.
As adubações devem coincidir com períodos de boa umidade no solo, inclusive na quarta aplicação (início das chuvas do ano
subsequente ao do plantio).
Adubação suplementar – constatando-se plantas pouco vigorosas e/ou com sintomas de deficiências nutricionais, na época
prevista para a indução do florescimento, podem ser feitas adubações suplementares, por via sólida ou por via líquida, de
preferência até 60 dias após a indução.
Fontes de nutrientes – na escolha dos adubos a serem utilizados é importante que pelo menos um deles seja também fonte de
enxofre. Os termosfosfatos magnesianos, usados como fontes de fósforo, são também fontes de magnésio.
Adubação com micronutrientes – por ocasião do plantio, aplicar, por planta, 03 g das fritas BR- 9 ou BR-12, ou de um outro
similar. Os micronutrientes podem também ser fornecidos de forma suplementar, após o estabelecimento da cultura,
preferentemente pela via líquida.
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I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
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Avaliações visuais na unidade de cultura de cobertura instalada na Fazenda Boa Hora não
mostraram efeito de competição do feijão guandu. Por outro lado, o estilozantes apresentou competição
com o abacaxizeiro causando sintomas visuais de deficiência nutricional provavelmente devido ao
manejo utilizado. Considerando a excelente cobertura do solo proporcionada pelo estilzantes, novos
experimentos foram planejados nos qual o número de roçagens dessa cultura de cobertura foi aumentado
numa tentativa de reduzir o efeito de competição.
Na Fazenda Realeza, município de Porto Nacional, e na Fazenda Conquista, município de
Tupirama, foram instaladas unidades de produção integrada de abacaxi em curvas de nível, como
alternativa para a conservação do solo sob o abacaxizeiro, unidades estas que se encontram em fase de
desenvolvimento vegetativo.
Ainda com referência ao manejo sustentável do mato e do solo, foi desenvolvida uma alternativa
para o controle das plantas infestantes associadas à cultura do abacaxizeiro que consiste na roçagem das
entre linha do plantio mediante utilização de uma roçadeira manual com motor a explosão. Resultados
preliminares mostraram, além de eficiência no manejo das plantas infestantes, vantagens ambientais
econômicas e sociais, portanto em perfeita concordância com os preceitos da Produção Integrada de
Frutas. Algumas dessas vantagens são a seguir relatadas: 1) A parte aérea das plantas infestantes
permanece sobre o solo, constituindo-se em cobertura morta, protegendo-o contra a erosão hídrica, assim
como reduzindo a intensidade de infestação subsequente pelas plantas associadas ao abacaxizeiro; 2) A
eficiência da roçadeira manual no manejo das plantas infestantes do abacaxizal dispensa o controle
químico (aplicação de herbicidas), portanto contribuindo de maneira significativa para a preservação
ambiental, reduzindo problemas de contaminação da água e do solo. 3) O uso da roçadeira manual
substitui também a capina manual e, por conseguinte, seus efeitos negativos ao meio ambiente como, por
exemplo, a exposição excessiva e prolongada do solo descoberto à ação das intempéries; 4) A roçagem,
sendo realizada a cerca de 10 cm da superfície do solo, não provoca alterações em sua estrutura física; 5)
A roçagem das plantas infestantes associadas à cultura do abacaxizeiro é atividade que exige menor
esforço em comparação com a capina manual; 6) Comparada com o controle químico, a roçagem não
apresenta riscos à saúde humana, haja vista que não há exposição do trabalhador aos efeitos negativos dos
herbicidas; 7) Além de requerer menor esforço físico do trabalhador, a roçagem também permite projetar
uma redução acentuada na probabilidade de acidentes de trabalho, tanto em comparação com a capina
manual, quanto ao controle químico; 8) A roçagem de um hectare de abacaxi utilizando a roçadeira
manual pode ser feita com apenas um homem/dia, e um consumo médio de 3 litros de combustível
enquanto para proceder a capina manual em uma área de igual superfície são necessários 10 homens/dia.
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I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Monitoramento de pragas e doenças
O monitoramento da fusariose, doença causada pelo fungo Fusarium subglutinans, da pordidãodo-olho, Phytophthora nicotianae var. parasitica e da murcha associada à cochonilha, “Pineapple
mealybug wilt virus”/Dysmicoccus brvipes estão sendo realizados, com periodicidade mensal, nas quinze
unidades de produção integrada de abacaxi no Tocantins. Os resultados obtidos até o momento nas
unidades de produção integrada de abacaxi têm mostrado que, durante o ciclo vegetativo da cultura, a
incidência da fusariose variou de 0,0 a 16,6%, e da murcha-associada-à-cochonilha, de 0,0 a 6,4%. O
monitoramento da broca do fruto, Strymon megarus, é realizado, com freqüência semanal, no período
correspondente ao aparecimento da inflorescência na roseta foliara até o fechamento das flores.
Racionalização do uso de agrotóxicos
A introdução de tecnologias sustentáveis para o manejo do mato em plantios do abacaxizeiro
conduzidos sob sistema de produção integrada resultou na eliminação do uso de herbicidas em préemergência, com reflexos positivos na preservação ambiental. Adicionalmente procedeu-se a redução de
quatro para duas aplicações de herbicidas unicamente em pós-emergência. Procedeu-se também uma
redução na dosagem de herbicida aplicada de 6 a 10kg/ha para 2 a 3 kg/ha. A avaliação social, econômica
e ambiental da produção integrada do abacaxi no Tocantins mostrou, de acordo com produtores, uma
redução de 47% na freqüência de aplicação de herbicidas. Considerando a redução na quantidade aplicada
do produto e a freqüência de aplicação, estima-se uma redução de 75% deste agrotóxico.
Com a implantação e implementação do monitoramento de pragas e doenças nas unidades de
produção integrada de abacaxi no Tocantins, eliminou-se a prática do controle químico preventivo de
pragas e doenças comumente utilizada pelos abacaxicultores tocantinenses. A implementação de
intervenções de controle com base no monitoramento resultou em redução da ordem de 38% no uso de
inseticidas, e de 23% de fungicidas.
Racionalização no uso de fertilizantes
Quando do diagnóstico participativo da abacaxicultura tocantinense, constatou-se que a adubação
do abacaxizeiro naquele Estado era praticada sem critérios técnicos. Em função disto o projeto “Produção
Integrada de Abacaxi no Tocantins” promoveu, a elaboração da “Tabela de Adubação do Abacaxi para o
Estado do Tocantins”, a primeira do gênero naquele Estado, publicada na forma de Comunicado Técnico
da Secretaria de Agricultura Pecuária e Abastecimento do Estado do Tocantins, resultante da parceria
entre o Projeto, a Secretaria de Agricultura do Tocantins, a Escola de Agronomia da Universidade Federal
do Tocantins e abacaxicultores. A utilização da referida Tabela para recomendação da adubação
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I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
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possibilitou, nas unidades de produção integrada do abacaxi no Tocantins, reduções significativas no uso
de fertilizantes, mantendo a qualidade do produto final. As taxas de redução na quantidade de fertilizantes
são especificadas a seguir: uréia, 31%; sulfato de amônio, 25%; superfosfato simples, 29%; cloreto de
potássio 43%.
Redução nos custos de produção
O manejo do mato mediante roçagem com roçadeira manual com motor a explosão reduz a mão
de obra de 60 d/h por hectare por ciclo da cultura utilizada na capina manual (sistema convencional), para
10 d/h por hectare por ciclo (sistema integrado), o que corresponde a 83% de redução. No caso da
aplicação de agrotóxicos a redução foi de 42%, equivalente a utilização de 31 d/h por hectare por ciclo da
cultura no sistema convencional para 18 d/h por hectare por ciclo da cultura no sistema integrado.
Considerando-se as duas atividades conjuntamente, a redução na mão de obra foi de 69,2%.
Unidades demonstrativas
Considerando que o cultivo de variedades resistentes é a medida mais eficiente, econômica e
ambientalmente não agressiva para o controle de fitomoléstias, foram instaladas quatro unidades
demonstrativas do abacaxi ‘Imperial’, resistente à fusariose nas regiões produtoras de Aparecida do Rio
Negro (Fazenda Santo Ângelo), Miracema do Tocantins (Fazenda Cedro), Pedro Afonso (Fazenda São
João) e Porto Nacional (Fazenda Realeza). Todas as unidades demonstrativas estão sendo conduzidas de
acordo com os preceitos da produção integrada de abacaxi. Considerando que as maiores incidências da
fusariose no Tocantins são verificadas nas colheitas do mês de maio, o tratamento de indução floral está
previsto para ser realizado em novembro/dezembro de 2007 o que possibilitará a colheita em abril/maio
de 2008, fornecendo aos abacaxicultores a possibilidade de efetuar uma comparação entre comportamento
do abacaxi ‘Imperial’ e do ‘Pérola’, no que diz respeito à incidência da fusariose.
Parcerias
Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Estado do Tocantins (SEAGRO);
Cooperativa Agropecuária de Pedro Afonso (COAPA); Instituto de Desenvolvimento Rural do Tocantins
(RURALTINS); Agência de Defesa Agropecuária do Tocantins (ADAPEC); Universidade Federal do
Tocantins (UFT), Campus de Gurupi; Faculdades Guaraí (FAG); Serviço de Apoio à Pequena e Média
Empresa (SEBRAE); Abacaxicultores; Amazônia Fruit; Realeza Fruit.
58
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Publicações
MATOS, A. P. de. Manejo integrado da podridão-do-olho do abacaxizeiro. Cruz das Almas: Embrapa
Mandioca e Fruticultura Tropical, 2005. 2 p. (EMBRAPA-CNPMF. Abacaxi em Foco, 33).
MATOS, A. P. de. Manejo integrado da podridão-negra do fruto do abacaxizeiro. Cruz das Almas:
Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, 2005. 2 p. (EMBRAPA-CNPMF. Abacaxi em Foco, 34).
MATOS, A. P. de; CABRAL, J. R. S. Manejo integrado da fusariose do abacaxizeiro. Cruz das
Almas: Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, 2005. 2 p. (EMBRAPA-CNPMF. Abacaxi em Foco,
32).
MATOS, A. P. de; SOUZA, L. F. da S.; SANCHES, N. F.; ELIAS JR., J. Produção integrada do abacaxi
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MATOS, A. P.; SOUZA, L. F. da S.; SANCHES, N. F.; TEIXEIRA, F. A. Integrated Pineapple
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MATOS, A. P.; TEIXEIRA, F. A.; SANCHES, N. F.; ELIAS JR., J.; SEOUZA, L. F. da S. Culturas de
cobertura no manejo de plantas infestantes e na conservação do solo em plantios de abacaxi em sistema
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abacaxizeiro. Cruz das Almas: Embrapa Mandioca e Fruticultura, 2006. (Abacaxi On-Line, v. 4).
Disponível em: <http://www.cnpmf.embrapa.br/informativos/abacaxi/abacaxi_4_1_06.pdf>. Acesso em:
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MATOS, A. P.; TEIXEIRA, F. A.; SANCHES, N. F.; ELIAS JR., J.; SOUZA, L. F. da S.; CORDEIRO,
D. G.. Roçadeira manual com motor a explosão: alternativa para o manejo integrado do mato em
abacaxizais conduzidos em sistema de produção integrada. In: SEMINÁRIO BRASILEIRO DE
PRODUÇÃO INTEGRADA DE FRUTAS, 8., 2006, Vitória, ES. Anais... Vitória: Incaper, 2006. p. 145.
SANCHES, N. F. Manejo integrado da broca-do-fruto do abacaxi. Cruz das Almas: Embrapa
Mandioca e Fruticultura Tropical, 2005. 2 p. (EMBRAPA-CNPMF. Abacaxi em Foco, 36).
SANCHES, N. F. Manejo integrado da cochonilha do abacaxi. Cruz das Almas: Embrapa Mandioca e
Fruticultura Tropical, 2005. 2 p. (EMBRAPA-CNPMF. Abacaxi em Foco, 35).
SANCHES, N. F.; MATOS, A. P.; TEIXEIRA, F. A.; ELIAS JR., J.; CORDEIRO, D. G. Monitoramento
da murcha do abacaxizeiro associada à cochonilha em sistema de produção integrada no Tocantins. In:
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SOUZA, L. F. da S.; MATOS, A. P. de; SIEBNEICHLER, S. C.; ELIAS JÚNIOR, J.; CORDEIRO, D. G.
Recomendação de adubação para o abacaxizeiro no Estado do Tocantins, com base na análise do
solo. Tocantins: Secretaria de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento do Tocantins, 2005. 2 p.
(Secretaria de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento do Tocantins. Comunicado Técnico, 04).
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
59
Depoimentos de alguns de produtores participantes da PIN-Abacaxi
“No Tocantins, tradicionalmente o abacaxizal é mantido limpo durante todo o seu ciclo produtivo
mediante aplicações de herbicidas pré-emergentes e capinas manuais. A proposta do Projeto Produção
Integrada do Abacaxi de manejar o mato por meio de culturas de cobertura, roçagens com uma
roçadeira manual com motor a explosão, cobertura morta, e eventualmente herbicida pós-emergente me
pareceu bastante atrativa. Hoje planto feijão guandu entre as fileiras duplas do abacaxizal, faço a
roçagem e deixo a cobertura morta.”(Euid Eduardo Moura, Fazenda Boa Hora (8 hectares plantados com
abacaxi), Pedro Afonso, Agosto/2007).
“As principais contribuições que recebi com minha adesão ao Projeto Produção Integrada do
Abacaxi dizem respeito à necessidade de ter um planejamento e uma organização do plantio. Atualmente
tenho um planejamento das atividades, sei o que fazer, quando fazer, e como fazer. Se não sei como
fazer, procuro orientação técnica junto à coordenação do projeto.” (Delson Hansen, Estância Lajedo (15
hectares plantados com abacaxi), Fortaleza do Tabocão-TO, Fazenda Juazeiro (10,5 hectares cultivados
com abacaxi) Guaraí-TO, Novembro/2006).
“Antes de aderir ao Projeto Produção Integrada do Abacaxi meu plantio carecia de organização.
Eu percorria todo o plantio para conseguir colher frutos suficientes para formar a carga de uma
caminhonete. Depois que aderi ao projeto já consegui vender um caminhão fechado.” (Roney
Lopes/Evanis Roberto Lopes, Fazenda São João (6 hectares cultivados com abacaxi), Pedro Afonso-TO,
Novembro/2006).
“Depois que aderi ao Projeto Produção Integrada do Abacaxi melhorei em muito a organização
e o planejamento do meu plantio com reflexos positivos na comercialização dos frutos e aumento da
renda.” (Glauco Giordani, Fazenda Roncador (28 hectares de abacaxi), Aparecida do Rio Negro-TO,
Novembro/2006).
“No meu plantio de abacaxi não entra mais um grama de herbicida; o manejo do mato é feito
apenas por roçagens com a roçaderia manual com motor a explosão.” (Washington Dias, Fazenda São
Bento (60 hectares cultivados com abacaxi), Miracema do Tocantins-TO, Novembro/2006).
“Plantava cerca de 300.000 pé de abacaxi, e estava desistindo da atividade quando tomei
conhecimento do Projeto Produção Integrada. Resolvi experimentar e plantei 620.000 pés (240.000 no
sistema convencional e 380.000 no sistema integrado). No princípio não acreditei que o manejo do mato
por meio de roçagens e somente herbicida pós-emergente daria certo. Os resultados foram tão bons que
já plantei mais 500.000 pés. Minha meta é chegar a 1.500.000 pés de abacaxi até 2008. Estou reduzindo
o rebanho bovino e me dedicando mais à cultura do abacaxi.” (Nelmo Kliemann, Fazenda Santo Ângelo
(25 hectares cultivados com abacaxi), Aparecida do Rio Negro-TO, Março/2007).
60
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I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
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SAPI leite bovino
Roberta Mara Zuge
Carmen N. M. Cortada
Introdução
O agronegócio brasileiro, em geral, tem superado a expectativa de produção nos últimos anos.
Esta produção sofre diversos tipos de concorrência e os produtores ainda necessitam garantir que
produzem com qualidade, uma exigência dos mercados. Na área de produção de alimentos, os problemas
ligados à qualidade vêm aumentando pelos fatores relacionados à industrialização e crescimento da escala
das empresas, à tendência de suprimento globalizado dos supermercados e das indústrias, à crescente
complexidade das cadeias de produção e distribuição e, mundialmente, à preocupação dos consumidores
com a saúde. Desta maneira, os fornecedores são motivados a evidenciar aos consumidores o que seus
produtos realmente são. Para demonstrar e garantir o que os seus produtos podem oferecer aos
consumidores, os produtores dispõem com recursos como a rastreabilidade, a certificação ou mesmo os
mecanismos reputacionais.
A cada dia, em sintonia com o processo de globalização da informação, esta preocupação com a
qualidade dos produtos agropecuários tem sido mais presente (difundida, tem se tornado cosmopolita),
resultando em demandas semelhantes, tanto no mercado europeu, quanto no mercado americano ou de
outras partes do mundo. De uma maneira geral, o foco da preocupação tem sido a composição final dos
produtos oferecidos que, pelo processo de produção, ou mesmo pela busca intensa de maior
produtividade, apresenta ampla possibilidade de contaminação por elementos químicos, físicos e
biológicos. Na modernização do processo de produção novos elementos têm sido incorporados, cuja
inocuidade ainda não está comprovada. Atualmente, podemos arrolar como as principais preocupações
dos consumidores, as que se referem à presença de resíduos de agroquímicos, contaminação dos produtos
agropecuários por microrganismos e à alteração da composição genética do produto por meio da
introdução de genes de outras espécies. A importância do tema resulta no fato de que estas preocupações
se tornam o elemento motivador preponderante para a criação e implementação de normas técnicas,
regulamentos e padronização dos produtos agropecuários.
Dentre estes problemas, os produtos oriundos de produção animal têm merecido destaque na mídia
por problemas recorrentes em diversos continentes. Assim, o país que quiser se manter competitivo nos
mercados deve evidenciar uma produção segura de alimentos, em especial após as crises alimentares,
como a causada pelo aparecimento da BSE, da contaminação com dioxina e diversas outras intoxicações
alimentares, que ocorreram nos EUA e Comunidade Européia nos últimos anos.
62
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Os produtores de leite estão no ramo de produção de alimentos e assim, devem garantir que leite
cru que produzem possam satisfazer as exigências dos laticínios e do consumidor final quanto ao sabor, à
qualidade e à segurança.
No passado, a reputação da indústria ou acertos verbais eram suficientes para garantir ao
consumidor que o alimento era seguro; no entanto, hoje em dia os consumidores exigem provas de que o
alimento que está sendo adquirido enquadra-se em requisitos de segurança de alimentos. Os produtores de
leite desempenham um importante papel central no que diz respeito à qualidade do leite cru, que é
fundamental para o desempenho e viabilidade da indústria de laticínios, bem como para a vida de
prateleira do produto.
O estabelecimento de normas e regulamentos para a elaboração de produtos, agropecuários ou
não, contribui para aperfeiçoar o fluxo de informações e o entendimento entre produtores, vendedores,
compradores e os demais agentes envolvidos nas transações comerciais, garantindo tratar-se do mesmo
produto quando enquadrado num padrão específico, pré-estabelecido e conhecido dos interessados. De
modo geral, os padrões são estabelecidos levando em consideração os requisitos e demandas dos
interessados, que podem ser resultado de um acordo entre as partes, ou elaborados por organismo
detentor de capacidade, competência e idoneidade para tanto, nos quais as partes interessadas
reconhecem o processo por meio de adesão.
A Avaliação da Conformidade é um instrumento que promove o desenvolvimento industrial,
coopera para o aumento da competitividade das micro e pequenas empresas contribuindo para a melhoria
da qualidade de produtos e protegendo o consumidor. Também estimula a concorrência, fortalece o
mercado interno e tem impacto positivo na balança comercial, pois promove incremento nas exportações,
por melhorar a competitividade, facilitando o acesso a novos mercados.
A avaliação da conformidade é mera técnica de confrontação dos requisitos estabelecidos por
determinada norma com as condições de elaboração de um bem ou serviço. É a checagem realizada por
agentes de um organismo credenciado para conceder uma certificação (auditoria externa) ou por agentes
da própria empresa para verificar se o conjunto de requisitos especificados em determinada norma são
observados e atendidos pelo produtor (auditoria interna).
Cadeia Produtiva do Leite
A despeito das dificuldades e crises, o agronegócio no Brasil é responsável por aproximadamente
um terço do Produto Interno Bruto, contribuindo com mais de 40% das exportações nacionais nos
últimos três anos. Os principais produtos da pauta de exportação brasileira são a soja, os sucos de frutas
(laranja), as frutas frescas e as carnes. O país ocupa a terceira posição no ranking dos maiores produtores
mundiais de frutas, é o segundo maior produtor e exportador de soja e o maior exportador de carne
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
63
bovina. Numa projeção para os próximos anos, o setor deverá ofertar, entre empregos diretos e indiretos,
aproximadamente 39% do total de postos de trabalho disponíveis no país. Tudo isso é possível pela
elevada e crescente produtividade da agropecuária, que apresenta um imenso rol de produtos advindos do
campo, produzidos com mais rapidez e quantidade do que na maioria dos países do mundo, em razão das
condições climáticas favoráveis, da disponibilidade de água e de investimentos em qualificação de
pessoas e desenvolvimento de técnicas de produção mais adequadas às condições nacionais.
O Brasil passou de importador de leite a exportador, ainda em valores não tão significativos como
outras cadeias do agronegócio, mas com perspectivas bastante promissoras de exportação, com a
produção de derivados com maior valor agregado. Com relação à participação no Comércio Internacional,
os maiores exportadores disponibilizam 30 bilhões de litros ao mercado internacional, sendo os maiores
exportadores a Nova Zelândia com 34%, a União Européia 31% e a Austrália 15%.
As exportações do Brasil que eram de 8,9 milhões de toneladas em 2000, passaram para 68,2
milhões em 2004; um crescimento surpreendente, mas que representa um volume incipiente em relação
aos outros países exportadores.
Queijos e requeijão
Manteiga
Soro de leite
Soro de leite
coalhado
1,82
0,10
0,02
0,03
2005
2000
1,84
1,25
Leite concentrado
Leite não
concentrado
10,99
2,42
61,79
4,77
1,90
0,36
0,00
10,00
20,00
30,00
40,00
50,00
60,00
70,00
Figura 1. Exportações de Lácteos brasileiros.
Importação de lácteos (2000vs2005)
3,3
Queijos e requeijão
Manteiga
0,6
15,7
12,9
31,8
43,1
Soro de leite
Soro de leite coalhado
2000
34,2
Leite concentrado
Leite não concentrado
2005
0,7
0,4
139,0
2,3
0,0
95,9
20,0
40,0
60,0
80,0 100,0 120,0 140,0 160,0
Toneladas
Figura 2. Importações de lácteos.
64
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
O sistema agroindustrial do leite no Brasil movimentou R$ 64,78 bilhões em 2004. Do total de
leite produzido, 33,7% foi destinado para a produção de queijos, que movimentou cerca de R$ 5,54
bilhões, 18,7% para leite UHT (longa vida), com o valor de R$ 5,87 bilhões, e leite em pó, que consumiu
18,6% da produção e movimentou mais de R$ 3,54 bilhões em 2004. Outros derivados, como leite A e B,
manteiga e iogurtes consumiram cerca de 2,3 bilhões de litros de leite e movimentaram mais de R$ 4,4
bilhões em 2004. No Brasil, estima-se que em 2007 a pecuária leiteria ofertará 25,1 bilhões de litros, com
um rebanho superior a 22 milhões de animais, com uma produtividade média de 1.145 litros vaca ao ano.
Algumas bacias leiteiras especializadas, caso da região de Campos Gerais no Paraná, destaca-se com uma
produtividade de 7900 kg/305dias/vaca.
Produção Anual de Leite por animal
Volume de leite (x1000L)
vaca por ano
2
1,5
1
0,5
0
Norte
Nordest e
C. Oeste
Sudest e
Sul
Figura 3. Médias de produção de leite anual.
Fonte: IBGE – Pesquisa Mensal do Leite, Pesquisa Pecuária Municipal e Pesquisa Trimestral do Leite. (Valores em milhões de
litros).
Produção diária
Litros de leite
6
5,44
5
4
3,06
3
2
1,64
3,70
2,05
1
0
Nort e
Nordeste
C. Oeste
Sudeste
Sul
Regiões
Figura 4. Médias de produção diária por animal.
Fonte: IBGE – Pesquisa Mensal do Leite, Pesquisa Pecuária Municipal e Pesquisa Trimestral do Leite. (Litros de leite por vaca
por dia nas distintas regiões do país).
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
65
A produção brasileira de leite vem crescendo a uma taxa consistente ao longo dos últimos 25 anos.
De 1995 para 2005, a produção aumentou cerca de 50%, passando de 16,4 bilhões para estimados 25
bilhões. Não só o número é considerável, como também a continuidade do crescimento chama a atenção.
A Argentina, que tem evidenciado bons números nas exportações, teve uma retração de 16% na produção
de leite entre 2001 e 2003, só recuperando a produção no ano passado, para em 2006 atingir 10 bilhões de
litros. De 2001 para 2005, a produção brasileira cresceu 4,5 bilhões de litros, ou seja, metade da
Argentina.
Produção de leite no Brasil
Milhões de litros
25.000
20.000
15.000
10.000
5.000
Brasil
Figura 5. Evolução da produção de leite no Brasil.
Fonte: IBGE – Pesquisa Mensal do Leite, Pesquisa Pecuária Municipal e Pesquisa Trimestral do Leite.
O incremento da produção e da exportação de leite está relacionado à melhoria da qualidade da
matéria-prima, ponto de extrema importância para o futuro da Cadeia Produtiva do Leite no Brasil, em do
aumento do poder aquisitivo da população. Neste cenário, a melhoria da qualidade desencadeia
crescimento, tanto nas exportações, quanto no consumo interno. Por isto, a importância de um novo
conceito de qualidade para o leite produzido.
O conceito qualidade é bastante amplo, pois ele pode ser ampliado quando se incluem na
qualidade o processo de produção e não apenas as características organolépticas e de sanidade, mas
requisitos outros como rastreabilidade, responsabilidade social, bem estar dos trabalhadores e dos animais
e questões ambientais.
Assim, no leite, além de se evidenciar características como porcentagem do gordura, contagem
bacteriana, de células somáticas, entre outras, que podem ser avaliadas em laboratórios específicos, devese evidenciar também que foi produzido em condições adequadas e que a propriedade cumpriu todas as
exigências legais, além de requisitos de boas práticas agropecuárias. Estes requisitos não podem ser
avaliados apenas com ensaios laboratoriais, mas por meio da avaliação da conformidade de terceira parte,
com a emissão de um atestado para o produto e para o processo de produção.
66
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I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
SAPI Leite Bovino
O processo de criação da norma SAPI Leite Bovino foi iniciada por uma demanda do setor.
Existem diversas iniciativas no sentido de valorização do leite que tenha qualidade. Há décadas os
produtores almejam um sistema que premie o leite de melhor qualidade. Algumas ações já surtiram efeito,
caso do Sindileite-PR, que regula os preços com bonificação do leite que evidenciem as melhores
características. Do mesmo modo, algumas cooperativas gratificam produtores que tenham regularidade de
produção de qualidade, e punem os produtores que entreguem o leite com resíduo ou alta contagem de
células somáticas, como exemplos.
No entanto, estes processos não possuem uma sistematização ou normalização que possa ser
evidenciada, ou mesmo comprovada para o mercado. Assim, uma norma passível de certificação,
atenderia esta demanda do setor.
O projeto conta com o financiamento do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, por
intermédio do CNPq. Deverá ser finalizado em outubro de 2008, com a consolidação da norma técnica.
Para elaboração dos requisitos da norma SAPI leite foi constituído um comitê gestor, sendo do
Tecpar o coordenador, em parceria com diversas entidades pertinentes, como associações de produtores,
federação da agricultura, organização de cooperativas, secretaria e ministério da agricultura, extensão
rural, universidades e institutos de pesquisa, totalizando 11 organizações. No período de um ano foram
realizadas diversas reuniões com o comitê para elaboração dos requisitos, que no momento estão sendo
implementados em propriedades rurais do Paraná.
Figura 6. Distribuição das propriedades piloto no Paraná.
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
67
No transcorrer do projeto, as entidades que representam os produtores no comitê gestor do projeto
indicaram 20 propriedades para serem avaliadas e selecionadas as que seriam consideradas como
propriedades pilotos. Destas, 8 estão em fase de implementação. As propriedades estão localizadas nas
cidades de Castro, Carambeí e Palmeira.
As propriedades foram pré-selecionadas com o intuito de se obter um grupo que fosse abrangente
em termos de volume e processo de produção e diferentes raças leiteiras. Neste grupo estão representadas
as raças: holandês, jérsei e pardo suíço. Há propriedades com produção em torno de 1000 l de produção
dia, ou menos, e outras acima de 16.000 l. Propriedades com número pequeno de animais em lactação e
outras bem maiores. Assim como estão representados diferentes sistemas de produção: confinado, semiconfinado e a pasto. Do mesmo modo, foi avaliado o interesse do produtor em implementar o processo.
Os dados abaixo das propriedades piloto são da Associação Paranaense de Bovinos da Raça
Holandesa (APCBRH), laboratório de análise do leite do programa de análise de rebanhos leiteiros do
Paraná. A média do estado tem como fonte o IBGE – Pesquisa Mensal do Leite, Pesquisa Pecuária
Municipal e Pesquisa Trimestral do Leite.
Volume de Produção
Produção diária por
vaca
35
34,72
33,60 32,61
31,47
30
29,34
26,13 25,78
25
21,04
20
15
10
5,44
5
0
Propriedade Propriedade Propriedade Propriedade Propriedade Propriedade Propriedade
1
2
3
4
5
6
7
Média do
Média Sul
Grupo
Figura 7. Médias de produção por animal das fazendas pilotos e da região sul do país.
Pode-se perceber, pelo gráfico acima, que algumas propriedades tem um número relativamente
pequeno de animais em lactação (abaixo de 50), o que não impede que tenha uma produção acima de
1000 L de leite por dia.
Alguns requisitos de qualidade do leite estão sendo monitorados, como: a contagem de células
somáticas (CCS), porcentagem de gordura, proteína e sólidos totais. Além dos controles leiteiros,
mensurando quantidade de leite produzido por animal, médias de produção da propriedade entre outros
parâmetros de produção, como controle reprodutivo e sanitário.
68
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I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Animais em Lactação
Número de animais
400
380
300
308
200
100
124
109
0
1
2
3
55
47
4
5
101
6
Propriedades
S1
7
Figura 8. Número de animais em lactação por propriedade do projeto piloto.
CCS (x 1000/ml)
589
600
500
420
400
341
334
300
286
268
233
228
178
200
100
0
Propriedade 1
Propriedade 2
Propriedade 3
Propriedade 4
Propriedade 5
Propriedade 6
Propriedade 7
Média do Grupo Média do Est ado
Figura 9. Médias de contagem de células somáticas nas propriedades pilotos e do Paraná.
Fonte: APCBRH.
A norma técnica está definida em áreas temáticas, sendo elas:
1. Capacitação
2. Organização de produtores
3. Recursos naturais
4. Requisitos dos animais
5. Manejo sanitário
6. Sistema de rastreabilidade e cadernos de campo
7. Assistência técnica
8. Registros
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I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
69
9. Instalações, equipamentos e manutenção
10. Gestão de resíduos
11. Manejo alimentar
12. Sistema de produção e manejo
13. Manejo sanitário – sanidade animal
14. Higiene, limpeza e desinfecção
15. Controle de qualidade
16. Legislação pertinente (ambiental, trabalhista, sanitária)
17. Equipamentos de ordenha, resfriadores e manejo de ordenha.
Esta norma está em forma de rascunho, podendo sofrer alterações após os resultados do processo
de implementação nas fazendas pilotos. Os produtores já realizaram treinamentos sobre os requisitos da
Norma e processos de boas práticas agropecuárias e APPCC.
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ZÜGE, R. M. Certificação no Agronegócio. In: CONGRESSO DE METROLOGIA, Recife, PE, 2003.
70
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
IX Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
71
Situação atual e perspectivas da Produção
Integrada de Arroz no Brasil
Maria Laura Turino Mattos
José Francisco da Silva Martins
José Alexandre Barrigossi
José Alberto Noldin
George Simon
O sistema de Produção Integrada (PI) foi iniciado no Brasil em 1998, primariamente com frutas
(PIF = produção integrada de frutas), com o principal objetivo de oferecer maior competitividade para o
setor de produção de maçã (SANHUEZA, 2006). O modelo consolidado de PIF foi utilizado como
referência pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para instalar o Sistema
Agropecuário de Produção Integrada (SAPI) em todo o território nacional (ANDRIGUETO et al., 2004).
Neste contexto, em 2005, foi implantado o sistema de Produção Integrada de Arroz (PIA), instrumento de
apoio ao agronegócio orizícola que está buscando um indicador com identidade visual própria, com
reconhecimento em nível nacional e internacional, que assegure a gestão da propriedade agrícola com
enfoque na qualidade, em franca exigência pela sociedade.
Em sua etapa inicial, a PIA foi implementada em várzeas subtropicais e tropicais nos Estados do
Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Tocantins. No Rio Grande do Sul, este agroecossistema anualmente
recebe elevada carga de insumos químicos, especialmente de fertilizantes, herbicidas, inseticidas, cujos
resíduos, por meio das águas de lançamento, podem contaminar os mananciais hídricos da região. O
modelo conceitual de PIA que será implementado em várzeas tropicais e subtropicais está apresentado na
Figura 1 (MATTOS et al., 2006).
Rotação de
Culturas
Manejo
Integrado do
Solo e da Água
de Irrigação
Semente
de Alta
Qualidade
Monitoramento
Ambiental
Manejo
de Cultivares, da
Cultura e
de Criações
Manejo
Integrado de
Pragas
Produção Integrada
de Arroz Irrigado
Manejo
Integrado de
Nutrientes
Manejo da
Colheita e
Pós-Colheita
Grãos e
Produtos de
Qualidade
Responsabilidade
Social
Segurança
Alimentar e
Ambiental
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I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
Fig. 1. Modelo conceitual da produção integrada de arroz irrigado. Embrapa Clima Temperado, Pelotas, RS.
A PIA é um sistema que ao ser implantado, além de minimizar os impactos ambientais negativos
da lavoura orizícola, irá inserir, direta ou indiretamente, na cadeia produtiva do arroz, boas práticas
agrícolas (BPAs) e vários processos com abordagem alimentar, ambiental e social. constituindo-se em um
sistema de certificação oficial. Na PIA, é fundamental que componentes (cultivares, agrotóxicos,
fertilizantes, equipamentos, etc.), práticas culturais (preparo do solo, semeadura, adubação, irrigação e
drenagem, manejo integrado de pragas (MIP), colheita, beneficiamento, armazenamento, etc.) e recursos
naturais (água, biodiversidade, clima, solo), associados a sistemas de produção de arroz irrigado, sejam
utilizados de modo a permitir a redução do uso de insumos químicos, facilitando o alcance de (1) maior
produtividade e (2) maior qualidade do produto final (segurança alimentar), com (3) segurança ambiental
e responsabilidade social. Na PIA é fundamental o estabelecimento de uma gestão participativa,
envolvendo todos os segmentos da cadeia produtiva do arroz irrigado. Contudo, no decorrer de sua
aplicação, verificam-se alguns desafios e oportunidades para a adoção do processo.
A metodologia empregada para sensibilizar os produtores a aderirem voluntariamente a PIA, foi a
realização de palestras, reuniões, cursos e a confecção de um folder contendo o modelo conceitual da
PIA, onde os orizicultores puderam observar as diferenças entre os sistemas convencional, integrado e
orgânico de cultivo de arroz irrigado. A partir de dezembro de 2005 iniciou-se a aplicação dessa
metodologia em parceria com o MAPA, Instituto Nacional de Metrologia (INMETRO), Conselho
Nacional de Pesquisa (CNPq) e Associação Nacional de Defensivos Agrícolas (ANDEF).
A primeira etapa para implementação da PIA constou da sensibilização da cadeia produtiva do
arroz irrigado. Para tal, foram realizadas reuniões no RS, SC e TO, em dezembro de 2005 e março de
2006, privilegiando o seguinte conteúdo: apresentação do programa de PI, apresentação do projeto PIA e
apresentação da importância da PIA para o aumento do consumo seguro de arroz e competitividade da
cadeia orizícola. O público alvo foi formado por representantes de instituições públicas federais, estaduais
e municipais, e de instituições privadas, todos ligados ao agronegócio do arroz. Para divulgação dessa
etapa, foram utilizados os meios eletrônicos e impressos. Também foram realizadas palestras, publicados
trabalhos em revistas e anais de eventos, visando a multiplicação dos princípios da PIA.
Na segunda etapa, em 2006, foram realizados os cursos básicos de PIA, em Alegrete (RS) e Itajaí
(SC) com o objetivo de capacitar multiplicadores para sua implantação nos segmentos campo e póscolheita (beneficiamento e indústria do arroz). O conteúdo programático dos cursos seguiu o estipulado
pelo MAPA, incluindo: situação atual da PI no Brasil e perspectivas, importância da PIA como um
sistema de melhoria da competitividade do agronegócio, exigências mercadológicas, comercialização:
produto diferenciado e inovações tecnológicas: check tracing e caderneta de campo. Nessa etapa,
surgiram demandas para a realização de cursos em outros estados produtores de arroz irrigado, como foi o
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I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
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caso do município de Cabrobó, PE, onde foi realizado um curso com o objetivo de sensibilizar os técnicos
e produtores em relação às vantagens de utilização da PI como forma de agregar valor à sua produção. O
material didático fornecido aos participantes dos cursos tem o apoio do MAPA, do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Associação Nacional de Defesa Vegetal
(ANDEF).
Nessa etapa, houve a adesão voluntária de produtores ao processo, condição básica para viabilizar
a PIA. Em função disso, foram iniciados o diagnóstico ambiental e o monitoramento de pragas em quatro
áreas piloto nos municípios de Alegrete (RS) e Uruguaiana (RS). O diagnóstico da paisagem, do descarte
de embalagens de agrotóxicos e de resíduos de agrotóxicos e fertilizantes, realizados por técnicos do
projeto em conjunto com os responsáveis técnicos das granjas, seguiram os padrões internacionais
(EATON et al., 2006) de coleta e preservação de amostras de solo, água e grãos e os preceitos
estabelecidos na legislação brasileira. O monitoramento de pragas (principalmente doenças, insetos e
plantas daninhas) foi realizado em conformidade com bases e técnicas de MIP (GOMES; JUNIOR
MAGALHÃES, 2004).
A terceira etapa, em 2007, é composta pela realização de cursos avançados em PIA, enfocando
aspectos da legislação ambiental, do mercado e da certificação, no RS e SC. No RS, em atendimento à
demandas de produtores, estão sendo programados novos cursos básicos de PIA em municípios do litoral
norte e sul do estado. No TO, será realizado o primeiro curso básico de PIA em município orizícola.
Além disso, os documentos da PIA começaram a ser elaborados. Após a elaboração da caderneta de
campo, a caderneta pós-colheita e a grade de agrotóxicos são os próximos documentos. Para isto, é
necessária a formação de um grupo de trabalho interdisciplinar e institucional que deverá reunir
profissionais de elevado conhecimento técnico-científico para discutir e elaborar em conjunto os
documentos. É fundamental nesse processo a busca por informações nas recomendações técnicas oficiais
para a região de cultivo, bem como nas legislações nacionais e internacionais, nas quais o Brasil mantêm
acordos comerciais. Além disso, torna-se imprescindível a realização de treinamentos com responsáveis
pelo preenchimento da caderneta de campo, bem como de funcionários que repassam as informações,
para que haja o uso correto dessa caderneta. Do mesmo modo, deve ocorrer com o uso da caderneta póscolheita, sendo treinados técnicos e funcionários de engenhos e indústrias.
Na safra agrícola 2006/2007, o diagnóstico ambiental e atividades de monitoramento de pragas,
com base nos princípios de Manejo Integrado de Pragas, e de resíduos de agrotóxicos no solo, água e
grãos, foram implementadas. Também foram treinados e sensibilizados técnicos e produtores para fazer
uso da caderneta de campo. Nos treinamentos da PIA foi fundamental a participação de equipes técnicas
interdisciplinares e interinstitucionais com elevado conhecimento sobre o agroecossistema de arroz
irrigado. Os produtores que lideraram a implementação da PIA são aqueles que se sensibilizaram pelos
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I Seminário sobre Sistema Agropecuário de Produção Integrada
pressupostos estabelecidos de acordo com a Organização Internacional para Luta Biológica e Integrada
(OILB) e que buscam uma oportunidade para diferenciação de sua produção no mercado interno e
externo.
Os técnicos que receberam o treinamento especializado avaliaram este processo como uma
oportunidade para qualificação na atividade orizícola incorporando conhecimentos em novas áreas como,
responsabilidade social, certificação e rastreabilidade. Os desafios da PIA são vários mas destacaram-se
como principais: resistência à adoção do monitoramento de pragas que é básico para o uso racional de
agrotóxicos e a dificuldade de adesão por parte de um maior número de produtores e indústrias.
A adoção da PIA é fruto de uma consciência ambiental do produtor e de necessidade de
permanência no mercado. A ampliação dos mercados externos para o arroz, a despeito da manutenção em
mercados como Senegal, Benin e Gâmbia, países do continente africano, como a União Européia, induz a
mudanças de perfil na produção desse cereal, agregando valor com a certificação oficial.
No cenário da PIA novos processos devem ser incorporados, como a gestão adaptativa, onde além
dos modelos de previsão sobre clima, ocorrência de pragas, níveis de produtividade, tendências de
mercado entre outros, tornam-se importantes os monitoramentos dos sistemas de produção, a
interpretação dos dados e análises conforme os princípios da PIA e, a interferência nos sistemas para
adequá-los de forma sustentável.
Referências Bibliográficas
ANDRIGUETO, J. R.; NASSER, L. C. B.; TEIXEIRA, J. M. A. Avanços na produção integrada no
Brasil. In: SEMINÁRIO DE PRODUÇÃO INTEGRADA DE FRUTAS, 8., 2006, Vitória. [Anais...]
Vitória: Incaper, 2006. p. 13-17.
EATON, A. D.; CLESCERI, L. S.; GREENBERG, A. E. Standard Methods for Examination of Water
and Wastewater. 2006. 1000 p.
GOMES, A. da S.; JUNIOR MAGALHÃES, A. M. (Ed.). Arroz irrigado no Sul do Brasil. Brasília, DF:
Embrapa Informação Tecnológica, 2004. 899 p.
MATTOS, M. L. T.; MARTINS, J. F. da S.; NOLDIN, J. A. Modelo conceitual da produção integrada de
arroz. In: CONGRESSO BRASILEIRO DA CADEIA PRODUTIVA DE ARROZ, 2.; REUNIÃO
NACIONAL DE PESQUISA DE ARROZ, 7., 2006, Brasília. Anais... Brasília: Embrapa Arroz e Feijão,
2006. 1 CD-ROM.
VALDEBENITO SANHUEZA, R. M. Desafios da produção integrada de frutas no Brasil. In:
SEMINÁRIO DE PRODUÇÃO INTEGRADA DE FRUTAS, 8., 2006, Vitória. Anais.. Vitória: Incaper,
2006. p. 21-23.

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