jucelia perego

Transcrição

jucelia perego
UNIVERSIDADE DO ALTO VALE DO RIO DO PEIXE - UNIARP
CURSO DE PEDAGOGIA
JUCÉLIA PEREGO
A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO INFANTIL NO DESENVOLVIMENTO DA
LINGUAGEM ORAL
CAÇADOR
2010
1
UNIVERSIDADE DO ALTO VALE DO RIO DO PEIXE - UNIARP
JUCÉLIA PEREGO
A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO INFANTIL NO DESENVOLVIMENTO DA
LINGUAGEM ORAL
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como
exigência para a obtenção do título de Licenciada em
Pedagogia, do Curso de Pedagogia, ministrado pela
Universidade do Alto Vale do Rio do Peixe - UNIARP, sob
orientação do professora Jussara Fonseca.
CAÇADOR
2010
2
A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO INFANTIL NO DESENVOLVIMENTO DA
LINGUAGEM ORAL
JUCÉLIA PEREGO
Este Trabalho de Conclusão de Curso foi submetido (o) ao processo de avaliação pelo
professor Orientador de TCC, para a obtenção do Título de:
Licenciada em Pedagogia
E aprovada na sua versão final em ____________, atendendo às normas da legislação
vigente da Universidade do Alto Vale do Rio do Peixe e Coordenação do Curso de
Pedagogia.
_____________________________________________
Prof. Jussara Fonseca
_____________________________________________
Prof. Ms. Paulo Roberto Gonçalves
Coordenação de Pedagogia
3
DEDICATORIA
DEDICO ESTE TRABALHO DE CONCLUSÃO DE
CURSO, PRIMEIRAMENTE A DEUS, A MINHA
FAMÍLIA QUE ME APOIOU MUITO, E EM
ESPECIAL AO MEU NOIVO POR ESTAR
SEMPRE DO MEU LADO, SÃO PESSOAS QUE
GUARDO NO MEU CORAÇÃO.
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AGRADECIMENTO(S)
Meus agradecimentos àqueles sem os quais certamente não teria concluído
mais esta etapa da minha formação.
Primeiramente a Deus que me guiou em todos os momentos e me permitiu
chegar até aqui.
Aos meus familiares, meu pai, minha mãe e minha irmã, que estiveram sempre
me apoiando e me incentivando pessoas que foram fundamentais na minha caminhada.
Em especial ao meu noivo que com amor e compreensão me ajudou a
conquistar essa etapa da vida, estando sempre ao meu lado me apoiando, dando força
quando esta me faltava.
Aos verdadeiros mestres que nos mostraram os caminhos nem sempre fáceis do
saber, dedicando-se a nós.
A minha orientadora, Jussara Fonseca pelas sábias e enriquecedoras sugestões
que me ajudaram nesta caminhada.
Agradeço de maneira muito especial a todas as crianças que tive o privilégio de
conviver durante esses quatro anos, com as quais aprendi muito.
Enfim, as minhas amigas de curso com quem dividi minhas angústias, medos e
alegria.
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“O maior desafio é conhecer cada criança como
ela realmente é saber o que ela é capaz de fazer e
centrar a educação nas capacidades, forças e
interesses dessa criança.”
Howard Gardner
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RESUMO
Este estudo objetiva investigar sobre a importância da Educação Infantil no
desenvolvimento da linguagem oral das crianças, e a necessidade de profissionais
conscientes e preparados para contribuir no desenvolvimento integral da criança, a fim
de proporcionar elementos que possam contribuir para a efetivação do trabalho de
conclusão de curso, que se compõe de três capítulos. No primeiro capítulo encontra-se
os aspectos conceituais com base em uma fundamentação teórica geral, o que significa
revisão da literatura em torno do assunto em questão. Todas as crianças normais
aprendem sua língua nativa, não importando sua complexidade, todas elas dominam
entre 3 e 6 anos de idade. Em todas as classes as crianças seguem os mesmos
estágios de falar pré- lingüístico e lingüístico. Usam as mesmas espécies de frases de
uma e duas palavras nas mesmas espécies de fala telegráfica. Esses fatos, mais a
universalidade da linguagem, apontam para a hereditariedade do mecanismo
neurológico para a linguagem, se não para a própria linguagem. No segundo capítulo
apresenta a estrutura da pesquisa, sua aplicação, os resultados e análises destes, os
adultos exercem papel fundamental no desenvolvimento da oralidade através da
linguagem que utilizam para com as crianças, e à medida que estas vão apropriando-se
de novos conhecimentos, vai aperfeiçoando sua linguagem oral. Por fim, no terceiro
capitulo estaremos discutindo a relação do tema deste trabalho com a formação
acadêmica. É importante que o educador esteja informado e tenha conhecimento, isso
é indispensável para o sucesso no trabalho do educador ele precisa ser um eterno
pesquisador.
PALAVRAS-CHAVE: oralidade, educação infantil, linguagem.
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ABSTRACT
This study has the objective to investigate about the importance of infant education of
language development oral and whole about the children’s, interesting in proportionate
elements that can supply to the due course work, that is made of three chapter, on the
first chapter reach the conceit aspect with base on a geral theory search, what means
literature review surrender the subject all normal children’s learn their native language,
doesn’t care about the complexity, all of then demine between 3 and 6 years old on all
class the children’s following the same talking stage, they use the same phrases specie
of one and two words, on the same talking specie these facts, plus the language
university, point to heredity mechanism neurological to the language, if not to the own
language, on the second chapter, present the structure, the application, the results and
analyses, the adults they does a important job on development orality, through de
language that they use to the children’s, and when they are getting close to the news
knowledge, they becomes better with the oral language, by end, on the third chapter
we’ll talk about the subject relation of this work with the academy formation, is
important that the educator be informed and intellectual, its very important to the
educator success he must be a forever re searcher.
KEY-WORD: orality, infant education, language.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO................................................................................................................09
1 DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM ORAL.........................................................12
1.1 AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM..................................................................................14
1.2 LINGUAGEM E A CRIANÇA.....................................................................................22
1.3 EDUCAÇÃO INFANTIL E A LINGUAGEM ORAL.....................................................25
1.3.1 Dificuldades no Desenvolvimento da Oralidade.....................................................30
2 ANÁLISE DOS RESULTADOS...................................................................................32
3 RELAÇÃO DO TEMA COM A FORMAÇÃO ACADÊMICA........................................45
CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................48
REFERÊNCIAS...............................................................................................................50
APÊNDICES....................................................................................................................52
APÊNDICE A – Questionário Professores......................................................................53
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INTRODUÇÃO
Aprender uma língua não é somente aprender as palavras, mas também os seus
significados culturais, e, com eles, os modos pelos quais as pessoas do seu meio
sociocultural entendem, interpretam e representam a realidade.
Toda criança nasce com um dispositivo natural para aquisição da linguagem,
uma vez que, esta é uma característica inata do ser humano. Todas as crianças
normais aprendem sua língua materna, não importando sua complexidade, desde que o
ambiente social em que vive propicie a estimulação necessária, pois o desenvolvimento
da criança não depende somente de sua natureza, mas também da interação com o
meio social, através da ação exercida pelos pais, família e educadores.
Dessa forma, sabendo da importância da estimulação exercida pelos pais e
educadores nos primeiros anos de vida da criança, essa pesquisa partiu do
pressuposto: o desenvolvimento da linguagem oral, dentro do âmbito das instituições de
educação infantil, visando a importância destas instituições no desenvolvimento da
oralidade das crianças.
A educação infantil, ao promover experiências significativas de aprendizagem da
língua, por meio de um trabalho com a linguagem oral e escrita, se constitui em um dos
espaços de ampliação das capacidades de comunicação e expressão e de acesso ao
mundo letrado pelas crianças. Essa ampliação está relacionada ao desenvolvimento
gradativo das capacidades associadas às quatro competências lingüísticas básicas:
falar, escutar, ler e escrever.
O objetivo desse trabalho é conhecer, através da pesquisa, a importância da
Educação Infantil no desenvolvimento da linguagem oral das crianças, e a necessidade
de profissionais conscientes e preparados para contribuir no desenvolvimento integral
da criança.
A linguagem falada é a base da comunicação. Sua aquisição normal é
indispensável ao progresso do desenvolvimento intelectual. A comunicação é própria
das sociedades humanas. Normalmente constituída, ela conduz à formação de
indivíduos de valor ampliado, mais equilibrados, fatores de paz e progresso. Vivemos
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num mundo eminentemente verbal, em que pessoas, rádios, televisões, internet, mil e
uma formas de interligação, estabelecem pontes verbais. Falar bem com boa voz é fator
decisivo no que se convencionou chamar vencer na vida.
Ao logo do processo histórico do homem e de sua evolução, o homem tem
desenvolvido a habilidade do falar e das diversas formas de linguagem. Ao aprimorá-la
o homem pode melhor se desenvolver de forma psico-social. Sem falar das suas
capacidades neuronais que se desenvolveram.
Para as crianças, a aprendizagem da linguagem oral e escrita é um dos
elementos importantes para ampliarem suas possibilidades de inserção e de
participação nas diversas práticas sociais e convívio familiar.
A linguagem se constitui um dos eixos básicos na educação infantil, dada sua
importância para o desenvolvimento e na formação do individuo, para a interação
social, na orientação das ações das crianças, na construção de conhecimentos e no
desenvolvimento das idéias.
A Educação Infantil necessita cada vez mais de professores que promovam
experiências significativas para o desenvolvimento da linguagem oral, pois ainda
existem professores que não contemplam em seu trabalho a oralidade.
Ao longo da história é possível perceber que foi dada ênfase a escrita, e a
linguagem oral acabou ficando um pouco esquecida. Diante disso, sabendo da
importância da linguagem oral da criança, tanto no processo de alfabetização quanto no
seu desenvolvimento, faz-se necessário uma abordagem que traga informações sobre
a importância da Educação Infantil no desenvolvimento da oralidade. A relevância desta
pesquisa dentro do âmbito científico é clara, já que trará grande auxilio aos profissionais
da área, que estão dentro das instituições educacionais e que pretendem criar
condições para que as crianças tenham um desenvolvimento promissor.
A comunicação oral ocupa um lugar muito importante na formação do sujeito,
uma vez que é através da mesma que o homem pode superar limites das experiências
sensoriais e expressar a mensagem com convicção. Além disso, uma pessoa com a
linguagem oral bem desenvolvida amplia suas possibilidades de inserção e participação
nas diversas praticas sociais.
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Considerando que falar bem, com boa voz, ter um amplo vocabulário seja um
grande diferencial no mundo em que vivemos, é de suma importância promover
experiências significativas de aprendizagem da língua, por meio de um trabalho com
linguagem oral desde os primeiros anos de vida.
Para dar conta do alcance dos objetivos, o método utilizado para a execução
deste trabalho foi através de pesquisa bibliográfica e de campo. Adotou-se o método da
pesquisa qualitativa e a aplicação de questionário para professores. Sendo pesquisado
cinco professores de Educação Infantil de uma instituição particular de ensino.
Iniciou-se a investigação com base em uma fundamentação teórica geral, o que
significa revisão da literatura em torno do assunto em questão.
Assim, buscamos na ação cotidiana dos professores e alunos, suporte para
melhor compreensão do contexto atual sobre o tema em questão.
Por fim, está contemplado o resultado da pesquisa junto aos professores, a
respectiva análise e conclusões.
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CAPÍTULO I
1 DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM ORAL
A linguagem oral está presente no cotidiano e na prática das instituições de
educação infantil à medida que todos que dela participam: crianças e adultos, falam, se
comunicam entre si, expressando sentimentos e idéias. As diversas instituições
concebem a linguagem e a maneira como as crianças aprendem de modos bastante
diferentes.
De acordo com o RCNEI (Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil,
1998) em algumas práticas se considera o aprendizado da linguagem oral como um
processo natural, que ocorre em função da maturação biológica; prescinde-se nesse
caso de ações educativas planejadas com a intenção de favorecer essa aprendizagem.
Em outras práticas, ao contrário, acredita-se que a intervenção direta do adulto é
necessária e determinante para a aprendizagem da criança. Desta concepção resultam
orientações para ensinar às crianças pequenas listas de palavras, cuja aprendizagem
se dá de forma cumulativa e cuja complexidade cresce gradativamente. Acredita-se
também que para haver boas condições para essa aprendizagem é necessário criar
situações em que o silêncio e a homogeneidade imperem. Eliminam-se as falas
simultâneas, acompanhadas de farta movimentação e de gestos, tão comuns ao jeito
próprio das crianças se comunicarem.
Nessa perspectiva a linguagem é considerada apenas como um conjunto de
palavras para nomeação de objetos, pessoas e ações.
Em muitas situações, também, o adulto costuma imitar a maneira de falar das
crianças, acreditando que assim se estabelece uma maior aproximação com elas,
utilizando o que se supõe seja a mesma “língua”, havendo um uso excessivo de
diminutivos e/ou uma tentativa de infantilizar o mundo real para as crianças.
Dessa forma, o desenvolvimento da oralidade foi sendo entendido primeiramente
como uma questão de repetição e treino. A linguagem era tida como um conjunto de
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palavras que servem para nomear objetos, ações e pessoas. Portanto, era necessário o
ensino de pequenas listas de palavras, numa aprendizagem cumulativa, aumentando o
grau de complexidade.
A criança não era vista como falante da língua e, com isso, produziam-se
situações de silêncio e homogeneidade. O discurso do adulto passa a ser valorizado
em detrimento das falas infantis, impedindo a alternância enunciativa e o diálogo. A
simplificação de histórias e textos também é conseqüência dessa redução da
linguagem à repetição fonética.
Posteriormente temos uma outra visão, onde o desenvolvimento da linguagem
era visto como natural e decorrente do amadurecimento da criança. Não sendo,
portanto, conteúdo pedagógico, as atividades relacionadas à fala ficavam subordinadas
ao ensino da leitura e da escrita. Sendo assim, a fala do adulto não tem tanta
importância e não é vista como referência para as crianças. Ou, complementando esta
concepção, passa-se a infantilizar a linguagem, apresentando uma fala simples, por
vezes quase soletrada, para que a criança aprenda a falar corretamente as palavras.
Usa-se muito o diminutivo.
No entanto, pesquisas realizadas, nas últimas décadas, baseadas na análise de
produções das crianças e das práticas correntes, têm apontado novas direções no que
se refere ao ensino e à aprendizagem da linguagem oral, considerando a perspectiva
da criança que aprende. Ao se considerar as crianças ativas na construção de
conhecimentos e não receptoras passivas de informações há uma transformação
substancial na forma de compreender como elas aprendem a falar.
A criança dispõe desde o nascimento de uma inteligência que orienta suas ações
no mundo, e essa inteligência tem características próprias no recém-nascido e vai se
modificado no curso da experiência, particularmente nas interações que estabelece
com outras pessoas, as quais agem com elas a partir das interpretações, dos
significados que atribuem a suas expressões, gestos, posturas, sons, tornando
participante do mundo simbólico da cultura.
A partir dessas experiências e do diálogo que estabelece com os outros, a
criança desenvolve outro tipo de inteligência, chamada verbal. Tal inteligência,
instrumentalizada pela linguagem, permite-lhe agir em um plano mental, ou seja, sobre
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idéias. A criança passa também a poder comparar, classificar, inferir, deduzir etc.,
chegando a concepção de uma realidade dinâmica que tem certas regularidades. Vai
assim criando novas modalidades de atenção, memória e a imaginação. Além disso,
podem indicar situações, desejos e objetos do mundo externo que não estão presente,
a palavra usada pelas crianças também especifica algumas de suas características,
servindo de instrumento não só o diálogo com o outro, mas também do pensamento
discursivo, ou seja, do diálogo interiorizado.
A criança é um todo, uma realidade completa. Pode e deve crescer, em todos os
aspectos, segundo suas leis evolutivas.
Ela pode se moldar às técnicas e atitudes que favoreçam seu crescimento, se
elas tomam em consideração suas possibilidades afetivas, sensoriais e intelectuais.
É preciso lançar mão da psicologia da criança respeitando suas fases evolutivas,
reforçando a auto - estima.
Segundo Setti (1998) a criança pode não compreender, intelectualmente, mas
sempre sente. Ela discerne os fatores favoráveis e os que podem entravar seu
crescimento. Suas forças podem ser mobilizadas em função de sua evolução ou para
se oporem ao que a dificulta. Sua evolução afetiva condiciona sua evolução intelectual,
suas capacidades de recepção, de memorização, de integração, e de expressão.
1.1 AQUISIÇÃO DA LINGUAGEM
“A linguagem é uma forma de representação e consiste num sistema de
significações no qual a palavra funciona como significante, porque permite ao sujeito
evocar verbalmente objetos ou acontecimentos ausentes.” (FARIA, 1997, p. 11)
Existem várias teorias para aquisição da linguagem, todavia segundo Mussen (et
al. 1988), nenhuma teoria isoladamente proporciona uma explicação suficiente ou
adequada para todos os processos subjacentes à aquisição da linguagem, cada uma
representa uma abordagem diferente aos assuntos e cada qual trata basicamente de
um aspecto diferente do desenvolvimento da linguagem.
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As primeiras teorias sobre a linguagem baseavam-se na teoria da aprendizagem
ou na idéia comum de que a linguagem era aprendida pela imitação, onde os teóricos
da aprendizagem viam o reforço (recompensa) e imitação de modelos como os
principais mecanismos que governam a aquisição e a modificação da maior parte do
comportamento, inclusive a linguagem. Esta teoria salienta mais a influencia do meio do
que a natureza como a influencia mais poderosa no desenvolvimento.
A imitação obviamente desempenha um papel, porque a criança aprende a
língua que escuta. O balbucio vai ficando parecido com os sons da linguagem
ouvida, as crianças imitam frases que elas ouvem; elas aprendem a falar com o
mesmo sotaque dos pais. E os bebês que apresentam mais imitações de ações
e gestos são também os que mais tarde aprendem mais rapidamente a
linguagem. Portanto, a tendência a imitar pode ser um ingrediente importante.
Mas a imitação sozinha não pode explicar toda a aquisição da linguagem,
porque não explica a qualidade criativa da linguagem infantil. Em especial as
crianças conscientemente criam tipos de frases e formas de palavras que nunca
ouviram. (BEE, 1996, p.245)
Na teoria da aprendizagem, a passagem da balbuciação para articulação de
palavras resulta de recompensas dadas pelos pais e outros toda vez que a criança
produz sons que lembram palavras, as palavras tornam-se proeminentes nas
vocalizações infantis.
Os teóricos da aprendizagem enfatizam os papéis da observação, modelagem
e imitação na aquisição da linguagem. Com certeza as crianças imitam o que
ouvem os pais (modelos) dizerem, e assim acrescentam novas palavras e
maneiras de combiná-las a seus repertórios de linguagem. As crianças podem
não adquirir um vocabulário ou estrutura gramatical de sua língua sem que
sejam expostas a modelos, as crianças dos Estados Unidos aprendem inglês, e
as crianças na China aprendem chinês. Elas colhem informação acerca de sua
própria língua ouvindo a fala dos outros. (MUSSEN et al., 1988, p.189)
Evidentemente a imitação e a observação dos outros desempenham um papel
na produção da linguagem, mas a simples imitação da fala dos outros não pode ser o
principal meio de adquiri-la. As crianças parecem extrair princípios da linguagem ao
ouvirem os outros falando, e o que aprendem em determinada ocasião depende de seu
nível de desenvolvimento cognitivo, assim como dos tipos dos modelos ou reforços que
têm. (MUSSEN et al., 1988)
Parece obvio que aquilo que se diz para a criança tem de desempenhar algum
papel no processo. No nível mais simples sabemos que as crianças com as quais os
pais conversam freqüentemente, para as quais lêem regularmente e respondem a
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verbalização começam a falar um pouco mais cedo. Portanto, pelo menos a velocidade
do desenvolvimento é afetada pela quantidade de input. E a qualidade da linguagem
dos pais também pode ser importante. (BEE, 1996)
Outra teoria abordada é a nativista, sendo que esta salienta os seus
determinantes inatos, biológicos, ou seja, a influência da natureza e não a do meio.
Noam Chomsky, um dos proponentes principais deste ponto de vista, sustenta
que o ser humano possui um mecanismo cerebral inato que é especializado no
trabalho de adquirir linguagem. Chomsky chamou este mecanismo de
dispositivo para aquisição da linguagem. A evidência citada para um
mecanismo inato de linguagem inclui universalidade e a regularidade das
tendências na produção de sons. Da mesma forma, não obstante a língua que
estejam aprendendo, as crianças progridem através da mesma seqüência:
balbuciação, emissão da primeira palavra com 1 ano, uso de combinações de
duas palavras na segunda metade do segundo ano, e domínio da maioria das
regras gramaticais de sua língua aos 4 ou 5 anos de idade. As primeiras
palavras e frases em todas as línguas expressam o mesmo conjunto básico de
relacionamentos semânticos. (MUSSEN et al., 1988, p.191)
Outros teóricos, embora possam não endossar a idéia de um mecanismo inato
especializado para a aquisição da linguagem, sustentam, não obstante, uma outra
espécie de opinião nativista, a teoria cognitiva. Para eles, o desenvolvimento da
linguagem depende de certo processamento cognitivo de informação e de
predisposições motivacionais que são inatos. Esses teóricos supõem que as crianças
são inerentemente ativas e construtivas e que as forças internas, não o ambiente
externo, são os principais responsáveis pela criatividade, solução de problema, teste de
hipótese e esforços das crianças para encontrarem regularidades na fala que ouvem.
(MUSSEN et al., 1988)
Piaget e seus seguidores afirmam que o desenvolvimento cognitivo dirige a
aquisição da linguagem, e que o desenvolvimento desta depende do
desenvolvimento do pensamento e não vice-versa. A fim de apoiar seu ponto de
vista, indicam que os bebês mostram inteligência sensório-motora antes que
apareça qualquer linguagem. A aquisição da linguagem não começa antes que
tenha surgido importantes capacidades cognitivas, como a permanência do
objeto. Além disso, os bebes interpretam o mundo que os cerca, formam
representações mentais e categorizam os objetos e eventos antes que
pronunciem suas primeiras palavras. identificam regularidades no ambiente e
constroem um sistema de significados antes de ter adquirido linguagem
produtiva. (MUSSEN et al., 1988, p.193)
Na visão de Piaget, a linguagem das crianças não reflete o conhecimento que
elas tem do real. Se não apresentam limitações neurológicas ou emocionais sérias, elas
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podem conhecer ou assimilar certos acontecimentos, ainda que não possam comunicálos através de palavras. (FARIA, 1997)
Piaget e Vigotsky propõem o estudo da linguagem em relação ao pensamento e
ilustram muito bem a importância que concedem à linguagem no resto do
desenvolvimento. Para Piaget, e de maneira sintética, a inteligência sensório
motora antecede e possibilita o desenvolvimento da linguagem, que aparecerá
e se afirmará no período pré- operacional, mas a linguagem continua sendo
dependente dos avanços no desenvolvimento da inteligência. Com idade
escolar e o advento do período operacional concreto, a linguagem e a
inteligência potencializam-se e interligam-se, permitindo um desenvolvimento
geral em nível psicológico. Durante o período das operações formais, por volta
dos 12 anos, a linguagem vai ocupar um papel central e superior ao do pensamento. O pensamento formal e hipotético- dedutivo torna-se possível graças
ao uso da lógica formal, tornando a linguagem formal imprescindível para o
desenvolvimento cognitivo. Fazendo uma simplificação, Piaget considera que,
durante os dois primeiros anos, o pensamento prático antecede a linguagem, e
que durante o período pré operacional ou até os 6 ou 7 anos, a linguagem vai
ter um papel cada vez mais decisivo, mas continua havendo um predomínio do
pensamento representacional, para chegar ao período operacional concreto, em
que a linguagem e o pensamento são simultâneos, concluindo o
desenvolvimento na etapa formal, com a primazia da linguagem sobre o pensamento.(SETTI, 1998, p. 14)
Vigostsky segundo Setti (1998) coloca a situação de um modo diferente.
Inicialmente, a conduta infantil é guiada pela fala do adulto, depois começa a ser guiada
pela fala externa da própria criança, até converter-se em fala interna ou falar para si em
forma de fala subvocal, e passar a ser pensamento ou linguagem externa. O
pensamento não é senão a linguagem interiorizada, e, portanto, de natureza social em
essência.
Para Piaget, a linguagem é primeiro, egocêntrica e não socializada para,
posteriormente, socializar-se. Vygotsky entende que o pensamento não seja o
prioritário, ainda que seja em forma de ação, mas que o prioritário é a natureza social
externa do pensamento, precendente da fala ou linguagem interiorizada.
Para Vygotsky, aquilo que é inato, não é suficiente para produzir o individuo, na
ausência do ambiente social, pois ele chama atenção para a ação recíproca existente
entre o organismo e o meio e atribui especial importância ao fator humano presente no
ambiente. (REGO, 2004)
Tanto nas crianças como nos adultos, a função primordial da fala é o contato
social, a comunicação; isto quer dizer que o desenvolvimento da linguagem é
impulsionado pela necessidade de comunicação. Assim, mesmo a fala mais
primitiva da criança é social. Nos primeiros meses de vida, o balbucio, o riso, o
choro, as expressões faciais ou as primeiras palavras da criança cumprem não
18
somente a função de alivio emocional (como por exemplo manifestação de
conforto ou incomodo) como também são meios de contato com os membros de
seu grupo. No entanto, esses sons, gestos ou expressões são manifestações
bastante difusas, pois não indicam significados específicos (por exemplo, o
choro do bebe pode significar dor de barriga, fome, etc.). Vygotsky chamou esta
fase de estagio pré-intelectual do desenvolvimento da fala. (REGO, 2004, p.64)
Além disso, Vygotsky
afirma que através de inúmeras oportunidades de dialogo,os adultos, que já
dominam a linguagem, não só interpretam e atribuem significados aos gestos e
sons da criança como também a inserem no mundo simbólico de sua cultura.
Na medida em que a criança interage e dialoga com os membros mais maduros
de sua cultura, aprende a usar a linguagem como instrumento do pensamento e
como meio de comunicação. Nesse momento o pensamento e a linguagem se
associam, conseqüentemente o pensamento torna-se verbal e a fala racional.
(REGO, 2004, p.65)
A linguagem ou a necessidade de se conversar não nasce bruscamente, quando
a criança emite sua primeira palavra, mas as formas lingüísticas vem deslizar em
modelos de comunicação ou experiências de comunicação que se elaboram desde os
primeiros dias de vida. Pesquisas experimentais concernentes a este período da vida
fornecem argumentos de peso em favor do “inato de certas aptidões” que se
manifestam muito precocemente em relação ao bebe e tem uma importância maior para
seu acesso à linguagem. Porém, esses movimentos não aparecem senão com a voz
humana produzindo linguagem. (AIMARD, 1986)
De acordo com Setti (1998) a criança não percebe por simples imitação. Em seu
discurso, poucos enunciados reproduzem exatamente frases ditas pelo adulto. A
criança copia, utiliza modelos, mas não copia fielmente. A aquisição depende das
estratégias que utiliza para perceber, extrair, agrupar, reproduzir, empregar conscientemente o que aproveita do discurso ouvido. Cada criança reemprega, reestrutura, recria
à sua maneira em função de suas aptidões percepto - motoras, suas trocas verbais com
o meio. Cada criança reemprega modelos em uma linguagem que lhe é própria.
Helen Bee (1996, p.254) destaca:
•
Muitos dos desenvolvimentos durante a fase “pré-lingüística” (antes da
primeira palavra) são precursores significativos da linguagem. A criança discrimina sons
da linguagem, balbucia sons que se aproximam cada vez mais dos sons que ouve, e
usa gestos de maneira comunicativa.
19
•
Por volta de 1 ano de idade aparecem as primeiras palavras. algumas dessas
primeiras palavras se combinam com gestos para transmitir frases inteiras significativas,
um padrão chamado de holofrase.
•
O vocabulário cresce lentamente a principio, e depois normalmente explode
numa “explosão de nomes”. Entre 16 e 20 meses, a maioria das crianças tem um
vocabulário de 50 ou mais palavras.
•
As primeiras frases de duas ou mais palavras normalmente aparecem aos 18
e 24 meses, e são curtas e gramaticalmente simples, sem as varias inflexões
gramaticais. Não obstante, muitos significados diferentes, como localização, possessão
ou relações agente-objeto podem ser transmitindo pelas crianças.
•
Durante a “explosão da gramática”, a criança aprende rapidamente as muitas
inflexões gramaticais, e aprende a fazer perguntas e frases negativas.
•
Aos 3 ou 4 anos, as crianças são capazes de formar frases notavelmente
complexas. Mais tarde surgem as habilidades mais refinadas como aprender a
compreender e usar frases na voz passiva.
•
As crianças diferem na velocidade do desenvolvimento do vocabulário e da
gramática, diferenças explicadas pela hereditariedade e pelas influencias ambientais.
Apesar dessas variações na velocidade do desenvolvimento inicial, a maioria das
crianças aprende a falar bem aos 5 ou 6 anos.
Sendo assim, é importante ressaltar que
As crianças começam a balbuciar, a pronunciar cadeias de silabas, como
bababa, com cerca de 5 ou 6 meses e, tipicamente, proferem sua primeira
palavra compreensível em alguma ocasião ao redor do primeiro ano. A
compreensão desenvolve-se mais cedo e mais rapidamente do que a produção,
e os bebes freqüentemente respondem a perguntas e ordens com gestos e
ações antes que digam quaisquer palavras. Seis meses a um ano depois de
proferir a sua primeira palavra, quando seu vocabulário inclui cerca de 50
palavras, as crianças começam a formar frases de duas palavras. Estas,
geralmente, são versões telegráficas de frases adultas, constituindo
grandemente em substantivos e verbos, mais alguns adjetivos, porém, omitindo
preposições, conjunções, artigos e verbos auxiliares. Ainda assim, mesmo estas
primeiras frases de duas palavras manifestam regularidade sistemática quando
à ordem das palavras, e desde o inicio a criança expressa as relações
gramaticais básicas do sujeito, predicado e objeto. As crianças de muitas
culturas, que falam línguas diferentes, expressam os mesmos significados em
suas primeiras frases, incluindo relações semânticas básicas, tais como:
identificação, localização, negação, agente-objeto. As circunstancias e o
contexto de uma emissão de fala precisam ser considerados ao se interpretar
plenamente a intenção da criança e o significado que ela quis transmitir.
(MUSSEN et al., 1988, p.204)
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A criança começa incapaz de compreender ou produzir a fala. Começa, então, a
fase das vocalizações, uma miscelânea de sons, muitas vezes indescritíveis. A criança
vai gradualmente, sair daquele jogo de mero acaso, para estabelecer um círculo vicioso
em que reproduz os sons que ela mesma vai emitindo. Pouco a pouco, entretanto
aquele brincar com ela mesma, aquele círculo fechado em si mesmo, encontra forma de
propagação, pois um eco se estabeleceu. A criança passa agora, não mais a reproduzir
o que ela mesma realizou, mas a ecoar o que outras pessoas lhe fazem chegar ao
ouvido.
Já houve superação de seu balbuciar e aos poucos esta reprodução vai se
incrementando. É a fase ecolálica substituindo a fase autista. Mas a coisa não
para aí, obviamente, porque se o "ma-ma-ma" da criança ou o "pa-pa-pa" faz
surgir a cara da mãe ou do pai, a interpretação do adulto fixa, interpreta e
consolida as primeiras palavras do bebê. É claro que quando o bebê começa a
dizer "ma-ma-ma" ele não está se referindo a ninguém. A aparição gratificação
do rosto materno, do sorriso da mãe, faz com que ela repita a experiência até o
estabelecimento dessa associação. Certas combinações de sons trazem essa
gratíssima resposta, outras não. A seleção, logicamente, vai se fazendo e a
linguagem vai se estabelecendo. A criança passa depois a uma fase de
compreensão de linguagem. Compreende muito antes de expressar, recebe
antes de botar para fora, ingere linguagem para eliminar depois. A criança
compreende a inflexão, a voz, semântica vocal, antes de penetrar o sentido
verdadeiro das palavras. O começo da comunicação simbólica, depois da fase
de compreensão, se realiza através de palavras - frase, de uma ou duas
palavras. A criança passa a emitir palavras compreensíveis e realiza suas primeiras tentativas, façanha esta digna do maior respeito, da mais entusiástica
admiração. Daí em diante a linguagem ganha em riqueza verbal, emocional,
sintática, à proporção que a evolução vai se consolidando.(SETTI, 1998, p.13)
Quando a criança é "normal", alcança as diferentes etapas, em prazo que pode
variar, mas numa gradação segura. Muita gente parece ignorar que uma criança
alcança, muitas vezes, um incrível grau de compreensão antes de passar à fase de
expressão. O que é preciso, antes de mais nada, é não lhe opor obstáculos, não
quebrar a "espontaneidade" do curso que se realiza. Cada criança constrói códigos
individuais na linguagem que vão estabelecendo a comunicação. Pela voz conhecemos
o estado de saúde do indivíduo, seu temperamento, sua maneira de ser, sua cultura,
sua origem, seu estado hormonal, seu estado emocional, psíquico, mil e um elementos
transparecem através da voz.
Quanto ao desenvolvimento da articulação, têm interesse os desenvolvimentos
21
iniciais. Esses desenvolvimento poderiam ser simplificados em quatro momentos
conforme Setti (1998, p. 42)
1- Inicialmente, aparecem diversos sons ou vocalizações que vão sendo cada
vez
mais
organizados,
mas
dos
quais
desconhecemos
a
importância
no
desenvolvimento posterior. Incidem na orientação do comportamento seletivo da
criança frente às pessoas, uma vez que são estímulos especialmente atraentes.
2- Por volta dos seis meses, as vocalizações organizam-se e ajustam-se a certos
padrões repetitivos, com o que as vocalizações têm, então, uma certa estrutura
reconhecível é a época do balbucio. O interessante desse momento é que em geral, as
crianças balbuciam de maneira similar, observando-se essa conduta inclusive em
crianças surdas de nascimento.
3- A partir dos nove ou dez meses de idade, as crianças repetem esses padrões
e os organizam cada vez mais, inclusive em forma de "pseudoconversações",
reconhecíveis pela estrutura prosódica que apresentam. O avanço, a partir desse
momento, dependerá de que a criança ouça a si mesma e modifique esses padrões.
Alguém denominou esse momento como o do laleo.
4- Quando se estrutura e restringe o uso do laleo e se orienta na produção de
uma expressão com conteúdo, estamos no aparecimento das primeiras palavras. Pode
acontecer que a criança emita vocalizações com estrutura similar à de uma palavra e
que os adultos atribuam significado, ou pode acontecer que a criança atribua
significado, realmente, a essas expressões. A partir daqui, o progresso será enorme, e
isso se produz a partir do momento em que a criança descobre que as coisas têm
nome, motivo pelo qual perguntará, sistematicamente, pelo nome de todas as coisas
que veja (é isto? e isto?).
Com a aquisição das primeiras palavras ou período holográfico ou da palavrafrase, a criança utilizará palavras isoladas para comunicar-se. As primeiras
palavras incluem nomes de acontecimentos ou objetos de seu próprio mundo,
das pessoas importantes, pais, irmãos ou avós e tios, dos alimentos preferidos,
dos lugares desejados, dos jogos ou brinquedos e objetos favoritos, das
situações agradáveis, do banho do berço, dos animais domésticos. Antes de
um e meio, a criança utiliza um vocabulário de 50 palavras. Depois, descobrirá
a conexão entre duas palavras, utilizando, muitas vezes, uma delas como
curinga ou pivô, ficando a outra aberta ou sem definição (exemplo, não x). As
palavras vão exercendo funções cada vez mais complexas em sua realidade:
descrevem, classificam, demandam informação, comentam, ordenam,
declaram, negam... O vocabulário dispara. Como ilustração, embora pouco
precisa, tem sido descritas 50 palavras aos 18 meses, 100 palavras aos 21
22
meses, 200 palavras aos 22 meses, 300 palavras aos 24 meses e 1000 aos 3
anos. A sintaxe da gramática procede, a partir desse momento, tornando mais
complexas as frases e estruturas conversacionais. (SETTI, 1998, p.44)
Quando uma criança vai adquirindo a fala, dentro de um clima de segurança,
amor compreensão, quando esse aprendizado se realiza num ambiente sem tensões,
dentro de um lar equilibrado, de pais felizes, os obstáculos são todos simples e
facilmente transpostos.
1.2 LINGUAGEM E A CRIANÇA
A linguagem constitui-se em processo histórico cultural, para além da
comunicação. Permite ao sujeito modificar-se a partir das interações sociais, as quais
possibilitam a aquisição e elaboração das funções psicológica superiores, para poder
transformar o social no qual esta inserida.
É no processo de formação dos conceitos durante a primeira infância que a
educação tem fundamental importância.
É na infância que a imitação, o desenho, a brincadeira de faz-de-conta, o jogo
infantil, a fala e a escrita vão se constituindo em processos fundamentais de se
desenvolvimento e aprendizagem. É através destes elementos mediadores
caracterizados a partir das o uso que a criança faz da linguagem fornece vários
indícios quanto ao processo de diferenciação entre o eu e o outro eu. Por
exemplo, a estabilização no uso do pronome "eu em substituição a forma usada
pelos menores que costumam a referir se a si mesmo pelo nome, conjugando o
verbo na terceira pessoa -" fulano quer isso ou aquilo "- sugere particular e
única. Por outro lado à própria linguagem favorece o processo de diferenciação,
ao possibilitar formas mais objetivas e diversas de compreender a oralidade. Ao
mesmo tempo em que enriquece as possibilidades de comunicação e
expressão, a linguagem representa um potente veiculo de socialização.
(PRADO, 2004, p.16)
Para Vygotsky pensamento e linguagem são dois processos independentes até a
aquisição da fala, denominados pensamentos pré-lingüísticos e linguagem préintelectual, que também existem nos animais. Após a aquisição da fala, pensamento
verbal, ou a linguagem racional, sendo que neste processo de homogeneização, o
biológico é reelaborado a partir do sócio-histórico. A conquista da linguagem representa
23
um marco do desenvolvimento humano, pois,além de expressar o pensamento, age
como organizadora da própria atividade humana - espaço primordial para a construção
do sujeito histórico.
Muito cedo, os bebês emitem sons articulados que lhes dão prazer e que
revelam seu esforço para comunicar-se com os outros. Os adultos ou crianças
mais velhas interpretam essa linguagem peculiar, dando sentido à comunicação
dos bebês. A construção da linguagem oral implica, portanto, na verbalização e
na negociação de sentidos estabelecidos entre pessoas que buscam
comunicar-se. Ao falar com os bebês, os adultos, principalmente, tendem a
utilizar uma linguagem simples, breve e repetitiva, que facilita o
desenvolvimento da linguagem e da comunicação. Outras vezes, quando falam
com os bebês ou perto deles, adultos e crianças os expõem à linguagem oral
em toda sua complexidade, como quando, por exemplo, na situação de troca de
fraldas, o adulto fala: “Você está molhado? Eu vou te limpar, trocar a fralda e
você vai ficar sequinho e gostoso!”. Nesses processos, as crianças se
apropriam, gradativamente, das características da linguagem oral, utilizando-as
em suas vocalizações e tentativas de comunicação. As brincadeiras e
interações que se estabelecem entre os bebês e os adultos incorporam as
vocalizações rítmicas, revelando o papel comunicativo, expressivo e social que
a fala desempenha desde cedo. Um bebê de quatro meses que emite certa
variedade de sons quando está sozinho, por exemplo, poderá, repeti-los nas
interações com os adultos ou com outras crianças, como forma de estabelecer
uma comunicação. (RCNEI, 1998, p. 125)
A linguagem oral possibilita comunicar idéias, pensamentos e intenções de
diversas naturezas, influenciar o outro estabelecer relações interpessoais. Seu
aprendizado acontece dentro de um contexto. As palavras só terão sentido em
enunciados e textos que significam e são significados por situações. A linguagem não é
apenas vocabulário, lista de palavras ou sentenças. É por meio do dialogo que a
comunicação acontece. São os sujeitos em interações singulares que atribuem sentidos
únicos as falas. A linguagem não é homogênea: há variedades de falas diferenças nos
graus de formalidades e nas convenções do que se pode e deve falar em determinadas
situações comunicativas. Quanto mais as crianças puderem falar em situações
diferentes, como contar o que lhes aconteceu em casa, contar histórias, dar um recado,
explicar um jogo ou pedir uma informação, mais poderão desenvolver suas
capacidades comunicativas de maneira significativa.
É na interação social que as crianças são inseridas na linguagem, partilhando
significados e sendo significativas pelo outro. Cada língua carrega, em sua
estrutura, um jeito próprio de ver e compreender o mundo, o qual se relaciona a
característica de culturas e grupos sociais singulares. Ao aprender a língua
24
materna à criança toma contato com seus conteúdos e concepções,
construindo um sentido de pertinência social (FARIAS apud PRADO, 2004, p.
16)
Além da linguagem falada, de acordo com o RCNEI (1998), a comunicação
acontece por meio de gestos, de sinais e da linguagem corporal, que dão significado e
apóiam a linguagem oral dos bebês. A criança aprende a verbalizar por meio da
apropriação da fala do outro. Esse processo refere-se à repetição, pela criança, de
fragmentos da fala do adulto ou de outras crianças, utilizados para resolver problemas
em função de diferentes necessidades e contextos nos quais se encontre. Por exemplo,
um bebê de sete meses pode engatinhar em direção a uma tomada e, ao chegar perto
dela, ainda que demonstre vontade de tocá-la, pode apontar para ela e menear a
cabeça expressando assim, à sua maneira, a fala do adulto. Progressivamente, passa a
incorporar a palavra “não” associada a essa ação, que pode significar um conjunto de
idéias como: não se pode mexer na tomada; mamãe ou a professora não me deixam
fazer isso; mexer aí é perigoso etc.
Aprender a falar, portanto, não consiste apenas em memorizar sons e palavras.
A aprendizagem da fala pelas crianças não se dá de forma desarticulada com a
reflexão, o pensamento, a explicitação de seus atos, sentimentos, sensações e
desejos. A partir de um ano de idade, aproximadamente, as crianças podem
selecionar os sons que lhe são dirigidos, tentam descobrir sobre os sentidos
das enunciações e procuram utilizá-los. Muitos dos fenômenos relacionados
com o discurso e a fala, como os sons expressivos, alterações de volume e
ritmo, ou o funcionamento dialógico das conversas nas situações de
comunicação, são utilizados pelas crianças mesmo antes que saibam falar. Isso
significa que muito antes de se expressarem pela linguagem oral as crianças
podem se fazer compreender e compreender os outros, pois a competência
lingüística abrange tanto a capacidade das crianças para compreenderem a
linguagem quanto sua capacidade para se fazerem entender. As crianças vão
testando essa compreensão, modificando-a e estabelecendo novas
associações na busca de seu significado. Passam a fazer experiências não só
com os sons e as palavras, mas também com os discursos referentes a
diferentes situações comunicativas. Por exemplo, nas brincadeiras de faz-deconta de falar ao telefone tentam imitar as expressões e entonações que elas
escutam dos adultos. Podem, gradativamente, separar e reunir, em suas
brincadeiras, fragmentos estruturais das frases, apoiando-se em músicas,
rimas, parlendas e jogos verbais existentes ou inventados. Brincam, também,
com os significados das palavras, inventando nomes para si próprias ou para os
outros, em situações de faz-de-conta. Nos diálogos com adultos e com outras
crianças, nas situações cotidianas e no faz-de-conta, as crianças imitam
expressões que ouvem, experimentando possibilidades de manutenção dos
diálogos, negociando sentidos para serem ouvidas, compreendidas e obterem
respostas. (RCNEI, 1998, p. 126)
25
A construção da linguagem oral não é linear e ocorre em um processo de
aproximações sucessivas com a fala do outro, seja ela do pai, da mãe, do professor,
dos amigos ou aquelas ouvidas na televisão, no rádio etc. Nas inúmeras interações
com a linguagem oral, as crianças vão tentando descobrir as regularidades que a
constitui, usando todos os recursos de que dispõem: histórias que conhecem,
vocabulário familiar etc. Assim, acabam criando formas verbais, expressões e palavras,
na tentativa de apropriar-se das convenções da linguagem.
As crianças têm ritmos próprios e a conquista de suas capacidades lingüísticas
se dá em tempos diferenciados, sendo que a condição de falar com fluência, de
produzir frases completas e inteiras provém da participação em atos de linguagem.
Quando a criança fala com mais precisão o que deseja, o que gosta e o que não
gosta, o que quer e o que não quer fazer e a fala passa a ocupar um lugar privilegiado
como instrumento de comunicação, pode haver um predomínio desta sobre os outros
recursos comunicativos. Além de produzirem construções mais complexas, as crianças
são mais capazes de explicitações verbais e de explicar-se pela fala. O
desenvolvimento da fala e da capacidade simbólica ampliam significativamente os
recursos intelectuais, porém as falas infantis são, ainda, produto de uma perspectiva
muito particular, de um modo próprio de ver o mundo. (RCNEI, 1998)
A ampliação de suas capacidades de comunicação oral ocorre gradativamente,
por meio de um processo de idas e vindas que envolve tanto a participação das
crianças nas conversas cotidianas, em situações de escuta e canto de músicas, em
brincadeiras etc.,como a participação em situações mais formais de uso da linguagem,
como aquelas que envolvem a leitura de textos diversos.
1.3 EDUCAÇÃO INFANTIL E A LINGUAGEM ORAL
A linguagem se constitui um dos eixos básicos na educação infantil, dada sua
importância para o desenvolvimento e na formação do individuo, para a interação
26
social, na orientação das ações das crianças, na construção de conhecimentos e no
desenvolvimento das idéias.
A linguagem oral está presente no cotidiano e na prática das instituições de
educação infantil à medida que todos que dela participam: crianças e adultos, falam, se
comunicam entre si, expressando sentimentos e idéias.
O domínio da linguagem surge do seu uso em múltiplas circunstâncias, nas
quais as crianças podem perceber a função social que ela exerce e assim
desenvolver diferentes capacidades. Por muito tempo prevaleceu, nos meios
educacionais, a idéia de que o professor teria de planejar, diariamente, novas
atividades, não sendo necessário estabelecer uma relação e continuidade entre
elas. No entanto, a aprendizagem pressupõe uma combinação entre atividades
inéditas e outras que se repetem. Dessa forma, a organização dos conteúdos
de Linguagem Oral e Escrita deve se subordinar a critérios que possibilitem, ao
mesmo tempo, a continuidade em relação às propostas didáticas e ao trabalho
desenvolvido nas diferentes faixas etárias, e a diversidade de situações
didáticas em um nível crescente de desafios. A oralidade, a leitura e a escrita
devem ser trabalhadas de forma integrada e complementar, potencializando-se
os diferentes aspectos que cada uma dessas linguagens solicita das crianças.
(RCNEI, 1998, p. 133)
O educador deve estimular a criança, questionando-a sobre a fala, não se sentir
satisfeito com qualquer fala da criança, para ela demonstrar se esta segura do que
disse. O adulto influencia muito, pois os ouvindo ela acrescenta novas palavras e
termos ao seu vocabulário. (KOLLN, 2007)
De acordo com o RCNEI (1998), o trabalho com a linguagem oral na educação
infantil deve se orientar pelos seguintes pressupostos:
• Uso da linguagem oral para conversar, brincar, comunicar e expressar desejos,
necessidades, opiniões, idéias, preferências e sentimentos e relatar suas vivências nas
diversas situações de interação presentes no cotidiano.
• Elaboração de perguntas e respostas de acordo com os diversos contextos de
que participa.
• Participação em situações que envolvem a necessidade de explicar e
argumentar suas idéias e pontos de vista.
• Relato de experiências vividas e narração de fatos em seqüência temporal e
causal.
27
• Reconto de histórias conhecidas com aproximação às características da
história original no que se refere à descrição de personagens, cenários e objetos, com
ou sem a ajuda do professor.
• Conhecimento e reprodução oral de jogos verbais, como travalínguas,
parlendas, adivinhas, quadrinhas, poemas e canções.
• escutar a criança, dar atenção ao que ela fala, atribuir sentido, reconhecendo
que quer dizer algo;
• responder ou comentar de forma coerente aquilo que a criança disse, para que
ocorra uma interlocução real, não tomando a fala do ponto de vista normativo, julgandoa se está certa ou errada. Se não se entende ou não se dá importância ao que foi dito,
a resposta oferecida pode ser incoerente com aquilo que a criança disse, podendo
confundi-la. A resposta coerente estabelece uma ponte entre a fala do adulto e a da
criança;
• reconhecer o esforço da criança em compreender o que ouve (palavras,
enunciados, textos) a partir do contexto comunicativo;
• integrar a fala da criança na prática pedagógica, ressignificando-a.
Dessa forma, é necessário que a criança ao ser inserida no meio escolar todos
os recursos possíveis para a linguagem oral seja estimulados, para que seu repertorio
de palavras aumente e ela possa se expressar mais facilmente. À medida que a criança
desenvolve a sua oralidade e no contexto escolar utiliza-se da linguagem oral para
expressar suas idéias, pensamentos e intenções e também é estimulado aos diversos
processos de leitura e escrita, mesmo antes de ser alfabetizado, além do conhecimento
do esquema corpóreo ela adquiri subsídios para o conhecimento de si mesmo e do
espaço em que ocupa alem do processo para a alfabetização.
A aprendizagem da fala se dá de forma privilegiada por meio das interações que
a criança estabelece desde que nasce. As diversas situações cotidianas nas quais os
adultos falam com a criança ou perto dela configuram uma situação rica que permite à
criança conhecer e apropriar-se do universo discursivo e dos diversos contextos nos
quais a linguagem oral é produzida. É importante que o professor converse com bebês
e crianças, ajudando-os a se expressarem, apresentando-lhes diversas formas de
comunicar o que desejam, sentem, necessitam etc. Nessas interações, é importante
28
que o adulto utilize a sua fala de forma clara, sem infantilizações e sem imitar o jeito de
a criança falar. (RCNEI, 1998)
A ampliação da capacidade das crianças de utilizar a fala de forma cada vez
mais competente em diferentes contextos se dá na medida em que elas vivenciam
experiências diversificadas e ricas envolvendo os diversos usos possíveis da linguagem
oral. Portanto, eleger a linguagem oral como conteúdo exige o planejamento da ação
pedagógica de forma a criar situações de fala, escuta e compreensão da linguagem.
Além da conversa constante, o canto, a música e a escuta de histórias também
propiciam o desenvolvimento da oralidade. A leitura pelo professor de textos
escritos, em voz alta, em situações que permitem a atenção e a escuta das
crianças, seja na sala, no parque debaixo de uma árvore, antes de dormir,
numa atividade específica para tal fim etc., fornece às crianças um repertório
rico em oralidade e em sua relação com a escrita. O ato de leitura é um ato
cultural e social. Quando o professor faz uma seleção prévia da história que irá
contar para as crianças, independentemente da idade delas, dando atenção
para a inteligibilidade e riqueza do texto, para a nitidez e beleza das ilustrações,
ele permite às crianças construírem um sentimento de curiosidade pelo livro (ou
revista, gibi etc.) e pela escrita. A importância dos livros e demais portadores de
textos é incorporada pelas crianças, também, quando o professor organiza o
ambiente de tal forma que haja um local especial para livros, gibis, revistas etc.
que seja aconchegante e no qual as crianças possam manipulá-los e “lê-los”
seja em momentos organizados ou espontaneamente.(RCNEI, 1998, p.136)
Considerando-se que o contato com o maior número possível de situações
comunicativas e expressivas resulta no desenvolvimento das capacidades lingüísticas
das crianças, uma das tarefas da educação infantil é ampliar, integrar e ser continente
da fala das crianças em contextos comunicativos para que ela se torne competente
como falante.
Isso significa que o professor deve ampliar as condições da criança de manter-se
no próprio texto falado. Para tanto, deve escutar a fala da criança, deixando-se envolver
por ela, ressignificando-a e resgatando-a sempre que necessário.
O trabalho com as crianças exige do professor uma escuta e atenção real às
suas falas, aos seus movimentos, gestos e demais ações expressivas. A fala
das crianças traduz seus modos próprios e particulares de pensar e não pode
ser confundida com um falar aleatório. Ao contrário, cabe ao professor ajudar as
crianças a explicitarem, para si e para os demais, as relações e associações
contidas em suas falas, valorizando a intenção comunicativa para dar
continuidade aos diálogos. A criação de um clima de confiança, respeito e afeto
em que as crianças experimentam o prazer e a necessidade de se comunicar
apoiadas na parceria do adulto, é fundamental. Nessa perspectiva, o professor
deve permitir e compreender que o freqüente burburinho que impera entre as
29
crianças, mais do que sinal de confusão, é sinal de que estão se comunicando.
Esse burburinho cotidiano é revelador de que dialogam, perguntam e
respondem sobre assuntos relativos às atividades que estão desenvolvendo —
um desenho, a leitura de um livro etc. — ou apenas de que têm intenção de se
comunicar. (RCNEI, 1998, p.138)
Então, cabe ao professor organizar situações de participação nas quais as
crianças possam buscar materiais, pedir informações ou fazer solicitações a outros
professores ou crianças, elaborar avisos, pedidos ou recados a outras classes ou
setores da instituição etc., pois, assim, o professor possibilita às crianças o uso
contextualizado dos pedidos, perguntas, expressões de cortesia e formas de iniciar
conversação.
Contudo, deve-se cuidar
que todos
tenham
oportunidades
de
participação.
É importante planejar situações de comunicação que exijam diferentes graus de
formalidade, como conversas, exposições orais, entrevistas e não só a reprodução de
contextos comunicativos informais. Uma das formas de ampliar o universo discursivo
das crianças é propiciar que conversem bastante, em situações organizadas para tal
fim, como na roda de conversa ou em brincadeiras de faz-de-conta. Pode-se organizar
rodas de conversa nas quais alguns assuntos sejam discutidos intencionalmente, como
um projeto de construção de um cenário para brincar, um passeio, a ilustração de um
livro etc. Pode-se, também, conversar sobre assuntos diversos, como a discussão
sobre um filme visto na TV, sobre a leitura de um livro, um acontecimento recente com
uma das crianças etc. (RCNEI, 1998)
A roda de conversa é o momento privilegiado de diálogo e intercâmbio de
idéias. Por meio desse exercício cotidiano as crianças podem ampliar suas
capacidades comunicativas, como a fluência para falar, perguntar, expor suas
idéias, dúvidas e descobertas, ampliar seu vocabulário e aprender a valorizar o
grupo como instância de troca e aprendizagem. A participação na roda permite
que as crianças aprendam a olhar e a ouvir os amigos, trocando experiências.
Pode-se, na roda, contar fatos às crianças, descrever ações e promover uma
aproximação com aspectos mais formais da linguagem por meio de situações
como ler e contar histórias, cantar ou entoar canções, declamar poesias, dizer
parlendas, textos de brincadeiras infantis etc. A ampliação do universo
discursivo das crianças também se dá por meio do conhecimento da variedade
de textos e de manifestações culturais que expressam modos e formas próprias
de ver o mundo, de viver e pensar. Músicas, poemas, histórias, bem como
diferentes situações comunicativas, constituem-se num rico material para isso.
Além de propiciar a ampliação do universo cultural, o contato com a diversidade
permite conhecer e aprender a respeitar o diferente. (RCNEI, 1998, p. 139)
30
A criança adquire maior conhecimento sobre a linguagem oral, quando esta em
contato com um ambiente rico em provocações, se uma criança desde pequena esta
em contato com diversas formas de linguagem, ouve historia infantil, esta em contato
com livros, revistas, ouvindo pessoas, vendo e sentindo certamente vai gostar de ler e
ouvir historias, e além disso terá um vocabulário mais amplo e mais facilidade de se
expor oralmente. È neste processo que as instituições de educação infantil tem um
papel fundamental.
1.3.1 Dificuldades no Desenvolvimento da Oralidade
Algumas crianças, por diversas razões, não chegam a desenvolver habilidades
comunicativas por meio da fala, como, por exemplo, crianças com deficiência auditiva,
algumas portadoras de paralisia cerebral, autistas etc. Nesses casos, a inclusão das
crianças nas atividades regulares favorece o desenvolvimento de várias capacidades,
como a sociabilidade, a comunicação, entre outras.
De acordo com Setti (1998) é preciso ter noção do que ocorre, dentro das
possibilidades de nossos conhecimentos atuais, para não dificultar, em vez de facilitar,
a aquisição da linguagem. Uma criança que fala é um milagre sonoro. É tão complexa a
estrutura dessa maquininha falante que realmente surpreende que os "desajustes" dela
não sejam ainda mais freqüentes do que são. O importante é não negligenciar, não
adiar a orientação adequada do problema.
Convém salientar que existem certos procedimentos que favorecem a aquisição
de sistemas alternativos de linguagem, como a que é feita por meio de sinais, por
exemplo, mas que requerem um conhecimento especializado.
Muitos seres humanos, entretanto, apresentam dificuldades reais da voz e da
fala, os deficientes desse setor, são mais numerosos que os de todos os defeitos
humanos reunidos. E a razão é simples. Pouca gente aprende a falar. A criança que
aprende a andar, tropeça, cai, engatinha, tenta, atravessa uma série de etapas que
todos consideram lógicas e normais. Ajuda-se e facilita-se, o que não ocorre na fala.
31
(SETTI, 1998)
Cabe ao professor da educação infantil uma ação no cotidiano visando a
integrar todas as crianças no grupo. As crianças com problemas auditivos criam
recursos variados para se fazerem entender. O professor deve também buscar
diferentes possibilidades para entender e falar com elas, valorizando várias
formas de expressão. Além da inclusão em creches e pré-escolas regulares, as
crianças portadoras de necessidades especiais deverão ter paralelamente um
atendimento especializado. (RCNEI, 1998, p.139)
Só assim teremos alunos nas séries iniciais e todas as etapas de formação
educacional e mesmo em sua vida social, cidadãos bem sucedidos, pois aqueles que
bem se relacionam terão melhores oportunidades, na sociedade em que vivemos.
32
CAPÍTULO II
2 ANÁLISE DOS RESULTADOS
O trabalho
buscou
investigar
a importância
da
educação
infantil
no
desenvolvimento da linguagem oral. A pesquisa partiu do levantamento de informações
bibliográficas junto a renomados autores e na aplicação de questionários junto a
professores de educação infantil de uma escola de Caçador. Os resultados serão
analisados e apresentados dentro da metodologia própria para este tipo de trabalho. Na
análise nos sustentaremos na forma qualitativa, por ser a mais apropriada.
Recuperando nosso objetivo: Realizar um estudo sobre: a importância da
educação infantil no desenvolvimento da linguagem oral. Analisamos as respostas dos
questionários aplicados aos professores. Para facilitar a analise e o sigilo da identidade
dos professores, seram mencionados por A,B,C,D e E.
A escola, professores e alunos, objetos de nossa pesquisa situam-se no
municipio de Caçador, sendo esta uma instituiçao particular de ensino que conta
atualmente com 498 alunos da educação infantil ao ensino médio; 30 professores; uma
biblioteca, sala se informática com programas de envolvimento dos pais com a escola e
atividades pedagógicas com o envolvimento dos pais.
Na nossa análise procuramos ressaltar aspectos sobre as contribuições do
trabalho realizado por estes professores no desenvolvimento da oralidade, uma vez que
estes trabalham com crianças de 2 a 6 anos.
A linguagem se constitui um dos eixos básicos na educação infantil, dada sua
importância para o desenvolvimento e na formação do individuo, para a interação
social, na orientação das ações das crianças, na construção de conhecimnetos e no
desenvolvimento das idéias.
A maioria das professoras que fizeram parte desta pesquisa, possuem
graduação em Pedagogia e Pós- graduaçao em educação infantil e séries iniciais,
apenas uma possui além de graduaçao em Pedagogia e Pós- graduação em educação
33
infantil e series iniciais, também graduação em Artes Visuais e Pós- graduaçao em arteeducação.
A habilitação na área especifica faz com que o educador saiba com segurança o
seu papel, faz com que o ensino seja de qualidade, garantindo assim uma formação
capaz de desenvolver as habilidades e capacidades da criança, o educador habilitado,
deve saber o que esta fazendo, como fazer e porque fazer, com que objetivo.
Além disso, essas professoras possuem varios anos de experiência em
educaçao infantil, pois a professora A trabalha à 4 anos, a B à 5 anos, a C à 9 anos, a
D à 15 anos e a E à 17 anos com educaçao infantil. Sendo assim, além dos
conhecimentos teóricos adquiridos ao longo de sua formação acadêmica, possuem um
vasto conhecimento prático na educação inafantil que podem contribuir com esta
pesquisa.
Constatamos que os professores pesquisados consideram a educação infantil
muito importante no desenvolvimento da linguagem oral. De modo que, a professora A
define como o principal objetivo da educação infantil o desenvolvimento integral do
aluno, dessa forma a oralidade tem seu inicio na educação infantil, ou seja, é nessa
fase que a criança vai receber suporte para o desenvolvimento de sua oralidade.
Além disso, a professora B destaca que a educação infantil é importante, pois
desde cedo a criança aprende a se expressar e falar das suas preferências para a
professora, fazendo assim com que a professora entenda o que ela quer, por isso a
importância de trabalhar a oralidade com a criança.
De acordo com o RCNEI (1998), cabe ao professor ajudar as crianças a
explicitarem, para si e para os demais, as relações e associações contidas em suas
falas, valorizando a intenção comunicativa para dar continuidade aos diálogos. A
criação de um clima de confiança, respeito e afeto em que as crianças experimentam o
prazer e a necessidade de se comunicar apoiadas na parceria do adulto, é
fundamental. Nessa perspectiva, o professor deve permitir e compreender que o
freqüente burburinho que impera entre as crianças, mais do que sinal de confusão, é
sinal de que estão se comunicando. Esse burburinho cotidiano é revelador de que
dialogam, perguntam e respondem sobre assuntos relativos às atividades que estão
34
desenvolvendo — um desenho, a leitura de um livro etc. — ou apenas de que têm
intenção de se comunicar.
A educação infantil é o alicerce da educação, a base de tudo, através das
atividades ludicas desenvolvidas é possivel ter no futuro, alunos menos timidos e com
maior facilidade de expressar-se oralmente e corretamente, conforme afirma a
professora C.
O educador deve estimular a criança, questionando-a sobre o que ela fala, não
se sentir satisfeito com qualquer fala da criança, para ela demonstrar se esta segura do
que disse. O adulto influência muito, pois ouvindo ela acrescenta novas palavras e
termos ao seu vocabulário.
Segundo a professora D, desde muito cedo, antes mesmo das crianças
frequentarem a escola elas estão interagindo com diferentes pessoas, desenvolvendo a
linguagem oral, sua vinda a educação infantil possibilita uma abrangência, onde o
profissional incentiva e motiva o aluno a falar, contar fatos, entre outros, proporcionando
a aquisição de uma linguagem oral desenvolvida e enriquecedora para seu vocabulário
ampliar-se.
A amplificação da capacidade das crianças de utilizar a fala de forma cada vez
mais competente em diferentes contextos se da na medida em que elas vivenciam
experiências diversificadas e ricas envolvendo os diversos usos possíveis da linguagem
oral. Portanto, eleger a linguagem oral como conteúdo exige o planejamento da ação
pedagógica de forma a criar situações de fala, escuta e compreensão da linguagem.
(RCNEI, 1998)
Ainda convém ressaltar, que para a professora E, a educação infantil é
importante no desenvolvimento da linguagem oral, porque promove situações de
interações, porque a aprendizagem se dá por meio da interação. A significância da
aprendizagem permite à criança conhecer, interpretar, utilizar e avaliar a realidade em
que se encontra inserida e segurança para expressar-se.
Para Vygotsky, aquilo que é inato, não é suficiente para produzir o individuo, na
ausência do ambiente social, pois ele chama atenção para a ação recíproca existente
entre o organismo e o meio e atribui especial importância ao fator humano presente no
ambiente. (REGO, 2004)
35
Na questão cinco, todas as professoras questionadas consideram muito
importante o desenvolvimento da linguagem oral no desempenho psicossocial da
criança, pois uma criança comunicativa, ou seja, com uma boa linguagem oral
expressa-se melhor e principalmente consegue relacionar-se socialmente de forma
muito mais espontânea e com mais facilidade.
Sendo assim, consegue socializar-se mais facilmente, fazer mais amizades, uma
vez que, quanto mais a criança fala, mais ela interage com o meio, a criança mais
espontânea é muitas vezes mais ativa e possui mais amigos.
Para a professora E, a linguagem oral, como todas as linguagens é um
instrumento de comunicação, portanto uma forma de interação dos meninos e meninas
com o seu ambiente.
Segundo Kolln (2007), o domínio da língua tem estreita relação com a
possibilidade de plena participação social, pois é por meio dela que o ser humano se
comunica, tem acesso a informações, expressa e defende pontos de vista, partilha ou
constrói visões de mundo, produz conhecimento. Assim, um projeto educativo
comprometido com a democratização social e cultural atribui ao processo ensinoaprendizagem a função e responsabilidade de garantir a todas as crianças o acesso
aos saberes lingüísticos necessários para o exercício da cidadania, direito inalienáveis
de todos.
Considerando a importância que a linguagem oral tem na vida do ser humano,
como se dá o desenvolvimento da linguagem oral ao longo da educação e é percebível
esse desenvolvimento. A professora A acredita que na educação infantil a oralidade
devera ser basicamente procedimental, ou seja, o que a criança aprende são
procedimentos de utilização da língua.
Por outro lado a professora B, destaca que o desenvolvimento se dá trazendo
novidades para serem discutidas na roda da conversa, aproveitando as curiosidades
que os pequenos tem sobre o mundo, incentivando-os a desenvolverem a linguagem, a
falarem sobre o assunto. No inicio eles ficam um pouco tímidos, mas ao longo do ano
percebe-se o desenvolvimento de sua oralidade.
Dessa forma, a professora C, relata que percebe o desenvolvimento da
linguagem oral através de momentos de conversas, músicas e jogos.
36
O educador deve estimular a criança, questionando-a sobre o que fala, não se
sentir satisfeito com qualquer fala da criança: para ela demonstrar se esta segura do
que disse. O adulto influencia muito, pois os ouvindo ela acrescenta novas palavras e
termos ao seu vocabulário.
De acordo com a professora D, quando a criança inicia na educação infantil ela
raramente fala e sua fala é bem infantilizada, percebendo-se sua evolução ao passar
dos anos. Isso também se dá pelo amadurecimento da criança, sendo simplesmente
surpreendente este desenvolvimento em sua oralidade.
Além disso, para a professora E, é perceptível a evolução através do relato de
vivencias, transmissão de forma clara de preferências, sentimentos, expor idéias,
articular corretamente as palavras, superação da fala infantilizada, organização oral de
historias conhecidas com seqüência lógica e temporal.
A linguagem é o meio pelo qual o ser humano consegue expressar-se, defender
suas idéias, enfim, interagir com o outro. Por esse motivo, cabe a escola proporcionar o
maior numero de situações em que o aprendiz utilize significativamente, garantindo-lhe
os conhecimentos necessários para que possa participar plenamente da sociedade. É
através do uso eficaz da linguagem que o individuo poderá exercer sua cidadania.
Quanto ao trabalho realizado com a linguagem oral na educação infantil, a
professora A relata que no ensino da oralidade, não é suficiente preocupar-se apenas
com aspectos sonoros, como entonação, clareza, altura de voz, dicção e outros. Mas é
preciso entender que a escola precisa priorizar no ensino situações de comunicação
oral.
A professora B descreve que trabalha a oralidade através da roda de conversas,
hora da novidade, discutir assuntos do jornal ou do dia-a-dia, assuntos próprios das
crianças, do seu cotidiano. Assim, elas exercitam mais do que a linguagem oral, elas
expressam o que percebem, pensam e sentem do que vivem. Alem disso, interagem
criam laços afetivos com os colegas e professores. A criança aprende com o outro,
discute, aceita regras, procura soluções para os desafios, aprende a ter convicção de
suas próprias idéias e ser capaz de defendê-las desde que o professor de
oportunidades, pois o ser humano é essencialmente social. A formação de suas
opiniões e comportamentos se dá, particularmente, por meio de interação com as
37
outras pessoas. O trabalho de socialização também se dá, particularmente, por meio da
interação.
De acordo com o RCNEI (1998), a roda de conversa é o momento privilegiado de
diálogo e intercambio de idéias. Por meio desse exercício cotidiano as crianças podem
ampliar suas capacidades comunicativas, como a fluência para falar, perguntar, expor
suas idéias, dúvidas e descobertas, ampliar seu vocabulário e aprender a valorizar o
grupo como instancia de troca e aprendizagem. A participação na roda permite que as
crianças aprendam a olhar e a ouvir os amigos, trocando experiências. Pode-se, na
roda, contar fatos às crianças, descrever ações e promover uma aproximação com
aspectos mais formais da linguagem por meio de situações como ler e contar historias,
cantar ou entoar canções, declamar poesias, dizer parlendas, textos de brincadeiras
infantis etc.
Para a professora C, é preciso sempre falar corretamente, e sempre que
necessário corrigir a criança repetindo corretamente a palavra para ela. Trabalhar
músicas, ouvir estórias, permitir momentos de conversas entre as próprias crianças, são
alguns dos recursos utilizados por ela no trabalho com a oralidade.
Segundo o RCNEI (1998), além da conversa constante, o canto, a música e a
escuta de histórias também propiciam o desenvolvimento da oralidade. A leitura pelo
professor de textos escritos, em voz alta, em situações que permitam a atenção e a
escuta das crianças, seja na sala, no parque debaixo de uma arvore, antes de dormir,
numa atividade especifica para tal fim etc., fornece às crianças um repertorio rico em
oralidade e em sua relação com a escrita.
De acordo com a professora D, o trabalho com a linguagem oral é realizado em
muitas etapas e a todo momento. Ao relatar vivencias, no reconhecimento do nome do
colega, ao cantar, ao brincar com adivinhas, parlendas, poemas, ao ler um livro ou ouvir
uma historia, ao transmitir um recado, ou seja, em todas as situações do cotidiano
escolar é trabalhado com a linguagem oral.
A professora E, destaca que é preciso valorizar a dinâmica das conquistas
coletivas e dos diálogos para favorecer a expressão oral em situações comunicativas
(roda de conversa, canções, poesias, trava-línguas, jogos de perguntas, hora da
novidade, exercícios fonoarticulatórios), e por sua vez, a estruturação das idéias e a
38
reflexão prévia, necessária a qualquer ato de comunicação.
Portanto, conforme o RCNEI (1998), considerando-se que o contato com o maior
número possível de situações comunicativas e expressivas resulta no desenvolvimento
das capacidades lingüísticas das crianças, uma das tarefas da educação infantil é
ampliar, integrar e ser continente da fala das crianças em contextos comunicativos para
que ela se torne competente como falante. Isso significa que o professor deve ampliar
as condições da criança de manter-se no próprio texto falado. Para tanto, deve escutar
a fala da criança, deixando-se envolver por ela, ressignificando-a e resgatando-a
sempre que necessário.
Quando questionados se ao longo de sua experiência profissional tiveram
contato com crianças que freqüentaram vários anos de educação infantil e outras que
não freqüentaram, e se foi possível perceber a diferença em sua oralidade, a maioria
dos professores responderam que já puderam ter essa experiência, e que a diferença
existe, e muitas vezes é gritante, seja na maneira de falar, bem como na maturação da
oralidade.
Em contato com a educação infantil desde cedo, a criança aprende que a
linguagem é um meio de socialização e utiliza-se da linguagem oral com maior
eficiência. As crianças que convivem com crianças são mais estimuladas, sendo
possível perceber uma oralidade mais desenvolvida.
Apenas duas das professoras questionadas responderam que esta é uma
questão muito relativa, que depende de cada criança, pois tem algumas crianças que
nunca freqüentaram a educação infantil e chegam à escola cheias de novidades. Esta é
uma questão de maturidade e muitas vezes de incentivo da família, uma vez que você
pode deparar-se com os dois lados, crianças que ao ingressarem na educação infantil,
mesmo aos dois anos de idade falando corretamente, e aquela que já completou cinco
ou seis anos e esta ingressando na educação infantil e ainda não fala corretamente.
A professora A, acredita que a educação infantil pode contribuir no
desenvolvimento da oralidade, criando momentos onde as crianças poderão relatar
como foi o final de semana, ou um conto, historias, cantar e representar, ou seja, a
oralidade desenvolve-se nas oportunidades que a criança tem de falar.
A professora B, acrescenta, que pode-se também incentivar a oralidade da
39
criança através da leitura visual, pedir para as crianças contarem detalhes sobre uma
obra, figura ou desenho produzido por ela.
Para a professora C, a educação infantil pode contribuir no desenvolvimento da
oralidade proporcionando momentos de interação total das crianças com as atividades
que estimulam a oralidade.
Segundo o RCNEI (1998), ao organizar situações de participação nas quais as
crianças possam buscar materiais, pedir informações ou fazer solicitações a outros
professores ou crianças, elaborar avisos, pedidos ou recados a outras classes ou
setores da instituição etc., o professor possibilita às crianças o uso contextualizado dos
pedidos, perguntas, expressões de cortesia e formas de iniciar conversação. Deve-se
cuidar que todos tenham oportunidades de participação.
Além disso, a professora D, descreve que a educação infantil pode e deve
contribuir no desenvolvimento da oralidade, e em todos os aspectos e momentos,
incentivando, orientando e estimulando.
Muito mais que saber falar, a criança precisa ouvir, pois tudo o que ouve vai
influenciar no desenvolvimento da linguagem, tanto positivo quanto negativamente. O
educador deve estar atento para construir com a criança a habilidade de ouvir,
facilitando o trabalho da linguagem oral, formal e informal.
Portanto, para a professora E, a educação infantil pode contribuir ouvindo a
criança, possibilitando a comunicação horizontal, a cooperação, o sentimento de
pertinência, a socialização, a descoberta, para então buscar os objetivos relativos aos
conteúdos cognitivos (conhecimento), procedimentais (praticas), e atitudinais (valores e
atitudes).
A criança sofre influências do meio social. O que ela ouve e visualiza trás
conseqüências na linguagem oral como também em seu vocabulário.
Na questão 10, quais atividades estão sendo desenvolvidas na educação infantil
visando a linguagem oral e como elas podem contribuir para o bom desenvolvimento da
oralidade, a professora A respondeu que as atividades desenvolvidas são historias
infantis, musicas, teatro e rodas de conversas, pois tudo isso tem uma grande influencia
na oralidade e a educação infantil é um espaço que deve ser rico nesses estímulos.
Dessa forma, a professora B, acrescenta que além da roda de conversa, pode-se
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trabalhar a oralidade na rotina da sala, incentivando a criança a falar, por exemplo, da
tarefa que fez em casa, contar para os amigos, e leitura de livros adequados a faixa
etária das crianças, já que os livros são muito bons para o desenvolvimento da
oralidade.
O ato de leitura é um ato cultural e social. Quando o professor faz uma seleção
previa da história que ira contar para as crianças, independentemente da idade delas,
dando atenção para a inteligibilidade e riqueza do texto, para a nitidez e beleza das
ilustrações, ele permite às crianças construírem um sentimento de curiosidade pelo livro
(ou revista, gibi etc.) e pela escrita. A importância dos livros e dos demais portadores de
textos é incorporada pelas crianças, também, quando o professor organiza o ambiente
de tal forma que haja um local especial para livros, gibis, revistas etc. que seja
aconchegante e no qual as crianças possam manipulá-los e “lê-los” seja em momentos
organizados ou espontaneamente. Deixar as crianças levarem um livro para casa, para
ser lido junto com seus familiares, é um fato que deve ser considerado. As crianças,
desde muito pequenas, podem construir uma relação prazerosa com a leitura.
Compartilhar essas descobertas com seus familiares é um fator positivo nas
aprendizagens da criança, dando um sentido mais amplo para a leitura. (RCNEI, 1998)
As atividades desenvolvidas pela professora C, visando a oralidade são:
musicas, teatros, apresentações, conversas, jogos de raciocínio, etc.
De acordo com a professora D, ao relatar fatos que aconteceram num final de
semana, ao contar números em todas as atividades diárias, deve e esta contribuindo
para o desenvolvimento da linguagem oral.
Conforme o RCNEI (1998), recontar historias é outra atividade que pode ser
desenvolvida pelas crianças. Elas podem contar historias conhecidas com a ajuda do
professor, reconstruindo o texto original à sua maneira. Para isso podem apoiar-se nas
ilustrações e na versão lida. Nessas condições, cabe ao professor promover situações
para que as crianças compreendam as relações entre o que se fala, o texto escrito e a
imagem. O professor lê a historia, as crianças escutam, observam as gravuras e,
freqüentemente, depois de algumas leituras, já conseguem recontar a historia,
utilizando algumas expressões e palavras ouvidas na voz do professor. Nesse sentido,
é importante ler as historias tal qual estão escritas, imprimindo ritmo à narrativa e dando
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a criança a idéia de que ler significa atribuir significado ao texto e compreendê-lo.
A professora E, trabalha com leitura e interpretação oral de diferentes textos,
poesias, musicas, parlendas, adivinhações, trava-línguas, hora da caixa surpresa, roda
de conversa, livros de literatura, construção de relatos e descrições, diálogos, oficina de
fantoches. De modo que, através de todas estas atividades as crianças adquirem novas
palavras, ou seja, ampliam o seu vocabulário.
Portanto, desenvolvendo estas atividades na educação infantil, as professoras
questionadas afirmam que é possível perceber uma grande diferença na oralidade de
seus alunos no começo do ano para o final, com exceção, daquelas crianças que
possuem alguma dificuldade ou distúrbio de oralidade e que necessitam de
acompanhamento.
De modo que no final do ano as crianças estão mais desenvolvidas e mais
familiarizadas com a turma, tornando a linguagem oral mais fluente. Além do mais, há
uma evolução na pronuncia das palavras e uma ampliação no vocabulário.
Quando questionada sobre como é trabalhar a linguagem oral com crianças
tímidas e outras que são falantes, quais suas implicações e possibilidades, a professora
A, responde que com as mais tímidas encontra-se mais dificuldade, mas não a
impossibilidade de trabalhar, o que muda é a forma de abordagem. Com as mais
falantes percebe-se mais reciprocidade diante das atividades sugeridas.
Em sala de aula podemos encontrar crianças falantes e tímidas; ao deparar com
uma criança falante, o educador deve fazer com que aprenda a ouvir, permitir ao outro
colega a oportunidade de expressar-se compreendendo que cada um tem sua vez de
falar.
Para a professora B, com as crianças mais tímidas, nos professores temos que
achar uma maneira de instigá-las, porém sem as deixar mais tímidas e as mais falantes
ajudar o professor a conversar com as demais e ate mesmo auxiliá-lo em sala, na hora
de contar uma historia, por exemplo.
A professora C, destaca o fato de que as crianças tímidas demoram mais para
falar, enquanto as mais falantes sempre expressam suas necessidades e opiniões, de
forma que estimulam as mais tímidas a socializar-se.
Percebemos que há dificuldade de crianças se expressar com timidez. Em sala
42
de aula, quando o educador se depara com essa dificuldade, devera dar oportunidade
para a criança se expressar de seu jeito, onde ela percebe que esta sendo valorizada e
sendo ouvida pelo educador.
Segundo a professora D, muitas vezes as crianças falantes “atropelam” as
palavras, por estarem falando o tempo todo, sendo assim torna-se viável o professor
estar atento para que as mesmas façam uso da fala correta. Por outro lado, com as
mais tímidas é muito mais difícil, pois em primeiro lugar é preciso estar atento para não
expor a criança e também não criar uma situação aonde ela fique ainda mais tímida,
contudo com o tempo o professor consegue ver o resultado.
Para a professora E, a confiança que o educador desperta, a certeza de seu
interesse e a tranqüilidade de sabê-lo justo e imparcial, capaz de compreender e aceitar
os pontos de vista, ritmos e fluência, facilitam a auto- expressão da criança.
O educador deve dar oportunidade para todos manifestar-se, usando técnicas e
mecanismos diferentes, para que os mais tímidos possam se expressar, assim vai
crescendo a confiança em si para colocar suas opiniões e idéias. A sala de aula precisa
ser um lugar onde a linguagem esteja presente constantemente, pois quanto mais rico
de estímulos for o meio, mais oportunidades terá a criança.
Todavia, é extremamente importante, que ao se trabalhar com a linguagem oral,
os professores de educação infantil, tenham certos cuidados para que não haja um
bloqueio em seu desenvolvimento. Nesse sentido a professora A destaca que deve-se
oferecer oportunidades que a criança expresse-se de forma espontânea, jamais
obrigando-a ou expondo-a a ponto que ela possa vir a se constranger.
Mas ainda, para a professora B é preciso cuidar par não humilhar a criança, ou
forçá-la a falar o que realmente não quer.
É necessário frisar também que, para a professora C, não se deve fazer
repressões, rir da fala errada da criança e sim corrigir de uma forma que nem se
perceba, uma delas é falar a palavra correta em seguida sem demonstrar reação de
descontentamento.
Além do mais, a professora D, relata que não deve-se expor a criança, é preciso
deixá-la construir seu próprio repertorio, estando atento a algum problema psicológico,
e quando necessário procurar orientação de um profissional da área.
43
Assim, para a professora E, a maior facilidade de expressão dependera
essencialmente do clima afetivo que o educador conseguir criar no grupo, incentivando
a todo e qualquer dialogo construtivo, não permitindo que as crianças sejam criticadas
pelos colegas quanto a sua linguagem.
Na questão quatorze, todas as professoras questionadas, têm a mesma opinião,
afirmando que trabalhando a linguagem oral desde cedo nas crianças, elas terão mais
facilidade de se expressar oralmente quando adultos. Visto que, crianças estimuladas
desde cedo e de forma correta terão com certeza maior facilidade em se expressar,
pois vão deixando a timidez de lado.
O processo de ensino aprendizagem tanto pode contribuir para que a pessoa
adulta tenha confiança ao expressar-se em publico, como pode torná-la uma pessoa
insegura, incapaz de expressar suas opiniões em publico e ter muitos problemas ao
longo da sua vida, daí a importância de se trabalhar desde cedo e de forma correta a
oralidade com as crianças, para contribuir com seu desenvolvimento e não acabar
criando algum bloqueio.
De maneira que, observa-se isso nas pessoas mais idosas, as quais vieram de
um processo de ensino aprendizagem onde as crianças não tinham a oportunidade de
expressar seus pensamentos, por isso muitas destas pessoas sentem vergonha em
falar em publico. Hoje, já é bem diferente, as crianças são estimuladas desde cedo a
utilizar a linguagem oral, permitindo falar em sala de aula para seus colegas, rompendo
gradativamente aquele receio de falar em publico.
Quando a criança tem algum problema ela pergunta para o adulta e esse adulto
geralmente é de seu convívio social; e dependendo de como é respondida ou como
satisfaz sua curiosidade que contribuirá para um bom desenvolvimento da oralidade da
criança. Se essa não for respondida ou podada em suas questões ou curiosidades, terá
dificuldade quando for adulto, e será uma pessoa com bloqueio.
Conforme Rego (2004), o desapontamento de uma fala interrompida pode
provocar seqüelas profundas na criança que ainda não introjetou o código da
linguagem, a ponto de comprometer toda sua capacidade de comunicação futura.
Nesse sentido, se o estimulo que é dado na educação infantil, for mantido nas
series iniciais e finais do ensino fundamental, com incentivo de leitura que é a base
44
para uma boa organização de pensamento, coerência e segurança para comunicar
suas idéias, teremos adultos com maior facilidade de se expressar oralmente.
Por fim, quanto a influência da família no desenvolvimento da oralidade, todos os
professores questionados têm basicamente a mesma opinião sobre o assunto. Logo, a
professora A, descreve que a família exerce forte influencia no desenvolvimento da
oralidade, seja ao conversar com a criança, ao ler historias, proporcionar momentos em
que possa ouvir musica, cantar para ela. Enfim, esta influencia esta no dia-a-dia da
família, no modo como falam e como estimulam a criança a falar.
Não obstante, para a professora B, a influencia da família é muito importante,
pois é o primeiro contato que a criança tem com outras pessoas, incentivá-las a falar
corretamente e sempre conversar com a criança, ajudará muito quando entrar na
escola. Além disso, crianças leitoras desde pequenas, ou que os pais contam historias
ou incentivam a ler todos os dias, é percebível uma oralidade mais desenvolvida em
sala de aula, mesmo nos mais pequenos.
Observa-se também que, para a professora C, a família é muito importante, visto
que é com a família que a criança sente-se segura para falar, conversar, comentar, etc.
E que, segundo a professora D, a família tem total influencia nesse aspecto, pois é ali
que inicia-se todo o processo de aquisição da fala.
Não se pode esquecer que, conforme a professora E, se a família supervaloriza
a fala infantilizada ou ainda a falta de palavra, comunicando-se por gestos ou
monossílabos, a criança terá maior dificuldade em desenvolver a oralidade. Entretanto,
se por outro lado a família articula corretamente as palavras e frases, estimulando a
criança, ela terá melhor performance no desenvolvimento da linguagem oral.
Os adultos exercem importante influencia nesse processo, quando aas crianças
percebem este dialogo e interagem com ele, aprendem a usar a linguagem.
Assim sendo, o educador deve valorizar o que cada um sabe e analisar a
realidade da criança, fazendo-a perceber que é importante seu modo de falar, mas temse uma língua-padrão para haver compreensão, dialogo e entendimento.
45
CAPÍTULO III
3 RELAÇÃO DO TEMA COM A FORMAÇÃO ACADÊMICA
Nos
quatro
anos
de
academia,
pudemos
aprender
muitas
coisas.
Conhecimentos, professores excepcionais, profissionais qualificados. No decorrer do
curso percebemos falhas tanto estruturais quanto pedagógicas por parte da
Universidade como da parte dos acadêmicos, mas nada que não se soluciona com uma
boa conversa, afinal, todos ali tinham um objetivo igual tornar-se pedagogas, com um
diferencial das que já estão na profissão. A mudança de grade do curso trouxe para nos
a oportunidade de estar fazendo disciplinas que nos levam a um conhecimento maior
do que as turmas que já passaram pelo curso.
Na primeira e segunda fase, tivemos Filosofia e Sociologia da Educação,
Introdução à Ciência Pedagógica e História da Educação que nos proporcionaram uma
visão geral da Educação, desde o seu inicio, evolução, até chegar aos dias atuais,
construindo em nos um novo conceito sobre a Educação e do que é ser, realmente,
uma Pedagoga.
Ainda, na segunda fase outras disciplinas que se relacionam com o tema deste
trabalho são: Fundamentos da literatura Infantil, Fundamentos e Metodologia da
Educação Infantil e Psicologia do Desenvolvimento, sendo este o nosso primeiro
contato com a Educação Infantil, surgindo, logo, uma identificação por esta área.
Nessas disciplinas fomos estimulados a criar metodologias lúdicas para trabalhar
com as crianças, como, por exemplo, dramatização de histórias infantis. Na Psicologia
do Desenvolvimento estudamos as fases do desenvolvimento infantil, de acordo com
renomados autores, que são a base para a formação de um Pedagogo.
Na terceira fase iniciamos os estágios, o primeiro foi de observação na Educação
Infantil e nos Anos Iniciais, onde foi possível vivenciar a realidade do dia-a-dia em sala
de aula em todos os níveis de Educação Infantil, começando pelo berçário até o pré IV,
em um Centro de Educação Infantil da ACEIAS. Nos Anos Iniciais, foram observadas as
46
turmas do primeiro ano à quarta série, de uma Escola Municipal do Município de
Caçador.
O ponto positivo do Estágio I, foi de logo no inicio do curso, poder conhecer na
prática as teorias estudadas na faculdade, além disso, para a maioria das acadêmicas
este foi o primeiro contato direto com turmas de educação infantil e anos iniciais,
podendo conhecer todos os seus níveis e acompanhar como é o cotidiano de uma
pedagoga em cada uma dessas turmas.
Ainda na terceira fase, tivemos Didática e Planejamento Educacional e
Psicologia da Aprendizagem, onde discutimos algumas técnicas de didática e
planejamento em sala de aula, bem como buscamos subsídios na psicologia para
compreender como a aprendizagem ocorre nas crianças.
Na quarta fase foi realizado o segundo estágio, que foi de observação e de
intervenção na Educação Infantil, o mesmo aconteceu na turma do infantil V, de uma
instituição particular de ensino. Neste estágio foi possível observar e analisar a
diferenças existentes entre as instituições públicas de ensino do primeiro estágio e a
instituição particular deste estágio.
Além do mais, por este estágio se deter apenas na Educação Infantil, pode-se
aprofundar nesta área e através da intervenção, ter a experiência de ser professora do
infantil V. Sendo esta uma experiência maravilhosa, onde houve uma grande empatia
pela professora titular e pelos alunos.
Portanto, foi já neste estágio que houve maior identificação pela Educação
Infantil, e a vontade de buscar algum tema que se relacionasse com esta área de
ensino.
É necessário frisar também que, na quarta fase tivemos a disciplina de
Fundamentos da Avaliação, a qual nos mostrou uma nova visão de avaliação, diferente
daquela que estamos acostumados a vivenciar nas escolas, baseada apenas em notas
e provas, pois a avaliação é algo muito mais amplo.
Na quinta fase, o estagio III, desta vez observação e intervenção nos anos
iniciais. Este estágio foi realizado na quarta série de uma escola estadual, onde tivemos
a oportunidade de vivenciar na pratica a rotina diária de uma professora dos Anos
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Iniciais, planejando e desenvolvendo as aulas como se fosse a professora titular da
turma, participando, assim, de todo o processo de ensino/aprendizagem.
Houve uma boa aceitação do estágio III por parte dos alunos, uma vez que os
planos de aula elaborados se baseavam na interdisciplinaridade, os conteúdos foram
trabalhados de forma lúdica, através de jogos e brincadeiras, fugindo daquelas
atividades prontas. Sendo assim, podemos dizer que com esforço e dedicação do
professor é possível sim, tornar as aulas mais atrativas e significativas para os alunos.
Fundamentos da Psicopedagogia, Ludicidade e Aprendizagem, também foram
disciplinas importantes para o tema deste trabalho na quinta fase, pois discutimos
vários temas que nos levaram a perceber a importância do lúdico na aprendizagem das
crianças e da Psicologia e a Pedagogia caminharem juntas.
Na sexta fase realizamos o estágio IV, que foi na área de Gestão Escolar. Para
este estagio elaborou-se um projeto, cujo tema foi a Gestão Democrática Participativa e
sua influência na aprendizagem dos alunos. Percebeu-se a grande movimentação e
imprevistos que acorre nas escolas, portanto é grande o debate de uma formação
continuada para gestores e também uma gestão democrática onde todos trabalhem
dentro do mesmo objetivo em prol da educação.
Ainda, na sexta fase, tivemos a disciplina de Metodologia da Pesquisa, onde o
tema do tcc foi definido, sendo este a Importância da Educação Infantil no
Desenvolvimento da Linguagem Oral, e a partir do mesmo o projeto foi elaborado.
Na sétima fase, no estagio V, foi feita a pesquisa de campo proposta no projeto,
fazendo o levantamento de dados para a produção do tcc. Os professores participantes
responderam um questionário sobre o tema da pesquisa, a partir dos quais foi realizada
a análise dos resultados que compõem este trabalho.
Portanto, este trabalho de conclusão de curso, foi resultado dos quatro anos do
curso de Pedagogia, visto que, desde a primeira até a última fase tivemos disciplinas
que de alguma forma influenciaram na escolha do tema e no desenvolvimento deste
tcc. Enfim, todo o curso valeu a pena, foi um grande aprendizado.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
No inicio deste trabalho nosso objetivo era compreender a importância da
educação infantil no desenvolvimento da oralidade e a necessidade de profissionais
conscientes e preparados para contribuir no desenvolvimento integral da criança. Ao
final, podemos afirmar que atingimos o objetivo inicial, uma vez que a pesquisa tornou
evidente a importância da educação infantil, bem como a influência e profissionais
qualificados no desenvolvimento da linguagem oral das crianças.
As crianças bem estimuladas e incentivadas, com certeza serão bem sucedidas
em todos os aspectos. Sendo assim, a pesquisa realizada aponta que a educação
infantil tem a importante tarefa de criar condições para que as crianças tenham um
desenvolvimento promissor em todos os aspectos, incluindo a linguagem oral.
Além disso, na educação infantil o professor pode proporcionar as crianças
oportunidades de falar, de contar, de se expressar, contribuindo significativamente no
desenvolvimento da oralidade.
A pesquisa realizada, constituiu-se na busca do conhecimento e da
compreensão com relação ao tema e como a educação infantil pode contemplar de
maneira significativa, cada vez mais o trabalho com a linguagem oral, visto que esta é a
base para a linguagem escrita, ou seja, a criança com uma oralidade bem desenvolvida
terá mais facilidade no processo de alfabetização.
A comunicação oral faz parte de um processo global onde a criança deve ter
atuação e situação de preponderância, participando efetivamente de todas as etapas.
A escola de hoje deve ser problematizadora, desafiadora, agregadora de
indivíduos pensantes que constroem conhecimento colaborativamente e de maneira
crítica. Nessa perspectiva o educador deve ser mais do que nunca um estimulador,
coordenador e parceiro do processo de ensino e aprendizagem desde a educação
infantil.
Ao se considerar as crianças ativas na construção de conhecimentos e não
receptoras passivas de informações há uma transformação substancial na forma de
compreender como elas aprendem a falar, a ler e a escrever.
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Quanto melhor a estimulação exercida pela família, educadores, desde os
primeiros dias de vida melhor o desenvolvimento da linguagem desta criança, dando
condições para a expressão das idéias e clareza e ascensão social.
Através da pesquisa, foi possível observar também que o processo de ensinoaprendizagem está procurando inovar sua forma de atuação e, em especifico, o
trabalho da oralidade, envolvendo a entonação da voz, postura, gestos, desenvoltura e
dicção, visando uma oralidade mais aprimorada, voltando-se o olhar para o futuro da
humanidade, para uma sociedade mais justa e consciente, onde a expressão maior
seja a realização e a felicidade.
Assim, deixa-se aberta a proposta de um trabalho mais profundo sobre o
desenvolvimento da linguagem oral das crianças nas instituições de Educação Infantil.
Sugerindo-se a continuidade desta pesquisa em futuros trabalhos acadêmicos, visto
que a oralidade é a base de todo um futuro bem sucedido das nossas crianças no
mundo em que vivemos e exigimos.
50
REFERÊNCIAS
AIMARD, Paule. A linguagem da criança. Porto Alegre: Artes Médicas, 1986.
AIMARD, Paule. Psicologia da criança. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.
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desempenho psicosocial da criança. 1998. Monografia - Universidade do Contestado
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APÊNDICES
53
APÊNDICE A – QUESTINÁRIO PROFESSORES
Questionário aplicado pela acadêmica Jucélia Perego da 7ª fase de Pedagogia com o objetivo
de realizar o trabalho de conclusão de curso. Dessa forma podemos ajudar outros
profissionais a desenvolverem melhor a oralidade das crianças de Educação Infantil.
Conto com o seu apoio.
1- Qual é a sua graduação?
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2- Quanto tempo faz que trabalha na educação infantil?
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3- Qual a faixa etária de seus alunos?
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4- Qual a importância da educação infantil no desenvolvimento da linguagem oral?
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5- Qual a importância do desenvolvimento da linguagem oral no desempenho
psicosocial da criança?
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6- Como se dá o desenvolvimento da linguagem oral ao longo da educação infantil?
É percebível esse desenvolvimento?
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7- Como é realizado o trabalho com a linguagem oral?
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8- Se ao longo de sua experiência profissional você já teve contato com crianças
que freqüentaram vários anos de educação infantil e outras que não
freqüentaram, foi possível perceber a diferença em sua oralidade?
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9- Como a educação infantil pode contribuir no desenvolvimento da oralidade?
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10- Quais atividades estão sendo desenvolvidas na educação infantil visando a
linguagem oral e como elas podem contribuir para o bom desenvolvimento da
oralidade?
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11- Você consegue perceber uma diferença na oralidade de seus alunos no começo
do ano para o final do ano?
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12- Como é trabalhar a linguagem oral com crianças tímidas e outras que são
falantes? Quais as suas implicações e possibilidades?
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13- Que cuidados devemos ter ao se trabalhar com a linguagem oral, para que não
haja um bloqueio em seu desenvolvimento?
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14- Na sua opinião, trabalhando a linguagem oral desde cedo nas crianças, elas
terão mais facilidade de se expressar oralmente quando adultos?
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15- Qual a influência da família no desenvolvimento da oralidade?
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16- Comentários sobre o assunto: