Estresse e imunidade - Med Rio Check-up
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Estresse e imunidade - Med Rio Check-up
ESTRESSE CRÔNICO AFETA A IMUNIDADE Gilberto Ururahy A baixa imunidade tem estreita ligação com o estresse. Uma pessoa submetida a dez minutos de estresse agudo pode ficar seis horas vulnerável. E não importam as precauções e os cuidados tomados. Uma pessoa estressada tem suas defesas diminuídas. É nesses momentos que pode pegar herpes ou uma gripe, por exemplo, e é por isso que, toda vez que passa por uma situação estressante, tem a impressão de que fica doente. Os portadores do vírus do herpes simples, em momentos de grande estresse, têm a precisa noção de como ocorrem as recidivas. O mesmo se dá com os que viajam com frequência de avião e contraem gripes de repetição ou, ainda, os que têm predisposição às micoses e as desenvolvem com facilidade, especialmente em regiões quentes e úmidas do corpo. Nas mulheres, o estresse crônico é o caminho aberto para as vaginites de repetição provocadas pelo fungo Cândida albicans e pelas infecções urinárias. Vírus, fungos, bactérias ou mesmo doenças geradas pelo próprio organismo, como asma, alergias e as doenças autoimunes − nas quais o sistema imunológico falha e ataca o tecido corporal da própria pessoa – são exacerbadas pelo estresse crônico. Um bom exemplo é o da esclerose múltipla, que é provocada pela ação destruidora do sistema imunológico na membrana ou na bainha que reveste os nervos. As lesões cutâneas − eczema, psoríase, líquen plano, prurido, rush etc. − são agressões do sistema imunológico que se acentuam com a incidência do estresse crônico no organismo, quando existe uma baixa da produção de cortisol. Está, portanto, demonstrado que o estresse pode modificar a atividade do sistema imunológico. Seus efeitos no organismo, porém, podem ser opostos, como aumentar ou reduzir o crescimento tumoral ou a produção de anticorpos. Isso se deve ao fato de que o sistema imunológico não é monolítico, mas constituído de numerosos tipos celulares que se autorregulam de maneira complexa e cuja ação varia segundo a infecção ou o estímulo antigênico considerado. O sistema nervoso central e o sistema imunológico podem se comunicar por vias que podem ser acionadas quando ocorre o estresse. As informações circulam via sistema nervoso autônomo. O conjunto de órgãos produtores de células de defesa (timo, baço, gânglios, medula óssea) é inervado essencialmente pelo sistema simpático, mas também pelo parassimpático. Essa dupla inervação tem um papel protetor, uma vez que, ao minimizar os efeitos da adrenalina e da noradrenalina, otimiza a imunidade do organismo. A adrenalina e a noradrenalina são ativas no nível dos linfócitos, mas outras substâncias, como as endorfinas, têm também propriedades reguladoras da imunidade – daí a importância da atividade física regular na preservação do sistema imunológico. A comunicação se dá pelo eixo hipotálamo-hipófise-suprarrenal. De fato, no estresse crônico, os hormônios liberados modificam a resposta imunológica. O cortisol funciona como inibidor do sistema imunológico e, em excesso, pode mesmo suprimir as funções de defesa. Por outro lado, em quantidade insuficiente, pode descontrolar o sistema imunológico, resultando em inflamações, alergias e doenças autoimunes. A ativação das vias de comunicação entre o cérebro e o sistema imunológico renova a ideia das relações entre emoções e imunidade. Essas interações se fazem nas duas direções: o cérebro influencia as reações do sistema imunológico e os anticorpos afetam as atividades cerebrais. A adaptação imunológica tem como objetivo maior a adaptação global do organismo às pressões do meio ambiente. Vários estudos e pesquisas de centros de excelência mundiais vêm demonstrando a relação do estresse crônico com o câncer. Hoje sabemos que o estresse crônico reduz a imunidade do organismo e que os tumores malignos são mais frequentes nos pacientes com imunidade baixa. A maioria dos cientistas acredita que o sistema imunológico busca as células cancerosas da mesma forma que procura um agente externo agressor (vírus, fungo, bactéria etc.). Estudos conduzidos pela Universidade de Stanford mostraram que as pacientes com câncer de mama cujo cortisol era mais elevado à noite, quando deveria estar reduzido, tinham uma expectativa de vida menor. Outras experiências revelaram que, sob influência do estresse ou administrando doses de cortisol, seria possível aumentar a vulnerabilidade ao câncer ou a progressão dessa doença. Os efeitos do estresse crônico sobre a imunidade não dependem da agressão pelo choque físico, mas do controle emocional da situação. Estudos desenvolvidos na Universidade de Ohio, relacionando o estresse crônico e a saúde, demonstraram que indivíduos que convivem com a solidão, com a depressão e a ansiedade têm também seus sistemas imunológicos fragilizados.
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