Encontro com o escritor Anthero Monteiro
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Encontro com o escritor Anthero Monteiro
Encontro com o escritor Anthero Monteiro Um encontro com um escritor oferece aos jovens uma oportunidade única para descobrir o pensamento, a voz e o rosto de um autor. http://pracadapoesia.blogspot.pt/ Biblioteca Escolar “Charneca em Flor” 31 de janeiro de 2014 Para o autor é também uma oportunidade de: conhecer os seus leitores, escutar e valorizar as suas perguntas e observações e explicar-lhes a sua forma de criar histórias e contá-las. O objetivo geral dum encontro com um escritor é o mesmo que guia outras ações da promoção da leitura: fomentar o gosto pelos livros e desenvolver no leitor capacidades que favoreçam um maior grau de compreensão e disfrute das suas leituras. Anthero Monteiro “Autor de vários livros de poesia. Uma vida a divulgar a poesia e os poetas. Coordenador de vários eventos literários: Quartas Mal-Ditas (Clube Literário do Porto), Onda Poética (Espinho), Quarto Crescente (S. Paio de Oleiros). Participou em muitos outros, como nas Noites do Pinguim, e colabora, há cerca de 10 anos, nas Quartas de Poesia do Púcaro's Bar, no Porto.” in http://pracadapoesia.blogspot.pt/ (o blogue do autor) “o que se faz com o nada que nada vale nadinha? muda-se só uma letrinha e do nada faz-se a fada e da fada faz-se o fado e do fado faz-se um dado e que fazer com o dado? com um pouco de cuidado muda-se o dado pra dedo muda-se o dedo pra medo muda-se o medo pra mudo e do mudo faz-se tudo” Anthero Monteiro Brinca também com as palavras e cria as tuas poesias inspiradas na poesia do autor! Ex.: Inicia uma poesia com: O que se faz com a mota, Que tão depressa anda? Muda-se só uma letrinha A mota passa a __________ E da ____________ faz-se a ________ (…) continua Substitui a palavra “mota” por outra à tua escolha! Outra poesia divertida que joga com a morfologia das palavras! “Ia um caçador à caça e saindo de um caminho desembocou numa praça sempre atrás de um coelhinho Rodearam a praça toda sem se saber muito bem por andarem sempre à roda quem ia a perseguir quem E o pobre do caçador foi quem caiu na armadilha foi por trás o roedor e zás roubou-lhe a cedilha Ah! se se olhassem ao espelho veriam ambos o horror daquela figura fraca o coelho agora é çoelho e o triste do caçador é cacador e anda à caca” Anthero Monteiro Livros, do autor, existentes na nossa biblioteca Livro: “A LIA QUE LIA LIA” Livro: “A SARA SARDAPINTADA ” ANTHERO MONTEIRO cria personagens que são gente de carne e osso como aqueles - os mais jovens - a quem se destinam os poemas. O autor tenta, assim, despertá-los para a poesia, brinca com eles, fá-los participar e acreditar que também eles serão capazes de escrever histórias rimadas como estas, em que entram também, entre outros: um músico-soldado, um morto-vivo, um rebanho de carneiros muito útil para curar insónias, um comboio que pode descarrilar de um momento para o outro e uma sexta-feira-treze propícia a todo o tipo de incidentes e acidentes. A Carolina, atacada de aracnofobia! Carolina tem medo de uma aranha. Ela diz que a aranha arranha. Ela grita: Ninguém a apanha? Ela diz que a aranha é tamanha, mesmo que a aranha seja pequenina, muito mais que a unha da Carolina. Carolina tem aracnofobia, uma palavra tão complicada, que até suspeito que é uma alergia mais à palavra do que à picada. Eu acho que uma teia é uma obra de arte, mas Carolina vê teias em toda a parte, Carolina acha que uma teia é uma coisa muitíssimo feia… Carolina tem medo de todas as aranhas. Carolina estremece nas entranhas quando vê esse artrópode estranho. E como nunca ouviu falar de nenhum aranho, o que foge às regras, acha que todas as aranhas são viúvas... negras Carolina toda se arrepanha quando vê uma aranha. Carolina diz-me: Porque não a matas? Carolina tem medo daquelas patas, acha mesmo que são mais de dez e, como ela pernas só tem duas, comprou mais cinco pra juntar às suas e poder fugir a sete pés… O Rodrigo, autor de mil tropelias RODRIGO É UM PERIGO Rodrigo é só brincadeiras asneiras e tropelias um calvário de arrelias e traquinices sem conta Não faz nada do que eu digo aquela cabeça tonta E todos gemem: - Rodrigo tu assim és um perigo! E dou-lhe eu irmão mais velho um conselho uma palavra É de natureza brava não está quieto uma hora Ainda goza comigo e põe-me a língua de fora Todos acusam: - Rodrigo tu assim és um perigo! Salta saltita esperneia pontapeia barafusta e toda a gente se assusta com os ruídos que faz É francamente inimigo de tranquilidade e paz. E todos gritam: - Rodrigo tu assim és um perigo! Ontem do quarto à noitinha era tal tão brutal o estrondo que de lá vinha que a casa até estremecia E eu cá pensava comigo que o prédio ainda caía Todos berravam: - Rodrigo tu assim és um perigo! Caiu do teto um fragmento e um momento de aflição toldou-nos o coração Nem sei dizer mas senti-me bem pequeno bem exíguo tudo a abanar como um vime Correram todos: - Rodrigo tu assim és um perigo! Aberta a porta no entanto o santo do meu irmão dormia como um vulcão extinto há mais de um milénio um sorriso bem amigo duma fada ou de um bom génio E ninguém gritou: - Rodrigo tu assim és um perigo! Hoje soube p'lo jornal que afinal à mesma hora uma coisa assustadora correra de lés a lés o país como um castigo Fora um sismo de grau dez! É que nem sempre o Rodrigo é o único perigo! CENTOPEIA A menina Centopeia não é bonita nem feia Mas é algo exagerada porque diz que tem cem pés e não tem nada Será que tem mais de dez? Apesar de ser tão falsa eu chego a ter pena dela É que assim sempre descalça leva muita calcadela Como as demais centopeias apenas sofre maus tratos Nem sequer ganha p'ra meias quanto mais para sapatos! http://www.elefante-editores.net/html/_livros/palavras-palavrinhas/livro1/main.html Cria personagens divertidas para escrever pequenas poesias/textos sobre elas: Exemplo: A Zebra que perdeu as riscas! A Pantufa de tacão alto! O sabonete que tinha pavor de água! A cómoda incomodada. A banana sem diário. O rádio afónico. O despertador dorminhoco. A Lia que não lia Podiam ser livros de Ecologia O que ela não compreendia História ou Geografia, Era que dentro de um livro, A Lia que não lia, Mas nenhum deles parecia Nas folhas que ela não lia, Não fazia o que a mãe queria. Ser-lhe um motivo de alegria. Havia um mundo de magia! Dos livros tinha fobia E das letras grande alergia! O que Lia não percebia É que numa história de fantasia Era tão forte a agonia, Ou num romance de pirataria, Que ela até gemia! O sonho nunca acabaria! Das leituras sempre fugia, Com uma grande cobardia. Será que algum dia, A nossa Lia que não lia, Ler não seria o seu forte. Nos vai dar uma alegria Das letras ela corria! E ser a Lia que lia… lia…? A mãe sempre insistia, Mas Lia não lia , não lia!! Texto de João Carlos, 5º ano