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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ ROGÉRIO SOARES ROCHA TRATAMENTO FISIOTERAPEUTICO NA NEURALGIA DO NERVO OCCIPITAL MAIOR UTILIZANDO A TÉCNICA DE CROCHETAGEM Rio de Janeiro 2005 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com ROGÉRIO SOARES ROCHA TRATAMENTO FISIOTERAPEUTICO NA NEURALGIA DO NERVO OCCIPITAL MAIOR UTILIZANDO A TÉCNICA DE CROCHETAGEM Monografia apresentada à Universidade Estácio de Sá como requisito parcial para a obtenção do grau de bacharel em fisioterapia. Prof. Orientador: Fabíola Costa Rio de Janeiro 2005 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 9 1.1. O PROBLEMA ....................................................................................................... 10 1.2. OBJETIVOS ........................................................................................................... 11 1.2.1 Objetivo Geral ...................................................................................................... 11 1.2.2. Objetivos Específicos ....................................................................................... 11 1.3. RELEVÂNCIA ........................................................................................................ 11 2. REVISÃO DA LITERATURA .................................................................................... 13 2.1. RELAÇÃO DO NERVO OCCIPITAL COM A CABEÇA E PESCOÇO.................... 13 2.2. NEURALGIA DO NERVO OCCIPITAL MAIOR...................................................... 14 2.2.1. Exame Físico ...................................................................................................... 14 2.2.2. Etiologia .............................................................................................................. 16 2.3. REPERCUSSÕES BIOPSICOSSOCIAIS.............................................................. 16 2.4. TÉCNICA DE CROCHETAGEM ............................................................................ 17 2. 4.1 Definição ............................................................................................................. 17 2.4.2 Histórico ............................................................................................................... 17 2.4.3. Efeitos ................................................................................................................. 18 2.4.4. Indicações ........................................................................................................... 19 2.4.5 Contra-Indicação.................................................................................................. 20 2.4.6. Descrição do material.......................................................................................... 20 2.4.7.Descrição do método ........................................................................................... 21 2.4.8. A técnica perióstea ........................................................................................... 23 2.4.9. Utilização da técnica na fisioterapia................................................................ 24 3. MATERIAIS E MÉTODOS ........................................................................................ 25 3.1. MODELO DO ESTUDO ......................................................................................... 25 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com 3.2. SELEÇÃO DE SUJEITOS...................................................................................... 25 3.3. PROCEDIMENTOS................................................................................................ 25 3.3.1. Procedimentos de Avaliação............................................................................... 25 3.3.2 Procedimentos para Tratamento ...................................................................... 27 4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ........................................ 29 5. CONCLUSÃO ........................................................................................................... 32 REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 33 APÊNDICE A ................................................................................................................ 34 ANEXO A...................................................................................................................... 35 ANEXO B...................................................................................................................... 37 ANEXO C...................................................................................................................... 38 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com RESUMO A presente pesquisa consiste na abordagem fisioterapêutica da utilização da técnica de crochetagem em uma paciente portadora de neuralgia do nervo occipital. Tratase de um estudo de caso realizado com uma paciente do gênero feminino de 21 anos. Este estudo teve como objetivo descrever a utilização da crochetagem, verificar, descrever e comparar os resultados obtidos com o tratamento fisioterapêutico. Para isso, a pesquisa foi fundamentada em teoria através de livros e artigos e os dados foram coletados através de uma ficha de anamnese, da Escala de Graduação de Dor do Tipo Termômetro, índice de incapacidade do pescoço, que foram aplicados no inicio e no final da pesquisa para avaliar a intensidade da dor e a incapacidade que a dor vai gerar na vida diária e comparar os resultados entre si. O tratamento foi realizado duas vezes por semana, com duração de 30 minutos, durante 5 meses, e os resultados obtidos foram: diminuição do quadro álgico e melhora na capacidade para realizar as atividades da vida diária. Após a finalização deste estudo observou-se que o tratamento fisioterapêutico através da técnica de crochetagem pode trazer benefícios do paciente portador de neuralgia do nervo occipital maior e recomenda-se maiores estudos abordando a técnica de crochetagem das diversas afecções do sistema musculoesquelético. Palavras-chaves: Fisioterapia. Crochetagem. Neuralgia. PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com ABSTRACT The present research consists of the physiotherapic boarding of the use of the technique of crochetagem in a patient of neuralgia of the occipital nerve. The volunteer was 1 patient of the feminine gender of 21 years. This study had as objective to describe the use of the crochetagem, to verify, to describe and to compare the results gotten with the physiotherapic treatment. For this, the research was based on theory through books and articles and the data had been collected through a anamnese’s fiche, of Pain Graduation Scale of the Type Thermometer, index of incapacity of the neck, that had been applied in the beginning and the end of the research to evaluate the intensity of pain and the incapacity that pain goes to generate in the daily life and to compare the results between itself. The treatment was carried through two times per week, with duration of 30 minutes, during 5 months, and the gotten results had been: reduction of the pain and improves in the capacity to carry through the activities of the daily life. After the finishing of this study was observed that the physiotherapic treatment through the crochetagem technique can bring benefits of the carrying patient of neuralgia of the mayor occipital nerve and sends regards to bigger studies approaching the technique of crochetagem of the diverse afections of the muscle-skeletic system. Key-Words: Physiotherapy. Crochetagem. Neuralgia. PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com 1. INTRODUÇÃO O termo “neuralgia” significa dor derivada de um nervo. A dor paroxística lancinante é característica deste quadro. A Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP) define a neuralgia occipital como “dor, usualmente profunda e constante na distribuição da raiz dorsal de C2”. Já a Associação Internacional de Cefaléia (IHS) define esta neuralgia como “dor paroxística na distribuição dos nervos occipital maior e menor, acompanhada por hipoestesia ou disestesia na área afetada”. Dependendo da etiologia da cefaléia occipital, os pacientes podem apresentar dificuldades significativas para dormir, ler, trabalhar em um computador e/ou ao realizar atividades que necessitam de extensão cervical repetida ou que sobrecarreguem esta região (BOGDUK, 2004). A Crochetagem Mio-Aponeurótica, também é conhecida como Diafibrólise Percutânea, que etimologicamente, significa ruptura, lise do tecido fibrosado sobre a pele sem incisão aberta. A técnica foi desenvolvida pelo fisioterapeuta sueco Kurt Ekman (colaborador do Dr. Cyriax), como uma terapia manual complementar. Consiste em um tratamento externo indolor, praticado através de instrumentos semelhantes a agulhas de crochê, os chamados “crochets”. Estes instrumentos atingem níveis mais profundos que aqueles tratados pelos dedos humanos, atuando nos deslizamentos mio-aponeuróticos e realizando a quebra de aderências e fibroses do sistema músculo-esquelético (ANTHONY, 1992). Através do conhecimento profundo de morfologia e na aplicação dos ganchos sobre a pele, o profissional poderá obter resultados satisfatórios liberando as diferentes camadas musculares, dissolvendo, por exemplo, cristais de oxalato de cálcio e otimizando o deslizamento entre as fáscias musculares. Ao separar estruturas PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com anatômicas (músculos, fáscias, ligamentos) a crochetagem libera estruturas, tais como artérias, veias, nervos e gânglios que passam entre elas e cuidar então dos processos inflamatórios (p.ex: neuralgia). Pode ser utilizada para tratar os tender points ou trigger points e preparar uma estrutura anatômica para receber um tratamento de manipulação ou de mobilização (BAUMGARTH, 2004). Baseado tratamentos nos foram estudos utilizados realizados para a em literaturas neuralgia atualizadas, occipital. vários Analgésicos e antiinflamatórios são eficazes para alguns pacientes, mas há um grupo que não apresenta alívio da dor com essas medicações. As injeções locais de anestésicos e corticóides são realizadas de forma percutânea. A ablação por radiofreqüência, rizotomia, ganglionectomia e descompressão da raiz nervosa são realizados sob anestesia local ou geral. Assim a crochetagem representa mais um método não invasivo e altamente satisfatório para o tratamento da neuralgia do nervo occipital maior. 1.1. O PROBLEMA A partir do exposto anteriormente este estudo visa responder a seguinte questão: É possível obter tratamento de cefaléia em pacientes com neuralgia do nervo occipital maior utilizando a crochetagem? PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com 1.2. OBJETIVOS 1.2.1. Objetivo Geral O objetivo desta pesquisa é avaliar a utilização da crochetagem no tratamento da neuralgia do nervo occipital maior. 1.2.2. Objetivos Específicos Os objetivos específicos são os abaixo relacionados: - Descrever a morfo-fisiologia das estruturas da cabeça e pescoço relacionadas com o nervo occipital maior. - Identificar as características da neuralgia - Descrever a técnica de crochetagem - Descrever a utilização da crochetagem na neuralgia do nervo occipital maior 1.3. RELEVÂNCIA A cefaléia é a sétima queixa mais freqüente no consultório médico. A maior parte dos seres humanos vai apresentar cefaléia na vida, sendo 93% dos homens e 99% das mulheres. As cefaléias secundárias possuem múltiplas causas entre as quais se incluem as cefaléias cervicogênicas. A cefaléia da neuralgia do nervo PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com occipital maior é uma etiologia muitas vezes subdiagnosticada e cujo tratamento pode implicar em procedimentos invasivos (EVANS, 2004). PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com 2. REVISÃO DA LITERATURA 2.1. RELAÇÃO DO NERVO OCCIPITAL COM A CABEÇA E PESCOÇO O nervo occipital maior emerge do ramo dorsal do segundo nervo cervical. Ele é responsável pela inervação cutânea para a maior parte da porção posterior do couro cabeludo. Este nervo origina-se na região posterior do pescoço, lateralmente a articulação atlantoaxial lateral e profundamente ao músculo oblíquo inferior onde um ramo comunicante do terceiro par craniano pode se juntar ao nervo occipital maior. O nervo occipital maior ascende na região posterior do pescoço sobre a superfície dorsal do músculo reto posterior maior, então ele vira-se dorsalmente para atravessar as fibras do músculo semi-espinhal da cabeça, atravessa distância curta rostral e lateralmente, e localiza-se profundamente inferior à linha superior da nuca ao passar acima de uma fáscia aponeurótica. Esta fáscia é composta pela as inserções dos músculos trapézio fibras superiores e esternocleidomastoideo. Neste ponto, o nervo occipital maior fica imediatamente ao lado da artéria occipital. (WARD, 2003; MOORE, 2001). PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com 2.2. NEURALGIA DO NERVO OCCIPITAL MAIOR Consiste em episódios dolorosos, habitualmente vespertinos, que ocorrem na distribuição cutânea do segundo nervo cervical (nervo grande occipital de Arnold). A causa desta neuralgia está relacionada com processos degenerativos da coluna cervical, trauma com hiperextensão ou flexão cervical e por hipertonia da musculatura cervical paravertebral da nuca. Ocorre, portanto, quando, há irritação mecânica das fibras nervosas. A dor pode ser contínua, em fisgadas, ou construtiva, com períodos de agravamento, especialmente ao final do dia, localizada na nuca, uni ou bilateral, com irradiação para a região occipital e que se exacerba a compressão do ponto de afloramento do nervo nesta região. Esta forma de neuralgia freqüentemente é confundida com cefaléia de tensão. Suas características, entretanto, são de dor tipo neurítico, não-pulsátil, em fisgadas. O exame neurológico costuma ser normal, podendo-se observar, contudo, hipertonia da musculatura paravertebral cervical e maior sensibilidade à compressão da musculatura cervical no lado afetado, além de redução da amplitude dos movimentos do pescoço (PORTO, 2001). 2.2.1. Exame Físico O achado principal na neuralgia occipital é dor a palpação dos nervos occipitais. Ocasionalmente a hiperestesia ou alodinia na distribuição do nervo occipital. Espasmo muscular local, freqüentemente com trigger point palpáveis, PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com freqüentemente está presente. A mobilidade cervical pode estar restrita. O exame neurológico, incluindo força, sensibilidade, reflexos tendinosos profundos, e função cerebelar, tipicamente são normais. Um exame neurológico anormal deve alertar para possibilidade de outra doença ou patologia subjacente associada. A compressão do nervo próximo à coluna cervical resulta em sintomas aumentados durante a extensão ou rotação da cabeça e pescoço (HANDEL, 2002). Foi relatado na literatura por Porto (2001) que pacientes com neuralgia podem apresentar dor contínua, em fisgada, ou construtiva, com períodos de agravamento especialmente ao final do dia, localizada na nuca, uni ou bilateral com irradiação para região occipital e que se exacerba à compressão do ponto de afloramento nesta região. A compressão do crânio no pescoço (manobra de Spurling), especialmente com extensão e rotação do pescoço para o lado afetado, podem reproduzir ou aumentar a dor do paciente se a doença cervical degenerativa é a causa da neuralgia. Pressão tanto sobre o nervo occipital maior na linha superior da nuca como próximo às articulações facetárias entre C2 e C3 deve causar exacerbação da dor em tais pacientes. A compressão do nervo conforme ele passa através da inserção tendinosa do músculo trapézio no crânio dificilmente exacerbará os sintomas durante a extensão ou compressão da cabeça no pescoço. A sintomatologia, neste caso ocorrerá durante a flexão do pescoço e na palpação do nervo na linha superior da nuca. Mesmo se a doença estiver presente na coluna cervical, dor sobre o nervo occipital na linha superior da nuca usualmente estará presente (KAPLAN, 2002). PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com 2.2.2. Etiologia A distribuição anatômica do nervo occipital maior durante o seu trajeto possui relação íntima com estruturas musculares, tendinosas, vasculares e ósseas. A quebra deste relacionamento pode originar a sua irritação e cefaléia. Os nervos occipital maior, menor e o trigêmeo fornecem aferências sensitivas para os neurônios de segunda ordem, localizados ao nível do núcleo caudado do trigêmeo e dos primeiros segmentos cervicais. Estímulos dolorosos sobre o nervo occipital maior proporcionam alteração no metabolismo destes neurônios e, caso forem sustentados, o aparecimento de síndromes álgicas cranianas limitadas no território deste nervo (PORTO, 2001). 2.3. REPERCUSSÕES BIOPSICOSSOCIAIS Dependendo da etiologia da neuralgia do occipital maior, os pacientes podem apresentar dificuldades significativas para dormir, trabalhar em um terminal de computador ou realizar qualquer atividade que necessite sobrecarga e extensão da coluna cervical (HANDEL; KAPLAN, 2002). A neuralgia do nervo occipital maior pode, desta forma, levar a grandes incapacidades funcionais, restringindo a capacidade laborativa do individuo afetado. Pode afetar a qualidade de vida do individuo ao interferir com o sono e atividades diárias. Estima-se que ocorram mais de 1 milhão de dias de faltas escolares e 150 milhões de dias de ausência no trabalho nos EUA decorrentes de cefaléia em razão PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com da neuralgia. Dentre as cefaléias, a neuralgia do nervo occipital maior representa uma etiologia subdiagnosticada e que por isso muitas vezes não é tratada de forma adequada. Assim reconhecer o papel desta entidade e tratá-la de forma adequada é de grande importância devido à magnitude que o problema “cefaléia” possui em nossa sociedade (TEIXEIRA, 2003). 2.4. TÉCNICA DE CROCHETAGEM 2. 4.1. Definição A Crochetagem é um método utilizado no tratamento das algias do aparelho locomotor, através da busca da remoção das aderências e dos corpúsculos irritativos inter-aponeuróticos, ou mio-aponeuróticos, com o uso de ganchos colocados e mobilizados sobre a pele (DESTRÉE, 1992). 2.4.2 Histórico O fundador desta técnica é o fisioterapeuta sueco Kurt Ekman, que trabalhou na Inglaterra ao lado do Dr. James Cyriax, durante anos pós-segunda guerra mundial. Frustrado por causa dos limites palpatórios das técnicas convencionais, inclusive a massagem PDF Creator - PDF4Free v2.0 transversa profunda de Cyriax, ele http://www.pdf4free.com colaborou progressivamente com a construção de uma série de ganchos e uma técnica de trabalho específica para os mesmos. Sua reputação se desenvolveu depois do tratamento com sucesso de algias occipitais do nervo de Arnold, de epicondilites rebeldes e de tendinites de calcâneo, também rebeldes. Durante os anos 70, ele ensinou seu método para vários colegas, como Dr. P. Duby e Dr. J. Burnotte. Estes perpetuaram o ensino de Ekman, dandolhe uma abordagem menos sintomática da disfunção. De fato, no início Ekman tinha uma abordagem direta e agressiva, ou seja, dolorosa. Esta abordagem prejudicou durante muito tempo o uso da técnica como a preferencial. Os doutores P. Duby e J. Burnotte, se inspiraram no conceito de cadeias musculares e da filosofia da osteopatia para desenvolver uma abordagem da lesão mais suave, através da denominada diafibrólise percutânea (BURNOTTE; DUBY, 1988). 2.4.3. Efeitos De acordo com Guissard (2000) os efeitos da diafibrólise percutânea podem ser divididos em ação mecânica, efeito circulatório e efeito reflexo. Ação mecânica: - Nas aderências fibrosas que limitam o movimento entre os planos de deslizamento tissulares; - Nos corpúsculos fibrosos (depósitos úricos ou cálcios) localizados geralmente nos lugares de estases circulatório e próximo às articulações; PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com - Nas cicatrizes e hematomas, que geram progressivamente aderências entre os planos de deslizamento; - Nas proeminências ou descolamentos periósteos; Efeitos circulatórios: A observação clínica dos efeitos da diafibrólise percutânea parece demonstrar um aumento da circulação linfática. O rubor cutâneo, que segue uma sessão de crochetagem, parece sugerir uma reação histamínica. Efeito Reflexo: A rapidez dos efeitos da diafibrólise percutânea, principalmente durante a crochetagem ao nível dos trigger points sugere a presença de um efeito reflexo. 2.4.4. Indicações Segundo Ekman (1972) tem como principais indicações: - As aderências consecutivas a um traumatismo levando a um derrame tecidual. - As aderências consecutivas a uma fibrose cicatricial iatrogênica cirúrgica. - As algias inflamatórias, ou não inflamatórias, do aparelho locomotor: miosite, epicondilites, tendinites, periartrites, pubalgia, lombalgia, torcicolo etc. PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com - As neuralgias consecutivas a uma irritação mecânica dos nervos periféricos, neuralgias do nervo de Arnold, nevralgia cervico-braquial, nevralgias intercostais, ciatalgia e outras. - As síndromes tróficas dos membros: algoneurodistrofia, canal do carpo. - Outras da traumato-ortopedia. 2.4.5 Contra-Indicação Segundo Ekman (1972) tem como principais contra indicações: - Terapeuta agressivo ou não acostumado com o método. - Os maus estados cutâneos: pele hipotrófica, ulcerações, dermatoses (eczema, psoríase). - Os maus estados circulatórios: fragilidade capilar sanguínea, reações hiperhistamínicas, varizes venosas, adenomas. - Paciente que estão fazendo uso de anticoagulantes. - Abordagem demasiadamente direta em processos inflamatórios agudos. 2.4.6. Descrição do material Depois de terem sido testados vários dos materiais disponíveis para a técnica, tais como: a madeira, ossos, e outros, Dr. Ekman criou uma série de ganchos de aço, de forma a melhor atender às exigências do seu método. Cada gancho PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com apresenta uma curvatura diferente, permitindo o contato com os múltiplos acidentes anatômicos que se interpõem entre a pele e as estruturas a serem tratadas. Cada curvatura do gancho se continua em uma espátula, que permite reduzir a pressão exercida sobre a pele. Isto permite reduzir a irritação cutânea provocada pelo instrumento. Além disso, cada espátula apresenta uma superfície externa convexa e uma superfície interna plana. Esta configuração cria entre as duas superfícies um bordo em bisel e desgastado. Esta estrutura melhora a interposição da espátula entre os planos tissulares profundos, inacessíveis pelos dedos do terapeuta, permitindo a crochetagem das fibras conjuntivas delgadas ou dos corpúsculos fibrosos, em uma manipulação eletiva (COLOMBO; EKMAN, 1978). 2.4.7. Descrição do método O princípio do tratamento se baseia numa abordagem do tipo centrípeta, iniciando de fora para dentro dos tecidos. Na presença de uma dor em um local específico, o terapeuta inicia sua busca palpatória manual nas regiões afastadas (proximais e distais) do foco doloroso. Esta busca palpatória segue as cadeias musculares e fáscias lesionadas que estão em relação anatômica (mecânica, circulatória e neurológica) com a lesão. Esta concepção permite evitar o aumento da dor, chamado de efeito rebote, conseqüência de um tratamento exclusivamente sintomático. A técnica da Crochetagem comporta três fases sucessivas: palpação digital, palpação instrumental e diafibrólise (BURNOTTE; DUBY, 1988). PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com Palpação digital: Esta primeira fase consiste em uma espécie de amassamento, realizado com a mão palpatória, permitindo delimitar grosseiramente as áreas anatômicas a serem tratadas (EKMAN, 1974). Palpação instrumental: Esta segunda fase realiza-se com a utilização do gancho em função do volume da estrutura anatômica a tratar. Ela permite localizar com precisão as fibras conjuntivas aderentes e os corpúsculos fibrosos. Com o gancho em uma das mãos, posiciona-se a espátula, colocando-a ao lado do dedo indicador localizador da mão palpatória. O conjunto posiciona-se perpendicular às fibras tissulares a serem tratadas. A mão palpatória cria um efeito em onda com os tecidos moles, onde o polegar busca colocar esta onda dentro do gancho. A penetração e busca palpatória são efetuadas através de movimentos lentos ântero-posteriores. Durante esta última fase, os movimentos da mão palpatória precedem aos movimentos da mão com o gancho, o que permite reduzir a solicitação dos tecidos controlando melhor a ação do gancho (DESTRÉE, 1992). A impressão palpatória instrumental traduz por um lado, uma resistência momentânea, seguida de um ressalto durante a passagem da espátula do gancho num corpo fibroso, e por outro lado, uma resistência seguida de uma parada brusca quando encontra uma aderência. Estas últimas impressões só podem ser percebidas quando o gancho está em movimento, pelo indicador da mão repousado no gancho. Estas sensações se opõem àquelas de fricção e de superfície lisa, encontradas nos tecidos saudáveis (EKMAN, 1972). PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com A diafibrólise: A terceira fase, a diafibrólise corresponde ao tempo terapêutico. Esta fase consiste, no final do movimento de palpação instrumental, em uma tração complementar da mão que possui o gancho. Este movimento induz, portanto, um cisalhamento, uma abertura, que se visualiza como um atraso breve entre o indicador da mão palpatória e a espátula do gancho. Esta tração complementar é feita para alongar, ou romper as fibras conjuntivas que formam a aderência, ou mesmo deslocar ou a achatar o corpúsculo fibroso (COLOMBO; EKMAN, 1978). A técnica perióstea Esta técnica é utilizada para um trabalho de deslocamento de áreas de inserções ligamentares ou tendinosas no periósteo. Ela consiste em uma raspagem superficial da estrutura anatômica, com a ajuda do gancho, associado a uma mobilização manual do tecido periósteo. Ela é utilizada para uma abordagem terapêutica articular (COLOMBO; EKMAN, 1978). PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com 2.4.8. Utilização da técnica na fisioterapia Embora esta técnica não seja de domínio exclusivo da Fisioterapia, por ser um recurso de manipulação de tecidos corpóreos, entende-se que está no âmbito dela. Por ser recente existe pouca bibliografia na língua portuguesa a respeito, sendo na maioria em outras línguas. Esta técnica é utilizada por fisioterapeutas, tendo sido aperfeiçoada em seu instrumental pelo fisioterapeuta Prof. Mestre Henrique Baumgarth, osteopata, sendo utilizada com sucesso comprovado em sua clínica. PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com 3. MATERIAIS E MÉTODOS 3.1. MODELO DO ESTUDO O presente estudo tem um corte transversal que caracteriza-se por um “método de pesquisa no qual as amostras de sujeitos de diferentes grupos etários são selecionadas para avaliar os efeitos da maturação” (THOMAS; NELSON, 2002). O modelo de estudo tem o cunho descritivo que é conceituado por como pesquisa “preocupada com o status, incluindo técnicas como surveys, estudos de casos e a pesquisa desenvolvimental” (ibdem) 3.2. SELEÇÃO DE SUJEITOS A amostra foi composta por um indivíduo do gênero feminino com idade de 21 anos, sem abordagem fisioterapêutica anterior, com diagnóstico físico de neuralgia do nervo occipital maior sem manifestações clínicas agudas. 3.3. PROCEDIMENTOS 3.3.1. Procedimentos de Avaliação PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com A paciente em questão foi submetida a uma avaliação fisioterapêutica, e, o atendimento fisioterapêutico ocorreu durante 5 meses com freqüência de duas vezes por semana com duração de 30 minutos. A avaliação foi subdividida em duas fases, a primeira, anamnese e a segunda o exame físico (realizado através de inspeção, palpação, movimentos passivos e ativos realizados pelo paciente). Na anamnese (ANEXO A) foi questionada a ocupação, queixa principal, história da doença atual, história patológica pregressa. No exame físico foi avaliado a localização da dor através da palpação, tipo de dor e graduação de dor a partir da escala de dor, o índice de incapacidade do pescoço. Para complementar foram realizados os testes recomendados por Magee (ano) para avaliação da cervical: Teste de Compressão de Spurling: O paciente inclina ou flexiona lateralmente a cabeça. O examinador cuidadosamente, faz pressão sobre a cabeça direto para baixo. O teste é realizado em três fases, cada uma das quais é progressivamente mais provocadora; se forem produzidos sintomas, não se prosseguem para a fase seguinte. A primeira fase envolve compressão com a cabeça em posição neutra. A segunda fase envolve compressão com a cabeça em extensão, e a fase final é com a cabeça em extensão e rotação para o lado da queixa, com compressão. O teste é classificado como positivo quando ocorre dor irradiada para o braço em direção ao qual a cabeça é flexionada lateralmente durante a compressão. PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com - Teste de Distração: Para executar o teste da distração, o examinador põe uma mão sob o queixo do paciente e a outra mão em torno do occipital; a seguir levanta a cabeça do paciente lentamente. O teste é classificado como positivo se a dor for aliviada ou diminuída quando a cabeça é elevada ou distracionada, indicando pressão sobre as raízes nervosas que foram aliviadas. - Teste de Dekleyn: O teste envolve extensão e rotação. Este teste é usado para avaliar compressão das raízes nervosas na coluna cervical inferior. Para testar a coluna cervical superior, o examinador faz o queixo do paciente projetar-se para a frente e acompanha com extensão, flexão lateral e rotação. 3.3.2. Procedimentos para Tratamento O tratamento proposto constituiu-se do uso da técnica de crochetagem. Na primeira fase utiliza-se o gancho realizando ganchamento do músculo trapézio fibras superiores, depois raspagem da junção mio-tendinosa do músculo que está sendo tratado que tem como origem os processos espinhosos das vértebras cervicais superiores e como inserção a clavícula, acrômio e a espinha da escápula. Na segunda fase raspa-se o trajeto do nervo no couro cabeludo da paciente. A raspagem é feita com a parte menor do gancho, colocando a ponta da espátula em cima do nervo de forma suave para não lesionar o paciente, movendo o gancho no sentido nervo até sentir que a área tratada foi bem aceita pelo gancho. PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com A crochetagem foi realizada com a paciente em decúbito ventral na maca com orifício facial, a partir da posição inicial do fisioterapeuta deverá afastar os cabelos da paciente para fazer a palpação para a localização do nervo a ser tratado. Uma mão do fisioterapeuta estará sobre o nervo localizado para guiar a outra mão que estará com o gancho para fazer a raspagem do nervo occipital maior. PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com 4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Na avaliação inicial o resultado foi o abaixo descrito: Anamnese - Queixa Principal: “Sinto muitas dores na região cervical, tonteiras e dores de cabeça”. - História da doença atual: Paciente relata que a neuralgia começou aproximadamente há 6 meses com fortes dores de cabeça, desmaios, náuseas e dores na cervical. A paciente foi ao médico ortopedista e neurologista que solicitaram o exame de RX da coluna cervical, onde foi diagnosticada a fusão entre as vértebras C2 e C3 com presença de osteófitos nas mesmas. O médico responsável receitou antiinflamatório. A paciente relata que teve várias crises, numa dessas crises foi colocado um colar cervical, o que só agravou o quadro álgico e posteriormente em outra crise foi administrado um medicamento via intramuscular. - História Patológica Pregressa: paciente relata ter somente hipotensão. - História familiar: A paciente não mora com os pais, portanto a mesma não tem informações sobre as doenças que ocorreram na família. Exame Físico A dor da paciente era localizada na origem do músculo trapézio fibras superiores, irradiando-se para a região occipital do crânio, região parietal, região frontal e por fim o fundo do olho da hemi-face direita ao realizar extensão associada com rotação da cabeça para o lado direito. PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com No índice de capacidade do pescoço teve como resultado de 19 pontos que indica incapacidade moderada (ANEXO C). Na Escala de Graduação da Dor do Tipo Termômetro (ANEXO B) teve como resultado uma dor muito forte. Com relação aos testes realizados, no de Compressão de Spurling foi observado dor ao movimento de extensão associado a rotação para o lado da queixa e também na posição neutra da cervical. Para o movimento de extensão o teste foi negativo. No Teste de Distração teve o resultado negativo, o que significa o alívio da dor. No Teste de Dekleyn teve o resultado positivo, o que significa compressão das raízes nervosas superiores. Ao final de três meses numa nova avaliação foi verificada através da palpação que houve diminuição no quadro álgico. A Escala de Graduação de Dor do Tipo Termômetro (ANEXO B) alterou de dor muito forte para pouca dor, tendo uma melhora de dois graus na escala. Na primeira avaliação, o índice de incapacidade do pescoço(ANEXO C) teve resultado de 19 pontos. E após três meses de tratamento o resultado foi de 6 pontos sendo considerado como incapacidade branda. O índice de incapacidade do pescoço avaliou a intensidade da dor, que na primeira avaliação foi graduada dor intensa no momento, e na segunda avaliação passou a ser nenhuma dor no momento. Quanto ao cuidado pessoal na primeira PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com avaliação a paciente era capaz de cuidar-se normalmente, mas sentia dores, na segunda avaliação a paciente era capaz de cuidar-se normalmente sem dor. No levantamento de peso, na primeira avaliação era capaz de levantar bastante peso, mas com dor extra, na segunda avaliação era capaz de levantar peso sem dor. Na leitura, na primeira avaliação, a paciente não podia ler o quanto quisesse devido a dores moderadas no pescoço, na segunda avaliação podia ler sem nenhuma dor. Com a relação a dor de cabeça, no inicio a paciente tinha dores fortes e freqüentes, depois passou a ter dores moderadas ocasionalmente. Na concentração na primeira avaliação, a paciente era capaz de concentrar-se completamente quando queria, mas com uma leve dificuldade, após a segunda avaliação, a paciente é capaz de concentrar-se completamente, quando quer, e sem nenhuma dificuldade. No trabalho na primeira avaliação, a paciente tinha condições de realizar as tarefas habituais, mas não conseguia mais, após a segunda avaliação, a paciente é capaz de realizar as tarefas habituais o quanto desejar. O sono da paciente na primeira avaliação era moderadamente perturbado, após a segunda avaliação, a paciente não tem dificuldade para dormir. Nas atividades recreativas, dentro da primeira avaliação , a paciente era capaz de realizar a maioria, mas não todas, as atividades eram paradas, por causa da dor no pescoço, na segunda avaliação, a paciente era capaz de realizar todas suas atividades recreativas com alguma dor no pescoço. PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com 5. CONCLUSÃO Em decorrência das freqüentes cefaléias causadas pela neuralgia do nervo occipital maior, a intervenção fisioterapêutica através do uso da técnica de crochetagem é de extrema importância na prevenção de dor na cervical que gere incapacidade de desempenho nas atividades diárias. A neuralgia além de gerar dor, impede o paciente de realizar atividades da vida diária. Estes fatores impedem o mesmo de ter convívio social e profissional. Com este trabalho verificou-se que o tratamento fisioterapêutico utilizando a técnica de crochetagem pode trazer benefícios para a paciente portadora de neuralgia. Conclui-se que apesar da melhora observada, o tempo de tratamento não foi suficiente para aliviar totalmente o quadro álgico da paciente. A técnica de crochetagem trouxe de volta a interação do nervo occipital maior com os tecidos daquela distribuição cutânea. Com os resultados obtidos, concluímos que a técnica de crochetagem possibilitou a paciente executar novamente os movimentos fisiológicos funcionais, permitindo assim o retorno das suas atividades diárias. Recomenda-se maiores estudos acerca da técnica crochetagem, pois tal técnica possui extrema carência de base científica tanto em relação à neuralgia do occipital maior quanto às mais diversas afecções do sistema neuromuscular. PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com REFERÊNCIAS ANTHONY, M. Headache and the greater occipital nerve. Clin Neurol Neurosurg 1992; 94(4): 297-301 BAUMGARTH, Henrique, CROCHETAGEM apostila do curso de crochetagem (diafibrólise percutânea), Rio de Janeiro: abril de 2004. BOGDUK, Nikolai. The neck and Headaches. Australia: 2004. University of Newcastle. E-mail: [email protected] BURNOTTE, J., DUBY P. Fibrolyse diacutanée et algies de l´appareil locomoteur. Kinésithérapie Scientifique. 271, pp 16-18, 1988. COLOMBO I, EKMAN K. 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