amerec quarto FABRICAÇÃO sauna a vapor

Transcrição

amerec quarto FABRICAÇÃO sauna a vapor
VidaBosch
setembro | outubro | novembro | dezembrPEFtO
Recicle a informação: passe esta revista adiante
Maratona sobre rodas
Corridas de longa duração mostram
a eficiência do diesel nas pistas
Audi/Divulgação
Quanto mais quente, melhor
Pra que se contentar com água
aquecida só no banho?
NOVO MARTELO SDS 1559
2013
Ganhador do prêmio internacional de design e inovação
o martelo 600 watts já é um sucesso em vendas comprovado.
É a força que você precisa para produzir mais com menos
esforço e maior desempenho.
02
14
30
40
editorial
Uma amostra
da tecnologia em
sua vida
Fim de ano é sempre uma boa ocasião
para fazer balanços. E um balanço da
VidaBosch em 2013 deixa claro que uma
empresa só produz de fato “tecnologia
para a vida”, como diz o slogan da
Bosch ,
se está presente em áreas essenciais para
o dia a dia. Não por acaso, ao longo das
últimas edições mostramos um pouco da
diversidade de temas e de nossas soluções
completas para vários setores.
Neste número não poderia ser diferente. A tecnologia ligada à mobilidade, por
exemplo, envolve direta ou indiretamente assuntos que você verá nas próximas
páginas: as rodovias para as praias de
São Miguel do Gostoso (RN) – que mesclam simplicidade, sofisticação e beleza
– o prazer da atriz Rita Guedes em pegar
estrada sempre que pode e as obras do
Arco Metropolitano do Rio de Janeiro.
No empreendimento ao redor do Rio,
planejado para desafogar o trânsito da
Avenida Brasil, a necessidade de precisão e rapidez casou com as ferramentas
fornecidas pela Bosch .
A seção em casa destaca o conforto ligado
à água quente. Pensou em um banho gostoso? Claro, esse é um item quase que de
primeira necessidade, mas a reportagem
aborda outros usos igualmente prazerosos, todos com possibilidade de serem
atendidos por um bom aquecedor a gás:
água quente na torneira da pia, na sauna,
no toalheiro e até no piso do banheiro...
Em Brasil cresce , o foco é um dos setores
de maior pujança na economia brasileira:
o imobiliário, especificamente os trabalhadores autônomos que têm ajudado a
sustentar o boom de reformas.
Esses são só alguns exemplos – um resumo
que continuará a ser complementado em
2014. Um ano, aliás, propício para balanços: a Bosch completará seis décadas no
país e a VidaBosch, dez anos de existência. Não perca!
Boa leitura!
Equipe da Redação
Sumário
02 viagem | São Miguel do Gostoso, vila cosmopolita com jeito de praia deserta
08 eu e meu carro | Para Rita Guedes, pegar a estrada vale mais que terapia
10 torque e potência | Diesel faz bonito nas corridas de longa duração
14 em casa | Água quente é uma delícia no banho – mas não só no banho
20 tendências | Bons ventos começam a soprar para a energia eólica no país
26 grandes obras | O trânsito na Avenida Brasil deixará de ser uma novela
30 Brasil cresce | Boom imobiliário aquece também o mercado de reformas
34 atitude cidadã | Ensino médio: a prova em que o Brasil ainda não passou
40 aquilo deu nisso | Alternador transformou carros em verdadeiras usinas
44 saudável e gostoso | Mel: quando doçura é sinônimo de saúde
Expediente
VidaBosch é uma publicação trimestral da Robert Bosch Ltda., desenvolvida pelo departamento de Marketing e
Comunicação Corporativa. Se tiver dúvidas, reclamações ou sugestões, fale com o SAC Bosch: 0800-7045446 ou
www.bosch.com.br/contato
Produção, reportagem e edição: PrimaPagina (www.primapagina.com.br), tel. (11) 3512-2100 / vidabosch@prima
pagina.com.br t Projeto gráfico, direção de arte e diagramação: Buono Disegno (cargocollective.com/buonodisegno),
tel. (11) 3512-2122 t Tratamento de imagem: Renata Lauletta t Acompanhamento gráfico : I n o v a te r
t Impressão: Gráfica Mundo t Revisão: Marcelo Moura t Jornalista responsável: José Roberto de Toledo (DRT-DF 2623/88)
2 | VidaBosch |
viagem
Gostoso
é uma
delícia
Por trás de seu nome exótico,
São Miguel do Gostoso,
no Rio Grande do Norte,
guarda clima de calmaria
cosmopolita e algumas das
praias mais belas do Brasil
Na Ponta do Santo
Cristo, uma duna
invade o Atlântico e
forma uma imensa
piscina natural
| Por Roberto de Oliveira | Fotos Marcelo Ísola
4 | VidaBosch |
viagem
As praias
oferecem tanto
a tranquilidade
de uma boa
rede quanto a
adrenalina do
kitesurf
V
enta bastante, o mar não é de cair o
queixo, mas existe alguma coisa de
muito gostoso naquele pontinho extremo
onde o mapa do Brasil faz a curva.
Há menos de dez anos, nem celular pegava
direito em São Miguel do Gostoso, município do Rio Grande do Norte. Aos poucos, o
conforto foi chegando a essa pequena cidade a cerca de 110 quilômetros de Natal.
Hoje, com boas opções de hospedagem e
gastronomia, não é de estranhar que o vilarejo conquiste espaço e estrelas em guias
nacionais e internacionais. Gente de toda
parte desembarca por ali, só que o lugar
ainda permanece com seu charme e jeitinho de praia quase intocada. Já há sinal de
celular – mas não de megarresorts.
O clima de Gostoso se estende por ruas
e orlas e parece estampar-se no sorriso
de seus moradores. Há algo contagiante em sua atmosfera. A informalidade
predomina do restaurante moderninho
à areia da praia. É bem provável que, no
segundo dia de estadia, o pescador, a atendente da pousada, o garçom do boteco e
até os motoboys da avenida central estejam te chamando pelo nome.
Na entrada da cidadezinha, uma placa
resume bem o que o turista vai encontrar
pela frente: “Aqui se faz Gostoso”, diz. Funciona como um cartão de boas-vindas a
quem trafega pela RN-221, estradinha de
asfalto que passa por dunas, lagoas, coqueirais e muitas casinhas simples, com
moradores mais simples ainda, sentados
em cadeiras ou no chão, olhares e sorrisos
voltados para o visitante.
Poucos metros depois da entrada, à
esquerda de quem chega, o posto de gasolina estampa na fachada: “Gostosão”.
O adjetivo e suas variações se replicam
inúmeras vezes no município. O que no
início pode gerar estranheza logo vira empatia. “Gostoso” dá nome a lanchonetes,
botequins, supermercados e à farmácia da
avenida central. Na praia, a palavra aparece em campanhas de educação ambiental promovidas por uma suíça que adotou
o vilarejo como residência. Vem em dose
dupla: “É gostoso ver Gostoso limpo”. E é
mesmo. A praia ali é uma das mais limpas
de todo o litoral nordestino.
Por que “Gostoso”?
Ninguém, dos cerca de 10 mil habitantes, usa
o nome do padroeiro (São Miguel) para se
referir à cidade. Só se usa “Gostoso” – nos
pontos comerciais e nos turísticos, entre os
esportistas à beira-mar e pela cozinheira
da pousada. “Gostoso” é logo incorporado
ao vocabulário diário do forasteiro.
Mas como esse termo de cunho tão terreno foi se juntar ao nome do arcanjo, tido
pela tradição católica como o líder das forças do Céu contra as hostes do Inferno? Há
diferentes versões para o acréscimo. O que
se sabe de fato é que o lugar inicialmente
se chamava São Miguel de Touros – uma
referência ao município vizinho, do qual
era originalmente distrito: Touros (que,
aliás, abriga um farol de 62 metros, considerado o segundo mais alto da América
do Sul; fica bem no meio do caminho entre
as duas cidades, na “esquina” do Brasil, e
vale uma visita).
viagem | VidaBosch | 5
A troca de “Touros” pelo adjetivo teria
sido inspirada por um morador que hospedava caixeiros-viajantes que perambulavam
por aquelas bandas do norte do Rio Grande
do Norte. Corre em boca miúda a seguinte
lenda: enquanto preparava uma refeição
no fogão a lenha, o anfitrião ainda encontrava meios de entreter seus convidados
contando histórias, todas elas marcadas
por gostosas gargalhadas. O dono da casa
passou a ser chamado de “seu” Gostoso.
Pronto! Como o vilarejo era pequenino, a
história correu com o vento da praia, e logo
os moradores da cidade estavam se referindo à vila simplesmente por Gostoso, para
diferenciá-la de outros lugares que carregavam o mesmo santo no nome – sem contar
distritos, bairros e vilas, são 23 municípios
no Brasil, segundo o IBGE, incluindo o de
São Miguel (assim, sem complemento) no
sertão do Rio Grande do Norte.
Fato é que pouca gente por lá está preocupada em saber por que a cidade foi assim
batizada. A maioria prefere uma explicação mais comum: “Gostoso porque aqui é
Nos restaurantes ou na praia,
predomina a informalidade. No
segundo dia, você já será chamado
pelo nome por pescadores e garçons
Gostoso”. Vai duvidar como?
Quem nasce ou vive em São Miguel do
Gostoso é chamado de “gostosense”. Mas
a molecada de hoje prefere simplesmente
“gostoso” ou “gostosa”, mesmo diante dos
olhares de reprovação da turma das antigas.
Gostosos por todos os lados
E há gostosenses “naturalizados”, vindos
de São Paulo, Recife, Rio, Campinas e Ribeirão Preto, e de países como Moçambique,
Suíça e Alemanha. Gente que foi tocar (melhor: aproveitar) a vida naquelas bandas
de ventos constantes.
Atrair forasteiros não é exclusividade
de Gostoso. Em praias como Jericoacoara
(CE), Trancoso (BA) e Pipa (RN), é comum
o turista encontrar gente de toda parte trabalhando ou comandando os mais variados tipos de negócio. Em São Miguel do
Gostoso, porém, esse leque de diversidade
parece ainda mais amplo.
Uma das primeiras “estrangeiras”, vinda há mais de 20 anos, é a simpática e sorridente empresária Rosana, dona do bar
Madame Chita, um barzinho à beira-mar
que vende bebidas, roupas e crepes – o mais
bacana ali é saborear pratos e drinques
enquanto se faz novas amizades.
Do instrutor de kitesurf (uma espécie
de mistura de paraglider com surfe, muito
comum na região) ao cozinheiro do restaurante de comida baiana, a cada temporada
novos moradores chegam a São Miguel do
Gostoso. Mesmo com essa diversidade toda, há um ambiente de confraternização
entre nativos e forasteiros. Por mais “cosmopolita” que seja, Gostoso ainda mantém
a essência de cidade do interior, um jeito
interiorano de viver. No fim de noite, muitos se reúnem em um estabelecimento para
jogar conversa fora – a cada dia da semana
é “eleito” um bar, um café ou um restaurante. Turistas são sempre convidados a
se somar às histórias.
6 | VidaBosch |
viagem
São Miguel do Gostoso
RN - 221
Touros
RN - 023
101
Pureza
Maxaranguape
RN - 064
Ceará-Mirim
406
Natal
RN - 310
RN - 060
Dunas e lagoas também encantam quem visita a região
Onde ficar
304
Parnamirim
Onde comer
Como chegar
Pousada dos Ponteiros
Uma das mais tradicionais de São
Miguel do Gostoso e com ótima localização. Opte por ficar nos chalés voltados para a praia. Enseada
das Baleias, 1000. Praia do Maceió.
www.pousadadosponteiros.com.br.
(84) 3263-4007
Bar do Tico
Comida típica em ambiente superpopular. As especialidades são caldos de
arraia, camarão ou cação; filé de peixe;
camarão. É ali que se toma a cerveja
mais gelada da cidade. Av. Enseada
das Baleias, 869. Praia do Cardeiro.
(84) 3263-4342
Pousada Mar de Estrelas
Dispõe de piscinas para adultos e crianças, spa para massagens, biblioteca e
local para guardar equipamentos de
windsurfe. Agenda passeios a cavalo
e em veículo 4x4 para outras praias.
Endereço: Av. dos Arrecifes, 1120. Praia
do Cardeiro. www.pousadamardeestrelas.com.br. (84) 3263-4168
Restaurante Mar de Estrelas
Seu forte é a abundância de peixes e
frutos do mar. Tem um estilo que lembra uma fazenda instalada na praia. Av.
dos Arrecifes, 1120. Praia do Cardeiro.
www.pousadamardeestrelas.com .br.
(84) 3263-4168
A viagem de Natal a São Miguel do
Gostoso dura cerca de uma hora e
meia. São 120 quilômetros de pista
em boa condição. Para sair da capital,
siga as indicações em direção ao litoral
norte pela BR-101. Depois de passar
uns 3 quilômetros da Ponte Newton
Navarro, vire à direita, na direção de
Extremoz/Barra de Maxaranguape. Siga na rodovia rumo a Touros. Antes
de chegar lá, porém, observe a placa
para entrar à esquerda, em direção a
São Miguel do Gostoso. Pegue então
uma estrada estadual – não tão boa
quanto a BR, mas de fácil circulação.
Ajuda o turista o fato de o Aeroporto
Internacional Augusto Severo, de Natal, ficar na rodovia BR-101. Você pode
alugar um carro e sair diretamente dali
ou combinar um serviço de transfer
com a pousada onde ficará hospedado. Há ainda taxistas de São Miguel do
Gostoso que fazem o traslado.
Se optar por transporte público, a viagem de ônibus Natal-Touros, Touros-São Miguel do Gostoso, pela Expresso Cabral (tel: (84) 3213-4041), pode
durar cerca de 2 horas e meia.
Pousada Mi Secreto
Talvez a opção mais luxuosa da cidade, fica na melhor praia. É também
um ponto estratégico para a prática
do windsurfe e kitesurf. São apenas
nove suítes, de 50 m².
Rua das Algas, 51. Praia da Ponta de
Santo Cristo. www.misecretopousada.
com. (84) 3263-4348
Restaurante La Brisa
Não dá para ir a São Miguel do Gostoso e não provar o arroz de polvo neste
espaço despojado, de menu caprichado. Outros destaques são o peixe ao
molho de manga, o camarão ao molho
de vinho branco com tiras de maçã e
as ostras frescas. Pensou em carne?
A dica são as moelas ao molho de vinho tinto. Endereço: Rua dos Búzios,
175. Centro. (84) 9998-6199
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Essa mistura é uma das características,
um dos diferenciais que fazem de Gostoso um lugar tão autêntico, o que reforça o
clima de tranquilidade, para deleite dos
moradores e turistas nacionais e estrangeiros que buscam sossego em suas praias.
Trata-se, não há dúvida, de um lugar
ideal para descansar e fugir do estresse
urbano. A praia fica na “esquina” do leste do continente sul-americano, conhecida como Ponta do Calcanhar – marco zero
da BR-101, que começa no Rio Grande do
Norte e termina 4.500 quilômetros depois,
no Rio Grande do Sul. Seu litoral se alinha
paralelamente à linha do Equador.
A posição geográfica favoreceu o desenho de suas praias. A mais bonita da região
atende pelo nome de Tourinhos, enseada
de águas claras e mornas, praticamente
deserta, com uma duna gigante que “se
aquietou”, como dizem os filhos de Gostoso, petrificou-se há cerca de 2 mil anos e
se transformou num pequeno morro com
cerca de 8 metros de altura e vista fascinante.
É considerada uma das praias mais belas do Brasil. Permanece praticamente deserta a maior parte do tempo, com exceção dos feriados prolongados. Fica a cerca
de 6 quilômetros do centro de São Miguel
do Gostoso. Na maré baixa, é possível ir
caminhando pela praia até lá, embora o
trecho seja extenso e cansativo.
Pode-se também alugar um bugue ou
ainda ir com um motoboy – sim, eles te pegam na pousada e te deixam na praia; para
voltar, é só marcar um horário. O ideal, porém, é recorrer à primeira opção, para aproveitar a viagem e ir fazendo outras paradas
e descobertas pelo caminho. Uma parada
obrigatória: no canto direito da praia há um
restaurante de uma pernambucana casada
com um italiano onde é servido o melhor
macarrão com frutos do mar de Gostoso.
Bons ventos
Depois de Tourinhos, vem a praia dos Morros e a do Marco, esta última famosa por
ter sido, segundo alguns historiadores, a
primeira no Brasil em que desembarcaram
os portugueses em 1500. É onde está a réplica de um marco português do século 16
(o original fica em exposição no Forte dos
Reis Magos, o monumento mais antigo de
Natal). Pedro Álvares Cabral teria sido levado pelos fortes ventos à praia do Marco,
antes de desembarcar com seus homens
em Porto Seguro.
Andando-se um pouco mais, chega-se a
outro ponto alto do litoral norte potiguar:
Galinhos, uma vila de pescadores que vive
repleta de franceses. Fica numa península
onde os carros não circulam (ficam estacionados no outro lado do rio).
A “brisa” que conduziu Cabral ao litoral
brasileiro é constante naquelas bandas, a
qualquer hora do dia ou da noite. A ventania geralmente é mais forte na primavera
e no verão (setembro a março). Nas praias
do centro, venta tanto que, dependendo
da época do ano, é quase impossível ficar
de bobeira na areia. É indispensável usar
cordão ou elástico para prender o chapéu,
o boné ou mesmo os óculos.
Por outro lado, não é por acaso que São
Miguel do Gostoso e arredores estejam entre os principais points dos adeptos dos
esportes náuticos a vela. É comum olhar
para o mar e vê-lo apinhado de esportistas
deslizando com suas pranchas ao sabor do
vento (frequentemente europeus, vindos
da França, Itália e Alemanha).
A bela praia Ponta do Santo Cristo, em
Gostoso, por exemplo, é considerada um
dos melhores lugares para a prática de windsurfe e kitesurf do Brasil. Trata-se de muito
mais do que isso, porém: uma duna invade o Atlântico e represa um braço de mar,
formando uma imensa piscina natural, de
águas mornas e transparentes, ótima para
banho tanto na maré baixa como na alta
(outras, como Xepa e Maceió, são praias de
tombo, pouco agradáveis quando o mar está
mais alto). É de lá que se tem uma ampla
visão da enseada, tentadora o suficiente
para despertar o desejo de encarar longas
caminhadas à beira-mar, descobrindo uma
praia diferente em cada curva.
Entre uma caminhada e outra, um mergulho para recarregar o corpo, porque a
alma parece cada vez mais inclinada a vagar por Gostoso.
A Bosch na sua vida
Vento e calor exigem cuidados
Se os ventos do Rio Grande do
Norte fazem a alegria dos amantes
de esportes de vela, ele pode ser
uma armadilha para o motorista
que está indo de Natal para São
Miguel do Gostoso. “A estrada é
à beira mar e está muito sujeita a
ventos fortes, principalmente em
agosto”, avisa Ismael Simplício,
administrador da Carbox, oficina
da rede Bosch Service na capital
potiguar. Essas condições exigem
cuidado redobrado com os freios.
O clima seco e o calor intenso
também demandam atenção ao
sistema de frenagem: os freios
podem esquentar a ponto de pararem de funcionar, caso não seja
feita uma manutenção correta. As
altas temperaturas, lembra Simplício, também demandam atenção
à quantidade de água e óleo no
motor. Se o motorista quiser evitar
o calorzão pelo menos dentro do
carro, deve fazer revisão do sistema de ar-condicionado do veículo.
As condições das vias requerem
cuidado. O deslocamento entre
São Miguel do Gostoso e as praias
e lagoas do entorno é feito por
estradas de terra e de areia. Por
isso, o especialista alerta para a
necessidade de revisar também
os amortecedores e a suspensão.
E lembre-se: não há oficinas no
vilarejo.
Arquivo Bosch
Aos gostosenses, como são
chamados os moradores da cidade,
junta-se uma leva de gente vinda de
várias partes do Brasil e do mundo
eu e meu carro
Ricardo Ayres/Photocamera
8 | VidaBosch |
Terapia automotiva
Quando está estressada, a atriz Rita Guedes sabe bem o que fazer: pegar a estrada
| Por Leonardo Guariso
E
m seu mais recente papel – em “Flor
do Caribe”, da TV Globo –, não havia
muita dúvida: o lugar da atriz Rita Guedes
era na cozinha. Na novela das seis, dirigida por Jayme Monjardim, ela interpretava a governanta Doralice, especialmente
conhecida pelos quitutes que preparava.
Na vida real é diferente: um dos lugares
prediletos da artista é a estrada. De preferência, em um carro com câmbio automático,
direção hidráulica, ar-condicionado e muito
espaço interno. E, se possível, num modelo
conversível, para curtir mais a paisagem.
O gosto por carros vem de longe, nasceu
antes mesmo de Rita estrear nos palcos.
Natural de Catanduva, no interior de São
Paulo, teve as primeiras experiências ao
volante numa área rural com muito verde
e quase nenhum movimento – sem guias,
postes ou outros automóveis para atrapalhar a jovem aprendiz.
Pouco depois se arriscou pelas vias urbanas, numa Belina que marcou sua infância. “Lembro que, no começo, o mais difícil
era conseguir sair com o carro: engatar a
primeira marcha e dirigir. Era diferente
dirigir nas ruas de paralelepípedo em relação às estradas de terra.”
As diferenças tornaram-se maiores
quando, após encenar por três anos peças infantis em Catanduva, mudou-se para
Campinas (SP) e, dois anos depois, para São
Paulo. Tinha então 19 anos, e sua carreira
começava a deslanchar.
Hoje, Rita acumula mais de dez novelas no currículo (como “Irmãos Coragem”,
“Uga Uga”, “Da Cor do Pecado”, “Cobras &
Lagartos”), além de várias participações em
séries globais (como “Carga Pesada”, “Sob
Nova Direção” e “As Brasileiras”). No teatro,
produziu e estrelou a peça “Qualquer gato
vira-lata tem uma vida sexual mais sadia
do que a nossa”, que viraria filme em 2011.
A carreira intensa e a vida nas maiores
metrópoles brasileiras (depois de São Paulo, mudou-se para o Rio de Janeiro) não
impediram a atriz de continuar cultivando o gosto pela direção. O anda e para das
grandes cidades, porém, fez Rita tornar-se
mais exigente com o conforto dos automóveis. Já foi dona de um Mercedes (vendido
para um tio), e hoje é um Hyundai Tucson
que ocupa sua garagem.
“Não sei como as pessoas conseguiam
dirigir no passado sem um veículo automático. Nas cidades, principalmente, o trânsito desgasta demais o motorista que não
tem câmbio automático”, afirma.
De qualquer forma, Rita tem tirado de
letra as dificuldades do tráfego paulistano
ou carioca. Garante que é uma excelente
motorista, capaz de estacionar seu carrão
(o Tucson tem mais de 4 metros de comprimento e quase 2 de largura) mesmo em
vagas apertadas – proeza que já rendeu
elogios até de experientes manobristas.
Na hora de trocar de automóvel, contudo,
ela sempre conta com a ajuda de alguém,
um amigo ou namorado, para ter certeza
de que está fazendo um bom negócio. Para
fechar a compra, o carro tem de ser bonito. “Gosto de carro arrojado, com design
legal e completo.”
Pé na estrada
Mesmo com sua perícia no trânsito do Rio
de Janeiro, Rita Guedes se delicia mesmo
é dirigindo em estradas – de preferência
durante o dia, para apreciar melhor a viagem. Anos atrás, fez algumas vezes o longo
trajeto entre a capital fluminense e Catanduva – são mais ou menos 11 horas atrás do
volante. “Gosto muito mais de viajar de
carro do que de avião. Por isso preciso de
carros seguros, para dirigir em estradas.”
A vida corrida de atriz a impede de enfrentar as rodovias com mais frequência.
Mas esse não é o único obstáculo: ela se
queixa do mau estado de conservação das
estradas brasileiras, apesar do preço alto
dos pedágios. Acostumada a guiar nos Estados Unidos, onde morou por alguns anos,
reclama que, em razão da falta de manutenção das pistas, sofrem tanto o veículo
quanto o motorista – que precisa redobrar
a atenção para não correr riscos. “Aqui no
Brasil, infelizmente, muitas estradas são
bem ruins, não recebem investimentos
nem os reparos necessários. Isso acaba
estragando muito os carros, além de causar perigo de acidentes”, comenta.
Ainda assim, quando está estressada,
cansada ou angustiada, Rita Guedes sabe
que rumo tomar: a estrada. “Dirigir é como
uma terapia. Dá prazer e uma sensação de
calma e tranquilidade.”
A Bosch na sua vida
Arquivo Bosch
Na estrada, mas com segurança
Para quem gosta de pegar a estrada, como Rita Guedes, um componente muito útil para a segurança do motorista e do automóvel
é o Eletronic Stability Program
(ESP), desenvolvido pela Bosch e
introduzido no mercado em 1995.
Trata-se de um sistema de controle
de estabilidade, que “tem como
objetivo manter o veículo na trajetória em caso de uma manobra
brusca que leve à perda do controle do carro”, como explica o
gerente de vendas e marketing da
divisão Chassis Systems Control
da Bosch, Carlo Gibran.
O sistema é ligado às quatro rodas
e ao volante e possui um sensor
que monitora os deslocamentos
do carro, corrigindo problemas e
evitando acidentes. “Se o motorista
virou a direção para a esquerda,
mas o carro não mudou sua rota,
o ESP entra em ação para evitar
uma colisão”, explica Gibran. O
dispositivo pode cortar a potência
do motor ou frear qualquer roda
para corrigir a rota.
Nos EUA e na Europa, já é obrigatório que os carros saiam de fábrica
com o ESP. No Brasil, são poucos
os modelos com essa tecnologia.
Gibran estima que o sistema poderia diminuir em cerca de 40% os
acidentes nas estradas nacionais.
10 | VidaBosch |
torque e potência
Combustível
para maratonas
Usado no Brasil apenas em veículos pesados, o diesel faz bonito em competições
| Por Bruno Meirelles
automobilísticas de longa duração
12 | VidaBosch |
O
torque e potência
a chave para a mobilidade do futuro. E o
automobilismo é a oportunidade perfeita
para introduzir e apresentar novas tecnologias”, afirma Wolfgang Ullrich, chefe da
Audi Sport, que venceu oito das últimas
nove disputas, justificando a aposta da
equipe no combustível.
Mas demorou um tanto até a Le Mans
encontrar esse pulo do gato. A prova nasceu
em 1923, numa época em que predominavam disputas em ruas públicas, de breve
duração, que contavam com carros similares tanto em peso quanto em potência e
tamanho do motor.
Os franceses resolveram apostar em
sentido contrário: criar uma competição
em que, em vez de velocidade, o mais importante fosse buscar o equilíbrio e a constância do veículo, conciliar bom desempenho com economia de combustível, pneus,
freios e evitar problemas mecânicos para
completar a maratona automobilística à
frente dos rivais.
Com o passar dos anos, as 24 horas de
Le Mans cresceram e inspiraram muitas
outras provas de resistência ao redor do
mundo. Assim, a competição deixou de ser
apenas uma corrida e passou a designar
um campeonato de enduro com etapas dis-
putadas em países como Alemanha, Bélgica e até mesmo Brasil, onde ocorrem as
6 horas de Interlagos.
Paralelamente, inúmeras experiências
com combustíveis alternativos à gasolina
foram feitas, buscando conquistar vantagem com menos paradas nos pit stops. Uma
delas foi o motor com turbina a gás, testado na década de 1960. Conseguia atingir
altas velocidades, mas mostrava dificuldades em manter temperaturas aceitáveis
durante uma prova tão longa.
Na década seguinte, apostou-se no motor Wankel, que não usa cilindro e pistão,
mas consome muito combustível. Seu feito
mais notório, já com incrementos tecnológicos, foi vencer a edição de 1991.
No entanto, a experiência mais bemsucedida viria com a adoção do diesel. A
primeira vez que um carro deste tipo competiu em Le Mans foi em 1949. Mas só em
2004, uma equipe repetiu a tentativa, após
uma ausência de 53 anos dessa tecnologia
nas pistas.
“Diesel é uma solução que oferece muitos
aspectos positivos. As emissões de ruído do
motor são bastante baixas, e temos grandes
vantagens em economia de combustível e
torque do motor. Mas, para ganhar, você
Webventure.com.br/Marcelo Machado
s carros da Fórmula 1 que atravessam a reta de Interlagos a mais de
300 km/h usam uma gasolina similar à encontrada nos postos. Os veículos da Indy
que beiram os 400 km/h no circuito oval
de Indianápolis são impulsionados por um
etanol bem parecido com o que temos à
disposição no Brasil. Mas não apenas esses
dois combustíveis embalam as competições automobilísticas. O diesel, no Brasil
bastante associado a caminhões, ônibus
e outros veículos pesadões, também tem
seu espaço em carros de rali e da Le Mans.
Nos carros que disputam provas nas
quais a velocidade é o fator primordial, os
motores a gasolina e álcool se destacam.
Já o diesel tem como vantagem o torque
e a economia – é ideal para corridas de
resistência. Se fosse feita uma comparação com o atletismo, os combustíveis
que abastecem os automóveis no Brasil
seriam os mais utilizados nos 100 metros
rasos; o diesel, nas maratonas.
É em boa parte por isso que, desde 2006,
todas as edições das 24 horas de Le Mans,
a mais tradicional prova de longa duração do automobilismo, foram vencidas
por carros movidos com esse derivado do
petróleo. “A eficiência do combustível é
“O diesel é a melhor opção para correr rali no Brasil”, afirma o chefe da equipe MEMM Motorsports, que disputa o Rally dos Sertões
torque e potência | VidaBosch | 13
Enquanto os motores a gasolina
e álcool destacam-se pela potência,
o diesel tem como vantagem o
torque e a economia. Por isso, é
ideal para corridas de resistência
tem que funcionar no mais alto nível. Não
basta simplesmente pegar um motor de
carro de rua modificado e colocá-lo em um
carro já existente”, explica Ullrich.
O que a equipe da Audi em Le Mans fez
foi desenvolver um projeto que incluía não
apenas o motor, mas também sistema de
transmissão, chassis, aerodinâmica, entre
outros itens.
“Em 2006, o R10 TDI tinha um motor
de 12 cilindros com 5,5 litros de capacidade cúbica, 650 hp e rodou o circuito em
3min31s211. Sete anos depois, o R18 e-tron
quattro precisou de apenas seis cilindros, 3,7
litros e 490 hp para rodá-lo em 3min22s746,
apesar das restrições impostas pelo regulamento”, acrescenta.
Sucesso fora do asfalto
Não são apenas os famosos carros da Le
Mans que estão conseguindo alto desempenho usando diesel. Algumas equipes
de rali já adotaram essa tecnologia em
provas nacionais, e estão tendo grandes
vantagens nisso. É o caso da MEMM Motorsports, que competiu com carros a diesel no Rally dos Sertões, principal prova
brasileira da categoria.
“Utilizamos o diesel desde o surgimento da equipe, em 2005. Optamos por esse combustível porque acreditamos que,
no rali, o torque é fundamental”, afirma o
chefe da equipe, Flávio Rogério Pacheco.
As condições das provas realizadas no
Brasil, avalia, tornam o diesel ainda mais
vantajoso do que em outros países. No rali
Paris-Dakar, por exemplo, hoje disputado
na Argentina e no Chile, os carros correm
no meio do deserto, onde existem retas
muito extensas. Nelas, os motores a gasolina levam vantagem.
“No Brasil, o rali é feito de retomadas,
pois os traçados são acidentados e têm muitas curvas. Isso faz com que o diesel seja
mais econômico. Em condições extremas,
como nas dunas, o etanol faz apenas 0,8
quilômetro por litro de combustível, e a
gasolina faz dois quilômetros. Já o diesel
chega a rodar até três quilômetros com um
litro”, exemplifica.
Por consumirem mais, os competidores
que usam etanol ou gasolina correm com
um tanque mais pesado, o que dificulta
o acerto do veículo – afinal, ele termina
algumas etapas até 200 quilos mais leve
do que iniciou. Outra vantagem do diesel
é ser turbinado. Com isso, o motor não
é afetado pelas variações de altitude em
trechos de serra.
“Isso acontece porque, apesar da escassez do ar em grandes altitudes, a turbina o
empurra para dentro do motor, que mantém sua potência quase inalterada. Já os
motores a gasolina e álcool são aspirados,
e perdem potência por não conseguirem
reunir o ar necessário para a combustão
ideal”, afirma Pacheco.
Finalmente, por contar com peças mais
robustas, os carros a diesel praticamente
dispensam manutenções entre as etapas
de um rali. Quanto aos demais automóveis,
é preciso abri-los a cada duas provas, no
máximo, para limpar e fazer reparos.
“Não existe dúvida de que o diesel é a
melhor opção para correr rali no Brasil.
O que restringe o seu uso no país é que o
gerenciamento eletrônico dos motores é
confidencial, e uma equipe precisa desses
dados para poder mexer neles e competir”,
diz o chefe da MEMM.
No topo do pódio
O sucesso que os carros a diesel estão
obtendo nas últimas edições das 24 h
de Le Mans conta com apoio da Bosch,
que fornece os sistemas de injeção Common Rail para esses veículos. A empresa
possui uma subsidiária chamada Bosch
Engineering, que oferece serviços de engenharia de produção sob medida, como
fabricação de peças e desenvolvimento
de sistemas de injeção para motores de
competições automobilísticas como Fórmula 1, Stock Car e Rally dos Sertões. A
maior parte dos produtos ofertados pela
empresa nessa área são componentes
modificados, tanto para gasolina quanto
para diesel, conta o engenheiro da Bosch
José Ricardo Masetto.
“Temos também alguns produtos exclusivos,
como um display para o piloto acompanhar o que está ocorrendo com o veículo
e o motor. Ele reúne informações como
temperaturas de combustível, água, ar,
escapamento, pressões de combustível,
óleo lubrificante e rotação do motor”, diz.
Masetto afirma que a principal diferença entre o trabalho para competições e
para carros convencionais está no nível
de estresse a que os componentes são
submetidos. Além disso, o tempo para
fazer melhorias é muito mais escasso do
que no caso de veículos normais. “Se o
veículo não foi bem em uma corrida, as
melhorias são esperadas para a próxima.
Isso exige entrosamento entre engenheiro, piloto e equipe”, comenta Masetto.
Arquivo Bosch
A Bosch na sua vida
em casa
Photographee.eu/Shutterstock
14 | VidaBosch |
Muito além do chuveiro
| Por Débora Yuri
Água quente não é uma delícia só no banho.
Veja como usá-la na pia e para aquecer toalhas, ambientes e até o piso do banheiro
em casa
Pressmaster /Shutterstock
16 | VidaBosch |
A água
aquecida
pode trazer
benefícios à
saúde – seja
lavando as
mãos, seja
curtindo uma
sauna a vapor
S
ensação térmica = quero morrer.”
Quando a piada do humorista José
Simão faz sentido, tomar um banho quente pode ser um agradável aliado contra o
frio. Mas nem todo mundo lembra que há
outras aplicações para o uso da água aquecida dentro de casa – e que elas aumentam, e muito, o conforto dos moradores.
Esquentar a água da pia do banheiro e da cozinha, por exemplo, traz benefícios na hora de enfrentar uma série
de atividades corriqueiras. Nos dias de
temperatura baixa (mas não só neles),
uma torneira marcada com “Q” ou com
um pontinho vermelho pode ser o estímulo que falta para encarar a pilha de
louça suja.
Do mesmo modo, fazer a barba e limpar
o rosto fica mais prazeroso com uma mistura diligentemente calibrada de quente e
frio. E mesmo lavar as mãos é melhor com
água morna – não por matar bactérias, e
sim por remover de maneira mais eficaz
a gordura que pode abrigá-las, segundo
a agência Food and Drug Administration
(FDA), equivalente, nos Estados Unidos,
à Anvisa brasileira.
Gerada por gás ou energia solar, a água
quente também ajuda na economia de
energia elétrica da casa. É possível usar
essa água, por exemplo, no cano de entrada da lavadora de roupas – como o líquido já está aquecido, a máquina não
precisa gastar eletricidade para fazer
esse trabalho.
O aquecimento garante ainda um tipo de
comodidade pouco desfrutada no Brasil,
mas recorrente nos Estados Unidos e no
Canadá: sair do banho fumegante sem ter
de buscar o tapetinho ou o chinelo com a
A água aquecida, se usada no cano
de entrada da lavadora de roupas,
ajuda a economizar energia: como
o líquido já está quente, a máquina
não precisa fazer esse trabalho
ponta dos pés para não se arriscar no chão
gelado. A instalação de piso aquecido no
banheiro vem conquistando cada vez mais
adeptos, sobretudo nas regiões serranas
do Sul e do Sudeste e em residências de alto padrão no Rio Grande do Sul e no oeste
de Santa Catarina.
“É uma opção benéfica para os moradores friorentos porque, em geral, o piso
do banheiro é frio. O piso aquecido gasta muita energia, mas é uma necessidade
em lugares como Campos do Jordão”, diz
o arquiteto Marcelo Rosset, que costuma
Igor Borodin/Shutterstock
em casa | VidaBosch | 17
incluir soluções de aquecimento residencial em seus projetos.
“Existem ainda soluções mais simples
e econômicas para aquecer o ambiente,
como o uso de toalheiros ou radiadores
de parede”, sugere. Conectados por meio
de canos, os radiadores de parede geralmente são alimentados por uma caldeira
a gás. O gás também é responsável pelo
aquecimento dos toalheiros, por meio da
circulação de água quente. Dentro de casa,
a calefação pode ter mais utilidades. Ela
combate umidade e mofo quando usada
em paredes, por exemplo.
Outros confortos residenciais especialmente úteis nos momentos de lazer
são piscina aquecida e sauna, que podem
funcionar a gás, economizando energia.
Na piscina, basta elevar um pouco a
temperatura da água para garantir umas
braçadas mais agradáveis. “Com 15oC de
diferença, o usuário já obtém conforto térmico”, diz o engenheiro mecânico Dalton
Rubens Maiuri, professor de termodinâmica
e coordenador dos cursos de especialização do Centro Universitário da Faculdade
de Engenharia Industrial (FEI).
Instalação
Há diversas maneiras de distribuir água
quente pelas torneiras de uma residência
ou de um apartamento. “Hoje existem equipamentos práticos e mais econômicos”, diz
o professor de engenharia civil André Luiz
de Lima Reda, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, especializado nas áreas
ambiental, sanitária e de recursos hídricos.
Nas aplicações mais pontuais, uma possibilidade é instalar aquecedores localizados, como torneiras elétricas para as
pias da cozinha e do banheiro. “Para evitar
desperdício de água, a instalação de timers
que fecham a torneira automaticamente
é importante”, sugere Reda.
Ele sublinha o principal problema a ser
evitado: gastos com manutenção, seja para
troca de peças ou contratação de mão de
obra. “O consumidor precisa colocar na
balança se será preciso chamar um técnico para resolver questões simples como
trocar a resistência”, explica, lembrando
que o ideal é consultar um engenheiro especializado em instalações prediais antes
de instalar um equipamento hidráulico ou
elétrico em casa.
Outra alternativa é ter um sistema central de aquecimento ou uma fonte de distribuição, como um tanque que acumula
água, aponta Maiuri. “O volume padrão é
de 200 litros para uma família de quatro
em casa
Ariadna de Raadt/Shutterstock
18 | VidaBosch |
Na pia da
cozinha, a
gordura da
louça se
desgruda
fácil quando a
temperatura
da água é
mais elevada
em casa | VidaBosch | 19
ou cinco pessoas, e é possível usar energia
elétrica ou a gás.”
O aquecedor a gás costuma ser instalado na área de serviço, interligado à rede
hidráulica. Ele queima o gás, produzindo
calor, e gera água quente para diversos ambientes. Entre suas vantagens estão a fácil
manutenção, maior vida útil em comparação com resistências elétricas e a segurança
que envolve o uso dos aparelhos modernos.
Sua instalação requer ligação com as redes de água fria e quente e com a rede de
gás, além da colocação de acessórios como
chaminé metálica. Em algumas casas, é preciso adequar a área externa ou de serviço
para assegurar ventilação acima e abaixo
do aparelho. “No mercado, há aquecedores
centrais que valem a pena para residências. É uma boa opção, a ser contemplada
na fase de planejamento da edificação”,
comenta Reda.
Nos últimos anos, tem crescido a oferta
de uma terceira via – as placas solares. Para uma residência com cinco moradores, o
sistema básico, que inclui placas e tanques,
custa cerca de R$ 2.000.
Um piso pode ser aquecido por
resistências elétricas ou tubos de
água quente que passam por baixo
do revestimento do banheiro
Piso e piscina
Algumas aplicações requerem uma instalação específica. Para aquecer o piso, por
exemplo, é preciso fazer uma reforma no
banheiro, que exige a quebra do revestimento existente – o que eleva os gastos e o
trabalho para poder usufruir dos benefícios.
Por isso, recomenda o arquiteto Marcelo
Rosset, o ideal é aproveitar os momentos
de construção ou reforma para fazer a obra.
Um piso pode ser aquecido por sistema
elétrico ou hidráulico. O primeiro funciona
por meio de resistências que distribuem o
calor. No segundo, tubos de água quente
passam por baixo do revestimento, fazendo
essa distribuição. A água pode ser aquecida
por um calefator (central de troca de calor
que serve à residência) ou passar por uma
caldeira, mantida com segurança em área
isolada. Há duas opções de combustível pa-
ra aquecê-la: óleo diesel ou gás.
Reda, do Mackenzie, explica que, em ambos os casos, é necessário reforçar o piso
com uma camada de isolamento térmico.
Uma dica é reaproveitar a água quente que
sai de lavadoras de roupas ou louças para
aquecer o pavimento. “É melhor do que
simplesmente jogá-la fora. Essa água pode fazer um caminho sinuoso por baixo do
piso e aquecê-lo”, explica o professor de
engenharia civil.
Em relação à tubulação, um cuidado importante é não colocar água aquecida em
contato com ferro – ele oxida e enferruja.
Os tubos precisam receber isolamento térmico e ser fabricados em cobre ou plástico
resistente a altas temperaturas.
Quanto ao aquecimento da piscina, Reda
aponta que o aproveitamento será melhor se
ela ficar num ambiente isolado, com portas
e janelas vedadas. “De preferência, a piscina também deve ser termicamente isolada
do solo em volta. Não é bom fazer esse investimento sem planejamento: esquentar
a água de uma piscina que troca calor com
o solo ao seu redor é perda de dinheiro.”
Muito mais do que conforto
Um banho confortável e relaxante, maior
praticidade para cozinhar e lavar a louça ou uma temperatura mais agradável
na hora de dar um mergulho na piscina. São vários os motivos que levam
as pessoas a instalar aquecedores em
casa. Mas, para valer realmente a pena, é preciso que a comodidade seja
acompanhada de segurança.
Em sua linha de aquecedores, a Bosch
tem, por exemplo, produtos alimentados por hidrogerador. Diferentemente
dos equipamentos com acionamento
convencional, por eletricidade, esses
usam o próprio fluxo da água para gerar energia.
“É como se fosse uma miniusina hidrelétrica, o que gera muito mais economia
para o proprietário”, afirma o chefe de
pós-venda da divisão de Termotecno-
logia da Bosch, Thyago Ferreira.
Outro diferencial é a presença de um
dispositivo que previne a intoxicação do
usuário por monóxido de carbono. Isso é
feito por meio de um sensor que verifica
a temperatura da saída da chaminé. “Um
dos indícios do vazamento de monóxido
de carbono é o superaquecimento dessa
peça. Então, se ela estiver muito quente,
o aparelho é desligado automaticamente”, afirma Ferreira, acrescentando que os
equipamentos também contam com um
limitador da temperatura da água, para
evitar que as pessoas se queimem.
A linha da Bosch com esses itens de segurança inclui equipamentos que atendem diversas demandas. “Há desde os
que aquecem 8 litros até os de 80 litros
de água por minuto, que equivalem a uma
energia entre 10 e 100 Kw/h”, diz Ferreira.
Arquivo Bosch Rexroth
A Bosch na sua vida
Alberto Loyo/Shutterstock
20 | VidaBosch |
tendências
| Por Frederico Kling
Semeando ventos,
colhendo eletricidade
Duas décadas depois da primeira experiência comercial, a energia eólica no Brasil
começa a deslanchar com incentivos públicos e avanços tecnológicos
tendências
Arquivo Bosch Rexroth
22 | VidaBosch |
A geração
eólica é até
mais limpa que
a solar e será
fundamental
para garantir o
abastecimento
de energia
das grandes
cidades no
futuro
O avanço da
tecnologia
resultou
em torres
maiores, com
dispositivos
que alinham
a turbina com
a direção do
vento
tendências | VidaBosch | 23
iz o ditado: quem semeia ventos colhe
tempestades. Mas, na vida real, os
ventos podem dar um fruto muito menos
turbulento e muito mais útil: a energia elétrica. Há 21 anos, o primeiro empreendimento
em território brasileiro foi implantado em
Fernando de Noronha (PE). Nas décadas
seguintes, o uso da fonte energética minguou, a ponto de se tornar insignificante
por aqui. Nos últimos anos, porém, o cenário mudou: a geração eólica parece ser
uma realidade que veio para ficar no Brasil.
Há hoje no país 119 usinas desse tipo,
com um total de 2.788 megawatts (MW) instalados até agora – cerca de 2% da matriz
elétrica nacional, segundo a Associação
Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica).
As regiões Sul e Nordeste têm os melhores ventos e a maior capacidade instalada.
A entidade aponta que o Rio Grande
do Norte é líder nesse tipo de geração (25
parques eólicos e potência instalada de
727,2 MW), seguido do Ceará (20 parques,
608 MW) e Bahia (24 parques, 582 MW).
O Rio Grande do Sul, quarto no ranking
(15 usinas, 460 MW) abriga o maior parque eólico da América Latina, localizado
em Osório, com 75 turbinas e capacidade
instalada de 150 MW.
Uma das principais vantagens desse
recurso é ser ambientalmente sustentável – inclusive quando se leva em conta o
processo de construção. “A geração eólica
é até mais limpa do que a energia solar e,
além disso, pode usar grandes extensões
territoriais sem inutilizar o solo, que ainda pode ser usado para outros fins, como
a agricultura”, afirma o coordenador de
energias renováveis do Greenpeace, Ricardo Baitelo.
Apenas entre março de 2012 e março de
2013, a geração eólica evitou a emissão de
cerca de 1,4 milhão de toneladas de CO2,
segundo a associação do setor. Para comparação: as mais de 23 milhões de árvores plantadas pelo projeto Clickárvore, da
Fundação SOS Mata Atlântica, retiraram
1,2 milhão de toneladas da atmosfera nos
últimos dez anos.
Outra vantagem é que o regime de ventos no Brasil é complementar ao da chuva.
A produção eólica é maior justamente nos
períodos em que as hidrelétricas estão com
Há hoje no país 119 usinas desse
tipo, com um total de 2.788
megawatts instalados até agora
– cerca de 2% da matriz elétrica
nacional, segundo a Associação
Brasileira de Energia Eólica
menor capacidade. Nos meses secos, entre julho e outubro, atualmente ligam-se
as termelétricas – mais caras e poluentes
– para suprir a queda de geração hidráulica. A fonte eólica, no entanto, aparece
cada vez mais como opção. “Ela entra na
base da matriz energética, ajudando a desligar sistemas mais caros e poluentes”, diz
a consultora Liana Forster, da Excelência
Energética,empresa especializada no setor elétrico.
Além disso, a construção dos parques
eólicos demora menos tempo do que a de
uma hidrelétrica – cerca de três anos. Paradoxalmente, isso implicou alguns problemas. “Os parques ficavam prontos antes das
linhas de transmissão, que eram leiloadas
separadamente”, diz Liana. Em julho de
2012, por exemplo, havia 646 MW já instalados de energia eólica, mas que ainda
não estavam no sistema elétrico nacional
por atrasos na construção das linhas. Por
isso, no leilão realizado em agosto de 2013
os projetos já previam a instalação das linhas de transmissão.
Esse mesmo leilão evidenciou outro benefício dos ventos: o preço médio da energia vendida ficou em R$ 110/MWh. “É a segunda mais competitiva, atrás apenas da
hidrelétrica”, compara Elbia.
Desenvolvimento
Os 2% de energia eólica na matriz elétrica
podem parecer pouco para um país que
explora esse recurso desde 1992. O projeto
de Fernando de Noronha, que deslanchou
a partir de um convênio entre o Centro Brasileiro de Energia Eólica e a Companhia
Energética de Pernambuco, foi financiado
pelo instituto de pesquisa Folkecenter, da
Dinamarca – país pioneiro no uso de energia
eólica, na década de 1970. A experiência,
contudo, não foi muito longe por falta de
incentivo público e de tecnologia.
Essas mesmas carências prejudicaram
o Programa Emergencial de Energia Eólica
(Proeólica), em 2001, lançado pelo governo
Fernando Henrique Cardoso na esteira do
apagão – naquele momento, anos de poucos
investimentos no sistema elétrico e uma
forte seca que afetou a geração hidráulica (principal fonte brasileira) levaram a
um racionamento de energia elétrica. O
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D
24 | VidaBosch |
tendências
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A energia
eólica já é a
segunda mais
competitiva
do mercado, e
os projetos de
novos parques
agora preveem
a construção
de linhas de
transmissão
Proeólica deveria incentivar a instalação
de 1.050 MW até o fim de 2003. Não funcionou, segundo a ABEEólica.
Em 2002, o governo federal criou o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas
de Energia Elétrica (Proinfa), que previa
investimentos em três fontes alternativas:
eólica, biomassa e pequenas centrais hidrelétricas. “O plano tinha vários problemas,
como a exigência de 60% de tecnologia nacional num momento em que só havia um
fabricante no país”, comenta Eliane Fadigas, coordenadora do Núcleo de Energia
Renovável do Departamento de Energia e
Automação Elétricas da Escola Politécnica
da USP. Isso fez com que vários projetos
eólicos atrasassem. Ainda assim, Eliane
ressalta: “Pode-se considerar que a energia
eólica no Brasil começou com o Proinfa”.
Num primeiro momento, o programa
patinou. “A Europa estava muito aquecida
quanto a esse tipo de geração, e o Proinfa
não alcançou um de seus objetivos, que
era trazer tecnologia para o país e formar
uma indústria”, diz a presidente-executiva da ABEEólica, Elbia Melo. Ainda assim,
avalia, houve avanços. “Não se pode falar
em fracasso, pois o Proinfa fez com que
aprendêssemos mais sobre energia eólica
O incremento técnico e os ótimos
regimes de vento no Brasil tornaram
a geração eólica no país a mais
eficiente do mundo. Em cinco anos,
ela aumentou em dez vezes sua
participação na matriz nacional
e conhecêssemos melhor nossos ventos.”
Novamente, uma turbulência mudou os
rumos da geração eólica no país. “A crise
econômica de 2008 atingiu os grandes mercados europeus e norte-americanos, fazendo com que os fabricantes de geradores se
voltassem para países em desenvolvimento, como Índia, China e Brasil”, diz Elbia.
As novas fábricas possibilitaram que, em
2009, fosse realizado o primeiro leilão de
energia específico para a geração eólica.
“Entre 2004 e 2009, houve um ganho de
tecnologia muito forte, e o custo de produção de energia eólica caiu bastante”, diz
Eliane. De fato, o primeiro leilão competitivo alcançou preço médio de R$ 148,39
por MWh. Em 2004, segundo Elbia, esse
custo era de R$ 320/MWh.
O avanço da tecnologia resultou em torres e pás maiores, com impacto direto na
eficiência. “Antes, as torres tinham 50 me-
tros; agora, têm 100, e os ventos mais altos
são mais rápidos”, aponta a presidente da
ABEEólica. Baitelo, do Greenpeace, lembra
que as turbinas funcionam com velocidades
cada vez menores. No começo do Proinfa,
segundo Eliana, uma turbina gerava 700
KW. Hoje, há equipamentos gerando entre
1500 e 3000 KW.
Mesmo uma das principais queixas dos
céticos – a imprevisibilidade dos ventos
– está amenizada. “Hoje, dá para prever
com até três dias de antecedência se vai
haver deslocamento de ar para a geração
eólica”, aponta Baitelo.
O incremento técnico e os ótimos regimes de vento no Brasil tornaram a geração
eólica do país a mais eficiente do mundo.
“O fator de capacidade, que é a média de
produção no ano em relação à capacidade
total da turbina, é de 45%, com extremos
que vão de 20% a 70%”, aponta Eliane. “Não
existe país com esse fator”.
Futuro
A ABEEólica e o Greenpeace consideram
que o setor no Brasil está consolidado –
Baitelo destaca, por exemplo, que em cinco
anos a geração eólica aumentou em dez
vezes sua participação na matriz brasileira.
tendências | VidaBosch | 25
A Bosch na sua vida
Tecnologia do chão até as pás
celle – caixa com a turbina e a hélice
instalada no topo da torre – para alinhála com a direção do vento. Chamado
Mobilex GFB, faz desde grandes ajustes na posição da turbina até pequenos movimentos para garantir melhor
eficiência na captação dos ventos. O
equipamento também pode ser aplicado no sistema de controle de ângulo
das pás para que a torre eólica tire o
melhor rendimento da força do vento.
Para manter tudo funcionando bem,
é preciso um sistema de lubrificação
eficiente. Com esse objetivo, a Bosch
Rexroth também desenvolveu o sistema de filtragem e resfriamento do
óleo que contribui para a longevidade
do sistema. A lubrificação é fundamental para garantir mais vida útil para as
turbinas eólicas, ainda mais em condições de operação quase contínua.
Para minimizar riscos e prejuízos, a
Bosch Rexroth ainda oferece o sistema
BladeControl, responsável pelo monitoramento das condições operacionais da torre. Essa tecnologia consegue
captar até pequenas rachaduras nas
pás, evitando acidentes e diminuindo
custo e tempo de manutenção.
Arquivo Bosch Rexroth
Mas ainda há muito vento a ser colhido. No estágio atual de desenvolvimento,
não é possível conservar a energia criada
pelas pás: se ela não entrar no sistema de
distribuição, acaba se perdendo (ao contrário do que ocorre com a hidrelétrica, em
que o aumento do lago pode servir como
uma reserva). De qualquer modo, segundo
o Atlas Eólico Brasileiro, publicado pela
Eletrobrás, o país teria um potencial de
gerar 143 mil MW. Só que o estudo é de
2001, quando não havia torres com mais
de 50 metros. De acordo com o Greenpeace, considerando o conhecimento mais
atual sobre o regime de ventos no Brasil e
as novas tecnologias, esse patamar estaria entre 300 mil e 350 mil MW, o que representa cerca de três vezes toda a matriz
energética atual do país.
Já o Plano Decenal de Expansão de Energia do Ministério de Minas e Energias prevê
que, em 2021, haverá 15 mil MW instalados
de energia eólica, o que equivaleria a 8% da
matriz elétrica daquele ano. Com base no
crescimento dos últimos anos, no entanto,
Elbia aposta que se pode chegar a até 20
mil MW (12%). Baitelo trabalha com uma
proporção ainda maior: 20%.
Quem estará certo? Os ventos dirão.
Aproveitando os recursos disponíveis
na natureza, em 1795, Georg Ludwig
Rexroth colocou em operação, na região
de Spessart (Alemanha), um moinho
que transformava a força da água em
energia mecânica. Mais de 200 anos
depois, a empresa que ele criou e que
leva seu nome – hoje parte do grupo
Bosch – está no centro dos avanços
tecnológicos que permitem transformar
a energia dos ventos em eletricidade.
Há 30 anos, a Bosch Rexroth – uma
das líderes mundiais em tecnologias
de acionamentos e controles – fabrica
equipamentos para turbinas eólicas.
A empresa produz, por exemplo, a caixa multiplicadora Redulus GPV, que
amplifica a velocidade gerada pelas
hélices das turbinas eólicas e a repassa
para o gerador de eletricidade. Ela é
compacta e pode chegar a ser até 15%
mais leve do que as outras disponíveis
no mercado. O que não quer dizer que
seja frágil: é projetada para funcionar
por até 20 anos, ou durante 175 mil
horas operacionais, em turbinas que
geram mais de 2 MW.
A Bosch Rexroth também fabrica o
equipamento que permite mover a na-
Divulgação
26 | VidaBosch |
grandes obras
| Por Claudia Zucare Boscoli
Rodoanel
carioca
Arco Metropolitano promete
desafogar o trânsito do Rio de
Janeiro e atrair investimentos
para a Baixada Fluminense
O
Rio de Janeiro pode ser a Cidade Maravilhosa para
quem passeia pela orla de Ipanema, mas é a Cidade
dos Pesadelos para quem pega a Avenida Brasil em horário de pico. Além dos milhões de cariocas que circulam
pelo local, a via é passagem obrigatória para todos os caminhões de carga que cruzam o estado do Rio de Janeiro
por três das principais rodovias federais do país: BR-101
(Rio-Santos/Rio-Vitória), BR-116 (Via Dutra/Rio-Bahia) e
BR-040 (Rio-Belo Horizonte-Brasília). O resultado é um
tráfego caótico. O tempo médio de trânsito na Região Metropolitana do Rio já é maior que o de São Paulo, afirma o
economista Mauro Osório, doutor pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Uma possível solução para o problema já existe no papel há 40 anos, mas só agora está próxima de se tornar
realidade. Desde 1973, os sucessivos planos rodoviários
do Departamento de Estradas de Rodagem do Estado
do Rio de Janeiro (DER-RJ) preveem a construção de um
Arco Metropolitano para desviar o fluxo de veículos da
área urbana da capital. O projeto, no entanto, só saiu dos
escaninhos oficiais em 2008 e, depois de vários atrasos,
deve ser entregue até dezembro deste ano, de acordo
com previsão da Secretaria de Estado de Obras. O empreendimento faz parte do Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC) do governo federal e tem orçamento
total de R$ 1,6 bilhão.
Ao todo, serão 145 quilômetros de rodovias que interligarão os trechos norte e sul da BR-101 com a BR-040 e
a BR-116 por meio de um arco viário que vai contornar
a Baía de Guanabara e cortar oito municípios da Baixada Fluminense: Itaboraí, Guapimirim, Magé, Duque de
28 | VidaBosch |
grandes obras
Três Rios
393
Barra do Piraí
Vassouras
Teresópolis
040
Petrópolis
Piraí
Duque de
Caxias
SEGMENTO C
RJ - 109
Magé
116
SEGMENTO D
116
101
SEGMENTO A
493
Queimados
Itaguaí
Guapimirim
Itaboraí
São Gonçalo
AVENIDA BRASIL
SEGMENTO B
Rio de Janeiro
Dividido em quatro partes, o Arco prevê construção de novos trechos e duplicação
Caxias, Nova Iguaçu, Japeri, Seropédica
e Itaguaí. “A obra terá capacidade de estruturar a malha rodoviária da Região Metropolitana do Rio através da conexão dos
cinco grandes eixos rodoviários do país:
rodovias Rio-Santos, Rio-São Paulo, Rio-Belo Horizonte-Brasília, Rio-Bahia e Rio-Vitória”, afirma o secretário de Obras do
estado do Rio, Hudson Braga.
Além de desafogar a Avenida Brasil e
aliviar o tráfego também na Ponte Rio-Niterói, o Arco deve facilitar o acesso ao
Porto de Itaguaí, localizado ao sul do município do Rio de Janeiro, conectando-o ao
Comperj, maior complexo petroquímico
em construção pela Petrobras, que fica na
outra cabeceira do arco. “Uma carga que
vem de caminhão de Minas Gerais para o
Porto de Itaguaí, via BR-040, hoje precisa
passar obrigatoriamente pela congestionada Avenida Brasil. Com o Arco, a avenida poderá ser evitada, ganhando tempo
no frete e reduzindo custos”, exemplifica Braga. Segundo um estudo de 2008 do
Sistema Firjan e do Sebrae-RJ, o Arco vai
reduzir em até 20% os custos de transporte
de mercadorias na região.
Divulgação
Etapas da obra
O projeto do Arco prevê a ligação de quatro trechos de estradas (segmentos A, B,
C e D), três deles de rodovias federais já
existentes e uma nova rodovia estadual
que começou a ser construída em 2008
(veja mapa). O segmento A será formado
pela BR-493, rodovia federal de 24,9 quilômetros que percorre o norte da Região
Metropolitana do Rio, conectando a BR101 na altura de Itaboraí com a BR-116 em
Magé. A estrada está sendo duplicada pelo
Departamento Nacional de Infraestrutura
de Transportes (Dnit), do governo federal.
De Magé, o Arco Metropolitano seguirá por um trecho já existente da BR-116. O
percurso de 22 quilômetros, administrado
pela Concessionária Rio-Teresópolis, corresponde ao segmento D do projeto e vai
até o trevo da BR-040 em Duque de Caxias.
Nesse ponto, o Arco entrará no único
trecho que começou do zero: o segmento C.
Trata-se da rodovia estadual RJ-109, estrada
de 73 quilômetros que está sendo construída pelo DER-RJ e vai do trevo da BR-040,
grandes obras | VidaBosch | 29
em Duque de Caxias ao acesso ao Porto de
Itaguaí na BR-101, cortando as rodovias BR465 (antiga Rio-São Paulo) e BR-116.
Por fim, o segmento B, no extremo sul
do Arco, corresponde a um trecho de 26
quilômetros da BR-101 que vai do município de Mangaratiba, no sul da Região Metropolitana do Rio, até o início da Avenida
Brasil, já na capital fluminense. Este trecho,
que dá acesso ao Porto de Itaguaí, já foi
duplicado pelo governo federal.
A Secretaria de Estado de Obras do Rio
de Janeiro estima que 15 milhões de metros cúbicos passarão por processos de
terraplenagem e 91 mil metros cúbicos de
concreto serão consumidos em 54 viadutos,
18 pontes, 82 passagens inferiores e nos diferentes trechos de rodovia em pavimento
rígido. Atualmente, 2.500 operários utilizam 650 equipamentos diferentes na obra.
Atraso e desenvolvimento
Iniciado em 2008, o Arco deveria ter sido
entregue em 2010. De acordo com o governo
estadual, o atraso se deve a entraves nos
processos de desapropriação e a descober-
O Arco vai reduzir em até 20%
os custos de transporte de
mercadorias na região,
segundo um estudo de 2008
tas arqueológicas e ambientais. Ao longo
do traçado do Arco, foram encontrados 66
sítios arqueológicos, de onde foram retiradas peças de alto valor, que estão sendo
catalogadas pelo Instituto do Patrimônio
Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e
deverão ser encaminhadas para museus.
Também foi encontrada uma espécie de
perereca em extinção (Physalaemus soaresi), o que exigiu a inclusão de um viaduto
extra à obra para desviar o trânsito do lago
que serve de habitat ao animal.
Um estudo encomendado pelo governo
estadual, no entanto, indica que a espera
vai valer a pena. Segundo o Plano Diretor
do Entorno do Arco Metropolitano do Rio
de Janeiro, a obra tem potencial para gerar
825 mil novos postos de trabalho nos municípios por onde as estradas vão passar
e nos arredores. Petrobras, CSN e Gerdau
estão construindo terminais portuários em
Itaguaí. Em Queimados, a austríaca RHI
prevê investimentos de R$ 300 milhões e
a Deca, de R$ 120 milhões. Em Seropédica,
a Procter & Gamble deve investir R$ 100
milhões; a Petrobras, R$ 900 milhões; e a
Coquepar, R$ 1,2 bilhão.
Apesar do potencial de gerar benefícios, Mauro Osório, da UFRJ, lembra que
é preciso insistir em ações conjuntas e de
longo prazo para que o investimento traga avanços reais para a região. “O trânsito só será desafogado, de fato, se o Porto
de Itaguaí for valorizado. Se o destino da
maioria dos caminhões for o Porto do Rio,
no Centro da cidade, de nada terá adiantado”, afirma, salientando que Itaguaí tem
capacidade para competir com o Porto de
Santos, em São Paulo.
Outro alerta é para o risco de crescimento
desordenado. “A Baixada Fluminense, hoje, é dormitório. O Arco pode ser um fator
de atração, de geração de vantagens para
as indústrias se instalarem. Mas não se deve atrair mais gente. É preciso, sim, gerar
infraestrutura suficiente para atender os
moradores que já estão lá”, defende.
Leveza e eficiência
Em uma obra como o Arco Metropolitano do Rio de Janeiro, os trabalhadores
costumavam usar máquinas pesadas, capazes de moldar grandes estruturas de
concreto. Manusear esses equipamentos
pode ser bastante cansativo. Por isso,
para os operários envolvidos no projeto
é um alívio saber que podem contar com
ferramentas mais leves, mas igualmente
eficientes. É isso que os martelos e esmerilhadeiras da Bosch estão proporcionando para equipes envolvidas na duplicação da BR-493 entre Itaboraí e Magé,
trecho inicial do Arco, na zona norte da
Região Metropolitana do Rio.
O martelo rompedor GSH 11 E, usado
para moldar estruturas e demolir sobras
de concreto, é um exemplo desse casamento entre leveza e eficiência: pesa 10
quilos e faz um trabalho tão bom quanto
ferramentas mais pesadas. “Ele apresenta
uma ótima taxa de remoção de concreto para o peso que tem”, afirma William
Aquino, consultor técnico da Bosch. Ele
lembra, ainda, que na obra também estão
sendo utilizados modelos de martelos
demolidores mais pesados da Bosch,
como o GSH 16-28 (16 quilos) e o GSH
27 VC (30 quilos).
A mesma relação entre leveza e eficiência
pode ser encontrada na esmerilhadeira
GWS 15-125 CIH da Bosch, que tem 5
polegadas, mas cujo desenho é parecido
com o de uma de 7, mesmo sendo mais
leve que esta. A Bosch, aliás, também
está fornecendo uma esmiralhadeira de
7 polegadas para as obras: o modelo
GWS 22-180.
Além de martelos e esmerilhadeiras, os
operários envolvidos na duplicação da
BR-493 também estão recorrendo a ou-
Arquivo Bosch
A Bosch na sua vida
tras ferramentas da Bosch, como o nível
a laser GRL 300 HV, para checar se as
pistas e estruturas estão bem niveladas,
além da serra mármore GDC 14-40 e
das serras circulares GKS 7 ¼ e GKS
235, usadas na fabricação das formas
para peças de concreto.
Kzenon/Shutterstock
30 | VidaBosch |
brasil cresce
| Por Bruno Fiuza
A força
das formigas
Crescimento do “mercado formiguinha”
de reformas encarece serviços e estimula
capacitação dos autônomos da construção
D
epois de trabalhar por 15 anos em empresas de construção
civil na cidade de São Paulo, em 2005 o marceneiro Lourival da Silva Bitencourt decidiu virar profissional autônomo.
Oito anos depois, está satisfeito com o caminho que escolheu:
a quantidade de trabalho é tamanha que ele chega a escolher
quais projetos tocar. “Muitas vezes, não é que eu deixo de pegar um serviço, mas peço um prazo maior em função de tantas
coisas que tem para fazer.”
A história de Lourival reflete um fenômeno que pouco aparece
nas estatísticas: o grande crescimento do mercado de reformas
e pequenas obras no Brasil nos últimos anos.
Popularmente chamado de “construção formiguinha”, esse
segmento frequentemente escapa ao radar do setor por ser bastante pulverizado. É captado apenas de modo indireto. “Você
consegue mensurar a ampliação do número de pessoas que fazem reformas pela quantidade de material de construção vendida no varejo”, afirma o professor Abílio José Weber, diretor
da Escola Orlando Laviero Ferraiuolo, centro de formação do
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) de São
Paulo dedicado à construção civil.
E, de fato, os números mostram expansão nos últimos anos.
De acordo com a Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), o faturamento das lojas de varejo no Brasil passou de R$ 34,5 bilhões, em 2005, para R$ 55
bilhões em 2012.
O crescimento do mercado de reformas e pequenas obras
acompanhou a expansão geral da construção civil, puxada pelo boom imobiliário que o Brasil vive desde a segunda metade
dos anos 2000. O Estudo Setorial da Construção 2012, do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Econômicos
(Dieese), mostra que, depois de amargar três anos de resultados
negativos no começo da década (entre 2001 e 2003), o PIB da
construção civil entrou em um período de expansão em 2004 que
só seria interrompido em 2009. Mesmo assim, já em 2010 o setor
se recuperou e apresentou um crescimento recorde de 11,6%.
32 | VidaBosch |
brasil cresce
Auremar/Shutterstock
Boa parte dessa bonança se deveu à
expansão da oferta de crédito imobiliário, que passou de R$ 14 bilhões em 2005
para R$ 118 bilhões em 2011, segundo números apresentados no estudo Estruturação do Mercado de Reformas no Brasil
– Diagnóstico e Diretrizes, realizado pela
LCA Consultores em 2012. Por isso, a face
mais visível da prosperidade da construção civil nos últimos anos foi a avalanche
de novos empreendimentos que tomaram
conta das cidades brasileiras.
Do que pouca gente se dá conta, no entanto, é que nem todo mundo comprou ou
trocou de casa. Muitos simplesmente melhoraram a própria residência, como lembra
o professor Marcos Crivelaro, diretor da
área de cursos técnicos em construção civil
do Instituto Federal de Educação, Ciência
e Tecnologia de São Paulo (IFSP). “Nos últimos anos, houve uma maior inclusão de
pessoas na classe média, e, quando você
melhora de vida, um dos itens que sempre
estão na pauta para destinar o seu maior
salário, essa renda extra, é melhorar a casa”, afirma.
Apesar de não haver um levantamento
preciso sobre o número de pessoas que
engrossaram essa tendência, a pesquisa
O Brasileiro e a Reforma, feita em 2012 pelo Instituto Data Popular, estima que em
2011 cerca de 12 milhões de domicílios no
país passaram por algum tipo de melhoria e que o número deve subir para 16,8
milhões em 2013.
E a demanda por reformas não vem
só dos proprietários antigos, mas também dos novos. “Novas construções demandam reformas, pois muitas unidades
são entregues sem alguns acabamentos,
e as famílias realizam adaptações antes de
entrar no imóvel”, observa Carina Saito,
gerente de mercado de reformas da Associação Brasileira de Cimento Portland
(ABCP). “O boom imobiliário e o Programa Minha Casa Minha Vida causaram um
efeito de valorização da casa e do investimento no imóvel.”
Serviço mais caro
Com o crescimento da demanda por reformas, o autônomo aumentou seu preço
Um dos efeitos dessa tendência foi o aumento no valor da mão de obra do setor
– apesar de, entre 2009 e 2011, quase 1 mi-
brasil cresce | VidaBosch | 33
lhão de trabalhadores ter entrado nesse
mercado, segundo o Dieese. Não há números sobre a renda dos autônomos, mas
uma baliza pode ser o que ocorre entre os
empregados: o salário dobrou desde 2005,
segundo o Índice Nacional da Construção
Civil, calculado pelo IBGE.
“Com a grande demanda de mão de
obra nos últimos anos, o profissional autônomo aumentou seu preço, porque ele
pode escolher o serviço. Se várias pessoas pedem para ele fazer um trabalho, ele
vai optar por quem paga melhor ou pela
obra que dura mais. Esse profissional está
ganhando mais hoje do que há dez anos”,
garante Crivelaro.
Essa melhora foi sentida pelo pedreiro
João Benedito Pereira da Luz, que trabalha
há 15 anos como autônomo em São Paulo.
Ele notou impacto maior nos últimos três
anos. “Começou a aparecer mais obra. As
pessoas estão ganhando mais, barateou
o material de construção, então o pessoal está construindo e reformando mais.”
O estudo do Dieese mostra que a construção civil continua a ser um dos ramos com
a maior proporção de profissionais autô-
O faturamento das lojas que vendem
material de construção no varejo
passou de R$ 34,5 bilhões em 2005
para R$ 55 bilhões em 2012
nomos na economia brasileira. Segundo a
pesquisa, dos 7,8 milhões que trabalhavam
no setor em 2011, 3,2 milhões atuavam por
conta própria. Ou seja: dez em cada quatro.
Nesse cenário de custos mais elevados,
como escolher bons pedreiros, marceneiros, serralheiros, instaladores, pintores,
eletricistas ou encanadores? De acordo
com o estudo do Instituto Data Popular,
76% das pessoas que planejavam reformar
a casa pretendiam contratar um profissional conhecido, indicado ou do bairro, que
trabalhava por conta própria.
Uma boa notícia é que o aquecimento
do mercado vem provocando mudanças
entre os profissionais da construção civil.
Nos últimos anos, a busca por capacitação
cresceu muito. Segundo o professor Abílio
José Weber, a procura por cursos técnicos
de curta duração no Senai de São Paulo aumentou cerca de 45% desde 2008. Marcos
Crivelaro chama atenção para um aspecto
desse fenômeno: antigamente, só jovens
frequentavam os cursos técnicos da área
de construção civil do IFSP, ao passo que
hoje muitos profissionais que já atuam na
área têm buscado esse tipo de formação.
Com profissionais mais preparados,
fica mais fácil diminuir o grau de informalidade que ainda rege as relações entre quem contrata e quem presta serviços nessa área. “A boa reforma precisa de
profissionais treinados e experientes. É
importante buscar referências, orçar os
serviços com diversas empresas e comparar propostas”, diz Carina Saito. “É muito importante registrar detalhadamente
todos os serviços que serão contratados,
através de termos, propostas de trabalhos
e contratos”, aconselha.
Alguns especialistas recomendam que
se pague por etapas, conforme a obra for
avançando, e que se acerte a última parcela só na entrega final, depois de conferir se foi tudo feito conforme o planejado.
Costuma ser uma boa maneira de fazer o
profissional cumprir prazos e garantir a
eficiência do serviço.
Ferramentas para quem vive
de ferramentas
Ao contrário de um funcionário de empresa de construção civil, o autônomo
do setor é o único responsável pelos
seus instrumentos de trabalho. Por isso, a escolha de suas ferramentas é uma
decisão fundamental. Foi de olho nesse
profissional que a Bosch decidiu dedicar uma linha de equipamentos só para
esse público.
A empresa comercializa duas marcas de
ferramentas no Brasil: Bosch e Skil. Enquanto a primeira é voltada para o trabalho em obras de grandes proporções, a
segunda busca atender as necessidades
específicas dos profissionais autônomos,
explica Alexandre Bomk, chefe de marca
da Skil na América Latina.
Para reforçar o vínculo com os autônomos,
Alexandre conta que, a partir de 2011, a
Skil começou a reformular o design de
seus produtos para se aproximar mais
desse público. A renovação foi baseada em pesquisas feitas com profissionais autônomos para saber o que esses
consumidores esperam de seus instrumentos de trabalho. “Eles querem uma
ferramenta confiável, potente, com alta
durabilidade e preço justo”, diz Bomk.
Os produtos Skil, segundo ele, atendem
a essas demandas. “A qualidade dos componentes internos faz com que a máquina seja mais durável e tenha melhor
performance”, afirma Bomk. Além disso,
ele diz que o novo desenho melhorou
a ergonomia dos equipamentos, o que
rendeu ao martelete 1559 e às linhas de
furadeiras de 10 mm e 13 mm o RedDot
Design Awards, um dos mais importantes
Arquivo Bosch
A Bosch na sua vida
prêmios de design do mundo.
A primeira ferramenta Skil com o novo
visual foi lançada no primeiro semestre
de 2012, e a marca aproveitou a edição de 2013 do Salão Internacional da
Construção (Feicon), em São Paulo, para
divulgar a inovação ao mercado, com o
lançamento do martelete 1559, um dos
ganhadores do RedDot Desing Awards.
34 | VidaBosch |
atitude cidadã
O médio está ruim
Kzenon/Shutterstock
A maioria dos jovens fica fora de onde deveria estar: uma sala de aula no 2º grau
| Por Ricardo Meirelles
36 | VidaBosch |
O
atitude cidadã
Brasil obteve, nas últimas décadas,
avanços incontestáveis na educação.
Há menos analfabetos, e os brasileiros passam mais anos estudando. Porém, muitos
adolescentes e crianças ainda padecem
com reprovações e abandonos. Um gargalo decisivo é o ensino médio, em que o
número de matriculados patina, ou mesmo
recua, há dez anos. Assim, forma-se um funil
em que, grosso modo, no primeiro ano do
ensino fundamental entra uma população
equivalente à de Goiás e no terceiro ano
do antigo colegial resta uma população
equivalente à de Goiânia. Ficam para trás
cerca de 4,5 milhões de pessoas.
Como resultado, de acordo com dados
do Censo de 2010, a maioria (56,6%) dos
jovens de 15 a 17 anos não está onde deveria estar: em frente a uma lousa de uma
classe do segundo grau. Este contingente
engrossa as salas de aula do fundamental
ou, em menor proporção (16,6%), não frequenta escola alguma.
Uma comparação com décadas anteriores sugere que o problema já foi pior. Ainda
que, em 2010, apenas 43,4% dos jovens de
15 a 17 anos estivessem no ensino médio,
a proporção era menor em 2000 (32,7%)
e 1991 (15,5%). O percentual desses jovens
fora da escola também caiu: 45,5% em 1991.
22,6% em 2000 e 16,6% em 2010. Mas, quando se analisam os indicadores ano a ano, o
quadro se mostra mais grave. Em alguns
períodos, o movimento se inverteu. Basicamente, a proporção de brasileiros de 15
a 17 anos nos bancos escolares se manteve
entre 81% e 85% na última década.
Para qualquer sociedade que busque
justiça social e não queira desperdiçar talentos, os dados recentes são trágicos. “Estamos perdendo uma geração”, lamenta a
consultora Guiomar Namo de Mello, uma
das maiores especialistas em educação
no país. Um dos efeitos dessa tendência
é engrossar o contingente dos “nem nem”
– pessoas que nem estudam nem trabalham. Segundo o último Censo, 10,8% dos
jovens de 15 a 17 anos (1,1 milhão) estavam
nessa categoria.
O pesquisador da Unicamp Cleiton de
Oliveira, professor colaborador da Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep), vê nesse fenômeno um risco a um
dos maiores ganhos sociais do Brasil nos
últimos anos: a redução da desigualdade de
renda no trabalho. De um lado, na camada
mais pobre, os adolescentes abandonam
a escola. Na outra ponta, há “um grupo de
jovens fazendo cada vez mais intercâmbio
em outros países, incrementando mais seus
conhecimentos. E é esse pessoal que vai
dar as regras no futuro.”
Guiomar chama o segundo grau de “ensino para sobreviventes”. Sobreviventes
porque passaram pelo ensino fundamental – a despeito da fraca qualidade do que
é ministrado –, permaneceram na escola
mesmo tendo de trabalhar e tiveram determinação para absorver um conteúdo só
remotamente ligado a seu dia a dia.
“No ensino médio, explodem problemas que foram sendo vividos ao longo do
tempo, no fundamental”, diz Oliveira. “No
fundamental, ainda há a exigência dos pais
para que a criança vá à escola, mas no médio isso perde força.”
Uma das bombas que começam a ser
armadas na etapa anterior é a que o físico e educador Sérgio Costa Ribeiro (19371995) chamou de “pedagogia da repetência”. Predomina em várias redes a cultura
de que reprovar muito dá bons resultados.
O efeito mais comum, porém, é produzir
grande quantidade de alunos que estudam
em classes inadequadas para sua idade – o
que muitas vezes os leva a largar a escola.
As taxas de repetência do Brasil estão entre as maiores do mundo.
O grande volume de reprovações no
fundamental tem impacto decisivo no
abandono da fase seguinte, destaca o sociólogo Fernando Tavares Junior, coordenador do Grupo de Pesquisa em Equidade, Políticas e Financiamento da Educação
Pública, da Universidade Federal de Juiz
de Fora. “Quanto mais tarde se chega ao
Tyler Olson/Shutterstock
atitude cidadã | VidaBosch | 37
No ensino básico, entra uma população do tamanho de Goiás e sai uma do tamanho de Goiânia
38 | VidaBosch |
atitude cidadã
Operation Shooting /Shutterstock
O abandono é
maior não entre
o fim do ensino
fundamental
e o início do
médio, mas no
1º ano do antigo
colegial
ensino médio, maior a probabilidade de
evasão. Estudar consome tempo, energia,
dinheiro. E, quanto mais se avança na vida,
mais outras esferas exigem atenção, como
trabalho, família, relações afetivas, filhos.”
Os números indicam, porém, que o grande fosso não é entre o fim do fundamental e
o início da próxima etapa, mas no próprio
ensino médio. Em 2011, por exemplo, havia
3 milhões de alunos no 9º ano, 3,4 milhões
no 1º ano do ensino médio e 2,6 milhões
no 2º ano. Em todo ciclo escolar, a maior
taxa de abandono (11,8%) é a da primeira série do antigo colegial. “O aluno até
chega ao ensino médio, mas para logo”,
resume Guiomar.
Outra herança maldita do fundamental
que faz estragos no ensino médio é a baixa
qualidade do ensino. Com uma base frágil em disciplinas como português e matemática, é comum que os jovens tenham
dificuldade em acompanhar o conteúdo
do segundo grau e desistam.
O descasamento entre o que é dado no
colégio e o que os estudantes vivenciam
fora dele, também presente no fundamental, contribui para o abandono, segundo a
professora Acácia Kuenzer, do Programa
de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Tavares Jr, da Federal de Juiz de Fora,
aponta outro entrave: a má distribuição
geográfica dos colégios, que obriga os alunos a perder mais tempo em trânsito. “Há
muitas escolas de ensino fundamental, que
é responsabilidade dos municípios, com
atendimento em bairros variados, periferias e mesmo zonas rurais. No ensino
médio, que é responsabilidade estadual,
há menos escolas e sua distribuição geográfica é muito pior, pois são ainda concentradas. Muitas vagas são ofertadas à
noite e nem sempre há transporte adequado e segurança.”
Currículo e professores
Como o funil da educação básica tem várias causas, as propostas para combatê-lo
são também diversas. Uma medida frequentemente sugerida é a reformulação
do currículo. “O ensino médio é marcado
por um conteudismo exagerado, por uma
grade curricular entupida”, afirma Acácia.
Ela recomenda “despoluir a grade”, a fim
A Bosch na sua vida
Aula melhor e apoio psicológico
O objetivo de incrementar a educação
no ensino médio é o que move o projeto
Jovens em Ação, parceria entre o Serviço Social da Indústria (Sesi) do Paraná
e o Instituto Robert Bosch. Iniciado em
2005, ele mescla aulas do ensino médio
regular e do ensino profissionalizante
com apoio psicológico aos adolescentes
e aos pais. O público são moradores
da Vila Barigui, comunidade na Cidade
Industrial de Curitiba.
“O Instituto paga o transporte, a alimentação, o material escolar, o uniforme e
a mensalidade do Sesi”, diz o coordenador do Instituto em Curitiba e Santa
Catarina, Dirceu Puehler. O programa
já formou três turmas, com 98 alunos
no total. Para a quarta edição, que começou no ano passado, inscreveram-se
cerca de 300 jovens, dos quais 45 foram selecionados – a prioridade é para
os de baixa renda, em situação de vul-
atitude cidadã | VidaBosch | 39
de haver mais espaço para apoio pedagógico (aulas de reforço).
Guiomar propõe um currículo mais
enxuto, que enfatize matemática e língua
portuguesa – as demais disciplinas seriam
mescladas e sintetizadas em conteúdos chamados ciências humanas e ciências exatas.
Acácia avalia que é preciso ampliar a oferta
de ensino médio integrado (uma mistura
do técnico com o convencional). As duas
educadoras dizem que seria importante,
de algum modo, dar apoio financeiro aos
estudantes – por meio de bolsas, transporte
e uniformes gratuitos, por exemplo.
Um ponto de consenso, que afeta o
fundamental e se agrava no médio, é a
necessidade de melhorar as condições
de trabalho dos docentes. “Essa é a ferida principal”, resume Guiomar. “Quando
comparada a remuneração dos professores com a de advogados e economistas,
por exemplo, constata-se que os professores recebem 50% a menos”, aponta o
professor Gilvan Luiz Machado Costa, do
Programa de Pós-Graduação em Educação
da Universidade do Sul de Santa Catarina
(Unisul), em artigo na Revista Brasileira
de Estudos Pedagógicos.
Logo, não é por acaso que faltam professores habilitados em várias disciplinas
(em física, por exemplo, 75% não têm habilitação) e que os que persistem trabalhem mais e com mais turmas do que os
docentes de outros níveis.
Oliveira sublinha a importância do envolvimento da família, dos conselhos escolares e da sociedade nessa questão. “Trata-se do futuro das pessoas e, por extensão,
do município, do estado, do país. Há algo
mais importante que isto?”.
trabalhados temas como autoconhecimento, relacionamento familiar, habilidades
individuais, orientação profissional e assuntos sensíveis na adolescência, como
gravidez e drogas. Às vezes, as reuniões
incluem os pais.
“O centro do projeto é o estudo, o desen-
volvimento pessoal, para que o jovem
termine o curso com chances de conseguir uma colocação melhor no mercado”,
comenta a analista de responsabilidade social. Até agora, mais de 80% dos
alunos formados obtiveram emprego
na área que escolheram.
nerabilidade, mas que tenham condições
de adotar uma rotina intensa de estudos.
O dia a dia é, de fato, “puxado”, como define
a psicóloga Luíza Batiston Prado, analista
de responsabilidade social do Instituto Roberto Bosch. No formato atual, de manhã
os estudantes trabalham como aprendizes
(25 estão na planta da Bosch da capital
paranaense); à tarde, estudam no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
(Senai), num curso de auxiliar administrativo e produção industrial. À noite, fazem
o ensino médio comum, no Sesi. Mesmo
as aulas noturnas, porém, adotam metodologia diferente, por meio de oficinas de
aprendizagem com ênfase em: proposição
de desafios, solução de problemas, trabalho em equipe e elaboração de projetos.
Em uma tarde por semana, as aulas no
Senai são substituídas por encontro com
psicólogos e voluntários da Bosch. Nessas ocasiões, o foco é o apoio ao desenvolvimento individual. Segundo Luíza, são
Arquivo Bosch
A cultura de reprovação no
fundamental faz com que os
alunos cheguem mais velhos
ao ensino médio e tenham mais
dificuldade de conciliar os
estudos com outras tarefas
aquilo deu nissso
Malinovskyy Kostyantyn/Shutterstock
40 | VidaBosch |
Se os carros hoje conseguem reunir uma parafernália eletrônica digna dos Jetsons,
muito se deve a um dispositivo criado 100 anos atrás
| Por Bruno Meirelles
Um século de energia
42 | VidaBosch |
A
aquilo deu nissso
Cristi Lucaci/Shutterstock
o anoitecer, basta ligar os faróis do
carro para continuar guiando com
segurança. Nos dias de forte calor, é só
acionar o ar-condicionado para refrescar
o interior do veículo. Se o vidro estiver
aberto, o toque de um botão é capaz de
fechá-lo. Caso o trânsito esteja carregado, é possível se distrair ligando o rádio.
Quando a chuva cai repentinamente, o
limpador de para-brisas melhora a visibilidade. E se alguém ousar furtar o carro,
um alarme imediatamente será acionado,
travando o veículo.
Esses recursos elétricos tão distintos,
presentes nos automóveis, têm algo em
comum: só se tornaram possíveis graças
à invenção de uma peça pouco conhecida
pelos leigos – o alternador.
Até 1913, os carros eram bastante simples e seu funcionamento não requeria
muita energia para funcionar. Toda a alimentação necessária provinha somente
de um magneto, que fornecia a faísca para
dar a partida no motor. Aos poucos, apareceram componentes que demandavam
cargas maiores e exigiam uma bateria para
supri-los. O primeiro deles foi o sistema
de iluminação elétrica, criado pela Bosch.
“Não seria prático criar uma bateria que
precisasse ser retirada do carro e carregada
em casa. Era preciso inventar um sistema
de alimentação dentro do próprio veículo”,
explica Francisco Satkunas, diretor conselheiro da seção brasileira da Sociedade de
Engenheiros da Mobilidade (SAE Brasil).
A solução adotada pela Bosch em 1913
foi adaptar, para o sistema automotivo, um
dispositivo que já existia sob formas rudimentares desde 1832, quando o francês Hippolyte Pixii produziu um gerador elétrico
a dínamo: sim, um alternador.
Aperfeiçoada posteriormente por Nikola Tesla (1856-1943), essa peça foi introduzida nos veículos com um funcionamento
oposto ao do motor elétrico: ao invés de
fazê-lo girar, era girado por ele, produzindo energia para alimentar a bateria. Na
prática, o alternador transforma a energia
mecânica que recebe em energia elétrica,
usada para carregar a bateria automotiva.
“Esse primeiros dispositivos forneciam
só 4 amperes, enquanto os atuais chegam
a 250. No entanto, eles foram um importante passo e serviram de base para a eletrificação de outros itens do carro, como a
partida, introduzida pela Bosch em 1914”,
afirma Rafael Borelli, gestor de marketing
e produto da divisão Starter Motors and
Generators da Bosch.
A partida elétrica não apenas tornou
muito mais prática a inicialização do motor, como também trouxe maior segurança
para os condutores: até então, era preciso girar uma manivela para que o carro
começasse a funcionar, o que provocava
inúmeros acidentes, alguns deles fatais.
Alternador x dínamo
Na década de 1920, foi a vez de o limpador de para-brisas surgir para facilitar a
vida dos motoristas, aumentando ainda
mais a necessidade de geração de energia no veículo.
Até então, boa parte dos automóveis ainda usava um dínamo para alimentar sua
Os recursos
elétricos (esq.)
disponíveis nos
carros de hoje
se tornaram
possíveis graças
à invenção do
alternador (dir.)
aquilo deu nissso | VidaBosch | 43
O alternador tem um
funcionamento oposto ao do
motor elétrico: ao invés de fazê-lo
girar, é girado por ele, produzindo
energia para alimentar a bateria
Mesmo princípio, maior eficiência
essa evolução tecnológica, as vantagens
sobre o dínamo ficaram maiores, tornando
viável sua entrada definitiva no mercado
automotivo.
“O dínamo era muito suscetível à velocidade do motor e dava muitos defeitos.
Além disso, demandava constante manutenção e não carregava em marcha lenta,
enquanto os alternadores funcionavam
até mesmo em baixas rotações”, explica
Borelli, da Bosch.
O passo final para sua consolidação foi
dado em 1959, com a invenção do alternador trifásico, que permitiu que o dispositivo equipasse também ônibus urbanos
(que dispunham de mais recursos eletrônicos que os automóveis e eram submetidos mais frequentemente ao anda
e para do trânsito das grandes cidades).
Shutterstock
bateria. O alternador havia sido inventado tempos antes, mas ainda apresentava
a desvantagem de ocupar muito espaço
no carro e usar um processo complexo de
fabricação, um obstáculo para a produção
em massa.
O alternador, como indica seu nome,
gera corrente alternada (em que os elétrons mudam de direção a todo momento),
enquanto a bateria trabalha com corrente
contínua (processo em que os elétrons se
movem num único sentido). Nessa passagem era preciso, portanto, haver uma
retificação no meio do caminho, o que encarecia o produto. “Ele era uma peça mais
complexa, contava com sistemas integrados, transistores, e não existia tecnologia
para produzir isso em larga escala”, afirma Satkunas.
A solução foi melhorar a eficiência dos
alternadores e diminuir seu tamanho. Em
1933, a Bosch desenvolveu uma versão que
combinava as funções de motor de partida
e de alternador: gerava corrente elétrica
durante seu próprio funcionamento. Com
Ao longo desses 100 anos, o princípio de
funcionamento do alternador não mudou,
mas a peça se tornou mais compacta e
capaz de produzir maior quantidade de
energia, graças a alterações de design e à
adoção de novos materiais em sua composição, como a troca da carcaça de ferro
por alumínio.
“O alternador foi capaz de diminuir a
constância de manutenção que o carro
antigo tinha, e hoje ele tem a mesma vida útil do motor. É a solução mais limpa,
econômica, simples e durável”, diz o especialista da SAE Brasil. Ele ressalta, ainda,
que o dispositivo é tão bem-sucedido que
é utilizado até mesmo para gerar energia
para aeronaves.
Mesmo assim, houve alguns marcos na
história recente dessa peça. Em 1989, por
exemplo, foram criados os alternadores
compactos para veículos leves, que traziam como características a redução de
ruídos e o resfriamento interno. “Até então,
a refrigeração era feita por ventoinhas externas. Com a internalização do processo,
diminuiu não apenas o acúmulo de sujeira,
como também o risco de acidente com as
hélices”, explica o gestor da Bosch.
A grande maioria dos alternadores presentes no mercado nacional é do modelo New Base Line (NBL). Criado em 2008,
atende 95% do mercado automotivo brasileiro de carros de passeio e veículos comerciais leves.
As novidades mais recentes são as apresentadas pelo modelo Power Density Line. O PDL é fundamental para viabilizar
o sistema Start-Stop, que combina de modo inteligente motor, freios e bateria. Para
economizar combustível e emitir menos
gás carbônico na atmosfera, o Start-Stop
desliga o motor quando o carro fica parado (em congestionamentos ou semáforos,
por exemplo) e o religa quando o motorista
pisa na embreagem.
“Esses alternadores carregam a bateria mais rapidamente. Isso é importante
para o funcionamento do Start-Stop, pois
recarrega a bateria de forma mais rápida,
permitindo que o sistema atue por mais
vezes quando o carro está parado no trânsito ou em semáforos”, comenta Borelli.
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44 | VidaBosch |
saudável e gostoso
| Por Manuel Alves Filho
O doce
que faz bem
Ótimo substituto para o açúcar, o mel traz tantos
benefícios à saúde que muitos brasileiros o
consideram um remédio
H
á 100 milhões de anos, bem antes do surgimento da espécie humana,
foram registrados os primeiros vestígios da presença de abelhas no
planeta. Estudos científicos indicam que estas teriam derivado de vespas
predadoras que alteraram sua dieta alimentar – trocaram ácaros e insetos por néctar e pólen. Não fosse essa opção mais frugal, a humanidade
provavelmente teria sido privada de um dos alimentos mais saborosos,
saudáveis e versáteis do mundo: o mel.
Fonte de energia e dotada de propriedades medicinais, a substância
logo foi descoberta pelos humanos, que inicialmente apenas a extraíam
das colmeias que encontravam na natureza. Com o tempo, porém, o homem passou a dominar a criação de abelhas, e relatos históricos apontam
que no século 1 a.C. a apicultura comercial já estava estabelecida.
Desse momento em diante, o mel se tornou o principal adoçante do
mundo, até ser desbancado pelo açúcar, que a partir do século 16 começou
a ser produzido em larga escala nas Américas. A julgar pelos inúmeros
problemas de saúde causados hoje pelo consumo excessivo do derivado
da cana-de-açúcar, a humanidade saiu perdendo na troca.
O mel traz tantos benefícios para a saúde que chega a ser visto como
um remédio por muitos brasileiros, afirma Radamés Zovaro, empresário
do setor apícola e diretor técnico da Associação Paulista de Apicultores
Criadores de Abelhas Melíferas Europeias (Apacame). “É um alimento de
fácil digestão, que contribui para o equilíbrio do processo biológico do
corpo humano. Isso ocorre porque ele contém proporções balanceadas
de leveduras, vitaminas, minerais, enzinas e aminoácidos, entre outras
substâncias. Como fonte de energia, excede todos os alimentos naturais.”
O paradoxo brasileiro
Zovaro acredita que a tendência do brasileiro de ver o mel mais como remédio do que como alimento ajuda a explicar um paradoxo que envolve
o produto no país. Apesar de o Brasil fabricar um dos melhores e mais
46 | VidaBosch |
saudável e gostoso
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saborosos méis do mundo, o consumo do
alimento não é muito significativo por
aqui. “A minha projeção é de que cada
brasileiro consuma perto de 150 gramas
de mel ao ano. Comparado com países europeus, onde o consumo per capita pode
alcançar 1 quilo, esse padrão é considerado baixo. As razões para isso são o clima
tropical, o baixo poder aquisitivo de uma
ampla faixa da população e o desconhecimento do valor nutricional e medicinal
do mel”, afirma Aroni Sattler, engenheiro
agrônomo especializado em apicultura e
professor pesquisador da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
A produção de mel foi introduzida no
Brasil em 1839 pelo padre Antônio Carneiro, que trouxe algumas colônias de
abelhas da espécie Apis mellifera da região do Porto, em Portugal, para o Rio de
Janeiro. Por mais de um século, porém,
essa foi uma atividade de pouca importância no país.
Curiosamente, só começou a se expandir por causa de um acidente. Em 1956,
abelhas africanas foram introduzidas em
solo brasileiro. Ocorre que alguns espécimes escaparam e cruzaram com os de
origem europeia, gerando descendentes
mais resistentes a doenças.
Esse fato, somado à grande biodiversidade brasileira, caracterizada por uma
flora extremamente rica, criou as condições para a fabricação de um mel muito
apreciado e abriu caminho para que o
Brasil se tornasse o quinto maior produtor do planeta, com algo em torno de
O surgimento de abelhas mais
resistentes e a diversidade da flora
nacional fazem do mel do Brasil um
dos mais apreciados no mundo
50 mil toneladas anuais. Estima-se que
40% desse montante seja destinado à
exportação.
Substituto do açúcar
Ao vender para o exterior quase a metade do mel que produz, o Brasil está perdendo a oportunidade de combater um
problema de saúde pública cada vez mais
sério no país: o consumo excessivo de
açúcar. O mel é considerado um ingrediente bastante versátil na gastronomia
e um ótimo substituto do derivado da cana, como afirma o chef Eric Thomas, proprietário do Tantra, restaurante de São
Paulo especializado em cozinha asiática.
“Além de versátil, é natural, saudável e
acessível em praticamente todas as partes do mundo. No Tantra, nós utilizamos
esse ingrediente tanto nas bebidas como
na gastronomia. Ele funciona como um
ótimo substituto do açúcar – às vezes é
mais doce que este – e tem uma perfeita harmonia nas criações de pratos com
pimenta. Também combina muito bem
com receitas agridoces, muito comuns
na culinária do restaurante.”
Thomas lembra, ainda, que o mel pode ir à mesa em todas as refeições, justamente por causa de suas múltiplas qualidades. No café da manhã, vai muito bem
com bolachas ou torradas. No almoço, é
capaz de dar bossa especial ao molho da
salada. Já no jantar, apresenta-se como
elemento essencial ao preparo de pratos
agridoces, como o “Supremo sweet and
sour”, cuja receita Eric Thomas generosamente compartilha com os leitores da
VidaBosch. “Utilizo o mel, entre outras
coisas, para deixar os ingredientes mais
crocantes, realçar o sabor de outro elemento e incrementar a beleza do prato.”
O cozinheiro ressalta que, a despeito
das inúmeras possibilidades oferecidas
pelo mel, ele não deve ser usado indiscriminadamente na cozinha. Um cuidado
importante é verificar se o produto é puro
e proveniente de um fornecedor confiável, visto que é alvo de inúmeros tipos de
fraude. Pesquisadores da Universidade
Estadual de Campinas (Unicamp) desenvolveram um método rápido para analisar
se o mel é “batizado” ou não. Recorrendo
a uma técnica chamada espectrometria
de massas, eles mediram a pureza do produto em apenas um minuto. Ao longo da
investigação, os cientistas descobriram
que os fraudadores misturam uma série
de aditivos ao alimento, como caramelo
e até óleo de soja.
Além disso, como existe uma grande
variedade de méis no Brasil, Thomas diz
que também convém se certificar do sabor
predominante, determinado pela espécie
de planta na qual as abelhas foram coletar
o néctar. O mel de flor de eucalipto, por
exemplo, tem sabor e aroma bem marcantes. O de flor de laranjeira, ao contrário, é mais suave e com notas frutadas. A
ideia é usá-los de modo que cada um possa oferecer aos pratos e drinques os seus
atributos mais acentuados, tornando-os
ainda mais envolventes.
Não pense, porém, que em termos culinários o mel só pode ser empregado em
pratos da alta gastronomia ou mesmo em
receitas extremamente elaboradas. O chef
Thomas ensina uma maneira simples e ao
mesmo tempo criativa de utilizar o alimento: “Tente comprar um belo favo de
mel. Ofereça-o junto com queijos, pães
e uvas. A beleza e o exotismo da mesa
certamente valorizarão a sua festa e impressionarão os seus convidados”.
Divulgação
saudável e gostoso | VidaBosch | 47
Supremo sweet and sour
Ingredientes
1 peito de frango temperado
com sal e pimenta
1 copo de mel
1 copo de suco de laranja
1 copo de shoyu
2 dentes de alho amassados
1 colher de gengibre amassado
1 colher de cinco pimentas
(malagueta, moça, preta, chilli
e calabresa)
Modo de preparo
Coloque em uma cumbuca o mel, o suco, o shoyu,
o alho, o gengibre e a pimenta. Misture todos os
ingredientes. Grelhe o frango no azeite. Retire o
excesso de azeite, acrescente o molho na mesma
panela e deixe o frango cozinhar por cinco minutos.
saudável e gostoso
Saquê
com mel
Ingredientes
Mel
1/2 manga
Saquê
Folhas de hortelã
Modo de preparo
Decore um copo
com fios de
mel. Em outro
copo, amasse
1\2 manga com
quatro fios de
mel. Acrescente
saquê e misture
com gelo, até
completar o
copo. Transfira
para o copo
já decorado e
finalize com
folhas de hortelã.
Receitas de
Eric Thomas
Tantra Mongolian
Grill
Rua Chilon, 364
Vila Olímpia
São Paulo
(11) 3846-7112
www.tantra
restaurante.com.br
destaque para colecionar
Divulgação
48 | VidaBosch |
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