amerec quarto FABRICAÇÃO sauna a vapor
Transcrição
amerec quarto FABRICAÇÃO sauna a vapor
VidaBosch setembro | outubro | novembro | dezembrPEFtO Recicle a informação: passe esta revista adiante Maratona sobre rodas Corridas de longa duração mostram a eficiência do diesel nas pistas Audi/Divulgação Quanto mais quente, melhor Pra que se contentar com água aquecida só no banho? NOVO MARTELO SDS 1559 2013 Ganhador do prêmio internacional de design e inovação o martelo 600 watts já é um sucesso em vendas comprovado. É a força que você precisa para produzir mais com menos esforço e maior desempenho. 02 14 30 40 editorial Uma amostra da tecnologia em sua vida Fim de ano é sempre uma boa ocasião para fazer balanços. E um balanço da VidaBosch em 2013 deixa claro que uma empresa só produz de fato “tecnologia para a vida”, como diz o slogan da Bosch , se está presente em áreas essenciais para o dia a dia. Não por acaso, ao longo das últimas edições mostramos um pouco da diversidade de temas e de nossas soluções completas para vários setores. Neste número não poderia ser diferente. A tecnologia ligada à mobilidade, por exemplo, envolve direta ou indiretamente assuntos que você verá nas próximas páginas: as rodovias para as praias de São Miguel do Gostoso (RN) – que mesclam simplicidade, sofisticação e beleza – o prazer da atriz Rita Guedes em pegar estrada sempre que pode e as obras do Arco Metropolitano do Rio de Janeiro. No empreendimento ao redor do Rio, planejado para desafogar o trânsito da Avenida Brasil, a necessidade de precisão e rapidez casou com as ferramentas fornecidas pela Bosch . A seção em casa destaca o conforto ligado à água quente. Pensou em um banho gostoso? Claro, esse é um item quase que de primeira necessidade, mas a reportagem aborda outros usos igualmente prazerosos, todos com possibilidade de serem atendidos por um bom aquecedor a gás: água quente na torneira da pia, na sauna, no toalheiro e até no piso do banheiro... Em Brasil cresce , o foco é um dos setores de maior pujança na economia brasileira: o imobiliário, especificamente os trabalhadores autônomos que têm ajudado a sustentar o boom de reformas. Esses são só alguns exemplos – um resumo que continuará a ser complementado em 2014. Um ano, aliás, propício para balanços: a Bosch completará seis décadas no país e a VidaBosch, dez anos de existência. Não perca! Boa leitura! Equipe da Redação Sumário 02 viagem | São Miguel do Gostoso, vila cosmopolita com jeito de praia deserta 08 eu e meu carro | Para Rita Guedes, pegar a estrada vale mais que terapia 10 torque e potência | Diesel faz bonito nas corridas de longa duração 14 em casa | Água quente é uma delícia no banho – mas não só no banho 20 tendências | Bons ventos começam a soprar para a energia eólica no país 26 grandes obras | O trânsito na Avenida Brasil deixará de ser uma novela 30 Brasil cresce | Boom imobiliário aquece também o mercado de reformas 34 atitude cidadã | Ensino médio: a prova em que o Brasil ainda não passou 40 aquilo deu nisso | Alternador transformou carros em verdadeiras usinas 44 saudável e gostoso | Mel: quando doçura é sinônimo de saúde Expediente VidaBosch é uma publicação trimestral da Robert Bosch Ltda., desenvolvida pelo departamento de Marketing e Comunicação Corporativa. Se tiver dúvidas, reclamações ou sugestões, fale com o SAC Bosch: 0800-7045446 ou www.bosch.com.br/contato Produção, reportagem e edição: PrimaPagina (www.primapagina.com.br), tel. (11) 3512-2100 / vidabosch@prima pagina.com.br t Projeto gráfico, direção de arte e diagramação: Buono Disegno (cargocollective.com/buonodisegno), tel. (11) 3512-2122 t Tratamento de imagem: Renata Lauletta t Acompanhamento gráfico : I n o v a te r t Impressão: Gráfica Mundo t Revisão: Marcelo Moura t Jornalista responsável: José Roberto de Toledo (DRT-DF 2623/88) 2 | VidaBosch | viagem Gostoso é uma delícia Por trás de seu nome exótico, São Miguel do Gostoso, no Rio Grande do Norte, guarda clima de calmaria cosmopolita e algumas das praias mais belas do Brasil Na Ponta do Santo Cristo, uma duna invade o Atlântico e forma uma imensa piscina natural | Por Roberto de Oliveira | Fotos Marcelo Ísola 4 | VidaBosch | viagem As praias oferecem tanto a tranquilidade de uma boa rede quanto a adrenalina do kitesurf V enta bastante, o mar não é de cair o queixo, mas existe alguma coisa de muito gostoso naquele pontinho extremo onde o mapa do Brasil faz a curva. Há menos de dez anos, nem celular pegava direito em São Miguel do Gostoso, município do Rio Grande do Norte. Aos poucos, o conforto foi chegando a essa pequena cidade a cerca de 110 quilômetros de Natal. Hoje, com boas opções de hospedagem e gastronomia, não é de estranhar que o vilarejo conquiste espaço e estrelas em guias nacionais e internacionais. Gente de toda parte desembarca por ali, só que o lugar ainda permanece com seu charme e jeitinho de praia quase intocada. Já há sinal de celular – mas não de megarresorts. O clima de Gostoso se estende por ruas e orlas e parece estampar-se no sorriso de seus moradores. Há algo contagiante em sua atmosfera. A informalidade predomina do restaurante moderninho à areia da praia. É bem provável que, no segundo dia de estadia, o pescador, a atendente da pousada, o garçom do boteco e até os motoboys da avenida central estejam te chamando pelo nome. Na entrada da cidadezinha, uma placa resume bem o que o turista vai encontrar pela frente: “Aqui se faz Gostoso”, diz. Funciona como um cartão de boas-vindas a quem trafega pela RN-221, estradinha de asfalto que passa por dunas, lagoas, coqueirais e muitas casinhas simples, com moradores mais simples ainda, sentados em cadeiras ou no chão, olhares e sorrisos voltados para o visitante. Poucos metros depois da entrada, à esquerda de quem chega, o posto de gasolina estampa na fachada: “Gostosão”. O adjetivo e suas variações se replicam inúmeras vezes no município. O que no início pode gerar estranheza logo vira empatia. “Gostoso” dá nome a lanchonetes, botequins, supermercados e à farmácia da avenida central. Na praia, a palavra aparece em campanhas de educação ambiental promovidas por uma suíça que adotou o vilarejo como residência. Vem em dose dupla: “É gostoso ver Gostoso limpo”. E é mesmo. A praia ali é uma das mais limpas de todo o litoral nordestino. Por que “Gostoso”? Ninguém, dos cerca de 10 mil habitantes, usa o nome do padroeiro (São Miguel) para se referir à cidade. Só se usa “Gostoso” – nos pontos comerciais e nos turísticos, entre os esportistas à beira-mar e pela cozinheira da pousada. “Gostoso” é logo incorporado ao vocabulário diário do forasteiro. Mas como esse termo de cunho tão terreno foi se juntar ao nome do arcanjo, tido pela tradição católica como o líder das forças do Céu contra as hostes do Inferno? Há diferentes versões para o acréscimo. O que se sabe de fato é que o lugar inicialmente se chamava São Miguel de Touros – uma referência ao município vizinho, do qual era originalmente distrito: Touros (que, aliás, abriga um farol de 62 metros, considerado o segundo mais alto da América do Sul; fica bem no meio do caminho entre as duas cidades, na “esquina” do Brasil, e vale uma visita). viagem | VidaBosch | 5 A troca de “Touros” pelo adjetivo teria sido inspirada por um morador que hospedava caixeiros-viajantes que perambulavam por aquelas bandas do norte do Rio Grande do Norte. Corre em boca miúda a seguinte lenda: enquanto preparava uma refeição no fogão a lenha, o anfitrião ainda encontrava meios de entreter seus convidados contando histórias, todas elas marcadas por gostosas gargalhadas. O dono da casa passou a ser chamado de “seu” Gostoso. Pronto! Como o vilarejo era pequenino, a história correu com o vento da praia, e logo os moradores da cidade estavam se referindo à vila simplesmente por Gostoso, para diferenciá-la de outros lugares que carregavam o mesmo santo no nome – sem contar distritos, bairros e vilas, são 23 municípios no Brasil, segundo o IBGE, incluindo o de São Miguel (assim, sem complemento) no sertão do Rio Grande do Norte. Fato é que pouca gente por lá está preocupada em saber por que a cidade foi assim batizada. A maioria prefere uma explicação mais comum: “Gostoso porque aqui é Nos restaurantes ou na praia, predomina a informalidade. No segundo dia, você já será chamado pelo nome por pescadores e garçons Gostoso”. Vai duvidar como? Quem nasce ou vive em São Miguel do Gostoso é chamado de “gostosense”. Mas a molecada de hoje prefere simplesmente “gostoso” ou “gostosa”, mesmo diante dos olhares de reprovação da turma das antigas. Gostosos por todos os lados E há gostosenses “naturalizados”, vindos de São Paulo, Recife, Rio, Campinas e Ribeirão Preto, e de países como Moçambique, Suíça e Alemanha. Gente que foi tocar (melhor: aproveitar) a vida naquelas bandas de ventos constantes. Atrair forasteiros não é exclusividade de Gostoso. Em praias como Jericoacoara (CE), Trancoso (BA) e Pipa (RN), é comum o turista encontrar gente de toda parte trabalhando ou comandando os mais variados tipos de negócio. Em São Miguel do Gostoso, porém, esse leque de diversidade parece ainda mais amplo. Uma das primeiras “estrangeiras”, vinda há mais de 20 anos, é a simpática e sorridente empresária Rosana, dona do bar Madame Chita, um barzinho à beira-mar que vende bebidas, roupas e crepes – o mais bacana ali é saborear pratos e drinques enquanto se faz novas amizades. Do instrutor de kitesurf (uma espécie de mistura de paraglider com surfe, muito comum na região) ao cozinheiro do restaurante de comida baiana, a cada temporada novos moradores chegam a São Miguel do Gostoso. Mesmo com essa diversidade toda, há um ambiente de confraternização entre nativos e forasteiros. Por mais “cosmopolita” que seja, Gostoso ainda mantém a essência de cidade do interior, um jeito interiorano de viver. No fim de noite, muitos se reúnem em um estabelecimento para jogar conversa fora – a cada dia da semana é “eleito” um bar, um café ou um restaurante. Turistas são sempre convidados a se somar às histórias. 6 | VidaBosch | viagem São Miguel do Gostoso RN - 221 Touros RN - 023 101 Pureza Maxaranguape RN - 064 Ceará-Mirim 406 Natal RN - 310 RN - 060 Dunas e lagoas também encantam quem visita a região Onde ficar 304 Parnamirim Onde comer Como chegar Pousada dos Ponteiros Uma das mais tradicionais de São Miguel do Gostoso e com ótima localização. Opte por ficar nos chalés voltados para a praia. Enseada das Baleias, 1000. Praia do Maceió. www.pousadadosponteiros.com.br. (84) 3263-4007 Bar do Tico Comida típica em ambiente superpopular. As especialidades são caldos de arraia, camarão ou cação; filé de peixe; camarão. É ali que se toma a cerveja mais gelada da cidade. Av. Enseada das Baleias, 869. Praia do Cardeiro. (84) 3263-4342 Pousada Mar de Estrelas Dispõe de piscinas para adultos e crianças, spa para massagens, biblioteca e local para guardar equipamentos de windsurfe. Agenda passeios a cavalo e em veículo 4x4 para outras praias. Endereço: Av. dos Arrecifes, 1120. Praia do Cardeiro. www.pousadamardeestrelas.com.br. (84) 3263-4168 Restaurante Mar de Estrelas Seu forte é a abundância de peixes e frutos do mar. Tem um estilo que lembra uma fazenda instalada na praia. Av. dos Arrecifes, 1120. Praia do Cardeiro. www.pousadamardeestrelas.com .br. (84) 3263-4168 A viagem de Natal a São Miguel do Gostoso dura cerca de uma hora e meia. São 120 quilômetros de pista em boa condição. Para sair da capital, siga as indicações em direção ao litoral norte pela BR-101. Depois de passar uns 3 quilômetros da Ponte Newton Navarro, vire à direita, na direção de Extremoz/Barra de Maxaranguape. Siga na rodovia rumo a Touros. Antes de chegar lá, porém, observe a placa para entrar à esquerda, em direção a São Miguel do Gostoso. Pegue então uma estrada estadual – não tão boa quanto a BR, mas de fácil circulação. Ajuda o turista o fato de o Aeroporto Internacional Augusto Severo, de Natal, ficar na rodovia BR-101. Você pode alugar um carro e sair diretamente dali ou combinar um serviço de transfer com a pousada onde ficará hospedado. Há ainda taxistas de São Miguel do Gostoso que fazem o traslado. Se optar por transporte público, a viagem de ônibus Natal-Touros, Touros-São Miguel do Gostoso, pela Expresso Cabral (tel: (84) 3213-4041), pode durar cerca de 2 horas e meia. Pousada Mi Secreto Talvez a opção mais luxuosa da cidade, fica na melhor praia. É também um ponto estratégico para a prática do windsurfe e kitesurf. São apenas nove suítes, de 50 m². Rua das Algas, 51. Praia da Ponta de Santo Cristo. www.misecretopousada. com. (84) 3263-4348 Restaurante La Brisa Não dá para ir a São Miguel do Gostoso e não provar o arroz de polvo neste espaço despojado, de menu caprichado. Outros destaques são o peixe ao molho de manga, o camarão ao molho de vinho branco com tiras de maçã e as ostras frescas. Pensou em carne? A dica são as moelas ao molho de vinho tinto. Endereço: Rua dos Búzios, 175. Centro. (84) 9998-6199 viagem | VidaBosch | 7 Essa mistura é uma das características, um dos diferenciais que fazem de Gostoso um lugar tão autêntico, o que reforça o clima de tranquilidade, para deleite dos moradores e turistas nacionais e estrangeiros que buscam sossego em suas praias. Trata-se, não há dúvida, de um lugar ideal para descansar e fugir do estresse urbano. A praia fica na “esquina” do leste do continente sul-americano, conhecida como Ponta do Calcanhar – marco zero da BR-101, que começa no Rio Grande do Norte e termina 4.500 quilômetros depois, no Rio Grande do Sul. Seu litoral se alinha paralelamente à linha do Equador. A posição geográfica favoreceu o desenho de suas praias. A mais bonita da região atende pelo nome de Tourinhos, enseada de águas claras e mornas, praticamente deserta, com uma duna gigante que “se aquietou”, como dizem os filhos de Gostoso, petrificou-se há cerca de 2 mil anos e se transformou num pequeno morro com cerca de 8 metros de altura e vista fascinante. É considerada uma das praias mais belas do Brasil. Permanece praticamente deserta a maior parte do tempo, com exceção dos feriados prolongados. Fica a cerca de 6 quilômetros do centro de São Miguel do Gostoso. Na maré baixa, é possível ir caminhando pela praia até lá, embora o trecho seja extenso e cansativo. Pode-se também alugar um bugue ou ainda ir com um motoboy – sim, eles te pegam na pousada e te deixam na praia; para voltar, é só marcar um horário. O ideal, porém, é recorrer à primeira opção, para aproveitar a viagem e ir fazendo outras paradas e descobertas pelo caminho. Uma parada obrigatória: no canto direito da praia há um restaurante de uma pernambucana casada com um italiano onde é servido o melhor macarrão com frutos do mar de Gostoso. Bons ventos Depois de Tourinhos, vem a praia dos Morros e a do Marco, esta última famosa por ter sido, segundo alguns historiadores, a primeira no Brasil em que desembarcaram os portugueses em 1500. É onde está a réplica de um marco português do século 16 (o original fica em exposição no Forte dos Reis Magos, o monumento mais antigo de Natal). Pedro Álvares Cabral teria sido levado pelos fortes ventos à praia do Marco, antes de desembarcar com seus homens em Porto Seguro. Andando-se um pouco mais, chega-se a outro ponto alto do litoral norte potiguar: Galinhos, uma vila de pescadores que vive repleta de franceses. Fica numa península onde os carros não circulam (ficam estacionados no outro lado do rio). A “brisa” que conduziu Cabral ao litoral brasileiro é constante naquelas bandas, a qualquer hora do dia ou da noite. A ventania geralmente é mais forte na primavera e no verão (setembro a março). Nas praias do centro, venta tanto que, dependendo da época do ano, é quase impossível ficar de bobeira na areia. É indispensável usar cordão ou elástico para prender o chapéu, o boné ou mesmo os óculos. Por outro lado, não é por acaso que São Miguel do Gostoso e arredores estejam entre os principais points dos adeptos dos esportes náuticos a vela. É comum olhar para o mar e vê-lo apinhado de esportistas deslizando com suas pranchas ao sabor do vento (frequentemente europeus, vindos da França, Itália e Alemanha). A bela praia Ponta do Santo Cristo, em Gostoso, por exemplo, é considerada um dos melhores lugares para a prática de windsurfe e kitesurf do Brasil. Trata-se de muito mais do que isso, porém: uma duna invade o Atlântico e represa um braço de mar, formando uma imensa piscina natural, de águas mornas e transparentes, ótima para banho tanto na maré baixa como na alta (outras, como Xepa e Maceió, são praias de tombo, pouco agradáveis quando o mar está mais alto). É de lá que se tem uma ampla visão da enseada, tentadora o suficiente para despertar o desejo de encarar longas caminhadas à beira-mar, descobrindo uma praia diferente em cada curva. Entre uma caminhada e outra, um mergulho para recarregar o corpo, porque a alma parece cada vez mais inclinada a vagar por Gostoso. A Bosch na sua vida Vento e calor exigem cuidados Se os ventos do Rio Grande do Norte fazem a alegria dos amantes de esportes de vela, ele pode ser uma armadilha para o motorista que está indo de Natal para São Miguel do Gostoso. “A estrada é à beira mar e está muito sujeita a ventos fortes, principalmente em agosto”, avisa Ismael Simplício, administrador da Carbox, oficina da rede Bosch Service na capital potiguar. Essas condições exigem cuidado redobrado com os freios. O clima seco e o calor intenso também demandam atenção ao sistema de frenagem: os freios podem esquentar a ponto de pararem de funcionar, caso não seja feita uma manutenção correta. As altas temperaturas, lembra Simplício, também demandam atenção à quantidade de água e óleo no motor. Se o motorista quiser evitar o calorzão pelo menos dentro do carro, deve fazer revisão do sistema de ar-condicionado do veículo. As condições das vias requerem cuidado. O deslocamento entre São Miguel do Gostoso e as praias e lagoas do entorno é feito por estradas de terra e de areia. Por isso, o especialista alerta para a necessidade de revisar também os amortecedores e a suspensão. E lembre-se: não há oficinas no vilarejo. Arquivo Bosch Aos gostosenses, como são chamados os moradores da cidade, junta-se uma leva de gente vinda de várias partes do Brasil e do mundo eu e meu carro Ricardo Ayres/Photocamera 8 | VidaBosch | Terapia automotiva Quando está estressada, a atriz Rita Guedes sabe bem o que fazer: pegar a estrada | Por Leonardo Guariso E m seu mais recente papel – em “Flor do Caribe”, da TV Globo –, não havia muita dúvida: o lugar da atriz Rita Guedes era na cozinha. Na novela das seis, dirigida por Jayme Monjardim, ela interpretava a governanta Doralice, especialmente conhecida pelos quitutes que preparava. Na vida real é diferente: um dos lugares prediletos da artista é a estrada. De preferência, em um carro com câmbio automático, direção hidráulica, ar-condicionado e muito espaço interno. E, se possível, num modelo conversível, para curtir mais a paisagem. O gosto por carros vem de longe, nasceu antes mesmo de Rita estrear nos palcos. Natural de Catanduva, no interior de São Paulo, teve as primeiras experiências ao volante numa área rural com muito verde e quase nenhum movimento – sem guias, postes ou outros automóveis para atrapalhar a jovem aprendiz. Pouco depois se arriscou pelas vias urbanas, numa Belina que marcou sua infância. “Lembro que, no começo, o mais difícil era conseguir sair com o carro: engatar a primeira marcha e dirigir. Era diferente dirigir nas ruas de paralelepípedo em relação às estradas de terra.” As diferenças tornaram-se maiores quando, após encenar por três anos peças infantis em Catanduva, mudou-se para Campinas (SP) e, dois anos depois, para São Paulo. Tinha então 19 anos, e sua carreira começava a deslanchar. Hoje, Rita acumula mais de dez novelas no currículo (como “Irmãos Coragem”, “Uga Uga”, “Da Cor do Pecado”, “Cobras & Lagartos”), além de várias participações em séries globais (como “Carga Pesada”, “Sob Nova Direção” e “As Brasileiras”). No teatro, produziu e estrelou a peça “Qualquer gato vira-lata tem uma vida sexual mais sadia do que a nossa”, que viraria filme em 2011. A carreira intensa e a vida nas maiores metrópoles brasileiras (depois de São Paulo, mudou-se para o Rio de Janeiro) não impediram a atriz de continuar cultivando o gosto pela direção. O anda e para das grandes cidades, porém, fez Rita tornar-se mais exigente com o conforto dos automóveis. Já foi dona de um Mercedes (vendido para um tio), e hoje é um Hyundai Tucson que ocupa sua garagem. “Não sei como as pessoas conseguiam dirigir no passado sem um veículo automático. Nas cidades, principalmente, o trânsito desgasta demais o motorista que não tem câmbio automático”, afirma. De qualquer forma, Rita tem tirado de letra as dificuldades do tráfego paulistano ou carioca. Garante que é uma excelente motorista, capaz de estacionar seu carrão (o Tucson tem mais de 4 metros de comprimento e quase 2 de largura) mesmo em vagas apertadas – proeza que já rendeu elogios até de experientes manobristas. Na hora de trocar de automóvel, contudo, ela sempre conta com a ajuda de alguém, um amigo ou namorado, para ter certeza de que está fazendo um bom negócio. Para fechar a compra, o carro tem de ser bonito. “Gosto de carro arrojado, com design legal e completo.” Pé na estrada Mesmo com sua perícia no trânsito do Rio de Janeiro, Rita Guedes se delicia mesmo é dirigindo em estradas – de preferência durante o dia, para apreciar melhor a viagem. Anos atrás, fez algumas vezes o longo trajeto entre a capital fluminense e Catanduva – são mais ou menos 11 horas atrás do volante. “Gosto muito mais de viajar de carro do que de avião. Por isso preciso de carros seguros, para dirigir em estradas.” A vida corrida de atriz a impede de enfrentar as rodovias com mais frequência. Mas esse não é o único obstáculo: ela se queixa do mau estado de conservação das estradas brasileiras, apesar do preço alto dos pedágios. Acostumada a guiar nos Estados Unidos, onde morou por alguns anos, reclama que, em razão da falta de manutenção das pistas, sofrem tanto o veículo quanto o motorista – que precisa redobrar a atenção para não correr riscos. “Aqui no Brasil, infelizmente, muitas estradas são bem ruins, não recebem investimentos nem os reparos necessários. Isso acaba estragando muito os carros, além de causar perigo de acidentes”, comenta. Ainda assim, quando está estressada, cansada ou angustiada, Rita Guedes sabe que rumo tomar: a estrada. “Dirigir é como uma terapia. Dá prazer e uma sensação de calma e tranquilidade.” A Bosch na sua vida Arquivo Bosch Na estrada, mas com segurança Para quem gosta de pegar a estrada, como Rita Guedes, um componente muito útil para a segurança do motorista e do automóvel é o Eletronic Stability Program (ESP), desenvolvido pela Bosch e introduzido no mercado em 1995. Trata-se de um sistema de controle de estabilidade, que “tem como objetivo manter o veículo na trajetória em caso de uma manobra brusca que leve à perda do controle do carro”, como explica o gerente de vendas e marketing da divisão Chassis Systems Control da Bosch, Carlo Gibran. O sistema é ligado às quatro rodas e ao volante e possui um sensor que monitora os deslocamentos do carro, corrigindo problemas e evitando acidentes. “Se o motorista virou a direção para a esquerda, mas o carro não mudou sua rota, o ESP entra em ação para evitar uma colisão”, explica Gibran. O dispositivo pode cortar a potência do motor ou frear qualquer roda para corrigir a rota. Nos EUA e na Europa, já é obrigatório que os carros saiam de fábrica com o ESP. No Brasil, são poucos os modelos com essa tecnologia. Gibran estima que o sistema poderia diminuir em cerca de 40% os acidentes nas estradas nacionais. 10 | VidaBosch | torque e potência Combustível para maratonas Usado no Brasil apenas em veículos pesados, o diesel faz bonito em competições | Por Bruno Meirelles automobilísticas de longa duração 12 | VidaBosch | O torque e potência a chave para a mobilidade do futuro. E o automobilismo é a oportunidade perfeita para introduzir e apresentar novas tecnologias”, afirma Wolfgang Ullrich, chefe da Audi Sport, que venceu oito das últimas nove disputas, justificando a aposta da equipe no combustível. Mas demorou um tanto até a Le Mans encontrar esse pulo do gato. A prova nasceu em 1923, numa época em que predominavam disputas em ruas públicas, de breve duração, que contavam com carros similares tanto em peso quanto em potência e tamanho do motor. Os franceses resolveram apostar em sentido contrário: criar uma competição em que, em vez de velocidade, o mais importante fosse buscar o equilíbrio e a constância do veículo, conciliar bom desempenho com economia de combustível, pneus, freios e evitar problemas mecânicos para completar a maratona automobilística à frente dos rivais. Com o passar dos anos, as 24 horas de Le Mans cresceram e inspiraram muitas outras provas de resistência ao redor do mundo. Assim, a competição deixou de ser apenas uma corrida e passou a designar um campeonato de enduro com etapas dis- putadas em países como Alemanha, Bélgica e até mesmo Brasil, onde ocorrem as 6 horas de Interlagos. Paralelamente, inúmeras experiências com combustíveis alternativos à gasolina foram feitas, buscando conquistar vantagem com menos paradas nos pit stops. Uma delas foi o motor com turbina a gás, testado na década de 1960. Conseguia atingir altas velocidades, mas mostrava dificuldades em manter temperaturas aceitáveis durante uma prova tão longa. Na década seguinte, apostou-se no motor Wankel, que não usa cilindro e pistão, mas consome muito combustível. Seu feito mais notório, já com incrementos tecnológicos, foi vencer a edição de 1991. No entanto, a experiência mais bemsucedida viria com a adoção do diesel. A primeira vez que um carro deste tipo competiu em Le Mans foi em 1949. Mas só em 2004, uma equipe repetiu a tentativa, após uma ausência de 53 anos dessa tecnologia nas pistas. “Diesel é uma solução que oferece muitos aspectos positivos. As emissões de ruído do motor são bastante baixas, e temos grandes vantagens em economia de combustível e torque do motor. Mas, para ganhar, você Webventure.com.br/Marcelo Machado s carros da Fórmula 1 que atravessam a reta de Interlagos a mais de 300 km/h usam uma gasolina similar à encontrada nos postos. Os veículos da Indy que beiram os 400 km/h no circuito oval de Indianápolis são impulsionados por um etanol bem parecido com o que temos à disposição no Brasil. Mas não apenas esses dois combustíveis embalam as competições automobilísticas. O diesel, no Brasil bastante associado a caminhões, ônibus e outros veículos pesadões, também tem seu espaço em carros de rali e da Le Mans. Nos carros que disputam provas nas quais a velocidade é o fator primordial, os motores a gasolina e álcool se destacam. Já o diesel tem como vantagem o torque e a economia – é ideal para corridas de resistência. Se fosse feita uma comparação com o atletismo, os combustíveis que abastecem os automóveis no Brasil seriam os mais utilizados nos 100 metros rasos; o diesel, nas maratonas. É em boa parte por isso que, desde 2006, todas as edições das 24 horas de Le Mans, a mais tradicional prova de longa duração do automobilismo, foram vencidas por carros movidos com esse derivado do petróleo. “A eficiência do combustível é “O diesel é a melhor opção para correr rali no Brasil”, afirma o chefe da equipe MEMM Motorsports, que disputa o Rally dos Sertões torque e potência | VidaBosch | 13 Enquanto os motores a gasolina e álcool destacam-se pela potência, o diesel tem como vantagem o torque e a economia. Por isso, é ideal para corridas de resistência tem que funcionar no mais alto nível. Não basta simplesmente pegar um motor de carro de rua modificado e colocá-lo em um carro já existente”, explica Ullrich. O que a equipe da Audi em Le Mans fez foi desenvolver um projeto que incluía não apenas o motor, mas também sistema de transmissão, chassis, aerodinâmica, entre outros itens. “Em 2006, o R10 TDI tinha um motor de 12 cilindros com 5,5 litros de capacidade cúbica, 650 hp e rodou o circuito em 3min31s211. Sete anos depois, o R18 e-tron quattro precisou de apenas seis cilindros, 3,7 litros e 490 hp para rodá-lo em 3min22s746, apesar das restrições impostas pelo regulamento”, acrescenta. Sucesso fora do asfalto Não são apenas os famosos carros da Le Mans que estão conseguindo alto desempenho usando diesel. Algumas equipes de rali já adotaram essa tecnologia em provas nacionais, e estão tendo grandes vantagens nisso. É o caso da MEMM Motorsports, que competiu com carros a diesel no Rally dos Sertões, principal prova brasileira da categoria. “Utilizamos o diesel desde o surgimento da equipe, em 2005. Optamos por esse combustível porque acreditamos que, no rali, o torque é fundamental”, afirma o chefe da equipe, Flávio Rogério Pacheco. As condições das provas realizadas no Brasil, avalia, tornam o diesel ainda mais vantajoso do que em outros países. No rali Paris-Dakar, por exemplo, hoje disputado na Argentina e no Chile, os carros correm no meio do deserto, onde existem retas muito extensas. Nelas, os motores a gasolina levam vantagem. “No Brasil, o rali é feito de retomadas, pois os traçados são acidentados e têm muitas curvas. Isso faz com que o diesel seja mais econômico. Em condições extremas, como nas dunas, o etanol faz apenas 0,8 quilômetro por litro de combustível, e a gasolina faz dois quilômetros. Já o diesel chega a rodar até três quilômetros com um litro”, exemplifica. Por consumirem mais, os competidores que usam etanol ou gasolina correm com um tanque mais pesado, o que dificulta o acerto do veículo – afinal, ele termina algumas etapas até 200 quilos mais leve do que iniciou. Outra vantagem do diesel é ser turbinado. Com isso, o motor não é afetado pelas variações de altitude em trechos de serra. “Isso acontece porque, apesar da escassez do ar em grandes altitudes, a turbina o empurra para dentro do motor, que mantém sua potência quase inalterada. Já os motores a gasolina e álcool são aspirados, e perdem potência por não conseguirem reunir o ar necessário para a combustão ideal”, afirma Pacheco. Finalmente, por contar com peças mais robustas, os carros a diesel praticamente dispensam manutenções entre as etapas de um rali. Quanto aos demais automóveis, é preciso abri-los a cada duas provas, no máximo, para limpar e fazer reparos. “Não existe dúvida de que o diesel é a melhor opção para correr rali no Brasil. O que restringe o seu uso no país é que o gerenciamento eletrônico dos motores é confidencial, e uma equipe precisa desses dados para poder mexer neles e competir”, diz o chefe da MEMM. No topo do pódio O sucesso que os carros a diesel estão obtendo nas últimas edições das 24 h de Le Mans conta com apoio da Bosch, que fornece os sistemas de injeção Common Rail para esses veículos. A empresa possui uma subsidiária chamada Bosch Engineering, que oferece serviços de engenharia de produção sob medida, como fabricação de peças e desenvolvimento de sistemas de injeção para motores de competições automobilísticas como Fórmula 1, Stock Car e Rally dos Sertões. A maior parte dos produtos ofertados pela empresa nessa área são componentes modificados, tanto para gasolina quanto para diesel, conta o engenheiro da Bosch José Ricardo Masetto. “Temos também alguns produtos exclusivos, como um display para o piloto acompanhar o que está ocorrendo com o veículo e o motor. Ele reúne informações como temperaturas de combustível, água, ar, escapamento, pressões de combustível, óleo lubrificante e rotação do motor”, diz. Masetto afirma que a principal diferença entre o trabalho para competições e para carros convencionais está no nível de estresse a que os componentes são submetidos. Além disso, o tempo para fazer melhorias é muito mais escasso do que no caso de veículos normais. “Se o veículo não foi bem em uma corrida, as melhorias são esperadas para a próxima. Isso exige entrosamento entre engenheiro, piloto e equipe”, comenta Masetto. Arquivo Bosch A Bosch na sua vida em casa Photographee.eu/Shutterstock 14 | VidaBosch | Muito além do chuveiro | Por Débora Yuri Água quente não é uma delícia só no banho. Veja como usá-la na pia e para aquecer toalhas, ambientes e até o piso do banheiro em casa Pressmaster /Shutterstock 16 | VidaBosch | A água aquecida pode trazer benefícios à saúde – seja lavando as mãos, seja curtindo uma sauna a vapor S ensação térmica = quero morrer.” Quando a piada do humorista José Simão faz sentido, tomar um banho quente pode ser um agradável aliado contra o frio. Mas nem todo mundo lembra que há outras aplicações para o uso da água aquecida dentro de casa – e que elas aumentam, e muito, o conforto dos moradores. Esquentar a água da pia do banheiro e da cozinha, por exemplo, traz benefícios na hora de enfrentar uma série de atividades corriqueiras. Nos dias de temperatura baixa (mas não só neles), uma torneira marcada com “Q” ou com um pontinho vermelho pode ser o estímulo que falta para encarar a pilha de louça suja. Do mesmo modo, fazer a barba e limpar o rosto fica mais prazeroso com uma mistura diligentemente calibrada de quente e frio. E mesmo lavar as mãos é melhor com água morna – não por matar bactérias, e sim por remover de maneira mais eficaz a gordura que pode abrigá-las, segundo a agência Food and Drug Administration (FDA), equivalente, nos Estados Unidos, à Anvisa brasileira. Gerada por gás ou energia solar, a água quente também ajuda na economia de energia elétrica da casa. É possível usar essa água, por exemplo, no cano de entrada da lavadora de roupas – como o líquido já está aquecido, a máquina não precisa gastar eletricidade para fazer esse trabalho. O aquecimento garante ainda um tipo de comodidade pouco desfrutada no Brasil, mas recorrente nos Estados Unidos e no Canadá: sair do banho fumegante sem ter de buscar o tapetinho ou o chinelo com a A água aquecida, se usada no cano de entrada da lavadora de roupas, ajuda a economizar energia: como o líquido já está quente, a máquina não precisa fazer esse trabalho ponta dos pés para não se arriscar no chão gelado. A instalação de piso aquecido no banheiro vem conquistando cada vez mais adeptos, sobretudo nas regiões serranas do Sul e do Sudeste e em residências de alto padrão no Rio Grande do Sul e no oeste de Santa Catarina. “É uma opção benéfica para os moradores friorentos porque, em geral, o piso do banheiro é frio. O piso aquecido gasta muita energia, mas é uma necessidade em lugares como Campos do Jordão”, diz o arquiteto Marcelo Rosset, que costuma Igor Borodin/Shutterstock em casa | VidaBosch | 17 incluir soluções de aquecimento residencial em seus projetos. “Existem ainda soluções mais simples e econômicas para aquecer o ambiente, como o uso de toalheiros ou radiadores de parede”, sugere. Conectados por meio de canos, os radiadores de parede geralmente são alimentados por uma caldeira a gás. O gás também é responsável pelo aquecimento dos toalheiros, por meio da circulação de água quente. Dentro de casa, a calefação pode ter mais utilidades. Ela combate umidade e mofo quando usada em paredes, por exemplo. Outros confortos residenciais especialmente úteis nos momentos de lazer são piscina aquecida e sauna, que podem funcionar a gás, economizando energia. Na piscina, basta elevar um pouco a temperatura da água para garantir umas braçadas mais agradáveis. “Com 15oC de diferença, o usuário já obtém conforto térmico”, diz o engenheiro mecânico Dalton Rubens Maiuri, professor de termodinâmica e coordenador dos cursos de especialização do Centro Universitário da Faculdade de Engenharia Industrial (FEI). Instalação Há diversas maneiras de distribuir água quente pelas torneiras de uma residência ou de um apartamento. “Hoje existem equipamentos práticos e mais econômicos”, diz o professor de engenharia civil André Luiz de Lima Reda, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, especializado nas áreas ambiental, sanitária e de recursos hídricos. Nas aplicações mais pontuais, uma possibilidade é instalar aquecedores localizados, como torneiras elétricas para as pias da cozinha e do banheiro. “Para evitar desperdício de água, a instalação de timers que fecham a torneira automaticamente é importante”, sugere Reda. Ele sublinha o principal problema a ser evitado: gastos com manutenção, seja para troca de peças ou contratação de mão de obra. “O consumidor precisa colocar na balança se será preciso chamar um técnico para resolver questões simples como trocar a resistência”, explica, lembrando que o ideal é consultar um engenheiro especializado em instalações prediais antes de instalar um equipamento hidráulico ou elétrico em casa. Outra alternativa é ter um sistema central de aquecimento ou uma fonte de distribuição, como um tanque que acumula água, aponta Maiuri. “O volume padrão é de 200 litros para uma família de quatro em casa Ariadna de Raadt/Shutterstock 18 | VidaBosch | Na pia da cozinha, a gordura da louça se desgruda fácil quando a temperatura da água é mais elevada em casa | VidaBosch | 19 ou cinco pessoas, e é possível usar energia elétrica ou a gás.” O aquecedor a gás costuma ser instalado na área de serviço, interligado à rede hidráulica. Ele queima o gás, produzindo calor, e gera água quente para diversos ambientes. Entre suas vantagens estão a fácil manutenção, maior vida útil em comparação com resistências elétricas e a segurança que envolve o uso dos aparelhos modernos. Sua instalação requer ligação com as redes de água fria e quente e com a rede de gás, além da colocação de acessórios como chaminé metálica. Em algumas casas, é preciso adequar a área externa ou de serviço para assegurar ventilação acima e abaixo do aparelho. “No mercado, há aquecedores centrais que valem a pena para residências. É uma boa opção, a ser contemplada na fase de planejamento da edificação”, comenta Reda. Nos últimos anos, tem crescido a oferta de uma terceira via – as placas solares. Para uma residência com cinco moradores, o sistema básico, que inclui placas e tanques, custa cerca de R$ 2.000. Um piso pode ser aquecido por resistências elétricas ou tubos de água quente que passam por baixo do revestimento do banheiro Piso e piscina Algumas aplicações requerem uma instalação específica. Para aquecer o piso, por exemplo, é preciso fazer uma reforma no banheiro, que exige a quebra do revestimento existente – o que eleva os gastos e o trabalho para poder usufruir dos benefícios. Por isso, recomenda o arquiteto Marcelo Rosset, o ideal é aproveitar os momentos de construção ou reforma para fazer a obra. Um piso pode ser aquecido por sistema elétrico ou hidráulico. O primeiro funciona por meio de resistências que distribuem o calor. No segundo, tubos de água quente passam por baixo do revestimento, fazendo essa distribuição. A água pode ser aquecida por um calefator (central de troca de calor que serve à residência) ou passar por uma caldeira, mantida com segurança em área isolada. Há duas opções de combustível pa- ra aquecê-la: óleo diesel ou gás. Reda, do Mackenzie, explica que, em ambos os casos, é necessário reforçar o piso com uma camada de isolamento térmico. Uma dica é reaproveitar a água quente que sai de lavadoras de roupas ou louças para aquecer o pavimento. “É melhor do que simplesmente jogá-la fora. Essa água pode fazer um caminho sinuoso por baixo do piso e aquecê-lo”, explica o professor de engenharia civil. Em relação à tubulação, um cuidado importante é não colocar água aquecida em contato com ferro – ele oxida e enferruja. Os tubos precisam receber isolamento térmico e ser fabricados em cobre ou plástico resistente a altas temperaturas. Quanto ao aquecimento da piscina, Reda aponta que o aproveitamento será melhor se ela ficar num ambiente isolado, com portas e janelas vedadas. “De preferência, a piscina também deve ser termicamente isolada do solo em volta. Não é bom fazer esse investimento sem planejamento: esquentar a água de uma piscina que troca calor com o solo ao seu redor é perda de dinheiro.” Muito mais do que conforto Um banho confortável e relaxante, maior praticidade para cozinhar e lavar a louça ou uma temperatura mais agradável na hora de dar um mergulho na piscina. São vários os motivos que levam as pessoas a instalar aquecedores em casa. Mas, para valer realmente a pena, é preciso que a comodidade seja acompanhada de segurança. Em sua linha de aquecedores, a Bosch tem, por exemplo, produtos alimentados por hidrogerador. Diferentemente dos equipamentos com acionamento convencional, por eletricidade, esses usam o próprio fluxo da água para gerar energia. “É como se fosse uma miniusina hidrelétrica, o que gera muito mais economia para o proprietário”, afirma o chefe de pós-venda da divisão de Termotecno- logia da Bosch, Thyago Ferreira. Outro diferencial é a presença de um dispositivo que previne a intoxicação do usuário por monóxido de carbono. Isso é feito por meio de um sensor que verifica a temperatura da saída da chaminé. “Um dos indícios do vazamento de monóxido de carbono é o superaquecimento dessa peça. Então, se ela estiver muito quente, o aparelho é desligado automaticamente”, afirma Ferreira, acrescentando que os equipamentos também contam com um limitador da temperatura da água, para evitar que as pessoas se queimem. A linha da Bosch com esses itens de segurança inclui equipamentos que atendem diversas demandas. “Há desde os que aquecem 8 litros até os de 80 litros de água por minuto, que equivalem a uma energia entre 10 e 100 Kw/h”, diz Ferreira. Arquivo Bosch Rexroth A Bosch na sua vida Alberto Loyo/Shutterstock 20 | VidaBosch | tendências | Por Frederico Kling Semeando ventos, colhendo eletricidade Duas décadas depois da primeira experiência comercial, a energia eólica no Brasil começa a deslanchar com incentivos públicos e avanços tecnológicos tendências Arquivo Bosch Rexroth 22 | VidaBosch | A geração eólica é até mais limpa que a solar e será fundamental para garantir o abastecimento de energia das grandes cidades no futuro O avanço da tecnologia resultou em torres maiores, com dispositivos que alinham a turbina com a direção do vento tendências | VidaBosch | 23 iz o ditado: quem semeia ventos colhe tempestades. Mas, na vida real, os ventos podem dar um fruto muito menos turbulento e muito mais útil: a energia elétrica. Há 21 anos, o primeiro empreendimento em território brasileiro foi implantado em Fernando de Noronha (PE). Nas décadas seguintes, o uso da fonte energética minguou, a ponto de se tornar insignificante por aqui. Nos últimos anos, porém, o cenário mudou: a geração eólica parece ser uma realidade que veio para ficar no Brasil. Há hoje no país 119 usinas desse tipo, com um total de 2.788 megawatts (MW) instalados até agora – cerca de 2% da matriz elétrica nacional, segundo a Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica). As regiões Sul e Nordeste têm os melhores ventos e a maior capacidade instalada. A entidade aponta que o Rio Grande do Norte é líder nesse tipo de geração (25 parques eólicos e potência instalada de 727,2 MW), seguido do Ceará (20 parques, 608 MW) e Bahia (24 parques, 582 MW). O Rio Grande do Sul, quarto no ranking (15 usinas, 460 MW) abriga o maior parque eólico da América Latina, localizado em Osório, com 75 turbinas e capacidade instalada de 150 MW. Uma das principais vantagens desse recurso é ser ambientalmente sustentável – inclusive quando se leva em conta o processo de construção. “A geração eólica é até mais limpa do que a energia solar e, além disso, pode usar grandes extensões territoriais sem inutilizar o solo, que ainda pode ser usado para outros fins, como a agricultura”, afirma o coordenador de energias renováveis do Greenpeace, Ricardo Baitelo. Apenas entre março de 2012 e março de 2013, a geração eólica evitou a emissão de cerca de 1,4 milhão de toneladas de CO2, segundo a associação do setor. Para comparação: as mais de 23 milhões de árvores plantadas pelo projeto Clickárvore, da Fundação SOS Mata Atlântica, retiraram 1,2 milhão de toneladas da atmosfera nos últimos dez anos. Outra vantagem é que o regime de ventos no Brasil é complementar ao da chuva. A produção eólica é maior justamente nos períodos em que as hidrelétricas estão com Há hoje no país 119 usinas desse tipo, com um total de 2.788 megawatts instalados até agora – cerca de 2% da matriz elétrica nacional, segundo a Associação Brasileira de Energia Eólica menor capacidade. Nos meses secos, entre julho e outubro, atualmente ligam-se as termelétricas – mais caras e poluentes – para suprir a queda de geração hidráulica. A fonte eólica, no entanto, aparece cada vez mais como opção. “Ela entra na base da matriz energética, ajudando a desligar sistemas mais caros e poluentes”, diz a consultora Liana Forster, da Excelência Energética,empresa especializada no setor elétrico. Além disso, a construção dos parques eólicos demora menos tempo do que a de uma hidrelétrica – cerca de três anos. Paradoxalmente, isso implicou alguns problemas. “Os parques ficavam prontos antes das linhas de transmissão, que eram leiloadas separadamente”, diz Liana. Em julho de 2012, por exemplo, havia 646 MW já instalados de energia eólica, mas que ainda não estavam no sistema elétrico nacional por atrasos na construção das linhas. Por isso, no leilão realizado em agosto de 2013 os projetos já previam a instalação das linhas de transmissão. Esse mesmo leilão evidenciou outro benefício dos ventos: o preço médio da energia vendida ficou em R$ 110/MWh. “É a segunda mais competitiva, atrás apenas da hidrelétrica”, compara Elbia. Desenvolvimento Os 2% de energia eólica na matriz elétrica podem parecer pouco para um país que explora esse recurso desde 1992. O projeto de Fernando de Noronha, que deslanchou a partir de um convênio entre o Centro Brasileiro de Energia Eólica e a Companhia Energética de Pernambuco, foi financiado pelo instituto de pesquisa Folkecenter, da Dinamarca – país pioneiro no uso de energia eólica, na década de 1970. A experiência, contudo, não foi muito longe por falta de incentivo público e de tecnologia. Essas mesmas carências prejudicaram o Programa Emergencial de Energia Eólica (Proeólica), em 2001, lançado pelo governo Fernando Henrique Cardoso na esteira do apagão – naquele momento, anos de poucos investimentos no sistema elétrico e uma forte seca que afetou a geração hidráulica (principal fonte brasileira) levaram a um racionamento de energia elétrica. O Esbobeldijk /Shutterstock D 24 | VidaBosch | tendências Peshkova /Shutterstock Wang Song /Shutterstock A energia eólica já é a segunda mais competitiva do mercado, e os projetos de novos parques agora preveem a construção de linhas de transmissão Proeólica deveria incentivar a instalação de 1.050 MW até o fim de 2003. Não funcionou, segundo a ABEEólica. Em 2002, o governo federal criou o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa), que previa investimentos em três fontes alternativas: eólica, biomassa e pequenas centrais hidrelétricas. “O plano tinha vários problemas, como a exigência de 60% de tecnologia nacional num momento em que só havia um fabricante no país”, comenta Eliane Fadigas, coordenadora do Núcleo de Energia Renovável do Departamento de Energia e Automação Elétricas da Escola Politécnica da USP. Isso fez com que vários projetos eólicos atrasassem. Ainda assim, Eliane ressalta: “Pode-se considerar que a energia eólica no Brasil começou com o Proinfa”. Num primeiro momento, o programa patinou. “A Europa estava muito aquecida quanto a esse tipo de geração, e o Proinfa não alcançou um de seus objetivos, que era trazer tecnologia para o país e formar uma indústria”, diz a presidente-executiva da ABEEólica, Elbia Melo. Ainda assim, avalia, houve avanços. “Não se pode falar em fracasso, pois o Proinfa fez com que aprendêssemos mais sobre energia eólica O incremento técnico e os ótimos regimes de vento no Brasil tornaram a geração eólica no país a mais eficiente do mundo. Em cinco anos, ela aumentou em dez vezes sua participação na matriz nacional e conhecêssemos melhor nossos ventos.” Novamente, uma turbulência mudou os rumos da geração eólica no país. “A crise econômica de 2008 atingiu os grandes mercados europeus e norte-americanos, fazendo com que os fabricantes de geradores se voltassem para países em desenvolvimento, como Índia, China e Brasil”, diz Elbia. As novas fábricas possibilitaram que, em 2009, fosse realizado o primeiro leilão de energia específico para a geração eólica. “Entre 2004 e 2009, houve um ganho de tecnologia muito forte, e o custo de produção de energia eólica caiu bastante”, diz Eliane. De fato, o primeiro leilão competitivo alcançou preço médio de R$ 148,39 por MWh. Em 2004, segundo Elbia, esse custo era de R$ 320/MWh. O avanço da tecnologia resultou em torres e pás maiores, com impacto direto na eficiência. “Antes, as torres tinham 50 me- tros; agora, têm 100, e os ventos mais altos são mais rápidos”, aponta a presidente da ABEEólica. Baitelo, do Greenpeace, lembra que as turbinas funcionam com velocidades cada vez menores. No começo do Proinfa, segundo Eliana, uma turbina gerava 700 KW. Hoje, há equipamentos gerando entre 1500 e 3000 KW. Mesmo uma das principais queixas dos céticos – a imprevisibilidade dos ventos – está amenizada. “Hoje, dá para prever com até três dias de antecedência se vai haver deslocamento de ar para a geração eólica”, aponta Baitelo. O incremento técnico e os ótimos regimes de vento no Brasil tornaram a geração eólica do país a mais eficiente do mundo. “O fator de capacidade, que é a média de produção no ano em relação à capacidade total da turbina, é de 45%, com extremos que vão de 20% a 70%”, aponta Eliane. “Não existe país com esse fator”. Futuro A ABEEólica e o Greenpeace consideram que o setor no Brasil está consolidado – Baitelo destaca, por exemplo, que em cinco anos a geração eólica aumentou em dez vezes sua participação na matriz brasileira. tendências | VidaBosch | 25 A Bosch na sua vida Tecnologia do chão até as pás celle – caixa com a turbina e a hélice instalada no topo da torre – para alinhála com a direção do vento. Chamado Mobilex GFB, faz desde grandes ajustes na posição da turbina até pequenos movimentos para garantir melhor eficiência na captação dos ventos. O equipamento também pode ser aplicado no sistema de controle de ângulo das pás para que a torre eólica tire o melhor rendimento da força do vento. Para manter tudo funcionando bem, é preciso um sistema de lubrificação eficiente. Com esse objetivo, a Bosch Rexroth também desenvolveu o sistema de filtragem e resfriamento do óleo que contribui para a longevidade do sistema. A lubrificação é fundamental para garantir mais vida útil para as turbinas eólicas, ainda mais em condições de operação quase contínua. Para minimizar riscos e prejuízos, a Bosch Rexroth ainda oferece o sistema BladeControl, responsável pelo monitoramento das condições operacionais da torre. Essa tecnologia consegue captar até pequenas rachaduras nas pás, evitando acidentes e diminuindo custo e tempo de manutenção. Arquivo Bosch Rexroth Mas ainda há muito vento a ser colhido. No estágio atual de desenvolvimento, não é possível conservar a energia criada pelas pás: se ela não entrar no sistema de distribuição, acaba se perdendo (ao contrário do que ocorre com a hidrelétrica, em que o aumento do lago pode servir como uma reserva). De qualquer modo, segundo o Atlas Eólico Brasileiro, publicado pela Eletrobrás, o país teria um potencial de gerar 143 mil MW. Só que o estudo é de 2001, quando não havia torres com mais de 50 metros. De acordo com o Greenpeace, considerando o conhecimento mais atual sobre o regime de ventos no Brasil e as novas tecnologias, esse patamar estaria entre 300 mil e 350 mil MW, o que representa cerca de três vezes toda a matriz energética atual do país. Já o Plano Decenal de Expansão de Energia do Ministério de Minas e Energias prevê que, em 2021, haverá 15 mil MW instalados de energia eólica, o que equivaleria a 8% da matriz elétrica daquele ano. Com base no crescimento dos últimos anos, no entanto, Elbia aposta que se pode chegar a até 20 mil MW (12%). Baitelo trabalha com uma proporção ainda maior: 20%. Quem estará certo? Os ventos dirão. Aproveitando os recursos disponíveis na natureza, em 1795, Georg Ludwig Rexroth colocou em operação, na região de Spessart (Alemanha), um moinho que transformava a força da água em energia mecânica. Mais de 200 anos depois, a empresa que ele criou e que leva seu nome – hoje parte do grupo Bosch – está no centro dos avanços tecnológicos que permitem transformar a energia dos ventos em eletricidade. Há 30 anos, a Bosch Rexroth – uma das líderes mundiais em tecnologias de acionamentos e controles – fabrica equipamentos para turbinas eólicas. A empresa produz, por exemplo, a caixa multiplicadora Redulus GPV, que amplifica a velocidade gerada pelas hélices das turbinas eólicas e a repassa para o gerador de eletricidade. Ela é compacta e pode chegar a ser até 15% mais leve do que as outras disponíveis no mercado. O que não quer dizer que seja frágil: é projetada para funcionar por até 20 anos, ou durante 175 mil horas operacionais, em turbinas que geram mais de 2 MW. A Bosch Rexroth também fabrica o equipamento que permite mover a na- Divulgação 26 | VidaBosch | grandes obras | Por Claudia Zucare Boscoli Rodoanel carioca Arco Metropolitano promete desafogar o trânsito do Rio de Janeiro e atrair investimentos para a Baixada Fluminense O Rio de Janeiro pode ser a Cidade Maravilhosa para quem passeia pela orla de Ipanema, mas é a Cidade dos Pesadelos para quem pega a Avenida Brasil em horário de pico. Além dos milhões de cariocas que circulam pelo local, a via é passagem obrigatória para todos os caminhões de carga que cruzam o estado do Rio de Janeiro por três das principais rodovias federais do país: BR-101 (Rio-Santos/Rio-Vitória), BR-116 (Via Dutra/Rio-Bahia) e BR-040 (Rio-Belo Horizonte-Brasília). O resultado é um tráfego caótico. O tempo médio de trânsito na Região Metropolitana do Rio já é maior que o de São Paulo, afirma o economista Mauro Osório, doutor pelo Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Uma possível solução para o problema já existe no papel há 40 anos, mas só agora está próxima de se tornar realidade. Desde 1973, os sucessivos planos rodoviários do Departamento de Estradas de Rodagem do Estado do Rio de Janeiro (DER-RJ) preveem a construção de um Arco Metropolitano para desviar o fluxo de veículos da área urbana da capital. O projeto, no entanto, só saiu dos escaninhos oficiais em 2008 e, depois de vários atrasos, deve ser entregue até dezembro deste ano, de acordo com previsão da Secretaria de Estado de Obras. O empreendimento faz parte do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal e tem orçamento total de R$ 1,6 bilhão. Ao todo, serão 145 quilômetros de rodovias que interligarão os trechos norte e sul da BR-101 com a BR-040 e a BR-116 por meio de um arco viário que vai contornar a Baía de Guanabara e cortar oito municípios da Baixada Fluminense: Itaboraí, Guapimirim, Magé, Duque de 28 | VidaBosch | grandes obras Três Rios 393 Barra do Piraí Vassouras Teresópolis 040 Petrópolis Piraí Duque de Caxias SEGMENTO C RJ - 109 Magé 116 SEGMENTO D 116 101 SEGMENTO A 493 Queimados Itaguaí Guapimirim Itaboraí São Gonçalo AVENIDA BRASIL SEGMENTO B Rio de Janeiro Dividido em quatro partes, o Arco prevê construção de novos trechos e duplicação Caxias, Nova Iguaçu, Japeri, Seropédica e Itaguaí. “A obra terá capacidade de estruturar a malha rodoviária da Região Metropolitana do Rio através da conexão dos cinco grandes eixos rodoviários do país: rodovias Rio-Santos, Rio-São Paulo, Rio-Belo Horizonte-Brasília, Rio-Bahia e Rio-Vitória”, afirma o secretário de Obras do estado do Rio, Hudson Braga. Além de desafogar a Avenida Brasil e aliviar o tráfego também na Ponte Rio-Niterói, o Arco deve facilitar o acesso ao Porto de Itaguaí, localizado ao sul do município do Rio de Janeiro, conectando-o ao Comperj, maior complexo petroquímico em construção pela Petrobras, que fica na outra cabeceira do arco. “Uma carga que vem de caminhão de Minas Gerais para o Porto de Itaguaí, via BR-040, hoje precisa passar obrigatoriamente pela congestionada Avenida Brasil. Com o Arco, a avenida poderá ser evitada, ganhando tempo no frete e reduzindo custos”, exemplifica Braga. Segundo um estudo de 2008 do Sistema Firjan e do Sebrae-RJ, o Arco vai reduzir em até 20% os custos de transporte de mercadorias na região. Divulgação Etapas da obra O projeto do Arco prevê a ligação de quatro trechos de estradas (segmentos A, B, C e D), três deles de rodovias federais já existentes e uma nova rodovia estadual que começou a ser construída em 2008 (veja mapa). O segmento A será formado pela BR-493, rodovia federal de 24,9 quilômetros que percorre o norte da Região Metropolitana do Rio, conectando a BR101 na altura de Itaboraí com a BR-116 em Magé. A estrada está sendo duplicada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), do governo federal. De Magé, o Arco Metropolitano seguirá por um trecho já existente da BR-116. O percurso de 22 quilômetros, administrado pela Concessionária Rio-Teresópolis, corresponde ao segmento D do projeto e vai até o trevo da BR-040 em Duque de Caxias. Nesse ponto, o Arco entrará no único trecho que começou do zero: o segmento C. Trata-se da rodovia estadual RJ-109, estrada de 73 quilômetros que está sendo construída pelo DER-RJ e vai do trevo da BR-040, grandes obras | VidaBosch | 29 em Duque de Caxias ao acesso ao Porto de Itaguaí na BR-101, cortando as rodovias BR465 (antiga Rio-São Paulo) e BR-116. Por fim, o segmento B, no extremo sul do Arco, corresponde a um trecho de 26 quilômetros da BR-101 que vai do município de Mangaratiba, no sul da Região Metropolitana do Rio, até o início da Avenida Brasil, já na capital fluminense. Este trecho, que dá acesso ao Porto de Itaguaí, já foi duplicado pelo governo federal. A Secretaria de Estado de Obras do Rio de Janeiro estima que 15 milhões de metros cúbicos passarão por processos de terraplenagem e 91 mil metros cúbicos de concreto serão consumidos em 54 viadutos, 18 pontes, 82 passagens inferiores e nos diferentes trechos de rodovia em pavimento rígido. Atualmente, 2.500 operários utilizam 650 equipamentos diferentes na obra. Atraso e desenvolvimento Iniciado em 2008, o Arco deveria ter sido entregue em 2010. De acordo com o governo estadual, o atraso se deve a entraves nos processos de desapropriação e a descober- O Arco vai reduzir em até 20% os custos de transporte de mercadorias na região, segundo um estudo de 2008 tas arqueológicas e ambientais. Ao longo do traçado do Arco, foram encontrados 66 sítios arqueológicos, de onde foram retiradas peças de alto valor, que estão sendo catalogadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e deverão ser encaminhadas para museus. Também foi encontrada uma espécie de perereca em extinção (Physalaemus soaresi), o que exigiu a inclusão de um viaduto extra à obra para desviar o trânsito do lago que serve de habitat ao animal. Um estudo encomendado pelo governo estadual, no entanto, indica que a espera vai valer a pena. Segundo o Plano Diretor do Entorno do Arco Metropolitano do Rio de Janeiro, a obra tem potencial para gerar 825 mil novos postos de trabalho nos municípios por onde as estradas vão passar e nos arredores. Petrobras, CSN e Gerdau estão construindo terminais portuários em Itaguaí. Em Queimados, a austríaca RHI prevê investimentos de R$ 300 milhões e a Deca, de R$ 120 milhões. Em Seropédica, a Procter & Gamble deve investir R$ 100 milhões; a Petrobras, R$ 900 milhões; e a Coquepar, R$ 1,2 bilhão. Apesar do potencial de gerar benefícios, Mauro Osório, da UFRJ, lembra que é preciso insistir em ações conjuntas e de longo prazo para que o investimento traga avanços reais para a região. “O trânsito só será desafogado, de fato, se o Porto de Itaguaí for valorizado. Se o destino da maioria dos caminhões for o Porto do Rio, no Centro da cidade, de nada terá adiantado”, afirma, salientando que Itaguaí tem capacidade para competir com o Porto de Santos, em São Paulo. Outro alerta é para o risco de crescimento desordenado. “A Baixada Fluminense, hoje, é dormitório. O Arco pode ser um fator de atração, de geração de vantagens para as indústrias se instalarem. Mas não se deve atrair mais gente. É preciso, sim, gerar infraestrutura suficiente para atender os moradores que já estão lá”, defende. Leveza e eficiência Em uma obra como o Arco Metropolitano do Rio de Janeiro, os trabalhadores costumavam usar máquinas pesadas, capazes de moldar grandes estruturas de concreto. Manusear esses equipamentos pode ser bastante cansativo. Por isso, para os operários envolvidos no projeto é um alívio saber que podem contar com ferramentas mais leves, mas igualmente eficientes. É isso que os martelos e esmerilhadeiras da Bosch estão proporcionando para equipes envolvidas na duplicação da BR-493 entre Itaboraí e Magé, trecho inicial do Arco, na zona norte da Região Metropolitana do Rio. O martelo rompedor GSH 11 E, usado para moldar estruturas e demolir sobras de concreto, é um exemplo desse casamento entre leveza e eficiência: pesa 10 quilos e faz um trabalho tão bom quanto ferramentas mais pesadas. “Ele apresenta uma ótima taxa de remoção de concreto para o peso que tem”, afirma William Aquino, consultor técnico da Bosch. Ele lembra, ainda, que na obra também estão sendo utilizados modelos de martelos demolidores mais pesados da Bosch, como o GSH 16-28 (16 quilos) e o GSH 27 VC (30 quilos). A mesma relação entre leveza e eficiência pode ser encontrada na esmerilhadeira GWS 15-125 CIH da Bosch, que tem 5 polegadas, mas cujo desenho é parecido com o de uma de 7, mesmo sendo mais leve que esta. A Bosch, aliás, também está fornecendo uma esmiralhadeira de 7 polegadas para as obras: o modelo GWS 22-180. Além de martelos e esmerilhadeiras, os operários envolvidos na duplicação da BR-493 também estão recorrendo a ou- Arquivo Bosch A Bosch na sua vida tras ferramentas da Bosch, como o nível a laser GRL 300 HV, para checar se as pistas e estruturas estão bem niveladas, além da serra mármore GDC 14-40 e das serras circulares GKS 7 ¼ e GKS 235, usadas na fabricação das formas para peças de concreto. Kzenon/Shutterstock 30 | VidaBosch | brasil cresce | Por Bruno Fiuza A força das formigas Crescimento do “mercado formiguinha” de reformas encarece serviços e estimula capacitação dos autônomos da construção D epois de trabalhar por 15 anos em empresas de construção civil na cidade de São Paulo, em 2005 o marceneiro Lourival da Silva Bitencourt decidiu virar profissional autônomo. Oito anos depois, está satisfeito com o caminho que escolheu: a quantidade de trabalho é tamanha que ele chega a escolher quais projetos tocar. “Muitas vezes, não é que eu deixo de pegar um serviço, mas peço um prazo maior em função de tantas coisas que tem para fazer.” A história de Lourival reflete um fenômeno que pouco aparece nas estatísticas: o grande crescimento do mercado de reformas e pequenas obras no Brasil nos últimos anos. Popularmente chamado de “construção formiguinha”, esse segmento frequentemente escapa ao radar do setor por ser bastante pulverizado. É captado apenas de modo indireto. “Você consegue mensurar a ampliação do número de pessoas que fazem reformas pela quantidade de material de construção vendida no varejo”, afirma o professor Abílio José Weber, diretor da Escola Orlando Laviero Ferraiuolo, centro de formação do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) de São Paulo dedicado à construção civil. E, de fato, os números mostram expansão nos últimos anos. De acordo com a Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco), o faturamento das lojas de varejo no Brasil passou de R$ 34,5 bilhões, em 2005, para R$ 55 bilhões em 2012. O crescimento do mercado de reformas e pequenas obras acompanhou a expansão geral da construção civil, puxada pelo boom imobiliário que o Brasil vive desde a segunda metade dos anos 2000. O Estudo Setorial da Construção 2012, do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Econômicos (Dieese), mostra que, depois de amargar três anos de resultados negativos no começo da década (entre 2001 e 2003), o PIB da construção civil entrou em um período de expansão em 2004 que só seria interrompido em 2009. Mesmo assim, já em 2010 o setor se recuperou e apresentou um crescimento recorde de 11,6%. 32 | VidaBosch | brasil cresce Auremar/Shutterstock Boa parte dessa bonança se deveu à expansão da oferta de crédito imobiliário, que passou de R$ 14 bilhões em 2005 para R$ 118 bilhões em 2011, segundo números apresentados no estudo Estruturação do Mercado de Reformas no Brasil – Diagnóstico e Diretrizes, realizado pela LCA Consultores em 2012. Por isso, a face mais visível da prosperidade da construção civil nos últimos anos foi a avalanche de novos empreendimentos que tomaram conta das cidades brasileiras. Do que pouca gente se dá conta, no entanto, é que nem todo mundo comprou ou trocou de casa. Muitos simplesmente melhoraram a própria residência, como lembra o professor Marcos Crivelaro, diretor da área de cursos técnicos em construção civil do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP). “Nos últimos anos, houve uma maior inclusão de pessoas na classe média, e, quando você melhora de vida, um dos itens que sempre estão na pauta para destinar o seu maior salário, essa renda extra, é melhorar a casa”, afirma. Apesar de não haver um levantamento preciso sobre o número de pessoas que engrossaram essa tendência, a pesquisa O Brasileiro e a Reforma, feita em 2012 pelo Instituto Data Popular, estima que em 2011 cerca de 12 milhões de domicílios no país passaram por algum tipo de melhoria e que o número deve subir para 16,8 milhões em 2013. E a demanda por reformas não vem só dos proprietários antigos, mas também dos novos. “Novas construções demandam reformas, pois muitas unidades são entregues sem alguns acabamentos, e as famílias realizam adaptações antes de entrar no imóvel”, observa Carina Saito, gerente de mercado de reformas da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP). “O boom imobiliário e o Programa Minha Casa Minha Vida causaram um efeito de valorização da casa e do investimento no imóvel.” Serviço mais caro Com o crescimento da demanda por reformas, o autônomo aumentou seu preço Um dos efeitos dessa tendência foi o aumento no valor da mão de obra do setor – apesar de, entre 2009 e 2011, quase 1 mi- brasil cresce | VidaBosch | 33 lhão de trabalhadores ter entrado nesse mercado, segundo o Dieese. Não há números sobre a renda dos autônomos, mas uma baliza pode ser o que ocorre entre os empregados: o salário dobrou desde 2005, segundo o Índice Nacional da Construção Civil, calculado pelo IBGE. “Com a grande demanda de mão de obra nos últimos anos, o profissional autônomo aumentou seu preço, porque ele pode escolher o serviço. Se várias pessoas pedem para ele fazer um trabalho, ele vai optar por quem paga melhor ou pela obra que dura mais. Esse profissional está ganhando mais hoje do que há dez anos”, garante Crivelaro. Essa melhora foi sentida pelo pedreiro João Benedito Pereira da Luz, que trabalha há 15 anos como autônomo em São Paulo. Ele notou impacto maior nos últimos três anos. “Começou a aparecer mais obra. As pessoas estão ganhando mais, barateou o material de construção, então o pessoal está construindo e reformando mais.” O estudo do Dieese mostra que a construção civil continua a ser um dos ramos com a maior proporção de profissionais autô- O faturamento das lojas que vendem material de construção no varejo passou de R$ 34,5 bilhões em 2005 para R$ 55 bilhões em 2012 nomos na economia brasileira. Segundo a pesquisa, dos 7,8 milhões que trabalhavam no setor em 2011, 3,2 milhões atuavam por conta própria. Ou seja: dez em cada quatro. Nesse cenário de custos mais elevados, como escolher bons pedreiros, marceneiros, serralheiros, instaladores, pintores, eletricistas ou encanadores? De acordo com o estudo do Instituto Data Popular, 76% das pessoas que planejavam reformar a casa pretendiam contratar um profissional conhecido, indicado ou do bairro, que trabalhava por conta própria. Uma boa notícia é que o aquecimento do mercado vem provocando mudanças entre os profissionais da construção civil. Nos últimos anos, a busca por capacitação cresceu muito. Segundo o professor Abílio José Weber, a procura por cursos técnicos de curta duração no Senai de São Paulo aumentou cerca de 45% desde 2008. Marcos Crivelaro chama atenção para um aspecto desse fenômeno: antigamente, só jovens frequentavam os cursos técnicos da área de construção civil do IFSP, ao passo que hoje muitos profissionais que já atuam na área têm buscado esse tipo de formação. Com profissionais mais preparados, fica mais fácil diminuir o grau de informalidade que ainda rege as relações entre quem contrata e quem presta serviços nessa área. “A boa reforma precisa de profissionais treinados e experientes. É importante buscar referências, orçar os serviços com diversas empresas e comparar propostas”, diz Carina Saito. “É muito importante registrar detalhadamente todos os serviços que serão contratados, através de termos, propostas de trabalhos e contratos”, aconselha. Alguns especialistas recomendam que se pague por etapas, conforme a obra for avançando, e que se acerte a última parcela só na entrega final, depois de conferir se foi tudo feito conforme o planejado. Costuma ser uma boa maneira de fazer o profissional cumprir prazos e garantir a eficiência do serviço. Ferramentas para quem vive de ferramentas Ao contrário de um funcionário de empresa de construção civil, o autônomo do setor é o único responsável pelos seus instrumentos de trabalho. Por isso, a escolha de suas ferramentas é uma decisão fundamental. Foi de olho nesse profissional que a Bosch decidiu dedicar uma linha de equipamentos só para esse público. A empresa comercializa duas marcas de ferramentas no Brasil: Bosch e Skil. Enquanto a primeira é voltada para o trabalho em obras de grandes proporções, a segunda busca atender as necessidades específicas dos profissionais autônomos, explica Alexandre Bomk, chefe de marca da Skil na América Latina. Para reforçar o vínculo com os autônomos, Alexandre conta que, a partir de 2011, a Skil começou a reformular o design de seus produtos para se aproximar mais desse público. A renovação foi baseada em pesquisas feitas com profissionais autônomos para saber o que esses consumidores esperam de seus instrumentos de trabalho. “Eles querem uma ferramenta confiável, potente, com alta durabilidade e preço justo”, diz Bomk. Os produtos Skil, segundo ele, atendem a essas demandas. “A qualidade dos componentes internos faz com que a máquina seja mais durável e tenha melhor performance”, afirma Bomk. Além disso, ele diz que o novo desenho melhorou a ergonomia dos equipamentos, o que rendeu ao martelete 1559 e às linhas de furadeiras de 10 mm e 13 mm o RedDot Design Awards, um dos mais importantes Arquivo Bosch A Bosch na sua vida prêmios de design do mundo. A primeira ferramenta Skil com o novo visual foi lançada no primeiro semestre de 2012, e a marca aproveitou a edição de 2013 do Salão Internacional da Construção (Feicon), em São Paulo, para divulgar a inovação ao mercado, com o lançamento do martelete 1559, um dos ganhadores do RedDot Desing Awards. 34 | VidaBosch | atitude cidadã O médio está ruim Kzenon/Shutterstock A maioria dos jovens fica fora de onde deveria estar: uma sala de aula no 2º grau | Por Ricardo Meirelles 36 | VidaBosch | O atitude cidadã Brasil obteve, nas últimas décadas, avanços incontestáveis na educação. Há menos analfabetos, e os brasileiros passam mais anos estudando. Porém, muitos adolescentes e crianças ainda padecem com reprovações e abandonos. Um gargalo decisivo é o ensino médio, em que o número de matriculados patina, ou mesmo recua, há dez anos. Assim, forma-se um funil em que, grosso modo, no primeiro ano do ensino fundamental entra uma população equivalente à de Goiás e no terceiro ano do antigo colegial resta uma população equivalente à de Goiânia. Ficam para trás cerca de 4,5 milhões de pessoas. Como resultado, de acordo com dados do Censo de 2010, a maioria (56,6%) dos jovens de 15 a 17 anos não está onde deveria estar: em frente a uma lousa de uma classe do segundo grau. Este contingente engrossa as salas de aula do fundamental ou, em menor proporção (16,6%), não frequenta escola alguma. Uma comparação com décadas anteriores sugere que o problema já foi pior. Ainda que, em 2010, apenas 43,4% dos jovens de 15 a 17 anos estivessem no ensino médio, a proporção era menor em 2000 (32,7%) e 1991 (15,5%). O percentual desses jovens fora da escola também caiu: 45,5% em 1991. 22,6% em 2000 e 16,6% em 2010. Mas, quando se analisam os indicadores ano a ano, o quadro se mostra mais grave. Em alguns períodos, o movimento se inverteu. Basicamente, a proporção de brasileiros de 15 a 17 anos nos bancos escolares se manteve entre 81% e 85% na última década. Para qualquer sociedade que busque justiça social e não queira desperdiçar talentos, os dados recentes são trágicos. “Estamos perdendo uma geração”, lamenta a consultora Guiomar Namo de Mello, uma das maiores especialistas em educação no país. Um dos efeitos dessa tendência é engrossar o contingente dos “nem nem” – pessoas que nem estudam nem trabalham. Segundo o último Censo, 10,8% dos jovens de 15 a 17 anos (1,1 milhão) estavam nessa categoria. O pesquisador da Unicamp Cleiton de Oliveira, professor colaborador da Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep), vê nesse fenômeno um risco a um dos maiores ganhos sociais do Brasil nos últimos anos: a redução da desigualdade de renda no trabalho. De um lado, na camada mais pobre, os adolescentes abandonam a escola. Na outra ponta, há “um grupo de jovens fazendo cada vez mais intercâmbio em outros países, incrementando mais seus conhecimentos. E é esse pessoal que vai dar as regras no futuro.” Guiomar chama o segundo grau de “ensino para sobreviventes”. Sobreviventes porque passaram pelo ensino fundamental – a despeito da fraca qualidade do que é ministrado –, permaneceram na escola mesmo tendo de trabalhar e tiveram determinação para absorver um conteúdo só remotamente ligado a seu dia a dia. “No ensino médio, explodem problemas que foram sendo vividos ao longo do tempo, no fundamental”, diz Oliveira. “No fundamental, ainda há a exigência dos pais para que a criança vá à escola, mas no médio isso perde força.” Uma das bombas que começam a ser armadas na etapa anterior é a que o físico e educador Sérgio Costa Ribeiro (19371995) chamou de “pedagogia da repetência”. Predomina em várias redes a cultura de que reprovar muito dá bons resultados. O efeito mais comum, porém, é produzir grande quantidade de alunos que estudam em classes inadequadas para sua idade – o que muitas vezes os leva a largar a escola. As taxas de repetência do Brasil estão entre as maiores do mundo. O grande volume de reprovações no fundamental tem impacto decisivo no abandono da fase seguinte, destaca o sociólogo Fernando Tavares Junior, coordenador do Grupo de Pesquisa em Equidade, Políticas e Financiamento da Educação Pública, da Universidade Federal de Juiz de Fora. “Quanto mais tarde se chega ao Tyler Olson/Shutterstock atitude cidadã | VidaBosch | 37 No ensino básico, entra uma população do tamanho de Goiás e sai uma do tamanho de Goiânia 38 | VidaBosch | atitude cidadã Operation Shooting /Shutterstock O abandono é maior não entre o fim do ensino fundamental e o início do médio, mas no 1º ano do antigo colegial ensino médio, maior a probabilidade de evasão. Estudar consome tempo, energia, dinheiro. E, quanto mais se avança na vida, mais outras esferas exigem atenção, como trabalho, família, relações afetivas, filhos.” Os números indicam, porém, que o grande fosso não é entre o fim do fundamental e o início da próxima etapa, mas no próprio ensino médio. Em 2011, por exemplo, havia 3 milhões de alunos no 9º ano, 3,4 milhões no 1º ano do ensino médio e 2,6 milhões no 2º ano. Em todo ciclo escolar, a maior taxa de abandono (11,8%) é a da primeira série do antigo colegial. “O aluno até chega ao ensino médio, mas para logo”, resume Guiomar. Outra herança maldita do fundamental que faz estragos no ensino médio é a baixa qualidade do ensino. Com uma base frágil em disciplinas como português e matemática, é comum que os jovens tenham dificuldade em acompanhar o conteúdo do segundo grau e desistam. O descasamento entre o que é dado no colégio e o que os estudantes vivenciam fora dele, também presente no fundamental, contribui para o abandono, segundo a professora Acácia Kuenzer, do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Tavares Jr, da Federal de Juiz de Fora, aponta outro entrave: a má distribuição geográfica dos colégios, que obriga os alunos a perder mais tempo em trânsito. “Há muitas escolas de ensino fundamental, que é responsabilidade dos municípios, com atendimento em bairros variados, periferias e mesmo zonas rurais. No ensino médio, que é responsabilidade estadual, há menos escolas e sua distribuição geográfica é muito pior, pois são ainda concentradas. Muitas vagas são ofertadas à noite e nem sempre há transporte adequado e segurança.” Currículo e professores Como o funil da educação básica tem várias causas, as propostas para combatê-lo são também diversas. Uma medida frequentemente sugerida é a reformulação do currículo. “O ensino médio é marcado por um conteudismo exagerado, por uma grade curricular entupida”, afirma Acácia. Ela recomenda “despoluir a grade”, a fim A Bosch na sua vida Aula melhor e apoio psicológico O objetivo de incrementar a educação no ensino médio é o que move o projeto Jovens em Ação, parceria entre o Serviço Social da Indústria (Sesi) do Paraná e o Instituto Robert Bosch. Iniciado em 2005, ele mescla aulas do ensino médio regular e do ensino profissionalizante com apoio psicológico aos adolescentes e aos pais. O público são moradores da Vila Barigui, comunidade na Cidade Industrial de Curitiba. “O Instituto paga o transporte, a alimentação, o material escolar, o uniforme e a mensalidade do Sesi”, diz o coordenador do Instituto em Curitiba e Santa Catarina, Dirceu Puehler. O programa já formou três turmas, com 98 alunos no total. Para a quarta edição, que começou no ano passado, inscreveram-se cerca de 300 jovens, dos quais 45 foram selecionados – a prioridade é para os de baixa renda, em situação de vul- atitude cidadã | VidaBosch | 39 de haver mais espaço para apoio pedagógico (aulas de reforço). Guiomar propõe um currículo mais enxuto, que enfatize matemática e língua portuguesa – as demais disciplinas seriam mescladas e sintetizadas em conteúdos chamados ciências humanas e ciências exatas. Acácia avalia que é preciso ampliar a oferta de ensino médio integrado (uma mistura do técnico com o convencional). As duas educadoras dizem que seria importante, de algum modo, dar apoio financeiro aos estudantes – por meio de bolsas, transporte e uniformes gratuitos, por exemplo. Um ponto de consenso, que afeta o fundamental e se agrava no médio, é a necessidade de melhorar as condições de trabalho dos docentes. “Essa é a ferida principal”, resume Guiomar. “Quando comparada a remuneração dos professores com a de advogados e economistas, por exemplo, constata-se que os professores recebem 50% a menos”, aponta o professor Gilvan Luiz Machado Costa, do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul), em artigo na Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos. Logo, não é por acaso que faltam professores habilitados em várias disciplinas (em física, por exemplo, 75% não têm habilitação) e que os que persistem trabalhem mais e com mais turmas do que os docentes de outros níveis. Oliveira sublinha a importância do envolvimento da família, dos conselhos escolares e da sociedade nessa questão. “Trata-se do futuro das pessoas e, por extensão, do município, do estado, do país. Há algo mais importante que isto?”. trabalhados temas como autoconhecimento, relacionamento familiar, habilidades individuais, orientação profissional e assuntos sensíveis na adolescência, como gravidez e drogas. Às vezes, as reuniões incluem os pais. “O centro do projeto é o estudo, o desen- volvimento pessoal, para que o jovem termine o curso com chances de conseguir uma colocação melhor no mercado”, comenta a analista de responsabilidade social. Até agora, mais de 80% dos alunos formados obtiveram emprego na área que escolheram. nerabilidade, mas que tenham condições de adotar uma rotina intensa de estudos. O dia a dia é, de fato, “puxado”, como define a psicóloga Luíza Batiston Prado, analista de responsabilidade social do Instituto Roberto Bosch. No formato atual, de manhã os estudantes trabalham como aprendizes (25 estão na planta da Bosch da capital paranaense); à tarde, estudam no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), num curso de auxiliar administrativo e produção industrial. À noite, fazem o ensino médio comum, no Sesi. Mesmo as aulas noturnas, porém, adotam metodologia diferente, por meio de oficinas de aprendizagem com ênfase em: proposição de desafios, solução de problemas, trabalho em equipe e elaboração de projetos. Em uma tarde por semana, as aulas no Senai são substituídas por encontro com psicólogos e voluntários da Bosch. Nessas ocasiões, o foco é o apoio ao desenvolvimento individual. Segundo Luíza, são Arquivo Bosch A cultura de reprovação no fundamental faz com que os alunos cheguem mais velhos ao ensino médio e tenham mais dificuldade de conciliar os estudos com outras tarefas aquilo deu nissso Malinovskyy Kostyantyn/Shutterstock 40 | VidaBosch | Se os carros hoje conseguem reunir uma parafernália eletrônica digna dos Jetsons, muito se deve a um dispositivo criado 100 anos atrás | Por Bruno Meirelles Um século de energia 42 | VidaBosch | A aquilo deu nissso Cristi Lucaci/Shutterstock o anoitecer, basta ligar os faróis do carro para continuar guiando com segurança. Nos dias de forte calor, é só acionar o ar-condicionado para refrescar o interior do veículo. Se o vidro estiver aberto, o toque de um botão é capaz de fechá-lo. Caso o trânsito esteja carregado, é possível se distrair ligando o rádio. Quando a chuva cai repentinamente, o limpador de para-brisas melhora a visibilidade. E se alguém ousar furtar o carro, um alarme imediatamente será acionado, travando o veículo. Esses recursos elétricos tão distintos, presentes nos automóveis, têm algo em comum: só se tornaram possíveis graças à invenção de uma peça pouco conhecida pelos leigos – o alternador. Até 1913, os carros eram bastante simples e seu funcionamento não requeria muita energia para funcionar. Toda a alimentação necessária provinha somente de um magneto, que fornecia a faísca para dar a partida no motor. Aos poucos, apareceram componentes que demandavam cargas maiores e exigiam uma bateria para supri-los. O primeiro deles foi o sistema de iluminação elétrica, criado pela Bosch. “Não seria prático criar uma bateria que precisasse ser retirada do carro e carregada em casa. Era preciso inventar um sistema de alimentação dentro do próprio veículo”, explica Francisco Satkunas, diretor conselheiro da seção brasileira da Sociedade de Engenheiros da Mobilidade (SAE Brasil). A solução adotada pela Bosch em 1913 foi adaptar, para o sistema automotivo, um dispositivo que já existia sob formas rudimentares desde 1832, quando o francês Hippolyte Pixii produziu um gerador elétrico a dínamo: sim, um alternador. Aperfeiçoada posteriormente por Nikola Tesla (1856-1943), essa peça foi introduzida nos veículos com um funcionamento oposto ao do motor elétrico: ao invés de fazê-lo girar, era girado por ele, produzindo energia para alimentar a bateria. Na prática, o alternador transforma a energia mecânica que recebe em energia elétrica, usada para carregar a bateria automotiva. “Esse primeiros dispositivos forneciam só 4 amperes, enquanto os atuais chegam a 250. No entanto, eles foram um importante passo e serviram de base para a eletrificação de outros itens do carro, como a partida, introduzida pela Bosch em 1914”, afirma Rafael Borelli, gestor de marketing e produto da divisão Starter Motors and Generators da Bosch. A partida elétrica não apenas tornou muito mais prática a inicialização do motor, como também trouxe maior segurança para os condutores: até então, era preciso girar uma manivela para que o carro começasse a funcionar, o que provocava inúmeros acidentes, alguns deles fatais. Alternador x dínamo Na década de 1920, foi a vez de o limpador de para-brisas surgir para facilitar a vida dos motoristas, aumentando ainda mais a necessidade de geração de energia no veículo. Até então, boa parte dos automóveis ainda usava um dínamo para alimentar sua Os recursos elétricos (esq.) disponíveis nos carros de hoje se tornaram possíveis graças à invenção do alternador (dir.) aquilo deu nissso | VidaBosch | 43 O alternador tem um funcionamento oposto ao do motor elétrico: ao invés de fazê-lo girar, é girado por ele, produzindo energia para alimentar a bateria Mesmo princípio, maior eficiência essa evolução tecnológica, as vantagens sobre o dínamo ficaram maiores, tornando viável sua entrada definitiva no mercado automotivo. “O dínamo era muito suscetível à velocidade do motor e dava muitos defeitos. Além disso, demandava constante manutenção e não carregava em marcha lenta, enquanto os alternadores funcionavam até mesmo em baixas rotações”, explica Borelli, da Bosch. O passo final para sua consolidação foi dado em 1959, com a invenção do alternador trifásico, que permitiu que o dispositivo equipasse também ônibus urbanos (que dispunham de mais recursos eletrônicos que os automóveis e eram submetidos mais frequentemente ao anda e para do trânsito das grandes cidades). Shutterstock bateria. O alternador havia sido inventado tempos antes, mas ainda apresentava a desvantagem de ocupar muito espaço no carro e usar um processo complexo de fabricação, um obstáculo para a produção em massa. O alternador, como indica seu nome, gera corrente alternada (em que os elétrons mudam de direção a todo momento), enquanto a bateria trabalha com corrente contínua (processo em que os elétrons se movem num único sentido). Nessa passagem era preciso, portanto, haver uma retificação no meio do caminho, o que encarecia o produto. “Ele era uma peça mais complexa, contava com sistemas integrados, transistores, e não existia tecnologia para produzir isso em larga escala”, afirma Satkunas. A solução foi melhorar a eficiência dos alternadores e diminuir seu tamanho. Em 1933, a Bosch desenvolveu uma versão que combinava as funções de motor de partida e de alternador: gerava corrente elétrica durante seu próprio funcionamento. Com Ao longo desses 100 anos, o princípio de funcionamento do alternador não mudou, mas a peça se tornou mais compacta e capaz de produzir maior quantidade de energia, graças a alterações de design e à adoção de novos materiais em sua composição, como a troca da carcaça de ferro por alumínio. “O alternador foi capaz de diminuir a constância de manutenção que o carro antigo tinha, e hoje ele tem a mesma vida útil do motor. É a solução mais limpa, econômica, simples e durável”, diz o especialista da SAE Brasil. Ele ressalta, ainda, que o dispositivo é tão bem-sucedido que é utilizado até mesmo para gerar energia para aeronaves. Mesmo assim, houve alguns marcos na história recente dessa peça. Em 1989, por exemplo, foram criados os alternadores compactos para veículos leves, que traziam como características a redução de ruídos e o resfriamento interno. “Até então, a refrigeração era feita por ventoinhas externas. Com a internalização do processo, diminuiu não apenas o acúmulo de sujeira, como também o risco de acidente com as hélices”, explica o gestor da Bosch. A grande maioria dos alternadores presentes no mercado nacional é do modelo New Base Line (NBL). Criado em 2008, atende 95% do mercado automotivo brasileiro de carros de passeio e veículos comerciais leves. As novidades mais recentes são as apresentadas pelo modelo Power Density Line. O PDL é fundamental para viabilizar o sistema Start-Stop, que combina de modo inteligente motor, freios e bateria. Para economizar combustível e emitir menos gás carbônico na atmosfera, o Start-Stop desliga o motor quando o carro fica parado (em congestionamentos ou semáforos, por exemplo) e o religa quando o motorista pisa na embreagem. “Esses alternadores carregam a bateria mais rapidamente. Isso é importante para o funcionamento do Start-Stop, pois recarrega a bateria de forma mais rápida, permitindo que o sistema atue por mais vezes quando o carro está parado no trânsito ou em semáforos”, comenta Borelli. Oksix/Shutterstock 44 | VidaBosch | saudável e gostoso | Por Manuel Alves Filho O doce que faz bem Ótimo substituto para o açúcar, o mel traz tantos benefícios à saúde que muitos brasileiros o consideram um remédio H á 100 milhões de anos, bem antes do surgimento da espécie humana, foram registrados os primeiros vestígios da presença de abelhas no planeta. Estudos científicos indicam que estas teriam derivado de vespas predadoras que alteraram sua dieta alimentar – trocaram ácaros e insetos por néctar e pólen. Não fosse essa opção mais frugal, a humanidade provavelmente teria sido privada de um dos alimentos mais saborosos, saudáveis e versáteis do mundo: o mel. Fonte de energia e dotada de propriedades medicinais, a substância logo foi descoberta pelos humanos, que inicialmente apenas a extraíam das colmeias que encontravam na natureza. Com o tempo, porém, o homem passou a dominar a criação de abelhas, e relatos históricos apontam que no século 1 a.C. a apicultura comercial já estava estabelecida. Desse momento em diante, o mel se tornou o principal adoçante do mundo, até ser desbancado pelo açúcar, que a partir do século 16 começou a ser produzido em larga escala nas Américas. A julgar pelos inúmeros problemas de saúde causados hoje pelo consumo excessivo do derivado da cana-de-açúcar, a humanidade saiu perdendo na troca. O mel traz tantos benefícios para a saúde que chega a ser visto como um remédio por muitos brasileiros, afirma Radamés Zovaro, empresário do setor apícola e diretor técnico da Associação Paulista de Apicultores Criadores de Abelhas Melíferas Europeias (Apacame). “É um alimento de fácil digestão, que contribui para o equilíbrio do processo biológico do corpo humano. Isso ocorre porque ele contém proporções balanceadas de leveduras, vitaminas, minerais, enzinas e aminoácidos, entre outras substâncias. Como fonte de energia, excede todos os alimentos naturais.” O paradoxo brasileiro Zovaro acredita que a tendência do brasileiro de ver o mel mais como remédio do que como alimento ajuda a explicar um paradoxo que envolve o produto no país. Apesar de o Brasil fabricar um dos melhores e mais 46 | VidaBosch | saudável e gostoso StudioSmart /Shutterstock saborosos méis do mundo, o consumo do alimento não é muito significativo por aqui. “A minha projeção é de que cada brasileiro consuma perto de 150 gramas de mel ao ano. Comparado com países europeus, onde o consumo per capita pode alcançar 1 quilo, esse padrão é considerado baixo. As razões para isso são o clima tropical, o baixo poder aquisitivo de uma ampla faixa da população e o desconhecimento do valor nutricional e medicinal do mel”, afirma Aroni Sattler, engenheiro agrônomo especializado em apicultura e professor pesquisador da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). A produção de mel foi introduzida no Brasil em 1839 pelo padre Antônio Carneiro, que trouxe algumas colônias de abelhas da espécie Apis mellifera da região do Porto, em Portugal, para o Rio de Janeiro. Por mais de um século, porém, essa foi uma atividade de pouca importância no país. Curiosamente, só começou a se expandir por causa de um acidente. Em 1956, abelhas africanas foram introduzidas em solo brasileiro. Ocorre que alguns espécimes escaparam e cruzaram com os de origem europeia, gerando descendentes mais resistentes a doenças. Esse fato, somado à grande biodiversidade brasileira, caracterizada por uma flora extremamente rica, criou as condições para a fabricação de um mel muito apreciado e abriu caminho para que o Brasil se tornasse o quinto maior produtor do planeta, com algo em torno de O surgimento de abelhas mais resistentes e a diversidade da flora nacional fazem do mel do Brasil um dos mais apreciados no mundo 50 mil toneladas anuais. Estima-se que 40% desse montante seja destinado à exportação. Substituto do açúcar Ao vender para o exterior quase a metade do mel que produz, o Brasil está perdendo a oportunidade de combater um problema de saúde pública cada vez mais sério no país: o consumo excessivo de açúcar. O mel é considerado um ingrediente bastante versátil na gastronomia e um ótimo substituto do derivado da cana, como afirma o chef Eric Thomas, proprietário do Tantra, restaurante de São Paulo especializado em cozinha asiática. “Além de versátil, é natural, saudável e acessível em praticamente todas as partes do mundo. No Tantra, nós utilizamos esse ingrediente tanto nas bebidas como na gastronomia. Ele funciona como um ótimo substituto do açúcar – às vezes é mais doce que este – e tem uma perfeita harmonia nas criações de pratos com pimenta. Também combina muito bem com receitas agridoces, muito comuns na culinária do restaurante.” Thomas lembra, ainda, que o mel pode ir à mesa em todas as refeições, justamente por causa de suas múltiplas qualidades. No café da manhã, vai muito bem com bolachas ou torradas. No almoço, é capaz de dar bossa especial ao molho da salada. Já no jantar, apresenta-se como elemento essencial ao preparo de pratos agridoces, como o “Supremo sweet and sour”, cuja receita Eric Thomas generosamente compartilha com os leitores da VidaBosch. “Utilizo o mel, entre outras coisas, para deixar os ingredientes mais crocantes, realçar o sabor de outro elemento e incrementar a beleza do prato.” O cozinheiro ressalta que, a despeito das inúmeras possibilidades oferecidas pelo mel, ele não deve ser usado indiscriminadamente na cozinha. Um cuidado importante é verificar se o produto é puro e proveniente de um fornecedor confiável, visto que é alvo de inúmeros tipos de fraude. Pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) desenvolveram um método rápido para analisar se o mel é “batizado” ou não. Recorrendo a uma técnica chamada espectrometria de massas, eles mediram a pureza do produto em apenas um minuto. Ao longo da investigação, os cientistas descobriram que os fraudadores misturam uma série de aditivos ao alimento, como caramelo e até óleo de soja. Além disso, como existe uma grande variedade de méis no Brasil, Thomas diz que também convém se certificar do sabor predominante, determinado pela espécie de planta na qual as abelhas foram coletar o néctar. O mel de flor de eucalipto, por exemplo, tem sabor e aroma bem marcantes. O de flor de laranjeira, ao contrário, é mais suave e com notas frutadas. A ideia é usá-los de modo que cada um possa oferecer aos pratos e drinques os seus atributos mais acentuados, tornando-os ainda mais envolventes. Não pense, porém, que em termos culinários o mel só pode ser empregado em pratos da alta gastronomia ou mesmo em receitas extremamente elaboradas. O chef Thomas ensina uma maneira simples e ao mesmo tempo criativa de utilizar o alimento: “Tente comprar um belo favo de mel. Ofereça-o junto com queijos, pães e uvas. A beleza e o exotismo da mesa certamente valorizarão a sua festa e impressionarão os seus convidados”. Divulgação saudável e gostoso | VidaBosch | 47 Supremo sweet and sour Ingredientes 1 peito de frango temperado com sal e pimenta 1 copo de mel 1 copo de suco de laranja 1 copo de shoyu 2 dentes de alho amassados 1 colher de gengibre amassado 1 colher de cinco pimentas (malagueta, moça, preta, chilli e calabresa) Modo de preparo Coloque em uma cumbuca o mel, o suco, o shoyu, o alho, o gengibre e a pimenta. Misture todos os ingredientes. Grelhe o frango no azeite. Retire o excesso de azeite, acrescente o molho na mesma panela e deixe o frango cozinhar por cinco minutos. saudável e gostoso Saquê com mel Ingredientes Mel 1/2 manga Saquê Folhas de hortelã Modo de preparo Decore um copo com fios de mel. Em outro copo, amasse 1\2 manga com quatro fios de mel. Acrescente saquê e misture com gelo, até completar o copo. Transfira para o copo já decorado e finalize com folhas de hortelã. Receitas de Eric Thomas Tantra Mongolian Grill Rua Chilon, 364 Vila Olímpia São Paulo (11) 3846-7112 www.tantra restaurante.com.br destaque para colecionar Divulgação 48 | VidaBosch | Produzido e embalado como prometido. Bosch. Os sistemas de processo e embalagem da Bosch cumprem o desempenho prometido. Dia a dia. Ano após ano. O elevado desempenho e o baixo consumo de material reduzem os seus custos unitários e aumentam a eficiência do equipamento. Profissionais experientes com extensivo know-how garantem mundialmente um serviço competente. Descubra mais a respeito acessando www.boschpackaging.com Soluções Integradas Sistemas de Segurança e Comunicação Lugares seguros e com excelente comunicação. Nossos Sistemas de Segurança e Comunicação protegem bens e pessoas ao redor de todo o mundo. São fáceis de instalar e de alta confiabilidade. Estão presentes em espaços comerciais, restaurantes, hotéis, bancos edifícios públicos, centros de congresso teatros, estádios, salas de concerto, entre outros. Trabalhamos cada dia para assegurar a liderança tecnológica de nossos produtos. Por estas razões, a Bosch é a melhor opção em sistemas integrados de Segurança e Comunicação. Para mais informações acesse: www.boschsecurity.com.br
Documentos relacionados
cornal lixadeiras
32 atitude cidadã | Por que a primeira infância tem de ser a primeira prioridade 38 aquilo deu nisso | Sistemas automatizados aposentam a ordenha manual
Leia mais