Janeiro - Adventist World

Transcrição

Janeiro - Adventist World
Órgão Internacional dos Adventistas do Sétimo Dia
Ja n e i ro 2 01 0
compreendendo
a
Palavra
8 O Que Acontece
aos Desamparados
20
Lista de Dons
de Deus
26
O que é
Apostasia?
Jane iro 2010
AÇÃO
EM
IGREJA
Editorial............................. 3
Notícias
S A N D R A
B L A C K M E R
3 Notícias do Mundo
A R T I G O
D E
7 Os Estados Unidos
por Dentro
Visão Mundial
8
O Que Acontece aos
Desamparados
C A P A
Compreendendo a Palavra
Por Marcos Paseggi...................................................................... 16
Essas palavras serão traduzidas para, pelo menos, uma dúzia
de idiomas. Esse é nosso tributo aos que traduzem.
SAÚDE
NO
MUNDO
A Hérnia de Hiato
pode se Transformar
em Câncer? ..................... 11
Por Allan R. Handysides e
Peter N. Landless
DEVOCIONAL
Podemos Sempre Contar com a
Proteção de Deus?
Por J. Stanley McCluskey ............................................................ 12
Essa é uma pergunta que não podemos ignorar.
VIDA
Janela
PERGUNTAS
BÍBLICAS
O que é Apostasia? ....... 26
Por Angel Manuel Rodríguez
ADVENTISTA
Vivendo o Amor de Deus
Por Bárbara Ann Norton Kay ..................................................... 14
A emocionante e arriscada vida de um piloto missionário.
CRENÇAS
FUNDAMENTAIS
Lista de Dons de Deus Por James Park ............................... 20
ESTUDO
BÍBLICO
A Eterna Recompensa
do Apocalipse ................ 27
Por Mark A. Finley
Deus concede dons para a edificação de Sua igreja.
DESCOBRINDO
O
ESPÍRITO
DE
PROFECIA
Tornando os Escritos de Ellen White
Atrativos Para as Crianças Por Cindy Tutsch .................. 22
As crianças não podem apreciá-los se não os lerem.
HERANÇA
ADVENTISTA
Mineápolis, 1888 Por Gerhard Pfandl .................................. 24
Quais eram os assuntos? Quais foram os resultados?
Adventist World (ISSN 1557-5519) é editada 12 vezes por ano, na primeira quinta-feira do mês, pela Review and Herald
Publishing Association. Copyright (c) 2005. Vol. 6, nº 1, janeiro de 2010.
2
Adventist World | Janeiro 2010
INTERCÂMBIO
MUNDIAL
29 Cartas
30 O Lugar de Oração
31 Em Dia Com a AWR
O Lugar das
Pessoas ............................. 32
Tradução: Sonete Magalhães Costa
www.portuguese.adventistworld.org
A Igreja em Ação
EDITORIAL
Entrada Para um Novo Ano
H
á três anos, visitei, na companhia
de amigos, as escavações da antiga
Laodiceia, famosa cidade cuja igreja
era “morna”. Os arqueólogos marcaram onde as ruas um
dia se cruzavam, onde ficava o maior prédio público. Hoje,
entretanto, nada que esteja em pé é mais alto que a altura da
cintura. Laodiceia agora é basicamente uma coleção de cacos
de coisas quebradas: cacos de mármore, fragmentos de colunas, pedaços de blocos dos antigos prédios.
Eu me afastei do resto do grupo, feliz por ter um momento de serenidade. Então, virei para um lugar e senti que minha
respiração travou por um momento, como quando você vê
algo antigo e familiar em um lugar inesperado. Ali, com uma
altura de quase dois metros, os arqueólogos tinham reconstruído a antiga entrada de Laodiceia, exatamente onde caíra
séculos atrás. O mármore estava intacto e o portal gigante
emoldurava o brilhante céu azul.
Naquele dia, ouvi as palavras de Jesus em meu coração,
tão claras como se eu estivesse naquela igreja, para quem um
dia, há tanto tempo, foi dito: “Eis que estou à porta e bato; se
alguém ouvir a Minha voz e abrir a
porta, entrarei em sua casa e cearei
Com ele, e ele, comigo” (Ap 3:20).
Naquele dia, nasceu em meu
coração a resposta para o Senhor,
da mudança pela qual tenho orado
muitas vezes por mês desde então, e
que repito agora ao me deparar com
o limiar de um novo ano: “Sim, Senhor, eu abro a porta. Por favor, entra, agora e sempre. Nunca
mais fiques de pé batendo à porta, como alguém que não sabe
se é bem-vindo. Entra! Quero que Te sintas em casa! Fica à
vontade e descansa. Faze deste coração, desta vida, Tua habitação. Estou abrindo a porta. Decidi mudar.”
Ao você entrar em 2010, procure suas próprias palavras
para saudar o Senhor da mudança. Ele tem prazer em habitar
onde quer que Ele seja bem-vindo, onde quer que seja amado,
onde quer que seja obedecido. Neste novo ano, que você descubra a “alegria de cada coração amoroso” – “Cristo em você,
a esperança da glória” (Cl 1:27, NVI).
— Bill Knott
■ A companhia de construção sem
fins lucrativos “Maranatha Volunteers
International” completou, em 2009, seu
quadragésimo aniversário de trabalho
voluntário, construindo escolas, igrejas,
clínicas, orfanatos e hospitais.
Maranatha, um ministério apoiado
pela Igreja Adventista do Sétimo Dia,
já trabalhou com mais de sessenta
mil voluntários e completou projetos
em sessenta e três países desde sua
organização, no início de 1969.
A maior mudança em 40 anos foi a
habilidade da organização de responder
às necessidades das igrejas do mundo,
disse Kyle Fiess, vice-presidente de
marketing e projetos da Maranatha.
“Por vinte anos, a organização atendeu a vários projetos por ano. Agora, ela
funciona em vários países do mundo e
os projetos continuam aumentando”,
disse Fiess.
Até agora, a companhia recebeu
mais de cem mil pedidos para construção de igrejas, número com o qual a
organização pode lidar mais facilmente
devido à recente compra de equipamentos, dizem seus líderes.
Os projetos em execução incluem a
“Igreja de Um Dia”, projeto que fornece
construções rápidas para milhares de
adventistas em todo o mundo e o
“Exercício Perfeito”, projetos de construção, tendo como alvo voluntários em
idade do ensino médio.
“O Exercício Perfeito começou com
R A J M U N D
Grupo de Adventistas
Leigos Completa 40 Anos
Construindo Igrejas
D A B R O W S K I / A N N
NOTÍCIAS DO MUNDO
QUARENTA ANOS: Don Noble, presidente
da Maranatha Volunteers International,
participa das reuniões administrativas
anuais de 2009, da Igreja Adventista do
Sétimo Dia. Maranatha comemorou
seu quadragésimo aniversário em 2009,
um marco de décadas de projetos de
construção concluídos ao redor do mundo.
Janeiro 2010 | Adventist World
3
A Igreja em Ação
NOTÍCIAS DO
MUNDO
um pequeno grupo de adolescentes,
mas agora acolhe cerca de duzentos
participantes por verão”, disse Fiess.
No próximo verão, será realizado o
vigésimo Exercício Perfeito.
Embora o número de voluntários
esteja crescendo regularmente, a organização ainda está sendo afetada pela crise
econômica, disse Fiess.
Novos métodos de construção,
planejamento meticuloso e “a direção
de Deus” levarão em frente o trabalho
da organização na próxima década, diz
Don Noble, presidente da Maranatha.
“Planejamos aumentar nossa capacidade de construir mais igrejas e escolas, o que vai atender às necessidades de
crescimento da igreja e envolver mais
voluntários na construção, com mais
oportunidades de extensão relacionadas
com esses projetos.”
— Megan Brauner, Adventist News
Network
Mantidas as Finanças da Igreja
Adventista na América do Norte
■ Apesar do declínio de dízimos, os
adventistas do sétimo dia na América
do Norte retornaram aos 893,1 milhões de dólares em dízimos, durante
o ano economicamente difícil de 2008,
3,4 milhões a menos do que foi recebido no ano anterior, segundo relatório
dos administradores das divisões, no
dia 6 de novembro de 2009. Um adicional de 23,6 milhões de dólares foi
doado pelos membros como ofertas
para as missões, uma queda de 405.000
em relação a 2008.
G. Thomas Evans, tesoureiro da
Divisão Norte-Americana (DNA), disse
RELATÓRIO DA DNA: G. Thomas Evans, tesoureiro da Divisão Norte- Americana,
apresenta relatório durante reuniões administrativas de fim de ano da Igreja
Adventista.
M A R K
A .
K E L L N E R / A D V E N T I S T
W O R L D
aos delegados das comissões de fim de
ano da DNA que várias circunstâncias
econômicas estão afetando as doações
das congregações adventistas do sétimo
dia, entre elas, o estado da economia
global, desvalorização dos preços de moradia, o colapso bancário e a volatilidade
ainda presente no mercado de ações.
Reagindo à situação financeira geral
da divisão, Evans disse que algumas
perdas em investimentos em 2008
estão sendo recuperadas e espera que
o mercado continue melhorando em
2010. Nenhum aumento na folha de
pagamento foi previsto para a DNA,
o que sugere que os funcionários da
Associação Geral, que seguem a política
de remuneração da DNA, também
não irão receber aumentos salariais no
próximo ano.
Ao falar sobre a situação financeira
da divisão, Evans cita Ellen G.White,
co-fundadora pioneira do movimento:
“Se eu olhasse para as nuvens escuras,
os problemas e perplexidades que vêm a
mim no meu trabalho, não teria tempo
para fazer mais nada. Mas eu sei que
há luz e glória, além das nuvens. Pela fé
eu alcanço a glória, através das trevas.”
— Mark A. Kellner, editor de Notícias
Adventistas lideram campanha contra
violência em sintonia com nova iniciativa da ONU
■ Cerca de um mês após os adventistas
do sétimo dia lançarem a EndItNow
(Pare Agora), campanha nacional para o
término da violência contra mulheres e
meninas, as Nações Unidas anunciaram
uma iniciativa global similar.
Assembleia da Associação Geral
Nota oficial: A quinquasésima nona Assembleia da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia será realizada entre os dias
23 de junho a 3 de julho de 2010, no Georgia World Congress Center, em Atlanta, Georgia, E.U.A. A primeira reunião terá
início às 14h30m, do 23 de junho de 2010. Todos os delegados credenciados deverão estar presentes nesse horário.
— Jan Paulsen, Presidente da Associação Geral;
Matthew A Bediaco, Secretário da Associação Geral.
No dia 6 de novembro de 2009, o
Fundo de Desenvolvimento para Mulheres das Nações Unidas (UNIFEM)
lançou um Web site para incentivar
esforços individuais que visam a erradicar a violência contra mulheres.
O Web site da iniciativa Diga Não –
Unidos pelo Fim da Violência Contra
Mulheres aborda o problema de modo
generalizado; estimativas mostram
que cerca de 70 por cento de todas as
mulheres já foram vítimas de algum
tipo de violência e demonstram apoio
acompanhando os esforços para combater o problema.
“Sabemos que a violência contra
mulheres é um problema que tem
solução”, disse Inés Alberdi, diretoraexecutiva da UNIFEM, durante visita
a pacientes na clínica de saúde para
mulheres vítimas de violência sexual,
em Nairóbi, Quênia.
Contando com o apoio de indivíduos, governos e grupos da sociedade
civil, a campanha tem a meta de realizar cem mil esforços contra a violência,
até março de 2010 e um milhão até o
fim do mesmo ano.
Para mais informações sobre o
que a Igreja Adventista está fazendo
para erradicar a violência contra
mulheres e assinar o abaixo-assinado,
visite enditnow.org. Para mais informação sobre o Say No (Diga Não),
visite unifem.org.
— Rede Adventista de Notícias
Tribunal Sul-Africano Favorece
Igreja Adventista
A Igreja Adventista do Sétimo Dia
da África do Sul pode reorganizar suas
associações ou unidades administrativas das congregações locais, decidiu
o Tribunal Superior da Orange Free
State, uma província Sul-Africana.
Embora o Juiz J. Van Der Merwe
tenha decidido que as congregações
poderiam interpor recurso contra a
união, também constatou que a união
agiu corretamente e negou provimento
ao recurso dos demandantes.
Inicialmente, os membros de seis
congregações da Associação Transvaal
e duas congregações da Associação do
Cabo iniciaram, respectivamente,
ações contra a União Associação da
África do Sul (SAL) e Divisão SulAfricana e do Oceano Índico (SID).
Sua ação pretendia anular a decisão
da comissão administrativa da SAU de
reestruturar e realinhar os territórios
da associação, alinhados com nova
política adotada pela Associação
Geral dos Adventistas do Sétimo Dia,
organização que dirige a igreja em
todo o mundo. As congregações da
Associação do Cabo retiraram posteriormente o processo.
A reorganização que os opositores
pediram que o tribunal declarasse
inválida foi realizada em consonância
com a política da Igreja Adventista
do Sétimo Dia, adotada em 2005, e
significa que a ex-associação Transvaal
e Associação Trans-unidades Orange
podem ser fundidas em uma nova
Associação Norte.
Traz também fim ao litígio, de
acordo com Francois Louw, presidente
da Igreja na África Austral União Europeia e da igreja na União Sul-Africana.
Quase um terço dos 112 mil adventistas do sétimo dia da África do Sul
são membros das igrejas da Associação
do Cabo e da Associação Trans-Orange,
segundo estatísticas de 2007 dos arquivos da sede mundial.
R A J M U N D
D A B R O W S K I / R E D E
A D V E N T I S TA
D E
N O T Í C I A
SEGUINDO EM FRENTE: Francois Louw, presidente da União Sul-Africana dos
Adventistas do Sétimo Dia, fala durante o Concílio Anual, em Silver Spring,
Maryland. A União ganhou recentemente uma importante batalha legal sobre a
reorganização de associações locais.
Janeiro 2010 | Adventist World
5
A Igreja em Ação
NOTÍCIAS DO MUNDO
Líderes Encorajam a
Autossuficiência
Financeira
A África Centro-Ocidental ainda enfrenta grandes desafios
Por Ansel Oliver, diretor assistente de notícias para a Associação Geral dos Adventistas
do Sétimo Dia, com reportagem de Abidjan, da Costa do Marfim
George Egwakhe está lutando contra a mentalidade da
pobreza. Filho de agricultores da Nigéria, Egwakhe agora encoraja os líderes da Igreja Adventista do Sétimo Dia da África
Centro-Ocidental a abandonar a frase “Sou pobre”.
“Não concordo com essa mentalidade; não aceito isso”,
diz Egwakhe, tesoureiro associado da Associação Geral dos
Adventistas do Sétimo Dia, nos Estados Unidos.
Seus comentários foram feitos numa entrevista durante o
almoço na sede da divisão África Centro-Ocidental, onde os líderes se reuniram para as comissões administrativas do fim de 2009.
Logo após o relatório do tesoureiro, vários delegados
pediram um aumento nas subvenções para suas regiões. Tanto
Agwakhe como o presidente da divisão rejeitaram a ideia.
“Não me fale sobre pobreza”, Egwakhe disse a cerca de
trinta delegados durante animada discussão no plenário. “Se
vocês não acreditam em autossustento, estão no lugar errado.”
Mais tarde, durante o almoço, Egwakhe disse que os líderes
estrangeiros da igreja não poderiam responder do modo como
ele fez naquela manhã. Ele cresceu no território da divisão e
teve que trabalhar como agricultor durante cinco anos para
conseguir custear seus estudos.
A Divisão África Centro-Ocidental, onde há mais de 830
mil adventistas, enfrenta alguns dos maiores desafios da denominação, dizem os líderes da igreja. Além de estar na zona da
malária, é uma região de instabilidade política e econômica.
A moeda flutua descontroladamente e a região, neste ano,
perdeu cerca de 30 por cento da subvenção da sede mundial,
por causa da variação nas taxas de câmbio. O transporte pela
área também é extremamente caro; uma viagem à Europa ou
aos Estados Unidos pode ser mais barata do que viajar pelo
território da divisão.
O maior desafio, entretanto, diz Egwakhe, é lutar contra a
mentalidade de que o dinheiro sempre virá da igreja de outras
regiões do mundo.
Muitos na África Centro-Ocidental são agricultores e
vivem com o equivalente a apenas alguns dólares americanos
por dia. Como evidenciado por Egwakhe aos delegados, a
primeira área do país a se tornar autossuficiente, há mais de
trinta anos, foi a região rural do leste da Nigéria.
“Eles eram agricultores e vejo alguns deles aqui hoje”, disse
Egwahe aos delegados. Não é a quantidade de riqueza que
6
Adventist World | Janeiro 2010
Acima: ÊNFASE NA
AUTOSSUFICIÊNCIA: George
Egwakhe, tesoureiro associado
da Igreja Adventista, fala a
líderes da igreja em Abidjan,
na Costa do Marfim, no dia 9
de novembro de 2009. Ele e outros líderes da igreja estão
desafiando as igrejas locais e regiões a se tornarem
autossuficientes. Esquerda: PALESTRANTE: Gilbert Wari,
presidente da Divisão África Centro-Ocidental, em seu
principal discurso nas reuniões do fim de 2009, em Abidjan,
Costa do Marfim, dia 8 de novembro de 2009.
A N S E L
O L I V E R / A N N
importa, mas como essa riqueza é administrada, disse ele.
No início de 2009, a divisão realizou seu primeiro seminário
sobre mordomia, que atraiu cerca de 300 delegados para Gana.
Seminários similares estão programados para o próximo
ano, em todo o território da divisão, para enfatizar uma vida
responsável e a administração de recursos.
Em resposta aos delegados, o presidente da divisão,
Gilber Wari, colocou o dedo indicador na fronte e disse:
“O desenvolvimento começa aqui; prepare sua mente para o
desenvolvimento.”
JANELA
A N O
C R I S T I
T I
G A L B I A
Os
Estados
Unidos
por Dentro
Por Hans Olson
O
s Estados Unidos da América
do Norte são o terceiro
maior país do mundo, tanto
em área geográfica como
em população. A maior parte desse país
localiza-se na região central do continente, entre os oceanos Atlântico e Pacífico.
Outras partes dos Estados Unidos não
são conectadas ao continente, como
o maior Estado da nação, o Alaska, na
extremidade noroeste da América do
Norte, e o Havaí, um estado-arquipélago,
no Oceano Pacífico, a mais de três mil
quilômetros de distância da costa sudoeste do continente.
O primeiro explorador europeu oficial a chegar ao lugar que viria se tornar
os Estados Unidos foi o espanhol Juan
Ponce de León, que chegou à Flórida
em 1513. Todo o país, na época, era
habitado pelos nativos americanos, que
chegaram ao continente muito tempo
antes. Os espanhóis foram seguidos
por comerciantes de peles, franceses, na
região dos grandes lagos, que chegaram
por onde hoje é o Canadá. Os ingleses
chegaram logo depois, estabelecendo
várias colônias ao longo da costa
atlântica. Em meados do século XVIII,
treze colônias britânicas distintas foram
estabelecidas.
Não contentes com as regras
britânicas, os colonos declararam
independência dos ingleses no dia 4 de
julho de 1776. Pelos 183 anos seguintes, os Estados Unidos se expandiram
das treze colônias originais para uma
nação com 50 Estados. Partes dos
Estados Unidos foram originalmente
governadas pelos ingleses, franceses,
mexicanos, russos, espanhóis e repúblicas independentes.
OS ESTADOS UNIDOS
Capital:
Washington, Distrito de Colúmbia
Idioma Oficial:
Inglês
Religião:
Protestante, 52%; Católica Romana, 24%; Judaísmo, 2%; outras, 22%.
População:
302,2 milhões*
Membros adventistas: 1 milhão*
População adventista
per capita:
1:302*
* Arquivos Estatísticos da Associação Geral, 140º Relatório
CANADÁ
Estatístico Anual.
Washington D.C.
E.U.A.
É um dos países mais etnicamente
diversos do mundo, devido, em parte,
à política de imigração liberal nos
séculos XIX e XX. Sua economia, também, é uma das maiores do mundo. O
tamanho do país, os recursos naturais
e a revolução industrial do século XIX
fizeram dele uma usina de produção.
Adventistas nos Estados Unidos
A Igreja Adventista teve seu início nos
Estados Unidos como resultado do Grande Reavivamento do século XIX, quando
as pessoas esperavam pela segunda vinda
de Cristo. Muitos adventistas faziam parte do movimento dirigido por Guilherme
Miller, os quais acreditavam que Cristo
retornaria no dia 22 de outubro de 1844.
Quando Cristo não retornou, muitos
abandonaram o movimento. Tiago e
Ellen White, José Bates e muitos outros
criam que Cristo ainda voltaria, mas em
data desconhecida.
A Igreja Adventista começou a se espalhar por todos os Estados Unidos. Em
Battle Creek, Michigan, surgiram várias
instituições: a Review and Herald Publishing Association (a editora da igreja),
o Sanatório Battle Creek e o Colégio Battle Creek. A primeira sede da Associação
Geral também foi estabelecida ali.
Oceano
Pacífico
ALASCA
MÉXICO
Golfo do
México
HAVAÍ
Hoje, a Igreja Adventista nos Estados
Unidos possui 15 colégios e universidades, 59 hospitais e mais de cem escolas
de ensino médio. Embora os adventistas
nos Estados Unidos representem menos
de dez por cento dos membros da igreja
mundial, suas doações para as missões
somam mais de cinquenta por cento do
total arrecadado por ano.
Os Estados Unidos são apenas um
dos três países que formam a Divisão
Norte-Americana. Essa Divisão é a anfitriã do “Siga a Bíblia”, neste mês. “Siga
a Bíblia” é uma iniciativa patrocinada
pela Igreja Adventista do Sétimo
Dia para estimular um interesse mais
profundo na leitura da Bíblia.
A jornada começou no outono de
2008 e culminará na Assembleia da
Associação Geral, em Atlanta, Georgia
(EUA), em junho de 2010.
Para saber mais sobre a missão da Igreja
Adventista do Sétimo Dia ao redor do
mundo, visite: www.AdventistMission.org.
Janeiro 2010 | Adventist World
7
Oceano
Atlântico
A Igreja em Ação
VISÃO MUNDIAL
Por Kari Paulsen
R
ecentemente, numa sexta-feira
à noite, eu me assentei no auditório da Associação Geral para
ouvir os relatórios da linha de
frente da obra missionária no mundo −
plantadores de igrejas, pioneiros da Missão Global e missionários. Ouvi histórias
de um pequeno grupo de ministérios
vibrantes, onde o evangelismo da amizade
está estreitando laços e fazendo a igreja
crescer de uma forma que vai muito além
da simples adição de números de membros nos registros da igreja.
Enquanto assistia, minha mente
vagou inexoravelmente para outro lugar
e outra época, e mais uma vez senti o
calor da amizade de um pequeno grupo
de crentes que, para mim, representa um
momento crucial de minha vida, o “faça
ou deixe” de minha jornada espiritual.
Círculo Solidário
O local era a Noruega, em uma
pequena igreja do interior. Nós nos
encontrávamos em quartos alugados,
uma sala e cozinha da casa de uma
jovem viúva. A congregação, de cerca
de trinta pessoas, era composta de
trabalhadores, agricultores e pedreiros.
Para um observador ocasional, essas
pessoas não chamavam a atenção. Não
havia nenhum luxo na vizinhança e os
programas e cultos eram bem simples.
Para uma conturbada garota de 15
anos, esse grupo era um refúgio de aceitação calorosa, um lugar em que eu poderia
crescer na compreensão dessa estranha
e nova fé que eu havia encontrado.
Um lugar em que, pela primeira vez,
consegui sentir forte conexão com minha
família espiritual – uma união que resistiu
ao teste de muitos anos e muitos desafios.
Kari and Jan Paulsen
serviram a igreja como
parceiros de ministério
na África, Europa e
América do Norte.
8
O
QueaosAcontece
Adventist World | Janeiro 2010
Desampara
São necessárias apenas
algumas pessoas para moldar uma vida
Encontrar esse grupo foi a culminação de uma procura que comecei quatro
anos antes. Com 11 anos de idade, fui
submetida a uma cirurgia do coração e,
nas semanas seguintes, em meio à dor e
ao medo, orei para quem quer que fosse
que estivesse “lá em cima”, conservasse
minha vida, e eu me tornaria cristã.
Todos na Noruega pertenciam à igreja
do Estado e a religião era ensinada na
escola, mas minha família não frequentava a igreja. Eu não tinha a menor ideia
do que significava ser uma cristã na
prática. Será que eu deveria fazer o Pai
Nosso antes de dormir e agradecer antes
das refeições?
Nas aulas de preparação para a
Primeira Comunhão nos davam uma
Bíblia e nos ensinavam o catecismo,
mas isso me confundiu mais ainda.
“Por quê?” eu perguntava ao ministro:
“Por que há um grande trecho dos Dez
Mandamentos sobre guardar o sétimo
dia, e o catecismo diz apenas para nos
lembrarmos do dia de descanso? E por
que Jesus, no Novo Testamento, foi
batizado adulto? Não há nenhuma
menção sobre batismo por aspersão.”
“Não se preocupe com isso”, era a resposta. “Você conhece hebraico ou grego?
Simplesmente aceite o que estou dizendo.”
Eu, entretanto, continuava curiosa e
não me esqueci da promessa que fizera
a Deus.
Quando o acaso me levou para
esse pequeno grupo de adventistas do
sétimo dia, eles me “adotaram”. Não
me fizeram muitas perguntas. Não me
criticaram ou disseram o que eu estava
fazendo de errado.
Toques Pessoais
Duas mulheres, em particular, tornaram-se no que considero as minhas
cinco “mães em Israel” – compassivas,
dedicadas, que, nos meus primeiros anos
de crença, moldaram profundamente
minha jornada espiritual e ajudaram a
aprofundar as raízes da minha fé.
A primeira foi a esposa do meu
professor, na escola. Nossa “igreja”, sala
de estar durante a semana, era usada
como a escola da igreja e o professor
e sua esposa, Maj Britt, tornaram-se
minha fortaleza. Eles me emprestaram
livros, como Caminho a Cristo, que me
causou profunda impressão, e outros
devocionais e obras doutrinárias. Eles
me matricularam no curso bíblico de
A Voz da Profecia. Maj Britt, mulher
sueca, tocava violão e cantava muito
bem. Tinha um toque maternal e
oferecia carinho e bons conselhos em
igual medida. Transparecia grande paz
e alegria. Ela recitava longas porções
das Escrituras, cantava os hinos e
recordava passagens dos escritos de
Ellen White.
dos?
RETRATO DO SERVIÇO:
(De cima para baixo, em
sentido horário) Kari e
Jan Paulsen posam com os dois filhos mais velhos no dia da ordenação
do pastor Paulsen ao ministério evangélico. O casal nunca poderia
imaginar que, um dia, ele (pastor Paulsen) serviria como presidente
mundial da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Sanatório Hultafors, onde a
autora trabalhou antes de ingressar na faculdade.
A segunda mulher, Tulla, também
era uma inspiração espiritual para mim.
Crescera com o estigma de ilegitimidade, um terrível fardo naquela época.
Eu não teria dado meus primeiros
passos em direção à fé sem o apoio de
minha família – na verdade, meus pais
eram totalmente contra. Eu era uma
vergonha para eles. Parei de comer porco, não ia mais aos bailes que eu amava
e comecei a guardar o sábado. Após ser
batizada aos 17 anos, por amor a meus
pais, e por mim mesma, eu precisava de
certa independência.
O professor e sua esposa conseguiram um emprego para mim no Sanatório Hultafors (da igreja), na Suécia, a
um dia de viagem de trem. Troquei de
trem em Oslo e Gottenberg, de modo
que quando cheguei às 8 da noite, a estação estava fechada. A pessoa do sanatório que deveria me buscar não estava
lá. Eu falava um dialeto norueguês bem
obscuro e a única pessoa mais próxima
de mim era o agente ferroviário, que
falava sueco, o que soava como chinês
aos meus ouvidos. Finalmente, ele compreendeu o lugar para onde eu gostaria
de ir e me apontou a direção correta. O
sanatório localizava-se no alto de uma
colina e, enquanto eu caminhava por
aquela estrada íngrime, em zigue-zague,
carregando minha mala, me senti
sozinha e perdida.
Para meu alívio, encontrei uma
garota que falava norueguês. Ela descobriu onde era o meu quarto, ajudou na
minha acomodação e me convidou para
uma festa naquela noite, para conhecer
alguns outros jovens. “Fica um pouco
além do bosque”, ela disse. “Caminhe
para trás, o quanto você puder e lá está
a casa. Você vai encontrar.”
E encontrei. Bati à porta e, quando
ela se abriu, ficou claro que era uma
festa dançante, e meu coração quase
parou. Não era isso que eu esperava
da minha nova família da igreja. Voltei
para o meu quarto e chorei até cair no
sono.
Janeiro 2010 | Adventist World
9
A Igreja em Ação
VISÃO MUNDIAL
As últimas palavras de Maj Britt
para mim, antes de eu deixar meu país
em direção à Suécia, foram: “Lembre-se,
Kari, você vai encontrar poucas pessoas
com asas na igreja.” Essa é uma verdade
sobre a natureza humana que tem me
ajudado, ao longo dos anos, nas muitas
vezes em que fui magoada e geralmente
digo a mim mesma: “É,
Kari, em você também
não estão nascendo asas!”
O Senhor, em Sua bondade, não me deixou sem
apoio. Mais tarde, naquela
semana, fui a uma reunião
de oração e me encontrei
com uma senhora que
também se tornou “mãe
em Israel” para mim: uma
fisioterapeuta de 60 anos,
chamada Elza. Sua amizade me acolheu por todo
o inverno, até que deixei
Hultafors para ingressar
na faculdade. Ali encontrei outra conselheira,
uma professora chamada
Esther, que foi incansável
em me encorajar. Mais
tarde, após ter me casado
e meu esposo, Jan, estar
trabalhando como pastor
na Noruega, a esposa do
presidente da associação
tornou-se mais uma de minhas professoras espirituais. Ela foi um modelo para
mim do que significa ser uma esposa de
pastor: honesta, graciosa e hospitaleira,
mostrando bondade cristã da mais alta
qualidade.
de um violão solitário. Eu posso ter
me esquecido da letra dos hinos que
cantava, mas ainda sinto a incrível
sensação de aceitação que me envolvia,
o sentimento de estar conectada espiritualmente a uma família. Isso é tão
vivo para mim hoje, como era quando
ainda estava entre eles. Sem a aceitação
fazer a diferença na decisão de uma pessoa de permanecer na fé ou abandoná-la.
Elas me ensinaram a nunca subestimar o poder da hospitalidade, que é
algo tão simples. Elas me ensinaram o
poder da verdadeira amizade, a amizade
que diz: “Quero saber das suas lutas, de
seus sonhos. Vou separar um tempo para
ouvi-la.”
A descrição do profeta
Isaías sobre o tipo de jejum
que é aceitável ao Senhor
bate em uma tecla para
mim: “Porventura, não é
este o jejum que escolhi ...
que repartas o teu pão com
o faminto, e recolhas em
casa os pobres desabrigados?” (Is 58:6, 7).
É tão fácil convidar
nossos amigos para o
almoço do sábado, e
agradável também. Ou
convidar uma pessoa
“importante” de nossa
congregação, aqueles que
têm “sucesso” ou que estão
ocupando posições de
sucesso na igreja. São porém, os desabrigados, um
gatinho vesgo como eu,
que realmente precisava.
Ao adotar um desabrigado,
um jovem que acabou de
chegar a uma cidade para estudar; uma
jovem família que luta sem parentes por
perto; um recém-converso que enfrenta
problemas para se adaptar ao que para
ele é um ambiente estranho – podemos
evitar que muita gente simplesmente saia
pela porta de trás.
Eu poderia estar entre os que saíram
mas fui apoiada pelas cordas da amizade
e do amor que me mantiveram segura
até que eu tivesse a chance de crescer
e ser fortalecida na fé. Eu era uma desabrigada que fui abrigada e abraçada.
Oro todos os dias para que Deus me dê
a coragem e a abnegação para procurar
por outros desabrigados também.
“Lembre-se, Kari,
Nosso Dever com os Outros
Ao longo dos anos, tenho pensado
muito naquela pequena igreja em
meu país, que me alimentou quando
dei meus vacilantes primeiros passos
espirituais, e meu senso de gratidão tem
crescido. Nós nos sentávamos juntos,
com as Bíblias abertas, numa sala de
estar alugada, cantando hinos ao som
10
Adventist World | Janeiro 2010
na igreja você
vai encontrar
poucas pessoas
com asas.”
daquele grupo, e sem o interesse deles
por mim, sem a atmosfera de amor que
me circundou, eu não estaria aqui.
Acabei reconhecendo, também,
quanto devo a essas cinco mulheres de
fé que me doaram o presente do seu
tempo e atenção. Em geral, elas não
tinham muito em comum, mas estão
intrinsecamente ligadas em minha
mente por uma característica: uma
compaixão genuína que as impulsionou
no desejo de “negar a si mesmas” em
favor de outra pessoa.
Elas me ensinaram que a bondade
simples é um ato espiritual da mais alta
ordem, é um dom sagrado que pode
A
S A Ú D E
N O
M U N D O
Hérnia de Hiato
Pode se Transformar em
Cancer?
Por Allan R. Handysides e
Peter N. Landless
Tenho uma pequena hérnia de hiato
e, quando me alimento tarde da
noite, sinto forte azia e refluxo ácido.
Minha esposa diz que se eu não cuidar,
posso contrair câncer no esôfago.
Qual é seu conselho?
refluxo gastresofágico é um mal
muito comum, afetando entre
catorze a vinte por cento dos
adultos. A doença é pouco vaga em sua
O
de rotina e seu médico
pode informá-lo sobre
os resultados.
É aconselhável a redução de alimentos gordurosos, muito condimentados
e coisas picantes.
Elevar a cabeceira da cama
pode reduzir o refluxo.
Você disse que come tarde da noite.
A cirurgia tem provado não ser sucesso absoluto, e sua
utilização tem diminuído significativamente desde 1999.
definição, porque o diagnóstico é baseado na queixa pessoal de azia crônica.
O ácido do estômago, que é o
ácido clorídrico, sobe até o esôfago ou
garganta. Isso ocorre especialmente
quando a pessoa está deitada, e mais
ainda se estiver com excesso de peso ou
com o estômago cheio.
O problema é detectado mais frequentemtente em indivíduos com hérnia
de hiato, quando o estômago é empurrado para o tórax, através do diafragma.
Curiosamente, os achados endoscópicos, isto é, o que é visto internamente,
utilizando-se um tubo estreito chamado
endoscópio, nem sempre mostram
resultados mais graves naqueles que se
queixam de sintomas severos. O refluxo
pode causar dores no peito que se assemelha ao ataque cardíaco ou doença
da vesícula biliar. O ácido pode causar
ulceração ou estreitamento, assim como
a metaplasia de Barrett, que pode levar
ao câncer de esôfago. A biópsia do esôfago pode ser realizada na endoscopia
M E R L E
P O I R I E R
É mais aconselhável uma refeição leve
no início da noite, pelo menos quatro
horas antes de dormir. A perda de peso
também ajuda.
Há consideráveis evidências que
mostram que o bloqueio da produção de
ácido pelo estômago resulta na redução
dos sintomas. Há dois tipos de medicamentos que ajudam. Um grupo é chamado de inibidores da bomba de prótons;
o outro, antagonista dos receptores da
histamina. Os inibidores da bomba de
prótons agem melhor nas esofagites
do que os bloqueadores de histamina,
mas ambos são eficazes na maioria
dos pacientes. O problema é que essa é
uma doença crônica e pode ser necessário uso prolongado de medicamento.
Se a pessoa afetada puder perder peso,
dormir com a cabeceira da cama mais
alta uns vinte centímetros, e comer cedo
à noite, a medicação pode ser evitada.
A cirurgia tem provado não resultar
em sucesso absoluto, e sua utilização tem
diminuído significativamente desde 1999.
Em resumo, não é aconselhável o
consumo de frutas cítricas, tomates,
cebola, bebidas gasosas ou comidas
picantes. Alimentos gordurosos, café,
chá e bebidas cafeinadas, incluindo
chocolate e menta, tendem a causar
refluxo gástrico.
O abandono do consumo do
álcool e do fumo e a redução do peso
corporal podem ajudar a reduzir o
problema.
Allan R. Handysides, M.B.,
Ch.B., FRCPC, FRCSC, FACOG,
é diretor do Departamento de
Saúde da Associação Geral.
Peter N. Landless, M.B.,
B.Ch., M.Med., F.C.P.(SA),
F.A.C.C., é diretor-executivo
da ICPA e diretor-associado
do Departamento de Saúde.
Janeiro 2010 | Adventist World
11
D E V O C I O N A L
Podemos Sempre Contar
com a
Protecãoeus?
O que aprendi com as
tragédias pessoais
F
requentemente nos lembramos
das maravilhosas promessas
da Bíblia, como o Salmo 91,
especialmente os versos 11 e 12:
“Porque aos Seus anjos dará ordens a teu
respeito, para que te guardem em todos
os teus caminhos. Eles te sustentarão nas
suas mãos, para não tropeçares nalguma
pedra.” Alguma vez você já se perguntou:
ONDE ESTÃO ESSES ANJOS?
Cinco Tragédias Pessoais
Betty, minha esposa e eu já estivemos envolvidos em cinco grandes acidentes de carro, com ferimentos graves
em todos eles:
1. O primeiro aconteceu numa noite
em que eu estava ajoelhado no escuro,
tentando colocar correntes nos pneus
12
Adventist World | Janeiro 2010
D
de nosso carro, enquanto Betty segurava
uma lanterna. De repente, um carro
escorregou e atravessou a pista fazendome voar até a traseira do nosso carro.
Fiquei muito machucado nesse acidente.
Enquanto estava deitado na cama do
hospital, não podia deixar de pensar: Por
que os anjos não me protegeram?
2. Numa autoestrada de cascalho, de
pouco movimento, nosso carro capotou
várias vezes antes de aterrissar num leito
de pedras. Betty e eu estávamos feridos
e o carro totalmente destruído, mas
nossa maior preocupação eram nossos
filhos. Ronald, de três anos, não reclamou de nada. Mas Harvey, de um ano,
ficou gravemente ferido e simplesmente
não parava de chorar. O socorro médico
mais próximo estava a mais de 300
de
Por J. Stanley McCluskey
quilômetros, e pelos dois dias seguintes
ninguém pôde nos levar até lá. Pense
quanto nos estressamos e nos preocupamos! Onde estavam os anjos?
3. Estávamos trafegando por uma
via principal quando, de repente, um
carro veio da rua transversal e atingiu
nossa porta direita, onde Betty estava
sentada. Imagine como ela ficou ferida!
E nosso carro virou ferro velho. O motorista do outro carro disse que o sol o
havia ofuscado. Por que, então, os anjos
não nos protegeram?
4. Estávamos indo de carro para
casa, numa estrada na montanha,
quando começou a nevar – a primeira
nevada da estação. Ao chegarmos a um
trecho estreito da estrada, onde havia
montanha de um lado e precipício
K E N
K I S E R /
M O D I F I C A D A
D I G I TA L M E N T E
do outro, um carro escorregou e nos
atingiu de frente. Betty ficou seriamente
ferida, mas eu, mesmo mancando, pude
verificar se havia mais alguém ferido
no outro carro. As duas senhoras idosas
que ali estavam disseram que fomos
uma resposta à suas orações, porque
impedimos que caíssem no precipício.
Mas por que, então, os anjos não
nos protegeram?
5. No último acidente, uma grande
pickup nos atingiu no lado do motorista, ferindo Betty e a mim severamente,
deixando-me sem condições de trabalhar. Para piorar, o outro motorista
tinha o seguro mínimo; assim, tivemos
de usar grande parte de nossas economias para cobrir as despesas do carro.
Por que isso aconteceu? ONDE
ESTÃO OS TAIS ANJOS?
Compreendendo as Promessas
Frequentemente, ouvimos histórias
maravilhosas em que realmente vemos
a proteção de Deus. Mas, ao revermos
Note, porém, que faltava alguma
coisa naquilo que o inimigo disse.
“Quando Satanás citou a promessa: ‘Aos
Seus anjos dará ordem a Teu respeito’
(Mt 4:6), omitiu as palavras: ‘para Te
guardarem em todos os Teus caminhos’
(Sl 91:11); isto é, em todos os caminhos
da escolha de Deus” (Ellen G. White,
O Desejado de Todas as Nações, p. 125).
“Reconhece-O em todos os teus caminhos”, diz a Bíblia, “e Ele endireitará as
tuas veredas” (Pv 3:6).
Permitido por Deus
Esse caminho “escolhido por Deus”
não nos assegura uma vida fácil, e sim
Sua proteção e cuidado.
Considere essas palavras de encorajamento: “A presença do Pai circundou
a Cristo e nada Lhe sobreveio sem que
o infinito amor permitisse, para a bênção do mundo. Aí estava Sua fonte de
conforto, e ela existe para nós. Aquele
que estiver impregnado do Espírito
de Cristo habita em Cristo. Nada lhe
Em Romanos 5:1-5, Paulo explica.
Não deveríamos apreciar apenas a paz e
a certeza que vêm do relacionamento de
fé com Cristo, mas deveríamos também
nos regozijar nas tribulações, “sabendo
que a tribulação produz a paciência e a
paciência a experiência, e a experiência
a esperança. E a esperança não traz
confusão, porquanto o amor de Deus
está derramado em nosso coração pelo
Espírito Santo que nos foi dado.”
Ellen White assim se expressou: “O
fato de sermos chamados a suportar a
prova mostra que o Senhor Jesus vê em
nós alguma coisa de precioso que deseja
desenvolver” (A Ciência do Bom Viver,
p. 471).
E o anjo do Senhor se acampa, sim,
ao redor dos que O temem, e os livra
(veja Sl 34:7; Jr. 29:11). O Deus eterno,
sem dúvida, é nosso refúgio “e por baixo estão os braços eternos” (Dt 33:27).
Tenhamos bom ânimo. As divinas
promessas de proteção e cuidado são
certas. Ouça as palavras da última
Frequentemente, ouvimos histórias maravilhosas
nas quais realmente vemos a proteção de Deus.
Mas, ao revermos nossa vida, às vezes parece que essa
proteção não existe.
nossa vida, às vezes parece que essa
proteção não existe. Será que os anjos
ajudam mais alguns filhos de Deus do
que outros? Será que ajudam em certos
lugares e horários apenas?
E o que dizer de Davi, que provavelmente escreveu os Salmos antes de nós?
Ele fugiu, por muitos anos, para salvar a
própria vida, não foi? E Jesus que, após
Seu batismo, foi levado para o deserto,
ficando sem água e alimento por quarenta dias? Ironicamente, o próprio inimigo
citou o Salmo 91 para Ele: “Se és Filho de
Deus”, disse ele a Jesus, “atira-Te abaixo,
porque está escrito: Aos Seus anjos ordenará a Teu respeito que te guardem; e:
eles Te susterão nas suas mãos, para não
tropeçares nalguma pedra” (Mt 4:6).
pode tocar a não ser pela permissão de
nosso Senhor; e todas as coisas que são
permitidas ‘contribuem juntamente
para o bem daqueles que amam a
Deus’” [Rm 8:28] (O Maior Discurso de
Cristo, p. 71).
Essa permissão de Deus é evidente
na vida de Jó. Quando Satanás quis
tentá-lo com provações, Deus impôs os
limites. Foi assim também com Cristo
quando, no Jardim do Getsêmani,
implorou por alívio. Deus trata conosco
em termos de tempo e eternidade.
Satanás está sempre procurando nos
destruir e Cristo nos advertiu de que
enfrentaríamos dificuldades. Deus, porém, usará cada provação para construir
nosso caráter.
passagem (Jr 29:11): “Porque Eu bem
sei os pensamentos que tenho a vosso
respeito, diz o SENHOR; pensamentos
de paz, e não de mal, para vos dar o fim
que esperais.” “Não temas, porque Eu
sou contigo; não te assombres, porque
Eu sou teu Deus; Eu te fortaleço, e te
ajudo, e te sustento com a destra da
Minha justiça” (Is 41:10).
J. Stanley McCluskey
é farmacêutico e
administrador de saúde
jubilado. Ele escreve de
Naches, Washington, EUA.
Janeiro 2010 | Adventist World
13
V I D A
A D V E N T I S T A
“AMA, AMA!” Uma chamada débil, mas urgente, chegou
ao rádio do capitão Norton. Um homem foi picado por uma
cobra, numa aldeia remota, no meio da selva. “Por favor, o
senhor pode vir?” a voz suplicava. Robert (Bob) Elwin Norton,
piloto da Aviação Médica Adventista (AMA), na Venezuela,
voava em direção a Ciudad Bolívar, para a manutenção de
rotina no avião, quando chegou o chamado. Outros pilotos
o estavam avisando de que era muito arriscado aterrissar
naquele lugar específico, mas Bob decidiu confiar em Deus
e atender ao pedido de socorro. Ao se aproximar e ter uma
visão do local, pensou: “É pior do que eu imaginava!”
− Não posso aterrissar ali!” – Bob disse a Deus.
− Sim, você pode. Eu não trouxe você até aqui para ajudar
essa gente? uma voz parecia falar-lhe.
− Está bem, Senhor, mas precisas ficar comigo aqui, e não
apenas um de Teus anjos.
− Eu estou bem aqui com você! – garantia a voz ao piloto
nervoso.
Uma grande paz invadiu o coração de Bob, e ele aterrissou
o avião com segurança na pista de 600 metros. Bob, então,
levou o homem até a clínica médica, onde recebeu a ajuda
necessária.
Por causa daquele voo, espalhou-se a notícia de que o
avião da AMA poderia chegar a muitas aldeias para ajudar a
todos os necessitados, mesmo em condições não adequadas.
Muitos dos indígenas começaram a requisitar o avião, como
sendo deles, chamando-o de “anjo de misericórdia”.
Chamado para o Serviço
Em 2001, Bob e Neiba Norton ouviram um chamado de
Deus: “Vocês aceitariam dedicar a vida ao Meu trabalho?” Eles
venderam o negócio e a casa que tinham nos Estados Unidos, e
foram, pela fé, para a região Gran Sabana, na Venezuela, onde
estabeleceram seu lar, confiando que Deus supriria suas necessidades. Embora diariamente enfrentassem muitos desafios e
não recebessem salário, nunca questionaram a decisão que
tomaram. Bob fez incontáveis voos em sua avioneta Cesnna
182, comprada com donativos para um propósito específico:
prover atendimento de emergência e salvar muitas vidas.
Sempre que Necessário, a AMA Estará Lá
Antes de Bob começar a voar pelas aldeias, muitas pessoas
que morreram teriam sobrevivido se tivessem recebido assistência médica. Bob, porém, cria que Deus era o real piloto do
seu avião, dando-lhe sabedoria e habilidade para manobrar
em pistas curtas e irregulares.
Bárbara Ann Norton Kay, irmã de Robert Norton,
gosta de descansar, aos sábados, de seu
trabalho na agricultura e na estufa. Ela se sente
renovada ao entrar em contato com a natureza
e com Deus. Ela escreve de Bryant, Alabama, Estados Unidos.
14
Adventist World | Janeiro 2010
PILOTO MISSIONÁRIO: Neiba e Robert Norton posam ao
lado de seu Cessna 182.
Vivendo o
mor
A
Por
Barbara Ann Norton Kay
O Amor de Deus em Ação
Ao Bob decolar e aterrissar nas pistas da selva, levando
mulheres com gravidez de risco, crianças doentes, vítimas de
acidentes, gente precisando de cirurgia de emergência e outros,
os indígenas aprenderam sobre um Deus que os ama. Bob nunca
pregou um sermão com palavras, mas viveu como Jesus viveu,
misturando-se com as pessoas como quem deseja só o bem delas.
“Queremos conhecer mais sobre o seu Jesus”, diziam sempre
a Bob. “Por favor, traga-nos um professor.” Assim, Bob levou
obreiros leigos a essas aldeias para estudar a Bíblia com eles. Então, levou pastores para batizar os que entregaram a vida a Jesus.
Outro Resgate
Em um dos milhares de voos de emergência que Bob fez,
ele levava um bebê que lutava pela vida. A seguir, Bob conta a
história com suas próprias palavras:
Eu estava num voo de retorno após deixar uma equipe
médica em uma aldeia, quando recebi um chamado urgente de
um operador de rádio. “Você pode voar direto para Wonken para
socorrer um bebê com pneumonia?”
C O U R T E S I A
D E
B Á R B A R A
A N N
N O R T O N
K AY
Rapidamente mudei a direção, enquanto conferia o tempo e
o combustível, e então peguei o microfone: “Estarei em Wonken
em 20 minutos. Diga aos pais para esperarem por mim na pista
de pouso.”
Quando aterrissei, descobri que a criança estava pior do que
imaginei. Ela parava de respirar e a mãe esfregava firmemente
suas costinhas para estimulá-la a respirar outra vez. Eu precisava de oxigênio e de alguém para ventilá-la, mas não havia nem
um nem outro. Rapidamente, embarquei a família no avião e
orei por todo o percurso até Santa Elena, para que Deus poupasse a vida daquele bebê...
Após trinta minutos de voo, aterrissamos, mas a ambulância
que solicitamos não estava no aeroporto. Saltei do avião e fui
procurar por alguém que quisesse transportar, de carro, aquela
família desesperada até o hospital.
Durante todos os dias que se seguiram, mantive aquela
menininha em minhas orações, mas tinha medo de
Deus
de
Piloto missionário sacrifica-se ao
máximo para ajudar o próximo
perguntar se ela havia sobrevivido. No dia de Ação de Graças
(2006), recebi um telefonema de nosso operador de rádio perguntando quando eu poderia levar aquela família de volta para casa.
− Como está a criancinha? – perguntei.
− Ela está tão bem que poderá voltar para casa amanhã –
disse ele.
Na manhã seguinte, a alegria na face da mãe, enquanto me
agradecia por tê-los ajudado, aqueceu meu coração. Dou graças
a Deus por ter curado um de seus pequeninos e por ter me dado a
oportunidade de ajudá-Lo.
Deus é Quem Sustém
Em 2006, outras organizações missionárias de aviação
foram fechadas pelo governo da Venezuela. Várias tentativas
também foram feitas para fechar o projeto AMA, mas em todas
as instâncias parecia que Deus acalmava os corações dos oficiais do governo que vinham investigar, pois sempre acabavam
endossando o trabalho de aviação. Quando as pessoas perguntavam a Bob como ele ainda continuava voando, ele dizia:
“É porque esse é um projeto de Deus, não meu. Enquanto Ele
quiser que o projeto continue, ninguém poderá pará-lo.”
Voo Final
No dia 16 de fevereiro de 2009, Bob fez seu último voo.
Com ele estavam a bordo Neiba, sua esposa e companheira
de trabalho, Glady, amiga do casal, uma criança com a mãe
que retornavam para casa, uma garota que necessitava de uma
cirurgia de apendicite de emergência, e sua mãe. Mas tragicamente parece que a selva simplesmente os engoliu – avião,
piloto e passageiros. A busca prolongada foi em vão. A última
transmissão de rádio feita por Bob para o coordenador de voo
e operador de rádio foi incompreensível. Tudo o que se sabe é
que eles estão perdidos, imagina-se, devido a falhas mecânicas.
Em esforço conjunto, a Defesa Civil da Venezuela e uma equipe
de resgate voluntária continuam a procurar pelos destroços.
Só Deus sabe o que aconteceu. Por muitas vezes, Deus
operou milagres para Bob, meu irmão, abrindo caminhos entre
as nuvens, parando chuvas, providenciando recursos e protegendo-o. Desta vez, porém, Ele não o fez. Contudo, confio que
Deus está no controle.
Necessidade Constante
RESGATE REMOTO: O piloto missionário Robert Norton
transportava muitas pessoas de áreas remotas da
Venezuela para instituições de saúde onde pudessem
receber o atendimento médico de que necessitavam.
Meu coração sofre com o povo das selvas da Venezuela que,
outra vez, não têm ninguém para ajudá-los. Lamento a perda
num lugar em que a necessidade é tão grande. Nada, entretanto, pode parar o avanço do trabalho de Deus. As sementes do
amor do evangelho que Bob e Neiba semearam estão frutificando entre o povo indígena ali.
“Bem-aventurados os mortos que, desde agora, morrem
no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem das suas
fadigas, pois as suas obras os acompanham” (Ap 14:13). Nossa
família abraça a bendita esperança.
Para ler mais sobre o ministério de aviação de Norton, visite
www.medicalaviation.org e clique em “AMA Venezuela”.
Janeiro 2010 | Adventist World
15
A R T I G O D E C A PA
compreendendo
a
Palavra
Por
Marcos Paseggi
Como os tradutores adventistas ajudam
no avanço da missão da igreja
A
primeira frase não parecia ser um grande desafio.
“Jesus is the greatest magnet”, dizia em inglês. Eu
sabia as palavras e sabia muito bem como dizê-las
em espanhol e escrevi em meu laptop: Jesús es el
más grande imán (Jesus é o maior ímã). De repente, deu um
estalo em minha mente. Em espanhol, imán tanto é magnético
como ímã, que também pode ser o diretor dos rituais muçulmanos de oração. Como eu respeito essa profissão religiosa,
em particular, e os muçulmanos em geral, compreendi imediatamente que tal frase, como traduzira, não teria o sentido
proposto pelo contexto. Humilhado em minhas habilidades
de tradutor, apenas marquei a frase e continuei, esperando
que mais tarde surgisse uma alternativa aceitável.
Embora não sejam notados, os tradutores adventistas do
sétimo dia realizam uma tarefa vital para o cumprimento
da Grande Comissão, a qual consiste em levar a mensagem
a “cada nação, e tribo, e língua, e povo” (Ap 14:6). Embora
alguns sejam profissionais, muitos são voluntários, que,
como trabalho paralelo, ou mesmo gratuitamente, têm a
mesma paixão de levar a mensagem em idiomas que podem
ser compreendidos por um público-alvo. À medida que a
Igreja Adventista avança no século XXI, é muito difícil saber
quantos homens e mulheres (fora os que são contratados
pelas casas publicadoras da igreja) atualmente trabalham nos
projetos de tradução para a igreja com contratos mais ou
menos formais. Os tradutores, entretanto, têm acompanhado
as publicadoras adventistas desde o começo da igreja.
Primeiros Tradutores Adventistas
Os fundadores da igreja compreenderam rapidamente
a importância dos tradutores para o avanço do evangelho.
Nos anos 1870, Tiago White, que acreditava na obra de levar
o evangelho a terras distantes, usou alguns dos tradutores
que já trabalhavam na Review and Herald para lecionar
16
Adventist World | Janeiro 2010
línguas estrangeiras no Colégio Battle Creek, na esperança
de formar mais jovens autores. É claro que, como a maioria
dos monolíngues, White subestimou o tempo e o esforço
necessários para dominar uma segunda língua, e as aulas
não foram muito adiante.1 A essa altura, Ellen White já havia
escrito, apoiando a formação de jovens no ofício da tradução, embora como o marido, ela parecesse não compreender
plenamente quão difícil era para os nativos de língua inglesa
reproduzir os materiais da igreja em outras línguas, com
qualidade para ser publicado.2
Houve grande avanço em 1874, quando John Andrews
foi para a Suíça como o primeiro missionário oficial da
igreja. Andrews, que conhecia o hebraico, grego e latim,
dedicou-se a aprender francês e alemão. Estudou incansavelmente a gramática francesa de modo a habilitá-lo a avaliar
quando um artigo para o Les Signes dês Temps (edição
francesa da Sinais dos Tempos) estava pronto para ser publicado. Traduziu também artigos do inglês para o francês,
embora, normalmente, utilizasse como revisores pessoas
cujo francês era a língua nativa.3
Ao longo dos anos, Ellen White compreendeu melhor o
trabalho dos tradutores. Ela definiu duas características como
essenciais para os tradutores da igreja: eles deveriam ser
“educados” e ter “o temor de Deus”.4 Admitiu ainda que, para
traduzir em nível de publicação, os tradutores cuja língua
nativa não fosse o inglês deveriam aprender a editar em seu
próprio idioma para só então traduzir os seus escritos do
inglês para a língua nativa.5 O que ela disse, então, ainda é
considerado como a melhor prática no ofício de tradução.
Sem dúvida, a experiência de Ellen White no período
que passou na Europa foi transformadora. Quando chegou
a Basel, descobriu que havia grande interesse na tradução
do O Grande Conflito para o francês e o alemão. Houve duas
tentativas de tradução para o francês e três diferentes versões
em alemão, trabalho realizado por colaboradores bem-intencionados, embora, nas palavras de Willie White, “fosse difícil
encontrar mais de duas pessoas que elogiassem qualquer uma
delas”.6 Os dois problemas básicos resultavam das ilustrações
de Ellen White, as quais, “em alguns casos, eram malcompreendidas pelos tradutores e, ... quando compreendidas, os tradutores não conheciam o suficiente da fraseologia religiosa de
sua própria língua para fazer uma tradução correta”.7 Como
resolveram esse problema? Bem, Ellen White, os tradutores,
editores e revisores começaram a se reunir, todos os dias, para
discutir cada capítulo e, assim, terem certeza de que o resultado final eram as palavras da Sra. White. Desse modo, “os
tradutores conseguiam captar o espírito da obra e traduziam
melhor”.8 Tanto quanto sabemos, essa foi a primeira equipe
de tradutores adventistas do sétimo dia.9
Atualmente, graças à Internet, os tradutores não precisam
trabalhar em um mesmo local. Na verdade, podem trabalhar
em qualquer lugar, em qualquer horário e facilmente discutir
as ideias como uma equipe, como faziam em Basel, há tanto
tempo. Agora usam o espaço cibernético como escritório.
Contudo, os desafios de trabalhar com a linguagem ainda
continuam os mesmos.
Tudo em um Dia de Trabalho
Frequentemente, os tradutores têm que lidar com assuntos que não são facilmente compreendidos pelos outros. É
comum a idéia de que qualquer pessoa que possua um conhecimento satisfatório de duas línguas pode ser um tradutor.
Esse, porém, não é o caso.
Em primeiro lugar, cada idioma é um mundo em si
mesmo, com suas próprias regras gramaticais, sistema de
pontuação específico, frase e redação. Na maioria dos casos,
a tradução literal de uma frase pode não corresponder, em
significado, na língua para a qual se traduz.
A tradução implica procurar uma “equivalência dinâmica”, na qual o sentido original tanto é mantido como “recriado” numa nova frase para que, de algum modo, comunique a
ideia original do autor. Isso implica mudança na ordem das
palavras, sentenças ou estrutura do parágrafo, ou até deixar
de lado a primeira e a segunda opção e começar a escrever
do zero. É necessário dominar a língua para a qual se traduz
para “processar” o uso de expressões idiomáticas, figuras de
linguagem e metáforas.
Finalmente, em todos os idiomas há alguns termos
“não traduzíveis” e referências culturais que, de algum
modo, devem ser explanadas ou “interpretadas” para que
sejam completamente compreendidas pelo público-alvo.
Como diz Lars Hoem, tradutor do inglês para o norueguês para a Casa Publicadora Adventista Norueguesa: “Se
qualquer americano ler ‘vestir-se como Don King’, é muito
provável que ele ou ela saiba que você está se referindo ao
famoso empresário de boxe, que se veste extravagantemente;
mas, para o norueguês comum, isso simplesmente não faz
sentido. Por outro lado, para os leitores noruegueses, o
termo ‘Kollenbrølet’ é imediatamente reconhecido como o
grito do público [que é] ouvido quando o primeiro esquiador aparece poucas centenas de metros antes da linha de
chegada. Isso pode ser um pouco mais incompreensível para
leitores de outra cultura.”10
Marcos Paseggi é tradutor oficial do inglês
para o espanhol. Mora em Ottawa, Ontário,
Canadá, e se dedica a projetos freelance
para várias instituições e organizações
adventistas. É um dos principais tradutores da edição em
espanhol da Adventist World.
Janeiro 2010 | Adventist World
17
Traduzir é
muito mais que
mudar uma
palavra ou frase
para outro idioma.
Quando se trabalha com conceitos bíblicos, o desafio
é semelhante. Hoem tem mais um exemplo: “Como você
explicaria o conceito de ‘Cordeiro de Deus’ a um esquimó que
nunca viu um cordeiro na vida? Qual é o melhor conceito
para descrever ‘inocência’ a um esquimó? Quem sabe um
‘bebê foca’?
Apesar de todas essas barreiras culturais e linguísticas,
para os adventistas interessados em linguagem e comunicação
escrita, dificilmente haverá melhor atividade para aplicar suas
aptidões do que a arte e o ofício da tradução; e mais, fazê-lo
com a convicção de que esse trabalho está ajudando a levar
avante a missão da igreja, não apenas compartilhando o evangelho, mas fortalecendo os crentes, antigos e novos. Monique
Lemay, tradutora adventista do inglês para o francês, que
mora em Quebec, Canadá, diz: “O de que gosto na tradução
é o rigor, precisão e preocupação com detalhes que fazem
toda a diferença no produto final. Não é necessário dizer que
recebo bênçãos espirituais maravilhosas ao traduzir para a
igreja.… Creio que traduzir livros e revistas para os crentes
que falam francês, é, de fato, uma missão.”11
Traduzindo a Palavra
De João Wycliffe a Martinho Lutero (e também a João
Ferreira de Almeida), os estudiosos da Bíblia, com o conhecimento de línguas, têm procurado levar as Escrituras mais
perto dos ouvidos e do coração das pessoas comuns, traduzindo-as para seu idioma nativo.
Nos últimos anos, estudiosos adventistas da Bíblia
também têm contribuído para novas versões das Escrituras,
que visam a levar a mensagem da Palavra de Deus a uma
nova geração. Desafios como esse não apenas envolvem grande competência nas línguas originais da Bíblia, mas também
18
Adventist World | Janeiro 2010
a habilidade de ser preciso, mas criativo, e estar disposto a
trabalhar em grupo com estudiosos de várias formações
religiosas durante um extenso período de tempo.
Um desses estudiosos é Victor Armenteros, linguista
adventista e estudioso da Espanha, que trabalhou por vários
anos como membro do comitê editorial que recentemente
publicou a Biblia Traducción Interconfesional , versão contemporânea intereclesiástica da Bíblia, em espanhol. Relembrando a experiência que ele descreve como “incrível”, Armenteros
afirma: “No início, fiquei um pouco apreensivo de contribuir
com uma atividade que parecia, de certa forma, ecumênica.
Então compreendi que ‘interdenominacional’ não significa
ecumênica, mas a possibilidade de trabalhar e partilhar com
outros, desenterrando e dando significado contemporâneo
aos tesouros ocultos revelados na Palavra de Deus.” E conclui:
“Aprendi que em qualquer formato, a Palavra de Deus é viva,
e agradeço a Ele por isso.”12
Outro jovem adventista erudito que trabalhou nas
traduções da Bíblia é Laurentiu Ionescu, da Romênia, que
participou da equipe que trabalhou na tradução contemporânea interdenominacional no Novo Testamento no idioma
romeno. Embora concorde que as diferenças doutrinárias,
por vezes, tomavam “horas de discussão sobre uma única
palavra ou preposição”, também admite que foi uma experiência transformadora, proporcionando-lhe agradáveis
surpresas. Quando discutiam sobre que palavra usar para o
descanso sabático, por exemplo (pois em muitos idiomas,
como o romeno, há duas opções: uma para o dia de descanso
geral e outra específico para o sétimo dia da semana), Ionescu
ficou surpreso quando os tradutores católicos, entre outros, o
apoiaram na escolha do termo romeno que melhor descreve o
sétimo dia da semana.13
Tradução
na
Assembleia da AG em Atlanta
Odette Ferreira será um calmo farol
na corrida frenética para ajudar as
pessoas a se compreenderem durante a
próxima Assembleia da Associação
Geral, em Atlanta. Trabalhando para o
Departamento de Educação da Divisão
Norte-Americana, ela foi encarregada
(pela segunda vez) de organizar os
bastidores da maior empreitada para
traduzir todas as reuniões em 15 idiomas
diferentes: espanhol, francês, português,
alemão, russo, romeno, tcheco, japonês,
coreano, servo-croata, italiano, búlgaro,
húngaro, indonésio e linguagem americana
de sinais. A estimativa é de que duzentos
tradutores voluntários cobrirão diariamente os eventos, nove horas de reuniões, por
dez dias. Devido à natureza extenuante
da tradução simultânea, cada voluntário
traduzirá apenas pequenos blocos e fará
parte de um rodízio constante.
A tecnologia sem fio utilizada para a
tradução será fornecida pela Rádio Mundial Adventista, com frequências de rádio
Para Onde Estamos Indo?
Em todo o mundo, os tradutores que trabalham fora
da igreja estão atingindo níveis de profissionalismo cada
vez mais altos. Na Igreja Adventista do Sétimo Dia, porém,
os tradutores ainda são mais artesãos do que profissionais.
Muitos começaram a trabalhar na área por um conjunto de
circunstâncias incomuns e, geralmente, são profissionais
independentes que, nem sempre, têm o apoio de uma equipe de edição e revisão, que garanta a qualidade do trabalho.
Svitlana Krushenytska, tradutor adventista que mora na
Ucrânia, parece resumir o sentimento geral quando afirma:
“Gostaria que nosso trabalho fosse mais valorizado.”14
Muitas vezes, tradutores adventistas mal pagos lutam
contra a ignorância sobre seu trabalho, tanto de chefes
como de colegas, e o descaso de algumas instituições da
igreja. Às vezes, há eventos da igreja com cinco diferentes
orçamentos que não incluem os custos de tradução. Assim,
mais uma vez, os organizadores são obrigados a recorrer
a voluntários que, muitas vezes, não têm conhecimento e
competência para tal tarefa, enquanto os tradutores têm
de trabalhar muitas horas para honrar seus compromissos
financeiros. Ellen White compreendeu plenamente esse problema quando, ao defender o equilíbrio no trabalho dos tradutores, escreveu: “Nosso trabalho é muito mais importante
do que muitos supõem e requer muito mais consideração.
Os tradutores devem ter menos horas dedicadas ao trabalho
intelectual concentrado, a fim não cansar excessivamente
o cérebro, prejudicando a concentração, que resulta num
trabalho imperfeito.”15
As coisas, porém, estão mudando. Os tradutores adventistas do sétimo dia estão cada vez mais conscientes de
que, mesmo em um trabalho solitário, como o de tradução,
e pequenos transistores de rádio (e fone
de ouvidos). Pela primeira vez, haverá
tradutores disponíveis no plenário para
que os delegados que não têm suficiente
conhecimento do inglês possam dar
alguma contribuição à discussão, se
o desejarem. A maioria dos tradutores
pagará suas despesas de viagem e acomodação em Atlanta. Esse é um exército
de voluntários, prontos para doar desinteressadamente seu tempo, talentos e
recursos. A igreja mundial agradece.
é necessário o apoio de uma equipe. Os líderes da igreja
também estão aprendendo que a missão dada por Deus à
igreja requer a compreensão de que, para cumpri-la, um dos
melhores investimentos, talvez, seja apoiar cada vez mais
aqueles que tornam possível a comunicação do evangelho.
Finalmente, não me lembro de qual solução dei ao problema da tradução da frase “Jesus−magnético−ímã”. Talvez
deva ter decidido por algo equivalente em espanhol a “Jesus é
o maior atrativo do mundo”, ou algo que o valha. O que sei,
entretanto, é que tal frase merece e deve ser compreendida
por todo ser humano da Terra. Porque, não importa a
linguagem, Jesus é, de fato, o maior atrativo neste mundo.
E se a missão da igreja é levar essa mensagem a cada tribo e
nação, talvez não haja melhor maneira de realizá-la do que
recorrer a tradutores profundamente comprometidos em
contar a história de Jesus àqueles que a reproduzirão, em
suas línguas nativas, para os quatro cantos da Terra.
1
Emmett K. VandeVere, The Wisdom Seekers (Nashville, Tenn.: Southern Publishing Association,
1972), p. 31, 32; citado em Floyd Greenleaf, In Passion for the World: A History of Seventh-day
Adventist Education (Nampa, Idaho: Pacific Press, 2005), p. 105, 106.
2
Veja, por exemplo, seus comentários para moças em Testemunhos Para a Igreja, v. 3, p. 204.
3
Para uma descrição completa desse assunto, veja Pietro Copiz, “The Linguist” in J. N. Andrews:
The Man and the Mission, ed. Harry Leonard (Berrien Springs, Mich.: Andrews University Press,
1985), p. 164-184.
4
Ver Ellen G. White, Carta 140 (1907), p. 2, em Manuscript Releases, v. 8, p. 103.
5
Australasian Union Conference Record, 28 de julho de 1899. Ideia similar foi expressa em Testemunhos Para a Igreja, v. 7, p. 169.
6
Ellen G. White, Testemunhos Seletos, v. 3, p. 464. Essa seção está no apêndix C e representa uma
carta escrita em 1934 por Wllie C. White, em resposta a perguntas levantadas por L. E. Froom.
7
Ibid.
8
Arquivo de cartas de William C. White v. 2, p. 245, citado em Arthur White, Ellen G. White, v. 3,
“The Lonely Years (1876-1891)”, p. 436.
9
Para descrição de toda a história, veja p. 436-438.
10
Comunicação pessoal.
11
Comunicação pessoal.
12
Comunicação pessoal.
13
Comunicação pessoal.
14
Comunicação pessoal.
15
Ellen G. White, Manuscript Releases, v. 8, p. 328.
Janeiro 2010 | Adventist World
19
C R E N Ç A S
F U N D A M E N T A I S
H
á cerca de 35 anos, logo após
minha conversão, precedida de
uma formação católica e secular, encontrei a seguinte citação
singular do Espírito de Profecia: “Os capítulos 12 e 13 de 1 Coríntios deveriam estar
gravados na memória, escritos na mente e
no coração.”1 Embora eu soubesse que 1 Coríntios 13 é o capítulo do “amor”, não sabia
muito sobre seu antigo irmão que o precede.
Ao começar a gravar, lentamente, suas
lições em minha “mente e coração”, uma
preciosa teologia da relação entre os dons
do Espírito (como descrito em 1 Coríntios
12) e o fruto de Espírito (como descrito em
1 Coríntios 13) começou a emergir. Este
artigo explora resumidamente a crença fundamental adventista número 17, a respeito
dos dons espirituais e os ministérios. Em
primeiro lugar, destaca a relação entre os
dons e o fruto do Espírito, a qual dá uma
visão geral dos fundamentos bíblicos e das
crenças doutrinárias e, em seguida, fornece
os recursos adicionais que ajudarão a colocar esses ensinamentos em prática.
NÚMERO 17
Lista
jDons
de
Deus
de
Por James Park
Dons e Frutos: Que Relação há
entre Eles?
As Escrituras nos ensinam que o fruto do Espírito, o “caminho mais excelente” que Paulo menciona em 1 Coríntios
12:31, instila nossas ações com elevado valor diante de Deus
(1Co 13:1-3). Afinal, Jesus disse a Seus discípulos no Sermão
da Montanha: “Por seus frutos os conhecereis” (Mt 7:16).
Os obreiros que demonstraram vários dons do Espírito, tais
como profecia e milagres, sem “conhecê-Lo”, são rotulados de
“malfeitores” (Mt 7:22, 23). Ellen White declara que “o objetivo da vida cristã é produzir frutos”,2 evidenciando, assim, a
importância fundamental de ser em vez de fazer.
Em nosso mundo hipercinético, todos os dias temos o
privilégio de, como Maria, nos assentar aos pés de Jesus, que
é uma escolha melhor do que a de Marta, de ser hospitaleira
(Lc 10:42), que a levou a criticar sua irmã. Nos países budis-
Pastor apaixonado e professor, James Park
trabalhou na região de Los Angeles, EUA,
por 25 anos, antes de aceitar o convite para
lecionar no Instituto Adventista Internacional
de Estudos Avançados, nas Filipinas. Atualmente, é presidente
do Departamento de Teologia Aplicada e concentra seu
ministério em pesquisas sobre discipulado e missão.
20
Adventist World | Janeiro 2010
Todos os membros
estão incluídos
tas, como a Tailândia, frequentemente digo aos membros da
igreja que, a menos que tomemos tempo para aprofundar
nossa vida espiritual e nos transformar em um “monge”, o
estresse da vida cotidiana nos transformará em “monos”.
Fundamento Bíblico Para os Dons Espirituais
Há vários textos bíblicos-chave, que servem como base
para a compreensão da crença fundamental dos dons espirituais. Primeiro de tudo, ela nos diz em 1 Coríntios 12:11
que o Espírito Santo determina quais dons são dados a cada
um dos membros. Em termos práticos, pode ser dito que
cada membro da igreja possui, pelo menos, um dom, mas
ninguém tem todos os dons. Paulo usa a interdependência
do corpo para abordar tanto a diversidade como a unidade
que devem existir para que o organismo funcione bem. Os
ensinos bíblicos sobre os dons espirituais evitam os extremos
idênticos de esperar que todos façam a mesma coisa (como,
por exemplo, sair para dar estudos bíblicos) ou que apenas
alguns são chamados para fazer o trabalho da igreja.
Há vinte dons específicos mencionados nas Escrituras e
alguns deles são mencionados mais de uma vez. Romanos
12:6-8 lista sete dons: de profecia, serviço, ensino, exortação,
liberalidade, liderança e misericórdia. Em adição a esses sete,
1 Coríntios 12:7-10 e 12:28-30 acrescentam onze dons: sabe-
doria, conhecimento, fé, dom de curar, operação de milagres,
profecia, discernimento, línguas, interpretação de línguas,
apostolado, de socorrer e administração. Finalmente, Efésios
4:11 acrescenta dois dons: de evangelista e pastor. Enquanto
alguns comentaristas se limitam à lista dos dons que são
especificamente mencionados nesses textos, outros postulam
que ainda há outros dons demonstrados na igreja do Novo
Testamento, como hospitalidade, intercessão, missão, e esses
também devem ser incluídos.
Os dons recebidos por um indivíduo não devem ser
estáticos. Como no caso de Paulo, eles podem ser concedidos
pelo Espírito quando surge a necessidade de cura (At14:9, 10)
ou de profecia (At 27:23-25). Penso que estaria em harmonia
com as Escrituras que, se um indivíduo ou grupo de crentes
tem necessidade de certo dom, eles podem orar para que o
Senhor conceda o dom para os presentes ou envie outra pessoa que tenha esse dom específico, a fim de ministrar mais
efetivamente. Os dons precisam ser valorizados e desenvolvidos.
Paulo instou com Timóteo para “reavivar o dom” que havia
sido dado a ele por meio da imposição de mãos (2Tm 1:6).
Dons Espirituais: Aplicações Práticas
Apesar da grande bibliografia sobre o assunto, o livro bem
popular e de fácil leitura de Peter Wagner Spiritual Gifts Can
Help Your Church Grow (Os Dons Espirituais Podem Ajudar
Sua Igreja a Crescer) ainda é um clássico nessa área.3 Embora
haja grande número de dons espirituais, tendemos a valorizar
mais alguns deles, como o da cura, de falar em línguas e o de
profecia, não oferecendo muito subsídio em como os dons
espirituais devem ser compreendidos ou utilizados dentro da
igreja local ou no do contexto do ministério. Uma excelente
Dons
e
Ministérios
Espirituais
j
e bem documentada abordagem de todas as áreas dos dons
espirituais, denominada Connections (Conexões), é produzida
por pastores e líderes adventistas do sétimo dia e pode ser
acessada pela Internet.4
Há vários anos, eu queria ligar a máquina de lavar louça,
mas descobri que o detergente da lavadora de louça havia
acabado. Pensando que todos os detergentes fossem iguais,
coloquei detergente de lavar roupa no local apropriado e saí
feliz da vida. Quando voltei, pouco tempo depois, descobri que
a lavadora de louça tinha se transformado em uma máquina de
espuma e o chão da cozinha parecia invadido por uma nuvem.
A doutrina dos dons espirituais nos ensina a importância
de colocar a pessoa certa no lugar certo na igreja. Às vezes,
muitos problemas surgem quando um diácono bem-sucedido
assume o cargo de primeiro ancião. Como o detergente
da minha lavadora de louça, o membro não é “mau”, mas
incumbido de responsabilidades erradas. Após nos encorajar
a decorar 1 Coríntios 12 e 13, Ellen White sugere que “Por
meio de Seu servo Paulo, o Senhor colocou diante de nós
esses assuntos para nossa consideração, e aqueles que têm o
privilégio de estar unidos no âmbito da igreja, estarão unidos
em compreensão e inteligência.”5 A compreensão bíblica dos
dons espirituais nos unirá em discernimento e criatividade à
medida que refletirmos mais e mais o espírito de serviço de
Jesus e cumprirmos a missão de Deus para Sua igreja.
1
Ellen G. White, Comentário Biblico Adventista do Sétimo Dia, ed. F. D. Nichol (Washington, D.C.:
Review and Herald, 1965), v. 6, p. 1090.
2
Ellen G. White, Parábolas de Jesus, p. 67.
3
C. Peter Wagner, Spiritual Gifts Can Help Your Church Grow (Ventura, Calif.: Regal Books, 1979).
4
Acessar www.creativeministry.org/article.php?id=985 para maiores informações sobre o projeto e
maneiras de obter o material.
5
White, Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, v. 6, p. 1090, 1091.
Deus concede a todos os membros
de Sua Igreja, em todas as épocas, dons
espirituais que cada membro deve empregar em amoroso ministério para o bem
comum da igreja e da humanidade. Sendo
outorgados pela atuação do Espírito Santo,
o qual distribui a cada membro como Lhe
apraz, os dons proveem todas as aptidões
e ministérios de que a igreja necessita
para cumprir suas funções divinamente
ordenadas. De acordo com as Escrituras,
esses dons abrangem tais ministérios como
a fé, cura, profecia, proclamação, ensino,
administração, reconciliação, compaixão
e serviço abnegado e caridade para ajuda
e animação das pessoas. Alguns membros
são chamados por Deus e dotados pelo
Espírito para funções reconhecidas pela
igreja em ministérios pastorais, evangelísticos, apostólicos e de ensino especialmente
necessários para habilitar os membros
para o serviço, edificar a igreja com vistas
à maturidade espiritual e promover a unidade da fé e do conhecimento de Deus.
Quando os membros utilizam esses dons
espirituais como fiéis despenseiros da multiforme graça de Deus, a igreja é protegida
contra a influência demolidora de falsas
doutrinas, tem um crescimento que provém
de Deus e é edificada na fé e no amor.
(Rm 12:4-8; 1Co 12:9-11, 27, 28; Ef 4:8, 11-16;
At 6:1-7; 1Tm 3:1-13; 1Pe 4:10, 11.)
Janeiro 2010 | Adventist World
21
D E S C O B R I N D O
O
E S P Í R I T O
D E
P R O F E C I A
Tornando os
E s c r i to s d e E l l e n W h i t e
um dom de Deus que pode ajudar os cristãos a conhecer Jesus e experimentar Seu
amor, obedecendo a Seus ensinamentos em
resposta à maravilhosa graça de Deus.
Escritos de Ellen G. White Para
Jovens Leitores
Por
Cindy
Tutsch
para
Eles não podem ser apreciados se
não forem lidos pelas crianças
“Perguntei aos meus alunos da classe
bíblica qual a impressão que tinham
sobre Ellen White, e o que ouvi foram
grunhidos e vaias!”
Assim Kameron DeVasher descreveu
a reação dos adolescentes de sua escola
ao ouvir o nome de Ellen White. “Então”,
continuou Kameron, “perguntei aos
meus alunos para ampliar a resposta
deles. ‘Por que vocês têm essa reação aos
escritos de Ellen White? Que tipo de experiência tiveram com seus escritos que
provocou tal reação negativa?’”
Kameron disse que houve um sonoro
zum-zum-zum e alguns comentários
do tipo: “Ela é muito rigorosa, rígida e
legalista, além de ser chata.”
“Está bem”, disse Kameron. “Então
vamos fazer uma lista de todas as características de que você pode se lembrar
em relação à Sra. White e dos seus escritos, e vamos escrevê-las na lousa.”
Depois que todos deram sua opinião,
Cindy Tutsch é diretora
associada do Centro Ellen
G. White da Associação
Geral dos Adventistas
do Sétimo Dia. Ela gosta de trabalhar com
mentes jovens e inquisitivas.
22
Adventist World | Janeiro 2010
Kameron disse: “Baseados em quê vocês
fizeram essa avaliação?” E pressionou
ainda mais: “Quais são os livros de Ellen
White que vocês leram?”
Finalmente, a classe admitiu que seu
preconceito era baseado principalmente no
que outros haviam dito sobre Ellen White
e não por terem, eles mesmos, lidos seus
livros. A essa altura, Kameron sugeriu que a
classe começasse um estudo sobre o livro O
Desejado de Todas as Nações, de autoria da
Sra. White, para que fizessem uma avaliação com base na experiência pessoal.
E o resultado? Os alunos descobriram
que os livros sobre a vida de Cristo,
escritos por Ellen White, tiveram um
impacto relevante e imediato em sua vida
espiritual. Muitos começaram a sublinhar
e marcar seus livros e estavam sempre
interessados em debater seus trechos
preferidos nas discussões de classe.
A Igreja Adventista do Sétimo Dia
defende que os escritos de Ellen White
preenchem os requisitos bíblicos da confissão em Cristo e estão em harmonia com
as Escrituras.1 Os adventistas creem que
Ellen White comunica a mensagem vinda
de Deus, por meio de seus escritos, para
edificação, encorajamento e consolidação
da igreja. Por isso, é importante que os
adolescentes e mesmo as crianças pequenas compreendam que seus escritos são
Então, como apresentar os escritos de
Ellen White às crianças? Primeiro, não
subestime a habilidade das crianças de
apreciar o que ela escreveu, quando isso
for apresentado de tal modo que permita
a participação delas. Recentemente, reuni
um grupo de crianças de 10 a 13 anos
de idade, para ler e discutir a primeira
visão de Ellen White, encontrada nas
páginas 13 a 20 de Primeiros Escritos. Dei
a cada criança uma linda cópia do livro e
convidei-as a ler o parágrafo em voz alta.
Durante a leitura, todos podiam fazer
perguntas ou comentar sobre algo que
estavam ouvindo. Houve tanta discussão
que precisei limitar o grupo a um comentário por parágrafo, para que pudéssemos
terminar as seis páginas numa tarde!2
Recursos
Algumas crianças e até mesmo
adolescentes realmente têm dificuldade
para ler e compreender a linguagem do
século XIX usada por Ellen White. Para
que a comunicação com os jovens leitores
obtenha sucesso, o Centro Ellen White tem
trabalhado com editores e autores selecionados para publicar vários de seus livros
em linguagem contemporânea. Sentenças e
parágrafos foram condensados e a linguagem, modernizada. Todo esforço, porém,
tem sido feito para ser fiel ao conteúdo, às
ideias e aos princípios estabelecidos por
Ellen White. Sua ideia foi sempre preservada. Essas adaptações não têm o intuito
de tomar o lugar das publicações originais,
mas para apresentar Ellen White às crianças numa linguagem que possam compreender. Desse modo, espera-se que os jovens
leitores achem seus escritos atraentes,
interessantes e inspiradores, levando-os a
explorar os profundos tesouros espirituais
que se acham nos escritos originais.
Crianças de 8 a 14 anos de idade, que
têm acesso à Internet, podem apreciar a
revista sobre Ellen White, no site www.
whitestate.org/vez. Por meio de histórias,
citações adaptadas, quebra-cabeças,
perguntas e respostas, pesquisa bíblica
e mesmo por meio das contribuições
online das crianças, os escritos de Ellen
White se tornam vivos e interessantes
para as crianças. O Centro White está
preparando versões em áudio dos livros
adaptados e originais de Ellen White,
para que as crianças e os jovens possam
baixar da Internet, gratuitamente, nos
seus MP3 players. Esses livros em áudio
poderão ser acessados em breve no site
www.whiteestate.org (em inglês).
O Centro White – Brasil oferece uma
versão em português da revista Visionary
for Kids, chamada Visionário Teen e conta
com adaptações de artigos, conteúdos brasileiros e vídeos. Além disso, no próprio
site da Revista é oferecido um Suplemento
Pedagógico destinado a professores de
Ensino Religioso e Escola Sabatina. O site
é www.centrowhite.org.br/visionario.
Poder das Histórias
Gosto de contar histórias sobre Ellen
White para as crianças, permitindo, às
vezes, que elas façam uma dramatização.
Se você for convidado para contar a história da adoração infantil na sua igreja, tente
contar uma história sobre a extraordinária
vida de Ellen White. É muito provável que
muitos adultos de sua congregação nunca
ouviram falar ou já se esqueceram da
história e também podem ser beneficiados
com a lembrança do cuidado de Deus para
com a mensageira que Ele escolheu.
Você sabia, por exemplo, que Ellen
White permitia que os alunos que moravam em sua casa fizessem “guerra de travesseiros” uma vez por semana? Ou que
sua visão mais rápida foi a localização de
uma rede de cabelo roubada por um dos
alunos internos? Ou que a última de suas
duas mil visões foi sobre o grande amor
de Deus pelos jovens e Seu desejo de que
estejam salvos em Seu reino?
Os Centros de Pesquisa Ellen G.
White, localizados em todas as divisões
da Igreja Adventista do Sétimo Dia, têm
objetos, pinturas e mobílias que pertenceram a Ellen White, seus escritos e sua
contribuição para a Igreja Adventista do
Sétimo Dia. Pense em organizar uma
excursão para um desses centros com as
crianças e jovens de sua família ou de
sua igreja. Se você mora na América do
Norte, talvez possa planejar, nas férias da
família, fazer uma visita ao Centro White
da Associação Geral dos Adventistas do
Sétimo Dia, onde as crianças podem ver
a Bíblia que Ellen White segurou numa
visão, um grande mural com sua primeira visão e outras curiosidades sobre a
vida dela. Ou visite Elmshaven, a casa de
Ellen White no norte da Califórnia, perto
do Pacific Union College, ou a Vila Histórica Adventista, em Battle Creek, Michigan, ou faça uma “podcast tour” pelos
sites da Herança Adventista no nordeste
dos Estados Unidos, apresentado por
Kaili Kimbrow, de 11 anos de idade.3
O Centro White Brasil foi recentemente reinaugurado. Ali encontram-se
a réplica da grande Bíblia que EGW
segurou, fotos dela e de sua família, das
casas onde morou e terminais de áudio
e vídeo com mídias abordando o tema.
Visitas virtuais podem ser acessadas pelo
site www.memoriaadventista.com.br.
De Volta à Sala de Aula
Voltemos à sala de aulas de Kameron
DeVasher, onde os alunos, inicialmente,
estavam relutantes em ler qualquer
coisa escrita por Ellen White. Qual foi
sua reação quando você leu que ele
permitiu – sim, e encorajou – os alunos a
expressarem seus sentimentos positivos e
negativos sobre Ellen White?
Antes que o senso da razão adulta
suba a níveis elevados, considere essa
citação instrutiva da pena de Ellen White:
“Deve ser dada aos jovens a chance de
expressar seus sentimentos.”4
Kameron, porém, não parou de ensinar após ter permitido que seus alunos
“expressassem seus sentimentos”. Ele
os incentivou a “provar e ver”, por eles
mesmos, quão benéficos são os escritos de
Ellen White para o crescimento espiritual
de cada um, não baseados na opinião de
outros, mas na própria experiência.
Por encorajar seus alunos a ler, resumir,
sublinhar e discutir os conceitos espirituais
encontrados nos escritos da profetiza,
muitos deles mudaram totalmente de
opinião em relação ao dom de profecia.
A tarefa de ensinar nossas crianças
a apreciar a divina palavra profética
requer esforço, criatividade, persistência,
bondade, paciência e tenacidade. Mas terá
valido a pena quando pais, professores e
tutores virem “a coroa, as vestes, a harpa,
dadas aos filhos. Os dias de esperança e de
temor findaram. A semente semeada com
lágrimas e orações pode parecer ter sido
semeada em vão, mas sua ceifa é realizada
com alegria, afinal. Seus filhos foram
remidos.”5
1
Crenças Fundamentais Adventistas (Boise, Idaho: Pacific Press,
2005), p. 247.
2
Você pode encontrar a discussão, na íntegra, no site www.
whiteestate.org/vez/jul08/podcast/podcast.html, ou a versão
condensada www.youtube.com/watch?v=UbP4M2DAaCo.
3
Veja www.whiteestate.org/vez/apr09/podcast/podcast.htm.
4
Ellen G. White, Counsels on Sabbath School Work (Washington,
D.C.: Review and Herald, 1938), p. 69, 70.
5
Ellen G. White, Orientação da Criança, p. 569
Livros de Ellen G. White em português, apropriados
para
■ Deus e o Anjo Rebelde – O Grande Conflito para crianças, de autoria de Sally P. Dillon (2005)
■ Histórias de Minha Avó – Recordações Felizes de Ellen G. White (2001), de autoria de Ella
Robinson (neta de Ellen G. White)
■ Perguntas que Eu Faria à Irmã White – As indagações que você faria, respondidas por declarações
selecionadas dos escritos de Ellen G. White. Esse livro é mais antigo, mas é bastante curioso.
■ O Resgate – Inspiração Juvenil de 2006, de autoria de Neila D. Oliveira. Esse devocional se baseia
nos textos dos livros Patriarcas e Profetas, Profetas e Reis e O Desejado de Todas as Nações para
contar ao juvenil a história da salvação humana através do resgate efetuado por Jesus.
■ Eu conheço a minha história – programa do Ministério da Criança e Adolescente da DSA sobre
a história da igreja para crianças e juvenis. Disponível no site: http://www.portaladventista.org/
ministeriosdacrianca/index.php?option=com_content&task=view&id=16&Itemid=13
Janeiro 2010 | Adventist World
23
H E R A N Ç A
A D V E N T I S T A
Mineápolis,
Um Divisor de Águas na
História Adventista
P
or mais de cem anos, os adventistas do sétimo dia
consideram a Assembleia da Associação Geral de
1888 um divisor de águas em sua história, um importante marco em seu desenvolvimento teológico.
Do ponto de vista teológico, é considerada a assembleia mais
importante da história. Com duração de menos de um mês,
tanto a assembleia de Mineapólis (17/10 – 4/11) como o
instituto ministerial que a precedeu (10 a 16/10) mudaram o
formato do Adventismo.
Eventos que Levaram a Mineápolis
Após o grande desapontamento de 1844, nossos pioneiros
concentraram sua pregação em verdades importantes, as então chamadas verdades fundamentais: o santuário, o espírito
de profecia, as três mensagens angélicas, a imortalidade condicional, o segundo advento e o sábado. A salvação e justificação pela fé foram mantidas em segundo plano porque essas
verdades eram ensinadas pela maioria das outras igrejas. Por
que ensinar um batista ou metodista sobre salvação, se eles já
estavam familiarizados com isso? O que eles não sabiam era
sobre o sábado, o estado dos mortos, a verdade do santuário,
etc. Assim, nossos pioneiros priorizaram as doutrinas que nos
distinguiam, especialmente o sábado e os Dez Mandamentos.
Infelizmente, por causa da grande ênfase na lei e do declínio espiritual, não poucos se tornaram decididamente legalistas. Orgulho, autoconfiança e satisfação própria invadiram
24
Adventist World | Janeiro 2010
Por Gerhard Pfandl
1888
nossas fileiras. Havia grande necessidade de uma experiência
viva com Cristo, a alegria e paz que resultam do relacionamento com Ele. A lei e a guarda da lei tornaram-se as coisas
mais importantes. Ellen White, vendo a situação, escreveu:
“Como povo temos pregado sobre a lei até nos tornarmos
secos como as colinas de Gilboa, que não tinham nem chuva
ou orvalho. Devemos pregar Cristo na lei.”1
Concílio Ministerial (10 a 16 de Outubro de 1888)
Quando pensamos em Mineápolis, dois nomes vêm
à mente: A. T. Jones e E. J. Waggoner. Ambos eram muito
amigos e editores da Signs of the Times (Sinais dos Tempos), na
Califórnia. Alonzo T. Jones, 38 anos, havia servido o exército
americano e era grande autodidata. Elliot J. Waggoner, 33, em
contraste, teve educação clássica, estudou medicina e havia
trabalhado, por um tempo, no Sanatório de Battle Creek. Seu
coração, porém, estava no evangelismo. Por isso, ele mudou
de profissão e se tornou pastor.
Nas reuniões de trabalho durante a semana que precedeu
a Assembleia da Associação Geral, o ponto que dividiu o
corpo ministerial foi um conflito sobre a lei de Gálatas 3:24.
A questão era: Qual lei é mais importante – a lei moral ou
a cerimonial? Em 1886, O. A. Johnson publicou um artigo
na Review and Herald intitulado “As Duas Leis”, no qual
declarou “que a lei em Gálatas é a lei cerimonial.”2 Poucos
meses mais tarde, E. J. Waggoner escreveu uma série de nove
E L L E N
G .
W H I T E
E S TAT E
artigos na Sings, onde defendia a ideia de que a lei em Gálatas
é a lei moral. Ellen White, que na época morava em Basel,
Suíça, escreveu uma carta de reprovação aos dois editores na
Califórnia por publicarem artigos que revelavam ao mundo
a divergência quanto a certas doutrinas por parte das duas
revistas da igreja. Ela não defendeu um lado nem outro; simplesmente não gostou do modo com que agiram.
Quem estava certo? A resposta é: ambos. Ambas as leis
apontavam para Cristo. Oito anos mais tarde, em 1896, Ellen
White escreveu: “Nessa passagem (Gálatas 3:24), o Espírito
Santo, pelo apóstolo, Se refere especialmente à lei moral. A lei
nos revela o pecado, levando-nos a sentir nossa necessidade
de Cristo e a fugirmos para Ele em busca de perdão e paz.”3
Mas, em 1888, ela se recusou a dar uma resposta, provavelmente porque, na época, ela mesma não soubesse.
Assembleia de Mineápolis
A assembleia foi convocada para a quarta-feira, 17 de
outubro. Cerca de 90 delegados representavam 27 mil membros de igreja. O progresso dos novos campos missionários, a
distribuição de tarefas, o evangelismo nas cidades, um novo
navio para o Sul do Pacífico (Pitcairn) e muitos outros itens
foram discutidos. Hoje, porém, todos os assuntos rotineiros
da assembleia estão no esquecimento. Aquilo de que ainda
nos lembramos é: “em Sua grande misericórdia, enviou o
Senhor preciosa mensagem ao Seu povo por intermédio dos
pastores Waggoner e Jones. ... Apresentava a justificação pela
fé no Fiador (Cristo); convidava o povo para receber a justiça
de Cristo que se manifesta na obediência a todos os mandamentos de Deus.”4
Foi solicitado que Waggoner apresentasse uma série de
palestras sobre justificação pela fé. Não sabemos exatamente
o que Waggoner disse, porque todos os estudos bíblicos das
assembléias da Associação Geral começaram a ser gravados
somente em 1891, mas, levando em conta o que ele escreveu
antes e depois de Mineápolis, temos uma ideia aproximada
do que ele ensinou.
Até 1888, era amplamente ensinado que a justiça aceitável
a Deus poderia ser alcançada (com a ajuda do Espírito Santo,
é claro) pela obediência aos mandamentos. Em outras palavras, a santificação era vista como a base da salvação.
A obra justificadora de Cristo era vista, principalmente,
em relação aos nossos pecados do passado. Um artigo
anônimo em uma das primeiras Signs of the Times declarou:
“Como todos violaram a lei de Deus e não podem, por si
mesmos, render obediência às Suas justas exigências, somos
dependentes de Cristo; primeiro, pela justificação de nossas
ofensas passadas, e, segundo, pela graça pela qual rendemos
obediência aceitável à Sua santa lei para sempre.”5
Agora, Waggoner chega e diz: (1) a obediência humana
nunca satisfaz a lei de Deus; (2) somente a justiça imputada
de Cristo é a base de nossa aceitação por Deus; e (3) neces-
sitamos constantemente da proteção da justiça de Cristo, não
apenas por nossos pecados passados.
Qual foi a reação de seus ouvintes? Alguns aceitaram a
mensagem e apoiaram Waggoner (E. G. White, W. C. White,
S. N. Haskell, e alguns mais); outros rejeitaram a mensagem
(U. Smith, J. H. Morrison, L. R. Conradi), mas a maioria ficou
indecisa; não sabiam em que acreditar. Os que se opuseram à
mensagem foram bem francos. A certa altura, Ellen White ficou
tão desanimada que desejou ir embora, mas o anjo do Senhor
disse a ela: “Não! Deus tem uma obra para você neste lugar. Esta
gente está agindo como na rebelião de Corá, Datã e Abirão.”6
Mais tarde, a maioria dos que se opuseram à mensagem
mudaram de atitude e aceitaram a mensagem da justificação
pela fé, embora alguns tenham deixado a igreja.
Após a assembleia de Mineápolis, a Sra. White se uniu a A.
T. Jones e E. J. Waggoner para levar a mensagem da justificação
pela fé às igrejas. Eles visitaram reuniões campais, reuniões
de obreiros e escolas bíblicas de costa a costa. Em 1889, ela
escreveu: “Nunca vi uma obra de reavivamento ir adiante com
tanta eficácia, e ao mesmo tempo permanecer livre de toda
euforia imprópria.”7 Depois de Mineápolis, foram produzidos
muitos livros sobre justificação pela fé. Por exemplo, Caminho
a Cristo e O Desejado de Todas as Nações.
Compreender o que aconteceu em Mineápolis é importante
porque algumas pessoas, hoje, alegam que a igreja rejeita a
mensagem de Mineápolis e reivindicam um arrependimento
corporativo. Outros alegam que a natureza de Cristo era o
ponto-chave da mensagem de Waggoner. Em seu livro Christ
and His Righteousness (Cristo e Sua Justiça), publicado em 1890,
Waggoner sugere que Cristo assumiu a pecaminosidade carnal
com tendências pecaminosas. Mas alega-se que a igreja rejeitou
essa mensagem porque nunca aceitou oficialmente que Cristo
tivesse tendências pecaminosas. Entretanto, não há evidência de
que Waggoner falou sobre a natureza de Cristo em Mineápolis.
Sua ênfase foi na relação entre a justiça de Cristo e a lei.
Mineápolis foi um divisor de águas na história da Igreja
Adventista do Sétimo Dia. Por meio de Waggoner e Jones,
apoiados por Ellen White, a igreja foi salva de uma compreensão incompleta do evangelho.
“Christ Prayed for Unity Among the Disciples”, Review and Herald (11 de março de 1890).
“The Two Laws”, Review and Herald (16 de março, 1886).
Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 234.
4
Testemunhos Para Ministros e Obreiros Evangélicos, p. 91, 92.
5
“Fundamental Principles”, Signs of the Times (4 de junho de 1874).
6
Carta 2a, 1892.
7
Review and Herald (5 de março de 1889).
1
2
3
Gerhard Pfandl, natural da Áustria, é diretor
associado do Instituto de Pesquisas Bíblicas
da Associação Geral dos Adventistas do
Sétimo Dia, em Silver Spring, Maryland, EUA.
Janeiro 2010 | Adventist World
25
P E R G U N TA S B Í B L I C A S
P E R G U N T A : Ouvi
algumas pessoas falando
sobre apostasia. O que é isso?
A
próximo do termo “apostasia” é meshûbah. Baseia-se no verbo
shûb, que significa “virar”. Por um lado, esse verbo é usado
para expressar a ideia de arrependimento, como “tornar” ou
“retornar” para o Senhor. Por outro lado, a pessoa que “vira
as costas” para o Senhor comete meshûbah, apostasia. A apostasia pode ser o resultado da aceitação de crenças espúrias
ou de falsos mestres (1Tm 4:1), ou voltar ao estilo de vida
corrupto do mundo (2Pe 2:20-22). Ela também pode ser o
resultado de perseguição (Mt 24:9, 10), um coração incrédulo
(Hb 3:12), compromisso superficial com Cristo (1Jo 2:19) e
não prestar atenção na Palavra de Deus (Hb 2:1).
3. Manifestações de Apostasia: Quando associada à heresia, a apostasia é a visível
rejeição da verdade. A Bíblia
enfatiza duas das expressões
mais comuns. A primeira é
a prática do falso culto (Jr
3:6). O verdadeiro Deus é
rejeitado ou adorado quando se adora deuses pagãos.
No Antigo Testamento, essa
era a forma mais comum de
expressar a apostasia e era
considerada uma violação
da aliança. A religião canaPor
nita predominante exercia
Angel Manuel
poderosa influência sobre
Rodríguez
muitos israelitas, levando-os
a se separar do Senhor. Para
o Senhor, esse era um caso
de infidelidade marital espiritual, resultando em separação permanente (Jr 3:6-8).
A segunda expressão de apostasia era confiar, para
preservação, nos poderes políticos de outras nações, e assim,
negar o poder de Deus para salvar (Os 8:9). Ao fazer isso, a
nação estava “se esquecendo do Senhor”, agindo perversamente, voltando à escravidão do Egito e se virando contra
Ele (Jr 2:17-19). Em ambos os casos, Deus foi abandonado
e Seu povo abraçou novos poderes. Muito provavelmente
por auto-ilusão, eles ainda criam que estavam sendo leais
ao Senhor (Jr 3:23, 24). Provavelmente, são estas as duas
expressões mais enganosas e infelizes de apostasia. Ela promove falsidade em nome do Senhor e, como consequência,
muitos são enganados.
Embora a apostasia vá aumentar no mundo cristão
(2Ts 2:3), podemos permanecer leais a Deus mediante o
poder do Cordeiro.
palavra “apostasia” vem do grego apostasía, que quer
dizer “rebelião”. Nas Escrituras, ela tem um teor
religioso que merece ser explorado. Na teologia
cristã, os reformadores a usavam para descrever a condição
da igreja durante a Idade Média, mas ela também se tornou
importante entre os que promovem dupla predestinação,
o conceito de que Deus escolheu alguns para a salvação e
outros para a destruição. Argumentam que os eleitos para a
salvação nunca se separam da graça; não vão se apostatar.
Não posso falar aqui sobre
os pormenores dessas afirmações, mas descreverei alguns
aspectos do conceito de apostasia nas Escrituras.
1. Apostasia e Heresia: É
importante distinguir apostasia de heresia como termos religiosos. Heresia é comumente
compreendida como variação
ou falsificação da verdade
bíblica. Pressupõe-se que um
corpo de verdades bíblicas é
válido para todos e que ninguém tem o direito ou autoridade de alterá-lo. Também
se assume que há um critério
para distinguir a verdade da
falsificação ou variação.
Na história cristã, dois instrumentos específicos foram
considerados como investidos dessa autoridade. A primeira
foi o ministério de ensino da igreja cristã. Isso quer dizer
que a igreja, por meio de seus líderes religiosos, interpretava
e definia as verdades para os fiéis. Essa prática foi rejeitada
pelos reformadores.
O segundo instrumento é a Escritura. A Bíblia é o único
e exclusivo meio pelo qual a verdade é definida e a falsidade,
identificada. Os adventistas aceitam a última posição. A
apostasia incorpora a ideia que a heresia apenas resume, mas
aponta para o momento em que a presença da heresia é tão
abundante e radical que se considera que as pessoas estão
totalmente separadas da verdade bíblica e de Cristo como a
verdade. Nesse caso, há uma separação da verdade e da graça
salvadora de Deus. A apostasia é o resultado de um lento
processo de deserção espiritual das verdades bíblicas.
2. Terminologia Associada à Apostasia: A Bíblia usa
muitos verbos para expressar a ideia de apostasia. Entre
eles, “virar as costas” (Mt 24:10), “deixar” (1Jo 2:19), “esquecer”
(Dt 31:16), e “rebelar-se” (Ez 2:3). O termo hebraico mais
O Que
é
Apostasia?
26
Adventist World | Janeiro 2010
Angel Manuel Rodríguez é diretor do Instituto de Pesquisas
Bíblicas da Associação Geral.
E S T U D O
A
Eterna
B Í B L I C O
Recompensa
apocalipse
Por
Mark A. Finley
do
A Bíblia começa falando sobre um mundo perfeito. Antes da entrada do pecado, de acordo
com Gênesis 1 e 2, nossos primeiros pais, Adão e Eva, desfrutavam da comunicação direta
com Deus. Após o pecado, essa comunhão com Deus foi quebrada. Doença, sofrimento,
tristeza e morte entraram em nosso mundo. Em Apocalipse 21 e 22, a Bíblia termina onde
começou. Um dia, como resultado da vitória de Jesus sobre Satanás, por Sua vida, morte e
ressurreição, o domínio do mal será quebrado. Não haverá mais morte ou pecado. A lição
deste mês reverá “A Recompensa Eterna do Apocalipse”.
1. O que João viu em sua visão profética?
“Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe” (Ap 21:1).
João viu um novo
e nova
.
Deus deu aos profetas bíblicos um vislumbre da eternidade. Além de João, tanto Isaías
como Pedro tiveram uma visão de novos céus e nova terra (veja 2Pe 3:13; Is 65:17).
2. Quando João viu a cidade santa, feita nova, descendo do Céu para a Terra, que três
coisas disse a grande voz vinda do Céu?
“Então ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará
com eles. Eles serão povos de Deus e Deus mesmo estará com eles” (Ap 21:3).
a. Eis o
de
com os homens.
b. Deus
c. Eles serão
com eles.
de Deus e Deus mesmo
com eles.
O que Apocalipse 21:3 significa para você? O que será ver Jesus? Escreva suas ideias no
espaço abaixo.
3. Como resultado do pecado, nosso mundo está cheio de tristeza, dor e morte.
Que promessa Deus nos faz em relação a novos Céus e Nova Terra?
“E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor,
porque as primeiras coisas passaram” (Ap 21:4).
Deus enxugará dos olhos
pois as
. E não haverá mais
,
coisas
.
Pense o que será viver na Nova Terra! Não haverá mais temor. O sofrimento será coisa do
passado. A morte será banida para sempre.
Janeiro 2010 | Adventist World
27
4. Nós teremos tristes memórias na Nova Terra?
“E Aquele que está assentado no trono disse: eis que faço novas todas as coisas” (Ap 21:5).
“Pois eis que Eu crio novos céus e nova terra; e não haverá lembrança das coisas passadas, jamais haverá
memória delas” (Is 65:17, 18).
Deus fará
todas as coisas.
Não haverá
das coisas passadas.
5. Quais são as duas características especificadas em Apocalipse 21 dos que entrarão
no Céu e Nova Terra?
“O vencedor herdará estas coisas, e Eu lhe serei Deus e ele Me será filho”(Ap 21:7).
“Nela nunca jamais penetrará coisa alguma contaminada, nem o que pratica abominação e mentira, mas
somente os inscritos no livro da vida do Cordeiro” (Ap 21:27).
Os elementos indispensáveis para a eternidade estão listados aqui:
O
herdará todas as coisas.
Apenas os que estão inscritos no Livro da
do
.
Vencer é permitir que Jesus viva em nossa vida e ter comunhão diária com Ele. Ter nosso
nome escrito no Livro da Vida do Cordeiro é aceitar Jesus Cristo como Senhor e Salvador.
Se formos a Jesus e permanecermos nEle, um dia, permaneceremos com Ele para sempre.
6. De todas as alegrias do Céu, qual será a maior?
“Nunca mais haverá qualquer maldição. Nela estará o trono de Deus e do Cordeiro. Os Seus servos O
servirão, contemplarão a Sua face, e na sua fronte está o nome dEle” (Ap 22:3, 4).
Eles verão o Seu
, e o Seu nome estará na
deles.
7. Que promessa eterna Deus faz a cada um de Seus crentes fiéis?
“Então já não haverá noite, nem precisam eles de luz de candeia, nem da luz do Sol, porque o Senhor Deus
brilhará sobre eles, e reinarão pelos séculos dos séculos” (Ap 22:5).
Os que seguirem a Deus
para sempre com Ele.
O Céu será um lugar maravilhoso. A maior de todas as alegrias será viver com Jesus e
estar em Sua presença por toda a eternidade. Nada é mais compensador do que nos
encontrar com Jesus, que nos redimiu, e louvá-Lo para sempre. Por que não renovar nosso
compromisso com Ele e agradecer-Lhe por Sua promessa de eliminar o pecado e a tristeza
e confessar nossa intenção de morar para sempre com Ele?
No próximo mês, iniciaremos nova
série de estudos bíblicos sobre
“Uma Jornada Através
do Gênesis.”
28
Adventist World | Janeiro 2010
Intercâmbio Mundial
C A R TA S
Ideias
Parabéns pelo
artigo do Pastor
Jan Paulsen sobre
os adolescentes
e jovens, “Por
que Eles Saem?”
(outubro de
2009). Ele poderia
escrever mais
sobre esse assunto, inclusive preparar
um seminário sobre o tema, com discussão e estratégias para a igreja, pais e
professores.
A entrevista de Claude Richili com
Sylvain Romain, “O Adventismo na Albânia Pós-Comunista”, poderia vir em
um pequeno livro sobre fé e mártires
da Igreja Adventista (temos muitos).
Estou falando sobre a história do jovem
albanês que se tornou adventista e decidiu voltar para seu país para espalhar
as boas novas sobre Jesus, sabendo que
enfrentaria perseguição.
Que Deus abençoe essa revista e as
pessoas que a preparam.
Sileide France Turan
Curitiba, Paraná, Brasil
uma das jovens de meu curso de Bíblia.
O hino brotou tão forte em seu coração,
que ela o cantava como se ele fosse a
descrição de sua própria história. Lágrimas vieram aos olhos dos membros da
igreja, como se esse fosse um momento
de verdade, honestidade e profunda
convicção.
Hoje, tudo o que posso fazer é
tentar manter contato e orar para que
a mensagem daquela música volte
para ela, e para o coração de muitos
outros jovens adultos. Deus os quer
de volta. Oro para que a igreja
tenha sempre os braços abertos e
um coração caloroso e cheio de amor
para continuar buscando aqueles
que não mais vemos na igreja.
Marianne Kolkmann
Trondheim, Noruega
Não se Esqueçam de Nós
Muito trabalho está sendo realizado na
Etiópia, mas nunca li um único artigo
sobre isso. Há muitas histórias que poderiam dar um artigo surpreendente na
Adventist World. Deus está em todos os
lugares operando misteriosamente.
Quero desejar-lhes tudo de bom
em nome de todos os irmãos e irmãs
adventistas da Eliópia. Pessoalmente,
quero acrescentar minha gratidão porque essa revista me dá a motivação para
ler mais e mais a Bíblia.
Eyob Aga
Adis-Abeba, Etiópia
Jovens
Trabalhando
Fiquei feliz ao ler
sobre o Projeto
Elias (Adventist
Wolrd, março de
2009). É maravilhoso saber que
os jovens de nossa
igreja estão falando de Jesus para o mundo. Gostaria que
vocês soubessem que aqui, no nordeste
do Brasil, há uma iniciativa semelhante.
É a Missão Calebe.
Durante as férias de janeiro e julho, os
jovens se dedicam fielmente ao evangelismo, deixando seus lares e indo a lugares,
perto e longe, obedecendo à ordem do
Mestre: “Ide a todo o mundo e pregai
Comentário
Obrigado pelo artigo oportuno, “Por que
Eles Saem?” Quando olho para os anos
em que fui abençoada por trabalhar no
ministério jovem, fico triste em dizer
que há muitos jovens que conheci que
decidiram que a igreja não é para eles.
Na minha lista de amigos do Facebook,
posso ver vários ex-alunos que tocavam
para elevar o espírito das pessoas a Deus;
os que compunham canções, que faziam
parte da vida da igreja por meio do
ministério criativo deles. Muitas vezes
temos a impressão de que as pessoas com
habilidades musicais são mais inclinadas
a deixar a igreja.
Tenho um hino gravado em minha
mente: “Leve-me à Cruz”, cantado por
Oro para que a igreja
tenha sempre os braços
abertos e um coração
caloroso e cheio de amor.
— Marianne Kolkmann
Trondheim, Noruega
Janeiro 2010 | Adventist World
29
Intercâmbio Mundial
C A R TA S
o evangelho.” Os resultados são muitos
batismos e jovens com o espírito renovado, esperando pelo retorno de Jesus.
Karlla Tathiana
Fires, Paraíba, Brasil
Como as
Folhas de
Outono
É um prazer
escrever esta carta
para vocês pela
primeira vez, desde que o Senhor
me chamou para
Seu serviço. Estamos pregando o evangelho para que
nossos amigos conheçam o verdadeiro
Jesus e Sua salvação para este mundo
perdido. Estamos pregando aqui em
Malavi e também em Moçambique.
As pessoas estão recebendo Jesus
como seu Senhor. Queremos que este
evangelho seja pregado em todos
os lugares.
Oramos ao Senhor para que nos
guiasse. Fizemos isso por três dias. No
quarto dia, vimos um papel jogado
na rua; eram as páginas 29 e 30 da
Adventist World de junho de 2006.
Nossa oração era pedindo ao
Senhor que nos desse amigos que nos
ajudassem a pregar o evangelho. Foi
assim que o Senhor nos mostrou vocês
(Sl 143:8). Pedimos que orem por nós
para que as portas se abram. Gostaríamos também de receber a Adventist
World. Incluam-nos na sua lista de
endereços. Precisamos receber notícias
de vocês.
Charles Pengani
Mulomga, Phalombe, Malavi
Apreciação
Cordiais saudações, em nome de
nosso Senhor Jesus Cristo. Obrigado
pela revista Adventist World, pela
mensagem de paz e inspiração para
nossos irmãos. Esta é uma revista
muito proveitosa.
Estou incluindo fotografias de
uma atividade missionária, realizada
por nossa união, e denominada Dia
Portorriquenho da Bondade.
Hector Matías
Río Piedras, Porto Rico
Cartas para o Editor – Envie para: [email protected]
As cartas devem ser escritas com clareza e ao ponto, com
250 palavras no máximo. Lembre-se de incluir o nome do artigo,
data da publicação e número da página em seu comentário.
Inclua, também, seu nome, cidade, estado e país de onde você
está escrevendo. Por questão de espaço, as cartas serão
resumidas. Cartas mais recentes têm maior chance de ser
publicadas. Nem todas, porém, serão divulgadas.
O LUGAR DE ORAÇÃO
Por favor, orem por meu pai, que é
viciado em bebida alcoólica. Ele concordou em estudar a Bíblia e em assistir
a uma série de conferências. Orem
para que Deus fortaleça esse desejo que
nasceu em seu coração e que ele aceite
nossa fé.
Ana, Brasil
Por favor, orem por mim para que eu
possa deixar essa vida de refugiado. Sei
que um dia Deus ouvirá minha oração.
Ninguém pode me impedir de ir aonde
Deus quer que eu vá.
Dawit, Etiópia
Muito obrigada pelas orações e graças a
Deus por respondê-las. Por várias vezes
vocês oraram por minha mãe. Ela se
submeteu a um exame de ressonância
magnética por imagem faz alguns dias
30
Adventist World | Janeiro 2010
e o médico disse que seu câncer não
retornou. De fato, ela está melhorando.
Deus seja louvado!
Michele, Estados Unidos
Fui batizado há dois anos. Após, fiz
amizade com alguém que me levou à
bebida e ao cigarro. Quero mudar, mas
estou encontrando dificuldade para
abandonar o vício. Tenho problemas de
consciência. Orem por mim.
Phumzile, África do Sul
Meus irmãos, irmãs e eu vivemos em
desespero sem ter onde dormir, nada
para vestir e muito pouco para comer.
Moramos perto de uma prisão e, às
vezes, pegamos as sobras da comida dos
prisioneiros. Estou orando para que
Deus nos ajude.
Doreen, Uganda
Vocês oraram por minha irmã quando
ela ia ter bebê. Ela teve um parto
perfeito e tudo está bem, com a graça
de Deus. Obrigado.
Malcolm, Granada
Pedi orações por minha irmã que estava
fazendo exames na Comissão Própria
de Avaliação (CPA). Ela me enviou um
e-mail dizendo que passou no conselho.
Agradecemos as orações enviadas ao Céu.
Nathaniel,
Emirados Árabes Unidos
Pedidos de oração e agradecimentos (gratidão por resposta à
oração). Sua participação deve ser concisa e de, no máximo,
75 palavras. As mensagens enviadas para esta seção serão
editadas por uma questão de espaço. Embora oremos por todos
os pedidos nos cultos com nossa equipe durante a semana, nem
todos serão publicados. Por favor, inclua no seu pedido, seu nome
e o país onde vive. Outras maneiras de enviar o seu material:
envie fax para 00XX1(301) 680-6638, ou carta para: Intercâmbio
Mundial, Adventist World, 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring,
Maryland 20904-6600 EUA.
E M D I A C O M A AW R ( R Á D I O M U N D I A L A D V E N T I S TA )
Medalhista Olímpica
Conduz Pessoas
a
Cristo
E
ugênia foi jogadora profissional de handball na seleção da ex-União Soviética. Com seu time, o Spartak de Kiev, Ucrânia, ganhou muitos títulos. Hoje,
está aposentada do esporte profissional. Mora em Israel e trabalha como
voluntária, produzindo programas de rádio sobre saúde para a AWR, FM (Rádio
Mundial Adventista).
Eugênia Tovstogan nasceu em Moscou, Rússia. Como jovem atleta, muito
promissora, mudou-se para Kiev a fim de estudar na melhor colônia de handball
soviética e treinar para se tornar uma das melhores jogadoras. Com 16 anos, começou jogando para o Spartak, time de handball soviético mais famoso de todos
os tempos. Nesse time, ganhou seis campeonatos para a URSS, cinco Eurocopas e
muitas outras medalhas.
O bronze olímpico, que normalmente é sucesso para qualquer competidor, tornou-se grande desapontamento na vida dos jogadores. As Olimpíadas de Seul eram
a última chance para o time soviético, uma vez que o país se esfacelou alguns anos
depois. Como a maioria de seus colegas de time, Eugênia foi deixada à sua própria
sorte para lutar pela sobrevivência e, se possível, encontrar um novo time.
Em 1991, ela se mudou para Berlim, Alemanha, onde jogou por três anos. Para
surpresa dela, a mãe foi visitá-la em Berlim e permaneceu por dois meses com ela.
Sua mãe havia se tornado adventista do sétimo dia e durante aqueles dois meses
contou à filha suas novas descobertas.
Eugênia mudou-se para a França em 1993. Com essa mudança, ela decidiu
também mudar seu estilo de vida. Começou a ler a Bíblia todos os dias e, em
pouco tempo, decidiu não treinar aos sábados. Isso lhe custou muito caro: teve que
deixar o time. Eugênia concluiu que o único lugar em que poderia jogar handball
profissionalmente e guardar o sábado seria Israel. Graças aos contatos feitos com
alguns amigos, ela se mudou para Israel. Poucas semanas antes da mudança, em
1996, Eugênia foi batizada em Kiev. Em Israel, ela jogou handball até o fim de sua
carreira, no ano 2000.
Hoje, Eugênia diz: “Creio que, através do rádio, posso ajudar as pessoas a compreender a mensagem adventista sobre saúde, o que pode lhes proporcionar uma
vida mais feliz. Desse modo, quero contar a todos sobre o prêmio que pode ser ganho por todos. Há uma medalha de ouro, mas não para uma pessoa só. Esta é para
todos; todos podem ganhá-la e sei que não há outro prêmio no mundo que possa
se igualar a esse. Estou sonhando com o dia em que poderei ficar sob a bandeira
celestial, como vencedora, junto com milhares de outros, para cantar o hino que
ainda não conhecemos, mas que todos saberemos, quando estivermos ali reunidos,
diz a Bíblia.”
— Por Tihomir Zestic, diretor da AWR na Região da Europa
R Á D I O
M U N D I A L
A D V E N T I S TA
“Eis que cedo venho…”
Nossa missão é exaltar Jesus Cristo, unindo os
adventistas do sétimo dia de todo o mundo numa só
crença, missão, estilo de vida e esperança.
Editor
Adventist World é uma publicação internacional da
Igreja Adventista do Sétimo Dia, editada pela
Associação Geral e pela Divisão Ásia-Pacífico Norte.
Editor Administrativo
Bill Knott
Editor Associado
Claude Richli
Gerente Internacional de Publicação
Chun, Pyung Duk
Comissão Editorial
Jan Paulsen, presidente; Ted N. C. Wilson, vice-presidente;
Bill Knott, secretário; Armando Miranda; Pardon K.
Mwansa; Juan Prestol; Charles C. Sandefur; Don C.
Schneider; Heather-Dawn Small; Robert S. Smith;
Karnik Doukmetzian, assessor jurídico
Comissão Coordenadora da Adventist World
Lee, Jairyong, presidente; Akeri Suzuki; Clyde Iverson;
Guimo Sung; Glenn Mitchell; Chun, Pyung Duk
Editor-Chefe
Bill Knott
Editores em Silver Spring, Maryland
Roy Adams, Gerald A. Klingbeil (editores associados),
Sandra Blackmer, Stephen Chavez, Mark A. Kellner,
Kimberly Luste Maran
Editores em Seul, Coréia
Chun, Jung Kwon; Choe, Jeong-Kwan
Editor Online
Carlos Medley
Coordenadora Técnica
Merle Poirier
Assistente Executiva de Redação
Rachel J. Child
Assistentes Administrativos
Marvene Thorpe-Baptiste
Alfredo Garcia-Marenko
Atendimento ao Leitor
Merle Poirier
Diretor de Arte e Diagramação
Jeff Dever, Fatima Ameen
Consultores
Jan Paulsen, Matthew Bediako, Robert E. Lemon,
Lowell C. Cooper, Mark A. Finley, Eugene King Yi Hsu,
Gerry D. Karst, Armando Miranda, Pardon K. Mwansa,
Michael L. Ryan, Ella S. Simmons, Ted N. C. Wilson, Luka
T. Daniel, Alberto C. Gulfan, Jr., Erton Köhler, Jairyong
Lee, Israel Leito, Geoffrey G. Mbwana, John Rathinaraj,
Paul S. Ratsara, Barry Oliver, Don C. Schneider, Artur A.
Stele, Bruno Vertallier, Gilbert Wari, Bertil A. Wiklander.
Aos colaboradores: São bem-vindos artigos enviados
voluntariamente. Toda correspondência editorial deve ser
enviada para: 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring MD
20904-6600, EUA. Escritórios da Redação: (301) 680-6638
E-mail: [email protected]
Website: www.adventistworld.org
A menos que indicado de outra forma, todas as referências
bíblicas são extraídas da Versão João Ferreira de Almeida,
Revista e Atualizada no Brasil pela Sociedade Bíblica do
Brasil, 1993.
Adventist World é uma revista mensal editada simultaneamente
na Coréia, Argentina, Austrália, Indonésia, Brasil e Estados Unidos.
Vol. 6, No. 1
Janeiro 2010 | Adventist World
31
O Lugar Das
PESS
F R A S E
D O
AS
M Ê S
Q U E
L U G A R
É
E S S E ?
B U C H H A M E R
“Se você está aqui é
porque Deus quis assim.
E se você acreditar nisso,
Deus irá capacitá-lo
para realizar o que Ele
quer que você faça.”
V I D A A D V E N T I S TA
Eu estava acostumado a fazer depósitos e saques “à
moda antiga”, por meio de um caixa humano, em um
banco rural. Nunca tinha passado pela minha cabeça usar
um caixa eletrônico, até que me mudei para a cidade.
Uma coisa engraçada aconteceu quando usei, pela
primeira vez, um cartão de débito. A máquina era totalmente automática, inclusive com uma voz que dizia para
eu digitar minha senha de quatro dígitos. Eu havia escrito o
número em um pedaço de papel e digitei 9068 no teclado.
“Sua senha está incorreta. Por favor, tente outra vez”,
disse a voz mecânica. Digitei os números outra vez – sem
sucesso.
Frustrado, já estava quase desistindo quando notei que
o papel estava de cabeça para baixo. Tentei de novo, e dessa
vez com os números 8906. Funcionou!
Tudo o que fiz foi mudar a minha perspectiva e olhar
por um ângulo diferente. Quando um problema cruza meu
caminho, não desisto imediatamente. Em vez disso, procuro uma solução. Agradeço a Deus por me mostrar que as
falhas podem ser transformadas em sucesso, se estivermos
dispostos a olhar por outra perspectiva. E, muitas vezes, a
solução está lá, só esperando.
— L. Yap, Quezon City, Filipinas
G A B R I E L A
— Pastor Dave Sanner, em 8 de agosto
de 2009, na Igreja Adventista do Sétimo Dia
da Blue Mountain Academy, Hamburg,
Pensilvânia, Estados Unidos.
POEMA
Serenidade
Tranquilamente, em paz dormir,
De consciência limpa descansar,
Não temer, se a escuridão cair.
Saber que Deus vem nos guiar,
O que mais pode desejar
O humano coração
Ao por esta Terra viajar?
Que andar com Ele, mão na mão,
E o grande dia antecipar?*
— Sandra A. Haynes, Roseburg, Oregon,
Estados Unidos
*Versos em Português: Gesson Magalhães
Negro, Argentina, Kenneth Lavooy e Martin
Mazzey desfrutam de um dia de pesca às margens do Rio Negro.
R E S P O S TA: Em Viedma, Rio

Documentos relacionados

Adventist World

Adventist World Por Mark A. Kellner, editor de notícia ■ Neal Clayton Wilson, por onze anos

Leia mais

Março - Adventist World

Março - Adventist World cultos da Igreja Adventista. Allen disse que o trabalho da igreja para melhorar a qualidade de vida na Jamaica chamou a atenção dos líderes para o seu nome. “Tenho a impressão de que [o primeiro-mi...

Leia mais

Novembro - Adventist World

Novembro - Adventist World da revista, em seu gabinete, em Quito, capital do país, das mãos do pastor distrital, Santiago Ayala. Por toda a América do Sul, grupos de adventistas invadiram ruas e bairros para distribuir a pub...

Leia mais

Agosto - Adventist World

Agosto - Adventist World 2010. team headed by Bill Knott according to the license deeditorial 6, nº 8, agosto Vol.Adventist (c) 2005. Copyright Association. Publishing August 1, 2010; This magazine is edited by the Review ...

Leia mais

Outubro - Adventist World

Outubro - Adventist World Angola conquistou sua independência de Portugal em 1975, após 400 anos de colonialismo. A guerra eclodiu tão logo diferentes facções políticas começaram a lutar pela supremacia governamental. A paz...

Leia mais