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Capítulo
3
Processamento industrial da
castanha-de-caju
Francisco Fábio de Assis Paiva
Raimundo Marcelino da Silva Neto
Resumo: O processamento industrial da castanha-de-caju é uma atividade que tem grande importância
social e econômica da cadeia produtiva do caju, desde os primórdios da utilização da amêndoa da castanha
como alimento. Isso justifica o seu constante desenvolvimento, seja por meio de trabalhos empíricos, seja
por pesquisa e desenvolvimento, viabilizando a passagem do sistema artesanal para o sistema manual
e depois para o sistema semimecanizado, mecanizado e automático. Neste capítulo, são apresentadas
as características de cada processo industrial da castanha-de-caju e dos equipamentos utilizados, além
das normas de classificação das castanhas e das amêndoas, bem como seus atributos de qualidade e
preferências dos mercados interno e externo. O capítulo inova ao apresentar um modelo de organização
e gestão do processamento da castanha-de-caju formado por várias minifábricas denominado de Módulo
Agroindustrial Múltiplo. São apresentados também os avanços obtidos na indústria de equipamentos para
beneficiamento da castanha-de-caju e a descrição de diversos acessos de patentes e modelos de utilidade
para equipamentos, processos e produtos do caju registrados no Brasil.
Introdução
O uso de nozes como alimento remonta a tempos pré-históricos. Muitos povos
primitivos subsistiram principalmente com o consumo delas, juntamente a raízes e
frutos silvestres. Depois de séculos de negligência, elas vieram de novo em destaque,
como resultado dos avanços na pesquisa de alimentos. Hoje as nozes formam
uma parte importante de cada refeição diária em vários países, sendo, em geral,
alimentos ricos em proteína, gordura, carboidratos, minerais e vitaminas essenciais
para o bem-estar do ser humano.
A amêndoa da castanha-de-caju (ACC) é a terceira entre as nozes consumidas
no mundo na forma de fruta seca ou ingrediente de cozinha de diferentes culturas
do mundo. É também consumida como recheio ou adicionada na formulação de
bombons e confeites em geral.
A história da industrialização da castanha-de-caju no mundo tem seu início
na Índia no século 20, tendo como suporte o corte manual de descasque da
castanha-de-caju, processo ainda hoje empregado naquele país. Por mais de 70
396
Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju
anos, a Índia liderou a industrialização da castanha-de-caju no mundo, quando
surgiram modelos automatizados empregando equipamentos desenvolvidos na Itália
e Inglaterra que foram adotados no Brasil e na África.
O processamento industrial da castanha-de-caju no Brasil iniciou-se, com
maior importância, no início da década de 1970, quando foram implantadas as
fábricas mecanizadas, por corte com lâminas ou por impacto, o que proporcionou a
expansão da cajucultura e colocou o País como um dos principais produtores
de castanha-de-caju do mundo e um importante mercado exportador da amêndoa.
Atualmente, o setor industrial da castanha-de-caju no Nordeste do Brasil é
formado por oito fábricas que utilizam processamento mecânico com a maioria
dos equipamentos desenvolvidos a partir de modelos utilizados, principalmente
no continente africano, sendo aperfeiçoados e adaptados às condições locais. O
nosso parque industrial tem capacidade atual para processar 550 mil toneladas de
castanha-de-caju por ano. O processamento mecânico tradicional de castanha-decaju é caracterizado por uma alta produtividade, mas o produto, apesar de ser de
elevada qualidade, apresenta baixa porcentagem de ACCs inteiras (60%-65%) e
pequenas alterações de cor e sabor, no entanto sem comprometer a qualidade do
produto.
Só no Brasil, a indústria de castanha-de-caju oferece 18 mil empregos diretos
e oportunidade de emprego para cerca de 60 mil pessoas nas cooperativas de
trabalho que fazem parte da despeliculagem manual da ACC. Há também cerca de
120 minifábricas com capacidade anual para processar 5 mil toneladas de castanhas-de-caju.
Composição e atributos qualitativos
da castanha-de-caju
O caju compõe-se de um pedúnculo suculento e hipertrofiado (o pseudofruto
ou maçã do caju) e a castanha (o verdadeiro fruto do cajueiro), que é um aquênio
reniforme, com uma única semente indeiscente, e não abre na época da maturação.
A castanha é constituída de três partes distintas: casca, película e amêndoa
(Figura 1).
Devido à grande variabilidade genética nos pomares de cajueiro plantados
por semente, é grande a variação do peso e tamanho da castanha-de-caju, de 2 g
até 30 g. Ao contrário, os pomares plantados com clones de cajueiro-anão-precoce,
desenvolvido pela Embrapa, não apresentam variabilidade genética e por isso têm
maior uniformidade no peso e tamanho das castanhas-de-caju, variando de 8,0 g
a 11,5 g, o que permite redução de custos na sua calibragem e, consequentemente,
no processo de beneficiamento.
397
Foto: Cláudio de Norões Rocha
Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju
Figura 1. Corte longitudinal da castanha-de-caju.
Casca
A casca ou pericarpo é formada pelo conjunto epicarpo, mesocarpo e
endocarpo. O epicarpo coriáceo é atravessado por um espesso mesocarpo esponjoso
cujos alvéolos são preenchidos com um líquido viscoso – o líquido da casca de
castanha-de-caju (LCC) – de cor escura, cáustico e vesicante, que é abrasivo para a
pele e facilmente inflamável. A casca da castanha-de-caju contém cerca de 25%
desse óleo, líquido que é um subproduto do processo do seu cozimento.
Após a extração do LCC, a casca da castanha-de-caju ainda mantém em torno
de 5% de LCC, que permanece nos alvéolos e serve como material de combustão
para caldeiras, geralmente das fábricas de castanha-de-caju. Esse subproduto é
disputado também pelas indústrias de cimento, olarias e outras indústrias que o
utilizam em seus fornos para a geração de vapor.
O LCC pode ser matéria-prima para a síntese da lasiodiplodina, substância
já conhecida por atuar contra a leucemia (câncer de sangue). Os trabalhos que
comprovam essa hipótese estão sendo desenvolvidos pela Universidade de Brasília
com extração da substância a partir do ácido anacárdico encontrado na casca de
castanha-de-caju.
A composição química do LCC é formada basicamente por um ácido de
natureza cáustica, o ácido anacárdico, que pode causar sérias lesões no contato com
a pele do operador na unidade de processamento.
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Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju
As cascas de castanha-de-caju são geralmente utilizadas pelas empresas de
beneficiamento de castanha como combustível para suas caldeiras, na proporção de
até 30% para geração de vapor. Segundo informações de empresas especializadas
em caldeirarias, quando se utilizam quantidades maiores de cascas de castanha-de-caju na geração de vapor, elas podem ocasionar entupimentos nas tubulações
que alimentam as caldeiras e causar sérios prejuízos e risco na segurança do
equipamento.
Película
A película que protege a amêndoa de castanha-de-caju é formada por um
tegumento composto basicamente de catequinas e alguns alcaloides, além de
pigmentos de cor alaranjada. Representando cerca de 3% do peso da castanha-de-caju, a película pode ter, pelo menos, duas utilizações: na composição de rações
animais ou ainda como fonte de tanino para curtumes. Essas aplicações da película
permitem o aproveitamento de um subproduto da industrialização que antes era
simplesmente descartado (PAIVA et al., 2000a). Alguns trabalhos citam também o
emprego da película como substrato na produção de mudas de fruteiras como fonte
de minerais.
A película da amêndoa de castanha-de-caju apresenta valor energético
significativo com 5.365 kcal kg-1 (MAIA et al., 1981), além de fibras, proteínas e
extrato etéreo. Dessa forma, a utilização da película na alimentação animal tem
como alicerce a sua composição química e seu valor energético.
Amêndoa
A amêndoa de castanha-de-caju é a parte comestível do fruto, tendo em
média 28% a 30% do seu peso. Na industrialização, o seu rendimento cai para 21%
a 23%, devido principalmente ao processo de secagem ao sol para ser armazenada.
É considerada um alimento de sabor agradável e de alto valor nutricional,
apresentando, em sua constituição, 21% de proteína, 47% de gordura e 22% de
hidratos de carbono (Tabela 1). O seu baixo teor de carboidratos, menos de 1% de
açúcar solúvel, é responsável pelo sabor agradável. É, portanto, recomendada para
pessoas que sofrem de diabetes e obesidade, pelo seu reduzido teor de açúcares e
equilibrado valor energético (OHLER, 1979).
De acordo com Arango (1994), a qualidade da ACC pode ser definida como
um conjunto de características organolépticas, tais como gosto, cor, cheiro e
homogeneidade morfológica. Nesse caso, atributos como tamanho, integridade
física do produto, cor e sabor são relevantes na determinação das preferências do
consumidor final.
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Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju
Tabela 1. Valor nutritivo da amêndoa de castanha-de-caju.
Nutrientes
Calorias
Proteínas
Carboidratos
Gorduras
Necessidade nutricional
diária para uma pessoa
adulta
3.000-3.500
Quantidade por 100 g de
amêndoas
% da necessidade
nutricional máxima
600
17,14
60-75 g
21 g
28,00
375 g
22 g
0,06
68 g
47 g
69,11
Fósforo
1,44 g
0,45 g
31,25
Cálcio
0,68 g
0,05 g
7,35
Ferro
0,015 g
5 mg
33,33
Vitamina A
4.000 I.U
322 I.U
8,05
Vitamina B
400 I.U
111 I.U
27,75
Vitamina E
46 mg
–
–
Fonte: http://www.bolacashew.com/nutrition.php
Também é considerada uma fonte de proteína de alta qualidade, rica em ácidos
graxos poli-insaturados de grande valor energético, além de apresentar elevado
teor de ferro, fósforo e vitamina B, contribuindo com percentuais significativos da
necessidade diária de nutrientes e calorias (Tabela 2).
Tabela 2. Composição química média da ACC.
Componente
Umidade (%)
Proteína bruta (N x 6.25) (%)
Extrato etéreo (%)
Ácidos graxos saturados (%)
Ácidos graxos insaturados (%)
Carboidratos totais (%)
Fibra bruta (%)
Sais minerais (%)
Cálcio (mg 100 g-1)
Fósforo (mg 100 g-1)
Ferro (mg 100 g-1)
Tiamina (mg 100 g-1)
Riboflavina (mg 100 g-1)
Ácido nicotínico total (mg 100 g-1)
Valores Médios
10,0
29,9
47,0
18,5
81,5
27,2
1,2
1,7
165,0
490,0
5,0
140,0
150,0
2.200,0
Fonte: Paiva et al. (2000 a).
A amêndoa é um alimento altamente nutritivo, proporcionando uma
quantidade substancial de energia. Tem sabor agradável e pode ser comida crua, frita
e, por vezes, salgada ou caramelizada com açúcar (MANAY et al., 1987). Contribui
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Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju
como uma fonte importante de gordura na dieta, sendo também uma importante
fonte de minerais. A procura por amêndoas de castanha-de-caju em muitos países
de clima temperado tem aumentado (RUSSEL, 1979).
Além da ACC, outros subprodutos podem ser obtidos do processamento da
castanha, conforme a Figura 2.
Castanha
Amêndoa com película
Casca
LCC
Tintas
Vernizes
Plásticos
Resinas fenólicas
Impermeabilizantes
Pó de fricção
Aglomerados
Compensados
Isolantes elétricos
Taninos
Colas
fenólicas
Amêndoa sem
película
Película
Taninos
Farinha
refinada
Resíduos
prensados
Amêndoa
crua
Farinha grossa
Óleo não
saturado
Manteiga
vegetal
Figura 2. Produtos obtidos a partir do beneficiamento da castanha-de-caju.
Normas de identidade e qualidade da castanha-de-caju
Para regulamentar a comercialização da castanha-de-caju, o governo brasileiro,
por meio de Portaria, criou normas para a classificação da castanha-de-caju, que
tem como objetivo definir as características de identidade, qualidade, apresentação,
embalagem, armazenamento e transporte que se destina à comercialização interna.
A castanha-de-caju será classificada em classes, segundo o tamanho, e tipos,
segundo a qualidade.
401
Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju
Classes
As classes da castanha-de-caju são determinadas em função do seu tamanho e
de acordo com as peneiras abaixo discriminadas, ficando assim distribuídas em cinco
classes:
• Grande – É o produto que ficar retido na peneira de malha 25 mm.
• Média – É o produto que vazar na peneira de 25 mm e ficar retido na peneira
de furo circular de 23 mm.
• Pequena – É o produto que vazar na peneira de 23 mm e ficar retida na
peneira de furo circular de 21 mm.
• Miúda – É o produto que vazar na peneira de 21 mm e ficar retida na peneira
de furo circular de 19 mm.
• Misturada – É o produto que não se enquadrar nas classes anteriores e se
apresenta constituído de duas ou mais classes.
Admite-se um percentual máximo de 10% de mistura de outras classes
diferentes da predominante. As castanhas-de-caju que não vazarem na peneira
de 17 mm, poderão ser incorporadas na classe miúda.
Tipos
A castanha-de-caju será classificada em quatro tipos (Tabela 3) segundo a sua
qualidade, respeitada a classe a que pertence e ainda os critérios estabelecidos.
Independente do tipo, as castanhas deverão ser novas, inteiras, com cascas
de cor natural, limpas, secas, livres de materiais estranhas, contendo amêndoas
maduras, perfeitas e sãs, com película de cor uniforme.
A diferenciação dos tipos será feita com base nos percentuais máximos
permitidos de castanhas avariadas, impurezas, matérias estranhas e cajuís.
A castanha-de-caju será considerada abaixo do padrão quando ultrapassar
os limites estabelecidos para o tipo 4 e não exceder o limite máximo de 25% de
castanhas avariadas.
Tabela 3. Limites máximos de tolerância dos defeitos da castanha-de-caju.
Tipo
Castanhas
avariadas
(%)
Impurezas e
matérias estranhas
(%)
Cajuí
(%)
1
4
1
1
2
6
1,5
2
3
8
2
3
4
10
2,5
4
Umidade
(%)
8
402
Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju
Será desclassificada e proibida a comercialização de toda castanha que
apresentar precário estado de conservação, totalmente danificada, apresentar
aspecto generalizado de mofo e/ou fermentação, afetando a amêndoa, e cujo teor
de micotoxinas esteja acima dos limites estabelecidos pela legislação em vigor.
Quando se ultrapassar o limite máximo de 25% de castanhas avariadas, elas
serão temporariamente desclassificadas, podendo, quando possível, ser novamente
beneficiadas, desde que se mantenha a sanidade da amêndoa.
Roteiro de classificação da castanha-de-caju
• Homogeneizar a amostra.
• Aferir a balança sempre que for proceder a uma pesagem.
• Determinar a umidade da amostra reservada para esse fim cujo peso
depende do aparelho a ser utilizado.
• Pesar um 1 kg de castanha-de-caju da amostra a ser classificada, o qual será
a amostra de trabalho.
• Proceder a separação das impurezas e matérias estranhas encontradas
na amostra e acrescentar ainda os restos de pedúnculos encontrados nas
castanhas-de-caju que deverão ser cortados com facas ou estiletes. Pesar e
anotar no laudo as impurezas e matérias estranhas.
• Despejar a amostra de trabalho em peneiras de furos circulares sobrepostas
em ordem decrescente de diâmetros, ou seja, as peneiras de 25 mm, 23 mm,
21 mm, 19 mm e 17 mm.
• Anotar no laudo de classificação o peso das castanhas que ficarem retidas
nas referidas peneiras. No caso específico do cajuí, que deverá vazar na
peneira de 17 mm, seu peso será também anotado no campo destinado para
esse fim, o qual será utilizado para enquadramento em tipo.
• Proceder o corte de todas as castanhas da amostra de trabalho, já retiradas
as impurezas e matérias estranhas para identificação, separação e pesagem
dos defeitos abaixo relacionados. Recomenda-se, antes do corte, a retirada
de toda castanha furada pela traça Anacampis sp.
• Separar as castanhas defeituosas de acordo com o defeito, pesando-as
isoladamente e anotando no laudo de classificação.
• Transformar em percentuais os pesos dos defeitos isolados, bem como os
dos cajuís, impurezas e materiais estranhos.
• Fazer o somatório do total do peso de castanhas com defeitos e entrar na
fórmula com o valor obtido.
• Remover as amêndoas de suas respectivas cascas para determinação do seu
rendimento.
Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju
• Retirar do rendimento de amêndoas o peso das defeituosas para
determinação do rendimento das que estão sadias.
Utilize a fórmula abaixo para a transformação de peso em percentual:
% Defeitos = Peso das amêndoas defeituosas
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Normas de identidade e qualidade da amêndoa de
castanha-de-caju (ACC)
O regulamento técnico de identidade e de qualidade para a classificação
da amêndoa da castanha-de-caju (ACC) é de responsabilidade do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e adotada por todas as fábricas que
beneficiam a castanha-de-caju para a exportação.
A ACC será classificada em classes, em função do tamanho, e tipos, em função
da qualidade.
Classes
De acordo com o tamanho, a amêndoa será classificada em sete classes.
Observa-se, para a denominação das classes, o uso das iniciais dos nomes em inglês,
seguidas ou não do número correspondente à quantidade de ACC por libra-peso
(453,59 gramas), assim especificada:
Whole: constituída de amêndoas inteiras que obedecem a uma calibragem e
apresentam características específicas conforme descritas abaixo:
Special Large Whole (SLW): é o produto que contém até 180 amêndoas
de castanha-de-caju em 453,59 gramas.
Large Whole (LW ou W210): é o produto que contém de 181 a 210
amêndoas de castanha-de-caju em 453,59 gramas.
Whole (W240): é o produto que contém de 220 a 240 amêndoas de
castanha-de-caju em 453,59 gramas.
Whole (W280): é o produto que contém de 260 a 280 amêndoas de
castanha-de-caju em 453,59 gramas.
Whole (W320): é o produto que contém de 300 a 320 amêndoas de
castanha-de-caju em 453,59 gramas.
Whole (W450): é o produto que contém de 400 a 450 amêndoas de
castanha-de-caju em 453,59 gramas.
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Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju
Short Whole (SW): é o produto que contém de 451 a 500 amêndoas de
castanha-de-caju em 453,59 gramas.
Mix Whole (WM): constituída da mistura das diversas classes acima
mencionadas e composta de todos os tipos (W1, W2, W3, W4 e W5).
Whole (W3): constituída de amêndoas inteiras de todos os tamanhos e de
cor uniformemente tostada.
Split (S): constituída de cotilédones inteiros (bandas), incluindo aqueles com
fraturas inferiores a 1/8, desde que em pequena quantidade.
Butt (B): constituída de amêndoas de castanha-de-caju com fratura transversal
em um ou em ambos cotilédones, porém maiores do que 3/8 de seu tamanho
original.
Piece (P): constituída de pedaços de amêndoas de castanha-de-caju de
tamanhos variados, conforme denominação abaixo:
Large Piece (P): aquele que fica retido na peneira de malha de 6,35 mm.
Incluem-se nesta categoria os pedaços denominados P1, P2 e P3.
Medium Piece (PM): aquele que vaza na peneira de malha de 6,35 mm
e fica retido na peneira de malha 4, fio 16 SWG ou 4,75 mm. Incluem-se
nesta categoria os pedaços médios denominados P1M, P2M e P3M.
Short Piece (SP): aquele que vaza na peneira de malha 4, fio 16 SWG
ou 4,75 mm e que fica retido na peneira de malha 7, fio 20 SWG ou
2,80 mm. Incluem-se nesta categoria os pedaços médios denominados SP1,
SP2 e SP3.
Super Short Piece (SSP): aquele que vaza na peneira de malha 7, fio 20 SWG
ou 2,80 mm e que fica retido na peneira de malha 8, fio 20 SWG ou
2,36 mm. Incluem-se nesta categoria os pedaços denominados SSP1,
SSP2 e SSP3.
Grain (G): fragmento de amêndoa que vaza na peneira de malha 8, fio 20 SWG
ou 2,36 mm, e que fica retido na peneira de malha 10, fio 24 SWG ou 1,70 mm.
Incluem-se nesta categoria os fragmentos denominados G1, G2 e G3.
Baby Bits (BB): é o próprio germe da ACC. Para separá-lo, utiliza-se a
mesma peneira usada para os grânulos.
Xerém (X): fragmento de amêndoa de castanha-de-caju que vaza na peneira
de malha 10, fio 24 SWG ou 1,70 mm, e que fica retido na peneira de malha 14,
fio 22 SWG ou 1,19 mm. Incluem-se nesta categoria os fragmentos denominados
X1, X2 e X3.
Flour (F): fragmento de amêndoa que vaza na peneira de malha 14, fio
22 SWG ou 1,19 mm. Incluem-se nesta categoria os fragmentos denominados F1,
F2 e (FE, F3).
Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju
Tipos
Observada a classe a que pertence, a amêndoa da castanha-de-caju será
classificada em 5 tipos, expressos por números arábicos, definidos em função da cor,
dos limites máximos de tolerância de defeitos, observados ainda os demais critérios
de classificação estabelecidos no Regulamento do Mapa, aqui apresentado.
A designação dos tipos considera duas sequências básicas. Na primeira,
utilizam-se as letras iniciais dos nomes em inglês da classe a que pertence, seguidas
do algarismo arábico correspondente ao tipo. Na segunda, utilizam-se as letras iniciais
dos nomes em inglês da classe a que pertence, seguidas do número correspondente
à quantidade de amêndoas/libra e do algarismo arábico correspondente ao tipo.
Os tipos 1, 2 e 3 devem ser constituídos de amêndoas secas, sãs, limpas e
inteiras, com cor uniforme, odor e sabor característico, livres de insetos e fungos
(mofo, bolor ou levedura), observados os limites máximos de tolerância.
A diferenciação entre os tipos 1, 2 e 3 é feita com base na coloração da ACC,
que varia para cada tipo entre alva (ou marfim pálido), marfim fechado e creme
(e/ou ligeiramente tostada, acinzentada, azulada ou manchada), respectivamente.
Incluem-se nesses tipos as amêndoas abaixo denominadas:
Tipo 1: (Cor alva ou marfim pálido). Incluem-se neste tipo as amêndoas de
castanha-de-caju das seguintes denominações: SLW1, LW1 ou W1-210, W1-240,
W1-280, W1-320, W1-450, SW1, B1, S1, P1M, SP1, SSP1, G1, X1 e F1.
Tipo 2: (Cor marfim fechado ou ligeiramente amarelado). Incluem-se neste tipo
as amêndoas de castanha-de-caju das seguintes denominações: SLW2, LW2 ou
W2-210, W2-240, W2-280, W2-320, W2-450, SW2, B2, S2, P2, P2M, SP2, SSP2, G2,
X2 e F2.
Tipo 3: (Cor creme e/ou ligeiramente tostada), podendo ser ainda ligeiramente
acinzentada ou azulada. Incluem-se neste tipo as amêndoas de castanha-de-caju das
seguintes denominações: SLW3, LW3 ou W3-210, W3, B3, S3, P3, P3M, SP3, SSP3, G3
e X3.
Tipo 4: Deve ser constituído de amêndoas secas, limpas e inteiras, com cor
idêntica à dos tipos 1 e 2, com odor e sabor característicos, livres de insetos e fungos
(mofo, bolor e levedura), admitindo-se pontuações pretas (brocas) e/ou pequenas
manchas em um ou em ambos os cotilédones, observados os limites máximos de
tolerância estabelecidos no Regulamento do Mapa (Tabela 9). Incluem-se neste tipo
as amêndoas denominadas W4.
Tipo 5: Deve ser constituído de amêndoas secas, limpas e inteiras, com
coloração variada, podendo ser amareladas, acentuadamente tostadas, acinzentadas,
azuladas ou arroxeadas, com odor e sabor característicos, livres de insetos e fungos
(mofo, bolor e levedura), admitindo-se, também, amêndoas manchadas, brocadas,
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Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju
imaturas e raspadas, observados os limites máximos de tolerância estabelecidos no
Regulamento do Mapa. Incluem-se neste tipo as amêndoas denominadas de W5.
O percentual máximo de amêndoas quebradas admitidas para todos os tipos
da classe inteira é de 8,0%, no ato do embarque. O produto que ultrapassar esse
percentual deverá ser rebeneficiado com objetivo de enquadrá-lo no limite fixado.
Na tipificação das bandas, batoques, pedaços, grânulos, xerém e farinha,
observam-se os mesmos critérios utilizados na tipificação das amêndoas inteiras no
que diz respeito à variação da cor. Consideram-se, ainda, os diversos tamanhos dos
pedaços e fragmentos determinados por meio de suas respectivas peneiras, bem
como os limites máximos de tolerância estabelecidos no Regulamento do Mapa e em
suas tabelas.
O percentual máximo de pedaços e/ou fragmentos (grânulos ou baby bits,
xerém e farinha) admitido para todos os tipos de batoques e bandas é de 8,0%,
no ato do embarque. O produto que ultrapassar esse percentual deverá ser
rebeneficiado com objetivo de enquadrá-lo no limite fixado.
As amêndoas inteiras, quando misturadas, serão denominadas como WM. Elas
não serão calibradas, devido à diversidade de tamanhos, mas serão tipificadas como
tipo único.
Sistemas de processamento da castanha-de-caju
Um dos principais objetivos do processamento da castanha-de-caju é a
remoção da amêndoa preservando seus atributos de integridade, cor e tamanho.
Amêndoas inteiras obtêm preço mais elevado do que os pedaços quebrados. As
de tonalidade pálida, cor de marfim ou brancas são preferíveis às coloridas ou
queimadas. O rendimento do processo geralmente varia entre 22% e 24% do peso
total de matéria-prima processada. A percentagem de amêndoas de castanha-de-caju inteiras, no final, varia entre 55% e 85%, dependendo do método de
processamento e de gestão da fábrica. Em geral, 65% de amêndoas inteiras pode ser
considerado um resultado satisfatório (PAIVA et al., 2000a).
Existem três tipos de sistema de beneficiamento da castanha-de-caju:
mecanizado, semimecanizado e artesanal. Estima-se que entre 5% e 10%
da produção de castanha-de-caju no Brasil seja processada pelo sistema
semimecanizado e artesanal com o emprego de máquina manual, geralmente
associada a pequenas unidades de produção, as minifábricas, que, ao contrário
das fábricas mecanizadas, estão localizadas na zona rural das cidades do interior,
principalmente da região Nordeste, conferindo-lhes grande capilaridade.
Um dos gargalos no processamento da castanha-de-caju é a sua abertura, que
tem como fatores restritivos a sua forma irregular, a dureza da casca e o endocarpo
Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju
esponjoso constituído, em parte, pelo LCC, que pode contaminar a ACC durante
as etapas do processamento. Na maioria dos processos, não se faz a remoção do
LCC, sendo as cascas destinadas à queima como fonte de calor na própria unidade
industrial, ou vendidas para a queima em caldeiras ou em fornos. Nas fábricas
brasileiras que utilizam o processamento mecanizado, o LCC é extraído da casca
numa operação delicada que exige conhecimentos e equipamentos adequados.
Em geral, a operação de descasque da castanha-de-caju é um dos fatores
que diferencia o tipo do processamento empregado nas fábricas. Dessa forma, pode-se utilizar o descasque manual, método usado principalmente na Índia, restante da
Ásia e em todo o continente Africano, e o mecanizado, com duas variantes básicas:
o descasque por choque ou por impacto por meio de um disco que arremessa a
castanha com direção tangencial sobre uma superfície cônica, ocasionando a ruptura
da parede do seu endocarpo.
O rendimento industrial da castanha-de-caju em qualquer sistema adotado
pode variar, entre outros fatores, pela sua umidade, seu estado fitossanitário, o nível
de impurezas e matérias estranhas e a presença de castanhas miúdas ou cajuí. Os
melhores resultados são alcançados quando se utilizam castanhas-de-caju médias.
Sistema mecanizado
As castanhas-de-caju que haviam sido classificadas e separadas em função do
seu tamanho (grande, média e pequena) voltam a ser agrupadas em um mesmo lote
logo após saírem das centrífugas.
Após o cozimento, as castanhas são transportadas através de um elevador de
caçambas, que descarrega em uns transportadores vibratórios horizontais, que, por
sua vez, descarregam em classificadores de rolos, para se fazer uma nova separação
por tamanho.
Segundo Cavalcante Neto (2007), essa classificação é feita por meio de um
espaçamento entre os rolos, de forma variada ao longo do seu comprimento, isto é, a
largura entre os rolos do classificador vai aumentando da entrada do classificador até
a saída. Esses rolos são giratórios e inclinados, obrigando a castanha a deslizar sobre
eles, sendo assim selecionadas por tamanho. São quatro os tamanhos das castanhas
selecionados no classificador, pequena, média 1, média 2, e graúda.
Abaixo dos rolos classificadores, existem funis e calhas, específicos para cada
tamanho, que transferem aos silos de resfriamento – referentes também a cada
tamanho – cuja finalidade é resfriar a castanha, que chega ainda quente, pois o
processo de corte requer que a castanha esteja na temperatura ideal. Levam-se em
média 2 horas para realizar um bom resfriamento.
Existe um grande ventilador, que, por meio de dutos, promove o resfriamento
das castanhas dentro dos silos. A troca de calor é feita por um duto perfurado, que se
407
408
Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju
situa na região central do silo, e permite a circulação do ar proveniente do ventilador.
Após as castanhas serem cozidas, são transferidas por um elevador de
caçambas, que as descarrega em uns transportadores vibratórios horizontais, que,
por sua vez, as descarregam em classificadores de rolos, para que seja feita uma nova
separação por tamanho.
Tecnologia Oltremare
A Oltremare foi pioneira no sistema automatizado de corte da castanha-de-caju. O processo é baseado pelo comando de corte por duas facas. As castanhas
são conduzidas por canaletas e alinhadas para se ajustar entre as facas. Em seguida
são empurradas entre as facas para efetuar o corte. O alinhamento das castanhas
na caneleta é feita de forma manual. Depois de vir em conjunto, as facas fazem um
movimento de torção, separando assim a casca da amêndoa. A maior desvantagem
desse método é que castanhas com calibre inferior a 18 mm não podem ser
processadas.
Tecnologia Cashco
No sistema Cashco de descasque, as castanhas também são alimentadas na
canaleta, mas com alinhamento automático. O dispositivo de descasque tem duas
facas que cortam os lados da castanha, e um pino que é enfiado na sua extremidade
superior faz a abertura e separa a amêndoa da casca. Esse sistema é vantajoso na
medida em que é uma operação completamente mecanizada com uma saída de
cerca de 75% de amêndoas inteiras. No entanto, castanhas-de-caju com calibre
inferior a 15 mm não podem ser processadas nesse sistema.
Tecnologia Sturtevant
O sistema Sturtevant e variações do processo industrial foi introduzido no
País pela empresa Brasil Oiticica S.A., surgindo, alguns anos depois, alternativas de
equipamentos desenvolvidos que tinham como princípio o mesmo empregado pelos
equipamentos introduzidos no Brasil na década de 1970. O mecanismo de corte da
castanha-de-caju é simples e permite um fluxo contínuo. No processo, emprega-se
força centrífuga de rotor com velocidade controlada para abertura da castanha. Por
meio de pás rotativas, as castanhas são arremessadas pelo disco contra o invólucro
sólido da máquina, cujo impacto causa rachaduras que permitem abrir a casca sem
quebrar a amêndoa. A vantagem do processo é que todos os tamanhos de castanhas
podem ser beneficiadas ​​por este método. No entanto, faz-se necessário que elas
sejam classificadas em quatro tamanhos, sendo que cada calibre de castanha deve
ser arremessada pelo disco com velocidade diferente.
Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju
Processo de corte semimecanizado
Um dos pontos importantes que diferencia o sistema mecanizado do
semimecanizado é o aquecimento que a castanha recebe antes da decorticação. No
semimecanizado, a castanha é aquecida com uma fonte de vapor que pode ser uma
caldeira ou autoclave por cerca de 20 minutos, enquanto, no processo mecanizado,
a castanha-de-caju, previamente umidificada, recebe um banho em LCC quente, que
resulta na extração da parte do LCC contido nela.
Nesse processo, é feito o corte manual das castanhas previamente limpas e
selecionadas, retiradas do armazém e submetidas a uma autoclavagem com vapor
úmido saturado, utilizando-se pressão a 10 psi (pound square inch), por 15 a 20
minutos, com equipamentos tipo vaso cozedor com geração própria de vapor ou
com auxílio de uma caldeira. Após o resfriamento das castanhas, realiza-se o corte
individual de cada uma delas em máquinas de operação manual. Essas máquinas são
dotadas de duas lâminas curvas, semelhantes ao formato da castanha-de-caju, que
realizam a separação da casca da amêndoa. As amêndoas com película são levadas
para a estufa, para posterior despeliculagem, seleção, classificação e embalagem.
Nesse processo, fatores específicos, tais como boa autoclavagem da castanha,
regulagem adequada das lâminas de corte e a habilidade do operador da máquina
de corte manual, influenciam no rendimento e percentual de amêndoas inteiras, que
pode alcançar 85% no final do processo.
Processo artesanal de beneficiamento
O processo artesanal de beneficiamento da castanha-de-caju, adotado em
pequenas propriedades do interior do Nordeste, consiste basicamente em colocar as
castanhas em chapas metálicas com aquecimento direto em fogo intenso até a total
queima do LCC, resultando numa castanha escura, cuja quebra individual é feita com
pedaços de madeira ou metal, para a abertura e a obtenção da amêndoa. A soltura
da película é facilitada devido ao processo inicial de queima da castanha, que chega a
assar parcialmente a sua amêndoa. Esse processo, quando realizado empiricamente,
apresenta vários inconvenientes, resultantes principalmente das condições precárias
de higiene do ambiente utilizado, que na maioria dos casos são beiras de estradas e
locais inadequados nas próprias casas dos produtores ou processadores.
Comparação das tecnologias de processamento
Apesar de utilizarem equipamentos e tecnologias diferentes, cada processo
tem suas particularidades e adota estratégia diferente de processamento em função
da disponibilidade e da quantidade da matéria-prima, linha de equipamentos e
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410
Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju
estratégia de mercado. Na Tabela 4, estão relacionadas algumas diferenças dos
processos de beneficiamento da castanha-de-caju utilizados no Brasil.
Tabela 4. Diferenças entre os processos de beneficiamento da castanha-de-caju no Brasil.
Etapa do processo
Processo industrial
Mecanizado
Semimecanizado
Artesanal
Castanha-de-caju
Tabela 4. Diferenças entre
os processos
de beneficiamento
castanha-de-caju
no Brasil.
Classificador
rotativo
com Classificadordarotativo
Faz separação
das
Classificação
malhas de retenção de
diferentes calibres
com malhas de retenção castanhas sãs e
de diferentes calibres
avariadas
Umidificação
Imersão em água por 30
minutos e repouso de até Não faz
72 horas
Não faz
Cozimento
Imersão no LCC a 210 0C
por cerca de 3 minutos
Em vapor úmido a 160 0C
por 20 a 30 minutos
Queima direta da
castanha até a
liberação do LCC
Corte
Máquina centrífuga em
alta rotação. Elevado
índice de amêndoas
quebradas
Quebra individual
Máquina de corte
com pedaço de
manual com uso de
madeira ou metal.
navalhas. Elevado índice
Elevado índice de
de amêndoas inteiras
amêndoas quebradas
Amêndoa de castanha-de-caju
Estufagem da amêndoa
Estufas de um estágio
com vapor seco ou em
estufas contínuas
Estufas com vapor seco
ou estufas a gás de
cozinha ou lenha
Quando necessária,
em estufa a lenha ou
secagem ao sol
Umidificação
Operação geralmente
não realizada
Vapor úmido por 2 a 5
minutos
Não faz
Despeliculagem
Ar comprimido
Despeliculador manual
ou rotativo
Manual
Seleção e classificação
Pelo padrão da AFI(1)
Pelo padrão da AFI
Inteiras e pedaços
Embalagem
Latas sanitárias, sacos
aluminizados, vácuo e
inertizantes
Latas sanitárias, sacos
aluminizados, vácuo e
inertizantes
Sacos plásticos
(1)
Association of Food Industries (AFI) (ASSOCIATION…, 1999).
411
Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju
Aplicação do sistema mecanizado no Brasil
A industrialização da castanha-de-caju no Brasil assumiu maior relevância a
partir da década de 1970, quando foram implantadas as grandes unidades industriais
mecanizadas, com sistema de abertura da castanha-de-caju por corte com lâminas
ou por impacto. Isso contribuiu para a expansão da agroindústria do caju no
Nordeste do Brasil, que conta com capacidade operacional de processamento atual
de 550 mil toneladas de castanha por ano, colocando o País como um dos principais
produtores de castanha-de-caju do mundo e um importante mercado exportador da
ACC.
Nas fábricas brasileiras, foram implantados os sistemas Sturtevant e Cashco
(TELLES, 1988). Esse foi o processo predominante nas unidades do sistema
mecanizado, surgindo alguns anos depois outras alternativas, desenvolvidas por
nossas metalúrgicas, que nada mais eram do que variações dos dois processos
introduzidos no Brasil. As etapas simplificadas do processo mecanizado são
apresentadas na Figura 3.
Limpeza
Classificação
Umidificação
Fritura
Centrifugação
Resfriamento
Classificação
Decorticagem
Estufagem
Despeliculagem
Classificação
(Amêndoa)
Embalagem
Figura 3. Fluxograma do processamento mecanizado da castanha-de-caju.
412
Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju
Operações do processamento da castanha-de-caju
mecanizado
Limpeza
Iniciando o processamento, as castanhas-de-caju passam por uma operação de
limpeza, com objetivo da retirada de matérias estranhas bem como das castanhas
chochas, furadas e danificadas, sendo utilizadas, para esse efeito, peneiras
vibratórias e aspiradores pneumáticos. Essa operação é de grande importância
no sentido de preservar a qualidade do LCC, extraído no processo de fritura da
castanha-de-caju.
Classificação I
As etapas subsequentes de umidificação e fritura são influenciadas pelo
tamanho da castanha-de-caju, dado que o fluxo de umidade é tanto mais rápido
quanto menor for o seu tamanho, pelo que se faz necessário uma separação dos
diversos tamanhos, como forma de garantir uma maior homogeneidade àquelas
etapas.
Após ser retirada parte das impurezas presentes nas castanhas-de-caju, é feito
o processo seletivo por tamanho, que são: cajuí, pequena, média e graúda.
Esse processo é feito em classificadores que apresentam a forma sextavada e
funcionam com rotação média em torno de 10 rpm. As laterais são fechadas com
chapas perfuradas, de diâmetros diferentes e crescentes ao longo de sua extensão,
de forma que a classificação é feita da menor para a maior castanha-de-caju.
Esses classificadores apresentam uma declinação voltada para a saída das
castanhas-de-caju, fazendo com que haja um deslocamento forçado no sentido de
saída.
Abaixo dos classificadores, existem silos de armazenagem, que recebem as
castanhas que caem já selecionadas por tamanho. Existe um silo para cada tamanho,
tendo o silo de castanha média a maior capacidade de armazenamento.
Uma vez a cada turno, os classificadores são parados, para que seja feita
a desobstrução dos orifícios de classificação. É também necessário, quando
há existência de grande quantidade de barbantes presos ao eixo principal do
classificador, que o operador faça a sua remoção.
Umidificação
A umidificação tem como finalidade dar às partes constituintes da castanha
teores de umidade nos quais a fritura possa ser efetuada de forma rápida, sem
alterar as características naturais da ACC, notadamente quanto à cor e ao sabor.
Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju
As condições da matéria-prima (maiores teores de umidade nas castanhas-de-caju mais novas) e a temperatura ambiente influenciam a evolução do processo
de umidificação, o qual normalmente estende-se ao longo de 60 a 80 horas. As
tentativas para acelerar esse processo produziram resultados desencorajadores, por
originar teores elevados de amêndoas queimadas (TEIXEIRA, 1979).
Ao final da umidificação, o teor de umidade deverá variar de 13% a 16% na
casca e de 8% a 9% na amêndoa.
Fritura ou cozimento
A operação de fritura tem como finalidade retirar parte do LCC contido na casca
e reduzir a consistência da sua estrutura, tornando-a apta para a decorticagem ou
abertura da castanha-de-caju.
O combustível que alimenta as fornalhas é o farelo (pedaços de casca da
castanha-de-caju), e é armazenado em um fosso que alimenta as fornalhas. De lá, ele
é transferido por um elevador de caçambas que o desloca para um transportador.
Após as castanhas terem sido submetidas ao processo de tratamento, a tampa
inferior do tanque de umidificação é aberta, e as castanhas-de-caju caem sobre um
transportador vibratório horizontal que as transporta para um elevador de caçambas.
Este as transfere para tremonhas controladoras de fluxo de castanha no setor de
cozimento.
A finalidade básica das tremonhas é armazenar as castanhas já umedecidas,
além de funcionar como estoque regulador para os cozinhadores (cookers), isto é,
permite uma velocidade constante e contínua no processamento.
Logo em seguida, há as válvulas dosadoras, ligando as tremonhas aos
cozinhadores, que objetiva o perfeito isolamento dos gases originados nos
cozinhadores. Esses gases se originam após as castanhas entrarem nos cozinhadores,
pois nestes existe LCC com temperatura entre 200 °C e 205 °C, que, ao entrar em
contato com a castanha-de-caju, provoca um cozimento instantâneo e a ocorrência
de gases. É também função da válvula dosadora manter uma alimentação contínua
de castanha-de-caju para o cozinhador, onde é feito o cozimento propriamente
dito. A temperatura do LCC e o tempo de imersão variam em função do teor de
umidade da castanha-de-caju, sendo que a regulação desses fatores (temperatura/
tempo) determina a obtenção de mais ou menos rendimentos em amêndoas de
castanha-de-caju brancas e inteiras.
A castanha é cozida em banho de LCC, à medida que vai sendo deslocada por
uma rosca sem fim existente dentro do cozinhador.
Durante a imersão, a água que havia sido absorvida ao longo da umidificação
é removida pela ação do LCC aquecido, que arrasta o LCC contido na casca (SOARES,
1986). O LCC é removido durante os primeiros 50 a 70 segundos do tempo de fritura,
413
414
Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju
sendo o restante do tempo destinado a retirar a umidade da casca, até o limite
necessário para a decorticagem (TEIXEIRA, 1979).
Quando a castanha-de-caju é submetida ao processo de tratamento, introduz-se água dentro dos alvéolos na casca da castanha, que são pequenas bolsas que
armazenam o LCC. Quando a castanha sofre esse choque térmico com o LCC, a água
existente nos alvéolos evapora instantaneamente, expandido assim seu volume e
rompendo-os, liberando LCC e fragilizando a casca.
Em média, o processo de fritura da castanha-de-caju em LCC quente é de
aproximadamente 2 minutos, dependendo da classe da castanha.
No setor de cozimento, existem fornalhas, com o objetivo de aquecer o LCC,
onde se utiliza a casca da castanha-de-caju como combustível para fornecer calor
e a casca conduzida por um transportador de rosca, que por sua vez distribui para
silos, e logo abaixo existe uma calha vibratória que joga o farelo para uma tubulação.
De lá será arrastado para dentro da fornalha por uma corrente de ar gerada por um
ventilador.
Acoplado à fornalha, há um ventilador que fornecerá o oxigênio necessário à
combustão. Ele tem também a função de desobstruir os orifícios das grelhas, já que
elas entopem com restos de farelo queimado.
Existem, ainda, bombas de engrenagens que fazem com que o líquido da casca
permaneça em constante circulação dos cozinhadores para fornalhas e vice-versa.
Essas bombas são movidas a eletricidade, e, em caso de falta de energia elétrica,
são acionadas bombas dúplex (burrinhos), movidas a vapor gerado pela caldeira. É
de fundamental importância que o LCC permaneça circulando, caso contrário sua
temperatura se eleva a ponto de entrar em combustão.
Nas paradas de fins de semana, faz-se necessária a retirada de todo o LCC
existente dentro das tubulações. Antes, porém, de fazer tal operação, circula-se o
líquido por trocadores de calor, com o objetivo de diminuir a temperatura a 100 °C,
para só assim fazer a retirada do óleo.
O líquido utilizado para o resfriamento nos trocadores de calor é a água, que
fica armazenada em um grande tanque próximo ao setor.
Há ainda um lavador de gases por onde todos os gases originados nos
cozinhadores passam, bem como os gerados nas fornalhas. O objetivo é fazer a
retirada de fuligens existentes na fumaça, antes que ela entre em contato com a
atmosfera. Os lavadores têm no seu interior uma cortina de água, formada por
bicos aspersores, que borrifam a água e fazem decantar as impurezas para um
reservatório, que depois são jogadas no esgoto.
Durante o processamento, são necessários alguns cuidados:
• Observar constantemente o nível de castanha-de-caju dentro das tremonhas
de armazenamento, para que não haja transbordamento.
Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju
• Verificar a perfeita isolação e constância na alimentação na válvula dosadora.
• Analisar o LCC uma vez a cada turno de trabalho, para verificar a viscosidade
do óleo, que deverá estar situada em torno de 300 CPS, valor que representa
a densidade do LCC em gramas por centímetro cúbico.
• Verificar a quantidade de água existente no óleo, oriunda do cozimento.
• Coletar amostras a cada tanque processado, antes e depois de as castanhas
serem cozidas, para verificar níveis de umidade na casca e na amêndoa,
observando ainda se, logo após cozidas, as castanhas estão abrindo com
facilidade e se não apresentam sinais de queimado.
• Limpar constantemente os orifícios das peneiras, com o auxílio de
raspadeiras, visando melhor rendimento.
• Verificar, a cada tipo de castanha-de-caju, a regulagem da válvula reguladora
de sucção do ciclone, pois para cada tipo existe uma regulagem. Isso fará
com que o ciclone não aspire castanhas boas.
Centrifugação
Depois de cozidas, as castanhas ainda apresentam alguma quantidade de LCC
aderido à sua superfície exterior, sendo a remoção feita por meio de força centrífuga.
A centrifugação é tanto mais eficiente quanto menor a viscosidade do LCC.
A centrífuga é composta de um cesto perfurado, que gira a uma rotação média
de 900 rpm, forçando as castanhas a se deslocarem de baixo para cima, deslizando
nas paredes internas do cesto, expulsando o excesso de óleo pelos orifícios.
A parte externa da centrífuga é fixa, e as castanhas, ao alcançarem essa região,
são direcionadas para as peneiras resfriatórias, que constituem a próxima etapa.
Após as centrífugas, estão as peneiras resfriatórias, que têm por finalidade
promover o resfriamento das castanhas-de-caju, que, depois de serem cozidas,
ainda encontram-se em elevada temperatura. Dispondo de exaustores, as peneiras
fazem o deslocamento de ar de baixo para cima, diminuindo a temperatura das
castanhas. Outra função é retirar o farelo (pedaços de casca) gerado no processo. É
importante verificar se, junto a esse farelo, não se encontram pedaços de amêndoas,
pois a presença delas é uma evidência de falha no funcionamento da centrífuga, que,
estando desregulada, quebrará as castanhas.
Na etapa seguinte, temos os transportadores vibratórios horizontais que
transferem as castanhas para um elevador de caçambas, que por sua vez as
transportará para a próxima etapa do processo. Antes, porém, de chegarem ao
elevador, existe um ciclone que tem por finalidade separar a castanha-de-caju
chocha (sem sua amêndoa) e o farelo do processo.
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Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju
Resfriamento
Em função das altas temperaturas verificadas nas castanhas à saída das
centrífugas, o LCC residual se mantém suficientemente fluido, a ponto de poder
entrar em contato com a amêndoa. Daí a necessidade de um resfriamento das
castanhas o mais rápido possível, seguindo-se um período de repouso antes da
decorticagem.
Durante esse período de repouso, o resfriamento até a temperatura ambiente
provoca o enrijecimento da casca, tornando-a mais quebradiça, além de consolidar
aderência entre os cotilédones que compõem a ACC (TEIXEIRA, 1979).
Nos sistemas que utilizam a decorticagem por impacto, o resfriamento é menos
intenso e praticamente sem período de repouso.
Classificação II
As castanhas-de-caju que haviam sido classificadas e separadas em função do
seu tamanho (grande, média e pequena) voltam a ser agrupadas em um mesmo lote
logo após a saída das centrífugas.
Antes da decorticagem por corte com lâminas, as castanhas devem ser
introduzidas nas máquinas de tal forma que o seu tamanho ou calibre mantenha
um limite de 2 mm entre as suas extremidades e a lâmina. Assim sendo, as
castanhas passam por uma nova classificação após o resfriamento, sendo separadas
em até oito tamanhos, de acordo com a sua largura, quais sejam: < 18 mm; 18 –
20 mm; 20 – 22 mm; 22 – 24 mm; 24 – 26 mm; 26 – 28 mm; 28 – 30 mm; > 30 mm.
O processo é feito em um espaçamento existente entre os rolos de
conformação giratória e inclinados, obrigando a castanha a deslizar sobre eles,
e assim serem selecionadas em quatro tamanhos e colocadas em silos com
ventiladores que fazem o resfriamento delas.
Após as castanhas serem cozidas, são transferidas por um elevador de
caçambas, que as descarregam em uns transportadores vibratórios horizontais, que,
por sua vez, as descarregam em classificadores de rolos, para que seja feita uma nova
separação por tamanho.
Decorticagem
O processo de descasque automático é feito por choque ou impacto da
castanha-de-caju sobre um disco que a arremessa em alta rotação contra uma chapa
alvo de formato cilíndrico.
Na entrada do decorticador, existe um direcionador, também conhecido por
navalha, que tem por finalidade posicionar a castanha-de-caju na horizontal e com
seu dorso voltado para a região de impacto. É nesse impacto que ocorre a separação
Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju
da amêndoa da casca. Existe um espaçamento entre os discos da zona de impacto,
de acordo com o tamanho da castanha a ser processada.
Em seguida ao decorticador, há o separador pneumático, que objetiva fazer a
separação da casca e do pó, originados no processo de corte no decorticador.
Essa separação é feita por uma corrente de ar, gerada por um rotor, que faz
o arraste das partículas mais leves, pedaços de cascas e pó (resíduos), para a parte
superior do pneumático, enquanto a amêndoa, já separada da casca, em conjunto
com o retorno (castanhas não abertas), segue para parte inferior, por ser mais
pesada.
Uma vez que uma grande quantidade de amêndoa permanece aderida à
casca após sofrerem a decorticagem, segue-se a passagem delas por um circuito
pneumático, onde por projeção contra superfícies fixas, a ACC é separada da casca.
Paralelamente há uma ação coadjuvante de peneiras vibratórias, por outra via,
que conduzem as castanhas semiabertas novamente ao mecanismo de corte para
completar a etapa.
Após as ACCs serem separadas dos rejeitos (cascas, amêndoas estragadas e
retornos), são colocadas em carrinhos que têm várias bandejas (de 18 mm a 23 mm),
para posteriormente serem estufadas. Logo após as amêndoas serem colocadas nas
bandejas, o carrinho é pesado e esse peso é anotado em formulário próprio tanto do
supervisor das esteiras quanto pelo responsável pelas estufas.
O tipo de decorticador utilizado pelas fábricas mecanizadas no Brasil tem
semelhança com o desenvolvido pela Sturtevant. O equipamento tem formato
cônico, feito em estrutura de aço 1.020, composto de um jogo de martelos de ferro
fundido e comando central com disco de ferro com diâmetro de 500 mm, cujo giro é
feito por um motor de 1 CV, com rotação em torno 600 rpm a 700 rpm, comandado
por um inversor de frequência. Sua produtividade é de 300 kg de castanhas por hora.
Estufagem
A amêndoa obtida na decorticagem apresenta teores de umidade da ordem
dos 6% a 8%, o que torna difícil a remoção da película que a envolve. Por meio da
estufagem, essa película torna-se mais quebradiça e, consequentemente, mais fácil
de ser removida.
O processo de estufagem consiste em colocar as amêndoas, separadas uma das
outras, em carrinhos com até 20 bandejas, para posteriormente serem desidratadas.
Dependendo do tipo da estufa, esses carros ficam dispostos lateralmente um do
outro fora da estufa, até se completar a carga, para só depois serem colocados nela,
todos de uma vez, com a finalidade de que todos os carros tenham um mesmo
tempo de estufagem.
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Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju
A estufa é utilizada com o objetivo de retirar umidade da ACC, e com isso
facilitar a retirada da película existente. O calor gerado no processo de estufagem é
fornecido por dois conjuntos de serpentinas tubulares onde circula vapor fornecido
pela caldeira. Existem ainda ventiladores, para cada conjunto de serpentina,
que fazem o deslocamento das massas de calor gerado pela serpentina para o
ambiente interno da estufa. Esses ventiladores alternam o sentido de rotação
automaticamente a cada 15 minutos, para assim mudar o sentido de deslocamento
das massas de calor, equalizando o melhor possível a temperatura dentro da estufa.
Na estufagem, ocorre a presença de umidade gerada durante o processo. Essa
umidade necessita ser retirada pelo método de extração, que consiste em manobra
manual de duas válvulas, em que a primeira fecha a passagem dos dutos, permitindo
a circulação das massas de ar quente dentro da estufa, e a segunda abre uma
passagem que dá saída para um exaustor, fazendo o arraste do ar em conjunto com
a umidade. Esse exaustor só é ligado durante a extração, e essa operação leva em
média 20 minutos.
Geralmente, são feitas três extrações durante o processo de estufagem, sendo
que a última se estende até o fim do tempo necessário para estufagem.
Importa que a redução de umidade durante a estufagem seja feita até o limite
de 3%, para manter a integridade estrutural da amêndoa. Para esse efeito, elas são
mantidas em temperaturas entre 70 °C e 80 °C por um período de 8 a 10 horas.
Despeliculagem
A despeliculagem consiste na remoção da película que envolve a ACC. Nas
grandes indústrias, o processo é realizado de forma mecânica, sendo elas separadas
e colocadas em uma área reservada, onde permanecem por um período de repouso
de até 4 horas, com a finalidade de esfriarem.
Em fábricas de grande porte, a despeliculagem da amêndoa é feita com auxílio
de equipamentos que consistem na retirada da película aderente por meio de
choque térmico, sistema pressurizado ou ainda por atrito. Após essa operação, elas
poderão passar pelos processos de limpeza, que consiste em separar as amêndoas
avariadas, seleção por tipo, que é diferenciação por cor, e calibragem, que as
diferencia por tamanho e peso.
Segundo Cavalcante Neto (2007), em qualquer um desses processos, as ACCs
são colocadas em uma tremonha que irá alimentar o despeliculador mecânico.
Antes, porém, de se iniciar o processo, deve-se fazer um checklist, para ser verificada
a pressão e temperatura do ar comprimido que será utilizado. Deve-se observar
ainda a regulagem da mola do cesto.
A regulagem da mola do cesto é feita pelo operador baseando-se na
quantidade de película existente nas amêndoas e no resultado quando elas estão
Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju
sendo processadas, isto é, verifica-se se está havendo um bom desprendimento da
película sem que ocorra elevado índice de quebra.
O processo acontece por meio de uma corrente de ar comprimido, que é
aquecido por vapor antes de entrar no despeliculador, para promover contato das
ACCs umas contra as outras, retirando a película por atrito. Em seguida, elas passam
por um ciclone que fará a retirada das películas desprendidas, por meio de exaustão,
sendo então transferidas para uma esteira transportadora que irá levá-las para as
esteiras pneumáticas, com o objetivo de separar os pedaços, as cascas, as películas e
as amêndoas inteiras.
Pedaços, cascas e películas são coletados em monoblocos e enviados
para outra etapa. As amêndoas inteiras são transferidas para duas esteiras
transportadoras para que possa ser feita a classificação por tipos.
As amêndoas com películas resistentes à despeliculagem por atrito são
separadas e armazenadas em um local específico e enviadas para raspagem manual,
operação geralmente feita fora das fábricas por cooperativas de trabalho.
Seleção e classificação
A ACC é classificada no final do processo de laboração com base nos critérios
de tamanho, integridade estrutural ou física, isto é, se é inteira ou partida, e pela cor,
variando, nesse aspecto, da cor alva marfim-pálido até a cor creme e/ou ligeiramente
tostada (SOARES, 1986).
Cada uma dessas classificações abrange uma série de tipos, sendo as inteiras
brancas classificadas segundo o número de amêndoas por libra-peso (453,59 g). Ao
contrário do critério adotado no Brasil, a seleção africana reúne em um mesmo tipo
as amêndoas inteiras de diferentes tamanhos e colorações.
Após as ACCs passarem pela esteira de retirada de rejeitos, o produto aceito
segue para seleção, para mais uma vez ser feita a retirada de amêndoas com película,
estragadas, manchadas, brocadas, sujas e pedaços, que não fazem parte do fluxo
principal de produção.
As amêndoas com película são direcionadas para a raspagem, enquanto o
material estragado é passado em uma esteira para que seja retirado algum produto
que seja aceito e separado para posterior beneficiamento. Os pedaços são levados
para um separador pneumático, para daí serem retirados e encaminhados para
a raspagem e seleção. O produto que apresenta brocas passa pelas máquinas
eletrônicas, onde as amêndoas são separadas em dois tipos, o aceito para W4,
e o rejeito para W7. Esses materiais, em seguida, vão para a esteira das brocadas.
O material sujo é lavado e depois retorna para a seleção, para ser feito o mesmo
processo dos outros materiais.
419
420
Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju
Nessa fase do processo, a sequência de retirada na esteira é a seguinte: W2,
algumas sujas, com película, manchadas e pedaços, caindo na ponta da esteira o
material aceito W1. O produto sujo é lavado e retorna à seleção, já o com película
vai para o setor de raspagem. Para amêndoas manchadas, é feito um processo de
revisão, para a retirada de algum W2, com películas, sujas e brocadas. Para as ACCs
selecionadas como W2, faz-se outra revisão retirando algum W1, sujas, brocadas e
com películas.
Nessa etapa, as amêndoas são separadas por cor. Na classificação, é feita
a separação delas por tamanho. Essa operação pode ser feita manualmente, por
pessoas treinadas, ou por máquinas automatizadas, tipo Falko.
Na classificação automática Falko, utiliza-se equipamento eletrônico para
classificar ACCs, tendo como princípio a triagem pela máquina utilizada para separá-las por sua diferença, em termos de volume e/ou peso. A amêndoa é alimentada por um
vibrador e uma lâmina de forma apropriada para colocá-la na esteira transportadora
que a leva sob um sistema de sensor digital com dispositivo de carga acoplada –
Charge Coupled Device (CCD) – cujo sinal é enviado para um microprocessador
que determina o volume e o peso da peça única e da classe a que pertence.
O produto é, então, ordenado por meio de um ejetor na classe determinada.
O sistema automático tem como características importantes a sua alta eficiência,
com segurança de processo em torno de 96%, e sua elevada velocidade do
microprocessador de controle, possibilitando memorizar até 30 programas. Ele
também faz a eliminação de material estragado. Sua leitura é feita pelo emprego
de câmera digital de alta resolução. Cada equipamento da versão Falko substitui o
trabalho de cerca de 30 pessoas.
No equipamento Falko, desenvolvido pela Oltremare, a desidratação da amêndoa
pode ser feita com um secador de operação estática ou contínua. O equipamento
consiste em um ou mais módulos padrão, montados em série, para atingir a
capacidade de secagem desejada. Um módulo final é colocado na extremidade do
sistema de secagem, semelhante às anteriores, com a finalidade de esfriar os grãos.
Um único módulo tem as dimensões da sala de secagem: 2 m x 4 m (8 m²), e consiste
de uma tremonha de alimentação ao longo de um núcleo entalhado, permitindo uma
corrente de ar quente que vem do fundo do secador.
O ar é transportado a partir do exterior por uma ventoinha elétrica e enviado
para um permutador térmico que pode ser operado eletricamente ou a vapor ou
óleo diatérmico, sendo então transportado por meio do produto a ser secado na
direção do movimento da correia.
Os parâmetros em que se baseiam as escolhas do sistema de regulação são os
seguintes:
• Temperatura do ar.
• Velocidade do ar.
• Período de permanência do produto dentro do secador.
421
Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju
Os dispositivos de regulação são os seguintes:
• Trocador térmico de dispositivo de regulação da temperatura.
• Ajustamento do ar de entrada e de saída para a sala de secagem.
• Transportador dispositivo liga/desliga.
• Alimentação funil regulação do obturador.
Um aspirador é colocado sobre o capuz secador superior para facilitar o fluxo
de ar quente. No caso de um sistema de arrefecimento, é utilizado um dispositivo
de reciclagem de ar quente, que é também previsto a partir do refrigerador para o
primeiro módulo do secador, o qual pode ser usado como um pré-aquecedor.
O secador é fornecido com cinto de limpeza e dispositivo de fenda para manter
o sistema de malha constantemente aberto e facilitar o fluxo de ar.
Quando se está processando amêndoas pequenas, a classificação é feita com
base nos seguintes tamanhos: 240, 320 e 450. Para o caso da amêndoa média 1, a
classificação é: 210, 240, 320 e 450; já para a amêndoa média 2 é a seguinte: 180,
210, 240 e 320; e, no caso de amêndoa graúda, é a seguinte: 180, 210, 240 e 320.
Para amêndoa W3, só é feita seleção. Já para as amêndoas W1 e W2, são feitas
seleção e classificação.
O processo de controle de qualidade em cima dos produtos classificados é feito
baseando-se na Tabela 5, a seguir.
Tabela 5. Média aceitável de unidades de amêndoa calibrada por peso da amostra.
Tipos
Amostras
100 g
200 g
226,8 g
453,6 g
SLW
35 – 40
71 – 79
80 – 90
160 – 180
LW
40 – 46
79 – 93
100 – 105
240
49 – 53
97 – 106
110 – 120
220 – 240
320
66 - 71
132 – 141
150 – 160
300 – 320
450
88 – 99
176 – 198
200 – 225
400 – 450
200 – 210
Fonte: Cavalcante Neto (2007).
Rendimento industrial mecanizado
Para fins de análise dos rendimentos industriais, podemos tomar como
referenciais aqueles verificados em Moçambique no ano de 1998, por ter sido o
último ano em que o setor industrial de processamento de castanha-de-caju daquele
país laborou dentro de uma conjuntura favorável a essa atividade.
422
Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju
Sellschopp et al. (1999) constataram que a unidade industrial que alcançou os
melhores rendimentos obteve 56,57% de amêndoas inteiras, com um rendimento em
amêndoa de 20,74%. O relatório da Tecnoserve/Paic (1999) indica que essa mesma
fábrica empregou um contingente de 184 trabalhadores por 1.000 toneladas de
castanha-de-caju processada, ao custo de US$ 505,70 por tonelada.
Embalagem
Depois de selecionadas, as ACCs são acondicionadas em sacos plásticos, com a
formação de vácuo e adição de CO2.
Aplicação do sistema semimecanizado
(minifábricas) no Brasil
Foto: Cláudio de Norões Rocha
O modelo de beneficiamento de castanha-de-caju em minifábricas é uma
prática adotada por pequenas unidades particulares ou por associações comunitárias
e cooperativas, que buscam na maioria dos casos a comercialização da amêndoa
no mercado interno, por­ produzirem amêndoas com melhor qualidade comparada
com os outros processos descritos. A exportação da ACC já é uma prática adotada
em muitas minifábricas, principalmente no Piauí, destacando-se os grupos formados
pelas fábricas localizadas nas regiões de Inhuma e Picos (Figura 4); no Ceará, com
as unidades da região de Pacajus e Barreiras, e no Estado do Rio Grande do Norte,
com as minifábricas localizadas na Serra do Mel. Nos demais estados, a produção
de amêndoas em minifábricas destina-se exclusivamente para o abastecimento do
mercado interno (PAIVA et al., 2003).
Figura 4. Etapa da classificação nas minifábricas
de Inhuma, PI.
Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju
Limitações do processamento em minifábricas
As limitações identificadas no processamento de castanha-de-caju em pequena
escala estão mais relacionadas com a grande diversidade de marcas e modelos de
equipamentos, muitos deles elaborados com especificações técnicas inadequadas
e com baixo controle de qualidade, com resultados danosos na vida útil e na
manutenção desses equipamentos.
As minifábricas de castanha-de-caju, instaladas geralmente em comunidades
e a maioria em áreas de produção de castanha, apresentam problemas de gestão
relacionados com a sua capacidade de formar capital de giro para aquisição
de castanha e pagamento de mão de obra, além de sua baixa capacidade para
investimento e modernização das unidades. A comercialização dos produtos
obtidos no processamento também constitui um gargalo na atividade, por competir
em preço, qualidade e escala de produção com as grandes fábricas. A sua baixa
escala de produção reduz a sua competitividade para atender, principalmente,
o mercado externo. Tais dificuldades contribuem para a falta de estímulo para
o desenvolvimento dessa atividade na área rural e para a sua modernização
tecnológica, de forma a torná-la competitiva para os mercados de amêndoas de
castanha-de-caju.
Segundo Paiva et al. (2003), a competitividade em comparação com o corte
mecanizado, que produz em maior escala e menor custo, está na obtenção de
amêndoas inteiras superior em até 40%, quando comparado apenas o atributo de
integridade. Outra vantagem do corte manual está na qualidade final da ACC com
relação à cor, odor e sabor.
Operações do processamento da castanha-de-caju
semimecanizado (minifábricas)
Secagem
As castanhas-de-caju devem ser secas até atingirem 7% a 9% de umidade,
para que não haja problemas de deterioração durante a estocagem. A secagem
é feita espalhando-as em terreiros ou quadra de cimento, por um período de até
72 horas para a completa secagem. Elas devem ser amontoadas, no máximo, a 10
cm do solo (Figura 5), para permitir a entrada de luz e a circulação de ar entre elas,
além de facilitar a uniformidade da secagem, com revolvimentos periódicos, pelo
menos duas vezes ao dia. Durante o período noturno, elas devem ser cobertas com
plástico ou lona para evitar o excesso de umidade e eventuais chuvas.
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Foto: Cláudio de Norões Rocha
Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju
Figura 5. Quadra de secagem da castanha-de-caju in natura.
Limpeza
É conveniente manter as castanhas limpas, livre de folhas, pedras, areia,
pedaços de pedúnculo e outras impurezas, que são fontes de contaminação e
aceleram a sua deterioração durante a armazenagem. A limpeza pode ser efetuada
em peneiras manuais ou em chapas perfuradas utilizadas para a calibragem, e deve
ser complementada em mesas, retirando-se os restos de pedúnculo com facas e
tesouras apropriadas.
Classificação
Essa operação, também chamada de calibragem, consiste em separar as
castanhas por tamanho, em chapas perfuradas de calibres diversos, levando-se em
conta sua retenção em peneiras diferentes, conforme a Tabela 6.
Tabela 6. Sistema de classificação da castanha-de-caju por tamanho, em chapas perfuradas.
Classe de castanha-de-caju
Especificação técnica
Cajus kg-1
Cajuí(1)
Quando a castanha-de-caju vaza na peneira de 19 mm
Acima de 300
Miúda
Quando a castanha-de-caju fica retida na peneira de
19 mm e vaza na peneira de 21 mm
221 a 300
Pequena
Quando a castanha-de-caju fica retida na peneira de
21 mm e vaza na peneira de 23 mm
141 a 220
Média
Quando a castanha-de-caju fica retida na peneira de
23 mm e vaza na peneira de 25 mm
91 a 140
Grande
Quando a castanha-de-caju fica retida na peneira de
malha 25 mm
90
(1)
A castanha-de-caju tipo cajuí não tem importância econômica no processamento em minifábricas.
Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju
Armazenamento
A castanha-de-caju, depois de seca, limpa e classificada, pode ser armazenada
por mais de 1 ano. O armazenamento deve ser feito, preferencialmente, em sacos
de fibra vegetal, com capacidade de 50 kg. O uso de sacos plásticos ou outra fibra
sintética deve ser evitado, para que não ocorra acúmulo de umidade em seu
interior. Os sacos devem ser empilhados em depósitos com boa ventilação providos
de janelas, esquadrias e combogós com telas finas nas aberturas de ventilação,
sob estrados em locais secos e arejados, com espaços para circulação, evitando
principalmente a proximidade com as paredes e o teto.
Em algumas fábricas, é muito comum a prática do seu armazenamento a
granel, em que elas são postas diretamente sobre os estrados de madeira, com 5
cm a 10 cm acima do chão, evitando o contato direto com o piso e a absorção da
umidade. No entanto, essa prática não é totalmente aceita pela maioria das fábricas,
uma vez que o controle da matéria-prima é deficiente e a exposição das castanhasde-caju nas camadas inferiores da pilha pode provocar perda na sua qualidade.
Pesagem
Após a classificação e antes do armazenamento, as castanhas-de-caju devem
ser pesadas e separadas por classes e tipos com objetivo de facilitar as operações
seguintes, principalmente o corte e a classificação. Além de facilitar fluxos dessas
etapas, a pesagem é uma forma de controle de estoque e planejamento no
atendimento de encomendas. As embalagens em sacos de 50 kg são mais comuns
nas minifábricas, embora embalagens de 60 kg também possam ser encontradas.
Cozimento
Essa operação tem como objetivo aumentar o volume da castanha-de-caju, tornar
a casca friável e vitrificar o LCC, e ainda facilitar a soltura da amêndoa do endocarpo.
O processo consiste no cozimento da castanha-de-caju em vapor úmido, por meio
de autoclave com geração de vapor ou ainda diretamente em uma caldeira, por um
período que varia de 20 a 30 minutos. A maioria dos cozedores desenvolvidos para as
minifábricas geram vapor no próprio vaso de cozimento (Figura 6), têm capacidade
de 50 kg e usam como fonte de calor o gás de cozinha ou lenha. Nos modelos
desenvolvidos para operar com caldeiras, considera-se que equipamento com
produção de 100 kg de vapor hora-1 é suficiente para atender a demanda de uma
minifábrica, inclusive para as estufas e o umidificador. Somente se recomenda o uso
de caldeiras quando a produção diária da fábrica está acima de duas toneladas de
castanha.
O uso de caldeiras em minifábricas deve ser acompanhado por um técnico
especializado e com experiência na sua manutenção, devendo a operação ser
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Foto: Cláudio de Norões Rocha
Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju
Figura 6. Cozedor vertical de castanha-de-caju com vapor gerado por caldeira.
realizada periodicamente. A qualidade da água empregada e a natureza da fonte de
calor, madeira ou casca da castanha, precisam ser bem acompanhadas. A água que
apresentar elevados teores de cálcio e sais de sódio deve ser evitada. Evitar também
o uso de casca de castanha em quantidades superiores a 30%. Para atender as
necessidades de uma caldeira, são gastos diariamente 2 metros cúbicos de lenha.
Resfriamento e secagem
Após cozidas, as castanhas-de-caju são colocadas em local arejado, para o seu
resfriamento e para que sequem, facilitando a quebra durante o corte. Em algumas
unidades, é costume deixá-las de um dia para o outro para serem cortadas. Em
média, 6 horas são suficientes para elas secarem e estarem prontas para o corte. A
secagem pode ser feita em ambiente coberto.
Corte
O corte, ou decorticagem, é a operação mais delicada e crítica de todo o
beneficiamento da castanha quando se usa máquina manual de corte. Essa etapa
é realizada em máquina tipo manual com alavanca e pedal que ajusta o tamanho
da castanha-de-caju num sistema com lâminas no seu formato e promove a sua
abertura no sentido longitudinal, liberando a amêndoa com película. Na máquina,
trabalham duas pessoas: uma corta, e a outra, munida de estilete, retira a amêndoa
do interior do endocarpo. Esses operários trabalham com mãos protegidas com óleo
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Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju
Foto: Cláudio de Norões Rocha
vegetal ou mineral, a fim de evitar a ação cáustica do LCC (Figura 7). Recomenda-se manter cuidados permanentes com a exposição do operário ao LCC, protegendo,
além das mãos, a pele do rosto e dos braços.
Existe um grande questionamento no uso desse tipo de equipamento, em face
dos perigos que pode ocasionar no operário não só por ser uma operação insalubre,
mas também pela ação de esforço repetitivo com o uso contínuo da máquina de
corte, em que o operário trabalha em pé.
Figura 7. Corte da castanha-de-caju com máquina manual.
Atualmente existe no mercado um equipamento que funciona com o mesmo
princípio, mas o custo inviabiliza a sua aquisição, visto que cada máquina é preparada
para cortar um único tipo de castanha-de-caju. Outras máquinas estão sendo
desenvolvidas e testadas, mas nenhuma ainda está disponível no mercado.
Estufagem ou desidratação
A desidratação da amêndoa de castanha-de-caju tem como função reduzir a
sua umidade e promover a liberação da película. A operação é realizada em estufas
com circulação de ar quente (60 °C – 70 °C), por um período de 6h a 8h. As ACCs
são colocadas em bandejas teladas e devem ser aquecidas de modo que a película
se solte por igual. Como medida importante, recomenda-se fazer um planejamento
na minifábrica, de modo que o processo seja realizado, preferencialmente no mesmo
dia, evitando a necessidade de pessoas no turno da noite. Em muitas minifábricas,
a amêndoa é submetida a um processo de umidificação por vapor saturado com
objetivo de facilitar a soltura da película. Nesse caso, as bandejas com as amêndoas,
após umidificadas por 3 a 5 minutos, devem retornar à estufa por mais uma hora.
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Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju
Resfriamento
O resfriamento da amêndoa de castanha-de-caju deve ser feito no próprio
suporte com as bandejas da estufa ou suportes apropriados até a temperatura
ambiente. Longas exposições podem provocar sua reumidificação e perda na sua
qualidade, dificultando inclusive a retirada da película. Caso seja necessário estocá-las para posterior despeliculagem, recomenda-se acondicioná-las em vasilhames
com tampa de boa vedação ou mesmo em sacos plásticos de alta densidade, bem
fechados e em locais com baixa umidade.
Despeliculagem
Foto: Cláudio de Norões Rocha
Essa operação pode ser realizada em cilindro rotativo acionado por motor
elétrico de baixa rotação em que as amêndoas de castanha-de-caju são submetidas
ao atrito em tela perfurada, promovendo a liberação parcial da película. Na
despeliculagem na mesa, utiliza-se estrutura de madeira ou chapa galvanizada
dotada com tela de metal em que as castanhas são submetidas a um atrito com
escova de cerdas até a obtenção da amêndoa sem película. Em qualquer uma dessas
operações, pode-se obter até 70% de amêndoas totalmente sem película, sendo
o restante submetido ao processo de raspagem manual com auxílio de facas ou
estiletes. Essa operação em muitas minifábricas é descentralizada, geralmente em
cooperativas e feita por mulheres (Figura 8).
Figura 8. Despeliculagem manual da amêndoa de castanha-de-caju por operárias em mesas.
Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju
Em pequenas minifábricas, a despeliculagem é feita sem auxílio dos
equipamentos descritos. Nesse caso, os operários, com simples torção de dedos,
conseguem separar a película da amêndoa. Em alguns casos, lança-se mão de
estiletes de metal para a retirada de partes de película mais aderente, ou então
retorna-se à estufa essa amêndoa com película mais aderente para nova secagem, o
que desvaloriza o produto.
Após essa operação, as amêndoas poderão passar pelos processos de limpeza,
que consiste em separar as avariadas, e de seleção por tipo, considerando a
diferenciação por cor e calibragem, ou seja, por tamanho e peso.
Seleção e classificação
As ACCs devem ser selecionadas e classificadas segundo a Portaria apresentada
no item “Normas de identidade e qualidade para a amêndoa de castanha-de-caju
(ACC)”.
A minifábrica deverá processar com a possível rapidez todo o produto à medida
que seja recebido para garantir a sua integridade e, ao mesmo tempo, reduzir o
tempo de beneficiamento.
Tanto os supervisores como os auxiliares devem ser treinados para facilmente
identificar a variedade de tipos existentes para que produzam a qualidade desejada e
evitem o retrabalho resultante de má seleção, classificação ou mistura.
O trabalho de seleção e classificação de amêndoas inteiras é realizado em
esteiras e mesas. As amêndoas encontradas ainda com resíduos de película agregada
são raspadas por auxiliares em mesas para depois serem também selecionadas e
classificadas. Os pedaços, além de ventilados, são classificados mecanicamente por
tamanho e posteriormente selecionados em mesas e esteiras por tipos.
O uso de esteiras, geralmente com acionamento mecânico, é prática utilizada
nas fábricas de castanha-de-caju, tendo como objetivo selecionar todos os tipos de
amêndoas produzidas no beneficiamento. São utilizadas esteiras para as amêndoas
inteiras brocadas (provenientes da matéria-prima ou da pré-seleção e seleção nas
outras esteiras), batoques, bandas e pedaços grandes, fazendo a pré-seleção e
seleção desses produtos, deixando-os prontos para serem embalados ou torrados e
embalados. Há também esteiras para pré-seleção de amêndoas inteiras, recebidas
das minifábricas, e esteira para selecionar as inteiras dos tipos W1 e W2, tendo
também a função de revisar, se necessário, os tipos W3 e WM, deixando-os prontos
para serem embalados ou torrados e embalados. A esteira do final do processo tem
a finalidade de classificar as amêndoas inteiras nos tipos W1 e W2, resultantes da
seleção pelo seu tamanho, deixando-as prontas para serem embaladas ou torradas e
embaladas.
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Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju
São utilizadas também mesas em que é feita toda a seleção dos pedaços
pequenos, deixando-os prontos para serem embalados ou torrados e embalados.
Nelas também é realizada a operação de despeliculagem manual (raspagem) das
amêndoas de castanha-de-caju inteiras, batoques e bandas que eventualmente ainda
possuam película agregada e a pré-seleção deste produto.
Antes de serem embaladas, as amêndoas selecionadas, serão submetidas a um
processo de esterilização para a eliminação de qualquer inseto vivo que porventura
se encontre acidentalmente presente.
Fritura
A fritura das amêndoas de castanha-de-caju é uma operação opcional nas
minifábricas, sendo adotada quando a comercialização do produto se destina
ao mercado interno. O procedimento para a etapa da fritura deve ser precedido
da separação das amêndoas por tamanho e qualidade, com objetivo de manter
a uniformidade do produto após a fritura. No mercado, existem equipamentos
apropriados para essa operação, podendo ser empregado o mesmo usado para
batatas. O ajuste e o controle da temperatura (150 °C a 170 °C) são importantes
para uma operação bem feita. O óleo recomendado para a fritura deve ser de boa
qualidade, sendo os óleos mais utilizados o de milho ou de soja. Não é recomendável
o uso de gordura hidrogenada, para não conferir sabor estranho à amêndoa frita.
O procedimento recomendado para a operação de fritura e salga realiza-se da
seguinte maneira:
• As amêndoas de castanha-de-caju do mesmo tamanho e cor são colocadas
em cestas apropriadas e imersas em óleo bem quente, no ponto de fritura. A
quantidade de óleo deve ser suficiente para cobrir todas as amêndoas.
• O tempo de fritura varia de 3 a 6 minutos, dependendo do volume de
amêndoa contido nas cestas. Recomenda-se não mexer o produto para que
não ocorra quebra e a fritura seja uniforme.
• Após a fritura, remove-se o excesso de óleo do produto, derramando o
conteúdo da cesta sobre superfície plana recoberta por papel absorvente
ou saco de estopa limpo. Melhor resultado se obtém com o uso de uma
centrífuga.
• A salga realiza-se com as amêndoas ainda quentes, utilizando-se sal refinado
de boa qualidade, seco e sem impurezas, na quantidade de 2% do peso da
quantidade de ACC que está sendo submetida ao processo de fritura.
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Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju
Sistema artesanal
Fotos: Cláudio de Norões Rocha
As recomendações a seguir são indicadas para o beneficiamento de castanha-de-caju em pequenas quantidades quando a produção local é insuficiente para o
processamento de cozimento e corte em máquina manual. O processo que consiste
no tratamento prévio da castanha-de-caju pelo calor é utilizado na Índia Ocidental,
na África e em algumas regiões do Nordeste do Brasil. As operações utilizadas são as
seguintes:
• Colocam-se cerca de 40 kg de castanhas-de-caju por batelada em chapas
de metal e leva-se ao fogo (Figura 9) por aproximadamente 8 minutos, com
objetivo de promover a liberação parcial do LCC, tornando a casca friável e
quebradiça, simultaneamente.
Figura 9. Sistema artesanal de assar a castanha-de-caju em chapa com fogo.
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Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju
Fotos: Cláudio de Norões Rocha
• Em seguida, as castanhas são postas para resfriamento, em temperatura
ambiente, cobrindo-as com uma camada de pó de madeira ou cinza para
absorver o excesso do líquido liberado no processo anterior.
• Após resfriadas, as castanhas são postas em bancadas para o corte manual,
que consiste na quebra da casca, utilizando um pedaço de madeira de
formato cilíndrico (Figura 10) e aplicando uma força suficiente para
a abertura das bandas da casca, tendo o cuidado de não danificar as
amêndoas. Em muitos casos, o corte da castanha é feito no próprio local
onde foi realizada a sua torrefação.
Figura 10. Quebra e abertura da castanha-de-caju no processo artesanal.
• A operação seguinte é a secagem da amêndoa de castanha-de-caju, feita ao
sol em bandejas, por cerca de 6 horas, dependendo das condições do clima
da região. Pode também ser utilizada estufa com aquecimento solar, onde
as amêndoas são colocadas em bandejas perfuradas sobrepostas, por um
período de até 12 horas. Nesse caso, é importante observar o rígido controle
da temperatura, que não deve exceder a 60 oC. O tempo recomendado
em média é de 6 horas. Na maioria dos casos, não são utilizadas estufas
para a secagem, já que no processo da queima da castanha o calor chega
a ser suficiente para liberar por completo a película. Na Índia (Figura 11),
o processo de secagem da amêndoa no sistema artesanal geralmente é
feito em secadores solares por período de até 20 horas. O processo de
queima da castanha-de-caju é feito de forma parcial com o objetivo de não
manchar a ACC e depreciar o preço, principalmente quando se trata de
mercado externo, que tem exigências pelos atributos de cor, sabor, tamanho
e integridade. Esse processo é utilizado em algumas regiões da Venezuela,
Honduras e principalmente da Índia.
433
Ilustração: Francisco Williams de Oliveira
Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju
Ventilador turbina
Porta de carregamento
Porta principal
Porta de descarga
Visores
Roda de mão
6 polegadas
Figura 11. Secagem da amêndoa de castanha-de-caju em estufa solar.
Foto: Cláudio de Norões Rocha
• Realizada essa operação, retira-se manualmente a película (Figura 12)
que envolve a amêndoa, utilizando-se uma mesa de despeliculagem com
superfície de atrito, como também canivetes ou facas apropriadas.
Figura 12. Despeliculagem manual no sistema artesanal.
434
Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju
• Após a retirada da película, as amêndoas são selecionadas por cor, tamanho
e integridade (inteiras, bandas, pedaços, etc.).
• A etapa da fritura pode ser realizada em fritadeira convencional de batata
frita. Coloca-se 1 kg da amêndoa em cesto apropriado, em óleo vegetal
aquecido por cerca de 4 minutos, tomando-se o cuidado para não revolver
em camadas.
• Depois de fritas, se for o caso, as amêndoas são colocadas sobre uma mesa
para serem salgadas com 2% de sal de cozinha em relação ao peso da
quantidade de ACC submetida ao processo de fritura.
• Para a embalagem, recomendam-se sacos plásticos transparentes de textura
média, tipo polipropileno, em embalagens com peso de acordo com as
necessidades dos mercados.
No sistema de beneficiamento artesanal ou caseiro, as amêndoas apresentam
uma aparência de tostada e um gosto especial, características muito apreciadas pelos
consumidores.
Especificações técnicas de máquinas e equipamentos
para minifábricas
Quando se planeja implantar uma unidade de beneficiamento de castanha-de-caju, o passo inicial é determinar qual a quantidade de matéria-prima que existe
disponível na comunidade e nos produtores para, a partir desse ponto, iniciar todo
o planejamento de necessidades requeridas para o empreendimento. As máquinas,
equipamentos e demais infraestruturas da minifábrica serão dimensionados a partir
dessa informação.
Existem atualmente no mercado metalúrgicas que fabricam esses
equipamentos, atendendo desde a microunidade, que funciona com uma ou duas
máquinas de corte, até a unidade de porte médio, que processa por dia cerca de
3 a 4 toneladas de castanhas-de-caju. Para cada porte de fábrica, existe uma linha
apropriada de equipamentos, tais como classificador, cozedor, caldeira, estufa e
despeliculador (PAIVA et al., 2000b). O único equipamento que atende a qualquer
unidade é a máquina de corte, pois a quantidade necessária é determinada pelo seu
porte. Eles são confeccionados em chapas metálicas, sendo alguns componentes
em aço inoxidável, principalmente as mesas de seleção e classificação e o conjunto
de fritura e centrífuga da ACC. Em algumas unidades de porte médio, onde o
grande volume de amêndoa pode comprometer as etapas seguintes, admite-se o
emprego de seletores eletrônicos que as separam por coloração e integridade. Tal
equipamento, apesar de caro, chega a tirar vários postos de trabalho dentro da
minifábrica.
Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju
A decisão sobre incorporação desses equipamentos, que além dos seletores
incluem as esteiras pneumáticas, a esteira de seleção, os classificadores de
amêndoas e outros equipamentos automatizados, vai depender do nível de produção
da unidade de beneficiamento e dos compromissos assumidos em atender as
encomendas em curto espaço de tempo.
A seguir são apresentadas as especificações técnicas dos principais
equipamentos na linha de produção de uma minifábrica:
Classificador
Confeccionado em chapa galvanizada, apresenta formato cilíndrico, raio
de 40 cm e comprimento de 4 a 6 metros, em estrutura com tela perfurada nos
calibres 18 mm a 23 mm, 24 mm e 27 mm para a separação das castanhas-de-caju.
É acionado por motor elétrico de 2,0 CV, e rotação de 1.750 rpm, montados sobre
estrutura em cantoneira. Nas minifábricas de menor porte, é utilizado o classificador
manual. Ele é composto de quatro rotores com chapas perfuradas nos mesmos
calibres citados acima e feito em chapa de aço carbono com capacidade de 300 kg
por hora.
Vaso para cozimento
Fabricado em aço carbono com formato cilíndrico, encamisado para produção
de vapor saturado, com manômetro, visor de nível e válvula de segurança, é
montado em base de ferro com queimador a gás de cozinha ou com dispositivo de
fornalha para a queima de lenha e casca da castanha-de-caju, com capacidade para
cozinhar 52 kg de castanha a cada 20 minutos.
Para minifábricas de maior porte, ou seja, que beneficiam acima de 3 toneladas
de castanhas por dia, recomenda-se o emprego de cozedores com caldeiras com
geração de, no máximo, 100 kg hora-1, o suficiente para produzir vapor para o
cozedor, o umidificador e as estufas.
A caldeira é fabricada em chapa 5/16, montada sobre estrutura metálica,
onde se localiza a fornalha com cinzeiro, acompanhando os seguintes instrumentos:
Visor d’água, manômetro, válvula de segurança, registro de saída de vapor, registro
de entrada d’água, válvula de retenção e bomba manual. O equipamento é
complementado por uma linha de vapor com isolamento em calha de lã de rocha,
alumínio corrugado para revestimento, fita e selo aluminizado e seus acoplamentos
em flange.
Máquina de corte manual
Equipamento com perfil metálico em ferro fundido, composto de pedal e
alavanca para acionamento de um conjunto de navalhas, no formato da castanha-de-
435
436
Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju
-caju, para o corte da castanha. A máquina é feita num único gabarito com diferença
apenas nas navalhas que são colocadas e repostas de acordo com o tamanho da
castanha a ser cortada. Essas máquinas pesam em torno de 5 kg e são montadas em
mesas de madeira ou perfil metálico em bancadas duplas. A bancada tem altura de
80 cm e dois lados onde se posicionam o cortador que aciona o mecanismo de corte
e do outro lado o tirador que tem a função de retirar a amêndoa parcialmente solta
do endocarpo da castanha-de-caju.
Estufa (desidratador)
A estufa é provavelmente o equipamento que apresenta a maior quantidade de
modelos e tipos. Existem estufas com ar quente proveniente de diversas fontes, tais
como de caldeira, lenha, gás GLP, aquecimento solar e energia elétrica. As estufas
podem ser com ar forçado por meio de exaustores elétricos ou por convecção.
Existem também as versões mais modernas de estufas que realizam a desidratação
da amêndoa em módulos de 2 ou 3 estágios. Com relação ao material empregado
para a sua construção, são classificadas em estufas metálicas e de alvenaria. No
primeiro tipo, a estufa é construída em chapa metálica SAE 1020, para 14 bandejas,
dotada de termômetro, válvula termostática, queimador a GLP, com isolamento em
lã de vidro e capacidade para 42 kg de amêndoas. Nas estufas alimentadas com
vapor da caldeira, o equipamento é construído em perfil metálico com capacidade
para 100 kg por operação, aquecido a vapor por meio de serpentina com isolamento
em lã de rocha, com termômetro, filtro e purgador, com capacidade para um carro
por operação e dez bandejas. Nas estufas em alvenaria se enquadram os modelos
mencionados acima.
Umidificador
O umidificador é um equipamento semelhante à estufa, com o mesmo formato,
sendo construído em chapa metálica com porta e prateleira em perfil metálico para
4 a 6 bandejas, com instalação para injeção de vapor úmido, produzido pelo vaso
cozedor ou pela caldeira, com capacidade para realizar a umidificação de até 300 kg
de amêndoas por dia. Em algumas minifábricas, é comum encontrar o equipamento
em alvenaria. Em qualquer caso, o umidificador deve manter uma aproximação com
a fonte de geração de vapor, com objetivo de evitar a perda de pressão e eficiência
na operação.
Despeliculador manual
Nas minifábricas, o despeliculador pode ser do tipo mesa dotada de tela
metálica, escovas de cerdas, montada em suporte de madeira de lei e tremonha
Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju
em chapa metálica, ou ainda em cilindro em chapa metálica com diâmetro de 40 cm
a 50 cm, dotado de telas com perfurações suficientes para vazar as películas das
amêndoas, resultantes do atrito com sua superfície. O acionamento elétrico é feito
com motor de 2,0 CV e baixa rotação.
Esteira transportadora
É confeccionada em perfis de chapa de aço SAE-1020, com correia sintética
na cor verde com 24 polegadas de largura, medindo 12 metros de comprimento.
É equipada com o sistema de iluminação da área de trabalho, com o silo de
alimentação e alimentador vibratório com comando eletrônico de volume de
produção.
Peneira vibratória
Medindo 1,50 m x 0,60 m com quatro decks, inclui dois motovibradores
elétricos de 0,5 CV, rotação de 1.750 rpm, carcaça em aço SAE-1020, com cinco
bocais de descarga para o produto e asa inferior para fixação dos motovibradores,
quatro amarrações em aço SAE-1020, com quatro chapas 18 em inox AISI-304
perfuradas com furos de 8 mm, 6 mm, 4 mm e 2 mm de diâmetro e conjunto de
suspensão com quatro molas espirais.
Mesa (seleção e classificação)
Mesa em madeira e revestida de fórmica branca, ou aço inox, medindo 1,55 m
x 1,05 m x 1,00 m; incluindo uma chapa em aço inox AISI-304, perfurada com furos
de 3/16 polegadas, para a eliminação de resíduos e farinha da amêndoa.
Conjunto para fritura
Conjunto fritadeira e centrífuga para extração do óleo de fritura da amêndoa
de castanha-de-caju, confeccionada em ferro fundido e aço carbono e revestimento
de aço inox com dois cestos compatíveis para acoplamento na centrífuga, com
funcionamento a gás de cozinha e energia elétrica para a centrífuga.
Máquina para selar embalagem
Equipamento para selagem de sacos plásticos aluminizados de 50 libras,
incluindo molde formador de sacos e transportador de rolos, composto de caixa
termostática, lâmpada piloto, chave deslizante para funcionamento automático
com regulagem de calor, barramento de solda composto de resistência e barra de
alumínio, montado em sistema de vácuo e injeção de gás.
437
438
Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju
Processo simplificado de extração do LCC
O LCC é constituído por uma mistura de fenóis, sendo os principais o ácido
anacárdico, derivado do ácido salicílico, e o cardol, derivado do resorcinol.
Quando submetido a um tratamento térmico, o ácido anacárdico é prontamente
descarbonizado e transformado em cardanol.
O LCC está contido no mesocarpo esponjoso da castanha-de-caju na proporção
de 32% a 34% (SOARES, 1986).
A extração desse líquido da casca da castanha pode ser feita por prensagem
da casca a frio, em tratamento térmico “hot oil method”. A casca da castanha pode
ser imersa no próprio LCC quente (185 oC a 210 oC), para a retirada da maior parte
do líquido na estrutura alveolar da casca, por extração por solventes ou ainda por
combinações dessas operações. O tempo de exposição ao aquecimento é de cerca de
2 minutos.
Quando a extração é feita por prensa, o LCC cru tem uma cor marrom-escura,
sendo vesicante, cáustico e, quando descarboxilado, apresenta uma cor quase preta.
Nas minifábricas, o LCC é extraído via prensagem das cascas a frio, sendo o
produto obtido chamado de “óleo de prensa”. Esse produto difere, na sua estrutura
física e química, do LCC comercializado pelas indústrias mecanizadas, que é
descarboxilado. A descarboxilação ocorre durante o aquecimento das castanhas no
processo de fritura, provocando a eliminação do CO2.
A qualidade do LCC é função do método como ele é extraído. É indispensável
a observação de vários fatores por ocasião da extração, principalmente o tempo e a
temperatura de cozimento quando se emprega o método da imersão da castanha no
LCC já quente. A exposição do líquido a temperaturas altas ou por tempo prolongado
acarreta uma pré-polimerização. Tal fato produz mudanças nas características
químicas e físicas do produto, tais como variações percentuais dos compostos
existentes, alterações nos valores de viscosidade e densidade.
No processo mecanizado de extração, obtêm-se rendimento de 18% do líquido,
55% da torta residual e 4% de perdas. Já no processo manual, em que o LCC é
retirado via extração a frio por prensas, o seu rendimento alcança 28%; 50% da torta
residual e 2% de perdas.
Embora a produção brasileira confira uma posição de destaque no cenário
internacional, o País não apresenta força tecnológica em patentes obtidas a partir
dos derivados do ácido anacárdico, o que se pode observar pela baixa quantidade de
trabalhos publicados sobre o assunto.
No início da industrialização da castanha-de-caju no Brasil, na década de 1940,
o grande interesse do mercado internacional era para o LCC, devido ao emprego
439
Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju
desse produto em atividades bélicas. Passando o interesse imediatista, a procura
pela amêndoa se intensificou e o preço do LCC começou a declinar.
A obtenção de resinas fenólicas é feita pela condensação do LCC
descarboxilado a 170 °C com aldeído ou derivados, resultando por meio do emprego
de componentes químicos num produto similar às resinas sintéticas.
Essas resinas, na forma de materiais líquidos, são empregadas como
aglomerantes de fibras de madeira, materiais celulósicos, palhas de cereais, fibras de
babaçu e aglomerantes de papéis, tecidos e outras aplicações (Tabelas 7 e 8).
Tabela 7. Características do líquido da casca da castanha-de-caju (LCC) in natura e
descarboxilado.
Características
Viscosidade a 25 0C
Densidade a 25 0C
Perdas por volatilização(204 + 3 0C/30 min)
Índice de iodo (wijs)
Tempo de polimerização(175 + 3 0C)
pH
LCC
(in natura)
535 cps
1,000
11,1%
208
3,70 min
5,6
LCC
(descarboxilado)
190 cps
0,858
1,0%
285
3,73 min
9,8
Tabela 8. Especificações para o líquido da casca da castanha-de-caju comercial.
Características
Especificações técnicas
Natureza
Líquido de cor escura, quase preto, extraído da casca da
castanha-de-caju e descarboxilado
Viscosidade a 25 0C
máximo 600 cps.
Densidade a 25 C
0,943 – 0,968
Perdas por volatilização
(205 0C/30 min)
máximo 2,0%
Índice de iodo (wijs)
mínimo 250
Tempo de polimerização
(177 + 3 0C)
máximo 6,0 min
pH
mínimo 6,0
Impurezas
máximo 1,0%
0
Como materiais sólidos, a resina tem uso frequente na formulação de lonas
de freios. A eficácia da aplicação é comprovada, conferindo maior fricção, reduzindo
o desgaste e diminuindo a fadiga do material. Esse produto apresenta ainda como
vantagem sua boa condutividade térmica, resistindo a variações bruscas de
temperatura e a ação da umidade, solventes, sendo perfeitamente apropriado para
elementos de fricção.
440
Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju
Etapas do processo de extração do LCC
Da operação de decorticação da castanha-de-caju, obtêm-se amêndoa e casca,
sendo a casca a matéria-prima para extração do LCC. Esse líquido cáustico representa
de 32% a 34% do peso da castanha-de-caju.
Cozimento
A retirada do LCC da casca de castanha-de-caju pode se processar pela fritura
da castanha num banho de LCC quente (185 oC a 210 oC) para a retirada da maior
parte do líquido contido na estrutura alveolar da casca, com o tempo de exposição
ao aquecimento de 2 minutos. A casca de castanha-de-caju proveniente da operação
de decorticação manual é submetida a um aquecimento com vapor até uma
temperatura de 80 oC.
Prensagem
Depois do aquecimento, a casca é submetida à prensagem em prensas expeller,
sendo obtido na operação o LCC e uma torta com um teor residual do líquido, que é
extraído por solventes.
Descarboxilação
O LCC, obtido por extração mecânica ou por solvente, é submetido à
operação de descarboxilação, que tem a finalidade de retirar CO2 e umidade.
Tanques cilíndricos de chapa de ferro, munidos de serpentina para vapor e agitador,
chamados descarboxiladores, são utilizados na operação. Neles, o LCC é aquecido a
uma temperatura de 140 °C, com agitação de 15 rpm por tempo variável.
Filtração
Após descarboxilado, o LCC obtido é filtrado, para a retirada de impurezas por
meio de filtro prensa.
Armazenagem
Após filtração, o LCC é armazenado em tambores de 200 litros ou em tanques
metálicos com capacidade variada.
Módulo agroindustrial múltiplo
O Módulo Agroindustrial Múltiplo é um modelo de organização do
processamento da castanha-de-caju formado por várias minifábricas integradas
no processo industrial. Coordenado por uma unidade central, ele busca padronizar
e alavancar de forma permanente a qualidade dos produtos e a produtividade
dos processos produtivos, mediante uma melhor coordenação e articulação das
Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju
atividades realizadas, desde a compra da castanha-de-caju até a comercialização da
sua amêndoa. Ele tem as seguintes funções:
• Adquirir, classificar e autoclavar a matéria-prima pela unidade central,
repassando as castanhas para as minifábricas que realizam algumas etapas
do fluxograma.
• Vender os produtos com melhor preço nos mercados, nacional e
internacional.
• Coordenar exportações, fazer acordos para transporte, possibilitando uma
posição de negociação mais forte.
• Promover campanhas de marketing nos mercados consumidores
(importadores).
• Coordenar negociações, visando a acordos com cadeias de supermercados e
outros clientes.
• Capturar e disseminar informações tecnológicas e comerciais.
• Apresentar especificações claras sobre a qualidade dos produtos.
• Monitorar as tendências e aspirações do mercado.
A unidade central destina-se em princípio a atender as minifábricas que
beneficiam a castanha-de-caju pelo processo de corte manual (Figura 13) e cujas
capacidades de produção variam entre si, criando, principalmente, problemas de
comercialização e fluxo de caixa por insuficiência de volumes. A concentração do
produto na unidade central não só permitirá compensar essas desvantagens, como
a padronização a ser realizada assegurará garantia da aceitação do produto pelo
mercado. Ela deverá receber o produto numa fase intermediária de acabamento
a fim de, por meio da seleção por tipos e classificação por tamanhos, tanto das
amêndoas inteiras como quebradas, garantir a sua qualidade.
Minifábricas
Minifábricas
Agricultores
Minifábricas
Agricultores
Minifábricas
Agricultores
Agricultores
UNIDADE CENTRAL
CONSELHO ADMINISTRATIVO
ASSOCIAÇÕES COMUNITÁRIAS
UNIDADE ADMINISTRATIVA
Técnico Gerencial
Marketing
Comercialização
Minifábricas
Minifábricas
Agricultores
Minifábricas
Agricultores
Minifábricas
Agricultores
Agricultores
Figura 13. Modelo operacional do Módulo agroindustrial múltiplo.
441
442
Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju
A contribuição de pequenos volumes de todos os participantes permitirá
a formação mais rápida de lotes maiores de tipos, abrindo um leque maior de
clientes, que de outro modo seriam limitados a compradores irregulares de
pequenas quantidades, muitas vezes pagando valores inferiores ao do mercado.
Acrescente-se o risco de infestação nas minifábricas pelo fato de terem que
aguardar produzir as quantidades de amêndoas de castanha-de-caju necessárias para
completar o enchimento de caixas, especialmente com os tipos pequenos.
Os recebimentos de castanhas-de-caju de cada associado pela unidade
central deverão ser registrados pela quantidade e pela qualidade para que sirvam
de referência quando da determinação da correspondente participação nos lucros
das vendas, depois de deduzidas as despesas da unidade central. Devem ser
regulamentados critérios bem específicos quanto aos procedimentos a seguir nesses
casos para que não subsistam quaisquer dúvidas por parte dos associados quanto à
isenção e equanimidade do sistema.
Competirá à unidade central fazer o acompanhamento em todas as
minifábricas associadas por meio de um técnico especializado em processo e gestão
empresarial com vista à padronização da amêndoa de castanha-de-caju quanto a
seus atributos de qualidade, tamanho, integridade e cor.
Competirá, ainda, à unidade central, por meio da seleção e classificação,
valorizar o produto para que ele se beneficie de melhor preço.
A unidade central deverá processar com a possível rapidez todo o produto à
medida que seja recebido para garantir a integridade dele e, ao mesmo tempo,
reduzir o tempo de transformação, para que disponha o mais rapidamente possível
do produto final para venda ou embarque, se já vendido.
Tanto os supervisores como os auxiliares devem ser treinados para facilmente
identificar a variedade de tipos existentes para que produzam a qualidade desejada e
evitem o retrabalho resultante de má seleção, classificação ou mistura.
O trabalho de seleção e classificação de amêndoas inteiras será realizado
em esteiras e mesas. As amêndoas encontradas ainda com resíduos de película
serão raspadas por auxiliares em mesas para depois serem também selecionadas e
classificadas. Os pedaços, além de ventilados, serão classificados mecanicamente por
tamanho e posteriormente selecionados em esteiras por tipos.
Anteriormente à embalagem, as amêndoas serão submetidas a um processo de
esterilização para a eliminação de qualquer inseto vivo que porventura se encontre
acidentalmente presente.
A integração das minifábricas em Módulos Agroindustriais Múltiplos permitirá a
formação de container de amêndoas de 700 caixas de 50 libras cada uma, no menor
período de tempo possível. O espaço para a formação do container depende da
quantidade de unidades integradas e da produção de cada módulo. O ideal é que
Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju
cada módulo se habilite a produzir pelo menos dois containers de amêndoas por
mês. A otimização do processo se dará quando estiver em condições de atender à
demanda do mercado pelas suas exigências.
A aquisição da matéria-prima poderá ser feita pela unidade central por meio
da sua estrutura de organização (cooperativa, associação, condomínio, entre outras),
que repassará a castanha-de-caju classificada e, preferencialmente, autoclavada,
para as minifábricas, que realizarão as etapas de cozimento, corte, estufagem,
umidificação, despeliculagem e pré-seleção, sendo em seguida enviada para a
unidade central.
Atribuições das minifábricas
As etapas do beneficiamento da castanha-de-caju em sistema de minifábricas
compreendem a secagem, limpeza, classificação, cozimento, corte manual,
estufagem, resfriamento, despeliculagem, seleção e classificação, conforme a Figura 14.
Em algumas unidades, a classificação da amêndoa de castanha-de-caju é
feita na unidade central. A complementação do processo se dá com a revisão,
esterilização e embalagem em sacos aluminizados com caixas padronizadas.
Secagem
Despeliculagem
Limpeza
Resfriamento
Classificação
Estufagem
Armazenamento
Corte manual
Pesagem
Cozimento
Figura 14. Etapas do beneficiamento da castanha-de-caju realizadas nas minifábricas.
443
444
Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju
Atribuições da unidade central
Compete à unidade central receber as amêndoas selecionadas e sem a película
e realizar as operações de revisão, classificação, embalagem e comercialização,
conforme a Figura 15.
Minifábricas
Unidade Central
Autoclavagem
Corte da castanha
Recepção
da castanha
Pesagem
Estufagem
da castanha
Secagem
da castanha
Limpeza
Umidificação
Classificação
Despeliculagem
Ensacamento
Pré-seleção
Pesagem
Seleção
da amêndoa
Classificação
Fritura
Embalagem
Armazenamento
Comercialização
externa
Centrifugação
Salga
Embalagem
Armazenamento
Comercialização
interna
Figura 15. Etapas do beneficiamento da castanha-de-caju nas minifábricas e unidade central.
Na classificação, as amêndoas despeliculadas são separadas em inteiras,
batoques, bandas e pedaços (graúdos e pedaços pequenos) e livres de farinha.
As amêndoas brocadas inteiras, batoques, bandas e pedaços grandes devem ser
entregues separadamente.
O recebimento de produto é feito com limite máximo de 10% de amêndoas
com película, que não devem exceder 3 mm de diâmetro no agregado, excetuando
os pedaços grandes e os pedaços pequenos. É de 7% a média prevista de amêndoas
com película.
Todos os produtos crus são então colocados em carros de estufa e submetidos
durante 1 hora a uma temperatura de 80 °C para prevenir qualquer infestação
(insetos ou lagartas) viva no alimento à altura do acondicionamento. Em seguida, as
445
Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju
amêndoas são resfriadas naturalmente até a temperatura ambiente e despejadas
na mesa de inspeção final, onde são inspecionadas visualmente pelo supervisor da
embalagem. Havendo dúvida quanto à qualidade do produto obtido, o responsável
pelo controle de qualidade deve ser chamado para uma avaliação mais aprofundada
e decisão do destino a ser dado à amêndoa. Se não houver dúvidas, o produto final é
pesado e acondicionado em sacos ou latas, conforme a solicitação dos clientes, para
o produto específico (Tabela 9). As embalagens, antes de serem fechadas, ficam em
vácuo, recebem injeção de CO2 e são seladas. O alimento embalado é então enviado
ao armazém de produto terminado e expedição. A embalagem pode ser em saco
náilon polilaminado metalizado ou em lata litografada com capacidade de 10 litros
e com tampa. Tanto o saco como a lata devem receber embalagem secundária em
caixa de papelão conforme tabela abaixo. Em geral, as caixas são transportadas em
containers de 20 ou 40 pés.
As amêndoas torradas devem ser embaladas em material e quantidade
conforme as determinações do cliente ou do mercado, podendo ser em latas de
flandres, sacos plásticos metalizados ou transparentes, ou outros, com pesos que
variam de 100 g a 500 g. As caixas com sacos aluminizados devem ser empilhadas
deitadas formando-se um quadrado e com uma altura máxima de dez caixas; as
caixas com duas latas devem ser empilhadas a uma altura máxima de cinco caixas.
Tabela 9. Especificações técnicas das embalagens para amêndoa de castanha-de-caju.
Especificações saco/lata
(dimensões cm)
Caixa papelão
(dimensões cm)
Capacidade
(libras)(1)
Quantidade
caixa/container
(20 pés/40 pés)
Corvac padrão
Saco náilon polilaminado
metalizado (54 x 92 x 0,20)
320 x 192 x 613
50
700
1.050
Pequeno Corvac
Saco náilon polilaminado
metalizado (54 x 60 x 0,20)
320 x 192 x 613
2 x 25
700
1.050
Pequeno Corvac
e caixa
Saco náilon polilaminado
metalizado (54 x 60 x 0,20)
320 x 192 x 306
2 x 25
1.400
2.100
Corvac reforçado
Saco náilon polilaminado
metalizado (54 x 92 x 0,20)
320 x 192 x 613
50
700
1.050
Bulk box
Saco náilon polilaminado,
metalizado (122 x 250 x 800)
1.168 x 945 x 1.090
1.750
20
30
Lata
Lata litografada, capacidade
de 18 litros, com tampa
470 x 240 x 345
50
700
1.050
Tipo embalagem
(1)
Uma libra corresponde a 22,68 gramas.
446
Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju
Estratégia de implantação do módulo agroindustrial
múltiplo
A estratégia operacional para a implantação do sistema integrado de
minifábricas, para o beneficiamento de castanha, denominado de Módulo
Agroindustrial Múltiplo, consiste na realização de visitas de sensibilização nas
regiões de produção de castanha-de-caju e realização de diagnóstico e levantamento
de informações. O objetivo é conhecer as opiniões dos respondentes sobre a
importância e a necessidade da realização de um trabalho conjunto que vise à
inserção de suas minifábricas em um Modelo Agroindustrial Múltiplo, com vista à
obtenção de um produto padronizado com qualidade para exportação, com maior
escala de processamento, conforme processo adotado pela Embrapa, para atender
as demandas internas e externas do mercado de amêndoas. Esse diagnóstico
é realizado por meio da aplicação de questionários com produtores de
castanha-de-caju, intermediários dos elos da produção, pequenos processadores,
associações comunitárias e cooperativas que possuem unidade de beneficiamento
de castanha-de-caju em pequena escala. Nesses questionários, são relacionadas
as etapas de produção pertinentes ao uso de tecnologia e insumos, área e
produtividade dos pomares, condições de armazenamento da matéria-prima e do
processamento da castanha-de-caju, limitações no processo industrial, questões
de higiene e boas práticas de fabricação, comercialização da matéria-prima,
beneficiamento da amêndoa e seus mercados. Também são avaliadas as situações
administrativas e gerenciais de cada minifábrica, por meio de questões relacionadas
com:
• Processo e fluxograma de produção das minifábricas.
• Instalações físicas, secador de castanha-de-caju e armazenagem.
• Situação e quantificação das máquinas e equipamentos.
• Produção diária de amêndoas e qualidade do produto processado.
• Determinação de índices técnicos dos equipamentos.
• Produção de amêndoas inteiras, raladas, manchadas e estragadas.
• Condições de acondicionamento das amêndoas beneficiadas.
• Condições de fritura e embalagem das amêndoas processadas.
• Situação administrativa e gerencial de cada minifábrica.
• Participação da comunidade no empreendimento.
• Forma de acondicionamento do produto processado.
• Mercado e canais de distribuição da amêndoa.
Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju
Reunidas todas as informações coletadas na aplicação dos questionários,
são feitas avaliações de cada estabelecimento e recomendações para viabilizar o
processo de beneficiamento em pequena escala, conforme os objetivos do projeto,
de modo a torná-lo competitivo como agronegócio de amêndoa para os mercados
internos e externos.
Em seguida, são elaborados os planos de implantação da unidade central e
estruturação das minifábricas, com a aquisição ou substituição de equipamentos e
recuperação das instalações físicas das unidades.
Avanços na indústria de equipamentos para
beneficiamento da castanha-de-caju
A modernização da indústria de beneficiamento de castanha-de-caju possibilita
a agregação de valor ao produto pelos ganhos de produção, preservação dos seus
atributos de qualidade do mercado (integridade física, coloração), melhoria das
condições de trabalho (ergonomia) e redução dos riscos químicos no manuseio dos
produtos.
Tanto no modelo de processamento que tem como referência o cozimento
da castanha-de-caju em vapor saturado e o corte dela com máquina manual com
navalhas quanto no processo mecanizado pelo cozimento da castanha em LCC e o
corte por impacto, alguns avanços foram incorporados à linha de produção, entre os
quais se destacam:
Autoclaves cilíndricas pressurizadas
Já existem disponíveis no mercado autoclaves cilíndricas pressurizadas,
com capacidade operacional de 150 quilos de castanha-de-caju in natura em 10
minutos, com distribuição de vapor em sua parte interna, constando de tampa de
abastecimento com fecho rápido em sua parte superior, tampa de descarga na sua
parte inferior, base de montagem em estrutura metálica, parte externa isolada em lã
de rocha e vedação da tampa com cordão de amianto.
O processo de cozimento das castanhas-de-caju é feito por meio de
programação para temperaturas e tempos desejados, com microcontrolador digital
e sistema de segurança em válvula de alívio. O equipamento é munido de torneira
para descarga e ajuste programado de início/fim de processo operacional e válvula
de compensação automática da temperatura.
Estufas de multiestágios
Algumas indústrias de castanha-de-caju no Brasil estão utilizando estufas de
três estágios, em que a amêndoa é conduzida sob esteiras, num sistema contínuo
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Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju
fechado com gradação de temperatura, até a finalização do processo de estufagem.
Esse equipamento representa um avanço em relação à estufa convencional,
geralmente de natureza estática, e que demanda grande tempo de processo. As
estufas de multiestágios operam com temperatura em torno de 85 °C, sendo o
processo realizado em cerca de 4 horas e meia.
A estufagem das amêndoas de castanha-de-caju pode ser feita com secador
estático ou contínuo. Atualmente, existem no mercado secadores contínuos com
um ou mais módulos padrão, montados em série para atingir a capacidade de
secagem desejada. O equipamento, construído em chapa metálica, tem formato
retangular, com tamanho de acordo com a capacidade de desidratação, e consiste de
um dispositivo de alimentação que conduz as amêndoas por uma esteira que passa
através de uma corrente de ar quente vindo do interior da estufa, com temperatura
em torno de 65 °C a 70 °C.
O ar é transportado a partir do exterior por uma ventoinha elétrica e enviado
para um permutador térmico, que pode ser operado eletricamente ou por meio de
vapor ou óleo diatérmico, e é então transportado com a amêndoa a montante em
direção do movimento da correia. Um aspirador é colocado sobre o capuz secador
superior para facilitar o fluxo de ar quente.
No caso de um sistema de arrefecimento, é utilizado um dispositivo de
reciclagem de ar quente, podendo ser colocado a partir do refrigerador para o
primeiro módulo do secador, o qual pode ser usado como um pré-aquecedor.
A estufa contínua é fornecida com dispositivo de limpeza para manter o sistema de
malha constantemente aberto e facilitar o fluxo de ar.
Estufas estacionárias para minifábricas
As estufas para a desidratação da amêndoa em escala de minifábricas também
apresentam inovações principalmente no processo de circulação do vapor entre as
bandejas, permitindo a uniformidade e menor tempo do processo. Confeccionada
em metalon e chapa preta de ferro, revestida em lã de rocha, constando de
aquecimento a vapor por serpentina, comporta 100 kg de amêndoas por 8 horas de
operação.
Além da circulação de ar por convecção natural operando em temperatura
máxima de 100 oC, a estufa é dotada de controlador eletrônico microprocessado de
temperatura, com dupla função de termômetro e termostato. Possui ainda indicação
digital da temperatura programável, diferencial máximo dentro da câmara, sensor
de temperatura tipo Pt100 com proteção em aço inox, sistema bivolt para tensão
de alimentação, purgador eletrônico de vapor, programador de tempo de ajuste de
ciclo, alarme sonoro e visual contra alta temperatura e alarme de fim de processo.
Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju
Classificador eletrônico
A Oltremare desenvolveu um equipamento eletrônico utilizado para
classificar amêndoa de castanha-de-caju, o Falko 6006, tendo como princípio a
triagem pela máquina utilizada para separar as amêndoas por sua diferença, em
termos de volume ou peso. A descrição do processo foi feita no item “Operações
do processamento de castanha mecanizado, subitem Seleção, embalagem e
classificação” deste capítulo.
Decorticador
No Brasil, foi desenvolvida uma máquina para a abertura da casca da
castanha por mecanismo cilíndrico de compressão que se propõe a romper a casca
pela deformação específica limite. O equipamento é composto de uma base de
sustentação em um chassi e um sistema de decorticação, um conduto alimentador
e cilindros de compressão, acionados por transmissão por polias, rodas dentadas,
correia e corrente, e por um sistema de acionamento com motor elétrico. Por meio
do conduto alimentador, as castanhas são conduzidas em posição preferencial, até
os cilindros de compressão. Estes, por sua vez, são ajustados de forma a possibilitar
alterações na deformação específica limite imposta a diversos tamanhos de
castanha-de-caju.
O equipamento foi construído com curvatura radial acentuada, para acolher o
dorso da castanha, com curvatura discreta, para acolher a parte oposta da castanha,
de forma a permitir a compressão. A distância entre as superfícies dos cilindros
estabelece a deformação máxima permitida ou deformação específica limite. A
alimentação é individual e automática, de forma que as castanhas-de-caju deslizem
por um duto vertical, de seção trapezoidal, e mantenham a orientação da castanha-de-caju até o contato com os cilindros. Apesar de apresentar ótimos resultados,
principalmente, na obtenção de amêndoas inteiras, o equipamento apresenta
limitações de uso, por requerer, para a sua operação de descasque, castanhas com
limite específico de classificação, notadamente com relação ao tamanho, peso e
densidade. Tais fatores restritivos dificultam a sua entrada no mercado.
Decorticadora pneumática
A Embrapa desenvolveu uma máquina pneumática decorticadora de castanha-de-caju (PI 0604152-3A de 19/6/2008), Figura 16, que tem por objetivo a obtenção
de amêndoas por meio de impacto pneumático e corte direcionado entre lâminas,
superior e inferior com conformação adequada. O equipamento construído em
material metálico (aço, alumínio) é composto de cilindro, suporte para fixar a
alavanca com o garfo do cilindro e bucha do eixo de proteção. A função pneumática
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Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju
é responsável pelo movimento da faca superior para impacto e corte da
castanha-de-caju.
O sistema de separação da casca da amêndoa é formado por comando de
pistões que é acionado após movimento de abertura lateral de cilindros inferiores
e o posicionador da castanha-de-caju, por um braço de abertura que movimenta os
“ombros” inferiores do equipamento.
A alimentação é individual, em que as castanhas são posicionadas entre as
facas inferiores e faca superior, tendo a função de introduzir fraturas na direção mais
frágil da castanha, preparando-as para abertura. A faca inferior, além de fragilizar
a castanha, libera a amêndoa, por meio do recuo dos braços de abertura que
afasta a castanha de sua posição. Entre as vantagens, proporciona fácil manuseio,
manutenção e ajustes para diversos tamanhos de castanha e fácil troca das facas.
O sistema de segurança da máquina impede que o pistão superior desça no
momento em que a castanha esteja sendo posicionada pelo operador, evitando,
dessa forma, que ocorram acidentes. O movimento dos atuadores pneumáticos pode
ser acionado por válvulas e controladores eletrônicos.
A máquina tem a função de ampliar a habilidade do operador e eliminar
esforços que podem lesionar seus músculos. Em todas as operações, não há mais
alavancas a serem acionadas nem esforço a ser realizado pelo operador. Botões
acionam comandos do controlador lógico programável (CLP) com ajustes de tempo e
de controle realizados no programa.
Nas avaliações do desempenho da máquina, não foi percebida nenhuma
condição que colocasse em risco o operador de forma involuntária. Movimentos
violentos dos pistões são realizados somente com a porta de segurança fechada,
situação em que o espaço disponível não permite a introdução das mãos do
operador, mantendo-as fora do alcance das lâminas. Uma vez que ocorre a abertura
da castanha-de-caju, o sistema fica inoperante até que o operador abra a porta de
segurança. Esse mecanismo, acionado por sensor, evita que o operador retire a porta
de segurança para aumentar produtividade. Além de a porta de segurança ativar o
sensor, este escora mecanicamente o braço da lâmina, evitando que por acidente ou
defeito elétrico desça alcançando os dedos do operador.
O desempenho operacional do equipamento foi de 60 castanhas-de-caju por
minuto em teste de produtividade, todas sem dano às amêndoas. Esse item ainda
deve ser comparado em outros ambientes para levar em conta a variabilidade de
qualidade e obter o número de amêndoas não danificadas por minuto, o índice de
insucesso, o tempo de reprocesso e a finalização da retirada da amêndoa por facas.
A média de desempenho do processamento da castanha-de-caju para o processo
tradicional é o dobro do obtido pela máquina, porém observa-se que é um índice
que pode não se sustentar em trabalho contínuo e com a qualidade e regularidade
requerida.
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Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju
Foto: Cláudio de Norões Rocha
Um alimentador vibratório espiral está sendo feito para dar maior
produtividade à máquina decorticadora. A condução das castanhas-de-caju é feita
por meio da vibração numa amplitude e frequência específicas, fazendo com que
as castanhas-de-caju se movimentem em sentido espiral ascendente. No trajeto
serão colocadas ranhuras e entalhes que fazem com que as castanhas-de-caju que
estiverem fora da posição desejada caiam do trajeto, retornando assim ao fundo do
alimentador, iniciando essa etapa do processo novamente.
Figura 16. Máquina pneumática decorticadora de castanha-de-caju desenvolvida
pela Embrapa (PI 0604152-3A de 19/06/2008).
Todos os processos que garantem à indústria de castanha-de-caju uma
produção limpa e com resultados no aumento da produtividade e redução de custos
são potenciais contribuições sociais e econômicas das novas tecnologias que estão
sendo desenvolvidas. Tem-se também a vantagem da modernização dos sistemas
mecânicos via automação, quanto aos seus aspectos de segurança de trabalho e
adequação ergonômica nas operações de corte, reduzindo índices de surgimento de
lesão por esforço repetitivo, bem como as agressões químicas do LCC nas operações
que envolvem a manipulação na etapa de corte ou abertura da castanha-de-caju.
Os sistemas ou CLP são alternativas que estão sendo trabalhadas para reduzir
o atraso da tecnologia mecânica empregada nos processos de calibragem, corte e
estufagem da amêndoa de castanha-de-caju. Eles são válidos para as grandes e as
pequenas indústrias, pois possibilitam melhores controles dos parâmetros físicos
e químicos (tempo, temperatura, rotação, umidade, coloração e integridade)
importantes nas operações unitárias do beneficiamento da castanha-de-caju,
com grande influência nos seus atributos de qualidade, tais como a coloração e a
integridade física da ACC.
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Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju
Patentes e modelos de utilidade para equipamentos,
processos e produtos da castanha-de-caju
A Classificação Internacional de Patentes, conhecida pela sigla IPC
(International Patent Classification), foi estabelecida pelo Acordo de Estrasburgo em
1971 e prevê um sistema hierárquico de símbolos para a classificação de Patentes
de Invenções (PI) e de Modelo de Utilidade (MU) de acordo com as diferentes áreas
tecnológicas a que pertencem. A IPC é adotada por mais de 100 países e coordenada
pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (Ompi).
No Brasil, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) tem por finalidade
executar, no âmbito nacional, as normas que regulam a propriedade industrial, tendo em
vista a sua função social, econômica, jurídica e técnica (BRASIL, 1996).
As patentes associadas à castanha-de-caju estão divididas em produtos
e processos derivados do líquido da casca da castanha (LCC) e máquinas e
equipamentos para o seu processamento industrial. Em geral, cerca de 90%
das patentes de derivados do LCC estão depositadas em órgãos fora do Brasil,
principalmente no Reino Unido, Holanda, Japão e Estados Unidos.
No Brasil, de acordo com o Código de Propriedade Industrial (BRASIL, 1996),
uma patente de invenção tem vigência de 20 anos, a partir da data de depósito do
pedido, assegurando o mínimo de 10 anos a partir da data de concessão da patente,
e o modelo de utilidade tem vigência de 15 anos, assegurado o mínimo de 7 anos, a
partir da data de concessão (PIMENTEL, 2009).
Os primeiros equipamentos desenvolvidos no Brasil para o beneficiamento da
castanha-de-caju, notadamente, para o processo manual da abertura da castanha,
surgiram na década de 1940, tendo seu incremento com novos equipamentos
e a adaptação de modelos de patente inglesa e italiana que possibilitaram o
processamento mecanizado adotado até hoje pelas grandes processadoras de
castanha-de-caju no Brasil.
Dos 50 acessos de patentes registradas no Brasil, 19 são de produtos e/ou
processos obtidos a partir do líquido da casca da castanha, 16 de máquinas para
extração da amêndoa da castanha-de-caju, 4 associadas à remoção da película
da amêndoa, 6 para produtos do pedúnculo do caju e 5 para diversas utilidades
(PATENTES ON LINE, 2012).
Máquina seletora de produtos de formatos irregulares, tais como castanhas-de-caju
(PI9105574-1)
É uma máquina seletora de produtos de formatos irregulares do tipo em
que os produtos são alimentados a partir de uma tremonha para uma série de
Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju
canais descendentes, passam por sensores para detectar uma determinada
característica e depois por ejetoras para desviar do seu trajeto normal aqueles
produtos que não se conformam a um padrão pré-estabelecido. A tremonha é
vibratória e há um dosador para impedir a formação de aglomerações do produto
antes de sua alimentação aos canais e assim permitir uma alimentação individual
de produtos de formatos irregulares. O dosador compreende, de preferência, uma
aba que executa movimentos de vaivém a baixa frequência sobre uma calha de
alimentação para os canais para colocar o produto empilhado entre si. Os canais
são formados por cilindros que giram em sentidos contrários, reduzindo o atrito e
permitindo a aceleração dos produtos individualizados e alinhados. Os cilindros
são separados entre si para a eliminação por gravidade de produtos quebrados. Os
sensores poderão detectar o tamanho (comprimento) dos produtos e/ou a sua cor
para permitir a rejeição dos produtos de tamanhos indesejáveis e/ou com defeitos
cromáticos.
Dispositivo para abrir nozes de castanha-de-caju (PI 9403836) - Alemanha
Composto por um dispositivo retentivo que põe a noz em posição de ataque.
A abertura da casca ocorre pela ação de um conjunto de lâminas que avançam em
direção à noz retida.
Equipamento para abertura de castanha-de-caju (PI9402110-4)
É um equipamento para abertura de castanha-de-caju para a retirada da
amêndoa inteira por meio de um conjunto composto de uma lâmina fixa e outra
móvel e um conjunto composto de duas lâminas fixas e duas lâminas móveis, com
acionamento manual, pedal, podendo também ser constituído de dois pedais para
acionamento duplo. O equipamento é construído com opções em aço carbono, aço
inox ou ferro fundido.
Dispositivo para abrir nozes (PI9403836-8) - Alemanha
Esse invento abrange um dispositivo retentivo, no qual a castanha a ser
aberta é fixa em uma posição de preparo. Há ademais uma disposição de lâminas,
a qual apresenta dois cabeçotes porta-lâminas com lâminas arqueadas. Assenta-se
um dispositivo de avanço que pode acionar a lâmina a um movimento de avanço
na direção da castanha retida. O movimento de avanço está subdividido em duas
fases de movimento consecutivas, a saber, em uma fase de sensoriamento, para o
reconhecimento do tamanho de castanha, e em uma fase de incisão, na qual a casca
de castanha é incisada um tanto. Depois da incisão, os cabeçotes porta-lâminas são
movidos da posição de corte ocupada antes a uma posição de separação, na qual
eles ficam fora do plano de corte, de modo que a casca é rompida. Dessa maneira, as
castanhas podem ser abertas sem problema, independentemente do seu tamanho.
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Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju
Máquina decorticadora de castanha-de-caju (PI 9504109)
É uma máquina cortadora de castanha, composta de um funil preso a um
suporte com gabarito, de um disco duplo giratório de dupla face com orifícios na sua
extremidade, duas molas, uma na parte inferior e outra na superior do disco, uma
lâmina entre as duas faces do disco duplo giratório e um motor elétrico que aciona
os discos e promove a abertura da casca.
Dispositivo para alimentar, automaticamente, castanhas-de-caju à máquina
descascadora (PI9602800-9) - Itália
O equipamento consiste de sistema de alimentação onde as castanhas, uma
após a outra, são tomadas do recipiente com castanhas soltas, do qual elas são
descarregadas em uma extremidade dos respectivos canais de orientação, as outras
extremidades sendo colocadas contra um conjunto de mandíbulas de mola. Os
canais de orientação incluem um ponto intermediário e eles possuem um perfil em
V, tal que as castanhas repousam horizontalmente sobre suas bordas, com sua parte
convexa mais a montante ou a jusante. Impulsores percorrem longitudinalmente
através deles atrás de cada castanha, empurrando-a para a extremidade de seu
respectivo canal, onde ela encontra o conjunto de mandíbulas de mola. Caso as
castanhas sejam orientadas com sua parte convexa mais a montante, elas passam
sobre o dito degrau sem modificar sua orientação, conquanto, caso elas sejam
orientadas com sua parte convexa mais a jusante, quando alcançarem o degrau,
subirão na parte posterior e rolarão em 180°, assim seguindo na orientação correta.
Outros impulsores são inseridos nas castanhas orientadas corretamente dentro das
mandíbulas de mola que as transferem para a estação de descascamento.
Equipamento para abertura da castanha-de-caju (PI9602967-6)
Trata-se de um sistema mecânico que permite a retirada da amêndoa inteira,
por meio de um conjunto composto de uma lâmina fixa e outra móvel, com
acionamento manual, pedal e calha, sendo construídos com opções em aço carbono
ou aço inox.
Removedor de castanha-de-caju (PI9803608-4)
Máquina simples, baseada em uma alavanca inter-resistente, destinada a
separar a castanha-de-caju de seu pedúnculo, que constituem as duas partes dessa
fruta, substituindo os sistemas empíricos, primitivos, por um sistema mecânico que
proporcione melhor produtividade, qualidade e racionalidade à exploração do caju.
O equipamento é construído como um bloco metálico, único e integrado, com uma
base, para que seja instalado numa mesa e um corpo munido de alavanca inter-resistente, um pino-eixo para receber a força da alavanca e movimentar o sistema
de lâminas, constituído de uma lâmina móvel aparafusada no pino-eixo, e de uma
Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju
lâmina fixa aparafusada na base, em torno da abertura circular, que dá saída à
castanha já trabalhada para uma caixa de coleta, por intermédio de uma mangueira
ou tubo. O pedúnculo será distribuído em outra caixa coletora. Trata-se de uma
máquina portátil que pode ser utilizada por produtores de caju, desde pequenos a
médios e grandes agricultores, até em usinas de beneficiamento de castanhas, onde
poderá ser utilizada para limpeza dos resíduos de pedúnculos ainda presos nas
castanhas.
Sistema hidrotérmico modelar de preparação de castanhas-de-caju para extração e
beneficiamento de amêndoas (PI9903145-0)
O sistema hidrotérmico direcionado ao descastanhamento e beneficiamento
de castanhas de caju, ainda que possa trabalhar com outros produtos alimentares,
é constituído de quatro módulos, sendo um o gerador de vapor saturado para
alimentar de vapor, uma autoclave ou câmara de cozimento das castanhas que,
depois de autoclavadas, seguem para estufa de secagem para que as películas se
tornem quebradiças e facilite a sua extração, podendo as amêndoas serem ainda
reumidificadas no módulo ou câmara de umidificação, para retirada das películas
remanescentes.
Máquina decorticadora da castanha-de-caju por mecanismo cilíndrico de
compressão (PI0503533-3)
Consiste de uma máquina decorticadora da castanha-de-caju por mecanismo
cilíndrico de compressão, desenvolvido para proporcionar a ruptura da casca da
castanha-de-caju pela deformação específica limite, composta por um sistema de
sustentação – chassi; um sistema de decorticação – conduto alimentador e cilindros
de compressão; um sistema de transmissão – polias e correia; e por um sistema de
acionamento – motores elétricos. Por meio do conduto alimentador, as castanhas
são conduzidas em posição preferencial, até os cilindros de compressão. Estes, por
sua vez, são ajustados de forma a possibilitar alterações na deformação específica
limite imposta a diversos tamanhos de castanha. O sistema proporciona fácil
manuseio, manutenção e ajustes.
Máquina e processo de decorticação de castanha (PI0604152-3A)
O conjunto de máquina e processo de decorticação de castanha pode ser
aplicado para frutos similares, baseado na geração de um plano de clivagem ou
fratura seguido da abertura forçada da casca, expondo a amêndoa. O mecanismo
envolve pelo menos uma faca superior atrelada a sistema mobilizador vertical
pneumático, preferencialmente. Na parte intermediária do equipamento, há um
sistema de suporte da castanha. Em posição inferior à faca, tem-se pelo menos um
par de facas inferiores, que são afixadas sobre um sistema mobilizador que permite
movimento horizontal, mesma direção e sentidos opostos. Assim, a ação do sistema
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Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju
fragiliza a casca segundo um plano de clivagem ou fratura. As facas inferiores, ao
serem afastadas entre si, promovem a abertura da casca e exposição da amêndoa. A
máquina é operada por funcionamento automático, bem como fácil manuseio, além
de possuir sistema de segurança visando à proteção do operador.
Máquina de pedais para extração da amêndoa da castanha-de-caju (PI0905477-4 A2)
A máquina possibilita a realização do corte e do esgarçamento da castanha
para retirada da amêndoa, e funciona com movimentos acionados por dois pedais,
proporcionando mais liberdade para as mãos do operário na limpeza das amêndoas,
fazendo de maneira simples, prática, segura e confortável, e possibilitando que o
operário trabalhe sentado, ao contrário das máquinas similares onde o funcionário
fica trabalhando em pé. A presente máquina é basicamente composta por uma
bancada, um equipamento de corte, um pedal de fechamento da navalha de corte
e um pedal para torção e esgarçamento da castanha, sendo que a bancada possui
quatro pernas e uma plataforma de superfície com bordas, onde fica instalado
o equipamento de corte. O funcionamento é feito de forma que o operador
coloque uma castanha junto da navalha frontal, mantendo-a firme e alinhada
horizontalmente, em seguida, com o pedal direito, feche o conjunto de navalhas e,
com o pedal esquerdo, realize o movimento de torção da navalha posterior, fazendo
com que esgarce a casca para sua abertura e extração da amêndoa.
Conjunto de equipamentos para torrefação da castanha-de-caju e extração da
amêndoa (PI0903840-0 A2)
O conjunto é composto por dois equipamentos, denominados de bancada de
torrefação das castanhas e bancada de extração das amêndoas, desenvolvidos para
aplicação na extração de amêndoas da castanha-de-caju em pequena escala. Esse
conjunto de equipamentos proporciona melhores condições de trabalho, seja para
o pequeno produtor ou em relação à higiene do processo e extração das amêndoas.
O produtor trabalha em pé ou sentado, não corre o risco de machucar os dedos
no momento da quebra das cascas, e as castanhas não entram em contado com o
solo. A bancada de torrefação das castanhas possui uma estrutura metálica com
sapatas, com uma bandeja frontal, duas alças laterais para manuseio e transporte,
um compartimento inferior e compartimento superior com tampa, além de possuir
duas alavancas que possibilitam sua operação. A bancada de extração das amêndoas
é dotada de duas superfícies planas, uma com equipamento de quebra das cascas.
Também é dotada de dutos que são utilizados para transportar as castanhas
quebradas e recolher os resíduos da operação de extração das amêndoas.
Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju
Máquina decorticadora de castanha-de-caju (MU7302459-7)
Essa máquina representa uma nova forma de extrair as cascas de castanha-de-caju, com maior aproveitamento do produto final. Ela é constituída basicamente de
alimentadores; garras aprisionadoras e condutoras; serras circulares; um espaçador
e uma série de outros mecanismos, que possibilitam o auto ajuste do perfil de cada
castanha.
Máquina decorticadora de castanha-de-caju (MU7902845)
É composta por um conjunto de mecanismos de movimentos sincronizados e
automatizados, caracterizada por um alimentador de sucção a vácuo que apanha e
transporta as castanhas uma a uma até as calhas que as guiam e levam até a posição
de corte por lâminas.
Máquina de corte semiautomático da castanha-de-caju (MU8000928)
É composta por mecanismo superior com roletes de abertura e o dispositivo
de corte e destacamento. O movimento combinado de ambos possibilita o
corte superior e o destacamento das castanhas presas nos apalpadores do
transportador; mecanismo inferior com a mesa oscilante e dispositivo de corte
inferior. O movimento da alavanca em contato com o rolamento de deslizamento
provoca o deslocamento vertical, da mesa de corte inferior, para cima, executando
o corte inferior das castanhas presas nos apalpadores. O movimento de todos os
mecanismos é controlado por um pedal.
Mecanização da estufagem da amêndoa de castanha-de-caju (PI8604115-0)
É constituída por cilindros rotativos, com tubos concêntricos, formando entre
suas paredes um compartimento especial, onde as amêndoas se alojam num espaço
suficiente para o deslocamento entre si. O movimento dos cilindros nos carros
móveis é feito mecanicamente por meio de engrenagens fixas em cada eixo dos
cilindros que são acionados por parafuso sem fim, acoplados por simples encosto. Os
parafusos sem fim estão fixados em dois eixos verticais do carro móvel que recebe
os cilindros; cada um dos eixos aciona os cilindros; dispostos frontalmente ao longo
dos citados eixos verticais. O movimento desses eixos se realiza por meio de juntas
universais, cujo comando é motorizado ou manual.
Caldeira/autoclave (PI9200297-8)
A caldeira/autoclave compreende a combinação de uma caldeira geradora
de vapor, com autoclave destinada ao tratamento térmico das castanhas sob leve
pressão de vapor. A pressão existente na caldeira deve ser a suficiente para atender,
também, aos diversos outros componentes da aparelhagem a ser utilizada pelo
pequeno produtor, na sua minifábrica, para o beneficiamento da castanha-de-caju,
que usa vapor, quando não estiver operando como autoclave.
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Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju
Embalagem de madeira com sistema de encaixe duplo, sem tampa, empilhável,
para caju resfriado (PI9403508-3)
O equipamento tem como características principais o fato de ser de madeira
leve, simples de ser montada, não possuir tampa, possuir encaixe que permite seu
empilhamento, facilitando seu armazenamento e transporte; e de proteger os
alimentos acondicionados em seu interior, proporcionando uma higiene evidente e
sua perfeita conservação em ambientes refrigerados.
Sistema acondicionador de caju para transporte e armazenamento sob refrigeração
em pallets (PI9500792-0)
Esse sistema acondicionador de caju tem como características principais o fato
de ser leve, simples de ser montado, não possuir tampa, possuir encaixe que permite
seu empilhamento, facilitando seu armazenamento e transporte; e de proteger os
alimentos acondicionados em seu interior, proporcionando uma higiene evidente e
sua perfeita conservação em ambientes refrigerados.
O uso de micro-ondas para a remoção da película da ACC (PI0601251-5)
O micro-ondas é utilizado como parte integrante do processo de obtenção da
amêndoa de castanha-de-caju, isenta de sua película envoltória, utilizando etanol
como solvente e agente desidratante, em curto período de tempo. O solvente
é retirado e as amêndoas úmidas são submetidas a uma fonte de ar quente ou de
micro-ondas para secagem e remoção de resíduos do etanol, dando um rendimento
de 60% - 70% de castanhas isentas de película com quebra da ordem de 20%.
Uso de micro-ondas e água para a remoção da película da castanha-de-caju
(PI0902540-5 A2)
O processo utiliza o forno micro-ondas e água para a remoção da película da
amêndoa da castanha-de-caju, como parte integrante do processo de obtenção de
amêndoa isenta de sua película envoltória utilizando água como solvente e agente
removedor, em curto período de tempo, seguindo-se o processo de secagem
tradicional utilizado na indústria da castanha. A água é retirada, e as castanhas
úmidas são submetidas a uma fonte de ar quente ou micro-ondas para secagem e
remoção do solvente utilizado, dando um rendimento de 60% - 70% de castanhas
isentas de películas com índice máximo de 20% de amêndoas partidas.
Processo de obtenção de resinas fenólicas líquidas a partir
do LCC da castanha-de-caju (PI8500984-9)
A resina fenólica do LCC da castanha-de-caju pode ser empregada nos mais
diversos tipos de aplicações, tais como aglomerante de fibras, substituindo, assim,
Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju
as resinas fenólicas oriundas do fenol mineral. O processo de obtenção dessa resina
ocorre com a mistura do LCC e formaldeído, em solução aquosa, cuja reação se
processa sob aquecimento conveniente na presença de catalisadores alcalinos. Após
a homogeneização da massa, adiciona-se solvente orgânico, mantendo-se a agitação
com aquecimento de 60% sob refluxo, até que a reação ocorra.
Processos de fabricação de um componente constituído por uma matéria plástica à
base de óleo de casca de castanha-de-caju (PI9610395-7) - Portugal
A patente envolve os processos de fabricação de um componente constituído
de matéria plástica à base de óleo de casca de castanha-de-caju e de um polímero,
compostos endurecíveis e processo de fabricação de uma espuma rígida e produtos
poliméricos, compreendendo processos e produtos que foram realizados com um
componente natural que é o óleo da casca da castanha-de-caju e poli-isocianatos.
Dado que o óleo é composto por uma mistura entre um bifenol e um ácido graxo,
tendo os dois um anel benzênico com um grupo fenólico e cadeias laterais com 1 a 3
ligações duplas. Os isocianatos podem reagir a três níveis diferentes: a) o dos COOH
do ácido; b) o dos OH fenólicos e, finalmente; c) o das duplas ligações das cadeias.
Processo de produção de aglomerados a partir de resíduos agrícolas e resina de LCC
(PI9603850-0)
A patente refere-se a um processo de obtenção de aglomerados utilizando
uma mistura de resina de LCC e resíduos agrícolas diversos, tais como casca de
arroz, casca de coco, raspas de madeiras, cascas de castanhas e palha de bananeira,
para produção de aglomerados. Esses produtos podem ter aplicações diversas em
construção civil como piso, painéis divisórios, painéis acústicos e isolantes. Podem
também ter utilização na fabricação de móveis, pois esses aglomerados apresentam
propriedades idênticas ou superiores às madeiras de lei usadas em movelaria. Podem
ser furados, usinados, serrados, aplainados, moldados, envernizados, suportam
pregos e parafusos e são resistentes ao tempo, umidade, abrasão por agentes
químicos, assim como ao ataque de cupins e outros insetos.
Inseticida natural à base de LCC, solúvel em água (PI9900889-0)
Consiste da preparação de um inseticida natural, solúvel em água, usando
como princípio ativo o LCC obtido do caju. Trata-se de uma formulação efetuada
mediante combinação de um agente tensoativo (advs), líquido da casca da castanha-de-caju e água. Essa emulsão, assim formulada na concentração de 10:1, é capaz
de exercer forte ação inseticida, principalmente quando atuando no combate às
formigas, cupins e outros insetos pequenos, ocasionando sua morte.
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Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju
Processo para preparar aditivo multifuncional para composição lubrificante de
líquido de casca de noz de castanha-de-caju saturado (PI0102771-9)
O processo patenteado consiste da preparação de aditivo multifuncional,
fosforoditioato de di(alquilciclohexil) de amino, para uso como um aditivo em uma
composição lubrificante a fim de conferir coeficiente melhorado de fricção, redução
de desgaste, antioxidante e propriedades de pressão extrema, incluindo as etapas
de: a) hidrogenação de líquido de casca de noz de castanha-de-caju técnico destilado
com catalisador de paládio ou níquel ou platina; para totalmente hidrogenar a
cadeia olefínica e anel aromático do precursor; b) reação do líquido da casca de noz
de castanha-de-caju técnico hidrogenado com pentassulfeto de fósforo para obter
o ácido fosforoditioico de líquido de casca de noz de castanha-de-caju hidrogenado
não polimerizado, a reação sendo realizada em uma temperatura variável; e
c) condensação do ácido fosforoditioico de líquido de casca de noz de castanha-de-caju totalmente saturado não polimerizado com pelo menos uma amina para
obter o fosforoditioato de di(alquilciclohexil) de amino.
Fosforatinatos termicamente estáveis como aditivos lubrificantes antioxidantes,
antidesgastantes, redutores de fricção e para pressões externas, a partir de líquido
de casca de castanha-de-caju (PI0202545-0) – Índia
A patente refere-se a um produto obtido do LCC, para uso como um aditivo
antioxidante termicamente estável, antidesgastante, redutor de fricção e resistente
à extrema pressão em uma composição lubrificante. São sintetizados pelas etapas de
hidrogenar parcialmente o líquido da casca de castanha-de-caju com catalisador de
paládio, de níquel ou de platina; hidrogenar a cadeia olefínica; reagir o líquido da
casca de castanha-de-caju técnico, parcialmente hidrogenado, com trihalogeneto de
fósforo e enxofre, sendo a reação realizada em tratamento térmico.
Composição tensoativa incluindo etoxilato de LCC (PI0213962-6)
A patente refere-se a uma composição tensoativa incluindo etoxilato de
LCC para uso como um emulsificante em mistura de combustível combinada com
água. Na formulação, inclui etoxilato de LCC. A composição compreendendo um
cotensoativo apresentando um balaço hidrofílico lipofílico na faixa de 4 a 12 e um
dispersante polimérico. A mistura de combustível combinada com água utilizando
emulsificantes da invenção supera algumas das deficiências das emulsões
previamente conhecidas.
Processo para a preparação de derivados de ácido fenóxi-carboxílico e composição
lubrificante (PI0200481-0) – Índia
Patente de um processo para a preparação de derivados de ácido fenóxi-carboxílico de LCC para uso como um aditivo em uma composição lubrificante a
Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju
fim de conferir propriedades de inibição de ferrugem aperfeiçoadas, incluindo as
etapas de submeter o LCC parcialmente hidrogenado, destilado com catalisador de
paládio, níquel ou platina; para hidrogenar a cadeia olefínica e reagir o LCC técnico
parcialmente hidrogenado com derivados de ácido halógeno-carboxílico para obter
derivados de ácido fenóxi-carboxílico de LCC não polimerizado, a reação sendo
realizada em temperatura variando de 20 °C a 140 °C. Resulta um lubrificante
contendo uma porção principal de um material selecionado do grupo consistindo em
um óleo de viscosidade lubrificante, uma graxa e um aditivo incluindo derivado de
ácido fenóxi-carboxílico de LCC.
Uso de novos compostos capazes de absorver radiação ultravioleta, composições
contendo esses mesmos compostos e processos para sua preparação (PI0304630-3)
A patente refere-se à obtenção de novas moléculas capazes de absorver
radiação ultravioleta obtida a partir de modificações no líquido da casca da castanha-de-caju, sendo também descritas composições destinadas à proteção de superfícies
e processos químicos para a produção das referidas moléculas.
Compostos capazes de absorver radiação ultravioleta, composições contendo esses
mesmos compostos e processos para sua preparação (PI0406040-7)
A patente trata de moléculas capazes de absorver radiação ultravioleta obtida
a partir de modificações no LCC, sendo também descritas composições destinadas
à proteção de superfícies e processos químicos para a produção das referidas
moléculas.
Composição de fertilizante antipó e antiempedramento, método de tratamento de
fertilizante granulado, uso do LCC (PI0502242-8)
A patente contempla uma composição de fertilizante com propriedades antipó
– inibição ou redução da formação de pó durante o manuseio dos grânulos de
fertilizante – e antiempedramento – inibição ou redução da tendência de aglutinação
dos grânulos durante armazenamento prolongado. Mais particularmente, refere-se a uma composição que compreende fertilizante e um ou mais m-alquil-fenóis.
Em outro aspecto, é um método para reduzir as propriedades de formação de
pó e de empedramento, sem afetar a velocidade de dissolução do fertilizante,
compreendendo aplicar ao fertilizante granulado uma quantidade efetiva de um ou
mais m-alquil-fenóis.
Conjunto de pastilha de fricção para freio, mistura de composição de moldagem
com geração de baixo índice de sujidade de roda (PI0601256-6)
A patente refere-se a um conjunto de pastilhas ou material de fricção de
freio, com baixo índice de sujidade da roda (não formação de pó preto durante o
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Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju
uso), constituído por um suporte metálico e por um material de fricção moldado.
O material de fricção moldado é formado por uma parte de pastilha geradora de
atrito, ou, alternativamente, o material de fricção é formado por uma mistura de
material de fricção unida a um material. Os materiais são constituídos por: partículas
de casca de castanha-de-caju, borracha nitrílica, “scrap” de borracha vulcanizada,
fibras aramida e poliacrilonitrila; resinas fenólicas; coque e grafites; pó de ferro,
cobre, estanho, zinco, lã e/ou fibras de aço, partículas de liga ferro-fósforo; óxidos
de alumínio, ferro, magnésio, cromo, cobre e zircônio; sulfato de bário, sílica, caulim,
carbonato, silicato e hidróxido de cálcio, silicato e areia de zircônio, mica, talco,
titanato de potássio, wollastonita, vermiculita, fibras de vidro, basalto, cerâmica e lã
de rocha; agentes orgânicos umidificadores como resóis e látex, além de solventes
como água ou álcool etílico. Um molde de conformação por compressão de pressão
é usado para moldar o material de fricção com o suporte metálico, consistindo
basicamente em uma metade de molde superior e em uma metade de molde
inferior, trabalhando à temperatura ambiente ou pré-aquecidas.
Processo para a preparação de cardanol (i) - (PI0608989-5 A2)
A patente refere-se a um processo para a preparação de uma composição de
cor estável contendo cardanol, sendo que, em uma primeira etapa, o LCC bruto é
submetido a uma destilação. O destilado assim obtido é reagido com ácido bórico em
uma segunda etapa e a mistura da reação obtida é submetida a uma destilação em
uma terceira etapa.
Processo de obtenção de óleo biovegetal (PI0702419-3 A2)
O processo patenteado visa à obtenção de um óleo totalmente vegetal,
tendo como componente básico o LCC e seus componentes – ácido anacárdico,
cardol, cardanol e 2-metil cardol – de aspecto denso, cor marrom escuro, quase
preto, densidade a 0,956 grama cm-³, viscosidade a 25 °C: 260 mpa, solúvel em
água, utilizado como carburante em caldeiras de geração de vapor e como aditivo o
biodiesel.
Composição antimicrobiana e utilização de composição antimicrobiana (PI0700927-5)
A patente trata de uma composição antimicrobiana que pode ser aplicada
em pessoas e animais sem efeitos secundários por qualquer via de aplicação
para a prevenção e o tratamento de doenças provocadas por bactérias, fungos
e protozoários. Pode ser usada em grãos, sementes e alimentos para pessoas e
animais, assim como também para o controle de infecções em fermentações. Essa
invenção trata de uma composição compreendendo um ácido graxo hidroxilado,
ou um triglicerídeo contendo ácidos graxos hidroxilado na sua composição, em
combinação com LCC e/ou qualquer um dos seus componentes (cardol, cardanol e
ácido anacárdico) e/ou ácidos orgânicos.
Capítulo 3 Processamento industrial da castanha-de-caju
Composição de um aglutinante para aplicação em fibras vegetais – componentes
(cardol, cardanol e ácido anacárdico) e/ou ácidos orgânicos (PI0803209-2 A2)
Patente de uma composição de um aglutinante para aplicação em fibras
vegetais e mistura à base do LCC, para aglutinação de fibras vegetais, na produção
de placas, vasos, palitos, mantas e outros artefatos, utilizados na jardinagem. Esses
produtos podem ter utilização diversa nos projetos de paisagismo, como jardins
verticais e ornamentos diversos. As placas são utilizadas em ambientes internos
com finalidade acústica e térmica; são também utilizadas no plantio de legumes e
verduras em pequenos espaços. O aglutinante à base do LCC apresenta inúmeras
vantagens sobre os de origem mineral, como o desenvolvimento natural da planta,
na visão do avanço tecnológico no cenário da química verde, que vem buscando
soluções alternativas com a substituição de produtos de origem sintética pelos de
origem natural e biodegradáveis.
Procedimentos de preparação de aditivos na preparação de aditivos
organofosforados obtidos da modificação química do 3-n-pentadecilfenol para
aplicação nos setores industriais (PI0801708-5 A2)
A patente consiste no processo de preparação de oito aditivos
organofosforados, obtidos pela modificação química do LCC (destilado ou
técnico), após o processo de hidrogenação. As preparações ocorrem num vaso
reacional, acoplado a um termostato e refluxo, cujo vaso de reação além do
3-n-pentadecilfenol, se adiciona hidróxido de sódio, clorofórmio o ligante clorofosfato
ou o ligante clorofosfito. A temperatura é mantida constante (40 °C – 60 °C) e os tempos
reacionais são variáveis. Subsequentemente, os meios reacionais são vertidos
em funis de separação para o desenvolvimento dos processos de extração via
solução de ácido sulfúrico e água. A seguir, os produtos são secos com sulfato de
sódio anidro e evaporados para eliminação do solvente. Os produtos com base no
3-n-pentadecilfenol são purificados em processo com cromatografia utilizando-se
como adsorvente sílica-gel 60 e hexano diclorometano como eluentes. Os aditivos
envolvem etapas simples, geram derivados de biomassa e são manipulados por
processos ecologicamente corretos. Os processos de fosforação apresentam alta
seletividade na hidroxila do anel aromático, fato esse que distingue os aditivos pelo
seu elevado grau de pureza.
Processo de produção de vasos, placas, palitos, mantas, placas térmicas e acústicas
com fibra de coco e aglutinante natural à base de LCC (PI0804024-9 A2)
A patente refere-se a um processo de fabricação de vasos, placas, mantas,
placas térmicas e acústicas com fibra de coco e aglutinante natural à base de LCC.
O processo compreende a preparação do aglutinante e sua adição à fibra de coco
por meio de um misturador mecânico, que após a sua homogeneização é aplicado
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Parte 6 Agregação de valor à castanha-de-caju
no molde desejado, de forma manual e submetido à pressão, devendo o molde ser
aquecido a uma temperatura de no máximo 250 °C pelo período de 20 a 40 minutos.
Esses produtos são utilizados na jardinagem em substituição ao xaxim e podem ter
utilização diversa nos projetos de paisagismo, como jardins verticais e ornamentos
diversos. As placas são utilizadas em ambientes internos com finalidade térmica
e acústica; são utilizados ainda no plantio de legumes e verduras em pequenos
espaços.
Uso de plastificantes de fontes renováveis em composições de elastoméricos
termoplásticos vulcanizados dinamicamente (PI0902370-4 A2)
A patente descreve uma composição de elastômero termoplástico vulcanizado
dinamicamente, designada por TP Verde, que compreende um polímero de
borracha e termoplástico, com proporção entre 2 e 70 partes, de preferência entre
5 e 30 partes em peso por 100 partes em peso de polímero de borracha, de um
plastificante óleo de origem vegetal epoxidado e de um plastificante do óleo da casca
da castanha-de-caju. O produto obtido com óleo da casca aumenta a resistência nas
propriedades de tração após o reprocessamento.
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