avaliação objetiva - Centro Educacional Charles Darwin

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avaliação objetiva - Centro Educacional Charles Darwin
CENTRO EDUCACIONAL CHARLES DARWIN
PROVAS DA 2ª. ETAPA DO PROCESSO SELETIVO
PROVA DISCURSIVA DE HISTÓRIA
1ª QUESTÃO
Como se aproximasse já aquele final que o Senhor Jesus anuncia quotidianamente a seus fiéis,
especialmente no
Evangelho onde se diz: “Se alguém quiser me seguir, renuncie a si próprio, tome a sua cruz e
siga-me”, deu-se um grande movimento por todas as regiões das Gálias, a fim de que quem, de
coração e espírito puros, desejasse seguir o Senhor com zelo e quisesse transportar fielmente a
cruz, não tardasse a tomar depressa o caminho do Santo Sepulcro. Com efeito, o apostólico da
Sé Romana, Urbano II, alcançou rapidamente as regiões ultramontanas com os seus
arcebispos, bispos, abades e presbíteros e começou a pronunciar discursos e sermões sutis,
dizendo que quem quisesse salvar a alma não devia hesitar em tomar humildemente a via do
Senhor e que, se o dinheiro lhe faltasse, a misericórdia divina lhe daria o suficiente.
(PEDRERO-SÁNCHEZ, M. G. História da Idade Média, textos e testemunhos. São Paulo:
Editora UNESP, 2000.)
O texto acima se refere a um importante movimento político-religioso medieval iniciado em
1095.
A)Identifique o processo histórico em questão.
O texto refere-se ao movimento religioso das cruzadas.
B) Explique as motivações de caráter político-religioso contidas em tal processo histórico.
As cruzadas foram inauguradas no concilio de Clermont em 1095 pelo Papa Urbano II, com o
propósito de fortalecer o cristianismo católico.
Esse movimento tinha o objetivo de expandir a fé cristã católica nas regiões orientais,
convertendo cristãos ortodoxos, muçulmanos e judeus ao catolicismo. Podemos afirmar
também que foi um mecanismo usado pela Santa Sé para reunificar uma cristandade dividida
pelo cisma do oriente (1054). Os cruzados politicamente desejavam conquistar terras no oriente
para a fundação de reinos católicos nessas áreas, assim expandindo ao mesmo tempo a
religião e cedendo reinos a nobres europeus, fator pontencializador da relação de suserania e
vassalagem nas terras orientais. Podemos destacar como exemplo a fundação do Reino de
Jerusalém, cidade conquistada pelos católicos na 1ª cruzada.
2ª QUESTÃO
Texto 1
[...] Atahualpa está atado pelas mãos, pés e pescoço, mas ainda pensa: que fiz eu para
merecer a morte? Antes que o torniquete de ferro rompa a sua nuca, beija a cruz e aceita que o
batizem com outro nome. Dizendo chamar-se Francisco (prenome de Pizarro), bate nas portas
do Paraíso dos europeus, onde não há lugar reservado para ele.
(GALEANO, Eduardo. Nascimentos: Memórias do Fogo. 2. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1983, p. 118-119)
Texto 2
Preso Atahualpa e negociado o seu resgate, o Inca convive mais de um ano com os seus
raptores. Aprende o espanhol e os costumes de seus seqüestradores, por exemplo, a jogar
xadrez, chegando a ser invencível. Inteligente arguto, rapidamente compreendeu o valor do
livro na sociedade dos seus raptores e, com grande perspicácia, julgou as inconsistências na
socialização da tecnologia no sistema dos invasores. Como chefe de Estado de uma nação
poderosa e de uma sociedade dividida em classes, ele demonstrou muito orgulho ante os
G:\2010\REPROGRAFIA\Documentos\Correção UFES 2010\2ª Feira\História\HISTÓRIA.doc
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espanhóis. Acostumado a lidar com a alta nobreza, submeteu a um teste o chefe máximo da
expedição conquistadora: mandou que escrevessem na sua unha a palavra Dios e, depois,
pediu que Pizarro lesse o que tinha escrito. Pizarro não sabia ler, daí em diante o Inca passou a
desprezá-lo.
(LAGÓRIO, Maria Aurora Consuelo. Comentário à Conferência de Guillermo Giucci. In:
América descoberta ou invenção: 4º colóquio UERJ – Rio de Janeiro: Imago Ed., 1992, p.
132.)
A partir de novas interpretações sobre o estudo da História da América e comparando os textos
acima,
A)aponte as diferenças de ordem histórica entre os textos;
No enunciado proposto, o candidato poderá abordar as duas perspectivas historiográficas
distintas, focalizando parte da trajetória da conquista espanhola no Altiplano Andino.
É importante observar que sob o enfoque de Eduardo Galeano, Atahualpa, Senhor do
Império dos Incas, aparece submetido ao invasor, aculturado e extinto, fisicamente, sem
conseguir resistir ao opressor.
No texto 2, a autora, numa leitura diversa da primeira, resgata o caráter imponente,
aristocrático e sofisticado do supremo monarca incaico. Atahualpa é mostrado como um
indivíduo dotado de um intelecto privilegiado, capaz de humilhar seus oponentes.
B) explique o papel dos cronistas e missionários no processo de conquista e colonização da
América Hispânica.
No contexto da colonização da América, os espanhóis encontraram algumas dificuldades
dentre as quais podemos citar o contato direto com os dominados mediante a prática
genocida, o obstáculo ao ato comunicativo devido aos costumes e culturas distintos; e ao
desconhecimento em relação aos aspectos geográficos e a paisagem natural.
Nesse ambiente, a ação dos cronistas foi significativa no sentido de registrar o
comportamento e as relações sócio-culturais dos povos dominados, além de apontar as
potencialidades econômicas nesses locais como a existência de metais preciosos, criando
motivações e condições estruturais para a consolidação do processo colonizador.
Já os missionários, através das missões jesuíticas, possibilitaram aos europeus a
interiorização da colonização, possível graças ao etnocentrismo cultural, que impôs aos incas
o cristianismo, comportamento e cultura europeus, como a cultura, o teatro e a catequese.
Nesse sentido, os índios pacificados por tais missões eram presas fáceis aos bandeirantes,
que além de destruírem esses locais, comercializavam os índios, tornando-os escravos.
3ª QUESTÃO
Entre 1674-1685, foram realizadas 14 (quatorze) entradas ao interior da Capitania do Espírito
Santo, em busca da Serra das Esmeraldas, mas foi o bandeirante paulista Antônio Rodrigues
Arzão que, em 1693, recolheu as primeiras amostras de ouro, no rio Casca, no sertão capixaba.
A partir de então, ocorreram novas descobertas, estimulando um fluxo migratório procedente de
diversos lugares e ocasionando disputas e desavenças, que culminaram com a Guerra dos
Emboabas. De posse dessas informações, descreva
A) as causas essenciais da Guerra dos Emboabas;
Transcorrida entre 1707 e 1709, a série de choques armados ocorridos na região de Minas
Gerais entre os paulistas, que haviam desbravado a região e descoberto o minério aurífero,
e os emboabas, como eram chamados pelos vicentinos os portugueses e os colonos que
chegavam de outras regiões, teve como causas essenciais a disputa pelo controle da
atividade mineradora, a insubordinação dos emboabas à autoridade do capitão-mor
paulistas Borba Gato e a insatisfação dos paulistas com a especulação praticada por
comerciantes emboabas no comércio de artigos de amplo consumo como fumo,
aguardente, charque e farinha de mandioca.
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B) as consequências dessa Guerra para a Capitania do Espírito Santo.
Após uma série de confrontos entre paulistas e emboabas, a Coroa Portuguesa interveio na
região de Minas Gerais, visando restabelecer a ordem e impor de forma mais efetiva seu
controle administrativo.
Para isso, o rei D. João V determinou em carta Régia de 1709 a criação da capitania de
São Paulo e Minas do Ouro, diretamente subordinada à Coroa Portuguesa. Esta nova
capitania absorveu grande parte do território da capitania do Espírito Santo, onde o ouro
havia sido descoberto pelos bandeirantes paulistas no final do século XVII.
A grande perda territorial diminuiu substancialmente as dimensões da capitania do Espírito
Santo, cujo litoral foi transformado pelo governo metropolitano em uma “Barreira verde”,
militarizada e sob rígido controle, que visava impedir o desembarque de invasores
estrangeiros, que pudessem usar a costa espírito-santense para atacar a região das minas.
4ª QUESTÃO
Desde a fundação da Organização dos Estados Americanos (1948), o Brasil tem participado
dos principais esforços de integração regional, a exemplo da Associação Latino-Americana de
Livre Comércio (ALALC). Entre os mais eficazes empreendimentos contemporâneos de
integração regional, podemos citar o NAFTA e o MERCOSUL, em face dos quais se discute a
participação na Área de Livre Comércio das Américas.
A)Descreva as características gerais do MERCOSUL.
Nessa questão o vestibulando deveria lembrar inicialmente que o Mercado Comum do Cone Sul
(MERCOSUL) foi criado em 1991, quando o Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai assinaram o
Tratado de Assunção. A instalação de área de livre comércio isentou de tarifas de importação
90% das mercadorias fabricadas nos países membros incrementando o comércio entre esses
países e o investimento estrangeiro.
B) Apresente dois argumentos contrários à participação do Brasil na ALCA.
A Área de Livre Comércio das Américas (ALCA) representa uma iniciativa dos EUA de conteúdo
estratégico, que extrapola os aspectos meramente comerciais. Na América Latina o Brasil
apresenta-se como o país mais reticente em relação aos benefícios prometidos pela ALCA.
Atualmente, o comércio brasileiro é bem distribuído por todas as regiões do mundo e não
haveria razão para privilegiar o comércio com apenas um bloco com detrimento dos demais. Ao
lado disso, o que se vê pela frente é um cenário nos quais produtos norte-americanos invadiram
o mercado brasileiro sem que houvesse a contrapartida.
5ª QUESTÃO
[...] sobre Zelaya vale a lembrança de que não se trata de um estadista clássico, seguidor da
cartilha dos direitos
democráticos. Ele foi apeado do poder após a investida contra a constituição do seu país.
Queria o terceiro mandato. A manobra foi condenada pela Corte Suprema e serviu de mote
para que a oposição e as Forças Armadas locais articulassem a sua deposição. Expulso de
pijama da sede do Governo, Zelaya rapidamente converteu-se, aos olhos do mundo, de
aventureiro oportunista em líder injustiçado.
(MARQUES, Carlos José. O teste de liderança. Revista IstoÉ. n. 2081, p. 20, 30 set. 2009.)
A partir dessas informações,
A)indique o nome do país, o da região e o do continente a que o texto se refere;
Honduras, na América Central, continente americano.
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B) explique a relação entre populismo e ditadura na América Latina.
A questão possibilita duas abordagens distintas, não excludentes e válidas. Na primeira, o
aluno poderia destacar o viés autoritário, de cunho personalista, que por vezes acompanhou a
prática dos governos populistas na América Latina: controle sindical; uso da máquina
propagandística do governo; retórica nacionalista, etc. Dessa feita, tais governos, assim como
as ditaduras militares, obstruíram a autonomia política do cidadão como requisito do exercício
democrático.
Na segunda, o aluno poderia enfatizar a transição dos regimes populistas para as ditaduras
militares portuando:
— O esgotamento, no processo de substituição de importações, do discurso
desenvolvimentista nacional, dada as crescentes exigências de abertura para a introdução de
parques industriais filiados às multinacionais.
— A crescente autonomia dos movimentos sociais – sindicais, estudantis e camponeses –
comprometendo o controle social exercido pelos governos populistas.
— O temor da expansão da revolução comunista cubana e o seu consequente combate
ideológico-militar, fundado na doutrina de segurança nacional.
COMENTÁRIO DE HISTÓRIA
A equipe de professores do Darwin e Leonardo da Vinci entende que a banca continua
fazendo uma má distribuição dos conteúdos programáticos.
Foi privilegiada a História da América, presente em três questões, em detrimento de outras
temáticas como História do Brasil (Império e República), não obstante a questão 4 ter feito
alusão à participação do Brasil na ALCA.
Quanto à História Geral, a prova ignorou variados temas importantes no entendimento do
processo histórico, tais como: História Antiga, Revoluções Liberais na passagem da Idade
Moderna para Contemporânea, os conflitos mundiais do século XX, etc.
Gostaríamos de parabenizar a banca quanto ao grau de dificuldade das questões
apresentadas. Não ficaram na superficialidade e exigiram dos candidatos a capacidade de
estabelecer relações, bem como o domínio de habilidades de interpretação e
contextualização.
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