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Gestão de Clientes e CRM Luís Rasquilha Patrocínios: Online free edititon Nota Introdutória do Autor Este livro assume-se como um livro de versão exclu- dioHead (que o lançaram on-line de forma gratuita onde quem quer paga o que quiser, quem não quer, sivamente on-line e de circulação gratuita. não paga nada) entendi que esta obra, pronta há cerca de 3 meses, devia ser testada no mundo virPorquê uma edição gratuita? tual e gratuito.Não peço a quem faça o download que Porquê uma edição sem preocupações de edição e pague. Nem quero! de negócio? Apenas peço que quem considerar este livro relePorquê oferecer horas de trabalho e anos de expe- vante o divulgue, propague e massifique para que não só o CRM mas também o autor aumentem a riência? sua visibilidade. Porque hoje a informação existe em larga escala no mundo virtual, está disponível à distancia de um click Se quiserem pagar? e porque o futuro vai ditar um novo modelo de neComprem os vários livros dos quais sou co-autor já gócio editorial: o e-book free edition. editados pela Quimera da colecção Gestão. Entendi que devia tentar. Devia arriscar. Devia exAcima de tudo este teste, esta experiência, visa dar plorar uma nova abordagem aos conteúdos. um passo em algo que muitas vezes não está claro Já que os gratuitos chegaram aos jornais porque nas nossas cabeças: pensar diferente, criar novas não testá-los nos livros também? Será certamente realidades. Esta é mais uma. E num tema que cada vez mais carece de divulgação e inovação. inédito! Inspirado naquilo que muitas vezes ouço dos meus Espero que seja útil aos profissionais e alunos que o alunos – desde o preço elevado dos livros, à dificul- lerão. dade de encontrar à venda, à facilidade de fotocopiar e com isso tornear as questões dos direitos de autor e pelo mais recente álbum lançado pelos RaLuis Rasquilha Maio 2008 2 CV do Autor: Luís Rasquilha Director Geral do Grupo etic_; Director de Marketing da Multipublicações (revistas Marketeer e Executive Digest); Director de Marketing, Comunicação e Marca do INP; Partner/Director-Geral da LPR Consulting (intervenções em marcas como GalpEnergia, SIVA/VW, Volvo/AutoSueco, Team View, EvCom, Açoreana Seguros, Instituto de Gestão do Fundo Social Europeu, CNS, SantanderTotta, Atlântico SA, BaixaChiado, IMI, IIR, GlobalEstratégias, AIP, A Vida É Bela, entre outras). Foi co-fundador e Director Executivo da WOP (Washington Olivetto Portugal, PubliMestrando em Gestão no ISCTE. MBA pelo cidade) e Director de Contas das agências de INDEG/ISCTE. Pós-graduado em Marketing, com es- publicidade Ogilvy, Caetsu e Publicis. pecialização em Marketing de Serviços, na Universidade Católica. Licenciado em Relações Públicas e Co-autor dos livros “Gestão da Comunicação”, “GesPublicidade pelo Instituto Superior de Novas Profis- tão de Eventos”, “Gestão de Experience Marketing”, “Gestão e Planeamento da Comunicação” (colecção sões (INP). “Gestão” da Quimera) e “Gestão de Marketing de Docente titular no curso superior de Relações Pú- Eventos Desportivo” (Plátano). blicas e Publicidade do INP. Coordenador e Docente de Pós-Graduações e Mestrados no INP. Director Contactos: Executivo do INP-FEX – Formação de Executivos. Professor visitante da Université Nancy2 (IUT), em http://comunicacaomarketing.blogspot.com; França e da Aartevelde Hogeschool, em Gent, na Bélgica. Professor convidado da ESTG-IPGuarda, do [email protected] GIEM/ISCTE e do ISG. 4 Índice Nota Introdutória do Autor 2 CV do Autor 4 Agradecimentos 8 2ª parte: CRM – muito mais que uma ferramenta na gestão da relação com os clientes 60 1. Estratégias de Retenção e Lealdade 62 2. Programas de Lealdade e Rendibilidade do Cliente 62 3. Estratégias de Promoção da Lealdade 63 80 80 Prefácio 10 Gestão de Clientes e CRM: 12 0. Introdução ao CRM 14 1ª parte: Importância estratégica de uma gestão focada nos clientes: 3ª parte – CRM - Gestão da Relação com o Cliente: Estrutura, Conteúdos e Implementação 16 1. O que é o CRM? 17 1. O Marketing Relacional e o CRM nos dias de hoje 2. Histórico de Marketing 18 3. A Tecnologia de Suporte ao CRM 33 4. A Cultura da Empresa 34 5. Os Parceiros na instalação do CRM 36 6. Os Resultados 37 7. Gestão de Reclamações 53 2. Planeamento de um Programa de CRM: Soluções em Marketing Relacional/CRM – Exemplos Práticos 82 Case BPI 104 Case ACP 108 Case Edimpresa 111 Conclusão 112 Bibliografia Agradecimentos As páginas deste e-book gratuito não chegam para agradecer a todos aqueles que, ao longo dos últimos 10 anos, têm contribuído para tornar esta reflexão uma realidade. No entanto gostava de agradecer em particular (pedindo desculpa a quem deva aqui estar referenciado e apenas por lapso não está): À Multipublicações (Marketeer e Executive Digest) e ao Grupo etic_ onde desempenho as minhas funções profissionais. Em especial à One-to-One, com destaque para a Ana Beirão e para a Teresa Lopes, por me terem facultado grande parte da informação aqui contida e por Aos meus alunos que têm partilhado comigo expe- me terem iniciado nestas temáticas. riências e informações e me têm ensinado muito. À minha família e amigos pela paciência e disponibiAo Joaquim Caetano, meu amigo de lides Universi- lidade. tárias e Académicas, pela troca regular de opiniões e conversas sempre produtivas. Aos meus colegas e professores de Licenciatura, Pós-Graduação, MBA e Mestrado, em especial aos Ao Eduardo “Duca” Garcia, meu orientador do pen- professores, amigos e companheiros de guerra: samento sobre Marcas e Comunicação de Marke- Nuno Brandão, Luis Poupinha, José Quintela, Susana ting, por todo o tempo de convívio ao serviço da Carvalho, João Pinto e Castro, Pedro Celeste, Pedro Ogilvy. Dionísio, Hélia Pereira e Eduardo Correia. Mas também ao Dr. Carlos Vieira e ao Professor Manuel Ao Dr. Américo Ramalho, amigo e referência aca- José Damásio. démica e profissional, pelas fantásticas conversas sobre comunicação havidas na nossa casa que foi e é o INP. Ao Carlos Coelho da Ivity e ao António Quina d’ “A Vida É Bela” por todos estes anos de co-work ao serviço das Marcas. Este Livro foi elaborado com um carácter eminentemente pedagógico e é dirigido fundamentalmente a Ao INP, minha casa desde 1993, onde como aluno estudantes e profissionais destas e outras áreas de e como professor tenho desempenhado grande actuação profissional, pelo que os exemplos e imaparte da minha investigação. gens utilizados servem apenas de suporte aos conteúdos teóricos, salvaguardando-se a propriedade autoral e intelectual das marcas e ilustrações referenciadas/apresentadas. 8 Prefácio Foi aqui que entendi o porquê do convite. Não foi só a questão de “...ser seu amigo...”, mas o facto de este Escrever um Prefácio é sempre um desafio que se livro nascer enquadrado num projecto começado coloca e que encerra na sua essência um conjunto numa editora “nossa amiga”, numa colecção que code factores determinantes para levar a bom rumo meçámos juntos e juntos vamos continuar a trabaessa tarefa. Dois caminhos se podem tomar quando lhar para o engrandecimento da mesma (embora se inicia a escrita de um Prefácio: ou falarmos sobre com esta excepção de publicação gratuita) e o facto o tema do livro a prefaciar ou explicar o porquê da de “ser seu amigo”. aceitação de tal honrosa tarefa. Confesso, às vezes não é fácil entender o Luís. SemO primeiro parece-me o mais simples e prático. O pre a 1000 com muitos projectos, muitas ideias, tema é: Gestão de Clientes e CRM, e basta-nos dar muitos passos. algumas dicas sobre esta vertente de Marketing, associar histórico e potencialidades, ilustrar com um Mas este é o Luís que eu conheço. Por outro lado, é ou outro exemplo, ou caso de estudo resumido ... e um camarada, um tipo que dá gosto ouvir e ver trabalhar. Sabe do que fala e procura insistentemente pronto está o Prefácio feito. informação quando não domina determinado tema. Na minha modesta opinião o autor descreve e bem Amigo do seu amigo, é uma pessoa que sabe recetodas estas vertentes, faladas anteriormente, não ber e dar, que sabe olhar para o mundo com uma vide um modo sumário, mas antes pelo contrário, de sãomuito própria e crítica e que alimenta o seu ego um modo exaustivo, descritivo e muito objectivo numa aprendizagem constante feita na correria do sobre o que é a gestão de clientes e a sua relação in- dia-a-dia. trínseca com o CRM. Portanto, caminho a sair: o porquê da aceitação de escrever o Prefácio deste Pouco mais há a dizer do Luís, porque do livro não tenho dúvidas vai ser um sucesso. livro? Para ti Luís que consigas tudo o que mais desejas Comecei por agradecer ao Luís, tal “espinho” e quer em termos pessoais quer em termos profis“honra”, mas abertamente, como é meu timbre, dei- sionais e sabes que podes sempre contar comigo, lhe a dica de não ser o especialista na área para não como amigo... mas quem sabe, talvez como abordar este tema. Após insistência do mesmo, per- irmão (mais velho, obviamente)... cebi o porquê deste convite, quando ele (Luís) muito Deste teu amigo simpaticamente frisou: “... tens que ser tu porque és Joaquim Caetano meu amigo...”. Técnico de Comunicação – Montepio Geral 10 Introdução ao CRM 0. 0. Introdução ao CRM: ATÉ QUANDO SOBREVIVERÁ A SUA EMPRESA SEM CRM? “A implementação de soluções CRM não deve e não pode ser feita por uma questão de moda, por necessidades de evolução da tecnologia instalada ou por meras recomendações de Consultores ou de fornecedores de tecnologia. Com efeito, pela experiência que temos do Mercado português, eu diria que contar-se-ão pelos dedos de uma mão as Empresas que implementaram ou virão a implementar proximamente, soluções CRM que virão a ser bem sucedidas no futuro – i.é., que o payback do investimento acontecerá num prazo razoável”. Começava assim um Artigo que escrevi no final de 2001. Hoje, diria exactamente o mesmo! E isto porquê? Porque, afinal, estes anos de “crise” conjuntural não ajudaram as empresas a consolidar os seus investimentos em tecnologia e na reformulação das mentalidades internas – na sua filosofia de trabalho, no acabar com as “quintinhas” e com as disputas internas, enfim, na sua cultura de empresa. Porque, em “tempos de crise”, não se investe no futuro mas no amanhã, que é o mesmo que dizer, no passado; então, é igual a não investir, mas deitar “dinheiro” fora. O CRM, num futuro muito próximo, será encarado pelos Marketeers como parte integrante do mix de produtos e serviços e, nessa altura, ganha quem estiver mais à frente no Conhecimento do seu Cliente! A instalação de soluções CRM exige um longo caminho na construção da maturidade dos sistemas (tecnologias) instalados, dos processos internos e da postura das próprias pessoas no sentido de fazer evoluir a Cultura da Empresa para uma forte orientação para o Cliente. Não vale a pena pensar em CRM se o modelo tradicional de negócio se mantiver, i.é., se a organização interna continuar centrada nos produtos ou em mercados geográficos e não organizada por segmentos de Clientes. O CRM é muito mais do que uma tecnologia de aproximação ao Cliente; é uma Filosofia de Trabalho e, como tal, só algumas (muito poucas...) empresas têm a capacidade, hoje, para tirar partido da instalação de aplicações que fidelizem e permitam fazer crescer a sua quota nos seus melhores Clientes. Refiro-me não só a empresas portuguesas como europeias ou mesmo americanas. Basta vermos as estatísticas sobre o baixo nível de satisfação dos CEO com a implementação do CRM nas suas empresas – isto porque elas não mudaram o suficiente para que os efeitos do CRM se começassem a sentir. Vale a pena, por isto, ir um pouco mais longe. 14 Gestão estratégica CRM 1. 1ª parte: Importância estratégica de uma No mix de variáveis dos produtos e serviços, o CRM gestão focada nos clientes será uma constante. 1. O que é o CRM? O CRM (Customer Relationship Management) é muito mais do que uma solução tecnológica: é uma nova filosofia de trabalho. O CRM é um conjunto de Processos, Tecnologias e Comportamentos que só funcionam eficazmente se seguirem modelos de integração total e forem implementados de forma transversal a toda a organização. Tendo a capacidade de integrar os vários canais de Comunicação entre as Empresas e os seus Clientes – Vendas, Stocks, Call Center, Marketing, Sistemas de Informação, a Internet,... – através da tecnologia instalada e utilizando-se a informação just in time por toda a organização, o seu principal objectivo passa pela gestão dos recursos internos de uma forma integrada, gerando as condições necessárias para a criação de relações fortes entre a Empresa e os seus Clientes. Estas relações vão-se construindo através da recolha e tratamento da informação nas várias frentes de contacto, permitindo assim atingir aquilo que hoje é o mais importante numa Empresa: a retenção dos seus Clientes. No futuro próximo, o CRM fará parte de qualquer Modelo de Negócio, pois não será mais possível visualizar uma empresa a operar no mercado com as características associadas à forte competitividade das economias modernas sem sistemas de retenção de Clientes. 17 O CRM, desde que bem implementado e acompanhado no dia-a-dia da Empresa, é a resposta às preocupações actuais e futuras das Organizações no que respeita à estabilidade do seu negócio e à consistência da sua carteira de Clientes. O CRM incorpora duas componentes: • Componente funcional: serviços e tecnologias que permitem o seu funcionamento. • Componente filosófica: estratégia, visão, cultura de empresa e compromisso que permitam assegurar uma gestão eficaz da relação com os clientes. Ambas as componentes são indispensáveis e devem ser implementadas de forma equilibradae harmoniosa. O CRM não é uma solução mágica! Mas é uma forma de fazer negócio com resultados comprovados, que ajuda as empresas a atrair, manter e aumentar o valor dos seus clientes através da captação, armazenamento, análise e aplicação do conhecimento do consumidor. A Base de Dados de Clientes é o elemento chave do CRM, permitindo o acesso à informação transversalmente a toda a organização. O conhecimento resultante da análise da BD dará origem ao Plano de Comunicação, que será a chave para construir e desenvolver o relacionamento com os consumidores. 2. Histórico de Marketing Aproveitou bem o Telefone (Telemarketing), a Internet (e-Marketing) e o Telemóvel (mobile-Marketing), Porque será que hoje em dia se fala tanto em CRM? para chegar ao seu Consumidor de uma forma mais dirigida e a custos bem mais baixos. Por que é a solução que melhor responde aos desafios da actual conjuntura: o Mass Market desen- Conhecendo-o, pode vender-lhe os produtos/servivolveu-se de tal maneira que gerou a sua própria ços mais adequados às suas necessidades, a cada “morte” - as Empresas para sobreviverem, tiveram momento e ao preço que ele estará disposto a de encontrar caminhos alternativos para a retenção pagar. dos seus Clientes. Mas para conhecer o Cliente, a Empresa tem de COOs Consumidores “cresceram”, “cultivaram-se” e MUNICAR com ele de uma forma eficaz e consepassaram a ser muito mais exigentes. A Qualidade quente. Subjacente a este processo de comunicação passa a ser um standard de qualquer produto/ser- está a Metodologia IDIC (desenvolvida por Don Pepviço e a fidelidade deixou de existir pois os Clientes pers e Martha Rogers) que se resume às seguintes são tratados todos da mesma forma. Criaram-se etapas: assim as condições para o desenvolvimento de modelos que distingam os Clientes uns dos outros; que 1ª - Identificar os Clientes retenham aqueles que interessam e que, no limite, 2ª - Diferenciá-los uns dos outros 3ª - Interagir com os Clientes abandonem os que custam caro às Organizações. 4ª - Customizar/Personalizar produtos e serviços Tudo isto se foi desenvolvendo de forma gradual: o Marketing Directo foi o pioneiro na identificação dos Em detalhe cada uma das fases: Clientes, no seu tratamento dirigido e na criação de segmentos comportamentais distintos. O Marketing IDENTIFICAR Relacional é o resultado da evolução natural do Mar- O primeiro passo para iniciar uma relação one-to-one keting Directo e hoje em dia é aplicado através de di- com seus clientes é identificar cada um deles. Lemversos Modelos de Marketing como o Permission bremo-nos que one-to-one não é para todos os clientes. Entretanto sem identificar cada um deles é Marketing, o Marketing one-to-one e outros. impossível saber com quais vale a pena iniciar uma E, claro, esta evolução só foi possível porque a tec- relação one-to-one. nologia foi evoluindo e os meios de comunicação se foram desenvolvendo, tendo o Marketing feito um bom uso deste desenvolvimento. 18 Identificar o cliente significa conhecer sua identidade, forma de contacto preferida, todas as transacções e interacções realizadas com a empresa, todas as reclamações feitas e quais foram as soluções tomadas. Enfim, conhecer cada cliente e a sua história, de forma individual. Não é possível iniciar e manter uma relação com um anónimo desconhecido. O maior desafio é que todos esses dados devem estar disponíveis em todos os pontos de contacto do cliente. Isso quer dizer que é a empresa que tem de identificar cada um dos seus clientes e não um departamento ou funcionário. Além disso, o cliente tem de ser identificado, independentemente do canal escolhido para entrar em contacto com a empresa. É simples, mas envolve um grande desafio, pois os dados dos clientes costumam estar espalhados pela empresa em “silos” e muitas vezes encontram-se na cabeça das pessoas que têm contacto com o cliente. Apesar de ser um grande desafio, a identificação do cliente pela empresa é condição primordial no estabelecimento de iniciativas one-to-one. Sem identificar o cliente é impossível conhecê-lo. A tecnologia pode exercer um papel importante nesse sentido e as novas ferramentas que estão a surgir tornam cada vez mais fácil incluir e consultar registos; mas isso de nada vai adiantar se as pessoas que lidam com as informações dos clientes não se consciencializarem da necessidade de manter informações actualizadas e objectivas na sua base de dados. Programas de identificação de clientes A identificação do cliente faz parte de muitos negócios. Ao abrir uma conta no banco, ao comprar um automóvel ou uma viagem aérea, o cliente é obrigado a fornecer seu nome, telefone, endereço, etc. Além de ser obrigado a fornecer esses dados, o cliente muitas vezes tem de apresentar documentos comprovativos. Pense e responda: o que aconteceria se o vendedor que atende os seus melhores clientes desapare- Isto não nos espanta, porque entendemos as razões cesse? A sua empresa perderia algo além de um que estão por trás dessas exigências. Entretanto, há um grande número de negócios nos quais a identifibom funcionário? cação do cliente não é exigida ou esperada. Pois a grande maioria das empresas perderia toda a relação com o cliente, por outras palavras, teria Qual seria a sua reacção se o dono da banca de jorde aprender tudo de novo a respeito dele, pois de nal exigisse o seu nome, telefone e endereço para facto nunca foi dona da relação. O funcionário era o lhe vender uma revista? Ou se algo semelhante se dono da relação. Pense no banco do qual você é passasse no supermercado, farmácia (para medicliente. Ou será que você é cliente do gerente e não camentos não sujeitos a receita médica), loja de CD’s, livraria ou bomba de gasolina? É claro que não do banco? forneceríamos. 19 Não se espera que uma bomba de gasolina exija a nossa identificação para colocar gasolina no automóvel. Nesse caso, na maioria das nossas transacções do dia-a-dia, não nos identificamos. Somos incógnitos. Compramos e saímos do estabelecimento como se nunca tivéssemos entrado. Como então implementar iniciativas one-to-one em negócios desse tipo? Noutros, não. Nesses casos, o cliente sabe de que empresas é cliente, mas a empresa não sabe que ele existe – ele é anónimo. Pense num supermercado. O cliente entra, faz suas compras, paga e sai. Se pagar em dinheiro, ninguém saberá que ele esteve lá, salvo algumas pessoas que o conhecem. Mas a empresa não terá nenhum registo da presença do cliente nem nenhuma ideia do que o levou a comprar naquela loja. Embora o pagamento com cheque ou cartão de crédito deixem uma pista, poucas empresas usam esses dados como registo da presença do cliente ou os associam às compras feitas por ele. Quantas vezes teve de dar o seu número de telefone (o Esses programas servem para, através de algum mesmo) ao mesmo caixa do mesmo supermercado tipo de atractivo, fazer com que o cliente se identifi- quando pagou suas compras com um cheque da que cada vez que realiza uma transacção com a em- mesma conta-corrente do mesmo banco? presa. Porque a identificação do cliente é tão importante? Programas de fidelização realmente tornam os clien- Porque sem identificar o cliente não se pode estates fiéis? Depende. Os programas de marketing de belecer uma relação com ele. E esse é o objectivo de frequência, também conhecidos como programas qualquer estratégia de CRM. de fidelidade ou fidelização, programas de relacionamento ou qualquer que seja o nome dado, servem Cada vez mais os clientes preocupam-se com as apenas para incentivar o cliente a identificar-se. E se questões relativas à privacidade e provavelmente tais programas se limitarem a isso não conseguirão não forneceria espontaneamente, ou se solicitado, manter os clientes fiéis no longo prazo. Pelo menos os seus dados comprar numa padaria ou num supermercado. É nesse momento que se devem utilinão os melhores clientes. zar programas de marketing de frequência. Esses Em muitos negócios, a identificação do cliente é ne- programas, quando criados de forma adequada, incessária, até exigida, por exemplo, quando fazemos centivam, ou melhor, “pagam” para que os clientes se identifiquem. negócios com bancos. A resposta é: Necessitamos incentivar o cliente a identificar-se, por outras palavras, pagar para que ele diga quem é. No mercado de consumo isso é feito através dos “Programas de Fidelização”. 20 Todos eles oferecem alguma forma de pontuação ou bonificação que está ligada à frequência com que o cliente se identifica durante a compra. Isso normalmente se dá através da apresentação de um cartão com cartão de banda magnética, código de barras ou número de identificação. Os pontos são trocados por produtos, viagens, experiências ou permitem que o cliente tenha algum tipo de desconto. As empresas aéreas foram pioneiras nesse tipo de iniciativa e hoje praticamente todas elas têm programas de milhas, muito semelhantes quando não idênticos. Aí reside o perigo de implementar programas de marketing de frequência que se limitam a oferecer pontos ou milhas. Esses programas são facilmente imitados pelos concorrentes e quando todos têm programas semelhantes, isso rapidamente deixa de ser percebido pelo cliente como algo atractivo. É claro que se o cliente viaja pouco, concentrar as milhas num único programa aumenta a possibilidade de conquistar mais prémios. Porém, os melhores clientes, os que mais interessam às companhias aéreas, são os que viajam muito. Para esses clientes, que já participam de todos os programas de milhas, trocar de uma empresa para outra não traz nenhum prejuízo ao seu stock de milhas. Programas de marketing de frequência devem utilizar a oportunidade oferecida pela identificação dos clientes para saber quais são os clientes de maior valor e de maior potencial, conhecê-los e com eles desenvolver, 21 através de interacções inteligentes, o que se chama uma “relação de aprendizagem”. A partir daí a empresa muda o seu comportamento com base no que aprendeu a respeito daquele cliente, personalizando aspectos do serviço e do produto. Entendendo melhor as necessidades dos melhores clientes, a empresa pode tornar a relação única. Isto cria barreiras de mudança e torna inconveniente mudar para um concorrente, porque nesse caso o cliente teria de começar a relação do zero. A longo prazo, e a fidelidade mede-se a longo prazo, a única garantia de fidelidade é o custo da mudança, a inconveniência de mudar. Afinal, a única vantagem competitiva real é o conhecimento que a empresa tem do seu cliente e que os concorrentes não têm. É fundamental diferenciar os clientes após a identificação. Dessa forma saberemos com que clientes vale a pena desenvolver uma “relação de aprendizagem”. O programa não pode parar na simples expectativa de que os clientes serão fiéis porque os prémios são interessantes. É necessário acumular e estudar os dados transaccionais dos clientes para aprender com eles. A Tesco possui mais de 8 milhões de afiliados no seu “Programa de Fidelidade” e a única razão da existência do programa é incentivar os seus clientes a identificarem-se por ocasião da compra. Há muitas empresas que possuem tal programa mas não armazenam os dados transaccionais dos clientes. Sem dúvida, vão arrepender-se mais tarde. Identifique os seus clientes e tenha, para cada um deles, dados como: • História e transacções • Receita e lucratividade • Reclamações • Canal de comunicação preferido • Momento da vida • Valor – real, potencial e estratégico • Potencial de crescimento • Risco Essa preocupação era apenas a primeira, e era essencial: a forma como se agrupariam os consumidores actuais era fundamental para identificar os consumidores futuros. Assim, partindo de um longo questionário com cerca de 30 perguntas, foram levantadas aquelas questões que realmente tinham significado para o cliente, e que podiam trazer alguma informação útil para o agente de atendimento e para a empresa (golden questions). No final do estudo, foram identificados 19 factores (10 empresariais e 9 pessoais) responsáveis por, aproximadamente, 60% da variação nas respostas. A empresa optou então pela utilização de quatro grandes grupos de clientes, que foram identificados Disponibilize esses dados em todos os pontos de pelas suas respostas ao questionário e pelos seus contacto do cliente e lembre-se de nunca fazer com hábitos de uso e comportamento registados na naque o cliente lhe tenha de dizer a mesma coisa mais vegação no site e nas suas compras. de uma vez! O interessante deste exemplo é que a empresa fez Uma empresa de venda e entrega de presentes via um trabalho na sua base actual de clientes de maInternet, cliente do Peppers and Rogers Group, pre- neira a conseguir não só os critérios de diferenciacisava efectuar a identificação de seus clientes ção, mas, principalmente, uma abordagem eficiente SOHO (Small Office, Home Office – Pequenos escri- para realizar a identificação dos seus novos clientes tórios ou utilizadores domésticos para negócios), de maneira a oferecer, de imediato, produtos e serpara iniciar o processo de marketing one-to-one. A viços personalizados no seu Web site. sua necessidade era efectuar uma diferenciação com base nas necessidades de cada cliente, identi- Outro factor importante a ser considerado é que, ficando, entre os presentes comprados pelos seus para conseguir a colaboração de mais de 600 clienclientes, quais seriam dados em nome da empresa tes, a empresa distribuiu vales-presente com valo(empresariais) ou em nome do indivíduo (pessoais); res que variam de €15,00 a €25,00. e, principalmente, quais as necessidades específicas de cada um dos seus consumidores. 22 No mundo B2C, o desafio de identificação é ainda maior. Na realidade, não existem empresas, mas pessoas. A identificação de todos os que participam no processo de decisão de uma compra do cliente final nem sempre é fácil. Muitas vezes a relação dá-se com quem compra o produto e não com quem usa. É importante lembrar que nesse mundo, o cliente final, embora geralmente não participe do processo de decisão, é um influenciador poderoso na recompra, e não pode ser esquecido. Frequentemente é necessário fornecer incentivos para que ele se identifique. DIFERENCIAR Os clientes são diferentes e como já foi dito, ignorar ou desconhecer essas diferenças não os faz iguais. Os clientes são diferentes no seu valor para a empresa e nas suas necessidades. O objectivo da diferenciação de clientes é encontrar os Clientes de Maior Valor (CMV) e os Clientes de Maior Potencial (CMP). Assim, com esses clientes, podemos desenvolver a nossa relação de aprendizagem. Diferenciação por valor Quando falamos de valor, sempre devemos pensar em Valor Vitalício (LifeTime Value — LTV), que é o valor que o cliente tem durante toda a sua história transaccional com a empresa, as referências que ele fez e que se transformaram em vendas, etc. 23 Devemos sempre exprimir valor em termos de lucratividade, é claro, se a empresa visa lucro. Portanto receita, apesar de ser uma das mais utilizadas, não é a mais adequada. Devemos também medir quanto custa para atender e servir cada um dos nossos clientes, pelo simples facto de que os custos são diferentes de cliente para cliente. Entretanto, se a empresa somente tem a receita acumulada de cada um dos seus clientes, podese começar por aí. Utilizar o que estiver disponível e sofisticar a diferenciação paulatinamente. Quando pensamos em LTV tudo muda. Por exemplo, segundo Carl Sewell, no seu livro “Customers for life”, um comprador de automóveis tem em média um LTV potencial de US$300.000, entre as compras de automóvel, serviços, peças, referências, etc. Será que o vendedor de automóveis sabe disso? Ou será que somente vê na sua frente o cheque relativo à sua comissão pela venda daquele carro? Sempre pensando em LTV, o valor do cliente pode ser medido em termos reais, ou seja, toda a lucratividade do cliente ao longo de sua relação com a empresa, e em termos potenciais, ou seja, a lucratividade dos negócios futuros que o cliente pode realizar com a empresa. O valor real é simplesmente a soma de toda a lucratividade gerada pelo cliente nas suas transacções com a empresa e os negócios gerados por sua indicação ou referência.Esses dados geralmente estão armazenados nos sistemas contabilísticos da empresa (pelo menos os dados de receita) e servem para iniciar o processo de diferenciação dos clientes. O valor potencial é mais difícil de ser medido, pois en- São clientes que têm um valor distinto dos clientes volve dados externos à empresa, além de inferências que simplesmente são passivos. Embora seja difícil, estatísticas. Porém ele existe e deve ser medido. esse valor deve ser interpretado e armazenado na base de dados de clientes. Por ser interpretado, tem de ser afinado ao longo do tempo, à medida que Uma forma objectiva de medi-lo é saber quantas aprendemos mais a respeito de nossos clientes. vezes o cliente comprou ou utilizou os serviços de Lembremo-nos que o facto da empresa não interum concorrente. É claro que se o cliente compra pretar essas variáveis não as torna inexistentes. connosco, mas também compra com concorrentes, ele tem um potencial a ser desenvolvido por nós. O Começar com o que temos e depois sofisticar as valor real dividido pelo valor potencial equivale à par- medidas. Se o objectivo é diferenciar a lucratividade ticipação no cliente. de clientes, mas hoje a empresa somente tem dados de receita, há que começar com eles. O preciosismo Um exemplo interessante é o de uma cadeia ameri- para o cálculo do LTV dos clientes é um factor que cana de hotéis que considerava como clientes es- pode, muitas vezes, funcionar como desculpa para a peciais aqueles que se hospedavam seis ou mais não implementação de iniciativas de diferenciação. vezes por ano num dos seus hotéis. Após o cruza- Como na realidade o LTV é uma idealização, e não mento dos dados com os dados de uma gestora de há forma precisa de medi-lo, ele deve ser sempre recartões de crédito, descobriu-se que alguns clientes visto. hospedavam-se somente cinco vezes por ano nos seus hotéis porque viajavam somente cinco vezes O Valor dos Clientes e as Necessidades por ano – excelentes clientes, embora fossem tratados como clientes “normais”. Enquanto isso, havia clientes que se hospedavam no hotel oito vezes por ano, por exemplo, mas viajavam 20 vezes por ano, ficando noutros hotéis. É claro que após esta descoberta, houve uma mudança nas estratégias de tratamento desses clientes. Trabalhouse para reter o primeiro tipo de cliente e desenvolver o segundo. No valor potencial também estão incluídas variáveis menos tangíveis, que não podem ser medidas, e sim interpretadas. Clientes que colaboram com a empresa com reclamações e sugestões, permitem e são usados como referência. 24 Motivação Humana Hierarquia das Necessidades Diferenciação por necessidades balho. Assim, começamos diferenciando as necessidades de grupos, para depois chegarmos no nível individual à medida que conhecemos melhor os nossos clientes. Descobrir novas necessidades é descobrir novas oportunidades. Quanto mais sabe sobre as necessidades dos seus clientes, mais valor tem para eles. Quanto mais entendermos e respondermos a essas necessidades, mais os nossos serviços são percebidos como diferenciados. Uma questão importante que deve ser discutida pela empresa durante o processo de identificação e diferenciação de clientes é qual o critério que será utilizado primeiro: valor ou ecessidades? Outra forma de diferenciar os clientes é através das suas necessidades. Quanto maior o número de ne- Em geral, o resultado ideal é obtido aquando da comcessidades conhecidas, maior é a oportunidade de binação dos dois elementos, mas os dados existenparticipar no cliente. tes e a capacidade da empresa em analisá-los e trabalhá-los é que define o que deve ser utilizado no Em primeiro lugar podemos diferenciar os nossos primeiro momento. clientes tendo como base necessidades aferidas por nós, para depois, idealmente, chegar ao nível indivi- Algumas empresas já dispõem de dados sobre valor dual. e por isso começam por eles. Noutras, como numa livraria por exemplo, o valor é semelhante, mas as Por exemplo, os utilizadores de computador têm ne- necessidades são muito diferentes e, por isso, deve cessidades claramente distintas quando se discute ser o primeiro factor a ser empregado para a difeo uso doméstico e o uso na empresa. Utilizadores renciação. domésticos necessitam, por exemplo, de uma placa de som para jogos, de um modem para conexão à Estratificar os seus clientes linha telefónica, etc. Já o utilizador “corporativo” necessita de uma placa de rede, dispensa o modem, Com base nos critérios discutidos sobre como impois a rede conecta-o ao mundo e tem na placa de plementar iniciativas distintas para os diferentes essom um item desejável mas não fundamental. tratos de clientes, para os CMV’s, devemos Da mesma forma, pessoas que viajam em passeio implementar programas de retenção. têm necessidades diferentes das que viajam em tra- 25 Programas de reconhecimento e de possibilidade de utilização de canais de comunicação exclusivos são formas de recompensar os nossos melhores clientes. Porém, é através da relação de aprendizagem e da personalização que tornamos cada vez mais forte a nossa relação com esses clientes. Somente assim garantimos a retenção desses clientes. Os CMP’s necessitam de tratamento distinto. Necessitamos desenvolver esses clientes através de incentivos, como concessão prematura de privilégios, cross-selling e up-selling. Temos de investir neles para entendê-los, procurando assim participar cada vez mais nesses clientes, que apesar de fazerem negócios connosco, têm um potencial ainda a ser desenvolvido. É pouco provável que a empresa tenha tempo para se preocupar em desenvolver os BZ’s. Uma coisa que deve ser ressaltada em relação aos BZ’s, é que eles têm valor real e estratégico abaixo do custo de atendimento/serviço, ou seja, não há perspectiva de lucratividade. Por outro lado, se um banco, por exemplo, resolve investir em universitários porque espera mais tarde ter lucro com o profissional formado, é porque embora o valor real actual seja baixo — eventualmente abaixo do custo de atendimento/serviço — esse cliente tem um valor potencial muito acima desse custo e portanto não pode ser considerado um BZ. Para se ter uma ideia de como a estratificação de E que fazer com os BZ’s (below zeros), aqueles que clientes é importante, um banco americano, após esnos dão prejuízo? Devemo-nos livrar deles? Bem, tudar a lucratividade dos seus clientes, chegou a núpelo menos devemos cobrar o valor real dos servi- meros bastante interessantes: 27% da base de ços que lhes prestamos. Devemos ainda suprimir os clientes eram responsáveis por 100% da lucrativiseus nomes das listas de marketing directo e de ou- dade; 31% davam prejuízo ao banco e 42% não tras iniciativas de contacto, sem entretanto eliminar davam nem lucro nem prejuízo. os seus nomes da nossa base de dados. Em resumo, devemos atendê-los, cobrando o valor Chegaram também à conclusão que se eliminassem dos serviços, mas não devemos incentivá-los a con- 73% dos seus clientes, perderiam apenas 7% do tinuar connosco, talvez devamos fazer com que con- seu negócio! É claro que não se está a sugerir que o tinuar connosco lhes seja inconveniente. Dessa banco deva eliminar 73% dos seus clientes, mas forma, mais cedo ou mais tarde, irão para a con- algo tem de ser feito. corrência. Num trabalho efectuado pelo Peppers and Rogers Deve-se ressaltar que os clientes de maior valor po- Group, numa grande empresa de serviços financeitencial podem ser desenvolvidos para gerar mais re- ros, foi desenvolvido um modelo de valor para difeceitas directa ou indirectamente e os clientes de renciação. Após a análise dos dados, analisando apenas a variável tarifa financeira paga, chegou-se à maior valor, devem ser retidos. seguinte estratificação: 26 INTERAGIR • 1% eram CMVs e contribuíam com 24% da receita • 10% eram CMPs, contribuindo com 44% da receita Uma vez descobertos os nossos Clientes de Maior • Quando se adicionam os CMVs e os CMPs, eles são Valor (CMV) e de Maior Potencial (CMP) o próximo responsáveis por mais de 2/3 das receitas da em- passo é incentivá-los a interagir connosco. presa A interacção é a única forma de conhecer cada vez Não podemos tratar todos os clientes da mesma mais os clientes. Com esses clientes, temos como forma! Há que estruturar o perfil de acordo com as objectivo final desenvolver uma relação de conhecirespostas aos incentivos dados de forma a enqua- mento, onde cada vez mais personalizamos serviços drar os clientes nos perfis de valor para a empresa. e produtos para que o cliente veja conveniência em continuar connosco. Há uma relação íntima entre a interacção e a diferenciação. Na realidade essas duas estratégias andam juntas, pois uma depende da outra. As interacções iniciadas pelo cliente têm um potencial muito maior que as interacções iniciadas pela empresa. É claro que quando o cliente liga para o call-center, ele está à procura de atendimento e de algum serviço. Nesse momento ele está à nossa disposição, com total atenção. Essa é uma excelente oportunidade para conhecer melhor o cliente. Mas cuidado, sempre que for feita uma pergunta ao cliente, ele deve ver algum valor em responder. Não devemos tentar vender nada que não tenha a ver com as necessidades do cliente. Cada nova pergunta respondida é conhecimento acumulado a respeito do cliente e os colaboradores que têm contacto com o cliente devem ser treinados e incentivados a conhecê-lo melhor e a registar esse conhecimento nas bases de dados de clientes da empresa. Muitas empresas desperdiçam grandes oportunidades de conhecer melhor os seus clientes. 27 As empresas aéreas, por exemplo, têm na sala VIP os seus melhores clientes, entretanto não fazem nada com eles. Não lhes perguntam nada, apesar do facto deles estarem ali horas, à disposição de qualquer interacção. Quando a interacção é iniciada pela empresa, ela deve obedecer a duas regras básicas: 1. deve utilizar o canal de comunicação preferido do cliente 2. deve ter a permissão do cliente para utilizar esse canal. Uma mensagem da empresa enviada por correio electrónico aos seus clientes, sem que eles tenham dado permissão, pode gerar antipatia e fazer com que o cliente simplesmente feche esse canal de interacção. Além destas regras básicas, as mensagens devem ter algo de valor para o cliente. Se, apesar de ter autorizado esse tipo de interacção, insistentemente enviamos mensagens sem nenhum conteúdo de valor, o cliente pode também cancelar a autorização e nunca mais abrir esse canal de comunicação. Recentemente, citando o Peppers & Rogers Group, ao entrevistar uma gerente de uma grande empresa, perguntou-se o que ela sabia sobre CRM ou sobre marketing relacional. Com certo ar de medo, ela disse: “por favor, não me diga que CRM é ligar para a casa do cliente às oito horas da manhã de sábado para tentar vender uma assinatura de revistas!”Noutra entrevista, quando perguntado ao director responsável pelo call-center se a ligação do cliente também era encarada como uma oportunidade de venda, ele, após fazer uma careta, respondeu: “não é, e nunca vai ser! Isso não é telemarketing, é ‘telemassacre’! A nossa central existe para servir o cliente!”. Algumas lições podem ser tiradas destas duas conversas. Cada vez mais, no intuito de aumentar as vendas, as empresas estão a interromper a vida dos clientes ou de possíveis clientes, com comunicações impessoais que pouco têm a ver com suas necessidades. Estamos a reproduzir um modelo antigo, que tem criado enorme antipatia nos clientes. As chamadas de telemarketing geralmente ocorrem nos horários mais inoportunos — após às 19h e às vezes logo cedo, inclusivé aos sábados. Qual dos leitores ainda não recebeu uma ligação, provavelmente sábado de manhã, de uma certa organização para vender um produto ou um serviço? O horário de maior possibilidade de encontrar a pessoa em casa que toma a decisão de compra é muitas vezes inoportuno para quem recebe a ligação, justamente o cliente potencial. Como resolver este dilema? A resposta, embora simples e com suporte no senso comum, tem sido utilizada ainda com certa timidez. Basta pedir a permissão do cliente para contactálo. Simples, não? Essa forma de marketing foi baptizada por Seth Godin de Marketing de Permissão, no seu livro com o mesmo nome. 28 A ideia é simples: contactar o cliente somente após obter a sua permissão e através da forma de contacto preferida dele. A cada contacto, procurar aumentar o nível de permissão. Tornar a mensagem cada vez mais relevante para o cliente em troca desse aumento de permissão. Personalizar a mensagem de tal forma que o cliente passe a esperar por ela. Nunca violar ou abusar da permissão do cliente. seu tempo. Em qualquer caso precisamos, antes de qualquer coisa, identificar os clientes que têm a necessidade e a possibilidade de comprar. A abordagem deve ser autorizada, pois se não for pode destruir a relação com o cliente. Há casos de clientes que não compraram somente por causa da forma como foram abordados. Uma coisa é certa: o marketing de interrupção não constrói relações duradouras mas sim, muitas vezes as destrói. Quanto mais maduro e educado for o cliente, Como se obtém essa permissão? menos tolerante ele será a esse tipo de abordagem. É claro que não se vai pedir a permissão para ligar Devemos pensar nisso e mude o nosso comportapara o cliente ligando-se para ele. A regra geral é mento, como cliente e como fornecedor. que o primeiro nível de permissão deve ser “comprado”. A empresa deve incentivar o primeiro con- Um exemplo do que não fazer foi dado por uma opetacto através de uma linha 800, através da Internet radora de telefones móveis Brasileira, que usou a ou de outros meios, oferecendo algum tipo de in- caixa postal dos seus clientes para deixar uma mencentivo ou benefício para que o cliente inicie a inte- sagem de publicidade de um produto. Não só o produto oferecido nada tinha a ver com as racção. necessidades da maioria dos clientes, como eles tiDurante essa primeira etapa, devemos procurar veram de pagar para ouvir a mensagem. Pode-se obter a permissão do cliente para realizar futuros imaginar o atrito que isso acabou por gerar. contactos, oferecendo-lhe um benefício claro, que Algumas perguntas básicas, mas que devem fazer tenha a ver com suas necessidades. A cada nova in- parte do diálogo, são: teracção, procuramos conhecê-lo mais e aumentar • Gostaria de ser contactado? o nível de permissão. • Quando? Essa é a forma de vender através do call-center sem • Prefere que a marca entre em contacto consigo? “massacrar” o cliente. Quando o cliente liga com • Qual é a melhor forma de ser contactado? uma solicitação, temos uma oportunidade de ouro • O que pode ser feito para tornar mais fácil a relapara, conhecendo-o, ganhar a sua permissão para ção com a marca? • O que fizemos errado? abordá-lo para uma venda. A arte está em oferecer algo que tenha a ver com o que o cliente necessita, e não com o que precisamos de vender, sem invadir sua privacidade e roubar o 29 Outras dicas importantes: • Ter um objectivo claro • Não pedir coisas que já temos • Usar a forma de contacto preferida do cliente • Ser sensível ao tempo do cliente • Assegurarmo-nos de que o cliente vê valor no diálogo • Incentivar o diálogo através de números 800, páginas na Web, caixas de sugestões, etc. • Proteger a privacidade do cliente. não têm uma resposta directa ou quando a têm esta varia de um para o outro. O que é pior, é que se cria a expectativa de que o produto vai estar disponível na próxima visita, o que geralmente não acontece. Se não há como mudar o comportamento com base na interacção do cliente, simplesmente não devemos incentivar o diálogo. A forma de interagir deve levar em conta aspectos relativos à eficiência. Uma vez que os clientes têm valores diferentes para a empresa e os canais de Devemos por isso mudar o nosso comportamento contacto também, os mais caros devem estar priocom base na retroalimentação dos clientes! ritariamente disponíveis aos clientes de maior valor, e os de massa aos de menor valor. A Amazon.com tem incentivado muito a interacção dos seus clientes. Quando um cliente visita o Web Quantas vezes já se recebeu um questionário infinsite, recebe recomendações com base no seu his- dável de perguntas a respeito de aspectos pessoais tórico de compras. Porém, ao longo do tempo, se o da nossa vida e que começa declarando que o obcliente também faz compras para outras pessoas, jectivo do questionário é conhecê-lo melhor e assim acaba por existir uma “contaminação” dos dados, o prestar um melhor serviço? que faz com que as recomendações tenham cada vez menos significado para o cliente. Uma proposta de valor extremamente débil quando se trata de solicitar que o cliente use o seu bem mais Para solucionar esse problema, a Amazon.com precioso, o tempo, para oferecer dados pessoais agora permite que o próprio cliente diga para quem sem nada objectivo em troca. é o presente quando vai comprá-lo. Permite ainda, que o cliente exclua ou classifique os itens compra- Propostas de valor vagas ou inexistentes são a pior dos, ensinando à Amazon.com mais coisas a seu forma de incentivar o cliente a fornecer dados que respeito, sempre com a perspectiva das melhores não estão directamente ligados à transacção corecomendações – que é o que o cliente ganha ao mercial em questão. fornecer dados de preferências para a Amazon.com. Um exemplo: recentemente, ao passar pelo aeroNuma grande rede de supermercados, o caixa per- porto vindo do exterior, fiz algumas compras com gunta aos clientes, na saída, se houve algum item isenção de imposto (Tax Free). A senhora da caixa que foi procurado e não encontrado. Quando se per- perguntou-me se a minha viagem tinha sido por mogunta o que vão fazer com essa informação, ou eles tivos de trabalho ou de passeio. 30 Quando lhe perguntei o porquê da pergunta, ela não só não soube responder como também ficou espantada com a minha atitude (que confesso não é a atitude de seres “normais”). o questionário era longo e pedia desculpas por isso, mas surpreendente era a primeira pergunta: “há quanto tempo você é cliente do banco e em que agência tem conta?” (!). A partir do conhecimento das necessidades dos clientes, devemos personalizar os nossos serviços e produtos para fazer com que a experiência de fazer negócios com a nossa empresa seja única. A única forma de garantir um processo de interacção contínua é mostrar claramente que a interacção beneficiará o cliente de alguma forma. Isso só será possível se a empresa mudar o seu comportamento a partir da interacção com aquele cliente. A questão está directamente ligada a programas de CRM. Iniciativas de marketing one-to-one dependem da interacção com os clientes. Não há como manter um relacionamento sem interacção. Entretanto, a interacção tem de ter um objectivo claro para ambos os interlocutores – a empresa e o cliente. Quando o motivo não é claro, o cliente tem o direito de questionar o porquê da pergunta e a empresa deve estar preparada para responder o que o cliente ganhará em responder à pergunta. Idealmente, devemo-nos lembrar de tudo o que o cliente nos disse, independentemente do ponto de contacto, porque certamente o cliente lembrar-se-á de tudo que nos disse. Interacções genéricas e sem um objectivo claro são um convite à indiferença. O consumidor educado, muito assediado, será sem- Esta é outra forma de arrefecer a interacção: mostrar que a empresa não tem memória e não tem o pre mais e mais difícil de ser abordado. menor respeito pelo tempo do cliente. O banco tem esses dados. Porquê perguntar o que já se sabe? PERSONALIZAR Quanto mais personalizamos mais valor entregamos Por isso, na prática, certos tipos de diálogos só se ao cliente, que vê conveniência em continuar con- podem ter com os melhores clientes. Afinal, não é possível personalizar a atenção a todos os clientes. nosco. E para terminar, uma regra de ouro no que diz respeito à interacção: nunca, nunca fazer com que o cliente tenha de responder à mesma pergunta mais de uma vez! Devemos criar um ciclo de personalização e retroalimentação para que cada vez mais posÀs vezes chega-se ao limite do absurdo. Há algum samos, entendendo o cliente, fornecer o que ele tempo um banco brasileiro enviou aos seus clientes espera e da forma que ele espera. Devemos ainda um questionário de várias páginas. Reconhecia que adequar a nossa mensagem e o nosso diálogo à forma preferida do cliente. 31 A personalização é algo bem simples quando se conhecem as necessidades e as preferências do cliente, mas exige muita flexibilidade da empresa e treino adequado das pessoas que têm contacto com ele. Devem estar preparadas para mudar o seu comportamento de acordo com cada cliente. Se a empresa possui um Web site, a personalização pode ser levada ao extremo, com a disponibilização de conteúdo que tenha a ver exactamente com os gostos e preferências de cada um dos seus clientes. Porém, é importante ressalvar que o cliente espera essa personalização em todos os canais de contacto com a empresa. que possa produzir e entregar produtos como o cliente deseja. Um ano após um estudo sobre os melhores sites one-to-one da Web, o Peppers and Rogers Group, constatou que, dentre os 25 eleitos como os melhores, seis já não existiam. Não tinham operações capazes de suportar o grau de personalização a que se propunham. Isto mostra algo interessante: praticar CRM não vacina a empresa contra problemas operacionais. Se a empresa tem problemas básicos de processos não os vai resolver com estratégias de relacionamento com os clientes. Embora isso possa auxiliar a empresa a conseguir Quanto mais bem sucedida for a personalização, encontrar um caminho que a leve a recuperar a renmais simples e conveniente para o cliente é fazer ne- tabilidade, a simples utilização de iniciativas de CRM, gócio connosco. sem a concomitante revisão dos processos, não evita o colapso. Para personalizar, a empresa deve estar ciente da necessidade de desenvolvimento do back-office, para Em síntese: 32 3. A tecnologia de suporte ao CRM Alternativamente à instalação de soluções CRM nas empresas enquanto filosofia de negócio, os AnunSe por um lado, como já vimos, o Marketing na Em- ciantes poderão recorrer a outsourcing para a gespresa tem de estar “amadurecido” para que o CRM tão de Programas de CRM (Programas de seja uma necessidade e não uma imposição de um Fidelização) independentes da sua infra-estrutura qualquer Departamento ou do próprio CEO, por tecnológica, mas integrando os dados de Clientes já outro, as Tecnologias de Informação instaladas na existentes. empresa deverão, num estado mais básico, dar resposta aos níveis menos exigentes da informação, Estes projectos são liderados pelo Marketing e demas essenciais à sua saudável sobrevivência: Fac- verão ser acompanhados pelos Sistemas de Inforturação, Tesouraria, Pessoal, Logística,.... mação da Empresa, enquanto garante de princípios e normas internas. Estes níveis de informação de gestão deverão estar perfeitamente integrados na orgânica da Empresa e os seus quadros deverão dominar as aplicações instaladas, pois só assim estarão preparados para dar “o salto” para o CRM. É ilusão pensarmos que o CRM vem por si só resolver questões básicas da organização empresarial como a gestão eficaz de stocks, a facturação up-todate e outros procedimentos que boas Aplicações de gestão deverão fazer de uma forma muito mais simples e com uma relação custo/benefício muito mais satisfatória. 33 Isto porque se não forem claros os objectivos neste sentido, se não forem implementados mecanismos Mais importante que um Marketing preparado para de controlo e correcção de situações, o Cliente, por o CRM ou que a Tecnologia instalada ou a instalar, o muito bem tratado que seja ao balcão ou ao telefone, verdadeiro ponto crítico, em nosso entender, é a Cul- rapidamente vai perceber que aquela empresa não tura da Empresa. Esta é o garante do sucesso do é UMA mas várias, pois aquilo que lhe chega às mãos, p.ex., através da Assistência Técnica, vem de CRM. uma forma desintegrada, descuidada e não condiNão basta “dizer”, é mesmo preciso “fazer”, i.é., uma zente com o serviço que teve na loja daquela Marca. decisão de investimento em CRM implica uma forte E o nível de serviço, p.ex., deve ser único numa mudança no modelo de negócio da Empresa, aos di- mesma empresa. O modelo de negócio passa a cenversos níveis. O exemplo, também neste caso, deve trar-se em Segmentos de Clientes e não no Produto. vir de cima e só com um forte empenho da liderança, através de instruções claras e de unicidade é que • O CRM não produz resultados imediatos – o CRM, toda esta radical mudança na Empresa será inte- como já vimos, vai contribuindo para a construção riorizada e por conseguinte aplicada pelo restante de relações fortes entre a empresa e os seus Consumidores. No entanto, estas relações não vêm depessoal. finidas por defeito na Tecnologia de CRM e só após Enumeramos aqui algumas situações que apesar de o estudo aprofundado, com recurso a tecnologias parecerem muito evidentes têm sido francamente evoluídas de extracção de dados, análises estatístidescuradas aquando da implementação de soluções cas e de Data Mining será possível aproveitar a informação disponibilizada pelo Cliente. Esta CRM... informação será a base para a recolha de informa• O CRM tem de ter uma aplicação transversal – O ção adicional ao Cliente nos vários canais onde ele CRM não pode ser resultado de decisões de investi- vai interagindo com a Marca. Esta informação transmento avulsas e departamentais. Só aplicado a toda forma-se em conhecimento, valor único e não passível de ser partilhado nem usado pela concorrência. a Empresa o CRM produzirá resultados positivos. 4. A Cultura da Empresa • O enfoque passa a estar no Cliente – não é só o Call Center ou o pessoal que mais contacto tem com o público que deve ser formado neste sentido. Toda a organização o deve ser – começando no CEO, passando pelos quadros superiores, pelo pessoal Administrativo, Contabilidade, Financeiro, Informática, etc. É esta a grande oportunidade do CRM – tratar a informação de forma única e obter conhecimentos únicos sobre os nossos Clientes. Segmentando a informação diferenciamos a oferta e actuamos de forma mais dirigida, logo mais eficaz. Sendo assim, os resultados só se devem esperar a médio/longo prazo. 34 • O CRM não deve ser interrompido – Após iniciado, não se deve interromper um processo de construção de relações com os Clientes, sob pena de estes deixarem de confiar na empresa, correndo-se mesmo o risco de a abandonarem. Mais grave ainda, é a situação de descrédito a que podem chegar alguns sistemas de fidelização que, por não se encontrarem devidamente sustentados e apoiados, são interrompidos pelos seus proponentes. Dado o seu forte peso no mercado, estes casos podem vir a prejudicar a entrada/sobrevivência de sistemas homólogos, noutras áreas de negócio. 35 5. Os Parceiros na instalação do CRM Parece-nos pois imprescindível, a presença, desde o início do projecto de CRM, de uma empresa de MarAs soluções CRM têm sido implementadas nas Em- keting Relacional, fechando-se assim o circuito de presas através de um esforço conjunto das Consul- competências, conforme se encontra espelhado na toras e da Tecnologia (inclui-se aqui o figura abaixo. desenvolvimento de software). No entanto, esta prática tem-se demonstrado bastante ineficiente, na medida em que o único “caminho” para o Consumidor - a Comunicação - só aparece no final do processo e mesmo assim sem dele fazer parte integrante. - Mas se a base do CRM é o Cliente, como é que se pode descurar a Estratégia de Marketing Relacional para chegar até ele, da forma mais eficaz e rentável para a Empresa? - Se o CRM é a construção de relações fortes com os Clientes, como se podem instalar os vários canais directos de comunicação com o Cliente, sem atempadamente se criarem os automatismos de resposta suficientes para fazer face aos fluxos gerados pelos novos processos de aproximação ao mesmo? - Se o CRM permite recolher e tratar dados dos Clientes, como é que vamos construir os modelos de interacção com o Cliente, dispensando o conselho de uma empresa de Marketing Relacional? Estas são algumas das perguntas que têm ficado sem resposta aquando da instalação de Soluções CRM. Mais tarde, já muitas vezes a Empresa não está disposta a investir na correcção deste tipo de situações e o CRM perde assim muita da sua potencial eficácia. 36 6. Os Resultados Objectivos É fundamental adoptar métricas de avaliação das vá- Uma estratégia consistente de CRM permitirá atingir os seguintes objectivos essenciais: rias componentes do CRM. • Aumentar o lifetime value1 dos clientes Assim, indicamos aqui as áreas mais críticas que de- • Alargar o leque de serviços a prestar aos Clientes verão estar abrangidas por uma medição regular de • Fomentar o up-selling e o cross-selling • Evitar a saída de clientes da Marca performance da Solução de CRM: • Retenção de Clientes • Satisfação de Clientes • Perca de Clientes • Segmentação de Clientes / Ranking de Clientes • Lifetime value • Quota no Cliente • Nível de produtividade • Nível de competitividade CRM – inevitavelmente! Se o CRM é hoje uma necessidade indiscutível em qualquer organização que dependa dos seus Clientes para sobreviver (ou seja, em qualquer empresa!), há sectores de actividade em que já é difícil imaginar o presente – muito menos o futuro – sem um sistema de gestão e retenção de Clientes. Os sectores automóvel e moda são excelentes exemplos disso mesmo. Ou seja, permitirá fidelizar os Clientes à Marca, mantendo-os pelo maior tempo possível e aumentando o share of customer2 . Mas para atingir estes objectivos, é necessário cumprir pelo menos 4 regras base: • Coerência na comunicação – integração de conceitos e códigos capazes de unificar toda e qualquer mensagem da Marca • Oportunidade da comunicação – os momentos de contacto com o Cliente devem ter sempre uma justificação e devem enquadrar-se no 1Valor futuro do Cliente para a empresa, calculado em função do seu perfil de compras até à data, da sua idade, do seu estilo de vida e do seu potencial de compra. Quota no cliente – Em contraste com a Quota de Mercado, a Quota no Cliente refere-se à percentagem do negócio gerada por um Cliente ou grupo de Clientes. Razão entre o Valor Real (lifetime value) e o Valor Estratégico (potencial) 2 de um Cliente. 37 estádio de relação com a Marca e no ciclo de vida do produto (integração do marketing/marca com o marketing e comercial do retalho) • Respeito pela privacidade e especificidade de cada Cliente • Integração dos diferentes pontos de contacto a estabelecer entre a marca e o cliente A implementação de um sistema de CRM A adopção de um sistema de CRM deve ser muito bem programada e criteriosamente implementada em 3 fases: 1ª Fase: • Selecção de parceiro IT (suporte técnico) • Selecção de parceiro CRM (Comunicação, gestão e exploração da informação) 1 – Relationship Marketing – Criação e gestão de ciclos de vida completos, ao longo de todos os pontos de contacto e de todos os canais 2 – Database Management – Processos eficientes de suporte ao crescimento e consolidação da Marca 3 – Contact Center – Gestão de Informações, Sugestões e Reclamações. O EXEMPLO DO SECTOR AUTOMÓVEL Este é o sector onde a confiança na Marca mais determina o nível de fidelidade de um cliente. Estamos 2ª Fase: a falar de um bem duradouro, que implica um es• Implementação do sistema a nível técnico forço financeiro forte, que marca o estereotipo do • Recolha, compilação e migração de dados de Clien- seu possuidor e que, mal sai do stand, perde metade tes e Prospectos. Normalização, qualificação e des- do seu valor. Todas estas circunstâncias obrigam a duplicação. Exploração da informação, análises e uma maturação forte da decisão de compra e a um recomendações período mais ou menos prolongado de reflexão (no • Definição da Estratégia de CRM mínimo 3 a 6 meses). 3ª Fase: • Implementação e alimentação do CRM – construção de relações entre os clientes e a Marca (directamente pela marca e/ou através dos Pontos de Venda) • Formação continuada e acompanhada pela equipa de CRM (Cliente e Agência) O tipo de produto em causa – automóvel – é o gerador de muitas actividades satélite que existem para complementar a oferta do produto e fornecem valor acrescentado ao seu utilizador. Estamos a falar de serviços como a Pré-Venda, a Oficina, os Serviços Financeiros e o Após-Venda. Outros serviços no futuro complementarão a já tão vasta oferta de serviços disponibilizada pelos construtores aos seus 38 clientes, como seja a possibilidade de configuração - Comunicação EXPERIENCIAL Uma forma de Comunicação Proactiva, mas que asdo próprio automóvel à medida. sume uma importância autónoma, na medida em E tudo isto, porquê? Porque sem isto, nenhuma que permite gerar momentos de contacto directo marca sobreviveria na actual sociedade e desenvol- muito especiais. O Experience Marketing marca devimento da economia. A agressividade da concor- finitivamente o Cliente (ou o Prospect), facto que a Marca deve saber potenciar no futuro. rência não deixa ninguém dormir! O poder da comunicação “informada” O facto de se conhecer o Cliente e a sua relação com a Marca transforma a comunicação numa arma poderosíssima. Um programa de CRM pode prever 3 níveis de comunicação ao longo do ciclo de vida do Cliente, enquanto proprietário de uma viatura: - Comunicação PROACTIVA A Marca aproveita momentos especiais para surpreender o Cliente. A aquisição da viatura, por exemplo, deve ficar marcada no coração do Cliente como um momento especial. Cabe ao Marketing dinamizar esta vertente da comunicação, ao longo de todo o ciclo. 39 - Comunicação REACTIVA À medida que o tempo passa, a relação Cliente/Marca também evolui. Ao longo deste ciclo, surgirão diversos momentos de contacto que resultam da própria interacção do cliente com a Marca: um test-drive, uma assistência técnica, uma reclamação... são excelentes pretextos para agradecer a fidelidade e dar argumentos para que o Cliente não tenha olhos para outra marca. Cabe à área Comercial dinamizar esta vertente da comunicação, sendo o Programa de CRM o garante de que a mensagem certa surge no momento certo. O CRM NA MODA A Moda é o que é: uma tentação. E a tentação espreita em cada esquina. Ou num catálogo perto de si. Ou tão simplesmente online, à distância de um click. Falamos de impulso. O Cartão de Cliente assume normalmente o papel principal nesta relação, oferecendo muitas vezes vantagens cruzadas (noutros parceiros). Com ou sem crédito associado, o cartão de cliente regista e premeia a frequência e/ou o valor das compras, gerando um histórico que a comunicação deve saber aproveitar da melhor forma. Fidelidade dificilmente é sinónimo de exclusividade na relação com uma marca, quando falamos de Moda. A oferta é vastíssima. Os standards de qualidade são elevados e estão de tal modo democrati- “Sei quem ele é…” zados, que a opção por uma ou outra marca depende muitas vezes da conveniência e, acima de Saber quem é o Cliente, o tipo de artigos que costudo, do preço. tuma adquirir (homem, senhora, criança; clássico, moderno, desportivo…), a frequência média com que Em tempos de crise, é natural que a actividade se costuma comprar, é o melhor ponto de partida para ressinta. Para atrair clientes e dinamizar as vendas, desenvolver uma relação consentida. Uma relação as marcas socorrem-se de estratégias cada vez que se alimenta ao longo de todo o ano: mais agressivas. Para além dos tradicionais Saldos, passámos a ser aliciados com campanhas de Pré- - Comunicação EMOCIONAL Saldos. E a tendência mais recente são já os Des- A Marca procura surpreender o Cliente, falando-lhe contos quase no início da estação. em momentos especiais. O seu aniversário, o Dia do Pai ou da Mãe, o Dia dos Namorados, o Natal… ou Concluímos que “baixa de preços”, “descontos” e mesmo acções de Responsabilidade Social, em que “saldos” são palavras mágicas que funcionam como a Marca e o Cliente surgem como parceiros numa isco para atrair Clientes. Mas esta receita é válida mesma causa. para todas as marcas e por isso não constitui valor acrescentado nem factor de diferenciação. - Comunicação EXPERIENCIAL Cada vez mais, as Marcas sabem que ficarão por Uma estratégia de fidelização e retenção de Clien- mais tempo marcadas no coração dos seus Clientes é essencial no sector da Moda. O CRM surge tes se os fizerem viver momentos especiais. Por como a única forma de criar um verdadeiro elo de li- isso, são cada vez mais aquelas que introduzem esta gação ao Cliente, capaz de o reconhecer e tratar vertente na sua estratégia de marketing relacional. como único, independentemente da loja ou canal que Passagens de modelos, eventos desportivos, cultuutilize para contactar a Marca. É também a única rais… tudo motivos para trazer os seus clientes mais forma de permitir falar com o Cliente e fazer-lhe pro- fieis até si, para um “tratamento de luxo”. postas oportunas e convenientes. 40 - Comunicação RACIONAL O lançamento de uma nova colecção ou campanhas de Descontos/Saldos, são os momentos tradicionalmente mais assumidos para convidar o cliente a visitar a loja. 41 O PRESENTE DO FUTURO Double Income No Kids – DINK’s Jovens casais, entre os 25 e os 35 anos, não têm nem pensam ter filhos nos próximos tempos. Individualistas, em constante mudança, buscam o prazer e nada dispostos a fazer sacrifícios. Formar uma família não é sinónimo de renunciar a si mesmo. Entre o hedonismo e a impulsividade, vivem o prazer dos sentidos, o desfrutar da vida, a procura constante da qualidade, a sensualidade, a sexualidade – desta forma, a Millward Brown, no seu estudo “Jovens Famílias”- Mudanças, Tendências e Marcas, de Outubro. 2005, caracteriza um novo grupo de consumidores. beram logo que não funcionaria: faz parte da independência de cada um e da imprevisibilidade das suas vidas profissionais. No percurso para o trabalho, Joana não perde tempo: bebe um iogurte magro, come uma barra de cereais integrais e planeia o seu dia ao som das suas músicas preferidas gravadas no mp3. O Pedro, prefere a rádio, mas aproveita para fazer já alguns telefonemas. A bica e croissant serão já tomados no café junto ao escritório. Chegados ao trabalho, há espaço para uma olhada rápida a um jornal diário ou até mesmo a sua versão online. Em seguida, há mails para ver e responder, reuniões a realizar e decisões a tomar. As horas passam a correr e como o dia de trabalho nem semO dia começa cedo no T2 recentemente comprado pre tem hora certa para terminar, uma passagem pelo Pedro e Joana, num dos novos bairros ao sair no ginásio á hora do almoço para a Joana, e no fim da cidade. O telemóvel toca às 7.15h interrom- do dia quando possível para o Pedro, ajuda-os a alipendo abruptamente o seu sono. Joana é a primeira viar o stress, a manter-se em forma, a gozar um moa levantar-se, até porque gosta de cuidar de si com mento pessoal. tempo: um banho estimulante, um creme hidratante, uma selecção criteriosa de roupa e uma maquilha- A chegada a casa é entre as 20:00 e as 21:00h. O gem discreta que realce a sua beleza. O Pedro le- que fazer a seguir é intervalado por um evento ponvanta-se ao terceiro toque. Liga a televisão para tual (quer a nível profissional ou pessoal) e por uma ouvir as noticias, o tempo e o trânsito; barba e duche combinação táctica do que cozinhar para o jantar e são a contra relógio; os cuidados em frente ao es- perceber quem chega mais cedo para o fazer. Já em casa, percorrem os canais cabo, em busca de notipelho são bem mais demorados. cias, documentários informativos e algumas as séA tradição já não é o que era. Não há tempo, nem o ries. Para os filmes, o Home Cinema tem um papel hábito, de tomar o pequeno almoço sentados em preponderante na sua vida, e pelo conforto, trocam conjunto. Saem juntos, mas apenas até ao automó- muitas vezes o grande écran pelo cinema em casa. vel. Depois, cada um segue o seu caminho para o tra- Em paralelo, há sempre um outro ritual: uma ligação balho no centro da cidade, porque conciliar horários á Internet, o que significa ligar-se aos amigos, homebanking, pagamento de serviços, e alguma pespara irem no mesmo automóvel é algo que perce quisa de informação. 42 As reuniões com os amigos são uma constante. A vida social é muito importante na vida desta dupla, consideram mesmo ser determinante na própria saúde da relação. Os jantares são o ponto em comum que os reúne, sozinhos ou com os amigos. Com estes, formam um grupo intelectualmente desenvolvido e por isso tornam-se uma espécie de opinion leaders: discutem qualquer tipo de assunto, e todos têm sempre uma opinião a dar. No fim de semana, o tempo é outro! O importante é quebrar a rotina: reservam algumas manhãs para actividades pessoais (um desporto, um instituto de beleza), os almoços com a família e as tardes para os momentos a dois (um passeio, uma esplanada, compras); a noite volta ser dos amigos: um jantar em casa ou em bons restaurantes, uma passagem por um bar. Mas podem também ser aproveitados para viajar, experimentar e conhecer lugares novos. Mas todo o esforço tem de ser compensado; daí o culto do lazer, da casa como refúgio onde a tecnologia tem um lugar privilegiado, das viagens, e do consumo, associado aos novos símbolos desta geração: o dinheiro e o cartão crédito. O Dinki não faz compras do mês e tanto faz compras num hiper, como num super, como até na mercearia perto de sua casa. Tudo pode depender do tempo disponível e do factor proximidade. As compras para casa são, normalmente, feitas a dois, enquanto que as compras de artigos como roupa, sapatos, acessórios, é individual ou até mesmo com um amigo/a. Gostam de experimentar coisas novas; num mundo repleto de propostas, sentem-se seduzidos pelas marcas, mas não lhes são fieis. As marcas desejam os Dinkis, não só pelo seu poder de económico, mas também pela sua capacidade de influência e geração de tendências de consumo, criando as bases para o desenvolvimento futuro das mesmas. Com esse objectivo, usam argumentos e formas cada vez mais incisivas de se aproximar, conquistar e manter viva esta relação. Procuram encontrar no dia-a-dia deste grupo qualquer desculpa, ponto de contacto para se darem a conhecer, para os lembrarem da sua presença, para se reinventarem. Em suma: o seu dia é marcado pelo momento presente, pela afirmação da sua identidade, com tendência para o individualismo; mas, em simultâneo, procuram uma relação estável com o seu companheiro. Respondem com optimismo, espontaneidade, improvisação, suportado por uma maior disponibilidade económica. Ambicionam mais e melhor: um trabalho interessante e progressão profis- Os meios convencionais de comunicação continuam sional, um apartamento maior e bem equipado, um a ser muito importantes na construção da notoriedade e top-of-mind, mas, isoladamente, podem encarro melhor e estabilidade financeira. contrar-se numa situação de fragilidade no Procuram o Eu Ideal, a extensão da juventude: a nível contactocom um grupo que cada vez mais os utiliza físico (estar em forma), a nível psicológico (relaxa- de forma seleccionada, criteriosa e durante pouco mento), a nível do casal (atracção/sedução) e a nível tempo, e que, a pouco e pouco, se vai afastando. social (estética, imagem). 43 A sedução resulta de outro tipo de experiências, em pontos de contacto inovadores, de forte apelo individual e que induzam estes consumidores a passar à acção, estabelecendo uma ligação directa e interactiva como num “jogo de ténis”: a marca “serve”, jogando “a bola“ para o outro lado da rede, para o campo do consumidor, “batendo” forte, mas de modo a obter resposta também forte – actos de compra, necessidades, opiniões, provocações, e até outros jogadores para mais “partidas”. É no explorar deste jogo permanente que se vai cimentando a relação entre participantes, marcas e consumidores, que se vão conhecendo cada vez melhor, seduzindo, jogando de forma cada vez mais harmoniosa, construindo uma relação próxima e activa. Marketing Intelligence O objectivo do Marketing hoje é responder ao aparente paradigma: como comunicar de uma forma personalizada através dos grandes media, sentindo o consumidor que recebe a mensagem de uma forma que lhe é pessoalmente dirigida. sumidor e não metralhá-lo com comunicação em massa. Por criar relação de longo prazo e acção interactiva com o consumidor. A estratégia de conhecimento do consumidor passa por melhor preparar os produtos que o satisfaçam, passa por integrar todas as vertentes do marketing, para que haja uma grande eficácia na mensagem e na interacção. A informação recolhida sobre os consumidores pode ser o segredo do sucesso, sobretudo nos produtos de grande consumo. Nestes casos, é necessário preparar a melhor forma de recolha, para que essa informação seja a ideal e não recolher informação a mais, que depois atrapalha o essencial. Quando executada por especialistas, a recolha da informação, Data Mining, é, logo à partida, um passo importante para uma boa gestão dessa mesma intelligence, levando de seguida a uma integração num processo de segmentação do consumidor, absolutamente fundamental para uma boa análise de reacção. A informação é, em si, um valor a ter em conta quando definimos uma estratégia de marketing, Se seguirmos o exemplo da recolha selectiva de indesde a fase de planeamento até à sua execução in- telligence realizada por outros sectores mais sensítegrada. veis, entendemos que apenas alguma informação é útil e que recolher a totalidade da informação, indeO planeamento de marketing continua, na maior pendentemente da sua relevância, é caro e dispenparte dos casos, a ser realizado de dentro para fora, sável. orientado para os produtos e pouco pelos consumidores, programado pela mensagem que se pretende Para que a informação possa ser útil, é necessário passar e pouco pelo que os consumidores podem que os programas de marketing relacional sejam querer receber. elaborados para a rentabilidade de meios e racionaO futuro passa por orientar a comunicação pelo con- lidade de operações. 44 Programas de fidelização e relacionamento com o consumidor têm que ser integrados em toda a estratégia de marketing e comunicação das marcas. Será que os responsáveis de marketing já apreenderam a importância dos dados disponíveis, através de programas relacionais, e que podem ser utilizados em processos de adaptação de produtos e serviços aos gostos, interesses e necessidades do consumidor? Hoje, é indispensável uma visão dos clientes a 360º, que permita às empresas e aos seus gestores uma melhor adaptação à realidade de mercado, um melhor conhecimento de todas as faces do cliente. Para tal, é indispensável que se utilize mais as ferramentas que se encontram disponíveis e que haja uma crescente adaptação ao que se espera no futuro. A eficácia demonstrada em estudos de reacção ime- Tecnologia, para que te quero. diata dos consumidores às campanhas globais de comunicação é prova de que nem sempre a reacção O papel da tecnologia no marketing relacional é fundos consumidores aos produtos/serviços ofereci- damental, uma vez que se pretende atingir os sedos pelas marcas é a esperada e que as campanhas guintes objectivos: de produto podem não ser adequadas. - Automatizar rotinas e tarefas repetitivas - Identificar leads importantes para o negócio O Marketing Relacional ao serviço da comunicação - Identificar clientes através do seu potencial - Gerir clientes proactivamente global - Compilar e coordenar informação dos clientes Pode haver uma muito considerável economia de es- - Reduzir custos evitando esforços desnecessários forços ao aproveitar a informação que os programas de fidelização dispõem, quase sempre podendo Os programas de CRM e Marketing Relacional, em antecipar essas mesmas reacções através de tes- geral, permitem hoje: tes junto dos clientes fieis que aderem a esses pro- Criar, gerir e executar campanhas de uma forma gramas. mais eficaz Nestes casos, é fácil demonstrar a eficácia da re- - Integrar os vários canais, gerindo melhor a comupresentatividade desses mesmos consumidores nicação que, está provado com casos de sucesso, estão - Criar campanhas dirigidas a anteceder o esforço muito disponíveis para testar novos lançamentos, re- de venda formulações de produto ou mesmo adaptações aos - Executar campanhas muito dirigidas para a pessoa certa, sempre seus desejos. - Analisar as campanhas para obter um melhor ROI - Adequar os esforços de marketing aos clientes 45 Estamos a entrar numa nova era de marketing e comunicação: mais respeitosa, menos paternalista, de busca de diálogo e não de monólogos, de resposta e não de fórmulas mágicas, privilegiando a A forma tradicional de conhecer as reacções do consumidor, os estudos de mercado, vem sendo substituída com vantagem pela leitura da reacção directa, muito mais comportamental, mas igualmente quantificável para ir ao encontro das expectativas do marketeers. tes. Para isso, os especialistas em MR socorremse de instrumentos de fidelização preciosos que colocam ao serviço das Marcas. Surge então uma questão, até aqui sem resposta objectiva: - Como é que o Consumidor percepciona os esforços das Marcas para os Fidelizar? A One-to-one decidiu aprofundar esta questão e desenvolveu o 1º Estudo de Mercado3 - centrado no Consumidor Português e na sua relação com ProLonge vai o tempo em que de P’s se fazia o Marke- gramas de Fidelização. Partilhamos consigo algumas ting. Estes deram lugar aos C’s, reconhecendo a im- das principais conclusões a que chegámos. portância do Consumidor, da Conveniência, da Comunicação e do Custo. Muitas outras teorias se INSTRUMENTOS DE FIDELIZAÇÃO seguiram e muitas surgirão no futuro. Mas uma Cartão – Sim… ou mais não? coisa é certa: O Cartão, enquanto instrumento de fidelização, con- O Consumidor é a razão de existir de qualquer tinua a ser pertinente, ou terá os dias contados? Marca! Como Consumidores que também somos, assumimos muitas vezes que “já são Cartões a mais”. Mas A consciência do papel central que o Consumidor será esta a opinião generalizada? ocupa no Marketing dos dias de hoje tem contribuído para o desenvolvimento de inúmeros Estudos de Deste Estudo, conclui-se que é importante que exista Mercado nos últimos anos. Novas tendências, novos uma prova física que materialize a relação grupos de interesses, novas atitudes, novas relações Marca/Consumidor. Quanto mais sólida for essa com os media, novas oportunidades... muito se tem prova, mais forte a relação tenderá a ser. Caso conevoluído no conhecimento do Consumidor. trário, a relação torna-se distante. O Cartão de O QUE PENSA DISTO, SR. CONSUMIDOR? Mas quando falamos de Marketing Relacional, a necessidade de conhecimento vai mais fundo. Tudo o que fazemos, ou dizemos, tem de ser capaz de gerar uma reacção (interacção). Um diálogo de palavras, reacções e emoções que, ao longo do tempo, contribuirá para construir relações cada vez mais for- Estudo realizado em Out/Nov 2005. Universo: indivíduos de ambos os sexos aderentes a Programas de Fidelização, entre os 25 e os 54 anos, residentes na Grande Lisboa e no Grande Porto. Metodologia Quantitativa: 500 entrevistas telefónicas. Metodologia Qualitativa: 2 reuniões de Grupo, uma em Lisboa, outra no Porto, com 10 participantes cada. 3 46 Cliente surge como a forma mais prática e mais con- A possibilidade do Cartão de Cliente funcionar também como Cartão de Crédito não é muito valorizada veniente de dar corpo à relação. à partida, na medida em que, quando adere a um Mas o Consumidor revela-se pragmático. Para si, o programa de fidelização, o Consumidor procura, Cartão serve apenas um objectivo: dar acesso a des- acima de tudo, vantagens promocionais e não financontos! Não gera qualquer sentimento de pertença ceiras. No entanto, a possibilidade de vir a aderir ao crédito é remetida para o futuro, mas não é descarou exclusividade. tada. A dinâmica de utilização de um Cartão está directamente relacionada com a dinâmica de comunicação VANTAGENS da Marca. Ou seja, é importante ir dando motivos Quais valoriza mais? para o Consumidor se lembrar de o utilizar. De entre as vantagens mais valorizadas pelos ConCartões de Fidelidade sumidores no âmbito de Programas de Fidelização, • 90% dos entrevistados possuem um ou mais Cartões de Fi- destacam-se com mais referências espontâneas: delidade. • Os principais motivos de adesão a um Cartão são o acesso a Promoções (35%), brindes (28%) e Concursos exclusivos (16%): • 60% dos possuidores de Cartões afirmam utilizá-los regularmente. • Entre os não utilizadores, o principal motivo é o facto de terem deixado de ir à loja/quebra de relação com a marca (50%), enquanto cerca de 25% afirmam não valorizar as vantagens. • Aqueles que já utilizaram o cartão, mas que deixaram de o utilizar, justificam-no essencialmente pela inércia/esquecimento4 (75%). Este é também o principal motivo que justifica a não adesão a programas de fidelidade consubstanciados em cartões (65%). 47 - Concursos e sorteios (43%) - Cartão de cliente (42%) - Vantagens em parceiros (42%) - Ofertas/Brindes (39%) - Vales de desconto (32%) - Acesso a Descontos (30%) - Crédito sem juros (29%) Conclui-se que o Consumidor valoriza vantagens tangíveis, programas que o próprio pode facilmente monitorizar e sistemas de redenção rápida. Não são valorizados programas de fidelização que apresentem prémios magníficos, mas que na prática sejam de difícil acesso. A falta de comunicação das marcas surge aqui como grande responsável pela falta de interesse dos consumidores nos Programas de Fidelização e nos Cartões em particular. Uma estratégia de Marketing Relacional eficaz pode e deve relançar estímulos à sua utilização. 4 Conclui-se que o Consumidor valoriza vantagens tangíveis, programas que o próprio pode facilmente monitorizar e sistemas de redenção rápida. Não são valorizados programas de fidelização que apresentem prémios magníficos, mas que na prática sejam de difícil acesso. - o Consumidor ganha duplamente e, sempre que beneficia de vantagens nos parceiros, está a reforçar os seus laços com a Marca. Estas vantagens em parceiros são vistas como uma mais-valia do Programa, mas não como motores de adesão ao mesmo. A COMUNICAÇÃO Gosta que as Marcas falem consigo? Cerca de 85% dos inquiridos afirma costumar receber comunicação das Marcas. Quando questionados sobre a frequência com que as Marcas se lhe dirigem, ressalta a frequência mensal (40%) e a triO Consumidor não está disposto a esperar muito tempo para poder beneficiar de um prémio. A não mestral (38%). Para 70% dos entrevistados, trataser que este seja de tal modo aliciante que “a es- se de uma frequência regular, enquanto 25% deste pera” acabe por funcionar como investimento. É o universo considera um ritmo demasiado elevado. caso dos Programas de Passageiro Frequente, das companhias aéreas. Os descontos – imediatos ou vales de desconto – surgem como preferência face aos brindes, que muitas vezes são percebidos como de qualidade e utilidade duvidosa. Outras vantagens, como informações privilegiadas sobre produtos, acções, novidades... são consideradas muito interessantes, mas só por si não vinculam o Consumidor à Marca. Se no âmbito de um Programa de Fidelização a Marca oferecer também vantagens noutros parceiros, isso é... o ideal! É uma espécie de 2 em 1: - a Marca demonstra que não se poupa a esforços para satisfazer o seu Consumidor e que tem capacidade de negociar e surpreender. 48 No contacto com o Consumidor é aceite a utilização dos vários suportes. Mas a opção por cada um deles deve depender do objectivo da acção e da mensagem a ser veiculada. O telefone (voz) é considerado o meio menos aceite para contactar os Consumidores, no âmbito de um Programa de Fidelização. Os canais de comunicação preferenciais são: • SMS – Ideal para acções relâmpago – Rapidez, urgência – Ex: clube de vídeo que avisa que pode reservar os filmes para o fim-de-semana • Correio – Informação para ler com comodidade – Formal, íntimo – Ex: aniversário, lançamentos, acções especiais • Internet – Acção dinâmica – Rapidez, oportunidade, descomplicado, utilização de som Ex: saldos, promoções, festas. Costuma interagir com as Marcas? 18% dos Consumidores entrevistados afirmam participar em concursos, promoções e passatempos. Destes, 61% preferem participar através do preenchimento de cupão na loja, contra 29% que preferem enviá-lo por correio. O SMS, como forma de participação em passatempos, representa já 10% das preferências e assume maior representatividade junto dos targets mais jovens. 49 Quanto vale a Amizade? Partilhar as vantagens da Marca com um amigo... sim! Se ganhar alguma coisa com isso e – muito importante! – se não for complicado ou não exigir grande esforço. É esta a conclusão a que chegamos. As Mulheres assumem-se mais disponíveis para recomendar Marcas às suas amigas. A faixa entre os 35-44 anos surge neste estudo como a mais receptiva à partilha e recomendação. O motivo da recomendação de uma Marca a um amigo prende-se, na maioria dos casos, com os prémios em causa (50%), sendo a confiança na Marca o segundo motivo mais referido. Apesar de, só por si, a confiança na Marca não ser Compras online motivo suficiente para a recomendação, é no entanto assumido que esse pressuposto é indispensá- Cerca de 35% dos inquiridos afirmam ter hábitos revel para que o Consumidor aceite partilhar a sua gulares de acesso à internet, sendo o sexo masculino aquele que apresenta o maior índice de adesão preferência pela Marca. (68%). VENDA À DISTÂNCIA Procurámos entender como se processa a relação com as Marcas, quando não existe um canal directo que facilite o contacto. Até que ponto o Consumidor entende e adere aos códigos da venda à distância, quer online, quer offline. 40% dos inquiridos afirmaram já ter efectuado compras à distância. Esta percentagem aumenta substancialmente quando isolamos o sexo feminino. Quanto aos canais privilegiados para efectuar com- Relativamente ao local de acesso à internet, é de pras à distância, conclui-se que o correio continua a realçar o facto de 44% já o fazerem a partir de casa, reunir a maioria das preferências (50%), sendo a compra por catálogo a principal responsável por esta realidade. Com 22%, em igual posição, surgem o telefone e a internet, demonstrando a crescente Sendo que 48% acedem exclusivamente no local de trabalho. Quanto ao tipo de sites que costumam visitar, destacam-se os de cinema e as rádios online, seguidose nas preferências os jornais e as viagens. 50 Como principais freios, foram referidos os seguintes: • Insegurança nos procedimentos • Formas de pagamento • Limitações do suporte (computador, electricidade, internet) • Tempo entre pedido e experimentação. Os principais produtos adquiridos online são livros e CD’s, embora as viagens surjam já com 15% das preferências. Neste sentido, foram destacadas como funcionalidades mais interessantes, num site de comércio electrónico, a consulta de artigos (43%) e de preços (22%). A compra on-line ainda apresenta alguns receios, Da análise efectuada, concluiu-se que a internet as- mas a consulta on-line é cada vez mais aliciante, pela sume um papel cada vez mais importante na deci- rapidez e comodidade que lhe estão associadas. são de compra dos portugueses, embora muitas vezes a compra não seja efectuada por este canal. A reacção à compra on-line pode estar associada à resistência à alteração de comportamentos (quesComo principais factores de atracção, foram referi- tões de segurança), ou à necessidade de ver o prodos os seguintes atributos: duto. • Praticidade • Comodidade Relativamente aos Programas de Fidelização, ficou • Rapidez demonstrado que este é um canal a explorar ao nível • Entrega normalmente rápida da comunicação, apesar das resistências que foram • Diversidade de consulta, comparação e escolha. detectadas quanto ao acto de compra online. 51 CONCLUINDO... O Consumidor não é distraído. Se não repara na sua Marca é porque não está a usar os trunfos certos. Se repara na sua Marca, mas não se deixa conquistar, das duas uma: ou não valoriza os seus atributos (não sente necessidade/ apetência), ou não soube chegar-lhe ao coração. Possivelmente, mesmo ao seu lado, uma outra Marca estará a piscar-lhe o olho, numa atitude mais irresistível. O consumidor não é distraído... nem ingénuo! vantagens reais do Programa, se não mantiver um contacto regular, capaz de manter a chama acesa... então o Consumidor desliga-se. Esquece. Mas não apaga a Marca da sua memória. Pior que isso: riscaa! RECOMENDAÇÕES Este Estudo de Mercado vem ajudar-nos a cimentar algumas ideias que a experiência de vários anos nos permitiu intuir, mas sobretudo permite-nos assumir com maior segurança algumas recomendações base: » Antes de iniciar um Programa de Fidelidade, defina Tem perfeita consciência de que as Marcas se des- claramente os seus objectivos imediatos, de médio e dobram em manobras de sedução para o conquis- de longo prazo. Mantenha-os sempre presentes e tarem. E sabe – aliás, conta com isso! – que depois actualizados! E se não estiver seguro de poder cumde preencher um “inocente” cupão, ou depois de se pri-los, é preferível não avançar. Ainda... registar online, a Marca vai passar a namorá-lo e so» Reúna toda a “informação Cliente” num único subretudo a mimá-lo. Uns gostam... e aderem a Programas de Fidelização. porte de dados e assegure os acessos necessários, em real time, de modo a garantir que a informação Outros não... esteja disponível transversalmente à empresa (e a O consumidor que adere, fá-lo de uma forma inte- eventuais parceiros que assegurem o contacto com resseira. Espera da Marca todas as atenções e van- o Consumidor). tagens exclusivas. Iniciar um Programa de Fidelidade é, na perspectiva do Consumidor, assumir o com- » Crie linhas de comunicação e atendimento ao Conpromisso de construir uma relação activa. Cabe à sumidor, que facilitem o acesso a informações, suMarca o papel de dinamizador. O Consumidor aceita gestões e – muito importante – reclamações! a moeda de troca: é preciso interagir, respondendo Lembre-se que um Consumidor que reclama não é à curiosidade da Marca, experimentando novos pro- indiferente à Marca... Transforme um episódio dutos/serviços, dando provas de fidelidade (con- menos feliz numa oportunidade. sumo). Mas se a Marca não estiver à altura das expectati- » Comunique de forma eficaz. A mensagem a passar deve ser clara e objectiva, mas sobretudo capaz vas que criou, se não for capaz de demonstrar as de gerar uma reacção. 52 » Segmente a sua Base de Dados de acordo com os objectivos. Os Consumidores não são todos iguais e a mensagem que precisa de comunicar num determinado momento, em princípio, não interessa a todos! empresas vivem dos eus clientes, da capacidade de satisfazer as suas necessidades e de os manter felizes. Nunca como agora a designada “Gestão de Sorrisos” fez tanto sentido. Mas muitas empresas ainda encaram a reclamação como um problema e não como uma oportunidade. » Aposte na simplicidade das mecânicas. É bom ser original, mas sem complicar! O Consumidor não está “A complaint is a gift” disposto a fazer grandes esforços para aderir ao convite de interacção das Marcas. O número total de Clientes insatisfeitos, atinge valores 15 a 95 vezes superior ao número de Clientes » Assegure-se de que as vantagens são facilmente reclamantes, uma grande proporção dos Clientes percebidas pelo Consumidor. Não espere que ele as descontentes, recomenda negativamente a emprocure nas entrelinhas. presa, tendo o “passa palavra” negativo um impacto 4 a 10 vezes superior ao positivo, potenciado pelo 7. A Gestão de Reclamações impacto que a Internet e as mailings list’s têm nesta É um elemento central no Marketing Relacional. As divulgação negativa. 53 Outro dado importante é que 96% dos Clientes in- tão de reclamações deve ser o de evitar a criação satisfeitos não reclama pois encara a reclamação de terroristas. O boato é aqui um elemento poderocomo uma perda de tempo. síssimo, pois é capaz de ampliar a capacidade ou incapacidade da empresa em gerir a reclamação. A perda de Clientes por insatisfação traduz-se numa Reclamação como oportunidade: significativa redução de lucros potenciais, no período esperado de relacionamento com esses Clientes Encarada como uma oportunidade, a gestão de reclamações permite: A atempada e eficiente resolução do problema, resulta em elevados níveis de retenção/recuperação • Corrigir problemas, • Incorporar ideias construtivas para melhorar as soluções em vários níveis: tendo um impacto multiplicador nos índices de sa- – melhorar os produtos, e o serviço – melhores práticas de marketing & comunicação, relacionamento e atendimento – transformar material promocional em material informativo tisfação dos clientes e respectiva divulgação. Clien- – estar mais próximo do cliente tes cujas reclamações foram adequadamente resolvidas transmitem-no a cerca de 15 pessoas. A Se problemas e falhas ocasionais são de algum resolução acima das expectativas do Cliente, induz modo inevitáveis, Clientes insatisfeitos são perfeiem níveis de lealdade mais elevados do que no caso mente evitáveis! de Clientes que nunca reclamaram. Uma adequada gestão de reclamação e recuperaA satisfação induz lealdade e retenção: ção deve transformar um cliente aborrecido e frustrado num cliente leal e satisfeito. E a recuperação Um cliente satisfeito é de algum modo leal... Um efectiva do cliente pode melhorar os índices de afinicliente muito satisfeito é imensamente leal. dade e retenção como se pode observar no quadro anterior. A criação de apóstolos positivos ou após tolos negativos (designados de terroristas) é hoje em dia um dos factos mais importantes na gestão de clientes. Mais do que gerar apóstolos positivos o foco da ges- 54 Em situações de insatisfação, como proceder de modo a destruir o menos possível o nível de retenção e lealdade? A ênfase deixa de ser no custo de agradar / recuperar um cliente para incidir no valor acrescentado dessa atitude / resultado. Para tal deve-se actuar na amplitude de acção dos front office – sentido de justiça e vanguarda da competitividade do serviço ao cliente. A recuperação do cliente permite taxas de rentabilidade interessantíssimas: 55 • Valor da retenção de quem reclama, - Vendas não abandonadas, - Novas vendas e referências positivas •Não é agradável falhar... no entanto querer sempre ouvir quando ocorre, A ignorância é um perigoso inimigo. Apenas uma pequena parcela dos insatisfeitos chega a reclamar, dando assim oportunidade à marca de corrigir, o que nos deixa uma conclusão importante: A insatisfação sem reclamação é um problema! A Gestão de Reclamações – Vantagens: • Melhor imagem • Lealdade dos Clientes • Perda de Clientes inexpressiva • Aumento da quota de mercado • Noção realista do grau de satisfação • Constante melhoria de produtos e serviços • Melhores relações internas • Rentabilidade acrescida Apesar de uma politica de recuperação representar custos, é fundamental entender que uma má actuação e a consequente insatisfação tem um custo que não controlamos, pois o custo de substituir um cliente é várias vezes mais alto que o custo de manter um já existente. Uma adequada gestão relacional assegura menores investimentos comunicacionais dirigidos à conquista, (com difícil análise de resultados), e possibilita maiores investimentos comunicacionais dirigidos à base de clientes. O Papel dos Gestores de Reclamações: Não gere reclamações quem quer (será que alguém quer?), mas sim elementos da empresa importantes na relação com clientes e que devem ter algumas características próprias: • Serem pacientes, • Articular os interesses da marca com os do cliente, • Sugerir alterações à estrutura, politicas e procedimentos, O envolvimento do Top Management é crítico no su- • Conhecer detalhadamente os processos, cesso da gestão de reclamações, e no sucesso dos • Possuírem experiência noutros departamentos programas de CRM em geral. É fundamental na pode ser uma vantagem, forma como internamente se transmite a motivação e o incentivo à satisfação dos clientes, sendo impor- A reclamação deve ser facilmente acessível aos tante a clarificação da cultura e da postura, é ne- clientes, pois reclamações resolvidas de imediato cessária amplitude de manobra na hierarquia para a contribuem para menor nível de insatisfação e frusresolução das reclamações de forma efectiva, justa, tração e a maior rapidez na reso rápida e cortês, sendo um processo a ser monitorizado e revisto constantemente para uma boa gestão e partilha da informação, para correcção dos processos internos. 56 resolução corresponde a maior eficiência e econo- ções, mia. • Assegurar que a perspectiva dos clientes é adequadamente incorporada no processo de decisão da companhia Principais Passos na Gestão de Reclamações: A Gestão de reclamações incorpora as seguintes 1. Recepção da reclamação, componentes: • Promover, facilitar e pedir desculpas em nome da • Cultura, marca, encorajar os clientes a dizerem exactamente • Organização, o que querem • Processo, 2. Registo e arquivo (papel ou base de dados), • Avaliação de resultados. • Catalogar, classificar de modo a poder ser consul- » Ratio de resoluções no 1º contacto tado, fácil identificação, facilitar a análise » Ratio de resolvidas vs não resolvidas 3. Processamento da informação, » Ratio de fundamentadas vs sem fundamento • Recolha de toda a informação relevante, encami- » Ratio de reclamações vs correcções implementanhar para resolução, alocar um gestor, passar a um das outro nível de autoridade se necessário, » Timming da resolução vs timming da alteração 4. Dar conhecimento ao cliente, •Resposta personalizada, não evitar esforços para Em checklist: entrar em contacto com o cliente 5. Análise e research, • De que forma a repetição de compra é para nós • Para que o sistema seja justo é necessário reco- importante? lher informação e ter todos os lados da historia • Existe um sistema de procedimentos na gestão de • Guarde todos os relatórios referentes ao processo reclamações? 6. Proposta e resolução, • O staff da empresa tem noção da importância do • Dar conhecimento aos envolvidos – funcional e hie- sistema? rárquico • Existem incentivos de reforço ao aumento da con• Mantenha o cliente informado centração na satisfação dos clientes? • Logo que exista uma resolução informe o cliente • A reclamação é facilmente acessível pelos clientes? 7. Follow up, • O sistema está organizado de modo a que : • Verificar se a resolução é do agrado do cliente. Foi efectivada? 8. Relatórios, estatísticas e conclusões. • Produzir estatísticas e propostas de ajustamentos aos processos, • Desenvolver acções que minimizem as reclama- 57 • Os funcionários da linha da frente possuam a amplitude de decisão e responsabilidade para resolverem reclamações? • Reclamações mais sérias e em maior escala são entregues a um gestor de reclamações? • Existe treino e formação na área das reclamações? • Procuramos obter feed-back quanto ao nosso sistema de reclamações? • Usamos o sistema para controlo de qualidade, prevenção de problemas, relatórios internos, e propostas? Em síntese a para termo uma ideia das razoes pelas quais as empresas perdem clientes enunciamos um estudo McKinsey: Porque abandonam os clientes? 1% Morrem 3% Mudam de residência 5% Deixam de comprar 9% Preço 14% Insatisfação com a solução 68% Atitude de indiferença Os novos clientes de uma empresa são na sua maioria clientes insatisfeitos da concorrência. 58 Muito mais que uma ferramenta na gestão da relação com os clientes 2. 2ª parte: CRM Muito mais que uma ferramenta na gestão da relação com os clientes Desenvolver a relação Um programa de Marketing Relacional vive da capacidade de “encantar os consumidores”: Usar a palavra certa, no momento certo… 1. Estratégias de Retenção e Lealdade Se os clientes não são todos iguais… Demonstrar que o cliente é o mais importante para a marca… Surpreendê-lo e recompensá-lo pela fidelidade… se não têm todos as mesmas necessidades… se têm diferente valor para a marca… então faz sentido tratá-los de forma diferente! É nos Clientes de maior potencial que faz sentido investir mais. Devemos apostar no crescimento do cliente na marca (quota no cliente vs. quota de mercado) e ter a coragem de abandonar aqueles que não forem rentáveis. 2. Programas de Lealdade e Rendibilidade do Cliente Incentivá-lo a ir mais longe na relação… A importância da comunicação A estratégia de comunicação assume um papel capital num programa de Marketing Relacional: • a frequência da comunicação • os motivos de comunicação (“porque sim”… nunca!) • os canais a utilizar (offline, online) • os incentivos… 62 nada pode ser deixado ao acaso. Ranking de Clientes procura cada vez mais no contacto com o produto, com a marca, com o conceito oferecido – o consumidor que procura uma experiência e não apenas um produto. A análise da BD de Clientes permitirá identificar diferentes perfis, que darão origem à criação de seg- Talvez seja a altura de lhe pedir, como leitor e como mentos – grupos com comportamentos consumidor, a resposta para a seguinte questão: semelhantes. “Qual foi e onde foi a melhor experiência que teve como consumidor?” Para cada segmento deverá ser definida uma estratégia, com objectivos claros. Foi numa loja com excelente atendimento? Numas Clientes muito especiais, com elevado potencial e for- férias no hotel onde esteve hospedado? Na compatemente rentáveis para a marca devem ser acari- nhia aérea onde viajou o Verão passado? No resnhados e... surpreendidos! taurante que não conhecia e foi atendido como se fosse cliente de há anos? Quando foi ao futebol e a 3. Estratégias de Promoção da Lealdade sua marca preferida de bebida lhe ofereceu a oportunidade de viver um jogo fantástico? Tente visualizar O Marketing Experiencial surge então como um ins- uma experiência na sua cabeça, reviva-a, penso no trumento poderoso, que não podemos usar para local onde estava, relembre tudo o que o rodeava dutodos, mas que é profundamente eficaz para alguns. rante esta experiência e lembre-se como se sentiu antes, durante e depois desta. O mercado, tal como o conhecemos e como já vimos atrás, tem vindo a sofrer transformações profundas Na maior parte das vezes é-nos difícil lembrar este e nós encontramo-nos neste momento no meio de tipo de experiências, porque de facto são poucas as uma revolução profunda liderada pelo consumidor que nos acontecem, que nos são proporcionadas, cada vez mais esclarecido exigente e com maior mas se a questão for colocada noutro sentido e perpoder de decisão, que já não responde simples- guntarmos se nos lembramos de alguma experiência desagradável nestas situações, decerto que as mente ao poder dos media ou à origem da marca. respostas serão em maior número! Esta revolução obriga-nos a repensar os modelos de marketing tradicionais, não só os modelos como os Hoje o consumidor procura respeito, reconhecibenefícios que este associa a cada produto ou ser- mento e comunicação relevante. E a melhor maneira viço, benefícios estes que já não podem ser virados de lhe proporcionar o que ele pretende é através da para o cumprimento de objectivos da empresa como experiência que lhe podemos oferecer, porque as exfidelização e aumento de quota de mercado, índices periências são pessoais, relevantes, memoráveis, de notoriedade etc. mas sim para o consumidor que sensoriais, emocionais, logo significativas. 63 Esta evolução teve origem neste início de século, principalmente devido a 3 fenómenos específicos: 1 – A omnipresença de informação; 2 – A supremacia da marca; 3 – Tudo se torna uma forma de comunicar. Se não concordam, veremos: A omnipresença de informação está associada a novas tecnologias, mesmo que ainda não esteja a acontecer, no futuro, toda a informação que puder ser digital, será mesmo, o que levará a que tudo seja comandado por informação tecnológica. Basta olhar para alguns exemplos cinematográficos que há uns anos revelavam tendências futuristas que hoje são já uma realidade e basta olhar à nossa volta que podemos ver que estamos rodeados de inovações tecnológicas e que estas estão a entrar nas nossas vidas a velocidades estonteantes o que faz com que as nossas necessidades mudem e se tornem cada vez mais voláteis. Onde adjectivos como customização, rapidez e conveniência se tornam essenciais e são cumpridos pelo rápido desenvolvimento tecnológico que no futuro irá permitir, pela maneira como já se integram nas nossas vidas, a ligação cada vez mais rápida e interligada entre o mercado e o consumidor, a qualquer hora em qualquer altura a partilha de experiências será uma realidade. Marca, branding, love brands, retro brands, marca, marca, marca, hoje tudo gira à volta dela. Já não falamos de produtos ou serviços mas de marcas. A supremacia da marca é já uma realidade, um bom exemplo é o esforço das empresas em melhorar cada vez mais a sua marca, valorizando-a, tornando- a num activo da empresa, no principal “produto” que se desdobra e multiplica em aplicações, tornandose omnipresente nos locais habituais e nos locais menos esperados ou associadas a acontecimentos, eventos, acções, merchandising, etc. As marcas tornaram-se cada vez mais fortes, pois são usadas e estendidas no seu uso através de fortes associações. Hoje qualquer local ou produto é válido para comunicar ou estender o uso da marca e quanto mais inesperado, melhor. Assim e através de associações ou produtos, a marca valoriza-se e proporciona uma experiência de marca através de várias situações de consumo que se interligam. O seu grafismo, a sua força, a sua identidade reconhecida pelo público leva a que esta se consiga prolongar para outros produtos ou conceitos fora do produto ou conceito base. Por exemplo, hoje podemos beber uma água com a mesma marca de um designer de moda, podemos usar roupa associada antes a uma marca exclusiva de calçado, podemos usar bijouteria ou conduzir um carro de uma marca de relógios, tudo isto prova o valor da marca e prova que num mundo onde o valor de marca domina o mercado, os produtos deixam de ser simplesmente funcionais e meios de benefícios para evoluírem para meios que proporcionam e aumentam para vários níveis as experiências do seu consumidor. Tal como todos os produtos começam a adoptar marcas, tudo o que a estes se associa, comunica. Assim as pessoas, o negócio, os intervenientes de um negócio, os produtos, o que constitui os produtos etc. tudo se torna uma forma de comunicar, o que deixa os fabricantes mais expostos e com necessidade de tomar consciência deste facto, adoptando 64 estratégias e produtos para respeitar este principio, pois a comunicação expõe-nos aos seus clientes, investidores, imprensa e comunidade e se mal dirigida ou no caso de uma crise pode ser fatal para o seu sucesso. O tom da comunicação também se modificou, deixou de ser apenas informação para passar a ser entretenimento, proporcionar sensações, onde tudo comunica e tudo apela aos sentidos. São estes fenómenos que dão origem à Economia de Experiência, que transforma “commodity” em experiência. Que nos faz olhar para a gestão de marketing de uma forma completamente diferente, onde as empresas se redesenham e definem as suas competências e de forma a capitalizar estas novas oportunidades. As empresas pretendem mais que nunca a capitalização das suas marcas e a construção de uma relação global, integrada e direccionada entre si e os seus clientes. Afinal, se formos analisar o valor que pagamos entre um bem de consumo como o café, podemos começar a perceber que estamos a comprar uma experiência e não o produto em si, experiência esta traduzida na associação do consumo deste produto a momentos de lazer, pausa, locais etc. Se formos analisar de uma forma superficial as técnicas de marketing tradicional, facilmente se percebe que estas estão associadas a atributos funcionais e benefícios de um produto ou de uma marca, e todas as estratégias, definições de categorias de produtos, concorrência, mercado etc. se definem a partir destes pontos. É fácil comparar produtos com outros que ofere- 65 cem os mesmos benefícios ou têm as mesmas características ou atributos funcionais, onde a diferenciação é feita pelo grau de importância de cada benefício ou atributo para o consumidor e pelo valor da marca. O consumidor é visto como decisor racional que compara os produtos através de benefícios e atributos e não como um ser emocional que procura obter uma experiência agradável de uso. É claro que as características são extremamente importantes, mas hoje o consumidor já espera qualidade e já espera que estas sejam uma parte integrante do produto, mas como o consumidor está cada vez mais exigente e inteligente e procura algo adicional, a emoção, a experiência, mesmo que inconscientemente é factor crítico de sucesso. O comportamento de compra não é algo racional, é feito ao nível do nosso subconsciente, não existe uma prevalência das variáveis racionais nas decisões de compra, como o preço ou a utilidade do bem. Os consumos representam, por exemplo, símbolos exteriores de expressão de identidade e ao analisarmos a percepção do consumidor face aos milhares de estímulos a que se está sujeito e poderá verificar-se que a decisão de compra está muitas vezes associada a estímulos que vão de encontro às suas necessidades como indivíduo, motivações, emoções e vivências de experiências. Estamos num ponto de viragem, no meio de uma revolução que vai pôr em causa os princípios dos tradicionais modelos de marketing baseados em atributos e benefícios para os substituir por modelos baseados em experiências. O termo Experiential Marketing, Experience Marketing ou Brand Experience refere-se a experiências reais do consumidor que são proporcionadas pelas marcas, produtos ou serviços com o objectivo de que estas se transformem em vendas, reconhecimento e reforço de imagem de marca. É a diferença entre dizer ao consumidor os benefícios de um produto ou serviço, ou deixar que o consumidor experimente ou obtenha a experiência por si próprio dos benefícios que este lhe pode oferecer. O Experience Marketing dá a oportunidade do seu cliente obter uma experiência de marca, produto ou serviço para que este consiga reunir a informação suficiente para decidir de forma inteligente e informada sobre a sua compra. Os negócios podem viver ou morrer, não pelos atributos que prometem mas sim pela experiência que oferecem ao seu cliente em todos os pontos em que comunica com este. Na loja, no seu site, com o seu produto, e através de eventos e publicidade, todas estas formas devem ser integradas de forma a proporcionar uma experiência ao seu cliente. Caso seja bem implementada a estratégia de Experience Marketing pode elevar um produto que satisfaz, a um produto que faz com que o consumidor o deseje e o use repetidamente para voltar a viver a experiência. Então o que se consegue perante o consumidor? 1 - Relações fortes com as marcas: as “experiências” são vividas para além dos tradicionais pontos de encontro. São vividas em momentos de lazer. Por isso, as marcas ficam mais próximas! Através de experiências, as marcas associam-se à vivência de momentos únicos. Por isso as marcas ganham valor! 2 - Reforço de Posicionamento: é fácil escolher “experiências” que exprimam de um modo eficaz o posicionamento das marcas. Por isso as marcas reforçam a sua diferenciação! Mas a pergunta que talvez ainda continua nas vossas cabeças é “mas afinal o que é exactamente uma experiência? Porque é que as experiências são assim tão importantes? Existem diferentes tipos de Experiências? E mais importante, como se implementam estas experiências? Vamos então avançando para tentar responder a estas questões. Experiências são acontecimentos privados que ocorrem em resposta a determinados estímulos. As experiências envolvem a totalidade do ser que as sente, quer sejam reais, irreais como nos sonhos ou virtuais, resultam da observação directa ou participação em determinado evento. As experiências são normalmente induzidas ou provocadas por determinada situação ou estimulo, as experiências provocam reacções a estímulos. Nas estratégias marketing, tendo em conta o valor da experiência, devemos então ser “fornecedores de experiências” através da provocação de estímulos que resultam em experiências. Dependendo do que se faz e como se faz a nossa empresa ou marca irá beneficiar porque irá estar associada a estas experiências que provocam sentimentos, e sabemos que 66 os sentimentos agradáveis face à marca reforçam a relação. No entanto isto não quer dizer que o consumidor é passivo, quer dizer que a empresa deve dar o primeiro passo para proporcionar uma experiência mas esta deve estar depois atenta à reacção do consumidor. O Experience Marketing diferencia-se do Marketing Tradicional pois foca-se em 4 ideias chave principais, são elas, Experiência do Cliente, Análise de Situações de Consumo, Os Clientes são Seres Racionais e Emocionais e os Métodos e Ferramentas deixam de ser Analíticos e Fixos para passam a ser Eclécticos e Diversificados: 1 - Experiência do Cliente mentar, por isso uma forma de ultrapassar este handicap foi recorrer a técnicas hoje bem conhecidas como o Tryvertising ou Experimentação no ponto de venda ou mesmo em casa ou outros locais, levando os consumidores a conhecer os produtos, experimentando-os em ambientes mais descontraídos, porque quem gostar pode não só comprar mas também aconselhar e sabemos que o Word of Mouth é a melhor ferramenta de comunicação. Um bom exemplo desta forma de experiência é o sector automóvel, uma marca recentemente lançou uma campanha que incentivava o consumidor a “levar o carro para casa para experimentar, pois assim não ia quer desfazer-se dele”, desta forma o consumidor nem percebe que está a ser “seduzido” pela marca. Outras situações interessantes, ainda no sector automóvel, são por exemplo a disponibilização de modelos de topo da marca para os clientes VIP de determinada cadeia de hotéis, assegurando um serviço personalizado e de grande exclusividade aos seus hóspedes que lhes proporcionava assim uma experiência de marca agradável. Em contraste com o Marketing Tradicional, o Experience Marketing foca-se em experiência do cliente. As experiências ocorrem como resultado de situações vividas pelo consumidor, são estímulos originados pelos sentidos emocionais e cerebrais, ligando a empresa e a marca ao estilo de vida do seu consumidor. As experiências substituem os valores funcionais e proporcionam valores sensoriais, 2 – Análise de Situações de Consumo emocionais, cognitivos, comportamentais e relacionais. Ao contrário do Marketing Tradicional, o Experience Marketing não se foca em produtos mas sim em si“Experimentação – Experimente antes de Comprar”, tuações de consumo onde esses produtos podem as oportunidades de influenciar o consumidor pe- ser inseridos, por exemplo, ao contrário de se penrante determinada marca ou produto são agora vis- sar em shampô, gel de banho, toalhas, pasta de dentas de outra forma. É mais fácil influenciar o tes etc. pensa-se em bem estar, relaxamento, consumidor depois da compra ocorrer e durante a beleza, cuidar do corpo num espaço que é a nossa experiência de uso do que antes desta. Ora isto nem casa de banho e começa-se então a pensar que tipo sempre é possível, porque o consumidor muitas ou marca. vezes não está disposto a comprar algo sem experi- 67 de produtos se poderão inserir para proporcionar estas experiências em situação de consumo. Mas mais importante é ter a noção que o cliente é racional mas guiado por emoções, por isso há que entretê-lo, estimulá-lo, afectá-lo a nível emocional de Assim é mais fácil questionar como é que os produ- forma positiva e muito importante, desafiá-lo para tos se podem desenvolver através de característi- uma experiência. cas, benefícios, embalagem, comunicação etc. para potenciar a experiência de consumo que o consumi- 4 – Os Métodos e Ferramentas deixam de ser Anador procura. O consumo torna-se na expressão de líticos e Fixos passam a ser Eclécticos e Diversificaum indivíduo na sociedade, torna-se numa forma de dos este se integrar ou destacar nesta. Não se seguem ideias preconcebidas ou sistemas O consumo de determinado produto oferece agora estipulados, não se usa apenas uma ideia mas sim experiências de sucesso, alegria, êxtase, relaxa- um conjunto diferente de ideias. Em contraste com mento, divertimento, por isso o consumidor procura metodologias analíticas e quantitativas utilizadas agora nas suas situações de consumo quais os pro- pelo marketing tradicional, as metodologias e ferradutos que se “encaixam” com a experiência que ele mentas do experience marketing são diversificadas pretende. Um exemplo de sucesso é facilmente re- e multifacetadas. Primeiro preocupa-se com obter conhecido numa nova marca de mobiliário e itens boas ideias e explorá-las e só depois se preocupa para casa, instalada há pouco tempo em Portugal. com a execução destas, ou seja, deve-se pensar de Esta marca identificou esta tendência e apresenta uma forma cada vez mais arrojada e “out of the box”. os seus produtos em situações de consumo, criando Ir mais além, pois os consumidores já não se estiassim uma ideia de estilo de vida associado a cada mulam com métodos e ferramentas tradicionais. situação, assim para o consumidor é mais fácil adquirir determinado produto para lhe proporcionar o Tem que se dar o próximo passo e não pensar apeestilo de vida e experiência que ele pretende. nas de forma analítica e quantitativa e sim de uma forma imaginativa, qualitativa e intuitiva, já existem 3 - Os Clientes são Seres Racionais e Emocionais técnicas que se baseiam nesta parâmetros, como o neuromarketing que descobre o que os consumidoPara um Experiential Marketeer, os clientes são res sentem subliminarmente ao observar o cérebro seres racionais e emocionais, ou seja, os clientes humano quando exposto a estímulos externos, idenquando tomam uma decisão racional são influencia- tifica assim padrões de avaliação de marcas, produdos ou guiados por emoções associadas a expe- tos ou formas de comunicação, vai assim mais fundo riências de consumo que já tiveram ou anseiam ter. do que os métodos tradicionais de pesquisa. O mais É muito importante identificar quais são estas emo- importante é observar o consumidor e o seu comções, que surgem em momentos de consumo ou ex- portamento não só no local de compra mas também periência de forma a comunicá-las correctamente. no local de consumo onde este experencia o produto 68 O Experience Marketing pode ser usado em muitas A experiência é algo por si memorável, leva à prosituações, tais como: moção de relações mais fortes com o consumidor e encoraja os índices de lealdade à marca porque tem • Tornar uma marca em declínio, numa marca de su- a capacidade de evocar emoções além de inspirar o cesso; consumidor a envolver-se para adoptar os valores da marca. A oferta de uma experiência é uma opor• Diferenciação eficaz e difícil de imitar a marca face tunidade para a marca, que não tem capacidade de à concorrência; investimento para actuar no mass market com elevados valores de investimento a nível comunicacio• Criação de uma imagem e identidade de marca; nal, de criar uma relação emocional, uma personificação do seu negócio através de uma inte• Promoção de inovação; racção tangível. A experiência pode ser aplicada de diversas formas, não exige uma interacção física • Indução de comportamentos de experimentação, com o consumidor, a experiência é provocada pelos comportamentos de compra com objectivo de ga- sentidos e desde que esses sentidos sejam tocados, nhar comportamentos de fidelização de compra. estamos a proporcionar uma experiência que pode ser através de uma imagem, uma textura, uma menJá hoje, mesmo que não nos apercebamos, o uso sagem escrita que apele a determinado sentido ou desta técnica é uma realidade, os pioneiros foram crie uma disrrupção, um som, um sabor, um gesto, sem dúvida os Ingleses, país que onde o termo já não um evento, enfim, tudo o que possa apelar aos nosé novidade há muito e onde os Planos de Marketing sos sentidos ou que nos surpreenda pela positiva e levam muito a sério os investimentos nesta área é aí que entra a criatividade e a possibilidade de dicom resultados comprovados. O uso das áreas tra- versificação da comunicação feita com o nosso condicionais continua a existir mas já não há a diferença sumidor. entre below ou above the line. Todas as áreas são consideradas eficazes, mas parte de um plano es- Para comunicar uma excelente experiência e para tratégico de comunicação integrado que se comple- saber quais os estímulos que devemos provocar que menta e que é muito bem pensado, onde a palavra nos ajudaram a cumprir os nossos objectivos coexperiência toma um lugar importante e onde o prin- municacionais e consequentemente os restantes becipal beneficiado é o consumidor, que irá depois be- nefícios que daí advêm, podemos construir um neficiar a empresa ou marca. módulo mental das áreas que afectam os nossos sentidos, uma das teorias que investigamos foi deEmpresas de grande consumo, empresas de bebi- senvolvida pelo autor Bernd H. Schmitt, onde este das, transportes, novas tecnologias e serviço, entre outras, estão cada vez mais atentas ao uso da experiência. 69 descreve 5 áreas estratégicas de experiências liga- consumidor de modo a que este se envolva de forma das a meios fornecedores de experiências que for- empática com a marca. O apelo da marca à ocormam a base de trabalho do Experience Marketing. rência de determinada emoção pode fazer com que o consumidor se queira envolver com esta para Áreas Estratégicas das Experiências: obter a sensação e experiência que a marca ofe1 – Sentir (Marketing dos Sentidos) rece. 2 – Emocionar (Marketing Emocional) A experiência da sensação envolve estados de espí3 – Pensar (Marketing Intelectual e Cognitivo) rito, a emoção e outros sentimentos. R e a g i r / A g i r (Marketing de Reacção) 4– Pensar 5 – Relacionar (Marketing Aspiracional) Apela ao intelecto com o objectivo de criar correlações cognitivas ou resolução de problemas que enVamos então olhar de perto o que nos dizem: volvem o consumidor de forma criativa. Levar o Sentir consumidor a pensar, discutir, interrogar intrigandoApela aos nossos sentidos (audição, tacto, paladar, o e provocando-o de uma certa forma, cria uma encheiro e visão), tem como objectivo criar experiên- volvente forte. cias sensoriais. Pode ser utilizado de diferentes formas e por diversas indústrias para motivar os A experiência do pensamento conduz o cliente a um consumidores e acrescentar valor aos seus produ- interessante desafio intelectual, sobretudo para a retos, mas requer conhecimento sobre como propor- solução de problemas específicos. cionar um impacto sensorial. Reagir / Agir A experiência da percepção confia ao produto uma Tem como objectivo provocar experiências físicas, certa atracção peculiar e única que mexe com os reacções, vontade e incentivo de passar à acção, sentidos do indivíduo. muito conhecido por apelar a estilos de vida e interacções. O marketing de reacção ou acção enriEmocionar quece a vida dos consumidores de determinada Apela aos sentimentos do consumidor e às suas marca, apelando à potenciação das experiências fíemoções com o objectivo de criar experiências afec- sicas mostrando ao consumidor formas alternativas tivas de baixo envolvimento até alto envolvimento de de agir ou reagir perante algo, leva à mudança de alegria e orgulho. Estas experiências são difíceis de atitude e comportamento face à marca. recriar na comunicação, ocorrem mais facilmente durante o consumo. Por isso para o uso de marke- A mudança face a estilos de vida ou comportamenting emocional é importante saber e perceber que tos já enraizados, é muitas vezes motivada de forma determinado estímulo pode originar determinada inspiracional e espontânea, muitas vezes transmitida reacção ou vontade de participação por parte do por pessoas que são vistas como modelos aspira- 70 áreas. aspiracionais a seguir. A experiência da acção está ligada a comportamentos e estilo de vida Por exemplo, a Vodka Smirnoff é um produto americano, mas nós associamo-lo à Rússia devido à nossa Relacionar experiência, que associa o nome à origem e dá mais O marketing aspiracional relaciona as 4 áreas atrás legitimidade ao produto. A campanha feita para a referidas, associa o sentir, emocionar, pensar e agir vodka Absolut, que tem como tema principal o forde forma a ir mais além dos sentimentos individuais mato da garrafa, originou um clube de fãs que code cada um de nós, associa-se às nossas aspirações lecciona todas as campanhas, pois cada campanha como pessoas inseridas numa comunidade ou como é uma nova experiência. No site do New Bettle, podecultura, transforma-se num ideal. Apela à melhoria se fazer um download da forma do carro e decoráno nosso “eu”, apela a “um mundo melhor”, apela ao lo de forma personalizada, com qualquer motivo ou aperfeiçoamento no que há de melhor em cada um cor. Os economistas diriam que a estratégia do iMac de nós ou na nossa cultura, para que os outros nos de enfatizar o seu design seria totalmente irrelepercepcionem como um indivíduo que procura tor- vante, mas é impossível não aceitar que o efeito que nar-se uma pessoa melhor e que se procura identi- faz o aparelho parecer “respirar”, quando está em ficar com determinado modo de estar na vida. E isto modo de hibernação, não tenha um impacto coné feito através da construção de relações fortes com tundente na mente do consumidor. Por que o suas marcas e através de criação de marcas que ser- cesso do Mach-3 da Gillette? O efeito benéfico é mínimo se comparado com toda a tecnologia usada vem a comunidade onde o indivíduo se insere. para conceber um modelo de três lâminas. Talvez o A experiência do relacionamento conduz o cliente a homem se sinta mais másculo por se barbear, não usufruir os benefícios de um produto do qual possa com duas, mas com três perigosas lâminas. Quantos consumidores tatuam na própria pele a marca se sentir orgulhoso com seu produto. Harley-Davidson? Evidentemente que estas áreas podem ser experiências do tipo individual ou colectivo: “Sentir, Emo- Estes exemplos são poucos para o que já nos rodeia cionar e Pensar são necessariamente experiências no nosso dia-a-dia. Agora devemos procurar identifiindividuais, relacionar implica sempre a outra pes- car e integrar estas experiências de forma a cumsoa e agir pode ser uma experiência individual ou prir o objectivo de satisfação do cliente não só antes partilhada. No primeiro caso referimo-nos a expe- da compra, como durante e depois. riências particulares: Sentir, Emocionar, Actuar. No segundo caso podemos falar de uma experiência hí- O Experience Marketing explora assim, através de brida, que se combina essencialmente em duas experiências físicas e emocionais, um outro olhar áreas: Pensar e Relacionar; Sentir e Actuar. Por úl- sobre a atitude de marketing focando-se na expetimo, temas a experiência holística que integra as 5 riência do consumidor, no que ele sente (explorando 71 os seus 5 sentidos), no que ele pensa, nas associações e relações que faz e como age perante toda a experiência, para que após esta análise que transmite conhecimento, a marca consiga proporcionar experiências em detrimento de produtos, ou seja, o produto torna-se no veículo da experiência dirigida ao consumidor. Depois de analisarmos de perto o que o autor Bernd H. Schmitt considera como as 5 áreas estratégicas para construir diferentes tipos de experiências, resta-nos saber como e com que meios podemos trabalhar para a implementação destas áreas. Vamos avançar para a forma de criação, construção e implementação de estratégias de comunicação que os marketeers devem seguir para comunicar experiências de forma a atingirem os seus objectivos estratégicos. Os meios fornecedores de experiências, são os meios que utilizamos para comunicar com o cliente, tendo em conta que tudo comunica, por isso para criar uma campanha que envolva uma ou todas as áreas estratégicas que referimos atrás, temos que pensar que a comunicação envolve diferentes áreas como a identidade visual, a identidade verbal, a marca, a embalagem de produto, espaços onde o produto se insere e comunica (ponto de venda, web, publicidade, eventos etc.). O gestor do produto ou marca deve saber escolher e decidir quais os meios a utilizar para criar uma experiência que se identifique com a empresa ou marca. Meios Fornecedores de Experiências: 1 – Comunicação 2 – Design – Identidade Visual, Identidade Verbal e Signos 3 – Presença de Produto 4 – Presença de Marca (Co-Branding) 5 – Ambientes 6 – Internet 7 – Pessoas Comunicação A comunicação inclui publicidade, campanhas de relações públicas, comunicação externa e interna da empresa (newsletters, revistas, catálogos, magalogs que é uma junção de revista e catálogo, brochuras, relatórios anuais, relatórios de responsabilidade social, etc.) entre outras. Claro que a publicidade é a que está mais visível para um maior número de pessoas, por isso a sua importância para a maioria das companhias dependendo das suas estratégias. Podemos, através da publicidade, criar uma campanha que utilize uma das 5 áreas estratégicas atrás referidas ou mesmo as 5 no total. Por exemplo, se observarmos uma campanha de uma conhecida marca de cerveja nacional, percebemos que na campanha se passa o sabor inconfundível, o prazer de saborear que fica retido nas nossas mentes pela pausa que o anúncio faz apenas para passar a experiência do sabor, o que um facto é que as vendas desta marca superaram as expectativas, será talvez pela experiência agradável que se passou ao consumidor que o levou a querer experimentar e sentir a sensação passada pelo anúncio, talvez! Curioso foi que o principal atributo ou benefício não foi focado na marca ou produto, mas sim na sensação que este provoca no acto do consumo. 72 Outro exemplo interessante é o de uma marca de champô que recria uma experiência de banho completamente diferente que apela aos sentidos, onde uma mulher que está no banho, utiliza o champô e enquanto está a massajar passa uma sensação que recria uma cena de um filme americano “When Harry Met Sally”, no qual a Meg Ryan simula um orgasmo. O que é facto é que o champô tem vindo a incrementar as vendas e a campanha não se baseou mais uma vez nos atributos ou benefícios que este poderá proporcionar ao nosso cabelo, mas sim na experiência agradável do banho. consumo e com as quais se identifica. Esta peça comunica em grande parte o modo de AGIR da marca e o estilo de vida a si associado. Mas porque queremos referir exemplos mais corporate, podemos olhar para os relatórios anuais das empresas. O que antes era apenas uma forma de publicar contas obrigatórias, hoje tornou-se numa peça de comunicação que oferece uma experiência na sua consulta. Os exemplos mais interessantes vêm das empresas de telecomunicações que transmitem a sua forma de estar no mercado através deste meio, tornando-o em peças únicas de consulta, O headline: “When was the last time you had a totally onde além de vermos as contas da empresa podeorganic experience”, interessante, no mínimo! mos olhar para outro tipo de informação completaA publicidade emocional que muitas vezes vemos mente inusitada para um relatório de contas há uns não é a mais indicada na maior parte dos casos, por- anos atrás. Tudo para que a consulta desta peça se que não se dirige aos sentimentos durante o con- torne numa experiência visual para quem o lê. sumo, o que é essencial para que esta estratégia funcione. Deve-se compreender que tipo de estímu- Muitos outros exemplos poderiam ser dados, mas los podem provocar certas emoções, deve-se igual- convidamo-lo a descobrir por si, experimente estar mente estudar a reacção e empatia do consumidor atento e verá! perante estes estímulos Design – Identidade Visual, Identidade Verbal e SigSão muitos os exemplos que se podem já ver não só nos na publicidade como na comunicação das empresas perante os seus vários públicos, onde cada peça co- Tal como na comunicação, estas ferramentas são munica com a função de criar ou recriar uma expe- as mais importantes quando se fala em construção riência agradável e integrada com os valores da de identidade, desde o nome, o logótipo e os símbolos constituídos por este todas estas ferramentas empresa ou da marca. podem passar emoções, visuais e emocionais. Hoje Outro exemplo interessante que tem surgido são as é cada vez mais importante que estas ferramentas magalogs, cada vez mais as marcas passam estilos passem a forma de estar da empresa ou marca no de vida os must have (marketing de reacção), asso- mercado. ciados aos seus produtos, demonstrando experiências que o consumidor pode vir a ter no acto do Muitas tornaram-se ícones em que o nome e logo- 73 tipo se misturam para criar um símbolo que apela a emoções, as love marks são um bom exemplo disso, quem não se lembra da marca Coca Cola, da pequena maça da Apple, do laço rosa associado a uma causa, do símbolo da MTV que quase se colecciona as versões. lagens que sejam cada vez mais originais onde a anatomia tem um papel chave, de modo a que se consiga despertar uma experiência visual e de tacto. Isto porque os consumidores são cada vez mais exigentes neste aspecto e as suas expectativas são extremamente elevadas. Muitas vezes o acto de compra é decidido não pelo produto mas pela sua embalagem, pela maneira de como este se apresenta ao cliente, deve criar desejo, provocar acção, deve transmitir que é uma experiência agradável. Um exemplo interessante que podemos observar são as caixas de bombons ou perfumes, muitas vezes são mais importantes que o seu conteúdo! Um exemplo visível de uma estratégia de rebranding é nos trazido por uma empresa de telecomunicações, a TMN que recentemente apresentou a sua nova identidade, uma identidade que se centrou na humanização e cujo objectivo é tornar-se numa marca de relacionamento, enfim, são tantos os exemplos. O importante perceber aqui é que o Design é um dos elementos mais importantes no pro- Outro fenómeno interessante é a observação da escesso de comunicação. colha de embalagem que associamos à qualidade efectiva do produto. Por exemplo, se quero comprar É através deste que se consegue associar um sím- um doce tradicional, não associamos as novas embolo a emoções fortes e claro que a identidade ver- balagens de vidro e tampa de metal tradicional. Probal tem aqui também um grande papel pois curamos embalagem que nas nossas memórias se transmite muitas vezes a forma de estar da marca. associa a tradição, tecido ráfia, cordão, etiqueta com Fomos buscar um exemplo nacional cujo nome não identificação manuscrita. Estamos perante uma exé de todo convencional mas demonstra a forma de periência aspiracional. estar da empresa no mercado, a cadeia de bares AMO-TE, o seu nome apela a uma emoção forte, Aspiramos algo que nos faz recordar uma experiênemoção esta que é demonstrada na forma de aten- cia de tradição. dimento, espaço, merchandising, ambiente de loja etc. tudo gira à volta do bem-estar do cliente. Já para Presença de Marca (Co-Branding) não falar na empresa A Vida é Bela, onde o brand name revela toda a actuação experencial da marca. As empresas, em geral, e os marketeers, em particular, já se aperceberam de que actualmente exisPresença de Produto tem meios alternativos tão ou mais eficazes que a comunicação clássica, onde o contacto é directo e A presença de produto fala-nos, além de outros as- orientado para os clientes e os resultados praticapectos, da forma de apresentação (packaging). A mente imediatos, pois reflectem-se positivamente tendência seguida pelos designers é de criar emba- em termos de notoriedade da marca e consequen- 74 temente de vendas e reconhecimento do público- Outra forma de promover a presença de marca é o alvo. cinema. Quem é que não associa o Martini aos filmes do James Bond, os óculos de sol tão conheciCansadas de não encontrar novos canais para mos- dos do filme Matrix, o carro usado na perseguição trar as suas marcas, as empresas cada vez mais espectacular que vimos, etc, é só estar atento e perapostam em eventos exclusivos. A presença de ceber que esses produtos estão lá por uma razão. marca pode ainda ser feita através de patrocínio, li- Estão associados a estilos de vida que são ansiados censing, product placement, mecenato, etc. Os pelo público de uma forma ou de outra, passam a exemplos são muitos. Hoje é uma das ferramentas estar associados a determinado momento, a determais utilizada para reforço da identidade da marca, minada experiência. Outro exemplo, ainda dentro é a forma mais directa do consumidor experenciar a deste, são as figuras públicas, actores, músicos que marca num meio que lhe é associado. se vestem com determinada marca, consomem determinada bebida, frequentam determinado sítio, o Mas, para a marca, não é suficiente só ser vista ela que leva o consumidor a quem esta informação a um necessita de ser experenciada. Temos grandes comportamento de imitação porque anseia ter a eventos como o Euro 2004 que trouxe novas formas mesma experiência. de contacto das marcas com o seu público. A Coca Cola, por exemplo criou um campo de futebol insu- Ambientes flável gigante, onde o público podia se podia divertir, jogar, entrar no espírito de evento e sempre em con- Tal como tudo comunica, o espaço não é excepção, tacto com a marca. Resultado? Quem participou vai e o espaço traduz-se na arquitectura, nos edifícios, sempre associar a experiência agradável que teve à nos escritórios, lojas, espaços comerciais, espaços marca que lhe proporcionou este momento. públicos etc. Os espaços onde as empresas se inserem, tendem cada vez mais a seguir uma arquitecTemos marcas também que patrocinam eventos de tura e decoração que se identifica com a moda porque querem ser associadas às novas ten- personalidade da empresa. Os espaços criam facildências e estilos de vida. Temos ainda eventos como mente experiências. o Rock in Rio que desde cedo perceberam o poten- Em doses certas, a aromatização, iluminação difecial da presença de marca num evento que trans- renciada, espaços que passam conceitos têm o mite tantas emoções de onde as pessoas que nele poder de transportar a pessoa para o ambiente que participam, conseguem obter experiências inesque- se pretende sugerir. Um ambiente de quarto de dorcíveis de momentos que se gravam nas suas mentes mir é apenas isso, um quarto de dormir. Mas apee claro, a marca está lá. Resultado, aumento de no- nas se não for pensada em conjunto com uma toriedade, fidelização e no consumo da marca. situação, por exemplo. Se nesse espaço existir uma iluminação diferente, um aroma agradável, uma múEstamos a associá-la à experiência do evento. sica calma, uma decoração que passa tranquilidade, 75 o consumidor também irá querer essa tranquilidade para a sua casa. É só uma questão de se perceber a diferença entre uma exposição de produto e o que este produto pode oferecer inserido num contexto. O Ikea explora esta filosofia ao máximo, inclusive a sua assinatura reflecte a sua forma de estar apelando à experiência de viver a casa de forma diferente, “Viva mais a sua casa”, e através desta frase organizase o seu espaço, a exposição dos seus produtos que convidam à vivência no ponto de venda. Desta forma o consumidor adquire mais facilmente o mobiliário e peças decorativas, de forma a repetir a experiência de espaço que lhe foi passada em exposição. riência personalizada de diálogo dirigido, podemos ouvir música, ver imagens e vídeos, animações, entrar em contacto com outras pessoas que consultam o mesmo site, etc. O consumidor consegue personalizar a sua experiência on-line, a sua navegação, tem o poder de escolha que não consegue através de outros meios de comunicação. Pessoas As pessoas são uma das ferramentas mais importantes no processo. O atendimento hoje é essencial. As pessoas da área comercial promovem cada vez mais uma relação personalizada com o seu cliente, O segmento dos colchões é outro exemplo de evolu- fazendo-o sentir único e todas as pessoas envolvidas ção neste campo. Como poderíamos comprar um num processo, na empresa, com a marca, lembramcolchão se não podíamos deitar nele? Hoje, muitas se. Todas elas comunicam e todas elas podem em lojas já expõem o colchão de maneira a que o cliente determinada altura estar em contacto com o cliente. se possa deitar para escolher o que mais gosta, o que lhe oferece mais conforto e bem-estar. Quem não gosta de ir ao restaurante e ser tratado pelo nome, quem não gosta de ser bem recebido e Internet atendido numa loja, quem não gosta de receber um chocolate com o seu café? É nos pequenos gestos e A capacidade interactiva da internet, torna-a no meio principalmente nos pormenores que se criam granideal para criar experiências para os consumidores. des experiências. Hoje, já há lojas de roupa e de deEntretê-los, fazer com que estes descubram uma coração que servem café ou chá aos seus clientes, forma completamente diferente de pesquisar infor- tornando a experiência de compra em algo agradámação, entretenimento ou conhecimento. A inte- vel, algo que irá ficar retido na mente do seu cliente ractividade que a internet, através de um site e com soluções cujo esforço financeiro por vezes é pensado, pode trazer é infinita, a experiência que o mínimo! consumidor obtém, é extremamente positiva Os momentos da verdade, são os momentos onde (quando bem sucedida). Num site podemos intera- a empresa, marca, produto, serviço e cliente se gir com muitos dos nossos sentidos, a visão, a audi- tocam e produzem experiências importantes para o ção e quem sabe no futuro com tacto e olfacto! Hoje cliente, que ficam gravadas no seu subconsciente e podemos consultar um site de uma empresa e em que facilitam ou dificultam (caso sejam momentos vez de termos apenas informação temos uma expe- agradáveis ou desagradáveis) a relação comercial 76 no futuro. 7 Filosofias para a Construção de uma Excelente Experiência para o Cliente Uma Excelente Experiência para o Cliente deve: 1 – Ser uma fonte de vantagem competitiva a longo prazo; 2 – Ser pensada e criada de forma consistente para constituir uma experiência que excede as expectativas do cliente a nível físico e emocional; 3 – Diferenciar-se por se focar em estímulos para provocar emoções pretendidas que cumprem objectivos; 4 – Concretizar-se através de liderança que inspira, através de uma cultura que conhece o seu poder na sociedade e através de pessoas reconhecidas como felizes e realizadas; 5 – Ser pensada de “fora para dentro” e não de “dentro para fora” (foco no cliente); 6 – Cumprir o objectivo de lucro por consequente satisfação do cliente e reduzir custos através de acções dirigidas evitando o marketing de massas; 7 – Reflectir a marca da empresa o mais possível, para que a experiência automaticamente se associe à sua imagem; 77 Gestão da Relação com o Cliente: Estrutura, Conteúdos e Implementação 3. 3ª PARTE – CRM Gestão da Relação como cliente: Estrutura, Conteúdos e Implementação Raramente assistimos a uma distribuição equilibrada dos investimentos, pois na maior parte dos casos falta a ousadia para desviar uma parte do in1. O Marketing Relacional e o CRM nos dias vestimento dos media tradicionais para o CRM. de hoje Vivemos hoje uma fase de transição de canais. O investimento em CRM acumula com o investimento que tradicionalmente é alocado aos outros canais. O investimento em CRM não deve ser comparado com outros canais quando falamos em recrutamento, pois não é essa a sua função. 80 A comparação só deverá ser feita quando pensamos em fidelização. Em determinadas áreas de negócio o CRM combate facilmente, em termos de eficácia, outros meios como a TV ou a Imprensa, para onde continuam ainda a ser canalizados os maiores recursos da marca. Estruturar um Programa de CRM passa por conforme já detalhado atrás: 1.Identificar os consumidores 2.Diferenciá-los através de variáveis de segmentação 3.Interagir com eles criando soluções adequadas a cada perfil 4.Personalizar a relação através de mensagens com os quais eles se identifiquem Em termos de conteúdos devemos dar principal destaque à oferta de marketing que vai fazer com que o público alvo se dirija até nós e desempenhe os comportamentos de compra que esperamos dele. Exemplos Práticos 2. Planeamento de um Programa de CRM: Soluções em Marketing Relacional/CRM Exemplos Práticos Suplemento de Marketing Relacional MARKETEER/One to One 2006 ÁREA DE ACTIVIDADE: ALIMENTAR O PROBLEMA: A SOLUÇÃO: Nesta área de negócio falamos essencialmente com mulheres, embora seja crescente o número de homens que se ocupam das compras da casa, quer numa perspectiva de partilha de funções domésticas, quer porque vivem sozinhos. Pelo facto de termos um grupo alvo maioritariamente feminino, estamos logo à partida em vantagem. Não, esta não é uma atitude feminista! É que, como poderemos ver mais adiante, as mulheres têm uma predisposição natural para dialogar com as marcas que demonstrem interesse em manter uma relação séria, assente em vantagens claras. Para isso, as nossas consumidoras estarão dispostas a partilhar os seus gostos e preferências, os seus hábitos de consumo e até a falar sobre a sua família. Desta partilha, vai nascer informação que, uma vez analisada e traduzida em conhecimento, nos vai ajudar a: • Mercado muito competitivo – quando entramos num hipermercado preparados para fazer as compras do mês, das duas uma: ou levamos uma lista e seguimos religiosamente aquilo que decidimos em casa, ou perdemo-nos! Perdemo-nos de amores por produtos novos, por promoções... Leve 2 – Pague 1... + 50% grátis... Todas as marcas conhecem a re- • Fidelizar à marca – Queremos que só pense em ceita para saltar para o colo dos consumidores. O nós. Quando vai às compras, não deve ter olhos para a nossa concorrência. A marca deve ser capaz de assédio é total! A diferenciação é cada vez menor. satisfazer plenamente, não deixando espaço a inde• Diversidade crescente de produtos – os hábitos ali- cisões. mentares podem ser mais ou menos ricos. Mas é natural que, em qualquer dos casos, os consumido- • Divulgar em primeira mão as novidades – Quem já res criem rotinas: peixe só fresco, vegetais só aca- confia na marca, terá maiores probabilidades de bados de colher, sobremesas só caseiras, cereais acreditar nas qualidades de novos produtos ou segsó de trigo... As marcas, conscientes do stress da mentos de produtos. Há que explorar este filão. vida moderna, desenvolvem produtos alternativos, de grande qualidade, mas que muitas vezes demoram a conquistar a confiança dos consumidores. A publicidade divulga-os, posiciona-os. Mas isso não chega. 84 • Oferecer valor acrescentado – Todas as donas de ÁREA DE ACTIVIDADE: AUTOMÓVEL casa sabem o quanto é difícil decidir as refeições do dia a dia. Facilmente se cai na rotina, pois a imagi- O EXEMPLO DO SECTOR AUTOMÓVEL nação tem limites. As marcas podem oferecer um serviço verdadeiramente conveniente, facultando re- Este é o sector onde a confiança na Marca mais deceitas, sugerindo menus... A criatividade é o limite. termina o nível de fidelidade de um cliente. • Fomentar a interactividade – Não é só a responder a questionários que se cria uma relação. É possível ir muito mais longe. Os consumidores gostam de partilhar opiniões, de pedir conselhos, de fazer sugestões e, não menos importante, de reclamar. Incentivemos esta predisposição. Ouvindo, motivamos ou tranquilizamos. E contribuímos para tornar ainda mais forte esta “amizade”. • Promover o member-get-member – As mulheres adoram partilhar experiências, e se uma marca se diferenciar - pela positiva ou pela negativa! – existe uma forte probabilidade de vir a ser tema de conversa. Se a experiência for boa, não será difícil convencer uma amiga a partilhá-la. Estamos a falar de um bem duradouro, que implica um esforço financeiro forte, que marca o estereótipo do seu possuidor e que, mal sai do stand, perde metade do seu valor. Todas estas circunstâncias obrigam a uma maturação forte da decisão de compra e a um período mais ou menos prolongado de reflexão (no mínimo 3 a 6 meses). O tipo de produto em causa – automóvel – é o gerador de muitas actividades satélite que existem para complementar a oferta do produto e fornecem valor acrescentado ao seu utilizador. Estamos a falar de serviços como a Pré-Venda, a Oficina, os Serviços Financeiros e o Após-Venda. Outros serviços no futuro complementarão a já tão vasta oferta de serviços disponibilizada pelos construtores aos seus clientes, como seja a possibilidade de configuração do próprio automóvel à medida. • Implementar acções tácticas – Conhecendo, tornase possível actuar para corrigir problemas ou para tirar partido de oportunidades de mercado. E tudo isto, porquê? Porque sem isto, nenhuma marca sobreviveria na actual sociedade e desenvolTransformando informação em conhecimento e dis- vimento da economia. A agressividade da concorponibilizando os canais mais adequados para ali- rência não deixa ninguém dormir! mentar uma relação, as Marcas estarão a construir a sua base de sustento para o futuro. O poder da comunicação “informada” O facto de se conhecer o Cliente e a sua relação com a Marca transforma a comunicação numa arma poderosíssima. Um programa de CRM pode prever 3 85 níveis de comunicação ao longo do ciclo de vida do Cliente, enquanto proprietário de uma viatura: - Comunicação REACTIVA À medida que o tempo passa, a relação Cliente/Marca também evolui. Ao longo deste ciclo, surgirão diversos momentos de contacto que resultam da própria interacção do cliente com a Marca: um test-drive, uma assistência técnica, uma reclamação... são excelentes pretextos para agradecer a fidelidade e dar argumentos para que o Cliente não tenha olhos para outra marca. - Comunicação EXPERIENCIAL Cabe à área Comercial dinamizar esta vertente da Uma forma de Comunicação Proactiva, mas que as- comunicação, sendo o Programa de CRM o garante sume uma importância autónoma, na medida em de que a mensagem certa surge no momento certo. que permite gerar momentos de contacto directo muito especiais. O Experience Marketing marca definitivamente o Cliente (ou o Prospect), facto que a Marca deve saber potenciar no futuro. - Comunicação PROACTIVA A Marca aproveita momentos especiais para surpreender o Cliente. A aquisição da viatura, por exemplo, deve ficar marcada no coração do Cliente como um momento especial. Cabe ao Marketing dinamizar esta vertente da comunicação, ao longo de todo o ciclo. 86 O PROBLEMA: aqueles que já deram provas de se identificarem com a marca. • A conjuntura económica desfavorável – as famílias E, no entanto, parece óbvio que uma base de dados vêm reduzido o seu poder de compra, pelo que de clientes bem gerida e uma comunicação coerente permitiriam: adiam a decisão de comprar ou trocar de carro. • Fidelizar o Cliente à marca – ao reconhecer um cliente como especial, dando-lhe provas de que não se esquece dele, oferecendo-lhe vantagens exclusivas, informando-o antecipadamente das novidades... a marca estará a construir e a reforçar uma relação. Esse esforço será potencialmente recompensado no momento da troca de carro, ou na aquisiçao • O baixo nível do serviço pós-venda – este é um pro- de um segundo. Não esqueçamos que o factor CONblema que afecta a maioria das marcas. Muitas FIANÇA é decisivo neste contexto. vezes deixa feridas que se reabrem inevitavelmente • Promover o up-selling e o cross-selling – conheno momento de pensar na troca de carro. cendo o cliente e o seu agregado familiar, a sua ocu• A liberalização do Mercado (Distribuição e Oficinas) pação profissional, os seus hobbies... estaremos em – o vínculo à marca torna-se mais frágil ou desapa- condições de avançar com propostas convenientes... rece, logo após a compra. Mais liberdade para os no momento certo. clientes. Mas as marcas terão de saber reagir... com qualidade e serviço, mas sobretudo reforçando re- • Fomentar a qualidade do serviço – quando um cliente encontra um problema na sua relação com lações. os concessionários ou com as oficinas, tudo o que • Banalização das ofertas comerciais – todas as marcas, com algumas excepções ao nível dos topos de gama, apostam forte nas ofertas ou descontos, como forma de atrair clientes aos concessionários. Mas este esforço, por ser massificado, deixa de fazer a diferença. A SOLUÇÃO: Quem compra um automóvel, identifica-se perante a marca. Se recorre à Financeira do grupo, mais informação disponibiliza. No entanto, as marcas raramente tiram partido deste facto, transformando a informação em conhecimento. No momento de promoveram um novo modelo ou simplesmente para dinamizar as vendas, apostam indiscriminadamente em publicidade. Mas esquecem-se de falar com 87 deseja é que a marca o ouça. O facto de normalmente ficar a falar sozinho, agrava o problema, criando anti-corpos irreversíveis relativamente à marca.. Abrindo um canal directo com os clientes – suportado por uma base de em oportunidades: oportunidades de repor a confiança, de propor serviços de valor acrescentado (Extnsão de Garantia, por exemplo), de conhecer um pouco melhor o cliente, de propor um test-drive... de preparar uma futura venda. BMW Experience Em Setembro de 2005, a BMW Group Portugal convidou todos os seus clientes para uma jornada inesquecível. Com emoção garantida, os adeptos da MINI e da BMW, em duas e quatro rodas, foram desafiados a conduzir os mais recentes produtos na pista do autódromo do Estoril e fora dela. Uma festa com 65 automóveis e 20 motociclos. Raras vezes o autódromo do Estoril viveu um fim-desemana tão repleto de emoções e sensações, como este em que a BMW Group Portugal organizou o BMW Experience. Destinado a incentivar o contacto do público com as mais recentes criações da MINI e dos automóveis e motos da BMW, esta iniciativa que arrastou até à pista do Estoril milhares de entusiastas decorreu sob o slogan “Experimentar. Atrever. Desafiar. Conhecer”. Foi um evento em que os novos modelos disputaram com os modelos clássicos, que fizeram história, o olhar atento dos fãs da BMW e da MINI. Do BMW Série 3 aos míticos BMW M5 e M6, com motor V10 de 507 cv, era facultada a todos a pos- sibilidade de experimentar a eficácia dos modelos das marcas, contando que se atrevessem a aceitar o desafio de conduzir um dos modelos disponíveis na pista do Estoril. Os SAV da BMW também tinham uma área específica, com quatro zonas de obstáculos especialmente preparados para demonstrar todas as potencialidades dos BMW X3 e X5. Os clientes podiam escolher os modelos de sua eleição, mas as emoções estavam desde logo garantidas. Mas nem só de sensações ao volante viveu o BMW Experience. Para além de conduzirem ou serem conduzidos, os visitantes desta iniciativa 100% do BMW Group tinham ainda a possibilidade de pôr à prova os seus dotes de skipper, navegando, num lago artificial, uma réplica telecomandada do barco da Alinghi/BMW, que vai disputar a 32.ª edição da America’s Cup, em 2007, na costa de Valência; conduzir à distância os fórmula 1 da Williams/BMW; ou pura e simplesmente avaliar os seus dotes de condução frente aos melhores pilotos do mundo no simulador de F1. Depois de um breve descanso numa das muitas esplanadas que decoravam o paddock do autódromo, os visitantes estavam aptos para bater umas bolas de golfe no Driving Range ou ver um filme sobre a história da marca na zona Heritage, enquanto esperavam pela sua vez no que prometia ser uma das experiências mais marcantes de todo o fim-de-semana: uma volta inesquecível de helicóptero sobre a deslumbrante baía de Cascais. 88 Foram três dias de festa em que os automóveis da BMW e da MINI, bem como os motociclos da marca alemã, foram as estrelas e os maiores fornecedores de adrenalina. Que o digam aqueles que ainda têm bem presente na memória as sensações indescritíveis de andar ao lado de um piloto na pista do Estoril, num BMW M5 ou M6, com 507 voluntariosos cavalos debitados por um imponente motor V10, precisamente a mesma geometria utilizada pelos motores fornecidos pela BMW para os F1 da Williams. munho podemos ambicionar? - Terá o BMW Group Portugal tirado o melhor partido deste evento? A resposta é sim! Para além de garantir 3 dias inesquecíveis aos seus Clientes e um lugar especial no seu coração, a BMW e a MINI souberam aproveitar a ocasião para recolher mais informações sobre cada um dos participantes. Conhecê-los melhor é meio caminho andado para poder continuar a reforçar a relação no futuro. Falamos de CRM, um tema que o BMW Group trata com um cuidado muito especial e que, em Portugal, Vale a pena reflectir sobre este evento da BMW: apesar da actividade ter tido início há apenas 1 ano e meio, assume já um papel fundamental na em- O que terá levado os participantes a aderir de presa e é o garante de um ciclo de comunicação reforma tão entusiasta a esta iniciativa? Seguramente gular e eficaz com os seus Clientes. uma forte ligação à marca BMW ou MINI e a certeza de que as expectativas não seriam defraudadas. Ou seja, uma forte confiança nas Marcas. - Que efeito terá tido este evento em cada um dos participantes? Certamente reforçou a imagem de qualidade, prestígio e dinamismo das Marcas BMW e MINI. E mais: deixou uma marca de tal modo gravada, que no momento de pensar na troca de automóvel, não haverá espaço para qualquer outra insígnia. - Será que o efeito positivo se resumiu ao universo dos participantes? Claro que não! Um evento desta natureza, pela sua dimensão, originalidade e sobretudo pelas experiências únicas que proporciona, dá que falar. Quem viveu momentos como aqueles vai certamente partilhar emoções com outras pessoas. É o word of mouth a funcionar. É o Cliente a funcionar como embaixador da Marca. Que melhor teste- 89 ÁREA DE ACTIVIDADE: AVIAÇÃO COMERCIAL O PROBLEMA: • A banalização do prémio de “fidelidade” – As milhas são o instrumento de fidelização, por excelência, das Companhias aéreas. A sua banalização, associada ao facto de não se ter ido mais longe na relação com o Cliente está hoje a custar demasiado caro! tratá-la cabe aos especialistas de Marketing Relacional. • Ser Eficaz na Comunicação – Hoje o Consumidor espera mais da sua Companhia aérea do que um simples extracto de c/c. Pior ainda, se não tiver cartão-cliente, não pode esperar nada. Viajar não é para todos, mas se já conhecemos alguns, por que não tentarmos aumentar a nossa quota de Cliente? A comunicação seria bem mais consequente se fosse BEM dirigida. • A conjuntura económica desfavorável – As viagens • Qualidade do Serviço – Enquanto por um lado o deixaram de estar em alta! Cliente exige rigor, cumprimento de prazos e de re• A insegurança – As sociedades desenvolvidas gras, por outro, espera um bom acolhimento e a ainda não conseguem “conviver” com o pavor do ter- maior atenção da sua Companhia. Surpreenda-o! rorismo. A SOLUÇÃO: Ao Conhecer os seus Clientes, as Companhias Aéreas poderão: • Encontrar formas diferentes de VENDER – através das vendas online (nº 1 nas vendas digitais) é possível fazer muito mais para Reter e Fidelizar aqueles que nos elegeram. Sem grandes custos acrescidos e trabalhando de acordo com os princípios do Permission Marketing, podemos dar Mais e Melhor (e não só milhas...) aos milhões de viajantes que diariamente circulam em aviões, aeroportos, etc... A INFORMAÇÃO é uma ferramenta vital para o Marketing das Companhias Aéreas. Havendo informação dos Clientes, pode-se ir mais longe na relação com eles, aumentando por esta via, as Vendas e a rentabilidade do negócio. • Antecipar Necessidades – Ser pro-activo e não reactivo faz parte do modelo de negócio das organizações modernas. Utilizar devidamente a informação é obrigação do marketing. Saber recolhê-la e 90 ÁREA DE ACTIVIDADE: COSMÉTICA E HIGIENE PESSOAL O PROBLEMA: •IInformação pormenorizada sobre os produtos, ajudando o consumidor a seleccionar os mais adequados ao seu caso. • Mercado muito denso e competitivo – tanto ao nível • Possibilidade de dar sugestões adequadas às nedas marcas selectivas, como das de grande con- cessidades do consumidor – só possível quando se sumo, a oferta é vasta. As marcas são imensas, as investe na recolha de informação coerente, assente linhas de tratamento mais ainda. Quando se fala de numa relação de confiança mútua. maquilhagem, a oferta é infinita. As novidades sur• Fomentar o cross-selling – especialmente imporgem todos os dias. tante quando uma marca tem várias famílias de pro• O consumidor nem sempre sabe o que quer ou do dutos ou sub-marcas. Basta conhecer os hábitos de que precisa – se nas perfumarias nem sempre é consumo e ser pro-activa na sua relação com os possível encontrar o aconselhamento mais correcto, consumidores. no caso das marcas de grande consumo o problema agiganta-se: o consumidor é abandonado frente aos •Implementar acções tácticas para dinamizar as venlineares e tem de fazer uma escolha para a qual não das de um produto, ou de uma região em particular tem informação suficiente. Na dúvida, não compra. – a partir do momento em que a marca “possui” um conhecimento rico dos seus consumidores, está em • A selecção errada de um produto pode gerar insa- condições de actuar para corrigir tendências ou explorar oportunidades. tisfação com a marca. A SOLUÇÃO:: • Promover o member-get-member – o passa-palavra assume neste caso uma importância vital. Consumidores satisfeitos são os melhores embaixadores da marca. Mais do que em qualquer outro sector, as marcas de cosmética e higiene pessoal têm a oportunidade de prestar um verdadeiro serviço de valor acrescentado, ao iniciarem um programa de fidelidade Este tipo de programas deve funcionar sempre de forma bi-direccional, tirando partido de todos os com os seus Clientes. As vantagens são claras: tipos de canais à nossa disposição, de modo a tor• Divulgação de novidades em primeira mão – pos- nar-se verdadeiramente conveniente para o consusibilidade de promover a experimentação através do midor. Mas atenção: uma vez iniciado, jamais deverá ser interrompido, sob pena de penalizar gravemente envio de amostras e/ou de vales desconto. a marca. 91 A INFORMAÇÃO é uma ferramenta vital para o Marketing das empresas de Cosmética e Higiene Pessoal. Havendo informação dos Clientes, dá-se início ao Marketing Relacional. ÁREA DE ACTIVIDADE: DESPORTO O PROBLEMA: viduais são mais valorizadas que as prestações dos grupos. As equipas (enquanto conjunto de pessoas) são efémeras....os craques estão em constante movimento...! O modelo está construído só para os melhores, para as “estrelas” do futebol, do ténis, do golfe... A SOLUÇÃO: Ao Conhecer os seus Clientes, as Marcas poderão: O Desporto abrange áreas tão diversas como as • Encontrar formas diferentes de VENDER – A forte Marcas de Sportswear, os Clubes das várias modarelação entre o Consumidor e o seu desporto ou lidades, Ginásios, Revistas, Equipamentos, etc. ConClube favorito, leva-o a tomar atitudes muito mais centrámo-nos aqui no Desporto em geral, enquanto emotivas que racionais – há que aproveitar este conceito. facto para ir mais longe na pro-actividade das Vendas. Muitas vezes o payback de investimentos reali• A Moda – A fortíssima importância da Moda zados nesta área são de meses... “abafa” iniciativas de construção de relacionamento entre as entidades e os seus Membros/Consumi• Antecipar Necessidades – O Desporto devia aprodores. veitar o facto de estar na Moda para investir na sua modernização em termos de aproximação ao Con• A Saúde – A saúde vive lado a lado com o Desporto sumidor – desde o Cliente ao Membro do Clube. O e nem sempre se criam as melhores condições de que acontecerá se o Consumidor passar a conceninformação/comunicação necessárias ao melhor trar as suas atenções noutras áreas? E se isto não desempenho de um dado desporto, do material a utié previsto atempadamente pela Marca? lizar, da forma de o exercer.....e não estamos a falar de profissionais, mas do comum cidadão! er Eficaz na Comunicação – A comunicação é a • Se voz da Marca. Estamos num segmento onde os ca• O “Clubismo” – Se por um lado pode funcionar nais directos se sobrepõem totalmente aos canais como o melhor aliado de qualquer Programa de Fimassificados – para isto poder ser verdade (e pordelização, poucos serão os Clubes que se preocutanto para tornar mais eficazes os esforços de copam em reter e antecipar necessidades/problemas municação) há que começar a construir Programas aos seus Membros. de Fidelização, que ajudem a reter e a fidelizar os melhores adeptos e/ou Membros. Muito poucos, ganham Muito – As prestações indi•M 92 • Qualidade do Serviço – O amadorismo tem de dar lugar ao Profissionalismo! E nem sempre o barato deve ser o primeiro objectivo! O Marketing Relacional no Desporto deve ser encarado como o Marketing das Emoções. ÁREA DE ACTIVIDADE: GASOLINEIRAS se preocupa com as Mulheres quando precisam de abastecer o seu automóvel? Quem se preocupa em rentabilizar os tempos das filas de espera, à boca da bomba? O Conhecimento do Consumidor, pode (e deve) ajudar a encontrar pistas para Diferenciar e Inovar! • Antecipar Necessidades – Num posto de abastecimento já se compra muito mais que só combustível. Este cruzamento de dados não deveria ser feito? Aplicam-se aqui as regras do comércio e a integraO PROBLEMA: ção da informação permitira aumentar o negócio do • A conveniência – é a localização de um posto de conjunto de serviços disponíveis ao Consumidor diriabastecimento que determina, muitas vezes, a com- gindo melhor a oferta. pra. Junte-se a isto factores como a rapidez, a segurança e a confiança, num mercado tão • Ser Eficaz na Comunicação – Para quando a inteconcentrado, onde está a diferença? Todas as Mar- gração dos Canais online e offline? Para quando a comunicação “informada” com o Consumidor – cas afinal, são “convenientes”. aquela em que se revela o conhecimento de forma • As recompensas – A troca de fidelidade por Pré- positiva e com valor acrescentado para o Cliente? mios é um conceito já interiorizado pelo Consumidor Aquela que dá e que recebe? Hoje utilizar 1 Cartão e a sua reduzida eficácia (fraca redenção de pontos, ou pagar através de processos biométricos só é side forma geral) tem permitido às Marcas manter o nónimo do conhecimento de transacções. É preciso ir mais longe, bem mais longe para construir uma modelo. verdadeira relação Marca/Cliente. • O Preço – Continua a ser o P mais relevante. •Qualidade do Serviço – Aqui o “Posto” é que manda! Em vez de uma atitude activa, pede-se uma atitude • O modelo de negócio – muito dependente do Distribuidor/Revendedor, que tem uma cultura e filo- pró-activa. sofia de negócio muito conservadoras e pouco O CRM ao ajudar a conhecer Melhor o Consumidor, profissionais/evoluídas. ajuda a encontrar Soluções mais criativas. É preciso criar condições para Arriscar! A SOLUÇÃO: Ao Conhecer os seus Clientes, as Marcas poderão: • Encontrar formas diferentes de VENDER – Quem 93 ÁREA DE ACTIVIDADE: MÚSICA E LIVROS O PROBLEMA: • Mercado muito dinâmico e competitivo – Todos os dias são lançados novos títulos. Todos os dias surgem novos autores e novos intérpretes. Não existe capacidade para gerir tanta informação e para consumir tudo o que gostaríamos. Este é um mercado verdadeiramente vertiginoso. Aqueles que conseguem manter-se actualizados tornam-se selectivos nas suas escolhas, mas o consumidor em geral sente-se perdido e, cheio de stress, acaba por reagir da pior forma: não comprando, ou limitando-se a comprar os títulos de maior sucesso. • O consumidor desconhece a oferta disponível, adequada ao seu gosto – Neste sector de actividade falamos de gostos, de sensibilidades, de prazer. Muitas vezes identificamo-nos com este ou aquele autor ou intérprete e de repente descobrimos que existem muitos outros com o mesmo estilo, que nos agradam igualmente, ou ainda mais. Por vezes menos conhecidos, menos promovidos pelas suas editoras e pelos media. Estas são as descobertas que nos dão verdadeiro prazer. Mas acontecem raramente. Porque o tempo é pouco. Mas se alguém nos desse uma mãozinha... cem, como morrem... e outros virão! A aposta na promoção só vale enquanto é novidade. Mas o produto tem um tempo de vida longo e é importante mantê-lo “no activo” durante o máximo tempo possível. A SOLUÇÃO: Cada cliente é um mundo. E esse mundo, muitas vezes vai para além do próprio indivíduo: em termos pessoais tem família, tem amigos... Profissionalmente tem necessidades muito específicas. Conhecer os Clientes, neste sector, é quase como descobrir a chave do Totoloto. Ora veja se é exagero: • Aproveitar todas as interacções do cliente para recolher informação útil – Aos poucos irá poder perceber quais os seus géneros favoritos, se compra livros/música/filmes infantis, se adquire livros especializados, revistas... Esta informação será essencial para poder assumir uma atitude pró-activa e conselheira. O segredo está na correcta gestão da Base de Dados e na definição de uma estratégia de comunicação fortemente relacional. • Anunciar novidades pertinentes – Não interessam todas as novidades. Interessam aquelas que se enquadram no seu perfil. E se forem anunciadas em “ante-estreia” e com condições especiais para os melhores clientes... a satisfação aumenta e a fideli• A conjuntura económica não ajuda – Não se tra- dade também. tando de bens de primeira necessidade, os livros e a música acabam por sofrer uma quebra da procura • Manter comunicação regular com o Cliente – É importante manter aberta a porta que permite fazer em tempos de dificuldades. entrar ideias e sugestões. Para consumo próprio ou • O ciclo de vida dos produtos - Tão depressa nas- para oferecer. Mais uma vez, é a comunica- 94 Com as • Seguradoras o fenómeno é idêntico – a falta de conhecimento que temos de seguros, levanos a não mudar de seguradora mesmo quando es• Fomentar o cross-selling – Nesta matéria, estamos tamos insatisfeitos; até ao dia do sinistro....Aí o caso no paraíso! As possibilidades de promover o cross- complica-se. Ora, até hoje a realidade era esta, mas selling são imensas. Explorar afinidades... é disso que até quando? As novas gerações estão aí – mais inse trata. formadas e menos conformadas. ção personalizada e dirigida que transformará o seu investimento em rentabilidade. • Promover o member-get-member – se alguém nos prestasse um serviço de aconselhamento e alerta permanente, dando provas de que se interessa por nós e se esforça por nos conhecer bem, não nos sentiríamos tentados a recomendar este “serviço” a um amigo? E se ainda por cima, nos recompensassem pelo nosso esforço? Este é um sector de actividade em que Fidelizar é sinónimo de garantir prazer. Nestas circunstâncias, serão poucas as resistências à partilha de informação com a Marca, já que o benefício é claramente percebido e valorizado. Desperdiçar esta oportunidade é convidar a concorrência a entrar. ÁREA DE ACTIVIDADE: PRODUTOS FINANCEIROS O PROBLEMA: • O Posicionamento – Hoje em dia já ninguém guarda o dinheiro no colchão, pois a sociedade organizou-se em redor das Instituições Financeiras – Banca, Seguradoras, Instituições de Crédito e Financeiras... Hoje, a nossa relação com um Banco é muitas vezes iniciada a partir de contas-ordenado – a empresa sugere, nós aceitamos e a partir daí iniciam-se relações de anos, muitas vezes para a vida. 95 • A conjuntura económica– A crise é favorável a algumas actividades financeiras – p.ex. o crédito ao consumo – e daí terem aparecido no mercado empresas que estão a ganhar quota, com os clientes que a Banca pretere. Apesar da muita e relevante informação-cliente que as empresas têm, nem sempre dela se tira o melhor partido para o fomento do cross e up-selling. • A agressividade comercial e de marketing – temos aqui dois pólos muito distantes: por um lado, os grupos financeiros tradicionais, “agarrados” aos valores da confiança e segurança e por outro, empresas jovens que não têm receio de inovar nos produtos e nas relações com os seus Clientes. Os jovens de hoje são os adultos de amanhã – e os marketeers de hoje? A SOLUÇÃO: Ao Conhecer os seus Clientes, as Marcas poderão: • Encontrar formas diferentes de VENDER – A integração dos canais de comunicação com o Cliente, a opção pelo mais conveniente e a oferta dirigida, poderão ser o suficiente para fazer a diferença na venda, e na compra. A concentração das Marcas vem ajudar à concentração da informação e tendencialmente diminuirá o número de entidades •O baixo nível de Serviço – Os empregados mais mal com quem nos relacionamos. Há que tirar vanta- pagos do Retalho e consequentemente os que têm gens da situação, pois ela poderá vir a alterar-se. menos formação, são geralmente os únicos que têm o contacto directo com os Clientes: Empregados de • Ser Eficaz na Comunicação – Cada vez mais a efi- balcão, Caixeiros, ....Ora, este é o maior contra-senso cácia passa pela mensagem ser bem dirigida – ora, deste modelo de negócio. na actual sociedade, dividida por segmentos de Consumidores, só Conhecendo se consegue alcançar. A SOLUÇÃO: Aqui o Conhecimento passa por uma efectiva exploração dos dados na Comunicação. Ao Conhecer os seus Clientes, as Marcas poderão: A Tecnologia é indispensável no Marketing Relacional. O bom uso da informação na Comunicação é que vai fazer toda a diferença. ÁREA DE ACTIVIDADE: RETALHO • Encontrar formas diferentes de VENDER – ser criativo na venda é fundamental para poder fazer a diferença e SURPREENDER o Cliente • Antecipar Necessidades – Estar na hora certa e no local desejado pelo Cliente só é possível se a Marca tiver este CONHECIMENTO. Os Programas de Fidelização trabalhados de forma sistemática e O PROBLEMA: continuada, respondem a esta necessidade e ante• A forte concorrência – tanto ao nível da Grande Dis- cipam problemas. Aqui e contrariamente ao que é tribuição (não só entre as insígnias mas, e sobre- comum pensar-se, não basta saber o Nome e Motudo, face aos mais “pequenos”), como no Comércio rada do Cliente. È preciso perceber até onde é que ele valoriza a nossa Marca e não ter complexos em tradicional, no Comércio online... trabalhar só aqueles que “interessam”, i.é., os que são mais rentáveis ou poderão vir a sê-lo. • A conjuntura económica desfavorável – ao afectar o Consumidor, a crise rapidamente chega aos bens de consumo, prejudicando as vendas dos artigos • Ser Eficaz na Comunicação – A comunicação de menos essenciais e dos mais facilmente substituí- uma Marca quando chega ao seu alvo deve ter o mesmo efeito de qualquer comunicação entre 2 pesveis soas – uma “fala” e a outra, se está atenta, “res• A fraca diferenciação – Num mercado com eleva- ponde”. E o grande problema é que a Comunicação dos standards de qualidade, é muito fácil substituir massificada não tem encontrado o seu alvo atento. uma Marca por outra. Aqui o Preço e a Conveniên- Há que encontrar medias alternativas, canais mais dirigidos e mais convenientes em função do estilo de cia é que “mandam” vida de cada um. 96 • Qualidade do Serviço - O Consumidor quer ser bem A SOLUÇÃO: tratado. Ao ser exigente ele está também a exigir mais das Marcas onde deposita confiança e acima Ao Conhecer os seus Clientes, os Operadores podede tudo, onde gasta o seu dinheiro. rão: ÁREA DE ACTIVIDADE: TELECOMUNICAÇÕES O PROBLEMA: • A complexidade das soluções tecnológicas – Cada vez é mais difícil comunicar ao Consumidor, em espaços e tempo reduzidos (como os de mass media), a complexidade da oferta disponível e oferecida pelos operadores de telecomunicações e pela indústria (fornecedores de dispositivos) • Encontrar formas diferentes de VENDER – Num mercado altamente competitivo como este, não deve ser só a tecnologia a “comandar” as vendas. Novos processos precisam-se, pois nem só das novas gerações vivem as telecomunicações. • Antecipar Necessidades – Um Cliente não se compra – conquista-se. E esta conquista passa por alimentar a relação que ele vai estabelecendo com a Marca. Conhecendo o seu consumo e mais alguns dados pessoais é possível ir mais longe e aumentar o Lifetime Value. Aumentando a satisfação do Cliente • O Churn - A “saída” de Clientes da Marca é um dos aumenta a retenção e diminui o Churn. Este propontos críticos do negócio. Por um lado, que saiam cesso deve ser gradual e construído por etapas. os que não são “rentáveis”. Por outro, é preciso reter os que são bons Clientes e/ou que tenham capaci- • Ser Eficaz na Comunicação – Em mercados maduros as receitas esgotam-se. É preciso INOVAR na dade de evolução positiva. forma como se “chega” ao Cliente. Quem Conhece • O Preço – Todos fazemos contas à vida, e a conta melhor, consegue fazer mais, muito mais...! do telefone nunca é uma agradável surpresa. Os Clientes estão atentos e fazem muitas compara- • Qualidade do Serviço – a todos os níveis se exige a 100% - na tecnologia, no “pack” contratado, no atenções.... dimento personalizado. Será que se justificam as centenas de postos de inbound hoje ao dispor do • A Moda – Influencia tendências, atitudes, aspirações...!!! A sociedade já não se divide em classes so- Cliente? Os tempos de espera no atendimento? A ciais, mas em segmentos e estes podem ser muito desintegração das plataformas? Não seria mais renpoderosos. Há que alimentá-los ou então, contrariá- tável diversificar, integrando os canais mais eficazmente, a partir do Conhecimento do Cliente? los. 97 ÁREA DE ACTIVIDADE: TURISMO tornasse Diferentes e Diferenciados. • A Segurança – Não devemos encarar a segurança nacional como um dado adquirido – esta é exigida O PROBLEMA: pelo Turista; temos de o fazer acreditar que traba• A Informação – Faz toda a diferença conseguir lhamos nesse sentido e que não é por acaso (ou por “romper” a barreira dos não interessados em Por- que somos um país “esquecido”) que a temos. tugal, dos aliados, dos indiferentes – e é a Comunicação que o terá de fazer. Mas de A SOLUÇÃO: campanhas-destino, está o mundo cheio! Cada vez menos o Turista se aventura num país, num hotel ou • Ao Conhecer os seus Clientes, os operadores de num restaurante; cada vez mais ele procura infor- turismo – Agências de Viagens, Hotéis, Restauranmação relevante para poupar os seus esforços, o tes, ... – poderão acompanhar os seus Clientes de seu dinheiro e o seu tempo. Esta para além de rele- forma mais efectiva e consequente: vante, deve ser dirigida e aqui muito há ainda a percorrer no caminho da recolha sistematizada da • Encontrar formas diferentes de VENDER – A nossa informação-Cliente, das suas expectativas e do seu língua é uma barreira natural ao Turismo. Temos, nível de satisfação. O passa-palavra, é uma grande então, de nos voltar para fora, cá dentro – informar arma do Marketing neste sector, para o bem e para correctamente, sugerir directamente, acolher eficazmente! o mal. • A Frequência – A repetição de uma estadia é sempre uma boa notícia! Ora, quando o serviço é insuficiente para captar mais uma e ainda outra vez, é a Comunicação dirigida que terá de conseguir este objectivo. No entanto, em Portugal, ainda estamos muito longe das best practices neste sector. • A Qualidade – Hoje em dia, sem qualidade não se (sobre)vive. Sendo o Turismo um sector estratégico para Portugal, valia a pena que os operadores se preocupassem com o seu futuro; valia a pena que pensassem em termos estratégicos, em colectivo, e não um por um; valia a pena que pensassem implementar sistemas de CRM que permitissem aumentar a qualidade em áreas inovadoras que os • Antecipar Necessidades – Quem viaja só precisa de argumentos para o fazer – conhecendo as suas motivações, estilos de vida e interesses é meio caminho andado para a apresentação de propostas costumizadas e de valor. O que é preciso é começar e não desanimar se os resultados demorarem mais algum tempo a chegar. As Amizades não se constróem num dia! • Ser Eficaz na Comunicação – Desperdiçar é perder; concentrar é ganhar – este terá de ser o caminho para a efectividade da Comunicação – Permissão e não Intromissão. Hoje e amanhã! 98 O Marketing Relacional no Turismo é muito mais que a “venda de sonhos”. É a oportunidade única de vender experiências de vida, que ficarão para sempre gravadas; para sempre recordadas. Relações assim, são para a vida! ÁREA DE ACTIVIDADE: VIGILÂNCIA E SEGURANÇA O PROBLEMA: tado o serviço, existe a forte probabilidade de só voltar a haver um contacto com o Cliente quando houver uma ocorrência. Este facto contribui para que a imagem das empresas de Vigilância tenham associadas a si uma imagem negativa. A SOLUÇÃO: A partir dos problemas enunciados, parece óbvio que existe muito a fazer ao nível da relação destas empresas com os seus clientes. E se isto é verdade no mercado empresarial, assume uma importância francamente maior no caso do mercado residencial. • Acredita-se que só acontece aos outros – esta é uma atitude típica de qualquer um de nós. Muitas vezes a decisão de instalar um sistema de vigilância é posterior à ocorrência de um assalto. Não anteci- • Fidelizar o Cliente à marca – dar-lhe razões para pamos os problemas procurando soluções de segu- acreditar que fez a melhor opção. A segurança é uma questão muito sensível e o Cliente deve sentirrança – remediamos a seguir. se, desde a primeira hora, acompanhado e orientado • Fraca diferenciação das marcas presentes no mer- pelo parceiro que escolheu para garantir a sua secado – não existe a percepção da diferença entre gurança e a da sua família. O importante é prevenir! as várias empresas de Vigilância presentes no mer- Por isso, cabe às empresas aconselhar os cuidados cado, embora se distingam as grandes das peque- a ter, hábitos a adquirir... Há que estar presente pela positiva na vida dos seus clientes. Faz sentido falar nas. de programas de fidelização. Até porque hoje mui• Deficiente entendimento do serviço – muitos dos tos clientes insatisfeitos não mudam de empresa problemas que por vezes surgem com os clientes, por inércia. Mas quando a concorrência “atacar”, aí resultam da má compreensão do serviço que foi con- o caso muda de figura. tratado, ou da deficiente explicação das condições de utilização. • Promover o member-get-member – um cliente que reconheça o valor da sua empresa, será segura• Falta de cuidado dos proprietários gera ineficiên- mente um excelente “comercial” a trabalhar para si. cias no serviço – um serviço de vigilância eficaz pres- Premeie-o por isso. Mas só vale a pena apostar supõe a colaboração de quem o contrata. Mas para nesta estratégia, quando estiver consciente de que está a fazer tudo para conquistar a fidelidade dos isso é necessário que exista esta consciência. seus clientes. • Ineficácia do serviço pós-venda – uma vez contra- 99 ÁREA DE ACTIVIDADE: VPC (Vendas por Correspondência) A SOLUÇÃO: Sendo um sector cujo negócio assenta na riqueza das bases de dados, acaba por se centrar na análise • Mercado muito agressivo/forte concorrência – de dados transaccionais: frequência de compra, poucos operadores, mas muito agressivos, quer em tipos de artigos adquiridos, valor médio de compra... termos de frequência de contactos, quer de mecâIndo um pouco mais longe no conhecimento dos nicas comerciais. seus Clientes, as Marcas poderiam: O PROBLEMA: • Desconfiança face à compra à distância – dificulta o recrutamento de novos clientes, especialmente • Encontrar novos argumentos de venda – não é inem faixas etárias mais altas. Tende a melhorar, gra- diferente saber que um Cliente, ou alguém no seu ças aos hábitos adquiridos com a massificação da lar, pratica desporto, que casou há pouco tempo (mudança de morada e/ou de nome) ou que espera internet. um bebé... • A conjuntura económica desfavorável – há sempre outras prioridades, quando a crise se faz sentir. • Clientes promíscuos – pouca fidelidade. Salvo raras excepções, quem tem um Catálogo, tem vários. E compara produtos e preços. E promoções! • Fazer propostas concretas e adequadas – uma proposta certa, no momento certo, é meio caminho para ser bem sucedida. Utilizar os canais mais adequados – não desperdi•U çar esforços. Se um cliente prefere ser contactado • O lançamento das colecções com uma antecedên- por e-mail, porquê inundar-lhe a caixa do correio? Sai cia cada vez maior – Nesta matéria, impera o “me mais caro e contribui para criar alguma fricção com too”. Nenhum operador se arrisca a lançar a sua co- a marca. lecção mais tarde, pois sabe, à partida, que a concorrência vai chegar mais cedo. Na verdade, acaba • Fidelizar pela conveniência – um cartão de pagapor ser conveniente para os clientes, pois quando o mento, que confira vantagens óbvias, é um excelente calor ou o frio começam, já as colecções estão com meio de fidelização. Ao mesmo tempo que facilita a compra mais frequente, minimiza o interesse pela grandes descontos! concorrência. • Estratégias comerciais viciantes – o cliente sabe que a melhor oferta ainda está para vir. Tende a adiar a compra, o que exige esforços cada vez maiores no início das estações. 100 Cases Case Study BPI NET 11. Tendências 1. Produto/Marca BPI Net 2. Identificação da Acção/Programa Como consequência da elevada adesão à Internet e para fazer face a uma tendência generalizada de alteração no modo de vida, o BPI decidiu em 2000 apostar fortemente em novos canais de relacionamento com o Banco, como a Internet e o telemóvel, e criar Serviços on-line que associam comodidade, rapidez e personalização (relacionamento one-toone). Começou por lançar em Fevereiro de 2000, o BPI Suplemento de Marketing Relacional Net, Serviço de Homebanking que permite aos ClienMARKETEER 2006 tes realizarem de uma forma simples e rápida as suas operações bancárias através de um terminal A ESTRUTURA E A IMPEMENTAÇÃO DE UM PRO- de computador com acesso à Internet, a qualquer GRAMA DE CRM hora do dia e em qualquer parte do Mundo. A comunicação deste Serviço está associada ao headline Estrutura base de apresentação de um case-study “O seu Banco sempre à mão” que evidencia a importância do acesso ao Banco poder ser efectuado 1. Produto/Marca quando os Clientes quiserem, inserido no contexto 2. Identificação da Acção/Programa do ritmo acelerado do dia-a-dia em que vivemos. 3. Pontos Fortes do Serviço 4. Exemplos de Operações Em Outubro de 2004, o BPI chega ao telemóvel e 5. Posicionamento lança 2 novos Serviços – BPI Net Mobile e BPI Net 6. Segmentação SMS, com o headline “O seu Banco no telemóvel”, e 7. Objectivos coloca à disposição dos Clientes estes dois Serviços 8. Factor de diferenciação face à concorrência que permitem realizar consultas e operações ban9. Comunicação cárias através de telemóvel ou PDA. 10. Resultados 104 O BPI Net Mobile permite aceder ao Banco a partir de um telemóvel ou PDA com Internet (3G, GSM/GPRS ou Wi-Fi) através do seguinte endereço: http://m.bpinet.pt, com uma navegação extremamente simples. * Segurança e Confidencialidade – Utilização das melhores práticas internacionais. * Vasto leque de operações bancárias – Este Serviço dispõe de praticamente a totalidade de operações disponíveis nos canais tradicionais. * Benefícios Emocionais – Viver ao seu ritmo, mais O BPI Net SMS consiste no acesso ao Banco através tempo para si próprio, melhores decisões (tempo da troca (envio e recepção) de mensagens de texto para ponderar e poder actuar na altura certa), di(SMS) a partir do telemóvel, para o Nº 4800, exis- namismo/juventude. tindo para cada transacção uma mensagem e re4. Exemplos de Operações gras pré-definidas. Com estes lançamentos, o BPI alargou a oferta de Serviços financeiros on-line associados à utilização das mais recentes tecnologias de mercado, acrescentando a vantagem da mobilidade. - BPI Net 3. Pontos Fortes do Serviço * Comodidade – Pode utilizar aceder a este Serviço em qualquer parte do mundo, 24 horas por dia, 365 dias por ano. Consulta de Movimentos * Flexibilidade – O BPI disponibiliza uma oferta multi- Pagamento ao Estado canal. * Facilidade – A partir do telefone ou da Internet este Serviço é extremamente simples de utilizar. * Rapidez – Pode aceder à sua conta e efectuar um conjunto alargado de operações bancárias rapidamente. * Preçário – A adesão ao Serviço é gratuita, beneficiando ainda de condições muito vantajosas na rea- Operação de Bolsa – Compra lização de algumas operações, comparativamente Transferência Interbancária (para Beneficiário) com qualquer Balcão BPI e concorrência. 105 - BPI Net Mobile 5. Posicionamento O BPI Net posiciona-se como um Serviço que oferece um conjunto alargado de transacções bancárias com uma enorme simplicidade e facilidade de utilização. 6. Segmentação - BPI Net SMS * Target Primário: Clientes Particulares Residentes do BPI, entre 25-64 anos, classes A, B, C1, urbanos, com acesso à Internet. * Target Secundário: restantes Clientes particulares do BPI e ENI’s. * Dimensão Neste momento o BPI Net conta com 550.000 aderentes ao Serviço e 459.000 utilizadores activos, com níveis de utilização diferente em cada um dos Canais. 7. Objectivos Guia do Serviço do BPI Net SMS: * Oferecer ao Cliente um Serviço cómodo, simples, rápido e de custo reduzido; *Redução de custos para o Banco, pois permite reduzir a carga transaccional dos Balcões possibilitando o enfoque na actividade comercial; *Reforço da imagem do BPI como um Banco jovem, dinâmico, inovador e com uma oferta completa e ajustada às necessidades dos Clientes. 106 8. Factor de diferenciação face à concorrência * Localização temporal Foi desenvolvida uma Campanha inicial de lançaO BPI Net comparativamente com os outros Servi- mento e estão a ser realizadas continuamente ao ços de Homebanking tem 3 factores de diferencia- longo do tempo Campanhas de fidelização sempre ção: que se introduzem melhorias nos Serviços e se de* Simples senvolvem novas funcionalidades. * Prático * Seguro (o Cartão de Coordenadas é um sistema 10. Resultados de segurança praticamente inviolável relativamente a fraudes que provoquem perda de património). * Objectivos no Arranque No caso do BPI Net, o objectivo no arranque era a 9. Comunicação disponibilização de um Serviço de Homebanking com as funcionalidades já disponíveis na ATM com uma * Mecânica de Conquista - Vender o serviço que o simples utilização por forma a migrar os Clientes dos cliente quer. -Colocar evolução Anúncio velhinho + Balcões e das ATM’s para um canal mais eficiente e BPI é um sossego? de custo mais reduzido para o Banco. Em relação ao Comunicar o serviço de uma forma didáctica, de- BPI Net Mobile e BPI Net SMS o objectivo principal monstrando de forma clara como se utiliza o era aproveitar um canal privilegiado de relacionamesmo, que operações se podem realizar, como mento com o Cliente – o telemóvel e aproveitar as podem ser realizadas e a conveniência que repre- mais recentes tecnologias de mercado para desensenta para os Clientes. volver um serviço que fosse de encontro às suas necessidades. Para além disso o telemóvel é um canal * Mecânica de Fidelização - Conhecer o cliente cada com uma enorme abrangência na população em vez melhor por forma a desenvolver serviços e novas geral. funcionalidades que vão de encontro às suas necessidades por forma a criar uma relação de lealdade. * Resultados Efectivos E este conhecimento do Cliente também é conse- Actualmente o BPI Net conta com 550.000 Clienguido pelo seu feedback que resulta em melhorias tes Aderentes, que realizam cerca de 51.000 acesno Serviço. sos diários e que realizam cerca de 119.000 consultas/dia e 29.000 transacções/dia. * Plano de Comunicação (peças/canais utilizados) * Canais: Balcões, Site Banco BPI, BPI Directo, Linha 11. Tendências de apoio, Intranet * Peças: Mailing, Folheto, Guia de Utilizador, CD-Rom Com o crescimento da Internet em Portugal, os sercom acesso grátis à Internet e Demonstração do viços financeiros on-line tendem a tornar-se um háServiço, Press Release, E-mail e SMS. bito dos portugueses, sendo que os Clientes que 107 utilizam os novos canais não voltam a utilizar os ca- Case Study ACP nais tradicionais na mesma medida que utilizavam, ou seja, esta transição é unidireccional. Ocorre até ACP por vezes que o Banco para alguns Clientes já nem O SEGREDO DA LONGEVIDADE existe com os canais tradicionais, só o vêem com os novos canais. O Clube: A história do ACP remonta a 1903. Uma história A tendência actual da Banca é a aposta na perso- com mais de 100 anos, repleta de acontecimentos. nalização dos Serviços on-line e do nível de interactividade com o objectivo de desenvolver uma relação O ACP é uma instituição de utilidade pública, com de marketing one-to-one (customização) que apro- uma história centenária, que nasceu para prestar xima o Cliente do Banco e possibilita uma resposta serviços aos automobilistas portugueses. Hoje, esta imediata às suas necessidades. necessidade é ainda mais pertinente, na medida em que, se por um lado o sector automóvel se tornou Por outro lado será também uma tendência a cons- bem mais complexo, por outro, o cidadão também tante inovação e diferenciação da oferta para des- evoluiu e tornou-se muito mais exigente. O ACP pertar novas necessidades nos utilizadores assim soube identificar esta oportunidade e não só conscomo a interacção entre canais por forma a apro- truiu submarcas capazes de darem resposta a veitar sinergias multi-canal. áreas específicas, como as Viagens, os Seguros, os Clássicos, o Golfe,... como estabeleceu parcerias A segurança continuará a ser uma das prioridades para a prestação de serviços tão diversos, como a dos bancos e dos serviços de homebanking, reali- entrada num Museu ou o pagamento de compras zando um elevado nível de investimentos nesta área. através do cartão ACP Master. Hoje o ACP tem mais de 3.000 parceiros, espalhados por todo o país, que servem a sua carteira activa de sócios que já ultrapassa os 180.000 associados. Esta dinâmica é a principal responsável pela sua forte capacidade de captação e fidelização de sócios que lhe tem permitido evoluir no tempo, mantendose contudo fiel aos mesmos princípios de há 100 anos atrás, com a mesma ou maior ainda, proximidade aos seus sócios. É um clube que, de uma forma única, se tem conseguido transmitir de geração em geração, desde há mais de um século! Hoje é um 108 dos mais antigos clubes de Portugal, tendo conse- Esta nova identidade visual personifica um clube preguido manter-se no top em termos de carteira ac- parado para mais uma etapa da sua história, acomtiva dos sócios e lifetime value respectivo. panhando o seu percurso rumo a um futuro que se pretende de crescimento e durabilidade. O histórico do ACP associado à organização de eventos de renome com grande projecção nacional e in- Caracterização do ACP, enquanto aposta no Marketernacional e ao pioneirismo em muitas das acções ting Relacional: desenvolvidas em prol do automobilismo, tem contribuído fortemente para a construção da sua ima- • Produto: gem de prestígio, idoneidade e responsabilidade ACP – Automóvel Club de Portugal social. • Grupo alvo: No entanto, os tempos mudam e às novas gerações – tipologia – cidadão, maior de 18 anos, com carta é preciso dar diferente. É preciso ser inovador e di- de condução - automóvel e/ou motas (existe ainda ferenciador. É preciso mostrar que se está a mudar. a figura de sócio-cônjuge) E mudar é por vezes, renovar. – dimensão – hoje o ACP tem mais de 180.000 sóA capacidade de renovação da nova Direcção eleita cios activos em 2004 exprime a grande força e vitalidade do clube e a recente renovação da identidade visual do • Objectivos ACP é mais uma evidência da profunda mudança - Crescimento consistente da carteira que se tem vindo a operar. - Recrutamento de sócios mais jovens (rejuvenescimento da carteira) A nova identidade traduz a forma dinâmica como o - Diminuição da taxa de saída espontânea de sócios clube se propõe perspectivar o futuro. (“abandono”) - Melhoria dos serviços a prestar A segmentação em termos de imagem corporativa - Reforçar os serviços e benefícios aos sócios agora apresentada tem como principal objectivo mostrar ao sócio como o clube se interessa por toda • Principais vantagens para os sócios a sua família, enriquecendo o leque de vantagens de - Serviços gratuitos ACP cada um em função dos seus interesses e idades. A - Serviços ACP exclusivos para sócios aposta agora incutida vai também no sentido de uma - Benefícios exclusivos de Parceiros ACP melhoria dos serviços prestados e ainda na criação de mais e inovadoras soluções para os seus asso- • Meios de comunicação com o sócio ciados. - Welcome pack - Revista mensal 109 - Comunicação directa das submarcas/serviços au- quando atingirem a maioridade. E será o parceiro tónomos ACP natural para que possam encarar o futuro com tran- Contact Center quilidade, segurança e muitas vantagens. • Principais fontes de conquista de sócios – Delegações ACP – Member get Member – Parceiros – Eventos Estreitar relações com os seus sócios é uma prioridade para o ACP. Para isso, desenvolve um trabalho intenso de qualificação e análise da Base de Dados, que permitirá, cada vez mais, conhecer os sócios, o que fazem, o que esperam do clube… e, em consequência, permitirá ir cada vez mais ao encontro dos Do passado ao futuro – um caminho assente em re- seus desejos, direcccionando a oferta e construindo lações fortes vantagens à sua imagem. É numa base de confiança e reconhecimento que assenta qualquer relação. A relação do ACP com os seus sócios não é diferente. Por isso se orgulha de ter hoje uma carteira sólida, que se mantém e reforça diariamente. Muitos dos sócios deste clube ímpar são fiéis à décadas e décadas… Muitos trazem novos sócios, porque reconhecem valor ao clube que elegeram há muitos anos atrás e que não se cansa de trabalhar para lhes oferecer novas vantagens, novos serviços, atenções exclusivas. A aproximação do clube aos sócios poderá ir ainda mais longe, concretizando um sonho da actual direcção: dar corpo ao conceito de clube. Ou seja, o ACP abrir-se-á, no futuro, aos sócios, como um espaço de acolhimento e actividade social, recuperando espaços de lazer, restaurante, salas de leitura… Crescendo, o ACP tem sido capaz de não se afastar da sua verdadeira razão de ser: o sócios. Pelo contrário, cresce apostando sempre na aproximaMas o futuro faz-se também de novos rostos, de ção e no estreitamento de relações. novas apostas, de novos desafios. Por tudo isto, olhamos para o ACP como um caso E mais uma vez, o ACP lança-se numa cruzada de re- sério de marketing relacional. novação, sem nunca esquecer aqueles que já fazem parte da família. Família que será mais forte se conseguir conquistar para o seu regaço também outros membros da família dos actuais sócios: os filhos, por exemplo, são um objectivo a atingir, pois será uma forma de os preparar para serem os sócios do futuro. Acompanhando-os ao longo da sua infância e adolescência, o ACP já fará parte das suas vidas 110 CASE STUDY EDIMPRESA » PRODUTO / MARCA A Edimpresa tem origem na Editora Abril Morumbi, fundada em Maio de 1979, publicando na época revistas de banda desenhada para jovens. Até ao início da década de noventa irá expandir-se, incluindo no seu portofólio duas revistas que são ainda hoje uma referência: Casa Cláudia e Exame. Nos anos 90, verificam-se várias fusões e aquisições. Vários outros títulos vêm enriquecer a carteira: a Activa em 91, a Caras em 95 e a Visão, em 99, são apenas três exemplos. Em 96 passa a designar-se Abril-Controljornal-Editora e em 2003 toma a designação actual de Edimpresa, Editora (Edipresse/Impresa). A Edimpresa é hoje a maior editora em Portugal, com 40 títulos editados, dos quais 29 com assinaturas. » IDENTIFICAÇÃO / PROGRAMA Assinaturas A área de Marketing Directo e Assinaturas ocupou sempre um papel importante na empresa, mas ganha maior dinâmica com a chegada da Visão. De então para cá cresceu substancialmente. O exemplo da Visão ilustra bem a aposta feita nesta área, já que tinha 6.000 assinantes quando foi adquirida e hoje tem 40.000. as revistas em sua casa, em primeira-mão, e também o serviço de apoio ao Assinante. São sensíveis a um tratamento privilegiado. » OBJECTIVOS A Edimpresa teve como escola de Marketing Directo e Assinaturas a Editora Abril, do Brasil, que tem uma experiência riquíssima, de muitos anos. E tal como no Brasil, os dois grandes objectivos desta actividade são: 1. garantir uma circulação paga estável 2. rentabilidade » DESCRIÇÃO A acção da Direcção de Assinaturas assenta em três áreas distintas, mas complementares: - Captação de novas assinaturas São desenvolvidas acções para angariação de novos assinantes – captação em banca, acções cruzadas, etc. – e também acções específicas para conquista de novas assinaturas junto de assinantes já em carteira. Existe uma estratégia de captação essencialmente assente no conceito “multi-marca”, embora também por marca. Em termos mais concretos, tem sido objectivo da Direcção de Assinaturas potenciar os esforços através de vendas cruzadas junto das famílias. Esta tem sido uma estratégia com bons resultados, pois permite uma economia de escala, ao comunicar várias revistas em simultâneo. - Renovação de assinaturas GRUPO ALVO Através de um ciclo de comunicação ajustado a cada Leitores fiéis, que valorizam o conforto de receber título, a Edimpresa procura antecipar a renovação 111 da assinatura, oferecendo, no momento certo, as melhores condições de renovação. A retenção (fidelização) assenta em descontos superiores aos descontos de captação. - Papel – mailings, folhas de rosto, encartes… - Telemarketing – outbound (follow-on de campanhas) e inbound - Internet – e-mail marketing, site www.assineja.pt, e SMS - Recuperação de antigos assinantes - Venda directa, através de uma rede de vendedores Quem já assinou uma revista do grupo, é um assi- a nível nacional. nante em potência. Por isso, a Edimpresa desenvolve acções específicas para recuperação destes assi- Quanto a parcerias, a estratégia é clara: nantes, através de propostas adequadas ao perfil - poucos parceiros, mas bons (parcerias estratégidos mesmos. cas). À parte uma ou outra parceria de carácter social Para a Edimpresa, é 5 vezes mais caro captar um (ex.: Cartão Jovem), só serão considerados casos novo cliente do que fidelizar um actual. Daí a grande em que seja possível estabelecer vantagens bilateaposta na retenção de assinantes. rais relevantes. Para além da excelência dos produtos, é importante apostar na qualidade do serviço: garantir serviços Para além do BtoC, a Edimpresa aposta também no de valor acrescentado e de fácil acesso. O telefone e BtoB, que representa cerca de 10% da carteira. a Internet assumem cada vez mais um papel rele- Para este canal, a Edimpresa adopta uma estratévante neste universo. gia própria, que passa pelo contacto pessoal (com A muito curto prazo, os assinantes da Edimpresa uma equipa própria) e condições específicas. vão poder consultar a sua ficha e fazer actualizações on-line, bem como renovar a sua assinatura. A con- » RESULTADOS veniência é palavra-chave. É o “empowerment” do Hoje a Edimpresa tem 115.000 assinantes, com Cliente. 140.000 assinaturas. Como afirma Miguel Bragança, Director de AssinaA Edimpresa garante sempre vantagens exclusivas turas da Edimpresa, uma carteira como esta não se aos seus assinantes. A acção cruzada com o Cartão faz num dia. Vitória é disso um bom exemplo: um actual assi- A rentabilidade da carteira passa pela capacidade nante Edimpresa que tenha o cartão Vitória da TAP, de retenção. Um cliente começa a ser rentável dee que faça uma nova assinatura, ganha mais milhas pois de 1 ano e a sua rentabilidade aumenta em cada ano que renova a sua assinatura. do que um novo assinante. Para garantir os melhores resultados, a Edimpresa utiliza uma estratégia multi-canal: Em suma, existem dois caminhos possíveis para manter uma carteira de assinantes: 112 1. Taxa de Entrada – esta aposta é 5 vezes mais cara 2. Tempo de vida do assinante – esta é a aposta da Edimpresa. Não se faz num dia… mas é mais rentável. O futuro trará também o crescimento exponencial dos meios online, quer ao nível da captação, quer da retenção de clientes. A par do site de assinaturas, que crescerá em funcionalidades, novos sites editoriais serão também uma aposta, pois valorizam a ≈ FACTOR DE DIFERENCIAÇÃO FACE À CONCOR- oferta e representam um maior poder de captação RÊNCIA e geração de sinergias. Brindes. Sim ou não? Para a Direcção de Assinaturas da Edimpresa, brindes… só editoriais, pois não desvirtuam a revista. E nesta matéria já foram desenvolvidas várias acções, nomeadamente com a Visão, que têm sempre funcionado como valor acrescentado para o cliente A diversidade do portfolio é sem dúvida uma forte vantagem competitiva, pois permite criar sinergias importantes entre os vários títulos. » O FUTURO O futuro faz-se já hoje, na Edimpresa. Está em curso o processo que permitirá, num futuro próximo, adoptar uma verdadeira estratégia one-to-one. Através de um sistema de gestão do conhecimento, será possível determinar o lifetime-value de cada cliente e, a partir daí, fazer uma gestão mais personalizada, com ofertas e um mix de comunicação adequados a cada perfil. 113 Conclusão Quando terminamos de escrever um livro com estas abordagens sabemos que ele já se encontra desactualizado pois a velocidade a que surgem novas temáticas, novos conceitos e aplicações faz-nos estar permanentemente na busca e no aperfeiçoar das nossas actividades. Mas por muitas novidades, inovações e metodologias que nasçam, evoluam ou transformem nada contraria a tendência Consumidor/Cliente e a importância que este tem no sucesso das marcas e consequentemente das empresas. A relação com clientes é a base do sucesso empresarial. E esta, como dado adquirido que é, necessita de constantes melhorias e evoluções. Este livro sobre CRM é apenas uma pequena parte do grandioso mundo que é a comunicação de marcas e a relação que estas têm com os seus públicos. É também um incentivo a podermos manter esta colecção activa com mais temas e mais obras a publicar em breve. 114 Bibliografia AAKER, David A., “Managing Brand Equity”, Free Press, 1991; AAKER, David A., “Building Strong Brands”, Free Press, 1996; AAKER, David A., “Brand Leadership”, Free Press, 2000; DIONÍSIO, Pedro, RODRIGUES, Vicente et al, “Publicitor”, Publicações D. Quixote, 1999; DUBOIS, Bernard, “Compreender o Consumidor”, Publicações D Quixote, 1993. 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