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15. SAPOTI (Manilkara achras (Mill.) Fosberg) Ricardo Elesbão Alves Heloísa Almeida Cunha Filgueiras Carlos Farley Herbster Moura 15.1.Introdução A espécie Manilkara achras, à qual pertence o sapoti, é nativa do México e América Central, bastante cultivada nos trópicos, e pertence à família Sapotaceae (Roy & Joshi, 1997). Desta região, se disseminou para os trópicos americanos, Ásia e Africa (Donadio et al., 1998). De acordo com Lakshminarayana (1980) os índios nativos do México chamam a fruta de zapotl or zapotle. Além disso, é conhecido por vários outros nomes em vários países, tais como: sapodilla (Reino Unido e Estados Unidos); chiku ou sapota (Índia); dilly, naseberry ou sapodilla plum (outros países de língua inglesa); chico ou chico zapote (México) e níspero (Venezuela). No Brasil, os estados nordestinos se destacam na produção de sapoti devido, principalmente, às condições propiciadas pelo clima associado com o uso de irrigação. Um grande incentivo para os produtores é o elevado preço que este fruto atinge no mercado interno. O sapotizeiro, embora se adapte facilmente às mais diferentes condições de solo, clima e altitude, é mais produtivo em altitudes inferiores a 400m, temperatura elevada, acima de 28ºC, suportando longos períodos de seca, apesar de se beneficiar com a irrigação em épocas críticas. 15.2. Caracterização A Tabela 15, onde se encontra a caracterização da polpa do sapoti maduro realizada na Embrapa Agroindústria Tropical, mostra que, em frutos cultivados, o peso médio foi de 125g, inferior ao de frutos avaliados por Araújo Neto (2000), que encontrou peso entre 145,9 e 173,4g. Tabela 15. Caracterização da polpa do sapoti maduro, Fortaleza, CE, Brasil, 2000. Características Médias Peso Total (g) 124,96 Casca (%) 10,36 Sementes (%) 2,13 Polpa (%) 87,51 Comprimento (mm) 56,63 Diâmetro (mm) 59,23 Sólidos Solúveis Totais (°Brix) 25,98 Acidez Total Titulável (%) 0,12 Sólidos Solúveis/Acidez 216,10 pH 5,37 Açúcares Solúveis Totais (%) 22,46 Açúcares Redutores (%) 15,26 Amido (%) 5,18 Pectina Total (%) 0,74 Pectina Solúvel (%) 0,60 Pectina Fracionada (% - em relação aos SIA) A.M. - 5,45 B.M.- 0,30 Pectinametilesterase (UAE) Prot. - 0,18 383,30 Poligalacturonase (UAE) 5,07 Vitamina C Total (mg/100g) 12,26 Fenólicos Solúveis em Água (%) 0,06 Fenólicos Solúveis em Metanol (%) 0,04 Fenólicos Solúveis em Metanol 50% (%) 0,07 *SIA = sólidos insolúveis em álcool; A.M. = alta metoxilação; B.M. = baixa metoxilação; Prot. = protopectina; UAE = unidades de atividade enzimática. Fonte: Dados não publicados - INCO-DC Contrato ERBIC18CT970182) Encontra-se uma grande variação no teor de sólidos solúveis totais, conforme a região de origem do fruto (Lakshminarayana & Subramanyam, 1966; Shanmugavelu & Srinivasan, 1973; Vélez-Colón et al., 1991). Em trabalhos citados por Roy & Joshi (1997), em frutos maduros da cultivar Kalipatti foram encontrados teores de sólidos solúveis totais em torno de 24ºBrix, e acidez de 0,11%, um pouco abaixo dos resultados encotrados aqui. De fato, o sapoti é um fruto de baixa acidez, nos frutos maduros das cultivares Cricket Ball e Oblong, a acidez total titulável é de 0,06 e 0,09% respectivamente (Selvaraj & Pal, 1984). Em correspondência, o pH dos frutos é elevado, 5,37, ou variando entre 5,26 e 5,67, segundo Araújo Neto (2000). Do ponto de vista de tecnologia de alimentos, o pH do sapoti está acima da faixa considerada segura, levando à necessidade de cuidados especiais no processamento. Mesmo depois de completamente maduro, o sapoti ainda apresentou um elevado teor de amido e de pectina total, o que pode trazer dificuldades durante o processamento e a estabilização de sucos. Lakshminarayana et al. (1969), relataram uma variação no teor de amido em sapoti de 2,98 a 6,40%. As quantidades de compostos fenólicos encontradas foram reduzidas, podendo-se deduzir que este fruto é pouco adstringente, quando comparado com o camu-camu, por exemplo. 15.3. Utilização Nos vários países onde o sapoti é produzido, o mesmo é consumido in natura. A polpa congelada, o suco e o sorvete são os produtos geralmente produzidos a partir da fruta. Outros produtos tem sido estudados, principalmente na Índia, porém o processamento na maioria das vezes leva a perda do sabor característico da fruta (Lakshminarayana, 1980). O látex extraído da casca da planta é levemente aromático e utilizado em alguns países para a fabricação de goma de mascar (Salunkhe & Desai, 1984). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAÚJO NETO, S.E. Desenvolvimento, maturação e determinação do ponto de colheita do sapoti (Manilkara achras (Mill.) Fosberg). Mossoró, 2000. 45p. Dissertação (Mestrado em Fitotecnia), Escola Superior de Agricultura de Mossoró. DONADIO, L.C.; NACHTIGAL, J.C.; SARAMENTO, C.K. Frutas exóticas. Jaboticabal: FUNEP, 1998. 279p. LAKSHMINARAYANA, S. Sapodilla and prickly pear. In: NAGY, S.; SHAW, P.E. Tropical and subtropical fruits - composition, properties and uses. Westport: AVI, 1980. p. 415-441. LAKSHMINARAYANA, S., SUBRAMANYAM, H. Physical, chemical and physiological changes in sapota fruit [(Achras sapota Linn. (sapotaceae)] during development and ripening. Journal of Food Science and Technology, v. 3, p. 151-154, 1966. LAKSHMINARAYANA, S., MATHEW, A.G, PARPIA, H.A B. Changes in polyphenols of sapota fruit (Achras zapota L.) during maturation. Journal of Science and Food Agriculture , v. 20, p. 651-653, 1969. ROY, S.K., JOSHI, G.D. Sapota. In: Mitra, S.K. Postharvest physiology and storage of tropical and subtropical fruits. New York: CAB, 1997. p. 387-396. SALUNKHE, D.K.; DESAI, B.B. Sapota In: Posthavest biotechmology of fruits. Boca Raton: CRC, 1980. v. 2, p.59-64. SELVARAJ, Y., PAL, D.K. Changes in the chemical composition and enzyme activity of two sapodilla (Manilkara zapota) cultivars during development and ripening. Journal of Horticultural Science, v. 59, n. 2, p. 275-281, 1984. SHANMUGAVELU, K.G., SRINIVASAN, C. Proximate composition of fruits of sapota cultivars (Achras sapota Linn). South Indian Horticulture , v. 21, n. 3, p. 107-108, 1973. VÉLEZ-COLÓN, R., CALONI, I.B., MARTINÉS-GARRASTAZÚ, S. Sensorial and chemical evaluation of sapodilla (Manilkara sapota L. V. Rogen, Achras sapota Lynn.) varieties. Journal of the Agricultural University of Porto Rico, p. 103-104, 1991. Este capítulo foi retirado do livro: ALVES, R. E.; FILGUIERAS, H. A.. C.; MOURA, C.F.H. Org. Caracterização de frutas nativas da América Latina. Jaboticabal: UNESP/SBF, 2000.
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