Tipologia Textual, coesão e coerência

Transcrição

Tipologia Textual, coesão e coerência
Disciplina : Leitura e Produção de Texto
Professora: Esp. Joelma Barbosa
[email protected]
Leitura e produção de texto
Estudar leitura e produção de textos vai além de simplesmente escrever redações imensas e cansativas, é
antes de tudo estar atento aos vários tipos de textos que estamos sempre nos deparando, sejam eles verbais
e não verbais. Em todos há a presença do discurso, isto é, a ideia intrínseca, a essência daquilo que está
sendo transmitido entre os interlocutores.
Os interlocutores são as peças principais em um diálogo ou em um texto escrito, pois nunca escrevemos
para nós mesmos, nem mesmo falamos sozinhos.
É de fundamental importância sabermos classificar os textos dos quais travamos convivência no nosso dia
a dia, uma vez que sempre relatamos sobre um acontecimento, um fato presenciado ou ocorrido conosco,
expomos nossa opinião sobre determinado assunto, ou descrevemos algum lugar pelo qual visitamos, e
ainda, fazemos um retrato verbal sobre alguém que acabamos de conhecer ou ver.
Para isso, precisamos saber que existem tipos e gêneros textuais:
Narrativo - Conta fatos que ocorreram num determinado tempo e lugar, envolvendo personagens e um
narrador. Refere-se a objeto do mundo real ou fictício, com grande relação de anterioridade e posteridade.
O tempo verbal predominante é o passado. Estamos cercados de narrações desde histórias infantis a piadas
do cotidiano. É o tipo predominante nos gêneros: conto, fábula, crônica, romance, novela, depoimento,
relato etc.
Descritivo - Texto em que se faz um retrato por escrito de um lugar, uma pessoa, um animal ou um
obejeto, descrevendo-o minuciosamente. A classe das palavras mais utilizada nessa produção é o adjetivo
(adjetivo é a palavra que expressa uma qualidade ou característica do ser), pela sua função caracterizadora.
Abstratamente, podem-se descrever sensações ou sentimentos, não há relação de anterioridade e
posteridade. É um tipo textual que se agrega facilmente aos outros tipos em diversos gêneros textuais. Tem
predominância em gêneros como: cardápio, folheto turístico, anúncio classificado etc.
Dissertativo - A dissertação é um texto que analisa, interpreta, explica e avalia dados da realidade. Esse
tipo textual requer reflexão, pois as opiniões sobre os fatos e a postura crítica em relação ao que discute
tem grande importância. É um texto temático, focado na linguagem denotativa (quando a palavra é
utilizada com seu sentido comum, como aparece no dicionário),o enunciador não aparece e é empregada a
1ª pessoa do plural (nós).
Argumentativo - Esse texto tem a função de persuadir o leitor, convencendo-o de aceitar uma ideia imposta pelo
texto, e quando também mostra fatos para embasar a argumentação, se torna um texto dissertativo – argumentativo.
Injuntivo- É o texto que indica como realizar uma ação e também é utilizado pra predizer acontecimentos e
comportamentos, utiliza linguagem simples e objetiva. Seus gêneros principais são: Receitas de bolo, bula de
remédios, manuais etc.
Algumas dicas:
Texto Narrativo (sequência de fatos)
•
Conta como aconteceu, acontece ou acontecerá algo (real ou imaginário);
•
•
•
•
•
•
É necessário uma introdução, um clímax e um desfecho;
O enredo é prioridade;
Fundamental é situar o tempo e o espaço físico onde ocorrem os fatos;
Dar preferência ao verbo de ação, ao dinamismo, para tornar mais viva a narrativa;
O pretérito perfeito e o mais-que-perfeito do indicativo predominam na narrativa;
O autor adota a postura de narrador.
•
•
•
•
•
Texto Descritivo (sequência de aspectos)
Descreve como é um objeto, uma pessoa, uma paisagem, uma cena...;
Apresenta o cheiro, a cor, as sensações como aspectos importantes;
A finalidade da descrição é fazer ver e sentir;
Os adjetivos estão sempre presentes no texto;
O autor adota a postura de observador.
•
•
•
•
Texto Dissertativo (sequência de análises)
Texto objetivo;
Convence o leitor por meio de fatos, dados estatísticos, citações, publicações;
O predomínio verbal é o presente do indicativo e do subjuntivo;
O autor adota a postura de argumentador.
Destes, o mais utilizado no meio acadêmico é o DISSERTATIVO, por isso vamos nos aprofundar um pouco mais:
Na maioria das vezes, sentimo-nos despreparados quando estamos diante de uma folha de papel em branco
no propósito de fazer um bom texto, não é mesmo?
As ideias não fluem, o tempo passa muito rapidamente, e quando percebemos... Lá se foi o tempo e não
atingimos o objetivo almejado.
Então, é possível se familiarizar mais com a escrita lembrando-se da palavra texto. Ela, assim como muitas
outras, origina-se do latim “textum”, que significa tecer, entrelaçar ideias, opiniões e pensamentos.
Mas existe uma fórmula mágica para se construir um bom texto?
A resposta é simples. Basta lembrarmos que toda escrita requer praticidade, conhecimento prévio do
assunto abordado, e, sobretudo, técnicas, que constituem a performance de todo texto bem elaborado.
Para que um texto fique claro, compreensível e possa transmitir a ideia que você queira passar, é
importante que ele tenha duas características: COESÃO E COERÊNCIA.
Coesão- nada mais é que a ligação harmoniosa entre os parágrafos, fazendo com que fiquem ajustados
entre si, mantendo uma relação de significância.
Entre os elementos que garantem a coesão de um texto, temos:
A. As referências e as reiterações: Este tipo de coesão acontece quando um termo faz referência a
outro dentro do texto, quando reitera algo que já foi dito antes ou quando uma palavra é substituída
por outra que possui com ela alguma relação semântica. Alguns.
B. As substituições lexicais (elementos que fazem a coesão lexical): este tipo de coesão acontece
quando um termo é substituído por outro dentro do texto, estabelecendo com ele uma relação de
sinonímia, antonímia, hiponímia ou hiperonímia, ou mesmo quando há a repetição da mesma
unidade lexical (mesma palavra).
C. Os conectores :Estes elementos coesivos estabelecem as relações de dependência e ligação entre os
termos, ou seja, são conjunções, preposições e advérbios conectivos.
D. A correlação dos verbos (coesão de tempo e aspecto): consiste na correta utilização dos tempos
verbais, ordenando assim os acontecimentos de uma forma lógica e linear, que irá permitir a
compreensão da sequência dos mesmos.
São os elementos coesivos de um texto que permitem as articulações e ligações entre suas diferentes partes,
bem como a sequencia das ideias.
Coerência- falamos acerca da significação do texto, e não mais dos elementos estruturais que o compõem.
Um texto pode estar perfeitamente coeso, porém incoerente. É o caso do exemplo abaixo:
"As ruas estão molhadas porque não choveu"
Há elementos coesivos no texto acima, como a conjunção, a sequência lógica dos verbos, enfim, do ponto
de vista da COESÃO, o texto não tem nenhum problema.
Contudo, ao ler o que diz o texto, percebemos facilmente que há uma incoerência, pois se as ruas
estão molhadas, é porque alguém molhou, ou a chuva, ou algum outro evento. Não ter chovido não é o
motivo de as ruas estarem molhadas. O texto está incoerente.
Podemos entender melhor a coerência compreendendo os seus três princípios básicos:
1. Princípio da Não Contradição: em um texto não se pode ter situações ou ideias que se
contradizem entre si, ou seja, que quebram a lógica.
2. Princípio da Não Tautologia: Tautologia é um vício de linguagem que consiste na repetição de
alguma ideia, utilizando palavras diferentes. Um texto coerente precisa transmitir alguma
informação, mas quando há repetição excessiva de palavras ou termos, o texto corre o risco de
não conseguir transmitir a informação. Caso ele não construa uma informação ou mensagem
completa, então ele será incoerente.
3. Princípio da Relevância: Fragmentos de textos que falam de assuntos diferentes, e que não se
relacionam entre si, acabam tornando o texto incoerente, mesmo que suas partes contenham certa
coerência individual. Sendo assim, a representação de ideias ou fatos não relacionados entre si, fere
o princípio da relevância, e trazem incoerência ao texto.
Em resumo, podemos dizer que a COESÃO trata da conexão harmoniosa entre as partes do texto, do
parágrafo, da frase. Ela permite a ligação entre as palavras e frases, fazendo com que um dê sequência
lógica ao outro. A COERÊNCIA, por sua vez, é a relação lógica entre as ideias, fazendo com que umas
complementem as outras, não se contradigam e formem um todo significativo que é o texto.
Pronto, seguindo esses princípios acima citados, você verá como a sua fluência na leitura e escrita será
significante.
O aprimoramento de nossa leitura e escrita se dá com a prática, uma vez que as regras de português são
aprendidas à medida que as utilizamos no nosso cotidiano.
“A leitura torna o homem completo; a conversação torna-o ágil; e o escrever dá-lhe precisão.”
Francis Bacon
Abaixo, deixo alguns links que podem ser úteis na hora de escrever:
http://www.infoescola.com/portugues/erros-gramaticais-comuns-na-lingua-portuguesa-parte-i/
http://www.infoescola.com/portugues/erros-gramaticais-comuns-na-lingua-portuguesa-parte-ii/
http://www.infoescola.com/portugues/erros-gramaticais-comuns-na-lingua-portuguesa-parte-iii/
Referências
AZEREDO, J. C. Iniciação à sintaxe do português. Rio: Jorge Zahar, 1993.
BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 1992.
KOCH, Ingedore. Coesão e coerência textual. S. Paulo: Ática, série Princípios.
KOCH, Ingedore Grunfeld Villaça. Introdução à lingüística textual. São Paulo: Martins Fontes, 2004.
_____SOARES, Maria de Lourdes G. F. e FERREIRA, Maria Salonilde. “Aprender
a escrever, (re)escrevendo”, IN RIBEIRO, Márcia M. G. e FERREIRA, Maria Salonilde (orgs)
oficina pedagógica: uma estratégia de ensino-aprendizagem, Natal:EDUFRN, 2001.