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assadas as emoções de mais uma Copa do
Mundo e antes de outra saudável eleição para a
P
Presidência da República, o Brasil se prepara para
comemorar os 80 anos da primeira transmissão radiofônica em nosso país, o que aconteceu na Exposição do Centenário da Independência, em setembro
de 1922. Sete meses depois será a vez de comemorarmos a instalação da primeira emissora de rádio
do país, a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro.
Fundada em abril de 1923 por Edgard RoquettePinto e seus companheiros da Academia de
Ciências, dela surgiu, 13 anos depois, a atual Rádio
MEC. Por coincidência, também este ano a
Sociedade dos Amigos Ouvintes da Rádio MEC
comemora 10 anos de existência, sendo até agora a
primeira – e, ao que se saiba, única – entidade
civil nascida para auxiliar uma emissora de rádio a
cumprir o seu destino.
Mas não basta a ligação histórica, umbilical,
para esgotar a união entre as duas instituições. Mais
forte é a afinidade com as idéias defendidas por
Roquette-Pinto, especialmente a crença no papel
do rádio na educação de nosso povo. Essa cláusula
norteou não só a fundação da Rádio Sociedade do
Rio de Janeiro como integrou o acordo pelo qual a
emissora foi doada ao Governo Federal, em 1936,
com a condição explícita de manter uma programação voltada para a difusão do conhecimento, aos
cuidados do então Ministério da Educação e Saúde.
Nessa trajetória das últimas oito décadas a
Rádio MEC foi o modelo de uma emissora exclusivamente educativa e cultural, embora em diversos
momentos de sua história tivesse de superar insuficiências materiais e até turbulências políticas, como
nos idos de 1964. A preocupação com esse patrimônio levou um grupo de admiradores da emissora
a fundar, em 1992, a Sociedade de Amigos. De lá
para cá, os 100 sócios fundadores se multiplicaram
mais de cinco vezes – e sonhamos chegar ao associado número 1000 nos próximos dois anos.
Nas páginas centrais, o leitor encontrará um
resumo das principais realizações da SOARMEC,
expondo o que de mais significativo fizemos, com o
apoio dos sócios e a generosidade de parceiros
como a Academia Brasileira de Música, o Fundo
Nacional de Educação, o Conservatório Brasileiro
de Música, o Consulado dos Estados Unidos no Rio
de Janeiro, o RIOARTE e a solidariedade de artistas que participaram de recitais, programas e
gravações promovidos por nós.
Mas não podemos esquecer que nada disso
poderia ser feito sem o endosso dos dirigentes da
Associação de Comunicação Educativa RoquettePinto – ACERP, atual responsável pela administração da Rádio MEC e da TVE. A disposição de
engrandecer a emissora fundada por RoquettePinto, demonstrada neste momento por ambas as
partes, impulsiona a recém-empossada diretoria da
SOARMEC rumo a novos e maiores desafios e, se
possível, a outras comemorações, contando com o
entusiasmo e a energia dos amigos ouvintes.
1922
IMPRESSO
Ações e comemorações
Amigo Ouvinte
Ano X • Nº 33 • AGOSTO DE 2002
I N F O R M AT I V O D A S O C I E D A D E D O S A M I G O S O U V I N T E S D A R Á D I O M E C
Continuando a continuar
A 6ª diretoria da SOARMEC
Foto: JC Mello
Editorial
Os novos diretores e os principais colaboradores da SOARMEC, logo após
a eleição realizada durante a 7ª Assembléia Geral Ordinária. A partir da
esquerda: Paulo Garcia, Francisco Teixeira, José Renato Monteiro, Luiz
Carlos Saroldi, Regina Salles, Renato Rocha, Fábio Pimentel, Reinaldo
Ramalho e Renata Mello – veja matéria na página 5.
O 16º CD!
Também neste número
Alto Falante
Organização Social na Berlinda
Caminhos do Diálogo,
por Xico Teixeira
Presença dos Amigos Ouvintes
Resumo Cronológico
Música numa hora dessas?
por Carlos Acselrad
2
6
7
8
10
13
A Prata da Casa,
entrevista c/ Roberto Montero 14
A Série “Repertório Rádio MEC” ganha
mais um título – veja crítica e cobertura do
lançamento na página 3.
Cartas
Números da CAO
Programações
80 ANOS DA PRIMEIRA TRANSMISSÃO RADIOFÖNICA
10 ANOS DA SOCIEDADE DOS AMIGOS OUVINTES
19
19
19 e 20
2002
Alto-Falante
foto J.C. Mello
Ami go Ouvinte
é uma publicação da SOARMEC
Sociedade dos Amigos Ouvintes
da Rádio MEC.
A POLÍCIA FEDERAL desencadeou operação para fechar cerca de 2000 rádios
piratas de São Paulo, até o início da campanha eleitoral. As piratas são peças
importantes nas campanhas e estima-se
que 900 mil ouvintes sintonizam estas
estações, a cada minuto.
MINAS GERAIS foi o estado que recebeu
mais concessões radiofônicas na gestão do
Ministro das Comunicações Pimenta da Veiga, que é mineiro. O estado recebeu 103
FMs, 4 AMs e 196 comunitárias.
SEGUNDO O MINISTÉRIO das Comunicações, existem, no país, 1172 rádios comunitárias, das quais 232 já possuem concessão e
940 têm autorização provisória.
AS COMUNITÁRIAS querem fazer parte da
ABERT, entidade que reúne as rádios AM e
FM. Diferentemente das piratas, as rádios
comunitárias são estações pequenas que conseguiram autorização para transmitir em baixa potência e sem fins lucrativos. E é exatamente para tornar claro a diferença que elas
querem entrar para a ABERT.
DEPOIS DE SETE anos calada, a RoquettePinto AM volta ao ar, com uma programação voltada para a área cultural. Para tanto,
o estado recebeu apoio do Sindicato dos
Radialistas e Artistas e também da Rádio
Rio, que cedeu o terreno onde está o transmissor e a torre para colocação da antena.
A 5ª DIRETORIA DA SOARMEC, em final de
exercício, reuniu-se, em março, com o senador
Roberto Saturnino Braga. Na foto, a partir da
esquerda: Carlos Acselrad, diretor de comuni-
cação; Paulo Garcia, encarregado de vendas;
Edino Krieger, vice-presidente; o ilustre visitante;
Maria Yedda Linhares, presidente, Luiz Carlos
Saroldi, e Renato Rocha, diretor-secretário.
SOMOS 549 SÓCIOS. Vamos fazer uma campanha para chegar a 1001 Amigos Ouvintes
ainda em 2002? Os interessados em colaborar serão bem vindos.
MÁRCIO FORTES, Artur da Távola e
Alexandre Machado não pertencem mais ao
conselho de Administração da ACERP.
Ainda não foram indicados seus substitutos.
EDINO KRIEGER, que tirou férias da
SOARMEC após 6 produtivos anos, acaba de
voltar da Alemanha, onde passou 3 meses no
recém-inaugurado Centro de Música Cênica
de Karlsruhe, como bolsista da Bolsa Virtuose, concedida pelo MinC.
O OPERADOR Olivaldo “Dinho” Meireles e
o produtor Renato Rocha não mais pertencem
ao quadro de funcionários da Emissora. O
primeiro foi redestribuído e o segundo pediu
aposentadoria proporcional.
MAIS 10 CDs REPERTÓRIO RÁDIO MEC:
é o que estamos buscando junto ao “Programa Petrobrás Música”, uma das mais ambiciosas iniciativas para a preservação da nossa memória musical. Vamos torcer!
MANTENDO a regularidade, o “Boletim das
Emissoras da Rede Brasil” , em papel de boa
gramatura e a cores, vem com os destaques
da programação da TVE e da MEC AM e
FM. Quem sabe este não é o primeiro passo
para uma revista com a programação mensal
detalhada, como a da Cultura de São Paulo?
COMEÇARAM a ser realizados os trabalhos
de restauração e pintura das paredes internas
da Emissora. Estava ficando bom, mas foram
suspensos. Parou por que?
“VERDE-OLIVA FM. A emissora que transmite em cores: o verde e o amarelo. E o
verde é oliva.” Esse é o slogan da rádio que o
Exército Brasileiro colocou no ar, em maio.
A CEMINA, ong que por 12 anos veiculou o
programa Fala mulher, na Rádio Guanabara,
no Rio de Janeiro, acaba de lançar o site
www.radiofalamulher.com.
A RÁDIO FLUMINENSE voltou ao seu
lugar no dial: 94,9 FM.
Apoio Cultural
UMA VALIOSA doação,
de Allan Lima, veio enriquecer nossa biblioteca:
o raríssimo livro, ao lado,
e 4 grossos volumes encadernados, com antigos
scripts mimeografados de
programas assinados por
Paschoal Longo e Otto
Maria Carpeaux. Venha
conferir.
De Utilidade Pública Municipal
(Lei nº 2464) e Estadual (Lei nº 3048)
CGC 40405847/0001-70
Praça da República l4l-A Sala 201
CEP 20211-350
Tel: 2221-7447 R: 2207 e 2210
[email protected]
[email protected]
EDITOR-RESPONSÁVEL:
Renato Rocha
JORNALISTA-RESPONSÁVEL:
Francisco Teixeira
PRESIDENTE DE HONRA:
Beatriz Roquette-Pinto
DIRETORIA:
PRESIDENTE:
Luis Carlos Saroldi
VICE-PRESIDENTE:
Regina Amaral de Salles
TESOUREIRA:
Leonete dos Santos Marback
ATIVIDADES CULTURAIS:
Francisco Teixeira
COMUNICAÇÃO SOCIAL:
José Renato Monteiro
PATRIMÔNIO:
Reinaldo da Silva Ramalho
SECRETÁRIO:
Renato Rocha
CONSELHO FISCAL:
Sérgio Cabral, Norma Tapajós
e Otto A. de Castro
ZITO BAPTISTA FILHO,nosso veterano produtor, completou 77 anos em abril. Viva ele!
A OBRA de Geir Campos, poeta e exprodutor da MEC AM (onde começou em
1954), é o tema de “A profissão do poeta”,
de Anibal Bragança e Maria Lizete dos
Santos, que, gentilmente, enviaram um
exemplar autografado para nossa biblioteca.
PAULO AUTRAN, outro ilustre ex-colaborador da MEC AM, também autografou e dedicou um CD onde interpreta poemas escolhidos de Carlos Drummond de Andrade - outro
poeta que também foi funcionário da Rádio e
cujo centenário se comemora este ano.
COLABORADORES:
O PROJETO que torna obrigatória a numeração sequencial de livros e discos, após aprovação da Comissão de Constituição de
Justiça da Câmara, foi vetado pelo Presidente
da República. Mas chamou atenção, mais
uma vez, para esta antiga reivindicação dos
autores nacionais..
Paulo Garcia, Renata Mello e
Fábio Pimentel
CONSULTOR JURÍDICO: Letácio Jansen
CONTADOR: Manoel Mescouto
COORDENAÇÃO GRÁFICA: J. C. Mello
OS QUE FORAM a Las Vegas, em maio,
para visitar a feira da NAB, a associação de
emissoras de Rádio e TV dos EUA, saíram de
lá achando que o rádio, tal como é hoje,
ficará tão ultrapassado quanto a vitrola.
Será?
Tipológica Comunicação Integrada
(21) 2509-3366
IMPRESSÃO:
Reflexão, e informação sobre a música
A Revista da Academia Brasileira de Música
Faça sua assinatura anual (R$20,00)
Telefax (21) 2205 3879 • www.abmusica.org.br • [email protected]
2
Lançamento CD Mário Tavares
Compositor sai da
sombra do Maestro
Academia Brasileira de
Música, viveu uma de
suas grandes noites durante o prestigiado recital e
coquetel de lançamento do
novo CD da Série Repertório
Rádio MEC. Dedicado às
composições iniciais do
compositor e maestro Mário Tavares, o 16º CD da Série
Repertório (veja anúncio na
página 4) é, também, o 6º disco
desta série realizado com o
apoio da ABM – um dos nossos
principais parceiros na área
discográfica. O evento, que teve
apoio cultural do Lidador e dos
Amigos Ouvintes da Rádio MEC,
mereceu cobertura da TVE e contou com a
participação musical do Quinteto Villa-Lobos, que
executou o Quinteto de Sopros do muito conhecido
maestro e pouco conhecido compositor. A importância cultural do acontecimento cresce ainda mais
pelo fato de que o CD em foco é o primeiro e único,
até agora, consagrado inteiramente à obra do
compositor (veja comentário crítico de Luiz Paulo
Horta, nesta página). A presença de representantes e
colegas da Rádio MEC, da ABM e do meio musical,
transformou o evento em verdadeira celebração,
pois Mário Tavares, além de ser ocupante da cadeira 30 da ABM, foi funcionário da Rádio MEC, por
muitos anos. Edino Krieger – que estava na Alemanha e foi o principal responsável pela realização do
CD – fez-se presente por intermédio de um e-mail,
transcrito abaixo, que foi lido pelo compositor
Ricardo Tacuchian, o mestre de cerimônia do evento.
A
"Não podendo ter o prazer de estar presente ao
lançamento do CD dedicado ao Maestro,
Acadêmico e amigo Mário Tavares, envio aqui da
Alemanha um abraço caloroso ao nosso homenageado, e os parabéns à ABM (Academia Brasileira
de Música) e à SOARMEC, por haverem possibilitado a edição deste CD, modesto tributo a um grande compositor, e a um baluarte da música brasileira,
responsável pela estréia de dezenas de obras, como
grande regente que é. Estou encaminhando os vários
exemplares do CD, que me foram enviados pela
ABM, através da Neném, a diversas pessoas, orquestras e instituições daqui, e também, a emissoras
de rádio. Eu e a Neném enviamos um abraço afetuoso ao Mário e à Gláucia, que é a esposa do Maestro,
companheira que está sempre ao lado dele, e a todos
os amigos da ABM e da SOARMEC. Estaremos
também, aqui, fazendo um brinde ao Mário."
Edino Krieger, Alemanha
Luiz Paulo Horta
De cima para baixo: o Quinteto Villa-Lobos, durante a
execução do “Quinteto para Sopros” de Mário Tavares;
flagrante da platéia aplaudindo; e o Maestro autografando
seus discos, cercado por Maria Pompeu, Alceo Bocchino,
sua esposa Glaucia e Gloria Queiroz. (fotos J.C. Mello)
A primeira reedição
Trata-se do disco Romance das Cordas –
editado originalmente em LP, em 1959, com
arranjos e regência de Mário Tavares –, que foi
remasterizado por Luiggi Hoffer, e teve a estupenda tiragem de 2 (dois) exemplares: 1(um)
para o próprio Mário Tavares e outro para a
Discoteca da Rádio MEC.
Com repertório composto por temas eruditos exaustivamente visitados pelos incontáveis
arranjadores e vinhetistas do rádio ao vivo, do
cinema falado e do longa duração, o disco,
segundo seu arranjador e maestro, é a primeira
tentativa brasileira de concorrer comercialmente com os
George Melacrino, os Dimitri
Tiomkin e outros grandes
regentes-arranjadores que popularizaram os “standards” da
música clássica internacional.
Mestres da diluição dos grandes melodistas eruditos (SaintSaens, Tchaikovsky, etc.) e precursores da chamada “Beautiful
Music”, tais maestros foram os
Maestro
e
compositor, 74 anos,
Mário Tavares está
sendo homenageado
com um CD, que é o
16º
volume
da
coleção “Repertório
Rádio Mec”. São
gravações antigas que recuperam
momentos importantes da nossa música
contemporânea. No caso de Mário
Tavares, a homenagem é ainda mais
significativa porque o maestro atuante
deixou um pouco na sombra o
compositor.
As peças deste CD
representam um retrato musical bastante
consistente.
Um Estilo desembaraçado de
Algemas Estéticas
O concertino para flauta, fogote e
cordas dá uma boa idéia de como se fazia
música lá pelos idos de 1959 – quando
Mário Tavares ainda era sobretudo o
excelente violoncelista que chegara do
Rio Grande do Norte para ocupar um
lugar de destaque nas estantes da OSB.
Esta deliciosa obra concertante é escrita
com mão leve, dentro de um contexto
tonal que permite, mesmo assim, todas
as liberdades. Fagote e flauta vão
conversando, com o apoio da orquestra,
numa atmosfera de vivacidade e
imaginação. É o retrato de um
compositor livre dos constrangimentos
que tinham pesado sobre gerações
anteriores – quer do lado do serialismo,
quer no nacionalismo militante. Edino
Krieger, perfeito contemporâeo de Mário
Tavares, também é um exemplo desse
estilo – que agora, nas gerações mais
moças, aparece, por exemplo, na obra de
Ronaldo Miranda. O contexto brasileiro
está presente; mas sem que isto seja uma
obrigação, ou compromisso. Mais densa
é a Sonata nº 1 para violoncelo e piano,
que se beneficia da ótima interpretação
de Iberê Gomes Grosso (patrono dos
nossos violoncelistas) e Ilara Gomes
Grosso. De novo, toques brasileiros
numa obra que, mesmo assim, atende
aos cânones da forma sonata.
(transcrito de O Globo de 18/07/2002)
da SOARMEC
inventores das trilhas e vinhetas que pontuavam as cenas
dos filmes e constituiam a
“sonofonia” das novelas
radiofônicas. O sonofonista
foi, diga-se, o precursor dos
DJs – operava com dois
toca-discos, enquanto os
radioatores atuavam.
Para os ouvintes da
Rádio MEC, o disco possui um interesse adicional, porque
Mário trabalhou à frente da Orquestra de Câmara da Rádio, por cerca de 10 anos; e quase
todos os 19 músicos que participaram – Iberê
Gomes Grosso, Zlatopolky e outros – eram
contratados da OSN. E, mais: o responsável
pelo registro – que poderia perfeitamente ter
sido feito no Sinfônico – é o lendário técnico
Manoel Cardoso, que também pertenceu à
emissora e foi um dos que ajudaram a
estabelecer o padrão sonoro da Rádio Mec.
Renato Rocha
3
Enriqueça seu repertório com as Séries
Repertório Rádio MEC
Instrumental Brasileiro Inédito
Gibran Helayel - composições e solos
1- Brejeira
Varanda das Serestas:
2- Afinando o violão
3- Silêncio
4- Inquieto
5- Parati
6- Valsa na Madrugada
7- Volto já (p/ 2 violões)
8- Ventos
Suíte Caladas Estrelas:
9- Tangueando
10- Choro Lento
11- Valsa Rápida
4
Trio Botelho Freitas Fagerlande
12- Camafeu
13- Dança
14- Cantorias (p/ 3
violões)
Tardes Brasileiras
15- A Tarde
16- O baile nas águas
17- Suspiros
18- Carrossel
19- Bianco
20- Sonhos
21- Elfo Conselheiro
Cinco Prelúdios
MÚSICA A3
SUÍTE QUADRADA
AMOROSO
SOPROS E INVENÇÕES
ARLEQUIM
CARINHOSO
GAIOLA ABERTA
PEQUENO DIVERTIMENTO
TRIO Nº 2
1.2.3
VENDAS: (021)2221-7447 ramais 2207 ou 2210.
E também no CCBB, Loja Funarte, Arlequim, Paço Imperial, Estação
Botafogo, Estação Unibanco, Livraria da Travessa, Livraria Berinjela,
Macabrú, Prefácio Livraria, Livraria Ponte de Tábuas, Modern Sound, Toca
do Vinícius, Lamúsica, Saraiva (RJ e SP), MicroStore (SP), Musical Box (SP),
FNAC Brasil (SP), Iluminações (Campinas), Scriptum Livraria e Papelaria,
CD Plus, Disco Mania (BH), Opus (Recife) e Oliver Discos (PB).
Continuando a continuar
7ª Assembléia elege a 6ª diretoria da SOARMEC
o dia 13 de maio, passado, conforme edital de
convocação publicado no JB, realizou-se a 7ª
Assembléia Geral da SOARMEC, no Salão Nobre da
Faculdade Nacional de Direito, que, gentil e novamente,
cedeu aquele histórico espaço aos Amigos Ouvintes. Como
sempre, a SOARMEC disponibilizou farta documentação
escrita aos interessados em conferir a história administrativa dos Amigos Ouvintes – livros de atas das Assembléias
e do Conselho Fiscal, cópias da Prestação de Contas, e vários exemplares encadernados do Relatório de Atividades.
A chapa “Continuando a continuar”, única a se
candidatar e eleita por aclamação para a gestão 20022004, conta com: Luiz Carlos Saroldi, presidente; Regina
Salles, vice-presidente; Francisco Teixeira, diretor cultural; José Renato Monteiro, diretor de comunicação;
Leonete Marback, diretor-tesoureiro; Renato Rocha, diretor-secretário e Reinaldo Ramalho, diretor de patrimônio.
Allan Lima e Carlos Acselrad são, respectivamente, diretores suplentes de Atividades Culturais e de Comunicação.
(Por problemas de espaço, não estamos publicando o
Relatório de Atividades da última gestão. Os interessados
podem obter cópias do documento em nossa sede. Veja
resumo das realizações do biênio, na página 12)
N
fotos J.C. Mello
PRONUNCIAMENTOS
Maria Yedda Linhares - Quero elogiar os companheiros
que nesses 2 anos fizeram o possível no sentido de permitir a
continuidade de nossa Sociedade, que enfrentou momentos
realmente muito difíceis. Lembro sobretudo os nossos funcionários que nem ao menos pagamentos recebiam no fim do mês.
Um dos prazeres que tive foi o convívio com o nosso
senador Saturnino Braga, que se mostrou extremamente amigo
da Sociedade. (...) Eu me sinto um pouco responsável por não
ter tentado mais chegar a uma aproximação com a direção da
Rádio, com a ACERP e com as entidades que respondem pela
radiodifusão educativa em nosso país. Tentei alguns contatos
com a administração em Brasília, mas não foi adiante. (…)
Pensei em realizar um grande evento – com participação
das universidades, dos intelectuais e representantes de países –
para debater a radiodifusão educativa. Enquanto não houver
uma tomada de consciência por parte da Sociedade Brasileira,
dos partidos políticos e dos intelectuais, da importância de uma
participação do Estado nessas entidades – na Rádio e na TV –
nós não vamos encontrar um caminho satisfatório. O final me
parece claro: será o fim da Rádio MEC e da TVE – ou então
serão emissoras mantidas apenas como ornamento, sem
qualquer penetração maior na cultura brasileira, na vida
educacional do país e, principalmente, na vida política do país.
Lamento não ter cumprido tudo a que me propus, mas acredito que tivemos algumas grandes satisfações. Basta citar duas
atividades: a entrega do piano e o aparelhamento que permitirá
a recuperação de todo o Acervo da Rádio. Só isso já justifica
os dois anos de lutas e de noites mal dormidas. Muito obrigada
e perdoem se eu, pelo menos, não pude fazer mais.
Renato Rocha - D. Maria Yedda assinalou que tivemos
percalços, nos últimos dias, com relação à composição de nossa
chapa. Somos transparentes, e o que vier a acontecer aqui vai
sair em nosso jornal, da mesma forma que no jornal saíram os
erros que cometemos na compra do piano – para que sirva de
exemplo e alguém possa aprender com os nossos erros. Fala-se
muito em Sociedade Civil Planetária, mas a nossa Sociedade
Civil está ainda engatinhando. Acho que esses percalços fazem
parte desse processo de amadurecimento, porque é uma coisa
difícil vencer a inércia. É difícil congregar pessoas. Quero dizer
que a chapa “Continuando a continuar” está com nova escalação para presidente, e, para que possamos entender por quê, eu
gostaria que fosse lida aqui a carta de Mariano Gonçalves, na
qual ele explica os motivos pelos quais está declinando da
indicação. A Assembléia é soberana para apreciar os fatos.”
A partir de cima: Maria Yedda Linhares abrindo o encontro;
aspecto da platéia, com o senador Roberto Saturnino, em
primeiro plano; o presidente e a secretária da Assembléia,
Décio Luiz e Rosa Villar, ladeando Maria Yedda Linhares; vista
geral da platéia; Xico Teixeira, ao microfone; e, abaixo, Luiz
Carlos Saroldi, o presidente e a secretária do encontro.
Carta de Mariano Gonçalves Neto
“Há cerca de dois meses, recebi telefonema do Maestro
Edino Krieger, me convidando para ser o próximo Presidente
dessa excelsa Entidade (...) Eis que, após o dia 1º de maio, me
telefonou o Sr. Renato Rocha e atendendo à seu chamado,
iniciei contatos e divulgação em todas as Salas e Entidades,
convidando-os à Assembléia e minha eleição. Enquanto
organizávamos, foi este companheiro até o auditório, 6ª feira,
10, assistir Josephina Mignone e Miriam Ramos, quando “pedi
ao Lauro Gomes que anunciasse tal evento”. Ele, gentilmente
foi à Diretora que estava na cabine, e recebeu o negativo.
“Grato”, fui depois até o gabinete dela e me apresentei,
buscando o diálogo; e bem atendido. Desci e narrei ao Renato
e demais presentes. Renato discordou e aceitei a crítica pois agi
sem conhecer os trâmites. No sábado, recebi telefonema dele;
que me acusou de precipitação, dizendo que não me
canditatasse, sob pena de entregar a Entidade. Por mais que me
defendesse, ele foi irredutível, pelo que lho deixo, como
naquele momento, à vontade, para buscar um outro Presidente
(...) Lamento sinceramente o ocorrido.”
.Luiz Carlos Saroldi – Eu fui um daqueles que estavam
com Renato Rocha na fundação desta entidade. Me coube a
vice-presidência, então, e tive que ocupar a presidência por
causa do falecimento do professor Jorge de Souza e Silva.
Depois fui reeleito para presidir a segunda gestão. Creio ter
contribuído o suficiente com a SOARMEC, para me permitir
ter me afastado dela por algum tempo, por outras razões – não
por discordância ideológica ou de qualquer outro tipo.
Lastimo que tenha havido esta dificuldade, que acho que
foi um mal-entendido. Não tenho a menor dúvida de que
Mariano Gonçalves não teve nenhuma má intenção em seu
gesto. E também conheço bastante o temperamento do Renato
Rocha para imaginar que ele também não tem nada contra, a
não ser a defesa do que ele sabe que é a SOARMEC.
Mas não é apenas a Sociedade dos Amigos que estâ em
crise: é o mundo todo. Há 8 meses tivemos o 11 de setembro,
que nos deu a dimensão dos absurdos que nós podemos viver.
Temos o exemplo da Argentina – país vizinho e irmão – que há
4 meses está numa enrascada, aprisionada por um sistema
econômico injusto, altamente prejudicial a todos nós, não só a
eles. Então, eu penso que D. Yedda tem razão ao achar que fez
pouco, nestes dois anos. Mas citou dois fatos muito positivos:
a entrega de um piano novo a uma emissora do governo e a
adesão do senador Roberto Saturnino, nos apoiando. (…) foram dois anos apenas de uma administração, e nós temos exemplos de pessoas que ficam 8 anos e dão em coisas terríveis, como o governo do Fujimori e outros. Se formos avaliar as realizações do atual governo, nós vamos ver que a miséria continua
aí, nas ruas, no Campo de Santana, ao nosso encontro. Isto é
visível. Ninguém está defendendo esta ou aquela posição
política. É uma questão de cidadania. Todos nós somos responsáveis pelo bem público. E a SOARMEC é exatamente isso: ela
nasceu há 10 anos, num momento em que algumas pessoas
pararam para refletir no que estava sendo feito da memória de
Roquette-Pinto e da única emissora educativa digna desse
nome (...) que depois foi sendo gradativamente esvaziada de
suas funções educativas e culturais. E é isso que nós tentamos
resgatar através da SOARMEC, e é isso que ela vem fazendo
através de seus CDs, através de seu jornal, do piano e de outras
coisas mais, em sua atuação diária ao longo desses anos.
Eu tenho a impressão que mais do que nunca será
necessário essa dedicação e esse apoio diário a uma entidade
que não é do Renato Rocha, nem do Sérgio Cabral, nem da
Regina Salles, nem do Chico Teixeira, mas é de todos nós.
Cada um, na medida de suas possibilidades, que dê a sua
contribuição. Alguns contribuem pagando uma mensalidade e
outros com sua presença, atuando, escrevendo, participando.
Então, eu, nesse momento, agradeço a indicação de meu nome
e a oportunidade de mudar alguma coisa numa rotina que se
tornou rígida, difícil de ser rompida. Então, vamos tentar.
Espero ter forças para por isso em prática.
5
Organização Social na berlinda
Como sabem nossos leitores, desde os primeiros rumores de extinção da
Fundação Roquette-Pinto, em julho de 97, e sua subsequente transformação
em OS, no ano seguinte, este informativo vem publicando os principais
pronunciamentos a respeito do assunto.Os textos transcritos nesta página–
assinados pela professora Carmem Lúcia, filha de Roquette-Pinto, e pela
gerente de rádio da ACERP, Maristela Rangel–, foram publicados no JB e
configuram a mais recente polêmica a respeito da transformação da Rádio
MEC em Organização Social. Confiram.
Rádio para todos
Uma rádio para todos
Resgate da Rádio MEC
A Rádio MEC é sucateada com o consentimento
do governo federal, através de mecanismos
insidiosos e ilegais, sem que nenhuma voz dentro da
administração clame contra esse crime. A depreciação da cultura e da educação chegou, no Brasil, a
esse ponto. Todo país que se preza faz questão de ter
uma emissora de rádio que pertença ao governo, que
dê ênfase à sua política cultural e educacional. Por
que nosso país é diferente?
O Ministério da Educação não se interessa em ter
uma rádio comprometida com programas educativos
e culturais para a população. A doação por RoquettePinto, em 1936, das instalações e do patrimônio da
emissora por ele criada, foi endereçada explicitamente ao Ministério da Educação e Saúde, como se
chamava na época. Por que o governo, a partir de
1997, deixou que a rádio saísse do ministério?
O Ministério da Educação abandonou totalmente
a Rádio MEC e seu valioso patrimônio, permitindo
que passasse às mãos de uma organização privada,
sem consultar nenhuma entidade civil da área de
radiodifusão. Tudo foi feito sem o conhecimento dos
verdadeiros interessados e proprietários da rádio, a
população.
Além da falta de respeito à vontade do doador, há
irregularidades espantosas, com várias vantagens
concedidas à organização privada que ficou de gerir
a Rádio MEC e seu valioso patrimônio e na realidade
utiliza dinheiro público sem a menor responsabilidade nem - pior - controle por parte do governo.
Onde anda o patrimônio doado em 1936 pelo
grupo da antiga Rádio Sociedade e aumentado durante os anos de gerenciamento responsável com um
acervo musical e cultural valiosíssimo? O ministro
da Educação e o governo precisam dar uma resposta
satisfatória à população brasileira, dona da rádio.
A população quer uma rádio viva, que faça jus
a uma sociedade que acredita no seu futuro. Essa
rádio já existiu e um dia será revivida. Uma rádio
que dê voz a todas as camadas da população, da
elite aos excluídos. Não é difícil alcançar esse
objetivo. A Rádio MEC já foi assim e só assim
estará em consonância com os objetivos de Roquette Pinto ''Pela cultura dos que vivem em nossa
terra, pelo progresso do Brasil''.
Em artigo aqui publicado no dia 19 de junho, a professora Carmen Lúcia Roquette-Pinto ataca o que chama
de ''sucateamento da Rádio MEC'' e propõe que se faça
rádio para todos. Possivelmente por falta de informação,
baseia a sua tese em um equívoco, o de que a Rádio foi
entregue à iniciativa privada, em um processo com
''irregularidades espantosas''.
A Rádio MEC é uma empresa pública não estatal,
integrante da organização social Associação de
Comunicação Educativa Roquette Pinto, que presta contas
regularmente ao governo federal.
Basta ouvir a programação das emissoras AM e FM da
Rádio MEC para constatar que não procedem as acusações
de sucateamento e de esquecimento dos compromissos
educativos e culturais.
Com uma grade formada por 24 programas semanais,
a MEC AM permanece fiel à música brasileira de
qualidade, do samba ao choro, da bossa nova à música instrumental. Toda a programação é entremeada pela série
Nosso Tempo, dirigida a portadores de deficiência. Somos
a única rádio a abrir espaço para o assunto.
Na FM, continua a ênfase à produção musical erudita,
um gênero cada vez mais raro na mídia radiofônica. Entre
os destaques da grade, que tem 40 programas semanais,
estão Altamiro (apresentado por Altamiro Carrilho, com
entrevistas e música), Sala de Concerto (transmitido ao vivo do estúdio sinfônico), Ópera Completa (um dos mais
tradicionais do rádio, veiculado há mais de 30 anos) e
Músicas e Músicos do Brasil (segundo mais antigo programa do rádio brasileiro, criado em 1958, também com
apresentações ao vivo).
Em 2001, a Rádio MEC AM veiculou 1.566 horas de
programação ao vivo e 1.533 horas de programação gravada/montada, com um total de 3.085 horas de música
brasileira de todos os gêneros. A emissora FM produziu 48
horas de programas ao vivo, 3.264 horas de programação
gravada/montada e 4.224 horas de seleção musical. Nessa
contabilidade, cabem ainda campanhas educativas, como
as séries Pensando com Você, Cinema Brasil-Curtas
Estórias e Memória do Teatro Brasileiro.
Para ampliar essa contribuição à cultura brasileira,
reativamos o selo Rádio MEC, que, no ano passado,
produziu CDs de artistas do quilate de Hermeto Pascoal,
Sérgio Ricardo, Diana Pequeno, Nelson Sargento, Carlos
Malta e Wilson Moreira, entre outros. Essa produção
fonográfica, além de um exemplo de atividade autosustentável, tem reconhecida contribuição para a divulgação, o resgate e a preservação da música popular brasileira.
A Rádio MEC faz efetiva e comprovadamente um rádio
para todos.
É preciso que a população e os ouvintes saibam
que a privatização da Rádio MEC começou em 1998,
quando a Fundação Roquette Pinto, à qual a rádio
estava subordinada, repassou, através de um contrato
de gestão, a emissora e seu patrimônio a um grupo
privado que comanda a organização social denominada Associação de Comunicação Educativa
Roquette Pinto – Acerp.
Como um grupo privado pode receber, sem
autorização do Congresso Nacional, sem visibilidade
e sem processo licitatório, um patrimônio de radiodifusão público, doado ao Ministério da Educação
pelo educador Roquette Pinto?
A Promotoria da República considera o
‘’contrato de gestão’’ ato lesivo ao patrimônio público, pois ressalta que, além da falta de licitação, fere
também o princípio constitucional que determina ser
prerrogativa do Congresso Nacional a concessão de
canais de rádio e TV ao setor privado.
A Secretaria de Controle Interno da Presidência
da República, Ciset, no relatório de auditoria número
043/2001, detectou irregularidades graves, como
contratações sem licitação e um número considerável
de bens não localizados, constantes do patrimônio
repassado à Acerp. Além desses desmandos, a
auditoria da Ciset salienta o sucateamento de 13
prédios e diversas instalações sem manutenção, com
alagamentos, instalações elétricas precárias e nenhum desses bens segurados, o que coloca em risco
o acervo musical e fotográfico, bem como depoimentos e imagens que pertencem à memória do país.
Em relação ao desempenho, o Tribunal de Contas
da União concluiu que a Acerp não atingiu as metas
propostas e teve atuação insatisfatória. A área da
educação, que com a cultura constitui a missão da
Acerp, não é priorizada na Rádio MEC. O
Departamento de Educação foi extinto, só existindo
uma ‘’assessoria de educação’’, não havendo nenhuma diretoria ou gerência para a questão cultural e
educacional, não se justificando, assim, os vultosos
recursos repassados pelo governo federal à Acerp.
Por todas as razões citadas, fica evidente a
inadequação desse modelo de organização para a
área pública. As atividades da Rádio MEC devem ser
retomadas pelo Estado, com controle público e
objetivos estritamente educacionais e culturais.
Carmem Lucia Roquette-Pinto
Maristela Rangel
Carmem Lucia Roquette-Pinto
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Caminhos do Diálogo
discos da série Repertório Rádio MEC - para a
qual a SOARMEC está pleiteando recursos junto
à Petrobrás (Programa Petrobras Música). Um
nova diretoria da SOARMEC está com
dos gestos inequívocos do presidente da
planos bastante ousados para o próximo
ACERP, no sentido de querer trabalhar em harbiênio. A primeira coisa a fazer é dar
monia com a SOARMEC, foi de assumir parte
continuidade a tudo de positivo que foi feito
da contrapartida exigida pelo MinC, em relação
pela gestão anterior e, neste particular,
aos recursos que a SOARMEC recebeu para a
nunca é demais ressaltar as importantes
adquirir os modernos equipamentos do estúdio
realizações da professora Maria Yedda
de pré -remasterização de áudio, que será monLinhares e do maestro Edino Krieger, junto
tado no 4º andar, e é fundamental para a
com sua equipe. Mas é preciso dar novos
Barbosa Lima e os assessores Lúcio Cavour e Carlos Adalrecuperação do arquivo sonoro da rádio.
passos no sentido de que a entidade possa Fernando
berto (3º,4º e 6º, a partir da esquerda) com a diretoria da SOARMEC.
O próximo passo em direção ao diálogo foi o
voltar a ocupar espaço tanto junto a seus
encontro da nova diretoria da SOARMEC com a
sócios como diante dos atuais dirigentes da
nesse sentido, foi marcar um encontro com o
Rádio MEC.
presidente da ACERP, Fernando Barbosa Lima, que gerência da ACERP-Rádio, uma semana depois. A reunião transcorreu com muita cordialidade e selou em defiCom relação aos primeiros, a Sociedade deve aconteceu no dia 05 de junho.
manter e ampliar o contato através do jornal e
A partir daquele encontro (foto), iniciou-se um pro- nitivo os novos rumos deste relacionamento, pautado
também, voltar a transmitir informações periódicas cesso de reaproximação dos dirigentes no sentido de pela ética e respeito. Tudo isto só é possivel porque a
pela Rádio, com promoções e eventos que possam melhorar as relações institucionais entre as entidades. O motivação maior que nos leva a trabalhar pela Rádio
atrair mais amigos para o seu quadro de sócios. Mas resultado foi promissor. Da parte da ACERP, o presi- MEC é a obsessão que todos nós temos de ver uma rádio
isto é um trabalho a médio e longo prazo. De imediato, dente Fernando Barbosa Lima demonstrou entusiasmo cada vez mais vibrante, autêntica, independente e única.
a nova diretoria já mostrou que quer o diálogo franco com os planos da nova diretoria e determinou todo o E nesse aspecto não podemos abrir mão de seu carácter
e aberto com todos os dirigentes da ACERP e da apoio necessário. De imediato, assinou as autorizações educativo, renovador e criativo. É por isso e para isso que
própria Rádio MEC. Uma das primeiras medidas, para a edição do disco de Mário Tavares e para mais 20 estamos neste caminho, juntos.
Xico Teixeira
Foto F. Prado
A
Três perdas
José Vieira Brandão
Perilo Galvão Peixoto
(1911-2002)
(1914 - 2002)
Pianista, pedagogo, regente e
compositor, era o decano dos
compo-sitores eruditos brasileiros.
Aluno de Alfredo Richard, Souza
Pinto e Raimundo Silva, no Instituto
Nacional de Música. Começa a
compor em 1926 (Minueto para
piano). Conclui curso de piano com
Custódio Góis, na Escola Nacional
de Música, onde foi premiado com a
medalha de ouro. Torna-se concertista em 1928. No ano seguinte,
torna-se professor de música e canto, iniciando uma
carreira didática que não mais abandonará. Em 1930,
diploma-se em Música e Canto Orfeônico e torna-se
amigo de Villa-Lobos, de quem se tornará colaborador.
Em 1934 é nomeado professor de Canto Orfeônico da
prefeitura do Rio de Janeiro. Funda o Madrigal VOX.
Em 1936 torna-se Coordenador Geral de Ensino de Canto Orfeônico no Rio de Janeiro. Com bolsa de estudo
cedido pelo Departamento de Estado, vai, em 1945, para
os EUA, onde estuda mas também dá aulas na Universidade de Columbia entre outras, e consagra-se como
concertista. Volta ao Rio de Janeiro, em 46, e participa
da fundação da Academia Brasileira de Música. Retorna
aos EUA, com Villa-Lobos, onde o ajuda a montar a
ópera Madalena. Desde 1990 era presidente do Conservatório Brasileiro de Música. Em 97 recebeu o prêmio
Nacional de Música, da Funarte. O 13º CD Repertório
Rádio MEC é totalmente dedicado à obra do compositor.
Principais composições: Suíte nº 1, e Serestas 1 e 2,
e Sonata (todas para piano); Choro para Quarteto de
Madeiras; Quarteto Cordas nº 1, e Trio para Violino,
viola e celo; e dezenas de canções. .
Foi um dos maiores dermatologistas que o país já teve. Especializou-se em doenças de pele e sífilis,
foi vice-presidente da Sociedade
Brasileira de Dermatologia e Sifilografia e redator-secretário dos
Anais Brasileiros de Dermatologia
e Sifilografia. Amigo de Graciliano
Ramos, livrou o romancista de
incômodas verrugas nos dedos, que
dificultavam seu ofício de escrever.
Isso tudo já daria uma vida,
mas ele ainda foi jornalista, crítico e produtor musical,
membro fundador da ABI e da Academia Brasileira de
Médicos Escritores . Mas foi uma outra atividade paralela
– a de radialista –, que lhe deu maior notabilidade. A ele
e a sua esposa, Marina de Moura Peixoto - pianista detentora de Medalha de Ouro da Escola Nacional de Música,
musicóloga e radialista. Os dois trabalharam na Rádio
Ministério, durante os anos 50. Marina dirigiu a discoteca
e chegou a exercer a Direção Artística, falecendo em 75.
Perilo aprofundou-se no estudo da música erudita, e
tornou-se, em meados da década de 50, uma das maiores
autoridades em ópera no Brasil. Na Rádio produziu e
apresentou o programa “Oferenda Musical” e produziu o
“Ópera Completa”. Ele foi um dos que estabeleceram o
formato das transmissões ao vivo, pois transmitia as
temporadas líricas diretamente do Theatro Municipal, e
não só descrevia e comentava os espetáculos, como ouvia
nos bastidores os cantores e músicos e, na platéia, as
celebridades presentes. Fazia ainda reportagens musicais,
indo aos hotéis onde se hospedavam os grandes intérpretes estrangeiros, para entrevista-los, traduzindo depois as
informações para os ouvintes.
Paulo Franklin Correa
(1920 - 2002)
Poeta (Céu dos Míseros/1946 e
Quase Vigília/1953 - Ed. A Noite),
iniciou em 1946 a carreira de jornalista através da Tribuna Popular, do
então clandestino PCB. De 1950 a
56, trabalhou na Agência Nacional,
integrando o Gabinete de Imprensa
da Presidência da República. Em
1952 ingressou na Rádio MEC,
como redator de noticiário. De 1954
a 57 escreveu uma crônica diária
que, em virtude da oscilação do
horário em que ia ao ar (23h ou
meia-noite), chamou-se Aconteceu Hoje, Zero Hora e
Hora Incerta. Contemporâneo de Alan Lima, René Cavé
e Décio Luiz. A partir de 1956, trabalhou no jornal O
Globo e como diretor da Divisão de Comunicação e Intercâmbio do SESC. É dele o poema abaixo.
CONSELHO
(a Franklin, meu filho)
Te ensinarei o que posso.
É pouco mas o bastante:
não digas MEU, digas nosso.
Nossa mesa, nosso pão,
nossa festa, nossa paz.
Se um dia a teu coração
chegar a Dor, acharás
quem te abrace com Amor
e te diga: NOSSA Dor.
"Viva como se fosse morrer amanhã.
Aprenda como se fosse viver para sempre".
Mahatma Ghandi
7
DEZ ANOS SOARMEC
A Sociedade dos Amigos Ouvintes da
Rádio MEC - SOARMEC - faz 10 anos.
Estamos falando de Brasil com maiúscula com S de Sacrifício e B de Batalha,
Bravura, Bem-querer, mas também Bons
de Briga. Enquanto se atira dinheiro pela
janela com bambans de QI abaixo de zero,
a SOARMEC luta por piano de qualidade,
enfeita a entrada do prédio e brilha ao
conservar o acervo culturar de um país
atirado aos bad e big brothers.
O apoio da Sociedade tem sido decisivo
para viabilizar os CDs do projeto
Repertório Rádio MEC. Já são três caixas,
lindíssimas. As músicas vão de Radamés
Gnattali e Villa-Lobos a Cláudio Santoro,
Guerra Peixe e Camargo Guarnieri. Um
CD recente nos traz quatro composições do
imenso Mário Tavares.
A Sociedade dos Amigos Ouvintes da
Rádio MEC é um baluarte cultural, uma
trincheira contra a burrice que nos assalta e
merece integrar a seleção dos que têm lutado tanto pelo que é desprezado pela mídia
deslumbrada. Estou me referindo também à
Collector’s, à Toca do Vinícius, ao sebo
Berinjela, à Acari Records, à Kuarup, ao
MIS... Meu mais comovido abraço à Sociedade dos Amigos Ouvintes da Rádio MEC.
Não desanimem!
ALDIR BLANC (O Dia 16/5/02)
Desde sempre (há mais de quatro
décadas) que a Rádio MEC funciona como
alimento indispensável a minha saúde
cotidiana. Ouço-a em casa, no carro, no
escritório. O surgimento da SOARMEC foi
um evento extraordinário para a garantia
da permanência dessa fonte de energia e
cultura em nossas vidas. Nesses anos de
serviços continuamente prestados, a
SOARMEC dignificou e elevou sua missão
ao mais alto patamar.
ALFREDO BRITTO, arquiteto
Amigos Ouvintes
Presença dos
Um típico "caixote de concreto" de
inspiração "estado-novista", espremido entre
duas construções magníficas – o Arquivo
Público (antiga Casa de Moeda) e a Faculdade
Nacional de Direito (antigo Senado Federal) –,
o velho prédio da Rádio MEC não tem qualquer
importância em termos arquitetônicos. Seu
interior, excetuando o quarto andar onde está
situado o Estúdio Sinfônico, também não difere
de outras muitas repartições públicas.
Com o objetivo de dar maior visibilidade à
Emissora e também atenuar o peso de sua fachada, a SOARMEC pediu ao arquiteto Alfredo
Brito – atual responsável pela reforma do
Arquivo Público – que estudasse uma possibilidade barata de atender a essas duas
necessidades. E o resultado foi um préprojeto, ainda não implementado, mas que,
além da fachada (foto 1), contempla também
o pátio de entrada – uma vasta área cimentada que serve como estacionamento de
automóveis.
Nestas páginas, estamos exibindo o
passeio fotográfico feito por J.C. Mello nas
dependências da Rádio MEC, mostrando as
principais benfeitorias que os Amigos Ouvintes conseguiram realizar no espaço físico
da Emissora, nos últimos dez anos.
1
2
3
Eis o pátio de entrada da Emissora, hoje. Imagine-o sem os vasos e plantas
das fotos 2 e 3, e terá uma idéia de como ele era, antes.
6
4
5
7
Se você for para a Cantina, no 1º andar (para a qual providenciamos nova pintura),
vai se deparar com este grande pôster legendado (foto 6) . E se for até o Setor de
Pesquisa, vai notar a bela porta de vidro gravado com jato-de-areia que colocamos,
no lugar da porta-cega que ali existia.(7).
Quem espera o elevador, no térreo, se
depara com o poster legendado contendo fotos do lançamento do livro Quadrante (4). Quem for até o Auditório,
verá, no fundo do palco, a foto de Roquette-Pinto (5), para a qual providenciamos restauração e moldura nova.
10
A Sociedade dos Amigos Ouvintes da
Radio MEC tem um defeito: deveria ter
começado bem antes.
ALLAN LIMA, produtor cultural
Foi com o maior prazer que participei
como integrante do Trio Botelho-FreitasFagerlande da gravação do 1º volume do
Instrumental Brasileiro Inédito, pelo selo
da SOARMEC Discos. Foi criado um
espaço extremamente importante para a
Música Brasileira, seja popular ou de
concerto, sempre com um compromisso
com a qualidade. Isso sem falar nos
lançamentos de antigas gravações da
Rádio MEC, um tesouro de valor
incalculável, que se não fosse por esta
iniciativa também da SOARMEC ainda
estaria mofando (no sentido literal da
palavra) em arquivos inacessíveis ao
público e pesquisadores.
Só podemos felicitar todos os
responsáveis pela Sociedade e desejar
força e coragem para esta luta que não
acaba nunca!
ALOYSIO FAGERLANDE, músico
8
11
No 2º andar, dependendo do elevador, você sairá de frente para a SOARMEC (foto 8 e 9), ou para a reprodução de Man Ray,
na descida da escada (10). Atravessando a porta de vidro (foto 8 e 15), encontraremos, já no corredor, os posters de
colaboradores históricos da Rádio, como Magalhães Graça (11), José Oiticica (12), Edna Savaget e convidados (13), Manoel
Bandeira (14), Roquette-Pinto, visto através da porta de vidro para a qual providenciamos gravação em jato de areia, do antigo
prefiso da Emissora (15), Oswaldo Diniz (16) e Geny Marcondes com elenco do programa “Reino da Alegria”.
12
8
10
9
13
14
15
16
17
DEZ ANOS SOARMEC
No terceiro andar, quem for
para a esquerda, passará por
uma seqüência de reproduções de músicos (foto 18),
até chegar na discoteca. Na
primeira sala (19), encontrará uma parede decorada
com relógio SOARMEC, e
capas emolduradas de LPs
raros. Na segunda (20), LPs
e o pôster de Chico Caruso,
com artistas da MPB .
18
Ainda no 3º andar, se
você for para a direita,
passará por uma série
de obras de Cogneau,
artista cuja família
doou à SOARMEC
quase 20 trabalhos.
São gravuras em metal (foto 21) e pinturas à óleo (22), que
têm a música e os
grandes compositores
como tema.
21
23
24
20
19
No 4º andar, também dependendo do elevador, você sairá de frente para duas
das mais belas fotos do
Acervo da Rádio. O flagrante do ensaio no Estúdio Sinfônico (foto 23), e o
belo enquadramento do
maestro Francisco Mignone regendo a OSN na
favela do Jacarezinho (24 )
Passando pela porta de
vidro temos, no corredor
dos estúdios principais, um
belo flagrante do maestro
Nelson Nilo Hack (25), que
muitas vezes regeu a OSN.
Mais adiante, o visitante
encontrará uma foto do
antigo estúdio da Rádio Sociedade, na Rua da Carioca
(26 ), que contrasta com os
modernos equipamentos de
hoje, principalmente, os do
Estúdio Sinfônico, para o
qual adquirimos o piano
Bösendorfer que, na foto
abaixo (27), está sendo
tocado por Tomas Improtta.
22
Pensar que a Biblioteca Tude de Souza
já está com mais de 300 livros, que o
Amigo Ouvinte, que vi nascer, vem de
atingir nada menos do que 33 números, e
que o repertório de CDs está chegando ao
número 16, me faz lembrar que, há pouco
mais de 10 anos, estava tudo por fazer e
que eu e meus companheiros - o professor
Jorge, o Célio Reis, a Noemi, a Gizélia, o
Saroldi e o Renato - estávamos partindo
do nada, mas dispostos a tudo, para
mostrar que a SOARMEC veio ocupar um
espaço muito importante na história do
Rádio Brasileiro.
ARY VASCONCELOS, historiador
25
A Sociedade de Amigos do Jardim
Botânico tem o grato prazer de cumprimentar a Sociedade dos Amigos Ouvintes
da Rádio MEC pelos seus dez anos de
existência, almejando que o número de
associados aumente cada vez mais.
CECÍLIA DA VEIGA SOARES,
diretora da SAJB
26
28
27
O Plenário do Conselho Estadual de
Cultura do Rio de Janeiro, por indicação
do conselheiro Edino Krieger, congratulase com essa Sociedade pelo seu 10º
aniversário, período no qual se conseguiu a
recuperação de acervo musical de
incalculável valor.
O trabalho da Sociedade permitirá que
obras musicais estejam acessíveis aos
apreciadores da boa música e aos estudiosos de nossa historiografia musical.
A ação da SOARMEC revela, ainda, a
importância de se ter historiadora do porte
de Maria Yedda Linhares como presidente,
conseguindo, assim, manter vivos e ativos
os ideais de Roquette-Pinto, ao criar o
rádio educativo no Brasil.
ANA ARRUDA CALLADO,
presidente em exercício
O cartaz acima (foto 28) está no Setor de Jornalismo,
no 6º andar. Por falta de espaço, não mostramos as
diversas sinalizações que providenciamos (como as
que aparecem na foto 8), nem todas as ilustrações que
emolduramos e colocamos nas dependências da Rádio
– como as gravuras das cabines de audição da discoteca, a reprodução que está na sala do Acervo, ou,
ainda, as que estão na própria SOARMEC.
Meus efusivos parabéns pelo trabalho
de recuperação do arquivo sonoro da
antiga Rádio MEC. Este arquivo representa
a mais completa fonte histórica, sobretudo
da música erudita do nosso país. Interpretações de obras pelos próprios autores e
por interpretes já lendários em nosso
panorama musical, por si já merecem uma
memória destacada e significam uma fonte
de inestimável valor para músicos, musicólogos, pesquisadores e historiadores
ligados a este assunto, até agora tão
abandonado pelas iniciativas competentes.
O fato de aquelas produções, já naquela época, terem sido realizadas em circunstâncias precárias e com equipamentos já
então obsoletos, sublinha a necessidade
"urgente urgentíssima" de se dar continuidade acelerada a este magnífico projeto,
para que não se perca mais material do
que lastimavelmente já desapareceu.
Devo fortemente recomendar que seja
dado todo o apoio necessário para o pleno
desenvolvimento de vosso trabalho.
ERICH LEHNINGER, músico
9
DEZ ANOS SOARMEC
Eu sou ouvinte da Rádio MEC - uma
rádio que sempre cultivou e defendeu a
música brasileira -, sou sócio da Sociedade de Amigos e sou amigo e parceiro
de um dos seus mais dedicados diretores,
ou seja, sou um amigo ouvinte por
excelência e só posso estar contente com
esse décimo aniversário. Longa vida e
contem comigo.
GERALDO AZEVEDO, músico
Neste seu decênio de existência, a
SOARMEC tem sido a força de vanguarda na defesa da Rádio MEC e dos
postulados sobre os quais ela foi criada.
Grandes e vitoriosas iniciativas foram
realizadas, visando sempre à manutenção
do prestígio da nossa Rádio.
É um trabalho árduo, contínuo, nem
sempre reconhecido, mas que vem sendo
desenvolvido por um grupo que não se
entrega às dificuldades.
Parabéns e vida longa, SOARMEC!
HAROLDO COSTA, comunicador
10
SEGUNDA GESTÃO (1994-96)
foto Gizélia Fernandes
foto Gustavo Fernandes
" Consegue, cedidos pela direção da Rádio, o ramal 2207 e a
saleta existente no vão de escada, ao lado da sala-sede.
" Contrata seu primeiro
colaborador remunerado, a
secretária Patrícia de Souza.
" Chega ao 38º programa Ao
vivo entre amigos, com um repertório de recitais que inclui,
entre outros, os de Henrique
Cazes, Sivuca, Duo Santoro,
Luiz Vieira, Vital Farias, Luiz
Cláudio, Esther Naiberger, PeBeatriz Roquette-Pinto inaugura a
dro Amorim, Trio Violão Brasede da SOARMEC, entre Gizelia
Fernandes (semi-encoberta) e o
sileiro, Quarteto Strutt, e o
prof. Jorge Luiz de Souza e Silva.
lendário bandoneonista Ubirajara Silva.
" Dá início à série
"Além de res- Paulinho da Viola no “Ao vivo
“Ao vivo entre amiponsabilizar-se
entre amigos”
gos”, que retoma a prápelas afinações
tica dos programas e
regulares do piano do auditório, a SOARMEC
recitais ao vivo, no
providenciou a ampliação e moldura para o
auditório da Emissora
retrato de Roquette-Pinto, que ornamenta a parede
Produz 19 recitais de,
do palco do auditório Paulo Tapajós.
entre outros, Turíbio
"Edita mais 6 números do informativo
Santos, Miguel Proença, Conjunto VibraO Amigo Ouvinte.
ções, Conjunto Galo
"Surgem os primeiros apoidadores para ajudar
Preto, Duo Barbierinas despesas de produção do programa e do
Schneiter, Sônia Maria
jornal. São eles: a Modern Sound, a Editora
Vieira e Maria Helena
Guanabara, a Editora Zahar, a Confeitaria Manon
Chegada
do
equipamento
doado
pelo
Consulado
dos
EUA.
de Andrade.
e a revendedora Besouro Veículos.
É elaborado projeto para resgatar material
" Funda e edita 7 memorialístico"
do Acervo da Penha. Tal projeto, o primeiro a
números do jornal contemplar o citado acervo, servirá de base para o projeto final,
que você tem nas da própria Rádio MEC – executado pela equipe do pesquisador
mãos. Com forte Suetônio Valença, um ano depois.
viés historiográfico, " Confecciona 100 camisas com o logotipo da Emissora, para
o informatiovo ofi- serem usadas pelos funcionários participantes da Rio CULT 95 e
cial da SOARMEC distribuídas na festa de Natal do mesmo ano. Para esta festa conpassa a ser a única tribui, também, com brinquedos para os filhos dos funcionários.
publicação regular " Apóia o 1º Festival da Canção Estudantil (co-produção), o
voltada para assun- Concurso de Trova e Poesia (placa para o 1º lugar) e o I Contos radiofônicos, em curso Talentos Rádio MEC (colabora na divulgação e nas
todo o país.
com papelaria e cromos, além de doar placas para os
" Em parceria com despesas
três
primeiros
lugares).
O duo Maria Célia Machado (harpa) e a SARCA - Socieda"
Recebe,
da
família do pintor Edgard Cognat , a doação de 6
Maria Helena de Andrade (piano).
de dos Amigos da quadros a óleo ( quatro deles de grandes dimensões) e 12 gravuRua da Carioca, a ras (60x40cm)
foto Gizélia Fernandes
SOARMEC promoveu uma importante festividade comemo- em água-forte,
rativa dos "70 anos do Rádio Brasileiro", com a participação da assinadas pelo
Banda do Corpo de Bombeiros e presença de muitas perso- artista. Após
nalidades do meio radiofônico, tendo, inclusive, inaugurado uma restauração das
placa de bronze na fachada do sobrado onde funcionou o estúdio molduras de
da Rádio Sociedade, na Rua da Carioca, 45.
todas as telas,
" Em colaboração
e colocação de
com a SAARA, a
novas molduSAFCA e a Fundaras nas gravurção Parques e Jaras, as obras foram cedidas à
dins, a SOARMEC
Emissora, em
promoveu o "Natal
regime de cono Campo de Sanmodato, com a Familiares do pintor Edgard Cognat, com
tana", com a particicondição de Regina Salles e Ary Vasconcelos, tendo ao
pação da grande
permanecerem fundo uma das telas que nos foram doadas.
Banda do Batalhão
expostas no
de Guardas do
Gabinete da Direção e nos corredores do 3º andar.
Exército e distribui" Contrata o contador Manoel Mescouto.
ção de brinquedos,
" É distinguida com Moção Honrosa pela Câmara Municipal
doces e releases
do Rio de Janeiro, pelos serviços prestados à Rádio.
com a programação
" Encomenda estudo preliminar, ao arquiteto Alfredo Brito,
L.C. Saroldi consuzindo a festa dos 70
da Rádio MEC.
para
a fachada e pátio de entrada do prédio da Rádio.
anos do Rádio, na Rua da Carioca.
personalidade jurídica em
tempo recorde (estatuto, CGC
e conta bancária).
" Instala sua sede numa pequena sala de 9 m² cedida
pela direção da Rádio. O
local, que estava abandonado,
foi inteiramente reformado
pela SOARMEC.
"Obtém do Consulado
Americano e doa à Rádio
equipamento avaliado em
U$25.000 (mesas de som,
copiadoras, toca-discos, etc.).
foto Gizélia Fernandes
Poucos se dão conta de quanto e
importante a participação e existência de
uma Sociedade de Amigos para uma
atividade cultural como a da Rádio MEC.
Durante 10 anos a SOARMEC tem marcado sua presença no auxilio aos ouvintes
e
da
própria
Rádio
MEC.
Congratulamos-nos com a SOARMEC,
em nome da Associação dos Amigos da
Sala Cecília Meireles, entidade irmã "dos
amigos da Rádio MEC", que neste ano
também completa 14 anos de existência.
Que na próxima década se repita esse
sucesso.
GEORG HERZ,
presidente da A.A.S.C.M.
PRIMEIRA GESTÃO (1992-94)
" A SOARMEC conquista
foto Gizélia Fernandes
A Sociedade dos Amigos Ouvintes da
Rádio MEC merece o reconhecimento e o
apoio de todas as pessoas que compreendem a função cultural e educativa do
rádio, especialmente no Brasil, onde o
número de analfabetos ainda é grande e
o livro tem penetração limitada.
O trabalho incansável e conseqüente
da SOARMEC pela preservação do espírito originário da Rádio MEC é digno de
admiração e aplauso. Entre os seus
projetos mais relevantes destaca-se o que
se intitula "Visão da Literatura", que visa
levar informação literária a deficientes
visuais, para os quais, obviamente, o
rádio é um veículo insubstituível de
educação e entretenimento.
FERREIRA GULLAR, poeta
Resumo
foto Clara Zuñiga
Conheço as atividades da SOARMEC
desde sua fundação, tendo participado,
inclusive, de sua diretoria. Graças a ela,
benfeitorias têm sido feitas, o acervo
musical da Rádio vem sendo recuperado
e transformado em CDs exemplares. Mas
o mais importante é que a SOARMEC
está escrevendo a história da Rádio Mec,
por intermédio de seu jornal.
Parabéns. Sinto-me orgulhosa de
fazer parte de seu time.
ÉRIKA H. WERNECK, jornalista
DEZ ANOS SOARMEC
Cronológico
sultor Jurídico, o advogado Mário Lacerda.
" Após concurso, é escolhido o logotipo,
de Roberto Lanari, que aparece em nossos
produtos e impressos.
"Obtém o Alvará, o Cartão de ISS, o
Cartão de Contratante e a inscrição no SICAF - papéis que
legalizam a SOARMEC como produtora cultural.
" Arca com o cachê do coral utilizado nas vinhetas da AM.
" É distinguida com o Título de Utilidade Pública Municipal.
" Apóia a Exposição dos 60 anos da Rádio AM e o 2º Festival
da Canção Estudantil - FESCAN.
" Cria o seu selo discográfico e, em parceria com a FURP,
produz e distribui o 1º CD "Repertório Rádio MEC".
" Produz a série "Falando de Música Popular", a partir de
palestras gravadas na Casa de Ruy Barbosa.
" Em 97, mais colaboradores: Renata Mello, secretária; Fábio
Pimentel, produtor; Murilo Saroldi e Ana Paula Vieira,
assistentes; Paulo Garcia, vendas e Clara Zuñiga, fotógrafa.
"Consegue mais uma sala e mais um ramal telefônico.
" Elabora e põe em prática o projeto Instrumental Brasileiro
Inédito, gravando o
trio Botelho, Freitas e Fagerlande.
" Manda projeto
ao FNC, para dotar
o Estúdio Sinfônico
de um piano de
qualidade.
" Cria uma biFlagrante da gravação do Trio
blioteca radiofôniBotelho-Freitas-Fagerlande, no
ca, que passa a funEstúdio Sinfônico.
cionar na própria
Sociedade, com o nome do ex-diretor Fernando Tude de Souza.
" O arquiteto Alfredo Brito realiza estudo para a reforma do
auditório, visando transformar a sala de projeção da Embrafilme,
herdada pela Rádio, em um auditório radiofônico.
" Elabora projeto "Um piano para o auditório Paulo Tapajós".
" Elabora o projeto Visão da Literatura - que quer produzir
programas literários para o ouvinte cego e revitalizar a arte da
leitura. Aprovado pelo RIOARTE, o projeto capacita a
SOARMEC a captar patrocínio.
"Em parceria com a ABM, o RIOARTE e o Conservatório
Brasileiro de Música, produz 7 CDs da Série Repertório.
"Recupera 55 programas da série Teatro de Sérgio Viotti.
"Adquire significativa quantidade de equipamento para a
Rádio; para o transmissor de FM, no Sumaré; e para o transmissor AM, de Itaóca.
" Doa 78 livros à Pesquisa, e 145 discos à Discoteca
"Com recitais de, entre outros, Maria Josephina Mignone,
Celine Imbert, Hermeto Pascoal, Guinga, Helton Medeiros,
MPB-4 e Paulinho da Viola, foram produzidos, ao todo, 57
programas “Ao Vivo Entre Amigos”.
" Participa, com o RIOARTE, da 2ª EXPO-CD
" O Amigo Ouvinte
chega ao 20º número e
ao 6º ano editorial.
" Produção, em parceria com a Rádio MEC,
do primeiro título da
série Visão da Literatura - o “Memorial de
Ayres”, de Machado de
Assis, em capítulos de
10 minutos.
" O projeto para a
compra de um piano de
concertos
para
o
Estúdio Sinfônico é
aprovado.
“Stand” da SOARMEC na 2ª EXPO-CD
modelo 225. O instrumento fica na fábrica, na Áustria, até
setembro de 99, quando, com recursos da ABM, vem para o Rio
de Janeiro, ficando retido no Terminal de Cargas do Galeão, por
questões alfandegárias.
" Edição e lançamento (setembro de
98) de 5 títulos da Série "Repertório Rádio
MEC", com obras de
Edino Krieger (CD
anteriormente lançado
em parceria com o
Lançamento da segunda coleção RIOARTE), Cláudio
Camargo
da Série Repertório Rádio MEC. Santoro,
Guarnieri, Alceo Bocchino e Radamés Gnattali & Ernesto Nazareth. Estes CDs,
produzidos em parceria com a Academia Brasileira de Música,
fazem parte da 2ª Caixa Repertório Rádio MEC, indo do número
6 ao número 10 da Série.
" Mais 6 CDs são
lançados (novembro de
98), sendo 5 da Série
Repertório Rádio MEC
(no Teatro Carlos Gomes), e o primeiro da
Série Instrumental Brasileiro Inédito - IBI, com o
Trio de Sopros BotelhoFreitas-Fagerlande, este
último com lançamento
Cecília Conde e Marina Lorenzo
no Espaço FINEP.
Fernandez, no lançamento da 3ª
caixa da Série Repertório
" Participa da 3ª Expo
CD, em São Paulo.
" A SOARMEC torna-se,
nesta gestão, uma espécie de
"prefeiturinha" da Emissora,
tendo, inclusive, custeado
pintura de paredes, substituição de dobradiças e
vidros e, inclusive, reposição
de peças da aparelhagem
técnica e efetuado o pagamento da taxa de recadastramento das freqüências dos
LINKS de AM e FM, junto
ao DENTEL.
" Gravações, no Estúdio
Sinfônico da Emissora, com
o violonista Gibran Helayel
interpretando 26 peças de
sua autoria.
O violonista Gibran Helayel,
" Reforma total do vão de
gravando no Estúdio Sinfônico escada, que era usado como
depósito, transformando-o em sala de informática, incluindo,
bancada, prateleiras, instalação elétrica, pintura, aparelho de ar, cadeiras Giroflex,
computador PC
Itautec-AMD,
Impressora HP
640C e Scanner.
" O Jorna "O
Amigo Ouvinte"
O site soarmec@soarmec com a feição que
chega ao 28º
tinha, quando estreou, em 1999
número.
"A SOARMEC é distingüida com o Título de Utilidade
Pública Estadual (Lei n.º 3.048)
" É inaugurado o site www.soarmec.com.br.
foto Clara Zuñiga
foto Fernanda Furtado
foto Clara Zuñiga
foto Clara Zuñiga
QUARTA GESTÃO (1998-2000)
" Aquisição, em fevereiro de 1999, de um piano Bösendorfer
foto Clara Zuñiga
TERCEIRA GESTÃO (1996-98)
" A SOARMEC passa a dispor de um Con-
A saudade e a emoção sempre me
envolvem, quando me lembro produzindo programas para a Rádio MEC ou
como Diretora de Atividades Culturais
da SOARMEC, contando com a participação de uma grande e excelente
equipe. Transcorridos dez anos de
SOARMEC, com a qual me congratulo
e desejo mais uma longa trajetória de
brilhantes serviços à Rádio MEC e,
portanto, aos seus ouvintes, não
podemos deixar de recordar duas
saudosas personalidades: Beatriz
Roquette-Pinto, guardiã dos princípios
de seu pai, que contou com a
SOARMEC para manter vivo esse
ideal; e do 1º presidente, Prof. Jorge
Luiz de Souza e Silva, a mola
propulsora e o espírito unificador da
SOARMEC que partiu cedo demais,
cumprindo, porém, sua jornada legando
as características propostas por
Roquette-Pinto a todos seus pares e de
maneira especial a Renato Rocha, o
editor do O Amigo Ouvinte.
GIZÉLIA FERNANDES,
ex-produtora da Rádio MEC
Nos anos 50 o Brasil viveu uma
época riquíssima em sua música de
concerto. Autores como Gnattali,
Santoro, Guerra-Peixe, Guarnieri,
Siqueira, Mignone e outros; fizeram a
trilha de um país que se preparava para
ser uma potência mundial. A música
ficou boa, mas o país não deu tão certo.
A SOARMEC ajuda a preservar e
divulgar este tesouro de nossa cultura,
servindo como exemplo de independência num momento em que as
instituições culturais do Brasil sofrem
as seqüelas da globalização em país
pobre. Parabéns, vamos em frente.
HENRIQUE CAZES, músico
Longa vida à SOARMEC, iniciativa
do mais legítimo interesse público. Para
quem gosta de boa música, sua atuação
junto à Rádio MEC é um muro de proteção contra o lixo musical e o baixo nível
da programação veiculada pela mídia
exclusivamente comercial. Ela ajuda a
manter elevados os padrões de criação, a
transmissão da herança cultural e dá suporte à expressão de autores e obras que
escapam à lógica de mercado. Em dez
anos a SOARMEC se tornou um modelo
de como a sociedade civil, com gente
dedicada, pode superar ao mesmo tempo
burocratas e vendedores.
JAIR FERREIRA DOS SANTOS,
escritor
Um jornal que já atingiu 33 edições,
17 CDs, uma biblioteca sobre estudos
radiofônicos... todos esses e mais
alguns empreendimentos são o
resultado de 10 anos de atividade da
Sociedade dos Amigos Ouvintes da
Rádio MEC. Que bom seria para a
memória nacional que outras entidades
tivessem também suas "SOARMECs".
JAIRO SEVERIANO,
produtor cultural
11
Resumo Cronológico (final)
DEZ ANOS SOARMEC
QUINTA GESTÃO (2000 A 2002)
MARINA LORENZO FERNANDEZ
Diretora do Cons. Brasileiro de Música
"Temos repetido aqui e ali que uma
das possíveis linhas de fuga para a
redundância informacional ou para o
lixo cultural reciclado das televisões é a
constituição de uma rede pública de
radiodifusão, capaz de intervir "contradiscursivamente" no fluxo hegemônico.
A Rádio MEC é um desses baluartes a
ser preservado e defendido. Coisa que
os Amigos da Rádio MEC têm feito,
com louvor, nos últimos 10 anos."
MUNIZ SODRÉ, escritor
Uma sociedade participativa e
persistente, que tem produzido ao longo
destes 10 anos de existência, realizações concretas, sem abandonar o
ideal maior de ser e se considerar
suporte da Rádio MEC. Livre de
precipitações, mas com muitas
dificuldades, lutando com a burocracia,
para atingir os objetivos de RoquettePinto, que são também os nossos, a
SOARMEC segue em frente.
NOEMI FLORES, ex-produtora da
Rádio e ex-diretora da SOARMEC
foto Clara Zuniga
A SOARMEC surgiu do idealismo de
um grupo de funcionários e ouvintes
conscientes da importância da Rádio
MEC para a preservação e difusão da
cultura. Uma emissora que privilegie, em
sua programação, a qualidade musical e
da informação, é fundamental para o
processo educativo e de promoção social
de nosso povo. É nisso que acreditava
Roquette-Pinto quando criou, junto com
um grupo de amigos, a Rádio Sociedade.
É nisso que acredita a SOARMEC.
Nesses 10 anos, apesar das dificuldades e barreiras que tem enfrentado, a
SOARMEC permanece vitoriosa porque
tem como marca o idealismo, a honestidade e o amor à cultura.
REGINA SALLES,
ex-diretora da Rádio MEC
12
Cartaz deEgeu Laus
A SOARMEC é vital para a
conscientização de uma existência útil.
Passado e presente se unem para
resultados engrandecedores. Parabéns
e mais dez anos!
NELSON TOLIPAN, produtor
" Logo no primeiro mês da gestão, objetivando enriquecer o
site www.soarmec.com.br com material humano e técnico, e,
principalmente, dotar nosso endereço eletrônico de uma seção
especializada em Educação a Distância, elaboramos o projeto
"Um site para o rádio educativo", que pleiteava recursos para a
compra dos softwares e o pagamento dos serviços necessários
para que pudéssemos disponibilizar, pela internet, o maior
número possível de informações sobre teleducação radiofônica.
"Com recursos já destinados pelo Senado Federal (leia-se
Saturnino Braga), o projeto foi encaminhado ao MinC, em
março de 2000. Em julho, no entanto, ficamos sabendo que o
projeto teria que ser refeito, pois, por um equívoco burocrático,
havia caído em rubrica que não permite contratação de serviços.
"Assim nasceu o projeto "Aparelhamento Técnico da
SOARMEC", que, além de seguir justificando a aquisição dos
softwares para o site da Sociedade, propunha a aquisição do
sistema Sonic-Solutions – o mais moderno equipamento
existente para pré-remasterização de áudio, que permitirá o
beneficiamento de todo o acervo gravado da emissora.
" Para garantir o bem-estar da plantas, a SOARMEC passa a
dar gratificação regular a um dos encarregados da limpeza, e
providencia a regeneração do canteiro do pátio de entrada, que
recebe terra. adubo e plantas novas.
"Com o objetivo de captar recursos para bancar as despesas do
armazenamento do piano, a
SOARMEC idealiza e produz o recital “Um piano a muitas mãos”, na
Sala Cecília Meirelles, reunido 8
dos maiores pianistas brasileiros em
atividade. O recital, felizmente,
possibilitou a captação de recursos
junto à Embratel, que "comprou"
100 acentos do teatro, por doze mil
reais (custo do armazenamento).
"Quitação do débito, liberação do
piano e realização do recital – no
qual a lendária Carolina Cardoso de
Menezes realizou sua penúltima
apresentação pública gravada.
"Em dezembro de 2001, como
uma espécie de presente de Natal, a
SOARMEC providencia massa,
tinta e mão-de-obra para a pintura
do refeitório e das áreas comuns e vãos de escada do 1º e do 2º
andares da Emissora.
"Enquanto isso, a Biblioteca
Tude de Souza continua a crescer
e tem seus quase 300 títulos
devidamente classificados e resenhados. Confira em nosso site.
O cartaz do recital “Um piano a muitas mãos”e um
flagrante da apresentação de Maria Josephina
Mignone, para uma Sala Cecília Meireles lotada.
" Edição e lançamento (no Espaço
Finep) do CD do violonista Gibran Helayel, o 2º da série IBI.
" A SOARMEC
assume a distribuição
dos discos da ABM.
"No último dia útil
do ano de 2001, o
projeto "Aparelha- Recital de lançamento do 2º CD
mento Técnico" é da série IBI, de Gibran Helayel.
aprovado pelo MinC,
com a liberação de R$98.000,00 (noventa e oito mil reais) para
a compra do seguinte material: Computador Power-Mac G4 (o
único a rodar o sistema Sonic Solutions), módulo de memória de
512 MB, monitor Sansung de 17", estabilizador e no-break, um
HDSP Processor, um No Noise Manual Declicking, um Cedar
DNS 1000, um conversor AD/DA Lucid de 8 canais, um
gravador de CD-Rs Plextor (específico para o sistema Sonic
Solutions), um disco rígido 18GB SCSI, um monitor Active
Near Field, KRK (alta sensibilidade), uma placa ADAPTEC
39160, um pré-amplificador de monitor e fones de 24 bit stereo
96 kHz D/A. Além desse equipamento, inscrevemo-nos no
Sonic Care, sistema de
assistência técnica (orçado em U$1.350) que nos
garante, por um ano, acesso aos aperfeiçoamentos
(up-grades) que o sistema
Sonic Solutions possa vir
a ter, e nos dá direito ao
treinamento de dois técnicos, durante 18 horas,
por engenheiro de som
especializado no trabalho
com esta aparelhagem.
" Foram adquiridos,
também, para nosso site,
uma câmera digital Sony,
DSC F-707, e os seguintes softwares (ao lado):
Photoshop 6.0; Illustrator
10.0; QuarkXPress; Acrobat 5.0 e Deck Macromedia Dreamweaver.
" Nesta gestão, o informativo da sociedade perdeu o "O" e
passou a se chamar "Amigo Ouvinte", chegando ao 32º número
e entrando no 10º ano editorial.
" Produção do 16º CD da Série “Repertório Rádio MEC”,que
fica pronto na véspera da Assembléia Geral Ordinária e é
distribuído como brinde, entre os participantes.
"Tudo que mostramos neste resumo – o piano, os CDs, o
Jornal, a Biblioteca, o Estúdio, as plantas – tem dimensão
concreta e pode ser fotografado. Mas a principal realização da
SOARMEC, no entanto, é diáfana, incolor, inodora e quase
impalpável. A principal realização da SOARMEC é puramente
espiritual e acontece no nível da cultura. Mais precisamente no
nível da sensibilização cultural dos nossos sócios e leitores, e
dos funcionários, colaboradores e ouvintes da Rádio MEC, que
estabeleceram uma sintonia com os propósitos da SOARMEC e
constituem, hoje, uma espécie de "família espiritual de
Roquette-Pinto "
" Como última realização, vamos consignar o fato da
Sociedade ter continuado a existir e ultrapassado os 10 anos de
atividades ininterruptas, norteada pelas mesmas diretrizes que
levaram à sua fundação, e mostrando ser possível combinar
tradição com inovação, transparência com independência, e
voluntarismo com profissionalismo. E, como prova a cartaaberta de nosso diretor de comunicação, na página ao lado,
continuaremos a continuar!
foto Clara Zuniga
Após um dia de trabalho, cheguei em
casa com aquela vontade de relaxar.
Peguei o jornal que o correio havia deixado, coloquei um CD e sentei-me. O jornal era o Amigo Ouvinte, e o CD era o
Lorenzo Fernândez nº1, do Repertório
Rádio MEC. E senti vontade de agradecer aos responsáveis por aqueles momentos a que eu me entregava. Pessoas capazes de lutar para que não se perca no
olvido a nossa história musical. Pessoas
como Edino Krieger, como Lauro Gomes,
como Alceu Bocchino; e Sociedades de
Amigos como a SOARMEC. Meu respeito também por aqueles que não sei o nome, mas trabalham para que possamos
usufruir de um momento de descanso e
escuta musical. Muito obrigado.
O Ouvinte Permanente
MÚSICA NUMA HORA DESSAS?!
por Carlos Acselrad
Alguém aí – entre nossos eventuais e improváveis leitores – já terá se
deparado com a questão “a poesia é
necessária?” que vez por outra recorre
nas preocupações de poetas e pensadores das artes em geral. Mero exercício
intelectual, já que, necessária ou não, a
praga sobrevive na incrível popularidade de Pessoas e Drummonds. Pois
bem: mal arquivada a questão sob o rótulo de impertinente, outra já nos espreita circulando pelos mesmos meios
poéticos e adjacências – “poesia numa
hora dessas?”. Ora direis: mas poesia
tem hora? Respondemos na bucha: pode não ter hora mas precisa de tempo.
Nada menos poético que um cano de 38
tamborilando no vidro do seu carro, ou
então sua inadimplência no plano de
saúde ou o desemprego iminente... e
pronto: aí está tomado todo o nosso
tempo. Pois já que não cabe poesia
numa hora dessas, façamos ao menos
paráfrases (que, bem ou mal, passam
perto): “música numa hora dessas?”
A dúvida não ofende nem desmerece ninguém. Temos perguntas ancestrais ainda hoje sem resposta, desde
“eram os deuses astronautas?” até
“o samba se aprende no colégio?”.
Assim, nesta dubitativa hora de incerteza esportivo-eleitoral, seja-nos permitido ir mais longe e perguntar:
“música instrumental numa hora
dessas?”. Alguns músicos, empresas e
colecionadores de disco deram a
resposta recentemente, gravando inéditos, recuperando históricos do repertório popular gravados em 78 rotações
e editando tudo. Na mesma linha a
SOARMEC se propõe resgatar o acervo fonográfico da Emissora, um trabalho de estatura análoga aos citados e
que exigirá recursos humanos e
materiais também dependentes da
participação empresarial. Dadas as
características de radio-difusão educativa que tradicionalmente animaram
fundadores e demais trabalhadores da
cultura, a Rádio MEC assumiu - e
mantém até hoje - o papel (inglório) de
reduto único da música clássica na
radiofonia do estado (ladeada apenas,
no âmbito nacional, pela Cultura FM
de São Paulo e abalroada pela falecida
Opus 90, com a qual ainda é freqüentemente confundida!). A perspectiva de
tornar possível aquele projeto - tornar
acessíveis cerca de 60 anos de história
da cultura brasileira, e não apenas
musical – nos remete a algumas
questões interessantes.
Quem consome música no
Brasil? De antemão a questão já coloca
algumas outras: como definir consumo? Pelo volume do mercado fonográfico? O rádio? E a TV? E o público
de concertos em salas, teatros, hotéis,
bares e churrascarias? Alunos de escolas e cursos estão consumindo? E a
comercialização de instrumentos e
partituras? Como medir a massa de
material circulante pela Internet e
respectivas reproduções? O que parece
inevitável, no entanto, antes ainda de
avaliar estes aspectos, é esclarecer uma
velha questão de fronteira, obscura e
pouco ventilada. Apesar da muito citada frase atribuída a Radamés Gnattali
(“não existem música clássica nem
popular – o que existe é música boa ou
ruim”), permanece como discutível a
matéria, reavivada por certas peculiaridades de surgimento recente. Mesmo
sem análises prévias, que demandam
espaço, é inegável que as fronteiras entre o clássico e o popular vêm se diluindo; é até possível identificar movimentos de aproximação mais partidos do
popular em direção ao clássico do que
o oposto. Há releituras do choro mais
tradicional (Pixinguinha) com instrumentação francamente atípica (quarteto
de cordas ou flauta /cravo) bem como
barrocos tocados por violão/cavaquinho/bandolim/pandeiro, em adaptações
que, supostamente, revelam ter sido
Bach um grande chorão. Há compositores (diga-se, com precária formação teórica) desafiando a escala Richter
da música, abalando vetustas estruturas
do sistema tonal; há uma visível turbulência na área que merece uma discussão que ainda não aconteceu. No entanto, para tal discussão, estas iniciativas
de reintegração de posse da nossa memória musical trará subsídios fundamentais. Para quem nos cobre alguma
conclusão, ainda que precoce, podemos, mais uma vez, apelar para a
paráfrase, agora de famoso manifesto,
dizendo: “orelhas de todo o mundo,
uní-vos! Abaixo as fronteiras! Toda a
música para todo mundo!”.
Vamos em Frente!
Caro Amigo Associado:
Nossa SOARMEC conta, desde maio,
com nova diretoria e renovado ânimo para
prosseguir na trilha que vem sendo aberta,
há 10 anos. E esta retomada começa pela
afirmação uníssona do pensamento de Roquette-Pinto. Nossa SOARMEC continuará
firme na proposição da "escola para os que
não têm escola" e na preservação "da cultura
dos que vivem em nossa terra".
Este propósito se concretiza no Programa de Trabalho para 2002-04, que começa
festivo, porque vamos comemorar, em setembro próximo, os 80 anos da 1ª emissão
radiofônica do país. E os festejos se estendem até abril de 2003, quando celebraremos
os 80 anos da Rádio Sociedade, matriz da
Rádio MEC.
Confira, a seguir, algumas outras realizações importantes que estaremos continuando
ou dando início – e para as quais queremos
sempre contar com sua participação.
K planejamos ter instalado e operando, já
neste semestre e em cooperação com a ACERP,
o estúdio de remasterização montado com equipamento adquirido com recursos transferidos pelo MinC. E muito brevemente estaremos lhe trazendo um informe completo sobre
este equipamento – o primeiro do gênero
disponível numa entidade cultural sem fins
lucrativos – cujo uso queremos compartilhar
com a comunidade cultural de todo o país.
K pretendemos também dar novo impulso ao
nosso site, e iniciar um amplo levantamento
sobre as experiências mais representativas no
campo da Rádio-Educação, em todo o mundo,
gerando uma "base de dados", que poderá ser
consultada pelos interessados, via internet
(aqui, Você pode nos ajudar, contribuindo com
sugestões, dados e contatos, que possam
interessar a este levantamento: Amigo também
é para essas coisas).
Estas são as nossas principais frentes de
trabalho. Queremos que sejam conhecidas e
endossadas por todos os atuais Amigos. E
queremos que mais Amigos, muitos mais, se
juntem à nossa caminhada. Por isso, vamos
lançar, em breve, uma campanha por novos
associados, que, certamente, atenderão ao
convite para vir participar desta empreitada.
Com nosso abraço mais amigo,
José Renato Monteiro
ENTRE PARA
A SOARMEC
Receba este Jornal, esteja em nossos eventos,
conheça melhor a sua Rádio, freqüente nossa
Biblioteca, mantenha-se informado a respeito do
Rádio Educativo, alimente nosso site:
www.soarmec.com.br
(mande foto 3x4 para sua carteirinha de sócio)
Tel. 2221.7447 R-2207 e 2210
DEZ ANOS SOARMEC
A Rádio MEC sempre esteve - como
está e estará - à disposição dos que fazem a cultura nesta terra, em que quase
sempre a memória nacional não é
privilegiada quanto deveria. Saúdo daqui
a existência da SOARMEC, cujas boas
intenções e capacitação fazem dela a voz
dos ouvintes.
RICARDO CRAVO ALBIN,
produtor cultural
A Orquestra Sinfônica Brasileira deu
início à série Concertos Vesperais
sábado último, (06/04/2002) com a bela
Suíte Sinfônica nº2, "Pernambucana", de
César Guerra-Peixe. Após o concerto,
nosso pensamento voltou-se imediatamente para o trabalho primoroso da
SOARMEC ao lançar a coleção Repertório Rádio MEC, baseada no riquíssimo
acervo da Emissora. Já em casa,
tivemos o privilégio de ouvir esta obra
brilhante, sob a regência do autor; um
presente inesquecível da SOARMEC.
RUTH SERRÃO, concertista
Sendo um dos fundadores da
SOARMEC, a modéstia me impede de
dizer que ela já pertence à própria
história do rádio brasileiro. Mas, que
pertence, pertence. Não por minha causa,
já que minha contribuição à causa da
Sociedade dos Amigos Ouvintes da
Rádio MEC tem sido muito pequena,
mas por causa de batalhadores que, há 10
anos, lutam, com ardor e talento, dentro
da SOARMEC, contra todas as tentativas
de redução da capacidade da nossa
Rádio. Que a SOARMEC viva por mais
muitos e muitos 10 anos, garantindo a
sobrevivência da Rádio MEC.
SÉRGIO CABRAL, jornalista
Na oportunidade em que a Sociedade
dos Amigos Ouvintes da Rádio MEC
comemora seus dez anos de existência,
tenho imensa satisfação de apresentar,
aos seus organizadores e sua equipe, os
meus cumprimentos pelo magnífico
trabalho que vem sendo desenvolvido
durante uma década.
Os resultados decorrentes desse empreendimento possibilitaram a divulgação de obras de nossos compositores e
de seus intérpretes. Cabe assinalar o
consciencioso trabalho de pesquisa para
a série de CDs intitulada "Repertório
Rádio MEC", gravando o melhor da
nossa música e merecendo entusiástica
acolhida do público.
É um belo trabalho em prol da preservação e valorização de nossa cultura.
SÔNIA SANTORO, artista plástica
Parabéns à SOARMEC pelo décimo
aniversário. Sua atividade tem sido brilhante, um verdadeiro exemplo a ser
seguido, de preservação e valorização da
cultura brasileira.
TURÍBIO SANTOS, violonista
e Equipe do Museu Villa-Lobos
13
Prata da Casa
Foto J.C. Mello
Roberto Montero (Betinho)
Entrevista realizada em maio de 2002, por Renato Rocha,
com um dos melhores técnicos que já passaram pela
Emissora. Transcrição: Fábio Pimentel.
AO – Como você começou na Rádio?
BETINHO – Eu fiz vestibular para Engenharia Eletrônica, mas passei para o 2º
semestre. Ia esperar 6 meses, e perguntei
a uma tia, que trabalhava no MEC, se ela
me conseguia algum estágio – “Ah, tenho
um amigo lá na Rádio MEC, você procura
ele”. Que era o Heitor Salles. Eu nunca
tinha ouvido falar na Rádio MEC, nunca
tinha entrado em uma Rádio. E eu vim,
em 78, e conversei com o Heitor, que me
ofereceu um estágio na manutenção.
Na época, na técnica, o superintendente
era o Luís Glielmo, pai da Lia Glielmo
(ex-funcionária); o José Oscar, pai do
Cacá e da Lídia (Oscar e Lídia Santiago,
funcionários), era o chefe da manutenção;
e o Sr. Hamilton Reis, de suspensório,
paletó e gravata, que era o meu chefe, que
eu amei só de ver o cara.
A Manutenção ficava no 5º andar, onde
hoje é o ar condicionado; e a chefia da
técnica era na salinha onde ficava a antiga
frisa do Sinfônico. Aí, o Sr. Hamilton falou: “Vamos conhecer a Rádio.”
Tinha ensaio da Orquestra, no Sinfônico,
e o Sr. Hamilton me mostrando tudo. Na
transmissão, estava o Serginho Langoni –
filho do Langoni, um técnico famoso da
Nacional –, que era colega nosso. Nesse
dia eu entrei na transmissão e conheci o
Lindolfo (Moreira Alves) – ele era a voz
da Rádio Tupi e o primeiro locutor que eu
conheci. Ele apertou a minha mão e falou
comigo, e eu reconheci a voz. Eu tinha
17 anos, e fiquei todo bobo.
Era um time de locutores: William
Mendonça, Maravilha Rodrigues, Anita Taranto, Estelita Lins, Linda Alves,
Antônio Ivan, Paulo Scalabrini, o Zanone Nunes. E tinha o Sérgio Chapelin,
o Cid Moreira, o Lauro Fabiano – ele
lendo os textos do Ópera Completa era
demais. E ainda tinha o Paulo Santos.
Nessa época, de mais novo, só tinha eu,
o Ribamar e o Sergio Muniz; dos outros,
os mais novos deviam ter mais de 57, 60
anos.
AO- Quem eram os tecnicos?
BETINHO - O time era: Eduardo
Caetano e Mário Lúcio, no radioteatro;
na transmissão era o Carlos Cardoso, o
Sérgio Langoni, o “Riba” (RibamarMendes), Waltergildo e o Nélio Costa. No
Sinfônico, era o José Aparecido Monteverde. E tinha o Jorge Baraúna, que ficava
na copiadora; o Hilton Lousa, sonoplasta;
e o Milton Macieira – nessa época ele era
o coordenador e o road da Orquestra. E
tinha o Darcy de Souza, nas externas.
14
Mas nesse dia eu vi também o elenco de
radioteatro gravando. Estava o Floriano
Faissal dirigindo o Dilmo Elias e o Edmo
fazendo contra-regra. Eu nunca tinha
ouvido novela em rádio, aquilo já não se
fazia em lugar nenhum, e eu pensei
“Poxa, não é possível, como é que eu
nunca ouvi essa Rádio?” Foi muita sorte
que eu dei, nesse primeiro dia..
AO – Como era a manutenção?
BETINHO – Eu não conseguia parar lá.
De vez em quando tinha uma máquina
para arrumar, mas ficar plantado naquela
salinha era chato. Tinha o Ivo, que era o
auxiliar de manutenção do Sr. Dirceu e do
Vítor ‘Português’. Então ele andava com
algodão e um vidrinho de álcool, e ficava
rodando nos estúdios, limpando as cabeças de gravação. Na verdade, as máquinas davam muito pouco defeito. Eram
aquelas Ampex, Studder, até Scud – às
vezes queimava um display, cabeça gasta, mas era bem difícil, porque era fulltrack, e só quando a cabeça ‘abria’,
mesmo, é que não tinha mais condição.
E o Ivo ajudava nas externas, que eram na
Sala Cecília Meireles e no Municipal.
AO – Fala do equipamento de externa?
BETINHO – Era uma desgraça, porque a
mesa era aquela Langer, que tinha a
alimentação por pilha – eram 16 pilhas
grandes. Mas a gente usava com a fonte,
que era uma caixa de ferro. Então, tinha
a mesa, que pesava uns 20 quilos e mais
um monte de pilhas, ou então a fonte,
que era do tamanho de uma caixa de
sapato, pesada pra burro. Você interligava a fonte e levava a máquina, uma
Ampex, que já pesava, só ela, uns 20
quilos, e montava numa caixa de
madeira grossa, que devia pesar outros
10 quilos, e mais os pedestais, aqueles
RCAs antigos, grandes e pesados, e um
monte de cabo, e ia embora. Aí, o Ivo ia
com a gente. E sempre a gente ia gravar
concertos, que iam virar programas.
Quando tinha externa, o produtor marcava – o Lauro Gomes, o Maurício
Quadrio e o Antônio Hernandez – e todos
iam. O Zito Baptista não ia, não. Quando
a gente gravava ópera, ia algum assistente
AO – Você continuava na manutenção?
BETINHO – Não, nessa época da
externa, não. O meu estágio não era
remunerado, mas o Monteverde, que
trabalhava no Sinfônico, de manhã, foi
tirar licença-prêmio, e o Sr. Hamilton,
como eu já sabia operar, falou:
“Sr.Roberto, o senhor não quer ganhar um
cachê – na época era cachê – para cobrir a
licença-prêmio do Sr. Monteverde?”
Poxa, era tudo o que eu queria!
AO – Como você aprendeu a operar?
BETINHO – Eu chegava antes do meu
horário para poder ver a gravação, e ficava vendo o Daniel operar. E, quando tinha
um intervalo, eu pedia para gravar alguma
coisa, e acabei aprendendo. E rolava muita coisa engraçada. O William era muito
gozado. Era quem chegava mais cedo –
porque ele saía daqui e ia para a JB. Ele
vinha com um copinho descartável de
café, sempre reclamando, e aí: “Vamos
contar uma piada pra relaxar, eu não
gosto de começar o dia assim.” E
contava a piada, a mesma piada, e a
gente tinha que rir; aí ele sentava, e
‘dava conta do recado’, rapidinho.
AO – E você já estava gravando?
BETINHO – Já. Estava cobrindo a licença do Monteverde. Mas aí, quando estava para acabar o estágio, veio uma verba do “Esporte para Todos”, e fui contratado como operador de áudio. Era complicado esse negócio de cachê, porque
atrasava. Você trabalhava dois, três
meses, e aí saía o pagamento lá do primeiro mês. Mas eu não estava nem ai.
O Sr. Hamilton como chefe, eu vou te
contar: eu nunca vi uma coisa assim. Ele
fazia tudo, e de paletó, gravata, suspensório – parecia um lorde inglês. Chegava,
tirava o paletó, arregaçava as mangas e ia
editar fita, ou ia gravar alguma coisa – era
demais. E que educação! Uma vez, eu
fiz alguma coisa errada, e ele me deu
uma bronca: “Sr. Roberto, esse negócio
que o senhor fez não ficou bem, vamos
ver se a gente presta mais atenção, para
não acontecer isso de novo.” Eu fiquei
tão envergonhado dele falar assim
comigo, que eu nunca mais fiz aquilo.
uma bronca do Sr. Hamilton era uma
coisa assim, era um carinho, e eu
aprendi muito com ele. Eu chorei no dia
em que ele saiu da Rádio.
AO – O quê você aprendeu, com ele?
BETINHO – Aprendi a lidar com as pessoas, a tratar todo mundo de igual para
igual. Ele sempre tratou todo mundo com
educação, sem afobação, sem pisar em
cima de ninguém – era um cara fantástico.
Quando ele estava para sair, eu fui e comprei uma gravata, que era o que eu podia
comprar, e dei em nome de todos os colegas, para não ficar sem graça de entregar.
Eu chorei na porta do Estúdio B. Ele veio
se despedir e cumprimentou um a um – é
uma pessoa de bem.
AO – Isso foi quanto tempo depois?
BETINHO – Uns três anos. Antigamente
tinha uma tabela: uma turma trabalhava
de segunda a sexta, e outra trabalhava
sábado, domingo e feriados. E eu fiquei
quase um ano nesse horário de sábado.
Num domingo, ligou o Sr. Hamilton para
mim: “Olha, Sr. Roberto – ele chamava
todo mundo de Sr. – o Sr. Cardoso – que
era o que abria a Rádio – está doente.
Daria para o Sr. abrir a Rádio, amanhã?”
Eu disse que sim e fui dormir, preocupado. Eu cheguei cedo, cinco e meia da
manhã, e bati no portão. Aí surgiu uma
cabeça, lá atrás, e sumiu. Eu falei: “Ué,
não vai abrir o portão, não?” Bati de
novo, o cara botou a cabeça outra vez, e
voltou. Parece piada. E eu: “Ei, dá para
abrir aqui?!” Aí ele veio mais perto, era o
Sr. Barbosa, e eu: “Dá para o senhor abrir? Eu vou fazer o horário do Sr. Cardoso, o Sr. Hamilton me pediu”. E ele:
“Eu não tenho ordem de deixar ninguém
entrar, não.” E entrou de novo. Aí, eu
olhei no relógio da Central a hora passando: “Pelo amor de Deus, moço! Não vai
dar tempo de botar a Rádio no ar.” Ele não
me conhecia porque ele não trabalhava
nos fim-de-semana. Ai, eu pedi: “Pelo
amor de Deus, liga para a casa do Sr.
Hamilton!” E ele: “Eu não vou incomodar o Sr. Hamilton uma hora dessas.”
Nessa época não tinha orelhão, e eu corri
para o hospital e liguei: “Sr. Hamilton,
está acontecendo isso, assim, assim. Vai
ligando lá para a Rádio, que eu vou
correndo!” Aí eu saio correndo, chego na
porta e o cara lá, trancado. Eu gritei:
“Pelo amor de Deus, abre o portão. O Sr.
Hamilton não ligou para você aí?” E o
cara: “Ligou, mas quem garante que era
o Sr. Hamilton?” E ele estava certo: no
telefone, quem garante que era o Sr.
Hamilton? E eu já queria pular o portão,
mas logo chegou o Sr. Hamilton, de carro.
Ele morava na Tijuca e em quinze minutos ele chegou, me apresentou ao Barbosinha, e a Rádio entrou atrasada, às seis e
quinze da manhã. Foi uma comédia.
AO – Qual era o horário da Rádio?
BETINHO – De seis à meia-noite. O
meu horário era de tarde. Eu gostava de
fazer a Voz do Brasil, porque logo depois
você falava com a Nacional, com a Globo, para fechar as linhas de transmissão
da Portaria 568. Eu gostava mais, porque
a programação era tudo ‘fitão’, de 2.500
pés, com programa de uma hora. Então,
praticamente, era de hora em hora que
você trabalhava, na transmissão.
AO – Havia programas ao vivo?
BETINHO – Alguns, mas era muito pouco. Eu gostava muito mais da gravação do
radioteatro. Ficava maravilhado com o
Edmo do Vale fazendo a contra-regra.
AO – Como eram os efeitos do Edmo?
BETINHO – Era uma portinha, uma
escadinha, uma caixa de brita – que até
pouco tempo estava por aí – e tinha telefone, para fazer barulho de discagem.
Então, na hora de gravar, usava-se um
filtro, o Pulltec, e o microfone bidirecional. Os atores ficavam se revezando,
cada um vinha por um lado, à medida que
fosse entrando a cena. O Floriano, nessa
época, já ficava lá sentadinho, cochilando, e quem dirigia, mesmo, era o
Dilmo Elias. Mas eu ainda peguei o
Floriano antigo, não peguei o Floriano
só sentado na cadeira, não. Mas aquele
pessoal não precisava de direção, era
um time de primeira. Magalhães Graça, Leonardo José, Estelita Lins, Aymmê, e aquele menino o Luiz Manoel
AO – Já havia o Projeto Minerva?
BETINHO – Havia. Depois virou Portaria 568. A gente preparava as três máquinas porque eram três programas diferentes. Distribuía um programa para a Rádio
Nacional, que distribuía para algumas
emissoras. Para a Rádio Globo ia um outro programa. Vamos dizer: um era aula
de Matemática; outro, de Português; e o
outro, de Estudos Sociais; e a Rádio MEC
transmitia. Algumas rádios ‘linkavam’
com a gente. Então eu tinha que fechar os
pets, e na caixa da fita vinha o número da
LP (Linha Privada), que a gente ia usar,
endereçando: esse programa vai para a
Rádio Globo; esse, para a Nacional… Era
muito organizado. Eu gostava porque rodava aquela manivelinha do magneto e lá,
na Rádio Globo, atendiam. Eu adorava.
Era bom demais.
AO – E você sentia alguma segregação
entre o pessoal do Minerva e o da Rádio?
BETINHO – Existia sim, porque o
Minerva tinha dinheiro. O “Esporte para
Todos” tinha, mas a programação da AM
não tinha, entendeu? A verba do pessoal,
dos atores, saía por um outro negócio
qualquer. Se uma produção da casa
quisesse montar um elenco e usar, não tinha recursos. A discriminação existia,
mas não entre os colegas. E existia também o pessoal que era do SRE, e teve uma
época que fizeram uma opção. Mas houve
uma distribuição e um monte de gente
saiu, em 82, na época do Luiz Brunini, foi
quando começou a estragar a Rádio.
Foto Acervo Pessoal
AO – Foi quando a OSN saiu da Rádio?
BETINHO – Exato. Foi muito triste.
Foi quando saiu o Sr. Hamilton. Convidaram ele para ficar, mas eu acho que ele
ficou tão desgostoso que acabou saindo.
AO –Como era o ambiente, antes?
BETINHO – Era ótimo, com essas professoras maravilhosas: Dona Benirá, a
Yedda, a Lourdinha, a Amelinha, a Yara,
a Virginia Palermo, a Maridéa Macedo,
a Esther Bezerra. Era tanta gente...
AO – E a velha guarda? Maurício Quádrio, Edna Savaget, Haroldo Costa?
BETINHO – Os programas deles eram
gravados na parte da manhã. Eu encontrava com eles, nas externas.
AO – E o período do Luiz Brunini?
BETINHO – Inclusive, foi uma época
em que fui mandado embora; mas fui em
fevereiro e voltei em maio. Ele entrou em
82, e fez essa devassa toda. Acabou com a
Orquestra e o radioteatro ficou prejudicado, porque cortaram a verba para o cachê dos radioatores. Tinha alguns projetos
da Portaria 568 que funcionavam, mas
outros programas, que eram da Educação, não tinham verba. O “Contador de
Histórias”, por exemplo, era da Portaria
568, mas tinha programas que eram da
Educação e tinha radioteatro, também, e
cortou-se essa coisa toda. E o processo de
saída da Orquestra, também foi demorado: ficou uns seis meses, ainda. Teve
uma discussão, se ficava ou se não ficava,
porque os músicos teriam que optar. Teve
muita gente que saiu fora.
O problema foi o seguinte: ia se criar
a Fundação Roquette-Pinto. Quem quisesse ficar teria de abrir mão do tempo
e dos direitos do SRE, e passava a
ganhar um salário melhor. Eu era cachê, para mim não servia, mas teve
colegas que optaram, porque não ia ter
como ficar cedido – como hoje os servidores estão cedidos à ACERP. E incentivavam – também como na ACERP –
que o servidor pedisse licença sem
remuneração, ou então se desligasse
pra ser contratado como celetista.
Assim, colocaram o cara na parede:
“Pedir demissão do serviço público para
ganhar salário, aqui, como celetista?”
Ninguém quis. Na verdade, foi colocado
isso para ‘acabar’ com a Orquestra, sem
dizer que foram eles que acabaram.
Alguns queriam, porque na verdade o
salário ia ser um pouco melhor. Outros
foram aqui para a Faculdade de Direito:
foi aquela Dulce (Reis Sardinha); o
Miguelzinho, e o Pedro, que até hoje
estão na portaria da Faculdade. Houve um
esvaziamento muito grande da Rádio,
como é o caso de hoje.
AO – Alguns músicos ficaram, não é?
BETINHO – Tinha um Coral, de poucas
vozes, que a Gulnara (Bocchino) participava, um Coral pequeno, e tinha um Conjunto de Música Antiga. Mas não durou
muito. E, outra coisa: não tinha dinheiro
para contratar todo mundo como celetista,
ou seja, a opção deles foi ir para a UFF.
Tecnologia 1982: à esquerda, a antiga técnica do Sinfônico, com mesa
Langevin e gravadores Ampex; à direita, o primeiro estúdio da MEC
FM, com mesa Audioline e gravadores Akai 4000 D.
A Orquestra acabou se desmanchando
porque a maioria do pessoal era idoso.
Aí entrou a história de só poder contratar por concurso, entrou o negócio
de só poder comprar equipamento nacional. Então, nós, acostumados a trabalhar com máquina Ampex – que não
cobrava nem manutenção, só limpar a
cabeça–, e Studer, começamos a trabalhar com Akai, que desafinava no ar.
Foi na época do José Alberto, da
Manutenção, que se comprou só máquina
nacional, de rolo, essa Akai, que era a
única fabricada aqui. A mesa que podia
comprar era Áudioline, e a gente trabalhava com mesa Gate – era antiga mas era
uma baita duma mesa. E passou a usar
microfone Leson – foi uma desgraça. Foi
de 82 até 86 esse inferno. Ou seja, foi o
sucateamento completo da Rádio, em
termos de qualidade. O tempo todo reclamação de ouvinte. Os programas desafinavam no ar – aquele gravador Akai,
quando a fita, de 30 minutos, chegava nos
25 minutos já começava a desafinar, e
você ficava na transmissão segurando
fitinha com o dedo: era uma desgraça.
AO – Isso coincide com a entrada da FM?
BETINHO – Coincide. Era lá no cinco e
meio: logo que descia a escada, no
cantinho à direita. Em maio de 83, o
Argemiro (Francisco das Chagas), que
entrou no lugar do Sr. Hamilton, como
tinha uma ficha minha lá, feita pelo Sr.
Hamilton, me elogiando, ou seja, pedindo
que eu fosse contratado, caso houvesse
chance, o Argemiro, que não me conhecia, ligou lá para casa: “Betinho, você
quer trabalhar na Rádio?” O Argemiro era
completamente diferente! O Sr. Hamilton
não falava um palavrão, e o Argemiro era
a grossura em pessoa. Mas eu acabei me
dando bem com ele. Eu voltei em maio
de 83, justamente para inaugurar o
estúdio da FM, que estava montado
com material nacional: uma mesa
Áudioline, três máquinas de rolo, um
toca-discos Super Som. E o José Alberto era dono dessa firma, a “Lys Eletronic” – eu não vou levantar falso testemunho, ele pode ter entrado na licitação – mas o transmissor era Lys, o
excitador de FM, o link ... era tudo Lys.
AO – Qual a programação da FM?
BETINHO – A FM funcionava poucas
horas. Ficava linkada com a AM até uma
da tarde, e funcionava até a Voz do Brasil.
Às sete linkava com a Voz do Brasil e seguia até meia-noite com a AM.
Mas ela só tocava Paul Mauriat, e não
tinha locutor – era só vitrolão. Ela entrou
em maio de 83 e ficou até o fim do ano só
tocando em experiência, com uma vinhetinha dizendo: “Rádio MEC FM, transmitindo em caráter experimental.” As bolachonas ficavam rodando horas e o pessoal
fazendo ajuste no transmissor. Em 84 é
que começaram a fazer uma programação
para a FM, e veio aquela história de se
jogar a música clássica para a FM e de
botar a popular na AM - foi daí que a FM
começou, em 84 pra 85, a ter vida própria.
AO – Já estava resolvido o som da FM?
BETINHO – Não, ainda tinha muito
problema. O Brunini ficou pouco tempo,
mas veio mesmo para acabar. Todo
mundo dizia na época que ele entrou para
acabar com o Serviço de Rádio Educativo
do MEC, o SRE. Foi ele quem colocou o
José Alberto como Superintendente.
AO – Foi na época do Brunini que se
pensou em fracionar o Estúdio Sinfônico?
BETINHO – Foi na época do José
Alberto – não sei se com o Brunini, ainda.
Tinha recursos do FNDE, acho, e ele queria montar várias ilhas de edição e de
montagem – como é hoje o cinco e meio.
A firma dele fabricava equipamentos, e
ele ficou doido para desmanchar o Sinfônico, para montar vários estudiozinhos.
Graças a Deus, alguém falou que não, e
inventaram o cinco e meio. Mas enfim,
deu tudo certo, ele montou e colocou
equipamento dele ali, ‘de cabo a rabo’.
Graças a Deus o Sinfônico foi poupado.
AO – Como era o cinco e meio, antes?
BETINHO – Antes, ficavam lá, as
partituras e alguns instrumentos. Mas, em
78, era uma sala com telhados de amianto,
e no final tinha uma uma grande varanda
fechada, que era do “Esporte para Todos”.
E tinha uma salinha de audição para as
professoras avaliarem os programas.
AO – Voltando aos primórdios da FM.
BETINHO - A programação da FM,
começou já com o Luiz Paulo Porto,
mas o José Alberto continuou, e ficou
muitos anos essa coisa de equipamento
nacional – foi uma época triste. Ainda
tinha algumas Ampex, algumas Studer,
mas era muito ruim. As mesas viviam
dando problema, mau contato, vazamento, inversão de fase, o transmissor
era uma porcaria – como sempre foi,
até a compra desse novo transmissor, já
na gestão da Regina Salles.
15
Foto J.C. Mello
AO – E o Flávio Moricone?
BETINHO – A condição da Rádio só
foi melhorar quando ele entrou. O Moricone era durão, carrancudo, mas foi
um baita de um superintendente. Desde
que estou aqui, como Superintendente
de Operações, eu passei pelo Luiz
Glielmo, o José Alberto, o Flávio Moricone, o Roberto Lyra, depois o
Armando Menezes, aí veio o André
‘Tachinha’, depois o ‘Formiga’ (José
Cláudio Barbeto) e agora o Renato
Dias. O ‘Formiga’ também foi um
ótimo superintendente, mas o Moricone foi o que mais deu ouvido às bases.
Antes do Moricone, fizeram um projeto
para refrigerar o 4º andar e o Sinfônico.
Eu fiz Engenharia Mecânica e fiz Refrigeração, e fui, todo animado, fazer um projeto que teria resolvido o problema de
barulho do estúdio e tudo. Eu quis participar, mas não podia, era tudo meio
escondido. E foi a época que eu comecei
a me interessar em saber o que é que
estava acontecendo, e tentar, de uma
forma meio idiota, evitar algumas coisas
que prejudicassem a Rádio.
AO – Quando o Moricone entrou, o
decreto já havia caducado?
BETINHO – O decreto acabou antes,
ainda com o José Alberto. Enquanto ele
esteve aqui, a gente ficou com essas máquinas Akai. Eu acho que foi em 85 ou 86,
já era a gestão do Heitor Salles, de novo.
O Moricone comprou essas Revox e
Studer, que a gente tem até hoje, que
são máquinas excelentes – e você vê que
foi tudo feito com lisura: o cara morreu
duro, andava de carro velho. Você vê
que foi um cara honesto. Microfones
ele comprou os Sennheiser, comprou
vários Bayer; monitor, ele comprou
JBL, essas caixas JBL Control 12, que
tem nos Estúdios. A maioria do equipamento que se tem hoje, com exceção dos
MDs e toca-discos Technics, é tudo da
época do Flávio Moricone. As mesas
Studer, aquelas DDA, do Auditório, do
Estúdio B, foi tudo comprado na gestão
dele, que, na minha opinião, foi o
melhor Superintendente que a casa já
teve. O ‘Formiga’ também foi outro, que
chegou e ‘vestiu a camisa’– a saída dele
foi meio estranha, eu não entendi direito.
a saída da Embrafilme (ex-INC) do
prédio. Como é que a sala de projeção do
INC virou o Auditório da Rádio?
BETINHO – Até o 2º andar, tudo aqui
era do INC. Fisicamente, o espaço não
mudou. O palco já existia, a cabine de
projeção também. Não tinha refrigeração na cabine, depois colocaram ar
condicionado. Fizeram um projeto – a
administração fazia e não consultava a
técnica – e não botaram saída de ar para o auditório. Foi feita a montagem, na
época do Moriconi, da mesa DDA, que
existe até hoje lá, com aquele rack, com
as máquinas Revox. De obras não foi
feito nada, apesar de que coincidiu com a
época do Roberto Parreira como Presidente da Fundação. Na época dele foi
feita a obra da parte externa do prédio,
que era cheio de fio pendurado, uma
bagunça, uma janela de cada tamanho,
canos de esgoto saindo para lá, virava
para cá, pingava dali. No gabinete tinha
uma janela que dava lá para a rua. Então,
o Parreira, nesse ponto, foi bom para a
Rádio, pois houve essa recuperação da fachada toda. E coincidiu também com essa
compra de equipamento – só não foi trocado o transmissor da FM, que continuou
o mesmo, até a gestão da Regina Salles.
AO – E a informatização?
BETINHO – A informática já veio bem
depois, na época do Armando Menezes.
AO – E os musicais ao vivo, na Rádio?
BETINHO – Eu fiz, uma vez, a transmissão ao vivo da Orquestra, lá no Sinfônico, com o Alceo Bocchino regendo.
A gente botou microfone e esticou cabo
até a transmissão. Mas era raro. Tinha
programa ao vivo, mas pequenos, com locutor apresentando. Programa musical a
gente não tinha muito, mesmo depois,
com o Auditório. Teve, bem mais tarde, o
programa “Marlene Total”, com a Marina,
que era a produtora e a Maura Mello, de
assistente. Enchia o auditório. Vinha a
turma da Marlene, da Emilinha, veio o
Braguinha, veio todo mundo. Depois,
parou, e só recomeçou com o “Ao vivo
entre Amigos”.
AO – Eo equipamento de externa?
BETINHO – O Moricone modernizou
isso, também. Na época daquele equipamento pesado, a gente gravava e colocava no ar depois, porque era o maior
risco fazer ao vivo – as linhas viviam
caindo, chegava lá e não tinha as LPs.
Já na época do Moricone, não: a gente
fez muita coisa direto. E, bem mais
recente, já na época da Regina Salles,
também. Fizemos uma transmissão no
Carlos Gomes, no Festival Universitário da Rádio – que época maravilhosa! A gente fêz uma rádio-pirata dentro
do teatro, para poder ter coordenação.
A gente bolou uma parafernália – eu o
Tacha e o Alcimar – e tudo funcionava.
nizado na Rádio MEC, dentro do teatro –
um estava no camarim, o outro não sei onde – , e pela mesa a gente tinha como ouvir eles, que estavam com microfones
sem-fio. A gente tinha como chegar no
cara, que estava entrevistando alguém,
através do link que a gente montou, com
uma antena plano-terra que só transmitia
ali dentro. O cara estava o tempo todo ouvindo o som do ar, com walk-man. E era
aquela coisa de brasileiro, mesmo: cada
um trouxe o seu walk-man particular, para ouvir o retorno da Rádio e a nossa
comunicação.
AO – E a gestão do Luiz Porto, então?
BETINHO – Era uma pessoa muito
educada, mas ficou pouco tempo e foi
inexpressivo. Tampou um buraco da saída
do Luiz Brunini. Depois veio a Taís (de
Almeida Dias). Eu não sei nem se foi na
gestão da Taís ou se foi na volta do Heitor
Sales, que veio o Moricone – esse detalhe
eu não lembro, não. Aí, de repente, o
Moricone morreu. E o Roberto Lyra, que
era chefe da Manutenção, passou para a
Coordenadoria. Ele deu continuidade,
mais ou menos, ao trabalho do Moricone.
AO – O Lyra dizia que o problem do som
não era da técnica, mas da produção...
BETINHO – A verdade é o seguinte: o
nosso transmissor AM, é um baita transmissor – um Harris de 100 quilowatts, só
que antigo, de 1978 –, e o problema é que
ele está montado lá em Itaóca, naquela
antena triplexada, que era da Rádio Ipanema, da Rádio Nacional e da Rádio MEC.
AO – Quem operava o transmissor?
BETINHO – O nosso transmissor nunca foi operado por ninguém da Rádio
MEC. Quem fazia a manutenção era o
pessoal da Nacional. Como é que uma
Emissora funciona com um transmissor na mão de terceiros? É lógico: se pifarem os dois transmissores, o cara vai
correr atrás do transmissor da Rádio
dele. Eu nunca entendi porque é que a
Rádio MEC nunca teve, e continua não
tendo ninguém no transmissor – nem
um faxineiro, lá. Antigamente, na época
do MEC, a Rádio pagava uma gratificação, um adicional de 30 %, aos técnicos – eles eram contratados da Nacional. Mas aí, em 82, veio essa história de
não poder pagar, e ficou esse impasse.
AO – O pessoal canibalizava o
equipamento da Rádio MEC?
BETINHO – São histórias que contam...
Mas eu não duvido, porque já fui lá, várias vezes, e você vê que o pessoal vinha
de má vontade, e no fundo eles tinham
razão. Eles não tinham obrigação de ter
que ficar. O interesse é da Rádio MEC, eu
acho, de chegar e resolver essa questão.
BETINHO – Foi na época da Regina, que
se conseguiu dinheiro. O Lyra reformou, e
teve uma época em que ficou muito bom
o som da AM. Mas é aquela história:
precisava era comprar um transmissor
novo e desvincular da Rádio Nacional, a
não ser que se tenha um técnico permanentemente lá. E um dos motivos da
saída do Formiga foi essa ‘rixazinha’ da
técnica de lá com o pessoal daqui – e até
hoje não temos ninguém lá. O Formiga
foi um que entrou há pouco tempo – o
cara se deu, mesmo, vestiu a camisa, mas
não conseguiu. A vinda do Renato Dias,
agora, eu acho que foi uma tentativa de
contornar isso, porque ele era da manutenção da Nacional, e tem diálogo com
essas pessoas. Não acho que seja a
solução.
AO – Qual seria a solução?
BETINHO – Eu achava que tinha que
enfrentar esse problema de frente. O
transmissor é bom. Se ele estiver com a
manutenção em dia e tiver peças de reposição, ele vai funcionar, como funcionou na gestão da Regina Salles. Mas
por quê? Conseguiu-se dinheiro, se trocaram várias peças, o Lyra fez a manutenção – ele é um bom técnico de transmissor – e funcionou. Agora, de lá para
cá, não se tem ninguém lá, realmente é
muito difícil. O Formiga tentou, suou a
camisa para tentar resolver a questão e
não conseguiu, e eu acho que foi um dos
motivos porque ele quis sair daqui.
AO – E o ‘apagão” das fitas? O “aqui se
faz, aqui se apaga”, quando e como foi?
BETINHO – Eu não lembro que gestão
que era, mas foi por causa da falta de fitas.
Eu copiei muita coisa para K-7, e eu pensava: “Já que tem que copiar, eu vou
copiar com o maior carinho!” Eu media,
editava o áudio, alinhava o K-7 direitinho,
botava flat, com o maior cuidado, via o
tipo de fita, para, no mínimo, copiar bem
e guardar da melhor forma possível. Mas
a maioria dos colegas – que já não eram
mais aqueles da Mayrink Veiga, da Rádio
Nacional – pegavam e, como era cópia,
era a ‘hora do café’, dava ‘play-rec’,
soltava, o nível que viesse vinha, e se o
canal direito está mais alto ou se a fita é
de cromo e está para normal, já foi. Foi
uma coisa que me deu muita tristeza;
eu via que a gente estava perdendo um
monte de coisas. E, com certeza, a hora
em que for pegar essas fitas, vai ter
muita coisa que vai estar desafinando,
sem nível – eu acredito que uns oitenta
por cento... Foi uma ignorância. Uma
direção não pode tomar uma decisão
dessas sem ouvir o que é que os técnicos
têm a dizer. Era melhor ficar sem
gravar, até a gente ter dinheiro para
comprar fitas. Nem que ficasse seis
meses tocando ‘vitrolão’, era preferível.
" Também o ódio contra a baixeza endurece as feições;
acoincide
cólera
contra
a voz" Bertold Brecht
AOtambém
– A época do Moricone
com O cara
ficava ouvindoao injustiça
radinho sinto- AO – Eenlouquece
como recuperaram o transmissor? AO – Quantas fitas foram copiadas?
16
AO – E a gestão de Dona Thaís?
BETINHO – A Thaís ficou pouco tempo
e passou. Não tenho o que falar dela, não.
AO – Você lembra do João Henrique?
BETINHO – Eu acho que a grande
mudança que teve mesmo de
programação, de formato da FM, aconteceu na época do João Henrique. Que,
falem o que quiserem, mas ele mexeu
mesmo nessa coisa. Ele era um assistente
de produção, e entrou pisando numa porção de gente, mas eu acho que foi a partir
dele – da gestão do Parreira até a da
Regina –, que a Rádio viveu um dos melhores momentos, em termos de produção. Aquela coisa que tinha praticamente acabado, de radioteatro, voltou
muita coisa. E, mais tarde, os festivais da
Rádio – tanto da AM quanto da FM –, e a
contribuição que a Gizélia Fernandes
deu, na produção do Concurso Talentos
Rádio MEC.
AO – E o Paulo Salgado?
BETINHO – Eu fiquei conhecendo,
mesmo, o Paulo Salgado, por causa da
Nízia Nóbrega. Ela era irmã do Ministro
da Aeronáutica, e era grossa, mesmo. Eu
tinha acabado de fazer 18 anos, e estava
no fim-de-semana, fazendo a transmissão.
Tinha um roteiro da programação, e eu
pegava as fitas, colocava no ponto, e ficava lendo jornal ou estudando e, de hora
em hora, disparava as máquinas. Só que
eu vacilei e, quando deu duas horas, em
vez de soltar um outro programa, e eu
disparei o programa dela. E quando foi
duas e pouco, toca o telefone: “O programa está errado! Tira do ar agora!” Aí, eu
falei: “A senhora me desculpe, eu soltei
errado, mas eu não vou poder tirar agora.”
Porque o próximo programa tinha uma
hora de duração e, se eu interrompesse
aquele, ia atrasar a programação em 20
minutos. E ela: “Eu ordeno que tire!” Aí
eu falei: “A senhora vai me desculpar,
mas eu não posso fazer isso!” E ela: “Eu
vou falar com o meu irmão, que é
ministro e você vai para a rua!!”– e
desligou. E eu fiquei triste porque errei,
foi culpa minha mesmo.
Na época, o Superintendente de Programação era o Paulo Salgado. Ele era homosexual, e eu era o estereótipo do machão:
um boçal. E olha só o a lição. Eu tinha
posto no livro de ocorrências que, por
culpa minha, o programa foi invertido e
tal, e assinei. Aí, vim trabalhar, arrasado,
e me disseram, na portaria: “O Paulo Salgado quer falar com você.” Aí eu fui lá.
No corredor, eu vi a Nízia Nóbrega passando, e, quando entrei no gabinete, eu vi
o livro de ocorrências em cima da mesa.
Aí, ele: “Essa senhora que saiu, pediu o
seu nome e eu mandei pegar o livro de
ocorrências. Mas depois que eu li o que
estava escrito, resolvi não dar”. E ele se
levantou, apertou a minha mão, e falou
assim: “Tenho o prazer de estar apertando
a mão de uma pessoa honesta. Espero que
você seja assim a vida inteira!” Eu me
despi de todo e qualquer preconceito a
partir daquele dia. Uma pessoa que eu
colocava à margem da sociedade, por uma
opção sexual dele, me deu uma lição de
vida, que nunca vou esquecer. Ele foi uma
das pessoas que mais admirei aqui dentro.
AO – Quais foram as outras?
BETINHO – Eu acho que a minha
personalidade, o que eu sou, eu devo a
Hamilton Reis, ao Paulo Salgado e ao
Sr. Mário Dias. O Mário Dias me fez
ter orgulho de ser funcionário público.
Eu tinha orgulho de não faltar ao serviço. Não sei se você sabe, mas até a
criação da ACERP, eu nunca faltei um
dia à Rádio. Eu já vim trabalhar com
febre, caído de moto, todo arrebentado
– nunca faltei em 20 anos de Rádio, até
a criação da ACERP. Eu me orgulhava
disso até o Fernando Henrique falar que
funcionário público é vagabundo. Sinceramente, eu estava moldando minha personalidade, e, graças a Deus , eu tinha onde me espelhar. Tinha o Hamilton Reis, o
Paulo Salgado, o Mário Dias, que era demais – que homem organizado, que funcionário! Eu tenho muita saudade dessas
pessoas. É difícil você encontrar gente do
bem e para o bem. Eu acho que é isso que
faz a gente viver, faz a gente agüentar essa
violência, que tem por aí . Era gente de
bem, que gostava da Rádio. Você é um. O
que você fêz e faz ainda pela Rádio, para
tentar salvar, manter viva a chama do
Roquette-Pinto, aqui dentro, não tem
preço. Você se dispor a passar por isso
tudo que você passa, se desgastar pela
Rádio. Você, Paulo Salgado, o Sr.Hamilton, Mário Dias, esse pessoal, são os meus
espelhos. Eu já estou mais da metade da
minha vida aqui dentro, e o que eu sou
hoje, se as pessoas me respeitam, eu acho
que tinham que agradecer a esse pessoal,
a vocês. Isso aqui era uma família! Agora
está todo mundo passageiro demais.
Antigamente eu conhecia todo mundo, do
faxineiro ao presidente da Fundação, e me
dava com todos. Hoje, tem um monte de
gente que eu não conheço.
AO – E o jornalismo?
BETINHO – O Jornalismo na Rádio era
inexistente: era só notinha cultural. Foi
na época da Lurdinha (Maria de Lourdes
Favila) que o Jornalismo realmente cresceu. Na entrada dela, foi criado, no 2º
andar, o Jornalismo, que ganhou uma
mesa da Embaixada americana, que até
foi a SOARMEC que conseguiu. Foi uma
mesa Gate e uma série de equipamentos, e
montou-se um estúdio muito bom,
ocupando o espaço que o Acervo ocupa,
hoje. Foi a primeira vez que se teve
Jornalismo na Rádio, funcionando efetivamente. E fizemos coberturas – o Sanz
(Luiz Alberto) era editor do jornal. Foi a
primeira vez que vieram trabalhar grandes
jornalistas aqui – pelo menos que eu tenha
visto. É uma coisa importante de ser
falada, esse surgimento do Jornalismo.
Não era para ter acabado.
AO – E a educação?
BETINHO – A programação da
Educação começou a cair porque ficou
voltada para as Ondas Curtas, porque o
próprio rádio de Ondas Curtas já estava
predestinado a morrer, porque começaram
a surgir um monte de meios: veio Internet,
a TV a cabo, a antena parabólica. E a
Maricéia (Drumond) queria comprar um
transmissor de Ondas Curtas – coisa que,
na verdade, atenderia muito pouca gente.
Eu não sei, mas eu achava que se devia
trabalhar em cima mesmo da AM e da FM
– as Ondas Curtas, eram uma luta perdida.
AO – Que produtores você conheceu?
BETINHO – Ah, tinha a Noemi Flores,
que era uma pessoa incrível, ainda é; a
Helena Theodoro, que é demais; a Gizélia
Fernandes – são pessoas que a gente sente
saudades. E a Lílian Zaremba, que sempre
foi pioneira, e sempre foi sub-utilizada. A
Líliam é uma pessoa inteligentíssima, é
impressionante como é que nenhuma
direção que passou por aqui soube
explorar essa coisa que a Líliam tem:
ela experimenta. Eu acho que a Líliam
é uma pessoa capaz de criar uma nova
linguagem para o rádio, para ressuscitar, para tirar o rádio – não só a
Rádio MEC, mas o meio de comunicação – da inércia que ele vive hoje.
Mas é aquela história, hoje em dia as
rádios não têm mais recursos para bancar bons profissionais, que resolvam
essa questão do rádio como veículo. E a
Líliam é uma, você também, o Lauro Gomes, o Zito Baptista. Reúne e fala assim:
“Gente, descobre uma nova linguagem
para o rádio, uma forma da gente se comunicar e passar cultura, informação!”
Ou seja, uma linguagem que desperte o
interesse pelo rádio. O jornal existe há
séculos – quer coisa mais chata do que
ficar sujando o dedo, virando página, com
aquele negócio enorme? – e todo mundo
lê jornal. Por que é que ninguém pode
continuar ouvindo o rádio?
Foto Acervo Pessoal
BETINHO – Olha, é muito. Porque
foram mais de dois anos copiando.
Todo dia tinha pilhas de fitas para copiar – sempre que tinha horário vago
de estúdio tinha cópia para fazer. E
tinha estúdio que era só para isso –
tinha operadores que ficavam naquelas
montagens, lá em cima, seis horas por
dia, só copiando fita. Uns dois operadores, em dois horários, todo dia, mais
de dois anos, faz as contas. Em 6 horas
você copia 5 programas de uma hora;
em 2 períodos, seriam 10 programas de
uma hora, por dia; por mês já seriam
300, bota isso vezes dez meses seriam
três mil programas – é muita coisa.
AO – E os outros produtores da casa?
BETINHO – Ah, o Paulo Santos, com os
programas de jazz, que também foi outra
figura inesquecível. O Paulo Tapajós, o
Artur da Távola – eu montei muito programa dele. E tinha o Miguel Proença, o
Ricardo Cravo Albin, o Isaac Karabtchewsky. O Karabtchewsky vinha uma vez
por mês, e o pessoal falava: “É fantasma...” Mas fazia um programa de música
clássica que era demais. Eu montava com
ele – ele gravava uma vez por mês, mas
gravava 12 programas, para o mês inteiro.
Tinha o Antônio Hernandez, que fazia
programas bons, mas eu gostava mesmo
era dos textos da ópera, do Zito, lidos pelo
Lauro Fabiano – aquilo era muito bom...
AO – Do Heitor Salles até o Luiz Sanz,
tivemos várias direções curtas, algumas
duraram semanas. Fale desse período.
BETINHO – Nesse período você tinha
muito mais acesso ao gabinete do que na
época do Heitor. Foi quando eu comecei a
participar mais dessas questões. O
Moricone dava essa abertura, e com a
Márcia (Queiroz), com a Maria
Angélica(Nascimento), a gente teve um
pouco mais de abertura – começou a se
abrir o gabinete. Era uma coisa muito
fechada o gabinete. Era aquela coisa de
repartição pública, mesmo, ficava o paletó lá – quando você queria falar com
alguém você ficava duas horas sentado
na cadeira. E a Rádio deixou, mais ou
menos, de ser assim. E mesmo hoje,
você não pode dizer que o gabinete não
seja aberto aos outros funcionários.
AO – Como foi a história da compra da
mesa de gravação do Sinfônico?
BETINHO – A questão da compra da
mesa e do equipamento do Sinfônico já
foi na época do Sanz. Parece que foi uma
verba do FNDE e, nessa época, o Diretor
de Engenharia da TV era o Orestes.
Chamaram o Sólon do Vale para fazer um
projeto de acústica dentro da técnica do
Sinfônico; se questionou de novo aquela
história de avançar dois metros para
dentro do estúdio. Aí, na época do Sanz,
era o Roberto Lyra o coordenador, e o
Sanz – que na minha opinião fez uma
gestão muito aquém do que eu esperava –
detonou o Roberto Lyra, e trouxe o
Armando Menezes para a Rádio MEC.
"Um estado é bem administrado quando os degraus das escolas estão
gastos e os degraus dos tribunais estão cobertos de capim"
(provérbio chinês)
17
AO – Como foi a gestão do Armando?
BETINHO – Nós tínhamos um monte de
equipamento comprado na época do
Flávio Moricone, e o Armando veio com
um papo de querer padronizar tudo com
máquina Otari. E o Sanz ficou até meio
melindrado, porque eu batia de frente com
o Armando. O Sanz foi colega de trabalho nosso, aqui no Jornalismo, e eu tinha
intimidade para chegar e falar, e eu achei
que foi feito muita coisa errada. E uma
das coisas erradas foi a compra da
mesa Sony – que na verdade não é uma
mesa ruim, mas é uma mesa impraticável para o tamanho da técnica que
se tem no estúdio. E acabaram comprando escondido de mim, porque eu via todos
os processos que o Armando passava de
compra, porque nessa época eu era Chefe
de Operações, e dava palpites, e embarreirava. E eu consegui embarreirar de vez
a compra desses Otari – fiz uma
justificativa imensa, dizendo que era um
absurdo comprar 36 máquinas analógicas
Otari – isso foi em 94 – com todo mundo
partindo para o digital . Naquela época
havia dinheiro – foi quando se reformou o
7º andar. O Armando não deixava de ser
um bom administrador, porque ele
executou a obra, informatizou a casa e
resolveu o problema de telefonia – isso
aí você tem que dar crédito ao cara. Os
telefones na casa eram um caos. Agora,
essa questão da mesa do Sinfônico é
questionável. Levou não sei quantos anos
para chegar, e ficou um ano parada, lá em
baixo. Também compramos MDs, mas
ficaram guardado, também. Ele queria só
comprar, comprar, e deixar guardado. Foi
preciso eu pegar um MD, e falar: “Mas,
Armando, eu vou pegar um MD desses
que eu quero testar, quero botar ele para
funcionar!” E ele: “Não, eu não quero
instalar isso agora”. Poxa, o aparelho já
estava há um ano encaixotado. E a
garantia do equipamento? Eu fui lá no
almoxarifado, na marra, peguei um MD
daquele, botei na minha sala e comecei a
futucar o equipamento, para poder
aprender a operar com ele e ensinar os
meninos. E foi aí que apareceu um monte
de problemas, foi até bom, porque deu
um monte de falhas, dava erro de disco,
aquelas confusões todas que deram no
começo, e voltaram a dar agora – também
já tem mais de dez anos que as máquinas
estão rodando. E essa máquina digital,
que ele comprou, essa PCM, da Sony, é
uma baita máquina, mas é uma máquina
de trezentos mil reais – você pode gravar
muito mais barato em outras mídias, ou
seja, foi uma coisa feita para se gastar
dinheiro. Tanto é que a máquina está dando um monte de problemas, hoje. A Sony
não tem tradição em áudio – é detentora
de tecnologia em vídeo. A compra que a
TVE fez com a Sony foi grande, eu não
sei qual foi a contrapartida disso.
18
AO – Como está esta máquina, hoje?
BETINHO – Se ela estivesse funcionando ela poderia ficar gravando mais uns
dez anos, sem problemas, só que ela está
com um defeito intermitente – às vezes
puxa e arrebenta a fita – e o Pedro, da
Sony, que é o único técnico, que eu saiba,
no Brasil, que fez o curso específico para
essa máquina, não conseguiu resolver.
Ou seja, a máquina está fadada a ficar sem
conserto e ser aposentada como aconteceu
com aquela analógica de 24 canais . Eu
acho que tinha que botar a jurídica
para trabalhar nisso, de se fazer uma
forma pra se vender essa máquina e
voltar o dinheiro para a Rádio. Porque
é jogar dinheiro público fora – eu acho
um absurdo estar com uma máquina de
24 canais, em perfeito estado, que ainda
interessa a alguns estúdios – é uma
máquina que se eu for dar baixa nela,
ela vai para a Penha (onde fica o
depósito), vai enferrujar, e eu prefiro
deixar ela guardada aqui.
AO – E a mesa, qual o estado dela?
BETINHO – A mesa está ótima. Os
pequenos problemas que têm são normais,
mau contato num canal, uma coisa
qualquer. O único problema dela é que
ela é grande demais, só isso.
AO – E o sr. Paulo Henrique Cardoso?
BETINHO – O Paulo me surpreendeu.
Na verdade, ele é um garotão, um
playboy, mas que soube respeitar os
funcionários da casa. Ele ouvia todo mundo, era uma pessoa muito expansiva, fez
coisas erradas, como todo mundo faz, mas
ele soube respeitar quem era antigo aqui –
coisa que não tem acontecido. Eu acho
que a gestão dele foi boa, não porque me
colocou como chefe da operação. Foi uma
pena, no finalzinho, com aquela confusão
daquele Presidente que entrou, o Paulo
Branco, teve aquela ‘rixinha’ política lá, e
o Paulo Henrique acabou largando a
Direção da Rádio. Depois, os funcionários se uniram, e fizemos aquele Encontro
de Funcionários, que foi ótimo, a
SOARMEC participou efetivamente
disso, e, a partir da gestão da Regina
Salles, foi maravilhoso.
AO – E a gestão da Regina Salles?
BETINHO – Foi inquestionável: mais
transparente impossível. Eu não conheci
as outras gestões antes da do Heitor, mas
acho que nunca teve uma gestão melhor
na Rádio, e acho que dificilmente vai
haver. A Regina era uma funcionária de
carreira da casa, talvez por isso tenha
sido tão gostoso. Era uma pessoa
honesta, querida, transparente em
tudo, e foi eleita pelos funcionários –
que coisa inédita, fantástica! Isso foi
uma coisa, uma herança que o Paulo
Henrique deixou. Foi lindo, maravilhoso, melhor não podia ser! Todo
mundo era ouvido, ela fazia reunião
com todo mundo, todas as áreas eram
respeitadas, era demais da conta!, e
tudo foi surgindo naturalmente, com a
participação dos funcionários. Virou
uma grande ‘família’, mesmo. E o
engraçado foi que na gestão da Regina,
que teoricamente não era uma pessoa
indicada politicamente, foi a época em
que se teve mais condição de se fazer
tudo – tinha dinheiro para se fazer
tudo. Como é que pode? Uma pessoa
que não veio de Brasília, que não era
‘empistolada’ de ninguém, que era funcionária de carreira da casa, eleita, colocada lá pela pressão que os funcionários
fizeram sobre o Paulo Branco. Faz muita
falta, e como a Rádio cresceu.
E aí veio o FESCAN, veio o Festival de
Talentos… A participação da Gizélia
Fernandes, nesse ponto – como era
trabalhadora, como gostava da Rádio.
Essas pessoas, elas marcam, eram pessoas
que você sente que gostavam da Rádio.
Com a Liara (Liara Avelar, superintendente na época) eu não tenho o que falar
de errado, de ruim. Todas as áreas foram
ouvidas, foram respeitadas, se conseguiu
fazer tudo, fundou-se a CAO e fizemos
muita coisa ao vivo, de um monte de
lugares. E a Rádio trabalhava em parceria
com a SOARMEC – foi a época que a
SOARMEC cresceu, que a Rádio cresceu
junto com isso. Mesmo com a mudança
do Presidente, do Paulo Branco para o
Escostegui(Jorge) e depois o Paulo
Ribeiro, continuaram a apoiar a Regina,
souberam respeitar. E depois do Paulo
Ribeiro veio o Jorge Guilherme, que
manteve a Regina. Só acabou mesmo
quando entrou a ACERP, e foi uma pena
a Regina ter saído, mas não tinha outro
jeito. E com ela saiu um monte de gente.
AO – E como você sente a Rádio, hoje?
BETINHO – Eu vejo assim: os funcionários trabalham aqui por trabalhar, por
inércia, sem alternativa para poder
sobreviver. E os outros estão só de passagem, porque se paga tão mal, não dá
tempo de você amar isso, de viver o que
eu vivi. Eu me considero um felizardo –
entrei aqui num momento em que só
tinha profissional da Mayrink Veiga e
da Rádio Nacional, que eram as
potências do rádio. Eu estou com 42
anos: eu não vivi a Era do Rádio, mas
acabei vivendo porque os profissionais
que trabalhavam aqui, todos vieram
dessa Era do Rádio, e eu consegui
voltar no tempo e pegar uma carona
nessa história – eu cresci muito, eu
aprendi muito. Eu nunca tive ídolos, eu
nunca fui fã de Beatles, de nada, eu gostava mas nunca tive ídolos, os meus ídolos
eram o Sr. Hamilton, era o Paulo Salgado,
era o Sr. Mário Dias, eram essas pessoas
de bem que a vida me deu a oportunidade
de ir esbarrando com elas. Eu sempre que
eu esbarro com uma pessoa assim eu tento
tirar o que eu posso, e aprender, e é isso
que me fez o que eu sou hoje.
AO – A Rádio MEC, é também uma
Rádio Educativa, no sentido de que ela
treina e profissionaliza pessoas. Não é só
você: o Ary André, o Dinho (Olivaldo
Meireles), o Ribamar, essas pessoas todas
aprenderam aqui dentro. Você formou
pessoas aqui dentro?
BETINHO – O próprio Ary André foi
um deles. Quando eu entrei na Rádio, era
tudo mono – eram aquelas máquinas
Foto Clara Zuñiga
O entrevistado abraçando seu antigo
chefe, Hamilton Reis, durante visita
deste à SOARMEC, em agosto de 2001.
Ampex, e tal. Esse pessoal que tinha
vindo da Nacional e da Mayrink Veiga
que era onde tinha a maior tecnologia de
rádio – que na verdade eram a ‘TV Globo’
da época. Então, eu dei a sorte de entrar
na Rádio num momento em que estavam
essas pessoas disponíveis. Por onde quer
que eu olhasse, só tinha gente boa
trabalhando, não tinha ninguém fraco. Eu
sentava com o Monteverde e perguntava:
“Por que é que tem que alinhar isso aqui?”
– “É porque você tem que fazer a leitura
da reprodução, para ver se o seu nível de
áudio está entrando direito.” Todos eles
sabiam me responder isso, hoje em dia a
maioria não sabe responder. E muita coisa
eu aprendi fora da Rádio, fazendo externa
pela Rádio. Eu aprendi muito com o
Frank Justus – aquele americano que
gravou muito disco por aí. Tudo que
aprendi de ‘microfonação’ foi principalmente com o Frank.
Eu gosto de ensinar, eu acho que eu
daria um bom professor, talvez, de
qualquer coisa, porque eu gosto de
ensinar. Esses meninos que eu treinei, o
Ary André, o Dinho, o (Marcos)Clay, eu
gosto de sentar e explicar, e dar
oportunidade de fazer, porque eu tive essa
oportunidade de aprender e eu eu gosto de
passar isso adiante.
AO – Alguma coisa a mais pra dizer?
BETINHO – Eu sempre sonho, eu sempre espero que a Rádio volte a ser o que
era, mas cada vez mais eu acho que a gente está distante disso. Dificilmente uma
pessoa vai se apaixonar, como eu me
apaixonei quando eu entrei aqui pela primeira vez, porque hoje em dia a gente
vive uma estagnação muito grande. Mas
eu estou feliz, de uma forma ou de outra,
de ter participado um pouco da história da
Rádio. Não me arrependo, em nenhum
momento, de tudo o que eu fiz aqui dentro
– eu tenho maior orgulho disso. Eu acho
que o meu sonho era ser lembrado, quer
dizer, associado ao nome do RoquettePinto, ao nome de tanta gente boa que
passou por aqui. É uma coisa que é o meu
sonho, daqui a 20, 30 anos, o meu filho
vir aqui e ver uma plaqueta, na porta de
um estúdio ou mesmo de um elevador,
com o meu nome.
Cartas
"Sou professor do Curso de
Comunicação Social da Faculdade Moacyr Bastos, em Campo
Grande. Também dou aula de
Rádio no Curso de Comunicação
Social do Exército no Forte do Leme. Sou
ainda professor de Rádio e TV da UERJ e
do Curso de Locução da Biblioteca Pública
do Estado do Rio de Janeiro.
Ao apresentar este "currículo", sou movido
apenas pelo desejo de afirmar meu
compromisso com o Rádio perante as
novas gerações e dizer de meu apoio às
meritórias atividades da SOARMEC. Em
minhas aulas, sempre que é oportuno,
mostro nosso Informativo e falo da história
da nossa Rádio MEC, que é muito a
história do rádio brasileiro. (...) consola-me
saber que vocês continuam atuando com
todo entusiasmo e resta-me desejar a toda a
diretoria sucesso no trabalho."
Do amigo ouvinte Roberto Salvador
A carta-conjunta dos funcionários da Rádio Nacional,
transcrita abaixo, reclamando
do descaso com o transmissor,
em Itaóca, dobra o seu impacto se
levarmos em conta que a Rádio MEC AM
pega "carona" naquele transmissor (veja
entrevista de Roberto Montero)
"Gostaríamos de esclarecer alguns pontos
da matéria publicada no dia 7/5/2002,
sobre a Rádio Nacional. Foi dito que a
passagem do tempo deu à Rádio Relógio
uma audiência maior que a da Rádio
Nacional. É possível, já que há 12 anos a
Radiobrás não investe um tostão na
conservação e manutenção de seus transmissores. O descaso é tanto que a torre está
afundando no terreno onde está assentada,
em Itaóca. É isso que impede que o som da
Rádio Nacional do Rio de Janeiro alcance
até mesmo o bairro do Leblon. Esqueceram
que rádio é som? Houve um momento em
que tivemos um certo alento em relação às
transmissões da Rádio Nacional, quando
compraram um transmissor novo! Mas,
infelizmente, o transmissor comprado para
o Rio foi enviado para Brasília...
Um programa radiofônico não permanece
no ar por 31 anos (e não 30, como foi mencionado) impunemente. No caso do programa da radialista Daisy Lúcidi, não se trata
de uma revista feminina, mas sim do primeiro programa diário de prestação de
serviço do rádio brasileiro. O governo tem
obrigação de realizar esse trabalho social
para com aquele que depositou nele sua
confiança ao colocá-lo no comando da
Nação. Para encerrar, gostaríamos que nos
fosse clarificada uma pequena dúvida: será
que a emissora do governo irá contrariar
sua própria lei? Aquela que estabelece a
"regionalização das programações radiofônicas"? É bom que fique bem claro que nenhum dos funcionários gostaria de sangrar
os cofres da União sem nada fazer ou fazendo o mínimo, aos sábados e domingos."
Daisy Lúcidi e mais
20 assinaturas de funcionários.
Este abaixo-assinado, que
recebemos por e-mail e
estamos passando adiante,
comprova a oportunidade do
nosso projeto Visão da Literatura e,de
modo contundente, o abandono cultural a
que os deficientes visuais estão submetidos. Colabore com o missivista,
copiando, coletando assinaturas e remetendo para o e-mail do signatário:
[email protected]
“Eu, Daniel de Moraes Monteiro, 15 anos,
estudante do último ano do ensino
fundamental, demais portadores de
deficiência visual, profissionais e pessoas
interessadas, abaixo assinados, solicitamos
providência do Ministério Público, no
sentido de que haja uma lei que obrigue as
editoras a disponibilizarem uma cota de
exemplares de suas publicações em braille,
por meio magnético, gravado ou de
qualquer outro modo acessível aos
deficientes visuais. A revogação da Lei
Federal 9045 (que obrigava as editoras a
disponibilizarem seus livros aos cegos em
regime de proporcionalidade) é, para nós,
uma imensa perda, pois muitas editoras
resistem em nos conceder o material em
modo magnético (para que possa ser
impresso em braille, ou ouvido por meio de
síntese de voz), e não temos mais o
argumento da lei para convencer os
editores a colaborar conosco. Com uma lei
que obrigue as editoras a tornarem suas
publicações acessíveis, poderemos exigir
das mesmas que o façam. Em muitos
casos, conseguimos apelar para a boa
vontade dos editores, mas em muitos casos
isto não é possível. Muitos estudantes
ficam impossibilitados de acompanharem
sua turma na sala de aula, pois não têm
condições de ler os livros como os demais
integrantes da turma, ficando assim
extremamente dependentes da boa vontade
de algum outro colega que leia para eles, e
não é sempre que há alguém disponível.
No 2º grau, são poucos os livros didáticos
transcritos para o método braille. No nível
superior é pior ainda, pois as universidades
não procuram se adequar às necessidades
de uma parcela de seu público, que também
precisa estudar como todos os outros.
Quando queremos ler um livro, temos de
esperar que alguém o transcreva ou grave,
o que é feito com muito poucos livros, em
sua maioria clássicos da literatura. Ou
ainda, temos que procurar os livros na
Internet, mas não é todo tipo de livro que
pode ser baixado e lido normalmente. Já
pela Lei Federal nº 10098, todos os
portadores de quaisquer deficiências têm
garantido o acesso à cultura, e o livro é
uma de suas formas mais ricas. Por isto,
gostaríamos de pedir a vossa providência,
para começarmos a melhorar a nossa
situação. Isto não vai ocorrer de uma hora
para outra, mas precisa começar de algum
modo. E é para este começo que contamos
com vocês.”
Daniel Monteiro
Coluna do Conselheiro
Yacira Peixoto, eleita em novembro
de 2001 para substituir Paulo Borges,
no Conselho da ACERP, como conselheira-representante dos funcionários
da Rádio e da TVE, ainda não pode
estrear sua coluna. Isto porque, simplesmente, o Conselho não se reúne
desde que o Secretário Andrea Mata-
razzo saiu do SECOM, em meados de
2001. Agora a coisa ficou mais difícil,
ainda, porque a SECOM, que ficou
sem comando até a nomeação do publicitário João Roberto Vieira para o
cargo, em dezembro de 2001, acaba de
ficar novamente acéfala, pois João Roberto acaba de se desligar para assumir o comando da campanha presidencial de José Serra. Para complicar,
ainda mais, o Conselho está há dois
meses sem titular e sofreu também desfalques, pois a presidente Aspásia Camargo saiu para candidatar-se a
governadora pelo PV, e os conselheiros Márcio Fortes e Arthur da Távola,
para concorrer a cargos eletivos.
NÚMEROS DA CAO
Tabulação feita por Renata Mello, com base nos relatórios semanais da Central de Atendimento ao Ouvinte,
de 01/02/2002 a 24/07/2002.
Total de ligações: 3.290 em 174 dias, numa média de 18,9 ligações por dia
MEC AM
Total de ligações
• Para o Caderno Manhã
• Para o Cia. do Samba
• Reclamações
• Sugestões
• Elogios
•Críticas
• Promoções
• Pedido informações
• Reserva Ao Vivo ent. Amigos
• Reservas p/ Parede 800 AM
• Participaram de promoções
• Demanda de Grade Programação
• Participação em Escutar e Pensar
1664
649
98
08
119
172
16
99
224
117
146
99
13
3
MEC FM
Total de ligações
• Participaram das promoções
• Informações
• Reservas Sala de Concerto
• Atendendo aos Ouvintes
• Reclamações
• Pedidos de grade
• Elogios
• Críticas
• Sugestões
1626
73
393
612
337
18
35
57
59
42
Central de Atendimento ao Ouvinte - CAO
Tel: 2252-8413
Recitais do Selo Rádio MEC
Comemorando o 66º aniversário da Emissora, os artistas
do Selo Rádio MEC estarão se apresentando, durante o mês
de setembro, sempre às 18:30 h, na nova Sala Sidney
Miller. A Sala funciona no Palácio da Cultura, térreo, e os
ingressos custam 10 e 5 reais. Mas os ouvintes podem concorrer aos ingressos grátis que já estão sendo sorteados pela MEC AM e a FM,
durante a programação diária.
Grupo Chapéu de Palha
6 e 7 (sexta e sábado)
Sincronia Carioca
9 e 10 (segunda e terça)
Dianna Pequeno
13 e 14 (sexta e sábado)
Fred Martins
16 e 17 (segunda e terça)
Wilson Moreira
20 e 21 (sexta e sábado)
Telma Tavares
23 e 24 (segunda e terça)
Lucina
27 e 28 (sexta e sábado)
19
música
Escalas
Escalas
música
PROGRAMAÇÃO
Ópera Completa
por Zito Baptista Filho
MEC FM - Domingos, 17 hs
AGOSTO DE 2002
04 - MONTEVERDI - “Orfeu”
11 - MASSENET - “Esclarmonde”
18 - CARLOS GOMES - “Condor”
25 - MASCAGNI - “Guglielmo Ratcliff”

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