internet segura

Transcrição

internet segura
DESTAQUES
SEGURANÇA NO
E-MAIL
“Não se deixe pescar”
Página 6
BENEDITA - TERRA DE
SAPATEIROS
Página 7
externatobenedita.net
ADOLESCÊNCIA,
UMA TRAVESSIA
INTERNET SEGURA
Pela psicóloga do ECB
Página 8
As crianças e os jovens usam cada vez mais a
Internet. Pais e professores, conscientes de que
esta utilização acarreta vários perigos, sentem-se
preocupados. Será que o meu filho faz boa utilização da Rede (Web)? Que perigos correm os nossos alunos? Como actuar quando se é “apanhado”
na teia que a Rede tece? Estas preocupações são
tanto maiores quanto menos conhecimentos têm
eles próprios sobre a linguagem informática, não
sabendo detectar situações de risco, sentindo-se
incapazes de analisar e controlar o uso seguro da
Internet. Quanto aos jovens, são eles que melhor
dominam e usam a Rede. E são também eles que,
por ingenuidade ou curiosidade, mais riscos correm.
Neste sentido, é necessário alertar, estar atento
e, sobretudo, actuar de forma preventiva junto dos
adolescentes. Os pais têm um papel fundamental
neste processo, pois os perigos podem começar
em casa. Sabemos que a maioria dos jovens têm
o computador no quarto, fora do controlo total dos
pais e que é na ausência deles, ou durante a noite,
que a “navegação perigosa” pode acontecer. As
salas de conversa, o messenger, sítios de música,
filmes e jogos são as actividades mais frequentes
dos filhos. Conteúdos de pornografia, violência,
conversação com estranhos, invasão da privacidade através da publicidade não desejada, são as
situações de perigo mais frequentes.
Alterações no comportamento dos filhos – dedicarem muito tempo à Net, receberem chamadas
telefónicas de desconhecidos, receberem prendas
ou encomendas de pessoas que os pais não conhecem, desligarem o computador muito depressa, ou mudarem de página rapidamente quando
os pais entram no quarto, isolarem-se da família
– são sinais a que os pais devem estar atentos.
Como devemos, então, actuar?
As autoridades policiais, como a Polícia Judiciária, em articulação com as escolas, têm promovido acções de sensibilização e informação sobre
o uso seguro e esclarecido da Rede. Como professora, não deixo de reconhecer a importância
destas acções, tendo proposto à PJ de Coimbra a
realização de uma palestra dirigida a alunos e professores a realizar na nossa escola, pois acredito
que é (também) no espaço escolar que devemos
tomar medidas para proteger os nossos alunos e
ensiná-los a utilizar a Web de forma a garantir a
sua segurança.
Assim, ao aproveitarmos as potencialidades
desta ferramenta para melhorar as aprendizagens
dos alunos, vamos trabalhando com eles práticas
de segurança.
Cabe pois a todos nós a criação de condições
para que se desenvolva toda uma dinâmica de
projectos sobre este tema.
Professora Teresa Dias
EX-ALUNO DO ECB
EM OXFORD
Entrevista a João Serralheiro
Página 9
ENTREVISTA
A GONÇALVES
SAPINHO
Um percurso de vida
Página 10
ASSOCIAÇÃO DE
ESTUDANTES
Um novo projecto
Página 12
PLANTAS MEDICINAIS
E AROMÁTICAS
Aplicações e uso
Página 15
O DESPERTAR
DA CONSCIÊNCIA
AMBIENTAL
Lagoa de Pataias
Página 16
TOQUE DE SAÍDA
Trianual - Março de 2008
Ano 3 - Número 7 - 1,00 €
Director
Alfredo Lopes
Entrevista ao
Dr. Gonçalves Sapinho
Chefe de Redacção
Soledade Santos
“Considero que o tempo mais rico da minha vida foi enquanto o dediquei ao ECB, tendo participado na sua organização e reestruturação
ao longo de décadas, preparando-o para os desafios do futuro, adaptando-o às circunstâncias político-sociais, nacionais e locais, e fazendo todos os investimentos imobiliários e mobiliários que estão hoje à vista.”
Páginas centrais
Externato Cooperativo da Benedita
Rua do Externato Cooperativo
Apartado 197 2476-901 Benedita
[email protected]
TOQUE DE SAÍDA
ANO 3 - Nº 7
Editorial
ACONTECENDO
Celebra-se em Portugal, até Fevereiro
de 2009, o Quarto Centenário do nascimento do Padre António Vieira, aquele a quem
Fernando Pessoa chamou “Imperador da
Língua Portuguesa”. Missionário, pregador,
diplomata, visionário, estilista da língua, tão
distante de nós no tempo e nas circunstâncias, que razões haverá para que universidades e outras instituições se associem para o
homenagear durante um ano, com iniciativas
tão várias como seminários, peças teatrais,
espectáculos de música, exibição de filmes,
congressos? Para que a sua vasta obra, especialmente os sermões, despertem tamanho
interesse? E para que um desses sermões
– o de “Santo António aos Peixes” – integre o
parco cânone literário dos programas de Português do Ensino Secundário?
No século XVII, no período Barroco, o sermão atingia o seu apogeu. A pregação ocorria nas igrejas e nas praças e constituía a
mais importante cerimónia social do tempo,
congregando todas as classes. O pregador,
à maneira dos comentadores de televisão
dos nossos dias, interpretava o mundo, ao
mesmo tempo que aconselhava, censurava
e exortava o auditório. Concorria, portanto,
para aquilo a que hoje chamaríamos a formação da opinião pública. Ora os sermões
de Vieira, pregador excepcional, que não
conseguia falar de Deus sem falar do Humano, apresentam um forte cariz político, pois
pretendiam agir sobre o mundo e reformá-lo
– denunciando os males sociais, vituperando a corrupção, o abuso do poder, a hipocrisia, a ganância, a exploração dos socialmente indefesos. Paladino da independência
de Portugal após a Restauração e acérrimo
defensor dos direitos dos índios, lutou contra
a escravatura, no Brasil, e contra as perseguições de que judeus e cristãos-novos eram
alvo. De uma audácia e perseverança notáveis face aos reveses, desafiou a própria Inquisição, o que lhe valeu duras represálias.
Exemplo de coragem, de doação às causas em que se envolveu, actor empenhado
e agilíssimo no palco político do seu tempo,
tais factos bastariam para que homenageássemos com orgulho este português do século
XVII. Mas outra razão igualmente notável se
impõe: o seu extraordinário domínio da língua portuguesa. Com Vieira, a nossa prosa
alcança a maturidade. A célebre frase que todos conhecemos – “A minha pátria é a língua
portuguesa” – encerra uma digressão em que
Fernando Pessoa exprime a profunda comoção que sentiu ao ler Vieira, “génio da perfeição linguística”, pela primeira vez.
Por fim, a longa vida do Padre António
Vieira coincidiu com o período em que se consolidaram os valores da modernidade. O seu
século foi também o de Newton, Descartes,
Spinoza, Galileu, Pascal, Molière, Rembrandt. O século que afirmou o primado da razão
e defendeu o princípio de que o ser humano
pode aperfeiçoar-se através da educação, da
aprendizagem e do conhecimento.
De Janeiro a Maio, em tardes de quartas e
sextas-feiras, jornadas de formação —“Tardes
Pedagógicas: reflectir, aprender, discutir”—
promovidas pelo ECB e abertas a educadores de outras escolas: palestras e workshops
dinamizados por formadores e por professores do Ensino Superior, visando a formação,
actualização e troca de experiências de docentes de todos os níveis de ensino: www.
externatobenedita.net
Ao longo do ano lectivo, o Projecto Crescer
promove Encontros com Pais e Sessões para
Alunos sobre transformações emocionais e
físicas da adolescência, trabalho em equipa,
tolerância e sexualidade; em Maio, organiza a
Semana da Família.
Em Fevereiro – sessões de teatro para
alunos, no CCGS: “Who shot Shakespeare?”
e “Frei Luís e Outras Coisas”; em Gaia, pelo
Teatro Experimental do Porto, o espectáculo “Felizmente Há Luar!”, para os alunos do
12º Ano. Ainda em Fevereiro, o Torneio CompalAir, Fase Escolar, no dia 20. E no dia 26,
Sessão Distrital do Parlamento dos Jovens,
em Leiria, com a participação das deputadas
eleitas em Sessão Escolar de 24 de Janeiro.
Março – a Semana das Ciências, incluindo actividades diversas: acções de Educação
Ambiental, Laboratório Aberto de Biologia e
Química, atelier de plantas medicinais, palestras e workshops sobre Nutrição, Geografia
Interactiva, etc. De 19 a 22 de Março, cinquenta e oito alunos do 9º e do 11º anos, acompanhados por cinco professoras de Francês,
visitam o Futuroscope, em França.
Abril – dia 11, Festival da Canção Interescolar, promovido pela Associação de Estudantes; dia 18, o Dia do Francês; de 18 a 20
de Abril, o V Festteatro.
Maio – de 8 e 11, a VII Feira do Livro. A 29,
o Dia da Informática.
SUMÁRIO
Escola viva
União Europeia: debate
3
Cadernos do ECB
3
Palavras dedicadas ao Crescer
5
Três museus em Madrid
5
O Toque de Saída no Alcoa
11
Associação de Estudantes renovada
12
Lloret del Mar - Lá vamos nós!
12
Visitas de estudo
12
Projecto Twinning - Na Casa do Gil
14
XV Rally Paper do ECB
14
À procura de jovens talentos
14
A família na escola
15
Nova peça Gambuzinos
20
Olhar Circundante
Seguranet
1
Será a verdade uma ilusão?
5
Afonso Fonseca - Pai da rádio na Benedita
7
Adolescência - Uma travessia
8
Livre arbítrio
8
Existência pura e negra
8
Ex-aluno do ECB em Oxford
9
Entrevista a José Gonçalves Sapinho
A democracia na actualidade
11
Bolonha, (a)fundações e praxes
19
Movimento Escola Moderna
20
Arte e Cultura
Fernando Pessoa, o menino da sua mãe
3
Felicidade, de Will Ferguson
4
As Pequenas Memórias, de José Saramago
4
Pêndulo, de Paulo Tavares
4
Lendas e Narrativas, de A. Herculano
4
O Milagre de Isabel e Dinis, de V. Marques
Paula Rego em Madrid
7
20
Ciência, Tecnologia e Ambiente
Perigos da internet - Palestra
6
Histórias de Bits
6
Segurança no e-mail
Director do Jornal: Alfredo Lopes
Redacção:
Deolinda Castelhano
Luísa Couto
Soledade Santos (Chefe de redacção)
Teresa Agostinho
Marketing e vendas:
Maria José Jorge
Composição gráfica:
Nuno Rosa
Paulo Valentim
Samuel Branco
Equipa de Reportagem:
Acácio Castelhano
Ana Duarte
Clara Peralta
Fátima Feliciano
Graça Silva
José Cavadas
Laura Boavida
Maria de Lurdes Goulão
Miguel Fonseca
Sérgio Teixeira
Valter Boita
Impressão: Relgráfica, Lda
Tiragem: 500 exemplares
Preço avulso: 1,00 €
10
6
Plantas medicinais e aromáticas
15
Observatório da natureza
15
Despertar da consciência ambiental
16
Eco-códigos
16
Gustav Eiffel
18
O Lugar da Memória
7
Recriar o Mundo
Acróstico
13
Ode Natural
13
O Meu Jardim
13
Gosto da Aldeia de Manhã
13
Na Literatura encontro-me
13
A Escola é Fixe
20
Mente Sã em Corpo São
Saúde e nutrição - A soja
17
Quem foi o génio Bobby Fischer?
18
Notícias do Xadrez
18
Passatempos
Enigmas
19
Professora Soledade Santos
ESCOLA VIVA
ANO 3 - Nº 7
TOQUE DE SAÍDA
UM OLHAR SOBRE O LIVRO
FERNANDO PESSOA – O MENINO DA SUA MÃE
TOP 10
Não é a primeira vez que Amélia
Pais se propõe ser
mediadora
entre
um poeta e os leitores mais jovens.
Em 1995, deu voz
a Camões, agora,
a Fernando Pessoa, determinada
a trazer ao conhecimento dos mais
novos dois poetas
– figuras tutelares
da nossa cultura e
emblemas da nosFERNANDO PESSOA –
sa identidade, traO MENINO DA SUA MÃE
çando, a partir de
de Amélia Pinto Pais,
ambos, o retrato de
Ed. Âmbar, Lisboa, 2007
família do Ser Português, entre o fulgor do génio, o cometimento
de espantosas aventuras e a adversidade sentida
como destino. Convocar dois clássicos, a quem
tal estatuto, associado ao de poetas que integram
o cânone escolar, confere uma opacidade que os
distancia dos jovens.
Que fazer então, para transpor tal distância?
Antecipar-se. Como diz a autora em entrevista
à Lusa: «dar uma primeira possibilidade às crianças de aprenderem, aos poucos, a saborear a musicalidade dos poemas, mesmo que não entendam
totalmente.»
Antes disso, no entanto, é preciso apresentarlhes o Fernando. E, à semelhança daquilo que
Caeiro faz no Poema VIII, Amélia Pais transforma Pessoa no menino que desce do céu por um
raio de sol e se instala numa infância ora sábia
ora risonha, tagarelando com os outros meninos
e contando-lhes aquilo que às crianças interessa:
dos pais, dos irmãos, dos primos, de jogos, das
tias velhas e suas histórias, dos estudos, dos amigos imaginários, da namorada, das viagens que
fez… Mais do que narrador, Fernando Pessoa é
interlocutor, estabelecendo diálogo com o leitor a
quem interpela frequentemente e cujas dúvidas,
surpresas e interrogações antecipa e esclarece.
1º- Flatland – O País Plano
Edwina A. Abbott
A linguagem é a da ternura, num saboroso registo
informal e familiar.
Não se tome, porém, o livro por simplista. A
autora não escamoteia a complexidade da obra
pessoana. A explicação do fenómeno heteronímico, por exemplo, é feita com admirável clareza.
Algumas digressões, numa voz mais adulta e melancólica, vão-se cruzando de vez em quando com
a da criança-Pessoa, quando o narrador se distancia por instantes, para contextualizar a sua autobiografia, situando-a na História da cultura, dos
factos e dos homens do seu tempo – construindo,
desta forma, perante o olhar dos meninos leitores,
a memória colectiva.
A esta luz, são menos surpreendentes as escolhas da Parte II, a antologia que inclui os poemas
de Pessoa para crianças, mas também excertos
da Ode Marítima, de Tabacaria, de Mensagem,
odes de Ricardo Reis, poemas do Cancioneiro,
do Guardador de Rebanhos, fragmentos d’O Livro
do Desassossego… Textos que estão entre aquilo
que de melhor e de mais alto se fez em Literatura
portuguesa e universal. De facto, como diz Steiner,
as paixões não se negoceiam. Em contrapartida,
podem ser contagiantes. E o livro assenta justamente em dois pressupostos: o de que as crianças merecem o melhor; e o de que são particularmente sensíveis à música da poesia, tal como ao
ritmo encantatório das melopeias infantis. Quanto
ao dizer estranho, as imagens e o discurso poético podem cativá-las, como num jogo, pela própria
estranheza e pelo inusitado, ainda que o sentido
permaneça obscuro e fique latente (e quantas vezes obsidiante) aguardando revelação.
A proposta que O Menino da sua Mãe, todo percorrido pelo sabor a música e a infância apresenta, é justamente expor as crianças, desde cedo, a
esta forma de magia que é o dizer poético e que
são as histórias dos poetas; é o convite à leitura
da poesia em voz alta, recuperando a sua dimensão oral, dando corpo ao tom coloquial da narração, às vozes do narrador e às dos poetas que se
fazem ouvir no livro.
Professora Soledade Santos
União Europeia:
participação, desafios e oportunidades
A 7 de Janeiro de 2008, alguns alunos do Ensino Secundário participaram num debate sobre
a UE, dinamizado pelo 10ºD, no grande auditório do CCGS, no âmbito de uma iniciativa institucional da Assembleia da República.
O programa Parlamento dos Jovens “tem por
objectivo promover a educação para a cidadania
e o interesse dos jovens pela participação cívica
e pelo debate de temas da actualidade”. O tema
neste ano lectivo é justamente “União Europeia:
participação, desafios e oportunidades”.
Recebemos com muito agrado a deputada
Odete João, a qual nos explicou o funcionamenARTE E CULTURA
to da UE, mais concretamente do Parlamento
Europeu e apresentou uma calendarização de
todos os tratados e datas importantes que marcaram o início e o desenvolvimento desta organização internacional constituída, actualmente,
por 27 estados membros. No final da sessão, foi
aberto um espaço para a colocação de dúvidas,
às quais Odete João respondeu atenciosamente.
A nós, resta-nos desejar sorte à turma do 10º
D e relembrá-los de que a meta é Bruxelas!
Carla Serralheiro, 11º D
2º - Bichos
Miguel Torga
3º - O Velho e o Mar
Ernest Hemingway
4º Crónica dos Bons Malandros
Mário Zambujal
5º - A Metamorfose
Franz Kafka
6º - Contos
Eça de Queirós
7º - Rosa Minha Irmã Rosa
Alice Vieira
8º - O Cavaleiro de Dinamarca
Sophia de Mello Breyner Andresen
9º - Juntos ao Luar
Nicholas Sparks
10º - Crónica de Uma Morte
Anunciada
Gabriel Garcia Márquez
Os livros mais requisitados na
Biblioteca do ECB nos meses de
Outubro de 2007 a Janeiro de
2008.
Cadernos do ECB
Cadernos do ECB é uma revista do
Externato Cooperativo da Benedita,
cujo lançamento decorrerá na Feira
do Livro. Esta publicação incluirá artigos de opinião, sínteses de estudos e
reflexões de carácter didáctico-pedagógico dos mais diversos meios educacionais.
A revista, com publicação anual,
terá como objectivo principal a partilha de pontos de vista no âmbito da
investigação, com a finalidade de tornar mais rico o meio escolar e social
onde nos integramos. Os textos que
a compõem serão a voz de docentes
de todos os graus de ensino, desde
o pré-escolar ao universitário, e destinam-se aos pais e encarregados de
educação, alunos, professores e comunidade em geral.
Será importante que a missão social destes textos se cumpra, isto é,
que eles sejam lidos e motivo de reflexão por parte dos leitores, para que
assim se melhore o processo de ensino-aprendizagem da nossa comunidade educativa.
Professora Inês Silva
TOQUE DE SAÍDA
ANO 3 - Nº 7
SUGESTÕES DE LEITURA
Felicidade
Desde sempre o Homem tem procurado atingir a felicidade. As drogas
ilícitas, o tabaco, o álcool, a comida,
as perversões sexuais, o dinheiro, as
manifestações de poder, a ostentação,
o desejo de prestígio: tudo manifestações da incessante busca pela felicidade humana – ou maneiras de afogar
as mágoas por não a atingir, dependendo do ponto de vista. Na actualidade, surgiram os livros de auto-ajuda,
verdadeiros «manuais» para perder
As Pequenas Memórias
peso, deixar de fumar, encontrar o
seu «eu» interior ou atingir o equilíbrio
connosco próprios e com o mundo.
E surgiram muitos, imensos, demasiados, talvez porque nenhum deles
funcionava verdadeiramente. Mas e
se, um dia, surgisse um livro de autoajuda que funcionasse mesmo? E se
as pessoas começassem a resolver
os seus problemas e atingissem a felicidade? Seria este o fim da aventura
humana?
Bom, é o que acontece neste livro
fantástico e muitíssimo divertido de
Will Ferguson, onde o fim do mundo
tal como o conhecemos é relatado de
forma intrigante e divertida, numa sátira que levanta «questões perturbadoras sobre a maneira como decidimos
viver» (Sunday Herald).
Felicidade
No livro As Pequenas Memórias, José Saramago apresenta-nos uma série de episódios
da sua infância e adolescência,
permitindo-nos conhecer um
período da sua vida que há já
algum tempo desejava partilhar
com os seus leitores. De Azinhaga, no Ribatejo, até aos primeiros tempos de Lisboa, dos
pormenores mais humilhantes
aos momentos mais pessoais
e enriquecedores, o leitor toma
conhecimento de uma série de
peripécias em que se confessam os bens e os males da infância, aprazível idade em
que todos os pecados são perdoados.
Esta obra permite-nos também conhecer a pobreza vivida no país durante a ditadura, as dificuldades das pessoas,
as mentes retrógradas do nosso país. Este é, sem dúvida,
um Saramago mais que biográfico, extremamente pessoal,
que temos a oportunidade de conhecer nestas “pequenas
memórias de quando o autor era pequeno”.
de Will Ferguson, Edições Asa
As Pequenas Memórias
Marta Santos, 10º A
de José Saramago, Editora Caminho
Maria Guerra, 10.º E
Alexandre Herculano
PÊNDULO
LENDAS E NARRATIVAS
Paulo Tavares, de
quem o Toque de Saída teve o prazer de
publicar dois poemas
inéditos em 2006, acaba de dar à estampa,
pela Quasi Edições,
o seu primeiro livro,
“Pêndulo”, onde reúne
uma poesia límpida,
exigente e inovadora.
No ano lectivo de
2005/2006, recebemos
o Paulo, então finalista
do Curso de Línguas e
Literaturas Modernas da Universidade Nova de Lisboa, que escolheu o ECB para a realização de um
trabalho prático de Didáctica, tendo, durante uma semana, tomado parte no quotidiano da nossa escola e
assistido às aulas da professora Soledade Santos.
É com grande satisfação que esperamos recebê-lo de
novo – desta vez como escritor – em Maio, durante a
Feira do Livro do ECB.
Lendas
e
Narrativas, de
Alexandre Herculano (Lello &
Irmão, Porto),
inclui
várias
histórias curtas,
cuja acção se
passa
sobretudo na Idade
Média e que
se podem considerar contos, como por
exemplo a narrativa sobre “O Castelo
de Faria” que, durante o reinado de D.
Fernando, foi palco de uma terrível batalha.
A acção começa a desenrolar-se
quando a fronteira norte de Portugal é
invadida pelos castelhanos. Assim que
se aperceberam dos invasores, as forças portuguesas saem ao seu encontro. Uma dessas forças era comandada
por Nuno Gonçalves de Faria (alcaide
do Castelo da Faria) que é derrotado
e capturado. Mas, mesmo prisioneiro,
monta um estratagema, convencendo o
comandante castelhano a levá-lo diante dos muros do castelo, supostamente
para convencer o filho (que entretanto
se tinha tornado o alcaide interino do
castelo) a render-se. Em lugar disso,
amaldiçoa o filho se trocar o castelo
pela vida do pai e acaba por ser morto
diante das muralhas, sob os olhos do filho que, encorajado pelas últimas palavras do pai, resiste ao assalto e acaba
por sair vitorioso. Mais tarde, segue a
vida religiosa e o castelo será transformado em convento.
Apesar das muitas palavras em português arcaico, não deixa de ser um
livro interessante. Aconselho-o a quem
gostar de histórias “do tempo dos reis”.
No meu caso, fiquei a conhecer algumas das lendas do nosso Portugal,
como por exemplo a do Mosteiro da Batalha que se diz ter sido construído por
um arquitecto cego.
Melissa Jacinto, 11º A
ARTE E CULTURA
ANO 3 - Nº 7
TOQUE DE SAÍDA
SERÁ A VERDADE UMA ILUSÃO?
A verdade, por vezes incerta e longínqua, é algo de que necessitamos. Esporadicamente, apesar de certas verdades
nos serem transmitidas sem qualquer
fundamento, aceitamo-las sem as questionar. A verdade acessível ao homem,
aquela verdade a que damos grau de certeza sem questionação, poderá então ser
uma ilusão. Aceitamos a verdade que talvez nos favoreça, aquela que nos enche
o ouvido ou a alma, ou talvez aquela que
pensamos ser única.
De acordo com um célebre texto de
Platão denominado Alegoria da Caverna,
o ser humano vive numa gruta fechada,
sem a luz do sol, significando isto que so-
mos prisioneiros do nosso próprio mundo
e das aparências que criamos.
Procurar a real verdade ‘escondida’ é
difícil, exige sacrifício, exige a saída das
trevas da nossa ignorância, da nossa gruta fechada. Precisamos de nos soltar das
‘amarras’ criadas pelos nossos sentidos,
de nos libertar das trevas e de aceder ao
‘mundo exterior’ do conhecimento.
Por isso, penso que a verdade não é
uma ilusão. Em parte depende de nós,
daquilo que somos e daquilo em que acreditamos, mas também daquilo em que nos
empenharmos.
Maria Guerra, 10º E
Palavras dedicadas ao CRESCER
No momento actual, em que a Educação Sexual se encontra legitimada por um
quadro legal e normativo que a considera
como uma componente essencial da educação e da promoção
da saúde, a educação
para a sexualidade
torna-se parte integrante das actividades pedagógicas da
escola.
Ao falar de Educação Sexual, estamos a utilizar um conceito
abrangente que inclui a identidade sexual, o
corpo, as expressões da sexualidade, os afectos, a reprodução e a promoção da saúde sexual e reprodutiva. Para dar resposta a estas
questões, uma equipa multidisciplinar de professores do Externato juntou-se e começou a
desenvolver um Projecto sobre esta temática
tão controversa. Nasceu, assim, o Projecto
Crescer que tem já 3 anos de vida!
Inicialmente, foi bastante complicado estruturar a “ideia” e torná-la funcional e operacional, na medida em que estávamos a “mexer”
com valores intrínsecos dos alunos e dos professores. Mas lá começámos a nossa caminhada…
Passados estes anos, o balanço é positivo
e ficámos satisfeitas com o trabalho da equipa. Desde a sensibilização para esta temática
e outras não menos importantes, como o alcoolismo, os distúrbios alimentares, a cidadania,
etc., passando pela dinamização de acções e
palestras direccionadas a alunos e a Encarregados de Educação, e também pelo acompanhamento e apoio a grupos de alunos.
Neste 2º período, estão a decorrer sessões
de sensibilização sobre sexualidade, para os
9º e 12º anos, em parceria com os Centros de
Saúdes de Alcobaça e da Benedita. A opinião
dos alunos é reveladora: «Estas sessões de
informação deveriam ser mais frequentes, não
só sobre a sexualidade. São muito importantes, pelo seu carácter esclarecedor, sobretudo
para os jovens que não estão na área das ciências.»
A equipa do Crescer sente que é no conjugar de esforços e na partilha de saberes e
experiências que melhor resultam as nossas
intenções, ajudando os nossos jovens a descobrir os seus próprios valores e a analisar
as possíveis contradições ou incoerências e
a eventual superficialidade de alguns valores
dominantes.
Professoras Paula Castelhano e Helena Rodrigues
Projecto Crescer
TRÊS MUSEUS EM MADRID
Durante o mês de Novembro, os alunos de
Artes Visuais estiveram na capital espanhola.
O principal objectivo desta visita foi estudar
as obras de Paula Rego, presentes temporariamente no Museu Rainha Sofia, na maior
exposição retrospectiva da pintora, até ao momento.
Na exposição permanente do referido muESCOLA VIVA
seu, foi possível ver, entre outras obras de pintura e escultura, o imponente quadro “Guernica”, de Pablo Picasso, e observar os estudos
que antecederam a obra final. Todos os traços
e esboços de Picasso foram sendo alterados
até à composição final do quadro, o que nos
leva a compreender que «é tão importante a
execução das obras como os estudos que as
antecedem», como concluiu a aluna do 10ºF,
Beatriz Serrazina.
No Museu Thyssen-Bornemisza, situado
no Palácio de Vilahermosa, exemplo da arquitectura neoclássica madrilena, foi possível
ver, começando no segundo andar, pintura do
Renascimento e, no primeiro andar, pintura
Impressionista e Pós-Impressionista, pintura
norte-americana do séc. XIX e do Expressionismo alemão. No rés-do-chão observámos
pintura do séc. XX, com exemplos que vão
do Cubismo, passando pelos movimentos de
vanguarda, até à Pop Art, na qual se destaca o quadro de Roy Lichtenstein, “Woman in
Bath”.
Já no grande e emblemático Museu do Prado, os alunos observaram, entre outras, obras
da pintura barroca, sobretudo “Las ninãs”, de
1656, da autoria do genial Velazquez.
É certo que nem só de museus se fez esta
visita, o contacto com uma cultura diferente e
o convívio entre todos os intervenientes foram
de capital importância para a formação dos
alunos. Madrid tem parques, praças, ruas e
palácios que nos fazem sonhar. Nas palavras
da aluna Patrícia Constantino, do 10ºF, «esta
visita foi vivida com muito interesse e fascínio», e, segundo Ana Sofia Paulo, da mesma
turma, «foi uma experiência inesquecível».
Professora Lurdes Goulão
TOQUE DE SAÍDA
ANO 3 - Nº 7
Palestra informativa para professores e alunos
Histórias de Bits
Os perigos da Internet
No passado dia 28 de Novembro, no auditório do Centro Cultural Gonçalves Sapinho, realizouse uma palestra informativa sobre
os Perigos da Internet, proferida
pelo Inspector-Chefe da Polícia
Judiciária de Coimbra, Dr. Camilo
Oliveira. Foram realizadas duas
sessões: uma dirigida a todos os
alunos do 3º ciclo e outra para
professores.
Através de diapositivos em PowerPoint, o Inspector dirigiu o seu
discurso aos participantes com o
objectivo muito claro de mostrar
os perigos existentes na Internet. Neste contexto, o que mais
se destacou foi o dos abusos sexuais a menores, enganados por
pessoas mal intencionadas que
utilizam este suporte com objectivos criminosos. Este é um grave
problema dos dias de hoje e, por
muitas soluções que a PJ procure,
não o consegue eliminar. O facto
de existirem sites onde os jovens
publicam fotos e dados pessoais
é uma porta aberta para que algumas pessoas sem escrúpulos
se aproveitem disso e publiquem
documentos e imagens pessoais
e de foro íntimo, que podem ser
reutilizadas com más intenções.
O meu computador
tem um BUG
O Dr. Camilo Oliveira também
se referiu ao facto de os adolescentes estarem demasiado “presos” à Internet, o que pode levar a
graves problemas de sociabilização e de saúde, entre outros.
Na impossibilidade de conhecer e actuar sobre todos os casos, a PJ criou um site (www.linhaalerta.internetsegura.pt) onde
se pode proceder a denúncias de
sites suspeitos de irregularidades, como os que contêm pornografia infantil. Este alerta anda a
percorrer escolas, para que esta
mensagem seja divulgada de forma a que crianças e adolescentes
tomem cuidado face aos perigos
que a Internet contém.
Concluiu-se que cabe à família o papel e a responsabilidade
principal neste processo de acompanhar de perto os contactos dos
filhos pequenos no “mundo mágico” da Internet. E que todos os utilizadores devem estar prevenidos,
ser responsáveis e procurar informação nesta área.
Quem é que nunca teve um
insecto no seu computador?
Ou, como se diz na linguagem
dos bits, um “bug”? Seguramente que todos nós já tivemos um
contacto ou outro com alguns
destes animais invertebrados
que causam transtorno quando
trabalhamos com o computador.
Quem não se lembra do famoso “bug” do ano 2000 quando,
na passagem do século, todos
os computadores tinham, no
mínimo, 25 insectos pousados
no teclado, no monitor ou mesmo em cima do rato?
A máquina tem um “bug”
quando moscas ou melgas perturbam o seu bom funcionamento. Pelo menos era o que
diriam hoje Thomas Edison ou
Ana Rocha e Bruna Cruz, 11ºF
Grace Hopper, se ainda se encontrassem por cá.
Um “bug” informático é de
facto um transtorno, mas hoje
em dia nada tem a ver com insectos. Trata-se de uma falha
ou de um erro de software que
poderá fazer com que um computador se comporte de forma
inesperada. Anos houve em
que a história foi outra e os insectos existiam mesmo.
A origem do termo é discutível. Há quem defenda que a
palavra “bug” foi utilizada pela
primeira vez por Thomas Edison quando, em 1878, um insecto causou problemas de leitura no seu fonógrafo, ou que
foi a americana Grace Hopper
que, em 1945, encontrou no
computador Mark II um insecto preso nos contactos de um
Relé que impedia o seu normal
funcionamento.
Professor Paulo Valentim
Segurança no e-mail
“NÃO SE DEIXE PESCAR”
Toda a informação que circula
na Internet está, como todos nós
sabemos, exposta a imensos perigos. Surgem constantemente
novas ameaças que tentam comprometer dados pessoais e organizações, de forma ilícita.
Os agressores da Internet utilizam um novo método para “sacar” informações privadas, “indo
à pesca” (Phishing). O termo é
usado por ter muitas semelhanças
com pesca (fishing), pois o atacante lança um isco e espera pacientemente que alguém o morda
e desta forma lhe revele informações confidenciais valiosíssimas,
como por exemplo dados de contas bancárias, números de cartões
de crédito, passwords, nomes de
utilizadores.
Normalmente os “pescadores”
recorrem ao uso de mensagens de
correio electrónico fraudulentas,
fazendo-se passar por empresas
autênticas (instituições bancárias,
lojas de comércio electrónico online, organizações governamentais,
PayPal, eBay, entre outras), que
alegam a existência de problemas
de segurança com a conta pessoal do destinatário. Geralmente, na
mensagem é referido que, para solucionar o problema, o cliente terá
de obrigatoriamente introduzir os
seus dados. Perante esta solicitação, o cliente, que até deposita
uma certa confiança na empresa
e considerando que o email vem
de fonte fidedigna, acaba por inserir as suas informações em formulários de websites adulterados.
Esses emails e web sites forjados
são muitas vezes réplicas quase
perfeitas dos originais.
Para nos protegermos, devemos em primeiro lugar instalar software antivírus, filtros de email, e
programas de firewall, e proceder
a uma actualização regular destas
ferramentas. Devemos garantir
que o nosso browser está actualizado e instalar também uma barra
de ferramentas para nos proteger
de websites fraudulentos.
Devemos também desconfiar
de emails impessoais que se dizem de entidades, quer sejam de
sites de comércio electrónico ou
de instituições financeiras. Normalmente, os emails autênticos
destas entidades dirigem-se ao
cliente pelo nome, como “Exmo.
Sr. José Silva”, e não, como nas
mensagens fraudulentas”, por
“Caro cliente”. O objectivo dos
emails falsos é precisamente obter informações pessoais, pelo
que é difícil conhecerem de antemão o nome do utilizador.
Quando efectuamos compras
que requerem a introdução de
números de cartão de crédito, devemos verificar que se trata de
um website seguro, ou seja que
o endereço começa por https, em
vez do normal http, pois só assim
é possível saber que se trata de
uma ligação segura.
Acima de tudo, nunca devemos
assumir que é possível identificar
um website como legítimo apenas
pela sua aparência.
Professor Alexandre Lourenço
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E AMBIENTE
ANO 3 - Nº 7
TOQUE DE SAÍDA
BENEDITA – TERRA DE SAPATEIROS
Ao falarmos desta tradição, temos de recuar muitos anos no tempo e ir até à época dos
primeiros Monges do Mosteiro de Alcobaça,
sendo no próprio Mosteiro que esta actividade se iniciou. Com o povoamento dos Coutos,
foi-se alargando por toda a região.
No seu livro “O Património do Mosteiro de
Alcobaça no Século XVI”, a professora Iria
Gonçalves diz que naquela época, espalhados por toda a terra do Mosteiro, já haveria
26 sapateiros.
Ao certo, não podemos afirmar quando
esta actividade se iniciou na Benedita, mas
tudo leva a crer que foi por volta de 1532,
altura em que se deu a criação da Paróquia.
O início do séc. XX mostra-nos uma freguesia
repleta de pequenas oficinas familiares, onde
trabalhava o dono da casa e os filhos. A partir dos anos 30, havia dezenas de oficinas e
centenas de sapateiros, uma vez que a maioria dos rapazes da terra iam aprender o ofício
com um mestre, nessas mesmas oficinas, e
aí se tornavam sapateiros.
Segundo Manuel de Sousa, no seu livro
“Benedita a Terra e a Gente” (2007), por volta
de 1950, 120 oficinas davam emprego a 750
sapateiros, e em 1955 havia cerca de 1000
sapateiros na freguesia. Daí que a Benedita
fosse conhecida por “Terra de Sapateiros”.
Com os anos, esta tradição foi-se perden-
António Siome (falecido), Armando Marques (Alho), José Rebelo (falecido), Luís Gonzaga Nicolau, Manuel Roxo, Jaime Matias
do, as oficinas foram fechando e hoje apenas
resta uma meia dúzia de oficinas, especializadas em calçado usado em tauromaquia e
equitação.
A foto que ilustra este artigo, tirada nos finais dos anos 40, foi gentilmente cedida pelo
Sr. Luís Gonzaga Nicolau, proprietário da
Afonso Fonseca
O LUGAR DA MEMÓRIA
televisão que apareceram na
Benedita foi ele que os comercializou, pois na altura tinha
uma loja de electrodomésticos. Fundou a Rádio Benedita
FM e, até falecer, «foi o pilar
desta estação», palavras pronunciadas pela filha, Sandra,
que dá continuidade ao traba-
Professora Maria José Jorge
O MILAGRE DE
ISABEL E DINIS
o adeus ao pai da rádio na Benedita
Afonso Fonseca, falecido
no passado dia 14 de Fevereiro, nasceu a 3 de Agosto de
1932 e esteve desde sempre
ligado à rádio. Na Benedita e
arredores era conhecido pelas suas “engenhocas”.
Curiosamente, o primeiro
aparelho de rádio e a primeira
actual Sapataria Nicolau, e mostra-nos uma
dessas oficinas que hoje apenas podemos recordar através de registos como este.
lho iniciado pelo pai.
Foi também o criador dos
aerogeradores
domésticos
que fornecem energia às suas
duas casas e, actualmente,
estava a desenvolver um projecto, TVA (televisão amadora), que já funcionava em fase
experimental na Serra dos
Candeeiros. Muitos projectos
ficaram por acabar, pois para
este homem havia sempre
algo a descobrir, a melhorar.
O Toque de Saída apresenta sinceras condolências à família e relembra com saudade
a boa disposição e a hospitalidade com que o Sr. Afonso
recebia os alunos e os professores que visitavam as instalações da Rádio.
Com “O Milagre de Isabel e Dinis”,
o meu segundo livro da colecção “Contado aos Pequenotes”, continuo a pretender levar as crianças a entrar muito, muito suavemente no maravilhoso
mundo da História de Portugal. Como
sempre, estou acompanhada nesta
demanda pelas maravilhosas ilustrações da Susana Silva. Este livro, com
a chancela da Quetzal Editores (Bertrand), estará disponível nas livrarias
a partir de 25 de Fevereiro. No dia 2
de Março, pelas 15:00, no Convento
de Santa Clara-a-Nova, em Coimbra,
terá lugar a sua apresentação, pelo
Prof. Aníbal Pinto e Castro, director do
Convento.
Professora Vanda Marques
Professora Clara Peralta
TOQUE DE SAÍDA
ANO 3 - Nº 7
ADOLESCÊNCIA – UMA TRAVESSIA
“Eu acho que sou uma boa amiga… boa filha não sei se sou… porque chateio os meus
pais e irmã… não gosto muito de conversar
sobre a escola com os meus pais e eles ficam tristes comigo. Com os meus amigos sou
diferente. Gosto de conversar sobre todos os
temas com eles; ajudá-los quando eles mais
precisam e que eles me ajudem também….”
“Em casa, gosto de ler e de ficar sozinha
de vez quando, para organizar os meus pensamentos … mas adoro estar com os meus
amigos e divertir-me…”
“ O meu maior desejo é que os meus pais
continuem vivos e juntos e que eu continue a
ser amiga da minha irmã.”
“A minha família é a melhor do mundo, mas
antes sentia-me incompreendida… sentia que
a minha mãe dava mais mimos e compreensão ao meu irmão, mas eu é que preciso disso
tudo porque esta fase da minha vida, acho, é a
mais complicada…. Sinto-me longe de tudo e
de todos, mas felizmente o meu irmão já passou por esta fase e eu vejo como é que ele
conseguiu e isso ajuda-me…. O que eu mais
gosto de fazer é de passear sozinha, sem os
meus pais atrás.”
O que têm em comum estes depoimentos?
O terem surgido de adolescentes, rapazes
e raparigas da nossa escola. Adolescentes
cheios de sonhos para o futuro e desejo de
viver; e em todos os sonhos de adolescentes
a família está presente.
Ao ler as dezenas de textos escritos pelos nossos alunos de 14, 15 anos, deparo-me
sempre com um aspecto comum: os conflitos
em casa e, ao mesmo tempo, o grande amor
que sentem pelos pais e pela família. Quando
depois falo com os pais, o sentimento é pre-
cisamente o mesmo. Então porque há tantos
conflitos?
Em geral, os pais sentem que os filhos mudaram nos últimos tempos e que já não os reconhecem; a criança que antes acompanhava
os pais para todo o lado, que fazia companhia
à mãe quando o pai não estava, que passava
o serão com os pais, na sala, de repente já
não existe; agora têm em casa alguém sempre de mau humor, que passa todo o tempo
fechado no quarto, que nunca quer estar com
os pais e que ainda por cima responde mal
quando estes, na tentativa da “conciliação”,
lhe perguntam o que se passa e se há algum
problema.
Do lado dos filhos, de um momento para
o outro cresceram! Têm um outro corpo, uma
outra voz, pensamentos substancialmente diferentes dos da infância, já não querem brincar, querem estar, sentir, pertencer! E para
que consigam dar este passo, fundamental
para o crescimento e para atingir a idade adulta de uma forma saudável, é necessário que
se afastem do seio familiar. Muitas vezes, por
não saberem como fazê-lo, este afastamento
é realizado de uma forma demasiado brusca,
agressiva e conflituosa.
Quer os pais quer os filhos sentem alguma
dificuldade em perceber o “outro lado” e em
mostrar de uma forma clara o que estão a sentir. Os pais sentem que os filhos já não gostam
tanto da família, e os filhos, que os pais não
os compreendem. Estes aspectos raras vezes
são discutidos, até porque uma das características tão típicas desta fase é precisamente
o ”não querer conversas”!
Assim, o que é possível fazer?
Acima de tudo, é importante os pais estarem presentes na vida dos filhos; presentes
física e afectivamente; mostrarem-lhes com
muito afecto e poucas palavras que são sempre amados, incondicionalmente e indepen-
LIVRE ARBÍTRIO – ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
O homem, como todos os animais, está sujeito a forças que o condicionam, apesar de
ser a única criatura dotada de razão, o único
ser capaz de compreender as próprias forças
a que está sujeito e que, por meio desse entendimento, pode tomar parte activa no seu
próprio destino. Dotado de consciência, é
chamado por essa voz interior que lhe permite
formular objectivos para a sua vida, que lhe
indica as normas necessárias à sua consecução e que distingue o conceito de bem e mal.
Não somos, portanto, “vítimas frágeis e indefesas das circunstâncias”, mas seres capazes
de modificar forças dentro e fora de nós e de
controlar, pelo menos parcialmente, algumas
condições que sobre nós actuam.
À primeira vista, a liberdade humana parece-nos muito limitada no seu “círculo de contingências e fatalidades”: necessidades físicas
e psicológicas, condições sociais e culturais,
interesses. Mas, reflectindo mais atentamente
sobre a questão, constatamos que há sempre
uma margem para exercer a vontade: ninguém
está obrigado a agir de uma só forma. Existe
sempre uma possibilidade em aberto, mesmo
quando parece não haver alternativas. Ora, a
esta capacidade de agir conforme a vontade e
a consciência, chamamos livre arbítrio, essa
aptidão para escolher entre o bem e o mal que
nos distingue dos outros seres. Sempre, e em
qualquer situação, o homem faz as suas opções e, ao fazê-las, é responsável por elas.
Não há desculpas. A nossa liberdade implica,
necessariamente, a responsabilidade de assumir as escolhas que fazemos e os actos que
praticamos.
Somos livres porque somos racionais, o
que faz de nós seres responsáveis. Porque
temos consciência das nossas acções, ninguém pode assumir por nós as escolhas que
fazemos.
Cidália Tomás, 10º D
dentemente do facto de cometerem erros, de
fazerem disparates e de mostrarem mau feitio
para com os pais e irmãos. É importante olhar
para os filhos com um olhar actual – vê-los
com a idade que têm e não com a idade que
os pais gostariam que eles ainda tivessem! É
importante respeitar o seu desejo de autonomia – dentro dos limites!
Quanto aos adolescentes, também têm o
seu papel: ver o “lado dos pais”. O facto de
o adolescente estar a crescer significa que
os pais estão a envelhecer. E essa realidade
pode ser muito difícil para os pais; por outro
lado, os pais não têm manual de instruções
para lidar com filhos adolescentes. Assim,
são os filhos que devem mostrar aos pais o
que sentem, como sentem e o que desejam; a
adolescente que sentia precisar de mimo dos
pais, que se sentia longe de tudo e de todos,
poderia ter-lhes mostrado isso. É que os pais
também não têm bolas de cristal. Se é difícil
falar estas coisas? É muito difícil. Mas existem várias formas de comunicação e uma delas, que resulta muito bem e fortalece de uma
forma incrível a relação entre pais e filhos, é
a escrita! Na escrita estamos sozinhos com os
nossos pensamentos e sentimentos. O que sai
para o papel é uma fiel cópia do que sentimos
e desejamos. E aos pais dá tempo para reflectir, (a dois, quando existe pai e mãe) sobre o
tempo que passa, sobre as suas próprias dificuldades e sobre o quanto também é bom ter
um filho a crescer!
O resultado? Uma maior compreensão entre os pais e os filhos adolescentes e o consequente fortalecimento dos laços afectivos e
um crescimento muito mais seguro e tranquilo.
Como sabiamente dizia a mãe de um destes
adolescentes: “é segurar o barco e esperar
que a tempestade passe!”
A todas as famílias, desejo uma boa travessia pela adolescência!
Dra. Margarida Ferreira, Psicóloga do ECB
Existência pura e negra
Constatação: somos seres inteligentes.
E daí, talvez não.
Temos a capacidade de mudar o mundo e, no entanto, estamos a torná-lo cada
vez pior. Talvez não sejamos assim tão inteligentes, se destruímos o lugar onde vivemos e depois nos queixamos de que está
tudo numa miséria. Diria mesmo que a nossa estupidez não tem limites, mas enfim,
foi assim que fomos feitos, somos a imperfeição na sua mais pura forma, pois, de todos os seres da natureza, somos os únicos
que não conseguem viver em paz com ela.
Costuma-se dizer que nunca é tarde para
aprender, que não é tarde para mudar, então de que raio é que estamos à espera?
Quem sabe, se calhar a única maneira é
começar do zero.
Aprender com os erros, isso sim, seria
inteligência.
Ricardo Radamanto Rodrigues, 11º A
http://moonlightshadowspot.blog.com
OLHAR CIRCUNDANTE
ANO 3 - Nº 7
TOQUE DE SAÍDA
JOÃO SERRALHEIRO
Mais um ex-aluno do Externato numa UNIVERSIDADE estrangeirA
O que te levou a optar por estudar em
Inglaterra?
Optei por ir para o estrangeiro porque tenho
um primo a estudar na Escócia e a experiência
dele tem sido muito positiva. Tendo em conta
esse facto e podendo fazer o mesmo, por que
não tentar? O pior que poderia acontecer era
não ser aceite. E, para prevenir
essa situação, fiz também a
candidatura cá.
Como foi a tua adaptação a
um país diferente: horários,
comida, a residência de
estudantes, a distância, o
facto de teres de tratar da tua
roupa…?
escolar, as férias e a avaliação?
As disciplinas funcionam como módulos. Eles
são muito exigentes, querem que sejamos
muito bons alunos e que passemos com A
(classificação máxima) em todos os módulos.
Temos uma bibliografia extensa e o que não se
consegue discutir nas aulas é desenvolvido em
curso, o que facilita as coisas. Mas sou o único
português lá em casa.
Alguma vez te sentiste discriminado por
alguma razão?
Não, de uma maneira óbvia, diria que não. Às
vezes tratam-me por José (de José Mourinho)
ou Porto (de Portugal, ou de Porto, não sei…),
mas é tudo na brincadeira. No
entanto, noto que os alunos
do leste asiático, sobretudo
os chineses, os japoneses,
os tailandeses e outros, só
convivem entre eles, não
nos permitindo conhecê-los
verdadeiramente.
João, fica muito caro estudar
A primeira semana foi uma
em Inglaterra?
montanha russa de emoções. A
adaptação à universidade nunca
Sim, um pouco, até porque a libra
é fácil, sobretudo num país
está muito alta relativamente
estrangeiro. Nos primeiros dias
ao euro. Contudo, há várias
tive o meu primo para me ajudar
modalidades de pagamento,
e senti-me seguro. Contudo,
por exemplo, podemos ir
pensava no que iria ser de
pagando só a acomodação,
mim quando ele fosse para a
que inclui o pequeno-almoço
sua escola. Ele foi e eu não
e o jantar, o que rondará os
morri, continuei a dar-me com
7.500 euros anuais. Há que
as mesmas pessoas, fiz novos
somar a restante alimentação,
João Serralheiro frequenta o primeiro ano de Relações Internacionais/
amigos e deixei de me preocupar
os
livros, que são muito caros, as
Gestão Turística em Oxford, Inglaterra.
com isso. Penso que a adaptação
fotocópias, as saídas à noite, que
é semelhante ao que acontece cá, embora trabalhos. Os professores são muito rigorosos também ficam caras, e as propinas que, se
haja pessoas de muitas nacionalidades. Como e não permitem que se copiem trabalhos pelos tivermos optado por esta modalidade, poderão
moro numa residência de estudantes, estamos colegas, levamos logo um zero. Temos oito ser pagas apenas após a conclusão do curso,
sempre juntos no final das aulas, convivemos módulos por ano, correspondendo a quatro por quando o aluno já se encontra a trabalhar.
e saímos juntos à noite, como acontece cá. semestre. Podemos escolher mais, mas, para E há cursos mais dispendiosos, como o de
Relativamente à parte logística, foi tudo muito se obter um rendimento ao melhor nível, não Arquitectura, dado que os meus colegas têm
profissional: tivemos reuniões com um director é aconselhável mais de quatro por semestre. de adquirir frequentemente materiais bastante
da escola que nos explicou o funcionamento Iniciámos as aulas em finais de Setembro: caros.
desses serviços e nos indicou quem nos a primeira semana foi a do caloiro, com
Que conselhos darias a alunos que, como
poderia ajudar a resolver algum problema que apresentações para toda a gente se conhecer
tu, terminaram o 12º ano e estão receosos
eventualmente surgisse.
e integrar; não há praxes porque vivemos em de se aventurar a estudar no estrangeiro?
residências que alojam de cem a setecentos
Para um aluno estrangeiro, embora com
alunos e vamo-nos conhecendo naturalmente. Se têm essa possibilidade, tentem o
um bom nível de inglês, como é o teu
Fazemos exames e/ou testes dos módulos em estrangeiro, tendo sempre em conta o país e a
caso, é fácil acompanhar as aulas e
Dezembro e temos férias a seguir. No final de reputação da universidade escolhida. Há duas
produzir trabalhos em inglês?
Janeiro inicia-se o segundo semestre, temos coisas fundamentais a ter em conta e, sem isso,
No início preocupei-me com essa situação, não as férias da Páscoa e acabamos em finais não vale a pena: em primeiro lugar é preciso
sabia se o meu inglês seria suficientemente de Maio, de novo com exames. No final do acreditarmos em nós e ver se somos capazes
bom para isso. No entanto, os trabalhos são curso devemos ter completado vinte e quatro de aguentar esta aventura; e a segunda é
muito bem orientados pelos professores. módulos, embora eu tencione fazer alguns informarmo-nos devidamente junto de alguém
Pode-se ir ter com eles ao gabinete e obter opcionais, designadamente de línguas e na que já tenha vivido esta experiência.
ajuda. E na residência tenho muitos colegas área da gestão ou economia.
E antes que pergunte (rindo): Sim…, há lá
de turma, ajudamo-nos uns aos outros.
miúdas giras! Por exemplo, sou vizinho da
Sentes-te membro de uma comunidade, Emma Watson, a Hermione do Harry Potter.
Há muitos alunos estrangeiros na tua
cidadão da Europa, ou apenas um emigrante, João, agradecemos a tua disponibilidade e
turma?
embora privilegiado?
desejamos-te os maiores sucessos pessoais
São mais ingleses, mas há uma grande
e académicos.
variedade de nacionalidades: chineses, No fundo sou um emigrante, mas nunca me
paquistaneses, russos, etc. Como o meu senti excluído. Considero-me bem integrado
Entrevista realizada pela professora Fátima Feliciano
e
os
colegas
estrangeiros
com
quem
convivo
curso é de Gestão Turística, é um dos mais
também sentem isso. Convivemos bastante
procurados por alunos estrangeiros.
em casa, mais do que na própria faculdade.
Como está organizado o vosso ano
Alguns colegas de residência são do meu
OLHAR CIRCUNDANTE
TOQUE DE SAÍDA
ANO 3 - Nº 7
ENTREVISTA A JOSÉ GONÇALVES SAPINHO
«o tempo mais rico da minha vida
foi enquanto o dediquei ao ECB»
José Gonçalves Sapinho nasceu em 1938, no Sabugal, distrito da Guarda, casou com Maria Adelaide Sapinho, professora do Ensino Básico,
em 1963. Têm três filhos. Licenciou-se em Direito pela Universidade
de Coimbra e ocupou o cargo de Director Pedagógico do ECB durante
34 anos. Foi membro da SEDES, Deputado da Assembleia Constituinte
após o 25 de Abril e Deputado da Primeira Legislatura da Assembleia
da República entre 1976 e 1980. É, actualmente, Presidente da Câmara Municipal de Alcobaça e Presidente da Assembleia Geral do Instituto da Nossa Senhora da Encarnação.
mero acaso. A minha esposa tinha
concorrido para uma vaga que
havia no concelho de Caldas da
Rainha. Nessa altura era tropa em
Montejunto. Quando regressámos
de férias, vimos que a vaga era na
escola primária do Casal da Marinha. Ainda tentei emprego nas
Caldas da Rainha, na Benedita e
em Alcobaça. Como fui contratado para professor de Matemática
no ECB, acabámos por nos instalar na Benedita. Nesse mesmo
ano, 1967/1968, insistiu-se para
que fosse Director do Externato e,
até hoje, não me arrependo de ter
aceitado o convite. Fui Director
Pedagógico até 2000. Ainda hoje
estou ligado ao ECB, na condição
de Presidente da Assembleia Geral. Aquilo que mais orgulho me
dá é não ser dono do ECB, porque houve possibilidade de o ser.
Como avalia o tempo dedicado
ao Externato, na condição de
Director Pedagógico? Quais foram as dificuldades que sentiu
e os sucessos que viveu?
Pode descrever-nos o seu percurso de vida, sobretudo académico, militar e político?
Frequentei o Seminário do Fundão,
experiência gratificante, apesar
do pouco tempo que lá estive. Dei
prosseguimento aos meus estudos
no Externato Secundário do Sabugal e, posteriormente, no Externato de Santo António, em Castelo
Branco, acabando por terminar o
ensino secundário no Liceu Pedro
Nunes. Fui dispensado do exame
de admissão ao Ensino Superior,
podendo, por esta razão, matricular-me em qualquer universidade.
Cumpri o serviço militar na Força
Aérea e fui distinguido com três
louvores. Os dois anos que passei na Base das Lajes foram dos
anos mais importantes da minha
vida, pois foram de intensa aprendizagem através do contacto privilegiado com os americanos e
com a política diplomática dos
anos sessenta, o que me permitiu
compreender o espírito dinâmico
e de inovação do povo americano.
O meu interesse pela políti10
ca começou cedo. A minha disciplina preferida no ensino secundário era Organização Política e
Administrativa da Nação, na qual
obtive a classificação de 19 valores. Fui membro da SEDES, a
qual teve muita importância antes do 25 de Abril, sobretudo na
constituição de quadros políticos,
e me proporcionou contacto e ligação com a política. Neste período, defendíamos que o regime
deveria alterar-se por dentro, sem
revolução. Mais tarde, em 1975,
enquanto Deputado da Assembleia Constituinte, contactei de
perto com figuras que se destacaram na política, tais como: Pinto
Balsemão, Sá Carneiro, Marcelo
Rebelo de Sousa, Jorge Miranda,
Rui Vilar... Entre 1976 e 1980 fui
Deputado da Primeira Legislatura da Assembleia da República.
O que o levou a abandonar a
sua terra natal e a fixar-se na
Benedita?
Cheguei à Benedita nos finais dos
anos sessenta, digamos que por
Considero que o tempo mais rico
da minha vida foi enquanto o dediquei ao ECB, tendo participado
na sua organização e reestruturação ao longo de décadas, preparando-o para os desafios do
futuro, adaptando-o às circunstâncias político-sociais, nacionais e locais, e fazendo todos os
investimentos imobiliários e mobiliários que estão hoje à vista.
A primeira grande revolução foi
acabar com os Cursos de Formação de Serralheiros e de Formação Feminina que eram, financeiramente,
insustentáveis.
Procedeu-se então, sempre com
o apoio dos Órgãos Sociais da
Cooperativa, à substituição destes cursos pelo Curso Geral de
Administração e Comércio, que
passou a ser misto e permitia o
prosseguimento de estudos. Por
outro lado, criaram-se os cursos
diurnos gerais dos liceus. As consequências destas medidas foram
bastante positivas, na medida
em que os alunos continuavam a
estudar, incentivando, assim, as
gerações mais novas a fazê-lo
também. Naturalmente que houve
dificuldades. O Ministério da Educação indeferiu a criação do liceu.
Corremos o risco de pôr a funcionar legalmente algo que era ilegal.
O sucesso que vivi enquanto Director Pedagógico é ver
a escola como ela está: uma
das melhores escolas do país
do ponto de vista das estruturas físicas e do corpo docente.
Dado que o ECB é a maior cooperativa de ensino da Península Ibérica, como vê esse facto e
que contributo deu para que tal
se concretizasse?
Muito empenho, muita mudança,
muita oportunidade para concorrer aos fundos comunitários, para
fazer as construções necessárias,
com vista a ter a possibilidade de
receber cada vez mais alunos,
que vinham de todos os lados.
Hoje está consolidada essa política. Adoptou-se o princípio de que
a melhor escola da zona seria o
ECB. Houve um momento em que
foi necessário adoptar a política
de receber alunos provenientes
das zonas envolventes, para que
a escola se tornasse auto-suficiente. Um segundo momento correspondeu à preparação e formação do corpo docente, apostando
na sua profissionalização. O ECB
é testado pela primeira vez quando apresenta os primeiros alunos a exame, nas escolas de Alcobaça e Leiria, e os resultados
são bons. Repare-se que neste
período ainda não havia autonomia nem paralelismo pedagógico.
Havia um externato em Rio Maior,
dois em Porto de Mós, e a verdade
é que todos fecharam, excepto o
da Benedita. Os outros externatos
deixaram de existir, no momento
em que o ECB progredia. Assim,
graças a um instinto de sobrevivência, a um espírito de consolidação
e progresso, o ECB pôde tornar-se
na escola que hoje conhecemos:
dinâmica, capaz de preencher
os requisitos dos nossos alunos.
De que modo contribuiu o ECB
para o desenvolvimento socioeconómico e cultural da vila,
durante estas quatro décadas?
Agir com espírito aberto, promover a cultura e evitar ocupar espaços que a sociedade civil ocupara, sobretudo na área cultural.
OLHAR CIRCUNDANTE
ANO 3 - Nº 7
No que diz respeito ao desenvolvimento económico, muito se deve
a um princípio que sempre prezei:
o de que os alunos deveriam sair
da escola, para conviver e dinamizar a vila. Se os alunos estivessem
fechados, a vida da vila teria sido
diferente. Por isso optei pelas portas abertas ao exterior. Por outro
lado, o ECB ia permitindo a fixação de pessoas das zonas limítrofes na Benedita, enriquecendo-a
do ponto de vista humano. Consequentemente, insisti numa política de prioridade de ex-alunos.
A criação da Biblioteca e do Centro Cultural foi um marco importante no desenvolvimento cultural. O
processo moroso de aquisição de
livros, por exemplo, que chegou
a ser feito através de rifas, revela o espírito empreendedor que
foi necessário. A meu ver, quanto
mais a biblioteca se desenvolver,
mais a escola se desenvolverá.
Finalmente, o Centro Cultural é a
cúpula das realizações, apetrechado com equipamento que dignifica a vila e o ECB: a qualidade, do
ponto de vista arquitectónico, e a
fruição que proporciona aos beneditenses. Repare-se que o ECB faz
parte do projecto ARTENREDE,
colocando-se num lugar de excepção, dado que os restantes membros do projecto são autarquias.
O ECB, nas últimas quatro décadas, tem favorecido na Benedita a passagem de um espírito
aldeão para um espírito urbano.
Por conseguinte, creio que o Externato possui uma dinâmica que
lhe permitirá estar sempre na
primeira linha da mudança e do
desenvolvimento. Faz parte da
sua génese e dos seus genes.
TOQUE DE SAÍDA
Fui sempre a favor de haver unidade na direcção, a escola deve
ter um Director e não uma meia
dúzia de pessoas, sem se saber
quem manda e quem obedece.
Além disso, a escola deve propiciar a igualdade de oportunidades, com todas as consequências
a ela inerentes, mas não deve ser
predominantemente integradora.
Que expectativas ainda tem para
o ECB?
Sou um espectador comprometido
com tudo o que se refere ao ECB,
rejubilo quando vejo que está a
seguir o caminho correcto na defesa da sua autonomia e inserção
no meio a que pertence. Gostaria de ver alguns campos de ténis
junto ao campo de futebol, porque
considero que é possível tornar
a vila da Benedita mais urbana.
Para terminar, gostaria, de dizer que espero que nunca ninguém sonhe em prejudicar uma
das instituições mais importantes criadas no distrito e no país.
O Toque de Saída agradece ao Dr.
Sapinho a sua disponibilidade, desejando-lhe sucesso nos cargos
que desempenha e expressando
votos para que continue a fomentar
o progresso da nossa região. Deixamos-lhe, sobretudo, um especial
agradecimento pelos longos anos
de dedicação ao Externato Cooperativo da Benedita, cientes do papel
decisivo que desempenhou na edificação e desenvolvimento da nossa escola e na construção de uma
identidade e de uma cultura que
a distinguem de todas as outras.
Entrevista realizada pelos professores
Como vê o futuro da educação
face às actuais políticas educativas?
Clara Peralta e Valter Boita
O TOQUE DE SAÍDA NO ALCOA
OLHAR CIRCUNDANTE
A Democracia na
Actualidade
O sistema político vigente na actualidade, em
Portugal e na maioria dos
países ocidentais, é a
democracia. Herança da
Grécia Antiga, foi sofrendo transformações ao longo dos tempos. A história
da democracia revela um
percurso sinuoso e agitado: surgiu num contexto
excepcional,
perdeu-se
nas brumas do tempo,
reinventou-se como a forma mais equilibrada do
exercício do poder. Os
gregos do século V a.C.
criaram a democracia e
com ela o conceito de cidadão, aquele que governa a polis e que, perante
ela, responde pela sua
acção governativa.
A democracia era,
não só um sistema político, mas também uma forma de vida. Veja-se o modo
como a vida quotidiana se
estruturava então, em função
da vida política, e, como hoje
em dia, muitas pessoas vivem
sem considerarem necessária
qualquer intervenção cívica.
Era uma democracia directa
(não existia diferença entre
governantes e governados),
embora, para os padrões actuais, algo elitista, pois nem
todos eram cidadãos – a escravos, metecos e mulheres
não se atribuía essa designação. Apesar das diferenças,
as ideias nucleares que presidem às nossas democracias
estavam já latentes no sistema ateniense.
Fundada sobre os princípios basilares da igualdade,
justiça, liberdade (de religião,
de expressão, de imprensa) e
respeito pela dignidade do ser
humano, a democracia apresenta-se-nos como um sistema político em que os cidadãos devem ser participativos
e interventivos e, tal como na
Grécia Antiga, a argumentação continua a ser basilar, já
que o debate e a discussão
são a forma mais democrática de resolver problemas e
questões que dizem respeito
a toda a comunidade. Discu-
Péricles - o pai da democracia grega
tir e debater continua a ser
uma renúncia ao dogmatismo e às verdades absolutas.
Assim, viver em democracia
implica necessariamente uma
educação para a cidadania. É
necessário que exista respeito e aceitação dos diferentes
pontos de vista – pois as soluções comummente encontradas serão tanto mais ricas
quanto maior for a diversidade das opiniões iniciais. É por
isso que a solução encontrada
pelas maiorias deve ser valorizada – sem detrimento das
opiniões e da individualidade
de cada um dos intervenientes. O diálogo deve ser a forma privilegiada de resolução
dos problemas da polis. Os
cidadãos têm o dever cívico
de participar, exercendo livremente o seu direito de questionar, problematizar, propor e
apresentar opiniões, fazer-se
ouvir, ouvir os outros, aceitar
ou recusar opiniões.
Apesar das suas fragilidades e imperfeições, e relembrando as palavras de W.
Churchill, a democracia continua a ser o melhor sistema
político, o mais justo e o mais
equilibrado porque ainda não
soubemos inventar outro que
o superasse!
Marta Santos, 11º A
11
TOQUE DE SAÍDA
ANO 3 - Nº 7
Ano Novo
ASSOCIAÇÃO DE ESTUDANTES RENOVADA!
No mês de Novembro de 2007, decorreu a
campanha eleitoral para a Direcção da Associação de Estudantes do ECB. Durante uma
semana, quatro listas tentaram sair vencedoras: lista A, lista L, lista P e, por fim, a lista R.
tos, derrotando a lista R, que contou com 223
votos.
A lista vencedora assumiu, em Dezembro,
a Direcção da Associação de Estudantes do
ECB neste ano lectivo:
Direcção
Presidente: Fábio Santos;
Vice-presidente: Bruno Salvaterra;
Secretário: Rafaela Belo;
Tesoureiro: Élia Fialho;
Vogal: Sofia Cavadas
Cada uma tinha os seus objectivos, criou
os seus slogans e cada uma tentou divulgar o
mais possível o seu programa e as suas promessas para obter a maioria dos votos dos
colegas. Só uma podia ganhar, e isso todos
sabíamos. No entanto, foi uma semana calma,
sem grandes conflitos, desenvolvendo-se uma
competição bastante saudável.
Foram necessárias duas voltas, visto que
nenhuma das listas obteve a maioria absoluta
na primeira. A primeira volta teve lugar no dia
20 de Novembro e os resultados apurados foram os seguintes
Lista
Lista
Lista
Lista
A
L
P
R
116 votos
55 votos
275 votos
199 votos
Assim, a lista P e a lista R disputaram a
segunda volta no dia 22 de Novembro. Muitos
alunos votaram e, no final do dia, contaram-se
os votos, na presença e com o testemunho do
presidente de cada lista, bem como do presidente da Associação de Estudantes do ano
lectivo anterior. Venceu a lista P, com 275 vo-
Mesa da Assembleia Geral
Presidente: Carina Santos;
Secretário: Áurea Mendes;
Vogal: Tiago Mendes
Conselho Fiscal
Presidente: Joana Cavadas;
Secretário: Carolina Sá e Silva;
Relator: Juliana Santo
Enquanto dirigentes da Associação de Estudantes, este grupo de alunos tem como principal objectivo defender os direitos dos colegas e possibilitar-lhes actividades lúdicas e
dinâmicas para tornar a escola num sítio mais
apetecível. Porque, para além do estudo, o
ECB pode ser também um local para nos divertirmos em conjunto. Para isso, a AE tem várias actividades agendadas, como workshops,
festas e, claro, a candidatura à organização
Lloret del Mar
lá vamos nós!
Catorze
de
Março é o tão esperado dia em que
partiremos para a
nossa viagem de
finalistas.
Este
ano, tal como nos
últimos, o destino
escolhido
pelos
finalistas da nossa escola é Lloret del Mar, uma pequena e acolhedora localidade no litoral de Espanha
que, nesta altura do ano, recebe cerca de 16000 finalistas de todas as zonas de Portugal.
Para organizar e tentar tornar a viagem mais económica para todos, constituímos uma comissão responsável por angariar fundos através de iniciativas
como festas, venda de bolos, de rifas e de camisolas.
Deste modo, esperamos fazer desta viagem a melhor de sempre!
A Comissão de Finalistas do ECB
12
do Baile de Gala.
Graças ao excelente trabalho da AE do ano
lectivo passado, contamos agora com uma Associação de Estudantes legalizada, com todas
as vantagens que daí provêm e que nos podem ajudar a fazer um bom trabalho, visto que
permitem candidatarmo-nos a vários apoios
económicos e culturais.
No final do Primeiro Período, organizámos
um pequeno karaoke, onde todos pudemos
festejar o final de uma etapa escolar; no mês
de Janeiro, um torneio de futebol, promovendo a prática do desporto; no mês de Fevereiro, actividades para o Dia dos Namorados, em
conjunto com o Projecto Crescer; e no mês
de Março, uma festa de angariação de fundos
para o Baile de Gala deste ano lectivo. Tudo
isto para que a escola se torne mais dinâmica
e divertida!
Pretendemos continuar o bom trabalho do
grupo de alunos que formou, no ano passado,
a AE, e informamos todos os colegas que podem contar com a nossa ajuda e colaboração
em tudo o que nos for possível fazer. Tentaremos proporcionar-vos momentos interessantes e divertidos, sem esquecer, claro, que,
para além de direitos, temos também deveres
para cumprir, e que deve haver harmonia entre ambos.
Sofia Cavadas, 11º D, Associação de Estudantes
VISITAS DE ESTUDO
Tantas horas de anseio por aquele
dia! O dia diferente de tantos outros,
monótonos e rotineiros, o dia da visita de estudo. No entanto, as visitas de
estudo são muito mais que meros passeios; são, talvez, uma das estratégias
que mais estimula os alunos. O facto
de serem constituídas por uma parte
lúdica aliada à interacção professor/
alunos, faz com que exista um empenho adicional.
De facto, estas saídas do espaço escolar constituem situações de
aprendizagem nas quais se favorece
a aquisição prática de conhecimentos,
tornando-se mais fácil para os alunos,
compreender as matérias, no concreto.
Além disso, e não menos importante,
as visitas de estudo facilitam a sociabilidade e as relações entre alunos e
professores, uma vez que se encontram num outro contexto de trabalho.
Sabe-se também que, muitas vezes,
mais importante do que os novos conhecimentos adquiridos, são as des-
cobertas mútuas que se proporcionam.
De um ponto de vista mais específico,
as visitas de estudo permitem aprofundar as técnicas de recolha e tratamento de informação e desenvolver a
capacidade de observação e organização do trabalho.
No fundo, as visitas de estudo são o
ponto de passagem da teoria à prática,
da escola à “realidade”. E foi isto que
conseguimos nos passados dias 18 e
19 de Janeiro, com a visita das turmas
B e C do 10º ano ao ICBAS, à Fundação de Serralves e ao Visiunarium.
No primeiro, contactámos com um
mundo direccionado ao estudo médico
(ambição de muitos dos presentes).
Na segunda, embora um pouco fora
da nossa área de estudo, foi possível
adquirir conhecimentos artísticos. Por
último, no Visiunarium, consolidámos
conhecimentos específicos da área de
Biologia, Física e Química.
Filipa Isabel Serrazina, 10º C
ESCOLA VIVA
ANO 3 - Nº 7
TOQUE DE SAÍDA
ACRÓSTICO
ODE NATURAL
Nunca conseguirei perceber
Ou então talvez assim consiga.
Inventa o que quiseres,
Ter é poder até morrer,
Eis a máxima que sem querer pediste.
Da minha janela fere-me a vista
Ante toda a beleza inaudita
Da matéria de um naturalista,
Causando súbita febre de escrita.
E a inocência do olhar?
Lábio. Pele vibra.
Um segundo, e o mundo respira
[para depois sufocar.
Aranhas. Camas profanadas.
Razões para as virgens serem violadas,
[pondo o mundo a despertar. (,)
A inocência ficou no telhado a bronzear.
Em vez de sugar,
Tira-nos o perceber,
Embrulha o acontecer,
Recusa o acordar,
Nega a racionalidade.
Indo eu,
Doía-me o saber,
Amava o céu
Daqueles que não queriam descer.
E tudo assim aconteceu.
Havia de ir. Havia de ver!
Antes de perceber, mas nunca percebi.
Depois de tudo, para que serve morrer?
E, verdadeiramente, nunca me conheci.
A inocência ficou no telhado a cobrir
Sinais de antigos abusos por descobrir.
Como está frio.
Ontem, equinócio de noite eterna.
Negativa de sofrer,
Verdade a fingir,
Ícone de vida serena.
Discussão silenciosa.
A hora é a mais honrosa,
Resta saber o que fazer.
Assim, canto a Natureza que alcanço
Deste observatório recatado
Que peca por demasiado abrigado,
Pois barra os sentidos às sensações,
Ergue à poesia complicações
Mas resisto, e entre palavras danço!
Exalto a chuva que hoje cai fortemente
Saciando a sede das terras sôfregas,
O vento que mesmo tão imponente
Cria obras da maior delicadeza,
O gelo que esconde tantas surpresas,
Cujos cristais disfarçam a dureza!
Elogio o Sol, a Lua, a Terra
E a dança eterna entre as estações,
Entre as marés, entre a noite e dia,
Nesta euforia subiria a serra
Para clamar a todas as Nações
O belo da Natureza baldia!
Porém não esqueçamos também a vida
Que suspensa no breve deste ciclo
Natural de conta, peso e medida,
Ciclo intemporal ou primordial,
Estas palavras de artista dedico
Que nestes círculos tudo é fulcral.
Porém, o mais que isto são as partículas,
Sejam quarks, subatómicas, átomos,
Sejam fotões, alfa, beta, moléculas
Se se organizar em quaisquer compostos,
São matéria do tudo e do nada,
Não consigo homenagem ajustada!
O meu jardim
Tem muitas cores
Tem céu
Tem sol
Tem flores.
Jardim dos amores?
Não sei.
O meu jardim
Cheira a jasmim
A rosas
E a alecrim.
Ao calor de um olhar.
Jardim de encantar?
Não sei.
O meu jardim
Tem o som de uma canção.
O canto das aves.
Da águia, do cuco
E do gavião.
Jardim de emoção?
Não sei.
O meu jardim
É mágico.
Voam as borboletas,
A vida nasce,
A sombra das árvores refresca.
Jardim em festa?
Não sei.
Mas é o meu jardim!
Adriana Policarpo, 11º A
Luís Crisóstomo, 12º B
www.adrianapolicarpo.blogspot.com/
Na literatura, encontro-Me
Alexandre Coelho, 11º B
Gosto da aldeia de manhã
Gosto da aldeia de manhã
De manhã quando ainda não nasceu o sol
Quando ainda todos dormem e ninguém anda na rua
Quando ainda não começaram a fazer os seus disparates diários
Gosto quando ainda está escuro e todas as luzes estão apagadas
E de então ver as janelas a ficarem iluminadas
Uma, e outra, e mais outra
Gosto de imaginar o que andam todos a fazer
Acordar, vestir, preparar os miúdos
Comer os cereais e o leite
Gosto quando ainda é muito cedo
E ainda não há ninguém aborrecido ou preocupado ou a gritar.
Mas é nesse momento que, interrompendo a minha observação,
Alguém sai de casa batendo com a porta
E acaba de vez com a minha esperança na humanidade.
Marta Santos, 11º A
http://www.improvisacoesemdomenor.blogspot.com/
RECRIAR O MUNDO
O MEU jardim
Há poetas, como Pessoa, que
Me [en]cantam. Há prosistas,
como Peixoto, que Me assombram e me apaixonam. Há ainda
outros, como Saramago, que me
transformam. Há o Ricardo Reis,
há o Bernardo [Soares]. Há o Al
Berto. Entre tantos e tantos que
se transformam em palavras e livros. Que nos chegam por entre
personagens de Eles mesmos.
Que fingem fingir aquilo que
[não] são para passarem a poder
ser tudo.
Que dizem, sem querer ou saber da [nossa] existência, aquilo
que sentimos e que queremos e
que perdemos.
Às vezes encontro-Me em bocadinhos de frases. Copio-as,
freneticamente, para o meu coração. De certa forma, pertencemMe, plenamente.
Há livros que hei-de ler eternamente. Até que saiba dar-lhes
vida. São os livros que leio antes
de adormecer e aqueles com que
quero acordar. Que me condu-
zem (n)os sonhos que sou. Dos
sonhos em que Me tornei.
Por [breves] momentos anseio
conhecer tão bem as palavras
como Eles. Saber inventar corações e escrevê-Lo, e transcrevêLos em palavras [doentes].
Saber o que sinto e como sinto, saber de que são feitas as
palavras que me sussurram aos
ouvidos como palavras de amor
perdidas num tempo qualquer.
Há histórias de amor e de
guerra, de ódio e de paz [utópica]. Há o sentimento constante
de não [querer] sentir. Há a ausência presenciada por palavras sofridas derivadas de uma
sensação que [nunca] a mim
pertence[u]. Eles são, Eles existem, ainda que vivos ou mortos
ou que nunca tenham sentido o
ar entrar pelos pulmões que não
tiveram.
Eles fizeram[-Me] sem terem
autorização e [julgo que] não Me
importei.
Joana Cavadas, 12º B
13
TOQUE DE SAÍDA
ANO 3 - Nº 7
Projecto Twinning
Um dia de Sonho com
as crianças da Casa
do Gil
No dia 2 de Janeiro, a turma de E.M.R.C.
do 12º Ano visitou a Casa do Gil, um centro de recuperação hospitalar em Lisboa,
no âmbito do projecto Twinning desenvolvido ao longo deste ano em parceria com
esta instituição.
A ideia de realizar este projecto
surgiu do facto de todos os alunos, no seguimento da visita da directora desta fundação à nossa escola, demonstrarem um
grande interesse em colaborar com uma
instituição de solidariedade. A Casa do Gil
apareceu assim como uma oportunidade
única para aplicar conteúdos que exploramos nas aulas de E.M.R.C.
A visita foi muito gratificante, pois fomos recebidos calorosamente,
tanto pelas crianças como pelo
corpo administrativo da Casa.
Dedicámos a parte da manhã à
visita ao interior da casa, onde
descobrimos o conforto de um
verdadeiro lar. Foi durante este
período que conhecemos os
meninos e recebemos os seus
primeiros sorrisos. Ficámos
surpreendidos com tanta afabilidade. À tarde, fizemos com as
crianças uma curta viagem ao
mundo das princesas, enquanto a Professora Vanda Marques
contava a história do seu livro: “O amor
de Pedro e Inês contado aos Pequenotes”.
Para facilitar a compreensão, dramatizámos a história com fantoches que fizeram
as delícias dos mais novos. Realizámos
também jogos em conjunto, que promoveram a proximidade entre todos, e foi extraordinário ver a alegria daquelas crianças.
Através desta fundação, descobrimos
como é possível contribuir para a felicidade dos outros, dando algum do nosso
tempo para estarmos juntos. Actualmente, mantemos o contacto com as crianças
através de correspondência.
Professora Vera Catarino
O ECB na estrada
XV Rally Paper do Externato
Durante a manhã do dia 1 de Fevereiro, a
15ª edição do tradicional rally paper do ECB
acelerou pelos arredores da Benedita.
Vinte e cinco equipas, constituídas por professores, funcionários, alunos e encarregados
de educação, partiram das traseiras do CCGS,
de “ovo na mão”, à descoberta das pistas fornecidas pela organização do evento, numa luta
contra o limite de tempo imposto. Com alguns
enganos pelo meio, boa disposição e disfarces
para todos os gostos, lá foram chegando os
participantes, devendo, ainda, realizar quatro
provas surpresa no final, para além de devolver o ovo inteiro. A festa terminou no restaurante “O Bigodes”, com o jantar de convívio e
a entrega dos prémios, incluindo o do melhor
disfarce, ganho pela equipa “Os Paradoxos”,
chefiada pela professora Rita Pedrosa.
À semelhança das outras edições, o XV
rally foi organizado pela equipa vencedora do
ano anterior: “Embaixadores Reais do Burkina
Faso”, liderados pela “Cilinha”- funcionária do
ECB. Para continuar a tradição, o próximo rally
paper será organizado por “The Five Senses”,
conduzidos pela professora Liliana Gens que
obtiveram o 1º lugar.
À PROCURA DE JOVENS TALENTOS
Mais um ano, mais um Dia do Português,
mais uma aposta no valor dos nossos alunos,
pois é a pensar neles que criamos e desenvolvemos todo o nosso trabalho. Assim, no dia
29 de Janeiro, os professores de Português,
como forma de comemorar o dia da disciplina,
e envolvendo os alunos, promoveram algumas
actividades lúdico-didácticas.
14
Da parte da manhã, na sala
polivalente do CCGS, contámos
com a presença da escritora
Margarida Fonseca Santos que
dinamizou um Atelier de Escrita
Criativa para alunos do 3º Ciclo.
Inicialmente, sentia-se que os
alunos estavam pouco à vontade, mas à medida que o tempo ia
passando e que as actividades do
atelier iam decorrendo, foram-se
soltando, participando de forma
activa e descontraída em tudo o
que lhes era sugerido. Por volta
do meio-dia, a escritora realizou
mais uma sessão de Escrita Criativa dirigida especificamente a alunos com Dificuldades Específicas de Aprendizagem, pois
não podemos esquecer que a motivação destes meninos para a escrita é fundamental.
Ainda da parte da manhã, os alunos de
10ºano de Literatura Portuguesa presentearam algumas turmas com um Recital de Poe-
sia, acompanhado de música interpretada por
eles. Os alunos que tiveram a oportunidade de
assistir a este pequeno recital teceram grandes elogios à qualidade do trabalho dos seus
colegas.
A tarde foi organizada a pensar nos jovens
do Ensino Secundário. Também na sala polivalente do CCGS, decorreu um Concurso de
Escrita dirigido aos alunos deste nível de ensino. Muitos foram os jovens que por ali passaram com o intuito de mostrar os seus dons
para a escrita. Quem sabe onde se esconde
um pequeno grande escritor? Será esta agora a tarefa dos professores de Português: ler,
avaliar e seleccionar os três melhores textos
redigidos por estes jovens, aos quais serão
atribuídos prémios. Na próxima edição do Toque de Saída serão revelados os nomes dos
melhores “escritores” do Ensino Secundário
do ECB.
Professora Glória Mota
ESCOLA VIVA
ANO 3 - Nº 7
TOQUE DE SAÍDA
Aplicações e uso
PLANTAS MEDICINAIS E AROMÁTICAS
Sabugueiro
Ao longo da breve história da
humanidade, todas as culturas
dependeram, em maior ou menor
grau, da vegetação existente no
território que ocupavam. O meio
vegetal proporcionou, durante milénios, alimentação, medicamentos, energia e matéria-prima para
as mais diversas actividades humanas.
A utilidade e a importância das
plantas aromáticas e medicinais
tem vindo a ganhar um reconhecimento crescente nos últimos
anos, gerando diversas linhas de
trabalho relacionadas com a sua
utilização e conservação. De facto, regista-se um aumento do interesse académico, empresarial e da
sociedade em geral sobre as aplicações e os usos tradicionais dos
vegetais.
No nosso país existem plantas
medicinais e aromáticas das mais
diversas espécies, apresentando
consistência herbácea, semi-herbácea ou lenhosa. Estas plantas
têm na sua constituição básica as
mesmas substâncias que todas as
outras (água, sais minerais, ácidos
orgânicos, hidratos de carbono e
substâncias proteicas), no entanto,
contêm também compostos que as
demarcam das restantes, conferindo-lhes propriedades especiais
com valor terapêutico e aromático.
Entre esses compostos, podemos
destacar, pela sua importância:
alcalóides, glucosíados, óleos essenciais, taninos, princípios amargos e mucilagens.
Admitiu-se, no passado, que o
desenvolvimento da Química poderia destronar, em grande parte,
a importância das plantas aromáticas e medicinais. Verifica-se hoje
que tal facto não é verdadeiro e
que muitos dos princípios activos
contidos nessas plantas não podem ser substituídos por produtos
sintéticos, sendo mais rentável
descobrir, estudar e extrair industrialmente um alcalóide ou um
antibiótico de uma planta, do que
elaborar, em laboratório, uma molécula sintética.
As plantas aromáticas e medicinais constituem um assunto de
trabalho a que se ligam vários dos
objectivos do Parque Natural das
Serras de Aire e Candeeiros:
- objectivo educativo - o conhecimento e reconhecimento das
espécies vegetais da região, suas
utilizações e aplicações;
- objectivo cultural - implícito
na pesquisa sobre salvaguarda e
revalorização dos conhecimentos
naturalistas populares;
- objectivo conservacionista - pois todas as actividades de
conservação dependem de dados
precisos sobre a identidade, a distribuição e a biologia da espécie.
A conservação destas espécies, bem como a sua correcta utilização, é essencial para a
concretização dos objectivos de
desenvolvimento que se deseja para a referida área. Porém, a
ocupação e a transformação dos
habitats naturais, provocadas pela
acção humana, delapidaram recursos essenciais que suportavam um
OBSERVATÓRIO DA NATUREZA
COASTWATCH
VERMICOMPOSTAGEM NO ECB
Durante o mês de Outubro, os
alunos das turmas 11ºA, 11ºB e 11ºC
fizeram o levantamento de dados
ambientais para a caracterização da
faixa litoral correspondente à praia
do Salgado. Para além da monitorização do litoral, os alunos puderam
verificar a importância deste sistema
natural, adquirir conhecimentos e
desenvolver competências e motivação para agir. Pretendemos, com
este projecto, formar cidadãos conscientes e activos no estabelecimento
de uma melhor relação entre a actividade humana e o litoral.
O ECB, em parceria com a Nostrum
(Associação de Defesa do Património Ambiental), construiu uma unidade de tratamento de resíduos por
vermicompostagem. Esta unidade
vai possibilitar o tratamento de alguns dos resíduos da nossa escola,
recorrendo à utilização de anelídeos da espécie eiseneia fetida, comummente designada por minhoca
vermelha. O tratamento por vermicompostagem consiste na digestão,
pelas minhocas, da parte orgânica
dos resíduos urbanos, sendo o resultado a obtenção de um fertilizante
natural que será utilizado para fertilizar os canteiro da nossa escola.
A nossa sociedade produz RSU
em excesso e, ao misturá-los, dificulta a sua valorização. Assim, para
resolver este problema, não haverá
melhor solução do que transformar
os resíduos num recurso, e no nosso
próprio jardim ou mesmo em casa!
Como? Fazendo compostagem ou
vermicompostagem.
Professora Carla Dias
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E AMBIENTE
grande número de actividades. De
facto, o Homem dos nossos dias
perdeu a noção da sua origem, da
sua relação íntima com a natureza
e das suas limitações como espécie profundamente dependente do
ecossistema onde vive e onde permanentemente provoca alterações
sem medir as suas consequências.
Ora a conservação e estudo destas plantas poderá, por um lado,
servir de estímulo a determinadas
actividades económicas e, por outro, garantir melhor nível de vida
às populações.
As aplicações que hoje conhecemos são já suficientes para justificar a importância da flora espontânea, e muito se espera da
investigação e tecnologia, neste
contexto.
Algumas espécies do PNSAC
com potencialidades aromáticas:
madressilva, sabugueiro, sargaço,
agrião, rosmaninho, alecrim, carvalhinha, tomilho, trevo dos prados, murta, pinheiro bravo, roseira
brava, funcho; com potencialidades medicinais: aroeira, borragem,
sabugueiro, medronheiro, urze, hipericão, alecrim, betónia, carvalhinha, murta, oliveira, jarro, cenoura
brava, …
Professor Sérgio Teixeira
Encontro
A FAMÍLIA NA ESCOLA
No dia 29 de Novembro de
2007, pelas 20:30, realizou-se
no Centro Cultural Gonçalves
Sapinho o Encontro “A Família na Escola”, cuja responsabilidade esteve a cargo de
alguns elementos do Projecto
Crescer e do Grupo CAF, Melhoria 10. Este Encontro teve
como finalidade sensibilizar
os Pais e Encarregados de
Educação dos alunos do 3º
Ciclo para a importância da
sua participação e envolvimento na Escola.
Os assuntos abordados
foram: a Família na Escola,
a participação dos Pais e Encarregados de Educação nas
actividades escolares, bem
como os objectivos e actividades do Projecto Crescer.
A sessão de abertura foi
feita pelo Director Pedagógico do ECB. A Professora Rita
Vicente apresentou uma reflexão sobre a importância da
Família. E dois Encarregados
de Educação partilharam com
todos os presentes a sua experiência enriquecedora nas
Sessões de Pais. A Professora Ana Paula Barosa proferiu
uma comunicação intitulada
A Participação dos Pais e Encarregados de Educação nas
actividades escolares, onde
apresentou alguns dados estatísticos sobre a participação
dos Pais na Escola, e prestou
informações acerca das várias actividades em que podem participar. Finalmente,
a Professora Helena Rodrigues fez a apresentação do
Projecto Crescer: objectivos,
importância e actividades.
Seguiu-se um debate e, no
final, alguns Encarregados de
Educação presentes manifestaram interesse em participar
na Festa de Natal e na Venda
do Sorriso Amigo, o que veio
a acontecer.
Professora Ana Paula Barosa
15
TOQUE DE SAÍDA
ANO 3 - Nº 7
Lagoa de Pataias
O DESPERTAR DA CONSCIÊNCIA AMBIENTAL
A Eco-turma do 12ºB passou
ecologicamente a manhã do dia
29 de Janeiro, na Lagoa de Pataias, com a bióloga Sofia Quaresma, da Câmara Municipal de
Alcobaça, e a professora Paula
Castelhano.
A Lagoa de Pataias situa-se
na mancha do pinhal de Leiria e
fica também num dos principais
eixos migratórios de aves aquáticas existentes no país, a par do
Rio Minho, Ria de Aveiro, Baixo
Mondego e Estuário do Tejo, sendo imprescindível para o repouso
e abrigo das aves invernantes.
Constitui o núcleo de um pequeno
ecossistema e abrange uma área
de 5 a 6 ha, com o eixo maior de
cerca de 400 metros e o menor de
cerca de 125 metros. Sob o ponto
de vista geológico, a Lagoa está
envolvida por três formações diferentes que se situam no Cretácio,
Neogénico e Moderno.
O nível da água vai variando ao
longo do ano, consoante a época
das chuvas e a estação seca do
Verão. Toda a margem é percorrida por caminhos de fácil acesso
a peões e veículos de todo o terreno, o que contribui para a sua
degradação. A margem sul é a
mais rica em vegetação terrestre,
observando-se uma linha de vegetação lenhosa ripícola constituída por salgueiros (género Salix)
e gramíneas. Na zona adjacente da massa de água existe uma
grande abundância de macrófitas aquáticas com a parte aérea
emersa, dominada por espécies
dos géneros Phragmites e Typha.
Ao meio da lagoa podem observar-se manchas de nenúfar branco (Nymphae alba) e, em vários
locais perto das margens, plantas
flutuantes da família das Lamnaceas. Podem ainda observar-se
acácias, espécie exótica e infestante de que existem exemplares
ao longo das estradas e em áreas
mais frescas.
Algumas aves e batráquios são
espécies que podem facilmente
ser observadas na Lagoa. Destacam-se, pelo tamanho, as seguintes aves: Himantopus himantopus (Perna-Longa), Gallinulla
chloropus (Galinha d’água), Anas
platyrrhnchus (Pato Real) e Fulica atra (Galeirão). Algumas espécies de peixes podem também
ser observadas, destacando-se:
Micropterus salmoides (Achigã)
e Cyprinuscarpio (Carpa). Antes
do desassoreamento, podiam observar-se bastantes cágados. Es-
tes foram levados para casa por
algumas pessoas que durante as
obras os foram encontrando, sendo, neste momento, o seu número
bastante mais escasso. É também
possível encontrar algumas espécies de libelinhas, raras noutros
locais, além de sapos e bastantes
girinos.
Esta saída de campo foi considerado por Sofia Quaresma,
bióloga da CMA, como “uma
oportunidade única” para intervir na Lagoa e “aprender com a
resposta do ecossistema”, pois
“num futuro próximo, face às alterações climáticas globais, estes
fenómenos tendem a ser cada vez
mais frequentes”. Recordou que
o Dia Mundial das Zonas Húmidas emergiu da Convenção sobre
Zonas Húmidas, conhecida como
Convenção de Ramsar, que entrou em vigor em 1975 e conta actualmente com 1578 sítios, a nível
mundial. Portugal ratificou esta
convenção em 1980, tendo como
obrigações a designação de zonas
húmidas para inclusão na lista, a
elaboração de planos de ordenamento e de gestão para estes locais e a promoção da conservação e protecção destas zonas e
das aves aquáticas. Portugal tem
actualmente 17 sítios incluídos na
Lista de Zonas Húmidas de Importância Internacional (www.ramsar.
org).
As zonas húmidas constituem
ecossistemas de transição entre
os ambientes aquáticos e terrestres, sendo dos mais produtivos
do mundo e revelando uma série
de funções e valores insubstituíveis a nível global. Entre as suas
funções destacam-se: mediação
do fluxo natural da água (papel
importante no ciclo da água); controlo de inundações; manutenção
dos lençóis freáticos; estabilização da linha de costa e protecção
contra tempestades; retenção de
sedimentos e nutrientes e purificação da água; e mitigação de alterações climáticas.
Estes ecossistemas naturais
constituem autênticos reservatórios vivos, segundo Sofia Quaresma - “hot-spots” de vida. Aliados
à biodiversidade de vida animal e
vegetal, a beleza natural e o valor
cultural destes locais fazem com
que as zonas húmidas se tornem
locais apetecíveis para o desenvolvimento de inúmeras actividades turísticas.
Nesta perspectiva, a professora
Paula Castelhano considera que a
educação ambiental deve ser vista
como um instrumento fundamental
para um processo de alteração de
valores, mentalidades e atitudes,
de modo a criar uma consciencialização profunda e duradoura dos
problemas relacionados com as
questões ambientais. Este processo deverá assumir uma dimensão
contínua, de educação permanente, com vocação interdisciplinar,
cumprindo a educação ambiental
um importante papel estruturante
no pensamento crítico e criativo
dos alunos.
Alunos do 12º B
ECO-Códigos
Faça a Escolha Correcta!
No dia 15 de Janeiro, os alunos do 8ºH
e do 9ºD receberam a Técnica Tânia do
Grupo Suma que, em parceria com a Câmara Municipal de Alcobaça, está a desenvolver uma nova campanha de sensibilização denominada “Eco-Códigos”.
A referida campanha tem como principal objectivo sensibilizar a população
para a necessidade de abandonar os
maus hábitos de consumo e minimizar a
produção de resíduos na origem, propondo a observação de um conjunto de regras a ter em consideração no quotidiano:
os Eco-Códigos.
De acordo com a Técnica, esta campa16
nha possui uma vertente de intervenção
junto dos alunos das escolas do Ensino
Básico que estão a promover o programa
nacional Eco-Escolas, relembrando actos
simples como a importância da separação
e encaminhamento de resíduos para a reciclagem. Comprar produtos avulso, embalagens familiares e de recarga, utilizar
produtos não descartáveis e reutilizar materiais de embalagens foram alguns dos
procedimentos abordados nestas sessões
de sensibilização.
Professora Paula Castelhano
Coordenadora do Programa Eco-Escola
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E AMBIENTE
ANO 3 - Nº 7
TOQUE DE SAÍDA
Saúde e Nutrição
A Soja
Além disso, são ricos em ácidos
gordos insaturados que contribuem para reduzir a produção de
colesterol no organismo. Diversos
componentes da soja e dos seus
derivados, como as proteínas, isoflavonas, saponinas e fibra, contribuem também para reduzir o nível
do colesterol. A soja reduz ainda
o nível de triglicéridos, um tipo de
gordura que circula no sangue e
que favorece a arteriosclerose.
Menopausa
A soja é a leguminosa mais cultivada no mundo: em primeiro lugar, porque não precisa de adubo,
e em segundo lugar porque produz mais proteínas e de melhor
qualidade em menos tempo do
que qualquer outra planta. Daí a
importância da soja como um dos
elementos principais na alimentação. Além disso, estão provados
os poderes curativos que esta
planta possui. Não pode também
deixar de ser dito que, como tudo
na vida, a soja tem também aspectos negativos, embora os positivos sejam muito superiores aos
negativos.
Aspectos Positivos
evita o estreitamento e endurecimento das artérias, conhecido
como arteriosclerose. Além disso,
pode atenuar a arteriosclerose
depois de esta já se ter produzido. Demonstrou-se que o consumo de soja, durante pelo menos
seis meses, em substituição das
proteínas de origem animal, faz
aumentar o diâmetro interior das
artérias afectadas.
O consumo diário de uma ração de soja durante alguns meses
é suficiente para se notarem os
seus efeitos benéficos. Considera-se uma ração, por exemplo: 1
prato de soja guisada; ou 2 copos
de bebida de soja; ou 30 a 50 g de
“tofu”; ou 1 hamburguer vegetal à
base de soja.
Cancro
Ossos
Reduz o risco de sofrer de diversos tipos de cancro, em especial os da mama, próstata e cólon.
Identificam-se pelo menos dois
componentes anticancerígenos na
soja: as isoflavonas (um tipo de fitoestrogénios) e as saponinas.
Aumenta a densidade cálcica e
evita a osteoporose. As mulheres
beneficiam muito desta propriedade remineralizante da soja, especialmente aquelas que se encontram em época da menopausa.
Fornece proteínas:
Coração
Diminui o risco de sofrer de
trombose coronária e de enfarte
do miocárdio. O consumo habitual
de soja evita a arteriosclorose e
torna o sangue mais fluido, melhorando a circulação nas artérias
coronárias. A interrupção do fluxo
de sangue numa das artérias coronárias é a causa do enfarte do
miocárdio.
Arteriosclerose
O consumo habitual de soja
MENTE SÃ EM CORPO SÃO
Em grande quantidade (mais
que qualquer outro alimento vegetal); de grande qualidade biológica (substituem com vantagem as
proteínas de origem animal); capazes de suplantar a qualidade de
outras proteínas como as do milho
ou as do trigo; de fácil digestão e
absorção.
Colesterol
A soja e os seus derivados não
contêm colesterol, tal como os
outros produto de origem vegetal.
Alivia os sintomas indesejáveis, pelo facto de conter isoflavonas, um tipo de hormonas vegetais que substituem em parte
os estrogénios que se produzem
nos ovários. A menor produção de
estrogénios durante a menopausa
é uma das causas dos incómodos
que aparecem nesta época da
vida feminina.
Aspectos negativos
Embora a soja seja muito nutritiva e dotada de extraordinárias
virtudes curativas, apresenta inconvenientes que não devemos
ignorar. Nenhum deles é insolúvel, pelo que em nenhum caso
devem ser motivo para não consumir esta leguminosa, que bem
se pode considerar um autêntico
alimento-medicamento.
Ácido Úrico
Entre os diversos tipos de proteínas que a soja contém, encontram-se as nucleoproteínas. Um
dos componentes das nucleoproteínas, as purinas, transformamse em ácido úrico no nosso organismo. Todas as leguminosas
produzem ácido úrico, sendo a
soja aquela que mais o produz:
380 mg/100g (a carne de vaca
produz 130mg/100g). O nível de
ácido úrico no sangue aumenta
depois de se ter comido a soja ou
os seus produtos, coisa que não
acontece após a ingestão de leite de vaca. No entanto, o ácido
úrico elimina-se facilmente com
a urina, se esta não for excessivamente ácida. O ácido úrico da
soja não representa nenhum perigo para a saúde, principalmente
se for seguida uma alimentação
rica em vegetais, que alcaliniza a
urina e facilita a sua eliminação.
No entanto, desaconselha-se o
consumo de soja a quem sofra de
gota (excesso de ácido úrico no
sangue) e de litíase renal de tipo
úrico: quanto menos ácido úrico
exista na urina, menor será a possibilidade de se formarem pedras
ou cálculos de uratos (sais do ácido úrico, geralmente cálcicos).
Escassa quantidade de vitamina A e de Vitamina C
Certas dietas vegetarianas estritas de tipo macrobiótico, em que
a soja e os cereais são os principais alimentos, podem ser deficitárias nestas vitaminas
Falta de vitamina B12
A soja tem falta desta vitamina,
como acontece com todos os alimentos vegetais. Nas dietas vegetarianas estritas baseadas na
soja existe a possibilidade teórica
de se produzir deficiência de vitamina B12, e convém ter isso em
conta. Felizmente já muitos produtos de soja são enriquecidos
com esta vitamina.
Alergias
A soja ingerida por via oral raramente produz alergias e usa-se
precisamente nos regimes antialérgicos. No entanto, o pó que se
solta das sementes provoca graves alergias respiratórias quando
é inalado por pessoas sensíveis.
Flatulência
Como todas as leguminosas, a
semente de soja contém na sua
pele hidratos de carbono de tipo
oligossacárido, que provocam flatulências digestivas. A demolha e
a cozedura eliminam a maior parte deles.
Soja Transgénica
Embora não apresente problemas conhecidos para a saúde, a
sua cultura representa uma ameaça para o meio ambiente.
Professor Miguel Fonseca
17
TOQUE DE SAÍDA
ANO 3 - Nº 7
QUEM FOI O GÉNIO BOBBY FISCHER?
Robert “Bobby” James Fischer
nasceu em Chicago, a 9 de Março de 1943, e morreu no dia 17
de Janeiro de 2008, em Reykjavik, Islândia, país onde se tornou
Campeão do Mundo, em 1972.
Filho de pai alemão, um biofísico,
e de mãe judia-suíça naturaliza-
da norte-americana, aprendeu a
jogar xadrez aos seis anos, com
a irmã mais velha. Aos treze, jogou a “ Partida do Século”, num
torneio de Mestres, contra Donald
Byrne.
Fischer venceu o campeonato estudantil oito vezes, em oito
participações, (1957, 1958, 1959,
1960, 1961, 1962, 1973, 1975 e
1986), sendo a primeira aos catorze anos. De Dezembro de 1962
até ao fim da sua carreira, em
1992, Fischer venceu todos os torneios que disputou, excepto dois,
nos quais terminou em segundo
lugar: Capablanca Memorial, em
1965, vencido por Boris Spassky;
e Piatigorsky Cup, em 1966, em
que foi derrotado por Smyslov.
Em 1966, na Olimpíada, em
Havana, jogou com Joaquim Durão, Mestre Internacional português. Durão foi o único português
a jogar com Fischer, e esta partida é considerada por muitos xadrezistas como uma das melhores
de Bobby Fischer.
Em 1972, tornou-se Campeão
do Mundo ao derrotar o russo Boris Spassky, em plena Guerra Fria.
Em 1992, Fischer voltou a disputar um encontro contra Spassky,
em território jugoslavo e, mesmo
estando afastado há 20 anos,
venceu Spassky com relativa facilidade. Mas foi penalizado pelos
EUA que nessa altura impunham
Realizou-se no dia 13 de Dezembro
o I Torneio Inter Turmas do ECB. As
equipas eram constituídas por alunos
da mesma turma, excepto nos casos
em que tal não foi possível e, nessas
circunstâncias, a organização permitiu a constituição de pares de alunos
de turmas diferentes. Participaram
10 equipas, 20 alunos, mas, com os
tabuleiros disponíveis, havia mais a
jogar fora da competição e muitos a
verem. Uma grande divulgação da
modalidade.
A dupla feminina não teve a vida facilitada: para se tornar vencedora, teve
de ir a match de desempate com a
equipa classificada em 2º lugar (Rui
Lopes do 7ºI e André Lopes do 12ºI),
a quem venceu por 4-0.
Campeões Nacionais Escolares
Realizou-se no dia 8 de Janeiro, no
CCGS, o VIII Encontro Nacional Escolas de Xadrez – Equipa. Uma organização do ECB, ADEXO, CE Oeste e
Ministério de Educação, com o apoio
da Junta de Freguesia da Benedita,
da Associação de Xadrez de Leiria
e da Câmara Municipal de Alcobaça. Participaram nesta competição
55 equipas distribuídas pelo Torneio
do 1º/2º Ciclos (121alunos) e do 3º
Ciclo/Secundário (103 alunos). As
18
Professor José Cavadas
GUSTAV EIFFEL
Notícias do Xadrez
A dupla MARIANA SILVA E LÍDIA
FERREIRA, DO 10º A, vencem o
torneio de pares do ECB
um embargo à Jugoslávia. Fischer
foi preso no Japão e lutou contra
a sua extradição para os Estados
Unidos durante quase um ano, até
que a Islândia lhe ofereceu cidadania. Fischer chegou à Islândia
em de Março de 2005.
Morreu a 17 de Janeiro 2008,
com 64 anos, o mesmo número de
casas de um tabuleiro de xadrez!
Em eleição feita pelo principal periódico internacional de xadrez, o
Sahovski Informator, Fischer foi
considerado como o melhor xadrezista do século XX, à frente de
Kasparov.
equipas campeãs foram constituídas
por:
• Tiago Ferreira, Mariana Silva Rui
Lopes e Lídia Ferreira, do ECB “A”
(3º Ciclo/Secundário);
• Luis Rebelo Santos, João Teixeira,
João Doronha e Catarina Carneiro,
da Escola 31 Janeiro “A” (1º/2º Ciclos).
Aluna do ECB entre as 10 melhores
A Mariana Silva, aluna do 10ºA, está
entre as TOP 10 melhores jogadoras
da Selecção Nacional, segundo a Lista Elo FIDE de Janeiro 2008: a Mariana ocupa o 6º lugar. E o 1º lugar no
TOP do escalão Feminino Sub16.
XV Torneio Internacional de Xadrez
do ECB
Com o objectivo de
comemorar o Dia
Mundial do Xadrez,
o ECB levou a efeito
o Torneio Externato Cooperativo da
Benedita, que já vai na 15ª edição e
cujo vencedor foi Viktor Ulyanovskyy
(Ferroviários Barreiro).
As comemorações incluíram, além
do torneio, a exposição “Xadrez na
Benedita na Imprensa Escrita”, mostra de recortes de jornais regionais,
com o objectivo de fazer um pouco
da história do xadrez na Benedita,
desde 1993, quando teve lugar o I
Torneio ECB. (Sabia, por exemplo,
que as duas primeiras edições da Super Taça de Xadrez foram realizadas
no Externato?) Esteve ainda patente
uma galeria de fotos de Campeões
do Mundo, como Alekhine, Smyslov,
Fischer, Karpov, Kasparov, Anand e
outros.
Professor José Cavadas
Engenheiro de formação, Eiffel
fundou e desenvolveu ao longo
dos anos uma empresa especializada em vigamentos metálicos. A
Torre Eiffel marcou o seu legado
nas construções em ferro, antes
de se dedicar à investigação experimental, durante os últimos trinta
anos da sua vida.
Nascido em 1832, em Dijon, sai da Escola Central das
Artes e Ofícios em 1855, ano da realização da primeira
grande Exposição Universal celebrada em Paris.
Viveu alguns anos no Sudoeste da França, onde supervisiona alguns trabalhos, nomeadamente os trabalhos da
ponte de caminho de ferro de Bordéus. Cria a sua própria
empresa em 1864, especializada em vigamentos metálicos. A sua excepcional carreira de construtor é reconhecida em 1876, através da construção da ponte sobre o
rio Douro, na cidade do Porto, e da ponte em Garabit, em
1884, assim como pela construção da estação de Pest,
na Hungria, da cúpula do observatório, em Nice, e pela
astuciosa estrutura metálica da Estátua da Liberdade, culminando, em 1889, com a construção da Torre Eiffel. Esta
marca o fim da sua carreira de construtor.
Eiffel deixou-nos, em várias partes do globo, centenas
de obras metálicas de géneros diversos. Embora as pontes, e particularmente as pontes de caminho de ferro, fossem o seu domínio de predilecção, foi também brilhante no
domínio dos vigamentos e das instalações industriais.
Reformado, Eiffel consagrou os últimos trinta anos da
sua vida a uma fértil carreira de cientista. Procurou, inicialmente, encontrar uma utilidade para a Torre Eiffel, que
foi construída com um período de validade de vinte anos:
experiências sobre a resistência ao ar, estação meteorológica e antena gigante para rádio. Paralelamente à recolha de dados meteorológicos nas estações instaladas nas
suas diversas propriedades, dedicou-se aos estudos científicos nos campos da radiotelegrafia e da aerodinâmica.
Faleceu em 27 de Dezembro de 1923, com 91 anos.
Professora Ana Duarte
MENTE SÃ EM CORPO SÃO
ANO 3 - Nº 7
TOQUE DE SAÍDA
BOLONHA, (A) FUNDAÇÕES E PRAXES
Três problemáticas do Ensino Superior actual
Ainda está tudo muito a quente, apesar do
frio que se faz sentir. Não falo das alterações
climáticas nem dos acesos confrontos no Médio Oriente. Falo sim das actuais polémicas
acerca do Ensino Superior e das reestruturações que não chegam de maneira ordeira ao
nosso sistema educativo.
Começo indiscutivelmente por referir Bolonha, o processo de reestruturação que tem
dado muitos dissabores à maioria dos estudantes portugueses. Lentamente vai-se deixando
de ter vida social e canalizam-se esforços
apenas para o estudo, trabalhos e deadlines.
Até que ponto é saudável ser-se estudante de
modo igual por toda Europa se, por cá, nada
está ainda preparado para receber tamanha
mudança? Parece-me que esta ideia de reestruturar o Ensino Superior é um pouco como
construir uma casa pelo telhado. Se os alicerces já estivessem implantados, podia ser que
as coisas resultassem. Como assim não é, algum dia a casa vai certamente abaixo.
Outro ponto bem quente desta nossa educação prende-se com a ideia de transformar
as instituições de ensino superior em fundações. Esta proposta, sugerida pelo Governo,
está a inquietar a maioria das universidades
que, não acreditando seriamente nas vantagens desta mudança, se fecham em copas.
Claro que transformar os estabelecimentos de
ensino superior em fundações públicas de direito privado pode ser uma forma de dar poder
às universidades. Ou de, subtilmente, controlar o que por lá se desenvolve. E existirá de
facto uma razão que justifique a tão falada
gestão mais flexível, a responsabilidade e autonomia? Ou tudo é um eco bem arranjado do
plano mais eficaz de todos os tempos, o SIMPLEX, uma “peneira de sol” que deslumbra
apenas os cidadãos mais desinformados?
Sabendo igualmente que cada instituição
tem as suas próprias regras e estatuto e que,
mal ou bem, resolve as suas dificuldades,
falar de Educação Superior nos tempos que
correm remete-me, por último, para a questão das trapalhadas nada agradáveis em alturas de praxe. Todos nós nos lembramos de
casos de abuso e de mazelas que vão ficar
para sempre. Sem praxes, a vida académica
seria um marasmo, mas dar-lhes este aspecto
de tortura ou demência moderna é um preço
muito alto a pagar por atitudes irracionais de
pessoas aninhadas no seu estatuto de estudantes do Superior.
Mais cedo ou mais tarde, afundaremos
este barco de mudanças. Não aguentaremos os deadlines de Bolonha nem as pretensões dissimuladas de um governo todo ele
SIMPL(EX)ificado. Como povo de gente “brava” aguentaremos tudo até ao fim. O pior é
que esse fim já esteve um bocadinho, um tudo
nada mais longe!
Vanessa Quitério, ex-aluna do ECB,
actual aluna do 2º Ano de Comunicação Social da
Enigmas
Escola Superior de Educação de Coimbra
S o l u ç ões
Enigmas do número 6
1. A toalha da Alice
A Alice queria uma toalha rectangular, mas só tinha uma redonda
(circular). Então dobrou-a em 4
partes iguais e cortou-a da forma
indicada a tracejado na figura.
Qual a medida da área do tecido
desperdiçado?
amigo é meu inimigo. Quantas
possibilidades há para o número
de cavaleiros desse reino?
4. O relógio avariado
Um relógio de ponteiros atrasase 30 segundos em cada hora.
Sabendo que às 12 horas de hoje
indica a hora exacta, em que dia
voltará a estar certo?
5. As circunferências
2. O dia de descanso
O António e a Catarina começaram a trabalhar no mesmo dia. O
horário do António consiste em
3 dias de trabalho e depois um
dia de descanso, enquanto que a
Catarina trabalha 7 dias seguidos
e descansa nos três dias seguintes. Quantos dias de descanso
tiveram em comum nos primeiros
1000 dias?
Na figura, a distância entre A e B
é de 9, a distância entre A e D é
de 8 e , as duas circunferências,
tangentes entre si, têm centros E
e F e são tangentes aos lados do
rectângulo [ABCD] nos pontos M,
N, X e Y. Sabendo que o raio da
circunferência de centro F mede
2, quanto mede o raio da circunferência de centro E?
3. Os cavaleiros do reino
Num reino distante quaisquer
dois cavaleiros ou são amigos
ou inimigos e cada cavaleiro tem
exactamente 3 inimigos. Nesse
reino vigora a seguinte lei entre
os cavaleiros: Um inimigo do meu
OLHAR CIRCUNDANTE
tes, a organização decidiu alojálos em 4 hotéis. Entre quaisquer
6 participantes existiam dois com
a mesma idade. Mostra que num
dos hotéis estavam alojados três
cientistas do mesmo país e com
a mesma idade.
7. O calendário
O calendário gregoriano tem 12
meses. Será que qualquer outro
calendário para um ano comum
(de 365 dias) constituído apenas
por meses de 28,30 ou 31 dias
tem necessariamente 12 meses?
8. O terreno
Um terreno quadrado está dividido em cinco lotes: dois quadrados idênticos e três rectângulos
idênticos. O Sr. João é dono de
um dos quadrados e para delimitar o seu terreno usou 720 metros de rede. O Sr. Luís é proprietário de um dos rectângulos
e também quer pôr rede à volta
do seu lote. Quantos metros de
rede deve comprar?
1. Os Hóspedes
Solução: Determine-se o número de hóspedes que pensam
que são gatos. Como 10% dos
cães pensam que são gatos, denotando por C o número de cães
do hotel, o número de cães que
julgam que são gatos é C/10 .
Além disso, como 10% dos gatos
julgam que são cães, 90% dos
gatos do hotel pensam que são
gatos, isto é, 9 dos gatos pensam
que são gatos. Assim o número
de hóspedes que pensam que são
gatos é (C/10)+9.
Por outro lado, sabe-se que
este número corresponde a 20%
de
todos
os
hóspedes.
Logo
(C/10)+9 = 20(10+C)/100, donde
C=70.
Portanto no hotel estão hospedados 70 cães.
Nota: A resolução pode ser
efectuada por um raciocínio análogo começando por determinar o
número de hóspedes que pensam
que são cães.
2 A toalha da Alice
Por uma falha técnica, o enun-
6. Os cientistas
Numa conferência internacional
participaram 241 jovens cientistas de 6 países diferentes. Dado
o elevado número de participan-
ciado deste problema ficou incompleto no nº VI, pelo que repetimos
a sua apresentação neste número.
19
TOQUE DE SAÍDA
ANO 3 - Nº 7
Paula Rego em Madrid
Até ao passado dia 31 de Dezembro, foi
possível observar obras de Paula Rego, numa
das galerias de exposições temporárias do
Museu Rainha Sofia.
A dança, 1988
Paula Rego é uma pintora portuguesa,
nasceu em Lisboa em 1935 e fez os seus estudos artísticos em Londres, local onde vive
actualmente.
A obra de Paula Rego é internacionalmente conhecida e reconhecida pela sua grande
Nova Peça
GAMBUZINOS
“Fim de Linha” é o novo projecto que os
Gambuzinos têm em mãos. Da autoria de
Letizia Russo, esta peça tem estreia marcada para o início de Abril do ano corrente.
Considerada pelos pequenos actores
como “uma peça forte”, é uma inovação
face a todas as peças já encenadas pelo
grupo. Com um conjunto de quinze actores
em palco, mostra vários jogos de poder e
conceitos até então inexplorados. A morte
e a soberania são as palavras-chave deste
texto, encenado por José Saramago e Ana
Catarina de Almeida.
Sirius, interpretado por Flávia Grilo, é
um ditador que reúne nove súbditos que
o acompanham porque ele tem o poder de
matar. Assim, o conceito de soberano é aqui
posto em causa. Do mesmo modo, várias
críticas sociais são expostas, de uma forma
indirecta e metafórica.
Esta peça integra o projecto “PANOS”
que reúne um conjunto de textos dramáticos com o intuito de serem representados
por grupos de teatro pertencentes a escolas
do ensino secundário, proporcionando vários benefícios e oportunidades aos grupos
que participaram no projecto.
Este drama, que acaba de forma inesperada, é uma peça a que desde já vos convidamos a assistir, bem como a reflectir acerca da sua mensagem!
Sofia Cavadas, 11º D, membro d’Os Gambuzinos
20
qualidade expressiva e figurativa. As obras
desta artista inspiram-se muitas vezes nas
histórias, contos e rimas que lhe eram contadas em pequena. Pinta o fantástico de forma realista/ figurativa, veste animais, usa
escalas pouco reais, procurando representar
o mundo dos sonhos. Em algumas obras, os
temas são difíceis, chocantes, anti-sociais,
mas o imaginário infantil parece estar sempre
presente. “Eu pinto para dar rosto ao medo”,
diz Paula Rego.
Em Madrid, estiveram expostos, numa retrospectiva de mais de cinquenta e dois anos
de trabalho, quadros, desenhos e gravuras.
Lá se encontrava o primeiro desenho escolar,
feito em 1952, e o seu quadro mais famoso,
“A dança”, de 1988, que habitualmente pode
ser observado na Tate Gallery. Destaque também para um quadro da mais marcante fase
da artista, “A capoeira”, de 1998. Marcante,
pelo tema e pela técnica. Este quadro, que
faz parte da série do “Crime do Padre Amaro”, romance de Eça de Queirós, representa Amélia, reclusa, no parto e na morte. Na
técnica, temos o pastel sobre papel, montado
A capoeira, 1998
em alumínio. Paula Rego pinta desenhando e
desenha pintando a pastel.
Professora Lurdes Goulão
A Escola é fixe
Joana Guerra, 10º F
MOVIMENTO ESCOLA MODERNA
JORNADA DA BENEDITA
O MEM, associação
pedagógica criada há quatro
décadas e que
tem como principal finalidade
a autoformação
cooperada,
a
partir da criação de núcleos regionais, de professores e educadores de todos os graus
de ensino, realiza, no dia 8 de Março,
entre as 9.30 e as 17h, na Casa da
Vila, a Jornada da Benedita.
COLABORARAM NESTE NÚMERO
DO TOQUE DE SAÍDA
Além dos membros permanentes da equipa
do Jornal: a turma do 12º B; a Associação de
Estudantes; a Comissão de Finalistas; os alunos
Adriana Policarpo, Alexandre Coelho, Ana Rocha,
Bruna Cruz, Carla Serralheiro, Cidália Tomás, Filipa
Serrazina, Joana Cavadas, Joana Guerra, Luís
Crisóstomo, Maria Guerra, Marta Santos, Melissa
Jacinto, Ricardo Radamanto e Sofia Cavadas; os
ex-alunos João Serralheiro e Vanessa Quitério;
os professores Alexandre Lourenço, Ana Paula
Barosa, Carla Dias, Glória Mota, Helena Rodrigues,
Inês Silva, Isabel Carreira, Paula Castelhano,
Teresa Dias, Vanda Marques e Vera Catarino; e a
psicóloga do ECB Margarida Ferreira.
ESCOLA VIVA

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