Por uma indústria forte na Suíça
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Juntos contra o dumping salarial! CTT do serviço doméstico Regulamenta direitos dos trabalhadores 2 Sans-papiers Têm direitos como outros trabalhadores Projecto Progredir 3 Formação profissional para mulheres portuguesas! 4 Nr. 5 | Agosto 2012 | português Sai como suplemento do jornal «work» | Redacção T +41 31 350 21 11, F +41 31 350 22 11 | [email protected] | www.unia.ch T +41 31 350 21 11, F +41 31 350 22 11 | [email protected] | www.unia.ch CCT indústria MEM Editorial Por uma indústria forte na Suíça Salários justos para todos! Dia 22 de Setembro próximo: manifestação dos trabalhadores da indústria MEM por um CCT melhor O contrato colectivo de trabalho (CCT) da indústria de máquinas, eléctrica e metalúrgica (MEM) é um dos mais importantes na Suíça e serve como modelo para muitos CCTs de outros ramos. O contrato expira em fins de Junho de 2013, as negociações começarão em Novembro de 2012. Muitos dos direitos adquiridos têm vindo a ser postos em causa, por isso é importante que a manifestação de 22 de Setembro seja um claro sinal da parte dos trabalhadores! As comparações internacionais comprovam que há poucas indústrias tão bem posicionadas como a suíça. Mas cerca de 60 % das exportações vão para países da União Europeia. Por isso, o franco forte e a especulação com o franco põem em perigo lugares de trabalho. A crise europeia é especialmente má para a indústria MEM. O conselho federal tem de agir As autoridades nacionais, o conselho federal e o Banco Nacional suíço têm, por isso, de tomar medidas. Os sindicatos entregaram no Outono de 2011 ao conselho federal uma petição exigindo medidas eficazes contra o franco forte e a favor da indústria suíça. Viragem ecológica como oportunidade A política tem, finalmente, de reconhecer que uma viragem ecológica da indústria, necessária a nível mundial, e o abandono da indústria nuclear, que foi decidido pelo conselho federal e pelo Parlamento, representam uma enorme oportunidade para a indústria e a economia. Há aqui um grande potencial para a criação de milhares de postos de trabalho. Basta de lucros à custa dos trabalhadores! Em vez de criação de postos de trabalho, muitas empresas querem resolver os problemas criados pela crise à conta dos trabalhadores: aumento do número de horas de trabalho, horas de trabalho grátis, salários em euros para os trabalhadores transfronteiriços ou trabalho de curta duração. Os directores e os accionistas recebem, no entanto, lucros generosos. Isto é inaceitável e tem de acabar! Precisamos por isso de um CCT forte! Basta de pressão sobre os salários! A pressão sobre os salários deve ser um ponto importante das negociações. Porque, ao contrário de outros CCTs, o CCT da indústria MEM não prevê negociações salariais para cada ramo nem regulamenta um salário mínimo. Mas só um salário mínimo pode garantir uma luta eficaz contra o dumping salarial. Até aqui os empregadores da indústria MEM têm-se recusado a negociar um. Por isso o Unia vai lutar por um acordo sobre o salário mínimo. Reivindicações decididas na próxima conferência profissional No próximo dia 3 de Setembro terá lugar a próxima conferência profissional. Aí iremos decidir sobre o pacote de reivindicações. Além do salário mínimo, será também discutida uma limitação do artigo 57 do CCT, que permite determinados desvios do horário de trabalho contratualmente regulado, bem como uma melhor protecção contra o despedimento para sócios activistas dos sindicatos e para membros da comissão de trabalhadores. / Aurora García Todos à manifestação no dia 22.9. em Berna! Com a manifestação nacional queremos dar um sinal claro pela indústria suíça: nPor um bom CCT da indústria MEM; nPor postos de trabalho seguros; nPor uma indústria suíça forte, que garanta os postos de trabalho existentes e crie novos. Concentração no dia 22 de Setembro às 14 horas, na Schützenmatte em Berna. O seu secretariado Unia dá-lhe informações sobre o ponto de encontro para a viagem até Berna. As más notícias seguem-se umas às outras: casos de dumping salarial nas obras, salários muito baixos na agricultura e nas vendas, pressão salarial na indústria (ver artigo principal), etc. Perante estes factos, a decisão de Julho pelo conselho federal de recusar a Iniciativa por um salário mínimo sem uma contra-proposta é completamente incompreensível. O conselho federal argumenta que as medidas de acompanhamento da livre circulação de pessoas e que os contratos colectivos de trabalho (CCT) são instrumentos eficazes para impedir que se caminhe em direcção a salários mais baixos. O mínimo que se pode dizer é que o conselho federal desconhece a realidade, esta é muito diferente, como comprovam os exemplos mencionados acima. As medidas de acompanhamento ainda são insuficientes e têm de ser reforçadas. Além disso muitos ramos, especialmente aqueles com os salários mais baixos, ainda não têm CCTs, muito menos CCTs de obrigatoriedade geral. O conselho federal argumenta que as diferenças salariais e o número de empregados com salários baixos são comparativamente reduzidos na Suíça. Mas a evolução dos últimos anos mostra um cenário menos cor-de-rosa: os salários baixos estagnaram nos últimos 20 anos, enquanto os salários altos aumentaram desproporcionalmente. Mais de 12 % dos trabalhadores na Suí ça ganham menos de 4000 francos ao mês. É inaceitável que num país rico como a Suíça empregados que trabalham a tempo inteiro não consigam viver do seu salário e dependam da ajuda social! Aquilo de que necessitamos é salários justos para todos! Por isso o Unia luta decididamente por um salário mínimo. Aurora García Secretária pela migração e membro da redacção horizonte 2 Nr. 5 | Agosto 2012 | português CTT do serviço doméstico Notícias Há salários mínimos para trabalhadores breves do serviço doméstico 30 de Setembro: corrida contra o racismo A 30 de Setembro terá lugar em Zurique mais uma edição da corrida contra o racismo. Os interessados podem inscrever-se até ao dia 14 de Setembro. Preço da participação: 5.– a 15.– francos para crianças, pessoas em formação ou com um salário baixo. Para os outros, o preço é um pouco mais elevado. O dinheiro assim realizado será entregue ao SPAZ (colectivo de apoio aos sans-papiers), à ONG SAH de Zurique para os cursos «Movimento e encontro», bem como à Escola Autónoma de Zurique. As três entidades organizadoras, a União de Sindicatos Suíços do cantão de Zurique, o SPAZ e a SAH, esperam que muitas pessoas participem. Não se esqueça: domingo, dia 30 de Setembro na Bäckeranlage. Para mais informações: www.laufgegenrassismus.ch ou USS do cantão de Zurique. Jardinagem: basta de salários baixos! Através de uma acção na öga, a maior feira especializada no ramo da jardinagem, realizada em Koppingen (BE), o sindicato Unia chamou a atenção para os salários baixíssimos e as péssimas condições de trabalho praticados no ramo. Salários de menos de 3500 francos são habituais neste ramo de trabalho físico duro. Actualmente, estes salários não chegam para viver. São necessárias melhorias no ramo, é necessário um contrato colectivo de trabalho. Depois de greve: melhores condições laborais em Aperto Uma parte do pessoal de vendas da loja Aperto na estação de comboios de Thun protestou através de uma greve contra as más condições laborais. Depois de duras negociações, a empresa Alimentana AG e o sindicato Unia chegaram a um acordo. Os pontos mais importantes do acordo têm a ver com o horário de trabalho, as pausas e os suplementos temporais. Ticino: Armadores contra dumping salarial Cerca de 150 armadores do Ticino não foram trabalhar no dia 18 de Junho e realizaram, em vez disso, uma acção de protesto em Bellinzona. Eles protestavam contra o crescente dumping salarial nas obras do cantão. Por isso, eles exigem a introdução da responsabilidade solidária. Horário de trabalho, desconto para alimentação e alojamento, subsídio de férias, prazos de despedimento: quem trabalha no serviço doméstico tem direitos. Segue-se um resumo do mais importante. compensadas. Além disso, tem direito a um mínimo de quatro semanas de férias se tiver entre 21 e 49 anos de idade e cinco semanas se for mais velho ou mais novo. Nos feriados cantonais tem direito a folga ou a salário mais alto. Período experimental e prazos de despedimento Embora os direitos dos trabalhadores sejam claros, muitos dos ou das imigrantes que prestam assistência domiciliar são extremamente mal pagos. Eis algumas dicas para o caso de ser contratado directamente pela família. Se for contratado por uma agência, aplicam-se outras regras. Autorização e contrato Só pode trabalhar no serviço doméstico se for residente na Suíça ou oriundo de um Estado-Membro da UE. As condições de trabalho são iguais para todos. Existem modelos de contrato na Secretaria de Estado da Economia (Seco): http://goo.gl/JF49h. O que não estiver aí regulamentado está subordinado ao Contrato-tipo de Trabalho para os trabalhadores do serviço doméstico suíço (CTT do serviço doméstico): http://goo.gl/ dXin3 Salário à hora Se trabalhar mais de 5 horas por semana numa casa particular tem direito ao salário mínimo. Este oscila entre 18.20 francos à hora para Direitos dos trabalhadores do serviço doméstico regulados pelo CTT. pessoal sem formação profissional e 22 francos para trabalhadores com um certificado federal de aptidão. Se, além disso, prestar cuidados de saúde, tem direito a um salário mais alto. Controle o seu salário através do calculador de salários da União de Sindicatos Suíços: www.lohnrechner.ch. O serviço de piquete também conta como tempo de trabalho, embora a remuneração possa ser inferior ao salário mínimo. Horário de trabalho O horário de trabalho, as pausas e períodos de descanso têm de ser claramente regulamentados se viver em casa da família para quem trabalha. O Direito das Obrigações prevê, no mínimo, um dia de descanso semanal, sem serviço de piquete. O CTT do serviço doméstico de Zurique, por exemplo, recomenda 43 horas de trabalho semanal, no máximo. As horas extraordinárias têm de ser Geralmente o primeiro mês conta como período experimental, ambas as partes podem cessar o contrato no prazo de sete dias. De seguida aplica-se o seguinte: um mês de pré-aviso de despedimento no primeiro ano de serviço, dois meses até ao 9° ano e 3 meses a partir do 10° ano de serviço. Estes prazos também são válidos no caso de falecimento da pessoa a quem presta cuidados. Se estiver alojado em casa do empregador, este pode fazer-lhe descontos para o alojamento e alimentação, no máximo 33 francos por dia e 990 francos por mês. Para obter informações exactas, consulte o folheto «Salários mínimos para trabalhadores do serviço doméstico – primeiro CTT do serviço doméstico na Suíça», disponível no secretariado do Unia da sua região. Na página de internet do Secretariado para a Igualdade entre Homens e Mulheres do município de Zurique, www.stadt-zuerich.ch/gleichstellung, encontra hiperligações e downloads relativos ao tema. / Sina Bühler Unia e Reka – dinheiro para os tempos livres Os sócios do Unia podem adquirir por ano 500 francos em dinheiro Reka com 5 a 10 % de desconto. Este dinheiro para os tempos livres é um meio de pagamento bem-vindo em mais de 8700 balcões de recepção em toda a Suíça. Os sócios do Unia também podem beneficiar de outras ofertas Reka. A Reka, fundação suíça para viagens (desde 1939), é uma cooperativa que tem como objectivo a promoção de férias e ocupação dos tempos livres. Graças às receitas da venda dos cheques Reka, oferece férias especificamente concebidas para famílias menos favorecidas e monoparentais. Oferta diversificada para tempos livres e férias Quer seja desporto, cultura ou natureza, com o dinheiro Reka beneficia de diversas ofertas de tempos livres e férias a preços mais acessíveis: hotéis, restaurantes, agências de viagens, ca- minhos-de-ferro, autocarros, barcos, elevadores na montanha, parques de diversões, cinemas, museus, jardins zoológicos, circos, bilhetes para eventos comprados nos guichets das estações de comboios, carros de aluguer, Mobility CarSharing, bombas de gasolina (AVIA e BP) etc. Também pode pagar as férias nos resorts Reka na Suíça e no estrangeiro com o dinheiro Reka. Encontra informações mais detalhadas sobre os locais que aceitam o dinheiro Reka em: www. reka-guide.ch. Aí poderá também fazer o download do Guia Reka como App para iPhone. . . . passar férias com a família! Como funciona o sistema Reka? Como sócio do Unia tem direito a dinheiro Reka no montante de CHF 500 com 5 a 10 % de desconto. Todos os sócios recebem no fim do ano um vale, com o desconto incluído, para proceder ao pagamento (Reka Direct). Após o pagamento dessa quantia, a Reka envia-lhe os cheques directamente para casa ou se possuir um Reka-Card, ser-lhe-á feito o carregamento de CHF 500 no cartão. O vale de pagamento é sempre válido até ao fim de Novembro do ano seguinte. Férias Reka para toda a família Com o dinheiro Reka pode escolher lugares ideais para . . . Os aldeamentos de férias Reka são muito populares. Aí encontra propostas de recreação e relaxamento para crianças e adultos, com uma boa relação qualidade preço. Todas as ofertas de férias Reka podem ser pagas na totalidade com cheques e com o cartão Reka. Os sócios do Unia beneficiam de 10 % de desconto em todos os empreendimentos turísticos da Reka, na Suíça e no estrangeiro. O Unia também proporciona aos sócios com «orçamento apertado» uma semana de férias num apartamento da Reka, pelo preço simbólico de 100 francos. Para mais informações, contacte o secretariado do Unia da sua região. Também pode encomendar os catálogos de férias Reka por telefone, através do n.° 031 329 66 33, ou online em www.reka.ch. Aí encontra sempre as ofertas especiais em vigor e muitas outras dicas. / Aurora García horizonte 3 Nr. 5 | Agosto 2012 | português Taça AntiRa Alto Vallese Torneio de futebol contra o racismo e a discriminação Entrevista No sábado, dia 30 de Junho de 2012, decorreu em Visp a 3ª Taça AntiRa (Anti-racismo) Alto Vallese no recinto desportivo «Südegg». O torneio foi organizado pela juventude do Unia do Alto Valais, com o apoio de numerosos colaboradores. A prolongada crise económica na Europa agrava o desemprego, as já precárias condições de trabalho e aumenta o número de trabalhadores pobres. Isto provoca instabilidade. A sociedade mostra-se cada vez menos solidária e a insegurança alimenta a propaganda racista. Actualmente os imigrantes servem de bode expiatório para diversos problemas económicos e sociais. O racismo tornou-se omnipresente e socialmente aceitável. Porquê este torneio? Com o objectivo de sensibilizar para este fenómeno, realizam-se torneios anti-racistas desde há alguns anos em diversos países para tematizar e combater o racismo de uma forma criativa. A 1a Taça AntiRa na Suíça foi realizada em 2007 em Soleure/ Solothurn. Entretanto esta iniciativa tornou-se um movimento. Além da Taça do Alto Valais, há outros torneios em Lucerna, Berna, Genebra e Ticino. Jogou-se contra o racismo com equipamentos originais, . . . Balanço espectacular da 3ª Taça AntiRa do Alto Vallese Na 3a Taça AntiRa Alto Vallese participaram 14 equipas, entre elas a equipa «zämmu gwinnu», que é composta por requerentes de asilo e refugiados. Este torneio prescindiu de árbitro, o que não causou problemas, porque o «fair-play» e o respeito dominaram no campo de futebol. A equipa vencedora de 2012 chama-se Rude United. Ganhou na final por 2:1 contra a equipa IG IV Betrüger. Também este ano, o torneio demonstrou que no relvado e à volta da bola todos são iguais e que o racismo também pode ser chutado desta forma! / Aurora García Hilmi Gashi Os sans-papiers podem defender-se . . . sem discriminações . . . . . . e com muito fair-play. Os sans-papiers têm muitas vezes a sensação de não terem direitos. Não é verdade. As pessoas sem autorização de estadia têm direitos como outros trabalhadores: têm direito a condições de trabalho correctas e ao seguro de saúde básico. Os seus filhos têm o direito de frequentar a escola. Apesar destes direitos, os sans-papiers têm muito mais dificuldades de se defender contra abusos no local de trabalho. Por isso mesmo é tão importante que sejam filiados num sindicato. Hilmi Gashi, co-chefe da secção do Unia de Berner Oberland, explica como é que o Unia ajuda o sans-papiers. De que é que os sans-papiers mais se queixam? Que os seus chefes não respeitam os salários mínimos. Os sans-papiers são frequentemente vítimas de dumping salarial. Infelizmente muitas pessoas pensam que são os migrantes os culpados desta situação. Mas os responsáveis pelo dumping salarial não são os migrantes sem autorização de estadia, são as empresas que não cumprem as leis e que abusam da situação destas pessoas. O Unia regista os sans-papiers? Quando vamos às obras não controlamos os documentos dos trabalhadores, controlamos as condições de trabalho, bem como o cumprimento das tabelas salariais. Os secretários e as secretárias sindicais são especialmente treinados para lidar com sans-papiers? Não. Mas o Unia criou um código de comportamento para lidar com os sans-papiers e colocou-o à disposição das regiões. A mensagem aos nossos colegas é simples: os secretários sindicais não são a polícia de estrangeiros. Nós ocupamo-nos das condições de trabalho e que os salários mínimos sejam respeitados. E se estes não são correctos, então falamos com as empresas. Como é que o Unia ajuda os sans-papiers concretamente? Jornada do Unia sobre a imigração Por exemplo, o Unia faz com que o subsídio diário de saúde lhes seja pago. Conhecemos um caso concreto de um sans-papiers que teve um acidente e o patrão embolsou o subsídio diário de saúde. Porque o sans-papiers é sócio do Unia, pudemos levar o seu caso a tribunal, que lhe deu razão. Agora controlamos o pagamento deste dinheiro. Desafios na política de imigração O aumento crescente das rendas de casa, os comboios superlotados são alguns dos temas de discussão pública e cada vez mais se responsabiliza os imigrantes pelo seu agravamento. Isto não só por parte de círculos da direita, mas também por determinados grupos de ambientalistas. O Unia pretende debater estes temas numa jornada a realizar em Berna, no dia 8 de Setembro. Nos últimos anos, aumentou a imigração de cidadãos provenientes dos Estados-Membros da UE. O descontentamento aumenta e cada vez há mais vozes que culpabilizam os imigrantes pela escassez de habitação, pelo congestionamento do trânsito ou pela superlotação dos meios de transporte públicos. Um desafio à política O Unia exige que estes problemas sejam abordados pelos políticos sem prejuízo dos imigrantes que aqui trabalham. Por isso organiza no dia 8 de Setembro uma jornada em Berna, sobre o tema «Migração e respostas do Unia aos novos desafios na política de migração». Do programa O Unia também ajuda quando os salários não são pagos? Ajuda. E ajudamos mesmo quando alguém já não está na Suíça e não recebeu o último salário. fazem parte palestras e discussões em grupos de trabalho. Convidados falarão sobre formação, escassez de pessoal especializado, de habitação e de meios de transporte. A jornada é pública. As pessoas interessadas podem inscrever-se por e-mail: [email protected] ou por correio: Gewerkschaft Unia, IG Migration, Weltpoststrasse 20, 3000 Bern 15. As despesas de deslocação serão reembolsadas aos sócios do Unia. / Aurora García O Unia ajuda em caso de problemas com o Departamento de Migração? Isso não nos é, infelizmente, possível. Mas o Unia apoia diferentes grupos e organizações que ajudam os sans-papiers na legalização do seu estatuto na Suíça e do reagrupamento familiar. Em casos especialmente difíceis, para a legalização de pessoas individuais, indicamos postos de aconselhamento especializados, que também são apoiados pelo Unia. / Sina Bühler Encontra mais informações na brochura «Tu tens direitos» no seu secretariado Unia ou online em http://unia.ch/Sans-Papiers.1339.0.html?&L=10. A brochura está a ser actualizada e estará novamente disponível a partir do Outono 2012. Encontra mais informações em www.sans-papiers.ch. horizonte 4 Nr. 5 | Agosto 2012 | português Formação profissional para mulheres de língua portuguesa Progredir valeu a pena! Pergunte, que nós respondemos A alegria foi total entre as finalistas e as pessoas que trabalharam no Progredir. 11 mulheres portuguesas terminaram em Junho passado a sua formação profissional com um certificado federal de aptidão profissional (CFC/EFZ). Progredir é um projecto-piloto único na Suíça e o sucesso dos exames confirma o seu valor. Grande era a felicidade das mulheres na festa de entrega dos diplomas. 80 % das que foram a exame conseguiram terminar com sucesso a formação profissional. Algumas mal acreditavam ter conseguido, outras nunca duvidaram que conseguiriam. Mas a felicidade era comum a todas. E não era menor da parte dos responsáveis da Fundação ECAP e do Unia, que criaram o projecto. Projecto-piloto de formação profissional O Projecto Progredir, a funcionar no cantão de Vaud, tem como objecto dar formação profissional a mulheres de língua portuguesa. Um estudo do sector de migração do Unia tinha revelado que os migrantes portugueses, especialmente as mulheres, têm pouca formação escolar e profissional. E na Suíça não há muitas possibilidades para adultos fazerem uma formação em horário pós-laboral. O Projecto Progredir foi por isso algo completamente novo. Grande investimento pessoal Houve momentos difíceis ao longo dos dois anos e meio de formação: porque não havia experiências anteriores semelhantes, o projecto teve de ser concebido e testado do zero. Surgiram, por isso, dificuldades inesperadas que tiveram de ser resolvidas caso a caso. Estes momentos foram às vezes desmotivantes para as mulheres, que já tinham de fazer um enorme esforço para conciliar trabalho, família e a formação. Muitas ganharam segurança e autoconfiança Paula da Silva, responsável da Fundação ECAP pelo Projecto Progredir, acompanhou as mulheres em todos os momentos da formação. Ela alegra-se pelas mulheres que perseveraram e orgulha-se pelo facto de tantas mulheres terem obtido o certificado. «As mulheres portuguesas mostraram a todos os que tinham dúvidas que, com investimento, elas conseguem fazer muito!», alegra-se ela. Também Amílcar Cunha, secretário sindical da região de Vaud, acompanhou as mulheres desde o início. Ele viu como elas se transformaram, ganhando segurança e auto-confiança. Só com isso, na opinião dele, o projecto já seria um sucesso. Ele acha a formação das mães também importante para a segunda geração. «Os filhos podem orgulhar-se das suas mães. Elas servem de exemplo para o percurso escolar deles. É o caminho para uma melhor integração na sociedade local.» E a seguir? O projecto continuará até 2013 porque algumas mulheres irão então a exame. A ECAP e o Unia discutem agora uma eventual continuação do Progredir para lá da fase de projecto-piloto. / Marília Mendes Retrato Dora Machado é uma das finalistas do Projecto Progredir que obtiveram o certificado federal de aptidão profissional (CFC/EFZ). Ter feito a formação profissional suíça, em francês, é para ela motivo de orgulho e de satisfação. Em Portugal tirou o sexto ano, mas aqui sentia que «não a levavam a sério». Agora muito mudou, sente-se cultivada e melhor integrada. O país que mudou a sua vida Antes de vir para a Suíça em 2002, Dora viveu quatro anos no Canadá. «O Canadá mudou a minha vida, desde o penteado à minha forma de estar e de ver o mundo: transformei-me numa pessoa aberta e que acredita em si», afirma Dora. Porque não conseguiu regularizar a sua situação, voltou a Portugal. Aí conheceu Francisco Machado, com quem casou. «Vim para a Suíça por causa do meu marido, mas no início arrependi-me. Os suíços são muito diferentes dos canadianos, pareceram-me frios, calculistas. Em Portugal tinha um bom trabalho, na Suíça não consegui emprego. Senti-me tão desvalorizada! Ainda pensámos em regressar a Portugal, mas o meu marido estava a Sou carpinteiro e estou desempregado há anos. Nos dois últimos anos tive três empregadores e trabalhei no total 14 meses. Para dois trabalhei a tempo inteiro e atingi 11 meses de trabalho. Entre os dois trabalhei para um colega como ajudante. Agora a caixa de desemprego recusou o meu requerimento de subsídio de desemprego, afirmando que eu só posso comprovar 11 meses de trabalho assalariado e não os 12 meses necessários. Isto é correcto? Michael Schweitzer: Não. O senhor trabalhou três meses para um colega, Porque a relação de trabalho era a prazo e se limitava a poucas horas de trabalho ao mês, o senhor e o seu chefe não contribuíram para a AHV/AVS. Isso é possível porque, no caso de um salário anual inferior a 2300 francos, a contribuição para a AHV/AVS só tem de ser feita se o empregado o desejar expressamente. O senhor não pode ser responsabilizado por não o ter feito. O seu trabalho tem, assim, de ser considerado pela caixa de desemprego como uma trabalho assalariado de contribuição obrigatória e o senhor tem, por isso, direito ao subsídio de desemprego. work, 1.3.2012 Abono de família: Tenho de fazer descontos para a AHV/AVS? Recebo 400 francos por mês de abono de família para os meus dois filhos. Mas a minha chefe desconta deste contribuições para os seguros sociais. Isto é correcto? Peter Schmid: Não, não é correcto. As contribuições para os seguros sociais (AHV/AVS, seguro de invalidez, seguro de vencimento, bem como seguro de desemprego) são descontadas dos chamados rendimentos do trabalho. A estes pertencem, além do salário, por exemplo: suplementos para horas extraordinárias, trabalho nocturno ou dominical, bem como a actualização face ao nível de vida. Gratificações, prémios de trabalho e subsídios de férias ou para os dias feriados também são rendimentos do trabalho. Mas abonos de família e bolsas de estudo não são rendimentos do trabalho, de acordo com o artigo 6 do decreto-lei da AHV/AVS. O empregador não pode, por isso, fazer descontos sobre eles. Mais: os subsídios diários em caso de acidente ou doença também não são considerados rendimentos do trabalho e também sobre eles não podem ser feitos descontos. O mais importante é acreditar em si Chuvisca na margem norte do Lago Leman. No parque infantil de Chardonne, uma povoação situada entre as vinhas sobre Vevey, os filhos de Dora Machado entretêm-se a brincar. Dora aproveita este momento para falar da sua vida e do Projecto Progredir. Foi assim que conseguiu fazer a formação: aproveitando bem todos os momentos. Ela e as outras mulheres do projecto tiveram, durante dois anos e meio, de conciliar trabalho, família e a frequência dos cursos em Vevey ou em Lausana. Trabalho como ajudante: Recebo subsídio de desemprego? work, 8.6.2012 Dora Machado: Finalista do Projecto Progredir preparar-se sozinho para fazer o CFC, depois as crianças entraram na escola. Decidimos ficar.» Projecto Progredir Quando surgiu a possibilidade de participar no Projecto Progredir, Dora não hesitou. Durante dois anos e meio, o projecto dominou a vida familiar. Não foi fácil, foi preciso vontade, organização e muito apoio do marido. «Às vezes faltava-me motivação, pensava em desistir. Sou porteira na urbanização onde vivemos, mas é um trabalho solitário, antes de as crianças andarem na escola passava dias e dias sem falar com ninguém. Tinha esperança de, com a formação, mudar de profissão. Quando soube que isso não era possível, por falta de experiência profissional noutra área, fiquei abalada, quis desistir.» Depois informaram-na melhor sobre tudo o que poderia fazer com a formação em limpezas, por isso decidiu continuar. E ainda bem que o fez! Emigração da Suíça: O que acontece com a caixa de pensões? Daqui a uns tempos vou emigrar para Cuba. Posso levantar em dinheiro o meu capital acumulado quando deixar a Suíça? Philip Thomas: Sim, isso é possível. Um levantamento em dinheiro do seu capital acumulado da previdência profissional é possível se puder provar que vai deixar a Suíça para ir viver no estrangeiro. No caso de uma mudança para um país da UE, a Islândia, Noruega, Bulgária ou Roménia, o levantamento do capital em dinheiro não é possível se nestes países for obrigatório um seguro para os riscos velhice, morte e invalidez. Em contrapartida, é possível o pagamento da parte extra-obrigatória do capital acumulado. Um pagamento da totalidade do capital só é, assim, possível para pessoas que vão emigrar para países que não sejam da UE ou um dos países mencionados. Um caso especial: o pagamento ainda nunca foi permitido em caso de emigração para o Lichtenstein. work, 15.12.2011 O esforço valeu a pena! Dora sente que a sua situação na Suíça mudou – já não se sente inferiorizada. É ainda cedo para falar de projectos futuros, mas ela espera poder mudar para um emprego que lhe agrade mais. Mesmo que não consiga, Progredir valeu a pena: aprendeu muito, sente-se valorizada e tanto ela como o marido serão, no futuro, um exemplo positivo para os filhos. Impressum: Beilage zu den Gewerkschaftszeitungen work, area, Événement syndical | Herausgeber Verlagsesellschaft work AG, Zürich, Chefredak tion: Marie-José Kuhn; Événement syndical SA, Lausanne, Chefredaktion: Sylviane Herranz; Edizioni Sociali SA, Lugano, Chefredaktion: Gianfranco Helbling | Redaktionskommission A. García, M. Akyol, D. Filipovic, M. Martín, M. Mendes, O. Osmani | Sprachverantwortlich Marília Mendes | Layout C. Lonati, Unia | Druck Ringier Print, Adligenswil | Adresse Unia Redaktion «Horizonte», Weltpoststrasse 20, 3000 Bern 15, [email protected] / Marília Mendes www.unia.ch
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