Pão e rosas no Dia Internacional da Mulher
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Unia luta por melhores condições laborais Ramo de pinturas e estuque: Procura de soluções regionais para reforma antecipada 2 Trabalho temporário: Agora há um CCT para o ramo Comunidade portuguesa: 3 Manifestação pelos seus direitos a 17 de Março 4 Nr. 1 | Março 2012 | português Sai como suplemento do jornal «work» | Redacção T +41 31 350 21 11, F +41 31 350 22 11 | [email protected] | www.unia.ch 8 de Março: Dia Internacional da Mulher Pão e rosas no Dia Internacional da Mulher Editorial A iniciativa pelo salário mínimo A luta pela igualdade salarial entre mulheres e homens continua. No dia 8 de Março, o Unia estará presente em lojas e empresas com rosas e exigência de igualdade salarial e salários mínimos mais altos. Há mais de cem anos que o Dia Inter nacional das Mulheres é importante para os movimentos feminino e sindi cal. Salários mais elevados, igualdade salarial entre mulheres e homens, me lhores condições de trabalho e tempos de trabalho mais reduzidos, foram des de o início alguns dos temas deste dia. Pão e rosas Faz em 2012 exactamente 100 anos que as trabalhadoras têxteis de Law rence, Massachusetts, durante a cha mada greve de «Pão e Rosas», não só lutaram por salários justos (pão), mas também por condições de trabalho e de vida humanas (rosas). Esta gre ve foi liderada por mulheres, muitas delas migrantes, que decidiram lu tar pelos seus interesses. Elas conse guiram vitórias consideráveis, como aumentos salariais de até 25 %. Em Março de 2012, o Unia irá distribuir rosas, porque ainda hoje queremos salários justos e reconhecimento pelo nosso trabalho. Igualdade salarial e salários mínimos já No início do ano, o Unia e a União de Sindicatos Suíça (USS) entregaram o número de assinaturas necessário para que a Iniciativa pelo Salário Mínimo vá a referendo. Esta exi ge que todos os trabalhadores na Suíça recebam, para um trabalho a tempo inteiro, no mínimo 4000 Fr. Sobretudo as mulheres não recebem muitas vezes o suficiente para viver dignamente. Trabalhos «femininos», salários mais baixos Os trabalhos tipicamente «femini nos» no sector dos serviços – por ex., vendas, limpezas, cabeleireiros, cuidados pessoais – mas também em determinados ramos da indústria são aqueles que têm os salários mais bai xos. Salários mínimos mais altos são, por isso, um meio importante na luta contra a discriminação das mulhe res. A diferença entre os salários dos homens e das mulheres é, na Suíça, de 18 %. Luta contra a discriminação salarial É escandaloso que o trabalho femi nino seja considerado menos valioso do que o masculino. A discriminação salarial das mulheres tem consequên cias graves para a sua independência, para a sua participação como igual na sociedade e para a aposentação. O direito a salário igual para trabalho igual é um direito constitucional e pode ser exigido em tribunal. Para is so é, no entanto, necessário coragem e resistência. Luta contra a discriminação salarial Exemplos como o da vendedora da Migros, Catherine Reid de Neuchâtel, são, por isso, tão importantes: ela ve rificou que ganhava menos 300 Fr do que um colega mais novo. Além das tarefas idênticas, ele ainda descarre gava três vezes por semana camiões de mercadorias. Mas Catherine Reid também assumia frequentemente a caixa e ocupava-se das encomendas. O tribunal tem agora de obter um parecer especializado comparando as tarefas típicas de operadoras de caixas e vendedoras com as dos seus colegas masculinos. Projecto Diálogo para a Igualdade Salarial Felizmente nem sempre a ida ao tribunal é necessária. Juntamente com os e as colegas, os funcionários podem convencer a empresa a veri ficar se está a pagar salários iguais, entrando para o Projecto Diálogo sobre Igualdade Salarial. E só o facto de se falar sobre o salário já vale a pena. Quem estiver bem informado pode mais facilmente exigir os seus direitos, seja um salário justo, seja um aumento salarial. / Christine Michel A brochura do Unia «Salário igual para trabalho igual», publicada em oito línguas, contém mais informações. Pode encomendá-la através de [email protected]. Protecção e dignidade para todos os trabalhadores Na Suíça há 400 000 trabalhadores que não ganham o suficiente para, com um trabalho a tempo inteiro, viverem com dignidade. Dois terços são mulheres. A maioria trabalha em ramos que não estão sujeitos a um contrato colectivo de trabalho (CCT). Nas vendas e na indústria, por exemplo, cerca de 50 000 pessoas ganham menos de 4000.– francos ao mês. Também noutros ramos os trabalhadores ganham muito pouco. Quem é que pode, com tais salários e face ao constante aumento das rendas e dos prémios do seguro de saúde, garantir para si e para a sua família uma vida digna? CCTs com salários mínimos obrigatórios para todas as empresas são, na perspectiva do Unia, o melhor meio contra a pressão sobre os salários e contra os salários baixos. Na restauração, por exemplo, o Unia conseguiu, graças ao CCT e às negociações com os parceiros sociais, que os salários mínimos subissem cerca de metade dentro do prazo de 10 anos e que o 13º mês fosse introduzido. Enquanto os directores se permitem ganhar salários milionários e bónus fantásticos, há milhares de trabalhadores que mal ganham o suficiente para subsistirem na Suíça. A iniciativa pelo salário mínimo pretende acabar com esta injustiça. Ela ajuda a fechar o leque salarial, protege os mais fracos e garante a dignidade de todos os trabalhadores. O trabalho deve valer a pena e deve haver um salário justo para todos os trabalhos. Por isso precisamos da iniciativa pelo salário mínimo. Vania Alleva membro do comité director horizonte Notícias breves Segurança social Greve por um CNT melhor As grandes mudanças para 2012 vão verificar-se no seguro de invalidez. De resto, as mudanças neste ano são de natureza técnica e há uma degradação das pensões. Só em casos isolados se verificam melhorias. As negociações para um contrato nacional de trabalho (CNT) melhor têm falhado até agora devido à atitude inflexível da Sociedade Suíça de Empresários da Construção (SSEC). Para conseguirmos finalmente mais protecção contra o dumping salarial e um regulamento justo para os casos de mau tempo, temos de lutar com todos os meios para um novo CNT. A partir de Março haverá as primeiras greves. Se isso não chegar, as greves alargar-se-ão a toda a Suíça. Informa-te na tua secção sobre as acções que estão planeadas! 2 Nr. 1 | Março 2012 | português Segurança social 2012: O que muda? O que se mantém igual? Pensões de reforma As pensões de reforma não serão ajus tadas aos salários e preços, uma revi são das pensões só está prevista para 2013. Por isso as pensões de reforma mantêm-se iguais a 2011. A reforma mínima é de 1.160 francos, a máxima de 2.320 francos e o valor máximo para cônjuges é de 3.480 francos. Mas estão em preparação algumas alterações legislativas às reformas, en tre elas há uma iniciativa pendente que exige a idade de reforma de 65 anos para as mulheres. o título de reinserção no mundo do trabalho, serão reavaliadas as pensões de 17 000 pessoas e, se for caso disso, reduzidas ou anuladas. Depois da redução ou anulação da pensão, as pessoas atingidas têm direito a medidas de reinserção no mundo do trabalho e continuarão a receber a pensão durante um período de dois anos, no máximo. Mas os pensionistas que no dia 1 de Janeiro 2012 tiverem 55 anos ou que, no momento da avaliação da pensão, já recebam a pensão há mais de 15 anos não são atingidos por esta medida. Revisão do seguro de invalidez: reinserção no mundo de trabalho Seguro de invalidez: trabalho à experiência Continua a haver muitas mudanças no seguro de invalidez (IV/AI). As regras introduzidas pela revisão 6a entraram em vigor em 1.1.2012. Sob Uma nova medida de reinserção é o trabalho à experiência. Esta medi da prevê a mediação de reformados por invalidez para que estes possam, numa empresa, demonstrar as suas capacidades. Por seu lado, o empre gador pode, sem encargos e num período de 6 meses, verificar as ca pacidades da pessoa, que continua a receber a pensão de reforma. O empregador não tem, no entanto, obrigação de empregar a pessoa de pois deste período, o que pode ser frustrante. Taxa mínima para a previdência profissional fixada em 1.5 % Ainda o seguro de invalidez: contribuição para assistência Os desempregados de longa data são por vezes pessoas mais idosas. Para que a situação não seja tão difícil, o período de cotização necessário para se ter direito a 520 dias de subsídio foi reduzido de 24 para 22 meses. Estas pessoas têm, assim, direito a 520 dias de subsídio de desemprego desde que tenham cotizado, nos dois anos an teriores ao momento de desemprego, pelo menos durante 22 meses. A revisão do seguro de invalidez in troduz, além disso, a contribuição para assistência. Esta permite que as pessoas que têm uma pensão por grande invalidez e que vivem em casa ou que gostariam de o fazer, mas necessitam para isso de assistência, possam contratar uma pessoa para esse fim. A contribuição será corres pondente ao tempo necessário para essa assistência. O Conselho Federal estipulou para isso um valor de 32 francos à hora (incluindo férias). Em 2012 a taxa mínima da previdên cia profissional atingirá um ponto baixo: 1.5 %. Desta forma, o capital acumulado para a aposentação au menta muito menos do que em anos anteriores. Subsídio de desemprego União de Sindicatos Suíça Direito sem fronteiras As multinacionais suíças também fazem negócios sujos no estrangeiro sem serem punidas. Uma campanha de cerca de 50 organizações dos direitos humanos e de cooperação, associações femininas e ecológicas, grupos religiosos e sindicatos exige regras claras para as multinacionais suíças, a nível internacional. O Unia também participa na campanha. Pode assinar uma petição online. Taxa de câmbio não é motivo para redução salarial O Tribunal de Comarca de Arlesheim (BL) aceitou a acção de 6 ex-trabalhadores/as de Stöcklin Logistik AG, de Aesch. Stöcklin tinha despedido os/as trabalhadores/as porque estes não tinham aceite a redução salarial de 6 % para transfronteiriços. Agora a empresa tem de indemnizar os lesados no valor de três meses de trabalho. O Unia exige de Stöcklin e de outras empresas que deixem de fazer reduções salariais discriminatórias. Os patrões do Ticino aceitam a responsabilidade solidária Para fazer frente ao dumping salarial, os sindicatos reivindicam a introdução no CCT da responsabilidade solidária das empresas principais em relação aos subcontratos. Significa isto que as empreiteiras também são responsáveis quando as empresas subcontratantes fazem dumping salarial. Até agora o patronato tem-se oposto a esta medida. Entretanto, no Ticino chegou-se a um acordo provisório sobre o CNT que inclui a responsabilidade solidária. Agora o objectivo é tentarmos obter um CNT que ofereça mais protecção aos trabalhadores. FAR/CCT do ramo de pinturas e estuque Não dos patrões à reforma antecipada (FAR) O não categórico dos empregadores do ramo de pinturas e estuque ao FAR é um golpe duro para as/os trabalhadoras/es do ramo, que vêm exigindo este sistema de reforma há anos. Face a esta situação, torna-se provável a procura de soluções regionais. Esta situação também afecta as negociações para o CCT. Em Dezembro de 2011 tornou-se cla ro que os patrões do ramo de pinturas e estuque se recusavam a negociar uma reforma antecipada flexível. Es ta notícia esteve no centro da confe rência profissional do Unia que teve lugar a 31 de Janeiro de 2012 em Zurique. Os delegados presentes de signaram a atitude dos patrões como «uma provocação» porque o modelo de reformada antecipada do ramo é uma reivindicação que vem sendo feita há cerca de 8 anos. Pintores e estucadores de Berna manifestam-se. Adesão ao modelo FAR da Suíça francesa? Os delegados decidiram unanime mente que desejavam uma adesão ao modelo de reforma antecipada das actividades afins da construção em vigor na Suíça francesa (RESOR). A reforma antecipada de acordo com o modelo RESOR já existe também para pintores/as e estucadores/as de Basi leia e para estucadores/as do Ticino. Os delegados, sobretudo os de Berna e da Suíça Central, querem soluções regionais semelhantes. Negociações do CCT: aumentos de 3 % Porque os empregadores se recusam a negociar a reforma antecipada, devem compensar isto com outras concessões. É esta a exigência dos delegados da conferência profissio nal. Eles exigem sobretudo aumentos salariais de 3 %, ou seja de 150 francos ao mês, um ajuste correspondente dos salários mínimos, bem como mais três dias de férias, o pagamento na totalidade do tempo de viagem, uma limitação do trabalho ao sá bado, que tem vindo a aumentar, e uma melhor protecção contra o despedimento para os representantes dos trabalhadores. / Aurora García horizonte 3 Nr. 1 | Março 2012 | português Votações federais de 11 de Março de 2012 Entrevista Mais férias para todos! A 11 de Março, a população suíça será chamada a votar, entre outras coisas, a iniciativa dos sindicatos «6 semanas de férias para todos». Apresentamos-lhe as razões para um SIM. Em nenhum outro país europeu se trabalha tanto e em nenhum outro resta tão pouco tempo para descan sar como na Suíça. Uma pessoa que trabalha a tempo inteiro na Suíça trabalha em média mais do que 44 horas por semana. Na Alemanha tra balha 40 horas. Nós produzimos cada vez mais Todos os anos produzimos mais no mesmo tempo, a produtividade la boral aumentou 20 % nos últimos 20 anos. Em contrapartida, os nossos sa lários só aumentaram cerca de 6,4 %. São sobretudo os accionistas e gesto res quem beneficia do nosso trabalho. Mais descanso! A pressão e a correria constante le vam a que as pessoas adoeçam. Há ca da vez mais esgotamentos e casos de invalidez entre os trabalhadores mais SIM a mais férias para todos! Célio Rodrigues: «Só quem luta pode ganhar» idosos. O excesso de trabalho custa ao erário público até 10 mil milhões de francos por ano. Os trabalhadores necessitam com urgência de mais descanso porque em nenhum outro país da Europa há tão poucas férias e feriados como na Suíça. Enquanto aqui há 29 dias de descanso, na Áus tria, por exemplo, há 38. Com a iniciativa «6 semanas de férias para todos» será possível que todos os trabalhadores e todas as trabalha doras na Europa tenham o mesmo número de dias de descanso. / Aurora García A 17 de Janeiro houve festa rija em Nyon: Novartis concordou não fechar a fábrica em Prangis, perto de Nyon, e manter os postos de trabalho de 350 trabalhadores. Apesar de ter tido um lucro líquido de mais de 10 mil milhões de francos, Novartis tinha anunciado que iria fechar a fábrica. Depois de greves dos trabalhadores, a direcção da multinacional dispôs-se a negociar com eles. Célio Rodrigues, presidente da comissão de pessoal e figura importante do movimento de resistência, fala da sua reacção à notícia. Empresas de trabalho temporário CCT finalmente em vigor Como foi a vossa reacção depois do sucesso obtido? caso de casamento, 1 em caso de morte dos pais. Um 13º mês e salários mínimos Há um 13° mês. E para alguns ra mos são definidos salários mínimos: 16.45 Fr para pessoas sem formação, 23.60 Fr para pessoas com formação, mais a parte correspondente do 13° mês, férias e pagamento dos dias fe riados. Em regiões de salários eleva dos, como Zurique ou as aglomera ções de Berna e Basileia, deverão ser aplicados salários mais altos. Novas medidas são um subsídio em caso de impossibilidade de trabalhar por do ença, a obrigatoriedade de cotização para a previdência profissional bem como o direito à formação contínua. Agora há um CCT para os trabalhadores temporários. O CCT das empresas de trabalho temporário foi finalmente declarado de obrigatoriedade geral e é por isso aplicável a todas estas empresas e a todos os trabalhadores temporários. O mais importante: O novo CCT afecta sobretudo os ramos que não têm um CCT de obrigatoriedade geral e por isso não têm uma norma mínima, como as vendas, por exemplo. Em secto res como a construção, as regras já existentes têm prioridade. No CCT há uma lista dos contratos que, mesmo não sendo de obrigatorieda de geral, têm prioridade e também são válidos para os trabalhadores temporários. Regulados os tempos de trabalho e as férias Todos os tempos de trabalho para a mesma empresa de trabalho tempo rário são contados. Os trabalhadores têm direito a 20 dias de férias e a 25 a partir dos 50 anos. Quem trabalha mais de 13 semanas tem direito ao pagamento de férias. Os temporá rios têm ainda direito a uma in demnização em caso de ausências inevitáveis. Têm direito a 3 dias em «Espero que a nossa luta ajude outras pessoas» E em caso de infracção às regras? No caso de infracção às regras por parte das empresas, a comissão pa ritária responsável pela execução do CCT tem de entrar em acção. Pode aplicar sanções, que podem ir desde multas à retirada da autorização de exercer a actividade. / Aurora García Nunca imaginei que Novartis aceitasse todas as nossas sugestões. Estamos todos bem felizes. Muitos agradecem-nos e felicitam-nos. Também nós temos de agradecer a todos os que nos apoiaram. Mas há uma certa amargura dos trabalhadores que têm agora de trabalhar 40 horas por semana, em vez das 37,5 anteriores, sem aumento de salário. A situação económica da Novartis é boa, por isso um tal sacrifício não seria necessário. A comissão de trabalhadores e o Unia nunca quiseram tocar nas condições laborais e salariais, mas dois terços dos trabalhadores aceitaram esta condição colocada pela Novartis. Se tudo correr bem e a produção aumentar, esse será um ponto a renegociar quando houver a renovação do contrato colectivo de trabalho. Como foram estes dois meses de luta? Foi duríssimo, estamos todos esgotados. No início, alguns dos colegas não acreditavam que conseguíssemos. Mas depois de algum tempo e devido aos muitos apoios que tivemos de vários lados, eles mudaram a sua opinião. Hoje estamos unidos e a luta valeu a pena. Acho que Novartis não contava com tanto ruído. A sua opinião sobre Novartis mudou? Nada ficou como antes. É como quando uma pessoa se divorcia e depois volta a juntar-se: fica uma cicatriz. Agora sabemos que o mais importante para eles é o dinheiro. Todos os anos querem ainda mais lucro. Temos de acabar com esta fome de cada vez mais dividendos, mesmo que alguns empregados sejam também accionistas. A sua opinião sobre as lutas sindicais também mudou? Espero nunca voltar a estar numa situação semelhante, mas aprendi nos últimos 3 meses mais do que nos meus 10 anos como membro da comissão de trabalhadores. Espero que a nossa luta também ajude outros. A nossa luta mostrou que vale a pena lutar. Só quem luta pode ganhar. / Aline Andrey Pode obter mais informações na página Web www.tempservice.ch, através do e-mail [email protected] ou ainda no secretariado sua região. horizonte Cursos de língua e cultura portuguesas Para onde vai o ensino de Português no estrangeiro? Cerca de 3000 crianças ficaram sem aulas de Português em Dezembro de 2011 quando o Instituto Camões, por instruções do MNE, decidiu despedir, só na Suíça, 20 professores dos cursos de língua e cultura portuguesas. Como resposta, os pais criaram o Movimento Cívico de Defesa do Ensino da Língua Portuguesa. Na altura foi prometido que seriam rapidamente encontradas soluções para a falta de aulas de Português. Mas as soluções encontradas são tu do menos satisfatórias: redução do tempo de aulas, junção de turmas, aumento do número de alunos por turma. E ainda há crianças sem aulas, só em Zurique são cerca de 700. tem o direito constitucional ao en sino de Português no estrangeiro, como para com as autoridades suíças, com quem existem acordos que o Estado Português deve honrar. O não cumprimento é negativo para toda a comunidade. Os pais querem ainda que as autorida des portuguesas comuniquem com as suíças. Em Zurique, por exemplo, os responsáveis pelos cursos de língua e culturas maternas queixaram-se que as autoridades portuguesas na Suíça nem sequer respondem aos pedidos de informação e diálogo feitos. No dia 14 de Janeiro, os pais reuni ram-se numa assembleia em Zurique e criaram o Movimento Cívico de De fesa do Ensino da Língua Portuguesa. Os pais querem que o estado portu guês cumpra os seus compromissos, tanto para com a comunidade, que José Cesário, Secretário de Estado para as Comunidades Portuguesas, recebeu elementos do Movimento Cívico e insinuou que os números de alunos apresentados pelos profes sores não são correctos. Afirmou que as crianças continuarão sem aulas e garantiu que iria ser aberto concurso para 100 professores na Suíça. Quer isto dizer que serão despedidos mais 27 professores, uma vez que há actu almente 127 na Suíça. / Marília Mendes Crise da dívida em Portugal Quem é que está a pagar a crise? O Primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, afirmou que para Portugal sair da crise, os portugueses teriam de empobrecer. Mas «esqueceu-se» de referir que o empobrecimento não é para todos. Portugal é o único país onde os mais pobres são mais afectados pelas me didas de austeridade do que os mais ricos. Enquanto os primeiros têm menos 6 % de rendimento disponí vel, os mais ricos só têm menos 3 %. Esta é uma das conclusões do estudo comparativo sobre a aplicação das medidas de austeridade em 6 países europeus, publicado pela Comissão Europeia em Dezembro de 2011. Estes dados reportam-se ao período entre 2009 e 2011, do governo socia lista. Mas será que a situação mudou com o governo actual? Longe disso! 2012: Os mais pobres pagam mais impostos Baseando-se no Orçamento do Esta do para 2012, PriceWaterhouseCoo pers, uma empresa internacional de consultadoria, fez simulações dos or çamentos familiares e da carga fiscal para 2012. As conclusões são chocan tes: os impostos sobre os rendimen tos mais baixos subirão cerca de 8 % em relação a 2011, enquanto que os impostos sobre os rendimentos mais elevados baixarão em cerca de 8,9 %. dimento. É de notar que Portugal tem actualmente uma taxa de desempre go record: 14 % (em Dezembro 2011 era 13,6 %). As desigualdades têm vindo a aumentar As desigualdades têm vindo a au mentar em todos os países europeus, mesmo os tradicionalmente mais igualitários, segundo um estudo pu blicado no ano passado pela OCDE. Não surpreende que Portugal sur ja aqui como o país europeu onde existe mais desigualdade. O projecto político do actual governo português baseia-se no empobrecimento e na emigração dos portugueses mais po bres. Se nada mudar, estas políticas de desigualdade vão continuar a criar miséria e podem levar a confrontos sociais, como se vê actualmente na Grécia. Até quando? Portugal: Acordo de concertação social O «acordo de concertação social» assinado no dia 14 de Janeiro de 2012 em Portugal entre representantes dos empregadores, Governo português e a UGT representa um enorme retrocesso na situação laboral dos portugueses. Despedir os trabalhadores passa a ser mais fácil e mais barato. No caso do despedimento por «inadaptação», o acordo é suficientemente genérico para permitir decisões aleatórias do empregador. E despedimento será mais barato, porque as indemnizações serão reduzidas. Além disso, o acordo prevê um aumento do tempo de trabalho, ao eliminar 4 dias feriados, e ao retirar 3 dias do tempo de férias. Os trabalhadores são, se necessário, obrigados a trabalhar ao sábado, sendo o domingo o único dia em que o descanso é garantido. Pelo trabalho ao sábado, o empregador só terá de pagar mais 25 %. Neste acordo unilateral, a UGT tudo cedeu e não recebeu dos empregadores nada em troca. E não se entende para quê, pois o efeito sobre a produtividade é muito duvidoso. / Marília Mendes Trabalhar por conta própria: tenho direito ao meu capital acumulado da previdência profissional? Estou já há algum tempo desempregado e quero, por isso, montar a minha própria empresa na Primavera. Posso para isso levantar o capital acumulado da previdência profissional? Em caso afirmativo, o que devo ter em conta? Véronique Aeby: Pode. Pode levantar a sua prestação de saída em dinheiro quando começa a trabalhar por conta própria e já não está sujeito à providência profissional obrigatória. Por isso deve apresentar à sua caixa de pensões a prova em como passou a trabalhar como independente. Pode fazer isso entregando uma declaração da caixa de compensação da AHV/AVS [AHV-Ausgleichskasse/Caisse de compensation AVS] ou da direcção de Finanças em como se inscreveu como independente. Tem de apresentar à caixa de pensões o requerimento para o pagamento em dinheiro do capital acumulado da previdência profissional no ano seguinte ao início da sua actividade como independente. Se for casado, só pode levantar o capital acumulado se o seu cônjuge concordar e assinar também o requerimento. Com este medida, impede-se que o capital da caixa de pensões simplesmente desapareça à custa do parceiro. O dever de obter a concordância do seu cônjuge é da sua responsabilidade e não da caixa de pensões. Esta tem no entanto o dever de verificar se existe realmente um motivo para o levantamento do dinheiro, mas também comprovar se é casado e se o consentimento do cônjuge é obrigatório. work, 20.01.2012 Trabalho reduzido: A chefe pode reduzir-me as férias? A nossa empresa vai introduzir nos próximos cinco meses trabalho reduzido. O trabalho semanal será reduzido em 20 % e a semana passará a ser de 4 dias. A chefe quer agora reduzir proporcionalmente as férias dos trabalhadores. Ela diz que quando se trabalha menos também há menos dias de férias. Segundo ela é o que está previsto na lei. É verdade? Peter Schmid: Não. As férias nunca podem ser encurtadas devido a trabalho reduzido. O artigo 329b do Direito de Obrigações determina em que condições o empregador pode encurtar as férias. Se o impedimento de trabalhar por ano civil for inferior a um mês, a redução não é permitida. Se o impedimento de trabalhar for superior a um mês, a redução das férias é permitida desde que o empregado seja ele próprio responsável pela impossibilidade de trabalhar ou se os motivos do impedimento dependem da sua pessoa. É este o caso, por exemplo, quando há doença, um acidente, cumprimentos das obrigações legais (por exemplo, serviço militar), exercício de um cargo público ou em caso de férias juvenis. O impedimento de trabalho devido a trabalho reduzido não preenche, claramente, as condições legais para a redução de férias. Por isso a ameaça de redução das férias feita pela sua chefe não é permitida aos olhos da lei. Exemplo: O trabalhador falta 85 dias no ano. Isto justifica uma redução das férias anuais em 1/12: os primeiros 30 dias são um período de carência, em que não há redução das férias; o segundo mês é completo e justifica uma redução de 1/12; o terceiro mês é incompleto e não dá por isso direito a uma redução. work, 3.06.2010 Ataque aos direitos dos trabalhadores Além disso, o Governo, representan tes do patronato e a UGT assinaram um «acordo de concertação social» que é um violento ataque aos direitos dos trabalhadores (ver caixa ao lado), além de escancarar a porta ao despe Pergunte, que nós respondemos Secretário de Estado anuncia mais despedimentos Manifestação a 17 de Março Associações de pais de toda a Suíça reuniram-se no dia 11 de Fevereiro em Berna e decidiram manifestar-se no dia 17 de Março. O Unia apoia a manifestação e chama a atenção para a situação dos funcionários consulares, que recebem salários baixíssimos e são vítimas da mesma indiferença do estado português. Solidarize-se, vá à manifestação pelos direitos da comunidade portuguesa, leve a sua família e um amigo também. Concentração às 14 horas, no Waisenhausplatz, em Berna. Pais querem que estado português cumpra compromissos Dados da Comissão Europeia 4 Nr. 1 | Março 2012 | português Impressum: Beilage zu den Gewerkschaftszeitungen work, area, Événement syndical | Herausgeber Verlagsesellschaft work AG, Zürich, Chefredak tion: Marie-José Kuhn; Événement syndical SA, Lausanne, Chefredaktion: Sylviane Herranz; Edizioni Sociali SA, Lugano, Chefredaktion: Gianfranco Helbling | Redaktionskommission A. García, M. Akyol, D. Filipovic, M. Martín, M. Mendes, O. Osmani | Sprachverantwortlich Marília Mendes | Layout C. Lonati, Unia | Druck Ringier Print, Adligenswil | Adresse Unia Redaktion «Horizonte», Weltpoststrasse 20, 3000 Bern 15, [email protected] Estudo da Comissão Europeia: rendimento disponível após introdução de medidas de austeridade em 6 países europeus. www.unia.ch
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