Por reformas que garantam o mínimo existencial

Transcrição

Por reformas que garantam o mínimo existencial
Boas Férias!
Mais protecção:
contra despedimentos
de sindicalistas
2
Unia Forte:
mais força aos
sócios activistas
Lei laboral:
3
os aprendizes
também têm direitos
4
Nr. 4 | Julho 2012 | português
Sai como suplemento do jornal «work» | Redacção T +41 31 350 21 11, F +41 31 350 22 11 | [email protected] | www.unia.ch T +41 31 350 21 11, F +41 31 350 22 11 | [email protected] | www.unia.ch
Seguros sociais, reforma
Por reformas que garantam
o mínimo existencial
Editorial
SIM à formação
profissional
de jovens sanspapiers
Os delegados da União de
Sindicatos Suíços (USS) votaram na Assembleia de Delegados (AD) de 11 de Maio um
reforço e uma ampliação da
pensão de reforma. Isto permitiria um aumento substancial da reforma para pessoas
com rendimentos baixos e
médios.
sido lançado em 2010 durante o
congresso da USS. O projecto parte de uma simples observação: as
pensões de reforma não cobram, ao
contrário do que estipula a Constituição, o mínimo existencial. Sobretudo aqueles que têm um salário
n Modelo 1:
O AVS (seguro de velhice e sobrevivência) esteve no centro da Assembleia de Delegados. Paul Rechtsteiner, presidente da USS, declarou no
seu discurso que já há demasiado
tempo se espera por melhorias nas
reformas. Tem-se, por isso, de iniciar
um processo que leve a mudanças
positivas.
A favor da contra-ofensiva
Uma das suas exigências é que se
mude de estratégia. Os delegados
decidiram, por isso, deixar de seguir,
como até aqui, um caminho mais
defensivo e lançar uma contra-ofensiva. Eles aprovaram unanimemente
um projecto que prevê a ampliação
e o reforço da AVS. Este projecto
intitula-se «AHV/AVSplus» e já tinha
«Máxima mais 25 %»
Aumento em 25 % das reformas mínima e máxima. Mas a reforma máxima será atingida com um rendimento
anual de 46 000 francos. A reforma
máxima seria nesta variante de 2900
francos. Assalariados com salários baixos também atingem, nesta variante, a
reforma máxima. Esta variante custaria 11,8 mil milhões de francos. Para
garantir o seu financiamento, trabalhadores e empregadores teriam uma
contribuição suplementar de 1,75 %
do salário.
n Modelo 2:
«Média mais 200 francos»
Esta variante aumenta em 200 francos as reformas mínima e máxima, o
baixo ou médio não conseguem, em
muitos casos, viver da sua pensão de
reforma.
4 variantes para a AVSplus
Um grupo de especialistas desenvolveu quatro possíveis modelos
que corresponderia a um 13º mês no
caso desta última. A reforma máxima
seria alcançada com um salário actual
de 83 000 francos. A variante 2 tem
custos de 5,5 mil milhões de francos.
Isto corresponde a 0,8 % do salário,
tanto da parte do empregador como
do empregado.
n Modelo 3:
«Mínima mais 120 francos»
O aumento de 120 francos tanto na
reforma mínima como na máxima é
menor do que nos modelos anteriores,
corresponde mesmo assim a um 13º
mês no caso da reforma mínima. Os
custos são menores no caso do modelo
3. São cerca de 3,3 mil milhões de
francos, portanto 0,5 % do salário, pagos por empregador e empregado.
para uma AVSplus. Os delegados
decidiram que querem analisar
com cuidado os quatro modelos e
decidir na próxima AD de 16 de
Novembro. Os quatro modelos resumidamente:
n Modelo 4:
«13º mês de reforma»
O modelo 2 atinge um 13º mês para
todas as reformas, o modelo 3 atinge-o
para as reformas mínimas. O modelo
4 prevê um 13º mês clássico, sendo
o aumento da reforma linear. Todos
os reformados recebem um aumento
de reforma no valor de mais um mês.
Mas neste caso os salários baixos e
médios não seriam beneficiados, o
que é uma desvantagem em relação
aos modelos 2 e 3.
A juventude Unia sempre se mobilizou para defender os direitos dos
jovens sans-papiers. É, por isso,
claro que ela saúda a concretização da moção «Acesso à formação
profissional de jovens sem estatuto
legal», através da alteração do decreto sobre a admissão, estadia e
exercício de uma actividade profissional. Com esta possível alteração
ao decreto, os jovens sans-papiers
poderiam ter uma autorização de
estadia para o período da formação e para depois desta, autorização esta que poderia ser alargada aos membros da família. A
formação profissional permitiria a
estes jovens escapar a situações
profissionais precárias no futuro.
A alteração ao decreto é por isso
um passo na direcção certa. Até
aqui os jovens sem estatuto legal
só podiam frequentar o liceu e o
ensino superior.
A possibilidade de formação profissional para todas e todos é uma
antiga exigência do Unia, aprovada
em 2008 no congresso de Lugano.
Este novo avanço poderá permitir
abrir caminho para uma melhor
integração de jovens estrangeiros
a todos os níveis. Ainda existem
discriminações flagrantes entre os
jovens, nomeadamente na procura
de um posto de aprendizagem.
O racismo para com jovens migrantes é intolerável. A igualdade de
oportunidades deve ser garantida
a todos, independentemente do
sexo, da idade ou da nacionalidade!
/ Aurora García
Émilie Pasquier
secretária do Unia para a juventude
horizonte
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Despedimentos abusivos de sindicalistas
Notícias Mais protecção contra despedimentos
breves por razões anti-sindicais!
Assédio sexual
no local de trabalho
A página de internet em francês
www.non-c-non.ch é uma plataforma que dá a todos os interessados,
com rapidez, de forma simples e
anonimamente, informações e
conselhos sobre o assédio sexual no local de trabalho. A página
Web foi criada por representantes
dos sindicatos, entre eles do Unia,
em colaboração com o deuxième
Observatoire. A página também dá
conselhos sobre a melhor forma de
uma mulher reagir em caso de assédio. Reagir rapidamente e procurar
conselhos é fundamental.
O assédio sexual não é um problema individual, diz-nos respeito a
todos, à sociedade em geral!
Cerca de 40 sindicalistas entregaram no dia 12 de Junho,
numa acção simbólica, uma carta de protesto ao conselheiro federal Schneider-Amman, no âmbito da Conferência
Geral da Organização Internacional do Trabalho. Nesta carta
exigem do Conselho Federal que se empenhe por uma melhor protecção contra o despedimento de representantes
sindicais.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) foi escolhida como pano
de fundo desta acção porque a comissão responsável já em 2006 tinha
reagido a uma queixa da União de
Sindicatos Suíços (USS), exigindo que
a Suíça protegesse as e os represen-
Protecção contra
dumping salarial
para vendedoras
em Neuchâtel
No ano de 2011 foram assassinados 76 sindicalistas, os despedimentos e as prisões foram aos
milhares. E: os trabalhadores que
participaram na Primavera Árabe
pagaram um preço elevado pela
democracia. A lista negativa consta do relatório anual da Federação
de Internacional de Sindicatos (FIS)
sobre o não cumprimento dos direitos humanos. O relatório completo
está disponível no site da FIS em:
(http://survey.ituc-csi.org).
Como consequência desta acusação, o Conselho Federal enviou no
ano 2010 uma revisão do Direito de
Obrigações (DO) para consulta. De
acordo com esta, a protecção contra despedimentos seria melhorada,
tanto para whistleblowers (pessoas
que denunciam situações irregulares
no seu local de trabalho) como para
sindicalistas activos. A USS, pelo seu
lado, estaria disposta a retirar a sua
queixa perante a OIT.
Actualmente, devido à pressão dos
empregadores, o Conselho Federal
quer deixar cair o tema. Não quer
apresentar sugestões ao Parlamento
para resolver o escândalo dos despedimentos contra sindicalistas.
A USS não pode aceitar uma tal recusa. Isto sobretudo porque nos últimos dois anos estes despedimentos
aumentaram e o Tribunal Federal
constatou, no processo Suter contra o jornal Tagesanzeiger, que uma
melhor protecção legal contra despedimentos abusivos só seria possível depois de uma mudança da
legislação.
Finalmente mais protecção
Merck Serono:
A luta pelos
postos de trabalho
continua
Sindicalistas
em perigo
em todo o mundo
A revisão do DO não
avança por pressão
dos empregadores
Aumento de despedimentos
por razões anti-sindicais
Um novo contrato colectivo de trabalho de Neuchâtel melhora as
condições de trabalho nas vendas
a retalho e protege contra o dumping salarial. 7000 vendedores e
vendedoras ficam sujeitos ao CCT.
Como não existe um CCT para o
ramo válido para toda a Suíça, este é um passo importante para se
avançar com melhores condições
de trabalho no ramo.
O pessoal de Merck Serono intensifica a luta contra os planos da
empresa de acabar com a produção
em Genebra. Os empregados estão
em greve. Além disso, uma delegação, acompanhada pelo sindicato
Unia, entregou uma petição com
cerca de 15 000 assinaturas ao
chefe do Departamento Federal de
Economia, o conselheiro nacional
Johannes Schneider-Amman. Este
tinha prometido apoiar, com medidas concretas, as propostas do pessoal para a manutenção dos locais
de trabalho e para a preservação
do centro de pesquisa em Genebra.
Agora o conselheiro nacional tem de
cumprir a sua palavra.
tantes sindicais de forma mais eficaz
contra despedimentos abusivos.
A luta contra os despedimentos por razões anti-sindicais continua!
Para os sindicatos é claro: é necessário um procedimento claro contra
despedimentos de sindicalistas. Se
os políticos não reagirem, a USS será
obrigada a voltar a processar a Suíça
junto da OIT por infracção da Convenção 98, que a Suíça assinou.
/ Aurora García
CCT do ramo dos cabeleireiros
Cabeleireiras e cabeleireiros sem
aumentos dos salários mínimos
CoiffeurSuisse recusou os resultados das negociações para
um novo contrato colectivo de trabalho (CCT). Desta forma,
os empregadores impedem até as mais pequenas melhorias no ramo dos cabeleireiros, como uma quinta semana
de férias e o aumento de salários mínimos. A decisão dos
empregadores é incompreensível porque o CCT do ramo é
especialmente fraco.
A decisão tomada pelos delegados de
CoiffeurSuisse é incompreensível para o sindicato Unia. Os empregadores
impediram com a sua decisão do
início de Maio melhorias mínimas
no ramo. Uma das melhorias seria
uma quinta semana de férias a partir
do primeiro ano de trabalho (agora
só tem direito a esta semana quem
trabalhar pelo menos 10 anos para o
mesmo empregador). Além disso, os
salários de base deveriam aumentar
gradualmente nos próximos 3 anos
até Setembro 2014, dos actualmente
3400.– para 3700.– francos. Os delegados da associação patronal recusaram o CCT, apesar de a delegação de
negociações o ter aprovado.
O CCT actual é muito fraco
A decisão dos empregadores é ainda
mais incompreensível porque o CCT
do ramo é muito fraco – não tem 13°
mês, os horários de trabalho são longos, não vai além dos mínimos legais
em caso de maternidade e os salários
continuam a ser muito baixos. Apesar de no ramo trabalhar pessoal qualificado com formação profissional,
os salários estagnam, mesmo para os
de empregados de longa data.
Sem aumentos salariais
desde 2009
Desde 2009 que os salários não sobem. Nessa altura os parceiros sociais
tinham acordado um novo CCT de
obrigatoriedade geral porque as condições salariais e de trabalho tinham
piorado muito durante o período em
que não houve um CCT válido. Para
se conseguir o resultado moderado,
que agora falhou, os sindicatos até
tinham deixado de exigir o 13º mês.
Esta exigência voltou agora para a
mesa de negociações.
Empregadores contra melhores condições de trabalho para cabeleireiros.
90 % dos trabalhadores
são mulheres
No ramo trabalham cerca de 13 000
pessoas, das quais cerca de 9000 estão
sujeitas ao CCT. A percentagem de
mulheres é cerca de 90 %. Na Suíça há
cerca de 4500 cabeleireiros, dos quais
cerca de 500 são empresas maiores
com mais de 10 trabalhadoras/es.
Contam-se pelos dedos as empresas
com muitas filiais e mais de 100 trabalhadoras/es.
/ Aurora García
horizonte
Projecto Unia Forte
Entrevista
Exigir um trabalho
sindical forte
Os sócios activistas dirigiram os trabalhos . . .
Mais de 150 sindicalistas reuniram-se no dia 12 de Maio de
2012 em Berna, no segundo encontro nacional de sócios
activistas.
O tema deste encontro era: Que continuação dar ao projecto Unia Forte?
O projecto tem como objectivo reforçar o sindicato nos locais de trabalho
e dar aos sócios activistas do Unia
mais peso dentro do sindicato. Como
já aconteceu em 2012, o encontro foi
planeado e dirigido por um grupo de
sócios activistas.
Reforçar o trabalho
nas empresas
Um sócio activista da Suíça oriental
resumiu assim o seu trabalho sindical
na indústria: «Na indústria não podemos fazer o trabalho sindical em vez
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dos nossos colegas. Mas podemos
fazer esse trabalho com eles.» Mas os
sócios activistas nas empresas teriam
de ser mais apoiados por secretárias
e secretários sindicais empenhados
neste trabalho.
Formação política
e protecção contra
despedimentos
Nos grupos de trabalho os sócios activistas discutiram, além disso, sugestões concretas de melhoramentos:
mais formação política, sobretudo a
nível regional. Uma segunda exigência central é o reforço da protecção
Dario Mordasini
Segurança e prevenção de saúde no trabalho
«Em caso de perigo:
PARAR»
. . . e os secretários também
participaram.
contra despedimentos para sindicalistas activos. Esta tem de ser garantida
tanto nos contratos colectivos de trabalho como na lei. Alguns sócios activistas sugeriram mesmo uma iniciativa popular para reforçar a protecção
contra os despedimentos abusivos.
/ Aurora García
As insolações podem ser mortais
Atenção ao ozono
e ao calor nas obras!
Dário Mordasini, responsável do Unia para a segurança
e prevenção de saúde no local de trabalho, esclarece
nesta entrevista como este campo se tem desenvolvido nos últimos anos e explica-nos quais são as regras
que devem sem falta ser respeitadas nos locais de trabalho.
Como é que a segurança e a prevenção de saúde no local de trabalho
se têm desenvolvido?
No caso de acidentes de trabalho, registámos uma redução de 15 a 20 %
nos últimos 10 anos. Diferente é a situação dos problemas de saúde em
consequência do trabalho. No caso de problemas do sistema locomotor,
dores nas costas, por exemplo, e especialmente de problemas psíquicos
(sobretudo stress), constatamos que existe uma estagnação ou até um
aumento. Continua a ser necessário tomar-se medidas concretas. Isto
nota-se no facto de 31.1 % dos empregados na Suíça dizerem que as suas
condições de trabalho podem pôr a sua saúde em perigo.
E o que é que pode ser feito neste sentido, mais leis e inspecções?
Exigências legais firmes e inspecções regulares são sem dúvida importantes. Mas o desenvolvimento e consolidação nas empresas de uma cultura
de segurança são, na minha opinião, mais importantes. Com isso quero
dizer que, em todos os processos de trabalho, a protecção dos trabalhadores deve ser tão natural como a qualidade do trabalho ou o cumprimento
de prazos.
E como é que essa cultura de segurança deve ser desenvolvida?
Não há uma receita simples. São necessárias várias medidas e não são as
mesmas em todos os casos. Um princípio fundamental, no entanto, que
deve ser válido sempre é o seguinte: Em caso de perigo para a saúde, o que
vale é: «PARAR! – Eliminar o perigo – só depois continuar a trabalhar!»
Isto significa que todos têm o direito de interromper o trabalho quando
a própria saúde ou a dos colegas está em perigo.
A implementação de um tal princípio é realista?
O calor e o ozono podem ser prejudiciais para a saúde.
Um dia de Verão nas obras:
homens bronzeados trabalham duramente ao sol. Isso pode pôr a sua saúde em
perigo. Encontra aqui alguns
conselhos importantes.
É importante que os trabalhadores
se protejam do sol e do ozono. Para
resistirem às temperaturas elevadas,
os trabalhadores devem vestir roupa com protecção ultra-violeta, usar
óculos de protecção escuros e um
capacete com boa circulação do ar.
Devem também utilizar um creme de
protecção solar, mesmo que já estejam bronzeados. Além disso, devem
ter uma alimentação saudável e beber
muito, desde que não sejam bebidas
alcoólicas.
Água gratuita
A empresa é a responsável pela segurança no local de trabalho. Os empreiteiros que se preocupam com a
saúde dos seus empregados, põem à
disposição destes água gratuita, roupa de trabalho adequada, locais de
trabalho à sombra ou ventiladores.
Em caso de dúvidas, é importante
consultar especialistas.
O trabalho mais duro deve ser realizado nas primeiras horas do dia.
Além disso é importante que os trabalhadores façam pausas suficientes.
Os trabalhadores devem ainda dar
atenção aos primeiros sinais de sobreaquecimento do corpo e devem
poder dar os primeiros socorros. Porque as insolações podem ser mortais.
/ work, 22.6.2012
Primeiros sinais de sobreaquecimento do corpo: sede, cãibras, exaustão,
tonturas, desmaios.
Encontra mais informações e uma lista de perguntas para avaliação da situação em
www.unia.ch/index.php?id=1357&L=0 (alemão)
www.unia.ch/Hitze-und-Ozon.1357.0.html?&L=1 (francês)
www.unia.ch/Hitze-und-Ozon.1357.0.html?&L=2 (italiano)
Nós trabalhamos nesse sentido. «Nós» somos as autoridades competentes
(Suva, inspecção de trabalho), especialistas da segurança no trabalho,
associações patronais e naturalmente também sindicatos. No Outono
passado todos estes responsáveis no sector da construção assinaram uma
«carta de segurança» (ver Horizonte 8/2011), pela qual se empenham na
implementação do «Princípio PARAR». Estão a ser elaborados projectos
semelhantes para a indústria e os serviços.
O que é que os trabalhadores podem ou devem fazer?
Em primeiro lugar, os trabalhadores devem saber que têm o direito a locais
de trabalho seguros e saudáveis. O Unia tem de contribuir activamente
para isso.
Depois é importante que os trabalhadores intervenham sistematicamente
quando a segurança no trabalho não seja garantida. Isto nem sempre é
fácil, claro, e é preciso ter-se coragem. Mas juntamente com colegas e o
Unia, isto pode (e deve) resultar cada vez mais. Todos os trabalhadores
podem contactar a qualquer momento com os secretários do Unia. Só assim surge a «cultura de segurança» de que falámos. Só assim conseguimos
que todos os dias todos voltem com saúde para casa.
/ Aurora García
horizonte
Os chefes não têm sempre razão:
Os aprendizes também
têm direitos
Existe uma lei de trabalho
para menores de idade, que
até é mais rigorosa do que
para adultos. E existem leis
especiais para aprendizes
que lhes permitem fazer a
formação, frequentar a escola profissional e não ser explorados nas empresas. Os
aprendizes devem conhecer
os seus direitos. Porque as
empresas nem sempre cumprem a lei. Alguns exemplos
do dia-a-dia de aprendizes:
A minha chefe descontou das minhas férias as faltas às aulas. Isso
é permitido?
Não, as faltas às aulas não contam como férias. É importante que, em caso
de falta, a empresa seja informada a
tempo e a falta seja justificada. O melhor é apresentar um atestado médico
na escola e na empresa. Em caso de
doença ou acidente, normalmente
basta uma justificação para os dois
primeiros dias. A partir do terceiro,
a escola e a empresa podem exigir
atestado médico.
Estou a fazer uma formação como
cozinheira e tenho de trabalhar
muitas vezes até às 23 horas. Isso
é permitido?
Sim. Para aprendizes que não podem
atingir os objectivos da formação sem
trabalho ao domingo ou nocturno,
existem licenças especiais. Excepção
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Pergunte, que nós
respondemos
importante: nas noites antes das aulas na escola profissional ou de cursos
fora da empresa, só podes trabalhar
até às 20 horas.
Muitas vezes depois das aulas ainda tenho de ir trabalhar na loja.
Isto é correcto?
Não, 8 horas de aulas correspondem
a um dia completo de trabalho. Num
dia destes não podes ir trabalhar na
loja. Nos dias sem aulas, o teu dia
de trabalho não pode ser superior a
9 horas e, com as pausas, não deve
ultrapassar as 12 horas.
Tenho de fazer muitas vezes horas
extraordinárias. Isto é permitido?
A empresa pode exigir horas extraordinárias aos aprendizes. Mas, mesmo
com horas extraordinárias, o dia de
trabalho não pode ultrapassar as 9
horas. Tens direito a um suplemento
de 25% pelas horas extraordinárias.
Nos CCTs há por vezes melhores
suplementos, também para aprendizes. As horas extraordinárias também
podem ser compensadas com tempo
livre, o que é melhor do que o suplemento, tenho em conta o salário dos
Os aprendizes têm vantagens
em sindicalizar-se.
aprendizes. O que não é permitido é
que tenhas de fazer horas extraordinárias como castigo.
O meu chefe diz que não posso ser
sindicalizado. É verdade?
Todos os trabalhadores podem ser
sindicalizados, também os aprendizes. Uma proibição é anti-constitucional. Em caso de problemas, o
sindicato garante-te um aconselhamento gratuito. Além disso, luta por
melhores condições de trabalho e
melhores ofertas de formação.
/ Sina Bühler
Direito de aprendizes de A a Z
Encontram-se mais informações sobre os direitos dos aprendizes na página
Web: www.gewerkschaftsjugend.ch/dt/rechte.php (alemão) ou
www.gewerkschaftsjugend.ch/franz/homeframeset.html (francês).
Desempregado:
Há prazos de espera diferentes?
O meu colega e eu fomos despedidos no final do mês passado.
Inscrevemo-nos ambos a tempo no fundo de desemprego. Mas o meu
colega começou a receber o subsídio de desemprego logo depois da
inscrição. Eu, no entanto, tive de esperar 10 dias. Isto é possível?
Myriam Muff: Sim. Na maior parte dos casos só se tem direito ao subsídio
de desemprego depois do desemprego controlado durante um determinado
número de dias. Este prazo de espera depende do salário e da obrigação de
prestação de alimentos a menores de 25 anos. Quem tiver um salário de até
3000 francos não tem prazo de espera. No caso de haver dependentes de
menos de 25 anos, um prazo de espera só existe para quem tenha salários a
partir de 5001 francos (neste caso 5 dias). Para pessoas sem dependentes,
há um prazo de espera de 5 dias a partir de um salário de 3001 francos. A
partir de um salário de 5001 francos, este é de 10 dias e de 15 para um salário
entre 7501 e 10 416 francos. Se o senhor tem um prazo de espera de 10 dias,
isto quer dizer que não tem menores de 25 anos a seu cargo e que tinha um
salário mensal entre 5001 e 7500 francos por mês. O seu colega tem um ou
vários filhos com menos de 25 anos que dependem dele e recebia menos de
5001 francos ao mês.
work, 25.5.2012
Retrato
Inválido sem pensão de invalidez:
o subsídio diário pode ser reduzido?
O senhor é um
vândalo de cartazes,
senhor Lüthi?
Eu requeri uma pensão de invalidez porque tenho problemas de saúde e a minha capacidade de trabalho é reduzida. Depois de ter sido
obrigado a despedir-me por motivos de saúde, inscrevi-me na caixa
de desemprego. Estou desempregado há 4 meses e recebi a resposta
do seguro de invalidez: não tenho direito a uma pensão porque o meu
grau de invalidez é de 19 %. Agora a caixa de desemprego reduziu o
meu subsídio diário, apesar de eu não receber pensão de invalidez.
Isto é possível?
Em Agosto de 2011 a estação central de Zurique apareceu completamente coberta de
propaganda anti-estrangeiros da UDC/SVP.
Peter Lüthi reagiu contra esta agressão da
UDC, colando ao lado folhas de papéis com
contra-argumentos. Foi preso e em Abril
de 2012 sujeito a um processo no Tribunal
Administrativo de Zurique. A conferência
de migração do Unia de 5 de Maio homenageou a sua coragem, bem como a de dois homens de Schaffhausen, Christoph Schmutz
e Andi Kunz (ver Horizonte 8/2011), com um
prémio coragem dotado de algumas centenas de francos.
Os cartazes não foram destruídos
A acusação de vandalismo divulgada pela imprensa é o
que mais o surpreende: ele tinha justamente escolhido
uma forma de expressão que não fosse vandalismo!
«Não estraguei os cartazes, o meu objectivo não era calá-los. O que eu queria era que as pessoas olhassem para
eles, fizessem as suas próprias reflexões e se apercebessem
do perigo potencial contido naqueles cartazes.»
Peter Lüthi, professor de História no cantão de Zurique,
fala pausadamente, pesando cada palavra. Ele lembra-se
bem daquele dia em que chegou a Zurique e viu a estação
repleta de cartazes da UDC: «Foi um choque! Aqueles
cartazes eram uma ofensa à dignidade da população
estrangeira e à minha consciência de suíço!»
Cartazes eram uma ofensa à dignidade
humana
Ele sabia que o que ele fez era um delito? «Claro que
Peter Lüthi
sim, mas eu não podia continuar a olhar passivamente. O princípio da dignidade humana está inscrito na
Constituição Federal: ‘A dignidade da pessoa deve ser
respeitada e protegida’. Os cartazes desrespeitavam a
Constituição, foi em defesa dela que eu agi. E em defesa
da população estrangeira, que não tem voz na Suíça
e não se pode defender. Muitas pessoas, migrantes e
suíços, sobretudo os mais idosos, agradeceram a minha
acção. Até, por exemplo, uma senhora suíça de 80 anos.
Acha que ela pode ser suspeita de apoiar um vândalo?»
Timur Öztürk: Sim. Se o senhor está permanentemente limitado na sua capacidade de trabalho e requer por isso uma pensão de invalidez, recebe da
caixa de desemprego no início a totalidade do salário segurado. Isto apesar
de, por motivos de saúde, a sua capacidade de trabalho e, portanto, a sua
possibilidade de encontrar emprego serem menores. Logo que o seguro de
invalidez (AI) determina o seu grau de invalidez, acaba esta chamada obrigação de adiantamento. O grau de incapacidade para o trabalho (o chamado
grau de invalidez) determinado pela AI é vinculativo para a determinação da
sua possibilidade de ser empregado. Mesmo não dando o grau de invalidez de
19 % direito a uma pensão de invalidez, o senhor passa a contar como tendo
a possibilidade emprego de 81 %. Por isso, o salário segurado é reduzido de
acordo com a sua capacidade de trabalho restante – no seu caso 81 %. Infelizmente nenhum seguro lhe pagará os restantes 19 %.
work, 10.5.2012
Atiçar o ódio é perigoso
A agressividade de muitos comentários nos jornais online surpreendeu-o. Mas não o atingiu porque a pessoa ali
retratada não é ele. Apesar de tudo, ele não pode deixar
sem resposta tantas acusações e críticas indiscriminadas:
ele não é por princípio contra a UDC, até pode simpatizar com algumas posições do partido, como na questão
da adesão da Suíça à EU. O que o incomoda é a direcção
do partido com a sua forma calculista de agitação política
e a sua estratégia de atiçar o ódio para ganhar poder.
Para ele é claro que uma migração numerosa origina
problemas. Estes devem, no entanto, ser tratados e não
calados. A propaganda da SVP dificulta, pelo ódio que
pretende levantar e pela sua falsidade, a procura de soluções realistas para o problema.
Impressum: Beilage zu den Gewerkschaftszeitungen work, area, Événement syndical | Heraus­geber Verlagsesellschaft work AG, Zürich, Chefredak­
tion: Marie-José Kuhn; Événement syndical SA, Lausanne, Chefredaktion:
Sylviane Herranz; Edizioni Sociali SA, Lugano, Chef­redak­tion: Gianfranco
Helbling | Redaktionskommission A. García, M. Akyol, D. Filipovic, M. Martín,
M. Mendes, O. Osmani | Sprachverant­wortlich Marília Mendes | Layout
C. Lonati, Unia | Druck Ringier Print, Adligenswil | Adresse Unia Redaktion
«Horizonte», Weltpoststrasse 20, 3000 Bern 15, [email protected]
/ Marília Mendes
www.unia.ch

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