VALOR NUTRITIVO E CARACTERÍSTICAS FERMENTATIVAS DE
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS CURSO DE AGRONOMIA VALOR NUTRITIVO E CARACTERÍSTICAS FERMENTATIVAS DE SILAGENS DE CAPIM ELEFANTE (Pennisetum purpureum Schum.) cv. ROXO CONTENDO NÍVEIS CRESCENTES DO SUBPRODUTO DA SEMENTE DO URUCUM (Bixa orellana L.) JOSEMIR DE SOUZA GONÇALVES Monografia apresentada ao Curso de Agronomia do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Ceará, como parte das exigências da Disciplina Atividade Supervisionada (Estágio Curricular Obrigatório). Orientador José Neuman Miranda Neiva FORTALEZA CEARÁ - BRASIL 2004 JOSEMIR DE SOUZA GONÇALVES VALOR NUTRITIVO E CARACTERÍSTICAS FERMENTATIVAS DE SILAGENS DE CAPIM ELEFANTE (Pennisetum purpureum Schum.) cv. ROXO CONTENDO NÍVEIS CRESCENTES DO SUBPRODUTO DA SEMENTE DO URUCUM (Bixa orellana L.) Monografia apresentada ao Curso de Agronomia do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Ceará, como parte das exigências da Disciplina Atividade Supervisionada (Estágio Curricular Obrigatório). APROVADA em 28 de Junho de 2004 _____________________________ Magno José Duarte Cândido – Dr _____________________________ José Osvaldo Beserra Carioca - Dr (Conselheiro) (Conselheiro) _____________________________ José Neuman Miranda Neiva – Dr. (Orientador) ii Ao Prof. Dr. José Neuman Miranda Neiva, pela sua incansável vontade em transmitir seus ensinamentos, demonstrando em todos os momentos sua compreensão, paciência e valiosa amizade que sempre teve para comigo. OFEREÇO Aos meus pais José Almir Gonçalves e Maria Luiza Vieira de Souza Gonçalves, por todo carinho, apoio, incentivo e amor que sempre me dedicaram nas horas mais difíceis da minha vida. À minha irmã Mirta, meus avós Raimundo e Sebastiana e tias Elizabete, Fátima, Lourdes e Lúcia e meus primos Larisse e Marcos Vinícius. A todos os meus amigos pelo incentivo, compreensão e ajuda. DEDICO iii AGRADECIMENTOS A Deus, por guiar meus passos me fornecendo força e coragem rumo aos caminhos que sempre levaram ao alcance dos meus objetivos, mesmo sendo eles os mais difíceis de se conseguir alcançar. A meus pais e todos os meus familiares, pela constante demonstração de carinho e afeto para comigo e por sempre estarem presentes nos momentos mais difíceis da minha vida, sempre me dando conselhos para que eu seguisse em frente a fim de vencer todos os obstáculos da vida. À Universidade Federal do Ceará, pela oportunidade de realização deste curso de Graduação em Agronomia. Ao CNPq, pela concessão da bolsa de iniciação científica. Ao Professor Dr. José Neuman Miranda Neiva, pela maestria na transmissão de seus ensinamentos e pela demonstração de compreensão, paciência e valorosa amizade durante os últimos três anos em que fui seu orientado de iniciação científica até a orientação desta monografia. Aos demais mestres do curso de Agronomia da Universidade Federal do Ceará, destacando os professores Assis Júnior, João Moreira, Maria Nenmaura, Sebastião Filho, Adunias Teixeira e Patrícia Verônica, que juntamente com os demais contribuíram de forma significativa para a minha formação acadêmica, profissional e humana. Ao Doutor Magno José Duarte Cândido, pelo companheirismo e ensinamentos repassados como participante da banca examinadora da defesa desta monografia juntamente com o Professor Dr. Osvaldo Beserra Carioca. iv Aos amigos do Núcleo de Pesquisa em Forragicultura Geraldo Filho, Roberto Cláudio, Cynthia Renata, Pedro Neto, Bruno César, Davi Aquino, Najla Vieira, Marcílio Teixeira, Thiago Almeida, Abner, Ana Cristina, Salete Moraes, Guaraciaba Santana, Rodrigo Gregório, Canindé, Edilton Lousada, Alcides, Margareth e Rossana, por todos os momentos de aprendizados vivenciados durante esta caminhada de busca de conhecimentos e aventuras. Aos funcionários do Laboratório de Nutrição Animal nas pessoas da Helena, Roseane e Natan, pela convivência harmoniosa e por tudo o que me ensinaram no decorrer da realização das minhas análises laboratoriais. Aos meus grandes amigos de curso Júnior Régis e Ciro de Miranda Pinto, que comigo conseguiram vencer e chegar hoje, unidos desde o primeiro semestre, até o fim da nossa jornada de graduação; e aos amigos João Paulo Cajazeira e Henrique Michael pelos bons momentos de descontração e humor proporcionados. Aos demais colegas de curso, com quem passei bons momentos da minha vida acadêmica, ressaltando aqui todas os nossos momentos de descontração, alegria, frustração, preocupação e de sucesso alcançado. Aos meus amigos Tarso e Allan, pelos momentos vividos e pelo companheirismo demonstrado no decorrer das nossas convivências. A todas as outras pessoas que direta ou indiretamente contribuíram para a condução deste trabalho e que fizeram com que eu me tornasse o ser humano que sou hoje. v BIOGRAFIA Josemir de Souza Gonçalves, filho de José Almir Gonçalves e Maria Luiza Vieira de Souza Gonçalves, nasceu na cidade de Russas, estado do Ceará, no dia 14 de março de 1982. Concluiu toda a sua vida pré-acadêmica na Unidade Educacional Coração Imaculado de Maria – UNECIM, finalizando seus estudos em nível de Ensino Médio no ano de 1999. Em março de 2000, iniciou o curso de Agronomia na Universidade Federal do Ceará (UFC), exercendo atividades de pesquisa e iniciação científica através do programa PIBIC/CNPq, nas áreas de Forragicultura e Nutrição Animal sob orientação do Prof. Dr. José Neuman Miranda Neiva. vi ÍNDICE Lista de Figuras Lista de Tabelas Resumo Sumary 1. Introdução 2. Revisão de Literatura I.- CAPIM ELEFANTE (Pennisetum purpureum Schum.) I.1 – Características do Capim Elefante I.2 – Limitações apresentadas pelo Capim Elefante para ensilagem II.- SILAGEM II.1 – Silagem como alimento volumoso para ruminantes II.2 – Qualidade da Silagem II.3 – Valor Nutritivo das silagens de Capim Elefante II.3.1 – Teores de Matéria Seca (MS) II.3.2 – Carboidratos Solúveis (CHOs) e Ácidos Orgânicos II.3.3 – Nitrogênio Amoniacal (N-NH3) II.3.4 – Valores de pH II.4 – Utilização de aditivos na ensilagem do Capim Elefante III.- URUCUM ( Bixa orellana L.) III.1 – Importãncia e industrialização no Brasil III.2 – Características do subproduto do processamento das sementes do urucum III.3 – Propriedades do urucum III.4 – Utilização do subproduto das sementes do urucum na alimentação animal 3. Material e Métodos 3.1 – Localização 3.2 – Tratamentos, Delineamento Experimental e Ensilagem 3.3 – Capim Elefante e Subproduto da semente do Urucum 3.4 – Silos Experimentais 3.5 – Abertura dos Silos e Amostragem 3.6 – Análises Laboratoriais e Estatísticas 4. Resultados e Discussão 4.1 – Teor de Matéria Seca (MS) 4.2 – Teor de Proteína Bruta (PB) 4.3 – Teor de Fibra em Detergente Neutro (FDN) 4.4 – Teor de Fibra em Detergente Ácido (FDA) 4.5 – Teor de Hemicelulose (HC) 4.6 – Teor de Extrato Etéreo (EE) 4.7 – Teor de Nitrogênio Amoniacal 4.8 – pH 5. Conclusão 6. Referências Bibliográficas 7. Apêndice A 8. Apêndice B Pág vii viii ix xi 13 16 16 17 18 19 20 20 21 22 23 24 26 26 27 28 30 30 30 31 33 33 34 35 35 37 38 39 40 42 42 43 45 46 58 60 vii LISTA DE FIGURAS Pág. Figura 1 Ensilagem 31 Figura 2 Capim elefante e Subproduto da semente do Urucum 32 Figura 3 Fechamento dos silos experimentais de PVC 33 Figura 4 Perdas por desenvolvimento de fungos 34 viii LISTA DE TABELAS Pág. Tabela 1 Tabela 2 Teores de matéria seca (MS), extrato etéreo (EE), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA) e hemicelulose (HC) do capim Elefante (Pennisetum purpureum Schum.) e do subproduto da semente do Urucum (Bixa orellana L.) pré-ensilados Teores de matéria seca (MS), de extrato etéreo (EE), de proteína bruta (PB), de fibra em detergente neutro (FDN), de fibra em detergente ácido (FDA), de hemicelulose (HC), de nitrogênio amoniacal (N-NH3), valores de pH e equações de regressão das silagens de capim Elefante (Pennisetum purpureum Schum.) com adição de níveis crescentes do subproduto da semente do Urucum (Bixa orellana L.) 32 36 ix RESUMO GONÇALVES, Josemir de Souza. Valor nutritivo e características fermentativas de silagens de capim Elefante (Pennisetum purpureum Schum.) cv. Roxo contendo níveis crescentes do subproduto da semente do Urucum (Bixa orellana L.). Fortaleza: UFC, 2004. 61p. (Monografia).* O experimento foi desenvolvido no Núcleo de Pesquisa em Forragicultura do Departamento de Zootecnia (DZ) da Universidade Federal do Ceará (UFC), localizado no Campus do PICI em Fortaleza-CE. Objetivou-se avaliar o valor nutritivo e características fermentativas de silagens de capim elefante (Pennisetum purpureum Schum.) com adição de níveis crescentes do subproduto da semente do Urucum (Bixa orellana L.). Utilizaram-se silos experimentais de cano PVC com 340 mm de comprimento e 100 mm de diâmetro em delineamento inteiramente casualizado com cinco níveis de adição (0; 5; 10; 15 e 20%) do subproduto das sementes do Urucum e quatro repetições. Passados 64 dias da ensilagem os silos foram abertos e retiradas amostras para a determinação dos teores de Matéria Seca (MS), Proteína Bruta (PB), Extrato Etéreo (EE), Fibra em Detergente Neutro (FDN), Fibra em Detergente Ácido (FDA), Hemicelulose, Nitrogênio Amoniacal (N-NH3) e valores de pH. Observaram-se elevações nos teores de MS das silagens quando se adicionou o subproduto das sementes do Urucum. No maior nível de adição (20%) as silagens atingiram o percentual de 28,53% de MS, valor superior ao nível mínimo indicado para a ocorrência de fermentação lática. Com a adição de 4,04% de subproduto das sementes do Urucum o nível mínimo de PB (7%) necessário para um bom funcionamento ruminal foi alcançado. Apesar de se terem verificado elevações de 0,03 unidades percentuais a cada 1% de adição do subproduto das sementes do Urucum nas silagens os teores de extrato etéreo permaneceram, em todos os níveis de adição do subproduto das sementes do x Urucum, abaixo de 5% de EE, valor considerado o limite a partir do qual há diminuição do consumo. Os teores de FDN e FDA reduziram 0,64 e 0,81 unidades percentuais, respectivamente, para cada 1% de adição do subproduto das sementes do Urucum. Todas as silagens apresentaram valores de N-NH3 abaixo do limite de 12% comprovando a ocorrência de bom processo fermentativo sem ocorrência de fermentações secundárias que poderiam prejudicar a qualidade das silagens. Os valores de pH, em todos os níveis de adição, ficaram abaixo do limite superior da faixa indicadora de silagens que passaram por um bom processo fermentativo (3,8 a 4,2). Conclui-se que a adição do subproduto das sementes do urucum promove adequada fermentação e melhoria nas características químicas de silagens de capim elefante não havendo nenhuma restrição à sua inclusão até o nível máximo (20%) testado na presente pesquisa. __________________________ *Orientador: José Neuman Miranda Neiva. Membros da Banca: Magno José Duarte Cãndido e José Osvaldo Beserra Carioca xi SUMARY GONÇALVES, Josemir de Souza. Nutritive value and fermentative characteristics of silages of Elephant grass (Pennisetum purpureum Schum.) cv. Roxo with growing levels of Annatto (Bixa orellana L.) Seed By Product. Fortaleza: UFC, 2004. 60p. (Monography).* The experiment was developed at Forage Research Unit of the Department of Animal Science of the Federal University of Ceará (UFC), located in the Campus of PICI in Fortaleza-CE. It aim was to evaluate the nutritional value and fermentative characteristics of elephant grass (Pennisetum purpureum Schum.) silages with increasing levels of the Annatto (Bixa orellana L.) seed by-product addition. Experimental silos of PVC pipe with 340 mm of length and 100 mm of diameter in a completely randomized design with five addition levels (0; 5; 10; 15 and 20%) of Annatto seeds by-product and four replicates were used. After 64 days of the ensilage, the silos were open and samples were removed for the determination of the Dry Matter (DM), Crude Protein (CP), Ethereal Extract (EE), Neutral Detergent Fiber (NDF), Acid Detergent Fiber (ADF), Hemi-cellulose (HC), Ammonia Nitrogen (N-NH3) levels and pH values. Elevations were observed in the levels of DM of the silages when Annatto seeds by-product was added. In the largest addition level (20%) the silages reached the percentual of 28.53% of DM, higher than minimum level for predominance of latic fermentation. With the addition of 4.04% of Annatto seeds by-product, the minimum level of CP (7%) necessary for a good ruminal functioning was reached. In spite of 0.03 percentual units elevation to each 1% of addition of Annatto seeds by-product in the silages, the levels of ethereal extract stayed, in all the levels of addition of Annatto seeds by-product, below 5%, considered the limit beyond is a decrease in the consumption. The NDF and ADF levels were reduced by 0.64 and 0.81 percentual units, xii respectively, for each 1% of Annatto seeds by-product addition. All silages showed N-NH3 levels below the limit of 12%, denoting absence of secondary fermentations that could harm the silages quality. The pH values, in all the addition levels, were below the superior limit (4.5), which characterizes a good fermentative process. It can be concluded that the addition of Annatto seeds by-product promotes appropriate fermentation and improvement in the chemical characteristics of silages of elephant grass, moreover, there is no restriction to its inclusion up to the highest addition level tested in the present research. __________________________ *Adviser: José Neuman Miranda Neiva. Committee Members: Magno José Duarte Cãndido and José Osvaldo Beserra Carioca 13 1. INTRODUÇÃO O Nordeste Brasileiro é uma região caracterizada por apresentar índices produtivos de seus rebanhos inferiores aos de outras regiões do país. Este fato está intimamente ligado aos poucos meses de chuva ocorrentes nesta região, o que acarreta a baixa disponibilidade de alimento volumoso em quantidade e qualidade para ser destinado aos ruminantes durante os períodos de seca. Desta forma busca-se alternativas para garantir o fornecimento de alimento volumoso para a manutenção dos rebanhos durante este período crítico do ano, mantendo a oferta de produtos de origem animal na região, a fim de se atender à forte demanda existente, utilizando para isto insumos de baixo custo na obtenção de um produto final de qualidade. Das práticas realizadas para a obtenção de alimento volumoso para o período de estiagem, a ensilagem é uma das que mais se destaca, por apresentar vantagens quanto 14 ao requerimento de menor espaço de armazenagem por unidade de matéria seca, quando comparada à fenação; manutenção do valor nutritivo do material ensilado desde que o processo da ensilagem seja realizado de forma adequada; menor dependência das condições climáticas, dentre outras. A silagem é um produto originado de processo fermentativo que depende das condições do material ensilado, assim como das condições proporcionadas no interior do silo. De acordo com Nussio et al. (2002), a utilização de silagens como fonte de alimento volumoso para os animais no período da seca é uma prática que contribui com 10-25% dos alimentos destinados para ruminantes em algumas partes do mundo, representando 2% do suprimento de alimentos suplementares, como média global. Das gramíneas tropicais utilizadas para se ensilar, o capim Elefante (Pennisetum purpureum Schum.) se destaca como uma das principais na região Nordeste, por ser uma das gramíneas mais plantadas, apresentando certa tolerância a períodos de estiagem, adaptação a uma ampla faixa de tipos de solos, aliada a uma excelente produção anual, superior ao milho e ao sorgo, sendo, portanto, mais econômico. Contudo, a utilização dessa elevada produção de massa contrasta com a elevada umidade e reduzidos teores de carboidratos solúveis associados a elevado poder tampão (Lavezzo, 1994). Como alternativa a ser utilizada para a minimização das limitações apresentadas pelo capim Elefante na sua ensilagem, a adição de subprodutos oriundos do processamento das sementes do urucum poderia se constituir em uma alternativa viável e de resultados satisfatórios. 15 O presente trabalho foi conduzido com o objetivo de avaliar os efeitos da adição de níveis crescentes do subproduto do urucum sobre o valor nutritivo e características fermentativas de silagens de capim Elefante. 16 2. REVISÃO DE LITERATURA I. CAPIM ELEFANTE (Pennisetum purpureum Schum.) I.1 - Características do Capim Elefante O capim Elefante (Pennisetum purpureum Schum.), de origem Africana, foi introduzido no Brasil no início da década de 20 (Faria et al., 1998). Segundo Granato (1924), a introdução desta gramínea em território nacional ocorreu a partir de estacas procedentes de Cuba. A sua rápida disseminação se deu baseada em várias características como elevado potencial de produção de matéria seca, adaptação a diversos sistemas e formas de exploração, rusticidade, facilidade de multiplicação, existência de diversas variedades e cultivares, certa resistência a seca e a pragas e doenças, além do fato de apresentar um bom valor nutritivo quando novo (Granato, 1924; Lavezzo, 1994). 17 Por possuir tais características, esta gramínea vem sendo bastante utilizada na forma de pastejo direto para vacas em lactação, sendo considerada ainda a sua utilização na forma de forragem conservada (feno e silagem) como alternativa para alimentação animal na época seca do ano. Segundo Silveira (1976), o capim Elefante se destaca pela elevada produção de matéria seca (MS)/ha, podendo chegar a 60 toneladas/ha, com 9-12% de proteína bruta (PB), 57-62% de fibra em detergente neutro (FDN), 55-59% de digestibilidade, de forma que a silagem obtida desse capim colhido num estádio adequado foi considerada satisfatória. Lavezzo et al. (1983) obtiveram produções de 70,3 e 83,2 toneladas de matéria verde/ha para as cultivares Mineiro e Vruckwona cortadas aos 60 dias de idade. Para as mesmas cultivares cortadas aos 75 dias de desenvolvimento, foram observadas produções de 77,2 e 97,2 toneladas/ha, respectivamente (Lavezzo et al., 1990). No geral, o capim Elefante deve ser cortado para ensilagem em um estádio de desenvolvimento cujo “equilíbrio nutritivo” esteja mais adequado, ou seja, quando for razoável o seu rendimento de massa seca por área, bom teor protéico e baixos conteúdos das frações fibrosas no material (Ferrari Jr e Lavezzo, 2001). Vilela (1990) concluiu que o momento de corte adequado seria quando o capim Elefante estivesse com, aproximadamente, 70 dias de crescimento. I.2 - Limitações apresentadas pelo capim Elefante para a ensilagem Apesar de se ter bom rendimento de massa verde/ha, o capim Elefante apresenta problemas como elevado teor de umidade, reduzido teor de carboidratos solúveis, que 18 são os substratos necessários para o desenvolvimento de bactérias láticas presentes no processo fermentativo; e elevado poder tampão (Lavezzo, 1994). De acordo com McCullough (1977) e McDonald (1981), para um bom processo fermentativo a planta forrageira deve apresentar teor de umidade entre 65 e 72%. O teor de carboidratos solúveis deve ser no mínimo entre 6 e 8%% (McCullough, 1973 citado por Gourley e Lusk, 1978), além de baixo poder tampão, permitindo a redução do pH para valores inferiores a 4,5 (Jaster, 1995). Destes, o teor de umidade se destaca como um dos principais fatores limitantes para a obtenção de silagens de boa qualidade. Para se conseguir adequação dos níveis de matéria seca para se ensilar o capim Elefante, o seu corte deveria ser realizado quando o mesmo estivesse em avançado estádio de desenvolvimento. Tal situação é incompatível com a obtenção de silagem de valor nutritivo aceitável, já que apesar de se ter maiores teores de matéria seca, o teor dos componentes fibrosos torna-se elevado, o que faz com que a digestibilidade destas silagens seja reduzida, conseqüentemente afetando negativamente seu valor nutritivo. II. SILAGEM II.1 - Silagem como alimento volumoso para ruminantes O sistema mais econômico para a alimentação dos rebanhos domésticos sem dúvida, é a utilização direta das pastagens. Porém, devido à estacionalidade das chuvas ocorridas na região nordeste do Brasil, é necessário se criar alternativas para a produção de alimentos que serão destinados a estes animais durante as épocas de estiagem. 19 A produção de silagem é um dos processos mais importantes na conservação de plantas forrageiras sendo uma técnica antiga, porém que está tendo seu uso expandido no Brasil apenas nos últimos anos. II.2 - Qualidade da Silagem O termo qualidade da silagem é utilizado pra descrever até que ponto o processo fermentativo ocorreu de maneira desejável (Silveira et al., 1979). Para que se disponha de condições favoráveis para a ocorrência de um bom processo fermentativo, é necessário esmero na execução de todas as etapas do processo da ensilagem, para que se garanta a eficiência de cada uma delas na obtenção do produto final. Dentre os passos a serem seguidos para a obtenção de silagens de boa qualidade podem ser destacados o ponto de colheita, o corte da forragem, o tempo de enchimento do silo, compactação e vedação (Silobac, 19-?). O ponto de colheita dever ser aquele que forneça um ótimo rendimento de matéria seca por hectare, associado a um elevado valor nutritivo. A picagem da forragem tem como objetivo facilitar a compactação bem como o rompimento de células, permitindo uma atuação imediata dos microrganismos. Com partículas variando entre 1 e 2 cm de tamanho, melhor será a compactação e a expulsão do ar. Na operação de compactação, o objetivo é a expulsão do ar, o que diminui a fase aeróbica da fermentação e favorece o desenvolvimento das bactérias produtoras de ácido lático. 20 A vedação é a última etapa da ensilagem, o que garantirá a anaerobiose do meio evitando a entrada de ar para o interior da massa ensilada. II.3 - Valor Nutritivo das silagens de Capim Elefante O valor nutritivo de uma forragem é função do teor de nutrientes da mesma, da sua taxa de consumo, da digestibilidade da fração consumida e da partição dos produtos metabolizados dentro do animal. Muitas vezes, devido à impossibilidade do uso de animais, podem-se executar análises químicas e ensaios de digestibilidade in vitro para se estimar o valor nutritivo de um alimento (Buxton e Mertens, 1995). II.3.1 - Teores de Matéria Seca Os teores de matéria seca apresentam efeito significativo na obtenção de um bom processo fermentativo e conseqüentemente no valor nutritivo do produto final produzido. Uma elevada umidade no momento da ensilagem poderá desencadear perdas por efluentes que se constituem em perdas de nutrientes pela planta e dificuldade no abaixamento do pH (Woolford, 1984). Um bom percentual de matéria seca promoverá a inibição de bactérias do gênero Clostridium, que são produtoras de ácido butírico o qual, quando presente em grandes quantidades, reduz a qualidade das silagens. Já no caso de se ter elevados percentuais de matéria seca, poderá se elevar as perdas durante a colheita no campo, além de se dificultar a compactação da massa no momento da ensilagem (Oliveira, 1998). De acordo com McCullough (1977) e McDonald (1981) uma planta a ser ensilada deve conter entre 28 e 35% de matéria seca. 21 II.3.2 - Carboidratos Solúveis (CHOs) e Ácidos Orgânicos O teor de carboidratos solúveis na forragem a ser ensilada é afetado por fatores como: radiação solar no dia do corte, horário do corte, extensão do período de emurchecimento, exposição à chuva no campo, compactação da forragem e velocidade de fechamento do silo. Sacarose e os produtos de sua hidrólise (glicose e frutose) são os principais carboidratos solúveis das forrageiras tropicais, os quais devem compor, no mínimo, 6 a 8% da matéria seca da planta, para promover adequada fermentação (McCullough, 1973, citado por Gourley e Lusk, 1978). Já para Kearney e Kennedy (1962), a porcentagem mínima de carboidratos solúveis para se produzir silagens láticas deve ser, em média, 15% na matéria seca do material ensilado. Catchopoole e Henzel (1971), concluíram que são necessários de 13 a 16%. Vilela (2000) ressaltou que a disponibilidade de carboidratos de uma forragem, tanto estruturais como os solúveis, depende da espécie forrageira, sua relação folha/colmo, estádio de maturidade, densidade do plantio e fertilização nitrogenada. Os ácidos orgânicos oriundos da fermentação dos carboidratos solúveis, são solúveis em água e apresentam caráter ácido fraco, sendo representados pelos ácidos acético, lático, butírico e propiônico. Todos os ácidos orgânicos se combinam para dar a acidez durante o processo fermentativo, porém o ácido lático é o mais importante, pois é ele que apresenta maior constante de dissociação, sendo o ácido forte, responsável pela redução do pH para aquém do limite de 4,5, Jaster, (1995). Durante a ensilagem de culturas com baixos teores de matéria seca, o total de ácidos orgânicos produzidos pode superar o total de carboidratos solúveis da cultura, 22 comprovando que proteínas, aminoácidos e outros ácidos orgânicos também são utilizados como substrato para a produção dos mesmos, embora a hemicelulose seja a principal fonte de substrato adicional (McDonald e Whittenburry, 1973; Henderson, 1993). McDonald e Whttenburry (1973) ressaltaram ainda que, em virtude de os ácidos orgânicos estarem presentes na planta sob a forma de sais, como o citrato e o malato, a sua degradação atua contra o princípio da conservação, já que a descarboxilação dos mesmos promove a liberação de cátions e CO2. II.3.3 - Nitrogênio Amoniacal Os teores de nitrogênio amoniacal, juntamente com os valores de pH e os percentuais de ácidos orgânicos, são um dos parâmetros para se caracterizar a qualidade das silagens produzidas ao término do processo fermentativo. O nitrogênio amoniacal como percentual do nitrogênio total quantifica o quanto em nitrogênio foi perdido na forma de amônia durante o desenvolvimento do processo fermentativo. Menores teores de nitrogênio dependerão das condições do material ensilado, assim como da realização de todas as etapas da ensilagem de maneira satisfatória. A elevada umidade é um fator que exerce grande influência nos teores de nitrogênio amoniacal, já que a umidade excessiva atrasa a redução do pH promovendo o desenvolvimento de bactérias clostrídicas, que provocarão perdas de nutrientes via proteólise, com formação de CO2, nitrogênio amoniacal e ácidos acético e butírico. Na planta verde, 75 a 90% do nitrogênio total estão sob a forma de proteína, e o restante compõe-se principalmente de peptídios, aminoácidos livres e amidas. Após a colheita, ocorre rápida proteólise, que cessa somente quando o pH é reduzido abaixo de 23 4,5 (Jaster, 1995), mas varia em extensão, dependendo da espécie ensilada, do teor de matéria seca e da temperatura. Grandes concentrações de nitrogênio amoniacal em silagens no final do processo fermentativo indicarão a conseqüente redução do seu valor nutritivo, devido à perda de nutrientes como proteína e energia e escurecimento da silagem. II.3.4 - Valores de pH No interior do silo, as bactérias lácticas multiplicam-se rapidamente, produzindo ácidos lático e acético, provocando rápida queda no pH, proporcionalmente ao teor de carboidratos solúveis do material ensilado (Van Soest, 1994), até um nível que inibe a proliferação dos microrganismos indesejáveis e, em seguida, impede o seu próprio crescimento, quando é atingida a estabilidade anaeróbia. Para Woolford (1984), o rápido abaixamento do pH é mais importante do que o próprio valor de pH obtido no final do processo fermentativo. Isto está relacionado ao fato de que a acidificação rápida do meio reduz o crescimento e desenvolvimento das bactérias do gênero Clostridium, que promoveriam fermentações secundárias com conseqüente redução no valor nutritivo das silagens. Contudo, para ocorrer este rápido abaixamento do pH, fatores como teor de umidade do material à ensilagem, concentração de substrato prontamente fermentável (Johnson et al., 1966; Fairbairn et al., 1992), rápida expulsão do oxigênio presente no silo (Kearney e Kennedy, 1962) e baixo poder tampão da planta ensilada (Meeske et al., 1993) são fatores que devem ser levados em consideração. 24 II.4 - Utilização de aditivos na ensilagem do capim Elefante Devido ao crescente desenvolvimento da fruticultura irrigada na região Nordeste do Brasil, alguns autores vêm trabalhando com os mais variados subprodutos do processamento de frutos na ensilagem do capim Elefante na tentativa de se obter reduções dos elevados níveis de umidade apresentados por esta gramínea, além de incrementos no teor de proteína e de carboidratos solúveis. Oliveira Filho et al. (2002), utilizando o subproduto do abacaxi na ensilagem do capim Elefante, observaram elevações lineares nos teores de matéria seca quando foi adicionando o referido subproduto ao capim Elefante. Relataram também que o subproduto do abacaxi promoveu reduções nos componentes da parece celular, melhorando o valor nutritivo das suas silagens. Gonçalves et al. (2002), adicionando o subproduto da acerola na ensilagem do capim Elefante, observaram acréscimos nos teores de matéria seca e de proteína bruta das silagens, porém sendo evidenciada elevação no teor de fibra em detergente ácido. Trabalhando com o pedúnculo do caju desidratado na ensilagem da mesma gramínea, Gonçalves et al (2003) obtiveram também elevações nos teores de matéria seca, fibra em detergente neutro e fibra em detergente ácido. Ferreira (2002), utilizando o bagaço do caju “in natura”, oriundo do processamento do pedúnculo do caju para a fabricação de suco, nos níveis de 0; 12; 24; 36 e 48% de adição observou que o teor mínimo de 28% de matéria seca, citado por McCullough (1977), indicado para a predominância de fermentação lática não foi alcançado. Neiva et al. (2001) obtiveram maiores teores médios de matéria seca quando se utilizou o bagaço do caju na ensilagem do capim Elefante, fato atribuído à maior idade de corte do capim. 25 A adição do subproduto do maracujá desidratado promoveu elevação no teor de matéria seca das silagens de capim Elefante, porém sem atingir o limite mínimo de 28%, elevação no teor de proteína bruta, até 10,30% no maior nível de adição do referido subproduto (20%) e redução no teor de fibra em detergente neutro (Aquino et al., 2003). O subproduto da goiaba adicionado ao capim Elefante no momento da ensilagem não apresentou efeitos significativos na composição química das silagens (Neiva et al., 2002). A adição deste subproduto proporcionou elevação do teor de matéria seca para níveis ideais e elevações no teor de proteína bruta. Neste último caso, contudo, mesmo no maior nível de adição (20%), não se alcançou o nível mínimo de 7% a fim de se garantir o bom funcionamento ruminal. Esta resposta modesta deveu-se ao subproduto da goiaba apresentar apenas 7,80% de PB no momento da ensilagem, e o capim Elefante apenas 4,50%. Pompeu et al. (2002), ensilando o capim Elefante com a adição do subproduto do melão, observou que os valores de pH das silagens ficaram acima de 4,5, considerado como o máximo permitido para a ocorrência de um bom processo fermentaivo (Jaster, 1995). Os valores de pH destas silagens atingiram valores de até 5,6 com a adição de 20% de subproduto do melão, o que é bastante negativo já que em pH acima de 4,5, bactérias do gênero Clostridium podem degradar o material ensilado, causando perdas de proteína e energia. 26 III. URUCUM (Bixa orellana L.) III.1 - Importância e industrialização no Brasil O cultivo do Urucum (Bixa orellana L.) tem como finalidade a produção de corantes que após sua extração (Rodrigues, 1985), são bastante utilizados nas indústrias farmacêuticas, têxteis, de laticínio, de alimentos, de bebidas, de tintas e de cosméticos (Carvalho, 1999). De acordo com Torres (1986), a impossibilidade da utilização de corantes artificiais em alimentos faz com que este ramo procure, cada vez mais, alternativas para se extrair corantes naturais para serem aplicados aos mesmos. Segundo Pimentel (1995), no Brasil o comércio de Urucum está estimado aproximadamente em 9000 t/ano onde, do total de sementes, 14,4% são exportadas na forma in natura, 28,6% são industrializadas para a produção de corantes e, aproximadamente 57% das sementes produzidas são comercializadas na forma de sementes moídas integralmente, produto conhecido como colorau. Tonani (1995) ressaltou que o principal pigmento (bixina) extraído das sementes do Urucum representa apenas 6% do peso total da semente, o que gera uma grande quantidade de subproduto que não possui, ainda, uma aplicabilidade viável. III.2 - Características do subproduto do processamento das sementes do Urucum Após a extração da bixina das sementes do Urucum gera-se um subproduto que não tem sido utilizado na alimentação de animais, adubação ou até mesmo na reciclagem de nutrientes. 27 Determinando a composição bromatológica deste subproduto oriundo da extração dos pigmentos do Urucum, Wurts e Torreblanca (1983) encontraram valores de 13,70% de Proteína Bruta, 14,40% de Fibra Bruta, 1,4% de Extrato Etéreo, 5,9% de Matéria Mineral e 64,9% de Extrato Não Nitrogenado. De acordo com os resultados obtidos em seus estudos, Tonani (1995) concluiu que a composição bromatológica do subproduto das sementes do Urucum se assemelha muito à do farelo de trigo, sendo uma alternativa na alimentação animal como concentrado, já que o mesmo apresenta reduzido teor de fibra (menos de 18%). Analisando a qualidade da proteína apresentada pelo subproduto do Urucum Wurts e Torreblanca (1983) encontraram 0,88% de lisina, 0,49% de isoleucina, 0,19% de metionina e 0,10% de triptofano. Os mesmos autores, analisando a fração mineral apresentada pelo referido subproduto observaram valores de 0,16% de cálcio, 0,35% de fósforo e apenas 0,006% de ferro, sendo este subproduto muito pobre neste elemento. Prosseguindo em seus estudos estes autores não observaram presença de hemaglutininas, glicosídeos cianogênicos e alcalóides no subproduto do Urucum. Nos seus relados apenas pequenas quantidades de saponinas (438 µg/g) foram evidenciadas o que não restrige o uso destes subprodutos na alimentação animal. III.3 - Propriedades do urucum As folhas e ramos do urucuzeiro apresentam eficiência no combate a microrganismos como Pseudomonas aeruginosa, Cândida albicans, Cryptococcus neoformans, Aspergillus niger, dentre outros, causadores de disenteria (Lentz et al., 28 1998) e infecções leves e até mais graves (Irobi et al., 1996, Cáceres et al., 1998, e Freixa et al., 1998). Segundo Broussalis et al. (1999) os extratos do urucum, como suas folhas principalmente, possuem propriedades inseticidas de média potência podendo ser inibidor parcial do Plasmodium falciparum. Por outro lado, suspeita-se que a casca das sementes do Urucum possam causar efeitos tóxicos no pâncreas e fígado e conseqüente hiperglicemia com tendência a aumento dos níveis de insulina (Morrison et al., 1991 e Catálogo Rural, 2001). III.4 - Utilização do subproduto das sementes do urucum na alimentação animal Atualmente são poucos os trabalhos sobre os efeitos da adição do subproduto oriundo do processamento das sementes do Urucum utilizado na alimentação animal. Tonani (1995) não observou alteração na digestibilidade dos nutrientes no desempenho e nem na conversão alimentar dos animais, quando se utilizou 26% do subproduto do urucum na dieta de bovinos de corte. Squib et al. (1953), citados por Tonani (1995) verificaram, em frangos, que houve redução no ganho de peso dos mesmos quando se substituiu tanto 30 como 50% do milho pelo subproduto do Urucum. Este fato deve ter ocorrido possivelmente pelo maior teor de fibra e redução na energia da dieta. Utilizando níveis crescentes (0; 5; 10; 15 e 20%) na alimentação de suínos, Alva (1991) citado por Tonani (1995), verificou que a melhor conversão alimentar, ingestão de matéria seca e ganho de peso foram obtidos com a inclusão de 5% do subproduto do Urucum na dieta. 29 Estudos realizados por Silva (2000) observaram efeitos positivos na intensificação da pigmentação da gema de ovos em poedeiras com a utilização do extrato de Urucum. Este extrato corresponde à fração que foi extraída da semente de Urucum que possui uma concentração elevada de bixina (Hernandez e Rusig, 1992), sem contudo haver efeito no desempenho dos animais. 30 3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1 - Localização O experimento foi conduzido no Núcleo de Pesquisa em Forragicultura (NPF) do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal do Ceará (DZ/UFC), localizado no Campus do PICI na cidade de Fortaleza-CE. O município de Fortaleza situa-se na Zona Litorânea, a 15,49m de altitude, 3°43'02'' de Latitude Sul e 38°32'35'' de Longitude Oeste. 3.2 - Tratamentos, Delineamento Experimental e Ensilagem Foram avaliados cinco níveis de adição do subproduto da semente do Urucum (0; 5; 10; 15 e 20%) em delineamento inteiramente casualizado com quatro repetições. O capim Elefante e o subproduto da semente do Urucum foram pesados previamente e homogeneizados para posteriormente serem ensilados. Colocou-se uma quantidade, 31 aproximadamente, de 1,6 kg de material em cada silo, de modo a atingir uma densidade de 600 kg/m3, proporcionando boa compactação da massa ensilada (Figura 1). Figura 1 – Ensilagem Terminada a ensilagem, os silos foram pesados, sendo registrados seus pesos, e acomodados na sala de preparo de amostras do NPF. 3.3 - Capim Elefante e Subproduto da Semente do Urucum O capim Elefante (Pennisetum purpureum Schum.) cv. Roxo utilizado no experimento foi colhido em áreas de capineira do Setor de Forragicultura da UFC com idade de 100 dias, aproximadamente. O capim foi cortado manualmente, rente ao chão, e transportado para o NPF onde foi processado em picadeira de forragem em partículas de 1 a 2 cm. Em seguida, o capim sofreu homogeneização para que se dispusesse de um material onde estivessem bem distribuídos folhas e colmos, garantindo uma maior uniformidade do material ensilado (Figura 2). 32 Figura 2 – Capim Elefante e Subproduto da semente do Urucum O subproduto utilizado, gerado quando da extração da bixina da semente do Urucum, foi oriundo da agroindústria Serra Grande, localizada na cidade de Sobral-CE de onde foi transportado até o NPF para a confecção das silagens. Antes de ser ensilado, o subproduto da semente do Urucum foi triturado em moinho tipo martelo utilizando peneira de 5 mm. A composição químico-bromatológica do capim Elefante assim como do subproduto da semente do urucum pré-ensilados, podem ser vistos na Tabela 1. Tabela 1 – Teores de matéria seca (MS), extrato etéreo (EE), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA) e hemicelulose (HC) do capim Elefante (Pennisetum purpureum Schum.) e do subproduto da semente do Urucum (Bixa orellana L.) pré-ensilados MATERIAIS MS EE PB FDN FDA HC (%) 17,90 1,54 5,36 74,92 47,47 27,25 Capim Elefante Subproduto da semente 85,08 2,90 14,57 55,91 23,39 32,52 do Urucum 33 3.4 – Silos Experimentais Foram utilizados 20 silos experimentais confeccionados com cano tipo PVC composto de um segmento de 340 mm de comprimento e 100 mm de diâmetro e dotados de válvula tipo Bunsen (Figura 3). Figura 3 – Fechamento dos silos experimentais de PVC 3.5 - Abertura dos Silos e Amostragem Passados 64 dias da ensilagem, os silos foram novamente pesados e registrados seus pesos para que se pudesse quantificar as perdas ocorridas dentro dos silos no decorrer do processo fermentativo (Apêndice A). Após esta operação, os silos foram abertos e realizada a verificação de ocorrência de perdas de material por escurecimento de partes da massa ensilada ou propagação de fungos (Figura 4). Na existência destas perdas, as mesmas foram pesadas e anotadas. Posteriormente, toda a silagem foi retirada do silo, novamente homogeneizada e colhidos, aproximadamente, 300 g da silagem de cada silo para serem realizadas as análises químico-bromatológicas. 34 Figura 4 – Perdas por desenvolvimento de fungos 3.6 - Análises Laboratoriais e Estatísticas No Laboratório de Nutrição Animal do DZ/UFC, foram determinados os teores de Matéria Seca (MS), Extrato Etéreo (EE), Proteína Bruta (PB) e valores de pH de acordo com metodologias descritas em Silva e Queiroz (2002); Fibra em Detergente Neutro (FDN) e Fibra em Detergente Ácido (FDA) pelo método alternativo de Souza et al. (1999) e Nitrogênio Amoniacal (N-NH3) seguindo metodologia desenvolvida por Vieira 1980 e Bolsen et al (1992), adaptada por Cândido (2003). Os teores de Hemicelulose (HC) foram obtidos através da fórmula HC = FDN – FDA. Os dados foram avaliados quanto à pressuposição de normalidade, aditividade e homocedasticidade, não havendo necessidade de transformar nenhuma variável. Em seguida, foi executada análise de variância e regressão, adotando-se apenas o modelo linear, quando significativo ao nível de 5% de probabilidade pelo teste F. Como ferramenta de auxílio às análises estatísticas, foi utilizado o procedimento GLM do pacote estatístico SAS (SAS Institute, 1991). 35 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 – Teor de Matéria Seca (MS) Os dados referentes aos teores de matéria seca das silagens contendo níveis crescentes do subproduto da semente do Urucum podem ser vistos na Tabela 2. Segundo a equação de regressão o teor de matéria seca variou de 17,39% com 0% de adição do subproduto da semente do Urucum até 28,59% com o maior nível de adição (20%). Para cada 1% de adição do subproduto da semente do Urucum, foram observadas elevações de 0,56 pontos percentuais no teor de matéria seca das silagens. O resultado observado mostrou que o subproduto da semente do Urucum apresentou grande efeito na elevação dos teores de matéria seca das silagens observando acréscimos de 11,20 unidades percentuais quando se comparou as silagens do tratamento testemunha (0%) com as do tratamento com o maior nível de adição do subproduto da semente do Urucum (20%). 36 Tabela 2 - Teores de matéria seca (MS), de extrato etéreo (EE), de proteína bruta (PB), de fibra em detergente neutro (FDN), de fibra em detergente ácido (FDA), de hemicelulose (HC), de nitrogênio amoniacal (N-NH3), valores de pH e equações de regressão das silagens de capim Elefante (Pennisetum purpureum Schum.) com adição de níveis crescentes do subproduto da semente do Urucum (Bixa orellana L.) VARIÁVEIS NÍVEIS DE ADIÇÃO (%) EQUAÇÕES DE R2 CV REGRESSÃO (%) 0 5 10 15 20 17,20 20,24 23,37 25,86 28,53 Ŷ=17,39+0,56x 0,99 1,73 MS 5,74 7,47 8,59 10,10 11,00 Ŷ=5,95+0,26x 0,98 3,55 PB 75,61 72,14 69,29 66,38 62,56 Ŷ=75,57-0,64x 0,97 1,06 FDN 50,08 45,30 40,84 37,94 33,37 Ŷ=49,66-0,81x 0,96 2,92 FDA 25,53 26,84 28,45 28,44 29,19 Y=25,90 + 0,18x 0,56 4,07 HC 1,83 2,26 2,28 2,40 2,65 Ŷ=1,93+0,03x 0,65 8,19 EE ns 9,51 N-NH3 7,81 6,80 6,80 6,26 6,10 =6,75% 3,56 3,64 3,74 3,80 3,82 Ŷ=3,58+0,01x 0,92 0,79 pH R2 – Coeficiente de Determinação ns – Não significativo (P>0,05) pelo teste F CV – Coeficiente de Variação No nível de adição de 18,95% do subproduto da semente do Urucum (20%) as silagens alcançaram o limite mínimo de 28% de matéria seca, citado por McCullough (1977), como necessário para a predominância de fermentação lática e inibição de fermentação clostrídica. Aquino et al. (2003) trabalhando com o subproduto do maracujá na ensilagem da mesma gramínea, em que, apesar de se verificarem elevações de 0,44 unidades percentuais, nos teores de matéria seca, a cada 1% de adição do subproduto do maracujá, no maior nível de adição as silagens apresentaram apenas 27,73 de matéria seca. Já Neiva et al. (2002) obtiveram níveis superiores ao limite mínimo de 28% de matéria seca quando adicionando apenas 15% do subproduto da goiaba. Possivelmente, o maior percentual de matéria seca apresentado pelo subproduto da goiaba, comparado ao do capim Elefante no momento da ensilagem tenha sido o responsável pelas elevações evidenciadas. 37 4.2 – Teor de Proteína Bruta (PB) Os dados referentes ao teor de proteína bruta das silagens contendo níveis crescentes do subproduto da semente do Urucum podem ser vistos na Tabela 2. O teor de proteína bruta variou de 5,95% no tratamento sem adição do subproduto da semente do Urucum até 11,15% com 20% de adição, de acordo com a equação de regressão. Ainda segundo a equação de regressão, observou-se que foram promovidas elevações de 0,26 unidades percentuais no teor de proteína bruta das silagens a cada 1% do subproduto da semente do Urucum adicionado às mesmas. O percentual de proteína bruta apresentado pelo subproduto da semente do Urucum pré-ensilado (14,57%) fez com que, no maior nível de adição (20%), as silagens atingissem 11,15% de proteína bruta, valor este 5,20 pontos percentuais acima do tratamento testemunha (0% de subproduto da semente do Urucum), podendo-se considerar estas silagens como alimentos volumosos de boa qualidade. Destaca-se que com a adição de apenas 4,04% de subproduto da semente do Urucum, o nível mínimo de 7% de proteína bruta (Silva e Leão, 1979) necessário para o bom funcionamento ruminal já foi alcançado. Estes resultados estão de acordo com os obtidos por Aquino et al. (2003), Gonçalves et al. (2003) e Oliveira Filho et al. (2002), que observaram bons níveis protéicos nas silagens do capim Elefante, com valores superiores a 9% de proteína bruta, utilizando como aditivos o subproduto do maracujá, do abacaxi e o pedúnculo do caju desidratado, respectivamente. Ao contrário dos resultados observados neste experimento, Neiva et al. (2002) e Sá et al. (2004) trabalhando com o subproduto da goiaba e o subproduto da manga, respectivamente, apesar de também terem observado elevações nos teores de proteína bruta de suas silagens. Os autores supracitados 38 verificaram que mesmo no maior nível de adição (20% de subproduto da goiaba e subproduto da manga) o nível mínimo de 7% de proteína bruta não foi alcançado. Possivelmente, neste caso, o percentual de proteína bruta apresentado por estes subprodutos não foi capaz de suprir o déficit de proteína bruta verificado no capim Elefante pré-ensilado, fazendo com que o nível mínimo não fosse atingido. 4.3 – Teor de Fibra em Detergente Neutro (FDN) Os dados referentes ao teor de fibra em detergente neutro das silagens contendo níveis crescentes do subproduto da semente do Urucum podem ser vistos na Tabela 2. A cada 1% de adição do subproduto da semente do Urucum observou-se um decréscimo de 0,64 pontos percentuais nos teores de fibra em detergente neutro. Este fato fez com que o teor deste componente passasse de 75,57% nas silagens exclusivas de capim Elefante para 62,77%, no tratamento com o maior nível de inclusão do subproduto da semente do Urucum, representando uma redução de 12,80 pontos percentuais. Tal resposta deveu-se ao teor de fibra em detergente neutro do subproduto da semente do Urucum apresentar um teor de fibra em detergente neutro (55,91%) 25,37% inferior ao do capim Elefante (74,92%). Oliveira Filho et al. (2002), utilizando o subproduto do abacaxi como aditivo na ensilagem do capim Elefante, também observaram que a adição do referido subproduto provocou declínio de 0,35 unidades percentuais a cada 1% de subproduto do abacaxi adicionado. Infere-se diante dos resultados obtidos, que a ingestão de matéria seca destas silagens provavelmente seria incrementada, já que foi observada redução no teor de 39 fibra em detergente neutro. De acordo com Resende et al. (1994) elevação progressiva no teor de fibra em detergente neutro pode implicar em redução na ingestão da matéria seca em razão do efeito físico de enchimento do rumem pelo material excessivamente fibroso, reduzindo a taxa de passagem do alimento pelo trato digestivo. Gonçalves et al. (2002) e Gonçalves (2003) trabalhando com o subproduto da acerola e o pedúnculo do caju desidratado não observaram efeito sobre os teores de fibra em detergente neutro em silagens de capim Elefante. Neste último caso, o fato dos teores de fibra em detergente neutro do pedúnculo do caju desidratado e do capim elefante serem próximos, levou a não observância de alterações nos teores deste componente nas silagens. 4.4 – Teor de Fibra em Detergente Ácido (FDA) Os dados referentes ao teor de fibra em detergente ácido das silagens contendo níveis crescentes do subproduto da semente do Urucum podem ser vistos na Tabela 2. De acordo com a equação de regressão, verificou-se que os teores de fibra em detergente ácido variaram de 49,66% no tratamento testemunha até 33,46% quando se adicionou 20% do subproduto da semente do Urucum às silagens. Isto mostrou que a cada 1%de subproduto da semente do Urucum adicionado nas silagens foram reduzidos 0,81 pont os percentuais no teor de fibra em detergente ácido das silagens. Observa-se que este declínio acentuado ocorreu devido ao fato do subproduto da semente do Urucum apresentar baixos teores de fibra em detergente ácido (23,39%). O capim Elefante no momento da ensilagem com 47,47% de fibra em detergente ácido apresentou um valor 103% superior Urucum. ao encontrado no subproduto da semente do 40 A diminuição no teor de fibra em detergente ácido é uma boa indicação de melhoria no valor nutritivo das silagens, pois segundo Van Soest (1994), um teor elevado deste componente dificulta a fragmentação do alimento e sua digestão pelas bactérias ruminais. Oliveira Filho et al. (2002) e Sá et al. (2004) ambos ensilando o capim Elefante com adição do subproduto do abacaxi e do subproduto da manga, respectivamente, também observaram reduções no teor de fibra em detergente ácido das silagens. Já Aquino et al. (2003) e Neiva et al. (2002) utilizando o subproduto do maracujá e o subproduto da goiaba, respectivamente, não observaram nenhum efeito significativo também utilizando subprodutos na ensilagen do capim Elefante. Outros autores como Gonçalves et al. (2002), e Gonçalves et al. (2003), utilizando o subproduto da acerola e o pedúnculo do caju, nesta ordem, obtiveram resultados opostos aos encontrados com a adição do subproduto da semente do Urucum em silagens de capim Elefante, com elevação no teor desta variável nas silagens, à medida que se adicionava níveis crescentes dos referidos subprodutos. 4.5 – Teor de Hemicelulose (HC) Os dados referentes ao teor de hemicelulose das silagens contendo níveis crescentes do subproduto da semente do Urucum podem ser vistos na Tabela 2. Pela equação de regressão os teores de hemicelulose variaram de 25,90%, nas silagens exclusivas de capim Elefante, até 29,50% com o maior nível de adição do subproduto da semente do Urucum (20%). A cada 1% de adição do subproduto da semente do Urucum, os teores de hemicelulose das silagens foram elevados em 0,18 unidades percentuais. O maior valor de hemicelulose apresentado pelo subproduto da 41 semente do Urucum (32,52%) possivelmente tenha sido o responsável por estas elevações, já que o capim Elefante apresentava, no momento da ensilagem teor inferior de hemicelulose (27,69%). De posse dos teores de matéria seca e de hemicelulose do capim Elefante e do subproduto da semente do Urucum à ensilagem (Tabela 1), estimar-se-ia em 30,05% o teor de hemicelulose da silagem com 20% de adição do subproduto, o qual elevar-se-ia para 30,12%, considerando a perda de matéria seca (31,34-28,59%) destas silagens durante o processo conservativo. Como o teor de hemicelulose estimado pela equação de regressão para as silagens com 20% de subproduto da semente do Urucum foi de 29,50%, infere-se que essa pequena diferença (redução de 0,62 pontos percentuais) decorra de variações na amostragem pré e pós-ensilagem, e/ou nas determinações laboratoriais da fibra em detergente neutro e ácido ou, ainda, à utilização de uma porção ínfima da hemicelulose como substrato fermentativo. Gonçalves et al. (2002) e Neiva et al. (2002), adicionando o subproduto da acerola e o subproduto da goiaba na ensilagem do capim Elefante, respectivamente, não observaram variações no teor de hemicelulose das silagens produzidas. Já Oliveira Filho et al. (2002), trabalhando com o subproduto do abacaxi, verificaram elevação no teor de hemicelulose em suas silagens enquanto que Sá et al. (2004), Gonçalves et al. (2003) e Pompeu et al. (2002) obtiveram redução nos teores de hemicelulose quando adicionaram respectivamente o subproduto da manga, pedúnculo do caju desidratado e o subproduto do melão na ensilagem do capim Elefante. 4.6 – Teor de Extrato Etéreo (EE) 42 Os dados referentes ao teor de extrato etéreo das silagens contendo níveis crescentes do subproduto da semente do Urucum podem ser vistos na Tabela 2. De acordo com a equação de regressão, o teor de extrato etéreo variou de 1,93% nas silagens exclusivas de capim Elefante até 2,53% com a adição de 20% do SU. Para cada 1%de adição do subproduto da semente do Urucum observou-se um incremento de 0,03 pontos percentuais nos teores de extrato etéreo das silagens. Apesar de se ter observado tal elevação, mesmo no nível de adição de 20% o teor deste componente não ultrapassou o limite de 5% de extrato etéreo a partir do qual se poderia limitar o consumo de matéria seca (Palmquist, 1994). Apesar de se ter trabalhado com um subproduto basicamente composto de sementes, as quais geralmente possuem grandes quantidades de lipídios, as sementes do Urucum se caracterizaram como uma exceção a este fato, daí porque a elevação no teor de extrato etéreo das silagens com níveis crescentes do subproduto ter sido mínima. 4.7 – Teor de Nitrogênio Amoniacal (N-NH3) Os dados referentes ao teor de nitrogênio amoniacal das silagens contendo níveis crescentes do subproduto da semente do Urucum podem ser vistos na Tabela 2. Não foram verificadas variações no teor de nitrogênio amoniacal com a adição do subproduto da semente do Urucum (P>0,05), tendo sido observado um valor médio de 6,75% do nitrogênio total, ou seja, abaixo do limite de 12% para se classificar as silagens como de boa qualidade (Silveira, 1975 e McDonald, 1981). Apesar da elevada umidade apresentada pelo capim Elefante (82,10%), mesmo no tratamento sem adição do subproduto da semente do Urucum, foi obtido teor de nitrogênio amoniacal inferior a 12%. 43 Este resultado difere dos encontrados por Ferreira (2002), trabalhando com adição do bagaço do caju “in natura” em silagens de capim Elefante, que encontraram o valor de 13,16% de amoniacal nas silagens do tratamento sem adição do bagaço do caju “in natura”. Neste caso, as silagens com mais elevado teor de umidade podem ter favorecido ao desenvolvimento de bactérias do gênero Clostridium e ação de proteases que desdobram proteínas e aminoácidos em amônia. 4.8 – pH Os dados referentes ao valor de pH das silagens contendo níveis crescentes do subproduto da semente do Urucum podem ser vistos na Tabela 2. O valor de pH sofreu variação com a adição do subproduto da semente do Urucum (P<0,05). Apesar da elevação observada de 0,01 unidades a cada 1%de adição do subproduto da semente do Urucum, as mesmas apresentaram reduzidos efeitos quanto a elevação dos valores de pH das silagens, já que em todos os tratamentos o valor dos mesmos se manteve abaixo do limite de 4,5 unidades, a partir do qual poder-se-ía ter dificuldade em se alcançar a estabilidade anaeróbica das silagens, promovendo perdas de energia e proteína e conseqüente redução do valor nutritivo das mesmas (Jaster 1995). O valor de pH variou desde 3,58 até 3,78, respectivamente, considerando as silagens exclusivas de capim Elefante e as silagens com a adição de 20% de subproduto da semente do Urucum. Pompeu et al. (2002) obtiveram resultados opostos aos encontrados neste experimento. Utilizando o subproduto do melão, este autor observou elevações nos valores de pH das silagens de capim Elefante, ficando os mesmos acima do limite indicativo de silagens bem conservadas (4,5). 44 Já Oliveira Filho et al. (2002) e Gonçalves et al. (2002), adicionando o subproduto do abacaxi e o subproduto da acerola, respectivamente, na ensilagem do capim Elefante, verificaram resultados semelhantes aos obtidos neste experimento, com redução no valor de pH à medida que se adicionou os referidos subprodutos. 45 5. CONCLUSÃO A adição do subproduto do urucum apresentou efeitos significativos na composição química das silagens, promovendo elevação nos teores de matéria seca e proteína bruta e reduções no teor dos componentes da parede celular. Com as modificações observadas, houve melhorias na qualidade e no valor nutritivo das silagens produzidas, sendo o subproduto da semente do Urucum indicado para ser adicionado na ocasião da ensilagem do capim Elefante até o nível de 20%, na matéria natural da gramínea. Novos estudos devem ser conduzidos para se avaliar o efeito de níveis superiores de adição, levando em conta, principalmente, a elevação no teor de matéria seca das silagens. 46 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AQUINO, D. C., NEIVA, J.N.M., MORAES, S.A. et al.. Avaliação do valor nutritivo da silagem de capim Elefante (Pennisetum purpureum, Schum) com diferentes níveis de subproduto do maracujá (Passiflora edulis). In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 40, Santa Maria, 2003. Anais... Santa Maria: SBZ, 2003. CD-ROM. BOLSEN, K. K,; LIN, C.; BRENT, B. E.; et al. Effect of silage additives on the microbial succession and fermentation process of alfafa and corn silages. Journal of Dairy Science, v.75, p.3066-3083, 1992. 47 BROUSSALIS, A. M.; FERRARO, G. E.; MARTINO, V. S. et al.. Argentine plants as potencial source of inseticidal compounds. Journal of Ethnopharmacology, v.67, p.219-223, 1999. BUXTON, D.R.; MERTENS, D.R.. Quality-related characteristics of forages. In: BARNES, R.F., MILLER, D.A., NELSON, C.J. Forages: the science of grassland agriculture. 5.ed. Ames: Iowa State University Press, 1995. v.2, p.8396. 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