refinaria do lobito
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refinaria do lobito
Revista trimestral • Informação Geral • Distribuição gratuita • DEZEMBRO 2012 • Nº28 notícias Destaque Refinaria do Lobito Vice-Presidente, Manuel Vicente, lança primeira PEDRA na construção do mega-empreendimento nacional Sonangol prepara o futuro Programa de bolsas de estudo atrai jovens angolanos Cultura Kiluanji Kia Henda Retrato do artista Prémio Nacional de Cultura e Artes 2012 revista disponivel nos voos da: 10 06 NACIONAL Nacional Breves da Actualidade REFINARIA DO LOBITO Lançada a primeira pedra na construção do megaempreendimento. 18 NACIONAL Sonangol prepara o futuro Programa das bolsas de estudo atrai novos quadros qualificados. 26 PETRÓLEO CARACTERIZAÇÃO DA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO E DO GÁS DESPORTO Desporto 34 Cultura 40 KILUanji Kia henda Angola orgulha-se com conquista do título africano de clubes. Retrospectiva de um jovem artista consagrado. Colabore com a Revista Sonangol Notícias, mande os seus textos para [email protected] Conselho de Administração • Presidente – Francisco de Lemos José Maria • Administradores Executivos – Anabela Fonseca, Fernando Roberto, Mateus de Brito, Baptista Muhongo Sumbe, Sebastião Gaspar Martins e Raquel Vunge. • Administradores Não Executivos – Albina Assis Africano, José Guime, André Lelo e José Paiva Propriedade Sonangol, E.P. • Sede Rua Rainha Ginga, 29/31 Caixa Postal 1316 Luanda Tel.: 226 643 342 / 226 643 343 Fax: 226 643 996 www.sonangol.co.ao Edição • Gabinete de Comunicação e Imagem – [email protected] • Director – João Rosa Santos • Redacção – Hélder Sirgado (Coordenador), Paula Almeida, José Augusto, Kimesso Kissoca e Edvaldo Nelumba • Colaboradores Permanentes – José Mota, Beatriz Silva, Sandra Teixeira, Nadiejda Santos, Carlos Guerreiro, Lúcio Santos e Sarissari Diniz • Interlocutores nas Subsidiárias – Andresa Silva, Ângela Feijó, Ariel Escórcio, Estêvão Félix, Gil Miguens, José Oliveira, Lúcia Anapaz, Luís Alexandre, Marta Sousa, Miguel Mendonça, Mondlane Boa Morte, Nelson Silva, Pedro Lima, Rosa Menezes e Sónia Santos • Fotografia – José Quarenta e Henrique Artur • Secretariado – Helena Tavares e Yolanda Carvalho • Distribuição – Mateus Tavares, Carvalho Neto, Diogo Lino e Ana Victor • Impressão – Damer Gráficas, S. A. • Tiragem – 5000 exemplares • Design Gráfico, Apoio Editorial e Produção – Nota: Os textos assinados não vinculam necessariamente a Sonangol ou a revista, sendo de inteira responsabilidade dos seus autores. Opinião O início do fim palavra dO director João Rosa Santos O dia 10 de Dezembro de 2012 certamente já faz parte da história da cidade portuária do Lobito e, consequentemente, de todos os angolanos, uma vez que registou o início das obras de construção da Refinaria do Lobito, um dos maiores e mais importantes projectos de Angola independente. Com o arranque desta imponente obra vaticina-se o início do fim das importações de combustíveis no país, um cancro que durante largos anos vem corroendo a economia nacional e desviando recursos que bem poderiam ser mais úteis a outros sectores da vida social. Paralelamente, a construção da Refinaria do Lobito irá agregar valor ao petróleo bruto produzido em Angola, contribuir para a criação de mais de dez mil empregos directos e indirectos, bem como para várias oportunidades de negócio, factores que poderão 4 • Dezembro 2012 - Nº28 ser decisivos e vitais para o desenvolvimento da região. Ao referir-se à importância e pertinência do projecto, Manuel Vicente, vice-presidente da República, considerou tratar-se de um momento ímpar na indústria petrolífera angolana, cujos ganhos vão alavancar o tecido económico nacional e acelerar o crescimento multifacético da nação. Estamos de facto perante uma obra de vulto, assente em padrões de qualidade e ambiente nacionais e internacionais, que vai permitir, talvez a partir de 2018, o processamento diário de cerca de 200mil barris de petróleo. O desafio é enorme, sendo maior a expectativa ao seu redor pois, como é mister em projectos desta envergadura, ninguém quer seguir no último vagão desta viagem em direcção ao futuro. Outrossim, a localização centralizada do projecto permite a facilidade de acesso a todas as províncias de Angola e a países vizinhos, constituindo também um passo de gigante no desenvolvimento dos Caminhos de Ferro de Benguela no âmbito do transporte quer doméstico quer regional de produtos refinados. A primeira pedra já foi lancada. Espera-se proximamente o início da colheita dos frutos. A gasolina regular Ron 93 e 91, o jetA1, o gasóleo regular e de marinha constam do cardápio sugestivo de futuro da Refinaria do Lobito. O caminho ainda é longo mas, com certeza, mora no fundo do coração de todos os angolanos envolvidos na obra a firme determinação de trabalhar com amor e profissionalismo, porque há consciência e convicção de que cada gota de suor é uma semente de progresso e desenvolvimento em Angola. Até breve! 5 Ministro espanhol das Relações Exteriores reúne com PCA da Sonangol E.P. O ministro das Relações Exteriores do Reino de Espanha, José Manuel Garcia Margallo, que efectuou uma visita oficial de alguns dias a Angola, manteve, no Edifício Sede da Sonangol E.P., no dia 12 de Dezembro de 2012, um breve encontro de trabalho com o Presidente do Conselho de Administração da petrolífera estatal angolana, Francisco de Lemos José Maria. Por outro lado, o PCA esteve muito recentemente no Brasil, onde visitou a empresa do ramo petrolífero Sonangol Starfish. Durante a visita, Francisco Maria recebeu informações sobre o funcionamento das diversas áreas da Sonangol Starfish, ao que se seguiu uma reunião cuja agenda de trabalho incluiu os seguintes temas: Estrutura Societária, Organograma, Concessões, Aporte de Capital, Necessidade de Capitalização e a Implementação SAP. O Plano de Negócio 2013-2017 e o Risco de Exploração no “Offshore” Versus Outras Estratégias de Sustentabilidade constituíram igualmente assuntos abordados no decurso do encontro que decorreu sob orientação do Presidente do Conselho de Administração da concessionária nacional. Vencedor do Prémio Sonangol de Literatura-Categoria Revelação Victor Manuel Flora Amorim, com a obra “Do Céu e da Terra”, é o grande vencedor da 3ª edição do Prémio Sonangol de Literatura, na categoria Revelação. O facto foi dado a conhecer pelo júri do referido concurso, em sessão realizada no dia 28 de Novembro de 2012, na capital angolana. Assim, para além da publicação da sua obra, Victor Amorim receberá, no dia 25 de Fevereiro de 2013, data do 37º aniversário da petrolífera estatal angolana, um cheque no valor de 10 mil dólares norte americanos. O Prémio, ao qual concorreram na presente edição um total de 49 obras, é uma organização da Sonangol em parceria com a União dos Escritores Angolanos. Participaram igualmente da reunião as Administradoras da Sonangol E.P., Anabela Fonseca e Raquel Vunge, enquanto a Sonangol Starfish esteve representada pelo seu Presidente, Joaquim Leite da Costa, e pelos Vice-Presidentes, Nazaré Monteiro e José Castro. No final da sessão, Francisco Maria deixou importantes orientações visando a sustentabilidade daquele Negócio que tem a sua sede no Rio de Janeiro (Brasil). Ainda em Dezembro, o PCA conferiu posse aos Directores Geral e Adjunto da empresa Luxerviza, respectivamente, João Simão Manuel da Silva e Rui Pereira do Amaral Gourgel. Assistiram ao acto, que decorreu no Edifício Sede da Sonangol E.P., Administradores da petrolífera estatal angolana, membros da Comissão Executiva da Sonangol Gás Natural – Sonagás, bem como responsáveis da Empresa Nacional de Electricidade (ENE). Recorde-se que a Luxerviza é uma sociedade entre a Sonangol Gás Natural e a ENE que tem como finalidade produzir, distribuir e comercializar energia eléctrica. francisco maria visita empresa Sonangol Starfish O Presidente do Conselho de Administração da Sonangol E.P., Francisco de Lemos José Maria, visitou recentemente no Rio de Janeiro, Brasil, a Sonangol Starfish, empresa adstrita a Sonangol Hidrocarbonetos Internacional. Francisco Maria, depois de visitar as instalações da Sonangol Starfish, manteve um encontro de trabalho com o corpo directivo desta empresa durante o qual recebeu informações pertinentes sobre o seu funcionamento, tendo igualmente baixado orientações visando a sustentabilidade do negócio. Ainda no decurso da reunião em que participaram as Administradoras da Sonangol E.P., Anabela Fonseca e Raquel Vunge, analisou-se o Risco de Exploração no “Offshore” Versus Outras Estratégias de Sustentabilidade bem como o Plano corporativo de Negócio para o período 2013-2017. De recordar que a Sonangol Starfish tem como Presidente Joaquim Leite da Costa e como Vices-Presidente Nazaré Monteiro e José Castro. SONUSA celebra 15º aniversário Sob o lema “O Legado Continua”, a Sonangol USA (SONUSA) celebrou, no passado dia 12 de Novembro, o seu 15° aniversário, tendo cumprido, a propósito, um programa de actividades que culminou com a realização, naquele país do continente americano, de um jantar comemorativo do qual participaram colaboradores, clientes e parceiros da referida Subsidiária da Sonangol E.P. O programa, bastante participativo, incluiu ainda um jogo de Futsal entre mistos da Sonangol USA e da Sonangol Marine Services. Ao discursar durante o jantar, a Presidente da SONUSA, Elma Almeida, enalteceu o empenho de todos os trabalhadores nas suas actividades e responsabilidades diárias e reforçou a necessidade de se dar continuidade ao fortalecimento da presença do Grupo Sonangol no mercado americano. Promoção do gás e petróleo na agenda política O ministro dos Petróleos, Botelho de Vasconcelos, defendeu que o Executivo continua a promover o desenvolvimento do sector do petróleo e gás, por se afigurar como catalizador para a diversificação da economia nacional, na perspectiva de contribuir para a redução da pobreza no país. A aposta no sector prende-se também com a vontade de proporcionar melhor qualidade de vida à população, através do maior acesso a formas de utilização de energia moderna, mais acessível e eficiente, disponível em abundância no país. O governante sublinhou que “O sector do petróleo e gás, no âmbito das suas atribuições emanadas do Executivo, está a desenvolver um conjunto de acções, visando melhor prestação do serviço público, com total respeito às normas de funcionamento necessárias ao desempenho das atribuições económicas e sociais de interesse público”. Segundo o governante, o Executivo Angolano traçou, como objectivos principais a médio prazo, intensificar as actividades de prospecção, pesquisa de petróleo bruto e gás natural; licitar novas concessões petrolíferas e desenvolver a indústria de gás natural e da petroquímica. Operação Houston Express completou 12 anos de actividade A Operação Houston Express, um serviço de transporte aéreo directo de passageiros e carga entre Luanda e Houston (Estados Unidos da América) e no sentido inverso, oferecido pela SonAir, Subsidiária da Sonangol E.P., completou no passado dia 06 de Novembro, doze anos de existência. Na sua primeira década de actividade, a Houston Express funcionou com uma aeronave do tipo MD11, então operada pela companhia WorldAirways. Porém, a partir de 2010, o referido serviço passou a ter como operador a Atlas Air, desta feita com um Boeing 747-400, facto que fez aumentar significativamente a respectiva taxa de ocupação. Recorde-se, a esse propósito, que o MD11 tinha uma capaci- 6 • Dezembro 2012 - Nº28 dade para 113 lugares, sendo que o Boeing 747-400 actualmente ao serviço da Houston Express transporta um total de 189 passageiros, dos quais 10 em 1ª Classe, 108 em Executiva, 35 em Económica Plus e 36 em Classe Económica. 7 MINISTRO DA ASSISTÊNCIA E REINSERÇÃO SOCIAL VISITA Zona Económica Especial O ministro da Assistência e Reinserção Social, João Baptista Kussumua, acompanhado da Secretária de Estado e de Directores do referido sector governamental, visitou recentemente a Zona Económica Especial Luanda-Bengo (ZEE), nomeadamente as Unidades Industriais VEDATELA, PIPELINE, NINHOFLEX, INDUCABOS, MANGOTAL, PIVANGOLA, INDUTIVE, MATELECTRICA, ANGOLACABOS, INDUTUBO, TRANSPLAS, TELHAFAL, MT/BT, BOMBAGUA, INDUPLASTIC, INFER e GALVANOPLASTIA. A visita teve como objectivo constatar os níveis de produção das várias unidades industriais localizadas na ZEE e analisar até que ponto os seus produtos podem satisfazer as necessidades do ministério da Assistência e Reinserção Social, no âmbito das suas responsabilidades relacionadas com o programa de investimentos públicos, muito particularmente a construção de estruturas de carácter social. O presidente da Associação dos Deficientes de Angola, Silva Etiambulo, também esteve na ZEE, desta feita para tratar, com a empresa Sonangol Investimentos Industriais (SIIND), de questões relacionadas com o cumprimento do Decreto Nº 21/82, de 22 de Abril, que determina medidas para a protecção dos deficientes. De acordo com o referido Decreto, todos os organismos do Estado, empresas estatais, mistas, privadas e cooperativas, bem como organizações de massas e sociais, devem manter uma reserva de pelo menos 2% dos seus postos de trabalho para pessoas deficientes. Refira-se que a MATELECTRICA é uma das unidades industriais da ZEE que já emprega portadores de deficiência. Nova descoberta de petróleo no Bloco 16 A Sociedade Nacional de Combustíveis de Angola – Sonangol E.P., e a Maersk Oil Angola A/S, anunciaram mais uma descoberta de petróleo no Bloco 16, com perfuração do poço Caporolo-1, em águas profundas do offshore Angolano. Trata-se da segunda descoberta feita neste bloco depois do Chissonga-1. O poço Caporolo-1, foi perfurado numa lâmina de água de 1 235 metros e atingiu uma profundidade total de 5 508 metros. Os resultados do teste deste poço indicaram um fluxo máximo de 3.000 barris de petróleo por dia, através de um estrangulador de fluxo de 36/64 polegadas. A Sonangol E.P. é a Concessionária Nacional e a Maersk Oil Angola A/S é o Operador do Bloco16 com 65% de participação, tendo como parceiros a Sonangol P&P (20%) e a Odebrecht Oil & Gas Angola Ltd (15%). Sonangol a justa estrutura organizacional O Presidente do Conselho de Administração da Sonangol E.P., Francisco de Lemos José Maria, defendeu recentemente que é preciso mudar permanentemente para melhorar a empresa e o desempenho dos colaboradores, sendo que mudar significa ajustar continuamente a organização, melhorar comportamentos e cumprir e fazer cumprir as orientações superiormente emanadas pelo executivo angolano. Recentemente, numa cerimónia, assistida por membros dos Conselhos de Administração e de Direcção da Sonangol E.P., foram empossados Josina Marília N’gongo Mendes Baião Magalhães para o cargo de Presidente da Comissão Executiva da Sonangol Holdings, Ruben Monteiro da Costa para o cargo de Presidente da Comissão Executiva da Sonagás, Diogo da Silva Manuel para o cargo de Presidente da Comissão Executiva da MSTelcom e João António Ramos para o cargo de Presidente da Comissão Executiva da SONAREF. Foram igualmente empossados, Ana Joaquina Van-Dúnem Alves da Costa, nos cargos de Vogal da SONAREF, Gerente Único e Directora Geral da SONAREL, Ana Maria dos Reis Fançony, Vogal da Comissão Executiva da SONAREF, Augusto dos Anjos e Costa Pereira Bravo, Vogal da Comissão Executiva da SONAREF, Vicente Sebastião Inácio, Vogal da Comissão Executiva da Sonangol Holdings, Jacinto Estêvão, Vogal da Comissão Executiva da Sonangol Holdings, Joaquim da Conceição Mayer, Vogal da Comissão Executiva da Sonagás, Jaime Campos, Vogal da Comissão Executiva da Sonangol Distribuidora, José Pedro Benge, Vogal da Comissão Executiva da MSTelcom e Tomás Faria, no cargo de Vogal da Comissão Executiva da Sonangol Logística. Tomaram ainda posse Julião Milagre de Assis Bárber no cargo de Secretário do Conselho de Administração da Sonangol E.P., Belarmino Emílio Chitangueleca no cargo de Director de Produção, Jacinto Manuel Veloso no cargo de Director de Finanças, Natacha Alexandra Ferreira Monteiro Massano no cargo de Directora de Economia de Concessões, Suzel Cardoso Alves Daniel no cargo de Directora de Negociações, Daniela Baptista Matos no cargo de Directora do Gabinete de Qualidade, Saúde, Segurança e Ambiente, André Pitra no cargo de Director do Projecto Sinco e Rodolfo Aguiar no cargo de Director do Projecto de Fertilizantes da Sonangol E.P. Para além destas nomeações, realizou-se no seio da empresa uma nova distribuição dos pelouros. Assim, em 8 • Dezembro 2012 - Nº28 Despacho datado de 5 de Outubro de 2012, o Presidente do Conselho de Administração da Sonangol E.P., Francisco de Lemos José Maria, procedeu a um ajustamento na supervisão das Unidades Organizacionais da Sonangol E.P. e suas Subsidiárias pelos membros do Conselho de Administração. Consequentemente, a referida supervisão ficou assim definida: Presidente do Conselho de Administração: Direcção de Planeamento, Direcção de Auditoria e Controlo Interno, Direcção de Serviços Jurídicos, Gabinete para as Relações com o Estado e Fiscalidade, SONIP-Sonangol Imobiliária e Propriedade, Sonangol Finance Limited, Fundo Social, Banco de Poupança e Promoção Habitacional, Projectos Institucionais “Bónus Petrolíferos”, Fundos de Abandono e Fundo de Pensões da Sonangol. Administradora Anabela Soares de Brito da Fonseca: Direcção de Tecnologias de Informação, Gabinete de Qualidade, Saúde, Segurança e Ambiente, Sonangol Pesquisa e Produção, Sonangol Hidrocarbonetos Internacional, SONACI-Sonangol Comercialização Internacional, SSHL-Sonangol Shipping Holding Limited e SONILS. Administrador Baptista Muhongo Sumbe: Direcção de Manutenção e Infraestruturas, Direcção de Serviços Sociais, Sonangol Distribuidora, Sonagás-Sonangol Gás Natural, Projecto de Produção de Fertilizantes e Luxerviza-Geração de Energia Eléctrica. Administrador Fernando Joaquim Roberto: Direcção de Recursos Humanos, Clínica Girassol, MSTelcom, Puaça-Administração e Gestão, UCS-Universidade Corporativa da Sonangol e Unidades de Gestão dos Bolseiros da Sonangol. Administrador Mateus Morais de Brito: Direcção de Segurança Empresarial, Gabinete de Comunicação e Imagem, Sonangol Logística, SIIND -Sonangol Investimentos Industriais, Comissão de Projectos Sociais do Soyo, Cooperativa Cajueiro e Centro Recreativo Paz Flor. Administradora Raquel Rute da Costa Vunge: Direcção de Finanças, Direcção de Gestão de Riscos, Direcção Central de Compras, Sonangol Holdings, SonAir e Projecto Sinco-Sistema de Informação Corporativa. Administrador Sebastião Pai Querido Gaspar Martins: Direcção de Exploração, Direcção de Produção, Direcção de Negociações, Direcção de Economia de Concessões, Gabinete de Arquivo e Base de Dados, Laboratório Central, Direcção do Comité de Controlo das Concessões e SONAREF-Sonangol Refinação. 9 nacional Refinaria do Lobito A HORA DO ARRANQUE Foi lançada a primeira pedra na construção do mega-empreendimento da Refinaria do Lobito, cujo objectivo a longo prazo é contribuir para a independência energética nacional. José Ramos (Texto) Editora Visão (Fotos) A Sonangol anunciou o início formal das obras para a construção da refinaria do Lobito, com capacidade de processamento diário de 200 mil barris de petróleo por dia. O anúncio foi feito pelo Presidente do Conselho de Administração (PCA) da empresa, Francisco de Lemos, na cidade do Lobito, Benguela, durante a cerimónia de lançamento da primeira pedra para a construção da refinaria, pelo vice-presidente da República, Manuel Vicente. Durante a cerimónia, Francisco de Lemos lembrou que o projecto é o resultado de empenho de centenas de quadros e responsáveis da empresa, desde 2000, quando foi proclamada a visão e a estratégia corporativa do projecto, cuja conclusão das obras poderá ocorrer dentro de cinco anos. Trata-se de um substancial investimento da Sonangol que representa o princípio do fim de uma longa cami- 10 • Dezembro 2012 - Nº28 nhada que culminará, gradualmente, com a redução e eliminação completa das importações de combustíveis e lubrificantes, visando a independência energética nacional. “A construção da refinaria do Lobito também é resultado do esforço abnegado de uma grande paciência e paixão do Presidente da República, José Eduardo dos Santos, que com a sua visão de orientação estratégica sempre acreditou na capacidade do país em fornecer combustíveis em abundância com a qualidade desejada, e principalmente com preços baixos”, afirmou. Segundo o gestor, o empreendimento proporcionará uma unidade industrial adicional à estrutura económica e produtiva mais moderna e ambientalmente compatível aos padrões de qualidade. Para o ministro dos Petróleos, Botelho de Vasconcelos, também presente na cerimónia, o lançamento da primeira pedra para a construção da refinaria local constitui um momento singular para o sector. O governante afirmou que o projecto é estruturante e faz falta ao país, “uma vez que somos deficitários em termos de derivados de petróleo” e vem dar o sinal que “todos nós esperámos durante algum tempo, para que possamos ser auto-suficientes e com capacidade de exportação para os países vizinhos”. O projecto, que criará 10 mil postos de trabalho directos e indirectos, ainda durante a fase de construção, está localizado no morro da Quileva, ao longo da linha costeira, a 10 quilómetros da cidade do Lobito. Situado a 150 metros acima do nível do mar, numa área de 3.805 hectares, no eixo norte-sul do país, este empreendimento permitirá o abastecimento em derivados do "ouro" negro a todas as províncias e países vizinhos. 11 internacional As novas tendências da energia O mapa mundial da energia está a mudar, tanto pelos novos métodos de produção, o abandono da energia nuclear em alguns países, a adopção das fontes renováveis, como pela expansão dos recursos não convencionais. O “World Energy Outlook 2012” avaliou o impacto que estes novos desenvolvimentos poderão ter no futuro da energia no mundo. Nádia Morais (Texto) 12 • Dezembro 2012 - Nº28 13 internacional Prevê-se também que os desafios dos responsáveis políticos se tornem cada vez mais complexos, um resultado da intensificação das relações entre os combustíveis, os mercados e os preços, enquanto o gás natural liquefeito (GNL) assume uma presença mais forte e as energias renováveis, um maior protagonismo na matriz energética. A resposta está na eficiência O estudo publicado pela Agência Internacional de Energia (AIE) examinou o impacto destes desenvolvimentos nos desafios enfrentados pelo sector energético a nível mundial: satisfazer a crescente procura, abrir o acesso e cumprir os objectivos mundiais relativos às alterações climáticas. Segundo o relatório, estes desenvolvimentos não foram o suficiente para que o sistema global de energia se encontre numa trajectória sustentável, pois os combustíveis fósseis continuam a dominar a matriz energética. Foi nos Estados Unidos que ocorreram as mudanças mais profundas, com novas tecnologias que dão acesso aos chamados recursos não convencionais, como o gás de xisto ou o petróleo comprimido. Prevê-se que, em 2020, os Estados Unidos se tornem o maior produtor mundial de petróleo e um exportador líquido dez anos mais tarde. 14 • Dezembro 2012 - Nº28 Segundo o estudo, o elemento fulcral do desenvolvimento do sector é o investimento na eficiência energética. Este poderá beneficiar a segurança energética, o crescimento económico e o próprio meio ambiente, com a eliminação das barreiras que impedem a implementação de medidas de eficiência energética economicamente viáveis. Para que estas medidas se tornem reais, o estudo propõe um conjunto de etapas. Em primeiro lugar, tornar a eficiência energética mais visível através da avaliação e divulgação dos seus benefícios económicos. Em segundo lugar, salien- tar o tema da eficiência energética de forma a este poder ser integrado nas decisões dos governos, das indústrias e da sociedade. Em seguida, os responsáveis políticos deverão tornar esta eficiência mais acessível, criando modelos de negócio, financiando veículos e incentivos que garantam aos investidores a retribuição do seu investimento. Por fim, devem desencorajar-se as abordagens menos eficientes através da aplicação de regulamentações e da promoção de medidas mais eficientes. Numericamente falando, o relatório prevê que a procura de energia primária seja reduzida para metade a partir de 2035 e que a procura de petróleo atinja um pico antes de 2020. Entre as duas datas, espera-se um declínio na produção correspondente à actual produção conjunta da Rússia e da Noruega. Gás natural ganha protagonismo O gás natural será o único combustível fóssil cuja procura de prevê crescer a todos os níveis. Aqui, o gás não con- 15 internacional vencional deverá representar quase metade do aumento da produção mundial em 2035, com a China, os Estados Unidos e a Austrália como os maiores produtores. No entanto, o negócio do gás não convencional ainda se encontra nos seus primórdios e as incertezas relativas à extensão e qualidade dos recursos poderão travar o desenvolvimento destes novos recursos. Segundo o estudo, a confiança nos recursos não convencionais poderá ser reforçada com quadros legais sólidos e um desempenho exemplar da indústria. Além disso, o gás não convencional poderá acelerar o movimento de fluxos comerciais e pressionar os fornecedores a alterar os mecanismos de definição dos preços de gás, actualmente vinculados ao preço do petróleo. No entanto, isto apenas poderá acontecer com o fortalecimento e a diversificação das fontes de abastecimento, 16 • Dezembro 2012 - Nº28 assim como a mitigação da procura de importações e a emergência de novos exportadores de gás. Já nas energias tradicionais, espera-se um declínio. A procura do carvão – que satisfez quase metade do aumento da procura mundial de energia durante as últimas décadas – poderá crescer ou diminuir consoante as medidas políticas direcionadas para a promoção de fontes de energia com menos emissões nocivas ao meio ambiente, assim como para a implementação de tecnologias de combustão de carvão mais eficientes. No caso da energia nuclear, temos uma situação ambígua. Apesar de haver um gradual abandono em alguns países, como é o caso da França e do Japão, na sequência do acidente de Fukushima em 2011, no Japão, espera-se que a produção nuclear continue a crescer em termos absolutos devido à sua expansão na China, Coreia, Índia e Rússia. Isto porque à medida que a procura mundial de electricidade cresce – duas vezes mais rápido que o consumo total de energia – será necessário um aumento da capacidade para substituir estas centrais nucleares em processo de desactivação. Renováveis assumem papel central As energias renováveis registaram uma expansão rápida que levou à consolidação da sua posição na matriz energética global. Calcula-se que representem um terço da produção total de electricidade em 2035, tornando-se a segunda fonte mundial de geração de electricidade em 2015 e aproximando-se do carvão enquanto principal fonte de electricidade em 2035. O consumo de biomassa e biocombustíveisdeverá quadruplicar, com recursos 17 Os recursos não convencionais Novos métodos e tecnologias estão a ser adoptados para aproveitar uma nova era de recursos, encontrados a grandes profundidades e com altos riscos de produção. As fontes não convencionais encontramse submersas em rochas impermeáveis, como carvão, arenito e xisto. Existem três tipos de gás não convencional: o gás de xisto, encontrado em depósitos de xisto, o metano em camadas de carvão (CBM, coal bed methane), extraído de depósitos de carvão e o gás comprimido, encontrado submerso em formações rochosas impermeáveis. O gás de xisto tem tido o maior protagonismo nos últimos anos, tanto pelo seu potencial como pela polémica associada à sua produção, nomeadamente ao uso da fraturação hidráulica. Através deste método, é feita a perfuração hidráulica de um poço e são injectados grandes volumes de água, misturada com areia e químicos, para criar fendas na rocha e libertar o gás. Alguns especialistas comprovaram que este método poderá ter um impacto negativo no meio ambiente, principalmente no que diz respeito à utilização de terrenos, água e a potencial contaminação da água potável e das emissões de gases nocivos ao meio ambiente. mundiais para a bioenergia suficientes para satisfazer os níveis de aprovisionamento de biocombustíveis e biomassa projectados. Este aumento nas fontes de energiarenováveis deve-se à baixa dos custos da tecnologia e ao aumento dos preços dos combustíveis fósseis e do carbono, mas deve-se sobretudo aos subsídios que continuam a ser concedidos. Estes subsídios, atribuídos com o objectivo de apoiar novos projectos de energias renováveis, deverão ser ajustados à medida que a capacidade aumentar e os custos da tecnologia diminuírem, para evitar a sobrecarga dos governos e dos consumidores. Energia para todos O principal objectivo do sector energético global continuará a ser o acesso universal à energia. Segundo o estudo, apesar dos avanços constatados em 2011, cerca de 1300 milhões de pessoas ainda não têm acesso à electricidade e 2600 milhões não têm acesso a meios adequados para cozinhar. Apesar da Cimeira do Rio+20 não ter resultado num compromisso para o acesso universal à energia em 2030, o ano das Nações Unidas da Energia Sustentável para Todos gerou novos compromissos para atingir esse objectivo. No entanto, o estudo afirma que esses compromissos não bastam. É preciso uma acção mais ampla para evitar que, em 2030, quase mil milhões de pessoas não tenham electricidade e 2600 milhões continuem sem meios higiénicos para cozinhar, segundo as estimativas. Nacional Programa de Bolsas de Estudo Sonangol prepara o futuro Os grandes desafios que a Sonangol enfrenta no seu futuro exigem quadros devidamente qualificados. Com o programa de bolsas de estudo, a petrolífera nacional prepara antecipadamente colaboradores para dar resposta às novas necessidades da empresa. Ângela Correia (Entrevista) Malocha (Fotos) 18 • Dezembro 2012 - Nº28 19 Desporto O capital humano é unanimemente considerado o bem mais valioso de qualquer organização. Tendo em conta esta realidade, faz parte da estratégia de actuação da Sonangol incentivar a formação dos seus recursos humanos. O programa de atribuição de bolsas de estudo para estudantes angolanos é uma das faces visíveis do trabalho que a companhia tem desenvolvido com o objectivo duplo de encontrar quadros competentes para integrar a empresa, ao mesmo tempo que contribui para o desenvolvimento académico dos jovens mais talentosos do país. Bastante procurado, o processo das candidaturas às bolsas de estudo para o próximo ano está a decorrer a bom ritmo. A Sonangol Notícias esteve à conversa com Luísa Gameiro, coordenadora do programa de bolsas de estudo, que nos deu conta do ponto da situação. Durante a entrevista, 20 • Dezembro 2012 - Nº28 a responsável apontou as Engenharias e as Geociências como as áreas onde existe um maior défice de quadros, não só ao nível nacional mas também global. Na expectativa “de atenuar este défice foi criado este Programa com o objectivo de formar dois mil quadros”, explicou-nos a coordenadora. A quem se destina o Programa de Bolsas de Estudo da Sonangol? O Programa de Bolsas de Estudo da Sonangol destina-se a todos os cidadãos angolanos com idade compreendida entre os 16 e os 19 anos de idade que já tenham concluído o Ensino Médio/Pré-Universitário ou que estejam a frequentar o último ano deste nível académico. Quais são as áreas de estudo contempladas no programa? As áreas de estudo do Programa de Bolsas de Estudo são essencialmente orientadas para os cursos de Geociências e Engenharias e Tecnologias. No entanto, achou-se por bem estender-se também para algumas áreas das Ciências Sociais. Explique-nos um pouco como se desenrola exactamente o processo de candidatura e atribuição da bolsa? Este ano, o Conselho de Administração da Sonangol E.P. aprovou um Programa de Formação, consubstanciado na atribuição de 500 bolsas de estudo anuais para o exterior do país no período 20122015. O processo de candidatura é um concurso público composto, em primeiro lugar, por uma fase de inscrição dos candidatos ao concurso público. A fase seguinte, a dos testes, que é eliminatória, começa com testes psicotécnicos. Os candidatos aprovados são submetidos a posterior a testes de conhecimentos. Os apurados nestes testes serão submetidos a testes vo- 21 cacionais e entrevista. Finalmente, os candidatos são submetidos a exames médicos. Aos candidatos apurados são então atribuídas as bolsas de estudo mediante assinatura de um contrato de usufruto de uma bolsa de estudo. Os bolseiros têm direito a um subsídio ou remuneração? Considerando a sua responsabilidade pela permanência dos bolseiros no exterior do país, todos os custos com a formação, saúde, viagens e estadia serão assumidos directamente pela Sonangol. Ao bolseiro será atribuído um subsídio de bolsa mensalmente para a sua subsistência. Onde vão estudar estes bolseiros? A Sonangol tradicionalmente envia bolseiros para estudar em Portugal, Reino Unido, Brasil e Estados Unidos da América. Mas neste Programa futuramente prevê-se também enviar bolseiros para China, Malásia, Índia, Itália, França, Noruega, Suécia e África do Sul. O objectivo é a Sonangol integrar estes recursos depois de formados no quadro da empresa? Sim. Todos aqueles com bom aproveitamento académico e na fase de estágios de integração na empresa, serão potenciais candidatos a integrar os quadros da Sonangol. Qual a importância destes bolseiros para a empresa? Que mais-valias possuem e de que forma serão aproveitados para a empresa? A Sonangol tem grandes desafios para o futuro, no que respeita a exploração petrolífera, e só terá capacidade de resposta se tiver quadros devidamente qualificados. Com este Programa, a empresa está a preparar antecipadamente quadros para dar resposta a estes desafios futuros. A mais-valia é que a maioria destes bolseiros vai estudar em países com forte pendor na indústria petrolífera e de expressão inglesa, que é a língua usada na indústria petrolífera. Esta conjugação de factores permitirá aos bolseiros desenvolverem competências durante os estudos e o período de estágio. O número de licenciados que a Sonangol tem recrutado tem aumentado nos últimos anos? Anualmente a Empresa aprova um plano de necessidades de pessoal que é preenchido por recrutamento local de pessoal. Estes licenciados têm sido uma das principais fontes para a empresa como resultado do desenvolvimento do Ensino Superior no país. Outra fonte são as bolsas de estudo externas e internas que a Sonangol atribui. Para que áreas a Sonangol mais está a recrutar e quais as áreas em que se sente uma maior falta de licenciados nacionais? Sem dúvida que são as de Engenharias e Geociências. É por esta razão que o Programa de Bolsas de Estudo incide essencialmente nestas duas áreas. Mas realçamos que a falta de quadros nestas áreas não é só nacional. Existe um défice de quadros nestas áreas a nível global. É na expectativa de atenuar este défice que foi criado este Programa com o objectivo de formar dois mil quadros. Quais as perspectivas actuais para um jovem construir uma carreira na Sonangol? Foi aprovado recentemente o modelo de carreira no âmbito do Projecto de Desenvolvimento do Capital Humano (HCM) que está a ser divulgado a todos colaboradores começando pelos gestores. Com a implementação deste modelo vamos melhorar a gestão de carreira dos nossos quadros e satisfazer as expectativas destes, contribuir para a retenção dos melhores e remunerá-los de acordo com o desempenho já será possível fazer carreira na Sonangol. Nacional Bons Exemplos Como é trabalhar na maior empresa nacional? Dois ex-bolseiros que hoje fazem parte da Sonangol mostram-se bastante satisfeitos com os resultados obtidos depois de muitos anos a estudar fora do país e a aprender a viver em realidades completamente diferentes. À oportunidade concedida pela Sonangol, responderam com muito esforço e determinação e, hoje em dia, os dois formados estão gratos ao programa de bolsas de estudo da Sonangol. Fomos conhecer as experiências de Suzeth Moate e Nvunda Ribeiro. Nvunda Ribeiro A experiência de Nvunda Ribeiro no processo de atribuição de bolsas de estudo começou quando o jovem já estudava no exterior. Concorrer para a bolsa da Sonangol foi, nas palavras do jovem, uma excelente opção. “Na altura eu estudava no exterior, e estava a terminar o primeiro ano quando me foi dada a oportunidade de beneficiar de uma Bolsa de Estudo. Conseguir a bolsa foi a melhor coisa que me aconteceu. Com a bolsa de estudo, as minhas condições sociais melhoraram muito. E consequentemente os meus resultados académicos também.” Nvunda Ribeiro estudou na Escócia, em Glasgow, e licenciou-se em Gestão de Empresas (Business Management). Quanto à experiência de viver fora do País, Nvunda aponta os seus altos e baixos. Se estudar numa Universidade de boa qualidade, com um bom ambiente de estudo é algo muito gratificante, não deixa de ser “doloroso do ponto vista pessoal, ter sido o único bolseiro angolano nessa cidade. Contudo, sei que de certa forma esta situação ajudou a concentrar-me nos estudos para atingir o objectivo com mais rapidez”, confessa. Neste momento Nvunda mostra-se satisfeito por poder corresponder às expectativas da empresa que um dia resolveu apostar nele. “De momento estou alocado à Universidade Corporativa da Sonangol. Estou empenhado no recrutamento de bolseiros para este Programa de Bolsas de Estudo que formará outros cidadãos, que no seu regresso 22 • Dezembro 2012 - Nº28 ajudarão no engrandecimento da empresa e do país com o conhecimento adquirido, e é bastante satisfatório poder corresponder às expectativas da empresa que nos garantiu a formação”. Nvunda está confiante no seu futuro como parte do capital humano da Sonangol. “A empresa tem tido um contínuo progresso, e com as novas descobertas e novos planos de negócios, os desafios serão ainda maiores. Felizmente existem oportunidades de capacitação e potencialização para os quadros recém-admitidos. A experiência de trabalhar no maior grupo empresarial angolano tem sido positiva pelo facto de estar exposto a um ambiente de trabalho muito competitivo com técnicas de trabalho inovadoras, geralmente encontrado em empresas petrolíferas”. 23 Suzeth Moate Para Suzeth Moate, conseguir a bolsa atribuída pelo programa da Sonangol foi uma grande conquista, e estudar longe dos familiares e amigos um sacrifício que valeu a pena. “Fazer parte do grupo de bolseiros apurados no concurso de 2006 para a bolsa de estudo no exterior do país foi uma grande conquista para mim. Éramos muitos candidatos para poucas vagas. Ter sido apurada no final, considero até hoje ter sido uma das maiores conquistas da minha vida”. A estudante lembra que estudar em um país distante e formar-se não foi fácil, mas hoje agradece à empresa e às pessoas que acreditaram em si. A jovem estudou no Reino Unido, na Escócia, e formou-se em Geologia de Petróleos pela Universidade de Aberdeen. “Estar distante da família, ter de aprender o inglês para sobreviver numa terra bastante fria, foi uma experiência muito marcante. Era preciso atender às expectativas da empresa em manter uma boa performance académica, não importando as circunstâncias, e isso é uma tarefa complicada. Confesso que houve alturas em que tive vontade de desistir. Mas, apesar de tudo, e da saudade da família, o objectivo final foi cumprido. Hoje com muito orgulho e com o diploma na mão posso dizer que valeu a pena o sacrifício desses cinco anos”. Actualmente, Suzeth faz parte da equipa e da família Sonangol e garante que é gratificante poder ajudar também os novos candidatos. “Estou na Sonangol e faço parte da Universidade Corporativa da Sonangol (UCS), estando encarregue da Coordenação do Programa de Bolsas de Estudo, que tem como um dos objectivos definir critérios e estratégias para o bom andamento do Programa de Bolsas de Estudo. Um dia fui bolseira e hoje estou a fazer o trabalho de cuidar dos bolseiros da Sonangol, o que para mim se traduz num motivo de grande orgulho, poder fazer o mesmo pelos outros”. À Sonangol Notícias, Suzeth acrescentou que corresponder às expectativas da empresa não foi fácil mais valeu os cinco anos de esforço e dedicação. “Uma das minhas grandes expectativas como ex-bolseira era poder ser admitida para trabalhar na Sonangol no final da minha formação. A outra é poder fazer carreira dentro da Sonangol. Quando isso acontecer, aí sim, as minhas expectativas serão correspondidas. Neste aspecto, já se vê uma luz no fundo do túnel com a criação do novo modelo de carreiras a ser implementado pelo Projecto HCM.” OPINIÃO O CONHECIMENTO COMO FERRAMENTA IMPRESCÍNDIVEL Carlos Guerreiro (Texto) DR (Fotos) H oje em dia, temos uma economia baseada na era do conhecimento e o único factor de competitividade das empresas chama-se inovação. Cada vez mais, observa-se um movimento crescente das empresas na busca de métodos e ferramentas que possibilitem o florescer de boas ideias e a criação de grandes inovações. Para atender esta necessidade, o profissional do século 21 precisa de ter acesso rápido a informação, interagir por meio de diversos canais de comunicação e estabelecer redes de interacção. A retenção de talentos e a sua capacitação nas empresas são factores importantes pelo facto do retorno ser extremamente vantajoso para o sucesso das companhias. A gestão do conhecimento é necessária e deve-se mesmo considerar o conhecimento como um capital intelectual, que é, na verdade, um activo intangível das empresas, que 24 • Dezembro 2012 - Nº28 precisa de ser preservado e formatado. Assim, quando se fala da gestão do conhecimento nas empresas, falamos de capital intelectual e de recursos, que são importantes para as empresas e para os seus funcionários, de modo a que haja pessoas mais capacitadas, com trabalho diferenciado, melhorando os processos do seu dia-dia e percebendo também os da periferia, ou seja, aquelas áreas que fazem parte da mesma empresa, para que os produtos e serviços cheguem ao mercado como inovação. Já dizia o grande guru Peter Drucker, que os grandes ganhos de produtividade, daqui para a frente, advirão das melhorias na gestão do conhecimento. Hoje, mais de 55% daquilo que é gerado no mundo já é produto da gestão do conhecimento. Na gestão do conhecimento encontramos aquilo a que chamamos de mudança, que é a criatividade e que se pode traduzir na geração de novas ideias para se criar um plano inovador como factor estratégico. A capacidade de gerar e absorver inovações é, portanto, vista como elemento chave da competitividade dinâmica e sustentável. Neste contexto, incrementar o processo de inovação requer o acesso aos conhecimentos e a capacidade de apreendê-los, acumulá-los e utilizá-los. No processo da gestão do conhecimento, os funcionários já reconhecem a importância da capacitação de estarem melhor preparados para um mercado extremamente dinâmico, em que as empresas se unem em grandes redes geradoras de valor, e em que as mudanças organizacionais se tornam cada vez mais frequentes. A adaptação a este novo contexto é imprescindível, e isso requer transformações que envol- 25 vem pessoas, locais e mesmo a maneira como se lida com o próprio trabalho. As empresas que hoje desejam estar à frente da concorrência precisam de enfrentar questões que vão além da redução dos custos e da melhoria de produtos e serviços. A sua competitividade passou a ser determinada por factores como a capacidade de disseminar e compartilhar conhecimento, inovar e reter equipas altamente qualificadas, de cujos profissionais se exige flexibilidade, mobilidade e colaboração. Actualmente, as empresas são pressionadas para responder de maneira rápida a mudanças imprevisíveis que afectam constantemente o seu negócio e, para isto, é necessário que os seus colaboradores assumam valores que são tidos em conta pelo mercado e pelo segmento cada vez maior de consumidores que acompanham as novas tendências e se interessam por inovações. Neste início de século XXI o próprio trabalhador do conhecimento prefere estar ao lado das organizações que respeitam a liderança, o conhecimento, a metodologia e a rentabilidade. Quando estes quatro conceitos são prejudicados o resultado nas empresas é praticamente zero. Existem duas maneiras para se atingir resultados, através da pressão e através da adesão. Sempre que se utiliza a pressão existe o problema do retrocesso, quando aquela passa da dose. E quando existe a adesão, as conquistas são mais duradouras e mais significativas porque a adesão vem de dentro e as pessoas compreendem, se encantam com as propostas e a visão dos grandes líderes, quer seja nas empresas ou não. Como disse e muito bem o nosso Presidente, “a grandeza de uma Nação não se mede apenas pelas potencialidades dos seus recursos naturais, mas também pela nobreza de carácter, pela atitude e pelas competências dos seus cidadãos que se são, de facto, a base dinamizadora desses recursos. Para enfrentarmos os desafios que se prendem com o desenvolvimento do nosso País no contexto da globalização, precisamos de contar com quadros nacionais altamente qualificados e de possuir uma classe de trabalhadores bem formada tecnicamente, capaz de se adaptar rapidamente ao ambiente de mudanças e às necessidades impostas pelos novos sistemas de produção”. ANÁLISE CARACTERIZAÇÃO DA INDúSTRIA DO PETRÓLEO E DO GÁS Dr. André Jimbe (Texto) 1 Desenvolvimento da indústria do petróleo Estruturalmente a industria petrolífera emergiu na segunda metade do século XIX, através das iniciativas da Vacuum Oil Co. e da Standard Oil Co. que, entre outras, estiveram na origem da Socony, de Rockefeller. Em 1911 o Supremo Tribunal dos EUA estipulou legislação antimonopólio, com base na qual a Socony foi obrigada a dissolver-se em 33 entidades não integradas verticalmente, formando assim empresas com actividades distintas desde a pesquisa até à distribuição. Em resultado, a industria evoluiu para uma industria fragmentada. Contudo, face à relevância económica de factores como as elevadas economias de escala e a baixa diferenciação do produto, os anos seguintes caracterizaram-se pela retoma de uma estrutura mais concentrada. Este ciclo de concentração culminou no início dos anos 70, com a crise de 1973. Na realidade, a primeira grande crise petrolífera surgiu na sequência de um conjunto de acontecimentos interligados que importa compreender: Tabela 1.1 As Dez Maiores Empresas Produtoras de Crude em 1972 e 2006 1972 2006 Exploração (MBD) Quota de Mercado Empresa Exploração (MBD) Quota de Mercado Exxon Corp. 4,968 10,8% Saudi Arabian Oil 8,585 13,8% British Petroleum 4,664 10,1% National Iranian Oil Co. 3,720 6,0% Royal Dutch/Shell 4,169 9,0% Petroleos de Venezuela 2,885 4,6% Texaco Inc. 3,777 8,2% China National Petroleum 2,796 4,5% Chevron Corp. 3,232 7,0% Petroleos Mexicanos 2,722 4,4% Gulf Oil 3,214 7,0% Royal Dutch/Shell 2,254 3,6% Mobil Corp. 2,316 5,0% Kuwait Petroleum Corp. 2,070 3,3% Communist Bloc 1,301 2,8% Exxon Corp. 1,726 2,8% CFP (Total France) 977 2,1% Lybia National Oil Corp. 1,345 2,2% Sonatrach (Algeria) 925 2,0% Abu Dhabi National Oil Co. 1,300 2,1% TOP 10 TOTAL 29,543 64,0% TOP 10 TOTAL 29,403 47,1% Total Mundial 46,170 100% Total Mundial 62,446 100% Empresa Nota: MBD: milhões de barris Fonte: Adaptado de Energy Information Administration (2007), Petroleum 2006 – Issues and Trends 26 • Dezembro 2012 - Nº28 27 ANÁLISE - A existência do cartel The Seven Sisters, Exxon, Texaco, Mobil, Gulf, Socal (as duas últimas fundiram-se na Chevron), BP e Shell com acordos secretos quanto às formas de actuação nos mercados; ços muito inferiores aos do petróleo para um valor energético equivalente; - O fecho do Canal do Suez, consequência da «Guerra dos 6 Dias» em 1967, que obrigou à criação de novas rotas para o transporte de 3,5 milhões e barris de crude por dia, recorrendo-se à produção de mais e maiores petroleiros; - A crise petrolífera de 1973 resultou assim numa fragmentação da estrutura empresarial ao nível da exploração e refinação, surgindo um novo grupo de empresas com capital público pertencente aos países produtores de petróleo que nacionalizaram as anteriores concessionárias estrangeiras. - A escala de preços por parte dos países produtores de petróleo: o custo do crude duplicou entre 1970 e 1973; - O incentivo do Governo americano à utilização de gás natural, impondo pre- de 57,15 mas em 1995 possuíam apenas uma quota de 12,5% da exploração global; por outro lado as 10 maiores empresas produtoras a nível mundial detinham, em 1972, 64% da exploração global e em 1995 somente 47,1% (Tabela 1.1). - O embargo por parte dos países produtores de petróleo aos EUA e outras nações Consumidoras. 1.2 Atractividade da indústria do petróleo A longo prazo, a atractividade da indústria do petróleo nos vários segmentos de mercado do downstream, transporte, indústria, doméstico e químicos é média-alta conforme se pode observar na análise conjunta dos factores que compõem o modelo das cinco forças (Tabela 1.2). Estas duas fases, concentração até 1973 e posterior fragmentação, são reflectidas ao nível da exploração: em 1972, as Seven Sisters detinham uma quota Tabela 1.2 Aplicação do Modelo das Cinco Forças ao Dowstream na Industria Petrolífera Segmentos do Downstream Transporte Indústria Doméstico Químico Elevadas barreiras à entrada devido a economias de escala e de experiência, Potencial de Novas entradas Necessidade de capital, elevado volume de operações, acesso aos canais de distribuição, elevados custos e mudança. Conclusão: Baixo Pressão de Produtos Substitutos O substituto de eleição é a energia Eléctrica dado que os Produtores de automóveis estão a desenvolver sistemas sob essa forma de energia. Conclusão: Alta No curto prazo os substitutos incluem o carvão e o gás natural. O carvão porque existem novas tecnologias em desenvolvimento que farão com que seja economicamente e ambientalmente competitivo com o gás. O gás natural devido à maior quantidade de reservas nos países industrializados, relativamente ao petróleo, e à origens. A médio prazo, as energias renováveis – vento, biomassa e solar – serão competitivas face aos combustíveis fósseis. Com o surgir de novas tecnologias cada vez haverá mais possibilidade de gerar matérias sintetizadas alternativas. Conclusão: Alta Conclusão: Alta Poder negocial dos fornecedores 28 • Dezembro 2012 - Nº28 Médio poder dos fornecedores e crude devido ao nível de reservas de petróleo, por falta de credibilidade nas políticas e informações do Médio 29 Tabela 1.3 Aplicação do Modelo das Cinco Forças ao Dowstream na Indústria Petrolífera (continuação) Segmentos do Downstream Transporte Poder negocial dos clientes Crescente poder das estações de serviço (actividade integrada nas empresas petrolíferas) devido à pressão exercida pelas grandes superficies em países europeus (França e Reino Unido); Médio poder dos particulares devido aos baixos custos de mudança e à importância da Qualidade. Indústria Doméstico Elevado poder negocial dos clientes industriais devido ao grande peso do bem nas compras totais de qualquer das indústrias e por o produto ter baixa diferenciação e não existirem custos de mudança. Elevado número de distribuidores e de particulares, que provoca um poder negocial. Conclusão: Alto Conclusão: Alto Elevado poder negocial dos clientes petroquímicos uma vez que o sector é dominado por um conjunto restrito de empresas. Os produtos tém um elevado peso nas compra se a rentabilidade estrutural do sector é muito superior à do petróleo. Conclusão: Alto Conclusão: Médio Rivalidade entre concorrentes actuais Químico Intensa rivalidade entre as multinacionais que operam à escala mundial dado que utilizam o mesmo tipo de recursos e jogam nos mesmos segmentos. O mercado em geral apresenta crescimentos pouco acentuados. As grandes empresas têm dimensões semelhantes. Há elevados custos fixos dado ser um sector que necessita de grandes unidades para tirar partido das economias de escala. Elevadas barreiras à saída em consequência de tecnologias específicas, existência de sinergias com que a indústria química e de dependências vitais de todo o tipo de actividade humana que fazem com que a indústria apresente uma importância estratégia tanto ao nível da competitividade empresarial como ao nível das trocas entre países. Conclusão: Alta Conclusão final Atractividade: Média-alta 1.3 Factores críticos do sucesso Para a análise dos factores críticos de sucesso do sector petrólifero é conveniente efectuar o seu enquadramento com outros dois sectores energéticos, o carvão e o gás natural, uma vez que estes três sectores representam as principais fontes de combustíveis fósseis utilizadas a nível mundial (Tabela 4.3). Para a indústria petrolífera [Adr98] consideram, normalmente como principais factores críticos de sucesso à escala global os seguintes elementos: - Integração vertical: Ambiente, segu- Atractividade: Alta Atractividade: Média-alta rança, relações com os parceiros locais e redução de custos são algumas das áreas onde é possível melhorar o desempenho através da integração ao longo de toda a cadeia operacional. Neste contexto incluem-se, entre outras, as sinergias e economias de escala resultantes da integração das operações de refinação e petroquímica, onde a refinação apresenta margens reduzidas e a petroquímica uma volatilidade reduzida, que conduzem à melhoria dos resultados de ambos os negócios. Por exemplo, a Exxon possui complexos integrados concebidos e geridos de forma a optimizar a produção de com- Atractividade: Média-alta bustíveis, lubricantes e petroquímicos de elevado valor acrescentado. - Custos operacionais: Considerando as actuais condições no sector do petróleo, com margens reduzidas principalmente nas operações de refinação e uma crescente concorrência a nível mundial, é crucial para as companhias do sector reduzir os custos operacionais. Por exemplo, desde 1992 a Chevron conseguiu reduzir os seus custos em 1,5 mil milhões de dólares, o que é bastante significativo se considerarmos que os seus resultados operacionais em 1995 se cifraram em 2 mil milhões de dóla- Tabela 4.3 Factores Críticos de Sucesso nas Indústrias Energéticas Industria Factores-chave de compra Factores de competição Factores críticos de sucesso Preço Preço Custos operacionais Poder energético Stocks Disponibilidade de recursos Acessibilidade Distribuição geográfica Acessibilidade Carvão Integração vertical Preço Poder energético Petróleo Acessibilidade Acesso aos mercados Custos operacionais Acesso aos mercados Gestão das tecnologias Rede de distribuição Geográfica Infra-estrutura de transporte e de abastecimento Impacto ambiental Recursos e tecnologia Recursos e tecnologia Preço Preço Custos operacionais res. Também a BP e a Mobil tomaram a iniciativa inédita de fundir as suas operações de refinação e distribuição na Europa, com vista a obter economias nos custos comuns. Em paralelo, tem-se assistido a numerosos despedimentos no sector no intuito de reduzir os encargos salariais. Estimativas conservadoras apontam para a eliminação de cerca e 20 mil postos de trabalho na indústria petrolífera apenas nos últimos 2-3 anos. Desta forma, quanto menores forem os custos fixos de estrutura, maior será a capacidade para resistir à inevitável pressão sobre as margens e para sustentar ataques nos preços de venda. - Acesso aos mercados: Através de uma eficiente gestão da informação e da logística, é possível fornecer os clientes finais com reduzidos custos de stockagem e de ruptura e elevados níveis de serviços. Por exemplo a Exxon reduziu 19 dos seus pontos de distribuição na Europa, Japão e América Latina através de operações de racionalização de custos ou da participação em joint ventures, melhorando ainda assim o seu serviço final. • Dezembro 2012 - Nº28 Gestão das tecnologias Infra-estrutura de transporte e abastecimento Gás natural 30 Economias de escala - Gestão das tecnologias: A evolução e crescimento do sector encontra-se cada vez mais interligado à inovação tecnológica numa altura em que a redução de custos é um imperativo para todas as companhias. Por exemplo o DeepStar Project, patrocinado por companhias como a Agip, Amoco, Arco, Chevron, Elf, Exxon, Mobil, Petronas, Shell, Statoil e Texaco, entre outras, visa promover o desenvolvimento da tecnologia necessária à pesquisa das águas profundas do golfo dos EUA, minimizando assim os custos e riscos associados às iniciativas isoladas de cada parceiro. As tecnologias também têm contribuído para a resolução das questões ambientais que preocupam o sector, resultando em operações mais limpas e seguras em todo o mundo. Por exemplo, a gasolina reformulada, introduzida em dez dos Estados mais poluídos dos EUA em 1996 por imposição legislativa, é actualmente a gasolina mais limpa, com baixos níveis de emissões, encontrando-se por isso já em divulgação com resultados positivos em alguns países europeus como a Itália. Em contraste com o petróleo, o gás natural é mais caro de transportar e difícil de armazenar. Consequentemente os mercados do gás tendem a ser mais regionais do que locais, sendo a distribuição normalmente efectuada por pipeline. O gás natural liquefeito (LNG) fornece outra alternativa de transporte, mas actualmente apenas satisfaz uma pequena fracção da procura mundial, pois o seu processamento e transporte é ainda bastante dispendioso, necessitando de avultados investimentos. Prevê-se que num futuro a médio prazo a tecnologia GTL (Gas to Liquids) possibilite a expansão da comercialização do gás natural. Em particular, esta tecnologia irá permitir a utilização dos actuais pipelines reduzindo assim substancialmente os custos associados ao desenvolvimento do gás natural. Por exemplo, em breve companhias como a Exxon e a Sasol poderão explorar novas oportunidades através do gás natural. Embora os custos e a tecnologia existente favoreçam o petróleo, caso se consigam obter suficientes vantagens economicas e técnicas graças à tecnologia GTL, o gás natural poderá passar a ser uma alternativa muito mais forte ao petróleo. 31 32 • Dezembro 2012 - Nº28 33 1.4 Grupos estratégicos Em termos de grupos estratégicos, a industria petrolífera é constituída essencialmente por três conjuntos de empresas, caracterizados pelos seguintes atributos: - Empresas privadas, representadas pelas Seven Sisters e pelos independentes da Sonatrach, Amoco, Arco Coastal, Valvoline, AstraCaspa, Berry Petroleum ou Schlumberger, operam geralmente à de forma a racionalizar os custos e poder oferecer um serviço completo aos clientes. É também de referir que estas companhias possuem uma sobre capacidade nas actividades de downstream relativamente ao upstream, em consequência das nacionalizações das suas concessionárias, ocorridas nos anos 70. Por outro lado, as empresas privadas que funcionam apenas à escala local e regional diferenciam-se pelo facto de serem entidades com competências mais específicas e limitadas, nomeadamente as que têm por objectivo determinadas actividades da cadeia de valor, como por exemplo a Valvoline, distribuidora de lubrificantes, ou a Schlumberger, especialista em tecnologias de prospecção; - Empresas estatais dos países produtores, representadas pela Sonangol, Saudi Aramco, NIOC (Nacional Iranian Oil Co.), KPC (Kuwait Petroleum Corporation), PDVSA (Petróleos de Venezuela) ou Pemex (Petróleos Mexicanos), surgiram na sequência da primeira crise do petróleo e das tensões exercidas no início dos anos 80, substituindo as antigas entidades concessionárias pela via da nacionalização; › Adriano F. (1998), “Internacionalização – Desafios para Portugal”, Lisboa, Verbo/ São Paulo. › D. J. Gielen, H. Yagita, 2002, “The long-term impact of GHG reduction policies on global trade : A case study for the petrochemical industry ”, European Journal of Operational Research, Vol. 139, p. 665-681. › Lasschuit, W., Thijssen, N., Supporting Sup- - Estas empresas caracterizam-se por estar essencialmente concentradas no upstream com tendência a evoluir para as restantes actividades do downstream, como forma de balancear os seus negócios e garantir o escoamento do petróleo bruto; ply Chain Planning And Scheduling Decisions in the Oil and Chemical Industry, Proceedings FOCAPO 2003 (Eds. I.E. Grossmann and C.M. McDonald), pp. 37_/44, CACHE. › Plano Energético Nacional, (1989), “Cenários de Desenvolvimento a longo Prazo da Industria Portuguesa, 1990-2010”, Vol. II.4, Lisboa. - Empresas estatais dos países consumidores, representadas pela Agip, ELF, Total, Repsol, Cespa ou Petrogal, constituem um conjunto de entidades que emergiram após a Segunda Guerra Mundial e que tinham por objectivo servir os respectivos países e gerir os monopólios nacionais. Estas companhias caracterizam-se por estar essencialmente limitadas ao douwnstream e a actividades petroquímicas, possuindo uma dimensão modesta quando comparadas com as principais empresas dos outros grupos estratégicos. EMPRESAS PRIVADAS Seven sisters REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS › Machado, V.C. (1998), “Gestão de Stocks para Sistemas de Distribuição de Gases de Petróleo Liquefeitos”, Dissertação de Doutoramento em Engenharia Industrial, Universidade nova de Lisboa. › Jimbe, A. (2008), “CARACTERIZAÇÃO DA INDUSTRIA DO PETRÓLEO E DO GÁS ”, Tese de Doutoramento em Engenharia Industrial, Universidade Nova de Lisboa. › Van Meurs P. H., (1981), “Modern Petroleum Economics”. EMPRESAS ESTATAIS independentes R AstraCaspa PAÍSES PRODUTORES PAÍSES CONSUMIDORES CULTURA KILUANJI KIA HENDA, um percurso internacional e sólido Vencedor do Prémio Nacional de Artes e Cultura 2012, Kiluanji Kia Henda é um artista já consagrado no panorama das artes ao nível nacional e internacional. Marta Lança (Texto) Cedidas (Fotos) Kiluanji Kia Henda foi o artista mais novo a ganhar o Prémio Nacional de Artes e Cultura, na área de artes plásticas e sente-se feliz com a congratulação, valorizando o meio da fotografia e a internacionalização da sua carreira, “com muitos desafios que reflectem a minha identidade espalhada por vários sítios, mas com base em Luanda, claro, onde tudo começou.” O prémio representa o fechar de um ciclo, serve como motivação mas Kiluanji lembra que “há muito trabalho por fazer a nível cultural em Angola” e se este tipo de reconhecimentos contribuírem vale a pena. Nascido em 1979, passou a infância no Bairro Popular. Coisa de família, já o avô fotografava e havia uma polaroid lá em casa. O irmão Cassiano Bamba montou um estúdio de fotografia improvisado. A admiração pelo trabalho do fotojornalista Carlos Lousada, no que toca à espontaneidade das pessoas retratadas e ao apelo da viagem, também ajudou a ganhar curiosidade. Mas foi em Joanesburgo, onde passou uns tempos na casa do fotógrafo John Liebenberg, que comunicou com um universo de imagens fortes e percebeu o poder político da imagem. Ali contactou com um grande arquivo de fotografias sobre situações do apartheid e da própria Guerra Civil angolana (que Liebenberg cobrira para a agência Reu- 34 • Dezembro 2012 - Nº28 ters). Naquela lente, era ver a História a acontecer na captura de momentos emblemáticos para a contar. Regressa a Luanda em 1998, e chega a tocar num grupo pop-rock, ao mesmo tempo que frequenta o Teatro Elinga, epicentro da vida artística na baixa de Luanda. Chegou a envolver-se em produção e luminotecnia para teatro, conhece o Colectivo Nacionalistas e o mestre Paulo Kapela e a sua obra criativa e original. Foi o regresso à fotografia, enturmado, entre outros, com os artistas visuais Marcos Kabenda e Yonamine, e já instalado entre eles um espírito de grupo. Havia tudo por experimentar e dali sairiam carreiras internacionais. O LUGAR DA FOTOGRAFIA No embalo da primeira Trienal de Luanda (2005-7), dirigida pelo artista Fernando Alvim, um acontecimento fundador no contexto artístico angolano, não havia dúvida de que a experimentação artística era o caminho escolhido. Participou na primeira exposição “Angola Combatente” (2005); entretanto seguiram-se outras nos diversos espaços restaurados da cidade. A produção fotográfica ganhou um novo ritmo. As viagens pelas províncias angolanas - a amplitude do deserto do Namibe, a floresta de Cabinda, a mina da Lunda - seriam a descoberta do seu país. “Descobrir o deserto, o espaço, as dimensões, a ausência de tudo, foi muito forte”, relembra Kiluanji. A carreira começou a abrir-se ao mundo e as solicitações vinham de todos os lados. A sua fotografia vive de uma estreita comunicação com o lugar que lhe compete. Em Luanda, a criatividade da vivência urbana e a improvisação na qual as pessoas se foram organizando, revelava um pulsar artístico, sendo os edifícios os narradores da história do país, no escrito solto de alguém que passou. Apercebia-se a potencialidade fotogénica, em constante “reinvenção na maneira como a cidade se move, circula, cria.” Procurou espaços abandonados como a Feira Popular, as personagens fora do contexto - como um cowboy no musseque do tríptico Ngola Bar. Trabalha sobre diferentes contextos e o seu corpus de imagens pertence ao mundo, que bebe na hibridez cultural de Angola e numa história influenciada por factores externos. “Vivo num constante movimento, a minha identidade é como um puzzle disperso, aquilo de que sou feito e penso, está espalhado por vários lugares a importância da deslocação, faz parte da cultura em que fui educado.” Então as viagens para fora do país também foram direccionando a escrita narrativa e um imaginário em 35 Cultura construção. Um mapa da deslocação do artista vai influenciando a sua obra. “Saber que temas quero questionar, ver de perto novos contextos emergentes, não é só uma ideia abstracta. Encontro uma forma horizontal de pensamento. Há sítios onde me considero muito mais próximo.” Um projecto de ficção científica de astronautas navegam no Icarus 13, o Mercador de Veneza incorporado no vendedor da recente imigração africana, um pipeline em Sines e uma central nuclear em Cape Town com barbecue, os monumentos históricos de Luanda com um actor extravagante num pedestal (instalação fotográfica com o título Homem Novo) são alguns exemplos de narrativas que recriam a História, receptiva à pluralidade de perspectivas pela sua manipulação que consegue em extravasar a questão temporal, e revestir-se de ironia, e leituras mais ou menos politizadas. Essa a liberdade do artista. “Aquilo 36 • Dezembro 2012 - Nº28 que absorvo da história são momentos levados por aquilo que vivemos hoje”. Por exemplo, ao trabalhar em Veneza sobre um tema ligado a presença africana na europa, foi todo um processo de conhecimento: “Itália vivia uma crise de imigração no sul e ver a representação do mouro nas catedrais, os negros africanos que construíram Veneza há 400 anos atrás, com o sofrimento em paralelo com os telejornais foi sufocante. E também uma espécie de leitura sobre mim próprio, também na questão da história religiosa, o termos vindo de uma educação cristã." Na certeza de que existe um grande desconhecimento sobre o que é a história angolana, contribuir para ampliar a urgente reflexão da História em África, é um dos objectivos do artista, dar a conhecer a complexidade de mudanças de períodos históricos sobre os quais não houve sequer tempo, nem interesse, em pensar a fundo. “Fala-se tanto de pós- 37 38 • Dezembro 2012 - Nº28 39 -colonialismo, mas e quando comparamos com o que se falou ou criou sobre o pós-escravatura? E depois passámos a independência, e ainda há tanto a reflectir. Tudo influenciou o que é o país hoje, nessa linha de continuidade como o ciclo da água.” Episódios como o tráfico de escravos angolanos, a influência que Angola teve no apartheid, a guerra civil mais longa, têm implicações em processos mundiais. Por exemplo para perceber o que Portugal é hoje é preciso saber mais sobre Angola. Por estes e outros factores os temas da obra de Kiluanji Kia Henda têm despertado o interesse por vários lados, tal como diz “o meu Discurso pretende ser global, não aflige só o meu quintal.” Entretanto está a escrever um livro com textos seus e curatoriais porque lhe interessa pensar o processo das obras. INTERNACIONALIZAÇÃO Na sequência da 1º Trienal, participou no SD Observátorio no Instituto Valenciano de Arte Moderna (IVAM), e na 52ª Bienal de Veneza, para a mostra Check List_Luanda Pop. Viveu em Lisboa em 2007, tendo participado no programa de residência artística da ZDB, onde realizou o projecto Blood Business Corporation, uma invasão do Iraque simulada na zona de oleodutos em Sines. Começaram viagens e mais viagens, residências artísticas em todos os cantos do mundo. Em 2008 criou, na Cidade do Cabo, o projecto Expired Trading Produts relacionado com a crise de xenofobia que se vivia por lá e a única estação nuclear em África, numa residência artística de 3 meses com a ProHelvetia – Swiss Art Council, e o colectivo do qual é co-fundador, International Assossiation for a Happy Artist. Participa na 3ª Trienal de Guangzhou intitulada Farewell to Post-Colonialism, onde ficou por dois meses, a convite da Fundação Sindika Dokolo para produção de Icarus13, um projecto utópico que retrata a estória da primeira missão espacial em África em direcção ao Sol. Regressa a Angola em 2009, e apresentou a sua primeira exposição individual em Luanda, intitulada Estórias e Diligências, depois nas mostras colectivas em São Paulo, na Galeria SOSO e na exposição, Luanda: Smooth and Rave I, Museu Solar do Ferrão, Bahia, Brasil. No mesmo ano realiza o projeto Trans It que foi apresentado numa exposição individual em São Paulo e em várias mostras coletivas em cidades como Lisboa, Bordéus, Bahia, Luanda e Lumumbashi. Em 2010 reside quatro meses em Veneza no âmbito do programa de residência artística com a Fondazione di Venezia e Fondazione Bevilacqua La Masa, onde realizou o projeto Self Portrait As A White Man, que aborda a diáspora, imigração e identidade, apresentado também na galeria Fonti, Nápoles e na II Trienal de Luanda. Em 2011 passou uma temporada em Paris onde criou o projecto para reflector sobre as relações com o Ocidente, O.R.G.A.S.M.(Organização dos Estados Africanos para a Melancolia na Europa). Actualmente anda em trânsito entre Europa e Angola. Finaliza um projecto para o Próximo Futuro na Fundação Calouste Gulbenkian. Em 2013 vai participar na exposição colectiva de artistas angolanos No Fly Zone no museu Berardo e terá uma exposição individual na Áustria com um novo projecto já apresentado na feira de Arte de Basel. DESPORTO Angola prepara o CAN 2013 Amadeu Neto (Texto) Cedidas (Fotos) Enquanto a selecção nacional prepara o CAN 2013 na província da Huíla, o ambicionado troféu visitou a capital angolana deixando todos a torcer para que o regresso da taça aconteça no final do campeonato. A Taça do Campeonato Africano das Nações de Futebol (CAN2013), a disputar-se nos próximos meses de Janeiro e Fevereiro, na África do Sul, esteve em Angola. Desta vez veio apenas para ser observada pelos adeptos angolanos durante três dias. A questão que ficou no ar é se, ao apito final do último jogo, o destino do troféu será voltar a solo nacional. Para que tal feito aconteça, ao comando da armada angolana está o seleccionador nacional de futebol, Gustavo Ferrín, que convocou os atletas que actuam no Campeonato Nacional (Girabola) para preparar a Taça de África das Nações (CAN2013) na província da Huíla. Geraldo, que actua no Paraná do Brasil, é o único “estrangeiro” 40 • Dezembro 2012 - Nº28 que já está em estágio uma vez que a competição naquele país já terminou. A preparação, só com girabolistas, começou no dia 4 de Dezembro na província da Huíla e estendeu-se até ao dia 23. A afinação da equipa, completa com os jogadores provenientes dos campeonatos europeus, começa em Janeiro. Os 24 jogadores, comparativamente aos que jogam na Europa, começaram mais cedo a disputar um lugar entre os eleitos para o africano, a ter lugar na África do Sul de 19 de Janeiro a 10 de Fevereiro. O lateral do Petro de Luanda, Mabiná, foi um dos destaques da convocatória depois de falhar as últimas quatro. Melhor jogador do CAN2010 na sua posição, o futebolista passou por maus momentos na carreira, depois de perder a titularidade na equipa com a entrada de um novo técnico. Depois da brilhante campanha que efectuou no final do Girabola, mereceu a confiança de Gustavo Ferrín. Resta-lhe “lutar” para estar entre os 23 para o CAN. Arranque contra Marrocos Para defrontar o desafio que se adivinha, Angola foi incluída no grupo A, ao lado da África do Sul (país organizador), Marrocos e Cabo Verde. Os Palancas Negras vão jogar nas cidades de Joanesburgo, diante de Marrocos a 19 de Janeiro no estádio Soccer City, com a África do Sul no Moses Mabhiba Stadium, em Durban no dia 23 e no Nelson Mandela Bay, em Port Elizabeth, frente ao Cabo Verde, 41 no dia 27 de Janeiro. Do calendário para a preparação da equipa nacional constaram vários jogos disputados na cidade do Lubango, província da Huila, com as congéneres da Gâmbia (dia 15), Camarões (19) e Rwanda (22). Além destes desafios, e de acordo com uma fonte da Federação Angolana de Futebol (FAF), está ainda agendado mais um encontro, já na África do Sul em Janeiro, com adversário a indicar. Taça em Angola Entretanto, em Luanda, o ambicionado troféu veio até à capital angolana numa actividade promovida pelo Standard 42 • Dezembro 2012 - Nº28 Bank África. Para a recepção do troféu, estiveram no Aeroporto Internacional 4 de Fevereiro, o director provincial da Juventude e Desportos, António Rosa, o presidente da Federação Angolana de Futebol (FAF), general Pedro Neto, responsáveis do Standard Bank no país, os três embaixadores eleitos para a actividade e representantes do Ministério da Juventude e Desportos. No aeroporto, a taça foi exibida aos presentes durante cerca de 15 minutos para ser filmada e fotografada pela imprensa, tendo na ocasião Angie Burton, responsável da instituição bancária, anunciado que apenas o Chefe de Estado pode toca-la antes de ser con- quistada ou depois de alguma selecção vencer a prova. O programa elaborado reservou um cortejo automóvel, nos principais bairros de Luanda, com a participação de Joaquim Dinis, Fabrice Maieco “Akwa” e Love Kabungula, três “embaixadores” escolhidos pelo referido banco e que estiveram igualmente no aeroporto na cerimónia de recepção da taça. A Taça que já esteve no país por altura da realização do CAN-2010, organizado por Angola e ganho pelo Egipto, passará ainda por cidades africanas como Kitwe, Ndola e Lusaka (Zâmbia), Mbabane e Piggs Pico (Suazilândia), Walvis Bay e Swakopmund (Namíbia). 43 “Embaixadores” acreditam na vitória A vinda do troféu do CAN-2013 a Angola neste período de preparação da selecção nacional, “Palancas negras”, estimula os atletas angolanos para obterem um bom resultado na prova a decorrer na África do Sul, afirmou o antigo futebolista Fabrice Maieco “Akwa”, a aquando da chegada ao país da referida taça, o “embaixador” eleito para actividade da sua apresentação na capital angolana disse que o gesto serve igualmente para incentivar a população para dar o seu apoio aos jogadores. O ex-atleta referiu ainda que a iniciativa do Standard Bank África demonstra que “a taça não pertence apenas aos praticantes de futebol, mas a toda a população e por isso é que se vai fazer uma passeata com a mesma nas ruas da cidade de Luanda, acrescentou. Por sua vez, Joaquim Dinis, outra “estrela” eleita para a cerimónia, defendeu a mesma posição, afirmando que “isto demonstra que Angola está na cúpula do futebol africano e não só, porque nós já estivemos num mundial”. Neste contexto, disse acreditar que a equipa nacional vai realizar um bom CAN-2013, esperando que o avançado Manucho Gonçalves se mantenha na mesma forma desportiva até a prova, visto que o atleta poderá ser muito importante para a selecção nacional que se encontra a preparar na província da Huíla. Já Love Cabungula afirmou também que a vinda da taça a Angola “é estimulante para todos, na medida em que enquanto praticante de futebol gostaria de ver o troféu em Angola na qualidade de campeão”. Na ocasião, manifestou o desejo de ver regressar a taça a Angola, esperando igualmente que os “Palancas negras” vençam o CAN-2013 a ter lugar na África do Sul. Os três “embaixadores” lamentaram o facto de os atletas se encontrarem na cidade do Lubango (Huíla) em preparação o que os impossibilitará de observar a taça neste momento mas aproveitaram para desejar que “os palancas negras” tenham uma preparação à altura para poderem trazer o troféu de volta ao país. Tal como os “embaixadores”, toda Angola ficou a torcer para que seja assim escrita esta página da história desportiva nacional. Desporto Estrelas Angolanas O desporto angolano tem razões para estar orgulhoso dos seus valores. Na Taça de África dos Clubes Campeões em basquetebol, os jogadores angolanos fizeram bonito.no panorama das artes ao nível nacional e internacional. Ângela Correia (Texto) DR (Fotos) A ngola voltou a marcar pontos na história do Basquetebol em África com a vitória do 1° de Agosto, novo vencedor da Taça dos Clubes Campeões Africanos de Basquetebol e a consagração do Petro de Luanda como vice-campeão, em Malabo, na capital da Guiné Equatorial. O resultado foi uma vitória por 80 cestos do 1°de Agosto contra 69 do Petro de Luanda, que ficou assim com o título de vice-campeão. Angola, levou para a casa, os dois títulos de campeão e vice-campeão da Taça dos Clubes Campeões Africanos da modalidade. Para além dos clubes, em destaque estiveram os jogadores angolanos. O base Armando Costa (1º de Agosto), os extremos Carlos Morais (Petro de Luanda) e Olímpio Cipriano (Libolo) fizeram parte do cinco ideal na Taça de África dos Clubes Campeões em basquetebol sénior masculino. Carlos Morais foi também premiado como melhor marcador (171 pontos) e triplista (30), além de ter sido o Jogador Mais Valioso (MVP). Wallace Cox (Ettehad do Egipto) e Tarek El-Ghanem (Al Ahly do Egipto) completaram a equipa ideal da competição. Traçamos agora um perfil de cada um dos talentosos jogadores. 44 • Dezembro 2012 - Nº28 CARLOS MORAIS Carlos Morais nasceu em Luanda, 16 de Outubro de 1985, veio das escolas do Petro de Luanda, foi considerado o melhor lançador do campeonato africano de 2009. Do seu currículo constam vários anos a jogar pelo Petro de Luanda, e em 2010 assinou pelo Recreativo de Libolo onde jogou por uma temporada. Carlos Morais é tido como sendo um jogador com bom poder de penetração, e um grande poder de lançamento de três pontos. Actualmente joga pelo Petro de Luanda. Perfil Nome: Carlos Edilson de Alcântara Morais Idade: 28 anos Altura: 1,91 m Peso: 96kg Calçado: 48 Música: Rap Bebida: Fanta ou qualquer refrigerante Jogador favorito: Kobe Bryant Carreira: Joga desde os 12 anos de idade. Conta com 4 anos a jogar na rua, 2 nos júniores e 5 como profissional no Petro Atlético Jogo da sua vida: Angola vs Nigéria no Campeonato Africano de 2005, na Argélia 45 OLÍMPIO CIPRIANO Olímpio Cipriano nasceu em Luanda aos 9 de Abril de 1982. Ex-atleta do 1º de Agosto em Luanda, na posição de extremo, tem 1,92m de altura . Foi considerado o extremo mais valioso no Afrobasket de 2007. É um jogador de qualidades singulares cujo estilo de jogo é marcado pela simplicidade combinada com movimentos de puro espectáculo apenas ao alcance dos mais capazes. Foi o melhor marcador, atirador de lances livres, e recuperador no campeonato nacional de 2007. Já testou nos Detroit Pistons da NBA mas não teve a sorte de aprovar. Na temporada do campeonato de Basquetebol, em 2012, vestiu a camisola do Recreativo do Libolo e foi o melhor jogador, melhor marcador, melhor nos lances livres e na marcação dos dois pontos. Perfil Nome: Olímpio Cipriano Data de nascimento: 9 de Abril de 1982 Local de nascimento: Luanda Altura: 1,92m Peso: 93kg ARMANDO COSTA Armando Costa, actualmente joga no Clube Desportivo Primeiro de Agosto, e é considerado um atleta dedicado, lutador e muito forte, que acrescentou agora ao seu currículo o título continental. Armando Costa estreou-se na Selecção Nacional em 2005. Nesse ano, o jogador conquistou o seu primeiro Afrobasket, tendo repetido o feito em 2007 e 2009. Em 2010, viveu uma fase menos boa na sua carreira ao ter ficado seis meses lesionado no joelho direito. Após a intervenção cirúrgica e o repouso necessário, o internacional angolano voltou em força para ajudar o seu clube. Perfil Data de Nascimento: 03.06.1983 Lugar de nascimento: Luanda (Angola) Altura: 192cm Principais estatísticas (Fonte: FIBA) Pontos por jogo: 1.5 Recuperações por jogo: 0.5 Assistências por jogo: 0.5 Desporto Angola orgulha-se com conquista do título africano de clubes Ângela Correia (Texto) Cedidas (Fotos) A conquista do 16º título da Taça de África dos Clubes Campeões africanos em seniores femininos pelo Petro de Luanda, na prova disputada em Tânger (Marrocos), encheu de "enorme satisfação e emoção" o Ministério da Juventude e Desportos que anunciou em comunicado, o sentimento pelos feitos das vencedoras tricolores. O ministro da Juventude e Desportos, Gonçalves Muandumba, disse que tal feito orgulha o país e é ainda mais realçável, pelo facto de duas equipas angolanas (o Petro e o 1º de Agosto) terem disputado a final, à semelhança da edição anterior. Segundo o governante, a excelente exibição e inquestionável vitória do Petro de Luanda volta a confirmar a hegemonia do andebol angolano, pela grande qualidade técnica demonstrada nos jogos disputados com formações campeãs de outros países. "O título ora conquistado premeia, à toda dimensão, os atletas, técnicos e a direcção do clube, por tudo que têm feito para dignificar o andebol angolano, em particular, e africano, em geral, pelo que, em nome da direcção do Ministério da Juventude e Desportos, e no meu próprio, endereço as nossas mais sinceras felicitações", disse. O Petro de Luanda conservou o título de campeã africana de andebol feminino, ao derrotar na final o 1º de Agosto por 29-23, num torneio que decorreu na localidade marroquina de Tânger. Em 2011, as petrolíferas arrebataram o troféu ao baterem em Kaduma (Nigéria) as militares por 32-30. 46 • Dezembro 2012 - Nº28 © Corbis/VMI 47 turismo & lazer BAÍAS DO MUNDO A nova baía de Luanda é um exemplo mundial da conjunção de infraestruturas e beleza natural, assim como da criação de um espaço público à beira-mar. Será esta a baía mais bonita do mundo? Visitámos algumas baías mundialmente reconhecidas que ajudam a confirmar o potencial do marco que nasceu em Luanda. Nádia Morais (Texto) Malocha e Arquivo (Fotos) Foram trinta meses de trabalho intensivo para que os habitantes de Luanda pudessem aproveitar a arquitectura e beleza natural deste novo espaço. Mas desde Agosto que a nova marginal tem sido a grande atracção da cidade. Não é por menos: os habitantes de Luanda podem agora desfrutar de uma zona completamente renovada para actividades de lazer, eventos culturais, espaços verdes e de comércio. O projecto, iniciado em 2009 e desenvolvido pela Sociedade Baía de Luanda, foi aberto ao público em Agosto num acto presidido pelo Presidente José Eduardo dos Santos, com o objectivo de integrar a intervenção humana e a beleza natural num só espaço. No total, são 63 mil metros quadrados de espaços verdes, com 147 mil metros quadrados de espaço para pedestres, 3,1 quilómetros de passeio marítimo, cinco campos de basquetebol, três parques de desportos, dez novas praças públicas, dois quilómetros de ciclovia, quatro parques infantis, quatro mil palmeiras e acácias rubras e vários parques de estacionamento. 48 • Dezembro 2012 - Nº28 Esta grande obra de requalificação representa um investimento de 36 mil milhões de Kwanzas e não se fica pela requalificação da área. A marginal é também o local escolhido para a apresentação dos grupos carnavalescos de Luanda e da edição de 2013 do Carnaval de Luanda. Espaço urbano É também aqui que estão a ser criados novos espaços imobiliários urbanos. No total, serão construídos mais de 80 lotes de terreno para responder às necessidades empresariais e residenciais da capital. Segundo a gestora do empreendimento, as áreas urbanas serão divididas em três parcelas, num total de 39 mil hectares: a parcela A, no extremo norte da Avenida 4 de Fevereiro, com uma área de nove hectares para o estabelecimento de um novo centro de negócios, a parcela B, com três hectares, entre a Avenida Dr. Agostinho Neto e a entrada da Ilha do Cabo, para assegurar a continuidade com o renovado espaço público da marginal, e a zona C, com 27 hectares, que deverá ser transformada numa zona de habitação e serviços. Já o projecto de requalificação da baía foi dividido em duas partes. A primeira intervenção envolveu a área marítima da baía, com a limpeza e o alargamento da drenagem da marginal. A segunda fase teve lugar na área terrestre e incluiu a construção de vias e espaços de lazer. A nova estrada, paralela à marginal pedestre, vai contar com seis faixas de rodagem de cada lado, com a actual estrada que liga a entrada da Ilha ao Porto de Luanda transformada em espaço de estacionamento, praça, campos de basquetebol, pistas para jogging e espaços infantis. Trata-se de um projecto verdadeiramente internacional, com a colaboração de países como a África do Sul, Botswana, Portugal, Cuba, Líbano, Bélgica, Inglaterra e Holanda. Segundo um dos responsáveis do projecto, “os melhores do mundo”. O projecto ambicioso que se revelou uma obra notável e dignifica uma área de localização e beleza privilegiadas que nada fica a dever a outras baías reconhecidas mundialmente. Poderá a baía de Luanda atingir este patamar? Agora parece que possui tudo para tal. 49 turismo & lazer As baías do mundo Fomos descobrir quais as baías mais emblemáticas em todo o mundo, comparáveis à nova baía de Luanda pela sua beleza natural, infraestruturas ao longo da Marginal e longa extensão de espaço público à beira-mar. Baía de Vitória, Hong Kong Guanabara, Brasil Esta é a maior baía da China e a terceira maior do mundo, logo após São Francisco e o Rio de Janeiro. Famosa pela visão panorâmica sobre os arranha-céus da ilha de Hong Kong, é um dos pontos de encontro preferidos dos residentes. O seu nome vem da rainha britânica Vitória, a monarca recordista da ocupação do trono na história do Reino Unido. Uma das principais atracções desta baía é o Pico Vitória e a avenida das estrelas, construída para honrar as pessoas mais ilustres da indústria cinematográfica de Hong Kong. É também aqui que se celebra o ano novo lunar, com um espectáculo de fogo-de-artifício mundialmente reconhecido, com todos os edifícios em volta ornamentados com decorações relativas à celebração. O calçadão de Copacabana dispensa apresentações. Imortalizado na canção “A Garota de Ipanema”, de Tom Jobim, é um símbolo indubitável do país, com cerca de 4,15 quilómetros que percorrem as praias do Leme e de Copacabana. O que poucos sabem é que esta infraestrutura, construída em 1906, repete o traçado da Praça do Rossio, em Lisboa, e foi construída com pedras importadas de Portugal, assim como uma grande equipa de calceteiros. Infelizmente para os bolsos do país, logo após a importação de uma grande quantidade de pedras da calçada para a sua construção, foram descobertas enormes jazidas desta pedra por todo o país. Alguns dos eventos mais notáveis que tiveram lugar nesta baía incluem os concertos “Live Earth”, que levaram ao local cerca de 400 mil pessoas, assim como a celebração do acolhimento dos Jogos Olímpicos de 2016, que levou 100 mil pessoas à praia de Copacabana em 2009. É também aqui que são organizadas muitas das taças mundiais de futebol de praia da FIFA. Baía de São Francisco, Estados Unidos O “Embarcadero” de São Francisco, na Califórnia, é outro dos grandes pontos à beira-mar plantados. A baía, um centro logístico militar durante a segunda guerra mundial, e também o ponto onde foram “depositados” os últimos prisioneiros de Alcatraz por ordem do General Robert F. Kennedy, é agora uma avenida repleta de palmeiras, praças, jardins e pontos de entretenimento. Uma grande escultura de Cupido foi instalada em 2002, inspirada na alcunha de São Francisco – o Porto de Eros, o deus grego do amor. Esta é a meca dos amantes dos desportos aquáticos, desde vela a windsurf, devido aos fortes ventos que de oeste e noroeste e à proteção da zona de ondulações fortes. Uma ciclovia conhecida como a San Francisco Bay Trail (percurso da baía de São Francisco) circula a extremidade da baía, que também envolve vários parques naturais e áreas protegidas. Baía de Sydney, Austrália A baía de Sydney, também chamada de Port Jackson, é um porto natural que se estende por 19 quilómetros do mar da Tasmânia, em volta do qual se situa a maior cidade do país. É nesta baía que se encontram dois dos símbolos mais famosos da cidade – a Ópera de Sydney e a Ponte do Porto de Sydney – sempre presentes nos postais da cidade. Foi também esta baía o primeiro local a ser avistado pelo Capitão James Cook, tendo depois aí atracado os colonizadores britânicos em 1788. 50 • Dezembro 2012 - Nº28 51
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